Abordagem Integrativa para Desarrollo de Teorias
Abordagem Integrativa para Desarrollo de Teorias
Abordagem Integrativa para Desarrollo de Teorias
RESUMO
Objetivo: refletir sobre a contribuição do uso da abordagem integrativa como caminho metodológico para o
desenvolvimento de teorias de situação específica em enfermagem.
Método: estudo do tipo reflexivo, considerando o referencial metodológico de Im e Meleis e as possibilidades
de sua incorporação pela enfermagem brasileira para o desenvolvimento de teorias de situação específica.
Resultado: são apresentados os tópicos: Abordagem integrativa: possibilidades para desenvolver teorias
de situação específica; e, Utilidade do desenvolvimento de teorias de situação específicas a partir da
abordagem integrativa. A reflexão sustenta-se na experiência de utilização do referencial metodológico para
o desenvolvimento de teorias de situação específica, bem como discute o potencial do referencial para a
construção de teorias que guiem o cuidado de enfermagem em contextos particulares.
Conclusão: a abordagem integrativa é subutilizada no contexto brasileiro de produção de teorias, mesmo sendo
um referencial próprio da enfermagem. Por isso, necessita ser visibilizada para fortalecer o desenvolvimento
de conhecimento que represente realidades diversas e específicas a fim de avançar na prática clínica.
COMO CITAR: Aldrighi JD, Dalmolin A, Girardon-Perlini NMO, Lacerda MR, Trigueiro TH, Wall ML. Abordagem integrativa
para o desenvolvimento de teorias de situação específica: reflexão teórica. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2023
[acesso MÊS ANO DIA] Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0255pt
ABSTRACT
Objective: reflect on the use of the integrative approach and its contribution as a methodological path for the
development of situation specific theories in nursing.
Method: reflexive study, considering the methodological framework of Im and Meleis and the possibilities of its
incorporation into Brazilian nursing for the development of situation specific theories.
Results: the following topics are presented: Integrative approach: possibilities to develop situations specific
theories; and, Usefulness of the development of situation specific theories from the integrative approach. The
reflection is based on the experience of using the methodological framework for the development of situation
specific theories, in addition to discussing the potentialities the framework has regarding the construction of
theories that guide nursing care in particular contexts.
Conclusion: the integrative approach is underused in the Brazilian context of theory production, despite being
a nursing reference. Therefore, it needs to be made visible to strengthen the development of knowledge that
represents diverse and specific realities in order to advance in clinical practice.
DESCRIPTORS: Nursing theory. Nursing models. Nursing philosophy. Nursing methodology research.
Theoretical models.
RESUMEN
Objetivo: reflexionar sobre el uso del enfoque integrador y su contribución como camino metodológico para
el desarrollo de teorías de situaciones específicas en enfermería.
Método: estudio reflexivo, considerando el marco metodológico de Im y Meleis y las posibilidades de su
incorporación en la enfermería brasileña para el desarrollo de teorías de situaciones específicas.
Resultados: se presentan los siguientes temas: Enfoque integrador: posibilidades de desarrollar teorías de
situaciones específicas; y, Utilidad del desarrollo de teorías de situaciones específicas desde el enfoque
integrador. La reflexión se basa en la experiencia de utilizar el marco metodológico para el desarrollo de
teorías de situaciones específicas, además de discutir las potencialidades que tiene el marco en cuanto a la
construcción de teorías que orientan el cuidado de enfermería en contextos particulares.
Conclusión: el enfoque integrador está subutilizado en el contexto brasileño de producción teórica, a pesar
de ser un referente en enfermería. Por lo tanto, es necesario visibilizarlo para fortalecer el desarrollo de
conocimientos que representen realidades diversas y específicas para avanzar en la práctica clínica.
no Brasil uma corrente de produções de teorias, principalmente, Teorias de Médio Alcance (TMA), que
tem utilizado estratégias de desenvolvimento orientadas por raciocínio indutivo, dedutivo ou indutivo-
dedutivo. Entre as diversas abordagens metodológicas para essas construções, a mais empregada
nas produções brasileiras é a proposta por Walker e Avant, uma metodologia baseada em processos
mais rígidos. Nesse sentido, são escassas as referências que diversificam na utilização de outras
abordagens, principalmente, em se tratando do desenvolvimento de TSE6.
Assim, insta que reflitamos sobre a utilização da estratégia de desenvolvimento de teoria
delineada por Meleis, a qual é composta por processos mais fluidos e, embora apresente pontos
similares, se distingue das outras por preocupar-se com a apreensão do contexto social do fenômeno,
determinado por aspectos políticos, culturais, raciais, desigualdades sociais e de gênero. Desse
modo, as TSE podem ser mais facilmente transpostas ao Processo de Enfermagem e, principalmente,
direcionadas a populações e cenários específicos, os quais se beneficiarão com cuidados direcionados
e adequados às suas especificidades, considerando os contextos de saúde e doença1–2,4.
Tendo em vista o exposto, este é um estudo teórico-reflexivo, embasado na construção de
dois projetos de tese de doutoramento brasileiros, e tem como objetivo refletir sobre a contribuição
do uso da abordagem integrativa como caminho metodológico para o desenvolvimento de teorias
de situação específica em enfermagem.
conceitos, pressupostos e proposições oriundos da teoria de suporte. Também, pode-se utilizar como
fonte de dados os resultados e as experiências de projetos de pesquisa, programas educacionais, de
extensão e/ou provenientes da prática em ambientes hospitalares e/ou comunitários4. Além disso, tem-se
os esforços colaborativos, os quais podem envolver internacionalidade e interdisciplinaridade, sendo
elementos importantes, pois proporcionam diversidade de ideias, avultam os diálogos acadêmicos e,
consequentemente, os resultados para a prática, assim como promovem uma integração de visões, o
que fortalece a responsividade às questões sobre a natureza, missão e objetivos da enfermagem1,4.
A terceira etapa do desenvolvimento de uma TSE refere-se à teorização, sendo dividida em
inicialização, processo e integração. A inicialização é o ponto de partida, momento em que surgem
as primeiras teorizações, as quais podem ser originadas a partir de uma ou de diversas fontes de
dados, como revisões da literatura sobre o fenômeno de interesse, de projeto de pesquisa, assim
como da experiência com a prática, ou, ainda, de uma teoria de suporte com a derivação de conceitos
e afirmações condizentes com a situação específica. A depender de quais fontes serão utilizadas
para iniciar as teorizações, diferentes processos podem ser seguidos, sendo os mais utilizados:
teoria-prática-teoria; prática-teoria; pesquisa-teoria; e teoria-pesquisa-teoria. A integração dos dados
obtidos das diversas fontes ocorre a partir da reflexividade do pesquisador, da análise dos dados, da
criação de estruturas que permitam a formulação de proposições, podendo ser facilitada e refinada
com o compartilhamento de diálogos internos e externos ao meio em que o pesquisador produz
pesquisas ou vivencia suas experiências clínicas, de extensão e/ou de ensino1,4.
Além disso, a documentação de todo o processo, incluindo questões/impasses/dúvidas sobre
a conceituação e a teorização, críticas de cada etapa do processo de desenvolvimento e reflexão
sobre o possível impacto das teorias no ambiente social e político, que precisam ser sistematicamente
estudado, evidenciando a relação entre prática, teoria e pesquisa, bem como sua implicação para
o desenvolvimento da teoria.
Figura 2 – Esquema pictórico relativo ao desenvolvimento da teoria de situação específica para o cuidado
de enfermagem às pessoas com estoma intestinal de eliminação e a sua família. Curitiba, PR, Brasil, 2022.
NECFAM: Núcleo de Estudo em Cuidado e Família, que integra o Grupo de
Pesquisa cadastrado no CNPq Cuidado, Saúde e Enfermagem.
As TSE não transcendem tempo, lugar ou situação, elas são construídas a partir de contextos
particulares, tanto biológicos e de saúde, quanto sociais, políticos e culturais. No entanto, apesar de
parecer contraditório, o desenvolvimento dessas teorias é um processo contínuo, dinâmico e evolutivo4,
pois, ainda que esteja atrelado a uma conjuntura particular, ele subsidia e fomenta o desenvolvimento
de outras teorizações que, ao serem articuladas e relacionadas, formam robustas estruturas teóricas
sobre um determinado fenômeno, fortalecendo o corpo de conhecimento científico da enfermagem.
Assim, todo esse conhecimento, que, ao mesmo tempo em que é específico, é também amplo, ao
passo que alimenta um campo maior que é a unidade da disciplina de enfermagem, contribui para
a aplicação em contextos práticos, bem como para atingir o objetivo maior da enfermagem, que, na
perspectiva de Meleis, é cuidar dos seres humanos da melhor forma, para que a resposta a esse
cuidado seja o bem-estar1.
Apesar da importância das grandes teorias na construção histórica e científica da enfermagem,
e para a consolidação do conhecimento atual da disciplina, elas são estruturas dadas à generalização
e abstração e, por isso, disseminadas pelos pares como difíceis ou impossíveis de serem aplicadas
na prática, tornando a sua utilização cada vez mais afastada da operacionalização e aplicação, e
mais comumente ligadas ao campo das ideias5. Contrapondo essa posição mais generalista, as TSE
tentam suprir essa lacuna com a aproximação entre conceitos, proposições, constructos, escalas/
instrumentos e modelos aplicáveis, no intuito de (re)conectar o tripé teoria-pesquisa-prática9.
Nesse contexto, seria importante que os currículos dos cursos de graduação em enfermagem
absorvessem os novos conhecimentos gerados a partir de teorias mais práticas, para que pudessem
ser aplicadas no ensino, fomentando e preparando as próximas gerações para um raciocínio clínico
embasado em teorizações mais próximas da realidade. Além disso, no âmbito das pós-graduações,
Doutores e demais pesquisadores. Foi possível localizar cinco pesquisadores e identificar que três
são doutorandas em Programas de Pós-Graduação, e, destes, dois compreendem as autoras desta
reflexão. Outra é doutora produtora de uma TSE, e outro, o seu respectivo orientador. O que se pode
inferir é que, de fato, não estão sendo produzidas TSE, ou que elas não estão sendo denominadas
formalmente como teorias, ou, ainda, que não estão sendo indexadas corretamente em termos e
palavras-chave nas bases de dados. A questão a se refletir, nesse sentido, é a de que o Brasil ainda
está pouco alinhado à tendência internacional de desenvolver teorias formalmente, menos abstratas
e capazes de guiar o cuidado de enfermagem, evidenciando dimensões que podem e necessitam
ser exploradas no cenário acadêmico em âmbito nacional.
Quanto à abordagem integrativa, esse não é um caminho metodológico comumente utilizado para
a produção de teorias em enfermagem, mesmo sendo um referencial metodológico desenvolvido por
uma enfermeira e aperfeiçoado por outra1,4. Ao fazer uma busca no Catálogo de Teses e Dissertações
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior com os termos “abordagem
integrativa” AND Meleis, “abordagem integrada” AND Meleis, nenhuma produção foi encontrada.
Ainda, realizou-se uma busca no Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a fim
de encontrar publicações em revistas latino-americanas, a partir da seguinte estratégia: (“abordagem
integrativa” OR “abordagem integrada”) AND meleis, e não houve nenhum resultado. Essa busca
se restringiu a portais e repositórios que pudessem retornar estudos em português, no intuito de
explorar pesquisas brasileiras que seguiram esse percurso metodológico.
Para identificar o processo de desenvolvimento de novas TSE, Eun-Ok Im realizou uma
revisão de literatura, restrita à língua inglesa e, nos últimos 20 anos, foram encontrados 15 estudos
construídos por enfermeiros, publicados em revistas de enfermagem e que explicitaram o uso da
abordagem integrativa na metodologia7. Fica evidente que, mesmo com poucos estudos, esse caminho
metodológico é utilizado por enfermeiros de outros países, contrapondo-se à realidade brasileira.
CONCLUSÃO
A abordagem integrativa é um referencial metodológico desenvolvido, validado e refinado por
enfermeiras, sendo um produto do conhecimento científico da disciplina. Entretanto, verifica-se que
é subutilizada pelos pesquisadores brasileiros para produzir teorias, revelando uma lacuna passível
de ser explorada.
Assim, nossa pretensão foi fomentar reflexões acerca das possibilidades de utilização da
abordagem integrativa e instigar o desenvolvimento de TSE como estruturas orientadoras do raciocínio
e da tomada de decisões com relação ao Processo de Enfermagem, almejando melhores resultados
na prática clínica e, consequentemente, na ampliação do conhecimento.
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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA
Concepção do estudo: Aldrighi JD, Dalmolin A.
Coleta de dados: Aldrighi JD, Dalmolin A.
Análise e interpretação dos dados: Aldrighi JD, Dalmolin A.
Discussão dos resultados: Aldrighi JD, Dalmolin A.
Redação e/ou revisão crítica do conteúdo: Girardon-Perlini NMO, Trigueiro TH, Lacerda MR, Wall ML.
Revisão e aprovação final da versão final: Aldrighi JD, Dalmolin A, Girardon-Perlini NMO, Trigueiro
TH, Lacerda MR, Wall ML.
CONFLITO DE INTERESSES
Não há conflito de interesses
EDITORES
Editores Associados: Gisele Cristina Manfrini, Ana Izabel Jatobá de Souza.
Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.
HISTÓRICO
Recebido: 03 de outubro de 2022.
Aprovado: 22 de novembro de 2022.
AUTOR CORRESPONDENTE
Juliane Dias Aldrighi
[email protected]