Projeto de Tese Natálie Rodrigues
Projeto de Tese Natálie Rodrigues
Projeto de Tese Natálie Rodrigues
Porto Alegre
2022
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Natálie dos Reis Rodrigues
BANCA EXAMINADORA
Porto Alegre
2022
A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a
preparação para a vida, é a própria vida.
John Dewey
LISTA DE FIGURAS
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Nesse mesmo período, ingressei no curso de Pedagogia concluindo minha segunda
graduação pelo Centro Universitário Claretiano no ano de 2020. Esta nova habilitação
possibilitou uma nova matrícula na prefeitura de Cachoeirinha através do concurso do ano de
2021 para os Anos Iniciais. Assim, atualmente, leciono aulas de Ed. Física no turno da manhã
e sou professora titular de uma turma de 5º ano na parte da tarde em uma escola do referido
município.
Mas as inquietações não cessam e os estudos precisam continuar. Foi então que
ingressei em um PPG interdisciplinar que poderia auxiliar em uma compreensão da educação
científica como um instrumento para o desenvolvimento de crianças e jovens, o PPG
Educação em Ciências/UFRGS. Em conjunto com minha orientadora, Profª Dra. Jaqueline
Moll, decidimos investigar as trajetórias de vida de estudantes que passaram pela experiência
do fracasso em sua jornada escolar.
Com isso, entendemos que compreender a desigualdade social histórica que as
comunidades periféricas sofreram - e ainda sofrem - é básico para pensar em uma discussão
sobre o tema do fracasso escolar e para compreender os percalços de sua trajetória de vida.
Dessa maneira, esta pesquisa pretende desnudar o fracasso escolar no Brasil, compreender
suas causas históricas, seu conceito, seu impacto na vida dos jovens periféricos e o que tem
sido feito – em termos governamentais e institucionais- para que essa realidade se modifique.
11
2 INTRODUÇÃO
12
Todavia, de todos os agentes participantes na transformação de políticas públicas,
possivelmente os estudantes sejam os menos ouvidos. Há pouca escuta das crianças e dos
jovens na escola, nos trabalhos acadêmicos, na vida. Não obstante, eles têm muito a dizer e é
necessário que suas vozes sejam ampliadas.
Por isso, essa tese propõe-se a contar as histórias de vida de estudantes que tiveram a
oportunidade de encontrar-se com uma política pública de enfrentamento ao fracasso escolar,
baseada no protagonismo, na autoria, na autonomia, na criatividade e na ciência. Pois os
jovens que contrariam as expectativas de fracasso forjadas por todo um sistema
socioeconômico podem ser considerados “heróis da resistência” e precisam ser ouvidos.
A seguir, encontra-se um mapa conceitual que representa o encadeamento das ideias
centrais que serão abordadas na pesquisa:
13
Quanto à organização da tese, O PPgECi solicita que os discentes sistematizem-na em
forma de artigos. Portanto, esta pesquisa propõe-se a redigir quatro artigos que auxiliem na
compreensão do tema abordado:
14
3 PROBLEMA, QUESTÕES NORTEADORAS E OBJETIVOS
15
3.2.1 Objetivos Específicos
1) Elencar e analisar os estudos dos últimos dez anos que abordam o tema do fracasso
escolar em jovens brasileiros.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo traz as contribuições mais importantes dos autores escolhidos para
fundamentar esta pesquisa. No centro do referencial teórico, estão Maria Helena Souza Patto,
Jessé de Souza, Anísio Teixeira, Miguel Arroyo, Bernard Charlot, Pedro Demo e Jaqueline
Moll. Outros autores contribuíram para o estudo das histórias de vida de jovens marcados
pelo fracasso escolar e seus desdobramentos também estão presentes nesta fundamentação de
forma a auxiliar na compreensão sobre o tema.
Feitos esses esclarecimentos, inicia-se a fundamentação teórica, trazendo um pouco da
história da educação e do fracasso escolar no Brasil e no Mundo. Em seguida, os conceitos de
fracasso escolar são discutidos, bem como as políticas públicas nacionais para o seu
enfrentamento. Adiante, apresenta-se o Programa Trajetórias Criativas (TC), seguido por
algumas considerações a respeito da ciência na escola. Finaliza-se o capítulo ao destacar
questões sobre as trajetórias de vida dos jovens periféricos.
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Revolução Industrial, uma vez que o trabalho era muito simples ou os treinamentos
aconteciam nas próprias fábricas, a partir de 1848, ela passa a ter importância para alguns
países capitalistas liberais. A valorização da escola por parte da burguesia passa pelo interesse
de modernizar e otimizar as formas de produção, aumentando os lucros. Já as classes
populares viam na educação uma forma de ascender na sociedade e ter melhores condições de
vida. Em 1870, já em várias partes do mundo, a educação passa a ter a missão de redimir a
humanidade. (PATTO, 1993)
Contudo, a Primeira Guerra Mundial põe em xeque a eficácia da escola na formação
dos seres humanos, já que não pôde evitar que se tornassem cruéis e gananciosos. Dessa
situação, se intensifica o movimento escolanovista que vem questionar a escola tradicional,
propondo a centralidade na atividade do próprio estudante, ao invés do professor, estando a
serviço da paz e da democracia. (PATTO, 1993) O movimento escolanovista foi intenso em
alguns locais ao redor do mundo, como na Europa, nos Estados Unidos e também no Brasil.
Especificamente sobre a história da educação pública brasileira, Saviani (2013)
apresenta uma proposta de periodização em duas grandes etapas: 1) os antecedentes, com a
pedagogia jesuítica (1549-1759), as aulas régias instituídas pela Reforma Pombalina (1759-
1827) e as primeiras tentativas de colocar a educação como responsabilidade do Estado
(1827-1890); 2) a história da educação pública propriamente dita, com criação das escolas
primárias nos estados (1890-1931), regulamentação das escolas superiores secundárias e
primárias (1931-1961) e o período de unificação da regulamentação da educação nacional nas
redes pública e privada (1961-1996).
Ao tratar dos primórdios da primeira etapa descrita por Saviani, a literatura descreve
que apesar de Portugal possuir uma grande participação no ciclo de navegações, o que o
pequeno país trouxe para o Brasil a época não refletia as ideias renascentistas e as grandes
descobertas que marcaram o séc. XVI no restante da Europa. Metrópole e Colônia cultivavam
formas feudais de organização social e de restauração das concepções religiosas medievais
(por meio da Contrarreforma). Ainda assim, surgiam ideias de democracia e liberdade que
resultaram em nossa Independência três séculos depois. (TEIXEIRA, 1964)
Mesmo com a instauração do regime democrático, a educação foi considerada durante
muito tempo como um interesse privado. Somente no século XX é que a educação passa a ser
considerada como interesse dos mais diversos públicos do país e suficientemente importante
para exigir o controle dos agentes públicos. A educação passa a ser reconhecida como um
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direito individual que deveria ser garantido pelo Estado e a escola pública, como aponta
Teixeira (1964):
A educação no início do século XX era dual: uma para a elite (filhos dos ex-
proprietários rurais e dos comerciantes) e outra para o povo. Aos filhos da elite destinava-se a
escola secundária de caráter pseudo-humanístico e a escola superior. Já para os filhos do
povo, reservava-se a escola primária, escola de artes e ofícios e escola normal. A “porta de
acesso” para se chegar ao ensino superior era o ensino secundário que a classe dominante
monopolizava e não fazia questão de expandir. (TEIXEIRA, 1964)
Somente entre as décadas de 1920 e 1930 que a conjuntura começa a se modificar.
Percebe-se uma mudança no cenário político-econômico nacional com a participação
crescente das diferentes classes sociais em situações de poder e de ação. E essa modificação
reflete-se também nas questões educacionais. Somente depois da revolução de 1930 que o
país passa a enfrentar problemas de um país burguês moderno, como a instrução pública
nacional. (TEIXEIRA, 1964; SAVIANI, 2013)
A partir daí, foram tomadas diversas medidas no âmbito educacional. Em 1930 foi
criado o Ministério da Educação e da Saúde. Em 1931, ocorreram as reformas do ministro
Francisco Campos. E em 1932, ocorre a construção do Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova, movimento que defendeu a importância da ciência, a necessidade de uma educação
integral e foi um importante estímulo para o processo de formação dos educadores.
(SAVIANI, 2013). Tal documento é assinado por 26 dos intelectuais da época e reivindica
uma educação pública, laica, obrigatória e de qualidade para todos os brasileiros, sem
distinção de classe social. Envolve a sugestão de um plano de reconstrução e reestruturação
educacional comum a todos.
O Manifesto dos Pioneiros já trazia uma concepção de processos contínuos da
educação, sinalizando os problemas neste contexto.
19
Ainda sobre o Manifesto, este aponta que
Quase três décadas depois, o Manifesto de 1959 é formulado mais uma vez por nomes
como Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, porém é assinado por quase duas centenas de
pessoas. O novo documento é, em certa medida, uma sequência do Manifesto de 1932,
apontando as continuidades e descontinuidades nesse período histórico decorrido. Ainda,
21
O dualismo educacional observado em toda a história da educação no Brasil, ainda se
faz presente nos dias de hoje, conforme aponta Saviani (2013):
22
mercado de trabalho, por sua vez, determina o sucesso do indivíduo adulto através de um
mecanismo ainda mais aprofundado de formatação da personalidade. (SOUZA, 2019)
No que se refere ao meio escolar, percebe-se que os indivíduos que não se adéquam a
ele são considerados tanto pela escola quanto pela sociedade em geral como fracassados. Seja
pelo seu “mau” comportamento e/ou pela dificuldade em acompanhar conteúdos e obter bom
desempenho nas avaliações, estudantes desde muito jovens, são rotulados como incapazes em
função de situações comportamentais e resultados medidos por avaliações vazias, rígidas e,
muitas vezes, incoerentes.
A palavra “fracasso” carrega em si mais do que um significado literal, aflora emoções,
lembranças, traumas, naquele que já recebeu o título de fracassado durante a sua jornada
escolar. Estudiosos do tema buscam traduzir o que tal termo representa e reflete.
Nessa direção, Charlot (2000) aponta que
Charlot (2000) revela que, apesar de mostrar-se um conceito muito abrangente e, dessa
forma, ter a tendência de ser vago, a ideia de fracasso escolar mostra-se cada vez mais forte e
evidente. E, já que o assunto é de expressiva importância – inclusive midiática -, voltam-se as
atenções para encontrar “culpados.” Sobre esta questão, Patto (1993) menciona a tendência
que existe em relacionar o insucesso com uma questão individual do estudante
(primordialmente), como preguiça, dificuldades de aprender, necessidade de medicalização,
etc., bem como, culpabilizar o meio social “carente de cultura” em que vivem os estudantes.
Mas que, na verdade, o problema teria raízes muito mais profundas:
Assim, existe todo um sistema socioeconômico forjado para o fracasso das camadas
populares que, ao mesmo tempo em que exclui, de certa forma, pode provocar o sentimento
23
de preservação da sua singularidade e de uma certa rebeldia ao sistema original, como refere
Silva (2003):
Ou seja, não era uma necessidade do sistema econômico que o povo obtivesse
instrução ampla e aprofundada através da escola, uma vez que, as funções que eram
reservadas para eles, eram aprendidas no próprio local de ofício. Como se acompanhou no
subcapítulo anterior desta tese, a escola seguiu correspondendo às expectativas do capitalismo
que possuía papéis bem definidos para elite e povo. O dualismo educacional traduzia-se em
uma escola para os ricos e outra para os pobres. Mesmo após tantos anos e a (suposta)
unificação da escola, as diferenças de qualidade entre a escola privada e a escola pública são
gritantes.
Com efeito, observa-se uma discriminação da escola em relação às crianças pobres e,
apesar de tantas reformas educacionais feitas ano após ano, a escola pública continua
visivelmente inadequada ao seu público, como referem Gatti et al. ainda em 1981:
24
que dificilmente, se não nunca, se encontra em suas salas de aula. (p.
11)
É preciso também que se pare de encarar o fracasso dos estudantes periféricos como
algo natural e esperado:
25
Por todo o exposto, mostra-se necessário desconstruir a visão conceitual que
predomina ainda hoje. O que essa tese defende é a ideia de que o fracasso escolar é, na
realidade, o fracasso de todo um sistema educacional que desconsidera as reais necessidades
das crianças, adolescentes e adultos a quem atende. E mais do que isso, um sistema escolar
que reflete o caráter das instituições sociais e políticas brasileiras baseadas na desigualdade e
na exclusão (ARROYO, 2003).
A ciência, então, surge para integrar esses dois tipos de conhecimentos. Para mostrar
que era possível uma prática científica, em que “veio-se a perceber o caráter intelectual de
toda a ação prática, desfazendo-se a última e mais resistente dicotomia entre pensamento e
ação.” (TEIXEIRA, 2009, p.63)
26
Nosso país que, até então, era formalmente democrático, mas na verdade altamente
manipulado pelas elites, começa a demonstrar sinais de insatisfação com a integração política
brasileira entre as décadas de 1920 e 1930. A revolução de 1930 resulta, entre outras coisas,
em uma constituição democrática que promulga em 1946 o direito à igualdade das práticas
educativas.
O direito à educação faz-se um direito de todos, porque a educação já
não é um processo de especialização de alguns para certas funções da
sociedade, mas a formação de cada um e de todos para a sua
contribuição à sociedade integrada e nacional, que se está constituindo
com a modificação do tipo de trabalho e do tipo de relações humanas.
(TEIXEIRA, 2009, p. 62)
Apesar de ser um direito assegurado por meio de legislação, existe um abismo entre o
ensino das escolas para os filhos da elite e os o ensino das escolas para os filhos dos pobres.
Dados do INEP de 2021 revelam que a taxa de distorção idade-série no Ensino Fundamental
no país é de 25,3%. O estado do RS apresenta o maior índice da região Sul sendo maior,
inclusive, do que a média nacional, com uma taxa de 27,7% também para o Ensino
Fundamental. Se compararmos a escola pública e a privada, obteremos a diferença abissal de
um total de 6,5 % de crianças e adolescentes inadequados ao seu ano de escolaridade na
escola privada, enquanto na escola pública esse número sobe para 30,7%. (BRASIL, 2021)
Existe uma situação ainda mais cruel que é a dos jovens “presos” no Ensino
Fundamental em razão da multirrepetência, conforme salienta Teixeira (2019):
A pesquisadora ainda sinaliza que a partir do ano de 2013 houve uma retração
significativa de jovens de 15 a 17 anos no Ensino Fundamental, pois se passou de 5.415
jovens no referido ano para 1.064 jovens nos anos subseqüentes. Contudo, a mesma adverte
27
que a diminuição pode ter ocorrido em função da melhora do fluxo escolar ou mesmo da
evasão desse público. De qualquer forma, em razão da grande quantidade de jovens nessa
situação, pode se considerar que o estado do RS tenha um público específico que deve ser
alvo de políticas públicas que garantam o seu acesso e permanência na escola. (TEIXEIRA,
2019)
Quando se leva em consideração políticas públicas nacionais para a correção de
fluxo ao longo do tempo, encontram-se outras medidas como, por exemplo, a aprovação
automática, geralmente denominada de organização por níveis ou ciclo. Mainardes (2001)
afirma que essas primeiras tentativas de eliminação da reprovação ocorreram a partir de 1960
nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Mais adiante, na década de 1980,
alguns estados implantaram o ciclo de alfabetização, incluindo medidas administrativas e
pedagógicas, a saber: São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.
Em paralelo à promoção automática, medidas para a correção do fluxo de escolaridade
foram desenvolvidas a partir da década de 1990. Em 1999, surgiu o programa Acelera Brasil
que atingia mais de 60 mil estudantes em todo o país. Nesta mesma época, estados como
Paraná e São Paulo também criaram seus próprios programas de correção da distorção
idade/série: Correção de fluxo e Classes de Aceleração, respectivamente.
Mainardes (2001) destaca que, muitas vezes, esses projetos e programas são
financiados por agências internacionais e que os interesses econômicos estão acima da
preocupação com a real aprendizagem ou a construção da cidadania. O objetivo é aumentar a
produtividade e a eficiência fazendo com que os estudantes tenham uma passagem mais
rápida pela escola, diminuindo os gastos.
Em contrapartida, Moll relembra outras políticas públicas que, ao longo da história da
educação no Brasil, foram sendo construídas baseadas nos pressupostos de uma educação
humana e integral:
No debate da educação integral, condição (não exclusiva) para
enfrentamento de desigualdades educacionais, retoma-se, na última
década, a perspectiva de uma escola de qualidade para todos como
sonho sonhado nos períodos democráticos de nossa história. Na
experiência dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP) de
Darcy Ribeiro, das Escolas Parque e Escolas Classe de Anísio
Teixeira, dos Ginásios Vocacionais de Maria Nilde Mascelani e de
tantas outras já esquecidas, caminhou-se na trilha de uma proposta de
escola de dia inteiro, na perspectiva de formação humana integral e
com diferenciada implicação docente, em situações acolhedoras e
afirmativas das classes populares na escola. (MOLL, 2014, p. 372)
28
Políticas como essas valorizam uma gama de conhecimentos por vezes ignorada pelo
ensino tradicional, porém extremamente relevante para o desenvolvimento integral de
crianças e jovens. Contudo, engana-se quem pensa que educação integral trata-se de uma
mera ampliação do tempo de permanência do estudante no ambiente escolar, pois:
De qualquer forma, independente dos objetivos da adoção dessas medidas, elas podem
deixar resultados positivos e é preciso estudá-las mesmo diante da descontinuidade das
políticas. (MAINARDES, 2001) As investigações na área educacional são necessárias para
mostrar a potência e as possíveis debilidades que uma política pública tem pra garantir a
permanência do jovem na escola, por exemplo. Pois, as ações educativas precisam garantir,
em última instância, que o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento integral da pessoa
seja respeitado e se efetive (BRASIL, 2014a).
1
No processo de finalização deste projeto, ocorreram as eleições estaduais e o governador Eduardo
Leite foi reeleito.
29
Ainda, é importante mencionar a teoria de Ball, Maguire e Braun (2016) sobre
políticas públicas. Os autores defendem que as políticas não são simplesmente
“implementadas” mecanicamente. Afinal, cada comunidade escolar recebe, interpreta e coloca
em prática de acordo com sua cultura, suas possibilidades, crenças, etc. Portanto, o ideal seria
chamar de “atuação de política” ao invés de usar o termo “implementação”.
O Programa Trajetórias Criativas (TC), por exemplo, detalhado no subcapítulo a
seguir, foi criado pelo governo federal juntamente com professores do Colégio de Aplicação e
adotado como uma política pública do governo do estado do RS. As escolas que foram
escolhidas pela SEDUC, de acordo com os indicadores selecionados, eram convidadas a
participar, assim como os professores, os estudantes e suas famílias. Era feito um convite que
poderia ou não ser aceito, mas que sempre deveria ser encarado com muita seriedade e
trabalho por todas as partes envolvidas.
A adesão a essa política pública resultava, então, em uma atuação de política. Os
atores da comunidade escolar utilizavam-se de sua criatividade, de suas experiências prévias,
de seus ideais, enfim, agiam no desenvolvimento do Programa no cotidiano das aulas. A
característica dialógica do programa, trazendo cadernos com sugestões de atividades e a
primazia pela autoria, autonomia, protagonismo e criatividade não somente dos estudantes
como de seus professores, possivelmente, potencializou a transformação da política em cada
escola. Dessa forma, cada uma delas possui uma experiência única a relatar.
A pesquisadora autora desta tese, em sua dissertação de mestrado, investigou as
oportunidades para o desenvolvimento da criatividade para estudantes e professores
proporcionada pelo Programa TC. Dentre outras conclusões, relatou que os professores
evidenciaram três níveis diferentes de tomada de consciência2 a respeito dos temas abordados
e que a participação no Programa se revelou como uma condição favorável, mas não
suficiente para o desenvolvimento da criatividade de seus professores e de seus estudantes.
Ou seja, o ambiente criado pelo Programa TC foi propício para tornar-se mais criativo, mas
cada comunidade escolar – representada no estudo por professores e estudantes – atuou
diariamente sobre a tal política pública, interpretando-a e modificando-a de acordo com a sua
realidade (RODRIGUES, 2019).
2
Conceito elaborado por Piaget para denominar os níveis de compreensão de um fenômeno.
30
O Programa Trajetórias Criativas (TC) foi criado em 2012 com o intuito de auxiliar na
correção de fluxo de jovens estudantes de 15 a 17 anos retidos no Ensino Fundamental. Foi
criado pelo governo federal, através do Ministério da Educação, com a colaboração dos
professores do Colégio de Aplicação da UFRGS. Após alguns anos de parceria com a
Secretaria de Educação do RS, passou a ser um Programa do governo do estado e foi aderido
por mais de 20 escolas em Porto Alegre e Região Metropolitana. O Programa, contudo, foi
extinto nas escolas estaduais no ano de 2019.
Atualmente, os professores do Colégio de Aplicação da UFRGS, co-responsáveis pelo
Programa, conseguiram realizar uma parceria com a prefeitura de Capivari do Sul que fica no
litoral norte do estado do RS a 78km de Porto Alegre. Dessa forma, o TC segue sendo
desenvolvido em uma das escolas municipais dessa cidade.
A proposta metodológica do Programa TC baseia-se no desenvolvimento de quatro
questões principais em seus participantes: a) autoria - qualidade relacionada à condição dos
parceiros corresponsáveis por criar algo que passa a integrar a proposta educativa ou que é
produto de sua implementação; b) criação - ação de produzir, inventar ou recriar algo que
passa a integrar a configuração da proposta, ou que é produto de sua implementação, tal como
uma estratégia de ação, uma solução operacional, um texto, etc.; c) protagonismo - atuação de
um ou mais parceiros ao intervir no contexto social com a finalidade de encaminhar a solução
de um desafio, conflito ou problema; e d) autonomia - capacidade de auto-organização de um
parceiro, de uma equipe, ou de uma instituição, com suas dependências e interdependências
na relação das trocas que estabelece com o meio. Não basta, portanto, ser promovido ao
Ensino Médio. É necessário que esse avanço seja baseado em aprendizagens consistentes.
(BRASIL, 2014a)
Para que isso ocorra, Universidade, rede de ensino, escola, famílias e estudantes são
convidados a construir uma parceria de trabalho na qual todos são corresponsáveis pelo
processo de planejamento, execução e avaliação das ações desenvolvidas, agindo de forma
cooperativa e colaborativa (Figura 2). Essa rede de apoio comunica-se através de encontros
presenciais como reuniões, imersões e seminários, e de alternativas à distância como listas de
discussão e plataformas digitais/redes sociais, por exemplo.
31
Fonte: Caderno 1- Proposta. BRASIL, 2014a.
32
avaliar a necessidade de continuidade ou de adaptações a cada semana, de acordo com o
retorno do grupo de estudantes.
Cada trajetória é composta pelos tipos de atividades e pelas ações expostos na figura 3:
33
haveria as atividades interdisciplinares, nas quais dois ou mais professores entram em aula
para desenvolver um assunto pertinente à trajetória estudada, e, por fim, os períodos de
Iniciação Científica (IC). Como a proposta é aberta, o grupo de professores pode adaptar a
disposição e quantidade de períodos de acordo com o que é demandado em cada realidade
escolar.
Analisando as premissas do TC, é possível perceber que ele não é uma simples
experimentação pedagógica compensatória, mas sim uma tentativa de construir um novo
caminho, novos laços com a escola. Em 11 anos de construção e experimentação conjunta da
proposta alguns trabalhos acadêmicos foram realizados e relatam muitos benefícios para os
participantes, sejam estudantes, professores, coordenadores ou gestores, como poderá ser
verificado no Estado do Conhecimento desta tese.
O jovem da atualidade faz parte de um mundo cada vez mais dinâmico, tecnológico e
repleto de acesso à informação. É ingênuo acreditar que aulas expositivas, desinteressantes e
desconectadas com a realidade dos estudantes sejam eficazes no processo educativo. O
sistema de ensino precisa com urgência se refazer para corresponder às demandas geracionais
que se apresentam.
Considerando a facilidade e praticidade com que crianças e jovens tem acesso à
informação nos dias de hoje, fica cada vez mais evidente que o papel da escola transcende o
de transmitir conhecimentos construídos pela humanidade ao longo do tempo. É necessário
que a escola seja um lugar em que se operacionalize a seleção das fontes dessa informação, as
ferramentas de busca, as formas de análise e de síntese dos dados encontrados e que instigue o
pensamento crítico a respeito dos mesmos. O professor não deveria ser um transmissor, mas
sim um provocador. Alguém que valoriza a pergunta, que encoraja a curiosidade e, uma das
formas de realizar isso, é através do desenvolvimento da educação científica.
Mas por que incentivar a ciência na escola? Dentre outros benefícios, para que se vá
para além dos conhecimentos do senso comum. Conforme Chauí (2000), o senso comum é
uma opinião baseada em hábitos, preconceitos e tradições cristalizadas. Já á ciência é algo que
resulta da razão, de um trabalho baseado em pesquisas, investigações metódicas e teorias
internamente coerentes. Um tipo de conhecimento que se aproxima mais da verdade.
34
Todos nós deveríamos ter acesso a esse tipo de conhecimento. Contudo, grande parte
das políticas educacionais brasileiras revela o interesse na profissionalização do jovem – vide
a última reforma do Ensino Médio – antes mesmo de terem acesso às ciências propriamente
ditas. Chauí (2000) destaca o baixo investimento na pesquisa até mesmo nas universidades,
fadando os cientistas brasileiros a meros reprodutores de ciências já produzidas em outros
países.
Tais considerações representam bem a ideia de Darcy Ribeiro de que a crise da
educação no Brasil seria, na verdade, um projeto. Os jovens que se quer profissionalizar no
Ensino Médio não são os filhos da elite - os quais têm contato desde muito cedo com o “fazer
ciência” -, são os advindos da favela, aqueles que serão mão de obra barata no futuro. A
intenção é a de capacitar para trabalhar, mas não para refletir e reivindicar mudanças.
Todavia, o pensamento científico deve ser incentivado desde os primeiros anos nas
escolas. É preciso instigar os estudantes a ser curiosos, a levantar e testar hipóteses, a
formular teses, etc. Para Teixeira (2009):
Por isso é tão importante que o professor ofereça ao seu grupo de estudantes
oportunidades do desenvolvimento da liberdade de pensamento, possibilitada, entre outras
situações, pela Iniciação Científica (IC). Infelizmente, na maioria dos casos, o contato com as
ciências propriamente ditas não acontece nem mesmo na graduação, mas somente na pós-
graduação, em especial no mestrado em que se tem, em tempo recorde, que aprender as
diretrizes da elaboração de uma pesquisa coerente e de qualidade.
Pedro Demo destaca a importância do incentivo a construção de novos conhecimentos
quando diz que “a aula que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define
como socializadora de conhecimento, não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o
aluno, porque o deixa como objeto de ensino e instrução”. (DEMO, 2015, p. 9).
O autor ainda reafirma a necessidade do desenvolvimento da pesquisa científica já na
escola, uma vez que:
35
[...] entra em cena a urgência de promover o processo de pesquisa no
aluno, que deixa de ser objeto de ensino, para torna-se parceiro no
trabalho. A relação precisa ser de sujeitos participativos, tomando-se o
questionamento reconstrutivo como desafio comum. Sem a intenção
de distribuir receitas prontas, que desde logo destruiriam a qualidade
propedêutica desta proposta, busca-se orientar estratégias que
facilitem a capacidade de educar pela pesquisa. (DEMO, 2015, p. 2).
Algumas políticas públicas isoladas procuram reverter a lógica que impera no sistema
educacional brasileiro e investem na IC como recurso em aula. Este é o caso do Programa TC.
Para os idealizadores do Programa (BRASIL, 2014b), sua introdução já na educação básica
reforça a importância da oportunização do “fazer ciência” para todos os cidadãos e não
somente para aqueles que desejam seguir uma carreira científica. Para eles, a IC traz uma
série de benefícios, dentre eles o desenvolvimento de formas mais elaboradas de pensamento
e de capacidades para trabalhar individualmente ou em equipe, o reconhecimento das
implicações políticas e sociais dos conhecimentos científicos produzidos pela humanidade e,
também, a superação das formulações do senso comum. Além das questões prioritariamente
cognitivas, os autores da proposta destacam vantagens socioafetivas do trabalho com a IC,
como: respeitar o outro, a cumprir regras e a manter acordos livremente combinados. Os
autores ainda destacam:
Hoje, mais do que nunca, o aluno não precisa de alguém que deposite conhecimentos
nele. Ele não pode mais – se é que um dia pôde- ser o receptor da aula que o professor “dá”,
pois tem acesso imediato a diversas fontes de informação, como os livros, como a televisão e,
principalmente, como a internet. É preciso estabelecer uma relação dialógica entre educador e
estudante, admitindo-se que esses papéis são fluídos e ambos podem ensinar e aprender.
37
trabalho, avaliando-os se estão adequados ao tempo do aprendente.
(SANCHES, 2005, p. 25-26)
Nessa mesma direção, percebe-se que muito se fala sobre educação, mas pouco se
escuta quem está “na base da pirâmide”. Decisões governamentais que impactam diretamente
o processo educativo são tomadas, em grande medida, por quem nunca atuou em uma sala de
aula e pouco (ou nada) entende sobre educação.
Os professores, por sua vez, não costumam ouvir os estudantes e conhecer seus
interesses. Estão ocupados em “dar conta” do conteúdo, “dar” aula, “dar” prova, “dar, dar,
dar...”. Todavia,
38
O negro torna-se vítima da violência mais covarde. Tendo sido
animalizado como “tração muscular” em serviços pesados e
estigmatizado como trabalhador manual desqualificado – que até os
brancos pobres evitavam- é exigido dele agora que se torne
trabalhador orgulhoso de seu trabalho. O mesmo trabalho que pouco
antes era o símbolo de sua desumanidade e condição inferior.
(SOUZA, 2019, p. 82)
Injustiçado mesmo no momento de sua suposta liberdade, o negro passa a ser visto
como uma ameaça. Pensamento que endossa até os dias de hoje os mais diversos tipos de
violência cometidos contra essa parcela da população. É como se o negro possuísse um alvo
nas próprias costas:
Outro fator que perdura até os nossos dias é que o medo dos
escravistas da “rebelião negra” se transforma e é substituído pela
definição do negro como “inimigo da ordem”. Sendo a “ordem”
percebida já no seu sentido moderno de significar decoro, respeito à
propriedade e segurança. Vem daí, portanto, o uso sistemático da
polícia como forma de intimidação, repressão e humilhação dos
setores mais pobres da população. Matar preto e pobre não é crime já
desde essa época. As atuais políticas públicas informais de matar
pobres e pretos indiscriminadamente praticadas por todas as polícias
do Brasil, por conta do aval implícito ou explícito das classes médias e
altas, têm aqui seu começo. As chacinas comemoradas por amplos
setores sociais de modo explícito, em presídios de pretos e brancos
pobres e sem chance de se defender, comprovam a continuidade desse
tipo de preconceito covarde.” (SOUZA, 2019, p. 83)
Nessa senda, Moll indica que o tratamento dado ao povo negro sequer se assemelha a
qualquer tipo de cidadania:
39
Com base em dados como este, é possível afirmar que existe um verdadeiro genocídio
do povo negro no Brasil. Pois, a conjuntura atual segue sendo dramática para negros e pobres
no país. E, manter-se na escola mesmo sob tamanha brutalidade, pode ser considerado um ato
heróico de resistência.
É a partir desta realidade que se contextualiza a Escola Estadual Gentil Vieira
Cardoso, escolhida como uma das pioneiras na implementação do Programa Trajetórias
Criativas e da qual fazem ou fizeram parte os sujeitos desta tese. A escola está localizada no
município mais violento da região metropolitana de Porto Alegre. Ainda, Alvorada foi
considerado o sexto município mais violento do país em 2017 (CERQUEIRA et. al, 2019).
Conforme a pesquisa, municípios com maior índice de violência também tem os piores
indicadores de acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho.
De certa forma, compreender o entorno da escola ajuda a desnudar a ideia de fracasso
escolar. Primeiro porque escancara a desigualdade social e a violência sob a qual vivem os
estudantes que fracassam. Expondo um sistema em que é mais fácil ver um jovem negro e
pobre preso ou morto do que formado. Segundo, porque a escola precisa ser uma extensão da
vida. Não há como desconectar o que acontece fora da escola com o que se irá desenvolver
dentro dela. Por isso também, o título desta pesquisa trata de trajetórias de vida dos jovens
periféricos. Porque para entender o percurso escolar de um indivíduo, é necessário conhecer
sua história de vida.
Sobre isso, Burnier et al. (2007, p. 346) ressaltam as mudanças de perspectiva que essa
forma de pesquisa pode proporcionar:
Por todos esses motivos, essa tese se propõe, entre outros objetivos, ao exercício da
escuta de jovens marginalizados, excluídos e que receberam a oportunidade de transformar a
sua relação com o aprender, com a escola, com a sociedade e com a vida através do Programa
40
TC. Em outras palavras, ampliar a voz de quem é excluído não só da escola como da
sociedade em geral.
41
5 A PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O FRACASSO ESCOLAR EM JOVENS
BRASILEIROS
Parte importante de uma nova investigação é conhecer o que tem sido estudado a
respeito da temática escolhida. Uma busca organizada e com critérios bem definidos pode
apontar os principais enfoques e as lacunas a serem preenchidas sobre um determinando
assunto. Também se coloca em evidência a relevância e/ou o ineditismo do trabalho que os
autores estão se propondo a fazer, pois:
Uma ampla revisão bibliográfica acerca do tema de pesquisa colabora para se efetivar
a contento, a tarefa de delimitação da unidade de leitura, isto é definir exatamente o que
dentro do tema escolhido optamos por pesquisar, também, auxilia o pesquisador na captação
de fontes de idéias para novas investigações, a orientação em relação ao que já é conhecido, a
percepção de temas e problemas pouco pesquisados e a perceber o momento em que a
situação problema está esclarecida. (ECHER, 2001, p. 6)
Um dos tipos de estudo de revisão é o Estado da Arte (UNESP, 2015), caracterizado
por abranger toda uma área de conhecimento, utilizando-se de variadas fontes, como teses,
dissertações, artigos, livros, anais de eventos, etc. Já o Estado do Conhecimento, ocupa-se de
somente um setor de publicações dentro de um determinado tema (ROMANOWSKI; ENS,
2006). Contudo,
3
Houve a tentativa de incluir o termo “Ensino Fundamental” na busca, mas excluiu algumas pesquisas
relevantes que já haviam sido encontradas. Portanto, optou-se por fazer a triagem manualmente.
43
Tabela 1.Quantidade de trabalhos encontrados e selecionados a partir dos descritores no Banco de
Teses e Dissertações da CAPES.
4
Universidade Federal de Minas Gerais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,
Universidade Federal De Juiz de Fora E Universidade Federal de Uberlândia.
44
Gráfico 1.Porcentagem de pesquisas encontradas por estado brasileiro mais o Distrito Federal.
Outro dado encontrado a partir das buscas e representado no gráfico 2, é que, por
motivos óbvios, o fracasso escolar é pesquisado majoritariamente na área da educação.
Contudo, percebe-se uma diversificação de áreas afins que também têm buscado contribuir
para o debate, como a psicologia e as ciências sociais. Destaca-se a importância do trabalho
interdisciplinar para além da escola, em centros como os CAPS, CRAS, etc., e os dados
parecem mostrar essa tendência de uma compreensão mais holística sobre o tema. Além disso,
5% da amostra é composta por trabalhos pertencentes a um Programa de Pós Graduação na
área de gestão e avaliação da escola pública. Dado importante quando se pensa que avaliar as
ações dos gestores do país é fundamental para o combate a problemas estruturais como o
fracasso escolar.
45
Gráfico 2: Porcentagem de pesquisas encontradas por área de conhecimento.
GEOGRAFIA
68%
INTEGRAÇÃO DA AMÉRICA LATINA
SOCIOLOGIA
SAÚDE E COMUNIDADE
Com relação à quantidade de publicações sobre o tema ao longo dos últimos 10 anos,
o gráfico 3 evidencia uma oscilação com um ápice de oito publicações no ano de 2018 e
posterior queda anual até o ano de 2021. Infere-se que alguns acontecimentos podem ajudar a
explicar o ápice dos estudos em 2018, já que os anos que antecedem essa data foram
marcados por diversos acontecimentos políticos e retrocessos em termos educacionais.
Programas que são estudados por restabelecerem o vínculo do estudante com a escola para
reascender a vontade de aprender, como o Programa Mais Educação, foram extintos e
substituídos por Programas de reforço escolar. A queda observada a partir de 2019 pode estar
relacionada com a pandemia mundial por COVID-19 que, dentre tantas adversidades,
dificultou também a permanência dos pesquisadores e a conclusão de muitas pesquisas.
46
Gráfico 3.Quantidade de pesquisas encontradas nos anos de 2012 a 2021.
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Com referência aos instrumentos utilizados na metodologia de cada uma das pesquisas
analisadas, percebe-se, através do gráfico 4, uma multiplicidade de ferramentas que estão
sendo empregadas no intuito de compreender um fenômeno tão complexo quanto o fracasso
escolar dos jovens no Brasil. A maior parte das pesquisas, inclusive, recorreu a mais de um
tipo de instrumento para a sua coleta de dados. Os recursos mais utilizados foram a análise de
documentos, a entrevista, a observação, os questionários e o grupo focal.
47
Gráfico 4.Porcentagem de pesquisas encontradas de acordo com o instrumento utilizado.
análise documental
1%
1% 1% observação
4%
5% entrevista
22%
grupo focal
13% pesquisa bibliográfica
questionários
Intervenção
8% 16%
capacitação
48
Gráfico 5.Porcentagem de sujeitos a partir das pesquisas analisadas.
1% 2% profissionais da saúde
1% 2% gestores escolares
6%
1% conselheiros tutelares
8% 36% supervisão/coordenação pedagógica
professores
familiares
profissionais de unidades de semiliberdade
26%
coordenação de programa
3%
8% profissionais da justiça
5% 1%
assistentes sociais
monitores/oficineiros/facilitadores
profissionais da secretaria de educação
Por fim, essa primeira análise resultou em um gráfico a respeito dos temas abordados
em cada um dos estudos5. Salienta-se que quase metade deles versa sobre políticas públicas de
enfrentamento ao insucesso escolar e mais alguns trazem propostas interventivas isoladas.
Dessa forma, demonstra-se um esforço em não somente compreender o fracasso escolar,
como também conhecer e criar maneiras de superá-lo. Ainda, 14% das pesquisas, trouxeram a
reflexão sobre as trajetórias dos estudantes como uma forma de compreender os fatores que
atravessam cada percurso marcado pelo fracasso na escola. (gráfico 6)
5
Alguns trabalhos poderiam ser encaixados em mais de uma categoria temática. Nesse caso, optou-se
por categorizá-los de acordo com o que se percebeu ser o foco do estudo.
49
Gráfico 6.Porcentagem dos diferentes temas abordados nas pesquisas analisadas.
saúde/caps
5%
políticas públicas de enfrentamento
41%
Programas de Intervenção
A partir da categorização das pesquisas por temática, optou-se por realizar uma análise
mais aprofundada de três desses temas em função da similaridade com a qual se pretende
organizar essa tese. As temáticas a serem detalhadas são: conceitos de fracasso escolar e
acontecimentos históricos envolvidos, políticas públicas de enfrentamento e análise das
trajetórias escolares dos estudantes. A tabela 2 apresenta os dados de cada um.
50
pedagógicos de um projeto para jovens em distorção idade-série (2018)
2 O papel da escola Tia Ciata na escolarização de adolescentes em situação de NOVAES (2017)
vulnerabilidade social: um desafio inacabado?
2 A educação escolar nos programas sociais de combate à pobreza no Brasil e na COSTA (2016)
Venezuela: (re) produção ou incipiente superação do fracasso escolar
2 Percursos da implantação do projeto traje: travessia educacional do jovem VIEIRA (2015)
estudante campo-grandense na Escola Municipal Osvaldo Cruz em Campo
Grande/MS
2 Formação docente continuada no projeto “Trajetórias Criativas” de uma escola SILVA (2018)
no município de Alvorada, RS
2 Distorção idade-série nos anos finais do ensino fundamental: iniciativas para o RIBEIRO (2021)
seu enfrentamento no RS e MS'
2 Uma análise das ações educativas integradoras no programa Trajetórias Criativas ROSA (2020)
2 Itinerários de práticas pedagógicas e disciplinares que constituem o sujeito aluno STEFFEN (2019)
no projeto Trajetórias Criativas'
2 Criatividade na educação física: um estudo piagetiano sobre o programa RODRIGUES (2019)
Trajetórias Criativas
2 O professor e o programa Trajetórias Criativas na construção da autonomia: uma SOUZA (2020)
análise sob as perspectivas teóricas de Jean Piaget e Paulo Freire
2 A geografia e as poesias de Oliveira Silveira como um instrumento identitário de CARDOSO (2018)
alunos negros do programa Trajetórias Criativas
2 (Des)caminhos para pensar avaliação e inclusão escolar no projeto de GEHRKE (2019)
enfrentamento à distorção idade-série Trajetórias Criativas: o espaço do et cetera'
2 Trabalho coletivo e autonomia de professores: concepções e valores em FARIAS (2017)
construção no projeto de extensão Trajetórias Criativas
3 Trajetórias escolares dos estudantes vinculados ao Programa Bolsa Família nos LUNELLI (2021)
anos finais do ensino fundamental: um olhar sobre a garantia do direito à
educação
3 As trajetórias escolares do ensino fundamental sob o olhar das políticas GAYA (2019)
educacionais: um estudo longitudinal no município de Pinhais de 2009 a 2018
3 AGUIAR NETO
Da escola pública à universidade: trajetórias de sucesso escolar
(2019)
3 Um olhar de alunos reprovados sobre suas trajetórias escolares na matemática BAIAO (2017)
3 Trajetórias escolares e estratégias de permanência de jovens bolsistas de escolas CANEDO (2018)
públicas em escola privada.
3 Rostos da violência: percursos escolares de alunos reincidentes na prática de LOPES (2013)
violência escolar'
Legenda: 1) conceitos de fracasso escolar e acontecimentos históricos envolvidos; 2) Políticas públicas de
enfrentamento; 3) Análise das trajetórias escolares dos estudantes. Fonte: Autora (2022).
51
A dissertação de Carvalho (2014) teve como objetivo compreender as significações
sobre a garantia de direitos de crianças e adolescentes presentes nos relatos de gestores
escolares e os conselheiros tutelares. Dentre os resultados encontrados, expôs-se que os
gestores, em especial, culpabilizam os estudantes e suas famílias pelo seu fracasso escolar.
Porém, entre os conselheiros tutelares, emerge também a idéia de responsabilização da escola
e o estado. Algumas das conclusões a que se chegaram foram:a) é oportuna uma maior
divulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) nas Escolas (uma vez que os
gestores relataram conhecê-lo superficialmente) e b) a necessidade de reflexões críticas sobre
o fracasso escolar ao longo da formação dos professores.
Em ambas as pesquisas percebe-se que a educação é reconhecida como um direito do
estudante. A questão é que, não basta dar o acesso, é preciso oferecer um ensino público, de
qualidade e que atenda as demandas de todas as crianças e adolescentes, sem exceções. Sem
julgar que, quando alguém não aprende, é porque não está se esforçando o suficiente, ou
porque tem alguma patologia, ou porque a família é desestruturada, entre outros. A realidade
mostra que o direito ao conhecimento tem sido negado às camadas populares. Porém, é dever
do estado garantir o direito fundamental da população.
Nesse sentido, a segunda sessão temática examinada apresenta os trabalhos que
retratam políticas públicas de enfrentamento ao fracasso escolar. Esse foi o tema com a maior
quantidade de trabalhos encontrados, totalizando 17 teses e dissertações. A primeira que será
analisada é a dissertação de Carvalho (2017) que se propuseram a investigar quais as políticas
públicas que buscavam solucionar as questões de defasagem e repetência no município da
Serra (ES). Os resultados apontam que não existia nenhuma política sistematizada para esse
fim, o que ocorria eram ações pontuais e desconectadas com outras questões sociais e
educacionais do município.
Dividem-se as pesquisas restantes em três eixos de políticas públicas: a) de combate a
pobreza; b) de expansão da jornada escolar; c) de correção de fluxo escolar.
As políticas públicas de combate a pobreza na América Latina analisadas por Costa
(2016) são políticas associadas à educação escolar no Brasil e na Venezuela e, portanto,
indiretamente ligadas ao fracasso estudantil. Como conclusão encontrou-se que tanto o
Programa Bolsa Família (Brasil) quanto o Misión Robinson (Venezuela) são positivos no
sentido da superação de uma “exclusão” absoluta das camadas mais carentes da população.
Todavia, para que de fato haja um enfrentamento ao fracasso escolar, é preciso que se
efetivem outras medidas estruturais de caráter social, político e econômico.
52
Com relação aos projetos de expansão da jornada escolar, apresenta-se a dissertação de
Silva (2019) que investigou o Programa Novo Mais educação do Ministério da Educação.
Conforme a autora, foram encontradas contradições entre as ações e os textos dos documentos
base do Programa. Além disso, observou-se um discurso preconceituoso a respeito das classes
mais vulneráveis. Para ela, todos os atores envolvidos nas questões educacionais devem
participar na elaboração e implementação de políticas educacionais e o governo deve reservar
investimentos suficientes para que assegurem a qualidade de tais políticas.
Por fim, expõem-se os trabalhos que abordam as políticas públicas que têm como foco
a correção do fluxo escolar. A seguir, encontra-se um mapa nacional que localiza cada um dos
Projetos e dos Programas abordados de acordo com o seu estado de origem (figura 4). É
possível verificar que as políticas públicas nacionais para correção de fluxo analisadas neste
Estado do Conhecimento, concentram-se nos estados do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Figura 4. Mapa nacional com a localização das Políticas Públicas das pesquisas analisadas.
6
A imagem original do mapa do Brasil foi encontrada no link:
https://oempregoeseu.com/2020/10/06/siglas-dos-estados-brasileiros-suas-capitais-e-regioes/. Em seguida,
editou-se a imagem adicionando os nomes das Políticas Públicas e ligando-as ao seu estado de origem.
53
Quanto às análises que os autores realizam, é possível perceber que uma parte dos
trabalhos tece críticas vigorosas sobre as políticas analisadas. Bastos (2013) afirma que o
Programa “Acelera pra vencer” da secretaria de educação de MG demonstra muita
preocupação com a melhoria das estatísticas de reprovação e evasão e pouca atenção com a
real aprendizagem dos estudantes. Além disso, em seus documentos, coloca o aluno como
responsável pelo seu insucesso. Essa mesma culpabilização é encontrada por Junior (2018) ao
averiguar o Projeto Avanço do Jovem na Aprendizagem no Mato Grosso do Sul, além de, mais
uma vez, surgir a questão da falta de investimentos governamentais.
Analisando o Projeto TRAJE (Travessia Educacional do Jovem Estudante), Vieira
(2015) assinala que uma proposta com currículo diferenciado não é condição suficiente para
garantir a inclusão dos jovens periféricos no ensino formal ou no mercado de trabalho.
Destaca-se que a capacitação dos professores para trabalharem no projeto foi de apenas uma
semana.
Outra parcela das pesquisas, mesmo considerando várias limitações, ponderou que as
políticas avaliadas contribuíram de forma significativa para avanços educacionais. Novaes
(2017) pesquisou a Escola Tia Ciata (RJ) criada pelo governo Brizola e Darcy Ribeiro nos
anos 80. Para a autora é possível lidar com a realidade do fracasso das pessoas em situação de
vulnerabilidades desde que haja vontade política e inclusão de fato. Santos (2014) abordou o
Programa Aceleração de Estudos Floração e, apesar da reconhecer os desafios relacionados às
evasões e metodologias do Programa, salientou o acesso e a permanência possibilitados,
sugerindo a unidocência como um dos fatores de influência positiva em função das
oportunidades de interação professor/aluno.
O termo de busca “trajetórias criativas” foi utilizado em razão de ser um de focos de
estudo da tese e, dessa forma, resultou em uma maior quantidade de pesquisas sobre esse
Programa especificamente, totalizando oito dissertações e uma tese. Os trabalhos demonstram
que o Trajetórias Criativas apresentou características que contribuíram para o
desenvolvimento dos estudantes e dos professores envolvidos, trazendo como principais
resultados: a) restabelecimento do vínculo com a escola e a importância de aprender
(RIBEIRO, 2021; STEFFEN, 2019); oportunidades para o desenvolvimento da criatividade de
professores e estudantes (RODRIGUES, 2019); presença e eficácia da interdisciplinaridade
(ROSA, 2020); relevância da formação continuada dos docentes (ROSA, 2020; SILVA,
2018); avanços ainda necessários na concepção de autonomia dos professores (que foi
encontrada mesmo sob condições adversas de coação social), mas consciência do seu papel
54
para o desenvolvimento na autonomia do estudante (SOUZA, 2020; FARIAS, 2017);
processo de constituição do sujeito aluno (STEFFEN, 2019).
Em outra perspectiva, a pesquisa de Cardoso (2018), não trata do Programa Trajetórias
Criativas especificamente, mas sim de questões ligadas ao racismo e à evasão escolar, tendo
como sujeitos os estudantes do Programa. O trabalho realizado com poemas de Oliveira
Silveira abordando a cultura gaúcha negra foi fundamental para a aceitação e a narração de
identidades dos participantes da pesquisa. Já a dissertação de Reis (2019), tece críticas
rigorosas ao sistema avaliativo abordado no Programa, sugerindo que ocorre o
enfraquecimento disciplinar e a flexibilização da avaliação de forma individualizada, o que
para a autora serviria especialmente para manter o fluxo de escolarização.
A análise da terceira e última unidade temática é a dos trabalhos que abordam as
trajetórias escolares (e de vida) de adolescentes. Trajetórias de sucesso escolar foram
7
discutidas por Neto (2019) e Canêdo (2018) e têm em comum o fato de os resultados
sugerirem o patrimônio da família como capital cultural, econômico e social como um fator
de influência, não de forma isolada, mas como parte de uma análise das trajetórias. Assim,
percursos escolares exitosos parecem estar ligados aos processos de sua socialização e às
experiências às quais estão expostos no dia-a-dia, que podem ser transformados em estímulos
para enfrentar as dificuldades que se apresentam.
Ao realizar uma análise longitudinal dos dados do INEP com um recorte temporal de
10 anos, Gaya (2019) constata que apenas 54,5% dos estudantes analisados concluíram o
Ensino Fundamental até o período correto e que existem alguns fatores de risco para a
ocorrência de trajetórias escolares interrompidas, como: ter deficiência, ser do sexo
masculino, ser preto, pardo ou indígena e passar por diversas transferências entre instituições
ao longo da trajetória. Também através de análise de dados, Lunelli (2021) revela que ter o
benefício do Programa Bolsa Família parece ser um fator de proteção das trajetórias
estudantis, garantindo a permanência na escola e o avanço entre os anos de escolaridade.
Sob outra ótica, Baião (2017) perscrutou as trajetórias escolares de estudantes e sua
relação com a matemática através de três categorias: a relação com o outro, a relação com
escola, e a relação com o conhecimento matemático. Já Lopes (2013) aproxima-se do tema da
violência que aparentemente caminha lado a lado com o fracasso escolar. Ambos os estudos
apontam a responsabilidade da escola que frequentemente não sabe lidar com o aluno,
7
Destaca-se que os estudantes participantes eram provenientes de classe baixa ou média e não estavam
em situações de miséria.
55
estigmatiza-o e o reduz aos atos que pratica, esquecendo-se de outras características ou do seu
contexto.
Enfim, a realização desse Estado do Conhecimento foi útil para conhecer os focos e as
ausências de pesquisas com a temática do fracasso escolar em jovens brasileiros. Destaca-se
que a busca explicitou uma multiplicidade de temas, sujeitos, instrumentos e áreas de
conhecimento envolvidas na intenção de compreender melhor esse fenômeno ao longo dos
últimos 10 anos. Contudo, considera-se ainda pequeno o número de trabalhos que envolvam
as discussões conceituais e históricas em torno do tema, bem como pesquisas que contemplem
as trajetórias escolares e de vida dos estudantes.
Salienta-se que, grande parte dos trabalhos encontrados antes da seleção, a partir dos
critérios de inclusão ou exclusão, era sobre a EJA. O que leva a refletir sobre o porquê se
espera que cheguem nessa etapa para que se estude fracasso. O ideal seria converter esforços
para estudá-lo já nos primeiros anos de escolarização. Porque a escola/academia demora tanto
para tomar uma atitude quanto aos estudantes que repetem tantas vezes?
Nessa direção, a questão da violência foi abordada por alguns estudos. Enfatiza-se que
a violência que o estudante externa nada mais é do que o reflexo daquela que sofre por não ter
condições dignas para viver, por ter negado o seu direito de aprender e se desenvolver em sua
plenitude. Muito se fala a respeito dos atos de violência de alguns estudantes no cotidiano da
escola, mas existe violência maior do que passar por constantes reprovações até ser
convencido de que é incapaz de aprender ao ponto de desistir?
Quanto às políticas públicas destinadas para a qualificação da educação, os resultados
reforçam a necessidade de investimento de ordem financeira e estrutural nos projetos e
programas, com destaque para o papel do professor, salientando a importância da formação
continuada e de uma jornada de trabalho que possibilidade as trocas e a criação de vínculo
com o estudante. A análise mostra a potência e as possíveis debilidades que uma política
pública tem para garantir a permanência do jovem na escola.
Em suma, a realização deste estado do conhecimento suscitou ideias e evidenciou a
relevância da pesquisa que se propõe realizar, uma vez que não se encontrou nenhuma
investigação que trouxesse discussões sobre o fracasso escolar de forma conceitual e histórica,
além da abordagem de uma política pública e do estudo de trajetórias escolares participantes
de tal política.
56
6 PROPOSIÇÕES TEÓRICAS
57
7 METODOLOGIA
58
7.1.2 O Estudo Preliminar
7.1.3 Participantes
Para o grupo focal, serão convidados 12 estudantes que ainda não concluíram o Ensino
Médio e, portanto, ainda estudam na escola. Para as entrevistas semiestruturadas serão
convidados cinco estudantes que já se formaram no Ensino Médio.
A escolha dos participantes se dará por indicação da ex-coordenadora local do
Programa TC que ainda é professora na escola Gentil. Conforme supracitado, entrou-se em
contato com a escola para verificar a possibilidade de realização do estudo e, então se
conversou com a professora em questão. Esta disponibilizou diversos contatos de estudantes e
ex-estudantes da escola que participaram do Programa TC.
59
O local das entrevistas será previamente combinado com os participantes, bem como o
dia e horário mais adequado. Ainda, a entrevista poderá ocorrer de maneira virtual, caso
necessário. Foi elaborado um roteiro para a entrevista semiestruturada que está disponível
como Apêndice B desta tese. Salienta-se que a ordem das perguntas pode variar de acordo
com cada entrevistado.
Quanto ao grupo focal, Barbour (2009) defende que esse é um método versátil e pode
ser usado de diferentes maneiras, dependendo do estudo, e que pode superar as descrições,
fornecendo explicações. Diferentemente das entrevistas, o grupo focal dá acesso aos
argumentos que os participantes decidem externar em frente a outras pessoas, no caso desta
tese, seus pares.
O grupo será convidado a encontrar-se em uma sala disponibilizada pela escola Gentil
em dia e horário previamente acordados. A mediadora das discussões será a própria
pesquisadora. Para dar início ao debate, serão lidas afirmativas retiradas das entrevistas feitas
anteriormente com os outros participantes. O roteiro de afirmativas será flexível, suscetível a
retiradas ou inclusões de afirmativas, bem como a alteração de sua ordem, a partir do
andamento da discussão com o grupo.
Para a análise de dados, será utilizada a Análise Textual Discursiva (ATD) como
proposto por Moraes e Galiazzi (2016). Esse tipo de análise qualitativa de textos pode ser
entendida como um processo auto-organizado de “construção da compreensão” a partir dos
entendimentos que surgem por meio do ciclo de análises composto por três elementos: a
unitarização, a categorização, e a comunicação.
Conforme os autores,
Ainda, Moraes e Galiazzi (2016) afirmam que a interpretação vai além da simples
descrição, pois é um exercício de construir e expressar uma compreensão mais aprofundada
dos textos analisados. Para eles, uma pesquisa de qualidade precisa alcançar uma maior
profundidade de interpretação “afastando-se do imediato e exercitando uma abstração.” (p.36)
7.3 PROCEDIMENTOS
60
Adotar procedimentos seguros para os participantes é um elemento fundamental em
qualquer trabalho científico. O presente trabalho seguiu as orientações da resolução 510/2016
do Comitê de Ética em Pesquisa. A seguir, encontram-se alguns procedimentos baseados em
tais normas, os quais serão adotados nesta pesquisa.
7.3.1 Autorização
7.4 CRONOGRAMAS
61
Tabela 3. Cronograma de execução para o ano de 2022
TAREFAS jan fev mar abr mai jun Jul ago set out nov dez
Revisão de literatura x x x x x x x x x x
Entrevistas com os
x x x
estudantes
Transcrição das
x x x
entrevistas
Análise dos dados e
x x
redação do Artigo 2
Grupo focal x
Transcrição do grupo
x
focal
Análise dos dados e
x x
redação do Artigo 3
Análise dos dados e
x x
redação do Artigo 4
Considerações finais
x
da tese
Revisão e formatação x
Envio para banca x
Elaboração do Power
x
Point
Defesa de Tese x
Fonte: autora (2022).
62
REFERÊNCIAS
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Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2017.
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67
APÊNDICE A - Artigo ENPEC
Resumo
Este trabalho tem o intuito de fazer um levantamento da produção a respeito do fracasso
escolar de jovens brasileiros nos últimos cinco anos por meio do Banco de Teses e
Dissertações da CAPES utilizando os descritores“fracasso escolar” e “jovens”. A maioria
das pesquisas ocorre na região sudeste, foca-se em propostas interventivas e utiliza entrevistas
tendo os estudantes como participantes. Os estudos evidenciam a prevalência da população
periférica em situação de fracasso escolar o que pode e resultar em problemas de autoestima e
autoimagem apontando para a necessidade da presença familiar, de professores preparados e
de uma escola que assuma a responsabilidade da aprendizagem de todos os estudantes. As
intervenções analisadas apontam benefícios no enfrentamento dessa realidade, mas as
pesquisas sobre a temática devem ser multiplicadas e aprofundadas ao considerar-se a
complexidade dos fatores envolvidos.
Palavras chave: fracasso escolar, jovens, educação pública, ensino de ciências.
Abstract
This work has the intention of making a survey of the production about the school failure of
young Brazilians in the last five years through the Bank of Theses and Dissertations of Capes
and Scielo using the decree "school failure" and "young people". Most of the research takes
place in the southeastern region, focuses on interventional proposals and uses interviews with
students as participants. The studies show the prevalence of peripheral population in
situations of school failure, which can and result in problems of self-esteem and self-image
pointing to the need for family presence, prepared teachers and a school that takes
responsibility for the learning of all students. The analyzed interventions point to benefits in
facing this reality, but research on the theme must be multiplied and deepened when
considering the complexity of the factors involved.
Key words: school failure, youth, public education, science teaching .
Introdução
Ainda no século passado, Patto (1993) apontava uma tendência em afirmar que
crianças empobrecidas tinham um maior índice de dificuldades de aprendizagem. Apesar
68
disso, não existia um consenso sobre até que ponto crianças nessas condições8 tivessem maior
probabilidade de apresentar sequelas físicas ou cognitivas ao chegarem à escola. A hipótese
da autora é que a escola destila um tipo de preconceito para com esse público e funciona
como um mecanismo produtor de dificuldades para aprender.
Ao considerar-se esse preconceito como estrutural, nota-se que ele se reflete nas
decisões a respeito das políticas educacionais e até mesmo na relação do docente com os
discentes, perpetuando e legitimando o fracasso escolar das classes populares. Ademais,
torna-se mais confortável tratar tal fracasso como uma questão de incapacidade pessoal ou de
um grupo do que assumir pelo menos parte da responsabilidade considerando os aspectos
políticos contidos nesse processo. (PATTO, 1993)
Quase 30 anos depois da publicação dessas ideias, pesquisas apontam uma realidade
educacional desafiadora, em especial na juventude. Dados recentes da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) evidenciaram que 29,6% dos jovens de 15 a 17 anos
estavam em defasagem idade-ano de escolaridade no ano de 2019. Ainda, 11,8% do total de
adolescentes dessa faixa-etária estava fora da escola, o que equivale a 1,1 milhão de pessoas
(IBGE, 2020). A situação torna-se ainda mais preocupante ao perceberem-se as engrenagens
de um sistema que parece estar projetado na direção do fracasso escolar da população em
condição de vulnerabilidade:
Apesar dessas adversidades, um olhar atento lançado aos estudantes das periferias é
capaz de perceber a impossibilidade de generalização, pois são um grupo heterogêneo com
diferenças culturais, de dinâmica familiar, de formas de comunicação, etc. (PATTO, 1993)
que precisa ser considerado em suas identidades, suas diferenças e suas potencialidades.
Urge compreender e refletir sobre as causas do fracasso escolar e buscar alternativas
pedagógicas que mobilizem a capacidade de aprender da juventude periférica “superando a
8
Exceto aquelas em estado de miséria absoluta.
69
dicotomia entre culpá-los ou vê-los como vítimas” (p.19) sem esquecer que a sociedade e o
Estado Brasileiro possuem uma dívida histórica com essas populações. (BRASIL, 2011)
Metodologia
Resultados e Discussão
A partir dos descritores, foram encontrados 39 trabalhos. Após uma triagem baseada
nos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionadas 13 dissertações e cinco teses,
totalizando 18 pesquisas que farão parte deste Estado do Conhecimento.
Os trabalhos relacionados aos descritores encontrados serão agrupados de acordo com
suas semelhanças e apresentados a partir de diferentes perspectivas.
Em primeiro lugar, elucida-se o foco de cada estudo (tabela 1). A prevalência está na
análise das propostas interventivas voltadas ao público jovem. Outra questão que emerge é a
análise dos contextos considerando as desigualdades sociais, culturais e raciais presentes no
fracasso em aprender. As propostas para a correção da distorção idade-série podem ser uma
importante ferramenta para uma educação equânime que contribua para a ampliação das
oportunidades dos alunos, enfrentando os mecanismos produtores de desigualdades (BRASIL,
2011).
70
Os estudos na área da saúde aparecem como foco de interesse de duas pesquisas e
apontam a orientação da compreensão do fenômeno em uma perspectiva interdisciplinar. Mas
é preciso uma abordagem séria e comprometida dos profissionais de saúde – para além de
diagnósticos e da medicalização dos corpos- e dos educadores – com foco na potencialidade e
não na impossibilidade.
9
Considerando estudos experimentais.
71
Famílias GRIPPA, 2016; MULLER, 2018;
Professores/gest PEREIRA, 2015;SILVA, 2015; GRIPPA, 2016; VIEIRA, 2016;
ores escolares CARMO, 2017; CAMPOS, 2018; CARLI, 2018; MULLER, 2018; ROSALES,
2019;
Comunidade PEREIRA, 2015; GRIPPA, 2016; VIEIRA, 2016;
Profissionais da BOTELHO, 2018;
saúde
Gestores LIMA, 2015; PEREIRA, 2015
públicos
Fonte: Autoras, 2020.
Por fim, alguns dos principais resultados dos estudos evidenciam a prevalência
dapopulação periférica em situação de fracasso escolar o que pode resultar em problemas de
autoestima e autoimagem apontando para a necessidade de suporte dos gestorespúblicos, da
presença familiar, de professores preparados, valorizados e motivados, e de uma escola que
valorize as questões afetivas e tenha intencionalidade em sua prática. Além disso, as
10
Inclui Grupos Focais, Rodas de Conversa e Círculos Dialógicos.
73
características de um sistema capitalista que oprime e exclui também foram destacadas. As
intervenções analisadas apontam benefícios no enfrentamento dessa realidade, mas as
pesquisas sobre a temática devem ser multiplicadas e aprofundadas ao considerar-se a
complexidade dos fatores envolvidos. Apesar de não ter sido contemplada nos estudos
analisados, destaca-se a Iniciação Científica como um dos caminhos para a superação do
fracasso escolar, pois ela possibilita ao estudante sentir-se capaz de fazer ciência e responder
às suas próprias curiosidades (BRASIL, 2014).
Conclusões
Referências
74
BRASIL, Ministério da Educação. Caderno de Reflexões – Jovens de 15 a 17 Anos no
Ensino Fundamental. Brasília: Via Comunicação. 2011. 198p. Disponível
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vida e processos de ressingularização na escola: um olhar a partir do programa ensino
integral em São Paulo. 11/06/2018 277 f. Doutorado em EDUCAÇÃO (PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO) Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO
PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: MONTE ALEGRE
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: FEUSP
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submissão e rebeldia. São Paulo: T.A. Queiroz, 1993.
PEREIRA, JULIANA GOMES. Manda o juiz pra escola no meu lugar pra ver se ele vai
gostar”: Limites e possibilidades da inserção escolar de adolescentes em conflito com a
lei' 09/04/2015 115 f. Mestrado em EDUCAÇÃO Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro Biblioteca
Depositária: http://www.dbd.puc-rio.br
SILVA, MARCO AURELIO DA. Evasão escolar no ensino médio: o caso de uma escola
estadual do município de Santa Cruz do Sul - RS' 26/02/2015 140 f. Mestrado em
EDUCAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, Santa
Cruz do Sul Biblioteca Depositária: UNISC
77
Instituição de Ensino: FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, Bagé
Biblioteca Depositária: Biblioteca da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA/Câmpus
Jaguarão
78
APÊNDICE
PÊNDICE B – Roteiro para a entrevista semiestruturada
semiestruturad
79
APÊNDICE C – Termo de Autorização para a Direção
Alvorada/RS, _____
______ de __________________ de 20__.
_______________________
______ ___________________________________
Ass. do(a) Gestor(a) Ass. da orientadora
___________________________________
Ass. da doutoranda
80
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado a participar da pesquisa acadêmica do Programa de pós pós-
graduação em Educação em ciências, na Linha de pesquisa “Processos de ensino e
aprendizagem na escola, na universidad
universidadee e no laboratório de pesquisa”,
pesquisa” vinculada ao
doutorado em Educação em Ciências, com foco nas histórias de vida de estudantes da
periferia. Os ex-estudantes
estudantes que participaram do Programa Trajetórias Criativas Criativa podem
colaborar com a pesquisa, se assim consentirem. Pretende Pretende-se
se realizar uma entrevista com
cada estudante.
Os dados serão protegidos por sigilo ético, não sendo mencionados os nomes dos
participantes em nenhuma apresentação oral ou trabalho escrito qque ue venha a ser publicado. As
informações coletadas a partir desta pesquisa serão utilizadas apenas em situações acadêmicas
(artigos científicos, palestras, seminários, tese etc.), identificadas somente por sigla.
As pesquisadoras responsáveis pela pesquisa são a Profa. Dra. Jaqueline Moll,
professora do Programa de Pós Pós-Graduação em Educação em Ciências da Universidade
Federal
ral do Rio Grande do Sul (PPGECi
(PPGECi/UFRGS) e a doutorandaa Natálie dos Reis Rodrigues,
aluna do PPGECi/UFRGS.
É possível desistir de particip
participar
ar da pesquisa a qualquer momento e, em caso de dúvida,
pode-sese contatar a orientadora e/ou a pesquisadora através do telefone (51)(51)982861386 ou pelo
endereço eletrônico [email protected] para esclarecimentos.
Após ter sido devidamente informado/
informado/aa dos aspectos relacionados à pesquisa e
ter elucidado as minhas dúvidas, eu
_______________________________________________, declaro para os devidos fins que
concedo os direitos de minha participação através dos depoimentos apresentados para esta
pesquisa,a, para que sejam utilizados integralmente, ou em parte, sem condições restritivas de
prazos e citações, a partir desta data. Sendo que, o controle das informações fica a cargo das
pesquisadoras citadas.
______________________________ ___________________________________
Ass.do Participante da pesquisa Ass. da orientadora
___________________________________
Ass. da doutoranda
81
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e E
Esclarecido com anuência
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências
_______________________________ ___________________________________
Ass.do responsável Ass. da orientadora
___________________________________
Ass. da doutoranda
Termo de Anuência
uência do Estudante
Eu, ______________________
____________________________________________________
____________, estudante da
Escola ______________________
_______________________________________,
__________, aceito livremente participar desta
pesquisa.
________________________________
Ass. doo Estud
Estudante
82