Informativo 183 - 28 de Abril A 04 de Maio de 2024
Informativo 183 - 28 de Abril A 04 de Maio de 2024
Informativo 183 - 28 de Abril A 04 de Maio de 2024
da Semana
28/04 a 04/05/2024
Informativo 183
Inclui:
• Informativo 1133-STF
• Informativo 809-STJ
• Novo plano: Analista do TRF2
• Novo plano: Analista do TRF3
• Novo plano: Analista do TJ-MA
• Novo plano: Defensoria do Paraná
Professor Bruno Valente
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Professor
Bruno Valente
É Mestre em Ordem Jurídica Constitucional pela
Universidade Federal do Ceará e Bacharel em
Direito pelo Centro Universitário 7 de Setembro.
Atua como advogado, professor e é autor dos
materiais do Legislação Integrada.
Curríulo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3035355973845453
APRESENTAÇÃO
É muito comum o estudante desistir da leitura da lei seca por não conseguir
perceber resultados positivos. Muitas vezes, isso acontece porque se trata o
estudo de a lei e o de jurisprudência como momentos distintos.
‘ O estudo do material único é guiado através dos nossos vários planos de leitura,
focados na carreira que você almeja ou mesmo no edital da prova que você vai
prestar.
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Informativo 183
28/04 a 04/05/2024
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Informativo 1133-STF
Também disponível em áudio
Constituição Federal
Destaque
São inconstitucionais — por violarem os princípios republicano e democrático — normas estaduais
(Constituição, lei e regimento interno) que permitem mais de uma reeleição consecutiva para o mesmo
cargo diretivo do Tribunal de Contas local.
STF. ADI 7.180/AP, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 19.04.2024 (in-
fo 1133).
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fisca-
lização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.
Normativa Estadual do Amapá que permite a reeleição ilimitada para o mesmo cargo diretivo do Tribu -
nal de Contas local.
A Constituição do Estado do Amapá permite a reeleição ilimitada para o mesmo cargo diretivo do Tribu -
nal de Contas local. O mesmo é repetido na Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Amapá e no
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado do Amapá. Vejamos:
A previsão é constitucional?
Não. São inconstitucionais — por violarem os princípios republicano e democrático — normas estaduais
(Constituição, lei e regimento interno) que permitem mais de uma reeleição consecutiva para o mesmo
cargo diretivo do Tribunal de Contas local.
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A alternância no exercício do poder é pilar essencial na democracia, de modo que se revela como conse-
quência indispensável dos princípios republicano e democrático. Ademais, o dever de obediência aos prin-
cípios federais — referente aos Tribunais de Contas — resulta de sua própria autonomia (CF/1988, art. 73
c/c os arts. 75 e 96).
Conclusão.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação pa-
ra declarar a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, da expressão “permitida a reeleição”,
contida:
… a fim de afastar qualquer aplicação que possibilite mais de uma única reeleição consecutiva de conse-
lheiros para o mesmo cargo diretivo do aludido Tribunal de Contas.
STF. ADI 7.180/AP, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 19.04.2024 (in-
fo 1133).
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IMPORTANTE!
Código de Processo Penal
Destaque
É constitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de polícia e mem -
bros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou de empresas da iniciati -
va privada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou dos suspeitos em investigações so-
bre os crimes de cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, seques -
tro relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança ao exterior (CPP/1941, art. 13-A).
É constitucional norma que possibilita, mediante autorização judicial, a requisição às empresas presta-
doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática da disponibilização imediata de sinais, informa-
ções e outros dados que viabilizem a localização da vítima ou dos suspeitos daqueles mesmos delitos
(CPP/1941, art. 13-B).
STF. ADI 5.642/DF, relator Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info 1133).
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no §3º do Art. 158 e no Art. 159 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no Art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Crimes a que se refere o Art. 13-A do CPP:
Art. 148, CP: Sequestro e cárcere privado.
Art. 149, CP: Redução a condição análoga à de escravo.
Art. 149-A, CP: Tráfico de Pessoas.
Art. 158, CP: Extorsão
Art. 159, CP: Extorsão mediante sequestro.
Art. 239, ECA: Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para
o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I. o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II. o número do inquérito policial; e(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III. a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o mem-
bro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e in -
tensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
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§2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I. não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização
judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II. deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta)
dias, renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III. para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judici -
al. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016) (Vigência)
§4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamen-
te os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da víti-
ma ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
Lei nº 13.344, de 2016.
A Lei nº 13.344, de 2016, estabelece diretrizes para a prevenção e repressão do tráfico interno e internaci-
onal de pessoas. Além disso, a lei define medidas de atenção e apoio às vítimas desse tipo de crime. Tam -
bém altera legislações anteriores para adequar os procedimentos e as penalidades aplicáveis aos casos de
tráfico de pessoas.
A lei alterou o Código Penal, revogando os arts. 231 e 231-A e inserindo o art. 149-A. Com isso, topografi -
camente o crime passou a fazer parte do capítulo que trata dos “crimes contra a liberdade pessoal”. Além
disso, a alteração teve por objetivo promover um endurecimento das penas.
A lei também alterou o Código de Processo Penal, ao inserir os arts. 13-A e 13-B. Os artigos mencionados
introduzem mecanismos legais para reforçar a investigação dos seguintes crimes:
• Art. 148, CP: Sequestro e cárcere privado.
• Art. 149, CP: Redução a condição análoga à de escravo.
• Art. 149-A, CP: Tráfico de Pessoas.
• Art. 158, CP: Extorsão
• Art. 159, CP: Extorsão mediante sequestro.
• Art. 239, ECA: Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adoles -
cente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro.
Dentre as inovações, está a facilitação de acesso a informações técnicas de telecomunicações para locali-
zar vítimas ou suspeitos.
Artigo 13-A.
O art. 13-A permite, no âmbito dos crimes já mencionados, que o membro do Ministério Público ou o de-
legado de polícia poderão requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
A lei ainda prevê que a requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e conterá:
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Perceba que o dispositivo dispensa a necessidade de autorização judicial, permitindo a requisição direta
de dados pelo membro do Ministério Público ou pela autoridade policial. Ressalte-se que o dispositivo
não trata de localização, mas tão somente de informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Conforme a jurisprudência desta Corte, tal como as informações de registros públicos, os dados cadas-
trais, de posse das empresas de telefonia, também podem ser requisitados, sem que a medida configure
violação ao direito à privacidade.
Nesse contexto, embora potencialmente grave a restrição imposta pela medida prevista na lei, não deve
haver expectativa de privacidade para quem está em situação de flagrante delito de crime grave com víti -
mas submetidas à restrição de liberdade.
Artigo 13-B.
Já o art. 13-B prevê que o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, me-
diante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
Ocorre que, dada a urgência da medida, o §4º permite que, não havendo manifestação judicial no prazo
de 12 (doze) horas, a autoridade competente poderá realizar a requisição diretamente as empresas.
Em todo caso, as informações deverão ser fornecidos pela prestadora de telefonia móvel celular por perí -
odo não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período. Para períodos superio -
res será necessária a apresentação de ordem judicial.
Ressalte-se ainda que o dispositivo não autoriza o acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natu-
reza, que dependerá de autorização judicial.
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Também é válida a disposição legal que prevê que, caso o magistrado não se manifeste quanto ao pedi -
do de acesso aos dados no prazo máximo de 12 horas, a autoridade competente poderá exigir a entrega
do respectivo material de modo direto.
Dada a urgência da medida e a gravidade dos crimes, também é válida a disposição legal que prevê que,
caso o magistrado não se manifeste quanto ao pedido de acesso aos dados no prazo máximo de 12 horas,
a autoridade competente poderá exigir a entrega do respectivo material de modo direto, comunicando-se
imediatamente ao juízo competente. De qualquer sorte, toda medida está sujeita ao controle judicial pos-
terior.
Desse modo, deve-se relativizar a proteção constitucional à intimidade e à vida privada em favor do inte-
resse coletivo em solucionar esses crimes, visto que demandam agilidade na investigação, em especial pa -
ra o resgate das vítimas. Ademais, as normas impugnadas não conferem amplo poder de requisição, mas
apenas aquele que é instrumentalmente necessário para reprimir violações de crimes graves que atentam
contra a liberdade pessoal e que se destinam a permitir o resgate das vítimas enquanto ainda estejam em
curso.
Conclusão.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação para
assentar a constitucionalidade do art. 11 da Lei nº 13.344/2016, que acrescentou os arts. 13-A e 13-B ao
Código de Processo Penal.
STF. ADI 5.642/DF, relator Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info 1133).
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Constituição Federal
Destaque
#Tese de Repercussão Geral – Tema 953-STF: É constitucional a utilização de vestimentas ou acessórios
relacionados a crença ou religião nas fotos de documentos oficiais, desde que não impeçam a adequada
identificação individual, com rosto visível.
STF. RE 859.376/PR, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 17.04.2024 (info
1133).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
VI. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio -
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Caso concreto.
O caso teve origem em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a União e o
Departamento de Trânsito do Estado do Paraná (Detran/PR), a partir de representação de uma freira que
foi impedida de utilizar o hábito religioso na foto para renovar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O MPF buscou assegurar que as religiosas com atuação em Cascavel (PR) pudessem renovar a CNH sem o
impedimento. A Justiça Federal, em primeira instância, julgou procedente o pedido e, no julgamento de
apelação da União, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) manteve a sentença. Em seguida, a
União recorreu ao STF.
A restrição ao uso dessas vestimentas ou acessórios sacrifica excessivamente a liberdade religiosa, com
elevado custo para esse direito individual e com benefício de relevância pouco significativa em matéria de
segurança pública, de modo que não há razoabilidade na medida, por ausência de proporcionalidade em
sentido estrito.
Nesse contexto, é necessário alcançar uma ponderação de valores entre o interesse estatal de garantir a
segurança para a coletividade e o direito individual de exercer a sua liberdade religiosa. Portanto, se o
acessório religioso não cobrir o rosto nem impedir a plena identificação da pessoa, inexiste razão para ve-
dar o seu uso em fotografias de documentos oficiais, pois possível a adequada visualização das caracte-
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rísticas pessoais.
Tese fixada.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 953 da re-
percussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário e fixou a tese:
STF. RE 859.376/PR, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 17.04.2024 (info
1133).
Constituição Federal
Destaque
É constitucional lei estadual que institui cadastro de pessoas com condenação definitiva por crimes con-
tra a dignidade sexual praticados contra criança ou adolescente ou por crimes de violência contra a mu-
lher, desde que não haja publicização dos nomes das vítimas ou de informações que permitam a sua
identificação.
STF. ADI 6.620/MT, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info
1133).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(…)
XI. procedimentos em matéria processual;
Cadastro Estadual de Pedófilos do Estado de Mato Grosso.
A Lei nº 10.315/2015 do Estado de Mato Grosso criou um “Cadastro Estadual de Pedófilos”. Pela lei, o ca -
dastro conterá dados pessoais e foto do agente, compreendido este:
• o suspeito;
• o indiciado; ou
• o já condenado…
… por qualquer dos crimes contra a dignidade sexual previstos no Código Penal Brasileiro quando pratica-
dos contra a criança e/ou adolescente
Pela lei, o nome e a foto dos agentes já condenados ficam disponíveis para consulta pública desde a con -
denação até a reabilitação judicial.
Por outro lado, qualquer Delegado de Polícia, Investigador de Polícia e demais Autoridades pontuadas pe -
la Secretaria de Estado de Segurança Pública terão acesso ao conteúdo integral do Cadastro Estadual de
Pedófilos do Estado de Mato Grosso.
A lei é constitucional?
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Em partes.
Nesse contexto, delimitar que o cadastro seja constituído a partir de dados do agente “já condenado”
atende ao objetivo pretendido e mantém resguardado um instrumento adequado e eficaz para os órgãos
de segurança pública estadual, sem ofender direitos fundamentais.
As autoridades referidas neste dispositivo não terão acesso ao nome da vítima ou a qualquer circuns -
tância que possibilite a sua identificação, ressalvado ordem judicial.
Por fim, dados capazes de identificar a vítima podem ser coletados para auxiliar na formulação de políticas
públicas. No entanto, para evitar uma exposição desnecessária da vítima, esses dados não devem ser dis-
ponibilizados para o público em geral, pois a este apenas serão acessíveis os nomes e fotos dos condena-
dos, até o término do cumprimento da pena.
Mesmo as autoridades referidas neste dispositivo não terão acesso ao nome da vítima ou a qualquer cir -
cunstância que possibilite a sua identificação, ressalvado ordem judicial.
Conclusão.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou parcialmente proce-
dente a ação para
(i) declarar a inconstitucionalidade da expressão “o suspeito, indiciado ou” constante do inciso I
do art. 3º da Lei nº 10.315/2015 do Estado de Mato Grosso (1);
(ii) conferir interpretação conforme a Constituição ao inciso I do art. 4º da Lei nº 10.315/2015 do
Estado de Mato Grosso e delimitar que:
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(a) não será dada publicidade ao nome da vítima ou a dado cuja correlação seja capaz
de reconhecer o nome da vítima;
(b) o termo “condenados” refere-se a sentença penal condenatória transitada em julga-
do;
(c) a expressão “reabilitação judicial” refere-se ao fim do cumprimento da pena; e
(iii) conferir interpretação conforme a Constituição ao inciso II do art. 4º da Lei nº 10.315/2015
do Estado de Mato Grosso, para estabelecer que as autoridades referidas neste dispositivo não
terão acesso ao nome da vítima ou a qualquer circunstância que possibilite a sua identificação,
ressalvado ordem judicial.
STF. ADI 6.620/MT, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info
1133).
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Informativo 809-STJ
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RECURSOS REPETITIVOS
Súmulas Vinculantes
Destaque
#Tese Repetitiva – Tema 1.102-STJ:
I) É possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao pagamento da vantagem de 28,86%,
por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo Sistema Integrado de Administração de Re-
cursos Humanos - SIAPE, conforme art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, apenas em relação a acordos fir -
mados posteriormente à vigência dessa norma.
II) Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscando impedir
o enriquecimento ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de 28,86%, demonstrados por
meio dos documentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzidos do valor apurado, com as atualizações
pertinentes.
STJ. REsp 1.925.176-PA, REsp 1.925.194-RO, REsp 1.925.190-DF, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Primeira Se -
ção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
Súmula Vinculante 51: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e
8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais compensações de -
correntes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.
Reajuste dos 28,86%.
O reajuste de 28,86% refere-se a um reajuste salarial concedido às Forças Armadas no ano de 1993, base-
ado na diferença acumulada da inflação medida entre setembro de 1992 e dezembro de 1993. Esse rea-
juste foi decorrente da Lei 8.622/1993 e da Lei 8.627/1993, que reestruturaram as tabelas de salários dos
militares.
A controvérsia começou quando servidores civis do governo, particularmente aqueles vinculados a setores
da administração direta, autárquica e fundacional, reivindicaram o mesmo reajuste aplicado aos militares,
argumentando que o princípio da isonomia estava sendo violado, já que não receberam reajuste equiva -
lente.
Isso levou a uma série de ações judiciais, pois os servidores civis buscavam receber o mesmo índice de
correção salarial de 28,86%. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) acaba-
ram decidindo que os servidores civis tinham direito ao mesmo reajuste, levando a um grande número de
processos judiciais e impactos significativos nos gastos públicos com pessoal. Inclusive, o tema chegou a
ser objeto de súmula vinculante. Vejamos:
#Súmula Vinculante 51: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis
8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as even-
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tuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas
legais.
Essas decisões judiciais criaram um precedente para que diversos grupos de servidores públicos civis plei-
teassem ajustes salariais similares, cada um utilizando a justificativa de manter a paridade entre os au -
mentos concedidos a diferentes categorias de trabalhadores no serviço público.
MP 1.704/1998.
Art. 7º Ao servidor que se encontre em litígio judicial visando ao pagamento da vantagem de
que cuida esta Medida Provisória é facultado receber os valores devidos até 30 de junho de
1998, pela via administrativa, firmando transação, até 30 de dezembro de 1998, a ser homolo-
gada no juízo competente.
Parágrafo único. Para efeito do cumprimento do disposto nesta Medida Provisória, a Advoca-
cia-Geral da União e as Procuradorias Jurídicas das autarquias e fundações públicas federais fi-
cam autorizadas a celebrar transação nos processos movidos contra a União ou suas entidades
que tenham o mesmo objeto do Mandado de Segurança referenciado no art. 1º.
Após sucessivas reedições e adiamentos da data limite para celebrar a transação, a MP 1.962-33/2000, in-
seriu o §2º no art. 7º, que foi reproduzido na vigente MP 2.169-43/2001, e se encontra eficaz até os dias
atuais, nos seguintes termos:
MP 1.962-33/2000 e MP 2.169-43/2001.
Art. 7º Ao servidor que se encontre em litígio judicial visando ao pagamento da vantagem de
que tratam os arts. 1º ao 6º, é facultado receber os valores devidos até 30 de junho de 1998, pe-
la via administrativa, firmando transação, até 19 de maio de 1999, a ser homologada no juízo
competente.
§ 1º Para efeito do cumprimento do disposto nesta Medida Provisória, a Advocacia-Geral da
União e as Procuradorias Jurídicas das autarquia se fundações públicas federais ficam autoriza-
das a celebrar transação os processos movidos contra a União ou suas entidades que tenham o
mesmo objeto do Mandado de Segurança referenciado no art. 1º.
§ 2º Para feito da homologação prevista no caput, a falta do instrumento da transação, por
eventual extravio, será suprida pela apresentação de documento expedido pelo SIAPE, que
comprove a celebração da avença.
Portanto, até a edição da MP 1.962-33/2000, a legislação não trazia de forma expressa a possibilidade de
utilização de fichas financeiras emitidas pelo sistema SIAPE par comprovar a transação realizada entre o
servidor e a Administração Pública no caso de extravio ou falta do instrumento de transação homologado.
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Maria é servidora pública federal e em 1994 propôs ação requerendo o reajuste de 28,86%, nos mesmos
termos concedidos aos servidores militares. A União alega que em 20 de dezembro de 1998, nos termos
da MP 1.704/1998, foi celebrada transação com a servidora, importando no pagamento dos retroativos
devidos. A servidora, entretanto, não reconhece que os pagamentos foram realizados.
A União não juntou aos autos a homologação judicial do acordo realizado, tendo em vista afirma que o
mesmo foi objeto de extravio. Juntou, entretanto, a ficha financeira de Maria, emitida pelo sistema SIAPE,
onde consta rubrica no exato dos retroativos cobrados.
O advogado de Maria, entretanto, afirma que suposta transação foi anterior a MP 1.962-33/2000, não é
possível utilizar tal documento como prova do pagamento dos valores, tendo em vista que a MP
1.704/1998 não previa tal possibilidade, determinando a necessidade de apresentação da decisão judicial
homologatória.
A ficha financeira emitida pelo SIAPE tem o condão de provar o pagamento dos valores?
Sim. É possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao pagamento da vantagem de
28,86%, por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo Sistema Integrado de Administração
de Recursos Humanos - SIAPE, conforme art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, apenas em relação a acor -
dos firmados posteriormente à vigência dessa norma.
Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscando impedir o
enriquecimento ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de 28,86%, demonstrados por
meio dos documentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzidos do valor apurado, com as atualizações
pertinentes.
Controvérsia.
O presente feito foi afetado pela Primeira Seção para ser julgado sob a sistemática dos recursos especiais
repetitivos, a fim de "definir se é possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao paga -
mento da vantagem de 28,86%, por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo Sistema Inte-
grado de Administração de Recursos Humanos - SIAPE, conforme art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, in -
clusive em relação a acordos firmados em momento anterior à vigência dessa norma".
Também é oportuno salientar que os extratos fornecidos pelo SIAPE poderiam, a princípio, demonstrar a
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existência de pagamentos, e não do ajuste celebrado. No instrumento de transação, são dispostas inúme-
ras cláusulas, regulamentando os termos das concessões recíprocas. Um extrato interno da Administração
Pública, como ressaltado, demonstra apenas um pagamento.
Em regra, a comprovação por meio de extratos do SIAPE só pode ser aplicadas nos acordos celebrados
após a vigência da MP 1.962-33/2000.
A disposição contida no art. 7º, § 2º, da MP n. 1.962-33/2000, que foi reproduzida na vigente MP n. 2.169-
43/2001, criou uma forma de demonstração da existência do negócio jurídico, que anteriormente era fei -
to por meio da apresentação da escritura pública ou instrumento de transação assinado por ambos os
acordante. A referida forma é válida, já que criada por lei. No entanto, somente pode ser aplicada aos ne-
gócios jurídicos celebrados após a sua edição, sob pena de surpreender os envolvidos e retroagir de forma
prejudicial ao administrado, de modo que a comprovação, por meio dos extratos do SIAPE, deve ser apli -
cada a apenas aos acordos firmados após a sua vigência.
Dessa forma, entende-se que é possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao pagamen-
to da vantagem de 28,86%, por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo SIAPE, conforme
o art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, apenas em relação a acordos firmados em momento posterior à
vigência dessa norma.
Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, os valores recebidos
administrativamente, a título de 28,86%, demonstrados por meio dos documentos expedidos pelo SIA -
PE, devem ser deduzidos do valor apurado, com as atualizações pertinentes.
Ademais, ressalte-se que a vedação ao enriquecimento ilícito impede o pagamento de direitos não reco-
nhecidos ou de pagamento de parcela já quitada. A restituição é devida não só quando não tenha havido
causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir. Por isso, quando não for lo-
calizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscando impedir o enriquecimento
ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de 28,86%, demonstrados por meio dos docu-
mentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzidos do valor apurado, com as atualizações pertinentes.
STJ. REsp 1.925.176-PA, REsp 1.925.194-RO, REsp 1.925.190-DF, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Primeira Se -
ção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
APROFUNDANDO!
A Súmula Vinculante 51 foi editada em contexto anterior a EC 19/98.
Antes da EC 19/98, o art. 37, X da CF tinha a seguinte redação:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
X. a revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre servi-
dores públicos civis e militares, far-se-á sempre na mesma data
Portanto, não era possível haver distinção de índices de revisão geral anual entre servidores civis e milita -
res.
Atualmente, o art. 37, X da CF não se aplica aos militares, pois o termo “servidores públicos” hoje não
abrange militares.
Veja o novo texto do art. 37, X da CF:
Art. 37, X. a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 so-
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mente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em ca-
da caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;
Desde a EC 19/98, os “servidores públicos civis” passaram a ser denominados simplesmente “servidores
públicos” e os “servidores públicos militares” passaram a ser denominados simplesmente “militares”.
Portanto, já não existe obrigatoriamente de previsão do mesmo índice de revisão geral anual para servi-
dores públicos e militares.
II. No regime do CPC/2015, a penhora do faturamento, listada em décimo lugar na ordem preferencial de
bens passíveis de constrição judicial, poderá ser deferida após a demonstração da inexistência dos bens
classificados em posição superior, ou, alternativamente, se houver constatação, pelo juiz, de que tais bens
são de difícil alienação; finalmente, a constrição judicial sobre o faturamento empresarial poderá ocorrer
sem a observância da ordem de classificação estabelecida em lei, se a autoridade judicial, conforme as cir -
cunstâncias do caso concreto, assim o entender (art. 835, § 1º, do CPC/2015), justificando-a por decisão
devidamente fundamentada.
III. A penhora de faturamento não pode ser equiparada à constrição sobre dinheiro.
IV. Na aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 805 e parágrafo único do CPC/2015; art. 620 do
CPC/1973):
a) a autoridade judicial deverá estabelecer percentual que não inviabilize o prosseguimento das atividades
empresariais; e
b) a decisão deve se reportar aos elementos probatórios concretos trazidos pelo devedor, não sendo lícito
à autoridade judicial empregar o referido princípio em abstrato ou com base em simples alegações genéri-
cas do executado.
STJ. REsp 1.835.864-SP, REsp 1.666.542-SP, REsp 1.835.865-SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024 (info 809).
Com as alterações promovidas pela Lei n. 11.382/2006 - que modificou o CPC/1973, dando nova redação a
alguns dispositivos, além de criar outros -, a penhora de faturamento passou a ser expressamente prevista
não mais como medida excepcional, pois passou a figurar com relativa prioridade na ordem dos bens su -
jeitos à constrição judicial (art. 655, VII, do CPC/1973). Note-se que, na vigência do referido dispositivo le-
gal, a penhora de faturamento passou a constar como preferencial sobre a penhora de (a) pedras e metais
preciosos; (b) títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (c)
títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; e (d) outros direitos.
De acordo com tais dispositivos, é possível concluir que a penhora sobre o faturamento, atualmente, per-
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deu o atributo da excepcionalidade, pois concedeu-se à autoridade judicial o poder de - respeitada, em re-
gra, a preferência do dinheiro - desconsiderar a ordem estabelecida no art. 835 do CPC e permitir a cons-
trição do faturamento empresarial, consoante as circunstâncias do caso concreto (que deverão ser objeto
de adequada fundamentação do juiz).
Outra modificação prevista na lei é que, mesmo que o juiz verifique que os bens sujeitos à penhora não se
caracterizem como de difícil alienação, isso não impedirá a efetivação de penhora do faturamento se o
juiz constatar que são eles (tais bens) insuficientes para saldar o crédito executado.
Não se pode obstar a penhora sobre o faturamento com base na abstrata alusão ao “princípio da menor
onerosidade da execução”.
Por outro lado, há hipóteses em que a parte executada defende a aplicação desse princípio processual
(art. 620 do CPC/1973, atual art. 805 do CPC/2015) para obstar, por completo, que seja deferida a penho -
ra do faturamento. Nessa situação, o STJ já teve oportunidade de definir que o princípio da menor onero -
sidade não constitui "cheque em branco"; a decisão a respeito do tema deve ser fundamentada e se pau -
tar em elementos probatórios concretos trazidos pela parte a quem aproveita (in casu, pelo devedor), não
sendo lícito à autoridade judicial aplicar em abstrato o referido dispositivo legal, com base em simples ale-
gações da parte devedora.
STJ. REsp 1.835.864-SP, REsp 1.666.542-SP, REsp 1.835.865-SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024 (info 809).
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Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, aten-
didos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I. reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II. ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
Teoria do desvio produtivo.
Segundo Marcos Dessaune, o desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de uma situa -
ção de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma ati-
vidade necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um
custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável.
O atraso em virtude de uma fila, por si só, não tem o condão de ofender direito de personalidade do
consumidor dos serviços bancários.
O mero transcurso do tempo, por si só, não impõe um dever obrigacional de ressarcimento, por não confi-
gurar, de plano, uma prática abusiva a acarretar uma compensação pecuniária, como pressupõe a teoria
do desvio produtivo, que considera a perda de tempo útil uma espécie de direito de personalidade irre -
nunciável do indivíduo. Sob tal perspectiva, qualquer atraso na prestação de serviços poderia atrair a tese.
Contudo, o controle do tempo, por mais salutar que seja, depende de fatores por vezes incontroláveis e
não previsíveis, como parece óbvio. Há atendimentos mais demorados que não são passíveis de fiscaliza-
ção prévia e, por vezes, até mesmo eventos de força maior, que podem ensejar atrasos.
Por outro lado, incumbe ao consumidor que aguarda em fila de banco demonstrar qual é de fato o prejuí-
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zo que está sofrendo e se não haveria como buscar alternativas para a solução do problema, tal como cai-
xas eletrônicos e serviços de internet banking (autosserviço).
A alegação genérica de que a demora “impossibilitou de cumprir compromissos” não é suficiente para
gerar o dever de indenizar.
A mera alegação genérica de que se está deixando de cumprir compromissos diários, profissionais, de la-
zer e de descanso, sem a comprovação efetiva do dano, possibilita verdadeiro abuso na interposição de
ações por indenização em decorrência de supostos danos morais.
Indenizar meros aborrecimentos do cotidiano, por perda de tempo, que podem se dar em decorrência de
trânsito intenso, reanálise de contratos de telefonia, cobrança ou cancelamento indevido de cartão de
crédito, espera em consultórios médicos, odontológicos e serviços de toda ordem, sejam públicos ou pri-
vados, tem o potencial de banalizar o que se entende por dano moral, cuja valoração não pode ser genéri-
ca nem dissociada da situação concreta, sob pena de ensejar uma lesão abstrata, e, por outro lado, tarifa-
ção, que é vedada nos termos da Súmula n. 281/STJ.
A mera invocação de legislação municipal que estabelece tempo máximo de espera em fila de
banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização.
No entanto, se a espera por atendimento na fila de banco for excessiva ou associada a outros
constrangimentos, pode ser reconhecida como provocadora de sofrimento moral e ensejar con-
denação por dano moral. STJ. 3ª Turma. REsp 1662808/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
02/05/2017. STJ. 4ª Turma. REsp 1647452/RO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
26/02/2019.
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O descumprimento reiterado dos limites previstos na lei municipal pode, inclusive, gerar a aplicação de
penalidades administrativas e ensejar danos morais coletivos.
O descumprimento da lei municipal que estabelece parâmetros para a adequada prestação do serviço de
atendimento presencial em agências bancárias é capaz de configurar dano moral coletivo.
O descumprimento da lei municipal que estabelece parâmetros para a adequada prestação do
serviço de atendimento presencial em agências bancárias é capaz de configurar dano moral co-
letivo.
STJ. 2ª Turma. REsp 1402475/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/05/2017. STJ. 3ª
Turma. REsp 1737412/SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019 (Info 641).
STJ. REsp 1.962.275-GO, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julgado em
24/4/2024, DJe 29/4/2024 (info 809).
PRIMEIRA TURMA
Lei nº 8.429/1992 – Lei de Improbidade Administrativa
Destaque
É possível a aplicação da Lei n. 14.230/2021, com relação à exigência do dolo específico para a configu -
ração do ato ímprobo, aos processos em curso.
STJ. REsp 2.107.601-MG, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
23/4/2024 (info 809).
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vre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a
voluntariedade do agente”.
Antes da Lei nº 14.230/2021, os atos de improbidade do art. 10, isto é, aqueles que causam prejuízo ao
erário podiam ser punidos na modalidade culposa. Vejamos:
Para a condenação por ato de improbidade administrativa não basta o dolo genérico.
A modificação legal (Lei nº 14.230, de 2021) passou a exigir, para qualquer demanda de improbidade, o
dolo específico do agente, no intuito de reforçar a necessidade de ser identificada a especial nota de má-
fé do administrador público como causa material de condenação às sanções da Lei 8.429/1992, evitando-
se implicar o agente público em somenos.
STJ. AgInt no AREsp n. 1.125.411/AL, relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do
TRF5), Primeira Turma, julgado em 23/6/2022, DJe de 30/6/2022.
Na mesma ocasião, o Ministério Público também acusou Amarildo de ter permitido que proprietário do
imóvel vendido imprimisse um documento pessoal utilizando a impressora da Secretaria de Educação.
Portanto, alegou que dolosamente Amarildo permitiu que o vendedor do imóvel se utilizasse de bem pú-
blico (art. 10, II, da Lei nº 8.429/92). Na petição, entretanto, o MP se limitou a demonstrar o dolo genéri -
co. Não mostrou, portanto o dolo específico decorrente da “vontade livre e consciente de alcançar o re -
sultado ilícito”, que não foi consubstanciada por qualquer elemento de má-fé.
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Amarildo foi condenado em duas instâncias. Em face do acórdão condenatório, Amarildo opôs em
24/10/2021 embargos declaratórios, que não foram conhecidos pelo Desembargador Relator em
30/10/2021, que então determinou que a secretaria certificasse o trânsito em julgado da ação.
Ocorre que no mesmo dia o advogado de Amarildo peticionou uma questão de ordem informando que
em 25/10/2021 entrou em vigor a Lei nº 14.230/2021, que aboliu a figura do ato de improbidade adminis -
trativa culposo da lei brasileira. Afirmou também que pela nova lei, não bastava o dolo genérico para a
condenação, sendo necessário o dolo específico. Portanto, como ainda não havia trânsito em julgado da
ação na data em que a lei entrou em vigor, o advogado requer a aplicação retroativa da lei mais benéfica.
Ademais, é possível aplicação retroativa da Lei n. 14.230/2021 aos atos ímprobos culposos não transitados
em julgados, inclusive na hipótese de não conhecimento do recurso (juízo de admissibilidade não ultra-
passado).
Por outro lado, caso a decisão já tivesse trânsito em julgado na data da entrada em vigor da nova lei, esta
não retroagiria para beneficiar Amarildo.
O mesmo tratamento deve ser conferido em relação a retroatividade da lei benéfica quanto ao ato de
improbidade com dolo genérico (sem dolo específico) praticado antes da Lei 14.133/2021.
Tal como aconteceu com a modalidade culposa e com os incisos I e II do art. 11 da LIA (questões direta -
mente examinadas pelo STF), a conduta ímproba escorada em dolo genérico (tema ainda não examinado
pelo Supremo) também foi revogada pela Lei n. 14.230/2021, pelo que deve receber rigorosamente o
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mesmo tratamento.
Aliás, no item 3 da Tese do Tema n. 1.199 do STF consta que "a nova Lei n. 14.230/2021 aplica-se aos atos
de improbidade administrativa culposos praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem conde-
nação transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo compe-
tente analisar eventual dolo por parte do agente". Ora, se o referido item está a tratar da impossibilidade
de manutenção da condenação por culpa (porque revogada tal modalidade), sendo o caso de examinar o
eventual "dolo", compreendo que o "dolo" a que está se referindo o precedente é o especial, pois, como
disse, o "dolo genérico", da mesma forma que a culpa (examinada no item), também foi revogado pela
nova lei.
Sendo assim, do contrário, poder-se-ia ensejar situação de possível incongruência, qual seja: afastar a con-
denação por culpa (porque revogada pela nova lei) e, na mesma decisão, determinar o retorno dos autos
à origem para que se permitisse a substituição do ato condenatório com fundamento em elemento subje-
tivo igualmente revogado (o dolo geral).
STJ. REsp 2.107.601-MG, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
23/4/2024 (info 809).
Aprofundando!
O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos marcos
temporais a partir da publicação da lei.
#Tese de Repercussão Geral – Tema 1.199:
4. O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os
novos marcos temporais a partir da publicação da lei.
STF. ARE 843989/PR, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.8.2022 (in-
fo 1065).
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SEGUNDA TURMA
Lei nº 8.213/1991 – Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social
Destaque
Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adiantados pelo INSS, constituirão despesa a
cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora, beneficiária da isenção de ônus sucum-
benciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991, sendo desnecessário o ajuiza -
mento de ação autônoma para tanto.
STJ. REsp 2.126.628-SP, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
23/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:
I. na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência Social, segundo as regras e prazos aplicáveis às de -
mais prestações, com prioridade para conclusão; e
II. na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive du-
rante as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdên -
cia Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho–CAT.
Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de
quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.
O art. 129, P. Único traz uma presunção de hipossuficiência.
São isentas do pagamento de quaisquer verbas de sucumbência, independentemente da demonstração
de necessidade do beneficiário, na forma do art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991, que presumiu
a hipossuficiência do autor da ação acidentária.
#Tese Repetitiva – Tema 1.044-STJ: Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adianta-
dos pelo INSS, constituirão despesa a cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora, be -
neficiária da isenção de ônus sucumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei 8.213/91.
Portanto…
O INSS somente estará obrigado ao pagamento final dos honorários periciais, em ação acidentária, se for a
parte sucumbente. Improcedente o pedido de benefício acidentário - sendo o INSS a parte vencedora da
demanda -, os honorários periciais, adiantados pela autarquia, na Justiça Estadual e do Distrito Federal
(art. 8º, § 2º, da Lei n. 8.620/1993), constituirão despesa a cargo do Estado em que tramitou a ação. STJ.
REsp 1.824.823-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
21/10/2021, DJe 25/10/2021 (info 715).
Ao final, a ação foi julgada improcedente. O INSS, então, requereu nos próprios autos que o Estado ressar -
cisse o valor adiantando a título de honorários do perito.
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cumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991, sendo desnecessário o ajuiza -
mento de ação autônoma para tanto.
Isso porque assegurar a participação desses entes estatais em todas as ações em que fosse concedida a
gratuidade da justiça, como decidido pelo acórdão recorrido, "inviabilizaria, de fato, a prestação jurisdicio -
nal, em milhares de feitos nessa situação, com flagrantes prejuízos à celeridade e à efetividade do proces -
so, garantidas constitucionalmente, em especial em demandas movidas por hipossuficientes, como no ca-
so".
Assim, sendo sucumbente a parte autora, beneficiária da isenção dos ônus sucumbenciais, os honorários
periciais, adiantados pelo INSS, constituirão despesa a cargo do Estado, em consonância com o Tema
1044/STJ.
STJ. REsp 2.126.628-SP, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
23/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
QUARTA TURMA
CUIDADO!
Código Civil
Destaque
Aplica-se o prazo de prescrição decenal à ação que visa ao reconhecimento do direito ao resgate, após o
prazo assinado em contrato, de capital segurado de seguro de vida com cláusula de sobrevivência.
Maria contratou um seguro de vida dotal com cláusula de sobrevivência, onde ficou estipulado que se ela
sobrevivesse até os 65 anos, teria direito ao resgate de um capital acumulado. Ao completar 70 anos, Ma-
ria solicitou o resgate. O pedido está prescrito? Não. O prazo prescricional para requerer o valor capitaliza-
do é de 10 anos.
STJ. REsp 1.678.432-RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 23/4/2024 (info 809).
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
§1º Em um ano:
I. a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabeleci -
mento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II. a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
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a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à
ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do
segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
Controvérsia.
A controvérsia refere-se à prescrição de ação indenizatória movida por segurada contra seguradora em ra-
zão de suposto descumprimento de cláusula de contratos individuais de seguro de vida dotal com cláusula
de sobrevida.
A cobertura por sobrevivência oferecida em seguros de vida é estruturada sob regime financeiro de capi-
talização e tem por finalidade o pagamento do capital segurado, de uma única vez ou em forma de renda,
após atingido o período de diferimento previsto no contrato.
• Seguro dotal puro: O seguro dotal puro disponibiliza a indenização apenas se o titular sobreviver.
Ou seja, se o segurado morrer no período do contrato, não receberá o valor.
• Seguro dotal misto: O seguro de vida dotal misto traz a atuação de duas categorias diferentes,
permitindo o recebimento tanto no falecimento, quanto na sobrevivência.
• Seguro dotal misto com performance: Ao contrário da modalidade convencional, esse permite
que o titular receba os juros sobre o valor, como define a Superintendência de Seguros Privados
(SUSEP).
Natureza complexa do seguro dotal misto / seguro de vida com cláusula de sobrevivência.
O contrato de seguro individual de vida com cláusula de sobrevivência tem natureza complexa, visto que o
capital de segurado pode ser pago aos beneficiários quando do falecimento do segurado, ao qual é permi-
tido optar por resgatar, em vida, o valor econômico capitalizado após transcorrido o período de diferimen-
to.
Ao completar 70 anos, Maria solicitou o resgate, mas a seguradora recusou o pagamento, alegando que o
pedido estava prescrito.
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Aplica-se o prazo decenal, e não a prescrição ânua do art. 206, II, do Código Civil, à ação que visa ao reco-
nhecimento do direito ao resgate, após o prazo assinado em contrato, de capital segurado de seguro de
vida com cláusula de sobrevivência.
STJ. REsp 1.678.432-RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 23/4/2024 (info 809).
QUINTA TURMA
Código de Processo Penal
Destaque
Extrapola a atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, a exigir o controle jurisdicional prévio do
ato, quando se evidencia a realização de verdadeira força-tarefa entre diferentes órgãos de polícia e fis -
calizatórios.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 2/4/2024, DJe 8/4/2024 (info 809).
nizações Criminosas (Geproc) do Ministério Público fizeram o que definiram como “fiscalização de rotina”
na sede da empresa suspeita.
Durante a fiscalização, identificaram situação de flagrante delito, o que as autorizou a ingressar no local
sem autorização judicial e buscar e apreender diversos documentos e objetos, como livros contábeis.
O controle jurisdicional prévio do ato restritivo é imprescindível para se alcançar a legalidade de medi-
das extremas, como a de busca e apreensão com violação de domicílio, ainda que empresarial.
Dessa maneira, não há como justificar a atuação conjunta de órgãos de polícia autônomos e independen-
tes entre si - Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público - com a finalidade de busca e apreensão
de diversos objetos, bens e valores sem o devido controle jurisdicional do ato.
A situação em análise não se enquadra na jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça que entende
que a administração fazendária, no exercício da sua missão institucional, não necessita de autorização ju-
dicial para apreender documentos que considere relevantes na configuração de ilícito, tendo em vista a
publicidade dos livros e documentos contábeis (AgRg nos EDcl no AREsp n. 1.124.517/MG, Quinta Turma,
Rel. Ministro Ribeiro Dantas, DJe de 14/5/2021).
Isso porque, não há falar em atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, apta a dispensar o man -
dado judicial de busca e apreensão domiciliar, quando o caso concreto evidencia a realização de verdadei -
ra força-tarefa entre diferentes órgãos de polícia e fiscalizatórios. Operação complexa e simultânea em di -
versos estabelecimentos afastam o argumento de atuação de rotina.
Seria necessária ordem judicial para a deflagração da operação com a consequente apreensão dos livros
e demais objetos.
Fato é que os indícios da prática de crime tributário e a complexidade da operação que se vislumbrava de -
flagrar são fatores a indicar a necessidade de autorização judicial para a busca e apreensão dos livros e de-
mais objetos. Tanto é assim que os demais endereços foram abarcados nos mandatos judiciais que autori-
zaram a medida cautelar. E da mesma forma deveria ter ocorrido em relação ao endereço da sede da em -
presa, que não constavam de mandado judicial que autorizasse tal apreensão.
É importante considerar que o poder fiscalizatório detém prerrogativas atribuídas pelo legislador, que de-
vem ser rigorosamente observadas. Contudo, e não menos razoável, é o raciocínio no sentido de que os
seus órgãos e agentes são detentores de plenas condições de agir em conformidade com o que determina
a lei de regência das medidas extremas, notadamente em razão do caráter de excepcionalidade que as re-
veste.
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STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 2/4/2024, DJe 8/4/2024 (info 809).
SEXTA TURMA
Lei nº 9.296/1996 – Interceptação telefônica
Destaque
A interceptação telefônica demanda ordem judicial fundamentada em elementos concretos que justifi-
quem sua necessidade, bem como que afastem a possibilidade de obtenção das provas por outros mei-
os.
STJ. AgRg no RHC 183.085-SP, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, jul-
gado em 16/4/2024, DJe 19/4/2024 (info 809).
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das se-
guintes hipóteses:
I. não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II. a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III. o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, in-
clusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justi-
ficada.
Interceptação telefônica.
O Superior Tribunal de Justiça entende que é lícita a autorização para interceptação telefônica quando ob-
servados os ditames normativos previstos na Lei n. 9.296/1996 e, dentre eles:
• Existirem indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal.
• A prova não puder ser feita por outros meios disponíveis.
• O fato investigado constituir infração penal punida com reclusão.
Ademais, "é firme a jurisprudência desta Corte Superior no sentido de que, em se tratando alegada viola-
ção ao art. 2°, II, da Lei n. 9.296/1996, cabe a defesa demonstrar se realmente haviam outros meios de
provas disponíveis para a apuração dos fatos ao tempo do requerimento da quebra do sigilo telefônico, o
que não ocorreu na espécie" (AgRg no AREsp n. 830.337/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Tur-
ma, DJe 6/3/2019).
Por fim, consigne-se que a atuação de grupos criminosos organizados, por sua própria complexidade, de-
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manda, não raro, a utilização do instituto da interceptação telefônica para o delineamento mais preciso
das funções de cada um de seus membros, bem como para descobrir novas atividades em curso e proce -
der da forma adequada para a sua desarticulação.
STJ. AgRg no RHC 183.085-SP, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, jul-
gado em 16/4/2024, DJe 19/4/2024 (info 809).
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Informativo 1133-STF
Em Questões
São inconstitucionais normas estaduais que permitem mais de uma reeleição consecutiva pa-
1. (___)
ra o mesmo cargo diretivo do Tribunal de Contas local.
É inconstitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de
polícia e membros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou
de empresas da iniciativa privada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou
2. (___)
dos suspeitos em investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução a condição aná-
loga à de escravo, tráfico de pessoas, sequestro relâmpago, extorsão mediante sequestro e
envio ilegal de criança ao exterior (CPP/1941, art. 13-A).
É constitucional norma que possibilita, mediante autorização judicial, a requisição às empre-
sas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática da disponibilização imediata
3. (___)
de sinais, informações e outros dados que viabilizem a localização da vítima ou dos suspeitos
daqueles mesmos delitos (CPP/1941, art. 13-B).
É inconstitucional a utilização de vestimentas ou acessórios relacionados a crença ou religião
4. (___)
nas fotos de documentos oficiais.
É constitucional lei estadual que institui cadastro de pessoas com condenação definitiva por
crimes contra a dignidade sexual praticados contra criança ou adolescente ou por crimes de
5. (___)
violência contra a mulher, desde que não haja publicização dos nomes das vítimas ou de in -
formações que permitam a sua identificação.
Informativo 809-STJ
Em Questões
Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscan-
do impedir o enriquecimento ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de
1. (___)
28,86%, demonstrados por meio dos documentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzi-
dos do valor apurado, com as atualizações pertinentes.
Para a penhora sobre o faturamento é necessário o esgotamento das diligências em busca de
2. (___)
outros bens.
3. A penhora de faturamento é equiparada à constrição sobre dinheiro. (___)
O simples descumprimento do prazo estabelecido em legislação específica para a prestação
4. (___)
de serviços bancários não gera por si só dano moral in re ipsa.
É inviável a aplicação da Lei n. 14.230/2021, com relação à exigência do dolo específico para
5. (___)
a configuração do ato ímprobo, aos processos em curso.
Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adiantados pelo INSS, constitui-
rão despesa a cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora, beneficiária da
6. (___)
isenção de ônus sucumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991,
sendo desnecessário o ajuizamento de ação autônoma para tanto.
7. Aplica-se o prazo de prescrição ânua à ação que visa ao reconhecimento do direito ao resga- (___)
te, após o prazo assinado em contrato, de capital segurado de seguro de vida com cláusula
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de sobrevivência.
Extrapola a atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, a exigir o controle jurisdicio-
8. nal prévio do ato, quando se evidencia a realização de verdadeira força-tarefa entre diferen- (___)
tes órgãos de polícia e fiscalizatórios.
A interceptação telefônica demanda ordem judicial fundamentada em elementos concretos
9. que justifiquem sua necessidade, bem como que afastem a possibilidade de obtenção das (___)
provas por outros meios.
RESPOSTAS
Informativo 1133-STF
Em Questões
São inconstitucionais — por violarem os princípios republicano e democrático — normas estadu-
ais (Constituição, lei e regimento interno) que permitem mais de uma reeleição consecutiva para
1. o mesmo cargo diretivo do Tribunal de Contas local.
STF. ADI 7.180/AP, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
19.04.2024 (info 1133).
É constitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de polícia e
membros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou de empresas
da iniciativa privada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou dos suspeitos em
2. investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, tráfico
de pessoas, sequestro relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança ao exteri-
or (CPP/1941, art. 13-A).
STF. ADI 5.642/DF, relator Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info 1133).
É constitucional norma que possibilita, mediante autorização judicial, a requisição às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática da disponibilização imediata de si-
3. nais, informações e outros dados que viabilizem a localização da vítima ou dos suspeitos daqueles
mesmos delitos (CPP/1941, art. 13-B).
STF. ADI 5.642/DF, relator Ministro Edson Fachin, julgamento finalizado em 18.04.2024 (info 1133).
#Tese de Repercussão Geral – Tema 953-STF: É constitucional a utilização de vestimentas ou aces-
sórios relacionados a crença ou religião nas fotos de documentos oficiais, desde que não impeçam a
4. adequada identificação individual, com rosto visível.
STF. RE 859.376/PR, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 17.04.2024 (in-
fo 1133).
É constitucional lei estadual que institui cadastro de pessoas com condenação definitiva por cri-
mes contra a dignidade sexual praticados contra criança ou adolescente ou por crimes de violên-
cia contra a mulher, desde que não haja publicização dos nomes das vítimas ou de informações
5.
que permitam a sua identificação.
STF. ADI 6.620/MT, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento finalizado em 18.04.2024 (in-
fo 1133).
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RESPOSTAS
Informativo 809-STJ
Em Questões
#Tese Repetitiva – Tema 1.102-STJ:
I. É possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao pagamento da vantagem de
28,86%, por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo Sistema Integrado de Adminis-
tração de Recursos Humanos - SIAPE, conforme art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, apenas em re-
lação a acordos firmados posteriormente à vigência dessa norma.
1.
II. Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscando im-
pedir o enriquecimento ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de 28,86%, de-
monstrados por meio dos documentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzidos do valor apura -
do, com as atualizações pertinentes.
STJ. REsp 1.925.176-PA, REsp 1.925.194-RO, REsp 1.925.190-DF, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Primei-
ra Seção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
#Tese Repetitiva – Tema 769-STJ:
I. A necessidade de esgotamento das diligências como requisito para a penhora do faturamento
foi afastada após a reforma do CPC/1973 pela Lei n. 11.382/2006.
II. No regime do CPC/2015, a penhora do faturamento, listada em décimo lugar na ordem preferen -
cial de bens passíveis de constrição judicial, poderá ser deferida após a demonstração da inexistên -
cia dos bens classificados em posição superior, ou, alternativamente, se houver constatação, pelo
juiz, de que tais bens são de difícil alienação; finalmente, a constrição judicial sobre o faturamento
empresarial poderá ocorrer sem a observância da ordem de classificação estabelecida em lei, se a
autoridade judicial, conforme as circunstâncias do caso concreto, assim o entender (art. 835, § 1º,
do CPC/2015), justificando-a por decisão devidamente fundamentada.
2.
III. A penhora de faturamento não pode ser equiparada à constrição sobre dinheiro.
IV. Na aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 805 e parágrafo único do CPC/2015; art.
620 do CPC/1973):
a) a autoridade judicial deverá estabelecer percentual que não inviabilize o prosseguimento das ati-
vidades empresariais; e
b) a decisão deve se reportar aos elementos probatórios concretos trazidos pelo devedor, não sen -
do lícito à autoridade judicial empregar o referido princípio em abstrato ou com base em simples
alegações genéricas do executado.
STJ. REsp 1.835.864-SP, REsp 1.666.542-SP, REsp 1.835.865-SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Pri-
meira Seção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024 (info 809).
3. #Tese Repetitiva – Tema 769-STJ:
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I. A necessidade de esgotamento das diligências como requisito para a penhora do faturamento foi
afastada após a reforma do CPC/1973 pela Lei n. 11.382/2006.
II. No regime do CPC/2015, a penhora do faturamento, listada em décimo lugar na ordem preferen -
cial de bens passíveis de constrição judicial, poderá ser deferida após a demonstração da inexistên -
cia dos bens classificados em posição superior, ou, alternativamente, se houver constatação, pelo
juiz, de que tais bens são de difícil alienação; finalmente, a constrição judicial sobre o faturamento
empresarial poderá ocorrer sem a observância da ordem de classificação estabelecida em lei, se a
autoridade judicial, conforme as circunstâncias do caso concreto, assim o entender (art. 835, § 1º,
do CPC/2015), justificando-a por decisão devidamente fundamentada.
III. A penhora de faturamento não pode ser equiparada à constrição sobre dinheiro.
IV. Na aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 805 e parágrafo único do CPC/2015; art.
620 do CPC/1973):
a) a autoridade judicial deverá estabelecer percentual que não inviabilize o prosseguimento das ati-
vidades empresariais; e
b) a decisão deve se reportar aos elementos probatórios concretos trazidos pelo devedor, não sen -
do lícito à autoridade judicial empregar o referido princípio em abstrato ou com base em simples
alegações genéricas do executado.
STJ. REsp 1.835.864-SP, REsp 1.666.542-SP, REsp 1.835.865-SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Pri-
meira Seção, por unanimidade, julgado em 18/4/2024 (info 809).
#Tese Repetitiva – Tema 1.156-STJ: O simples descumprimento do prazo estabelecido em legislação
específica para a prestação de serviços bancários não gera por si só dano moral in re ipsa.
4.
STJ. REsp 1.962.275-GO, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julga -
do em 24/4/2024, DJe 29/4/2024 (info 809).
É possível a aplicação da Lei n. 14.230/2021, com relação à exigência do dolo específico para a
configuração do ato ímprobo, aos processos em curso.
5.
STJ. REsp 2.107.601-MG, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado
em 23/4/2024 (info 809).
Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adiantados pelo INSS, constituirão des-
pesa a cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora, beneficiária da isenção de
ônus sucumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991, sendo desne -
6.
cessário o ajuizamento de ação autônoma para tanto.
STJ. REsp 2.126.628-SP, Rel. Ministro Afrânio Vilela, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
23/4/2024, DJe 26/4/2024 (info 809).
Aplica-se o prazo de prescrição decenal à ação que visa ao reconhecimento do direito ao resgate,
após o prazo assinado em contrato, de capital segurado de seguro de vida com cláusula de sobre -
7. vivência.
STJ. REsp 1.678.432-RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, por unanimidade, jul-
gado em 23/4/2024 (info 809).
8. Extrapola a atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, a exigir o controle jurisdicional
prévio do ato, quando se evidencia a realização de verdadeira força-tarefa entre diferentes órgãos
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Professor Bruno Valente
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@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
de polícia e fiscalizatórios.
STJ. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimi -
dade, julgado em 2/4/2024, DJe 8/4/2024 (info 809).
9. A interceptação telefônica demanda ordem judicial fundamentada em elementos concretos que
justifiquem sua necessidade, bem como que afastem a possibilidade de obtenção das provas por
outros meios.
STJ. AgRg no RHC 183.085-SP, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimida -
de, julgado em 16/4/2024, DJe 19/4/2024 (info 809).
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