Nir Orion Estudo de Caso
Nir Orion Estudo de Caso
Nir Orion Estudo de Caso
SEGUNDO O MODELO DE
NIR ORION (1993): UM
ESTUDO DE CASO NA
RIBEIRA DA GRANJA
AGRADECIMENTOS
Gostaria de começar por agradecer aos meus orientadores científicos, Professora Doutora
Helena Couto e Professor Doutor Luís Calafate, pela dedicação, sabedoria e atenção que em todos
os momentos dispensaram comigo, e que por isso se tornaram, indubitavelmente, um marco
importante para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Gostaria também de agradecer à minha orientadora cooperante, Dra. Sandra Ferraz, por
toda a compreensão, pelos conselhos e auxílio prestados ao longo deste ano de estágio. Para
além de excelente profissional, e dotada de vastos conhecimentos nas áreas da Geologia e
Biologia, permitiu que criássemos uma relação de amizade, companheirismo e partilha. Geriu de
modo exemplar o Núcleo de Estágio em que estava inserida.
Quero agradecer aos meus pais por todo o apoio incondicional dado ao longo destes anos,
e por serem os impulsionadores do meu percurso académico. Sem eles, não seria possível concluir
este Mestrado.
Agradeço à minha irmã pelo apoio prestado, pela compreensão, e por me apoiar em todos
os momentos da minha vida. A força que me transmitiu ajudou-me a ultrapassar todas as
dificuldades com que me deparei.
Agradeço à minha avó, Arminda Camarinha, por todo o carinho que me dispensou ao longo
deste período da minha vida.
Agradeço ao meu namorado, Pedro Fradinho, pelo modo como sempre me apoiou e
acompanhou ao longo desta árdua caminhada. Sempre que necessário, soube aconselhar e
ajudar. Pelas alegrias, momentos felizes, desânimos, e essencialmente compreensão.
Quero agradecer à Dra. Emília Fradinho, por fazer com que o meu sonho de ser professora
se tornasse realidade, por me ter feito acreditar que, mesmo perante dificuldades, seria possível
alcançá-lo, e por toda a disponibilidade que demonstrou em todos os momentos.
Aos meus colegas de estágio, Joana Pinheiro e Tiago Areias, que me acompanharam, tanto
nos momentos difíceis como nos momentos felizes, de companheirismo, de cumplicidade, que
fizeram este ano tão marcante.
v
RESUMO
ABSTRACT
The practical activities, namely the study visits and field trips, are of recognized importance,
both in investigation and in science teaching. You can notice that the young people, in general,
show interest in participating in this kind of activities, since these activities are accomplished outside
the classroom they end up increasing the students’ motivation and their consequent enrollment in
the given activities.
In this investigation, it was intended to organize a field trip with 10th grade students, under Nir
Orion Model (1993), based on the Social-constructivism theory. To the accomplishment of the
present work, a case study was carried out in a specific area called ‘Ribeira da Granja’, and diverse
teaching resources were created and implemented. Through the application of Nir Orion Model
(1993), it was also possible to know the students’ perception of these activities, as well as to
analyze their contribution to the teaching-learning process.
ÍNDICE
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa com a localização das freguesias pertencentes ao concelho do Porto, adaptado de
http://www.google.pt ......................................................................................................................................... 6
Figura 2: Ribeiras do Porto (http://www.ribeirasdoporto.pt/index.aspx) ................................................... 7
Figura 3: Bacia hidrográfica da Ribeira da Granja
(http://www.ribeirasdoporto.pt/Granja/analises.aspx) ................................................................................. 7
Figura 4: a- Excerto da folha 122 da Carta militar de Portugal dos Serviços Cartográfios do
Exército(1:25000) b- Excerto da folha 9-C (Porto) da Carta Geológica da Direcção Geral de Minas e
Serviços Geológicos. (1:50 000); ................................................................................................................... 8
Figura 5: Estrutura da Unidade de Viagem de Campo (Orion 1993), adaptado por Moreira, 2001). 13
Figura 6: As principais componentes do “Espaço Novidade” (adaptado de Orion 1989, in Bonito
2001) ................................................................................................................................................................. 14
Figura 7: Percurso da saída de campo ....................................................................................................... 15
Figura 8: Representação esquemática de alguns aspetos relativos à construção e aplicação das
armadilhas (a- Placa de cobertura da armadilha, b- Colocação do recipiente de captura no solo, c-
Aspeto final da armadilha colocada no solo) (adaptado de Gonçalves et al, 2007, in Silva, 2009) .. 20
Figura 9: a, b e c - Vista Geral da armadilha utilizada para a captura de macroinvertebrados ......... 20
Figura 10: Macroinvertebrados Recolhidos ................................................................................................ 21
Figura 11: a, b e c - Recolha de macroinvertebrados bentónicos de água doce ................................. 22
Figura 12:Macroinvertebrados tolerantes à poluição (a- Carochas de água doce; b- Caracóis de
água doce) ....................................................................................................................................................... 22
Figura 13: Macroinvertebrados muito tolerantes à poluição (a- Larvas de quironomídeo; b-
Minhocas aquáticas) ...................................................................................................................................... 23
Figura 14: Migmatito observado na Foz da Ribeira da Granja (a- Afloramento migmatitico
observado do Google Earth; b- Migmatito observado no local; c- Vegetação observada no
Migmatito) ........................................................................................................................................................ 23
Figura 15: a- Afloramento de granito semelhante ao Granito Castelo do Queijo; b- Diáclases; c-
Marmita; d e- Depósitos de terraços fluviais .............................................................................................. 24
Figura 16: a - Meandro; b - Granito do Porto ............................................................................................. 24
FCUP 1
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou
a sua construção.”
Paulo Freire
1. Introdução
Longe vão os tempos em que se exigia aos discentes que fixassem toda a matéria lecionada,
independentemente do facto de conseguirem entender ou não o que significava cada conceito.
Aliás, o professor era visto como o detentor do conhecimento, titular de autoridade máxima,
assumindo um papel dominante em aulas maioritariamente expositivas. Por sua vez, o aluno
apenas memorizava e repetia, tendo como objetivo possuir um vasto saber enciclopédico,
tornando-se, desse modo, um sujeito passivo recetor do conhecimento.
Atualmente, as exigências atribuídas à posição de discente são consideravelmente diferentes.
Desde logo, caberá antes ao professor promover a observação do meio pelo aluno, assim como a
construção e organização do conhecimento, em interação e entreajuda com os colegas. Tal
permitirá desenvolver, no discente, um espírito colaborativo e a capacidade de pesquisar a
informação que necessita para resolver os mais diversos problemas. Assim, o professor deverá
propor tarefas que desafiem os discentes, dotadas de pluralismo estratégico, de atividades e de
recursos didáticos.
Hoje em dia, é importante que os alunos conheçam, interpretem e apliquem o seu
conhecimento a situações novas, desenvolvendo, por conseguinte, competências e a sua
capacidade de agir, aprendendo, assim, a solucionar com sucesso uma situação nova (Cachapuz,
Praia, & Jorge, 2002). Neste enquadramento, “a Educação em Ciência, em termos de finalidades
deixará de se preocupar somente com a aprendizagem de um corpo de conhecimentos ou de
processos da Ciência, mas antes garantir que tais aprendizagens se tornarão úteis no dia-a-dia,
não numa perspetiva meramente instrumental, mas sim, numa perspetiva de ação no sentido de
contribuírem para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens, num contexto de sociedades
tecnologicamente desenvolvidas que se querem abertas e democráticas(…) Trata-se agora de
valorizar de facto objectivos educacionais e não objectivos instrucionais.” (Cachapuz et al., 2002).
Neste sentido, caberá ao professor auxiliar na adaptação a estas novas exigências, através da
adoção de estratégias diversificadas, cujo objetivo passará por desenvolver as diferentes
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
competências dos discentes. É neste sentido que, para Marques e Praia (2009), será benéfica a
realização de “Atividades Exteriores à Sala de Aula” de forma a proporcionar aos alunos, novos
contextos de aprendizagem.
À realização destas “Atividades Exteriores à Sala de Aula” poderão estar inerentes,
simultaneamente, vantagens e desvantagens. Por exemplo, segundo Nir Orion (2003), as visitas de
estudo e as saídas de campo nem sempre surtem o resultado esperado, podendo apresentar
limitações a nível logístico, de transporte e de alimentação. Todavia, também não poderemos
atribuir exclusivamente toda a responsabilidade do subaproveitamento das mesmas aos
professores. Por outro lado, as visitas de estudo e saídas de campo, enquanto atividades
exteriores à sala de aula, promovem o desenvolvimento de conceitos mais abstratos a partir de
conceitos concretos previamente adquiridos (Orion, 2003).
No presente estudo, pretende-se perceber qual o contributo das saídas de campo para o
ensino da Biologia e Geologia, e qual a perceção dos alunos quanto a este tipo de atividades
práticas. Para tal, foi aplicado o modelo proposto por Nir Orion (1993) a uma saída de campo.
2. Objetivos da investigação
A importância reconhecida às visitas de estudo, mais propriamente, às saídas de campo no
Ensino das Ciências, e em particular, na disciplina de Biologia e Geologia, tem aumentado
exponencialmente nos últimos tempos. A investigação no âmbito da realização do presente
trabalho tem como objetivo principal selecionar um percurso no campo, em que os alunos possam
entender melhor os conceitos constantes no programa de Biologia e Geologia, segundo o modelo
de Nir Orion (1993).
Englobados no objetivo geral, foram também definidos os seguintes objetivos específicos:
Perspetivar o desenvolvimento profissional como um processo contínuo de aquisição e
aperfeiçoamento de conhecimentos e capacidades;
Perceber qual a perceção dos alunos sobre as visitas de estudo;
Aplicar o modelo de Nir Orion (1993) numa turma de 10º ano;
Produzir materiais didáticos numa área específica, a Ribeira da Granja;
Produzir um relatório de avaliação da saída de campo.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
3. Justificação da investigação
Partindo da necessidade de “sair do ambiente formal” de ensino-aprendizagem, a professora-
investigadora encarou a Ribeira da Granja como o “laboratório natural” onde os alunos poderiam
ser confrontados com outra realidade, ser levados a questionarem-se e a pensarem criticamente
acerca do que lhes é apresentado. A Ribeira da Granja, objeto do presente estudo, percorre a
cidade do Porto, localizando-se um dos seus troços na zona circundante da escola onde decorreu
a PES (Prática de Ensino Supervisionada). Esta é detentora de um grande potencial, no que
respeita ao Património Natural, o que permite uma abordagem científica e didática de diversos
aspetos, entre os quais os biológicos e os geológicos. Acresce ainda que, tratando-se de uma
ribeira pouco valorizada pela população atual, ao contrário do que sucedeu no passado, suscitou,
na professora-investigadora, curiosidade e vontade de fazer dela o objeto de estudo.
Pretende-se, com o presente trabalho, documentar as pesquisas efetuadas sobre uma linha de
água que percorre várias zonas do concelho do Porto, a Ribeira da Granja. Para tal, tornou-se
necessária a existência de determinados trabalhos preliminares tais como: uma prévia investigação
e consequente documentação dos conteúdos que constam do programa a lecionar, enquanto base
de suporte de preparação dos docentes e fonte de pesquisa e aprofundamento por parte dos
alunos.
4. Organização da investigação
O seguinte cronograma, apresentado no quadro 1, consiste na distribuição temporal de todas
as fases da presente investigação:
Esta investigação foi desenvolvida durante o ano letivo 2013/2014. A primeira fase consistiu na
pesquisa bibliográfica, que se iniciou em setembro e perdurou até abril. Para tal, foram consultados
livros, manuais escolares, o Programa Nacional de Biologia e Geologia para o 10º ano de
escolaridade, artigos e publicações nas áreas científicas de Biologia e Geologia, e ainda, pesquisa
diversa na Internet. Em outubro de 2013, bem como durante o período que medeia entre janeiro e
abril de 2014, foi realizado trabalho de campo de forma a selecionar o melhor percurso para a
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
saída de campo e assinalar locais com interesse biológico e geológico, considerando os conteúdos
programáticos abordados no 10º ano. De seguida, foi pesquisado todo o material referente ao
modelo de Nir Orion (1993), sendo este assunto bastante referenciado e alvo de numerosos
estudos. Posteriormente, foram construídos os instrumentos que foram aplicados à turma de
10ºano, nomeadamente, o guião da saída de campo, o respetivo relatório de avaliação, e, ainda,
um pré-teste e um pós-teste. A aplicação desta investigação ocorreu em abril de 2014, tendo sido
realizada, após a mesma, a recolha e análise dos dados (nos meses de abril e maio do mesmo
ano). Finalmente, a última fase consistiu na redação do relatório de estágio, que começou em abril
e decorreu até meados de julho (2014).
5. Estrutura do Relatório
O presente relatório encontra-se dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo, é
apresentada a contextualização e justificação do estudo, assim como os objetivos propostos da
investigação de forma a operacionalizá-la. Foi, ainda, apresentada a organização desta. No
segundo capítulo, é efetuada a contextualização científica e didática da investigação, sendo
descrito o modelo proposto por Nir Orion (1993). No terceiro capítulo, é tratada a sua
operacionalização, bem como a sua implementação e todos os recursos a utilizar. No quarto
capítulo, é descrita a metodologia da investigação que norteou o presente estudo. Aqui, são
enunciados o problema da investigação, a natureza do estudo, a amostra utilizada, as técnicas e
instrumentos de recolha de dados, e ainda, o tratamento dos mesmos. No quinto capítulo, são
apresentados, interpretados e discutidos os dados obtidos neste estudo, através de grelhas de
análise e gráficos. Por último, no sexto capítulo, são apresentadas as conclusões do presente
estudo, nomeadamente, a perceção dos alunos quanto ao tipo de atividades práticas em questão,
dificuldades/limitações associadas e as suas implicações na atividade docente. Nas últimas
páginas, encontram-se as referências bibliográficas utilizadas na elaboração do Relatório de
Estágio seguidas dos anexos.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
aproveitar os locais que ainda se encontram disponíveis, não tendo sido urbanizáveis,
apresentando, ainda, motivos de interesse do ponto de vista biológico e geológico. Este é o caso
da Ribeira da Granja que, encaixada por entre as edificações de uma grande cidade (Porto), reúne
um conjunto de aspetos no âmbito da Biologia e Geologia que a tornam uma mais-valia para o
ensino-aprendizagem das ciências em geral, e em particular, para o 10º ano de escolaridade.
2.1. Geologia
A cidade do Porto tem uma área de 42 km2 (Vieira, 2009), e, como se pode ver na figura 1 é
constituída por 15 freguesias (algumas entretanto unidas por força da reorganização
administrativa), sendo delimitado a Ocidente e a Sul pelo oceano Atlântico e pelo rio Douro, e a
Oriente e a Norte pelos concelhos de Gondomar, Maia e Matosinhos. É, também, uma cidade de
cotas não muito elevadas, em que o ponto mais alto situa-se na zona do Monte Aventino, com 161
metros de cota. A cidade enquadra-se numa região aplanada que desce suavemente para o mar, e
encontra-se cortada pelo rio Douro e seus afluentes (Fernandes, 2009).
Figura 1: Mapa com a localização das freguesias pertencentes ao concelho do Porto, adaptado de http://www.google.pt
Esta ribeira (ver figura 3) é uma das reabilitadas pelo projeto “Ribeiras do Porto”, iniciado em
2007 pela Câmara Municipal do Porto. Este projeto visa, sempre que possivel, desentubar as linhas
de água, o que permite diminuir o risco de inundações e facilitar a deteção de focos de poluição.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Figura 4: a- Excerto da folha 122 da Carta militar de Portugal dos Serviços Cartográfios do Exército(1:25000) b- Excerto da folha 9-C (Porto) da Carta
Geológica da Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. (1:50 000);
O granito referido anteriormente, designado por Granito do Porto (γm), é um granito alcalino de
grão médio a grosseiro, leucocrata e de duas micas, sendo este o material mais explorado como
pedra de construção. Foi utilizado em vários edificios da cidade, por exemplo, no Hospital de Santo
António, na Estação de São Bento, na Praça da Ribeira, na Igreja de São Francisco, entre outros
monumentos. Para além disto, o granito era considerado, pela população da cidade do Porto, a
principal causa do aspeto acinzentado da mesma. O “Granito do Porto” contacta a Este com o
Complexo Xisto-Grauváquico ante-Ordovícico e a Oeste com o Complexo Metamórfico da Foz do
Douro. Por ser uma região com clima mediterrânico, caracterizado por amplitudes térmicas diurnas
e anuais pouco significativas e valores de precipitação média anual muito elevados, é uma região
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estudo de caso na Ribeira da Granja
2.2. Biologia
diversidade animal, pode-se distinguir dois grupos gerais: os vertebrados, animais que possuem
esqueleto interno, e os invertebrados, que não possuem esqueleto interno. Não obstante da
importância atribuída aos animais vertebrados, os invertebrados correspondem a 95% dos
organismos do reino animal, obtendo um maior destaque no presente estudo. Assim, relativamente
à fauna existente no solo, a macrofauna edáfica compreende os maiores invertebrados,
organismos com mais de 10 milímetros de comprimento ou com mais de 2 milímetros de diâmetro,
nomeadamente, minhocas, coleópteros no estado larvar ou adulto, centopeias, formigas ou
aracnídeos. Neste contexto, os filos Mollusca, Annelida e Arthropoda são os mais representativos
no solo (Silva, 2009).
No que concerne às galerias ripícolas, estas representam a vegetação presente nas margens e
correspondem à transição entre ecossistemas aquáticos e ecossistemas terrestres (Martin et al,
2006, in Jesus, 2008). Esta vegetação possui uma grande importância ecológica, já que: enquanto
poderoso filtro biológico, impede que os pesticidas e fertilizantes ou outros poluentes contaminem
as linhas de água; as raízes das árvores e arbustos estabilizam as margens evitando a sua erosão;
devido ao efeito de sombra, regula a temperatura da água, evitando a proliferação de algas
indesejáveis; diminui os efeitos de cheias pelo facto de reduzirem a velocidade da corrente das
linhas de água; e, proporciona abrigo e alimento para a fauna existente, ajudando assim, a
aumentar a biodiversidade (URL5).
As ações de reabilitação de ribeiras urbanas têm como objetivo reestabelecer as funções
ecológicas dos rios, através de medidas que atuem na hidrologia, morfologia, qualidade da água e
biodiversidade (URL1). Assim, a vegetação ribeirinha revela-se de grande importância na
regularização do ciclo hidrológico (URL4).
Quanto às vegetações características das ribeiras, estas são as ripícolas lenhosas e
herbáceas. Relativamente à vegetação lenhosa, as espécies arbóreas mais comuns são o amieiro
(Alnus glutinosa), o choupo-negro (Populus nigra), choupo-branco (Populus alba), salgueiro-preto
(Salix atrocinera), salgueiro-branco (Salix alba), o freixo (Fraxinus angustifolia subsp. Angustifolia),
vidoeiro (Betula alba), ulmeiro (Ulmus minor), o carvalho-roble (Quercus robur) e o amieiro-negro
(Frangula alnus). Já no que respeita às espécies arbustivas, as mais encontradas são o sabugueiro
(Sambucus nigra), estevinhas (Cistus salvifolius), silvas (Rubus ulmifolius), roseiras (Rosa pouzini e
Rosa sempervirens), a madressilva (Lonicera periclymenum) e o pilriteiro (Crataegus monogyna).
No que concerne à vegetação ripícola herbácea, as mais características são o embude (Oenanthe
crocata), hortelã-da-água (Mentha aquática), o trevo-branco (Trifolium repens), lisimáquia
(Lysimachia vulgaris), salgueirinha (Lythrum salicaria), erva-sapa (Lythrum junceum), junco (Juncus
effusus), doce-amarga (Dlanum dulcamara), esporas-bravas (Linaria triornithophora), ou algumas
espécies trepadeiras como os bons-dias (Calystegia sepium), arrebenta-boi (Tamus communis),
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3. Contexto didático
“Ensino, de qualidade das ciências, implica utilizar prática de qualidade”
(Adaptado por Yager in Bonito, 2001)
No ensino da Biologia e Geologia, existem alguns conceitos que serão melhor compreendidos
quando, para além do contexto da sala de aula, os alunos contactem com eles através de um
trabalho de campo.
Devido ao desenvolvimento económico, científico e tecnológico, o ensino tem sofrido inúmeras
reformulações. Cada vez mais, se espera que satisfaça as exigências da sociedade, tanto a nível
científico como ambiental, sendo exigido que o currículo em Ciências sofra algumas alterações, de
modo a acompanhar a evolução científica.
Estas modificações ao longo dos tempos, consistem na passagem de práticas transmissíveis e
repetitivas na sala de aula para uma perspetiva mais ativa, que visa o desenvolvimento individual
dos alunos, inseridos em grupos sociais. Atualmente, a corrente de ensino mais utilizada na sala de
aula é inspirada na perspetiva sócio construtivista de Lev Vygotsky, que passou a dar importância
“à influência de fatores socioculturais na aprendizagem” (Cachapuz et al. 2002). Para Vygotsky, um
dos conceitos mais importantes é o de “Zona de Desenvolvimento Próximo” (ZDP), definido como
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estudo de caso na Ribeira da Granja
escola e em ambientes abertos, enquanto que visitas de estudo é um termo mais abrangente e
refere-se a uma viagem organizada pela escola com objetivos educacionais, no qual, os alunos
podem observar e estudar os objetos de estudo nos locais funcionais. O mesmo autor afirma, que “
o trabalho de campo (…) é entendido, normalmente como algo que envolve a execução de tarefas
concretas, nomeadamente a recolha de seres vivos ou amostras de rochas, o manuseamento de
instrumentos vários para recolha de dados ou a cartografia de áreas limitadas”.
Segundo Bonito (2001), as atividades práticas de campo são indispensáveis para interpretar a
natureza, “apreciá-la, amá-la, respeitá-la e desfrutar as suas riquezas e maravilhas, de modo
consciente, ordenado e saudável”. “O campo torna-se assim, o contexto de aprendizagem onde o
conflito entre o real (o mundo), o exterior e o interior, as ideias e as representações, ocorre em toda
a sua intensidade” (Compiani e Carneiro, 1993 in Bonito 2001).
Nesta investigação, foi dada maior importância ao trabalho de campo como uma estratégia que
está de acordo com uma linha sócio construtivista de aprendizagem, sendo o aluno o construtor do
seu conhecimento com a ajuda do professor, valorizando assim, os conhecimentos prévios dos
mesmos.
Figura 5: Estrutura da Unidade de Viagem de Campo (Orion 1993), adaptado por Moreira, 2001)
O referido modelo subdivide-se em várias etapas que passam por organizar hierarquicamente
os conceitos, escolher a área onde será efetuado o estudo, definir e mapear as paragens,
relacionar os conceitos do currículo com estas paragens, planear o roteiro, desenvolver os
materiais didáticos a usar no ensino-aprendizagem e integrar esta saída de campo no currículo.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Figura 6: As principais componentes do “Espaço Novidade” (adaptado de Orion 1989, in Bonito 2001)
2. Descrição do Estudo
Tendo em vista a realização da saída de campo, primeiramente, foi selecionado o local para a
sua concretização. Vários locais foram considerados, mas, após discussão e reflexão juntamente
com os orientadores científicos da FCUP, foi escolhida a “Ribeira da Granja”, na cidade do Porto.
Com o auxilio dos mesmos, que se deslocaram com a professora-investigadora ao local, foram
escolhidas zonas com características relevantes tanto a nível educacional como ao nível da
Biologia e Geologia, de forma a que fossem definidas as paragens da saída de campo. Tratando-se
de um local que não foi objeto de abundantes atividades ou tipos de exploração, houve enormes
exigências quer ao nível do trabalho de campo, quer de investigação. Desta deslocação, resultou a
marcação de cinco paragens relevantes para o efeito.
Tendo como público-alvo os alunos de uma turma do 10º ano de escolaridade da escola onde
decorreu a PES, e, baseada no modelo de Nir Orion (1993), foi realizada a saída de campo à
Ribeira da Granja no dia 24 de abril de 2014. No âmbito da mesma, que teve a duração de
aproximadamente 5 horas, foram efetuadas as cinco paragens, referidas anteriormente (tal como
se encontra descrito no guião (anexo 1)). Relativamente aos objetivos propostos, estes
abrangeram duas áreas científicas, a Biologia e a Geologia. Esta saída foi realizada após a
lecionação dos conteúdos de Geologia e iniciado o estudo da Biologia.
Esta saída de campo iniciou-se na foz do Douro, e finalizou-se em Ramalde, perto da
Circunvalação, especificamente, na Quinta do Rio. O percurso teve uma extensão de cerca de
5400 metros (figura 7).
A saída de campo foi integrada no Plano Anual de Atividades da Escola, tendo sido elaborada
uma proposta da atividade por escrito e entregue na direção da instituição. Por um lado, foram
introduzidos os dados na plataforma utilizada na escola (a plataforma GARE) para futura
aprovação da mesma, incluindo os objetivos da saída e os professores acompanhantes. Por outro
lado, não foi entregue orçamento, visto que a tesouraria da escola apresenta problemas
económicos, e, em virtude disso, a deslocação realizou-se por transporte público. Uma vez
aprovada, foi elaborado e entregue aos Encarregados de Educação um documento a preencher
pelos mesmos, no qual constava a autorização para a participação do seu educando.
Ficaram acordados, entre alunos e professores, dois pontos de encontro: na escola, às 8 horas
e 30 minutos, ou na foz da ribeira, às 9 horas da manhã.
2.2.1. Pré-Viagem
Tendo em conta o modelo proposto por Nir Orion (1993), foi realizada, no dia 23 de abril (100
minutos), a pré-viagem. Neste âmbito, foi realizado um pré-teste, diagnosticando o nível de
conteúdos apreendidos pelos alunos antes da realização da referida viagem. Foi, ainda, elaborada
uma apresentação em PowerPoint, que continha toda a informação necessária para reduzir o
espaço novidade. Nesta apresentação, foi dado a conhecer aos alunos os objetivos da saída, as
tarefas que incumbiam aos intervenientes na atividade, uma imagem das ribeiras existentes na
cidade do Porto, com maior destaque, naturalmente, para a Ribeira da Granja, pois seria nesta que
se iria centrar a visita. Foi também indicado o percurso a efetuar, com recurso a uma tabela, onde
constava informações a transmitir aos alunos acerca do transporte a utilizar, das deslocações entre
as diversas paragens e do horário previsto. No suporte digital, constavam a previsão de tempo,
consultada no site do Instituto de Meteorologia (embora a mesma não se tenha verificado) e o
material a levar, com recomendações de vestuário e alimentação. Por fim, foi realizada uma
repartição de tarefas pelos diversos grupos de trabalho constituídos pelos alunos.
Ainda, no âmbito da pré-viagem, foi realizada uma contextualização geológica (com
observação do mapa geológico) e biológica, dando a conhecer aos alunos alguns dos instrumentos
de trabalho como a bússola, as técnicas de construção de armadilhas para os macroinvertebrados
do solo e regras inerentes à recolha de macroinvertebrados de água doce. Relativamente à
bússola, os alunos tiveram a oportunidade de aprender a manuseá-la.
2.2.2. Viagem
A Viagem realizada no dia 24 de abril à Ribeira da Granja, teve como principais objetivos:
Proceder ao preenchimento do guião da saída de campo;
Recolher amostras de água;
Recolher e colocar armadilhas para os macroinvertebrados do solo;
Medição de atitudes das diáclases em diferentes paragens;
Distinção dos diferentes granitos encontrados, tais como, o Granito do Porto e um
afloramento semelhante ao do Granito do Castelo do Queijo;
Observação e identificação de diferentes estruturas geológicas, tais como,
meandros, marmitas e diáclases;
Conhecer a Biologia e Geologia da zona em estudo;
Analisar situações relacionadas com aspetos de ordenamento do território;
Desenvolver atitudes de valorização do património natural;
Valorizar o papel do trabalho de campo no estudo da Biologia e Geologia;
Estimular o trabalho cooperativo.
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estudo de caso na Ribeira da Granja
Por volta das 9 horas do dia 24 de abril de 2014, encontrando-se todos os alunos no local da
primeira paragem, foi dado início à visita quinze minutos depois. Foram efetuadas cinco paragens:
a foz da Ribeira da Granja, onde se observou o migmatito, e as aves que se encontravam no local,
com o auxílio do observatório do FAPAS (Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens); de
seguida, a rua Dr. Nuno Pinheiro Torres, onde foram observadas as litologias que afloram no local,
concretamente, um granito semelhante ao do Castelo do Queijo assim como algumas famílias de
diáclases, tendo-se procedido à medição das atitudes das mesmas (cada grupo de alunos recolheu
para os frascos um pouco de água para posterior análise na sala de aula); depois, na paragem 3,
Ponte do Pingo Doce, onde foi novamente recolhida água e as armadilhas que tinham sido
colocadas anteriormente pela professora-investigadora (em seguida, foram colocadas novas
armadilhas pelos alunos com o auxílio de um protocolo); na paragem 4, Rua de Requezende,
foram observados alguns depósitos aluvionares e o meandro; por fim, a paragem 5, Quinta do Rio,
não se pôde efetuar devido às condições meteorológicas (chuva torrencial) e estando, por isso, o
afloramento totalmente coberto de água, o que impossibilitou a sua observação. Mais tarde, dia 14
de maio foi possível a realização desta última paragem. Nesta, foram observados alguns aspetos
da utilização do granito e medidas as respetivas diáclases.
Como se pode verificar no guião de campo, os discentes, além do preenchimento do mesmo,
realizaram algumas atividades, tais como, a “construção de armadilhas” para os
macroinvertebrados do solo, e, através de uma amostra de água, recolheram macroinvertebrados
bentónicos de água doce.
Relativamente à viagem propriamente dita, os alunos revelaram-se interessados e motivados
em participar nesta atividade. Aliás, como se pode verificar nas respostas dadas pelos alunos no
relatório da saída de campo (anexo 2), é possível constatar uma satisfação generalizada pela
participação nesta saída de campo.
2.2.3. Pós-Viagem
Esta foi realizada no dia 28 de abril de 2014 (150 minutos). Os alunos preencheram o relatório
de avaliação da saída de campo e foram observados os macroinvertebrados de água doce. De
FCUP 19
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Nesta atividade, foi proposto aos alunos que capturassem pequenos artrópodes utilizando
armadilhas rudimentares colocadas previamente pela professora-investigadora e de fácil utilização.
O objetivo seria a compreensão da fauna existente no solo das redondezas da ribeira.
FCUP 20
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Figura 8: Representação esquemática de alguns aspetos relativos à construção e aplicação das armadilhas (a- Placa de cobertura da
armadilha, b- Colocação do recipiente de captura no solo, c- Aspeto final da armadilha colocada no solo) (adaptado de Gonçalves et al,
2007, in Silva, 2009)
Nesta atividade, foi proposto aos alunos que recolhessem macroinvertebrados que se
encontram na Ribeira da Granja. O objetivo passava por dar a conhecer a diversidade de
macroinvertebrados existente numa ribeira e compreender o papel ecológico daqueles seres vivos
nos ecossistemas.
Os invertebrados de água doce dividem-se em Microinvertebrados (possuindo tamanho inferior
a 1milímetro tais como Protozoários, alguns Platelmintes, Rotíferos, a maioria dos Nematelmites,
Crustáceos, Cladóceros, Ostrácodes, Copépodes) e Macroinvertebrados (salvo algumas exceções
com tamanho superior a 1 milímetro tais como Oligochaetas, os Insectos, os Moluscos, alguns
Crustáceos, os Hirudíneos, alguns Platelmintes, Espongiários, Cnidários, Briozoários (Agences de
L’Éau, 1993, in Peixoto 2008)). Os macroinvertebrados bentónicos vivem fixos aos sedimentos do
fundo de um habitat aquático ou a plantas vasculares aquáticas ou, ainda, a algas filamentosas ou
FCUP 22
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
até objetos submersos e pertencem a diferentes grupos taxionómicos (Agences de L’Éau, 1993, in
Peixoto, 2008).
Os macroinvertebrados possuem diversas vantagens quando comparados com outros seres
vivos. São organismos que se encontram no interface do substrato do fundo com a água, pelo que
integram modificações que ocorram em ambos (encontram-se em vários tipos de microhabitats),
são constituídos por grupos taxionómicos com diferente grau de sensibilidade à poluição e trata-se
de organismos com caráter sedentário ou mobilidade reduzida (Peixoto, 2008). Assim, segundo o
mesmo autor, através da utilização de macroinvertebrados, é possível avaliar a qualidade da água.
Estes são, por isso, utilizados como bioindicadores biológicos da qualidade da água, quer para
diagnóstico, quer para integrarem programas de monitorização.
A recolha de água foi realizada em dois locais diferentes: uma zona com mais corrente e outra
com água parada. Em cada uma delas, foi procurada uma diversidade de habitats (na lama, areia e
cascalho, pedras roladas, blocos de pedra, vegetação aquática, matéria orgânica em
decomposição). De seguida, foram recolhidas amostras de macroinvertebrados (figura 11) usando
a rede mão com uma malha de cerca de 2 milímetros. Por fim, as amostras dos vários habitats
foram guardadas num único frasco, preservando-as com álcool a 75% (URL10).
Foi, ainda, utilizada uma chave para identificação de macroinvertebrados bentónicos de água
doce (URL11).
Figura 12:Macroinvertebrados tolerantes à poluição (a- Carochas de água doce; b- Caracóis de água doce)
FCUP 23
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Figura 13: Macroinvertebrados muito tolerantes à poluição (a- Larvas de quironomídeo; b- Minhocas aquáticas)
Figura 14: Migmatito observado na Foz da Ribeira da Granja (a- Afloramento migmatitico observado do Google Earth; b- Migmatito
observado no local; c- Vegetação observada no Migmatito)
Na segunda paragem, Rua Dr. Nuno Pinheiro Torres, os alunos observaram uma fácies
semelhante à do Granito do Castelo do Queijo (ver figura 15a), uma rocha plutónica, porfiróide de
grão grosseiro a médio, de cor cinzenta, predominantemente, biotítico com cristais de feldspato
potássico. Devido à sua alteração, apresenta uma patine alaranjada. Este tipo de granito apresenta
duas famílias de diáclases (ver figura 15b), uma com uma atitude de N08º 50E, e outra com atitude
de N78º 70ºNW. Estas medições foram realizadas pelos alunos com o auxílio da professora-
investigadora. Neste local, foram também observados outros aspetos geomorfológicos. As
marmitas de gigante podem ser observadas nos afloramentos do leito da ribeira. Estas resultaram
de movimentos turbilhonares provocados pela ação erosiva da Ribeira da Granja (ver figura 15c).
As estruturas geológicas (marmitas de gigante) têm uma forma circular ou elíptica e têm origem no
redemoinhar de seixos e blocos que ficam ali aprisionados. A energia cinética do leito da ribeira
possibilita um movimento destes sedimentos que exercem, por sua vez, uma intensa ação
abrasiva, fazendo assim, com que eles próprios adquiram uma forma arredondada (URL12).
FCUP 24
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Na terceira paragem, Ponte Pingo Doce, os alunos puderam observar depósitos de terraços
fluviais (ver figura 15 d e) que correspondem a depósitos sedimentares antigos localizados a
diferentes cotas.
Figura 15: a- Afloramento de granito semelhante ao Granito Castelo do Queijo; b- Diáclases; c- Marmita; d e- Depósitos de terraços
fluviais
Pode-se constatar que os alunos gostaram de manusear a bússola, uma vez que nunca o
haviam feito anteriormente. É de salientar que eles nunca tinham observado in situ as diferentes
estruturas geológicas, nomeadamente, os meandros, marmitas e as diáclases, mas demonstraram
empenho e interesse quando tiveram em contacto com as mesmas e efetuaram as medições das
últimas. Assim, esta saída de campo proporcionou um aumento do conhecimento geológico por
parte dos discentes.
FCUP 25
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
2. Metodologia da Investigação
A presente investigação visa perceber e compreender o contributo das saídas de campo para o
ensino da Biologia e Geologia, segundo o modelo de Nir Orion (1993). Deste modo, pretende que
os alunos reflitam sobre as saídas de campo e verifiquem se estas serão benéficas para o ensino-
aprendizagem. Neste sentido, esta investigação segue o método qualitativo, no qual os
investigadores “interessam-se mais pelo processo de investigação do que unicamente pelos
resultados ou produtos que dela decorrem”(Carmo & Ferreira, 2008). Posto isto, este método é
pautado por um carácter interpretativo a fim de analisar, intrinsecamente, o individuo, um grupo ou
acontecimentos. O método qualitativo é, ainda: indutivo “os investigadores desenvolvem conceitos
e chegam à compreensão dos fenómenos a partir de padrões provenientes da recolha de dados”;
holístico - “o investigador tem em conta a “realidade global”, isto é, os sujeitos, os grupos e as
situações são vistas como um todo, sendo estudado o passado e o presente dos sujeitos de
investigação”; naturalista - “a fonte direta dos dados são as situações consideradas “naturais”.
Muitas vezes ocorre interações entre o investigador e sujeitos de investigação”; humanístico - “os
investigadores tentam compreender os sujeitos de uma forma qualitativa, tentam conhecê-los como
pessoas, contactando, muitas vezes, com a sua vida diária”; e, descritivo - “devendo a descrição
ser rigorosa e resultar diretamente dos dados recolhidos” (Carmo & Ferreira, 2008).
Para além disto, segundo este método, o investigador é o instrumento de recolha de dados,
sendo que a sua subjetividade é uma das maiores problemáticas. Por conseguinte, “a preocupação
central não é a de saber se os resultados são suscetíveis de generalização, mas sim a de saber
que outros contextos e sujeitos a eles podem ser generalizados” (Carmo & Ferreira, 2008). No
plano qualitativo, o modelo mais representativo, atualmente, é o estudo de caso.
FCUP 26
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Tendo em conta o que foi referido relativamente às limitações e vantagens das saídas de
campo, este estudo pretende aferir qual a relevância e eficácia das mesmas na aquisição de
conhecimentos no âmbito da Biologia e Geologia e quais as perceções dos alunos quanto à
realização deste tipo de atividades.
“O estudo de caso tem sido largamente usado em investigação em Ciências Sociais” (Carmo &
Ferreira, 2008). Segundo Ponte (2006), o estudo de caso é um estudo de um programa, uma
instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. O seu objetivo é
compreender o “como” e os “porquês” destes. Por outro lado, o investigador não controla os
acontecimentos e o estudo foca-se na investigação de um fenómeno ocorrido no seu próprio
contexto, procurando descobrir o que a investigação tem de mais essencial e característico, e,
consequentemente, contribuir para a compreensão global desse mesmo fenómeno de interesse. O
mesmo autor acrescenta que o estudo de caso pode seguir uma perspetiva interpretativa, caso em
que tenta compreender como é o mundo do ponto de vista dos seus participantes, ou uma
perspetiva pragmática, que proporciona uma perspetiva global, completa e coerente do objeto de
estudo. Este tipo de investigação não é experimental, logo, o investigador só o usa quando não
pretende modificar a situação, mas sim, compreender tal como ela é, isto é, tal como ela se
encontra. Daí, o seu carácter ser também interpretativo e naturalista.
Num estudo de caso, não é desejável nem é possível manipular as causas do comportamento
dos participantes, por isso, é importante que o investigador consiga retirar partido da possibilidade
de poder a vir surpreender-se com os resultados que possa encontrar, não estando comprometido
afetivamente ou intelectualmente com os mesmos.
O estudo de caso caracteriza-se, ainda, por ser particular, visto que se centraliza numa
determinada situação, acontecimento, programa ou fenómeno, e é descritivo porque o produto final
será uma descrição sobre o acontecimento que está a ser estudado, tal como afirma Ponte (2006).
Este tipo de investigação tem que ter sempre um forte cunho descritivo, heurístico (conduz à
compreensão do fenómeno que está a ser estudado), indutivo (pois a maioria destes estudos
baseiam-se no raciocínio indutivo) e holístico (uma vez que conta com a realidade na sua
globalidade) (Carmo & Ferreira, 2008).
Um bom estudo de caso deverá, portanto: possuir uma definição clara do objeto de estudo e
da evidência dos aspetos característicos fundamentais do caso e acrescentar conhecimento ao
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
conhecimento que já existe (Ponte, 2006). Carmo & Ferreira, (2008) afirmam que o estudo de caso
contém cinco características essenciais: ser relevante, completo, considerar perspetivas
alternativas de explicação, evidenciar uma recolha de dados adequada e suficiente e deve ser
apresentado de uma forma que motive o leitor. Todavia, este tipo de estudo apresenta algumas
limitações devido ao facto de ser uma investigação pouco rigorosa e é adequado para dar resposta
a todos os problemas por qualquer investigador.
Tendo em conta que se pretende compreender um fenómeno no seu contexto real, único e que
não permite generalizações, o estudo de caso pode ser aplicado como metodologia de
investigação, visto que ocorre num curto período de tempo.
Segundo Bardin (2014), a análise de conteúdo consiste num conjunto de técnicas de análise
das comunicações. Existem vários tipos de análise de conteúdo, nomeadamente, a análise de
exploração e verificação, análise quantitativa e qualitativa, e análise direta e indireta (Carmo &
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
Ferreira, 2008). Tendo em conta o plano qualitativo desta investigação, o tratamento de dados
consistiu na análise de conteúdo do tipo exploratório, uma vez que as categorias de análise foram
definidas posteriormente. Por sua vez, as categorias devem ser exaustivas (permitem acolher todas
as unidades de registo pertinentes para o objeto da pesquisa), exclusivas (os mesmos elementos
devem pertencer a uma e não a várias categorias), objetivas (uma unidade de registo só deve
pertencer a uma dada categoria) e pertinentes (devem manter uma relação estreita com os
objetivos e com o conteúdo que está a ser classificado) (Carmo & Ferreira, 2008).
Esta análise de conteúdo do tipo exploratório está dividida em três pólos cronológicos, de
acordo com Bardin (2014). Na primeira fase (a pré-análise), o investigador deve proceder à escolha
dos documentos que vão ser sujeitos a análise, mais concretamente, o relatório de avaliação da
saída de campo, constituindo assim, o corpus da pesquisa. O primeiro contacto com os
documentos foi feito através de uma “leitura flutuante”, que consiste em estabelecer um contacto
inicial com os documentos a analisar, permitindo ter as primeiras impressões acerca do mesmo.
Por sua vez, tal possibilitou, logo à partida, possuir alguns indicadores a ter em conta no estudo
realizado. Posteriormente, foi efetuada, durante a fase de codificação, a exploração do material na
qual foram tratados os dados, realizada a identificação das categorias, unidades de registo e
unidades de contexto. Nesta fase, recorreu-se à categorização que consiste “numa operação de
classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação” (Bardin, 2014). Deste
modo, é possível considerar a categorização como uma classificação da mensagem. Foram ainda,
elaboradas grelhas de análise segundo este autor e, posteriormente, procedeu-se ao tratamento,
inferência e interpretação dos dados obtidos.
2.5. Amostra
Segundo Carmo & Ferreira (2008), existem dois processos de amostragem: a probabilística e a
não probabilística. A probabilística é uma amostragem representativa em que os resultados podem
ser generalizados, enquanto que, a não probabilística não é representativa de uma população, não
podendo, por isso, vir a ser generalizada.
No presente trabalho, foi efetuada uma amostragem do tipo não probabilístico que tem como
vantagem a poupança de tempo, dinheiro e esforço na procura de indivíduos. A amostra por
conveniência é utilizada num grupo de indivíduos que esteja disponível, neste caso, usada uma
turma de 10º ano de escolaridade, formada por 26 alunos (15 rapazes e 11 raparigas), com média
de idades de 15,7. Esta turma estava disponível para o estudo, uma vez que todos os elementos
fazem parte de uma das turmas da orientadora cooperante. Todavia, um problema associado a
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
este tipo de amostra é a impossibilidade de generalizar os resultados obtidos, visto que não se teve
em conta a sua representatividade em relação à população.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
6.Locais da Locais Locais interessantes para a “…sim, considero os locais interessantes para a realização
saída de campo interessantes realização de futuras saída de mais saídas.”
interessantes/ de campo
não “Não, considero os locais não interessantes para a realização
interessantes Locais não Locais não interessantes de mais saídas”
para a realização interessantes para a realização de futuras “Não pois este tipo de locais só é preciso visitar uma vez”
de futuras saídas de campo “…é preciso diversificar”
saídas de campo
7.Avaliação do Podem melhorar Há aspetos em que os “…os alunos devem prestar mais atenção”
comportamento docentes podem melhorar “… prever o clima que nos vai calhar num dia”
dos docentes “…informar melhor sobre o transporte”
durante a saída Não há nada para Não há aspetos que os “Nenhum.”
de campo melhorar professores possam “Nada.”
melhorar “Nenhum, penso que estiveram bem.”
“Acho que nada.”
aprenderam a construir armadilhas (o que até ai era totalmente desconhecido) assim como, a
técnica de recolha de água e a identificação in situ de diferentes estruturas geológicas, tais como,
marmitas, meandros e diáclases. Aprenderam, igualmente, a medir as atitudes das diferentes
famílias de diáclases e constatou-se, ainda, uma surpresa para os discentes, associada à
existência, ao longo do percurso da Ribeira da Granja, de dois tipos de granitos, o granito do Porto
e um afloramento de granito semelhante ao do Castelo do Queijo. É de salientar que os alunos
referiram ter aprendido tudo acerca da saída de campo. Aliás, é possível ilustrá-lo com respostas
do tipo: “…nada, porque perguntei tudo o que gostaria de saber na visita”. Por outro lado, quando
surgiram dúvidas, os docentes foram capazes de as esclarecer.
30
25
20
15
10
5
0
Sim Não
8.Outros materiais que podem ou não ser usados nas próximas saídas de campo
Questionados acerca dos materiais usados e passíveis de utilização nas próximas saídas de
campo, os alunos responderam, na generalidade, que efetivamente tinham tido à sua disposição
todos os materiais que consideraram necessários à boa realização da mesma. Por outro lado, os
que tinham opinião contrária apontaram como outros materiais necessários: bússola, martelo,
frascos e binóculos.
grande parte dos alunos considerou a saída de campo interessante, correspondendo a mesma às
suas expectativas e admitindo que gostariam de a repetir.
30
25
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15
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Sim Não
30
25
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10
5
0
Sim Não
No gráfico 2, é visível que apenas um aluno considerou que a saída de campo não aumentou
os seus conhecimentos biológicos. Já quanto aos conhecimentos geológicos, está patente no
gráfico 3 que todos os alunos os aumentaram.
É notória, a unanimidade (gráficos 2 e 3) quanto ao contributo positivo da saída de campo para
a consolidação/aquisição de conceitos lecionados na disciplina de Biologia e Geologia (por
exemplo, relativamente à Biologia ficaram a compreender melhor a diversidade na biosfera
pertencente à primeira unidade da disciplina, e no que diz respeito à Geologia, os alunos
compreenderam a interação dos ecossistemas, os diferentes tipos de rochas, incluídos na unidade
“A geologia, os geólogos e os seus métodos”).
Os alunos efetuaram uma autoavaliação, relativamente ao seu desempenho nas tarefas que
realizaram durante a saída de campo, que está ilustrado no gráfico 4. O gráfico 5 mostra a
autoavaliação dos discentes quanto à sua prestação global no decorrer da saída de campo.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
20
Número de alunos
15
10 Sempre
A maioria das vezes
5
Algumas vezes
0 Raramente
Cumpri as Empenhei-me Fui capaz de Apoiei os
tarefas que me em realizar o escutar as colegas quando
estavam melhor possivel, opiniões dos estes
destinadas essas tarefas meus colegas necessitaram de
ajuda
15
Número de alunos
10
0
Muito Boa Boa Suficiente Insuficiente
No que concerne ao gráfico 5, três alunos afirmaram que a sua prestação foi suficiente, dez
alunos consideraram a sua prestação boa, e a maioria, treze alunos (metade da turma), referiu ter
tido uma prestação muito boa.
De destacar que, em ambos os gráficos, os alunos tiveram alguma capacidade crítica quanto à
sua prestação e postura durante a visita de estudo, não se limitando a avaliar com pontuação
máxima o seu comportamento.
Foi realizado um teste antes da realização da saída de campo (pré-teste) igual ao efetuado
após a mesma (pós-teste). Os gráficos seguintes (6 e 7) ilustram o número de respostas corretas,
erradas e questões às quais os alunos não responderam (questões “em branco”). A parte
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
respeitante aos conteúdos lecionados em Biologia corresponde às questões 1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5,
1.6, 1.7, 1.8 e 1.9. As restantes questões são referentes aos conteúdos lecionados em Geologia.
Pré- Teste
30
Número de alunos
Correta
20
Errada
10
Não respondeu
0
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5a) b) c) 1.6 1.7 1.8 1.9 1 2 3a) b) c) 4.1 4.2 4.3 5
Questões
Pós-Teste
30
Número de alunos
Correta
20
Errada
10
Não respondeu
0
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5a) b) c) 1.6 1.7 1.8 1.9 1 2 3a) b) c) 4.1 4.2 4.3 5
Questões
Pela análise do gráfico 7, é possível constatar que o número de respostas corretas, em geral,
predomina. De facto, apenas nas questões 1.5b) e 1 a quantidade de respostas erradas foi superior
à das corretas.
FCUP 38
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estudo de caso na Ribeira da Granja
30 20
25
15
20 Correta Correta
15 Errada 10 Errada
10 "Em branco" "Em branco"
5
5
0 0
25 25
20 20
Correta Correta
15 15
Errada Errada
10 10
"Em branco" "Em branco"
5 5
0 0
8 e 9) tiveram que apresentar uma definição de bioindicadores, o que apenas foi explicado durante
a pré-viagem (posterior ao pré-teste), daí o aumento significativo do número de respostas corretas.
Já na questão 3 (gráficos 10 e 11), os mesmos foram incitados a identificar e caracterizar a litologia
predominante na cidade do Porto, contudo, ao contrário da questão 1.8, não houve grandes
disparidades entre pós-teste e o pré-teste, uma vez que esta matéria já havia sido lecionada no
início do ano letivo. Por fim, relativamente à pergunta 5 (gráficos 12 e 13), os discentes tiveram que
identificar estruturas geológicas, nomeadamente, meandros, marmitas e diáclases, o que só foi
possível durante a saída de campo, embora já tivessem sido abordadas aquando a pré-viagem.
No que concerne ao modelo organizativo de Nir Orion (1993), os alunos consideraram ser
produtivo e benéfico, uma vez que os motivou e incentivou-os a querer aumentar o seu
conhecimento e sabedoria. Referiram ainda, que a preparação prévia da viagem foi fundamental,
pois influenciou a sua postura e participação na atividade. Para além disto, diminuiu o efeito
novidade, ou seja, a ansiedade face ao que iriam fazer, e desenvolveu competências necessárias à
participação na saída de campo.
Por último, é notório que um dos aspetos mais criticados pelos discentes foi as condições
climatéricas que, impediram a realização da última paragem no dia agendado. Todavia, a
satisfação dos alunos com o facto da sua turma ter sido a única que realizou esta saída de campo,
foi vista como uma mais-valia para que tudo corresse conforme o esperado, já que não houve
muita confusão, mas antes, um trabalho colaborativo. Realmente, estes tiveram um comportamento
exemplar durante a mesma.
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As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
participação e empenho dos alunos na atividade, tendo observado que a sua maioria pretendia
participar ativamente e encontrava-se motivada.
Relativamente à evolução observada no pré-teste e pós-teste, os gráficos 6 e 7 espelharam,
nitidamente, que existiu um aumento do número de respostas corretas no segundo em relação ao
primeiro, diminuindo, por conseguinte, o número de respostas erradas e de respostas “em branco”.
Significa isto, que entre a pré e a pós-viagem houve um aumento de conhecimentos e de interesse
por parte dos alunos, conforme a opinião dos mesmos sobre o contributo da saída de campo para
a aquisição e consolidação de conhecimentos.
Após a aplicação do modelo de Nir Orion (1993) na turma objeto de análise, concluiu-se que
este possui vantagens das quais é de destacar a relevância (quantitativa e qualitativa) da pré-
viagem, onde foi efetuada uma abordagem preliminar ao objeto, locais, conteúdos e outros aspetos
importantes que constituíram a viagem propriamente dita.
Ao longo da redação deste relatório de estágio, a professora-investigadora deparou-se com
grandes obstáculos ao nível da obtenção de informação acerca do seu objeto de estudo, a Ribeira
da Granja, o que exigiu uma maior dedicação, pesquisa intensiva e trabalho de campo mais
pormenorizado por forma a proporcionar uma boa saída de campo. De realçar que uma das
limitações deste estudo residiu no facto de o mesmo não ser passível de generalizações. Todas as
conclusões referem-se apenas à turma do 10º ano em que foi aplicado o modelo de Nir Orion
(1993) para a saída de campo.
Por fim, este estudo teve um impacto bastante positivo tanto para o desenvolvimento
profissional da professora-investigadora (visto ser uma professora em formação), como a nível
pessoal. Posto isto, com o presente trabalho foi-lhe possível aprender mais acerca da zona em
estudo. Neste sentido, é sempre uma mais-valia para o professor saber que a estratégia que
implementou, neste caso, numa turma do 10º ano de escolaridade, foi benéfica para o ensino da
Biologia e Geologia. Como é evidente, enquanto professora em formação, este estudo permitiu
desenvolver um maior conhecimento sobre a metodologia usada e técnicas de recolha de dados.
Considera-se, portanto, que após a elaboração deste estudo a professora-investigadora encontra-
se melhor preparada para o exercício da sua profissão.
FCUP 43
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja
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ANEXOS
FCUP 47
As saídas de campo segundo o modelo de Nir Orion (1993): um
estudo de caso na Ribeira da Granja