Artigo Andre RBORL
Artigo Andre RBORL
Artigo Andre RBORL
2011;77(2):191-200.
Para citar este artigo, use o título em inglês original article BJORL .org
André Luís dos Santos Silva1, Marina Reis Campos Marinho2, Fabiana Maria de Vasconcelos Gouveia3, Julio
Guilherme Silva4, Arthur de Sá Ferreira5, Renato Cal6
Keywords: Abstract
practice guidelines
as topic,
rehabilitation,
B enign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV) is characterized by vertigo, lasting for a few seconds
and usually managed by head positioning maneuvers. To educate clinicians concerning the state-
vertigo.
of-the art knowledge about its management, the international societies developed guidelines. Aim:
the aim of this paper is to discuss, in a practical fashion, the current options available to manage
BPPV. Method: Study design: non-systematic review. This study reviews two recent guidelines
regarding the evaluation and treatment of BPPV. The first one was published by the American
Academy of Otolaryngology Head and Neck surgery (AAO-HNS) and the other by the American
Academy of Neurology (AAN). The similarities were presented in different tables. Results: Those
guidelines presented differences regarding methods. Only the AAO-HNS guidelines recommend the
Dix-Hallpike test for the diagnosis of BPPV. Only canalith repositioning maneuver, Semont maneuver
and vestibular rehabilitation had showed some benefit and were recommended as good treatment
options. Conclusions: Both guidelines fulfilled all the aspects required for clinicians to diagnosed
and manage BPPV; only the AAO-HNS’s guidelines were more comprehensive and of better quality.
Palavras-chave: Resumo
guias de prática clínica
como assunto,
reabilitação,
vertigem.
A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é caracterizada por tontura rotatória com
duração de segundos e tratada com manobras cefálicas. Para sistematizar a conduta e conduzir os
clínicos no atual conhecimento no seu controle, sociedades internacionais desenvolveram diretrizes.
Objetivo: Discutir de forma prática e didática o estado da arte da abordagem atualmente disponível
para VPPB. Material e Métodos: Revisão assistemática com análise crítica comparando os resul-
tados de duas recentes diretrizes internacionais a respeito da avaliação e controle da VPPB. Uma
pesquisa foi elaborada pela American Academy of Otolaryngology (AAO-HNS) e a outra preparada
pela American Academy of Neurology (AAN). Os tópicos em comum foram separados em tabelas
comparativas. Resultados: As diretrizes apresentaram diferenças quanto à metodologia. Apenas o
artigo da AAO-HNS abordou sobre diagnóstico, recomendando o teste de Dix-Hallpike. Quanto
aos tratamentos abordados, apenas a Reposição Canalítica, Manobra de Semont e a Reabilitação
Vestibular tiveram estudos suficientes para receber recomendações. Conclusão: As duas diretrizes
apresentaram os respaldos científicos necessários para os profissionais que atuam no diagnóstico e
controle da VPPB, porém o resultado do grupo multidisciplinar da AAO-HNS foi mais abrangente
e com qualidade superior.
1
Doutor em Fisioterapia. Prof. Adjunto Mestrado Ciências da Reabilitação - UNISUAM - Rio de Janeiro - RJ.
2
Bacharel em Fisioterapia - UFPE. Fisioterapeuta clínica com aperfeiçoamento em Reabilitação Vestibular.
3
Mestre. Professora do Departamento de Fisioterapia da UFPE.
4
Doutor. Professor Adjunto do Mestrado Acadêmico em Ciências da Reabilitação - UNISUAM - Rio de Janeiro- RJ.
5
Doutor. Professor Adjunto do Mestrado Acadêmico em Ciências da Reabilitação - UNISUAM - Rio de Janeiro- RJ.
6
Médico otorrinolaringologista, Fellow de otologia e neurotologia pela Universidade de Harvard - EUA e preceptor da residência médica de otorrinolaringologia da Universidade
Federal do Pará. Mestrado Acadêmico em Ciências da Reabilitação - UNISUAM - Rio de Janeiro- RJ.
Endereço para correspondência: André Luís dos Santos Silva D.Sc Programa de Pós-Graduação - UNISUAM Mestrado Acadêmico em Ciências da Reabilitação - Praça das Nações 34
Bonsucesso Rio de Janeiro 21.041-021.
Tel. (5521) 3882-9962 - E-mail: [email protected]
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 11 de abril de 2010. cod. 6997
Artigo aceito em 5 de junho de 2010.
Ambos os estudos realizaram pesquisas em bases on Quality Improvement and Management (AAP SCQIM),
de dados utilizando palavras-chaves e foram selecionados na qual os estudos são divididos em Classe A, B, C, D, X,
os principais artigos que se enquadravam nos critérios de resultando em graus de recomendação: “Forte Recomenda-
seleção. (Tabelas 2 e 3). ção”, “Recomendação”, “Opção” e “Sem Recomendação”.
Os estudos encontrados por Fife et al.18 seguiram a Em cada classificação, o nível de evidência e graus de
classificação do sistema de evidências da AAN, dividindo- recomendação, variando-se desde o mais confiável até os
os em Classe I, II, III e IV, e as recomendações foram estudos com menor evidência científica. (Tabelas 4 e 5).
feitas de acordo com os critérios da AAN para traduzir a No que se refere aos estudos classe I e II, da AAN,
qualidade dessas evidências, podendo ser classificados em além dos critérios citados, os artigos para serem classi-
níveis: A (eficaz), B (provavelmente eficaz), C (possivel- ficados deveriam ter: a) resultado primário claramente
mente eficaz) ou U (dados insuficientes)18. Bhattacharyya definido; b) Critérios de exclusão/ inclusão claramente
et al.19 utilizaram as Políticas de Afirmações recomendadas definidos; c) contabilização adequada para desistências
pela American Academy of Pediatrics Steering Committee e estudos cruzados (cross-overs) com números suficiente-
Tabela 4. Comparação dos níveis de evidências e graus de recomendação dos estudos selecionados nas diretrizes.
Fife et al., Neurology, 200818 Bhattacharyya et al., 200819 Otolaryngology - Head and Neck Sur-
American Academy of Neurology (AAN) gery (AAO-HNS)
Classe I: Ensaio clínico randomizado, prospectivo, cego, em uma Classe A: Estudos bem delineados, randomizados controlados ou
população representativa. estudos de diagnóstico realizados em uma população semelhante à
população alvo do artigo.
Classe II: Estudo de coorte, prospectivo em população representati-
va, cego na avaliação de resultados OU um ensaio clínico randomi- Classe B: Estudos randomizados, controlados ou estudos de diag-
zado, controlado em uma população representativa. nóstico com limitações menores; evidências esmagadoramente
consistentes de estudos observacionais.
Classe III: Todos os outros ensaios controlados (incluindo controles
bem definidos da história natural ou doentes servindo como contro- Classe C: Estudos observacionais (caso controle, coorte).
les próprios) em uma população representativa, onde os resultados
fossem avaliados de forma independente, ou de forma determinada Classe D: Opinião de especialistas, relatos de caso, raciocínio a
independentemente por medição de resultados objetivos. partir de estudos experimentais (banco de pesquisa ou estudos em
animais).
Classe IV: Evidência de estudos não controlados, séries de casos,
relatos de casos ou opinião de especialistas. Classe X: Situações excepcionais para os quais estudos validados
não poderiam ser realizados e existisse uma preponderância clara
dos benefícios sobre os riscos.
Fife et al., Neurology, 200818 Bhattacharyya et al., 200819 Otolaryngology - Head and Neck Sur-
American Academy of Neurology (AAN) gery (AAO-HNS).
Nível A: Estabelecido como eficaz, ineficaz ou prejudicial para a “Forte recomendação”: os benefícios foram claramente maiores do
dada condição na população especificada. (exigia pelo menos dois que os riscos e a qualidade das evidências de suporte foi excelente
estudos consistentes Classe I.) (classe A ou B). Em algumas circunstâncias claramente identifica-
das, poderia ser baseada em menor evidência quando fosse impos-
Nível B: Provavelmente eficaz, ineficaz ou prejudicial para a condi- sível se obter provas de alta qualidade e os benefícios esperados
ção na população especificada. (Nível B exigia pelo menos um estu- superassem fortemente os riscos.
do Classe I ou pelo menos dois estudos consistentes Classe II).
“Recomendação”: os benefícios eram maiores dos que os riscos,
Nível C: Possivelmente eficaz, ineficaz ou prejudicial para a condição mas a qualidade das evidências não era tão forte (classe B ou C).
na população especificada. (Nível de classificação C exigia pelo Poderia ser feita sob as mesmas condições anteriores (A ou B).
menos um estudo Classe II ou pelo menos dois estudos consisten-
tes Classe III.) “Opção”: a qualidade da evidência existente era suspeita (classe D)
ou os estudos bem feitos (classe A, B ou C) mostravam pequenas
Nível U: Dados inadequados ou conflitantes com o conhecimento vantagens de um método contra o outro.
atual, o tratamento não estaria provado.
As recomendações poderiam ser positivas ou negativas. “Sem recomendações”: havia tanto uma falta de evidências pertinen-
tes (classe D), quanto um balanço não muito claro dos benefícios e
riscos.
Fife et al., Neurology, 200818 Bhattacharyya et al., 200819 Otolaryngology - Head and Neck Sur-
American Academy of Neurology (AAN) gery (AAO-HNS).
1. Quais manobras tratavam eficazmente a VPPB? 1a. Diagnóstico de VPPB do Canal Posterior;
2. Quais manobras eram eficazes para a VPPB do canal anterior e 1b. Diagnóstico de VPPB do Canal Lateral;
horizontal? 2a. Diagnóstico Diferencial de VPPB;
3. Eram necessárias restrições pós-manobra? 2b. Fatores Modificantes;
4. A vibração simultânea da mastoide era importante para eficácia 3a. Radiografia e Testes Vestibulares;
das manobras? 3b. Testes Audiométricos;
5. Qual a eficácia dos exercícios de habituação de Brandt-Daroff ou 4a. Manobra de Reposição como Terapia Inicial;
das manobras auto-administradas pelos pacientes? 4b. Reabilitação Vestibular como Terapia Inicial;
6. Os medicamentos eram efetivos para VPPB? 4c. Observação como Terapia Inicial;
7. A oclusão cirúrgica do canal posterior ou neurectomia singular 5. Terapia Medicamentosa;
eram efetivas para VPPB? 6a. Reavaliação da Resposta de Tratamento;
6b. Avaliação da Falha no Tratamento;
7. Educação.