Revista Agronomia em Debate Ed. 10

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Uma publicação da

Ano 6 | Nº 10 | Julho de 2023

Edição temática:

ESPECIAL

10ª
EDIÇÃO
ISSN 2594.5254
Associação dos Engenheiros
Agrônomos de
Pato Branco (AEAPB)

Rua Benjamim Borges Santos – Bairro Fraron – Sala 02

ISSN 2594.5254
CEP 85.503-350 – Pato Branco (PR)
Telefone: (46) 32234974
E-mail: [email protected]

Diretoria gestão 2022-2025


DIRETORIA EXECUTIVA
ÍNDICE
Presidente:
Edson Roberto Silveira
Diretor Técnico:
Sandro Ítalo Perusso EDITORIAL PALAVRA DO PRESIDENTE 4
Diretor Financeiro:
Benigno Kozelinski
ESPECIAL 10 EDIÇÕES' 6
Diretor Administrativo e
de Política Profissional:
Luis César Cassol
AGRO É TECH 8
Diretor Social e
de Esportes:
Juvaldir Sbeghen ARTIGO: AGRO DIGITAL 10
CONSELHO FISCAL
Efetivos:
Alceu Assmann
ARTIGO: MANEJO DO CARBONO NA AGRICULTURA 12
André Luiz Ceni
Ricardo Aiolfi
ARTIGO: DRONES 16
COMISSÃO REGIONAL DE
ÉTICA PROFISSIONAL
Efetivos: ARTIGO: CICLAGEM DE NUTRIENTES NA FLORESTA AMAZÔNICA 20
Elisete Beledelli
Idemir Citadin
Vicente Michaliszyn MÚTUA / APOIO AOS PROFISSIONAIS 24
ARTIGO: ENGENHEIRO AGRÔNOMO 26
AEAPB: 55 ANOS 28
ARTIGO: PLANTAS MEDICINAIS 32
ARTIGO: PINHÃO 34
ARTIGO: ZELO PROFISSIONAL 36
PRÊMIO CREA DE QUALIDADE 40
FISCALIZAÇÃO CREA-PR 44
EXPEDIENTE
Coordenação: Básica Comunicações Ltda Pesquisa: Guilherme Coutinho
www.basicacomunicacoes.com.br Diagramação: Thaís Calderon - Arte & Design
Jornalista responsável: Daniela Weber Licht Impressão: Grafica Xingu | Fone 46 3025.3234
MTB 3791/15/15v Tiragem: 500 exemplares impressos
Revisão: Prof. Jorge Jamhour (UTFPR) Disponível nos sites do: Crea-PR, FEAPR e AEAPB
EDITORIAL
EDITORIAL

PALAVRA DO PRESIDENTE
AEAPB

Esse ano de 2023 é muito especial para nós da AEAPB, pois comemora-
mos 55 anos da fundação - 31 de agosto de 1968 - com um trabalho reconhe-
cido em prol da profissão, com a realização de eventos técnicos, publicações
e viagens técnicas de formação e divulgação do conhecimento.

Apresentamos com muito orgulho e alegria a Décima Edição da nossa


revista técnica “Agronomia em Debate”, a pioneira entre as revistas das entidades
de classe, trazendo um conteúdo voltado aos nossos profissionais engenheiros
agrônomos e acadêmicos de agronomia.

Numa época de grandes desafios, a informação atualizada e de quali-


dade torna-se um insumo indispensável ao desenvolvimento e divulgação do
conhecimento.

A atividade profissional do engenheiro agrônomo é primordial na co-


munidade que almeja a constante evolução, colaborando na construção de um
mundo melhor, mais ético e justo.

Que esta edição se torne - como as nove anteriores - uma semente de


boas experiências, conhecimentos e iniciativas relatadas, que inspirem o leitor
a multiplicar boas práticas, construtivas e sustentáveis.

O projeto inicial da AEAPB em 2017, era de realizar dez edições da re-


vista e assim cumprimos nossa meta. Vamos em frente sempre na busca da
valorização profissional e cidadã.

Boa leitura!

Engenheiro Agrônomo Edson Roberto Silveira


Presidente da AEAPB 2022/2025

4 agronomia em debate • julho 2023


EDITORIAL

PALAVRA DO PRESIDENTE
CREA-PR

Que satisfação escrever para a décima edição da revista da AEAPB. Dez vezes que a
Associação se empenhou para compartilhar com seus profissionais assuntos que proporcionam
a reciclagem de conhecimentos e desenvolvem um novo olhar para as diversas atuações da
agronomia. Parabéns por esta trajetória!

Esta edição traz uma matéria falando exatamente sobre os Termos de Fomento dispo-
nibilizados pelo Crea-PR às Entidades de Classe, recurso com o qual a revista que você tem em
mãos foi elaborada.

E você sabe como funciona a escolha dos projetos para receberem os recursos?

Após a aprovação das propostas apresentadas por meio do Edital de Chamamento Pú-
blico divulgado pelo Crea-PR em seus meios de comunicação, a Comissão de Seleção, designada
pelo presidente do Conselho, tem o objetivo de analisar a documentação, verificar se está em
conformidade com o Edital e a legislação vigente, classificar e fazer a seleção destas propostas.
Os critérios para a classificação das mesmas seguem o estabelecido no Edital como: mérito e
abrangência do tema para a sociedade e o Sistema Confea/Crea e alinhamento com as atividades
fins do Conselho, por exemplo. Após as análises, vem a fase de assinatura dos Termos, seguida
da execução dos projetos e acompanhamento dos gestores de contratos. Esse caminho que as
Associações percorrem para desenvolver atividades que irão agregar no dia a dia dos profissionais
afetos ao Sistema Confea/Crea é realizado com grande empenho tanto pelas Associações, quanto
pelo Crea-PR. É um esforço conjunto para colaborar cada vez mais com o engrandecimento das
engenharias, agronomia e geociências em nosso Estado.

Desejo que os assuntos abordados nesta edição sejam de extrema valia para a sua traje-
tória profissional e pessoal.

Boa leitura!

Engenheiro Civil Ricardo Rocha de Oliveira


Presidente do Crea-PR

julho 2023 • agronomia em debate 5


ESPECIAL
XXX

DÉCIMA EDIÇÃO DA
REVISTA TÉCNICA COM
RECURSOS DOS TERMOS
de Fomento do Crea-PR
A entidade representa a classe agronômica na região su- entidades de classe. A revista técnica pode ser considerada um
doeste do Paraná e se destaca pelas atividades e iniciativas para excelente veículo de relacionamento e divulgação da associação
a capacitação, ética e fortalecimento do profissional na atividade com seus associados e com diversos outros segmentos da
rural. A participação nos editais de chamamento do Crea/PR e produção agropecuária.
execução dos termos de fomento colabora para realização de
projetos junto aos associados, impulsiona novas atividades de
capacitação, valorização e relacionamento entre os profissionais
e a comunidade produtiva, empresarial e acadêmica. Em 2017,
com a possibilidade aberta pelo edital 005/2016-DRI do Crea/
PR apresentamos o projeto para elaboração de três edições da
revista. Na sequencia foram publicadas duas edições por ano,
de 2018 a 2021, com exceção de 2020, tendo até 2021 nove
edições publicadas, e projeto aprovado nos termos de fomento
para a realização da décima edição em 2023, o que pode ser
considerado um marco, referente a publicações de revistas por

6 agronomia em debate • julho 2023


ESPECIAL
XXX

OBJETIVOS
A realização de revistas técnicas tem como objetivo divul-
gar novas tecnologias, divulgar as ações e eventos da entidade
de classe, divulgar o sistema profissional e o trabalho do Sistema
Confea-Crea/PR e Mútua/PR no tocante a fiscalização, ARTs e
Código de Ética, estreitar os laços com os associados, fomentar o
ensino, pesquisa e extensão, estimular os associados a divulgarem
seus trabalhos na comunidade.

RESULTADOS

Ao longo destas nove edições foi dado ênfase a pesquisa,


ensino e extensão rural, novas tecnologias, técnicas de produção
e as novidades disponíveis no mercado, sempre com o foco na
disseminação do conhecimento e valorização profissional, o
que tornou a revista técnica da entidade uma referência para
outras entidades de classe realizarem suas publicações. Além de
artigos técnicos referentes aos diversos segmentos da produção
agropecuária, a revista sempre inseriu informações importantes
do sistema Confea/Crea e Mútua-PR, focadas na informação de
serviços prestados, bem como sobre a fiscalização, emissão de
ART, agenda parlamentar, publicações do sistema e divulgação
do código de ética profissional. A décima edição da revista segue
os trâmites normais de realização e distribuição, em todos os
eventos técnicos com profissionais e acadêmicos, com temas
definidos em conjunto pela diretoria e equipe jornalística e design.

CONCLUSÃO

Com muita satisfação chegamos aos cinco anos de pu-


blicação da revista técnica “Agronomia em Debate”, com as dez
edições disponíveis e a previsão de continuidade deste projeto.
Um projeto de sucesso, que mostra que investir na ciência, no
conteúdo compartilhado e na construção e divulgação do co-
nhecimento coletivo é o caminho para o crescimento profissional
da categoria e do fortalecimento da entidade de classe junto aos
seus associados. Desde 2016 foram seis editais publicados nos
editais de chamamento do Crea/PR, com os Termos de Fomento
e Colaboração, aplicados 6,5 milhões na realização de mais de 500
projetos, entre eles os projetos da entidade para produção de sua
revista técnica, além de outros projetos de palestras, workshops
e viagens técnicas. 

julho 2023 • agronomia em debate 7


AGRO É TECH

CAMPO EM PLENA
transformação digital
Estamos vivendo a quarta geração do agronegócio. Foi- de açúcar e possui o maior volume de carne bovina exportada
-se o tempo em que agricultura remetia à figura de um lavrador do mundo (2,5 milhões de toneladas).
de hábitos simples, cultivando apenas para sua subsistência.
A receita para seguir e aprimorar esta performance é
O agro se mostra um fenômeno da implementação de usar tudo o que a tecnologia tem a oferecer. E isto já vem sendo
tecnologia, por meio da utilização de equipamentos, softwares, amplamente implementado no agrobusiness tupiniquim: 71%
AI, sistema de posicionamento global (GPS) e drones, da euforia dos agricultores brasileiros usam canais digitais diariamente para
causada pela chegada da internet 5G, entre outros. atividades relacionadas às fazendas, é o que diz uma pesquisa
publicada pela consultoria McKinsey & Company.
Neste cenário, ganha quem estiver preparado para aliar
conhecimento técnico e todo subsídio fornecido pela tecnologia. Resumindo: não é mais possível cuidar do campo sem
o respaldo tech. Ainda mais com uma população mundial que
E é exatamente essa mistura que vem posicionando o cresce exponencialmente e que deve chegar a mais de 8,5 bilhões
Brasil como grande potência mundial: dados da Embrapa de de pessoas nos próximos sete anos. Para alimentar esse universo
2021 indicam que o país foi o maior exportador mundial de soja faminto, vale se beneficiar das ferramentas para ter ganho de
do planeta (91 milhões de toneladas); terceiro maior produtor de produtividade, reduzir custos e riscos e tomar decisões cada vez
milho e feijão (105 milhões e 2,9 milhões de toneladas, respectiva- mais assertivas e assertadas.
mente). Além disso, gera mais de um terço da produção mundial

8 agronomia em debate • julho 2023


AGRO É TECH

CONFIRA CINCO TECNOLOGIAS QUE VÃO


DESENVOLVER O AGRONEGÓCIO NOS PRÓXIMOS ANOS

INTELIGÊNCIA
BIOTECNOLOGIA
ARTIFICIAL
Ferramenta tecnológica
Conjunto de sistemas compu-
fundamental para o desen-
tacionais regidos por algorit-
volvimento da agricultura,
mos. Associados às técnicas,
auxilia tanto no aumento
demonstram um “comporta-
quanto na padronização da
mento inteligente” que auxilia
produção de grãos, fatores
na coleta e gestão de dados,
essenciais para previsibilidade
facilitando no monitoramento,
das safras e qualidade delas.
gestão e controle de todas as
etapas da produção agrícola.

DRONES INTERNET RURAL

Usados na agricultura, são Ainda em desenvolvimento,


fonte importante na coleta consiste na integração de
de dados para subsidiar os internet em toda área da fazen-
sistemas de inteligência ar- da, passando pelas pessoas,
tificial. Identificam falhas de serviços e máquinas.
plantio, infestações de ervas
daninhas, ataques de pragas e
excesso ou falhas de irrigação.

AD

AD na cadeia produtiva, fora


da porteira e conexões: a agri-
FONTES:
cultura digital também deve
se desenvolver indo além  EMBRAPA
do campo e das porteiras  PORTAL DO AGRONEGÓCIO
da fazenda. Nesse cenário,  ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
as traders do agronegócio PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA
(FAO)
precisam emitir, organizar e
processar uma série de infor-  MCKINSEY & COMPANY
mações de produtores para a
continuidade das operações.

julho 2023 • agronomia em debate 9


ARTIGO | Denise Oleinik / MTB 7883/PR

AGRO DIGITAL
apresenta a tecnologia
a serviço do campo
A inovação e a tecnologia se tornaram aliadas no dia a resultado? Como ela vai permitir que produtores coloquem a
dia do homem do campo. Com o avanço da informática, muitos agricultura de precisão em prática, otimizando a produção
agricultores procuram entender melhor essas ferramentas que agrícola em todas as suas etapas, desde o plantio até a colheita?
contribuem na diminuição do tempo de trabalho aplicado, abrem
um gerenciamento mais eficiente de seus negócios e ainda, ga- Pensando em responder esses questionamentos a
rantem maior rentabilidade e qualidade, com menor desperdício FEAPR (Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná)
e maior efetividade nas suas propriedades. idealizou a Agro Digital. Um evento que todos os anos é realizado
em parceria com as Associações dos Engenheiros Agrônomos
Hoje, o homem do campo possui um conjunto de tec- e apresenta aos agricultores os melhores especialistas do setor.
nologias digitais integradas e conectadas através de softwares,
sistemas e equipamentos disponíveis no mercado. E tantas Em 2022, a entidade que sediou o evento foi Guarapu-
opções também geram expectativas em saber como aplicar, ava e neste ano, nos dias 01 e 02 de agosto a cidade sede do
se beneficiar e ter acesso as melhores opções dentro de uma evento é Pato Branco em uma parceria com a Associação dos
gama de serviços ofertados. O que efetivamente apresenta bom Engenheiros Agrônomos de Pato Branco.

10 agronomia em debate • julho 2023


Denise Oleinik / MTB 7883/PR | ARTIGO

Para Cesar Veronese, presidente da FEAPR é importante dades é sem dúvida o aumento da produtividade e a diminuição
não somente levar o conhecimento técnico para os agricultores, de perdas. Com a agricultura 4.0 o agricultor passa a entender
mas também apresentar ferramentas tecnológicas que já são melhor sua propriedade, coleta dados e ainda acompanha em
utilizadas e que são consideradas eficientes. “Todos os anos tempo real os melhores passos a serem implantados para se
preparamos o Agro Digital em parceria com as Associações tornar mais eficiente.
de Engenheiros Agrônomos do nosso estado. Nesta edição,
vamos levar a todos os participantes os melhores caminhos, com Desafios - Ainda existem desafios para que a agricultura
profissionais preparados para apresentar soluções, as melhores 4.0 possa ser uma realidade para grande parte dos produtores
opções disponíveis no mercado e ainda, mostrar o que traz maior brasileiros. A conectividade no campo e a possibilidade de usar
rentabilidade e qualidade”, definiu. os sistemas de maneira integrada ainda é um desafio a ser
transposto. De acordo com o Censo Agropecuário do Instituto
Hoje com a agricultura 4.0 há uma gama de serviços Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente 5% das áreas
que estão representados por meio de aplicativos, conexões por agrícolas do Brasil estão conectadas com internet.
meio da computação em nuvem e até a comunicação entre
equipamentos, máquinas agrícolas e celulares. “Por isso, a ideia é trabalhar em busca de soluções que
otimizem as etapas de plantio e colheita de forma integrada,
Algumas das ferramentas que hoje estão disponíveis e melhorando a gestão administrativa e orçamentária”, ressalta
já se tornaram uma das mais utilizadas no campo são os drones. Edson Roberto Silveira, Presidente da Associação dos
Estes permitem que o agricultor tenha de forma rápida, o con- Engenheiros Agrônomos de Pato Branco. Realizar eventos
trole de diferentes tarefas como uma pulverização mais precisa, voltados para produtores, técnicos e engenheiros agrônomos
como também a visualização de áreas mais distantes da sede é uma das formas encontrada para ajudar quem trabalha a
da propriedade, gerando economia de tempo e combustível. terra e alimenta o país. “Queremos palestras preparadas por
profissionais que trabalham e estão em constante pesquisa,
Outra ferramenta utilizada como forma de apresentar levar aos participantes mais conhecimento sobre as tecnologias,
melhor resultado de uma área plantada é a biotecnologia que apresentar novas possibilidades com sistemas que permitem a
consiste em conseguir um melhor entendimento sobre determi- análise, o controle de qualidade e várias outras necessidades do
nada semente, seja para apresentar modificações ou melhora- setor. Mostrar os melhores caminhos para a agricultura 4.0, esta
mento genético para que ela tenha uma maior produtividade e é a proposta do Agro Digital 2023, que neste ano é realizado em
se torne mais resistente, dispensando assim o uso de defensivos. parceria com a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pato
Benefícios - Um dos principais benefícios apresentados Branco”, finalizou Veronese. 
por agricultores que se utilizam da tecnologia em suas proprie-

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ARTIGO | Eng. Agr. Jonatan Marcos Andrade

MANEJO DO CARBONO
na agricultura
A agricultura brasileira tem um papel fundamental no a proteção de áreas de vegetação nativa, como as Áreas de
cenário mundial na produção de alimentos para o mundo, Preservação Permanente (APPs) e as reservas legais, prevendo
sendo o Brasil um dos principais produtores e exportadores de também práticas de conservação de solo e de recursos hídricos.
alimentos para o mercado global, chamado muitas vezes de No campo da agricultura, o Brasil é pioneiro no desenvolvimento
“celeiro do mundo”. As razões pelas quais o Brasil ganhou essa de tecnologias e práticas que visam reduzir os impactos ambien-
reputação estão diretamente ligadas às condições ambientais tais. Boas práticas de manejo para uma agricultura sustentável
presentes em nosso país, tendo recursos naturais abundantes, são baseadas em pilares da sustentabilidade agrícola, os quais
extensas áreas de terras e clima favorável, com terras férteis incluem ausência de revolvimento do solo, rotação de culturas
que proporcionam condições para a exploração de uma ampla e manutenção da cobertura do solo. Globalmente, existem três
variedade de culturas. No entanto, é de extrema importância vezes mais carbono no solo do que na vegetação e atmosfera,
debater os desafios e os impactos que norteiam a expansão desta forma ocorre todo um processo de ciclagem e de entrada
agrícola brasileira. Vista muitas vezes como a vilã da preser- desse carbono no solo, onde buscamos acumular carbono na
vação ambiental, a agricultura brasileira tem muito a mostrar forma de matéria orgânica para trazer uma série de benefícios
com seu importante papel na conservação e preservação do para a cadeia de interação solo, planta e atmosfera.
ambiente, além de produzir alimentos. O Brasil é reconhecido
internacionalmente por possuir áreas de conservação ambiental A estratégia revolucionária responsável por tornar a
significativas, como a Floresta Amazônica, Pantanal e Cerrado, agricultura mundial mais sustentável, foi o Sistema de Plantio
além de possuir o Código Florestal, que estabelece regras para Direto (SPD), o qual nos últimos 30 anos espalhou-se pelas áreas

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Eng. Agr. Jonatan Marcos Andrade | ARTIGO

agrícolas do Brasil e do mundo. Ocupando uma área de aproxi-


madamente 35 milhões de hectares, o SPD é considerado uma e protegido pelos restos
revolução no manejo de solos e um dos principais responsáveis culturais, tanto de culturas
pelo grande poder da agricultura brasileira atualmente. Os im- de interesse econômico
pactos desse sistema melhoram imensamente a saúde do solo, como adubos verdes, evi-
resultando em melhores condições para o desenvolvimento das tando retirada, incorporação
plantas e aumento da produtividade das culturas. ou queima destes resíduos,
mantendo-os sobre a su-
Um dos pilares essenciais é a
perfície do solo e causando
ausência do revolvimento do solo, no
melhorias na saúde do solo,
qual é feita a semeadura diretamente
de componentes físicos,
na palha, sem a necessidade de revol-
químicos e biológicos responsáveis pelo funcionamento do solo
vimento prévio do solo. O preparo do
como ecossistema vivo. Na superfície evitam a erosão, seja pelo
solo convencional, por meio de equi-
impacto da gota de chuva ou enxurrada, promovendo aumento
pamentos físicos - onde se realizam
da resistência do solo à desagregação. Auxiliam na redução da
aração, gradagens, escarificações e
evaporação de água, regulação térmica do solo e controle de
subsolagens visando a descompac-
plantas daninhas. As raízes de diversas plantas de cobertura pro-
tação do solo - resulta em redução
movem alterações na estrutura do solo, formando bioporos que
do carbono do solo conforme a intensidade e a frequência
regulam os fluxos de ar, água e o espaço poroso capaz de aumen-
desses preparos. Esse revolvimento acarreta na desestruturação
tar a retenção de água no solo. A formação de agregados estáveis
do solo, rompendo os macros agregados e expondo a matéria
tem maior capacidade de sustentar o crescimento radicular e
orgânica do solo que estava oclusa e fisicamente protegida de
resistir às pressões externas, como compactação por máquinas
microrganismos, elevando os riscos de erosão e possíveis perdas
e animais. O cultivo de leguminosas contribui para a fixação de
de nutrientes e carbono na forma de gás CO2.
nitrogênio e sua decomposição regula a ciclagem de nutrientes,
Outro pilar de grande re- melhorando a disponibilidade de macros e micronutrientes. Já
levância para a sustentabilidade as gramíneas reduzem a lixiviação de nitrato, incorporando na
desses solos é a rotação de culturas, sua biomassa. Os resultados do aumento de biomassa no solo,
consistindo na alternância planejada resultantes em matéria orgânica, contribuem para o aumento da
e previamente ordenada do cultivo macrofauna e biomassa microbiana, melhorando diretamente
de diferentes espécies em um deter- os níveis de aporte de carbono no solo. Reações bioquímicas
minado período, em um certo local. através de liberação de enzimas por bactérias, fungos micorrízi-
A rotação visando a diversificação cos arbusculares e nematoides benéficos ao solo, favorecem a
do sistema de cultivo é o oposto de decomposição de resíduos vegetais, fixação biológica e ciclagem
monocultura e diferente de sucessão de nutrientes, disponibilizando nutrientes na forma inorgânica
de culturas na mesma área. A rotação resulta na diversificação de para o crescimento das plantas.
quantidade e qualidade biológica, seja por constituição bioquími-
Conhecer essas práticas conservacionistas é imprescindí-
ca ou elementar do material orgânico derivado da biomassa da
vel para maximizar o acúmulo de carbono ao solo, e o Brasil pode
parte aérea e sistema radicular que é aportada no sistema. Como
ganhar muito com essas dinâmicas. Experimentos de campo de
consequência desse sistema, o resultado é o aumento gradativo
longa duração, especialmente conduzidos em instituições de
dos estoques de carbono no solo. Elencado a esse tema também
pesquisa em 19 países de 6 continentes, indicam que em áreas de
são beneficiadas a parte viva do solo, sejam microrganismos de
clima quente como o Brasil, com possibilidade de 2 safras anuais e
diversas espécies que sobrevivem no solo em condições favo-
usando práticas conservacionistas como plantio direto, tem mais
ráveis, ou inseridos no meio em forma de bioativadores de solo.
possibilidades de sequestrar carbono que outras regiões. Trata-se
Já o pilar da sustentabilidade agrícola mais característico de um importante resultado que indica habilidade dos solos dos
desse sistema é a manutenção da palhada, para que o plantio seja trópicos em ter maior protagonismo em um mercado de
realizado no sistema, mantendo o solo continuamente coberto créditos de carbono diretamente do solo.

julho 2023 • agronomia em debate 13


ARTIGO | Eng. Agr. Jonatan Marcos Andrade
XXX

CRÉDITOS DE CARBONO de efeito estufa, onde são controlados e regulamentados por


governos. Nesse sistema, as organizações que emitem GEE são
Antes de aprofundarmos esse tema, é preciso voltarmos obrigadas a adquirir créditos de carbono para compensar suas
ao princípio dos processos que levam à poluição do ambiente emissões. Já o outro sistema, onde se comercializa os créditos
em que vivemos. Uma das principais preocupações ambientais de carbono, é classificado como mercado voluntário. Neste,
enfrentadas pela sociedade é a poluição causada pelos gases de empresas e indivíduos sendo investidores ou consumidores,
efeito estufa (GEE). Esses gases, como o dióxido de carbono, me- podem adquirir créditos de carbono de forma voluntária, porém
tano e óxido nitroso, são liberados em grandes quantidades pelas nesse sistema não se apresentam exigências governamentais ou
atividades humanas e contribuem para o aquecimento global e regulamentações, e sim por iniciativas privadas ou ambientais.
as mudanças climáticas. A principal fonte de emissões de CO2 No mercado voluntário, as organizações podem calcular suas
é a queima de combustíveis fós- emissões de carbono e em segui-
seis como carvão, petróleo e gás da adquirir créditos equivalentes
natural, para geração de energia, para compensação. Os indivíduos
transporte e indústria. que participam desse mercado
A conscientização sobre geralmente buscam demonstrar
os impactos da poluição por GEE responsabilidade ambiental e me-
tem aumentado, levando a um lhorar sua reputação, contribuindo
crescente engajamento de go- para a sustentabilidade, buscando
vernos, empresas e indivíduos na melhorar a visão de investidores
busca por soluções. A redução para o seu negócio.
das emissões de gases de efeito O Brasil se enquadra no
estufa é essencial para mitigar os mercado voluntário, pois não
efeitos adversos das mudanças possui uma meta regulamentada
climáticas e garantir um futuro de governo para redução de GEE.
sustentável. A partir desse cenário Por outro lado, esse mercado
de preocupação, representantes ainda tem mais vantagem sobre
de vários países realizaram vários o regulado, pois os créditos não
encontros para tentar solucionar expiram de um ano para o outro e
esses problemas. Durante anos a comercialização desses créditos
recorrentes foram criados protocolos e acordos com práticas são globais, indiferentemente para empresas ou países, tornando-
e ações que previam as reduções de gases poluentes, onde -se uma commodity de reserva de valor seguro. Desta forma, o
países que entraram em acordo tinham de cumprir suas metas Brasil é protagonista e segue com uma tendência enorme de
de redução, caso contrário, não poderiam negociar com países crescimento nos próximos anos com a geração de créditos de
que poluíam menos. Assim surgiu um mercado extremamente carbono, seja pelo privilégio de ter 40% de florestas tropicais, bem
promissor: o mercado de créditos de carbono. como pela grande fatia de preservação que já está infiltrada nas
O intuito mundial para redução dos gases de feito estufa propriedades de todo o território brasileiro, além de condições
é reduzir o aquecimento da Terra em até 2º C nas próximas ambientais favoráveis para desenvolver novos métodos de ge-
décadas, entre 2030 a 2050. Um crédito de carbono representa ração de créditos de carbono.
uma redução ou remoção de uma tonelada métrica de dióxido Frente às grandes demandas de redução de emissão
de carbono da atmosfera. Com a enorme relevância do tema no de carbono previstas para os próximos anos, o Brasil pode
cenário atual, os créditos de carbono passaram a ser chamados movimentar até 100 bilhões de dólares no mercado de car-
de commodity do futuro e vem sendo foco cada vez maior das bono até 2030. No cenário global, atualmente as emissões
empresas renomadas do mundo inteiro. de carbono chegam a 55 bilhões de toneladas ao ano. Esse
Existem dois tipos de mercado onde são comercializados número aumentou exponencialmente nos últimos anos, devido
os créditos de carbono. O mercado regulado, prevalecendo em ao crescimento acelerado das potências emergentes como a
países desenvolvidos que possuem metas de redução de gases China e Índia. Desse número, apenas 12 bilhões são mitigados

14 agronomia em debate • julho 2023


Eng. Agr. Jonatan Marcos Andrade | ARTIGO
XXX

SOBRE O AUTOR

JONATAN MARCOS ANDRADE

via compra de créditos de carbono, onde empresas compram


de outras que poluam menos, sendo que 99% das compras
fazem parte dos mercados regulados. Atualmente o Brasil Engenheiro Agrônomo
certifica aproximadamente 5 milhões de toneladas de carbono da Coopertradição, de
Clevelândia/PR
no território nacional, mas tem um potencial de 1,5 bilhões de
toneladas a serem capturadas através de métodos e práticas
CREA-PR 181.554/D
a serem desenvolvidas. 

julho 2023 • agronomia em debate 15


ARTIGO | Por Diego Fernando Daniel, Gilberto Santos Andrade, Alcir José Modolo, Adão Robson Elias, Nathália Lucini

DRONES
PULVERIZADORES
NA AGRICULTURA
PARANAENSE:
PANORAMA,
Avanços Tecnológicos e
Perspectivas Futuras
A pulverização de cultivos agrícolas é uma prática ampla- Nos últimos cinco anos, a atividade agropecuária
mente utilizada e essencial para o controle eficiente de pragas e paranaense registrou saltos incríveis, frutos da aplicação de
doenças, além de permitir a aplicação precisa de fertilizantes e novas tecnologias nas lavouras. A atividade agropecuária no
defensivos agrícolas. Nos últimos anos, observou-se um avanço sudoeste do Paraná desempenha um papel fundamental na
significativo na utilização de drones pulverizadores, que se torna- economia regional, contribuindo significativamente para o
ram uma ferramenta cada vez mais popular na agricultura. Esses desenvolvimento socioeconômico do estado. Com um clima
dispositivos têm revolucionado a forma como a pulverização é favorável, solos férteis e uma tradição agrícola consolidada, a
realizada, oferecendo maior eficiência e precisão. Neste texto, região sudoeste, principalmente os municípios de Dois Vizinhos,
exploraremos os avanços dessa tecnologia, seu impacto no setor Francisco Beltrão, Palmas e Pato Branco se destacam como
agrícola e as perspectivas futuras. principais produtores de alimentos do Paraná.

Os drones, também chamados de Aeronave Remo-


tamente Pilotadas (ARP) ou Veículos Aéreos Não Tripulados
“OS DRONES SÃO UMA REALIDADE (VANTs), são equipados com câmeras, sensores e equipamen-
CADA VEZ MAIS PRESENTE NO tos de pulverização (Figura 1). Eles permitem capturar imagens,
MEIO RURAL DO PARANÁ” coletar dados precisos e realizar pulverizações de defensivos

16 agronomia em debate • julho 2023


Por Diego Fernando Daniel, Gilberto Santos Andrade, Alcir José Modolo, Adão Robson Elias, Nathália Lucini | ARTIGO

agrícolas em áreas de cultivo e pastagens. São capazes de acidentados e áreas de cultivo que podem ser desafiadoras
voar a baixa altitude, percorrendo as áreas de cultivo de forma para máquinas terrestres.
sistemática e uniforme, pulverizando a quantidade necessária
de produto diretamente sobre as plantas. No contexto da agropecuária paranaense e, especifica-
mente no sudoeste do Paraná, os drones pulverizadores têm
A aplicação dessa nova tecnologia na atividade auxiliado os agricultores na proteção de cultivos como soja,
agropecuária paranaense tem sido um fator impulsionador milho, trigo, feijão, pastagens e frutíferas. O uso de drones e
do setor. No sudoeste do Paraná, a utilização dos drones na sensores remotos pelos produtores permitiu-lhes monitorar,
pulverização agrícola tem sido especialmente benéfica devido mapear e pulverizar as áreas de cultivo, identificando e con-
às características geográficas da região, com áreas extensas trolando problemas como pragas, doenças e deficiências
e alto número de propriedades agrícolas. Outro benefício dos nutricionais de forma rápida e precisa. Isso tem possibilitado a
drones pulverizadores é a capacidade de acessar áreas de aplicação de insumos de maneira mais direcionada, reduzindo
difícil alcance. A região sudoeste do Paraná possui terrenos custos e minimizando o uso de defensivos agrícolas.

Figura 1. Drone pulverizador de asa rotativa ou multirotor, com destaque para o rádio controle. Visualização da tela do rádio controle que permite acompanhar a aplicação e o planejamento
de voo durante o sobrevoo da área agrícola. Fonte: Daniel Pertussatti - Result Drones Agrícolas (2023).

Segundo levantamento de junho de 2023 da Agência que representa aproximadamente 39% da frota de aeronaves
Nacional de Aviação Civil (ANAC), no Brasil existem 115.748 equi- remotamente pilotadas em todo o estado. No mesmo período,
pamentos registrados, atuando nas mais diversas áreas, como ae- o município de Pato Branco contava com 54 drones cadastrados
roagrícola, aerofotogrametria, aerolevantamento, uso recreativo, no sistema da ANAC, utilizados nas mais diversas atividades.
entre outras. O mercado de drones segue voando alto no Paraná,
fato este que pode ser observado nos municípios do sudoeste do Nos últimos dois anos, o sudoeste do Paraná tem teste-
estado. É o que apontam dados da ANAC, os quais revelam que munhado um aumento significativo de empresas especializadas
o número de aeronaves remotamente pilotadas registradas no em vendas, assistência técnica e serviços de pulverização com
estado teve um salto de 193,12%, passando de 2.108 drones em drones. Essas empresas têm se instalado na região devido ao
2018 para 6.179 em 2022. crescente interesse e demanda por essa tecnologia agrícola
inovadora. Estas estão oferecendo serviços especializados, equi-
O Paraná é um dos estados brasileiros com o maior pamentos para reposição, manutenção, treinamento e suporte
número de operadores de drones agrícolas registrados no Sis- técnico para os agricultores locais. Com a crescente demanda e
tema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários os avanços tecnológicos, essas empresas têm contribuído para
(SIPEAGRO) do MAPA, contando com 15 operadores em maio de impulsionar a utilização de drones agrícolas na região.
2023. Não há informações específicas sobre o número de drones
no estado do Paraná em 2023, porém estima-se que sejam cerca Segundo o Engenheiro Ambiental Jhonatan Nelson
de 8.000 aeronaves operando nas mais diversas áreas. Entre os Gnoatto, gestor local da Agridones Solutions (ADS), empresa
municípios do Paraná, Curitiba se destaca no cadastramento com representação em Pato Branco, sudoeste do Paraná, "os
de drones, com 2.328 equipamentos registrados em 2022, o drones trazem mais eficiência e produtividade, diminuindo as per-

julho 2023 • agronomia em debate 17


ARTIGO | Por Diego Fernando Daniel, Gilberto Santos Andrade, Alcir José Modolo, Adão Robson Elias, Nathália Lucini

das e aumentando o rendimento, além de ser possível preservar AVANÇOS NA PULVERIZAÇÃO COM DRONES
a saúde dos trabalhadores" (Figura 2a). Ele ressalta que, devido
A precisão na aplicação de produtos químicos, a redução
ao forte crescimento do mercado de drones, ao alto número de
do desperdício e a economia de tempo e recursos são vantagens
vendas, ao número de pessoas treinadas (formação de pilotos)
que impulsionam cada vez mais a adoção dessa tecnologia. O
e aos serviços pós-vendas, a Agridones Solutions recebeu o prin-
Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) embarcado nos
cipal prêmio para as Américas (Sul, Central e Norte), competindo
drones permite a criação de rotas pré-programadas, otimizando
com representações norte-americanas e canadenses, o "Dealer
a pulverização e evitando sobreposição de áreas já tratadas. Isso
of the Year 2022", entregue pela DJI, multinacional chinesa que
resulta em economia de tempo e recursos, além de minimizar o
domina 75% do market share internacional no segmento.
risco de exposição excessiva aos produtos químicos por parte
De acordo com Igor André da Silva, proprietário e dos agricultores.
piloto da Agrofly Solutions, empresa que oferece serviços de
Recentemente, os drones, além da pulverização, podem
pulverização, mapeamento e monitoramento de culturas na
vir equipados com um tanque dispersor de sólidos, usado para
cidade de São João - PR (Figura 2b), "A aquisição do drone pul-
automatizar a aplicação de fertilizantes, sementes, pesticidas
verizador DJI Agras T40 trouxe a inovação necessária para um
granulados e outros produtos agrícolas nas lavouras. O tanque
melhor desempenho e a tão almejada expansão do trabalho na
dispersor de sólidos é composto por um reservatório que arma-
região, tanto para a pulverização aérea quanto para a aplicação
zena o material a ser disperso e um mecanismo de dispersão que
de fertilizantes e sementes". Ressaltou ainda que o início dos
é responsável pela liberação controlada desses sólidos durante o
trabalhos com o drone Agras T40 tem sido muito promissor
voo do drone.
para a região sudoeste, e a ideia futura é expandir cada vez mais,
aumentando assim a eficiência do trabalho com a aquisição de Outro avanço importante é a capacidade dos drones de
mais equipamentos. Segundo ele, seria necessário aumentar a coletar dados em tempo real durante a pulverização. A integração
autonomia de voo e a duração das baterias, comentando: "Acre- dos drones pulverizadores com sistemas de análise de dados e
dito que isso seja o futuro dos drones, vamos esperar para ver". inteligência artificial promete um futuro ainda mais promissor
para essa tecnologia. Algoritmos avançados podem processar
informações coletadas pelos drones, identificando padrões e
tomando decisões mais precisas em relação à aplicação dos
produtos químicos.

A automação dos drones pulverizadores permite maior


padronização dos processos de pulverização, reduzindo erros
humanos e aumentando a eficiência operacional. Com a possibi-
lidade de programação de múltiplos drones de forma simultânea,
é possível cobrir grandes áreas em um curto período de tempo.
No entanto, é importante ressaltar a necessidade de treinamento
adequado para operar os drones, assim como a conformidade
Figura 2. a) Jhonatan Nelson Gnoatto, destaca o crescimento do mercado de drones no
sudoeste paranaense. Fonte: Jhonatan Nelson Gnoatto (CREA/PR: 127126/D) - Agridones
com as regulamentações e normas de segurança estabelecidas
Solutions (ADS). b) Igor André da Silva, comenta sobre o início dos trabalhos como drones pelos órgãos competentes.
de pulverização no sudoeste do Paraná. Fonte: Igor André da Silva - AgroFly Solutions.
A evolução das baterias dos drones também tem sido
um fator-chave no avanço dessa tecnologia. Com baterias mais
Outro exemplo de utilização no estado do Paraná é a potentes e duradouras, os drones poderiam operar por períodos
incorporação dos drones de pulverização no portfólio de serviços mais longos, aumentando a capacidade operacional e reduzindo
oferecidos pelas cooperativas aos seus associados, as quais es- o tempo de espera entre as recargas. A baixa autonomia de voo
tão buscando se adaptar às novas tendências do setor agrícola, proporcionada por baterias que atualmente duram entre 15 a 25
oferecendo aos seus associados a oportunidade de utilizar essa minutos é um aspecto que dificulta a pulverização em áreas ex-
ferramenta inovadora, como parte integrante de suas estratégias tensas, restringindo seu uso a pequenas propriedades. Esse fator
de manejo e proteção das lavouras. precisa ser solucionado em um futuro próximo para impulsionar
ainda mais esta tecnologia.

18 agronomia em debate • julho 2023


Por Diego Fernando Daniel, Gilberto Santos Andrade, Alcir José Modolo, Adão Robson Elias, Nathália Lucini | ARTIGO

Os benefícios econômicos, sociais, ambientais, de inovação Em suma, o avanço da pulverização com drones repre-
e sustentabilidade derivados do uso adequado dos drones agrí- senta uma importante evolução no setor agrícola, uma vez que
colas não podem ser negados. Esses dispositivos oferecem uma oferece maior eficiência, precisão e segurança na aplicação, con-
chance de obtenção de receita, melhoria da eficiência agrícola, tribuindo para a sustentabilidade e aumento da produtividade no
economia de insumos e redução do consumo de água, além de campo. Com perspectivas promissoras e contínuo investimento
preservar áreas sensíveis. Além disso, a pulverização agrícola rea- em pesquisa e desenvolvimento, os drones pulverizadores têm o
lizada por meio de drones também fortalece o setor aeroagrícola potencial de se tornarem uma ferramenta indispensável no manejo
e contribui para a continuidade dessa atividade. de cultivos, proporcionando resultados cada vez mais satisfatórios
aos agricultores. 

PERSPECTIVAS FUTURAS SOBRE OS AUTORES


Espera-se que os drones pulverizadores continuem evo-
luindo e se tornando mais eficientes. A melhoria na capacidade DIEGO FERNANDO DANIEL1, GILBERTO
de carga, autonomia de voo e velocidade de pulverização serão SANTOS ANDRADE1, ALCIR JOSÉ MODOLO2,
aspectos importantes para o desenvolvimento dessa tecnologia. ADÃO ROBSON ELIAS3, NATHÁLIA LUCINI1
Alguns órgãos como a Confederação da Agricultura e Pecuária
1Engenheiro(a) Agrônomo(a), 2Engenheiro
do Brasil (CNA) preveem 300% mais drones de pulverização até
Agrícola, 3Geógrafo
2028. O número de drones de pulverização em operação no Brasil
deve saltar dos 3.050, estimados atualmente (junho de 2023), para Universidade Tecnológica Federal do Paraná
cerca de mais de 10.000 aeronaves até 2028. (UTFPR), Pato Branco – PR

Além disso, a integração dos drones com sensores e siste- Referências


MAPA. Ministério da Agricultura e Pecuária. São Paulo, Espírito Santo, Paraná e
mas de análise de dados será fundamental para o aprimoramento Minas Gerais são os estados com mais operadores de drones registrados no Mapa.
Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/sao-paulo-
das operações agrícolas. A coleta e interpretação de informações
espirito-santo-parana-e-minas-gerais-sao-os-estados-com-mais-operadores-de-
em tempo real permitirá. ajustes mais precisos nas aplicações de drones-registrados-no-mapa. Acesso em: 18 jun. 2023.
produtos químicos, contribuindo para o aumento da produtividade ANAC. Agência Nacional de Aviação Civil. Drones cadastrados. Painel de Drones
e redução de impactos ambientais. Outro ponto de destaque é Cadastrados. Brasília: ANAC, 2023. Disponível em: https://www.anac.gov.br/acesso-
a-informacao/dados-abertos/areas-de-atuacao/aeronaves/drones-cadastrados.
a possibilidade de integração dos drones com técnicas de agri- Acesso em: 22 jun. 2023.
cultura de precisão. Por meio do uso de imagens multiespectrais
CNA. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Pulverização com drones
e algoritmos avançados, será viável identificar de forma precisa faz do céu a próxima fronteira agrícola para o agro. Disponível em: https://cnabrasil.
áreas específicas de cultivos que necessitam de tratamentos org.br/noticias/pulverizacao-com-drones-faz-do-ceu-a-proxima-fronteira-agricola-
para-o-agro. Acesso em: 25 jun. 2023.
diferenciados, otimizando ainda mais o uso de insumos agrícolas.

julho 2023 • agronomia em debate 19


ARTIGO | Por Eng. Agr. Tangriani Simioni Assmann

CICLAGEM DE
NUTRIENTES
NA FLORESTA
AMAZÔNICA
Um dos segredos para alcançar altas produtividades nos As raízes das árvores e plantas da Amazônia desempe-
sistemas de produção agropecuários está na adoção de práticas nham um papel fundamental na absorção dos nutrientes presentes
de manejo que imitem de forma eficiente as condições naturais da no solo. Elas desenvolveram mecanismos eficientes de captação,
região de cultivo. No Brasil, um país predominantemente tropical, como as micorrizas, que estabelecem uma simbiose benéfica
com elevadas temperaturas e abundância de chuvas, os processos entre as raízes e os fungos do solo. Essa relação simbiótica facilita
de ciclagem de nutrientes ocorrem de maneira extremamente a absorção de nutrientes, especialmente o fósforo.
rápida em comparação aos países de clima temperado.
Além disso, os animais desempenham um papel impor-
Um exemplo impressionante da intensidade desse pro- tante na ciclagem de nutrientes na Amazônia. Através da sua
cesso de ciclagem de nutrientes pode ser observado na Floresta alimentação e excreção, eles redistribuem os nutrientes no ecos-
Amazônica, um ecossistema rico em biodiversidade. Nesse am- sistema. As fezes dos animais contêm quantidades significativas
biente, a chuva desempenha um papel essencial na transferência de nutrientes, enriquecendo o solo e contribuindo para a fertilidade
de nutrientes do dossel da floresta para o solo. À medida que as e o equilíbrio nutricional das plantas.
folhas e outros detritos vegetais caem, eles formam uma camada
orgânica no solo conhecida como serapilheira. Através da ação É relevante destacar que a ciclagem de nutrientes na
da chuva, ocorre a decomposição gradual dessa serapilheira, Floresta Amazônica é um processo dinâmico e equilibrado. A
liberando nutrientes valiosos, como nitrogênio, fósforo e potássio. disponibilidade e a demanda por nutrientes variam sazonalmente,
impactando os ciclos biogeoquímicos. Além disso, a interação entre
A decomposição da serapilheira é um processo comple- os diferentes componentes do ecossistema, como plantas, animais
xo e é mediada por microrganismos, como fungos e bactérias, e microrganismos, influencia a eficiência da ciclagem de nutrientes.
que atuam como decompositores. Esses microrganismos des-
dobram a matéria orgânica em substâncias mais simples, como Portanto, compreender e preservar a ciclagem de nutrien-
compostos nitrogenados e fosfatados, tornando-os disponíveis tes na agricultura tropical é essencial para promover a sustentabi-
para as plantas absorverem. lidade e a produtividade dos sistemas de produção agropecuários.
Ao buscar imitar os processos naturais de ciclagem de nutrientes

20 agronomia em debate • julho 2023


Por Eng. Agr. Tangriani Simioni Assmann | ARTIGO

Além disso, a integração de sistemas agropecuários, como o


sistema de integração lavoura-pecuária, pode potencializar a
ciclagem de nutrientes, promovendo a sinergia entre diferentes
componentes do ecossistema.
pode-se otimizar o manejo dos sistemas agrícolas, minimizando
o uso de insumos externos e reduzindo os impactos ambientais. Em resumo, a ciclagem de nutrientes desempenha um
papel crucial na agricultura tropical, sendo um dos segredos para
Para isso, é fundamental adotar práticas sustentáveis, alcançar altas produtividades. A compreensão dos processos en-
como a rotação de culturas, uso de culturas de cobertura e o uso volvidos na ciclagem de nutrientes na Floresta Amazônica oferece
de técnicas de manejo conservacionista, que visam preservar a insights valiosos para o desenvolvimento de práticas de manejo
estrutura do solo e promover a reciclagem interna de nutrientes. sustentável nos sistemas de produção brasileiros. 

SOBRE A AUTORA | Indicada pela AEAPB para o Prêmio Engenheira Enedina Marques 2023
Tangriani concluiu seu curso de Engenharia Agronô- foi a primeira mulher a ser Diretora de uma unidade
mica na Universidade Federal do Paraná (1990) e seu do então CEFET/PR, sendo eleita Diretora-Geral do
TANGRIANI S.ASSMANN
Mestrado em Ciência do Solo, nessa mesma instituição Campus Pato Branco. Nessa primeira gestão foi res-
(1995). Obteve seu título de Doutora pelo Programa de ponsável pela criação e implantação de três cursos
Produção Vegetal da UFPR (2001). Parte do seu dou- de engenharia no Campus Pato Branco: Engenharia
torado foi realizado no INRA-França (Instituto Nacional Civil, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. No
de Pesquisa Agropecuária). Tangriani iniciou sua carreira ano de 2007, ainda em sua primeira gestão foi criado
de professora no Departamento de Agronomia da o primeiro programa de pós-graduação na região Engenheira
Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Campus Sudoeste do Paraná: Programa de Pós-Graduação Agrônoma,
Pato Branco. Em 2019, foi promovida a Professora Titular em Agronomia (PPGAG) em nível de mestrado, pro-
dessa mesma Universidade. Em 2007, participou da grama o qual a Professora Tangriani é integrante da Professora da
criação do Curso de Pós-Graduação em Agronomia da linha de pesquisa Integração Lavoura-Pecuária desde UTFPR/ Campus
UTFPR, e desde então ela já orientou 25 estudantes de sua criação. No ano de 2008, Tangriani foi reeleita
pós-graduação (10 Doutores e 15 Mestres). Diretora-Geral do Campus Pato Branco. Desde o
Pato Branco
Sua atuação administrativa na UTFPR iniciou no ano mês de maio/2022 é Vice-Reitora da Universidade
de 2004 quando, dentro de uma história de 100 anos, Tecnológica Federal do Paraná. Crea-PR 24.000-D

julho 2023 • agronomia em debate 21


XXX
AEAPB: 55 ANOS

DESENVOLVIMENTO
AGRÍCOLA DO SUDOESTE
DO PARANÁ passa pela
Evolução das Entidades
de Classe de Agronomia
A Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pato Branco Após desejar “vida longa à Agronomia do Paraná e à AEA-
(AEAPB) completa 55 anos de fundação neste ano de 2023. Além PB”, o Presidente do Crea-PR, Eng. Ricardo Rocha, destaca que tem
de celebrar a data, a entidade comemora a edição nº 10 da Revista a maior honra em parabenizar a Associação dos Engenheiros Agrô-
Técnica "Agronomia em Debate". A publicação mostra a importân- nomos de Pato Branco (AEAPB) pelos seus 55 anos. “São décadas
cia da entidade no fortalecimento profissional, na divulgação do dedicadas ao aprimoramento e valorização de uma classe cujo
conhecimento e na integração entre os associados, profissionais trabalho é a base para diversas profissões e a sociedade”, pontua.
e também acadêmicos de Agronomia.
Para ele, a AEAPB é uma referência para todas as Entidades
de Classe que queiram almejar um futuro sadio e sustentável. “Que
a parceria entre o Crea-PR e a AEAPB possa ser comemorada por
CONQUISTAS: CREA-PR FAZENDO
muitos e muitos anos. Parabéns à Associação, seus dirigentes e
PARTE DA NOSSA HISTÓRIA
profissionais”, assegura.
Nesses 55 anos de atividades, a AEAPB organizou dois
Congressos Paranaenses de Engenheiros Agrônomos (1984 e
2016). Entre as conquistas, estão ainda a aquisição de uma sede DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTO
campestre em 1984 e uma sede social em 2014, e a realização de
O presidente da AEAPB, Eng. Agr. Edson Roberto Silveira,
diversos eventos técnicos.
afirma que nesses 55 anos a entidade vem se destacando pela
As dez edições da revista técnica "Agronomia em Debate" e promoção de eventos técnicos de qualidade, que favorecem a
a "Tabela de Honorários Profissionais da AEAPB para o Engenheiro disseminação do conhecimento, além de atuar para maior reco-
Agrônomo", em 2020, também marcam a história da entidade. nhecimento e valorização profissional. “Sempre prezou pelo bom
relacionamento entre os profissionais e acadêmicos e empresas

31/08/1968 20/11/1970 02/10/1972 24/11/1973 07/04/1976 09/11/1980 04/12/1982 31/10/1984

Fundação da Associação dos Assume o Assume o Assume o Assume o Eng. Assume o Eng. Assume o Eng. Desmembramento
Engenheiros Agrônomos do presidente Eng. presidente Eng. presidente, Eng. Agr. Carlos Agr. Gervásio Agr. Orley Jair da AEAPR - Núcleo
Paraná – Núcleo Regional Agr. Celso Brum Agr. Celso Novita Agr. Agostinho de Scipioni Kramer Lopes Regional Sudoeste
Sudoeste (AEAPR – Sudoeste). Freitas em dois núcleos: Pato
Assume o primeiro presidente Branco e Francisco
Oswaldo Euclydes Aranha Beltrão. Assume
o Eng. Agr. Carlos
Scipioni
22 agronomia em debate • julho 2023
XXX
AEAPB: 55 ANOS

do ramo agropecuário, bem como na defesa do meio ambiente (aqueles que ainda estão nas instituições de ensino da região),
e da ética profissional”. estando ao lado do Crea-PR, orientando os profissionais para o
exercício ético da profissão, e também da Federação dos Engenhei-
Silveira lembrou que hoje a AEAPB congrega 300 en-
ros Agrônomos do Paraná (FEAPR), ditando as políticas públicas
genheiros agrônomos e sua atuação abrange 14 municípios do
que poderão influenciar na vida das pessoas.
Sudoeste do Paraná. Ele assegurou que o profissional de Agrono-
mia trabalha para garantir melhor qualidade de vida e segurança “Desde que comecei minha atividade profissional na
alimentar da população. UTFPR/Campus Pato Branco, em 1994, sou filiado à AEAPB, fui
presidente e estou presente em cargos da Diretoria Executiva ou
“Com certeza, nesses 55 anos, a Associação teve um valor
dos Conselhos. Desejo vida longa a essa jovem senhora que ora
histórico no crescimento da produção, na abertura de fronteiras
completa seus 55 anos”, conclui.
agrícolas, na disseminação do conhecimento, na divulgação de
técnicas especializadas para os produtores e no fortalecimento e
crescimento, das atividades técnicas e agrícolas”. Completou que
PARTICIPAÇÃO FUNDAMENTAL
“espera que a AEAPB continue sua missão por muito mais tempo”.
Para o Eng. Agr Vicente Michaliszyn, coordenador do
Curso de Agronomia Unimater, de Pato Branco e Conselheiro do
EXERCÍCIO DE BOAS PRÁTICAS Crea-PR, membro da diretoria da AEAPB, o profissional engenheiro
agrônomo tem uma participação importantíssima no aspecto
Luís Cesar Cassol, Eng. Agr. e Diretor Administrativo da
socioeconômico e ambiental do Sudoeste paranaense. “Tendo em
AEAPB, afirma que ao longo de sua história, a Associação foi ad-
vista, a condição eminentemente agrícola desta região”, observa.
quirindo maturidade, passando por várias etapas e transformações.
“A história da Associação faz parte da história do desen-
“Os 55 anos da AEAPB precisam ser comemorados com
volvimento do Sudoeste do Paraná. A AEAPB cumpriu e continua
entusiasmo. Permanecer estável financeiramente, estar ao lado
cumprindo em 55 anos um importante papel de agente difusor
dos seus associados, defender a categoria agronômica no exercício
de tecnologia, além de atuar na valorização profissional”, acentua.
de boas práticas, promover eventos, cursos, seminários, viagens,
estabelecer um canal de comunicação através da Revista Agro- De acordo com ele, a sociedade patobranquense, se não
nomia em Debate, tem sido algumas das ações promovidas pela fosse a AEAPB, “talvez não tivesse o reconhecimento tão expres-
AEAPB e que fazem dela um diferencial entre outras associações”. sivo pela categoria como tem”. Michaliszyn, justifica sua opinião,
lembrando que foram inúmeros os prefeitos, engenheiros agrô-
Além de questões técnicas, segundo Cassol, a AEAPB
nomos, que passaram por Pato Branco que marcaram de forma
também tem importante papel no desenvolvimento de ações afir-
indelével a história da própria região.
mativas em benefício de entidades assistenciais. “O lado associativo
também ganha corpo com a comemoração do Dia do Engenheiro O Eng. Agr Benigno Kozelinski, Diretor Financeiro da
Agrônomo, importante exemplo de junção de uma categoria em AEAPB, ao elogiar a persistência e dedicação dos membros das
evento festivo e que aproxima as pessoas, num mundo onde diretorias e dos profissionais associados, disse que “foram eles que
tudo parece tão próximo (tecnologia), mas ao mesmo tempo tão fizeram com que a entidade chegasse a seus 55 anos, dedicados
distante (pessoas)”, ressalta. ao bem-estar de todos”. 
Por tudo isso, frisa que a AEAPB é fundamental na vida
agronômica regional, se aproximando dos futuros profissionais

05/11/1988 06/10/1990 08/04/1994 Julho/2010 Maio/2011 Maio/2017

Tabela de Honorários Acesse a Tabela


Assume o Eng. Assume o Eng. Núcleo Regional Pato Branco Assume o Eng. Assume o Eng. Assume o Eng. Profissionais da AEAPB Referencial
Agr. José Maria Agr. Gilberto da AEAPR altera sua nominata Agr. Luís César Agr. Clodomir Agr. Edson para o Engenheiro de Honorários
Vicente Rodrigues Scipioni para AEAPB – Associação dos Cassol, em Luiz Ascari Roberto Silveira Agrônomo”, em 2020 Profissionais
Engenheiros Agrônomos de Pato decorrência do
Branco, elegendo nova diretoria falecimento do
com aprovação de seu Estatuto e
então presidente
abrangência de 14 municípios da
região. Assume o Eng. Agr. Carlos Carlos Scipioni
Scipioni como presidente da AEAPB
julho 2023 • agronomia em debate 23
ARTIGO
MÚTUA
XXX /|APOIO
Por Marcio Gazolla
AOS PROFISSIONAIS

MÚTUA, UMA
INSTITUIÇÃO DE APOIO
aos profissionais do
Confea-Crea
Fundada em dezembro de 1977, a Mútua – Caixa OS BENEFÍCIOS
de Assistência dos Profissionais dos Creas – foi criada pela
Resolução 252/1977, pelo Conselho Federal de Engenharia e A instituição oferta 14 benefícios ao profissional.
Agronomia (Confea) e autorizada pela Lei 6.496/1977. Após cumprir um ano de carência de sua filiação, ele po-
derá usufruir destas vantagens, que são: o Equipa Bem, que
A Mútua, além de fazer parte do Sistema Confea/ são benefícios relativos à sua atuação profissional como, a
Crea/Mútua, é o braço assistencial e de acolhimento dos compra de veículos, de células fotovoltaicas, equipamentos
profissionais de engenharia. A taxa de adesão este ano é para seu escritório, construção e reforma de escritórios e
R$ 80, também chamada de anuidade. Não há cobrança de casas. Também o benefício apoio flex que é empréstimo em
mensalidade. O pagamento da anuidade após a primeira, dinheiro a juros baixíssimos, o profissional pode usar ainda o
vence sempre em 31 de março de cada ano. benefício-férias para viajar, e também plano de saúde à sua
escolha, auxílio pecuniário no caso de desemprego, e tam-
A adesão à Mútua não é obrigatória para os profissio- bém auxílio funeral para pagamento de custos de velório.
nais do Sistema Confea, mas é uma oportunidade para que
eles tenham um benefício a mais. Podem se filiar à instituição
todos os profissionais registrados no Crea, engenheiros, agrô-
nomos e profissionais das Geociências.

24 agronomia em debate • julho 2023


Apoio aos profissionais | MÚTUA

PREVIDÊNCIA PRIVADA Em caso de transferência de Estado para nova


oportunidade de trabalho, o filiado prossegue associado à
“Quando o profissional se associa à Mútua, após seis Mútua, precisando somente informar para qual Estado foi
meses, é aberta uma conta em nome do profissional que transferido.
se chama Tecnoprev, com o intuito de acumular valores ao
longo dos anos para que o associado possa ter uma apo- Em relação ao plano de saúde, o Planície Saúde pode
sentadoria digna", Eng. Mecânico Harlon Luna Ferreira. ser contratado pelo associado quando ele quiser, pois os
representantes o procurarão se ele solicitar. 
A instituição também beneficia cônjuges e depen-
dentes do titular. O profissional tem um seguro de vida
que em caso de norte natural a família recebe R$ 25 mil e A TAXA DE ADESÃO É DE R$ 80,00, COM VEN-
morte acidental R$ 50 mil, além de um auxílio funeral de CIMENTO DA ANUIDADE NO MÊS DE JUNHO.
até R$ 7 mil.

julho 2023 • agronomia em debate 25


ARTIGO | Eng. Leodacir Zuffo & Ricardo Palma

ENGENHEIRO
AGRÔNOMO:
PROFISSIONAL DO
Desenvolvimento
do Agro
A base da economia brasileira é a produção de ma- regulamentação da profissão do engenheiro agrônomo no
térias primas agropecuárias. O agronegócio brasileiro Brasil, por decreto do então presidente Getúlio Vargas em 1933.
representa cerca de 21% do PIB e aproximadamente
metade das exportações. Devido à pujança econômica, o O profissional possui papel de destaque em vários
agronegócio é também um campo repleto de oportunidades elos da cadeia produtiva, tanto antes como depois da porteira.
de desenvolvimento e de geração de empregos. Isso acontece porque a produtividade e a lucratividade dos
cultivos agrícolas e das criações de animais, estão diretamente
Diversos profissionais atuam para que o agronegó- relacionadas com o planejamento e o gerenciamento, com
cio alcance resultados positivos, entre eles o engenheiro a adoção de boas práticas e com a utilização dos manejos e
agrônomo se destaca. Um profissional que atua em todas as das tecnologias adequadas.
etapas do agronegócio, desde a venda de insumos, máquinas
e implementos agrícolas até a comercialização do produto O manejo de uma propriedade pode não ser ade-
final, passando pela consultoria aos produtores rurais e aos quado para propriedades vizinhas, pois existem diferenças
demais setores. Dia 12 de Outubro é celebrada a data da nas máquinas e implementos disponíveis, nas práticas de

26 agronomia em debate • julho 2023


Eng. Leodacir Zuffo & Ricardo Palma | ARTIGO

uso e conservação do solo e histórica da área. Então, não tantas atividades, como crédito, pesquisa, ensino e extensão.
existe uma receita pronta que pode ser replicada em todas
as propriedades rurais. E como cada Os profissionais são repre-
caso é único, o engenheiro agrônomo sentados pelas suas entidades de
classe, as Associações de Engenheiros
precisa levar em consideração uma “O mundo está em busca da
Agrônomos, órgão de defesa e da
série de variáveis para adotar suas segurança alimentar com qua-
busca do conhecimento, que existem
decisões técnicas, baseadas em seus lidade. Estudos mostram que a
em número de vinte no Paraná, além
conhecimentos e experiências. população mundial apresenta
das entidades de engenharia que con-
tendência de aumento entre 30
Profissionais com bom conhe- gregam os engenheiros agrônomos.
e 35% nos próximos dez anos,
cimento técnico e outras habilidades,
consequentemente, a elevação Profissionais e acadêmicos
como administrador e agente agrega-
de alimentos é necessária, bus- devem se associar nas entidades de
dor com diálogo fácil, são procurados
cando melhorar fatores da pro- classe, assim participam de eventos
pelas empresas. O engenheiro agrô-
dutividade, sabendo que apenas técnicos que as associações realizam,
nomo atua no planejamento da safra
5% da área do planeta Terra é promovendo a disseminação do
e das operações agrícolas, no manejo
agricultável”. conhecimento, seja técnico, cultural,
do solo, no manejo integrado de
pragas, doenças e plantas daninhas, social e esportivo e o estreitamento de
nos tratos culturais até a colheita, no laços entre os participantes, sempre
armazenamento e agroindustrialização e na comercialização buscando a atividade agropecuária com responsabilidade
dos produtos e subprodutos agropecuários, entre outras e ética, promovendo a sustentabilidade, defesa ambiental,
produtividade e rentabilidade aos produtores. 

julho 2023 • agronomia em debate 27


ARTIGO | Por Marchese, J.A. e Talamini Junior, M.V.

ALELOPATIA DO
AZEVÉM SOBRE
O MILHO, APÓS A
DESSECAÇÃO
O azevém anual (Lolium multiflorum) é um cultivo A alelopatia também requer especificidade, sendo que
anual de inverno muito usado como fonte de forragem de alta uma planta pode liberar compostos de efeito alelopático para
qualidade em sistemas de plantio direto, seja em monocultivo outra, mas não necessariamente para terceiras. Esses compostos
ou em mix, principalmente com aveia. O cultivo do azevém também devem atingir a planta alvo na quantidade certa e no
precede, geralmente, a soja ou o milho. Todavia, embora esse devido estágio fenológico.
sistema seja abundantemente usado em integração lavoura-
-pecuária no sudoeste do Paraná e oeste de Santa Catarina, Sendo assim, danos às culturas causados por plantas da-
algumas questões sobre suas características ainda não estão ninhas não são originários somente por alelospolia (competição
bem esclarecidas. por recursos como luz, água e nutrientes), hospedagem de espo-
ros de fungos ou pragas da cultura, mas também pela liberação
Uma dessas questões é se a palhada resultante da de substâncias com potencial impacto negativo no rendimento
dessecação tem efeitos de alelopatia com a cultura seguinte final. Nota-se que, no caso do azevém, são encontrados muitos
ou não. estudos na literatura de como outras plantas através da liberação
de aleloquímicos afetam seu crescimento, mas não o contrário.
A alelopatia pode ser definida, de acordo com Molisch
(1937), como a ação de um indivíduo sobre outro, seja de ma- Baseando-se nisso, um estudo foi conduzido na UTFPR
neira danosa ou benéfica, através de biomoléculas liberadas campus Pato Branco, por dois anos, visando entender qual o
no ambiente. Essas moléculas podem ser liberadas de maneira efeito da época da dessecação de azevém sobre o rendimento
ativa no ambiente, através de sua liberação pelas folhas ou da cultura seguinte (milho). Foi hipotetizado que a semeadura
raízes, ou, de maneira indireta, através da decomposição de efetuada imediatamente após a dessecação do azevém pode
material morto e alteração de seus componentes por micro- resultar em retardamento do desenvolvimento do milho, libe-
-organismos do solo, gerando assim compostos de potencial rando compostos alelopáticos que afetam o rendimento final
alelopático. desta cultura.

28 agronomia em debate • julho 2023


Por Marchese, J.A. e Talamini Junior, M.V. | ARTIGO

No experimento de campo, o azevém foi dessecado, des alelopáticas, sendo encontrados compostos fenólicos
com glifosato, em 4 períodos diferentes: 30 dias antes da com propriedade reconhecidamente alelopática.
semeadura do milho e deixado em pousio, 20 dias antes da
semeadura, 10 dias e 1 dia. Os resultados do experimento em A conservação de solo exige que se deixe a palhada
campo demonstraram que a palhada residual de azevém, da cultura para o bloqueio da incidência de radiação solar
embora não afetasse a altura das plantas de milho, teve no solo, preservando-se assim a água, auxiliando no controle
efeito sobre o rendimento de grãos (kg ha-1). das plantas daninhas, e ela deve ser feita em um intervalo
de tempo que permita a degradação, no ambiente, dos
Esse efeito foi visualizado independentemente de compostos de efeito alelopático, e permita a expressão do
quantos dias a dessecação precedeu o plantio do milho, máximo potencial de produção da cultura seguinte, nesse
todavia, a redução de produtividade foi maior quanto menor caso, o milho.
o intervalo entre a dessecação do azevém e o plantio do
milho, realizado em setembro. Dessa maneira, de acordo com os resultados ob-
servados, recomenda-se que o plantio do milho seja feito,
Quando a dessecação foi realizada com mais de 30 no mínimo, 30 dias após a dessecação do azévem, a fim
dias de antecedência, a produtividade média em grãos foi de evitar interferências negativas no rendimento do milho
de 12 toneladas, quando a dessecação foi realizada com 20 e uma potencial perda de produtividade de grãos de até 4
dias de antecedência, a produtividade média de grãos de toneladas. 
milho reduziu em 17%, e, finalmente, uma redução de 33%
quando a dessecação foi realizada um dia antes do plantio de
SOBRE OS AUTORES
milho. Isso indica um potencial de perda de até 4 toneladas
de grãos devido a uma dessecação tardia.

Experimentos em laboratório, com o azevém des-


secado e não-dessecado, demonstraram que tanto partes
aéreas quanto raíz de azevém são capazes de afetar nega-
Eng. Agr. Marchese, J.A.
tivamente a germinação de sementes de milho. Extratos de
CREA/PR-25696/D
partes aéreas e raíz, em diversas concentrações, demons-
traram um poder retardante na velocidade de
germinação das sementes de milho, com o
coleóptilo e radículas menores do que o controle
com água destilada, em condições controladas.

Tanto partes aéreas quanto radicular


foram analisadas em laboratório a fim de saber Eng. Agr Talamini Junior, M.V.
quais são com os componentes com proprieda-
CREA/PR-143750/D

julho 2023 • agronomia em debate 29


ARTIGO | Por Rosane Dalpiva Bragato

Plantas Medicinais e
Potencial de Mercado
O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. além da participação popular e do controle social sobre todas as
São mais de 116.000 espécies animais e mais de 46.000 espécies ações decorrentes dessa iniciativa.
vegetais conhecidas no País, espalhadas pelos seis biomas terres-
tres e três grandes ecossistemas marinhos. Essa abundante varie- Já o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitote-
dade de vida abriga mais de 20% do total de espécies do mundo, rápicos propõe: inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços
encontradas em terra e água. De acordo com estimativas feitas pelo relacionados à Fitoterapia no SUS, com segurança, eficácia e
Ministério do Meio Ambiente, a rica biodiversidade brasileira é fonte qualidade, em consonância com as diretrizes da Política Nacional
de recursos para o país, não apenas pelos serviços ecossistêmicos de Práticas Integrativas e Complementares do SUS, promovendo
providos, mas também pelas oportunidades que representam sua o uso sustentável da biodiversidade.
conservação, uso sustentável e patrimônio genético. O Brasil tem Nos últimos anos houve um aumento da procura por
de 15 a 20% de toda a biodiversidade mundial, com mais de 46 produtos naturais para tratar a ansiedade, como lavanda, folha de
mil espécies da flora brasileira reconhecidas, diz a Fiocruz Brasília. maracujá, capim-limão e erva-cidreira. Em consonância com esse
Poucas delas, porém, têm sido investigadas cientificamente, o que desenvolvimento, o Paraná, segundo dados do Departamento de
revela um potencial imenso de pesquisa sobre novos agentes Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abas-
terapêuticos para controle e prevenção de doenças. tecimento do Estado do Paraná. (DERAL), já apresenta uma área de
Em 2006, foram criadas a Política Nacional de Práticas 6 mil hectares ocupada com espécies medicinais, condimentares
Integrativas e Complementares e a Política Nacional de Plantas e aromáticas. O cultivo rende uma produção anual média de 18,6
Medicinais e Fitoterápicos, para o Sistema Único de Saúde, resul- mil toneladas e uma receita de R$ 88,5 milhões, segundo dados
tado de um longo processo de demanda e construção de uma divulgados pela Coordenação Estadual de Produção Vegetal do
política para o setor. Alguns princípios nortearam a Política Nacional IDR-Paraná. Dentre as espécies classificadas como medicinais, 133
de Práticas Integrativas e Complementares, regida pelo decreto municípios paranaenses
nº 5.813, de 22 de junho de 2002: melhoria da atenção à saúde, produzem as espécies alfa-
uso sustentável da biodiversidade brasileira e fortalecimento da vaca, marcela, erva-cidreira,
agricultura familiar, geração de emprego e renda, desenvolvimento carqueja, capim limão, hor-
industrial e tecnológico, e perspectiva de inclusão social e regional, telã, folha de eucalip-

32 agronomia em debate • julho 2023


ARTIGO | Por Rosane Dalpiva Bragato

to, melissa, folha de maracujá, ginseng, urucum, datura, gengibre qualificada, o que acaba gerando mais empregos. Assim, para
e camomila, e 137 municípios produzem erva-mate e derivados. que as plantas tenham apelo junto às empresas farmacêuticas, a
capacitação dos agricultores é fundamental.
Pelo volume que representa a erva-mate, apresenta-se
dados separados das demais espécies mencionadas. A erva-mate Os mercados de fitoterápicos e de óleos essenciais exigem
possui uma área de 60.450,95 ha plantados, em 137 municípios, mais cuidado e, por isso, a importância da assistência técnica. O
com maior área em São Mateus do Sul e Cruz Machado, ambos IDR-Paraná em seu corpo técnico possui profissionais habilitados
da Região de União da Vitória. A produção obtida pela cultura e tecnologia para toda a cadeia produtiva, que vai desde o plantio,
é de 638.870,90 kg. A produção de erva-mate gerou, conforme tratos culturais, colheita até o beneficiamento. Para que as plantas
dados do Deral 2020, valor bruto de produção (VBP) total de R$ medicinais não percam os princípios ativos que são de interesse
753 milhões. das empresas compradoras, o beneficiamento é fundamental, uma
das etapas mais minuciosas da cadeia produtiva.
Dos 3.941,04 ha de área plantada de plantas medicinais
no Paraná, (Deral 2020), o grande destaque em área é da espécie Para a Agência Estadual de Notícias, em 2021, apenas 3%
Camomila, representando 54,64 %, cuja maior área está localizada dos medicamentos receitados no Brasil são fitoterápicos. Em países
no município de Mandirituba, Região de Curitiba. Na sequência, como a Alemanha, berço da fitoterapia mundial, este índice ultra-
as espécies de Urucum com 24,84% e as espécies de Datura e passa os 30%. Então ainda temos muito o que crescer e pesquisar.
Ginseng.
Como exemplo do setor em termos de produção, plantas
O volume total produzido em 2020, segundo dados do de processamento e beneficiamento já instalados no Paraná,
Deral, é de 3.816 toneladas. Na produção em destaque estão podemos destacar várias instituições que agrupam produtores
as espécies gengibre, camomila, urucum e datura, ficando em e técnicos, que têm por objetivo criar soluções para a promoção
primeiro lugar o gengibre com 27,45% do total, produzidos em 17 do desenvolvimento sustentável na cadeia produtiva de plantas
municípios. A Camomila em segundo lugar, produz 25,43% do total medicinais, possuindo o mais alto padrão de qualidade e grau
em 16 municípios. Em terceiro lugar o Urucum representa 18,67% científico para o desenvolvimento dos produtos, resultando em
do total, produzido em 33 municípios e em quarto lugar a Datura medicamentos eficazes e seguros, com composição padronizada
com 11,13% do total, totalmente produzida pelo município de e um rigoroso controle de qualidade desde a seleção da matéria-
Arapongas. Como uma alternativa econômica, é de fundamental -prima até o produto final.
importância analisar o valor bruto de produção (VBP). O VBP gera-
do pela cadeia produtiva representa um total de R$ 45,7 milhões, Percebe-se o mercado que usa os benefícios das plantas
conforme Deral (2020) e a espécie Camomila é a grande campeã, medicinais, em expansão, com tendência a crescer nos próximos
em segundo lugar a Datura seguida do Gengibre e o Urucum. anos. Então, é necessário investir na qualificação de produtores
e profissionais da cadeia produtiva de plantas medicinais para
São números significativos, porém há muito que avançar atender a esta demanda. Pelo que vimos, é um excelente campo
nesta cadeia produtiva. E para o desenvolvimento do setor, é ne- de trabalho para os profissionais da agronomia paranaense..
cessário um mapeamento das melhores regiões produtoras, para
que grandes empresas farmacêuticas possam se conectar com SOBRE A AUTORA
os produtores. Este mapeamento é importante pois deve apontar
para as empresas onde instalar suas plantas para produção de ROSANE DALPIVA BRAGATO
fitoterápicos e de óleos essenciais, e ainda servir como parâmetro
para os produtores em qual espécie investir.

Investir no cultivo e beneficiamento de plantas medicinais


é uma excelente opção para a agricultura familiar, principalmente Engenheira Agrônoma,
ao se considerar a escala de produção, o tipo de mão de obra Mestre em Desenvolvimento
envolvida e os sistemas de produção agroecológicos. E ainda por Regional, Extensionista Rural
terem alta rentabilidade por área, chegando a ser até dez vezes do IDR-PR, Pato Branco.
mais lucrativas do que o cultivo de grãos. Além
disso, as culturas demandam muita mão de obra Crea-PR 24513-D

julho 2023 • agronomia em debate 33


ARTIGO | Por Eng. Agr. Edson Roberto Silveira

PINHÃO:
Fonte de Renda e
de Conservação da
Biodiversidade
O pinheiro araucária, árvore soberana nos resquícios de são gimnospérmicas, ou seja, a semente não se encerra em um
mata da região sul, atualmente notabiliza-se pela produção do fruto. Ao amadurecer nos meses de abril a junho, a pinha se abre
pinhão. Esse pinhão garante a alimentação de muitas espécies e libera o pinhão ao solo.
animais, como os roedores e pássaros, e está no cardápio de
milhares de famílias na região Sul do Brasil. O interesse humano O pinhão apresenta forma de cunha, cuja casca recobre a
pelo pinhão pode se tornar a principal vantagem para a defesa e semente propriamente dita, constituída de uma massa altamente
perpetuação das matas de araucária que estava sob ameaça de proteica, que pode ser consumida por todos os animais, inclusive
extinção. Com a proibição de corte, a recomendação do manejo pelo homem. O pinhão é levado a grandes distâncias pelos animais
sustentável das araucárias pode levar ao salvamento da espécie, disseminadores, como a gralha azul, que enterra as sementes para
garantir a biodiversidade da flora e fauna associada e auferir alimentarem-se posteriormente e que acabam esquecidas, mas
renda anual às propriedades rurais por meio da comercialização que servem como origem de novas árvores na floresta.
do pinhão. Nas rodovias da região centro e sudoeste do Paraná
O pinheiro araucária (Araucaria angustifolia Bertol Kunt- e região serrana de Santa Catarina, centenas de barraquinhas
ze) é nativo do Brasil e possui uma ampla área de distribuição, vendem o pinhão - cru ou cozido - a granel, em sacolas plásticas
ocorrendo desde o Estado de Minas Gerais até o Rio Grande ou mesmo na pinha inteira, entre os meses de fevereiro a julho.
do Sul, em altitudes maiores do que Famílias inteiras dedicam-se à atividade, seja de extração na
500 metros. A exploração da madeira mata ou comercialização nas beiras das rodovias, localizadas
e a conversão da floresta em áreas principalmente nas imediações dos trevos de acesso das cidades.
de agropecuária e reflorestamento, O pinhão é catado no solo, quando caem naturalmente
tornaram-na uma espécie ameaçada com a maturação das pinhas, ou através da derrubada, subindo
de extinção. O pinhão é a semente nas árvores utilizando-se de cordas, esporas ou até sem equi-
do pinheiro, assim consideradas as pamentos, sendo a pinha derrubada com uma vara de bambu.
várias espécies de araucariáceas, que

34 agronomia em debate • julho 2023


Por Eng. Agro. Edson Roberto Silveira | ARTIGO

Geralmente é feita a debulha da pinha no local da extração, ou mente à derrubada de pinheiros e a alternância da produção.
reunidas as pinhas em montes que passam a ser debulhadas Talvez por este motivo e com a concorrência aumentando a
somente no final do dia pelos catadores e suas famílias, facilitando cada ano, pois mais pessoas têm entrado na atividade devido
assim o transporte e a retirada da mata. à falta de empregos formais, o pinhão tem sido extraído cada
vez mais cedo das árvores, colhido nos momentos iniciais, ainda
Os comerciantes são esclarecidos dos prazos legais imaturo, de péssimo gosto ao ser consumido e predispondo
para a extração do pinhão. De acordo com os órgãos de meio os indivíduos envolvidos aos rigores da lei, ou seja, das apreen-
ambiente do Paraná, o prazo até 15 de abril é para que a pinha sões e multas dos órgãos de meio ambiente. Verificou-se que
possa alcançar maior grau de maturação, e favorecer a queda famílias inteiras têm entrado na atividade de coletar o pinhão
do pinhão ao solo e a alimentação da fauna silvestre. no mato, ou procuram prestar serviços, como a debulha das
Observa-se que esta atividade tem gerado trabalho e pinhas, extração da mata ou o frete.
renda para muitas famílias, decorrentes da venda de pinhão, A criação de estruturas pós-colheita para o armazena-
seja para os mercados da região, viajantes, etc. mento em câmaras frias e
Para que a atividade de exploração do pinhão se consequente escalonamento da oferta, auxiliaria a
torne sustentável, mui- organização dos produto-
tas mudanças devem res e facilitaria o acesso
ocorrer, mas não se ao mercado consumidor.
pode ser ingênuo de Assim agindo, fiscalizariam
imaginar que todos a si próprios e aos demais,
querem mudar. Alguns no respeito aos prazos esti-
irão reagir para manter pulados em lei para o início
as coisas como estão, da retirada de pinhão, que
ou por insegurança atualmente é de quinze de
quanto a um futuro abril em diante.
que desconhecem, ou para manter privilégios e lucros.
A extração do pi-
Apesar de sua reconhecida importância nhão pode converter-se
regional como atividade que movimenta em uma atividade susten-
uma massa enorme de desempregados tável com a preservação
e subempregados e importante das florestas de araucárias
componente da renda familiar da e um rendimento justo
população mais pobre, o pinhão para os envolvidos direta
não tem recebido estudos de ou indiretamente no processo,
impacto econômico ou social, e tendo reconhecimento da sua im-
a maior parte de sua comercia- portância, confrontando os aspectos legais
lização ainda é clandestina. da manutenção da biodiversidade regional e da
Antes relevada a um plano menor e considerada como atividade extrativa.
atividade extrativa de alto risco e pouco retorno econômico, Importante também valorizar o pinhão como
atualmente muitas famílias tiram o seu sustento da extração alimento na culinária regional e produto extrativista das
e comércio do pinhão e até os proprietários têm demonstrado regiões produtoras do Paraná, e a busca de políticas
interesse cada vez maior neste ramo de atividade, ampliando públicas e incentivos organizacionais aos envolvidos na
o mercado consumidor do pinhão, com muitas variações atividade de extração do pinhão e melhorias na seguran-
gastronômicas. ça da atividade e renda dos trabalhadores. 
Fato conhecido é que a produção de pinhão tem sofrido Eng. Agr. Edson Roberto Silveira (Crea/SC 3122/D),
uma redução a cada ano, o que pode ser atribuído principal- Presidente da AEAPB - [email protected]

julho 2023 • agronomia em debate 35


ARTIGO | Eng. Químico Paulo Cesar Markovicz

ZELO PROFISSIONAL:
O SER ENGENHEIRO
Ao longo de mais de dez anos trabalhando como um valor para descobrir qual conduta é a mais errada.
assessor da Comissão de Ética Profissional do Crea-PR,
frequentemente ouço em depoimentos, os profissionais Para ajudar nesta reflexão, vamos exemplificar. Um
justificando suas falhas por falta de conhecimento, seja de produtor deseja combater uma praga em sua lavoura. Para
ordem técnica, seja de ordem legal. Por muito tempo con- isto, procura um agrônomo que indique qual é o agrotóxico
siderei este argumento como um atenuante, uma vez que, mais adequado para ser aplicado. Qual é a expectativa do
ao desconhecer uma norma, como exigir do profissional um produtor? Não ter problemas. No entanto, o agrônomo não
comportamento ético? foi até a propriedade para realizar o diagnóstico e não tinha
na revenda o produto liberado para a cultura. O resultado foi
Ao se deparar com um profissional recém-formado a venda de um produto que a revenda tinha em estoque, com
que está no início de um trabalho, ainda sem experiência, a emissão de um receituário para uma cultura diferente da
temos a tendência a aceitar algumas falhas, considerando que implantada, indicando um diagnóstico impossível, conside-
este profissional não tenha um conhecimento amplo sobre a rando que a cultura constante no receituário era inexistente
execução do serviço. De fato, todos estão passíveis a erros e, na propriedade rural. Neste caso, o produtor irá aplicar um
desta forma, considerava que talvez não fosse possível atribuir agrotóxico sem estudos de dosagem e permanência na cul-
uma infração ética ao profissional recém-formado. tura, podendo causar danos à cultura, ao meio ambiente e
oferecendo riscos à segurança alimentar.
No entanto, tenho refletido cada vez mais sobre uma
questão: o que é pior, errar sabendo que está errado ou errar Com este exemplo é fácil entender que o exercício da
sem saber que errou? Em uma análise rápida, responderemos profissão de engenheiro não é para amadores, exige respon-
que errar sabendo que está errado é pior, pois esta atitude sabilidade, conhecimento e técnica apurados, pois é isto que
é dolosa. No entanto, ciente de que as duas situações estão se espera de um profissional.
erradas, a questão é refletir sobre o que é pior, estabelecendo

36 agronomia em debate • julho 2023


Eng. Químico Paulo Cesar Markovicz | ARTIGO

De fato, a maior quantidade de processos


NÚMERO DE PROCESSOS DE ÉTICA EM TRÂMITE NO CREA-PR
de averiguação de conduta ética que tramitam no
Crea-PR está relacionada aos receituários agronô- TIPO QUANTIDADE %
micos. Sob este aspecto, cabe informar que o Crea- Falso Diagnóstico em Receituário Agronômico 36 49%
-PR recebe denúncias tanto da ADAPAR – Agência
Problemas na atuação de Peritos Judiciais 13 18%
de Defesa Agropecuária do Paraná, quanto do
Descumprir Deveres de Ofício 12 16%
Ministério Público Estadual, relacionados a proble-
mas no diagnóstico, como para cultura inexistente Falsificação em ART/CAT ou documentos 5 7%
e receita emitida com área muito maior do que a Falta de Qualidade em Serviços/Obras 2 3%
realidade, e também relacionadas à quantidade Suspender Serviços Contratados 2 3%
excessiva de receituários emitidos pelo profissional. Sinistro 2 3%
Veja no quadro abaixo a distribuição de processos Aprovar os Próprios Projetos em órgão público 1 1%
tramitando no Conselho relacionados a modalidade
Total Geral 74 100%
de Agronomia:

Também vale observar que é relevante a quantidade sem causar nenhum dano. Durante toda a prestação do
de processos envolvendo peritos judiciais que muitas vezes serviço cuida da sua qualidade, acompanhando todos os
não entregam o laudo pericial, ou deixam de responder aos quesitos detalhes e nunca descuida da segurança dos seus colaboradores e
complementares. Este tipo de denúncia é apresentado pelo poder dos próprios clientes. Preserva o meio ambiente, cumpre o que promete
judiciário. Por fim, também vale esclarecer, que a maioria dos pro- e termina o que iniciou. Segue as normas, sejam elas normas técnicas
cessos relacionados ao descumprimento dos deveres de ofício são ou da legislação pertinente. Não tem receio de contrapor seu cliente
de denúncias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento quando este lhe pede para “dar um jeitinho”, demonstrando ao cliente
(MAPA), relativas à atuação de Agrônomos em viveiros de mudas ou a impossibilidade de agir desta maneira e, em situações extremas,
de produção de sementes, onde o profissional deixa de cumprir a rompe o contrato e denuncia os abusos, ou seja, zela pela profissão
legislação que envolve estas atividades. tão arduamente conquistada e mantida.

Um dos deveres estabelecidos no Código de Ética Profissional Lendo o parágrafo anterior, percebemos que todas as qualida-
é identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão. Identificar-se é assu- des deste Engenheiro Agrônomo são relacionadas ao comportamento
mir uma nova identidade, de tal forma que o “Engenheiro Agrônomo” ético. Isto não quer dizer que o conhecimento técnico não é importante,
passe a integrar a personalidade do bacharel em agronomia desde a mas que para o profissional ser excelente, pratica qualidades que vão
sua formatura. além do conhecimento técnico. São características comportamentais
que denotam o zelo pela profissão.
Portanto, o profissional, ao dizer que desconhece os detalhes
de um serviço para o qual foi contratado, age tão mal quanto o profis- Analisando mais profundamente a questão do zelo profissio-
sional que erra sabendo que está errado, pois não está incorporando nal, podemos entender que o zelo nada mais é do que uma forma de
o “Engenheiro Agrônomo”, trabalhando sem zelo profissional, sem amor. Amor pela profissão, pelas pessoas, pelo meio ambiente, pelos
dedicação ao que faz. Precisamos de Engenheiro Agrônomo que ao ser outros colegas de profissão, pela vida, por saber que a engenharia é que
contatado, esclareça todas as dúvidas do cliente, observa se realmente traz conforto e desenvolvimento para as pessoas e para o nosso país.
possui total conhecimento para a perfeita realização do serviço e, caso
Assim, zelar ou amar, faz do profissional um executor de coisas
não tenha, tenha a humildade de aceitar suas limitações e vá buscar
boas e do Engenheiro Agrônomo um ser humano feliz e realizado.
soluções, que podem resultar na contratação de outro profissional es-
Sejamos éticos e vivamos felizes! 
pecializado. Um bom profissional indica as melhores soluções ao cliente

ENG. QUÍMICO PAULO CESAR MARKOVICZ


Ao longo de mais de dez anos trabalhando como assessor da Comissão de Ética Profissional do Crea-PR, frequentemente ouço em depoimentos, os
profissionais justificando suas falhas por falta de conhecimento, seja de ordem técnica, seja de ordem legal. Por muito tempo considerei este argumento
como um atenuante, uma vez que, ao desconhecer uma norma, como exigir do profissional um comportamento ético?

>>Pai do Lucas e da Mariana, Eng. Químico, formado em 1994 pela UFPR, assessor da comis-
são de ética do CREA-PR desde 2010, tendo acompanhado mais de 2 mil processos éticos

julho 2023 • agronomia em debate 37


Por Eng. Agr. Edson Roberto Silveira – Presidente da AEAPB

PRÊMIO CREA DE
QUALIDADE VALORIZA
AS ENTIDADES DE
CLASSE

VEM AÍ A 16ª. EDIÇÃO DO PCQ


meio da mobilização de seus associados. O associativismo
ENTIDADE DE CLASSE também promove interação entre os profissionais, troca de
conhecimentos e gera oportunidades no mercado de trabalho.

As Entidades de Classe são associações de profissionais As entidades de classe têm um papel fundamental na
das Engenharias, Agronomia e Geociências, sem fins lucrativos, qualificação, valorização e integração dos profissionais. Através
que os representam dentro do Sistema Confea/Crea. Elas têm, de suas ações criam-se os espaços de partilha dos conheci-
em sua essência, o fortalecimento dos profissionais, das pro- mentos, dinâmicas culturais e esportivas, o zelo pela ética e
fissões e a missão de levar conhecimento técnico e apoio aos a valorização profissional e a cidadania e a defesa do setor
colegas das áreas afins. produtivo e do meio ambiente. Para manter sua relevância,
uma entidade de classe precisa estar atenta aos cenários e de
Entidades fortalecidas e referência em gestão se tornam que forma eles impactam o cotidiano das comunidades e dos
agentes de valorização profissional, participando nas questões associados. Novas tecnologias e mais seguras, tem oferecido
de interesse da sociedade com visão humana e social, por

40 agronomia em debate • julho 2023


Por Eng. Agr. Edson Roberto Silveira – Presidente da AEAPB

um aumento significativo na produtividade, exigido maior Participar do PCQ é um Certificado de um bom e


qualificação profissional e a busca de redução de impactos estável funcionamento. As entidades de classe têm um papel
ambientais. fundamental na qualificação, valorização e integração dos
profissionais. Para manter sua relevância, uma entidade de
classe precisa estar atenta aos cenários e de que forma eles
CREA/PR
impactam o cotidiano das comunidades e dos associados.
Novas tecnologias e mais seguras, tem oferecido um aumento
Principal função do CREA é verificar, orientar e fiscali- significativo na produtividade, exigido maior qualificação
zar as atividades dos profissionais tendo em vista o objetivo profissional e a busca de redução de impactos ambientais.
de defender a sociedade das práticas ilegais do sistema. O
conselho tem ainda como função ajudar a valorizar os pro- Mas além disso, para um bom funcionamento é
fissionais, ao estimular as Entidades de Classe a realizarem imperioso que a Entidade de Classe esteja legalmente ha-
palestras, cursos, congressos, debates, e outros tipos de bilitada em vários setores, com os registros legais, desde a
eventos através dos Termos de Fomento e de Colaboração. Receita Federal, Tributos Federais como INSS e FGTS, receita
Dessa forma propicia melhorias e aperfeiçoamento para a estadual e municipal, declaração da Raiz, TCU, TCE, corpo de
classe, unindo os profissionais das empresas, instituições de bombeiros, alvará de funcionamento, contabilidade em dia
ensino superior e da administração pública. com empresa credenciada; e que também sua diretoria esteja
legalmente constituída em Assembleia Geral em ata com o
PCQ é um programa de organização e qualidade para devido registro em cartório. Assim vemos que além da realiza-
as entidades de Classe. O programa consta de ação estraté- ção de eventos e capacitação profissional de seus associados
gica que tem por missão fortalecer e promover excelência a EC tem que estar ligada nos aspectos legais do direito e do
em gestão nas entidades de classe pelo reconhecimento das trabalho, observar e colaborar nos aspectos comunitários e do
organizações profissionais que comprovem alto desempenho sistema profissional, como a ética e as diversas possiblidades
em suas gestões. de atuação e defesa profissional.

Entidades de Classe das engenharias, agronomia e


geociências do Paraná podem se inscrever e participar do
AEAPB
16º. Ciclo do Prêmio Crea de Qualidade – PCQ prevista para
ocorrer em outubro em Foz do Iguaçu, durante a realização
do Encontro Paranaense de Entidades de Classe. Serão pre-
miadas as três melhores colocadas nas categorias pequenas, A Associação de Engenheiros Agrônomos de Pato
médias e grandes; e as que se destacaram nos critérios de Branco é uma sociedade civil sem fins lucrativos, represen-
excelência avaliados pelo Crea-PR. Serão diversos projetos e tativa da classe agronômica na região sudoeste do Paraná
ações e inúmeros desafios avaliados. O prêmio é organizado e comemora 55 anos de sua fundação, ocorrida em 31 de
em ciclos anuais, e as Entidades inscritas recebem a equipe agosto de 1968 com a criação do Núcleo Sudoeste, mas em
de auditores do Crea-PR, que avaliam 11 critérios: Sistema de 1984 desmembrou-se nos núcleos de Pato Branco e Francisco
Gestão, Atuação Junto ao Sistema Confea/Crea, Qualificação Beltrão. A AEAPB age proativamente na informação e forma-
Profissional, Ambiente Associativo, Ética Profissional, Políticas ção profissional, promovendo palestras e eventos técnicos,
Públicas, Comunicação, Liderança, Responsabilidade Adminis- divulgando suas publicações técnicas, a tabela de honorários
trativa, Sustentabilidade e Cidadania, e Inovação e Resultados. profissionais para o engenheiro agrônomo, participa ativa-
mente de atividades nas Instituições de ensino superior, como
os cursos de Agronomia da UTFPR e Unimater, colabora na
agenda parlamentar e nas reuniões da inspetoria do Crea/PR
em Pato Branco e tem se destacado no Paraná como pioneira
na publicação de revistas técnicas tendo participado de todas
as edições dos termos de fomento e atualmente premiada nas
cinco últimas edições entre as médias entidades do Prêmio
Crea de Qualidade. 

julho 2023 • agronomia em debate 41


AGENDA PARLAMENTAR CREA-PR

CREA-PR ENTREGA
PACOTE COM 25
PROPOSTAS PARA A
FRENTE PARLAMENTAR
Engenharias, Agronomia e
Geociências e da Infraestrutura e
Desenvolvimento Sustentável
O dia 19 de junho de 2023 foi um momento muito FRENTE PARLAMENTAR
importante e especial para o Conselho Regional de Enge-
A Frente Parlamentar das Engenharias, Agronomia
nharia e Agronomia do Paraná. Nesta data, a Assembleia
e Geociências foi criada no dia 7 de junho de 2022, e ficou
Legislativa do Paraná promoveu, no Grande Expediente da
marcada na história do Crea-PR. E, neste ano, ocorreu a
sessão plenária, uma homenagem aos 89 anos da instituição.
recomposição da frente para atender o mantado 2023-2026
Durante a solenidade, a entidade apresentou 25 propostas de
da casa legislativa.
projeto de lei à Frente Parlamentar das Engenharias, Agro-
nomia e Geociências e da Infraestrutura e Desenvolvimento O propósito da frente é promover o bem-estar, a
Sustentável da Assembleia. segurança e a longevidade sustentável da população. As pro-
fissões afetas ao Crea-PR trazerem em seu DNA a expertise
Entre as 25 propostas estão a criação da política para aplicar ferramentas modernas que permitem melhorar
estadual de realização de vistorias técnicas periódicas nas a eficiência da administração pública, a utilização eficaz dos
edificações, o incentivo a utilização de pavimentos susten- recursos públicos e, consequentemente, o desenvolvimento
táveis nas zonas urbanas, a iniciativa para a regularização de cidades mais justas e humanizadas.
dos cabos irregulares em postes de energia elétrica e a
proposição que prevê controle de poluição e mais segurança O assessor de Relações Parlamentares e Empresa-
em restaurantes. riais do Crea-PR, Eng. Civ. Euclesio Finatti, a frente é um

42 agronomia em debate • julho 2023


AGENDA PARLAMENTAR CREA-PR

canal mais institucionalizado, sistematizado e permanente aos gestores públicos, diagnosticando situações e propondo
de relacionamento com a Assembleia, de forma a ampliar o soluções na implantação de políticas públicas, nas áreas das
diálogo e as contribuições dos profissionais na formulação Engenharias, Agronomia e Geociências. “Este ano, intensifi-
de políticas públicas e, em especial, formalizar um ambiente camos as discussões em governança com todos os nossos
de colaboração na proposição e tramitação de projetos de lei afiliados e conseguimos elaborar as 25 propostas com o intuito
relacionados ao exercício das profissões ligadas ao Crea-PR. de auxiliar na construção do texto, da justificativa ou funda-
mentação de projetos de lei. “Ou seja, embasar os deputados
De acordo com ele, o primeiro pacote de propostas do com informações técnicas relevantes para a estruturação de
Crea-PR apresentado à Frente Parlamentar tem por objetivo uma lei “, acentua.
influenciar no desenvolvimento estruturante do Estado. “Ou
seja, as Engenharias, Agronomia e Geociências levando aos “As propostas envolvem projetos de lei em tramitação,
parlamentares todas as informações técnicas possíveis para sugestões de alterações em outros e criação de novos pro-
que eles possam discutir os projetos de lei baseados em jetos, em várias áreas de interesse do Estado e da sociedade
pareceres técnicos”, enfatiza. paranaense”, observa.

“As propostas mostram aos parlamentares avaliações Desde a criação da frente em 2022, “o maior desafio
de projetos que estão tramitando na Casa, sugerem altera- foi buscar sempre o que é de interesse da comunidade, pensar
ções e melhorias e apresentam novas proposições”, observa. de uma forma técnica e fazer a transcrição desta linguagem
Euclésio cita como exemplo a Política Estadual do Hidrogênio técnica para uma linguagem legislativa”, salienta. “É importante
Renovável (H20), que tem influência de todas as engenharias. ressaltar que a frente tem um fluxo contínuo e, na medida em
“É a expertise dos profissionais que integram o Crea-PR no que vão surgindo mais demandas, outras propostas serão
desenvolvimento do Estado”. E lembrou que dos membros elaboradas e encaminhadas”.
da Frente Parlamentar apenas o deputado Fabio Oliveira
(Podemos), coordenador, é engenheiro civil de formação. Clodomir destaca que “o Crea-PR antes e depois da
Frente Parlamentar, certamente, será outro. A sociedade e os
Euclésio acrescenta que as propostas visam a con- 54 deputados vão perceber o Crea-PR de uma maneira dife-
tribuir com a melhoria da gestão pública, e são resultado de rente. O Crea-PR representa cerca de 90 mil profissionais e 25
encontros realizados em 46 municípios paranaenses, que mil empresas registradas e a maioria dos projetos de lei acaba
envolveram cerca de 500 profissionais das engenharias, inserida no escopo de atuação da instituição. Cabe lembrar
agronomia e geociências. que 80% do PIB do Estado é gerado pelas modalidades do
Crea-PR (Engenharias, Agronomia e Geociências)”.
O diretor administrativo do Conselho e coordenador
dos trabalhos da Frente Parlamentar, Eng. Agr. Clodomir Luiz As propostas de projetos de lei apresentadas à Frente
Ascari, diz que que a frente tem como objetivo colaborar com Parlamentar, com certeza, “produzirão reflexos positivos na
a gestão pública por meio da visão e estudos de especialistas saúde, educação, gestão pública, meio ambiente, bem-estar
em assuntos que envolvam as Engenharias, Agronomia e Ge- e qualidade de vida dos paranaenses”, frisa. 
ociências. Foi a primeira frente do Brasil com esta propositura
e a maior do Estado.

Desde a criação da Frente Parlamentar há um ano,


“fizemos uma grande discussão com todos os nossos afiliados
PARA ACESSAR AS PRO-
e entregamos as 25 propostas que são nossas contribuições POSTAS DE PROJETOS
que buscam trazer desenvolvimento sustentável, segurança APONTE A CÂMERA DO
SEU CELULAR PARA O QR
e avanços para a população do Paraná”. CODE E SAIBA MAIS!

O Crea-PR já realizava um intenso trabalho na Agenda


Parlamentar com a contribuição dos profissionais em apoio

julho 2023 • agronomia em debate 43


FISCALIZAÇÃO CREA-PR

Fiscalização 5.0
do Crea-PR colhe
resultados mais
assertivos
Zelar pela integridade das diversas profissões das planejamento participativo de todos os setores”, destaca. A Ge-
áreas das Engenharias, Agronomia e Geociências, averiguando rente do Defis salienta que os processos de fiscalização digital
o exercício profissional e a ética no exercício das profissões geraram mais celeridade aos trâmites e maior confiabilidade
regulamentadas, é a atividade fim do Crea-PR. E nos últimos ao resultado.
anos, a instituição redirecionou a fiscalização para ser mais pre-
ventiva, orientativa, educativa e punitiva apenas se necessário.
O trabalho tem como resultado maior segurança nos serviços FISCALIZAÇÃO EM NÚMEROS
e obras, justamente por meio da participação de profissionais
habilitados. No ano passado, as ações de fiscalização do Crea-PR nas 8
regionais (Apucarana, Curitiba, Cascavel, Guarapuava, Londrina, Ma-
De acordo com a Eng. Agrô- ringá, Pato Branco e Ponta Grossa) totalizaram 36.871 registros, 100
noma Mariana Maranhão, Gerente do mil atividades de Engenharia, Agronomia e Geociências verificadas,
Defis – Departamento de Fiscalização com 15.861 irregularidades, 9.650 referentes à falta de habilitação
do Crea-PR, o uso de tecnologias tem profissional e efetividade de 80%, com processos finalizados. Em
contribuído para um trabalho exitoso da 2021 foram 33.871 ações de fiscalização.
instituição, que se tornou referência em
inovação e agilidade nos processos de Para se obter maior efetividade, os processos passaram
fiscalização nas áreas urbanas e rurais. Ela a ser divididos em três grupos. O primeiro são os efetivos, ou seja,
lembra que a virtualização de todos os processos teve como aqueles que tiveram um resultado positivo para o Conselho, como
foco o combate à irregularidades (principalmente do exercício a regularização, pagamento do auto ou inscrição em dívida ativa.
ilegal) e à má conduta profissional. O segundo são os não-efetivos (aqueles que não alcançaram um
resultado positivo, como falha processual ou decisão judicial). E, por
“Assim, o Crea-PR ganhou maior efetividade na fis- último, os neutros, isto é, aqueles que não tiveram um resultado
calização, resultados positivos e eficiência no desempenho positivo para o Conselho, mas contribuiram de alguma forma para
da atividade, bem como uma gestão mais democrática e um a melhoria da fiscalização ou defesa da sociedade.

44 agronomia em debate • julho 2023


FISCALIZAÇÃO CREA-PR

“A primeira medição ocorreu em 2018, e a partir daí o resultado é que temos mantido a efetividade na casa de 80%,
fomos evoluindo o conceito. Em 2019 introduzimos o conceito porém com muito mais processos finalizados”, afirma Mariana.
do processo ‘neutro’. De 2020 para cá, já estava consolidado e

TOTAL DE PROCESSOS
ANO EFETIVOS NÃO EFETIVOS NEUTROS PERCENTUAL
FINALIZADOS
2018 27829 10969 16860 0 39,42%
2019 21931 11018 9857 1056 52,78%
2020 13484 9264 2684 1536 77,54%
2021 14086 10222 2494 1370 80,39%
2022 16274 11480 2869 1925 80,01%
2023 (até 10/03) 3178 2294 571 313 80,07%

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO meio de imagens, com impacto positivo no aumento do alcance


com menos recursos”.
A Gerente do Defis detalha que no redirecionamento da
fiscalização do Crea-Pr, merece destaque a utilização do Sistema
de Informações Geográficas (SIG), que auxilia no planejamento,
monitoramento e controle da fiscalização. Com o SIG, a fiscalização COMBATE AO EXERCÍCIO ILEGAL
passou a reunir em um só local, todas as informações necessárias Como forma de coibir profissionais ou empresas atuando
para um melhor planejamento com painéis (dashboards) e mapas de forma irregular ou sem habilitação e sem registro, o Crea-PR
com informações sobre ARTs de obras renováveis. Também também atua fortemente no combate ao exercício ilegal. Mariana
mostram FIS (Solicitações específicas de Fiscalização), Diligências, informa que em 2022 foram 16.052 irregularidades, deste total, 9.774
Empresas sem Registro no CREA-PR e que possuem atividades de foram de exercício ilegal, um percentual de 60,89%.
Engenharia. O sistema informatizado é capaz de especializar os
tipos de obras e serviços existentes no Paraná, com atualizações O Crea-PR também obteve avanços na fiscalização cha-
praticamente em tempo real, o que possibilita maior confiabilidade. mada Ficha Cadastral de Empresa, com Business Intelligence (BI)
ou Inteligência de Negócios. Como resultado da incorporação da
Mariana também menciona o início da utilização de ima- tecnologia ao processo fiscalizatório, em 2022, 736 empresas foram
gens de satélite para fiscalização de propriedades rurais, de drones registradas no Conselho, somando todas as regionais.
para fiscalizar área urbanas e de fotografias aéreas. Outro ponto
evidenciado por ela em relação à tecnologia e inovação, é o uso Na questão do combate ao exercício não ético da profis-
de computação evolutiva e de machine learning para aplicação são, Mariana destaca a criação do GP Ética em 2018. O grupo de
de método de inteligência artificial (similaridade do cosseno), trabalho formado por funcionários do Crea, reformula e amplia
comparando ARTs que já apresentaram alguma divergência com os roteiros de fiscalização de conduta profissional, realiza extensa
as novas ARTs, retroalimentando o sistema a cada nova ART agenda de treinamentos internos (cerca de 13 temas em um ano),
identificada com divergência. treinamentos externos e atualmente presta apoio na realização
de oitivas (audiências em que a comissão de ética escuta os
Por exemplo, em 2022, com o uso de imagens de satélites, profissionais/ denunciantes).
foi constatado que em 36 propriedades localizadas em áreas rurais
de seis municípios da região de Londrina, não havia responsáveis O aumento da quantidade de fiscalizações com melhoria
técnicos pelos cuidados das culturas existentes. Mariana explica da qualidade e agilidade nos processos de ética, é o resultado
que por meio de recursos e cruzamento de dados com órgãos das ações: em 2022 foram 101 denúncias de ética, fiscalização da
conveniados como Agência de Defesa Agropecuária do Pa- ocorrência de 53 sinistros e 129 relatórios de fiscalização abertos
raná (Adapar) e Secretaria de Estado da Agricultura e do por iniciativa própria. No mesmo ano, 323 processos de fiscalização
Abastecimento (Seab), foi possível definir uma estratégia que de ética profissional foram julgados. Deste total, 120 resultaram em
rendeu bons resultados e levaram a uma rotina de fiscalização por advertências reservadas e 51 em censuras públicas. 

julho 2023 • agronomia em debate 45


ARTIGO | Por Benigno Kozelinski & Edson Roberto Silveira

SOLO, MANEJO E EQUIPE


GARANTEM BOA
produtividade da soja
Os concursos nacionais de produtividade, sejam do CESB Foco em pessoas faz parte dos
ou de Cooperativas, trazem a boa notícia que altos índices de fatores para o sucesso acontecer. Os
produtividade vem do investimento em qualidade do solo. Até um empresários do agro hoje estão inves-
solo pobre consegue ser transformado em solo fértil com práticas tindo em equipes treinadas e robustas
corretivas e de manejo. que sabem tomar decisões, utilizar
bons insumos e sementes, maquinas
O solo armazena na memória os efeitos do sistema de e implementos bem regulados, por
manejo. Hoje não podemos apenas considerar a profundidade exemplo, que melhoram a qualidade e
de zero a 20 cm como camada diagnóstica, e sim é preciso rendimento das lavouras. O senso crítico
avaliar o solo a 60 cm ou mais, pois a raiz de soja chega a 2 do produtor rural muda o patamar da
metros de profundidade. propriedade e eleva a produtividade,
Para além dos cuidados com aliada a conservação ambiental.
fertilidade do solo, é necessário o cui- A boa gestão da propriedade
dado com o ambiente da superfície do é fundamental para o sucesso da safra,
solo e da semente para obter produti- e está baseada em três pilares: técnica, operacional e liderança. A
vidade. Ter plantas de cobertura para fazenda é liderada por pessoas conectadas a agricultura digital
além de prevenir estiagens, manter e e isso pode se transformar em produtividade e, logicamente, em
proteger o solo das intempéries, dar maior e melhor rentabilidade ao produtor. 
tratamento de qualidade para as se-
mentes, usar produtos biológicos ou
químicos para minimizar efeitos de pra- SOBRE OS AUTORES
gas e doenças, fazer manejo de plantas Engenheiros Agrônomos da AEAPB
daninhas e manejos preventivos: tudo Benigno Kozelinski (CREA/PR 61934/D) &
isso faz com que o potencial produtivo Edson Roberto Silveira (CREA/PR 7166-V)
da lavoura não diminua.

46 agronomia em debate • julho 2023


ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS
AGRÔNOMOS DE PATO BRANCO - AEAPB
ATIVIDADES 2023

01 e 02.03  Estande no Dia de Campo Coopertradição


01 e 02.08  Fórum Técnico Agro Digital
26 e 27.09  Fórum Técnico Inova Agro – Drones

(46)
3223-4974 / (46) 9 9916-0025 (WhatsApp)
[email protected]
www.facebook.com/Associação-dos-Engenheiros-Agrônomos-de-Pato-Branco
www.instagram.com/aeapb_patobranco/
R. Benjamin Borges dos Santos, 1121 / Bairro Fraron
Pato Branco (PR) / CEP 85.503-350
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