Sentidos11 Teste Avaliacao 17 Unidade 6

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ESCOLA: ___________________________________________________ DATA: _____/_____/______

TESTE DE
AVALIAÇÃO 17
NOME: ____________________________________________________ N.o: ______ TURMA: ______

GRUPO I

PARTE A
Leia o excerto que se apresenta da obra de Cesário Verde.

O sentimento dum ocidental


I
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam um desejo absurdo de sofrer.

5 O céu parece baixo e de neblina,


O gás extravasado enjoa-nos, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se d’uma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,


10 Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,


As edificações somente emadeiradas:
15 Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,


De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
20 Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Cesário Verde, Cânticos do realismo, O livro de Cesário Verde,
Lisboa, INCM, 2005, pp. 122-123.

Localize no tempo e no espaço a deambulação do sujeito poético, exemplificando com


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elementos textuais pertinentes.

2 Justifique o recurso às exclamações na terceira estrofe.

3 Explicite a reação do “eu” poético perante a realidade observada.

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TESTE DE AVALIAÇÃO 17

PARTE B

Leia o excerto da Crónica de D. João I de Fernão Lopes. Se necessário, consulte as notas de


vocabulário.

Toda a cidade era dada a nojo 1, chea de mezquinhas querelas, sem neuũ prazer que i
houvesse: uũs com gram mingua do que padeciam; outros havendo doo dos atribulados; e
isto não sem razom, ca se é triste e mezquinho o coraçom cuidoso 2 nas cousas contrairas
que lhe aviinr podem, veede que fariam aqueles que as continuadamente tam presentes
5 tinham? Pero3 com todo esto, quando repicavom, neuũ nom mostrava que era faminto,
mas forte e rijo contra seus amigos. Esforçavam-se uũs por consolar os outros, por dar
remedio a seu grande nojo, mas nom prestava conforto de palavras, nem podia tal door
ser amansada com neũas doces razões; e assi como é natural cousa a mão ir ameúde onde
see4 a door, assi uũs homens falando com outros, nom podiam em al departir 5 senom em
10 na mingua que cada uũ padecia.
Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devo-
tamente por o estado da cidade! E ficados os geolhos 6, beijando a terra, braadavom a Deos
que lhes acorresse, e suas prezes não eram compridas! Uũs choravom antre si, mal-di-
zendo seus dias, queixando-se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: “Ora
15 veesse a morte ante do tempo, e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos
males!” Assi que rogavom a morte que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer que
lhe seerem cada dia renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom 7 a seus
amigos, dizendo que forom desventuirada gente, que se ante nom derom a el-Rei de Castela
que cada dia padecer novas mizquiindades 8, firmando-se de todo nas peores cousas que
20 fortuna em esto podia obrar 9.
Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ ouvir taes
novas; e veendo estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor
do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs homens e
25 molheres, que tanta deferença há d’ ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom,
como há da vida aa morte?
Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica), Crónica de D. João I de Fernão Lopes
(textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992.
_________
1 tristeza, aborrecimento; 2 preocupação; 3 contudo; 4 está; 5 em al departir: falar sobre outra coisa; 6 ficados os

geolhos: ajoelhados; 7 queixavam; 8 misérias; 9 firmando-se de todo nas piores cousas que fortuna em esto podia obra:
só pensando nos maiores males que naquelas circunstâncias lhe podiam acontecer.

4 Apresente resumidamente a situação em que se encontrava a população, na cidade, exem-


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plificando com elementos textuais pertinentes.

5 Identifique, explicitando, pontos comuns entre o excerto do poema de Cesário Verde e o


de Fernão Lopes, no que se refere à representação da cidade e dos seus habitantes.

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TESTE DE AVALIAÇÃO 17

GRUPO II

Leia o texto.

ÁFRICA ACIMA,
DE GONÇALO CADILHE
epois do sucesso das fantásticas “É este o meu projeto: atravessar África.

5
D narrativas de histórias e estórias,
em Planisfério pessoal e A Lua pode
esperar, Gonçalo Cadilhe ofereceu-
-nos este sublime livro, da editora Oficina do
Livro, sobre as suas ínfimas peripécias no pla-
30
Prosseguir do sul para o norte, utilizando as es-
tradas do continente, recorrendo aos transpor-
tes públicos, aos autocarros maltratados pelos
anos, aos comboios que ainda andam, pedindo
boleia, viajando com as pessoas da terra – em
neta Africano, aquele que os viajantes mais terra onde estiver, farei como vir. Excluo o
experimentados consideram o mais entusias- transporte aéreo, voar sobre África não é viajar
mante e desafiante de todos os planetas. 35 por África. Aliás, voar não é viajar”.
10 Eu devo ter sido dos primeiros a comprá- Consegue facilmente, a partir deste ex-
-lo, […] e, assim como o autor, também o livro certo, imaginar-se as peripécias, as aventu-
fez uma larga viagem, de mão em mão. ras, as surpresas e os sustos que se foram
A qualidade da escrita de Cadilhe faz- sucedendo durante a viagem. Para saber
-nos sentir, também nós, a negociar com os 40 mais, só mesmo lendo. Será certamente uma
15 guardas das fronteiras, a atravessar “estra- atividade mais rápida e cómoda do que os
das” em condições impensáveis em carros oito meses, quinze países, 27 000 quilóme-
nas mesmas condições, a sofrer com o calor tros e 50 000 palavras que depois resultaram
abrasador. Permite-nos, com a qualidade das em África acima. Deixo uma citação de Gon-
descrições, imaginar o grandioso mundo que 45 çalo Cadilhe que retirei há tempos de uma
20 ele vai conhecendo e invejá-lo. E é essa in- das suas crónicas na revista Única do jornal
veja que Cadilhe não entende. A atividade que Expresso: “A solidão do viajante é a solidão
tem, tem-na porque procurou forma de arran- do palhaço: a de reservar para si toda a tris-
jar meios e apoios para percorrer o Mundo e teza que lhe vai na alma, e de entregar aos
porque, claro, tem este talento especial para a 50 outros a máscara da alegria.”
25 escrita. E viajar não tem de ser só lazer. Não o in Única,
é seguramente da forma como ele o faz: 6 de abril de 2007.

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 O autor do texto centra-se sobretudo
A. em toda a obra de Gonçalo Cadilhe. C. na admiração que tem por Cadilhe.
B. em África acima. D. no desejo que tem de viajar por África.

1.2 Ao afirmar que “o livro fez uma larga viagem, de mão em mão” (ll. 11-12), o autor
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sugere que
A. também viajou acompanhado por este livro.
B. passou por África, levando esse livro consigo.
C. emprestou o livro a outros para que o lessem.
D. África acima foi divulgado por ele a outros.

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1.3 O texto apresenta marcas específicas de um


A. artigo de apreciação crítica. C. artigo de opinião.
B. artigo de divulgação científica. D. relato de viagem.

1.4 A frase “Gonçalo Cadilhe ofereceu-nos este sublime livro” (ll. 4-5) integra constituintes
com as seguintes funções sintáticas:
A. sujeito e predicado com complemento indireto e complemento direto.
B. sujeito e predicado com complemento direto.
C. sujeito e predicado com predicativo do complemento direto.
D. sujeito e predicado com complemento indireto e complemento oblíquo.

1.5 O verbo considerar em “consideram o mais entusiasmante e desafiante de todos os


planetas” (ll. 8-9) classifica-se como
A. copulativo. C. transitivo indireto.
B. transitivo-direto. D. transitivo predicativo.

1.6 O grupo nominal “A qualidade da escrita de Cadilhe” (l. 13) integra


A. dois modificadores do nome restritivos.
B. dois complementos do nome.
C. um complemento do nome e um complemento do adjetivo.
D. um complemento do adjetivo e um modificador do nome restritivo.

1.7 A oração “que ele vai conhecendo” (ll. 19-20) é subordinada


A. adverbial causal. C. substantiva completiva.
B. substantiva relativa. D. adjetiva relativa restritiva.

2 Identifique a função sintática do constituinte “com os guardas” (ll. 14-15).

3 Indique o referente do elemento sublinhado em “invejá-lo” (l. 20).

4 Transforme para o discurso indireto o segmento “em terra onde estiver, farei como vir.
Excluo o transporte aéreo, voar sobre África não é viajar por África” (ll. 32-35), iniciando-
-o do modo seguinte:
Gonçalo Cadilhe afirmou que…

GRUPO III
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O desejo ou sonho de viajar faz parte do imaginário de muitas pessoas, ainda que uma larga
maioria não o consiga concretizar.
Num texto de 200 a 350 palavras, dê a sua opinião acerca das razões que possam estar subja-
centes à impossibilidade de viajar, apresentando argumentos e exemplos pertinentes para a
tese que vai defender.
Planifique previamente o seu texto e reveja-o no final.

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