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Casa de letrinhas – Metodologia ESSI de Alfabetização

Módulo Boas vindas

Apresentação da estrutura do curso – “Ensino explícito, sistemático e bem instruído”

Seja bem-vinda,

Com muita alegria que escrevo que o curso Casa de Letrinhas – Metodologia ESSI de
alfabetização está finalmente disponível!

Estruturei o presente curso para que você tenha um passo a passo prático para ensinar
uma criança a ler e a escrever a partir de um método fônico de alfabetização.

O método fônico é um dos métodos de alfabetização. Entre eles há: i) métodos


sintéticos que podem ser o fônico, silábico, alfabético ou de soletração, neles o início
da alfabetização parte das menores unidades da palavra – fonemas, letras, sílabas em
direção aos morfemas, palavras, frases, textos, ou; ii) métodos analíticos, também
denominados de métodos globais que podem ser por palavração, sentenciação ou
textos/contos que se dão do todo para as partes – nesses métodos a linguagem
funciona como um todo significativo e que a criança primeiro percebe esse todo e só
depois procede à análise das partes (Benedetti, 2020). Os métodos são um meio para
se alcançar a alfabetização, não o fim em si. A finalidade da alfabetização é a
compreensão e produção de textos. Sendo que para se chegar a esse fim é preciso
primeiramente aprender a ler, ou seja, adquirir o domínio do sistema de escrita
alfabético e a partir disso ser capaz de decodificar palavras (ler) e codificar (escrever)
e os métodos de alfabetização contribuem para essa aquisição.

Sobre isso há duas correntes teóricas que defendem formas diferentes de aquisição do
domínio da leitura e são elas:
1 – Há quem defenda que se aprende a ler, lendo e que, portanto, se adquire o
domínio do sistema alfabético naturalmente como resultado do amadurecimento
cerebral respaldado pelas interações sociais do indivíduo com o meio em que ele se
relaciona. O que já foi refutado pela ciência cognitiva de leitura. Um estudo dos
pesquisadores Bennet e Sally Shaywitz, da Universidade de Yale dos Estados Unidos,
acompanharam no decorrer de vários anos, centenas de crianças e identificaram que à

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medida que se melhora a leitura, ou seja, como um reflexo da aprendizagem e não de


um simples efeito da maturação cerebral, algumas regiões do cérebro identificadas
pela maior habilidade em leitura vão aumentando e isso depende mais do nível de
leitura alcançada pela criança do que de sua idade. Não basta para a criança a
maturação cerebral advinda da idade e simples exposição ao ambiente letrado,
primeiro precisa aprender a ler (esse trabalho foi citado no livro “Os neurônios da
leitura” de Stanislas Deahene). Nas últimas décadas o Brasil sofreu influência de duas
teorias que consideravam a leitura como uma construção de hipóteses levantadas
pelas próprias crianças de acordo com o seu desenvolvimento e interação com a
linguagem, dada através de um ambiente letrado, são elas: o movimento Whole
Language que refere-se a um método global de alfabetização e foi uma das teorias que
serviu como fundamentação e reforço para as práticas atualmente disseminadas e no
Brasil, a Psicogênese da Língua Escrita. Tanto o movimento Whole Language, quanto a
psicogênese da língua escrita baseiam-se na falsa premissa de comparar a natureza da
linguagem falada (inata, biologicamente herdada) à natureza da linguagem escrita,
uma invenção cultural, um código de transcrição fonética que necessita ser aprendido
(Benedetti, 2020). Frank Smith (1973) um dos fundadores do movimento Whole
Language citou que decodificar não era relevante e que o objetivo da leitura era
construir significados e a criança não deveria se distrair com outras tarefas. No
entanto, as evidências comprovam que a decodificação não é apenas relevante,
como essencial para formação do bom leitor.

2 - Há quem defenda que para ler, a criança precisa aprender a ler e para isso
precisa ser sistematicamente ensinada. Essa corrente está de acordo com as
descobertas das últimas décadas da ciência cognitiva da leitura que aponta que a
aquisição do domínio do sistema alfabético não é natural e que a melhor forma de
ensinar uma criança a ler é por meio da relação grafema-fonema ou popularmente
conhecida como relação letra-som (Dehaene, 2012). Pois o alvo do sistema alfabético
são os fonemas visto que o português é um idioma fonético representado por um
alfabeto. Os gregos aperfeiçoaram o alfabeto fenício e determinaram que os símbolos
da escrita não deveriam representar os elementos de significado, nem mesmo sons
complexos como sílabas inteiras, mas sim, classes de menores unidades sonoras da
língua falada, os fonemas, e conceberam uma notação escrita capaz de transcrevê-los.

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Assim, a primeira corrente citada se baseia na aquisição do sistema alfabético como


algo natural que ocorrerá a partir das relações do indivíduo com o meio e a maturação
cerebral, e prioriza o acesso ao significado e na compreensão da leitura, que conforme
citado anteriormente, é a finalidade da alfabetização e para isso adota métodos
globais. Tais métodos estão concentrados no significado da leitura e o trabalho
fonológico de base foi substituído pelo trabalho discursivo e pretendendo tornar a
alfabetização um processo mais “significativo” e motivador para os alunos, passou-se a
valorizar o sentido das palavras e a não a relação letra-som (Benedetti,
2020). Enquanto que a segunda corrente, por defender o ensino explícito da relação
letra-som faz-se valer de métodos sintéticos que instruam sistematicamente quanto a
isso. E, nós, participantes do curso “Casa de Letrinhas – Metodologia ESSI de
alfabetização” fazemos parte dessa segunda corrente.
Diante disso, você terá acesso a um conteúdo pensando no ensino explícito,
sistemático e bem instruído. O qual parte do princípio que a criança não nasce
sabendo a relação letra-som, tampouco conseguirá adquirir isso de forma autônoma e
que ela precisa de alguém para ensiná-la.

Do que se trata um ensino explícito, sistemático e bem instruído?

Anita Archer, pesquisadora e educadora americana, define que o ensino explícito e


instruído ocorre através da instrução simples e direta, não é ambígua e
tem comoobjetivo o entendimento e aprendizagem dos alunos (Archer & Hughes,
2010).
No ensino sistemático deve haver métodos para que se ocorra a instrução explícita.
E nesse ponto que quero compartilhar uma tríade que norteia o ensino explícito,
sistemático e bem instruído, defendido por Archer & Hughes (2010): "I do it, We do it,
You do it." Em português: “Eu faço, Nós fazemos juntos, Você faz”. Nessa tríade
há uma educadora que explicita e instrui, o aluno executa em conjunto e depois
executa sozinho.
E isso significa que os alunos não são apenas ensinados passivamente, mas eles têm a
oportunidade da prática conjunta e depois caminham para a autonomia. Veja que a
autonomia vem pela ordem, o aluno será autônomo na medida que ele dominar a
prática. E essa prática veio baseada na instrução explícita e sistemática. E uma
realidade evidente na educação nos dias de hoje é que não estamos dando a prática

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adequada para as crianças. “O segredo do aperfeiçoamento está na prática”, conforme


diria Maria Montessori (Montessori, 2017). Os alunos precisam de uma prática
deliberada em que eles estão praticando com um propósito (Archer, Hughes, 2010).
Usualmente, perde-se muito tempo com conteúdos marginais e a prática que gera a
autonomia é frequentemente discriminada.
Archer & Hughes (2010), ainda defendem que a prática precisa ser espaçada no
tempo, não deve ocorrer em apenas uma aula ou uma sessão, os alunos precisam ser
expostos e precisam ter a oportunidade de recuperar as informações dessa
prática. Sendo assim uma combinação de instrução muito explícita com "I do it, We do
it, You do it" seguido com práticas e recuperação deliberadas e espaçadas. Bem como
as instruções explícitas precisam ser interativas, por exemplo: você ensina o som da
letra, a criança também diz, você apresenta a separação de sílabas, a criança também
faz a separação de sílabas. Note que a criança não levantará hipóteses sobre o som da
letra sozinha, há uma instrução prévia.
Portanto os atributos do ensino explícito, sistemático e bem instruído envolvem
exposições interativas que engajam as crianças ao longo das aulas. As crianças têm
tempo para colocar em prática, treinar e se aperfeiçoar, mas ao longo desse processo
tem uma educadora conduzindo, monitorando e dando um retorno sobre o avanço e
promovendo a autonomia gradativamente.
Agora você pode generalizar o ensino explícito, sistemático e bem instruído para
qualquer momento de ensino e lembre-se sempre de expor, envolver a criança,
executar em conjunto e deixá-la se desenvolver, aperfeiçoando cada vez mais com a
prática. Nesse cenário tem uma educadora que conduz um aprendiz, e essa educadora
sabe onde chegar, sendo o aprendizado o objetivo final o ensino explícito, sistemático
e bem instruído é o que precisa ocorrer para se chegar até lá.

Estruturação do curso

Na Figura 1 há uma escada ilustrando os degraus que vamos subir em direção a


compreensão leitora, finalidade da alfabetização.
Para isso partiremos das habilidades preditoras de um bom sucesso na alfabetização e
que são desenvolvidas ainda na pré-alfabetização: habilidades motoras, sensoriais e de
memória disponíveis no módulo I do curso (aulas 5 a 9). Ainda na pré-alfabetização
encontra-se a etapa da consciência fonológica, tema do módulo II (aulas 10 a 16).

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Mesmo que o seu foco seja a alfabetização perceba que para chegar no degrau 5 você
precisará passar aos degraus mais abaixo, portanto, assista as aulas anteriores para se
necessário, ajustar algo no ensino formal.
Para relacionar a etapa da pré-alfabetização com a alfabetização tem-se o módulo III
onde desenvolveremos o princípio alfabético (aulas 17 e 18).
A alfabetização se inicia com a aprendizagem da leitura (aulas 19 a 25) e isso está
distribuído nas primeiras aulas do módulo IV, quando a partir da aula 26 a criança
usará a leitura para aprender e para isso precisará desenvolver fluência, vocabulário,
produção escrita e compreensão leitora, objetivo das aulas 26 a 29.
As aulas estão organizadas em um passo a passo, degrau por degrau e por isso é
essencial que passe por todas elas.
Em cada aula haverá um material teórico ou prático. Você saberá o que fazer, como
fazer e diante disso avaliar se a proposta da etapa foi atingida, ganhando liberdade
para analisar o ensino da criança.

Figura 1: Estrutura do curso.

Avaliação da consciência fonológica

De forma inédita propus uma avaliação da consciência fonológica inspirada no teste


desenvolvido pela autora Marylin Adams em seu livro “Consciência fonológica em

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crianças pequenas”. Se você já tem conhecimento sobre a consciência fonológica


suficiente e deseja saber qual a situação do seu filho ou aluno pode aplicar a avaliação
proposta antes de iniciar as atividades de consciência fonológica. Caso não tenha
conhecimento, é importante que assista às aulas do módulo antes da aplicação da
avaliação.

A avaliação pode ser aplicada no início do trabalho com uma criança que já tenha sido
exposta a um ensino formal. Caso não saiba o que já foi desenvolvido com a criança
você pode aplicar o a avaliação completa (habilidades de 1 a 3), ou somente das
habilidades que você sabe que ela já foi exposta. Não aplique o teste nas habilidades
que a criança não foi exposta.

Caso a criança não tenha sido exposta a um ensino formal anteriormente o teste deve
ser aplicado no final da apresentação e desenvolvimento das atividades de cada
habilidade do módulo II – Consciência fonológica. Assim, ao finalizar, por exemplo, as
atividades de consciência de rimas, você pode realizar o teste referente a esta
habilidade. Bem como poderá repetir a avaliação no final da consciência fonológica a
fim de retomar o que foi ensinado e reforçar o que for preciso para seguir para a
alfabetização.

Referências
Adams, M. J. et al. Consciência fonológica em crianças pequenas. 2006. Porto Alegre,
RS: Editora Artmed.
Archer, A.; Hughes, C. 2010. Explicit instruction: effective and efficient teaching (What
works for special-needs learners). The Guilford Press.
K. S., Benedetti. 2020. A falácia socioconstrutitivista. Kirion.
Montessori, M. 2017. A descoberta da criança - pedagogia científica. Campinas, SP:
Kírion.
S. Dehaene, 2011. Os neurônios da leitura.

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