A Psicopatia e Sua Influência No Direito Penal Brasileiro

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A Psicopatia e sua Influência no Direito Penal Brasile

Emanuel sousa
2024
Introdução

A psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por comportamentos antissociais, falta de empatia e


remorso, egocentrismo e impulsividade. No campo do direito penal, a psicopatia apresenta desafios significativos,
tanto na identificação e tratamento dos indivíduos diagnosticados, quanto na determinação da responsabilidade
criminal e da aplicação de penas adequadas. Este trabalho tem como objetivo analisar a psicopatia e sua influência no
direito penal brasileiro, abordando aspectos psicológicos, legais e os desafios na aplicação das leis.

1. Conceito e Características da Psicopatia

A psicopatia é um transtorno de personalidade amplamente estudado na psicologia e na psiquiatria. Suas principais


características incluem:

 Comportamento Antissocial: Inclinação a violar normas sociais e leis, desrespeitando os direitos alheios.

 Falta de Empatia: Incapacidade de se colocar no lugar do outro e ausência de sentimentos de culpa ou


remorso.

 Egocentrismo: Foco excessivo em si mesmo, desconsiderando as necessidades e sentimentos dos outros.

 Impulsividade: Tomada de decisões precipitadas sem considerar as consequências a longo prazo.

2. Psicopatia e Direito Penal: Aspectos Legais

No direito penal brasileiro, a psicopatia levanta questões complexas sobre a imputabilidade e a aplicação de penas. A
análise jurídica da psicopatia envolve os seguintes aspectos:

2.1. Imputabilidade Penal

A imputabilidade penal é a capacidade do indivíduo de entender o caráter ilícito de sua conduta e de agir conforme
esse entendimento. O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 26, estabelece que:

 Doença Mental: Indivíduos com desenvolvimento mental incompleto, retardado ou portadores de doença
mental podem ser considerados inimputáveis, podendo ter sua pena substituída por medidas de segurança.

A psicopatia, no entanto, não é considerada uma doença mental no sentido estrito, mas um transtorno de
personalidade. Isso implica que, na maioria dos casos, psicopatas são considerados imputáveis, pois são capazes de
entender o caráter ilícito de seus atos, embora não sintam remorso ou culpa.

2.2. Medidas de Segurança

Para psicopatas considerados perigosos, o sistema penal pode aplicar medidas de segurança, como internação em
hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico. Essas medidas visam a proteção da sociedade e a tentativa de
reabilitação do indivíduo, embora a eficácia no tratamento de psicopatas seja frequentemente questionada.

3. Desafios na Aplicação das Leis

A aplicação das leis em casos envolvendo psicopatas enfrenta diversos desafios, incluindo:

 Diagnóstico e Laudos Periciais: A correta identificação da psicopatia requer avaliações psiquiátricas


detalhadas, o que nem sempre é realizado de forma adequada.

 Periculosidade e Reincidência: Psicopatas têm maior propensão à reincidência criminal, o que demanda
estratégias específicas de monitoramento e controle.

 Tratamento e Reabilitação: A eficácia das medidas de segurança e dos tratamentos oferecidos aos psicopatas
é limitada, o que dificulta a reintegração desses indivíduos na sociedade.

4. Estudos de Caso e Jurisprudência


Analisar casos concretos e jurisprudências é fundamental para entender como o sistema penal brasileiro lida com a
psicopatia. Exemplos notórios de casos judiciais envolvendo psicopatas podem ilustrar as dificuldades e as decisões
tomadas pelos tribunais.

5. Propostas de Melhorias e Perspectivas Futuras

Para melhorar a abordagem do direito penal em relação à psicopatia, algumas propostas podem ser consideradas:

 Capacitação de Profissionais: Treinamento de juízes, promotores e advogados para lidarem com casos
envolvendo transtornos de personalidade.

 Aprimoramento de Laudos Periciais: Investimento em perícias psiquiátricas de qualidade para diagnósticos


mais precisos.

 Desenvolvimento de Políticas Públicas: Implementação de políticas específicas para o monitoramento e


tratamento de psicopatas, visando reduzir a reincidência criminal.

Conclusão

A psicopatia representa um desafio significativo para o direito penal, exigindo uma abordagem multidisciplinar que
integre conhecimentos jurídicos e psicológicos. Embora o sistema penal brasileiro contemple mecanismos para lidar
com indivíduos diagnosticados como psicopatas, ainda há muito a ser feito para garantir a proteção da sociedade e a
justa aplicação da lei. A capacitação de profissionais e o aprimoramento de laudos periciais são passos essenciais para
uma resposta mais eficaz a essa complexa questão.

Referências

1. Brasil. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.

2. Hare, Robert D. Without Conscience: The Disturbing World of the Psychopaths Among Us. New York: The
Guilford Press, 1999.

3. Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2018.

4. Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Impetus, 2020.

5. Trindade, Jorge. Psicopatia e Crime: Uma Análise Psicocriminológica. São Paulo: Saraiva, 2016.

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