Afeto e Humor
Afeto e Humor
Afeto e Humor
Existem desafios em tratar pessoas com transtornos mentais e comportamentais ou qualquer patologia psiquiátrica.
Um de seus maiores desafios é definir a sintomatologia do paciente. Através de um exame físico conseguir definir o
que é um baço aumentado, por exemplo. Porém, como se determina o que é e como é a Ansiedade? A definição
de ansiedade vai ser distinta de uma pessoa para outra.
A definição psicopatológica e quais são os sintomas na psiquiatra é algo muito delicado que precisa de um estudo
mais aprofundado. O que define quando passa de um pensamento normal para um pensamento delirante? Qual a
fronteira entre esses aspectos? Para entendermos e descobrirmos precisamos estudar as definições
psicopatológicas. Isso não é pessoal e nem subjetivo.
O que dá o direito de uma pessoa tirar a liberdade da outra e amarrá-la na cama? Comentando sobre alguma
psicopatologia que faça a pessoa não aceitar a internação e ajuda, tendo que ser contida mecanicamente. O médico
tem esse poder porque ele estudou psicopatologia, conhece suas definições e a lei permite isso. Ele julga que o
julgamento crítico da pessoa não está adequado, e que ela não está condizente com o paciente e faz uma avaliação
mental para julgá-lo, e é a partir do nosso julgamento que temos o direito de tirar a liberdade do outro. Isso é um ato
médico, somente o médico pode fazer isso, e em um lugar que não tenha psiquiatra qualquer médico tem direito de
fazê-lo. Essa é a necessidade de estudar psicopatologia.
Entender o que é ansiedade, depressão, diferenças entre termos médicos e populares, semelhanças e diferenças
entre conceitos de ansiedade e depressão. A partir da semiologia conseguimos diagnosticar e tratar. Entrevista em
psiquiatria, as funções mentais (afeto e humor principalmente).
OBS: O objetivo da aula é inserir o aluno do 2° ano de medicina no estudo dos transtornos mentais e
comportamentos, definir a forma de avaliar afeto e humor, introduzir conceitos gerais de transtornos de ansiedade.
→ Anamnese:
A prática de anamnese com um paciente com transtornos mentais é mais complicada devido a difícil interação entre
paciente e médico. Devido a isso a entrevista tem que ser adaptada, porém ainda há a necessidade desse roteiro.
Aprofundamentos na história pessoal, como foi os períodos da vida, como é a vida sexual, fantasias e sonhos atuais,
e a personalidade antes de ter a doença atual.
→ Exame físico:
O exame físico na psiquiatria assim como em qualquer outra ciência especifica da medicina é mais dirigido, é feito
um exame físico direcionado de uma forma geral, se tem uma suspeita diagnóstica que não é psiquiátrica, é feito o
exame físico do trato gástrico, do pescoço, etc. e também vai ser feito o exame do estado mental sempre, esse é o
exame físico do psiquiatra.
Estado mental: É o estado que a pessoa está naquele momento, que a mente daquela pessoa está naquele
momento. Naquele momento, não adianta outra pessoa falar “ahh doutor, ontem ele estava muito agitado”, no
exame do estado mental eu direi que o paciente está calmo, tranquilo, na minha frente. Da mesma forma que é na
medicina geral, “ah doutor, eu tô sentindo que estou com meu fígado aumentado” daí você vai lá, palpa o fígado e ele
tá normal. O que eu coloco no exame físico? Fígado normal. É colocado e avaliado aquilo que está sendo visto. Só
que é preciso usar termos técnicos para descrever aquilo e para saber os termos técnicos é preciso saber da
psicopatologia.
Então a semiologia, é o estudo dos signos, é o estudo dos sinais e sintomas da psicopatologia e é como se fosse a
semiologia da psiquiatria.
ENTREVISTA:
A psicopatologia é o estudo dos sofrimentos da alma, e para estudar o sofrimento da alma se costuma didaticamente
separar o exame do estado mental em funções mentais, que são aquelas que a Lígia comentou com vocês na aula,
mas para entender e descrever as funções mentais é preciso entrevistar o paciente, aí essa é uma grande diferença
em termos técnicos da psiquiatria versus a entrevista em outras especialidades médicas.
Geralmente as outras especialidades médicas seguem aquele roteiro daquela forma que está estruturada, ou seja,
história da moléstia atual, depois os antecedentes mórbidos pessoais e isso eu vou seguindo e entrevistando o
paciente seguindo toda aquela ordem. Além disso, nas outras especialidades chega um momento específico para o
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exame físico, “ok, agora senta na maca, vou medir sua pressão, etc.”, na psiquiatria não é bem assim, não existe um
momento de parar e dizer que vai fazer no exame físico do estado mental, isso é feito ao longo de toda a entrevista,
desde o momento que o paciente está na sala de espera até o momento em que o paciente se despede e vai
embora, e durante todo esse momento a gente precisa fazer uso de técnicas de comunicação e a todo momento a
gente está comparando a história da moléstia atual, o exame de estado mental, com as possibilidades diagnósticas
dadas pelos manuais diagnósticos, no final o objetivo da minha entrevista é chegar num diagnostico e numa
proposição terapêutica.
Tipos de perguntas:
É preciso saber como entrevistar as pessoas, e para isso tem tipos de entrevista e os tipos de entrevista variam com
os tipos de perguntas que são feitas para as pessoas.
→ Aberta:
→ Estruturada:
Ex: Como é seu nome? Como você se sente hoje? Vocês percebem que quando eu pergunto o nome à pessoa
responde facilmente, e quando eu perguntei como você se sente hoje existe uma latência na resposta, eu fiz uma
pergunta estruturada e fiz uma pergunta aberta. Qual das duas te traz um conteúdo, pensamento, sentimento
interno? A pergunta aberta. A pergunta aberta tem essa vantagem, ela faz trazer mais conteúdos subjetivos,
pensamentos, sentimentos para aquela pessoa. Mas qual das duas demorou mais? A aberta. Então ela tem essa
desvantagem, a pergunta aberta em contextos de urgência em que eu preciso atender o paciente em 20 minutos ela
não é tão utilizada, porque eu preciso ser rápido naquele atendimento. O que é bem para ti? É muito mais difícil de
responder, me traz uma dúvida e até um certo desconforto, pode ser pequeno mas gera um desconforto quando eu
fico com dúvida. Eu preciso então saber que a minha pergunta gera coisas no paciente, e esse gerar altera o exame
de estado mental dele e eu posso fazer propositalmente, e devo como medico fazer propositalmente sempre, porque
todas as minhas perguntas podem mudar tudo, minhas consultas devem ser pensadas, não posso fazer aquilo pelo
que eu acho que é.
Então se ao começar uma entrevista e perceber que é preciso tocar num assunto que a pessoa fica desconfortável, é
necessário saber o momento de tocar naquele assunto.
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Exemplo: Muitas vezes isso acontece comigo na clínica, o paciente chega e você já percebe que existe algo no
relacionamento do adolescente que ali não aparece porque eles ainda não estão a vontade de falar, e tem uma hora
que tem que falar e perguntar “o que tem entre você e sua mãe? ” e isso gera uma ansiedade na pessoa, toda
pergunta precisa ser pensada um momento, durante um erro de perguntar eu posso ter um falso positivo e um falso
negativo. Então a gente precisa se utilizar nesses tipos de entrevista para poder saber como perguntar as coisas.
→ Semi-estruturada:
Estruturação variável
OBS: No final o que é preferível? A semiestrutural. Porém, varia de acordo com o contexto e com os pacientes. Essa
forma de entrevistar entra muito no comunicar com o paciente com utilização de técnicas, enquanto é feita a
entrevista.
Comunicação:
Comunicar-se tem várias fases, desde o início da comunicação, o momento inicial, a avaliação dessa comunicação
deve ser feita a todo o momento, e vai mudando a forma de se comunicar com esse paciente. E aí durante toda a
entrevista e no final fechar uma comunicação verbal e não verbal.
É preciso sempre prestar atenção nisso, para não bloquear a comunicação que está vindo de lá.
Anotar ou não anotar durante a consulta? É necessário fazer as duas coisas, de acordo com que cada um tem uma
memória uma sintonia ali com o paciente. Uma coisa é obrigatória, no final toda consulta precisa ter um registro, se
você vai fazer o registro com ou sem o paciente na sua frente cada um tem uma forma de fazer. Eu não recomendo
você ficar conversando com o paciente e digitando ou anotando muita coisa, e nem ficar interrompendo a sua
entrevista.
Durante a consulta de psiquiatria é importante fazer a utilização de técnicas (que podem ser lidas no livro de
semiologia médica).
→ A todo momento precisa fazer a inspeção e movimento para ver aonde encaixa a peça, isso é o exemplo do
estado mental
→ O paciente ao chegar vai apresentar o seu estado mental (como no vídeo) eu sou uma princesa, eu tenho 9
anos, preciso tomar banho antes de ter bebê → delírio de grandiosidade, ou seja, você vai colocando a peça
de acordo com o estado mental que o paciente irá lhe mostrar.
→ Por fim, o examinador compara continuamente o que tem em sua frente com o modelo que tem em mãos (
no quebra cabeça o modelo seria a caixa), que na psiquiatria seria o CID, e tem vários outros também.
Fases da entrevista:
A entrevista é composta por 3 fases: ABERTURA, INTERMEDIÁRIA E ENCERRAMENTO
→ ABERTURA:
O entrevistador aquecer (a identificação é a melhor forma de aquecer o paciente) o paciente e estabelece uma
comunicação, preparando o paciente para a próxima fase. Ou sejá, é preciso aquecer o paciente para prepara-lo
para se abrir, quando observa que ele está preparado inicia a próxima fase.
→ INTERMEDIÁRIA:
Coletar a maior parte das informações, HMA, antecedentes pessoais, saber o que aconteceu e o que está
acontecendo (é a fase que dura mais). Precisa levar em consideração o que é visto já na sala de espera, porque a
forma que você chama a criança e ela se distancia da mãe é muito importante semiologicamente (ver uma
conformação familiar na sala de espera e outra dentro do consultório é comum).
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→ ENCERRAMENTO:
É quando prepara o paciente, faz um resumo do que aconteceu, evitando tópicos pesados emocionalmente, oferecer
perspectiva de futuro, dar feedback, prognóstico e oferece tratamento.
Exemplo de encerramento:
“Eu acho que você tem a compreensão de que, assim como eu, além dessas coisas que eu estou falando vocês vão
precisar estudar um pouco mais para a prova. Eu acho que é mais ou menos isso e, assim, essa é a nossa segunda
aula. Eu estou conhecendo a turma de vocês. Vamos ter ainda algumas aulas ao longo do curso de vocês, então vão
ter outros momentos, onde poderemos tirar outras dúvidas, se vocês ficarem com dúvida depois do que vocês
estudarem, então a gente vai tentando sanar essas dúvidas um pouco melhor e vocês também vão aprofundando
mais o conhecimento daquilo que eu estou comentando hoje. Tudo bem? Então tá, até a próxima aula.”
Isso é um encerramento: preparei, evitei tópicos muito carregados, resumi para a paciente, ofereci
perspectiva para o futuro, dei um diagnóstico e um feedback, e dei um prognóstico e um contrato de
tratamento.
O contrato de tratamento é: ‘’Vamos nos encontrar novamente, qualquer dúvida, você pode me buscar.’’ Então, isso
é um encerramento. Na entrevista, a gente tem que fazer a mesma coisa.
EXAME MENTAL:
Ele é dividido em componentes (comentados pela professora Lígia)
→ Observação;
→ Conversação;
→ Investigação;
→ Testagem;
Observação:
Durante o momento de observação na sala de espera, consegue-se avaliar todas essas funções mentais, sem o
paciente precisar falar nada.
Conversação:
No momento, por exemplo, que eu comecei a conversar com o Bruno, se eu tivesse em uma entrevista de psiquiatria,
já poderia estar fazendo a avaliação de toda essa parte do exame de estado mental. Apenas conversando, sem falar
sobre nada de doença.
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Investigação:
Depois, começa a fase intermediária, a aprofundar nas questões preliminares, que se julgam problemáticas. Na
investigação, o entrevistador é um pouco mais ativo do que na conversação, tentando trazer o paciente para aquele
caminho para chegar em um diagnóstico.
Testagem:
Exemplo: A escala de coma de Glasgow, é uma escala que avalia uma função mental: a consciência. O mini exame
do estado mental, é uma escala que avalia memória, orientação, praxia, atenção, é uma escala de testagem que
avalia algumas funções mentais. No TDAH existe o SNAP e a MTE, que também são escalas de testagem. Então,
todas elas devem ser feitas após impressões preliminares de um possível diagnóstico, pois a testagem acrescenta
“pistas” para aquela hipótese, mas não confirma diagnóstico.
Para cada função mental, há um conceito e, dentro desse conceito, existem alguns componentes, e temos
alterações quantitativas e qualitativas dessas funções mentais e também uma forma de examinar essa função
mental. Algumas funções mentais não têm componentes e algumas não têm alteração quantitativa, tem só
qualitativa, por exemplo.
AFETO X HUMOR
Exemplo: o celular toca no meio da aula. Como você acha que eu me senti? (aluna: com vergonha). Não foi bem
vergonha não, isso foi a sua interpretação. Subjetivamente, eu fiquei irritado por ter tocado o celular aqui, no meio de
vocês todos. Isso é subjetivo, cada um tem um sentimento. Às vezes quando a gente define um sentimento no outro,
a gente está projetando um sentimento nosso. Então é preciso tomar cuidado quando está fazendo a entrevista de
um paciente, para não dizer algo que, na verdade, é a gente que está pensando.
Os conceitos de humor e afeto são estados psíquicos subjetivos, que podem ser agradáveis e desagradáveis e
que abrangem emoções, sentimentos, paixões, humor. Tudo isso é abrangido nessa função mental que chamamos
de afeto e humor.
Costuma-se fazer uma diferenciação psicopatológica entre o que é afeto e o que é humor.
AFETO:
Nesse afeto existem alterações corporais que são observadas e que podem ser analisadas pelo examinador, se o
examinador for treinado.
Um psiquiatra com formação em psiquiatria clínica e infanto juvenil, já avaliou vários pacientes com ansiedade.
Então, ele te uma régua, que foi calibrada na residência médica, de saber quando que o paciente está com afeto
ansioso. Essa régua é melhor do que a de alunos, do que a de um médico generalista e do que a de alguma pessoa
da população geral, que não é nem estudante de medicina. Entretanto, a pessoa da população geral, também tem
uma régua e também consegue avaliar o afeto da outra pessoa.
Quanto mais eu consigo avaliar o afeto do outro, mais eu consigo mobilizar meu comportamento diante da minha
avaliação e eu consigo ser empático com a outra pessoa.
A avaliação do afeto é importante durante toda a entrevista, para que eu consiga ser empático.
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HUMOR:
É o somatório dos afetos, mas não é o somatório dos afetos que eu observo, é o somatório dos afetos sentido
pelo outro.
[Volta ao exemplo do celular]: Talvez o que ela falou, foi o meu afeto, o que pareceu. O meu humor é algo interno,
que veio da minha consciência. E, pode ser que a minha expressão corporal tenha parecido vergonha, e isso é afeto,
você vai descrever isso: afeto envergonhado. Pela sua régua foi afeto envergonhado e tudo bem, não está errado,
mas o meu humor era irritado, porque aquilo que chegou na minha consciência foi um sentimento de irritação.
No humor soma-se: emoção, sentimento, sensação da emoção e as minhas paixões, as minhas ideias de
apaixonamento daquelas coisas na minha vida.
Para avaliar o humor é preciso perguntar “como você tem se sentido nos últimos dias?”, porque não vai falar do
estado momentâneo, vai falar do estado que soma vários afetos durante, por exemplo, uma semana, algumas
semanas.
O humor é um sentimento difuso e não está relacionado diretamente a um outro objeto ou acontecimento
específico.
Por exemplo, na primeira pergunta que eu fiz na aula, conversei com o Andrew, pode ser que naquele momento ele
tenha ficado ansioso por causa da pergunta que eu fiz pra ele. Isso não é humor, isso é afeto, é algo que se relaciona
com algum acontecimento específico e que muda o meu estado de humor basal.
Exemplo: Eu tenho estado bem, eu não estou triste, fiquei um pouco preocupado e irritado hoje pela manhã, porque
meu filho não dormiu direito essa noite, mas se eu for pensar nessa semana como um todo, irritação, preocupação,
não tem sido meu sentimento predominante. Eu tenho estado até alegre, um pouco mais que o meu habitual e com
um sentimento de tranquilidade mais habitual. Então, isso é a minha definição de humor, por mim, durante essa
semana. Quando eu falo pra vocês que eu fiquei irritado, que eu fiquei preocupado quando meu filho não dormiu
direito, eu estou falando do afeto ali naquela situação específica.
O humor deve ser investigado e a pergunta pode ser feita ao paciente ou à família quando o paciente não está em
condições de responder.
[Pergunta Inaudível]
Resposta: Uma vez uma aluna me disse que afeto e humor são como clima e tempo. Quando eu defino o que é clima
e o que é tempo? Eu não consigo definir com precisão. Agora existe uma definição bem prática. Quando vocês forem
estudar depressão, no critério diagnóstico vai constar: para ser depressão eu preciso de um humor deprimido na
maior parte dos dias durante duas semanas. Mas por exemplo, transtorno de ansiedade generalizada, precisa de um
humor ansioso, apreensivo e preocupado, durante pelo menos 6 meses.
- No critério de diagnóstico de depressão, para ser uma depressão é preciso de um humor deprimido na maior
parte dos dias, quase todos os dias, durante duas semanas.
- No transtorno de ansiedade generalizada, o critério diz: humor ansioso, apreensivo, preocupado, durante
pelo menos 6 meses.
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me contando, uma história triste, e ele está com o afeto eufórico, isso é um exemplo de Inadequação entre o
pensamento (porque é aquilo que ele está contando, portanto, pensando) e o afeto (que é aquilo que ele está
vivenciando na prática ali).
Tem alguns autores que colocam um 6º item (mas não é obrigatório), que são equivalentes orgânicos do afeto
(apetite, peso e o sono). Não é obrigatório, pois, alguns autores dizem que isso não deve ser descrito aqui, e sim na
HMA (História da Moléstia Atual), porque são aspectos que são relatados pelo paciente de como estão. Mas por
outro lado, eles têm tudo a ver com o afeto e o humor.
Por exemplo, para fazer uma dieta, é preciso controlar seus hábitos, é preciso ter um humor pelo menos bom. Se não
estiver com o humor bom, não irá conseguir fazer essa dieta. E quando você não está bem, uma das primeiras coisas
que irá mudar, é o sono.
Além disso, há profissionais que colocam outro item ainda, que é a volição (vontade de fazer as coisas, energia para
realizar os projetos pessoais) e a autoestima, na descrição de afeto e humor, mas a professora Lígia deve ter
comentado que são duas funções vitais diferentes.
Qualitativas: E em relação a modulação temos Labilidade, Incontinência e Rigidez. Por exemplo, paciente que
muda muito rapidamente entre tristeza e alegria, está com o humor muito lábil. E às vezes, ele está tão lábil, que está
incontinente, não está conseguindo nem conter esse humor. Característico no Episódio Maníaco do Transtorno
Afetivo Bipolar e nas intoxicações ao álcool, cocaína e estimulantes. Rigidez é o inverso disso, é quando a
modulação não acontece, fica aquele paciente rígido, muito frequente em depressão grave e na esquizofrenia.
- Sobre tonalidade e congruência (alterações qualitativas), o importante que vocês precisam saber é o termo
incongruente, que é quando há um afeto é incongruente/inadequado com o humor relatado. Os outros termos:
paratimia, ambitimia e neotimia não são termos tão utilizados e vocês não irão ser tão cobrados em relação a isso.
FORMAS DE EXAMINAR
Conversação: Conteúdo verbalizado pelo paciente, forma de conversar (tom de voz, expressão facial, postura
corporal), tudo isso ao longo da conversação, eu já estou avaliando o afeto, principalmente.
Investigação: Onde eu avalio mais o humor, porque eu pergunto diretamente ao paciente e eu vou sentindo
também, emoções enquanto o paciente vai me falando.
Esses conteúdos que eu sinto, também são importantes para a minha avaliação do afeto. Por exemplo, paciente fala
de determinado assunto que me deixa preocupado, ansioso, triste. Na psiquiatria, quanto mais conexão eu tenho
com o paciente, melhor, porque eu consigo sentir o que ele me traz. Por isso, é importante a entrevista, pois, é para
gerar relação (cerca de 50 min), isso acontece muito quando o paciente é adolescente. Muitas vezes, eles são
levados a consulta, contra a vontade. Nesse ponto, é onde eu falo que todo psiquiatra precisa de um
acompanhamento psicológico/terapêutico. Porque é aqui que percebemos melhor nossos sentimentos.
Por exemplo: Na minha sessão eu falei tal, tal e tal. Porém, agora estou sentido isso, diferente daquilo relatado na
terapia. Será que não foi o paciente que me trouxe esse conteúdo afetivo diferente? Por isso, é necessário refletir
para fazer um julgamento.
Testagem: Posso, por exemplo, pedir para o paciente ler uma frase: "Eu estou bravo", e avaliar o tom de voz, a
expressão facial, os gestos e o ritmo da fala. Posso pontuar a congruência e a intensidade dessa leitura, de 0 à 4.
Um paciente bem consegue fazer uma expressão adequada desse aspecto.
A ansiedade tem uma alteração predominante no eixo afeto/humor. E a expressão é aquela citada no exemplo:
preocupação, medo, apreensão, tudo isso é a tonalidade predominante do afeto em um individuo que tem
transtorno de ansiedade.
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Existem vários tipos de transtornos de ansiedade, o que diferencia de um e outro, não é a tonalidade (pois, é a
mesma em todos). O que irá variar é, por exemplo, no pânico, o medo é muito grande, a fobia é o medo.
Por exemplo, a pessoa com transtorno de pânico, terá medo de novos ataques. Aquela que possui transtornos
de ansiedade de separação terá medo de se separar de entes queridos. Logo, o objeto/situação é que varia de
um transtorno para outro.
Dica do professor: