Apresentaà à o Gestà o Administrativa Do Sistema Socioeducativo

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GESTÃO ADMINISTRATIVA DO

ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO

DEGASE / 8ª TURMA / Curso de Formação


Docente: Tiago Azevedo
REFLEXÃO: “Ensina a criança no caminho em
que deve andar, e ainda quando for idoso, não se desviará
dele.” (Rei Salomão, Governador e Administrador
de Israel).
Sejam bem-vindos ao Curso de Formação do DEGASE, ligado à
instrução da 8ª Turma. Aproveitando o ensejo, nesta aula estudaremos
sobre:
I – História da Administração Pública e do Direito Administrativo;
II - Conceito de Direito Administrativo;
III - Princípios da Administração Pública;
IV – Decreto – Lei 220/1975 (Estatuto dos Servidores Públicos do
Governo do Estado do Rio de Janeiro);
V – Decreto 2479/1979 (Regulamenta o Decreto
Lei 220/1975;

VI – Provimento;

VII – Vacância;

VIII – Direitos dos Servidores; e

IX – Penalidades.
Nada desconhecido para os senhores. Neste diploma será usado
linguagem simplória e objetiva, para que a leitura seja exercida de
forma dinâmica e célere. Foi inserido cores e imagens para que nossa
apostila fique mais viva e atraente. Que nossa aula seja divertida,
dinâmica, culta e repleta de aprendizado. Vamos adiante!
HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Todas as grandes civilizações antigas sempre dedicaram ações
voltadas à Administração Pública, tendo como gestores homens
possuidores de títulos como: Rei, Faraó, Cesar, Constantino,
Imperador, dentre outros, sendo existente o sistema absolutista, quando
já era exercido a competência de legislar, administrar e julgar.

Senado, Grécia Antiga.


A Administração começou a ser disciplinada com normas, de
forma organizada, no século XVIII e XIX d.C., entretanto tais
regramentos eram fracionados, descritos de forma separada em
documentos diversos.

A Teoria da Separação dos Poderes de Montesquieu (Filósofo


francês, do Século XVIII), bem como a Revolução Francesa, concluída
em 1789, influenciaram a Administração Pública, fazendo esta se
desenvolver com maior intensidade, em especial na França, Alemanha e
na Itália.
Revolução Francesa, 1789.

No Brasil a Administração Pública começou a se organizar de forma mais sólida


no século XX, em especial em 1930.
A evolução da Administração Pública permitiu o surgimento do
Direito Administrativo. No Brasil a Administração Pública é regida pela
Constituição Federal bem como pelas legislações administrativas, a
exemplo do Decreto-Lei 220/1975 (Estatuto dos Funcionários Públicos
Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro).

A Constituição Federal estabelece as normas e princípios,


enquanto o Direito Administrativo esclarece como as normas
constitucionais serão aplicadas aos casos concretos. Em analogia é como
existisse um vale entre o Direito Constitucional e a sociedade, estando o
Direito Administrativo como uma ponte, permitindo que esta acesse aquele.
Hoje temos princípios que regem a Administração Pública, a
exemplo dos descritos no art. 37, caput da Constituição Federal do
Brasil. Todos serão explicados a seguir.
CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Segundo o Doutrinador José dos Santos Carvalho Filho,
Direito Administrativo é: “o conjunto de normas e princípios que, visando
sempre o interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do
Estado e entre este e as coletividades a quem devem servir.” (Manual de Direito
Administrativo, 21ª ed., Ed. Lumen Juris, p. 08, 2008).
Traduzindo, o Direito Administrativo estabelece regras que
obrigam o Estado, através dos servidores públicos, a trabalharem visando o
interesse público, que é o bem social, objetivando sempre o cumprimento
da lei.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os princípios administrativos são: os valores, as diretrizes, os mandamentos


gerais que orientam a elaboração das leis administrativas, direcionam a atuação da
Administração Pública e condicionam a validade de todos os atos administrativos
(Barchet, 2008, p. 34).
Inicialmente é relevante aduzir que existem princípios da
Administração Pública expressos (descritos claramente nas legislações) e
os não expressos ou implícitos (disciplinados de maneira não cristalina no
texto da legislação, podendo ser oriundo de jurisprudência, de doutrina,
dentre outros). Exemplo de princípios expressos, temos os exarados no
art. 37, caput da Constituição Federal do Brasil. Veja.

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...).
Percebam, tais princípios estão claramente escritos no corpo do artigo
37 da CF, portanto eles são expressos.

Como exemplo de princípio não expresso temos o da igualdade,


descrito na Constituição Federal, oriundo do art. 5º, caput da
Constituição Federal do Brasil. Vide.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza
(...).”
Analise, no texto do artigo 5º está sendo afirmado que a
igualdade é princípio? Não. Mas já está consolidado em todo Brasil que
todos os brasileiros e estrangeiros residentes ou não domiciliados no Brasil
devem ser tratados com igualdade perante a lei. Tal afirmação tornou-se
princípio, também chamado de princípio da isonomia.

Por não está descrito de forma expressa no corpo legiferante é


chamado de princípio implícito ou não expresso.
Conforme dito retro, os princípios não expressos podem derivar de
jurisprudências, doutrinas, outros princípios, a exemplo do princípio da
finalidade, que deriva do princípio da impessoalidade.

O princípio da impessoalidade descreve que o servidor público


no cumprimento de suas obrigações não deve atender aos seus interesses,
bem como aos de terceiros, devendo diretamente cumprir a lei.

Destarte, o princípio da finalidade determina que todos os atos


administrativos devem ter como fim o interesse público, sendo esse atingido
quando o servidor cumpre a lei.
Analisem, o princípio da impessoalidade é expresso pois está disciplinado
no texto do artigo 37 da CF, em contrapartida, o princípio da finalidade não
está insculpido na CF, sendo o seu entendimento originário do princípio da
impessoalidade, portanto, este é considerado não expresso ou implícito.

ATENÇÃO: Dois princípios podem entrar em conflito na defesa de um


direito, devendo esse ser resolvido por meio da ponderação. Ex.: Imagine que
um ato administrativo seja praticado com vício de legalidade e seja percebido que a
sua anulação possa gerar prejuízos para o erário ou para terceiros, neste caso
poderá tal ato administrativo ser preservado (convalidado, isto é, aproveitado). No
caso concreto em tela, temos dois princípios em conflito, o da Legalidade e o da
Segurança Jurídica. Entre cumprir a lei (P. da Legalidade) e preservar o direito
(P. da Segurança Jurídica), prevalecerá o princípio da Segurança Jurídica.
(CESPE - Analista Judiciário/TRE-BA/2017) São
princípios que regem a administração pública expressos na
Constituição Federal de 1988: legalidade, indivisibilidade,
moralidade, publicidade e eficiência (gabarito no final da
apostila).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Segundo o princípio da legalidade a Administração Pública só pode agir caso esteja


pautada na lei.

Código de Hamurabi, Rei da Babilônia, Século 19 a.C., considerada a legislação mais antiga do mundo, contendo
mais de 3.800 anos. Contém regras ligadas à adoção de crianças.
Veja o que dispõe o artigo 5º, II da CF.

“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em


virtude de lei.”

A Administração Pública deve seguir essa regra. Somente agir em


conformidade e fundamentada na lei.

É relevante expor que a Administração não pode atuar contra a lei


(contra legem) nem além da lei (praeter legem), podendo atuar somente
segundo a lei (sucundum legem).
OBS.: Os administrados (cidadãos) podem atuar além da lei (praeter
legem). Ex.: Imagine que seja celebrado um contrato entre “A” e “B”.
“A” combina de dar um skate novo para “B”, caso este consiga pousar
de parapente na cobertura do Hotel Nacional localizado na praia de
São Conrado - RJ. Não há previsão no Código Civil para tal modalidade
de contratação, entretanto não há proibição para que ela aconteça, portanto
essa será celebrada com êxito. “A” e “B” neste caso concreto estão agindo
além da lei (preater legem).
O cumprimento da lei para a Administração Pública deve ser
realizada não somente diante dos atos legislativos primários, que refere-
se às normas oriundas da Constituição Federal, das demais legislações
ordinárias, a exemplo da lei de licitações Lei n.º 14.133/2021. É
importante ressaltar que os atos legislativos secundários também devem
ser obedecidos pelos servidores no exercício do cargo público, a exemplo
dos decretos, das portarias, das resoluções, etc.

Atos legislativos primários: são os atos do Legislativo que geram


as principais normas que podem originar direitos. Ex.: Constituição
Federal, etc.
Atos legislativos secundários: são os atos legiferantes capazes de
gerar normas através de Decretos, Resoluções, Portarias, etc. Esses
instrumentos legiferantes não podem originar direitos e sim explicar como
serão aplicados no caso concreto.

O princípio da Legalidade não pode ser confundido com o da


Reserva Legal. Aquele será violado por servidor público quando no
exercício do cargo o funcionário descumprir não somente a lei, mas
também decretos, regulamentos e portarias. Em complemento, este será
violado quando o mesmo agente violar tão somente a lei formal em sentido
estrito (lei ordinária e complementar).
QUESTÃO - Determine se está certo ou errado. Considerando que
determinado servidor no exercício do cargo violou Decreto que continha
norma explicando a forma de como o ato administrativo devesse ser
infligido é certo afirmar que houve violação do princípio da legalidade.

É relevante expor a existência do Princípio da Juridicidade que


garante a atuação do Judiciário, quando provocado, a resultar na anulação
de atos administrativos com vícios de legalidade.
ATENÇÃO: À luz do Princípio da Separação dos Poderes (art. 2º
da CF), não deve um Poder interferir no funcionamento de outro Poder,
pois todos são harmônicos e independentes entre si. Inobstante, caso um
ato administrativo seja praticado com violação de lei, é possível a
provocação do Judiciário contra tal ato.

Exemplo clássico é o uso da Ação Popular que poderá contrariar ato


que lesione a moralidade administrativa. Veja o texto.
“Art. 5º, LXXIII da CF - Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.” Grifo nosso.

Moralidade administrativa está ligado à honestidade que se deve


ter no exercício do ato administrativo.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

O princípio da impessoalidade exige que o servidor público no


exercício do cargo não almeje os seus interesses, bem como os de terceiros,
devendo sempre cumprir a lei.

Ex.: O município pode desapropriar determinado imóvel visando ali


construir um hospital? Sim, pois tal obra pública visa favorecer o interesse
da coletividade. Mas, caso o prefeito aproveite a desapropriação para ali
construir sua nova casa, tal ação seria correta? Não, pois estaria objetivando
atender o interesse particular do prefeito, devendo tal ação ser oposta pela
intervenção do Judiciário.
Portanto, veja, a Administração Pública deve ter como foco o
cumprimento da lei, não a vontade particular da pessoa que exerce o cargo.

ATENÇÃO: Com fulcro no princípio da Impessoalidade não poderá o


servidor que realiza o trabalho público se promover em razão do trabalho
prestado. Ex.: Poderia o chefe do executivo federal (Presidente) durante a
realização de obra pública instalar placas com a sigla de seu partido político,
bem como pôr seu nome estampado para que todos saibam que ele está
dirigindo essa obra de interesse coletivo? Não, pois tal conduta pode ser
interpretada como ação de promoção pessoal.
Na mesma linha, leia o que está descrito no §1º do art. 37 da
Constituição Federal.

“§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas


dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.”

Tal conduta de auto promoção feriria frontalmente o Princípio da


Impessoalidade.
QUESTÃO - A vedação de que conste, em peças publicitárias do Estado,
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal do
agente público, vincula−se especificamente ao princípio constitucional
expresso da

a) eficiência.

b) publicidade.

c) razoabilidade.

d) impessoalidade.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE

O princípio da moralidade está previsto no artigo 37 da CF. Ele exige


que o servidor público sempre objetive no exercício do cargo a
moralidade, isto é, que suas ações sejam pautadas na ética.

Em complemento, é relevante expor o §4º do artigo 37 da CF, que


apresenta o rol de consequências jurídicas que sofrerá aquele que praticar
atos que violem a moralidade administrativa. Veja o texto.
“§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.” Grifo nosso.

Uma vez que o servidor seja responsabilizado por atos ligados à


improbidade administrativa padecerá os efeitos acima.

Baseado no princípio da moralidade o STF emitiu a Súmula


Vinculante nº. 13 que veda o Nepotismo. Veja o texto.
“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal. Data de Aprovação Sessão Plenária de 21/08/2008.
Grifo nosso.
Portanto, a nomeação de cônjuge ou parente até o 3º grau para
cargo público fere o princípio da moralidade, pois tal ação é antiética, além
de violar a Súmula Vinculante nº. 13.

ATENÇÃO: Caso um ato administrativo viole Súmula Vinculante é


possível obstar tal ato por meio da Reclamação Constitucional, sendo tal
ação apreciada pelo STF. Veja o art. 102, inciso I, alínea l da CF.
“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
II - a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões.” Grifo nosso.

ATENÇÃO: O STF afirmou por meio do RE 579.951, julgado em


20/8/2008 que a Súmula 13 não se aplicaria diante dos Cargos Políticos, a
exemplo de Ministros de Estado e Secretários. Inobstante, hoje tal
nomeação deve ser analisada caso a caso, devendo principalmente ser
verificado se tal parente possui aptidão técnica para exercer tal cargo.
Ex.: Diploma, etc.
.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade também está descrito no art. 37,
caput da CF. Tal instituto exige que os atos da Administração Pública
sejam publicados, que poderá ser no Diário Oficial, bem como em
jornais de grande circulação.

Johannes Gutenberg (1398-1468) criou a primeira máquina de imprensa do mundo.


É relevante expor que não serão todos os atos da Administração
Pública publicados, devendo ser aqueles que gerem ônus para o erário
(Ex.: a escolha da empresa que realizará uma obra pública), os que tenham
destinatários indeterminados (Ex.: licitação) e os que atinjam os
administrados (Ex.: nomeação para cargo público).

Atos administrativos dessa natureza devem ser publicados para o


conhecimento de todos, pois caso contrário não poderão produzir seus
efeitos. Imagine uma empresa escolhida ilicitamente para a realização de
obra pública, essa contratação deve ser submetida a análise dos órgãos de
fiscalização, etc., para garantir a boa-fé na celebração dos contratos públicos.
Portanto, tais atos não podem ficar em oculto, sem publicidade.
Existem atos administrativos que não serão revelados para garantir a
segurança da nação (sociedade) e do Estado. Veja abaixo.

“XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos


informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;” Grifo nosso.
Imagine que o Estado revele ao público o número exato de seu aparato
bélico (quantidade de soldados, aviões, navios de guerra, etc.), esse dado
prejudicaria a segurança do país, pois permite que outro Estado Soberano
(país) mal intencionado faça comparação de forças, analisando nossa
capacidade de resistência em caso de guerra. Em razão disso, tais
informações são mantidas em sigilo, justificadamente, pois fere a segurança
do país e de cada brasileiro.

A título de consulta e conhecimento leiam os dispositivos infra.


“Art. 37. (...)

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública


direta e indireta, regulando especialmente: (...)

II − o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações


sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII.

Art. 216. (...)

§ 2º − Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da


documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a
quantos dela necessitem.” Grifo nosso.
QUESTÃO – Descreva se está certa ou errada. O princípio da
publicidade determina a transparência e a divulgação de todos os atos
administrativos no Diário Oficial.

QUESTÃO – A administração pública direta e indireta, de quaisquer dos


Poderes do município, obedecerá aos seguintes princípios, EXCETO:
a) Moralidade.
b) Publicidade.
c) Impessoalidade.
d) Institucionalidade.
e) Legalidade.
QUESTÃO – Descreva se está certa ou errada. Nos termos do capítulo
destinado à Administração Pública na Constituição Federal, é correto
afirmar que o princípio da publicidade é absoluto e, portanto, não comporta
exceções.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Princípio descrito no artigo 37, caput da CF. Segundo esse, a


Administração Pública deve através de seus agentes realizar o trabalho com
celeridade, menor custo, sem a perda da qualidade.
Quando a Administração Pública consegue prestar o seu serviço para
a Sociedade de forma rápida, dispendiando só o necessário, obtendo o
maior resultado possível, estará agindo pautado no princípio da eficiência.

É importante esclarecer que para cumprir o princípio da eficiência não


poderá o Estado desrespeitar os demais princípios. Ex.: Imagine que o
Governador para ganhar tempo na realização dos trabalhos contrate todos os
seus familiares e amigos pessoais para lhe auxiliar no serviço, sem verificar se
possuem ou não aptidão técnica para integrar os cargos. Ele estaria certo? Não,
pois estaria violando os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade.
Segundo a Doutrinadora Fernanda Marinela: O núcleo do princípio é
a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de
reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos
com presteza, perfeição e rendimento funcional (FERNANDA MARINELA,
Direito Administrativo, Ed. Podivm, 2005, p. 41).

(CESPE - TRT - 2017) Descreva se está certa ou errada. O princípio


que rege a administração pública, expressamente previsto na Constituição
Federal de 1988, e que exige dos agentes públicos a busca dos melhores
resultados e um menor custo possível, é o da eficiência.
PRINCÍPIOS NÃO EXPRESSOS OU IMPLÍCITOS

Discorreremos a respeito dos princípios não expressos ou implícitos,


conforme já dito, seus nomes não estão descritos na legislação e esses podem
ser oriundos de doutrina, jurisprudência, dentre outros.

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

O princípio da Supremacia do Interesse Público fundamenta muitas


das ações da Administração Pública.
Ele resolve o conflito existente entre o interesse particular e o
coletivo, determinando que o coletivo sobreponha ao particular. Ex.: Diante
da desapropriação, instituto previsto no art. 5º, XXIV da CF, entre o
interesse do particular em se manter residindo no imóvel e a desapropriação,
que tem a finalidade de resultar na construção de uma unidade do Corpo de
Bombeiros Militar, prevalecerá o interesse coletivo: a construção da unidade
do Corpo de Bombeiros.

O Princípio da Supremacia do Interesse Público também é aplicado


quando o Legislativo edita leis, submetendo todos os cidadãos à determinação
legislativa.
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro o princípio da supremacia do
interesse público está presente no momento da elaboração de leis como no
de sua execução em concreto pelo Estado. Dessa forma, o princípio serve
para inspirar o legislador, que deve considerar a predominância do interesse
público sobre o privado na hora de editar normas que favoreçam a todos.

Quando a Administração Pública celebra um contrato público,


criando uma cláusula exorbitante (que lhe dê direito unilateral de alteração,
sem resistência da outra parte, exceto se houver alguma ilegalidade) ele age
pautado no Princípio da Supremacia do Interesse Público.
Há casos em que o Princípio da Supremacia do Interesse
Público não se aplica diante da atuação da Administração Pública.
Ex.: Quando é celebrado contrato de locação para que em determinado
imóvel seja instalado repartição pública.

Prevalece o entendimento de que a relação jurídica locatícia entre o


particular e a Administração Pública é contrato da administração (e não
contrato administrativo). Isto é, a Administração Pública atua como se
um particular fosse.
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou afirmando que o
contrato de locação tem como base o direito privado, o que retira do
Estado o privilégio na relação jurídica, estando em mesmo patamar que o
locador nessa relação (REsp 685.717/RO, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, julgado em 04/02/2010, DJe 01/03/2010).
Para conhecimento, os contratos de locação de imóveis são regidos
pela Lei nº. 8.245/1991.
(CESPE - Auditor do Estado/Sefaz RS/2018) A previsão em lei de
cláusulas exorbitantes aplicáveis aos contratos administrativos decorre
diretamente do princípio da supremacia do interesse público.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

O Princípio da Indisponibilidade determina que o interesse público não


está sujeito à vontade particular dos servidores públicos.

Um dos deveres da Administração Pública é gerir a coisa pública, que


envolve todos os bens e serviços que estão em uso visando o bem-estar
social.

Repito, o objetivo é favorecer o bem-estar de todos e não a vontade de


quem administra.
O servidor público não faz a sua vontade, ele cumpre a lei. Portanto,
não é correto utilizar a coisa pública para os seus interesses, a exemplo das
viaturas, etc.
Imagine um servidor público dos Corpos dos Bombeiros Militar que
queira utilizar uma ambulância, durante o expediente, para comprar seus
utensílios domésticos no Supermercado. Tal conduta é correta? Não. Pois os
bens públicos não estão sujeitos à vontade dos servidores, devem ser usados
para atender ao interesse coletivo. A ambulância deve ser utilizada para
salvar vidas, sem objeção.
Tal entendimento está pautado no princípio da indisponibilidade.
Ex.: Pode um policial deixar de prender em flagrante uma pessoa que
avista cometendo crime? Não. Pois ele é um agente garantidor, correndo o
risco de responder pelo resultado da infração penal praticada pelo
criminoso na forma omissiva (crime omissivo impróprio ou crime
comissivo por omissão, com base no art. 13, §2º, alínea a, do Código
Penal).

Tal determinação também está amparada no princípio da


indisponibilidade, pois os bens e serviços públicos devem ser usados e
oferecidos para favorecer o interesse da coletividade.
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
O princípio da Autotutela garante ao Estado o direito de anular ou
revogar seus atos administrativos emitidos com vício. A anulação se dá
diante dos atos ilegais e a revogação depende do exercício do mérito
administrativo, isto é, do uso da conveniência (base legal) e da oportunidade
(tempo).

OBS.: A anulação é considerada ato vinculado, se desenvolvendo


estritamente de acordo com o cumprimento da lei, sem qualquer interferência
do servidor. A revogação é considerada ato administrativo discricionário,
permitindo relativamente a intervenção do agente público na análise da
conveniência e da oportunidade.
Para conhecimento, vide a Súmula 473 do STF:
“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial. Grifo nosso.
DECRETO-LEI Nº. 220 / 1975

DECRETO Nº. 2.479 / 1979

Vamos iniciar nosso estudo pautado no Estatuto dos Funcionários


Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro. É
relevante aduzir, que não será exposto todo o texto dos Decretos acima, pois
não temos tempo de curso suficiente para apresentar todos os institutos.
Estudaremos os principais dispositivos.
Inicialmente, é importante destacar que os servidores públicos
civis do estado do Rio de Janeiro tem seus direitos disciplinados
pelo Decreto-Lei nº. 220/1975 (estatuto dos servidores) e o Decreto nº.
2.479/1979 (que regulamenta o estatuto). Nessa apostila abordaremos as
duas normas em conjunto, para facilitar o entendimento.

Titulamos o Decreto-Lei de Estatuto e o Decreto de


Regulamento. O Regulamento é maior e trata os institutos com maior
riqueza de detalhes.
Decreto-Lei nº. 220/1975 Estatuto

Decreto nº. 2.479/1979 Regulamento

Percebam que os Decretos em tela são mais antigos que nossa


Constituição Federal de 1988, portanto alguns artigos estão em
divergência com o texto atual de nossa Carta Magna. Tais artigos
foram automaticamente revogados e devem ser desconsiderados.
Exemplo claro é o uso da expressão estágio experimental que é
um instituto jurídico que foi revogado pela Lei Complementar Estadual
nº 140 de 2011. Veja.
“Art. 1º - Fica extinto o estágio experimental previsto no Art. 2º, §
2º, do Decreto-lei nº 220, de 18 de julho de 1975, revogando-se este e todos os
demais dispositivos legais e regulamentares que dispõem sobre o referido estágio.” Grifo
nosso.
Assim, tanto no Decreto-Lei 220 de 1975, quanto no Decreto
2.479 de 1979, ainda constam dispositivos que fazem menção ao estágio
experimental. Porquanto, desconsidere-os.
PROVIMENTOS

Provimento é o termo técnico utilizado para se referir de forma


genérica a respeito das formas em que o servidor pode integrar um cargo
público.

OBS.: Quando ouvir ou ler a palavra provimento, entenda, refere-se ao


ingresso do servidor em determinado cargo.
Provimento é: “o ato administrativo por meio do qual é preenchido um cargo
público, com a designação de seu titular (...). Segundo o STF, as formas de
provimento são classificadas como: originária e derivada. Provimento originário ou
autônomo ocorre quando não há vínculo anterior entre o servidor e a Administração.
Provimento Derivado ocorre quando já havia um vínculo anterior entre o servidor e a
Administração. Segundo o STF, a única forma de provimento originário seria
a nomeação. Todas as outras formas de provimento foram classificadas como provimento
derivado (MENEZES e CANTARINO, Ed. Ferreira, 2ª ed., 2010, Comentários ao
Estatuto dos Servidores).
QUESTÃO: Corey Taylor é Advogado da União, tendo sido aprovado para o
concurso de Procurador da República, neste caso é certo afirmar que seu
provimento foi derivado.
RESPOSTA: Provimento originário.
QUESTÃO: Kurt é Técnico Judiciário do TRF, tendo sido aprovado para o
concurso de Analista do TRF, neste caso é certo afirmar que seu provimento é
originário.
RESPOSTA: Provimento originário.
QUESTÃO: Ozzy Osbourne é Técnico Judiciário do TRE, tendo sido
nomeado para o cargo de Coordenador, considerando seu tempo de trabalho,
que permitiu a devida progressão, baseado no Plano de Cargos da mesma
instituição.
RESPOSTA: Provimento derivado.
As formas de provimento descritas em nosso estatuto (Decreto-lei
nº 220/1975) são:

“Art. 8º - A investidura em cargo de provimento efetivo ocorrerá


com o exercício, que, nos casos de nomeação, reintegração, transferência e
aproveitamento, se iniciará no prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do ato
de provimento.” Grifo nosso.

Perceba, o provimento transferência está grifado, pois foi


revogado, tal termo não deve ser mais utilizado na escrita ou na fala de forma
solene.
OBS: O Regulamento (Decreto 2.479 de 1979) descreve que a
readaptação também é forma de provimento. Veja.

“Art. 2º - Os cargos públicos são providos por:


I – nomeação;
II – reintegração;
III – transferência;
IV – aproveitamento;
V – readaptação;
VI – outras formas determinadas em lei.” Grifo nosso.
É relevante aduzir que o estatuto (Decreto-lei nº 220/1975) estabelece
que, para os cargos de provimento efetivo, a investidura ocorre com a
entrada em exercício do servidor. Já nos cargos em comissão, ocorre com
a posse, conforme o estatuto assevera:

“Art. 10 - A investidura em cargo em comissão ocorrerá com a posse, da


qual se lavrará termo incluindo o compromisso de fiel cumprimento dos deveres da função
pública.” Grifo nosso
EXPLICANDO: Posse: assinatura do servidor, em documento público,
sendo investido em cargo público, normalmente em reunião solene. Entrada
em Exercício: ocorre quando o servidor realiza o primeiro dia de trabalho na
Administração Pública.
Cargos de Provimento Efetivo

Com Estabilidade
Cargos em Comissão

Livre nomeação e exoneração da


autoridade competente (art. 37, II, parte
“b” da CF)
NOMEAÇÃO

Relembrando, segundo o STF a nomeação é a única forma de


provimento originário.

A nomeação pode se dar diante de cargos de provimento


efetivo e de cargos em comissão ou funções de confiança.

Para ingressar em cargo de provimento efetivo é necessário


aprovação em concurso público (Art. 37, II, “a” da CF). Vide.
“A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei (...).” Grifo
nosso.

Para acessar os cargos em comissão basta a nomeação de


autoridade competente. (Art. 37, II, “b” da CF). Vide.

“as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre


nomeação e exoneração.” Grifo nosso.
QUESTÃO: Para integrar cargo em comissão é necessário prévia
aprovação em concurso público de provas e títulos.

RESPOSTA: Errada, o cargo é de livre nomeação e exoneração.

QUESTÃO: Para integrar o cargo de provimento efetivo basta a nomeação


de autoridade competente, podendo ser inclusive originária do Presidente
da República.

RESPOSTA: Errada. Integrar cargo de provimento efetivo depende de


prévia aprovação em Concurso Público, depois é realizada a nomeação, que
é um ato administrativo.
REINTEGRAÇÃO

A reintegração é uma das maneiras de integrar cargo público, com


provimento derivado. Acontece quando determinado servidor é
demitido e consegue posteriormente provar sua inocência adquirindo
direito a retornar ao cargo de origem. É resguardado a ele direito à
indenização pelo tempo que ficou ausente do cargo. Veja o art. 41, § 2º da
Constituição Federal.

“Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável,


será ele reintegrado, (...).”
OBS.: Recondução não é objeto de nosso estudo, mas a título de conhecimento é o
ato de determinado servidor voltar ao cargo de origem. Ex: Imagine que determinado servidor
do DEGASE foi aprovado no concurso da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), mas
não obteve êxito no estágio probatório do novo cargo. Neste caso ele ficará desempregado? Não,
terá direito a retornar ao Departamento, voltando para o cargo de origem. Não terá direito à
indenização, pois não houve violação a direitos.

Veja o art. 41, § 2º, parte b, da Constituição Federal.

“Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
(...).”
APROVEITAMENTO

Ocorre quando o servidor público é exonerado de seu cargo, mas não é


demitido. O provimento é derivado. Neste caso ele fica à disposição da Administração
Pública aguardando ser aproveitado em outro cargo. “É como estar em um banco de
reservas aguardando entrar em campo.” Ex.: Imagine que determinado cargo seja
extinto pela Administração Pública. Todos os servidores que trabalhavam no exercício
daquele cargo serão exonerados, mas não serão demitidos. Ficarão à disposição
aguardando serem aproveitados em outro cargo.
ATENÇÃO: Tais servidores continuarão recebendo suas remuneração com valores
baseados no tempo de serviço prestado. Ex.: Os que prestaram 10 anos de serviço
receberão mais do que os que tenham prestado 5 anos de serviço. É lógico e/ou
matemático.
READAPTAÇÃO
Readaptação é forma de provimento derivado que visa integrar
em cargo público servidor que sofreu debilidade física ou mental, que teve
reduzida sua capacidade laboral. Ex.: Imagine que durante uma rebelião
no DEGASE determinado servidor correndo para apreender interno em
fuga, cai, lesionando suas duas pernas gravemente, sendo obrigado a
permanecer permanentemente sendo sustentado por duas muletas. Neste
caso, esse servidor será imediatamente aposentado por invalidez? Não, pois
ele pode ser readaptado para exercer outra função que não esteja ligado
diretamente ao uso de suas pernas, a exemplo de integrar função
administrativa.
ATENÇÃO: O ato de integrar servidor público em cargo de provimento
efetivo, por meio da readaptação, depende de avaliação originária de
junta médica oficial. OBS.: Tal procedimento também deve ser realizado
quando o servidor requer a aposentadoria por invalidez.

OUTRA FORMA DETERMINADA EM LEI

O instrumento legiferante acima estudado autoriza o Legislativo a


criar outras formas de provimento, objetivando integrar servidor em cargo
público, desde que por meio de lei.
VACÂNCIA

A vacância é o instituto jurídico usado para afirmar que o cargo


está vago. Houve vacância, logo o cargo está sem ocupação. As formas de
vacância estão previstas no artigo 61 do regulamento (Decreto
2479/1979). Veja.
Art. 61 – A vacância decorrerá de:
I – exoneração;
II – demissão;
III – transferência;
IV – aposentadoria;
V – falecimento;
VI – perda do cargo;
VII – determinação em lei;
VIII – dispensa;
IX – destituição de função.

ATENÇÃO: A transferência não gera vacância pois foi revogada, não


devendo ser considerada para o nosso estudo.

OBS.: Neste material não aprofundaremos o estudo dos institutos ligados à


vacância, por falta de tempo. Recomendamos a leitura e a memorização dos
institutos.
DIREITOS DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Avançando com o nosso estudo do estatuto dos servidores,
discorreremos sobre os direitos, nos atendo ao estudo das licenças e das
vantagens.
LICENÇAS
Licença é: “a autorização, dada ao servidor público, para não comparecimento ao
serviço, normalmente durante certo prazo, em regra, determinado, decorrente de situações
específicas, que variam de acordo com a natureza de cada licença. (MENEZES e
CANTARINO, Ed. Ferreira, 2ª ed., 2010, p. 81, Comentários ao Estatuto dos
Servidores).
As licenças são disciplinadas principalmente no regulamento (Decreto
2.479 de 1979). Sobre elas, é importante saber sobre o que tratam, e os prazos
apresentados pela legislação. Falaremos sobre as mais importantes.

A primeira licença citada é a licença para tratamento de saúde, que


será concedida pelo prazo máximo de 24 meses, com vencimentos e
vantagens.

Avançando, temos a licença por motivo de doença em pessoa da


família. Esta será com vencimentos e vantagens integrais nos primeiros 12 (doze)
meses; e, com 2/3 (dois terços), por outros 12 (doze) meses, totalizando,
assim, o máximo de 24 (vinte e quatro) meses.
ATENÇÃO: No que tange aos prazos, temos, também, a licença à gestante, e
aqui temos uma divergência entre os regramentos. O regulamento diz que será
por 4 (quatro) meses. Porém, em 2009, a Lei Complementar 128 alterou o
prazo para 6 (seis) meses. Porém, apenas foi alterado o estatuto. Assim, o
estatuto diz 6 (seis) meses, e o regulamento, desatualizado, diz quatro meses. O
prazo correto será o do estatuto: 6 (seis) meses.

ATENÇÃO: A referida licença é “prorrogável”, no caso de aleitamento


materno, por no mínimo 30 (trinta) e no máximo 90 (noventa) dias, mediante
a apresentação de laudo médico circunstanciado emitido pelo serviço de perícia
médica oficial do Estado.
Por fim, outra licença importante é a licença-prêmio, fornecida pelo
prazo de 3 (três) meses, sendo adquirida a cada 5 (cinco) anos de
serviço ininterrupto no serviço estatutário estadual.

VANTAGENS

Vantagens são: “quaisquer valores percebidos pelo servidor além do vencimento.


Podem possuir caráter permanente ou temporário, sendo certo que apenas as vantagens
de caráter permanente passam a integrar a remuneração do servidor (MENEZES e
CANTARINO, Ed. Ferreira, 2ª ed., 2010, p. 71, Comentários ao Estatuto dos
Servidores). Grifo nosso.
Veja o que diz o regulamento (Decreto 2479/1979), no art. 149:

“Além do vencimento, poderá o funcionário perceber as seguintes vantagens pecuniárias:

I – adicional por tempo de serviço;

II – gratificações;

III – ajuda de custo e transporte ao funcionário mandado servir em nova sede;

IV – diárias, àquele que, em objeto de serviço, se deslocar eventualmente da sede.” Grifo nosso.

O adicional por tempo de serviço (triênio) será devido ao servidor a cada


3 (três) anos de efetivo exercício no serviço público e correspondente a 5% (cinco
por cento), exceto o primeiro triênio, que corresponde a 10% (dez por cento).
O triênio é limitado a 60% (sessenta por cento). Recomendo a leitura
dos dispositivos correspondentes do regulamento, sem necessidade de
maiores aprofundamentos.

PENALIDADES

“As penalidades que podem ser aplicadas ao servidor público, em decorrência da


prática de uma infração administrativa (MENEZES e CANTARINO, Ed.
Ferreira, 2ª ed., 2010, p. 139, Comentários ao Estatuto dos Servidores).
O rol das penalidades são:

I – advertência;

II – repreensão;

III – suspensão;

IV – multa;

V – destituição de função;

VI – demissão;

VII – cassação de aposentadoria, jubilação ou disponibilidade.


A suspensão, que não pode exceder a 180 (cento e oitenta) dias é
aplicada nos casos de:
I - falta grave (ex.: violação de segredo profissional, etc.);
II - desrespeito a proibições que não sejam caso de demissão;
III - reincidência em falta já punida com repreensão.

Outro ponto importante sobre a suspensão é que, caso haja


conveniência para a Administração, pode ser convertida em multa de
50% (cinquenta por cento) do dia do vencimento ou remuneração. Nesse
caso, o servidor deve permanecer em serviço.
Sobre a demissão é importante conhecer o rol mencionado no art. 298
do regulamento.

“Art. 298 – A pena de demissão será aplicada nos casos de:


I – falta relacionada no art. 286, quando de natureza grave, a juízo da autoridade
competente, e se comprovada má fé;
II – incontinência pública e escandalosa ou prática de jogos proibidos;
III – embriaguez, habitual ou em serviço;
IV – ofensa física, em serviço, contra funcionário ou particular, salvo em
legítima defesa;
V – abandono de cargo;
VI – ausência ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias,
interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses; OBS.: o prazo de 60 dias foi
revogado pelo de 20 dias, conforme Lei Complementar nº 85/1996, que alterou
o art. 52, VI do Decreto-Lei nº. 220/1975.
VII – insubordinação grave em serviço;
VIII – ineficiência comprovada, com caráter de habitualidade, no desempenho dos
encargos de sua competência;
IX – desídia no cumprimento dos deveres.”

Um ponto que merece bastante atenção são as penas de demissão por


ausência ao serviço. O estatuto e o seu regulamento apresentam 2 (dois)
casos deste tipo de demissão: o abandono de cargo e a ausência interpolada
ao serviço durante 12 (doze) meses.
Porém, os prazos divergem entre si, porque em 1996 houve uma
atualização dos prazos no estatuto, sem a correspondente atualização no
regulamento. Assim, os prazos a serem considerados serão os do estatuto:
Abandono de cargo: ausência injustificada por 10 (dez) dias
consecutivos.

Ausência interpolada: ausência injustificada durante 20 (vinte) dias


interpolados, no período de 12 (doze) meses.
Conheça, também, os prazos de prescrição da aplicação de
penalidades: “Prescreverá:

I – em 2 (dois) anos, a falta sujeita às penas de advertência,


repreensão, multa ou suspensão;

II – em 5 (cinco) anos, a falta sujeita:

1) à pena de demissão ou destituição de função;

2) à cassação da aposentadoria, jubilação e disponibilidade.”


SINDICÂNCIA

A sindicância é um procedimento que visa reunir dados


objetivando concluir se o servidor público acusado da prática de infração
disciplinar irá ou não responder pelo ato em Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), podendo também ser usada para infligir penalidades
menos graves.
“A sindicância é um processo disciplinar mais simples, aplicável nas infrações de
menor potencial ofensivo.” (MENEZES e CANTARINO, Ed. Ferreira, 2ª ed., 2010, p.
192, Comentários ao Estatuto dos Servidores). Grifo nosso.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

O Processo Administrativo Disciplinar foi criado para apurar infrações


disciplinares passíveis de punição mais grave, a exemplo da demissão e
cassação de aposentadoria.

Não há proibição de ser instaurado o Processo Administrativo


Disciplinar no início da apuração da infração, entretanto é recomendado que
primeiramente seja instaurada a sindicância, pois é um procedimento menos
complexo.
ATENÇÃO: É recomendado pelos doutrinadores que a punição seja
aplicada sempre de forma progressiva, para que não seja desrespeitado
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Ex.:
Imaginemos que o servidor Fulano chegou atrasado durante 3 dias, no
lapso de 20 minutos. É razoável que seja aplicada a penalidade de demissão?
Não, neste caso, é recomendado inicialmente a aplicação da advertência,
que é mais branda. Uma vez que tal atraso persista, pode ser aplicada a
suspensão. O superior hierárquico deve evitar usar seu poder de forma
abusiva e desproporcional.
QUESTÕES

01 – (CESPE - Analista Judiciário/TRE-BA/2017) São princípios que


regem a administração pública expressos na Constituição Federal de 1988:
legalidade, indivisibilidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Comentário: Essa é tranquila, mas importante! Os princípios expressos na


Constituição Federal são a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a
publicidade e a eficiência.

Gabarito: errado.
02 - QUESTÃO: Determine se está certo ou errado. Considerando que
determinado servidor no exercício do cargo violou Decreto que continha
norma explicando a forma de como o ato administrativo devesse ser
infligido é certo afirmar que houve violação do princípio da Reserva Legal.

RESPOSTA: Errado. Foi infrigido o princípio da Legalidade, que


determina que todas as normas devam ser obedecidas, independente de sua
natureza. Foi desrespeitado o Decreto.
03 - QUESTÃO - A vedação de que conste, em peças publicitárias do Estado, nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal do agente público, vincula−se especificamente
ao princípio constitucional expresso da

a) eficiência.

b) publicidade.

c) razoabilidade.

d) impessoalidade.

RESPOSTA: D. Conforme descreve o artigo 37, §1º da CF: A publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
04 - QUESTÃO – Descreva se está certa ou errada. O princípio da
publicidade determina a transparência e a divulgação de todos os atos
administrativos no Diário Oficial.

RESPOSTA: Errada. O princípio da publicidade não é absoluto, pois


comporta exceções, como no caso de dados pessoais, informações
classificadas como sigilosas. Além disso, nem todo ato administrativo
precisa ser publicado para fins de eficácia.
05 - QUESTÃO – Descreva se está certa ou errada. Nos termos do
capítulo destinado à Administração Pública na Constituição Federal, é
correto afirmar que o princípio da publicidade é absoluto e, portanto, não
comporta exceções.

RESPOSTA: Errada. O princípio da publicidade não é absoluto.


Excepcionalmente, pode haver decretação de sigilo em relação a dados
pessoais (que dizem respeito à intimidade, honra e imagem das pessoas) e a
informações classificadas por autoridades como sigilosas (informações
imprescindíveis para a segurança da sociedade e do Estado, por exemplo).
06 - QUESTÃO – A administração pública direta e indireta, de quaisquer dos Poderes do
município, obedecerá aos seguintes princípios, EXCETO:

a) Moralidade.

b) Publicidade.

c) Impessoalidade.

d) Institucionalidade.

e) Legalidade.

RESPOSTA: D. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...].
07 - (CESPE - TRT - 2017) O princípio que rege a administração pública,
expressamente previsto na Constituição Federal de 1988, e que exige dos
agentes públicos a busca dos melhores resultados e um menor custo
possível, é o da eficiência.

RESPOSTA: Correta. O princípio da eficiência exige a busca pelos


melhores resultados com o menor custo possível, ou seja, fazer mais com
menos recursos.
08 - (CESPE - Auditor do Estado/Sefaz RS/2018) A previsão em lei de
cláusulas exorbitantes aplicáveis aos contratos administrativos decorre
diretamente do princípio da supremacia do interesse público.

RESPOSTA: Correta. As cláusulas exorbitantes são poderes especiais que a administração


dispõe, nos contratos administrativos, para fazer prevalecer o interesse público. Um exemplo de
cláusula exorbitante é a possibilidade de alterar unilateralmente um contrato,
independentemente da concordância da outra parte, dentro dos limites permitidos em lei. Nesse
caso, portanto, as cláusulas exorbitantes são exemplos de aplicação do princípio da supremacia.
GRATO!

Vá e vença!!!

Tiago Azevedo (21) 99376-6001

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