Artigo Vanessa - Corrigido
Artigo Vanessa - Corrigido
Artigo Vanessa - Corrigido
CAMPUS NORTE
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE PORANGATU
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
PORANGATU- GO
2024
2
PORANGATU- GO
2024
2
Ficha Catalográfica
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José Fernando Saroba Monteiro - Orientador
Especialista em Educação para Diversidade, Direitos Humanos e Cidadania
Universidade Estadual de Goiás
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Luis Rafael da Silva Valadão - Avaliador
Especialista em Educação para a Diversidade, Direitos Humanos e Cidadania
Universidade Estadual de Goiás
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Romildo Flosino - Avaliador
Especialista em Docência Universitária Universidade
Estadual de Goiás
PORANGATU- GO
2024
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DEDICATÓRIA
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................8
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................23
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................25
RESUMO
Esta pesquisa tem por escopo analisar a importância da utilização da música como fonte
histórica em sala de aula, com foco nas canções produzidas durante o período da Ditadura
Militar no Brasil, que vigeu no país de 1964 a 1985. Com base nisso, vislumbra-se ressaltar a
relevância desse período histórico na educação, promovendo uma abordagem crítica e
reflexiva, buscando compreender a influência da música no cenário político, social e cultural
do país, abordando-se para tanto, fatos históricos que contribuíram para o desenvolvimento e
consolidação da música de protesto como parte da cultura brasileira. Essa pesquisa também
mostra-se relevante, contribuindo na construção da identidade do aluno como um agente
histórico crítico e reflexivo. Portanto, o professor de História pode superar as barreiras que
dificultam o uso da música como fonte histórica, aproveitando-a como uma ferramenta
adicional na construção do conhecimento histórico do aluno e de sua identidade. Dessa forma,
a utilização da música como documento histórico está alinhada com as demandas do ensino de
História na pós-modernidade.
ABSTRACT
This research aims to analyze the importance of using music as a historical source in the
classroom, focusing on Brazilian Popular Music (MPB) during the period of the Military
Dictatorship in Brazil, which lasted from 1964 to 1985. It intends to emphasize the relevance
of this historical period in education, promoting a critical and reflective approach, as well as
understanding the influence of music on the political, social, and cultural scene of the country,
addressing historical facts that contributed to the development and consolidation of MPB as
part of Brazilian culture. This research is also important to help build the student's identity as a
critical and reflective historical agent. Therefore, the History teacher can overcome the
barriers that hinder the use of music as a historical source, taking advantage of it as an
additional tool in the construction of the student's historical knowledge and identity. Thus,
using music as a historical document aligns with the demands of History education in the post-
modernity.
1 Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado a banca como exigência para obtenção de grau
de Licenciatura em História na Universidade Estadual de Goiás/ Campus Norte/ Unidade Universitária de
Porangatu.
2 Licencianda em História. Universidade Estadual de Goiás/ Campus Norte/ Unidade Universitária de Porangatu.
E-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO.
O referido autor destaca a forma como o golpe inicialmente ganhou apoio e como a
gradual ascensão do regime militar foi um processo de abandono das promessas iniciais e
avanço autoritário, aproveitando-se da ingenuidade e as ilusões daqueles que apoiaram o
golpe, acreditando que ele traria uma solução rápida e eficaz para os problemas políticos e
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Nesse contexto, diversos artistas brasileiros se destacaram, dentre eles Caetano Veloso
e Gilberto Gil, icônicos representantes da música popular brasileira, os quais tiveram suas
composições censuradas durante o regime militar. Porém para ambos a censura apenas
destacava a importância da música como meio de resistência e a tentativa do regime de sufocar
vozes que não se alinhavam com a ideologia dominante (CARNEIRO, 2013).
De acordo com Silva Junior (2017), outro ícone importante deste período foi o músico
Geraldo Vandré, que criou a composição musical "Pra não dizer que não falei das flores", mais
uma canção que se não apenas se opunha à ditadura, mas também denunciava suas barbáries e
convidava o povo à luta. Na letra da música, são destacadas as injustiças presentes nos campos
(como a fome nas grandes plantações), enfatizando também a presença do exército nas ruas,
convidando as pessoas a se unirem na luta contra a ditadura, transmitindo a mensagem de que
é necessário agir em vez de esperar passivamente.
Assim, através de suas obras, eles ressaltaram a resistência e a necessidade de lutar pela
liberdade de expressão, utilizando a música como forma de denúncia e conscientização
política, deixando um legado de reflexão sobre a importância da liberdade artística e do papel
da música como forma de resistência e manifestação cultural.
Conforme José D’Assunção Barros (2019), fonte histórica é tudo aquilo que, por ter
sido produzido pelos seres humanos ou por trazer vestígios de suas ações e interferência, pode
nos proporcionar um acesso significativo à compreensão do passado humano e de seus
desdobramentos no presente.
Neste sentido, a música tem sido uma importante forma de expressão cultural ao longo
da história humana, transmitindo emoções, ideias e valores de diferentes épocas e sociedades.
Por essa razão, a música é considerada uma importante fonte histórica para compreendermos e
analisarmos o passado. Assim, utilizar a música como recurso no estudo da História também
implica em não restringí-la do meio acadêmico e escolar, sendo possível aplicar o
entendimento histórico-musical em diversos outros ambientes onde a música é ouvida.
De acordo com José Eduardo (Zuza) de Mello (2019), qualquer estilo musical pode ser
objeto de análise histórica e social, estando relacionado tanto a movimentos sociais quanto a
outras possibilidades de investigação em diferentes áreas. Ademais, segundo o autor, pensar na
música de forma histórica não se limita apenas a produções antigas ligadas a fatos passados ou
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lutas do povo brasileiro durante a Ditadura Militar. As letras das canções são uma forma de
manifestação popular que mostram a resistência da sociedade civil diante do regime opressor.
Atualmente, essas músicas continuam sendo tocadas e relembradas como um símbolo
da coragem e persistência do povo brasileiro contra a ditadura. Elas ajudam a manter viva a
história daquele período, garantindo que as gerações futuras nunca se esqueçam das
atrocidades cometidas e do poder transformador da música como expressão da luta por
liberdade e justiça.
A canção tem uma dupla substância: musical e verbal. [...] Tanto a música como a
letra nos remetem a princípios de análise heterogêneos, divergentes.[...] A própria
música é algo de sincrético na canção. Comporta o tema melódico, o ritmo, o arranjo
musical, o acompanhamento e a orquestração. Embora o tema musical seja o mais
refratário à análise conceitual e ao estudo sociológico, o arranjo e o ritmo inserem-se
nos gêneros, nos estilos e nas modas. (MORIN, 2001,p. 137).
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3.1 Estudo de caso: análise das letras e mensagens transmitidas pelas músicas e
utilização no ensino da História da Ditadura Militar
atravessar um abismo, que seria a repressão, mas acaba caindo. Essa queda representa a
dificuldade de alcançar a liberdade plena, mas também demonstra que a luta pela liberdade
não pode ser abandonada.
A música faz referências diretas a personagens e acontecimentos da ditadura, como a
busca por desaparecidos políticos, representada pela frase "Com tanta gente que partiu/ Num
rabo de foguete". Isso remete aos casos de pessoas que foram presas, torturadas e
desapareceram durante o período autoritário. Além disso, a saudade de um tempo de liberdade
é mencionada na frase "Chora/A nossa Pátria mãe genti/choram Marias e Clarisses/No solo do
Brasil". Essa passagem conecta a história de repressão vivida pelo país ao sofrimento e à
tristeza causada por essa situação.
Já a música "Tropicália" de Caetano Veloso, escrita em parceria com Gilberto Gil, é
considerada um marco do movimento cultural que levou o mesmo nome. A canção apresenta
uma mistura de estilos musicais e influências diversas, simbolizando a busca por uma
identidade brasileira autêntica e original, em meio a um contexto de censura e repressão. A
letra faz referências a diferentes elementos da cultura brasileira, como Jorge Ben Jor, Carmen
Miranda, Nelson Rodrigues e o livro "Macunaíma" de Mário de Andrade, mostrando a
diversidade e riqueza cultural do país. Ao mesmo tempo, a música traz críticas sutis à censura
e à repressão, como na frase “Sobre a cabeça os aviões/ Sob os meus pés os caminhões aponta
contra os chapadões”.
Assim, pode-se vislumbrar que "Tropicália" pode ser explorada no ensino da Ditadura
Militar para ilustrar o movimento cultural da época, que buscava uma ruptura com a cultura
estrangeira e uma valorização da brasilidade. Além disso, a música aborda indiretamente a
censura e a resistência artística, temas importantes para entender o contexto da ditadura.
Ao utilizar essas músicas como recursos educacionais, é possível despertar nos alunos
uma conexão emocional com o período histórico estudado, permitindo uma compreensão mais
profunda das experiências vividas durante a ditadura militar. Além disso, a análise das letras e
mensagens transmitidas pelas músicas contribui para uma reflexão crítica sobre a importância
da liberdade de expressão e a resistência política e cultural em momentos de autoritarismo e
repressão.
Por fim conclui-se que a análise das letras e mensagens transmitidas pelas músicas
durante a Ditadura Militar no Brasil é uma forma de compreender o período histórico de
maneira mais profunda e plural. Através das músicas, os estudantes podem ter acesso a
diferentes perspectivas sobre o regime militar, as lutas e resistências da época, e refletir sobre
a importância da liberdade de expressão e da democracia. A utilização das músicas no ensino
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por todo o exposto, é possível concluir que o uso da música como instrumento para o
Ensino de História, especificamente sobre a ditadura militar no Brasil (1964-1985), é uma
abordagem que possibilita uma maior compreensão e reflexão sobre esse período tão
importante da história do país. A Ditadura Militar deixou um legado de repressão, violência e
restrição dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros e através da música, é possível
resgatar e refletir sobre as memórias desse período, bem como trazer à tona histórias e vozes
de resistência e de luta pela democracia.
As músicas de protesto em oposição ao regime militar eram composições de luta social
e, ao mesmo tempo, carregadas de emoção e romantismo e por esta razão ainda são muito
ouvidas até os dias de hoje, representando um momento significativo na história musical do
país, consolidando um estilo conhecido como canções de protesto, mantendo relação direta
com a chamada MPB, também surgida neste período.
Ao utilizar canções que foram produzidas e interpretadas durante a ditadura, como as
que foram aqui analisadas, cujas letras expressavam críticas ao regime, denunciavam a
violência e a censura, assim como canções que serviram de instrumento de manipulação e
propaganda do governo militar, os alunos podem ter acesso a diferentes perspectivas e
sentimentos que permearam a sociedade naquele momento.
Além disso, a música possibilita a compreensão de como a ditadura afetou a vida
cultural do país, através da censura e perseguição a artistas e intelectuais, em que muitos
músicos foram exilados ou tiveram suas músicas proibidas de serem veiculadas nas rádios, o
que evidencia a importância da música como forma de resistência e de expressão da liberdade
de pensamento. Ao aprender sobre a ditadura militar através da música, os alunos são
desafiados a desenvolver habilidades de interpretação, análise e reflexão crítica. É
fundamental que eles sejam estimulados a questionar, debater e buscar diferentes fontes de
informação para compreender os diversos discursos presentes nas canções (MONTEIRO,
2014).
Por fim, a música como instrumento para o ensino de História permite que os alunos
desenvolvam empatia e sensibilidade, ao se conectarem com as histórias e narrativas vividas
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por diferentes personagens de determinado período. Essa abordagem torna o aprendizado mais
significativo e instiga a curiosidade e o interesse dos estudantes pela história do Brasil.
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