Texto - Paixão de Cristo de Santa Rita 1 PDF

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Cena 1 - Tentação do deserto

Anjo:

No princípio era o Verbo. E o Verbo era Deus, o verbo estava em Deus.


Ele estava no princípio em Deus.
Todas as coisas foram feitas por Ele e nada do que foi feito, foi feito sem Ele.
Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandecia nas trevas e as trevas não a compreenderam.
Era a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo.
Estava no mundo e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

Mas a todos que o receberam e a todos que creem no seu nome, deu o poder
de se tornarem filhos de Deus.

Os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, nem da vontade


do homem, mas pela graça de Deus.

E o verbo se fez carne e habitou entre nós.


E nós vimos a sua glória, a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade.

E Ele dominará de um a outro mar, desde os grandes rios até os confins da


terra.
Florescerá em seus dias a justiça e abundância da paz, até que cesse a lua de
brilhar.

(Fumaça e música tensa)

Demônio 1: Jesus? Jesus de Nazaré?

Demônio 2: Há quarenta dias que ele ora.

Demônio 3: Há quarenta dias que ele jejua.

Demônio 4: Deve ter fome, dai-lhe de comer.

Demônio 1: Se és o filho de Deus, manda que estas pedras se convertam em


pão.

Jesus: Está escrito.


Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai dos lábios de
Deus.
Demônio 2: Se és o filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque foi dito “E
recomendou aos seus anjos o cuidado de ti e eles te tomarão nas mãos para
que não tropeces com o teu pé na pedra”.

Jesus: Também foi dito “Não tentarás o senhor teu Deus”.

Demônio 3: Eis o mundo, ali, resplandecente de ouro e mármore, é Roma.


Dali Tibério domina a terra. Sobre as cinzas das nações conquistadas os
Césares construíram este imenso império. O ódio foi que deu isto a Roma, pois
só pelo ódio se conquista e se constrói.

Demônios: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cegos,


tronchos e aleijados.

Demônios: Junta o ódio daqueles que odeiam porque nasceram cheios de


doenças e encobertos de miséria.

Demônios: Junta o ódio daqueles que odeiam porque sofrem fome e sede.

Demônios: Junta o ódio que sublima nos olhos dos revoltados, escravizados e
dos que sofrem injustiças e iniquidades.

Demônio 4: Pega também o teu corpo e a tua alma e enche-os de ódio até a
fronteira da loucura.

Demônio 1: Toma então esse mar de ódio e com ele varre a face da terra.

Demônio 2: Pede-me este ódio e eu te darei.

Demônio 3: Com ele terás poder, com poder terás o mundo.

Demônio 4: Muita coisa te darei, se me adorares tudo será teu.

Jesus: Retira-te Satanás! Porque está escrito


“Ao Senhor teu Deus adorarás e somente a ele servirás”.

Demônio 1: Então me expulsas?

Demônio 2: Escuta Jesus! Tu te glorias com o nome de judeu, julga ser a luz dos
que erram nas trevas, mas aí estão tu e teu povo, há 500 anos à espera de um
Messias.

Demônio 3: Aqui está quem tu expulsas, quem tem poder para fazer-te maior
do que Moisés, que de uma leva de escravos fez uma nação.

Demônio 4: Buscas o trono de Davi e aqui está quem tu expulsas, quem tem
poder para dar-te um trono maior do que o de Tibério.
Demônio 1: Ai de ti Jesus de Nazaré.

Demônio 2: Ai de ti que terás teu corpo reduzido a cacos como um vaso de


leiro.

Demônio 3: Ai de ti Jesus, Carpinteiro de Nazaré.

Demônio 4: Ai de ti que serás desprezado, o último dos homens, um homem de


dores, um homem ferido por Deus e humilhado.

Demônio 1: Ai de ti Jesus, Carpinteiro de Nazaré.

Demônio 2: Ai de ti, que terás a tua alma triste até a morte.


Cena 2 - Sermão da Montanha

Jesus: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me


para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração,

Para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para
pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.

Jesus: Pedro, André, Thiago, João. Vós sois os escolhidos.

Pedro: Eu não sou mais que um pobre homem carregado de pecados.

Jesus: De vós farei pescadores de homens.


Felipe, Bartolomeu, Tomé, Matheus, Thiago filho de Alfeu, Tadeu, Simão, Judas.

Cegos: Jesus, filho de Davi, dai-nos a tua luz.

Jesus: Bem-aventurados, vós que sois pobres, vosso é o reino de Deus.


Bem-aventurados vós que tendes fome, sereis saciados.
Bem-aventurados vós que agora chorais, sereis consolado.
Bem-aventurados os que tem cede de justiça, sereis justiçados.
Bem-aventurados os puros de coração, vereis a Deus.
Bem-aventurados os meigos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus.
Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo.
Mas ai de vós que sois ricos, já tendes a vossa consolação.
Ai de vós que estás fartos, sofrereis fome.
Ai de vós que agora rides, haveis de andar de luto e chorar.

Ensinaram-vos o que foi dito:


Amares o teu próximo e terás ódio ao teu inimigo.
Eu, porém, vos digo, abençoai os que vos amaldiçoam e orai pelos que vos
Caluniam.

Mendigo: Do que adiantará perdoar se todos me condenam?

Jesus: Sou eu que vos digo! Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos
odeiam, então será grande a vossa recompensa e sereis filho do altíssimo.

Ele que faz nascer seu sol sobre bons e maus e que faz chover sobre justos e
injustos.

Não julgueis e não sereis julgados.


Não condeneis e não sereis condenados.
Perdoai e sereis perdoados.
Mendigo: Dos antigos o que ouvimos foi:
Olho por olho e dente por dente.

Jesus: Conheceis os mandamentos:


Não matarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho.
Não cometerás adultério.
Honrarás pai e mãe.

E digo mais, que os ricos vendam tudo o que tenham e distribuam com os
pobres pois, mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que
entrar um rico no céu.

Mendigo: Se não tivermos campo nem colheita, como haveremos de comer?

Jesus: Não vos preocupeis com o que haveis de comer, de beber ou de vestir.
Não vale a vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestido?
Considerais os pássaros dos céus, não semeiam, nem recolhem em celeiros,
vosso Pai celeste é que lhe dá de comer.
Não sois acaso muito mais do que eles?
E por que andais inquietos pelo o que haveis de vestir?
Olhai como são belos os lírios do campo, não trabalham, não fiam, não tecem.
E, no entanto, eu vos digo que nem Salomão em toda sua glória, jamais se
vestiu como um deles.

Se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã será lançada
ao fogo, quanto mais a voz, homens sem fé?
Não andeis inquietos com o dia de amanhã, o dia de amanhã cuidará de si
mesmo.

Pedro: Mestre, quando virá o reino de Deus?

Jesus: O reino de Deus está dentro de vós.

Cegos: Filho de Davi, tem piedade de nós.

Cegos: Jesus, filho de Davi, cura os nossos males.

Mulher: Deixai-nos passar, queremos falar com o mestre, queremos falar com o
mestre, queremos falar com o mestre.

Pedro: Agora não, ele está ensinando.

Mulher: Por favor, é para que meu filhinho o veja.

Jesus: Deixai vir a mim as criancinhas.


Não as detenhais, porque delas é o reino de Deus.
Se não vos tornardes parecidos com as crianças, não entrareis no reino dos
céus.
Quem acolher uma criança, é a mim que acolhe.
Mas ai de quem escandalizar a um desses pequeninos que creem em mim.
Melhor seria que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o jogassem
ao fundo do mar.

Cegos: Filho de Davi, cura os nossos males.

Cegos: Tem piedade de mim, filho de Davi.

Jesus: O que queres que eu te faça?

Cegos: Faça que os nossos olhos se abram, Senhor!

Cegos: Senhor, dai-me a tua luz, meus olhos estão mortos.

Jesus: Credes que eu possa fazer isto?

Cegos: A ti, tudo é possível!

Jesus: Seja feita segundo a vossa fé.

Cegos: Eu vejo Senhor, eu te vejo Senhor.

Cegos: Eu te vejo mestre! Eu vejo Senhor.

Cegos: Louvado sejas o Messias da Galileia, louvado seja!

Jesus: Glorifico-te Pai, Senhor do céu e da terra. Porque ocultaste estas coisas
aos sábios e as revelaste ao simples. Vinde a mim todos vós que andais
angustiados e oprimidos. Aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração e achareis descanso para vossas almas, pois a minha doutrina é leve e
suave é a minha lei.

Pedro: Mestre, ensina-nos a rezar, como também João Batista ensinou a seus
discípulos.

Jesus: Assim é que haveis de orar;


Pai nosso que estás no céu.
Santificado seja o Teu nome.
Venha a nós o Teu reino.
Seja feita a Tua vontade, assim na terra como céu.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje e perdoa-nos as nossas ofensas, assim
como nós perdoamos aos que nos ofendem e não nos deixeis cair em
tentação, mas livra-nos de todo o mau.

Informante: Mestre! Mestre! Jesus! Mestre! Mestre! Jesus! Jesus! Mestre! Sai e
retira-te daqui porque Herodes te quer matar.
Jesus: Vai e diz a Herodes que vou expulsando demônios e fazendo curas
hoje e amanhã e só no terceiro dia terminarei, mas hoje, amanhã e depois de
amanhã tenho de caminhar. Porque não convêm que o profeta pereça fora
de Jerusalém.

Informante: João foi preso.

Pedro: João preso? Estes cães romanos!

Informante: Não foi Roma, foi Herodes.

Pedro: Maldito. E o que diz o povo, que faz o povo? João precisa ser libertado.
Informante: Quando as espadas estão nos punhos dos soldados de Herodes, o
que pode fazer o povo? Quando as lanças estão nas mãos dos legionários de
Roma, que pode dizer o povo? Vem cá! Lança tua vista até o horizonte, vês
alguma árvore?

Aquelas sombras ao longe parecem-te árvores, porque como árvores estão


plantadas na terra, mas são cruzes. Antes, milhares de árvores, agora cruzes,
uma cruz para cada homem que se decidiu a falar ou agir.

Pedro: Devemos falar, até que a última árvore seja transformada em cruz. Há
mais homens sob o julgo de Roma que árvores nos montes da Galileia.

Jesus: Vamos para Jerusalém!

Pedro: Vamos nós também para morremos com ele!

Jesus: Vamos, para Jerusalém!


Cena 3 – Templo

Vendilhão 1: Bendito seja o rei de Israel! Glória nas alturas!

Vendilhão 2: Bendito seja o Pai de Davi! Bendito seja Israel!

Jesus: Tirai daqui essas coisas!


(Jesus e os discípulos começam a destruir as coisas que estão sendo vendidas
no Templo e Caifás e Anás aparecem).

Jesus: Não está escrito que minha casa é casa de oração? Vós, porém, a
transformastes num covil de ladrões.

Caifás: Com que autoridade assim procedes?

Jesus: Destruí vós este templo e em três dias o reedificarei.

Caifás: Quarenta e seis anos levou a construção desse templo, e tu pretendes


reedificá-lo em três dias?

Vendilhão 1: Este é realmente o profeta que devia vir ao mundo!

Anás: Sabemos que és amigo da verdade. Qual é a tua opinião? É justo pagar
tributos a Cesar?

Caifás: Temos de pagar, ou não temos de pagar os impostos de César?

Jesus: Por que me tentas? Mostrai-me a moeda do tributo.

Caifás: Eis o denário.

Jesus: De quem é esta imagem e a inscrição?

Anás: De César.

Jesus: Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Caifás: Afinal, quem é esse?

Jesus: Eu sou a luz do mundo.


Quem me segue não andará em trevas e terá a luz da vida.

Anás: Até quando nos trazes na incerteza? Se és o Cristo, porque não o dizes
abertamente.

Jesus: Já vos disse e não me acreditastes.


Anás: És um impostor, que veste o grosseiro manto dos profetas para profetizar
a mentira.

Caifás: Vamos apedrejá-lo!

Jesus: Por qual motivo queres apedrejar-me?

Caifás: Porque és um violador do sábado!

Anás: Porque tu, sendo homem, te fazes Deus!

Jesus: Eu sou o filho de Deus.

Anás: Continua a blasfemar.

Povo: Blasfêmia! Blasfemou! Ele está blasfemando. Ele está blasfemando cada
vez mais. E a nossa honra?

Caifás: Esta mulher foi apanhada em adultério, pois Moisés ordenou que se
apedrejassem essas mulheres. E tu que dizes?

Povo: Vamos apedrejar! Vamos apedrejá-la! Vamos apedrejá-la!

I Príncipe: Se nada dizes vamos cumprir a lei. E te escolhemos para atirar a


primeira pedra.

Anás: O que decides?

Jesus: Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra! Mulher onde estão os
que te acusavam? Ninguém te condenou.

Madalena: Ninguém Senhor!

Jesus: Nem eu te condenarei.


Vá e não tornes a pecar! Ai de vós Escribas e Fariseus, hipócritas!
Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora se apresentam formosos,
mais por dentro estão cheios cadáveres e toda espécie de podridão.
Também vós pareceis justos aos olhos dos homens, quando no interior estais
cheios de roubos e de perversões.

Caifás: Com estas palavras ofendes também a nós, doutores da lei!

Jesus: Ai de vós também, doutores da lei. Que sobrecarregai os homens de


fardos insuportáveis, quando vós mesmos nem com um dedo tocais nesses
fardos.

Caifás: Dura esta linguagem. Quem a pode ouvir?


Jesus: Isto vos escandaliza? E quando vides o filho do Homem subir para onde
estava antes? Jerusalém! Jerusalém, que mata os profetas e apedreja aqueles
que te são enviados. Eis que a tua casa ficará deserta, pois vos declaro que
não me tornareis a ver até o dia em que todos dirão:
Bendito aquele que veio em nome do Senhor!

Anás: Este homem precisa ser detido imediatamente.

Caifás: Não agora.

Pedro: Saíamos daqui, provocaste a ira dos Príncipes e Sacerdotes.

Jesus: Pensas que vim trazer a paz à terra? Não, digo-te eu, mas a espada.
Daqui por diante haverá discórdia entre cada ciclo em que se acharem na
mesma casa, eu vim pra lançar fogo a terra. E como desejo que arda.

Anás: Blasfêmias, vamos reunir o conselho.

Jesus: Ah Jerusalém, se ao menos este dia que te é oferecido, soubesses o


que poderia te trazer a paz, porém agora, estas coisas estão ocultas aos teus
olhos. Virão dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e investirão
contra ti e atacarão por todos os lados. Derrubar-te-ão a ti e aos teus filhos e
em todo o teu âmbito não sobrarão pedra sobre pedra. Porque não soubeste
conhecer o tempo em que foste visitado.
Cena 4 – A Última Ceia

Jesus: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, porque


não mais comerei outra antes da páscoa perfeita, aquela que será celebrada
no reino de Deus.

Pedro: Devíamos ter deixado a cidade.

João: Senhor, saiamos de Jerusalém!

Pedro: Ainda estão abertas algumas portas, podemos sair sem que nos vejam.

João: Assim, não poderão te prender.

Pedro: Todos nós te protegeremos.

Jesus: Em verdade eu vos digo, um de vós há de me trair.

João: Nós?

Pedro: Um dos nossos?

João: Aqui onde há somente amor por ti não pode estar o fel do traidor.

Jesus: Um de vós, que come comigo, há de me entregar.


Esta noite todos vos escandalizareis, pois está escrito ferireis o pastor e as
ovelhas serão dispersadas. Mas depois de ressuscitado irei adiante de vós para
Galileia.

Pedro: Senhor, eu nunca me revoltarei contra ti, estarei sempre ao teu lado.

Jesus: Pedro, Simão Pedro, Satanás te reclamou por insistência para te virar
contra o trigo. Mas eu roguei por ti, para que tua fé não falte e tu, uma vez
convertido, confirme os teus irmãos.

Pedro: Ainda que tenha de morrer contigo, não te negarei.

Jesus: Ah Pedro, em verdade eu te digo que, ainda esta noite, antes que o
galo cante duas vezes, três vezes me terás negado.

Pedro: Mas eu estou pronto a ir contigo para o cárcere e para a morte.

Jesus: O filho do homem vai para a morte conforme estava escrito, mas ai
daquele por quem o filho do homem foi traído. Mais valeria a este homem não
ter nascido.

Pedro: Serei eu, Senhor?


João: Quem é?

Jesus: É aquele a quem eu der um pedaço de pão molhado.


Judas: Sou eu por acaso?

Jesus:
Tu o disseste, tu deves saber. O que tens a fazer, fazei-o depressa. (Judas sai)

Jesus:
Tomai, comei, isto é o meu corpo.
Tomai todos e bebei, este é o cálice do meu sangue, da nova e eterna
aliança que será derramado por vós e por todos os homens, pelo perdão dos
pecados, fazei isto em memória de mim.

Já não estarei convosco por muito tempo.

João: Senhor, para onde vais?

Jesus: Vou preparar um lugar para vós, depois que eu tiver ido e vos tiver
preparado o lugar, viverei novamente e vos levarei comigo. Para que, onde
eu estiver, estejais vós comigo. E sabereis para onde vou e sabereis o caminho.

Pedro: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o
caminho?

Jesus:
Eu sou caminho, a verdade e a vida, ninguém chega ao Pai se não por mim.
Acreditai sobre a minha palavra, aquele que me ama será amado pelo meu Pai
e eu o amarei também e me manifestarei a ele.

João: Por que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?

Jesus: Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas vós não sois
do mundo, eu é que vos escolhi de seu meio. Por isso o mundo vos odeia. E se o
mundo vos odeia, saibais que, primeiro do que a vos, o mundo me odiou.

Por eu vos dizer estas coisas, a tristeza encheu o vosso coração, haveis de ter
aflições no mundo, mas tendes confiança pois eu venci o mundo. Em verdade
eu vos digo, se o grão de trigo não for lançado a terra e morrer, ficará a sós
consigo, mas se cair em terra e aí morrer, produzirá muitos frutos. Não se turrem
a vossa alma, eu vos dou um novo mandamento: Que ameis uns aos outros,
como eu vos amei.

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pela vida do seu
amigo, amai-vos uns aos outros. Agora, eu deixo este mundo e volto para junto
de meu pai.

(Jesus levanta, vai pra frente da mesa, olha pro céu e ora)
Jesus:
Pai manifestei o Teu nome aos homens que me deste no mundo, estes agora
conheceram que todas as coisas que me deste vem de ti e
conheceram verdadeiramente que eu saí de ti e creram que me enviaste.
Dei-lhes a Tua palavra e o mundo vos odiou.
Pai, o mundo não te compreendeu, não peço que os tire do mundo mais que
os guardem do mal, eu não rogo somente por eles, mas por todos os que hão
de crer em mim por meio de suas palavras.
É chegada a hora em que o filho do homem vai ser glorificado. Agora minha
alma está abalada, que direi? Pai, salva-me desta hora, mas se for
precisamente para isto que me sobreveio esta hora, Pai, glorifica o teu nome.
Cena 5 - Horto das Oliveiras

Jesus: João, Pedro, Thiago. Ficai aqui e vigiai comigo. Rezai também para não
sucumbirdes a tentação. Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice.

João, Pedro, Thiago. Tu dormes Pedro? Então não conseguiste vigiar uma hora
comigo? O espírito está pronto, porém a carne é fraca. Dormi agora e
descansai, eis que está próxima a hora do filho do homem que será entregue
aos pecadores.

Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice de amargura, no entanto, se


é indispensável que eu beba deste cálice, seja feita a tua vontade e não a
minha.

Demônio 1: Tu não beberás, se esta não for a tua vontade.


Tu só beberás, se esta for a tua vontade.
Por ventura eis aqui o homem que pôs a terra em confusão e fez estremecer os
arreios. Também foste ferido como um simples mortal.

Foste longe demais como homem, provocaste fortes e poderosos. Ficaste perto
demais como Deus. Desembeste fracos e escravizados. Os que te amam estão
nus como encontrastes e campos e tribunais continuam cheios de violência.

Jesus: Bem-aventurados os que têm sede de justiça, serão justiçados.

Demônio 2:
Continuas esquecido e humilde, frustrando a confiança dos infelizes. Os
famintos roem ervas nos campos e ladrando como cães percorrem a
cidade em busca de comer, uivando quando não se fartam.

Jesus: Bem-aventurados vós que tendes fomes, sereis saciados.

Demônio 3: Os órfãos são violentados, despojados os pobres e roubadas as


viúvas. E os que não são mortos de dia, são assaltados a noite.

Jesus: Bem-aventurados vós que sois pobres, vosso é o reino de Deus.

Demônio 4:
Acaso levantaste do pó o desvaído e tiraste da miséria um indigente?
Como fizeste o homem saber se ele é digno de amor ou digno de ódio?

Jesus: Bem-aventurados os meigos, porque possuirão a terra.

Demônio 1: Não tiveste força para derrubar os que estão nos tronos e nem
poder para livrar os que estão nos grilhões.
Os filhos do homem, agora como antes são cheios de trabalhos, dores e
amargura.
Jesus: Bem-aventurados vós que agora chorais, sereis consolados.
Demônio 2: Jesus de Nazaré, tu te fizeste profeta quando eles clamavam por
um libertador.

Jesus: Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Demônio 3:
Jesus de Nazaré, tu não beberás, basta que dê aos homens os que eles querem.
Dares ódio em vez de amor, dares guerra em vez de paz, dares terra em vez de
céu.

Jesus:
Pai, afasta de mim este cálice! Não o que eu quero, mas o que tu queres.

Demônio 4: Como homem morrerás e cairás, como um príncipe qualquer. Ai


de ti Jesus, ai de ti, homem ferido por Deus e humilhado.

Jesus: Seja feita a tua vontade.

Demônio 1, 2, 3 e 4: Seja feita a tua vontade.

Jesus: Levantai-vos, vamos!

Discípulos: Vamos! Vamos!

Judas: Deus te salve, mestre!

Jesus: Amigo a que vieste?


Judas com um beijo atraiçoas o filho do homem. A quem procuras?

Soldado 1: A Jesus de Nazaré.

Jesus: Sou eu. A quem buscais?

Soldado 2: A Jesus de Nazaré.

Jesus: Já disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais deixai ir a estes.

Pedro: Ninguém tocará no mestre!

Soldado 1: Ahh!!!

Jesus: Pedro, guarda tua espada, pois quem ferir com a espada, pela espada
morrerá.
Cena 6 - Palácio de Herodes

Príncipe: Digamos como bons discípulos de Horácio:


Que de beber chegou a hora, das danças e prazer desfrutar.

Herodes: Digamos como filhos de satanás: Comamos e bebamos porque


amanhã morreremos.

Caifás: Herodes, Pilatos te envia Jesus de Nazaré.

Herodes: Estou vendo.


Parece pela companhia, ser vosso propósito, interromper meus momentos de
prazer junto aos meus amigos.

Anás: A Pilatos é que deves a interrupção dos teus afazeres.

Herodes: Por que eu? Porque vós viestes aqui com este sujo galileu?
Esquecestes que tendes o mais alto tribunal judeu?
Jesus de Nazaré, então és tu?

Caifás: Pilatos foi cientificado de que este homem é galileu.


Manda-te para que tu o julgues pois é dos teus domínios.
Foi lá que ele começou a pregar a sua doutrina.

Herodes: E o que é que ele prega? Podeis informar ao vosso amado rei?

Anás: É um agitador.

Herodes: Eu perguntei o que ele prega.

Príncipe: Que os homens se amem uns aos outros.

Herodes: O quê? Repete isto, por favor.

Príncipe: Que os homens se amem uns aos outros.

Herodes: Se ao menos fosse que os homens amem as mulheres dos outros. E


o que mais? O que mais ele prega?

Príncipe: Que os ricos devem vender o que tem, distribuir aos pobres e procurar
o caminho do céu.

Herodes:
Me parece que ele tem uma fértil imaginação e uma deliciosa doutrina. Olhe
aí o meu céu e sabe lá o diabo o quanto isso me custa.
Caifás:
Então achas deliciosa a doutrina que já arrasta milhares de homens ao apelo
da subversão?

O astuto e hábil rei Herodes está encantado com o jovem galileu, a ponto de
esquecer sua própria coroa.

Porque degolastes João Batista?


Por que o amavas? Responde, Herodes!

Herodes: Cala-te!

Anás: O resto ouvirás de mim, Herodes.


Degolastes Batista, porque temias a violência que a sua língua já armava e
fazia tremer o teu trono. Por isto o mataste.

Herodes: Cala-te maldito! Ou eu te mato também.

Anás: Mata-me e deixa vivo este aí, que é mais poderoso que João.
Que fará com que o teu trono caia e role no pó a tua cabeça coroada.

Caifás: Solta-o, Herodes. Solta-o e verás os seus milagres.


Solta-o e provarás do seu poder, poder que transformará os teus súditos em
rebeldes. Que substituirá a moeda do tributo pelo punhal da vingança.

Anás: Ele não só escarnece do teu poder, como também te despreza.

Herodes: Quem és tu, afinal? Deus ou demônio?

Caifás: Solta-o, Herodes. E verás.

Herodes: Qual dos dois está dentro de ti?

Anás: Solta-o Herodes. E verás o demônio em suas mágicas.

Herodes: Mágicas? É verdade que ressuscitaste um morto?


És mais poderoso que teu rei?
Se eu disser a este soldado: "Mata aquele homem", ele mata.
Mas nada acontecerá se eu disser àquela coluna: "Sai do meu caminho".
Tu podes fazer todas estas coisas?
Dá-me água. Disseram-me que, num festim como esse, fizeste um belo
milagre, repete-o agora para o teu rei. Transforma em vinho, está água.

Vamos, estou propondo um acordo entre poderosos.


Pilatos empurra-te a mim para que eu te julgue.
Basta-me um gesto e irás para o cárcere ou outro gesto, o que faz erguer uma
espada e cair uma cabeça.
Mas eu também posso dizer: "Este homem é inocente!", mandar que sejas solto
e permitir que tu saias dessa áspera Judéia.
Vamos, é pouco o que te peço.
Transforma está água em vinho. Não atendes ao teu rei?

Negas o seu pedido? Zombas de mim?


Não, não. É que o seu poder o abandonou.
Como também te abandonaram os teus homens ao te deixares prender. Nada
mais és, nem mágico.

É esse o vosso profeta agitador?


Um pobre diabo aí qual até a língua se nega a obedecer em sua própria
defesa?

A quem entrastes aterrado ante o poder que faria voltar ao nada os príncipes?
Olhai o que vos devolvo. Olhai-o agora, com a túnica dos tribunais em
debate. Tremei homens, este é o que vai derrubar as tendas e fazer crescer
espinhos nós palácios.

Tremei Anás e Caifás, pois aqui está o que esmagará as vossas cabeças.
Tremei com ele todos. Ide-vos daqui todos.
Voltem para Pilatos, à sombra de cujo poder se agasalham os covardes como
vós.
Fora, fora! Soldados, expulsai-os. Fora daqui. Fora.
Cena 7 - Fórum de Pilatos

CAIFAS: Pilatos, Herodes te devolve Jesus de Nazaré!

ANÁS: Disse que tu o julgues, essa é a tua missão.

PILATOS: Trouxestes este homem sob a acusação de incitar a revolta. Como


um agitador e perturbador da ordem pública. O interroguei em vossa
presença e não encontrei culpa alguma dos crimes de que o acusais.

ANÁS: Isto é um absurdo!

PILATOS: Nem Herodes tão pouco, nada há contra ele que lhe faça merecer a
morte.

CAIFAS: Mas isto é uma irresponsabilidade!

PILATOS: Vou, portanto, dar-lhe a liberdade!

ANÁS: Vais pôr em liberdade um criminoso que aqui trazemos para que o
condenes?

CAIFAS: Um homem submetido ao nosso conselho e considerado réu de morte.

ANÁS: Este homem é réu de morte!

PILATOS: É verdade que és o rei dos judeus?

JESUS:
Tu o disseste, sim sou Rei. Para isto nasci e vim ao mundo, para dar testemunho
da verdade. Todo homem que ama a verdade escuta a minha voz.

PILATOS: E o que é a verdade? De quem é a verdade? Tua?


Que afirma ser rei, que dizes ter reino e servos, e que impede que os teus
homens lutem e te defendam. Que permites como rei que te prendam e atem
as mãos? A verdade deles que aqui te trazem como bandido e falso rei para o
qual pedem a morte? Ou a minha verdade que de tudo isto está farta?!

Disseste-me ser rei de um reino o qual os homens não lutam e vivem sobre o
império da verdade. Os homens só não aceitam a luta quando lhes faltam
ódio. Estais certos de que ele não é um louco?

ANÁS: Zombas de nós publicamente, Pilatos.

PILATOS: Se ele não é louco, de onde vem então toda essa loucura que vos fez
invadir todo o pátio e que, convosco, já sobe essas escadarias?
Vem acaso a loucura de dentro de voz?
CAIFAS: Além do ridículo, agora também nos injurias!

ANÁS: Este homem é réu de morte!

PILATOS: Obedecendo a tradição, pela páscoa sempre dou liberdade a um


prisioneiro. Em nossas prisões encontra-se preso Barrabás. A quem queres pois
que eu liberte? A Jesus de Nazaré ou o assassino Barrabás?

ANÁS: Barrabás?

PILATOS: Ou queres sangue somente?

ANÁS: Nada temos com Barrabás, trata-se desse aí.

PILATOS: Eu poderia vos dar sangue de agitador melhor do que esse.

PRINCIPE: Solta Barrabás!

PILATOS: Barrabás?

ANÁS: Morte a Jesus!

FARISEU: Solta Barrabás!

ANÁS: Barrabás!

PILATOS: O que farei a esse que fala ser o rei dos judeus?

ANÁS: A morte!

PRINCIPE: Morte ao Nazareno!

PILATOS: Vou castigá-lo e dar-lhe liberdade, açoitai a Jesus de Nazaré! Eis


que vos apresento Jesus de Nazaré, eis o rei dos judeus!

ANÁS: Crucifica-o!

CAIFAS: A morte!

PILATOS: Tomai-o e crucifica-o vós!

ANÁS: Tu sabes, Pilatos, que o direito da morte, há 40 anos nos foi tirado.

CAIFAS: Nós temos uma lei e segundo a lei ele deve morrer!

ANÁS: Ele deve morrer porque se fez filho de Deus.


CAIFAS: Diz que é Cristo, o Messias.
PILATOS: Ele se diz isso? De onde és tu? Quem és tu? Levantam graves
acusações contra ti, pedem a tua vida e que eu te condene e nada dizes?
Então não sabes que tenho poder para te crucificar e que tenho poder para
te dar a liberdade?

JESUS: Poder algum tu não terias sobre mim, se do alto não te fosse dado, por
isso, maior pecado tem quem me entregou a ti.

PILATOS: Trazei Barrabás. Eis que cumpro minha palavra, conforme o vosso
desejo Barrabás é livre.

POVO: Viva Barrabás!

PILATOS: Agora, já que foi castigado, soltarei também Jesus de Nazaré.

CAIFAS: Se soltas esse, não és amigo de Cesar.

ANÁS: Todo homem que se faz rei, é contra Cesar.

PRINCIPE: E tu pretendes soltar em vez de condená-lo?

CAIFAS: Queres ser também acusado de traição?

PILATOS: Basta! Acaba de passar-me uma impressão de que pareceis ter


esquecido do tipo de autoridade ao qual vos estais dirigindo.
Inexplicavelmente, fugiu de vossa memoria que essa autoridade representa
Roma? Eu é quem decido, a quem, quando e como se deve matar. Só Roma
pode matar.

Dizeis bem, só eu posso condenar a morte. Já notaste isso, esse problema do


poder, os irracionais podem dar a vida, mas a dor, a injustiça, a morte, o mal
enfim em toda sua dimensão, só pode ser imposto pelos poderosos.

Em resumo, sem o poder não há o mal. A impunidade é o manto sob o qual o


mal floresce. A proposito o que dizes?

PRINCIPE: Tu dizias que representas Roma.

PILATOS: E tu Caifás o que dizes?

CAIFAS: Que só tu podes matar.

PILATOS: E tu Anás?

ANÁS: Pretendia dizer isso. Porém, tu, Pilatos, é que parece que esqueceste do
tipo de autoridade ao qual estais subordinado. Fugiu de tua memória que essa
autoridade se chama Tibério?
E tu bens conhece o orgulho e a violência de Tibério.
PILATOS: E tu me ameaças com ela?
ANÁS: És tu que te expõe a ela.

PRINCIPE: Tibério precisa de um governador na Judeia e esse agora és tu.


Poucos podem obrigar a Tibério que esse governador deva permanecer
essencialmente.

ANÁS: Muitos, porém, podem impor a Tibério que Pilatos deixe-o de ser.

PILATOS: Tu, por exemplo.

ANÁS: Herodes com certeza.

PILATOS: E Anás com certeza. E Caifás com certeza. E todos vós podeis, é
claro, fazer com que Tibério tire Pilatos do Governo da Judéia, mas o que não
podeis evitar é que a Judeia tenha um Governador de Tibério, o que não
podeis evitar neste momento é que este Governador seja Pilatos.

Pilatos representando o poder conquistador, o poder impune, o poder da


morte, sobre vós Anás, vós Caifás e vós outros Príncipes e Sacerdotes que aqui
representais apenas um povo subjugado.

Eis o vosso rei!

CAIFAS: Crucifica-o!

ANÁS: Crucifica-o!

PILATOS: Eis de crucificar o vosso rei?

ANÁS: Não temos outro rei se não Cesar!

PILATOS: Eis de crucificar o vosso Deus?

ANÁS: Não temos outro Deus, se não o Deus de Moisés.

PILATOS: Eu sou inocente do sangue desse homem, a vós pertence toda a


responsabilidade. Que o seu sangue não caia sobre mim!

CAIFÁS: Que o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos!

ANÁS: Caia sobre nós!

PILATOS: Que seja crucificado!


Cena 8 - Via Sacra
(Jesus cai pela primeira vez)

MARIA: Será preciso todo esse sofrimento, João?

JOÃO: A palavra do profeta tem de ser cumprida não pode ser alterada!

MARIA: Exceto por Deus, exceto por Deus! Somente ele poderá alterá-la, pois
ninguém pode exercer pressão sobre a sua mão ou saciar sua misericórdia.
Ele que salva inocente e ovelha da boca do leão.
Ele que protege o cordeiro das garras afiadas da águia.
Ele que cria e altera as ordens das estações e o caminho do mundo. Não
poderá Ele, enviar um anjo pra deter a espada que ameaça a realização
do sacrifício.
Ele determinará o destino de meu filho, levando pra sentar a sua direita como
foi predito pelas palavras do Rei Davi. O meu filho subirá aos céus como Elias,
numa carruagem de fogo!

JOÃO: Como Elias não, segundo a profecia Ele terá uma morte infame,
morrerá como homem qualquer, desprezado e humilhado!

(Jesus cai pela segunda vez)

VERÔNICA: Mestre! Permita-me, Senhor, tocar teu corpo santo.

JESUS: Mulher, não choreis por mim.

MARIA:
Não! A Deus nada é impossível, Ele que pode modificar o curso do universo
não seria capaz de apagar os pecados do mundo sem derramar o sangue
de meu filho?

Pai Celeste! Tem piedade de mim, não me poupes qualquer sofrimento! Mais
não me separes de meu filho!

(Jesus cai pela terceira vez)

MARIA: Meu filho!!

JESUS: Minha mãe, não choreis por mim.

MARIA DE CLEÓFAS: Mestre, quem rogará por nós agora?

JESUS: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorais por vós e pelos vossos
filhos, porque dias virão em que se há de dizer: Felizes as estéreis, felizes a
entranhas que não poderão conceber e os seios que não poderão amamentar.
Então os homens dirão aos montes: caí sobre nós. E dirão às colinas: cobri-nos.
Se eles fazem isto em meio ao verde, o que acontecerá ao meio seco?
Cena 9 – Crucificação

Anás: Tu que destruirias o templo e em três dias o haverias de reconstruir, salva-


te a ti mesmo.

Soldado 1: Se és o rei de Israel, desce agora dessa cruz e acreditaremos em ti.


Salva a ti mesmo se és na verdade o Cristo, o eleito de Deus. Não te
entregastes nas mãos de Deus? Pois que ele venha te salvar se de fato te ama.

JESUS: Pai perdoa-lhes, porque eles não sabem o fazem.

Ladrão 1: Não és tu o Cristo? Pois salva a ti mesmo e salva a nós também.

Ladrão 2: Não temes a Deus quando sofres o mesmo suplicio? Nós sofremos os
castigos por nossos crimes, mas ele nada de mal fez. Senhor, lembra-te de mim
quando entrares no teu reino.

JESUS: Em verdade eu te digo que ainda hoje estarás comigo no paraíso.

Maria: Meu filho!

JESUS:
Mulher eis aí o teu filho, João aí tens a tua mãe.
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Eu tenho sede, eu tenho sede, eu tenho sede.
Tudo está consumado.
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.

(Trovão)

Soldado 1: Este era mesmo o filho de Deus.

Cena 10 - Madre Dolorosa


Caefás: Quebrem as pernas dos condenados.

Ladrão 1 e 2: Ai! Ai!

Soldado 1: Este está morto, vou tratá-lo como um rei em combate.

Maria: Não!

Informante: Trago a autorização de Pilatos para que me entregues o corpo de


Jesus.

Maria: Pobre filho, quanto sangue! Quanta ferida nessa carne dilacerada,
quanta dor em teu corpo torturado, quanta miséria nesse rosto escarnecido,
quanto horror, pobre filho, no teu cadáver esmaecido.

Cena 11 – Ressureição

(Há uma explosão, Jesus, ressuscitado, sai do sepulcro assustando os guardas


que fogem)

ANJO: Por que choras mulher?

MADALENA: É que tiraram meu Senhor e não sei onde o colocaram!

ANJO: A quem procuras?

MADALENA: A Jesus! Se foste tu que o tiraste dize-me onde puseste e eu o


levarei comigo!

ANJO: Por que procurais aquele que está vivo entre os mortos?
Cristo ressuscitou conforme tinha dito, ide falar com vossos irmãos e dize-lhes
que Jesus subirá glorioso para o Seu Pai e Vosso Pai, para o Meu Deus e Vosso
Deus, e que em 40 dias se cumpriram todas essas verdades, avisai a todos que
sigam para Galileia lá eles o verão!

MADALENA:
Jesus vive! Jesus vive! Jesus vive!

(Jesus aparece no alto, subindo aos céus)

FIM

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