2023 TCC Mcsqpoliveira
2023 TCC Mcsqpoliveira
2023 TCC Mcsqpoliveira
FORTALEZA – CE
2023
MARIA CAROLINE SOUSA QUEIROZ PEREIRA DE OLIVEIRA
FORTALEZA
2023
MARIA CAROLINE SOUSA QUEIROZ PEREIRA DE OLIVEIRA
Aprovada em 11/07/2023.
BANCA EXAMINADORA
O câncer de mama (CM) é uma doença multifatorial com alto poder metastático.
Apresenta-se como a principal causa de morte por neoplasias em mulheres. Seu
tratamento multidisciplinar envolve a intervenção cirúrgica, a radioterapia e as
abordagens sistêmicas. Em casos de CM com status positivo para receptores
hormonais, a hormonioterapia pode ser adotada nas fases pré-cirúrgica (terapia
neoadjuvante) ou pós-cirúrgica (terapia adjuvante), visando reduzir o risco de recidiva
da doença. Para esta terapia destacam-se os fármacos das classes dos inibidores da
aromatase (IAs) e dos moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs).
Sabe-se, contudo, que tais mulheres podem experimentar outras doenças
paralelamente, como a diabetes mellitus, hipertensão e, em nível bucal, a periodontite.
A periodontite (PD) é caracterizada por inflamação e intensa reabsorção óssea
alveolar. Embora a etiopatogenia de CM seja complexa, ela possui em comum com a
PD o envolvimento de resposta inflamatória. Contudo, não existe um consenso a
respeito da relação entre CM e PD. O objetivo desse trabalho consistiu em revisar a
literatura quanto às repercussões periodontais em mulheres com CM que estejam sob
hormonioterapia com IAs ou SERMs. Inicialmente buscou-se livremente artigos que
evidenciassem a condição CM e hormonioterapia, e, em seguida, adotou-se como
metodologia as buscas de artigos na base de dados PubMed, por meio da combinação
dos termos delimitadores de pesquisa “breast cancer” e “periodontitis”, nos últimos 3
anos, publicados em inglês, português ou espanhol. Foram encontrados 57 artigos e,
após leitura de títulos e resumos, foram incluídos estudos clínicos sobre a relação
entre CM e PD, sendo excluídos artigos de revisões, relatos de casos e estudos não
clínicos, resultando em 8 artigos selecionados para compor essa revisão. Dos artigos
selecionados, quatro estudos discutiram a associação entre câncer de mama e a
prevalência de periodontite com base em variáveis, como idade, comorbidades
sistêmicas, status do receptor hormonal e tabagismo; dois estudos avaliaram a
relação entre CM e PD sob a influência da hormonioterapia com SERMs ou IAs; um
artigo abordou a realização de tratamento periodontal não cirúrgico prévio à
quimioterapia e à hormonioterapia e a repercussão disso sobre os marcadores
inflamatórios da PD; e o último artigo buscou avaliar se havia uma relação genética
entre CM e PD. Atualmente, as evidências na literatura que estabelecem uma relação
direta entre CM e PD são limitadas ou inconclusivas, saber se os medicamentos
utilizados na terapia sistêmica do câncer podem repercutir de alguma forma na
periodontite, evidenciando-se uma limitação desta revisão. Assim, sugere-se que mais
pesquisas sejam realizadas neste contexto.
Keywords: Breast cancer; inflammation; hormone therapy; alveolar bone loss; bone
remodeling.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
α Alfa
β Beta
BRCA Gene do câncer de mama, do inglês
CM Câncer de mama
DM Diabetes mellitus
DMO Densidade mineral óssea
ER Receptor de estrogênio, do inglês
HER2 Receptor do fator de crescimento epidérmico humano tipo 2, do inglês
IAs Inibidores da aromatase
IFN Interferon
IL Interleucina
MMP-9 Metaloproteinase de matriz-9
PCR Proteína C-reativa
PR Receptor de progesterona, do inglês
PTEN Fosfatase homóloga à tensina, do inglês
RANKL Receptor do ligante ativador do fator nuclear kappa-Β, do inglês
SERMs Moduladores seletivos do receptor de estrogênio, do inglês
TGF Fator de crescimento transformador, do inglês
TNBC Câncer de mama triplo negativo, do inglês
TNF Fator de necrose tumoral, do inglês
TNM Tumor-nódulo-metástase
TMX Tamoxifeno
TP53 Proteína de tumor p53, do inglês
VEGF Fator de crescimento endotelial vascular, do inglês
UFC Universidade Federal do Ceará
γ Gama
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 JUSTIFICATIVA 5
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA 7
5 RESULTADOS 9
6 DISCUSSÃO 11
7 CONCLUSÃO 15
REFERÊNCIAS
1
1 INTRODUÇÃO
Mueller et al., 2018). Os quatro subtipos principais do tumor mamário são associados
às expressões desses receptores, sendo classificados como tipo luminal A
(ER+/PR+/HER2-), tipo luminal B (ER+ e/ou PR+, HER2+), superexpressão de HER2
(ER-/PR-/HER2+) e triplo negativo (ER-/PR-/HER2-) (Hwang; Seojeong; Kwon, 2019).
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
5 RESULTADOS
6 DISCUSSÃO
perda óssea significativa ao longo de 5 anos (Eastell et al., 2008). Kyvernitakis; Kostev
e Hadji (2018) encontraram que mulheres com CM na pré-menopausa tratadas com
TMX apresentaram um risco aumentado de fratura, enquanto aquelas na pós-
menopausa também em tratamento com TMX não apresentaram nenhuma redução
de risco. Em um estudo mais recente, o TMX, em comparação com os IAs, foi
associado a um risco reduzido de incidência de osteoporose (Gupta et al., 2022).
Para entender como o uso desses medicamentos pode repercutir na
cavidade oral, é necessário entender sobre a ação hormonal e a localização do
receptor-alvo. O principal receptor é o de estrogênio, que se localiza, dentre outros
tecidos, no tecido ósseo. Os estrogênios mantêm o equilíbrio no processo de
remodelação óssea (Hendrijanti et al., 2019), com sua terapia hormonal demonstrando
influência positiva na densidade óssea alveolar (Civitelli et al., 2022). Contudo, os
benefícios de uma terapia de reposição hormonal ainda não são um consenso na
literatura. Enquanto tal terapia parece ser benéfica quanto à manutenção da saúde
bucal, prevenindo perda dentária e reduzindo inflamação gengival e perda de inserção
clínica (Krall et al., 1997; Paganini-Hill, 1995; Reinhardt et al., 1999), também já foi
associada a nenhuma alteração significativa quanto à saúde periodontal (Pizzo et al.,
2011) ou quanto à neoformação óssea (Taguchi et al., 2004).
A literatura ainda carece de estabelecer se o Tamoxifeno consegue exercer
efeito protetor no osso alveolar, melhorando ou atando um quadro de periodontite já
estabelecido. Muthular e colaboradores (2018) encontraram que pacientes em uso do
TMX por mais de 2 anos tiveram uma melhora no estado de saúde periodontal, com
uma tendência à regressão da severidade da PD. O uso do TMX na hormonioterapia
foi associado a uma menor taxa de sangramento gengival em mulheres na pós-
menopausa (Norderyd et al., 1993). Já Sensever e colaboradores (2022) encontraram
que o uso prolongado de Tamoxifeno foi associado a uma maior perda dentária em
sobreviventes de câncer de mama. Essa perda dentária pode ser associada a uma
consequência final do estágio avançado de periodontite. Jia e colaboradores (2020)
não encontraram associação entre a periodontite e o câncer de mama, mas
observaram que o grupo que fazia uso do TMX teve menor associação com o
desenvolvimento de PD. Como o curso terapêutico do câncer de mama ocorre por um
longo período, as consequências a médio e a longo prazo devem ser identificadas, a
fim de oferecer um tratamento multidisciplinar, garantindo mais qualidade de vida às
sobreviventes do câncer.
14
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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TIPO DE POPULAÇÃO
RESULTADOS AUTORES
ESTUDO AMOSTRAL (n)
Estudo de n= 5.110 pacientes Não foi encontrada uma associação entre FARHAT et al.,
coorte no grupo CM CM e PD (p>0,05); A relação CM/PD não foi 2021
prospectivo influenciada por tabagismo, índice de massa
corporal (IMC) elevado, idade, uso de anti-
inflamatórios, número de dentes ou status
do receptor hormonal (p>0,05).
Estudo de caso- n= 60.756 Pacientes com CM tiveram uma proporção CHEN et al.,
controle pacientes no grupo maior de PD (p<0,05); a relação CM/PD foi 2022
aninhado CM influenciada por idade e comorbidades
retrospectivo n= 243.024
(p<0,05); maior nível de urbanização foi
pacientes no grupo
controle fator de risco para CM feminino (p<0,05).
Estudo de n = 1.791 pacientes Não foi encontrada uma associação entre WU et al., 2023
coorte no grupo CM e PD CM e PD (p>0,05); a relação CM/PD não foi
prospectivo n= 7.378 pacientes influenciada por tabagismo ou idade
no grupo CM sem
(p<0,05).
PD
Estudo de n = 10.830 Não foi encontrada uma associação entre JIA et al., 2020
coorte pacientes no grupo CM e PD (p>0,05); o uso de TMX foi menos
prospectivo CM e PD associado ao desenvolvimento de PD
n= 39.138
(p>0,05); a PD teve uma incidência maior no
pacientes no grupo
CM CM invasivo e menor no carcinoma ductal in
situ (p>0,05).
Continua
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Estudo clínico n= 3.046 pacientes Não foi encontrada uma associação entre CM DING et al.,
de no grupo PD e PD (p>0,05); uma relação genética 2023
randomização n= 195.395 bidirecional entre CM e PD não foi observada
mendeliana pacientes no grupo
(p>0.05).
controle PD
n= 76.192
pacientes no grupo
CM
n= 63.082
pacientes no grupo
controle CM
Fonte: Elaborada pelos autores. CM: Câncer de mama; IAs: Inibidores da Aromatase;
PD: Periodontite; TMX: Tamoxifeno.