0% acharam este documento útil (0 voto)
6 visualizações58 páginas

Eu Gabi

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 58

MÓDULO 1 | UNIDADE 1: O papel da escola

Capítulo 1 | Repensando a escola

De qual educação precisamos para o século XXI?

Qual o propósito da educação no atual contexto de grandes transformações da


sociedade?

Vivemos num tempo que demanda que a Educação oriente seus esforços na
construção de uma sociedade mais pacífica e inclusiva (ODS 16), um tempo em que as
novas gerações necessitam de educadores que tornem o ambiente escolar mais
envolvente para construir seus projetos de vida.

Provavelmente, frente a tais questões, você pensou nos quatro pilares da educação do
futuro que foram elaborados na virada do século XX para o XXI pelos pesquisadores da
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),
presentes na obra que ficou conhecida como Educação: um tesouro a descobrir:

● aprender a conhecer,
● aprender a fazer,
● aprender a conviver e
● aprender a ser.
Referência

Se quiser retomar o tema dos quatro pilares da educação do futuro, leia o capítulo 4: Os
quatro pilares da Educação, página 89. DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 2.
ed. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: MEC/ UNESCO, 2003. Disponível em
<https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por>. Acesso em: 17 novembro
2021.

De fato, falamos de uma educação formadora das pessoas, que não transmite
conhecimentos engessados ou definitivos, até porque o conhecimento é vivo e mutável.
Falamos da educação que desenvolve habilidades para que crianças e jovens
descubram caminhos para chegar aos conhecimentos de que precisam ao longo da
vida. Desta forma eles aprendem a ser protagonistas no seu processo de construção de
conhecimento, se tornando mais autônomos, curiosos, criativos e automotivados. Esta
é a educação necessária para um mundo que está em constante transformação, para
um mundo cujo processo de aceleração da informação e conectividade cresceu de
forma exponencial.

No debate educativo contemporâneo, uma das tarefas-chave da escola é promover o


pensamento crítico, assim como também a cooperação e o trabalho em equipe,
investindo no desenvolvimento socioemocional dos estudantes.

O desenvolvimento socioemocional é fundamental para que se dê a formação humana


integral e se estabeleçam relações mais saudáveis, sentimento de pertencimento e, por
consequência, uma participação ética e plena na sociedade. Para fecharmos este
panorama sobre o papel da escola hoje e seu compromisso com a formação integral
numa perspectiva humanística, conheça a iniciativa "Futuros da Educação", lançada pela
UNESCO em setembro de 2020:
“O conhecimento e a aprendizagem são os maiores recursos renováveis de que dispõe a
humanidade para responder aos desafios e inventar alternativas. Além disso, a
Educação não só responde a um mundo em mudança, mas ela transforma o mundo”.

Fechando uma proposição-chave no curso:

Reafirmar, na educação, uma abordagem humanista integradora das


múltiplas dimensões da existência humana, indo além de uma
aprendizagem utilitarista. Esta mudança de perspectiva muda tanto o
papel da escola quanto dos educadores que nela trabalham.

“Repensar as formas como a educação nos permite chegar a ser aquilo que queremos
ser, para nós e para os demais”. UNESCO, Futuros da Educação.

MÓDULO 1 | UNIDADE 1: O papel da escola

Capítulo 2 | Aprendendo e ensinando a ser e a conviver

Na jornada socioemocional vamos focar no aprender a conviver, que traduz as


habilidades interpessoais, de construção de relacionamentos éticos, empáticos e
valorosos, e no aprender a ser, que traduz o autoconhecimento e a habilidade de se
posicionar no mundo de acordo com seus valores e tomar decisões responsáveis. Nós
somos seres de relações, nos relacionamos o tempo todo, desde o momento em que
nascemos até o nosso último suspiro. Se não estamos nos relacionando com outros
seres, estamos nos relacionando conosco mesmos. E como se dão as nossas relações?
Por meio da comunicação, verbal ou não verbal, dos nossos sentimentos, sensações,
emoções e necessidades.
FatCamera via Getty Images

Porém, para nos relacionarmos de forma saudável e efetiva conosco, com os outros
seres e com o meio no qual vivemos, para tomarmos decisões individuais e coletivas
responsáveis para o bem comum e para que possamos compreender e autorregular
nossas emoções antes, durante e depois das nossas interações efetivas, é preciso
recuar um passo e aprender sobre autoconhecimento. Durante nosso dia nós nos
perguntamos: “Onde deixei meus óculos ou minhas chaves?”, “O que preciso colocar na
lista do supermercado?”, “Qual é mesmo o horário daquela consulta?”, “Onde vamos
passar nossas férias?”, mas quantas vezes nos perguntamos “Como estou me sentindo
agora?”. Olhamos demais para fora e muito pouco para dentro de nós mesmos e assim
vamos ignorando nosso mundo interno. Não olhar para dentro de si mesmo, não estudar
seu próprio mundo interno, é considerado analfabetismo emocional1.

_______________________________________________________________________________________
__
1O termo “analfabetismo emocional” foi criado pelo psicoterapeuta Claude Steiner, na
década de 1970, para designar indivíduos incapazes de reconhecer e compreender suas
próprias emoções e de ouvir ativamente e ter empatia.

MÓDULO 1 | UNIDADE 1: O papel da escola

Capítulo 3 | O desenvolvimento integral

Vamos focar em três aspectos para pensar no desenvolvimento de um ser humano integral:

A consciência sobre si, sobre sua própria existência deve ser desenvolvida e desdobrada
com o autoconhecimento e na autorregulação;

O pensamento crítico, lógico e racional é desenvolvido sobre o conhecimento adquirido,


sobre a cognição, que se dá através de alguns processos, como percepção, atenção,
associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem;

O senso de interdependência, que é a capacidade de agir racionalmente pelo bem comum e


pode ser desenvolvido através das reflexões e práticas que envolvam consciência social, as
habilidades de relacionamento e a tomada de decisão responsável.

MÓDULO 1 | UNIDADE 1: O papel da escola

Capítulo 4 | Diferentes aspectos da inteligência

O cientista norte-americano Howard Gardner trouxe uma grande contribuição para a área
da educação e causou um forte impacto em toda a comunidade científica quando, no início
da década de 1980, apresentou sua teoria das “Inteligências Múltiplas”. Segundo ele, a
manifestação das inteligências e da genialidade humana é muito mais específica do que
generalista, indo muito além da inteligência lógico-matemática.

A inteligência é responsável por nossas habilidades para criar, resolver problemas e fazer
projetos. Cada pessoa possui alguns tipos diferentes de aptidões, que caracterizam sua
inteligência. Em sua teoria, Gardner mapeou, inicialmente, sete tipos de inteligência,
adicionando outras duas posteriormente. São elas: Lógico-Matemática, Linguística,
Espacial, Físico-Cinestésica, Interpessoal, Intrapessoal, Musical, Natural e Existencial.

Diagrama de Gardner com as 9 inteligências

Ainda segundo Gardner, existem habilidades e talentos diferenciados, que se manifestam


em cada pessoa. Você deve estar pensando em um exímio cientista ou habilidoso jogador
de futebol, em uma poetisa que admira ou terapeuta que recomenda. Mas o que levaria as
pessoas a desenvolverem essas habilidades?

Para Gardner e outros pesquisadores que examinaram as múltiplas facetas da inteligência,


as responsáveis pelo desenvolvimento destes potenciais ou inclinações pessoais seriam as
oportunidades que o meio no qual as pessoas estão inseridas oferece – a educação que
recebem, seja em família, seja na escola, ou em outros espaços de convívio social.

Vamos nos deter em analisar dois tipos de inteligência fundamentais para desenvolvermos
as habilidades socioemocionais, que são o nosso foco neste curso: a Intrapessoal e a
Interpessoal.

A inteligência intrapessoal também pode ser chamada de autoconhecimento e diz respeito à


habilidade de conhecer a si mesmo e usar este entendimento sobre o funcionamento do seu
mundo interno para melhorar os relacionamentos em todas as direções. Um elemento
importante da inteligência intrapessoal é a aceitação ativa para as emoções, incluindo as
chamadas "negativas". Trata-se do reconhecimento de que as emoções em si não são nem
boas, nem más: são somente emoções. As consequências boas ou más, positivas ou
negativas, vêm da forma como lidamos com elas.

Já a inteligência interpessoal está ligada à empatia, a capacidade de compreender o mundo


do outro, de se colocar no lugar do outro e ir em direção a ele, se relacionando bem em
sociedade.
Veja que ambas estão intimamente ligadas: se eu me conheço bem posso estabelecer
melhores relações. Por outro lado, se tenho forte inclinação para compreender o outro,
também aumento minha capacidade de me relacionar bem em sociedade. Não à toa, pouco
mais tarde, o próprio Gardner sugeriu o agrupamento das duas habilidades em uma só.

Embora distintas, elas são inseparáveis e complementares. Assim como para resolver um
problema de matemática mobilizamos as inteligências linguística e espacial junto com a
lógico-matemática, assim também, perante os desafios da convivência, as inteligências intra
e interpessoal trabalham juntas.

A teoria de Gardner favorece uma visão integral de cada ser humano, que estamos
buscando retomar na Educação.

Atenção!

Empatia é diferente de simpatia. A simpatia, que pode se traduzir em preocupação, carinho


ou compaixão, não necessariamente está apoiada na identificação emocional, no
compartilhamento de emoções ou vivências.

Referência

Pesquise mais sobre a teoria para valorizar a diversidade e as pluralidades de talentos de


seus estudantes, que se fazem presentes ano a ano em sua sala de aula. GARDNER,
Howard. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

MÓDULO 1 | UNIDADE 1: O papel da escola

Capítulo 5 | Desenvolvendo as inteligências na escola: múltiplas práticas pedagógicas


Assumindo esta concepção de inteligência, podemos dizer que as inteligências precisam
ser alimentadas, incentivadas e cultivadas para se manifestarem em toda a sua potência.
Todos os indivíduos apresentam amplas potencialidades e todas elas deveriam ser
igualmente encorajadas, e não umas sufocadas em detrimento das outras. A escola tem
papel fundamental nesta tarefa. É dever da escola fortalecer as múltiplas competências do
ser humano para que ele se desenvolva integralmente.

Pois bem, por aqui começamos a repensar tanto o projeto educativo da escola quanto a
convivialidade que nela existe e o currículo explícito e implícito que se realiza todos os dias.

O último ponto a destacar sobre os estudos de Gardner é que de nada adianta um


belíssimo currículo socioemocional na escola se não houver uma mudança comportamental
e atitudinal das pessoas que ali atuam. Segundo ele, os alunos realmente aprendem muito
mais sobre educação socioemocional na escola observando o comportamento de diretores,
coordenadores, auxiliares e, principalmente, de seus professores: como eles lidam com
uma situação de conflito, como acolhem um aluno novo, como demonstram apreço, empatia
e escuta ativa. A isto chamamos “currículo oculto” – um conjunto de atitudes, valores e
comportamentos, que não fazem parte de forma explícita do currículo formal, mas são
implicitamente “ensinados” por meio das relações sociais, das práticas, das decisões, da
forma de exercer a autoridade e até da configuração espacial e temporal da escola. Por isso
é importante que os educadores estudem e ampliem seus referenciais teóricos sobre a
aprendizagem socioemocional na escola, assim como também é necessário que a
comunidade escolar viva e manifeste estas competências com fluidez e naturalidade, no
seu cotidiano, no exercício da sua função.

Estas competências e habilidades devem ser desenvolvidas e praticadas na sala de aula,


no pátio da escola, na hora do intervalo e em todos os momentos de convivência. Elas
devem ultrapassar os muros da escola e se fazer presentes nas relações em casa, nos
lugares públicos, nos transportes: devem permear todas as relações e os espaços.

Em entrevistas oferecidas em visitas recentes ao Brasil, como a concedida ao jornal O


Estado de São Paulo (MARQUES, 2018)2, Gardner afirma que “aprender as competências
interpessoais - o que envolve empatia e colaboração - não é mais difícil do que Matemática.
A forma de ensiná-las é que muda. Se o professor não tem e não demonstra compreensão
e sensibilidade com os outros, não há como suas crianças desenvolverem isso”.
Cada comunidade educativa precisa tornar explícita a formação integral dos novos
cidadãos: com mais capacidade de estabelecer relacionamentos produtivos, mais inclusivos
e tolerantes, capazes de trabalhar em equipes e, ao mesmo tempo, de participar com
protagonismo.

_________________________________________________________________________
________________

2MARQUES, Júlia. Empatia deve ser ensinada pelo exemplo: entrevista com Howard
Gardner. O Estado de S.Paulo. Ago. 2012.

MÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende


por Educação Socioemocional

Capítulo 1 | Educação Socioemocional: concepção

Vamos começar refletindo sobre esta proposição:

Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta e vai se fazendo.

O professor Mario Sergio Cortella, filósofo e escritor, oferece a seguinte explicação


sobre ela:

“Não nascemos prontos (...) é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa,
quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse, mais velho
ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando... Isso não ocorre com gente,
mas com fogão, sapato, geladeira. Eu, no ano 2000, sou a minha mais nova edição
(revista e, às vezes, um pouco ampliada)”3.

Pois é, gente se desenvolve, se reedita sempre, não importa a idade que cada um tenha.
Principalmente quando se trata de aprendizagem social e emocional, existencial e
afetiva, estudantes ou educadores, crianças ou adultos, estamos sempre cheios de
novidades.

A educação socioemocional se dá através de um processo de aprendizagem em que os


indivíduos desenvolvem, de forma individual e coletiva, competências de
autoconhecimento (para aprender a reconhecer, identificar suas emoções),
competências de autorregulação (para aprender a manejar as emoções), consciência
social (para pautarem suas decisões em valores humanos universais e compreenderem
a interdependência de todos os seres), habilidades de relacionamento (para estabelecer
e manter relações saudáveis em todos os níveis) e também de tomada de decisões
responsáveis (impactando a si mesmos e aos outros de forma mais positiva).

Se os seres humanos vão se aperfeiçoando ao longo da vida, este processo de


aperfeiçoamento se dá na aprendizagem dos conhecimentos acerca do nosso mundo
interno (autoconhecimento) e também do mundo externo, no saber cognitivo e nas
nossas relações e interações sociais. As habilidades de convivência, as características
que nos tornam realmente humanos e a construção de valores desenvolvem-se no
ambiente social, não por conteúdos teóricos! Elas constroem e são construídas de
maneira simbiótica e se solidificam nas interações cotidianas, nas experiências
vivenciadas em família, na escola e em todos os ambientes de convívio.

_______________________________________________________________________________________
__

3MARIO SERGIO CORTELLA, filósofo, professor da PUC-SP e autor de A Escola e o


Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos. São Paulo: Cortez/IPF, 2017.
MÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende
por Educação Socioemocional

Capítulo 2 | Como se dá este processo na escola

A escola é o espaço social que oferece oportunidades para que as crianças e os jovens
aprendam a ser atores sociais comprometidos com a formação de uma sociedade mais
solidária. É nela que modelam seus comportamentos, atitudes e ações em interações
que vão além dos membros da família.

Ali precisam interagir com pessoas que têm hábitos, pensamentos, costumes e culturas
diferentes das que elas vivenciam em suas casas. Esta riqueza de diversidade que o
ambiente escolar oferece é a porta de entrada para o desenvolvimento das
competências e habilidades que são a base para relacionamentos mais respeitosos,
saudáveis e pacíficos.

Na perspectiva das correntes humanistas, que têm uma visão positiva do ser humano,
todos nós nos desenvolvemos e aprendemos mais e melhor quando encontramos
significado naquilo que estamos aprendendo. Isto acontece quando nos envolvemos em
nossa totalidade, incluindo nossos processos afetivos e cognitivos, quando se abre
espaço de participação do aluno na aula e quando são mobilizados seus próprios
saberes e habilidades para aprender. Isto torna o aprendizado mais prazeroso e produz
maior sensação de completude e felicidade.

Esta perspectiva traz conceitos-chave muito importantes que você, professor, deverá
contemplar e interiorizar para aprofundar sua compreensão acerca da educação
socioemocional. Assim você passará a vivenciar e manifestar estas habilidades
naturalmente no seu cotidiano pessoal e profissional, e esta será a melhor forma de
desenvolver a educação socioemocional com seus alunos. Estes conceitos são como
premissas, como pontos de reflexão pessoal, que amadurecem a nossa visão e nos
preparam para trabalhar com as competências socioemocionais.
Observe a inter-relação dos âmbitos da Educação Socioemocional e dos planos de
interação individual e social proposta no diagrama:

Fonte: Adaptado de Secretaría de Educación Pública, México. Aprendizajes Clave para la


Educación Integral. Educación Primaria 4º. Plan y programas de estudio, orientaciones
didácticas y sugerencias de evaluación.

Estas dimensões apontadas pela literatura científica assinalam categorias para o


trabalho socioemocional de modo a permitir dinamizar as interações dos planos
individual e social-ambiental, abrindo possibilidades de aprender a ser, aprender a
conviver, aprender a fazer e aprender a aprender.

ÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende por


Educação Socioemocional
Capítulo 3 | A relação entre a educação socioemocional e o conceito de inteligência
emocional

Conforme Daniel Goleman, a inteligência emocional é a capacidade que a pessoa


desenvolve para gerenciar seus sentimentos, de modo que eles sejam expressos de
maneira apropriada e eficaz. Não é, portanto, uma característica inata. Segundo o
psicólogo, a gestão das emoções é essencial para o desenvolvimento da inteligência de um
indivíduo, e ela estaria dividida em cinco pilares: autoconhecimento, autorregulação,
automotivação, empatia e habilidades de relacionamento.

A educação socioemocional, por sua vez, seria o processo com intencionalidade


pedagógica formativa através do qual os indivíduos aprendem a desenvolver e a colocar em
prática estas habilidades e competências. Vale ressaltar que, como a própria definição diz,
ela é um processo, portanto exige tempo, periodicidade, intencionalidade, clareza e
constância.

MÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende


por Educação Socioemocional

Capítulo 4 | Estresse e desequilíbrio emocional

O estresse é uma reação do organismo frente a situações muito difíceis ou muito


excitantes e, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o estresse não é um mal que
atinge somente pessoas adultas. Justamente por ser uma reação natural frente a um
estímulo, ele pode ocorrer em crianças e adolescentes de qualquer idade,
independentemente do sexo, e se manifestar através de sintomas físicos, psicológicos
ou ambos. É importante que você compreenda bem o que é o estresse e quais reações
físicas, psicológicas, emocionais e comportamentais ele desencadeia, porque isto está
intimamente ligado com as situações cotidianas que vivemos na escola e com a
importância da educação socioemocional.
Algumas das principais causas de estresse (GIROTTO, 2020; LIPP, 2000; LIPP et al.,
1991; US NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE, 2021) em crianças e adolescentes são:
brigas, divórcio ou tensão familiar, morte de um membro da família, violência física ou
psicológica/emocional, pais superprotetores, cobrança familiar exagerada, situações de
bullying ou constrangimento, mudança de escola ou cidade, desrespeito ao ritmo da
criança (por exemplo, a criança está com fome mas precisa esperar a hora do lanche ou
está com sono mas não lhe é permitido dormir ou ainda não está com sono mas é
forçada a dormir), distúrbios do sono, má alimentação, agenda lotada de tarefas e
compromissos. Lembramos que mesmo que a criança “pareça gostar das atividades
agendadas”, a obrigação de horários fixos e rotinas restritas e direcionadas causa
estresse e pode “roubar” o prazer em realizar aquela atividade.

Uma criança que adora piscina e brincar na água supostamente gostaria de fazer
natação, porém a atividade com hora marcada e totalmente direcionada pode virar um
motivo de estresse. Outra causa muito comum de estresse infantil e juvenil é a
impossibilidade da criança ou do adolescente de reconhecer ou expressar claramente o
que está sentindo.

O estresse pode desencadear sintomas físicos e psicológicos. Os principais sintomas


físicos são: dor de barriga e diarreia, dor de cabeça, náuseas, mãos frias e suadas, falta
ou excesso de apetite, hiperatividade, gagueira, ranger de dentes, tique nervoso ou
comportamentos com movimentos repetitivos, tensão muscular e enurese noturna
(fazer xixi na cama).

Os principais sintomas psicológicos (neste curso, chamaremos de emocionais ou


comportamentais) são: insônia, agressividade, impaciência, desobediência,
insegurança, preocupação, ansiedade, dificuldade de socialização, hipersensibilidade,
pesadelos, medo e choro excessivo.

Muitas crianças e até mesmo adultos, quando têm reações desse tipo, acabam sendo
rotulados como malcriados ou birrentos, quando na verdade estão apenas sofrendo sob
a influência das reações primitivas desencadeadas pelo estresse.

Quando o estresse é prolongado, até mesmo o sistema imunológico é afetado,


provocando uma queda nos níveis de resistência da criança e tornando-a vulnerável às
infecções e doenças contagiosas, e doenças latentes podem ser desencadeadas.
Úlceras, asma, diabetes, problemas dermatológicos, alergias, bronquite e obesidade
podem surgir. Gagueira e tiques nervosos podem também ser desenvolvidos durante
períodos difíceis para a criança.

Do ponto de vista emocional, temos vários desdobramentos. A dificuldade de


concentração e de atenção, sinais típicos de estresse, acabam dando origem a
problemas escolares. A criança estressada tende a se tornar agressiva, desobediente,
apática e/ou desinteressada. Como o estresse afeta a habilidade de organização, os
cadernos e materiais escolares em geral se tornam muito desorganizados, o que
dificulta mais ainda o estudo. Irritabilidade, medos exagerados, depressão e ansiedade
frequentemente se manifestam. Estes exemplos parecem familiares para você?

Crianças e adolescentes nessas condições precisam de ajuda. Mas, afinal, quem é o


vilão nesta história? Como todas estas reações físicas e emocionais aparecem diante
do estresse e como você, enquanto educador socioemocional, pode ajudar efetivamente
seus alunos a desenvolverem mais autorregulação e equilíbrio emocional?

MÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende


por Educação Socioemocional

Capítulo 5 | Neurociência para a educação socioemocional: o que são as reações primitivas

As descobertas da neurociência sobre o funcionamento do cérebro foram ganhando espaço


na área da educação. Hoje, a “neuroeducação” é uma área de estudo e pesquisa
transdisciplinar que integra os achados da neurociência, da psicologia e da educação, com
o objetivo de melhorar os métodos pedagógicos e potencializar as capacidades cognitivas e
emocionais das pessoas.

Faremos um breve apanhado para compreender uma das principais descobertas da


neurociência que tem forte influência no processo de descontrole emocional e na
aprendizagem: as reações primitivas. Compreender como o cérebro funciona sob a
influência da amígdala cerebral é o primeiro passo para desenvolvermos estratégias de
apoio à autorregulação emocional e à aprendizagem.

Os mecanismos cerebrais de autopreservação ajudaram, e continuam ajudando, a espécie


humana a sobreviver durante todo o seu processo evolutivo. As situações de estresse
disparam estes mecanismos de autopreservação nos tornando, de certa forma, mais
espertos e resistentes. Antigamente nós, seres humanos primitivos, precisávamos caçar e
nos livrar dos predadores para sobrevivermos, assim nosso cérebro desenvolveu uma
espécie de “alarme” que era disparado em situações reconhecidas como perigosas ou
ameaçadoras (como por exemplo a aproximação de um predador, um ambiente ameaçador
ou um desastre natural iminente).

Amígdala cerebral. Science Photo Library - SCIEPRO via Getty Images

Este alarme era (e ainda é) disparado por uma pequena estrutura presente no nosso
cérebro, chamada amígdala cerebral. A amígdala cerebral é conhecida como o centro das
emoções e, quando ela é disparada, praticamente desliga outras áreas do nosso cérebro,
concentrando a nossa energia, pensamentos e movimentos, em reações que,
supostamente, vão nos livrar do perigo o quanto antes e nos manter vivos. Nesta condição
nossas funções cerebrais cognitivas, de memória e, principalmente, de raciocínio lógico,
ficam inativas, e passamos a agir em um modo totalmente reativo e instintivo. É o que
chamamos de instinto de sobrevivência.

Então, quando o cérebro identifica uma situação de perigo, ele dispara a amígdala cerebral
"soando este alarme", e entramos em modo automático, reagindo somente de três formas:
lutando, fugindo ou ficando paralisados. Estas três formas de reação, conhecidas como luta,
fuga ou congelamento, são as chamadas reações primitivas (FFF – do inglês Fight, Flight or
Freeze).

O grande problema é que muitas vezes o nosso cérebro se confunde e interpreta algumas
situações do cotidiano como situações de perigo, disparando este alarme quando não
deveria. As situações de estresse da vida moderna, no geral, não colocam nossa vida em
risco diretamente, porém mobilizam neurotransmissores que confundem o nosso cérebro e
fazem com que ele ative a amígdala cerebral, provocando reações primitivas.

Vamos falar agora de duas áreas do nosso cérebro que são desligadas, ou seja, ficam
sequestradas e inativas, quando a amígdala cerebral é ativada e que são fundamentais no
processo de ensino e aprendizagem, nas relações sociais e na autorregulação emocional.

A primeira é o córtex pré-frontal. Esta área do cérebro atua, entre outras coisas:

● na atenção consciente e focada


● na autorregulação e no equilíbrio emocional
● na habilidade de planejamento e de pensamento crítico
● na capacidade de controle de impulsos
● na regulação corporal
Córtex pré-frontal. BSIP/UIG via Getty Images

Além disso, o córtex pré-frontal produz em nossa mente um forte teor cognitivo e também é
responsável por aquilo que chamamos de intuição ou experiência visceral, que é nossa
capacidade instintiva de perceber situações de perigo antes mesmo de acionar o
pensamento lógico.

Então, vejamos: quando a amígdala é ativada, o córtex pré-frontal tem sua atividade
bloqueada e todas essas funções ficam prejudicadas ou inativas. Por exemplo: se um aluno
está passando por uma situação de estresse, ele não consegue prestar atenção na aula,
não tem foco, fica emocionalmente desequilibrado, não consegue ter pensamento crítico e
não controla seus impulsos; portanto, não adianta dizer: Fique calmo! Pare de chorar!
Preste atenção!

Não vai resolver. Pelo contrário, diante da impossibilidade de atender a estes comandos, a
criança só ficará mais estressada, retroalimentando o descontrole.
Outra área fundamental para nós é o hipocampo. Ele é responsável pela memória, pela
capacidade de armazenar e recrutar as informações aprendidas (especialmente a longo
prazo). Esta área também tem papel ativo no processo de regular as emoções e inibir o
estresse. Uma vez que a amígdala tenha sido disparada, todas essas funções serão
prejudicadas ou inativadas. Por exemplo: quando os pais dizem para uma criança que se
ela não tirar nota mínima nas provas não vai ganhar o presente de aniversário ou aquela
viagem esperada nas férias, eles, na verdade, podem estar levando a criança para o
fracasso. Nem todas as crianças lidam bem com a pressão do sistema recompensa-castigo,
nem todas conseguem usar isso como fator motivador, algumas crianças podem sentir-se
pressionadas e ficar estressadas, disparando o sinal de alarme do medo na hora da prova,
ou seja, a amígdala é ativada e o hipocampo é sequestrado, ela tem o famoso branco e não
lembra nada do que estudou. O mesmo acontece com um adulto pressionado a dizer o que
aconteceu em “tal dia ou tal hora”: a pressão dispara o medo, que dispara a amígdala, que
sequestra o hipocampo, e a pessoa não consegue lembrar do que aconteceu com clareza,
pode misturar informações e a confusão está armada!

Hipocampo. SCIEPRO via Getty Images

Resumindo: situações de estresse disparam a ativação da amígdala cerebral que, por sua
vez, inibe outras regiões do cérebro, dentre elas o córtex pré-frontal e o hipocampo, ou seja,
a criança estressada vai reagir, instintivamente, lutando, fugindo ou congelando!
Halfpoint Images via Getty Images

Mas como traduzimos estas três reações primitivas para o nosso cotidiano moderno?
Vejamos: em uma reação de luta a pessoa pode apresentar agitação, agressividade (física
ou verbal) ou até mesmo autoagressão (automutilação, ideação suicida). Em situações com
reação de fuga, a pessoa tende a sair correndo, buscar isolamento (fuga do contexto) ou
ficar indiferente (fuga emocional). Já nas reações de congelamento a pessoa tende a
apresentar bloqueios físicos ou mentais (os famosos “fiquei paralisado(a)” ou “tive um
branco”) e bloqueios respiratórios (falta de ar).

Atenção!

Nem sempre os desequilíbrios emocionais estão ligados às reações primitivas. Eles podem
resultar de padrões repetidos de comportamento que foram estabelecidos e validados em
algum momento.

Vamos agora assistir a uma aula sobre as reações primitivas e, logo em seguida, vamos
conhecer estratégias práticas para lidar com estas reações, utilizando situações do
cotidiano para promover e praticar o autoconhecimento e a autorregulação emocional, duas
das habilidades socioemocionais mais importantes.
MÓDULO 1 | UNIDADE 2: O que se entende
por Educação Socioemocional

Capítulo 6 | Reações primitivas: como são disparadas e o que causam

Daniel Goleman, que disseminou e fortaleceu o conceito de Inteligência Emocional,


introduzido pelos psicólogos John Mayer e Peter Salovey (GOLEMAN, 2012), sintetiza
em sua obra “Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente” importantes contribuições da neurociência ao estudo das emoções.

A vídeo-aula com Daniel Goleman está disponível no canal do YouTube The Ripple Effect
Int.

Referência

THE RIPPLE EFFECT INT. Daniel Goleman's explanation of "amygdala hijacks". YouTube.
Dez. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GHnuyJFGVng>. Acesso
em: 09 dezembro 2021.

MÓDULO 2 | UNIDADE 1: Aprendizagem


socioemocional e currículo

Capítulo 1 | Aprendizagem socioemocional e a BNCC


Como vimos anteriormente, a escola é um espaço muito rico para a aprendizagem das
habilidades mais sutis, pois ela oferece inúmeras janelas de oportunidade para que os
alunos exercitem suas relações e lidem com suas emoções.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é hoje o principal documento norteador
dos processos de ensino e aprendizagem no Brasil, busca garantir as aprendizagens
essenciais que o aluno deve ter ao longo da Educação Básica. A aprendizagem de
competências socioemocionais faz parte das dez competências gerais que orientam as
propostas curriculares da Educação Infantil ao Ensino Médio. Trata-se de uma inclusão
necessária para garantir a formação integral do aluno.

Quadro de Competências Gerais da Educação Básica

Repare em cada uma das competências, lendo-as com atenção. Em todas você poderá
identificar habilidades socioemocionais associadas, como, por exemplo, o respeito e a
inclusão na Competência Geral 1.

Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC,
2018. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf>. Acesso em: 15 novembro 2021.

Um exemplo concreto

Um problema atual que muito preocupa na escola é o bullying, termo inglês que pode
ser traduzido como provocação, implicância, assédio moral, coação, perseguição,
intimidação. Com esse termo, denominamos um conjunto de ações violentas e
intencionais, geralmente repetidas, de uma pessoa contra outra. Lembramos que há
agressões silenciosas também, mediante gestos e atitudes de indiferença. O bullying
deixa marcas que vão da ordem física à psicológica em quem foi alvo desta violência e
que podem afetá-lo não apenas no momento da agressão, mas ao longo da vida. No
combate ao bullying, autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidade de
relacionamento e tomada de decisão responsável devem ser trabalhadas ao longo de
toda a escolaridade.
MÓDULO 2 | UNIDADE 1: Aprendizagem
socioemocional e currículo

Capítulo 2 | Os modelos da aprendizagem socioemocional na escola

Os modelos da aprendizagem socioemocional na escola

No âmbito da educação socioemocional, encontramos vários modelos de referência para


incluir nas propostas pedagógicas escolares.

Você deve ter ouvido siglas como ASE – Aprendizagem Socioemocional e várias outras que
identificam modelos para apresentar este novo núcleo de saberes. Alguns deles
apresentam competências e habilidades.

Atualmente, um dos mais conhecidos internacionalmente é o modelo oferecido pelo CASEL


– Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning. O Colaborativo para a
Aprendizagem Socioemocional é uma comunidade cujo principal fundador foi justamente
Daniel Goleman. Este grupo tem trabalhado nos últimos 26 anos promovendo a
Aprendizagem Socioemocional ou SEL em inglês (Social and Emotional Learning) nas
escolas e faz atualizações periódicas do modelo em função de pesquisas científicas sobre
aprendizagem e práticas educacionais.
As cinco competências descritas no modelo CASEL são: autoconhecimento,
autorregulação, habilidades de relacionamento, consciência social e tomada de decisão
responsável. Cada uma destas macrocompetências carrega, dentro de si, desdobramento
em um conjunto de habilidades que, quando aprendidas, praticadas e ensinadas, nos
ajudam no desenvolvimento humano integral. Trabalhando a educação socioemocional em
nós mesmos e nos nossos alunos, estamos fomentando uma educação completa, em todas
as dimensões, criando oportunidades para o desenvolvimento não somente pessoal, mas
também social.

Além disso, a matriz estabelecida pelo CASEL demonstra a necessidade de se expandir o


trabalho socioemocional desenvolvido em sala de aula para toda a escola, familiares,
responsáveis e para toda a comunidade, destacando a importância de que este
conhecimento permeie todas as relações. Veja no quadro abaixo.

Gráfico do CASEL sobre aprendizagem socioemocional

Atenção!

CASEL e Big Five (ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores) são metodologias distintas. O
modelo Big Five, que, como o nome anuncia, também tem a sustentação de cinco domínios,
surgiu como um recurso para a realização de testes de personalidade, muito utilizado pelos
setores de Recursos Humanos, e posteriormente passou a ser adotado como referência
para identificar as personalidades dos alunos.

MÓDULO 2 | UNIDADE 1: Aprendizagem


socioemocional e currículo

Capítulo 3 | A convergência entre educação socioemocional e valores na escola


O que vem a sua cabeça quando você se depara com as palavras valores ou cultura de
paz? Algo distante da realidade ou abstrato? Entender tais conceitos, na prática, é algo
muito simples desde que a gente diga: “Um minuto! Deixe-me pensar”.

Os Valores Universais foram definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos


(DUDH), adotada e proclamada na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de 10 de
dezembro de 1948, e são os pilares para a convivência pacífica, sadia e tranquila
consigo mesmo e entre cidadãos de todo o mundo. Somam um total de 20 valores e,
entre eles, estão honestidade, empatia, respeito, amor, paz, fraternidade, solidariedade,
sabedoria, gratidão e compaixão.

Os valores humanos fazem parte da formação da consciência e da maneira de agir e se


relacionar em uma sociedade. Você percebe aqui a inter-relação, mais uma vez, entre as
competências Consciência Social e Tomada de decisões responsáveis com aprender a
ser e a conviver. A educação socioemocional é, sem dúvida, o melhor caminho para
desenvolver as competências e habilidades que vão permitir que o indivíduo
compreenda estes valores e, principalmente, veja sentido e propósito em praticá-los e
resguardá-los.

Promover o diálogo, as rodas de conversa e as reflexões sobre os valores humanos


pode e deve ser uma tarefa contínua. Para tanto, aproveite o conflito que surgiu no pátio
da escola, uma situação de desconforto que aconteceu entre os colegas nas redes
sociais, o questionamento de um aluno sobre uma notícia do jornal, o comentário
inadequado de algum colega sobre a aparência do outro. São inúmeras possibilidades
de acolher o suposto “problema” ou “conflito” e transformá-lo em uma oportunidade
para o diálogo, a reflexão e o amadurecimento.

Sem julgamentos, compreendendo que todos estamos aprendendo e buscando


felicidade, podemos transformar as situações desafiadoras, os conflitos, as diferenças
em caminhos de transformação e crescimento social e emocional.

A aprendizagem social e emocional envolve toda a escola e centra-se no


desenvolvimento pessoal e profissional, em primeiro lugar, dos educadores. Por isso, a
seguir, vamos focar nas oportunidades de aplicação prática.
MÓDULO 3 | UNIDADE 1: Educação
socioemocional na prática pedagógica

Capítulo 1 | Habilidades socioemocionais e oportunidades de mediação

Habilidades socioemocionais e oportunidades de mediação

No cotidiano escolar você encontrará inúmeras janelas de oportunidade para


desenvolver e ajudar seus alunos a praticarem as habilidades socioemocionais.

Não limite estes conteúdos ao tempo real de aula, tampouco à sala de aula. A educação
socioemocional pode e deve assumir uma posição de transdisciplinaridade, ela deve
acontecer em todas as aulas e em todos os ambientes da escola.

Aproveite uma aula de ciências sobre recursos hídricos, por exemplo, para falar sobre
consciência social e empatia com as comunidades que sofrem com a seca. Fale
também sobre nossa responsabilidade com os recursos naturais do nosso planeta, que
são esgotáveis.
Kali9 via Getty Images

Aproveite uma situação de conflito no pátio da escola como uma oportunidade de


mediar uma resolução pautada em reflexão sobre os valores humanos: proponha o
exercício de troca de papel, para que um aluno se coloque no lugar do outro e vivencie a
empatia. As crises e situações desafiadoras não precisam ser vistas como um
problema, elas podem ser vistas como uma grande oportunidade de crescimento
pessoal, de prática de escuta ativa.
Mixetto via Getty Images

O equilíbrio natural das coisas está na diversidade, é preciso compreender isto. Também
precisamos abandonar a ideia de que uma sala de aula boa é uma sala homogênea, isto
não existe!

-----------------------------------------------------------------------------------------------

“No meu livro Tranquilizando a sala de aula, eu comparo a sala a uma orquestra. Uma
orquestra não se faz com um único instrumento, o som poderia até sair, mas seria
monótono, sem graça. A beleza de uma orquestra está na diversidade de sons, na
alternância entre eles e na habilidade do maestro em extrair e harmonizar o melhor de
cada um. Assim é com a sala de aula: você é o maestro e sua tarefa agora é harmonizar
todos os seus alunos e extrair o melhor de cada um deles. Tranquilidade não significa
passividade. Uma sala de aula tranquila é uma sala de aula pacífica e não passiva, é
uma sala viva!”. - Patricia Franco FRANCO, Patricia; JANIAKE, Etienne. Tranquilizando a
Sala de Aula. São Paulo: Rima Editora, 2019.
-----------------------------------------------------------------------------------------------

A educação socioemocional não tem um papel disciplinador, repressor e hierárquico. Os


conflitos e as situações desafiadoras não vão desaparecer: não se iluda. O que vai
mudar é a forma como os alunos e professores lidam com estas situações, o que vai
mudar é a forma como resolvem os conflitos.

A grande relevância da educação socioemocional inserida no contexto escolar é que


essas competências estão relacionadas de forma muito estreita com o ideal de
cidadania. São práticas que reduzem comportamentos de risco como evasão escolar,
falta de interesse, de comprometimento e propósito, práticas de bullying, consumo de
drogas e comportamentos intolerantes e violentos.

MÓDULO 3 | UNIDADE 1: Educação


socioemocional na prática pedagógica

Capítulo 2 | Como desarmar reações primitivas e promover a autorregulação emocional

Como desarmar reações primitivas e promover a autorregulação emocional

Até aqui você viu muito sobre educação socioemocional e a importância da


intencionalidade pedagógica na abordagem deste conteúdo. Também já deve estar
clara para você a importância da educação socioemocional para trabalharmos o
autoconhecimento e a autorregulação, com o objetivo de melhorarmos nossas relações
em todos os sentidos e direções. Deve ter sido fortalecida, ainda, a compreensão de
como as diferentes formas de se obter felicidade e bem-estar podem nos ajudar a
cultivar hábitos físicos e mentais que vão nos tornar emocionalmente mais equilibrados.
Por fim vimos, por meio das descobertas da neurociência, como alguns dos
desequilíbrios emocionais mais comuns são disparados pelo nosso cérebro.
Agora, para concluir, vamos aprender como podemos utilizar estratégias simples para
desativar ou desarmar os sinais de alarme disparados pela amígdala cerebral de forma
equivocada, retomando as funções cerebrais cognitivas e lógicas e, principalmente, a
capacidade de autorregulação emocional.

Então diga: você acha que é possível desarmar essas reações de forma simples e
eficaz? A resposta é, em grande parte das vezes, sim! Assim como fortes emoções
provocam estresse e disparam a amígdala, o simples ato de reconhecer e nomear as
emoções é uma estratégia eficaz para desarmá-las e desativá-las!

Estratégia número 1

A estratégia número 1 para lidar com casos de desequilíbrio emocional é a nomeação:


ajudar a pessoa a reconhecer e nomear a emoção, o sentimento ou a sensação que está
tendo de forma clara. Este é um exercício valioso de autoconhecimento (ela precisa
parar e se perceber naquela emoção, sentimento ou sensação) e de autorregulação (ela
aprende uma estratégia que inibe a ação da amígdala cerebral e retoma as funções
cognitivas).

Segundo Brackett (2021), no livro Permissão para sentir, que trata desse assunto, pedir
que a criança dê nome ao que está sentindo faz com que ela identifique e reconheça
suas emoções, sentimentos e sensações.
MoMo Productions via Getty Images

Na prática, as ações recomendadas são:

● Faça contato visual (olhe nos olhos, se for uma criança, você deve se
abaixar até a altura dela) e físico (toque suavemente seus braços com as
mãos, sem apertar ou segurar, apenas toque).
● Em seguida pergunte: “O que você está sentindo?”. Se a pessoa começar
a explicar o que aconteceu (e é bem provável que faça isso), você
gentilmente retoma a pergunta: “Tudo bem, mas me diga: o que você está
sentindo?” “Como você se sente?”. Faça isso quantas vezes forem
necessárias até que a pessoa consiga nomear como se sente.
● Se a pessoa não conseguir nomear o que sente, não “sugira” nenhum
sentimento (por exemplo: “você está com raiva, não está?” ou “eu sei por
que você está assim, é porque está com sono”). Tenha paciência e
aguarde que a pessoa treine o reconhecimento dos seus sentimentos. Se
após algum tempo ela ainda apresentar dificuldades para nomear você
pode dizer “você acha que o que você está sentindo é ciúme?” ou “você
acredita que pode estar irritado porque ainda não tomou seu lanche?”.
● Quando ela finalmente conseguir nomear (por exemplo: estou triste, estou
com raiva ou estou frustrado e com medo), demonstre empatia dizendo
“eu entendo, é natural que se sinta assim”. Não julgue, não emita opiniões,
apenas faça o acolhimento emocional, escutando e dizendo que
compreende e que está tudo bem se sentir assim.
● Observe e perceba que, rapidamente, a pessoa vai se acalmando e
relaxando. Tenha paciência e não se apresse. Quando a pessoa
finalmente estiver calma, aí sim você pode perguntar o que aconteceu e
mediar o conflito ou manejar a situação.

O que costumamos fazer quando vemos uma situação de conflito na escola, em que um
aluno ou alguém está apresentando sinais de descontrole emocional (chorando,
gritando, batendo, correndo, ironizando, debochando, etc.), é perguntar “O que
aconteceu?”, e isto não ajuda, pois, ao descrever o fato, a pessoa “reafirma” a situação
que disparou o estresse e o descontrole. Muitas vezes este tipo de pergunta tende a
piorar a situação. O que precisamos é perguntar “Como você está se sentindo?”!

Estratégia número 2

A estratégia número 2 para o reequilíbrio emocional é a respiração consciente. Esta


estratégia é tão eficiente que já era conhecida, de forma empírica, pelos nossos avós.
Quantas vezes ouvimos a frase “Respire fundo, conte até 10 para se acalmar!”? Sim:
funciona e tem explicação! Quando respiramos de forma consciente, trazemos a nossa
mente para o momento presente. A respiração consciente funciona como uma âncora
para manter a nossa mente focada no momento presente e assim nossos pensamentos
param de saltar do passado para o futuro, "remoendo" a experiência estressante vivida.
Se pararmos de colocar o foco na experiência, o estresse diminuirá e a amígdala será
desativada. As funções cognitivas do cérebro serão retomadas e o equilíbrio emocional,
restaurado!

Diante de uma situação de desequilíbrio emocional, para usar a estratégia da respiração


consciente, adote os passos:

● Faça contato visual (olhe nos olhos, se for uma criança, você deve se
abaixar até a altura dela) e físico (toque suavemente seus braços com as
mãos, sem apertar ou segurar, apenas toque).
● Dê o seguinte comando verbal, com voz firme, porém amorosa: “X (nome
da pessoa), respire junto comigo por cinco vezes!”. Se for uma criança,
vocês podem colocar as mãos na barriga um do outro para sentir a
respiração e manter o foco nela, ou você pode abraçá-la gentilmente para
que se sinta acolhida e sincronize a respiração com a sua. Nesse caso, dê
o comando “Sinta a minha respiração e respire junto comigo”.
● Não converse neste momento, apenas fique ali, e aguarde que a pessoa
se reequilibre emocionalmente.
● Se a pessoa tentar falar enquanto ainda estiver desequilibrada (e é
provável que ela tente), apenas diga “Tudo bem, eu entendo, mas agora
vamos apenas respirar um pouquinho. Assim que você estiver mais
confortável, você me conta o que aconteceu. Agora apenas respire junto
comigo”. Lembre-se: se ela começar a contar enquanto estiver
desequilibrada, isso só vai reforçar o estresse e piorar a situação.

Ariel Skelley via Getty Images

Uma alternativa para o exercício de respiração é construir, junto com seus alunos, um
“Pote da calma”. O pote da calma é um bom recurso para utilizar com as crianças
menores. Cada aluno pode preparar o seu ou você pode preparar um que será usado por
todos da sala. Para fazer o pote da calma, encha uma garrafa pet transparente com
água e purpurina de várias cores. Você também pode usar glitter ou pedacinhos de
plástico. Não recomendamos o uso de vidro, porque pode cair e quebrar. Explique para
as crianças que a garrafa representa o nosso cérebro, e a água é a nossa mente calma e
equilibrada: conseguimos ver tudo com clareza através dela. A purpurina (glitter ou
plástico picado) representa nossos pensamentos. Depois agite a garrafa com vigor e
mostre que, assim como quando a purpurina está agitada e suspensa na água, não
conseguimos enxergar bem do outro lado, quando os pensamentos estão agitados,
nossa mente também não fica clara.

Na sequência coloque a garrafa em cima da mesa e peça que fiquem observando. Aos
poucos a purpurina vai decantando e a água volta a ficar transparente e limpa. O mesmo
acontece com a nossa mente: se os pensamentos estão agitados e ficamos parados e
quietinhos, respirando, os pensamentos se acalmam e vão se assentando na nossa
mente, e então voltamos a ter clareza das coisas.

Deixe os potes da calma disponíveis e diga que as crianças podem usá-los sempre que
se sentirem agitadas ou precisando de um pouco mais de calma.

Estratégia número 3

Por fim, a estratégia número 3 é oferecer sempre instruções positivas. Em situações de


estresse e reações impulsivas, evite a palavra “não” ou instruções negativas. O cérebro
infantil tem dificuldade para interpretar a palavra "não" dentro de uma frase ou contexto,
principalmente em situações de estresse. Troque a frase “Não corra!” ou “Pare de
correr!” por “Fique onde está!”, por exemplo. Troque “Não grite!” ou “Pare de gritar!” por
“Respire um pouco” ou “Ouça o som da sua respiração”.
Sturti via Getty Images

Adote também os princípios da Comunicação Não-Violenta (ROSENBERG, 2021), como


o não julgamento e a busca da necessidade que está por trás do sentimento. A
Comunicação Não-Violenta é uma abordagem da comunicação que compreende as
habilidades de falar e de escutar. A linguagem positiva é uma linguagem consciente e
não vaga. Portanto, para que a mensagem seja bem recebida e compreendida, use uma
linguagem positiva e seja claro ao fazer algum pedido.

MÓDULO 3 | UNIDADE 1: Educação


socioemocional na prática pedagógica

Capítulo 3 | Exercícios de investigação apreciativa

Educador, pense no ambiente escolar. Pense nas inúmeras situações que surgem no
cotidiano escolar em que podemos praticar as habilidades sociais (questões referentes
aos relacionamentos saudáveis) e habilidades emocionais (questões referentes a como
eu lido com as minhas emoções). Como você poderia criar condições para que as
crianças lidem de forma saudável com suas emoções?

MÓDULO 3 | UNIDADE 2: Praticando o


autocuidado e bem-estar docente

Capítulo 1 | Estratégias para cultivo de uma mente mais equilibrada

É possível desenvolver estratégias que diminuam o seu nível de estresse, que melhorem
a sua capacidade de foco e o seu rendimento.

Assista ao vídeo Estratégias para cultivo de uma mente mais equilibrada, de autoria e
apresentação de Patricia Franco, e aproveite as inúmeras possibilidades de interação
oferecidas.

Atenção

Os exercícios ao longo do vídeo não têm teor avaliativo: são pequenas práticas para
apoiar a compreensão. Ao concluir a visualização, é fundamental a realização do
QUESTIONÁRIO – Atividade avaliativa.

Patricia Franco é doutora em Ciências da Saúde (UNIFESP/ EPM - Universidade Federal


de São Paulo – Escola Paulista de Medicina), especialista em Neurociência, Educação e
Desenvolvimento Infantil (PUC - RS), pedagoga e fisioterapeuta. Possui formação como
Mindful Educator (Mindful Schools - Califórnia, USA). Atua há mais de 15 anos na área
da educação e há 8 anos, mais especificamente, com educação socioemocional e
equilíbrio emocional em escolas e organizações. É consultora pedagógica do Programa
Pleno de educação socioemocional, professora e palestrante convidada da Casa do
Saber – SP. É autora dos livros Inspira, expira e não pira, garota!, Tranquilizando a sala
de aula, O peixinho Polar e Mas que ditado é esse? e instrutora de meditação de atenção

MÓDULO 3 | UNIDADE 2: Praticando o


plena (mindfu

autocuidado e bem-estar docente

Capítulo 2 | Chegamos ao final da jornada

Buscamos aproximá-lo, desde sua própria experiência, a um conjunto de


aprendizagens-chave sobre a dimensão socioemocional da educação. Não existe uma
maneira única de inserir a aprendizagem socioemocional na comunidade educativa,
mas estratégias que integrem os modos de convivência dentro da escola, a cultura
instituída e a proposta intencional de desenvolver as competências e habilidades
socioemocionais no currículo.

Relembramos o Manifesto para mudar a educação, de Edgar Morin4:

"Jean-Jacques Rousseau formulou o sentido da educação no Emílio, no qual o educador


diz ao seu aluno: 'Viver é o ofício que quero lhe ensinar'. A frase é excessiva, pois
somente se pode ajudar a aprender a viver. Aprende-se a viver por meio das próprias
experiências, primeiro com a ajuda dos pais, depois dos educadores, mas também por
meio dos livros, da poesia, dos encontros. Viver é uma aventura".

Não esqueça:

Para aprovação, é fundamental realizar o questionário (atividade final) dentro do período


do curso e obter, no mínimo, 70% da pontuação.
lness) para crianças, jovens e adultos.

Referências bibliográficas
BRACKETT, Marc. Permissão para sentir: como compreender nossas emoções e usá-las
com sabedoria para viver com equilíbrio e bem-estar. Rio de Janeiro: Sextante, 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf>. Acesso em: 15 novembro 2021.

COLL, César; POZO, Juan Ignacio; SARABIA, Bernabé; VALLS, Enric. Os conteúdos na
reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998. p. 162.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed. São Paulo: Cortez, Brasília,
DF: MEC/ UNESCO, 2003. Disponível em:
<https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por>. Acesso em: 17 novembro
2021.

FRANCO, Patricia; JANIAKE, Etienne. Tranquilizando a Sala de Aula. São Paulo: Rima
Editora, 2019.

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1995.

GIROTTO, Paula. Estresse infantil: causas, como identificar, tratamento e prevenção. Dra.
Paula Girotto Neuropediatria. Ago. 2020. Disponível em:
<https://drapaulagirotto.com.br/stress-infantil/>. Acesso em: 20 dezembro 2021.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

LIPP, Marilda. Crianças estressadas. Campinas: Editora Papirus, 2000.

LIPP, Marilda et al. Como enfrentar o stress infantil. São Paulo: Ed. Ícone, 1991.

MORIN, Edgar. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Porto Alegre: Sulina,
2015.

ROSENBERG, Marshall. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar


relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2021.
US NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE. Stress in childhood. Disponível em:
<https://medlineplus.gov/ency/article/002059.htm>. Acesso em: 20 dezembro 2021.

Bibliografia complementar
ANDREWS, Susan. Stress a seu favor: como gerenciar a sua vida em tempos de crise. São
Paulo: Editora Ágora, 2003.

DONALDSON, Henry. The Growth of the Brain: a Study of the Nervous System in Relation
to Education. Lenox: HardPress Publishing, 2012.

GREENLAND, Susan. The mindful child: how to help your kid manage stress and become
happier, kinder and more compassionate. Nova Iorque: Atria Books, 2010.

LANTIERI, Linda & GOLEMAN, Daniel. Building Emotional Intelligence: practices to


Cultivate Inner Resilience in Children. Louisville: Sounds True, 2014.

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.

MACHADO, Nílson J. Epistemologia e Didática: as Concepções de Conhecimento e


Inteligência e a Prática Docente. São Paulo: Cortez, 1995.

MARINA, José Antônio. Teoria da Inteligência Criadora. Lisboa: Caminho da Ciência,


1995.

MARQUES-DEAK, Andrea; STERNBERG, Esther. Psiconeuroimunologia: a relação entre o


sistema nervoso central e o sistema imunológico. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbp/a/mfx5RTLNd8j66vP3TXxPFhC/?lang=pt>. Acesso em: 18
dezembro 2021.

PAGLIARONE, Ana; SFORCIN, José. Estresse: revisão sobre seus efeitos no sistema
imunológico. Disponível em:
<http://www.uel.br/ccb/patologia/portal/pages/arquivos/Biosaude%20v%2011%202009
/BS_v11_n1_DF_57.pdf>. Acesso em: 18 dezembro 2021.

PEREIRA, Cristina; VALCÁRCEL, Rafael. Emocionário: diga o que você sente. Rio de
Janeiro: Sextante, 2018.

SANTOS, Elisama. Educação não violenta. São Paulo: Paz e Terra, 2019.

SIEGEL, Daniel; BRYSON, Tina. Disciplina sem drama: guia prático para ajudar na
educação, desenvolvimento e comportamento dos seus filhos. Tradução Cássia Zanon.
São Paulo: nVersos, 2016.

SMOLE, Kátia C. S. A Matemática na Educação Infantil: a Teoria das Inteligências


Múltiplas na Prática Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
WILLARD, Christopher; O'LEARY, Wendy. A Mágica da Respiração: um livro para aprender
a lidar com raiva, frustração, tristeza e todos os outros sentimentos. Tradução Priscila
Catão. São Paulo: Caminho Suave, 2020.

Voltar

QUESTIONÁRIO – Atividade avaliativa

Questão 1

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Analise as afirmações, relacionadas à BNCC e à educação socioemocional.

I. A aprendizagem de competências socioemocionais faz parte das dez competências gerais da


BNCC, que orientam as propostas curriculares da Educação Infantil ao Ensino Médio.
II. Apenas três entre as competências gerais da BNCC apresentam habilidades socioemocionais
associadas.

III. O modelo oferecido pelo CASEL – Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning
substitui as competências gerais da BNCC da perspectiva da educação socioemocional.

É (são) correta(s):

a.

Todas as afirmações.

b.

Apenas II.

c.

Apenas I.

d.
Apenas III.

e.

Nenhuma das afirmações.

Limpar minha escolha

Questão 2

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Analise as sentenças abaixo sobre os quatro pilares da educação do futuro:


I. Os quatro pilares foram elaborados na virada do século XIX para o XX pelos pesquisadores da
ONU durante a Conferência de Desenvolvimento Sustentável e devem ser cumpridos até 2030.

II. O pilar aprender a conviver traduz as habilidades interpessoais, de construção de


relacionamentos éticos, empáticos e valorosos.

III. O pilar aprender a ser traduz o autoconhecimento e as habilidades de se posicionar no mundo


de acordo com seus valores e tomar decisões responsáveis.

Podemos afirmar que:

a.

Somente a sentença II está correta.

b.

Somente as sentenças II e III estão corretas.

c.
Somente a sentença III está correta.

d.

Todas as sentenças estão incorretas.

e.

Somente a sentença I está correta.

Limpar minha escolha

Questão 3

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão
De acordo com o que você aprendeu sobre reações primitivas, assinale a alternativa incorreta:

a.

O córtex pré-frontal é uma das áreas que ficam “sequestradas” ou “inativas” durante a ativação
da amígdala. Esta área é responsável, entre outras coisas, pela atenção consciente e focada;
sendo assim, a pessoa estressada terá dificuldade de reter informação.

b.

Na condição de vida moderna, muitas vezes o nosso cérebro se confunde e interpreta algumas
situações do cotidiano como situações de perigo, disparando este alarme quando não deveria.

c.

O hipocampo é uma área do cérebro responsável pelo armazenamento de informações. Ele


funciona como um “arquivo” das coisas que aprendemos.

d.

A amígdala cerebral é conhecida como o “centro das emoções”, e, quando ela é disparada,
praticamente “desliga” todas as outras áreas do nosso cérebro, concentrando a nossa energia,
os pensamentos e movimentos, em reações que, supostamente, vão nos livrar do perigo o
quanto antes e nos manter vivos.
e.

As reações primitivas são mecanismos naturais de autopreservação que foram fundamentais


para a sobrevivência da espécie humana durante o processo evolutivo, porém são
desnecessárias e não fazem mais sentido na vida moderna.

Limpar minha escolha

Questão 4

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Sobre o estresse, é correto afirmar que:

a.
Quando o estresse é prolongado, ele aumenta nossa resistência e nossa resiliência, nos
tornamos menos vulneráveis.

b.

Comportamentos como insônia, agressividade, impaciência, desobediência, insegurança,


preocupação, ansiedade, dificuldade de socialização, hipersensibilidade, pesadelos, medo e
choro excessivo são problemas comportamentais que devem ser tratados apenas com
atendimento especializado.

c.

A criança estressada tende a se tornar agressiva, desobediente, apática, porém isto não afeta o
desempenho escolar.

d.

Situações de estresse frequentemente são responsáveis por disparar a amígdala cerebral,


fazendo com que as funções cognitivas cerebrais fiquem mais ativas para aumentar a atenção e
o foco.

e.

O estresse é uma reação do organismo frente a situações muito difíceis ou muito excitantes e,
justamente por ser uma reação natural frente a um estímulo, ele pode ocorrer em crianças e
adolescentes de qualquer idade, independentemente do sexo, e se manifestar através de
sintomas físicos, psicológicos ou ambos.

Limpar minha escolha

Questão 5

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Conforme Daniel Goleman, a inteligência emocional:

a.

É a capacidade que a pessoa desenvolve para gerenciar seus sentimentos, de modo que sejam
expressos de maneira apropriada e eficaz.
b.

Dispensa o desenvolvimento de habilidades cognitivas.

c.

É uma característica inata, razão pela qual as personalidades e os comportamentos raramente


mudam.

d.

Por constituir um processo natural, não demanda tematização e abordagem nas escolas.

e.

É a aptidão que algumas pessoas têm para persuadir e convencer outras.

Limpar minha escolha

Questão 6
Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Quando pensamos em modelos de aprendizagem socioemocional e documentos norteadores,


está correto afirmar que:

a.

O CASEL é formado por uma comunidade de pais preocupados com o índice de violência e
evasão escolar e trabalha promovendo a Aprendizagem Socioemocional ou SEL em inglês
(Social and Emotional Learning) nas escolas em parceria com outros membros das famílias.

b.

A BNCC é um documento norteador e normativo que tem por objetivo padronizar os currículos
escolares e garantir as aprendizagens essenciais durante a educação básica. Ela estabelece dez
competências que devem se tornar disciplinas curriculares, entre elas quatro de ordem
socioemocional.
c.

A metodologia CASEL é também chamada de Big Five (ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores).
Os cinco domínios que abarca são extroversão, amabilidade, abertura a novas experiências,
conscienciosidade e neuroticismo.

d.

Os Valores Universais são os pilares para a convivência pacífica, sadia e tranquila consigo
mesmo e entre cidadãos de todo o mundo. Somam um total de 20 valores e não guardam
qualquer relação com a educação socioemocional.

e.

A matriz do programa estabelecido pelo CASEL demonstra a necessidade de se expandir o


trabalho socioemocional desenvolvido em sala de aula para toda a escola, familiares,
responsáveis e também para toda a comunidade, destacando a importância de que este
conhecimento permeie todas as relações e os espaços de convívio.

Limpar minha escolha

Questão 7

Ainda não respondida


Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

Conforme as aprendizagens construídas no curso, é possível afirmar que:

a.

A Inteligência Musical é um exemplo de talento inato, vinculado a características hereditárias,


que não podem ser desenvolvidas ao longo da vida.

b.

A Inteligência Lógico-matemática está associada, prioritariamente, à capacidade de percepção e


administração do espaço.

c.

As Inteligências Lógico-matemática e Linguística devem seguir sendo priorizadas nas escolas,


uma vez que são as únicas cujo desenvolvimento é previsto pela BNCC.
d.

A inteligência é responsável por nossas habilidades para criar, resolver problemas e fazer
projetos.

e.

A Inteligência Existencial ou Transcendental, caracterizada pela preocupação do ser humano


consigo próprio, opõe-se à Inteligência Interpessoal, que destaca a empatia.

Limpar minha escolha

Questão 8

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão
Sobre o papel da escola na educação socioemocional dos alunos, assinale a alternativa
incorreta:

a.

A inteligência interpessoal está intimamente ligada à nossa capacidade de sermos simpáticos a


todo tempo com as pessoas e de estabelecermos boas relações.

b.

O pensamento crítico, lógico e racional sempre foi o foco principal do currículo escolar, porém,
de acordo com os estudos contemporâneos, a escola precisa também desenvolver de forma
intencional as competências socioemocionais como o autoconhecimento e as habilidades de
relacionamento.

c.

A capacidade de observarmos nosso mundo interno (nossa mente e nossos pensamentos)


desenvolve nosso autoconhecimento, e o autoconhecimento nos permite mudar positivamente a
forma como vemos e compreendemos o mundo e também a forma como reagimos a ele.

d.
As competências e habilidades socioemocionais devem ser desenvolvidas e praticadas na sala
de aula, no pátio da escola, na hora do intervalo e em todos os momentos de convivência. Elas
devem ultrapassar os muros da escola e se fazer presentes nas relações em casa, nos lugares
públicos, nos transportes, elas devem permear todas as relações e todos os espaços.

e.

Segundo Howard Gardner, a manifestação das inteligências e da genialidade humana é muito


mais específica do que generalista. O autor sustenta a existência de vários tipos de inteligência,
entre as quais estão: Lógico-matemática, Linguística, Espacial, Físico-cinestésica, Interpessoal,
Intrapessoal, Musical, Natural e Existencial.

Limpar minha escolha

Questão 9

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão
Qual das descrições a seguir corresponde ao fenômeno do bullying?

a.

Apenas agressões silenciosas, raramente identificadas por outras pessoas (além da vítima e do
agressor).

b.

A ação de provocação, implicância, assédio moral, coação, perseguição, intimidação, restrita ao


ambiente escolar.

c.

Violência psicológica consumada apenas em espaços on-line.

d.

Uma brincadeira que acaba extrapolando limites.

e.
Conjunto de ações violentas e intencionais, geralmente repetidas, de uma pessoa contra outra.

Limpar minha escolha

Questão 10

Ainda não respondida

Vale 10,00 ponto(s).

Marcar questão

De acordo com as aprendizagens construídas no curso, é possível afirmar que:

a.

A educação socioemocional é uma demanda das escolas, embora deva ser trabalhada apenas a
partir do Ensino Fundamental.
b.

As abordagens humanista e utilitarista da educação são visões integradas e complementares.

c.

O desenvolvimento socioemocional é fundamental para que se dê a formação humana integral e


se estabeleçam relações mais saudáveis, oportunizando uma participação ética e plena na
sociedade.

d.

As escolas vivem o dilema da escolha pela ênfase no pensamento crítico ou pela prioridade ao
desenvolvimento socioemocional, uma vez que são processos antagônicos.

e.

Ainda que o mundo permaneça em transformação, os princípios da educação socioemocional


são imutáveis. Tal rigor facilita sua adoção pelas mais diversas instituições.

Você também pode gostar