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Carla Júlio Messive

Domingos Muzime

Flávia Persidónio Cossa

Mércia Cremildo Muguambe

Sebastião Alcides Faduco

Abordagem geral da civilização africana: Os Khoisan

Licenciatura em ensino de Português


Universidade Pedagógica de Maputo
Maputo, Março de 2024
1

Carla Júlio Messive

Domingos Muzime

Flávia Persidónio Cossa

Mércia Cremildo Muguambe

Sebastião Alcides Faduco

3º Ano ( Major) Pós laboral

Abordagem geral da civilização africana: Os Khoisan

Trabalho de carácter Teórico- a


ser apresentado ao departamento
de Ciências de Linguagem
Comunicação e Artes, na cadeira
d Introdução a História dos Povos
Bantus.

Dr. Orlando Bahule

Licenciatura em ensino de Português


Universidade Pedagógica Maputo
Maputo, Março de 2024
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Índice
1. Introdução............................................................................................................................................3

2.1 Origem dos Khoisan..............................................................................................................................4

2.2 Localização Espácio-Temporal:.............................................................................................................5

2.2.1 Localização temporal......................................................................................................................5

2.2.2 Localização espacial dos Khoisan...................................................................................................5

2.3 Evidências arqueológicas:.....................................................................................................................5

2.4 Discrição física dos Khoisan.................................................................................................................6

2.5 Organização Sociopolítica....................................................................................................................6

2.6 Principais Atividades Econômicas:........................................................................................................7

2.6.1 Caça e recolecção...........................................................................................................................7

2.6.2 Pecuária..........................................................................................................................................8

2.6.3 Comércio:.......................................................................................................................................8

2.7 Contribuições para a Afirmação Africana:............................................................................................8

2.7.1 Cultura e Tradições:........................................................................................................................8

2.6.1.1 Religião.......................................................................................................................................8

2.7.1.2 Música.........................................................................................................................................8

2.7.1.3 Arte..............................................................................................................................................9

2.7.1.4 Nascimento..................................................................................................................................9

2.7.1.5 Iniciação....................................................................................................................................10

2.7.1.6 Casamento.................................................................................................................................11

2.7.1.7 Morte e Herança........................................................................................................................11

2.8. Conhecimento do Meio Ambiente:.....................................................................................................12

2.7 Lutas pela Terra e Direitos:.................................................................................................................12

2.9 Outras Contribuições:..........................................................................................................................13


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2.10 Decadência dos Khoisan....................................................................................................................14

2. Constatações......................................................................................................................................15

4. Referências Bibliográficas....................................................................................................................16
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1. Introdução
África é um continente rico tanto na cultura, línguas bem como nos grupos étnicos
existentes, na presente pesquisa, buscar-se-á, estudar as civilizações africanas,
concretamente os Khoisan.

Nestes povos, verificar-se-á desde a origem, localização tempo-espacial, as actividades


sociais, económicas , a religião, a arte entre outros aspectos, também de maior relevância
até a sua decadência .

Por conseguinte, o trabalho em causa apresenta a seguinte estrutura:

 Introdução;

 Desenvolvimento;

 Conclusão;

 Referências Bibliográficas .
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2. Os Povos Khoisan

2.1 Origem dos Khoisan


O termo Khoisan, proposto por J. Shapera, é uma combinação de duas palavras khoi-san, onde
khoi, significa “homem” e san, cuja raiz sa significa “acumular, colher frutos, arrancar raízes da
terra, capturar pequenos animais, Com uma população estimada em 200.000

O povo Khoisan, também chamado de coissano, é um termo usado para descrever dois grupos
distintos, mas relacionados, que habitam a região da África Austral:

-Os San, também conhecidos como bosquímanos: tradicionalmente caçadores-colectores


nómades, a sua dieta alimentar e a actividade económica são à base de raízes de plantas, frutos
silvestres, carnes de caça e mariscos.

-Os Khoi, também conhecidos como hotentotes (deriva do termo holandês “gago” ou antes
cacarejador, Estermann, 1983,p.175). ), tradicionalmente pastores semi - nomades.

o etnónimo (nome de um povo ou tribo) Khoisan é um grossónimo constituído por vários povos,
não apenas dois (khoi-khoi e san). Fazem parte da família Khoisan os povos Hadze, Sanawe,
Kwadi, Khwe, Nama, Damara,Haillom, Ju´hoani, !Xun (!Xung), !Hõa, !xóõ e N/uu (=Khomani),
região da África Em Angola encontramos, principalmente os Kung (!Xung) variedade dos San e
os Kwed (ovakede), da variedade dos Khoi-khoi (Kondja, pp. 10-18).

Apesar das diferenças em seu modo de vida, ambos os grupos compartilham características
físicas e linguísticas semelhantes.

Os khoisan são considerados os primeiros habitantes da África Austral, possivelmente vivendo lá


há dezenas de milhares de anos.

2.2 Localização Espácio-Temporal:

2.2.1 Localização temporal


A presença dos khoisan nesta região remonta a milhares de anos, com estimativas que os
colocam como os primeiros habitantes permanentes da África.
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2.2.2 Localização espacial dos Khoisan


Os povos Khoisan tradicionalmente habitavam uma vasta região da África Austral, abrangendo:

Namíbia: Principalmente no oeste e sul do país.

Botswana: Principalmente no Kalahari.

África do Sul: Principalmente no Cabo Norte e Kalahari.

Angola: Sul do país, principalmente na província do Cunene.

Zâmbia: Oeste do país, principalmente na região do Caprivi.

Zimbabwe: Sudoeste do país, na região de Matabeleland.

Com o tempo, os povos Khoisan foram forçados a se deslocarem e se concentrar em áreas


menores devido à colonização, perda de terras e conflitos.

Actualmente, muitos Khoisan vivem em cidades e vilas, além de suas áreas tradicionais.

2.3 Evidências arqueológicas:


Pinturas rupestres: Encontradas em cavernas e abrigos rochosos em toda a África Austral, as
pinturas rupestres Khoisan retratam a sua vida quotidiana, incluindo a caça, a colecta, a dança e a
vida ritual. As pinturas mais antigas datam de 27.000 anos atrás, oferecendo uma visão única da
cultura e história Khoisan.

Artefactos: Utensílios de pedra lascada, ferramentas de osso e madeira, e adornos corporais


demonstram a sofisticação tecnológica e artística dos povos Khoisan.

Paleolítico: Os Khoisan eram caçadores-colectores que viviam em pequenos grupos nômades. A


sua subsistência dependia da caça de animais selvagens, da coleta de frutos e vegetais, e da
pesca.

Neolítico: Com a introdução da agricultura e da pecuária, alguns grupos Khoisan adotaram um


estilo de vida sedentário. No entanto, a maioria dos Khoisan manteve a sua tradição de caça-
recolecção até o século XIX.
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2.4 Discrição física dos Khoisan


Geralmente, os Khoisan apresentam estatura média de 1,60 metro para os homens e 1,50 metro
para as mulheres (Redinha, 1969, p. 8), membros de ossatura fina, com os pés e mãos pequenas a
cabeça, em geral é dolicocéfala, o cabelo cresce em pequenos tufos enrolados, distanciando-se
uns dos outros, assemelhando-se a graus de pimenta. A forma do rosto é fracamente triangular,
devido à saliência dos pómulos, os olhos ligeiramente oblíquos; o nariz é largo e achatado com
os orifícios muito largos e por vezes ligeiramente virados para cima; genericamente apresentam a
barriga saliente, o mesmo acontece com a parte posterior ao sexo para as mulheres
«esteatopígia». (Estermann, 1983, p. 36). A pigmentação é mais clara em relação à dos Bantu e
Vátua, rugosidade precoce da pele, principalmente os de sexo feminino (Fituni, 1985, p. 47).

2.5 Organização Sociopolítica


Estes povos vivem agrupados em pequenos núcleos cujos membros são geralmente unidos pelo
laço de consanguinidade. Cada núcleo ocupa um acampamento composto de poucas cubatas ou
antes abrigos (Estermann, 1983, p. 37).

Normalmente, um núcleo é composto por um número que varia entre 15 e 50 pessoas, sendo o
poder exercido pelo mais velho do núcleo, cada indivíduo pode deixar o seu núcleo e ligar-se ao
outro quando quiser. As dificuldades para a satisfação das necessidades mais elementares da vida
impossibilitam formar grupos maiores, às vezes essas famílias são obrigadas a separarem-se
porque o mesmo local não comporta o sustento de todos (Parkington, 2010, p. 733).: Estes
grupos não reconhecem porém nenhuma autoridade étnica, sendo a única autoridade a que se
submetem a do chefe do acampamento, chefe este que não é necessariamente um homem. No
entanto, nada impede que, em casos complicados, se reúna um certo número de chefes de
acampamentos para se aconselharem ou tomarem decisões ou fazerem julgamento (Estermann,
1960a, p. 22).

Nestes núcleos, é a mulher quem decide quando, como e para onde mudar os acampamentos.
Nos novos lugares são elas que constroem as cubatas. Mas, a «grande unidade política e social é
o grupo de caçadores comandados pelo mais hábil» (Paulme, 1996, p. 61). Portanto, entre os
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Kung ou Khoisan, no geral, não existe uma autoridade real, não existe uma estratificação social,
nem formam estados ou reinos, viveram sempre sob a forma de “comunismo primitivo”.
Leonardo Tuyenikumwe Pedro, Paulino Luís Mussili, Aspectos sócio históricos dos povos
Khoisan .

Em tempos mais remotos, a organização sociopolítica dos San difere dos Khoi-khoi, por causa
do seu modo de vida. A dos Khoi é mais complexa do que a dos San e é mais próxima a dos
povos Bantu. Cada etnia tem um chefe, um território fixo. A etnia compreende diversos clãs
patrilineares e exógamas, com um sistema classificativo em que cada clã usa o nome do seu
antepassado. Uma hierarquia severa, baseada na idade, rege as relações sociais no interior do clã.
O chefe da etnia é o primeiro, por ser chefe do clã mais antigo (Paulme, 1996, p. 63).

2.6 Principais Atividades Econômicas:

2.6.1 Caça e recolecção


Os Khoisan eram especialistas em caçar animais selvagens, utilizando arcos e flechas, lanças e
armadilhas, eles caçam todos animais, de preferência os de grande porte (a gunga, olongo,
kissema, humba, palanca, o gno, zebras, etc.), pois basta abaterem um destes animais para terem
abundante ração de carne para alguns dias. (Estermann, 1983, p. 38).

A colecta de frutos, raízes, mel e outros produtos vegetais era fundamental para a sua dieta.

Os Khoisan desenvolveram um conhecimento profundo da fauna e flora da região, utilizando


plantas medicinais e elaborando técnicas de caça sofisticadas.

2.6.2 Pecuária
Alguns grupos Khoisan, especialmente os KhoiKhoi, domesticaram animais como vacas, ovelhas
e cabras.

A criação de gado proporcionou leite, carne e couro para os Khoisan, além de facilitar o
transporte e a migração
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2.6.3 Comércio:
Os Khoisan estabeleceram relações comerciais com outros povos da África Austral, trocando
produtos como carne, couro, peles e ferramentas por outros bens como cerâmica, metal e contas.

O comércio contribuiu para a difusão de tecnologias e ideias entre diferentes culturas da região.

2.7 Contribuições para a Afirmação Africana:

2.7.1 Cultura e Tradições:

2.6.1.1 Religião
Testemunha-se a existência de um único ser divino, causador de todo mal e do bem. Eles o
denominam por Gama , o seu Ente Supremo, à quem atribuem a criação de todas as coisas. Se
alguém for fulminado por um acontecimento Gama é tido por causador. Eles também agradecem
à Gama, mostrando-lhe uma pequena prece, Gama nynandule (obrigado Deus), que os caçadores
costumam fazer todos dias, antes de iniciar a faina da caça e por quaisquer rendimentos laborais
(Estermann, 1960b, p. 33). Também acreditam na boa ou más influências dos espíritos dos
antepassados, prestam-lhes um culto e servem de protecção das novas gerações. Os curandeiros
usam esses espíritos para diagnosticar os pacientes e posteriormente indicação do tratamento.

2.7.1.2 Música
No que tange à música, os Khoisan dispõem-se de modestíssimos instrumentos musicais: o arco
de caça amarrando uma cabaça; casca de frutos seco, unidos nos pólos perfurados e a cabaças. O
compasso da música é geralmente marcado pelo bater das palmas, executada especialmente pelas
mulheres ao ritmo dos batuques. A dança é feita a partir de uma concepção coreográfica imitada
com imperfeição as cenas da vida dos animais selvagens, denominadas ematalaudeni, havendo
ainda danças especiais, como a de iniciação da puberdade feminina. As canções referem-se
normalmente as colheitas de frutos e mel, as caçadas e os aspectos da vida conjugal (Almeida,
1994, p. 109).
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2.7.1.3 Arte
Existência de pinturas rupestres nas paredes de abrigos rochosos com o auxílio de carvão
vegetal, ocre, água e gordura animal. Essas pinturas, retratam cenas de caça, danças destinadas a
enfeitiçar a caça e onde se vêem dançarinos a mimar o comportamento dos animais e por vezes
também combates entre Khoisan e invasores Bantu (Paulme, 1996, p. 57). Existem numerosas
pinturas rupestres retratando mulheres usando bastões de cavar mastreados. Conhecem-se dois
tipos de bastões: o primeiro tem malhas pequenas e parece ter sido usado para transportar raízes
e tubérculos; o segundo, tem malha maior, este tipo de bolsa deve ter sido empregado para
transportar cascas de ovos de avestruz, que serviam como recipientes para água.

Estas ates rupestres são consideradas o património cultural da humanidade.

2.7.1.4 Nascimento
Antigamente, a mulher dava a luz no meio da floresta, sem assistência mesmo se for pela
primeira vez. Porém, fica uma velha encarregada de observar o andamento do parto, por trás de
uma árvore, pronta a intervir se surgir qualquer complicação. O cordão umbilical é cortado com
um pau em forma de faca. Posteriormente houve mudança, isto é, para dar à luz a parturiente
ajoelha, sentando-se sobre os calcanhares, a fim de lhe fazer escancarar, a parteira senta-se
enfrente da mulher e estala os seus pés entre as coxas da paciente. Mesmo quando as dores são
muito violentas e demoradas, as assistentes não permitem que a parturiente se mexa muito
(Estermann, 1960a, p. 31).

2.7.1.5 Iniciação
Os Khoisan realizam ritos de iniciação masculina e feminina, depois destes ritos, o indivíduo está
pronto para contrair matrimónio. Antes de ser considerado adulto, o jovem é submetido a um
ritual que consiste em fazer incisões nas costas, nos braços, nas quais se esfrega carne
carbonizada, para que a força e a agilidade da caça o penetre e cicatrizes entre os olhos servem
para terem uma visão aguda (Paulme, 1996, p. 60). Por duas ocasiões se organiza, no
acampamento, uma pequena festa para o jovem. A primeira vez, quando ele acaba de matar o
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primeiro bambi, para oferecer a pele do bicho à sua noiva; a segunda, quando, depois de casado,
repete a mesma proeza (Estermann, 1960a, p. 28).

Quanto às raparigas, fazem o ritual de iniciação duas vezes, o chamado efundula grande e o
efundula pequeno. O primeiro ritual (efundula grande) é realizado quando aparece o primeiro
fluxo menstrual e o segundo ritual acontece logo ao aparecimento do segundo fluxo menstrual e
é chamado de efundula pequeno. Outrora, após o aparecimento do primeiro fluxo menstrual, a
rapariga era levada para a floresta distante do acampamento, numa cabana rudimentar,
previamente construída para o efeito, onde permanecia uma ou mais semanas, de cabeça coberta
com uma pele de antílope, sujeitando-se a uma severa dieta , (não podia comer carne, mel, fruta
e nem pirão de massango). E para voltar a consumir estes alimentos proibidos, era sujeitada a um
pequeno ritual denominado okuhakula16, praticado pela mãe ou por uma tia. Finda a clausura, a
jovem regressava ao acampamento onde toda gente a recebia festivamente, durando dois a três
dias, consumindo-se carne de caça e as mulheres executam danças próprias a estas cerimônias
(Almeida, 1994, p. 110). O noivo também podia fazer parte da cerimônia, mas não entrava na
cubata, onde se encontrava a rapariga. Ao sair da cubata a noiva é vestida com uma pele nova, do
animal abatido pelo noivo. Nesta ocasião a rapariga recebia também missangas novas.
(Estermann, 1960b, p.9.).

O ritual começa com cânticos próprios (uutchakun ñtchalanganga, uuntchankun


ñtchalanganga…) girando o quarto da rapariga, depositando ramos de árvores ao abrigo, ela deve
usar missangas, que

No decorrer do ritual, a rapariga não pode ser vista pelo público. Ela deve estar no abrigo com o
seu companheiro caso tenha, além da guarda dela (Ongholoko). O efundula pequeno, acontece
quando ocorrer o segundo fluxo menstrual e o procedimento será o mesmo que o primeiro. Este
ritual pode durar um mês, só sair do quarto apenas de noite em caso de necessidades maiores ou
menores e deve ser carregada pelas costas, salvo se estiver calçada, ou seja não pode pisar o solo.
Após o efundula, a jovem é considerada pronta para o casamento.
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2.7.1.6 Casamento
Entre os Khoisan todas as negociações preliminares ao casamento, são tratadas entre os pais dos
futuros noivos e por um amigo do noivo que pertence ao mesmo acampamento da rapariga. Em
todo o caso a rapariga é publicamente interrogada, para se saber se ela quer aceitar o rapaz.
Culturalmente conforme acontece em outras etnias de Angola, o rapaz deve dar os dotes do
alambamento à noiva, era um bambi vivo sem sangramento, que o pretendente tinha que agarrar
em corrida. Este procedimento tradicional encontra-se ultrapassado por acharem absurdo,
actualmente é oferecida à noiva cobertor, vestuários e alguns adornos.

Apresenta-se o noivo, no dia marcado e é recebido pelo amigo, que o leva aos pais da noiva. Ao
fim da tarde, o amigo conduz o rapaz para a cubata onde se encontra a rapariga com as suas
companheiras. Chegada a noite, saem os amigos e os noivos consumam o matrimónio e ele passa
a primeira época do casamento com a família da mulher, dando-se a explicação de tal norma a
possibilidade da avó se ocupar do recém-nascido (Estermann, 1960, p. 30 & Paulme, 1996, p.
61). O matrimónio dos Khoisan é monogâmico, destacando-se a intolerância das suas mulheres
a um acto de relacionamento extraconjugal.

2.7.1.7 Morte e Herança


Antigamente quando alguém morria, começava-se a chorar e a lamentar, tomando aguardente.

Para o adulto o luto é de quatro dias e de dois para uma criança. Os adultos eram enterrados atrás
do abrigo, com a cabeça orientada para nascente. Para as crianças, fazia-se uma cova dentro do
abrigo. Algum tempo depois da morte de um adulto, mudavam de acampamento. O momento de
partida era marcado por um ritual, cujo homens lançam alguns ramos verdes sobre a campa.
Igualmente procederão, se no futuro tiverem, por acaso, de passar perto do sítio da sepultura.
Mulheres e crianças tomam um pouco de carvão, esfregam com ele a testa e laçam restos sobre a
campa, dizendo as seguintes palavras ritualistas: «aceita esta oferta. Nós vamos mais além da
floresta. Encontrar-nos-emos» (Estermann, 1960, p. 32 & Paulme, 1996, p. 63).

O óbito pode durar dez dias e permanecem na região . Durante algum tempo, os viúvos e as
viúvas devem abster-se de se aproximar do gado, de mexer nas vasilhas do leite (para os Khoi),
de comer carne crua e de beber água fria. O período de luto termina com uma purificação,
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seguida por uma refeição e por uma reintegração nos deveres quotidianos semelhante à
cerimónia que encerra o isolamento de iniciação das raparigas (Paulme, 1996, pp. 63-64).

Sobre a Herança, na cultura dos Khoisan, antigamente os objectos que pertenciam aos homens:
armas, machadinhos e peles, passavam a ser propriedade da mulher, depois da morte do marido.
Este não é necessariamente o filho da irmã mais velha. Em princípio todos os rapazes oriundos
de irmãs uterinas estão em pé de igualdade. O herdeiro principal será designado por um conselho
de família que se reunirá depois da cerimónia fúnebre (Pinto e Nóbrega, 2009,p. 25).

A herança é matrilhinear, isto é, na escolha do herdeiro, a prioridade recai ao sobrinho que teve
maior afinidade e amizade com o defunto. Todavia, se não houver descendente masculino da
linha materna, a herança passa directamente para um filho de uma prima materna do defunto.
(Estermann, 1960, p. 145). Nos últimos tempos o direito de herdar tem-se estendido aos filhos e
tios, isto é, segundo o Shikongo (apelido).

2.8. Conhecimento do Meio Ambiente:


Os Khoisan possuem um conhecimento profundo do meio ambiente da África Austral, incluindo
as suas plantas, animais e clima.

Esse conhecimento ancestral é essencial para a gestão ambiental e a preservação da


biodiversidade da região. Os Khoisan podem contribuir significativamente para os esforços de
conservação e desenvolvimento sustentável na África Austral.

2.7 Lutas pela Terra e Direitos:


Os povos Khoisan enfrentaram séculos de marginalização e opressão por parte de colonizadores
e governos africanos.

Apesar das dificuldades, os Khoisan têm lutado por seus direitos à terra, à autodeterminação e ao
reconhecimento cultural.

A sua resistência inspira outras comunidades marginalizadas na África e no mundo a lutar por
seus direitos e pela justiça social.
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2.9 Outras Contribuições:


Desenvolvimento da linguagem: Estudos sugerem que os povos Khoisan podem ter sido os
primeiros a desenvolver a linguagem humana.

Tecnologia: Os Khoisan desenvolveram diversas tecnologias inovadoras, como a armadilha de


queda e o arco musical.

Medicina: Os Khoisan possuem um conhecimento profundo das propriedades medicinais das


plantas, o que contribuiu para o desenvolvimento da medicina tradicional africana.

Exemplos de Impacto:

 A luta dos Khoisan pelos seus direitos inspirou o movimento pan-africano e a luta contra
o colonialismo;

 A cultura Khoisan influenciou a música, a dança e a arte de outras culturas africanas;

 O conhecimento do meio ambiente dos Khoisan está sendo utilizado para a conservação
da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na África Austral

 As pinturas rupestres encontradas em cavernas e abrigos rochosos em toda a África


retratam a sua vida quotidiana (Khoisan), incluindo a caça, a recolecção , a dança e a vida
ritual;

 As pinturas mais antigas datam de 27.000 anos atrás, oferecendo uma visão única da
cultura e história Khoisan.

 A criação de gado proporcionou leite, carne e couro para os Khoisan, além de facilitar o
transporte e a migração.

2.10 Decadência dos Khoisan


Com a emigração dos povos Bantu, vindos da região do Benué, hoje fronteira entre a República
dos Camarões e a República da Nigéria, para o Leste e para o Sul do continente, alcançando a
região da Bacia do Congo, do Planalto Luba e dos Grandes Lagos, de onde partiu a expansão
para os territórios da África Austral, os Khoisan foram pouco a pouco repelidos, refugiando-se
15

nas zonas de difícil acesso como nas regiões desérticas, semi-desérticas, montanhosas e estepes
salinas dos confins da Namíbia, África do Sul, Botswana e Angola. Este fato foi possível devido
à superioridade económica e militar dos Bantu, por praticarem a agricultura, pastorícia e serem
portadores da arte de trabalhar o ferro.

2. Constatações
Após a realização da presente pesquisa, que tem como análise de fundo as civilizações africanas
com destaque para os Khoisan, constatou-se que estes povos surgiram antes dos Bantus, com
índice demográfico aproximadamente a 200.000 habitanes, estes povos possuem dupla fixação ,
a nómada e a semi- dentária, as actividades predominantes são a a caça, a recolecção, o
comércio.

Pelo facto de serem povos de origem africana, também carregam traços de identidade africana,
como a realização de ritos de iniciação, rituais, culto a deuses, e no caso vertente ao Deus Gama
e a consulta de curandeiros. Não diferente, constatou-se que desde a nascença, casamento e
morte, todo o individuo passa por vários processos.

De referir ainda que, em caso de morte a herança está na posse das comunidades matrilineares,
visto que é esta quem decide quando abandonar o território habitado actualmente, onde será o
novo território e esta ainda é responsável por construir as cubatas.

E por fim, a razão da extinção dos Khoisan foi o surgimento dos Bantus, que carregavam um
modus vivendo, relativamente melhor que dos Khoisan.
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4. Referências Bibliográficas
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Administração do Território Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia Instituto de
Investigação Científica Tropical.1994

BARNARD A. Hunters and herders of southern Africa: A comparative ethnography of the


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Deacon, H. J. Human origins in southern Africa: Tracking the past. David Philip
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ESTERMANN, C. Etnografia de Angola (Sudoeste e Centro), Lisboa, editora: Colectânea de


artigos disperso, Volume I. 1983

ESTERMANN, C. Etnografia de Angola (Sudoeste e Centro), Lisboa, editora: Colectânea de


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FITUNI, L.L. Angola: Natureza, População e Economia, Moscovo, Ed. Progresso.1985

KONDJA, J. E. (2021), Produção de segmentos consonânticos do português por falantes nativos


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Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho. König, C.2021 Khoisan
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Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1749-818X.2008.00084.x, consultado a 16.10.2021.

PARKINGTON, J. E. A., África meridional: caçadores e colectores. In: MOKHTAR, G..


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PAULME, D. As Civilizações Africanas, 2ª edição, Santa Sinta, Publicações Europa América,


Lda. 1996

PINTO, Antunes R. Kaimba; NÓBREGA, Paulo Jorge (2009), O Processo de integração da


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enriquecimento do conteúdo no 2º ano do curso de História no ISCED-Lubango.Publishers. 2009

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