A Crise Romana

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ANTIGUIDADE TARDIA: A QUEDA DE ROMA E

A FORMAÇÃO DO MUNDO MEDIEVAL

A CRISE ROMANA
A dimensão do Império era tamanha que o Imperador Constantino
(306-337 d.C.) criou uma capital oriental, a cidade de Constantinopla.
Posteriormente, Teodósio (378-395) dividiu o Império em dois, no último ano
de seu governo: um com capital em Roma e outro em Constantinopla.
Um dos elementos que gerou maior instabilidade no interior do Império
Romano foi a difusão do cristianismo, a partir do século I d.C. Os imperadores
adotaram uma postura de perseguição aos cristãos, gerando verdadeiros
espetáculos de crueldade no Coliseu, símbolo do entretenimento oferecido
pelo Estado à população. No entanto, a postura foi mudando gradativamente.
Constantino promoveu o livre culto dos cristãos com o Édito de Milão (313).
Posteriormente, Teodósio tornou o culto ao cristianismo a religião oficial de
Roma com o Édito de Tessalônica (391). Historiadores analisam a decisão
como um mecanismo do Estado para gerar uma homogeneidade cultural
no Império, no momento já habitado por diversos povos que não eram de
origem romana, conhecidos como bárbaros. Além disso, o cristianismo era
extremamente popular entre os mais humildes do Império. No entanto, a
nova religião contestava duas bases do Império: por ser monoteísta, via no
culto ao Imperador uma afronta contra seus preceitos religiosos; e ao pregar
a igualdade dos homens diante de Deus, contestava a desigualdade inerente
à sociedade romana.
Eventualmente, a dimensão e o gigantismo do Império acabaram levando-o
a sua falência. O aparelho militar e burocrático atingiram patamares tão grandes
que acabaram gerando um cenário de ingovernabilidade e instabilidade política.
Entre os civis da burocracia, as lutas pelo poder se generalizaram. Entre os
militares, o cenário caminhou para a anarquia do século III d.C. Militares
destituíam lideranças políticas ou mesmo imperadores, e em determinadas
províncias não mais respondiam às ordens vindas de Roma.
Nesse cenário, a ampliação territorial não era mais possível. A partir do
século I, as conquistas minguaram e se iniciou um período de pax romana,
com a diminuição dos conflitos para fins de conquista, além da tentativa de
consolidar as fronteiras. Assim, a obtenção de escravos mediante guerra ficou
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impossibilitada. Na ausência de novos escravos, os grandes proprietários


rurais, dentre os quais muitos líderes militares (romanos ou não), arrendaram
suas terras para camponeses, cobrando tributos ou trabalho diretamente.
Gradativamente, o mundo do trabalho em Roma passava por transformações,
com a diminuição do peso da escravidão. O cenário econômico, no entanto,
não melhorou. A produção era cada vez menor, havendo poucos incentivos
diretos para o aumento da mesma por parte dos trabalhadores rurais. Com
isso, as cidades começaram a sofrer com desabastecimentos, levando muitos
homens a migrarem para o campo e oferecerem seu trabalho em troca de
possibilidade de produção. A economia romana, pouco a pouco, rumava para
a subsistência. Para os que continuavam nas cidades, o cenário era enfrentar
a crescente inflação e a crise de abastecimento.
No final do século IV, a outrora grandiosa economia romana caminhava
para a subsistência, com indivíduos cada vez mais dependentes da proteção
dos grandes senhores de terra, e de faceta predominantemente agrícola. As
invasões bárbaras vieram dar um fim ao já decadente Império. Com as cidades
esvaziadas, foi relativamente fácil para os hercúleos dominarem e destruirem a
cidade de Roma, em 476 d.C., pondo fim ao Império. Chegava ao fim também,
embora simbolicamente, a Antiguidade, iniciando a Idade Média (V-XV). Este
período é divido em Alta Idade Média (V-X) e Baixa Idade Média (XI – XV)

Fonte: Google Imagens.


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O MUNDO PÓS-ROMANO
Com a queda do último imperador de Roma, e o consequente fim do Império
Romano do Ocidente, é desencadeada uma forte fragmentação territorial
e de poder, onde a única instância centralizadora era o cristianismo com a
força exercida pela Igreja, principalmente, com a conversão dos germânicos
ao cristianismo. O fim do Império Romano foi fruto de uma série de eventos
que produziram a queda do maior Império da Antiguidade. Os eventos foram
a Pax Romana (que trouxe a paz ao Império, mas culminou em uma crise de
abastecimento de escravos), a crise econômica (originária na dificuldade de
arrecadação do Estado para suprir a forte estrutura Imperial), instabilidade
política (fruto das disputas internas), o cristianismo (afetou a autoridade do
Imperador), a ruralização da economia (êxodo urbano provocado pela crise
econômica e pelas invasões), a divisão do Império Romano (Teodósio dividiu o
Império em duas partes em 395: Ocidente e Oriente) e as invasões germânicas
(que saquearam e acabaram com o Império). Porém, é importante ressaltar
que o Império Romano do Oriente não acabou e começou a ser conhecido
como Império Bizantino.
A partir do século IV, as invasões se intensificaram em três fases:
Germânicos (até o século VI), mouros (século VIII) e vikings e magiares
(século IX e X). Entre estes povos, aquelas que mais se notabilizaram com
o transcorrer da história europeia foi a dos mouros (árabes) e a dos francos
(germânicos).
Os francos tiveram duas grandes dinastias: merovíngia e carolíngia. A
merovíngia foi iniciada por Clóvis, que, posteriormente, ficou marcada pela
gestão de major domus (mordomo do palácio), pois este obteve poderes
administrativos reforçados no final do período merovíngio pela existência
de reis indolentes. Estes enfraqueceram a autoridade central, fato que
possibilitou Pepino de Heristal concentrar o poder do Major Domus nas mãos
do seu filho Carlos Martel Martel (impedindo o avanço árabe na Batalha de
Poiters em 732). Posteriormente, Pepino, o Breve, derrubou o Rei Childerico
III, em 751 e fundou a Dinastia Carolíngia. Esta última dinastia se iniciou pela
formação dos Estados Pontifícios e da forte aliança com a Igreja. Em 800,
o Papa Leão III coroou Carlos Magno (que venceu seu irmão, Carlomano,
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após a morte de Pepino, seu pai). Com isso, as relações de suserania e


vassalagem foram aplicadas, principalmente, pela divisão do Império Franco
em condados e marcas. Posteriormente, com o crescimento do Império e com
a subjugação dos derrotados, houve a conversão destes ao cristianismo. Em
814, Carlos Magno morreu e seu filho, Luís, o piedoso, assumiu o poder, que
ficou marcado pela sua fraqueza perante a Igreja Católica, até a sua morte
em 840. Em 843, o Império Franco (após uma guerra entre os filhos de Luís,
o piedoso) foi dividido através do Tratado de Verdun em três partes: Frância
Ocidental, Lotaríngia e Frância Oriental.
A civilização árabe, antes da ascensão de Maomé, era repartida em tribos,
vivia em constantes guerras, era politeísta e, em comum, tinha o templo da
Caaba (templo de culto aos deuses) que se localizava na região de Meca
(um importante centro comercial) e era controlada pelos Coraixitas. A partir
de 613, Maomé começou a pregar o monoteísmo através da defesa do culto
a Alá. Com isso, os coraixitas entraram em conflito com Maomé, que fugiu
para Yatreb em 622. Este episódio, conhecido como Hégira, marca o início
do calendário muçulmano. Posteriormente, Yatreb passou a ser conhecida
como Medina (cidade do profeta). Sendo assim, estabelecido, Maomé liderou
a Jihad (guerra santa), que possibilitou a conquista de Meca em 630, a
imposição do islamismo e o Estado teocrático. Em 632, a morte de Maomé
trouxe o início das tensões entre sunitas e xiitas pelo poder, mas, também, o
surgimento dos califados. Por fim, muçulmanos expandiram-se para regiões
além da Península Arábica, chegando à parte da Europa e norte da África.

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