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VERIFICAÇÃO DA INFLUÊNCIA GRANULOMÉTRICA NO ENSAIO DA


PASTILHA-MCT

Article · August 2019

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Rafael Henrique Freire de Godoy


São Paulo State Technological College
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VERIFICAÇÃO DA INFLUÊNCIA GRANULOMÉTRICA NO ENSAIO DA
PASTILHA-MCT

Rafael Henrique Freire de Godoy1


1
Discente do Curso de Pós-Graduação em Infraestrutura, Projetos e Gestão de Rodovias do Centro
Universitário de Lins - Unilins, Lins-SP, Brasil.
[email protected]

M.Sc. Lucia Maria Brandão2, Esp. Ana Elisa Alencar Silva de Oliveira3
2,3
Docentes do Curso de Pós-Graduação em Infraestrutura, Projetos e Gestão de Rodovias do
Centro Universitário de Lins - Unilins, Lins-SP, Brasil.
[email protected]; [email protected]

Resumo: methodology through experimental research.


Este artigo tem como objetivo verificar o In the methodology, indexes are obtained to
quanto uma granulometria de um mesmo solo classify tropical soils according to their
interfere no ensaio expedito pastilha, actual behavior for the purpose of road or
contemplada na metodologia Miniatura, urban paving, classifying them as lateritic or
Compactada, Tropical - MCT através de non-lateritic. The research was carried out in
pesquisa experimental. Na metodologia são two stages, in the first one preparing the
obtidos índices para classificar solos tropicais sample, gathering the passing material in
de acordo com seu real comportamento para each of the following sieves nº 30 (0.6 mm), nº
fins da pavimentação rodoviária ou urbana, 40 (0.42 mm), nº 50 (0.30 mm), nº 70 (0.212
classificando-os como laterítico ou não- mm), nº 80 (0.180 mm), nº 100 (0.150 mm),
laterítico. A pesquisa foi realizada em duas and nº 200 (0.075mm). In the other step,
etapas, na primeira fazendo a preparação da equipping all the series of sieves used and
amostra, reunindo o material passante em collecting the material that is retained
cada uma das seguintes peneiras nº 30 (0,6 between them. Thus it was verified the
mm), nº 40 (0,42 mm), nº 50 (0,30 mm), nº 70 behavior of the samples and their
(0,212 mm), nº 80 (0,180 mm), nº 100 (0,150 classification.
mm) e a nº 200 (0,075mm). Na outra etapa,
aparelhando todas as séries de peneiras Keywords: soil, classification, MCT, pastille
utilizadas e recolhendo o material que ficar test.
retido entre elas. Assim verificou-se o
comportamento das amostras e sua
classificação. 1 Introdução

Palavras-chave: Solo. Classificação. MCT. Na aplicação da mecânica dos solos


Pastilha. clássica no universo rodoviário é fundamental
conhecer as características dos materiais que
para projetar a estrutura, para isso, foi
Abstract: importado dos Estados Unidos, as
This paper aims to verify how much a classificações da Transportation Research
granulometry of the same soil interferes in the Board (TRB), uma forma de classificação de
expedite tablet test, contemplated in the solos que se baseia na granulometria por
Miniature, Compacted, Tropical - MCT

1
peneiramento e sedimentação e nos limites de Sendo assim o objetivo do estudo é
consistência. verificar o comportamento e classificação
Contudo ao colocá-lo em prática em desse experimento.
solos de clima tropical, em algumas situações
certos tipos solos não se comportam como 2 Materiais e métodos
materiais de clima temperado como é na
América do Norte, ocasionando em diversas O estudo caracteriza-se como
vezes classificações incoerentes e experimental na medida em que verifica o
equivocadas, por exemplo, um material que é quanto uma granulometria de um mesmo solo
ótimo no Brasil para camada de base é interfere no ensaio expedito pastilha através
classificado como ruim pelo TRB, para uma da metodologia MCT.
situação de baixo trafego.
E com a finalidade de adequar a 2.1 Preparação das amostras
identificação e caracterização dos solos de
regiões tropicais, no início da década de 80, Utilizou-se de um laboratório de
Nogami; Villibor (2009) propuseram uma mecânica de solos devidamente equipado,
nova sistemática de classificação denominada onde foi possível a realização desse estudo e
MCT, M (miniatura), C (compactada), T registro de todas as etapas.
(tropical), considerando materiais Como também a seleção dos materiais
predominantemente finos que passam Solo A (areia-argilosa) e Solo B (silte).
integralmente na peneira de 2,00 mm (nº 10), Considerando que as fases dos ensaios que
dentre os quais destacam-se ensaios de Mini- ocorreram entre os meses de abril e maio de
MCV e ensaio de perda por imersão. 2019 (Figuras 1 e 2).
Por esse método é possível classificar os
solos em dois grupos de comportamento Figura 1. Solo A
laterítico (L) ou de comportamento não-
laterítico (N).
Admitindo esses tipos de solos e
agrupando-os com a finalidade de
aperfeiçoamento e agilidade dessa
classificação, incluída na metodologia MCT,
há um procedimento expedito denominado
ensaio expedito das pastilhas.
O método das pastilhas agrupa as
características de contração, expansão e
resistência após a reabsorção de água,
garantindo nessa forma, identificar os grupos
da classificação MCT em um curto intervalo Fonte: Elaborada pelo autor
de tempo.
A questão é, ao se modificar a peneira
utilizada, no caso a peneira de nº40(0,42mm)
assim variando sua a composição de areia,
silte e argila, a amostra pode ou não interferir
nas propriedades de contração, expansão e
resistência em consequência na sua
classificação? E realizando um estudo
detalhado, onde ter-se-á porções fracionadas
de sua granulometria entre peneiras de uma
mesma amostra pode influenciar no
resultado?

2
Figura 2. Solo B Figura 3. Esquema – condição 1

Fonte: Elaborada pelo autor


Fonte: Elaborada pelo autor
As amostras selecionadas cerca de
2000g cada, e dividas para as quatro Na condição 1, para auxilio na
condições foram secas ao ar até atingir a identificação das amostras adotou-se a
umidade higroscópica, em seguida com a nomenclatura “P”, indicando que o material é
necessidade de destorroar eventuais blocos de o passante daquela peneira, juntamente com o
solos, fez-se o uso do almofariz com mão de número da peneira na sequência.
graal, assim possibilitando a passagem pelas A Tabela 1 demonstra os resultados
peneiras seguindo a norma de Solos - obtidos na amostragem da condição 1.
Preparação de amostras para ensaios de
caracterização - NBR 6457 (ABNT, 1986). Tabela 1. Amostragem da condição 1
Solo A Solo B
2.1.1 Metodologia P – 30 P – 30
P – 40 P – 40
O plano trabalho da pesquisa é divido P – 50 P – 50
em duas condições. A primeira condição P – 70 P – 70

trata-se da preparação individual peneira-a- P – 80 P – 80

peneira, resultando em porções de 30g de P – 100 P – 100

material passante em cada uma delas. P – 200 P – 200

Para não privilegiar e manter as mesmas Fonte: Elaborada pelo autor


condições em termos de proporcionalidade,
dos 1000g, foi separado porções de 100 A segunda condição emparelha-se todas
gramas serão utilizadas em cada peneira. as séries de peneiras da nº 30 (0,60mm) até a
A Figura 3 apresenta o esquema nº200 (0,075mm), inclusive o fundo,
adotado na condição 1. recolhendo o que ficar retido entre elas, pelo
menos 30g. E assim incluídas, as duas etapas
irão gerar 30 subconjuntos de amostras
demonstradas na Figura 4.

3
Figura 4. Esquema – condição 2 Para o preparo e coleta das amostras
para o estudo foram utilizadas as seguintes
peneiras:
a) peneira nº 30 – abertura de malha
0,60mm;
b) peneira nº 40 – abertura de malha
0,42mm;
c) peneira nº 50 – abertura de malha
0,30mm;
d) peneira nº 70 – abertura de malha
0,212mm;
e) peneira nº 80 – abertura de malha
0,180mm;
f) peneira nº 100 – abertura de malha
0,150mm;
g) peneira nº 200 – abertura de malha
0,075mm.

Figura 5. Peneiras

Fonte: Elaborada pelo autor

O P* - 200 é o material resultante de


todo o peneiramento.
Na condição 2, utilizando-se da mesma
lógica, para a identificação das amostras
adota-se a inicial “R”, para indicar que o
material é o retido entre peneiras, juntamente
com o número das peneiras da sequência
(Tabela 2).

Tabela 2. Amostragem da condição 2


Solo A Solo B
Fonte: Elaborada pelo autor
R – 30 R – 30
R – 30-40 R – 30-40
2.2.2 Conceito de granulometria
R – 40-50 R – 40-50
R – 50-70 R – 50-70
R – 70-80 R – 70-80
Em termos de tamanhos de grãos, os
R – 80-100 R – 80-100 solos se dividem em partículas ou dimensões
R – 100-200 R – 100-200 sólidas, baseados nessas características temos
P* - 200 P* - 200 as seguintes categorias: matacão, pedra,
Fonte: Elaborada pelo autor pedregulho, areia, silte e argila, com a opção
de dividir a areia em grossa, média e fina. Na
2.2 Peneiramento figura 6, estão representadas as frações em
escala milimétrica dos materiais adotados pela
2.2.1 Equipamentos utilizados NBR 6502 (ABNT, 1995).

4
Figura 6. Frações dos solos Após o peneiramento, são utilizados os
seguintes instrumentos, conforme ilustrado
nas Figuras 7, 8 e 9:
a) caneta-penetrômetro de 10g;
Fonte: ABNT b) raspador com linha de poliamida;
Tomando como referência as dimensões c) espátula de lamina flexível;
recomendadas pela NBR 6502 (ABNT, 1995), d) três anéis de inox de 20 mm de
ter-se-á essas composições de materiais em diâmetro;
cada condição de peneiramento. e) placa de vidro esmerilhada.
Para a condição 1, o material reunido
que passam nas peneiras: Figura 7. Aparelhagem
a) n° 30 - 0,60 mm - areia media +
(d)
areia fina + silte + argila;
b) n°40 - 0,42 mm - 1/2 da areia media
+ areia fina + silte + argila;
c) n° 50 - 0,30 mm - 1/3 de areia media (a)
+ areia fina + silte + argila;
d) n° 70 - 0,212 mm - areia fina + silte (b) (c)
(e)
+ argila;
e) n° 80 - 0,180 mm - areia fina + silte
+ argila Fonte: Elaborada pelo autor
f) n° 100 - 0,150 mm - areia fina +
silte + argila Figura 8. Anéis de inox
g) n° 200 - 0,075 mm - silte + argila.
Para a condição 2, o material
predominante retido entre peneiras:
a) retido na peneira nº 30: Ø >0,60 mm
- areia grossa;
b) entre as peneiras nº 30 e nº40: Ø >
0,42 mm e < 0,60 mm - areia media;
c) entre as peneiras nº 40 e nº 50: Ø >
0,30 mm e < 0,42 mm - areia media;
d) entre as peneiras nº 50 e nº 70: Ø > Fonte: Elaborada pelo autor
0,212 mm e < 0,30 mm - areia
media;
e) entre as peneiras nº 70 e nº 80: Ø >
0,180 mm e < 0,212 mm - areia fina;
f) entre as peneiras nº 80 e nº 100: Ø >
0,150 mm e < 0,180 mm - areia fina;
g) entre as peneiras nº 100 e nº 200:
Ø > 0,075 mm e < 0,150 mm - areia
fina + silte;
h) passado na peneira nº 200: Ø <
0,075 mm - silte + argila.

2.3 Método expedito da pastilha

2.3.1 Aparelhagem

5
Figura 9. Anéis de inox - dimensões Figura 11. Espatulação do solo

Fonte: Elaborada pelo autor


Fonte: Elaborada pelo autor
2.3.2 Procedimento
Após a espatulação verifica-se a
Pesando cerca de 30g da amostra, consistência com um caneta-penetrômetro de
adicionando pelo menos 1/3 de água destilada 10g, se caso atinja 1,0 mm de penetração, é a
conforme demonstra a Figura 10. condição para a moldagem nos anéis de inox
conforme demonstra a Figura 12.
Figura 10. Adição de água
Figura 12. Verificação da consistência

Fonte: Elaborada pelo autor

Em seguida, espalhando-a contra a


placa de vidro esmerilhada, espatulando o
solo por pelo menos 10 minutos (Figura 11).
Esse procedimento faz-se necessário,
pois precisamos acionar a fração argila dos Fonte: Elaborada pelo autor
finos incrustados na fração areia e por
consequência beneficiando a homogeneização Da porção de solo com a umidade e
do material e se possível, aumentando sua consistência ideal, aglomera-se uma parte
superfície especifica.

6
com a espátula e preenchendo o anel Figura 15. Pós-moldagem
conforme demonstra a Figura 13.

Figura 13. Moldagem dos anéis

Fonte: Elaborada pelo autor

Utilizando-se de um paquímetro,
verifica-se a medida da contração, de três
Fonte: Elaborada pelo autor medidas, girando a 60° a pastilha para as
leituras subsequentes (Figuras 16, 17 e 18).
Retiram-se também da pasta de
moldagem, uma porção da amostra e Figura 16. Secagem após 16 horas
acomoda-la em uma cápsula de alumínio para
a determinação de umidade conforme
demonstra a Figura 14.

Figura 14. Retirada do excesso do solo

Fonte: Elaborada pelo autor

Figura 17. Verificação da contração

Fonte: Elaborada pelo autor

Com uso do raspador, retirando-se o


excesso, o anel moldado é deixado para a
secagem em duas etapas, ao ar por pelo
menos 12 horas e mais 4 horas em estufa a
60º conforme demonstra a Figura 15.
Fonte: Elaborada pelo autor

7
Figura 18. Modo de medida da pastilha
Figura 21. Após 4 horas de absorção

Fonte: Elaborada pelo autor

Fonte: Elaborada pelo autor Após de no mínimo 4 horas de


absorção, com um penetrômetro padrão
Na etapa seguinte, são colocadas as verificar e anotar o valor da penetração
pastilhas por cima de uma placa porosa com (Figura 22).
papel filtro sob um recipiente com água
recobrindo o nível da placa mantendo o
período de absorção em até 4 horas (Figuras Figura 22. Verificação da penetração
19, 20 e 21).

Figura 19. Dispositivos para absorção

Fonte: Elaborada pelo autor

Figura 20. Antes da absorção

Fonte: Elaborada pelo autor


Fonte: Elaborada pelo autor

8
Com as médias das três pastilhas de apresentam percentagem de
contração diametral (mm) e penetração (mm), areia elevada, tem um
com o gráfico de classificação localizam-se comportamento semelhante aos
esses pontos obtidos na figura abaixo, e enfim solos do grupo LA;
classifica-se o solo (Figura23). d) Areias não-lateriticas (NA) – os
solos pertencentes a este grupo
Figura 23. Classificação - método das são as areias, siltes e misturas de
pastilhas areias e siltes, nos quais os grãos
são constituídos essencialmente
de quartzo e/ou mica.
Praticamente não possuem finos
argilosos coesivos siltes
caoliniticos;
e) Solos arenosos não-lateriticos
(NA’) – compostos
granulometricamente por
misturas de areias quartzosas (ou
de minerais de propriedade
Fonte: Nogami; Villibor (2009)
similares) com finos passando
na peneira 0,075mm, de
Nogami; Villibor (2009) denominaram
comportamento não laterítico.
em subdivisões de sete grupos definidos
Geneticamente os tipos mais
assim:
representativos são solos
a) Areias lateriticas (LA) – neste
saprolíticos originados de rochas
grupo estão inclusas as areias
ricas em quartzo tais como os
com poucos finos de
granitos, gnaisses, arenitos e
comportamento laterítico, típicas
quartzitos impuros;
do horizonte B dos solos
f) Solos siltosos não-lateriticos
conhecidos pedologicamente
(NS’) – este grupo compreende
como areias quartzosas e
os solos saprolíticos silto-
regosolos;
arenosos peculiares, resultante
b) Solos arenosos lateriticos (LA’)
do intemperismo tropical nas
– solos tipicamente arenosos, e
rochas eruptivas e metamórficas,
constituintes do horizonte B dos
de constituição
solos conhecidos
predominantemente feldspática-
pedologicamente no Brasil por
micácea-quartzosa. As
latossolos arenosos e solos
variedades mais ricas em areia
podzolicos ou podzolizados
quartzosa podem ter
arenosos de textura media. Estes
características mecânicas e
solos, além da presença dos
hidráulicas que se aproximam
matizes vermelhos e amarelo,
dos solos do grupo NA’;
dão cortes firmes, nitidamente
g) Solos Argilosos não-lateriticos
trincados, quando expostos as
(NG’) – este grupo compreende
intempéries;
os solos saprolíticos argilosos,
c) Solos argilosos lateriticos (LG’)
provenientes de rochas
– este grupo é formado por
sedimentares argilosas, ou
argilas e argilas arenosas, que
cristalinas pobres em quartzo e
constituem o horizonte B dos
ricas em anfibólios, piroxênios e
solos conhecidos
feldspatos cálcicos. Classificam-
pedologicamente por latossolos,
se neste grupo os solos
solos podzolicos e terras roxas
superficiais pedogenéticos não
estruturadas. Quando

9
lateriticos, como os vertissolos solo seca e a agua é retirada, as partículas nos
bem como muito solos agrupamentos de argila se aproximam,
transportados. fazendo com que a massa de solos se contraia
Onde o símbolo “-” separa duas opções em volume.
de tipo de solos diferentes de maneira O que confere a estrutura poros e
equivalente, e o símbolo “/” separa opções de agregações altamente estáveis graças ao
solos de maneira decrescente. recobrimento das argilo-minerais pelos
hidróxidos e óxidos hidratados, que além de
3 Resultados e discussão reduzirem a capacidade de adsorção de água,
atuam como agentes cimentantes naturais
Neste item serão apresentados as tabelas entre partículas, o que confere alta resistência
e gráficos dos dados obtidos dos valores de à penetração do ensaio.
contração, penetração e classificação dos No solo B, baseando-se devido à
solos ensaiados. composição do argilo-mineral (esmectitas ou
montmorillonita) onde solos expansivos são
3.1 Contração – condição 1 ricos neste tipo de argila, as cargas
eletrostáticas na superfície das argilas atraem
A Tabela 3 relaciona os dados moléculas de agua de grandes poros para os
referentes à contração média da condição 2 microporos dentro dos domínios de argila.
Igualmente, os cátions adsorvidos
Tabela 3. Contração média associados com as superfícies de argila
Material
CONTRAÇÃO - C (mm) tendem a se hidratar, adicionado mais água. A
MÉDIA - SOLO A MÉDIA - SOLO B água impulsiona, distanciando as paredes de
P - 30 19.40 19.46 argila, fazendo com que a massa de solo
P - 40 19.33 19.49
aumente seu volume.
P - 50 19.20 19.52
Combinada com a interação com a água
P - 70 19.17 19.55
independente da fração ou composição do
P - 80 19.12 19.59
P - 100 18.93 19.61
material houve pouca variação, até mesmo no
P - 200 18.62 19.63
tempo de execução.
Fonte: Elaborada pelo autor
3.2 Contração – condição 2
No solo A com a variação das peneiras
utilizadas, notou-se uma amplitude de A Tabela 4 relaciona os dados
contrações de até 1,0mm, mesmo satisfazendo referentes à contração média da condição 2.
ao critério de consistência como ajuste de
umidade e duração da espatulação dos Tabela 4. Contração média
CONTRAÇÃO - C (mm)
materiais, nas quais as amostras P-80, P-100 e Material
P-200 tiveram maior contração, muito se deve MÉDIA - SOLO A MÉDIA - SOLO B

ao argilo-mineral componente do solo A, R - 30 18.83 19.62


onde as partículas de argila, que são muito R - 30-40 19.58 19.57
pequenas, tem área superficial milhares de R - 40-50 19.77 19.55
vezes maiores que a mesma massa de R - 50-70 19.75 19.50
partículas de silte e centenas de milhares de
R - 70-80 19.47 19.50
vezes maiores que a mesma massa de areia.
R - 80-100 19.12 19.50
A área de superfície especifica explica o
porquê de quase todo o poder de adsorção, R - 100-200 19.02 19.50

expansão, plasticidade e outras propriedades P* - 200 18.72 19.45

relacionadas à área superficial estão Fonte: Elaborada pelo autor


associados à fração argila dos solos minerais.
Em termos de retração, os materiais Na condição 2 nota-se alguma alteração
proporcionalmente argilosos, à medida que o significativa, o solo A com sua granulometria

10
modificada, podemos observar que o material A Tabela 5 relaciona os dados
R-30 e P*-200, pois, no caso do material R-30 referentes aos parâmetros para classificação
os grãos não destorroados conservou boa da condição 2.
parte de componentes do solo e tiveram
valores muito próximos de contração de P*- Tabela 6. Parâmetros para classificação
200, enquanto os materiais R – 40-50 e R – Parâmetros
50-70, por possuírem textura mais grossa e Material SOLO A SOLO B
menores áreas da superfície especifica, C (mm) P (mm) C (mm) P (mm)
revelaram-se teores de umidades baixos,
R - 30 1.17 0.0 0.38 5.0
influenciando diretamente nos baixos valores
R - 30-40 0.42 0.0 0.43 5.0
de contração.
Da mesma forma no solo B tiveram R - 40-50 0.23 0.0 0.45 5.0

resultados de contração próximos, quanto ao R - 50-70 0.25 0.0 0.50 5.0

tipo de material não foi notada uma alteração R - 70-80 0.53 0.0 0.50 5.0
a não ser um tempo de absorção mais R - 80-100 0.88 0.0 0.50 5.0
retardada em frações menores ligeira demora, R - 100-200 0.98 0.0 0.50 5.0
mas que não implicou no resultado final. P* - 200 1.28 0.0 0.55 5.0

Fonte: Elaborada pelo autor


3.3 Parâmetros – condição 1
Dando maior atenção aos materiais R-
A Tabela 5 relaciona os dados
30 e P*- 200 do solo A, onde tivemos valores
referentes aos parâmetros para classificação
de contração mais elevados, nos demais
da condição 1.
baixas variações de contração dos solos A e
B, não houve diferença de valores de
Tabela 5. Parâmetros para classificação
penetração.
Parâmetros
Observou-se que medidas de penetração
Material SOLO A SOLO B
os Solos A e B mesmo com a alteração de
C (mm) P (mm) C (mm) P (mm) granulometria tuas composições, como citado
P - 30 0.60 0.0 0.54 5.0 os argilo-minerais de cada um influiu no
P - 40 0.67 0.0 0.51 5.0 resultado das pastilhas.
P - 50 0.80 0.0 0.48 5.0
No solo A quando seco, solos argilosos
absorvem quantidades crescentes de agua,
P - 70 0.83 0.0 0.45 5.0
sofrendo poucas mudanças no seu
P - 80 0.88 0.0 0.41 5.0
comportamento e consistência.
P - 100 1.07 0.0 0.39 5.0
No solo B, os poros entre as partículas
P - 200 1.38 0.0 0.37 5.0 no material siltoso são bem menores e mais
Fonte: Elaborada pelo autor numerosos, em que os poros presentes entre
as partículas de areia, deste modo, o silte
Como demonstrado na Figura 17 às retém agua e permite uma menor taxa de
medidas de contração diametral são feitas em drenagem.
três posições diferentes e desses valores faz-se Entretanto, mesmo quando úmido, o
a média e desconta-se dos 20 mm, é o solo B por si só não exibe muita pegajosidade
diâmetro interno do anel. ou plasticidade. A baixa plasticidade, coesão e
Para a obtenção dos valores de capacidade de adsorção que algumas frações
penetração por serem dois extremos de solos, de silte apresentam é, em grande parte, devido
uma argila-arenoso e um siltoso, à adesão de filmes de argila á superfície das
apresentaram-se esses resultados. partículas que após a absorção perde a
resistência à penetração.
3.4 Parâmetros – Condição 2
3.5 Classificações

11
3.5.1 Condição 1 Enquanto o solo B também com as alterações
obteve-se a mesma classificação.
Tendo os valores de penetração e
contração diametral locando-os na carta de 3.6 Relação - Teor de umidade x Contração
classificação MCT na Figura 21, tem-se as
relações na Tabela 7. 3.6.1 Condição 1

Tabela 7. Classificação final A Figura 24 demonstra a relação teor de


Material
Classificação umidade versus contração da condição 1.
SOLO A SOLO B
P - 30 LA' NS'-NA' Figura 24. Solo A
P - 40 LA' NS'-NA'
Umidade Contração
P - 50 LA' NS'-NA'
40.0% 1.50
P - 70 LA' NS'-NA'
P - 80 LA' NS'-NA'

Teor de umidade
30.0%
1.00

Contração
P - 100 LA'-LG' NS'-NA'
20.0%
P - 200 LA'-LG' NS'-NA'
0.50
Fonte: Elaborada pelo autor 10.0%

0.0% 0.00
O solo A obteve-se dois tipos de
classificações em um mesmo grupo, muito
pertinente à proporção de finos nos materiais Fonte: Elaborada pelo autor
P-100 e P-200 há mais partículas de argila do
que areia. Agrupando os resultados de teor de
No solo B, por ser um material umidade e de contração observou-se que
expansivo, a penetração em todas as amostras diretamente dependentes, apresentaram
tivemos o valor máximo e consequentemente comportamento bem interessante, ou seja,
a mesma classificação. conforme diminuímos o tamanho da abertura
os teores de umidade de certa forma os
3.5.2 Condição 2 valores aumentavam, pode ser relacionado à
área de superfície especifica quanto menor a
Como no item 3.5, com os resultados de partícula mais umidade ela necessita para
classificação estão apresentados na Tabela 8. atingir a consistência desejada e assim
prosseguir com o restante do ensaio, mesmo
Quadro 8. Classificação final conceito para a condição 2 a resposta do Solo
Classificação
Material A (Figura 25).
SOLO A SOLO B

R - 30 LA-LG' NS'-NA'
Figura 25. Solo B
R - 30-40 LA-LA' NS'-NA'
UMIDADE CONTRAÇÃO
R - 40-50 LA-LA' NS'-NA'
45.0%
R - 50-70 LA-LA' NS'-NA' 0.50
40.0%
Teor de umidade

R - 70-80 LA-LA' NS'-NA' 35.0%


Contração

30.0% 0.48
R - 80-100 LA' NS'-NA' 25.0%
20.0% 0.45
R - 100-200 LA'-LG' NS'-NA'
15.0%
P* - 200 LA'-LG' NS'-NA' 10.0% 0.43
5.0%
Fonte: Elaborada pelo autor 0.0% 0.40

Nota-se ainda apresentando


composições diferentes de amostra e Fonte: Elaborada pelo autor
diferentes teores de umidade, o solo A teve
pelo menos três tipos de classificações.

12
O mesmo vale para o Solo B, mesmo
apresentando classificações semelhantes, há 3.7 Classificação final
uma mínima relação de contração com teor de
umidade mesmo modificando sua A Figura 28 relaciona a disposição dos
granulometria. resultados.

3.6.2 Condição 2 Figura 28. Disposição dos resultados

A Figura 26 demonstra a relação teor de


umidade versus contração da condição 2.

Figura 26. Solo A


UMIDADES CONTRAÇÃO

40.0% 1.60
Teor de umidade

30.0% 1.20
Contração

20.0% 0.80

10.0% 0.40 Fonte: Elaborada pelo autor

0.0% 0.00
3.8 Relação – comportamento estatístico

Para representar melhor os


Fonte: Elaborada pelo autor desempenhos dos dois solos nas duas
condições, com auxílio do Excel, realizou-se
Nos materiais, R - 30-40, R - 40-50, R - um artificio estatístico chamado R², o R-
50-70, R - 70-80, onde a textura grossa square ou coeficiente de determinação onde
prevaleceu nas frações areia media e fina ele permite dar uma interpretação da
também assim como a trabalhabilidade, foi amostragem e verificar os valores observados,
inevitável obter-se os baixos valores de quanto mais próximo de 1, mais explicativo é
umidade e contração (Figura 27). o modelo e melhor ele se ajusta a amostra
(Figura 29).
Figura 27. Solo B
UMIDADE CONTRAÇÃO
Figura 29. Analise R² – Contração x Umidade
50.0% 0.60 2.00
N-LAT (1)
Teor de umidade

40.0%
R² = 0.9322
Contração

0.40 1.50 N-LAT (2)


30.0% R² = 0.9055
Contração

20.0%
0.20 1.00 LAT (1)
10.0%
R² = 0.8271
0.0% 0.00
0.50 LAT(2)

R² = 0.8246
0.00
12.5% 22.5% 32.5% 42.5% 52.5%
Fonte: Elaborada pelo autor Teor de umidade

Se comparar as condições 1(P-200) e Fonte: Elaborada pelo autor


2(P*-200) a figura 27 demonstra a uma
melhor contração do solo B, dependendo da Nos quatro casos analisados os
taxa de proporção de silte/argila o teor de materiais de comportamento laterítico e não-
umidade fica sintetizado que, nas ultimas laterítico ocuparam a mesma área e
peneiras é possível obter a contração máxima desempenho interessante amostras com
de um solo de comportamento não-laterítico. tendências argilosas possuíam amplitude

13
maiores e mais inclinadas enquanto materiais por ter uma superfície especifica maior o que
mais siltosos com tendências mais constantes leva maior tempo para que todos os grãos de
de índices de contração baixas e amplitude argila possam absorver a água, no caso a
menor. pastilha, leva mais tempo a absorver
O mesmo vale para materiais de totalmente. Com isso sua penetração pode
predominância arenosa com tendência a se variar conforme o tempo da absorção.
aproximar da contração mínima ou do zero. No que se remete a resistência à
penetração os dois solos nas duas condições
4 Conclusão tiveram o mesmo comportamento após a
absorção.
O estudo buscou uma forma deixar o Na pesquisa, ficou bem evidenciada que
método MCT um pouco mais preciso e devemos tentar coisas diferentes, claro, dentro
diminuir os erros de sua interpretação. das possibilidades a proposta do trabalho, foi
As condições propostas ao se utilizar de grande contribuição. Além de motivar
várias peneiras com o objetivo de se analisar técnicas alternativas, fornecendo para o
o desempenho dos solos, aplicado no ensaio desenvolvimento e aprimoramento contínuo
das pastilhas, foi satisfatório, notou-se que o para o ramo rodoviário.
solo A, mesmo com a alteração da proporção, Por fim, recomenda-se em próximas
e tendo três tipos de classificações, de uma pesquisas utilizar uma gama maior de
mesma classe. Mesmo realizando o amostras e com mais variações do uso
comparativo entre as técnicas em amostras combinado das peneiras para o método
mais finas, apenas para o solo A, tiveram o expedito das pastilhas.
mesmo resultado.
Na espatulação, que consiste em aflorar 5 Referências
a fração argila, a amostra de comportamento
laterítico acarretou muitas informações em
relação à contração e textura da pasta e ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
implicando na classificação. Nas peneiras de NORMAS TECNICAS. NBR 6457. Amostras
n° 100 e 200 como essa fração na pratica já de solo - preparação para ensaios e
está em maior proporção, não haveria uma compactação. São Paulo, 1986. 9 p.
necessidade de espatular mais que 10
minutos, apenas a preocupação com
homogeneização da pasta. BERNUCCI, L. et al. Pavimentação
A diferença de tempo para se obter a asfáltica. [s.l.: s.n.], 2010.
pasta, em amostras peneiradas de abertura
menores foi mais ágil, entretanto, observa-se
que há necessidade de uma rapidez maior ao GODOY, H. Identificação e classificação
se moldar as amostras, pois, ocasiona uma geotécnica de latossolos do estado de São
interferência na classificação do material em Paulo pelo método das pastilhas MCT.
peneiras menores propiciando uma secagem 1997. Tese (Doutoramento) - Universidade de
precipitada. São Paulo - instituto de geociências, São
No solo B, independente da técnica Paulo, 1997.
utilizada, houve pouca contração, porém por
ter argilo-minerais altamente expansivos foi
determinante para que a classificação se MELLO, I. et al. Revisão sobre
mantivesse a mesma. argilominerais e suas modificações estruturais
Em relação à absorção de água após a com ênfase em aplicações tecnológicas e
contração em amostras de comportamento adsorção - uma pesquisa inovadora em
laterítico, nota-se que o tempo de espera varia universidades. Revista de ciências
de amostra para amostra, neste caso uma agroambientais, Alta floresta, p. 141-152, 17
amostra de comportamento laterítico, também maio 2011.

14
MALANCONI. M. Considerações sobre
misturas de solos tropicais estabilizados
quimicamente para uso como camada de
pavimento urbano. 2013. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) - Escola de
Engenharia de São Carlos - USP, São Carlos.

NOGAMI, J.; VILLIBOR, D. Pavimentos de


baixo custo para vias urbanas. 2009: Arte &
Ciência, 2009.

SANTOS, E. Estudo comparativo de


diferentes sistemas de classificações
geotécnicas aplicadas aos solos tropicais.
2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) - Escola de Engenharia de São Carlos -
USP, São Carlos.

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