Enfermagem Na Promocao Da Saude Da Mulher Artigo

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Enfermagem na Promoção da Saúde da Mulher

Nome do Primeiro Autor1


Nome do Segundo Autor (orientador)2

RESUMO

As mulheres constituem a maioria da população brasileira, cerca de 51%, e


representam a principal proporção de usuários do Sistema Único de Saúde – SUS. A
enfermagem e a sociedade em geral, tem acompanhado profundas e importantes
modificações nas relações sociais e políticas, no campo da tecnologia, nas relações
interpessoais e principalmente em como organizar serviços e atender às novas
necessidades de gestão baseados em processos de melhoria contínua. Dessa
maneira, este trabalho através de uma Revisão Bibliográfica visa explanar sobre a
importância da intervenção dos profissionais de enfermagem na promoção da saúde
da mulher, viabilizando estratégias e criando soluções de forma a elevar a
acessibilidade das mulheres aos serviços de saúde e apoio. Embora haja
progressos inegáveis, é necessário questionar a real implementação desses
princípios nos municípios e estados brasileiros. Além disso, para que isso aconteça,
é necessário um controle social eficaz para as mulheres na implementação e
avaliação destas políticas. Acrescente-se que a implementação destas políticas
dependem também do contato direto dos gestores e profissionais das unidades de
saúde com o público feminino, abrindo canais de debate e potenciando a educação
do público-alvo.

Palavras-chave: Saúde. Mulher. Enfermagem. Cuidado.

1 INTRODUÇÃO

Direitos Humanos em âmbito internacional, em particular da Mulher, é o


conjunto de normas subjetivas e adjetivas do Direito Internacional que visam
assegurar ao indivíduo, de qualquer nacionalidade, os instrumentos e mecanismos
de defesa contra os abusos de poder de um Estado (BORGES, 2006). Isto significa
dizer que a proteção aos direitos humanos, principalmente das mulheres no Brasil,
inova no sentido de que relativiza o sentido de soberania absoluta do Estado, já que
este pode ser monitorado e responsabilizado internacionalmente, por violação de
direitos humanos e, legitima o indivíduo como sujeito de direitos, que deve ter os
seus direitos protegidos internacionalmente.

1
Acadêmico(a) do curso de [Nome do curso] da [Nome da instituição de vínculo – Universidade,
Centro Universitário ou Faculdade].
2
Orientador(a). Docente do curso de [Nome do curso] da [Nome da instituição de vínculo –
Universidade, Centro Universitário ou Faculdade].
No entanto, gradativamente, surgem instrumentos internacionais a delinear a
concepção material da igualdade, concebendo a igualdade formal e a igualdade
material como conceitos distintos, mas inter-relacionados. Transita-se da igualdade
abstrata e geral para um conceito plural de dignidades concretas. Daí a contribuição
das demais vertentes feministas como a libertária radical; a socialista; a
existencialista; e a multiculturalista para o processo de construção histórica dos
direitos humanos das mulheres (PIOVESAN, 2012).
As mulheres constituem a maioria da população brasileira, cerca de 51%, e
representam a principal proporção de usuários do Sistema Único de Saúde – SUS.
Existem alguns dados na literatura sobre o conceito de saúde da mulher, o mais
específico trata apenas dos seguintes aspectos: biologia, anatomia e outras
dimensões do corpo feminino e como interagem, questões relacionadas com direitos
humanos e direitos civis na maioria dos casos. Por ser restrito, o corpo feminino só é
visto pela sua função reprodutiva onde a maternidade passa a ser sua principal
característica, além de direitos sexuais e questões de gênero (COELHO, 2003).
De acordo com Backes e colaboradores (2007), a enfermagem e a sociedade
em geral, tem acompanhado profundas e importantes modificações nas relações
sociais e políticas, no campo da tecnologia, nas relações interpessoais e
principalmente em como organizar serviços e atender às novas necessidades de
gestão baseados em processos de melhoria contínua. Os enfermeiros responsáveis
por adotar melhorias, devem mostrar sensibilidade às necessidades emergentes, a
capacidade de realizar e estimular ações inovadoras e cruciais, além de
conhecimento estratégico e capacidade de se envolver de forma criativa, utilizando
métodos dialógicos e reflexivos, sendo capazes de solucionar um problema de
maneira prática e assim delinear/desenvolver ações de inovação na área de suporte
e comprometimento com pessoas como sujeito e agente de mudança.
Dessa maneira, este trabalho através de uma Revisão Bibliográfica visa
explanar sobre a importância da intervenção dos profissionais de enfermagem na
promoção da saúde da mulher, viabilizando estratégias e criando soluções de forma
a elevar a acessibilidade das mulheres aos serviços de saúde e apoio.
2 DESENVOLVIMENTO

Humanizar e melhorar a qualidade da saúde significa aprender, compartilhar


conhecimentos e reconhecer direitos. O cuidado humanístico e de qualidade envolve
o estabelecimento de relações entre os sujeitos, seus pares, ainda que possam ser
muito diferentes dependendo das condições sociais, da raça, da etnia, da sua
cultura e do gênero.

2.1 Metodologia

A escolha de um modelo de trabalho acadêmico envolve vários fatores, dentre


eles alguns podem ser citados, tais como: tempo hábil para execução (prazo
estipulado pela instituição); tema a ser abordado; bibliografia disponível; objetivos
propostos e delineamento experimental. O projeto de pesquisa, elaborado
anteriormente, define qual o tipo de modalidade que mais se enquadra ao tema
proposto.
Para este trabalho, de acordo com as normas da instituição, foi escolhida uma
Revisão de Literatura, a ser elaborada aos moldes de um Artigo Científico que foi
elaborado e escrito selecionando estudos realizados, preferencialmente, nos idiomas
espanhol, inglês e português, referentes ao tema.
Como base de dados foram utilizados: o Google Acadêmico; o Pubmed e o
Scielo, empregando operadores booleanos específicos para cada plataforma.
Durante a seleção de trabalhos, os critérios de inclusão consideraram idioma
(espanhol, inglês e português), período de elaboração e evidências concretas acerca
do tema proposto, já os de exclusão levaram em consideração ano de publicação
(excluindo as mais antigas) e a relevância acadêmica dos trabalhos. Após a escolha
de material bibliográfico viável, iniciou-se um processo de leitura e análise
minuciosas dos dados encontrados para que a redação fosse coesa, precisa e de
fácil entendimento.

2.1 Resultados e Discussão

Com a discussão da universalidade da proteção dos Direitos Humanos,


devesse introduzir a discussão sobre a internacionalização dos Direitos da mulher, a
luta pela dignidade humana da mulher, promove uma discursão sobre a história de
um combate, abrindo espaços de como apontar, em sua complexidade e dinâmica, o
movimento feminista, em sua trajetória plural. Portanto, a mulher para conquistar sua
cidadania precisa participar ativamente da vida e do governo, ter o poder de tomar
decisões, ter emprego e permanecer no mesmo, poder sustentar-se, ter moradia,
saúde, lazer, educação, que significa dizer, acesso assegurado a serviços básicos,
ter acesso à justiça, garantias judiciais e um recurso rápido e eficiente e,
desenvolver-se como ser humano. Cabe menção que a Constituição assegura em
seu artigo 5º, § 1º, que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
têm aplicação imediata. ”Entretanto, a realidade das mulheres demonstra que a
norma ainda é inaplicável (BRASIL, 2008).
Após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde
(MS) desenvolveu o Programa de Apoio Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que
incorporou ideias feministas na saúde. O programa se baseia nos princípios do
direito à saúde, atenção integral, igualdade de gênero e propõe atividades
educativas inovadoras para empoderar as mulheres. A assistência de enfermagem,
neste programa, é efetivamente planejada por diversas ações, como consulta pré-
natal, atendimento ginecológico e principalmente atividades educativas (LEMOS,
2011). Na atenção primária à saúde (APS), o PAISM é extremamente abrangente, a
ponto de as mulheres solicitarem mais serviços médicos do que os homens. Para
satisfazer esta necessidade, os distritos de saúde devem prestar cuidados que
promovam, previnam e restaurem a saúde em todas as fases do ciclo de vida da
mulher.
O gerenciamento de programas de saúde é outro tópico que deve estar
envolvido na gestão de organizações médicas e de enfermagem como gestores e
líderes, parcialmente responsáveis pelo apoio dentro destas organizações, sendo
capazes de desenvolver estratégias dentro da unidade para fortalecer a
implementação destes programas. A implementação da Estratégia da Saúde da
Família (ESF) tem possibilitado aos trabalhadores da saúde a participação na
comunidade, atendendo assim às necessidades no nível da atenção primária à
saúde. Os enfermeiros deste ambiente gozam de total autonomia na gestão de
diversos registos relacionados com a população em geral e a saúde da mulher
(FERNANDES et al., 2010).
Depois de mais de duas décadas de formação PAISM, com diretrizes
validadas e ampliadas, baseia-se nos princípios da humanização e do cuidado de
qualidade na saúde com o objetivo de propor ações que fortaleçam a capacidade
das mulheres de identificar seus problemas, reconhecer e reivindicar seus direitos e
promover o autocuidado e o reconhecimento direitos civis. Portanto, o papel da
enfermagem na Estratégia de Saúde da Família deve prevalecer, participando do
processo de trabalho e deve cumprir com os requisitos do programa. Contudo,
certas realidades vivenciadas pelos profissionais não permitem a implementação de
ações planejadas, como mostram estudos (ROMÃO et al., 2015).
Na prática, se observa que além da necessidade de insumos, a atuação de
um gestor tem relação direta com sua formação profissional para exercer a gestão.
Pode-se supor que os profissionais especializados em saúde da mulher possam
demonstrar melhores habilidades para definir estratégias e promover ações
necessárias para atender a clientela e respeitar os objetivos do PAISM. Visto que a
obtenção de um diploma proporciona conhecimentos iniciais, o que nem sempre
permite uma preparação adequada para uma adequada execução da função
(MOURA et al., 2015).
O período de atuação do profissional na mesma entidade também é um fator
influente na construção de vínculos com os usuários e no desenvolvimento de
atividades. Várias pesquisas mostram que a maioria dos especialistas trabalha com
a realidade da área alvo há mais de 10 anos, indicando que possuem conhecimento
sobre as famílias pelas quais são responsáveis. Considerando o exposto, quando há
conhecimento efetivo quanto ao ambiente em que o usuário está inserido, a
realização de ações educativas pode se tornar mais fácil. O PAISM enfatizou estas
ações que enquadram-se em grande parte no quadro da APS, o que a diferencia
das estratégias anteriores (RIOS, 2007).
Este compromisso das mulheres na luta pelos seus direitos e melhores
condições de vida, incentivou a primeira aplicação de medidas oficiais do Ministério
da Saúde focando no apoio da saúde da mulher. Apesar das limitações impostas
pelo governo militar da época, o movimento feminista se organizou estimulando o
debate e denunciando a precariedade da saúde da mulher no Brasil (FORMIGA
FILHO, 1999). Então a necessidade de desenvolver políticas públicas que atendam
as mulheres em todos os aspectos, não apenas nos aspectos reprodutivos. Com a
crescente consolidação das ações de promoção da saúde, o cenário global foi
transformado e enfatizado na visão holística dos indivíduos. Portanto, levando em
consideração o impacto deste tema nas políticas públicas nacionais voltadas à
saúde da mulher, optou-se pela realização deste estudo com o objetivo de analisar
epistemologicamente as hipóteses de aumento da promoção da saúde na atual
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM).
Considerando a necessidade de mudança do cenário nacional no que diz
respeito às políticas voltadas à saúde da mulher, incluindo pressupostos sobre a
promoção da saúde, o PNAISM tem como objetivo orientar as ações de saúde da
mulher de 2004 a 2007. Princípios e diretrizes desta nova proposta foram discutidos
com a cooperação de vários componentes sociais, especialmente com movimentos
de mulheres, movimentos trabalhistas negros e rurais, associações científicas,
pesquisadores e estudiosos da área, organizações não governamentais, lideranças
do SUS e agências de cooperação internacional. Além disso, o documento consolida
o progresso nos direitos sexuais e reprodutivos, enfatizando os cuidados
reprodutivos, o planeamento familiar, a atenção ao aborto inseguro e o combate à
violência doméstica e sexual. Propõem também abordar áreas como a prevenção e
o tratamento de mulheres com HIV/AIDS, doenças crónicas não transmissíveis e
cancros ginecológicos (BRASIL, 2004).
A partir daí, a mulher se viu em sua integridade, como sujeito autônomo e
participativo no processo decisório para a formulação de políticas públicas, pois a
inclusão da mulher nesse processo garante que suas reais necessidades serão
atendidas, aumentando assim a qualidade da assistência prestada. Dessa maneira,
os profissionais de saúde, no seu âmbito, devem ser capazes de desenvolver
atividades preventivas, promotoras, protetoras e reabilitadoras, tanto a nível
individual como coletivo. Cada especialista deve garantir que a sua prática seja
realizada de forma integrada e contínua com outras áreas do sistema de saúde,
tendo a capacidade de pensar criticamente e analisar os problemas sociais e
encontrar soluções para os mesmos. Os profissionais devem desempenhar os seus
serviços de acordo com os mais elevados padrões de qualidade e princípios
éticos/bioéticos, tendo em conta que a responsabilidade dos cuidados de saúde não
se limita às ações técnicas, mas também à abordagem das questões de saúde,
tanto a nível individual como coletivo (GONÇALVES et al., 2004).
Para prestar cuidados de enfermagem de qualidade, o enfermeiro deve
mergulhar de forma consciente, competente, técnica e científica nas realidades
concretas da sua prática. Portanto, a implementação da SAE (Sistematização da
Assistência de Enfermagem), baseada em conhecimentos específicos e na reflexão
crítica, além de abordar a organização e a filosofia do trabalho da enfermagem,
constitui uma ferramenta de importância fundamental da enfermagem na gestão e
otimização dos cuidados de enfermagem de forma organizada, segura, dinâmica e
competente (BACKES et al., 2007).
As funções administrativas fazem parte essencialmente do trabalho diário do
enfermeiro. Os enfermeiros são pessoas que provém o cuidado dos pacientes, mas
isso exige que tenham as competências necessárias para tomar decisões rápidas e
saber o que fazer em resposta às diversas situações que se apresentam
regularmente. O trabalho dos profissionais de saúde deve basear-se em
competências de tomada de decisão centradas no uso adequado, na eficiência e na
relação custo-eficácia, no pessoal, nos medicamentos, nos procedimentos e nas
práticas. Para fazer isso, eles devem ter competências e habilidades para avaliar,
organizar e decidir sobre o curso de ação mais adequado com base em evidências
científicas (GONÇALVES et al., 2004).
Thofehrn e Leopardi (2006) salientam que, uma vez que os atos de cuidar são
realizados por equipes e aparecem como esforços colaborativos, é necessário estar
ciente dos fundamentos filosóficos e técnicos do ato. Como enfermeiros
responsáveis pela melhoria contínua na área de gestão, devem encontrar formas de
viabilizar o processo de SAE, de atender às exigências regulatórias da profissão e
principalmente de incentivar abordagens inovadoras, potencialmente rompendo com
antigos modelos de apoio. Porém, não basta apenas implementar a SAE, é preciso
também criar uma filosofia comprometida com a melhoria contínua dos processos
para garantir um atendimento de qualidade e humanizado aos pacientes.
Como forma de valorizar o papel do enfermeiro no serviço, a SAE, além de
proporcionar uma assistência de melhor qualidade, também proporciona, aos olhos
do enfermeiro, maior eficiência, autonomia e cientificidade à profissão, garantindo
maior valorização e reconhecimento como espaço para novas conquistas e
mudança cultural no papel do enfermeiro, importante meio de informação e
comunicação entre os membros da equipe e os demais profissionais médicos, além
de dar visibilidade e definir a responsabilidade profissional por suas ações (BACKES
et al., 2007).
O enfermeiro da Equipe de Saúde da Família (ESF) é um profissional que
atua na promoção da saúde e na prevenção de doenças, colocando o cuidado
individual e coletivo de toda a família no centro de sua prática. Entre as ações
voltadas à saúde da mulher estão a prevenção do câncer ginecológico por meio de
coleta de células cancerígenas, exames de mama e encaminhamentos médicos,
auto-exame das mamas, pesquisas ativas para conscientizar as mulheres sobre a
prevenção do câncer ginecológico e palestras educativas em grupos e comunidades
educativas sobre planejamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis, sexo,
etc (BACKES et al., 2007). A escolha de trabalhar com mulheres justifica-se pela
experiência desenvolvida como integrante da equipe da estratégia saúde da família,
ao vivenciar diferentes realidades sociais, reforçando princípios e construindo
reflexões sobre uma nova perspectiva. Ao apoiar mulheres que necessitam de
aconselhamento de enfermagem, existe a necessidade de abordá-la de forma
holística, com escuta qualificada.
É importante sublinhar que esta forma de pensar a saúde constitui uma das
estratégias fundamentais para a reorganização dos serviços e a reorientação das
atividades profissionais ao nível dos cuidados, da promoção da saúde, da prevenção
da doença e da recuperação funcional. Em 1986, em Ottawa, Canadá, ocorreu a
primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, apresentando a Carta
de ação para alcançar Saúde para Todos até o Ano 2000 e na qual, após muitas
teorias e conceitos, foi identificado o conceito de promoção da saúde que é o
processo que permite que indivíduos e comunidades tomem medidas que
beneficiem a sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle deste processo, a capacidade de identificar e concretizar as suas
aspirações e expectativas, satisfazendo as suas necessidades e alterando ou
gerindo o ambiente (BRASIL, 2002).
Com base em vivências, a Consultoria de Enfermagem é entendida como um
espaço não apenas clínico e pré-estabelecido, associado a normas e hábitos, mas
também um espaço para chegar e acolher as pessoas. Um espaço de diálogo,
reflexão e empoderamento para que as mulheres assumam o controle da sua saúde,
estabeleçam hábitos saudáveis e façam valer os seus direitos, bem como assumam
o controle dos determinantes da saúde e da família e reforcem a sua autonomia
sobre o seu povo e as suas vidas. Ainda neste contexto, alguns centros de saúde
realizam atividades de promoção da saúde com o objetivo de transformá-los em
espaços de diálogo e acolhimento. Contudo, quando se reflete sobre diferentes
experiências de saúde da família, fica clara a necessidade de estimular a autonomia
e empoderar os participantes do sistema de saúde. No modelo dialógico e
participativo, todos, especialistas e participantes, agem igualmente, mesmo com
papéis diferentes. O autor enfatiza ainda que nos processos participativos as
perspectivas e prioridades são legítimas e apreciadas tanto pelos profissionais de
saúde como pela comunidade (BRICEÑO-LEÓN, 1996).
A Consultoria de Enfermagem é considerada uma prática exclusivamente de
enfermagem, praticada ao longo da história de luta da profissão. É conceituado
como um processo metodológico de sistematização de conhecimentos
metodologicamente configurados, aplicados numa perspectiva educativa e solidária,
capaz de fornecer respostas à complexidade do tema. Porém, há conflito na
compreensão dos usuários sobre o que diferencia a consulta médica da consulta de
enfermagem. Observou-se uma compreensão pouco clara da missão e visão deste
profissional, o que pode estar relacionado à falta de identificação e delimitação clara
das atividades e competências de cada profissional atuante na ESF (PORTO, 2007).
Destaca-se a valorização dos profissionais enfermeiros não só nas suas
principais áreas de atuação, mas também em todas as áreas em que possam estar
envolvidos, divulgando as suas competências, nomeadamente na promoção da
saúde e nas suas estratégias. É importante estimular a dimensão política do
conhecimento, alimentando ações autônomas dos enfermeiros, devido às práticas
manipulativas que ocorrem nos bastidores dos serviços de saúde por vários grupos
profissionais, reguladores e funcionários governamentais. Para fornecer um serviço
global, sistematizado e humanizado, os enfermeiros têm promovido mudanças
individuais e coletivas, tanto na prevenção de doenças, como na promoção e
restauração da saúde, mudanças que dizem respeito às mulheres, às suas famílias,
bem como aos problemas epidemiológicos que estes sujeitos enfrentam (PIRES,
2011).
A divulgação da Consulta de Enfermagem foi ampliada, bem como a
avaliação e diferenciação desta atividade como responsabilidade da enfermagem.
Contudo, para mudar esta realidade, é fundamental que os profissionais assumam a
responsabilidade pelas suas próprias ações, se soltem e enfrentem os desafios,
encontrando formas de adaptar as suas competências para intervir proativamente
nas diversas demandas da sociedade (PAI et al., 2006).
3 CONCLUSÃO

As políticas de saúde da mulher construídas em todo o país por meio de


discussões amplas e complexas fez contribuições essenciais para a mudança de
paradigma na saúde da mulher. Apesar dos grandes progressos, este processo
permanece dinâmico e acompanha a transformação social e, portanto, não pode ser
esgotado. Cada política traz um progresso único em toda a busca pela saúde da
mulher, conforme enfatizado anteriormente.
Embora haja progressos inegáveis, é necessário questionar a real
implementação desses princípios nos municípios e estados brasileiros. Além disso,
para que isso aconteça, é necessário um controle social eficaz para as mulheres na
implementação e avaliação destas políticas. Acrescente-se que a implementação
destas políticas dependem também do contato direto dos gestores e profissionais
das unidades de saúde com o público feminino, abrindo canais de debate e
potenciando a educação do público-alvo.
O enfermeiro de saúde da família é responsável por educar os pacientes,
prevenir doenças e promover a saúde, bem como encontrar formas de restaurar a
saúde do indivíduo quando esta estiver comprometida, por meio de ações eficazes e
eficientes, tão eficazes quanto conferências educativas, pesquisas ativas e
direcionamento ao paciente. A educação visa sempre praticar um modelo inclusivo
conforme preconizado pelo SUS para estratégias de saúde da família.
A Consultoria de Enfermagem apresenta-se como um espaço fundamental
para a atuação do enfermeiro, entendido como um sujeito capaz de contribuir
significativamente para a superação das situações limitantes que dificultam a vida
das mulheres. Temas abordados como a violência doméstica e a necessidade de
escuta, diálogo e compreensão dos diferentes papéis dos profissionais que atuam
na ESF também podem ser abordados por meio do diálogo durante o processo de
consulta. O estudo revela que a Consultoria em Enfermagem pode ser um espaço
para desenvolver atividades de Promoção da Saúde, que ainda ocorrem de forma
tímida no setor área sob gestão deste Centro Médico. Para atingir este objetivo, há
necessidade de promover formação multidisciplinar, incluindo enfermeiros, para
compreender as questões fundamentais e estratégias de promoção da saúde.
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