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Metodologia de

Ensino de Filosofia
Material Teórico
A Educação e Rosseau

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Euclides Amador da Silva

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A Educação e Rosseau

• A Educação e Rosseau

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta unidade discutiremos a importância da Filosofia como
disciplina nos currículos escolares do ensino médio. Conheceremos
a história da Filosofia e os grandes filósofos.
· Trabalharemos com uma visão dos filósofos com seus pensamentos
voltados para a educação e conheceremos a grande importância e
preocupação da filosofia no processo da educação.
· Cada etapa trabalhada permitirá a vocês maior visão e maior baga-
gem para que no futuro vocês possam repassar esse aprendizado a
seus alunos.

ORIENTAÇÕES
Olá!

Para um bom aprendizado é necessário que você use todas as ferramentas


disponíveis, realize as leituras indicadas, acesse os sites com indicação de vídeos
e faça todas as atividades propostas.

Bom estudo e um excelente aprendizado!


UNIDADE A Educação e Rosseau

Contextualização
Ao iniciarmos esta unidade, convido você a pensar e refletir a respeito do
tema: A Educação em Rousseau. Para isso, gostaria de você conhecesse o texto
do link abaixo:

Princípios fundamentais da educação em Rousseau


Explor

Disponível em: http://goo.gl/GCnQiU

O texto mostrará a importância dos pensamentos de Rousseau voltados para a


educação e a filosofia.

Na sequência, indico um vídeo para que você assista e verifique como se faz
necessária a educação para o crescimento e evolução do homem, avaliando a
importância da ética e da moral para a formação e crescimento do aluno, pois
são esses atributos que farão do aluno, no futuro, um homem de bem digno para
viver em sociedade.

Jean Jacques Rousseau - Seu Legado para a Educação


Explor

Disponível em: https://goo.gl/8VYThu

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A Educação e Rosseau

Figura 1
Fonte: istock/getty images

Para que nós possamos estudar esse grande filósofo do período do Iluminismo e
que teve grande contribuição com seus pensamentos voltados para a Educação, é
necessário conhecermos sua trajetória.

Jean Jacques Rosseau ( 1712-1778 ) foi um filósofo social, teórico político e


escritor suíço. Foi o mais popular dos filósofos que participaram do Iluminismo,
que foi um movimento intelectual do século XVIII. Suas ideias influenciaram a
Revolução Francesa.

Nasceu em Genebra, Suíça, no dia 28 de Junho de 1712. Filho de um relojoeiro


ficou órfão de mãe logo ao nascer. Foi educado por um pastor protestante, e em
1722 ficou órfão de pai. Com 16 anos de idade foi para Savóia, Itália e sem meios
de se manter ele procurou uma instituição católica onde manifestou o desejo de se
converter. Quando do seu retorno a Genebra foi relojoeiro, pastor e gravador, sem
sucesso passou a demonstrar grande interesse pela música e a leitura.

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UNIDADE A Educação e Rosseau

No ano de 1742, mudou-se para Paris, onde aumentou e cultivou seus contatos
com alguns filósofos, com os quais amadureceu suas ideias que seriam publicadas
em seus livros. Publicou Discurso Sobre as Ciências e as Artes “ ( 1749 ), sendo
premiado com medalha de ouro pela Academia de Dijon. Em 1755, publica “
Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens “ no
qual aponta as bases sobre as quais se firma o processo gerador das desigualdades
sociais e morais entre os seres humanos.

Mas alguns de seus livros trouxeram grandes problemas para Rosseau. “Emílio,
ou da Educação”, obra pedagógica, e o “Contrato Social” lhe rendeu uma prisão
por serem obras que foram consideradas subversivas. Ele foi perseguido pelos
protestantes, e a convite do filósofo inglês David Hume, fugiu e refugiou na Inglaterra.

Passada a temporada do refúgio, Rousseau então se torna famoso dentro da elite


parisiense e é convidado para participar de discussões e jantares para expor suas ideias.

Ele viveu com uma amante um bom período e tiveram cinco filhos em Paris, e
não criou nenhum, acabou por colocá-los em um orfanato. Uma ironia, uma vez
que depois de anos escreve o livro Emílio ou Da Educação que ensina como se
devem educar as crianças.

No ano de 1762, Rosseau teve que abrigar-se na cidade de Neuchâtel, na Suíça,


pois ele estava sendo acuado na França por conta de suas obras que estavam sendo
julgadas como injúria às tradições morais e religiosas.

Em 1765, decidiu mudar para a Inglaterra aceitando o convite do filósofo


David Hume.

No ano de 1767, Rosseau retorna a França e conheceu Thérèse Levasseur, com


quem se casou.
Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim
da caminhada um objetivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver,
aquela que mais me agrada. (ROUSSEAU, Jean Jacques)

Para Rosseau, o homem possui uma capacidade racional que os outros animais
não têm. Uma dessas características está presente na fala, a linguagem, que é
própria do ser humano. E assim Rosseau escreveu suas ideias a esse respeito em
sua obra “ Ensaio sobre a origem das Línguas “ ( 1759 ). Nessa obra, ele enfatiza
o fato de que a capacidade da fala caracteriza o ser humano.

Nessa linha de raciocínio, Rosseau escreve no seu primeiro capítulo do Ensaio


sobre a origem das Línguas: “ A palavra distingue os homens e os animais; a
linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes
que ele tenha falado.” ( Rosseau )

Prosseguindo sua trajetória e sua apreciação e importância sobre a linguagem,


Rosseau considera que a linguagem nasce de uma profunda necessidade
de comunicação.

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Desde que o homem foi reconhecido por outro como um ser sensível,
pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar-
lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isto.
(ROUSSEAU, Jean Jacques)

E ao longo de sua existência, o homem segue desenvolvendo sua capacidade


de comunicação, e assim com o desenvolvimento da linguagem falada foi possível
criar a linguagem escrita que facilitava o entendimento da comunicação.

Rosseau coloca em sua obra que a língua foi criada na tentativa de representar
a liberdade humana de se expressar, e desta maneira relacionar-se com o mundo e
com os outros, na vida social e política, no pensamento e nas artes.
A juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de
praticá-la. (ROUSSEAU, Jean Jacques)

Diante de todos esses escritos e dessas grandiosas obras a que mais se destacou
e demonstrou sua influência no campo educacional é o livro Emílio, no qual ele
coloca seus pensamentos voltados para a educação e a pedagogia.

Nesta obra, ele descreve a educação de uma criança que é órfã de pai e de
mãe, e sem a influência do pai ou da mãe e das escolas, isolada da sociedade, e é
entregue a um professor ideal que a educa segundo os padrões da natureza e em
contato permanente com ela.

Para o autor, a natureza abrange tanto os instintos naturais, que são as emoções
primitivas, as primeiras impressões e sensações dos indivíduos, observado e visto
por tudo aquilo que não é humano, como os animais, as plantas, os fenômenos e
os elementos físicos, água, terra etc. E a partir desse conceito e desses contatos é
que deve ser feita a educação.

Rosseau se coloca contra as ideias predominantes na época sobre a natureza


humana. Segundo sua visão, a natureza humana seria essencialmente má, sendo
que o homem nasce com o pecado original, e caberá a educação, principalmente à
religiosa destruir a natureza original e trocá-la por outra modelada pela sociedade.

Na primeira frase da obra, já destaca o princípio básico do pensamento de


Rousseau: “Tudo é bom ao sair das mãos do autor da natureza; mas tudo se
degenera nas mãos do homem.”

E assim toda a educação deveria seguir o livre desenvolvimento da própria


natureza da criança e de suas inclinações naturais. Dessa maneira a primeira
educação, então seria puramente negativa.

Essa educação negativa era voltada a não ensinar os princípios da virtude ou da


verdade, mas em proteger o coração contra os vícios e o espírito contra o erro. A
educação negativa é aquela que trabalha para aperfeiçoar os órgãos do corpo, a
que exercita os sentidos, os que são o caminho para a razão.

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UNIDADE A Educação e Rosseau

Neste período, a criança ainda não está e nem tem condições de compreender
a verdade, de reconhecer de amar a bondade. Sendo assim só deve ser preparada
por meio da educação negativa, que será a proteção contra o vício e o erro, que é
o aperfeiçoamento dos órgãos e o exercício adequado dos sentidos.

Rosseau divide essa sua obra em partes:


Primeira parte ( nascimento até cinco anos ) - Idade da necessidade. Nesse
período, ele se preocupa, entre outras questões com a amamentação, visa que
educação ideal deve ser recebida pela mãe que a amamenta e pelo pai, estando
os dois em pleno acordo, representando assim para a criança uma só pessoa,
colocando que o banho seja inicialmente morno e que a temperatura da água
seja gradativamente reduzida, para que a criança possa se acostumar com todas
as temperaturas. Fala também das restrições as quais a criança geralmente era
submetida nesse período; o excesso e aperto das roupas, a falta de liberdade e a
vida fechada, a repressão às inclinações e aos desejos naturais e a punição antes que
a criança consiga entender o erro e o motivo da punição . Sendo que a liberdade
segundo a natureza, que tornará a criança forte e criará um corpo obediente e
protegido contra o vício.

Segunda parte ( de cinco a doze anos ) - Idade de exercitar o corpo, os órgãos,


os sentidos e as aptidões. A alma da criança precisa ser mantida em repouso tanto
quanto possível. Nesse período, a educação deve ser negativa, e a educação moral
deve ser consequência natural do desenvolvimento da criança. Não se pode e nem
deve forçar ou modelar o espírito da criança através da imposição de ideias que a
criança não entende. Na visão de Rosseau, segundo a natureza, as crianças devem
ser crianças antes de serem homens. O autor alega que não devemos forçar a
criança, mas sim treinar os seus sentidos através do contato íntimo com as forças
e fenômenos da natureza. Dessa maneira a criança julga, prevê e raciocina sobre
tudo o que se relaciona com ela.

Terceira parte ( de doze a quinze anos ) - É a fase em que ocorre a aquisição


de conhecimentos. Mas esses conhecimentos devem estar de acordo com a
curiosidade, com a ânsia de conhecer que vem dos desejos naturais. A prova do
conhecimento será na sua colocação e emprego na prática, excluindo, rejeitando–
se os conhecimentos pelos quais o indivíduo não tem gosto natural e aceitando–se
aqueles aos quais o indivíduo é conduzido pelo instinto. A aprendizagem de um ofício
tem muitas vantagens sociais e ajuda na educação. No final desse período, Emílio é
trabalhador, sóbrio, paciente, firme e corajoso. Possui poucos conhecimentos, mas
o que possui realmente é seu, nada saiu pela metade.

Quarta parte ( dos quinze aos vinte anos ) - É nesse período que se educa o coração
, para a vida em comum e também para as relações sociais. Para o homem, o mais
adequado é o estudo das relações. Enquanto ele não conhece senão sua existência
física, o estudo é construído com sua relação com as coisas, sendo este o emprego
da infância. Quando ele começa a sentir a sua existência moral, deve aprender

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sobre as suas relações com a humanidade, porque esta é a ocupação própria de
toda a sua existência. É nesse período também que desenvolvem as noções do bem
e do mal, colocado também como um período de educação religiosa.

E finalmente a quinta parte ( dos vinte aos vinte e cinco anos ) – Trata-se da
idade da sabedoria , voltado para o tratamento da educação política de Emílio e sua
inserção na ordem civil. A formação do aprendiz nessa etapa se dará por meio de
viagens a outros países, e será exigido um estudo mais aprofundado dessas culturas
e lições de direito público. Sendo que esse recurso fazia parte de uma viagem de
formação, principalmente para aquelas regiões berço da civilização ocidental como
Itália, Roma, Florença, e especialmente a Grécia e Atenas. Isso era um recurso
pedagógico bastante usual na época para os jovens.
Cada idade tem as suas inclinações, mas o homem é sempre o mesmo.
Aos 10, é levado por doces, aos 20 por uma amante, aos 30 pelo prazer,
aos 40 pela ambição, aos 50 pela avareza.

Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira.


(ROUSSEAU, Jean Jacques)

As principais contribuições de Rousseau que influenciaram a educação foram


quatro: a educação natural, a educação como processo, a simplificação do processo
educativo e a importância da criança.

A educação natural, colocada como um processo natural e não artificial, deve


ocorrer por meio da ação e dos instintos e das forças naturais e não por meio
de imposições externas. Desta maneira a educação deve respeitar o processo de
desenvolvimento natural da criança, que ainda não é um adulto e dado a esse fato
não deve estudar matérias de adulto.

A educação como processo, é colocada como contínua, que vai durar a vida
inteira. E por esse motivo não se deve forçar a criança a aprender coisas de adultos,
que ela ainda não apresenta condições de aprender. Dando–se liberdade às forças
naturais, transformando-se o processo de desenvolvimento numa vida agradável,
saudável, equilibrada e natural.

A educação deve ser tão simples quanto é simples a natureza. A Geografia deveria
ser ensinada nos bosques, campos, pelo estudo dos rios, da chuva, da mudança da
temperatura, a Botânica estudada junto com as plantas, quanto a Química e Física
já deveriam ser ensinadas por meio da ciência e da experimentação etc... E ficaria
restando História, que seria por meio de leitura e ela só entraria no último período
de desenvolvimento da criança.
A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o
miserável. (ROUSSEAU, Jean Jacques)

Até Rousseau a criança era tratada e considerada como um pequeno adulto, um


adulto em miniatura, era tratada dentro dos padrões adultos, vestindo-se com roupas
de adultos, aprendendo coisas de adultos. Rousseau praticamente foi primeiro a

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UNIDADE A Educação e Rosseau

considerar a criança como criança, com sentimentos, desejos e ideias próprias


diferentes dos adultos. Ele foi o precursor da psicologia do desenvolvimento ao dar
atenção para as diversas fases do desenvolvimento da criança e agir em defesa de
uma educação diferente para cada fase, na qual o processo seria determinado pela
natureza da criança e do seu crescimento.

Rosseau recebe diversas críticas em sua trajetória pelo fato de que alguém que
não educou os próprios filhos pode escrever sobre educação das crianças. Mas as
contradições e incoerências foram suas companheiras constantes na vida que levou.

Ele foi um grande teórico da educação, seu pensamento constitui um marco na


pedagogia contemporânea. Rousseau considerava a criança como um ser superior
ao adulto porque ela possui uma inocência infantil e natural, e tinha em si a condição
original de existência humana.

Essa época citada era uma época em que os pais deixavam seus filhos sob a guarda
de preceptores, amas e governantas desqualificadas para desfrutarem mais de suas
vidas ou em conventos e colégios que tinham apenas a preocupação de tornar esses
pequenos seres em adultos em miniaturas. Muitos filósofos questionaram também,
mas apenas Rousseau foi quem criou um ideal filosófico de um sistema pedagógico.
Era de suma importância para Rousseau que essa situação fosse mudada, que as
crianças fossem respeitadas criadas em um meio mais natural, longe dos interesses
dos adultos e da injustiça.

Rousseau se preocupa com a filosofia da educação, sendo seu verdadeiro estudo


a condição humana, a interação do homem numa sociedade moral.

A partir de Rousseau começou a crescer a tendência psicológica na educação,


o grande interesse em ver a educação a partir da natureza da criança, dos seus
reais instintos, das suas capacidades, em oposição aos padrões e normas impostos
pela sociedade.
Toda a maldade procede da fraqueza; a criança, porque fraca, é má; dai-
lhe forças, torná-la-eis boa. (ROUSSEAU, Jean Jacques)

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
História da Educação
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. São Paulo: Moderna,1989.
Novo Ensino Médio
CHAUÍ, Marilena. São Paulo: Ática, 2004.
Filosofia e História da Educação 15
PILETTI, Claudio &PILETTI Nelson. ed. São Paulo: Ática
Emílio ou Da Educação
ROUSSEAU, Jean Jacques. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes,1999.

Vídeos
Jean Jacques Rousseau - Sua Vida
https://goo.gl/8VYThu
Menino de Carvão
https://goo.gl/4KUS6v

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Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia – 5.ed. – São Paulo: Martins
Fontes , 2007.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação. São Paulo:


Moderna, 1989.

CHAUÍ, Marilena, Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2004.

PILETTI, Claudio; PILETTI Nelson, Filosofia e História da Educação. 15.ed. São


Paulo: Ática.

ROUSSEAU, Jean Jacques, Emílio ou Da Educaçãoe. 2d. São Paulo: Martins


Fontes,1999.

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