Relatorio 2018 Rbse Proposal Phase 2 Portugues

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ESPINHAÇO RANGE BIOSPHERE RESERVE

PHASE 2

MINISTRY OF THE ENVIRONMENT

BRAZILIAN COMMISSION FOR THE PROGRAM "THE MAN AND THE BIOSPHERE" - COBRAMAB

STATE COMMITTEE OF THE SERRA DO ESPINHAÇ BIOSPHERE RESERVE


EQUIPE TÉCNICA DA FASE 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO

GRUPO DE TRABALHO DO COMITÊ ESTADUAL DA RBSE E PESQUISADORES CONVIDADOS

• Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Prof. Miguel Ângelo Andrade -


Coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Fundação Biodiversitas – Gláucia M. Drummond – Vice coordenadora do Comitê Estadual da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado – Sérgio Augusto Domingues – Secretário
Executivo do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Fundação Biodiversitas – Cassio Soares Martins
• Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/Agência de Desenvolvimento Regional
Integrado (ADERI) da Arquidiocese de Belo Horizonte – André Rocha Franco
• Instituto Grande Sertão (IGS) – Eduardo Gomes
• Universidade Federal de Minas Gerais/Unimontes – Keyty de Andrade Silva
• Prefeitura de Conceição do Mato Dentro – Filipe Generoso B. Gaeta
• Fiemg – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Thiago Rodrigues Cavalcanti
e Silvia de Freitas Xavier
• Sindiextra – Thais Rêgo Oliveira e Christiane Malheiros
• FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - Mariana P.
Ramos
• Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – Henri Dubois Collet (Diretor Geral do IEF –
MG) Paulo Scheid e Nilcemar de Oliveira Bejar
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – CR11 – Frederico D. Martins e
Juliana Gonçalves
• Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte – Benito Drummond Júnior

Estagiários da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)


• Douglas Henrique Soares Siqueira – Curso de Ciências Biológicas
• Izaque Braz da Conceição – Curso de Relações Internacionais
• Natália Carolina Batista de Andrade – Curso de Relações Internacionais
• Vitor Pereira de Azevedo – Curso de Relações Internacionais

APOIO

• Instituto Prístino
• Rede Brasileira de Reservas da Biosfera
• Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

VIABILIZAÇÃO

• VALE S.A.
• Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Biodiversidade e Florestas
• Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
Cartografia e Geoprocessamento
André Rocha Franco
Cassio Soares Martins

Créditos das Fotos


Bernardo Puhler
Eduardo Gomes
Evandro Rodney
Leandro Durães
Miguel Ângelo Andrade

COMO CITAR ESTE DOCUMENTO:

ANDRADE, Miguel Ângelo; DRUMMOND, Gláucia M.; DOMINGUES, Sérgio


Augusto; MARTINS, Cássio Soares; FRANCO, André Rocha (Org.) et al.
RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO FASE 2. Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço, MaB-UNESCO. Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil. 2018.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os pesquisadores, estagiários, gestores e, em especial, aos membros do


Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Agradecemos ao Ministério do Meio Ambiente do Brasil, através da Secretaria de Biodiversidade e


Florestas, nas pessoas do Dr. José Pedro de Oliveira Costa, João Paulo Sotero de Vasconcelos,
André Luis Lima e Daline Pereira; e ao Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Dr. Germano Vieira Gomes e Henri Dubois Collett,
agradecemos às equipes do IGAM, FEAM e IEF.

Agradecemos as instituições parceiras e seus respectivos representantes pela participação


fundamental na elaboração deste documento da Fase 2 da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço, que se encontram no item Carta de Parcerias.

Reforça-se que as instituições participantes do Comitê Estadual da RBSE, por terem aprovado por
unanimidade o documento de revisão do zoneamento e atualização de informações para a sua
Fase 2, em reunião de 31 de agosto de 2018.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................................................... 8


LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................................................................. 10
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................................... 11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ......................................................................................................................... 12
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................... 16
PARTE I: DADOS GERAIS/ FORMULÁRIO UNESCO .................................................................................................. 21
1. NOME ...................................................................................................................................................................................................21
2. PAÍS ......................................................................................................................................................................................................21
3. CUMPRIMENTO DAS TRÊS FUNÇÕES DAS RESERVAS DA BIOSFERA: CONSERVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E CONHECIMENTO E GESTÃO PARTICIPATIVA ...............................................................................................21
3.1 CONSERVAÇÃO .........................................................................................................................................................................25
3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................................................................... 101
3.3 CONHECIMENTO E GESTÃO PARTICIPATIVA .................................................................................................................... 172
4. CRITÉRIOS PARA A DESIGNAÇÃO COMO RESERVA DA BIOSFERA.............................................................................. 210
4.1 ESTAR INSERIDA EM UM MOSAICO DE SISTEMAS ECOLÓGICOS .................................................................................. 211
4.2. CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE .............................................................................................................................. 216
4.3. DEMONSTRAÇÃO DE METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A REGIÃO ..................... 217
4.4. DIMENSÕES COMPATÍVEIS COM O CONCEITO DE RESERVA DA BIOSFERA............................................................. 232
4.5 ZONEAMENTO APROPRIADO .............................................................................................................................................. 248
4.6. GESTÃO PARTICIPATIVA ....................................................................................................................................................... 273
4.7 MECANISMOS DE EXECUÇÃO............................................................................................................................................... 279
5. APOIOS OFICIAIS – CARTAS DE APOIO À PROPOSTA DA FASE 2 DA RBSE............................................................... 285
PARTE II: GUIA METODOLÓGICO: RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 ....................... 288
I – O QUE É A FASE 2 DA RBSE? ..................................................................................................................................................... 288
II – QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A FASE 2 DA RBSE? .............................................................. 289
III – CRITÉRIOS PARA A REVISÃO DA RBSE FASE 2 – 2018 ................................................................................................... 291
A) INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 291
B) PRINCÍPIOS GERAIS ................................................................................................................................................................... 292
C) CRITÉRIOS TEMÁTICOS ............................................................................................................................................................. 293
D) AGENDA DE TRABALHO – FASE 2 ........................................................................................................................................ 296
PARTE III: DETALHAMENTO DA PROPOSTA .......................................................................................................... 300
PARTE IV: GOVERNANÇA, GESTÃO E COORDENAÇÃO DA RESERVA DA BIOSFERA .......................................... 304
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 316
ANEXOS – DOCUMENTOS COMPLEMENTARES ..................................................................................................... 318
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MAPACOMPARATIVO DOS LIMITES DAS FASE 1 E 2 DA RBSE, COM O ZONEAMENTO PROPOSTO PARA A FASE 2. ....................23
FIGURA 2: BIOMAS ABRANGIDOS PELO LIMITE DA RBSE FASE 2. .....................................................................................................................27
FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO DA RBSE FASE, COM DESTAQUE PARA OS CAMPOS RUPESTRES. .................................28
FIGURA 4: BACIAS HIDROGRÁFICAS FEDERAIS ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2. .............................................................................................29
FIGURA 5: ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RBSE FASE 2. ........................................................................31
FIGURA 6: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2. ..............................................................................................................35
FIGURA 7: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RBSE FASE 2. .........................................................................................................37
FIGURA 8: DISTRIBUIÇÃO PONTUAL DE ESPÉCIES DA FAUNA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO, NA RBSE. .................................................66
FIGURA 9: DISTRIBUIÇÃO PONTUAL DE ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO NA RBSE. ...................................................73
FIGURA 10: DISTRIBUIÇÃO DAS PLANTAS RARAS DO CERRADO, NA RBSE. ......................................................................................................77
FIGURA 11: ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAIS E SÍTIO RAMSAR, COM OCORRÊNCIA NA RBSE FASE 2. ............................................................80
FIGURA 12: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE. ...........................................................................................................83
FIGURA 13: SÍTIOS BAZE NA RBSE.................................................................................................................................................................85
FIGURA 14: GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS NA RBSE...................................................................................................................................93
FIGURA 15: FITOFISIONOMIAS QUE OCORREM ASSOCIADAS À HETEROGENEIDADE AMBIENTAL EM CANGAS NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO,
PORÇÃO SUL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. A) ILHAS DE VEGETAÇÃO FORMADAS POR VELLOZIA SP SOBRE
EXTENSOS LAJEADOS LOCALIZADOS NA CHAPADA DE CANGA, MUNICÍPIO DE CATAS ALTAS. B) VEGETAÇÃO RUPESTRE EM CANGAS
LOCALIZADAS NA SERRA DE CAPANEMA, OURO PRETO; C) VEGETAÇÃO RUPESTRE LOCALIZADA NA SERRA DA BRÍGIDA, OURO PRETO; D)
VEGETAÇÃO ASSOCIADA A LAGOAS DESENVOLVIDAS EM CANGAS, CATAS ALTAS; E) VEGETAÇÃO ARBÓREA AO LONGO DE ESCARPA,
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO ROLA MOÇA, NOVA LIMA; F) CAPÃO DE ALTITUDE LOCALIZADO NA SERRA DA MOEDA, MOEDA.
ADAPTADO DE CARMO (2010). ............................................................................................................................................................94
FIGURA 16: PLANTAS RARAS E ENDÊMICAS DAS CANGAS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, PORÇÃO SUL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO. A) MIMOSA CALODENDRON MART. EX BENTH. (FABACEAE); B) GOMESA GRACILIS (LINDL.) M.W. CHASE & N.H. WILLIANS
(ORCHIDACEAE); C) SINNINGI.................................................................................................................................................................95
FIGURA 17: IMPACTOS AMBIENTAIS NOS GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS RESULTANTES DA EXTRAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO. ACIMA:
COMPLEXO DE CAVAS A CÉU ABERTO NA SERRA DE ITATIAIUÇU, QUADRILÁTERO FERRÍFERO. ABAIXO: PILHA DE DEPOSIÇÃO DE MATERIAL
ESTÉRIL, NOVA LIMA. FOTOS: FLÁVIO DO CARMO. ................................................................................................................................96
FIGURA 18: PALEOTOCA LOCALIZADA NO VALE DO PEIXE BRAVO, NORTE DE MINAS GERAIS E OS POSSÍVEIS ANIMAIS ESCAVADORES.
ADAPTADO DE CARMO ET AL., 2011; BUCHMANN ET AL. (2015). .......................................................................................................97
FIGURA 19: ÁREAS DE CANGA LOCALIZADAS EM RIO PARDO DE MINAS (A ESQUERDA) E MORRO DO CAPIM, EM PRIMEIRO PLANO UM
AFLORAMENTO DE ITABIRITO, MUNICÍPIO DE RIACHO DOS MACHADOS (A DIREITA). ADAPTADO DE CARMO ET AL. (2015). .................97
FIGURA 20: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS NA CADEIA DA SERRA DO ESPINHAÇO. NOTA-SE QUE NO ESTADO DA BAHIA AS ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS
AINDA NÃO ESTÃO ABRANGIDAS PELA RBSE, PROPOSTO PARA AMPLIAÇÃO NA FASE 3. .....................................................................99
FIGURA 21: ESTAÇÃO ESPINHAÇO, LOCAL ESTRATÉGICO PARA A PROMOÇÃO, DIFUSÃO E ARTICULAÇÃO DE AÇÕES DA RESERVA DA
BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. ................................................................................................................................................. 103
FIGURA 22: MUNICÍPIOS LIMÍTROFES DA REGIÃO DO PROJETO JAÍBA. ......................................................................................................... 106
FIGURA 23: MAPA DOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELO PROJETO JAÍBA NA FASE 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO... 107
FIGURA 24: SELO DE INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DA AGUARDENTE DE CANA TIPO CACHAÇA DA REGIÃO DE SALINAS.
............................................................................................................................................................................................................ 108
FIGURA 25:MUSEU DA CACHAÇA EM SALINAS. ............................................................................................................................................ 108
FIGURA 26: MAPA DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NOS MUNICÍPIOS DA FASE 2 DA RBSE. ............................................... 113
FIGURA 27: MAPA DOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2 AFETADOS PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO, EM MARIANA. ............... 115
FIGURA 28: LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NO MUNDO, NO BRASIL E
EM MINAS GERAIS. ........................................................................................................................................................................ 118
FIGURA 29: MAPA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS QUILOMBOLAS CERTIFICADAS PELA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, LOCALIZADAS NA
RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2................................................................................................................. 120
FIGURA 30: FIGURA A) GRANDE SERTÃO - VEREDAS POR POTY (TRAVESSIAS); FIGURA B) CAPA DO LIVRO GRANDE SERTÃO: VEREDAS, DE
JOÃO GUIMARÃES ROSA (4ª EDIÇÃO) – LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITOR. ..................................................................................... 125
FIGURA 31: MAPA DA TRILHA TRANSESPINHAÇO. ............................................................................................................................. 130
FIGURA 32: MAPA DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO –
FASE 2. .............................................................................................................................................................................................. 133
FIGURA 33: MAPA DOS BENS TOMBADOS PELO IEPHA NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2. ............................... 138
FIGURA 34: MAPA DOS CIRCUITOS TURÍSTICOS DOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 ............... 146
FIGURA 35: FOLHETERIA DO PROJETO CRER.NTE: SETUR-MG. .................................................................................................................. 149
FIGURA 36: FOTOS DE INTERVENÇÕES IMPLANTADAS DO PROJETO CRER. .................................................................................................. 149

8
FIGURA 37: MAPA DO CAMINHO RELIGIOSO DA ESTRADA REAL NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO - FASE 2. ................. 150
FIGURA 38: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – APICULTURE; MAPA 2 – BIOTECNOLOGIA; MAPA
3 – CONFECÇÃO DE ROUPAS.............................................................................................................................................................. 153
FIGURA 39: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – CONFECÇÃO DE CALÇADOS; MAPA 2 –
MANUFATURA DE MÓVEIS; MAPA 3 – PRODUÇÃO DE BEBIDAS. ........................................................................................................... 154
FIGURA 40: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – GEMAS E JÓIAS; MAPA 2 – FITOTERÁPICOS;
MAPA 3 – FRUTICULTURA..................................................................................................................................................................... 155
FIGURA 41: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO;
MAPA 2 – SUINOCULTURA; MAPA 3 – METALMECÂNICO. ................................................................................................................... 156
FIGURA 42: IMAGEM DO CURSO DE TURISMO RURAL OCORRIDO NO PARQUE NACIONAL DAS SEMPRE-VIVAS............................................. 163
FIGURA 43: FOTOS DO “PROGRAMA FAMÍLIA NA PRAÇA” .......................................................................................................... 164
FIGURA 44: MAPA DOS CAMINHOS DA ESTRADA REAL NA RBSE - FASE 2. .................................................................................. 169
FIGURA 45: CAPA DO DOCUMENTO DE DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS ÁREAS PROTEGIDAS MUNICIPAIS INSERIDAS NA RESERVA DA
BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. ................................................................................................................................................. 174
FIGURA 46: MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DA RBSE - QUADRILÁTERO FERRÍFERO 2 (EM FASE DE ARTICULAÇÃO): PARQUE ESTADUAL DA
SERRA DO ROLA-MOÇA, RPPN MATA DO JAMBREIRO E OUTRAS RPPNS, ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE FECHOS, PARQUES MUNICIPAIS
DA SERRA DO CURRAL, MANGABEIRAS E PARQUE ESTADUAL DA BALEIA, DENTRE OUTRAS UCS DA REGIÃO. ..................................... 177
FIGURA 47: REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DA BIOSFERA, COM PAUTA SOBRE CORREDORES E PLANO DE AÇÃO DAS REDE. . 178
FIGURA 48: CAPA DA PRIMEIRA REVISÃO PERIÓDICA DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. .................................................. 187
FIGURA 49: LANÇAMENTO DO WEBSITE E DA REVISTA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.................................................... 188
FIGURA 50: A RBSE NO CONTEXTO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E A DISPONIBILIDADE DE DADOS PARA ANÁLISE AMBIENTAL NA
PLATAFORMA DE INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (IDE-
SISEMA)............................................................................................................................................................................................... 195
FIGURA 51: SINALIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, MUNICÍPIOS E DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA RBSE. ...................... 196
FIGURA 52: PLACA DA RBSE EM SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO, MUNICÍPIO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. ........... 197
FIGURA 53: PARTICIPAÇÃO DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO NO 4º CONGRESSO MUNDIAL DE
RESERVAS DA BIOSFERA. ...................................................................................................................................................................... 198
FIGURA 54: REUNIÕES DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DA BIOSFERA. ...................................................................................................... 198
FIGURA 55: PARTICIPAÇÃO DA REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DE BIOSFERA, NO IX CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO. ................................................................................................................................................................................. 198
FIGURA 56: REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DE BIOSFERA NO DISTRITO FEDERAL – BRASÍLIA. .................................................. 202
FIGURA 57: LOGOMARCA DO CENTRO DE INTEGRAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DO DEPARTAMENTO
DE CIÊNCIAS BIOLÓGICA DA PUC MINAS. .............................................................................................................................. 204
FIGURA 58: LOGOMARCA DO GRUPO INTEGRADO DE PESQUISAS DO ESPINHAÇO (GIPE) – IGC-UFMG. .............................................. 205
FIGURA 59: VOLUME 7, NÚMERO I – 2018, DA REVISTA ESPINHAÇO.............................................................................................. 205
FIGURA 60: LINK PARA O ATLAS GEOAMBIENTAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO -
HTTP://INSTITUTOPRISTINO.ORG.BR/ATLAS/ESPINHACO. ............................................................................................... 206
FIGURA 61: REVISTA RESERVA DA BIOFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – EDIÇÃO ESPECIAL – 10 ANOS.
(HTTP://RBSE.COM.BR/INSTITUCIONAL/#REVISTA-RBSE). .................................................................................................................. 206
FIGURA 62: WEBSITE DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – WWW.RBSE.COM.BR........................................................... 207
FIGURA 63: OFICINA DE PLANEJAMENTO DA TRILHA DE LONGO CURSO NA RBSE – TRANSESPINHAÇO. ................................................... 207
FIGURA 64: CARTAZ DO 4º SEMINÁRIO E MUTIRÃO DE SINALIZAÇÃO DA TRILHA TRANSESPINHAÇO - SETOR DIAMANTINA. .......................... 208
FIGURA 65: REUNIÃO DO MOSAICO ESPINHAÇO: ALTO JEQUITINHONHA-SERRA DO CABRAL ................................................................... 212
FIGURA 66: DOCUMENTO DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO ESPINHAÇO MERIDIONAL – SERRA DO CIPÓ. PARTICIPAÇÃO ATIVA DA RBSE
EM TODO O PROCESSO. REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO DA PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO; APROVAÇÃO DA
PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO. .............................................................................................................................. 214
FIGURA 67: ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO MOSAICO ESPINHAÇO MERIDIONAL – SERRA DO CIPÓ. A ÁREA QUE VAI ALÉM DA RBSE, ESTÁ
INCLUÍDA NA PROPOSTA DE FASE II DA RBSE. .................................................................................................................................... 215
FIGURA 68: OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - “TRANSFORMANDO NOSSO MUNDO: A AGENDA 2030 PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”. ................................................................................................................................................... 217
FIGURA 69: ZONEAMENTO FINAL DA RBSE FASE 2. ..................................................................................................................................... 250
FIGURA 70: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS DEFINIDAS ATRAVÉS DO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO (CI BRASIL & AL, 2005), SOBRE FUNDO DA
CORDILHEIRA DO ESPINHAÇO CONSIDERADA ACIMA DE 800 METROS DE ALTITUDE. .......................................................................... 251
FIGURA 71: MAPA HIPSOMÉTRICO DA REGIÃO DA SERRA DO ESPINHAÇO EM MG, MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO BIOGEOGRÁFICA DOS
CAMPOS RUPESTRES (> 900 METROS) NAS CORES VERMELHO E AMARELO. ...................................................................................... 252
FIGURA 72: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INTEGRANTES DA ZONA NÚCLEO DO ZONEAMENTO DA RBSE FASE 2. .................................... 253
FIGURA 73: MAPA DO ZONEAMENTO DA RBSE FASE 2, MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. ...................... 254
FIGURA 74: MAPA MOSTRANDO AS ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAIS (APES) E O SÍTIO RAMSAR LUND-WARMING. ................................. 255
FIGURA 75: MAPA MOSTRANDO AS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO ESTADO DE MINAS GERAIS,
BIODIVERSITAS 2005. ........................................................................................................................................................................ 257

9
FIGURA 76: MAPA DAS ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS DA SERRA DO ESPINHAÇO, DEFINIDAS NO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO, PELAS
ONGS CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL - BRASIL, INSTITUTO BIOTRÓPICOS E FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS, 2005. ........................ 258
FIGURA 77: MOSAICOS DE ÁREAS PROTEGIDAS NA RBSE FASE 2, MOSAICO ALTO JEQUITINHONA – SERRA DO CABRAL E MOSAICO
MEDIDIONAL – SERRA DO CIPÓ.......................................................................................................................................................... 259
FIGURA 78: GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS NA RBSE FASE 2. .................................................................................................................. 260
FIGURA 79: SÍTIOS DA ALIANÇA PARA EXTINÇÃO ZERO - BAZE – EXISTENTES NA RBSE FASE 2. ............................................................... 261
FIGURA 80: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS), UICN 2018, COM OCORRÊNCIA NA RBSE FASE 2. ..................................... 263
FIGURA 81: TRECHOS DE RIOS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE INSTITUÍDOS PELA LEI Nº 15.082, DE 27/04/2004. .............................. 264
FIGURA 82: OCORRÊNCIA DE ALVOS DE ESPÉCIES CONSIDERADAS NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS NA SERRA DO ESPINHAÇO,
PELO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO (CI BRASIL, 2008), NA RBSE FASE 2.............................................................................. 265
FIGURA 83: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES DA FAUNA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (ICMBIO, 2014), NA RBSE FASE 2. ........... 266
FIGURA 84: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES DA FLORA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (CNCFLORA, 2015), NA RBSE FASE 2. ...... 267
FIGURA 85: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES RARAS DA FLORA DO CERRADO DE EXTINÇÃO (CNCFLORA, 2014), NA RBSE FASE 2.
............................................................................................................................................................................................................ 268
FIGURA 86: OCORRÊNCIA DO ECOSSISTEMA DE VEREDAS NA RBSE FASE 2. ............................................................................................... 269
FIGURA 87: MAPA DOS PRINCIPAIS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NA RBSE FASE 2 – GERAIZEIROS, INDÍGENAS E QUILOMBOLAS.
............................................................................................................................................................................................................ 270
FIGURA 88: CONECTIVIDADE ENTRE UNIDADES DE PLANEJAMENTO UTILIZADAS NO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO (2008),
CONSIDERANDO A PORCENTAGEM DE VEGETAÇÃO NATIVA. .............................................................................................................. 271
FIGURA 89: MAPA MOSTRANDO A SUPERPOSIÇÃO DAS RB MATA ATLÂNTICA E RB CAATINGA, COM A RBSE FASE 2. ............................. 272
FIGURA 90: ORGANOGRAMA DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2. ............................... 275
FIGURA 91: REPRESENTAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO SUBCOMITÊ NORTE, CONSIDERANDO O DECRETO DE LEI 2006 ................................. 277
FIGURA 92: LOCALIZAÇÃO DO ESCRITÓRIO CENTRAL DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – CENTRO DE
INTEGRAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL (CISAL), NO CAMPUS CORAÇÃO EUCARÍSTICO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE MINAS GERAIS................................................................................................................................................................ 304
FIGURA 93: ORGANOGRAMA DE FUNCIONAMENTO DAS RESERVAS DA BIOSFERA NO BRASIL....................................................................... 306
FIGURA 94: ESTRUTURA DO COMITÊ ESTADUAL DA RBSE. ............................................................................................................... 310

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: PUBLICAÇÕES REALIZADAS NA RBSE FASE 2, NOS ÚLTIMOS TREZE ANOS (2005-2017), DIVIDIDAS CONFORME VARIÁVEIS
ESTABELECIDAS PELA UNESCO. ............................................................................................................................................................. 181
GRÁFICO 2: PRODUÇÕES E PUBLICAÇÕES REALIZADAS NA RBSE, NOS ÚLTIMOS TREZE ANOS (2005-2017), DIVIDIDAS POR
ANO. ................................................................................................................................................................................................... 182
GRÁFICO 3: COMPARATIVO ENTRE OS ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – 2010. ....................................................................... 241
GRÁFICO 4: COMPARATIVO ENTRE PIB PER CAPITA – 2015. ...................................................................................................................... 242
GRÁFICO 5: TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL POR MIL NASCIDOS VIVOS – 2014. .................................................................................... 243
GRÁFICO 6: TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO DE 6 A 14 ANOS DE IDADE – 2010. .............................................................................................. 243
GRÁFICO 7: ESGOTAMENTO SANITÁRIO ADEQUADO – 2010. ..................................................................................................... 244
GRÁFICO 8: ÍNDICE DE GINI – 2003....................................................................................................................................................... 245

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2. ...............................................30
TABELA 2: ESPÉCIES ALVO DO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO. ...............................................................................................................33
TABELA 3: VARIÁVEIS UTILIZADAS PARA A DEFINIÇÃO DO CUSTO ASSOCIADO ÀS UNIDADES DE PLANEJAMENTO DA CADEIA DA SERRA DO
ESPINHAÇO. ...........................................................................................................................................................................................33
TABELA 4: INCREMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS POR UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE. ......................................................................38
TABELA 5: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DENTRO DA RBSE. ...........................................................................................................................38
TABELA 6: ESTADO DE REGULARIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE. ....................................................................................42
TABELA 7: SITUAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS UCS QUE COMPÕEM A RBSE.......................................................................................44
TABELA 8: STATUS DE GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE FASE 2. ........................................................................................48
TABELA 9: INFRAESTRUTURA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE FASE 2..............................................................................................50
TABELA 10: PESQUISAS REALIZADAS NAS UCS DA RBSE FASE 2.........................................................................................................................52
TABELA 11: PLANOS DE AÇÃO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA RBSE. .............................................................................................................56
TABELA 12: BENEFÍCIÁRIOS DE BOLSA VERDE EM 2017. .................................................................................................................................58
TABELA 13: ATIVIDADES DE PREVENÇÃO E COMBATE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS. .................................................60
TABELA 14: ASAS EM MUNICÍPIOS PREVISTOS PARA AMPLIAÇÃO DA RBSE. ...................................................................................................63
TABELA 15: ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA RBSE FASE 2. ...................................................................................................................65
TABELA 16: ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA RBSE FASE 2. .................................................................................67
TABELA 17: ESPÉCIES RARAS DO CERRADO. ......................................................................................................................................................74
TABELA 18: ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAL NA RBSE. ....................................................................................................................................78
TABELA 19: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE EM AMBIENTES TERRESTRES. ..................................................................81
TABELA 20: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE EM AMBIENTES AQUÁTICOS..................................................................81
TABELA 21: SÍTIOS BAZE NA RBSE FASE 2. ........................................................................................................................................................84
TABELA 22: COMUNIDADES QUILOMBOLAS CERTIFICADAS PELA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES (FCP) RESIDENTES NOS MUNICÍPIOS DA
RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE
2). ....................................................................................................................................................................................................... 121
TABELA 23: SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS LOCALIZADOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE
NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2). ........................................................................................................................... 134
TABELA 24: BENS TOMBADOS PELO IEPHA POR MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO - FASES 1 E 2 (DESTAQUE NA COR
VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2), ........................................................................................................................................... 139
TABELA 25: SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEANTOLÓGICOS LOCALIZADOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO –
FASE 2 (DESTAQUE NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2) ......................................................................................... 141
TABELA 26: LISTA DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) DOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2
(DESTAQUE NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2). .................................................................... 157
TABELA 27: LISTA DE PROGRAMAS DE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS REALIZADOS NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO – FASE 2. ......................................................................................................................................................................... 160
TABELA 28: INSTITUIÇÕES DE PESQUISA QUE POSSUEM PUBLICAÇÕES NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO APÓS O SEU
RECONHECIMENTO EM 2005 ATÉ 2015. ........................................................................................................................................... 178
TABELA 29: TRABALHOS REALIZADOS QUE TRATAM DA INCORPORAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, TRADICIONAL E LOCAL EM
PRÁTICAS DE GESTÃO NA RBSE. ......................................................................................................................................................... 183
TABELA 30: PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E SEUS PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA
DO ESPINHAÇO. .................................................................................................................................................................................. 184
TABELA 31: CRITÉRIOS LOCACIONAIS DE ENQUADRAMENTO DE EMPREENDIMENTOS NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE MINAS GERAIS. .... 194
TABELA 32: ALINHAMENTO DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM PROJETOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS IMPLEMENTADAS
NO TERRITÓRIO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2. ................................................................................. 218
TABELA 33: DADOS COMPARATIVOS DO ZONEAMENTO DAS FASES 1 E 2 DA RBSE. ..................................................................................... 232
TABELA 34: PERFIL DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS INCORPORADOS À FASE 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO. ........................................................................................................................................................................................ 234
TABELA 35: NÚMERO DE MUNICÍPIOS POR FASE DE RECONHECIMENTO DA RBSE. .......................................................................................... 241
TABELA 36: PONTUAÇÃO DO ICMS CULTURAL NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 ............. 246
TABELA 37: ÁREA EM HECTARES DO ZONEAMENTO DAS FASES 1 E 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. ......................... 249
TABELA 38: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA A. .............................................................................................................................................. 280
TABELA 39: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA B. ............................................................................................................................................... 281
TABELA 40: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA C. ............................................................................................................................................... 282
TABELA 41: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA D. .............................................................................................................................................. 283
TABELA 42: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA E. ............................................................................................................................................... 284

11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

4WCBR 4th World Congress of Biosphere Reserves


ACELN Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado
ACER Associação das Caminhantes da Estrada Real
ACMINAS Associação Comercial de Minas
ALMG Assembleia Legislativa de Minas Gerais
AMA Associação dos Moradores, Agricultores e Apicultores
AMABs Acordos Multilaterais de Meio Ambiente
AMDA Associação Mineira de Defesa do Ambiente
ANA Agência Nacional das Águas
APA Área de Proteção Ambiental
APAC Associação de Proteção e Assistência aos Condenados
APE Área de Proteção Especial
APLs Arranjos Produtivos Locais
APM Arquivo Público Mineiro
APP Áreas De Preservação Permanente
ARPA Programa Áreas Protegidas da Amazônia
AMAMS Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene
ASSPROM Associação Profissionalizante do Menor
AVSI Associação Voluntários para o Serviço Internacional
AZE Aliança para Extinção Zero
BEMGE Banco do Estado de Minas Gerais
BPW International Federation of Business and Professional Women
CAA Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
CAR Cadastramento Ambiental Rural
CBH RIO DAS Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas
VELHAS
CCO Campus Cento Oeste “Dona Lindu”
CECAV Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas
CEDEFES Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva
CEFET – MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CEM Centro Excursionista Mineiro
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CEP Código De Endereçamento Postal
CERBAC Comitê da Reserva da Biosfera da Amazônia Central
CERBSE Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
CI Conservation International
CISAL Centro de Integração para a Sustentabilidade Ambiental
CMDRS Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável
CMRR Centro Mineiro de Referência em Resíduos
CNCFlora Centro Nacional de Conservação da Flora
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COA-NM Clube De Observadores De Aves Do Norte De Minas
COBRAMAB Comissão Brasileira do Programa Homem e Biosfera
Codecex Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas da Serra do
Espinhaço de Minas Gerais
Codemig Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
CONECTA PROGRAMA NACIONAL DE CONECTIVIDADE DE PAISAGENS
COOPERCACHAÇA Cooperativa Dos Produtores De Cachaça De Alambique Da Microrregião De
Salinas
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CR11 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
12
CRBio 04 Conselho Regional de Biologia 4ª região
CRER Caminho Religioso da Estrada Real
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EBAs Endemic Bird Area
EBES Empresa Brasileira de Energia Solar
EFA Escolas de Família Agrícola
EJA Programa de Educação de Jovens e Adultos
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Emater MG Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
EPL Espeleogrupo Peter Lund
ER Estrada Real
FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
FCP Fundo de Combate à Pobreza
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FECITUR Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
FJP Fundação João Pinheiro
FPMZB/BH Fundação De Parques Municipais E Zoobotânica De Belo Horizonte
FUNAI Fundação Nacional do Índio
Funasa Fundação Nacional de Saúde
Fundetec Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Norte de Minas
GEE Gases de Efeito Estufa
GESTA Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais
GESTA / UFMG Grupo de Estudo em Temáticas Ambientais Da Universidade Federal de Minas
Gerais
GIAHS Globally Important Agricultural Heritage Systems
GIPE Grupo Integrado de Pesquisa do Espinhaço
GT Grupo de Trabalho
GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais
IABS Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IberoMaB Ibero Man and the Biosphere
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBio Instituto BioAtlântica
IBRAM Instituto Brasileiro de Museus
ICC International Coordinating Council
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ICMM International Council Mine and Metals
ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços
IDE Sisema Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IEDDH Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos
IEF Instituto Estadual de Florestas
IEL Instituto Euvaldo Lodi
IEPHA Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
IER Instituto Estrada Real
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IGC - UFMG Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais
INAES Instituto Antonio Ernesto de Salvo
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IQA Índice de Qualidade das Águas
ISA Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas

13
ISBN International Standard Book Number
IUCN International Union for Conservation of Nature
JBRJ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
KBA Key Biodiversity Areas
Mab Movimento dos Atingidos por Barragens
MaB Man and the Biosphere
MF2 Municípios da Fase 2
MG Minas Gerais
MI Ministério da Integração Nacional
MIF Manejo Integrado do Fogo
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPMG Ministério Público do Estado de Minas Gerais
NIISA UNIMONTE Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual
de Montes Claros
NINJA / UFSJ Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São
João del Rei
NISP National Industrial Symbiosis Programme
ODS Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável
ONGs Organizações não governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PA Protect Areas
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PANs Plano de Ação Nacional
PBF Programa Bolsa Família
PCPR Programa de Combate à Pobreza Rural
PCTS Povos e Comunidades Tradicionais
PIB Produto Interno Bruto
PIMO
PMSI Programa Mineiro de Simbiose Industrial
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNAP Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas
PNBSB Plano Nacional para a Promoção dos Produtos da Sociobiodiversidade
PNCF Programa Nacional de Crédito Fundiário
PNCTC Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPAG Plano Plurianual de Ação Governamental
PRONABIO Programa Nacional da Diversidade Biológica
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
PSA Pagamento por Serviços Ambientais
PUC Pontifícia universidade Católica
RB Reserva da Biosfera
RBAC Reserva da Biosfera da Amazônia Central
RBSE Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
RJ Rio de Janeiro
RMRB Rede Mundial de Reservas da Biosfera
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
RTMG Rede de Teleassistência de Minas Gerais
AS Sociedade Anônima
SBU Sociedade Brasileira de Urologia
SEAPA Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Sedinor Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de
Minas Gerais
SEGRH Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SEMAD Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

14
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SESI Serviço Social da Indústria
SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SIBR Bolsa de Resíduos
SIGEP Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos
Sindiextra Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais
Sipam Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial
Sisnama Sistema Nacional do Meio Ambiente
Sítios BAZE Sítios da Aliança Brasileira para Extinção Zero
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
SP São Paulo
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
SUS Sistema Único de Saúde
TGBR Technical Guidelines for Biosphere Reserves
TIC Tecnologia da informação e comunicação
UC Unidade de Conservação
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro
UFU Universidade Federal de Uberlândia
UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNI BH Centro Universitário de Belo Horizonte
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros
VT Video Tape
WWF World Widlife Fund
ZN Zona Núcleo

15
APRESENTAÇÃO

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE) foi reconhecida pelo ofício da United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization SC-05/CONF.210/2 Add, em Paris, Room XIV (Bonvin
Building), no dia 24 de junho de 2005, através do Man and the Biosphere (MaB) Programme - Meeting of
the Bureau of the International Co-ordinating Council, UNESCO Headquarters. Em 2015, completou-se seu
primeiro decênio, e, assim, elaborou-se a 1ª Revisão Periódica da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço1, aprovada com êxito, reconhecendo os esforços do Comitê Estadual da RBSE na 22nd
MEETING OF THE INTERNATIONAL ADVISORY COMMITTEE FOR BIOSPHERE RESERVES AS APPROVED
BY THE CHAIR AND THE RAPPORTEUR (22ª REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DE RESERVAS DA
BIOSFERA DA UNESCO), ocorrida em janeiro de 2016.
Com o desenvolvimento e o monitoramento contínuos das ações de gestão e em atendimento às
recomendações apresentadas e aprovadas na 1ª Revisão Periódica da RBSE, o Comitê Estadual da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, conjuntamente com o Ministério de Meio Ambiente e o
Governo de Minas Gerais, tomaram a decisão de ampliação para a Fase II da RBSE. Importante
destacar, também, o atendimento às demandas sociais, legitimando os processos participativos, que
ocorrem desde o reconhecimento da RBSE, e que agora vem sendo reivindicados por entes da
sociedade, governos (nacional, estadual e municipal) e setores de pesquisa, dentre outros atores
estratégicos. Respeitar e atender à estas demandas para a revisão de limites torna-se compromisso da
RBSE, sobretudo pela maturidade alcançada nestes treze anos de existência, bem como a capacidade
instalada das instituições que compõe a sua rede de parceiros.
Nesse contexto, cumpre-nos apresentar os maiores atributos que fazem deste território único no Brasil e
no mundo: os seus aspectos culturais, em uma perspectiva histórica, a sua dinâmica biogeográfica e as
suas relações intrínsecas com os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, ambos considerados Hotspots
mundiais (MYERS, 2000). Neste, destacam-se os Campos Rupestres, fitofisionomia com grande número de
espécies ameaçadas e endêmicas, em um ambiente de baixa resiliência, configurando-se, dessa forma,
como um Centro de Endemismo Mundial. Como maior identidade biogeográfica da Serra do Espinhaço,
a revisão dos limites e do zoneamento da RBSE se faz com coerência para incorporar outras áreas de
distribuição deste ecossistema único no planeta.
Soma-se a tais atributos, a diversidade de atores e processos que norteiam o campo da gestão de um
território complexo e vasto que, desde a sua origem à atualidade, convocou os eixos de ocupação,
sobretudo de base minerária e extrativista, para os diversos ciclos em épocas distintas (ouro, diamantes
e minério de ferro). Neste mesmo espaço de crescimento e explotação de recursos, destaca-se a Serra
do Espinhaço com a sua importância extrema para a conservação da biodiversidade e dos recursos
hídricos, refletindo em suas comunidades tradicionais e seus saberes associados com as suas mais
diversas identidades e patrimônios materiais e imateriais identificados na Reserva da Biosfera.
Esta proposta de revisão do zoneamento da RBSE, Fase II, apresenta os aspectos instituídos na Reserva
da Biosfera e para a Reserva da Biosfera, em diferentes escalas de unidades de planejamentos
territoriais oficiais, e com a participação ativa de instituições governamentais, centros de pesquisa e
universidades, representantes de comunidades locais, gestores de áreas protegidas, entidades do setor
privado e do terceiro setor. Somam-se a esta participação, potencialidades ainda não exploradas,
além das lacunas e fragilidades em um território cercado de diferentes interesses políticos e econômicos.
Trata-se então de se assumir aqui a reedição de ações bem-sucedidas na RBSE para áreas com grandes
necessidades de se instruir com os princípios e funções do Programa MaB, que convocam as lições

1 Link para acesso ao documento de Revisão Periódica da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço:
https://issuu.com/reservadabiosferadaserradoespinhaco/docs/rbse_first_periodic_review_final_20.
16
apreendidas pela RBSE até então, e cujo aprendizado para a RBSE será mútuo, frente às novas
realidades deste novo território pretendido, qual seja, o norte de Minas Gerais. Nestes treze anos, as
lições apreendidas pela RBSE foram muitas e o ganho social e de conservação tem sido reconhecido. A
busca pela institucionalização da identidade da Serra do Espinhaço tem ganhado amadurecimento e,
neste momento, esta proposta representa o reforço de se amplificar os princípios do Programa MaB
para regiões ainda necessitadas de fortalecimento territorial, e que podem ser favorecidas pelos
princípios de Reserva da Biosfera.
A análise crítica que a revisão dos limites da RBSE propicia é, em síntese, um valioso instrumento de
(re)planejamento, avaliação e monitoramento para os arranjos institucionais de grande vulto para as
ações do presente e do futuro. A revisão do zoneamento da RBSE- Fase II, contribui para o reforço dos
processos de governança, para a definição e promoção de diálogo sobre princípios de desenvolvimento
e para com a conservação, bem como a redefinição das responsabilidades. Tal revisão do zoneamento,
alinhada a implementação do Plano de Ação da Reserva da Biosfera, surge como ação mobilizadora
da presente proposta. Acrescenta-se a este desafio, a necessidade de alinhar o atual Plano de Ação da
RBSE, frente aos processos inovadores trazidos pelo Plano de Lima e a Rede Mundial de Reserva de
Biosfera, já em curso.
Uma vez que o dinamismo das Reservas da Biosfera convoca seu monitoramento e revisões contínuas, a
presente proposta visa ampliar de 94 municípios (Fase I), para 172 municípios, com um território da
de 3.210.903,3 hectares (Fase I), para 10.218.895,20 hectares (Fase II), considerando as identidades
associadas às funções e ações estratégicas de conservação, desenvolvimento, apoio logístico e
conhecimento tradicional e científico, gestão compartilhada e comunicação e monitoramento da
Serra do Espinhaço.
Este documento encontra-se estruturado conforme elementos descritos abaixo, de forma a atender a
todos os itens do formulário do Programa MaB para revisões de zoneamento, de forma integrada, a
saber:
• Análise comparativa entre a Fase I e a Fase II, quanto ao seu zoneamento;
• Informações sobre a o apoio logístico, a gestão, a comunicação e a participação da RBSE;
• Itens sobre Conservação, Desenvolvimento Sustentável e Conhecimento e Gestão;
• Critérios para a Designação como Reserva da Biosfera;
• Apresentação da Fase 2: Zoneamento proposto e detalhamento da proposta;
• Cartas de Apoio;
• Bibliografia e Anexos.
Para a sua elaboração, consideram-se os seguintes princípios e critérios gerais, a serem detalhados ao
longo do documento:
- A articulação e mobilização de atores estratégicos;
- A coerência entre os critérios e estratégias assumidos no reconhecimento da RBSE (Fase 1, em 2015)
e na 1ª Revisão Periódica da RBSE (2015);
- A conectividade entre os Campos Rupestres e ambientes associados, os ecossistemas das Veredas e
das Turfeiras da Serra do Espinhaço, bem como a integração entre das unidades de planejamento
territorial dos Biomas Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, que compõem a Serra do Espinhaço
- A interface geográfica e institucional colaborativa com as Reservas da Biosfera da Mata Atlântica
e, a partir da Fase II, com a Reserva da Biosfera da Caatinga.
- O conhecimento científico de uma região de grande riqueza em biodiversidade, sítios arqueológicos e
paleontológicos, ainda pouco conhecida e onde almeja-se o destaque a partir da Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço dos Geossistemas Ferruginosos do Peixe Bravo, no norte de Minas Gerais.

17
- O reconhecimento de produtos e produtores rurais, mediante apuração de produtos da
sociobiodiversidade, como o pequi (Caryocar brasiliense Camb), o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.
Cam), de onde se extrai o umbu, cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), o rufão (Peritassa
campestres), a macaúba (Acrocomia aculeata) e a fava d’anta (Dimorphandra mollis), e produtos de
identidade geográfica, como a cachaça da região de Salinas. Por outro lado, incorpora-se com a Fase
II, o desafio de se fortalecer uma das regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano do
Brasil.
- A descentralização de processos de gestão da RBSE, regionalizando este vasto território de
identidades múltiplas, em sua porção meridional e setentrional,
- As proposições de gestão compartilhada de territórios de conservação, quais sejam os Mosaicos de
Áreas Protegidas do Espinhaço (Mosaico de Áreas Protegidas Espinhaço Alto Jequitinhonha - Serra do
Cabral, já reconhecido, e Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço Meridional – Serra do Cipó, em
processo de reconhecimento pelo Ministério do Meio Ambiente).
- O potencial de reconhecimento de um novo Mosaico de Áreas Protegidas na região norte da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, gerando cooperação técnica entre as unidades de
conservação, apoio logístico e programas de mobilização social e desenvolvimento regional, bem como
para a região do Quadrilátero Ferrífero, ao sul da RBSE
- O fortalecimento da RBSE junto ao Programa Nacional de Conectividade de Paisagens – Conecta
(Portaria nº 75, de 26 de março de 2018), instituído pelo Ministério do meio Ambiente.
- A criação, no âmbito do Comitê Estadual da RBSE, do Programa Corredores da Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço: conectando paisagens naturais e culturais.
- A incorporação das Reservas da Biosfera no Estado de Minas Gerais em políticas de regulação
ambiental, que assumiu, em 2017, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço como critério locacional
de Licenciamento Ambiental de empreendimentos de potencial impacto ambiental (Deliberação
Normativa COPAM nº 217/17).
- As Rotas Turísticas da Serra do Espinhaço que se soma à rede de rotas da região, proposta para
ampliação da RBSE onde se podes destacar: a Travessia Talhado: Cachoeira do Cerrado e Travessia
Talhado : Sete Quedas e Talhado Serra Nova, todas dentro do Parque Estadual da Serra Nova, em
Grão Mogol; a Travessia da trilha do Barão, entre a cidade de Grão Mogol e a Fazenda Cafezal,
histórica na região; a Trilha da Tropa/Peripiri, e a Travessia Folha Larga, ambas em Botumirim; a
Travessia Gigante, a Trilha da Bocaina; a Trilha da Campina Pé da Serra; a Trilha do Laerte-Poço do
Bananal; a Trilha Serrinha Rio de Peixe; a Trilha Prata/Rio de Peixe ao lago de Irapé ; a Trilha do
Vale da Limeira até Tamanduá; a Trilha da cachoeira do Curiando; a Trilha do Encantado , na Serra
Resplandescente em Monte Azul; a Trilha cidade campina/base do Pico da Formosa; a Trilha de
escalada do Pico da Formosa em Cristália; a trilha cidade Morro do Chapéu; o Roteiro Off Road -
Gorutuba Lapinha da Serra. Bem como a criação do Programa de Trilhas de Longo Percurso para o
território da RBSE que inaugurou, em 2018, a instalação da Trilha Transespinhaço, itinerário de mais
de setecentos quilômetros, conectando cerca de cinquenta unidades de conservação, comunidades e
atrativos naturais e culturais do Espinhaço. Destaca-se também o CRER, Caminho Religioso da Estada
Real, que liga os Santuários Basílica Nossa Senhora da Piedade (Unidade de Conservação de Proteção
integral mais visitada em Minas Gerais) ao Santuário de Aparecida do Norte.
- A ampliação do Diagnóstico Situacional da Gestão das Unidades de Conservação Municipais da
RBSE para os municípios da Fase 2 da RBSE.
- A participação da RBSE na criação de novas Zonas Núcleo na região proposta, com destaque para
o Parque Estadual de Botumirim, área de especial relevância, dada a ocorrência e da recente
redescoberta de uma ave raríssima, a Rolinha do Planalto (Columbina cyanopis), uma espécie altamente
vulnerável e frágil. Dada como extinta pela ciência, a Rolinha do Planalto é endêmica do Cerrado –
18
Serra do Espinhaço, e foi avistada pela última vez em 1941, mas foi reencontrada na atual unidade de
conservação em julho de 2015.
- A inclusão no zoneamento da Fase II da RBSE de áreas tombadas por instituições do patrimônio
artístico e cultural, de gestão de áreas protegidas, com os limites de unidades de conservação não
considerados na Fase I.
- A implementação de uma importante prioridade do Plano de Ação da RBSE: a Comunicação e o
Monitoramento, com a criação da Revista Reserva da Biosfera, em 2017, que publicou em sua primeira
edição a síntese da 1ª Revisão Periódica da RBSE; a criação do Site da RBSE; a incrementação e
disponibilização de informação geoespacial atualizada, por meio do Atlas Geoambiental da RBSE; a
sinalização de estradas com placas indicativas da RBSE, em mais de 20 municípios, inicialmente; a
incorporação dos limites da RBSE na plataforma de Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-SISEMA), instituída pela Resolução Conjunta
SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.466/2017
- As respostas à recomendação da UNESCO na 1ª Revisão Periódica, em 2016, quanto à questão da
mineração.
- O estudo e as respostas estratégicas para a conservação da biodiversidade da Serra do Espinhaço,
com o Projeto Espinhaço Sempre Vivo (2005), e que foi atualizado em 2015 em nossa 1ª Revisão
Periódica, indicando as Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço.
- A inclusão dos Sítios BAZE para determinação do novo zoneamento, territórios definidos a partir,
Projeto da AZE Global “Aliança para Extinção Zero: Proteção de Sítios Naturais Insubstituíveis para a
Conservação da Biodiversidade Ameaçada”.
- A política pública para conservação da biodiversidade, por meio dos Planos de Ação Nacional de
Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs), sendo que, para a área de abrangência da RBSE, são
desenvolvidos 15 Planos de Ação Nacional.
- A inclusão do Sítio Ramsar LUND-WARMING na Fase II da RBSE.
Cumpre ressaltar que este documento contém, além das respostas às questões colocadas no formulário
do Programa MaB, indicativos de uma próxima fase de revisão dos limites do território – a Fase III da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, expandindo-se para o Estado da Bahia, na Chapada da
Diamantina. Região de beleza espetacular, com ações de conservação, desenvolvimento e conhecimento
científico e tradicional de alta relevância e significados, a região para a futura Fase III da RBSE será
detalhada em um futuro próximo, de forma justificada a partir da implementação da Fase II. Assim,
pretende-se, em 2020, conduzir um novo encaminhamento à UNESCO – Programa MaB para a sua
avaliação, visando ao requerido aceite de ampliação dos limites da Reserva da Biosfera para a Fase
III.
Os atores envolvidos nesta proposta de Fase II da RBSE agradecem a todos que participaram da
organização direta e indireta deste documento e, em especial, ao Conselho Internacional de
Coordenação do MaB – UNESCO pelo seu recebimento, pois, para nós, é muito importante a
apreciação deste Comitê para o alcance de melhorias para a gestão e para a implementação de
estratégias cooperativas para os próximos anos na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço


Setembro de 2018

19
20
PARTE I: DADOS GERAIS/ FORMULÁRIO UNESCO

RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2

1. NOME
RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2

2. PAÍS
Brasil – Estado: Minas Gerais

3. CUMPRIMENTO DAS TRÊS FUNÇÕES DAS RESERVAS DA BIOSFERA:


CONSERVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CONHECIMENTO E
GESTÃO PARTICIPATIVA

O reconhecimento da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera pela UNESCO em 2005 e a


elaboração da Primeira Revisão Periódica da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço em 2015
representaram um marco para os esforços de conservação no Brasil, pois, além de promover a proteção
de um território de grande relevância para biodiversidade, culturas tradicionais e bacias hidrográficas,
promoveu ações concretas para a integração de áreas que antes permaneciam desconhecidas e
isoladas. Esse isolamento podia ser compreendido no âmbito político, científico e geográfico. Nesse
sentido, a gestão ambiental do território foi impulsionada com processos colaborativos e informações
compartilhadas.

A identidade da Serra do Espinhaço foi reconhecida pela sociedade e ganhou contornos na expressão
cultural, nos estudos e publicações acadêmicas, nas ações governamentais e nos fluxos para o
desenvolvimento sustentável. Grupos temáticos de discussão foram formados em diversas áreas,
trazendo resultados baseados numa visão mais cooperativa e sistêmica sobre oportunidades, problemas
e soluções.

Do ponto de vista da conservação, iniciativas para a criação de unidades de conservação, mosaicos e


corredores ecológicos, bem como planos de ação para conservação da biodiversidade foram
notadamente colocados em prática. No campo do desenvolvimento sustentável, houve uma consistente
aproximação com os setores produtivos, especialmente agricultura, turismo, federação das indústrias e
mineração. Contudo, nessa pauta ainda há necessidade de maior interlocução das instâncias
governamentais e políticas públicas mais específicas, aplicadas e contextuais. No que se refere ao
fomento de conhecimento científico, a produção de artigos acadêmicos sobre a Reserva vem
aumentando consideravelmente em diversas áreas (geociências, biológicas, humanas, dentre outras).
Nesse mesmo sentido, o Comitê Gestor tem realizado reuniões abertas e ampliando a participação de
novos atores, criando projetos cooperativos e parcerias e um sistema de gestão descentralizado.

21
É importante destacar que, para o cumprimento das três funções da Reserva da Biosfera, nesta Fase 2,
serão envidados esforços e recursos para o alinhamento e compromissos mais assertivos com a Agenda
2030 e com os “Objetivos par o Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

Cumpre salientar, ainda, que o incremento das novas áreas na Fase 2 contribui, sobremaneira, com a
ampliação e maior articulação entre as estratégias de conservação, seja pela inclusão de novas áreas
protegidas, de novos centros de apoio logístico e técnico e de espaços promotores do desenvolvimento
sustentável, seja pela incorporação de novos atores estratégicos.

Para o atendimento aos marcos e legislação, bem como para a promoção da gestão do território de
10.218.895,20 hectares da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço – Fase 2 são considerados os
aspectos de uso e ocupação do solo, em uma perspectiva histórica, considerando a ocupação neolítica,
os sítios arqueológicos, as ocupações indígenas, os grandes ciclos econômicos (do ouro, do diamante, do
ferro e da siderurgia), as questões culturais, de conservação ambiental e de turismo. Os eixos de
ocupação e conservação de aspectos naturais e antrópicos são claramente instituídos, seja pelos
processos de turismo, culturas tradicionais expoentes (quilombolas e indígenas), aspectos culinários, a
distribuição de biomas e espécies, os territórios de mineração e urbanos, além das áreas protegidas já
apresentadas. Desta forma, este mosaico de atributos compõe, em sua totalidade a identidade maior
da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, de forma integrada, com suas lacunas e potencialidades
para o cumprimento das funções de conservação, desenvolvimento sustentável.

22
FIGURA 1: MAPACOMPARATIVO DOS LIMITES DAS FASE 1 E 2 DA RBSE, COM O ZONEAMENTO PROPOSTO
PARA A FASE 2.

23
24
3.1 CONSERVAÇÃO

E como cada vereda, quando beirávamos, por seu resfriado,


acenava pra gente um fino sossego sem notícias - todo buritizal e
florestal: ramagem e amar em água. Aquilo nem era só mata, era
até florestas! Montamos direito no Olho d’água-das-Outras,
andamos e demos com a primeira vereda – dividindo as chapadas
–: o flaflo do vento agarrado nos buritis, franzindo no gradeal de
suas folhas altas: e, sassafrazal – como o do alfazema, um cheiro
que refresca: e aguadas que molham sempre (JOÃO GUIMARÃES
ROSA, 1985, p. 233).

Objetivo: Contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e variabilidade genética.

A Serra do Espinhaço representa uma das porções mais singulares do Brasil quanto aos aspectos
biogeográficos, não só por abrigar três biomas brasileiros de alta relevância para conservação (Caatinga,
Cerrado e Mata Atlântica), mas principalmente pela conectividade entre estes, possibilitada pelos aspectos
geomorfológicos inerentes à sua condição de cordilheira e demonstrando sua localização estratégica
enquanto região de planejamento para a conservação dos recursos naturais. A RBSE se apresenta como um
corredor natural de biodiversidade ao mesmo tempo em que se verifica um alto grau de endemismo,
principalmente em zonas de ecótono, abrigando porções significativas dos Campos Rupestres, os quais se
destacam como alvos de conservação devido à sua riqueza de espécies ameaçadas e endêmicas. Como
função de conservação, a Serra do Espinhaço já fora, por vezes, recomendada como região prioritária
para conservação das riquezas naturais existentes, considerada um dos mais importantes centros de
endemismos do Brasil, com inúmeras espécies de diferentes grupos taxonômicos somente encontrados nessa
região, além de serviços ambientais essenciais.

Apesar da importância ambiental de toda a Cordilheira do Espinhaço, em 2005 ocorreu a criação da


Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE) abrangendo apenas parte desta cadeia montanhosa,
em parte do estado de Minas Gerais. A Etapa 1 de criação da RBSE abrangeu apenas a porção
meridional da serra, do Quadrilátero Ferrífero até o PARNA das Sempre-Vivas, contando com apenas dois
biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado, considerados Hotspots de biodiversidade, ou seja, ecossistemas de
grande riqueza de flora e fauna sob ameaça. Na Etapa 2, o limite da RBSE foi estendido até o limite de
Minas Gerais com o estado da Bahia, abrangendo também uma pequena parte do bioma da Caatinga.

Em Minas Gerais, a Serra do Espinhaço estende-se por cerca de 550 km, com direção aproximadamente
N-S e largura variável de até 100km. Ao norte de Diamantina apresenta notável estreitamento, seguindo
como faixas descontínuas e de largura reduzida até as proximidades de Terra Branca, onde volta a
apresentar relevo abrupto e largura considerável. Este adelgaçamento promove a individualização da
serra em dois setores: meridional e setentrional, de características geológicas distintas”. É esta a base
geológico-morfológica que dá o “suporte ecológico” à biota da Serra do Espinhaço, tal como concebido
por Tansley (1935) apud Ab’Saber (2003).

A principal fonte de informações sobre a Serra do Espinhaço teve como origem os estudos desenvolvidos
para todos os biomas brasileiros no âmbito do PRONABIO, do Ministério do Meio Ambiente, os estudos

25
realizados no projeto "Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal"
(MMA et al., 1999), coordenados pela Funatura, Conservation International (CI) e Fundação Biodiversitas,
priorizam várias áreas na Serra do Espinhaço, tais como o município de Diamantina e a Serra do Cipó. Da
mesma forma, a "Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica
e Campos Sulinos" (CI et al., 2000), coordenados pela CI, Fundação Biodiversitas e Fundação SOS Mata
Atlântica, incluem áreas da vertente leste da Serra do Espinhaço como prioritárias para a conservação.
Dentre elas, ressalta-se a região de Ouro Preto e a Serra do Caraça, em Minas Gerais; e a região de
Lençóis/Andaraí e do Pico do Barbado na Bahia, todas consideradas de extrema importância biológica.

Estudos mais detalhados da região da RBSE foram realizados pelo Workshop que definiu as Áreas
Prioritárias para Conservação da Biodiversidade de Minas Gerais (COSTA et al., 1998; DRUMMOND et
al., 2005), coordenados pela Fundação Biodiversitas, Conservation International e SEMAD-MG, conferiram
ao Espinhaço o status de Importância Especial, por ser um ambiente único no Estado e pelo grande número
de endemismos ali presentes, sendo recomendado a criação de uma Reserva da Biosfera para preservar
tão importante região. Tais estudos foram utilizados como as principais fontes para subsidiar a definição
limite da RBSE Fase 1.

Os campos rupestres e de altitude do Leste do Brasil (destacados na Figura 3), que ocorrem nas partes
mais elevadas da Cadeia do Espinhaço, da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar, são reconhecidos
como importantes centros de endemismo da flora neotropical. Em geral, os campos rupestres ocorrem
principalmente acima de 900 m de altitude, associados, principalmente, a afloramentos de quartzito,
arenito e minério de ferro, distribuídos principalmente ao longo da Cadeia do Espinhaço, embora áreas
isoladas desse tipo de vegetação também sejam encontradas nas serras do Brasil Central (Chapada dos
Veadeiros e Serra dos Pirineus, ambas em Goiás, e Serra da Canastra, no Sudoeste de Minas Gerais) ou
em montanhas da região de São João Del Rei (Serra do Lenheiro), Tiradentes (Serra de São José) e
Itutinga, em Minas Gerais, estas três últimas consideradas como pertencentes à Serra da Mantiqueira, mas
com geologia e afinidades florísticas mais relacionadas aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.

26
FIGURA 2: BIOMAS ABRANGIDOS PELO LIMITE DA RBSE FASE 2.

27
FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO DA RBSE FASE, COM DESTAQUE PARA OS CAMPOS
RUPESTRES.

28
Com relação à abrangência das bacias hidrográficas federais, a RBSE Fase 2 passou a abranger também
a bacia do rio Pardo, de 334 km², abrangendo quase 30 municípios, na microrregião de Salinas.

FIGURA 4: BACIAS HIDROGRÁFICAS FEDERAIS ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2.

29
Para a definição do limite do RBSE Fase 2, novos estudos disponíveis sobre o estado de conservação da
região da Serra do Espinhaço foram considerados, como a atualização dos estudos sobre a identificação
de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros em 2007, a atualização
das listas e da distribuição das espécies ameaçadas de extinção da fauna (2014) e da flora (2015), o
estudo de identificação das áreas insubstituíveis da Serra do Espinhaço (2008), o estudo da identificação e
distribuição de plantas raras com ocorrência no bioma cerrado (2014), o estudo global de identificação de
áreas chaves para conservação (2017), o estudo de identificação de áreas úmidas delimitação como sítios
Ramsar, dentre outros.

Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade (2005) na RBSE Fase 2

A metodologia para a priorização de áreas para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais


consistiu no levantamento e cruzamento de informações sobre temas biológicos e não biológicos. Foram
levantados dados sobre 13 grupos temáticos, sendo sete grupos biológicos e seis não biológicos. Os grupos
biológicos considerados foram: Mamíferos, Aves, Répteis, Anfíbios, Peixes, Invertebrados e Flora. Os seis
grupos não biológicos foram: Políticas Públicas, Fatores Abióticos, Unidades de Conservação, Aspectos
Socioeconômicos, Desenvolvimento Sustentável, Indicadores e Monitoramento Ambiental, sendo que os dois
últimos representam uma análise adicional com relação à primeira versão deste documento. O mapa-síntese
das áreas prioritárias apresenta 112 áreas mais importantes para a conservação da biodiversidade no
estado de Minas Gerais, distribuídas segundo sua importância biológica: 17, como Especiais; 35, como
Extrema; 36, como Muito Alta; e 24, como Alta.

Na definição do limite da RBSE Fase 2, além das 13 áreas prioritárias consideradas na Fase 1, foram
abrangidas ainda mais 6 áreas: duas de importância biológica Especial (Espinhaço Setentrional e Área
Peter Lund), duas de Extrema importância biológica (Província Cárstica de Lagoa Santa e Rio Itacambiruçu)
e duas de Muito Alta importância (Pedra Azul/Águas Vermelhas e Bacia do alto rio Pardo).

TABELA 1: ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2.
ID ÁREA IMPORTÂNCIA AÇÃO PRIORITÁRIA
BIOLÓGICA
30 Serra do Cabral ESPECIAL Criação de Unidade de Conservação
57 Espinhaço Meridional ESPECIAL Criação de Unidade de Conservação
60 Serra do Ambrósio EXTREMA Criação de Unidade de Conservação
55 Área Peter Lund ESPECIAL Criação de Unidade de Conservação
85 Quadrilátero ESPECIAL Investigação Científica
61 Braúnas ALTA Investigação Científica
84 Florestas da Borda Leste do Quadrilátero EXTREMA Manejo
10 Espinhaço Setentrional ESPECIAL Investigação Científica
82 Região de Viçosa MUITO ALTA Criação de Unidade de Conservação
54 Província Cárstica de Lagoa Santa EXTREMA Criação de Unidade de Conservação
58 Florestas da Encosta Leste do Espinhaço MUITO ALTA Investigação Científica
Meridional
13 Pedra Azul / Águas Vermelhas MUITO ALTA Criação de Unidade de Conservação
62 Bacia do Rio Suaçuí Grande MUITO ALTA Investigação Científica
12 Bacia do Alto Rio Pardo MUITO ALTA Investigação Científica
28 Rio Preto ALTA Investigação Científica
83 Rio Piranga MUITO ALTA Recuperação / Reabilitação
9 São Francisco e Grandes Afluentes ALTA Criação de Unidade de Conservação
56 Tributários do Rio das Velhas MUITO ALTA Recuperação / Reabilitação
59 Alto Rio Santo Antônio ESPECIAL Criação de Unidade de Conservação
29 Alto Jequitinhonha EXTREMA Investigação Científica
11 Rio Itacambiruçu EXTREMA Criação de Unidade de Conservação
FONTE: BIODIVERSITAS, 2005

30
FIGURA 5: ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RBSE FASE 2.

31
Áreas Insubstituíveis na RBSE Fase 2

Tendo como meta a proteção da biodiversidade aliada ao desenvolvimento sustentável e ao conhecimento


científico, foi desenvolvido, em 2005, o Projeto Espinhaço Sempre Vivo, pelas ONGs Instituto Biotrópicos de
Pesquisa em Vida Silvestre, Conservação Internacional e a Fundação Biodiversitas. O projeto teve como
objetivo geral reunir as informações existentes sobre a biodiversidade ao longo de toda a Cadeia do
Espinhaço, além de identificar as ameaças e subsidiar a tomada de decisões para a sua conservação.

A partir do estabelecimento de metas explícitas de conservação para cada um dos alvos considerados, foi
possível avaliar o desempenho do conjunto de áreas protegidas na conservação dos alvos selecionados,
bem como identificar eventuais lacunas de conservação e apontar outras áreas complementares necessárias
para assegurar a representatividade das Unidades de Conservação da Cadeia da Serra do Espinhaço. A
análise de lacunas de conservação revelou que 271 objetos de conservação (41,8% do total) não estavam
adequadamente protegidos na região (considerando uma representação da meta de conservação abaixo
de 10%) e para que houvesse uma proteção minimamente adequada, seria necessário incluir outras 27
áreas no sistema de áreas protegidas da Serra do Espinhaço.

Metodologicamente, o trabalho de avaliação consistiu na subdivisão da região de análise em unidades de


planejamento de 5.000 ha e a avaliação do grau de importância (insubstituibilidade) de cada uma delas
como medida da contribuição para a consecução das metas estabelecidas, considerando um custo de
implementação da conservação para cada uma delas.

O recorte da RB Fase 1, na região de análise das áreas insubstituíveis da Serra do Espinhaço,


compreendeu um total de 763 unidades de planejamento (UPs), abrangendo 17 UCs em 2008
consideradas no estudo em 2008. Já o recorte da RB Fase 2, compreendeu um total de 1.792 UPs,
abrangendo 25 UCs consideradas no estudo em 2008.

Para a avaliação da efetividade do conjunto de áreas protegidas existentes na região da Cadeia da


Serra do Espinhaço, foram considerados um conjunto de alvos: a) a proteção de 607 espécies selecionadas
entre os grupos de vertebrados (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes), invertebrados e plantas
vasculares superiores, consideradas ameaçadas, endémicas ou raras com ocorrência para a Cadeia do
Espinhaço (segundo a Lista da União Internacional para Conservação – IUCN de 2004 e da Lista Brasileira
de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, MMA, 2003); b) a proteção de ecossistemas relacionados
com a tipologia vegetacional do Brasil (IBGE, 1993) subdividida em faixas de altitude (baixa: até 800
metros, média: entre 800 e 1.000 metros e alta: acima de 1.000 metros) com ocorrência na cadeia da
Serra do Espinhaço; c) e a proteção de serviços ambientais, na forma de nascentes de rios da região da
Cadeia da Serra do Espinhaço, mapeadas a partir do mapa da hidrografia da região (IBGE, 2003).

Do total de 607 alvos de espécies consideradas no estudo, o recorte da RBSE Fase 1 abrangeu 500 delas,
entre ameaçadas, raras e endémicas, dos grupos de vertebrados (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e
peixes), invertebrados e plantas vasculares superiores, correspondendo a mais de 82% da riqueza total da
Cadeia da Serra do Espinhaço referente aos alvos de espécies considerados. Já o recorte da Fase 2, o
número de espécies alvo aumentou para 596 espécies (98% do total).

32
TABELA 2: ESPÉCIES ALVO DO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO.
GRUPO NO DE ESPÉCIES RBSE FASE 1 NO DE ESPÉCIES RBSE FASE 2 NO DE ESPÉCIES TOTAL
Anfíbios 27 27 29
Aves 51 54 54
Flora 310 357 395
Invertebrados 42 122 46
Mamíferos 49 50 50
Peixes 15 18 23
Répteis 6 7 10
TOTAL GERAL 500 607

Do mesmo modo, do total de 41 tipos de ecossistemas selecionados na Cadeia da Serra do Espinhaço, 24


deles (~58%) foram identificados no recorte da RBSE Fase 1, enquanto que na Fase 2 foram acrescentados
10 ecossistemas passando para 34 (83% do total). E com relação aos alvos relacionados à conservação de
serviços ambientais, das 7.756 nascentes mapeadas na Cadeia da Serra do Espinhaço, 2.099 (~27%)
foram identificadas na RBSE Fase 1, enquanto que na Fase 2 o número de nascentes abrangidas dobrou,
passando para 4.658, aumentando 2.559 nascentes (60% do total).

Para a determinação do valor da insubstituibilidade e do desenho de cenários de conservação, além da


indicação dos alvos (espécies, ecossistemas e serviços ambientais) associado a suas respectivas metas de
conservação, foi definido um indicativo de custo para cada unidade de planejamento, visando selecionar as
unidades de planejamento que mais contribuíam (alta insubstituibilidade) ao menor custo possível. O custo
associado a cada unidade de planejamento foi determinado através de uma análise multivariada de doze
diferentes variáveis representativas da maior ou menor pressão antrópica na Cadeia do Espinhaço,
distribuído na forma de custos avaliados como contribuintes para aumentar o esforço que deve ser
empreendido para promover a conservação da região da RBSE, custos avaliados como contribuintes para
diminuir o esforço que deve ser empreendido para promover a conservação da região da RBSE,
sintetizados pelo resultado da combinação de variáveis relacionadas com o esforço a ser empreendido
para promover a conservação da região da RBSE.

TABELA 3: VARIÁVEIS UTILIZADAS PARA A DEFINIÇÃO DO CUSTO ASSOCIADO ÀS UNIDADES DE PLANEJAMENTO


DA CADEIA DA SERRA DO ESPINHAÇO.
VARIÁVEL DESCRIÇÃO PESO FONTE
Aumentam o custo de conservação
LAVRA Área de lavras ativas na região 0.3787 Mapa DNPM
POP Número total de habitantes por 0.3237 Atlas do desenvolvimento
município em 2000 Humano no Brasil - UNESCO
DESMAT Proximidade de áreas desmatadas 0.1508 imagens MODIS (MOD13QA)
considerando o período de 2000 a
2005
ESTRA Proximidade de estradas 0.0810 Mapas IBGE (Brasil
pavimentadas ao Milionésimo)
FOCOS Frequência de focos de calor entre 0.0509 Banco de Queimadas - INPE
2001 a 2005
CRESC Taxa de crescimento populacional 0.0147 Atlas do Desenvolvimento
entre 1991 e 2000 Humano no Brasil - UNESCO
Diminuem o custo de conservação
NATIV Porcentagem de remanescentes e 0.4637 imagens MODIS (MOD13QA
áreas nativas em 2005
APP Densidade de áreas de permanente 0.2130 Mapas IBGE (Brasil ao
preservação Milionésimo)
UCPI Proximidade de Conservação de 0.1323 Base CI-Brasil
33
Unidades de proteção integral
GOVER Estrutura de governança nos municípios 0.1302 Base ‘Perfil do Municípios
considerados Brasileiros’ - IBGE
UCUS Proximidade de Unidades de 0.0330 Base CI-Brasil
Conservação de uso sustentável
APA Proximidade ambiental áreas de 0.0277 BASE CI-BRASIL
proteção

Para a identificação das áreas complementares para a conservação de todos os alvos identificados
(espécies, ecossistemas e serviços ambientais), como cenário ideal que assegurasse a representatividade do
conjunto de áreas protegidas na Cadeia do Espinhaço, foi utilizado um programa computacional de apoio
à decisão, MARXAN (Marine Reserve Design Using Spatially Explicit Annealing), (Ball & Possingham, 2000).
Apresenta-se, abaixo, a distribuição das áreas insubstituíveis no recorte da Reserva da Biosfera e a
distribuição das áreas prioritárias para a conservação na região, identificadas a partir do agrupamento
das unidades de planejamento por especialistas especialmente convidados, em um seminário em 2005.
Enquanto que na RBSE Fase 1 haviam sido abrangidas apenas 6 áreas, na Fase 2 foram abrangidas 16
áreas.

34
FIGURA 6: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS ABRANGIDAS PELA RBSE FASE 2.

35
Unidades de Conservação na RBSE Fase 2

Uma das contribuições mais significativas do IEF referentes à conservação da biodiversidade no âmbito da
Reserva da Biosfera do Espinhaço é o fortalecimento do sistema de áreas protegidas, através da criação e
implantação das Unidades de Conservação – UCs.

As Unidades de Conservação incorporam áreas de grande relevância ambiental que devem seguir as
normas e regulamentos estabelecidos em seu processo de criação, gestão e implantação, contribuindo
diretamente para a preservação da biodiversidade e de significativos atributos históricos e culturais. Além
da função de preservação dos ecossistemas, as Unidades de Conservação também possuem um relevante
papel junto à sociedade, principalmente no que se refere à prestação de serviços ambientais, promoção e
fortalecimento de pesquisas científicas, valorização do ecoturismo, da educação e da interpretação
ambiental, contribuição para o desenvolvimento sustentável, dentre outros.

Dentre os instrumentos legais aplicáveis a estas áreas, destacam-se a Lei Federal nº 9.985/2000 e o
Decreto Federal nº 4.340/2002, os quais instituem e regulamentam o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, respectivamente. Já no âmbito estadual, ressalta-se a publicação da Lei Estadual nº
20.922/2013, que dispõe sobre a política estadual de florestas e biodiversidade. Instituídas com o desafio
de resguardarem porções de nosso território ainda conservadas para a manutenção da biodiversidade, a
criação e implantação de áreas protegidas tem sido a estratégia mais utilizada em todo o mundo para a
conservação ambiental de ecossistemas. No entanto, em Minas Gerais, bem como em outros Estados do
Brasil, estas áreas enfrentam graves dificuldades no que tange à sua estruturação, manutenção e gestão,
geralmente relacionadas à falta de recursos humanos e financeiros e à morosidade dos processos que
envolvem as UCs.

De acordo com a tabela 1, até o ano de 2005, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço contava com
mais de 261.085 hectares em UCs de Proteção Integral, que representam as Áreas-Núcleo da RBSE, e
contava com mais de 1.423.076 hectares de UCs de Uso Sustentável, representando as Áreas de
Amortecimento. Nos últimos dez anos, até o ano de 2015, houve um aumento de quase 61.000 hectares em
Unidades de Conservação de Proteção Integral, representando um aumento de mais de 23% nas zonas
consideradas como Áreas-Núcleo. Este número pode ser considerado bastante significativo, já que nos
últimos anos as iniciativas para a criação de novas Unidades de Conservação vêm se tornando cada vez
mais escassas, devido aos diversos conflitos de interesses entre o desenvolvimento econômico e a
conservação dos recursos naturais.

36
FIGURA 7: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DA RBSE FASE 2.

37
A Fase 2, no momento atual, conta com 158.435,44 ha inseridos em Unidades de Conservação de Proteção
Integral, e tem sido contemplada nos esforços do IEF para a proteção de sua biodiversidade, tendo tido, a
partir de 2006, um incremento de 41,44 % de áreas protegidas em unidades de conservação.

TABELA 4: INCREMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS POR UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE.


INCREMENTO
CRIAÇÃO DE
ATÉ 2005 2006 A 2015 2016 A 2018 DE 2006 A
UC /PERÍODO***
2018 (%)
FASE 1 * Área em ha Área em ha Área em ha
PROTEÇÃO INTEGRAL 261.085,33 60.954,87 - 23,34
USO SUSTENTÁVEL 1.423.076,66 17.198,11 - 0,012
OUTRAS (APE) 351.352,93 - - -
TOTAL 1.656.669,17 78.152,98 - 4,71
INCREMENTO
CRIAÇÃO DE
Até 2005 2006 a 2015 2016 a 2018 DE 2006 A
UC /PERÍODO**
2018 (%)
FASE 2 Área em ha Área em ha Área em ha
PROTEÇÃO INTEGRAL 24.201,24 155.750,15 35.682,49 791,00%
USO SUSTENTÁVEL RPPN 627,04 45.019,54 711,00 7.293,08%
USO SUSTENTÁVEL 180.004,00 50.440,27 98,45 28,07%
(OUTRAS NÃO RPPN)
OUTRAS (APE) 489.287,78 -
TOTAL *** 694.120,06 251.209,96 36.491,94 41,44%
* Adaptado a partir de RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO1ª REVISÃO PERIÓDICA (2005-2015).
** Para o período foi considerado o primeiro ato de criação a despeito de revisões posteriores e publicação de novos atos
legais.
*** Incluindo UCs Federais, Estaduais e Municipais

TABELA 5: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DENTRO DA RBSE.


NOME UC RBSE (FASE) NOME UC RBSE (FASE)
APA Estadual Águas Vertentes 1 APA Municipal Serra de Minas 1
APA Estadual Cachoeira das 1 APA Municipal Serra do Cabral 1
Andorinhas Augusto de Lima
APA Estadual Seminário Menor de 1 APA Municipal Serra do Cabral 1
Mariana Buenópolis
APA Estadual Sul RMBH 1 APA Municipal Serra do Cabral 1
APA Federal Morro da Pedreira 1 Francisco Dumond
APA Municipal Águas da Serra da 1 APA Municipal Serra do Cabral 1
Piedade Joaquim Felício
APA Municipal Aliança 1 APA Municipal Serra do Cabral 1
APA Municipal Barão e Capivara 1 Lassance
APA Municipal Cachoeira Alegre 1 APA Municipal Serra do Gavião 1
APA Municipal Carvão de Pedra 1 APA Municipal Serra do Intendente 1
APA Municipal Córrego da Mata 1 APA Municipal Zabele 1
APA Municipal Descoberto 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Felício 1 Córrego Barreiro
APA Municipal Gameleira 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Gatos 1 Córrego do Taboão
APA Municipal Gualaxo do Sul 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Igarapé 1 Córrego Mutuca
APA Municipal Itacuru 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Jacutinga 1 Ribeirão do Verissimo
APA Municipal Pedra Gaforina 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Piranga 1 Ribeirão Serra Azul
APA Municipal Renascença 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Rio Manso 1 Rio Manso
APA Municipal Rio Manso 1 APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1
APA Municipal Rio Picão 1 Sistema Balsamo-Rola Moça

38
NOME UC RBSE (FASE) NOME UC RBSE (FASE)
APE Estadual Bacia Hidrográfica do 1 Pedras
Sistema do Córrego Cercadinho Parque Municipal Roberto Burle Marx 1
APE Estadual Ouro Preto/Mariana 1 Parque Nacional da Serra da 1
APE Estadual Santana do Riacho e 1 Gandarela
Jaboticatubas Parque Nacional da Serra do Cipó 1
APE Estadual Sub-bacia Hidrográfica 1 Parque Nacional das Sempre Vivas 1
do Córrego dos Fechos Reserva Biológica Municipal Campos 1
APE Estadual Sub-bacia Hidrográfica 1 Rupestres de Moeda Norte
do Ribeirão Catarina Reserva Biológica Municipal Campos 1
Estação Ecológica Estadual de Arêdes 1 Rupestres de Moeda Sul
Estação Ecológica Estadual de Fechos 1 RPPN Albert Scharle 1
Estação Ecológica Estadual do 1 RPPN Alto do Palácio 1
Cercadinho RPPN Ana Helena 1
Estação Ecológica Estadual do Tripuí 1 RPPN AngloGold Ashanti-Cuiaba 1
Floresta Estadual do Uaimii 1 RPPN Aves Gerais 1
Monumento Natural Estadual da 1 RPPN Brumas do Espinhaço 1
Serra da Moeda RPPN Comodato Reserva Peti 1
Monumento Natural Estadual da 1 RPPN do Andaime 1
Serra da Piedade RPPN Ermo dos Gerais 1
Monumento Natural Estadual de 1 RPPN Fazenda Capivary 1
Itatiaia RPPN Fazenda Córrego Acima 1
Monumento Natural Estadual do Pico 1 RPPN Fazenda do Arrenegado 1
do Itabirito RPPN Fazenda Joao Pereira / Poço 1
Monumento Natural Estadual Várzea 1 Fundo
do Lajeado e Serra do Raio RPPN Fazenda Nascer 1
Monumento Natural Municipal Mae 1 RPPN Horto Alegria 1
D'Agua RPPN Inhotim 1
Monumento Natural Municipal Morro 1 RPPN Itabirucu 1
do Elefante RPPN Itajuru ou Sobrado 1
Monumento Natural Municipal Morro 1 RPPN Luiz Carlos Jurovsk Tamassia 1
do Pires RPPN Mata do Jambreiro 1
Monumento Natural Municipal Serra 1 RPPN Mata Samuel de Paula 1
da Calcada RPPN Paixãozinha 1
Monumento Natural Municipal Serra 1 RPPN Quebra Ossos 1
do Souza RPPN Quinta dos Cedros 1
Parque Estadual da Baleia 1 RPPN Riacho Fundo I e II 1
Parque Estadual da Serra do Cabral 1 RPPN Santuário da Serra do Caraça 1
Parque Estadual da Serra do Cipó 1 RPPN Serra da Moeda 1
Parque Estadual da Serra do Rola 1 RPPN Sitio dos Borges 1
Moca RPPN Sitio Grimpas 1
Parque Estadual do Biribiri 1 RPPN Sitio Mata da Cruz 1
Parque Estadual do Itacolomi 1 RPPN Vale das Borboletas 1
Parque Estadual do Pico do Itambé 1 RPPN Vale do Parauninha 1
Parque Estadual do Rio Preto 1 RPPN Vale dos Cristais 1
Parque Estadual do Sumidouro 1 RPPN Vargem do Rio das Pedras 1
Parque Estadual Mata do Limoeiro 1 RPPN Vida Verde 1
Parque Estadual Serra da Candonga 1 RPPN Ville Casa Branca 1
Parque Estadual Serra do Intendente 1 APA Estadual de Vargem das Flores 2
Parque Estadual Serra do Ouro 1 APA Federal Carste Lagoa Santa 2
Branco APA Municipal Barra Longa 2
Parque Municipal Aggeo Pio Sobrinho 1 APA Municipal Brecha 2
Parque Municipal Cachoeira das 1 APA Municipal Córrego das Flores 2
Andorinhas APA Municipal Esperança 2
Parque Municipal do Tropeiro 1 APA Municipal Fortaleza de Ferros 2
Parque Municipal Florestal Chácara 1 APA Municipal Matinha 2
do Lessa APA Municipal Piracicaba 2
Parque Municipal Mangabeiras 1 APA Municipal Presidente Bernardes 2
Parque Municipal Mata das 1 APA Municipal Pureza 2
Borboletas APA Municipal São Lourenco 2
Parque Municipal Natural Ribeirão 1 APA Municipal Senhora de Oliveira 2
do Campo APA Municipal Suaçuí 2
Parque Municipal Natural Salão de 1 APA Municipal Vale do Rio Macaúbas 2

39
NOME UC RBSE (FASE) NOME UC RBSE (FASE)
APA Municipal Vista Alegre 2 Intelecto
APA Parque Fernão Dias 2 Parque Municipal Reserva Ecológica 2
APE Estadual Aeroporto Internacional 2 do Bairro União (Parque Matinha)
APE Estadual Bacia Hidrográfica do 2 Parque Municipal Ursulina de 2
Reservatório de Vargem das Flores Andrade Melo
APE Estadual Bacia Hidrográfica do 2 Refúgio de Vida Silvestre Estadual 2
Ribeirão do Urubu Macaúbas
Estação Ecológica Estadual da Mata 2 Refúgio de Vida Silvestre Estadual 2
dos Ausentes Serra das Aroeiras
Estação Ecológica Estadual de Acauã 2 Reserva Biológica Municipal Mata do 2
Floresta Estadual São Judas Tadeu 2 Bispo
Monumento Natural Estadual 2 Reserva de Desenvolvimento 2
Experiencia da Jaguará Sustentavel Federal Nascentes
Monumento Natural Estadual Lapa 2 Geraizeiras
Vermelha RPPN Água Boa 2
Monumento Natural Estadual Santo 2 RPPN Barra do Bacalhau 2
Antônio RPPN Bem 2
Monumento Natural Estadual Vargem 2 RPPN Cachoeira do Curiango 2
da Pedra RPPN Córrego do Sitio I 2
Monumento Natural Estadual Várzea 2 RPPN Diogo 2
da Lapa RPPN Empresa Brasileira do Quartzo 2
Parque Estadual Caminho dos Gerais 2 RPPN Fartura 2
Parque Estadual da Cerca Grande 2 RPPN Fazenda Campinho 2
Parque Estadual da Lapa Grande 2 RPPN Fazenda dos Cordeiros 2
Parque Estadual da Serra do 2 RPPN Fazenda Velha/Verdever 2
Sobrado RPPN Gentio 2
Parque Estadual da Serra Negra 2 RPPN Grota da Serra 01 2
Parque Estadual de Botumirim 2 RPPN Grota da Serra 03 2
Parque Estadual de Grão Mogol 2 RPPN Herculano 2
Parque Estadual de Montezuma 2 RPPN Juliano Banko 2
Parque Estadual de Serra Nova e 2 RPPN Mata da Copaíba 2
Talhado RPPN Mata do Confisco 2
Parque Estadual Serra Verde 2 RPPN Nossa Senhora Aparecida 2
Parque Municipal Água Santa 2 RPPN Olga Coelho Ulman 2
Parque Municipal Fazenda Lagoa do 2 RPPN Portal Sul 2
Nado RPPN Raiz 2
Parque Municipal Natural do 2 RPPN Sociedade Mineira de Cultura 2
Ribeirão São Jose Nipo Brasileira
Parque Municipal Natural Felisberto 2 RPPN Sol Nascente 2
Neves RPPN Tambasa 2
Parque Municipal Natural Mata do 2

40
Regularização Fundiária da UCs Estaduais

Com relação à regularização fundiária, há consenso de que este é um dos principais mecanismos para o
controle efetivo das áreas inseridas nas UCs de domínio público, sendo a falta da mesma, um dos principais
aspectos que favorecem o incêndio florestal e o desenvolvimento de outras atividades lesivas ao meio
ambiente, como a criação de gado à solta (pisoteamento, dispersão de espécies invasoras e degradação
de APPs), invasões e loteamentos irregulares, a caça e a visitação descontrolada etc.

Um dos primeiros instrumentos para a implantação e governabilidade das UCs de domínio público é a
regularização fundiária, a qual pode ser definida como um conjunto de medidas administrativas, judiciais,
ambientais, sociais e outras, que visam regularizar as ocupações e/ou detenções estabelecidas no interior
das Unidades de Conservação. Em regra, a Regularização Fundiária ocorre por meio do instrumento de
desapropriação, estabelecido no Decreto Federal n° 3365/1941. Porém, o IEF, além de trabalhar com a
desapropriação, utiliza de outros instrumentos que possibilitam a Regularização Fundiária dos imóveis
localizadas no interior das UCs. Nesse caso são utilizados outros instrumentos como: Compensação de
Reserva Legal em Unidade de Conservação, Reposição Florestal, Compensação Ambiental, Compensação
Florestal, Compensação Florestal Minerária, Compensação Espeleológica e Condicionantes de Processos de
Regularização Ambiental (Licenciamento).

No Estado de Minas Gerais, a regularização fundiária ocorre de forma regionalizada nos escritórios
regionais do Instituto Estadual de Florestas, em conjunto com a equipe das UCs e com o apoio da Gerência
de Regularização Fundiária do IEF/MG. Nos casos de compensações, ocorre também a participação das
Superintendências Regionais de Regularização Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAMs). O
objetivo da regionalização da Regularização Fundiária é proporcionar rapidez à instrução dos processos,
mantendo o padrão na forma de trabalhar e constituir planos de ações específicos para cada unidade,
devido às suas particularidades. O IEF inicia os trabalhos de regularização no cadastro fundiário dos
imóveis e na coleta documental de cada expropriado. Após cadastramento, é aberta uma pasta de cada
propriedade ou posse, que será base para análise e encaminhamentos a serem realizados pelas equipes
técnica e jurídica do Escritório Regional. Nos casos de desapropriação, a situação de cada imóvel é
verificada e a documentação deve atender ao rol de documentos necessários à instrução processual. Após
a instrução e análise, o processo é encaminhado a Advocacia Geral do Estado (AGE), que avaliará a
possibilidade de o processo trilhar a via amigável ou judicial. As Unidades de Conservação de Minas
Gerais encontram-se em diversas situações fundiárias.

Neste sentido destacam-se os esforços do IEF para reduzir este passivo, o que pode ser observado no
quadro a seguir que mostra os investimentos do Estado, no último ano em regularização fundiária das UCs
na fase II da RBSE.

As informações relativas à regularização fundiária das Unidades de Conservação estaduais incluídas na


Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço constam na tabela a seguir:

41
TABELA 6: ESTADO DE REGULARIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE.
Áreas com Áreas disponíveis
Unidade de Fase Área Total % Área
Regularização em a Regularização Observações:
conservação RBSE da U.C (ha) Regularizada
andamento (ha) (ha)
PARQUES ESTADUAIS
P. E. Biribiri 1 16998,6600 0 12841,0435 4157,6000 Processos judicializados da fazenda estamparia de 12841 ha
P.E. Alto Cariri 6151,1400 0 600,0000 5651,1400 Compensação em andamentos e cadastramento
P.E. Baleia 1 102,0000 100 102,0000 0,0000 Área pública - Estado de Minas
P.E. Caminhos das Gerais 2 56237,3700 49,15 0,0000 28599,1522 Existe a Suspeita de terras devolutas
Compensação de 100% das áreas pela Cimentos Tupi em
P.E. Cerca Grande 2 134,1915 0 0,0000 134,5000
andamento
P.E. do Grão Mogol 2 28404,4870 12,27 0,0000 24920,0000 Existe a Suspeita de terras devolutas
Existe a Suspeita de terras devolutas - Levantamento da
P.E. do Itacolomi 1 7543,0000 3,79 64,0000 7193,3000
SAMARCO em andamento
Áreas pendente devido a processos judiciais em andamento e à
P.E. Lapa Grande 2 15360,4300 54 0,0000 8360,0000
nova ampliação
P.E. Mata do Limoeiro 1 2056,7084 0 2056,7084 0,0000 Condicionante da VALE, área da UC a ser doada
Terras devolutas já identificadas. Pendente de transferência -
P.E. Montezuma 2 1743,2060 80 33,0000 0,0000 Existência de algumas propriedades com Compensação em
andamento
P.E. Pico do Itambé 1 6520,3385 8,65 5956,3385 0,0000 As pendências são de processos de Reassentamento e judiciais
As pendências são de processos de desapropriação
P.E. Rio Preto 1 12184,3255 0 11822,0000 0,0000
judicializados
P.E. Serra da Candonga 1 3302,6600 0 600,0000 2700,0000 Existência Área em processo de compensação
Áreas sendo propostas para doação em pagamento de
P.E. Serra do Cabral 1 22494,1728 1,58 14000,0000 8107,2000
compensação ambiental e Florestal
P.E. Serra do Intendente 1 13508,8300 0 2500,0000 11108,8000 Suspeita de terra devolutas
Áreas sendo propostas para doação em pagamento de
P.E. Serra do Ouro Branco 1 7520,7888 0 7520,7888 0,0000
compensação ambiental e Florestal. Áreas de Mineradoras
Suspeita de terra da COPASA, Estado e Prefeitura - Existência
P.E. Serra do Rola Moça 1 3941,0900 38,71 1415,0000 1000,0000
Área em processo de compensação
P.E. Serra do Sobrado 2 383,6040 0 383,6040 0,0000 100% em Processo de desapropriação
40% de Processos Judicializados e 40% da área da prefeitura
P.E. Serra Verde 2 142,0168 0 142,0168 15,0000
de BH
P.E. Sete Salões 12520,9000 0 25,0000 12495,9000
P.E. Sumidouro 1 2001,9375 17,28 856,0814 800,0000 50% de Processos judicializados
TOTAL P.E. 219251,8568 60917,5814 115242,5922
ESTAÇÕES ECOLÓGICAS
Área Pública com condicionante de retirada de posseiros a ser
E.E. Tripuí 1 337,0000 13,55 291,3400 0,0000
transferida ao IEF
E.E. Mata dos Ausentes 2 445,0000 37,13 280,0000 33,0000 Em instrução

42
Áreas com Áreas disponíveis
Unidade de Fase Área Total % Área
Regularização em a Regularização Observações:
conservação RBSE da U.C (ha) Regularizada
andamento (ha) (ha)
E.E. Acauã 2 5195,7700 100 0,0000 0,0000
E.E. Fechos 1 602,9500 100 0,0000 0,0000 Áreas da PBH - Doação da VALE
E.E. Cercadinho 1 224,8900 100 224,8000 0,0000 Áreas do Estado de Minas Gerais
E.E. de Arêdes 1 1157,8556 100* 1001,9786 0,0000 Área do CETEC em doação ao IEF/* Lei alterou limites 2018
TOTAL E. E. 7963,4656 1798,1186 33,0000
MONUMENTOS NATURAIS
M.N. De Itatiaia 1 3216,0174 0 0,0000 3216,0174
M.N. Santo Antônio 2 31,1262 0 0,0000 31,1262
M.N. Experiência de
2 38,4815 0 0,0000 38,4815
Jaguará
M.N. Vargem da Pedra 2 10,0979 0 0,0000 10,0979
M.N. Lapa Vermelha 2 33,7118 0 0,0000 33,7118
M.N. Serra da Moeda 1 2372,5572 0 0,0000 2372,5572
M.N. Várzea da Lapa 2 23,5324 0 0,0000 23,5324
M.N. Várzea do Lajeado e
1 2199,9754 0 1100,0000 1100,0000 Em processo de Discriminatória de terras Devolutas - SEDA
Serra do Raio
TOTAL MONA 7925,4998 1100,0000 6825,5244

43
Para a efetivação da gestão, são ações básicas desenvolvidas pelo IEF, a elaboração do Plano de
Manejo, instituição de gerente e equipe de trabalho, a criação do conselho consultivo, além da
implantação de estruturas, veículos e equipamentos para a gestão e desenvolvimento das
atividades, conforme os objetivos de cada categoria de UC.

Para a sua efetiva implantação, cada Unidade de Conservação deve dispor de um gestor,
responsável pela sua administração e pelo cumprimento de seus objetivos de criação, devendo este
reportar-se à administração superior do IEF. Tal profissional deve ter habilidades e qualificação
condizente com a gama de demandas às quais está exposta a UC. Pela responsabilidade da
função é recomendado que os gestores sejam profissionais de nível superior, com amplo
conhecimento na área ambiental e sejam nomeados para este fim.

Além do gerente da UC, é necessária uma equipe para apoio à gestão e monitoramento, para que
as UCs desenvolvam suas as atividades cotidianas, além de projetos e programas a médio e longo
prazo. As ações desenvolvidas pela gerência e a equipe de cada UC abrangem desde a proteção
das mesmas (principalmente contra o incêndio, invasões e desmatamento), passando pela educação
ambiental e a regulação da visitação pública, a manutenção de trilhas e estruturas existentes, além
das ações contínuas de monitoramento e articulação com a comunidade. Para a realização dessas
ações o IEF conta com um contingente de funcionários para cada UC, o qual ganhou maior
estabilidade a partir do processo seletivo realizado pala MGS em 2016.

A Lei nº 9.985/2000 que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação define o


plano de manejo como um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais
de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir
o uso da área e o manejo dos recursos naturais.

Todas as Unidades de Conservação devem dispor de um plano de manejo, que deve abranger a área
da Unidade de Conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas
com o fim de promover sua integração à vida econômica social das comunidades vizinhas (Art. 27,
§1º) (BRASIL, 2000).

Os planos de manejo são fundamentais para a gestão das UCs, uma vez que estabelecem o
zoneamento da área, sua zona de amortecimento e todas as normas de gestão e visitação, além de
diretrizes de compatibilização de atividades econômicas com a conservação ambiental, quando
couber. É importante ressaltar que o Plano de Manejo é um instrumento dinâmico que, uma vez
elaborado, deve ser revisado periodicamente, possibilitando o processo de gestão. Ademais, os
Planos de Manejo são fontes de pesquisa e promoção da função de Apoio Logístico da RBSE.

A tabela abaixo apresenta as UCs pertencentes a Reserva da Biosfera do Espinhaço que possuem
plano de manejo, as que não possuem, e aquelas cujos planos de manejo estão em elaboração ou
em fase de contratação. Ressalta-se que das 25 unidades pertencentes à Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço, 09 não possuem plano de manejo, 09 apresentam plano, 06 estão em fase de
elaboração e 01 em fase de contratação.

TABELA 7: SITUAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS UCS QUE COMPÕEM A RBSE.
NOME DA UC RBSE Situação do Plano de Reunião de aprovação Data de
(fase) manejo Aprovação
APA Estadual Aguas Vertentes 1 aprovado 19ª Reunião ordinária 26.06.2018
da CPB
APA Estadual Cachoeira das 1 não possui
Andorinhas
APA Estadual Seminario Menor 1 não possui
de Mariana

44
NOME DA UC RBSE Situação do Plano de Reunião de aprovação Data de
(fase) manejo Aprovação
APA Estadual Sul RMBH 1 não possui
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Corrego do Taboao
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Corrego Mutuca
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Ribeirao do Verissimo
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Ribeirao Serra Azul
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Rio Manso
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Sistema Balsamo_Rola Moca
APE Estadual Bacia Hidrografica 1 não possui
do Sistema do Corrego
Cercadinho
APE Estadual Ouro 1 não possui
Preto/Mariana
APE Estadual Santana do Riacho 1 não possui
e Jaboticatubas
APE Estadual Sub-bacia 1 não possui
Hidrografica do Corrego dos
Fechos
APE Estadual Sub-bacia 1 não possui
Hidrografica do Ribeirao
Catarina
Estacao Ecologica Estadual de 1 não possui
Aredes
Estacao Ecologica Estadual de 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 25.01.2008
Fechos IEF nº 1386
Estacao Ecologica Estadual do 1 não possui
Cercadinho
Estacao Ecologica Estadual do 1 aprovado Não passou pelo 1995
Tripui conselho do IEF para
aprovação.
Floresta Estadual do Uaimii 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 05.07.2012
IEF nº 1510
Monumento Natural Estadual da 1 aprovado 18ª Reunião ordinária 21.05.2018
Serra da Moeda da CPB
Monumento Natural Estadual da 1 início de articulação
Serra da Piedade para elaboração
Monumento Natural Estadual de 1 aprovado 3ª Reunião Ordinária 27.03.2017
Itatiaia CPB
Monumento Natural Estadual do 1 não possui
Pico do Itabirito
Monumento Natural Estadual 1 não possui
Varzea do Lageado e Serra do
Raio
Parque Estadual da Baleia 1 não possui
Parque Estadual da Serra do 1 aprovado 59ª Reunião Ordinária 07.08.2015
Cabral CPB
Parque Estadual da Serra do 1 não possui
Cipo
Parque Estadual da Serra do 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 25.01.2008
Rola Moca IEF nº 1386
Parque Estadual do Biribiri 1 Revisado Portaria IEF nº 104 04.08.2012
Parque Estadual do Itacolomi 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 17.07.2008
IEF nº 1408
Parque Estadual do Pico do 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 13.09.2004
Itambe IEF nº 001
Parque Estadual do Rio Preto 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 13.09.2004
IEF nº 001

45
NOME DA UC RBSE Situação do Plano de Reunião de aprovação Data de
(fase) manejo Aprovação
Parque Estadual do Sumidouro 1 aprovado Deliberação Cons. Adm. 03.12.2010
IEF nº 1476
Parque Estadual Mata do 1 aprovado 47ª Reunião Ordinária 28.03.2014
Limoeiro CPB
Parque Estadual Serra da 1 não possui
Candonga
Parque Estadual Serra do 1 não possui
Intendente
Parque Estadual Serra do Ouro 1 não possui
Branco
APA Estadual de Vargem das 2 não possui
Flores
APA Parque Fernao Dias 2 não possui
APE Estadual Aeroporto 2 não possui
Internacional
APE Estadual Bacia Hidrografica 2 não possui
do Reservatorio de Vargem das
Flores
APE Estadual Bacia Hidrografica 2 não possui
do Ribeirao do Urubu
Estacao Ecologica Estadual da 2 aprovado 69ª Reunião Ordinária 05.08.2016
Mata dos Ausentes CPB
Estação Ecológica Estadual de 2 não possui
Acauã
Floresta Estadual Sao Judas 2 aprovado Gestão da FUNED 2005
Tadeu
Monumento Natural Estadual 2 não possui
Experiência da Jaguara
Monumento Natural Estadual 2 não possui
Lapa Vermelha
Monumento Natural Estadual 2 não possui
Santo Antônio
Monumento Natural Estadual 2 não possui
Vargem da Pedra
Monumento Natural Estadual 2 não possui
Várzea da Lapa
Parque Estadual Caminho dos 2 não possui
Gerais
Parque Estadual da Cerca 2 não possui
Grande
Parque Estadual da Lapa 2 Plano emergencial 58ª Reunião Ordinária 15.07.2015
Grande CPB
Parque Estadual da Serra do 2 não possui
Sobrado
Parque Estadual da Serra Negra 2 não possui
Parque Estadual de Botumirim 2 não possui
Parque Estadual de Grão Mogol 2 não possui
Parque Estadual de Montezuma 2 não possui
Parque Estadual de Serra Nova 2 em elaboração
e Talhado
Parque Estadual Serra Verde 2 aprovado Deliberação Cons. Adm. 03.12.2010
IEF nº 1477
Refúgio de Vida Silvestre 2 não possui
Estadual Macaubas
Refúgio de Vida Silvestre 2 não possui
Estadual Serra das Aroeiras
Reserva Biológica Municipal 2 não possui
Mata do Bispo
Reserva de Desenvolvimento 2 não possui
Sustentável Federal Nascentes
Geraizeiras

46
Um elemento importante presente no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é a
formação de Conselhos Consultivos ou Deliberativos, para assessorarem na administração das UCs.
Os Conselhos são presididos pelo gerente da Unidade de Conservação, o qual conduz processo
eletivo para designação dos demais conselheiros indicados pelos setores a serem representados.
Estes devem ter representação paritária sendo composto por órgãos públicos e sociedade civil.

De acordo com a Portaria IEF 19/2017, Conselho de unidade de conservação: instância colegiada
formalmente instituída por meio de Portaria do Diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas, cuja
função é constituir-se em um fórum democrático de diálogo, valorização, participação e controle
social, debate e gestão da Unidade de Conservação, incluída a sua zona de amortecimento e
território de influência, para tratar de questões ambientais, sociais, econômicas e culturais que
tenham relação com a Unidade de Conservação.

Ainda de acordo com a mesma portaria, a formação do conselho é realizada processo conduzido
de forma democrática e transparente, estabelecendo ações que possibilitem a participação dos
distintos sujeitos, instituições e grupos sociais que têm relação com os usos do território de influência
da Unidade de Conservação, com o objetivo de definir a composição e instituir a criação do
Conselho.

Considerando a instituição de conselhos de UCs, uma das estratégias de gestão participativa,


comunicação e arranjos institucionais nas Zonas Núcleo, apresenta-se um quadro com as Unidades
de Conservação na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, que possuem conselho vigente,
regimento interno, portaria atual, data da posse e portaria do regimento.

47
TABELA 8: STATUS DE GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE FASE 2.
POSSUI POSSUI ANO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO GERENTE CONSELHO REGIMENTO PORTARIA ATUAL PORTARIA PORTARIA DO REGIMENTO
VIGENTE? INTERNO? ATUAL
APA Águas Vertentes SIM SIM NÃO nº 25 de 12 de 2016 Nº 24 de 09/01/2013
abril
PE do Biribiri SIM SIM SIM Nº 73, DE 11 DE 2016 Nº 147 de 15/09/2011
OUTUBRO
PE Pico do Itambé SIM SIM SIM Nº 53, DE 19 DE 2017 Nº 121 de 22/06/2011
JUNHO
PE Rio Preto SIM SIM SIM Nº 97 de 18 de 2017 Nº 251/2009 - Atualizar?
Agosto
PE Serra do Intendente SIM SIM SIM Nº 111, DE 09 DE 2017 Nº 113 de 15/07/2013
OUTUBRO
PE Serra do Cabral SIM SIM SIM Nº 94, DE 09 DE 2017 Atualizar o número da portaria
AGOSTO
PE Sumidouro * SIM SIM SIM Nº 51, DE 06 DE 2017 Nº 157 de 30 de outubro 2013
JUNHO DE 2017
PE serra do Cipo SIM NÃO NÃO
APA Cachoeira das Andorinhas SIM SIM NÃO Nº 30 de 07 de 2017
abril
MN Serra da Moeda SIM SIM nº 59, DE 16 DE 2016 PORTARIA IEF Nº 51 DE 02 DEAGOSTO DE 2018
SETEMBRO
EE Tripuí SIM SIM NÃO Nº 39 de 10 de 2017 n° 172, de 11 de novembro 2013
MAIO
PE Itacolomi SIM
APA Seminário Menor de Mariana SIM
MN Itatiaia SIM SIM SIM nº 145, 13 de novembro de 2014
PE Serra de Ouro Branco SIM SIM SIM Nº 69 DE 03 DE 2016 Nº 05 DE 05 DE FEVERIRO DE 2018
OUTUBRO
EE Aredes SIM SIM SIM Nº 24 DE 31 DE 2017 nº 110 de 16 de outubro 2014
MARÇO DE 2017.
EE Cercadinho SIM NÃO NÃO
EE Fechos SIM NÃO NÃO n° 196, de 26 de setembo de 2005
PE Rola Moça SIM/ SIM SIM Nº 18 DE 21 DE 2016 n° 196 de 26 de setembro de 2005
MARÇO
PE Baleia SIM NÃO NÃO
APA Sul SIM SIM NÃO n° 47 DE 29 DE 2016
JULHO
MNE Pico do Itabirito

48
MONAE Serra da Piedade NÃO SIM NÃO Nº 37, DE 04 DE 2017
MAIO
MN Várzea do Lageado e Serra do Raio SIM SIM NÃO nº 24 de 12 de 2016
abril
EE Acauã SIM SIM NÃO Nº 131, DE 19 DE 2017 Não possui
DEZEMBRO
EE Mata dos Ausentes SIM SIM NÃO nº 23 12 de abril 2016 Não possui
PE Serra Negra SIM SIM SIM IEF Nº 77, DE 24 2017 Nº 188 de 23/11/2012
DE JULHO
PE Caminhos dos Gerais SIM SIM SIM nº 29 de 14 de 2014 nº 137 de 10 de novembro de 2014
abril
PE Grão Mogol SIM SIM SIM Nº 58 de 14 de 2016 nº 128 de 10 de novembro de 2014
setembro
PE Lapa Grande SIM SIM SIM Nº 78, DE 24 DE 2017 Nº 90 DE 09 DE AGOSTO DE 2017
JULHO DE 2017.
PE Montezuma * SIM SIM IEF Nº 135, DE 20 2017 n° 139 de 10 de novembro de 2014
DE DEZEMBRO
MONAE Experiencia da Jaguará* SIM/ SIM NÃO nº 83 22 de 2016
novembro
MONAE Santo Antônio* SIM
MONAE Vargem da Pedra* SIM/
PE Cerca Grande* SIM
MONAE Lapa Vermelha* SIM SIM NÃO Nº 51, DE 06 DE 2017
JUNHO
PE Serra do Sobrado* SIM NÃO NÃO
RVS Aroeiras * SIM NÃO NÃO
RVS Macaúbas *
PE Serra Verde SIM SIM SIM nº 127 de 23 de 2014 n° 09 de 13 de janeiro de 2010
outubro
APA Vargem das Flores SIM SIM NÃO Nº 79 DE 10 DE 2016
NOVEMRO
APA Parque Fernão Dias NAÔ NÂO NÂO

49
Já a tabela abaixo apresenta as UCs pertencentes a Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço que
possuem algum tipo de infraestrutura, aquelas que possuem sede cedida por prefeituras municipais
e as que não possuem estrutura.

TABELA 9: INFRAESTRUTURA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA RBSE FASE 2.

Águas
APA 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Vertentes
Cachoeira
APA das 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Andorinhas
Seminário
APA Menor de 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mariana
APA Sul RMBH 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Vargem das
APA 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Flores
EE Arêdes 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EE Cercadinho 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EE Fechos 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
FLOE Uaimii 1 2 0 1 1 0 0 0 0 2 1 0
MN Itatiaia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Serra da
MN 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Moeda
Várzea do
Lajeado e
MN 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Serra do
Raio
PE Biribiri 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PE Da Baleia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PE Itacolomi 1 1 1 2 1 5 1 0 0 1 1 1
Mata do
PE 1 0 1 3 0 15 0 0 0 1 0 0
Limoeiro
Pico do
PE 1 1 1 3 0 0 0 0 1 0 0 0
Itambé
PE Rio Preto 1 1 1 5 1 1 1 1 1 1 1 4
Serra do
PE 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Cabral
Serra do
PE 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Intendente
Serra do
PE 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ouro Branco
Serra do
PE 1 3 2 6 0 6 1 0 0 0 0 1
Rola-Moça
PE Sumidouro 1 2 2 2 1 1 1 1 0 0 0 0
APA Fernão Dias 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EE Acauã 2 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 1
Mata dos
EE 2 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Ausentes
São Judas
FLOE 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Tadeu
Experiência
MN 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
da Jaguará
Santo
MN 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Antônio
Vargem da
MN 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pedra
Caminho dos
PE 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Gerais
Cerca
PE 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Grande
PE Grão Mogol 2 1 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0
PE Montezuma 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PE Serra do 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

50
Sobrado
PE Serra Negra 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PE Serra Verde 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
REVS Macaúbas 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Criado por meio do Decreto Estadual nº 44.043, de 09 de junho de 2005, o PREVINCÊNDIO,


Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, tem como objetivo coordenar as ações
de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais nas áreas protegidas sob
responsabilidade do Estado de Minas Gerais, áreas de grande relevância ecológica e que colocam
em risco o patrimônio e a comunidade mineira.

Atualmente o Previncêndio foi incorporado à estrutura da Diretoria de Unidades de Conservação


do IEF, como Gerência de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, tendo parceria com a Polícia
Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Policia Civil, coordenadoria de Defesa Civil, Prefeitura
Municipal de Curvelo, Prefeitura Municipal de Januária, Prefeitura Municipal de Viçosa, além de
diversas parcerias firmadas com organizações que prestam apoio logístico nas ações de prevenção
e o combate aos incêndios florestais no âmbito estadual.

A Previncêncio realiza, em articulação com os gerentes das UCs, coleta e análise dos dados
relativos aos incêndios florestais, como forma de planejamento e otimização das ações de
prevenção a serem desenvolvidas nas Unidades de Conservação e seu entorno.

Cada gerente revisa anualmente o Plano de Prevenção, Controle e Combate a Incêndios Florestais,
o qual orienta as ações emergenciais da UC, no caso de ocorrência de focos de incêndios. Após
cada combate os gerentes preenchem relatórios determinando a localização e extensão
georreferenciadas do incêndio, o que subsidia as futuras estratégias de prevenção de controle de
incêndios na UC e no Estado.

A Gerência de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, também promove a contratação no


período crítico (agosto a novembro) de brigadistas para as UCs com maior demanda, bem como
faz a capacitação da mesma, bem como da equipe de cada UC.

As pesquisas científicas em Unidades de Conservação sob jurisdição do Instituto Estadual de


Florestas são analisadas pela Gerência de Projetos e Pesquisas. Tais pesquisas são relevantes para
o conhecimento e têm sido realizadas por diversas instituições, gerando inúmeras publicações
referentes à biodiversidade no Estado de Minas Gerais. A gestão é realizada através de parceria
entre o IEF e Instituições de ensino e pesquisa.

As autorizações emitidas e artigos publicados tratam de diversas áreas do conhecimento, que vão
desde fauna, flora, recuperação de áreas, solo, geologia, qualidade da água, serviços ambientais,
ecologia, ecoturismo, entre outros, retratando a importância da área para ciência e conservação da
biodiversidade.

A proposta do IEF é disponibilizar, sempre que possível, infraestrutura, alojamento e recursos


humanos, além de criar mecanismos de divulgação dos trabalhos executados nas UCs. Esta
divulgação vem sendo realizada através do Portal do IEF e do boletim técnico científico MG Biota.

Com relação a fase I, verificou-se, à época do Relatório da RBSE 2005-2015, que das 66
Unidades de Conservação Estaduais inseridas na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em
39% foram emitidas autorizações. Verifica-se ainda que as três Unidades de Conservação mais
pesquisadas foram os Parques Estaduais do Rio Preto, do Itacolomi e da Serra do Rola Moça.

51
Em relação às publicações de artigos no boletim técnico científico MG Biota, verificou-se que, das
39 edições publicadas até o momento, 19 artigos contemplaram Unidades de Conservação
inseridas na Cadeia do Espinhaço e 23 contemplaram 22 munícipios dos 94 inseridos na Cadeia do
Espinhaço, sendo o munícipio de Ouro Preto o mais pesquisado.

Com relação às Pesquisas realizadas nas UCs incluídas na fase II da RBSE, apresenta-se, na tabela
abaixo, o levantamento das pesquisas já realizadas.

TABELA 10: PESQUISAS REALIZADAS NAS UCS DA RBSE FASE 2.


APA Estadual de Vargem das Flores
"Plano de Manejo - Área de Proteção Ambiental (APA) Vargem das Flores"
APA Parque Fernão Dias
"Biogeografia de Epífitas Vasculares na Serra da Mantiqueira, Sudeste do Brasil"
APE Estadual Aeroporto Internacional
"Sistemática molecular, evolução cromossômica e conteúdo de DNA de Oxalis seções
Polymorphae, Holophyllun, Phyllodoxys e Psoraleoideae (Oxilidaceae)

APE Estadual Bacia Hidrográfica do Reservatório de Vargem das Flores


APE Estadual Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Urubu
Estação Ecológica Estadual da Mata dos Ausentes
Mapeamento de campos de Sempre Vivas no Mosaico de áreas protegidas do Espinhaço:
Alto Jequitinhonha e Serra do Cabral e Vegetação e Uso do Solo do Parque Nac. Sempre
Vivas
"Filogenia de Ceiba Mill (Malvaceae, Bombacoideae)
"Padrões de distribuição geográfica e diversificação das espécies da subfamília
Paratelmatobiinae Ohler & Dubois, 2012 (Anura: Leptodatylidae)".
"Estudos evolutivos na família Velloziaceae e em outros grupos de monocotiledôneas".
Estação Ecológica Estadual de Acauã
Novas espécies de aves em Minas Gerais?
Filogenia de Ceiba Mill (Malvaceae, Bombacoideae)
Floresta Estadual São Judas Tadeu

Monumento Natural Estadual Experiencia da Jaguará


"Mapeamento Geomorfológico de áreas Cársticas: uma análise do emprego de Aeronaves
Remotamente Pilotada no Carste de Lagoa Santa".
Monumento Natural Estadual Lapa Vermelha
Plano de Manejo Monumento Natural Estadual Lapa Vermelha
"Estudo de intercomunicação hidráulica subterrânea usando-se traçadores corantes e
hidroquimica na região APA Carste de Lagoa Santa, MG"
"Blocos Diagramas: análises espeleométricas e morfológicas de algumas cavernas da região
cárstica de Lagoa Santa"
Monumento Natural Estadual Santo Antônio
"Estudo de intercomunicação hidráulica subterrânea usando-se traçadores corantes e
hidroquimica na região APA Carste de Lagoa Santa, MG"

"Blocos Diagramas: análises espeleométricas e morfológicas de algumas cavernas da


região cárstica de Lagoa Santa"
Monumento Natural Estadual Vargem da Pedra
“Ecomuseu do Carste Mocambeiro e sustentabilidade: a contribuição do design na
sinalização museal”
Monumento Natural Estadual Varzea da Lapa
Parque Estadual Caminho dos Gerais

"Caracterização preliminar da flora do PE Caminho dos Gerais".


"Projeto técnico para inventário da Ictiofauna da barragem de Gameleiras - Parque Estadual

52
Caminho das Gerais"
"Lychnophora pinaster MART.: Diversidade Genética e Química de Populações."
"Anatomia Foliar e a Diversidade quimica de Populações de Lychnophora pinaster Mart"
“Diversidade de Verbenaceae J. St Hil. nos Parques Estaduais de Minas Gerais: uma contribuição à
Flora do Brasil 2020”
"Estudos evolutivos na família Velloziaceae e em outros grupos de monocotiledôneas".
Parque Estadual da Cerca Grande

"Estudo de intercomunicação hidráulica subterrânea usando-se traçadores corantes e hidroquimica


na região APA Carste de Lagoa Santa, MG"
"Blocos Diagramas: análises espeleométricas e morfológicas de algumas cavernas da região
cárstica de Lagoa Santa"
"Dinâmica de recursos hídricos no novo Sítio Ramsar Lund Warming e suas implicações para
biodiversidade"
Parque Estadual da Lapa Grande

"Incêndios em Unidades de Conservação"


"Relação entre a dispinibilidade de alimentos e a frequência do uso de ferramentas por um grupo
de Macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus Xanthosternos)"
“Filogenia e revisão taxonômica de Mimosa (Leguminosae): séries Campicolae, Echinocaulae,
FiliPEdes e Paucifoliatae
"Lychnophora pinaster MART.: Diversidade Genética e Química de Populações."
"Anatomia Foliar e a Diversidade quimica de Populações de Lychnophora pinaster Mart"
"Recrutamento de mecanismos preexistentes subjacentes à fotossíntese C4 nas famílias irmãs
Brassicaceae e Cleomaceae"

Parque Estadual da Serra do Sobrado

Parque Estadual da Serra Negra

“Filogeografia e Morfometria de Inga subnuda Salzm. Ex Benth. (Leguminosae, Mimosoideae).”


"Taxonomia, filogenia molecular e códigos de barras de DNA de fungos micorrízicos e endofiticos
associados à Orchidaceae da Mata Atlantica brasileira".
"Filogenia e revisão taxonômica das espécies neotropicais do grupo "Asplenium serra"
(Aspleniaceae)".
“Ecologia e dinâmica populacional de Crossodactylodes na Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais,
Brasil”
“Diversidade de Verbenaceae J. St Hil. nos Parques Estaduais de Minas Gerais: uma contribuição à
Flora do Brasil 2020”.
"Estudos evolutivos na família Velloziaceae e em outros grupos de monocotiledôneas".
Parque Estadual de Grão Mogol

"Conservação do Discocactus horstii: uma espécie de Cactaceae "Criticamente em perigo de


extinção" do Norte de Minas Gerais".
Filogenia e revisão taxonômica de Mimosa (Leguminosae): séries Campicolae, Echinocaulae,
FiliPEdes e Paucifoliatae”.
"Comunidades de briófitas e tranqueófitas herbáceas em afloramentos rochosos: diversidade e
processos estruturadores".
"Lychnophora pinaster MART.: Diversidade Genética e Química de Populações."
"Anatomia Foliar e a Diversidade quimica de Populações de Lychnophora pinaster Mart".
“Sistemática molecular, evolução cromossômica e conteúdo de DNA de Oxalis seções Polymorphae,
Holophyllun, Phyllodoxys e Psoraleoideae (Oxilidaceae)”.
"Estudos biossistemáticos para delimitação de linhagens e espécies no complexo Habenaria
paviflora Lindl. (Orchidaceae)".
"Recrutamento de mecanismos preexistentes subjacentes à fotossíntese C4 nas famílias irmãs
Brassicaceae e Cleomaceae".

53
"Sementes abortadas ou óvulos não fertilizados?: Investigação da possível ocorrência de dois sítios
de autoincompatilidade em Acianthera (Orchidaceae)".
"Estudos evolutivos na família Velloziaceae e em outros grupos de monocotiledôneas".
"Estudos integrativos em Cyperaceae: filogenia molecular e diversificação de linhagens".

Parque Estadual de Montezuma

"Sistemática molecular, evolução cromossômica e conteúdo de DNA de Oxalis seções Polymorphae,


Holophyllun, Phyllodoxys e Psoraleoideae (Oxilidaceae)”.
“Diversidade de Verbenaceae J. St Hil. nos Parques Estaduais de Minas Gerais: uma contribuição à
Flora do Brasil 2020”.

Parque Estadual de Serra Nova e Talhado

"Avifauna do Parque Estadual serra Verde: riqueza, abundância relativa e conservação das
espécies".
"Recrutamento de mecanismos preexistentes subjacentes à fotossíntese C4 nas famílias irmãs
Brassicaceae e Cleomaceae".
“Medição das alterações anatômicas pelas espécies reativas de oxigênio (ERO) em galhas de
Ditylenchus gallaeformans (Tylenchida: Anguinidae) induzidas em Miconia spp (Melastomataceae)”.
Parque Estadual Serra Verde
Refugio de Vida Silvestre Estadual Macaubas
Refugio de Vida Silvestre Estadual Serra das Aroeiras

Um dos fatores que têm contribuído positivamente para a conservação dos recursos naturais na
RBSE diz respeito à Lei do ICMS Solidário e, especificamente, o ICMS Ecológico. O Instituto Estadual
de Florestas é a instituição responsável pela implantação do programa ICMS Ecológico, um
subcritério relacionado a Unidades de Conservação no Estado de Minas Gerais, previsto na Lei
Estadual nº 18.030/2009(artigo 4-inciso II), que dispõe sobre a distribuição de parcela da receita
do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios.

Para receber o repasse do ICMS Ecológico, os municípios que possuem Unidades de Conservação
inseridas em seus territórios deverão cadastrá-las conforme os dispositivos previstos na Resolução
SEMAD nº 318/2005, enviando todos os documentos listados em seu artigo 6º. Tais documentos são
inerentes às UCs criadas e que possuem sistema de gestão em andamento, como por exemplo,
documentos que comprovem a implantação dos Conselhos Consultivos, elaboração do Plano de
Manejo, recursos financeiros empregados na unidade, dentre outros.

A avaliação do ICMS Ecológico é anual e está intimamente relacionada à gestão das Unidades de
Conservação inseridas no cadastro. A avaliação dos parâmetros está regulamentada pela
Deliberação Normativa COPAM nº 086, de 17/07/2005, e pela Deliberação Normativa COPAM
nº 161, de 16/12/2010, as quais estabelecem os procedimentos para a aplicação do Fator de
Qualidade. Considerando que os parâmetros avaliados pelo Fator de Qualidade são diversos e
representam não apenas aspectos relacionados à conservação da área da UC, mas também
aspectos relacionados à gestão da Unidade, entende-se que tais parâmetros são bons indicadores
para a avaliação do papel da UC enquanto área especialmente protegida e sua contribuição para
o desenvolvimento regional.

Em 2015, considerando as Unidades de Conservação inseridas na RBSE Fase 1, verificou-se que 23


Unidades de Conservação (06 Estaduais e 17 Municipais) inseridas na Reserva da Biosfera do
Espinhaço ainda não estão inseridas no cadastro estadual de UCs para fins de recebimento do
ICMS Ecológico: APA Municipal Águas da Serra da Piedade, APA Municipal Gatos, APA Municipal

54
Aliança, APA Municipal Córrego da Mata, APA Municipal Itacuru, APA Municipal Serra do Gavião,
APA Municipal Carvão de Pedra, APE Estadual Santana do Riacho e Jaboticatubas, APE Estadual
Ouro Preto/Mariana, ESEC Estadual Cercadinho, MONA Estadual Serra da Piedade, MONA
Estadual Pico do Itabirito, MONA Municipal Morro do Elefante, MONA Municipal Morro do Pires,
MONA Municipal Serra da Calçada, MONA Municipal Serra do Souza, MONA Municipal Mãe
D'Água, PAR Estadual Serra do Cipó, PAR Municipal Do Tropeiro, PAR Municipal Cachoeira das
Andorinhas, PAR Municipal Natural Ribeirão do Campo, REBIO Municipal Campos Rupestres de
Moeda Sul, REBIO Municipal Campos Rupestres de Moeda Norte. Dados para a Fase 2 ainda estão
sendo levantados.

O Cadastramento das UCs federais, estaduais e municipais, e o consequente repasse de recursos do


ICMS para os municípios representa um incremento de recursos significativos para os municípios em
que estão inseridas, sendo uma importante ferramenta de valorização das UCs dentro da gestão
municipal, bem como uma forma de transferir recursos aos municípios geradores de serviços
ambientais.

A relação entre as ações conservacionistas e o desenvolvimento sustentável regional pode ser


observada pelo fortalecimento das Unidades de Conservação e a correlação entre elas e seu
entorno. Para alcançar os objetivos para os quais foram instituídas, as UCs devem dispor de
investimentos que vão desde a destinação de recursos humanos específicos para sua gestão,
estruturação física, elaboração de planos de manejo e formação de conselhos consultivos, dentre
outros. Além disso, para cumprir de forma plena o seu papel, é imprescindível que as Unidades de
Conservação estejam integradas ao seu entorno.

Para cumprir de forma plena o seu papel, é imprescindível que as Unidades de Conservação
estejam integradas entre si e ao seu entorno, neste sentido o Mosaico de UCs é uma ferramenta de
gestão integrada, com forma e objetivos previstos pela Lei Federal nº 9985/00(Sistema Nacional
de Unidades de Conservação -SNUC):

Art. 26. Quando existir um conjunto de Unidades de Conservação de categorias diferentes ou não,
próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um
mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os
seus distintos objetivos de conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a
valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.

Nos últimos anos, o poder público criou algumas importantes Unidades de Conservação na região
da Serra do Espinhaço, as quais têm representado uma forma significativa de preservar e garantir
a conservação de ecossistemas e recursos naturais vitais para a manutenção de processos
ecológicos, base para ações de desenvolvimento e melhoria das condições de vida das populações
humanas que se encontram no entorno dessas UCs. Entretanto, a implantação de um Mosaico de UCs
pode aperfeiçoar a capacidade de efetivação das metas propostas para a conservação da
região.

Atualmente a RBSE conta com o Mosaico Mosaico de Unidades de Conservação do Espinhaço: Alto
Jequitinhonha – Serra do Cabral, reconhecido pela Portaria MMA N°444, de 26 de novembro de
2010. O processo de criação foi coordenado pelo Instituto Biotrópicos, instituição que participa do
Comitê Estadual da Reserva da Biosfera do Espinhaço e é uma organização não governamental de
cunho científico e conservacionista, em parceria com o Instituto Estadual de Florestas de Minas
Gerais e com o apoio da Conservação Internacional Brasil e do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade.

55
Em 2015, instituiu-se oficialmente pelo Comitê da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço a
primeira região de cooperação com os processos de cogestão. Este processo está em fase de
detalhamento com os atores da região, conforme premissas da RBSE e do MaB/UNESCO. Esta
premissa é necessária, seja pelos diversos potenciais já instituídos, de forma cooperativa entre
Unidades de Conservação, seja pelo próprio tamanho da RBSE.

Tem-se identificado regiões com potencial de reconhecimento de Mosaicos de Áreas Protegidas que
possam atender ao processo colaborativo na cogestão da RBSE, destacam-se as potencialidades e
discussões em andamento:

A. Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE -Espinhaço Meridional: Parque Nacional da Serra do


Cipó, APA Morro da Pedreira, Parques Estaduais da Serra do Intendente e do Limoeiro,
Parque Natural Municipal do Tabuleiro.

B. Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE –Quadrilátero Ferrífero 1: Parques Estaduais do


Itacolomi e Serra de Ouro Branco, Floresta Estadual do Uaimií, Estação Ecológica do Tripuí,
Seminário Maior de Mariana, RPPNdo Caraça, Monumento Natural da Serra da Piedade e
Parque Nacional do Gandarela.

C. Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE –Quadrilátero Ferrífero 2: Parque Estadual da Serra


do Rola-Moça, RPPN Mata do Jambreiro, Estação Ecológica de Fechos, Parques da Serra
do Curral, Mangabeiras e Parque Estadual da Baleia.

Com relação a ações relacionadas à proteção de espécies ameaçadas de extinção com ocorrência
na região da RBSE, apresenta-se os diversos planos de ação em andamento considerando o âmbito
da Reserva da Biosfera do Espinhaço.

TABELA 11: PLANOS DE AÇÃO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA RBSE.


PLANOS DE AÇÃO REGULAMENTAÇÃO/ ANO
1.Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves
Portaria MMA nº 203, de 5de julho de 2013
Limícolas Migratórias
2.Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves
Portaria MMA nº 34, 27de março de 2014
do Cerrado e Pantanal
3.Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pato
Portaria MMA nº 44, 8de abril de 2014
Mergulhão
4.Plano de Ação para a Conservação Aves de Rapina 2006
5.Plano de Ação Nacional para a Conservação dos
2008
Galiformes
6.Plano de Ação Nacional para Conservação de
Portaria MMA nº 92, de 27de agosto de 2010
Lepidópteros
7.PAN para Conservação da Onça Pintada Portaria MMA nº 63, 9de junho de 2014
8.PAN para conservação das Cactáceas Portaria MMA n° 84, de 27de agosto de 2010
9.PAN Mamíferos da Mata Atlântica Central Portaria MMA nº 134, 23de dezembro de 2010
10.PAN Cavernas do São Francisco Portaria MMA nº 18, de 17de fevereiro de 2012
11.PAN Conservação das Sempre-Vivas Portaria MMA nº 22, de 17de fevereiro de 2012
12.PAN Onça-parda Portaria MMA nº 76, de 27de junho de 2014
13.Plano de Ação Nacional do Espinhaço Meridional Em fase de elaboração.
14.Plano de Ação Nacional para conservação do Lobo-
Portaria MMA nº 31, 27de março de 2014
Guará
15.Plano de Ação Nacional para conservação da
Portaria MMA nº 24, de 17de fevereiro de 2012
Herpetofauna da Serra do Espinhaço

Uma importante ação para a conservação e até mesmo restauração da biodiversidade é o


acolhimento e tratamento dos animais apreendidos em operações de fiscalização e encaminhados
pela comunidade por estarem feridos ou doentes. Estes animais podem chegar a ser encaminhados

56
para áreas de soltura cadastradas após serem reabilitados nos Cetas – Centros de Triagem de
Animais Silvestres.

Os Centros de Triagem de Animais Silvestres no Estado possuem um projeto padrão, com 1.200
metros quadrados de área construída, e têm a finalidade de receber, identificar, marcar, triar,
avaliar, recuperar e reabilitar os animais silvestres, além de realizar e subsidiar pesquisas
científicas, ensino e extensão.

Considerando que as espécies mais retiradas da natureza e que representam 50% de todas as
apreensões são os pássaros, está em desenvolvimento o Projeto Asas, que consiste no
cadastramento de áreas para a soltura. O anexo II apresenta as áreas cadastradas dentro da
RBSE fase I e II.

A média de reabilitação até a soltura é de dois meses. A volta dos animais para a natureza nos
obriga a fazer um trabalho rigoroso de pesquisa, e depois de deslocamento para fazer a soltura
onde ela deve ocorrer sem nenhum desequilíbrio.

Os animais que chegam ao Cetas e que, após receber os cuidados necessários, não conseguem
voltar a viver na natureza são levados para criadores de animais legalizados. O IEF alerta aqueles
que criam ilegalmente animais da fauna silvestre para que entreguem nos Cetas de forma
espontânea e assim fiquem livres de qualquer punição.

Um dos programas que contribuem para a conservação dos recursos naturais na área da RBSE é o
Programa Bolsa Verde. Esta iniciativa tem como finalidade incentivar a ampliação e a conservação
da cobertura vegetal nativa por meio de adoção de incentivos financeiros, como por exemplo, pelo
pagamento aos proprietários que conservarem áreas de vegetação nativa por períodos pré-
determinados. Criada no ano de 2008, pelo Estado de Minas Gerais, através da Lei Estadual nº
17.727, que prevê a concessão de incentivo financeiro a produtores que preservam o meio
ambiente, e que desta maneira, poderão receber incentivos financeiros pelos serviços ambientais
prestados à sociedade.

A regulamentação dessa iniciativa determina que sejam contemplados com o programa aqueles
produtores que recuperarem, preservarem e conservarem áreas necessárias à proteção das matas
ciliares, à recarga de aquíferos, à proteção da biodiversidade e ecossistemas especialmente
sensíveis. Nesta mesma linha, ainda poderão ser beneficiados os proprietários de áreas urbanas.

O programa Bolsa Verde tem como prioridade alcançar os agricultores familiares e pequenos
produtores rurais. Também poderão ser contemplados produtores cujas propriedades estejam
localizadas no interior de Unidades de Conservação e, dessa forma, que estejam sujeitas à
desapropriação futura. Os valores do incentivo financeiro previsto na Lei Estadual nº 17.727 serão
definidos pelo Comitê Executivo da Bolsa Verde.

Com relação à inclusão de ações realizadas na área de abrangência da Reserva da Biosfera da


Serra do Espinhaço (RBSE), segue na tabela abaixo, o valor pago a beneficiários do Programa
Bolsa Verde em 2017, ano em que ocorreram repasses a proprietários e posseiros rurais inseridos
nessa iniciativa de pagamentos por serviços ambientais. Na planilha, estão discriminados o número
de beneficiários por município que receberam em tal ano, bem como o montante repassado e a
extensão territorial em hectares. Somados, 314 beneficiários situados em 26 municípios dentro
do perímetro desse instrumento de gestão territorial receberam a transferência pecuniária no valor
total de R$ 5.780.416,84 por terem conservado áreas de cobertura vegetal nativa no âmbito do
Programa 17.262,6187 hectares.

57
TABELA 12: BENEFÍCIÁRIOS DE BOLSA VERDE EM 2017.
BENEFICIÁRIOS ÁREA CONSERVADA
MUNICÍPIO VALOR (R$)
PAGOS (HA)
R$
ÁGUAS VERMELHAS 2 24,0000
4.800,00
ARICANDUVA - - -
BERILO - - -
BERIZAL - - -
BONFIM - - -
BOTUMIRIM - - -
CAPELINHA - - -
CAPIM BRANCO - - -
CARBONITA - - -
R$
CATUTI 3 187,0200
37.404,00
CONFINS - - -
R$
CORAÇÃO DE JESUS 3 123,3500
55.886,00
R$
CRISTÁLIA 2 180,9100
36.182,00
CRUCILÂNDIA - - -
CURRAL DE DENTRO - - -
ESMERALDAS - - -
R$
ESPINOSA 17 1134,6226
229.614,92
R$
FRANCISCO SÁ 17 221,0884
159.500,00
FREI LAGONEGRO - - -
FRUTA DE LEITE - - -
FUNILÂNDIA - - -
R$
GAMELEIRAS 17 2.236,1511
447.230,22
GLAUCILÂNDIA - - -
R$
GRÃO MOGOL 8 925,4863
185.097,26
R$
GUARACIABA 2 16,6562
5.544,20
GUARACIAMA - - -
INDAIABIRA - - -
INIMUTABA - - -
R$
ITACAMBIRA 1 104,0000
83.200,00
ITAGUARA - - -
ITAÚNA - - -
R$
JANAÚBA 43 2088,1653
1.294.715,30
JEQUITIBÁ - - -
JOSÉ GONÇALVES DE MINAS - - -
JOSENÓPOLIS - - -
JUATUBA - - -
JURAMENTO - - -
LAGOA SANTA - - -
R$
LEME DO PRADO 18 238,5919
52.278,88
R$
MAMONAS 6 728,7640
728.764,00
MATEUS LEME - - -
R$
MATO VERDE 9 403,8511
181.114,22
MATOZINHOS - - -
R$
MINAS NOVAS 3 58,7911
14.476,70
MONTE AZUL 20 R$ 2127,2403

58
BENEFICIÁRIOS ÁREA CONSERVADA
MUNICÍPIO VALOR (R$)
PAGOS (HA)
613.341,25
R$
MONTES CLAROS 4 224,4202
44.884,04
R$
MONTEZUMA 1 18,8100
3.762,00
NINHEIRA - - -
NOVA PORTEIRINHA - - -
NOVORIZONTE - - -
PADRE CARVALHO - - -
PAULISTAS - - -
PEDRO LEOPOLDO - - -
PIEDADE DOS GERAIS - - -
R$
PIRACEMA 1 6,2667
1.253,34
R$
PORTEIRINHA 28 451,1119
250.771,36
R$
PRESIDENTE BERNARDES 2 9,8732
5.923,92
PRUDENTE DE MORAIS - - -
R$
RIACHO DOS MACHADOS 1 55,0000
44.000,00
RIBEIRÃO DAS NEVES - - -
R$
RIO PARDO DE MINAS 85 4141,0831
989.200,17
RUBELITA - - -
SALINAS - - -
R$
SANTO ANTÔNIO DO RETIRO 3 583,5348
116.706,96
SÃO JOÃO DA LAGOA - - -
R$
SÃO JOÃO DO PARAÍSO 6 68,5575
13.711,50
SÃO JOSÉ DA LAPA - - -
SÃO JOSÉ DO JACURI - - -
SÃO SEBASTIÃO DO MARANHÃO - - -
SENHORA DE OLIVEIRA - - -
R$
SERRANÓPOLIS DE MINAS 12 905,2730
181.054,60
TAIOBEIRAS - - -
TURMALINA - - -
VARGEM GRANDE DO RIO PARDO - - -
VEREDINHA - - -
VESPASIANO - - -
TOTAL 314 5.780.416,84 17.262,6187
Essas informações se referem a beneficiários das aberturas para recebimento de propostas de
2010 e 2011, cujos Termos de Cooperação Mútua se encerraram de forma geral, respectivamente,
em julho de 2016 e em julho de 2018. No entanto, embora eles tenham concluído seu compromisso
de conservação das áreas face ao Programa, o Governo do Estado ainda segue com seus trâmites
internos visando à conclusão dos repasses ainda restantes a beneficiários de todo o Estado, inclusive
da região da RBSE.

Além do Programa Bolsa Verde, encontra-se em análise a proposta de criação de corredor


ecológico nessa região, o qual promoveria a conectividade em 20 municípios inseridos na RBSE,
conforme apontado em aba específica no documento em anexo. O corredor compreende mais
alguns municípios que não se encontram dentro da Reserva.

59
TABELA 13: ATIVIDADES DE PREVENÇÃO E COMBATE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS.
Atividades de formação e capacitação de brigadas (FBP -
Ações de
Formação de Brigada Previncêndio, FBV - Formação de Atividades de capacitação da equipe da UC
combate da
Brigada Voluntária e COSCIF - Curso de Operação de e de comunidades inseridas ou no entorno
incêndios
Sopradores)
2016 2017 2018 2016 2017 2018
RBSE - FASE

NOME DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO 2016 2017 2018

2016

2017

2018

capacitados

capacitados

capacitados
Atividades/

Atividades/

Atividades/
2 APA Estadual de Vargem das Flores 1 0 0
2 Estação Ecológica Estadual da Mata 3 5 0
dos Ausentes
2 Estacao Ecologica Estadual de Acaua 0 1 0 FBP 12 * * * * Comunidade
2 Parque Estadual Caminho dos Gerais 0 1 1 CONSIF/2 FBP 16 FBP 25
FBP/21 Equipe UC.
2 Parque Estadual da Cerca Grande 0 0 0 Comunidade
2 Parque Estadual da Lapa Grande 5 3 0 COSIF /2 FBP 25 FBP 26 FBP 28
Equipe UC.
2 Parque Estadual da Serra do Sobrado 23 26 0 COSIF/1 FBP 11 FBP 9
2 Parque Estadual da Serra Negra 4 5 0 FBP 12 FBP 7
2 Parque Estadual de Grao Mogol 0 2 0 COSIF/ 2 FBP/ FBP 22 FBP 25
25
2 Parque Estadual de Montezuma 0 1 0 FBV 33
Equipe UC.
2 Parque Estadual de Serra Nova e 0 0 0 COSIF 2 FBP 29 FBP 20 FBP 26
Talhado Equipe UC
2 Parque Estadual Serra Verde 29 28 20 COSIF2 FBP 12 FBB 9 FBP 8
2 Refugio de Vida Silvestre Estadual 4 10 1
Macaubas
2 Refugio de Vida Silvestre Estadual 8 5 0
Serra das Aroeiras
1 APA Estadual Aguas Vertentes 59 41 6 Comunidade
1 APA Estadual Cachoeira das 0 2 3
Andorinhas
1 APA Estadual Seminario Menor de 2 1 0
Mariana
1 APA Estadual Sul RMBH 9 24 7

60
Atividades de formação e capacitação de brigadas (FBP -
Ações de
Formação de Brigada Previncêndio, FBV - Formação de Atividades de capacitação da equipe da UC
combate da
Brigada Voluntária e COSCIF - Curso de Operação de e de comunidades inseridas ou no entorno
incêndios
Sopradores)
2016 2017 2018 2016 2017 2018
RBSE - FASE

NOME DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO 2016 2017 2018

2016

2017

2018

capacitados

capacitados

capacitados
Atividades/

Atividades/

Atividades/
1 Estacao Ecologica Estadual de Aredes 0 5 1
1 Estacao Ecologica Estadual de Fechos 3 2 4
1 Estacao Ecologica Estadual do 4 0 1
Cercadinho
1 Estacao Ecologica Estadual do Tripui 0 2 0
1 Floresta Estadual do Uaimii 7 35 1
1 Monumento Natural Estadual da Serra 12 20 3 Comunidade
da Moeda
1 Monumento Natural Estadual da Serra 0 1 0
da Piedade
1 Monumento Natural Estadual de 8 9 2
Itatiaia
1 Monumento Natural Estadual Várzea 20 9 0 Comunidade
do Lajeado e Serra do Raio
1 Parque Estadual da Baleia 0 4 1
1 Parque Estadual da Serra do Cabral 66 140 45
Equipe da UC.
1 Parque Estadual da Serra do Rola 76 97 53
Moca
1 Parque Estadual do Biribiri 55 42 6 COSIF 2 FBP 25 FBP 22 FBP 25 Equipe da UC.
Diamantina Comunidade
1 Parque Estadual do Itacolomi 13 20 2 FBV 33
1 Parque Estadual do Pico do Itambe 3 2 0 COSIF 2 FBP 29 FBP 20 FBP 26
1 Parque Estadual do Rio Preto 6 1 0
1 Parque Estadual do Sumidouro 9 45 12
1 Parque Estadual Mata do Limoeiro 5 8 0
1 Parque Estadual Serra da Candonga 0 3 0
1 Parque Estadual Serra do Intendente 18 17 5
Comunidade

61
Atividades de formação e capacitação de brigadas (FBP -
Ações de
Formação de Brigada Previncêndio, FBV - Formação de Atividades de capacitação da equipe da UC
combate da
Brigada Voluntária e COSCIF - Curso de Operação de e de comunidades inseridas ou no entorno
incêndios
Sopradores)
2016 2017 2018 2016 2017 2018
RBSE - FASE

NOME DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO 2016 2017 2018

2016

2017

2018

capacitados

capacitados

capacitados
Atividades/

Atividades/

Atividades/
1 Parque Estadual Serra do Ouro 22 24 0
Branco

62
TABELA 14: ASAS EM MUNICÍPIOS PREVISTOS PARA AMPLIAÇÃO DA RBSE.
Municípios com áreas de soltura Municípios que já tiveram áreas de soltura cadastradas, atualmente
(ASAS) com processo ativo (19 áreas) arquivadas
Berilo Carbonita
Bonfim Crucilândia
Capelinha Esmeraldas
Capim Branco Francisco Sá
Esmeraldas Itaúna
Francisco Sá Janaúba
Itaúna Juatuba
Janaúba Juramento
Montes Claros Lagoa Santa
Montezuma Mateus Leme
Pedro Leopoldo Montes Claros
Porteirinha Pedro Leopoldo
Santo Antônio do retiro Porteirinha
São João da Lagoa Riacho dos Machados
ASAS CASATRADAS NOS MUNICÍPIOS LISTADOS E SUA RESPECTIVA SITUAÇÃO
Município Situação Detalhamento
Berilo Apta Apta SOLTURA
Bonfim Aguardando retorno do Aguardando retorno do Regional
proprietário ou Regional
Capelinha Outros Outros
Capim Branco Análise prévia pendente Análise prévia pendente - reanálise

Carbonita Arquivada Indeferida em vistoria


Crucilândia Arquivada Indeferida em vistoria
Esmeraldas Aguardando retorno do Aguardando retorno do Regional
proprietário ou Regional
Esmeraldas Arquivada Arquivada por falta de retorno /
dificuldade de contato / duplicidade /
outros

Esmeraldas Arquivada Desistência


Francisco Sá Documentação pendente Documentação pendente
Francisco Sá Arquivada Desistência
Itaúna Documentação pendente Documentação pendente
Itaúna Arquivada Indeferida em vistoria
Janaúba Apta Apta SOLTURA
Janaúba Análise prévia pendente Análise prévia pendente
Janaúba Análise prévia pendente Análise prévia pendente - aguardando
retorno do proprietário

Janaúba Arquivada Indeferida em vistoria


Juatuba Arquivada Indeferida em análise remota
Juatuba Arquivada Indeferida em análise remota
Juramento Arquivada Desistência
Lagoa Santa Arquivada Indeferida em vistoria
Lagoa Santa Arquivada Indeferida em vistoria

63
Mateus Leme Arquivada Arquivada - área IBAMA
Mateus Leme Arquivada Indeferida em vistoria
Montes Claros Apta Apta SOLTURA
Montes Claros Documentação pendente Documentação pendente
Montes Claros Arquivada Arquivada (entorno de UC) - área
IBAMA
Montes Claros Arquivada Arquivada (entorno de UC) - área
IBAMA
Montes Claros Arquivada Arquivada (entorno de UC) - área
IBAMA
Montes Claros Arquivada Indeferida em análise remota
Montezuma Documentação pendente Documentação pendente
Pedro Leopoldo Apta Apta REABILITAÇÃO
Pedro Leopoldo Análise prévia pendente Análise prévia pendente - aguardando
retorno do proprietário

Pedro Leopoldo Arquivada Arquivada (entorno de UC) - área


IBAMA
Pedro Leopoldo Arquivada Indeferida em análise remota
Porteirinha Apta Apta SOLTURA
Porteirinha Arquivada Arquivada por falta de retorno /
dificuldade de contato / duplicidade /
outros

Riacho dos Machados Arquivada Desistência


Santo Antônio do retiro Análise prévia pendente Análise prévia pendente - aguardando
retorno do proprietário

São João da Lagoa Apta Apta SOLTURA


São João da Lagoa Apta Apta SOLTURA

Biodiversidade da RBSE

No final de 2014 o ICMBio realizou a avaliação nacional do risco de extinção da fauna brasileira.
Foram avaliados 12.256 táxons da fauna, incluindo todos os vertebrados descritos para o país: 732
mamíferos, 1980 aves, 732 répteis, 973 anfíbios e 4.507 peixes, sendo 3.131 de água doce (incluindo
17 raias) e 1.376 marinhos, totalizando 8.924 animais vertebrados. Também foram avaliados 3.332
invertebrados, entre crustáceos, moluscos, insetos, poríferos, miriápodes, entre outros.

Os resultados apontam 1.173 táxons ameaçados no Brasil, que estão listados em duas Portarias
publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) através da Portaria MMA nº 444, de 17 de
dezembro de 2014 (para 698 táxons relacionados a espécies terrestres e mamíferos aquáticos) e a
Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014 (para 475 táxons relacionados a peixes e
invertebrados aquáticos), divididos em 110 mamíferos, 234 aves, 80 repteis, 41 anfíbios, 353 peixes
ósseos (310 água doce e 43 marinhos), 55 peixes cartilaginosos (54 marinhos e 1 água doce), 1 peixe-
bruxa e 299 invertebrados. São, no total, 448 espécies Vulneráveis (VU), 406 Em Perigo (EN), 318
Criticamente em Perigo (CR) e 1 Extinta na Natureza (EW).

64
Na RBSE Fase foram identificados a distribuição pontual de 39 espécies da fauna brasileira ameaçada
de extinção.

TABELA 15: ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA RBSE FASE 2.

Accipitridae Parides burchellanus


Urubitinga coronata Paronellidae
Aeshnidae Troglobius ferroicus
Rhionaeschna eduardoi Phyllostomidae
Anatidae Lonchophylla dekeyseri
Mergus octosetaceus Picidae
Anostomidae Piculus polyzonus
Hypomasticus thayeri Pimelodidae
Bulimulidae Steindachneridion amblyurum
Thaumastus lundi Steindachneridion doceanum
Buthidae Pipridae
Ananteris infuscata Neopelma aurifrons
Characidae Prodidomidae
Brycon devillei Brasilomma enigmatica
Henochilus wheatlandii Rhinocryptidae
Columbidae Scytalopus iraiensis
Claravis geoffroyi Rhynchocyclidae
Cracidae Phylloscartes roquettei
Crax blumenbachii Riodinidae
Cricetidae Rhetus belphegor
Oligoryzomys rupestris Strymon ohausi
Rhipidomys tribei Rivulidae
Thalpomys lasiotis Hypsolebias hellneri
Dendrocolaptidae Hypsolebias janaubensis
Lepidocolaptes wagleri Scleruridae
Furnariidae Geositta poeciloptera
Cinclodes espinhacensis Theraphosidae
Glossoscolecidae Oligoxystre diamantinensis
Fimoscolex sporadochaetus Thraupidae
Heteragrionidae Coryphaspiza melanotis
Heteragrion petienses Tinamidae
Loricariidae Nothura minor
Pareiorhaphis mutuca Trichomycteridae
Pareiorhaphis scutula Trichomycterus novalimensis
Nymphalidae
Hyalyris fiammetta
Papilionidae

65
FIGURA 8: DISTRIBUIÇÃO PONTUAL DE ESPÉCIES DA FAUNA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO, NA RBSE.

66
Do mesmo modo, a Lista de espécies da Flora do Brasil ameaçadas de extinção foi publicada no Livro
Vermelho da Flora do Brasil no ano de 2013, incluídas na Portaria MMA 443, de 17 de dezembro de
2014. Foram avaliadas um total de 6.132 espécies da flora nativa brasileira quanto aos diferentes
níveis de ameaça ou risco de extinção em que se encontravam de acordo com os critérios e categorias
da IUCN (CR - criticamente em perigo; EN – em perigo e VU - vulnerável). Foram categorizadas como
ameaçadas de extinção 2.113 espécies de um total das 4.617 espécies avaliadas no 1º Livro Vermelho
da Flora do Brasil, publicado em 2013.

Na RBSE Fase 2, foram identificadas a distribuição pontual de 452 espécies da flora brasileira
ameaçada de extinção.

TABELA 16: ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA RBSE FASE 2.


Família Espécie Família Espécie
Acanthaceae Staurogyne elegans Ilex prostrata
Staurogyne vauthieriana Araliaceae Schefflera gardneri
Staurogyne Schefflera glaziovii
warmingiana Arecaceae Butia capitata
Stenandrium Euterpe edulis
hatschbachii Syagrus glaucescens
Stenandrium Syagrus macrocarpa
stenophyllum Syagrus mendanhensis
Alstroemeriaceae Alstroemeria brasiliensis Aspleniaceae Asplenium schwackei
Alstroemeria Asteraceae Acritopappus irwinii
penduliflora Aldama goyazii
Amaranthaceae Pfaffia argyrea Anteremanthus
Pfaffia minarum hatschbachii
Amaryllidaceae Griffinia aracensis Aspilia almasensis
Griffinia liboniana Aspilia belo-
Habranthus irwinianus horizontinae
Hippeastrum morelianum Aspilia caudata
Apiaceae Klotzschia rhizophylla Aspilia cordifolia
Apocynaceae Ditassa auriflora Aspilia cylindrocephala
Ditassa cipoensis Aspilia diamantinae
Ditassa cordeiroana Aspilia diffusiflora
Ditassa itambensis Aspilia diniz-cruzeanae
Ditassa laevis Aspilia eglerii
Ditassa leonii Aspilia espinhacensis
Ditassa longisepala Aspilia jugata
Hemipogon abietoides Aspilia ovalifolia
Hemipogon furlanii Aspilia prostrata
Hemipogon hatschbachii Aspilia reticulata
Hemipogon piranii Baccharis concinna
Minaria bifurcata Baccharis elliptica
Minaria diamantinensis Baccharis lychnophora
Minaria grazielae Baccharis polyphylla
Minaria hemipogonoides Baccharis
Minaria inconspicua pseudoalpestris
Minaria magisteriana Calea abbreviata
Minaria monocoronata Calea heteropappa
Minaria polygaloides Campuloclinium
Minaria refractifolia parvulum
Minaria semirii Chionolaena
Prestonia solanifolia lychnophorioides
Aquifoliaceae Ilex loranthoides Chronopappus bifrons
67
Família Espécie Família Espécie
Disynaphia praeficta Minasia pereirae
Eremanthus polycephalus Minasia scapigera
Heterocoma albida Moquiniastrum
Lepidaploa hatschbachii
gnaphalioides Piptolepis buxoides
Lepidaploa spixiana Piptolepis imbricata
Lessingianthus Piptolepis
adenophyllus leptospermoides
Lessingianthus exiguus Proteopsis argentea
Lessingianthus pumillus Richterago angustifolia
Lessingianthus Richterago arenaria
rosmarinifolius Richterago caulescens
Lessingianthus stoechas Richterago conduplicata
Lychnophora Richterago elegans
albertinioides Richterago hatschbachii
Lychnophora brunioides Richterago lanata
Lychnophora Richterago polyphylla
diamantinana Richterago riparia
Lychnophora gardneri Richterago stenophylla
Lychnophora Senecio gertii
granmogolensis Senecio hatschbachii
Lychnophora humillima Stevia riedelli
Lychnophora markgravii Symphyopappus
Lychnophora martiana uncinatus
Lychnophora mello- Wunderlichia senae
barretoi Bignoniaceae Adenocalymma
Lychnophora pohlii magnoalatum
Lychnophora Anemopaegma arvense
ramosissima Paratecoma peroba
Lychnophora reticulata Zeyheria tuberculosa
Lychnophora Bromeliaceae Aechmea bambusoides
rosmarinifolia Alcantarea duarteana
Lychnophora sellowii Cryptanthus caracensis
Lychnophora souzae Cryptanthus glazioui
Lychnophora syncephala Cryptanthus minarum
Lychnophora tomentosa Dyckia rariflora
Lychnophora villosissima Dyckia ursina
Lychnophoriopsis Eduandrea selloana
candelabrum Encholirium biflorum
Lychnophoriopsis Encholirium heloisae
damazioi Encholirium irwinii
Lychnophoriopsis Encholirium longiflorum
hatschbachii Encholirium luxor
Mikania argyreiae Encholirium pedicellatum
Mikania cipoensis Encholirium scrutor
Mikania clematidifolia Encholirium vogelii
Mikania glabra Lapanthus duartei
Mikania glauca Neoregelia leprosa
Mikania hartbergii Orthophytum humile
Mikania itambana Pitcairnia bradei
Mikania neurocaula Vriesea diamantinensis
Mikania premnifolia Vriesea longistaminea
Mikania warmingii Vriesea minarum
Minasia alpestris
68
Família Espécie Família Espécie
Vriesea monacorum Ericaceae Gaylussacia
Vriesea saxicola centunculifolia
Burseraceae Trattinnickia ferruginea Gaylussacia oleifolia
Cactaceae Arrojadoa eriocaulis Gaylussacia setosa
Arthrocereus glaziovii Eriocaulaceae Actinocephalus cipoensis
Arthrocereus melanurus Comanthera brasiliana
subsp. odorus Comanthera elegans
Arthrocereus Leiothrix echinocephala
rondonianus Paepalanthus ater
Brasilicereus markgrafii Paepalanthus hydra
Cipocereus bradei Syngonanthus
Cipocereus crassisepalus itambeensis
Cipocereus laniflorus Syngonanthus laricifolius
Cipocereus minensis Euphorbiaceae Bernardia crassifolia
Cipocereus pusilliflorus Croton leptobotryus
Discocactus horstii Euphorbia attastoma
Discocactus Euphorbia gymnoclada
pseudoinsignis Fabaceae Aeschynomene laca-
Micranthocereus buendiana
albicephalus Apuleia leiocarpa
Micranthocereus Chamaecrista cipoana
auriazureus Chamaecrista fodinarum
Micranthocereus Chamaecrista lagotois
violaciflorus Chamaecrista stillifera
Pereskia aureiflora Chamaecrista
Pilosocereus aurisetus tephrosiifolia
subsp. aurilanatus Chamaecrista ulmea
Pilosocereus fulvilanatus Dalbergia nigra
Pilosocereus Dimorphandra wilsonii
multicostatus Harpalyce parvifolia
Uebelmannia buiningii Leucochloron minarum
Uebelmannia gummifera Lupinus coriaceus
Uebelmannia pectinifera Lupinus decurrens
Caprifoliaceae Valeriana organensis Lupinus laevigatus
Celastraceae Maytenus rupestris Melanoxylon brauna
Chrysobalanaceae Parinari brasiliensis Mimosa acroconica
Commelinaceae Dichorisandra glaziovii Mimosa adamantina
Connaraceae Rourea cnestidifolia Mimosa barretoi
Convolvulaceae Evolvulus chrysotrichos Mimosa bombycina
Evolvulus glaziovii Mimosa chrysastra
Evolvulus kramerioides Mimosa leprosa
Evolvulus stellariifolius Mimosa lithoreas
Jacquemontia Mimosa macedoana
cephalantha Mimosa montis-carasae
Jacquemontia revoluta Mimosa paucifolia
Merremia repens Mimosa uniceps
Cyperaceae Bulbostylis smithii Gentianaceae Senaea coerulea
Lagenocarpus Gesneriaceae Paliavana werdermannii
bracteosus Sinningia rupicola
Dichapetalaceae Stephanopodium engleri Sinningia tuberosa
Dicksoniaceae Dicksonia sellowiana Hymenophyllaceae Hymenophyllum silveirae
Droseraceae Drosera graomogolensis Hypericaceae Hypericum mutilum
Dryopteridaceae Elaphoglossum Iridaceae Pseudotrimezia
acrocarpum
69
Família Espécie Família Espécie
brevistamina Peixotoa cipoana
Pseudotrimezia concava Malvaceae Pavonia grazielae
Pseudotrimezia elegans Melastomataceae Cambessedesia weddellii
Pseudotrimezia gracilis Eriocnema acaulis
Pseudotrimezia Eriocnema fulva
synandra Huberia pirani
Pseudotrimezia Lavoisiera cordata
tenuissima Lithobium cordatum
Trimezia exillima Marcetia hatschbachii
Trimezia fistulosa Marcetia semiriana
Trimezia fistulosa var. Miconia cipoensis
longifolia Microlicia cuspidifolia
Trimezia plicatifolia Microlicia glazioviana
Lamiaceae Hyptidendron claussenii Microlicia microphylla
Hyptis rhypidiophylla Microlicia obtusifolia
Oocephalus piranii Ossaea warmingiana
Lauraceae Cinnamomum erythropus Tibouchina riedeliana
Cinnamomum Trembleya calycina
quadrangulum Trembleya chamissoana
Ocotea confertiflora Trembleya hatschbachii
Ocotea felix Trembleya pityoides
Ocotea odorifera Meliaceae Cedrela fissilis
Ocotea porosa Cedrela odorata
Ocotea tabacifolia Moraceae Ficus cyclophylla
Persea pedunculosa Myrtaceae Accara elegans
Lecythidaceae Cariniana legalis Campomanesia hirsuta
Loganiaceae Spigelia aceifolia Campomanesia
Spigelia cipoensis prosthecesepala
Spigelia lundiana Eugenia blanda
Lycopodiaceae Phlegmariurus Eugenia neosericea
itambensis Myrceugenia bracteosa
Phlegmariurus ruber Ochnaceae Luxemburgia
Pseudolycopodiella angustifolia
benjaminiana Luxemburgia corymbosa
Lythraceae Cuphea adenophylla Luxemburgia flexuosa
Cuphea cipoensis Ouratea hatschbachii
Cuphea rubro-virens Oleaceae Chionanthus subsessilis
Cuphea teleandra Orchidaceae Brachionidium
Diplusodon restrepioides
aggregatifolius Cattleya walkeriana
Diplusodon glaziovii Cleistes aphylla
Diplusodon minasensis Constantia cipoensis
Diplusodon orbicularis Cyrtopodium
Diplusodon ovatus lamellaticallosum
Diplusodon villosissimus Cyrtopodium
Malpighiaceae Banisteriopsis andersonii lissochiloides
Banisteriopsis cipoensis Cyrtopodium palmifrons
Byrsonima cipoensis Cyrtopodium poecilum
Byrsonima fonsecae var. roseum
Byrsonima onishiana Grandiphyllum hians
Heladena multiflora Grobya cipoensis
Peixotoa andersonii Habenaria itaculumia
Peixotoa barnebyi Hadrolaelia

70
Família Espécie Família Espécie
brevipedunculata Panopsis multiflora
Hadrolaelia jongheana Pteridaceae Adiantum papillosum
Hadrolaelia pumila Doryopteris paradoxa
Hoffmannseggella Doryopteris rufa
briegeri Jamesonia
Hoffmannseggella cheilanthoides
caulescens Jamesonia insignis
Hoffmannseggella Pellaea cymbiformis
ghillanyi Pellaea gleichenioides
Hoffmannseggella Rubiaceae Psychotria microcarpa
milleri Rudgea sessilis subsp.
Octomeria geraensis cipoana
Phragmipedium vittatum Staelia hatschbachii
Pseudolaelia cipoensis Rutaceae Esenbeckia irwiniana
Scuticaria irwiniana Sapotaceae Micropholis emarginata
Thysanoglossa Pouteria furcata
jordanensis Simaroubaceae Simaba suaveolens
Vanilla dubia Simaba warmingiana
Orobanchaceae Agalinis brachyphylla Solanaceae Calibrachoa elegans
Agalinis itambensis Schwenckia curviflora
Agalinis ramulifera Solanum graveolens
Agalinis schwackeana Solanum warmingii
Esterhazya caesarea Velloziaceae Barbacenia delicatula
Oxalidaceae Oxalis diamantinae Barbacenia exscapa
Pentaphylacaceae Ternstroemia cuneifolia Barbacenia glutinosa
Phyllanthaceae Phyllanthus gladiatus Barbacenia longiscapa
Phytolaccaceae Microtea papilosa Barbacenia pungens
Piperaceae Peperomia cordigera Barbacenia riparia
Peperomia Barbacenia rodriguesii
hemmendorffii Barbacenia spiralis
Piper duartei Vellozia alata
Poaceae Aristida brasiliensis Vellozia armata
Axonopus fastigiatus Vellozia barbata
Axonopus monticola Vellozia gigantea
Canastra lanceolata Vellozia glabra
Chusquea attenuata Vellozia hatschbachii
Chusquea heterophylla Vellozia leptopetala
Chusquea tenuiglumis Vellozia lilacina
Leersia ligularis Vellozia metzgerae
Lithachne horizontalis Vellozia nuda
Ocellochloa Vellozia patens
brachystachya Vellozia piresiana
Paspalum repandum Vellozia streptophylla
Zizaniopsis bonariensis Vellozia subalata
Polygalaceae Polygala stephaniana Verbenaceae Lippia bradei
Polygala tamariscea Lippia rhodocnemis
Polypodiaceae Ceradenia capillaris Stachytarpheta
Ceradenia warmingii procumbens
Moranopteris perpusilla Vitaceae Cissus inundata
Primulaceae Myrsine congesta Vochysiaceae Vochysia pygmaea
Myrsine villosissima Xyridaceae Xyris aurea
Proteaceae Euplassa incana Xyris blepharophylla
Euplassa semicostata Xyris cipoensis

71
Família Espécie Família Espécie
Xyris coutensis Xyris platystachya
Xyris dardanoi Xyris sincorana
Xyris hystrix Xyris sororia
Xyris nigricans Xyris tortilis
Xyris obtusiuscula

Apesar da profusão dos conceitos de raridade e das diferentes definições, é consenso que espécies
raras podem apresentar uma alta vulnerabilidade e, portanto, devem ser priorizadas em medidas de
conservação. O Livro Vermelho da flora do Brasil – Plantas raras do Cerrado avaliou o risco de
extinção de espécies consideradas raras segundo o conceito de raridade de Giulietti et al. (2009) e com
ocorrência e/ou endêmicas do Cerrado e foram listadas 578 espécies.

72
FIGURA 9: DISTRIBUIÇÃO PONTUAL DE ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO NA RBSE.

73
Na RBSE Fase 2, foi identificada a distribuição de 276 espécies raras do cerrado.
TABELA 17: ESPÉCIES RARAS DO CERRADO.
Família Cactaceae
Espécie Cipocereus pleurocarpus
Acanthaceae Caryophyllaceae
Staurogyne minarum Paronychia fasciculata
Amaranthaceae Commelinaceae
Gomphrena hillii Tripogandra elata
Gomphrena marginata Tripogandra warmingiana
Apocynaceae Cyperaceae
Mandevilla rubra Bulbostylis lombardii
Mandevilla semirii Cryptangium humile
Marsdenia virgultorum Eleocharis almensis
Minaria campanuliflora Eleocharis loefgreniana
Araceae Lagenocarpus adamantinus
Anthurium megapetiolatum Lagenocarpus humilis
Philodendron cipoense Rhynchospora nanuzae
Philodendron pachyphyllum Rhynchospora tenuis
Philodendron rhizomatosum Scleria cuyabensis
Araliaceae Eriocaulaceae
Didymopanax lucumoides Actinocephalus aggregatus
Schefflera botumirimensis Actinocephalus callophyllus
Schefflera fruticosa Actinocephalus compactus
Schefflera lucumoides Actinocephalus coutoensis
Asteraceae Actinocephalus deflexus
Dasyphyllum lanosum Actinocephalus diffusus
Dasyphyllum reticulatum Actinocephalus falcifolius
Dasyphyllum reticulatum robustum Actinocephalus fimbriatus
Dasyphyllum trichophyllum Actinocephalus glabrescens
Lessingianthus scaposus Actinocephalus graminifolius
Minasia cabralensis Actinocephalus robustus
Minasia lewinsohnii Actinocephalus stereophyllus
Stevia resinosa Blastocaulon albidum
Vernonanthura lindbergii Blastocaulon rupestre
Vernonia lindbergii Comanthera cipoensis
Vernonia scaposa Comanthera circinnata
Bignoniaceae Eriocaulon angustifolium
Jacaranda racemosa Eriocaulon aquatile
Lundia damazii Eriocaulon cipoense
Bromeliaceae Leiothrix cipoensis
Alcantarea hatschbachii Leiothrix crassifolia
Cryptanthus leopoldo-horstii Leiothrix distichoclada
Dyckia argentea Leiothrix luxurians
Dyckia brachyphylla Leiothrix milho-verdensis
Dyckia bracteata Leiothrix nubigena
Dyckia mello-barretoi Leiothrix obtusifolia
Dyckia pectinata Leiothrix rupestris
Encholirium reflexum Leiothrix sclerophylla
Orthophytum itambense Leiothrix sinuosa
Orthophytum mello-barretoi Leiothrix spiralis
Orthophytum schulzianum Paepalanthus albidus
Pitcairnia curvidens Paepalanthus anamariae
Tillandsia sprengeliana Paepalanthus argenteus
Vriesea densiflora Paepalanthus aureus
74
Paepalanthus barbiger Fabaceae/Leguminosae
Paepalanthus callophyllus Chamaecrista gumminans
Paepalanthus ciliatus glabrescens Chamaecrista ixodes
Paepalanthus compactus Gesneriaceae
Paepalanthus complanatus Paliavana plumerioides
Paepalanthus crassifolius Lamiaceae
Paepalanthus densifolius Eriope angustifolia
Paepalanthus diffusus Eriope filifolia
Paepalanthus digitiformis Hyptis coriacea
Paepalanthus falcifolius Hyptis tenuifolia
Paepalanthus fimbriatus Leguminosae-Pap
Paepalanthus globulifer Zornia subsessilis
Paepalanthus habenulifer Loranthaceae
Paepalanthus homomallus Psittacanthus corynocephalus
Paepalanthus lanuginosus Lythraceae
Paepalanthus nodifer Cuphea anamariae
Paepalanthus nudus Cuphea disperma
Paepalanthus pulvinatus Cuphea fuchsiifolia
Paepalanthus revolutus Cuphea sclerophylla
Paepalanthus rupestris Cuphea warmingii
Paepalanthus senaeanus Diplusodon bradei
Paepalanthus stereophyllus Diplusodon glocimarii
Paepalanthus superbus Diplusodon mononeuros
Paepalanthus tuberculatus Diplusodon rosmarinifolius
Paepalanthus urbanianus Diplusodon rotundifolius
Syngonanthus bracteosus Diplusodon saxatilis
Syngonanthus cipoensis Malpighiaceae
Syngonanthus circinnatus Banisteriopsis arborea
Syngonanthus hygrotrichus Banisteriopsis byssacea
Syngonanthus rufipes Peixotoa irwinii
Fabaceae Melastomataceae
Calliandra linearis Cambessedesia pityrophylla
Calliandra santosiana Cambessedesia salviifolia
Cassia caracensis Cambessedesia semidecandra
Cassia itabiritoana Comolia edmundoi
Chamaecrista adamantina Lavoisiera adamantium
Chamaecrista caracensis Lavoisiera angustifolia
Chamaecrista catapodia Lavoisiera bradeana
Chamaecrista centiflora Lavoisiera caryophyllea
Chamaecrista coriacea Lavoisiera firmula
Chamaecrista deltoidea Lavoisiera humilis
Chamaecrista fuscescens Lavoisiera macrocarpa
Chamaecrista geraldii Lavoisiera mucorifera
Chamaecrista gumminans Lavoisiera punctata
Chamaecrista hatschbachii Lavoisiera senaei
Chamaecrista itabiritoana Lavoisiera subulata
Chamaecrista ixodes Lavoisiera tetragona
Chamaecrista phyllostachya Microlicia cipoana
Chamaecrista pilicarpa Microlicia scoparia
Chamaecrista simplifacta Microlicia suborbicularifolia
Chamaecrista vauthieri Microlicia tenuifolia
Crotalaria rufipila Microlicia trichocalycina
Poiretia unifoliolata Microlicia vernicosa
Zornia subsessilis Trembleya rosmarinoides
75
Monimiaceae Turnera collotricha
Macropeplus schwackeanus Turnera coriacea
Myrsinaceae Turnera ignota
Myrsine cipoensis Turnera princeps
Myrtaceae Turnera revoluta
Calycolpus australis Velloziaceae
Plinia nana Aylthonia blackii
Psidium firmum Barbacenia blackii
Ochnaceae Barbacenia fulva
Luxemburgia ciliatibracteata Barbacenia minima
Luxemburgia damazioana Barbacenia reflexa
Luxemburgia hatschbachiana Barbacenia umbrosa
Luxemburgia speciosa Barbacenia williamsii
Orchidaceae Vellozia bradei
Cattleya pendula Vellozia costata
Habenaria meeana Vellozia luteola
Habenaria pseudohamata Vellozia maxillarioides
Hadrolaelia praestans Vellozia prolifera
Hoffmannseggella pendula Vellozia sellowii
Orobanchaceae Vellozia spiralis
Esterhazya nanuzae Vellozia tillandsioides
Passifloraceae Vellozia torquata
Passiflora hypoglauca Verbenaceae
Piperaceae Bouchea chascanoides
Peperomia warmingii Bouchea fluminensis
Poaceae Lantana gracilis
Axonopus aureus Lantana rubella
Axonopus grandifolius Lippia diamantinensis
Dichanthelium assurgens Lippia duartei
Dichanthelium sendulskyii Lippia gardneriana
Digitaria pampinosa Lippia lasiocalycina
Paspalum brachytrichum Lippia rosella
Polygalaceae Lippia rubella
Polygala apparicioi Lippia violacea
Polygala asperuloides Stachytarpheta ajugifolia
Polygala pseudoerica Stachytarpheta discolor
Securidaca acuminata Stachytarpheta itambensis
Polygonaceae Stachytarpheta lacunosa
Coccoloba cereifera Stachytarpheta lacunosa angustifolia
Rubiaceae Stachytarpheta monachinoi
Borreria rosmarinifolia Stachytarpheta pohliana
Mitracarpus pusillus Vochysiaceae
Psyllocarpus schwackei Callisthene erythroclada
Scrophulariaceae Vochysia pygmaea
Philcoxia minensis Vochysia rotundifolia
Solanaceae Xyridaceae
Brunfelsia rupestris Xyris archeri
Symplocaceae Xyris itambensis
Symplocos glaberrima Xyris obcordata
Symplocos insolita Xyris rupicola
Symplocos saxatilis Xyris spectabilis
Turneraceae Xyris subsetigera
Turnera cipoensis Xyris villosicarinata
Turnera coccinea
76
FIGURA 10: DISTRIBUIÇÃO DAS PLANTAS RARAS DO CERRADO, NA RBSE.

77
Áreas de Proteção Especial e Sítio Ramsar

O Estado de Minas Gerais, com base no art. 14 da Lei 6766/79, criou áreas de proteção especial, por
decreto, com a finalidade de proteger o meio ambiente, sob jurisdição da Companhia de Saneamento
de Minas Gerais - COPASA. Normalmente são delimitadas sub-bacias à montante de pontos de
captação, nas quais, em alguns casos, parcelas são adquiridas para instalação de Estações de
Captação de Água. No restante o parcelamento do solo está sujeito ao licenciamento do órgão
ambiental estadual, representando um instrumento de controle do uso do solo com a intuito de proteção
de mananciais.

No recorte da RBSE Fase 2 estas áreas foram incorporadas à zona de amortecimento uma vez que as
alterações climáticas têm ocasionado períodos de escassez de chuva causando uma insegurança hídrica
nas grandes metrópoles brasileiras. Tais áreas têm como função básica assegurar a proteção de
reservatórios que abastecem os grandes centros urbanos.

TABELA 18: ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAL NA RBSE.


ID NOME
0 Aeroporto Internacional
1 Santana do Riacho e Jaboticatubas
2 Bacia do Ribeirão Serra Azul
3 Ouro Preto e Mariana
5 Bacia do Reservatório Vargem das Flores
6 Bacia do Ribeirão do Veríssimo
7 Bacia do Córrego dos Fechos
8 Bacia do Rio Manso
10 Bacia do Córrego do Taboão
12 Bacia do Ribeirão Catarina
13 Bacia do Córrego Barreiro
14 Bacia do Córrego Cercadinho
15 Bacia do Córrego do Mutuca
16 Bacia do Sistema Bálsamo-Rola Moça
18 Bacia do Ribeirão do Urubu

A Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, também chamada de Convenção de


Ramsar, da qual o Brasil é signatário desde 1993, estabelece um tratado inter­governamental
fornecendo parâmetros para ações de conservação e para o uso sustentável dos recursos naturais de
zonas úmidas consideradas estratégicas para o meio ambiente mundial, dado o seu valor ecológico,
social, econômico, cultural, científico e recreativo, fundamentais para a manutenção de serviços
ecossistêmicos. No mundo, existem pouco mais de 2,2 mil Sítios Ramsar reconhecidos, situados em 169
países.

Recentemente, em 2018 a área de relevo cárstico situada na Área de Proteção Ambiental Federal
Carste de Lagoa Santa, foi oficializada como Sítio Ramsar pelo Ministério do Meio Ambiente, com a
chancela do Comitê Ramsar Internacional, Sítio Ramsar Lund Warming.

O novo status reforça a gestão e uso sustentável dos recursos naturais e a preservação da
biodiversidade da região nos termos deste tratado intergovernamental. A região possui sítios
arqueológicos e paleontológicos ricos em fósseis do período Pleistoceno, abrigos, artefatos e pinturas
rupestres de humanos que habitaram a região há milhares de anos, além do famoso fóssil de Luzia, o
mais antigo encontrado na América, com cerca de 12,5 mil anos, além de sua importância biológica no
78
que diz respeito à conservação de dezenas de espécies de aves aquáticas encontradas nas inúmeras
lagoas temporárias da região, como garças, biguás, marrecos, jaburus, saracuras, ibises, gaviões,
pernilongos e maçaricos.

79
FIGURA 11: ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAIS E SÍTIO RAMSAR, COM OCORRÊNCIA NA RBSE FASE 2.

80
Estudos Globais de Identificação de Prioridades para Conservação

As características especiais da Serra do Espinhaço foram também reconhecidas por estudos globais de
identificação de prioridades para conservação, sendo a região enquadrada nos Centros de
Diversidade de Plantas da WWF/IUCN (DAVIS et al., 1997), na lista da World Wildlife Funds's Global
2000 (WWF, 1997) e nas Áreas de Endemismo de Aves - EBAs, da BirdLife International
(STATTERSFIELD et al., 1998).

Tratam-se de áreas identificadas através de um Padrão Global para a Identificação de Áreas-Chave


da Biodiversidade (IUCN 2016) que estabelece critérios acordados globalmente para a identificação
de KBAs em todo o mundo. O Padrão KBA estabelece um processo consultivo e baseado na ciência para
a identificação de KBAs, baseado na aplicação consistente de critérios globais com limites quantitativos.

Os sites se qualificam como KBAs globais se atenderem a um ou mais dos 11 critérios agrupados em
cinco categorias: biodiversidade ameaçada; biodiversidade geograficamente restrita; integridade
ecológica; processos biológicos; e insubstituibilidade. Os critérios da KBA podem ser aplicados a
espécies e ecossistemas em ambientes terrestres, aquáticos interiores e marinhos. Embora nem todos os
critérios da KBA possam ser relevantes para todos os elementos da biodiversidade, os limiares
associados a cada um dos critérios podem ser aplicados a todos os grupos taxonômicos (exceto
microorganismos) e ecossistemas.

O processo de consulta para desenvolver um Padrão Global para a Identificação de Áreas-Chave da


Biodiversidade foi liderado pela Força Tarefa Conjunta WCPA-SSC da IUCN sobre Biodiversidade e
Áreas Protegidas.

No Brasil já foram identificadas 241 áreas, sendo que na RBSE Fase 2 estão presentes 7 áreas
relacionadas a ambientes terrestres:

TABELA 19: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE EM AMBIENTES TERRESTRES.
ID NOME COD
20158 Chapada do Catuni BR137
20159 Botumirim BR138
20161 Parque Estadual do Rio Preto BR140
20162 Parque Estadual do Pico do Itambé e Serra do Gavião BR141
20163 Serra do Cipó BR142
20165 Serra do Caraça BR145
20167 Ouro Preto / Mariana BR147

E treze áreas relacionadas a ambientes aquáticos:

TABELA 20: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE EM AMBIENTES AQUÁTICOS.
ID Nome Cod
189 Lagoa Santa e afluentes do Rio das Velhas SFR12
192 Rio das Velhas em Lagoa Santa SFR15
198 Rio Verde Grande em Montes Claros SFR21
210 Rio Gorotuba SFR33
215 Rio Paraúna SFR38
216 Alto Rio das Velhas SFR39
217 Riacho Agua Limpa, Afluente do Paraopeba SFR40
227 Rio Itacambiruçu ALE10
229 Rio Jequitinhonha ALE12
230 Rio Fanado ALE13

81
231 Ribeirão das Pedras ALE14
375 Rio Santo Antônio ASE02
377 Rio Santo Antônio ASE04

82
FIGURA 12: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS) NA RBSE.

BAZE - Aliança Brasileira para Extinção Zero

83
A Aliança para Extinção Zero (Alliance for Zero Extinction – AZE) é uma iniciativa que reúne entidades
ambientalistas e setor público num esforço conjunto de conservação de espécies ameaçadas de extinção,
com o objetivo de identificar e proteger os sítios, ou locais, que representam o último refúgio para
espécies ameaçadas de extinção nas categorias Criticamente em Perigo (CR) e Em Perigo (EN), segundo
a Lista Vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza –
IUCN). Mais de 580 sítios já foram identificados pelo mundo, que abrigam cerca de 920 espécies
ameaçadas de extinção. A iniciativa foi criada em 2000 e lançada mundialmente em 2005, com a
intenção de dar subsídio para o estabelecimento de estratégias e políticas de conservação da
biodiversidade em diversos países, através de mapas com indicação dos sítios de ocorrência das
espécies. A AZE global estimula a criação de iniciativas nacionais, de modo a tornar mais eficaz a
proteção dos sítios. Atualmente, quatro países contam com estratégias nacionais: Brasil, México, Índia e
Colômbia. As AZEs nacionais do Chile e de Madagascar estão em fase de desenvolvimento.

Inspirada na AZE global, a Aliança Brasileira para a Extinção Zero (BAZE) teve início em 2006. Em
2008, a Fundação Biodiversitas produziu o primeiro mapa de sítios da BAZE, utilizando como referência
a Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, elaborada pela Fundação Biodiversitas e
colaboradores e reconhecida pela Instrução Normativa MMA nº3/2003. Foram identificados 32 sítios
para 36 espécies de vertebrados, distribuídos em todos os biomas brasileiros. Em adição à metodologia
de seleção adotada pela AZE, a BAZE utilizou a metodologia proposta para Key Biodiversity Areas
(KBA) para delimitar os sítios, facilitando a proposição de estratégias de manejo.

Em 2016, no âmbito do Projeto da AZE Global “Aliança para Extinção Zero: Proteção de Sítios Naturais
Insubstituíveis para a Conservação da Biodiversidade Ameaçada”, com arranjo institucional composto
pela American Bird Conservancy, BirdLife International e governos do Brasil – em parceria com a
Fundação Biodiversitas, Chile e Madagascar e financiamento do Global Environmental Facility (GEF),
incluiu-se um componente de fortalecimento da Aliança Nacional, que passaria pela atualização do
mapa dos sítios em função da revisão das listas vermelhas nacionais, homologadas pelas Portarias MMA
443, 444 e 445.

Responsável por coordenar o esforço de elaboração do novo documento, a Fundação Biodiversitas


conta com a parceria do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio
Ambiente, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e Centros de Pesquisa
associados, além da essencial colaboração de pesquisadores e organizações envolvidas em pesquisas e
conservação das espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Este projeto representa, portanto, a
identificação de lacunas de conservação que põem em risco espécies em ameaçadas de extinção, ao
mesmo tempo em que orienta os gestores públicos sobre onde e como atuar prioritariamente, com a
vantagem de contar com o compromisso da sociedade civil organizada, por meio da BAZE.

Na RBSE Fase 2 foram identificados três sítios:

TABELA 21: SÍTIOS BAZE NA RBSE FASE 2.


ID SÍTIO ESPÉCIE DESCRIÇÃO
31 Córrego do Mutuca Trichomycterus novalimensis Espécie endêmica de riachos de altitudes na
microbacia do Córrego do Mutuca, município de
Nova Lima, Minas Gerais.
69 Monumento Natural Troglobius ferroicus Recentemente descrita (2014), conhecida apenas
Serra da Moeda para a localidade-tipo, a Caverna VL29/30, no
Quadrilátero Ferrífero, em Itabirito, Minas Gerais.
82 Parque Estadual do Thaumastus lundi Espécie endêmica dos afloramentos calcários do
Sumidouro maciço da Gruta da Lapinha, no Parque Estadual
do Sumidouro, em Lagoa Santa, Minas Gerais.

84
FIGURA 13: SÍTIOS BAZE NA RBSE.

85
86
OS CAMPOS RUPESTRES COMO IDENTIDADE BIOGEOGRÁFICA DA RBSE E O VALE DO PEIXE
BRAVO

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço está localizada entre dois biomas de grande importância
mundial: a Mata Atlântica e o Cerrado. Nestes biomas encontra-se uma grande quantidade de espécies
endêmicas de plantas e animais. Entretanto, são regiões que sofrem grande ameaça de destruição por
interesses econômicos, (más) ações do homem e expansões urbanas. Por todas essas características, os
biomas foram incluídos nos chamados Hotspots mundiais.

As características biológicas e geomorfológicas do maciço do Espinhaço oferecem condições


excepcionais para o fluxo gênico das espécies, estabelecendo-se como um imenso Corredor Ecológico
natural no sentido norte-sul. O ecossistema que distingue a Serra do Espinhaço de outras regiões do
mundo é o campo rupestre, ambiente extremamente frágil e de baixa resiliência, com uma
megadiversidade formada por um complexo mosaico de comunidades e alto grau de endemismo,
configurando-se, dessa forma, como um Centro de Endemismo Mundial.

Para a RBSE, os Campos Rupestres traduzem essa importância para sua conservação e manejo, pelos
altos níveis de endemismo, ameaças e beleza, o que foi determinante para o reconhecimento
internacional dessa região.

Geralmente em altitudes superiores a 900 m, estima-se a ocorrência de mais de 3.000 espécies


vegetais nos campos rupestres, embora apenas um pequeno número de áreas tenha sido inventariado.
Dessas 3.000 espécies, cerca de 2.000 ocorrem apenas nesses locais (isso sem considerar aves,
mamíferos, anfíbios, invertebrados, répteis e peixes). Outro aspecto bastante interessante são as
adaptações e sintonias entre espécies e o ambiente, que resultaram na evolução de comportamentos,
morfologia e fisiologias altamente desenvolvidos para sobreviver nesse ambiente, formado sobre
afloramentos rochosos, com solo arenoso, fino ou cascalhento, raso, ácido e pobre em nutrientes e
matéria orgânica.

A distribuição dos Campos Rupestres atinge, em grande totalidade, a região norte de Minas Gerais,
área pretendida para a Fase II da RBSE. Assim, torna-se necessária, coerente e estratégica a revisão
dos limites da RBSE para esta região, para a construção necessária nos processos de conservação dos
Campos Rupestres brasileiros. Soma-se a isto, a futura proposta de Fase III da RBSE, para o estado da
Bahia, na região da Chapada Diamantina, corroboram com esta justificativa.

OS GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS E O VALE DO PEIXE BRAVO – IDENTIDADE BIOGEOGRÁFICA E


GEOMORFOLÓGICA ESTRATÉGICA PARA A FASE II

Na porção norte da Serra do Espinhaço, em áreas não inseridas na RBSE, destacam-se ainda biomas de
Caatinga, onde se encontram ecossistemas de mata seca e vegetação xerófita (cactáceas), entremeadas
com vegetação de cerrado. Vale destacar que essas áreas apresentam índice de ocupação humana
relativamente baixo, quando comparado ao da porção sul.

A porção sul da Serra do Espinhaço caracteriza-se pelo mosaico entre a Floresta Atlântica, em áreas de
baixada ou onde os solos são mais profundos, e a vegetação rupestre, que pode estar associada a solo
quartzítico (região da Serra do Cipó) ou solo metalífero (Quadrilátero Ferrífero, onde se observa a
maior densidade populacional e, consequentemente, os principais impactos antrópicos).

Dois dos geossistemas ferruginosos mais importantes de Minas Gerais estão na Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço: o Quadrilátero Ferrífero e a Serra da Serpentina, esta integrando os geossistemas
87
da bacia do rio Santo Antônio, na região do Espinhaço Meridional (Jacobi; Carmo, 2009; Carmo et al.,
2012; Carmo; Kamino, 2015).

Os afloramentos ferruginosos, conhecidos como cangas, constituem, juntamente com as formações


ferríferas bandadas, os geossistemas ferruginosos, que por sua vez representam um dos sistemas
ecológicos mais importantes do Brasil e do mundo. Nesses ambientes ocorrem comunidades de plantas
conhecidas como campos rupestres ferruginosos, caracterizadas pela grande diversidade de espécies,
pela presença de espécies raras – pelo menos 116 espécies já foram identificadas nas cangas do
Quadrilátero Ferrífero – por exemplo, a leguminosa Mimosa calodendron Mart. ex. Benth. e a orquídea
Gomesagracilis (Lindl.) M.W. Chase & N.H. Willians.) (sensu Giulietti et al., 2009) e pela presença de
espécies que só ocorrem nessa região e de várias outras que se encontram ameaçadas de extinção,
sendo regiões de extrema importância para a conservação.

Essas áreas têm características singulares que fazem com que essa região seja única e muito especial. As
temperaturas podem chegar a 70 °C nas couraças ferruginosas e a umidade relativa do ar, a menos de
10%. Essas condições microclimáticas provocam uma situação ecofisiológica extrema, que se reflete em
adaptações das plantas como suculência, em xeromorfismo e em tolerância à dessecação, ou seja, uma
habilidade fisiológica capaz de realizar ciclos de desidratação e reidratação. Além disso, as couraças
ferruginosas podem ser compostas por até 90% de óxidos e hidróxidos de ferro, e os solos, quando
presentes, são muito ácidos, rasos e com reduzido índice de matéria orgânica (Carmo, 2010; Jacobi et
al., 2015; Schaefer et al., 2015).

Além de todas essas particularidades, esses geossistemas possuem grande heterogeneidade ambiental,
como cavernas, lagoas, brejos, lajeados, fendas, poças e escarpas, o que favorecem condições
ecológicas que geralmente diferem do restante da paisagem. Em apenas 14 afloramentos ferruginosos
localizados no Quadrilátero Ferrífero, cuja área total é menor que 550 hectares, já foram identificadas
aproximadamente 1.100 espécies de plantas vasculares (Carmo; Jacobi, 2012).

Paralelamente a toda essa riqueza e singularidade ambiental, os geossistemas ferruginosos estão


associados às principais jazidas de minério de ferro, estando entre as regiões mais ameaçadas do País.
Atualmente, 100% dos geossistemas ferruginosos estão sobrepostos à distribuição dos títulos minerários.
O potencial dos impactos ambientais resultantes da extração do minério de ferro é alto, e as jazidas e
as principais cavas de extração frequentemente estão localizadas nos topos ou nas encostas das serras
que moldam uma densa rede hidrográfica. O próprio geossistema ferruginoso constitui um aquífero com
alta capacidade de recarga e armazenamento de água. Assim, o potencial de poluição ao longo de
todo o sistema é bastante elevado quando ocorrem alterações de grande magnitude nas partes mais
altas do relevo (Carmo et al., 2012; Jacobi et al., 2015). Além da mineração, outro grande impacto
sofrido pelos campos rupestres é proveniente do pisoteio do gado e da utilização frequente de
queimadas provocadas pelos fazendeiros para a “renovação” (na verdade, uma destruição) da
pastagem, além do turismo predatório e a pavimentação de estradas.

- Com os estudos do GEOSSISTEMA FERRUGINOSO PEIXE BRAVO, desenvolvidos pelo Instituto Prístino,
parceiro direto da RBSE, que fundamenta a expansão do território da RBSE para a região norte do
Estado de Minas Gerais. Tais estudos têm sido publicados pelo Instituo Prístino, parceiro e com termo de
cooperação com o Comitê Estadual da RBSE desde 2015, e que tem destacado a região norte da Serra
do Espinhaço, como ambiente de rara beleza, ainda conservado, com características geológicas,
biogeográficas, espeleológicas, paleontológicas e arqueológicas, como grande diferencial de
identidade para a Fase II da RBSE. O detalhamento desta região encontra-se ao longo deste
documento. Importante ressaltar os seguintes documentos científicos, recentemente publicados sobre esta
região:

88
• Geossistemas Ferruginosos do Brasil: áreas prioritárias para conservação da diversidade
geológica e biológica, patrimônio cultural e serviços ambientais. Organizado por Flávio Fonseca
do Carmo e Luciana Hiromi Yoshino Kamino. Belo Horizonte: 3i Editora, 2015. 552 p. il. ISBN
978-85-66115-48-2
• Chapada de Canga: patrimônio natural e cultural de relevante interesse para a conservação.
Organizado por Flávio Fonseca do Carmo e Luciana Hiromi Yoshino Kamino. – Belo Horizonte: 3i
Editora, 2017. 360 p. il. ISBN 978-85-9548-017-9 (https://www.institutopristino.org.br/wp-
content/uploads/2018/01/Chapada-de-Canga-VF.pdf)
• Ilhas de ferro: descobrindo a importância ambiental dos ecossistemas em cangas ferruginosas.
Flávio Fonseca do Carmo [et al]. – Belo Horizonte: 3i Editora, 2017. 64 p. il. ISBN 978-85-
9548-004-9. (https://www.institutopristino.org.br/wp-content/uploads/2017/04/Cartilha-Ilhas-
de-Ferro-Descobrindo-a-importancia-ambiental-dos-ecossistemas-em-cangas-ferruginosas.pdf ) .

E, com destaque,

• O Vale do Rio Peixe Bravo: ilhas de ferro no sertão mineiro. Organizado por Flávio Fonseca do
Carmo e Luciana Hiromi Yoshino Kamino. – Belo Horizonte: 3i Editora, 2017. 208 p. il. ISBN 978-
85-9548-026-1. Link: https://www.institutopristino.org.br/wp-content/uploads/2018/03/Vale-
do-Rio-Peixe-Bravo_WEB-VF.pdf.

Região estratégica da Fase II da RBSE, o Vale do Peixe Bravo localiza-se no setor norte de Minas
Gerais, e abrange os municípios de Grão Mogol, Fruta de Leite, Rio Pardo de Minas, Riacho dos
Machados e Serranópolis de Minas. Sem a devida proteção por qualquer categoria de Unidade de
Conservação ou outro tipo de área protegida, nessa região ocorrem áreas de cangas com atributos
ambientais e culturais também únicos e de extrema importância para a conservação (Carmo et al.,
2015). Entre esses atributos está o sistema cárstico ferruginoso, contendo dezenas de cavidades naturais
subterrâneas; as paleotocas, representando o primeiro registro no Brasil em rochas ferruginosas; e,
ainda, a diversidade de uma flora muito rara, com algumas espécies não descritas (Carmo et al.,
2011a; 2011b; Jacobi et al., 2015).

Até o momento já foram catalogadas 18 paleotocas escavadas pela megafauna extinta (Buchmannet
al., 2015), representando um conjunto paleontológico de importância mundial. Existem ainda outros
relevantes objetos de conservação constituídos pelos invertebrados troglomórficos e por um potencial
arqueológico e histórico atrelado ao sítio espeleológico, todos com lacuna de conhecimento científico
para a região, além dos serviços ambientais, como a recarga e o armazenamento de água (Carmo et
al., 2015).

Esses atributos e particularidades fazem dessa região um berço de espécies vegetais e animais que
ocorrem apenas na Serra do Espinhaço. Outras regiões da Cadeia do Espinhaço merecem ser
abarcadas no processo de conservação, na tentativa de preservar o que ainda existe e se encontra sob
forte ameaça. Estamos falando de um dos sistemas ecológicos mais importantes do mundo, que uma vez
perdido não mais teremos a beleza de suas especificidades, as recargas de inúmeros aquíferos e a
importância de seus serviços ecológicos já conhecidos, e de muitos ainda a descobrir e entender.
Portanto, essa região é um importante mosaico de atributos especiais para a ampliação da Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço.

89
Entre as espécies vegetais, nas cangas do Peixe Bravo, já foram identificadas quatro espécies citadas no
catálogo de plantas raras do Brasil (Giulietti et al., 2009): Encholirium reflexum Forzza & Wand.
(Bromeliaceae); Arrojadoaerio caulis Buining & Brederoo, Micranthocereus violaciflorus Buining e
Pilosocereus fulvilanatus (Buining & Brederoo) Ritter (Cactaceae).

RECURSOS NATURAIS, PATRIMÔNIO AMBIENTAL E PRINCIPAIS AMEAÇAS DO VALE DO PEIXE


BRAVO

Uma das características mais relevantes dos geossistemas ferruginosos é a associação com aquíferos de
expressão local ou regional. Dessa forma, a conservação das formações ferríferas manterá a
capacidade de recarga e armazenamento hídrico, favorecendo incontáveis mananciais, como é o caso
do Quadrilátero Ferrífero, região central de Minas Gerais (Mourão, 2007; Gama & Matias, 2015). No
vale do Rio Peixe Bravo (Fig. 5), a relação entre as rochas ferruginosas e os recursos hídricos é
evidenciada pela ocorrência de nascentes que abastecem riachos e pela exposição do aquífero no
interior de algumas cavidades naturais, como já relatados por Carmo et al. (2011; 2015). Essa
produção hídrica é uma condição ambiental fundamental, levando em consideração que a região
localiza-se no semiárido brasileiro, o qual é caracterizado pela precipitação pluviométrica média anual
inferior a 800 milímetros, por apresentar um risco de seca maior que 60% e por ter um índice de aridez
de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração
potencial (Ministério da Integração Nacional, 2005).

Apesar de ainda ser pouco divulgado para a sociedade o potencial espeleológico das rochas
ferruginosas, ao contrário da situação das cavernas em rochas carbonáticas, nas localidades onde
existem as formações ferríferas há um potencial muito alto de existirem cavernas (CECAV, 2017). Dessa
forma, no geossistema ferruginoso do Peixe Bravo ocorre um importante sítio espeleológico (Fig. 6), com
dezenas - ou talvez centenas - de cavidades naturais que se encontram em bom estado de conservação
(Carmo et al., 2011).

Os geossistemas ferruginosos em Minas Gerais abrigam também colossais reservas minerais e,


atualmente, o Estado é o maior produtor brasileiro de minério de ferro, extraindo mais de 180 milhões
de toneladas ao ano (IBRAM, 2015). Essa produção mineral é o resultado de dezenas de cavas a céu-
aberto, onde milhões de toneladas de formações ferríferas são processadas anualmente, gerando ao
mesmo tempo milhões de toneladas de material estéril e milhões de metros cúbicos de rejeitos
depositados em barragens que podem atingir mais de 100 metros de altura. Além disso, ao abrir as
frentes de lavra, as cangas são geralmente descartadas, resultando em perda irreversível de áreas
naturais (Carmo et al., 2012). Portanto, a exploração mineral dos geossistemas ferruginosos gera
receitas, mas também gera um substancial passivo ambiental, cujos prejuízos socioambientais ainda não
foram avaliados economicamente.

No vale do Rio Peixe Bravo já foram realizados alguns estudos estimando a reserva mineral de ferro,
sendo que um dos mais antigos estimou preliminarmente a reserva em 2,7 milhões de toneladas por
metro de profundidade e inferindo uma reserva total de 540 milhões de toneladas de minério de ferro
(Schobbenhaus, 1972). Atualmente, cerca de 80% da área superficial dos geossistemas ferruginosos
estão sobrepostos a títulos de direitos minerários outorgados pelo Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM). Localmente, esses títulos minerários predominantemente são de Requerimento de Lavra,
seguido por Disponibilidade e Autorização de Pesquisa Mineral. Apesar de não haver atividade em

90
escala industrial de extração de minério de ferro, o vale do Rio Peixe Bravo já foi alvo de impactos
ambientais negativos relacionados à abertura de centenas de praças de sondagem geológica.

Outro agente de degradação ambiental na região é a atividade de monocultura de eucalipto,


recobrindo milhares de hectares dos topos das chapadas ao longo do Rio Peixe Bravo (Fig. 7).

O vale do Rio Peixe Bravo está inserido entre as bacias hidrográficas dos rios Jequitinhonha e Pardo.
Insere-se ainda entre os Domínios fitogeográficos da Mata Atlântica e do Cerrado. A região está
sobreposta a diversas Áreas Prioritárias para a Conservação (Tab. 2). De acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (2008), as Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição
dos Benefícios da Biodiversidade representam: ...“um instrumento de política pública para apoiar a
tomada de decisão, de forma objetiva e participativa, no planejamento e implementação de ações
como criação de unidades de conservação, licenciamento, fiscalização e fomento ao uso sustentável.”

Percebe-se que o vale do Rio Peixe Bravo concentra diversas áreas de relevante interesse para a
Conservação. Entretanto, ainda não foi criada nenhuma área protegida / unidade de conservação, que
representam a principal política de preservação, manutenção e uso sustentável do patrimônio ambiental
brasileiro.

Quando se analisam as principais ações e recomendações referentes às áreas prioritárias que ocorrem
no Peixe Bravo, dois pontos importantes podem ser destacados: 1) a indicação do “Envolvimento da
comunidade local nas questões ambientais e no manejo e preservação da biota local”, o que
consideramos fundamental; e 2) a ausência de ações de educação ambiental. O preenchimento dessa
lacuna é o grande desafio.

Certamente, a ampliação da RBSE, em sua Fase II, para esta importante região, tem-se um potencial
enorme para a aplicação das funções das Reservas de Biosfera do programa MaB, fortalecendo o
reconhecimento de uma das regiões mais ricas de Minas Gerais.

No Vale do Peixe Bravo ocorrem áreas de cangas com atributos ambientais singulares, sem nenhuma
proteção em Unidades de Conservação. De acordo com Carmo et al. (2015), “o Vale do Rio Peixe
Bravo traz uma diversidade de atributos ambientais e culturais, objetos de conservação e serviços
ecossistêmicos que elevam a importância da região para a preservação desse geossistemas” (Carmo et
al., 2012). Entre os atributos já documentados estão o sistema cárstico ferruginoso, contendo dezenas
de cavidades naturais subterrâneas; as paleotocas, representando o primeiro registro no Brasil em
rochas ferruginosas; e a flora rara (Carmo et al., 2011a; 2011b; Jacobi et al., 2015). Existem ainda
outros relevantes objetos de conservação constituídos pelos invertebrados troglomórficos e por um
potencial arqueológico e histórico atrelados ao sítio espeleológico, todos com lacuna de conhecimento
científico para a região, além dos serviços ambientais, como a recarga e o armazenamento de água”.

Considerando os limites geográficos restritos de ocorrência, pelo menos 116 espécies inventariadas nas
cangas do Quadrilátero Ferrífero podem ser caracterizadas como plantas raras (sensu Giulietti et al,
2009), ou seja, possuem distribuição restrita a 1º latitude e 1º longitude, correspondendo a uma área
de 10.000 km². Entre essas plantas raras estão a leguminosa Mimosa calodendron Mart. ex. Benth. e a
orquídea Gomesa gracilis (Lindl.) M.W. Chase & N.H. Willians.

Por estarem associados às principais jazidas de minério de ferro, os geossistemas ferruginosos estão
entre as regiões mais ameaçadas do país. Os impactos ambientais resultantes da extração do minério
de ferro possuem um alto potencial de poluição. As jazidas e, por conseguinte, as principais cavas de
extração frequentemente estão localizadas nos topos ou encostas das serras que moldam uma densa
rede hidrográfica. O próprio geossistema ferruginoso constitui um aquífero com alta capacidade de

91
recarga e armazenamento de água. Assim, o potencial de poluição ao longo de todo o sistema é
bastante elevado quando ocorrem alterações de grande magnitude nas partes mais altas do relevo
(Carmo et al., 2012; Jacobi et al., 2015). Atualmente, 100% dos geossistemas ferruginosos estão
sobrepostos a distribuição dos títulos minerários.

92
FIGURA 14: GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS NA RBSE.

93
FIGURA 15: FITOFISIONOMIAS QUE OCORREM ASSOCIADAS À HETEROGENEIDADE AMBIENTAL EM CANGAS NO QUADRILÁTERO
FERRÍFERO, PORÇÃO SUL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO. A) ILHAS DE VEGETAÇÃO FORMADAS POR VELLOZIA SP
SOBRE EXTENSOS LAJEADOS LOCALIZADOS NA CHAPADA DE CANGA, MUNICÍPIO DE CATAS ALTAS. B) VEGETAÇÃO RUPESTRE EM
CANGAS LOCALIZADAS NA SERRA DE CAPANEMA, OURO PRETO; C) VEGETAÇÃO RUPESTRE LOCALIZADA NA SERRA DA BRÍGIDA, OURO
PRETO; D) VEGETAÇÃO ASSOCIADA A LAGOAS DESENVOLVIDAS EM CANGAS, CATAS ALTAS; E) VEGETAÇÃO ARBÓREA AO LONGO DE
ESCARPA, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO ROLA MOÇA, NOVA LIMA; F) CAPÃO DE ALTITUDE LOCALIZADO NA SERRA DA MOEDA,
MOEDA. ADAPTADO DE CARMO (2010).

94
FIGURA 16: PLANTAS RARAS E ENDÊMICAS DAS CANGAS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, PORÇÃO SUL DA RESERVA DA BIOSFERA DA
SERRA DO ESPINHAÇO. A) MIMOSA CALODENDRON MART. EX BENTH. (FABACEAE); B) GOMESA GRACILIS (LINDL.) M.W. CHASE & N.H.
WILLIANS (ORCHIDACEAE); C) SINNINGI.

O Vale do Peixe Bravo abrange os municípios de Grão Mogol, Fruta de Leite, Rio Pardo de Minas,
Riacho dos Machados e Serranópolis de Minas. Os geossistemas ferruginosos do Vale do Peixe Bravo
estão distribuídos principalmente ao longo de 60 km, em direção su-sudoeste/nor-nordeste, no lado
oriental da Cadeia do Espinhaço. Nesta localidade já foram catalogadas 18 paleotocas escavadas
pela megafauna extinta (Buchmann et al., 2015), representando um conjunto paleontológico de
importância mundial. A vegetação ainda é pouco estudada, porem já foram encontradas espécies raras,
ameaçadas e algumas ainda não descritas pela ciência.

De acordo com Carmo et al. (2015), a região apresenta uma heterogeneidade de fitofisionomias e
elevada riqueza de espécies, com elementos raros e ameaçados. Essas características, em boa parte,
estão relacionadas à proximidade com o Cerrado, com a Caatinga e com a Mata Atlântica.
Predominam fitofisionomias do Cerrado, incluindo manchas importantes de Cerradão, estes associados
aos latossolos. Nas drenagens, ocorrem matas ciliares que, ao longo das vertentes, são substituídas por
florestas estacionais semideciduais – destacando a presença da braúna (Melanoxylon brauna Schott),
espécie ameaçada de extinção na categoria vulnerável (MMA, 2014) – e por florestas estacionais
deciduais. Nas chapadas, ocorre uma vegetação arbóreo-arbustiva conhecida como “carrasco” e
caracterizada por espécies intensamente ramificadas, entremeadas por cactos (Pirani et al., 2003).
Alguns autores caracterizaram esta vegetação como formações de transição cerrado-caatinga (Meguro
et al., 1994; Harley, 1995).
95
FIGURA 17: IMPACTOS AMBIENTAIS NOS GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS RESULTANTES DA EXTRAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO. ACIMA:
COMPLEXO DE CAVAS A CÉU ABERTO NA SERRA DE ITATIAIUÇU, QUADRILÁTERO FERRÍFERO. ABAIXO: PILHA DE DEPOSIÇÃO DE MATERIAL
ESTÉRIL, NOVA LIMA. FOTOS: FLÁVIO DO CARMO.

Os afloramentos de cangas constituem fortes filtros ambientais para as espécies que ocorrem na matriz
vegetacional, representados pelas condições estressantes dos afloramentos ferruginosos como solos muito
rasos, ácidos e pobres em nutrientes, temperaturas elevadas e baixa humidade (Jacobi et al. 2015).

Nas cangas do Peixe Bravo já foram identificadas quatro espécies citadas no catálogo de plantas raras
do Brasil (Giulietti et al., 2009): Encholirium reflexum Forzza & Wand. (Bromeliaceae); Arrojadoa
eriocaulis Buining & Brederoo, Micranthocereus violaciflorus Buining e Pilosocereus fulvilanatus (Buining &
Brederoo) Ritter (Cactaceae).

Nos afloramentos ferruginosos predominam duas fisionomias: vegetação herbáceo-subarbustiva,


ocorrendo nas áreas abertas, e os capões arbustivo-arbóreos.

Nas áreas abertas ocorrem três tipos principais de comunidades: a vegetação epilítica; as ilhas
formadas por espécies clonais (reprodução vegetativa); e as espécies associadas às manchas de solo
acumuladas em fendas ou depressões do substrato. Entre as espécies epilíticas mais frequentes está o
cacto endêmico de Minas Gerais Discocactus placentiformis (Lehm.) K.Schum. Várias espécies de Vellozia
e a bromélia rara Encholirium reflexum representam algumas espécies clonais. Sempre associados a
manchas de solos, ocorrem subarbustos de Pffafia siqueiriana (Marchioretto & Miotto) e Tibouchina
heteromalla (D. Don) Cogn. e a bromélia do gênero Orthophytum, ainda não descrita pela ciência.

96
FIGURA 18: PALEOTOCA LOCALIZADA NO VALE DO PEIXE BRAVO, NORTE DE MINAS GERAIS E OS POSSÍVEIS
ANIMAIS ESCAVADORES. ADAPTADO DE CARMO ET AL., 2011; BUCHMANN ET AL. (2015).

FIGURA 19: ÁREAS DE CANGA LOCALIZADAS EM RIO PARDO DE MINAS (A ESQUERDA) E MORRO DO CAPIM,
EM PRIMEIRO PLANO UM AFLORAMENTO DE ITABIRITO, MUNICÍPIO DE RIACHO DOS MACHADOS (A DIREITA).
ADAPTADO DE CARMO ET AL. (2015).

97
Fase 3 da RBSE: Proposta de Ampliação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço até o Estado
da Bahia

De acordo com o Projeto Espinhaço (COMIG, 1997), a Cadeia do Espinhaço “representa um importante
acidente geográfico que se estende desde as proximidades de Belo Horizonte até o limite norte do
Estado da Bahia com o Estado do Piauí. O relevo da serra é marcadamente acidentado com altitude
geralmente superior a 1.000m, alcançando um máximo de 2.002m de altitude no Pico do Itambé,
localizado a cerca de 30km a sudeste de Diamantina.

Na Fase 1, o limite da RBSE se estendeu do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais até o PARNA das
Sempre-Vivas, abrangendo a porção meridional da Serra do Espinhaço.

A Fase 2, proposta neste documento, amplia o limite da RBSE até a divisa com o estado da Bahia. Esta
ampliação do limite até a parte setentrional da Cadeia do Espinhaço, no Estado de Minas Gerais, é
importante para proteger importantes áreas preservadas de campos rupestres, Além disso, esta
ampliação abrange importantes unidades de conservação de proteção integral, como o Parque Estadual
do Botumirim, de grande beleza cênica e local de ocorrência da ave rolinha do planalto, dada como
extinta pela ciência, o Parque Estadual de Grão Mogol, Parque Estadual de Montezuma, Parque
Estadual Caminho das Gerais, Parque Estadual de Serra Nova e Telhado, Reserva de Desenvolvimento
Sustentavel Federal Nascentes Geraizeiras, dentre outras UCs.

No entanto, conforme a avaliação sobre do desempenho de um conjunto de áreas protegidas da região


da cadeia da Serra do Espinhaço em relação à conservação de 648 alvos, sendo 607 espécies da
fauna e da flora, 41 diferente tipo de ecossistemas, além da proteção de nascentes, como serviços
ambientais essenciais para a população, obteve-se como resultado a indicação de um conjunto de áreas
consideradas insubstituíveis para a conservação em toda a Cadeia da Serra do Espinhaço.

Portanto, espera-se que a Fase 3 de ampliação dos limites RBSE possa abranger estas áreas no estado
Bahia, conforme recomendação dos estudos realizados ao longo de toda a Cadeia do Espinhaço,
demonstrando a necessidade de ampliação dos limites da RBSE, assim como preconizado pelo programa
MaB/UNESCO.

98
FIGURA 20: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS NA CADEIA DA SERRA DO ESPINHAÇO. NOTA-SE QUE NO ESTADO DA
BAHIA AS ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS AINDA NÃO ESTÃO ABRANGIDAS PELA RBSE, PROPOSTO PARA AMPLIAÇÃO
NA FASE 3.

99
100
3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Objetivo: impulsionar o desenvolvimento econômico e humano de maneira social, cultural e


ecologicamente sustentável.

101
A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço encontra-se localizada em uma região marcada, desde o
período colonial, pela extração de recursos naturais, com ênfase nos recursos minerais, iniciando no
século XVIII, com o período de descoberta de ouro e diamantes na região. Posteriormente, no final do
século XVIII e início do século XIX, as jazidas de minério de ferro foram descobertas, principalmente nas
serras do Quadrilátero Ferrífero (porção sul da RBSE), tornando-se esta, então, a principal área
produtora de minério de ferro do Brasil e uma das maiores províncias minerárias do mundo.

Com uma geo e biodiversidade impressionante na RBSE, cumpre salientar que a mineração precisa
coexistir com áreas dotadas daquelas características. Apesar das avaliações de impactos ambientais,
que permitem a obtenção de uma licença para os empreendimentos econômicos seguirem um conjunto
bastante rigoroso de regras pela legislação brasileira, outros fatores devem ser considerados,
principalmente aqueles relacionados à dimensão humana e às singularidades bióticas das áreas
afetadas pelos empreendimentos. Os critérios locacionais entre os recursos naturais não renováveis, neste
caso para o minério de ferro, bem como as paisagens únicas e a biodiversidade endêmica e culturas
locais, criam um dilema e geram compromissos que devem orientar o presente e o futuro da RBSE.
Destaca-se, nesse contexto, a presença significativa de Campos Rupestres Ferruginosos na RBSE, uma
fitofisionomia com grande valor ecológico, arqueológico e geoambiental e, ao mesmo tempo, bastante
ameaçada devido à sua distribuição restrita e à associação com os principais depósitos de minério de
ferro do Brasil (CARMO, 2010). Nesse sentido, ações colaborativas que garantam a interlocução com o
setor minerário são prementes. Para tal, a criação de um Grupo de Trabalho sobre Mineração na RBSE
e a participação da FIEMG e do Sindiextra no seu Comitê Estadual proporcionam momentos de diálogo
efetivos e de melhorias contínuas na gestão do território e dos recursos naturais da Serra do Espinhaço e
que deve ser aprimorada continuamente.

Para impulsionar o desenvolvimento econômico e humano de maneira social, cultural e ecologicamente


sustentável no território proposto para a Fase 2 é fundamental considerar o maior distanciamento desses
municípios da capital do estado de Minas Gerais - Belo Horizonte. O território da Fase 2 possui um IDH
mais baixo, quando comparado aos municípios contemplados na Fase 1. Esse fato impõe uma
configuração estratégica mais ajustada à essas realidades. Nesse novo cenário a opção será uma
abordagem com maior sintonia à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, alinhada às
estratégias preconizadas pelo Plano de Lima. Importante dizer que, o território da RBSE compreende o
maior Produto Interno Bruto do estado de Minas Gerais e, por outro lado, temos na região norte deste
território, para onde se pretende expandir a RBSE em sua Fase 2, o menor IDH do estado mineiro.

Considerando que os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável são integrados e indivisíveis e


mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social
e a ambiental, os componentes que impulsionam o desenvolvimento sustentável na Serra do Espinhaço
buscam engajar os diversos setores nessa construção.

É fato que a economia desse território (RBSE Fase 1 e RBSE Fase 2) está baseada fortemente em três
eixos principais: extrativismo mineral, agropecuária e turismo. Como meio de implementação da Agenda
2030 tem sido fundamental a criação de redes de diálogo e a organização de parcerias. Nesse
sentido, a RBSE busca permanentemente a aproximação com os governos locais, comunidades
tradicionais, empresas privadas, organizações do terceiro setor e universidades.

É importante destacar, ainda, que os gestores das zonas núcleo da RBSE tem realizado um papel de
grande importância como articuladores desse processo. Neste sentido, as unidades de conservação
também funcionam como indicadores de políticas públicas de desenvolvimento sustentável, desde os
procedimentos de licenciamento ambiental, passando pela integração com a zona de amortecimento
promovendo gestão compartilhada entre elas, por meio de Mosaicos de Áreas Protegidas.

102
É notável uma evolução da compreensão da sociedade sobre a necessidade de maior proteção dos
ecossistemas, seja por uma necessidade urgente como garantir a segurança hídrica (abastecimentos das
cidades ou empreendimentos econômicos), seja pelo ativismo mais consciente, resultado de programas
educacionais consistentes ou consolidação de uma cultura ajustada aos novos tempos. Por outro lado,
vale destacar a incorporação da sustentabilidade em projetos de cidades inteligentes, agricultura
orgânica, agroflorestas, energias limpas, logística reversa, turismo ecológico entre outros.

Considerando essas premissas, a RBSE tem realizado uma avaliação mais profunda, sempre integrando
os diversos setores, sobre os ativos ambientais e os serviços ecossistêmicos. A partir daí temos encontrado
oportunidades de parcerias bilaterais e multilaterais. Iniciativas autônomas também são observadas nos
setores do turismo, agricultura e mineração. Sempre que possível o Comitê Gestor da RBSE busca a
integração e o acompanhamento.

Um aspecto que merece destaque enquanto desafio de desenvolvimento e de ordenamento na RBSE é a


sua localização privilegiada em relação aos principais polos emissores de turistas com distâncias
consideradas razoáveis para os principais centros urbanos e a presença do Aeroporto Internacional
Tancredo Neves, localizado no vetor norte da capital Belo Horizonte, no município de Confins
(incorporado na Fase 2 da RBSE). Além disto, é pertinente assinalar os circuitos turísticos presentes na
região da RBSE, como o Turismo Ecológico nas áreas protegidas; o Turismo Cultural nos centros históricos
de Minas Gerais, considerados como Sítios Patrimônio Cultural Mundial – Congonhas, Diamantina, Ouro
Preto; o Turismo Rural, emergindo com destaque nos municípios do norte de Minas Gerais, que
encontram-se incorporados à Fase 2; o Turismo Gastronômico; o Turismo Religioso, representado, com
destaque, pelo Caminho Religioso da Estrada Real (CRER).

A atividade turística representa um relevante promotor de desenvolvimento nos municípios da Reserva,


porém faz-se necessária a adoção de soluções que visem à redução de impactos negativos do turismo
desordenado, principalmente aqueles relacionados à degradação ambiental dos equipamentos
turísticos, como nas áreas protegidas.

Um caminho estratégico que vem se incorporado nos processos de planejamento e gestão da RBSE
envolve a criação de iniciativas de sensibilização e interpretação ambiental, com destaque para o
Programa de Sinalização das estradas e municípios da Reserva, de apoio à gestão das áreas
protegidas por meio dos estudos sobre as unidades de conservação municipais presentes no território e
de fortalecimento das identidades regionais, do diálogo e da gestão participativa por meio da
proposição de mosaicos de áreas protegidas, como os Mosaicos Alto Jequitinhonha – Serra do Cabral e
da Serra do Cipó, que já representam um grande esforço de conservação, gestão participativa e
desenvolvimento sustentável no território da RBSE desde o seu reconhecimento.

Outro espaço promotor de turismo e conservação que precisa ser evidenciado é a Estação Espinhaço.
Trata-se de um espaço interativo, criado em 2018 por meio de uma parceria firmada entre o Instituto
Biotrópicos (membro do Comitê Estadual da RBSE) e o IPHAN para a revitalização de uma edificação no
centro histórico de Diamantina (cidade reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade), que
abriga acervo de informações e exposições sobre a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e que
promove eventos, atividades educativas, dentre outras iniciativas referentes ao contexto geoambiental e
cultural do Espinhaço. O ambiente agrega, também, a coordenação do Conserva Mundi (Projeto Salas
Verdes do MMA), a gerência do Atrativo Natural Gruta do Salitre e a Secretaria Executiva do Mosaico
de Áreas Protegidas do Espinhaço.

FIGURA 21: ESTAÇÃO ESPINHAÇO, LOCAL ESTRATÉGICO PARA A PROMOÇÃO, DIFUSÃO E ARTICULAÇÃO DE
AÇÕES DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.

103
FONTE: INSTITUTO BIOTRÓPICOS, DIAMANTINA, MINAS GERAIS (2018).

Além dos atrativos naturais, históricos e culturais da RBSE, que favorecem o turismo principalmente no
contexto da “Estrada Real”, a expressiva manifestação da cultura, por meio do artesanato que utiliza
matéria-prima natural – como flores, madeira, rochas e minerais, couro, palha – e da arte popular da
culinária, literatura, música, danças e festas, faz do “Terroir” do Espinhaço uma área repleta de
significados e valores com um potencial extraordinário para o desenvolvimento do turismo sustentável.
Por outro lado, a maioria dos municípios da RBSE desenvolve atividade minerária, que, em muitos casos,
é contraditória quando associada ao turismo.

Nesse contexto, impulsionar o desenvolvimento econômico e humano de maneira social, cultural e


ecologicamente sustentável tem sido, sem dúvida, o maior desafio, exigindo muitos esforços e empenho
por parte de seu Comitê Gestor.

O primeiro fator refere-se ao histórico e o perfil da região marcada por um processo com raízes
colonialistas de obtenção dessas riquezas. É fato que grande parte do setor de mineração já evoluiu e
se modernizou, entretanto, toda atenção ainda deve ser dada para garantir a conservação dos
mananciais hídricos, da biodiversidade, da cultura tradicional e dos direitos humanos, considerando
como eixo transversal da gestão da RBSE os Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável.

Outro fator é a demanda imposta pelo mercado internacional referente aos minerais metálicos, com
grande destaque para o minério de ferro. A forte valorização dessa commoditie nos 7 primeiros anos
após a criação da RBSE desencadeou uma superexploração no território. Mesmo as jazidas com baixo
teor de ferro passaram a ter viabilidade. As consequências são observadas desde a aceleração das
licenças com frágeis condicionantes e compensações ambientais, até a explosão demográfica e os
problemas sociais. Os processos de extração mineral têm sido alvo de contundentes cobranças em
relação à degradação ambiental. Além disso, têm sido cada vez mais frequentes os questionamentos de
movimentos comunitários a respeito dos reais benefícios sociais gerados pela atividade da mineração,
principalmente para as populações locais onde as minas são operadas. Nesse cenário, o Comitê Gestor
vem construindo caminhos que apostam para a possibilidade de soluções e acordos, pautados pelo
diálogo social, envolvendo as premissas dos grupos que se integram de forma cooperativa.

A partir do seu reconhecimento como Reserva da Biosfera pela UNESCO, em 2005, os esforços para a
promoção de estratégias de desenvolvimento sustentável aumentaram sobremaneira, seja com a criação
de Unidades de Conservação de Proteção Integral (Zonas Núcleo) e de Uso Sustentável (Zona de
104
Amortecimento e Conectividade), seja pela implementação de iniciativas de valorização e apoio às
populações locais, como os Programas de Pagamentos por Serviços Ambientais (como destaque para o
Bolsa Verde, do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais), de Manejo Sustentável de Espécies
Nativas (como as ações de cultivo sustentável de sempre-vivas no Alto-Jequitinhonha).

Um grande avanço importante na RBSE desde o seu reconhecimento, em 2005, e após a elaboração da
Primeira Revisão Periódica, em 2015, refere-se ao sistema de agricultura tradicional da Serra do
Espinhaço, no território do Alto Jequitinhonha, que pode ser o primeiro Patrimônio Agrícola Mundial
brasileiro. Nessa região, residem comunidades tradicionais que, ao longo de séculos, realizam a coleta
de flores sempre-vivas (família Eriocaulaceae). Os apanhadores de flores serão a primeira candidatura
brasileira ao programa de reconhecimento de “Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial”
(Sipam) ou “Globally Important Agricultural Heritage Systems” (GIAHS), concedido pela Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O referido sistema agrícola tradicional dos
apanhadores de sempre-vivas ocorre na parte mineira da Serra do Espinhaço e abrange os municípios
de Bocaiúva, Olhos D’Água, Diamantina, Buenópolis, Couto Magalhães, Serro e Presidente Kubitscheck.
O documento, que fora submetido à FAO, foi elaborado, em parceria, pela Comissão em Defesa dos
Direitos das Comunidades Extrativistas da Serra do Espinhaço de Minas Gerais (Codecex), pelo governo
de Minas Gerais, pelas prefeituras onde as comunidades estão localizadas e pelas universidades.
Atualmente, apenas 3 locais em 3 países (1 local no Chile – Agricultura Chiloé, 1 local no México –
Sistema Chinampas de Agricultura; e 1 local no Peru – Agricultura Andina) são designados como GIAHS
na região da América Latina e do Caribe.

Ainda referente às práticas de agricultura sustentável e modelos de desenvolvimento sustentável, é


importante ressaltar as iniciativas de destaque dos municípios do norte de Minas Gerais, maior área de
ampliação da RBSE em sua fase 2. Salienta-se, nesse contexto, o Centro de Agricultura Alternativa do
Norte de Minas (CAA) – organização de agricultores familiares, sediada em Montes Claros, cuja
composição é feita, de modo geral, por representantes de povos e comunidades tradicionais de Minas
Gerais, envolvendo geraizeiros, catingueiros, quilombolas, indígenas, veredeiros, vazanteiros. As ações
do CAA são desenvolvidas, desde 1985, mediante os pilares da sustentabilidade, da produção
agroecológica e dos direitos dos povos e comunidades tradicionais.

Quanto aos municípios da porção norte da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, cuja
incorporação encontra-se proposta neste documento de Fase 2 da RBSE, a pecuária extensiva e as
práticas de agricultura familiar e agroextrativismo constituem a sua base econômica, com os seus
povoados surgindo às margens dos rios – principalmente o São Francisco. Visando ao fortalecimento da
região e à implantação de ações de governança participativa, em 2003, foi criada uma secretaria
específica para a região, a Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do
Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan), à qual foi vinculado o Instituto de Desenvolvimento
do Norte e Nordeste de Minas (Idene). Pela relevância de sua área de atuação, que cobria à época
188 municípios, a pasta deixou de ser “extraordinária” e tornou-se permanente em 2011. Em 2014,
para ampliar o escopo das políticas públicas, foram incluídos mais 68 municípios do Vale do Rio Doce e
dois do Noroeste de Minas à área de atuação da pasta, que passou a ser denominada Secretaria de
Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor). A Sedinor
abrange hoje 258 cidades.

Nesse contexto regional, projetos de irrigação ganham destaque, como o Projeto Jaíba, cuja gênese
data de 1950 e, atualmente, é considerado o maior projeto de agricultura irrigada da América Latina.
O seu objetivo primordial é apoiar o assentamento de produtores rurais no projeto, reestruturando e
revitalizando seus processos produtivos, além de promover o desenvolvimento sustentável da agricultura
no norte de Minas Gerais, visando à consolidação de um polo agroindustrial e ao aumento a
participação da região nos mercados interno e externo, principalmente de cultivo de espécies frutíferas,
105
de grãos, forrageiras, florestais olericultura. Dos municípios limítrofes da região do Projeto Jaíba,
presentes na Fase 2 da RBSE, destacam-se Catuti, Gameleiras e Monte Azul, com uma população de
32.241 pessoas, conforme censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010.

FIGURA 22: MUNICÍPIOS LIMÍTROFES DA REGIÃO DO PROJETO JAÍBA.

FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS – RELATÓRIO DO


PROJETO JAÍBA 2005-2010.

106
FIGURA 23: MAPA DOS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELO PROJETO JAÍBA NA FASE 2 DA RESERVA DA BIOSFERA
DA SERRA DO ESPINHAÇO.

Os municípios do “sertão mineiro” mantêm fiéis as suas tradições, refletidas nas práticas da culinária, nas
manifestações da cultura popular, na música e um artesanato rico, aproximando-se bastante dos
municípios da região Nordeste do Brasil em suas características econômicas, sociais e culturais. A região
norte de Minas, contudo, não está acompanhando o crescimento do Nordeste, como destacam Santos &
Silva (2011).

As diferenças regionais no Estado não foram significativamente reduzidas com a intervenção da


Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Ainda hoje, os indicadores econômicos e
sociais estratificados por região confirmam uma enorme discrepância entre as regiões Central e o
Triângulo mineiro, em contraposição ao norte de Minas e os Vales Jequitinhonha e Mucuri (SANTOS &
SILVA, 2011, p.21).

Considerando a condição socioeconômica precária por um lado, e o seu grande potencial natural e
histórico-cultural, é premente a implementação de iniciativas que visem ao seu desenvolvimento
sustentável. Nesse sentido, a ampliação dos limites da RBSE para o norte de Minas pode favorecer uma
107
maior visibilidade e atração de novos negócios sustentáveis para região, o que demonstra sinergia com
os Objetivos Estratégicos do Programa MaB para 2015-2025, com ênfase à: “promoção do uso
sustentável dos recursos naturais” e à “contribuição para a construção de economias e sociedades
saudáveis e justas, com assentamentos humanos prósperos em harmonia com a Biosfera”, além da
oportunidade de colaborar com a redução da “perda acelerada das diversidades cultural e biológica e
suas inesperadas consequências na capacidade dos ecossistemas em continuar proporcionando serviços
fundamentais para o bem-estar da humanidade”, tratado como desafio pelo Programa MaB. Essa
ampliação da RBSE para o norte de Minas Gerais e o fomento para ações na região encontram-se em
consonância, também, com os Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), nos quais
salientam-se: “fome zero e agricultura sustentável”, “redução das desigualdades”, “paz, justiça e
instituições eficazes”, dentre outras passíveis de serem elencadas enquanto desafios de implantação
nessa porção da Serra do Espinhaço.

A vocação do turismo no norte de Minas Gerais também merece destaque, criando cada vez mais
oportunidades sustentáveis para o desenvolvimento econômico de uma das regiões com um dos menores
Produto Interno Bruto (PIB) per capita e do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do
Brasil.

O município de Salinas, como exemplo de vetor turístico da mesorregião do norte de Minas Gerais,
destaca-se pela produção de cachaça artesanal, que foi adotada como elemento de identificação para
a estruturação turística de Salinas e que proporciona a atração de visitantes durante todo o ano.
Cumpre ressaltar, nesse contexto, que a “Aguardente de cana tipo cachaça” fora certificada, pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em 16 de outubro de 2012, como Indicação
Geográfica, na categoria de Indicação de Procedência.

FIGURA 24: SELO DE INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DA AGUARDENTE DE CANA TIPO CACHAÇA DA REGIÃO DE
SALINAS.

FIGURA 25:MUSEU DA CACHAÇA EM SALINAS.

FONTE: WELLINGTON PEDRO/IMPRENSA MG.

108
Outro elemento promotor do turismo sustentável que merece ser evidenciado é a presença de Unidades
de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável, compondo um mosaico de áreas protegidas
na porção setentrional da Serra do Espinhaço. Ressaltam-se, nesta proposta de Fase 2 da RBSE, a
presença de novas Unidades de Conservação, compondo as zonas de amortecimento e zonas núcleo
para a RBSE – Fase 2.

É pertinente destacar, enquanto modelo de território em que preconiza-se a conciliação da proteção


ambiental com atividades sustentáveis realizadas por comunidades tradicionais, a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) Federal Nascentes Geraizeiras – a primeira Unidade de
Conservação dessa categoria na RBSE, localizada nos Municípios de Montezuma, Rio Pardo de Minas e
Vargem Grande do Rio Pardo, criada pelo Decreto s/n, de 13 de outubro de 2014 e cuja
administração é cabível ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Os indivíduos
residentes nessa UC são os geraizeiros ou “habitantes do Sertão” – populações tradicionais que habitam
a margem direita do rio São Francisco, no norte de Minas Gerais, em regiões do Cerrado conhecidas
como “Gerais”. Tratam-se de pequenos agricultores que vivem do plantio de lavouras diversificadas
como milho, feijão, amendoim, mandioca, cana-de-açúcar, frutas e verduras. O Cerrado faz parte da
estratégia produtiva dessas comunidades, fornecendo, por meio do extrativismo, alimentação para o
gado, madeira, colheita de frutos, folhas, mel e plantas medicinais.

[...] O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a
força adentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. Para os do Corinto e do
Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos
carecem de fechos (...). O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer
aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniões...O SERTÃO ESTÁ EM TODA A PARTE. (ROSA,
2001, p. 23-24).

A Reserva da Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras

A RDS Nascentes Geraizeiras possui 38.177 hectares, responsáveis pela proteção de inúmeros
mananciais que abastecem de água os municípios da região e pela conservação de recursos naturais do
bioma Cerrado, que são utilizados coletivamente e modo sustentável por mais de 20 comunidades
geraizeiras. Desde os primórdios dos anos 2000, essas comunidades buscam a criação da unidade como

109
forma de garantir a conservação e uso sustentável da região, contando com o apoio do Ministério
Público de Minas Gerais.

3.2.1 Conflitos Socioambientais

O norte do estado de Minas Gerais é caracterizado historicamente como uma região subdesenvolvida,
devido entre outros fatores a suas condições naturais, tendo como clima característico o semiárido. Nesse
cenário, iniciativas e programas desenvolvimentistas propagados pelo Governo Federal direcionaram
para a região diversos instrumentos políticos com o intuito de promover a viabilização de grandes
projetos de infraestrutura. Principalmente aqueles relacionados à expansão da geração de energia
elétrica no Brasil, como a monoculturas de eucalipto e usinas hidrelétricas e barragens. Multiplicaram-se,
assim, formas de confronto entre as populações locais, setores do Estado e segmentos empresariais.

Nesse processo, destaca-se o caso da Usina Hidrelétrica de Irapé, localizada no Rio Jequitinhonha, 2 km
abaixo da foz do rio Itacambiruçu, na divisa dos municípios de Berilo e Grão Mogol, no Alto
Jequitinhonha, com altura de 208 metros, sendo a barragem mais alta do Brasil e a segunda mais alta
da América Latina. O processo de licenciamento do empreendimento durou 15 anos, devido à alta
resistência das comunidades diretamente atingidas, bem como Organizações Não Governamentais
(ONGs) em prol do meio ambiente e estudos acadêmicos. Nesse conflito, uma ênfase merece ser dada
aos significados produzidos e articulados por duas racionalidades em confronto: de um lado, as
populações ribeirinhas que resguardam a terra como patrimônio da família e da comunidade,
defendido pela memória coletiva e por regras de uso e compartilhamento dos recursos; de outro lado, o
Setor Elétrico, incluindo-se o Estado e empreendedores públicos e privados que, a partir de uma ótica
de mercado, entendem o território como propriedade, e, como tal, uma mercadoria passível de
valoração monetária.

É nesse cenário de múltiplos atores, que foram identificados a existência de 63 conflitos socioambientais
no território da RBSE- Fase 2, conforme figura abaixo, mapeados, descritos e categorizados pelo
projeto de Mapeamento2 dos Conflitos Ambientais do Estado de Minas Gerais (para mais informações
dos conflitos, acessar website do projeto: http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/observatorio-de-
conflitos-ambientais/mapa-dos-conflitos-ambientais.

Quanto à categorização dos conflitos, notou-se na RBSE- Fase 2 a existência de conflitos ambientais
envolvendo as seguintes tipologias: a) atividade agrícola/ pecuária / florestal (monoculturas,
desmatamento, uso de agrotóxicos); b) infraestrutura (energia, barragem, saneamento e comunicação);
c) atividades industriais; d) atividades agroindustriais; e)demanda territorial; f) áreas protegidas ; g)
uso e ocupação do solo.

No intuito de mitigar os conflitos existentes, são implementadas as seguintes ações de acordo com a sua
classificação:

a) Atividade agrícola/pecuária/florestal: tipologia de conflito com o segundo número mais elevado de


indicações no território da RBSE-Fase 2. Acontecem, nesse caso específico por processos de disseminação

2 O Mapa de Conflitos do Estado de Minas Gerais é um projeto realizado desde 2007 pelo Grupo de Estudos em
Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTA-UFMG) em parceria com o Núcleo de
Investigação em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São João del-Rei (NINJA-UFSJ) e o Núcleo
Interdisiciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros (NIISA-UNIMONTES).

110
de monoculturas, principalmente de eucalipto, de desmatamento e de contaminação por agrotóxicos o
que prejudica ações tradicionais e de manejo sustentável dos recursos naturais. Com o propósito de
mitigar tais conflitos e incentivar a promoção de capital social, ações extensionistas de Universidades,
como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES), e do Ministério Público Estadual e Federal são realizadas nas regiões afetadas com o
intuito de fortalecer as lideranças e grupos locais, buscando alternativas que promovam o
desenvolvimento descentralizado das comunidades dessas regiões, a partir do incentivo ao
agroextrativismo, feiras- livres e produção de artesanato.

b) Infraestrutura: tipologia de conflito com número mais elevado de indicações no território da RBSE-
Fase 2. As questões de infraestrutura envolvem principalmente questões ligadas ao saneamento no que
se refere a melhoria da qualidade da água para uso humano, e ao setor de energia quanto a
construção de barragens para usinas hidrelétricas. A problemática dessas situações envolve a
desapropriação de famílias, a extinção de espécies e a contaminação de corpos d’água. Como medidas
utilizadas para mitigar tais conflitos, vale salientar a realização de audiências públicas com as
comunidades atingidas, a elaboração de abaixo-assinado e atuação do Ministério Público. Nesse
processo de luta contra a expropriação de terras e mitigação dos danos, destacam-se a atuação de
movimentos sociais como o Movimento dos Atingidos por Barragens e de grupos universitários como o
Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais- GESTA/UFMG.

c) Atividades industriais: conflitos relacionados principalmente a poluição atmosférica e sonora e a


empreendimentos minerários. Tais conflitos ambientais se justificam pelos impactos causados tanto a
população local como ao meio ambiente. Frente a este avanço, movimentos e organizações
socioambientais se organizam para buscar alternativas de minimizar os impactos e, também, ações junto
ao Ministério Público Federal, que visam garantir a aplicação de recursos provenientes de compensação
ambiental e ao cumprimento de determinadas condicionantes, de forma a solucionar os problemas que
os empreendimentos estão causando ou na tentativa de compensar danos e prejuízos já causados.

d) Atividades agroindustriais: esse tipo de conflito está relacionado principalmente com o processo de
poluição atmosférica e de cursos d’água provenientes da fabricação de alimentos, bem como do
encurralamento de comunidades por monoculturas e suas respectivas atividades de transformação de
matérias primas. Como processo de mitigação desses danos destaca-se a mobilização social das
comunidades do entorno e diretamente atingidas bem como o apoio de ONGs e instâncias
governamentais de fiscalização ambiental, com o intuito de sanar tais danos e conflitos.

e) Demanda territorial: no âmbito desta tipologia de conflito, a referência envolve a relação de terras
de comunidades tradicionais (agricultores e quilombolas, especificamente) com processos de
implementação de UCs e reconhecimento e demarcação dos territórios tradicionalmente ocupados. No
entendimento da importância histórico-cultural das comunidades tradicionais para a RBSE, seja na
porção já delimitada ou no espaço que compreende sua ampliação, inúmeras universidades
pertencentes ao seu Comitê Estadual e outras entidades parceiras desenvolvem programas e projetos
colaborativos, de apoio aos processos de visibilização, reconhecimento, intercâmbio e resgate de
conhecimentos e de geração de renda alternativa, com ênfase nas ações da Unimontes e da UFMG.

f) Áreas protegidas: os conflitos resultantes de sobreposição de áreas protegidas em locais com a


presença de populações autóctones estão relacionados à permanência de comunidades em seu interior e
ao uso de recursos naturais. Estratégias utilizadas para solucionar tais conflitos, quando executadas, são
a indenização aos moradores pela concessão da terra e o reassentamento em região limítrofe
realizados pelo órgão ambiental responsável pela gestão das áreas protegidas, conforme
determinação da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC (BRASIL, 2000). Outra possibilidade, de menor viabilidade, para a
111
resolução de conflitos em áreas protegidas envolve a recategorização de uma Unidade de Conservação
– áreas de proteção integral tornando-se áreas de uso sustentável dos recursos naturais, como acontece
no caso das Reservas de Desenvolvimento Sustentável.

g) uso e ocupação do solo: tipologia de conflito encontrada principalmente em áreas próximas aos
centros urbanos com questões voltadas a verticalização de Áreas de Preservação Permanente,
zoneamento urbano, áreas de risco e ocupações irregulares. As ações de ONGs, entidades
ambientalistas, Ministério Público, e movimentos sociais referentes ao direito por moradias, buscam
mitigar e até eliminar os conflitos resultantes do fator Uso e Ocupação do Solo.

112
FIGURA 26: MAPA DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NOS MUNICÍPIOS DA FASE 2 DA RBSE.

113
- O CASO MARIANA: O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO, EM BENTO RODRIGUES

É importante salientar que o território da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço foi palco do
trágico evento ocorrido na operação de minério de ferro da Samarco Mineração S.A., no município de
Mariana, em Minas Gerais, Brasil, na quinta-feira, 5 de novembro de 2015, com o rompimento da
barragem de rejeitos de Fundão. As consequências da tragédia apontaram danos ambientais, sociais e
humanos sem precedentes na história brasileira, abrangendo toda a extensão do rio Doce,
compreendida entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, até a sua foz no Oceano Atlântico.

É preciso, nesse contexto e na lógica das funções do território de Reserva da Biosfera, superar a lógica
da maximização de lucros, propondo iniciativas pautadas por soluções inovadoras e criativas,
incentivadas por uma conduta moderna e sustentável. Em muitos casos, é possível reconhecer
investimentos empresariais que tratam da sustentabilidade ainda como ações de marketing, enquanto a
base dos processos produtivos, a gestão e o relacionamento com stakeholders ainda são vistos como
assuntos periféricos, sustentados em fundamentos arcaicos da economia exploratória. Não são poucos os
casos em que as relações entre as empresas e a população local são pautadas pela desconfiança, pela
dificuldade de entendimento e pelos conflitos explícitos.

Com as informações cada vez mais apuradas sobre os problemas ambientais globais e por ser a
relação com as atividades antrópicas um fato provável, fica mais fácil entender a origem do colapso de
muitos ecossistemas. Nesse sentido, considerando que os desacordos provocados por diferentes interesses
e setores da sociedade são situações legítimas, é válido considerar também que estes constituem um
importante ponto de partida para uma ação combinada diante de um propósito comum e maior.

Considerando as questões mencionadas acima, o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do


Espinhaço, elaborou, em 24 de novembro de 2015, uma Carta de Manifesto, em que reforça-se a
recomendação da instalação imediata de um Grupo de Trabalho sobre Mineração e Responsabilidade
Socioambiental, de iniciativa brasileira, com apoio da Rede Mundial de Reservas da Biosfera e o
Programa MaB-UNESCO, com os seguintes objetivos:

• Estabelecer um fórum de diálogo entre as diversas partes interessadas;


• Contribuir para que tragédias como a de Mariana sejam evitadas pela ponderação dos riscos,
danos e benefícios representados por empreendimentos minerários segundo sua escala, natureza
e localização;
• Pactuar soluções exemplares em processos do setor minerário entre empreendedores,
populações locais, universidades, governos e instituições socioambientais;
• Participar nos processos de restauração dos danos ambientais.
• Comunicar experiências e lições aprendidas.

Essa iniciativa representa uma oportunidade concreta para o reconhecimento e criação de lideranças e
responsabilidades, ao reunir os diversos setores da sociedade em uma nova agenda de cooperação,
visando ações alinhadas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS-ONU), Marco
Estatutário da Rede Mundial de Reservas da Biosfera e as Estratégias do Programa MaB (2015 -
2025).

114
FIGURA 27: MAPA DOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2 AFETADOS PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE
FUNDÃO, EM MARIANA.

115
116
3.2.2 Povos e Comunidades Tradicionais

Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados que possuem condições
sociais, culturais e econômicas próprias, mantendo relações específicas com o território e com o meio
ambiente no qual estão inseridos. A partir de uma relação de simbiose entre a natureza, os ciclos e os
recursos naturais renováveis constroem seus modos de vida respeitando o princípio da sustentabilidade,
uma vez que buscam a sobrevivência das gerações presentes sob os aspectos físicos, culturais e
econômicos, bem como asseguram as mesmas possibilidades para as próximas gerações (DINIZ. et al,
2016).

O primeiro marco legal para mobilização e regularização de políticas públicas e direitos específicos de
povos e comunidades tradicionais, assim como o aparato institucional para o cumprimento da lei e
responsável pelos avanços iniciais, é atribuído a Constituição Federal de 1988. Principalmente em seus
artigos 215, 216, 231, 232 e 68, onde se delimita que o Estado proteja as manifestações culturais
populares, indígenas e afro-brasileiras e as de outros grupos participantes do processo civilizacional
brasileiro, a definição dos direitos específicos dos povos indígenas e a garantia da regularização dos
territórios quilombolas. Dentre os diversos marcos, atos e legislações sobre os direitos desses povos,
destaca-se o Decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNCTC). Sua importância entre
outros fatores deve-se ao reconhecimento estatal e a proteção de outros grupos culturalmente
diferenciados, participantes do processo civilizatório nacional, para além de indígenas e quilombolas.
Na esfera estadual, no que tange Minas Gerais, destaca-se a Política Estadual para o Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais. Projeto de Lei (PL) n.º 883/2011
que institui a referida política no estado e cujo objetivo geral é o de promover o desenvolvimento
integral dos povos e comunidades tradicionais, com ênfase no reconhecimento, no fortalecimento e na
garantia de seus direitos territoriais, sociais, ambientais e econômicos, respeitando-se e valorizando-se
sua identidade cultural, bem como suas formas de organização, relações de trabalho e instituições.

117
FIGURA 28: LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NO MUNDO, NO
BRASIL E EM MINAS GERAIS.

FONTE: CARTILHA DE DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS. MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS
GERAIS (MPMG). ANO: 2014.
118
Em Minas Gerais, é importante destacar que os municípios do norte do estado, que compõem a Fase 2
da RBSE, tem vivenciado nos últimos quinze anos, uma intensificação de processos de lutas e mobilizações
de grupos que se reivindicam enquanto povos e comunidades tradicionais. O foco principal que mobiliza
essas ações é a luta pela defesa do modo de vida tradicional e o acesso territorial, onde as incursões
desses povos do semiárido mineiro devem-se entre outros aspectos: pelo conhecimento aprofundado da
natureza e de seus ciclos; pela noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz econômica
e socialmente; pela moradia e ocupação do território por várias gerações; pela importância das
atividades de subsistência; pela importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às
relações de parentesco ou compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;
pela importância das simbologias, mitos e rituais associados à caça, pesca e atividades extrativistas;
pela tecnologia utilizada, que é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio ambiente; pela
autoidentificação ou identificação por outros de pertencer a uma cultura distinta (DINIZ. et al, 2016).

Atualmente, existe na região norte-mineira que compõe a Fase 2 da RBSE inúmeras identidades
tradicionais: índios, geraizeiros, pescadores (as) artesanais, veredeiros, apanhadores de flores e
quilombolas.

Dentre os povos indígenas, destacam-se no território da RBSE, a etnia Pataxó, localizada no município
de Carmésia. Originados do Sul da Bahia, uma porção dessa comunidade migrou para o estado de
Minas Gerais na década de 70 quando houve uma considerável dispersão entre os Pataxós devido a
conflitos por terra.

Quanto às comunidades quilombolas, no que se refere ao território total da RBSE são ao todo 108
comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares3. Destas, 45 encontram-se inseridos nos
municípios da Fase 2 da RBSE. As comunidades quilombolas são grupos de escravos refugiados em
quilombos, ou descendentes de escravos negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram
dos engenhos de cana-de-açúcar, fazendas e pequenas propriedades onde executavam diversos
trabalhos braçais para formar pequenos vilarejos chamados de quilombos.

É importante ressaltar a importância desses grupos por sua trajetória histórica própria cuja origem se
distingue a exemplo de doações de terras realizadas a partir da desagregação de monoculturas;
compra de terras pelos próprios sujeitos, com o fim do sistema escravista; terras obtidas em troca da
prestação de serviços; ou áreas ocupadas no processo de resistência ao sistema escravista. Em todos os
casos, o território é a base da reprodução física, social, econômica e cultural da coletividade (Ministério
Público de Minas Gerais, 2014). Seguindo a lógica identitária dos povos de matrizes africanas temos os
povos de terreiro. Conjunto de populações ligadas às comunidades religiosas por vínculos de
parentescos ou iniciáticos que se definem em razão do pertencimento aos espaços de organizações do
culto, bem como suas dependências interna ou externas e o vínculo com a natureza, sendo esses locais
considerados sagrados.

3A Fundação Cultural Palmares foi instituída pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, sendo uma entidade
pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura.

119
FIGURA 29: MAPA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS QUILOMBOLAS CERTIFICADAS PELA FUNDAÇÃO
CULTURAL PALMARES, LOCALIZADAS NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2.

120
TABELA 22: COMUNIDADES QUILOMBOLAS CERTIFICADAS PELA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES (FCP) RESIDENTES NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA
SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2).
MUNICÍPIO DENOMINAÇÃO DA COMUNIDADE Nº PROCESSO NA FCP DATA DA ABERTURA DO PROCESSO
BELO HORIZONTE LUÍZES 01420.001223/2004-48 30/11/2004
BELO HORIZONTE MANGUEIRAS 01420.003004/2005-84 05/12/2005
BELO HORIZONTE MANZO NGUNZO KAIANGO 01420.000457/2007-11 05/03/2007
BELO VALE BOA MORTE 01420.000135/1998-92 15/04/1998
BELO VALE CHACRINHA 01420.000089/2007-19 18/01/2007
BERILO ALTO CAITITU 01420.001722/2006-05 18/07/2006
BERILO MUNIZ 01420.001722/2006-05 18/07/2006
BERILO CAITITU DO MEIO 01420.001721/2006-52 18/07/2006
BERILO MOCÓ DOS PRETOS 01420.001723/2006-41 18/07/2006
BERILO VILA SANTO ISIDORO 01420.001843/2006-49 01/08/2006
BERILO ÁGUA LIMPA DE CIMA 01420.002045/2006-34 10/07/2006
BERILO QUILOMBOLAS 01420.002064/2006-61 23/08/2006
BERILO ÁGUA LIMPA DE BAIXO 01420.002063/2006-16 23/08/2006
BERILO MORRINHOS 01420.015696/2013-13 09/12/2013
BERILO BREJO 01420.015525/2015-56 15/12/2015
BERILO CRUZEIRO 01420.006976/2013-31 21/06/2013
BERILO TABULEIRO 01420.006975/2013-96 21/06/2013
BERILO ROÇA GRANDE 01420.012167/2016-19 24/11/2016
BERILO VAI LAVANDO 01420.001277/2007-56 22/05/2007
BERILO BARRA DO RIBEIRÃO E SANIM 01420.012863/2016-17 12/12/2016
BERILO LAGOINHA 01420.002383/2017-29
BOCAIÚVA MACAÚBA PALMITO 01420.006059/2015-18 22/05/2015
BOCAIÚVA MACAÚBA BELA VISTA 01420.006059/2015-18 22/05/2015
BOCAIÚVA MOCAMBO E SÍTIO 01420.006060/2015-42 22/05/2015
BOCAIÚVA BORÁ 01420.009352/2016-18 02/05/2016
BOM JESUS DO AMPARO FELIPE 01420.002148/2012-42 28/02/2012
BRUMADINHO SAPÉ 01420.001980/2005-01 23/08/2005
BRUMADINHO RIBEIRÃO 01420.002947/2010-57 13/09/2010
BRUMADINHO MARINHOS 01420.003089/2010-68 15/09/2010
BRUMADINHO MARINHOS E RODRIGUES 01420.003089/2010-68 15/09/2010
CAPELINHA SANTO ANTÔNIO DO FANADO 01420.010966/2015-61 22/09/2015
CAPELINHA | VEREDINHA VENDINHA, GALEGO E CÓRREGO DOS 01420.013544/2016-29 27/12/2016
MACACOS
CAPELINHA E ANGELÂNDIA FANADINHO E CANOAS 01420.001297/2010-22 14/06/2010
COLUNA FURTUOSO 01420.000193/2010-09 10/02/2010
COLUNA VARJÃO 01420.000193/2010-09 10/02/2010
COLUNA PITANGUEIRAS 01420.000192/2010-56 10/02/2010
COLUNA SUASSUÍ 01420.000192/2010-56 10/02/2010
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO BURACO 01420.004988/2011-69 29/04/2011
121
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO CUBAS 01420.004988/2011-69 29/04/2011
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO TRÊS BARRAS 01420.004988/2011-69 29/04/2011
CONTAGEM ARTUROS 01420.001226/2004-81 30/11/2004
CORAÇÃO DE JESUS SÃO GERALDO 01420.008801/2015-20 03/08/2015
CRISTÁLIA PAIOL 01420.000185/2008-30 17/04/2007
CRISTÁLIA BARREIRO 01420.003091/2010-37 15/09/2010
DIAMANTINA MATA DOS CRIOULOS 01420.006655/2010-93 16/11/2010
DIAMANTINA VARGEM DO INHAÍ 01420.005421/2011-18 30/04/2011
DIAMANTINA QUARTEL DO INDAIÁ 01420.000922/2007-13 19/04/2007
DOM JOAQUIM CÓRREGO CACHOEIRA 01420.009699/2013-18 13/08/2013
DOM JOAQUIM RIBEIRÃO 01420.009699/2013-18 13/08/2013
DOM JOAQUIM XAMBÁ 01420.009699/2013-18 13/08/2013
FRANCISCO SÁ POÇÕES 01420.001244/2006-25 30/05/2006
GAMELEIRAS| JAÍBA| PAI PEDRO| GORUTUBA 01420.001250/2004-11 02/12/2004
PORTEIRINHA
| CATUTI | JANAÚBA | MONTE AZUL
GOUVEIA ESPINHO 01420.001893/2010-11 12/08/2010
INDAIABIRA BREJO GRANDE 01420.000078/2006-40 16/01/2006
ITABIRA MORRO DE SANTO ANTÔNIO 01420.008808/2010-37 20/12/2010
ITAMARANDIBA SÃO GIL 01420.003073/2010-55 14/09/2010
ITAMARANDIBA SÃO GIL II 01420.003073/2010-55 14/09/2010
ITAMARANDIBA TABATINGA 01420.005957/2010-44 22/10/2010
ITAMARANDIBA CHICO ALVES 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA GANGORRA 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA VENENO 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA ASA BRANCA 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA CORREGO FUNDO 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA GASPAR 01420.004640/2011-71 17/04/2011
ITAMARANDIBA CAPOEIRA GRANDE 01420.004640/2011-71 17/04/2011
JABOTICATUBAS MATO DO TIÇÃO 01420.000166/2006-41 01/02/2006
JABOTICATUBAS AÇUDE 01420.000134/2006-46 27/01/2006
JANAÚBA BEM VIVER DE VILA NOVA DAS POÇÕES 01420.001448/2008-28 27/05/2008
JEQUITIBÁ DR. CAMPOLINA 01420.000434/2006-25 07/03/2006
JEQUITIBÁ CAMPO ALEGRE 01420.007610/2016-21 08/08/2016
LEME DO PRADO PORTO CORIS 10680.002500/1998-61 27/01/1998
MARIANA VILA SANTA EFIGENIA 01420.003941/2010-05 16/09/2010
MATERLÂNDIA BUFÃO 01420.015689/2011-50 25/11/2011
MATERLÂNDIA BOTELHO 01420.006583/2012-46 18/05/2012
MOEDA TAQUARAÇU 01420.006122/2012-73 15/05/2012
MONTE AZUL PACUI 01420.008349/2013-34 18/07/2013
MONTE AZUL POÇÕES 01420.008349/2013-34 18/07/2013
MONTE AZUL LARANJEIRA 01420.012492/2013-21 16/07/2013
122
MONTE AZUL BUQUEIRÃO 01420.012492/2013-21 16/07/2013
MONTE AZUL PESQUEIRO 01420.012492/2013-21 16/07/2013
MONTE AZUL SOCÔ VELHO 01420.012492/2013-21 16/07/2013
MONTE AZUL SOCÔ VERDE 01420.012492/2013-21 16/07/2013
MONTE AZUL TIRA BARRO 01420.012492/2013-21 16/07/2013
MONTE AZUL LÍNGUA D'ÁGUA 01420.012495/2013-64 11/07/2013
MONTE AZUL ROÇADO 01420.012495/2013-64 11/07/2013
MONTE AZUL SÃO SEBASTIÃO 01420.012495/2013-64 11/07/2013
PEDRO LEOPOLDO POVOADO DE PIMENTEL 01420.000721/2010-11 07/03/2010
PIRANGA SANTO ANTÔNIO DE PINHEIROS ALTOS 01420.001525/2008-40 03/06/2008
PIRANGA SANTO ANTÔNIO DO GUINÉ 01420.000462/2009-95 10/03/2009
PRESIDENTE KUBITSCHEK RAIZ 01420.012772/2014-10 07/10/2014
RIACHO DOS MACHADOS PEIXE BRAVO 01420.002394/2008-18 12/08/2008
RIBEIRÃO DAS NEVES IRMANDADE DO ROSARIO DE 01420.001750/2015-13 10/02/2015
JUSTINÓPOLIS
RIO PIRACICABA CAXAMBU 01420.010616/2011-71 11/08/2011
SABINÓPOLIS CÓRREGO MESTRE 01420.000543/2010-29 05/03/2010
SABINÓPOLIS SÃO DOMINGOS 01420.001541/2010-57 18/06/2010
SABINÓPOLIS SANTA BÁRBARA 01420.004642/2011-61 05/11/2010
SABINÓPOLIS MARITACA 01420.009606/2011-93 31/12/1969
SABINÓPOLIS SESMARIA 01420.007316/2013-77 08/01/2013
SABINÓPOLIS BARRA/SANTO ANTÔNIO 01420.003040/2015-10 09/03/2015
SANTA LUZIA PINHÕES 01420.001091/2017-79 30/01/2017
SANTA MARIA DE ITABIRA BARRO PRETO 01420.000989/2006-77 01/02/2006
SENHORA DO PORTO MOINHO VELHO 01420.016351/2013-87 19/12/2013
SERRANÓPOLIS DE MINAS BRUTIÁ 01420.001245/2008-31 13/05/2008
SERRANÓPOLIS DE MINAS CAMPOS 01420.001246/2008-86 13/05/2008
SERRO VILA NOVA 01420.005185/2012-11 22/03/2012
SERRO SANTA CRUZ 01420.005192/2012-12 23/03/2012
SERRO QUEIMADAS 01420.005188/2012-46 10/04/2012
SERRO BAÚ 01420.001509/2007-76 14/06/2007
SERRO AUSENTE 01420.005183/2012-13 18/03/2012
FONTE: ELABORADA PELOS AUTORES COM DADOS DA FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES (2018) - WWW.PALMARES.GOV.BR.

123
124
Sobre os pescadores artesanais do norte mineiro, a atividade apresenta-se tradicionalmente como uma
base econômica de grande importância para a população, uma vez que o pescado é utilizado na
alimentação e na geração de renda. Ressalta-se a ameaça desta atividade pelo processo de
degradação ambiental cada vez mais alarmante devido aos grandes empreendimentos que vêm sendo
instalados ao longo dos vales e cursos d'água o que acarreta a poluição dos rios e consequentemente a
redução da qualidade e quantidade da água.

Ainda relacionados aos usos históricos da água destacam-se os geraizeiros. São povos característicos
das regiões onde o signo identitário está vinculado a formação natural dos gerais, configurados pelos
planaltos, encostas e vales das regiões de cerrados, onde os cultivos são realizados aproveitando-se a
fertilidade e a umidade das vazantes. Os geraizeiros são emblemáticos na área de expansão da RBSE,
ocupando tradicionalmente os gerais do cerrado principalmente no que tange aos municípios de Grão
Mogol.

Outra população emblemática na Serra do Espinhaço, tanto por sua característica tradicional como
pelos inúmeros conflitos territoriais, são as comunidades de apanhadores de flores sempre-vivas. Citada
anteriormente, é uma categoria singular dentre outros fatores por ser um símbolo de resistência e por
sua pela submissão da atividade à FAO como Patrimônio Agrícola Mundial, candidatura elaborada, em
parceria, pela Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas da Serra do Espinhaço
de Minas Gerais (Codecex), pelo governo de Minas Gerais, pelas prefeituras onde as comunidades
estão localizadas e pelas universidades.

Já os faiscadores são uma categoria de indivíduos que vivem da prática e técnica do garimpo
tradicional à procura de substâncias auríferas nas margens e leitos dos de rios dispensando a
aparelhagem mecânica.

Os veredeiros, por sua vez, ocupam, usam e preservam tradicionalmente as veredas, subunidade do
bioma cerrado/gerais. São historicamente referência no semiárido mineiro tornaram-se referência para
obras importantes da literatura brasileira como, “Grande: Sertão Veredas”, de João Guimarães Rosa.

FIGURA 30: FIGURA A) GRANDE SERTÃO - VEREDAS POR POTY (TRAVESSIAS); FIGURA B) CAPA DO LIVRO
GRANDE SERTÃO: VEREDAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA (4ª EDIÇÃO) – LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITOR.

FONTE – FIGURA A) GRANDE SERTÃO - VEREDAS POR POTY (TRAVESSIAS); FIGURA B: LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO
EDITOR.

125
3.2.3 Turismo

A atividade turística vem apresentando taxas de crescimento positivas e constantes ao longo dos últimos
anos, se consolidando como um setor econômico de grande importância para o estado de Minas Gerais.
Este crescimento não se dá de forma uniforme em todas as regiões, mas vem demonstrando um grande
potencial e vitalidade.

A atividade turística, desde que bem estruturada e organizada, tem efeitos positivos e multiplicadores
em diversos outros setores da economia, contribuindo para formalização e fortalecimento de toda uma
cadeia de produtos e serviços diretos e indiretos.

Criada em 1999, a Secretaria de Estado de Turismo (SETUR) tem por finalidade planejar, coordenar e
fomentar as ações do turismo, objetivando a sua expansão, a melhoria da qualidade de vida das
comunidades, a geração de emprego e renda e a divulgação do potencial turístico do Estado.
Considerando as particularidades e a riqueza natural e histórica de Minas Gerais, vista por muitos como
uma região síntese do Brasil, o Ecoturismo, o Turismo Rural, o Turismo Cultural e Religioso representam um
importante ativo para o território da RBSE. Cultura e natureza, portanto, representam ativos a serem
melhor explorados na perspectiva de um desenvolvimento sustentável, respeitando as capacidades e as
vocações locais - desafios para a gestão e o desenvolvimento sustentável da atividade –, que possa
agregar valores aos territórios.
No âmbito da Fase 2 da RBSE, destaca-se, inicialmente, o potencial turístico do norte de Minas Gerais.
Montes Claros, o município mais desenvolvido da região, apresenta elementos destacados para o
turismo gastronômico, por meio de técnicas culinárias, saberes históricos e pratos representativos (como a
carne de sol, o arroz com pequi, o frango caipira com pirão) que atraem visitantes durante o ano. Além
disso, é importante salientar, como fator indutor do turismo, as festas tradicionais da região, como a
Folia de Reis, as coroações de Nossa Senhora, as procissões, os reinados, marujos, caboclinhos e
pastorinhas, que carregam um importante e expressivo legado histórico-cultural do norte de Minas
Gerais.

Ainda referente ao valor gastronômico do norte de Minas, é fundamental destacar a produção de


cachaça, bebida que representa parte da história e cultura brasileira, no município de Salinas, cuja
produção anual aproxima-se de cinco milhões de litros, com 50 marcas sendo comercializadas em todo o
País e no exterior, e é responsável pela dinamização da economia.

A região do norte de Minas apresenta, também, um destacado geopatrimônio e patrimônio


arqueológico. Além disto, o seu patrimônio natural, também, encontra-se refletido em seus riquíssimos
ecossistemas, compostos por veredas, chapadões do cerrado, espécies medicinais, campos rupestres e
fauna diversificada e singular. Esse ambiente rústico de grande beleza é conservado por meio de suas
áreas protegidas. Nesse sentido, cumpre ressaltar que na Fase 2 da RBSE foram adicionadas
Unidades de Conservação de Proteção Integral (Zonas Núcleo) e Unidades de Conservação de Uso
Sustentável, compondo um verdadeiro mosaico de áreas protegidas no norte de Minas Gerais e um
incremento considerável no território natural conservado na RBSE, com grande potencial para
implementação de ações de ecoturismo e turismo de base comunitária.

Quanto ao potencial turístico e apoio logístico dos outros municípios incorporados à Fase 2 da RBSE, é
importante salientar as características singulares dos municípios da Região Metropolitana de Belo
Horizonte:

126
- Confins, pela presença do Aeroporto Internacional Tancredo Neves e de representativos sítios
arqueológicos e paleontológicos e os planaltos das dolinas (depressão característica do relevo cárstico).

- Lagoa Santa, pela presença de um rico acervo turístico-cultural, arqueológico, paleontológico. Esse
acervo pode ser exemplificado no território protegido de suas unidades de conservação, como o Parque
Estadual do Sumidouro (com as formações calcárias da Gruta da Lapinha e da Gruta Arruda e com
pinturas rupestres que datam de 4 mil anos) e a Área de Proteção Ambiental (APA) Carste Lagoa Santa,
que abriga o Sítio Ramsar Lund-Warming, o que favorece a adoção das medidas necessárias à
implementação dos compromissos assumidos pelo país perante a Convenção de Ramsar e a obtenção de
recursos técnicos e financeiros para a sua proteção e gestão. Essa região também apresenta extrema
importância arqueológica, pois nela foram encontrados fósseis do primeiro ser humano que
possivelmente teria vivido nas Américas - a Luzia.

- Pedro Leopoldo, que mantém as características geofísicas dos municípios anteriores, apresentando
locais de destaque, como o sítio arqueológico da Lapa Vermelha IV (sugerido por moradores locais
como o verdadeiro local em que fora encontrado o crânio de Luiza), territórios com pinturas rupestres
em forma de linha. O município, também, foi local de nascimento do médium Chico Xavier, cuja obra
(fotos, textos e artigos) encontra-se exposta no memorial “A Casa de Chico Xavier”.

Abaixo, encontram-se apresentados as principais tipologias e elementos indutores de turismo na RBSE,


com ênfase às porções incorporadas na Fase 2 da RBSE.

Tipologias de Turismo:

A) Turismo Ecológico ou Ecoturismo;


B) Turismo Cultural;
B.1) Turismo Arqueológico ou Arqueoturismo.
B.2) Bens tombados
B.3) Geoturismo.
C) Turismo Gastronômico;
D) Turismo Religioso;
E) Turismo Rural ou Agroturismo.

127
128
A) TURISMO ECOLÓGICO OU ECOTURISMO

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, pela sua composição de relevo e geomorfologia e pelas
suas inúmeras belezas naturais, apresenta inúmeros caminhos e trilhas que atraem turistas em todo o país
e no exterior. Dentre os caminhos de viajantes, destaca-se a implementação da Trilha Transespinhaço.

A Transespinhaço é um projeto de trilha de longo curso que deverá ter aproximadamente 700 km de
extensão e irá conectar unidades de conservação da Serra do Espinhaço, inicialmente entre os municípios
mineiros de Belo Horizonte e Diamantina

A Trilha está sendo implementada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, com
apoio de voluntários e parceiros. Terá um percurso de 700 quilômetros ligando unidades de
conservação, por meio da Serra do Espinhaço, e vários municípios mineiros. A Trilha foi anunciada
durante o 1o Seminário da Trilha de Longo Curso Mineira, que aconteceu no dia 16 de junho, no
auditório do Instituto de Geociências da UFMG, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Durante o evento
foram formados os primeiros grupos de trabalho, que serão responsáveis por articular e implementar,
inicialmente, três setores da trilha, que envolvem o Parque Nacional da Serra do Cipó e o Parque
Nacional das Sempre Vivas.

A Transespinhaço beneficiará o Parque Nacional das Sempre Vivas e as UCs do Mosaico de Unidades
de Conservação do Espinhaço Meridional, que já discutiam estratégias para a conexão dessas áreas
protegidas.

O uso público como ferramenta da conservação já está comprovado internacionalmente e a Trilha


Transespinhaço é mais um passo para a consolidação de ações de desenvolvimento da economia local,
gerando renda e funcionando como estratégia de conservação das espécies.

Ressalta-se que o roteiro da Transespinhaço recebeu, em agosto de 2018, o primeiro trecho sinalizado -
a travessia Alto Palácio x Serra dos Alves possui 40 quilômetros de extensão, normalmente percorrida
durante 3 dias pelos caminhantes.

129
FIGURA 31: MAPA DA TRILHA TRANSESPINHAÇO.

130
131
B) TURISMO CULTURAL

O turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos


significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens
materiais e imateriais da cultura. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 15).

O turismo cultural é aquela forma de turismo que tem como objetivo, entre outros fins, o
conhecimento de monumentos e sítios histórico-artísticos. Exerce um efeito realmente positivo
sobre estes tanto quanto contribui para satisfazer seus próprios fins, a sua manutenção e
proteção. Esta forma de turismo justifica de fato, os esforços que tal manutenção e proteção
exigem da comunidade humana, devido aos benefícios socioculturais e econômicos que
comporta para toda a população implicada. (ICOMOS, 1976, p. 2).

B.1) Turismo Arqueológico ou Arqueoturismo

O turismo arqueológico, ou o “arqueoturismo”, de acordo com Manzato (2007), consiste no processo de


deslocamento e permanência de visitantes a locais denominados sítios arqueológicos, onde são
encontrados os vestígios remanescentes de antigas sociedades, sejam elas pré-históricas e/ou históricas,
passíveis de visitação terrestre ou subaquática.

O turismo arqueológico, segundo Wildmer (2009, p. 69), é caracterizado pelo deslocamento voluntário
e temporário de indivíduos a locais onde se encontram vestígios materiais representativos do processo
evolutivo do homem no planeta, motivados pelo interesse pelo conhecimento de aspectos pertinentes a
culturas passadas. Entre os “locais onde se encontram vestígios materiais” podem ser incluídos, portanto,
os sítios arqueológicos e, também, instituições, como os museus.

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, nesse contexto, representa um território que resguarda
ricos sítios arqueológicos com lapas, pinturas rupestres, cavernas de quartzito, corredores rochosos. Há
mais de 11 mil anos, grupos pré-históricos seguiram para a porção meridional da Serra do Espinhaço,
entre os municípios de Diamantina e Buenópolis, deixando um importante legado cultural, entre abrigos,
territórios de caça e práticas ritualísticas, em uma busca sazonal por alimentação. Esse mosaico de
vestígios históricos representa parte significativa da formação dos povos de Minas Gerais,
resguardando elementos das sociedades indígenas, das populações de matriz africana e dos
colonizadores que ali buscavam ouro e diamantes nos séculos XVIII e XIX.

132
FIGURA 32: MAPA DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO – FASE 2.

133
TABELA 23: SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS LOCALIZADOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE NA COR
VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2).
MUNICÍPIO SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

ÁGUAS VERMELHAS Água de Barro, Boa Vista I, Curral de Dentro

BOCAIÚVA Abrigo do Bi, Gruta Antiga de Terra Branca, Lapa do Arrenegado, Lapa do Cassimiro

BONFIM Bálsamo, Caetano José 1, Caetano José II, Lavapés 2, Lavapés I

BOTUMIRIM Abrigo I da Vargem da Estiva, Abrigo II da Vargem da Estiva, Barra do Gigante, Barra do Noruega, Lapa da Pindaíba, Lapa do Bugre I
do Ribeirão Gigante, Lapa do Noruega, Pedra de Bugre, Pedra do Bugre da Vargem da Estiva, Pedras Pintadas da Fazenda Olhos
d'água, Sítio dos Guimarães, Três Barras

CARBONITA Grota do Tamboril

CONFINS Abrigo do Galinheiro, Busca Vida, Lapa Limeira, Lapa Mortuária, Seo José dos Confins

CONGONHAS Bichento, Bom Jesus, Carvalho, Cascalheira, Casquinha, Chuvisco, Cruzeiro, Escancarado, Esmeril, Esmeril-Aqueduto, Fazenda Simão,
Marimbondo, Pasto do Paulo, Pastorzinho, Pé de Mexerica, Pinheiro, Relâmpago, Sítio Histórico de Mineração Morro das almas

CORAÇÃO DE JESUS Abrigo do Topo, Caverna do Espigão, Gruta das Tesouras, Gruta do Sol, Gruta dos Condutos, Gruta dos Meninos
Lapa das Tartarugas, Lapa do Salitre, Lapa do Sobradinho, Lapa Madame Cassou, Panela do Tapuia, Sítio Calionguê
Sítio da Lagoa

CORONEL MURTA Sítio de Ouro Fino

CRISTÁLIA Abrigo da Barra do Itacambiraçu, Abrigo da Barra do Itacarambiruçu, Abrigo da Vargem do Monjolo I, Abrigo da Vargem do Monjolo II,
Alecrim, Andrade, Barrancão, Engenho, Fazenda de Luis Cardoso, Lapa do Bugre, Lapa do Bugre II,
Lapa do Cipriano, Lapa do Marciano, Lapa dos Peixes, Matão, Pedra Santa, Porteira, Sals I, Sals II, Sítio da Pedra Alta

DIVISÓPOLIS Estiva, Fazenda dos Paulistas, Mata dos Coqueiros

FRANCISCO SÁ Morro da Abelha, Sítio do Angico

GRÃO MOGOL Abrigo da Barra da Ventania, Abrigo da Barra do Ventania, Abrigo da Lia, Abrigo do Funil do Itacambiruçu, Abrigo do Ribeirão Extrema,
Abrigo do Taquaral e atelier de lascamento, Abrigo do Tomboril, Abrigo I da Ponte Nova do Ventania, Abrigo II da Ponte Nova do
Ventania, Atelier de Lascamento da Ponte Nova do Rio Ventania, Escurinha I, Escurinha II, Lapa da Babilônia, Lapa da Barra de São
Lourenço, Lapa da Joana, Lapa da Maria Nunes, Lapa do Buriti, Lapa do Elvio Gonçalves, Lapa do Gigante, Lapa do Joaquim Campos,
Lapa do Louro, Lapa do Mateus, Lapa do Poção do Ventania, Lapa do Rato I, Lapa do Rato II, Lapa do Rato III, Lapa do Veado Listrado,
Lapa do Ventania, Lapa do Ventania I, Lapa do Zé Maria, Lapa Maria das Neves, Lapão da Fazenda Pedra Preta, Lapão da Fazenda

134
Pedra Preta, Pedra da Extrema, Pedra do Altino, Pedra do Bode, Pedra do Jambeiro II, Pedra do Jambeiro III, Pedra Pintada, Sítio do Vau
da Limeira, Vargem do Quartel I, Vargem do Quartel II, Vau do Limeira

JANAÚBA Abrigo da Onça, Lapa do Bico da Pedra, Lapa do Poço do Defunto

JOSÉ GONÇALVES DE MINAS Barra de Minas, Barra do Canoas

LAGOA SANTA Abrigo do Bodão, Abrigo do Galinheiro, Arruda, Bite, Bitu, Cachorro Branco, Coqueirinho, Fazenda Alpercata, Fazenda Fidalgo, Fazenda
Moinho, Gruta da Lapinha, Jacques I, Jacques II, João Bosco, Lapa do Jessé, Lapa do Salitre, Lapa dos Micos, Lapa Mortuária de Confins,
Lapa Vermelha de Lagoa Santa, Lapinha I, Lapinha II bis A, Lapinha II bis B, Lavarjão, Lund, Macaúba, Olhos d'Água, Pastinho, Pedra Falsa,
Poço Azul, Quebra Cangalha, Quebra Cangalha, Quebra Prato, Sítio aqueduto do elmo, Sítio Cerâmico do Bene, Sítio Cerâmico Nilo
Abreu, Sítio do Padre, Sobradinho, Tamboril II, Tiãozinho Fernandes, Vaca Prenha, Vargem da Lapa, Vargem da Lapa, Viana

LEME DO PRADO Abrigo do Tamboril, Barra do Corrente, Cemitério dos Coelho, Comunidade de Porto dos Cori / Casa de Germano Coelho, Fazenda do
Sobrado, Fazenda dos Coelho

MATOZINHOS Abrigo da Mata da Cauaia, Abrigo de Caieiras, Abrigo do Poções I, Abrigo dos Ideogramas, Abrigo Gameleira
Açude do Barbosa, Angico, Bebedouro, Caetano Sítio, Cainhanga, Cerca Grande I, Cerca Grande II, Cerca Grande III, Cerca Grande V,
Cerca Grande VI, Cerca Grande VII, Complexo Minerário da Lagoa dos Aracas, Criciúma I e II, Experiência da Jaguara, Ferradura, Gruta
de Caieiras, Império da Jaragua, Janelas de Cerca Grande, João Bárbara, Julião, Lapa das Boleiras, Lapa do Ballet, Lapa do Caetano,
Lapa do Chapéu, Lapa do Ouro, Lapa do Santo, Lapa do Santo, Mandiocal, Pasto do Topo, Pasto do Topo, Pedra Esquecida, Pedra
Pesada, Peri-Peri, Poções I, Poções II, Poções IIa, Poções IIb, Poções III, Porco Preto, Quintalinho, Riacho Dantas, Salitre (Caianga), Santo
Antônio do Mocambo, Santo Antônio II, Santo Antônio II, Seu Neném I, Seu Neném II, Seu Neném III, Sumidouro da Varginha da Cauaia,
Vargem da Pedra, Vargem Formosa, Vereda 1, Vereda 2, Vereda 3, Vereda 4, Vereda 5, Vereda 6

MONTES CLAROS Cachoeira do Bananal, Cana Verde, Fazenda Quebrada I, Fazenda Quebrada II, Gruta do Salitre, Lapa d'Água
Lapa da Bandeirinha, Lapa da Chica Doida, Lapa da Divisa, Lapa da Mandinga, Lapa das Cabeceiras I, Lapa das Cabeceiras II, Lapa das
Garças, Lapa do Bolívar I e II, Lapa do Pilão, Lapa do Tião, Lapa Pequena, Lapa Pintada, Lítico I, PIMO 01, PIMO 02, PIMO 03, PIMO 04,
PIMO 09, PIMO 11, Sítio Arqueológico Carrapato, Sítio das Lages, Sítio do Engenho

NINHEIRA Barro Negro, Cana Furada, Córrego da Mangeira, Espinheiro, Pau Seco, Pedra Canga, Pedra Moleira, Ponta de pedra, Rubião

PEDRA AZUL Sítio Toca dos Caboclos

PEDRO LEOPOLDO Abrigo do Sumidouro, Abrigo Lagoa Funda, Abrigo Leste, Base, Baú, Campinho, Carroção, Eucalipto, Fazenda da Salmoura I e II, Fazenda
da Salmoura III e IV, Fazenda Ribeira, Fazenda Tamboril, Gruta Cheirosa, Lagoa Funda, Lapa da Pia, Lapa da Ribeira, Lapa do Bau, Lapa
do Carroção, Lapa do Sumidouro I, Lapa do Sumidouro II, Lapa Vermelha I, Lapa Vermelha I bis, Lapa Vermelha II, Lapa Vermelha IV, Lapa
Vermelha Soleil, Lapa Vermelha VI, Limeira, Mãe Rosa, Marciano, Ronaldo Nascimento, Samambaia I, Samambaia II, Samambaia III, Sítio
do Engenho, Sumidouro - Lago S. do Rochedo, Tamboril, Valetão

PIRAPORA Ilha das Velhas, Ilha do Engenho, PIMO 05

135
PRUDENTE DE MORAIS Abrigão das cerâmicas, Abrigo Lapa Preta, Capão das Éguas, Dolina da Bebida, Escrivania, Gameleira, Gruta da fazenda Paraíso, Lagoa
Verde I. III e V, Lapa da Pia (2), Limeira, Mato Seco, Vice Rei

RIO PARDO DE MINAS Abrigo do Currro, Abrigo João do Rego, Sítio do Curral das Éguas, Sítio do Pau d'Arco

SANTO ANTÔNIO DO RETIRO Pau d'Arco I, Pau d'Arco II, Pau d'Arco III, Pau d'Arco IV, Pau d'Arco IX, Pau d'Arco VI, Pau d'Arco VII, Pau d'Arco VIII, Pau d'Arco X, Pau
d'Arco XI, Pau d'Arco XII, Pedra Grande, Pedreiras I, Pedreiras II, Pedreiras V

TURMALINA Barra do Peixe Cru, Canabrava, Fazenda do José do Socorro, José do Socorro, Lapa da Ponte do Funil, Lapa do Veado, Peixe Cru
Sítio Cerâmico do Canabrava

VESPASIANO Gruta de Carrancas I, Gruta de Carrancas II, Lapa do Urubuz


FONTE: ELABORADA PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO CADASTRO NACIONAL DE SITIOS ARQUEOLÓGICOS – CNSA/SGPA DO IPHA

136
B.2) Bens Tombados e Turismo

O patrimônio cultural protegido diz respeito aos bens culturais, materiais ou imateriais, que, em
função de seu valor histórico, artístico, estético, afetivo, simbólico, dentre outros, receberam algum
tipo de proteção pelo poder público, tal o como tombamento, o registro imaterial, o inventário ou
outras formas de acautelamento previstas na legislação. Um bem cultural protegido encontra-se
sob um regime especial de tutela pelo Estado, uma vez que a ele foi atribuído um valor social
(IEPHA, 2018).

O tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio cultural mais


conhecido, e pode ser feito pela administração federal, estadual e municipal. Em âmbito federal,
o tombamento foi instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, o primeiro
instrumento legal de proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro e o primeiro das Américas, e cujos
preceitos fundamentais se mantêm atuais e em uso até os nossos dias (IPHAN, 2018).

O ato de salvaguarda do patrimônio cultural, nesse contexto, estabelece relação intrínseca com a
atividade turística. Trata-se de uma estratégia de valorização e divulgação da memória local,
regional e nacional, trazendo elementos da tradição, do passado, da história de povos e lugares
e de questões identitárias, estimulando um sentimento de pertença a uma determinada região.

No mapa e tabela abaixo, encontram-se espacializados e descritos os bens tombados pelo


Instituto Estadual do Patrimônio Histórica e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), cuja finalidade
é pesquisar, proteger e promover os patrimônios cultural, histórico, natural e científico, de
natureza material ou imaterial, de interesse de preservação no Estado de Minas Gerais, nos
termos da legislação estadual.

137
FIGURA 33: MAPA DOS BENS TOMBADOS PELO IEPHA NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO – FASE 2.

138
TABELA 24: BENS TOMBADOS PELO IEPHA POR MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO - FASES 1 E 2 (DESTAQUE NA COR VERMELHA
PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2),
QUANTIDADE DE
MUNICÍPIOS BENS TOMBADOS
BENS TOMBADOS
AUGUSTO DE LIMA 1 Serra do Cabral
Edifício da Academia Mineira de Letras / Acervo do Centro de Referência do Professor / Antiga sede do BEMGE /
Edifício do antigo Conselho Deliberativo e Câmera Municipal de Belo Horizonte / Edifício do Arquivo Público Mineiro
(APM) / Edifício do Automóvel Público de Minas Gerais / Igreja do Sagrado Coração de Jesus / Edifício do Instituto de
Educação de Minas Gerais / Casa Juscelino Kubitschek / Catedral da Nossa Senhora da Boa Viagem / Edifício do
Necrotério do Cemitério do Bom Fim / Edifício do Museu Mineiro / Palácio da Justiça Rodrigues Campos / Palácio da
Liberdade / Parque Municipal Américo René Giannetti / Monumento Comemorativo do Centenário da Independência
BELO HORIZONTE 29
Nacional / Conjunto paisagístico e arquitetônico da Praça Rui Barbosa (Praça da Estação) / Praça da Liberdade /
Praça Floriano Peixoto e o prédio do quartel do 1º Batalhão da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais / Praça
Hugo Werneck, Maternidade Hilda Brandão e Hospital Borges da Costa / Praça Raul Soares / Edifício do Cine-Teatro
Brasil / Edifício da Escola Estadual Olegário Maciel / Edifício da Escola Estadual Barão de Macaúbas / Edifício da
Escola Estadual Pedro II/ Edifício da Escola Estadual Barão do Rio Branco / Edifício da antiga Secretaria de Cultura /
Edifício do Conservatório de Música da UFMG / Conjunto arquitetônico da Pampulha
BELO VALE 1 Fazenda da Boa Esperança
BERILO 1 Sobrado do Inconfidente Domingos de Abreu Vieira
BONFIM 1 Edifício do Necrotério do Cemitério do Bonfim
BRUMADINHO 2 Fazenda Boa Vista dos Martins / Conjunto Histórico e Paisagístico da Serra da Calçada
BUENÓPOLIS 1 Serra do Cabral
CAETÉ 2 Casa de João Pinheiro (Solar do Tinoco) / Conjunto Paisagístico da Serra da Piedade
CONCEIÇÃO DO MATO
3 Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida / Capela de Nossa Senhora dos Passos / Núcleo Histórico de Córregos
DENTRO
Capela da Nossa Senhora da Soledade / Igreja Matriz de Sant'Ana / Conjunto arquitetônico e paisagístico das
CONGONHAS 3
Romarias
CONGONHAS DO
1 Igreja Matriz de Sant'Ana
NORTE
CORAÇÃO DE JESUS 1 Igreja do Sagrado Coração de Jesus
DIAMANTINA 2 Serra dos Cristais / Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Biribiri
ESMERALDAS 1 Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda Santo Antônio
FRANCISCO DUMONT 1 Serra do Cabral
ITABIRA 1 Pico do Itabirito ou do Itabira
ITABIRITO 1 Pico do Itabirito ou do Itabira
ITACAMBIRA 1 Igreja Matriz de Santo Antônio de Itacambira
JEQUITIBÁ 1 Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento
JOAQUIM FELÍCIO 1 Serra do Cabral
LASSANCE 1 Serra do Cabral
MARIANA 1 Núcleo Histórico do Distrito de Santa Rita Durão

139
MATEUS LEME 1 Igreja Matriz de Santo Antônio
Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda da Jaguara / Capela de Nosso Senhor Bom Jesus de Matozinhos /
MATOZINHOS 4
Conjunto Arqueológico e Paisagístico dos Poções / Ruínas da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos
NOVA LIMA 1 Conjunto Histórico e Paisagístico da Serra da Calçada
OURO BRANCO 3 Fazenda Carreiras / Serra do Ouro Branco / Fazenda Pé-do-Morro e Capela de Santana
OURO PRETO 1 Fazenda São José do Manso
PEDRO LEOPOLDO 2 Lagoa e Lapa do Sumidoro / Quinta do Sumidoro
PIRANGA 3 Igreja de Santo Antônio / Capela de Nossa Senhora do Rosário / Ruínas da Capela de Nossa Senhora do Rosário
Capela de Nossa Senhora do Rosário / Igreja de Nossa Senhora da Assunção da Lapa / Ermida de Santa Efigênia /
SABARÁ 5 Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Vila Elisa, Vila Operária e Antiga Fábrioca de Tecidos de Marzagão /
Conjunto Paisagístico da Serra da Piedade
SANTA BÁRBARA 3 Núcleo Histórico do Distrito de Brumal / Centro Histórico de Santa Bárbara / Serra do Caraça
SANTA LUZIA 4 Mosteiro de Macaúbas / Basílica de Santa Luzia / Casa da Rua Direita / Centro Histórico de Santa Luzia
SANTANA DOS MONTES 2 Fazenda da Posse / Fazenda Fonte Limpa
SANTO ANTÔNIO DO
1 Pico do Itambé
ITAMBÉ
SENHORA DE OLIVEIRA 1 Igreja Matriz de Nossa Senhora de Oliveira
SERRA AZUL DE MINAS 1 Pico do Itambé
SERRO 3 Igreja Matriz de São Gonçalo / Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres / Pico do Itambé
FONTE: ELABORADO PELO AUTOR COM DADOS EXTRAÍDOS DE IEPHA (2018).

140
B.3) Geoturismo

O patrimônio geológico é um segmento que abrange elementos que compõem a geodiversidade,


como seus afloramentos rochosos, ocorrência de fósseis, minerais e estruturas geológicas como
também as paisagens que apresentem um significado didático, científico, cultural ou turístico.

O Geoturismo por sua vez é uma das tipologias de turismo que tem por característica a presença
de elementos do geopatrimônio e os sítios geológicos e paleontológicos como principal atrativo no
local a ser visitado. (Lopes, 2011). A ideia principal dessa atividade é agregar o conhecimento
cientifico ao patrimônio natural, valorizando e possibilitando que aconteça uma visitação de
forma equilibrada. Ruchkys (2007) assinala, por sua vez, a atividade como um segmento do
turismo que tem o patrimônio geológico como seu principal atrativo e busca sua proteção por
meio da sensibilização do turista, utilizando para isto a interpretação para torná-lo acessível ao
público leigo, além de promover sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.

Nesse sentido, baseado em um movimento de geoconservação, manutenção e valorização do


patrimônio geológico, o Geoturismo também objetiva fomentar o desenvolvimento sustentável
para as regiões nas quais estes elementos estão inseridos.

Dentro desse segmento promissor da atividade turística, integram diversos sítios, reconhecidos
pelo SIGEP, na RBSE – tanto da Fase 1 como da Fase 2 –, que apresentam por característica
principal elementos que compõe o patrimônio geológico nacional. Eles encontram-se elencados no
quadro a seguir.

TABELA 25: SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEANTOLÓGICOS LOCALIZADOS NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA


BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE NA COR VERMELHA PARA OS NOVOS
MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2)
NOME DO SÍTIO MUNICÍPIO SITUAÇÃO
Bacia do Gandarela Caeté, Itabirito, Mariana, Nova Lima, Ouro Proposta aprovada
Preto, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara
Canyon do Talhado Porteirinha Public. Vol. II
Carste de Lagoa Santa Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Public. Vol. II
Funilândia, Confins
Cavernas de Monjolos Monjolos Não sugerido à
SIGEP
Cavernas da Serra do Santa Bárbara, Caeté Não sugerido à
Gandarela SIGEP
Conglomerado Diamantífero Sopa Diamantina Public. Vol. I
Gruta do Centenário Mariana Public. Vol. I
Gruta do Salitre Diamantina Não sugerido à
SIGEP
Lapa de Antônio Pereira Ouro Preto Cancelamento
Mármore da borda oeste da Serra Jaboticatubas, Santana do Riacho Não sugerido à
do Cipó SIGEP
Mina de Passagem Mariana Proposta aprovada
Morro da Onça Crucilândia Sugestão
Morro da Pedra Rica Grão Mogol Public. Vol. II
Morro da Pedreira Santana do Riacho, Conceição do Mato Dentro, Sugestão
Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar,
Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas, Itabira
Pico de Itabira Itabirito Public. Vol. II
Pico do Itacolomi, Parque Estadual Ouro Preto Sugestão
do Itacolomi
Pico do Itambé Serro Public. Vol. III

141
Serra da Piedade, Quadrilátero Caeté e Sabará Public. Vol. II
Ferrífero
Vale Glacial Do Galvão Diamantina Cancelamento
FONTE: COMISSÃO BRASILEIRA DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS (2015); STÁVALE (2012).

142
143
C) TURISMO GASTRONÔMICO

Os Circuitos Turísticos abrigam um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades
culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística
regional de forma sustentável, consolidando uma identidade regional.
A RBSE conta com 9 Circuitos Gastronômicos de Turismo consolidados:

• Circuito Belo Horizonte – Município de Belo Horizonte;


• Circuito Diamantes – Municípios de Diamantina e Serro;
• Circuito do Ouro – Municípios de Barão de Cocais, Catas Altas, Congonhas, Itabirito,
Mariana, Nova Lima, Ouro Preto, Sabará;
• Circuito Guimarães Rosa – Município de Curvelo;
• Circuito Serra do Cabral – Municípios de Augusto de Lima, Buenópolis, Claro dos Poções,
Joaquim Felício;
• Circuito Serra do Cipó – Conceição do Mato Dentro, Itambé do Mato Dentro, Santana do
Riacho;
• Circuito Serras de Minas – Município de Guaraciaba (incorporado nesta Fase 2, da RBSE);
• Circuito Veredas do Paraopeba – Municípios de Bonfim, Brumadinho, Igarapé, Itaguara,
Jeceaba, Juatuba, Mário Campos, São Joaquim de Bicas;
• Circuito Villas e Fazendas – Municípios de Conselheiro Lafaiete, Itaverava, Santana dos
Montes.
A definição de Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional complementa esta
estratégia, ao fortalecer aqueles destinos que possuem infraestrutura básica e turística e atrativos
qualificados, que se caracterizam como núcleo receptor e/ou distribuidor de fluxos turísticos.
Em Minas Gerais, 7 destes destinos estão presentes na RBSE (sendo 3 de caráter nacional e 4 de
âmbito estadual).
No âmbito da Estrada Real, esta possui 57 (cinquenta e sete) municípios inseridos nos limites da
RBSE, com vários atrativos turísticos, como o destino “Entre Serras: da Piedade ao Caraça”; o
Programa Vivendo a Estrada Real (VER); o Circuito do Ouro; e o Projeto CRER – Caminho
Religioso da Estrada Real (rota turística totalmente baseada no conceito do Caminho de Santiago
de Compostela localizado na Espanha). Da mesma forma, o Programa Turismo Solidário é um
exemplo deste potencial turístico que as regiões procuram desenvolver, atuando como mola
propulsora do desenvolvimento sustentável na geração de trabalho e renda para as
comunidades, valorizando o “jeito de ser” e o “saber-fazer”, a cultura popular e as belezas
naturais das comunidades. As iniciativas trabalham o desenvolvimento econômico e social da
região a partir do que ela tem de mais rico: sua natureza exuberante, suas antigas culturas,
histórias e tradições, sua gastronomia, sua hotelaria, seu artesanato, seu povo acolhedor e,
principalmente, sua vasta história.
Mesmo considerando este avanço e dinamismo na região da RBSE, uma grande parcela de sua
população ainda necessita do suporte de políticas e de programas sociais implementados pelo
poder público, seja em caráter assistencial, seja de orientação e capacitação para o mercado ou
fomento ao empreendedorismo, visando gerar renda e trabalho a partir das alternativas e
potencialidades locais. Destaca-se, nesse contexto, os municípios do norte de Minas Gerais,
incorporados à Fase 2 da RBSE, cujo patrimônio histórico-cultural e natural é riquíssimo, porém as

144
iniciativas de promoção de desenvolvimento local e regional ainda são incipientes e pouco
difundidas.

145
FIGURA 34: MAPA DOS CIRCUITOS TURÍSTICOS DOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA
DO ESPINHAÇO – FASE 2

146
147
D) TURISMO RELIGIOSO

Desde 2011, a SETUR vem trabalhando e investindo ações no segmento de turismo religioso, pois,
o Brasil é o 3° país a enviar turistas ao caminho de Santiago, atrás apenas da Espanha e França.
Conforme pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em 2010, foram
realizadas 8,1 milhões de viagens domésticas motivadas pela fé, isso representa 3,6% de todas
as viagens realizadas no Brasil. Só em Minas Gerais, segundo o Ministério do Turismo foram 3,94
milhões de viagens desse tipo.

O Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade e o Monumento Natural Estadual da Serra da


Piedade recebeu, em 2017, mais de 500 mil visitantes, aproximadamente e, o Santuário da
Serra do Caraça, 70 mil. São quase 600 mil visitantes motivados pela fé que se deslocam de
suas residências para estes destinos. Estes dois destinos estão dentro do território da RBSE bem
com compõem o “Roteiro Entre Serras: da Piedade ao Caraça”.

Desta forma, a SETUR/MG vem atuando neste território já há alguns anos em duas ações em
específico: a reforma do Santuário da Serra da Piedade bem como a implantação do projeto
CRER – Caminho Religioso da Estrada Real. A reforma do Santuário da Serra da Piedade
localizado em Caeté consistiu em obras de restauração geral, intervenções de acessibilidade e
implantação de sinalização turística bilíngue com placas educativas, de advertência, indicativas e
painéis informativos. A obra se deu através de um convenio firmado entre as partes num valor
total aproximado de R$ 2.260.000,00.

O projeto CRER – Caminho Religioso da Estrada Real é uma rota turística totalmente baseada no
conceito do Caminho de Santiago de Compostela localizado na Espanha. O CRER utiliza a
Estrada Real como seu eixo principal, porém com algumas adaptações. O Caminho parte da
Serra da Piedade, passa pelo Santuário do Caraça e segue para o Santuário Nacional de
Aparecida no Estado de São Paulo. A intenção é fazer desta rota um grande produto turístico
para peregrinos que queiram completar a grande rota turística.

Para isto, foram elaborados um Guia Turístico do caminho religioso, um passaporte onde o
peregrino pode ir carimbando seu passaporte em todos os municípios ou pontos de passagem e
um certificado para quem possui todos os carimbos no passaporte que, chegando ao final da
rota, em ambas as extremidades, pode-se pegar o certificado que concluiu o caminho.

Foi implantada, ainda, sinalização indicativa através de totens, informativas com indicação da
localidade, distâncias dos próximos destinos, planilha de quilometragem e perfis altimétricos do
caminho bem como paraciclos e placas de advertência.

148
FIGURA 35: FOLHETERIA DO PROJETO CRER.NTE: SETUR-MG.
Certificado Passaporte Guia turístico

FIGURA 36: FOTOS DE INTERVENÇÕES IMPLANTADAS DO PROJETO CRER.

FONTE: ACERVO SETUR-MG.

149
FIGURA 37: MAPA DO CAMINHO RELIGIOSO DA ESTRADA REAL NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA
DO ESPINHAÇO - FASE 2.

150
E) TURISMO RURAL OU AGROTURISMO

O meio rural brasileiro vem passando por grandes transformações, principalmente no que tange
as relações de produção e trabalho decorrentes dentre outros fatores do processo de
intensificação da globalização e modernização da agricultura. Nesse contexto atividades que
historicamente são associadas ao meio rural vêm enfrentando problemas a partir da crescente
desagregação das formas tradicionais de articulação da produção. (Brasil, 2010) Ao mesmo
tempo o meio ambiente e consequentemente espaços vistos como naturais têm adquirido
importante protagonismo e os moradores dessas regiões passam a ver o rural e o natural como
formas de refúgio e lazer.

Neste contexto, o meio rural passa a englobar novas funções econômicas, sociais e ambientais
permitindo às comunidades rurais sua permanência no campo. Nesse cenário de redescoberta
surge a possibilidade de renda a partir de atividades não-agrícolas, como é o caso do turismo.

Segundo a Organização Mundial do Turismo, o segmento do Turismo Rural apresenta grande


potencial, calculando-se que pelo menos 3% de todos os turistas do mundo orientam suas viagens
a partir desse tipo de atividade. Além da possibilidade de geração de uma renda adicional
para as comunidades locais, o Turismo Rural pode contribuir para a revitalização econômica e
social das regiões, a valorização dos patrimônios e produtos locais, a conservação do meio
ambiente, a atração de investimentos públicos e privados em infraestrutura para os locais onde se
desenvolve. (Neves, 2016).

Segundo Graziano da Silva (1998, p. 14), Turismo Rural pode ser definido como “todas as
atividades praticadas no meio não urbano, que consiste de atividades de lazer no meio rural em
várias modalidades definidas com base na oferta: Turismo Rural, Turismo Ecológico ou Ecoturismo,
Turismo de Aventura, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo de Saúde, Turismo Cultural, Turismo
Esportivo, atividades estas que se complementam ou não”. Já o Ministério do Turismo do Brasil o
conceitua como “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido
com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e
promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. (BRASIL, 2003, p.11).

No Espinhaço Meridional, exemplos dessa base turística podem ser vistos na Cidade de Serro,
rica em igrejas, casas coloniais, ruas de pedras e principalmente a produção do queijo artesanal
do Serro. O modo artesanal no preparo do queijo é oriundo de uma técnica desenvolvida em
Serra da Estrela em Portugal e ocorre há cerca de 300 anos. Além disso, o queijo do Serro foi
reconhecido como Patrimônio Imaterial Estadual pelo IEPHA/MG em 2002, e como Patrimônio
Imaterial do Brasil em 2008. (Melo, 2014). Além disto, o modo artesanal de produção do queijo
de leite cru na região do Serro foi reconhecida e certificada, em 2011, com a Indicação de
Procedência (IP), concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Outra cidade que merece destaque é Santana dos Montes, cercada pela Serra do Espinhaço,
além de apresentar reservas de Mata Atlântica com espécies da fauna e flora de rara beleza,
fazendas tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e áreas de Preservação
Permanente. A cidade teve no turismo rural o grande responsável pelo seu desenvolvimento.
(Neves, 2016)

151
Integrante do Circuito do Ouro, formado por cidades mineiras próximas a Belo Horizonte
que representam a diversidade mineira, a cidade de Itabira, formada por sobrados e casarões
antigos, muitos ainda com vedação de alvenaria de adobe e pau a pique sobre as pedras,
integra essa forma de turismo. Um destaque é dado ao distrito de Ipoema, que além do Museu
do Tropeiro, tem como sede o Parque Estadual Mata do Limoeiro, composto por cachoeiras e
trilhas.

A Cachaça de Salinas, também certificada como Indicação Geográfica, e o agroextrativismo do


pequi, fruto nativo do Cerrado brasileiro e típico da culinária sertaneja, movimentam o turismo
rural no norte de Minas Gerais, ao propiciarem para a região um reconhecimento nacional,
atraindo visitantes e gerando novas possibilidades de renda para as famílias rurais e as
cooperativas.

3.2.4 Arranjos Produtivos Locais (APLs)

Arranjos Produtivos Locais (APLs) são aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados


em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e
mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros
atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e
pesquisa.

Até o último recenseamento, realizado em 2015, havia 677 APLs reconhecidos pelo Grupo de
Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), estando presentes em todas as
regiões do Brasil:

• Nordeste: 210 APLs;


• Sudeste: 170 APLs;
• Norte: 123 APLs;
• Centro-Oeste: 91 APLs;
• Sul: 83 APLs.

Nos mapas e tabela abaixo, encontram-se apresentadas os 69 Arranjos Produtivos Locais


existentes nos municípios da RBSE Fase 2, conforme levantamento do OBSERVATÓRIO BRASILEIRO
DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS. Este modelo de produção encontra-se em consonância com
os Objetivos Estratégicos do Programa MaB 2015-2025, com ênfase ao processo que visa
“contribuir para a construção de economias e sociedades saudáveis e justas, com assentamentos
humanos prósperos em harmonia com a Biosfera”.

152
FIGURA 38: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – APICULTURE; MAPA 2 – BIOTECNOLOGIA; MAPA 3 – CONFECÇÃO DE
ROUPAS.

153
FIGURA 39: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – CONFECÇÃO DE CALÇADOS; MAPA 2 – MANUFATURA DE MÓVEIS; MAPA 3 –
PRODUÇÃO DE BEBIDAS.

154
FIGURA 40: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – GEMAS E JÓIAS; MAPA 2 – FITOTERÁPICOS; MAPA 3 – FRUTICULTURA.

155
FIGURA 41: MAPAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) NA RBSE FASE 2. MAPA 1 – SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO; MAPA 2 – SUINOCULTURA;
MAPA 3 – METALMECÂNICO.

156
TABELA 26: LISTA DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS (APLS) DOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2 (DESTAQUE NA
COR VERMELHA PARA OS NOVOS MUNICÍPIOS DA RBSE FASE 2).
ID NOME DO APL CIDADE POLO MUNICÍPIOS SETOR PRODUTIVO
1. Mel e Própolis da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Apicultura
2. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Berilo Apicultura
3. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Capelinha Apicultura
4. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Carbonita Apicultura
5. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Itamarandiba Apicultura
6. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina José Gonçalves de Minas Apicultura
7. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Leme do Prado Apicultura
8. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Turmalina Apicultura
9. Apicultura no Alto e Médio Jequitinhonha Turmalina Veredinha Apicultura
10. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Biotecnologia
11. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Betim Biotecnologia
12. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Contagem Biotecnologia
13. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Esmeraldas Biotecnologia
14. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Itabira Biotecnologia
15. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Lagoa Santa Biotecnologia
16. Tecnologia de Alimentos da Zona da Mata Viçosa Piranga Biotecnologia
17. Tecnologia de Alimentos da Zona da Mata Viçosa Presidente Bernardes Biotecnologia
18. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Ribeirão das Neves Biotecnologia
19. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Sabará Biotecnologia
20. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Santa Luzia Biotecnologia
21. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte São José da Lapa Biotecnologia
22. Tecnologia de Alimentos da Zona da Mata Viçosa Senhora de Oliveira Biotecnologia
23. Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Vespasiano Biotecnologia
24. Lingerie de Taiobeiras Taiobeiras Taiobeiras Confecções
25. Cachaça do Norte de Minas Salinas Fruta de Leite Fabricação de bebidas
26. Cachaça do Norte de Minas Salinas Indaiabira Fabricação de bebidas
27. Cachaça do Jequitinhonha e Mucuri Araçuaí José Gonçalves de Minas Fabricação de bebidas
28. Cachaça do Norte de Minas Salinas Novorizonte Fabricação de bebidas
29. Cachaça do Norte de Minas Salinas Rubelita Fabricação de bebidas
30. Cachaça do Norte de Minas Salinas Salinas Fabricação de bebidas
31. Cachaça do Norte de Minas Salinas Taiobeiras Fabricação de bebidas
32. Calçados e Bolsas da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Fabricação de calçados
33. Calçados e Bolsas da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Contagem Fabricação de calçados
34. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Capelinha Fabricação de móveis
35. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Carbonita Fabricação de móveis
36. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Itamarandiba Fabricação de móveis

157
37. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Leme do Prado Fabricação de móveis
38. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Turmalina Fabricação de móveis
39. Móveis do Jequitinhonha Turmalina Veredinha Fabricação de móveis
40. Plantas Medicinais e Fitoterápicos de João Monlevade João Monlevade Belo Horizonte Fitoterápicos
41. Plantas Medicinais e Fitoterápicos de Betim Betim Betim Fitoterápicos
42. Plantas Medicinais e Fitoterápicos de Betim Betim Vespasiano Fitoterápicos
43. Mudas e Flores de Diamantina Diamantina Diamantina Floricultura
44. Fruticultura do Norte de Minas Jaíba Janaúba Fruticultura
45. Fruticultura do Norte de Minas Jaíba Montes Claros Fruticultura
46. Pequi de Montes Claros Montes Claros Montes Claros Fruticultura
47. Fruticultura do Norte de Minas Jaíba Nova Porteirinha Fruticultura
48. Fruticultura do Norte de Minas Jaíba Porteirinha Fruticultura
49. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Belo Horizonte Gemas e Jóias
50. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Betim Gemas e Jóias
51. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Caeté Gemas e Jóias
52. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Contagem Gemas e Jóias
53. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Ibirité Gemas e Jóias
54. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Lagoa Santa Gemas e Jóias
55. Gemas, Jóias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Nova Lima Gemas e Jóias
56. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Pedro Leopoldo Gemas e Joias
57. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Raposos Gemas e Joias
58. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Ribeirão das Neves Gemas e Joias
59. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Rio Acima Gemas e Joias
60. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Sabará Gemas e Joias
61. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Santa Luzia Gemas e Joias
62. Gemas, Joias e Bijuterias da Região Metropolitana de Belo Horizonte Nova Lima Vespasiano Gemas e Joias
63. Metalmecânico de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Metalmecânico
64. Metalmecânico de Betim Betim Betim Metalmecânico
65. Metalmecânico de Itabira Itabira Itabira Metalmecânico
66. Fundição do Centro-Oeste de Minas Cláudio Itaúna Metalmecânico
67. TICs da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Serviços de tecnologia da informação
68. TICs da Região Metropolitana de Belo Horizonte Belo Horizonte Contagem Serviços de tecnologia da informação
69. Suinocultura da Zona da Mata Ponte Nova Piranga Suinocultura
FONTE: OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APLs (2014).

158
3.2.5 Pagamento por Serviços Ambientais na RBSE

No Brasil, uma variedade de mecanismos que visam promover a conservação ambiental vem
sendo aplicadas em diferentes circunstâncias. Os estados têm buscado de forma autônoma
estabelecer políticas de incentivo para a conservação e manutenção de áreas verdes e com
vegetação natural. Dentre essas medidas destacam-se as políticas de implementação de
programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Segundo Wunder (2005), o PSA pode
ser definido como uma transação voluntária, em que um serviço ecossistêmico ou um uso da terra
que se assegure um serviço ecossistêmico, é comprado por, no mínimo, um comprador de no
mínimo um provedor de serviços ecossistêmicos, com a quantidade e qualidade do serviço
acordados como condições na transação.

Wunder (2005) sintetiza a definição de Pagamentos por Serviços Ambientais como:

• (a) Uma transação voluntária onde,


• (b)Um serviço ambiental bem definido (ou um provável uso da terra para assegurar
aquele serviço)
• (c) É adquirido por, no mínimo, um comprador
• (d) De, pelo menos, um provedor de serviço
• (e) Se, e somente se, o provedor assegura a provisão do serviço (condicionalidade).
(ENGEL, 1999, p.664).

No estado de Minas Gerais os municípios de Extrema e Montes Claros foram pioneiros na


implantação de programas locais de PSA. Outros exemplos desse mesmo programa em municípios
que integram a RBSE são destacados no quadro a seguir.

159
TABELA 27: LISTA DE PROGRAMAS DE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS REALIZADOS NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2.
DATA DE CRIAÇÃO PROGRAMA OBJETIVO MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS
Tem como objetivo compensar os municípios que possuem porções de
seu território comprometidas com unidades de conservação que
implicam restrições de uso do solo, e incentivar a criação, implantação
1995 ICMS Ecológico Todos os municípios de Minas Gerais
e manutenção destas unidades de conservação pelos próprios
municípios, contribuindo para descentralizar e consolidar a política de
proteção de ecossistemas naturais.
Crédito ambiental que premia e incentiva produtores rurais pela
2006 Ecocrédito4 preservação e recuperação de áreas de relevante interesse ambiental Montes Claros
em sua propriedade
Conceição do Mato Dentro, Itambé
Beneficiamento de 550 hectares em 36 propriedades no entorno do
do Mato Dentro, Morro do Pilar,
2007 Projeto Cantos do Mundo/ AMA5 Parque Nacional da Serra do Cipó visando à formação de áreas de
Santana do Riacho e Santo Antônio
conectividade entre os remanescentes florestais.
do Riacho
A Lei 17.727/2008 e o Decreto 45.113/2009 preveem que o estado
concederá incentivo financeiro, por 5 anos consecutivos (desde que a
área contemplada seja mantida), a proprietários e posseiros rurais
2007/2008 Bolsa Verde para identificação, recuperação, preservação e conservação de áreas Todos os municípios de Minas Gerais
necessárias à proteção das formações ciliares e à recarga de
aquíferos, bem como áreas necessárias à proteção da biodiversidade
e ecossistemas especialmente sensíveis.
Projeto de Desenvolvimento Rural Intervenção em 7.200 hectares (5.040 ha por restauração intensiva, Alvorada de Minas, Conceição do
2010 Sustentável na Bacia do Rio Santo 1.440 ha com enriquecimento e 720 ha com condução de Mato Dentro, Congonhas do Norte,
Antônio6 regeneração natural) Dom Joaquim e Serro
Presidente Bernardes e Senhora de
2011 Projeto Nascentes do Rio Doce7 Recuperação de 1.000 hectares em 40 propriedades.
Oliveira
Estabelecer mecanismos de conservação da biodiversidade na região
da Serra da Moeda, tem como foco a conservação de áreas naturais
2013 Projeto Oásis8 Brumadinho (Serra da Moeda)
e seus consequentes benefícios à disponibilidade e à qualidade de
água na região.
Contribuir para a redução da erosão e da sedimentação no ribeirão
Programa Produtor de Água da
2014 Candidópolis, um dos principais mananciais de abastecimento da Itabira
Bacia do Ribeirão Candidópolis
cidade e onde se localiza a Estação de Captação de Água Pureza

4 Integra a Lei do Bolsa Verde (Lei Nº 17.727/ 2008)


5 Projeto resultante de uma associação entre a ONG 4 Cantos do Mundo, em parceria com a Associação dos Moradores, Agricultores e Apicultores (AMA) da Lapinha.
6
Iniciativa capitaneada pelo Instituto BioAtlântica (IBio) com o suporte financeiro da Anglo American, e a mobilização comunitária e apoio técnico do Instituto Espinhaço.
7
Implementado pelo Instituto Xopotó.
8
Projeto resultante de uma cooperação técnica entre a Fundação Grupo Boticário, o Ministério Público de Minas Gerais e Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda).

160
Promoção do aumento da produção e melhoria da qualidade das
águas no município de Igarapé – MG, a partir da recuperação e
preservação dos sistemas hídricos na Sub-bacia do Córrego Estiva,
2014 Projeto O Guardião dos Igarapés9 Igarapé
contribuinte do Sistema Serra Azul de abastecimento público de água
da Região Metropolitana de Belo Horizonte, por meio da gestão
ambiental das propriedades.
O “Preservar para não Secar” incentiva proprietários rurais a
conservar áreas importantes para a manutenção das nascentes. O
programa foi regulamentado pelo Decreto Municipal 1.802/2014. O
2014 Projeto Preservar para Não Secar Itabira
valor da gratificação – que é divido entre os participantes,
considerando o tamanho da área cercada e protegida – provém do
Fundo Especial de Gestão Ambiental (Fega), existente em Itabira.

9
Integra o Programa Produtor de Água da Agencia Nacional das Águas (ANA).

161
3.2.6 – Iniciativas coordenadas pelo Sistema FAEMG no território da Fase 2 da RBSE

O SISTEMA FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais – é composto


pela FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), pelo Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR), pelo Instituto Antônio Ernesto de Salvo (INAES) e pelos Sindicatos.
Destaca-se que a FAEMG é membro ativo do Comitê Estadual da RBSE.

Abaixo, são apresentadas algumas ações de destaque realizadas pelo Sistema FAEMG no território da
RBSE.

3.2.6.1 – Ações no Território

A) Sustentabilidade Monitorada

A sustentabilidade da produção rural é um tema que mobiliza o INAES. Nesse sentido, o Instituto
desenvolveu a Plataforma de Gestão de Indicadores de Sustentabilidade em Propriedades Agrícolas.
Trata-se de um conjunto de softwares que avalia, de forma simples, aspectos ambientais, econômicos e
socais das fazendas, determinando o nível de sustentabilidade em que elas se encontram. O objetivo é
promover o desenvolvimento rural em bases sustentáveis, de forma integrada, por meio da melhoria
contínua da gestão dos estabelecimentos rurais.

O projeto baseou-se no instrumento ISA (Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas). São 21


indicadores, agregados em sete sub-índices: balanço econômico, balanço social, gestão do
estabelecimento, capacidade produtiva do solo, qualidade da água, manejo dos sistemas de produção
e ecologia da paisagem agrícola.

O Comitê Gestor da ONU analisa a possibilidade de adotar a plataforma no Projeto Siderurgia


Sustentável, do qual o SISTEMA FAEMG é parceiro.

B) Programa Agente de Turismo Rural

O primeiro módulo do programa Agente de Turismo Rural, na região de Ouro Preto, ocorreu em 30 de
julho de 2018 e superou as expectativas dos novos alunos do Senar Minas. Nesse início, a turma
aprendeu noções da atividade turística no meio rural, suas modalidades e o perfil das pessoas dos
grandes centros que buscam com frequência lugares tranquilos e que apresentem tudo que o meio rural
tem em abundância. Além disso, os alunos conheceram propriedades rurais com potencial para o
agroturismo e empreendimentos que já recebem visitantes.

O grupo é composto por representantes de Itabirito, do Parque Estadual do Itacolomi e de Ouro Preto.
“A turma é extremamente capacitada, interessada e quer mudar a região. Entre as propostas do
módulo, fomos ao centro histórico de Ouro Preto. A atividade final era se fazer de turista para os guias
de lá e questionar sobre roteiros para os distritos. A atividade dá margem para eles criarem ações
para mudar esse cenário. Esse é o desafio deles”, explicou a instrutora do curso e turismóloga, Fernanda
Silva.

C) Curso de Turismo Rural em Diamantina

162
A fim de melhor atender aos turistas que procuram o Parque Nacional das Sempre Vivas, no Vale do
Jequitinhonha, 12 pessoas da cidade de Diamantina participaram do curso de Turismo Rural / A Arte de
Conduzir em Trilhas e Roteiros do Senar Minas, promovido em parceria com o Sindicato dos Produtores
Rurais de Diamantina.

Em uma carga horária de 32 horas, o turismólogo e instrutor Cláudio Silva Ramos ensinou sobre cadeia
produtiva; impactos socioeconômicos, ambientais e culturais do turismo; papel, perfil, postura e
habilidades comportamentais dos condutores e, sobretudo, planejamento e análise de trilhas e roteiros.

FIGURA 42: IMAGEM DO CURSO DE TURISMO RURAL OCORRIDO NO PARQUE NACIONAL DAS SEMPRE-VIVAS.

FONTE: SISTEMA FAEMG (2018).

Segundo Jader Vinicius Brant Coelho, mobilizador do evento, a perspectiva dos participantes é
conseguir gerar renda para eles e para o distrito de São João da Chapada, onde está localizado o
Parque. Ele também ressaltou o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) e da Prefeitura Municipal de Diamantina para a realização do curso. “São parceiros que
sempre procuram aperfeiçoar condutores para receber os visitantes, com qualidade e segurança”.

Educação ambiental para o turismo sustentável, elaboração e comercialização de roteiros e noções de


tomada de decisão e associativismo também fizeram parte do conteúdo das aulas.

3.2.6.2 Programas

A) “Nosso Ambiente”

O programa tem quatro eixos: gestão ambiental na propriedade rural, institucional, monitoramento e
comunicação. Por meio dele desenvolvemos ações de conservação do solo e da água, além de eventos
de conhecimento, treinamento e capacitações.

O SENAR MINAS deu um passo importante nessa linha e disponibilizou o Curso de recuperação e
Proteção de nascentes. O produtor é capacitado a gerir a própria água, aprendendo a trabalhar o
terreno onde está localizado o olho d’água, a melhorar a infiltração dos recursos hídricos e seu
armazenamento no solo e a adotar práticas agrícolas que previnam a ocorrência de erosão e
163
assoreamento. Desde de junho de 2015 já foram realizados 1.680 eventos capacitando
aproximadamente 12.000 pessoas capacitadas.

O Sistema também investiu na disseminação de conhecimentos para uma produção mais sustentável.
Para tanto, tem ofertado capacitações e mecanização agrícola, florestamento e reflorestamento com
espécies nativas e implantação de viveiros de mudas.

B) “Profissional do Futuro”

Um dos destaques do SENAR MINAS são os programas voltados para a formação dos jovens, como o
Minas Jovem Rural, que busca apoiar o processo sucessório na agricultura familiar, preparando aqueles
que quiserem assumir os negócios no campo. A iniciativa contempla três eixos: a formação do cidadão
para o agronegócio e a preparação de lideranças.

O Programa Jovem no Campo também se consolidou em 2015 e tem atingido o objetivo de colaborar
com a inserção do jovem no mercado de trabalho, oferecendo visão empreendedora do negócio e,
dessa forma, estimulando a economia no campo, com a consequente redução do êxodo rural.

O programa é voltado para jovens com idade entre 15 e 24 anos incompletos, que já tenham concluído
ou estejam regularmente matriculados no ensino fundamental, médio ou no EJA (Programa de Educação
de Jovens e Adultos), além de ter vínculo e afinidade com o meio rural.

Inicialmente, é feito um levantamento sobre a realidade local e dos participantes. A partir dessas
informações, o SENAR estrutura o Programa em módulos, determinando a carga horária de acordo com
a área de ocupação a ser abordada.

A estrutura do programa é dividida em dois núcleos: Básico, com foco no desenvolvimento das
competências básicas; e específico, com abordagem de conteúdos técnicos e específicos de cada
ocupação.

Os conteúdos abordados no programa são desenvolvidos de acordo com a realidade local e as


necessidades e interesses da clientela.

C) “Programa Família na Praça”

O Programa tem o objetivo de proporcionar lazer, cultura e entretenimento às comunidades rurais, por
meio de manifestações artísticas, culturais e atividades esportivas.

• Local de Realização: em praças, preferencialmente em comunidade rural;


• Número de Participantes: mínimo de 400 pessoas;
• Duração: 8 horas, no domingo.

FIGURA 43: FOTOS DO “PROGRAMA FAMÍLIA NA PRAÇA”

164
D) Programa SENAR – “Encontro das Famílias Rurais”

O objetivo é reunir no município pessoas das comunidades rurais – preferencialmente participantes de


cursos do SENAR MINAS – com o propósito de discutir temas como Associativismo, Empreendedorismo,
Meio Ambiente e Saúde, entre outros. São promovidas, também oficinas de artesanato e a exposição de
produtos confeccionados pela comunidade.

E) Programa SENAR – “Agente de Turismo Rural”

Tem o propósito de fortalecer atividade no campo. Por meio do programa, é possível fazer o
levantamento das oportunidades e recursos, pontos fortes e fracos, bem como da infraestrutura do lugar
e dos atrativos histórico, turísticos e culturais. A iniciativa conta com parceria da FECITUR (Federação dos
Circuitos Turísticos de Minas Gerais).

Ao promover a qualificação sobre serviços, segurança, condução, hospedagem, meios de alimentação e


comercialização de produtos e negócios, o SENAR busca despertar nos participantes uma visão
diferenciada do potencial turístico da área rural e formar profissionais capazes de promover iniciativas
que contribuam para o desenvolvimento do campo.

O programa é dividido em seis módulos, com duração total de seis meses. O próximo encontro, que terá
segurança como temática, está previsto para 27 a 31 de agosto. O programa é realizado em parceria
com o Sindicato de Produtores Rurais de Mariana.

F) Programa de Saúde Preventiva

Promoção Social do SENAR reúne um conjunto de atividades com enfoque educativo, que possibilita ao
trabalhador, ao produtor rural e às suas famílias a aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento de
habilidades pessoais e sociais e mudanças de atitudes, favorecendo, assim, uma melhor qualidade de
vida e participação na comunidade rural.

Nos últimos anos, o SENAR ampliou os investimentos em prevenção à saúde e qualidade de vida, com
dois programas: Saúde do Homem Rural e Saúde da Mulher Rural, trazendo como proposta, um olhar
para a saúde integral.

Para realizar as ações de Promoção Social para a Saúde Preventiva no campo, o SENAR conta com
diversos parceiros, que vão desde as Secretarias Municipais de Saúde e Educação, Sociedade Brasileira
de Urologia, Instituto Lado a Lado pela Vida, bem como outras parcerias locais que ajudam na
promoção do cuidado à saúde dessa população.
165
Essas parcerias técnico-científica têm como foco a promoção da saúde do produtor, trabalhador rural e
suas famílias, por meio de informações qualificadas sobre as doenças que mais impactam a população
rural, de modo a propiciar o desenvolvimento de habilidades pessoais, mudanças de atitudes, além de
outras ações que tragam a todos os envolvidos a conscientização para uma saúde melhor.

A produção de materiais em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia e Instituto Lado a Lado
pela Vida tem qualificado as ações de educação em saúde para um melhor entendimento sobre
algumas doenças e, consequentemente, mudanças de hábitos para uma vida mais saudável.

O Programa Saúde da Mulher Rural tem como objetivo contribuir para a mudança e melhoria das
condições de vida e saúde integral das mulheres do meio rural, com ações de educação em saúde e
ampliação do acesso aos serviços disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com
Secretarias de Saúde Secretarias de Saúde e prefeituras.

As ações têm como foco prioritário a educação em saúde, com prevenção, diagnóstico precoce,
vacinação, questões de gênero, violência doméstica, prevenção do câncer do colo do útero, da mama,
das doenças sexualmente transmissíveis, entre outros, com o intuito de promover o controle de fatores de
riscos que afetam diretamente a saúde da mulher rural.

Este Programa pretende sensibilizar e empoderar as mulheres do meio rural para escolhas corretas a
fim de promover a saúde física e mental, bem como mudanças de comportamentos que impactam na
qualidade de vida individual e coletiva.

O Programa Saúde do Homem Rural tem como objetivo gerar oportunidades de educação para a
promoção da saúde e prevenção de doenças de homens do meio rural, contribuindo assim para a
melhoria da qualidade de vida.

A vulnerabilidade social e estrutural frente à saúde integral do homem está presente nas áreas rurais.
Por isso, as ações devem ser de caráter geral e ampliado, com parcerias que viabilizem ações
conjugadas, aproveitando o que já existe, o que possibilita a soma de recursos disponíveis que
complementem os esforços.

166
As ações têm como foco prioritário a educação em saúde, com prevenção, diagnóstico precoce,
vacinação, questões de gênero, violência doméstica, prevenção do câncer de próstata, câncer de pênis,
doenças sexualmente transmissíveis, entre outros, com o intuito de promover o controle de fatores de
riscos que afetam diretamente a saúde do homem rural.

Nesse sentido, a parceria que o SENAR estabeleceu com a Sociedade Brasileira de Urologia-SBU para
o Programa Saúde do Homem Rural tem sido fundamental para o desenvolvimento das ações de
promoção social, a qual o SENAR tem como missão, promovendo o acesso aos exames de próstata,
educação em saúde para a promoção de hábitos de higiene pessoal, prevenção ao câncer de pênis e
às doenças sexualmente transmissíveis, entre outros e, consequentemente, mudanças de atitudes para
uma vida mais saudável.

3.2.7 SISTEMA FIEMG

O Sistema Federação das Indústrias de Minas Gerais representa o setor industrial no Estado e trabalha
para contribuir efetivamente com a indústria mineira, buscando resultados que sustentem sua
competitividade.

Isso é possível através dos serviços e produtos oferecidos pelas cinco empresas que o compõem:
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o Centro Industrial e Empresarial de
Minas Gerais (CIEMG), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Juntas, essas empresas oferecem à indústria mineira
estratégias para o desenvolvimento industrial.

A FIEMG, membro do Comitê Estadual da RBSE, possui diversos programas que buscam o equilíbrio
entre as dimensões econômica, social e ambiental para a criação de negócios sustentáveis, com
destaque para:

1. Gestão de Recursos Hídricos

2. Rede Mineira de Recursos Hídricos da Indústria

O setor atua diretamente nos principais Conselhos, Comitês de Bacias Hidrográfica de domínio do
Estado e da União, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalhos.

Com a finalidade de alinhar o posicionamento e qualificar os representantes do setor industrial no


Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – (SEGRH), a rede foi criada em 2013 e é
coordenada pela FIEMG. Ela é composta por Indústrias, Minerações, Associações e Sindicatos e tem
como objetivo:

3. Gestão de Resíduos Sólidos

São oferecidos para as indústrias, dois programas gratuitos:

a) Bolsa de Resíduos (SIBR)

Oferece de forma prática e gratuita, através de sua página eletrônica na Internet, a oportunidade de
negociação em tempo real de diversos resíduos, agregando valor aos mesmos e evitando gastos com
disposição final.

b) Programa Mineiro de Simbiose Industrial (PMSI)


167
Desenvolvido pela FIEMG em parceria com a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) e com o
Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) o Programa Mineiro de Simbiose Industrial (PMSI) é a
versão brasileira do britânico NISP (National Industrial Symbiosis Programme), cujo objetivo é promover
interações lucrativas entre empresas de todos os setores da indústria.

Na prática, o Programa estabelece negócios a partir dos recursos utilizados nos processos de produção.
Ou seja, energia, água e materiais provenientes das indústrias podem ser recuperados, reprocessados e
reutilizados por outras empresas.

O PMSI ocorre principalmente através de Workshops, onde as empresas são colocadas em contato para
realização de uma rodada de negócios. Outra forma de participação é através do contato direto com
a FIEMG.

4. Jurídico Ambiental:

A assessoria empresarial da FIEMG busca promover a adimplência ambiental do setor industrial,


fortalecer a representação industrial nos poderes constituídos e representar os interesses da indústria na
criação e discussão de normas ambientais.

Um dos produtos da FIEMG é o Painel da Indústria Mineira.

O Painel da Indústria Mineira é uma elaboração de periodicidade mensal da Assessoria Econômica da


FIEMG, que tem como objetivo retratar o nível de desenvolvimento econômico industrial sistematizado
pelas regionais da FIEMG (Alto Paranaíba, Centro-Oeste, Norte, Pontal do Triângulo, Rio Doce, Sede,
Sul, Vale do Aço, Vale do Jequitinhonha, Vale do Paranaíba, Vale do Rio Grande e Zona da Mata).

Através da compilação de dados econômicos extraídos de fontes oficiais, o Painel da Indústria Mineira
traça um panorama geral sobre a estrutura e o desempenho da economia do estado ao apresentar
indicadores e variáveis regionais como o número de empresas e setores, arrecadação de ICMS, balança
comercial, produtos exportados e importados, nível de emprego, entre outros.

Os dados completos podem ser acessados em: https://www7.fiemg.com.br/fiemg/produto/painel-da-


industria-mineira.

3.2.7.1 Outros Projetos em Execução no Território da RBSE

A) A Estrada Real e a RBSE: Caminhos Históricos e Promotores do Desenvolvimento de Minas Gerais

Criado em 1999 e ligado ao Sistema FIEMG, o Instituto Estrada Real (IER) tem como objetivos organizar,
fomentar e gerenciar o produto turístico da Estrada Real (ER).

A Estrada Real é um antigo caminho, aberto há mais de 300 anos pela Coroa Portuguesa e, hoje, é a
maior rota turística do país. São mais de 1.630 km de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo. Um dos pontos mais fortes da Estrada Real é a sinalização através de seus marcos.
São ao todo 1.926 marcos em seu eixo principal e, dentro dos limites da área de estudo, existem vários
marcos instalados demarcando a rota turística. Dessa forma, o IER trabalha a rota turística por quatro
caminhos representados na figura abaixo.

O mapa espacializa os quatro caminhos nos limites da RBSE. Desta forma percebe-se que todos os
quatro se inserem na Reserva sendo, o dos Diamantes e Sabarabuçu inteiramente dentro dos limites; e o
Caminho Novo e Velho começam dentro da RBSE e seguem para os Estados do Rio de Janeiro e São
Paulo. É certo afirmar que a Estrada Real está intimamente relacionada com a Serra do Espinhaço, pois,
esta última, foi a grande indutora dos eixos oficiais de ocupação do território mineiro, sobretudo no
momento de opulência minerária de ouro e diamantes no Brasil.
168
FIGURA 44: MAPA DOS CAMINHOS DA ESTRADA REAL NA RBSE - FASE 2.

169
A Estrada Real possui 59 (cinquenta e nove) municípios inseridos nos limites da Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço, com vários atrativos turísticos.

O IER divulga vários pacotes comercializados por diversas agências, operadoras e receptivos turísticos.
Existem ao todo 76 pacotes promovidos pelo IER em seu site. Existem diversos roteiros turísticos regionais
a serem visitados que podem ser consultados através do link
http://www.institutoestradareal.com.br/planeje-sua-viagem/passeios-sugeridos. Os eventos, notícias e
serviços ligados à Estrada Real podem ser consultados no site http://www.institutoestradareal.com.br/.

Roteiros:

Caminho Novo: http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/novo

Caminho Velho: http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/velho

Caminho dos Diamantes: http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/diamantes

Caminho do Sabarabuçu: http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/sabarabucu

Caminhos:

Caminho Novo: http://www.institutoestradareal.com.br/caminhos/novo/

Caminho Velho: http://www.institutoestradareal.com.br/caminhos/velho/

Caminho dos Diamantes: http://www.institutoestradareal.com.br/caminhos/diamantes/

Caminho do Sabarabuçu: http://www.institutoestradareal.com.br/caminhos/sabarabucu/

SETOR INDUSTRIAL

O setor industrial tem a missão de liderar o processo de desenvolvimento sustentável da Indústria em


Minas Gerais, fortalecendo sua competitividade e buscando a melhoria contínua das condições
socioeconômicas do estado e do país. Um dos caminhos para a concretização do desenvolvimento
sustentável é a gestão empresarial responsável e integrada, considerando os aspectos econômico, social,
ambiental e cultural.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), por meio desse modelo de
gestão são adotadas as seguintes práticas:

1. Promoção da participação empresarial proativa junto à sociedade e as instituições públicas,

2. Contribuição para a boa governança,

3. Promoção da melhoria contínua no que concerne ao consumo eficiente de matérias-primas e insumos,

4. Promoção do consumo sustentável de energia e água em todas as atividades,

5. Fortalecimento da política de resíduos sólidos quanto a sua utilização como matéria-prima de outros
processos produtivos preservando a extração de recursos naturais,

6. Colaboração com o esforço de redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE),

170
7. Estímulo às ações de respeito aos valores e conhecimentos locais e à preservação do patrimônio
cultural e dos recursos naturais.

8. Valorização das contratações de mão de obra, produtos e serviços promovendo a melhoria da


qualidade da rede de fornecedores regionais e fortalecendo a dinâmica de negócios inclusivos.

9. Garantia da qualidade de vida, aprimorando os padrões de habitação, alimentação, saúde, esporte,


lazer, cultura e comunicação e promovendo a melhoria das condições de trabalho.

10. Contribuição de maneira efetiva para garantir o acesso à educação, aprimorando os padrões de
formação, capacitação e desenvolvimento profissional, sempre com ênfase nas questões de
sustentabilidade.

11. Estabelecimento de canais de comunicação e parcerias para estimular a interlocução com o público
externo,

12. Estímulo e fortalecimento das marcas vinculadas ao empreendedorismo.

13. Incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias, com o objetivo de reduzir ou


eliminar impactos adversos ao meio ambiente, à estabilidade climática, à biodiversidade e à saúde.

14. Promoção de iniciativas que premiem as melhores práticas em gestão, melhoria de processos e a
busca contínua da melhoria da competitividade, qualidade e sustentabilidade.

INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE APOIO À COMUNIDADE.

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

O SENAI é um dos maiores polos de geração e disseminação de conhecimentos aplicados ao


desenvolvimento da indústria do Brasil e de Minas Gerais. Criado em 1942, por iniciativa do
empresariado do setor, o SENAI faz parte da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Sistema
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).

Com o apoio de diversas áreas industriais, o SENAI é responsável pela formação profissional de
recursos humanos para a indústria, a prestação de serviços como assistência técnica e tecnológica ao
setor produtivo, serviços de laboratório, pesquisa aplicada e informação tecnológica. Graças à
flexibilidade de sua estrutura, se tornou o maior complexo de educação profissional da América Latina.

O SENAI, através do desenvolvimento dos seus programas, projetos e atividades, oferece atendimentos
adequados às diferentes necessidades da indústria e contribui para o seu fortalecimento e o
desenvolvimento pleno e sustentável do país.

O SENAI possui diversos produtos dentre eles: educação à distância, PRONATEC, cursos técnicos,
iniciação profissional, aperfeiçoamento profissional, escola móvel SENAI, aprendizagem industrial,
qualificação profissional básica.

Todos os cursos e produtos podem ser consultados através do link http://www7.fiemg.com.br/senai.

171
3.3 CONHECIMENTO E GESTÃO PARTICIPATIVA

Objetivo: apoio a projetos demonstrativos; educação e treinamento ambiental; pesquisa e


monitoramento relacionados a demandas locais, regionais, nacionais e globais de conservação e
desenvolvimento sustentável.

A experiência acumulada ao longo de 13 anos na RBSE em relação aos mecanismos participativos de


gestão sinalizou alguns desafios que deverão ser enfrentados na ampliação da Reserva. O primeiro
desafio refere-se ao processo de interlocução com novos grupos tendo em vista uma atuação
relativamente imobilizada do atual Comitê Gestor. Para isto, será necessário um processo de
descentralização já iniciada, em alguns programas. A articulação do Espinhaço Norte - Fase 2 se dará a
partir da mobilização das Unidades de Conservação do Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço
(Alto Jequitinhonha-Serra do Cabral) constituído em 2015 por uma ampla rede de stakeholders.

O segundo desafio está relacionado com a divulgação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e
o Programa MaB-UNESCO. Nesse caso o acesso às informações gerais e aos documentos de referência
ficou mais fácil com iniciativas relacionadas às mídias digitais. Já haviam iniciativas de divulgação do
Espinhaço em redes sociais, mas somente em 2016 foi possível lançar o site da RBSE10. Com a
aprovação da revisão periódica em 2015 também foi lançado um material impresso sobre os 10 anos
da Reserva. Com essas ferramentas somadas à outras já realizadas ficou mais viável o trabalho de
divulgação e mobilização de novos parceiros.

O terceiro desafio tem uma relação direta com a agenda do Programa MaB-UNESCO, as Reservas da
Biosfera e o seu grau de importância junto aos governos regional e nacional. Durante os três últimos
anos, felizmente, o Governo Federal avançou consideravelmente. O COBRAMAB recuperou sua rotina de
reuniões e o Ministério de Meio Ambiente do Brasil retomou sua participação na agenda internacional.
Internamente também foi possível constatar atividades significativas entre o governo brasileiro e a Rede
Brasileira de Reservas da Biosfera. Os resultados desse novo cenário permitiram práticas mais
consistentes em cada uma das Reservas brasileiras. No Espinhaço não foi diferente, com uma agenda
mais intensa, se ainda não foi constatado investimentos financeiros pela instância federal, pelo menos o
apoio institucional trouxe maior motivação, como por exemplo, para elaboração dessa proposta de
Fase 2.

No que se refere ao governo estadual, ainda não há apoio financeiro para a RBSE, no entanto as
instituições governamentais participantes do Comitê Gestor têm sido essenciais para uma construção
participativa. Seja por sua capilaridade nos municípios da Reserva, seja pelo apoio técnico institucional
ou ainda pela proposição de instrumentos normativos alinhados aos princípios do Programa MaB-
UNESCO.

Cabe destacar também o desafio de colocar o Espinhaço na pauta acadêmica. O conhecimento


científico acerca dos ecossistemas abrangidos no território era, de certa forma, significativo quando
tratam especificamente do bioma Mata Atlântica ou Cerrado (Hotspots de conservação da
biodiversidade), mas extremamente insipientes em relação aos ecótonos encontrados na cordilheira ou
nos Campos Rupestres.

Surpreendentemente os cientistas adotaram uma nova postura, quase que de imediato, a partir do
reconhecimento do Espinhaço como uma Reserva da Biosfera. Sem a necessidade de maiores

10 Vide em http://rbse.com.br.

172
esclarecimentos sobre o significado da Reserva e o seu reconhecimento junto à UNESCO, a ideia de um
território unificando as Serras, um corredor natural da biodiversidade e sua relação direta com a
ocupação humana e identidade cultural encontrou ressonância no meio acadêmico e tem propiciado uma
participação efetiva dos cientistas na RBSE.

A proposta da Fase 2 vem com o objetivo maior de preencher uma lacuna de conhecimento no que se
refere à sequência territorial da cordilheira do Espinhaço no setor norte do estado de Minas Gerais.
Distante dos grandes centros econômicos, universitários e da capital administrativa, a região abriga
tesouros ainda pouco conhecidos. Com o reconhecimento da fase 2 será imperativo uma maior atenção a
um local negligenciado, desprovido de investimentos, mas com um potencial de alto nível.

O fortalecimento institucional dos parceiros regionais será um ganho de grande significado. Já com a
participação de vários grupos do terceiro setor, universidades e órgãos públicos da região na
elaboração dessa proposta, alguns resultados, como a criação do Parque estadual de Botumirim,
antecipam o sucesso dessa mobilização. Iniciativas antes isoladas em diversos municípios também
ganham maior importância quando integradas aos esforços para o reconhecimento do Espinhaço Norte
como uma segunda fase da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Por conseguinte, vale salientar que todos os esforços de envolvimento de diversos atores na elaboração
dessa proposta e consequentemente para uma futura gestão mais participativa e descentralizada traz
contribuições para uma valorização ainda maior do Espinhaço. Novos elementos são agregados como,
por exemplo, as comunidades tradicionais dos “Geraizeiros”, novas unidades de conservação,
conectividade de ecossistemas singulares, apoio logístico aos pesquisadores, mobilização de municípios,
patrimônios materiais e imateriais entre outros.

Uma constatação interessante refere-se a uma nova interpretação científica proporcionada pela RBSE.
Os pesquisadores, sobretudo na área biótica, passaram a reconhecer o território do Espinhaço
integralmente, destacando a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço como eixo integrador de suas
investigações.

Conforme dados que serão apresentados neste documento, antes do reconhecimento da RBSE, ocorrido
em 2005, as pesquisas científicas que tratavam de uma das serras integrantes da Cordilheira do
Espinhaço, como a “Serra do Cipó”, a “Serra da Moeda”, a “Serra do Caraça”, a “Serra do Rola-
Moça”, a “Serra do Intendente”, a “Serra do Cabral”, entre outras, apresentavam na maioria das vezes
um panorama isolado das informações. A partir de 2005, os pesquisadores, mesmo com interesses
específicos em um desses locais, passaram a mencionar um contexto mais identitária, abrangente e
integrado do território como um todo.

Essa identidade passou a ser observada também na gestão das Unidades de Conservação de Proteção
Integral (zonas núcleo da RBSE). Planos de Manejo e Planos de Gestão também consideram no âmbito
das ações locais o conjunto das características do maciço do Espinhaço, integralmente. Essa nova
abordagem tem permitido a soma dos esforços, a sinergia e a colaboração mútua apresentada por
meio de uma visão mais sistêmica, assumindo a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço como
território estratégico para o desenvolvimento de pesquisas científicas, como unidade de planejamento
para tomadas de decisão quanto aos processos de regulação ambiental e como um eixo de
fortalecimento das identidades culturais que afloram em diferentes regiões da RBSE.

Com a aprovação do Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em 2010, as


instituições representantes de diferentes setores inseridas no território já podem construir estratégias
complementares, ainda que a natureza de suas atividades seja distinta. Considerando esse novo
paradigma, o Comitê da RBSE vem proporcionando oportunidades de trabalho conjunto e intercâmbios
173
entre governos municipais, estadual e federal, ONGs, Universidades, setor produtivo, comunidades locais
e com outras Reservas de Biosfera.

Diante desse cenário, é importante que as ações que visem à conservação e ao desenvolvimento da
RBSE sejam perpetuadas a longo prazo, incluindo a incorporação de novas regiões que ainda não
foram abrangidas pela Reserva, o que irá contribuir para seu fortalecimento e para a efetiva proteção
dos seus recursos naturais e atributos histórico-culturais. Desta forma, considerando a diversidade e
integração dos atributos espaciais, institucionais, econômicos, de comunicação, gestão e de conservação
dos patrimônios naturais e culturais, tem-se a segurança desejada para a proposição da Fase II da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Como exemplos desse fortalecimento, encontram-se
apresentados, abaixo, iniciativas que ilustram as questões de conhecimento e gestão participativa.

A) DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS ÁREAS PROTEGIDAS MUNICIPAIS INSERIDAS NA RESERVA


DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO

A atualização dos estudos e conhecimento sobre o estado da gestão das Unidades de Conservação
municipais com a realização do Diagnóstico Situacional das Áreas Protegidas Municipais Inseridas na
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

FIGURA 45: CAPA DO DOCUMENTO DE DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS ÁREAS PROTEGIDAS MUNICIPAIS INSERIDAS NA RESERVA DA
BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.

Esse documento, de 530 páginas, foi realizado em parceria pelo Comitê Estadual da RBSE e pelo IABS,
com o apoio do Ministério Público de Minas Gerais e das prefeituras municipais de 94 municípios da
RBSE, o que favoreceu uma cartografia mais fundamentada, na escala municipal, além de poder
fortalecer os processos de comunicação. Dos 94 municípios que compõem a Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço (Fase I), 48 declararam que existem Áreas Protegidas em seu território, totalizando
111 Áreas Protegidas Municipais na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, sendo: - 1 “Área das
Nascentes”, 5 “Áreas de Preservação Ambiental”, 40 “Áreas de Proteção Ambiental”, 1 “Área do
vertedouro”, 2 “Áreas Particulares de Preservação Ambiental”, 1 “Estação Ecológica”, 7 “Monumentos
Naturais”, 1 “Parque da Reserva Ecológica”, 8 “Parques Ecológicos”, 1 “Parque Florestal”, 42 “Parques”
e 2 “Reservas Biológicas”.

Devido à relevância das Áreas Protegidas e de sua implantação, este trabalho merece destaque, pois
essas Áreas devem ser pensadas não somente com seus limites resumidos a decretos, mas também
174
levando em conta sua importância na gestão e no cumprimento dos objetivos para os quais foram
criadas, devendo sempre trabalhar com os níveis de governança e participação da comunidade do
entorno.

Mesmo com todas as dificuldades encontradas no processo de sua criação, implantação e gestão, as
Áreas Protegidas estaduais e federais normalmente encontram-se mais bem estabelecidas que as
municipais (quanto aos aspectos legais, limites definidos, gerenciamento e planos de manejo
elaborados). Entretanto, as Áreas Protegidas municipais não são, por isto, menos importantes que as
demais. Essas Áreas são essenciais para a conservação de recursos hídricos e da biodiversidade, para o
estabelecimento de corredores ecológicos, para as proposições de mosaicos, dentre vários outros
benefícios ambientais que geram benefícios diretos e indiretos para a sociedade.

Para uma gestão mais eficiente da RBSE, é fundamental considerar todas as escalas de governanças
das Áreas Protegidas em seu interior, pois o Brasil tem um vasto território, de norte a sul, com uma
grande diversidade de atores, processos sociais e paisagens naturais. Nesse contexto, percebe-se uma
lacuna de conhecimento sobre o estado legal e administrativo das Áreas Protegidas municipais na RBSE.
Essas Áreas são estratégicas para o fortalecimento da Reserva em várias dimensões: seja na relação
institucional em escala local, seja pela representatividade nas tomadas de decisão, seja por seus
aspectos intrínsecos e valores de existência. O desafio deste trabalho inicia-se pela contribuição efetiva
para a gestão da informação e pela possibilidade de aproximação mútua e necessária entre a RBSE e
os municípios. Este projeto tem com o objetivo contribuir para o mapeamento de lacunas, potencialidades
e possibilidades de convergências positivas para a plena estruturação das Áreas Protegidas municipais,
levantando informações sobre implementação, estruturação, gestão, programas e projetos nesses
espaços da RBSE. A estratégia é que os resultados sejam uma oportunidade para os municípios se
apropriarem desse território, com destaque para aqueles que cumprem a missão de guardar e
promover o desenvolvimento e conservar os recursos naturais e culturais tão singulares em Minas Gerais
e no Brasil.

Com esta proposta da Fase II da RBSE, pretende-se ampliar o diagnóstico das Unidades de
Conservação Municipais para os demais municípios a serem incluídos no novo território.

No âmbito do zoneamento da RBSE, é importante ressaltar, ainda, que as unidades de conservação


municipais se enquadram, na Fase II da RBSE, como Zona de Amortecimento. O processo de mobilização
e diálogo com os municípios que detém essas unidades de conservação indicarão, sobretudo para a
proposição da Fase III da RBSE, uma possível revisão de zoneamento, tornando-as como Zonas Núcleo.

B) GESTÃO COMPARTILHADA DA RBSE: A REGIONALIZAÇÃO DA RBSE POR MEIO DOS MOSAICOS


DE ÁREAS PROTEGIDAS DO ESPINHAÇO

O engajamento do Comitê Estadual da RBSE, articulando, de forma participativa e também na


condução de outros instrumentos de gestão compartilhada, tal qual a participação ativa de instituições
membro no Mosaico Espinhaço: “Alto Jequitinhonha-Serra do Cabral”, bem como sendo um dos atores
estratégicos no reconhecimento do Mosaico Espinhaço Meridional: “Serra do Cipó”. Esta ação configura-
se estrategicamente: no Plano de Ação da RBSE, sobretudo pela promoção de cooperação entre
unidades de conservação das regiões dos Mosaicos, ambos localizados no dentro dos limites da RBSE;
no fortalecimento da identidade da RBSE junto as estratégicas compartilhadas com os referidos
mosaicos; na possibilidade de monitoramento de ações da RBSE de forma mais próxima e participativa,

175
com a tomada e tratamento de dados de gestão e conhecimento científico e tradicional, junto às
comunidades residentes na RBSE, dentre outras ações estratégicas.

A gestão integrada e participativa fomentada pelos mosaicos permite o compartilhamento de


informações entre as instituições envolvidas, a promoção de parcerias e o estabelecimento de maior
força política para captar recursos e fazer valer interesses conservacionistas. Ao mesmo tempo, recursos
financeiros e humanos podem ser otimizados nos processos de fiscalização, educação ambiental e
comunicação no compartilhamento de estrutura física e logística.

Os mosaicos também podem, por meio de processos de gestão participativa e da valorização da


identidade territorial, contribuir para a redução dos conflitos entre moradores e áreas protegidas e
promover o desenvolvimento de ações e projetos de interesse comum, favorecendo especialmente as
pequenas comunidades neles inseridas (Pinheiro, 2010).

O fortalecimento da gestão em diferentes regiões da Reserva da Biosfera é hoje uma estratégia do


Plano de Ação da RBSE, e os Mosaicos de Áreas Protegidas são considerados a identidade mais
promissora para a efetivação dessa gestão. Para a proposição da Fase II da Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço, considera-se esta lição apreendida, quanto ao engajamento do Comitê Estadual da
RBSE, articulando, de forma participativa e também na condução de outros instrumentos de gestão
compartilhada, tal qual a participação ativa de instituições membro no Mosaico Espinhaço – Alto
Jequitinhonha – Serra do Cabral (reconhecido em 2007), na região de Diamantina (Cidade reconhecida
como Patrimônio Mundial da UNESCO).

O Mosaico de Áreas Protegidas que abrange as regiões do Alto Jequitinhonha e a Serra do Cabral é,
até o momento, o único implantado na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Estende-se por
quase 2 milhões de hectares, distribuídos em 25 municípios, e reúne 19 Unidades de Conservação (UCs)
de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A região do Mosaico é detentora de uma expressiva
diversidade biológica, conjugada com uma rica diversidade sociocultural, com predominância da cultura
extrativista, e agrega um conjunto de áreas identificadas como insubstituíveis e prioritárias para a
conservação ao longo de toda a extensão da Cadeia do Espinhaço (Silva et al., 2008).

Em regiões como essa, é bastante desejável a construção de mecanismos de gestão socioambiental que
fomentem o planejamento de longo prazo das atividades humanas e a implantação de modelos de
desenvolvimento de bases sustentáveis. Os mosaicos de áreas protegidas podem cumprir esse papel,
uma vez que visam à gestão integrada e participativa de UCs próximas e sobrepostas, com o objetivo
de compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o
desenvolvimento responsável em escala regionalizada, o que se espelha nos propósitos e estratégias do
Plano de Ação da RBSE. Se por um lado as UCs não são capazes, isoladamente, de preservar toda a
riqueza biológica, histórica e geográfica regional, por outro, atuando em conjunto no contexto de
mosaico, tornam-se elementos indutores do processo de planejamento da gestão territorial. Portanto, ao
buscar cumprir seus objetivos, o Mosaico Jequitinhonha Cabral atua também como engrenagem para o
fortalecimento da gestão da Reserva da Biosfera.

Em 2015, o Comitê da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço instituiu, oficialmente, a primeira


região por meio de mosaicos. Esse processo está em fase de detalhamento com os atores da região,
conforme premissas da RBSE e do MaB/UNESCO. Essa premissa é necessária, seja pelos diversos
potenciais já instituídos de forma cooperativa entre Unidades de Conservação, seja pelo próprio
tamanho da RBSE e pela capilaridade para se fazer gestão de forma participativa e descentralizada.

Em continuidade a ação de gestão compartilhada da RBSE por meio dos Mosaicos, o Comitê Estadual da
RBSE, em conjunto com o ICMBio e o IEF MG, é um dos proponentes do documento técnico e na

176
articulação do reconhecimento do Mosaico Espinhaço Meridional – Serra do Cipó, em 2018, junto ao
Ministério do Meio Ambiente. Esta ação configura-se estrategicamente no Plano de Ação da RBSE,
sobretudo pela promoção de cooperação entre unidades de conservação das regiões dos Mosaicos,
ambos na RBSE; no fortalecimento da identidade da RBSE junto as estratégicas compartilhadas com os
referidos mosaicos; com a possibilidade de monitoramento de ações da RBSE de forma mais próxima e
participativa; com a tomada e tratamento de dados de gestão e conhecimento científico e tradicional,
junto às comunidades residentes na RBSE.

Para isso, as regiões com potencial de reconhecimento de Mosaicos de Áreas Protegidas que possam
atender ao processo colaborativo na cogestão da RBSE têm sido identificadas, com base na experiência
exitosa do Mosaico Alto Jequitinhonha – Serra do Cabral. Destacam-se as potencialidades e discussões
em andamento:

Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE - Espinhaço Meridional Serra do Cipó – em fase de


reconhecimento pelo Ministério do Meio Ambiente: é composto 21 UCs das três esferas de governo,
sendo duas unidades federais, duas estaduais, dez municipais e 10 particulares (RPPN). Quanto aos
grupos de manejo, são sete unidades de Proteção Integral e dezessete de Uso Sustentável e, em relação
às categorias definidas pelo SNUC, são seis Parques (um federal, dois estaduais, 3 municipais), um
Monumento Natural (municipal), sete Áreas de Proteção Ambiental (uma federal, seis municipais), e oito
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (uma reconhecida no âmbito federal e sete no âmbito
estadual).

Salienta-se, a seguir, as áreas e propostas de novos reconhecimentos pretendidos, a partir da


aprovação da 1ª Revisão Periódica da RBSE e para a Fase II da RBSE.

Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE - Quadrilátero Ferrífero 1 (em fase de articulação): Parques
Estaduais do Itacolomi e Serra de Ouro Branco, Floresta Estadual do Uaimií, Estação Ecológica do Tripuí,
Seminário Maior de Mariana, RPPN do Caraça, Monumento Natural da Serra da Piedade e Parque
Nacional do Gandarela, RPPNs da região e outras UCs.

FIGURA 46: MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DA RBSE - QUADRILÁTERO FERRÍFERO 2 (EM FASE DE ARTICULAÇÃO): PARQUE ESTADUAL
DA SERRA DO ROLA-MOÇA, RPPN MATA DO JAMBREIRO E OUTRAS RPPNS, ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE FECHOS, PARQUES MUNICIPAIS DA
SERRA DO CURRAL, MANGABEIRAS E PARQUE ESTADUAL DA BALEIA, DENTRE OUTRAS UCS DA REGIÃO.

177
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os Parques Municipais Mangabeiras e Serra do Curral, o
Parque Municipal, a RPPN Mata do Jambreiro, juntamente com os Parques Estaduais da Baleia e Rola
Moça, dentre outras áreas, representam bem essa realidade de cooperação entre as unidades de
conservação da RBSE.

Mosaico de Áreas protegidas da RBSE – Espinhaço Setentrional – Abrangendo unidades de conservação


na região norte da RBSE, sobretudo no norte de Minas Gerais, onde se propõe a Fase II.

Como destaque e considerando o compromisso do governo brasileiro de assumir as reservas da Biosfera


como unidades territoriais para o planejamento, e assim inclui-se a Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço, no Programa Nacional de Conectividade de Paisagens – Conecta (Portaria nº 75, de 26 de
março de 2018). Neste sentido, propõe-se para a Fase II a criação, no âmbito do Comitê Estadual da
RBSE, do PROGRAMA CORREDORES DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO:
CONECTANTO PAISAGENS NATURAIS E CULTURAIS. A RBSE, sendo um corredor ecológico natural e
prestador de grandes serviços ecossistêmicos, e agindo como espaço de governança estratégico, tem,
por meio do Programa da RBSE – Corredores do Espinhaço, o objetivo principal, interligar os mosaicos
de áreas protegidas, dentro deles e entre eles, promovendo a cultura e a conservação por meio de
restauração florestal, arranjos produtivos locais, turismo, dentre outras estratégias, desenvolvendo as
funções das RB do Programa MaB.

FIGURA 47: REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DA BIOSFERA, COM PAUTA SOBRE CORREDORES E
PLANO DE AÇÃO DAS REDE.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

A Reserva da Biosfera toma como base alguns setores estratégicos para o desenvolvimento de pesquisas
no território. O entendimento é de que todos os atores representativos no Comitê Estadual da Reserva
da Biosfera da Serra do Espinhaço contribuem, de forma ativa, com a investigação e educação no
território.

Destacam-se, neste contexto, algumas ações exemplares para a promoção de fortalecimentos locais, em
comunidades tradicionais, pesquisas dos meios físico e biológico, pesquisas em agricultura e também em
gestão de áreas protegidas e de recursos hídricos.

Abaixo apresentamos o perfil das instituições e suas produções que têm orientado as políticas do
território e apoio ao Comitê Gestor da Reserva da Biosfera.

TABELA 28: INSTITUIÇÕES DE PESQUISA QUE POSSUEM PUBLICAÇÕES NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO APÓS O SEU RECONHECIMENTO EM 2005 ATÉ 2015.
Instituições de Pesquisas Áreas de Pesquisa – Publicações
Abiótico Biodiversidade Monitoramento Socioeconomia Total
178
Integrado Geral
Academy of Sciences of the Czech Republic 1 1
American Museum of Natural History 1 1
Bicho do Mato Instituto de Pesquisa 1 1
Biotrópicos: Instituto de Pesquisa em Vida 1 1 1 3
Silvestre
Centro de Pesquisas René Rachou 1 1 2
Centro Federal de Educação Tecnológica de 1 1 1 3
Minas Gerais
Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais 1 1
Centro Universitário UNA 1 1
Centro Universitário Vila Velha 1 1
Comissão Mineira de Folclore 1 1
Conservação Internacional 1 1 1 1 1
CPRM - Serviço Geológico do Brasil 3 3
Embrapa 2 2 4
Faculdade De Estudos Administrativos De 1 1
Minas Gerais
Faculdade Kennedy 1 1
Faculdade Pedro Leopoldo 1 1
Faculdade Presidente Antônio Carlos de 1 1
Congonhas
Faculdades FAESA 1 1
Fundação Centro Tecnológico de Minas 1 1
Gerais
Fundação de Parques Municipais de Belo 1 1
Horizonte
Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado 1 1
de São Paulo
Fundação Getúlio Vargas 1 1
Fundação Oswaldo Cruz 1 1
Fundação Pró-Natureza 1 1
Instituto Butantã 1 1
Instituto Chico Mendes de Conservação da 2 2
Biodiversidade
Instituto de Biociências 1 1 2
Instituto de Botânica da Secretaria do Meio 1 1
Ambiente
Instituto de Botânica Darwinion 1 1
Instituto de Botânica de São Paulo 11 11
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio 10 10
de Janeiro
Instituto do Carste 1 1
Instituto Federal de Educação, Ciência e 1 1
Tecnologia do Espírito Santo
Instituto Federal de Minas Gerais 1 1
Instituto Federal do Espírito Santo 1 1
Instituto Nacional de Colonização e Reforma 1 1
Agrária
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 2 1 3
Instituto Politécnico de Coimbra 1 1
Instituto Prístino 1 1
National University of La Plata 1 1
National University of the Northeast 5 5
Observatório Nacional 1 1
Pontifícia Universidade Católica de Minas 3 23 5 11 42
Gerais
Pontifícia Universidade Católica de São 1 1
Paulo
Pontifícia Universidade Católica do Rio 2 2
Grande do Sul
Prefeitura do Município de São Paulo, 1 1
Herbário Municipal
Rhodes University 2 2
179
Royal Swedish Academy of Sciences 1 1
SEMAD-IEF e IGAM/MG 1 1 2
Smithsonian Institution 1 1
Stockholm Environment Institute 1 1
Technische Universität Clausthal 1 1 2
The New York Botanical Garden 1 1
Universidad Internacional de Andalucía 1 1
Universidade de Brasília 3 7 4 14
Universidade de Costa Rica 1 1
Universidade de São Paulo 11 64 2 2 79
Universidade do Estado da Bahia 1 1
Universidade do Estado De Minas Gerais 1 1 2
Universidade do Estado do Mato Grosso 1 1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro 1 4 5
Universidade do Vale do Rio dos Sinos 1 1
Universidade Estadual de Campinas 4 16 2 22
Universidade Estadual de Feira de Santana 23 23
Universidade Estadual de Montes Claros 6 4 1 11
Universidade Estadual de Roraima 1 1
Universidade Estadual de Santa Cruz 1 1
Universidade Estadual Paulista 5 20 25
Universidade Federal da Bahia 3 3
Universidade Federal de Alfenas 1 1 2
Universidade Federal de Brasília 1 1 2
Universidade Federal de Espirito Santo 1 1
Universidade Federal de Goiás 2 2
Universidade Federal de Juiz de Fora 1 13 14
Universidade Federal de Lavras 2 9 4 1 16
Universidade Federal de Minas Gerais 77 143 25 11 256
Universidade Federal de Ouro Preto 32 35 11 9 87
Universidade Federal de Pelotas 1 1
Universidade Federal de Pernambuco 4 1 5
Universidade Federal de Santa Catarina 1 1 1 3
Universidade Federal de Santa Maria 3 1 4
Universidade Federal de São Carlos 1 1 2
Universidade Federal De São Paulo 3 10 1 1 15
Universidade Federal de Uberlândia 1 14 2 17
Universidade Federal de Viçosa 4 50 5 5 64
Universidade Federal de Juiz de Fora 1 1
Universidade Federal do ABC 1 1
Universidade Federal do Espírito Santo 1 3 4
Universidade Federal do Paraná 4 4
Universidade Federal do Recôncavo da 2 2
Bahia
Universidade Federal do Rio de Janeiro 1 35 36
Universidade Federal do Rio Grande do 5 5
Norte
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 5 4 9
Universidade Federal dos Vales do 18 29 3 12 62
Jequitinhonha e Mucuri
Universidade Federal Fluminense 1 1
Universidade Federal Rural do Rio de 1 2 3
Janeiro
Universidade Federal Rural do Semiárido 1 1
Universidade Federal de Juiz de Fora 1 1
Universidade Fundação Mineira de Educação 1 1
e Cultura
Universidade São Marcos 1 1
Universidade Vale do Rio Doce 1 1 1 3
Universidade Estadual de Feira de Santana 1 1
Universität Frankfurt am Main, Germany 1 1
University of Leipzig 1 1
University of Richmond 1 1

180
University of Stockholm 1 1
University of Würzburg 1 1
Vale – Gerência de Exploração Mineral de 2 2
Ferrosos
TOTAL 960

Como síntese do grande potencial e suas ações orientadas para o Plano de Ação da RBSE, vários
estudos foram realizados para a Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço nos últimos dez anos, sendo
possível destacar trabalhos de grande importância para a gestão da Reserva, que incluem publicações
desde descrição de novas espécies, o mapeamento do solo e a história geológica da Serra do
Espinhaço, dentre outros temas estratégicos.

No gráfico abaixo, apresentamos as publicações categorizadas conforme o quadro de variáveis da


UNESCO.

GRÁFICO 1: PUBLICAÇÕES REALIZADAS NA RBSE FASE 2, NOS ÚLTIMOS TREZE ANOS (2005-2017), DIVIDIDAS
CONFORME VARIÁVEIS ESTABELECIDAS PELA UNESCO.

Publications
800 749

700

600

500

400
311
300

200 142
106
100

0
Abiotic Biodiversity Integrated Monitoring Socioeconomics
Knowledge Area

Aproximadamente 1308 publicações, de alta qualidade, foram produzidas, envolvendo temas


relacionados à Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço, nos últimos 13 anos. Essas pesquisas proveram
uma base de dados científica extensa, com artigos importantes.

Destacam-se, ainda, as pesquisas específicas com seus relatórios por meio dos Planos de Ação Nacional
para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção ou do Patrimônio Espeleológico (PAN´s); os
trabalhos desenvolvidos pela Fundação Biodiversitas, pelo Instituto de Conservação Internacional e
Instituto Biotrópicos, além da recente publicação do Instituto Prístino, O Vale do Rio Peixe Bravo: ilhas de
ferro no sertão mineiro (Organizado por Flávio Fonseca do Carmo e Luciana Hiromi Yoshino Kamino. –
Belo Horizonte: 3i Editora, 2017. 208 p. il. ISBN 978-85-9548-026-1) que, em conjunto com outras
variáveis, orientaram sobremaneira a Fase II de Ampliação da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço.

181
GRÁFICO 2: PRODUÇÕES E PUBLICAÇÕES REALIZADAS NA RBSE, NOS ÚLTIMOS TREZE ANOS (2005-2017),
DIVIDIDAS POR ANO.

Publications by year
180
160 158
160

140 132
124
117 117
120
Publications

96
100 89
83
74
80
58 60
60
40
40

20

0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Importante ressaltar o papel fundamental das Unidades de Conservação, que incorporam as Zonas
Núcleo e de Amortecimento da Reserva da Biosfera enquanto espaços estratégicos para o
desenvolvimento de pesquisas e divulgação junto às comunidades em geral, seja técnica-acadêmica seja
de turistas e moradores destas zonas.

CONHECIMENTO TRADICIONAL

O conhecimento tradicional a respeito da utilização de organismos da fauna e flora no território da


RBSE pode ser apontado como um mecanismo importante para a conservação de ecossistemas. Deve-se
destacar que, pelo elevado número de população autóctones residentes no Espinhaço, o conhecimento
acumulado referente aos sistemas de manejo permite que tais comunidades utilizem dos recursos,
causando o mínimo impacto possível, garantindo, assim, a sua continuidade.

Ressalta-se, nesse contexto, a recomendação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL,


2000), instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, para o envolvimento direto das populações
residentes no entorno de Unidades de Conservação durante a elaboração de seus Planos de Manejo,
inclusive propiciando condições, quando for o caso, para o fortalecimento das condições socioeconômicas
e do empoderamento local.

Diegues (2001) salienta, ainda, a emergência de uma nova vertente para a teoria de conservação – a
etnoconservação. Essa linha de pensamento almeja a criação de novas estratégias de conservação, que
orientem mecanismos para a proteção da biodiversidade aliada a diversidade cultural, visto que a
união do pensamento científico aos conhecimentos tradicionais (desenvolvido pelas populações
tradicionais) surgiria como um importante elo rumo a um “novo naturalismo”.

No âmbito da RBSE, destacam-se os trabalhos relacionando a agroecologia e as etnociências


(etnobotânica, etnozoologia, etnogeomorfologia, etnocartografia, etnofarmacologia) com as Unidades
de Conservação, como forma de incorporar o saber local e o conhecimento tradicional como forma de
aprimorar os instrumentos de gestão ambiental em áreas protegidas.
182
TABELA 29: TRABALHOS REALIZADOS QUE TRATAM DA INCORPORAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO,
TRADICIONAL E LOCAL EM PRÁTICAS DE GESTÃO NA RBSE.
TÍTULO CLASSIFICAÇÃO INSTITUIÇÃO ANO
Manejo Tradicional no Cerrado Ensaio Teórico Universidade Federal Fluminense 2007
Subsídios para o Desenvolvimento do Plano de Monografia Universidade Federal de Lavras 2010
Manejo Sustentável de Plantas Medicinais da APA (Trabalho de
Fazenda Capitão Eduardo, Belo Horizonte, Minas Conclusão de
Gerais Curso)
Etnozoologia como instrumento para a conservação Artigo Universidade Federal de Ouro Preto 2011
da fauna da Serra do Ouro
Branco, Minas Gerais
Biomonitoramento participativo, com insetos Artigo Pontifícia Universidade Católica de 2011
aquáticos como bioindicadores de qualidade da Minas Gerais
água, realizado com alunos da Escola Municipal
José Pedro Gonçalves, Comunidade do Parauninha,
Conceição do Mato Dentro, MG
Conhecimentos e Usos da Fauna Terrestre por Artigo Universidade Federal de Ouro Preto 2012
Moradores Rurais da Serra do Ouro Branco, Minas
Gerais, Brasil
Espacialização do patrimônio espeleológico da Dissertação Universidade Federal de Minas 2012
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: Gerais
geossítios selecionados e sua importância para a
geoconservação
Etnocartografia e Análise dos Valores da Dissertação Universidade Federal de Minas 2014
Geodiversidade com Comunidades Tradicionais de Gerais
Artesãos em Pedra-Sabão da Região do
Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais
As Ecorregiões da Reserva da Biosfera da Serra do Artigo Universidade Federal de Minas 2015
Espinhaço: Elementos para o Fortalecimento da Gerais
Conservação da Biodiversidade
Incorporando o Conhecimento Ecológico Local na Artigo Universidade Federal de Ouro Preto 2015
Conservação dos Lagartos da Serra do Ouro
Branco, Minas Gerais, Brasil
O uso de maquete como ferramenta pedagógica na Artigo Universidade Federal de Minas 2015
gestão educacional: o exemplo da Reserva da Gerais
Biosfera da Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil
Territorialidade e Pertencimento: o Olhar Local Dissertação Universidade Federal do Rio de 2015
sobre o Parque Estadual do Pico do Itambé, Serra Janeiro
do Espinhaço - MG
As chancelas da Unesco como alternativas de gestão Artigo Universidade Federal de Minas 2017
para os patrimônios culturais e naturais da Serra do Gerais
Espinhaço, Minas Gerais, Brasil
Possibilidades de desafetação e recategorização Artigo Universidade Federal de Minas 2017
em unidades de conservação de proteção integral: Gerais
as UCs da porção central do Mosaico do Espinhaço
(Minas Gerais/Brasil)
O perfil do geoturista do Parque Estadual do Artigo Universidade Federal de Ouro Preto 2017
Itacolomi, Ouro Preto e Mariana (MG) Universidade Estadual de Ponta
Grossa

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Destacam-se centros de pesquisa, departamentos de universidades e as Unidades de Conservação que


têm, inclusive, em seus documentos de referência e planejamentos institucionais, a Serra do Espinhaço
como eixo prioritário de ação. Neste contexto, as seguintes instituições (ensino formal e não formal) que
desenvolvem e/ou desenvolveram trabalhos voltados para Educação Ambiental e Sustentabilidade na
área da Reserva da Biosfera:

183
TABELA 30: PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E SEUS PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.
INSTITUIÇÕES ATIVAS PROGRAMAS - PRODUÇÕES ANO
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de 2005
Sala Verde L Centro De Extensão Em Educação Ambiental
Belo Horizonte
O Papel da Educação Ambiental na percepção dos turistas da Reserva Particular do Patrimônio Natural - 2006
Fundação Comunitária de Ensino Superior de
Santuário do Caraça, Minas Gerais, sobre o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus Illiger, 1815) (carnívora,
Itabira, MG
canidae)
Pontifícia Universidade Católica de Minas 2006
Educação Ambiental e Conservação através das espécies de mamíferos da RPPN Santuário do Caraça
Gerais
Pontifícia Universidade Católica de Minas 2006
Projeto Político Pedagógico Sala Verde Caraça
Gerais e RPPN Santuário do Caraça
Pontifícia Universidade Católica de Minas 2006
A influência do turismo na distribuição das pegadas de mamíferos na RPPN Santuário do Caraça, Minas Gerais
Gerais
Fundação de parques Municipais de Belo 2007
Educação ambiental no parque das Mangabeiras
Horizonte e Faculdade Estácio de Sá
Pontifícia Universidade Católica de Minas 2007
Projeto Filosófico Educacional Ambiental no Santuário do Caraça e nas comunidades do entorno
Gerais
Fundação de parques Municipais de Belo 2008
Horizonte e Universidade Federal de Minas Mapeamento das unidades climáticas urbanas e ilhas de calor do município de Belo Horizonte-MG
Gerais
Pontifícia Universidade Católica de Minas 2008
Educação Ambiental direcionada à comunidade rural de Ibirité do entorno do Parque Estadual do Rola Moça
Gerais
Fundação de parques Municipais de Belo 2009
Proposta de trilha interpretativa para deficientes visuais no Parque das Mangabeiras
Horizonte e Pontifícia Universidade Católica
Fundação de parques Municipais de Belo 2011
Horizonte e Centro universitário de Belo Fauna urbana: o olhar dos alunos do ensino básico acerca da importância de seu status conservativo
Horizonte-UNI BH
Fundação de parques Municipais de Belo 2011
A educação ambiental e a criação de um jogo de sensibilização
Horizonte e CEFET – MG
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de 2012
Programa AmbientAção - Gestão de Resíduos, energia e água
Belo Horizonte
Universidade Federal dos Vales do Conhecimento local e percepção da natureza como ferramenta de educação ambiental em comunidades vizinhas 2012
Jequitinhonha e Mucuri e Instituto Biotrópicos ao Parque Estadual do Rio Preto, Minas Gerais
Universidade Federal dos Vales do Percepção e educação ambiental para conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade de um ecossistema 2014
Jequitinhonha e Mucuri aquático
Gerdau Germinar: Programa de Educação Ambiental 1990 - Atual
Associação Mineira de Defesa do Ambiente 1997 - 2010
Projeto Jambreiro
(AMDA)
Anglo Gold Ashanti Centro de Educação Ambiental (CEA) - Nova Lima (MG) 2000 - Atual
Secretaria de Estado de Educação, 2005 - 2014
Projeto Manuelzão vai à Escola
Universidade Federal de Minas Gerais
Grupo Verde Ghaia (Instituto Oksigeno) Ecotreinamentos com foco na valorização da biodiversidade da região e compensação ambiental da Serra do 2006-2010

184
Espinhaço.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Projeto Estruturante da Rede de Extensão Socioambiental em Regiões Minero-metalúrgicas: a APA Sul, seu 2008 - 2009
Gerais mosaico de Unidades de Conservação e as comunidades do entorno
Universidade Federal dos Vales do 2008 - 2009
Caravana das Ciências: Conhecendo a Biodiversidade da Cadeia do Espinhaço
Jequitinhonha e Mucuri e Instituto Biotrópicos
Companhia Vale do Rio Doce Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero - CeBio 2008 - Atual
Pontifícia Universidade Católica de Minas Projeto de Educação Ambiental para os Recursos Hídricos do Parauninha: Comunidades Ribeirinhas como 2009 - 2010
Gerais Cidadãos Ambientais Promotores de Sustentabilidade na Região do Parque Estadual da Serra do Intendente
Universidade Federal dos Vales do Inclusão das comunidades locais no processo de criação e implantação Mosaico de Unidades de Conservação do 2009 - 2010
Jequitinhonha e Mucuri e Instituto Biotrópicos Espinhaço: Alto Jequitinhonha - Serra do Cabral
Pontifícia Universidade Católica de Minas Rede Social para a Valorização dos Patrimônios Ambientais e Culturais em Região da Reserva da Biosfera da 2009 - Atual
Gerais Serra do Espinhaço, Entorno do Parque Estadual da Serra do Intendente
Univ. Federal dos Vales do Jequitinhonha e Educação Ambiental em comunidades situadas no entorno de Unidades de Conservação do Planalto de 2010 - 2013
Mucuri e Instituto Biotrópicos Diamantina, MG
Universidade Estadual de Campinas Olhares sobre o cerrado: o ecoturismo como experiência e conhecimento do meio ambiente 2011 - 2012
Rede Social para a Valorização dos Patrimônios Ambientais e Culturais em Região da Reserva da Biosfera da 2011 - 2015
Pontifícia Universidade Católica de Minas Serra do Espinhaço, entorno do Parque Estadual da Serra do Intendente
Gerais Descrição: Projeto de educação ambiental e conservação de patrimônios ambientais e culturais voltado para
crianças, jovens e adultos da comunidade do Parauninha
Universidade Federal dos Vales do 2011 - 2012
Oficinas de Legislação Ambiental e Turismo para Comunidades do Entorno do Parque Estadual do Biribiri
Jequitinhonha e Mucuri
Monitoramento participativo da qualidade de água na região metropolitana de Belo Horizonte (MG): o uso de 2013 - 2014
Universidade Federal de Minas Gerais
macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores no ensino
Instituto Biotrópicos, Universidade Federal dos 2013 - Atual
Centro de Educação Ambiental Sala Verde Diamantina
Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Projeto RPPN Brumas do Espinhaço – preservando ecossistemas frágeis. Investimento na proteção da RPPN 2014 - 2015
RPPN Brumas do Espinhaço (cercas, porteiras, rádio comunicação), na conscientização e orientação do público visitante (sistema de
sinalização/interpretação e folder educativo) e proteção contra erosão na trilha para a cachoeira
Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências, Instituto de Ciências Exatas e
Atlas digital geoambiental como instrumento de educação ambiental nas escolas públicas de Minas Gerais. 2017
Biológicas, Universidade Federal de Ouro
Preto.
Universidade Federal de Minas Gerais e
Universidade Federal dos Vales do Oficinas de legislação ambiental e turismo para as comunidades do entorno do Parque Estadual do Biribiri 2017
Jequitinhonha e Mucuri
Instituto Biotrópicos Estação Espinhaço 2018 - Atual

185
Os resultados apresentados demonstram um grande avanço em várias frentes de trabalhos de
pesquisas, sejam elas diretamente tratadas para apoio e encaminhamentos de orientação do Plano de
Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, seja para ações específicas a que se prestam.
Ressaltam-se, dentre elas, a ampliação do número de publicações, em uma perspectiva histórica, a
formatação de planos de cooperação e Planos de Ação Nacionais para o território, sejam para a
conservação de flora e fauna, sejam para orientação e divulgação de políticas públicas recortadas
para a Serra do Espinhaço por meio do Atlas Geoambiental da Reserva da Biosfera, dentre outras.

Outro ponto que merece grande evidência é a criação de grupos de pesquisa em universidades e
instituições não governamentais que dão ênfase aos projetos no território da Serra do Espinhaço
(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade
Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri). Destaca-se aqui o
Grupo Integrado de Pesquisa do Espinhaço – GIPE, do Instituto de Geociências da UFMG). Trata-se de
arranjos institucionais para o incremento de projetos e programas, considerando a Serra do Espinhaço
como espaço prioritário de planejamento e gestão.

PUBLICAÇÕES DE DESTAQUE PARA A RBSE – FASE 2

Apresentam-se, aqui, as publicações específicas relacionadas à RBSE, sejam elas produzidas pelo
Comitê Estadual, sejam desenvolvidas por instituições parceiras ou a ele vinculadas.

- Publicação da Conservação Internacional – Revista Megadiversidade (ANEXO VIII), Volume 4 (276


páginas, com 18 artigos): Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e prioridades de
conservação (2008), em que se apresenta, dentre outros temas de alta relevância, a Identificação de
Áreas Insubstituíveis para Conservação da Cadeia do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia,
Brasil.

- Instituto Prístino: livro Geossistemas Ferruginosos do Brasil (2015). Esta publicação foi resultado da
colaboração de 54 renomados pesquisadores representando instituições nacionais e internacionais, com
destaque para regiões da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Criação de portal de dados
socioambientais da Reserva da Biosfera, com a disponibilização gratuita de informações temáticas,
através do Atlas Geoambiental da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço;

- Fundação Biodiversitas: Adaptação das Áreas Insubstituíveis para Conservação da Cadeia do


Espinhaço (Conservação Internacional, 2008), para o recorte prioritário da Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço. A partir dos estudos e publicação do Atlas das Áreas Prioritárias para a
Conservação da Biodiversidade de Minas Gerais (2005), tornou-se possível também o zoneamento da
RBSE. Importante ressaltar que, a partir de 2018, o Atlas da Biodiversidade de Minas Gerais está sendo
atualizado, constituindo-se uma política pública estratégica para os estudos da RBSE, em sua Fase II.

- Table Book – “Serra do Espinhaço” (2012), Empresa das Artes. Autores Miguel Ângelo Andrade e
Sérgio Augusto Domingues.
http://issuu.com/reservadabiosferadaserradoespinhaco/docs/livro_serra_do_espinhaco.

- Mapa dos Conflitos Ambientais – GESTA, Universidade Federal de Minas Gerais (2007 a 2015) –
http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/observatorio-de-conflitos-ambientais/mapa-dos-conflitos-
ambientais

186
Publicações do Comitê da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço:

- 2011 – Instrumentos económicos de gestión ambiental en la Reserva de Biosfera de la Serra do Espinhaço


– Sérgio Augusto Domingues, Cláudia Santiago Karez, Isabella Virgínia Freire Biondini y Miguel Ângelo
Andrade - PROGRAMA DE COOPERACION SUR-SUR / SOUTH-SOUTH COOPERATION PROGRAMME -
DOCUMENTOS DE TRABAJO / WORKING PAPERS - No 43.

http://issuu.com/reservadabiosferadaserradoespinhaco/docs/instrumentos_econ__micos_de_gesti__

- 2012 – Publicação – Pagamento por Serviços Ambientais na RBSE

WORLD OF SCIENCE (Vol. 10, No. 1 - January–March 2012) - "Putting a price on conservation" - A
World of Science, Vol 10 N°1.

2015- 1ª Revisão Periódica da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço


(http://rbse.com.br/institucional/#revisao-periodica)

FIGURA 48: CAPA DA PRIMEIRA REVISÃO PERIÓDICA DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.

2017 - Site da RBSE (www.rbse.com.br) que disponibiliza base atualizada de dados geoambientais,
documentos de referência da UNESCO e da RBSE, links importantes, fotografias e memórias do Comitê
Estadual da RBSE.

2017- Revista da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (http://rbse.com.br/institucional/#revista-


rbse).

187
FIGURA 49: LANÇAMENTO DO WEBSITE E DA REVISTA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.

POLÍTICAS PÚBLICAS E O TERRITÓRIO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO

Importante ação do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço é a participação,


em diferentes esferas de governo, para o reconhecimento da RBSE como território estratégico para
planejamento ambiental. Neste sentido, toma-se a RBSE, em diferentes níveis de decisão, como território
de definição de políticas públicas para a conservação, desenvolvimento e regulação ambiental. A
incorporação do território da RBSE nas políticas brasileiras e do estado de Minas Gerais, merecem
destaque: nos Planos de Ação Nacional para Espécies Ameaçadas de Extinção; no Programa Nacional
de Conectividade de Paisagens – Conecta (Portaria nº 75, de 26 de março de 2018); e como critério
locacional de Minas Gerais, nos processos de Licenciamento Ambiental de empreendimentos de potencial
impacto ambiental (Deliberação Normativa COPAM no 217/17).

PLANOS DE AÇÃO NACIONAL DE ESPÉCIES AMEAÇADAS (PANs)

A consolidação e aprimoramento de plataformas de dados científicos, tais quais aquelas geradas pela
política pública para conservação da biodiversidade, por meio dos PLANOS DE AÇÃO NACIONAL DE
ESPÉCIES AMEAÇADAS (PANs), coordenados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e pactuados com a sociedade. Os PANs identificam e orientam as ações
prioritárias para combater as ameaças que colocam em risco populações de espécies e ambientes
naturais, para, então, protegê-los. Na área de abrangência da RBSE, desenvolvem-se 15 Planos de
Ação Nacional. São eles:

- Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias: Portaria MMA nº 203,
de 5 de julho de 2013; Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal:
Portaria MMA nº 34, 27 de março de 2014; Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pato-
Mergulhão: Portaria MMA nº 44, 8 de abril de 2014; Planos de Ação Nacional para a Conservação
Aves de Rapina e de Galliformes (2006); Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Galiformes
(2008); Plano de Ação Nacional para a Conservação de Lepidópteros: Portaria MMA nº 92, de 27 de
agosto de 2010; Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-Pintada: Portaria MMA nº 63,

188
9 de junho de 2014; Plano de Ação Nacional para a Conservação das Cactáceas: Portaria MMA n° 84,
de 27 de agosto de 2010; Plano de Ação Nacional para Conservação de Mamíferos da Mata Atlântica
Central: Portaria MMA nº 134, 23 de dezembro de 2010; Plano de Ação Nacional para a Conservação
Cavernas do São Francisco: Portaria MMA nº 18, de 17 de fevereiro de 2012; Plano de Ação Nacional
para a Conservação das Sempre-Vivas: Portaria MMA nº 22, de 17 de fevereiro de 2012; Plano de
Ação Nacional para a Conservação da Onça-Parda: Portaria MMA nº 76, de 27 de junho de 2014;
Plano de Ação Nacional do Espinhaço Meridional (Em fase de elaboração);Plano de Ação Nacional
para Conservação do Lobo-Guará: Portaria MMA nº 31, 27 de março de 2014; Plano de Ação
Nacional para a Conservação da Herpetofauna da Serra do Espinhaço: Portaria MMA nº 24, de 17 de
fevereiro de 2012; Plano de Ação Nacional para Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da
Serra do Espinhaço Meridional: Portaria MMA nº 43, de 31 de janeiro de 2014.

Com destaque, evidenciam-se os seguintes PANs:

• Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção na
Serra do Espinhaço – PAN Herpetofauna da Serra do Espinhaço (PORTARIA Nº 24, DE 17 DE
FEVEREIRO DE 2012 - ICMBio);
• Plano Nacional para a Conservação Nacional das Espécies Ameaçadas do Espinhaço Meridional
(Centro Nacional de Conservação da Flora CNCFlora);
• Plano de Ação Nacional para Conservação das Eriocaulaceae do Brasil – PAN Sempre Vivas;
• O Plano de Ação Nacional para a Conservação do Faveiro-de-Wilson (Portaria Ministerial n°
401, de 11 de novembro de 2009, e atualizadas por meio da Portaria n° 43 do Ministério do
Meio Ambiente, de 31 de janeiro de 2014).

PROGRAMA NACIONAL DE CONECTIVIDADE DE PAISAGENS – CONECTA

“PROGRAMA CORREDORES DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO:


CONECTANTO PAISAGENS NATURAIS E CULTURAIS”

O compromisso do governo brasileiro de assumir as Reservas da Biosfera como unidades territoriais


para o planejamento no Programa Nacional de Conectividade de Paisagens – Conecta (Portaria nº 75,
de 26 de março de 2018), e assim inclui-se a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, é um
empreendimento de conservação ambiental de escala regionalizada, considerando as diversidades
territoriais das Reservas da Biosfera. No âmbito do Ministério do Meio Ambiente, resolve:

Art. 1º Instituir o Programa Nacional de Conectividade de Paisagens - CONECTA, no âmbito do


Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de promover a conectividade de ecossistemas e a gestão
das paisagens no território brasileiro, por meio de políticas públicas integradas, proporcionando o
desenvolvimento sustentável, estimulando a sinergia entre a conservação da natureza, a manutenção dos
processos ecológicos e a prosperidade social econômica e cultural e contribuindo para a redução dos
efeitos das mudanças climáticas sobre o ambiente.

§ 1º O documento do Programa, contemplando o conteúdo, os elementos estruturantes, as linhas de


atuação, a seleção de territórios, e demais diretrizes referentes aos arranjos institucionais, modelo de
gestão, fontes de financiamento e estratégias de comunicação compõe o Anexo desta portaria, e será
disponibilizado na página eletrônica do Ministério do Meio Ambiente na rede mundial de computadores.

189
§ 2º O Programa CONECTA deverá ser implementado de maneira a fortalecer a atuação integrada
entre as unidades do Ministério do Meio Ambiente, buscando a adesão dos demais Ministérios em
conformidade com as linhas temáticas do programa, e ou com as áreas de atuação dos projetos e
subprojetos.

§ 3º Os órgãos e entidades vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente deverão considerar as


orientações e diretrizes, definidas na presente portaria, no planejamento das suas ações voltadas à
implementação do programa.

Art. 2º São objetivos específicos do Programa CONECTA:

I - Ampliar e fortalecer a gestão do Sistema de Unidades de Conservação e de outras áreas


protegidas, de modo a assegurar conectividade por meio de corredores ecológicos;

II - Reduzir a degradação e a fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e


facilitando o fluxo genético entre as populações;

III - Estimular a adoção de práticas de produção e consumo sustentáveis, criando oportunidades de


negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável;

IV - Promover a gestão integrada de paisagens por meio do uso sustentável do território, favorecendo o
desenvolvimento socioambiental dos povos e comunidades tradicionais e dos povos indígenas e
quilombolas; e

V - Contribuir para o cumprimento dos compromissos nacionais e internacionais.

Art. 3º As linhas gerais de atuação do Programa CONECTA contemplam os seguintes Eixos Temáticos:

I - Conservação ambiental;

II - Recuperação ambiental;

III - Gestão territorial; e

IV - Produção sustentável.

Parágrafo único. O detalhamento do conteúdo programático e da metodologia de concepção das linhas


de atuação, bem como os instrumentos que a compõem, constam em Anexo desta Portaria.

Art. 4º O Programa CONECTA será coordenado por um Comitê, presidido pelo Secretário-Executivo do
Ministério do Meio Ambiente, tendo como membros (titulares e suplentes) representantes de cada uma
das unidades integrantes da estrutura do Ministério do Meio Ambiente e entidades vinculadas:

I - Ministério do Meio Ambiente:

a) Secretaria-Executiva;

b) Secretaria de Mudanças do Clima Climáticas e Florestas;

c) Secretaria de Biodiversidade;

d) Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental;

190
e) Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável;

f) Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental; e

g) Serviço Florestal Brasileiro - SFB;

II - Entidades vinculadas:

a) Agência Nacional de Águas – ANA;

b) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;

c) Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; e

d) Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ;

III - órgãos convidados:

a) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

b) Ministério das Relações Exteriores;

c) Ministério da Defesa;

d) Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; e

e) Fundação Nacional do Índio - FUNAI.

§ 1º O Comitê poderá instituir Grupos Técnicos, quando necessário, para desenvolvimentos de ações,
projetos e subprojetos específicos, ou para promover a revisão ou atualização do documento do
Programa.

§ 2º Representantes de outros órgãos e entidades governamentais e não-governamentais poderão ser


convidados a participar dos trabalhos, caso o Comitê entenda pertinente e necessário.

§ 3º As deliberações do Comitê deverão ser registradas em atas e disponibilizadas no site do


programa;

§ 4º As atividades de Secretaria-Executiva do Comitê serão exercidas por uma das instituições membro,
conforme deliberação do comitê registrada em ata.

Art. 5º O Comitê do Programa se reunirá, no mínimo, uma vez por ano, para aprovar o Relatório Anual
das Atividades e o Planejamento para os doze meses subsequentes.

Parágrafo único. No prazo de noventa dias, contado da data de publicação desta Portaria, o Comitê
aprovará o plano de trabalho do Programa para os primeiros 12 meses.

Art. 6º Ao Comitê do Programa compete:

I - Estabelecer procedimentos, diretrizes, critérios e prioridades para a implementação do programa;

II - Desenvolver e promover mecanismos para captação de recursos para o programa;

191
III - Acompanhar, avaliar e revisar o programa, bem como orientar e acompanhar as ações, projetos e
subprojetos;

IV - Apoiar a articulação e participação dos órgãos da administração pública federal e dos governos
estaduais e municipais, e orientar a articulação junto as representações da sociedade, do setor privado
e entidades não governamentais no Programa;

Art. 7º Para o desenvolvimento do Programa CONECTA, o Comitê, com o apoio operacional da


Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente, desenvolverá mecanismos e planejará a captação
de recursos, que poderão advir de:

I - a captação de recursos de doação nacional e internacional;

II- a destinação de recursos decorrentes de obrigações legais como a conversão de multas e a


compensação ambiental;

III - o aporte de bens e serviços por parte de entidades públicas ou privadas; e

IV - a destinação de recursos oriundos de instrumentos econômicos, tais como pagamento por serviços
ambientais e outros.

Art. 8º A participação no Comitê e nos eventuais Grupos Técnicos será considerada serviço público
relevante, não remunerada.

Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. (Publicada no D.O.U. de 28.03.2018,
Seção I, Pág. 160.)

A coordenação do Comitê Estadual da RBSE foi convidada pelo Ministério do Meio Ambiente para
composição do Grupo Técnico do Programa Conecta, com reunião realizada em 27 e 28 de agosto de
2018.

Entre os dias 22 e 26 de agosto, a coordenação do Comitê Estadual da RBSE também participou


Seminário Internacional “Corredores Ecológicos e Conectividade de Paisagens”, em Foz do Iguaçu, com a
apresentação de palestra, seguida de discussão.

No contexto do programa Conecta, a RBSE propõe-se para a Fase II a criação, no âmbito do seu
Comitê Estadual, do “Programa Corredores da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: Conectando
Paisagens Naturais e Culturais”. A RBSE, sendo um corredor ecológico natural e prestador de grandes
serviços ecossistêmicos, e agindo como espaço de governança estratégico, tem, por meio do Programa
da RBSE – Corredores do Espinhaço, o objetivo principal de interligar os mosaicos de áreas protegidas,
dentro deles e entre eles, desenvolvendo as funções das RB do Programa MaB.

A RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO COMO CRITÉRIO LOCACIONAL DE


LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS DE POTENCIAL IMPACTO AMBIENTAL
(DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 217/17)

Outra conquista importante para a RBSE, foi a incorporação das Reservas da Biosfera pelo governo do
estado de Minas Gerais, em políticas de regulação ambiental que assumiu, em 2017, a Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço como critério locacional de Licenciamento Ambiental de
empreendimentos de potencial impacto ambiental (Deliberação Normativa COPAM no 217/17). Nesta

192
Deliberação Normativa, o Estado de Minas Gerais estabelece critérios para classificação, segundo o
porte e potencial poluidor, bem como os critérios locacionais a serem utilizados para definição das
modalidades de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais no Estado. Assim, o Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam, no uso das atribuições
que lhe conferem o inciso I do art. 14 da Lei Estadual nº 21.972, de 21 de janeiro de 2016, o art. 4º da
Deliberação Normativa COPAM nº 177, de 22 de agosto de 2012 e os incisos I e III do art. 3º do
Decreto Estadual nº46.953, de 23 de fevereiro de 2016, DELIBERA:

CAPÍTULO I - DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Seção I - Do enquadramento das atividades e empreendimentos

Art. 1º - O enquadramento e o procedimento de licenciamento ambiental a serem adotados serão


definidos pela relação da localização da atividade ou empreendimento, com seu porte e potencial
poluidor/degradador, levando em consideração sua tipologia.

Parágrafo único - O licenciamento ambiental deve assegurar a participação pública, a transparência e


o controle social, bem como a preponderância do interesse público, a celeridade e a economia
processual, a prevenção do dano ambiental e a análise integrada dos impactos ambientais.

Art. 2º - Estão sujeitos ao licenciamento ambiental no âmbito estadual as atividades e empreendimentos


listados conforme critérios de potencial poluidor/degradador, porte e de localização, cujo
enquadramento seja definido nas classes 1 a 6.

Art. 3º - O potencial poluidor/degradador das atividades e empreendimentos será considerado como


pequeno (P), médio (M) ou grande (G), conforme estabelecido na Tabela 1 do Anexo Único desta
Deliberação Normativa, por meio das variáveis ambientais de ar, água e solo.

Art. 4º - O porte é considerado pequeno (P), médio (M) ou grande (G), de acordo com os parâmetros e
limites preestabelecidos para cada atividade ou empreendimento, conforme as listagens de atividade
constantes no Anexo Único desta Deliberação Normativa.

Art. 5º - O enquadramento dos empreendimentos e atividades em classes se dará conforme matriz de


conjugação do potencial poluidor/degradador e do porte dispostas na Tabela 2 do Anexo Único desta
Deliberação Normativa.

Parágrafo único - Os empreendimentos que busquem a regularização concomitante de duas ou mais


atividades constantes da Listagem de Atividades no Anexo Único desta Deliberação Normativa serão
regularizados considerando-se o enquadramento da atividade de maior classe.

Art. 6º - As modalidades de licenciamento serão estabelecidas conforme Tabela 3 do Anexo Único desta
Deliberação Normativa, por meio da qual são conjugadas a classe e os critérios locacionais de
enquadramento, ressalvadas as renovações.

§1º - Os critérios locacionais de enquadramento referem-se à relevância e à sensibilidade dos


componentes ambientais que os caracterizam, sendo lhes atribuídos pesos 01 (um) ou 02 (dois), conforme
Tabela 4 do Anexo Único desta Deliberação Normativa.

§2º - O peso 0 (zero) será atribuído à atividade ou empreendimento que não se enquadrar em nenhum
dos critérios locacionais previstos na Tabela 4 do Anexo Único desta Deliberação Normativa.

193
§3º - Na ocorrência de interferência da atividade ou empreendimento em mais de um critério locacional,
deverá ser considerado aquele de maior peso.

§4º - Os fatores de restrição ou vedação previstos na Tabela 5 do Anexo Único desta Deliberação
Normativa não conferem peso para fins de enquadramento dos empreendimentos, devendo ser
considerados na abordagem dos estudos ambientais a serem apresentados, sem prejuízo de outros
fatores estabelecidos em normas específicas.

§5º - Para fins de planejamento do empreendimento ou atividade, bem como verificação de incidência
de critérios locacionais e fatores de restrição ou vedação, o empreendedor poderá acessar o sistema
informatizado da Infraestrutura de Dados Espaciais do Sisema - IDE-Sisema, na qual se encontram
disponíveis os dados georreferenciados relativos aos critérios e fatores constantes das Tabelas 4 e 5 do
Anexo Único desta Deliberação Normativa.

Os critérios locacionais de enquadramento serão estabelecidos conforme a Tabela abaixo, retirada da


Deliberação Normativa Copam nº 217, de 06 de dezembro de 2017.
TABELA 31: CRITÉRIOS LOCACIONAIS DE ENQUADRAMENTO DE EMPREENDIMENTOS NO LICENCIAMENTO
AMBIENTAL DE MINAS GERAIS.
CRITÉRIOS LOCACIONAIS DE ENQUADRAMENTO PESO
Localização prevista em Unidade de Conservação de Proteção Integral, nas hipóteses 2
previstas em Lei
Supressão de vegetação nativa em áreas prioritárias para conservação, considerada de 2
importância biológica “extrema” ou “especial”, exceto árvores isoladas
Supressão de vegetação nativa, exceto árvores isoladas 1
Localização prevista em zona de amortecimento de Unidade de Conservação de Proteção
Integral, ou na faixa de 3 km do seu entorno quando não houver zona de amortecimento 1
estabelecida por Plano de Manejo; excluídas as áreas urbanas.
Localização prevista em Unidade de Conservação de Uso Sustentável, exceto APA 1
LOCALIZAÇÃO PREVISTA EM RESERVA DA BIOSFERA, EXCLUÍDAS AS ÁREAS 1
URBANAS
Localização prevista em Corredor Ecológico formalmente instituído, conforme previsão 1
legal
Localização prevista em áreas designadas como Sítios Ramsar 2
Localização prevista em área de drenagem a montante de trecho de curso d’água 1
enquadrado em classe especial
Captação de água superficial em Área de Conflito por uso de recursos hídricos. 1
Localização prevista em área de alto ou muito alto grau de potencialidade de ocorrência 1
de cavidades, conforme dados oficiais do CECAV-ICMBio
Fonte: Deliberação Normativa Copam nº 217, de 06 de dezembro de 2017.

PLATAFORMA DE INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO SISTEMA ESTADUAL DE MEIO


AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (IDE-SISEMA)

Desta forma, e em decorrência desta nova política pública que incorpora os limites da RBSE no processo
de Licenciamento Ambiental de Minas Gerais, inclui-se também a RBSE na tomada de dados e análises
estratégicas por meio da PLATAFORMA DE INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO SISTEMA
ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (IDE-SISEMA), instituída pela Resolução Conjunta
SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.466/2017, que tem como objetivo promover a adequada organização
dos processos de geração, armazenamento, acesso, compartilhamento, disseminação e uso dos dados
geoespaciais oriundos das atividades, programas e projetos ambientais e de recursos hídricos
194
desenvolvidos pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente. Com a Fase II da RBSE, o IDE – Sisema deve
abranger também as novas áreas pretendidas para esta nova fase, ampliando então as regiões para o
critério locacional de empreendimentos potencialmente poluidores em Minas Gerais.

FIGURA 50: A RBSE NO CONTEXTO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E A DISPONIBILIDADE DE DADOS PARA ANÁLISE AMBIENTAL NA
PLATAFORMA DE INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (IDE-SISEMA).

COMUNICAÇÃO NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO

Contemplando o Plano de Lima, em sua Estratégia D: Comunicação abrangente, moderna, aberta e


transparente, informação e compartilhamento de dados, a RBSE desenvolve mecanismos estratégicos em
seus processos de comunicação.

Para melhor compreensão, apresentam-se os MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO INTERNOS E


EXTERNOS DA RESERVA DA BIOSFERA quais sejam:

I - Por meio de reuniões e representações:

Participação em Conselhos de Unidades de Conservação, Conselho de Política Ambiental de Minas


Gerais, Conselho do Mosaico de Áreas Protegidas - Alto Jequitinhonha, Serra do Cabral, proponente do
Mosaico Espinhaço Meridional – Serra do Cipó.

Participação no COBRAMAB, como representante de instituição de ensino superior e pesquisa.

Coordenação da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera.

Promoção de 4 reuniões ordinárias do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,


além de reuniões extraordinárias, com pautas definidas com, no mínimo, 30 dias da convocação.

Oficinas de planejamento e monitoramento do Plano de Ação da Reserva da Biosfera.

II- Por meio de publicações e documentários:


195
- 2005: Publicação do Folder síntese da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

- VT Espinhaço, de 2005. VT veiculado na maior emissora de televisão do Brasil, em horário nobre, em


que se divulgou o reconhecimento da RBSE pela UNESCO.

Link: https://youtube.com/whatch?v=gaTxidEvvgM

2007 – Lançamento do Documentário “Águas do Espinhaço”, com a participação da equipe da


Fundação France Libertés, com especial atenção à Madame Danielle Mitterrand e à equipe de
produção de Yann Arthus-Bertrand – link para Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=3AC4FLMjpws (parte 1);
https://www.youtube.com/watch?v=vJaSKa1l3pc (parte 2).

2011- Instrumentos económicos de gestión ambiental en la Reserva de Biosfera de la Serra do Espinhaço


- Sérgio Augusto Domingues, Cláudia Santiago Karez, Isabella Virgínia Freire Biondini y Miguel Ângelo
Andrade - PROGRAMA DE COOPERACION SUR-SUR / SOUTH-SOUTH COOPERATION PROGRAMME -
DOCUMENTOS DE TRABAJO / WORKING PAPERS - No 43. (ANEXO IX).

2012 –World of Science (Vol. 10, No. 1 - January–March 2012) - "Putting a price on conservation" - A
World of Science Vol 10 N°1.
Link: ttps://issuu.com/reservadabiosferadaserradoespinhaco/docs/revista_world_of_science__rb_espinh

2012 – Table Book “Serra do Espinhaço”, Empresa das Artes. Autores Miguel Ângelo Andrade e Sérgio
Augusto Domingues.

Link: http://issuu.com/reservadabiosferadaserradoespinhaco/docs/livro_serra_do_espinhaco.

2013 e 2015 – Lançamento das duas edições do Livro-Documentário “PARAUNINHA: entre serras, pelas
águas, com gente”, em parceria com: Associação Comunitária do Parauninha (ASPA), Rede
Socioambiental e Cultural do Parauninha, Oi Futuro, PUC Minas, Instituto Estadual de Florestas de Minas
Gerais (IEF-MG).

2015 – Atlas Digital Geoambiental da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço –


http://institutopristino.org.br/atlas/espinhaco/

2016 – SINALIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, MUNICÍPIOS E DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA RBSE: a


RBSE, por meio de apoio do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, sinalizou importante via
federal, BR 040, com sinalização da RBSE em Unidades de Conservação desta região.

FIGURA 51: SINALIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, MUNICÍPIOS E DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA RBSE.

2017 – Site RBSE – www.rbse.com.br

196
2017 – Revista Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço

2018 – Com o patrocínio da Vale S.A e apoio da Associação Mineira de Municípios, está implantando
placas em 22 municípios da RBSE.

FIGURA 52: PLACA DA RBSE EM SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO, MUNICÍPIO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.

III- Por meio da organização e participação em eventos:

• 2007 – Oficina de Planejamento da Reserva da Biosfera da Amazônia.


• 2008 – Oficina de Estratégias de Gestão Compartilhada de Territórios – MMA – Brasília.
• 2008 – Participação junto à UNESCO no Congresso Mundial de Reservas da Biosfera em
Madrid.
• 2010 – Organização do Seminário Internacional de Serviços Ambientais e Ecossistêmicos – Ouro
Preto - Brasil (Programação Anexa) em que se teve, dentre outros produtos a CARTA DE OURO
PRETO E MOSAICO CIPÓ-INTENDENTE (Atual Mosaico Espinhaço Meridional – Serra do Cipó,
em fase aprovação junto ao Ministério de Meio Ambiente).
• 2011 – Participação no Biosphere Reserves & Earth Resources Expert Meeting - UNESCO
Headquarters, Miollis Room XIV, Paris, February 15, 2011.
• 2012 – Participação na RIO + 20, no Pavilhão das Águas.
• 2013 – Organização do Seminário Internacional sobre Mineração e Sustentabilidade
Socioambiental em Reserva de Biosfera, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
• 2015 – Participação do IV Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, em Lima, com
apresentação de palestra no side event promovido pela UNESCO.
• 2016-2018 – Reuniões da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera (A RBSE é a atual
coordenadora da Rede Brasileira da RBs).
• 2018 – Participação, com palestra, do Seminário Inernacional sobre Corredores Ecológicos,
promovido pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em Foz do Iguaçu, Brasil.
• 2018 – Participação da Reunião da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera, no IX Congresso
Brasileiro de Unidades de Conservação, em Florianópolis, Brasil.
• 2018 – Participação da Reunião do Programa Conecta, do Ministério do Meo Ambiente, em
Brasília, Brasil.

197
FIGURA 53: PARTICIPAÇÃO DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO NO 4º
CONGRESSO MUNDIAL DE RESERVAS DA BIOSFERA.

FIGURA 54: REUNIÕES DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DA BIOSFERA.

FIGURA 55: PARTICIPAÇÃO DA REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DE BIOSFERA, NO IX CONGRESSO


BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.

A comunicação das ações realizadas na RBSE também ocorre por meio de:

• Blog da RBSE: http://rbse-unesco.blogspot.com.br.


198
• Facebook da RBSE: https://www.facebook.com/ReservaDaBiosferaDaSerraDoEspinhaco.
• E-mail da RBSE: [email protected].
• Site da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: www.rbse.com.br
• Atlas Geoambiental da RBSE: https://www.institutopristino.org.br/atlas/espinhaco

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, através de seu Comitê Gestor Estadual, faz comunicações
diretas às instituições que compõe o referido Comitê e outras instituições de interesse através do e-mail
institucional [email protected], com encaminhamento de ofícios ordinários e extraordinários. Há
também WhatsApp de Grupos de Trabalho e da equipe de Gestão do Comitê Estadual da Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço.

Ressalta-se, ainda, que o calendário do Comitê Estadual da RBSE de reuniões ordinárias, com reuniões
extraordinárias, está sendo cumprido integralmente.

- QUANTO À CONTRIBUIÇÃO DA RBSE PARA A REDE MUNDIAL DE RESERVAS DA BIOSFERA:

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço participa, desde o seu reconhecimento, de fóruns, grupos
de trabalho e meetings específicos junto à UNESCO e com Reservas da Biosfera associadas à Rede
Mundial.

Destacam-se as publicações e a participação em Seminários, encontros internacionais e regionais no


âmbito do Programa MaB-UNESCO. Desde seu reconhecimento em 2005, representantes do Comitê da
RBSE estiveram presentes em seminários e encontros realizados no âmbito do Programa MaB-UNESCO,
na Rede Brasileira de Reservas de Biosfera e com apoio junto ao IberoMaB contribuindo também com
publicações em revistas, anais e livros.

- 2006 – Desenvolvimento sustentável – Palestra sobre turismo

Seminário Internacional: Las Reservas de biosfera como herramienta para el desarrollo sustentable en
áreas montañosas. Potencialidades, conflictos y alternativas - 11 al 13 de septiembre - Buenos Aires,
organizado por la Secretaría de Ambiente y Desarrollo Sustentable de la Jefatura de Gabinete de
Ministros de la República Argentina y la UNESCO.

- 2007 – Integração entre Reservas da Biosfera Brasileiras – Apoio técnico

I Seminário da Reserva da Biosfera da Amazônia Central – RBAC – Estado do Amazonas Seminário da


Reserva da Biosfera da Amazônia Central no Estado do Amazonas - 28 a 31 de agosto.

Objetivos do evento: promover o entendimento acerca da Reserva da Biosfera no contexto global;


promover o nivelamento de informações sobre a atuação da Reserva da Biosfera da Amazônia Central
(RBAC) no contexto nacional; promover uma melhor integração entre os membros do Conselho Estadual;
reavaliar o regimento interno do CERBAC; definir integração da RBAC em relação a projetos e
programas, como Projeto Corredores Ecológicos, Sítios do Patrimônio Mundial Natural, ARPA e outros;
elaborar um Plano de Ação para o CERBAC, biênio 2007 – 2009 e integrar a RBAC nas políticas de
desenvolvimento regional e projetos de organização territorial do Estado.

- 2008 – Plano de Ação de Madrid.

3rd World Congress of Biosphere Reserves and 20th Session of the International Co-ordinating Council
(ICC) of the Man and the Biosphere (MAB) Programme - Madrid, Spain, February 4-9.
199
- 2008 – Publicação sobre espécies exóticas e invasoras

Espécies Exóticas Invasoras en las Reservas de Biosfera de América Latina y El Caribe. Un informe
técnico para fomentar el intercambio de experiencias entre las Reservas de Biosfera y promover el
manejo efectivo de las invasiones biológicas. UNESCO, Montevideo. Editores: Elke Schüttler y Cláudia
Santiago Karez.

- 2008 - Reunião da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera, realizada no COMBIO – Congresso


Mineiro de Biodiversidade, no dia 22 de abril de 2008, em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.

- 2008 - Encontro da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera, Brasília – DF, em 31.07. Promoção:
Ministério do Meio Ambiente, através da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

- 2008 - Participação do Workshop sobre instrumentos de Gestão Compartilhada de Território:


Mosaicos de Áreas Protegidas, Corredores Ecológicos e Reservas de Biosfera. Brasília, DF.

- 2009 – Palestra - Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado de Minas Gerais.

Seminário Internacional de Reservas de Biosfera Ibero-Americanas y Brasileñas: Experiencias Exitosas en


Conservación, Desarrollo Sostenible, Conocimiento y Gestión Participativa”, realizado de 11 a 14 de
Dezembro em Fortaleza e Crateús, Estado de Ceará.

- 2009 - Reunião com Miguel Clusener Godt na sede em Paris da Divisão de Ciências Ecológicas e da
Terra UNESCO - 10 de setembro.

- 2010 – Organização de Seminário Internacional - Declaração de Ouro Preto

Seminário Internacional de Reservas de Biosfera (RBs), Serviços Ambientais e Indicadores de


Sustentabilidade. 14 a 17 de abril - Realizado na cidade de Ouro Preto, estado de Minas Gerais –
Brasil pelo Comitê da RBSE. Evento proposto como marco das atividades do Ano Internacional da
Biodiversidade em 2010. Tal declaração orientou o aprofundamento dos estudos ambientais para o
reconhecimento dos Campos Rupestres como bioma brasileiro.

- 2010 – Declaración de Puerto Morelos, México.

1a Conferencia Iberoamericana de Reservas de Biosfera - 9 a 13 de novembro. Realizado em Puerto


Morelos, Quintana Roo, México.

- 2011 - Construção do GT internacional sobre Mineração em Reservas da Biosfera através da


participação, em Paris, Biosphere Reserves & Earth Resources Expert Meeting - UNESCO Headquarters,
Miollis Room XIV, Paris, 15 de fevereiro de 2011.

- 2011 – Publicação: Pagamento por Serviços Ambientais na RBSE

Instrumentos económicos de gestión ambiental en la Reserva de Biosfera de la Serra do Espinhaço -


Sérgio Augusto Domingues, Cláudia Santiago Karez, Isabella Virgínia Freire Biondini y Miguel Ângelo
Andrade - PROGRAMA DE COOPERACION SUR-SUR / SOUTH-SOUTH COOPERATION PROGRAMME -
DOCUMENTOS DE TRABAJO / WORKING PAPERS - No 43.

- 2012 – Publicação Pagamento por Serviços Ambientais na RBSE

World of Science (Vol. 10, No. 1 - January–March 2012) - "Putting a price on conservation" - A World
of Science Vol 10 N°1.
200
- 2013 – Organização de Seminário Internacional – GT Internacional sobre Mineração em RBs.

Seminário Internacional sobre Mineração e Sustentabilidade Socioambiental em Reservas da Biosfera -


18 a 20 de março - intercâmbio e a integração de boas práticas de mineração relacionadas com o uso
sustentável, a conservação da biodiversidade e os serviços ecossistêmicos em reservas da biosfera,
Evento proposto como marco do Ano Internacional das Nações Unidas para a Cooperação pela Água.
Realizado na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais – Brasil, pelo Comitê da RBSE com
apoio do escritório Regional IberoMaB.

- 2014 – Projeto para organização dos Anais do Seminário Internacional sobre Mineração e
Sustentabilidade Socioambiental em Reservas da Biosfera (em andamento).

- 2015 – Elaboração do Relatório da 1ª REVISÃO PERIÓDICA da Reserva da Biosfera das Serra do


Espinhaço (2005-2015).

- 2016 – Apresentação de palestra, seguida de mesa redonda, com o título “Articulação e cooperação
de mecanismos nacionais e internacionais de gestão compartilhada de territórios”, durante Workshop
Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas (10 a 12 de maio), no ICMBio, em Brasília, Brasil.

- 2016 – Participação no 4th World Congress of Biosphere Reserves (4WCBR) ‘A New Vision for the
Decade 2016-2025 - UNESCO Biosphere Reserves for Sustainable Development’, em Lima – Peru, com a
apresentação de palestra, seguida de discussão, sobre Mineração e reservas de Biosfera – side event
Working Group on “Biosphere Reserves and Earth Resources”.

2018 – A participação da RBSE no Technical Guidelines for Biosphere Reserves (TGBR), Working Group,
Data Management and Monitoring, in cooperation with the MAB Secretariat.

Quanto à contribuição futura para a Rede, pretende-se, com o apoio institucional brasileiro e
internacional, uma participação mais ativa nos fóruns de decisão e estruturação de estratégias para o
pleno desenvolvimento de atividades preconizadas pelo MaB, assim como por demandas específicas,
que acreditamos serem também estratégicas, a exemplo de Planos de Conservação de Biodiversidade,
Culturas Tradicionais, Comunicação e Educação e Redes Socioambientais.

Cabe ressaltar que, para o envolvimento e participação internacional, deve-se fortalecer,


prioritariamente, a Rede Brasileira das Reservas de Biosfera no Brasil, em que o COBRAMAB, através
do Ministério do Meio Ambiente, deve apoiar diretamente as iniciativas preconizadas dos Planos de
Ação das Reservas de Biosfera, viabilizando, técnica e financeiramente, o apoio, a execução e o
acompanhamento das ações. Soma-se a esta lacuna de apoio técnico e financeiro a necessidade do
Governo do Estado de Minas Gerais assumir o que determina o Decreto de Criação do Comitê Estadual
da RBSE.

- QUANTO À COLABORAÇÃO COM RESERVAS DA BIOSFERA JÁ EXISTENTES EM NÍVEL


NACIONAL, REGIONAL E INTERNACIONAL:

No âmbito nacional e regional, destacam-se:

- 2006 – Desenvolvimento sustentável – Palestra sobre turismo.

Seminário Internacional: Las Reservas de biosfera como herramienta para el desarrollo sustentable en
áreas montañosas. Potencialidades, conflictos y alternativas - 11 al 13 de septiembre - Buenos Aires,

201
organizado por la Secretaría de Ambiente y Desarrollo Sustentable de la Jefatura de Gabinete de
Ministros de la República Argentina y la UNESCO.

- 2007 – Integração entre Reservas da Biosfera Brasileiras – Apoio técnico

I Seminário da Reserva da Biosfera da Amazônia Central – RBAC – Estado do Amazonas Seminário da


Reserva da Biosfera da Amazônia Central no Estado do Amazonas - 28 a 31 de agosto. Objertivos do
evento: promover o entendimento acerca da Reserva da Biosfera no contexto global; promover o
nivelamento de informações sobre a atuação da Reserva da Biosfera da Amazônia Central (RBAC) no
contexto nacional; promover uma melhor integração entre os membros do Conselho Estadual; reavaliar o
regimento interno do CERBAC; definir integração da RBAC em relação a projetos e programas, como
Projeto Corredores Ecológicos, Sítios do Patrimônio Mundial Natural, ARPA e outros; elaborar um Plano
de Ação para o CERBAC, biênio 2007 – 2009 e integrar a RBAC nas políticas de desenvolvimento
regional e projetos de organização territorial do Estado.

- 2008 – Reunião da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera, realizada no COMBIO – Congresso


Mineiro de Biodiversidade, no dia 22 de abril de 2008, em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.

- 2008 – Encontro da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera, Brasília – DF, em 31.07. Promoção:
Ministério do Meio Ambiente, através da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

- 2008 – Participação do Workshop sobre instrumentos de Gestão Compartilhada de Território:


Mosaicos de Áreas Protegidas, Corredores Ecológicos e Reservas de Biosfera. Brasilia, DF.

- 2015 – Elaboração do Relatório da 1ª REVISÃO PERIÓDICA da Reserva da Biosfera das Serra do


Espinhaço (2005-2015).

- 2016- Reunião da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera em Maceió, Alagoas, Brasil.

- 2017- Reunião da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera no Distrito Federal – Brasília, Brasil,
quando da Reunião da COBRAMAB.

FIGURA 56: REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE RESERVAS DE BIOSFERA NO DISTRITO FEDERAL – BRASÍLIA.

- 2017 – Participação, com apresentação, do 1º Workshop sobre Representação de Biomas Compatível


com a ESCALA 1:250 000, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – Rio de
Janeiro, RJ – Brasil.

- 2018 - Reunião da Rede Brasileira de Reservas de Biosfera em Florianópolis, Santa, Brasil, no IX


Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação.
202
- 2018 – Participação no Programa Nacional de Conectividade de Paisagens - CONECTA, instituído por
meio da Portaria nº 75, de 26/03/18, e discutir o conceito de conectividade de paisagens – Brasília,
Brasil.

- 2018 - Participação do da mesa redonda Seminário Internacional “Corredores Ecológicos e


Conectividade de Paisagem” – Foz do Iguaçu, Brasil.

Com destaque, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, por ter em seu território atributos de
escala internacional, como Mineração, Água e Campos Rupestres são estes, a priori, os temas que se tem
dado prioridade para a formatação de cooperações internacionais.

Para a questão da mineração, espera-se a institucionalização do GT Internacional de Boas Práticas da


Mineração em Territórios de Reservas de Biosfera, para publicação de um Guia de Boas Práticas, tal
qual se propõe a ICMM (International Consil Mine and Metals), em conjunto com outros documentos de
referência internacionais, que visam à conservação da biodiversidade, da cultura e à melhoria do clima,
sobretudo. Tal documento deve, em nosso entendimento, alinhar-se às premissas do MaB – UNESCO.

Para a questão dos Campos Rupestres, deve-se tomar como referência ambiental de escala global, com
altos graus de endemismo e de riqueza de espécies, com baixa resiliência. A exemplo dos Fynbos, na
África do Sul, deve-se considerar os Campos Rupestres como um dos Centros Mundiais de Endemismo.
Para tal, deve-se reconhecer os Campos Rupestres como Bioma Brasileiro, o que implica uma discussão
junto à setores dos Governos Federal, Estaduais (pois há uma ocorrência em mais de um estado
brasileiro) e certamente de outros setores estratégicos, pois se trata de um ambiente distribuído em
locais de mineração, crescimento urbano e que sofre com incêndios florestais nos altiplanos da Reserva
da Biosfera. Para tal, ter apoio internacional é fundamental, considerando, inclusive, o destaque que
este ambiente representa em relação a áreas de endemismos, espécies ameaçadas, e pelo destaque
como áreas únicas e ameaçadas no planeta.

Outra questão de grande importância é a questão da água. A Serra do Espinhaço, sendo provedora em
grande escala deste recurso estratégico, detém em seu território um conjunto de bacias hidrográficas
cujo ativo estratégico, a água, pode garantir a conservação e o desenvolvimento em escala nacional.
Por outro lado, as ameaças a este potencial podem ser demonstradas pela tendência a escassez e
estresse hídrico, determinadas por vários fatores. Assim reforçamos o interesse do Comitê Gestor na
participação oficial no Fórum Mundial da Água.

Outra questão fundamental que se pretende com cooperações é o intercâmbio de boas práticas de
gestão em Reservas de Biosfera, oferecidas através dos diálogos proporcionados pela Rede Mundial de
Reservas de Biosfera. Para tal, almeja-se a maior participação da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço nestes fóruns internacionais, tal qual temos participado, mesmo com as limitações logísticas e
financeiras, desses espaços de formação e intercâmbios.

A potencialidade de aspectos, relacionados à conservação, conhecimento acadêmico e tradicional e ao


desenvolvimento, existentes na RBSE, requerem estratégias eficazes para dimensionar, investigar,
monitorar e avaliar as iniciativas que acontecem no território.

Para tanto, o seu Comitê Gestor, por meio de extensa capilaridade institucional, buscou captar parceiros
e organizações que contribuíram diretamente com o planejamento e com a gestão da RBSE. Destaca-se,
nesse sentido, o envolvimento de 28 instituições (relacionadas aos setores público e privado e à
sociedade civil) em seu Comitê Estadual e outros vários parceiros e stakeholders.

203
Pelo envolvimento institucional na RBSE, notou-se no último decênio um avanço nas publicações, nos
projetos de pesquisa e de extensão universitária, trabalhos acadêmicos que tratam a Serra do
Espinhaço como eixo norteador das ações propostas.

No intuito de organizar e sistematizar a diversidade de iniciativas existentes na RBSE, destacam-se


enquanto iniciativas prioritárias do seu Plano de Ação:

- Atualização constante de um banco de dados completo e detalhado, com informações


georreferenciadas, disponibilizadas para a sociedade em geral, conforme apresentado nesta Revisão
Periódica;

- Criação de um Portal, como ferramenta central de informação e comunicação da RBSE;

- Criação e refinamento de estratégias de comunicação já existentes, como o blog, as redes sociais,


fóruns locais;

No âmbito acadêmico-científico, é importante ressaltar, numa perspectiva histórica, iniciativas, núcleos


estratégicos e estações de pesquisa que buscam investigar e disseminar conhecimentos referentes à
RBSE:

2008: Formação do Grupo de Pesquisa do CNPq “Biologia de Plantas Vasculares da Cadeia do


Espinhaço” – Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri

O grupo é formado por pesquisadores com experiência no estudo de plantas da Cadeia do Espinhaço.
As pesquisas do grupo estão centradas principalmente em estudos de taxonomia e sistemática,
morfologia e anatomia, ecologia e biologia, portanto, as repercussões dos resultados das pesquisas
desenvolvidas pela equipe, divulgados em publicações científicas, congressos, revistas de divulgação,
entre outros, visam ampliar o conhecimento sobre a flora da região sob diferentes aspectos.

2008: Formação do Grupo de Pesquisa do CNPq “Ecologia e diversidade dos animais da Cadeia do
Espinhaço” – Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri

2010: Formação do Centro de Integração para a Sustentabilidade Ambiental – Departamento de


Ciências Biológicas da PUC Minas

FIGURA 57: LOGOMARCA DO CENTRO DE INTEGRAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICA DA PUC MINAS.

Atual escritório central da RBSE, localizado no campus Coração Eucarístico da PUC Minas, em Belo
Horizonte, Minas Gerais, o CISAL é um espaço que busca estruturar e integrar ações e potencializar
resultados para a sociedade, com enfoque na sustentabilidade.

O CISAL desenvolve ações efetivas e coordenadas de ensino, pesquisa e extensão que possam contribuir
para a mitigação, o monitoramento e o controle das soluções dos problemas ambientais com a
promoção da sustentabilidade, conforme sinalizado pela Conferência Mundial do Ensino Superior por
204
documentos de referência nacionais e internacionais, como o Plano de Madrid e as Estratégias de Sevilla
para Reservas da Biosfera.

2010: Formação do Grupo Integrado de Pesquisas do Espinhaço – GIPE (membro do Comitê Estadual
da RBSE) – Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais

FIGURA 58: LOGOMARCA DO GRUPO INTEGRADO DE PESQUISAS DO ESPINHAÇO (GIPE) – IGC-UFMG.

Grupo de pesquisa associado ao Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais,


liderado pelos professores Bernardo Machado Gontijo e Marcelo Fagundes.

O GIPE tem como tema norteador o estudo integrado da paisagem da Serra do Espinhaço, com ênfase
nas interfaces existentes entre as áreas protegidas e a produção do espaço. A área de abrangência e
de foco da pesquisa constitui-se na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE) UNESCO 2005,
qual seja, grande parte da porção da Serra do Espinhaço mineira (desde a região de Diamantina até a
Serra do Cipó) e o Quadrilátero Ferrífero, tratando, prioritariamente, das seguintes questões:

• Unidades de Conservação: Transformações socioambientais espacializadas;


• Estudo e dinâmica da(s) paisagem(ns) na Reserva da Biosfera do Espinhaço;
• Geoprocessamento da Reserva da Biosfera do Espinhaço como suporte para o estudo da
paisagem e Unidades de Conservação;
• Conhecimento socioambiental: epistemologia, instâncias e disseminação.

2012: Lançamento do periódico interdisciplinar semestral Revista Espinhaço

FIGURA 59: VOLUME 7, NÚMERO I – 2018, DA REVISTA ESPINHAÇO.

Publicada semestralmente, a revista foi lançada na segunda metade de 2012 e está aberta para o
recebimento de artigos científicos originais, traduções de artigos, resenhas de livros e entrevistas nas
205
áreas da Geografia e das Geociências. Espinhaço tem caráter interdisciplinar e recebe contribuições de
profissionais de todas as áreas do conhecimento.

2015: Cooperação com Instituto Prístino para a elaboração do Atlas Geoambiental da Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço

O Instituto Prístino é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos criado para desenvolver
pesquisas direcionadas em diagnóstico, conservação e uso racional do patrimônio natural.

Para contribuir com a questão, o Instituto Prístino em parceria com instituições públicas executa um
projeto de disponibilização de informações técnicas em áreas de importância ambiental estratégicas
para Minas Gerais. As informações são veiculadas através de uma plataforma simples e de acesso livre
no formato de atlas digital.

FIGURA 60: LINK PARA O ATLAS GEOAMBIENTAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO -
HTTP://INSTITUTOPRISTINO.ORG.BR/ATLAS/ESPINHACO.

FIGURA 61: REVISTA RESERVA DA BIOFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – EDIÇÃO ESPECIAL – 10 ANOS.
(HTTP://RBSE.COM.BR/INSTITUCIONAL/#REVISTA-RBSE).

206
2017 – Lançamento do website da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

FIGURA 62: WEBSITE DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – WWW.RBSE.COM.BR.

2018 – Instalação da Trilha Transespinhaço, integrando o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso
(iniciativa do ICMBio), ligando mais de 50 unidades de conservação, por 700 km na RBSE.

FIGURA 63: OFICINA DE PLANEJAMENTO DA TRILHA DE LONGO CURSO NA RBSE – TRANSESPINHAÇO.

207
FIGURA 64: CARTAZ DO 4º SEMINÁRIO E MUTIRÃO DE SINALIZAÇÃO DA TRILHA TRANSESPINHAÇO - SETOR
DIAMANTINA.

Para a melhoria da gestão da Reserva da Biosfera, destacam-se o trabalho com outras Reservas de
Biosfera brasileiras, sobretudo com a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, além do reforço ao
diálogo com as Secretarias de Governo de Minas e a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do
Ministério do Meio Ambiente. Reforça-se também o diálogo com o Ministério Público Estadual, que
mediou a parceria da Reserva da Biosfera com o Instituto Prístino, para o desenvolvimento do Atlas
Digital Geoambiental da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em que se tem efetuado o
intercâmbio de conhecimento, disponibilizando informações para a sociedade em geral.

Como outras potencialidades, alinham-se:

• Complexo do Espinhaço como, por si só, um grande Corredor Ecológico e assim propõe-se o
Programa Corredores da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: conectando paisagens
naturais e culturais
• A Estrada Real e a sobreposição com eixos de ocupação histórica da região da RBSE.
• A alta diversidade e endemismo, sobretudo nos Campos Rupestres (“Bioma” de destaque em
MG).
• Grande interesse científico para estudos na região.
• Culturas tradicionais expoentes e históricas.
• Unidades de Conservação (ZN) consolidadas.
• Zoneamento Ecológico-Econômico de MG.
• Grande volume de empreendimentos privados e geração de trabalho.
• Envolvimento da sociedade civil organizada nos processos de políticas públicas.
• Grande território, que abrange outros territórios de planejamento estratégicos (Áreas
Prioritárias para Conservação de Biodiversidade, Planos de Ação Nacional para Conservação,
Territórios de Cultura e Comunidades Tradicionais, Territórios de Turismo, Bacias Hidrográficas).
• Território provedor de serviços ambientais estratégicos, com destaque para a biodiversidade e
para a água.
• Plano de Ação estruturado.
• Território múltiplo e laboral.
• Dados atuais e território com zoneamento bem definido.

Apesar da garantia legal, através do decreto específico e nele a determinação destas


responsabilidades governamentais específicas, pouco se tem dado atenção para o atendimento a este
quesito estruturador. Por outro lado, as instituições não governamentais têm concedido subsídio logístico,

208
técnico e orçamentário para o desenvolvimento das ações, conforme prioridades previstas no Plano de
Ação e estabelecidas legitimamente com a participação institucional.

209
4. CRITÉRIOS PARA A DESIGNAÇÃO COMO RESERVA DA BIOSFERA

A Serra do Espinhaço se constitui como a única cordilheira do Brasil. Com uma extensão total de 1200
km em um eixo norte sul é complexo sistema geomorfológico e de biodiversidade em um contínuo maciço
rochoso. Nesse cenário é notável seu desempenho como Corredor Ecológico Natural, encontro de biomas
e ecótonos, além de promover a integração de importantes bacias hidrográficas do país.

A Reserva da Biosfera, em seu Zoneamento, é demonstrado pelas identidades regionais e


biogeográficas, quais sejam, Quadrilátero Ferrífero, ao sul, Espinhaço Meridional, ao centro e Espinhaço
Diamantino e Setentrional, ao norte. Esta regionalização detém características que compreendem, em
diferentes épocas e locais, da história antiga a mais recente do território. Assim, ter, em suas Zonas
Núcleo, espaços demonstrativos para desenvolvimento de pesquisas e educação e seu papel atrator
para planos de turismos é uma das possibilidades. Nesta perspectiva, os Mosaicos de Áreas Protegidas,
com seus conselhos e abordagem regional, reforça, com outros aspectos de promoção de
desenvolvimento sustentável.

Ao longo do seu território, possui um conjunto robusto de unidades de conservação em níveis municipal,
estadual e nacional. Seu reconhecimento como Reserva da Biosfera tem propiciado ações conjuntas
relacionadas com a proteção da biodiversidade, seja pelo estímulo aos programas de pesquisa, seja
pela articulação das UCs em propostas de mosaicos de unidades conservação.

A proposta da Fase 2 se apresenta em um momento onde há uma integração mais consistente


estabelecida entre os diversos atores através de reuniões técnicas permanentes entre gestores das zonas
núcleo, mobilizações junto aos governos municipais, melhor entendimento do programa MaB-UNESCO
pelos setores produtivos e participação ativa de organizações não governamentais e pesquisadores na
geração de informações.

É possível afirmar que os fundamentos do Programa MaB-UNESCO e os Objetivos do Desenvolvimento


Sustentável possuem um campo fértil para serem viabilizados. A identidade territorial da Serra do
Espinhaço, seus atributos ecológicos e socioculturais já estão internalizados nas políticas públicas e bases
científicas. Esse consistente crescimento no grau de conhecimento acerca da Reserva vem impulsionando
as iniciativas que desencadearam a elaboração dessa proposta de segunda fase.

Os critérios utilizados no zoneamento da Fase 1 passaram por um processo adaptativo e evolutivo. Não
se trata apenas de uma ampliação do território, mas da justa consequência da continuidade dos
esforços já iniciados na primeira fase. A Serra do Espinhaço sempre foi vista com uma abrangência
territorial única, sobretudo quando o foco está nos Campos Rupestres e os ecossistemas de montanha.
Assim o reconhecimento da Fase 1, o encaminhamento desta proposta de Fase 2, bem como a futura
Fase 3 no estado da Bahia, são frações de uma única ideia, de um único território, “dividido” apenas
para compor uma metodologia de trabalho e legitimidade de processos.

A Rede Brasileira de Reservas da Biosfera está muito ativa, inclusive com uma aproximação construtiva
junto ao governo do Brasil. É um ponto positivo quando se considera que a legislação brasileira permite
que as reservas atuem de forma legítima e ordenada sempre em consonância com o Programa MaB.
Abre-se um rico espaço de intercâmbio para que sejam construídos planos de ação, alinhados aos
marcos estatutários e seus mecanismos de trabalho. Nesse sentido o Comitê gestor da RBSE, através de
seus representantes, atualiza seus referenciais com a participação frequente na Rede Mundial e na Rede
Iberoamericana de RBs.

210
4.1 ESTAR INSERIDA EM UM MOSAICO DE SISTEMAS ECOLÓGICOS

Conceito: Abranger um mosaico de sistemas ecológicos representativos das regiões biogeográficas


principais, incluindo uma gradação das intervenções humanas.

A Reserva da Biosfera é um grande Corredor Ecológico, configurando-se com um sistema de ambientes e


provedora de serviços ecossistêmicos estratégicos. A Reserva da Biosfera compreende dois biomas
brasileiros importantes: a Mata Atlântica e o Cerrado, considerados os dois únicos Hotspots do Brasil
(MYERS, 2000). Ao norte, a região da Serra do Espinhaço faz contato com o bioma Caatinga. Com
destaque, vale ressaltar a importância dos Campos Rupestres como fitofisionomia do Cerrado e que,
enquanto alvo de conservação e ameaça, se destaca na Reserva da Biosfera.

A Serra do Espinhaço foi considerada como de categoria ESPECIAL nos dois workshops sobre Áreas
Prioritárias para Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais (1998 e 2004), realizados pela
Fundação Biodiversitas e pela Conservação Internacional. Das 538 espécies de plantas ameaçadas em
Minas Gerais, 81 espécies estão na Mata Atlântica, 19 na Caatinga, 73 no Cerrado e 67%, ou seja,
351 espécies ocorrem nos Campos Rupestres.

Neste contexto, incluindo as Zonas Núcleo (UC de Proteção Integral), temos na região da RBSE um
aumento dos processos de ocupação humana, implementação de eixos de ocupação e empreendimentos
de grande escala, sobretudo de mineração e silvicultura. Desta forma, ter políticas de fortes e planos de
conservação e desenvolvimento deste vasto território deve ser orientado por unidades de planejamento
territorial, a exemplo das Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço, Zoneamento Ecológico Econômico
de Minas Gerais, Planos Diretores de Bacias Hidrográficas e, em escala, o Zoneamaneto Ambiental e
Produtivo local), Planos Diretores Municipais e os Planos de Manejo das Unidades de Conservação
(Management Plan of Protect Areas – PA). Com destaque, deve-se tomar o Zoneamento da Reserva da
Biosfera da Serra do Espinhaço para a definição de compartilhamentos dos instrumentos de gestão
citados, bem como os processos de discussão de implantação de empreendimentos de grande impacto
no território, apresentado, no contexto da RBSE, medidas de compensação e planos de desenvolvimento,
segundo os objetivos e documentos de orientação do MaB e alinhados com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável para o desenvolvimento das suas funções.

GESTÃO COMPARTILHADA DA RBSE: A REGIONALIZAÇÃO DA RBSE POR MEIO DOS MOSAICOS


DE ÁREAS PROTEGIDAS DO ESPINHAÇO

O engajamento do Comitê Estadual da RBSE, articulando, de forma participativa e também na


condução de outros instrumentos de gestão compartilhada, tal qual a participação ativa de instituições
membro no Mosaico Espinhaço: “Alto Jequitinhonha-Serra do Cabral”, bem como sendo um dos atores
estratégicos no reconhecimento do Mosaico Espinhaço Meridional: “Serra do Cipó”. Esta ação configura-
se estrategicamente: no Plano de Ação da RBSE, sobretudo pela promoção de cooperação entre
unidades de conservação das regiões dos Mosaicos, ambos localizados no dentro dos limites da RBSE;
no fortalecimento da identidade da RBSE junto as estratégicas compartilhadas com os referidos
mosaicos; na possibilidade de monitoramento de ações da RBSE de forma mais próxima e participativa,
com a tomada e tratamento de dados de gestão e conhecimento científico e tradicional, junto às
comunidades residentes na RBSE, dentre outras ações estratégicas.

211
A gestão integrada e participativa fomentada pelos mosaicos permite o compartilhamento de
informações entre as instituições envolvidas, a promoção de parcerias e o estabelecimento de maior
força política para captar recursos e fazer valer interesses conservacionistas. Ao mesmo tempo, recursos
financeiros e humanos podem ser otimizados nos processos de fiscalização, educação ambiental e
comunicação no compartilhamento de estrutura física e logística.

Os mosaicos também podem, por meio de processos de gestão participativa e da valorização da


identidade territorial, contribuir para a redução dos conflitos entre moradores e áreas protegidas e
promover o desenvolvimento de ações e projetos de interesse comum, favorecendo especialmente as
pequenas comunidades neles inseridas (PINHEIRO, 2010).

O fortalecimento da gestão em diferentes regiões da Reserva da Biosfera é hoje uma estratégia do


Plano de Ação da RBSE, e os Mosaicos de Áreas Protegidas são considerados a identidade mais
promissora para a efetivação dessa gestão. Para a proposição da Fase II da Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço, considera-se esta lição apreendida, quanto ao engajamento do Comitê Estadual da
RBSE, articulando, de forma participativa e também na condução de outros instrumentos de gestão
compartilhada, tal qual a participação ativa de instituições membro no Mosaico Espinhaço – Alto
Jequitinhonha – Serra do Cabral (reconhecido em 2007), na região de Diamantina (Cidade reconhecida
como Patrimônio Mundial da UNESCO).

FIGURA 65: REUNIÃO DO MOSAICO ESPINHAÇO: ALTO JEQUITINHONHA-SERRA DO CABRAL

FONTE: MIGUEL ANDRADE (2016)

O Mosaico de Áreas Protegidas que abrange as regiões do Alto Jequitinhonha e a Serra do Cabral é,
até o momento, o único implantado na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Estende-se por
quase 2 milhões de hectares, distribuídos em 25 municípios, e reúne 19 Unidades de Conservação (UCs)
de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A região do Mosaico é detentora de uma expressiva
diversidade biológica, conjugada com uma rica diversidade sociocultural, com predominância da cultura
extrativista, e agrega um conjunto de áreas identificadas como insubstituíveis e prioritárias para a
conservação ao longo de toda a extensão da Cadeia do Espinhaço (Silva et al., 2008).

Em regiões como essa, é bastante desejável a construção de mecanismos de gestão socioambiental que
fomentem o planejamento de longo prazo das atividades humanas e a implantação de modelos de
desenvolvimento de bases sustentáveis. Os mosaicos de áreas protegidas podem cumprir esse papel,
uma vez que visam à gestão integrada e participativa de UCs próximas e sobrepostas, com o objetivo

212
de compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o
desenvolvimento responsável em escala regionalizada, o que se espelha nos propósitos e estratégias do
Plano de Ação da RBSE. Se por um lado as UCs não são capazes, isoladamente, de preservar toda a
riqueza biológica, histórica e geográfica regional, por outro, atuando em conjunto no contexto de
mosaico, tornam-se elementos indutores do processo de planejamento da gestão territorial. Portanto, ao
buscar cumprir seus objetivos, o Mosaico Jequitinhonha Cabral atua também como engrenagem para o
fortalecimento da gestão da Reserva da Biosfera.

Em 2015, o Comitê da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço instituiu, oficialmente, a primeira


região por meio de mosaicos. Esse processo está em fase de detalhamento com os atores da região,
conforme premissas da RBSE e do MaB/UNESCO. Essa premissa é necessária, seja pelos diversos
potenciais já instituídos de forma cooperativa entre Unidades de Conservação, seja pelo próprio
tamanho da RBSE e pela capilaridade para se fazer gestão de forma participativa e descentralizada.

Em continuidade a ação de gestão compartilhada da RBSE por meio dos Mosaicos, o Comitê Estadual da
RBSE, em conjunto com o ICMBio e o IEF MG, é um dos proponentes do documento técnico e na
articulação do reconhecimento do Mosaico Espinhaço Meridional – Serra do Cipó, em 2018, junto ao
Ministério do Meio Ambiente. Esta ação configura-se estrategicamente no Plano de Ação da RBSE,
sobretudo pela promoção de cooperação entre unidades de conservação das regiões dos Mosaicos,
ambos na RBSE; no fortalecimento da identidade da RBSE junto as estratégicas compartilhadas com os
referidos mosaicos; com a possibilidade de monitoramento de ações da RBSE de forma mais próxima e
participativa; com a tomada e tratamento de dados de gestão e conhecimento científico e tradicional,
junto às comunidades residentes na RBSE.

Para isso, as regiões com potencial de reconhecimento de Mosaicos de Áreas Protegidas que possam
atender ao processo colaborativo na cogestão da RBSE têm sido identificadas, com base na experiência
exitosa do Mosaico Alto Jequitinhonha – Serra do Cabral. Destacam-se as potencialidades e discussões
em andamento:

Mosaico de Áreas Protegidas da RBSE - Espinhaço Meridional Serra do Cipó – em fase de


reconhecimento pelo Ministério do Meio Ambiente: é composto 21 UCs das três esferas de governo,
sendo duas unidades federais, duas estaduais, dez municipais e 10 particulares (RPPN). Quanto aos
grupos de manejo, são sete unidades de Proteção Integral e dezessete de Uso Sustentável e, em relação
às categorias definidas pelo SNUC, são seis Parques (um federal, dois estaduais, 3 municipais), um
Monumento Natural (municipal), sete Áreas de Proteção Ambiental (uma federal, seis municipais), e oito
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (uma reconhecida no âmbito federal e sete no âmbito
estadual). A soma destas áreas, considerando no cálculo a correção em relação às áreas sobrepostas
totaliza aproximadamente 275.833 de hectares protegidos. Tal proposta destaca-se pelos objetivos do
Mosaico Espinhaço Meridional Serra do Cipó, em consonância com o Plano de Ação da RBSE:

• Fortalecer os espaços de gestão colegiada do Mosaico e de suas entidades.


• Garantir a segurança possessória das comunidades locais como condição para a conservação
da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
• Promover a visibilidade dos povos, comunidades tradicionais e seus territórios.
• Desenvolver as atividades do Manejo Integrado do Fogo (MIF).
• Desenvolver articulações inter e intra institucionais a fim de fortalecer ações de proteção do
mosaico.
• Apoiar iniciativas que contribuam para a educação ambiental e a organização social na região
envolvida pelo Mosaico.

213
• Desenvolver a comunicação entre a gestão das unidades de conservação e a comunidade e
usuários envolvidos.
• Implementar com eficiência o Uso Público no Mosaico, de forma a garantir conservação da
biodiversidade e a diversidade cultural.
• Fortalecer o Turismo de Base Comunitária no Mosaico como alternativa de renda às
comunidades.
• Incentivar e apoiar o desenvolvimento de pesquisas no Mosaico tendo em vista a melhoria da
qualidade de vida da população e a conservação da biodiversidade.
• Apoiar o Cadastramento Ambiental Rural (CAR), com foco na possibilidade de formação de
corredores ecológicos pela contiguidade de áreas de reserva legal e áreas de preservação
permanente (APP).
• Promover a captação de recursos para a implementação do Mosaico e das unidades de
conservação componentes.
• Articular para a aplicação de recursos oriundos de compensação ambiental e conversão de
multas no âmbito do Mosaico.
• Fomentar a criação de unidades de conservação na região, com destaque ao reconhecimento de
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).

FIGURA 66: DOCUMENTO DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO ESPINHAÇO MERIDIONAL – SERRA DO CIPÓ. PARTICIPAÇÃO ATIVA DA RBSE
EM TODO O PROCESSO. REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO DA PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO; APROVAÇÃO DA PROPOSTA
DE RECONHECIMENTO DO MOSAICO.

214
FIGURA 67: ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO MOSAICO ESPINHAÇO MERIDIONAL – SERRA DO CIPÓ. A ÁREA QUE
VAI ALÉM DA RBSE, ESTÁ INCLUÍDA NA PROPOSTA DE FASE II DA RBSE.

215
4.2. CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Desde a Conferência Rio-92 que a discussão sobre os impactos das atividades humanas sobre o meio
ambiente e a consequente perda de biodiversidade adquiriu uma importância global, estabelecendo
uma nova base de negociação e colaboração entre países e mobilizando a sociedade: a Convenção de
Diversidade Biológica (CDB). Apesar de o Brasil ter avançado significativamente na implementação da
CDB, apontou-se a necessidade de criação de instrumentos mais práticos contendo metas, objetivos,
diretrizes e indicadores viáveis.

No âmbito da Reserva da Biosfera do Espinhaço foram realizadas quatro oficinas do PEPB, nos
municípios de Caetanópolis, Diamantina, Governador Valadares e Montes Claros, estrategicamente
selecionados devido, principalmente, às questões logísticas. Contando com a participação de atores de
diversas instituições da sociedade civil organizada e do poder público, foram debatidos os principais
entraves, bem como as demandas para a conservação da biodiversidade em suas respectivas áreas de
atuação, relacionados à investigação científica, conservação da biodiversidade, agrobiodiversidade,
sociobiodiversidade, educação ambiental, impactos ambientais e instrumentos jurídico-normativos.

Em relação à temática “Investigação Científica”, um dos principais entraves identificados foi a carência
de integração entre instituições de pesquisa, órgãos públicos e privados e comunidade, sendo sugerida
a necessidade de promoção de eventos, a definição de prioridades e o desenvolvimento de pesquisas.
Foram citados como iniciativas de sucesso na região o projeto Espinhaço Sempre Vivo, que identificou as
Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço e o projeto Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço: Alto
Jequitinhonha-Serra do Cabral, região identificada com uma grande lacuna do conhecimento para
pesquisas prioritárias, e Espinhaço Meridional: Serra do Cipó.

Em relação à temática “Conservação da Biodiversidade”, as principais demandas levantadas foram com


relação à avaliação de categorias das UCs a serem criadas e aquelas já existentes, além da
necessidade de consolidação das Unidades de Conservação já existentes, principalmente em relação à
regularização fundiária, à melhoria de infraestrutura, à elaboração e revisão dos Planos de Manejo e à
consolidação dos Conselhos Consultivos. Nesse sentido, destacou-se o Parque Estadual do Pico do
Itambé, uma das UCs inseridas no Mosaico da Serra do Espinhaço que vem tendo sucesso no processo de
regularização fundiária por meio de recursos da compensação ambiental.

Em relação ao tema “Sociobiodiversidade”, um dos principais entraves encontrados na região dizem


respeito à restrição ao acesso dos recursos da sociobiodiversidade pelas comunidades
tradicionais/locais e a necessidade de regulamentação da atividade de extrativismo e valorização dos
produtos da sociobiodiversidade. Para contribuir com a solução destes entraves são considerados atores
fundamentais os representantes das comunidades tradicionais da Reserva da Biosfera Espinhaço, além
de outros setores como as Secretarias de Meio Ambiente, Turismo e Cultura, e a EMATER, por exemplo.

216
4.3. DEMONSTRAÇÃO DE METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
PARA A REGIÃO

Para impulsionar o desenvolvimento econômico e humano de maneira social, cultural e ecologicamente


sustentável no território proposto para a Fase 2 é fundamental considerar o maior distanciamento desses
municípios da capital do estado de Minas Gerais (Belo Horizonte). O território da Fase 2 possui um IDH
mais baixo, quando comparado aos municípios contemplados na Fase 1. Esse fato impõe uma
configuração estratégica mais ajustada à essa realidade. Nesse novo cenário a opção será uma
abordagem com maior sintonia à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Considerando que os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são integrados e indivisíveis, e


mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e
ambiental, os componentes que impulsionam o desenvolvimento sustentável na Serra do Espinhaço
buscam engajar os diversos setores nessa construção. Para a demonstração dessas metodologias a
seguir são elencadas ações de sustentabilidade na região de ampliação em consonância com os ODS.

FIGURA 68: OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - “TRANSFORMANDO NOSSO MUNDO: A AGENDA 2030 PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”.

217
TABELA 32: ALINHAMENTO DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM PROJETOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS IMPLEMENTADAS NO TERRITÓRIO DA
RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2.

I – ERRADICAÇÃO DA POBREZA

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Fundo de Combate à Pobreza (FCP) O Fundo de Combate à Pobreza ou FCP, previsto no artigo 82 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição
Federal, foi criado com a intenção de minimizar as desigualdades sociais nos Estados brasileiros.
Plano de Desenvolvimento Econômico e Social Trabalhar com a qualificação dos jovens e com o desenvolvimento da população rural para combate à pobreza e extrema pobreza
Sustentável
Programa “Novos Encontros” Programa do Governo de Minas Gerais de combate à pobreza no campo.
Programa Bolsa Família O PBF é tecnicamente chamado de mecanismo condicional de transferência de recursos. Consiste na ajuda financeira às famílias
pobres (definidas como aquelas que possuem renda per capita de R$ 85,00 a R$ 170,00) que tenham em sua composição gestantes
e crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos e extremamente pobres (com renda per capita até R$ 85,00).
Programa Crédito Fundiário e Banco da Terra O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca
(PNCF) terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. Os recursos ainda são usados na estruturação da propriedade
e do projeto produtivo e na contratação assistência técnica e extensão rural (Ater).
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado pelo art. 19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, possui duas
finalidades básicas: promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar.
Programa de Combate à Pobreza Rural Uma parceria entre a Emater, o Governo de Minas Gerais e o Banco Mundial, esta iniciativa visa beneficiar 21,5 mil famílias dos
(PCPR) Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas.
Programa de Apoio à Produção Sustentável, Prevê ações, projetos e outras iniciativas voltadas ao apoio à produção sustentável, agregação de valor e comercialização de
Agregação de Valor e Comercialização- Do produtos da agricultura familiar e da reforma agrária.
Campo à Mesa (ALMG).
Programa “Artesanato em Movimento” – Tem o objetivo de despertar o espírito empreendedor, organizar o setor produtivo e profissionalizar os artesãos.
Governo de Minas Gerais

II – FOME ZERO E AGRICULTURA SUSTENTÁVEL


218
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da
nutrição e promover a agricultura sustentável.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Centro de Agricultura Alternativa do Norte de
Programa do Governo de Minas Gerais de combate à pobreza no campo.
Minas (CAA)
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável - CNDRS, órgão colegiado integrante da estrutura regimental do
Conselhos Municipais de Desenvolvimento Ministério do Desenvolvimento Agrário, tem por finalidade deliberar sobre o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável -
Rural Sustentável (CMDRS) PNDRS, que se constituirá das diretrizes, dos objetivos e das metas dos Programas Nacional de Reforma Agrária, Fundo de Terras e
Reforma Agrária - Banco da Terra, de Fortalecimento da Agricultura Familiar e de Geração de Renda do Setor Rural.
O Pronaf foi criado em 1996, através do Decreto 1.946, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da agricultura
Programa Nacional de Fortalecimento da
familiar", por meio de políticas de crédito aos agricultores familiares, do programa Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) –
Agricultura Familiar - Pronaf
que busca fomentar a geração de renda pela agroindústria, turismo rural, biocombustíveis, plantas medicinais, cadeia produtiva,
Crédito Rural
seguro agrícola, seguro de preço e seguro contra calamidade por seca na Região Nordeste.
Visa impulsionar a apicultura na região. O espaço será voltado para o recebimento, classificação e industrialização do produto e
seus derivados. Os investimentos somam R$ 494 mil, sendo R$ 400 mil do Programa Nacional do Crédito Fundiário do MDSA e R$
Entreposto de Mel em Bocaiúva
94 mil do Ministério da Integração Nacional (MI). O entreposto estimula a organização social e cooperativa dos apicultores, com a
melhoria das condições socioeconômicas das famílias dos produtores, e promove o uso sustentável dos recursos naturais.
Escolas de Família Agrícola (EFA’s) -
Experiência pedagógica direcionada aos adolescentes da área rural, incluindo educação básica e profissional, formação de
Veredinha, Taiobeiras, Catas Altas da
lideranças e prevenção do êxodo rural.
Noruega
Criado para promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e garantir alternativas de geração de renda para as
Plano Nacional para a Promoção das Cadeias comunidades rurais, por meio do acesso às políticas de crédito, assistência técnica e extensão rural, a mercados e aos instrumentos
de Produtos da Sociobiodiversidade (PNBSB) de comercialização e à política de garantia de preços mínimos.

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca
Programa Nacional de Crédito Fundiário e
terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. Os recursos ainda são usados na estruturação da propriedade
Banco da Terra (MDA)
e do projeto produtivo e na contratação assistência técnica e extensão rural (Ater).
Programa de Apoio à Produção Sustentável,
Lei nº 22942/2018 - Dispõe sobre a revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental – PPAG – 2016-2019, para o exercício
Agregação de Valor e Comercialização- Do
2018. Ações: Garantia de Renda Mínima aos Agricultores Familiares11; Fomento à Apicultura12.
Campo à Mesa (ALMG)
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)13 O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado pelo art. 19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, possui duas

11 GARANTIA DE RENDA MÍNIMA AOS AGRICULTORES FAMILIARES: Finalidade: apoiar a inclusão produtiva e a garantia de renda mínima a famílias em situação de extrema
pobreza e a famílias vulneráveis à insegurança alimentar e nutricional devido à perda de produção agrícola por intempéries.
12 FOMENTO À APICULTURA: Finalidade:apoiar a implantação e consolidação de estruturas de produção de mel e derivados, com estímulo à gestão coletiva, proporcionando a

geração de emprego e renda e a segurança alimentar do agricultor familiar.


219
finalidades básicas: promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar.
Programa Estadual de Cooperativismo da
Agricultura Familiar e Agroindústria Familiar Apoiar a estruturação das cooperativas da agroindústria familiar com equipamentos, veículos, softwares, infraestrutura
(ALMG)
Parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social e a Emater-MG, cujos beneficiários são crianças de 2 a 7 anos, idosos a partir
Programa Fome Zero – Um Leite pela Vida de 60 anos, gestantes e nutrizes e entidades sociais. Trata-se de um subprograma do FOME ZERO voltado para o combate à fome
e desnutrição de 700.000 famílias e 4.600.000 pessoas do meio rural e de periferias urbanas de 600 municípios.
Programa “Minas Sem Fome” lançado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, através da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater MG.
Programa Nacional de Alimentação Escolar Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a
(PNAE) estudantes de todas as etapas da educação básica pública.
Programa de complementação alimentar do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), em Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Somente em Janaúba, vinte entidades são beneficiadas pelo programa,
Programa VitaVida
que distribui complemento alimentar desidratado, produzido a partir de excedentes de legumes, cereais e frutas doados por
produtores agrícolas e comerciantes.
Iniciativa da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento que visa apoiar o assentamento de produtores rurais no
Projeto Jaíba projeto, reestruturando e revitalizando seus processos produtivos. promover o desenvolvimento sustentável da agricultura na área do
projeto, visando consolidar o polo agroindustrial e aumentar a participação da região nos mercados interno e externo,
principalmente de frutas.
Convênio entre o Governo de Minas Gerais e o Ministério da Integração Social, que possibilitará um aumento de 35 mil hectares em
Projeto Jequitaí
área de produção agrícola irrigada
Visa garantir o direito humano à alimentação saudável, adequada e solidária; para alunos das escolas públicas estaduais de
Programa “Cultivar, Nutrir e Educar” educação básica, garantindo ainda o fortalecimento da agricultura familiar, com o mínimo de 30% dos recursos repassados pelo
FNDE para o PNAE, na aquisição da merenda escolar advindos da agricultura familiar.
Dia Estadual da Agricultura Familiar (Minas A norma, oriunda do Projeto de Lei (PL) 742/11, buscou dar visibilidade a um segmento que nem sempre recebeu a atenção
Gerais) necessária do poder público.

III – BOA SAÚDE E BEM-ESTAR

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em


todas as idades.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO

13 Para o alcance de seus dois objetivos, o PAA compra alimentos produzidos pela agricultura familiar, com dispensa de licitação, e os destina às pessoas em situação de insegurança
alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede socioassistencial, pelos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica de ensino.

220
Parceria com o Governo Federal para universalização do acesso à água para consumo humano e para a produção agrícola em
Projeto Estratégico Água para Todos áreas rurais. Já foram investidos R$ 140 milhões. São 12.260 intervenções concluídas, que englobam a implantação de 5.287
cisternas de polietileno, 6.468 cisternas de placas, 482 cisternas de placas para produção agrícola e construção de 23 barreiros.
Possui o objetivo de mobilizar, sensibilizar e informar a população mineira, em conjunto com as Regionais de Saúde, sobre as
Programa Permanente da Dengue -
doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti - Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, sempre apoiando os municípios para o
Secretaria Estadual de Saúde
fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Programa Estadual de Assistência fornece os medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os mineiros, contemplando assim ações voltadas à clínica e
Farmacêutica também ao apoio aos municípios.
Rede de Teleassistência de Minas Gerais Parceria de sete universidades públicas que tem por objetivo desenvolver, implementar e avaliar sistemas de telessaúde, como o
(RTMG)14 telediagnóstico15.
O Estratégia de Saúde da Família visa a reversão do modelo assistencial vigente, onde predomina o atendimento emergencial ao
“Programa” Estratégia Saúde da Família
doente, na maioria das vezes em grandes hospitais.

IV – EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover


oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Apoio aos Projetos Profissionais dos Jovens
Possui como objetivo fomentar e financiar os projetos profissionais dos jovens egressos das escolas famílias agrícolas e de escolas
Egressos das Escolas Famílias Agrícolas (EFAS)
técnicas agrícolas, com o objetivo de oferecer alternativas para sua permanência no campo, promovendo assim a sucessão rural.
- e de Escolas Técnicas Agrícolas.
A ação visa desenvolver um ensino diferenciado e específico para as escolas estaduais em áreas remanescentes de quilombos,
Programa Educação do Campo, Indígena e
propondo currículos e metodologias que valorizem suas especificidades culturais e sociais, melhoria da infraestrutura escolar e
Quilombola (ALMG)
adequação das estruturas pedagógicas e organizacionais destas escolas.
Um dos destaques do SENAR MINAS são os programas voltados para a formação dos jovens, como o Minas Jovem Rural, que busca
“Profissional do Futuro” – FAEMG apoiar o processo sucessório na agricultura familiar, preparando aqueles que quiserem assumir os negócios no campo. A iniciativa
contempla três eixos: a formação do cidadão para o agronegócio e a preparação de lideranças.
Objetivo de colaborar com a inserção do jovem no mercado de trabalho, oferecendo visão empreendedora do negócio e, dessa
Programa “Jovem no Campo”
forma, estimulando a economia no campo, com a consequente redução do êxodo rural.

14 As instituições participantes são o Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), centro coordenador da Rede, Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) Campus Cento-Oeste “Dona Lindu” (CCO) localizado em Divinópolis e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM).
15 O telediagnóstico é diagnóstico efetuado a distância, ou como definido pelo Ministério da Saúde, serviço “que utiliza as tecnologias da informação e comunicação para realizar

serviços de apoio ao diagnóstico através de distâncias geográfica e temporal” (Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011, do Ministério da Saúde).
221
Tem o propósito de fortalecer atividade no campo. Por meio do programa, é possível fazer o levantamento das oportunidades e
Programa Agente de Turismo Rural recursos, pontos fortes e fracos, bem como da infraestrutura do lugar e dos atrativos histórico, turísticos e culturais. A iniciativa conta
com parceria da FECITUR (Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais).
Programa “Travessia Nota 10” Universalizar a alfabetização de jovens e adultos.

V – IGUALDADE DE GÊNERO

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e


meninas.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Financiamento à mulher agricultora integrante de unidade familiar de produção enquadrada no Pronaf, independentemente do
Pronaf Mulher
estado civil.
Visa contribuir para a emancipação produtiva e econômica e melhoria da qualidade de vida das mulheres do campo, considerando
Apoio à Inclusão Produtiva e Autonomia
os problemas históricos relacionados à questão de gênero. Unidade Orçamentária: Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômica das Mulheres no Campo
Agrário.
Promove a igualdade entre os gêneros e estabelece formas para prevenir, coibir e eliminar a discriminação direta e indireta contra
a mulher. Dispõe sobre a promoção da igualdade entre os gêneros e acrescenta dispositivo à Lei n° 11.039, de 14 de janeiro de
Lei 21.043/13, de Minas Gerais
1993, que impõe sanções a firma individual e à empresa jurídica de direito privado em cujo estabelecimento seja praticado ato
vexatório, discriminatório ou atentatório contra a mulher e dá outras providências.
Instrumento que reforça o princípio de que em um Estado plenamente democrático a condição da participação social, sobretudo das
Plano Nacional de Políticas para Mulheres
mulheres, é constitutiva de todas as fases do ciclo das políticas públicas.
Fundo Municipal dos Direitos da Mulher O FMDM tem a finalidade de captar, repassar e aplicar recursos destinados a proporcionar suporte financeiro na implantação,
(FMDM) – Itabira: Lei 5.022/2018 manutenção e desenvolvimento de programas, projetos e ações voltados à mulher em Itabira.
Plataforma Cidade 50-50: Todas e Todos
Plataforma Cidade 50-50 é ferramenta para incentivar paridade de gênero nas esferas de poder.
pela Igualdade/ONU Mulheres (Itabira)
Programa da Fundação Oswaldo Cruz, coordenado pela socióloga e jornalista Elizabeth Fleury, realizou campanhas, promoveu
Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça seminários e publicou o “Dicionário Feminino da Infâmia – acolhimento e diagnóstico de mulheres em situação de Violência” pela
Editora Fiocruz.
A Associação das Caminhantes da Estrada Real (ACER) é uma entidade sem fins lucrativos que promove, realiza e coordena
caminhadas com grupo de 80 mulheres, empresárias, professoras mestras e doutoras, políticas, juízas, arquitetas, jornalistas,
Associação das Caminhantes da Estrada Real enfermeiras, pedagogas, artistas plásticas, advogadas, dentre outras, no roteiro da Estrada Real. Estimula-se, no trajeto, o
desenvolvimento das comunidades visitadas, atuando nas áreas de cultura, educação, meio ambiente, turismo e promovendo ações
destinadas à preservação e à valorização dos patrimônios históricos, artísticos e socioambientais.

222
VI – ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO

Objetivo 6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento


para todos.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Projeto Estratégico Água para Todos (Montes
Universalização do acesso à água para consumo humano e para a produção agrícola em áreas rurais.
Claros)
Programa Saneamento Para Todos
Promover bem-estar social, principalmente as condições de saúde, por meio do acesso adequado ao saneamento básico pela
Projeto 1: Saneamento de Minas; 2. Projeto:
implantação, ampliação e melhoria dos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e destinação final de resíduos
Vida no Vale; 3. Processo: Saneamento
sólidos, inclusive através da construção de fossas sépticas e módulos sanitários, visando a universalização desse acesso.
Básico: Copasa
Financiada pela Funasa (2017), este projeto de R$ 13 milhões financiados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o município
Estação de Tratamento de Esgoto de
de Taiobeiras conseguiu construir toda rede de esgoto, bem como uma estação de tratamento. Inaugurado em 2013, o sistema de
Taiobeiras
esgotamento sanitário tem capacidade para atender todo o contingente populacional da cidade, em torno de 34 mil habitantes.
Estabelecer mecanismos de conservação da biodiversidade na região da Serra da Moeda, tem como foco a conservação de áreas
Projeto Oásis (Brumadinho)
naturais e seus consequentes benefícios à disponibilidade e à qualidade de água na região.
Projeto Nascentes do Rio Doce Recuperação de 1.000 hectares em 40 propriedades em Presidente Bernardes e Senhora de Oliveira.
Promoção do aumento da produção e melhoria da qualidade das águas no município de Igarapé – MG, a partir da recuperação e
Projeto O Guardião dos Igarapés preservação dos sistemas hídricos na Sub-bacia do Córrego Estiva, contribuinte do Sistema Serra Azul de abastecimento público de
água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, por meio da gestão ambiental das propriedades.
A proposta do programa é o tratamento da água retirada dos poços artesianos que abastecem os municípios e comunidades,
retirando o salobridade e salinidade da água, tornando-a própria para o consumo humano. Atendimento a todos os 85 municípios
Programa Água Doce
que compõem o semiárido mineiro. Ressalta-se que o programa abrange os ODS 6, 12. 13, 14, 15 e 17. Lançamento ocorreu em
Montes Claros.

VII – ENERGIA LIMPA E ACESSÍVEL

223
Objetivo 7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável
para todos.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Projetos de Energia Solar no Norte de Minas A geração de energia solar voltaica no norte de Minas Gerais tem o objetivo, por meio da tecnologia, de geração empregos e
Gerais elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de uma das regiões mais carentes do estado.
Normatiza o Plano de Regularização de Créditos Tributários relativos ao ICMS. Trata da isenção do Imposto Sobre Circulação de
Lei Nº 22.549/17, de 30 de junho de 2017
Mercadorias e Serviços (ICMS) para todo conjunto de equipamentos de geração de energia solar fotovoltaica.
Criação do Centro de Excelência de Energia Criado pela Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Norte de Minas (Fundetec). Além disso, a Adenor e outras entidades de
Fotovoltaica do norte de Minas Gerais classe pretendem discutir a concessão de incentivos para atrair uma nova fábrica de painéis solares em Montes Claros.
A EBES (Empresa Brasileira de Energia Solar) busca por regiões de Minas Gerais com boa insolação e condições técnicas para
construir uma fazenda solar. Em seguida, a EBES divide essa fazenda em lotes de placas solares e os disponibiliza para locação por
Projeto “Fazendo Solar”
qualquer cliente comercial de Minas Gerais, atendido pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Todo final de mês, a
Cemig contabiliza os créditos de energia produzidos pelo lote e os debita da conta de luz.
Ferramenta que visa atrair investidores em energias alternativas no estado de Minas Gerais, uma vez que apresenta pesquisa
Atlas Solarimétrico de Minas Gerais
detalhada do potencial energético e das áreas de maior incidência de raios solares.

VIII – TRABALHO DECENTE E CRESCIMENTO ECONÔMICO

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,


emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Promover ações de desenvolvimento econômico a partir de diversas atuações colaborativas de integração regional, buscando
Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais oferecer vantagens competitivas, fomentando os negócios regionais, desenvolvendo o turismo e gerando emprego e renda,
(ALMG) intensificando o crescimento do PIB regional, além de facilitar o deslocamento de moradores do interior a belo horizonte, permitindo
que tenham acesso a eventos e serviços disponíveis na capital.
Apoio à Permanência do Jovem no Campo e à Promover condições para a permanência do jovem no meio rural e estimular a participação social deste público, por meio de
Continuidade da Agricultura Familiar (ALMG) atividades relativas a capacitação, geração de renda e difusão de conhecimentos tradicionais e sustentáveis da agricultura familiar.
Tem como objetivo gerar oportunidades de educação para a promoção da saúde e prevenção de doenças de homens do meio
Programa Saúde do Homem Rural
rural, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida.

224
IX – INDÚSTRIA, INOVAÇÃO E INFRAESTRUTURA

Objetivo 9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva


e sustentável, e fomentar a inovação.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
O Programa Mapeando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável na Mineração, lançado em setembro de 2017, pela
SGM/MME tem como objetivos básicos mapear as ações das empresas de mineração que convergem para um ou mais dos 17 ODS,
WORKSHOP: “Mapeando os Objetivos do
além de elaborar e dar ampla divulgação a um documento que retrate: a atuação das empresas de mineração nos ODS; uma
Desenvolvimento Sustentável (ODS) na
análise da convergência dessas ações para o desenvolvimento sustentável local e regional. Como premissa básica, ficou
Mineração Brasileira”.
estabelecido que a metodologia de desenvolvimento do programa deveria ser construída em conjunto com o setor mineral, em
quatro seminários nacionais.
É de fundamental importância que os municípios tenham uma perfeita compreensão do Ciclo da mineração, a fim de
Grupo de Trabalho Internacional sobre
compatibilizarem suas demandas por recursos e parcerias. Por outro lado, é necessário aumentar, por parte da sociedade, a
Mineração em Reservas da Biosfera
exigência por uma eficiência administrativa pública municipal.
Oferece de forma prática e gratuita, através de sua página eletrônica na Internet, a oportunidade de negociação em tempo real
Bolsa de Resíduos (SIBR) – FIEMG
de diversos resíduos, agregando valor aos mesmos e evitando gastos com disposição final.
Desenvolvido pela FIEMG em parceria com a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) e com o Centro Mineiro de Referência
Programa Mineiro de Simbiose Industrial
em Resíduos (CMRR) o Programa Mineiro de Simbiose Industrial (PMSI) é a versão brasileira do britânico NISP (National Industrial
(PMSI) – FIEMG
Symbiosis Programme), cujo objetivo é promover interações lucrativas entre empresas de todos os setores da indústria.
Com a finalidade de alinhar o posicionamento e qualificar os representantes do setor industrial no Sistema Estadual de
Rede Mineira de Recursos Hídricos da
Gerenciamento de Recursos Hídricos – (SEGRH), a rede foi criada em 2013 e é coordenada pela FIEMG. Ela é composta por
Indústria
Indústrias, Minerações, Associações e Sindicatos.
Criado em 1999 e ligado ao Sistema FIEMG, o Instituto Estrada Real (IER) tem como objetivos organizar, fomentar e gerenciar o
Estrada Real e a RBSE: Caminhos Históricos e produto turístico da Estrada Real (ER). A Estrada Real é um antigo caminho, aberto há mais de 300 anos pela Coroa Portuguesa e,
Promotores do Desenvolvimento de Minas hoje, é a maior rota turística do país. São mais de 1.630 km de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Gerais Um dos pontos mais fortes da Estrada Real é a sinalização através de seus marcos. São ao todo 1.926 marcos em seu eixo principal
e, dentro dos limites da área de estudo, existem vários marcos instalados demarcando a rota turística.

X – REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES

225
Objetivo 10. Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Programa Bolsa Família O PBF é tecnicamente chamado de mecanismo condicional de transferência de recursos. Consiste na ajuda financeira às famílias
pobres (definidas como aquelas que possuem renda per capita de R$ 85,00 a R$ 170,00) que tenham em sua composição gestantes
e crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos e extremamente pobres (com renda per capita até R$ 85,00).
Apoiar e fomentar o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais (PCTS) com o objetivo de superar a pobreza
Acesso à Terra e Desenvolvimento Sustentável no meio rural e urbano desses grupos, contribuindo, por meio do incentivo à utilização de iniciativas coletivas, para o acesso à terra,
de Povos e Comunidades Tradicionais a produção sustentável, a agregação de valor e comercialização dos produtos dos PCTS e a valorização identitária e cultural
destes povos.
O programa “Novos Encontros” está sendo implantado em 797 municípios de todas as regiões do estado de Minas Gerais e tem
Programa “Novos Encontros” como meta promover a cidadania, participação social e desenvolvimento sustentável em parceria com as prefeituras e entidades da
sociedade civil.
Realizado pela Secretaria de Estado da Cultura, seu objetivo é a descentralização de investimentos para o interior de Minas, como
Programa “Minas Território da Cultura”
nos municípios do Norte de Minas Gerais. Janaúba e Montes Claros já receberam o programa.
O Programa Brasil Quilombola foi lançado em 12 de março de 2004, com o objetivo de consolidar os marcos da política de Estado
Programa “Brasil Quilombola” para as áreas quilombolas. Como seu desdobramento foi instituída a Agenda Social Quilombola (Decreto 6261/2007), que agrupa
as ações voltadas às comunidades em várias áreas de atuação.
Projeto de Cooperação Internacional, por meio de uma parceria com MDA, EMBRAPA; IPEA; Secretaria-Geral Ibero-Americana
(SEGIB); UNIFEM; e Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA); e Agência Brasileira de Cooperação do
Projeto “Quilombos das Américas –
Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE). Ele tem como objetivo geral a promoção da soberania alimentar e a ampliação do
Articulação de Comunidades Afrorrurais”
acesso aos direitos econômicos, sociais e culturais de comunidades afrorrurais nas Américas, buscando fomentar a construção de rede
de cooperação interinstitucional.
Estratégia criada pela SEPPIR para identificar os produtos oriundos de Comunidades Quilombolas, como verduras, legumes, polpas
Selo “Quilombos do Brasil”
de frutas, laticínios e artesanato, promove maior valorização étnico-cultural, além de possibilitar novos espaços de comercialização.

XI – CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,


resilientes e sustentáveis.

226
PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Programa “Bolsa Verde” O Bolsa Verde tem por objetivo apoiar a conservação da cobertura vegetal nativa em Minas Gerais, mediante pagamento por
serviços ambientais aos proprietários e posseiros que já preservam ou que se comprometem a recuperar a vegetação de origem
nativa em suas propriedades ou posses.
Programa Desenvolvimento Econômico de A ação visa promover intervenções que possibilitem a recuperação de áreas degradadas, nascentes de rios, seus afluentes e matas
Minas Gerais – Gestão Ambiental ciliares, bem como a arborização urbana, contemplando os 17 territórios de desenvolvimento definidos pelo governo.
Estruturar os destinos prioritários para potencializar o desenvolvimento socioeconômico e a competitividade turística dos municípios,
Programa Estruturação de Destinos e Prodetur
visando o fortalecimento institucional, o ordenamento municipal e, por meio do Prodetur nacional, ofertar o acesso da população aos
Nacional de Minas Gerais
serviços urbanos e qualificação dos produtos e atrativos turísticos, ampliando o fluxo de turistas e a geração de emprego e renda.
Realização conjunta da Rede Nossa São Paulo, da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e do Instituto Ethos.
Propõe a promoção, a partir das prefeituras, de sinergias entre os avanços científico-tecnológico, sociocultural e institucional, que
harmonizem os processos e impactos do desenvolvimento em nível local, tornando-o sustentável. Além disso, objetiva estimula a
Programa Cidades Sustentáveis
participação social como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de cada região, aproveitando a troca de
informações e experiências em níveis local e global. Cidades Participantes e que fazem parte da RBSE Fase 2: Nova União, Betim,
Itabira, Itacambira, Nova Lima, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Rio Piracicaba, São Gonçalo do Rio Abaixo.

XII – CONSUMO E PRODUÇÃO RESPONSÁVEIS

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Do Campo à Mesa (ALMG) – “Apoio às Feiras Apoiar a implantação, revitalização e modernização de feiras livres da agricultura familiar e urbana, de maneira a viabilizar os
Livres da Agricultura Familiar” circuitos curtos de comercialização, dinamizar a economia local dos municípios, gerar trabalho e renda para os agricultores por meio
do escoamento da produção e contribuir para a segurança alimentar e nutricional sustentável por meio do acesso da população a
alimentos frescos, de qualidade e com preços mais acessíveis.
Do Campo à Mesa (ALMG) – Apoio ao
Promover a deliberação, o monitoramento, o controle e apoio à execução de políticas públicas estaduais que contemplem e
Agroextrativismo e Fortalecimento dos Povos
assegurem as diretrizes do programa mineiro de incentivo ao cultivo, à extração, ao consumo, à comercialização e à transformação
que Trabalham com Frutos e Produtos Nativos
do pequi e demais frutos e produtos nativos do cerrado - Pró-Pequi.
do Cerrado e da Caatinga
Do Campo à Mesa (ALMG) – Fomento à
Aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida de agricultores familiares e consumidores, por meio do apoio à transição
Produção Sustentável da Agricultura, Criação
agroecológica, entendida como um processo gradual de mudança dos métodos produtivos, e de substituição das técnicas de
Animal, Extrativismo e Pesca Familiar –
produção não sustentáveis e nocivas ao meio ambiente.
Transição Agroecológica.
Do Campo à Mesa (ALMG) – Feira Estadual Realizar uma feira estadual da agricultura familiar, tendo como objetivo fortalecer a comercialização de seus produtos e expandir
da Agricultura Familiar - AGRIMINAS o acesso aos mercados.
227
Tem como objetivo fomentar dinâmicas e ações no curto, médio e longo prazo, principalmente nas ações da indústria. Em Minas
Programa Consumo e Produção Sustentáveis
Gerais, o programa é fomentado principalmente pela FIEMG.

XIII – AÇÃO CONTRA A MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus
impactos.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009 - Esta Lei institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e estabelece seus princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos.
República Federativa do Brasil
Programa “Bolsa Verde” O Bolsa Verde tem por objetivo apoiar a conservação da cobertura vegetal nativa em Minas Gerais, mediante pagamento por
serviços ambientais aos proprietários e posseiros que já preservam ou que se comprometem a recuperar a vegetação de origem
nativa em suas propriedades ou posses.
Tem como objetivo compensar os municípios que possuem porções de seu território comprometidas com unidades de conservação que
ICMS Ecológico implicam restrições de uso do solo, e incentivar a criação, implantação e manutenção destas unidades de conservação pelos próprios
municípios, contribuindo para descentralizar e consolidar a política de proteção de ecossistemas naturais.
Lei nº 10.175, de 6 de maio de 2011, de
Institui a Política Municipal de Belo Horizonte de mitigação dos efeitos da mudança climática.
Belo Horizonte
Decreto nº 45.229, de 3 de dezembro de Regulamenta medidas do Poder Público do Estado de Minas Gerais referentes ao combate às mudanças climáticas e gestão de
2009, de Minas Gerais emissões de gases de efeito estufa e dá outras providências.
Contém o Estatuto da Fundação Estadual do Meio Ambiente. A Feam tem como competência desenvolver e implementar as políticas
Decreto nº 47.347, de 24 de janeiro de
públicas relativas à mudança do clima, às energias renováveis, à qualidade do ar, à qualidade do solo e à gestão de efluentes
2018, de Minas Gerais.
líquidos e de resíduos sólidos.

XIV – VIDA NA ÁGUA

228
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Tem como princípios desenvolver ações na conservação dos recursos: solo / água / vegetação. Consistem basicamente em técnicas
Programa de Revitalização das Sub-bacias
para conter e mitigar a destinação, deposição e acúmulo de sedimentos nos cursos d'águas provenientes de processos erosivos dos
do Rio São Francisco
leitos de estradas e solos agrícolas.
Projeto Plantando Rios (Ministério do Meio Pretende reflorestar as matas ciliares de nascentes e mananciais.
Ambiente)
Lei nº 15.082, de 27 de abril de 2004, de Dispõe sobre rios de preservação permanente e dá outras providências. Consideram-se rios de preservação permanente os cursos
Minas Gerais (Rios de Preservação de água ou trechos destes com características excepcionais de beleza ou dotados de valor ecológico, histórico ou turístico, em
Permanente) ambientes silvestres naturais ou pouco alterados.
Programa Produtor de Água - Agência O programa funciona por meio de adesão voluntária de produtores rurais que se proponham a adotar práticas e manejos
Nacional das Águas (ANA) conservacionistas em suas terras para conservação de solo e água. 70% dos projetos encontram-se Minas Gerais e São Paulo.
Projeto Águas de Minas (IGAM) Monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, em execução desde 1997.
Áreas de Proteção Especial (APEs), em Minas Área protegida, cuja finalidade de preservação de mananciais no estado de Minas Gerais.
Gerais
O Projeto Manuelzão é um projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, que busca a revitalização da bacia do
Rio das Velhas, o maior afluente do rio São Francisco, englobando parcerias com 51 municípios e com o governo do estado
Projeto Manuelzão (UFMG)
brasileiro de Minas Gerais.

Fundo de Recuperação, Proteção e Tem por objetivo dar suporte financeiro a programas e projetos que promovam a racionalização do uso e a melhoria dos recursos
Desenvolvimento Sustentável das Bacias hídricos, quanto aos aspectos qualitativos e quantitativos, inclusive os ligados à prevenção de inundações e ao controle da erosão do
Hidrográficas do Estado de Minas Gerais – solo, em consonância com as Leis Federais 6.938/1981 e 9.433/1997, e com a Lei Estadual nº 13.199/1999.
FHIDRO

XV – VIDA TERRESTRE

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas


terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.
PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Programa “Bolsa Verde” O Bolsa Verde tem por objetivo apoiar a conservação da cobertura vegetal nativa em Minas Gerais, mediante pagamento por
229
serviços ambientais aos proprietários e posseiros que já preservam ou que se comprometem a recuperar a vegetação de origem
nativa em suas propriedades ou posses.
Tem como objetivo compensar os municípios que possuem porções de seu território comprometidas com unidades de conservação que
ICMS Ecológico implicam restrições de uso do solo, e incentivar a criação, implantação e manutenção destas unidades de conservação pelos próprios
municípios, contribuindo para descentralizar e consolidar a política de proteção de ecossistemas naturais.
Documento “Biodiversidade em Minas Gerais: Documento que apresenta os critérios para a definição das áreas prioritárias para conservação da Biodiversidade do Estado, bem
um Atlas para sua Conservação” como as diretrizes e outras recomendações importantes para garantir a manutenção da qualidade ambiental e da diversidade
biológica do Estado
Mosaico de Unidades de Conservação – Lei Conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas
9985 (SNUC) protegidas públicas ou privadas”, cuja gestão deve ser feita de maneira conjunta e integrada.
Projeto de Proteção da Mata Atlântica
Tem o objetivo de promover ações de proteção, recuperação e uso sustentável na região da Mata Atlântica em Minas Gera
(PROMATA-MG)
PREVINCÊNDIO – Programa de Prevenção e Visa coordenar as ações de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais nas áreas protegidas sob responsabilidade do
Combate a Incêndios Florestais Estado de Minas Gerais, áreas de grande relevância ecológica e que colocam em risco o patrimônio e a comunidade mineira.

A estratégia de instituir e fortalecer os Bosques Modelo em Minas Gerais tem por finalidade a adoção de práticas sustentáveis,
Bosques-Modelo/IEF-MG minimizando os efeitos da fragmentação do ambiente e possibilitando a implantação de uma matriz mais favorável a manutenção
do equilíbrio ecológico do que o atual cenário de ocupação observado nas áreas.

XVI - PAZ, JUSTIÇA E INSTITUIÇÕES EFICAZES

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas par ao desenvolvimento


sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
Programa Pró-APAC As APACs – Associações de Proteção e Assistência aos Condenados são organizações da sociedade civil que atuam com os Tribunais
de Justiça e as Secretaria Estaduais de Segurança Pública na execução das penas de privação de liberdade de forma humanizada,
onde disciplina e confiança andam juntas para se chegar ao objetivo de potencializar a inclusão social de presos após o
cumprimento da pena.
Em uma iniciativa pioneira do Instituto Minas pela Paz em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a PUC Minas e o
Ministério da Cultura, realizou-se de 2011 a 2014 o projeto Acervos Museológicos – Democratização do Acesso e Formação de
Projeto “Acervos Museológicos”
Agentes Culturais. A iniciativa, se baseou em quatro pilares, levando aos alunos das escolas municipais de Belo Horizonte uma
formação mais universalista, aguçando sua sensibilidade para a arte.
Projeto “Além dos Muro” A Fundação AVSI e o Minas pela Paz desenvolveram o Projeto Além dos Muros, que objetivou o fortalecimento das Associações de
Proteção e Assistência aos Condenados (APACs) de Minas Gerais. A ação foi financiada pelo Instrumento Europeu para a

230
Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH), da União Europeia, o que demonstra o reconhecimento internacional da experiência
desenvolvida nas APACs mineiras, associações que favorecem a recuperação, tendo em vista a reintegração social do condenado.
O Minas Pela Paz desenvolve o projeto Trampolim, mobilizando diversos parceiros que atuam no sistema de atendimento
Projeto “Trampolim”16 socioeducativo. O principal objetivo do projeto Trampolim é promover a inclusão profissional e social de adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas e egressos no mercado de trabalho formal.

XVII - PARCERIAS E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO.

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global


para o desenvolvimento sustentável.

PROJETO/PROGRAMA/POLÍTICA DESCRIÇÃO
LEI ORDINÁRIA Nº 22942, DE 12 DE JANEIRO Atender ao conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS.
DE 2018 - revisão do Plano Plurianual de
Ação Governamental - PPAG - 2016-2019,
para o exercício 2018, conforme dispõe o art.
8º da Lei nº 21.968, de 14 de janeiro de
2016
Desenvolvido pela Fundação João Pinheiro (FJP), cuja finalidade é fornecer suporte à sustentabilidade do desenvolvimento local e
Programa de estudos, pesquisas, informações
regional por meio do enfoque territorial para o desenho, articulação, implementação e monitoramento das diferentes políticas
e dados estatísticos (ALMG)
públicas.
Os APL’s são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e vínculo
Arranjos Produtivos Locais (APLs)
entre si e com instituições públicas e privadas e outros atores sociais, entre os quais se estabelecem sinergias e relações de
cooperação.
Mosaico de Unidades de Conservação – Lei Conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas
9.985 (SNUC) protegidas públicas ou privadas”, cuja gestão deve ser feita de maneira conjunta e integrada.
A Rede Brasileira de Reservas da Biosfera foi criada em 1995 e é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). A Rede
Rede Brasileira de Reservas da Biosfera possui 7 Reservas da Biosfera: Serra do Espinhaço, Mata Atlântica, Cinturão Verde, Pantanal, Amazônia, Cerrado, Caatinga e
Espinhaço.

16O Trampolim é realizado em parceria com a Gerência de Coordenação das Medidas Socioeducativas da Prefeitura de Belo Horizonte, com a Subsecretaria de Atendimento às
Medidas Socioeducativas do Governo de Minas Gerais, com o Programa Se Liga e com as instituições profissionalizantes SENAI e ASSPROM (Associação Profissionalizante do Menor).

231
4.4. DIMENSÕES COMPATÍVEIS COM O CONCEITO DE RESERVA DA BIOSFERA

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço foi reconhecida pelo ofício da United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization SC-05/CONF.210/2 Add, em Paris, Room XIV (Bonvin Building), no
dia 24 de junho de 2005, através do Man and the Biosphere (MaB) Programme - Meeting of the Bureau
of the International Co-ordinating Council, UNESCO Headquarters. Em 2018, completa-se 13 anos, e,
neste momento, apresenta-se o documento de revisão e atualização dos limites e zoneamento da RBSE.

Para o atendimento aos marcos e legislação, bem como para a promoção da gestão do território de
10.218.895,20 hectares da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, são considerados os aspectos
de uso e ocupação do solo, em uma perspectiva histórica, considerando a ocupação neolítica, os sítios
arqueológicos e paleontológicos, as ocupações indígenas, os grandes ciclos econômicos (do ouro, do
diamante, do ferro e da siderurgia), as questões culturais, de conservação ambiental e de turismo.

Para tanto, o zoneamento da Reserva da Biosfera contempla em seus principais critérios para a
avaliação e monitoramento de ações na área da RBSE, integrando assim as três funções recomendadas
para uma Reserva da Biosfera.

TABELA 33: DADOS COMPARATIVOS DO ZONEAMENTO DAS FASES 1 E 2 DA RBSE.


FASES ZONAS NÚCLEO* ZONAS DE ZONAS DE
ÁREA TOTAL
AMORTECIMENTO* TRANSIÇÃO*
1 322.040,20 2.170.513,80 718.349,30 3.210.903,30
2 528.896,40 6.958.105,80 2.731.893,00 10.218.895,20
*Em hectares.

Os eixos de ocupação e conservação de aspectos naturais e antrópicos são claramente instituídos, seja
pelos processos de turismo, culturas tradicionais destacadas (geraizeiros, quilombolas, indígenas, dentre
outras), aspectos da gastronomia, a distribuição de biomas e espécies, os territórios de mineração e
urbanos, além das áreas protegidas. Desta forma, este mosaico de atributos compõe, em sua totalidade
a identidade maior da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, de forma integrada, com suas
lacunas e potencialidades de os temas de desenvolvimento, conservação e promoção do conhecimento
científico e tradicional.

4.4.1 ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO DOS


MUNICÍPIOS DA FASE II

Neste tópico, foram analisados os perfis demográficos e socioeconômicos dos municípios incorporados à
Fase 2 da RBSE. Na Tabela 34, são descritos os índices de acordo com dados coletados pelo IBGE e
sistematizados de forma a descrever, de modo geral, o perfil desses municípios, conforme levantamentos
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Deste modo, são apresentados: a área territorial de cada município a ser incorporado; a Densidade
Demográfica; as respectivas Taxas de Escolarização; os Índices de Esgotamento Sanitário Adequado; o
IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), que varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1
maior o desenvolvimento humano do município em questão. No Brasil, este índice segue as mesmas três
dimensões do IDH Global - longevidade, educação e renda, além de adequar a metodologia global ao
contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores nacionais. Já o Índice de GINI é um parâmetro
232
utilizado internacionalmente para medir a desigualdade de distribuição de renda. Assim como o IDHM,
ele apresentação variação entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo ao zero menor é a
desigualdade de renda e melhor a distribuição de renda; e quanto mais próximo de 1 maior é a
concentração de renda no município. Além destes, encontram-se salientados, também, a Mortalidade
Infantil, o PIB Per Capita, a porcentagem de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família e a
População Estimada para o município para o ano de 2017.

Posteriormente, as variáveis são analisadas isoladamente e representadas na forma de gráficos, de


modo a tornar mais clara a comparação entre elas e os dados do Brasil, do estado de Minas Gerais e
com a Capital do estado, Belo Horizonte. Além disso, incorporou-se na análise os ODS, a fim de
contextualizar de modo global os avanços e desafios referentes aos perfis demográficos e
socioeconômicos.

A importância de tal análise deve-se principalmente à especificidade em que se encontram alguns


destes municípios, principalmente os do Norte de Minas Gerais, o que contrapõe a presença de
municípios pertencentes a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os municípios da Fase 2
compreendem, assim, um território de assimetrias socioeconômicas, que tem como ponto de convergência
a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e o seu potencial de promoção do desenvolvimento local e
regional, de base conservacionista e sustentável.

233
TABELA 34: PERFIL DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS INCORPORADOS À FASE 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO.
ESGOTAME
MORTALID BENEFÍCIO
ÁREA DENSIDADE ESCOLARIZA NTO ÍNDICE POPULAÇÃO
MUNICÍPIOS IDMH ADE PIB PER CAPITA BOLSA
TERRITORIAL DEMOGRÁFICA ÇÃO SANITÁRIO DE GINI ESTIMADA
INFANTIL FAMÍLIA
ADEQUADO
18,52 óbitos
1.256,613 km² 10,10 hab/km² 36,4% 0,601 0.42 por mil R$ 12.545,79 42,12% 13.576 habitantes
ÁGUAS VERMELHAS 93,3 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
19 óbitos
243,329 km² 19,60 hab/km² 40,7% 0,582 0.38 por mil R$ 8.371,70 38,47% 5.192 habitantes
ARICANDUVA 98,1% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2013)
8,55 óbitos
587,106 km² 20,95 hab/km² 28,1% 0,628 0.42 por mil R$ 7.281,19 21,50% 12.360 habitantes
BERILO 98,9 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
22,73 óbitos
488,756 km² 8,94 hab/km² 16,2% 0,604 0.37 por mil R$ 8.136,27 43,00% 4.720 habitantes
BERIZAL 97,8 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
31,75 óbitos
301,865 km² 22,59 hab/km² 38,5% 0,637 0.43 por mil R$ 11.040,79 17,82% 7.020 habitantes
BONFIM 98,5 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
39 óbitos
1.568,884 km² 4,14 hab/km² 15,1% 0,602 0.42 por mil R$ 6.511,93 36,40% 6.540 habitantes
BOTUMIRIM 96,5 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2012)
12,96 óbitos
965,377 km² 36,05 hab/km² 58,1 % 0,653 0.41 por mil R$ 13.527,44 21,49% 37.867 habitantes
CAPELINHA 97,3 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
8,62 óbitos
95,333 km² 93,16 hab/km² 23,8 % 0,695 0.40 por mil R$ 8.045,35 10,55% 9.678 habitantes
CAPIM BRANCO 99,3 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
21 óbitos
1.456,095 km² 6,28 hab/km² 64,9 % 0,638 0.46 por mil R$ 16.917,87 21,31% 9.544 habitantes
CARBONITA 99,4 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2013)
20,83 óbitos
287,812 km² 17,73 hab/km² 0,621 0.36 por mil R$ 6.867,00 38,85% 5.151 habitantes
CATUTI 98,3 % (2010) 2,9% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
12 óbitos
42,355 km² 140,15 hab/km² 2,2 % 0,747 0.36 R$ 121.530,44 9,64% 6.608 habitantes
CONFINS 99,3 % (2010) por mil
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
nascidos
234
(2013)
13,99 óbitos
2.225,216 km² 11,70 hab/km² 17,9% 0.642 0.46 por mil R$ 7.339,22 34,48% 27.052 habitantes
CORAÇÃO DE JESUS 96,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
12,5 óbitos
840,702 km² 6,85 hab/km² 39,4% 0,583 0.44 por mil R$ 6.252,81 60,80% 6.042 habitantes
CRISTÁLIA 95,3 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
26 óbitos
167,164 km² 28,46 hab/km² 59,4 % 0,651 0.37 por mil R$ 10.715,22 15,98% 5.057 habitantes
CRUCILÂNDIA 98,6 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2013)
17,24 óbitos
570,950 km² 12,17 hab/km² 39,9% 0.585 0.33 por mil R$ 7.681,34 50,20% 7.623 habitantes
CURRAL DE DENTRO 96,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
11,01 óbitos
909,679 km² 66,20 hab/km² 25,2 % 0,671 0.34 por mil R$ 8.326,62 23,04% 69.010 habitantes
ESMERALDAS 97,3 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
14,74 óbitos
1.868,970 km² 16,65 hab/km² 2,2 % 0,627 0.41 por mil R$ 8.139,71 33,67% 32.214 habitantes
ESPINOSA 95,7 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
8,16 óbitos
2.747,295 km² 9,07 hab/km² 46,1 % 0,654 0.44 por mil R$ 11.411,27 26,85% 26.428 habitantes
FRANCISCO SÁ 98,8 (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
20,83 óbitos
167,474 km² 19,88 hab/km² 18,4 % 0,543 0.38 por mil R$ 7.279,66 42,36% 3.510 habitantes
FREI LAGONEGRO 96,6 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
30,3 óbitos
762,837 km² 7,79 hab/km² 0,7 % 0,544 0.41 por mil R$ 6.088,61 28,96% 5.709 habitantes
FRUTA DE LEITE 94,7 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
20 óbitos
199,797 km² 19,29 hab/km² 38,4 % 0,655 0.34 por mil R$ 11.162,17 27,32% 4.277 habitantes
FUNILÂNDIA 97,4 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2012)
40 óbitos
1.733,203 km² 2,97 hab/km² 0,650 0.44 por mil R$ 7.123,10 31,15% 5.246 habitantes
GAMELEIRAS 98,9 % (2010) 0,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
25,64 óbitos
145,861 km² 20,31 hab/km² 0,679 0.50 27,18% 3.160 habitantes
GLAUCILÂNDIA 99,8 % (2010) 24% (2010) por mil 8.036,07 (2015)
(2017) (2010) (2010) (2003) (2018) (2017)
nascidos
235
(2014)
10,93 óbitos
3.885,294 km² 3,87 hab/km² 32,5 % 0,604 0.47 por mil R$ 20.204,67 25,88% 15.931 habitantes
GRÃO MOGOL 96,7 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
19,07 óbitos
1.075,124 km² 29,08 hab/km² 72,8 % 0.686 0,41 por mil R$ 17.530,20 15,38 % 34.054 habitantes
GUANHÃES 98,5% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
19,23 óbitos
348,596 km² 29,33 hab/km² 0,623 0.39 por mil R$ 7.095,17 21,98% 10.542 habitantes
GUARACIABA 97,3 % (2010) 37,1 (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
28,99 óbitos
390,263 km² 12,09 hab/km² 15,4 % 0,677 0.44 por mil R$ 7.462,23 40,06% 5.001 habitantes
GUARACIAMA 95,8 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
11,36 óbitos
1.004,149 km² 7,30 hab/km² 16,9 % 0,610 0.38 por mil R$ 7.776,46 33,87% 7.524 habitantes
INDAIABIRA 97,8 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
14 óbitos
527,060 km² 12,82 hab/km² 18,7% 0,664 0,41 por mil R$ 8.563,19 21,24% 7.489 habitantes
INIMUTABA 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2013)
18 óbitos
1.788,445 km² 2,79 hab/km² 0,628 0.38 por mil R$ 10.157,46 33,12% 5.374 habitantes
ITACAMBIRA 95,3 % (2010) 7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2009)
20 óbitos
410, 468 km² 30,14 hab/km² 0,691 0.38 por mil R$ 16.328,41 9,57% 13.329 habitantes
ITAGUARA 96,4% (2010) 7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
8,12 óbitos
495,769 km² 172,38 hab/km² 96,2% 0,758 0.42 por mil R$ 26.934,94 6,03% 92.696 habitantes
ITAÚNA 98,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
8,11 óbitos
2.181,319 km² 30,63 hab/km² 15,2 % 0,696 0.40 por mil R$13.715,77 21,35% 71.653 habitantes
JANAÚBA 98,5 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
52,63 óbitos
445,030 km² 11,59 hab/km² 24,7 % 0,689 0.38 por mil R$16.841,45 19,78% 5.319 habitantes
JEQUITIBÁ 96,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
16,39 óbitos
JOSÉ GONÇALVES DE 381,332 km² 11,94 hab/km² 31,2 % 0,632 0.38 R$ 7.398,92 25,54% 4.631 habitantes
99,2% (2010) por mil
MINAS (2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
nascidos
236
(2014)
21,74 óbitos
541,393 km² 8,43 hab/km² 49,3 % 0,564 0.42 por mil R$ 8.141,97 38,20% 4.877 habitantes
JOSENÓPOLIS 96,1% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
6,4 óbitos
97,172 km² 223,04 hab/km² 51,7 % 0,717 0.36 por mil R$ 45.055,74 24,42% 25.874 habitantes
JUATUBA 98,8 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
25,64 óbitos
431,630 km² 9,53 hab/km² 39,8% 0,669 0.38 por mil R$ 9.161,30 30,68% 4.358 habitantes
JURAMENTO 99,1% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
9,49 óbitos
229,409 km² 229,08 hab/km² 54,7 % 0,777 0.40 por mil R$ 27.871,73 9,05% 61.752 habitantes
LAGOA SANTA 97% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
83 óbitos
280,036 km² 17,15 hab/km² 59,6% 0,670 0.43 por mil R$ 8.230,74 21,73% 4.998 habitantes
LEME DO PRADO 99,8% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2009)
21,28 óbitos
284,365 km² 21,69 hab/km² 5,1 % 0,618 0.39 por mil R$ 26,50% 6.624 habitantes
MAMONAS 98,5 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos 6.028,41(2015) (2018) (2017)
(2014)
16,81 óbitos
301,383 km² 92,02 hab/km² 60,9 % 0,704 0.39 por mil R$17.735,61 16,64% 30.678 habitantes
MATEUS LEME 96,9% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
5,81 óbitos
472,245 km² 26,86 hab/km² 1,5 % 0,662 0.42 por mil R$ 8.031,39 29,30% 12.849 habitantes
MATO VERDE 97,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
15,93 óbitos
252,280 km² 134,59 hab/km² 67,2% 0,731 0.38 por mil R$ 26.356,84 29,30% 37.344 habitantes
MATOZINHOS 99,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
23,95 óbitos
1.812,398 km² 16,99 hab/km² 16,4 % 0,633 0.45 por mil R$ 8.885,89 23,66% 32.009 habitantes
MINAS NOVAS 97,1% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
14,71 óbitos
1.001,296 km² 22,12 hab/km² 9,1 % 0,659 0.41 por mil R$ 7.828,03 24,56% 21.783 habitantes
MONTE AZUL 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
9.85 óbitos
3.568,941 101,41 hab/km² 93,4% 0.770 0.41 R$ 20.199,41 10,91% 402.027 habitantes
MONTES CLAROS 98,4% (2010) por mil
km²(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
nascidos
237
(2014)
12,5 óbitos
1.130,419 km² 6,60 hab/km² 25,1% 0,587 0.38 por mil R$ 7.056,82 25,79% 8.168 habitantes
MONTEZUMA 97,1% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
37,74 óbitos
1.108,272 km² 8,86 hab/km² 13,5 % 0,556 0.37 por mil R$ 6.793,24 34,38% 10.375 habitantes
NINHEIRA 97,4% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
9,52 óbitos
120,943 km² 61,17 hab/km² 24,5% 0,641 0.33 por mil R$ 11.889,28 33,59% 7.648 habitantes (
NOVA PORTEIRINHA 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) 2017)
(2014)
15 óbitos
271,610 km² 18,25 hab/km² 0,616 0.39 por mil R$ 7.624,24 28,67% 5.308 habitantes
NOVORIZONTE 96,8% (2010) 4,6% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2010)
20,2 óbitos
446,275 km² 13,07 hab/km² 1,5 % 0,599 0.38 por mil R$ 9.104,94 11,68% 6.338 habitantes
PADRE CARVALHO 92,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
15 óbitos
220,564 km² 22,30 hab/km² 47,7 % 0,625 0.43 por mil R$ 9.018,11 27,88% 4.982 habitantes
PAULISTAS 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2010)
8,55 óbitos
292,947 km² 200,51 hab/km² 66,9 % 0,757 0.41 por mil R$ 23.777,10 8,04% 63.837 habitantes
PEDRO LEOPOLDO 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
51,28 por
259,638 km² 17,87 hab/km² 0.626 0.36 R$ 11.679,49 23,47% 4.981 habitantes
PIEDADE DOS GERAIS 100% (2010) 2,2% (2010) mil nascidos
(2017) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
(2014)
280,335 km² 22,85 hab/km² 47,8% 0.646 0.43 Sem dados R$ 14.583,76 5,35% 6.566 habitantes
PIRACEMA 98,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2014) (2015) (2018) (2017)
11,43 por
1.749,683 km² 21,51 hab/km² 18,7% 0.651 0.41 R$ 7.757,69 20,74% 31.741 habitantes
PORTEIRINHA 98,6% (2010) mil nascidos
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
(2014)
24,39 por
236,798 km² 23,38 hab/km² 43,4% 0.632 0.41 R$ 7.319,77 24,06% 5.562 habitantes
PRESIDENTE BERNARDES 98,4% (2010) mil nascidos
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) (2015) (2018) (2017)
(2014)
6,41 óbitos
124,189 km² 77,08 hab/km² 51,9% 0.690 0.38 por mil R$ 12.557,68 15,98% 10.577 habitantes
PRUDENTE DE MORAIS 97,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
1.315,540 km² 7,11 hab/km² 19,7% 0.627 0.41 Sem dados R$ 13.637,75 33,47% 9.672 habitantes
RIACHO DOS MACHADOS 95,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2013) (2014) (2015) (2018) (2017)
155,454 km² 1.905,07 hab/km² 74,3% 0.684 0.33 10,31 óbitos R$ 10.753,60 11,54% 328.871 habitantes
RIBEIRÃO DAS NEVES 96,5% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) por mil (2015) (2018) (2017)
238
nascidos
(2014)
9,35 óbitos
3.117,675 km² 9,33 hab/km² 0.624 0.40 por mil R$ 7.179,98 30,07% 31.016 habitantes
RIO PARDO DE MINAS 98,9% (2010) 8,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
13,89 óbitos
1.110,295 km² 7,00 hab/km² 25,7% 0.582 0.40 por mil R$ 6.945,35 31,25% 6.789 habitantes
RUBELITA 96,7% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascentes (2015) (2018) (2017)
(2014)
12,54 óbitos
1.862,117 km² 20,75 hab/km² 66,5% 0.679 0.43 por mil R$ 12.869,43 18,44% 41.678 habitantes
SALINAS 97,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
12,2 óbitos
SANTO ANTÔNIO DO 796,290 km² 8,73 hab/km² 26,5% 0.570 0.39 por mil R$ 6.421,81 48,80% 7.339 habitantes
95,9% (2010)
RETIRO (2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
998,015 km² 4,67 hab/km² 0.634 0.40 Sem dados R$ 8.423,50 33,76% 4.942 habitantes
SÃO JOÃO DA LAGOA 98,9% (2010) 0,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) (2014) (2015) (2018) (2017)
14,65 óbitos
1.925,575 km² 11,59 hab/km² 18,2% 0,615 0.42 por mil R$ 8.301,85 17,69% 23.729 habitantes
SÃO JOÃO DO PARAÍSO 97,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
12,42 óbitos
47,930 km² 413,08 hab/km² 82,1% 0.729 0.35 por mil R$ 20.086,86 10,14% 22.910 habitantes
SÃO JOSÉ DA LAPA 98,5% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
18,87 óbitos
345,146 km² 18,99 hab/km² 35,9% 0.566 0,39 por mil R$ 8.980,03 28,98% 6.650 habitantes
SÃO JOSÉ DO JACURI 95,8% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
9,35 óbitos
SÃO SEBASTIÃO DO 517,830 km² 20,56 hab/km² 28,4% 0.581 0.39 por mil R$ 5.960,44 29,77% 10.511 habitantes
96% (2010)
MARANHÃO (2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
16,39 óbitos
170,749 km² 33,28 hab/km² 63,8% 0,631 0,40 por mil R$ 8.774,21 21,87% 5.892 habitantes
SENHORA DE OLIVEIRA 96% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
21,28 óbitos
381,328 km² 9,17 hab/km² 42,6 % 0.565 0.38 por mil R$ 8.266,57 26,08% 3.602 habitantes
SENHORA DO PORTO 97,7 % (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
19,23 óbitos
551,954 km² 8,02 hab/km² 0.633 0.37 por mil R$ 6.496,44 30,03% 4.769 habitantes
SERRANÓPOLIS DE MINAS 99,3% (2010) 0,5% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
239
4,08 óbitos
1.220,046 km² 25,88 hab/km² 15,8% 0.670 0.38 por mil R$ 11.806,80 22,24% 33.824 habitantes
TAIOBEIRAS 98,3% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
4,29 óbitos
1.153,11 km² 15,66 hab/km² 60,6% 0.682 0.44 por mil R$ 13.982,60 20,53% 19.762 habitantes
TURMALINA 99,2% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)
VARGEM GRANDE DO RIO 491,512 km² 9,63 hab/km² 0.634 0.37 Sem dados R$ 10.197,96 34,88% 5.032 habitantes
96,8% (2010) 1% (2010)
PARDO (2017) (2010) (2010) (2003) (2014) (2015) (2018) (2017)
631,691 km² 8,78 hab/km² 0.632 0.43 Sem dados R$ 8.729,88 26,33% 5.798 habitantes
VEREDINHA 98% (2010) 98% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) (2014) (2015) (2018) (2017)
8,56 óbitos
71,080 km² 1.467,62 hab/km² 0.688 0,36 por mil R$ 26.111,13 12,74% 122.365 habitantes
VESPASIANO 96,7% (2010) 91% (2010)
(2017) (2010) (2010) (2003) nascidos (2015) (2018) (2017)
(2014)

240
4.4.2 POPULAÇÃO NA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2

A área da Fase 2 da RBSE compreende uma população total de 7.231.658 habitantes, nos seus 172
municípios.

TABELA 35: NÚMERO DE MUNICÍPIOS POR FASE DE RECONHECIMENTO DA RBSE.


PHASES MUNICIPALITIES POPULATION DIFERENÇA
1 94 5.138.124 2.093.534
(aumento populacional de
2 172 7.231.658 140,74% na Fase 2 em relação
à Fase 1)

O gráfico abaixo, apresenta um comparativo entre o IDHM dos municípios selecionados para a Fase 2,
a capital Belo Horizonte e o IDH do Estado de Minas Gerais e da República Federativa do Brasil.

Deste modo, o gráfico aponta que os municípios da Fase 2 (0,644) apresentam um Índice de
Desenvolvimento Humano muito abaixo dos observados em Belo Horizonte (0,810). Estando também
abaixo da média do estado de Minas Gerais (0,731), estando também abaixo da média brasileira
(0,699).

GRÁFICO 3: COMPARATIVO ENTRE OS ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – 2010.

Brasil Minas Gerais Belo Horizonte Municípios Fase 2

IDHM

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

O gráfico a seguir apresenta um comparativo entre o PIB Per Capita dos MF2 para com Belo Horizonte
e a República Federativa do Brasil. A partir destas informações, constatou-se que a média de PIB Per
Capita dos MF2 (R$ 12.782) é pouco maior que 1/3 da constatada em Belo Horizonte (34.910,13).
Neste indicador, os MF2 também apresentam rendimento inferior ao PIB per capita nacional, R$ 29.347
(IBGE, 2018).

241
GRÁFICO 4: COMPARATIVO ENTRE PIB PER CAPITA – 2015.

R$40.000
R$34.910,13
R$35.000

R$29.347
R$30.000
R$24.885
R$25.000

R$20.000

R$15.000 R$12.782

R$10.000

R$5.000

R$0
Pib per capita

Municipios Fase 2 Belo Horizonte Brasil Minas Gerais

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

Ao sistematizar as informações apontadas acima, constata-se um alto grau de vulnerabilidade dos


municípios do MF2. Quando comparados com outras localidades evidencia-se a assimetria entre elas.
Além dos dados apontados, as populações dos MF2 ainda recebem salários consideravelmente menores
do que os observados em Belo Horizonte, 1,68 e 3,5 salários mínimos, respectivamente. (IBGE, 2018).

A fragilidade da população pode ser vista através de dados de programas sociais, tais como Programa
Bolsa Família (PBF). Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social (2018), considerável
parte dos municípios do MF2 possuem altas parcelas de receptores do benefício. Destaca-se os
municípios de Guaraciama, cuja aproximadamente 40,06% da população é dependente do PBF, Águas
Vermelhas, 42,12%, Berizal, 43%, Santo Antônio do Retiro, 48,80%, Curral de Dentro, 50,20%, e
Cristália com 60,80%. A fim de comparação, Belo Horizonte possui 5,83% de dependentes do PBF.

Esses dados demonstram o nível de fragilidade que essas populações estão inseridas. A baixa
remuneração, a grande dependência de programas sociais e a renda abaixo da média brasileira,
demonstram os riscos desses municípios não alcançarem, em sua plenitude, o primeiro dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), o de acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os
lugares.

O gráfico 5 demonstra que os MF2 apresentam uma taxa de mortalidade infantil superior (17,3 óbitos
por mil nascidos) aos constatados em Belo Horizonte (9,9 óbitos por mil nascidos), no estado de Minas
Gerais (12,4 óbitos por mil nascidos) e no Brasil (14,4 óbitos por mil nascidos). Dados que explicitam a
persistente dificuldade desse grupo em alcançar indicadores favoráveis em termo de desenvolvimento
humano e ODS.

242
GRÁFICO 5: TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL POR MIL NASCIDOS VIVOS – 2014.

18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Taxa de Mortalidade Infantil por mil nascidos vivos

Municipios Fase 2 Belo Horizonte Brasil Minas Gerais

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

Mesmo em indicadores de menor impacto, os municípios pertencentes a Fase 2 apresentam resultados


aquém a Belo Horizonte. Quando comparado o percentual de arborização de vias públicas, os MF2,
apresentam resultados inferiores aos constatados em Belo Horizonte (56,30% e 82,7% respectivamente).

Diante deste cenário, percebe-se que, este grupo terá maior dificuldade em atingir o objetivo de
número 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: assegurar uma vida saudável e promover o
bem-estar para todos, em todas as idades.

O gráfico abaixo remete-se a taxa de escolarização, demonstrando a disparidade entre Belo Horizonte
e os MF2. Como pode ser observado, a diferença entre a taxa de escolarização entre as duas
localidades é de apenas 0,10%, tendo Belo Horizonte 97,60% e os MF2 97,50% de escolarização.
Contudo, 2,5% da população total entre 6 e 14 anos não frequentam a escola, o que sugere que
esforços devem ser feitos para que a plenitude dessa taxa possa ser alcançada, uma vez que esse é um
dos ODS: assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos.

GRÁFICO 6: TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO DE 6 A 14 ANOS DE IDADE – 2010.

97,62%
97,60%
97,58%
97,56%
97,54%
97,52%
97,50%
97,48%
97,46%
97,44%

Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade

Municipios Fase 2 Belo Horizonte

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

243
Já o gráfico 7 aponta para a diferença entre Belo Horizonte e os MF2 no que se refere a população
coberta pelo serviço de esgotamento sanitário adequado. Os dados pontam que a região dos MF2
apresenta um grande déficit de cobertura do referido serviço, tendo apenas 32,76% da população
atendida. Belo Horizonte por sua vez, possui 96,20% de sua população atendida pelo serviço. Tendo
em vista esse cenário, serão necessários grandes esforços para que os MF2 consigam atingir o objetivo
6, estipulado pelo ODS: assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para
todos. A ausência desse serviço para 67,24% da população acentua os riscos que os habitantes dessa
região estão expostos.

GRÁFICO 7: ESGOTAMENTO SANITÁRIO ADEQUADO – 2010.

120,00%

100,00% 96,20%

80,00%

60,00%

40,00% 32,76%

20,00%

0,00%
Esgotamento sanitário adequado

Municipios Fase 2 Belo Horizonte

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

O gráfico 8 é o resultado do levantamento do índice de GINI em quatro localidades diferentes. Nele é


possível observar que os MF2 apresentam entre si uma taxa de desigualdade baixa, se comparados
com os índices internos do Brasil, do Estado de Minas Gerais e de Belo Horizonte.

Contudo, ao realizarmos uma análise baseada nos dados de IDHM, Renda Per Capita e Salário Médio,
constata-se que o índice de desigualdade dos MF2 permanece abaixo dos demais, devido a
homogeneização da pobreza, e não por se tratar de uma condição economicamente favorável à
população. Devido a este fator, chamamos a atenção para o alcance do objetivo 10 dos ODS: reduzir a
desigualdade dentro dos países e entre eles, meta para qual os MF2 ainda enfrentam grandes
obstáculos.

244
GRÁFICO 8: ÍNDICE DE GINI – 2003.

GINI

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Brasil Minas Gerais Belo Horizonte Municipios Fase 2

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM DADOS EXTRAÍDOS DO IBGE (2018).

ICMS Cultural

Na RBSE, são desenvolvidos projetos culturais demonstrativos nos municípios, considerando como eixo
territorial a Serra do Espinhaço. É importante salientar a legislação do Estado de Minas Gerais, que, por
meio da Lei nº 18.030-2009, repassa recursos do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços
(ICMS) para os municípios que preservam a sua memória e sua produção cultural17 (ICMS Cultural). O
IEPHA, com participação no Comitê Estadual da RBSE, é o responsável pela elaboração e análise dos
critérios para o repasse dos recursos, além de prestar assessoria aos municípios.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Cultural é um programa estatal de
incentivo à proteção do patrimônio cultural das cidades de Minas Gerais. Desse modo, aqueles
munícipios que, por meio da difusão de políticas públicas relevantes preocupam-se com a preservação
de suas referências culturais obtém recursos financeiros do governo. O Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico (IEPHA) é a fundação responsável por estabelecer e analisar os procedimentos
relativos a tal critério. (IEPHA, 2016).

O IEPHA-MG também oferece por meio das Rodadas Regionais, orientações acerca das políticas de
preservação que podem ser implementadas às cidades do Estado. Além de buscar estimular a
preservação do patrimônio local, o programa visa também garantir e solidificar a identidade dos
municípios de Minas Gerais e, portanto, é de infundável relevância para esse documento. Destarte, a
classificação dos municípios da fase 2 da RBSE em relação ao ICMS Patrimônio Cultural podem ser
analisados na tabela abaixo, onde a pontuação máxima obtida por município é de quatro pontos.
(IEPHA, 2017).

Pode-se observar que a média dos municípios da fase 2 da RBSE é de 2,33%. Se comparado ao
percentual da capital Belo Horizonte que é de 2,70, a média dos municípios de Minas Gerais está
abaixo do desejado. Desse modo, a proposta de ampliação da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço, torna-se de suma importância, uma vez que propõe estabelecer a promoção do
desenvolvimento dos municípios incorporados, sobretudo no que diz respeito ao âmbito cultural.

17 O município que possui lei de proteção, que possui um conselho municipal do patrimônio, que protege os bens culturais
através do tombamento, que inventaria esses bens, que restaura e cuida recebe mais recursos para poder melhorar
cada vez mais a sua qualidade de vida, resguardando sua história, sua cultura e sua autoestima (IEPHA, 2009).

245
TABELA 36: PONTUAÇÃO DO ICMS CULTURAL NOS MUNICÍPIOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO – FASE 2

Município Pontuação Politica Cultural


Águas Vermelhas 1,85
Aricanduva 3,35
Berilo 0,05
Berizal Não consta
Bonfim 3,50
Botumirim 3,00
Capelinha 3,70
Capim Branco 1,60
Carbonita 2,45
Catuti Não consta
Confins 2,25
Coração de Jesus Não consta
Cristália Não consta
Crucilândia 2,80
Curral de Dentro 2,50
Esmeraldas 1,65
Espinosa Não consta
Francisco Sá Não consta
Frei Lagonegro 2,20
Fruta de Leite 2,55
Funilândia Não consta
Gameleiras Não consta
Glaucilândia Não consta
Grão Mogol 2,30
Guanhães 2,60
Guaraciaba 2,55
Guaraciama Não consta
Indaiabira Não consta
Inimutaba 2,65
Itacambira 2,55
Itaguara 2,00
Itaúna 3,20
Janaúba 2,15
Jequitibá 2,65
José Gonçalves de Minas Não consta
Josenópolis Não consta
Juatuba 2,65
Juramento Não consta
Lagoa Santa 0,65
Leme do Prado 2,75
Mamonas Não consta
Mateus Leme 2,70
Mato Verde Não consta
Matozinhos 2,20
Minas Novas 1,45
Monte Azul Não consta
Montes Claros Não consta
Montezuma Não consta
Ninheira Não consta
Nova Porteirinha Não consta
Novorizonte 2,20
Padre Carvalho Não consta
Paulistas 2,45
Pedro Leopoldo Não consta
Piedade dos Gerais 2,75
Piracema 2,40 246
Porteirinha 2,75
Presidente Bernardes 2,25
Prudente de Moraes Não consta
Riacho dos Machados 0,00
Ribeirão das Neves 2,30
Rio Pardo de Minas Não consta
Rubelita 2,00
Salinas Não consta
Santo Antônio do Retiro 2,20
São João da Lagoa 2,70
São João do Paraíso Não consta
São José da Lapa 2,15
São José do Jacuri 1,75
São Sebastião do Maranhão Não consta
Senhora de Oliveira 2,80
Senhora do Porto 1,20
Serranópolis de Minas 2,95
Taiobeiras 3,20
Turmalina 3,25
Vargem Grande do Rio Pardo 2,45
Veredinha Não consta
Vespasiano Não consta
FONTE: INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO (2017).

247
4.5 ZONEAMENTO APROPRIADO

A cordilheira da Serra do Espinhaço, maciço rochoso que se estende do centro do estado de Minas
Gerais até o interior do estado da Bahia, apresenta como um de seus maiores atributos a sua dinâmica
biogeográfica e as suas relações intrínsecas com os biomas da Mata Atlântica, do Cerrado, ambos
considerados Hotspots mundiais (MYERS, 2000), que associada aos seus aspectos histórico culturais,
configura-se como um território único no Brasil e no mundo.

Considerando que na Fase 1 de delimitação da RBSE a Serra do Espinhaço foi considerada apenas na
sua porção meridional, do quadrilátero ferrífero até o PARNA das Sempre Vivas, procurou-se nesta
Fase 2 delimitar a RBSE até a divisa com o estado da Bahia, abrangendo assim também a sua porção
setentrional no estado de Minas Gerais. Este estudo somente foi possível devido ao incremento de dados
científicos disponíveis e pesquisas realizadas, além da articulação institucional com os órgãos municipais,
universidades, ONGs e governos estadual e nacional, novas sobreposições de temas relevantes
cartográficos para a serra do Espinhaço e estudos sobre a sua dinâmica, avaliação e monitoramento de
empreendimentos e ações na área da RBSE, integrando-se assim com as suas três funções. Abaixo, tem-
se o detalhamento dos critérios determinantes do zoneamento da RBSE Fase 2 e o Mapa Síntese da
RBSE Fase 2 no estado de Minas Gerais (Figura 68), assim como a cartografia dos referidos critérios.

ZONEAMENTO PROPOSTO PARA A FASE 2 DA RBSE

Zonas Núcleo da RBSE: Área total de 528.896,4 hectares, constituídas por 40 Unidades de
Conservação de Proteção Integral, com acréscimo de dez unidades de conservação desde a última
revisão 2015, ou seja, de 322.040,2 hectares em 2015 para 528.896,38 hectares em 2018,
correspondendo a uma ampliação de 206.856,18 hectares (64,3%) de sua área de Proteção Integral.
Considerou-se como critério na definição desta zona, apenas as Unidades de Conservação de Proteção
Integral federais e estaduais.

Zona de Amortecimento ou Tampão: Área total de 6.958.105,8 hectares, com acréscimo de


4.971.026,2 hectares desde a sua última revisão em 2015, ou seja, de 2.170.513,9 hectares em 2015
para 7.141.540,1 hectares em 2018, correspondendo a um aumento de 229% em sua área de
amortecimento. A zona de amortecimento foi criada considerando a distribuição das seguintes variáveis
ao longo da Serra do Espinhaço: os Campos Rupestres, as Áreas de Proteção Especiais (APEs) e o Sítio
Ramsar Lund-Warming, unidades de conservação que protegem os mananciais de água, as Áreas Chave
da Biodiversidade (KBAs), as Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço, os Rios de Preservação
Permanente do estado de Minas Gerais, as zonas de amortecimento de UCs federais e estaduais, as
Unidades de Conservação Municipais de Proteção Integral, as Unidades de Conservação de Uso
Sustentável, as Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade de Minas Gerais (DRUMMOND
et al. 2005), os limites dos Mosaicos de Gestão de Áreas Protegidas, a localização de núcleos urbanos
históricos, os sítios da Aliança para Extinção Zero (BAZE), as áreas de Área de Entorno de Geossistemas
Ferruginosos, as zonas de amortecimento das UCs federais e estaduais de Proteção Integral.

248
Zona de Transição: Área total de 2.731.893 hectares, composta, principalmente, por locais de
ocorrência de grandes assentamentos humanos, áreas relacionadas a atividades econômicas como
projetos agrícolas e de silvicultura comercial, dentre outros, que fazem a transição da Serra do
Espinhaço com o seu entorno imediato.

TABELA 37: ÁREA EM HECTARES DO ZONEAMENTO DAS FASES 1 E 2 DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO
ESPINHAÇO.
ZONAS 2015 (ha) 2018 (ha) Diferença (ha)

ZONA NÚCLEO 322.040,2 528.896,4 206.856,2 (+64,3%)


ZONA DE AMORTECIMENTO 2.170.513,80 6.958.105,8 4.971.026,2 (+229%)
ZONA DE TRANSIÇÃO 718.349,3 2.731.893,0 2.013.543,7 (+280,3%)

TOTAL 3.210.903,3 10.218.895,2 7.191.426,1 (+ 224%)

249
FIGURA 69: ZONEAMENTO FINAL DA RBSE FASE 2.

250
1) As características geológicas, geomorfológicas, biogeográficas e culturais que fornecem a identidade
da Serra do Espinhaço como uma unidade que se estende do quadrilátero ferrífero no estado de Minas
Gerais até o interior do estado da Bahia. Como critério de zoneamento utilizou-se como ponto de
partida as cotas altimétricas acima de 800 metros como um dos limites deste território, utilizado como
base no estudo Identificação das áreas insubstituíveis na Serra do Espinhaço, (CI Brasil, 2008), estudo
realizado posterirormente à criação do limite da Fase 1 da RBSE.
FIGURA 70: ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS DEFINIDAS ATRAVÉS DO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO (CI BRASIL &
AL, 2005), SOBRE FUNDO DA CORDILHEIRA DO ESPINHAÇO CONSIDERADA ACIMA DE 800 METROS DE
ALTITUDE.

251
2) A distribuição biogeográfica dos Campos Rupestres, fitofisionomia com grande número de espécies
ameaçadas e endêmicas, em um ambiente de baixa resiliência, configurando-se, dessa forma, como um
Centro de Endemismo Mundial. Como critério de zoneamento, as áreas acima de 900 metros foram
consideradas na zona de amortecimento, enquanto que as áreas entre 700 e 900 metros foram
consideradas na zona de transição.
FIGURA 71: MAPA HIPSOMÉTRICO DA REGIÃO DA SERRA DO ESPINHAÇO EM MG, MOSTRANDO A
DISTRIBUIÇÃO BIOGEOGRÁFICA DOS CAMPOS RUPESTRES (> 900 METROS) NAS CORES VERMELHO E AMARELO.

252
3) As unidades de conservação (UCs) instituídas, de Proteção Integral e de Uso Sustentável, e suas zonas
de amortecimento, que resguardam e protegem o patrimônio biológico, cênico e os serviços ambientais
associados. Como critério de zoneamento, as UCs de Proteção Integral de jurisprudência federal e
estadual foram consideradas como zona núcleo, enquanto que as UCs de Uso Sustentável e as UCs de
Proteção Integral de jurisprudência municipal (salvo aquelas já instituídas como zona núcleo na Fase 1
do zoneamento da RBSE), além das zonas de amortecimentos instituídas de UCs federais e estaduais,
foram consideradas na zona de Amortecimento. Destaca-se neste aspecto o recém-criado PE do
Botumirim onde foi redescoberto a espécie Columbina cyanopis (Pelzeln, 1870), considerada extinta até
sua identificação no parque.
FIGURA 72: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INTEGRANTES DA ZONA NÚCLEO DO ZONEAMENTO DA RBSE FASE
2.

253
4) As Áreas de Proteção Especiais (APEs), unidades de conservação de jurisprudência estadual do
estado de Minas Gerais, que protegem os mananciais de interesse no abastecimento hídrico da Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Como critério de zoneamento, as APEs foram consideradas na
delimitação da zona de amortecimento.
FIGURA 73: MAPA DO ZONEAMENTO DA RBSE FASE 2, MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO.

254
5) A delimitação do sítio Ramsar Lund-Warming, área reconhecida como "Zona Úmida de Importância
Internacional" pela Convenção de Ramsar, da qual o Brasil é signatário desde 1993. A área fica na
Área de Proteção Ambiental Federal Carste de Lagoa Santa. Como critério de zoneamento, a área foi
considerada na delimitação da zona de amortecimento da RBSE Fase 2.
FIGURA 74: MAPA MOSTRANDO AS ÁREAS DE PROTEÇÃO ESPECIAIS (APES) E O SÍTIO RAMSAR LUND-
WARMING.

255
6) As Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade de Minas Gerais, estudo realizado em
1998 e revisado em 2005, coordenado pela Fundação Biodiversitas, onde foram destacadas as áreas
da Serra do Espinhaço como de importância biológica nas categorias Especial e Extrema,
recomendando e permeando a Fase 1 de criação e o zoneamento da RBSE. Como critério de
zoneamento nesta Fase 2, as áreas prioritárias foram consideradas principalmente na delimitação da
zona de amortecimento.

256
FIGURA 75: MAPA MOSTRANDO AS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO
ESTADO DE MINAS GERAIS, BIODIVERSITAS 2005.

7) As Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço, estudo coordenado em 2008, pelas instituições


Conservação Internacional do Brasil, Instituto Biotrópicos e Fundação Biodiversitas, de identificação das
áreas insubstituíveis para a conservação na Serra do Espinhaço. Como critério de zoneamento, as áreas
insubstituíveis foram consideradas tanto no ajuste dos limites do zoneamento da Fase 1 quanto no limite
principalmente da zona de amortecimento das novas UCs da zona núcleo da Fase 2.
257
FIGURA 76: MAPA DAS ÁREAS INSUBSTITUÍVEIS DA SERRA DO ESPINHAÇO, DEFINIDAS NO PROJETO
ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO, PELAS ONGS CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL - BRASIL, INSTITUTO BIOTRÓPICOS E
FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS, 2005.

8) A inclusão das áreas de abrangência do Mosaicos de Áreas Protegidas do Espinhaço: Alto


Jequitinhonha – Serra do Cabral e do Mosaicos de Áreas Protegidas do espinhaço Meridional Serra do
Cipó, modelo de gestão das UCs que contribuem para a manutenção das UCs e na conservação da
RBSE como um todo. Como critério de zoneamento, os mosaicos foram considerados na delimitação da
zona de amortecimento das zonas núcleo.

258
FIGURA 77: MOSAICOS DE ÁREAS PROTEGIDAS NA RBSE FASE 2, MOSAICO ALTO JEQUITINHONA – SERRA DO
CABRAL E MOSAICO MEDIDIONAL – SERRA DO CIPÓ.

9) A inclusão de áreas de entorno de Geossistemas Ferruginosos, onde predominam as cangas e as


formações ricas em ferro abaixo delas, compondo geossistemas únicos, por constituir um registro
geológico da história da evolução da Terra. Destaca-se nesta Fase 2 o Geossistema Ferruginoso do
Vale do peixe Bravo, uma região que apresenta uma paisagem exuberante, ainda pouco alterada e a
presença marcante de extensas couraças ferruginosas, associadas a um elevado valor de conservação
259
ambiental e cultural. Como critério de zoneamento, as áreas de entorno dos geossistemas ferruginosos
foram considerados na delimitação da zona de amortecimento das zonas núcleo.
FIGURA 78: GEOSSISTEMAS FERRUGINOSOS NA RBSE FASE 2.

260
10) A inclusão dos sítios da Aliança para Extinção Zero (BAZE), aliança iniciada em 2006 e coordenada
pela Fundação Biodiversitas, tendo como objetivo identificar e proteger os sítios, ou locais, que
representam o último refúgio para espécies ameaçadas de extinção nas categorias Criticamente em
Perigo (CR) e Em Perigo (EN), segundo a Lista Vermelha de espécies ameaçadas do Brasil. Como critério
de zoneamento, os sítios BAZE foram considerados na delimitação da zona de amortecimento das zonas
núcleo.
FIGURA 79: SÍTIOS DA ALIANÇA PARA EXTINÇÃO ZERO - BAZE – EXISTENTES NA RBSE FASE 2.

261
11) A inclusão das Áreas Chaves para Conservação (KBAs), áreas globais que atendem a um padrão de
seleção desenvolvido pela União Internacional para Conservação da Natureza, (UICN, 2018),
considerando critérios agrupados em cinco categorias: biodiversidade ameaçada; biodiversidade
geograficamente restrita; integridade ecológica; processos biológicos; e insubstituibilidade. Como
critério de zoneamento, os KBAs foram considerados na delimitação das zonas de amortecimento e de
transição.

262
FIGURA 80: ÁREAS CHAVES PARA CONSERVAÇÃO (KBAS), UICN 2018, COM OCORRÊNCIA NA RBSE FASE 2.

263
12) A inclusão dos Rios de Proteção Permanente, instituídos pela Lei Nº 15.082, de 27/04/2004,
trechos dos rios Cipó e Jequitinhonha, inseridos na RBSE. Como critério de zoneamento, foram
considerados na delimitação da zona de amortecimento.
FIGURA 81: TRECHOS DE RIOS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE INSTITUÍDOS PELA LEI Nº 15.082, DE
27/04/2004.

264
13) Foram considerados ainda no zoneamento a distribuição dos alvos de espécies da flora e fauna
consideradas no âmbito do projeto Espinhaço Sempre-Vivo (2008), as espécies ameaçadas de extinção
da fauna (ICMBio, 2014) e da flora (CNCFlora, 2015) e das plantas raras do cerrado (CNCFlora,
2014), com distribuição da RBSE Fase 2.
FIGURA 82: OCORRÊNCIA DE ALVOS DE ESPÉCIES CONSIDERADAS NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS
INSUBSTITUÍVEIS NA SERRA DO ESPINHAÇO, PELO PROJETO ESPINHAÇO SEMPRE-VIVO (CI BRASIL, 2008), NA
RBSE FASE 2.

265
FIGURA 83: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES DA FAUNA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (ICMBIO, 2014),
NA RBSE FASE 2.

266
FIGURA 84: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES DA FLORA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (CNCFLORA,
2015), NA RBSE FASE 2.

267
FIGURA 85: OCORRÊNCIA DE REGISTROS DE ESPÉCIES RARAS DA FLORA DO CERRADO DE EXTINÇÃO
(CNCFLORA, 2014), NA RBSE FASE 2.

268
14) O ecossistema de veredas também foi considerado no zoneamento da RBSE Fase 2, através do
estudo desenvolvido pelo CETEC (2000) utilizado no Atlas da Biodiversidade de MG, em 2005. Trata-se
de ocorrência potencial deste ecossistema tão importante para o estado de Minas Gerais e que tem
sido muito degradado nas últimas décadas com a expansão da fronteira agrícola.
FIGURA 86: OCORRÊNCIA DO ECOSSISTEMA DE VEREDAS NA RBSE FASE 2.

269
15) Destacam-se, ainda, a presença relevante de povos e comunidades tradicionais no território da
RBSE Fase 2. A importância da Serra do Espinhaço, com a sua importância extrema para a
conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos, encontra-se refletida em suas comunidades
tradicionais e seus saberes associados às mais diversas identidades e patrimônios materiais e imateriais.
No zoneamento, foram considerados como qualificadores das áreas delimitadas.
FIGURA 87: MAPA DOS PRINCIPAIS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NA RBSE FASE 2 – GERAIZEIROS,
INDÍGENAS E QUILOMBOLAS.

270
16) Novos estudos encontram-se em perspectiva de desenvolvimento, relacionados às definições do
Programa Corredores da Serra do Espinhaço: conectando paisagens naturais e culturais. Encontra-se em
desenvolvimento o projeto de atualização das Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade
do Estado de Minas Gerais, do qual um dos produtos previstos será um mapa de proposição de
corredores ecológicos. Observa-se pela figura abaixo um mapa da região da RBSE mostrando o
potencial de identificação de corredores ecológicos, considerando a variável relacionada com a
porcentagem de vegetação nativa existente nas unidades de planejamento utilizadas no projeto
Espinhaço Sempre-Vivo, de 2008.
FIGURA 88: CONECTIVIDADE ENTRE UNIDADES DE PLANEJAMENTO UTILIZADAS NO PROJETO ESPINHAÇO
SEMPRE-VIVO (2008), CONSIDERANDO A PORCENTAGEM DE VEGETAÇÃO NATIVA.

271
17) Por fim, recomenda-se estudo futuro sobre a possibilidade de ampliação da RBSE, FASE 3, para
toda a sua região de identidade biogeográfica até o estado da Bahia, bem como a conexão com
outras RBs (RB da Mata Atlântica, RB Cerrado e RB da Caatinga).
FIGURA 89: MAPA MOSTRANDO A SUPERPOSIÇÃO DAS RB MATA ATLÂNTICA E RB CAATINGA, COM A RBSE
FASE 2.

272
4.6. GESTÃO PARTICIPATIVA

A participação de diversos segmentos nos processos de gestão da Reserva pode ser garantida para o
desenvolvimento de suas funções, da seguinte forma:

- Através do Decreto Estadual de criação do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera, Decreto


Número 44281/2006, de 25/04/2006, e orientado pelo Regimento Interno em vigor, com a
representação de 28 instituições, as quais são representativas dos setores privados, governamentais,
terceiro setor, universidades, comunidades tradicionais e gestores de áreas protegidas.

- Através das representações em Conselhos Consultivos de Unidades de Conservação na Reserva


da Biosfera (Zonas Núcleo);

- Através de Assembleias ordinárias e extraordinárias, com membros do Comitê e convidados;

- Com o estímulo ao desenvolvimento e participação de eventos, publicações e projetos


demonstrativos no território;

- Através de cooperações entre diversos atores e processos, já demonstrados neste documento;

- Através de redes de comunicação, sejam publicações, e-mails, blog, facebook, dentre outras.

Governança

A RBSE está sob a coordenação da Comissão Brasileira para o Programa “O Homem e a Biosfera” –
COBRAMAB, assim como as demais Reservas da Biosfera brasileiras. Esta comissão por sua vez está
ligada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Governo Federal do Brasil, conforme organograma a
seguir.

Ao ser reconhecida pela UNESCO em 2005, a RBSE recebeu a atenção do Governo do Estado de Minas
Gerais que através de um Decreto Lei em 2006 criou o Comitê Gestor da e delegou à Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), através do Instituto Estadual de
Florestas (IEF), a função de assessoramento.

O Comitê gestor da RBSE possui 7 tipos de representações: Governo federal, estadual e municipal.
Universidades, setor produtivo, organizações não governamentais e populações tradicionais.

Os representantes institucionais que formam o comitê da RBSE foram integrados em todas as etapas.
Desde a criação da reserva, organização do próprio Comitê Gestor, elaboração do Regimento Interno
e do Plano de Ação, sempre em reuniões ordinárias e oficinas de capacitação.

Para a fase 2, a mobilização ocorreu pela composição de um Grupo de Trabalho responsável pela
elaboração do documento e apresentação da proposta junto ao comitê gestor. O novo desenho foi
aprovado por unanimidade. Além disso, um número significativo de cartas de apoio foi recebido, e
farão parte do material a ser enviado para a UNESCO em Paris.

273
Essa mobilização só foi possível, pois, cada instituição representada no Comitê Gestor possui instâncias
de participação em outros conselhos e fóruns. As mesmas atuam como canais de mão dupla:
disseminando informações sobre o Programa MaB e trazendo demandas ou experiências dos mais
variados setores da sociedade.

Comitê Gestor

Pelo Regimento Interno, o Comitê Gestor Estadual é constituído por uma Coordenação, uma Vice-
coodernação e uma Secretaria Executiva, eleitas pela plenária do Comitê Gestor
Seguem as atribuições:

• Defender os objetivos, princípios e atribuições da RBSE e representar o Comitê;


• Convocar as reuniões do Comitê e a instrução dos assuntos que a compõem;
• Dirigir os trabalhos, coordenar as reuniões e exercer, quando necessário, o voto de qualidade;
• Encaminhar a votação de matéria submetida à decisão do Comitê;
• Assinar as atas aprovadas nas reuniões;
• Despachar os expedientes do Comitê;
• Assinar as deliberações do Comitê;
• Dirigir as reuniões ou suspendê-las quando necessário;
• Fazer cumprir o presente Regimento Interno;
• Representar o Comitê da RBSE, passivamente, judicial ou extrajudicialmente;
• Delegar funções de sua competência.
• Preparar a agenda das reuniões e a instrução dos assuntos que a compõem;
• Redigir as Atas e demais documentos elaborados pelo Comitê da RBSE;
• Acompanhar os projetos no âmbito da RBSE;
• Assegurar e articular o suporte técnico-científico, logístico e administrativo-financeiro ao CERBSE;
• Implementar as deliberações do CERBSE;
• Apoiar ações e fomentar a articulação do Sistema de Gestão da Reserva;
• Organizar a documentação, assegurar a memória técnico-científica e gerencial da Reserva e
servir como seu centro de referência;
• Promover programas e projetos e subsidiar políticas públicas de acordo com as estratégias e
prioridades definidas pelo CERBSE;
• Difundir os princípios, projetos e atividades da Reserva.

Assim como para todos os membros do Comitê, o mandato da coordenação será de 2 (dois) anos, sendo
permitida a recondução.

Atualmente a composição está assim definida após Assembleia Ordinária realizada em 2016 para
eleição e posse dos conselheiros:

• Coordenação: Prof. Miguel Ângelo Andrade - Representante da Pontifícia Universidade Católica


de Minas Gerais - [email protected];
• Vice Coordenação: Gláucia Moreira Drummond - Representante da ONG Fundação
Biodiversitas - [email protected];
• Secretaria Executiva: Sérgio Augusto Domingues - Representante da ONG Associação Cultural
Ecológica Lagoa do Nado - [email protected].

274
Para as adequações de governança na Fase 2 buscaremos seguir as diretrizes em curso, com
atualizações regionais. Será fundamental a divisão dos trabalhos e responsabilidades em dois polos
(norte e sul). A estratégia será a formação de dois subcomitês onde o atual comitê estadual será
transformado no subcomitê da região sul. Essa porção da Reserva é onde se encontra a maior parte do
território da fase 1. Esse comitê terá o compromisso de capacitação de novos conselheiros para
formação do subcomitê norte, foco maior da fase 2. A adequação será feita conforme o organograma
abaixo.

FIGURA 90: ORGANOGRAMA DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO –


FASE 2.

No Comitê da Fase 1 o Governo Federal tem uma instituição relacionada com as políticas ambientais
com ênfase para conservação. O governo estadual possui 5 representais, sendo 4 relacionadas com a
agenda ambiental e 1 ligada à cultura. São 5 prefeituras municipais, 3 universidades, sendo 2 públicas
e uma privada além de 3 ONGs com atividades socioambientais. No caso específico da representação
de populações tradicionais, o Comitê conta com a participação de representantes indígenas e
quilombolas do Estado de Minas Gerais.

Seguindo a lógica representativa do comitê gestor atual, serão necessárias adequações para efeito de
participação das instituições e comunidades locais. Assim, os órgãos públicos deverão priorizar a
inserção de funcionários atuantes no território norte do Espinhaço, tais como gestores das UCs de
proteção integral que compõem as Zonas Núcleo.

Governos municipais inseridos na Fase 2 estarão naturalmente representados. Entidades que


representam o conjunto desses municípios estiveram presentes na reunião ordinária do Comitê Estadual
para aprovação desse documento. Estas instituições serão estratégicas para o processo de seleção dos
municípios representantes.

275
A comunidade acadêmica local está mobilizada para apoiar no processo de formação dos novos
conselheiros. Durante o processo de criação do subcomitê norte serão realizadas oficinas, inclusive com
produção de material informativo específico. Nessa etapa de construção da governança regional o
suporte logístico das universidades, das Unidades de Conservação e prefeituras municipais será
fundamental.
Outro setor importante que já está inserido na elaboração dessa proposta é o das organizações não
governamentais (terceiro setor). Instituições representativas locais assumiram um papel de protagonismo
junto ao Grupo de Trabalho instituído pelo Comitê Estadual. Grande parte da mobilização, busca de
apoiadores e coleta de informações estão sendo executado por organizações do território norte.

As populações tradicionais serão representadas principalmente pelos “Geraizeiros” e “Quilombolas”.


Como todo território brasileiro, historicamente foi ocupado pelos indígenas, serão mantidas todas as
diretrizes já adotadas para os territórios da Fase 1, uma vez que a memória dos povos indígenas está
cristalizada na organização cultural do povo brasileiro.

Os representantes da área cultural sejam eles governamentais e não governamentais deverão buscar o
máximo possível de elementos das tradições e costumes regionais. A expressão e o significado cultural
descrito ao longo dessa proposta estarão naturalmente representados no subcomitê norte.

O modo de vida das populações locais e os potenciais atributos para o desenvolvimento sustentável da
região também precisarão ser incluídos. Nesse contexto as instituições do atual comitê relacionadas com
o setor produtivo, tais como agricultura, pecuária, silvicultura, mineração e indústria já possuem atuação
no estado como um todo. Tais instituições fazem parte do GT de elaboração dessa proposta e possuem
um papel de articulação na construção de uma governança consistente para a Fase 2.

Vale ressaltar que o processo de reestruturação da governança da RBSE em sua fase 2 já está em curso
desde o início da formulação dessa proposta. Além disso, o reconhecimento do Espinhaço como uma
Reserva da Biosfera em 2005 já tinha como foco a cordilheira como um todo, isto é, de Minas Gerais
até o estado da Bahia. Já se sabia que para contemplar Toda a dimensão do Espinhaço seriam
necessárias três fases, sendo as duas primeiras no estado de Minas Gerais e a terceira no estado da
Bahia.

Por isso, para a constituição dos dois subcomitês não haverá necessidade de um Conselho Nacional da
Reserva da Biosfera Da Serra do Espinhaço, assim como ocorre na RB Mata Atlântica. Como já foi dito a
Fase 2 da RBSE se dará ainda num único estado. O perfil das instituições do atual comitê será mantido,
mantendo-se também as mesmas instituições que possuem atuação no estado inteiro, conforme o quadro
abaixo.

276
FIGURA 91: REPRESENTAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO SUBCOMITÊ NORTE, CONSIDERANDO O DECRETO DE LEI
2006

Como indicativo de uma Fase 3 para o Espinhaço, cabe o registro de uma governança baseada na
experiência da RBMA, constituída por um Conselho Nacional, Comitês Estaduais e Subcomitês regionais.

Para a Fase 2 serão mantidas as mesmas diretrizes, ou seja, todas as instituições definidas pelo Decreto
Estadual nº 44.281 de 25 de abril de 2006 possuem critérios próprios para escolha dos representantes,
titular e suplente no Comitê Gestor. O cargo de membro do Comitê Estadual da RBSE não é
remunerado, sendo considerado de relevante interesse público.

Segundo o Regimento Interno do Comitê Gestor da RBSE, o mandato dos membros do é de 2 (dois) anos,
sendo permitida a recondução.

Através do artigo 8° do Regimento Interno, é dever de cada membro do Comitê da RBSE:

• Divulgar a RBSE, seus objetivos e defender seus princípios em todas as ocasiões que lhe forem
possíveis;
• Exercer as funções para as quais tiver sido designado;
• Participar das reuniões regular e ativamente, procurando contribuir de forma objetiva e
concreta para as soluções dos problemas da RBSE;
• Colaborar com as tarefas que lhes forem designadas pelo Comitê ou pela Secretaria Executiva;
• Fazer-se representar pelo seu suplente em caso de impedimento.

As reuniões do Comitê são realizadas ordinariamente trimensalmente sempre que convocado pela
Coordenação ou por mais de cinquenta por cento de seus membros, instituindo-se um calendário anual.
As reuniões são abertas e públicas, sendo que os seus membros podem convidar para participar pessoas
físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, com atuação na área da RBSE ou de interesse para as suas
atividades.

As reuniões extraordinárias podem ser convocadas pela Coordenação do Comitê ou por solicitação de um
quarto dos membros do mesmo. As reuniões ordinárias são convocadas com pelo menos trinta dias de
antecedência e extraordinariamente com pelo menos dez dias de antecedência. A convocação deverá ser
acompanhada de indicação da matéria a ser discutida. Outras modalidades de participação estão
relacionadas com as reuniões e palestras para alinhamento e as oficinas de elaboração, revisão e
monitoramento do Plano de Ação.

277
Conforme estabelecido na Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, as decisões do Comitê Gestor são
deliberativas, entretanto existem outras instâncias ligadas às instituições representantes e seus fóruns
específicos. Nesse caso o Comitê da RBSE atua no apoio e fortalecimento das propostas e iniciativas de cada
segmento social.
Sempre quando possível é fundamental estabelecer conexões com outros fóruns de discussão, tais como
conselhos de unidades de conservação, comitês de bacia hidrográfica, colegiados de licenciamento
ambiental, congressos acadêmicos, conferências socioambientais, reuniões de sindicatos, cooperativas de
produtores entre outros. Tais conexões são apropriadas para evitar a sobreposição de competência e
ampliar o nível de informações e contatos.

Novos conselheiros demandam um aporte na relação de nivelamento das informações e documentos de


referência do MaB, além do contexto mais ampliado da RBSE com as suas prioridades e projetos em
andamento. Com uma nova composição, considerando o novo subcomitê norte será necessário
estabelecer uma agenda para reuniões e oficinas de capacitação. Esta responsabilidade ficará a
cargo da coordenação, vice coordenação e secretaria executiva do atual Comitê Gestor.

Nesse novo cenário, os trabalhos ficarão por conta de um grupo de conselheiros mais ativos e
experiente, familiarizados com os propósitos da Reserva e do Programa MaB-UNESCO. A instalação de
um escritório da Coordenação para o apoio direto nesse processo se dará no extremo norte da Fase 1
(Município de Diamantina). A Coordenação da RBSE passará a ter uma estrutura física com
equipamentos e recursos humanos. A coordenação das ações contará com o suporte de instituições
parceiras lotadas no município.

O apoio técnico e logístico para a adaptação de governança já tem se estabelecido no município de


Diamantina com contribuições próprias segundo a natureza de cada uma das instituições parceiras.
Sejam do setor governamental, não governamental, setor produtivo, universidades ou comunidades
locais.

O Comitê gestor já possui representações na região da Fase 2, seja pelo Governo federal, estadual e
municipal, universidades, setor produtivo, organizações não governamentais e populações tradicionais. A
representação do Governo Federal que se dá pelo órgão ambiental, tem colaborado nas políticas com
ênfase para unidades de conservação e programas de biodiversidade. O governo estadual também
possui representatividade relacionada com a agenda ambiental colaborando com maior intensidade nas
ações específicas das Zonas Núcleo, monitoramento e fiscalização ambiental. Ainda vale destacar a
atuação da Secretaria de Cultura nos assuntos ligados ao inventário de Patrimônio material e imaterial
do território. Vale salientar ainda a necessidade de disseminar os propósitos da Reserva da Biosfera em
todo o território do Espinhaço, buscando identificar novos parceiros, reconhecendo e integrando ações
em desenvolvimento.

278
4.7 MECANISMOS DE EXECUÇÃO

Para a implementação das ações, o Comitê Estadual da RBSE tem como orientação as diretrizes do
MaB, direcionando esforços (captação e aplicação de recursos, atividades e apoio) para sua Gestão,
tem-se o Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (2015 – 2016), revisado a
partir do primeiro Plano de Ação (2011 – 2013).

Os processos de metavaliação dos planos e a implementação das metas apresentadas devem ser vistas
de forma integrada e complementar, considerando que os funções e objetivos da RBSE. E ainda, a
garantia do desenvolvimento das ações propostas devem contar com a cooperação institucional, as
reponsabilidades de investimentos financeiros e apoio logístico, conforme preconizado no decreto do
Comitê Estadual da RBSE (responsabilidade do IEF), e com o apoio direto do COBRAMAB e Unesco.

Plano de Ação da RBSE

No IV Congresso Mundial de Reservas da Biosfera em Lima, em março de 2016, foi aprovado o Plano
de Ação de Lima, em substituição ao Plano de Madri (08-13). Ele é apresentado como uma matriz,
estruturada em torno das Áreas de Ação Estratégica que constam da Estratégia MaB juntamente com
resultados esperados, ações e as realizações que contribuam para a implementação efetiva dos
objetivos estratégicos contidos na Estratégia MAB. Também especifica as entidades (nível de
implementação) com responsabilidade primordial para a implementação, juntamente com o intervalo de
tempo e indicadores de desempenho.

São Áreas Estratégicas:

A: RBs consistem em modelos que funcionem de forma eficaz para o desenvolvimento sustentável;

B: Colaboração e formação de redes inclusivas, dinâmicas e orientadas a resultados;

C: Parcerias efetivas externas e financiamento suficiente e sustentado;

D: Comunicação abrangente, moderna, aberta e transparente, informação e compartilhamento de


dados; e

E: Governança efetiva.

Nesse sentido estamos em processo de adaptação do atual Plano de Ação da RBSE para um melhor
alinhamento ao Plano de Ação de Lima.

Para a implementação das ações, o Comitê Estadual da RBSE sempre tem como orientação as diretrizes
do MaB, direcionando esforços (captação e aplicação de recursos, atividades e apoio) para sua
Gestão, e baseia-se no Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Os processos de
integração dos planos e a implementação das metas devem ser vistas de forma integrada e
complementar, considerando que os funções e objetivos da RBSE. A garantia do desenvolvimento e
monitoramento das ações propostas devem contar com a cooperação institucional, as reponsabilidades
de investimentos financeiros e apoio logístico, conforme preconizado no decreto do Comitê Estadual da
RBSE e com o apoio direto do COBRAMAB e da UNESCO.

279
Alinhamento do Plano de Ação da RBSE ao Plano de Ação de Lima para o Programa MAB e sua Rede Mundial de Reservas da Biosfera (2016-2025)
TABELA 38: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA A.
ÁREA DE AÇÃO ESTRATÉGICA A
A Rede Mundial de Reservas da Biosfera consiste em modelos que funcionem de forma eficaz para o desenvolvimento sustentável

Resultado Ações

A1. Reconhecer as Reservas da 1. Evoluir nas ações da Rede Brasileira de Reservas da Biosfera;
Biosfera (RBs) como modelos que 2. Garantir a participação brasileira nos Grupos de Trabalho do Programa MaB-UNESCO;
contribuem para implementar 3. Fazer mapeamento das ações em curso sobre e para a RBSE com definição de formas e alvos de monitoramento
Objetivos de Desenvolvimento e apoio;
Sustentável (ODSs) e Acordos 4. Promover agendas de discussão específicas com a UNESCO, Governo de Minas, Governo Federal, prefeituras,
Multilaterais de Meio Ambiente ONGs, empresas, gestores de UCs, universidades e outras RBs;
(AMABs) 5. Reconhecer as RBs na legislação, políticas e / ou programas em nível nacional e / ou subnacional;
A2. Selecionar as Reservas da 6. Estabelecer parcerias com universidades e institutos de pesquisa para realizar pesquisas; estabelecer parcerias
Biosfera de forma aberta e com instituições de ensino e formação para empreender atividades de educação, formação e capacitação,
participativa, assim como seu destinados as partes interessadas das RBs, incluindo gestores, tendo em conta os ODS;
planejamento e implementação. 7. Identificar e divulgar as boas práticas para o desenvolvimento sustentável;
8. Encorajar gestores, comunidades locais e outras partes interessadas, nas RBs, para colaborar na concepção e
A3. Integrar as RBs nas legislações implementação de projetos que informem a gestão e o desenvolvimento sustentável de sua RB.
pertinentes, nas políticas e /ou 9. Discutir sobre o zoneamento da RBSE com o reconhecimento das novas Unidades de Conservação;
programas complementados pelo 10. Induzir e apoiar o reconhecimento e a implementação dos mosaicos de UCs na RBSE - Mosaico Espinhaço:
apoio ao seu funcionamento Jequitinhonha – Cabral, Mosaico Espinhaço Meridional Serra do Cipó; Mosaicos do Espinhaço - Quadrilátero
A4. Desenvolver pesquisas, criar Ferrífero; Mosaico do Espinhaço Setentrional – Norte de Minas;
oportunidades de aprendizagem e 11. Realizar discussões técnico-científicas para definição da condição de bioma dos campos rupestres;
formação prática que apoiem a 12. Implantar um sistema de informação, gestão e monitoramento de qualidade das águas das bacias da Reserva
gestão de RBs e o desenvolvimento da Biosfera da Serra do Espinhaço;
sustentável dentro de RBs. 13. Estimular projetos para recuperação dos recursos hídricos das bacias hidrográficas da Reserva da Biosfera
Serra do Espinhaço.
A5. Sustentabilidade Financeira 14. - Inventariar iniciativas de projetos relacionados ao uso sustentável de recursos naturais.
das RBs 15. - Identificar projetos na área de recuperação ambiental e prevenção e combate aos incêndios florestais;
A6. Funcionamento eficaz da Rede 16. - Mapear a distribuição das espécies ameaçadas de extinção e invasoras no âmbito da RBSE;

280
Mundial de Reservas da Biosfera 17. - Identificar e divulgar programas de conectividade e mosaicos de Unidades de Conservação;
(RMRB), com todas RBs cumprindo 18. Identificar serviços dos ecossistemas e facilitar a sua oferta a longo prazo, nomeadamente as que contribuem para
seu Marco Estatutário. a saúde e bem-estar;
19. Promover mecanismos para o pagamento justo por serviços ecossistêmicos; implementar programas para preservar,
A7. Reconhecer as RBs como fontes
manter e promover as espécies e variedades de valor econômico e/ou cultural e que sustentam a prestação de
e gestoras dos serviços
serviços de ecossistemas.
ecossistêmicos
20. O Programa “Corredores da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: conectando paisagens naturais e
culturais”, alinhado ao Programa CONESCTA, do Ministério do Meio Ambiente e junto à organismos
governamentais em Minas Gerais (IBAMA, ICMBio e IEF), com sua rede de atores para a viabilização.

TABELA 39: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA B.


ÁREA DE AÇÃO ESTRATÉGICA B
Colaboração e formação de redes inclusivas, dinâmicas e orientadas a resultados no âmbito do Programa MAB e da Rede Mundial de RBs

Resultado Ações

B1. Eficazes 1. Garantir a participação de todos os interessados em redes regionais e temáticas.


gerentes/coordenadores das RBs 2. Ampliar as alianças temáticas em especial para o Grupo de Trabalho em mineração e Reservas da Biosfera;
e envolvimento das partes 3. Articular rede de educação ambiental e patrimonial ao alcance da comunidade em geral;
interessadas das RBs. 4. Estimular projetos de capacitação e treinamento de funcionários das UCs acerca da RBSE;
5. Inventariar lideranças das comunidades e as populações tradicionais;
B2. Redes regionais e temáticas
6. Elaborar o mapa de Uso e Ocupação do Solo - inventário das atividades produtivas: mineração, indústria,
inclusivas
agrossilvipastoril, agricultura familiar, usinas de geração de energia elétrica, entre outros.
B3. Redes regionais e temáticas 7. Desenvolver plataforma de discussão e divulgar boas práticas para o setor mineral;
com recursos adequados 8. Inventariar iniciativas de boas práticas de uso da terra;
9. Reconhecer e promover os saberes tradicionais e suas práticas;
B4. Colaboração efetiva em 10. Levantar conselhos de cultura, de meio ambiente, UCs e outros nos municípios da RBSE, com vistas a difundir as
níveis regional e temático.
funções e ações da RBSE;
B5. Visibilidade de redes 11. Criar oportunidades para pesquisas colaborativas, implementação e monitoramento;
regionais e temáticas e de suas 12. Divulgação, interna e externa, de resultados das atividades da rede, incluindo casos de boas práticas na RBSE.
atividades 13. Estruturar um banco de dados georreferenciado de imagens, artigos e teses.

281
B.6. Cooperação transnacional e 14. Promover o monitoramento socioambiental no território do Espinhaço;
transfronteiriças entre RBs 15. Promover a discussão sobre a integração dos diferentes instrumentos de gestão territorial no espaço da RBSE;
B.7 Rede Interdisciplinar ativa e
aberta de cientistas que
compartilham visão e missão
MAB.

TABELA 40: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA C.


ÁREA DE AÇÃO ESTRATÉGICA C
Parcerias efetivas externas e financiamento suficiente e sustentado para o Programa MAB e a Rede Mundial de RBs

Resultado Ações

C1. Recursos adequados para o


1. Promover e realizar cursos, fóruns, congressos, seminários e workshops de arte, educação, cultura e meio
programa MAB e a Rede Mundial
ambiente;
de RBs
2. Identificar oportunidades de divulgação da RBSE (eventos, seminários, palestras, etc.);
C2. Reconhecer o Programa MAB 3. Promover o intercâmbio com a rede de reservas nacionais e internacionais;
como um parceiro fundamental no 4. Captar recursos para a RBSE junto a UNESCO, aos governos federal, estadual, municipal e a iniciativa privada e
âmbito da UNESCO e com outras outras instituições;
organizações e convenções 5. Desenvolver plano de negócios para a RBSE, incluindo geração de receitas e parcerias eficazes com potenciais
internacionais relevantes. financiadores;
6. Elaborar plano de negócios da RB para produzir receitas e debater o processo de criação PJ dos amigos da RBSE
C3. Reservas da Biosfera e Redes
para captação e gestão de recursos financeiros;
regionais gerando sua própria
7. Elaborar um plano de negócios com ênfase em arranjos produtivos para produtos com a marca Espinhaço;
receita.
8. Fortalecer contribuições financeiras e criação do fundo RBSE.
C4. Reconhecimento do Programa 9. Criar oportunidades de colaboração e parcerias com programas e convenções internacionais relevantes.
MAB como parceiro-chave pelo 10. Promover parcerias para levantar fundos de entidades externas com os objetivos compatíveis com o Programa
Setor privado. MAB;
11. Desenvolver orientações sobre parcerias com o setor privado para comissões nacionais e RBs; criar oportunidades
C5. O reconhecimento de que o
de colaboração e parcerias com o setor privado, que estão abertos, com responsabilidade e sustentáveis;
Programa MAB contribui para a
12. Criar oportunidades para projetos e atividades financiados por agências nacionais e regionais de financiamento;
realização dos objetivos nacionais,
282
programas regionais de 13. Fornecer orientação e treinamento para empresários e empresas sociais sobre o envolvimento dentro das RBs;
financiamento criar oportunidades para empreendedores e empresas sociais em RBs, incluindo o treinamento, incentivos e
contratos públicos;
C6. Empresários e empresas
14. Acompanhar a aplicação dos investimentos de recursos nas UCs inseridas nas RBSE;
sociais contribuem para
15. Mapear a distribuição do patrimônio cultural tombado, material e imaterial, no âmbito da RBSE.
atividades das RBs.
16. Estimular projetos para pagamentos por serviços ambientais na RBSE;
C7. Reconhecimento nacional e 17. Criar o selo para comercialização de produtos do Espinhaço;
internacional das Reservas da 18. Levantar circuitos turísticos reconhecidos no âmbito da RBSE com vistas à integração.
Biosfera 19. Estabelecer uma marca forte RB global associada às diretrizes nacionais;
20. Usar a marca em produtos e serviços de acordo com as diretrizes nacionais;
C8. Sinergias reforçadas entre 21. Estimular promoção e comercialização conjuntas de produtos RB e serviços entre e além das RBs;
RBs
22. Estabelecer processo de viabilidade de reconhecimento e instalação dos Postos Avançarmos da RBSE.

TABELA 41: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA D.


ÁREA DE AÇÃO ESTRATÉGICA D
Comunicação abrangente, moderna, aberta e transparente, informação e compartilhamento de dados

Resultado Ações

D1. Disponibilidade ampla de 1. Promover a política de acesso livre adotada pelo International Co-ordinating Council - ICC em 2014;
documentos, dados, informações e 2. Criar identidade visual para o material de comunicação;
outros materiais do MAB 3. Elaborar novos materiais informativos impresso e digitais (institucional);
4. Manter atualizações e adaptações no portal da RBSE na internet;
D2. Aumento de consciência em
5. Publicar e atualizar boletins informativos;
relação a todos os aspectos do
6. Atualizar e executar o plano de ação de comunicação;
Programa MAB
7. Elaborar um programa de coordenação de publicações para facilitar a partilha de dados e conhecimentos;
D3. Amplo engajamento e 8. Usar as mídias sociais e outras novas tecnologias de informação e comunicação;
sensibilização 9. Atualizar o Plano de Comunicação e Marketing;
10. Criar o Prêmio Sempre-vivas para boas práticas no Espinhaço;
11. Instituir o Selo Empresa Amiga da Serra do Espinhaço;
12. Instituir junto ao governo estadual, o Dia da Serra do Espinhaço;
13. Produzir e publicar o livro atualizando informações da RBSE;
283
14. Produzir e publicar edições temáticas da Revista Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, com temas ligados
à conservação, desenvolvimento, gestão e governança; conhecimento científico e tradicional
15. Estruturar uma equipe de mídia e relações públicas;
16. Estabelecer processo de viabilidade de reconhecimento e instalação dos Postos Avançarmos da RBSE;
17. Ampliar a sinalização de estradas e em unidades de conservação, com destaque para as regiões das zonas
núcleo da RBSE, comunidades tradicionais, roteiros e itinerários turísticos e municípios

TABELA 42: ESTRATÉGIA DE AÇÃO – ÁREA E.


ÁREA DE AÇÃO ESTRATÉGICA E
Governança efetiva de e no âmbito do Programa MAB e da Rede Mundial de Reservas da Biosfera

Resultado Ações

E1. Forte apoio para implementar 1. Buscar apoio e recursos institucionais para garantir a participação de conselheiros do Comitê Estadual em
o programa MAB dos governos reuniões do MaB;
dos Estados-Membros 2. Buscar apoio e recursos institucionais para garantir a participação de conselheiros do Comitê Estadual em
reuniões da Rede Brasileira;
E2. Comitês Nacionais MAB têm
3. Discutir e revisar o Regimento Interno do Comitê Estadual e Decreto Estadual;
um conjunto transdisciplinar de
4. Desenvolver um plano com objetivos, mecanismo de avaliação de desempenho e cronograma para cada rede
membros
regional e temática;
E3. Atualizações regulares do 5. Fazer o monitoramento contínuo do plano de ação da RBSE com verificação de eficiência;
progresso dos Estados-Membros e 6. Avaliar, no médio prazo, a implementação do plano de ação da RBSE;
acompanhamento do Plano de 7. Monitorar o Plano de Comunicação e Marketing;
Ação. 8. Consolidar e manter a estrutura necessária para funcionamento dos escritórios da RBSE;
9. Verificar a viabilidade de criação de consorcio intermunicipal para gestão compartilhada nos territórios da RBSE;
E4. Funcionamento efetivo das
10. Reconhecer e apoiar a implementação de Postos Avançados da RBSE;
redes regionais e temáticas
11. Incluir os estudos da Fase 3, integrando os Estados de Minas Gerais e da Bahia;
12. Promover a revisão do regimento e decreto da RBSE, para atendimento da governança pretendida;
13. Estabelecer mecanismos de monitoramento contínuos para a 2a Revisão Periódica (2025).

284
5. APOIOS OFICIAIS – CARTAS DE APOIO À PROPOSTA DA FASE 2 DA RBSE

1. ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE E PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS


GERAIS
Arcebispo da Arquidiocese e Grão-Chanceler da PUC Minas: Dom Walmor Oliveira de Azevedo
2. ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS MINERADORES DE MINAS GERAIS (AMIG)
Presidente: Vitor Penido de Barros
3. ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE MUNICÍPIOS – AMM
Presidente: Julvan Lacerda
4. CENTRO EXCURSIONISTA MINEIRO (CEM)
Presidente: Giselle Saraiva de Melo
5. CLUBE DE OBSERVADORES DE AVES DO NORTE DE MINAS (COA-NM)
Coordenador Técnico: Daniel Filipe Dias
6. COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS (CBH RIO DAS VELHAS)
Presidente: Marcus Vinicius Polignano
7. CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA 4ª REGIÃO (CRBio-04)
Presidente: Tales Heliodoro Viana
8. COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE CACHAÇA DE ALAMBIQUE DA MICRO-REGIÃO DE
SALINAS (COOPERCACHAÇA)
Diretor Presidente: Gilmar Pereira de Freitas
9. ESPELEOGRUPO PETER LUND (EPL)
Coordenador Técnico: Ronaldo Lucrécio Sarmento
10. FEDERAÇÃO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - N’GOLO
Presidente: Jesus Rosário Araújo
11. FUNDAÇÃO DE PARQUES MUNICIPAIS E ZOOBOTÂNICA DE BELO HORIZONTE (FPMZB/BH)
Presidente: Sérgio Augusto Domingues
12. FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (FEAM/MG)
Presidente: Eduardo Pedercini Reis
13. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA
Coordenador de Mobilização: Beloyanis Monteiro
14. INSTITUTO BIOTRÓPICOS
Diretor Presidente: Joaquim de Araújo Silva (Dsc.)
15. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio)
Coordenador Regional (CR11 Lagoa Santa): Frederico Drumond Martins
16. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN)
Superintendente do IPHAN em Minas Gerais: Célia Maria Corsino
17. INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS DE MINAS GERAIS (IEF/MG)
Diretor Geral: Henri Dubois Collet
285
18. INSTITUTO GRANDE SERTÃO
Diretor Executivo: Eduardo Gomes de Assis
19. INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS (IGAM/MG)
Diretora Geral: Marilia Carvalho de Melo
20. INSTITUTO PRÍSTINO
Presidente: Flávio Fonseca do Carmo
Vice-presidente: Luciana Hiromi Yoshino Kamino
21. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (MPMG)
Coordenadora das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas
Gerais: Promotora de Justiça Giselle Ribeiro de Oliveira
22. MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO ESPINHAÇO: JEQUITINHONHA-CABRAL
Secretária-Executivo: Alexsander Araujo Azevedo (DSc.)
23. ONG CAMINHOS DA SERRA
Presidente: Alex Mendes Santos
24. PREFEITURA MUNICIPAL DE MATO VERDE
Secretário de Esporte, Lazer, Turismo, Infância e Juventude: Wallison Rondinelly Barbosa
25. PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTE AZUL
Prefeito Municipal: Alexandre Augusto Fernandes de Oliveira
Chefe de Divisão de Turismo: Uziel Barbosa de Castro
26. PORTAL SERRA DO ESPINHAÇO E IMAGINOSFERA
Presidente: Bernardo Erwin Puhler Resende
27. SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Secretário: Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Chefe de Gabinete: Evandro Xavier Gomes
28. SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (SEMAD)
Secretário: Germano Luiz Gomes Vieira
29. SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO DE MINAS GERAIS (SETUR/MG)
Secretário: Paulo Marcos Almada de Abreu Junior
30. SINDICATO DA INDÚSTRIA MINERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS – SINDIEXTRA
Presidente: José Fernando Coura
31. TRIAS BRAZIL
Coordenadora Nacional: Gisele Obara
32. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (Unimontes)
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Dr. Virgílio Mesquita Gomes

286
287
PARTE II: GUIA METODOLÓGICO: RESERVA DA BIOSFERA DA
SERRA DO ESPINHAÇO – FASE 2

I – O QUE É A FASE 2 DA RBSE?

A segunda fase da RBSE é uma consequência dos esforços realizados para o reconhecimento da
primeira porção da cordilheira em 2005, do processo de gestão participativa realizado pelo comitê
estadual, do plano de ação estratégica e da primeira revisão periódica realizada em 2015. A Serra
do Espinhaço é indissociável quando se considera suas características ecológicas, especialmente
tratando-se do seu principal ecossistema, os Campos Rupestres.

A baixa resiliência desse ecossistema associada ao alto grau de endemismo e biodiversidade fez da
Serra do Espinhaço um território que compreende áreas consideradas insubstituíveis e, portanto,
prioritárias para a conservação. Sua incidência em níveis de altitude acima dos 900 metros cria uma
identidade única não apenas para o Brasil, mas para todo o planeta.

Essa identidade se revela ainda mais surpreendente nos detalhes microclimáticos que marcam suas
diversas regiões. Assim ocorre em sua porção leste onde faz fronteira com o bioma Mata Atlântica, em
sua porção oeste onde os limites se dão com o bioma Cerrado e agora em sua ampliação norte
integrando-se ao bioma Caatinga.

A toda essa riqueza biogeográfica pode-se acrescentar os ecossistemas de altiplanos onde ocorrem os
campos rupestres e ecossistemas de transição, áreas de ecótonos para as quais o conhecimento ainda é
insipiente. Seus atributos como território ecológico ainda são insuficientes para uma caracterização de
sua importância se não levar em consideração a geodiversidade e geomorfologia. É fato que tais
aspectos vão se apresentando cada vez mais na medida em que as atividades de extração mineral vão
ocupando mais espaço na pauta do Comitê Gestor.

A atividade econômica de mineração é o meio pelo qual a ocupação desse território se deu e ainda se
dá. As históricas explorações de ouro e diamante, as imensas jazidas ferríferas marcam o
desenvolvimento econômico de inúmeros municípios de Espinhaço. Ciclos finitos de riquezas minerais,
impõem um desafio implacável à lógica de uma economia imediatista. A corrida exploratória muitas
vezes desprovida de planejamento socioambiental deixa marcas negativas profundas difíceis de
solucionar.

A Fase 2 da RBSE propõe diálogos imprescindíveis a partir de referenciais sustentáveis e possíveis,


envolvendo os diversos setores da sociedade. As discrepâncias regionais do território da Fase 2 ficam
claras sob um olhar mais profundo. Tanto pelo aumento das desigualdades sociais provocadas pelo
esquecimento governamental de uma população mais isolada, longe da capital administrativa e
desprovida de políticas públicas coerentes. É notável que escassez de água amplia as consequências da
pobreza e faz do uso da terra a única salvaguarda dessas pessoas.

A RBSE em sua Fase 2 possui desafios diferenciados quando comparados com a Fase 1. Ao mesmo
tempo, o reconhecimento dessa região integrando-a à Reserva cria oportunidades, pois leva luz às
questões socioambientais. Cria-se um quadro diferenciado para os municípios com possibilidades de

288
cooperações, maior apoio institucional, incentivo à pesquisa, programas especiais de conservação e
desenvolvimento sustentável.

O extremo norte, já na fronteira entre os estados de Minas Gerais e Bahia, aproxima o reconhecimento
da RBSE de uma importantíssima Fase 3. A complementação do conjunto orográfico do Espinhaço
integrando as Serras de Minas ao Parque Nacional da Chapada da Diamantina é uma condição
necessária para a totalização de trabalho iniciado em 2005. A Fase 2 é uma transição importante para
se alcançar esse objetivo. Embora o intervalo de tempo entre a Fase 1 e a Fase 2 tenha sido de 13
anos, temos a certeza que o tempo entre a Fase 2 e uma futura Fase 3 será bem mais curto.

A partir desse momento já serão necessárias tratativas com os atores do estado da Bahia para
viabilização de uma Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço em sua integralidade (Fase 1, 2 e 3).
Como a Fase 2 se dará ainda dentro do estado de Minas Gerais, todas as providências relacionadas
ao plano de ação serão facilitadas, pois ficarão sob a governança de um único Comitê Estadual que
será desmembrado em 2 subcomitês regionais. Assim será uma ampliação factível e promissora.

Ao considerar a realização dessa proposta de ampliação como uma metodologia de transição para a
Fase 3, todos os ajustes do zoneamento e mobilização foram construídos já a algum tempo em parceria
com os órgãos governamentais e não governamentais do estado de Minas Gerais. Ações como a criação
de UCs, mapeamentos, definição de critérios já faziam parte dos procedimentos do Comitê Gestor,
inclusive com a criação do primeiro mosaico de UCs no extremo norte da Fase 1. A mobilização desse
mosaico meridional será a plataforma de constituição do subcomitê norte (Fase 2). Assim já existe um
ponto de apoio logístico capaz de conduzir com tranquilidade a transição de governança e elaboração
de um novo plano de ação.

II – QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A FASE 2 DA RBSE?

Este processo ocorreu oficialmente através da participação direta de instituições que compõem o Comitê
Estadual da RBSE, além de consulta ampla para tomada e análise de dados em cooperação com
diversas instituições e setores governamentais, não governamentais, instituições de ensino e pesquisa, em
especial universidades, centros de pesquisa, garantindo o processo participativo e a qualidade dos
dados aqui apresentados.

Em Workshop realizado junto ao Grupo de Trabalho da Fase II da RBSE, do Comitê Estadual da


Reserva da Biosfera, respeitando o perfil de cada instituição. A partir da problematização e discussão
dos itens da Fase 2 da RBSE, dos estudos de casos de referência citados pela UNESCO e da
capacidade de integração de dados, firmou-se o compromisso da colaboração dos participantes para a
elaboração da revisão.

Estruturou-se, assim, um Plano de Trabalho para a elaboração deste documento, que se iniciou em abril
de 2018. As ações seguiram este formulário, com destaque para equipes que trataram de articulação
institucional, gestão, conservação, desenvolvimento, geoprocessamento e sensoriamento remoto, tal qual
está preconizado também no Plano de Ação do referido Comitê.

Durante o processo, foram produzidos e apresentados seminários técnicos para análise e validação dos
dados e, posterior, composição das sínteses apresentadas neste relatório.

289
A coordenação dos trabalhos foi conduzida pela Coordenação, Vice coordenação e Secretaria
Executiva do Comitê Estadual da RBSE, com o apoio direto de instituições que compõe o Comitê
Estadual, bem como outras entidades incorporadas neste procedimento. Para os trabalhos de indicação
da Fase II da RBSE, foram considerados:

a- Viabilidade institucional e viabilidade financeira: capacidade interna do Comitê Estadual da


RBSE; arranjos institucionais existentes e novas participações de instituições das novas as novas
áreas propostas de ampliação; garantia do processo participativo e legitimidade na
elaboração da proposta;
b- Dados disponíveis e cartografia atualizada: fonte de dados e informações oficiais, em
plataformas governamentais e não governamentais, bem como em sites de publicações
científicas e a partir da atualização do banco de dados da RBSE;
c- Criação de novas zonas núcleo e incremento de áreas protegidas: fortalecimento da gestão da
RBSE por meio de compartilhamento de estratégias do Plano de Ação da RBSE com outros
instrumentos de conservação e desenvolvimento (Mosaicos de áreas protegidas; inclusão de
mananciais de água estratégicos da Região Metropolitana de Belo Horizonte);
d- Capacidade de monitoramento e participação: envolvimento do Comitê Estadual da RBSE para
a fase II; articulação com novos munícios a serem incluídos na proposta; participação de centros
de pesquisa e universidades, bem como organizações não-governamentais na nova região
proposta.
e- Coerência e atendimento ao Plano de Ação da RBSE e a 1ª Revisão Periódica da RBSE (2015)
aprovada pela UNESCO, que indica a ampliação e revisão dos limites da RBSE.

A metodologia utilizada para esta Revisão Periódica resume-se em:

• Reuniões de Planejamento;
• Identificação de atores estratégicos;
• Envio de correspondência por e-mail para a tomada dos dados;
• Seminários para alinhamento de sínteses;
• Trabalhos de campo;
• Organização dos dados e preenchimento do Relatório;
• Reunião com a Secretária de Biodiversidade e Florestas, COBRAMAB, em setembro de 2018, no
Ministério de Meio Ambiente, com entrega da versão final em português.
• Tradução do texto para a língua inglesa e encaminhamento à UNESCO/MaB.

Entendemos que, como no momento de reconhecimento da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,


este processo foi ampliado e construído de forma abrangente e multilateral, com diferentes atores da
sociedade organizada, ampliando, assim, o processo de divulgação e de inserção de novos atores
estratégicos.

Tomamos a 1ª Revisão Periódica da RBSE, elaborada em 2015 e aprovada pela UNESCO em 2016,
como um excelente momento para a articulação institucional, bem como para o fortalecimento entre
ações e atores no território da RBSE. Destaca-se a participação ativa dos membros do Comitê Estadual
da RBSE, com comprometimento e corresponsabilidades diretas e contínuas neste processo.

290
III – CRITÉRIOS PARA A REVISÃO DA RBSE FASE 2 – 2018

A) INTRODUÇÃO

A Fase 2 RBSE foi elaborada considerando o roteiro metodológico estabelecido por este formulário de
revisão da UNESCO, com discussões no Comitê Estadual da RBSE, com destaque para:

- Atendimento à perspectiva de ampliação, considerando a Serra do Espinhaço, que tem em seus 1.200
quilômetros de extensão, como identidade de paisagens naturais e culturais, em uma perspectiva
histórica e de características econômicas e de dinâmicas sociais diversas.

- A coerência em se dar maior detalhamento e conexão dos atributos que pautaram o reconhecimento
da RBSE, em 2005, e que foram melhorados em 2015, quando da 1ª Revisão Periódica da RBSE, seja
pela cartografia e dados com maior qualidade e escala de análise, seja pela governança estabelecida
nestes 13 anos de reconhecimento;

- A valorização de uma identidade geográfica no norte de Minas Gerais, que necessita de arranjos
pautados em princípios de conservação, desenvolvimento econômico de base sustentável, educação e
conhecimento. Devido a tais fatores, essa região foi incluída na revisão de zoneamento.

- O incremento do Plano de Ação da RBSE a ser espelhado e revisto para o atendimento ao Plano de
Lima, que está sendo revisto pelo Comitê Estadual da RBSE em 2018.

- O fortalecimento de políticas públicas brasileiras, com destaque para Minas Gerais, que tem
considerado a RBSE como unidade de planejamento territorial para tomada de decisão e investimentos
em pesquisa, ações de conservação, licenciamento ambiental e desenvolvimento econômico, com enfoque
no turismo.

- A necessidade de revisão e atualização do zoneamento da RBSE, segundo critérios apresentados no


item Princípios Gerais, com cartografia e disponibilidade de dados de melhor qualidade e
detalhamento.

Para tal, o Grupo de Trabalho para a revisão do zoneamento da RBSE se reuniu com o Ministério do
Meio Ambiente e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais para alinharem as expectativas e
demandas reais de ampliação da RBSE.

A partir da tomada de decisão para os estudos da Fase 2 da RBSE, iniciou-se os trabalhos em 2018,
conforme agenda apresentada.

Importante ressaltar que, com a Fase 2 da RBSE, institui-se um novo processo de governança do Comitê
Estadual da RBSE, que traz nesta proposta a regionalização da gestão da RBSE.

Desta forma, abre-se também uma perspectiva e compromisso do Comitê Estadual da RBSE para
instalação de programas robustos e abrangentes, como o “Programa Corredores da RBSE: conectando
paisagens naturais e culturais”, com a adoção dos eixos prioritários de Conservação Ambiental,

291
Recuperação Ambiental, Produção Sustentável, Gestão Territorial, Conhecimento Científico e Tradicional
e Formação e Comunicação.

Assume-se, também, com a Fase 2 da RBSE, o compromisso de mobilização e fortalecimento da última


área da Serra do Espinhaço, na Chapada Diamantina, no estado da Bahia, que se pretende para a
futura Fase 3 da RBSE.

B) PRINCÍPIOS GERAIS

A busca pela integridade geográfica da Serra do Espinhaço, fortalecendo sua identidade mediante o
reconhecimento da Reserva da Biosfera, não é recente. Desde seu reconhecimento, esta meta é posta.
Trata-se então de uma revisão de zoneamento, acompanhado por estratégias de implementação, de
forma coerente e madura, dado o investimento de uma série de ações já consolidadas e apresentadas
neste documento. Desta forma, não se trata de uma reinvenção da RBSE, mas, sim, de um reconhecimento
e consolidação deste território.

Para tal, foram considerados os seguintes princípios gerais para a proposta:

Princípio Geral 1 – Adequar os limites da RBSE na região da Fase 1, com novos atributos, e ampliar
para o norte de Minas Gerais, buscando maior homogeneidade nos critérios que foram utilizados no
reconhecimento da RBSE, em 2005, considerando:

1. da criação de novas Unidades de Conservação ou alteração nas existentes;

2. da existência de informações e cartografia mais precisa e atual sobre os Campos Rupestres e seus
ecossistemas associados;

3. da atenção especial recomendada pelo Comitê Estadual da RBSE para a região norte de Minas
Gerais;

4. da existência de novos zoneamentos oficiais do território (Zoneamento Ecológico-Econômico, rotas


turísticas, áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e a própria Reserva da Biosfera,
como critério locacional para o licenciamento ambiental em Minas Gerais, Sítio Ramsar, Mananciais
estratégicos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Rios de Preservação Permanentes, dentre
outros);

5. da existência de indicações de áreas insubstituíveis da Serra do Espinhaço;

6- a qualidade dos dados científicos que apontam para a conservação e promoção do desenvolvimento
de base conservacionista e cultural do Geossistema do Vale do Peixe Bravo, já assumido na 1ª Revisão
periódica da RBSE, em 2015.

7- a atualização das informações dos itens tratados na Primeira Revisão Periódica da RBSE, na escala
temporal de 2015 a 2018.

Princípio Geral 2 – A capacidade de mobilização, fortalecimento da governança e da riqueza


cultural, considerando:

292
1. O processo legítimo de mobilização de instituições da região pretendida para ampliação e o
acolhimento do Comitê Estadual da RBSE para esta demanda;

2- Os arranjos produtivos locais e planos de desenvolvimento de base conservacionista, a exemplo de


rotas turísticas;

3- A necessidade de formação de novos atores no contexto da Reserva da Biosfera, com a criação de


fóruns de discussão e gestão compartilhada deste vasto território;

4- O respeito à diversidade social e cultural, considerada como grande ganho para as múltiplas
identidades que a Serra do Espinhaço traduz, a exemplo dos modos de vida, da literatura, da música,
da diversidade étnica, dos comportamentos e saberes tradicionais do uso e manejo da terra, dentre
outros elementos de riqueza cultural diversa da Serra do Espinhaço.

5- A possibilidade de incremento e melhoria de uma região da Serra do Espinhaço que detém um dos
menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.

6- O fortalecimento da região do norte de Minas Gerais, que poderá ser a referência para
mobilização de novos atores para a Bahia, instalando-se então a governança para a futura Fase 3 da
RBSE.

C) CRITÉRIOS TEMÁTICOS

Os principais critérios adotados nesta proposta de Fase 2 da RBSE para o novo zoneamento foram:

- A análise técnica para ampliação dos limites para o norte de Minas Gerais.

- A articulação e mobilização de atores estratégicos e com demanda legítima de diversos setores que
tem dialogado há anos com o Comitê Estadual da RBSE, solicitando a ampliação da RBSE para a região
norte de Minas Gerais.

- O incremento da RBSE, a partir dos princípios e funções da Reserva da Biosfera para uma das regiões
mais ricas em biodiversidade do Brasil, com a conexão entre os Campos Rupestres, as Veredas e as
Turfeiras da Serra do Espinhaço, bem como a utilização das unidades de planejamento territorial dos
Biomas Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. Destaca-se também a interface geográfica com as
Reservas da Biosfera da Mata Atlântica e a do Cerrado e a partir da Fase II, com a Reserva da
Biosfera da Caatinga.

- O conhecimento científico de uma região de grande riqueza em biodiversidade, sítios arqueológicos e


paleontológicos, ainda pouco conhecida e onde almeja-se o destaque a partir da Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço dos geossistemas ferruginosos do Peixe Bravo.

- O reconhecimento de produtos e produtores rurais, a partir da apuração de produtos da


biodiversidade, como o pequi (Caryocar brasiliense Camb), o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam), de
onde se extrai o umbu, cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), o rufão (Peritassa campestres), a
macaúba (Acrocomia aculeata) e a fava d’anta (Dimorphandra mollis), e produtos de identidade
geográfica, como a cachaça da região de Salinas e o artesanato do Vale do Jequitinhonha. Por outro
lado, incorpora-se com a Fase II, o desafio de se fortalecer uma das regiões de menor Índice de
Desenvolvimento Humano do Brasil.
293
- A descentralização de processos de gestão da RBSE, regionalizando este vasto território de
identidades múltiplas, em sua porção meridional e setentrional, e também por meio da gestão
compartilhada de territórios de conservação, quais sejam os Mosaicos de Áreas Protegidas do Espinhaço
(Mosaico de Áreas Protegidas Espinhaço Alto Jequitinhonha - Serra do Cabral, já reconhecido, e
Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço Meridional – Serra do Cipó, em processo de reconhecimento
pelo Ministério do Meio Ambiente). Para tal, identificou-se o potencial de reconhecimento de um novo
Mosaico de Áreas Protegidas na Região Norte da Serra do Espinhaço, gerando cooperação técnica
entre as unidades de conservação, apoio logístico e programas de mobilização social e desenvolvimento
regional.

- O compromisso do governo brasileiro de assumir as reservas da Biosfera como unidades territoriais


para o planejamento, e assim inclui-se a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, no Programa
Nacional de Conectividade de Paisagens – Conecta (Portaria nº 75, de 26 de março de 2018). Neste
sentido, propõe-se para a Fase II a criação, no âmbito do Comitê Estadual da RBSE, do Programa
Corredores da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: conectando paisagens naturais e culturais. A
RBSE, sendo um corredor ecológico natural e prestador de grandes serviços ecossistêmicos, e agindo
como espaço de governança estratégico, tem, por meio do Programa da RBSE – Corredores do
Espinhaço, o objetivo principal, interligar os mosaicos de áreas protegidas, dentro deles e entre eles,
promovendo a cultura e a conservação por meio de restauração florestal, arranjos produtivos locais,
turismo, dentre outras estratégias, desenvolvendo as funções das Reservas da Biosfera do Programa
MaB.

- A incorporação das Reservas da Biosfera no Estado de Minas Gerais, em políticas de regulação


ambiental, que assumiu, em 2017, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço como critério locacional
de Licenciamento Ambiental de empreendimentos de potencial impacto ambiental (Deliberação
Normativa COPAM no 217/17).

- O potencial já instalado a partir de Rotas Turísticas da Serra do Espinhaço que se soma à rede de
rotas da região, proposta para ampliação da RBSE onde se podes destacar: a Travessia Talhado:
Cachoeira do Cerrado e Travessia Talhado : Sete Quedas e Talhado Serra Nova, todas dentro do
Parque Estadual da Serra Nova, em Grão Mogol; a Travessia da trilha do Barão, entre a cidade de
Grão Mogol e a Fazenda Cafezal, histórica na região; a Trilha da Tropa/Peripiri, e a Travessia Folha
Larga, ambas em Botumirim; a Travessia Gigante, a Trilha da Bocaina; a Trilha da Campina Pé da
Serra; a Trilha do Laerte-Poço do Bananal; a Trilha Serrinha Rio de Peixe; a Trilha Prata/Rio de Peixe
ao lago de Irapé; a Trilha do Vale da Limeira até Tamanduá; a Trilha da cachoeira do Curiando; a
Trilha do Encantado , na Serra Resplandecente em Monte Azul; a Trilha cidade campina/base do Pico
da Formosa; a Trilha de escalada do Pico da Formosa em Cristália; a trilha cidade Morro do Chapéu; o
Roteiro Off Road - Gorutuba Lapinha da Serra. Bem como a criação do Programa de Trilhas de Longo
Percurso para o território da RBSE que inaugurou, em 2018, a instalação da Trilha Transespinhaço,
itinerário de mais de setecentos quilômetros, conectando cerca de cinquenta unidades de conservação,
comunidades e atrativos naturais e culturais do Espinhaço. Destaca-se também o CRER, Caminho
Religioso da Estada Real, que liga os Santuários Basílica Nossa Senhora da Piedade (Unidade de
Conservação de Proteção integral mais visitada em Minas Gerais) ao Santuário de Aparecida do Norte.

- A revisão dos limites a partir do fortalecimento dos municípios da RBSE, em sua Fase I, com a
mobilização de atores estratégicos por meio do Diagnóstico Situacional da Gestão das Unidades de
Conservação Municipais da RBSE, estudo realizado em 2017, nos 94 municípios da RBSE (Fase I). Para
esta revisão de limites que se pretende ampliar para os outros 172 municípios propostos na Fase II da
RBSE.

294
- A participação da RBSE na criação de novas Zonas Núcleo na região proposta, com destaque para o
Parque Estadual de Botumirim. Trata-se de importante Unidade de Conservação de Proteção Integral,
com 35.402 hectares, e protege importantes afluentes do Rio Jequitinhonha, bem como para preservar o
riquíssimo patrimônio espeleológico e arqueológico da região setentrional da Serra do Espinhaço. Trata-
se de uma área de especial relevância, dada a ocorrência e da recente redescoberta de uma ave
raríssima, a Rolinha do Planalto (Columbina cyanopis), uma espécie altamente vulnerável e frágil. Dada
como extinta pela ciência, a Rolinha do Planalto é endêmica do Cerrado – Serra do Espinhaço, e foi
avistada pela última vez em 1941, mas foi reencontrada na atual unidade de conservação em julho
de 2015.

- A inclusão no zoneamento da Fase II da RBSE de áreas tombadas por instituições do patrimônio


artístico e cultural, de gestão de áreas protegidas, com os limites de unidades de conservação não
considerados na Fase I. Destacam-se, neste contexto, os Rios de Preservação Permanente e as Áreas de
Proteção Especiais, mananciais estratégicos para abastecimento de água da Região Metropolitana de
Belo Horizonte, mananciais do Rio Manso e Sistema Serra Azul colaborando então para a segurança
hídrica de uma das regiões mais populosas do Brasil; Unidades de Conservação, a exemplo da
incorporação total do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade, onde se encontra o Santuário
Basílica Nossa Senhora da Piedade, Padroeira do Estado de Minas Gerais, sendo a unidade de
conservação com o maior número de visitantes no estado (mais da metade de todas as visitações), com
capacidade de se tornar um Posto Avançado da RBSE.

- A implementação de uma importante prioridade do Plano de Ação da RBSE: a Comunicação e o


Monitoramento. Tem-se investido sobremaneira neste item, considerando a articulação intersetorial
(regional, nacional e internacional), o que dá segurança para esta proposta com o fortalecimento
institucional na região da Fase I e agora, se estendendo para o norte do Estado em sua Fase II. Destaca-
se: a participação da RBSE no Technical Guidelines for Biosphere Reserves (TGBR), Working Group, Data
Management and Monitoring, in cooperation with the MAB Secretariat; a criação da Revista Reserva da
Biosfera, em 2017, que publicou em sua primeira edição a síntese da 1ª Revisão Periódica da RBSE; a
criação do Site da RBSE; a incrementação e disponibilização de informação geoespacial, por meio do
Atlas Geoambiental da RBSE coordenado pelo Instituto Prístino e com o apoio do Comitê Estadual da
RBSE, que conta com 75 layers de informação e possibilidade de análise de dados; a sinalização de
estradas com placas indicativas da RBSE, em mais de 20 municípios, inicialmente; a incorporação dos
limites da RBSE na plataforma de Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-SISEMA), instituída pela Resolução Conjunta
SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.466/2017, que tem como objetivo promover a adequada organização
dos processos de geração, armazenamento, acesso, compartilhamento, disseminação e uso dos dados
geoespaciais oriundos das atividades, programas e projetos ambientais e de recursos hídricos
desenvolvidos pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente.

- As respostas à recomendação da UNESCO na 1ª Revisão Periódica, em 2016, quanto à questão da


mineração. Para tal, a RBSE participou com apresentação e discussão com apresentação oral no side
event, Working Group on “Biosphere Reserves and Earth Resources, no IV Congresso Mundial de Reservas
da Biosfera (Lima - Peru, 2016). Destaca-se também a discussão de boas práticas em territórios de
reservas de biosfera junto ao setor, com a participação do Sindiextra no Comitê Estadual da RBSE.

- O estudo e as respostas estratégicas para a conservação da biodiversidade da Serra do Espinhaço,


com o Projeto Espinhaço Sempre Vivo (2005), e que foi atualizado em 2015 em nossa 1ª Revisão
Periódica, indicando as Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço.

295
- A inclusão dos Sítios BAZE para determinação do novo zoneamento, territórios definidos a partir,
Projeto da AZE Global “Aliança para Extinção Zero: Proteção de Sítios Naturais Insubstituíveis para a
Conservação da Biodiversidade Ameaçada”.

- A política pública para conservação da biodiversidade, por meio dos Planos de Ação Nacional
(PANs), coordenados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e
pactuados com a sociedade. Os PANs identificam e orientam as ações prioritárias para combater as
ameaças que colocam em risco populações de espécies e ambientes naturais, para, então, protegê-los.
Na área de abrangência da RBSE, desenvolvem-se 15 Planos de Ação Nacional.

- A inclusão do Sítio Ramsar LUND-WARMING na Fase II da RBSE. Reconhecido em 2017 (Sítio número
2306), que corresponde a uma parcela da Área de Proteção Ambiental Federal Carste Lagoa Santa,
que faz limite com a Zona de Transição da Fase I da RBSE, tem o objetivo de criar Sítios Ramsar em
âmbito regional, incluído áreas protegidas e outras áreas úmidas de importância internacional, para
atribuir prioridade para sua consolidação diante de outras áreas protegidas, conforme, inclusive,
previsto no Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).

- Superposição com outras Reservas da Biosfera:

O Brasil possui atualmente 7 Reservas da Biosfera: RB do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, RB
Mata Atlântica, RB Pantanal, RB Caatinga, RB Cerrado, RB Amazônia Central e RB Serra do Espinhaço.
Em grande medida, há áreas de superposição entre si. A RBSE tem áreas de superposição com a RBs da
Caatinga e da RB Mata Atlântica.

Com destaque, a Rede Brasileira tem promovido discussões sobre processos que vão além da
cartografia temática de representação destas sobreposições. Tem-se, contudo, buscar o incremento de
ganhos institucionais na esfera dialógica para a gestão, respeitadas as identidades e processos de cada
uma das reservas. Propõe-se então, de forma pactuada entre as Reservas da Biosfera brasileiras a
fundamentação necessária ddos aspectos de compartilhamento de territórios, gerando ganho e
fortalecimento das reservas brasileiras, além de se poder estabelecer critérios para todos os casos em
que houver sobreposição. Assim, assume-se o potencial de cooperação e governança pela gestão
compartilhada entre as RBs. Exemplo disto é o desdobramento da Fase II da RBSE e da Fase VII da
RBMA, com o compromisso assumido entre as Reservas da Biosfera para uma construção conjunta para
as próximas fases, ampliando a convergência entre as reservas, o que já ocorre por meio de
cooperação entre essas duas RB, desde 2005.

D) AGENDA DE TRABALHO – FASE 2

Considerando que a Fase II da RBSE já havia sido indicada desde o reconhecimento da Fase I da RBSE
(2005), a atual proposta de Fase II da RBSE se iniciou em 2015, quando da sua 1ª Revisão Periódica.
Em 2018 foi deliberado pelo Comitê Estadual da RBSE, a criação de um Grupo de Trabalho para a
condução das ações.

O Grupo de Trabalho da Fase II da RBSE foi constituído por representantes de universidades,


organizações não governamentais, setor produtivo nas áreas extrativista e de produção rural,
representante municipal e gestores governamentais na área de unidades de conservação. Nomea-se
aqui o Grupo de Trabalho:

296
GRUPO DE TRABALHO DO COMITÊ ESTADUAL DA RBSE:

• Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Prof. Miguel Ângelo Andrade -


Coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Fundação Biodiversitas – Gláucia M. Drummond – Vice-coordenadora do Comitê Estadual
da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado – Sérgio Augusto Domingues – Secretário
Executivo do do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
• Fundação Biodiversitas – Cassio Soares Martins
• Prefeitura de Conceição do Mato Dentro – Filipe Generoso B. Gaeta
• Fiemg – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Thiago Rodrigues Cavalcanti
e Silvia de Freitas Xavier
• Sindiextra – Thais Rêgo Oliveira e Christiane Malheiros
• FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - Mariana P.
Ramos
• Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – Henri Dubois Collet (Diretor Geral do IEF –
MG) Paulo Scheid e Nilcemar de Oliveira Bejar
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – CR11 – Frederico D. Martins e
Juliana Gonçalves

Além do referido Grupo de Trabalho, a elaboração da proposta contou com o apoio das seguintes
instituições:

• Instituto Grande Sertão – Eduardo Gomes


• Instituto Prístino – Dr. Flávio Fonsceca do Carmo e Dra. Hiromi Yoshino Kamino
• Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – André Rocha Franco
• Universidade Federal de Minas Gerais/Unimontes – Keyty de Andrade Silva
• Rede Brasileira de Reservas da Biosfera
• Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Para a viabilização financeira da proposta da Fase II da RBSE, contou-se ainda com:

• VALE S.A.
• Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Biodiversidade e Florestas
• Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

Após a viabilização dos trabalhos, o grupo gestor da RBSE se reuniu com representantes do IEF – MG e
o Ministério do Meio Ambiente para apresentarmos a proposta inicial da Fase II. Assim pactuado, os
trabalhos seguiram com outras articulações.

O documento e o zoneamento proposto para a Fase II da RBSE foram discutidos e aprovados, por
unanimidade, conforme ata anexa, em Reunião Extraordinária do Comitê Estadual da RBSE, em 31 de
agosto de 2018.

Após a aprovação da Fase II pelo Comitê Estadual da RBSE, os documentos foram enviados ao
Ministério do Meio Ambiente, que procedeu à tradução do documento e colocou para apreciação e
aprovação da COBRAMAB – Comissão Brasileira do Programa MaB, durante a 26ª Reunião Ordinária,
no dia 17 de setembro de 2018.

297
Importante ressaltar que, com o apoio de dezenas de instituições para a 1ª Revisão Periódica da RBSE,
a proposta para a Fase II foi realizada de forma a consolidar os indicativos da revisão periódica,
avançando-se então, para o tratamento das informações e tomada de decisão quanto ao zoneamento
aqui proposta para esta nova Fase.

298
299
PARTE III: DETALHAMENTO DA PROPOSTA

Esta proposta de revisão do zoneamento da RBSE, Fase II, apresenta os aspectos instituídos na Reserva
da Biosfera e para a Reserva da Biosfera, em diferentes escalas de unidades de planejamentos
territoriais oficiais, e com a participação ativa de instituições governamentais, centros de pesquisa e
universidades, representantes de comunidades locais, gestores de áreas protegidas, entidades do setor
privado e do terceiro setor. Somam-se a esta participação, potencialidades ainda não exploradas,
além das lacunas e fragilidades em um território cercado de diferentes interesses políticos e econômicos.
Trata-se então de se assumir aqui a reedição de ações bem-sucedidas na RBSE para áreas com grandes
necessidades de se instruir com os princípios e funções do Programa MaB, que convocam as lições
apreendidas pela RBSE até então, e cujo aprendizado para a RBSE será mútuo, frente às novas
realidades deste novo território pretendido, qual seja, o norte de Minas Gerais. Nestes treze anos, as
lições apreendidas pela RBSE foram muitas e o ganho social e de conservação tem sido reconhecido. A
busca pela institucionalização da identidade da Serra do Espinhaço tem ganhado amadurecimento e,
neste momento, esta proposta representa o reforço de se amplificar os princípios do Programa MaB
para regiões ainda necessitadas de fortalecimento territorial, e que podem ser favorecidas pelos
princípios de Reserva da Biosfera.
A análise crítica que a revisão dos limites da RBSE propicia é, em síntese, um valioso instrumento de
(re)planejamento, avaliação e monitoramento para os arranjos institucionais de grande vulto para as
ações do presente e do futuro. A revisão do zoneamento da RBSE- Fase II, contribui para o reforço dos
processos de governança, para a definição e promoção de diálogo sobre princípios de desenvolvimento
e para com a conservação, bem como a redefinição das responsabilidades. Tal revisão do zoneamento,
alinhada a implementação do Plano de Ação da Reserva da Biosfera, surge como ação mobilizadora
da presente proposta. Acrescenta-se a este desafio, a necessidade de alinhar o atual Plano de Ação da
RBSE, frente aos processos inovadores trazidos pelo Plano de Lima e a Rede Mundial de Reserva de
Biosfera, já em curso.
Uma vez que o dinamismo das Reservas da Biosfera convoca seu monitoramento e revisões contínuas, a
presente proposta visa ampliar de 94 municípios (Fase I), para 172 municípios, com um território da
de 3.210.903,3 hectares (Fase I), para 10.218.895,20 hectares (Fase II), considerando as identidades
associadas às funções e ações estratégicas de conservação, desenvolvimento, apoio logístico e
conhecimento tradicional e científico, gestão compartilhada e comunicação e monitoramento da
Serra do Espinhaço.
Para a sua elaboração, consideram-se os seguintes princípios e critérios gerais, a serem detalhados ao
longo do documento:
- A articulação e mobilização de atores estratégicos;
- A coerência entre os critérios e estratégias assumidos no reconhecimento da RBSE (Fase 1, em 2015)
e na 1ª Revisão Periódica da RBSE (2015);
- A conectividade entre os Campos Rupestres e ambientes associados, os ecossistemas das Veredas e
das Turfeiras da Serra do Espinhaço, bem como a integração entre das unidades de planejamento
territorial dos Biomas Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, que compõem a Serra do Espinhaço
- A interface geográfica e institucional colaborativa com as Reservas da Biosfera da Mata Atlântica
e, a partir da Fase II, com a Reserva da Biosfera da Caatinga.
- O conhecimento científico de uma região de grande riqueza em biodiversidade, sítios arqueológicos e
paleontológicos, ainda pouco conhecida e onde almeja-se o destaque a partir da Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço dos Geossistemas Ferruginosos do Peixe Bravo, no norte de Minas Gerais.
300
- O reconhecimento de produtos e produtores rurais, mediante apuração de produtos da
sociobiodiversidade, como o pequi (Caryocar brasiliense Camb), o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.
Cam), de onde se extrai o umbu, cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), o rufão (Peritassa
campestres), a macaúba (Acrocomia aculeata) e a fava d’anta (Dimorphandra mollis), e produtos de
identidade geográfica, como a cachaça da região de Salinas. Por outro lado, incorpora-se com a Fase
II, o desafio de se fortalecer uma das regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano do
Brasil.
- A descentralização de processos de gestão da RBSE, regionalizando este vasto território de
identidades múltiplas, em sua porção meridional e setentrional,
- As proposições de gestão compartilhada de territórios de conservação, quais sejam os Mosaicos de
Áreas Protegidas do Espinhaço (Mosaico de Áreas Protegidas Espinhaço Alto Jequitinhonha - Serra do
Cabral, já reconhecido, e Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço Meridional – Serra do Cipó, em
processo de reconhecimento pelo Ministério do Meio Ambiente).
- O potencial de reconhecimento de um novo Mosaico de Áreas Protegidas na região norte da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, gerando cooperação técnica entre as unidades de
conservação, apoio logístico e programas de mobilização social e desenvolvimento regional, bem como
para a região do Quadrilátero Ferrífero, ao sul da RBSE
- O fortalecimento da RBSE junto ao Programa Nacional de Conectividade de Paisagens – Conecta
(Portaria nº 75, de 26 de março de 2018), instituído pelo Ministério do meio Ambiente.
- A criação, no âmbito do Comitê Estadual da RBSE, do Programa Corredores da Reserva da Biosfera
da Serra do Espinhaço: conectando paisagens naturais e culturais.
- A incorporação das Reservas da Biosfera no Estado de Minas Gerais em políticas de regulação
ambiental, que assumiu, em 2017, a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço como critério locacional
de Licenciamento Ambiental de empreendimentos de potencial impacto ambiental (Deliberação
Normativa COPAM nº 217/17).
- As Rotas Turísticas da Serra do Espinhaço que se soma à rede de rotas da região, proposta para
ampliação da RBSE onde se podes destacar: a Travessia Talhado: Cachoeira do Cerrado e Travessia
Talhado : Sete Quedas e Talhado Serra Nova, todas dentro do Parque Estadual da Serra Nova, em
Grão Mogol; a Travessia da trilha do Barão, entre a cidade de Grão Mogol e a Fazenda Cafezal,
histórica na região; a Trilha da Tropa/Peripiri, e a Travessia Folha Larga, ambas em Botumirim; a
Travessia Gigante, a Trilha da Bocaina; a Trilha da Campina Pé da Serra; a Trilha do Laerte-Poço do
Bananal; a Trilha Serrinha Rio de Peixe; a Trilha Prata/Rio de Peixe ao lago de Irapé ; a Trilha do
Vale da Limeira até Tamanduá; a Trilha da cachoeira do Curiando; a Trilha do Encantado , na Serra
Resplandescente em Monte Azul; a Trilha cidade campina/base do Pico da Formosa; a Trilha de
escalada do Pico da Formosa em Cristália; a trilha cidade Morro do Chapéu; o Roteiro Off Road -
Gorutuba Lapinha da Serra. Bem como a criação do Programa de Trilhas de Longo Percurso para o
território da RBSE que inaugurou, em 2018, a instalação da Trilha Transespinhaço, itinerário de mais
de setecentos quilômetros, conectando cerca de cinquenta unidades de conservação, comunidades e
atrativos naturais e culturais do Espinhaço. Destaca-se também o CRER, Caminho Religioso da Estada
Real, que liga os Santuários Basílica Nossa Senhora da Piedade (Unidade de Conservação de Proteção
integral mais visitada em Minas Gerais) ao Santuário de Aparecida do Norte.
- A ampliação do Diagnóstico Situacional da Gestão das Unidades de Conservação Municipais da
RBSE para os municípios da Fase 2 da RBSE.
- A participação da RBSE na criação de novas Zonas Núcleo na região proposta, com destaque para
o Parque Estadual de Botumirim, área de especial relevância, dada a ocorrência e da recente
redescoberta de uma ave raríssima, a Rolinha do Planalto (Columbina cyanopis), uma espécie altamente

301
vulnerável e frágil. Dada como extinta pela ciência, a Rolinha do Planalto é endêmica do Cerrado –
Serra do Espinhaço, e foi avistada pela última vez em 1941, mas foi reencontrada na atual unidade de
conservação em julho de 2015.
- A inclusão no zoneamento da Fase II da RBSE de áreas tombadas por instituições do patrimônio
artístico e cultural, de gestão de áreas protegidas, com os limites de unidades de conservação não
considerados na Fase I.
- A implementação de uma importante prioridade do Plano de Ação da RBSE: a Comunicação e o
Monitoramento, com a criação da Revista Reserva da Biosfera, em 2017, que publicou em sua primeira
edição a síntese da 1ª Revisão Periódica da RBSE; a criação do Site da RBSE; a incrementação e
disponibilização de informação geoespacial atualizada, por meio do Atlas Geoambiental da RBSE; a
sinalização de estradas com placas indicativas da RBSE, em mais de 20 municípios, inicialmente; a
incorporação dos limites da RBSE na plataforma de Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-SISEMA), instituída pela Resolução Conjunta
SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.466/2017
- As respostas à recomendação da UNESCO na 1ª Revisão Periódica, em 2016, quanto à questão da
mineração.
- O estudo e as respostas estratégicas para a conservação da biodiversidade da Serra do Espinhaço,
com o Projeto Espinhaço Sempre Vivo (2005), e que foi atualizado em 2015 em nossa 1ª Revisão
Periódica, indicando as Áreas Insubstituíveis da Serra do Espinhaço.
- A inclusão dos Sítios BAZE para determinação do novo zoneamento, territórios definidos a partir,
Projeto da AZE Global “Aliança para Extinção Zero: Proteção de Sítios Naturais Insubstituíveis para a
Conservação da Biodiversidade Ameaçada”.
- A política pública para conservação da biodiversidade, por meio dos Planos de Ação Nacional de
Espécies Ameaçadas de Extinção (PANs), sendo que, para a área de abrangência da RBSE, são
desenvolvidos 15 Planos de Ação Nacional.
- A inclusão do Sítio Ramsar LUND-WARMING na Fase II da RBSE.

302
303
PARTE IV: GOVERNANÇA, GESTÃO E COORDENAÇÃO DA
RESERVA DA BIOSFERA

O Comitê Gestor da RBSE possui atualmente um escritório situado na PUC Minas - Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais situada na Av. Dom José Gaspar, 500, Prédio 25 - Coração
Eucarístico em Belo Horizonte estado de Minas Gerais – Brasil (Caixa Postal 1.686 – CEP 30535.610).

O Escritório da RBSE na PUC Minas localiza-se no Centro de Integração para a Sustentabilidade


Ambiental (CISAL), um laboratório/observatório de orientação, prática profissional e desenvolvimento
tecnológico e científico, associado ao Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, que conta
com equipe técnico-científica capacitada, incluindo alunos, funcionários e professores da PUC Minas.

O laboratório objetiva a inovação, se fortalecendo como ambiente de estudos, elaboração de projetos


e seu desenvolvimento, articulação intersetorial e institucional na área de meio ambiente e negócios
socioambientais. Além disso, o CISAL atua como um centro de fomento ao empreendedorismo, cuja base
se consolida por meio da pesquisa, ensino e extensão.

Infraestrutura instalada e disponibilizada para o Comitê Gestor da RBSE:

• 10 microcomputadores;
• 2 Impressoras (A3 e A4);
• Salas de reuniões;
• Projetores multimídia;
• Material de escritório;
• Biblioteca temática e materiais didáticos;
• Auditórios; e
• Apoio de setores da PUC Minas.

FIGURA 92: LOCALIZAÇÃO DO ESCRITÓRIO CENTRAL DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA


SERRA DO ESPINHAÇO – CENTRO DE INTEGRAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL (CISAL), NO
CAMPUS CORAÇÃO EUCARÍSTICO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS.

304
Além do escritório central, o Comitê Gestor vem utilizando as instalações de diversas Unidades de
Conservação municipais, estaduais e federal para um conjunto de oficinas e reuniões itinerantes com a
finalidade de ampliar a participação para os gerentes dessas unidades bem como promover a
integração dos conselheiros. Já foram realizadas reuniões nas seguintes UCs da RBSE:

• Parque Estadual do Itacolomi, localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto, na região
sudeste de Minas Gerais, a 100 quilômetros da Capital.
• Estação Ecológica do Tripuí, que se localiza no Município de Ouro Preto, aproximadamente a
90km a de Belo Horizonte.
• Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, situado dentro da região metropolitana de Belo
Horizonte.
• Parque Nacional da Serra do Cipó, que está situado na área central do Estado de Minas
Gerais, a 100 km da capital, Belo Horizonte.
• Parque Natural Municipal do Tabuleiro, situado em Conceição do Mato Dentro, a 165 km de
Belo Horizonte.
• Parque Municipal das Mangabeiras, situado na Capital Belo Horizonte.
• Mosaico de Áreas Protegidas Alto Jequitinhonha – Serra do Cabral, em Diamantina, que tem
forte apoio da UFVJM e do Instituto Biotrópicos.

Diretamente, o Comitê Gestor conta com uma equipe de professores orientadores, estudantes bolsistas e
estagiários em geral ligados ao curso de Ciências Biológicas que dividem a carga horária entre os seus
projetos de pesquisa e o apoio ao Comitê. Tais atividades são realizadas no âmbito do escritório
central do Comitê Gestor na PUC Minas. O apoio técnico também tem sido oferecido pelos funcionários
membros dos seguintes órgãos governamentais e não governamentais:

• ACELN e Fundação Biodiversitas – ONGs que tem desempenhado papel preponderante no


Comitê Gestor, seja pela Coordenação (gestão anterior), Vice coordenação (gestão atual) e
Secretaria Executiva (gestão atual).
• Setor Produtivo: setor representado pelo SINDIEXTRA e FIEMG, tem apoiado financeira e
tecnicamente projetos da RBSE. Além disto, este setor tem se envolvido cada vez mais nas
discussões dos temas e objetos da RBSE junto ao Comitê Gestor.
• Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e pelos órgãos
vinculados: Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), responsável pela qualidade ambiental
no Estado; Instituto Estadual de Florestas (IEF) responsável pela Agenda Verde; e Instituto
Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) que responde pela Agenda Azul.
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que é uma autarquia em
regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e integrante do Sistema Nacional do
Meio Ambiente (Sisnama), especialmente por sua Coordenação Regional CR11 localizada no
município de Lagoa Santa em Minas Gerais.

Apresentada na 6ª Reunião da Comissão Brasileira para o Programa “O Homem e a Biosfera” -


COBRAMAB ocorrida em 27 de abril de 2005, a proposta para o reconhecimento da Serra do
Espinhaço como uma Reserva da Biosfera foi enviada pelo Governo do Brasil e aprovada pela
UNESCO ainda no ano de 2005.

A RBSE, assim como as demais Reservas da Biosfera brasileiras, está sob a coordenação da Comissão
Brasileira para o Programa “O Homem e a Biosfera” – COBRAMAB, ligada ao Ministério do Meio
Ambiente do Governo Federal do Brasil, conforme organograma abaixo:

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FIGURA 93: ORGANOGRAMA DE FUNCIONAMENTO DAS RESERVAS DA BIOSFERA NO BRASIL.

Nesse sentido a governança da RBSE está orientada sob três marcos legais fundamentais:

1 - Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC): Lei federal Lei n° 9.985, de 18 de julho de
2000 para Unidades de Conservação e áreas protegidas. A lei define um conjunto de Unidades de
Conservação (UC) federais, estaduais e municipais. É composto por 12 categorias de UC, cujos objetivos
específicos se diferenciam quanto à forma de proteção e usos permitidos: aquelas que precisam de
maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de
forma sustentável e conservadas ao mesmo tempo. Nesse Sistema uma Reserva da Biosfera está incluída
como uma categoria especial, expressa no item XI que possui cinco artigos transcritos abaixo:

XI - DAS RESERVAS DA BIOSFERA

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos
recursos naturais, que tem por objetivos básicos a preservação da biodiversidade e o desenvolvimento
das atividades de pesquisa científica, para aprofundar o conhecimento dessa diversidade biológica, o
monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da
qualidade de vida das populações.

Art. 42. O gerenciamento das Reservas da Biosfera será coordenado pela Comissão Brasileira para o
Programa “O Homem e a Biosfera” - COBRAMAB, de que trata o Decreto de 21 de setembro de 1999,
com a finalidade de planejar, coordenar e supervisionar as atividades relativas ao Programa.

306
Art. 43. Cabe à COBRAMAB, além do estabelecido no Decreto de 21 de setembro de 1999, apoiar a
criação e instalar o sistema de gestão de cada uma das Reservas da Biosfera reconhecidas no Brasil.

§ 1º Quando a Reserva da Biosfera abranger o território de apenas um Estado, o sistema de gestão


será composto por um conselho deliberativo e por comitês regionais.

§ 2º Quando a Reserva da Biosfera abranger o território de mais de um Estado, o sistema de gestão


será composto por um conselho deliberativo e por comitês estaduais.

§ 3º À COBRAMAB compete criar e coordenar a Rede Nacional de Reservas da Biosfera.

Art. 44. Compete aos conselhos deliberativos das Reservas da Biosfera:

I - Aprovar a estrutura do sistema de gestão de sua Reserva e coordená-lo;

II - Propor à COBRAMAB macro-diretrizes para a implantação das Reservas da Biosfera;

III - Elaborar planos de ação da Reserva da Biosfera, propondo prioridades, metodologias,


cronogramas, parcerias e áreas temáticas de atuação, de acordo como os objetivos básicos
enumerados no art. 41 da Lei nº 9.985, de 2000;

IV - Reforçar a implantação da Reserva da Biosfera pela proposição de projetos pilotos em


pontos estratégicos de sua área de domínio; e

V - Implantar, nas áreas de domínio da Reserva da Biosfera, os princípios básicos constantes do


art. 41 da Lei nº 9.985, de 2000.

Art. 45. Compete aos comitês regionais e estaduais:

I - Apoiar os governos locais no estabelecimento de políticas públicas relativas às Reservas da


Biosfera; e

II - Apontar áreas prioritárias e propor estratégias para a implantação das Reservas da Biosfera,
bem como para a difusão de seus conceitos e funções.

2 - Decreto Estadual nº 44.281 de 25 de abril de 2006: Expressa o interesse do Estado de Minas


Gerais em estimular a participação dos diversos segmentos da sociedade na implantação da Reserva
da Biosfera da Serra do Espinhaço.

A partir de um movimento iniciado na sociedade civil após um período de apresentação de ideias,


discussões, estudos e eventos, realizaram-se articulações com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) para identificar as
principais possibilidades de parcerias com instituições que desenvolviam atividades no território da
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, bem como aquelas que tiveram um papel mais ativo na
elaboração da proposta de sua criação. Nesse caminho foram construídas as bases para formação de
um Comitê Gestor, que possui 28 representações segundo o Decreto Estadual, mas que atualmente estão
ativas 21 instituições representantes da sociedade civil e governos.

O apoio técnico e logístico para a gestão da RBSE tem se estabelecido a partir de contribuições
próprias segundo a natureza de cada uma das instituições que compõe o Comitê. Sejam do setor
governamental, não governamental, setor produtivo, universidades ou comunidades locais. As propostas
estão se dando através de um Plano de Ação Estratégico construído de forma participativa. O principal

307
objetivo do plano é o fortalecimento das capacidades coletivas com formação de uma rede de
cooperação entre as instituições participantes e outras que apresentem interesse no processo.

O Comitê gestor possui 7 tipos de representações: Governo Federal, Estadual e Municipal,


Universidades, setor produtivo, organizações não governamentais e populações tradicionais. O Governo
Federal tem uma instituição relacionada com as políticas ambientais com ênfase para conservação. O
Governo Estadual possui 5 representações, sendo 4 relacionadas com a agenda ambiental e 1 ligada à
cultura. São 5 prefeituras municipais representando as poções sul, centro e norte do Espinhaço, 3
universidades, sendo 2 públicas e uma privada, além de 3 ONGs com atividades socioambientais.

A forma de participação das populações indígenas se dá oficialmente através do Decreto de criação


do Comitê Gestor (Decreto Estadual nº 44.281 de 25 de abril de 2006) que define um conselheiro
titular e um suplente das Populações Tradicionais. No caso específico dessas representações a indicação
ocorre através de uma Organização Não governamental, sem fins lucrativos, filantrópica, de caráter
científico, cultural e comunitário, de âmbito estadual, com sede na cidade de Belo Horizonte, Estado de
Minas Gerais. A entidade de denominação CEDEFES tem como objetivo promover a informação e
formação cultural e pedagógica, documentar, arquivar, pesquisar e publicar temas do interesse das
populações e dos movimentos sociais.

Nesse sentido cria o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, um órgão
colegiado, vinculado à Rede Brasileira de Reservas da Biosfera com as seguintes atribuições:

• Assegurar e coordenar a implantação da RBSE no Estado, estabelecendo as suas diretrizes e


estratégias de ação;
• Exercer e divulgar os princípios da RBSE;
• Aprovar e coordenar o sistema de gestão da RBSE, em consonância com as diretrizes traçadas
pelo Programa MaB-UNESCO;
• Elaborar, de forma participativa, o Plano de Ação Estadual da RBSE, propondo prioridades,
metodologias, parcerias e áreas de atuação;
• Fomentar estudos e projetos visando à conservação do patrimônio natural e cultural, estimulando
o desenvolvimento sustentável e o conhecimento científico da RBSE;
• Apoiar projetos, programas e empreendimentos de interesse da RBSE;
• Articular esforços institucionais e funcionar como facilitador para a captação de recursos para
projetos de conservação, desenvolvimento e pesquisa na RBSE;
• Colaborar para o aprimoramento da legislação e políticas públicas na área da Serra do
Espinhaço;
• Propor e apoiar o tombamento do patrimônio ambiental e cultural estadual e federal da Serra
do Espinhaço incluídos na RBSE;
• Incentivar e apoiar o estabelecimento de áreas piloto da RBSE e homologar as já existentes,
visando ao desenvolvimento de projetos-modelo que proporcionam a implantação da Reserva,
por meio de ações regionais;
• Incentivar e propor a implantação de Unidades de Conservação públicas e privadas;
• Avaliar e aprovar as propostas de criação de postos avançados da RBSE;
• Analisar e aprovar os projetos da RBSE, a serem encaminhados a qualquer instância para
eventual apoio financeiro;
• Promover a realização de diagnósticos socioambientais na área da RBSE, de modo a embasar a
definição de ações prioritárias;
• Incentivar a realização de pesquisas científicas nos biomas e ecótonos que integram a Serra do
Espinhaço;
308
• Promover o desenvolvimento e a divulgação de incentivos à conservação e recuperação
ambiental;
• Apreciar, em conjunto com o Estado da Bahia, as questões relativas à RBSE em áreas limítrofes;
• Elaborar o seu regimento interno.

O Comitê Gestor possui representações do Governo Federal, Estadual e Municipal, universidades, setor
produtivo, organizações não governamentais e populações tradicionais. A representação do Governo
Federal que se dá pelo órgão ambiental, tem colaborado nas políticas com ênfase para Unidades de
Conservação e programas de biodiversidade.

O Governo Estadual também possui representatividade relacionada com a agenda ambiental


colaborando com maior intensidade nas ações específicas das Zonas Núcleo, monitoramento e
fiscalização ambiental. Ainda vale destacar a atuação da Secretaria de Cultura nos assuntos ligados ao
inventário de patrimônio material e imaterial do território. A participação das cinco prefeituras
municipais que representam as porções sul, centro e norte do Espinhaço colaboram de maneira irregular,
sempre dependendo da situação política dos gestores e do nível de interesse de cada um. Apesar disso,
sempre quando é possível estabelecer parcerias com as administrações públicas municipais os resultados
são muito significativos.

Das três universidades apenas uma possui uma atividade mais regular no Comitê, inclusive assumindo a
coordenação e boa parte das iniciativas organizacionais da Reserva. Em alguns casos, o Comitê tem
obtido êxito com departamentos de algumas universidades para projetos e colaborações mais pontuais.
As três ONGs que permanecem ativas no Comitê são grandes responsáveis pela manutenção da
administrativa e financeira da RBSE, inclusive arcando com os custos da elaboração desse documento
revisional.

Numa primeira avaliação é possível constatar a necessidade de substituição e inclusão de novas


instituições no âmbito do Comitê Gestor. Muitas instituições com atividades específicas no território da
Serra do Espinhaço já demonstraram interesse nesse sentido. A proposta de revisão do regimento
Interno, com a ampliação da Fase II da RBSE implica, necessariamente, a complementação da
participação de instituições representativas da região pretendida para a expansão, bem como
instituições parceiras do Comitê Estadual da RBSE.

Para implementação das atribuições foram definidas três estratégias:

• Promover a integração dos municípios, comunidades locais, organizações não governamentais,


centros de pesquisa e iniciativa privada nas ações de implementação da RBSE;
• Otimizar a operacionalização entre os diferentes órgãos ligados direta ou indiretamente à
questão da RBSE no Estado, colaborando para integração de suas políticas e ações;
• Buscar cooperação com as outras Reservas da Biosfera, bem como com instituições de âmbito
estadual, nacional e internacional.

Segue abaixo a estrutura do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço:

309
FIGURA 94: ESTRUTURA DO COMITÊ ESTADUAL DA RBSE.

3 – Regimento Interno do Comitê Gestor: Conjunto de regras elaboradas pelos membros representantes
das diversas instituições para regulamentar as seguintes questões:

• Objetivos do Comitê do comitê gestor.


• Competências tendo em vista o seu caráter consultivo, normativo e deliberativo.
• Composição dos membros do poder público e sociedade civil.
• Os deveres de cada membro.
• Forma de gestão e atribuições do Coordenador, Vice coordenador e Secretaria Executiva.
• Funcionamento das reuniões e outras participações.

Com o objetivo de fazer cumprir as premissas da RBSE e as diretrizes do MaB, direcionando esforços
(captação e aplicação de recursos, atividades e apoio) para sua Gestão, foi elaborado o Plano de
Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (2015 – 2016), revisado a partir do primeiro
Plano de Ação (2011 – 2013) contendo 5 objetivos principais, sendo:

Para cada objetivo foram estabelecidas ações principais. Após a definição dos alvos e prioridades,
serão criados grupos de trabalhos temáticos, para a validação de corresponsabilidades e autonomia no
Comitê Gestor.

Objetivo 1: Promover a função de conservação da RBSE

- Estimular a implementação de Unidades de Conservação já criadas;


- Discutir sobre o zoneamento da RBSE com o reconhecimento das novas Unidades de
Conservação;
- Induzir e apoiar o reconhecimento e a implementação dos mosaicos de UCs na RBSE - Mosaico
Espinhaço: Jequitinhonha - Cabral, Cipó - Intendente e Quadrilátero Ferrífero;
- Realizar discussões técnico-científicas para definição da condição de bioma dos campos
rupestres;
- Implantar um sistema de informação, gestão e monitoramento de qualidade das águas das
bacias da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço;
- Estimular projetos para recuperação dos recursos hídricos das bacias hidrográficas da Reserva
da Biosfera Serra do Espinhaço.
- Inventariar iniciativas de projetos relacionados ao uso sustentável de recursos naturais.
- Identificar projetos na área de recuperação ambiental e prevenção e combate aos incêndios
florestais;
- Mapear a distribuição das espécies ameaçadas de extinção e invasoras no âmbito da RBSE; e
- Identificar e divulgar programas de conectividade e mosaicos de Unidades de Conservação.

Objetivo 2: Promover a função de desenvolvimento da RBSE

310
- Elaborar o mapa de Uso e Ocupação do Solo - inventário das atividades produtivas: mineração;
indústria; agrossilvipastoril; agricultura familiar; usinas de geração de energia elétrica; entre
outros.
- Desenvolver plataforma de discussão e divulgar boas práticas para o setor mineral;
- Inventariar iniciativas de boas práticas de uso da terra;
- Reconhecer e promover os saberes tradicionais e suas práticas;
- Acompanhar a aplicação dos investimentos de recursos nas UCs inseridas nas RBSE;
- Mapear a distribuição do patrimônio cultural tombado, material e imaterial, no âmbito da RBSE.
- Estimular projetos para pagamentos por serviços ambientais na RBSE;
- Criar o selo para comercialização de produtos do Espinhaço; e
- Levantar circuitos turísticos reconhecidos no âmbito da RBSE com vistas à integração.

Objetivo 3: promover a função de apoio logístico – conhecimento científico e tradicional da RBSE

- Articular rede de educação ambiental e patrimonial ao alcance da comunidade em geral;


- Estimular projetos de capacitação e treinamento de funcionários das UCs acerca da RBSE;
- Inventariar lideranças das comunidades e as populações tradicionais;
- Levantar conselhos de cultura, de meio ambiente, UCs e outros nos municípios da RBSE, com vistas
a difundir as funções e ações da RBSE;
- Estruturar um banco de dados georreferenciado de imagens, artigos e teses.
- Promover o monitoramento socioambiental no território do Espinhaço;
- Promover a discussão sobre a integração dos diferentes instrumentos de gestão territorial no
espaço da RBSE.

Objetivo 4: viabilizar a gestão do Comitê da RBSE;

- Debater o processo de criação PJ dos amigos da RBSE para captação e gestão de recursos
financeiros;
- Fazer mapeamento das ações em curso sobre e para a RBSE com definição de formas e alvos de
monitoramento e apoio;
- Participar da criação da Aliança das Reservas da Biosfera do Brasil;
- Revisar o Regimento Interno do CERBSE Decreto (s);
- Consolidar e manter a estrutura necessária para funcionamento dos escritórios da RBSE;
- Verificar a viabilidade de criação de consorcio intermunicipal para gestão compartilhada nos
territórios da RBSE.
- Elaborar um plano de negócios/ com ênfase em arranjos produtivos para produtos com a marca
Espinhaço;
- Promover agendas de discussão específicas com a UNESCO, Governo de Minas, Governo
Federal, prefeituras, ONGs, empresas, gestores de UCs, universidades e outras RBs;
- Captar recursos para a RBSE junto a UNESCO, aos governos federal, estadual, municipal e a
iniciativa privada e outras instituições;
- Fazer o monitoramento contínuo do plano de ação da RBSE com verificação de eficiência;
- Monitorar os planos de negócios e planos de cooperação;
- Monitorar o Plano de Comunicação e Marketing; e
- Reconhecer e apoiar a implementação de Postos Avançados da RBSE.

Objetivo 5: promover a comunicação e marketing da RBSE

- Registrar a logomarca da RBSE;


- Atualizar o Plano de Comunicação e Marketing;
311
- Criar uma identidade visual para o material de comunicação;
- Elaborar material informativo impresso (institucional);
- Publicar boletins informativos;
- Instituir o dia da reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço;
- Estabelecer o Prêmio Sempre-vivas;
- Produzir e publicar o livro da RBSE;
- Estruturar uma equipe de mídia e relações públicas;
- Criar e manter o portal da RBSE na internet;
- Realizar a Expedição Espinhaço;
- Promover e realizar cursos, fóruns, congressos, seminários e workshops de arte, educação, cultura
e meio ambiente;
- Identificar oportunidades de divulgação da RBSE (eventos, seminários, palestras, etc.); e
- Promover o intercâmbio com a rede de reservas nacionais e internacionais.

Como um elo da Rede Mundial de Reservas da Biosfera, aproximar-se das diretrizes sugeridas pelo
Programa MaB exigiu não apenas conhecê-las, mas também acompanhar e promover intercâmbios
nacionais, regionais e internacionais sobre como colocá-las em prática.

Contando sempre com o empenho de muitos membros do Comitê, bem como de tantos outros parceiros,
foi possível participar das reuniões, dos congressos, dos seminários e dos principais encontros propostos
pela sede da UNESCO, em Paris, pelo grupo Ibero-MaB, pelo escritório de Montevidéu e pela Rede
Brasileira de Reservas da Biosfera.

Buscando criar boas conexões com outras reservas e aprimorar o conhecimento dos próprios conselheiros,
o Comitê da RBSE também foi anfitrião de dois encontros internacionais em temáticas afins. Os serviços
ecossistêmicos e a extração de recursos naturais vêm sendo tratadas como eixos transversais nas
discussões políticas e nas propostas de cooperação.

Plano de Ação

O Plano de Ação deverá funcionar como um “protocolo” de comunicação entre os conselheiros mais
antigos e os novos, facilitando a organização das informações, mobilização de esforços e captação de
recursos, para o cumprimento das diretrizes estabelecidas no âmbito do Programa MaB-UNESCO.

Para esse propósito serão realizadas oficinas com os seguintes objetivos:

• Possibilitar aos novos conselheiros da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço uma reflexão
sobre o significado do programa MaB-UNESCO.
• Promover nos participantes o senso de conexão e pertencimento à Reserva da Biosfera da Serra
do Espinhaço;
• Melhorar a qualidade no relacionamento estimulando o trabalho cooperativo;
• Mapear oportunidades e necessidades mais urgentes;
• Discutir as prioridades no processo de gestão da RBSE;
• Organizar estrategicamente um conjunto de ações para a gestão da RBSE durante o biênio
2019 - 2020.

Com o objetivo de fazer cumprir as premissas da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço – RBSE e
as diretrizes do MaB, direcionando esforços (captação e aplicação de recursos, atividades e apoio)
312
para sua Gestão, foi elaborado o Plano de Ação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
contendo 5 objetivos principais, sendo:

1- Promover a função de conservação da RBSE;


2- Promover a função de desenvolvimento da RBSE;
3- Promover a função de apoio logístico – conhecimento científico e tradicional da RBSE;
4- Viabilizar a gestão do Comitê da RBSE;
5- Promover a comunicação e marketing da RBSE.

313
COMITÊ GESTOR

Coordenação: Prof. Miguel Ângelo Andrade - Representante da Pontifícia Universidade Católica de


Minas Gerais - [email protected] - Telefone: +55 (31) 98771-8878.

Vice coordernação: Gláucia Moreira Drummond - Representante da ONG Fundação Biodiversitas -


[email protected] - Telefone: +55 (31) 98867-5808.

Secretaria Executiva: Sérgio Augusto Domingues - Representante da ONG Associação Cultural Ecológica
Lagoa do Nado - [email protected] - Telefone: +55 (31) 99246-7422.

Endereço: Avenida Dom José Gaspar, nº500, Prédio 25. Bairro Coração Eucarístico.

Cidade com CEP: Belo Horizonte, Minas Gerais. CEP: 30.535.901

País: Brasil

Telefone: +55 (31) 33194157

[email protected]

Website:

www.rbse.com.br

http://rbse-unesco.blogspot.com.br/

https://www.facebook.com/ReservaDaBiosferaDaSerraDoEspinhaco

Agência responsável pela gestão da área núcleo (s):

Nome: Henri Dubois Collet ou Paulo Scheid

Endereço: Instituto Estadual de Florestas - Cidade Administrativa de Minas Gerais, Prédio Minas - 1º
Andar Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n. Bairro Serra Verde

Cidade com CEP: Belo Horizonte. Cep: 31630-900

País: Brasil

Telefone: +55 (31)3915-1384

E-mail:

[email protected]; [email protected]

Web Site: http://www.ief.mg.gov.br/

314
Agência responsável pela gestão da zona (s) de amortecimento:

Nome: Miguel Ângelo Andrade

Endereço: Avenida Dom José Gaspar, nº500, Prédio 25. Bairro Coração Eucarístico.

Cidade com CEP: Belo Horizonte, Minas Gerais. CEP: 30.535.901

País: Brasil

Telefone: +55 (31) 87718878 ou +55 (31) 33194157

E-mail: [email protected] ou [email protected]

Agência responsável pela gestão da Área de transição:

Nome: Miguel Ângelo Andrade

Endereço: Avenida Dom José Gaspar, nº500, Prédio 25. Bairro Coração Eucarístico.

Cidade com CEP: Belo Horizonte, Minas Gerais. CEP: 30.535.901

País: Brasil

Telefone: +55 (31) 87718878 ou +55 (31) 33194157

E-mail: [email protected] ou [email protected]

Detalhes administrativos

País: Brasil

Nome da RB: Reserva da Biosfera da serra do Espinhaço

Ano de designação: 2005

Nome de contato: Miguel Ângelo Andrade

Contato:

Avenida Dom José Gaspar, nº500, Prédio 25. Bairro Coração Eucarístico.
Belo Horizonte, Minas Gerais. CEP: 30.535.901
País: Brasil
Telefone: +55 (31) 98771-8878 ou +55 (31) 3319-4157
E-mail: [email protected] ou [email protected]
Links relacionados (páginas web):
• Blog da RBSE: http://rbse-unesco.blogspot.com.br.
• Facebook da RBSE: https://www.facebook.com/ReservaDaBiosferaDaSerraDoEspinhaco.
• E-mail da RBSE: [email protected]
• Atlas Geoambiental da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço –
http://institutopristino.org.br/atlas/espinhaco/
315
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Miguel Ângelo; MARTINS, Cássio Soares; DOMINGUES, Sergio Augusto (Org.), et al. Primeira
Revisão Periódica da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Reserva da Biosfera da Serra do
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Coordenação Geral de Segmentação. – 2. ed – Brasília: Ministério do Turismo, 2010. 68p.
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Ferruginosos do Brasil: áreas prioritárias para a conservação da diversidade geológica e biológica,
patrimônio cultural e serviços ambientais. Belo Horizonte: 3i Editora.
WUNDER, S. Payments for environmental services: some nuts and bolts. CIFOR, Occasional Paper,
No. 42, 2005.

317
ANEXOS – DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

A) Ata do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço – 31


de agosto de 2018

B) Base Cartográfica Digitalizada (Arquivos Shapefile e PDF)

C) Cartas de Apoio

D) Fotografias

318
ESPINHAÇO RANGE BIOSPHERE RESERVE
PHASE 2

MINISTRY OF THE ENVIRONMENT

BRAZILIAN COMMISSION FOR THE PROGRAM "THE MAN AND THE BIOSPHERE" - COBRAMAB

STATE COMMITTEE OF THE SERRA DO ESPINHAÇ BIOSPHERE RESERVE

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