Roberto de Ruggiero
Roberto de Ruggiero
Roberto de Ruggiero
R e v i s ta d a
http://seer.agu.gov.br
ADVOGADA-GERAL DA UNIÃO
Ministra-Chefe da Advocacia-Geral da União Grace Maria Fernandes Mendonça
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO - SUBSTITUTO
Paulo Gustavo Medeiros Carvalho
ESCOLA DA AGU
Chiara Michelle Ramos Moura da Silva Diretora
Paulo Fernando Soares Pereira Vice-Diretor
Eduardo Fernandes de Oliveira Coordenador-Geral
ABNT(adaptação)/Diagramação: Niuza Lima /Gláucia Pereira
Capa: Niuza Lima
Os conceitos, as informações, as indicações de legislações e as opiniões expressas nos artigos
publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Revista da AGU / Escola da Advocacia-Geral da União Ministro Victor Nunes
Leal. – Brasília : EAGU, 2002.
v. ; 23 cm.
Quadrimestral: n.1, 2002-n.14, 2007. Trimestral: n.15, 2008-.
Primeiro número editado como edição especial de lançamento.
Primeiro título da publicação: Revista da AGU: Centro de Estudos Victor Nunes
Leal Advocacia-Geral da União (2002-n.6, abr.2005). Altera o título para: Revista da AGU :
Escola da Advocacia-Geral da União (n.7, ago. 2005-2007). Continuada com o título: Revista da
AGU (2008-).
Apartir de 2015 houve alteração no número dos exemplares. A Revista receberá
númeração 1-4 em todos os anos subsequentes.
ISSN -L 1981-2035; ISSN 2525-328x
I. Direito Público. II. Advocacia-Geral da União.
CDD 341.05
CDU 342(05)
EditorA-chefe
CHIARA MICHELLE RAMOS MOURA DA SILVA - AGU-DF
Doutoranda em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
(Clássica), em intercâmbio com a Universidade de Roma - La Sapienza (ERASMUS). Mestre em
Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Membro da Advocacia-Geral da União - AGU
VICE-EDITOR
PAULO FERNANDO SOARES PEREIRA
Doutorando em Direito, Constituição e Democracia pela Universidade de Brasília - UnB. Mestre
em Direito e Instituições do Sistema de Justiça pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Roraima - UFRR. Membro da Advocacia
Geral da União - AGU
EditorAs Assistentes
Gláucia Maria Alves Pereira
Niuza Gomes Barbosa de Lima
INDEXAÇÃO EM:
DIADORIM - Diretório de Políticas Editoriais das Revistas Científicas Brasileiras.
RVBI - Rede Virtual de Bibliotecas.
LATINDEX - Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América
Latina, el Caribe, España y Portugal.
ACADEMIA.EDU - ferramenta (rede social Acadêmica) de colaboração destinada a acadêmicos e
pesquisadores de qualquer área de conhecimento.
CONSELHO EDITORIAL
INTERNACIONAIS
REGIÃO NORTE
REGIÃO NORDESTE
REGIÃO CENTRO-OESTE
REGIÃO SUL
Artigos
Prezados Leitores,
Desejamos uma boa leitura com o convite para navegarem pela revista
eletrônica disponível em: http://seer.agu.gov.br.
A ARBITRAGEM NO DIREITO
ADMINISTRATIVO
ARBITRATION IN ADMINISTRATIVE LAW
¹ A constitucionalidade da Lei da Arbitragem chegou a ser discutida pelo Supremo Tribunal Federal,
nos autos do processo de homologação de Sentença Estrangeira nº 5.206, relatado pelo Min. Sepúlveda
Pertence. Naquela oportunidade, 12/12/2001, quatro ministros da Corte se posicionaram pela
inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei 9.307/96. Em âmbito doutrinário, cf. LIMA,
Alcides de Mendonça. O Juízo Arbitral em face da Constituição. Revista Forense, Rio de Janeiro, n. 27,
p.383-385.
2 Para que se possa dimensionar o quanto, chegou-se a propor emenda à Constituição (PEC nº 29) para
impedir que pessoas de direito público pudessem se submeter a arbitragem. O Tribunal de Contas da
União, por seu turno, exarou um sem número de decisões declarando a injuridicidade dos procedimentos
arbitrais envolvendo a Administração Pública (e.g., decisão 286/93, decisão 394/95, acórdão 584/03,
acórdão 1271/05 e acórdão 1099/06).
3 Em linhas gerais, argumentava-se que, na ausência de expressa lei autorizativa, a Administração não
poderia se submeter à arbitragem. Os adeptos dessa tese lançavam mão de uma visão oitocentista
do princípio da legalidade, advogando que todos os atos da Administração deveriam ter o conteúdo
preestabelecido pelo legislador. A respeito das diferentes concepções acerca do princípio da legalidade,
conferir: ARAGÃO, Alexandre Santos de. A concepção pós-positivista do princípio da legalidade. Revista
de Direito Administrativo, v. 236, p. 51-64, 2004.
22 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
4 Lei nº 8.666/1993, art. 55, 2º: “Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas
ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula
que declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual,
salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei”. Defendendo que tal dispositivo configuraria empecilho à
realização de arbitragens que envolvessem a Administração Pública, v. BANDEIRA DE MELLO, Celso
Antônio. Curso de Direito Adminstrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 95.
5 RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no Processo Civil. São Paulo: Atlas, 2016. p. 392-293.
6 Ilustrativamente, cita-se os seguintes precedentes: STJ, REsp 612.439/RS, rel. Min. João Otávio
Noronha, DJ 14.09.2006: “São válidos e eficazes os contratos firmados pelas sociedades de economia
mista exploradoras de atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços (CF (LGL\1988\3), art.173, § 1.º) que estipulem cláusula compromissória submetendo à
arbitragem eventuais litígios decorrentes do ajuste”; STJ, REsp 612.345/RS, rel. Min. João Otávio
Noronha, DJ 14.09.2006; STJ, AgRg no MS 11.308/DF, rel. Min. Luiz Fux, DJ 14.08.2006; STJ, EDcl
no AgRg no MS 11.308/DF, rel. Min. Luiz Fux, DJ 30.10.2006.
7 DALLARI, Dalmo de Abreu. A tradição da Arbitragem e sua Valorização Contemporânea. In: PUCCI,
Adriana Noemi (Coord.). Aspectos atuais da arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 99.
Alexandre Santos de Aragão 23
p. 20-21; LOPES, Serpa. Curso de Direito Civil. 5. ed. v. II. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989. p. 23-25;
JUSTEN FILHO, Marçal. Sujeição passiva tributária. Belém: CEJUP, 1986. p. 79-80.
16 TALAMINI, Eduardo. A (in)disponibilidade do interesse público: consequências processuais
(composições em juízo, prerrogativas processuais, arbitragem, negócios processuais e ação monitória) –
versão atualizada para o CPC/2015. Revista de Processo, v. 264, ano 42, p. 83-107, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2017. p. 99.
17 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. v. II. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p.
21-22, grifamos.
Alexandre Santos de Aragão 27
18 MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado - parte especial: direito das coisas: direitos reais de
garantia, hipoteca, penhor, anticrese. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 478.
19 MATTOS NETO, Antônio José de. Direitos patrimoniais disponíveis e indisponíveis à luz da lei de
arbitragem. Revista de Processo, São Paulo: Revista dos Tribunais. n 122, 2005. p. 151-166.
20 “A indisponibilidade dos interesses públicos significa que, sendo interesses qualificados como próprios da
coletividade - internos ao setor público -, não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, por
inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no
sentido de que lhe incumbe apenas curá-los - o que é também um dever - na estrita conformidade do que
predispuser a intentio legis. [...] Em suma, o necessário - parece-nos - é encarecer que na administração os
bens e os interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador. Antes, para este,
coloca-se a obrigação, o dever de curá-los nos termos da finalidade a que estão adstritos. É a ordem legal
que dispõe sobre ela”. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São
Paulo: Malheiros, 2012. p. 74.
21 Na visão de Carlos Ari Sundfeld, a “linha de argumentação desenvolvida para fundamentar essa ideia
é bastante simplista: como a arbitragem só teria cabimento sobre direitos disponíveis, ela estaria
invariavelmente afastada dos direitos relativos à Administração, uma vez que estes seriam, todos, por força do
aludido princípio, indisponíveis. O raciocínio é linear, fácil de ser assimilado e, talvez por isso, acabe exercendo
um efeito sedutor em alguns intérpretes. No entanto, a aplicação do princípio da indisponibilidade do interesse
público ao presente tema mostra-se completamente fora de contexto e, consequentemente, inadequada.
SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho A’rruda. O Cabimento da Arbitragem nos Contratos
Administrativos. Revista de Direito Administrativo. n. 248, p. 117-126, 2008. p. 119.
28 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
ser realizado apenas no caso de coincidência com o interesse coletivo primário. A peculiaridade da posição
jurídica da Administração Pública reside precisamente no fato de que, embora seja, como qualquer outra
pessoa jurídica, proprietária de um interesse secundário pessoal, a sua função precípua não é realizar esse
interesse secundário, pessoal, mas sim promover o interesse coletivo, público, primário. Assim, o interesse
secundário, da entidade administrativa, pode ser realizado, como qualquer outro interesse secundário
individual, apenas no caso e na medida em que coincida com o interesse público”.
26 ARAGÃO, Alexandre Santos de. Empresas Estatais: O Regime Jurídico das Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 403.
27 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 10. ed. São Paulo: RT, 2014. p. 822.
30 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
28 GRAU, Eros Roberto. Arbitragem e Contrato Administrativo. Revista Trimestral de Direito Público, nº 32,
p. 20, grifamos.
29 SUNDFELD, Carlos Ari; CÂMARA, Jacintho Arruda. O Cabimento da Arbitragem nos Contratos
Administrativos. Revista de Direito Administrativo, n. 248, p. 117-126, 2008, p. 120, grifamos.
30 “Raramente um interesse social direto (dito interesse público primário – ex.: serviços de saúde) pode ser
atendido sem custos (dito interesse público secundário – ex.: receita para prover o salário dos médicos e
enfermeiros, para a aquisição e manutenção do imóvel do hospital etc.), a distinção deve pelo menos ser
relativizada, evitando-se o viés de se ver o interesse público secundário como algo menos nobre que o
interesse público primário, já que quase sempre este não tem como ser realizado sem aquele”. ARAGÃO,
Alexandre Santos de. Empresas Estatais: O Regime Jurídico das Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 102.
Alexandre Santos de Aragão 31
35 Art. 65.Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes
casos: I - omissis; II - por acordo das partes: a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de
fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando
necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem
a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; d) para restabelecer
a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração
para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
36 Exemplo se deu no recente e clamoroso caso do massacre nos presídios amazonenses: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-01/governo-do-amazonas-vai-indenizar-familias-de-
detentos-mortos-em-presidio, acesso em: 15 fev. 2017.
Alexandre Santos de Aragão 33
37 Como preleciona JEAN RIVERO, “entende-se por polícia administrativa o conjunto de intervenções da
administração que tendem a impor à livre ação de particulares a disciplina exigida pela vida em sociedade”
RIVERO, Jean. Droit Administratif, Paris: Dalloz, 1977. p. 412. De acordo com MARCELO CAETANO,
o poder de polícia consiste no “modo de atuar da autoridade administrativa que consiste em intervir no
exercício das atividades individuais suscetíveis de fazer perigar interesses gerais, tendo por objeto evitar
que se produzam, ampliem ou generalizem os danos sociais que a lei procura prevenir”. CAETANO,
Marcelo. Princípios fundamentais de direito administrativo, Rio de Janeiro: Forense, 1977. p. 339.
34 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
38 Nesse sentido, v. ARAGÃO, Alexandre Santos de. Curso de Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2013. p. 191.
39 ARAGÃO, Alexandre Santos de. Curso de Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 194.
40 MEDAUAR, Odete. Poder de Polícia. Revista de Direito Administrativo, 199:89-96, 1995. p. 95.
Alexandre Santos de Aragão 35
48 ABREU, José. O Negócio Jurídico e sua Teoria Geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 31, grifos nossos.
49 STJ, CC nº 139.519, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 13/04/2015.
Alexandre Santos de Aragão 39
50 CASSESE, Sabino. Le Basi del Diritto Administrativo. 6. ed. Milão: Garzanti, 2000. p. 189-190:
“A Administração italiana é – como, aliás, todas as Administrações dos países desenvolvidos –
multiorganizativa, no sentido de que a amplitude e a variedade das funções públicas não apenas levaram
à perda da unidade da organização do Estado, mas levaram-no também a adotar diversos modelos
organizativos. Por este motivo, é preferível dizer que a administração é multiorganizativa, antes que
pluralística ou policêntrica. Estes termos muitas vezes não se referem a sujeitos, mas individuam apenas
o primeiro (fragmentação), e não o segundo (diferenciação), dos dois caracteres acima indicados”. Para
Vital Moreira, “quanto mais a coletividade se especializa técnico-profissionalmente e se pluraliza
ético-culturalmente, tanto menor se torna aquilo que é comum a todos e tanto maior é a necessidade
de diferenciação político-administrativa para corresponder à diversidade dos apelos feitos aos poderes
públicos”. MOREIRA, Vital. Administração Autônoma e Associações Públicas. Coimbra: Coimbra, 1997. p. 35.
40 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
contrato – pois a Agência atuará como parte e com base nas cláusulas do
referido pacto – e, portanto, serão elas suscetíveis de serem arbitradas.
53 Paralelamente, não se desconhece que tem se verificado até mesmo a possibilidade, em certos casos,
de negociação a respeito da atividade sancionadora de polícia da Administração Pública, tendência
intensamente verificada no Direito Comparado, sobretudo nos setores regulados. A matéria, no entanto,
além de possuir requisitos próprios e mais excepcionais, é prescindível para o objeto do presente parecer.
42 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
61 HAURIOU, Maurice. Précis de droit administratif et de droit public général: à l’usage des étudiants en
licence et en doctorat ès-sciences politiques. Paris: P. Larose, 1901. p. 227-237.
Alexandre Santos de Aragão 45
62 SILVA, Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em Busca do Acto Administrativo Perdido. Coimbra:
Almedina, 2016. p. 474-475.
46 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
Como explica José dos Santos Carvalho Filho, os “atos de império são
os que se caracterizam pelo poder de coerção decorrente do poder de império
(ius imperii), não intervindo a vontade dos administrados para sua prática.
Como exemplo, os atos de polícia (apreensão de bens, embargo de obra), os
decretos de regulamentação etc. O Estado, entretanto, atua no mesmo plano
jurídico dos particulares quando se volta para a gestão da coisa pública (ius
gestionis). Nessa hipótese, pratica atos de gestão, intervindo frequentemente
a vontade de particulares. Exemplo: os negócios contratuais (aquisição ou
alienação de bens). Não tendo a coercibilidade dos atos de império, os atos
de gestão reclamam na maioria das vezes soluções negociadas”.63-64
63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 131.
64 Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, os atos de império são “os que a Administração
praticava no gozo de prerrogativas de autoridade”, como, por exemplo, “a ordem de interdição de um
estabelecimento”. Atos de gestão seriam “os que a Administração praticava sem o uso de poderes
comandantes”. Como seria o caso da “venda de um bem” ou “os relativos à gestão de um serviço público” (Curso
de direito administrativo, 2012. p. 429).
65 A imunidade de jurisdição é uma construção consuetudinária, posteriormente tutelada em tratados
internacionais, que se funda na ideia de soberania recíproca e de igualdade entre as pessoas jurídicas
de direito internacional. Em linhas gerais, a imunidade de jurisdição “significa a impossibilidade de
submissão de um conflito envolvendo um Estado à jurisdição doméstica de outro”. FERRAZ, Rafaela.
Arbitragem em litígios comerciais com a Administração Pública. Porto Alegre: Sergio Fabris, 2008. p. 67).
66 Resolução de Hamburgo, art. 4º, § 2º.
67 TROOBOFF, Peter D. Foreign state immunity: emerging consensus on principles. Recueil des cours, v. 200,
1986. p. 261-262.
Alexandre Santos de Aragão 47
Quanto a este ponto, o art. 4º, inciso III, da Lei das Parcerias Público-
Privadas (Lei nº 11.079/2004) prevê a “indelegabilidade das funções de
regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras
atividades exclusivas do Estado”, corroborando o entendimento de que os
atos lastreados exclusivamente na soberania estatal, sem nem cogitar que
qualquer figura contratual, não podem ser objeto de arbitragem.
70 Como alerta Carlos Maximiliano, a “linguagem, como elemento de Hermenêutica, assemelha-se muitas
vezes a certas rodas enferrujadas das máquinas, que mais embaraçam do que auxiliam o trabalho”. Desse
modo, são “inevitáveis os extravasamentos e as compressões; resultam da pobreza da palavra, que torna
esta inapta para corresponder à multiplicidade das ideias e à complexidade da vida”. (MAXIMILIANO,
Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 92-98).
71 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Baptista Machado. 2. ed. Coimbra: Armenio
Amado, 1962. p. 123, grifamos.
72 MODESTO, Paulo. Autovinculação administrativa. Salvador: Revista Eletrônica de Direito do Estado, n.
24, 2010. p. 7.
50 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
73 As zona de certeza de um conceito jurídico indeterminado são constituídas por “fatos que, com certeza, se
enquadram no conceito (zona de certeza positiva) e aqueles que, com igual convicção, não se enquadram
no enunciado (zona de certeza negativa)”. BINENBOJM, Gustavo. Uma Teoria do Direito Administrativo.
Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 220.
74 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012.
p. 990: “É certo que todas as palavras têm um conteúdo mínimo, sem o quê a comunicação humana
seria impossível. Por isso, ainda quando recobrem noções elásticas, estão de todo modo circunscrevendo
um campo de realidade suscetível de ser apreendido, exatamente porque recortável no universo das
possibilidades lógicas, mesmo que em suas franjas remanesça alguma imprecisão. Em suma: haverá
sempre, como disse Fernando Sainz Moreno, uma ‘zona de certeza positiva’, ao lado da ‘zona de certeza
negativa’, em relação aos conceitos imprecisos, por mais fluidos que sejam, isto é: ‘el de certeza positiva
(lo que es seguro que es) y el de certeza negativa (lo que es seguro que no es)’”.
75 CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO afirma que a regulamentação da Lei cumpre “a imprescindível
função de, balizando o comportamento dos múltiplos órgãos e agentes aos quais incumbe fazer observar
a lei, de um lado, oferecer segurança jurídica aos administrados sobre o que deve ser considerado proibido
ou exigido pela lei (e, ipsofacto, excluído do campo da livre autonomia da vontade), e, de outro lado, garantir
aplicação isonômica da lei, pois, se não existisse esta normação infralegal, alguns servidores públicos, em um
dado caso, entenderiam perigosa, insalubre ou insegura dada situação, ao passo que outros, em casos iguais,
dispensariam soluções diferentes” (Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 367). À
página 370 da obra citada, arremata o autor: “os regulamentos serão compatíveis com o princípio da legalidade
quando, no interior das possibilidades comportadas pelo enunciado legal, os preceptivos regulamentares
servem a um dos seguintes propósitos: (I) limitar a discricionariedade administrativa , seja para (a) dispor
sobre o modus procedendi da Administração nas relações que necessariamente surdirão entre ela e os
administrados por ocasião da execução da lei; (b) caracterizar fatos, situações ou comportamentos enunciados
na lei mediante conceitos vagos cuja determinação mais precisa deva ser embasada em índices, fatores ou
elementos configurados a partir de critérios ou avaliações técnicas segundo padrões uniformes, para garantia
do princípio da igualdade e da segurança jurídica; (II) decompor analiticamente o conteúdo de conceitos
sintéticos, mediante simples discriminação integral do que neles se contém”.
76 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 983.
Alexandre Santos de Aragão 51
77 ALFONSO, Luciano Parejo. Los actos administrativos consensuales. Revista de Direito Administrativo e
Constitucional A & C, Belo Horizonte, v. 13, 2003.
52 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
78 Essa forma de atuação administrativa estaria em consonância com o que Vasco Manuel Pascoal Dias
Pereira da Silva chama de “Administração Pública concertada”. Para o autor lusitano, o “recurso à
concertação com os particulares é a consequência da condenação ao fracasso da tentativa de utilização
de meios autoritários nos domínios da Administração prestadora e conformadora ou infraestrutural. [...]
De autoritária e agressiva, a Administração habitua-se a procurar o consenso com os particulares, quer
mediante a generalização de formas de actuação contratuais, quer pela participação e concertação com
os privados, ainda quando estejam em causa actuações unilaterais. Existe aqui, como escreve RIVERO,
a ‘procura de um fator de obediência à regra diferente da simples coacção: a adesão dos atingidos pela
aplicação da decisão tomada, quer dizer, a participação na sua elaboração”. SILVA, Vasco Manuel Pascoal
Dias Pereira da. Em Busca do Acto Administrativo Perdido. Coimbra: Edições Almedina, 2016. p. 466-467.
79 ABREU, José. O Negócio Jurídico e sua Teoria Geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 23, grifamos.
80 Ibidem, p. 37.
Alexandre Santos de Aragão 53
81 RÁO, Vicenzo. Ato Jurídico: noção, pressupostos, elementos essenciais e acidentais. 4. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999. p. 50. Grifamos.
82 ROPPO, Vicenzo. Il Contratto. 2. ed. Milão: Giuffré Editore, p. 430.
54 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p.19-58, jul./set. 2017
constitui aqueles poderes e obrigações aludidos pela Lei – que será fonte
apenas indireta do negócio jurídico. Na verdade, o que a Legislação faz
nessas hipóteses é prever uma obrigação, para a Administração Pública, de
inscrever nos contratos que celebre determinadas cláusulas – essa obrigação,
contudo, não alcança nem poderia por si só alcançar os particulares que
não venham a contratar com o Estado.
Referências
ABREU, José. O Negócio Jurídico e sua Teoria Geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
ALESSI, Renato. Sistema Istituzionale del Diritto Amministrativo Italiano. Milano:
Dott. Antonio Giufrè Editore, 1953.
ALFONSO, Luciano Parejo. Los actos administrativos consensuales. Revista de
Direito Administrativo e Constitucional A & C, Belo Horizonte, v. 13, 2003.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. A concepção pós-positivista do princípio da
legalidade. Revista de Direito Administrativo, v. 236, 2004. p. 51-64.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 28. ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
CASSESE, Sabino. Le Basi del Diritto Administrativo. 6. ed. Milão: Garzanti, 2000.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 10. ed. São Paulo:
RT, 2014.
LOPES, Serpa. Curso de Direito Civil. 5. ed. v. II. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1989.
MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado - parte especial: direito das
coisas: direitos reais de garantia, hipoteca, penhor, anticrese. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2012.
NANNI, Giovanni Ettore. Direito Civil e Arbitragem. São Paulo: Atlas, 2014.
Alexandre Santos de Aragão 57
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. v. II. 25. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2012.
SILVA, Vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em Busca do Acto Administrativo
Perdido. Coimbra: Almedina, 2016.
Wellington Migliari
PhD Candidate in Public International Law and International Relations, Faculty of Law,
University of Barcelona - Scholar financed by the Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Juli Ponce Solé
Tenured Professor of the Administrative Department, Faculty of Law, University of
Barcelona - Director of the Institute of Research TransJus.
Table of contents: Introduction: transparency for public-
private relationships; 1 Privatising the capital: transparency as
a legal evidence for State institutions; 2 Governance and low
compliance in private sectors for transparency; 3 Transparency
through participation as a transnational principle: international
framework and the beginning of private responsibility; 4
Conclusion: including civil actors for more transparency in
the public eye. Bibliographical References.
60 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 59-86, jul./set. 2017
role of applied ethics takes into consideration the two previous aspects of
ethics, but going further using international analogies for specific cases to
standardise effective protocols of governance. Iceland and United States
have represented the three-dimensions of global ethics in two cases after
the 2008 financial crisis, i.e., the public res depends on private capital and
regulation does not exempt private corrupters in paying literally the price
for their illicit actions. In that case, we derive energies from public and
private conflicts to distributive justice in John Rawls’ words meaning
capital and natural resources should be accessed equally with the support
of democratic States limiting the excesses caused by private greed. 12
Spain
morality on transparency and governance from international law freely expressed by the States in
agreements, documents and governance to adequate global private sectors in areas such as financial
market, property and trade.
12 RAWLS, John. 1999. “Distributive Shares”, in A Theory of Justice. Cambridge: Harvard University Press.
Robert Keohane and other authors have approximate assumptions on regimes, international law and
private interests in global order for regimes. See Goldstein, Judith, Miles Kahler, Robert O. Keohane
and Anne-Marie Slaughter. 2000. “Introduction: Legalization and World Politics”, International
Organization, 54 (3): 385–89.
13 See the Spanish Official Gazette, «BOE» núm. 89, de 13 de abril de 2010, páginas 38932 a 38932 (1 pág.),
about contracts, prices and public money in “Acuerdo de la Dirección General de la Sociedad Estatal
de Infraestructuras del Transporte Terrestre, Sociedad Anónima (SEITT) por la que se hace pública
información relativa a diversos contratos de obra licitados por la Sociedad; «BOE» núm. 44, de 20 de
febrero de 2003, páginas 1349 a 1350 (2 págs), Resolución del Ayuntamiento de Las Rozas de Madrid por
la que se hace público las adjudicaciones efectuadas en el año 2001; «BOE» núm. 267, de 4 de noviembre
de 2016, páginas 67621 a 67622 (2 págs), Anuncio del Ayuntamiento de Madrid por el que se hace pública
la formalización del contrato de gestión del servicio público, modalidad concesión, de contenerización,
recogida y transporte de residuos en la ciudad de Madrid.
14 Fundación Civio [on-line]. ¿Quíen cobra la obra? [Accessed on 17 January 2016]. Available at: <http://
www.civio.es/dev/wp-content/uploads/2016/11/NP_Quiencobralaobra_20161116.pdf>.
Wellington Migliari
Juli Ponce Solé 65
The speculative rating firms have also the power to construct the
images of cities based on investments which are measured mainly by the
political facet governments assume. The case of Barcelona shows us the
effect of a transparent administration and the positive externalities for
private sectors as we can see in Moody’s Report: “The Baa2 rating reflects
the city’s good budgetary management and solid financial fundamentals
in recent years, which have ensured a high self-financing capacity and,
as a result, a limited debt burden. This is mainly reflected in high gross
operating balances (20% of operating revenue on average for 2010-14)
and moderate debt levels (41% of operating revenue in 2014). The rating
also reflects Barcelona’s good liquidity position, with abundant cash on
hand and limited debt obligations”. 16 Is the capacity of private companies
interested in positive marginal returns a sort of corruption? In Warsaw,
Poland, public debt clock is a very eloquent sign in the public eye for a
topic that the citizenship understood as a very useful tool for transparency
impeding the monopoly of the information in the hands of the rating
firms.17 It also means the public eye considers or at least suspects of both
State and private initiatives.
Brazil
opinion turned on State, but alleviating the private sector was involved in
the scandal. Because of that blurring limit of what is corruption, that is to
say, only the State or public administrations are demonized, we miss the
point observing critically the level of involvement of the private capital
in the public life. As the City of Barcelona, for instance, the degree of
investment by international financial agencies such as the Fitch Ratings
given to the São Paulo Municipality dictates the areas the public money
will be invested. So, the core of general interest operates regarding what is
convenient for the private good. The city was awarded with AA+ in national
level and BBB- in global scale for what is commonly said “good payer”. 18
What does that mean? Low credit risk and high financial responsibility in
the public fiscal accounts for future investors. Is that relation of influential
investors a sort of corruption relying on a perverse public debt system?
The Brazilian modus operandi for corruption goes beyond the private
sector interfering directly in the economy, but it has also to do with the
public debt system and oligopoly of the means of communication. 19 The
cases of corruption during the 2014 World Cup were also emblematic and
in the perception of the Brazilian citizenship, but they did not generate
financial consequences for the Swiss institution. 20
Three hot topics about São Paulo State must be commented. The
first one is about a case of corruption related to catering contracts for State
schools. Some civil servants and politicians produced the appearance of
open-free competition to hire food suppliers, but in fact members of the
São Paulo State government took part of a fraud in which they accepted
bribes from the Cooperative Orgânica Familiar (COAF) to benefit the
private company. The other one refers to a giant infrastructure project
called Rodoanel. The investment was defended as a way to promote the
integration of massive highways from different parts of Brazil creating a
ring around the centre of São Paulo Municipality to alleviate the traffic jam.
Both scandals were not object of preventive actions like public hearings,
participative audits, open-governments practices to check the authenticity
in the competition, accessible data on internet about the contract and an
efficient criminal justice seizing the private patrimony in case of evident
fraud as a manner to compensate the general interest. The third case
is about the low-quality services to keep the penitentiary system for
18 Available at: <http://www.capital.sp.gov.br/portal/noticia/7250#ad-image-0>.
19 SOUZA, Jessé. 2015. A Tolice da Inteligência Brasileira. São Paulo: Leya. Read also Souza, Jessé. 2016. A
Radiografia do Golpe. São Paulo: Casa da Palabra-Ley.
20 Francisco Gabriel Ruiz Sosa. 2014. “The Paradox of the Order and Progress in Brazil: the
Demonstrations before, during and after the 2014 World Cup”, Desbordes Revista de Investigaciones de la
Escuela de Ciencias Sociales, Artes y Humanidades, 5 (1): 91-96.
Wellington Migliari
Juli Ponce Solé 67
adolescents who are seriously involved in torts, drug dealing and other
crimes. The project Fundação Casa consumes a mine of gold every year
and its administration by the private sector very opaque. 21
Iceland
21 The legal diploma 911/2002 Complementary Act of the State of São Paulo concentrates the power
of investigation in cases of irregularity. The 34/2012 São Paulo State Constitutional Amendment
reinforces that control. Available at: <https://www4.tce.sp.gov.br/6524-conjurcom-oab-sp-diz-ser-
urgente-criacao-cpi-para-investigar-escandalo-merenda>, <http://portal3.tcu.gov.br/portal/page/
portal/TCU/imprensa/noticias/repositorio_noticias/Acordo%20com%20Minist%C3%A9rio%20
P%C3%BAblico%20para%20obras%20no%20rodoanel%20de%20S and http://www.conjur.com.br/2015-
jan-12/perspectiva-caixa-preta-fundacao-casa>.
68 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 59-86, jul./set. 2017
United States
Barcelona
The 1978 Spanish Constitution says in its Article 9.2 public powers
shall remove all obstacles that impede the exercise of citizenship and
its participation in social, political and economic issues. The Provision
105 affirms a Spanish Act will regulate public hearings and the access
to documents except those ones considered under the scrutiny of State
security. The 19/2013 Spanish Act on Transparency and Good Government
(SATGG) affirms the access to information through technologies in its
Article 10 in different matters. Control of public administrations’ practices,
statistics, public budget, juridical information and other issues evolving
institutional organisation of domestic institutions are some of the topics
under the umbrella of a concept called active publicity. 27 Apart some
exceptions based upon the principle of national security and military
defense provided for the Article 14, we find constitutional mechanisms
27 The Article 5 of the Act sets the stage for the making of publicity practices. It opens the Chapter offering
a corollary of principles that converge expectations of good administration on international grounds.
The Articles 6 to 9 bring details to a myriad of possibilities in making less opaque administrative life.
Wellington Migliari
Juli Ponce Solé 71
28 The president of the Commission is designated by Real Decree, i.e., the executive power in office. One
senator and one parliamentary representative meet political reasons that are not necessarily the interests
of a general citizenship over a specific political agenda of one party.
29 The article received a complex set of enacted legislation against corruption or “bad” government. See
the following letters from the Article 39.1, SATGG: “a) Las disposiciones de la Ley 47/2003, de 26 de
noviembre, General Presupuestaria, que le sean de aplicación. Anualmente elaborará un anteproyecto
de presupuesto con la estructura que establezca el Ministerio de Hacienda y Administraciones Públicas
para su elevación al Gobierno y su posterior integración en los Presupuestos Generales del Estado. b)
El Real Decreto Legislativo 3/2011, de 14 de noviembre, por el que se aprueba el Texto Refundido de
la Ley de Contratos del Sector Público. c) La Ley 33/2003, de 3 de noviembre, del Patrimonio de las
Administraciones Públicas, y, en lo no previsto en ella, por el Derecho privado en sus adquisiciones
patrimoniales. d) La Ley 7/2007, de 12 de abril, del Estatuto Básico del Empleado Público, y las demás
normas aplicables al personal funcionario de la Administración General del Estado, en materia de
medios personales. e) La Ley 30/1992, de 26 de noviembre, de Régimen Jurídico de las Administraciones
Públicas y del Procedimiento Administrativo Común, y por la normativa que le sea de aplicación, en lo
no dispuesto por esta Ley, cuando desarrolle sus funciones públicas”.
30 Henríquez Salido, y Maria do Carmo. 2014. “La Fórmula in Dubio en la Jurisprudencia Actual”, Revista
de Llengua i Dret, 62 (1): 5-22
72 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 59-86, jul./set. 2017
São Paulo
The 16.050/2014 São Paulo Urban Planning Act is a refined and advanced
norm devoted to the principles we pointed out before as a multilevel transparent
tool. It is a legal apparatus for a broad range of matters such as environment,
green protected areas, common space, education, municipal health system,
sports, urban land of cultural interest and landscape. The Article 290 of the
norm defends the refinement of public mechanisms and comptrollers about the
use of natural resources. That provision is inserted in the urban planning act
as a manner to establish environment, green and commons areas as a matter
of public interest. Citizenship, participation and transparency are crucial in that
sense. The Article 390 says strategic actions and democratic management are
needed for social policies in municipal jurisdiction. The Part I affirms the idea
of fortifying participative administration and civil society control on social
policies in the field of social assistance. Municipal boards divided into sectors
such as protective ones for the defense of children and adolescents. Elderly people
and organisations for a better quality of life are some of the other boards with
participative authorities. Part II makes explicit transparency and collective
participation as two mechanisms for managing the monetary funds related to
social assistance, elderly people policies, child and adolescent care. The Article
317 uses the same formula about control, participation and transparency in
urban land of cultural interest and landscape. The Part II of that provision
says the board in these matters shall be created on the principle of equity with
representative of public power and civil society to follow, assess and pass plans,
policies and studies related to the topics of the caput. The § 1 defends also public
audits with social participation from representative groups of society.
So, why are these practices prone to good administration than good
governance? Mainly for the fact they invert the actor of control in public
policies, the power of police and access to information. Citizenship, civil
society and collectives are the actors able to interact as any other public
agent or official with public matters. The question is why do we need public
servers then? The public employees are mediators of a complex task to be
conducted. Available information, the executive responsibility in making
transparent data beforehand and full access of information for individuals
conform the constructs of a democratic public administration. The Article
322 of the 16.050/2014 São Paulo Urban Planning Act corroborates
multilevel transparency in municipal system for urban issues.31 Much before
the approval of the norm in question, the municipality incentivised civil
31 Civil society participation was formalised by the Planning Act on the 30 of June 2014 when the
Municipal Parliament passed the norm. It started being valid on the 31 of July 2014. However, there
were meetings happening before August.
Wellington Migliari
Juli Ponce Solé 73
32 We understand public hearings as meetings, election for representatives of any kind and debates of any
topic not necessarily a decision-making assembly.
33 Along 2014, there were 1 meeting in March, 1 in April, 4 in June, 1 in July, 5 other meetings in August,
1 more in October and 1 meeting in December. In 2015, 1 in February and the last one in April.
Available at: http://planejasampa.prefeitura.sp.gov.br/biblioteca/atas/.
34 Available at: http://planejasampa.prefeitura.sp.gov.br/biblioteca/atas/.
35 The Federal Act 8.248/1991 converts the notion of best offer relying on the aspect of coherence into
an opaque practice. Public administrations must contract those products and services considered the
best one, but preferably items suitable to the Brazilian legislation and serving national interests. Under
that logic, it is hard for citizenship to have any idea if there is in fact an effective practice to meet the
expectations of a good administration in all federative levels.
74 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 59-86, jul./set. 2017
36 The principle of transparency is only referred explicitly in its Article 216-A, IX, but curiously in matters
evolving culture. The Constitutional Amendment Nº 71, 2012, reinforces the vote of the constituency
during the 1980s. Transparency and the obligation of sharing information are the two tasks expected to
be conducted by the public federal powers in the National System of Culture. Rouanet 8.313 Act, Article
4, § 1, National Programme for Culture Support, says the Ministry of Culture shall control the funds for
artistic projects, but there are not tools of citizenship participation nor transparent agendas imposed for
the highest board in the matter.
37 Available at: <http://www.transparencia.sp.gov.br/>.
Wellington Migliari
Juli Ponce Solé 75
Council of Europe
European Union
Mercosur
reassured by the Protocol of Ushuaia (1998) in its Article 1 and the following
provisions.49 But the civil participation and practices close to transparent
governments started being institutionalised by the MERCOSUR’s actions
after the Protocolo Constitutivo del Parlamento de MERCOSUR (2005).
The Article 2.4 affirms the right to civil participation and representation
in the organism. In the point 5 of the same provision, values related to
citizenship and collective consciousness’ construction are mentioned. The
Article 3.2 says the principle of transparency is important to right of access
to information and the decision-making process. Trust and citizenry
participation are stimulated by transparent practices among member
States. According to the Article 4.9, the MERCOSUR Parliament is in
charge of organising public meetings, but that competence implies also
the obligation of assembling civil society for the regional discussions.
With the intention of avoiding conflicts among public competences, the
Article 4.14 affirms there must be the harmonisation of national and
regional legal design for the pursuance of parliamentary tasks. That
aspect is similar to the multilevel transparent practice that we pointed out
previously as a trace of good administration. The MERCOSUR’s agenda
seems to be aware of the tensions created by hierarchical and top-down
institutional models of governance. The Parliament’s activities tend to
be more open and democratic, but mainly central as a political basis for
the administrative task. It does have to do with the political debate and
citizenship participation the elements for a sophisticated legal design
in which the values agreed in citizenry forums in different levels will
define relatively low pressure in domestic administrations. The Article
19 avers the qualified and ample participative model for parliamentary
acts since that political body is able to enact studies on specific topics,
projects and anti-projects for norms, declarations and recommendations
among others. Re-stating the provision, if the political exercise of the
MERCOSUR Parliament does not comply with civil society, the organism
de-characterises its own existence. So, private sector and capital are objects
of transparent practices.
International Organization
vernunft], read Welsch, W. 2013. “Reason and Transition: on the Concept of Transversal Reason”,
Scholarly Publications. Available at: <https://ecommons.cornell.edu/handle/1813/54>.
58 COX, R. W. 2000. “Thinking about Civilizations”, Review of International Studies, 26 (5): 217–234.
59 BROWN, C. 1999. “History Ends, Worlds Collide”, Review of International Studies, 25 (5): 41-57.
60 POWELL, W. 1990. “Neither Market Nor Hierarchy: Network Forms of Organization”, Research in
Organizational Behavior, 12 (1): 295-336.
84 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 59-86, jul./set. 2017
formal elements to be judged. When the abuse of the economic power was
understood as a clear method of making money in Iceland and United
States, the public authorities stayed at the side of the international public
opinion. Therefore, transparency has reached two objectives. One of them
was less opaque relations in public-private relations as an effective means
of judgment with the support of abstract principles, i.e., accountability and
responsiveness. The other one derives from a transversal rationality which
is simply the comprehension of facts or events not necessarily determined
by pure geographical or national frontiers. It is a phenomenon that has
chased the international capital corruption not the States as we saw in
Occupy Wall Street and 15-M.
Bibliographical References
FRANCISCO GABRIEL RUIZ SOSA. 2014. “The Paradox of the Order and
Progress in Brazil: the Demonstrations before, during and after the 2014
World Cup”, Desbordes Revista de Investigaciones de la Escuela de Ciencias
Sociales, Artes y Humanidades, 5 (1): 91-96.
MICK MOORE. 1989. “The Fruits and Fallacies of Neoliberalism: the Case
of Irrigation Policy”. World Development, 17 (11): 1733-1750.
SOLE, Juli Ponce. 2011. “EU Law, Global Law and the Right to Good
administration”, in Chiti, Edoardo and Bernardo Giorgio Matarella (eds.),
Global Administrative Law and EU Administrative Law. Relationships, Legal
Issues and Comparisons. Berlín: Springer.
INTRODUÇÃO
3 GARGARELLA, Roberto. La dificuldade de defender el control judicial de las leyes. Disponível em: <http://
www.cervantesvirtual.com/obra/la-dificultad-de-defender-el-control-judicial-de-las-leyes-0/>. Acesso
em: 27 jun. 2015.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 91
(1) The expansion of the province of the court sorthe judges at the
expense of the politicians and/orthe administrators, thatis, the transfer
of decision-making rights from the legislature, the cabinet, or the civil
service to the courts, or, at least; (2) The spread of judicial decision-
making methods out side the judicial province proper.7
4 VALLINDER, Torbjörn; TATE, Chester Neal. The Global Expansion of Judicial Power: The
Judicialization of Politics. New York, New York University. 1995.
5 KOERNER, Andrei; MACIEL, Debora Alves. Sentidos da judicialização da política: duas análises.
Revista Lua Nova, n. 57, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n57/a06n57>. Acesso em:
03 out. 2015. p 114.
6 BARBOSA, Claudia Maria. A legitimidade do exercício da jurisdição constitucional no contexto da
judicialização da política. In: BARRETO, V.; DUARTE, F.; SCHWARTZ, G. Direito da sociedade
policontextural. Curitiba: Appris, 2013.
7 “(1) A competência das cortes e dos juízes, em detrimento dos políticos e dos administradores, quer dizer, a
transferência do poder decisório do legislativo, do executivo ou da administração pública para as cortes ou, pelo
menos, (2)a propagação dos métodos próprios de tomadas de decisão judicial para além da jurisdição apropriada”.
8 WALDRON, Jeremy. A dignidade da legislação. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 197
92 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 87-108, jul./set. 2017
9 GARGARELLA, Roberto. La dificuldade de defender el control judicial de las leyes. Disponível em: <http://
www.cervantesvirtual.com/obra/la-dificultad-de-defender-el-control-judicial-de-las-leyes-0/>. Acesso
em: 27 jun. 2015.
10 VALLE, Vanice Regina Lírio do. Backlash à decisão do Supremo Tribunal Federal: pela naturalização do dissenso
como possibilidade democrática. Disponível em: <http://www.academia.edu/5159210/Backlash_%C3%A0_
decis%C3%A3o_do_Supremo_Tribunal_Federal_pela_naturaliza%C3%A7%C3%A3o_do_dissenso_como_
possibilidade_democr%C3%A1tica>. Acesso em: 28 jun. 2015.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 93
2 CONCEITO DE BACKLASH
Como já dito, o caso Roe versus Wade, julgado em 1973 pela Suprema
Corte norte americana é tido como a origem do Backlash. Nele se discutia
a legalização do aborto no caso de violência contra a mulher, no entanto
a Suprema Corte opinou pela descriminalização do aborto e que esse era
um direito das mulheres, como consequência do direito à privacidade
protegido pela Emenda nº 14 à Constituição norte-americana.
13 POST, Robert and SIEGAL, Reva B., Roe Rage: Democratic Constitutionalism and Backlash. Harvard
Civil Rights-Civil Liberties Law Review, 2007; Yale Law School, Public Law Working Paper N. 131.
Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=990968>. Acesso em: 23 jun. 2015. p. 12.
14 Segundo a teoria minimalista defendida por SUNSTEIN (que remete à autocontenção) a corte não deveria
dizer mais do que o necessário para justificar o resultado, e deixar o máximo possível não decidido.
15 Sobre osistema estadunidense e o ativismo, vide o artigo de Estefania Maria de QUEIROZ BARBOZA
e Kata KOZICKI: O Judicial Review e o ativismo judicial da Suprema Corte americana na proteção de
direitos fundamentais. Espaço Jurídico: Journal of Law [EJJL], v. 17, n. 3, p. 733-752, 2016. Disponível em:
<https://editora.unoesc.edu.br/index.php/espacojuridico/article/view/8750/pdf>. Acesso em: 06 abr. 2017.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 95
mecanismo desejável, que colabora para a rápida prestação da justiça”, por outro
lado, alguns doutrinadores vislumbram no instituto uma “forma de invasão
da função jurisdicional no âmbito de atuação próprio do Poder Legislativo”16.
16 MENDONÇA, Grace Maria Fernandes. O Ativismo Judicial Na Modulação Temporal dos Efeitos
da Decisão Declaratória de Inconstitucionalidade. Revista da AGU, [S.l.], mar. 2016. ISSN 2525-
328X. Disponível em: <http://seer.agu.gov.br/index.php/AGU/article/view/793/687>. Acesso
em: 05 abr. 2017.
17 POST, Robert and SIEGAL, Reva B., Roe Rage: Democratic Constitutionalism and Backlash. Harvard
Civil Rights-Civil Liberties Law Review, 2007; Yale Law School, Public Law Working Paper No. 131.
Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=990968>. Acesso em: 23 jun. 2015. p. 82.
18 Ibidem, p. 3-4.
96 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 87-108, jul./set. 2017
25 Participaram do processo como amicus curiae entidades como o IBDFam (Instituto Brasileiro de
Direito de Família), GRUPO ARCO-ÍRIS DE CONSCIENTIZAÇÃO HOMOSSEXUAL, GRUPO
DE ESTUDOS EM DIREITO INTERNACIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS
GERAIS - GEDI-Ufmg, CENTRO DE REFERÊNCIA DE GAYS, LÉSBICAS, BISSEXUAIS,
TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E TRANSGÊNEROS DO ESTADO DE MINAS GERAIS -
CENTRO DE REFERÊNCIA GLBTTT entre outros.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 99
26 Em Goiânia, o juiz titular da Vara da Fazenda Pública anulou de ofício um contratode reconhecimento
de união estável mesmo após a decisão do Supremo e determinou que cartórios se recusassem a
registrar esse tipo de união. A decisão foi posteriormente cassada pela Corregedoria do Tribunal de
Justiça de Goiás. Conferir em: < http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/06/juiz-goiano-anula-uniao-
homoafetiva-e-oab-contesta.html> e <http://g1.globo. com/politica/noticia/2011/06/tj-go-cassa-
decisao-que-anulou-uniao-estavel-de-casalgay.html>. Acesso em: 24 abr. 2016.
Lênio Streck (2009), entende ativista a conduto do Supremo. Vide em: <http://leniostreck.blogspot.com.
br/2011/06/sobre-decisao-do-stf-unioes.html>. Acesso em: 24 abr. 2016.
27 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou durante sua 49ª Assembleia Geral, reunida
em Aparecida (SP) realizada em 2011, uma nota na qual estranha que o Supremo Tribunal Federal (STF)
tenha se pronunciado sobre a união homoafetiva, porque, em sua avaliação, o exame da matéria caberia
ao Legislativo. “Preocupa-nos ver os poderes constituídos ultrapassarem os limites de sua competência,
como aconteceu com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal”, afirma o documento”. Notícia
veiculada em 11 de maio de 2011 no site do Jornal do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://
politica.estadao.com.br/noticias/geral,cnbb-critica-decisao-do-stf-sobre-uniao-homoafetiva,717854>.
Acesso em: 06 abr. 2017.
28 FVG – Fundação Getulio Vargas. Pesquisa: Decisões do Supremo Tribunal Federal. Disponível em:
<http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Pesquisa_STF_Opiniao_Publica.pdf>. Acesso em:
08 dez. 2015.
100 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 87-108, jul./set. 2017
29 FALCAO, Joaquim; OLIVEIRA, Fabiana Luci de. O STF e a agenda pública nacional: de outro
desconhecido a supremo protagonista? Lua Nova, São Paulo, n. 88, p. 429-469, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452013000100013&lng=en&nrm=i
so>. Accesso em: 09 dez. 2015.
30 Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/pesquisa-aponta-que-55-dos-brasileiros-
e-contra-uniao-civil-de-homossexuais.html>. Acesso em: 28 jun. 2015.
31 Em 01 de julho de 2012, um casal homossexual teve o pedido de habilitação para casamento negado pela
juíza Sirlei Martins da Cosa, da 1ª Vara de Família e Sucessões de Goiânia. Disponível em: <http://
noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/07/06/juiza-contraria-determinacao-do-stf-e-
nega-pedido-de-casamento-homoafetivo-em-goiania.htm>. Acesso em: 07 jul. 2015.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 101
Outra reação a essa decisão e que pode ser considerada como retrocesso em
termos de reconhecimento de direitos e igualdade entre pessoas homossexuais,
é o projeto de lei conhecido como Estatuto da Família (Projeto de Lei 6583/13).
Conforme o relatório do deputado Diego Garcia (PHS-PR), esse projeto define
a família como o núcleo formado a partir da união entre um homem e uma
mulher, retirando o status de família assegurado pela decisão do STF.
4 CONCLUSÃO
36 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 30 DF. Disponível
em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2243411>. Acesso em: 30
jun. 2015. p. 14.
Adriana Timoteo dos Santos Zagurski 105
Por outro lado, o Judiciário não pode ficar alheio ao nomos social
existente. STF deve dialogar com os demais com os demais atores em
busca de um possível consenso.
REFERÊNCIAS
37 VIEIRA, José Ribas et all. Reação às “Jornadas de Junho” passa pelo campo jurídico. Disponível em: <http://
www.conjur.com.br/2013-jul-07/25-anos-constituicao-federal-1988-jornadas-junho#author>. Acesso
em: 30 jun. 2015.
38 BARROSO, Luis Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Revista de Direito
do Estado, Rio de Janeiro, n. 13, jan./mar. 2009 Disponível em: <http://www.plataformademocratica.
org/Publicacoes/12685_Cached.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2014.
106 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 87-108, jul./set. 2017
POST, Robert C.; SIEGEL, Reva B. Por una reconciliación entre Constitución y
pueblo.Buenos Aires: SigloVentiuno, 2013.
VIEIRA, José Ribas et all. Reação às Jornadas de Junho passa pelo campo
jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-jul-07/25-anos-
constituicao-federal-1988-jornadas-junho#author>. Acesso em: 30 jun. 2015.
Abstract: The aim of the present work is to discuss the main concepts
of the work Truth and Method of Hans-Georg Gadamer, an essential
author in the development of hermeneutics in the 20th century, and
then to approach some approximations with law and its consequences.
Influenced by Martin Heidegger, he´s demonstrated, in the work at hand,
the nature of human understanding, and that language is seen, with
the linguistic turn, as a means of understanding the individual in the
world. He relies on Heidegger’s teachings in the sense that the subject is
immersed in a historical-linguistic context, which shapes and provides
a horizon of meanings for reaching truth in an interpretative act. To
this end, Gadamer says that interpretation comes from the existence of
pre-judgments, and it is because of tradition that the interpreter speaks
Law and about Law, thus forming more suitable interpretations.
Introdução
1 MARTINI, Ângela. O ato de julgar como atividade concretizadora da constituição: uma proposta à luz da
hermenêutica filosófica. 2006. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Vale
dos Sinos, São Leopoldo, 2006. Disponível em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/
UNISINOS/2372/o%20ato%20de%20julgar.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 out. 2016.
2 MOREIRA, Rui Verlaine Oliveira; MENDES, Ana Araújo Ximenes Teixeira. A eficácia das normas
constitucionais e a interpretação pragmática da Constituição. THEMIS - Revista da Escola Superior da
Magistratura do Estado do Ceará, v. 6, n. 2 (2008). Disponível em: <file:///C:/Users/515/Downloads/197-
678-1-PB.pdf>. Acesso em: 31 out. 2016.
3 PEDRON, Flávio Quinaud. O giro linguístico e a auto-compreensão da dimensão hermenêutico pragmática
da linguagem jurídica. Vox Forensis, Espírito Santo do Pinhal, n. 1, v. 1, p. 199-213, jan./jun. 2008.
112 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 109-128, jul./set. 2017
6 GRODIN, Jean. Introdução à hermenêutica filosófica. São Leopoldo: Unisinos, 1999. p. 23.
7 ABBOUD, Georges; OLIVEIRA, Rafael Tomaz de; CARNIO, Henrique Garbellini.Introdução à teoria e à
filosofia do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 418.
8 Ibidem, p. 419.
114 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 109-128, jul./set. 2017
todo para a parte e da parte para o todo, de modo a apurar sua compreensão
a cada movimentação efetuada9”.
10 LOPES, Ana Maria D’Ávila. A hermenêutica jurídica de Gadamer. Disponível em: <https://www2.senado.
leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/560/r145-12.pdf?sequence=4>. Acesso em: 9 abr. 2017.
116 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 109-128, jul./set. 2017
o princípio, para a alteridade do texto, mas essa receptividade não pressupõe nem neutralidade em
relação à coisa nem tampouco autoanulamento, mas inclui a apropriação das próprias opiniões prévias e
preconceitos, apropriação que se destaca destes“ (GADAMER, op. cit., p. 358).
16 Ibidem, p. 407.
Ana Cláudia Fagundes Oliveira Nobre Zanoni de Paula 119
A noção de tradição deve ser aqui abordada, pois a verdade deve ser
buscada a partir de expectativas de sentido que nos dirigem e provêm de
nossa tradição específica, em relação a qual nós estamos subordinados.
Nas palavras de Oliveira17, “onde quer que compreendemos algo, nós o
fazemos a partir do horizonte de uma tradição de sentido, que nos marca
e precisamente torna essa compreensão possível”.
Com efeito, como nos elucida Oliveira & Moura20, a fusão de horizontes
ocorre por meio da interpretação, em que a “atividade interpretativa implica
a produção de um texto novo, que é obtido através da adição de sentido
que é dada pelo intérprete dentro de uma concepção dialógica”.
17 OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática. São Paulo: Loyola, 1996. p. 228.
18 OLIVEIRA, Daniela Rezende de.; MOURA, Rafael Soares Duarte de. Apontamentos acerca da pré-
compreensão e da compreensão nas Teorias Hermenêuticas de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer e suas
implicações no ato de julgar. Disponível em: <http://revista.tce.mg.gov.br/Content/Upload/Materia/1131.
pdf?>. Acesso em: 29 out. 2016.
19 Ibidem.
20 Ibidem.
120 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 109-128, jul./set. 2017
cada nova situação irá requerer uma nova aplicação da norma, pois a
sua generalidade e sua historicidade impedem uma aplicação imediata.
No Direito, não existe um processo interpretativo independente da
aplicação da norma, já que só nesse momento é possível compreender
todo o seu sentido, é ali que se fundamenta sua validade. Compreensão,
interpretação e aplicação não são três momentos autônomos, mas
interdependentes. A autonomia interpretativa só existiria se se
entendesse a aplicação jurídica como uma simples subsunção da norma
ao caso concreto, afastada da sua historicidade (LOPES, 2000).
4 Conclusão
Referências
STRECK, Lênio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise. 11. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2013.
Recebido em: 15/03/2017
Aprovado em: 03/05/2017
Camila Pintarelli
Mestre e Doutoranda em Direito Econômico pela PUC/SP
Membro da Comissão de Direito Administrativo da OAB/SP - Seção São Paulo
Procuradora do Estado de São Paulo
INTRODUÇÃO
1 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro :
Zahar, 2008. p. 43-44.
2 Dados obtidos junto à Organização Internacional do Café (ICO – International Coffee Organization), que
divulgou que em 2014, 150,2 milhões de sacas de 60kg de café foram consumidas no mundo. Informações
disponíveis em: <http://www.ico.org/monthly_coffee_trade_stats.asp>. Acesso em: 01 mar. 2016.
132 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 129-154, jul./set. 2017
3 LUSHER, Adam. Inventor of the coffee capsule “ feels bad” for environmental damage – and prefers to use
filters. Independent. Março/2015. Disponível em: <http://www.independent.co.uk/life-style/food-and-
drink/news/inventor-of-the-coffee-capsule-feels-bad-for-environmental-damage-and-prefers-to-use-
filters-10083379.html>. Acesso em: 30 mar. 2016.
4 FONSECA, Danielle. Cápsulas de café atraem mais investimentos. Jornal do Café – ABIC. ed.
193. Rio de Janeiro, fev/2016, p. 16. Disponível em: <http://issuu.com/abic/docs/jc_193_saida_
web_/1?e=4956551/33236891>. Acesso em: 23 mar. 2016.
5 Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=59&infoid=5125>.
Acesso em: 23 mar. 2016.
6 Reportagem produzida pela Band Terra Viva. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/
cgilua.exe/sys/start.htm?sid=59&infoid=5334>. Acesso em: 30 mar. 2016.
7 O artigo 3º, incisos XV e XVI, da Lei Federal n. 12.305/2010, traz o que seria considerado rejeito e
resíduo sólido para as finalidades da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Camila Pintarelli 133
aos reflexos na seara tributária trazidos pela tutela ao meio ambiente via
gestão de resíduos sólidos e pelo consumo sustentável.
12 SCANTIMBURGO, João de. O café e o desenvolvimento do Brasil. São Paulo : Melhoramentos / Secretaria
de Estado da Cultura, 1980. p. 14-20.
13 FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 6. Reimpressão. São Paulo : Companhia das Letras,
2007. p. 168-169 e 172.
136 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 129-154, jul./set. 2017
23 Em pesquisa no varejo realizada no mês de março/2016, constatamos que enquanto o quilo do café
gourmet torrado para expresso com qualidade certificada era comercializado por R$ 28,00 com
rendimento aproximado de 100 xícaras, a mesma quantidade de monodoses de café em cápsula, caso
comercializadas pela líder do segmento de café em cápsulas no Brasil, seria vendida, em sua versão mais
econômica, por cerca de R$ 175,00.
24 A título de exemplo, citamos estudo veiculado pela conceituada revista Nature sobre a presença, na
bandeja repositória das cápsulas das máquinas Nespresso, de bactérias desenvolvidas a partir da cafeína.
VILANOVA, C. et al. The coffee-machine bacteriome: biodiversity and colonization of the wasted coffee
tray leach. Sci. Rep. 5, 17163; doi: 10.1038/srep17163 (2015). Disponível em: <http://www.nature.com/
articles/srep17163>. Acesso em: 30 mar. 2016.
25 CUNHA, Joana. Febre nas cápsulas de café não é acompanhada pela reciclagem. Folha de São
Paulo (online). Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.
htm?sid=59&infoid=5142>. Acesso em: 23 mar. 2016.
140 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 129-154, jul./set. 2017
Não é por outro motivo, aliás, que o próprio legislador positivou tais
ideias na Lei Federal n. 12.305/2010, ao estatuir, dentre os instrumentos de
gestão ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, incentivos fiscais e
creditícios (art. 8º, IX, e art. 44). Em outras palavras, a fixação de alíquotas e a
instituição de isenções tributárias deve levar em consideração as consequências,
em termos de geração de resíduos, que tal opção tributária acarretará.
31 REIS, Marcelo. O imposto de importação e suas alíquotas. Da Tarifa do Império à Tarifa Externa
Comum. Revolução EBook, abr. 2015, posição 546.
32 Ibid.
Camila Pintarelli 143
Mercosul, e suas alterações podem ser levadas adiante de forma unilateral pelo
país (por intermédio da Camex) ou através de consenso entre os países do bloco.
33 GRAU, Eros. A ordem econômica na Constituição de 1988. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
34 BOMFIM, Diego. Tributação & Livre Concorrência. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 102.
Camila Pintarelli 145
36 Art. 8º, IX, Lei Federal n. 12305/10 - São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre
outros: [...] IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios.
Art. 44, Lei Federal n. 12305/10 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais,
financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000
(Lei de Responsabilidade Fiscal), a: I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento
e à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional; II - projetos relacionados à
responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas
físicas de baixa renda; III - empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela relacionadas.
37 Art. 7º, II, Lei Federal n. 12305/10 – São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: [...] II - não
geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos.
Art. 9º, Lei Federal n. 12305/10 – Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a
seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
148 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 129-154, jul./set. 2017
Indo mais além, percebemos que a tributação aqui acaba por estimular
o consumo não sustentável, premiando com isenção tributária aqueles que
optem por importar café em cápsulas e suas respectivas cafeteiras, sem
qualquer contrapartida ambiental atrelada ao descarte das cápsulas usadas,
o que contraria toda a lógica conceitual que envolve a extrafiscalidade.
3 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BOMFIM, Diego. Tributação & Livre Concorrência. São Paulo: Saraiva, 2011.
GELLES, David. Keurig’s new K-cup Coffee is recyclable, but Hardly Green.
New York Times (online). Abr. 2016. Disponível em:<http://www.nytimes.
com/2016/04/17/business/energy-environment/keurigs-new-k-cup-coffee-
is-recyclable-but-hardly-green.html?smid=tw-nytimes&smtyp=cur&_r=0>.
Acesso em: 04 maio 2016.
GRAU, Eros. A ordem econômica na Constituição de 1988. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 2008.
154 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 129-154, jul./set. 2017
KOTTASOVA, Ivana. This German city just banned coffee pods. CNN Money
International. Fev. 2016. Disponível em:<http://money.cnn.com/2016/02/23/news/
coffee-pods-banned/index.html>. Acesso em: 30 mar. 2016.
LUSHER, Adam. Inventor of the coffee capsule “ feels bad” for environmental
damage – and prefers to use filters. Independent. mar. 2015. Disponível
em:<http://www.independent.co.uk/life-style/food-and-drink/news/
inventor-of-the-coffee-capsule-feels-bad-for-environmental-damage-and-
prefers-to-use-filters-10083379.html>. Acesso em: 30 mar. 2016.
______. BAND TERRA VIVA. Vendas de capsulas de café deve triplicar até
2019. 2016. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/
sys/start.htm?sid=59&infoid=5334>. Acesso em: 30 mar. 2016.
O PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO EM
MATÉRIA TRIBUTÁRIA, DIREITOS
FUNDAMENTAIS E O POSICIONAMENTO
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
THE PRINCIPLE OF NON-FORFEITURE IN TAX MATTERS,
FUNDAMENTAL RIGHTS AND POSITIONING OF THE FEDERAL
SUPREME COURT
INTRODUÇÃO
primeiro, ao tratar dos dispositivos afetos à matéria penal (art. 5º, XLV e
XLVI); e o segundo, dentro das disposições gerais, como penalidade pelo
cultivo ilegal de plantas psicotrópicas (art. 243) (MACHADO, 2011, p. 140).
O confisco decorrerá, então, sempre de ato administrativo ou sentença
expedida pelo Judiciário, fundamentados na lei, ou, caso contrário, poderá
ser caracterizado como medida arbitrária e contrária ao próprio Direito
(MACHADO, 2011, p. 140).
explica que nem cada tributo isoladamente, nem o sistema tributário como
carga genérica, podem atingir aquela renda mínima do cidadão necessária
para cobrir os gastos pessoais e familiares, como moradia, alimentação,
educação e saúde, etc (MACHADO, 2011, p. 144).
Por outro lado, a opinião contrária entende que não há uma possibilidade
lógica de haver um sistema confiscatório, sem que exista, inicialmente, um
ou mais tributos confiscatórios. Paulo Cesar de Castilho (2002, p. 103 apud
MACHADO, 2011, p. 144) expõe que a questão é de política fiscal, “adotada
pelo legislador constituinte na medida em que deu a cada um dos entes
federados a competência para exigir tributos, e, portanto, insuscetível de
restrições, pois goza de autorização da Carta Política”.
Aliás, deve-se ressaltar que trinta e nove por cento dos casos
de repercussão geral que se encontram no Supremo Tribunal Federal
guardam relação com o direito tributário (VIEIRA, 2013). Por outro lado,
estima-se que as ações tributárias existentes nos Tribunais Superiores,
especificamente Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça,
podem causar um impacto estimado de R$ 350 bilhões para os contribuintes
ou para o fisco, a depender dos resultados dos julgamentos (LÉLLIS, 2013).
Logo, conclui-se que a análise da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, no que diz respeito à vedação de utilização de tributos com efeito
confiscatório, se mostra de suma importância.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BORBA, Cláudio. Direito tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004.
BORGES, José Souto Maior. Revista tributária e de finanças públicas. 40. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
BRASIL. Código Tributário Nacional: Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe
sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1966.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
CASTILHO, Paulo Cesar Baria de. Confisco tributário. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.
DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Proibição de tributos com efeito de confisco. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 24. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004a.
ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro & direito
tributário: doutrina, jurisprudência e legislações atualizadas. 20. ed. Rio de
Janeiro, Renovar, 2007.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 24. ed. São Paulo:
Malheiros, 2005.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 16. ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2009.
VIEIRA, Victor. 40% dos casos de repercussão geral são da área tributária.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-abr-04/40-processos-
repercussao-geral-stf-sao-materia-tributaria2013>. Acesso em: 25 abr. 2014.
Recebido em: 13/03/2017
Aprovado em: 02/05/2017
Considerações jurisprudenciais do
Superior Tribunal de Justiça sobre
a impenhorabilidade do bem de
família legal à luz dos princípios
da dignidade da pessoa humana e da
proteção à moradia
Jurisprudential considerations of the Superior
Court of Justice about the homestead in light of the
principle of the dignity of the human person and the
right of housing
Introdução
3 “A impenhorabilidade do bem de família não se limita apenas ao imóvel que sirva como residência
do núcleo familiar. Os princípios da dignidade humana e da proteção à família servem, in casu, como
supedâneo à interpretação da Lei n.º 8.009/90” (AgRg no Ag 1.249.531/DF, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/11/2010, DJe 07/12/2010).
4 Só em 1839, em 26 de janeiro, como visto, foi promulgada a Lei do Homestead, neste teor: “De e após
a passagem desta lei, será reservado a todo cidadão ou chefe de uma família, nesta República, livre e
independente do poder de um mandado de fieri facias ou outra execução, emitido por qualquer Corte de
jurisdição competente, 50 acres de terra, ou um terreno na cidade, incluindo o bem de família dele ou dela,
e melhorias que não excedam a 500 dólares, em valor, todo mobiliário e utensílios domésticos, provendo
para que não excedam o valor de 200 dólares, todos os instrumentos (utensílios, ferramentas) de lavoura
(providenciando para que não excedam a 50 dólares), todas ferramentas, aparatos e livros pertencentes ao
comércio ou profissão de qualquer cidadão, cinco vacas de leite, uma junta de bois para o trabalho ou um
cavalo, vinte porcos e provisões para um ano; e todas as leis ou partes delas que contradigam ou se oponham
aos preceitos deste ato são ineficazes perante ele. Que seja providenciado que a edição deste ato não interfira
com os contratos entre as partes, feitos até agora (Digest of the Laws of Texas § 3.798)” (AZEVEDO, p. 14)
5 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Bem de família internacional: necessidade de unificação. Revista dos
Tribunais, RT, São Paulo, v. 89, n. 782, p. 11-19, dez. 2000.
Fernando Natal Batista 159
6 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Execução. v. 5, JusPodivum: Salvador, 2009. p. 567.
160 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 179-172, jul./set. 2017
7 “A interpretação teleológica do Art. 1º, da Lei 8.009/90, revela que a norma não se limita ao resguardo da família.
Seu escopo definitivo é a proteção de um direito fundamental da pessoa humana: o direito à moradia” (EREsp
182.223/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/02/2002, DJ 07/04/2003, p. 209).
8 “A jurisprudência desta Corte Superior é assente no sentido de que o imóvel que se enquadra como pequena
propriedade rural, indispensável à sobrevivência do agricultor e de sua família, é impenhorável, consoante
disposto no parágrafo 2º do artigo 4º da Lei n. 8.009/1990, norma cogente e de ordem pública que tem por
escopo a proteção do bem de família, calcado no direito fundamental à moradia” (EDcl nos EDcl no AgRg
no AREsp 222.936/SP, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de 26/02/2014).
9 “O bem de família agrário é direito fundamental da família rurícola, sendo núcleo intangível -
cláusula pétrea -, que restringe, justamente em razão da sua finalidade de preservação da identidade
constitucional, uma garantia mínima de proteção à pequena propriedade rural, de um patrimônio
mínimo necessário à manutenção e à sobrevivência da família” (REsp 1.408.152/PR, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 02/02/2017).
Fernando Natal Batista 161
12 REsp 1.363.368/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
12/11/2014, DJe 21/11/2014.
Fernando Natal Batista 163
23 “A exceção prevista no art. 3º, II, da Lei n. 8.009/90 - possibilidade de se penhorar bem de família - deve
ser estendida também aos casos em que o proprietário firma contrato de promessa de compra e venda do
imóvel e, após receber parte do preço ajustado, se recusa a adimplir com as obrigações avençadas ou a
restituir o numerário recebido, e não possui outro bem passível de assegurar o juízo da execução” (AgRg
no AREsp 806.099/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 08/03/2016, DJe 14/03/2016).
24 “Para fins do art. 543-C do CPC: É legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de
contrato de locação, ante o que dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990” (REsp 1.363.368/MS, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014, DJe 21/11/2014).
168 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 179-172, jul./set. 2017
3 CONCLUSÃO
família voluntário (CC/1916, art. 70), tendo sido aperfeiçoada pela Lei n.º
8.009/1990 e mantida pelo vigente Código Civilista (art. 1.711), tornando-
se, após gradativa interpretação pretoriana, fundamental para a efetivação
do princípio da dignidade da pessoa humana, em atendimento ao escopo
sociológico consagrado na atual Constituição da República.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Bem de Família. 3. ed. São Paulo: RT, 2010.
and the one that is its product. Using the deductive method, with
emphasis on exploratory research, it will be to seen the concern to
restore dignity to the impoverished, excluded and starving individuals,
from the moment you see the need to revive human rights from the
own environmental law. The quality of dignified life, addressed on
the poverty issue, requires rethinking values, even beyond the strictly
material physicalism, bringing attention to the autonomy, integration,
diversity and respectability in social relations processes. The challenge
is allowing the participation of marginalized individuals in discussions
and spreading an environmental culture.
INTRODUÇÃO
1 COSTA, Beatriz Souza. Meio ambiente como direito à vida: Brasil, Portugal, Espanha. Belo Horizonte: O
Lutador, p.57, 2010.
Lisiane Aguiar Henrique
Sébastien Kiwonghi Bizawu 177
13 PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum. Disponível no site do
vaticano, conforme referências. 2015, p.44.
Lisiane Aguiar Henrique
Sébastien Kiwonghi Bizawu 181
21 BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Rio e Janeiro: Record, 2009. p. 69.
22 Ibid., p. 67.
23 PAPA FRANCISCO, op.cit.,p.54.
Lisiane Aguiar Henrique
Sébastien Kiwonghi Bizawu 185
4 PARTICIPAÇÃO AUTÔNOMA
“Não Fale de Mim Sem Mim, Por Mim”31. Esses foram os dizeres
de uma faixa suspensa pelo Movimento da População de Rua de Brasília/
DF, no Congresso Nacional realizado pela população em situação de rua,
acontecido em 2016, na cidade de Belo Horizonte. É uma ótima tradução
da autonomia aqui perfilhada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
36 Propõe-se, dessa forma, o problema da capacidade do movimento ambientalista para incorporar velhas
demandas populares de participação e contra a desigualdade, marginalização, exploração e submissão
que produzem os processos econômicos e políticos prevalecentes; assim, as demandas imediatas de
melhorias salariais, de propriedade da terra, do direito à moradia e aos serviços públicos podem redefinir-
se dentro das lutas pela defesa dos recursos naturais, da qualidade ambiental e da vida e as perspectivas
de um desenvolvimento sustentável, para incidir na tomada de decisões sobre novos padrões de uso dos
recursos, modelos de urbanização, formas de assentamento humano, inovação de processos e condições de
trabalho mais satisfatórios etc. Estes movimentos podem gerar uma força social capaz de internalizar as
reinvidicações ambientais nos programas do Estado e dos partidos políticos tradicionais, abrindo novas
perspectivas e espaços de participação à sociedade civil para a gestão ambiental. (LEFF, 2010, p.152).
Lisiane Aguiar Henrique
Sébastien Kiwonghi Bizawu 191
Isso se daria por uma interação de saberes, que levariam a uma consciência
ambiental (e naturalmente social), e, sobretudo, pela possibilidade de participação
dos marginalizados nas discussões, preservados em sua dignidade e em sua
autonomia, pois possuem um privilégio epistemológico nessa discussão.
REFERÊNCIAS
COSTA, Beatriz Souza. Meio ambiente como direito à vida: Brasil, Portugal,
Espanha. Belo Horizonte: O Lutador, 2010.
PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum.
Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/ documents/
papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.
INTRODUÇÃO
1 OSÓRIO, Fábio Medina. Direitos imanentes ao devido processo legal sancionador na constituição
de 1988. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva; REZEK, Francisco. Constituição Federal: avanços,
contribuições e modificações no processo democrático brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais; CEU - Centro de Extensão Universitária, 2008. p. 149-166.
2 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo; GARCIA, Flávio Amaral. A principiologia no Direito
Administrativo Sancionador. Revista Brasileira de Direito Público – RBDP, Belo Horizonte, ano 11, n. 43,
p. 9-28, out./dez. 2013.
196 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 217-214, jul./set. 2017
3 Oliveira (2009) acentua: “incontestável que tais alterações foram inspiradas em normas processuais
penais [...] tal como o prescrito nos arts. 513 a 518 do CPP”.
4 GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. 7. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013.
5 Por exemplo, no processo penal, caso seja apresentada denúncia pelo crime de roubo, mas estejam
presentes as elementares do furto, o juiz é autorizado a condenar por este último crime. No processo
civil, a sentença seria de improcedência, devendo a parte intentar nova demanda, sob pena da decisão
revelar-se extra petita, portanto, nula.
6 Nesse sentido: “[...] por imposição lógica de coerência interpretativa, que norma infraconstitucional não
pode atribuir a juiz de primeiro grau o julgamento de ação de improbidade administrativa, com possível
aplicação da pena de perda do cargo, contra Governador do Estado, que, a exemplo dos Ministros do
STF, também tem assegurado foro por prerrogativa de função, tanto em crimes comuns (perante o STJ),
quanto em crimes de responsabilidade (perante a respectiva Assembléia Legislativa). É de se reconhecer
198 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 217-214, jul./set. 2017
que, por inafastável simetria com o que ocorre em relação aos crimes comuns (CF, art. 105, I, a), há, em
casos tais, competência implícita complementar do Superior Tribunal de Justiça. (STJ – Rcl 2.790/SC,
Relator: TEORI ALBINO ZAVASCKI, Corte Especial, Julgamento: 02/12/2009).
7 Sobre a não subsistência do foro por prerrogativa na improbidade administrativa: STJ – REsp 1453854/
RJ, Relator: BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, Julgamento: 18/11/2014).
8 “Ora, diante da lacuna da Lei de Improbidade Administrativa frente ao caso apresentado, pode-se utilizar
da analogia para a determinação da base da pena de multa. No entanto, a analogia não pode ser aplicada
in malam partem, porque no âmbito do Direito Administrativo sancionador” (STJ – REsp 1216190/RS,
Relator: MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, Julgamento: 02/12/2010).
9 “Reconhecida a ocorrência de fato que tipifica improbidade administrativa, cumpre ao juiz aplicar a
correspondente sanção. Para tal efeito, não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas
previstas no art. 12 da Lei 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las
segundo a natureza, a gravidade e as consequências da infração, individualizando-as, se for o caso,
de acordo com os princípios do direito penal (STJ – REsp 926.772/MA, Relator: TEORI ALBINO
ZAVASCKI, Primeira Turma, Julgamento: 28/04/2009).
10 STJ – REsp 1259350/MS, Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, Julgamento:
22/10/2013.
11 “[...] esta Corte Superior, em reiterados precedentes, vem afastando a caracterização da improbidade
administrativa por considerar configurado o estado de necessidade [...] embora o estado de necessidade
não disponha de previsão expressa na legislação administrativa (STJ – REsp 1123876/DF, Relator:
MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, Julgamento: 05/04/2011).
12 “O inquérito civil, como peça informativa, tem por fim embasar a propositura da ação, que independe
da prévia instauração do procedimento administrativo. Eventual irregularidade praticada na fase pré-
processual não é capaz de inquinar de nulidade a ação civil pública, assim como ocorre na esfera penal,
se observadas as garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório”. (STJ – REsp
1119568/PR, Relator: ARNALDO ESTEVES LIMA, Primeira Turma, Julgamento: 02/09/2010)
Paulo Henrique Figueredo de Araújo 199
36 OTTI, René Ariel. Curso de direito penal: parte geral. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
37 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
38 TOLEDO, op. cit.
208 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 217-214, jul./set. 2017
5 CONCLUSÕES
41 O art. 103 da Constituição Federal não elenca os prefeitos municipais como legitimados para a propositura
das ações concentradas de constitucionalidade, quando a Carta Magna for o paradigma em controle.
Paulo Henrique Figueredo de Araújo 211
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, 1. 17. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012.
DOTTI, René Ariel. Curso de direito penal: parte geral. 4. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2014.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro. 14. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015.
INTRODUÇÃO
1 MESSA, Ana Flávia. Direito tributário e financeiro. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2011. p.37.
218 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
2 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 45.
3 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 199.
4 HORVATH Junior, Miguel. Direito previdenciário. 5. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005. p.26.
220 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
7 SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p.542/563.
222 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
seguridade social, a incidir sobre uma base de cálculo nova, diferente das
discriminadas nos incisos I ao V do art. 195 da CF, via lei complementar.
§ 1º - [...]
Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade
jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra,
ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem
grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente
nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
[...]
11 JORGE, Társis Nametala. Elementos de direito previdenciário: custeio. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
p. 403/404.
12 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à lei básica da previdência social - Tomo I - plano de custeio. 4
ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 485.
226 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
sua obrigação fiscal para que qualquer das outras do grupo seja chamada
a adimplir a obrigação pela via da solidariedade.13
15 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 244.
228 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
artigo 124, II, do CTN e o artigo 30, IX, da Lei n° 8.212/91, admitem
a responsabilidade solidária por dívida fiscal entre componentes do
mesmo grupo econômico. Havendo provas de que as empresas integram
um mesmo grupo econômico, cabível o redirecionamento da execução.
In casu, configurado o grupo econômico apenas em relação a uma das
empresas embargantes, devido a identidade de sócios e administradores. A
outra, apesar da similitude de denominações, é pessoa jurídica distinta da
executada, não havendo igualdade de sócios ou qualquer outro elemento
que possa afastar a presunção de boa-fé e demonstrar a existência de
fraude ou de grupo econômico disfarçado. (in AC n. 2006.72.04.004529-
5, TRF da 4ª Região, Primeira Turma, Relator Desembargador Federal
Vilson Darós, D.E. 07/04/2009). 3. “O débito tributário em questão
encontra-se, em princípio, garantido pela indisponibilidade decretada
em relação aos bens de todos os agravados. Registre-se que, in casu, de
fato, há indícios de sucessão empresarial. Todavia, somente indícios não
são suficientes à decretação da corresponsabilidade”. (in AGA 0015829-
70.2011.4.01.0000 / AM, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
REYNALDO FONSECA, Rel.Conv. JUIZ FEDERAL ARTHUR
PINHEIRO CHAVES (CONV.), SÉTIMA TURMA, e-DJF1 p.1160
de 21/06/2013). 4. “Meros indícios de sucessão não são suficientes
para imputação de responsabilidade tributária à suposta sucessora”
Precedente do STJ (in REsp 844.024/RJ, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/09/2006, DJ 25/09/2006
p. 257). 4. Agravo Regimental não provido
OMISSIS…….
OMISSIS……..
Embora o CTN tenha sido aprovado como lei ordinária, ele fora
recepcionado, em sua maior parte, com status de lei complementar pelas
Constituições de 1967 e 1988. Ademais a maior parte da doutrina e
jurisprudência entendem que os dispositivos do CTN têm caráter de normas
gerais tributárias, de forma que matéria relativa a responsabilidade tributária
deve ser tratada naquele diploma ou em outra lei complementar esparsa.16
Embora a Lei 8.212/91 se trate de lei ordinária, seu art. 30, inciso
IX, retira sua validade do art. 124, inciso I, do CTN, assim redigido:
17 STF. RE 562.276, Relatora Ministra Ellen Gracie, julgamento em 3/11/2010. Disponível em: <http://redir.
stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618883>. Acesso em: 19 fev. 2016.
Renata Melo Noger 237
Para Hugo de Brito, nas lições citadas acima, o art. 124, I do CTN
aplica-se aos casos em que pessoas diversas detém interesse jurídico na
situação que constitui o fato gerador, e não um interesse meramente
econômico. Ou seja, para ele o mesmo fato gerador há que ser realizado
conjuntamente por mais de uma pessoa.
20 TAVARES, Alexandre Macedo. Sentido e Alcance da Expressão “Interesse Comum” (CTN, art. 124, I) para
Fins de Imputação de Responsabilidade Tributária Solidária às Sociedades Integrantes de Grupo Econômico.
Disponível em: <http://www.tavareseassociados.com.br/application/upload/artigos/68b58788877f4863
66a0333f54c41a20.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2016.
Renata Melo Noger 239
22 JORGE, Társis Nametala. Elementos de direito previdenciário: custeio. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. p. 399.
Renata Melo Noger 241
Apenas nessas hipóteses o art. 30. IX, da Lei 8.212/1991 pode ser
aplicado de forma válida.23
5 CONCLUSÃO
23 VELLOSO, Andrei Pitten. Responsabilidade tributária das empresas integrantes de grupos econômicos.
Jornal Carta Forense, Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/responsabilidade-
tributaria-das-empresas-integrantes-de-grupos-economicos/15751>. Acesso em: 19 fev. 2016.
242 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 239-242, jul./set. 2017
REFERÊNCIAS
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 25. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.
MESSA, Ana Flávia. Direito tributário e financeiro. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2011.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
INTRODUÇÃO
2 FERNANDES, Ricardo Vieira de Carvalho. Regime jurídico da advocacia pública. v. 1, Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2010. p. 18.
3 A Advocacia-Geral da União está prevista no art. 131 da Constituição Federal, e integra o Capítulo IV,
do Título IV, da CRFB, de modo que deve ser considerada como “Função Essencial à Justiça”. Nesse
esteio, resta visível que a AGU não pertence a nenhum dos três Poderes da República, pois não integra
nenhum dos outros capítulos do Título IV da Constituição.
Renato Saeger Magalhães Costa 247
Outro ponto que merece destaque para que se ateste ainda mais que
a Advocacia-Geral da União não integra o Poder Executivo é justamente
o fato de os seus membros exercerem a advocacia para a União como um
todo, ou seja, para a pessoa jurídica de direito público interno em sua
integralidade, e não de um de seus poderes/funções. Com efeito, apenas
as atividades de consultoria e assessoramento jurídico são exclusivas do
Poder Executivo.
4 LUCIANO, Pablo Bezerra. A Advocacia-Geral da União é instituição transversal aos poderes. Conjur
– Consultor Jurídico, Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-jun-14/advocacia-geral-uniao-
instituicao-transversal-aos-poderes>. Acesso em: 7 abr. 2016.
248 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 267-0, jul./set. 2017
5 CASTRO, Caterina Vasconcelos de; ARAUJO, Francisca Rosileide de Oliveira; TRINDADE, Luciano José.
A Advocacia Pública no Estado Democrático de Direito: reflexões jurídicas acerca dessa instituição estatal
essencial à justiça. Revista da Procuradoria-Geral do Acre, Rio Branco, n. 3, p. 213-253, jan./dez. 2003.
6 FERNANDES, Ricardo Vieira de Carvalho. Regime jurídico da advocacia pública. v. 1, Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2010. p. 61.
7 Mais especificamente no item 10, que afirma que o advogado público possui “isenção técnica ou
independência da atuação profissional”.
8 Válido afirmar que o EOAB é aplicável aos advogados públicos, conforme se extrai do artigo 3º, §1º, da Lei.
Renato Saeger Magalhães Costa 249
Visível, pois, que o STF admitiu ser prescindível a defesa, por parte
do AGU, para as leis cujo teor já tivesse sido considerado inconstitucional
por parte do próprio Supremo Tribunal Federal. Trocando-se em miúdos,
todas as vezes que o STF já tivesse se manifestado pela inconstitucionalidade
da lei ou ato impugnado, o Advogado-Geral da União estaria isento de
seu dever de defender tal ato.
16 Trecho do voto do Ministro Marco Aurélio, na Questão de Ordem suscitada no bojo da ADI n. 3.916/DF.
17 Trecho do voto do Ministro Cezar Peluso, na Questão de Ordem suscitada no bojo da ADI n. 3.916/DF.
254 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 267-0, jul./set. 2017
18 Idem.
19 Trecho do voto do Ministro Eros Grau, na Questão de Ordem suscitada no bojo da ADI n. 3.916/DF.
20 Trecho do voto do Ministro Ricardo Lewandowski, na Questão de Ordem suscitada no bojo da ADI n. 3.916/DF.
21 Trecho do voto da Ministra Cármen Lúcia, na Questão de Ordem suscitada no bojo da ADI n. 3.916/DF.
Renato Saeger Magalhães Costa 255
22 Cita-se: ADI n. 2.681-MC / RJ; ADI n. 1.616 / PE; ADI n. 2.101/MS; ADI n. 4.843/PB; e a ADI n. 3.916/DF.
256 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 267-0, jul./set. 2017
De fato, são inúmeros os exemplos em que o AGU poderia ter que redigir
uma ação direta de inconstitucionalidade (a ser proposta pelo Presidente da
República), e, posteriormente, ser obrigado a defender a lei impugnada. De
fato, em tais casos, não há necessidade do AGU defender o ato normativo,
mas, tão somente, se manifestar no bojo do controle de constitucionalidade.
24 FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição brasileira. v. 4, São Paulo: Saraiva, 1992. p. 341.
258 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 267-0, jul./set. 2017
lei for contrária aos interesses da própria AGU, mas também quando possuir
entendimento técnico contrário ao que disposto na lei ou ato normativo.
Nesse sentido,
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
27 CLÈVE, Clèmerson Merlin. A Fiscalização Abstrata de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1995. p. 131-132.
260 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 267-0, jul./set. 2017
que exerce função essencial à justiça e, por isso, seus membros gozam
de certas liberdades e prerrogativas, tais como a autonomia técnica.
Com efeito, o advogado público, assim como o advogado privado, é
plenamente dotado de autonomia técnica.
REFERÊNCIAs
INTRODUÇÃO
1 LÔBO, Paulo. Constitucionalização do Direito Civil. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 33, 1 jul. 1999.
Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/507>. Acesso em: 25 ago. 2014.
2 MORAES, Maria Celina Bodin de. O direito civil constitucional. In: CAMARGO, Margarida Maria
Lacombe (Org.). 1988-1998: uma década de Constituição. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 124.
3 CASTRO JR, Torquato. Constitucionalização do direito privado e mitologias da legislação: Código Civil
versus Constituição?. In: SILVA, Arthur Stamford da (Org.). O judiciário e o discurso dos direitos humanos.
Recife: Universitária da UFPE, 2011. p. 64.
4 Ibidem, p. 65.
Rodrigo Medeiros Lócio 267
5 TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 3. ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 2.
6 LÔBO, op. cit., loc. cit.
7 REALE, Miguel. Visão geral do projeto de Código Civil. Disponível em: <http://www.miguelreale.com.br/
artigos/vgpcc.htm>. Acesso em: 03 abr. 2017.
268 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 287-302, jul./set. 2017
8 MORAES, Maria Celina Bodin de. A constitucionalização do direito civil e seus efeitos sobre a
responsabilidade civil. Direito, Estado e Sociedade - v.9 - n.29 - p 233 a 258 - jul/dez 2006. p. 239
9 Ibidem, p. 240
Rodrigo Medeiros Lócio 269
13 PINTO, Helena Elias. Função Social e Responsabilidade Civil. XXI Encontro Nacional do CONPEDI. –
Florianópolis : Fundação Boiteux, 2012. p. 1808.
14 Art. 2º Considera-se ação regressiva previdenciária para os efeitos desta portaria conjunta a ação que
tenha por objeto o ressarcimento ao INSS de despesas previdenciárias determinadas pela ocorrência
de atos ilícitos.Art. 3º Consideram-se despesas previdenciárias ressarcíveis as relativas ao pagamento,
pelo INSS, de pensão por morte e de benefícios por incapacidade, bem como aquelas decorrentes do
custeio do programa de reabilitação profissional.Art. 4º Compreendem-se por atos ilícitos suscetíveis
ao ajuizamento de ação regressiva os seguintes: I - o descumprimento de normas de saúde e segurança
do trabalho que resultar em acidente de trabalho; II - o cometimento de crimes de trânsito na forma do
Código de Trânsito Brasileiro; III - o cometimento de ilícitos penais dolosos que resultarem em lesão
corporal, morte ou perturbação funcional;
Rodrigo Medeiros Lócio 271
15 CARDOSO, Oscar Valente. Ação Regressiva nos Ilícitos Penais. Revista de Previdência Social, ano
XXXVII, n. 395, p 853-861, p. 857, out. 2013.
16 Nesse sentido: José Antônio Savaris, em seu artigo “A ilegitimidade da ação regressiva do INSS
decorrente de ato ilício não acidentário”, publicado na Revista de Previdência Social, ano XXXVII, n.
391, p. 477-485, jun. 2013.; e Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior, em seu artigo “Ações Regressivas
decorrentes de acidente de trânsito”, publicado na Revista de Previdência Social , ano XXXVII, n. 376, p
242-245, mar. 2012.
17 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 7. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2008. p. 519
18 CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo.:
LTr, 2011. p. 591
272 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 287-302, jul./set. 2017
20 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. v. 1. p. 1.
21 SAVARIS, José Antônio. “A ilegitimidade da ação regressiva do INSS decorrente de ato ilício não
acidentário”. Revista de Previdência Social, ano XXXVII, n. 391, p. 477-485, jun. 2013.
274 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 287-302, jul./set. 2017
4 CONCLUSÃO
se que o hermeneuta deve estudar o Código Civil sob uma nova ótica, na
qual o valor existencial passe a ser referência em detrimento do antigo
enaltecimento ao patrimônio; do mesmo modo que os valores coletivos e
sociais devem ter precedência sobre os individuais.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Embora não haja unanimidade quanto aos fatores que ocasionam essa
fragmentação do sistema, dois fenômenos, a priori, contribuem decisamente
para ela. Importa dizer, o maior poder de interpretação reconhecido ao
Judiciário e a ausência de uma cultura ou a insuficiência de instrumentos
induzidores de uma prática de respeito a precedentes ou à jurisprudência.
4 PAGANINI, Juliano Marcondes. A segurança jurídica nos sitemas codificados a partir de cláusulas
gerais. In: MARINONI, Luiz Guilherme (Org). A força dos precedentes. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2012.
p. 209-228.
5 MARINONI, Luiz Guilherme. O precedente na dimensão da igualdade. In: MARINONI (Org), op. cit., p.
577-597.
6 DRUMOND, Paulo Henrique Dias; CROCETTI, Priscila Soares. Formação histórica, aspectos do
desenvolvimento e perspectivas de convergência das tradições de common law e de civil law. In: MARINONI
(Org), op. cit., p. 41-82.
7 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Estabilidade e adaptabilidade como objetivos do direito: civil law e
common law. Revista de Processo, São Paulo, v. 172, p. 121-174, jun.2009.
8 CAPELOTTI, João Paulo. A segurança jurídica nos sitemas codificados a partir de cláusulas gerais. In:
MARINONI (Org.), op. cit., p. 229-250.
9 BARROSO, op. cit., p. 143-195.
10 PERLINGIERI. Perfis do direito civil: introdução do direito civil constitucional. Rio de Janeiro: Renovar,
2012, p. 27 apud DRUMOND; CROCETTI, op. cit. In: MARINONI (Org.), op. cit., p. 41-82.
284 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 303-310, jul./set. 2017
11 DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual
civil. v. 2. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 453.
12 TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente judicial como fonte do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2004. p. 186.
13 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: Juspodivm, 2015.
p. 101.
14 DIDIER JR; BRAGA; OLIVEIRA, op. cit., p. 456.
15 TUCCI, op. cit., p. 12.
16 DIDIER JR; BRAGA; OLIVEIRA, op. cit., p. 456.
17 MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
p. 116.
18 DIDIER JR; BRAGA; OLIVEIRA, op. cit., p. 455.
Wagner Akitomi Une 285
19 LOURENÇO, Haroldo. Precedente judicial como fonte do direito: algumas considerações sob a ótica do
novo CPC. Revista da AGU, Brasília, n. 33, p. 241-269, jul-set.2012.
20 DIDIER JR; BRAGA; OLIVEIRA, op. cit., p. 453.
21 PEREIRA, Paula Pessoa. O Estado de direito e a necessidade de respeito aos precedentes judiciais. In:
MARINONI (Org), op. cit., p. 143-156.
22 BASTOS, Antonio Adonias A. A estabilidade das decisões judiciais como elemento contributivo para o
acesso à justiça e para o desenvolvimento econômico. Revista de Processo, São Paulo, v. 227, p. 295-316,
jan.2014.
286 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 303-310, jul./set. 2017
Cabe anotar que o art. 926, do novo Código de Processo Civil, não
sinaliza para uma teoria de precedentes, tal como existente nos países que
seguem o common law.
Contudo, isso não significa que países que adotam uma rigorosa
teoria de precedente ou valorizam uma jurisprudência íntegra nunca
podem modificar o entendimento. Pelo contrário, é certo que o direito não
é imutável, devendo acompanhar as mudanças da sociedade47, pois não se
pode dar vestes de absoluto a nenhum princípio, por mais relevante que
seja48. Assim, deve haver modificações quando constatado que o precedente
ou a jurisprudencia incidiu em erro49.
57 THEODORO NETO, op. cit. In: THEODORO JÚNIOR; OLIVEIRA; REZENDE (Org), op. cit., p.
665-684.
58 MARINONI, op. cit. In: MARINONI (Org), op. cit., p. 577-597.
59 DANTAS, op. cit., p. 49.
60 COSTA, op. cit. In FREIRE et al (Org), op. cit., p. 391-416.
61 BASTOS, op. cit., p. 295-316.
62 PEIXOTO, op. cit., p. 139.
Wagner Akitomi Une 295
Apenas aos órgãos de cúpula (STF, STJ, TST, STM e TSE) compete
a fixação de um entendimento uniformizador sobre a Constituição da
República e sobre a legislação federal, cada um com a sua esfera de
competência”65. “O objetivo dos Tribunais Superiores não é apenas o de
uniformizar a jurisprudência, senão o de outorgar unidade ao Direito”66.
64 MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e cortes supremas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 79.
65 PEIXOTO, op. cit., p. 346.
66 COUTO, João Gabriel Krás. Controle difuso de constitucionalidade: efeito vinculante da sentença
proferida pelo Supremo Tribunal Federal. In: MITIDIERO, Daniel (Org). O processo civil no Estado
Constitucional. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 15-65.
Wagner Akitomi Une 297
67 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Repercussão geral no recurso extraordinário. 2. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 20.
68 ZANETI JÚNIOR, op. cit., p. 355-356.
298 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 303-310, jul./set. 2017
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
______. Precedentes obrigatórios. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. 3. ed.
da obra Código de processo civil comentado, reescrita de acordo com a Lei
13.105, de 16.03.2015. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente judicial como fonte do direito. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
Introdução
1 DALLARI, Dalmo de Abreu. Os Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira. In: FIOCCA, Demian;
GRAU, Eros Roberto; (Orgs.) Debate Sobre a Constituição de 1988. São Paulo: Paz e Terra; 2001. p. 49.
2 Idem p. 50. Também, pode-se dizer que a “Constituição de 1988 mais que compromissória, analítica e
dirigente, é casuística e prolixa.” BARROSO, Luís Roberto. “Dez anos da Constituição de 1988: (Foi
bom para você também?)”. Debates, nº 20: A Constituição Democrática Brasileira e o Poder Judiciário. São
Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1999. p. 47.
3 Ao Direito cabe a tarefa de legitimação, porque “indispensável para conferir ao mesmo tempo estabilidade
e potencial de transformação às expectativas de comportamento. Este viés legitimador do direito (tomado
em geral, como meio de regência da vida em sociedade), que se extrai da razão comunicativa e portanto se
deseja também racional, justifica os direitos fundamentais.” NASCIMENTO, Rogério Soares. A ética do
Discurso como Justificação dos Direitos Fundamentais na Obra de Jürgen Habermas. In: Legitimação dos
Direitos Humanos. TORRES, Ricardo Lobo (Org.) 2. ed. Rio de Janeiro: Revovar, 2007. p. 566.
4 NINO, Carlos Santiago. Fundamentos de derecho constitucional. Análisis filosófico, jurídico y politológico
de la práctica constitucional. Buenos Aires: Astrea. 199. p. 46.
5 FAORO, Raymundo. Assembléia constituinte: a legitimidade recuperada. 2. ed. São Paulo: Brasiliense. 1982. p. 13.
314 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
6 DA SILVA, José Afonso. Poder Constituinte e Poder Popular (estudos sobre a Constituição). São Paulo:
malheiros, 2000. p. 239.
7 Idem.
8 BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10. ed. UnB. 1997. p. 90.
9 FERRAZ JR, Tercio Sampaio. Função social da dogmática jurídica. Max L. São Paulo. 1998. p. 100 e segs.
10 ENGISH, Karl. Introdução ao Pensamento Jurídico. 6. ed. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa. 1988. p.
75 e segs; LARENS, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. 2. ed. Fundação Calouste Gulbekian. Lisboa.
1989. p. 326/329.
11 COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação Constitucional. Porto Alegre: Sergio Fabris, 1997. p. 81.
12 Vedado em nosso sistema: Art. 5º, XXXV, CF; arts. 126, 335, CPC; e art. 4º, DL 4.657/1942.
Wagner de Amorim Madoz 315
13 Inspirada que foi na Constituição Portuguesa de 1976, é natural que tenha os mesmo problemas, cf.,
QUEIROZ, Cristina. Direito Constitucional: As Instituições do Estado Democrático e Constitucional.
Coimbra-São Paulo: Editora Coimbra e Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 369.
14 Resumidamente, essas questões podem ser classificadas como de aplicabilidade das normas, bem
como de sua “determinalidade”, em muitos casos decorrentes do grau de desenvolvimento econômico
e social, cf. QUEIROZ, Cristina, op.cit., p. 375. É o caso do princípio da “reserva do possível”, “que
indica a dependência da realização desses direitos dos recursos disponíveis, relevando ao mesmo tempo
a necessidade da sua cobertura orçamental e financeira.” Idem, bem como a lição de Ingo H. Sarlet “A
utilização da expressão ‘reserva do possível’ tem, ao que se sabe, origem na Alemanha, especialmente
a partir do início dos anos de 1970. De acordo com a noção de reserva do possível, a efetividade dos
direitos sociais a prestações materiais estaria sob a reserva das capacidades financeiras do Estado, uma
vez que seriam direitos fundamentais dependentes de prestações financiadas pelos cofres públicos. A
partir disso, a “reserva do possível” (Der Vorbehalt des Möglichen) passou a traduzir (tanto para a
doutrina majoritária, quanto para a jurisprudência constitucional na Alemanha) a idéia de que os direitos
sociais a prestações materiais dependem da real disponibilidade de recursos financeiros por parte do
Estado, disponibilidade esta que estaria localizada no campo discricionário das decisões governamentais
e parlamentares, sintetizadas no orçamento público.” In: SARLET, Ingo Hoffman. SARLET, Ingo
Wolfgang. Os Direitos Sociais como Direitos Fundamentais: contributo para um balanço aos vinte
anos da Constituição Federal de 1988. Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica. Porto Alegre-Belo
Horizonte, 2008. p. 163-206.
15 “Embora seja, dentre os chamados países em desenvolvimento, um país com uma economia forte, com um
PIB entre os quinze maiores do planeta, o Brasil é ao mesmo tempo um país que, na área social, padece
316 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
de todos os problemas característicos dos países não-desenvolvidos. Sua já conhecida desigualdade social
piora ainda mais o quadro, fazendo com que a imensa maioria da população dependa completamente da
implementação de políticas públicas, especialmente nas áreas da educação, da saúde e da moradia.” DA
SILVA, Virgilio. O Judiciário e as políticas públicas: entre transformação social e obstáculo à realização
dos direitos sociais. In: SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direitos sociais:
fundamentação, judicialização e direitos sociais em espécies, Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2008. p. 587.
16 “Devemos ter serenidade bastante para reconhecer que a optimização dos direitos sociais não deriva
só ou primordialmente da proclamação exaustiva do texto constitucional, mas da “good governance”
dos recursos públicos e privados afectados ao sistema de saúde.” CANOTILHO, J.J. Gomes. O Direito
Constitucional como Ciência de direção – o núcleo essencial de prestações sociais ou a localização
incerta da socialidade, contributo para a reabilitação da força normativa da “Constituição Social”. In:
CANOTILHO, J.J. Gomes; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, ÉRICA Paula Barcha.
(Coord.) Direitos Fundamentais Sociais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 16.
17 O juiz como a boca da lei, cf. texto clássico de Montesquieu: “Mais les juges de la nation ne sont, comme
nous avons dit, quela bouche qui prononce les paroles de la loi.” Montesquieu, Charles de Secondat.
Espírito das Lois, 1777, Liv XI, Chap. VI.
18 PIOVESAN, Flávia. Justiciabilidade dos direitos sociais e econômicos: desafios e perspectivas. In:
CANOTILHO, J.J. Gomes; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, ÉRICA Paula Barcha.
(Coord.) Direitos Fundamentais Sociais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 57, 62 e passim.
Wagner de Amorim Madoz 317
19 Canotilho demonstra com exuberância “que a articulação da socialidade com democraticidade torna-
se, assim, clara: só há verdadeira democracia quando todos têm iguais possibilidades de participar no
governo da polis. Uma democracia não se constrói com fome, miséria, ignorância, analfabetismo e
exclusão. A democracia só é um processo ou procedimento justo de participação política se existir uma
justiça distributiva no plano dos bens sociais. A juridicidade, a sociabilidade e a democracia pressupõe,
assim, uma base jusfundamental incontornável, que começa nos direitos fundamentais da pessoa e acaba
nos direitos sociais.” CANOTILHO, J.J.Gomes. O Direito Constitucional como Ciência de direção – o núcleo
essencial de prestações sociais ou a localização incerta da socialidade, contributo para a reabilitação da força
normativa da “Constituição Social”. Op.cit., p. 19.
20 NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Fundamentais e Justiça Constitucional em Estado de Direito Democrático.
Coimbra: Coimbra, 2012. p. 17.
21 Também poderia ser considerado na proibição de retrocesso: “em cuja conformação concreta não se
poderiam – como, de resto, tem evidenciado toda a produção jurisprudencial sobre o tema – dispensar
critérios adicionais, como é o caso da proteção da confiança (a depender da situação, é claro), da dignidade
da pessoa humana e do correlato mínimo existencial, do núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais,
da proporcionalidade, apenas para citar os mais relevantes.” SARLET, Ingo Wolfgang. Segurança Social,
Dignidade da Pessoa Humana e Proibição de Retrocesso: Revisitando o problema da proteção dos direitos
fundamentais sociais. In: CANOTILHO, J.J. Gomes; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA,
ÉRICA Paula Barcha. (Coord.) Direitos Fundamentais Sociais. 2. ed. São Paulo: Saraiva. 2015. p. 76.
318 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
22 No fundo, pretende-se invocar como ultima ratio a representação popular como instancia deliberativa
para resolver e fazer opções sobre direitos fundamentais, como é o caso do “majoritarismo participativo”
proposto por Jeremy Waldron, como princípio da autoridade que deve guiar a tomada de decisões sociais
nos casos de discrepância entre direitos fundamentais, seu conteúdo e alcance, cf., WALDRON, Jeremy.
Law and Disagreement. New York: Oxford University Press, 1999. p. 88-118.
23 Tanto o STF quanto o STJ, em variadas situações, negaram a justicialidade de direitos sociais, seja com
base na clausula da separação dos poderes, seja na insuficiência de recursos: RE 259508/RS, MS 6564/
RS, respectivamente, entre outros.
Wagner de Amorim Madoz 319
24 Reportamos-nos, por todos, a SANCHÍS, Luis Prieto. Ley, Principios, Derechos. Instituto de Derechos Humanos
Bartolomé de las Casas. Universidad Carlos III de Madrid. Dykinson. Madrid. 1998. p. 2, tb. ZAGREBELKY,
Gustavo. El derecho dúctil. La ley, derechos, justicia. Tradução Marina Gascón. 3. ed. Madri: Editorial Trotta,
1999. p. 109/110, “Se el derecho actual está compuesto de reglas y principios, cabe observar que las normas
legislativas son prevalentemente reglas, mientras que las normas constitucionales sobre derechos y sobre la
justicia son prevalentemente principios (y aquí interesan en la medida en que son principios). Por ello, distinguir
los principios de las reglas significa, a grandes rasgos, distinguir la Constitución de la ley.”
25 “[...] sem se aprofundar nos aspectos históricos, pode-se indicar que já havia direitos sociais (prestações
do Estado) garantidos nas primeiras Constituições e Declarações do século XVIII e de inícios do século
XIX. Assim, por exemplo, a Declaração francesa de 1793 (pertencente à Constituição jacobina da fase
radical de esquerda da ‘Revolução Francesa’) garantia a assistência aos necessitados como uma ‘divida
sagrada’ da sociedade e o direito de acesso à educação (arts. 21 e 22). E a Constituição brasileira do
Império de 1824 incluía entre os direitos fundamentais dois direitos sociais, os ‘socorros públicos’ e a
‘instrução primária’ gratuita (art. 179, XXXI e XXXII), ambos direitos sociais e diretamente inspirados
na Declaração francesa de 1793.” DIMOULIS, Dimitri. MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos
Fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 35.
26 “A nefasta fantasia das chamadas ‘gerações de direitos’, histórica e juridicamente infundada, na
medida em que alimentou uma visão fragmentada ou atomizada dos direitos humanos, já se encontra
devidamente desmistificada.” CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Do direito econômico aos
direitos econômicos sociais e culturais. In: Desenvolvimento Econômico e Intervenção do Estado na Ordem
Constitucional. Estudos jurídicos em homenagem ao Professor Washington Peluso Albino de Souza.
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1995. p. 32.
27 “Quem formulou a tese das gerações de direito foi o Karel Vasak, em conferência ministrada em 1979, no
Instituto Internacional de Direitos Humanos, em Estrasburgo. Pela primeira vez, ele falou em gerações de
320 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
essa concepção conduz a uma visão atomizada dos direitos humanos,28 o que
leva a uma sucessividade dos grupos de direitos - de uma geração por outros
direitos da geração posterior, tal como ocorrem com gerações de computadores,
de automóveis, de aviões e dos demais utensílios da modernidade. Do mesmo
modo, pode-se criticar a denominação de “dimensões de direitos”. 29 Por essa
razão, com a preocupação de buscar a precisão terminológica, é preferível os
termos “categorias” ou “espécies” de direitos fundamentais;30 que possibilita
uma visão integrada de todos os direitos fundamentais,31 mormente em países
de economia periférica como o Brasil, possuidor de enormes carências na
efetividade de direitos fundamentais.32
ditaduras, particularmente da década dos setenta)! Quantos governos vêm se escudando nas conquistas
dos direitos civis e políticos para negar vigência aos direitos econômicos, sociais e culturais (e.g., a
América Latina de hoje)! Quantos governos se arrogam em ‘promotores’ de alguns direitos econômicos
e sociais para continuar minimizando os direitos civis e políticos (e.g., os países fundamentalistas na
recente II Conferência Mundial de Direitos Humanos e em eu processo preparatório)! À integridade do
ser humano corresponde em definitivo a integralidade de seus direitos.”
34 CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. La protección Internacional de los Derechos Económicos,
Sociales y Culturales. In: Estudios Básicos de Derechos Humanos. V. I, Instituto Interamericano de Derechos
Humanos - IIDH, San Jose, 1994. p. 42-3; tb. MORAIS, José Luis Bonlzan. As crises do Estado e da Constituição e
a transformação espacial dos direitos humanos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. p. 69.
35 CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Derechos de Solidariedad. In: Estudios Básicos de Derechos
Humanos. V. I, Instituto Interamericano de Derechos Humanos - IIDH, San Jose, 1994. p. 66.
36 NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Sociais: Teoria Jurídica dos direitos sociais enquanto direitos fundamentais.
Coimbra: Wolters Kluwer/Coimbra, 2010. p. 255 ss., 269 ss.
37 SARLET, Ingo Wolfgang. Os Direitos Sociais como Direitos Fundamentais: contributo para um
balanço aos vinte anos da Constituição Federal de 1988. Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica,
Porto Alegre-Belo Horizonte, 2008, p. 163-206; tb.disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo /cms/
processoAudiencia PublicaSaude /anexo/artigo _Ingo_DF_sociais_PETROPOLIS_final_01_09_08.
pdf>. p. 15. e, ainda, “mesmo que entre ambos os grupos de direitos, especialmente entre a sua dimensão
negativa e positiva, existam diferenças no que diz com o seu objeto e função desempenhada na ordem
jurídico-constitucional.” p.17, Acesso em: 30 set. 2015.
322 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
[...] restando claro que, se o Estado puder interferir nesse compactado núcleo,
estará marcando limites ou erguendo diques para o fluir de uma liberdade
que a nossa Lei Maior somente concebeu em termos absolutos; ou seja,
sem a mínima possibilidade de apriorístico represamento ou contenção.38
3 A constituição dirigente
40 “(1) O Estado social é o tipo de Estado que coloca entre os seus princípios fundantes e estruturantes o
princípio da socialidade; (2) o princípio da socialidade postula o reconhecimento e a garantia dos direitos
sociais; e (3) a garantia dos direitos sociais pressupõe uma articulação do direito (de todo o direito, a
começar pelo direito constitucional) com a economia intervencionista progressivamente neutralizada
pela expressão do mercado global.” CANOTILHO, J.J. Gomes. O Direito Constitucional como Ciência de
direção – o núcleo essencial de prestações sociais ou a localização incerta da socialidade, contributo para
a reabilitação da força normativa da “Constituição Social”, op.cit., p. 18.
41 CANOTILHO, J.J. Gomes. Rever ou romper com a Constituição Dirigente? Defesa de um constitucionalismo
moralmente reflexivo. Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 15, abr. 1996. p.7
324 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
Assim, não foi sem comoção que se viu a total revisão da obra referida,
no desencantador prefácio da sua segunda edição, quando o Professor
Canotilho afirmou sua tese como um filho enjeitado, defendendo a morte
da constituição dirigente. 43
42 TORRES, Ricardo Lobo (Org.). Legitimação dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 1-2.
“Ganharam força as ideias econômicas neoliberais que, na comunidade internacional, passaram a ser rotuladas
como o Consenso de Washington, a exigir das economias emergentes, como forma de obtenção de crédito,
a abertura dos mercados internos, a desregulamentação da economia, privatizações, reformas tributária e
previdenciária, redução de gastos sociais, flexibilização das relações de trabalho e maior responsabilidade
fiscal. Os países que não amoldam seus direitos internos aos referidos padrões econômicos não recebem
investimentos, mesmo porque o capital não tem pátria, permanecendo nos lugares onde o ordenamento
jurídico mais lhe favoreça.” CAMBI, Eduardo. Neoconstitucionalismo e Neopositivismo. Direitos fundamentais,
políticas públicas e protagonismo judiciário. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2011. p. 179.
43 É claro que o autor revisitou o tema posteriormente: “Tomemos a sério os direitos económicos, sociais
e culturais” (Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra, Estudos em homenagem ao Prof. António
de Arruda Ferrer Correia, 1988, republicado na obra “Estudos sobre direitos fundamentais, Coimbra,
2005, p. 35 e ss.); “Metodologia ‘Fuzzy’ e ‘camaleões normativos’ na problemática actual dos direitos
económicos, sociais e culturais” (Estudos sobre direitos fundamentais, Coimbra, 2005, p. 95 e ss).
Também no texto “O tom e o dom na teoria jurídico-constitucional dos direitos fundamentais” (Estudos
sobre direitos fundamentais, Coimbra, 2005, p. 115 e ss) o autor revisita o tema da “constituição dirigente
social”. Apesar da defesa de uma posição jurídico-prestacional, com a mesma densidade jurídico-
subjectiva dos direitos de defesa, “e embora tenha sido reconhecido que o Estado, os poderes públicos e o
legislador estão vinculados a proteger e a garantir prestações existenciais, a doutrina e a jurisprudência
abraçaram uma posição cada vez mais conservadora.” Op.cit., p. 12.
44 “A globalização política neoliberal caminha silenciosa, sem nenhuma referência a valores. Mas nem por isso
deixa de fazer perceptível um desígnio de perpetuidade do statu quo de dominação. Faz parte da estratégia
mesma de formulação do futuro em proveito das hegemonias supranacionais já esboçadas no presente. Há,
contudo, outra globalização política, que ora se desenvolve, sobre a qual não tem jurisdição a ideologia
neoliberal. Radica-se na teoria dos direitos fundamentais. A única verdadeiramente que interessa aos povos da
periferia.” BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p. 585.
45 ATRIA, Fernando, “Existem Direitos Sociais?”In: MELLO, Cláudio Ari. (Coord.). Os Desafios dos
Direitos Sociais. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2005. p. 9-46.
Wagner de Amorim Madoz 325
4 A constitucionlização do processo
49 PIMENTA, Paulo Roberto Lyrio. Eficácia e aplicabilidade das Normas Constitucionais Programáticas. São
Paulo: Max Limonad. 1999. p. 173.
50 DIMOULIS, Dimitri & Martins, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 5. ed. São Paulo:
Atlas. 2014. p.5.
51 MOREIRA, José Carlos Barbosa. A constitucionalização do processo no direito brasileiro. In: Estudos
de Direito Processual Constitucional. Homenagem brasileira a Héctor Fix-Zamudio em seus 50 anos como
pesquisador do Direito. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 48.
52 Brasil: Nunca Mais. Prefácio de D. Paulo Evaristo, Cardeal Arns. Petrópolis: Vozes. 1985.
Wagner de Amorim Madoz 327
Processo não pode ser visto apenas como relação jurídica, mas sim
como algo que tem fins de grande relevância para a democracia e,
por isso mesmo, deve ser legítimo. O processo deve legitimar pela
participação -, ser em si legítimo – adequado à tutela dos direitos e
aos direitos fundamentais -, e ainda produzir uma decisão legítima.55
5 O neoconstitucionalismo e neoprocessualismo
Outra controvérsia que gira em torno deste tema diz respeito aos
conflitos entre direitos sociais e entre eles e os direitos individuais. Embora
seja questionável a real importância da enumeração exaustiva de todas as
hipóteses de conflitos, envolvendo os vários tipos de direitos previstos
na Constituição, o que pareceria um mero exercício acadêmico, não se
pode desconhecer a importância da distinção.66 Muito embora sem a
64 BARROSO, op.cit., p. 22/23, “O marco histórico do novo Direito Constitucional, na Europa continental,
foi o constitucionalismo do pós-guerra, especialmente na Alemanha e na Itália. No Brasil, foi
Constituição de 1988 e o processo de redemocratização que ela ajudou a protagonizar.”
65 SANCHÍS, op.cit., p. 117.
66 É o caso, por exemplo, da distinção feita por Ronald Dworkin entre argumentos de princípios, que
fundamentariam direitos individuais, e argumentos de política - “policy” - que fundamentariam os
objetivos coletivos, cf. DWORKIN, Ronald. Talking Rights Seriously. Harvard University Press.
Cambridge, Massachusetts. 1978. p. 90, “Arguments of principle are arguments intended to establish an
individual right; arguments of policy are arguments intended to establish a collective goal. Principles
are propositions that describe rights; policies are propositions that describe goals.” Também, LOPES,
Wagner de Amorim Madoz 331
70 STRECK, Lênio. Aplicar a “letra da lei” é uma atitude positivista? Revista Novos Estudos Jurídicos, Univale.
p.171-172. Disponível em: <http://www.univali.br/periodicos último acesso 30/9/2014>. Resumidamente,
para o autor o magistrado somente poderia afastar a aplicação de uma lei nas seguintes hipóteses: pela
declaração de inconstitucionalidade da lei; em face de uma interpretação conforme à CF, permanece o texto
mas se muda a norma; em face de uma nulidade parcial sem redução de texto, deixa-se de aplicar o texto
como texto; quando estiver em face das antinomias (Bobbio); em razão de uma inconstitucionalidade parcial
com redução de texto – quando se retirar uma parte da lei; quando se estiver em face de um princípio que
afasta uma regra, princípios entendido no sentido de R. Dworkin, no sentido deontológico.
71 NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Fundamentais e Justiça Constitucional em estado de Direito Democrático.
Coimbra: Coimbra, 2012. p. 31.
72 FERRAJOLI, Luigi. Juspositivismo crítico y democracia constitucional. Tradução de Lorenzo Córdova e
Pedro Salazar. Isonomia, v. 16, abr. 2002. p. 27.
Wagner de Amorim Madoz 333
75 Abandonada pelo próprio autor, com a aprovação do divórcio na Itália - LIEBMAN, Enrico Tullio.
Manual de Direito Processual civil. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p. 155.
76 Categoria processual extinta como pelo novo CPC, o qual não denomina de “condições da ação”,
preferindo adotar o binômio admissibilidade (interesse de agir e legitimação extraordinária) e mérito
(possibilidade jurídica do pedido e legitimação ad causam), cf. DIDIER, Fredie. As Condições da Ação e o
Novo CPC. Disponível em: <http://www.frediedidier.com.br/en/artigos/condicoes-da-acao-e-o-projeto-
de-novo-cpc/>. Acesso em: 29 ago. 2016.
77 CAMBI, op. cit., p. 21.
Wagner de Amorim Madoz 335
78 Para Canotilho, o Estado Social somente pode desempenhar sua missão se: “(1) provisões financeiras
necessárias e suficientes, por parte dos cofres públicos, o que implica um sistema fiscal eficiente e capaz de
assegurar e exercer relevante capacidade de coacção tributária; (2) estrutura da despesa pública orientada para
o financiamento dos serviços sociais (despesa social) e para investimentos produtivos (despesa produtiva);
(3) orçamento público equilibrado de forma a assegurar o controlo do défice das despesas públicas e a evitar
que um défice elevado tenha reflexos negativos na inflação e no valor da moeda; e (4) taxa de crescimento do
rendimento nacional de valor médio ou elevado (3% pelo menos ao ano).” (Canotilho, 2015, p. 20)
79 NOVAIS, Jorge Reis. Direitos de Liberdade e Direitos Sociais na Constituição Portuguesa. Disponível em:
<http://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/jrn_ma_8782.doc>. Acesso em: 30 set. 2014.
336 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
80 SARLET, op.cit., p. 26, bem como Virgílio Afonso da Silva, “O Judiciário e as Políticas Públicas: entre
transformação social e obstáculo à realização dos direitos sociais”. In: Direitos Sociais, p. 597 e segts.
81 Decisão criticada por Gustavo Amaral, por “deixar de reconhecer o princípio do uso racional dos recursos
públicos, bem como por tratar da questão como se não houvesse separação entre interpretação e aplicação,
bem como sem atentar para as peculiaridades do caso. Não se está a dizer que a decisão no caso foi equivocada,
mas, sim, que ao formular uma solução generalista, pela qual a questão a ser respondida é o contraste entre
um direito subjetivo inalienável e um interesse financeiro subalterno, a decisão enuncia uma regra de decisão
que acaba por tornar simples ou rotineira a decisão de casos até então difíceis. O Supremo Tribunal Federal
falhou em separar os dois campos, da interpretação e da aplicação, acabando por enunciar um critério de
direito-a-qualquer-custo.” AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez & Escolha. Critérios Jurídicos para lidar com
a escassez de recursos e as decisões trágicas. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 180-181.
82 “Compreendemos a angústia do cidadão brasileiro que consegue chegar aos Tribunais, incluindo o Supremo
Tribunal Federal, reclamando o mandado judicial para fornecimento de ‘Viagra’ em nome da dignidade da pessoa
humana”, mas, por enquanto, a prudência jurisprudencial não tem legitimidade para se transformar em instância
compensadora de disfunções humanas e sociais, como se de órgãos politicamente responsáveis se tratasse. Mais
uma vez, as normas jurídicas não são declarações de amor.” CANOTILHO, J.J. Gomes, O direito dos pobres no
activismo judiciário.In: CANOTILHO, J.J. Gomes; CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica
Paula Barcha. (Coord.) Direitos Fundamentais Sociais. 2. ed. São Paulo: Saraiva. 2015. p. 35.
83 “Suspensão de Segurança. Agravo Regimental. Saúde pública. Direitos fundamentais sociais. Art. 196
da Constituição. Audiência Pública. Sistema Único de Saúde – SUS. Políticas públicas. Judicialização do
direito à saúde. Separação de poderes. Parâmetros para solução judicial dos casos concretos que envolvem
direito à saúde. Responsabilidade solidária dos entes da Federação em matéria de saúde. Fornecimento de
medicamento: Viagra (Citrato de Sildenafil). Tratamento de hipertensão pulmonar. Fármaco registrado
na ANVISA. Não comprovação de grave lesão à ordem, à economia, à saúde e à segurança pública.
Possibilidade de ocorrência de dano inverso. Agravo regimental a que se nega provimento.” Mesmo
porque figuravam como impetrantes três mulheres.
Wagner de Amorim Madoz 337
7 Conclusão
84 “Em primeiro lugar, os anseios da constituição social vinculados às premissas típicas do positivismo
legalista mais não fazem do que repetir até a exaustão o círculo vicioso de qualquer positivismo. Em termos
simples, o círculo pode descrever-se assim: (i) as normas consagradoras dos direitos sociais, econômicos e
culturais consagram o direito à saúde, à segurança social, ao ensino; (ii) logo, todos temos direitos por via
de constituição a todas as prestações da saúde, da segurança social e do ensino; e (iii) então, a política do
direito constitucionalmente conforme no campo destes direitos é a que consagra a gratuidade de todas as
prestações reclamadas pela necessidade de realização desses direitos.” (Canotilho, 2015, p. 25-26)
338 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03, p. 335-342, jul./set. 2017
85 Os quais “partem das seguintes premissas: (i) os direitos sociais não são verdadeiros direitos, porque
não possuem a dignidade de direitos subjetivos; (ii) as normas constitucionais consagradoras desses
direitos são normas programáticas que, em rigor, não deveriam estar no texto constitucional, pois as
suas concretizações dependem das políticas públicas dos órgãos públicos legitimados para desenvolvê-
las; e (iii) os bens protegidos por essas normas são, em primeira linha, bens privados, cuja proteção só
excepcionalmente deve ser confiada às entidades públicas.” (Canotilho, 2015, p. 26)
86 “O argumento central é de que não cabe ao Poder Judiciário controlar critérios de conveniência e
oportunidade da Administração para atender demanda da população na área de saúde, sob justificativa
da ofensa ao princípio da separação de poderes, bem como da ofensa a critérios de dotação orçamentária,
com base ainda no princípio da reserva do possível.” PIOVESAN, op.cit., p. 63.
87 DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. Tradução de Luis Carlos Borges. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 175 e ss.
88 “É necessário ter, como elemento de pré-compreensão, que a escassez é limite ao conteúdo das pretensões
positivas. A interpretação deve ter isto em consideração.” AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez &
Escolha. Critérios Jurídicos para Lidar com a Escassez de Recursos e as Decisões Trágicas. 2. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris. 2010. p. 192.
89 “Tais decisões alocativas têm como melhor sede o orçamento. Não a lei formal do orçamento, mas
todo o processo desde a elaboração de sua proposta até a execução. O controle das escolhas ínsitas a
este processo permitem ver e dar voz tanto ao lado ‘vencedor’, que receberá os meios, quanto ao lado
‘perdedor’, que os terá em menor monta ou mesmo não os terá.” (Amaral, 2010. p. 192)
Wagner de Amorim Madoz 339
Referências
BARROSO, Luís Roberto. Dez anos da Constituição de 1988: (Foi bom para
você também?). Debates, nº 20: A Constituição Democrática Brasileira e o
Poder Judiciário. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1999.
INTRODUÇÃO
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 280.
2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 64.
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 347
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 68.
4 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 95-96.
5 MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 860.
348 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
6 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 524.
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 238.
8 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 1.032.
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 349
2 A INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
9 SCATOLINO, Gustavo. Manual de direito administrativo. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 525.
10 CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 474.
350 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
11 CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 475.
12 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 295-296.
13 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito administrativo descomplicado. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, São
Paulo: MÉTODO, 2014. p. 669
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 351
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 273.
352 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
15 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
p. 541-542.
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 353
16 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Apelação Cível Nº 70068414101, Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 30/11/2016.
354 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
18 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito administrativo descomplicado. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2014. p. 671.
19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 275.
356 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
20 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 551.
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 357
23 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 409.
24 Ibidem, p. 378.
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 359
Veja-se, por ser assaz elucidativo à temática ora sob exame, o teor
de mais um aresto judicial, este, por sua vez, advindo do Colendo Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:
25 DI PIETRO, op. cit., p. 395.
26 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul - AC: 70064476526 RS, Relator: Maria Isabel de
Azevedo Souza, Data de Julgamento: 28/05/2015, Vigésima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação:
Diário da Justiça do dia 01/06/2015.
360 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
27 Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Apelação Cível Nº 70069110203, Segunda Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior, Julgado em 26/10/2016
Wilker Jeymisson Gomes da Silva
Luciana Vilar de Assis 361
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que diz respeito ao Poder Público, por sua vez, este atuando
por meio de seus agentes, competentes para o exercício do mister que
lhes é atribuído, deve ser extremamente cauteloso quando da contratação
de escritórios de advocacia ou advogados por meio de inexigibilidade de
licitação, solidificando a escolha pela contratação direta, em qualquer
caso, por meio de documentos hábeis à comprovação dos pressupostos
necessários, exigindo-os do licitante.
362 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed.
São Paulo: Atlas, 2014.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo:
Malheiros, 2010.
364 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 02, 3. 367-0, jul./set. 2017
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed.
São Paulo: Malheiros, 2010.
A IDEIA DE RESPONSABILIDADE
CRIMINAL INDIVIDUAL INTERNACIONAL
PRESENTE NO ESTATUTO DE ROMA
THE IDEA OF INTERNATIONAL INDIVIDUAL CRIMINAL
RESPONSIBILITY UNDER THE ROME STATUTE
INTRODUÇÃO
7 KARPETZ, I.I.. International Criminal Law and International Crimes. Touro Journal of Transnational Law,
Vol.1, p.325-334, Spring 1990; CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University
Press, 2003, p. 23-25; WISE, Edward M.. International Crimes and Domestic Criminal Law, Report Submitted
by the American National Section, AIDP. DePaul Law Review, v. 38, p. 923-966, July 1989.
8 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p.25-26.
9 WISE, Edward M.. International Crimes and Domestic Criminal Law, Report Submitted by the
American National Section, AIDP. DePaul Law Review, v. 38, p. 934, July 1989 ; CASSESE, Antonio.
International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 139.
10 WISE, Edward M. International Crimes and Domestic Criminal Law, Report Submitted by the
American National Section, AIDP. DePaul Law Review, v. 38, p.. 934, July 1989.
11 WISE, Edward M. International Crimes and Domestic Criminal Law, Report Submitted by the
American National Section, AIDP. DePaul Law Review, v. 38, p. 932, July 1989.
370 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
agiria, então, por meio de seu próprio direito interno, mas em virtude de
uma obrigação internacional.
12 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 17. ed. São Paulo: Atlas, v. 1, 2001. p. 29;
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI,José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro.Parte Geral. 5.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 149.
13 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 24.
14 CONVENÇÃO contra o terrorismo nuclear. Estado de Minas, Belo Horizonte, 14 de abril de 2005. Seção
internacional, p. 23.
15 Por meio das resoluções 808 e 955, o Conselho de Segurança criou nos anos de 1993 e 1994 os tribunais
internacionais ad hoc para a ex-Iugoslávia (ICTY) e para Ruanda (ICTR), respectivamente.
Wolney da Cunha Soares Júnior 371
16 FERRO, Ana Luiza Almeida. O Tribunal de Nuremberg. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p.
22; JUNIOR, Wolney da Cunha Soares. Breve análise das origens históricas do Tribunal Penal
Internacional. Artigo apresentado no II Congresso Brasileiro de Direito Internacional, em Curitiba, de
25 a 29 de agosto de 2004, sob coordenação do Prof. Dr. Wagner Menezes e publicado nos Anais do 2º
Congresso Brasileiro de Direito Internacional, Vol. II, pela editora Juruá.
17 FERRO, Ana Luiza Almeida. O Tribunal de Nuremberg. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p.
23; KIM, Young Sok. The Cooperation of a State to Establish an Effective Permanent International
Criminal Court. Journal Of International Law and Practice, p. 158, Spring 1997.
18 O’BRIAN, John. International Law. London: Cavendish Publishing Limited, 2002. p. 785.
372 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
19 O’BRIAN, John. International Law. London: Cavendish Publishing Limited, 2002. p. 785.
20 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 12, Fall 1991.
21 BASSIOUNI, M. Cherif. Establishing an International Criminal Court: Historical Survey. Military
Law Review, v. 149, p. 53, Summer 1995; FERRO, Ana Luiza Almeida. O Tribunal de Nuremberg. Belo
Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 30; CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York:
Oxford University Press, 2003. p. 327-328; ARMSTEAD JR., J. Holmes. The International Criminal
Court: History, Development and Status. Santa Clara Law Review, v. 38, p. 746, 1998.
22 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 329.
23 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 7, Fall 1991.
Wolney da Cunha Soares Júnior 373
Versailles e não estava obrigado por ele24. Sabe-se, entretanto, que podem
ter havido outras razões para a não extradição do Kaiser pela Holanda: a
realeza européia não queria a extradição, além disso, o Kaiser era primo
do Rei holandês25. A não extradição do Kaiser, somada a outros fatores,
contribuiu para que os países Aliados não exigissem que a Alemanha
entregasse os seus soldados acusados de terem cometido Crimes de Guerra,
de acordo com a Commission on the Responsibility of the Authors of the War
and on Enforcement of Penalties26.
24 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 10, Fall 1991.
25 KIM, Young Sok. The Cooperation of a State to Establish na Effective Permenent International
Criminal Court. Journal Of International Law and Practice, p. 158, Spring 1997.
26 Essa foi uma das Investigatory Commissions mencionadas acima.
27 FERRO, Ana Luiza Almeida. O Tribunal de Nuremberg. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 31; KIM,
Young Sok. The Cooperation of a State to Establish na Effective Permenent International Criminal
Court. Journal Of International Law and Practice, p. 158, Spring 1997.
28 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 12, Fall 1991.
374 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
estabilização das Nações Unidas na Libéria, a não ser que essa jurisdição
exclusiva seja abdicada expressamente pelo Estado39.
5.1 Imunidades
41 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 413- 419.
42 Ver art. 53 da CRFB.
43 KOLLER, David S. Immunities of foreign ministers: paragraph 61 of Yerodia judgment as it pertains
to the Security Council and the International Criminal Court. American University International Law
Review, v. 20, p.27-28, 2004.
380 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
A imunidade pessoal, por sua vez, pode ser alegada apenas durante
o período de tempo em que o oficial de Estado estiver ocupando o seu
cargo. A imunidade ratione personae protege, momentaneamente, o agente
do Estado não só quanto aos seus atos oficiais, mas também aqueles
praticados por ele em seu âmbito privado46. Se não fosse assim, um chefe
de Estado, por exemplo, poderia se ver vítima de uma ação judicial quando
se encontrasse em viagem particular no estrangeiro. Essa ação poderia ser
ajuizada contra ele por motivos políticos e escusos. Para evitar exatamente
essas situações é que foram criadas essas imunidades. Alem disso, enquanto
durar o mandato desse oficial, essa imunidade cobre não apenas os seus
atos praticados posteriormente à sua nomeação, mas também aqueles
anteriores à sua posse no cargo. No entanto, imunidade pessoal não é
sinônima de impunidade. A partir do momento em que o oficial de Estado
não mais exercer as suas funções, ele poderá figurar como sujeito passivo
em uma ação judicial em um país estrangeiro.
44 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 264.
45 DANILENKO, Gennady M.. The Statute of the International Criminal Court and third States. Michigan
Journal of International Law, v. 21, p. 469, Spring 2000.
46 TOMONORI, Mizushima. The individual as beneficiary of the state immunity: problems of the
attribution of ultra vires conduct. Denver Journal of International Law and Policy, v. 29, p. 263, Summer/
Fall 2001.
47 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 267.
Wolney da Cunha Soares Júnior 381
70 O’BRIAN, John. International Law. London: Cavendish Publishing Limited, 2002. p. 294.
71 TOMONORI, Mizushima. The individual as beneficiary of the state immunity: problems of the attribution
of ultra vires conduct.Denver Journal of International Law and Policy, v. 29, p. 274, Summer/Fall 2001.
72 FERRO, Ana Luiza Almeida. O Tribunal de Nuremberg. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 86.
73 CASSESE, Antonio. International Criminal Law. New York: Oxford University Press, 2003. p. 37.
74 O Direito Internacional Humanitário, ius in bello, é formado basicamente pelo conjunto de normas dos
seguintes protocolos e convenções: Hague Convention Respecting the Laws and Customs of war on
Land of 1899, Hague Convention Respecting the Laws and Customs of war on Land of 1907, Geneva
Conventions of 1949 e seus Additional Protocols of 1977.
75 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 2, Fall 1991.
76 LIPPMAN, Matthew. Nuremberg: Forty-Five years Later. Connecticut journal Of International Law, v. 7,
p. 3, Fall 1991.
386 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
80 CASSESE, Antonio. When may senior state officials be tried for international crimes? Some comments
on the Congo v. Belgium case. European Journal of International Law, v. 13, n. 4, p. 853-875, 2002.
81 CASSESE, Antonio. When may senior state officials be tried for international crimes? Some comments
on the Congo v. Belgium case. European Journal of International Law, v. 13, n. 4, p. 853-875, 2002.
388 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
Além disso, foi dito que crimes internacionais não podem ser
considerados como tendo sido cometidos dentro da capacidade oficial de um
representante de um Estado, não sendo abarcados pela imunidade material.
A pessoa protegida por uma imunidade, seja ela qual for, pode vir
a ser julgada pela justiça de um Estado estrangeiro caso o seu Estado de
nacionalidade abra mão dessa prerrogativa (waiver). Isso está de acordo
com a decisão da ICJ no Arrest Warrant Case. Assim, poderia o TPI julgar
alguém no caso de seu Estado de nacionalidade abdicar de sua imunidade.
86 CASSESE, Antonio. When may senior state officials be tried for international crimes? Some comments
on the Congo v. Belgium case. European Journal of International Law, v. 13, n. 4, p. 853-875, 2002.
Wolney da Cunha Soares Júnior 391
87 MORRIS, Madeline. The United Nations and the international criminal court:high crimes and
misconceptions: the ICC and non – party states. Law and Contemporary Problems, v. 64, p. 13-66;
WEDWOOD, Ruth. The international criminal court: an American view. European Journal of
International Law, v. 10, p. 93-107, 1999; ZAPPALA, Salvatore. The reaction of the US to the entry into
force of the ICC Statute: Comments on the UN SC Resolution 1422 (2002) and the article 98 agreements.
Journal of International Criminal Justice, p. 114-134, 2003.
392 Revista da AGU, Brasília-DF, v. 16, n. 03,p. 389-396, jul./set. 2017
Por outro lado, existem também aqueles que defendem a legalidade dessa
jurisdição88. Nesse caso, nenhuma obrigação seria criada para os Estados que
não aderiram ao Estatuto. Não se trataria também de uma disputa envolvendo
Estados a ser decidida pelo TPI, possuindo essa corte jurisdição sobre pessoas
e não países. O indivíduo seria a pessoa a ser julgada. Assim, com base na
responsabilidade criminal individual internacional, poderia o Tribunal Penal
Internacional julgar nacionais de países não membros de seu Estatuto.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal. Introdução e Parte Geral. v.1, 33. ed.
São Paulo: Saraiva, 1998.
O’BRIAN, John. International Law. London: Cavendish Publishing Limited, 2002.
O’NEILL, Kerry Creque. A new customary law of head of state immunity?
Hirohito and Pinochet. Stanford Journal of International Law, v. 38, p. 289-317,
Summer 2002.
SCHARF. Michael. The United States and the International Criminal Court:
the ICC´s jurisdiction over nationals of non – party states: a critique of the US
position. Law and Contemporary Problems, v. 64, p. 67-117, 2001.
Stahn, The Ambiguities of Security Council Resolution 1422 (2002), 14
European Journal of International Law, v. 14, n.1, p. 85-104, 2003.
TOMONORI, Mizushima. The individual as beneficiary of the state
immunity: problems of the attribution of ultra vires conduct.Denver Journal of
International Law and Policy, v. 29, p. 261- 287, Summer/Fall 2001.
WEDWOOD, Ruth. The international criminal court:an American view.
European Journal of International Law, v. 10, p. 93-107, 1999.
WISE, Edward M. International Crimes and Domestic Criminal Law, Report
Submitted by the American National Section, AIDP. DePaul Law Review, v. 38,
p. 923- 966, july 1989.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI,José Henrique. Manual de Direito
Penal Brasileiro. Parte Geral. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
ZAPPALA, Salvatore. The reaction of the US to the entry into force of the
ICC Statute: Comments on the UN SC Resolution 1422 (2002) and the article
98 agreements. Journal of International Criminal Justice, p. 114-134, 2003.