Morcegos Guia Orientacao e Manejo No Ambiente Urbano
Morcegos Guia Orientacao e Manejo No Ambiente Urbano
Morcegos Guia Orientacao e Manejo No Ambiente Urbano
9. Medidas de prevenção.
EDIÇÃO 1:
Atualizada em JULHO/2019
I – CONHECENDO OS MORCEGOS
Do que se alimentam?
No mundo, existem mais de 1.300 espécies de morcegos, mas apenas três se alimentam de
sangue (hematófagos) e uma única de sangue de mamíferos; as demais espécies de morcegos
hematófagos se alimentam do sangue de aves.
A espécie que se alimenta de sangue de mamíferos, Desmodus rotundus, está amplamente
distribuída pelo território brasileiro, sendo encontrada também em Campinas. Os animais dessa
espécie habitam normalmente as áreas rurais e de mata, mas já há registros no Brasil da
ocorrência destes animais em centros urbanos.
Nas áreas urbanas, os morcegos mais comuns são os que se alimentam de frutos (frugívoros), de
néctar (nectarívoros) e de insetos (insetívoros). Estes morcegos não “mordem ou picam” o ser
humano e nem os animais, uma vez que sangue não faz parte de suas dietas.
MAS, ATENÇÃO!
Qualquer morcego pode morder por defesa se for diretamente manipulado.
2
Importância ecológica!
Ao contrário do que muita gente pensa, morcegos não são pragas Os morcegos são
urbanas, como os ratos. Eles são animais silvestres de extrema protegidos por lei e
importância para o meio ambiente, uma vez que: sua captura ou
• Controlam a população de insetos. extermínio é crime
• Polinizam flores. ambiental
• Dispersam sementes, sendo os maiores reflorestadores naturais do (Lei Nº 9.605/98).
planeta.
A destruição pelo ser humano dos habitats e abrigos onde os morcegos naturalmente viviam fez
com que várias espécies se adaptassem ao meio urbano.
Nos centros urbanos, estes animais encontram alimento em abundância, principalmente insetos
atraídos pela iluminação urbana e frutos que são encontrados nas árvores que compõe a
arborização das cidades. Além do mais, as cidades acabam sendo um refúgio para os morcegos
contra predadores naturais.
Cada espécie tem uma forma específica de se alimentar e de se abrigar. Por isso, as medidas
para evitar a presença dos morcegos em imóveis residenciais, comerciais ou públicos
podem ser diferentes para cada uma dessas espécies.
Sempre que possível, faça o contato telefônico com a equipe da Unidade de Vigilância de Zoonoses
(UVZ) para relatar o caso e receber as orientações sobre as medidas para evitar a presença de
morcegos direcionadas para cada espécie. Nas próximas páginas, você vai conhecer um pouco
mais de cada uma delas:
• Morcegos Frugívoros
• Morcegos Nectarívoros
• Morcegos Insetívoros
3
MORCEGOS FRUGÍVOROS:
Se alimentam de frutas!
Os morcegos frugívoros mais comuns na área urbana de Campinas são os da espécie Artibeus
lituratus (Figura 2) e o Platyrrhinus lineatus (Figura 3).
Foto: V. B. Mello
Foto: R. Pires
Foto: A. Nitsche
unhas dos pés. Observe na Figura 2 os morcegos
repousando sob a folha de uma palmeira plantada no
quintal de um imóvel na região central de Campinas.
Figura 4: fezes de morcego frugívoro,
• Buscam o alimento (frutos) dando rasantes próximos observe que a casca do fruto foi desprezada.
1. Eliminando os abrigos
• Podar a árvore de forma que a copa receba maior incidência de
luz solar (Figura 7).
• Pendurar objetos que reflitam a luz, o que é muito bom para
afastar e impedir o pouso dos morcegos. Exemplos: fitas de papel
Foto: V. B. Mello
laminado, CDs ou balões metalizados (de ar ou gás hélio) colocados
no local que os morcegos utilizam como abrigo (Figuras 8, 9 e 10).
• Manter aceso durante a noite um refletor de luz direcionado para
Figura 7: poda das
o local onde os morcegos estejam se abrigando (Figura 11). árvores.
Foto: R. Pires
Figura 11: uso do refletor de luz Figura 12: Alerta! frutas deixadas durante a noite
para afastar os morcegos a noite. no comedouro para pássaros, atraem morcegos.
Foto: R. Pires
Figuras 13 e 14: Glossophaga soricina se alimentando em bebedouro para beija-flor deixado durante a noite em uma
residência em munícipio vizinho à Campinas.
Figura 15: destaque para a Figuras 16: morcego nectarívoro em repouso. Observe como as unhas dos pés
língua comprida do auxiliam o repouso de ponta-cabeça.
morcego nectarívoro.
6
C OMO EVITAR A PRESENÇA E DESALOJAR OS M ORCEGOS N ECTARÍVOROS
DOS IMÓVEIS RESIDENCIAIS , COMERCIAIS E EDIFICAÇÕES PÚBLICAS ?
1. Eliminando os abrigos
• Manter alçapões e claraboias das edificações fechados. Impedir o acesso ao abrigo
vedando os pontos de entrada (Figuras 17).
Foto: A. Nitsche
7
MORCEGOS INSETÍVOROS:
Se alimentam de insetos!
Foto: A. Nitsche
No meio urbano de Campinas, temos a ocorrência de
várias espécies de morcegos insetívoros que variam
bastante de tamanho e coloração. A foto ao lado
mostra uma das espécies encontradas no município, o
Nyctinomops laticaudatus (Figura 19).
Eliminando os abrigos
• Manter vedados os vãos e frestas existentes nos telhados e as cumeeiras (Figuras 22).
• As chaminés devem possuir telas galvanizadas nas aberturas de saída de fumaça (Figura
23).
• Manter alçapões e claraboias fechados.
Figuras 22: observe na figura da esquerda a fresta do telhado, ela pode se tornar abrigo para os morcegos.
A imagem da direita é um exemplo de vão da cumeeira bem vedado com cimento.
Foto: MAR Silva
9
ORIENTAÇÕES PARA A FORMA CORRETA DE
DESALOJAMENTO DE MORCEGOS
INSETÍVOROS.
Importante!
Nem sempre o desalojamento dos morcegos insetívoros será uma tarefa simples.
Esses morcegos são animais fiéis ao abrigo e irão tentar retornar durante o desalojamento, o
que exigirá uma vedação minuciosa de todos os pontos de acesso existentes. Em situações de
maior complexidade, recomenda-se a contratação de um profissional habilitado.
Recomendações gerais
• Não realizar o desalojamento nas estações de
primavera e verão, pois é o período reprodutivo e poderá
haver filhotes no abrigo, os quais ainda não estão aptos a
voar.
10
PASSO A PASSO PARA O DESALOJAMENTO
CORRETO E SEGURO DE MORCEGOS
INSETÍVOROS
• Verificar a existência de outras aberturas maiores que um centímetro (> 1cm) e vedá-las de
forma definitiva (com cimento ou espuma expansiva). Mas atenção, neste passo deixe aberto
o Ponto de Entrada e Saída (PES) dos morcegos.
Figura 24: exemplo de materiais para Figuras 25: vedação provisória dos pontos de entrada e saída do morcego no abrigo
vedação provisória: pano e espuma. do telhado: pano e espuma.
• No dia seguinte, um pouco antes do horário identificado da saída dos morcegos, remover o
material usado para obstruir a entrada e aguardar a saída de eventuais morcegos que possam
ter ficado no local.
• Vedar novamente de forma provisória o PES utilizando espuma, panos, etc.
• Repetir a operação por no mínimo cinco dias consecutivos.
11
ou
Opção 2: vedação provisória
• Manter no ponto de entrada e saída do
morcego, por no mínimo cinco dias
consecutivos, um cano de PVC com um
plástico liso e resistente (com
aproximadamente 40 cm) preso na ponta,
Figuras 27: vedação provisória do ponto de entrada e saída do morcego no abrigo do telhado:
cano de PVC com um plástico preso na ponta.
Dica: O cano com o plástico vai permitir a saída dos morcegos que estiverem no abrigo, mas
não permite que eles voltem.
Observação: uma garrafa pet com o fundo e a ponta cortados pode ser utilizada no lugar do
cano de PVC.
• Após 5 dias, retirar o material provisório utilizado (espuma, tecido, cano de PVC ou garrafa
pet) e realizar a vedação definitiva do PES com material permanente e resistente como por
exemplo cimento (Figura 28) ou espuma expansiva.
Foto: MAR Silva
Os morcegos podem transmitir várias doenças. Vamos destacar aqui, duas das mais relevantes
para a saúde pública: a raiva e a histoplasmose.
RAIVA
A principal doença transmitida pelos morcegos é a raiva, mas apenas uma parcela desses animais
desenvolve a doença e a transmite.
A raiva é uma doença fatal para o ser humano e os animais. É causada por um vírus presente na
saliva de animais mamíferos infectados (morcego, cão, gato, macaco, gambá, boi, cavalo, cabra,
porco etc.) Até o momento, não existe tratamento eficaz, portanto a prevenção é muito
importante.
Importante saber: Todos os morcegos podem se infectar e transmitir a raiva, inclusive os que se
alimentam de insetos, frutos e néctar!
Medidas de Prevenção
• Nunca toque em um morcego estando ele vivo ou morto!
• Vacine anualmente cães e gatos contra a raiva, inclusive os que não têm
acesso à rua, uma vez que morcegos voam e podem adentrar ou cair
nas casas e apartamentos.
• Evite dormir com as janelas dos quartos e dos banheiros abertas, principalmente se houver a
presença de morcegos no local ou se estiver providenciando o desalojamento destes animais.
Uma alternativa é colocar tela milimétrica nas aberturas de lareiras e janelas (Figuras 29 e 30).
Foto: MAR Silva
Foto: MAR Silva
Figura 29: fechamento da lareira com tela Figura 30: fechamento da janela com tela
milimétrica. milimétrica.
Medidas de Prevenção
• Evite entrar em locais confinados onde haja o acumulo de fezes destes animais.
• Para a limpeza de locais com acúmulo de fezes de morcegos ou aves, use máscaras faciais
descartáveis tipo PFF2, também conhecida como “máscara de pintor” e luvas de borracha
para limpeza (Figura 32).
• Antes da limpeza, molhar as fezes antes da removê-las, pois evita a formação de poeira
contendo partículas do fungo.
Foto: A. Nitsche
14
V – O QUE FAZER AO ENCONTRAR UM MORCEGO EM SITUAÇÃO
ANORMAL?
Foto: A. Nitsche
Figura 33: morcego caído sendo isolado Figura 34: morcego em situação anormal
com o auxílio de um balde. sendo recolhido pela equipe da UVZ para
análise da raiva.
ELABORAÇÃO
Aline Nitsche
Médica Veterinária - Unidade de Vigilância de Zoonoses
REVISÃO TÉCNICA
Cláudio Luiz Castagna
Médico Veterinário - Unidade de Vigilância de Zoonoses
Elen Fagundes Costa Telli
Bióloga – Coordenadora da Unidade de Vigilância de Zoonoses - UVZ
FOTO DA CAPA
Rodrigo Pires (Departamento de Proteção e Bem Estar Animal DPBEA/PMC)
FOTOS
Aline Nitsche; Vladson Barbi de Mello; Milena A R Silva
Rodrigo Pires
Roberto Novaes (publicação: Desmitificando os Morcegos)
APOIO E DIAGRAMAÇÃO
Milena A. Rodrigues da Silva
Articuladora Área Comunicação - Coordenadoria de Informações e Análise
Epidemiológica
CONTATO DA UVZ
e-mail: [email protected]
Telefone: (19) 3245-1219