E-Book Dialogoaic Vol10
E-Book Dialogoaic Vol10
E-Book Dialogoaic Vol10
Constitucional e
Internacional Volume 10
EDIÇÃO ESPECIAL
Homenagem ao Chanceler Airton Queiroz
(in memoriam)
JORGE MIRANDA
CARLA AMADO GOMES
SUSANA BORRÀS PENTINAT
(Coordenadores)
Alameda da Universidade
1649-014 Lisboa
www.fd.ulisboa.pt
-
Imagem da capa:
Foto de Carla Amado Gomes
Revisão ortográfica:
Maria Ângela Barbosa Lopes
Revisão ABTN:
Júlia Maia de Meneses Coutinho (primeira revisão)
Bleine Queiroz Caúla (segunda revisão)
-
Produzido por:
OH! Multimédia
[email protected]
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Comissão Científica
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Fernando González Botija – Universidade Complutense de Madrid
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Coordenadores
Jorge Miranda
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5
Carla Amado Gomes
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Organizadores
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Autores
Anna Ciammariconi
Ricercatrice di Diritto pubblico comparato. Facoltà di Scienze politi-
che. Università di Teramo (Italia).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ernani Contipelli
Pós-Doutor em Direito Político Comparado – Universidad Pompeu Fa-
bra. Pós-Doutor em Direito Constitucional Comparado – Universidad Com-
plutense de Madrid. Doutor em Direito do Estado – PUC/SP. Mestre em
Filosofia do Direito e do Estado – PUC/SP. Especialista em Direito Tributário
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– PUC/SP. Bacharel em Direito – Mackenzie/SP. Professor do Programa de
Mestrado em Direito da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
(Brasil). Pesquisador do Center for European Strategic Research (Itália).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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do Colégio de Presidentes dos Tribunais Eleitorais do Brasil (COPTREL) e
do Colégio de Corregedores Eleitorais do Brasil (COCEL).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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Airton Queiroz: arguto, perspicaz, sensível, empreendedor, dinâmico,
discreto, corajoso, ágil, sonhador e objetivo são qualificações captadas
entre aqueles com quem privava.
Uma coisa é certa, pelo fato de ter sido dicotômico, binário, razão e
emoção se dão as mãos no seu perfil. A objetividade do administrador de
um conglomerado de empresas e a subjetividade do profundo aprecia-
dor das artes e da ecologia tornaram-no um homem marcado pela notur-
nidade e diuturnidade bachelardiana. Personalidade singular, Dr. Airton,
com sua aguçada visão do futuro, transformava o presente em dinâmica
de longo curso, como se seu pensamento calçasse botas de sete léguas.
Entretanto não deixava de trazer também para o presente as culminân-
cias do passado, daí suas exposições de artes seculares, seus acervos de
livros históricos e suas visitas ao exterior, a museus diversos e monumen-
tos dos antepassados. Por isso que, na geografia do campus da Unifor, é
possível encontrar signos desse gosto marcado pela universalidade. Sua
aguçada visão empresarial vislumbrava na educação uma solução para
o desenvolvimento do Ceará. Sua criatividade fez com que os jardins da
Unifor viessem a ser forte contribuidor para a microrregião climática em
que se tornou essa área onde a amenidade do clima diferencia-se do res-
tante de Fortaleza. Também com relação aos três pilares formadores das
universidades: Ensino, Pesquisa e Extensão, ele criou uma quarta pilastra
- no caso, a cultura.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
passava o dia cantando no campus emudeceu com sua partida, mas temos
certeza de que o luto das aves não vira melancolia.
Batista de Lima
Professor da Universidade de Fortaleza
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Prefácio
Foi com enorme satisfação e alegria que acitei o amável convite for-
mulado pela dinâmica professora Bleine Queiroz Caúla para prefaciar o
volume 10 de DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIO-
NAL, sobretudo em se tratando de uma edição que encerra homenagem
póstuma ao Chanceler Airton Queiroz. O Professor Airton Queiroz, dando
seguimento à tradição libertária do estado do Ceará que, como sabemos,
foi o primeiro rincão do Brasil a dizer não à escravidão, com o brado he-
roico de “Dragão do Mar” e seus seguidores, humildes jangadeiros, no
ano de 1881, dedicou-se à alforria das ideias e ao combate à escravidão
gerada pela ignorância. A Universidade de Fortaleza e os seus parceiros
institucionais, com a realização dos diálogos estão firmes no bom com-
bate que é educar à nossa juventude, tão necessitada de bons exemplos.
Justíssima a homenagem.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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tor poderá constatar, foi plenamente atingido. Os autores são da melhor
qualidade, os temas interessantes e atuais, o debate forte e vigoroso.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Apresentação
A publicação do e-Book internacional pelo Instituto de Ciências Jurídi-
co-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tem como
madrinha a Professora Carla Amado Gomes, coordenadora acadêmica do
Diálogo ACI. Seu entusiamo e visão continental permitiram a ampliação do
universo da leitura dos textos acadêmicos produzidos em todas as edições
do Seminário. Uma incontestável defensora do “notável percurso do Diálo-
go Ambiental, Constitucional e Internacional”.
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O Volume 10 é uma edição especial que homenageia o Chanceler da
Universidade de Fortaleza, Airton Queiroz (in memoriam). Compila os arti-
gos de palestrantes e autores da IX Edição, realizada, em 2016, na Univer-
sidade Rovira i Virgili, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
e na Escola Superior dos Magistrados do Ceará (ESMEC), nos meses de
setembro, outubro e novembro. Os anais desta edição reúnem artigos de
19 autores brasileiros e estrangeiros. A obra promove a pesquisa das áreas
Ambiental (5 artigos); Constitucional (8 artigos) e Internacional (3 artigos).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Índice
I AMBIENTAL
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II CONSTITUCIONAL
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III INTERNACIONAL
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I. AMBIENTAL
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Resumen
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ambiental más próxima al carácter biocentrista, que al tradicional sentido
antropocentrista de la norma ambiental; como en un plano procesal, con-
tribuyendo a fundamentar la adopción de medidas cautelares e inversión
de la carga probatoria en el ámbito de un proceso judicial. La evolución y la
función transformadora de este principio conducen a defender su contri-
bución en forjar un verdadero estado de derecho ambiental.
Abstract
The present study focuses on the analysis of the origin and evolution of
the principle in dubio pro natura, existing in different Latin American legal
systems, as well as the study of its legal content, closely linked to the pre-
cautionary principle and the principle of prevention, and its Use in judicial
office, as a hermeneutical and application of the law by the judges and
courts, before any political-normative conflict that implies fundamental en-
vironmental rights. This expanding principle in the Latin American region
emerges as a positive and a transforming principle of environmental Law, in
the face of the principle of non-regression of environmental protection. Its
manifestation is imposed both on a material level, and seeks a hermeneutic
function of the environmental norm closer to the biocentric nature, than to
the traditional anthropocentrist sense of the environmental norm; as in a
procedural part, contributing to the basis of the adoption of precautionary
measures and investment of the probative burden in the field of a judicial
process. The evolution and the transformative function of this principle lead
to defend their contribution in forging a true state of environmental law.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUCCIÓN
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ambiental más próxima al carácter biocentrista, que al tradicional sentido
antropocentrista de la norma ambiental; como en un plano procesal, con-
tribuyendo a fundamentar la adopción de medidas cautelares e inversión
de la carga probatoria en el ámbito de un proceso judicial. La evolución y la
función transformadora de este principio conducen a defender su contri-
bución en forjar un verdadero estado de derecho ambiental1.
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Tradicionalmente, el principio in dubio pro natura se ha vinculado al
principio de precaución, contemplado en la Declaración de Río de 19924,
en su Principio 15, según el cual:
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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Evidentemente, este principio pone de manifiesto la interdisciplinarie-
dad del Derecho Ambiental, en tanto son otros saberes como la biología,
la ingeniería, entre otros, los que dictan los parámetros para autorizar o no
una determinada actividad. Así, como a continuación se procede a analizar,
la concepción integradora de ambos principios, se ha visto reflejada en el
reconocimiento jurídico del principio in dubio pro natura en diferentes or-
denamientos jurídicos, especialmente, del contexto latinoamericano.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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jurídico, que trascienden la tendencia de revertir los logros ambientales
en beneficio de intereses privatistas de los recursos naturales. Este nuevo
paradigma ambiental pasa a ser caracterizado por la protección de los
bienes de titularidad difusa y de valor extrapatrimonial, cuya protección
se asegura independientemente de su beneficio para el ser humano. En
esta línea de conceptualización transformadora del derecho se encuen-
tra Ecuador. La consagración de la norma in dubio pro natura se ha ma-
terializado en sede constitucional. En concreto, en su Constitución8, en el
artículo 395, número 4 establece que “En caso de duda sobre el alcance
de las disposiciones legales en materia ambiental, éstas se aplicarán en el
sentido más favorable a la protección de la naturaleza”.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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el caso de existir alguna duda o conflicto entre las leyes, como por
ejemplo, entre una ley de explotación de recursos naturales (petró-
leo, minería, biodiversidad) y las disposiciones constitucionales o
leyes secundarias posteriores sobre protección de la naturaleza, los
funcionarios públicos y judiciales tienen que aplicar las normas que
más favorezcan a la naturaleza, en el caso de presentarse una colisión
en la aplicación de la norma, de tal manera que los derechos de las
personas y los derechos de la naturaleza sean de real y plena vigencia.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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ridad judicial la revisión de tal autorización, la cual aunque haya pasado
por un procediendo legal estaría vulnerando derechos constitucionales
de tutela de los derechos de la naturaleza, por lo cual sería perfectamen-
te válido la aplicación del principio in dubio pro natura.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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3 EL RECONOCIMIENTO DE UNA NUEVA HERMENÉUTICA LEGISLA-
TIVA DE PROTECCIÓN DEL MEDIO AMBIENTE
A diferencia del principio in dubio pro reo, propio del Derecho penal,
el principio in dubio pro natura no es una regla operativa, para que el juez
pueda decidir cuando exista una duda. El principio in dubio pro natura de-
termina que la interpretación del derecho debe favorecer una de las par-
tes. Se trata de un verdadero mecanismo de represión y de contingencia
para los casos en que varias decisiones serian jurídicamente posibles, a
pesar de que no todas son convenientes a la luz de una determinada po-
lítica ambiental. Este principio no deja de ser un reflejo del Principio 3 de
la Declaración de Río, que determina que “el derecho al desarrollo debe
ejercerse en forma tal que responda equitativamente a las necesidades de
desarrollo y ambientales de las generaciones presentes y futuras”14.
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Cuando haya peligro de daño grave e irreversible la au-
sencia de información o certeza científica no deberá uti-
lizarse como razón para postergar la adopción de medi-
das eficaces, en función de los costos para la impedir la
degradación del ambiente.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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antropocéntrica a una visión biocéntrica. La nueva Ley de protección de
la Tierra mantiene el derecho a un medio ambiente sano (antropocen-
trismo), pero además, reconoce los derechos de la naturaleza (biocen-
trismo); reivindica el valor primordial de la vida: los seres vivos tienen el
mismo derecho a existir, a desarrollarse y a expresarse con autonomía,
merecen respeto al tener el mismo valor. Su artículo 395.4 establece que
“En caso de duda sobre el alcance de las disposiciones legales en materia
ambiental, éstas se aplicarán en el sentido más favorable a la protección
de la naturaleza”. Ahora bien, el artículo 395.4 utiliza la expresión “en
caso de duda” como condición para determinar el alcance de disposi-
ciones en materia ambiental en el sentido más favorable a la protección
de la naturaleza. Si hay normas que reconocen un derecho y una lo hace
de un modo más favorable que otra, se debe aplicar la primera indepen-
dientemente de su jerarquía, conforme con el número 5 del artículo 11
de la Constitución. Pero ese no es un caso de duda. En lo interpretativo,
en cambio, si quien va a aplicar una norma puede darle más de un senti-
do y alcance, y duda sobre cual debe darle, pues será el más favorable al
derecho fundamental, aunque, insisto, eso no solo se produce en casos
de duda sino siempre: si a una norma se le puede dar más de un sentido
y alcance que claramente no tengan, o que se pretenda aplicar normas
impertinentes alegando el principio pro natura.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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Justamente, es ese deber el que vincula al Estado a las normas de dere-
cho ambiental en sus actuaciones, y que sirve de límite a su actuación en
razón del cuidado del entorno.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
que la ley anterior de ser más protectora continúe en vigor, hasta que no
se adopte otra norma aún más protectora; cualquier norma posterior
que reduzca este grado de protección hará prevalecer la norma anterior
más protectora. En realidad, el criterio de jerarquización de las normas
ambientales se basa en el grado de protección desplazando el criterio
temporal de priorización.
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pasa, en primer término, por no permitir ninguna merma o retorno a
situaciones ya superadas. Así, el profesor Prieur defiende el principio de
no regresión e incluso ha tenido cierto reconocimiento en sede judicial27.
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Así, la aplicación del principio in dubio pro natura inspira una proac-
ción, que en sede judicial, como se analizará a continuación, ha sido ope-
rado en la solución de distintos casos a favor de la protección ambiental.
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división de poderes judicial, legislativo y político29. Sin embargo, hay diversas
razones para entender que este activismo judicial debiera ser una actividad
normalizada ante la determinación de la protección ambiental: en primer
lugar, las omisiones y/o actuaciones insuficientes de los Estados en su deber
de proteger el medio ambiente y de garantizar, correlativamente, el derecho
a un medio ambiente sano; en segundo lugar, la situación de peligro o daño
ambiental generada en consecuencia; y, en tercer lugar, la misma aplicación
de la norma jurídica protectora, justifica sin duda la admisión de un refuerzo
interpretativo pro ambiente en razón del bien o interés público.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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cepción rígida con respecto al derecho de propiedad, que
impide avanzar en pro del ambiente, sin el cual no podría
existir el derecho a la vida, al trabajo, a la propiedad o
a la salud. No se debe perder de vista el hecho de que
estamos en un terreno del derecho, en el que las nor-
mas más importantes son las que puedan prevenir todo
tipo de daño al ambiente, porque no hay norma alguna
que repare, a posteriori, el daño ya hecho; necesidad de
prevención que resulta más urgente cuando de países en
vías de desarrollo se trata. En este sentido, la Declaración
de Estocolmo afirmó “...que en los países en desarrollo la
mayoría de los problemas ambientales son causados por
el mismo subdesarrollo. Millones continúan viviendo por
debajo de los estándares mínimos de salud y salubridad.
Por lo tanto los países en desarrollo deben dirigir todos
sus esfuerzos hacia el desarrollo, teniendo en mente las
prioridades y necesidades para salvaguardar y mejorar el
ambiente. Por la misma razón los países industrializados
deberían hacer esfuerzos para reducir la brecha entre
ellos y los países en desarrollo.31
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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al ser humano. La calidad ambiental es un parámetro
fundamental de la calidad de vida; al igual que la salud,
alimentación, trabajo vivienda, educación, entre otros.
El derecho a un ambiente sano y ecológicamente equi-
librado, reconocido en el artículo 50 de la Constitución
Política, garantiza el derecho del hombre a hacer uso
del ambiente para su propio desarrollo, lo que implica el
correlativo deber de proteger y preservar el medio, me-
diante el ejercicio racional y el disfrute útil del derecho
mismo. El Estado también tiene la obligación de procurar
una protección adecuada al ambiente; consecuentemen-
te, debe tomar las medidas necesarias para evitar la con-
taminación y, en general, las alteraciones producidas por
el hombre que constituyan una lesión al medio.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
33 Carlos Roberto Mejía Chacón Case, Voto No. 3705-93, July 30, 1993 (espa-
ñol). Disponible en línea en: https://www.elaw.org/content/costa-rica-carlos-roberto-
mej%C3%AD-chac%C3%B3n-case-voto-no-3705-93-july-30-1993-espa%C3%B1ol.
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Según esta interpretación, la responsabilidad consiste en equilibrar
la protección del ambiente, el desarrollo económico y las actividades de
los particulares, que justifique la intervención del Estado. Lo anterior, por
cuanto una protección excesiva del ambiente que anule toda actividad
económica, puede hacer incurrir a los particulares en costos despro-
porcionados e innecesarios, tornando algunas actividades productivas
en ruinosas y generando pobreza y desempleo, lo cual impactaría ne-
gativamente a la gente. Pero de igual modo, una actividad económica
descontrolada e irresponsable puede producir un daño irreversible en
el ecosistema, razón por la cual se impone la aplicación del principio in
dubio pro natura, en el sentido de que si existe duda sobre si una activi-
dad produce o no daños al ambiente, debe priorizarse en su protección
y en consecuencia, limitarse o prohibirse dicha actividad. No obstante, la
determinación de esa duda, no puede, ni debe, quedar al arbitrio de los
grupos sea cual sea, sino de estudios técnicos, pues este aplicará cuando
haya peligro de daño grave o irreversible en el ambiente. Así se pronuncia
la Corte Constitucional de Costa Rica en su Sentencia 17155-09 y la Sen-
tencia 18855-10 del mismo Tribunal.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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decretó que “las normas de protección de los sujetos vulnerables e inte-
reses difusos y colectivos deben ser interpretados de la manera que es
más de apoyo y puede proporcionar mejor, de la eficacia del plan, la asis-
tencia judicial y la ratio essendi de la norma de fondo y procedimental.
La hermenéutica jurídica y ambiental se rige por el principio in dubio pro
natura”. (STJ, 2º T., resp Nº 1.114.893 / MG).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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Asimismo, un ejemplo claro de aplicación de este principio, lo exhibe
la Sentencia C399 del 2002 del Consejo de Estado de la República de
Colombia, donde se afirma
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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su garantía y protección, incentivando un compromiso real
y la participación de todos con la finalidad de avanzar ha-
cia un mundo respetuoso con los demás. Se impone una
mayor consciencia, efectividad y drasticidad en la política
defensora del medio ambiente (6.5).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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CONCLUSIONES Y REPLANTEAMIENTOS TRANSFORMADORES DEL
DERECHO AMBIENTAL
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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gubernamentales. Lo que está claro es que, en sede judicial se distingue
el principio in dubio pro natura del principio precautorio pues este sirve
para la solución de incertezas científicas, mientras que el primero sirve de
guión para las incertezas legales, como un principio interpretativo. Con el
reconocimiento de este principio, el juez no puede inventar algo que no
está, expresa o implícitamente, en el dispositivo, pero habiendo pluralidad
de sentidos posibles, debe elegir el que mejor garantice el ambiente.
REREFENCIAS
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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Parlamentarios en Línea Enero-agosto 2014 Febrero, 2014. Disponible en:
http://www.diputados.gob.mx/sedia/sia/redipal/CRV-VII-29_14.pdf.
GORMLEY, W.P. Human Rights and Environment: The Need for Inter-
national cooperation. Leyden: Sijhoff, 1976.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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TROUWBORST, A. “Prevention, Precaution, Logic and Law the Rela-
tionship between the Precautionary Principle and the Preventative Prin-
ciple in International Law and Associated Questions”, Erasmus Law Re-
view 2(2), 2009, p. 105-128.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
A construção do sistema de proteção do ambiente como direito hu-
mano, integrante da terceira dimensão ou geração de direitos, repou-
sa na responsabilidade solidária e no dever fundamental de o Estado
protegê-lo, na perspectiva de garantir a qualidade de vida, a dignidade
do homem e sua sobrevivência no Planeta.
As Constituições da Espanha1 e de Portugal, esta com mais ênfase a
partir da revisão de 1997, adotaram o sistema de proteção objetiva da
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natureza e, ao mesmo tempo, com características de direito fundamen-
tal, razão pela qual defende o professor Vasco Pereira da Silva2, que não
se deve excluir a proteção do ambiente a partir dos interesses particu-
lares e, consequentemente, dos direitos subjetivos públicos, os quais se
associam na defesa do Estado de Direito Ambiental.
2 SILVA, Vasco Pereira da. Verdes são também os direitos do homem. Cascais:
Principia, 2001, p. 17-22.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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A questão tem se revelado mais complexa e antagônica nos siste-
mas latino-americanos, pois a ideia de Direitos Humanos ou fundamen-
tais específicos dos povos indígenas, apesar de ter o ponto de partida
na estabilização jurídica de uma carga discriminatória, evoluiu para o
reconhecimento da situação de fragilidade e de necessidade de prote-
ção constitucional, inicialmente como minorias sujeitas a maior risco
na sociedade pós-moderna, e a partir daí o reconhecimento da condi-
ção de sujeitos coletivos de direitos e consequente proteção aos seus
direitos fundamentais, construídos no evoluir das cinco gerações ou
dimensões preconizadas por Karel Vasack6.
6 VASAK, Karel. Por um direito internacional específico dos direitos do homem. In:
VASAK, Karel (redator geral). As dimensões internacionais dos direitos do homem. Lisboa:
ONU/Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos, 1978.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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surge na Constituição do Brasil sob a mesma inspiração europeia da ética
intergeracional, da qual resulta o princípio responsabilidade, no dizer de
Hans Jonas8, fundamentada na solidariedade intergeracional, decorrente
da fraternidade, terceira dimensão dos direitos humanos.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
da igualdade vistas sob a ótica política, para tratá-las sob o ponto de vis-
ta socioeconômico, pluralista e inclusivo, harmonizador da vida humana
com a natureza, em uma nova cultura do bem viver.
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Nesse contexto, o Novo Constitucionalismo propõe um sistema bio-
cêntrico, sem rejeitar o antropocentrismo, e inclui no texto das Consti-
tuições andinas o ecocentrismo, com o objetivo de romper com a ideia
do homem como único sujeito de direitos e obrigações em suas relações
com a natureza, concepção individualista e reducionista, segundo Wolk-
mer, própria do modelo capitalista, que não distribui riquezas e aprofun-
da as desigualdades entre os países. “[...] Assim, a racionalidade quantifi-
cadora que ignora a vida e a diversidade cultural está sendo questionada
por visões mais abrangentes e solidárias que tentam frear o processo
que está destruindo a Mãe Terra”12.
3 CONSTITUCIONALISMO ENCRUZILHADO
12 Idem.
13 Ibidem.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
14 SUÁREZ, Diana Quirola. Sumak Kawsay. Hacia un nuevo Pacto Social en Armonía
con la Naturaleza. In: ACOSTA, Alberto; MARTÍNEZ, Esperanza (Compiladores). El Buen Vi-
vir: una vía para el desarrollo. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2009, p. 104-107.
15 WOLKMER, Antonio Carlos; AUGUSTIN, Sérgio; WOLKMER, Maria de Fátima S. O
novo direito à agua no constitucionalismo da América Latina. Revista Internacional Inter-
disciplinar INTERThesis. vol. 9, n. 1, jan./jun. 2012.
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humano fundamental e irrenunciável à água, vértice da construção jurí-
dica dos direitos da Pachamama.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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violara os arts. 21 e 25 da Convenção Americana (direito à proprieda-
de privada e proteção judicial, respectivamente), recomendando que se
efetivasse a demarcação das terras dos Awas Tingni. No caso da Nicará-
gua, cuja Constituição integrou o primeiro ciclo do giro constitucionalista
latino-americano, a riqueza do Texto Constitucional não alcançou a força
normativa necessária para efetivar os direitos dos Awas Tingni.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Nesse aspecto, mesmo que a questão seja analisada sob a ótica do ra-
cionalismo e da teoria piagetiana da evolução cultural em etapas, encon-
traria na concepção mítica de mundo, própria da cosmovisão indígena,
ainda que incorporada racionalmente no agir comunicativo, a diferença
fundamental em relação à sociedade ocidental. É a partir dessa diferença
que se constituem os pressupostos pluralistas possibilitadores da livre
determinação de natureza coletiva.
18 VASAK, Karel. A realidade jurídica dos direitos do homem. In: VASAK, Karel. As
dimensões internacionais dos direitos do homem. Lisboa: ONU/Editora Portuguesa de
Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 21.
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Ainda se deve considerar, sob o ponto de vista habermasiano, que no
pluralismo, devido ao seu caráter fragmentário, há dificuldades para a cons-
trução de mútuos entendimentos, justamente por conta das diferenças cul-
turais e de crenças entre essas diversas culturas, assim como em relação à
sociedade ocidental, principalmente, a impedir a universalização. Disso re-
sultam, geralmente, acordos ad hoc, nos casos das populações indígenas,
notadamente em razão da baixa participação política dessas comunidades
no processo democrático, entregues à vontade da maioria, constituindo-se
em obstáculo intransponível à ideia de igualdade, ainda que instrumental,
situação que afasta a compreensão e solução desse problema específico a
partir da ideia de justiça como equidade, defendida por John Rawls19.
19 RAWLS, John. Justiça e democracia. Tradução Irene A. Paternot. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 2002, p. 207-209.
20 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). Brasil. Petição no 3.388. Rel. Min. Carlos Ayres
Brito. In: REVISTA Trimestral de Jurisprudência. Brasília: STF, v. 212, abr./jun. de 2010, p. 87.
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84
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ir para o índice
85
inspirados e instigados pela legislação internacional e pelos sistemas de
proteção dos Direitos Humanos, principalmente pela Corte Interamerica-
na de Direitos Humanos, cuja atuação tem sido significativa na busca pela
efetivação dos Direitos Humanos, com destaque para os casos de po-
pulações minoritárias ou marginalizadas que têm sua qualidade de vida
ameaçada por atividades desenvolvimentistas impactantes.
REFERÊNCIAS
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86
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
87
VILLAS BOAS, Marco Anthony Steveson. Repercussões ambientais do
indigenato. Revista CEDOUA, n. 31, ano XVI, 1.13. COIMBRA: Almedina/
Tip. Lousanense, 2013, p. 11-22.
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88
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
A Pan-Amazônia e o ordenamento
jurídico ambiental
The Pan-Amazon and the environmental
legal system
RESUMO
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89
geral socioambiental. O Tratado de Cooperação Amazônico se mostra,
muitas vezes, ineficaz, para a proteção desse bioma precioso.
ABSTRACT
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90
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
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91
amazônica. Mas segue com problemas em elaborar legislação específi-
ca sobre determinados recursos naturais.
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92
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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93
em todo o texto, com o tema ambiental, em específico com a Amazônia
de seu país. Todavia, como ocorre nos demais países, principalmente nas
fronteiras, a falta de fiscalização e a aplicabilidade da legislação existentes
quanto à biopirataria e à exploração da floresta são problemas recorrentes.
1 KOKKE, Marcelo. A Bolívia e a Amazônia. In: COSTA, Beatriz Souza (org). Pan-Ama-
zônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da proteção
ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 22.
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94
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
2 Idem, p. 24.
3 Artículo 348. I. Son recursos naturales los minerales en todos sus estados, los
hidrocarburos, el agua, el aire, el suelo y el subsuelo, los bosques, la biodiversidad, el espe-
ctro electromagnético y todos aquellos elementos y fuerzas físicas susceptibles de aprove-
chamiento. II. Los recursos naturales son de carácter estratégico y de interés público para
el desarrollo del país.
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95
no artigo 3734 que é função essencial do Estado promover e garantir o
aproveitamento responsável dos recursos naturais, como explica Kokke5.
A água possui nesse artigo, a sua importância no contexto de proteção,
sendo tratada como questão de soberania nacional.
Os recursos minerais, por sua vez, são regulados pela Lei nº 1.333, de
1992; entretanto, não impede a exploração ilegal, desse bem. Isso ocorre
por falta de fiscalização ostensiva por parte do governo.
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96
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
8 Idem, p.38.
Ir para o índice
97
rais. Não há dúvidas de que a medida é preocupante em
termos de efetiva proteção ambiental, salientando previ-
são anterior restritiva prevista no Regulamento Geral. A
norma prevê mesmo uma espécie de compensação am-
biental a ser revertida para a área de proteção, em valor
pecuniário, em razão dos impactos e riscos provocados.
O Regulamento Geral de Áreas Protegidas prevê formali-
zação de planos de manejos, com possibilidade de delimi-
tação de zonas de amortecimento, corredores biológicos
e áreas de influência, com restrições ao direito de pro-
priedade. As áreas protegidas podem ser configuradas
com caráter nacional ou regional, podendo ainda haver
áreas protegidas de propriedade privada. O Regulamento
ainda estabelece as seguintes categorias de manejo para
fins de áreas protegidas: parque, santuário, monumento
natural, reserva da vida silvestre, área natural de manejo
integrado, reserva natural de imobilização9.
9 KOKKE, Marcelo. A Bolívia e a Amazônia. In: COSTA, Beatriz Souza (org). Pan-
-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da pro-
teção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 45.
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98
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
99
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen-
cial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pú-
blico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações. [...] § 4º - A Floresta
Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimô-
nio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, den-
tro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.13
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100
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
101
2.2 Recursos Minerais na Amazônia Brasileira e sua Proteção
Ir para o índice
102
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
18 Idem.
19 SILVESTRE, Mariel. Mineração em área de preservação permanente: inter-
venção possível e necessária. São Paulo: Signus. 2007, p. 9.
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103
do Ministério do Meio Ambiente (2014), o Brasil abriga
mais de 20% do número total de espécies da Terra, o que
destaca a posição do país entre as 17 nações com maior
biodiversidade no mundo, como ja foi mencionado20.
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104
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Informa Ramos que a proteção dos recursos hídricos não possui lei
específica, mas algumas legislações fragmentárias nesse sentido:
21 RAMOS, Ana Virgínia Gabrich Fonseca Freire. A Amazônia Colombiana. In: COS-
TA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p.97.
22 RAMOS, Ana Virgínia Gabrich Fonseca Freire. A Amazônia Colombiana. In: COS-
TA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p.98.
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105
Quanto aos recursos minerais, a Colômbia, sendo um país tradicional-
mente formado por populações indígenas, tem alguns aspectos peculia-
res quanto a essa exploração. Mas o país tem tido um desenvolvimento
exponencial, principalmente na exploração de ouro.
23 RAMOS, Ana Virgínia Gabrich Fonseca Freire. A Amazônia Colombiana. In: COS-
TA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 104.
24 Idem.
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106
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
25 VENEZUELA, 2017.
26 RAMOS, Ana Virgínia Gabrich Fonseca Freire. A Amazônia Colombiana. In: COS-
TA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 105.
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107
Não é nenhuma novidade que na América Latina, principalmente em
terras amazônicas, a Legislação de Proteção Ambiental não seja eficiente,
na qual ficam à margem da lei povos indígenas e comunidades ribeirinhas,
apesar de a Lei os incluir. Esse fato ainda é mais preocupante quando na
cultura indígena se entende que a exploração do “ouro e demais minerais
têm sua origem no sol, na lua e nas estrelas, ou seja, são uma espécie de
“pegadas” que demonstram a relação dos astros com a terra [...]”27.
4. A AMAZÔNIA EQUATORIANA
27 Idem, p. 105.
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108
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
28 ECUADOR, 2016.
29 ECUADOR, 2016.
30 CUNHA, Lorena Rogues Belo da; BIZAWU, Kiwonghi. O Equador e a Região
Amazônica. In: COSTA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na
perspectiva das questões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte:
Dom Helder, 2016, p. 146.
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109
O Equador teve a preocupação de destacar, em sua constituição, os
cuidados com seus bens ambientais e reservar às comunidades tradicio-
nais a participação de uso e administração, conservação dos recursos na-
turais renováveis que se encontram em suas terras, artigo 57.
31 ECUADOR, 2016.
32 [...] la naturaleza o Pacha Mama, donde se reproduce y realiza la vida, tiene
derecho a que se respete integralmente su existencia y el mantenimiento y regeneración
de sus ciclos vitales, estructura, funciones y procesos evolutivos. Toda persona, comunidad,
pueblo o nacionalidad podrá exigir a la autoridad pública el cumplimiento de los derechos
de la naturaleza (ECUADOR, 2016).
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110
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
5. A GUIANA E A AMAZÔNIA
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111
pelo qual deixou o modelo socialista de economia
controlada e planificada pelo Estado para instituir o
modelo capitalista de livre mercado. No ano de 2003,
a Constituição passou por importantes reformas, de
modo a aprimorar seu sistema político-econômico34.
34 OLIVEIRA, Márcio Luís de; BRITO, Franclim Jorge Sobral de. A Guiana e a Amazô-
nia. In: COSTA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das
questões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 170.
35 BRASIL, 2017c.
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112
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
A Guiana Francesa não faz parte da OTCA, por não ser considerado
um país independente. Ela compõe o Estado Francês, por mais que isso
36 OLIVEIRA, Márcio Luís de; BRITO, Franclim Jorge Sobral de. A Guiana e a Amazônia.
In: COSTA, Beatriz Souza (org). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 176.
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113
cause estranheza. No entanto, não se pode desconsiderar que a Guiana
Francesa possui território amazônico. Toledo entende que,
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114
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
39 Idem, p. 193.
40 TOLEDO, André de Paiva. A Guiana Francesa e a Amazônia. In: COSTA, Beatriz
Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioam-
bientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 194.
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115
cado à água tenha como objetivo o alcance e a realização de um manejo
equilibrado dos diversos recursos hídricos”41.
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116
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
7. A AMAZÔNIA PERUANA
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117
sinas. Entretanto, há contrassenso a respeito dessa proteção, como
demonstram Oliveira e Sampaio
47 Idem, p. 249.
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118
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Esse país tem “uma superfície total de 163 mil km2 e uma população
total de 493 mil habitantes, mais da metade da população é urbana, so-
mente a capital Paramaribo tem em torno de 243 mil habitantes”50.
48 OLIVEIRA, Márcio Luís de; SAMPAIO, José Adércio Leite. A Amazônia Peruana. In:
COSTA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 254.
49 VISENTINI, Paulo Fagundes. Guiana e Suriname: uma outra América do Sul. Re-
vista conjuntura Austral, v. 1 n. 1; ago/set. 2010, p. 28.
50 Idem, p. 66.
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119
A maior parte da população surinamesa “é dos chamados hindus-
tani (indianos do norte), a mistura étnica pode ser evidenciada em
algumas manifestações culturais, religiosas e linguística (crioulo). O
idioma neerlandês é a língua oficial, mas também falam outras lín-
guas como o javanês e o indonésio”51.
Entre 1980 e 1990, o país foi palco de golpes militares. Cinco anos após
o rompimento de seus laços coloniais com os Países Baixos, militares dispu-
seram o Governo Civil, proclamando a República Socialista do Suriname52.
51 Idem.
52 PROCÓPIO, Argemiro. A Amazônia Caribenha. Revista Brasileira de Política
Internacional, v. 50 Rev. bras. polít. int. vol.50 n. 2 Brasília July/Dec. 2007.
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120
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
53 CUNHA, Lorena Rodrigues Belo da. O Suriname e a Região Amazônica. In: COS-
TA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das ques-
tões socioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 268.
54 Idem.
55 Idem, p. 271.
56 Idem, p. 273.
Ir para o índice
121
comprometendo assim o valor da reserva como tal (...).”
(SURINAME, 1954, tradução nossa). A partir do enuncia-
do, pode-se afirmar que a lei em análise proíbe não só
as condutas dolosas, como também as culposas, desde
que causem danos aos recursos biológicos, visto que
solo, paisagem, fauna e flora, por serem componentes
de ecossistemas e possuírem real e potencial valor para a
humanidade, podem ser assim considerados nos termos
da definição elaborada pela CDB57.
9. A AMAZÔNIA VENEZUELANA
57 CUNHA, Lorena Rodrigues Belo da. O Suriname e a Região Amazônica. In: COSTA,
Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões so-
cioambientais e da proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 276.
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122
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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123
pacto ambiental e socioculturais. O Estado deve impedir a
entrada no país de resíduos tóxicos e perigosos e a fabrica-
ção e uso de armas nucleares, químicas e biológicas. Uma
lei especial regulará a utilização, manuseio, transporte e
armazenamento de substâncias tóxicas e perigosas.
Quanto aos seus recursos hídricos, o país possui uma legislação espe-
cífica, ou seja, a Lei nº 38.595, de 2 de janeiro de 2007, composta por 127
artigos e 16 disposições transitórias.59
58 VENEZUELA, 2017a.
59 COSTA, Beatriz Souza. A Amazônia Venezuelana. In: COSTA, Beatriz Souza (org.).
Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da
proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 301.
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124
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
60 VENEZUELA, 2017f.
61 COSTA, Beatriz Souza. A Amazônia Venezuelana. In: COSTA, Beatriz Souza (org.).
Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da
proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 305.
62 VENEZUELA, 2017a.
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125
As riquezas biológicas da Venezuela são protegidas pela Lei de Gestão
de Diversidade Biológica, Lei nº 39.074, de 2008, cujo objetivo é estabe-
lecer os princípios regentes para a conservação de sua diversidade bio-
lógica. O texto é extenso, constituindo-se de 143 artigos, mais algumas
disposições transitórias explicativas.
63 COSTA, Beatriz Souza. A Amazônia Venezuelana. In: COSTA, Beatriz Souza (org.).
Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da
proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 306.
64 COSTA, Beatriz Souza. A Amazônia Venezuelana. In: COSTA, Beatriz Souza (org.).
Pan-Amazônia: o ordenamento jurídico na perspectiva das questões socioambientais e da
proteção ambiental. Belo Horizonte: Dom Helder, 2016, p. 308.
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126
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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127
ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento
tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conser-
vação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a Medida Provisória
no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Dispo-
nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/
Lei/L13123.htm. Acesso em: 2 jan. 2017.
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128
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
129
fr/cours/gaz_de_schiste_2/pdf/15.Le%20droit%20du%20sol%20en%20
France.pdf. Acesso em: 26 jan. 2017.
OLIVEIRA, Márcio Luís de; BRITO, Franclim Jorge Sobral de. A Guiana
e a Amazônia. In: COSTA, Beatriz Souza (org.). Pan-Amazônia: o ordena-
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130
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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131
TASSINARI, Colombro C. G. Tectônica Global. In: TEIXEIRA, Wilson
et. al (org.). Decifrando a Terra. 3. ed. São Paulo: Companhia Nacional,
2008, p. 97-111.
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132
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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133
O socioambientalismo indígena sob
a ótica do princípio da igualdade:
crítica à teoria de Marco Villas Boas
a partir das ideias de John Rawls,
Thomaz Piketty e Amarthya Sen
The indigenous socio-environmentalism
under the optical principle of equality:
criticism to the theory of Marco Villas Boas
from the ideas of John Rawls, Thomaz
Piketty and Amarthya Sen
RESUMO
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134
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ABSTRACT
The idea of equality support by Marco Villas Boas is assent in the origi-
nal rights to the land represented by primary rights and congenitos rights
to live again alone as tribe. The equality is legitime and out of aptitudes
and out of economic order.
INTRODUÇÃO
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135
1. A IGUALDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DE 1988
A matéria é tratada nos artigos 231 e 232 e, como salientado por Ale-
xandre de Moraes, “A Constituição reconhece aos índios sua organização
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União [...]”3.
2 MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 40.
3 Idem, p. 882-884.
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136
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
137
da época. O Indigenato se constitui em valioso instrumento jurídico de
reconhecimento da cultura dos índios e sua relação com as terras que
ocupavam tradicionalmente, e a implantação das sesmarias respeitou a
legislação indigenista portuguesa6.
6 Idem, p. 58-61.
7 VITORIA, Francisco de. apud CUNHA, Manuela Carneiro da. Os direitos dos ín-
dios. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 56.
8 VITORIA, Francisco de. Relectiones – Sobre os índios e sobre o poder civil. Coleção Clás-
sicos IPRI. In: José Carlos Brandi Aleixo (Org.). Relectiones sobre os índios e sobre o poder civil. Bra-
sília: Universidade de Brasília/Fundação Alexandre de Gusmão, 2016, p.18. (Coleção Clássicos IPRI).
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138
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
A linha de pesquisa de Marco Villas Boas tem sido nessa direção, con-
siderando o direito à diferença na igualdade, sob o ponto de vista da
autodeterminação, e não discriminação, o que enseja tratamento igual
aos iguais, e desigual aos desiguais.
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139
5. O PRINCÍPIO DA IGUALDADE NO PENSAMENTO DE MARCO
VILLAS BOAS E A IGUALDADE NAS OBRAS DE JOHN RAWLS, AMARTHYA
SEN E THOMAS PIKETTY
Para construir sua tese, Villas Boas elucida um eixo ambiental flutuan-
te entre os subsistemas do ambiente, dos direitos sociais, da cultura, da
educação, dos povos indígenas, da saúde, da economia e de diversos ou-
tros subsistemas da Constituição do Brasil, com evidente destaque para
o capítulo que trata dos povos indígenas, trazendo a lume um socioam-
bientalismo indígena, para além dos direitos socioambientais defendidos
por outros doutrinadores na interpretação do direito infraconstitucional
na perspectiva de um Estado de Direito Socioambiental.
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140
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
11 AWLS, John. O direito dos povos. Tradução de Luis Carlos Borges. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
12 Id, ib., 2003, p. 239.
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141
agasalhar a equalização de direitos na oferta de iguais oportunidades
em busca de uma vida boa e feliz.
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142
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
143
iniciais e pelas forças de mercado, ao mesmo tempo em
que preserva ao máximo a função alocativa do sistema
de preços. Concentramo-nos aqui na redistribuição fiscal
das rendas do trabalho. A tributação e redistribuição das
rendas do capital, além de terem um impacto limitado se
comparadas às rendas de atividade, levantam problemas
específicos já analisados 18.
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144
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
19 Id.,ib. p. 99.
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145
Nesse aspecto, para o índio integrado à sociedade ocidental, deve
ser garantido o direito à igualdade de chance, distribuição de renda e
acesso aos bens e serviços para uma vida feliz, a exemplo das cotas
para indígenas em universidades federais, bolsa família e de outros be-
nefícios sociais, de conformidade com as ideias de Raws, Sen e Piketty,
frise-se, sem excluir o direito à autodeterminação e a possibilidade de
retorno à sociedade indígena.
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146
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
REFERÊNCIAS
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147
CUNHA, Manuela Carneiro da. Os direitos dos índios. São Paulo: Bra-
siliense, 1987.
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148
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
RESUMO
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149
letivos, ideais de justiça quantificáveis e preservação ambiental. A forma
de internalização das externalidades é indicada como determinante das
expectativas de potencializar os resultados ao nível ótimo.
ABSTRACT
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150
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
Esse tipo de análise também é útil para aferir em que medida o or-
denamento jurídico e as escolhas implementam a Política Nacional do
Meio Ambiente. Isso importa compreender de que modo as diretrizes da
política ambiental são capazes de criar custos para conformar o compor-
tamento dos agentes econômicos.
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151
O meio ambiente aparece na Constituição brasileira quando ela se re-
porta à função social da propriedade (artigo 5º, XXII e XXIII) e na distribuição
de competência material e administrativa dos entes federativos (artigos 23
e 24). No Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, a preocu-
pação com o meio ambiente aparece em dois momentos: no Capítulo I, que
trata dos Princípios Gerais da atividade econômica (artigo 170), bem como
ocupa todo o Capítulo VI, “Do Meio Ambiente” (artigos 225 e seguintes). A
livre iniciativa e a propriedade são, respectivamente, fundamento da Repú-
blica e direito previsto no caput do artigo 5º da Constituição.
Ir para o índice
152
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
recer elementos para que sejam limitados até o ponto que contribuem
para a proteção ambiental, conforme previsão legal.
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153
nômico e proteção ambiental, uma vez que se reconhece no ambiente na-
tural o universo abrangente onde se desenvolve o ambiente econômico.
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154
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
1 SZTAJN, Rachel. Futuros e swaps: uma visão jurídica. São Paulo: Cultural Paulis-
ta, 1999, p. 228.
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155
ambos, busca-se demonstrar que se trata a associação (ou a identidade)
eficiência e lucro, na melhor das hipóteses, de reducionismo.
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156
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
1.1 Escassez
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157
veito não se encerram na sua apresentação contingenciada pela forma
que existe, mas pela função que o homem lhe atribui.
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158
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
forma como são satisfeitas pelos ambientes naturais urbanos. Surge, por-
tanto, o problema central da ciência econômica e do direito: a escassez e,
como consequência, o conflito.
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159
Quer-se com isso dizer que o ponto de partida pressuposto é o de que os
indivíduos são racionais e sua racionalidade se traduz em comportamento
de maximização dos interesses. O direito utiliza-se desse ferramental quan-
titativo e presuntivo para gerar instituições capazes de produzir conjunto de
incentivos que premia condutas eficientes e penaliza as ineficientes.
4 BUBB, R.; PILDES, R. H. How Behavioral Economics Trims Its Sails and Why. Har-
vard Law Review, v. 127, n. 6, p. 1594–1678, 2014. Harvard Law Review Association, p.1.603.
5 No original: “two main types of deviations exist. First, people are only boundedly ratio-
nal: they make mistakes in judgment and perception. Second, people have bounded willpower”.
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160
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Conforme explicação de Cooter & Ulen6, “diz-se que uma situação espe-
cífica é Pareto eficiente se for impossível modificá-la de modo a tornar, pelo
menos, a posição de uma pessoa melhor (conforme a sua avaliação) sem,
em contrapartida, piorar a posição de outra (também conforme a sua avalia-
ção)”. Traduzindo de outro modo, pode-se dizer que o conceito de eficiência
em Pareto é a situação segundo a qual não é possível melhorar a condição
de alguém sem piorar a situação de pelo menos outro agente econômico.
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161
Cooter e Ulen empregam a ideia de eficiência no processo produ-
tivo indicando que ela está presente quando “não é possível gerar a
mesma quantidade de produção usando uma combinação de insumos
de custo menor, ou, não é possível gerar mais produção usando a mes-
ma combinação de insumos”7.
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162
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
10 MACKAAY, Evert P. History of law and economics. Encyclopedia of law and eco-
nomics, 2000, p. 77-80.
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163
de incorporar a linha de produção. Em economia, são tratados como in-
formação capaz de afetar o preço. Para Marshall11, a fórmula para valora-
ção dos bens seria: utilidade marginal+lei da oferta e da procura+custos
de produção (terra, capital e trabalho).
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164
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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165
A incapacidade das forças do mercado de prevenirem as externalidades
permite conceituá-la como falha de mercado.
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166
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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167
cooperativo que induza à realização do valor implícito na norma. A abor-
dagem econômica do direito não descuida de dotar esses valores de fa-
ticidade. Justiça não é eficiência, mas não prescinde dela. Não há como
discorrer sobre o justo sem contemplar o modo de realizá-lo, os meios e
as consequências para alcançá-lo.
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168
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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169
palavras, o capitalismo, mercado e liberalismo são realidades incindíveis da
compreensão da justiça a partir da eficiência na geração de riqueza.
No entanto, nem tudo que é eficiente pode ser tomado por justo, o resul-
tado pode sinalizar que nem todos os componentes que deveriam ser con-
siderados para se intuir eficiência entraram na consideração do “mais com
menos”. Há reciprocidade nos valores eficiência e justiça, ambos importam,
a relação é dinâmica e também oscila entre o quantitativo e o qualitativo.
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170
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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171
Pode-se definir a análise econômica do direito como uma
metodologia fortemente influenciada por um pragmatis-
mo filosófico e por uma lógica consequencialista (já pre-
sentes nas anteriores escolas do utilitarismo benthamia-
no e do realismo jurídico norte-americano), de maneira
que o foco de estudo passa a ser não mais a investigação
do fato causador, mas sim os resultados que se pretende
obter e os meios necessários para tanto19.
Com a ajuda de Ivo Gico Jr. (2014, p.1), extrai-se que a Análise Eco-
nômica do Direito (AED) é campo do conhecimento humano, é ciência,
é técnica, fundada na experiência econômica capaz de agregar compo-
nente na compreensão e alcance do Direito e, desse modo, trazer com-
ponente capaz de facilitar a aplicação e a avaliação de normas jurídicas,
principalmente com relação às suas consequências.
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172
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
21 POSNER, Richard. Economic analysis of law. 6. ed. New York, NY, USA: Aspen
Publisher’s, 2002.
22 Microeconomia, o estudo de como os indivíduos e as firmas tomam decisões e de
como essas decisões afetam os preços e a produção de bens e serviços. Por sua vez, a Macroe-
conomia é o estudo dos agregados de indivíduos, preços e produção (WESSELS, 2006, p.1).
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173
litar a tomada de decisões. Os custos se convertem em baliza quantitativa
da destinação da titularidade, ou preferência, do direito em questão.
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174
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Pode-se afirmar que o estudo das relações entre Direito e Economia re-
sulta na análise econômica do direito, constitui-se em estratégia de desen-
volvimento econômico e melhoria do ambiente de negócios24. Daí Armando
Pinheiro inferir que a Análise Econômica do Direito se “constitui ferramen-
tal econômico para discutir desenhos jurídico institucionais, bem como ser
sensível à lógica interna ao sistema jurídico e sua estrutura normativa”.
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175
gociação e alienação; 3. Definir regras de acesso e saída do mercado; 4.
Promover competição; 5. Regular estrutura industrial como a conduta
das empresas nos setores de monopólio.
26 BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 36.
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176
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
espaços que cria. Para Carlos Gurgel27, “[n]o que toca à ética do desen-
volvimento, vale asseverar que nenhum crescimento econômico deve
justificar a degradação das variantes ambientais a ponto de estabelecer
uma ruptura intertemporal nas cadeias de reprodução da vida”.
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177
menta o valor dos recursos que ele possui; sempre
que ele é capaz, por exemplo, de comprar algo que
ele considera valioso por uma soma menor do que
ele estaria disposto a pagar por isso.
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178
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
32 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 16. ed. São Paulo: GEN, 2014, p. 9.
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179
Essas considerações demonstram que a compatibilidade entre os
princípios da propriedade privada e a defesa do meio ambiente impor-
ta numa nova epistemologia que os contemple de modo indissociável e
complementar, conforme induz Enrique Leff 33:
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180
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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181
A proposta de harmonizar princípios exige olhar ambiental – sobre a
propriedade – mais complexo e objetivo. Nesse sentido, há certa provo-
cação para gerar novas significações sociais e subjetivas sobre princípios
que se acreditavam perfeitamente configurados na sua natureza e limites,
novas formas de subjetividade e posicionamentos políticos ante o mundo.
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182
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Desse modo, fica melhor para reconhecer que as linhas gerais expres-
sas na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição são compa-
tíveis com a Análise Econômica do Direito. Admitir que o recurso natural
deve ser entendido no seu contexto ecológico, faz desse valor objetivo a
ser perseguido. A Análise Econômica do Direito atua no sentido de for-
necer mecanismos para tornar essa a diretriz de reconstrução das prá-
ticas econômicas, o mais eficiente possível. Na percepção de Cristiane
Derani,38 destaca-se,
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183
diapasão deve seguir a compreensão sobre os recursos
ambientais que compõem o meio ambiente.
39 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 6.
40 ALVAREZ, A. B. Análise econômica do direito: contribuições e desmistificações.
Direito, estado e sociedade, v. 9, n. 29 jul/dez, p. 49 a 68, 2006. Rio de Janeiro, p. 51.
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184
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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185
protetivas que podem ser utilizadas pelos três Poderes, assim como pe-
los agentes de mercado, conforme as escolhas racionais que fazem.
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186
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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187
de privada e da defesa ambiental. A preservação ambiental não é limite
para o crescimento, mas condição de perenidade. Conservar espaços na-
turais urbanos guarda relação com o bem-estar, emprego e renda, mo-
vimentos migratórios entre bairros e degradação social. A consciência
do problema, legislação e estrutura institucional adequados não são tão
úteis como a ação das forças econômicas que concorrem no mercado.
REFERÊNCIAS
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188
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BUBB, R.; PILDES, R. H. How Behavioral Economics Trims Its Sails and
Why. Harvard Law Review, v. 127, n. 6, p. 1594–1678, 2014.
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189
(Portuguese). Revista Sequência, v. 33, n. 65, p. 209–239, 2012. Univer-
sidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pos-Graduacao Stricto
Sensu em Direito.
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190
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
POSNER, Richard. Economic analysis of law. 6. ed. New York, NY, USA:
Aspen Publisher’s, 2002.
Ir para o índice
191
Paulo: Saraiva, 2010. (Coleção direito, desenvolvimento e justiça). Dispo-
nível em: http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502142
534. Acesso em: 2 ago. 2015.
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
SZTAJN, Rachel. Futuros e swaps: uma visão jurídica. São Paulo: Cul-
tural Paulista, 1999.
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192
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
II. CONSTITUCIONAL
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193
Le affirmative actions nell’ordinamento
costituzionale del Brasile: spunti di
riflessione in prospettiva comparata1
The affirmative actions in the brazilian
constitutional system: some ideas in
the comparative perspective
ANNA CIAMMARICONI
11
RIASSUNTO
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194
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Abstract
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195
l’esercito – vide proprio nell’abolizione della schiavitù la conclusione definiti-
va della sua esistenza3. Anche se non è mancato chi ha fatto notare come gli
schiavi, benché privati dei diritti civili, fossero generalmente sottoposti a un
regime «paternalistico tollerabile»4, a dire il vero, il lascito di diversi secoli di
asservimento e di dominio coloniale ha prodotto tali e profonde lacerazioni
i cui effetti distorsivi sono tuttora avvertibili nel tessuto sociale del Paese5.
Lo iato che distingue le condizioni esistenziali della popolazione di origine
europea da quelle degli afro-discendenti è decisamente ampio, e tanto nu-
merosi quanto diversificati appaiono gli ambiti della vita sociale e politica di
fatto preclusi alla popolazione di colore (pretos e pardos6), tuttora vittima di
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196
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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197
Con il varo della Costituzione del 1988 si dischiudono nuovi (ma non
per questo meno problematici) scenari: le neonate istituzioni sono chia-
mate a misurarsi con il difficile compito di fare in modo che il dato giuri-
dico-formale, improntato al rispetto delle logiche democratico-pluralisti-
che, potesse godere di efficacia concreta. In questo quadro, la controver-
sa questione dell’integrazione della popolazione di colore costituisce una
delle maggiori problematiche che mettono oggi a dura prova la “tenuta
democratica” dell’ordinamento brasiliano.
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198
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
11 Nel tentativo di inquadrare all’interno di una cornice giuridica il ricorso alla pratica
delle azioni positive C.L. Antunes Rocha, Ação Afirmativa – O Conteúdo Democrático do Princípio
da Igualdade Jurídica, in Revista Trimestral de Direito Público, 1996, 85-99, sostiene che «[a] ação
afirmativa è, entao, uma forma jurídica para se superar o isolamento ou a diminuição social a que
se acham sujetas as minorias»; in altri e più diretti termini, tale istituto «emergiu como a face
construtiva e construtora do novo conteúdo a ser buscado no princípio da igualdade jurídica».
12 Nella dottrina brasiliana si riscontra una sostanziale convergenza di opinioni nel
reputare la Terza Conferenza Mondiale delle Nazioni Unite contro il razzismo (tenutasi a Dur-
ban, in Sudafrica, nel 2001) una tappa assai significativa, nella misura in cui avrebbe dato im-
pulso alla promozione di politiche positive. In quell’occasione, del resto, il Governo brasiliano
ha ammesso apertamente l’esistenza di forme di discriminazione razziale all’interno del Pae-
se, evidenziandone le pesanti ripercussioni sulla popolazione; contestualmente ha convenuto
sull’assoluta necessità di migliorare le condizioni esistenziali degli afro-discendenti incenti-
vando l’impiego di “politiche positive”. Non a caso, F. Piovesan, Ações Afirmativas no Brasil:
Desafios e Perspectivas, cit., 240, sottolinea come «[n]a experiência brasileira vislumbra-se a
força catalizadora da Conferência de Durban no tocante às ações afirmativas».
13 Sull’argomento v. D. Amirante, Azioni positive, “quote riservate” e società mul-
ticulturale. Il Novantatreesimo emendamento e la “politica delle quote” nell’ordinamento
indiano, in Dir. pubbl. comp. eur., 2007, 1599 ss.
14 Assai diffusa è la tesi per cui si sia iniziato a parlare di affirmative actions negli
USA a partire dal discorso pronunciato dal Presidente Lyndon Johnson il 4-6-1965 presso
la Howard University di WDC. Per la verità, già in precedenza erano state adottate misure
finalizzate a promuovere l’inclusione sociale della popolazione di colore: si pensi, in partico-
lare, all’Executive Order n. 10.925 del 6-3-1961, emesso dal Presidente John Kennedy (con
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199
Il parallelo con gli USA appare pressoché scontato per via di una serie
di elementi di affinità con il Brasile: la prossimità geografica, le analogie
relative all’organizzazione dei poteri, sia in senso orizzontale che verticale,
e, soprattutto, i comuni strascichi connessi alla “questione razziale” costi-
tuiscono, infatti, comun denominatore tanto da potersi considerare il mo-
dello brasiliano di ações afirmativas omologo a quello americano15. Ad ogni
buon conto, l’osservazione di determinati elementi attinenti prevalente-
mente alle scelte di drafting fatte proprie dal Costituente brasiliano sugge-
rirebbe16 di collocare il Brasile, per così dire, “a metà strada” tra le altre due
esperienze appena sopra richiamate: se, per un verso, il contesto sociale
tenderebbe ad accostare il Brasile agli Stati Uniti, per altro verso, il profilo
giuridico (e in particolar modo quello costituzionale) sembrerebbe indurre
ad una diversa conclusione, accreditata dall’individuazione di significativi
punti di contatto tra l’ordinamento brasiliano e quello indiano.
cui si istituiva Committee on Equal Employment Opportunity), o al titolo VII del Civil Rights
Act del 2-7-1964 (nel quale veniva incentivato l’impiego di politiche positive per il riconos-
cimento dei diritti delle vittime di pratiche discriminatorie). Successivamente (il 24-9-1965),
fu proprio lo stesso Lyndon Johnson ad emettere l’Executive Order n. 11.246 che fissava la
necessità «to take affirmative action … to assure equality».
15 In questo senso cfr. C. Pereira de Souza Neto, J. Feres Júnior, Ação Afirmativa:
Normatividade e Constitucionalidade, in D. Sarmento, D. Ikawa, F. Piovesan (coord.), Igual-
dade, Diferença e Direitos Humanos, cit., spec. 347.
16 Si ritiene di ricorrere all’uso del condizionale per via della ancora non consolida-
ta produzione giurisprudenziale sul tema in questione.
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200
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
17 Cfr., in tal senso, gli artt. 14-18, relativi alla disciplina del «Right to Equality».
Come ricorda D. Amirante, Azioni positive, “quote riservate” e società multiculturale. Il
Novantatreesimo emendamento e la “politica delle quote” nell’ordinamento indiano, cit.,
1601, l’eguaglianza appare nella realtà indiana «non solo e non tanto una “condizione” già
esistente nella società (e quindi semplicemente da proteggere, utilizzando lo strumentario
giuridico delle libertà negative), quanto soprattutto un “obiettivo” da raggiungere, attraver-
so l’intervento attivo dei pubblici poteri».
18 Per evidenti motivi legati alla pluridecennale esperienza di segregazione razzia-
le, questa impostazione trova piena e più articolata affermazione nell’ordinamento sudafri-
cano. La Costituzione del 1996 contiene, infatti, nel proprio Bill of Rights, un minuzioso rife-
rimento all’eguaglianza che acclude anche l’espressa menzione della pratica di politiche po-
sitive. In particolare, l’art. 9 sancisce, tra l’altro, quanto segue: «1. Everyone is equal before
the law and has the right to equal protection and benefit of the law. 2. Equality includes the
full and equal enjoyment of all rights and freedoms. To promote the achievement of equal-
ity, legislative and other measures designed to protect or advance persons, or categories
of persons, disadvantaged by unfair discrimination may be taken». Per approfondimenti sul
caso sudafricano v., nella letteratura italiana, il volume di M. Caielli, Le azioni positive nel
costituzionalismo contemporaneo, Napoli, Jovene, 2008, spec. 162 ss.
19 Cfr. D. Amirante, India, Bologna, il Mulino, 2007, 111.
20 Nell’elencazione costituzionale, oltre alle donne e ai fanciulli figurano, infatti, le
comunità tribali, le caste inferiori e, più genericamente, le classi disagiate.
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201
Questa impostazione di fondo, pur senza menomare le prerogative
proprie del supremo organo di giurisdizione od offuscarne il prestigio,
ha scoraggiato il frequente intervento della Supreme Court diretto a di-
chiarare di volta in volta (ricorrendo ai “grimaldelli” della ragionevolezza
e della proporzionalità) la legittimità o meno dell’impiego di determinate
politiche positive. L’impianto costituzionale così definito ha contribuito,
inoltre, a generare un sensibile incremento delle previsioni normative
implicanti azioni positive; conseguenza, quest’ultima, da non guardare,
però, con estremo ottimismo, attese la transitorietà e la straordinarietà
consustanziali alle affirmative actions21.
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202
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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203
assente (fatto salvo il rinvio al XIV emendamento) legittimazione costitu-
zionale sull’opportunità di utilizzo di tale tecnica di intervento pubblico28.
28 In proposito assai vasta è la letteratura americana: tra i molti, cfr. l’ormai classi-
co studio di M. Rosenfeld, Affirmative Action and Justice, New Haven, Yale University Press,
1991. Sul tema, particolarmente interessanti sono altresì i volumi, rispettivamente in lingua
francese e in lingua portoghese, di G. Calvès, L’Affirmative Action dans la Jurisprudence de
la Cour Suprême des États-Unis, Paris, L.G.D.J., 1998, spec. 127 ss. e J.B. Barbosa Gomes,
Ação Afrimativa & Princípio Constitucional da Igualdade, cit., spec. 93 ss.
29 Benché non sia stata istituzionalizzata una dottrina affine al “separate but equal”, oc-
corre ammettere come in Brasile le pratiche discriminatorie abbiano di fatto pervaso tutti i livelli
della società. Sulla scorta dell’esempio nordamericano e in virtù del processo di lotta anti-razziale
guidato dai vari gruppi del Movimento Negro Nacional, i vari Governi brasiliani hanno così ritenuto
opportuno intervenire varando politiche positive a vantaggio della popolazione di colore.
30 I fondamenti più frequentemente invocati al fine di motivare l’implementazione
di politiche positive risultano essere: la giustizia compensatrice, la giustizia distributiva, la pro-
mozione del pluralismo e il rafforzamento del senso di identità del gruppo destinatario di tali
misure. Il primo tende a rimarcare la consapevolezza delle ingiustizie subite in passato dagli
afro-discendenti; il secondo si fonda sulla constatazione empirica del terribile svantaggio in
cui versano i neri; il terzo profilo aspira alla promozione di un contatto reale e paritario tra
soggetti riconducibili ad etnie differenti; l’ultimo ha lo scopo di contrastare tutti quegli stere-
otipi legati al concetto di appartenenza razziale. Sull’argomento v. D. Sarmento, A Igualdade
Étnico-Racial no Direito Constitucional Brasileiro: Discriminação “de facto”, Teoria do Impacto
Desproporcional e Ação Afirmativa, in M. Novelino (org.), Leituras complemetares de Direito
Constitucional. Direitos humanos e direitos fundamentais, cit., 218 ss.
31 V. al riguardo P. Daflon Barrozo, a Idéia de Igualdade e as Ações Afirmativas, in Lua
Nova, 2004, 114 (paper reperibile all’indirizzo telematico www.scielo.br), il quale sottolinea
che «no sistema constitucional brasileiro a igualdade é direito oponível tanto ao Estado e
seus agentes quanto, qualificadamente, a indivíduos e entitades privadas».
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204
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ispirata, per quel che concerne il catalogo dei diritti, alla Legge Fonda-
mentale tedesca e alla Costituzione portoghese del 1976, la Carta brasi-
liana del 1988 rappresenta l’esito di un processo democratico e inclusivo
fortemente condizionato dalla decisa pressione dei movimenti in difesa
dei diritti, emersi nel Paese a partire dagli anni settanta33.
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205
Sin dal preambolo, il testo costituzionale enuncia le finalità e le aspirazio-
ni che hanno animato il processo costituente. Tra tutte, emerge il proposito34
di costruire uno Stato democratico di diritto destinato ad assicurare «o exer-
cício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos». È, in particolare, l’art. 3
CF ad esplicitare gli obiettivi fondamentali che la Repubblica federale brasilia-
na si propone di perseguire: «construir uma sociedade livre, justa e solidária;
garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização
e reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação»; si tratta, evidentemente, di finalità strettamente compro-
messe con la promozione (-protezione) dell’eguaglianza, intesa nella sua di-
mensione sostanziale o «de resultados»35.
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206
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
37 Il cui incipit recita «[t]odos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilida-
de do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade».
38 Sul tema cfr. M.G. Ferreira Filho, A Aplicação Imediata das Normas Definidoras
de Direitos e Garantias Fundamentais, in Rev. Proc.-Ger. Est. SP, 1988, 35 ss., e I.W. Sarlet,
A eficácia dos Direitos Fundamentais, Porto Alegre, Livraria do Advogado Ed., 2008, 9ª ed.,
273. Come evidenzia quest’ultimo A. «qualquer preceito da Constituição (mesmo sendo de
cunho programático) é dotado de certo grau de eficácia jurídica e aplicabilidade, consoante
a normatividade lhe tenha sido outorgada pelo Constituinte».
39 Contenuti nel Titolo II CF o localizzati in altre parti del testo o, ancora, desumibili
– in forza del § 3 dell’art. 5, CF – dai Trattati internazionali ratificati dal Brasile. Di tale avviso è,
tra gli altri, F. Piovesan, Proteção Judicial contra Omissões Legislativas, São Paulo, RT, 1995, 90.
40 Cfr. gli artt. 7.XX, CF («[São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de ou-
tros que visem à melhoria de sua condição social:] proteção do mercado de trabalho da mulher,
mediante incentivos específicos, nos termos da lei»), 37.VIII, CF («[A administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:] a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão») e 227, § 1, II, CF («[O Estado
promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a
participação de entidades não governamentais e obedecendo aos seguintes preceitos:] criação
de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência»).
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207
che individuano categorie svantaggiate suona come implicita ammissio-
ne di (-esortazione a) un impegno attivo che lo Stato deve assumersi al
fine di realizzare compiutamente o direito da igualdade41.
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208
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
45 Situazione non dissimile rispetto a quanto avvenuto negli Stati Uniti, dove pe-
raltro particolarmente accesa è stata la querelle sull’efficacia del sistema di quote riservate:
sul punto cfr., nella dottrina italiana, M. Ainis, Cinque regole per le azioni positive, in Quad.
cost., 1999, 363 e, in un’ottica più ampia, M. Caielli, Le azioni positive nel costituzionalismo
contemporaneo, cit., 89 ss.
46 J.B. Barbosa Gomes, O Debate Constitucional sobre as ações afirmativas, cit.,
8, afferma icasticamente che il sistema scolastico brasiliano risulta organizzato in modo
da proporsi alla stregua di una «fomidável “machine à exclure”», dove l’esclusione risulta
«orquestrada e disciplinada pela lei». Più nel dettaglio, è molto netto in Brasile il divario tra
la scuola pubblica (aperta a tutti) e la scuola privata (anch’essa formalmente aperta a tutti
ma di fatto discriminatoria, nella misura in cui gli elevati costi necessari per frequentarla la
rendono accessibile soltanto a coloro che appartengono alle classi più agiate e che nel con-
testo brasiliano si identificano sovente con la popolazione bianca); tale contrapposizione
risulta rafforzata dalla previsione di un insieme di agevolazioni riconosciute alla scuola pri-
vata, tra cui figura, ad esempio, l’esenzione dal pagamento di tributi (c.d. “renúncia fiscal”).
Non meno diversa appare la situazione per quel che concerne i livelli più elevati (ensino
superior) dell’istruzione: le modalità con cui vengono selezionati i candidati per accedere
all’Università finiscono, infatti, per privilegiare coloro che provengono dalle scuole private.
In argomento cfr. anche il contributo di D. Ikawa, Discriminação racial na educação, in Rev.
Br. Dir. Const., 2004, 30 ss.
47 Per avere un’idea della netta sproporzione tra la presenza di bianchi e quella
di neri nel campo dell’istruzione, è sufficiente menzionare uno degli aneddoti citati da J.B.
Barbosa Gomes, ibid., spec. nt. 23. L’A., nel riferire l’esperienza di un docente della Facul-
dade de Direito della USP, sottolinea come quest’ultimo, in 28 anni di attività, abbia avuto
all’incirca 7000 studenti, di cui soltanto cinque non bianchi. Complessivamente, si calcola
infatti che in Brasile appena il 2% di studenti universitari siano di colore. Per ulteriori infor-
mazioni, v. il saggio di D.L. de Lima Bertúlio, Racismo e Desigualdade racial no Brasil, in E.C.
Piza Duarte, D.L. de Lima Bertúlio, P.V. Baptista da Silva (coord.), Cotas Raciais no Ensino
Superior. Entre o Jurídico e o Político, cit., spec. 41 ss.
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209
Il tentativo di contrastare tale situazione ha indotto alcuni Stati mem-
bri del Brasile ad introdurre una serie di misure volte a consentire l’au-
mento della percentuale di studenti di colore nelle Università pubbliche:
tra i vari interventi normativi adottati, quella maggiormente praticata è
consistita nella previsione di cotas raciais, vale a dire di posti riservati ai
neri per accedere alle Università48.
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210
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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211
federale brasiliano erano giudici che in sede accademica avevano ripetu-
tamente sostenuto la conformità delle azioni positive rispetto al dettato
costituzionale: ci si riferisce, in particolare, ai giudici Joaquim B. Barbosa
Gomes e Carmen Lúcia Antunes Rocha, Marco Aurélio Mendes de Farias
Mello. Elementi che hanno anticipato un maggiore attivismo sul punto da
parte del STF, anche per far fronte a numerose questioni lasciate aperte
dagli interventi del legislatore (statale e federale): si pensi al necessario
bilanciamento tra il perseguimento dell’eguaglianza sostanziale e quanto
disposto in tema di accesso all’istruzione dall’art. 208.V, CF54; o, ancora,
alla difficoltà di individuare i beneficiari delle azioni positive previste, spe-
cialmente quando esse si fondano su criteri evanescenti e discutibili quali
il dato dell’appartenenza razziale (per di più in un contesto come quello
brasiliano caratterizzato da un’altissima miscigenação della popolazione).
54 Che stabilisce, tra l’altro, quanto segue: «o acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um».
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212
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
a1
RESUMO
Ir para o índice
213
biental ante as falhas do Estado ao comando constitucional de defensor
e protetor do meio ambiente. A inquietação surge a partir da inefetivi-
dade das normas ambientais, principalmente pelo Poder Executivo, mas
não exclusivamente. As hipóteses do estudo foram investigadas por meio
de pesquisa bibliográfica numa abordagem teórico-empírica. Conclui-se
que o Estado de Coisas Inconstitucional constitui, num oceano de deci-
sões, uma gotícula representativa do diálogo transnacional. Por se tratar
de uma ferramenta de controle, melhor dizendo, um ativismo estrutu-
ral para forçar o Poder Executivo a adimplir com as funções que lhe são
constitucionalmente atribuídas, ainda é prematura a doutrina brasilei-
ra sobre o tema. É prudente um olhar atento sobre o Estado de Coisas
Inconstitucional no controle da efetividade da gestão pública ambiental
por força do princípio da prevenção inerente ao Direito Ambiental. A his-
tória da gestão ambiental brasileira registra o quão padecem Estado e
sociedade do empoderamento dos deveres ambientais.
ABSTRACT
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214
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
but not exclusively. The hypotheses of the study have been investigated by
the bibliographic research in a theoretical-empirical approach. It’s con-
cluded that the unconstitutional state of things represents, in a branch of
decisions, just one more representative decision among the many others
in the transnational dialogue. As it is an a control tool, or to tell in better
way, an structural activism created to force the executive power comply
with the functions that is in charge by law. It is still premature the Bra-
zilian legal doctrine about this subjective. It’s wise to take a close look
about The Unconstitutional state of things and it’s effectivity control in
the environment public administration in accordance with the principle of
inherent prevention of the environmental law. The history of Brazilian en-
vironmental management records how much lack, the state and society,
have of the empowerment of environment duties.
INTRODUÇÃO
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215
A Decisão na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
nº 347 – MC/DF –, de relatoria do ministro Marco Aurélio, intensificou
o debate sobre o ativismo judicial no Brasil, especialmente no Supremo
Tribunal Federal, colocando em dúvida a legitimidade democrática do ju-
dicial review. A datar da famosa decisão em Marbury x Madison, proferi-
da pelo Justice John Marshall, em 1803, à época presidente da Suprema
Corte dos Estados Unidos, o judicial activism é alvo de ataques de toda
ordem, especialmente pelos que enaltecem o modelo de democracia re-
presentativa com alicerce dogmático na separação de poderes, suprema-
cia do Parlamento e na representação política. Ademais, a arbitrarieda-
de decisional (subjetivismo desregrado) completa o rol dos argumentos
contrários ao Estado de Coisas Inconstitucional como modelo de decisão
ativista levada a termo pela Corte Constitucional Colombiana.
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216
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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217
nele apresentados o Estado de Coisas Inconstitucional transplantado da
Corte Constitucional Colombiana; no segundo, a interpretação análoga à
do Estado de Coisas Inconstitucional para o direito fundamental ao am-
biente. Encerra-se o estudo com as considerações finais, em que pese ao
melhor entendimento da autoria subscrita.
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218
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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219
des, direta ou indiretamente envolvidos com a proteção inexistente ou
deficiente de direitos fundamentais. Este fato nos conduz a uma breve
referência ao papel do Estado.
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220
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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221
A relevância do panorama rapidamente relatado verifica-se na amplia-
ção dos poderes judiciais, não constituindo exagero afirmar que se transfor-
mou em arena pública de deliberação ao lado do Legislativo e do Executivo e
sede de produção normativa7. Ideologias à parte, o protagonismo judicial no
processo de deliberação política é realidade no mundo globalizado e com-
plexo. As exigências acompanharam a onda de avanço científico e tecnológi-
co, além da consagração de novos direitos e modelos de conduta8.
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222
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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223
de prácticas inconstitucionales, como la incorporación de
la acción de tutela como parte del procedimiento para
garantizar el derecho conculcado; (iii) la no expedición
de medidas legislativas, administrativas o presupuestales
necesarias para evitar la vulneración de los derechos. (iv)
la existencia de un problema social cuya solución com-
promete la intervención de varias entidades, requiere
la adopción de un conjunto complejo y coordinado de
acciones y exige un nivel de recursos que demanda un
esfuerzo presupuestal adicional importante; (v) si todas
las personas afectadas por el mismo problema acudieran
a la acción de tutela para obtener la protección de sus
derechos, se produciría una mayor congestión judicial.
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224
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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225
Giorgi, José Eduardo Faria e Celso Campilongo no qual
defendem que o ECI pode dificultar e ameaçar a efeti-
vidade da Constituição e dos direitos fundamentais. O
ilustre Professor Lenio Luiz Streck, na coluna do Conjur,
de 24 de setembro de 2015, escreveu no O que é preci-
so para (não) se conseguir um Habeas Corpus no Brasil14
que tem receio do ECI, pois “essa coisa” é fluída, genérica
e líquida. Por ela, tudo pode virar inconstitucionalidade.
Das doações em campanha ao sistema prisional (ADPF
347). Mas pergunto: o salário mínimo não faz parte desse
Estado de Coisas Inconstitucional?
14 STRECK, Lenio Luiz. O que é preciso para (não) se conseguir um Habeas Corpus
no Brasil. Conjur. Edição de 24.09.2015. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-
-set-24/senso-incomum-preciso-nao-obter-hc-brasil. Acesso em 20 jan.2016.
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226
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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227
estruturais, ele se apresenta como fundamento de sentenças estruturais
aptas a promover diálogo entre os Poderes da República, com o fito de afas-
tar violações a direitos fundamentais e promover sua efetivação.
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228
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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229
De outro modo, instrumentos legais como processo de licitação (Lei
n° 8.666, de 1993) e o procedimento administrativo de licenciamento
ambiental não conseguiram ainda reduzir problemas ambientais como
o das escolhas ineficientes relacionadas às obras públicas em desacordo
com os parâmetros e limites ambientais.
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230
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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231
Federal (MPF), na Bahia, ajuizou uma Ação Civil Pública (Processo nº
2003.33.00.000238-4/ Justiça Federal na Bahia) contra a União, a Plum-
bum Mineração e Metalurgia e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
A sentença resultou na condenação da empresa a pagar 10% do fatura-
mento bruto, de 1989 a 1993, às indenizações; a União e a Funasa foram
condenadas a criar um centro de referências para atendimento das víti-
mas de contaminação. Conforme divulgado no site do Ministério Público
Federal da Bahia, “o município de Santo Amaro é o mais contaminado
por chumbo no mundo” 20.
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232
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
22 Ver pesquisa com 880 professores de escolas públicas sobre a eficácia social da
Lei de Educação Ambiental. CAÚLA, Bleine Queiroz. A lacuna entre o direito e a gestão do
ambiente: os 20 anos de melodia das agendas 21 locais, 2012.
23 CAÚLA, Bleine Queiroz; MARTINS, Dayse Braga; TÔRRES, Lorena Grangeiro de
Lucena. Mineração, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental: a tragédia
de Mariana como parâmetro de incerteza. In: MIRANDA, Jorge; GOMES, Carla Amado (Co-
ord.); CAÚLA, Bleine Queiroz et al (Org.). Diálogo Ambiental, Constitucional e Internacional.
Vol 6, 2016, p. 86.
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233
atingido. No entanto, o Poder Judiciário pode utilizar-se da ferramenta
do Estado de Coisas Inconstitucional para reforçar o comprometimen-
to e esforços dos governos locais (estados e municípios) na prossecução
de suas funções. No caso Mariana versus Samarco, que sejam investidos
valores do Fundo Nacional e Estadual de Meio Ambiente para o restabe-
lecimento do ambiente e da qualidade de vida da população local. Os da-
nos não podem esperar a tramitação dos processos ajuizados. Os entes
federativos e órgãos ambientais respondem proporcionalmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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234
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
leiro possui falhas estruturais graves e que tal estado de coisas ocasiona
reiteradas e massivas violações de direitos fundamentais.
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235
É prudente um olhar atento sobre o Estado de Coisas Inconstitucio-
nal no controle da efetividade da gestão pública ambiental. Temas como
Ativismo Judicial, Políticas de Governo e Supremacia da Constituição es-
tão umbilicalmente entrelaçados.
REFERÊNCIAS
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236
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
aci.com/wp-content/uploads/2017/02/Dia%CC%81logo-ambiental-consti-
tucional-e-internacional-Vol.-6.pdf. Acesso em 4 dez. 2017.
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237
ROSANVALLON, Pierre. A crise do Estado-providência. Trad. Joel Pi-
mentel de Ulhôa. Goiânia: UFG; Brasília: UNB, 1997.
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238
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Novamente os problemas
do acesso a medicamentos
em Portugal suscitados pelo
Tribunal Unificado de Patentes 1
Again, the problems of access to
medicines in portugal raised by
the Unified Patent Court
N1
RESUMO
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239
Palavras-chave: Patentes. TRIPS. Tribunal Unificado. Lei nº 62, de
2011. Arbitragem Necessária.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
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240
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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241
A eventual entrada em vigor do Acordo relativo ao Tribunal Unificado
de Patentes constituirá um rude golpe para o acesso dos medicamentos
genéricos ao mercado em Portugal, com os consequentes custos para os
utentes e para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
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242
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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243
da criação da proteção unitária de patentes no que diz
respeito ao regime de tradução aplicável.
1.1. Objectivos
Tal como decorre dos considerandos do Acordo, este tem por objec-
tivos, entre outros: (i) melhorar o respeito pelas patentes; (ii) melhorar
a defesa contra reivindicações infundadas e patentes que deveriam ser
extintas; e (iii) aumentar a segurança jurídica. O referidos objectivos se-
riam, no entender dos subscritores, atingidos pela criação do Tribunal
Unificado de Patentes, destinado a compor litígios relacionados com a
violação e a validade das patentes.
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244
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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245
trate da preparação de medicamentos manipulados – preparados ofici-
nais ou fórmulas magistrais – por parte de uma farmácia.
9 Para maiores desenvolvimentos sobre o tema, cfr. Antunes, A.P. (2012), 161
e ss; Silva, P.S. (1996) e Silva, P.S. (2000).
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246
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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247
medicamentos, para além de diversos instrumentos específicos, como
sejam as Convenções da União de Paris e da Patente Europeia, encontra-
-se essencialmente consagrada nos seguintes instrumentos, que agora
enunciamos por se tornarem relevantes para a presente apreciação: o
Acordo ADPIC/TRIPS10; a Declaração de Doha, de 14 de novembro de
2001, relativa ao Acordo TRIPS e à Saúde Pública11; o Regulamento (CE)
nº 469, de 2009, relativo aos certificados complementares de protecção
de medicamentos, e o Código da Propriedade Industrial.
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248
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Veremos esses aspectos com mais detalhes. Mas, antes de mais, con-
cretizaremos melhor o que entendemos por liberdades de conformação
conferidas pelo Acordo ADPIC/TRIPS.
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249
ração sobre o Acordo ADPIC/TRIPS e a Saúde Pública. A mesma declara-
ção (Declaração de Doha) preconiza, no essencial, que os outorgantes do
Tratado explorem as margens de flexibilidade admitidas pelo mencionado
Acordo, com o objectivo de garantirem o acesso a medicamentos.
13 Cfr. Antunes, A.P. (2012), 152 e ss e, também neste sentido, Bellmann, C. & G.
Dutfield, R. Meléndez-Ortiz (2003), 151.
14 Pugatch, M.P. (2004), 221 e ss. Mota, P.I. (2005), 497-506.
15 Antunes, A.P. (2012), 156 e ss.
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250
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
16 Antunes, A.P. (2012), 156 e ss; Deere, C. (2009), 80 e ss. Abbott, F.M. & R.V.V.
Puymbroeck (2005), 9 e 22.
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251
2.3 A rigidificação das liberdades de conformação e o retrocesso
relativamente ao direito da União Europeia e português em matéria de
autorizações de comercialização de medicamentos
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252
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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253
experiências para preparação dos processos administrativos necessários
à aprovação de produtos pelos organismos oficiais competentes, não po-
dendo, contudo, iniciar-se a exploração industrial ou comercial desses pro-
dutos antes de se verificar a caducidade da patente que os protege.
19 É certo que poderia fazer-se uma leitura mais fina do teor do preceito e consi-
derar que o “produto objecto de patente” é apenas aquele sobre o qual incide a patente, e
não o produto genérico, pelo que o direito de impedir aqueles actos apenas diria respeito
ao produto A, e não ao seu genérico B, mas uma tal leitura – que apesar de tudo é legítima,
uma vez que se trata de matéria de restrição de direitos dos concorrentes e, por isso, deve
ser interpretada restritivamente – retiraria alcance prático ao que estamos a analisar.
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254
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Abre-se aqui um parêntesis para fazer notar que este princípio, que,
como veremos, também resulta do Acordo ADPIC/TRIPS, foi reforçado com
a entrada em vigor da Lei nº 62, de 2011, de 12 de dezembro. Esta lei escla-
rece que os procedimentos e as autorizações de introdução no mercado,
autorização de preço de venda ao público de medicamentos e autorização
de comparticipação não são susceptíveis de violar direitos de propriedade
industrial e, por isso, não podem ser revogadas, suspensas ou anuladas
com fundamento na subsistência desses direitos. Com efeito, desse modo,
veio permitir-se que o titular de um medicamento genérico, na vigência de
uma patente ou de um certificado complementar de protecção, obtenha
todas as autorizações que o habilitam a entrar no mercado.
20 Cfr. Marques, J.P.R. (2008), 99 e ss. Cfr. “WORLD TRADE ORGANIZATION, WT/DS114/R,
17 March 2000, (00-1012), CANADA – PATENT PROTECTION OF PHARMACEUTICAL PRODUCTS”,
p. 157 e ss. Disponível em: http://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/7428d.doc.
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255
O referido órgão entendeu também que outra norma jurídica que
visava permitir o fabrico e armazenagem, com intuito comercial, nos úl-
timos seis meses de vigência da patente, não constituía excepção limi-
tada, pelo seu impacto nos direitos conferidos pela patente21. O órgão
de composição de litígios, embora admita que a prorrogação “de facto”
dos direitos conferidos pela patente pode ser consequência dos direitos
estabelecidos no artigo 28º do Acordo, não exclui totalmente a possibi-
lidade de fabrico e armazenagem antes da extinção da patente; apenas
considera que o “limite” de seis meses previsto na norma canadiana não
é suficiente para constituir excepção limitada aos direitos conferidos pela
patente. Este facto deixa em aberto a possibilidade de se permitir o fabri-
co e armazenagem num horizonte temporalmente mais reduzido do que
seis meses, por exemplo, no último mês de vigência da patente.
Parece, por isso, poder respigar-se desta decisão que, por um lado, a
prorrogação “de facto” dos direitos conferidos pela patente não configu-
ra interesse legítimo do respectivo titular.
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256
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Acresce que, como se referiu, o artigo 28º do Acordo não confere ex-
pressamente ao titular da patente a faculdade de proibir a armazenagem
– embora, como se salientou, o Acordo permita a sua consagração pelos
membros nos respectivos ordenamentos jurídicos, por via extensão ad-
mitida pelo nº 1 do artigo 1º. O facto de a proibição da armazenagem não
constar do elenco dos direitos conferidos pela patente tem de revestir
também relevância interpretativa, no quadro do Acordo, no sentido de
que esse não é o cerne da protecção conferida pela patente.
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257
Essa discrepância do direito nacional, que consiste na previsão da
proibição da armazenagem como direito conferido pela patente, embo-
ra constitua, como se salientou, o exercício de uma faculdade permitida
pelo Acordo no nº 1 do seu artigo 1º, é, naturalmente, contrária à orien-
tação decorrente da Declaração de Doha sobre o Acordo TRIPS e a saú-
de pública. É contrária porque poderá ser interpretada em termos que
dificultam o acesso a medicamentos e prorrogam de facto, que não de
direito, os privilégios conferidos pela patente. A mesma prorrogação, tal
como o próprio órgão de composição de litígios reconhece, não constitui
interesse legítimo do titular da patente.
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258
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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259
No fundo, fica agora expressamente consagrada no instrumento de
direito internacional a proibição da armazenagem. E o mesmo instru-
mento não exclui expressamente dos direitos conferidos pela patente o
direito de impedir os procedimentos e actos administrativos necessários
à comercialização do genérico, designadamente as autorizações de intro-
dução no mercado, preço de venda ao público e comparticipação.
23 Para maiores desenvolvimentos sobre o tema, ver, por todos, Antunes, A.P. (2014).
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260
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
24 Cfr., para maiores desenvolvimentos sobre o tema, Antunes, A.P. (2014), 1.616
e ss; Antunes, A.P. (2015); Vicente, D. M. (2012), 971 e ss; Marques, J.P.R. (2014), 33 e ss.
No que respeita a este último autor, importa salientar que, com o devido respeito, não se
subscreve o entendimento de que, por força do Regulamento (CE) nº 44, de 2001, existem
algumas matérias subtraídas aos tribunais arbitrais. Com efeito, o argumento extraído do nº
4 do artigo 22º do Regulamento não parece adequado, porquanto nesse preceito apenas se
trata de atribuir competência exclusiva aos tribunais do Estado-Membro em razão do territó-
rio, e não da natureza estadual ou arbitral dos tribunais desse Estado. Além disso, o mesmo
argumento parece não ter considerado o Acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia
proferido em 13 de fevereiro de 2014, no Processo C-555/13, Merck Canada Inc. vs. Accord
Healthcare, Ltd, e Alter, S.A., que, nos parágrafos 15 e seguintes, reconhece o tribunal arbitral
necessário consagrado pela Lei nº 62, de 2011, de 12 de dezembro, como órgão jurisdicional
na aceção do artigo 267° do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
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261
Em segundo lugar, o legislador considerou a estratégia de recurso
aos tribunais administrativos, pelos titulares de direitos de propriedade
industrial, não acompanhada de processos paralelos no foro da proprie-
dade intelectual, onde se discutisse a existência de violação da paten-
te. Essa estratégia indiciava que o recurso ao foro administrativo visava
apenas ao retardamento do acesso dos genéricos ao mercado, e não a
obtenção de uma decisão de mérito quanto à questão de fundo.
Por último, era inequívoco que, ao lado dos interesses das empresas
de genéricos, estavam também o interesse do Estado na sustentabilidade
do Serviço Nacional de Saúde e os direitos à saúde e ao acesso a medica-
mentos a custos comportáveis, bem como os direitos dos consumidores,
constitucionalmente consagrados.
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262
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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263
Nessa perspectiva, o processo foi gizado de modo a iniciar-se o mais
cedo possível e ser dotado de celeridade que permita uma decisão de
mérito no prazo médio de decisão pelo INFARMED – Autoridade Nacio-
nal do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. dos pedidos de autori-
zação de introdução no mercado dos medicamentos genéricos. Desse
modo, criaram-se condições para que, à data da concessão dessa au-
torização, já se saiba, em regra, se o genérico em causa viola, ou não,
direitos de propriedade industrial.
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264
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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265
e eficazes, se for o caso), visto que, como referido, se trata de processos
paralelos. Ou seja, se o genérico já dispuser de autorização de introdução
no mercado, a pendência do processo arbitral não o impede desse acesso,
a menos que seja proferida decisão cautelar no âmbito do litígio32.
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266
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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267
Mas, muito mais grave do que a revogação da competência do tribunal
arbitral necessário para a composição destes litígios, é o facto de o Acordo
relativo ao Tribunal Unificado de Patentes prever um processo próprio para
a tramitação das acções e procedimentos perante ele intentados.
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268
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Além disso, não se evitará que os doentes comecem a ser tratados com
um genérico que, no caso de posterior declaração de violação da patente,
será retirado do mercado, pelo que esses doentes terão de alterar a sua
medicação. Com a agravante de que o SNS terá de suportar maiores en-
cargos com a aquisição do mesmo fármaco, se houver lugar à extinção do
grupo homogéneo, conhecida como é a influência que os genéricos têm na
redução dos custos para o Estado com a comparticipação de medicamen-
tos, por, nomeadamente, darem lugar à aplicação do Sistema de Preços
de Referência, circunstância em que essa comparticipação passa a incidir
sobre um preço de referência, e não sobre o preço de venda ao público36.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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269
e seus CCPs e dos direitos por estes conferidos, bem como do facto da
atribuição de competência exclusiva do Tribunal Unificado de Patentes e
do estabelecimento de regras processuais próprias, com a consequente
postergação do tribunal arbitral necessário e das regras processuais pre-
vistos na Lei nº 62, de 2011, de 12 de dezembro.
REFERÊNCIAS
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270
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
271
MOTA, Pedro Infante. O Sistema Gatt/OMC Introdução Histórica e
Princípios Fundamentais. Coimbra: Almedina, 2005.
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272
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Judicialização da saúde
em Fortaleza: o caso das
vagas em leitos de UTI
The judicialization of health
in Fortaleza: difficulties in access
to public beds in intensive care units
RESUMO
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273
Supremo Tribunal Federal, no sentido de dar a mais ampla interpretação
possível ao artigo 196 da Constituição da República, mas a compatibili-
zação do direito à saúde com a necessidade de utilizar critérios técnicos
para organizar a fila de espera por leitos de UTI é uma problemática que
merece análise racional, haja vista o comprometimento do princípio da
impessoalidade que rege todos os poderes da República.
ABSTRACT
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274
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
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275
A pergunta central do texto é: Como compatibilizar o direito à saúde,
previsto no artigo 196 da Constituição da República Federativa do Brasil
(CR), com a necessidade de utilizar critérios técnicos para organizar a fila
de espera por leitos de UTI?
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276
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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277
DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZA-
ÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITU-
CIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO) 3.
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278
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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279
2. A CENTRAL DE REGULAÇÃO DAS INTERNAÇÕES EM FORTELEZA
(CRIFor)
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280
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CRITÉRIOS DE PRIORIZAÇÃO
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281
PRIORIDADE 5 – Pacientes com doença em fase de terminalidade, ou
moribundos, sem possibilidade de recuperação. Em geral, esses pacien-
tes não são apropriados para admissão na UTI (exceto se forem poten-
ciais doadores de órgãos). No entanto, seu ingresso pode ser justificado
em caráter excepcional, considerando-se as peculiaridades do caso, e
condicionado ao critério do médico intensivista.
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282
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
283
e reconhecem caber à central de regulação examinar qual paciente deve
ocupar a vaga, e não um juiz; outros concedem a liminar, mas submetem
a ordem aos critérios da central de regulação, que deverá decidir quem
será internado em primeiro lugar. Na Justiça Estadual não se tem notícias
de decisão denegando leito de UTI/CTI no período da pesquisa.
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284
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
285
que o paciente necessite da internação – e não se discute neste texto essa
questão –, o incremento de aproximadamente 1.000% do quantitativo de
decisões liminares em três anos indica situação que desafia uma análise.
4. REFLEXÃO TEÓRICA
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286
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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287
O princípio da impessoalidade – que não é senão o próprio princípio
da igualdade ou isonomia de acordo com Celso Bandeira de Mello7 – é
solapado, de igual modo, porque a aplicação deveria ser linear e obser-
vada pelos três Poderes da República, até mesmo o Judiciário, surgindo
a inquietante questão “do tratamento diferenciado para aqueles que vão
a juízo reclamar uma prestação positiva e individualizada do Estado: em
que medida a prestação jurisdicional assecuratória de tratamento médi-
co individual atende, na sua plenitude, ao direito fundamental à saúde
consagrado no texto constitucional?”8 (LUPION, 2013, p. 315). A compa-
tibilização é problemática e de difícil superação.
7 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. São
Paulo: Malheiros Editora, 1996, p. 68.
8 LUPION, Ricardo. O direito fundamental à saúde e o princípio da impessoali-
dade. In: SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos Fundamentais:
orçamento e “reserva do possível”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 315.
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288
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ir para o índice
289
por vaga, e estes tiveram prioridade “judicial” sobre outros enfermos, a
judicialização da questão é a única via legítima para obter a mesma provi-
dência, gerando um ciclo vicioso que se autoalimenta. A mudança de en-
tendimento verificada em decisões de parte dos juízes da Justiça Federal
as quais denegam liminares em casos de UTI ainda é insignificante, ainda
mais considerando o entendimento da segunda instância, mas provavel-
mente gerará racionalização no trato da questão nos anos seguintes.
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290
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
REFERÊNCIAS
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291
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário com Agra-
vo n.º 867023/RJ. Disponível em: http://stf.jus.br/portal/processo/ver-
ProcessoAndamento.asp?incidente=4713494. Acesso em 15 dez. 2017.
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292
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Controle de sustentabilidade
pelos Tribunais de Contas
e a necessária ênfase à
dimensão ambiental
Sustainability control by the
Public Accounts and the
necessary emphasization of
the environmental dimension
RESUMO
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293
Palavras-chave: Sustentabilidade. Solidariedade Intergeracional. Tri-
bunais de Contas. Controle Externo. Direitos e Deveres Fundamentais.
Direito Ambiental.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
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294
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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295
lidade do controle da redução simplista de investimentos em serviços pú-
blicos essenciais4, defender a atuação dos Tribunais de Contas no controle
da gestão ambiental poderia aparentar um ato de coragem. A rigor, entre-
tanto, a atuação das Cortes de Contas na fiscalização do dever de tutela do
meio ambiente (a que os gestores públicos estão vinculados) trata de um
dever constitucional institucional. Ao mesmo tempo, a abordagem a ser
desenvolvida estará centrada no dever fundamental de tutela dos recursos
naturais ao qual todo cidadão está vinculado, e, por consequência, deverá
assumir sua parcela de responsabilidade e de atuação5.
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296
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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297
União10, em meados de setembro de 2016, abordou-se a precária atu-
ação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão
responsável pela fiscalização das barragens do País. Quanto às barragens
de alto risco, verificou-se que apenas 6% das fiscalizações entre 2012 e
2015 foram feitas em barragens consideradas de alto risco. “A explicação
poderia vir do fato de que barragens classificadas como tal são minoria.
Ocorre que, no mesmo período, apenas 35% das barragens dessa natu-
reza foram fiscalizadas pelo DNPM”,11 conforme informou a equipe técni-
ca do Tribunal de Contas da União. “Em alguns estados da Federação, a
situação é mais grave; as superintendências do Amapá, Amazonas, Ma-
ranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia e Sergipe não realizaram uma
fiscalização sequer entre 2012 e 2015”,12 acrescentou-se no Relatório.
10 Sobre Auditoria Operacional acerca do controle dos Planos de Segurança das Bar-
ragens de Mineração, implementados pelos empreendedores e fiscalizados pelo Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) vide: processo n.º TC-032.034/2015-6; Relator Ministro
José Múcio Monteiro, Acórdão do Pleno do TCU nº 2440/2016, Sessão em 21/9/2016.
11 Acórdão do Pleno do TCU nº 2440/2016, Sessão em 21/9/2016.
12 Acórdão do Pleno do TCU nº 2440/2016, Sessão em 21/9/2016.
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298
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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299
ca Federativa do Brasil, de 1988, receberam previsão nos artigos 70 e
seguintes, e são dotados de independência e garantias equiparadas ao
Poder Judiciário. No transcorrer de sua existência, constata-se que em
momentos de autoritarismo ficaram mais restritas suas atribuições16.
Na estrutura brasileira, as missões constitucionais devem ser visuali-
zadas conjuntamente com o dever constitucional de sustentabilidade,
mediante a leitura conjunta dos referidos dispositivos constitucionais
com os artigos 225; 170, inciso VI; 3º, todos da Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil.
16 Cumpre referir, todavia, que “são várias as propostas para reformar o Tribunal de
Contas (PECs 126/1995, 556/1997, 123/1999, 227/2000, 397/2001, 209/2003, 222/2003,
229/2004, 427/2005, 531/2006, 15/2007(S), 28/2007, 30/2007(S), 75/2007, 146/2007,
157/2007, 316/2008, 42/2009(S), 143/2012, 235/2012, 256/2013, 329/2013, 378/2014,
474/2014, 180/2015 e 276/2016), algumas encaminhando a sua extinção (PECs 19/1999,
36/1999(S), 193/2000, 329/2001, 90/2007(S) e 148/2015). Sobre o tema, vide: SARQUIS,
Alexandre Manir Figueiredo. Como o nosso Tribunal de Contas se compara ao de outros
países? Associação dos Membros dos Tribunais de Contas, 13-02-2017. Disponível em:
http://www.atricon.org.br/artigos/como-o-nosso-tribunal-de-contas-se-compara-ao-de-
outros-paises/. Acesso em: 27 fev. 2017.
17 Vide também: CUNDA, Daniela Zago G. da. Controle de sustentabilidade pelos
Tribunais de Contas: proposta de marco legal a ser utilizado no controle externo concreti-
zador da sustentabilidade ambiental. Revista Interesse Público, Belo Horizonte, ano 18, n.
96, mar./abr. 2016.
18 Dimensões especificadas no capítulo 2 do estudo já referido. CUNDA, Daniela
Zago Gonçalves da. Controle de Sustentabilidade pelos Tribunais de Contas. Tese de dou-
torado. Porto Alegre, PUCRS, 2016, p. 100 e ss.
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300
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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301
os custos (lado lunar dos direitos fundamentais) e a qualidade dos inves-
timentos em direitos fundamentais. Em paralelo, os Tribunais para além
de contas deverão: a) providenciar um controle externo prévio e conco-
mitante (não apenas a posteriori); b) zelar pela efetividade de suas deci-
sões (mediante a utilização do poder geral de cautela), assim como pelo
enforcement de seus julgados (v.g. contornar o baixo valor das multas e
monitorar o efetivo ressarcimento ao erário); c) zelar pela averiguação
de resultados, incluindo o controle da qualidade dos investimentos no
setor público; d) estar em sintonia com o controle social, providenciando
o controle da efetividade dos princípios da publicidade e transparência
e do direito/dever à informação; e) monitorar a possibilidade de parti-
cipação social qualificada (v.g. com auxílio da advocacia, audiências e
consultas públicas efetivas e não meros simulacros); f) ter previsão cons-
titucional constituída por órgãos colegiados compostos por julgadores,
em sua maioria, com admissão mediante concurso púbico específico; e
g) consubstanciar o princípio ou direito/dever fundamental à sustentabi-
lidade e solidariedade intergeracional (em todas as suas dimensões)22.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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303
redefine o papel e as funções do Estado, agregando uma missão de cura-
doria25 tanto ao Estado (administração e órgãos de controle – controles
interno e externo), como à sociedade (v.g. mediante o controle social,
consumo sustentável)26. Mais recentemente surge uma nova dimensão
de solidariedade,27 em sede específica e inicialmente ambiental – a soli-
dariedade intergeracional –, que está interligada e se confunde, de certo
modo, com a sustentabilidade (outro postulado do Direito Internacional
do Ambiente). De fato, “se a preocupação dos defensores do princípio da
solidariedade intergeracional (intergenerational equity)28 é assegurar o
aproveitamento racional dos recursos ambientais, de forma a que as ge-
rações futuras também possam deles tirar proveito, então a coincidência
entre ambas as noções é grande”29. Na Constituição da República Fede-
rativa do Brasil, o princípio da solidariedade entre gerações está previsto
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304
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
no caput do artigo 225, em conjunto com o artigo 170, VI, que consubs-
tancia o princípio da sustentabilidade30.
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305
também providenciar a tutela das futuras gerações.33 Pretende-se com
o referido conceito abordar as duas noções de sustentabilidade: senti-
do amplo (englobando as dimensões ambiental, social, ética, fiscal, eco-
nômica e jurídico-política)34 e sentido mais específico (denominado por
Bosselmann como sustentabilidade forte)35, que, em regra, dá primazia à
dimensão ecológica (interligada ao dever fundamental de tutela ao am-
biente natural ecologicamente equilibrado)36.
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306
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
37 Sobre a temática e a atuação das Cortes de Contas, vide: LIMA, Luiz Henri-
que; SARQUIS, Alexandre (Coord.). Controle externo dos regimes próprios de Previdência
Social. Estudos de Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas. Belo Hori-
zonte: Fórum, 2016.
38 Cumpre lembrar que na Declaração de Nova Deli o princípio da good gover-
nance consta como um dos princípios interligados. Acerca do direito fundamental à boa
administração vide: FREITAS, Juarez. Direito Fundamental à boa Administração Pública,
3. ed. São Paulo: Malheiros, 2014. Sobre a visualização sob a ótica de “dever fundamen-
tal à boa administração”: FALZONE, Guido. Il Dovere di Buona Amministrazione. Milano:
Dott. A. Giuffrè Editore, 1953. CUNDA, Daniela Zago Gonçalves da. O Dever Fundamental à
Saúde e o Dever Fundamental à Educação na Lupa dos Tribunais (para além) de Contas.
Porto Alegre: Simplíssimo Livros, 2013.
39 FREITAS, Juarez. O Controle dos Atos Administrativos e os princípios funda-
mentais, p. 130: “parafraseando o artigo 421 do Código Civil, a liberdade administrativa só
poderá ser exercida ‘em razão e nos limites’ da sustentabilidade”.
40 FREITAS, Juarez. O Controle dos Atos Administrativos e os princípios fun-
damentais, p. 349 e ss.
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307
Amado Gomes41. Todavia, além da incorporação em normas de soft law, as
diretrizes do princípio da sustentabilidade acabaram por ser inseridas em
várias Cartas Constitucionais, como no Brasil, em que o princípio recebe
estatura de dever constitucional e tem sido detalhado em vários diplomas
infraconstitucionais, como será demonstrado no presente estudo42.
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309
para futuras gerações (Finlândia e Israel); ou ainda, c) Ministro da Mãe
Terra ou Provedor da Terra (cf. nova Constituição da Bolívia) com especial
missão a defesa dos interesses da Natureza, contornando a “falência do
antropocentrismo” e o reconhecimento de “direitos ao não uso”49.
49 Nos termos referidos por Carla Amado Gomes, com amparo nos ensinamentos
de Jan Laitos, in Responsabilidade intergeracional e direito ao (ou dever de?) não uso dos
recursos naturais. Revista do Ministério Público, n. 145; jan./mar. 2016, p. 75 e ss. Vide
também: http://wwf.panda.org/about_our_earth/all_publications/lpr_2016/. (acesso em
fevereiro/2016). A autora também questiona: “quem é o melhor intérprete do interesse
ambiental”? Seriam somente as Cortes Constitucionais (como o STF, no Brasil)? Somente
Tribunais Internacionais, supranacionais?
50 Conforme mesma autora e mesma obra.
51 Detalhamento sobre as demais dimensões da sustentabilidade, conforme já
referido, vide: CUNDA, Daniela Zago Gonçalves da. Controle de Sustentabilidade pelos
Tribunais de Contas, p. 32 e ss. e CUNDA, Daniela Zago Gonçalves da. Controle de Susten-
tabilidade Fiscal pelos Tribunais de Contas: tutela preventiva da responsabilidade fiscal e a
concretização da solidariedade intergeracional, In: LIMA, Luiz Henrique; OLIVEIRA, Weder;
CAMARGO, João Batista (Coord.). Contas Governamentais e Responsabilidade Fiscal.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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311
abarcará a fiscalização do acesso público aos dados e informações de
interesse público em geral e interesse ambiental53.
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313
Independentemente da terminologia que se utilize, entende-se que
ao se salvaguardar a dimensão ecológica contribui-se igualmente para a
sustentabilidade multidimensional56.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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315
Por consequência, no controle de sustentabilidade ecológica, deverá
receber destaque o controle da tutela do “meio ambiente natural”. Con-
juntamente, adotando-se uma noção mais ampla de ambiente, também
deverão estar inseridas no controle de sustentabilidade ambiental ques-
tões atinentes ao “meio ambiente urbano” (Lei nº 10.257, de 2001, e Lei
nº 13.089, de 2015, Estatutos da Cidade e da Metrópole) e “meio am-
biente do trabalho” (em especial a preocupante terceirização abusiva)62.
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316
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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317
Reconhecer o “valor intrínseco e não meramente instrumental atribuído
ao ser humano” não impede o reconhecimento deste mesmo valor intrínse-
co “quanto a outras formas de vida não humana, ou seja, à própria Natureza
em si”, com amparo no que Ingo Sarlet e Tiago Fensterseifer denominam de
“antropocentrismo jurídico ecológico”.64 Adotando-se uma posição antropo-
centrista ecológica, ou ecocentrista, ou ainda antropocentrista jurídico-ecoló-
gica, a conclusão acabará por ser a mesma: não poderá haver vida humana
sem o resguardo do objeto abarcado pela dimensão ecológica.
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318
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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319
sustentabilidade social e controle de sustentabilidade fiscal, todos em cote-
jo com as demais dimensões (político-jurídica, econômica e ética).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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321
to afirmar que o controle de constitucionalidade é tarefa do Poder Judi-
ciário, também é verdadeira a assertiva de que “todos são intérpretes da
Constituição”75 e por consequência o controle de sua observância não é
monopólio de um dos três Poderes76. Nesse contexto, cumpre esclarecer
que as Cortes de Contas não exercem o controle repressivo de constitucio-
nalidade, mas sim uma averiguação de consonância das normas aplicadas
frente à Constituição Federal77 e aos seus princípios fundamentais, incluin-
do-se o princípio/dever de sustentabilidade multidimensional.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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323
ampliado, a ser realizado pelas Cortes de Contas, poderá também ter
sintonia com o controle do Estado de Coisa Inconstitucional. Entende-se,
haver previsão constitucional para tal (cf. o inc. IX do artigo 71 da Consti-
tuição da República Federativa do Brasil), uma vez que o Tribunal de Con-
tas tem como missão constitucional “assinar prazo para que o órgão ou
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
se verificada ilegalidade” (leia-se ilegalidade e inconstitucionalidade por
ação ou omissão). Nessa linha, às Cortes de Contas caberá emitir uma
espécie de determinação de executoriedade constitucional de maneira
a contornar o Estado de Coisas Inconstitucionais e omissões na tutela
dos direitos fundamentais79. Apesar de haver diferenças institucionais
importantes entre o Supremo Tribunal Federal e a Corte Constitucional
da Colômbia (que deu origem ao instituto atinente ao Estado de Coisa
Inconstitucional) e não se desconheça a polêmica quanto à “importação”
do instituto em questão, não há impedimento, na linha acima sustenta-
da, de que as instituições de controle que têm como missão constitucio-
nal avaliar o cumprimento da legalidade e constitucionalidade (por ação
ou omissão) passem a apurar falhas estruturais prejudiciais à efetividade
dos direitos fundamentais dos brasileiros80. No exercício do referido con-
trole, mais uma vez, dever-se-á ter cautela quanto à discricionariedade
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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325
Diante do exposto, em síntese, na interpretação constitucional a que
se propõe dos artigos 70 e 71 da Constituição da República Federativa do
Brasil, em situações de omissões específicas (com parâmetros averiguados
nesta Constituição, seus princípios e deveres fundamentais), deverá o Tri-
bunal de Contas “assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
de” (inc. IX do artigo 71 da Constituição da República Federativa do Brasil),
como uma espécie de determinação de executoriedade constitucional. Já
nos casos de atuação (ação comissiva) com amparo em leis em desacordo
com a Constituição Federal, deverão as Cortes de Contas “negar execu-
toriedade” da legislação aplicável ao caso concreto (se destoante com a
Constituição Federal). Observe-se que não se trata de “declarar inconstitu-
cionalidade”, mas sim, no exercício do controle externo em conjunto com
o controle de sustentabilidade, de obstaculizar a utilização de lei (especifi-
camente quanto ao caso concreto analisado) em desconformidade com a
Lei Maior e seus princípios e direitos/deveres fundamentais.
83 Sobre tema correlato: LEITE, Carlos Henrique Bezerra; LEITE, Laís Durval. Controle
concentrado de constitucionalidade da lei orçamentária e a tutela dos direitos fundamentais à
saúde e à educação. Revista de Processo. Ano 36. Vol. 198, agosto/2011, p. 127-145.
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326
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
84 Sobre o assunto, vide: PINTO, Élida Graziane. Controle judicial do ciclo orça-
mentário: um desafio em aberto. Revista Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 17, n.
90, p. 199-226, mar./abr. 2015.
85 PEDRA, Anderson Sant’Ana. (Im)Possibilidade do Controle de Constitucionali-
dade pelos Tribunais de Contas: Uma análise da Súmula n. 347 do STF. In. ABELHA, Marcelo;
JORGE, Flávio Cheim. Direitos Processual e a Administração Pública. Rio de Janeiro: Fo-
rense Universitária, 2010.
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327
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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328
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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329
REFERÊNCIAS
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330
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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331
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Na-
cional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 12 dez. 2017.
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332
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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333
BRASIL. Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009. Dispõe sobre a Polí-
tica Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca,
regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei no 7.679, de 23 de novembro
de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967,
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11959.htm. Acesso em: 12 dez. 2017.
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334
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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335
CARLOWITZ, H. C. Von (1713). Sylvicultura oeconomica. Anweisung
zur wilden Baum-Zucht. Leipzig, repr. Freiberg, TU Bergakademie Frei-
berg und Akademische Buchhandlung, 2000.
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336
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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337
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao futuro. 2. ed. Belo Hori-
zonte: Fórum, 2012.
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338
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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339
PINTO, Élida Graziane. Controle judicial do ciclo orçamentário: um de-
safio em aberto. Revista Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 17,
n. 90, p. 199-226, mar./abr. 2015.
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340
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VIEIRA, José Ribas; BEZERRA, Rafael. Estado de coisas fora do lugar (?).
Ainda há tempo de se “recolocar” o “Estado de Coisas Inconstitucional”
em seu devido lugar. In: JOTA. Disponível em: https://www.jota.info/arti-
gos/estado-de-coisas-fora-lugar-05102015. Acesso em: 14 dez. 2017.
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341
A Era Vargas como vanguarda
do Sistema partidário na
democracia brasileira
The Vargas period as the vanguard
of the partisan System in
brazilian democracy
RESUMO
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
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343
Com efeito, o artigo cobre um estudo bibliográfico em livros, artigos,
dissertações e teses, além de haver ocorrido a estratégia de interdisci-
plinaridade do Direito Constitucional com a História e a Ciência Política
para desvendar a problemática central deste escrito, qual seja, se a Era
Vargas foi, ou não, uma das maiores influências para o desenvolvimento
do sistema partidário na democracia brasileira.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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345
instrumento garante de várias dificuldades desde as financeiras ao plano
político, haja vista que as oligarquias buscavam reedificar o Estado em mol-
des antigos, mas Getúlio fez oposição a isso, no intuito de reforçar o poder
central, indispensável para estruturação do ciclo industrial, para superação
do agrarismo exportador que travava o desenvolvimento nacional.
5 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução à história dos partidos políticos brasilei-
ros. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 51.
6 Ibidem. Motta, 2008, p. 51.
7 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 292.
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346
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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347
Já a Aliança Nacional Libertadora (ANL) era uma organização políti-
ca formulada por meio de inúmeras correntes ideológicas (democratas,
tenentes, operários e intelectuais de esquerda), cujo objetivo era a luta
contra a corrente fascista no Brasil, com o auxílio do Partido Comunista
Brasileiro (PCB).
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348
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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349
A extinção dos partidos políticos se deu em virtude da competência
do Tribunal de Segurança Nacional em matéria de segurança do Estado,
porquanto, em 2 de dezembro de 1937, logo após o início do Estado Novo,
Getúlio, por via do Decreto-Lei nº 37, promoveu a dissolução dos partidos
políticos, registrados no extinto Tribunal Superior e tribunais regionais da
Justiça Eleitoral, cuja justificativa era a de que o sistema eleitoral do pe-
ríodo não estava adequado às condições de vida nacional e os partidos
atuantes não possuíam conteúdo programático nacional. Assim, Getúlio
acreditava que o novo regime, por estar em contato com o povo, deveria se
sobrepor a lutas partidárias de qualquer ordem (BALZ, 2009, p. 153-154).
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350
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
de modo autoritário, mas isso não significou total ruptura com o passa-
do, pois muitas das ações políticas já vinham tomando corpo desde o
período de 1930-1937.
16 BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1937. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm. Acesso em: 9 fev. 2016a.
17 Ibidem. Campos, 2001, p. 204.
18 Ibidem. Campos, 2001, p. 42.
19 MENEZES, Djacir. O Brasil no pensamento brasileiro. Brasília: Edições do
Senado Federal, 2011. v. 55, p. 384.
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351
Sempre inúteis, estéreis e impotentes, quando não são
positivamente nocivos ou perigosos, todos igualmente de-
sonrados e aviltados por faltas comuns, e excessos imitados
uns dos outros, os nossos partidos se tornam incapazes de
menor bem, e perdem toda autoridade e força moral [...].
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352
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
22 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução à história dos partidos políticos brasi-
leiros. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 77.
23 HIPPOLITO, Lúcia. De Raposas e Reformistas: o PSD e a experiência democrática
brasileira (1945-64). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
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353
Para muitos dos dirigentes, o propósito da cassação não seria o mais
adequado em virtude de que, em vias de ilegalidade, seria ainda mais difícil
exercer o controle político. O fechamento do partido ressaltou o caráter
inconstitucional da medida, pois a própria Constituição era instrumento
garante da atividade legal. Ademais, ressalta-se o grande erro de retirar do
contexto político um partido que representava muitas pessoas26.
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354
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
29 É de sabença comezinha a ideia de que Ianni (1968), Weffort (1980), Florestan Fer-
nandes (1978) e Fernando Henrique Cardoso (1993) são contrários ao populismo e criticam
ferozmente o varguismo. A gênese deste trabalho, entretanto, acolita a perspectiva de Laclau
(1978), que se posiciona a favor deste contexto político, pois em toda a América Latina o popu-
lismo se comportou como importante mecanismo de integração das massas populares à vida
política, o que acarretou desenvolvimento econômico e social. Verifica-se o populismo, portan-
to, como boa modalidade de organização política, por garantir representatividade às classes
excluídas, sendo bastante favorável à democracia. Isso intenta evidenciar a ideia de que não é
o populismo que necessita ser contestado ou abolido, mas sim reformado de acordo com os
anseios de desenvolvimento político-democrático do País (LACLAU, 2013).
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355
Desde esse momento, é que se vê no País a intensa disputa entre
esquerda e direita na política brasileira em prol do acesso ao poder, com
todas as mediações, composições e expressões compósitas de interes-
ses, típicos de uma realidade periférica de formação de classes sociais.
30 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução à história dos partidos políticos brasi-
leiros. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 89.
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356
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
31 Faz-se necessário traçar a distinção entre golpe e revolução, pois tais termos não
são equivalentes. O golpe de Estado se constitui com a derrubada de um governo que se
mantém constitucionalmente legítimo, ou seja, vem de um processo levado a cabo por um
destacamento de agentes do Estado, sem intenção de modificar a ordem das coisas. Já a revo-
lução é uma mudança radical no poder político ou na organização estrutural de uma socieda-
de. Com essa diferenciação de critérios conceituais, este trabalho opta por qualificar o evento
ocorrido em 1964, como golpe. Adita-se o fato de que o Brasil viveu dois momentos de golpe,
o de 1937, em que Getúlio se utilizou da “ameaça comunista” para anular as eleições, e o de
1964, em que os militares conseguiram derrubar o regime e continuar no poder.
32 VIANA, Oliveira. O idealismo na Constituição. Rio de Janeiro: Terra do Sol, 1927.
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357
so positivistas conjuminados à tutela dos valores liberistas hegemônicos, ar-
guindo, assim, a brevidade da intervenção militar sobre a vida civil, em nome
da reposição da democracia e das presumidas ameaças esquerdistas.
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358
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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359
Eis que surgiu, portanto, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), cons-
tituída mediante a reunião de deputados governistas dos antigos partidos37.
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360
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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361
Em 1979, ocorreu um fato interessante no atuar político brasileiro, pois
o governo, com o objetivo de enfraquecer a oposição, decretou a extinção
do bipartidarismo e, consequentemente, abriu espaço para reformulação e
surgimento de vários partidos. O cenário, então, se tornou pluripartidário.
41 LAMOUNIER, Bolivar. Partidos e utopias: o Brasil no limiar dos anos 90. São
Paulo: Loyola, 1989, p. 40-41.
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362
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
42 Destaca-se o fato de que Leonel Brizola fez uma reivindicação para deter
a sigla do PTB, mas esta foi repassada para Ivete Vargas, e o partido passou a possuir um
cunho mais direitista sem a defesa das massas trabalhadoras.
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363
Acrescenta-se, portanto, “[...] a necessidade do pluralismo partidá-
rio como pré-requisito para a conquista de uma democracia efetiva”
43
. Isso demonstra a importância dos partidos políticos para garantir a
estabilidade democrática.
43 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução à história dos partidos políticos brasilei-
ros. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 106.
44 MELO, Carlos Ranulfo. Retirando as cadeiras do lugar: migração partidária na
Câmara dos Deputados (1985-2002). Belo Horizonte: UFMG, 2004.
45 Ibidem. Melo, 2004.
46 CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro:
Civilização brasileira, 2014, p. 219.
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364
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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365
É latente o fato de que a atividade partidária consolida as bases de-
mocráticas e congrega forças políticas em prol do desenvolvimento de-
mocrático, com espeque nos ditames legais do art. 1º, parágrafo único,
da Constituição Federal, de 198850.
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366
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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367
Verifica-se que os partidos políticos não podem ficar presos unicamente
ao leito dos interesses de seus dirigentes, nem aos mitologemas de alguns
de seus líderes e burocratas, mas ao movimento vivo oriundo da sociedade.
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368
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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369
de filiação, como elementos-chave trazidos pela Era Vargas até a democra-
cia brasileira atual, implicaram em prosperidade política e democrática no
Brasil, mas reconhece-se que ainda há um longo caminho a se percorrer
para que haja o pleno aperfeiçoamento da democracia brasileira.
REFERÊNCIAS
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370
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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371
D’ARAÚJO, Maria Celina (org.). Getúlio Vargas. Brasília: Câmara dos
Deputados, 2011.
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372
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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373
RUSSELL, Bertrand. História da Filosofia ocidental – Livro 3. Tradu-
ção de Hugo Langone. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015b.
SADER, Emir (org.). Gramsci: poder, política e partido. 2. ed. São Pau-
lo: Expressão Popular, 2012.
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374
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
RESUMO
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375
tido político, a existência de autonomia em sua gestão e a forma como
em geral se organizam, a partir dos textos da Constituição da República
Federativa do Brasil, da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096, de 1995)
e da Lei das Eleições (Lei nº 9.504, de 1997). Ato contínuo, analisam-se
as nuances que envolvem a definição da competência jurisdicional para
apreciar as demandas originadas dessas divergências interna corporis, a
depender do momento do ajuizamento da demanda. Ao final, discute-se
a necessidade de se garantir a eficácia horizontal dos princípios constitu-
cionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal nas
relações entre filiados e dirigentes partidários.
ABSTRACT
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376
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
Ir para o índice
377
ser preciso mantê-las para propiciar o livre exercício das atividades do
Partido. Em contrapartida, diante do próprio escopo do caput do artigo
17, da Constituição Federal, de 1988, discute-se a necessidade de tam-
bém concretizar Direitos Fundamentais na esfera intrapartidária. Alvitra-
-se investigar, assim, até que ponto é possível a intervenção judicial sobre
o Partido, para que não se transgrida a cláusula constante do referido
parágrafo primeiro do artigo 17 da Constituição Federal, de 1988.
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378
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ria para os seus líderes e adeptos, ou, então, voltado para todos esses
objetivos, conjuntamente (conceito sociológico)1.
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379
O § 1º do referido artigo 17, por sua vez, conferiu autonomia aos
partidos políticos para deliberarem acerca da sua estrutura interna, orga-
nizacional e de seu funcionamento, até mesmo para adoção de critérios
para escolha de suas coligações eleitorais, remetendo ao estatuto as re-
gras acerca da fidelidade partidária3.
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380
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
381
pela cúpula partidária. No Brasil, portanto, ainda se mantém esta tradi-
ção oligárquica, que acaba redundando em exercício arbitrário de poder,
por vezes com desrespeito a comezinhos princípios constitucionais.
7 Cf. artigo 1º da Lei nº 9.096, de 1995, e artigo 44, inciso V, do atual Código
Civil Brasileiro.
8 Cf. Artigo 4º Os filiados de um partido político têm iguais direitos e deveres
(Lei nº 9.096, de 1995).
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382
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
9 Nesse sentido: STJ – Ac. de 21.9.2006 no RO nº 943, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.
10 Artigo 8º da Lei das Eleições: “A escolha dos candidatos pelos partidos e a delibe-
ração sobre coligações deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em
que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela
Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de comunicação”.
11 Cf., por exemplo, Conflito de Competência (CC) 105.387/RN, Rel. Ministro Fer-
nando Gonçalves, segunda seção, julgado em 11/11/2009, DJe 23/11/2009; CC 36.655/
CE, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, primeira seção, julgado em 10/11/2004,
DJ 17/12/2004, p. 391; CC 40.929/SC, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, segunda seção,
CC 30.176/MA, Rel. Ministra Eliana Calmon, primeira seção, julgado em 10/10/2001, DJ
04/02/2002, p. 256, CC 19.321/MG, Rel. Ministro Ari Pargendler, primeira seção, julgado
em 10/09/1997, DJ 06/10/1997, p. 49843.
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383
Em específico ao tema relacionado no presente artigo, o confli-
to interno decorrente da destituição e consequente substituição dos
membros de diretórios ou comissões provisórias de Partido Político, o
Supremo Tribunal Federal12 tem decidido que a competência é da Justi-
ça Comum Estadual, uma vez que tal divergência não redunda em uma
ingerência direta no processo eleitoral 13.
12 Cf. STF. Recurso em Mandado de Segurança (RMS) 23244 / RO. Rel. Min.
Moreira Alves. Primeira Turma. DJ 28.05.1999, p. 32.
13 Pelo que se verifica do voto proferido no Recurso em Mandado de Segurança
(RMS) 23244 / RO, do STF, foi levado a conhecimento do Excesso Pretório uma decisão de
Comissão Executiva Nacional de Partido Político que dissolveu seu diretório estadual de for-
ma ilegal e abusiva, já que nem sequer foram respeitados o contraditório e a ampla defesa.
O STF, à unanimidade de votos, entendeu ser da competência da justiça estadual tratar a
matéria, uma vez que não haveria reflexo direto no pleito.
14 Segundo Rodrigo Lópes Zilio: “[...] a interferência – e sobreposição – da de-
liberação da convenção nacional em relação aquelas estabelecidas pelos níveis inferiores
(seja estadual ou municipal) e conflito que, tratando-se de convenção para escolha de can-
didatos e deliberações de coligações, deve ser resolvido na justiça especializada, em face de
inequívoco reflexo na esfera eleitoral; não havendo reflexos na seara eleitoral, a competên-
cia e da Justiça Comum.” In: ZÍLIO, Rodrigo Lópes. Direito Eleitoral. 5. ed. São Paulo: Verbo
Jurídico, 2016, p. 125.
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384
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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385
Estatuto, que necessariamente devem prever o respeito à ampla defesa
e ao contraditório aos que venham a ser lesados, premissa do próprio
Estado Democrático de Direito. Na prática, entretanto, tem sido comum
decisões liminares dos diretórios nacionais, inaudita altera pars, dissol-
vendo os estaduais ou municipais para instituir comissões provisórias sob
a direta influência dos “caciques” partidários.
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386
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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387
[brasileiros] e estrangeiros, como atributo imediato da personalidade, e
pertencem por isso à categoria dos denominados direitos cívicos”. 19
19 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13. ed. São
Paulo: Malheiros, 1997, p. 410-411.
20 No Brasil, não se admite candidatura avulsa, sem filiação a partido político.
De acordo com o caput do artigo 9º da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, “Para
concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circuns-
crição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito, e estar com a filiação deferida
pelo partido no mínimo seis meses antes da data da eleição”.
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388
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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389
Para fazer incidir os direitos fundamentais sobre essas relações, Ingo
Wolfgand Sarlet estabelece duas considerações em específico:
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390
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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391
ção, cuja eficácia e força normativa também se impõem,
aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em
tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL
SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO
PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CA-
RÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. APLICAÇÃO DIRETA DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CON-
TRADITÓRIO. As associações privadas que exercem fun-
ção predominante em determinado âmbito econômico
e/ou social, mantendo seus associados em relações de
dependência econômica e/ou social, integram o que se
pode denominar de espaço público, ainda que não-esta-
tal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade
civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD e,
portanto, assume posição privilegiada para determinar a
extensão do gozo e fruição dos direitos autorais de seus
associados. A exclusão de sócio do quadro social da UBC,
sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditó-
rio, ou do devido processo constitucional, onera consi-
deravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de
perceber os direitos autorais relativos à execução de suas
obras. A vedação das garantias constitucionais do devido
processo legal acaba por restringir a própria liberdade de
exercício profissional do sócio. O caráter público da ativi-
dade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo
associativo para o exercício profissional de seus sócios le-
gitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos
fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao
contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88).
IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. (STF. RE
201819. Rel. Min. Ellen Gracie, Rel. p/ Acórdão: Min. Gil-
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392
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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393
Dito isso, a destituição de diretórios ou de comissão provisória mu-
nicipal, sem o devido processo, fere a democracia interna partidária e
também os princípios constitucionais do contraditório e da ampla de-
fesa. Outrossim, a dignidade da pessoa humana (CRFB/88, art. 1º, III)
impõe que seja oportunizada a participação na relação jurídica daquele
que será afetado por alguma decisão que estirpe direitos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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394
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
REFERÊNCIAS
BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
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395
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 5. ed. Coimbra: Almedina, 2002.
CROSS, William; BLAIS, André. Who selects the party leader? Party
Politics. London, v. 18, n. 2, p. 127-150, 2012.
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 12. ed. São Paulo. Atlas, 2015.
ZÍLIO, Rodrigo Lópes. Direito Eleitoral. 5. ed. São Paulo: Verbo Ju-
rídico, 2016.
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396
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
RESUMO
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397
te, que completa o Sistema de Justiça e assegura a consecução do Estado
Democrático de Direito, do Regime Republicano e a busca da concretiza-
ção dos fundamentos da cidadania e da dignidade humana.
ABSTRACT
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398
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
INTRODUÇÃO
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399
fundamento nos aludidos dispositivos constitucionais que alguns esta-
dos criaram estruturas próprias2.
2 São Paulo fundou seu órgão especial em 1935. O Ceará, por meio do Decreto Esta-
dual nº 1.560, de 10 de maio de 1935, passou a determinar a nomeação de titulados em Direi-
to para o exercício da assistência judiciária e, excepcionalmente, ainda admitia aos adjuntos de
promotor a manutenção das atribuições para o patrocínio dos necessitados na seara cível.
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400
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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401
ais3 que o Sistema de Justiça e Proteção Social justifiquem a intervenção da
feição estatal da Procuratura dos Necessitados4.
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402
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Em boa hora, o atual CPC faz expressa referência à promoção dos di-
reitos humanos pela Defensoria Pública, reforçando a redação dada pela
Lei Complementar nº 132 de 2009, à LONDEP, e, posteriormente, com a
alteração do artigo 134 da Constituição Federal pela EC nº 80, de 2014,
para explicitar essa missão da Defensoria Pública, encontrando ressonân-
cia na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que introduziu
em seu regimento interno a previsão de existência de um defensor in-
teramericano, o qual seria designado de ofício pela própria Corte nos
casos em que as supostas vítimas comparecessem sem representação
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403
legal, sendo firmado um Acordo de Entendimento entre a CIDH e a As-
sociação Interamericana de Defensorias Públicas (AIDEF)6. Isso possibilita
a concretização da garantia do acesso à defesa técnica por meio de um
defensor público interamericano durante todo o processo, tendo como
destinatárias as pessoas que se identificam como vítimas e que carecem
de recursos econômicos ou representação legal ante a Corte78.
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404
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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405
do artigo 185 do Novo CPC, faz referência expressa à Defensoria Pública em
todo o Brasil que já vinha atuando nos processos coletivos, não apenas como
representante da parte, mas em nome próprio, utilizando-se do instituto da
legitimação extraordinária, em decorrência de alteração no microssistema
de processo coletivo operada pela Lei de Proteção e Defesa ao Consumi-
dor12. Aprovada, sancionada, promulgada e publicada a Lei nº 11.448, de 15
de janeiro de 2007, ficou explicitada a legitimidade das Defensorias Públicas
para o ajuizamento de Ações Civis Públicas (ACP) em defesa de direitos e
interesses transindividuais13, tendo sido questionada na ADI n° 3.943, pro-
movida pela Associação Nacional do Ministério Público (CONAMP), julgada
improcedente e reconhecida a legitimidade alicerçada pela Instituição por
meio de um trabalho responsável e incessante na defesa dos vulneráveis,
com fundamento na dignidade da pessoa humana14.
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406
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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407
cionais16, o que justifica e fundamenta até mesmo a atuação como órgão
interveniente na condição de custös vulnerabilis, para o fiel cumprimento
de sua missão constitucional, ou seja, não como procurador judicial da
parte (que se encontre suficientemente representado no feito), mas em
presentação da própria instituição Defensoria Pública, em nome próprio
e no regular exercício da Procuratura Constitucional dos Necessitados.
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408
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Por fim, deve-se observar que a intimação pessoal nas causas patrocina-
das pela Instituição é regra, seja do defensor público, seja da parte por ele
representada ou de suas testemunhas, conforme se verifica, por exemplo,
nas hipóteses do artigo 455, § 4º, IV (testemunhas arroladas), do artigo 513,
§ 2º, II (cumprimento de sentença), do artigo 876, § 1º, II (adjudicação).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ir para o índice
409
dos fundamentos, objetivos e princípios do Estado Democrático de Direi-
to, convertendo-se numa revolução na significação do Acesso à Justiça.
REFERÊNCIAS
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410
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
411
processual.civil/legitimidade.da.defensoria.publica[2007].pdf. Acesso
em: 14 maio 2014.
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412
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
III. INTERNACIONAL
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413
O Direito da Agricultura Biológica:
notas sobre o regime jurídico português
Organic agriculture Law:
notes on the portugueses legal framework
RESUMO
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414
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ABSTRACT
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415
A produção biológica é um sistema global de gestão das
explorações agrícolas e de produção de géneros alimentí-
cios que combina as melhores práticas ambientais, um ele-
vado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos
naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de
bem-estar dos animais e método de produção em sintonia
com a preferência de certos consumidores por produtos
obtidos utilizando substâncias e processos naturais.
Decisivo para caracterizar esta realidade parece ser, não tanto o re-
curso a uma ou a um conjunto de técnicas pré-estabelecidas, mas so-
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416
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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417
• Planear e gerir áreas protegidas juntamente com a agricultura
local, incluindo pastores e comunidades florestais nas paisagens;
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418
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
rança alimentar, a FAO alertou para que, se não forem tomadas medidas
urgentes de adaptação do sector agrícola às alterações climáticas, existe
um risco de insegurança alimentar que pode atingir até 122 milhões de
pessoas até 20302. Está-se perante um verdadeiro dilema: por um lado,
é necessário produzir mais alimentos para uma população em escalada
demográfica mas, por outro, porque o sector agrícola, nomeadamente
o pecuário, é responsável por um incremento das emissões de CO2 (um
quinto do total), urge travar a conversão de floresta em terra agrícola.
O Relatório sublinha que não existe solução única nem rápida, pois os
sistemas variam muito em função de condicionantes geográficas e cul-
turais, além de que existe intenso vector de incerteza associado às evo-
luções/alterações climáticas3, mas entende ser essencial que os Estados
promovam políticas de incentivo aos agricultores no sentido de adoptarem
metodologias mais eficientes do ponto de vista ecológico, desde práticas
inteligentes como o uso de variedades de culturas nitrogénio-eficientes e
mais tolerantes ao calor, como a reconversão de estruturas agrícolas tradi-
cionais de acordo com os métodos da produção biológica (agroecologia).
2 SANDERS, Jurn; STOLZE, Matthias; PADEL, Susanne. 2016: The state of food and
agriculture. Climate change, agriculture and food security. Disponível em: http://www.fao.
org/3/a-i6030e.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.
3 VERMEULEN, Sonja J. et al. Addressing uncertainty in adaptation planning for agricul-
ture. PNAS, nº 21, 2013, p. 8357 e segs. Disponível em: www.pnas.org. Acesso em: 16 out. 2017.
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419
Conforme se lê num documento informativo da Comissão Europeia so-
bre Agricultura Biológic4, podem identificar-se três correntes de pensa-
mento: i) a agricultura biodinâmica, surgida na Alemanha e impulsionada
por Rudolf Steiner; ii) a agricultura orgânica (organic farming), surgida na
Inglaterra a partir das teses desenvolvidas por Sir Albert Howard no seu
An agricultural Testament (1943); iii) A agricultura biológica, desenvolvi-
da, na Suíça, por Hans Peter Rusch e H. Muller.
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420
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
6 Cfr. a página ORGANIC Agriculture 2009. Climate change and food security, IFOAM.
Disponível em: http://www.louisbolk.org/downloads/2242.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.
7 Cfr. AGRICULTURA Biológica. Guia da regulamentação comunitária. Comissão
Europeia: Direcção-Geral da Agricultura, 2001, p. 4-5.
8 ORGANIC Agriculture 2016. FIBL&IFOAM. Disponível em: https://shop.fibl.org/
fileadmin/documents/shop/1698-organic-world-2016.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.
Ir para o índice
421
3%). Os países com mais área em terra agrícola orgânica são a Austrália
(17,2 milhões de hectares), a Argentina (3,1 milhões de hectares) e os
Estados Unidos (2,2 milhões de hectares). Na Europa, 2.4% da superfície
total de terras agrícolas estão em produção biológica, sendo a Áustria o
Estado-Membro com maior percentagem (19,4%).
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422
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Ir para o índice
423
importantes estruturas de sequestro de carbono e de redução de gasto
energético, pilares fundamentais do combate ao aquecimento global10.
10 Ver também: PORTER, John, et al. The Value of Producing Food, Energy, and
Ecosystem Services within an Agro-Ecosystem. AMBIO: A Journal of the Human Environ-
ment, 2009/4, p. 186 e segs. GOMIERO, Tiziano, PIMENTEL, David; PAOLETTI, Maurizio G.
Environmental Impact of Different Agricultural Management Practices: Conventional vs.
Organic Agriculture. Critical Reviews in Plant Sciences, v. 30, 2011, p. 95 e segs.
11 Disponível em: http://www.louisbolk.org/downloads/2242.pdf.
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424
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
12 Cfr. ANDERSON, Kym; IVANIC, Maros; MARTIN, Will. Food Price Spikes, Price In-
sulation, and Poverty, The World Bank Development Research Group Agriculture and Rural
Development Team, Julho 2013. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/
en/533251468340210092/pdf/WPS6535.pdf. Acesso em: 16 out. 2017.
13 Declaração adoptada na sequência do simpósio promovido pelo UNEP e pela
UNCTAD subordinado ao tema “Patterns of Resource Use, Environment and Development
Strategies”, que teve lugar em Cocoyoc (México).
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425
mais solo — solo que pode ser capturado à agricultura convencional, de-
pois de reconvertido —, dá maiores garantias de resiliência às intempé-
ries e mitiga os efeitos das alterações climáticas, acabando por, no final
do dia, ser mais eficiente do que a agricultura convencional. De acordo
com o Relatório Organic Agriculture: a Guide to Climate change and food
security, supracitado, é patente a importância dos métodos orgânicos na
estruturação de um solo que retém melhor a água, o que o torna mais
apto a produzir em condições de escassez daquela. Ademais, a diversida-
de de culturas e a alternância de tempos de colheita que se praticam nos
sistemas biológicos permitem enfrentar com mais facilidade a incerteza
climática. Acresce que as técnicas de agricultura biológica robustecem o
solo, incrementando a disponibilidade de terra ao mesmo tempo em que
revertem a sua degradação e a erosão. Finalmente, os sistemas de agri-
cultura biológica são acessíveis a pequenos agricultores, dinamizando a
produção local e reduzindo custos e emissões em transporte.
14 Cfr. REGANOLD, John P.; WATCHER Jonathan M. Organic agriculture in the twen-
ty-first century. Nature, 2016/2, p. 6-8.
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427
moldura jurídica da agricultura biológica seja primacialmente de origem
eurocomunitária. Embora esta metodologia não encontre suporte expres-
so no TFUE, o Título III (Agricultura e Pescas) contempla algumas normas
que podem revestir especial importância neste domínio, como a que refe-
re as subvenções à produção e comercialização de certos produtos (nº 2
do artigo 40 do TFUE), ou a que se reporta a acções comuns destinadas a
promover o consumo de certos produtos (alínea b)) do artigo 41 do TFUE).
Tendo em consideração a estreita conexão entre os métodos de agricul-
tura biológica e a luta contra as alterações climáticas — desde a reforma
dos Tratados promovida pelo Tratado de Lisboa, em 2009, expressamente
referenciada no Título XX (O Ambiente), como objectivo da política de am-
biente (cfr. o 4º trav. do nº 1 do artigo 191) —, não surpreenderá a dupla
filiação de medidas eurocomunitárias adoptadas neste âmbito.
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No que diz respeito mais especificamente ao sector
agrícola, esta opção tem consequências que devem ser
avaliadas e assumidas. Implica, designadamente, que se
reconheça que o agricultor desempenha, ou pelo menos
pode e deve desempenhar, simultaneamente, duas fun-
ções principais: uma actividade de produção e, ao mes-
mo tempo, uma actividade da protecção do ambiente e
de desenvolvimento rural. A actividade de produção está
tradicionaImente centrada na produção alimentar. Esta
continuará a ser a sua finalidade dominante mas será
dada maior importância à produção de matérias-primas
para utilizações não alimentares. A protecção do am-
biente implica o reforço do papel do agricultor enquan-
to responsável pelo ambiente, através da utilização de
métodos de produção menos intensivos e a aplicação de
medidas favoráveis ao ambiente.
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quer no tocante à harmonização de regras de produção, quer relativa-
mente à proibição de utilização de organismos geneticamente modifica-
dos. É sobretudo, mas não apenas, com estas preocupações que surge o
Regulamento (CE) nº 834, de 2007, do Conselho, de 28 de junho, regime
presentemente em vigor e ao qual dedicaremos as linhas que se seguem.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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433
ii) Contribua para um elevado nível de diversida-
de biológica;
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435
iii) A utilização dos insumos externos referidos na
alínea b) contribua para impactos ambientais
inaceitáveis;
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437
parte das matérias-primas agrícolas tenha sido produzida na Comunida-
de e outra parte num país terceiro”22. O logotipo europeu (que é, desde
julho de 2012, de utilização obrigatória para produtos pré-embalados na
União Europeia e facultativo para os restantes23 pode ser acompanhado do
logotipo nacional e do logotipo privado do produtor, desde que os méto-
dos de produção satisfaçam os requisitos do Regulamento (nº 2 do artigo
25)24. O logotipo europeu não pode ser usado relativamente a produtos
provenientes de explorações em conversão25, nem a géneros alimentícios
transformados, ou provenientes da caça e pesca, ou que contenham al-
guns ingredientes biológicos (§ 2º do nº 1 do artigo 25).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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439
A autoridade competente do Estado pode, por razões de competência
técnica, delegar a terceiros as suas competências de controlo. No entanto,
essa delegação só pode acontecer nos termos do nº 5 do artigo 27: com in-
dicação precisa das tarefas a desenvolver pelo organismo de controlo; com
garantia de que este dispõe de meios, humanos e técnicos, adequados e
suficientes; uma vez assegurada a imparcialidade e a inexistência de con-
flitos de interesses; e após comprovação da acreditação do organismo, nos
termos da regulamentação da União Europeia, pela instituição nacional de
acreditação competente. A comunicação entre autoridade competente e
o organismo de controlo deve ser regular, exprimindo uma coordenação
eficaz da parte da primeira. Os organismos de controlo estão sujeitos aos
poderes de supervisão e controlo por parte da autoridade competente,
por meio de auditorias, inspecções, e de verificação da independência e
adequação das medidas impostas aos operadores (nº 9 do artigo 27).
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como gerados a partir de métodos de produção biológica, estando-lhe
vedada a rotulagem específica desses produtos e não podendo candida-
tar-se aos apoios concedidos a esse tipo de explorações. Se a infracção
das regras ocorrer posteriormente ao início de exploração, o operador
sujeita-se a sanções aplicadas pelo organismo de controlo, as quais, se
forem graves, pelo seu conteúdo ou prolongamento temporal, podem
gerar a determinação da proibição de comercializar produtos rotulados
como de produção biológica por um período determinado (nº 2 do artigo
30 do Regulamento nº 834, de 2007, e artigo 91º do Regulamento nº
889, de 2008).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
DOR28, o regime foi revisto pela Comissão sem a participação dos actores
do sector da produção biológica, e ignorando recomendações do Parla-
mento Europeu. Por um lado, aponta-se como negativa a exclusão dos
produtos transformados não alimentares (têxteis e cosméticos), os pro-
dutos da caça e pesca de animais selvagens, e o sal. Por outro lado, se
é verdade que se proibe a inclusão de OGMs nos produtos biológicos,
abre-se a porta a uma eventual presença destes pela contaminação aci-
dental (cfr. o considerando inicial 10). Enfim, outro aspecto menos feliz
parece residir em sujeitar-se a produção biológica ao duplo controlo pelo
Regulamento nº 882, de 2004, aplicável à produção convencional, quan-
do a produção biológica, por essência, importa em muito menos riscos
alimentares do que a convencional.
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443
anos”, e “pode cobrir também os custos decorrentes das ações de informa-
ção e promoção desenvolvidas no mercado interno por agrupamentos de
produtores relativamente a produtos abrangidos por um regime de quali-
dade que beneficie de apoio ao abrigo do nº 1” (nºs 2 e 3 do artigo 16º).
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As políticas públicas são aqui decisivas. Uma análise quan-
titativa e qualitativa demonstrou que o apoio público ao
sector da produção orgânica constitui o principal motor
do seu desenvolvimento e que o seu crescimento se deve
fundamentalmente a esse apoio. No entanto, a análise ex-
plicita igualmente que as medidas de apoio público não
chegam e podem ter pouco impacto se outros factores de
suporte não-públicos estiverem ausentes. Um contexto de
apoio à agricultura biológica é aquele em que as explora-
ções orgânicas são economicamente viáveis e revelam um
bom desempenho no plano competitivo; onde o público é
receptivo ao sector e ao consumo dos seus produtos; onde
existe um ambiente de mercado positivo na perspectiva
dos operadores orgânicos; e onde todos os actores que
investem em negócios orgânicos têm confiança nas polí-
ticas prosseguidas. Todos esses factores, cumulativamen-
te, influenciam consideravelmente o desenvolvimento do
sector de produção biológica.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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cas33 —, reforça a lógica, política e jurídica, de consolidação dos métodos
de produção biológica na agricultura europeia.
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grama de Desenvolvimento Rural do Continente (PDR 2020)38, o qual foi
apresentado à Comissão por Portugal para apoio pelo Fundo Europeu
Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), nos termos do nº 1 do ar-
tigo 10, do Regulamento nº 1.305, de 2013, suprarreferenciado. Os ar-
tigos 9º a 11º da Portaria estabelecem os critérios de elegibilidade, de
selecção de candidaturas e o teor dos compromissos dos beneficiários.
Essas subvenções, requeridas no IFAP, IP, são anuais, e não reembolsáveis
(artigo 15º), encontrando-se os montantes e limites fixados no Anexo III.
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REFERÊNCIAS
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
PORTER, John, et al. The Value of Producing Food, Energy, and Ecosys-
tem Services within an Agro-Ecosystem. AMBIO: A Journal of the Human
Environment, 2009/4, p. 186 e segs.
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453
El Pacto Internacional de
Derechos Civiles y Políticos
y la audiencia de custodia
The International Covenant on
Civil And Political Rights and the
custody hearing
RESUMEN
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ABSTRACT:
INTRODUCCIÓN
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455
ciones de derechos, indicando no sólo los derechos tradicionales −civiles
y políticos−, sino también los derechos económicos, sociales y culturales
como el derecho al trabajo, el descanso y la recreación, la salud, la edu-
cación, la habitación, la participación en la vida cultural y la protección
especial de la maternidad y de la infancia, derechos que se agregan a los
civiles y políticos y los completan, en la medida que las dos categorías son
interdependientes e indivisibles. Es más, la dicotomía entre esos dere-
chos fue superada ulteriormente por la Declaración de Viena.
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456
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Flávia Piovesan, procuradora del estado de São Paulo, Profesora de la
Pontificia Universidad Católica de São Paulo y Secretaria Nacional de De-
rechos Humanos (en el gobierno interino de Michel Temer), deja claro, en
diversos textos, que vislumbra, en esa progresiva internacionalización de
los derechos humanos, el diseño de una ciudadanía universal, de la cual
emanarían derechos y garantías internacionalmente asegurados. En efec-
to, ciudadanos del mundo, sujetos de derecho internacional: es lo que so-
mos y seremos siempre, en la dimensión de nuestra condición humana.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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tortura; el derecho a la libertad y la seguridad; la prohibición de la prisión
arbitraria; y el derecho a tratamiento digno y humano. A continuación,
reproduzco algunos de sus artículos:
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2 EL PACTO INTERNACIONAL DE DERECHOS CIVILES Y POLÍTICOS Y
EL CUADRO PERVERSO DEL SISTEMA PENITENCIARIO
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
3 BARROS LEAL, César. La ejecución penal en América Latina a la luz de los de-
rechos humanos. México: Porrua, 2009, p. 113.
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463
optimización de los equipos y de los servicios y, en consecuencia, el per-
feccionamiento de la administración prisional, sino también el estímulo a
las iniciativas y las buenas prácticas que permitan, v.g., humanizar la cárcel,
disminuir el periodo de clausura y liberar a aquellos que permanecen en
su interior mucho allá del tiempo fijado en la sentencia, un absurdo que es
más frecuente de lo que uno se imagina y que fue enfatizado en Ginebra.
3 LA AUDIENCIA DE CUSTODIA
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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465
jueces de ejecución, asegurar el derecho de los presos a sus beneficios
de prelibertad; la determinación de que el número de encarcelados no
rebase la capacidad de la unidad penal, de acuerdo con el límite de pla-
zas y tasas de ocupación, que deben ser de conocimiento público, de
conformidad con las buenas prácticas y los principios establecidos por la
Comisión Interamericana de Derechos Humanos, así como las recomen-
daciones de las Reglas de Mandela; y, por fin, la adopción excepcional
de la prisión preventiva, siendo bienvenida la práctica, exitosa en mu-
chos países, de la audiencia de custodia.
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466
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Este artículo del Pacto fue reproducido por el art. 7º (5) de la Conven-
ción sobre Derechos Humanos, ratificada por Brasil en 1992: Toda perso-
na, detenida o retenida, debe ser conducida, sin demora, a la presencia
de un juez u otra autoridad autorizada por ley a ejercer funciones judicia-
les y tiene el derecho de ser juzgada en plazo razonable o de ser puesta
en libertad, sin prejuicio de que prosiga el proceso. Su libertad puede
estar condicionada a garantías que aseguren su cumplimiento en juicio.
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467
sin fianza. (Incluido por la Ley nº 12.403, de 2011). Párrafo único: Caso el
juez verifique, por el auto de prisión en flagrante, que el agente practicó
el hecho en las condiciones constantes de la fracciones I a III del caput
del art. 23 del Decreto-ley n. 2.848, del 7 de diciembre de 1940 - Código
Penal, podrá, con fundamento, conceder al acusado libertad provisional,
mediante acta de comparecencia a todos los actos procesales, so pena
de revocación. (Redacción dada por la Ley nº 12.403, de 2011, que, ade-
más, no logró mudar, como se esperaba de la reforma de 2011, el para-
digma de la prisión como prima ratio).
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469
CONSIDERANDO la decisión en los autos de la acusación
de incumplimiento de Precepto Fundamental 347 del Su-
premo Tribunal Federal, consignando la obligatoriedad de
la presentación de la persona presa a la autoridad judi-
cial competente; CONSIDERANDO lo que dispone la letra
“a” de la fracción I del art. 96 de la Constitución Federal,
que brinda a los tribunales la posibilidad de tratar de la
competencia y del funcionamiento de sus servicios y ór-
ganos jurisdiccionales y administrativos; CONSIDERANDO
la decisión emitida en la Acción Directa de Inconstitucio-
nalidad 5240 del Supremo Tribunal Federal, declarando la
constitucionalidad de la disciplina por los Tribunales de la
presentación de la persona presa a la autoridad judicial
competente; CONSIDERANDO el informe producido por
el Subcomité de Prevención a la Tortura de la ONU (CAT/
OP/BRA/R.1, 2011), por el Grupo de Trabajo sobre De-
tención Arbitraria de la ONU (A/HRC/27/48/Add.3, 2014)
y el informe sobre el uso de la prisión provisional en las
Américas de la Organización de los Estados Americanos;
CONSIDERANDO el diagnóstico de personas presas pre-
sentado por el CNJ y el INFOPEN del Departamento Pe-
nitenciario Nacional del Ministerio de la Justicia (DEPEN/
MJ), publicados, respectivamente, en los años de 2014 y
2015, revelando el contingente desproporcional de per-
sonas presas provisionalmente; CONSIDERANDO que la
prisión, conforme a previsión constitucional (CF, art. 5º,
LXV, LXVI), es medida extrema que se aplica solamente en
los casos expresos en ley y cuando la hipótesis no admite
ninguna de las medidas cautelares alternativas; CONSIDE-
RANDO que las innovaciones introducidas en el Código de
Proceso Penal por la Ley 12.403, del 4 de mayo de 2011,
impusieron al juez la obligación de convertir en prisión
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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471
las directrices para la aplicación y el seguimiento de las medidas cautela-
res diferentes de la prisión; los procedimientos para el seguimiento de las
medidas cautelares e inclusión social) y el Protocolo II (documento que, a
su vez, busca orientar tribunales y a magistrados sobre procedimientos
para denuncias de tortura y tratamientos crueles, inhumanos o degra-
dantes, donde se consignan: la definición de la tortura; las condiciones
adecuadas para la escucha del custodiado en la audiencia; los procedi-
mientos para la deposición de la víctima de tortura; los procedimientos
concernientes a la colección de informaciones sobre prácticas de tortura
durante la escucha de la persona custodiada; un cuestionario para auxi-
liar en la identificación y registro de la tortura durante la escucha de la
víctima; y las providencias en caso de investigación de indicios de tortura
y otros tratamientos crueles, inhumanos o degradantes.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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473
La primera audiencia de custodia en Ceará fue llevada a efecto en
2016 por la Sala Única de Audiencias de Custodia de Fortaleza. Se trataba
de un crimen de receptación y la presentación ocurrió sólo cuatro dias
después de la detención. El preso, puesto que tenía buenos anteceden-
tes, empleo y residencia fija, obtuvo la libertad provisional. La experien-
cia de Ceará fue objeto de debate en el XXII Foro Nacional de Derecho
Penitenciário: Audiencia de Custodia, realizado del 20 al 21 de junio de
2016 por el Centro de Estudios y Entrenamiento de la Procuraduría Ge-
neral del Estado de Ceará, en asociación con el Consejo Nacional de Polí-
tica Criminal y Penitenciaria, órgano del Ministerio de la Justicia.
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475
a un juez en el plazo de 48 horas o ser liberados), Colombia (el plazo es
de 36 horas), Chile (el plazo es de 12 horas para encaminamiento a un
fiscal, cabiéndole, a su parte, conducir a un juez en el plazo de 24 horas) y
Argentina (el plazo viene a ser de 6 horas). Los nombres varían: audiencia
de flagrante, audiencia de control de detención, etc., pero la esencia es la
misma y el mérito compartido por la mayor parte de las 35 naciones que
integran la Organización de los Estados Americanos (OEA).
CONCLUSIONES
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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BIBLIOGRAFÍA
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RESUMO:
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479
um valor constitucional da União Europeia, mas a salvaguarda desse valor,
no âmbito da atividade de produção animal, tem esbarrado em falhas de
mercado e outros problemas econômicos, em especial decorrentes do li-
vre comércio e dos custos associados às medidas destinadas a favorecer o
bem-estar animal. Em razão desses fatores, o Direito Europeu tem evoluído
para um modelo de proteção que combina regras de comando e controle
com instrumentos de mercado, a exemplo do que ocorre na seara ecológica
propriamente dita. A estratégia, contudo, ainda se encontra em fase inicial
e não prescinde de maiores debates a fim de efetivamente se adequar ao
estatuto ético dos animais estabelecido na norma constitucional.
ABSTRACT:
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strategy, however, is still at an early stage and does not dispense with
more debates in order to effectively adequate to the ethical status of the
established animals in the constitutional norm.
INTRODUÇÃO
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pecuárias intensivas em que a obsessão pelo rendimento ignora por
completo o sofrimento animal1.
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3 Para uma análise detalhada sobre esta evolução, conferir a obra de Maria Luísa
Duarte, União Europeia e garantia do bem-estar dos animais. Vide referências.
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483
Trata-se de uma disposição que resulta de intenso debate filosófico
e jurídico sobre a forma de relação com os animais e o enquadramento
teórico da proteção jurídica que lhes é dirigida, de forma que hoje já se
fala na emergência de um novo ramo jurídico: o Direito dos Animais4.
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484
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485
política legislativa da União Europeia12, além de representar, ao mesmo
tempo, uma base jurídica e uma fonte de obrigações para o decisor
da União e para os decisores dos Estados-Membros13. Contudo, não é
isento de críticas. A consideração do bem-estar animal na definição de
políticas no âmbito da União Europeia vai exigir um juízo de proporcio-
nalidade quando em conflito com outros interesses. A falta de defini-
ção de critérios sobre o que seja “sofrimento necessário” confere uma
abertura aos Estados-Membros, propiciando uma desuniformidade no
tratamento da matéria.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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1.2 Direito europeu derivado
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exploração da atividade pecuária, ao transporte e ao abate, e outro de
âmbito específico para vitelos, suínos, frangos e galinhas poedeiras.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
24 Em vigor desde 1971, foi ratificada por Portugal, em 1982, e o Protocolo em 1989.
25 Conforme artigo 1º, nº. 5, do Regulamento (CE) nº 1/2005.
26 Cf. art. 17º do Regulamento (CE) nº 1.099/09.
27 Veja, por exemplo, o art. 3(b) do Regulamento (CE) nº. 1099/09, que excluiu o
abate de aves de capoeira, coelhos e lebres para consumo doméstico do âmbito de apli-
cação da norma, com fundamento na sua incapacidade para afetar a competitividade dos
matadouros comerciais.
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491
descargas elétricas28 no transporte de animais, nos mesmos termos da
anterior previsão estabelecida pelo Regulamento (CE) nº 1, de 200529.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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493
Por meio de análise geral dos diplomas referenciados, observa-se que
a preocupação central refere-se à limitação dos espaços dos alojamentos
dos animais, característica dos sistemas de criação intensivos da agropecu-
ária industrial moderna. Apesar da inovação e do pioneirismo da legislação
europeia, especialmente quando comparada com o ordenamento de paí-
ses de outros eixos36, verifica-se que as disposições se destinam apenas aos
métodos mais cruéis na produção, de modo a abarcar restrito campo rela-
cionado ao sofrimento animal, sem garantir, contudo, um padrão mínimo
de qualidade de vida aos animais explorados37. Ademais, o ordenamento
é incompleto, porque deixa sem proteção específica alguns importantes
setores, como a produção de produtos lácteos e o gado de corte38.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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495
mente baías para vitelos, desde 1990, e celas de gestação para matrizes,
a partir de 1999. A Dinamarca já há muito tempo proíbe as gaiolas de
bateria e também tem regras mais restritivas quanto às celas de gestação
para porcas matrizes. A Suécia previu outras medidas adicionais para a
promoção do bem-estar de suínos43.
43 Para uma análise completa das disposições específicas de cada país europeu, vide
Roex e Miele (2005), Farm animal welfare concerns. Consumers, retailers and producers.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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497
Este último desiderato reflete o pensamento de parte da doutrina, que
critica o atual quadro legislativo de disposições avulsas e sustenta a ne-
cessidade de criação de uma lei geral de bem-estar animal. Esta é, por
exemplo, a posição de Maria Luísa Duarte47, que sustenta que a referên-
cia expressa ao estatuto ético dos animais como seres sencientes impõe
a consagração de um quadro legislativo da União Europeia simplificado,
com princípios de bem-estar animal para todos os animais. Sob outra ótica,
Carla Amado Gomes48 destaca a dificuldade de tratamento homogêneo da
matéria em razão das peculiaridades de cada caso que decorrem dos inte-
resses em conflito e da intensa heterogeneidade entre os animais.
47 Cf. Duarte (2014, p. 39), no estudo, Direito da União Europeia e Estatuto Jurídi-
co dos Animais: uma grande ilusão?
48 Cf. Gomes (2014, p. 58), no estudo, Direito dos Animais: um ramo emergente?
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498
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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499
2 O ANIMAL E A ECONOMIA: NOVOS RUMOS
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500
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
51 Deep ecology é uma orientação filosófica caracterizada pela defesa do valor ine-
rente a cada ser vivo, independentemente da sua utilidade instrumental às necessidades
humanas e propõe uma restruturação radical do modo de vida contemporâneo. O termo
foi cunhado pelo filósofo norueguês Arne Naess, em 1973, em contraste com a shallow
ecology (ecologia rasa), uma forma mais moderada de ambientalismo e típica das socieda-
des contemporâneas, que se fundamenta em uma concepção utilitarista e antropocêntrica.
Mais informações em ARAÚJO, 2003, p. 245; OST, 1995, p. 181 e seguintes).
52 Essa tendência já foi incorporada pelas Constituições do Equador e da Bolívia,
em um fenômeno atualmente conhecido como novo constitucionalismo latino-americano.
A Constituição da Bolívia de 2009, em seu art. 33, reconheceu direitos para além dos huma-
nos, adotando a teoria buen vivir, como valor que pressupõe o respeito a todas as formas
de vida. No mesmo sentido, a Constituição do Equador de 2008 estabeleceu a natureza
como titular de direitos (art. 71). Para aprofundamento sobre este novo movimento, vide
Ayala (2014, p. 75 e seguintes).
53 Organização das Nações Unidas, Capítulo III da Declaração final (The future we
want), 2012.
54 Ver em Lourenço e Oliveira (2012, p. 377-378), o estudo acerca da Sustentabili-
dade; Economia Verde; Direito dos Animais; Ecologia Profunda: Algumas Considerações.
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501
uma dimensão ética55. Acresce-se ao princípio do desenvolvimento sus-
tentável, assim, um novo componente, de natureza ética e humanitária,
a partir da noção de que o desenvolvimento econômico não pode vir
acompanhado do incremento da crueldade no trato com os animais, de
forma que esses dois valores devem ser compatibilizados.
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502
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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503
gem animal, especialmente aqueles que causam maior miséria aos se-
res explorados, e propõem tratamento semelhante àquele destinado à
experimentação científica, no que se refere ao princípio dos 3”R, pre-
visto, em âmbito europeu, no artigo 1(a), da Diretiva 2010/63/UE, do
Parlamento Europeu e do Conselho.
2.2 Rotulagem
63 Ryland e Nurse (2013, p. 111) encaram o bem-estar animal como uma ten-
dência ascendente. Segundo os autores, há um caminho intermediário entre os direitos
subjetivos do animal e a teoria do bem-estar e a proteção do animal como princípio geral
do direito europeu demanda o reconhecimento de uma busca constante pela melhoria dos
níveis de bem-estar animal.
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504
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
64 Cf. Silva (2005, p. 174), na obra Verde Cor de Direito: Lições de Direito do Ambiente.
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505
agressivos do ponto de vista ecológico65. Ao lado dos tradicionais me-
canismos de controle – o cacete –, surgem, então, diversificados instru-
mentos de mercado, destinados a promover um nível mais elevado de
tutela do ambiente – a cenoura66.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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507
Impende consignar, contudo, que outras formas de rotulagem já se
encontram presentes no sistema europeu de bem-estar animal. O Regu-
lamento (CE) nº 589, de 2008, da Comissão, que estabelece as regras de
execução do Regulamento (CE) nº 1.234, de 2007, do Conselho, no que
respeita às normas de comercialização de ovos, determina a obrigatorie-
dade de informação na embalagem sobre o método de criação72, em aten-
ção às regras de bem-estar animal estabelecidas na Diretiva 1999/74/CE,
adrede analisada. As embalagens deverão informar, nomeadamente, se a
produção advém de galinhas criadas ao ar livre, no solo ou em gaiolas73.
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508
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Além desses modelos, tem se tornado cada vez mais comum a utiliza-
ção de rótulos designativos de bem-estar animal de iniciativa do próprio
setor privado, seja por organismos independentes ou até mesmo autoatri-
buídos. Nesse contexto, merece destaque o sistema de rotulagem britâni-
co Freedom Food, criado, em 1994, pela Sociedade Real para a Prevenção
da Crueldade contra os Animais (RSPCA), que prevê a realização de audi-
toria por órgão independente e estabelece padrões muito mais elevados e
detalhados do que a legislação, com destaque para as proibições de uso de
agulhões elétricos, cirurgia de castração de porcos, criação de galinhas po-
edeiras em gaiolas e a eliminação da debicagem75. O referido sistema vem
apresentando progressiva penetração no mercado regional e, em 2012, já
representava 35% do mercado de ovos, 29% referente à carne de porco,
bacon e presunto, tendo menos expressividade, contudo, em relação ao
frango de corte (3%) e ao gado em geral (0,39%)76.
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509
Essa atuação tem fundamental importância e constitui relevante motor
para influenciar em melhorias do bem-estar animal na produção. Segundo
David Bayvel78, a atuação dos grandes varejistas muitas vezes é mais eficiente
do que a regulamentação, porque eles podem se mover mais rápido do que
os Governos; podem cortar a subsistência de um fornecedor; e podem igno-
rar acordos comerciais internacionais. Enquanto a União Europeia tem en-
contrado dificuldades para barrar os produtos importados com baixo nível de
bem-estar animal, em razão das regras da Organização Mundial do Comércio,
os varejistas são livres para fazê-lo. Além disso, a visibilidade e a importân-
cia do nome e da imagem dos varejistas podem torná-los alvos sensíveis de
campanhas relacionadas com a proteção animal, e a utilização do bem-estar
animal, como técnica de marketing, pode levar a uma “corrida para o topo”
(race to the top), como importante instrumento de competitividade79.
78 Ver Bayvl (2005, p. 794), The Use of Animals in Agriculture and Science: Histori-
cal Context, International Considerations and Future Direction.
79 Cf. Thiermann e Badcock (2005, p. 752), Animal Welfare and International Trade.
80 Nesse sentido, Matheny e Leahy (2007, p. 346), Farm-animal welfare, legis-
lation and trade. Nome de destaque no tema, o economista britânico Mcinerney (2004,
p. 12), apurou que algumas práticas em bem-estar animal aumentariam os custos para o
consumidor em apenas 0,25%, Animal Welfare, Economics and Policy.
81 Além da rotulagem, uma das técnicas de marketing que tem se tornado muito
comum é a utilização de slogans para a identificação de produtos com alto nível de bem-
-estar animal. Alguns desses slogans se tornaram reconhecíveis e ganharam ampla visibi-
lidade, como o “free-range”, usado em produtos avícolas. Outro slogan que tem ganhado
força no Reino Unido e na Holanda e Noruega é o termo “outdoor reared”, referente à
indústria de produtos suínos (VEISSIER et al, 2008, p. 287).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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511
os produtos produzidos de acordo com os padrões europeus e combater os
produtos de substituição, ponto que será mais bem desenvolvido adiante.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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513
de sociedade de consumo, baseada no capitalismo e na voracidade por
bens materiais87, não corresponde integralmente ao modelo de consu-
mo sustentável exigido para a promoção do bem-estar dos animais de
produção, que demanda uma alteração de comportamento muito mais
complexa e refletida em modelos culturais históricos.
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514
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
dade incentivada pelo Estado, o que pode ser feito por diversas vias, como
a instituição de benefícios tributários, financeiros, patrimoniais e outros90.
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515
ao sofrimento animal, como forma de evitar o custo zero, pode represen-
tar um mecanismo de valorização da vida animal. Apesar das discussões
relacionadas com a mercantilização de riquezas coletivas93, a valoração do
sofrimento animal, por consistir uma externalidade negativa da atividade
econômica, pode constituir um importante instrumento de promoção da
sustentabilidade e incentivo ao consumo racional de produtos de origem
animal. Essa necessidade decorre da constatação de que a efetiva pro-
moção do bem-estar dos animais de produção depende não somente da
maior procura por produtos menos agressivos, mas também da expressiva
diminuição da demanda, a fim de se adequar à diminuição da oferta.
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516
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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517
mentar a proteção, tanto no âmbito europeu como internamente nos
Estados-Membros. A União tem seguido essa linha, buscando combi-
nar as medidas legais restritivas com instrumentos econômicos, como
subsídios e a manifesta intenção de criação de um rótulo europeu de
bem-estar animal, além de outras medidas como a prestação de infor-
mações e campanhas educativas.
98 No relatório produzido pela Farm Animal Welfare Committe (2011, p. 38), o re-
ferido comitê recomendou ao Governo do Reino Unido a maior implementação de medidas
adicionais, como a inclusão do bem-estar animal como critério nas contratações públicas.
99 BAPTISTA, Telma Maria Coelho Rocha Vicente. Análise econômica do bem-
-estar animal: contributos para sua avaliação ao nível da produção. Dissertação para a
obtenção do grau de mestre em gestão sustentável dos espaços rurais. Universidade do
Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais, Faro, 2009, p. 32.
100 Cf. art. 3(1) do Regulamento (UE) nº 1306/2013, do Parlamento Europeu e
do Conselho.
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518
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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519
O grande desafio para uma eficiente proteção do bem-estar animal na
atividade econômica será o alcance de uma interação bem conseguida en-
tre o Estado e o mercado, por estratégias coordenadas de investigação do
funcionamento dos valores econômicos a serviço da proteção do animal. A
experiência de atuação no domínio do ambiente pode servir de importan-
te modelo para orientar a política de bem-estar animal nesta área, a fim de
evitar os mesmos erros cometidos na estratégia ambiental104.
104 Soares (2001, p. 98-99) analisa de forma crítica a política ambiental de interven-
ção na economia. A autora destaca que uma proteção ambiental eficiente não exige apenas
a investigação do funcionamento dos valores económicos, mas é necessário pensar tam-
bém o impacto destes valores sobre a deterioração ambiental. E conclui que o fracasso do
modelo de atuação é consequência não somente das deficiências do mercado ou das falhas
do Estado, mas da interação mal sucedida entre os dois setores. Torna-se, pois, necessário
encontrar um equilíbrio adequado entre o funcionamento do mercado e a intervenção do
Estado. Este diálogo econômico-político tem que servir de fundamento à escolha das vias
de intervenção utilizadas como suporte de um desenvolvimento sustentável.
105 Veja-se, por exemplo, o caso do mercado de ovos de galinhas criadas soltas,
que ocupa somente 5% do mercado total em Portugal, enquanto alcança mais da metade
do mercado total na Suécia e na Holanda. (MATHENY; LEAHY, 2007, p. 345).
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520
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
106 Conforme recordado por Ramos (2009, p. 1.085), o nível jurídico de proteção do
animal revela, de uma certa maneira, o nível civilizacional de uma determinada sociedade.
107 No relatório Animal Welfare and Economic, o FAWC (2011, p. 01) destaca
que o bem-estar animal enseja problemas na economia tão complexos quanto aqueles
referentes à ciência.
108 HARVEY, David; HUBBARD, Carmen. Reconsidering the political economy of
farm animal welfare: an anatomy of market failure. In: Food Policy. Newcastle University/
UK. Vol. 38, 2013. p. 112-113.
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521
o consumo é potencialmente mais efetiva, já que, enquanto o subsídio
direcionado ao produtor tem efeito limitado, o incentivo voltado para o
consumidor final tem capacidade para atingir todos os atuantes da ca-
deia e, com isso, mudar efetivamente as regras do jogo.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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523
um problema especial para a legislação de bem-estar animal, e esta pre-
ocupação também se aplica ao comércio interno nos Estados-Membros,
em razão dos padrões normativos mais elevados em alguns países.
115 BAYVEL, David et al. Animal Welfare: Global Issues, Trends, and Challenges. In:
Scientific and Technical Review. v. 24, OIE. Paris, 2005. p. 796.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
116 MATHENY, Gaverick; LEAHY, Cheryl. Farm-animal welfare, legislation and trade.
In: Law and Contemporary Problems. v. 70. Universidade de Maryland, EUA, 2007. p. 352.
117 Em junho de 2000, a União apresentou uma proposta para a Comissão de Agri-
cultura da Organização Mundial do Comércio para a inclusão do bem-estar animal nas me-
dias restritivas do comércio internacional. A proposta trouxe três vias possíveis para a solu-
ção da celeuma: através da criação de um novo acordo multilateral sobre bem-estar animal,
por meio de um sistema de rotulagem para distinguir produtos nacionais e importados ou
através de um regime de compensação aos agricultores europeus para atender os custos
adicionais da produção decorrentes das medidas legais. Contudo, a proposta não foi bem
recebida pelos demais membros da OMC e a questão ainda permanece em aberto. Fonte:
http://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/1/2002/PT/1-2002-626-PT-F1-1.Pdf.
118 Em janeiro de 2013, a União Europeia e o Brasil celebraram um acordo de co-
operação técnica em matéria de bem-estar animal, para reduzir as tensões quanto aos
diferentes padrões de bem-estar animal e o comércio de produtos. Fonte: http://www.
agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2013/01/brasil-e-uniao-europeia-firmam-acor-
do-sobre-bem-estar-animal.
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525
Importa destacar que o mercado de exportação europeu tem repercuti-
do nos níveis de bem-estar animal de diversos países119, retardando a ado-
ção dos sistemas de produção intensivos nos países em desenvolvimento e
influenciando a alteração da legislação em nações parceiras comerciais120.
Esse efeito é de suma importância, especialmente num contexto em que a
demanda por produtos de origem animal tem crescido de forma constante
e substancial nos países em desenvolvimento121, impulsionando a intensi-
ficação da produção e a consequente adoção dos métodos mais cruéis, e
obstaculizando o avanço da legislação de proteção dos animais de criação122.
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526
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
124 VEISSIER, Isabelle et al. European approaches to ensure good animal welfare.
In: Animal Behaviour Science. Nº 113, 2008. p. 288.
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527
mento equânime entre todos os seres dotados de sensibilidade, a partir
da concepção de que toda vida animal tem igual valor e merece igual
consideração e este princípio deve ser preterido apenas em situações
excepcionais, na esteira do princípio da proporcionalidade, quando em
conflito com outros valores com a mesma dignidade constitucional.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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529
la Comum e do consequente auxílio aos produtores por meio do esque-
ma de pagamentos diretos. Entretanto, a intervenção na economia ainda
tem outros caminhos a seguir, pelos subsídios direcionados ao consumo
e a utilização de outros modelos oriundos do Direito do Ambiente, como
o green public procurement e as formas de incentivo à utilização dos sis-
temas tributário e financeiro.
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530
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
REFERÊNCIAS
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531
ord.). Educação Ambiental: premissa inafastável ao desenvolvimento
econômico sustentável. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.
BAYVEL, David et al. Animal Welfare: Global Issues, Trends, and Chal-
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479. Disponível em: http://www.oie.int/eng/AW2012/publications.htm.
Acesso em: 27 set. 2017.
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532
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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533
DECLARAÇÃO de Cambridge de 2012. Disponível em: http://fcmcon-
ference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf. Acesso
em: 27 set. 2017.
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534
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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535
GOMES, Carla Amado. Desporto e proteção dos animais: por um
pacto de não agressão. Disponível em: http://www.icjp.pt/sites/default/
files/papers/cej-animais_revisto.pdf. Acesso em: 27 set. 2017.
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536
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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537
fileadmin/user_upload/animalwelfare/antibiotics_in_animal_farming.
pdf. Acesso em: 27 set. 2017.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
SINGER, Peter. Todos os animais são iguais. In: GALVÃO, Pedro (Org.).
Os Animais têm Direitos? Perspectivas e Argumentos. Lisboa: Dinalivro.
Lisboa, 2010. p. 4 e seguintes.
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539
THIERMANN, Alex; BADCOCK, Sarah. Animal Welfare and International
Trade. Revue Science et Technique, nº 24, 2005, p. 747-755. Disponível
em: http://www.oie.int/doc/ged/D2707.PD/. Acesso em: 27 set. 2017.
WEBSTER, John A. Farm animal welfare: the five freedoms and the free
market. The Veterinary Journal, nº 161, 2001, p. 229-237. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S109002330090563X.
Acesso em: 27 set. 2017.
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540
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ERNANI CONTIPELLI
RESUMO
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541
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
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543
1 CONSTITUIÇÃO E SEUS VALORES
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pretende abrir um canal de comunicação entre normas jurídicas e senti-
mento público de justiça (consciência coletiva comum), para definição do
conteúdo semântico de seus valores.
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547
aumento da cooperação internacional e pela liberalização do comércio. Em
tal período, conhecido como “época de ouro”, verificou-se um desenvolvi-
mento de áreas mais atrasadas do Planeta (Ásia, África e América Latina),
assim como das regiões e nações mais castigadas pela guerra (Europa e
Japão), ademais da consolidação da leadership econômica dos Estados
Unidos, sobretudo como efeitos da adoção do Plano Marshall (1947).
4 Bauman estabelece o pós Segunda Guerra Mundial como marco temporal ini-
cial do consumismo (ou revolução consumista), momento em que este passa a determinar
o próprio sentido da existência humana e fator de condução da vida social: “Pode-se dizer
que o ‘consumismo’ é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades,
desejos e anseio humanos rotineiros, permanentes e, por assim dizer, ‘neutros quanto ao
regime’, transformando-os na principal força propulsora e operativa da sociedade, uma
força que coordena a reprodução sistêmica, a integração e a estratificação sociais, além
da formação de indivíduos humanos, desempenhando ao mesmo tempo um papel impor-
tante nos processos de auto-identificação individual e de grupo, assim como na seleção
e execução de politicas de vida individuais” (BAUMAN, Zigmunt. Vida para o consumo: a
transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 48).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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549
que acaba por promover resgates liberais pelo sistema econômico e político
conhecido como neoliberalismo, que se instala em importantes potências
mundiais, entre as quais se destacam Inglaterra, com o governo Thatcher, e
EUA, com o republicano Ronald Reagan, quando se inicia um processo sis-
temático de transformação da superestrutura capitalista mundial, dirigido
a compatibilizá-la com a transnacionalização de sua base econômica, para
promover maior concentração da propriedade e da produção7.
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550
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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551
sus, que determinará constante embate presente no processo de glo-
balização: concentração e acumulação de riquezas ou superação das
desigualdades sociais?9
9 Tal embate pode ser perfeitamente identificado nos Estados Unidos, em que
os neoliberais, no poder desde 1980, reduziram as denominadas travas ao livre funciona-
mento do mercado, reforçando uma maior concentração de empresas que conduzem uma
situação de oligopólio em alguns setores; privatização das empresas públicas e aumento
de poder dos atores financeiros. Ao mesmo tempo, as desigualdades cresceram no país,
a pobreza alcançou setores importantes da população: uma grande parte dos empregos
criados foram precários e mal pagados; o numero de pessoas encarceradas passou de
250.000 em 1975 a 744.000 em 1985 e alcançou 2.3 milhões em junho de 2008, sendo que
quase metade são afro-americanos e uma quarta parte latinos (TOUSSAINT, Eric. Neolibe-
ralismo: breve história del infierno. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2012, p. 51-52.
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553
Desse modo, deve-se considerar o novo e complexo cenário de poder
que se instaura no século XXI, inaugurado com extrema interdependência
e hipercomplexidade que afeta todos os setores da vida humana, o agrava-
mento das questões ambientais, sobretudo pelos problemas gerados pela
mudança climática; o encurtamento de distâncias com o impacto das no-
vas tecnologias de informação e comunicação e o boom da internet; a des-
localização do capital que incrementa as desigualdades no Planeta e coloca
em risco os sistemas de proteção social até então existentes; e, finalmente,
uma crise econômica e política que uma vez mais afeta a ordem mundial.
11 Não é novidade que o “dragão asiático”, após anos de isolamento com o regime
de Mao Tse Tung, a partir de seu processo de reintegração ao mercado mundial, moder-
nização e abertura económica com Deng Xiaoping, passou a experimentar taxas medias
anuais de crescimento em 10% por aproximadamente 30 anos, tanto que, em 2014, torna-
-se a primeira potencia econômica mundial, superando Estados Unidos, o que lhe possi-
bilitou uma considerável inserção internacional, através de uma política de investimento
em países desenvolvidos e subdesenvolvidos que contribuíssem para a satisfação de sua
“fome” de matérias-primas. Certamente, a ocupação de espaços económicos no âmbito
internacional portam consequências politicas e China se preparou para atuar nesse “jogo”,
com iniciativas como os BRICS, o Banco Asiático de Infraestrutura e Investimento (AIIB), o
sonho chinês da nova rota da seda com a “One Belt, One Road” (OBOR), e a Parceria Regio-
nal Econômica Ampla (RCEP), as quais se apresentam como importantes peças no xadrez
geopolítico (PICCIAU, Simona. The One Belt One Road Strategy Between Opportunities and
Fears: A New Strategy in EU-China Relations? Indrastra Global 002, n. 02 (2016): 0066).
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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555
tentes no plano da experiência sociocultural, diante de uma realidade
globalizada e multipolar, em que os principais problemas contemporâ-
neos ultrapassam as fronteiras nacionais – ressalte-se – e exigem esforço
contínuo por parte de todos os países para trabalhar solidariamente na
construção de um mundo melhor.
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os Estados já não são as únicas unidades políticas apropriadas, seja para
resolver os principais problemas políticos, seja para gerenciar a ampla
gama de funções públicas14.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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559
senvolvimento normativo interno, julgo de extrema im-
portância o trabalho coordenado com tratados e normas
internacionais. E não me refiro somente àqueles propria-
mente destinados à conservação de determinados re-
cursos, mas sobretudo àqueles referentes à importação,
exportação de recursos naturais, bem como os relativos
à transferência de tecnologia e produtos16.
16 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 110.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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561
cooperação internacional, ocupando papel de destaque na agenda glo-
bal, ao demonstrar o comprometimento dos Estados-Membros da ONU
com a busca de um futuro melhor para nossa sociedade.
SANAHUJA, José Antonio ¿Más y mejor ayuda? La Declaración de París y las tendencias
en la cooperación al desarrollo. In: PEINADO, Manuela Mesa (coord.). Paz y conflictos en
el siglo XXI: tendencias globales. Anuario 2007-2008. Centro de Educación e Investigación
para la Paz (CEIPAZ). Madrid: CEIPAZ, 2007, p. 71-102.
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563
poder e atores não estatais promovido pelas Nações Unidas para atua-
lizar as metas de desenvolvimento estabelecidas nos Objetivos de De-
senvolvimento do Milênio, definindo a agenda pós-2015. Logicamente,
o processo para elaboração dos Objetivos do Desenvolvimento Susten-
tável foi marcado pela participação de instituições multilaterais, Estados-
-Membros, atores de diferentes setores da sociedade, acadêmicos e
opinião pública, revelando uma tendência à atribuição de legitimação
democrática a esse documento, a fim de lhe atribuir maior efetividade
no âmbito das relações de poder.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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565
porânea, uma vez que atua em regime de cooperação com as forças ex-
ternas, com outros Estados, com comunidades de Estados, dando conta
da complexidade do mundo globalizado, multipolar e interdependente,
que, diante das exigências da realidade concreta, determina o desenvol-
vimento sustentável e a proteção ao meio ambiente como núcleos de
modelos de governança, para promoção da cooperação internacional.
REFERÊNCIAS
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566
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
PICCIAU, Simona. The “One Belt One Road” Strategy Between Op-
portunities & Fears: a new strategy in EU-China relations? In: Indrastra
Global 002, n. 02, 2016. Disponível em: https://www.ssoar.info/ssoar/
bitstream/handle/document/47931/ssoar-indrastraglobal-2016-picciau-
-The_One_Belt_One_Road.pdf?sequence=1. Acesso em: 26 fev. 2018.
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567
Responsabilidade internacional
dos Estados por epidemias e
pandemias transnacionais:
o caso da Covid-19 provinda
da República Popular da China1
International responsibility of States for
transnational epidemics and pandemics:
the case of Covid-19 from the
People’s Republic of China
a1
RESUMO
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568
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
ABSTRACT
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569
INTRODUÇÃO
2 Assim também no Brasil, como amplamente noticiado: cf. Jornal Folha de S. Pau-
lo, 27 Março 2020; Jornal O Globo, 05 Abril 2020; Jornal Estadão, 05 Abril 2020; e Jornal El
País, 06 Abril 2020.
3 Cf. World Health Organization. Coronavirus disease (Covid-19) Pandemic. Dis-
ponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019. Acesso
em: 02 abr. 2020.
4 Os pangolins são mamíferos assemelhados tatu-bola e, atualmente, os animais
silvestres com maior tráfico ilegal no mundo.
5 Para detalhes, cf. ANDERSEN, Kristian G.; RAMBAUT, Andrew; LIPKIN, W. Ian; HOLMES,
Edward C.; GARRY, Robert F. The proximal origin of SARS-VoC-2. Nature Medicine, 17 March 2020.
Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9. Acesso em: 02 abr. 2020..
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570
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
6 V. BRIGGS, Helen. Coronavírus: a corrida para encontrar animal que foi origem
do surto. BBC News, 26 Fevereiro 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portugue-
se/internacional-51641776. Acesso em: 02 abr. 2020.
7 Cf. BRASIL. Ministério da Saúde. O que é o coronavírus? (Covid-19). Disponível
em: https://coronavirus.saude.gov.br. Acesso em: 02 abr. 2020.
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571
demia em curso, dado que, internamente, as soberanias nacionais têm
imunidade à jurisdição dos Estados, quando se trata de atos de impé-
rio, à luz da regra costumeira par in parem non habet juducium. Assim
também entendeu a jurisprudência da Corte Internacional de Justiça, es-
pecialmente no julgmento do caso Imunidades Jurisdicionais do Estado
(Alemanha Vs. Itália; Grécia interveniente) de 3 de fevereiro de 20128.
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572
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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573
rus são de difícil ou impossível recuperação, especialmente nos casos dos
milhares de mortes já contabilizadas. Por essa razão, convém estudar se
há mecanismos e possibilidades no Direito Internacional de se responsa-
bilizar a China por tais prejuízos.
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574
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
agosto de 2001, na sua 53ª Sessão14. Após sua aprovação, o projeto foi
encaminhado à Assembleia-Geral da ONU para que esta verifique (até o
presente momento tal não ocorreu) a possibilidade de adoção do seu tex-
to, abrindo-se a oportunidade para as assinaturas e respectivas ratificações
dos Estados15. Na ONU, no entanto, o draft poderá sofrer alterações por
sugestão dos Estados, quando então (possivelmente) um texto diverso do
originalmente apresentado pela CDI será adotado. Não obstante, a Assem-
bleia-Geral, em sua 62ª Sessão, realizada em 2007, sugeriu aos governos
dos Estados que observem (apliquem) o projeto de Artigos sobre Respon-
sabilidade do Estado por Atos Internacionalmente Ilícitos16.
14 Cf. Report of the International Law Commission on the Work of its Fifty-third
Session, Official Records of the General Assembly, Fifty-sixth session, Supplement nº 10
(A/56/10), Chap. IV.E.1, November 2001; e também o Yearbook of the International Law
Commission, vol. II (Part Two), de 2001.
15 Para um comentário do projeto aprovado, v. United Nations. Draft articles on
Responsibility of States for Internationally Wrongful Acts with commentaries, 2008; na
doutrina, v. CRAWFORD, James. The International Law Commission’s articles on State
responsibility: introduction, text and commentaries. Cambridge: Cambridge University
Press, 2002, 391p.
16 V. Res. 62/61 (8 January 2008).
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575
2.1 Conceito de responsabilidade internacional
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576
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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577
ser reparado (pecuniariamente) por meio de indenização (dommages-in-
térêts) ou compensação. Assim, a reparação deve ser substituída pela inde-
nização ou compensação, sempre que não for possível, material ou juridica-
mente, reparar o dano causado pelo ato ilícito estatal. Aliás, a reparação em
dinheiro é a prática que mais comumente se tem apresentado no quadro
de uma demanda internacional envolvendo a responsabilidade do Estado.
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578
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
19 V. Res. 62/67 (8 January 2008). Sobre o trabalho da CDI nesse tema, v. CRA-
WFORD, James. Brownlie’s principles of public international law, cit., p. 517-518.
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579
cional geral, jus cogens)20. Perceba-se que o conceito de ili-
citude aqui desenvolvido é internacional, não se podendo
tomar como base o Direito interno como ponto de referên-
cia para a compreensão do conceito.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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581
a violação de uma obrigação internacional e a atribuição dessa violação
ao Estado, sem fazer qualquer referência à necessidade de prejuízo ou
dano. Nos termos desse dispositivo, a conduta deve (a) ser atribuível ao
Estado de acordo com o Direito Internacional, e (b) constituir uma viola-
ção de uma obrigação internacional do Estado.
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582
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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583
graves problemas de saúde que ultrapassem fronteiras e prejudiquem
grande parte da população mundial. Daí sua importância como norma
gestora dos princípios internacionais de proteção da saúde, que, em últi-
ma análise, versa questão global (lato sensu) de direitos humanos.
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584
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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585
Ponto Focal Nacional para o RSI, e dentro de 24 horas a
contar da avaliação de informações de saúde pública, sobre
todos os eventos em seu território que possam se consti-
tuir numa emergência de saúde pública de importância in-
ternacional, segundo o instrumento de decisão, bem como
de qualquer medida de saúde implementada em resposta
a tal evento. Se a notificação recebida pela OMS envolver a
competência da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), a OMS notificará imediatamente essa Agência.
29 No original, em inglês: “1. Each State Party shall assess events occurring within its ter-
ritory by using the decision instrument in Annex 2. Each State Party shall notify WHO, by the most
efficient means of communication available, by way of the National IHR Focal Point, and within
24 hours of assessment of public health information, of all events which may constitute a public
health emergency of international concern within its territory in accordance with the decision in-
strument, as well as any health measure implemented in response to those events. If the notifica-
tion received by WHO involves the competency of the International Atomic Energy Agency (IAEA),
WHO shall immediately notify the IAEA. 2. Following a notification, a State Party shall continue to
communicate to WHO timely, accurate and sufficiently detailed public health information available
to it on the notified event, where possible including case definitions, laboratory results, source and
type of the risk, number of cases and deaths, conditions affecting the spread of the disease and
the health measures employed; and report, when necessary, the difficulties faced and support
needed in responding to the potential public health emergency of international concern”.
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586
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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587
se trata de “uma organização técnica de nível governamental e nacional
especializada em controle e prevenção de doenças de saúde pública”,
como informa a página web oficial do órgão32. Só por isso, está a incidir,
de imediato, o art. 8º do Projeto de Convenção da ONU sobre responsa-
bilidade internacional dos Estados por atos ilícitos, que prevê que “[a]
conduta de um órgão do Estado, pessoa ou entidade destinada a exercer
atribuições do poder público será considerada um ato do Estado, conso-
ante o Direito Internacional, se o órgão, pessoa ou entidade age naquela
capacidade, mesmo que ele exceda sua autoridade ou viole instruções”.
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588
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
35 Idem, ibidem.
36 Assim, FILDER, David. Covid-19 and international law: must China compensate
countries for the damage? Just Security, 27 March 2020. Disponível em: https://www.justsecu-
rity.org/69394/covid-19-atrand-international-law-must-china-compensate-countries-for-the-
damage-international-health-regulations. Acesso em: 06 abr. 2020; e BAGARES, Romel Rega-
lado. China, international law, and Covid-19. Inquirer, 22 March 2020. Disponível em: https://
opinion.inquirer.net/128226/china-international-law-and-covid-19. Acesso em: 08 abr. 2020.
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589
O Projeto de Convenção da ONU sobre responsabilidade internacio-
nal dos Estados por atos ilícitos prevê, no art. 31, o dever de reparação
dos danos causados pelo Estado, pelo que determina:
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
38 FILDER, David. Covid-19 and international law: must China compensate coun-
tries for the damage? Just Security, 27 March 2020, cit.
39 No original, em inglês: “To propose conventions, agreements and regulations, and
make recommendations with respect to international health matters and to perform such
duties as may be assigned thereby to the Organization and are consistent with its objective”.
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591
O art. 23 da mesma Constituição deixa assente que “[a] Assem-
bleia da Saúde terá autoridade para fazer recomendações aos Estados-
-membros com respeito a qualquer assunto dentro da competência da
Organização”40. Por sua vez, o art. 62 do instrumento determina que “[c]
ada Estado-membro apresentará anualmente um relatório sobre as me-
didas tomadas em relação às recomendações que lhe tenham sido feitas
pela Organização e em relação às convenções, acordos e regulamentos”41.
40 No original, em inglês: “The Health Assembly shall have authority to make recom-
mendations to Members with respect to any matter within the competence of the Organization”.
41 No original, em inglês: “Each Member shall report annually on the action taken
with respect to recommendations made to it by the Organization and with respect to con-
ventions, agreements and regulations”.
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592
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
Seja como for, certo é que, na prática, os Estados – muitas vezes, sem
qualquer justificativa plausível – mais desconsideram as decisões dos or-
ganismos internacionais competentes que efetivamente as aplicam. À evi-
dência que a conduta estatal não deveria ser dessa forma, por ser a OMS
organismo especializado e conhecedor técnico dos problemas sanitários
mundiais. Daí a constatação de que o desrespeito às prescrições estabele-
cidas pela OMS é um ato falho e danoso, não somente para as relações in-
ternacionais do País, senão também para a sanidade de todo o planeta, vez
que permite o alastramento de pandemia ainda sem cura em todo o mundo.
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593
faltar com o dever de precaução necessário em momentos tais, dadas as
incertezas científicas que ainda permeiam a pandemia em causa. Hoje –
abril de 2020 – o mundo não sabe como a pandemia se comportará nos
próximos dias e meses, mas já se tem o exemplo de vários países que se
arrependeram em não tomar medidas em tempo oportuno.
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594
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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595
4. Nada neste Regulamento deverá prejudicar os direitos de
Estados Partes, nos termos de qualquer acordo internacio-
nal de que possam ser signatários, a recorrer aos mecanis-
mos de solução de controvérsias de outras organizações
intergovernamentais, ou estabelecidos nos termos de
qualquer acordo internacional.
42 No original, em inglês: “1. In the event of a dispute between two or more States
Parties concerning the interpretation or application of these Regulations, the States Parties
concerned shall seek in the first instance to settle the dispute through negotiation or any
other peaceful means of their own choice, including good offices, mediation or conciliation.
Failure to reach agreement shall not absolve the parties to the dispute from the responsibil-
ity of continuing to seek to resolve it. 2. In the event that the dispute is not settled by the
means described under paragraph 1 of this Article, the States Parties concerned may agree
to refer the dispute to the Director-General, who shall make every effort to settle it. 3. A
State Party may at any time declare in writing to the Director-General that it accepts arbitra-
tion as compulsory with regard to all disputes concerning the interpretation or application
of these Regulations to which it is a party or with regard to a specific dispute in relation to
any other State Party accepting the same obligation. The arbitration shall be conducted in
accordance with the Permanent Court of Arbitration Optional Rules for Arbitrating Disputes
between Two States applicable at the time a request for arbitration is made. The States Par-
ties that have agreed to accept arbitration as compulsory shall accept the arbitral award as
binding and final. The Director-General shall inform the Health Assembly regarding such ac-
tion as appropriate. 4. Nothing in these Regulations shall impair the rights of States Parties
under any international agreement to which they may be parties to resort to the dispute
settlement mechanisms of other intergovernmental organizations or established under any
international agreement. 5. In the event of a dispute between WHO and one or more States
Parties concerning the interpretation or application of these Regulations, the matter shall
be submitted to the Health Assembly”.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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597
te usar o costume internacional respectivo em casos tais, notadamente
porque o cumprimento de um tratado como o Regulamento Sanitário
Internacional envolve incertezas científicas, questões de saúde pública e
complexos cálculos políticos45.
45 V. FILDER, David. Covid-19 and international law: must China compensate coun-
tries fot the damage? Just Security, 27 March 2020, cit.
46 No original, em inglês: “Any question or dispute concerning the interpretation
or application of this Constitution which is not settled by negotiation or by the Health As-
sembly shall be referred to the International Court of Justice in conformity with the Statute
of the Court, unless the parties concerned agree on another mode of settlement”.
47 CIJ, Affaire des Activités Armées sur le Territoire du Congo, arrêt du 3 février
2006, § 99.
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48 No original, em francês: “La Cour observe que la RDC est partie à la Constitution
de l’OMS depuis le 24 février 1961 et le Rwanda depuis le 7 novembre 1962, et qu’ils sont
ainsi l’un et l’autre membres de cette organisation. La Cour note également que l’article 75
de la Constitution de l’OMS prévoit, aux conditions posées par cette disposition, la compé-
tence de la Cour pour connaître de ‘toute question ou différend concernant l’interprétation
ou l’application’ de cet instrument”. Na versão em inglês: “The Court observes that the
DRC has been a party to the WHO Constitution since 24 February 1961 and Rwanda since
7 November 1962 and that both are thus members of that Organization. The Court further
notes that Article 75 of the WHO Constitution provides for the Court’s jurisdiction, under
the conditions laid down therein, over ‘any question or dispute concerning the interpreta-
tion or application’ of that instrument”.
49 CIJ, Affaire des Activités Armées sur le Territoire du Congo, arrêt du 3 février
2006, § 101.
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599
fazem parte do mosaico normativo da OMS. Ademais, frise-se que se a
CIJ interpretar o art. 75 da Constituição da OMS do mesmo modo que in-
terpretou o art. 22 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de To-
das as Formas de Discriminação Racial de 1965, no julgamento das Obje-
ções Preliminares do caso Ucrânia Vs. Federação Russa sobre a aplicação
da Convenção, bastaria que um Estado satisfizesse a condição preliminar
da negociação – tese da “uma ou outra condição”, como defendemos –
para que pudesse demandar internacionalmente a China, sem ter que
provocar, previamente, a Assembleia da Saúde para resolve a contenda50.
O citado art. 22 da Convenção internacional de 1965, assim dispõe:
50 Assim, TZENG, Peter. Taking China to the International Court of Justice over Co-
vid-19. EJIL: Talk!, 2 April 2020. Disponível em: https://www.ejiltalk.org/taking-china-to-
-the-international-court-of-justice-over-covid-19. Acesso em: 04 abr. 2020.
51 No original, em inglês: “Any dispute between two or more States Parties with
respect to the interpretation or application of this Convention, which is not settled by nego-
tiation or by the procedures expressly provided for in this Convention, shall, at the request
of any of the parties to the dispute, be referred to the International Court of Justice for
decision, unless the disputants agree to another mode of settlement”.
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600
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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601
Ademais, o artigo 21 da Constituição da OMS atribui expressamente
à Assembleia da Saúde autoridade para adotar regulamentos relativos a:
a) medidas sanitárias e de quarentena e outros procedimentos destina-
dos a evitar a propagação internacional de doenças; b) nomenclaturas
relativas a doenças, causas de morte e medidas de saúde pública; c) nor-
mas respeitantes aos métodos de diagnóstico para uso internacional; d)
normas relativas à inocuidade, pureza e ação dos produtos biológicos,
farmacêuticos e similares que se encontram no comércio internacional;
e e) publicidade e rotulagem de produtos biológicos, farmacêuticos e si-
milares que se encontram no comércio internacional54.
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602
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
56 V. TZENG, Peter. Taking China to the International Court of Justice over Cov-
id-19. EJIL: Talk! 2 April 2020, cit.
57 No original, em inglês: “Each Member shall provide statistical and epidemiologi-
cal reports in a manner to be determined by the Health Assembly”.
58 World Health Organization. WHO Nomenclature Regulations, 1967, art. 6º: “De
acordo com o previsto no Artigo 64 da Constituição, todos os Membros proporcionarão
à Organização as estatísticas que esta lhes solicite e que não lhe tenham comunicado de
acordo com o Artigo 63 da Constituição, e as prepararão conforme a disposição do presente
Regulamento”. No original, em inglês: “Each member shall, under Article 64 of the Constitu-
tion, provide the Organization on request with statistics prepared in accordance with these
Regulations and not communicated under Article 63 of the Constitution”.
59 Assim, TZENG, Peter. Taking China to the International Court of Justice over Co-
vid-19. EJIL: Talk! 2 April 2020, cit.
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603
eficientes meios de comunicação disponíveis, dentro de 24 horas a con-
tar da avaliação de informações de saúde pública, sobre todos os eventos
em seu território que possam se constituir numa emergência de saú-
de pública de importância internacional; e, segundo o art. 7º, tendo um
Estado-parte evidências de um evento de saúde pública inesperado ou
incomum dentro de seu território, independentemente de sua origem ou
fonte, que possa constituir uma emergência de saúde pública de impor-
tância internacional, deve fornecer todas as informações de saúde públi-
ca relevantes à OMS. Assim, em suma, também se justificaria a violação,
pela China, da Constituição da OMS, abrindo-se, por essas vias, mais uma
forma de responsabilização do Estado chinês perante a CIJ.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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605
em caso de pandemias transnacionais: a força maior. Esta tem lugar quan-
do o ilícito praticado tenha sido consequência de um evento externo irre-
sistível ou imprevisto, fora do controle do Estado, tornando materialmente
impossível agir de conformidade com a obrigação assumida. Tal é o que
prevê o art. 23, § 1º, do Projeto de Convenção da ONU, que assim dispõe:
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606
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
pelo Estado; e (iv) que o Estado não tenha sido o responsável pela situação
irresistível ou imprevista ou assumido o risco de sua ocorrência.
Poderia a força maior ser alegada pela China como excludente de ili-
citude no caso da Covid-19? Toda a análise, à evidência, passa por saber
se estava ou não sob o controle do Estado chinês a epidemia originaria-
mente aparecida naquele país. De fato, ainda que se entenda ter havido
responsabilidade da China pela demora na divulgação das informações
sobre o ocorrido em seu território, tal não afasta a possibilidade de haver
excludente de ilicitude caso se comprove que, mesmo tendo conheci-
mento de toda a situação apresentada, seria irresistível a força do evento
danoso (epidemia inicial e pandemia posterior) no que tange às condi-
ções do Estado em efetivamente controlar todas as infecções de pessoa
a pessoa causadas pela transmissão do vírus.
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607
de responsabilidade em razão de evento fora de controle do Estado. Em
outras palavras, seria difícil imputar relação de causalidade (nexo causal) à
China em razão da expansão fugaz da pandemia65.
65 Cf. FILDER, David. Covid-19 and international law: must China compensate coun-
tries fot the damage? Just Security, 27 March 2020, cit.
66 V. BARRAS, Colin. Como cientistas conseguiram mapear cidade onde a Aids
“nasceu”. BBC News, 01 Dezembro 2015. Disponível em: https://www.bbc.com/portugue-
se/noticias/2015/12/151126_vert_earth_hiv_origem_virus_rw. Acesso em: 02 abr. 2020.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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beneficiar-se da força maior para o fim de excluir a ilicitude do ato68. Se
é certo que a regra em apreço vem expressa num projeto de convenção
internacional, e que, portanto, não seria ainda capaz de gerar qualquer
obrigação, não é menos certo que é decorrente de costume internacio-
nal já formado e reconhecido relativo à matéria.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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6. RESPONSABILIDADE DA OMS POR FALTA DA IMPOSIÇÃO
DE SANÇÕES?
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
72 No original, em inglês: “An error in the wording of the situation reports dated
23, 24 and 25 January was corrected on 26 January. Those reports did not correctly reflect
the WHO risk assessment. The risk assessment used to inform our actions, our advice to
countries, and to brief Emergency Committee members, evaluates the risk as follows: very
high in China, high in the region and high globally. (The situation reports on the above dates
incorrectly reported it as moderate at the global level. They have been corrected)”.
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613
de Covid-19 a partir do reinício das atividades econômicas, (ii) monitore
cuidadosamente o levantamento das atuais restrições às movimentações
e reuniões públicas, (iii) fortaleça os mecanismos de gerenciamento de
emergências, instituições de saúde pública, instalações médicas e meca-
nismos de contenção de novos casos, (iv) priorize pesquisas sobre geren-
ciamento de riscos, envolvendo centros de saúde e levantamentos por
idade, além de investigação rigorosa da interface animal-humano, e (v)
aprimore ainda mais o compartilhamento sistemático e em tempo real
dos dados epidemiológicos, resultados clínicos e experiências73.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
nizados pelo poder que lhes confere as normativas da OMS? Esse é outro
questionamento que merecerá análise mais específica doravante.
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615
tempo (e, nesse caso, não se poderia responsabilizar a OMS por ato de
outrem); desde o momento em que a pandemia se alastrou, a Organi-
zação vem tomando medidas de contenção da doença, porém depende
das atividades dos Estados para lograr êxito em suas recomendações,
certo de que vários Estados – entre eles, repita-se, o Brasil – não colabo-
ram suficientemente com suas recomendações.
Sobre essa questão, Luigi Ferrajoli propõe dois ensinamentos que nos
chamam a refletir sobre o nosso futuro77. O primeiro diz respeito à nossa
77 Por tudo, v. FERRAJOLI, Luigi. Il virus mette la globalizzazione con i piedi per
terra. Il Manifesto, 17 Março 2020. Disponível em: https://ilmanifesto.it/il-virus-mette-la-
globalizzazione-con-i-piedi-per-terra. Acesso em: 02 abr. 2020.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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também os sociais e os culturais. Entre os efeitos dessa epidemia, diz
ele, há uma reavaliação da esfera pública no senso comum, uma reafir-
mação do primado do Estado em relação às Regiões em termos de saúde
e, sobretudo, o desenvolvimento – após anos de ódio, de racismo e de
sectarismos – de um senso extraordinário e inesperado de solidariedade
entre as pessoas e entre os povos, que está se manifestando nas ajudas
provenientes da China, nas canções comuns e nas manifestações de afe-
to e gratidão nas sacadas das casas em relação aos médicos e aos enfer-
meiros, em suma, na percepção de que somos um único povo da Terra,
reunido pela condição comum em que todos vivemos.
Por fim, Ferrajoli conclui que, talvez, a partir dessa tragédia, possa
nascer finalmente uma consciência geral voltada ao nosso destino co-
mum, que requer, por isso, um sistema comum de garantia dos nossos
direitos e das nossa convivência pacífica e solidária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
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realmente estará determinado em demandar a China perante a CIJ, pro-
pondo, antes, as “negociações” ou provocando a Assembleia da Saúde.
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DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
REFERÊNCIAS
BRIGGS, Helen. Coronavírus: a corrida para encontrar animal que foi ori-
gem do surto. BBC News, 26 Fevereiro 2020. Disponível em: https://www.
bbc.com/portuguese/internacional-51641776. Acesso em: 02 abr. 2020.
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621
BUCKLEY, Chris; MYERS, Steven Lee. China retardou ações que pode-
riam conter vírus para fugir de embaraços políticos. Folha de S. Paulo, 04
Fevereiro 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equili-
brioesaude/2020/02/china-retardou-acoes-que-poderiam-conter-coro-
navirus-para-fugir-a-embaracos-politicos.shtml. Acesso em: 04 abr. 2020.
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622
DIÁLOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL - 10
em: https://www.justsecurity.org/69394/covid-19-and-international-law-
-must-china-compensate-countries-for-the-damage-international-health-
-regulations. Acesso em: 06 abr. 2020.
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623
UNITED NATIOS. Draft articles on Responsibility of States for Inter-
nationally Wrongful Acts with commentaries, 2008.
Ir para o índice
624