Viajar Pelo Mundo - Tunísia - Fev24

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TUNÍSIA

TUNÍSIA
Um roteiro de norte a sul pelo país africano
que voltou a desabrochar para o turismo
TUNÍSIA
SIDI BOU SAID
CARTAGO
TUNIS
PREPARE SUA
VIAGEM HAMMAMET

• Moeda Dinar tuni- SOUSSE


siano. O euro é ge- KAIROUAN
ralmente aceito nas
grandes cidades, EL JEM
mas é melhor com-
prar moeda local nos
principais bancos do
país, apresentando o
TOZEUR
passaporte. Guarde
o comprovante da
transação, pois, com DOUZ
MATMATA

ele, caso sobre di-


nheiro, é possível
trocar por euro ou
dólar antes de ir embora.
• Idiomas Árabe e francês
• Fuso horário +4h em relação a Brasília
• na rede discovertunisia.com
• Visto Brasileiros não precisam de visto para entrar e ficar até 90
dias no país.
• Gorjetas Tenha sempre dinheiro trocado para as gorjetas. Em
restaurantes, é recomendado acrescentar de 10% a 12% no
valor final da conta. Para motoristas e guias, o equivalmente a 5
a 10 dólares por dia.
• Como Chegar Não há voos diretos do Brasil para a Tunísia.
Com conexão, voam ITA Airways, Lufthansa, Air France,
Emirates, Qatar e Turkish, entre outras. A companhia aérea na-
Fotos: Shutterstock

cional da Tunísia é a Tunisair.


TUNÍSIA

• Quando ir A melhor época é entre março e maio ou entre se-


tembro e novembro, quando as temperaturas são mais agra-
dáveis. Dezembro, janeiro e fevereiro é inverno por lá e, apesar
de não fazer tanto frio no norte do país, não dá praia. Nesses
meses, a noite no Deserto do Saara é congelante. De junho a
agosto, é comum os termômetros passarem dos 40 oC no cen-
tro e norte da Tunísia – podendo ficar próximos dos 50 oC no
deserto.
• Quem leva As operadoras Asia Total, Flot, Nova, Mondiale,
Schultz, Terramundi, Transmundi, Uneworld e Venturas têm pa-
cotes que combinam Túnis, Cartago,
Sidi Bou Said, Sousse, Monastir, El Jem, Matmata, Douz, Tozeur,
Kairouan e Hammamet, incluindo hospedagem, traslados, pas-
seios guiados e algumas refeições. Veja detalhes em vamostuni-
sia.com.br
• Passeios e transporte É recomendável contratar uma empresa
especializada para ter suporte local de guias e motoristas. Trens
são meios comuns de deslocamento entre os destinos, assim
como as louages (vans compartilhadas com preços fixos). Se
pegar táxi, peça o uso do taxímetro ou combine o preço antes
de entrar no carro.
• Costumes locais A Tunísia é um país islâmico progressista e,
apesar de ser o mais liberal do mundo árabe, alguns costumes
devem ser respeitados. Evite deixar ombros e pernas à mostra
e, no caso das mulheres, é preciso cobrir a cabeça com um len-
ço ao entrar nas mesquitas. O consumo de bebidas alcoólicas é
permitido, mas não exagere. Alguns estabelecimentos não ven-
dem álcool às sextas-feiras, dia sagrado no islamismo. Se a via-
gem for durante o Ramadã, mês em que os muçulmanos fazem
jejum até o pôr do sol, espere encontrar muitos restaurantes
fechados durante o dia. Por respeito, nesse período, evite co-
mer ou beber em público.
TUNÍSIA

SABORES DA TUNÍSIA
• Bambalouni: donut que lembra um bolinho de chuva
• Brik: tipo de pastel recheado com ovo. Há também versões
com atum, camarão e cebola
• Harissa: pasta superpicante à base de especiarias, usada em
vários pratos tradicionais
• Lablabi: sopa de grão-de-bico temperada com alho e cominho
• Mlewi: espécie de tortilha feita com massa bem fina, para
rechear a gosto
• Ojja: versão tunisiana do shakshuka (ovos cozidos no molho
de tomate), com batatas e linguiça merguez

PRATOS TÍPICOS DA TUNÍSIA


TUNÍSIA CAFÉ DES DELICES, SIDI BOU SAID

Clique aqui e confira os stories


desta viagem no Instagram

Há razões de sobra para justificar os olhos ambiciosos que,


há três milênios, arregalam-se para a Tunísia: o país ocupa
um tiquinho do norte da África – praticamente o tamanho do
Acre –, mas tem uma diversidade de paisagens dignas de um
continente inteiro. Tem praias de areia branquinha de frente
para o Mar Mediterrâneo, montanhas cobertas de neve, flo-
restas, lagos salgados, oásis coloridos por tamareiras e, para
arrematar, tem o soberano Deserto do Saara.
Sua posição estratégica no comércio entre a África e a
Europa também explica por que tantos povos já fincaram
a sua bandeira aqui. Os fenícios chegaram primeiro, em
800 a.C., ergueram a antiga capital Cartago, trouxeram o ofí-
cio da cerâmica e dominaram o oeste do Mediterrâneo por
séculos. Na sequência, vieram os romanos, que construíram
cidades inteiras e levantaram construções colossais – hoje,
Fotos: Shutterstock

ruínas bem preservadas e abertas a quem quiser visitar.


TUNÍSIA

Os árabes aportaram no século 7º e deixaram de herança o


idioma, o islamismo, a arquitetura e o maior impacto cultural
de todos os invasores da Tunísia. Os espanhóis passaram ra-
pidinho. Os berberes, povos nômades do norte da África, to-
maram o território até serem derrotados pelos otomanos, que
trouxeram temperos acentuados
para a gastronomia. Por último, sur-
giram os franceses. Apareceram em
1881 e, por 50 anos, tentaram fazer
da Tunísia um pedacinho da França
na África. Também foram despacha-
dos, mas a influência da língua fran-
cesa ficou, assim como delícias da
pâtisserie de lá.
Todas essas invasões, no entan-
to, são parte do passado. Desde
1956, com a eleição de seu pri-
meiro presidente, Habib Bourgui-
ba, a Tunísia tem andado com as EL JEM
próprias pernas. Bourguiba, aliás,
foi o responsável por fazer do país um dos mais liberais
do norte da África. Durante seu mandato de 30 anos, ele
criou e consolidou uma série de leis progressistas – como
a permissão de divórcio e aborto – para garantir igualda-
de entre homens e mulheres. Outra prova evidente desse
lado liberal é que a Tunísia produz vinhos de qualidade e
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TUNÍSIA

até cervejas – algo impensável para uma nação árabe com


95% de população muçulmana.
Portanto, aquela ideia de radicalismo islâmico não combi-
na com a Tunísia. Assim como também não faz sentido temer
os fatos ocorridos durante a Primavera Árabe, iniciada na Tu-
nísia em 2010. A revolta contra as condições sociais injustas
impostas pela ditadura, que se esparramou por quase todo o
mundo árabe e resultou na queda de três presidentes, inclu-
sive o tunisiano, acendeu, sim, um alerta de perigo para o tu-
rismo no país, mas isso também virou história.
Hoje, mais do que nunca, o país está com o sinal verde pa-
ra bem receber turistas do mundo inteiro. E com vantagens
para os brasileiros: com dólar e euros nas alturas, a conver-
são do dinar diante do real agrada ao nosso bolso; guias fa-
lam português fluentemente e há conexões de voos fáceis via
Europa, que ligam o Brasil a Túnis, capital e porta de entrada
do país. A seguir, um relato completo de tudo o que encontra-
mos por lá, do Mediterrâneo ao Saara.
DESERTO DO SAARA
TUNÍSIA

TÚNIS
A nova versão da Tunísia pós-Primavera Árabe está bem
evidente nas ruas de Túnis, a capital do país. Entre história
milenar, prédios históricos e uma medina considerada Patri-
mônio Mundial da Unesco, pipocam estabelecimentos de pe-
gada moderna, como o hotel Four Seasons, na badalada re-
gião de Gammarth, e o empório de design Supersouk, que
reúne 120 marcas locais de moda e decoração.
Mas nada se compara ao delicioso caos de visitar uma me-
dina, como é conhecido o centro histórico das cidades árabes.
Em uma área equivalente a 420 campos de futebol e com mi-
lhares de ruelas, as lojinhas da medina de Túnis vendem uma
variedade absurda de produtos, desde a Idade Média. Tem
cerâmicas, bolsas de couro, artigos em palha, temperos, do-
ces, sabonetes, túnicas, chechias (o chapéu tradicional da Tu-
nísia) e o que mais você imaginar. Pechinchar é uma arte: não

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MESQUITA DE ZITOUNA

aceite pagar, de cara, o primeiro valor ofertado. Como em ou-


tros países árabes, uma boa conversa pode garantir descon-
tos generosos.
Além disso, a medina concentra mais de 700 monumen-
tos, entre palácios, mesquitas, mausoléus, madraças e ha-
mans (também chamados de banhos turcos). Para facilitar
a vida, o Escritório de Turismo de Túnis oferece mapa gra-
tuito com uma sugestão de caminhada. Nessa rota, um dos
principais pontos é a Grande Mesquita de Zitouna, a mais
antiga de Túnis – e a segunda mais antiga do país –, da-
tada de 732. A forma que se vê hoje, no entanto, com ar-
quitetura andaluza semelhante à Mesquita de Córdoba, na
TUNÍSIA

Espanha, é resultado de uma reforma total feita no século


9º e dezenas de outras menores empreendidas ao longo do
tempo. Uma dessas renovações incorporou mais de 200 co-
lunas das ruínas romanas de Cartago ao salão de orações.
Apenas muçulmanos podem entrar na mesquita, mas você
pode dar uma espiadela no pátio interno a partir do roof-
top do Panorama Medina Café, enquanto toma o primeiro
de muitos chás de hortelã desta viagem.
Uns passinhos a mais e você encontra outro point bada-
lado da medina. O Café M’Rabet fica camuflado entre as
quinquilharias das lojas do Souk el Trouk e tem estilosa
ambientação otomana, em que a ideia é se esparramar no
chão para tomar café ou fumar shisha (também conhecido
como narguilé).

LOJINHA MEDINA DE TUNIS


OS TÍPICOS MERCADOS ÁRABES, CONHECIDOS
COMO SOUKS, RECHEIAM A MEDINA DE TÚNIS, COM
PRODUTOS COMO O CHAPÉU CHECHIA (NO DETALHE)

As ruas Sidi Ben Arous, Dar El Jeld e


Pacha são a parte mais atraente da medina,
com mansões e mausoléus admiráveis. Por ali, vale visitar
o Dar Lasram, palácio do século 19 que era a elegante resi-
dência de uma família de aristocratas. É perto do souk pre-
ferido dos turistas, o Souk das Chechias, que, como o no-
me adianta, dedica-se principalmente aos típicos gorros de
feltro tunisianos. A rua Sidi Ben Arous também é o endere-
ço de um dos restaurantes mais bem avaliados em Túnis, o
Dar El Jeld, dentro de um suntuoso palácio do século 18. O
menu aposta na alta culinária tunisiana, como o couscous au
poissons (cuscuz de peixe) – uma invenção da Tunísia –,
servido com vinhos rosé produzidos no próprio país.
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Dali é um pulinho para ticar da lista, de uma só vez, os


prédios governamentais da Praça da Casbá, quase todos
construídos depois da demolição das muralhas da cidadela
de Túnis, no final dos anos 1950 – com exceção do Colégio
Sadiki, a instituição educacional mais antiga do país, fun-
dada em 1875, e da Mesquita da Casbá, datada de 1235.
Nas redondezas da medina, está a igreja católica de São
Vicente de Paulo, herança da colonização francesa. Seu in-
terior abriga o órgão mais bonito do norte da África, data-
do de 1921. No lado de fora, a arquitetura mistura os es-
tilos gótico, mouro e neobizantino. Mais afastado, o Museu
Bardo é uma atração de primeiríssimo escalão. Inaugurado
em 1888, reúne a maior coleção de mosaicos romanos do
mundo, exposta em um palácio do século 19. Porém, en-
contra-se temporariamente fechado, com expectativa de
reabertura a qualquer momento.

MESQUITA DA CASBÁ
TUNÍSIA

CARTAGO
Uma herança de peso que os romanos deixa-
ram para a Tunísia é Cartago, que, junto à ci-
dade de Dougga, abriga alguns dos sítios ar-
queológicos mais importantes do país. Ambas
são Patrimônio Mundial da Unesco, mas, co-
mo Cartago está coladinha a Túnis, a apenas
18 quilômetros, é ela quem leva a fama. É tão
perto que, a partir da capi-
tal, basta um bate-volta com
o trem TGM.
Fundada pelos fenícios em
814 a.C., Cartago era um
dos centros comerciais mais

AS TERMAS DE ANTONINO PIO SÃO RUÍNAS DOS


TEMPOS DA OCUPAÇÃO ROMANA EM CARTAGO
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TUNÍSIA

poderosos do mundo, já que daqui se controlavam os bar-


cos que navegavam pelo Mediterrâneo, no trajeto entre a
Sicília e o norte da África. Em 146 a.C., depois das três
Guerras Púnicas que duraram 128 anos e deixaram pouco
da Cartago original, os romanos tomaram o poder e a re-
construíram todinha para transformá-la na maior cidade do
Império Romano na África – e são dessa época as ruínas
que hoje atraem tantos turistas.
As mais notáveis são, sem dúvida, as das Termas de An-
tonino Pio, erguidas no século 2º com vista para o Mar Me-
diterrâneo. Considerado o maior complexo termal fora de
Roma, reunia, sob o mesmo
teto, saunas, salas de mas-
sagem e de banhos de esfo-
liação, academia de ginás-
tica, biblioteca, vestiários e
diversas piscinas, entre frias,
aquecidas e até uma olímpi-
ca. Porém, o que se vê ho-
je é apenas o que sobrou do
subsolo.
Com um pouco mais de es-
forço, vale subir a Colina de
Byrsa, outro sítio arqueológi-
co de Cartago. Do alto dela,
a vista se estica até o Golfo
TERMAS DE ANTONINO PIO
TUNÍSIA

de Túnis e revela a engenhosidade dos antigos portos fe-


nícios, que, por terem forma circular, permitiam à marinha
cartaginesa vigiar o mar sem que os inimigos percebes-
sem. Também dá para ver as ruínas de um pequeno, mas
bem preservado bairro residencial do século 3º a.C.
A Colina de Byrsa é, ainda, endereço do Museu Nacional
de Cartago. Distribuídas entre as salas de um antigo semi-
nário católico do século 20, as suas coleções agrupam ob-
jetos arqueológicos das eras púnica, romana e bizantina
encontrados na região.
E, já que se está em Byrsa, por que não uma paradinha
na Acropolium? Em uma mescla de estilos gótico, bizanti-
no e mouro, a antiga Catedral de São Luís, depois que foi
desconsagrada, virou espaço para eventos e concertos de
músicas clássica e tunisiana. Música, por sinal, é a razão da
popularidade do anfiteatro romano, totalmente reconstru-
ído, que também fica na colina: ele é palco do Festival In-
ternacional de Cartago, referência cultural no mundo árabe.

AS TERMAS DE ANTONINO PIO


TUNÍSIA

AS CASINHAS BRANCAS SOBRE O MAR


SÃO O CARTÃO-POSTAL DE SIDI BOU SAID

SIDI BOU SAID


Confundir o charmoso vilarejo de Sidi Bou Said, a 18 qui-
lômetros de Túnis, com alguma ilha grega é de praxe, gra-
ças ao seu visual formado por casinhas pintadas de branco
equilibrando-se em encostas, telhados abobadados, bun-
gavílias colorindo as fachadas, ruas estreitas de paralelepí-
pedos e restaurantes debruçados sobre o mar.
Mas Sidi Bou Said tem as suas peculiaridades, afinal, es-
tamos no norte da África. E isso significa se deparar com
mesquitas, lojinhas de artesanato e cerâmica, casarões com
arquitetura moura, janelas minuciosamente forjadas e por-
tas incrivelmente azuis. Por ser compacta, é preciso apenas
um bate-volta de meio dia a partir de Túnis, que pode ser
feito com o mesmo trem TGM que liga a capital a Cartago.
A vila ficou famosa também como epicentro cultural do
TUNÍSIA

país, com a fundação da Escola de Arte da Tunísia, que, de-


pois da Segunda Guerra Mundial, almejava destacar uma
arte genuinamente nacional e mostrar a diversidade da cul-
tura do país. Mas, de forma geral, Sidi Bou Said sempre foi
bem frequentada por artistas e pensadores internacionais,
como Paul Klee, Michael Foucault, Gustave Flaubert, Guy
de Maupassant e Simone de Beauvoir.
Parte dessa turma costumava trocar ideias no Café des
Nattes, ainda hoje ícone no vilarejo. Por dentro, a decoração
continua preservando
os mesmos estilos bi-
zantino e andaluz de
quando foi inaugura-
do. O menu, por sua
vez, ganhou inserções
importantes ao longo
dos anos, como o lom-
bo de porco recheado
com compota de ce-
bola. O prato pode ser
acompanhado do tra-
dicional chá de menta
com pinhões.
Outro reduto de pe-
so é o fotogênico Ca-
fé des Delices, que, de
CÊRAMICAS FAMOSAS DE SIDI BOU SAID
Entre tradição e modernidade... fique com os dois.

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em 31/10/23 ao câmbio de US$1 = R$5,20, e válidos para embarque 05/02/24. Valore sujeitos à variação [email protected]
cambial, disponibilidade e reajuste sem aviso prévio. Preço não é válido para grupos. flot.viagens
TUNÍSIA

tanto aparecer em quadros, cartões-postais e capas de re-


vista, acaba tendo preços um pouco mais salgados do que a
média – mas é o que se paga para ver o mar de camarote.
Também as portas enfeitadas de Sidi Bou Said rendem
fotos infinitas. Refletindo o poder econômico da família que
reside na casa em questão, cada uma exibe um adorno di-
ferente. São tantas para ver que o ideal é deixar-se perder
pelos caminhos. Em comum, o tom que predomina é sem-
pre o azul. Isso porque o pintor francês Rodolphe d'Erlanger
teve a ideia de pintar o seu palácio, o Dar Ennejma Ezzahra,
de azul e branco na década de 1920 – e a moda bombou.
Hoje, o casarão abriga o Centro de Música Árabe e Mediter-
rânea, que promove concertos e exibe acervo com instru-
mentos musicais, livros, fotografias e gravações.

ARQUITETURA AZUL E BRANDE DE SIDI BOU SAID


TUNÍSIA

O CHARME DE SIDI BOU SAID ESTÁ EM SUAS


RUELAS E NAS DECORADAS PORTAS AZUIS

Bem mais antigo, com raízes no século 18, o Dar el Anna-


bi é outro palácio pomposo que transborda personalidade.
Foi a residência de verão da endinheirada família Annabi
por cinco gerações, até se converter em museu. Parte dos
50 cômodos da mansão está aberta à visitação, como o pá-
tio em estilo andaluz com vista para o mar, onde é servido
(mais) um chazinho de menta aos visitantes. Alguns quar-
tos exibem estátuas de cera que mostram as tradições de
uma abastada família tunisiana, como a cerimônia da hen-
na, realizada dias antes de um casamento.
E aqui estão mais duas dicas para quem curte arte e mo-
da: a Selma Feriani Gallery, que é uma galeria de arte con-
temporânea montada nas instalações de um antigo con-
vento dos anos 1960; e a Dar Alaia, a casa do afamado
estilista tunisiano Azzedine Alaia, queridinho das top mo-
dels dos anos 1980. Hoje o espaço exibe as ousadas peças
idealizadas por ele.
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TUNÍSIA

VISTA DO HOTEL THE ORANGERS


GARDENS, EM HAMMAMET SUD

HAMMAMET
Foi Hammamet, a 65 quilômetros de Túnis, a responsá-
vel por colocar as praias da Tunísia na lista de desejos dos
viajantes de luxo, seduzindo com sua combinação de Mar
Mediterrâneo azul-turquesa e areias tão finas como fari-
nha. Em meio à arquitetura branquinha que compete com
os balneários mais cobiçados da Grécia, reluzem hotéis cin-
co estrelas, como o impecável La Badira.
Mas não são apenas os endinheirados que aproveitam a
vida por aqui. Hammamet é eclética e acolhedora. Para sim-
plificar a vida do turista, a cidade foi dividida em três partes.
Yasmine-Hammamet e Hammamet Sud são onde você vai
investir a maior parte do tempo. As regiões agrupam hotéis-
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-resort, bares, baladas, cassino, campo de golfe, marina e


centros de talassoterapia, a especialidade da Tunísia, que
consiste em tratamentos estéticos e de saúde com base em
propriedades marinhas.
Na outra parte, Hammamet Nord, a paisagem muda: os
hotéis e a vida à beira-mar dão lugar ao cenário histórico e
cultural da medina, bem mais compacta e tranquila do que
a de Túnis. Entre as casas branquinhas com tetos abobada-
dos, a fortaleza Casbá, do século 9º, fica em evidência. Pa-
ra uma pausa, aposte no Café Sidi Bouhdid, que tem me-
nu simples, com crepes doces e salgados, pizza, bolos, café
turco e, claro, chazinho de menta. Lugar perfeito para ver
o pôr do sol no centro de Hammamet – com a vantagem de
os preços ainda não terem sido acometidos pela fama.

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EL JEM
Pegando estrada em direção ao sul, chega-se à cidade
de El Jem, a 70 quilômetros de Sousse. O destaque ali é
único e soberano: seu anfiteatro em estilo romano é a se-
gunda maior ruína do gênero ainda existente no mundo,
atrás apenas do Coliseu da capital italiana. Apesar de mais
compacto, o tunisiano, que também é Patrimônio Mundial
da Unesco, tem uma boa vantagem em relação ao irmão
maior: você não vai enfrentar filas nem esbarrar em multi-
dões durante a visita.

ANFITEATRO DE EL JEM
TUNÍSIA

O anfiteatro de El Jem foi construído em 238 à semelhan-


ça do original romano, para receber até 35 mil pessoas du-
rante os espetáculos com gladiadores e animais selvagens,
numa época em que a cidade atendia pelo nome de Thys-
drus. A construção tinha inovações como sistema de água,
corredor subterrâneo com celas e uma técnica para elevar
os leões na parte central da arena oval.
Quase 1.800 anos depois, apenas uma pequena parte do
anfiteatro está destruída. De resto, arquibancadas, arena e
passagens subterrâneas seguem intactas. E em pleno uso:
entre julho e agosto, o El Jem se transforma em palco para
o Festival Internacional da Música Sinfônica, com concertos
realizados à luz de velas.

ARQUIBANCADA DO ANFITEATRO DE EL JEM


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PRAIA EM SOUSSE

SOUSSE
A cidade de alma boêmia, que mescla pontos turísticos,
praias gostosas e ferveção nas melhores baladas no país,
é conhecida como a “Ibiza da Tunísia”. E não para por aí:
também oferece muitos centros de tratamentos de talas-
soterapia, produz o melhor azeite de oliva da África e en-
canta com sua medina do século 9º, considerada Patrimô-
nio da Humanidade.
E não é uma medina como as outras. Aqui, há espaço de
sobra para flanar entre as lojinhas dos souks Er Ribba e El
Kayed e entre os edifícios erguidos dentro dos dois quilô-
metros e meio de muralhas fortificadas, da época em que
os árabes conquistaram a região. A Casbá, erigida no sécu-
lo 11 no ponto mais alto da medina, é o melhor lugar para
entender o alvoroço humano e arquitetônico de Sousse. Ali
fica o Museu Arqueológico, com uma farta coleção de mo-
saicos romanos dos séculos 2º e 3º.
TUNÍSIA

Entre as 24 mesquitas presentes na região, a mais em-


blemática é a Grande Mesquita de Sousse, datada de 851.
Ela foi construída como alternativa a Ribat, o templo mais
antigo da medina, que já não suportava o número de con-
vertidos ao islamismo. Em ambas as mesquitas, não mu-
çulmanos não podem entrar no salão de orações e em ou-
tras áreas sagradas.
Quase emendada a Ribat, fica uma área da medina de-
dicada a temperos como a onipresente harissa (uma pasta
apimentada à base de especiarias), flores de jasmim, ber-
gamota, figo da Índia, almíscar e rosas. Essas mesmas flo-
res, aliás, são exportadas da Tunísia para a França para a
produção de seus perfumes mais desejados. A exemplo de
outras medinas, aqui também há centenas de lojinhas de
cerâmica, tapetes e presentinhos em geral.

CIDADE DE SOUSSE
TUNÍSIA

Para compras mais “internacionais”, o enorme Mall of


Sousse tem 120 lojas, incluindo marcas conhecidas em to-
do o mundo. Está a apenas cinco minutos de carro do El
Kantaoui, marina que reúne também hotéis com spas de
talassoterapia, campos de golfe, restaurantes, bares e ca-
sas noturnas. Durante o dia, é endereço dos praticantes de
esqui aquático e parapente. De noite, tem as baladas mais
disputadas, como a Rediguana e a Platinum Metalika, es-
pecialmente entre junho e outubro.
Para curtir praia, a pedida é Boujaffar. Alguns trechos de
areia são reivindicados por hotéis como o Mövenpick Resort
& Marine Spa Sousse, que coloca suas espreguiçadeiras tam-
bém à disposição de não hóspedes, mediante taxa de day-use.

A GRANDE MESQUITA DE SOUSSE RIBAT DE SOUSSE


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TUNÍSIA

ACIMA, A MEDINA DE KAIROUAN.


NO DETALHE, CUSCUZ DE CORDEIRO
DO RESTAURANTE EL BRIJA

KAIROUAN
Haje é o nome dado à peregrinação dos
muçulmanos à cidade de Meca, na Arábia
Saudita. É o último dos cinco pilares do isla-
mismo e, de acordo com o Alcorão, deve ser feito ao
menos uma vez na vida pelos muçulmanos. Como nem to-
dos têm a chance de cumprir a façanha, aceitam-se tam-
bém outras formas parceladas para completar a Haje. Uma
delas é visitar sete vezes Kairouan, a quarta cidade mais
sagrada da religião, depois de Meca, Medina e Jerusalém.
Só por aí já dá para imaginar o tamanho do orgulho que os
tunisianos sentem de Kairouan, que é considerada Patrimô-
nio Mundial da Unesco.
TUNÍSIA

A razão da peregrinação à cidade, que fica a 70 quilô-


metros de El Jem rumo ao interior do país, é a sua Grande
Mesquita, a primeira construída no país, em 670 – e tam-
bém a mais antiga em toda a África. Do século 8º, seu mi-
narete (a torre de onde os muçulmanos são convocados à
reza) é também o primeiro a ter sido erigido no mundo.
A versão que se vê da mesquita atualmente é resulta-
do de várias repaginações feitas ao longo dos séculos com
o intuito de acomodar cada vez mais fiéis. A estrutura ex-
terior, com paredes de quase dois metros de espessura,
lembra uma fortaleza edificada dentro da medina de Kai-
rouan. Em seu interior, reluz uma sequência de tesouros
arquitetônicos.
A GRANDE MESQUITA DE
KAIROUAN É DESTINO
DE PEREGRINAÇÃO PARA
OS MUÇULMANOS
TUNÍSIA MESQUITA DE KAIROUAN

A Grande Mesquita tam-


bém foi pioneira, na arqui-
tetura islâmica, em usar a
técnica de arcos em forma
de ferradura, sustentados
por colunas em estilos jô-
nico, coríntio e bizantino.
São cerca de 500 colunas e
nenhuma é igual à outra. Isso
porque muitas delas foram trazi-
das das ruínas de Cartago, Dougga e
Sousse. O pátio é aberto à visitação, mas a entrada à sala
de orações é restrita aos muçulmanos. Os curiosos podem
espiá-la do lado de fora.
O próximo ponto importante de Kairouan é a Mesquita
das Três Portas. Construída em 866, tem a mais antiga fa-
chada minuciosamente decorada de uma mesquita. Outras
formas populares de templos religiosos em Kairouan levam
o nome de zauia e são mausoléus disfarçados de mesquita.
A Zauia de Sidi Sahab, datada de 1662, ainda tem mais
uma serventia: também é uma madraça (escola de estudos
do Alcorão). Mas a sua principal atribuição é ser o jazigo de
Abu Zama El Belaoui, um dos companheiros do Profeta Ma-
omé. Assim como na Grande Mesquita, apenas os pátios e
as galerias, decoradas do chão ao teto com belos azulejos
mouros, são abertos à visitação.
TUNÍSIA

A 200 metros da Zauia de Sidi Abed el Ghariani, uma das


mais admiráveis de Kairouan, fica o famoso poço Bir Barou-
ta, do século 17. Segundo a lenda, um canal subterrâneo o
conectaria à fonte Zamzam, em Meca, que, por sua vez, teria
surgido no deserto para saciar a sede de Ismael, filho do pro-
feta Abraão. Resultado: peregrinos vêm em penca para be-
ber a água benta puxada do poço por um pobre dromedário.
Cansado do périplo entre mesquitas e zauias? Então é ho-
ra de mudar de ares para bater perna no labirinto de ruelas
espremidas entre os 3,5 quilômetros de muralhas que de-
limitam a medina de Kairouan desde o século 18. Foi nes-
sa parte que os primeiros árabes que chegaram à Tunísia
se estabeleceram, em 670 – e, como nunca havia sido ha-
bitada antes por fenícios, romanos, otomanos ou bizanti-
nos, Kairouan é a única cidade no país sem qualquer ruína
de outros povos.

ARQUITETURA ISLAMICA DE KAIROUAN


TUNÍSIA

Diferentemente das medinas muvucadas de Túnis e Sous-


se, aqui a pegada são ruas tranquilas tomadas por casas
residenciais, decoradas com gaiolas e mãos de Fátima. O
fervo das compras fica todo no souk coberto da avenida 7
de Novembro – Kaioruan, aliás, é considerada a “capital
nacional dos tapetes”, graças à sua ampla produção de di-
versos estilos tradicionais.
Parte da muralha da medina acomoda o restaurante El
Brija, que, apesar da ambientação andaluza, serve ícones
da culinária tradicional da Tunísia. Prepare-se para recarre-
gar as energias com porções enormes de salada mechouia,
cuscuz de cordeiro e cuscuz de peixe.

TAPETES DE KAIROUAN
TUNÍSIA

AS CASAS TROGLODITAS TÊM PÁTIOS CENTRAIS

MATMATA
Para os desavisados, a região de Matmata, 280 quilôme-
tros ao sul de Kairouan, poderia passar como uma paisa-
gem árida pipocada por montanhas de tons alaranjados.
E só! Mas uma olhadinha mais atenciosa nos montes en-
fileirados ao longo do pitoresco vale revela buracos intri-
gantes, que se assemelham a entradas de cavernas. Es-
sas aberturas são, na verdade, portas de acesso às casas
trogloditas, escavadas na terra pelos povos berberes des-
de o século 11.
TUNÍSIA

Essas entradas se conectam, via passagens subterrâne-


as, a uma série de cômodos e a um pátio central circular,
tudo perfurado dentro da rocha. Algumas chegam a ter dois
ou três andares, dependendo da altura na montanha, e po-
dem abrigar diferentes gerações de uma família inteira.
Historiadores sustentam que tal arquitetura era uma for-
ma de proteção contra os ataques impiedosos dos árabes.
Para efeitos práticos, esse tipo de construção ainda ajuda
a aplacar o calor de até 50 oC nos dias de verão ou o frio
cruel nas noites de inverno, já que, faça chuva ou faça sol,
a temperatura dentro de uma casa troglodita ficará sempre
em torno dos 20 oC.
Matmata é um dos poucos vilarejos berberes remanes-
centes na Tunísia e um dos raros lugares no país onde o

PORTAS ESCAVADAS NA ROCHA


TUNÍSIA

idioma amazigh ainda é falado depois da forte opressão im-


posta pelos árabes para disseminar o islamismo e sua cul-
tura (hoje, apenas 1% da população tunisiana adota uma
língua berbere).
Apesar de existirem quase 1.200 casas trogloditas em
Matmata, pouquíssimas continuam habitadas. A notícia boa
é que parte delas virou atração turística, abrindo suas portas
para mostrar como são quartos, cozinhas, pátios e a área
de tecelagem de tapetes berberes. As visitas costumam ter
batucada com instrumentos típicos, simulação de um casa-
mento berbere e pão quentinho servido com mel e azeite,
além do incontornável chazinho de menta açucarado.
Também há casas que deram lugar a hospedagens, co-
mo o Hotel Les Berberes, cujo restaurante subterrâneo ser-
ve comida caseira bem feitinha e cerveja tunisiana gela-
da, inclusive a não hóspedes. Tudo bem simples, porém

PATIO INTERNO DO HOTEL TROGLODITA LES BERBERES


TUNÍSIA

saboroso, como o frango com batata carregado na harissa,


o típico pastel brik e, de sobremesa, as mexericas mais su-
culentas que você vai provar na vida.
De tão insólita, a paisagem empoeirada de Matmata foi
o lugar escolhido por George Lucas para ser o cenário da
infância de Luke Skywalker, na saga Guerra nas Estrelas.
A casa do personagem, aliás, é o Hotel Sidi Driss e apare-
ce nos filmes Uma Nova Esperança, A Ameaça Fantasma e
Ataque dos Clones. O hotel funciona dentro de uma cons-
trução esculpida na terra, com 20 quartos conectados por
passagens subterrâneas. Apesar de bem básico e do ba-
nheiro compartilhado, ele não decepciona os fãs ao exibir
memorabília original dos filmes, réplicas de robôs usados
nas filmagens e uma sala decorada com fotos do elenco. A
diária inclui café da manhã, com possibilidade de acrescen-
tar almoço e jantar no pacote, para comer na mesma me-
sa à qual se sentava Luke Skywalker.

O HOTEL LES BERBERES OCUPA UMA ANTIGA


CASA TROGLODITA ESCULPIDA NA ROCHA
TUNÍSIA

TRADIÇÕES E COMPETIÇÕES LOCAIS FAZEM


PARTE DO FESTIVAL INTERNACIONAL DO SAARA

DOUZ E SAARA
Verdade seja dita: o motivo da ida a Douz, uma cidadezi-
nha de 28 mil habitantes a 90 quilômetros de Matmata, não
é mérito todo dela. É que Douz funciona como uma cortina
para o Deserto do Saara e é aqui o melhor ponto de parti-
da para os carros 4x4, que seguem rumo aos acampamen-
tos beduínos erguidos dentro do Parque Nacional de Jebil.
Douz ainda não é o deserto propriamente dito, mas já dá
uma palinha do que esperar do Grande Erg Oriental, como
é chamada essa porção enorme do deserto que começa na
Argélia e se estica até o sul da Tunísia. Ali você pode fazer
passeio de dromedário ou de quadriciclo pelas dunas e bis-
bilhotar o centrinho – se for uma quinta-feira, tem merca-
do ao ar livre atrás da mesquita, com vendedores de ca-
bras, ovelhas, mulas e dromedários.
TUNÍSIA

Interessante ainda conhecer o palmeraie, um dos maio-


res de todos os oásis de deserto da Tunísia, com quase
meio milhão de palmeiras – principalmente de tâmaras,
que você vai comer em todas as versões, inclusive em pu-
dins, iogurtes, bolos e drinques. Também pode visitar o
Museu do Saara que, apesar de compacto, esmiúça bem a
cultura beduína e o estilo de vida no deserto.
Mostrar as tradições locais também é o intento do ba-
dalado Festival Internacional do Saara, que acontece nos
meses de dezembro desde 1910. O evento começou co-
mo uma feira anual de noivas beduínas e se transformou
em uma celebração da cultura saariana, com exibição de
esportes do deserto, maratona de dromedários, corridas
de cavalos e de cachorros, luta livre, concurso de poesias,
músicas e danças tradicionais e desfiles de cavaleiros.
Feitas as devidas introduções em Douz, vamos ao Saara.
A experiência nessa parte do país começa com a viagem
em carro 4x4, em um
trajeto de duas horas,
feito parte em estra-
da asfaltada, parte
em estrada de terra e
mais uma boa parte
sacolejando pelas du-
nas, com direito a do-
ses de adrenalina que
LOJA DE TAPETES EM DOUZ
TUNÍSIA

vão depender da habilidade do seu motorista, já que, uma


hora ou outra, o carro vai ficar atolado no mar de areia fofa.
Para quem quer passar a noite de forma bem raiz no meio
do deserto, o destino são acampamentos como o Camp Mars,
distantes de tudo, a começar do 4G. Eletricidade e água cor-
rente também passam longe dali, mas é bom que seja assim
para deixar a vivência bem próxima da realidade beduína.
Inesquecível ver o pôr do sol alaranjado do alto de uma
duna, tomar vinho tunisiano ao redor da fogueira enquanto
se assiste ao preparo do taguella (o pão berbere assado nas
cinzas), provar pratos típicos do sul da Tunísia e se divertir
olhando para as constelações. Se tiver pique para pular ce-
dinho da cama e encarar a subida ao alto da duna, verá um
nascer do sol memorável ao lado do imponente Monte Tem-
baine, a maior montanha rochosa do Saara tunisiano. Com
mais tempo, o Camp Mars também oferece atividades ex-
tras como passeio de dromedário, tour de jipe pelas dunas,
sandboard e aulas de ioga.

PASSEIO DE DROMEDÁRIO
TUNÍSIA

TOUZER
Tozeur é, literalmente, um oásis, distante 130 quilômetros
de Douz. A cidade fica em uma área fértil ao pé das Mon-
tanhas Atlas, região em que a presença de água permitiu a
plantação de um palmeiral com mais de 200 mil árvores. É
daqui, inclusive, que sai o segundo produto mais famoso de
Tozeur: as tâmaras com a reputação de serem as melhores
da Tunísia – uma competição acirrada em um país com mais
de 10 milhões de tamareiras!

O OÁSIS DE CHEBIKA
TUNÍSIA

O primeiro lugar no pódio da fama em Tozeur fica para os


filmes gravados nos arredores da cidade. O cineasta George
Lucas colocou-a no mapa internacional do turismo ao ele-
ger as planícies áridas próximas a Ong Jmal como cenário
da cidade de Mos Espa em filmes de Guerra nas Estrelas. As
quase 20 construções abobadadas erguidas para ser o porto
espacial do planeta Ta-
tooine estão intactas
e abertas à visitação.
Os fãs podem cami-
nhar livremente entre
os prédios, entrar nas
casas, tirar fotos e ou-
vir as histórias de bas-
tidores contadas pe-
los guias. Com uma
formação rochosa que
lembra o pescoço e a
cabeça de um camelo,
o panorama desértico
de Ong Jmal também
aparece em O Pacien-
te Inglês e Indiana Jo-
nes e os Caçadores da
Arca Perdida.
LAGO CHOTT EL JERID
TUNÍSIA

Os tours guiados visitam ainda a estrutura construída pa-


ra ser o exterior da casa de Luke Skywalker (o interior, como
já sabemos, era a casa troglodita de Matmata). Em forma
de iglu, foi erguida em um mar de areia à beira do lago sal-
gado Chott El Jerid, a maior planície de sal de todo o Saara,
agora completamente seco. Por ali, onde antes havia água,
é possível ver restos de um barco e de um ônibus atolados
e, com sorte, achar rosas do deserto, que são formações de
areia cristalizada muito comuns por aqui.
Alguns oásis na vizinhança de Tozeur garantem a fertilida-
de na região, como o Chebika, um dos três principais oásis
de montanha da Tunísia. Além de providencial para o culti-
vo de tâmaras, romãs, damascos, pêssegos e laranjas, Che-
bika virou atração por reunir palmeiras, restos de uma vila

SET DE MOS ESPA


TUNÍSIA
DROMEDÁRIO USADO
PARA TIRAR FOTOS NO
berbere abandonada e até ru- SET DE STAR WARS

ínas romanas. Tudo isso em


meio a montanhas esculpi-
das pelo mar há milhares de
anos e uma cachoeira que,
mesmo com a estiagem que
castiga a região, jorra água
sem parar.
Já dentro dos limites urba-
nos, a medina de Tozeur, a Ou-
led el Hadef, datada do século 14,
é uma das mais bem preservadas da
Tunísia e é onde se tem a melhor perspectiva da arquitetura
de alvenaria texturizada típica da cidade. Ao zanzar pelo la-
birinto de ruelas, notam-se bem os prédios de tijolos ama-
relo-acastanhados, feitos por artesãos com técnicas cente-
nárias – o terceiro produto mais famoso de Tozeur.
Uma pausa na andança para descansar os pezinhos no
rooftop do Café Berbère garante uma visão privilegiada do
bairro Ouled el Hadef, enquanto o chazinho de menta cum-
pre novamente a sua função reconfortante. Até aqui, você já
vai ter perdido as contas de quantas vezes vai ter provado a
bebida mais ilustre do norte da África, porque, mesmo que
a Tunísia se apresente em sua nova versão, tradições não se
abandonam jamais.
Viagem a convite de ONTT (Organização Nacional de Turismo da Tunísia) e da
Gold Experiences.
TUNÍSIA

FOUR SEASONS TUNIS LA BADIRA

ANANTARA SAHARA TOZEUR RESORT & VILLAS

ONDE DORMIR

TÚNIS Com praia privativa, o Four Seasons fica na badalada região


de Gammarth. Tem 203 acomodações, cinco restaurantes e bares,
duas piscinas e 11 salas de tratamento no spa. Mais acessível, no
mesmo bairro, o El Mouradi também capricha em piscinas, spa e
praia exclusiva.

HAMMAMET Retomando o glamour da Hammamet dos anos


1930, o incrível La Badira tem como destaque seu restaurante
Adra, de culinária tunisiana, e a piscina com borda infinita de
frente para o mar. O all-inclusive The Orangers Garden Villas &
Bungalows é conectado ao Mediterrâneo por um pedaço de areia
com espreguiçadeiras e gazebos. Entre as acomodações, tem
chalés com piscina privativa.
TUNÍSIA

EL MOURADI DOUZ TINIRI CAMP

SOUSSE Debruçado sobre o mar, o Mövenpick Resort & Marine Spa


é um complexo turístico orientado para famílias, com praia particular,
piscinas, quadras, recreação infantil e spa com talassoterapia.

DOUZ Apesar de precisar de uma reforma nas acomodações, o El


Mouradi Douz capricha na área de lazer com piscina gigantesca,
piscina infantil, academia e banho turco.

SAARA Acessível somente em veículo 4x4, o Camp Mars é um


acampamento para quem quer viver uma experiência imersiva no
deserto, sem eletricidade, internet ou água corrente, em uma das 34
tendas. Já o Tiniri Camp é a pedida para aqueles que não querem
perrengue: com conceito de glamping (glamour + camping), tem
fotogênicas tendas em estilo domo, com terraço privativo.

TOZEUR O Anantara Sahara Tozeur Resort & Villas tem 93


acomodações, algumas com piscina privativa e terraço pé na
areia. Para completar, tem ótimos restaurantes, três piscinas, spa
com banho turco, academia, quadra de tênis, estúdio de ioga,
kids club e um bar de uísque e charutos. Já o Hôtel Ras El Ain
Tozeur, próximo à medina, tem piscina ao ar livre, piscina coberta
aquecida e infantil, academia e banho turco.

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