FINAL 45 + Briquetes Ret.

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Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE

doi.org/10.51891/rease.v7i4.996

PRODUÇÃO DE BRIQUETES COM RECURSO AOS RESÍDUOS RESULTANTES


DA PRODUÇÃO FLORESTAL (FINOS DE CARVÃO E PAPEL)

Manuel Pastor Francisco Conjo 1

RESUMO: O carvão vegetal é um material altamente friável quando submetido ao impacto,


parte se transforma em finos, fato considerado um problema para a maioria dos sistemas
produtivos. Por outro lado, encontramos o papel descartado em várias atividades, figurando-se
também como um grande problema ambiental. Assim, este estudo teve como objetivo produzir
briquetes utilizando finos de carvão vegetal agregados ao papel para fins energéticos utilizando
uma metodologia simples, acessível ao uso pelas comunidades mais carenciadas. Os finos de
carvão e papel foram agregados de forma manual, com recurso a materiais simples de fácil
acesso, água para ensopar o papel transformando-o em massa, uma tabua e taco pata triturar os
finos, luvas de látex e lona sintética para secagem. Constatou-se que os finos de carvão vegetal
agregados a massa de papel num processo de compactação manual, apresentam uma boa
eficiência para o uso doméstico e outros, uma vez que detém poder calorifico e a sua combustão
é estável. Esses resultados demostraram que os finos de carvão vegetal e papel possuem
potencial para produção de briquetes e posterior utilização energética.
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Palavras-chave: Reaproveitamentos de resíduos, conservação ambiental, briquetagem,
combustível, papel descartado.
ABSTRACT: Charcoal is a highly friable material when subjected to impact, part of which
becomes fines, a fact considered a problem for most production systems. On the other hand,
we find paper discarded in various activities, also representing a major environmental problem.
Thus, this study aimed to produce briquettes using charcoal fines added to paper for energy
purposes using a simple methodology, accessible for use by the most deprived communities.
The charcoal and paper fines were added manually, using simple materials with easy access,
water to soak the paper into mass, a board and taco to grind the fines, latex gloves and synthetic
canvas for drying. It was found that the charcoal fines added to the paper mass in a manual

1 Bacharel e Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica de Maputo – Moçambique. Técnico
Superior em Higiene e Segurança no Trabalho e Meio Ambiente pela Ensine Moçambique. Mestrado em Gestão
Ambiental pela Universidade Pedagógica de Maputo – Moçambique. Doutorando em Ciência Florestal pela
Universidade Federal de Viçosa – Minas Gerais – Brasil. Instituição: Universidade Pedagógica de
Maputo/Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected] /[email protected]

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compaction process, present a good efficiency for domestic and other uses, since it has calorific
power and its combustion is stable. These results demonstrated that the charcoal and paper
fines have the potential for the production of briquettes and subsequent energy use.

Keywords: Waste reuse, environmental conservation, briquetting, alternative fuel, discarded


paper.

1 INTRODUÇÃO

Uma das formas de preservação do meio ambiente, é a conservação da natureza, quer


seja pela proibição de extração de alguns recursos, extração racional e ou mesmo a redução no
volume de extração, diminuindo a pressão que se exerce sobre os recursos naturais, o que por
outro lado, reduz o volume de resíduos gerados para o meio ambiente. Sendo que uma das
formas de reverter esse ciclo, é buscar um mecanismo de dar destino coreto aos resíduos gerados
nos diferentes processos, dando enfoque para esta abordagem, o aproveitamento dos resíduos
resultantes da produção de florestal.
O carvão vegetal, também conhecido como carvão de biomassa, é produzido a partir
da madeira pelos processos de carbonização ou pirólise (FAO, 2016; KIRUKI et al., 2019) e
representa uma forma de energia renovável de expressiva importância no mundo, sendo uma
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das fontes mais utilizadas principalmente nos paises em vias de desenvolvimento,
especialmente no brasil, uma vez que o país é o maior produtor mundial desse insumo, com
aproximadamente um quarto da produção mundial, seguido de países como Etiópia, Nigéria e
Índia ( Bailis et al., 2013; Machado et al, 2010).
Ao contrário do que aconteceu nos países desenvolvidos, o uso industrial do carvão
vegetal ainda é largamente praticado, sendo quase a totalidade da produção brasileira destinada
ao setor siderúrgico para a produção de ferro-gusa, aço e ferro-ligas. O setor residencial
consome cerca de 9%, seguido pelo setor comercial com 1,5%, sendo representado por pizzarias,
padarias e churrascarias (Machado et al., 2010; Bailis et al., 2013).
O problema associado à característica física do carvão vegetal é a sua friabilidade, ou
seja, sua capacidade de se fragmentar em pequenos pedaços e a geração de finos que
acompanham as cinzas no âmbito de sua utilização, quer a nível industrial ou domestico
(Delatorre et al, 2020). Durante a produção, o transporte e o manuseio do carvão produzem em

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torno de 25% de finos, o que dificulta ou, até mesmo, inviabiliza a sua utilização (Rousset et al.,
2011). Nesse contexto, fica clara a necessidade da recuperação e reutilização desses finos, uma
vez que eles possuem grande potencial energético. A briquetagem, por exemplo, permite a
reutilização dos finos na forma de biocombustível sólido para a geração de energia,
transformando-os em um produto com valor agregado. Onde, para este trabalho ira-se aglutinar
os finos de carvão ao papel residual, garantindo o reaproveitamento de dois potenciais resíduos
resultantes da produção florestal.
O processo de briquetagem consiste na aplicação de pressão a uma massa de partículas,
com ou sem a adição de ligante e temperatura. A briquetagem do carvão vegetal na forma de
finos e massa de papel se faz a partir da sua compactação com o auxílio de um aglutinante, a
fim de proporcionar a coesão nos briquetes. Em princípio, qualquer material pode ser utilizado
como um aglutinante, e a escolha do material ligante deve ser realizada de modo que ele não
prejudique as características energéticas dos briquetes (diminuindo o seu poder calorífico ou
aumentando seu teor de voláteis e cinzas) e não gere gastos que inviabilizem economicamente
a produção dos briquetes (Magalhães; da Silva; de Castro, 2018). Neste caso, não sera necessario
um aglutinante especifico pois o papel, na sua composicao já contem essa propriedade, a lignina
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que possui um poder de colagem.
Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo produzir briquetes de finos de carvão
vegetal desperdiçados e papel residual resultante do descarte em várias em atividades, onde
minimiza-se o problema de excesso de resíduos na natureza e dá-se uma nova utilidade,
acreditando-se que, usando-se uma matéria prima residual, aparentemente sem utilidade, pode
ser uma alternativa viável de combustível para as comunidades desfavorecidas, tornando mais
evidente este trabalho, por poder-se produzir um produto com certo valor comercial e de uso
sem que haja extração de recurso, mas pelo contrário, garantindo a sustentabilidade do meio
ambiente. Por essa razão, propõe-se uma metodologia bastante simples acessível a qualquer
pessoa que tenha interesse, o que torna este estudo ainda mais interessante e diferenciado em
que em seus processos de produção parte da matéria prima não necessariamente um produto
residual e por empregar em suas metodologias elementos que apresentam algum custo
financeiro, dificultando sua viabilidade a nível comunitário. Este é o motivo que leva com que

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nesta fase todo processo seja manual, mas com resultados viáveis, visto que, briquetes foram
produzidos e testados, apresentando uma eficiência aceitável para o uso, principalmente
doméstico.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material Utilizado

Como forma de garantir a sustentabilidade ambiental e materializar a política dos três


R’s – reduzir, reciclar e reutilizar, com vista a reduzir o excesso de resíduos no ambiente e dar
uma nova utilidade a esses materiais, numa primeira fase, como se referiu na introdução,
propõe-se a utilização de uma metodologia muito simples, que seja de alcance de qualquer
interessado, sobre tudo nas comunidades com poucos recursos e técnicas, conforme pode-se
perceber na figura 1

Fig.1 Imagem com materiais utilizados no processo de produção de briquetes

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2.1.1. Finos de carvão

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Os finos de carvão vegetal utilizados na confecção dos briquetes são provenientes das
cinzas resultantes da utilização de lenha e carvão em diversos locai onde se manuseia este
produto, uma vez que o carvão, pela suas caraterísticas físicas, desintegra-se com muita
facilidade, como referiu-se anteriormente (Magalhães et al., 2019). Mais a diante, pode-se obter
junto aos produtores de carvão e moinha de carvão.

Iremos triturar os finos coletados, para que possuam mesma granulometria, o que
acreditamos que determina o poder calorifico, assim como densidade e consistência dos
briquetes. Esses finos na maioria das vezes não têm uma aplicação concreta, daí que acabam
sendo descartados como resíduos sólidos e recolhidos para lixão. Com esta produção pretende-
se a partir desses finos aglutinados ao papel, que por conter na sua composição a lignina, o que
permite que haja colagem entre os finos e o papel amassado com água.

2.1.2. Papel

O papel para a produção dos briquetes foi recolhido nos diferentes pontos de deposição
de resíduos em Viçosa, resultante do descarte de papel usado sem mais utilidade,
679
aparentimente, nos diversos sectores. A demais, similarmente aos finos, a recolha da materia
prima (papel descartado) poderá ocorrer a uma escala maior.

Refira-se que para este processo não há exclusão de papel, todo ele é útil das folhas do papel A4,
jornais, revistas as cartulinas, desde que a ele não esteja adicionado o plastico.

2.1.3. Água

A água é elemento essencial no processo de produção de briquetes, uma vez que o papel
que se aglutina ao carvão precisa antes, ser colocado de molho por 2 dias para que se dissolva e
se transforme em massa depois de amassado e não só, a água ativa a lignina contida no papel,
que imprescindível no processo de aglutinação aos finos. O processo é todo realizado na
presença de água até fase de secagem. Outro aspecto importante, é que a água usada pode ser

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resultante do processo de lavagem de louca e ou outros usos desde que não contenha elementos
químicos para não comprometer a qualidade dos briquetes.

2.1.4. Recipiente para amassar o papel

Foi usado um baldes de 20 l para a mistura do papel a água, até que fique totalmente
mole para que seja amassado, tornando-se uma massa pastosa fácil de manipular.

2.1.5. Luvas de látex

As luvas serão utilizadas no processo de revolver e amassar o papel em banho maria,


após dois dias de dissolução. As luvas são também utilizadas no processo de compactação
manual, processo que em outra fase do projeto poderá ser substituído por uma maquina de
briquetagem.

2.1.6. Tabua e taco

Uma tabua de madeira foi usada para esmagar os finos com maior granulometria de
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modo a tornar todos eles numa medida quase que uniforme. Como triturador utilizou-se uma
tala de madeira.

2.1.7. Lona sintética

Para o processo de secagem, foi usada uma lona sintética, onde as bolinhas de briquetes
produzidas são colocadas ao ar livre para um processo de secagem.

2.2. Confecção dos Briquetes

O processo de confecção de briquetes começa pela recolha e preparação dos materiais e


equipamentos essenciais para a sua produção, finos de carvão, papel, balde, luvas, taboa, tala,
lona sintética e água. Sendo em primeiro recolhido os finos junto aos locais acima mencionados
e em seguida o papel nos diferentes pontos de deposição. Esse material é armazenado no local

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de confecção, quanto se prepara os objetos de preparo. Os briquetes foram produzidos em


temperatura ambiente e processo de compressão manual de baixa pressão (Magalhães et al.,
2019).

1. Fez-se teste de resíduos celulósicos - papel como material aglutinante dos briquetes. O
papel é recortado em partes pequenas para redução do tamanho e facilitar o seu
amolecimento. Em seguida é mergulhado no recipiente preparado para o processo de
banho maria (balde de 20l), por um período de 2 dias, até que fique totalmente ensopado
na água para permitir que se amasse com facilidade. O balde devera conter 80% de sua
capacidade para ensopar cerca de 3 kg de papel, como pode ver na figura abaixo.

Fig. 2 Papel recortado e mergulhado na água para o processo ensopamento.

681

2. Paralelamente ao processo de amolecimento do papel na água, por dois dias, procede-se


ao tratamento dos finos de carvão (3 kg), que são triturados com recurso a tabua e tala,
de modo a deixá-los quase na mesma granulometria para uniformizar o poder calorifico
em cada bolinha de briquete produzido, como ilustra a figura 3.

Fig. 3 Processo de trituração dos finos de carvão

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3. Findos dois dias, com uso de luvas de látex impermeáveis, procede-se ao revolvimento
do papel mergulhado na água, onde exercendo uma certa força, amassa-se até que o papel
ensopado se transforme em uma massa bem pastosa, misturada a água que, permite
despoletar a evidencia do poder de colagem contido na composição do papel. Ver a Fig.
4.
682
Fig. 4 Processo de amansamento do papel

4. O papel transformado em massa de papel, é misturado aos finos de carvão já


devidamente triturado e com granulometria quase que uniformizada. Procede-se então

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ao amassamento desses dois elementos, até se aperceber que estão totalmente


misturados, o que se pode observar pela distribuição dos finos na massa de papel,
observável na imagem abaixo.

Fig. 5 Processo de mistura da massa de papel aos finos de carvão

683

5. Inicia-se então a fase de compactação, onde coloca-se uma quantidade suficiente para
manusear com a palma da mão e num processo de aperto, compacta-se a massa de papel
misturada aos finos de carvão até que ganhe forma, de preferência redonda e fique
consistente, conforme ilustrado na figura 6, abaixo.

Fig. 6 Processo de compactação da massa de papel e finos para produção de briquetes.

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6. Para terminar, as bolinhas produzidas, são colocadas sobre a lona sintética, de


preferência em um lugar bem arejado e na presença de raios solares, para o processo de
secagem que dura em médias 2 a 5 dias dependendo da temperatura ambiente, ao fim
dos quais os briquete podem ser recolhidos, embalado e prontos para o uso. Reiterando,
que o uso das luvas é indispensável no decorrer de todo o processo, ilustrado na figura
abaixo. 684

Fig. 7 Processo de secagem dos briquetes ao ar livre.

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Todo o processo explicado, que é feito na ausência de qualquer equipamento de produção e com
recurso a matéria prima genuinamente residual, resultante da produção florestal, pode-se
representar pelo fluxograma a baixo, figura 8.

Fig. 8 Fluxograma ilustrativo do processo de produção de briquetes

Tal como se referiu anteriormente, a demais, dependendo dos resultados obtidos,


perspectivamos uma metodologia bastante melhorada de produção, com recurso a um
amassador e um compactador eletromecaanico com moldes diferenciados e diferentes
ingrenagens de compressão para definir a solidiz e a densidade do briquete para diferentes usos,
onde a briquetagem (prensagem) do material homogeneizado será realizada no interior de um
molde metálico cilíndrico ou cubico, utilizando-se uma prensa hidráulica com capacidade de 685
compressao alternada.

3. RESULTADOS

R1: Para além de serem totalmente sustentáveis sob ponto de vista ambiental, por terem sido
produzidos pela agregação de dois resíduos, por outro lado, os finos de carvão com poder
calorifico, mas com fraca volatilidade, quando agregados ao papel, também combustível, com
poder calorifico, mas com forte volatilidade, gera-se um equilíbrio, onde se tem um controlando
o outro, o que resulta em um combustível misto com ambas caraterísticas, menos volátil,
calorifico e estável sem fumaça, como pode notar com a figura abaixo.

Fig. 9 Teste de combustão dos briquetes produzidos

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R2: Os finos de carvão aglutinados ao papel amassado, agregam um valor calorifico, tornando
os briquetes resultantes um potencial combustível alternativo para o uso doméstico
principalmente, mas também, dependendo do processo de sua confecção, volume e densidade,
podem ser aplicados a outros usos, como por exemplo, churrascarias, pizzarias, pequenas
686
panificadoras e outros fornos.

R3: Os briquetes produzido com recurso aos finos de carvão e papel, ambos produtos residuais
o que os torna sobe ponto de vista de conservação ambiental viáveis, percebeu-se que reúnem
eficácia para a confecção de alimentos, observável a partir da tabela abaixo, que se baseiam no
ensaio realizado no ferver da água, onde faz-se a análise de algumas variáveis que se achou
pertinentes.

Tab. 1 Analise de variáveis para avaliar a eficácia dos briquetes

Variáveis e analise Briquetes


Tempo médio de combustão 52
(min)
Tempo para água ferver (min) 12
Quantidade (kg) 450
Chama Estável
Fumaça Pouca

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Produção de cinzas Normal


Cheiro Normal

R4: Os briquetes podem ter tamanho, peso, densidade e espessura variada consoante o modo de
preparo e quantidade de massa de finos e papel utilizada.

4. DISCUSSÕES

D1: De acordo com Dias Junior et al. (2016). A vantagem da briquetagem de resíduos de
biomassa tem sido apontada ainda sob o ponto de vista ambiental e econômico, considerando a
alta disponibilidade desses materiais.

A análise dos briquetes produzidos confirmou a existência de elevados teores de


materiais voláteis nos briquetes. Todavia, considera-se percentuais entre 30% a 40% de
materiais voláteis normais para diversas aplicações bioenergéticas, podendo ainda maiores
valores ser encontrados, uma vez que a referida característica é fortemente influenciada pela
matéria- -prima de origem, tipo de arvore que se utilizou na produção de carvão e o tipo de
papel (Dias Junior et al, 2016). Os altos teores de matérias voláteis são desejados em situações 687
que necessitem de formações de labaredas como lareiras, olarias, fornalhas e etc., sendo dessa
forma, recomendados para os referidos usos. Dias Júnior et al. (2018), argumentam que, nos
usos onde não seria recomendável a formação de chamas durante o aquecimento, como nas
lareiras e forjas, os briquetes mais indicados são aqueles com os teores mais elevados de carbono
fixo, neste caso, os briquetes com resíduos celulósicos e moinha de carvão vegetal na
composição. Os poderes caloríficos superiores e inferiores apresentados pelos briquetes
denotam que os mesmos apresentam potencial para diversas aplicações bioenergéticas.
D2: De forma geral, os resíduos provenientes da biomassa florestal apresentaram os maiores
teores de carbono o que contribui para seu poder calorífico, possibilitando a geração de
bioenergia a partir dos mesmos (Protásio et al, 2012).
A qualidade de energia produzida no processo de combustão normalmente é
quantificada pelo poder calorífico de um combustível, tida como a quantidade de calor
desprendido pela combustão completa de uma unidade de volume ou massa do combustível

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(Borges et al, 2008). De acordo com De Sena (2005), para um bom rendimento térmico na
combustão, o combustível deve possuir uma elevada quantidade de carbono fixo e materiais
voláteis, além de alto poder calorífico, condições que estão estabelecidas olhando para o
parágrafo acima. Quanto maior o teor de carbono e hidrogênio, melhor será a eficiência
combustão na liberação de energia, que justifica a eficiência dos briquetes de finos de carvão e
papel.
Por demonstrar o melhor desempenho energético, evidencia-se que os finos de carvão
vegetal apresentam características energéticas satisfatórias para o ramo energético, além de sua
capacidade com fonte de bioenergia para uso em caldeiras, gaseificadores e como matéria-prima
para produção de combustíveis sólidos adensados como briquetes e pellets, visto que, existem
estudos da utilização desse material como “mix”, em briquetes e pellets, aumentando de forma
gradativa as propriedades químicas e físicas (Vieira et al., 2018).
Por sua vez, a lignina contida no papel, apresenta um conteúdo de carbono cerca de 50%
maior do que o encontrado nos polissacarídeos, portanto apresenta um potencial realmente
grande para produção de energia. Além disso, os extrativos voláteis são importantes na queima
direta da madeira, pois se degradam mais rapidamente e ajudam a manter a chama de
688
combustão (De Oliveira et al., 2020)
D3: Baseado nos estudos realizados por Quirino (1991), os briquetes possuem no mínimo cinco
vezes mais energia que os resíduos que os originaram, sendo que o seu poder calorífico é
superior ao da lenha, tornando-os viáveis para confecção de alimentos.
A maioria dos resíduos de biomassa tem baixo teor de cinzas, exceto a casca de arroz
que pode conter até cerca de 25% de cinzas, devido ao alto conteúdo de sílica da matéria-prima.
Em muitas utilizações, o consumo de carvão é maior do que o dos briquetes. Dado o maior
poder calorífico, utilizam-se menos briquetes do que lenha na queima (Boas et al., 2010).
De acordo com Dias et al. (2012), a qualidade dos briquetes e péletes está diretamente
relacionada com as suas propriedades químicas, físicas e mecânicas. Essas propriedades
determinam a qualidade do briquete ou palete no que se relaciona à resistência (na
armazenagem, transporte e uso) ou na determinação de composição química, que por sua vez,
pode gerar cinzas ou emissões gasosas indesejáveis durante a queima.

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o briquete possui um papel relevante, competindo diretamente com a lenha e o carvão vegetal,
uma vez que a quantidade de carvão por exemplo, utilizada em alguns estabelecimentos
comerciais poderia ser reduzida a mais que metade se introduzisse os briquetes no lugar deste
(GENTIL, 2008).

D4: de acordo com Dias et al. (2012), os briquetes podem ser preparados em diferentes formatos
(retangular, ovoide, cilíndrico, tetraédrico, travesseiro entre outros) e tamanhos, de acordo com
o tipo de compactadora utilizada ou a forma como compactamos na mão. O mesmo se aplica
para os péletes, especialmente na área alimentícia em que os formatos são bastante variados. A
principal diferença entre os péletes e os briquetes, entretanto, está nas dimensões. Os péletes,
normalmente, têm diâmetro entre 6 e 16 mm e comprimento de 25 a 30 mm, enquanto os
briquetes têm diâmetro entre 50 e 100 mm e comprimento entre 250 a 400 mm. Porém esses
valores podem variar, de acordo com a demanda do cliente, ou mesmo para atender
especificações internacionais.

Briquetagem ou peletização são processos muito vantajosos no que diz respeito à


armazenagem e transporte do material. Com a briquetagem ocorre uma grande redução de
689
volume do material, o que implica em um armazenamento de energia maior em um menor
espaço para estocagem. Além disso, há vantagem de diminuir os custos com o transporte, pois
uma quantidade muito superior de biomassa poderá ser transportada em espaço físico reduzido.
Se comparados com madeira, péletes e briquetes representam ganho de espaço e esse ganho é
ainda maior se comparado com a matéria-prima de origem (finos de carvão, papel, serragem,
casca, palha etc.), pois a redução de volume é, em média, de 4 a 6 vezes, podendo chegar até a
11 vezes em relação ao volume da biomassa de origem (Dias, et al., 2012; Boas et al., 2010; De
Ramos et al., 2011).

5. CONCLUSÕES

Conforme os resultados, pode-se concluir que os briquetes produzidos com finos de


carvão vegetal e papel residual se mostraram fonte alternativa viável para a geração de energia
e o reaproveitamento desse material, reduzindo a pressão sobre a fonte de extração de madeira

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para produção de combustível. Da mesma forma que a metodologia utilizada para produção de
briquetes fira como potencial na conservação ambiental por se utilizar meramente material
residual.
Observou-se também que os briquetes produzidos reúnem condições para serem
utilizados como combustível alternativo, tendo se revelado os finos de carvão vegetal e papel
como matérias que agregam um poder calorifico.
Por sua vez, em compara com o carvão vegeta, por exemplo, os briquetes produzidos, mostram-
se eficazes, observável pelos testes realizados, onde nota-se sua boa combustão, sem muita
fumaça, quantidade bem reduzida para confecção de alimentos, tempo de cozedura aceitável e
com um tempo de combustão também, bom.
Constatou-se por último, que o tamanho dos briquetes pode variar conforme o modo de
preparo, a forma como compactamos ou o molde que se for a usar, em casos onde a produção
pode ser mecanizada, que não foi o caso em estudo, pois a compactação foi meramente manual,
podendo também variar conforma a qualidade de material a compactar na palma da mão.
6. REFERÊNCIAS

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