Trabalho Modelagem Aerogerador Sincrono

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SP-147

X SIMPÓSIO DE ESPECIALISTAS EM PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO


E EXPANSÃO ELÉTRICA
X SYMPOSIUM OF SPECIALISTS IN ELECTRIC OPERATIONAL
X SEPOPE AND EXPANSION PLANNING
21 a 25 de maio de 2006
May – 21st to 25th – 2006

FLORIANÓPOLIS (SC) – BRASIL

MODELAGEM DE AEROGERADORES BASEADOS EM MÁQUINAS SÍNCRONAS


DE VELOCIDADE VARIÁVEL EM PROGRAMAS DE ANÁLISE DE
ESTABILIDADE ELETROMECÂNICA

Ricardo Diniz Rangel* Sergio Gomes Jr. Júlio César Rezende Ferraz

CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica


Brasil

SUMÁRIO
Com a perspectiva de implantação de vários parques eólicos no Brasil, notadamente nas regiões Sul e
Nordeste, torna-se necessário dispor de ferramentas de análise que considerem este tipo de
equipamento. O CEPEL desenvolve vários programas para a análise de sistemas elétricos de potência,
usados oficialmente pelas empresas do setor elétrico brasileiro em estudos de planejamento e
operação. Portanto é importante que estes programas possam representar adequadamente usinas
eólicas a serem instaladas nos próximos anos. Este trabalho descreve os esforços do CEPEL na
modelagem de aproveitamento eólico através de máquinas síncronas de velocidade variável no
programa de análise de estabilidade eletromecânica ANATEM. Os principais elementos envolvidos
nesta modelagem são a turbina eólica, gerador elétrico e conversor CA/CC/CA utilizando ponte
retificadora a diodos e inversores de tensão.
A turbina eólica é modelada por uma equação algébrica que relaciona a potência gerada à velocidade
do vento. Esta potência é também influenciada pelo coeficiente de desempenho da turbina (Cp), o qual
depende da razão de velocidade na ponta da pá ("tip ratio" ou λ) e do valor do ângulo de inclinação da
pá ("pitch").
O gerador síncrono poderá operar em freqüência diferente daquela da rede CA, uma vez que os
conversores do elo CC farão o acoplamento da máquina. A grande vantagem deste tipo de esquema é o
desacoplamento em freqüência do gerador em relação, por exemplo, a esquemas do tipo geradores
diretamente conectados à rede CA ou a geradores de indução duplamente alimentados. No entanto há
necessidade de utilização de conversores com potência nominal igual ou superior à máxima potência a
ser gerada. É comum neste tipo de equipamento eliminar a caixa de engrenagens usada no
acoplamento da turbina eólica com o gerador síncrono, aumentando-se o número de pólos do gerador
para se obter a freqüência elétrica desejada no estator da máquina. A representação de máquina
síncrona e do conversor CA/CC/CA no programa ANATEM foi feita através de modelos pré-
definidos, enquanto os respectivos controles e a turbina eólica foram modelados usando o recurso de
CDU (controladores definidos pelo usuário). No artigo são apresentadas a descrição da modelagem
implementada e simulações mostrando o desempenho adequado dos modelos desenvolvidos.
PALAVRAS-CHAVE
Geração eólica, máquina síncrona de velocidade variável, dinâmica, transitórios eletromecânicos.

* CEPEL – Av. Um s/n - Cidade Universitária – CEP: 21941-598 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Tel: (21)2598-6317, Fax: (21)2598-6451
[email protected]; [email protected]; [email protected]
1. Introdução

O PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) tem como objetivo a
diversificação da matriz energética brasileira e a busca por soluções de cunho regional, através da
utilização de fontes renováveis de energia e com uma meta inicial de instalação de 3.300 MW no
Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN). Com a perspectiva de implantação de vários parques
eólicos no Brasil torna-se necessário dispor de ferramentas de análise que considerem este tipo de
equipamento. O CEPEL desenvolve vários programas para a análise de sistemas elétricos de potência,
usados oficialmente pelas empresas do setor elétrico brasileiro em estudos de planejamento e
operação. Portanto é importante a inserção nestes programas de modelos apropriados de
aerogeradores, de forma a permitir que os agentes realizem estudos confiáveis sobre o impacto destes
equipamentos no SIN.
Uma quantidade muito grande de esquemas para aproveitamento eólico é apresentada na literatura
[1,2]. Alguns destes esquemas são mostrados na Figura 1. Foi criado um Grupo de Trabalho,
coordenado pelo CEPEL e envolvendo as empresas do grupo ELETROBRÁS e o ONS, que definiu os
modelos a serem prioritariamente implementados. Este Grupo se reúne periodicamente com o objetivo
de discutir e testar os modelos ao longo do seu desenvolvimento. Alguns dos trabalhos referentes aos
estudos de cada empresa são relatados em outros artigos neste seminário. Os modelos descritos a
seguir são aqueles com maior utilização. Outros esquemas podem ser modelados a partir de variações
relativamente pequenas destes. Os desenvolvimentos relativos aos modelos número 1 e 2 são descritos
em [3]. Neste trabalho são apresentados os desenvolvimentos referentes ao modelo número 3.
1) Gerador de indução convencional conectado diretamente à rede CA (GIDC)
Neste tipo de esquema o gerador de indução não possui nenhum tipo de controle e, devido ao elevado
consumo de potência reativa em situações de subtensão, pode apresentar problemas na operação em
redes com baixo nível de curto-circuito. Para este tipo de máquina a geração ocorre sempre com
velocidade de rotação acima da velocidade síncrona e a operação se dá com velocidade de rotação
praticamente constante (a curva potência elétrica versus escorregamento é bem íngreme na região de
operação).
2) Gerador de indução com dupla alimentação pelo rotor (GIDA)
Neste esquema um elo de corrente contínua (CC), com conversores de tensão, ligado entre o rotor e o
estator permite a aplicação de uma tensão ao enrolamento trifásico do rotor bobinado. Usando um
controle do tipo vetorial pode-se controlar as potências ativa e reativa no estator da máquina de
indução, fazendo com que esta opere de forma similar a uma máquina síncrona. A potência ativa
necessária a ser injetada no rotor é drenada do estator através do elo CC. O objetivo final é controlar a
tensão terminal (ou o fator de potência) e a velocidade de rotação para otimizar a geração de potência.
Este tipo de equipamento em geral usa controle da inclinação da pá (ângulo de "pitch"), que atua
principalmente quando se ultrapassa o limite máximo de velocidade da faixa de otimização de
potência pelo conversor. A geração ocorre tanto para velocidade de rotação acima quanto abaixo da
velocidade síncrona, em função da potência ativa ser drenada ou injetada no rotor. Como apenas uma
fração da potência ativa gerada flui através do elo CC (aproximadamente proporcional ao
escorregamento se desprezadas as perdas da máquina), este pode ser dimensionado em função do
escorregamento máximo adotado no projeto.
3) Gerador síncrono conectado à rede CA por conversores de tensão (GSE)
Neste caso o gerador síncrono poderá possuir freqüência diferente da freqüência da rede, uma vez que
os conversores do elo CC farão o acoplamento da máquina. O controle da tensão ou do fator de
potência no lado da rede CA se fará por meio dos conversores que, da mesma forma que no GIDA, é
do tipo vetorial. A grande vantagem deste tipo de esquema é o desacoplamento em freqüência do
gerador em relação à rede CA. A desvantagem é a necessidade de utilização de conversores com
potência nominal igual ou superior à máxima potência a ser gerada, diferentemente dos conversores de

1
um GIDA, os quais têm potência nominal tipicamente da ordem de 25% da potência nominal do
gerador [4]. É comum no GSE a eliminação da caixa de engrenagens usada no acoplamento da turbina
eólica com o gerador síncrono, aumentando-se o número de pólos do gerador para se obter a
freqüência elétrica desejada.

Esquemas com Gerador de Indução


Controle dinâmico de Gerador duplamente alimentado
Conexão Direta
escorregamento

Esquemas com Geradores Síncronos


Conexão por elo CC sem
Conexão Direta Conexão por elo CC
engrenagem

Figura 1 – Esquemas de aproveitamento eólico.

2. O Modelo da Turbina Eólica

A modelagem da turbina eólica em geral é feita por uma equação algébrica que relaciona a potência
gerada à velocidade do vento [2, 5]:
P = 0,5 ⋅ ρ ⋅ A ⋅ v 3 ⋅ C p (λ, β) ; λ = ω ⋅ R v (1)

onde: P - potência gerada pela turbina (W) ρ - densidade do ar (Kg/m3)


A - área varrida pelas pás(m2) v - velocidade do vento (m/s)
C - coeficiente de desempenho da turbina (adimensional)
λ - razão de velocidade na ponta da pá (adimensional) R - raio do rotor (m)
ω - velocidade angular de rotação das pás(rad/s)
β - ângulo de inclinação da pá (grau)
Em algumas turbinas o ângulo β é fixo e a limitação de ω e de P para ventos com velocidade elevada é
feita unicamente através da curva Cp x λ (controle por "stall"), enquanto em outras faz-se este controle
variando-se o ângulo β . A Figura 2 apresenta curvas típicas de desempenho da turbina em função do
ângulo β . Essas curvas são usualmente obtidas por medição, sendo que na literatura diversas funções
analíticas são propostas [2, 5, 6, 7]. O controle do ângulo β pode ser utilizado tanto para aumento do
desempenho da turbina quanto para a limitação de P para ventos com velocidade muito alta. A Figura
3 mostra o diagrama de blocos do controle de um possível controle de pá [6, 7] juntamente com a
equação eletromecânica para massa concentrada do conjunto turbina-gerador.

2
Cp x λ x β
0.5

0.4

0.3
Cp

0.2

0.1

0
0 5 10 15 20
λ

Figura 3 – Controle da posição da pá e equação


Figura 2 – Curva de desempenho da turbina
eletromecânica

3. Aproveitamento Eólico Utilizando Gerador Síncrono

O esquema básico de aproveitamento eólico utilizando gerador síncrono de velocidade variável é


mostrado na Figura 4 [8]. Neste tipo de aproveitamento o gerador síncrono poderá possuir freqüência
diferente da freqüência da rede, uma vez que o acoplamento da máquina ao sistema é feito através de
conversores. O controle da tensão (ou do fator de potência) no lado da rede CA se faz por meio do
inversor conectado à barra terminal. Este inversor possui controle do tipo vetorial [9]. Neste esquema
é comum a eliminação da caixa de engrenagens usada no acoplamento da turbina eólica com o gerador
síncrono, aumentando-se o número de pólos do gerador para se obter a freqüência elétrica desejada.
Quanto aos conversores utilizados neste aproveitamento, os dois esquemas mais utilizados são:
1. Uso de um elo CC com um retificador e um inversor, ambos do tipo fonte de tensão;
2. Uso de um elo CC com um retificador tipo fonte de corrente a diodo e inversor tipo fonte de
tensão.
Neste trabalho são mostrados os resultados para o modelo implementado utilizando a segunda opção,
onde um chopper do tipo boost é empregado para controlar a tensão no capacitor CC [8].
m1 m2 ψ2

Pturb iCC1 i'CC2 iCC2 V2

V1 xt1 +
xt2
V CC1 RD VC
-
eixo i1
mecânico

Turbina Resistor de
Gerador Conversor 1 Chopper Conversor 2
eólica Dissipação
síncrono
e Capacitor

Figura 4 – Esquema básico de aproveitamento utilizando gerador síncrono

A implementação no programa ANATEM foi realizada utilizando-se modelos pré-definidos (gerador


síncrono de velocidade variável) e modelos CDU (as malhas de controles). A Figura 5 mostra de

3
maneira sucinta quais os controles modelados via CDU e a relação básica entre as grandezas principais
dentro do modelo eletromecânico do aerogerador.
Regulador
de Tensão
V1
I CC2
E fd E" Sistema V CC2 ET ψ 2 PG
Retificador Sistema Inversor
Tm Gerador CA 1 a Diodo VCC1 CC de Tensão
Síncrono
I CC1 m1 m2 ψ2 V2
ω I1
Controle do Controle do
Chopper Inversor
Turbina
∆ω
β
Posição ω ref Curva de Referência de
V vento da Pá
∆ω Velocidade

Figura 5 – Indicação das malhas básicas de controle

3.1. O Gerador Síncrono

O gerador síncrono é modelado como tendo pólos salientes, um enrolamento de campo e dois
enrolamentos amortecedores: um no eixo direto e outro no eixo em quadratura. A parte mecânica foi
modelada com uma única massa (Figura 6). Como o conceito de operação desta máquina é com
velocidade variável, a fim de otimizar a geração da turbina eólica, poderão ocorrer grandes excursões
da velocidade angular ω. Portanto, este efeito foi considerado no cálculo do torque elétrico e da tensão
subtransitória. Para a solução da rede CA do lado do retificador, a máquina foi representada por um
fasor E& ′′ atrás da reatância subtransitória de eixo direto x′D′ (a saliência subtransitória foi desprezada).
A dinâmica das componentes E D′′ e EQ′′ são mostradas na Figura 7 e na Figura 8.

Figura 7 – Equações do eixo em


Figura 6 – Equação de oscilação eletromecânica
quadratura

Figura 8 – Equações do eixo direto

4
3.2. Chopper para Controle da Tensão do Capacitor CC

A Figura 9 mostra o esquema de um chopper do tipo boost que foi utilizado para efetuar o controle da
tensão aplicada no capacitor CC [10]. Este equipamento funciona através do controle do disparo e do
corte da chave G1 (Figura 9). Quando esta chave é fechada, ocorre o aumento da corrente iL causando
o armazenamento de energia no indutor. Com a abertura da chave G1, a corrente fluirá pelo diodo D1
carregando o capacitor C. Esse chaveamento é feito em alta freqüência (da ordem de kHz) e através da
alteração da relação entre o tempo de condução e o período de chaveamento consegue-se controlar o
valor médio da corrente iL, e por sua vez a tensão no capacitor. Em termos de valores médios, este
conversor funciona como um transformador CC, onde o valor da tensão de saída V0 é proporcional à
tensão de entrada Vd. No chopper tipo boost, a relação V0/Vd é sempre maior que 1.

iL i0
D1

+ + vL - +
Vd C V0
- G1 -

Figura 9 – Chopper do tipo boost

3.3. O Sistema de Corrente Contínua com Dinâmica do Indutor e do Capacitor

A Figura 10 mostra a representação da dinâmica do elo CC e o controle do chopper tipo boost. O


ganho m1 do chopper é alterado de forma a controlar a corrente ICC1 no valor IREF. Esta referência por
sua vez é modificada para controlar a tensão VC do capacitor CC num laço de controle mais externo.
Foram usados para isto dois controladores do tipo proporcional-integral (PI). São usados dois blocos
integradores, com funções de transferência 1/sL e 1/sC, representando respectivamente o indutor do
chopper e o capacitor CC. A tensão de saída do retificador VCC1 é calculada em função da tensão de
comutação da ponte e da corrente CC (multiplicada pela resistência de comutação Rcr). Vd0r é a tensão
de saída a vazio do conversor (para ângulo de disparo nulo) e a constante KC1 leva em consideração o
número de conversores, a relação entre bases e o fator de forma [11].

∆ω KIR GD
Retificador Rcr K PR +
Resistor de s
Dissipação X

- Indutor Chopper Icc 2


- -
1
V1 + + Vcc1 + 1 Icc 1 N Icc 2 ' + + + + Ic
a . Kc 1 +
Vd0r - sL sC Vc
D Capacitor
Vcc1 '
N

IREF max m1 max


-
Vc REF + ∆Vc KI1 IREF ∆Ic KI 2
+ KP1 + + KP 2 +
s + s m1
-
Controle m1 m in
Vc IREF m in

Figura 10 – Sistema CC com a dinâmica do capacitor, do indutor e do resistor de dissipação

5
Para fins de generalidade do modelo considerou-se a possibilidade de existir um transformador entre o
gerador e a ponte retificadora e também a opção de ter ou não filtros CA nos terminais do gerador
síncrono. Caso haja filtros CA a tensão de comutação é a tensão terminal V1 (como mostrado na Figura
10) e a resistência de comutação é calculada apenas em função da reatância do transformador
(Rcr = 3 xt 1 /π), caso contrário a tensão de comutação será a tensão subtransitória interna da máquina
( E ′′ ) e Rcr = 3( x′D′ + xt 1 )/π. Na ausência de transformador faz-se xt 1 = 0.

A Figura 10 mostra também, de forma simplificada, a possível variação da condutância GD do resistor


de dissipação RD (através de chaveamento eletrônico) de forma a controlar a velocidade da máquina no
caso de curto-circuito no lado CA: como a potência elétrica entregue à rede irá diminuir, haverá a
tendência da máquina síncrona acelerar, enquanto não houver atuação do controle do ângulo de
posição da pá . O resistor variável RD busca dissipar a energia excedente fazendo com que a máquina
se afaste pouco da condição de operação pré-falta e o retorno à condição de operação normal após a
eliminação do curto seja mais suave. Durante a operação em condições normais o resistor é
desconectado.

3.4. O Sistema de Controle do Inversor

O sistema de controle do inversor pode ser tipo por histerese ou usando modulação PWM seno-
triangular [10, 12, 13]. A Figura 11 mostra a representação do inversor de tensão para o segundo caso.
O conversor é visto para rede CA como uma fonte de tensão com módulo ( ET 2 ) e fase (ψ2)
controladas. ET 2 é proporcional à tensão VC do capacitor e ao fator de modulação de amplitude [10,
12]. O inversor usa um controle vetorial que se baseia num sinal de referência de fase (no caso foi
adotado o fasor V&2 da tensão terminal). Duas componentes em quadratura (Vd2 e Vq2) da tensão interna
E& T 2 poder ser usadas para controlar a potência ativa e a potência reativa do conversor
respectivamente (Figura 12). A descrição das constantes KC2 e K’C2 pode ser encontrada em [12, 14].

ICC 2 = K ′c 2 mc 2 ( IR 2 cosψ 2 + II 2 senψ 2 )


&
V
jψ 2
E& T2 = Kc 2 mc 2 V2 e 2
sistema CC &I
2

Ic mc 2
Vc I CC 2
E& T 2
ψ2
Conversor 2

Figura 12 – Eixo de referência utilizado no


Figura 11 – Inversor de tensão
controle do inversor

A Figura 13 e a Figura 14 exemplificam os canais de controle de potência ativa e reativa usados para
controlar, em seus laços mais externos, a velocidade angular da máquina síncrona e a tensão terminal
do equipamento. A referência ωREF é variada segundo uma curva de referência de velocidade (ver
Figura 5), definida de forma a otimizar a geração de potência da turbina. O controle de tensão pode ser
configurado também para controlar o fator de potência do equipamento.

6
A Figura 15 mostra o cálculo do fator de modulação m2 do conversor e da fase ψ2 de sua tensão
interna, considerando limites internos do conversor [12]. Os canais da Figura 13 e da Figura 14
possuem limites variáveis que devem representar a capacidade do conversor, evitando que a sua
corrente ultrapasse a capacidade das chaves eletrônicas. A Figura 16 exemplifica uma das possíveis
formas de limitação de corrente, priorizando a componente ativa da corrente do conversor.
ωr

Te m ax Te max Pmax & (dP/dt)max IP2 max IP2 max Vd2 m ax Vd2 max

+ +
- + KIw Te ref Pref_u 1 Pref + KiP 2 IP2 ref - KiP 3 Vd2
ω ref KPw + + KpP2 + + KpP3 +
s + 1 + s Tp s s
- +
Te min Te m in Pmin & (dP/dt)min Pe1 IP2 min IP2 min IP2 Vd2 min Vd2 min

Figura 13 – Componente ativa da corrente de inversor (controle da velocidade da máquina)

V2 Q max Q max IQ2 max IQ2 m ax Vq2 max Vq2 m ax

-
+ KIv Qc2ref KiQ 2 IQ2 - KiQ3 Vq2
Vref + KPv + - + KpQ2 +
ref
+ KpQ3 +
s s s
+ +
Q min Q min Qc2 IQ2 m in IQ2 min IQ2 Vq2 m in Vq2 min

Figura 14 – Componente reativa da corrente de inversor (controle da tensão/fator de potência/potência


reativa no terminal de conexão à rede CA)

cálculo do módulo da tensão CA do conversor

Vq2 cálculo do fator de modulação linearizado


x2 ET2 max
+ ET2 lim N
1 m2 &I 2
+
+
÷ Q corrente não limitada
x2
+ 0 + D 0

IQ max I lim = I max


Vc
Kc 2
cálculo da fase da tensão do conversor ε corrente limitada

ψ2
& t2
V
+
Vd2 ATAN 2( − Vd 2 , Vq 2 ) +
IP 2 IP max
+ P

θ2

Figura 16 – Limitação da
Figura 15 – Cálculo da fase e do fator de modulação
corrente do inversor

4. Resultados

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos com a simulação de um sistema teste. O objetivo é
mostrar de maneira qualitativa o desempenho do modelo desenvolvido. Desta forma, o sistema
utilizado tem um parque eólico com dez unidades aerogeradoras baseadas em máquina síncrona de
velocidade variável acopladas a turbinas eólicas com controle do ângulo de posição da pá. Cada
unidade tem 0,85 MW de potência e o parque eólico é conectado a uma barra infinita através de uma
reatância de 25 % (na base da máquina).
Duas situações foram analisadas: na primeira, foi feita a simulação do efeito da queda da potência
mecânica através da diminuição de 2 m/s na velocidade do vento (variação em degrau). Na segunda,

7
foi simulado um curto-circuito trifásico próximo ao parque através da introdução de um reator em
derivação na barra terminal do parque eólico.
Da Figura 17 até a Figura 25 são apresentados os resultados para o caso de variação da velocidade do
vento (Figura 18). A malha de controle referente à componente reativa da corrente do inversor foi
utilizada para controlar o fator de potência na barra terminal do parque eólico (f.p. = 1,0), como
mostrado na Figura 22 e na Figura 23. Quando ocorre variação negativa na velocidade do vento
(Figura 18), a potência mecânica entregue pela turbina diminui (Figura 19), assim como a velocidade
do gerador (Figura 21). Observe-se ainda que ocorre diminuição do valor do ângulo de posição da pá
da turbina (Figura 25), causando pequeno aumento no valor do coeficiente de desempenho (Figura
24). Neste caso o valor de ângulo da posição da pá (β) não é nulo para a potência inicial despachada.
VOLT 1 ParqueEolico CDU 100 303 V_VENT TURB_GSE_01 PMGE 1 10 ParqueEolico

1,00 12 10,0
11
0,99 10 8,0
9
8
0,98 7 6,0
6
0,97 5 4,0
4
3
0,96 2 2,0
1
0,95 0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 17 – Tensão na barra Figura 19 – Potência mecânica


Figura 18 – Velocidade do vento
terminal do parque eólico aplicada ao gerador

TMGE 1 10 ParqueEolico FGSE 1 10 ParqueEolico PE2E 1 10 ParqueEolico QE2E 1 10 ParqueEolico

1,2 21,0 10,0


1,0 8,0
0,8 20,0
6,0
0,6
4,0
0,4 19,0
0,2 2,0

0,0 18,0 0,0


0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 20 – Torque mecânico Figura 22 – Potência ativa e reativa


Figura 21 – Velocidade do gerador
aplicado ao gerador saindo do parque eólico

CDU 321 5030 COSFI GSE_CONT_INV CDU 100 420 CP_LIM TURB_GSE_01 CDU 100 1310 BETA TURB_GSE_01

1,2 0,50 5,0


1,0 4,0
0,45
0,8
3,0
0,6 0,40
2,0
0,4
0,35
0,2 1,0

0,0 0,30 0,0


0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 23 – Fator de potência na Figura 24 – Coeficiente de Figura 25 – Ângulo de posição das


barra terminal do parque eólico desempenho da turbina pás da turbina

Da Figura 26 até a Figura 34 são mostrados os resultados da análise da queda de tensão causada pela
simulação de um curto-circuito trifásico próximo ao parque eólico. Também nesta análise, a malha de
controle referente à componente reativa da corrente do inversor foi utilizada para controlar o fator de
potência na barra terminal do parque eólico (f.p. = 1,0), como mostrado na Figura 32 e na Figura 31. O
distúrbio aplicado causa a queda da tensão (para 0,2 pu) na barra terminal do parque eólico (Figura
26). Enquanto o distúrbio é aplicado, apesar da potência elétrica de saída ter diminuído rapidamente e
de maneira drástica (Figura 31), a potência mecânica de entrada diminui pouco (Figura 28 e Figura
29). Esta diminuição é causada pela alteração no valor do ângulo da posição da pá da turbina (Figura
34). Quando ocorre o desbalanço entre a potência mecânica entregue pela turbina e a potência elétrica

8
fornecida ao sistema, o gerador começa a aumentar a sua velocidade (Figura 30). Esta aceleração
causa a atuação na posição da pá (Figura 34) e o conseqüente efeito de diminuição do coeficiente de
desempenho da turbina (Figura 33). A outra parte da energia acelerante proveniente desse
desequilíbrio de potências é dissipada no resistor de dissipação (Figura 27). Após a eliminação do
distúrbio, todas as grandezas retornam aos seus valores iniciais.

VOLT 1 ParqueEolico CDU 3 2081 PG CHOPPER PMGE 1 10 ParqueEolico


1,2 0,7 12,0
1,0 0,6 10,0
0,8 0,5 8,0
0,4
0,6 6,0
0,3
0,4 0,2 4,0
0,2 0,1 2,0
0,0 0,0 0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 26 – Tensão na barra Figura 27 – Potência no resistor de Figura 28 – Potência mecânica


terminal do parque eólico dissipação (em pu da PBASE CC) aplicada ao gerador

TMGE 1 10 ParqueEolico FGSE 1 10 ParqueEolico PE2E 1 10 ParqueEolico QE2E 1 10 ParqueEolico

1,2 21,0 12,0


1,0 10,0
20,5 8,0
0,8
6,0
0,6 20,0
4,0
0,4
19,5 2,0
0,2 0,0
0,0 19,0 -2,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 29 – Torque mecânico Figura 31 – Potência ativa e reativa


Figura 30 – Velocidade do gerador
aplicado ao gerador saindo do parque eólico

CDU 321 5030 COSFI GSE_CONT_INV CDU 100 420 CP_LIM TURB_GSE_01 CDU 100 1310 BETA TURB_GSE_01
1,2 0,42 7,0
1,0 0,40 6,0
5,0
0,8 0,38
4,0
0,6 0,36
3,0
0,4 0,34
2,0
0,2 0,32 1,0
0,0 0,30 0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s)

Figura 32 – Fator de potência na Figura 33 – Coeficiente de Figura 34 – Ângulo de posição das


barra terminal do parque eólico desempenho da turbina pás da turbina

5. Conclusões

Este artigo apresenta o desenvolvimento e os testes realizados na implementação no programa


ANATEM do modelo de aerogerador baseado em máquina síncrona de velocidade variável. A
representação de máquina síncrona e do conversor CA/CC/CA no programa foi feita através de
modelos pré-definidos, enquanto os respectivos controles e a turbina eólica foram modelados usando o
recurso de CDU (controladores definidos pelo usuário). O objetivo do trabalho foi desenvolver um
modelo suficientemente geral, de forma que no caso da utilização de equipamento específico de algum
determinado fabricante, os dados pertinentes possam ser usados. Além disso, a implementação dos
controles via CDU permite a alteração da filosofia de funcionamento de acordo com cada fabricante.

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