Direito 2022

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CACD 2022  Prova Objetiva

Direito

direito administrativo; improbidade administrativa; Lei de Licitações e Contratos Administrativos; Regime Jurídico dos Servidores do SEB;
responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

QUESTÃO 29 Direito administrativo brasileiro, em suas múltiplas configurações dogmáticas e


jurisprudenciais.

Direito Administrativo
 Noções sobre o conceito de Estado
O Estado corresponde à organização de um povo, localizado de maneira estável em um determinado
território, sob o comando de um único poder. Na era contemporânea, o Estado tem como principal
característica o fato de ser um ente político com um governo institucionalizado. Toda nação politicamente
organizada, em decorrência dessa institucionalização, deve ter sua forma de organização pré-estabelecida, para
que o exercício do poder possa ser limitado. Com esse tipo de noção é que surgiu a ideia de se impor ao Estado
uma regulamentação, de se criar uma lei que o estruturasse, uma lei que lhe desse organização, enfim, uma
Constituição que lhe assegurasse estabilidade e permanência.
A esse movimento decorrente da vontade do homem de comandar seu destino político e de participar da
vida do Estado, estabelecendo um conjunto mínimo de direitos e garantias a serem respeitados não só pelos
governantes, mas pelos concidadãos, chama-se constitucionalismo. A origem formal do constitucionalismo está
ligada às constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, após a independência das 13
Colônias, e da França, em 1791, a partir da Revolução Francesa, apresentando dois traços marcantes:
organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais.
Pode-se então dizer que o Estado possui alguns elementos fundamentais, que podem ser classificados
como materiais (povo e território) e formais (ordenamento jurídico e o governo), além da finalidade que seria
alcançar o bem comum de todos os cidadãos.
 Povo: como elemento integrante do Estado, diz respeito ao vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao
Estado, criando um complexo de direitos e obrigações recíprocas.
 Território: limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império
sobre pessoas e bens. A noção de território é mais ampla do que o mero limite geográfico, ou seja, porção de
terra delimitada por fronteiras naturais ou convencionais, abrangendo também o subsolo, os rios, lagos, mar
territorial, águas adjacentes, golfos, baías, portos, espaço aéreo, navio e aeronave de guerra, navio mercante
em alto mar, prédio das embaixadas em estados estrangeiros etc.
 Ordenamento jurídico: conjunto de normas, princípios e regras de direito que regulam as relações sociais
desenvolvidas em um determinado Estado.
 Governo: órgão supremo de Estado, pelo qual este se manifesta e exerce o poder político.

 Forma do Estado Brasileiro: Federação


A forma do Estado Brasileiro é a Federação, caracterizada pela:
a) Repartição ou distribuição de competências inserida no texto constitucional;
b) Capacidade de auto-organização dos Estados-Membros através de constituições próprias;
c) Participação dos Estados-Membros na formação da vontade nacional através do Senado Federal
(representantes dos Estados – federalismo homogêneo);
Já para a manutenção do Estado Federal, é importante observar os seguintes elementos:
a) Existência de uma rigidez constitucional;
b) A proteção dos direitos fundamentais;
c) Existência de um órgão incumbido de realizar o controle da constitucionalidade, de modo a preservar a
supremacia formal da constituição sobre todo o ordenamento jurídico-positivo.
Os órgãos responsáveis por tal missão no Brasil são entidades componentes da Federação: a União, os
Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios. A forma federativa de Estado é uma das quatro cláusulas
pétreas previstas na CF/88, ou seja, é norma constitucional que não pode sequer ser objeto de deliberação pelo

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constituinte reformador (para fins de supressão ou alteração) (outras cláusulas pétreas se referem ao voto direto,
secreto, universal e periódico, à separação dos Poderes e aos direitos e garantias individuais.

 Forma do governo brasileiro: República


A forma de governo corresponde ao modo pelo qual o Estado se organiza para exercer o poder político,
determinando, ainda, como se atinge o poder político e por quanto tempo nele se permanece. Na evolução
histórica dos Estados, três foram as principais formas de governo concebidas e identificadas por Aristóteles,
como a monarquia (governo de mais de um, mas de poucos) e a república (forma em que o povo governa no
interesse do povo). Prevaleceu, no entanto, e basicamente, duas formas principais de governo, quais sejam, a
república e a monarquia, com as seguintes características:
 Monarquia: unipersonalidade das funções; vitaliciedade; hereditariedade; irresponsabilidade.
 República: pluralidade das funções; temporariedade; eletividade; responsabilidade.
A CF adota a República como forma de governo com duas características principais: a eletividade do
mandatário e a transitoriedade do mandato eletivo. Esta é a primeira Constituição Republicana onde a forma de
governo não se constitui em cláusula pétrea.

 Sistema do governo brasileiro: Presidencialismo


Os regimes de governo (ou sistemas de governo) mostram as relações que se podem observar entre o
Poder Executivo e o Poder Legislativo, ou ainda, seria o regime de governo uma espécie de técnica de
organização do Poder Executivo. São classificadas pela doutrina como presidencialismo e parlamentarismo.
→ Regime parlamentarista: divisão nítida entre a chefia de governo e a chefia de Estado, sendo exercidas tais
funções por pessoas distintas. Dependendo da forma de governo adotada, o Presidente ou o Monarca (Rei ou
Imperador) assumem a Chefia do Estado e o Primeiro-Ministro ou premier a chefia do governo (condução
dos negócios político-administrativos do Estado).
→ Regime Presidencialista: as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo são exercidas simultaneamente
pelo Presidente da República.
O Brasil é uma República Federal que adota o regime presidencialista de governo. Foi realizado um
plebiscito, em 1993, em razão da Emenda Constitucional nº 03/92, para que o povo escolhesse se gostaria de
continuar com o presidencialismo ou mudar para o parlamentarismo. O Brasil é um Estado Federal composto
pela união indissolúvel da União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios, todos entes autônomos
detentores de competências próprias e compartilhadas (comuns e concorrentes) dispostas no texto
constitucional.
Consagrando a tradicional divisão de poderes baseada nos estudos de Montesquieu, há uma divisão em
três poderes constituídos, os quais relacionam-se de forma independente e harmônica entre si. Ressalte-se que a
atual Constituição inovou ao elevar o Brasil à condição de Estado Democrático de Direito, o que importou na
escolha, pelo constituinte, de valores fundamentais como a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e o pluralismo político. Há ainda a previsão
expressa da inafastabilidade da participação popular na tomada das decisões políticas, contida no parágrafo
único do art. 1° da Constituição – “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Possui o Estado de Direito, portanto, as seguintes características: supremacia da Constituição;
superioridade das leis; separação dos poderes (separação de funções estatais); existência de direitos e garantias
fundamentais.
A função executiva realizada pela Administração se dá por meio de atos jurídicos, que recebem a
denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma diferenciam-se dos
atos emanados do Poder Legislativo (na atribuição específica de legislar), e do Poder Judiciário (na atribuição
específica de decidir os conflitos de interesse).

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 Atos administrativos
Os atos administrativos podem ser conceituados como toda manifestação unilateral de vontade da
administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
→ Requisitos – há cinco requisitos necessários à formação do ato administrativo: competência, finalidade,
forma, motivo e objeto. Tais componentes constituem a infraestrutura do ato administrativo, e sem a
convergência destes elementos não se aperfeiçoa o ato, e consequentemente este não terá condições de
eficácia para produzir efeitos válidos.
- Competência : poder que o agente administrativo deve dispor para validamente praticar o ato, ou seja, para
desempenhar especificamente suas funções. A competência resulta da lei e por ela é delimitada. Significa
dizer que todo ato emanado de agente incompetente, ou realizado além dos limites de que dispõe a
autoridade incumbida de sua prática é inválido por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição.
- Finalidade: objetivo de interesse público a atingir, ou seja, não se compreende o ato administrativo sem
fim público. A finalidade do ato administrativo é aquela que a lei indica explícita ou implicitamente, e uma
vez alterada caracteriza o desvio de poder, que enseja a invalidação do ato.
- Forma: enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a da Administração exige
formas especiais e forma legal para ser válida. A inexistência da forma induz a inexistência do ato
administrativo, sendo que para a Administração, via de regra, a forma é a escrita.
- Motivo (causa): situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo.
O motivo pode vir expresso em lei ou ser deixado a critério do administrador, sendo vinculado na primeira
hipótese e discricionário no segundo.
- Objeto: identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração manifesta seu poder e sua
vontade, ou atesta situações preexistentes. Quando revestido de todos os seus requisitos formais e materiais,
o ato administrativo se diz eficaz; todavia, pode apresentar vícios ou defeitos, cuja gravidade enseja a
seguinte classificação para os atos mal formados: a) inexistência; b) nulidade; c) anulabilidade; d)
irregularidade.
> Ato inexistente é aquele cuja existência é mera aparência, p. ex., o ato praticado por usurpador de
função pública;
> Ato nulo é aquele que apresenta vícios insanáveis de legitimidade, relativos aos requisitos de validade.
> Ato anulável é aquele em que a vontade do agente se mostra violada por erro, dolo, coação ou
simulação, vigorando até que, eventualmente, seja promovida a declaração de sua invalidade.
> Ato irregular é aquele que deixou de observar requisito não essencial.

 Atributos do ato administrativo


Os atos administrativos, por emanarem do Poder Público, diferenciam-se dos atos praticados pelos
particulares em vários aspectos, principalmente em razão das seguintes características:
• Presunção de legitimidade e veracidade - Os atos administrativos presumem-se legítimos, em decorrência do
princípio da legalidade da administração, e por essa razão, por exemplo, o artigo 19, II da CF/88 diz que não se
pode “recusar fé aos documentos públicos. A presunção de legitimidade dos atos públicos também autoriza a
imediata execução dos atos administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem à
invalidade. O ônus da prova, portanto, é do administrado.
• Imperatividade - É o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou
execução, de forma que os atos que consubstanciam um provimento ou ordem administrativa (atos normativos,
ordinatórios, punitivos) nascem com força impositiva própria do Poder Público, e que obriga o particular ao fiel
atendimento, sob pena de sujeitar-se à execução forçada. Assim sendo, todo ato administrativo deve ser
cumprido ou atendido enquanto não for retirado do mundo jurídico por revogação ou anulação.
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• Autoexecutoriedade - Consiste na possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta
execução pela própria Administração. Este poder decorre da necessidade da Administração bem desempenhar
sua missão de autodefesa dos interesses sociais, sem ter que a todo momento, ao encontrar resistência do
particular, recorrer ao Poder Judiciário para remover a oposição individual. Exemplo desta questão se tem
quando a Administração utiliza-se do Poder de Polícia para interditar atividades ilegais, demolir obras
clandestinas, inutilizar bens impróprios para o consumo etc.
Tais atos administrativos devem ser precedidos de notificação, e em determinados casos, onde não haja
perigo iminente para a sociedade, garantir-se o contraditório e a ampla defesa.

 Invalidação dos atos administrativos


Os atos administrativos devem ser convenientes, oportunos e legítimos, e quando isso não ocorre, devem
ser desfeitos pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, sempre que se revelarem inadequados aos
fins visados pelo Poder Público ou contrários às normas legais que os regem. A invalidação, portanto, pode se
dar pela revogação ou anulação dos atos administrativos, figuras que se diferenciam na doutrina.

→ Anulação do ato administrativo


A anulação é a “declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário. Baseia-se, portanto, em razões de legitimidade ou legalidade,
diversamente da revogação que se funda em motivos de conveniência ou de oportunidade, e, por isso mesmo é
privativa da Administração.” Interessante, neste contexto, citar a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Capítulo XIV: da anulação, revogação e convalidação


Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

→ Revogação do ato administrativo


A revogação funda-se no Poder Discricionário de que dispõe a Administração para rever sua atividade
interna e encaminhá-la adequadamente à realização de seus fins específicos. A possibilidade de revogação é um
juízo de conveniência, oportunidade e razoabilidade feito pela Administração em relação aos seus próprios atos,
para mantê-los ou invalidá-los segundo as exigências do interesse público. É assente também na doutrina a
noção de que os efeitos dos atos revogados pela Administração permanecem válidos ao tempo de sua vigência,
ou seja, consideram-se válidos os efeitos produzidos pelo ato revogado até o momento da revogação, quer
quanto às partes, quer em relação a terceiros sujeitos aos seus efeitos reflexos.

 Princípios básicos da administração pública


Todo e qualquer sistema organizado possui os seus princípios básicos, assim é nos fenômenos naturais e
nos fenômenos humanos. As ciências, de modo geral, fixam e utilizam princípios, que servirão para explicar e

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melhor compreender os fatos. Pode-se dizer, portanto, que os princípios são a base, os mandamentos e os
vetores de orientação da ciência. No que se refere à Administração Pública, temos princípios próprios e
importantes para a compreensão de todo o sistema, no qual também os servidores públicos estão inseridos.
Temos, então, princípios constitucionais e extraconstitucionais, ambos importantes para o estudo que ora se
pretende desenvolver.
Princípios Constitucionais L I M P E

→ Legalidade: É o princípio básico de todo o Direito Público. Na atividade particular tudo o que não está
proibido é permitido, na Administração Pública tudo o que não está permitido é proibido. O administrador
está rigidamente preso à lei e sua atuação deve ser confrontada com a lei.
→ Impessoalidade: Significa que o administrador deve orientar-se por critérios objetivos, não devendo fazer
distinções fundamentadas em critérios pessoais. Toda a atividade da Administração Pública deve ser
praticada tendo em vista a finalidade pública. Se não visar o bem público, ficará sujeita à invalidação, por
desvio de finalidade. É em decorrência desse princípio que temos, por exemplo, o concurso público e a
licitação. Desse princípio decorre a generalidade do serviço público – todos que preencham as exigências
têm direito ao serviço público. A responsabilidade objetiva do Estado decorre do princípio da
impessoalidade.
→ Moralidade: o Direito Administrativo elaborou um conceito próprio de moral, diferente da moral comum.
A moral administrativa significa que o dever do administrador não é apenas cumprir a lei formalmente, mas
cumprir substancialmente, procurando sempre o melhor resultado para a administração. Pressuposto de
validade de todo ato da Administração Pública tem a ver com a ética, com a justiça, a honestidade, a
conveniência e a oportunidade.
• Toda atuação do administrador é inspirada no interesse público.
• Jamais a moralidade administrativa pode chocar-se com a lei.
• Por esse princípio, o administrador não aplica apenas a lei, mas vai além, aplicando a sua substância.
• A Constituição de 1988 enfatizou a moralidade administrativa, prevendo que “os atos de improbidade
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
→ Publicidade: Requisito da eficácia e moralidade, pois é através da divulgação oficial dos atos da
Administração Pública que ficam assegurados o seu cumprimento, observância e controle. Destina-se, de
um lado, à produção dos efeitos externos dos atos administrativos. Existem atos que não se restringem ao
ambiente interno da administração porque se destinam a produzir efeitos externos – daí ser necessária a
publicidade.
→ Eficiência: Exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades
dos administrados. Trata-se de princípio meramente retórico. É possível, no entanto, invocá-lo para limitar
a discricionaridade do Administrador, levando-o a escolher a melhor opção. Eficiência é a obtenção do
melhor resultado com o uso racional dos meios. Atualmente, na Administração Pública, a tendência é
prevalência do controle de resultados sobre o controle de meios.

Os interesses públicos têm supremacia sobre os interesses individuais; é a essência do regime jurídico
administrativo.
• Presunção de legitimidade: Os atos da Administração presumem-se legítimos, até prova em contrário
(presunção relativa ou juris tantum – ou seja, pode ser destruída por prova contrária.)
• Finalidade: Toda atuação do administrador se destina a atender o interesse público e garantir a observância
das finalidades institucionais por parte das entidades da Administração Indireta. A finalidade pública objetivada
pela lei é a única que deve ser perseguida pelo administrador. A Lei, ao atribuir competência ao Administrador,
tem uma finalidade pública específica. O administrador, praticando o ato fora dos fins, expressa ou
implicitamente contidos na norma, pratica Desvio de Finalidade.

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• Autotutela: A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e eficiência dos seus próprios atos. É por
isso que se reconhece à Administração o poder e dever de anular ou declarar a nulidade dos seus próprios atos
praticados com infração à Lei.
1. A administração não precisa ser provocada ou recorrer ao Judiciário para reconhecer a nulidade dos seus
próprios atos;
2. A administração pode revogar os atos administrativos que não mais atendam às finalidades públicas – sejam
inoportunos, sejam inconvenientes – embora legais.
3. Em suma, a autotutela se justifica para garantir à Administração: a defesa da legalidade e eficiência dos seus
atos; nada mais é que um autocontrole;
• Continuidade dos serviços públicos: O serviço público destina-se a atender necessidades sociais. É com
fundamento nesse princípio que nos contratos administrativos não se permite que seja invocada, pelo particular,
a exceção do contrato não cumprido.
- Nos contratos civis bilaterais pode-se invocar a exceção do contrato não cumprido para se eximir da
obrigação.
- Hoje, a legislação já permite que o particular invoque a exceção de contrato não cumprido – Lei 8666/93 –
Contratos e Licitações, apenas no caso de atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela
Administração.
- A exceção do contrato não cumprido é deixar de cumprir a obrigação em virtude da outra parte não ter
cumprido a obrigação correlata.
• Razoabilidade: Os poderes concedidos à Administração devem ser exercidos na medida necessária ao
atendimento do interesse coletivo, sem exageros. O Direito Administrativo consagra a supremacia do interesse
público sobre o particular, mas essa supremacia só é legítima na medida em que os interesses públicos são
atendidos. Exige proporcionalidade entre os meios de que se utilize a Administração e os fins que ela tem que
alcançar. Agir com lógica, razão, ponderação.

 Poderes e deveres do administrador público


Os poderes e deveres do Administrador Público são os expressos em lei, impostos pela moral
administrativa e exigidos pelo interesse da coletividade. Cada agente administrativo é investido da necessária
parcela de poder público para o desempenho de suas atribuições. Esse poder deve ser usado normalmente como
atributo do cargo ou da função, e não como privilégio da pessoa que o exerce. É esse poder que empresta
autoridade ao agente público quando recebe da lei competência decisória e força para impor suas decisões aos
administrados.
O poder administrativo, portanto, é atribuído à autoridade para remover os interesses particulares que se
opõem ao interesse público. Nessas condições, o poder de agir se converte no dever de agir. Assim, se no
Direito Privado o poder de agir é uma faculdade, no Direito Público é uma imposição, um dever para o agente
que o detém, pois não se admite a omissão da autoridade diante de situações que exijam sua atuação.
São deveres do Administrador:
- Poder-Dever de agir – O poder do agente significa um dever diante da sociedade.
- Dever de eficiência – Cabe ao agente agir com a máxima eficiência funcional.
- Dever de probidade – É o dever do agente de agir com caráter e integridade.
- Dever de prestar contas – Deve, o agente, prestar contas sobre todos os seus atos.

O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas o poder há de ser usado normalmente, sem abuso. Usar
normalmente do poder é empregá-lo segundo as normas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as
exigências do interesse público. Abusar do poder é empregá-lo fora da lei, sem utilidade pública. Ocorre o
abuso de poder quando a autoridade, embora competente para a prática do ato, ultrapassa os limites de sua

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atribuição (excesso) ou se desvia das finalidades administrativas (desvio) ou se omite de seu dever (omissão). O
uso do poder é lícito; o abuso, sempre ilícito. Daí por que todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de
poder.
→ Excesso de poder: Ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do
permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas.
→ Desvio de poder ou desvio de finalidade: Verifica-se esta espécie de abuso quando a autoridade, embora
atuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados
pela lei ou exigidos pelo interesse público.
→ Omissão da administração: Pode representar aprovação ou rejeição da pretensão do administrado, tudo
dependendo do que dispuser a norma pertinente.

Poderes administrativos
• Poder vinculado – É aquele que a lei atribui à administração, para o ato de sua competência, estabelecendo
elementos e requisitos necessários para a sua formalização. A norma legal condiciona a expedição do ato aos
dados constantes de seu texto. A administração fica sem liberdade para a expedição do ato. É a lei que regula o
comportamento a ser seguido. Ex.: aposentadoria compulsória aos 70 anos.
• Poder discricionário – É a faculdade conferida à autoridade administrativa para, diante de certa circunstância,
escolher uma entre várias soluções possíveis. Há liberdade na escolha de conveniência e oportunidade. Ex.:
pedido de porte de armas – a administração pode ou não deferir o pedido após analisar o caso.
• Poder hierárquico – É o poder “através do qual os órgãos e respectivas funções são escalonados numa
relação de subordinação e de crescente responsabilidade”. Do poder hierárquico decorrem faculdades para o
superior, tais como: dar ordens e fiscalizar seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever atos dos
inferiores, decidir conflito de atribuições (choque de competência). Não existe hierarquia no judiciário e no
legislativo em suas funções essenciais. Conflito de competência positivo – Dois agentes se julgam competentes
para a mesma matéria. O superior hierárquico aos dois é quem vai dirimir o conflito. Conflito de competência
negativo – Dois agentes se julgam incompetentes para a mesma matéria.
• Poder disciplinar – É o poder dado a autoridades administrativas, com o objetivo de apurar e punir faltas
funcionais. O poder disciplinar não se confunde com o poder punitivo do Estado através da justiça penal. Ele só
abrange as infrações relacionadas com o serviço. O poder de aplicar a pena é o poder-dever, ou seja, o superior
não pode ser condescendente na punição, ele não pode deixar de punir. É considerada a condescendência, na
punição, crime contra a administração pública.
• Poder regulamentar – É o poder de que dispõem os executivos, através de seus chefes (presidente,
governadores e prefeitos) de explicar a lei, a forma correta de execução.
• Poder normativo – É a faculdade que tem a administração de emitir normas para disciplinar matérias não
privativas de lei. Na administração direta, o chefe do Executivo, ministros, secretários, expedem atos que
podem conter normas gerais destinadas a reger matérias de sua competência, com observância da Constituição
e da lei.
• Poder de polícia – É a faculdade da administração de limitar a liberdade individual em prol do interesse
coletivo.
• Polícia administrativa – Age “a priori” restringindo o exercício das atividades lícitas, em benefício do poder
público. Ex.: lei do silêncio; tomar vacina.
• Polícia judiciária – Age “a posteriori”, investigando delitos cometidos e aplicando a devida sanção.
POLÍCIA (Elementos): Estado (sujeito); Tranquilidade pública (objetivo); Limitações às atividades prejudiciais
(objeto).
A polícia administrativa se desdobra em polícia de comunicação, de costumes, de propriedade, de
reunião, de associação, polícia sanitária (de saúde), de trânsito, de profissões, de comércio e indústria, de
estrangeiros, polícia ecológica, do índio, de caça e pesca, de diversões públicas, polícia florestal, de pesos e

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medidas, de água, de atmosfera, polícia funerária. Mas, no fundo, não são várias espécies de polícia; são setores
onde as normas de polícia se fazem sentir, mas só há uma polícia administrativa. Tem competência para exercer
a polícia administrativa: Administração direta, autarquias e fundações do direito público.

 Servidores públicos
Os servidores públicos podem ser categorizados como subespécies do gênero agentes públicos
administrativos, categoria que abrange a grande massa de prestadores de serviços à administração pública e que
a ela se vinculam por relações profissionais, em razão da investidura em cargos e funções, a título de emprego e
com retribuição pecuniária.
A CF/88 separou os servidores em duas espécies, ou seja, “Dos servidores públicos” e “Dos Militares
dos Estados, Distrito-Federal e dos Territórios”. Todos os artigos da CF pertinente aos servidores públicos
sofreram profundas alterações. A EC 19 estabeleceu que a Lei poderá estabelecer requisitos diferenciados de
admissão, de acordo com a complexidade do cargo ou emprego. Já a EC 20 trouxe modificações pertinentes à
Previdência Social, distinguindo o servidor titular de cargo efetivo dos demais servidores, titulares de outros
cargos ou empregos públicos. E a EC 41, por sua vez, trouxe novas e significativas alterações na parte relativa
ao teto remuneratório e ao sistema de previdência social.
Todos os agentes públicos que se vinculam à Administração Pública direta e indireta do Estado são
servidores públicos em sentido amplo, seja sob (a) regime estatutário, (b) administrativo especial, ou (c)
celetista, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho, de natureza profissional e empregatícia. Pode-se
ainda estabelecer quatro (4) espécies de servidores públicos em sentido amplo: 1. Agentes Políticos; 2.
Servidores Públicos estatutários; 3. Empregados Públicos; 4. Contratados por tempo determinado.

→ Agentes Políticos
Agente político é uma espécie do gênero “agente público”, expressão esta que engloba toda e qualquer
pessoa que, de qualquer maneira e a qualquer título, exerce uma função pública, ou seja, pratica atos imputáveis
ao Poder Público, tendo sido investido de competência para isso. Agentes políticos são os titulares dos cargos
estruturais à organização política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do
Estado, o esquema fundamental do Poder. Daí que se constituem nos formadores da vontade superior do
Estado. São agentes políticos apenas o Presidente da República, os Governadores, Prefeitos e respectivos vices,
os auxiliares imediatos dos Chefes de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das diversas Pastas, bem como
os Senadores, Deputados federais e estaduais e os Vereadores. O vínculo que tais agentes entretêm com o
Estado não é de natureza profissional, mas de natureza política. Exercem um munus público. Vale dizer, o que
os qualifica para o exercício das correspondentes funções não é a habilitação profissional, a aptidão técnica,
mas a qualidade de cidadãos, membros da civitas e por isto candidatos possíveis à condução dos destinos da
Sociedade”.
Os agentes políticos exercem funções públicas, que podem consistir tanto na prática de atos políticos,
quanto na prática de simples atos administrativos. Em qualquer caso, porém, não são isentos de
responsabilidade, que é lgo elementar ao sistema republicano, adotado em nossa Constituição.
No regime republicano, que é baseado na igualdade entre as pessoas, todo governante tem sua razão de
existir por força de uma outorga de poderes dos governados, dos iguais.
O governante não é alguém mais importante ou diferente dos cidadãos. Todo e qualquer governante é um
cidadão que foi investido numa função de comando. Esse governante continua sendo um cidadão que recebeu
um mandato para desempenhar uma determinada função. E se não for fiel ao mandato recebido deve ser
responsabilizado.
O sistema jurídico brasileiro comporta várias espécies de responsabilidade aplicáveis aos agentes
políticos, conforme a específica ação praticada, por exemplo: política, patrimonial, penal, por improbidade
administrativa, popular e fiscal.

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→ Servidores públicos estatutários


Os servidores estatutários são os titulares de cargo público efetivo e integrantes da Administração direta,
das autarquias e das fundações públicas com personalidade de Direito Público. Tratando-se de cargo efetivo,
seus titulares podem adquirir estabilidade e estarão sujeitos a regime peculiar de previdência social. A relação
jurídica que interliga o Poder Público e os titulares de cargo público, - ao contrário do que se passa com os
empregados - , não é de índole contratual, mas estatutária, institucional.
No regime estatutário, diversamente do que ocorre nas relações celetistas ou contratuais, o Estado pode,
ressalvadas as disposições constitucionais impeditivas e o interesse público, alterar unilateralmente (através de
lei) o regime jurídico de seus servidores, fazendo com que as regras que eram vigentes quando da investidura
destes não tenham mais valor para disciplinar sua conduta de agora em diante.
Assim, uma vantagem anteriormente concedida pode, em dado momento, ser suprimida, sem qualquer
ofensa ao princípio da legalidade. Da mesma maneira, uma obrigação que antes não estava prevista passa a
constituir um dever ao servidor, tornando imperativo o seu cumprimento (fato que não pode coexistir com o
regime celetista, vez que, o que não foi acordado não pode, em tese, ser exigido).
A Administração Pública não se equipara ao empregador privado quando estabelece uma relação
estatutária com os seus servidores. E muitas são as nuances que diferenciam o Estado exercendo efetivamente
uma função pública do Estado que concorre com os particulares em igualdade de direitos (art. 173 da CF).
As vantagens concedidas ao Estado na modalidade Poder Público (cogente) existem para conferir-lhe
todos os meios necessários ao atendimento dos interesses públicos, um dos princípios maiores que norteiam o
Direito Administrativo. Nesse sentido, faz-se oportuno frisar que o Estado tem ao seu dispor a AUTORIDADE
que lhe é parcialmente outorgada pela sociedade, através do chamado “Contrato Social”.
Atos de império ou de autoridade são todos aqueles que a Administração pratica usando de sua
supremacia sobre o administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento. É o que ocorre nas
desapropriações, nas interdições de atividade, nas ordens estatutárias. Tais atos podem ser gerais ou individuais,
internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade onipotente do Estado e seu poder de
coerção. São, normalmente, atos revogáveis e modificáveis a critério da Administração que os expediu.
Tais atos de império diferem-se dos atos de mera gestão, uma vez que nestes a Administração Pública
não se utiliza da supremacia sobre os destinatários. É o que ocorre, por exemplo, nos atos puramente de
administração de bens e serviços públicos e nos negociais com os particulares, que não exigem coerção sobre
os interessados.
Esses atos serão sempre de administração, mas nem sempre administrativos típicos, principalmente
quando bilaterais, de alienação, oneração ou aquisição de bens, que se igualam aos do Direito Privado, apenas
antecedidos de formalidades administrativas para sua realização (autorização legislativa, licitação, avaliação
etc).

→ Empregados públicos
Os empregados públicos são aqueles titulares de emprego público ( e não de cargo) da administração
direta e indireta, sujeitos ao regime jurídico da CLT. Por não ocuparem cargo público e serem celetistas, não
tem condições de adquirir a estabilidade prevista no artigo 41 da C.F/88, nem podem ser submetidos ao regime
de previdência próprio dos servidores públicos, sendo enquadrado no regime geral de previdência (INSS),
como também os titulares de cargo em comissão ou temporários. Ressalte-se que se aplica aos empregados
públicos a regra do concurso ou do processo seletivo público.
Pode-se considerar que a figura jurídica do emprego público se trata de um regime de trabalho
alternativo no âmbito do serviço público. E a mudança, criada pela EC nº 19/98, acabou por estabelecer a
seguinte distinção conceitual:

direito administrativo; improbidade administrativa; Lei de Licitações e Contratos Administrativos; Regime Jurídico dos Servidores do SEB;
responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

a) os servidores estatutários ocupam cargos públicos, regidos pelos respectivos regulamentos, da União, do
Distrito Federal, de Estados e de Municípios;
b) os empregados públicos ocupam empregos públicos, subordinados às normas da CLT, e são contratados por
prazo indeterminado para exercício de funções na administração direta, autárquica e fundacional. Os
empregados públicos não têm estatuto próprio, sendo regulados por lei específica, a depender da esfera de
Governo que estejamos tratando, ou seja, Federal, Estadual ou Municipal.
A Lei nº 9.962/2000, por exemplo, disciplinou o emprego público no âmbito da administração federal.
Art. 1º O pessoal admitido para emprego público na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá
sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
1º de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.
§ 1º Leis específicas disporão sobre a criação dos empregos de que trata esta Lei no âmbito da Administração
direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, bem como sobre a transformação dos atuais cargos em
empregos.
§ 2º É vedado:
I. submeter ao regime de que trata esta Lei:
b) cargos públicos de provimento em comissão;
II. alcançar, nas leis a que se refere o § 1º, servidores regidos pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, às
datas das respectivas publicações.
§ 3º Estende-se o disposto no § 2º à criação de empregos ou à transformação de cargos em empregos não
abrangidas pelo § 1º.
Art. 2º A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou
de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego.
Art. 3º O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da
Administração pública nas seguintes hipóteses:
I. prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;
II. acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
III. necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a
que se refere o art. 169 da Constituição Federal;
IV. insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso
hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos
padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo
com as peculiaridades das atividades exercidas.
Parágrafo único. Excluem-se da obrigatoriedade dos procedimentos previstos no caput as contratações de
pessoal decorrentes da autonomia de gestão de que trata o § 8º do art. 37 da Constituição Federal.
Art. 4º Aplica-se às leis a que se refere o § 1º do art. 1º desta Lei o disposto no art. 246 da Constituição Federal.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de fevereiro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.

Pode-se resumir as diferenças existentes entre o empregado e o servidor público nos seguintes aspectos:
estabilidade, processo seletivo, previdência social, remuneração e oportunidades de carreira.
• Sendo regidos por um contrato trabalhista, os empregados públicos gozam, em princípio, de uma menor
estabilidade funcional do que os servidores estatutários;
• Todos empregados públicos estão fora do regime da previdência pública: contribuem para o Regime Geral de
Previdência Social e são aposentados de acordo com as regras e o teto de valor da aposentadoria que valem
para os trabalhadores dos demais setores da economia;

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responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

• Os empregados públicos tanto quanto os servidores estatutários só podem ser admitidos ao serviço público
pela via do concurso público, de acordo com a nova redação dada ao inciso segundo do Artigo 37 da
Constituição;
• Processo seletivo de empregados públicos pode ser feito de forma mais “simplificada” do que o que se aplica
habitualmente aos servidores estatutários.
Conclui-se que para adotar o regime de emprego público, os Estados e Municípios terão de fazer
adequações legislativas, tais como: Revisão Constitucional, para efeito de criação da figura do emprego
público; Promulgação de lei específica para disciplinar o emprego público no âmbito da administração pública
que lhe corresponde, e autorização de abertura de quadros de empregos públicos na administração direta,
autárquica e fundacional, o que só pode ser feito se não houver impedimentos decorrentes dos limites de gasto
de pessoal fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

→ Servidores temporários
Os servidores contratados por tempo determinado são aqueles submetidos ao regime jurídico
administrativo especial da lei prevista no artigo 37, IX da C.F/88, bem como ao regime geral de previdência
social.
A contratação só pode ser por tempo determinado e com a finalidade de atender à necessidade temporária
de excepcional interesse público. A Lei também deve prever os casos de contratação temporária de forma
específica, não se admitindo hipóteses abrangentes ou genéricas, e que envolvam cargos típicos de carreira, sob
pena de haver fraude à exigência constitucional do concurso público.
Esses servidores estão vinculados a uma relação de dependência e subordinação, integrando
transitoriamente o corpo estatal na qualidade de sujeitos que operam em nome e por conta do Estado, e exercem
função pública desvinculada de cargo ou emprego público.

LEI Nº 8.745 - DE 9 DE DEZEMBRO DE 1993 - DOU DE 10/12/93 – Alterada pelas Leis 9.849/99 e nº
11.123/2005
Art. 1º Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, os órgãos da Administração
Federal direta, as autarquias e as fundações públicas poderão efetuar contratação de pessoal por tempo
determinado, nas condições e prazos previstos nesta Lei.
Art. 2º Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público:
I. assistência a situações de calamidade pública;
II. combate a surtos endêmicos;
III. realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
IV. admissão de professor substituto e professor visitante;
V. admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;
VI. atividades (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
a) especiais nas organizações das Forças Armadas para atender à área industrial ou a encargos temporários de
obras e serviços de engenharia; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
b) de identificação e demarcação desenvolvidas pela FUNAI; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
c) (Revogado pela Lei nº 10.667, de 2003)
d) finalísticas do Hospital das Forças Armadas; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
e) de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à segurança de sistemas de informações, sob
responsabilidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações - CEPESC;
(Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).

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f) de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa agropecuária, no âmbito do Ministério da Agricultura e do


Abastecimento, para atendimento de situações emergenciais ligadas ao comércio internacional de produtos de
origem animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou humana; (Redação dada pela Lei nº
9.849, de 1999).
g) desenvolvidas no âmbito dos projetos do Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM e do Sistema de
Proteção da Amazônia – SIPAM (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
h) técnicas especializadas, no âmbito de projetos de cooperação com prazo determinado, implementados
mediante acordos internacionais, desde que haja, em seu desempenho, subordinação do contratado ao órgão ou
entidade pública. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
VII. admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitutos para suprir a falta de professor, pesquisador ou
tecnólogo ocupante de cargo efetivo, decorrente de licença para exercer atividade empresarial relativa à
inovação. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
§ 1º - A contratação de professor substituto a que se refere o inciso IV far-se-á exclusivamente para suprir a
falta de docente da carreira, decorrente de exoneração ou demissão, falecimento, aposentadoria, afastamento
para capacitação e afastamento ou licença de concessão obrigatória (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
§ 2º - As contratações para substituir professores afastados para capacitação ficam limitadas a dez por cento do
total de cargos de docentes da carreira constante do quadro de lotação da instituição. (Redação dada pela Lei nº
9.849, de 1999).
§ 3º - As contratações a que se refere a alínea h do inciso VI serão feitas exclusivamente por projeto, vedado o
aproveitamento dos contratados em qualquer área da administração pública. (Incluído pela Lei nº 10.667, de
2003)
Art. 3º O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, será feito mediante processo seletivo
simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo de concurso
público.
§ 1º - A contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública prescindirá de processo
seletivo.
§ 2º - A contratação de pessoal, nos casos do professor visitante referido no inciso IV e dos incisos V e VI,
alíneas “a”, “c”, “d”, “e” e “g”, do art. 2o, poderá ser efetivada à vista de notória capacidade técnica ou
científica do profissional, mediante análise do curriculum vitae. (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
§ 3º - As contratações de pessoal no caso do inciso VI, alínea h, do art. 2º serão feitas mediante processo
seletivo simplificado, observados os critérios e condições estabelecidos pelo Poder Executivo.(Incluído pela Lei
nº 10.667, de 2003) (Regulamento)
Art. 4o As contratações serão feitas por tempo determinado, observados os seguintes prazos máximos:(Redação
dada pela Lei nº 10.667, de 2003)
I. seis meses, nos casos dos incisos I e II do art. 2o;(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 2003)
II. um ano, nos casos dos incisos III, IV e VI, alíneas d e f, do art. 2o;(Redação dada pela Lei nº 10.667, de
2003)
III. dois anos, nos casos do inciso VI, alíneas b e e, do art. 2o;(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 2003)
IV. três anos, nos casos dos incisos VI, alínea ‘h’, e VII do art. 2o; (Redação dada pela Lei nº 10.973, de 2004)
V. quatro anos, nos casos dos incisos V e VI, alíneas a e g, do art. 2o.(Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
Parágrafo único. É admitida a prorrogação dos contratos: (Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
I. nos casos dos incisos III, IV e VI, alíneas b, d e f, do art. 2o, desde que o prazo total não exceda dois anos;
(Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
II. no caso do inciso VI, alínea e, do art. 2o, desde que o prazo total não exceda três anos; (Incluído pela Lei nº
10.667, de 2003)

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responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

III. nos casos dos incisos V e VI, alíneas a e h, do art. 2o, desde que o prazo total não exceda quatro anos;
(Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
IV. no caso do inciso VI, alínea g, do art. 2o, desde que o prazo total não exceda cinco anos. (Incluído pela Lei
nº 10.667, de 2003)
V. no caso do inciso VII do art. 2o, desde que o prazo total não exceda seis anos. (Incluído pela Lei nº 10.973,
de 2004)
Art. 12. O contrato firmado de acordo com esta Lei extinguir-se-á, sem direito a indenizações:
I. pelo término do prazo contratual;
II. por iniciativa do contratado.
III. pela extinção ou conclusão do projeto, definidos pelo contratante, nos casos da alínea h do inciso VI do art.
2o. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 2003)
§ 1o - A extinção do contrato, nos casos dos incisos II e III, será comunicada com a antecedência mínima de
trinta dias. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de 2003)
§ 2º - A extinção do contrato, por iniciativa do órgão ou entidade contratante, decorrente de conveniência
administrativa, importará no pagamento ao contratado de indenização correspondente à metade do que lhe
caberia referente ao restante do contrato.

 Cargos e funções públicas


→ Cargo público
O “cargo público” é o lugar instituído na organização do serviço público com denominação própria,
atribuições e responsabilidades específicas, com remuneração correspondente e para ser provido e exercido por
um titular, na forma estabelecida em Lei. Os cargos se distribuem em classes e carreiras, e excepcionalmente
criam-se cargos isolados.
1. Classe - É o agrupamento de cargos da mesma profissão e com idênticas atribuições, responsabilidades e
vencimentos. As classes se constituem os degraus de acesso na carreira.
2. Carreira - É o agrupamento de classes da mesma profissão escalonados segundo a hierarquia de serviço, por
acesso privativo dos titulares dos cargos que a integram. O conjunto de carreiras e de cargos isolados constitui
o quadro permanente do serviço dos diversos poderes e órgãos públicos. As carreiras se iniciam e terminam nos
respectivos quadros.
3. Quadro - É o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções gratificadas de um mesmo serviço, órgão ou
poder. O quadro pode ser permanente ou provisório, mas sempre estanque, ou seja, não admite promoção ou
acesso de um para o outro.
4. Cargo de carreira - É o que se escalona em classes, para acesso privativo de seus titulares, até o da mais alta
hierarquia profissional.
5. Cargo Técnico - É o que exige conhecimentos profissionais especializados para seu desempenho, dada a
natureza científica ou artística das funções que encerra.
6. Cargo em comissão - É o que só admite provimento em caráter provisório. Por disposição constitucional, são
declarados em lei de livre nomeação (sem concurso público) e exoneração (art. 37, II), destinando-se apenas ás
atribuições de direção, chefia e assessoramento (art. 37, V). Há de se destacar ainda que segundo a EC 19, o
preenchimento de uma parcela 13 e 14 dos cargos em comissão dar-se-á unicamente por servidores de carreira,
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei.
7. Cargo de chefia - É o que se destina à direção de serviços, podendo ser de carreira ou isolado, de provimento
efetivo ou em comissão, tudo dependendo da lei que o instituir.

→ Função pública

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responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

Já o termo “função pública” é a atribuição ou conjunto de atribuições que a Administração confere a cada
categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para execução de serviços
eventuais, sendo comumente remunerada através de pro labore. Diferencia-se basicamente do cargo em
comissão pelo fato de não titularizar cargo público. Em face da EC 19, as funções de confiança só podem ser
exercidas por servidores ocupantes de cargo efetivo, e destinam-se obrigatoriamente apenas às atribuições de
direção, chefia e assessoramento, que são de natureza permanente. Ressalte-se também que todo cargo tem
função, mas o contrário não ocorre, pois pode haver função sem cargo (ex. contratação por prazo determinado).
Vejamos a redação do artigo 37 da CF/88 sobre o assunto:

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (EC 19/98)
I. os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (EC 19/98). - Obrigatoriedade da
Declaração de Bens e Rendas para o Exercício de Cargos, Empregos e Funções nos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário - L-8.730-1993. -
II. a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (EC
19/98))
III. o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV. durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira;
V. as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (EC 19/98).

 Poder executivo
A possibilidade de criar, transformar ou extinguir cargos, funções e empregos públicos no Poder
Executivo exige lei de iniciativa do Presidente da República, dos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, conforme seja o nível da Administração interessada. Na transformação temos a
extinção de cargos anteriores e criação de novos, que serão providos por concurso ou por enquadramento dos
servidores já integrantes da Administração. Portanto, a investidura nos novos cargos poderá se dar de forma
originária (concurso), ou derivada, desde que preenchidos os requisitos legais. Com a extinção, removem-se os
titulares para cargos equivalentes. Se estivermos tratando de servidores estáveis, extinto cargo ele será colocado
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
outro cargo.

 Poder legislativo
No Poder Legislativo, a criação, transformação e extinção de cargos, funções ou empregos públicos cabe
à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, às Assembleias legislativas e às Câmaras de Vereadores,
respectivamente, que podem, no âmbito de sua competência privativa “dispor sobre sua organização,
funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção de cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
iniciativa de lei para a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias” (CF, arts. 51, IV e 52, XIII).

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responsabilidade objetiva/subjetiva
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 Poder judiciário
No Poder Judiciário, a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos
juízos que lhe forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
Tribunais inferiores, observado o disposto no artigo 169 da CF, dependem de lei de iniciativa privativa do STF,
dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça, salvo no tocante aos subsídios dos Ministros do STF, cuja
fixação deve observar o disposto no artigo 48, XV da C.F/88

12.6 Provimento de Cargos


Formas
1. Originário - (primeira investidura) quando se presta concurso para determinado cargo e se consegue
aprovação - se prestar novo concurso para cargo diferente, continuará sendo originário.
2. Derivado - ocorre o provimento derivado quando o servidor se encontra na mesma carreira. Pode ser de três
formas:
a) Transferência (s):
a1) Permuta: é a troca do servidor de um lugar para outro dentro de sua área de atuação.
a2) Readaptação: pode ser por limitação física (ex.: Lesão por esforço repetitivo – LER, por excesso de
digitação), tendo que ser adaptado a nova função; e pode ser também por necessidade de serviço, ou seja, se há
excesso de digitadores no CPD, mas há falta destes na secretaria, os digitadores podem ser adaptados para o
novo local de serviço.
b) Promoção ou acesso: pode ser por antiguidade ou merecimento. Nas carreiras como a magistratura, o
servidor ao passar ao patamar seguinte, não pode retroagir ao cargo anterior; mas existem cargos em que todos
os servidores se encontram em um mesmo patamar com a existência de um cargo de chefia, o servidor que
alcançar este cargo, poderá retornar ao cargo anterior a qualquer momento.
c) Reingresso:
c1) Reintegração: ocorre nos casos de demissão ilegal; para conseguir a reintegração recorre-se à Justiça ou a
recurso administrativo.
c2) Readmissão: ocorre quando o servidor pede a sua própria exoneração, ocorrerá a readmissão se esta for
conveniente para a Administração.
c3) Aproveitamento: a Administração pode extinguir cargos; mas quando isto ocorre e o servidor é estável, este
ficará em disponibilidade esperando pelo aproveitamento que poderá se dar no mesmo cargo que ocupava ou
em outro semelhante.
c4) Reversão: pode ocorrer por vontade própria ou ex officio, e consiste no retorno do servidor à atividade.
Pode se dar de duas formas:
a) Aposentadoria ilegal - ocorre por contagem errada de tempo de serviço, falsidade de documento;
b) Motivo de saúde - na aposentadoria por invalidez, o servidor submete-se a exames periódicos e se for
constatado que o motivo que o levou a se aposentar já não existe, ele será revertido ao cargo anterior.

13 Normas constitucionais pertinentes aos servidores


13.1 Concurso Público
A obrigatoriedade de concurso público, ressalvados os cargos em comissão e empregos com essa
natureza, refere-se à investidura em cargo ou emprego público, isto é, ao ingresso em cargo ou emprego isolado
ou em cargo ou em emprego público inicial da carreira na Administração direta e indireta. Por meio do
concurso público, a Administração obtém moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço público, além de
propiciar igual oportunidade a todos os interessados que atendam aos requisitos da lei, fixados de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego. Neste sentido, confira-se o artigo 37 da Constituição Federal:

direito administrativo; improbidade administrativa; Lei de Licitações e Contratos Administrativos; Regime Jurídico dos Servidores do SEB;
responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I. os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
II. a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III. o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV. durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira;
Os concursos públicos não têm forma ou procedimento estabelecido na Constituição, mas devem ser
precedidos de regulamentação prévia, ampla divulgação, formação de bancas ou comissões, e fixação de
instância recursal. As decisões proferidas pela Banca poderão sempre ser objeto de reapreciação perante o
Poder Judiciário, isso porque nenhuma lesão ou ameaça a direito individual, segundo o artigo 5º, XXXV da
Constituição Federal, poderá ser excluída de sua apreciação.
Outro fator importante a destacar em relação a este tema é o fato dos candidatos, mesmo que aprovados e
classificados, não terem direito adquirido à nomeação ou à admissão, eis que detêm apenas expectativa de
direito à investidura no cargo ou emprego disputado.
Uma vez finalizado o concurso, o primeiro colocado adquire direito subjetivo à nomeação com
preferência sobre qualquer outro, desde que a Administração se disponha a prover o cargo ou emprego público,
mas a conveniência e a oportunidade do provimento ficam a critério do poder público.
O que não se admite é a nomeação de outro candidato que não o vencedor do concurso, ou
eventualmente, o chamamento de candidatos sem o

13.2 Algumas Irregularidades Envolvendo Concurso Público/Admissão de Pessoal na Administração


• Ausência de lei criando o cargo.
• Ausência de especificação, por cargo, de reserva de vagas para portadores de necessidades
especiais/deficiências.
• Exigência de requisitos no ato da inscrição e não por ocasião da posse – Idade /Escolaridade.
• Fixação de idade mínima ou máxima (sem amparo legal).
Súmula nº 683/STF:
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. (art.5º, 7º,
XXX, e 39, § 3º, CF/88)
• Insuficiente qualificação dos membros da comissão de concurso e/ou da banca examinadora.
• Parentesco de membros da bancas com candidatos classificados.
• Não publicação da pontuação dos candidatos, apenas relacionando os classificados.

14 Concurso público
14.1 Irregularidades
• Nomeação de candidatos em número superior às vagas referidas no Edital, sem especificação da origem
destas novas vagas.

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• Inclusão de classificados ou nomeação de pessoas cujos nomes não constam do rol dos inscritos.
• Atribuição de vantagem (título / critério de desempate) que privilegia quem já trabalhou para a entidade
contratante.
• Não demonstração do atendimento aos requisitos contidos nos artigos 16 e 17 da LRF / LC nº 101/2000
(aumento da despesa acompanhado de estimativa do impacto orçamentário-financeiro; declaração do ordenador
da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
• Nomeação em períodos vedados pela Lei Eleitoral.
• Enquadramento do servidor sem a observância do nível inicial da tabela remuneratória
• Nomeação de servidores após prazo de vigência do concurso, sem a devida prorrogação Prorrogação do
concurso após o decurso do prazo original de validade
• Uso de teste seletivo/contratação temporária para desempenho de atividades permanentes sem demonstração
da situação de exceção.
• Contratação de autônomos para desempenho atividades permanentes (com ou sem processo licitatório /
RPA)
• Terceirização irregular através de OSCIP, COOPERATIVAS, dentre outras modalidades (Súmula 331 TST)
• Indevida prorrogação de contratos temporários, os quais podem ser prorrogados apenas uma vez, e pelo
prazo máximo de dois anos. (art. 451 e 452 da CLT, admitem apenas um prorrogação, passando a ser
indeterminado o contrato de emprego que for prorrogado em interstício inferior a 06 meses)
• Indevida transformação de empregos públicos temporários em cargos públicos de caráter efetivo
• Utilização do cargo em comissão para atividades permanentes, que não se configuram como sendo de
direção, chefia ou assessoramento.
• Excessivo quadro de servidores em comissão
• Concurso para efetivação de cargos comissionados

15 Desinvestidura do cargo ou emprego público


A perda do cargo público está legalmente prevista na vigente Constituição Federal que, no art. 41, estatui
serem estáveis, após três anos de efetivo exercício, os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
em virtude de concurso público, dispondo, logo a seguir, no § 1º do mesmo dispositivo, que a perda do cargo
público decorrerá de sentença judicial transitada em julgado; processo administrativo disciplinar, com garantia
de ampla defesa; e, verificada a insuficiência de desempenho, mediante procedimento de avaliação periódica
também realizado com garantia de ampla defesa.
Contempla ainda a Constituição Federal, uma quarta situação de perda do cargo público, prevendo a
possibilidade de exoneração do servidor estável quando, adotadas medidas preliminares de saneamento das
despesas com pessoal, ativo e inativo, continuarem estas acima de limites previstos em lei complementar (art.
169).
Antecedendo, todavia, a exoneração de servidores estáveis com vista à adequação de despesas aos limites
fixados, determina-se a redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança, bem como sejam desligados servidores não estáveis (art. 169, § 3º). Adotadas tais
providências preliminares e continuando excessivo o gasto com pessoal, resta autorizada a exoneração de
estáveis (§ 4º).
Mas regra geral, no ordenamento jurídico pátrio, há três formas básicas de desinvestidura do cargo ou
emprego público: DEMISSÃO, EXONERAÇÃO e DISPENSA.

15.1 Demissão

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A demissão é a desinvestidura do cargo ou emprego em razão de penalidade imposta, ou seja, em razão


do cometimento de algum ato grave. Estabelece o vigente Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União,
Autarquias e Fundações Públicas (Lei nº 8.112/90) que “a autoridade que tiver ciência de irregularidade no
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo
administrativo disciplinar, assegurado ao acusado ampla defesa”.
Ao dispor assim, acerca da obrigatoriedade de apuração de irregularidades no serviço público,
estabeleceu a norma em comento, de logo, os instrumentos postos à disposição do administrador, ao referir-se à
sindicância e ao processo disciplinar.
O mesmo diploma legal também estabelece que ao servidor sejam aplicadas as penalidades de
advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias. A demissão, portanto, é a pena administrativa máxima, imposta
pelo Estado ao servidor, podendo decorrer ou de condenação criminal ou de decisão autônoma da
Administração (hipótese de ilícito administrativo). A que se destacar também a existência de dois tipos de
demissão, de acordo com a falta praticada, ou seja: demissão simples e demissão “a bem do serviço público”.

15.2 Exoneração
Já a exoneração consiste na desinvestidura do cargo ou emprego público, mas sem derivar de penalidade.
Assim, temos algumas espécies de exoneração, quais sejam:
1. Exoneração a pedido do interessado – Nesse caso, desde que não esteja sendo processado judicial ou
administrativamente.
2. Exoneração de ofício (ad nutum) – Que ocorre nos cargos em comissão.
3. Exoneração motivada – Nos casos já citados anteriormente, ou seja, 3.1) Do servidor não estável, para os fins
do artigo 169, § 3º, II da C.F/88;
3.1Do servidor não estável, para os fins do artigo 169, § 3º, II da C.F/88;
3.2Durante o estágio probatório (C.F., art. 41, § 4º);
3.3Servidor estável, por insuficiência de desempenho (C.F., art. 41, § 1º, III);
3.4Para observar o limite máximo de gasto com pessoal (art. 169, § 4º da C.F.)

15.3 Dispensa
Por fim, a dispensa ocorre em relação ao admitido pela CLT, quando não há a justa causa por esta
prevista, e sem natureza punitiva, portanto. Segundo a doutrina e o entendimento dos Tribunais pátrios, mesmo
no caso da dispensa há necessidade de motivação do ato, expondo-se por escrito a sua causa.

Impossibilidade
O administrador público, em que pese louvado em decisão do Tribunal de Contas, em cujo procedimento
o servidor não interveio, não pode exonerá-lo sumariamente, ou seja, sem a instauração do devido processo
legal administrativo, assegurando-lhe a ampla defesa (CF, art. 5.º, incs. LIV e LV).

16 Responsabilidade dos servidores


No âmbito da Administração Pública, é comum se falar em responsabilidade, seja ela, civil, penal ou
administrativa. Mas é importante, primeiramente, preocupar-se com o conceito e com a natureza jurídica do
termo “responsabilidade”. Responsabilidade, particularmente considerada, é a situação de sujeição a uma ou
mais obrigações que alguém se encontra em relação a outrem por força de lei ou de contrato.
Do próprio conceito de responsabilidade é fácil extrair-lhe a natureza jurídica. Assim, a responsabilidade,
individualmente considerada, tem natureza jurídica de sujeição a uma relação obrigacional. No desempenho de
suas funções, os servidores públicos podem cometer infrações que costumam ser de três ordens: administrativa,

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civil e criminal. Por serem infrações de natureza diversa, suas consequências também são variadas, e podem se
dar tanto no âmbito interno quanto externo à Administração.

16.1 Responsabilidade Administrativa


Este tipo de responsabilidade resulta da violação de normas internas da Administração, quando o
servidor está sujeito ao estatuto e a disposições complementares estabelecidas em lei, decreto ou qualquer outro
provimento regulamentar da função pública. A penalidade administrativa imposta ao servidor, depois de
apurada a falta funcional mediante processo administrativo ou sindicância, independe de eventual processo civil
ou criminal, ou seja, desde logo é aplicável. Uma vez absolvido o servidor, no âmbito penal, pela inexistência
do fato criminoso ou pela não comprovação de autoria, qual deve ser o procedimento adotado pela
Administração? Há de se ressaltar, sempre, a necessidade da Administração respeitar o princípio da legalidade,
ou seja, motivar o ato administrativo, demonstrando sua conformidade com os dispositivos legais, aplicar a
penalidade prevista, e conceder a ampla defesa e o contraditório.

16.2 Responsabilidade Civil


Consiste na obrigação que se impõe ao servidor de reparar o dano causado à Administração por culpa ou
dolo no desempenho de suas funções. A responsabilidade do servidor, nesse caso, decorre de ato culposo e
lesivo, e se exaure com a indenização. Ressalte-se também que a responsabilidade civil independe da
responsabilidade administrativa e criminal, e se apura mediante processo na Justiça comum. Neste sentido,
confira-se a redação do § 6º do artigo 37 da C.F/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada ao caput pela Emenda Constitucional nº 19/98)
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
A responsabilidade civil também decorre do fato da Administração não poder isentar o servidor, eis que
este tem a incumbência de zelar pelo patrimônio público, adotando todas as providências legais cabíveis para a
reparação dos danos causados.
Apesar de termos dito que os tipos de responsabilidades atribuídas aos servidores independam entre si,
deve-se ressaltar que a condenação criminal implica no reconhecimento automático da responsabilidade
funcional e civil, pela comprovação da culpa.
Já a absolvição criminal nem sempre isenta o servidor destas outras responsabilidades, eis que pode não
haver ilícito penal e ainda assim persistir o ilícito administrativo e funcional.
A absolvição criminal só afasta a responsabilidade administrativa e civil quando ficar decidida a
inexistência do fato ou a não autoria imputada ao servidor.
Adotou o direito brasileiro, em sede de responsabilidade civil do Estado, a teoria do risco administrativo,
com a possibilidade de o Estado, após indenizar os lesados, acionar regressivamente o agente causador do dano,
em caso de dolo ou culpa deste.
É com base no princípio da economia processual que se admite a denunciação à lide do servidor público
culpado.

16.3 Responsabilidade Criminal


A responsabilidade criminal é a que resulta do cometimento de crimes funcionais. Tal matéria é de
Direito Penal e o servidor sujeito nesta situação se submete ao processo crime e aos efeitos da condenação.
Neste sentido, confira-se o artigo 91 e 92 do Código Penal:
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Art. 91 - São efeitos da condenação:


I. tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II. a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática
do fato criminoso.
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I. a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II. a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de
reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
III. a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Destaque-se que o conceito de “servidor público” para fins penais é mais amplo do que o sentido comum
do termo, equiparando-se a este também quem, embora transitoriamente ou sem função, exerce cargo, emprego
ou função pública.

16.4 Responsabilidade por improbidade administrativa


Por fim, há a responsabilidade decorrente da Lei nº 8.429/92, conhecida com Lei de Improbidade
Administrativa, cujo artigo 12 estabelece que independentemente das sanções penais, civis e administrativas, o
responsável por ato de improbidade administrativa fica sujeito às punições específicas dos incisos I, II e II. São
três espécies de atos de improbidade estabelecidos pela Lei, ou seja:
1. os que importam em enriquecimento ilícito;
2. os que causam prejuízo ao erário, e
3. os que atentam contra os princípios da Administração Pública.
Confira-se, respectivamente, e de forma parcial, as disposições da Lei 8.429/92
Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas
entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:
I. receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto
ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público;
(...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:
I. facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
artigo 1º desta Lei;
(...)

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Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições, e notadamente:
I. praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competência;
(...)
Conforme o caso, as cominações podem ser, por exemplo: a perda de bens ou valores acrescidos
ilicitamente, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, multa
civil e proibição de contratar com o Poder Público.

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01 Para os fins definidos na Lei de Licitações e Contratos Administrativos, bens e serviços especiais
são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais de mercado.

ERRADO
Bens e serviços especiais são aqueles caracterizados por sua alta heterogeneidade ou complexidade
técnica. Para a sua aquisição, dá-se preferência pela consulta, na qual um corpo julgador devidamente
qualificado apreciará propostas de fornecimento de bens e serviços de cinco pessoas físicas ou jurídicas de
elevado reconhecimento.
Bens e serviços comuns são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Os bens e serviços que
envolverem o desenvolvimento de soluções específicas de natureza intelectual, científica e técnica e que
possam ser definidos como comuns, serão licitados por pregão, na forma eletrônica. A classificação de bens e
serviços como comuns depende de exame predominantemente fático e de natureza técnica.

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02 Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, conforme interpretação do art. 37, § 6º, da
Constituição Federal.

CERTO
Os elementos constitucionais do art. 37, § 6º, CFRB.
> As pessoas jurídicas responsáveis
Estarão sujeitas ao regime da responsabilidade objetiva as pessoas jurídicas de direito público e as
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. Dentre as pessoas jurídicas de direito
público, estão os componentes da federação que integram a Administração Direta, quais sejam, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como as autarquias e as fundações públicas de natureza
autárquica, estas, por sua vez, integrantes da Administração Indireta.
Com relação à categoria de pessoas jurídicas de direito privado, o texto constitucional lhe estende a regra
da responsabilidade objetiva sob a condição de serem prestadoras de serviços públicos. Essa categoria é
constituída pelos integrantes da Administração Pública Indireta, dentre os quais estão as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e as fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado, todas no
exercício de serviços públicos. Incluem-se também os prestadores de serviços públicos em razão da
descentralização, como as concessionárias e as permissionárias de serviços, como as empresas de transporte
público, de fornecimento de água, e de distribuição e fornecimento de energia. Nesse grupo, não se incluem as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas com personalidade jurídica de
direito privado que exploram atividades econômicas.
Há dois regimes jurídicos para a responsabilidade civil das entidades da Administração Pública: o
primeiro deles, atinente ao direito público, orientado pela responsabilidade objetiva, e o segundo trata do
regime de responsabilidade civil próprio da iniciativa privada, pertinente às pessoas de direito privado não
prestadoras de serviços públicos, mas exploradoras de atividades econômicas.
Ainda no que se refere às pessoas privadas prestadoras de serviços públicos, houve um período em que a
orientação jurisprudencial do STF se firmou no sentido de que a responsabilidade objetiva se limitava aos
casos de danos em face dos usuários dos serviços, não se estendendo a terceiros não-usuários. Essa distinção
encontra-se superada pelo atual entendimento da Suprema Corte, que consolidou, em sede de repercussão geral,
a aplicação da responsabilidade objetiva das empresas que prestam serviços públicos no caso de danos
causados a terceiros usuários e também aos não-usuários. Nessa linha, o Estado deve responder por seus atos
lesivos seja a vítima um servidor público ou não, deduzindo que a interpretação da palavra “terceiros” não
comporta distinções.

> Os agentes públicos


Para que haja a imputação da responsabilidade objetiva às pessoas jurídicas de direito público e às
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, é necessário que o dano ao terceiro tenha
sido provocado por algum de seus agentes, nessa qualidade. Trata-se de expressão própria do princípio da
impessoalidade, pelo qual o ato praticado pelo agente público não será próprio dele, mas da pessoa jurídica a
que pertence. Essa assertiva também encontra sustentação na teoria da imputação direta, pela qual se
compreende que a vontade do agente será imputada ao Estado, uma vez que a expressão da vontade deste só é
possível no mundo jurídico por intermédio da atuação daquele.
No entanto, somente incumbirá ao Estado o dever de reparar o dano causado pelo seu agente se, quando
da prática do ato, este estiver no desempenho das atividades ínsitas a sua função ou a pretexto de exercê-las.
Diante disso, a imputação da responsabilidade ao Estado está condicionada ao ato do agente público que esteja

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de fato atuando como tal, identificando-se um efetivo vínculo jurídico entre ele e a pessoa jurídica a que
pertence.

> As relações jurídicas


O direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa se trata da possibilidade de o
Estado reaver o montante dispensado na reparação do dano causado pelo seu agente na hipótese de haver a
presença de dolo ou culpa na conduta perpetrada. Esse dispositivo constitucional concebe a existência de duas
relações jurídicas. A primeira relação jurídica tem como partes o Estado e o terceiro lesado, cujo objeto é a
reparação pelos danos a este acarretado e regida sob a regra da responsabilidade objetiva, pela qual não se
exige a demonstração de elemento subjetivo consubstanciado em dolo ou culpa. A segunda, por sua vez, tem
como partes o Estado e o seu agente e é deduzida pelo direito de regresso garantido ao Estado em face do
agente que atuou com dolo ou culpa, vinculando-os, nesse caso, à teoria da responsabilidade subjetiva.

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03 Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito, mediante a


prática de ato doloso, utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade
ou à disposição de qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da
administração direta e indireta, no âmbito da União, dos estados, dos municípios e do Distrito
Federal, bem como o trabalho de servidores, de empregados ou de terceiros contratados por essas
entidades.

CERTO
O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa assegura a integridade do
patrimônio público e social. Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento
ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso (vontade livre e consciente), receber qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de atividade que
viole a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do patrimônio
público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da administração direta e indireta,
no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Notadamente, são atos de improbidade administrativa:
- receber dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, a título de comissão,
percentagem, gratificação ou presente que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público;
- perceber vantagem econômica para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a
contratação de serviços por essas entidades por preço superior ao valor de mercado;
- perceber vantagem econômica para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
- utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposição de qualquer
dessas entidades, bem como o trabalho de servidores, de empregados ou de terceiros contratados por essas
entidades;
- receber vantagem econômica de qualquer natureza para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa
de tal vantagem;
- receber vantagem econômica de qualquer natureza para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técnico
que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer dessas entidades;
- adquirir no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, bens de
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público,
assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução;
- aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público, durante a atividade;
- perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
natureza;
- receber vantagem econômica de qualquer natureza para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que
esteja obrigado;
- incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial dessas entidades;
- usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial dessas entidades.

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04 Ao servidor do Serviço Exterior Brasileiro (SEB), submetido aos princípios de hierarquia e


disciplina, incumbe observar o conjunto de deveres, atribuições e responsabilidades previstas na
legislação, nas disposições regulamentares que regimentam o SEB, no exercício de suas funções,
exceto em sua condita pessoal na vida privada.

ERRADO
Serviço Exterior Brasileiro
O SEB constitui-se do corpo de servidores, ocupantes de cargos de provimento efetivo, capacitados
profissionalmente como agentes do Ministério das Relações Exteriores, no País e no exterior, organizados em
carreiras definidas e hierarquizadas, ressalvadas as nomeações para cargos em comissão e para funções de
chefia. O Regime Jurídico dos Servidores do SEB foi instituído por lei de 2006.
O SEB é composto por:
 Servidores da Carreira de Diplomata: atividades de natureza diplomática e consular, em seus aspectos de
representação, negociação, informação e proteção de interesses brasileiros no campo internacional.
 Servidores integrantes da Carreira de Oficial de Chancelaria: atividades de formulação, implementação e
execução dos atos de análise técnica e gestão administrativa necessários ao desenvolvimento da política
externa brasileira.
 Servidores integrantes da Carreira de Assistente de Chancelaria: tarefas de apoio técnico e administrativo.
A nomeação para cargo é feita por concurso público de provas, ou de provas e títulos, desde que aptos
por exame de suficiência física e mental. O servidor nomeado para cargo inicial fica sujeito a estágio probatório
de três anos de efetivo exercício com avaliação especial de desempenho realizada por comissão.
Não é promovido o servidor temporariamente afastado do exercício do cargo em razão de: licença para o
trato de interesses particulares, por motivo de afastamento do cônjuge, para trato de doença (não contraída em
razão do serviço do servidor) em pessoa da família, por prazo superior a um ano; licença extraordinária; e
investidura em mandato eletivo, cujo exercício lhe exija o afastamento.
Os postos no exterior são as repartições do MRE sediadas em país estrangeiro. Os postos no exterior
serão classificados em grupos A, B, C e D, segundo o grau de representatividade da missão, as condições
específicas de vida na sede e a conveniência da administração.
Ao servidor estudante, removido ex officio de posto no exterior para o Brasil, é assegurado matrícula em
estabelecimento de ensino oficial. Isso se estende ao cônjuge e filhos.
Os servidores detêm as seguintes prerrogativas: uso dos títulos decorrentes do exercício do cargo ou
função; concessão de passaporte diplomático ou de serviço; e citação em processo civil ou penal, quando em
serviço no exterior, por intermédio do MRE. As duas primeiras prerrogativas se estendem aos inativos.
O servidor pode ausentar-se do posto em razão das condições peculiares de vida da sede no exterior.
O servidor casado terá direito a licença, sem remuneração ou retribuição, quando o seu cônjuge, que não
ocupar cargo das Carreiras do SEB, for mandado servir em outro ponto do território nacional ou no exterior. O
servidor casado cujo cônjuge, também integrante do SEB, for removido para o exterior ou nele encontrar-se em
missão permanente poderá entrar em licença extraordinária, sem remuneração ou retribuição para ser removido
para o mesmo posto ou para outro posto na mesma sede.
Ao servidor, submetido aos princípios de hierarquia e disciplina, incumbe observar o conjunto de
deveres, atribuições e responsabilidades no exercício de suas funções e em sua conduta pessoal na vida privada.
Os deveres específicos do servidor são: atender pronta e solicitamente ao público em geral, em especial
quando no desempenho de funções de natureza consular e de assistência a brasileiros no exterior; respeitar as
leis, os usos e os costumes dos países onde servir, observadas as práticas internacionais; manter comportamento
correto e decoroso na vida pública e privada; dar conhecimento à autoridade superior de qualquer fato relativo à
sua vida pessoal, que possa afetar interesse de serviço ou da repartição em que estiver servindo; e solicitar

direito administrativo; improbidade administrativa; Lei de Licitações e Contratos Administrativos; Regime Jurídico dos Servidores do SEB;
responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

anuência da autoridade competente, na forma regulamentar, para manifestar-se publicamente sobre matéria
relacionada com a formulação e execução da PEB.
Os deveres do servidor no exercício de função de chefia são: defender os interesses legítimos de seus
subordinados, orientá-los no desempenho de suas tarefas, estimular-lhes espírito de iniciativa, disciplina e
respeito ao patrimônio público; exigir de seus subordinados ordem, atendimento pronto e cortês ao público em
geral e exação no cumprimento de seus deveres, bem como, dentro de sua competência, responsabilizar e punir
os que o mereçam, comunicando as infrações à autoridade competente; dar conta à autoridade competente do
procedimento público dos subordinados, quando incompatível com a disciplina e a dignidade de seus cargos ou
funções.
Ao servidor é proibido: divulgar, sem anuência da autoridade competente, informação relevante para a
PEB, a que tenha tido acesso em razão de desempenho de seu cargo; aceitar comissão, emprego ou pensão de
governo estrangeiro sem licença expressa do Presidente da República; renunciar às imunidades de que goze em
serviço no exterior sem expressa autorização da Secretaria de Estado; valer-se abusivamente de imunidades ou
privilégios de que goze em país estrangeiro; e utilizar, para fim ilícito, meio de comunicação de qualquer
natureza do MRE.
A Corregedoria do Serviço Exterior, em caso de dúvida quanto à veracidade ou exatidão de informação
ou denúncia sobre qualquer irregularidade no âmbito do SEB, determinará a realização de sindicância prévia,
com o objetivo de coligir dados para eventual instauração de processo administrativo disciplinar. O processo
administrativo disciplinar será realizado por Comissão constituída por três membros efetivos, dois dos quais
deverão ser servidores de classe igual ou superior à do indiciado e, sempre que possível, de maior antiguidade
do que este. Durante o processo, a Corregedoria poderá determinar o afastamento do cargo ou função.
O servidor ou candidato em concurso para o ingresso na carreira deverá solicitar autorização do MRE
para casar com pessoa de nacionalidade estrangeira ou pessoa empregada de governo estrangeiro ou que dele
receba comissão ou pensão. A transgressão do estabelecido acarretará: o cancelamento da inscrição; a
denegação de matrícula; o desligamento do aluno; a impossibilidade de nomeação para cargo; e a demissão do
servidor, mediante processo administrativo.
O ingresso na Carreira de Diplomata far-se-á mediante concurso público de provas ou de provas e títulos,
de âmbito nacional, somente podendo concorrer brasileiros natos. A aprovação no concurso habilitará o
ingresso no cargo da classe inicial, Terceiro-Secretário, bem como a matrícula no Curso de Formação.
A Carreira de Diplomata é constituída pelas classes de Ministro de Primeira Classe, Ministro de Segunda
Classe, Conselheiro, Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário, em ordem hierárquica
funcional decrescente.
Mediante aprovação prévia do Senado Federal, os Chefes de Missão Diplomática Permanente e de
Missão ou Delegação Permanente junto a organismo internacional serão nomeados pelo Presidente da
República com o título de Embaixador.
Em Estados nos quais o Brasil não tenha representação diplomática efetiva, poderá ser cumulativamente
acreditado Chefe de Missão Diplomática Permanente residente em outro Estado, mantendo-se, nessa
eventualidade, a sede primitiva. Em Estados nos quais o Brasil não tenha representação diplomática residente
ou cumulativa, poderá ser excepcionalmente acreditado como Chefe de Missão Diplomática Ministro de
Primeira Classe ou Ministro de Segunda Classe lotado na Secretaria de Estado.
Excepcionalmente, o Ministro de Primeira Classe, em exercício na Secretaria de Estado, poderá ser
designado como Embaixador Extraordinário para o tratamento de assuntos relevantes para a PEB.
O Chefe de Missão Diplomática Permanente, escolhidos dentre os Ministros de Primeira Classe ou os
Ministros de Segunda Classe, é a mais alta autoridade brasileira no país em cujo governo está acreditado.
Excepcionalmente, poderá ser designado para exercer a função de Chefe de Missão Diplomática Permanente
brasileiro nato, não pertencente aos quadros do MRE, maior de trinta e cinco anos, de reconhecido mérito e
com relevantes serviços prestados ao País.

direito administrativo; improbidade administrativa; Lei de Licitações e Contratos Administrativos; Regime Jurídico dos Servidores do SEB;
responsabilidade objetiva/subjetiva
Direito  Questão 29

Os Ministros de Primeira Classe, os Ministros de Segunda Classe e os Conselheiros no exercício de


chefia de posto não permanecerão por período superior a cinco anos consecutivos em cada posto. No exercício
do cargo de chefia de posto não será superior a três anos em cada posto dos grupos C e D. A permanência no
exterior de Ministros de Segunda Classe e de Conselheiros comissionados na função de Ministro-Conselheiro
não será superior a 5 cinco anos em cada posto. O período de permanência no exterior do Ministro de Segunda
Classe poderá estender-se segundo o interesse do Diplomata. O período de permanência no exterior de
Diplomata da classe de Conselheiro poderá estender-se segundo o interesse do Diplomata, desde que
observados o prazo máximo de três anos em cada posto e o critério de rodízio entre postos dos grupos A, B, C
ou D.
O Conselheiro que tiver sua permanência no exterior estendida, após servir em posto do grupo A,
somente poderá ser removido novamente para posto desse mesmo grupo após servir em dois postos do grupo C
ou em um posto do grupo D. Quando o Conselheiro servir consecutivamente em postos dos grupos A e B,
somente será novamente removido para posto do grupo B após cumprir missão em um posto do grupo C. Nos
postos C e D a permanência não será superior a dois anos, podendo ser prorrogada por prazo de até um ano.
Os Primeiros-Secretários, Segundos-Secretários e Terceiros-Secretários deverão servir efetivamente
durante três anos em cada posto e seis anos consecutivos no exterior. A permanência no exterior de Diplomata
das classes de Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário poderá estender-se a dez anos
consecutivos, desde que nesse período sirva em postos dos grupos C e D. A permanência inicial de Diplomata
das classes de Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário nos postos dos grupos C e D não
será superior a dois anos, podendo ser prorrogada por prazo de até dois anos. Após três anos de lotação em
posto dos grupos A ou B, o Diplomata das classes de Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-
Secretário poderá permanecer no posto por mais um ano.
Após permanência adicional de 1 um ano em posto do grupo A, o Diplomata somente poderá ser
removido para posto dos grupos C ou D ou para a Secretaria de Estado. A primeira remoção para o exterior de
Diplomata das classes de Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário far-se-á para posto no qual esteja lotado
pelo menos um Diplomata de maior hierarquia funcional. Será de, no mínimo, um ano o estágio inicial, na
Secretaria de Estado, dos Diplomatas da classe de Terceiro-Secretário, ao término do correspondente curso de
formação.
Art. 45. Nas remoções entre postos no exterior de Diplomatas das classes de Conselheiro, Primeiro-
Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário, deverão ser obedecidos os seguintes critérios: os que
estiverem servindo em posto do grupo A somente poderão ser removidos para posto dos grupos B, C ou D; os
que estiverem servindo em posto do grupo B somente poderão ser removidos para posto dos grupos A ou B; e
os que estiverem servindo em posto dos grupos C ou D somente poderão ser removidos para posto do grupo A.
Somente em casos excepcionais serão efetuadas remoções para a Secretaria de Estado antes de cumpridos os
prazos e condições estabelecidos.
§ 3º O Diplomata das classes de Conselheiro, Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro-
Secretário removido para a Secretaria de Estado poderá, na remoção seguinte, ser designado para missão
permanente em posto de qualquer grupo, nas seguintes condições: tendo servido em dois ou mais postos, deverá
cumprir estada na Secretaria de Estado de um ano, em caso de remoção para posto dos grupos C ou D, de dois
anos, em caso de remoção para posto do grupo B, e de três anos, em caso de remoção para posto do grupo A;
tendo servido em apenas um posto dos grupos C ou D, deverá cumprir estada na Secretaria de Estado de um
ano; tendo servido em apenas um posto do grupo B, deverá cumprir estada na Secretaria de Estado de um ano,
em caso de remoção para posto dos grupos C ou D, de dois anos, em caso de remoção para posto do grupo B, e
de três anos, em caso de remoção para posto do grupo A; e tendo servido em apenas um posto do grupo A,
deverá cumprir estada na Secretaria de Estado de um ano, em caso de remoção para posto do grupo D, de dois
anos, em caso de remoção para posto do grupo C, de três anos, em caso de remoção para posto do grupo B, e de
quatro anos, em caso de remoção para posto do grupo A.

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responsabilidade objetiva/subjetiva
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Art. 46. A título excepcional, poderá ser comissionado como Chefe de Missão Diplomática Permanente
Ministro de Segunda Classe em postos dos grupos C e D. Em caráter excepcional, poderá ser comissionado
como Chefe de Missão Diplomática Permanente, unicamente em postos do grupo D, Conselheiro.
Quando se verificar claro de lotação na função de Ministro-Conselheiro em postos dos grupos C e D,
poderão ser comissionados, respectivamente, Conselheiro e Primeiro-Secretário. Somente poderá ser
comissionado na função de Ministro-Conselheiro o Primeiro-Secretário aprovado no Curso de Atualização em
Política Externa - CAP. Em ato do Ministro de Estado das Relações Exteriores poderá ser comissionado
Conselheiro em postos do grupo B.
Quando se verificar claro de lotação na função de Primeiro-Secretário em postos dos grupos C e D,
poderá, a título excepcional, ser comissionado, respectivamente, Diplomata das classes de Segundo-Secretário e
de Terceiro-Secretário.

Seção V - Da Promoção
Art. 51. As promoções na Carreira de Diplomata obedecerão aos seguintes critérios:
I - promoção a Ministro de Primeira Classe, Ministro de Segunda Classe, Conselheiro e Primeiro-Secretário,
por merecimento; e
II - promoção a Segundo-Secretário, obedecida a antigüidade na classe e a ordem de classificação no Concurso
de Admissão à Carreira de Diplomata - CACD, cumprido o requisito previsto no art. 53 desta Lei.
Art. 52. Poderão ser promovidos somente os Diplomatas que satisfaçam os seguintes requisitos específicos:
I - no caso de promoção a Ministro de Primeira Classe, contar o Ministro de Segunda Classe, no mínimo:
a) 20 (vinte) anos de efetivo exercício, computados a partir da posse em cargo da classe inicial da carreira, dos
quais pelo menos 10 (dez) anos de serviços prestados no exterior; e
b) 3 (três) anos de exercício, como titular, de funções de chefia equivalentes a nível igual ou superior a DAS-4
ou em posto no exterior, de acordo com o disposto em regulamento;
II - no caso de promoção a Ministro de Segunda Classe, haver o Conselheiro concluído o Curso de Altos
Estudos – CAE e contar pelo menos 15 (quinze) anos de efetivo exercício, computados a partir da posse em
cargo da classe inicial da carreira, dos quais um mínimo de 7 (sete) anos e 6 (seis) meses de serviços prestados
no exterior;
III - no caso de promoção a Conselheiro, haver o Primeiro-Secretário concluído o Curso de Atualização em
Política Externa - CAP e contar pelo menos 10 (dez) anos de efetivo exercício, computados a partir da posse em
cargo da classe inicial da carreira, dos quais um mínimo de 5 (cinco) anos de serviços prestados no exterior; e
IV - no caso de promoção a Primeiro-Secretário, haver o Segundo-Secretário concluído o CAD e contar pelo
menos 2 (dois) anos de serviços prestados no exterior.
§ 1º A conclusão do CAP, a que se refere o inciso III do caput deste artigo, se constituirá em requisito para a
promoção à classe de Conselheiro, decorridos 2 (dois) anos de sua implantação pelo Instituto Rio Branco.
§ 2º Contam-se, para efeito de apuração de tempo de serviço prestado no exterior, os períodos que o Diplomata
cumpriu em:
I - missões permanentes; e
II - missões transitórias ininterruptas de duração igual ou superior a 1 (um) ano.
§ 3º Será computado em dobro, somente para fins de promoção, o tempo de serviço no exterior prestado em
postos do grupo C e em triplo em postos do grupo D, apurado a partir do momento em que o Diplomata
completar 1 (um) ano de efetivo exercício no posto.
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 2º deste artigo, será computado como tempo de efetivo exercício no posto o
prazo compreendido entre a data de chegada do Diplomata ao posto e a data de partida, excluindo-se desse
cômputo os períodos de afastamento relativos a: licença para trato de interesses particulares; licença por
afastamento do cônjuge; licença para trato de doença em pessoa da família, por prazo superior a 60 (sessenta)

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dias, desde que a doença não haja sido contraída em razão de serviço do servidor; licença extraordinária; e
investidura em mandato eletivo, cujo exercício lhe exija o afastamento.
Art. 53. Poderá ser promovido somente o Diplomata das classes de Ministro de Segunda Classe, Conselheiro,
Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro-Secretário que contar pelo menos 3 (três) anos de
interstício de efetivo exercício na respectiva classe.
§ 1º O tempo de serviço prestado em posto do grupo D será computado em triplo para fins do interstício a que
se refere o caput deste artigo, a partir de 1 (um) ano de efetivo exercício no posto.
§ 2º O tempo de efetivo exercício no posto a que se refere o § 1º deste artigo será computado conforme o
disposto no § 3º do art. 52 desta Lei.

Seção VI - Do Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro


Art. 54. Serão transferidos para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro, condicionado ao atendimento
do disposto nos arts. 16 e 17 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e observada a existência de
vaga, em ato do Presidente da República, na forma estabelecida por esta Lei:
I - o Ministro de Primeira Classe, o Ministro de Segunda Classe e o Conselheiro para cargo da mesma natureza,
classe e denominação;
II - o Primeiro-Secretário para o cargo de Conselheiro; e
III - o Segundo-Secretário para o cargo de Primeiro-Secretário.
Parágrafo único. O Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro é composto pelo quantitativo de cargos em
cada classe, na forma do Anexo II desta Lei.
Art. 55. Observado o disposto no art. 54 desta Lei, serão transferidos para o Quadro Especial do Serviço
Exterior Brasileiro:
I - o Ministro de Primeira Classe, ao completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou 15 (quinze) anos de
classe;
II - o Ministro de Segunda Classe, ao completar 60 (sessenta) anos de idade ou 15 (quinze) anos de classe;
III - o Conselheiro, ao completar 58 (cinqüenta e oito) anos de idade ou 15 (quinze) anos de classe;
IV - os Primeiros-Secretários que, em 15 de junho e em 15 de dezembro, contarem maior tempo efetivo de
exercício na classe, desde que esse tempo seja igual ou superior a 12 (doze) anos; e
V - os Segundos-Secretários que, em 15 de junho e em 15 de dezembro, contarem maior tempo efetivo de
classe, desde que esse tempo seja igual ou superior a 10 (dez) anos.
§ 1º A transferência para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro ocorrerá na data em que se verificar
a primeira das 2 (duas) condições previstas em cada um dos incisos I, II e III do caput deste artigo.
§ 2º O Ministro de Segunda Classe que tiver exercido, por no mínimo 2 (dois) anos, as funções de Chefe de
Missão Diplomática Permanente terá assegurada, no Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro, a
remuneração correspondente ao cargo de Ministro de Primeira Classe do mesmo Quadro.
§ 3º Na segunda quinzena de junho e de dezembro, observada a existência de vaga, 1 (um) Ministro de Segunda
Classe do Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro poderá ser promovido para Ministro de Primeira
Classe do mesmo Quadro, em ato do Presidente da República, desde que cumpra os requisitos do inciso I do
caput do art. 52 desta Lei.
§ 4º Na segunda quinzena de junho e de dezembro, observada a existência de vaga, 1 (um) Conselheiro do
Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro poderá ser promovido para Ministro de Segunda Classe do
mesmo Quadro, em ato do Presidente da República, desde que cumpra os requisitos do inciso II do caput do art.
52 desta Lei.
§ 5º Na segunda quinzena de junho e de dezembro, observada a existência de vaga, 2 (dois) Primeiros-
Secretários do Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro poderão ser promovidos para Conselheiro do

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responsabilidade objetiva/subjetiva
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mesmo Quadro, em ato do Presidente da República, desde que cumpram os requisitos do inciso III do caput do
art. 52 desta Lei.
§ 6º O Diplomata em licença extraordinária ou em licença por investidura em mandato eletivo, cujo exercício
exija o seu afastamento, será transferido para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro, na mesma
classe que ocupe, ao completar 15 (quinze) anos consecutivos de afastamento.
§ 7º A fim de atender ao disposto neste artigo, poderão ser transformados, sem aumento de despesa, em ato do
Presidente da República, os cargos da Carreira de Diplomata do Quadro Especial.

CAPÍTULO V - DOS AUXILIARES LOCAIS


Art. 56. Auxiliar Local é o brasileiro ou o estrangeiro admitido para prestar serviços ou desempenhar atividades
de apoio que exijam familiaridade com as condições de vida, os usos e os costumes do país onde esteja sediado
o posto.
Parágrafo único. Os requisitos da admissão de Auxiliar Local serão especificados em regulamento, atendidas as
seguintes exigências:
I - possuir escolaridade compatível com as tarefas que lhe caibam; e
II - ter domínio do idioma local ou estrangeiro de uso corrente no país, sendo que, no caso de admissão de
Auxiliar Local estrangeiro, dar-se-á preferência a quem possuir melhores conhecimentos da língua portuguesa.
Art. 57. As relações trabalhistas e previdenciárias concernentes aos Auxiliares Locais serão regidas pela
legislação vigente no país em que estiver sediada a repartição.
§ 1º Serão segurados da previdência social brasileira os Auxiliares Locais de nacionalidade brasileira que, em
razão de proibição legal, não possam filiar-se ao sistema previdenciário do país de domicílio.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se aos Auxiliares civis que prestam serviços aos órgãos de representação das
Forças Armadas brasileiras no exterior.

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