Aula 07
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NÍVEIS DO
DISCURSO TEOLÓGICO
INTRODUÇÃO
Vocês já devem ter se perguntado. Por que estudar teologia se parece ser algo tão
abstrato e teórico? Não basta minha experiência de fé com Deus? Parece que Libânio e
Murad conseguem traduzir a inquietação de muitos estudantes ao diagnosticar o seguinte:
“A teologia critica uma pastoral superficial e pouco teológica. E a pastoral queixa-se de uma
teologia que não prepara os pastores nem oferece subsídios pertinentes para a pastoral de
hoje. A teologia escolar tradicional era acusada de ter linguagem abstrata, repleta de finas
distinções, mas que não tocava a realidade concreta das pessoas. A pastoral perdia-se, por
sua vez, em receitas, enquanto a teologia discorria sobre os mistérios de Deus, desconectada
da vida do cristão” (Libânio & Murad, 1996). Essa mútua desconfiança entre vida leiga
e também pastoral, de um lado, e vida e aprendizado acadêmico da teologia, de outro, é
parcialmente explicado porque, muitas vezes, perdem-se de vista as características próprias
(linguagem, estilo, método) de se fazer teologia em níveis específicos da vida. Com isso, a
pastoral exige da vida acadêmica uma linguagem mais prática, quando ela precisa ter uma boa
fundamentação teórica e a academia exige da pastoral um compromisso fortemente teórico
e abstrato, quando esta necessita estar decisivamente engajada na prática. Ambas erram ao
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querer que o outro valorize excessivamente apenas um lado da questão. Ambas perdem de
vista o fato de a teologia ser um conhecimento da práxis, conforme visto na aula anterior.
Claro que outros fatores entram nessa “disputa”, que muitas vezes é simplificada em
um diagnóstico apressado do tipo: “precisamos de uma teologia mais prática” ou “precisamos
de uma teologia mais teórica e reflexiva”. A situação é mais complexa. Em que pese o fato de
que, devido à situação de severas limitações econômicas da maioria de nossos estudantes e
da dificuldade com a educação de base no país, muitos são desestimulados e não têm acesso
a uma boa formação teológica, tanto prática quanto teórica. Mas esse problema só começará
a ser solucionado quando se tiver uma visão mais clara dos níveis em que se processa o
conhecimento teológico e, mais importante. da devida interação entre esses níveis. É isso que
discutiremos nesta aula. Como primeiro objetivo apresentar os diversos níveis nos quais se
processa o conhecimento teológico. Em segundo, e de extrema importância, as possíveis e
necessárias relações entre esses níveis. Esta aula reveste-se de uma preocupação mais prática.
Vamos a ela então.
Teologia pastoral
Podemos considerar este nível como aquele que faz a mediação entre o popular e o
acadêmico. É um nível extremamente complexo, englobando muitas variações e possibilidades.
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É importante frisar novamente: a teologia pastoral não é aquela elaborada somente pelo pastor
da igreja local e não se reduz a ser somente uma disciplina específica no curso de teologia.
O que é de extrema importância para esse nível de teologia é que ele assume um
caráter concreto, diria até profético, em prol da missão evangelizadora da sociedade, enquanto
anúncio e vivência madura dos valores do reino de Deus.
POSSIBILIDADES E LIMITES
NAS RELAÇÕES ENTRE OS NÍVEIS
Por outro lado, a teologia popular e pastoral pode ajudar a teologia acadêmica em,
pelo menos, dois outros aspectos:
Quadro Síntese
TEOLOGIA ACADÊMICA TEOLOGIA PASTORAL TEOLOGIA POPULAR
Mais elaborada Mais orgânica,
Descrição Mais espontânea e difusa
e rigorosa ligada ao povo
Lógica Da ciência hermenêutica Da ação e vida Da vida cotidiana
Mediações: analítica , Confronto: evangelho e
Método Ver, julgar e agir
hermenêutica e prática vida
Igreja e outros locais de Igrejas, grupos,
Lugar de produção Faculdades de Teologia
atividades pastorais movimentos populares
O cotidiano das atividads
Momentos altos Congressos Teológicos Encontros pastorais da Igreja e da vida em
sociedade
Pastores (as) formalmente
Produtores Teólogos (as) de profissão ordenados e leigos com Leigos em geral
formação pastoral
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Palestras, direções,
pregações, Testemunhos e
Produção oral Cursos e assessorias
aconselhamento e celebrações
relatórios
Artigos, pregação e Roteiros, cartas,
Produção escrita Livros e artigos científicos
documentos pastorais folhetos, boletins, etc.
FONTE: Adaptado de BOFF, C. Teoria do Método Teológico, p. 600.
LEITURA COMPLEMENTAR
Nesta aula vocês não terão atividades específicas valendo pontos para a avaliação.
Porém, vocês devem fazer a leitura complementar disponível na ferramenta “Arquivo”, na
plataforma UNIGRAN virtual, pois esse texto será levado em consideração para a Prova Final.
O texto é: FARRIS, J. O que é Teologia Prática? In: Caminhando. Revista da Faculdade de
Teologia da Igreja Metodista. Universidade Metodista de São Paulo, Ano VI, n.8, julho de
2001, p. 83-99. Qualquer dúvida, entrem em contato através do e-mail [email protected]
ATIVIDADES
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na ferramenta
“Atividades”. Após respondê-las, envie-nas por meio do Portfólio- ferramenta do
ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, utilize as ferramentas
apropriadas para se comunicar com o professor.
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