Bahule Concluido - 023745
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Domingos Muzime
Domingos Muzime
Índice
1. Introdução............................................................................................................................................3
2.6.2 Pecuária..........................................................................................................................................8
2.6.3 Comércio:.......................................................................................................................................8
2.6.1.1 Religião.......................................................................................................................................8
2.7.1.2 Música.........................................................................................................................................8
2.7.1.3 Arte..............................................................................................................................................9
2.7.1.4 Nascimento..................................................................................................................................9
2.7.1.5 Iniciação....................................................................................................................................10
2.7.1.6 Casamento.................................................................................................................................11
2. Constatações......................................................................................................................................15
4. Referências Bibliográficas....................................................................................................................16
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1. Introdução
África é um continente rico tanto na cultura, línguas bem como nos grupos étnicos
existentes, na presente pesquisa, buscar-se-á, estudar as civilizações africanas,
concretamente os Khoisan.
Introdução;
Desenvolvimento;
Conclusão;
Referências Bibliográficas .
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2. Os Povos Khoisan
O povo Khoisan, também chamado de coissano, é um termo usado para descrever dois grupos
distintos, mas relacionados, que habitam a região da África Austral:
-Os Khoi, também conhecidos como hotentotes (deriva do termo holandês “gago” ou antes
cacarejador, Estermann, 1983,p.175). ), tradicionalmente pastores semi - nomades.
o etnónimo (nome de um povo ou tribo) Khoisan é um grossónimo constituído por vários povos,
não apenas dois (khoi-khoi e san). Fazem parte da família Khoisan os povos Hadze, Sanawe,
Kwadi, Khwe, Nama, Damara,Haillom, Ju´hoani, !Xun (!Xung), !Hõa, !xóõ e N/uu (=Khomani),
região da África Em Angola encontramos, principalmente os Kung (!Xung) variedade dos San e
os Kwed (ovakede), da variedade dos Khoi-khoi (Kondja, pp. 10-18).
Apesar das diferenças em seu modo de vida, ambos os grupos compartilham características
físicas e linguísticas semelhantes.
Actualmente, muitos Khoisan vivem em cidades e vilas, além de suas áreas tradicionais.
Normalmente, um núcleo é composto por um número que varia entre 15 e 50 pessoas, sendo o
poder exercido pelo mais velho do núcleo, cada indivíduo pode deixar o seu núcleo e ligar-se ao
outro quando quiser. As dificuldades para a satisfação das necessidades mais elementares da vida
impossibilitam formar grupos maiores, às vezes essas famílias são obrigadas a separarem-se
porque o mesmo local não comporta o sustento de todos (Parkington, 2010, p. 733).: Estes
grupos não reconhecem porém nenhuma autoridade étnica, sendo a única autoridade a que se
submetem a do chefe do acampamento, chefe este que não é necessariamente um homem. No
entanto, nada impede que, em casos complicados, se reúna um certo número de chefes de
acampamentos para se aconselharem ou tomarem decisões ou fazerem julgamento (Estermann,
1960a, p. 22).
Nestes núcleos, é a mulher quem decide quando, como e para onde mudar os acampamentos.
Nos novos lugares são elas que constroem as cubatas. Mas, a «grande unidade política e social é
o grupo de caçadores comandados pelo mais hábil» (Paulme, 1996, p. 61). Portanto, entre os
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Kung ou Khoisan, no geral, não existe uma autoridade real, não existe uma estratificação social,
nem formam estados ou reinos, viveram sempre sob a forma de “comunismo primitivo”.
Leonardo Tuyenikumwe Pedro, Paulino Luís Mussili, Aspectos sócio históricos dos povos
Khoisan .
Em tempos mais remotos, a organização sociopolítica dos San difere dos Khoi-khoi, por causa
do seu modo de vida. A dos Khoi é mais complexa do que a dos San e é mais próxima a dos
povos Bantu. Cada etnia tem um chefe, um território fixo. A etnia compreende diversos clãs
patrilineares e exógamas, com um sistema classificativo em que cada clã usa o nome do seu
antepassado. Uma hierarquia severa, baseada na idade, rege as relações sociais no interior do clã.
O chefe da etnia é o primeiro, por ser chefe do clã mais antigo (Paulme, 1996, p. 63).
A colecta de frutos, raízes, mel e outros produtos vegetais era fundamental para a sua dieta.
2.6.2 Pecuária
Alguns grupos Khoisan, especialmente os KhoiKhoi, domesticaram animais como vacas, ovelhas
e cabras.
A criação de gado proporcionou leite, carne e couro para os Khoisan, além de facilitar o
transporte e a migração
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2.6.3 Comércio:
Os Khoisan estabeleceram relações comerciais com outros povos da África Austral, trocando
produtos como carne, couro, peles e ferramentas por outros bens como cerâmica, metal e contas.
O comércio contribuiu para a difusão de tecnologias e ideias entre diferentes culturas da região.
2.6.1.1 Religião
Testemunha-se a existência de um único ser divino, causador de todo mal e do bem. Eles o
denominam por Gama , o seu Ente Supremo, à quem atribuem a criação de todas as coisas. Se
alguém for fulminado por um acontecimento Gama é tido por causador. Eles também agradecem
à Gama, mostrando-lhe uma pequena prece, Gama nynandule (obrigado Deus), que os caçadores
costumam fazer todos dias, antes de iniciar a faina da caça e por quaisquer rendimentos laborais
(Estermann, 1960b, p. 33). Também acreditam na boa ou más influências dos espíritos dos
antepassados, prestam-lhes um culto e servem de protecção das novas gerações. Os curandeiros
usam esses espíritos para diagnosticar os pacientes e posteriormente indicação do tratamento.
2.7.1.2 Música
No que tange à música, os Khoisan dispõem-se de modestíssimos instrumentos musicais: o arco
de caça amarrando uma cabaça; casca de frutos seco, unidos nos pólos perfurados e a cabaças. O
compasso da música é geralmente marcado pelo bater das palmas, executada especialmente pelas
mulheres ao ritmo dos batuques. A dança é feita a partir de uma concepção coreográfica imitada
com imperfeição as cenas da vida dos animais selvagens, denominadas ematalaudeni, havendo
ainda danças especiais, como a de iniciação da puberdade feminina. As canções referem-se
normalmente as colheitas de frutos e mel, as caçadas e os aspectos da vida conjugal (Almeida,
1994, p. 109).
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2.7.1.3 Arte
Existência de pinturas rupestres nas paredes de abrigos rochosos com o auxílio de carvão
vegetal, ocre, água e gordura animal. Essas pinturas, retratam cenas de caça, danças destinadas a
enfeitiçar a caça e onde se vêem dançarinos a mimar o comportamento dos animais e por vezes
também combates entre Khoisan e invasores Bantu (Paulme, 1996, p. 57). Existem numerosas
pinturas rupestres retratando mulheres usando bastões de cavar mastreados. Conhecem-se dois
tipos de bastões: o primeiro tem malhas pequenas e parece ter sido usado para transportar raízes
e tubérculos; o segundo, tem malha maior, este tipo de bolsa deve ter sido empregado para
transportar cascas de ovos de avestruz, que serviam como recipientes para água.
2.7.1.4 Nascimento
Antigamente, a mulher dava a luz no meio da floresta, sem assistência mesmo se for pela
primeira vez. Porém, fica uma velha encarregada de observar o andamento do parto, por trás de
uma árvore, pronta a intervir se surgir qualquer complicação. O cordão umbilical é cortado com
um pau em forma de faca. Posteriormente houve mudança, isto é, para dar à luz a parturiente
ajoelha, sentando-se sobre os calcanhares, a fim de lhe fazer escancarar, a parteira senta-se
enfrente da mulher e estala os seus pés entre as coxas da paciente. Mesmo quando as dores são
muito violentas e demoradas, as assistentes não permitem que a parturiente se mexa muito
(Estermann, 1960a, p. 31).
2.7.1.5 Iniciação
Os Khoisan realizam ritos de iniciação masculina e feminina, depois destes ritos, o indivíduo está
pronto para contrair matrimónio. Antes de ser considerado adulto, o jovem é submetido a um
ritual que consiste em fazer incisões nas costas, nos braços, nas quais se esfrega carne
carbonizada, para que a força e a agilidade da caça o penetre e cicatrizes entre os olhos servem
para terem uma visão aguda (Paulme, 1996, p. 60). Por duas ocasiões se organiza, no
acampamento, uma pequena festa para o jovem. A primeira vez, quando ele acaba de matar o
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primeiro bambi, para oferecer a pele do bicho à sua noiva; a segunda, quando, depois de casado,
repete a mesma proeza (Estermann, 1960a, p. 28).
Quanto às raparigas, fazem o ritual de iniciação duas vezes, o chamado efundula grande e o
efundula pequeno. O primeiro ritual (efundula grande) é realizado quando aparece o primeiro
fluxo menstrual e o segundo ritual acontece logo ao aparecimento do segundo fluxo menstrual e
é chamado de efundula pequeno. Outrora, após o aparecimento do primeiro fluxo menstrual, a
rapariga era levada para a floresta distante do acampamento, numa cabana rudimentar,
previamente construída para o efeito, onde permanecia uma ou mais semanas, de cabeça coberta
com uma pele de antílope, sujeitando-se a uma severa dieta , (não podia comer carne, mel, fruta
e nem pirão de massango). E para voltar a consumir estes alimentos proibidos, era sujeitada a um
pequeno ritual denominado okuhakula16, praticado pela mãe ou por uma tia. Finda a clausura, a
jovem regressava ao acampamento onde toda gente a recebia festivamente, durando dois a três
dias, consumindo-se carne de caça e as mulheres executam danças próprias a estas cerimônias
(Almeida, 1994, p. 110). O noivo também podia fazer parte da cerimônia, mas não entrava na
cubata, onde se encontrava a rapariga. Ao sair da cubata a noiva é vestida com uma pele nova, do
animal abatido pelo noivo. Nesta ocasião a rapariga recebia também missangas novas.
(Estermann, 1960b, p.9.).
No decorrer do ritual, a rapariga não pode ser vista pelo público. Ela deve estar no abrigo com o
seu companheiro caso tenha, além da guarda dela (Ongholoko). O efundula pequeno, acontece
quando ocorrer o segundo fluxo menstrual e o procedimento será o mesmo que o primeiro. Este
ritual pode durar um mês, só sair do quarto apenas de noite em caso de necessidades maiores ou
menores e deve ser carregada pelas costas, salvo se estiver calçada, ou seja não pode pisar o solo.
Após o efundula, a jovem é considerada pronta para o casamento.
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2.7.1.6 Casamento
Entre os Khoisan todas as negociações preliminares ao casamento, são tratadas entre os pais dos
futuros noivos e por um amigo do noivo que pertence ao mesmo acampamento da rapariga. Em
todo o caso a rapariga é publicamente interrogada, para se saber se ela quer aceitar o rapaz.
Culturalmente conforme acontece em outras etnias de Angola, o rapaz deve dar os dotes do
alambamento à noiva, era um bambi vivo sem sangramento, que o pretendente tinha que agarrar
em corrida. Este procedimento tradicional encontra-se ultrapassado por acharem absurdo,
actualmente é oferecida à noiva cobertor, vestuários e alguns adornos.
Apresenta-se o noivo, no dia marcado e é recebido pelo amigo, que o leva aos pais da noiva. Ao
fim da tarde, o amigo conduz o rapaz para a cubata onde se encontra a rapariga com as suas
companheiras. Chegada a noite, saem os amigos e os noivos consumam o matrimónio e ele passa
a primeira época do casamento com a família da mulher, dando-se a explicação de tal norma a
possibilidade da avó se ocupar do recém-nascido (Estermann, 1960, p. 30 & Paulme, 1996, p.
61). O matrimónio dos Khoisan é monogâmico, destacando-se a intolerância das suas mulheres
a um acto de relacionamento extraconjugal.
Para o adulto o luto é de quatro dias e de dois para uma criança. Os adultos eram enterrados atrás
do abrigo, com a cabeça orientada para nascente. Para as crianças, fazia-se uma cova dentro do
abrigo. Algum tempo depois da morte de um adulto, mudavam de acampamento. O momento de
partida era marcado por um ritual, cujo homens lançam alguns ramos verdes sobre a campa.
Igualmente procederão, se no futuro tiverem, por acaso, de passar perto do sítio da sepultura.
Mulheres e crianças tomam um pouco de carvão, esfregam com ele a testa e laçam restos sobre a
campa, dizendo as seguintes palavras ritualistas: «aceita esta oferta. Nós vamos mais além da
floresta. Encontrar-nos-emos» (Estermann, 1960, p. 32 & Paulme, 1996, p. 63).
O óbito pode durar dez dias e permanecem na região . Durante algum tempo, os viúvos e as
viúvas devem abster-se de se aproximar do gado, de mexer nas vasilhas do leite (para os Khoi),
de comer carne crua e de beber água fria. O período de luto termina com uma purificação,
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seguida por uma refeição e por uma reintegração nos deveres quotidianos semelhante à
cerimónia que encerra o isolamento de iniciação das raparigas (Paulme, 1996, pp. 63-64).
Sobre a Herança, na cultura dos Khoisan, antigamente os objectos que pertenciam aos homens:
armas, machadinhos e peles, passavam a ser propriedade da mulher, depois da morte do marido.
Este não é necessariamente o filho da irmã mais velha. Em princípio todos os rapazes oriundos
de irmãs uterinas estão em pé de igualdade. O herdeiro principal será designado por um conselho
de família que se reunirá depois da cerimónia fúnebre (Pinto e Nóbrega, 2009,p. 25).
A herança é matrilhinear, isto é, na escolha do herdeiro, a prioridade recai ao sobrinho que teve
maior afinidade e amizade com o defunto. Todavia, se não houver descendente masculino da
linha materna, a herança passa directamente para um filho de uma prima materna do defunto.
(Estermann, 1960, p. 145). Nos últimos tempos o direito de herdar tem-se estendido aos filhos e
tios, isto é, segundo o Shikongo (apelido).
Apesar das dificuldades, os Khoisan têm lutado por seus direitos à terra, à autodeterminação e ao
reconhecimento cultural.
A sua resistência inspira outras comunidades marginalizadas na África e no mundo a lutar por
seus direitos e pela justiça social.
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Exemplos de Impacto:
A luta dos Khoisan pelos seus direitos inspirou o movimento pan-africano e a luta contra
o colonialismo;
O conhecimento do meio ambiente dos Khoisan está sendo utilizado para a conservação
da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na África Austral
As pinturas mais antigas datam de 27.000 anos atrás, oferecendo uma visão única da
cultura e história Khoisan.
A criação de gado proporcionou leite, carne e couro para os Khoisan, além de facilitar o
transporte e a migração.
nas zonas de difícil acesso como nas regiões desérticas, semi-desérticas, montanhosas e estepes
salinas dos confins da Namíbia, África do Sul, Botswana e Angola. Este fato foi possível devido
à superioridade económica e militar dos Bantu, por praticarem a agricultura, pastorícia e serem
portadores da arte de trabalhar o ferro.
2. Constatações
Após a realização da presente pesquisa, que tem como análise de fundo as civilizações africanas
com destaque para os Khoisan, constatou-se que estes povos surgiram antes dos Bantus, com
índice demográfico aproximadamente a 200.000 habitanes, estes povos possuem dupla fixação ,
a nómada e a semi- dentária, as actividades predominantes são a a caça, a recolecção, o
comércio.
Pelo facto de serem povos de origem africana, também carregam traços de identidade africana,
como a realização de ritos de iniciação, rituais, culto a deuses, e no caso vertente ao Deus Gama
e a consulta de curandeiros. Não diferente, constatou-se que desde a nascença, casamento e
morte, todo o individuo passa por vários processos.
De referir ainda que, em caso de morte a herança está na posse das comunidades matrilineares,
visto que é esta quem decide quando abandonar o território habitado actualmente, onde será o
novo território e esta ainda é responsável por construir as cubatas.
E por fim, a razão da extinção dos Khoisan foi o surgimento dos Bantus, que carregavam um
modus vivendo, relativamente melhor que dos Khoisan.
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4. Referências Bibliográficas
ALMEIDA. A. Os Bosquimanos de Angola, Lisboa, Ministério do Planeamento e da
Administração do Território Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia Instituto de
Investigação Científica Tropical.1994
Deacon, H. J. Human origins in southern Africa: Tracking the past. David Philip
Publishers.1998