Mercado Perfeitamente Competitivo

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CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA

PLANO DE AULA 6 DA DISCIPLINA DE MACROECONOMIA

AULA 6: Mercado perfeitamente competitivo

Metodologia: Aprendizagem à distância, sendo:

Tarefas do estudante:

 Fazer a selecção e organização de tempo e espaço adequados para estudar


 Ler os objectivos, tópicos e textos da aula e tomar notas em rascunho
 Elaborar as fichas de leitura
 Resolver as questões orientadoras da aula

Objectivos da aula:

Até ao fim desta aula o estudante deve ser capaz de:

Dominar o conceito de mercado perfeitamente competitivo;


Indicar as suas características ou pressupostos básicos;
Explicar a maximização do lucro neste tipo de mercados;
Determinar os vários tipos de custos para sua análise.
Actividades de estudo

Caro estudante, ao abrigo do Protocolo de Ensino e Aprendizagem, nesta lição deve realizar as actividades
planificadas no período de 10 dias individualmente em casa. O plano temático prevê que o tema a ser
fundamentado seja: Mercado perfeitamente competitivo. Para tal, leiam atentamente a aula e os livros
recomendados na bibliografia.
 CONTEÚDOS DA AULA

Mercados perfeitamente competitivos

O modelo de competição perfeita baseia-se em três pressupostos básicos:

1. As empresas são tomadoras de preços,


2. Homogeneidade do produto e
3. Livre entrada e saída de empresas.
EMPRESAS TOMADORAS DE PREÇOS

Como muitas empresas competem no mercado, cada uma enfrenta um número significativo de concorrentes
directos. Como cada empresa vende uma parte suficientemente pequena do total da produção que vai para
o mercado, as suas decisões não influenciam o preço de mercado. Ou seja, cada empresa segue o preço
de mercado. Em outras palavras, as empresas em mercados perfeitamente competitivos são tomadoras de
preços.

Suponhamos, por exemplo, que você seja o proprietário de uma empresa de distribuição de lâmpadas eléc-
tricas. As 1âmpadas são compradas de uma fábrica e revendidas no atacado para pequenos comerciantes
e lojas de varejo. Infelizmente, você é apenas um entre muitos que competem nessa actividade de distribui-
ção. Como resultado, acha que não há grandes possibilidades de negociar com os clientes. Se você não
oferecer um preço competitivo que vem a ser determinado no próprio mercado, eles farão suas compras em
outro estabelecimento. Ademais, você está consciente de que o número de lâmpadas que vende não vai
afectar significativamente seu preço de atacado. Você é um tomador de preços. Da mesma forma como
ocorre com as empresas, também os consumidores são tomadores de preços.

Em um mercado perfeitamente competitivo, cada consumidor compra uma pequena parte do total produzido
pelo sector, de forma que sua acção não influencia o preço, ou seja, cada consumidor também é obrigado
a aceitar como dado o preço de mercado.

Outra forma de expor esse ponto é afirmar que existe um número muito grande de empresas e consumidores
independentes nesse mercado, os quais acreditam (correctamente) que suas decisões não afectam o preço
de mercado.

Tomadoras de preços - Empresas que não têm influência sobre o preço de mercado e, portanto, tomam o
preço como dado. (Pindyck e Rubinfeld, 2013)
HOMOGENEIDADE DOS PRODUTOS

A obrigação de aceitar os preços como dados usualmente ocorre em mercados nos quais as empresas
produzem produtos idênticos ou quase idênticos. Quando os produtos de todas as empresas em um mer-
cado são substitutos perfeitos entre si, isto é, quando eles são homogêneos, nenhuma delas pode elevar o
preço de seu próprio produto acima do preço praticado pelas outras empresas, porque, nesse caso, perderia
todos ou a maior parte dos negócios. Muitos produtos agrícolas são homogêneos. Como a qualidade do
produto é relativamente similar entre as fazendas de determinada região, os compradores de milho, por
exemplo, nunca perguntam em qual fazenda cresceram os grãos que pretendem adquirir. Petróleo, gasolina
e matérias-primas como cobre, ferro, madeira, algodão ou folhas de aço são também bastante homogêneos.
Os economistas costumam se referir a produtos caracterizados pela homogeneidade como commodities.

Em contrapartida, quando os produtos são heterogêneos, cada empresa pode elevar seu preço acima do
praticado pelo concorrente sem perder todas as suas vendas. Sorvetes especiais, tais como os da Häagen-
Dazs, por exemplo, podem ser vendidos por preços mais altos porque a empresa emprega ingredientes
diferenciados. Assim, seus sorvetes são vistos por muitos consumidores como produtos de alta qualidade.

O pressuposto de homogeneidade de produto é importante porque assegura a existência de um preço de


mercado único de modo consistente com a análise da oferta e da demanda.

LIVRE ENTRADA E SAÍDA

Este terceiro pressuposto, da livre entrada (e saída), significa que não há custos especiais que tornam difícil
para uma nova empresa entrar em um sector e produzir ou sair dele se não conseguir obter lucros. Como
resultado, em ramos com essa característica, os compradores podem facilmente mudar de um fornecedor
para outro, e os fornecedores podem entrar ou sair livremente do mercado. Os custos especiais que podem
restringir a entrada são aqueles que uma nova empresa precisaria enfrentar, mas que outra já estabelecida
no mercado não teria. A indústria farmacêutica, por exemplo, não é perfeitamente competitiva. A Merck, a
Pfizer e as outras empresas do sector mantêm patentes que lhes garantem direitos exclusivos de produzir
certos medicamentos. Uma empresa nova que quisesse entrar nesse mercado teria de investir em pesquisa
e desenvolvimento de produtos para ter seus próprios medicamentos competitivos ou, como alternativa,
comprar licenças de fabricação de outros laboratórios já existentes, pagando altas taxas.

Os dispêndios com P&D e com as taxas de licença poderiam limitar a possibilidade de essa nova empresa
entrar no mercado. De modo semelhante, a indústria aeronáutica também não é perfeitamente competitiva,
porque a entrada requer imensos investimentos em fábrica e em equipamentos que têm pouco ou nenhum
valor de revenda. A suposição de livre entrada e saída é importante para que a competição seja efectiva.
Ela significa que os consumidores podem mudar facilmente para uma empresa rival se o fornecedor usual
aumentar o preço. Do ponto de vista organizacional, significa que dada empresa pode entrar livremente em
um ramo industrial se perceber que há oportunidade de lucro, podendo também sair caso esteja tendo pre-
juízos. Além disso, essa empresa está livre para contratar mão-de-obra e para adquirir capital e as matérias-
primas necessárias, podendo livremente revender ou movimentar esses factores de produção caso tenha
de encerrar o negócio ou mudar de ramo.

Se essas três suposições de competição perfeita são válidas, as curvas de demanda e de oferta de mercado
podem ser usadas para analisar o comportamento dos preços. Em muitos mercados, obviamente, é possível
que elas não se apliquem de forma completa. Isso não significa, porém, que o modelo de competição perfeita
deixe de ser útil. Alguns mercados, na verdade, quase satisfazem essas suposições. Mas, mesmo quando
uma ou mais delas não se mantêm válidas, fazendo com que o mercado considerado não seja tido como
perfeitamente competitivo, muito pode ser aprendido por meio de comparações com o ideal de mercado
perfeitamente competitivo.

Quando um mercado é altamente competitivo?

Deixando de lado a agricultura, poucos mercados existentes são perfeitamente competitivos no sentido de
que cada empresa se defronta com uma curva de demanda totalmente horizontal para um produto homogê-
neo, havendo também ampla liberdade para as empresas entrarem ou saírem do sector. Não obstante,
muitos mercados são altamente competitivos no sentido de que as empresas se defrontam com curvas de
demanda com elevada elasticidade e relativa facilidade de entrada e de saída. Seria bom se houvesse uma
regra simples para identificar os mercados que estão próximos da competição perfeita. Infelizmente, não
dispomos de tal regra, e é importante compreender por que não a temos.

Consideremos o candidato mais óbvio: um sector com muitas empresas (digamos, pelo menos de 10 a 20).
A presença de muitas empresas não é condição suficiente para que um sector se aproxime da competição
perfeita, já que as empresas podem, implícita ou explicitamente, se unir para definir preços. A presença de
apenas algumas empresas em determinado mercado também não elimina a possibilidade de um comporta-
mento competitivo. Suponhamos que apenas três empresas estejam actuando em um mercado em que a
demanda pelo produto livre entrada (e saída) Condição segundo a qual não existem custos especiais que
tornam difícil para uma empresa entrar em um sector (ou sair dele).
Nesse caso, a curva de demanda com a qual cada uma vai se defrontar será provavelmente horizontal, de
tal modo que elas vão se comportar como se estivessem operando em um mercado perfeitamente compe-
titivo. Mesmo que a demanda desse mercado não seja muito elástica, as três empresas podem competir
agressivamente entre si. O ponto importante a ser lembrado é que, embora as empresas se comportem de
modo competitivo em muitas situações, não há um indicador simples que nos diga quando um mercado
pode ser considerado altamente competitivo. Muitas vezes é necessário analisar tanto as empresas em si
quanto suas interacções estratégicas.

Assim como qualquer empresa, organizações que participam de mercados competitivos buscam a maximi-
zação do lucro, que é igual à receita total menos o custo total. Sendo assim, podemos utilizar um modelo
de maximização de lucro retirado do livro de Mankiw (2009) para tentar entender como empresas competi-
tivas maximizam seu lucro. O exemplo em questão trata de um mercado específico: uma empresa de lati-
cínios.

A empresa (que por simplificação também será chamada de firma) produz uma quantidade de leite Q e
vende cada unidade no mercado ao preço P. A tabela 1.1 mostra a receita total, média e marginal de uma
empresa competitiva:

Tabela 1.1 - Receita da empresa competitiva

Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 279)


Através da análise da tabela 1.1 é possível compreender mais algumas características da empresa
competitiva. Em primeiro lugar, mesmo que a empresa modifique seu volume de produção, os preços
permanecerão constantes (segunda coluna). A quarta e a quinta coluna representam, respectivamente,
a receita média e a receita marginal da empresa. Fica evidente que para empresas competitivas o
preço é igual à receita média, que por sua vez é igual à receita marginal (P=RM=RMg). Como não há
variação na Receita Marginal da empresa, a representação gráfica dos valores da RMg resulta em uma
recta, conforme o gráfico 1.1:

Gráfico 1.1 - Receita Marginal da empresa competitiva

Fonte: O autor (2015).

Partindo da suposição de que a empresa em questão possui custo fixo de 3,00 e custos variáveis, a tabela
1.2 apresenta os dados referentes à maximização do lucro da empresa competitiva.

Tabela 1.2 - Maximização do lucro da empresa competitiva


Fonte: Adaptado de Mankiw (2009, p. 279)

Na tabela 1.2, fica evidente a inserção das colunas de custo total, lucro e custo marginal, e por simplificação
retiramos a coluna de preços (até mesmo pela redundância dos valores apresentados). Se observarmos a
coluna do lucro, podemos perceber que no estágio 0, ou seja, quando a empresa não está produzindo
nenhuma unidade, ela fecha suas contas com prejuízo. Isso ocorre porque a empresa (e as empresas em
geral) apresenta custos fixos, que independem do volume de produção.

À medida que a empresa vai produzindo (e vendendo) mais unidades, seu lucro vai aumentando até chegar
a um ponto de maximização, ou seja, onde o lucro é o maior possível, no exemplo trabalhado isto ocorre
entre os estágios 4 e 5 (lucro de 7,00).

A partir deste ponto os custos passam a aumentar, e com isso os lucros decrescem. A pergunta é a seguinte:
“A empresa maximiza seu lucro no estágio 4 ou 5?”. Para responder a esta pergunta é necessário visuali-
zarmos as duas últimas colunas. A RMg da empresa competitiva é constante, contudo, os Custos Marginais
são crescentes, assim, sob a óptica do lucro máximo, conclui-se que:

• Se a RMg for maior que o CMg, a empresa deve aumentar sua produção.

• Se o CMg for maior que a RMg, a empresa deve diminuir a produção.


Portanto, o ponto de maximização do lucro da empresa competitiva ocorre onde RMg se iguala ao CMg, no
que chamamos ponto óptimo.

Gráfico 1.2 - Maximização do lucro da empresa competitiva

Fonte: O autor (2015).

O gráfico 1.2 mostra o ponto óptimo do exemplo trabalhado. Percebe-se que as curvas de RMg e CMg
se encontram no estágio de produção 4, ou seja, no estágio 4 a RMg e o CMg são exactamente iguais.
No nosso exemplo seria possível visualizar o ponto óptimo na tabela, sem a necessidade da represen-
tação gráfica. Contudo, às vezes, o ponto óptimo pode não estar ocorrendo em um ponto específico,
ele pode ocorrer entre estágios de produção. Assim, a única forma de encontrarmos o ponto óptimo é
representando os valores na forma gráfica.

EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO DA EMPRESA COMPETITIVA RESOLVIDO E


COMENTADO

A seguir será demonstrada a resolução de um exercício de maximização de lucro de uma empresa compe-
titiva típica, passo a passo. O exercício em questão foi adaptado a partir de Salvatore (1996): Imagine que
uma empresa competitiva pratique o preço P= 4 e apresente a seguinte estrutura de custos totais:
Tabela 1.3 - Custo total de uma empresa competitiva típica

Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271)

Calculando a receita total e o lucro, temos:

Tabela 1.4 - Maximização do lucro de uma empresa competitiva típica


Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271).

Calculando a receita marginal e o custo marginal, conseguimos preencher a tabela por completo:

Tabela 1.5 - Receita marginal e custo marginal de uma empresa competitiva típica

Fonte: Adaptado de Salvatore (1996, p. 271)


Novamente, podemos perceber que o ponto de maximização de lucros ocorre no estágio de produção 7,
onde temos o lucro máximo (7) e a RMg e o CMg são exactamente iguais. Para facilitar a visualização,
podemos representar as colunas de RMg e de CMg na forma gráfica:

Gráfico 1.3 - Maximização do lucro da empresa competitiva típica

O gráfico evidencia o ponto óptimo no estágio de produção 7, e vai de acordo com a respectiva tabela (tabela
1.5). Várias considerações importantes podem dar sequência ao estudo. Muitos autores, inclusive, apontam
características interessantes sobre a maximização do lucro da empresa competitiva no curto e no longo
prazo, incluindo nas análises as curvas de lucro, de custos médios e de oferta da empresa. É uma óptima
dica se aprofundar mais nos aspectos de curto e de longo prazo para quem tem o interesse de buscar uma
visão mais ampla sobre o processo de maximização de lucros da empresa competitiva.

Bibliografia:

1. Pindyck, R. S.; Rubinfeld, D. L. (2006) Microeconomia. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall.
2. Mankiw, N. G. (2009) Introdução à Economia. 5 ed. São Paulo: Cengage Learning.
3. Montini, Alexander Luis.; Malassise, Regina Lúcia Sanches.(2016) Teoria microeconômica: mercados.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4. Pindyck, Robert S. Robert S. Pindyck, Daniel L. Rubinfeld ; tradução Daniel Vieira, revisão técnica Edgard
Merlo, Julio Pires. (2013) Microeconomia. 8. ed. São Paulo : Pearson Education do Brasil.

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