Reclamatória Trabalhista - Gratificação - PNEs

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA _____ VARA DO

TRABALHO DE PELOTAS/RS.

GERALDO CAVALCANTI PERES, brasileiro, professor, casado, CPF nº


421.275.640-49, RG nº 1023465841, Contrato de nº 1129, residente e domiciliado
na Rua Três de Maio, nº 204, Pelotas/RS, por suas procuradoras que esta
subscrevem (conforme procuração anexa), com escritório localizado na Rua Conde
de Porto Alegre, 364 B, Rio Grande-RS, onde receberão as comunicações
processuais, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE


GRATIFICAÇÃO SALARIAL C/C COBRANÇA

em face de MUNICÍPIO DE PELOTAS, pessoa jurídica de direito


público, com representação pela Procuradoria Geral do Município, inscrita no CNPJ
sob o nº 87.455.531/0001-57, com sede na Rua Professor Araújo, nº 1653, bairro
Centro, CEP: 96020-360, na cidade de Pelotas/RS, pelos motivos de fato e de direito
a seguir aduzidos.

I. DA JUSTIÇA GRATUITA – DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA


– INCONSTITUCIONALIDADE - ART. 790-B - ART. 791-A, § 4º DA CLT.

O Reclamante é pessoa pobre na acepção da Lei, não podendo arcar


com despesas processuais desta ação, sem prejuízo próprio e de sua família,
declarando expressamente essa condição sob as penas legais, conforme previsto no
art. 790 § 3º e 4º da CLT.

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Destaca-se que a declaração de hipossuficiência, consoante o art.1º da
Lei 7.115/1983 e o art. 99, §3º, do Código de Processo Civil, é suficiente para
atendimento da exigência de prova consagrada no §4º do art. 790 da CLT. Vejamos
a redação dos artigos anteriormente citados, “in verbis”:

Art.1º da Lei 7.115/1983: A declaração destinada a fazer prova de vida,


residência, pobreza, dependência econômica, homonímia ou bons
antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado ou por
procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.

Art. 99 do CPC: O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no
processo ou em recurso.

§ 3º: Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.

Ainda sobre o tema, não se pode olvidar que do art. 98, § 1º, VI do CPC,
destaca que assistência judiciária gratuita abrange “os horários do advogado e do
perito”, bem como no do art. 98, § 1º, VIII do CPC, abrange “os depósitos previstos
em lei para interposição de recurso, para propositura de ação”, assim como § 3º traz
a mais norma jurídica mais favorável quanto à extensão e abrangência da “AJG”.
Vejamos:

Art. 98 do CPC: A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e
os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma
da lei.

§ 1o: A gratuidade da justiça compreende:

(...)

VI: os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete


ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de
documento redigido em língua estrangeira;

(...)

VIII: os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para


propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes
ao exercício da ampla defesa e do contraditório;

(...)

2
§ 3o : Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou
de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão
de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

Doutra banda, é inconstitucional a previsão de utilização dos créditos


trabalhistas reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do beneficiário
da justiça gratuita com honorários advocatícios de sucumbência ou periciais
(artigos 791-A, § 4º, e 790-B, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei
13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à assistência judiciária integral e
gratuita, prestada pelo Estado e à Proteção do Salário, previsto no art.5º, LXXIV e
art.7º, X, da Constituição Federal, “in verbis”:

Art. 5º da CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIV: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que


comprovarem insuficiência de recursos;

Art. 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:

X: proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção


dolosa;

Diante disso, merece ser declarada, mediante sistema de controle


difuso de constitucionalidade, e para atender ao disposto no art. 102 e alíneas da
CF/88, a inconstitucionalidade e consequente inaplicabilidade dos artigos 790-B,
caput, e parágrafo 4º, bem assim art. 791-A, § 4º da, todos da CLT.

Sabe-se que o princípio da proteção do trabalhador - o qual é


fracionado pelos subprincípios da “condição mais benéfica”, “in dubio pro operário”
e “norma mais favorável” - decorre logicamente do princípio da isonomia, positivado
no caput do art. 5º, caput, da CF/88, na medida em que seria impossível, no âmbito
das relações de trabalho, instituir a igualdade imediata das partes, que pela sua
origem, são nitidamente desiguais. De um lado encontra-se o empregador, detentor

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dos meios de produção e de outro o empregado, hipossuficiente por natureza, que
tem apenas a força de trabalho.

O princípio da norma mais favorável, como desdobramento dos


princípios da isonomia e proteção, conceitualmente é a aplicação ao empregado da
norma mais favorável existente no ordenamento jurídico vigente. Para se aplicar a
norma mais favorável ao empregado, pode-se inclusive desprezar a hierarquia das
normas jurídicas. Assim, tem-se que a norma mais favorável, quanto à extensão e
abrangência da “AJG” reside no art. 98, § 3º do CPC, conforme supracitado.

Nessa esteira, é certo que o legislador constituinte, ao prever, ao


litigante carente de recursos, a assistência jurídica integral e gratuita, no inciso
LXXIV da CF/88, não deixou lacunas. Assim, ainda que se trate de norma de eficácia
limitada, tendo cabido ao legislador infraconstitucional delimitar os critérios para a
comprovação da mencionada insuficiência de recursos, não há brecha para a
relativização dos termos “integral” e sobretudo “gratuita” que acompanham a
expressão “assistência jurídica”, sendo certo que a “assistência jurídica” prevista na
CF/88 é gênero do qual a “Justiça Gratuita” é espécie.

Na mesma ótica, ressalta-se que consabidamente os créditos


trabalhista possuem natureza alimentar, a teor do art. 100, § 1º da Constituição
Federal, razão pela qual são insuscetíveis de renúncia, cessão, compensação ou
penhora por expressa previsão legal, com supedâneo no art. 833, IV do CPC e no art.
1707 do Código Civil, cuja aplicação subsidiaria a Lei 13.467/17 está prevista na
nova redação do art. 8 da CLT. Acompanhemos:

§ 1º do art. 100 da CF/88: Os débitos de natureza alimentícia


compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade
civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo.

Art. 833 do CPC: São impenhoráveis:

(...)

IV: os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,


os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios,

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bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

Art. 1.707 do Código Civil: Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de
cessão, compensação ou penhora.

Art. 8º da CLT: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na


falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela
jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas
gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de
maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o
interesse público.

§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.

Por oportuno, destaca-se que a Procuradoria Geral da República,


ingressou com ADI nº 5766, questionando justamente a inconstitucionalidade das
normas que limitam o acesso à Justiça. Sobre tal questão destaco a seguinte
colocação:

“O problema aqui reside em que o art. 791-A, § 4º da CLT, condiciona a


própria suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de
sucumbência a inexistência de crédito trabalhista capaz de suportar a
despesa. Contraditoriamente mais restritiva à concessão de gratuidade
judiciária do que a norma processual civil, dispõe a norma reformista que
a obrigação de custear honorários advocatícios de sucumbência ficará sob
condição suspensiva de exigibilidade, “desde que [o beneficiário de justiça
gratuita] não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa”. A norma desconsidera a condição
econômica que determinou concessão da justiça gratuita e subtrai do
beneficiário, para pagar despesas processuais, recursos econômicos
indispensáveis à sua subsistência e à de sua família, em violação à garantia
fundamental de gratuidade judiciária (CR, art. 5ºLXXIV)”.

Somado a isso, a 1º Jornada sobre a Reforma Trabalhista do TRT4, em


10 de Novembro de 2017, aprovou o seguinte enunciado sobre a sucumbência
recíproca. Vejamos:

SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. O juízo arbitrará honorários de sucumbência


recíproca (art. 791-A, § 3º, da CLT) apenas em caso de indeferimento total

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do pedido específico. O acolhimento do pedido, com quantificação inferior
ao postulado, não caracteriza sucumbência parcial, pois a verba postulada
restou acolhida. Quando o legislador mencionou "sucumbência parcial",
referiu-se ao acolhimento de parte dos pedidos formulados na petição
inicial.

Logo, tem-se que o artigo 790-B, caput da CLT, afronta literalmente o


inciso LXXIV do art. 5º da CF/88, razão pela qual merece ser declarado
inconstitucional pelo MM. Juízo, requerendo, desde já, sua inaplicabilidade ao caso
concreto.

Sobre o § 4º do mesmo art. 790-B da CLT, igualmente merece ser


declarado inconstitucional, afastando-se sua aplicação. Isso porque esbarra no
princípio da proteção derivado direto do princípio constitucional da isonomia,
atraindo para a relação jurídica a aplicação da norma mais favorável ao empregado,
que no caso é igualmente o art. 98, § 1º, inciso VI do CPC.

Dessa forma, reside inconstitucionalidade no § 4º do aludido


dispositivo, na medida em que a norma desconsidera a condição de hipossuficiência
de recursos a justificar o benefício, havendo colisão com o art. 5º, LXXIV da CF/88.
O mesmo raciocínio se aplica ao art. 791-A, § 4º da CLT, o qual dispõe que, “vencido
o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade (...)”.

Diante disso, merece ser acolhida a tese de inconstitucionalidade dos


artigos 790-B, caput, e parágrafo 4º, bem assim art. 791-A, § 4º da, todos da CLT,
com sua declaração expressa por este MM. Juízo, aplicando-se o art. 98 do CPC,
garantindo-se ao reclamante a concessão da Justiça Gratuita, a qual deverá abranger,
integralmente, as custas processuais, os honorários periciais, bem assim os
honorários de sucumbência, caso haja, em favor do procurador da parte contrária,
além dos demais itens constantes do § 1º do aludido dispositivo legal.

Alternativamente, requer o reclamante que o juízo arbitre honorários


de sucumbência recíproca (art. 791-A, § 3º, da CLT) apenas em caso de
indeferimento total do pedido específico. Em caso de acolhimento do pedido, com
quantificação inferior ao postulado, não deve ser caracterizada sucumbência parcial,

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pois a verba postulada restou acolhida, isto porque quando o legislador mencionou
“sucumbência parcial”, referiu-se ao acolhimento de parte dos pedidos formulados
na petição inicial.

II. DOS FATOS.

O Reclamante é contratado pelo Reclamado e pertence ao quadro do


magistério, conforme se comprova com contracheques e ficha funcional anexados
aos autos.

Como forma de gratificar o profissional da educação que trabalha com


pessoas portadoras de deficiência, em 1996 foi sancionada a Lei nº 4.067 pelo então
prefeito Irajá Andara Rodrigues.

A referida lei gratifica em 50% sobre o vencimento básico o professor


municipal que exercer atividade no atendimento de pessoas portadoras de
deficiência, com a possibilidade de incorporação do valor ao profissional que
perceber a gratificação por 05 anos consecutivos ou 10 intercalados.

Tal gratificação foi requerida administrativamente pelo Requerente,


que teve seu pedido indeferido, pois segundo o Requerido: “A lei refere-se a
atendimento de turmas exclusivas de PNEs”; fato este que não procede, visto a lei
em pauta ser taxativa na aplicação da gratificação. Motivo pelo qual, sem alternativa
diversa, se busca no judiciário a gratificação salarial concedida por lei municipal.

III. DO DIREITO.

A Constituição Federal, em seu art. 37 prevê:

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,
PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA [...]”.

Como se vê, o direito à gratificação salarial por exercício de atividade


no atendimento de pessoas com necessidades especiais, nada mais é do que uma

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obrigação já previamente insculpida ao Ente Público, de que o mesmo só pode agir
fulcrado na Lei.

Com base no Princípio da Legalidade, temos que a Administração


Pública deve cumprir o ordenamento legal, não comportando nenhum juízo
discricionário. O Princípio da Legalidade é aquele que obriga que a vontade da
norma seja cumprida.

E a vontade da Lei Municipal nº 4.067 de 1996, que segue na íntegra,


determina que:

O PREFEITO MUNICIPAL DE PELOTAS, ESTADO DO RIO


GRANDE DO SUL. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou
e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º - Ao professor que estiver exercendo atividade no


atendimento de pessoas portadoras de deficiência, será concedido
uma gratificação de 50% (cinqüenta por cento), incidindo esta
sobre o seu vencimento básico.

Parágrafo Único - Vetado.

Art. 2º - A gratificação referida no artigo anterior, será incorporada


aos vencimentos do Professor quando percebido por 05 (cinco)
anos, consecutivos ou 10 (dez) anos, intercalados.

Art. 3º - Revogadas as disposições em contrário, em especial a Lei


nº 3.353, de 09 de janeiro de 1991, esta Lei entrará em vigor na data
de sua publicação.

GABINETE DO PREFEITO DE PELOTAS, EM 29 DE MARÇO DE


1996

IRAJÁ ANDARA RODRIGUES

Prefeito

Sob o prisma da Constituição Federal, deve-se destacar que o direito


à educação está vinculado aos princípios constitucionais da cidadania e da
dignidade da pessoa humana, que são fundamentos do Estado Democrático de
Direito:

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“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;”

Além disso, determina o art. 6º:

“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”

Ora, de que adianta o município promulgar lei que beneficia seus


contratados, se não cumpre espontaneamente a vontade da sua própria legislação?

Portanto, ao promulgar a Lei nº 4.067/96, houve por bem a


Administração Pública, na competência que lhe é auferível, dar qualidade à
educação como forma de priorizar e fortalecer a dignidade da pessoa humana.

A Administração Pública, como instituição destinada a realizar o


direito e a propiciar o bem comum, não pode agir fora das normas jurídicas e da
moral administrativa, nem relegar os fins sociais a que sua ação se dirige. Dessa
forma, o não pagamento da gratificação salarial do professor que estiver exercendo
atividade no atendimento de pessoas portadoras de deficiência em desacordo com
a lei municipal é totalmente ilegal.

A Constituição também discuplina:

“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na


forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

Logo, a gratificação salarial prevista na Lei nº 4.067 de 1996 é uma


forma de valorizar o profissional da educação que trabalha com pessoas portadoras
de deficiência.

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Diante do exposto, considerando que, desde a publicação da referida
lei, até o presente momento nada foi pago, serve então a presente ação para ver
sanada a omissão por parte de quem é responsável.

Portanto, tendo em vista que esses pagamentos não dependem de


autorização legislativa, pois é ato vinculado previsto em lei, cabe ao demandado
cumprir a ordem legal, sob pena de ser responsabilizado por omissão.

- Da Liquidação do Pedido

O Reclamante não possui seus comprovantes de rendimentos de cinco


anos atrás. Além disso, pelo Portal da Transparência da prefeitura de Pelotas, estão
disponíveis os contracheques a partir de 2016. Portanto, não há possibilidade de
liquidação do pedido neste momento. Sendo necessária a juntada de todos os
contracheques do Requerente, pela Reclamada.
Ademais, em recente julgado pelo nosso Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região, a pretensão de pagamento poderá ser formulada de forma
genérica, para fins de arbitramento aproximado, cuja hipótese pode ser enquadrada
nos incisos II e III, do art. 324 do CPC, conforme se percebe abaixo:
PROCESSO nº 0020054-24.2018.5.04.0000 (MS). IMPETRANTE: ELCI
PODEWILS EHLERT. AUTORIDADE COATORA: JUÍZO DA 5ª VARA DO
TRABALHO DE PORTO ALEGRE. RELATOR: JOAO PAULO LUCENA.
EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
DETERMINAÇÃO DE EMENDA À PETIÇÃO INICIAL PARA ADEQUAÇÃO
À NOVA REDAÇÃO AO ART. 840, § 1º, DA CLT. DESNECESSIDADE DE
LIQUIDAÇÃO PRÉVIA DOS PEDIDOS. PARCELAS VINCENDAS.
POSSIBILIDADE DE PEDIDO GENÉRICO. ILEGALIDADE DO ATO
COATOR. A concessão de liminar em mandado de DEFERIMENTO DE
LIMINAR. segurança tem como pressupostos a relevância dos
fundamentos e a ameaça à eficácia do writ caso concedida a segurança
apenas ao final, à luz do art. 7º, III, da Lei 12.016/09. Preenchidos tais
requisitos, é de reformar a decisão recorrida em que indeferida a liminar
pedida na impetração. Ordem judicial em que exigidos requisitos além
daqueles previstos no art. 840, § 1º, da CLT, com redação dada pela Lei
13.467/2017, que a torna abusiva e destoa do caráter instrumental do
processo do trabalho, o que autoriza a concessão de liminar para cassar o
ato em que determinada a emenda à petição inicial. Pretensão relativa ao

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pagamento de parcelas vincendas que pode ser formulada de forma
genérica para fins de arbitramento aproximado, cuja hipótese pode ser
enquadrada nos incisos II e III, do art. 324 do CPC.

V. DOS PEDIDOS.

Ante o exposto, requer:

1) a implementação da gratificação salarial disposta na Lei municipal nº


4.067 de 1996, em folha de pagamento do Reclamante;

2) seja determinado o pagamento dos reflexos gerados pelo aumento do


vencimento básico em todas as demais verbas, tais como: 13º salário,
férias, atualizações, antecipação de vencimentos, antecipação de triênios,
quinquênios e avanços, antecipações de gratificações de regime especial
de trabalho, gratificação de difícil acesso, gratificação de difícil acesso
noturno, parcela autônoma, auxílio transporte, insalubridade e TODAS
AS DEMAIS VERBAS E VANTAGENS percebidas – respeitando-se
igualmente o prazo prescricional quinquenal;

3) o pagamento da diferença entre o que deveria ter sido pago


mensalmente, com a aplicação da Lei municipal nº 4.067 de 1996, e o que
efetivamente foi pago pelo município, respeitando a data de início do
atendimento aos alunos com necessidades especiais, demonstrada no
atestado dado pela instituição de ensino, observando os reflexos
pertinentes, com os devidos juros e correção monetária; cálculo efetuado
com as parcelas atrasadas e mais 12 prestações vincendas, totalizando o
valor provisório de R$ 55.420,91.

4) seja compelido o Reclamado a fornecer todas as folhas de pagamentos


do Reclamante, desde o início do atendimento aos alunos com

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necessidades especiais, conforme datas do atestado juntado, até a data
da contestação da demanda;

5) seja a presente ação recebida e autuada, sendo notificado o


Reclamado, para que responda à ação no prazo legal, sob pena de revelia;

6) seja oficiado o órgão competente da Secretaria da Fazenda Municipal


para que imediatamente seja implementada a gratificação salarial
prevista na Lei 4.067 em folha de pagamento dos requerentes a partir do
trânsito em julgado da decisão.

7) em virtude de se tratar de verba alimentar, requer que o pagamento


seja realizado nos moldes do que determina o artigo 100, caput, da
Costituição Federal, ou no caso de obrigação definida em lei como de
pequeno valor, requer-se a dispensa do pagamento mediante precatório
(§ 3º do art. 100 da Constituição Federal c/c o art. 87, I do ADCT);

8) a concessão do benefício da Justiça Gratuita, tendo em vista que o


Reclamante está impossibilitados de arcar com as despesas e custas
processuais, sem prejuízo do sustento próprio e da sua família, nos
termos do Art. 790, § 3º da CLT, da Orientação Jurisprudencial 304 do
TST e do Artigo 2°, da lei 1.060/50, consoante atesta a inclusa declaração;

9) seja o Reclamado condenado ao pagamento das custas e honorários


advocatícios;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas.

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Dá-se a causa o valor provisório de R$ 55.420,91(cinquenta e cinco
mil quatrocentos e vinte reais e noventa e um centavos).

Nestes termos, espera deferimento.

Rio Grande, 09 de julho de 2018.

Patrícia David Medina Roberta Abramson Crescêncio


Advogada Advogada
OAB/RS 93.789 OAB/RS 84.043

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