02-Gestão Ambiental

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MÓDULO 02:

GESTÃO AMBIENTAL

2.1.Regulamentação do Estudo de Impacto Ambiental

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) deliberou, com fundamento na Lei

no 6.938/81 (Art. 8o, I e II), tornar obrigatório o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para certas

atividades (Resolução no 001/86). A resolução prevê, também, o conteúdo e o procedimento

de elaboração desse instrumento da política ambiental brasileira. Através do decreto no

88.351/83 o CONAMA ficou com a função de fixar os critérios básicos para a exigência do EIA.

O Estudo de Impacto Ambiental é um procedimento administrativo de prevenção e de

monitoramento dos danos ambientais e foi introduzido no Brasil pela Lei no 6.803/80 (lei de

zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição), que apresenta duas grandes

orientações: deve oferecer alternativas e deve apontar as razões de confiabilidade da solução a

ser adotada.

A introdução desse Estudo e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) em

projetos que modifiquem o meio ambiente significou uma considerável conquista para o

sistema ambiental, atualizando a legislação e tirando o país do atraso em que se encontrava no

setor.

A Resolução no 001/86, no seu artigo 1o, define impacto ambiental como “qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetam:

Os 5 P’s da sustentabilidade

 (pessoas)a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


 (prosperidade)as atividades sociais e econômicas;
 (Paneta)a biota;
 (paz)as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 (parcerias)a qualidade dos recursos ambientais.

Ao editar a Resolução no 001/86, o CONAMA não esgotou toda a matéria nem desceu

a minúcias pois os Estados e Municípios continuam com competência para exigir que, em
atividades não previstas pela mencionada resolução, seja feito o EIA. Cabe a União ditar

“normas gerais” que os Estados e Municípios não podem descumprir, como, também, não

podem inovar de modo que a novidade traga disfarçada desobediência à regra geral do

CONAMA .

Abrange as seguintes atividades no Estudo de Impacto Ambiental:

 estradas de rodagem (com duas ou mais faixas de rolamento), portos , terminais


de produtos químicos, aeroportos, oleodutos, gasodutos e minerodutos;

 troncos coletores de esgoto sanitários e emissários de esgotos sanitários (de


importância para a não poluição das praias);

 obras hidráulicas para a exploração de recursos hídricos, com a previsão de várias


hipóteses: obras hidráulicas para fins hidráulicos, acima de 10MW, de saneamento
ou de irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras,
transposição de bacias, diques (obras como Tucuruí, Itaipu e Balbina teriam seus
efeitos ambientais analisados a priori e o debate, portanto, teria ocorrido antes da
localização e construção);

 extração de combustível fóssil (petróleo, xisto e carvão), extração de minérios;

 localização de aterros sanitários, processamento de destino final de resíduos


tóxicos ou perigosos (estão incluídos os depósitos de resíduos nucleares);

 instalação de destilarias de álcool (atente-se para sua necessidade nos Estados de


Mato Grosso do Sul para não ser lesada a biota do Pantanal), instalação de
siderúrgicas;

 instalação de distritos industriais e zonas industriais;

 exploração de madeira ou de lenha em áreas acima de 100ha ou menores, quando


atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de
vista ambiental (vital para a conservação da Amazônia);

 projetos urbanísticos acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante


interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos estaduais e municipais;

 atividades que se utilizarem de carvão em quantidade superior a dez toneladas por


dia;

 projetos agropecuários que venham abranger áreas acima de 1.000ha, ou


menores, quando tiverem relação com áreas de importância do ponto de vista
ambiental (aditamento à Resolução nº1/86, votado em 18.03.86).

O Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório não pode ser elaborado por

uma só pessoa e sim por uma equipe e de forma alguma qualquer integrante dessa equipe

pode estar ligada ao proponente do projeto. A proibição visa resguardar de forma mais ampla e

irrestrita a liberdade da equipe. Entretanto, a resolução não foi clara quanto a definição de
quem irá contrata-la, se a administração ou o próprio proponente do projeto. Alguns acham que

sendo contratada pelo proponente, a administração teria maior liberdade para analisar o

conteúdo do Estudo enquanto outros acham que a contratação pelo proponente, como iria

envolver pagamento de honorários e despesas, tiraria parte da liberdade da equipe.

O estudo não se destina somente a alicerçar a decisão administrativa mas também,

como prevê a resolução, ser acessível ao público, tanto na parte final, como na etapa de

elaboração. A lei no 6.938/81 já houvera previsto o direito da população ser informada quanto

ao licenciamento ambiental, antes deste ser concedido pela administração.

Para que o procedimento de elaboração do EIA possa ser válido é preciso que estejam

presentes quatro partes:

 equipe multidisciplinar;
 proponentes do projeto;
 administração ambiental;
 população da área de influência do projeto.

2.2. Lei de Crimes Ambientais

Em março de 1998 foi criada a lei no 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais – que prevê

punição civil, administrativa e criminal contra os crimes ambientais. As penas criminais mais

duras estão em vigor, prevendo até seis anos de prisão para os agressores. As multas mais

pesadas são aplicadas para punir o desmatamento em zona de preservação permanente.

Mas também há multa onerosa para o derramamento de óleo, poluição com resíduos

perigosos, utilização irregular de agrotóxico e produção, exportação e importação de produtos

que causam problemas a camada de ozônio.

Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em

rota migratória, sem permissão ou licença da autoridade competente resultará em detenção de

seis meses a um ano, e multa.

Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, fabricar, vender,

transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano acarreta multa e/ou

detenção de um a três anos.

Uma das inovações da lei, se constatada a degradação ou poluição ambiental, é a

aplicação de penas alternativas, com a firma assumindo o compromisso de reparar o dano para

se livrar do processo penal e das multas administrativas.

Segundo também a nova legislação, os penalizados com multas e autos de infração

podem recorrer à presidência do Ibama e até ao ministro do Meio Ambiente. Mas se a multa for

mantida, ela é inscrita na dívida ativa da União, executada judicialmente e o infrator,

dependendo do crime, pode ter sua prisão determinada pelo juiz.

A lei é rigorosa com as pessoas jurídicas acusadas de crime ambiental, prevendo, além

da multa, suspensão parcial ou total das atividades, interdição temporária do estabelecimento,

obra ou atividade, e a proibição de fazer empréstimos e contratos com o poder público. Por

outro lado, o texto suprimiu da legislação anterior o trecho que previa a figura do crime

inafiançável para o abate de animais silvestres: um veto presidencial definiu que não será

punido quem matar para saciar a fome.

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