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Seção de Publicação do artigo: Artigo de Revisão

A DIVERSIDADE FAMILÍAR E MATERNIDADE LÉSBICA: TEORIA


PSICANALÍTICA E OS DESAFIOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

FAMILY DIVERSITY AND LESBIAN MOTHERHOOD: PSYCHOANALYTIC


THEORY CHALLENGES OF CONTEMPORARY SOCIETY

Hellen Anoek Galvão Torres Farias¹; Prof Mestrando²;Erick Linhares de Holanda

RESUMO:
O presente trabalho vem apreciar sobre família e suas ramificações na contemporaneidade, como as
mulheres lésbicas mães. A família é uma instituição responsável por promover a educação e
cuidados, na sua estrutura aconteceu mudanças com o passar do tempo, essas modificações de
acordo com o tempo e o surgimento de novos padrões culturais. Assim, podemos citar que a família
não é apenas considerada por padrão heteronormativo, sua estrutura pode ser reconhecida por uma
diversidade de conceitos familiares, como a homoafetiva, pessoas do mesmo sexo. Objetivo geral:
Compreender sobre novas dinâmicas familiares e, com isso, discutir sobre a maternidade lésbica. Os
objetivos específicos são: Revisar sobre a base psicanalítica clássica no conjunto da importância da
mãe; Discutir sobre parentalidade da mulher lésbica; Demostrar a visão jurídica sobre adoção de
casais lésbicos. Metodologia:Realizado uma análise sobre o método hipotético-dedutivo,trata-se de
uma revisão bibliográfica narrativa, a qual fornece análise de leitura através de sínteses narrativas e
compreensivas das informações que já foram publicadas a respeito do tema. Resultados: Diante do
que foi visto sobre o tema, podemos ressaltar a compreensão sobre a visão psicanalítica no
desenvolvimento infantil na interação mãe-bebê a importância para o desenvolvimento psíquico,
valores e morais. O desafio sobre mulheres lésbicas na maternidade, seja por adoção ou a
reprodução, seus direitos do ponto de vista jurídico. Considerações finais: O estudo contribuiu para
melhor entendimento sobre novas configurações familiares, a compreensão sobre o desenvolvimento
infantil na visão entre mãe-bebê e como as mulheres que desejam mães passam por certos
preconceitos por causa da sexualidade.

Palavras-chave: Família Contemporânea; Maternidade Lésbica; Parentalidade; Dupla


Maternidade.

Revista Multivisões-AESA, Arcoverde: PE, 2023. ISSN: 0000-0000


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ABSTRACT
This work aims to examine the family and its ramifications in contemporary times, as well as lesbian
women who are mothers. The family is an institution responsible for promoting education and care, the
family structure changes over time, these modifications occur according to time and the emergence of
new cultural patterns. Thus, we can mention that the family is not only considered by heteronormative
standards, its structure can be recognized by a diversity of family concepts, such as homoaffective,
same-sex people. General objective: Understand new family dynamics and thus discuss lesbian
motherhood. The specific objectives are: 1) Review the classical psychoanalytic basis on the
importance of the mother as a whole; 2) Discuss parenting for lesbian women; 3) Demonstrate the
legal view on adoption for lesbian couples. Methodology: This is a narrative bibliographic review, which
provides reading analysis through narrative and comprehensive syntheses of information that has
already been published on the topic. Results: Given what was seen on the topic, we can highlight the
understanding of the psychoanalytic vision in child development in mother-baby interaction and the
importance of psychological development, values and morals. The challenge regarding lesbian women
in motherhood, whether through adoption or reproduction, their rights from a legal point of view. Final
considerations: The study contributed to a better understanding of new family configurations,
understanding child development from a mother-baby perspective and how women who want to be
mothers experience certain prejudices due to sexuality.

Keywords: Contemporary Family; Lesbian Motherhood; Parenting; Double Maternity.

¹Graduanda do Curso de Bacharelado em Psicologia da Escola Superior de Saúde de Arcoverde –


ESSA – Hellen Anoek Galvão Torres Farias; e-mail: [email protected];
² Orientador do Curso de Bacharelado em Psicologia da Escola Superior de Saúde de Arcoverde –
ESSA – Prof Mestrando Erick Linhas De Holanda ; e-mail: [email protected]

Revista Multivisões-AESA, Arcoverde: PE, 2023. ISSN: 0000-0000


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INTRODUÇÃO

A família é uma instituição social que muda rapidamente em sua estrutura,


organização e composição ao longo do tempo. No início do século XIX, políticas
econômicas e culturais despacharam a essas mudanças. No entanto, durante
séculos, a sociedade viveu num sistema patriarcal. Nesse sistema, era comum ver o
pai desempenhando o papel de chefe da família, enquanto a mulher era responsável
pelo cuidado dos filhos (Biasoli-Alves, 1997).
Segundo Uziel (2007), "A família tradicional funcionou ao longo da história
para criar regras sociais, estabelecer costumes, normas culturais e atuar como
agente de socialização”. Porém, com o passar do tempo, o conceito de família
sofreu mudanças significativas. Até a época atual, com conceitos diversos e plurais
(Paulino, 2017). Num artigo de 2017 que aborda o discurso em torno da saúde de
pessoas lésbicas, gays, bissexual, transgênero, queer, intersexo,
assexual(LGBTQIA+), Paulino afirmou:

Atualmente, o termo "família" engloba não apenas relações baseadas em


laços biológicos, mas também aquelas construídas a partir de conexões sociais e
psicoafetivas, todas com o propósito ético de promover o desenvolvimento da
personalidade de cada membro.

Neste contexto, podemos observar uma mudança na sociedade que torna


cada vez mais inalcançável uma visão unitária da família. No entanto, a visão
dominante da estrutura familiar ainda baseia-se num modelo binário e
heteronormativo que considera “normal” um padrão familiar alinhado com estruturas
e padrões heterossexuais. Embora inicialmente ainda houvesse o reconhecimento
da diversidade e diversidade de formas de conceitos familiares como a
homossexualidade (santos, 2004; borges, 2009).
Assim, cada estrutura familiar torna-se cada vez mais mortificante com o
passar do tempo, seja por questões sociais e econômicas de cada momento, a
família se apresenta de forma diferente, há flutuações e o que leva cada indivíduo a
escolher a melhor forma de modelo familiar, sendo um local de carinho e respeito. A
sociedade contemporânea ela vai rompendo com a concepção de família tradicional,
trazendo novos valores que inspiram a sociedade. A diversidade vem com afeto para
as relações familiares (Dias, 2017).

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Ainda segundo Farias e Rosenvald (2012), a família contemporânea é


fundamentada na premissa do afeto e da dignidade da pessoa humana,
transcendendo a tradicional estrutura composta por pai e mãe ou apenas mães, bem
como a união baseada puramente na herança genética. Atualmente, as relações
familiares se moldam principalmente por laços afetivos, permitindo a coexistência de
uma ampla diversidade de modelos familiares.
Sendo assim, há uma evolução sociológica que está introduzindo novas
estruturas na composição da família contemporânea. Isso marca um afastamento da
idealização da família patriarcal tradicional e a incorporação de novos valores, como
o afeto, nas dinâmicas familiares. Dessa forma, o afeto torna-se um elemento central
nas relações pós-modernas, provocando uma reconfiguração dos conceitos que
prevaleciam em tempos passados (Miranda, 2013).
Jacques Lacan - discípulo de Freud e psicanalista francês (1901-1981) -
diz-se possível retratar através de figurações e debates acerca da importância
substancial da família para o âmbito psicanalítico. A priori, temos aqui a família
nucleada (o pai - figurando o líder, impositor das leis que regerão o conjunto; uma
mãe - figurando a zeladora e perpetuadora da "herança ancestral".
A família dos dias atuais não é apenas nucleada por pais e mães, passou por
um processo de transformação no pensamento e social. Fugindo do tradicionalismo
patriarcal, levando a uma redefinição do conceito família. A psicanálise enfrenta
desafios ao lidar com as mudanças que ocorrem nas diversas configurações
familiares. Essas mudanças não limitam-se apenas a questões de ordem
psicológica, mas envolvem aspectos que podem ser reanalisados à luz de novas
formas familiares.
Lacan em 1931 revela que a família é onde se processam “os complexos
modais da neurose”, não como uma fenda para patologias, mas como um meio do
sujeito constituir-se do Imaginário simbólico. Portanto, percebe-se que a sociedade
estará fadada ao que Lacan chama de trauma, um “troumatisme”, o fardo vertiginoso
de se nascer em meio a essas perturbações do ambiente, e que, indubitavelmente,
serão transmitidas para futuras gerações através da carência para lançar a maldição
pessoal sobre o mundo.

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Dentre as formas de família, sobre as implicações de um novo cenário família


pode gerar os indivíduos envolvidos e para a sociedade em geral, torna-se evidente
a necessidade de estudar de forma mais profunda tais implicações. Sendo assim,
esse estudo volta-se a análise da literatura sobre a maternidade compartilhada por
duas mulheres, a partir da questão problematizadora elencada nessa pesquisa será:
como a maternidade lésbica se desenvolveu perante o novo cenário familiar?
A partir desse questionamento, o presente estudo tem como objetivo geral:
Compreender sobre novas dinâmicas familiares e com isso discutir sobre a
maternidade lésbica. Os objetivos específicos são: 1) Revisar sobre a base
psicanalítica clássica no conjunto da importância da mãe; 2) Discutir sobre
parentalidade da mulher lésbica; 3) Demostrar a visão jurídica sobre adoção de
casais lésbicos.

METODOLOGIA/MATERIAL E MÉTODOS

Para alcançar os objetivos propostos, este estudo adotará uma abordagem


de pesquisa qualitativa. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa não é uma prática
somente da Sociologia, mas também um espectro de abordagem metodológica da
antropologia, psicologia, educação, ciência política, entre outras, e que não se limita
à quantificação de fatos e fenômenos, mas busca compreender e explicar as
relações sociais decorrentes das ações humanas (Minayo,2000).
Elegeu-se como instrumento a revisão bibliográfica do tipo narrativa. De
acordo com Gil (2010), essa forma de revisão é uma ferramenta importante quando
se deseja aprofundar a reflexão sobre um tema específico, ampliando o escopo do
debate. Esse modelo de trabalho é amplo, constitui-se na análise de literaturas
publicadas em livros, artigos, revistas eletrônicas, além de análise dos autores
(Rother, 2007).
Sobre os critérios de Rother a revisão utilizou-se de textos em português com
publicação nos últimos 10 anos, sendo assim a revisão bibliográfica foi realizada em
quatro fases: a busca por materiais bibliográficos, após a busca foram selecionados
o material para realização da leitura, avaliação e síntese dos resultados.
A seleção de artigos foi realizada a partir das bases de dados da LILACS (Literatura
Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PEPSIC (Plataforma de Editoração
em Psicologia) e da Biblioteca Digital Scientific Electronic Library Online (SciELO). Nos

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bancos de dados foi utilizando os seguintes descritores, individualmente e combinados


entre si: Miniriassexuais e de gênero; Ter duas mães; Adoção; Configuração familiar
afetiva; Vínculo mãe-bebê; Psicanálise e dinâmica familiar; Dinâmica familiar e filhos. O
critério de exclusão para a construção desse artigo, foi estudos não relevantes, artigos
que não abordam diretamente o tema principal da pesquisa.Os artigos encontrados
juntamente com os livros e teses, foram selecionados a partir do assunto de pesquisa e
que se correlaciona se com o tema e que tivesse relação com as palavras chave
mencionadas acima.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentaram uma pequena descrição dos artigos, livros e teses


encontrados a partir da leitura realizada no material bibliográfico. Sendo assim
correlacionando os materiais encontrados para serem interligados, fazendo uma
análise para o tema proposto para esse artigo.

PSICANÁLISE É A IMPORTÂNCIA DA MÃE PARA O DESENVOLVIMENTO


INFANTIL

Para uma melhor compreensão sobre novas configurações familiares e do


desenvolvimento infantil, a psicanálise fala sobre o processo de desenvolvimento
humano que começa no meio intrauterino. Na visão psicanalítica, ressalta-se a
importância da interação entre a mãe e o bebê, mostrando que dessa podem
emergir benefícios e prejuízos para o desenvolvimento da criança. Para Trindade
(1999), depois da Segunda Guerra Mundial houve uma elevada quantidade de
bebês órfãos, seja por suas mães terem morrido na guerra ou até mesmo quando
separadas de seus filhos. Como consequência, as crianças que passaram pela
ausência materna apresentavam mais distúrbios psicológicos.
Na teoria psicanalítica freudiana, a base fundamental para a construção da
personalidade do indivíduo é a interação entre o recém-nascido e sua mãe, dessa
forma, podendo influenciar na formação de personalidade (Klein, 1982). Quando se
fala sobre comportamento dos seres humanos e sua personalidade, é necessário
observar as condições de chegada ao mundo, a relação de dependência com a mãe
e os tipos de relações no início da vida, o bebê e a afetividade, observando o
equilíbrio emocional. Segundo Freud (1974), o que acontece é que a situação

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biológica da criança, como feto, é substituída por uma relação de objeto psíquico
com sua mãe. Essas condições de extrema e prolongada dependência são
determinantes na formação da personalidade.
É interessante observar que a relação da mãe com o bebê é percebida como
um elemento de proteção. Segundo Winnicott (1983), essa proteção é simbolizada
pela representação do útero e pelo ato de amamentação. A criança, por sua vez,
compete pela atenção da mãe, colocando o pai em uma situação de rivalidade.
Assim compreender o desenvolvimento da moral no indivíduo que resulta em um
complexo equilíbrio do aparelho psíquico entre forças internas e forças externas,
aquilo que já nascemos com o que aprendemos em meios grupais, uma vez que as
interações familiares desempenham um papel crucial na construção das normas e
valores morais na psicologia freudiana.
Seguindo a compreensão de vinculação das relações objetais entre mãe e
filho, dois importantes psicanalistas abordam em suas pesquisas o desenvolvimento
infantil e as relações entre o bebê e sua mãe abordam importantes teorias neste
quesito. Klein (1996) nos mostra a importância para a construção da personalidade
estabelecida no contato materno, em que as relações entre o bebê e sua mãe são a
base no primeiro ano de vida infantil, sendo um modelo básico de como ele irá se
relacionar durante a sua vida.
Já Winnicott (1983) diz que o self é construído tendo como base o corpo do
bebê e as suas necessidades físicas. Além disso, as necessidades psíquicas
deverão ser satisfeitas por uma mãe suficientemente boa, ou seja, aquela que não
realiza automaticamente os desejos do filho, ensinando assim a individuação entre
ela e o primogênito, sendo uma função que se desdobra em outras funções como o
holding – o suporte físico e psíquico ofertado ao bebê – uma certa estabilidade e
previsibilidade do ambiente (Winnicott, 1983).
Para Kehdy (2013) o holding pode corresponder aos cuidados primitivos do
bebê, que são suas necessidades além de psicológicas, a física também, que são
ocorridas logo depois do seu nascimento. Se faz necessário que, além do cuidado
para com a criança, o ambiente seja suficientemente bom para poder ocorre o
holding. Para o bebê conseguir se desenvolver de forma satisfatória se faz
importante uma presença e confiança, assim há um sustento maior
psicologicamente para ele.

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Segundo Kupfer (2009), o desenvolvimento infantil dependerá de ações


gerais da mãe que foram realizadas na primeira infância, nas relações afetivas,
corporais e simbólicas que é estabelecida entre a mãe-bebê nos primeiros anos de
vida. Desse modo, as atitudes da mãe para o bebê serão decisivas e influenciarão
para o desenvolvimento da personalidade do mesmo. Além da personalidade, a
saúde psíquica, caso haja falha na relação entre mãe-bebê

A TIPIFICAÇÃO DA MULHER E DOS CASAIS LÉSBICOS


Freud (1986) destacou que no século XX, a sexualidade feminina era
amplamente reprimida, o que pode parecer paradoxal, uma vez que atualmente
ainda persistem tabus em relação ao desejo sexual e à maternidade. A questão do
desejo sexual e o desejo materno continuam sendo tópicos sensíveis, criando
obstáculos para as mulheres. Hoje em dia, a sociedade impõe desafios para as
mulheres que desejam ser mães, incluindo barreiras econômicas e profissionais.
Muitas mulheres enfrentam dificuldades para equilibrar a maternidade com suas
carreiras, e são frequentemente prejudicadas em suas realizações profissionais
devido à maternidade e da imposição masculina como peça dominadora dentro da
engrenagem familiar, reforçado pela mídia, gerando culpa para as mulheres que não
se limitam à esfera doméstica e aos papéis patriarcais normativos de esposa e mãe

dedicadas” (Narvaz; Koller, 2005).


Além disso, quando a sociedade se depara com casais lésbicos que desejam
se tornar mães, o preconceito e a falta de compreensão se tornam ainda mais
evidentes, com perguntas frequentes como "quem é o pai?" perpetuando
estereótipos (Coelho; Reis, 2019). Essas questões mostram como a sexualidade, a
maternidade e as configurações familiares continuam a ser áreas complexas e
desafiadoras para as mulheres mesmo em tempos contemporâneos.
O processo de transformação no pensamento, movidos pela modificação da
mulher na sociedade provocou uma mudança paradigmática na sociedade e em
suas instituições, resultando em alterações nos costumes e valores. Isso levou a
uma redefinição das funções tradicionais de gênero, rompendo com a ideia de que o
homem era o único provedor da família. Nesse novo contexto, segundo Fiorin
(2014), as mulheres passaram a desempenhar papeis mais diversos e ganharam
independência econômica.

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A autora Giselda Hironaka (2013) discute como a estrutura familiar passou por
diversas etapas de transformação, acompanhadas de mudanças nos costumes e
valores. Essas mudanças culminaram na evolução das relações de gênero, com as
mulheres conquistando maior autonomia e participação em diferentes esferas da
sociedade.

SER LÉSBICA E SER MÃE

Ao decidirem ser mães, elas passam por um grande desafio, além dos
esforços econômicos, têm o preconceito da sociedade, para exercer a dupla
maternidade, a mulher lésbica que quer ser mãe precisa romper o controle imposto
sobre o seu corpo e sua sexualidade. A maternidade está vinculada apenas sobre
constituição de família, para algumas justificativas social a mulher é uma procriação,
vista apenas como um fato biológico e social. Mas, hoje, sabemos que a
maternidade vai, além disso, é uma construção social que acompanha o cuidado, o
envolvimento afetivo.
É notório na sociedade que mulheres lésbicas não podem engravidar ou ser
mães, pois se mostra que a mãe lésbica se vê amarrada por noção de gênero e de
personalidade e pensando que ao se declarar sobre sua homossexualidade,
significa perder o direito de viver a maternidade. O convívio social traz discurso de
incompatibilidade da pessoa ser lésbica e ter filhos.
Segundo o autor Weston (2003), pessoas homossexuais, quando declaram
sua homossexualidade, aceitam o que a sociedade generaliza sobre a orientação
sexual e como a uma incompatibilidade em ter uma família. Sendo assim essa
generalização veio a ideia que os homossexuais não representam uma família, uma
convicção que lésbicas e gays são incapazes de procriar e criar seus filhos, assim
criar laços de parentesco.
A maternidade lésbica existe, então, sim, lésbicas também são mães, novas
configurações familiares existem e precisam ser respeitadas, família em suas
diversidades de formas. A dupla maternidade compartilhada da função materna
entre suas mulheres que constituem atravessar várias formas, seja ela adoção,
tecnologias reprodutivas ou relacionamentos heterossexuais anteriores.
Autores como Carneiro (2011) e Butler (2016) conta sobre a invisibilidade
sobre a maternidade, quando falamos sobre maternidade, lésbicas, sobre as

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dificuldades sociais, os em fretamentos diários, principalmente no âmbito escolar.


Para ser mãe, não existem padrões, existe amor, afeto, responsabilidades com a
criança. Ser mãe vai além da sexualidade, a maternidade traz desejos, medos,
inseguranças, amor, alegria e anseios do que o mundo vai pensar sobre a união de
suas mulheres com seus filhos.
A maternidade lésbica entra em um processo revolucionário, que transforma
os padrões familiares tradicionais. Assim, a maternidade é um direito de todas
aquelas mulheres que forem ser mães, independente da sua orientação sexual. É
construir uma família, seja por adoção ou fertilização, é um ato de amor,
responsabilidade.

DESAFIOS NO PROCESSO ADOTIVO E A CO-PARENTALIDADE

A decisão de adoção é uma escolha central para casais lésbicos que


compartilham o sonho de construir uma família. No entanto, o caminho para a
maternidade por meio da adoção requer uma avaliação minuciosa dos
procedimentos legais e requisitos específicos, variando conforme a jurisdição em
que residem. Nesse percurso, as mães lésbicas embarcam em uma jornada de
compreensão das complexidades legais envolvidas no processo de adoção. Isso
implica uma imersão nas leis locais, compreendendo requisitos formais, prazos e
outros aspectos legais essenciais para garantir uma transição tranquila ao longo
desse processo (Lira, 2016).
Além disso, a escolha do tipo de adoção torna-se uma consideração crucial, e
representa uma decisão que terá um impacto significativo na dinâmica futura da
família. Adoções abertas permitem algum grau de contato entre a família biológica e
adotiva, enquanto adoções fechadas mantêm maior privacidade e separação entre
as partes. Diante dessas escolhas, mães lésbicas enfrentam um processo
desafiador, que vai além do simples desejo de se tornarem mães (Tombolato, 2019).
Cada etapa exige diligência, atenção aos detalhes legais e uma compreensão
profunda das implicações emocionais envolvidas na formação de uma família por
meio da adoção. No cerne dessa jornada está não apenas o desejo de
parentalidade, mas também a determinação em superar desafios, construindo laços
familiares sólidos e significativos.

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A decisão de adoção por parte de casais lésbicos é uma escolha que vai além
do simples desejo de parentalidade; é uma jornada complexa, marcada por uma
série de considerações legais, emocionais e sociais. Ao se aventurarem nesse
caminho, as mães lésbicas se deparam inicialmente com o desafio de compreender
e navegar pelos intrincados procedimentos legais associados à adoção em suas
respectivas jurisdições (Dias, 2011). Esse processo inicial exige não apenas um
entendimento pragmático, mas também uma consciência aguçada das implicações
emocionais envolvidas, uma vez que as mães lésbicas iniciam a jornada de construir
uma família por meio da adoção.
À medida que avançam nessas decisões, as mães lésbicas enfrentam um
desafio que vai além do aspecto prático; é uma jornada emocionalmente intensa.
Cada passo exige não apenas diligência na navegação por questões legais, mas
também uma abordagem sensível para lidar com as complexidades emocionais
envolvidas na formação de uma família por meio da adoção (Azeredo, 2018). No
âmago dessa jornada, está uma determinação inabalável em construir laços
familiares sólidos e significativos. Essa busca vai além dos desafios burocráticos,
abrangendo o desejo profundo de proporcionar um ambiente amoroso e acolhedor
para as crianças que serão integradas à família.
Em síntese, a decisão de adoção por parte de casais lésbicos é uma jornada
multifacetada, que exige não apenas uma compreensão profunda das nuances
legais, mas também uma sensibilidade aguçada para lidar com as complexidades
emocionais envolvidas. Desde a pesquisa incisiva das leis locais até a escolha do
tipo de adoção que melhor se alinha com seus valores e desejos, as mães lésbicas
enfrentam um caminho desafiador em sua busca por formar uma família (Santos,
2004).
Esta jornada reflete não apenas o desejo inabalável de parentalidade, mas
também a resiliência e a dedicação em superar obstáculos. No cerne de todo o
processo, está a aspiração de criar laços familiares sólidos e significativos,
proporcionando um ambiente amoroso e acolhedor para as crianças que se tornarão
parte integrante dessa nova configuração familiar (Tombolato, 2019). Ao enfrentarem
os desafios legais, emocionais e sociais, as mães lésbicas demonstram não apenas
a capacidade de adaptação, mas também a profunda determinação em construir
uma família que reflete o verdadeiro significado de amor e inclusão.

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ADOÇÃO E A CONCEPÇÃO ASSISTIDA


A trajetória da maternidade lésbica é permeada por decisões singulares que
delineiam a formação de uma família única. O ponto inicial envolve frequentemente
a escolha minuciosa dos métodos de concepção. Mães lésbicas enfrentam a
ponderação entre inseminação artificial, fertilização in vitro (FIV) ou a possibilidade
de envolver doadores conhecidos, cada opção carregando implicações financeiras,
emocionais e éticas que moldam diretamente o percurso (Azeredo, 2018).
Outro capítulo essencial nessa jornada é a decisão de adoção. Mães lésbicas
exploram os detalhes dos procedimentos legais e requisitos específicos para adoção
em sua jurisdição. A natureza da adoção, seja nacional ou internacional, aberta ou
fechada, é uma consideração que influencia profundamente a experiência de
construir uma família. A abordagem inovadora da co-parentalidade também se
destaca como uma opção (Ruiz, 2019). Algumas mães lésbicas optam por
compartilhar a responsabilidade parental com um parceiro ou até mesmo com
alguém que não seja um parceiro romântico. Esse arranjo requer uma deliberação
cuidadosa sobre acordos claros, estabelecendo fronteiras e definindo direitos
parentais para criar uma estrutura sólida para a jornada parental compartilhada.
No contexto da maternidade lésbica, a participação de terceiros, como
doadores de esperma em métodos de concepção assistida, adiciona uma camada
adicional de consideração. Critérios como características físicas, histórico médico e
a possibilidade de contato futuro são meticulosamente avaliados nesse processo de
tomada de decisão (Souza, 2008).
As decisões emocionais e psicológicas desempenham um papel central, com
mães lésbicas explorando seu desejo mútuo de envolvimento ativo na gestação e
criação dos filhos. Essas considerações transcendem o campo prático e mergulham
nas complexidades do vínculo emocional, construindo alicerces sólidos para a futura
dinâmica familiar. Ao tomar essas decisões, mães lésbicas também enfrentam o
desafio da aceitação social. A avaliação do apoio proveniente de familiares, amigos
e comunidade é um fator determinante que influencia as escolhas feitas na jornada
da maternidade lésbica (Lira; Morais, 2016).
Num panorama mais amplo, questões legais e financeiras revisitam,
moldando ainda mais o caminho da maternidade. A avaliação cuidadosa das leis
locais e o planejamento financeiro são partes integrantes desse processo dinâmico.

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Em última análise, a tomada de decisão na maternidade lésbica é uma narrativa


individualizada, onde cada escolha molda o contorno único de cada família. A
jornada, complexa e multifacetada, destaca a resiliência, a adaptabilidade e a
capacidade de criar laços familiares sólidos, independentemente dos caminhos
escolhidos (Corrêa, 2012).

O PONTO DE VISTA JURÍDICO NO CONTEXTO DE ADOÇÃO


O direito dos homossexuais de exercerem a parentalidade é contemplado
dentro do escopo dos direitos fundamentais. Ele é assegurado pelos princípios da
igualdade, do pluralismo e da não-discriminação, sendo reconhecido como um
direito inalienável de todo ser humano. Esse direito encontra inspiração no respeito
à dignidade humana e na condição de cidadão. A adoção surge como uma das
opções mais praticáveis para indivíduos homossexuais e até mesmo para casais
heterossexuais que enfrentam dificuldades para conceberem filhos biológicos (Dias,
2011).
Nesse contexto, torna-se um caminho viável para a vivência da paternidade
e/ou maternidade, proporcionando oportunidades de formar uma família além das
limitações biológicas. Em alguns países já são legalmente permitidas essas
adoções, como: Holanda, Suécia, Dinamarca e Islândia, tornando real o projeto
parental homoafetivo. No Brasil, não há legislação que vede a adoção por casais
homossexuais, nem tão pouco, autorizando-a (Dias, 2011).
O Artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal de 1988 proclama que
"Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de Lei". Quando não há uma proibição legal explícita, não é justificável exigir que um
indivíduo, devido à sua orientação sexual não convencional, seja privado do direito
de adotar, a menos que a Lei assim o determine (Alves Junior, 2013). No entanto,
aqueles que se opõem ao direito dos homossexuais de formar uma família através
do parentesco civil geralmente argumentam que não se deve permitir que uma
criança ou adolescente conviva com alguém que leve uma vida considerada
desregrada, fora dos padrões socialmente estabelecidos como normais. Esta
perspectiva sugere que tal convivência pode resultar em um desenvolvimento
psicológico e social prejudicado.
Segundo Silva (2008), estes argumentos, de maioria predominantemente
rasos e baseados exclusivamente em meras suposições carregadas de preconceito,

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não determinam que a orientação sexual do indivíduo molde a sua conduta e que
possa prejudicar o desenvolvimento de uma criança sob seus cuidados. Já
Figueiredo (2007, p. 126 - 128), enfatiza que “ter pai ou mãe lésbica pode ser motivo
de discriminação, velada ou não”, e “além de obstáculos nas relações sociais, não é
raro que filhos de pais homossexuais enfrentem problemas de ordem emocional,
principalmente quando se encontram na adolescência. ”
Resolver o preconceito contra casais homossexuais que decidem criar filhos é
um desafio complexo que envolve ações em várias frentes, requer esforços
coordenados e contínuos de diferentes setores da sociedade, visando criar um
ambiente mais inclusivo e respeitoso para todos os tipos de famílias. Para Santos
(2018, página 105) algumas sugestões no âmbito da educação, da legislação, das
políticas públicas e sociais, e do diálogo religioso, podem incluir:
● Implementar programas educacionais que promovam a diversidade
familiar nas escolas;

● Desenvolver campanhas de conscientização para combater


estereótipos e preconceitos;

● Reforçar e ampliar leis que protejam os direitos de casais


homoafetivos em relação à adoção e criação de filhos;

● Desenvolver políticas públicas que incentivem a igualdade e a


inclusão;

● Oferecer suporte psicológico para famílias homoafetivas que


enfrentam preconceito, tanto por meio de organizações
governamentais quanto não governamentais;

● Promover histórias de sucesso de famílias homoafetivas na mídia


para desconstruir estigmas e mostrar exemplos positivos;

● Incentivar a representação diversificada em programas de


televisão, filmes e outros meios de comunicação;

● Facilitar o diálogo entre grupos religiosos e a comunidade LGBT+,


buscando entendimento mútuo e respeito pelas diferentes formas
de vida;

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● Trabalhar para a inclusão de casais homoafetivos e seus filhos nas


comunidades religiosas, promovendo a aceitação e a igualdade;

● Proporcionar treinamento para profissionais de saúde, educação e


assistência social sobre como lidar com questões relacionadas à
diversidade familiar;

● Estabelecer redes de apoio comunitário para que as famílias


homoafetivas possam compartilhar experiências e enfrentar
desafios juntas.

Sendo assim, a resolução do preconceito contra casais homossexuais que


decidem criar filhos demanda uma abordagem abrangente, que, segundo Dias
(2012) envolvem esforços tanto ao nível social quanto individual. No nível individual,
o combate ao preconceito começa com a educação pessoal e a desconstrução de
estereótipos. Já socialmente, a resolução do preconceito contra casais
homossexuais que decidem criar filhos implica uma transformação profunda nos
valores e nas normas culturais.
A implementação de programas educacionais amplos, visando promover a
diversidade familiar desde a infância, é crucial. Isso envolve não apenas a inclusão
de temas relacionados à diversidade sexual nos currículos escolares, mas também
campanhas de conscientização em larga escala, destacando a importância da
aceitação e do respeito a todas as formas de família.
Segundo a autora Berenice Dias (2009), pode-se observar uma discrepância
na evolução sociológica experimentada pela sociedade contemporânea e a aparente
falta de congruência dessa evolução com o arcabouço jurídico nacional. Esta
disparidade se manifesta notadamente no contexto da família, onde se verificam
mudanças substanciais e complexas que ainda carecem de regulamentação legal
adequada. A família homoafetiva, por exemplo, emerge como um fenômeno
relevante no panorama social, desafiando a estrutura conceitual tradicional.
Maria Berenice Dias (1948), renomada jurista brasileira, advogada, professora
e autora de obras jurídicas reconhecidas, como o Manual de Direito das Famílias e
conhecida por suas contribuições significativas no campo do casamento homoafetivo
e das questões relacionadas à diversidade familiar, foi a precursora na defesa dos
direitos das pessoas LGBTQ+ e na promoção da igualdade de gênero no contexto

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jurídico brasileiro. Pela Constituição Federal de 1998, artigo 226 é um dos principais
dispositivos que trata da família. Ele estabelece que a família é a base da sociedade
e que ela possui especial proteção do Estado. Além disso, o artigo reconhecia-a
como a união estável entre um homem e uma mulher ou a entidade familiar formada
por qualquer um dos pais e seus descendentes. Entretanto, em julho de 2022, essa
emenda trouxe importantes mudanças no texto constitucional relacionadas ao
casamento, garantindo igualdade de direitos para casais do mesmo sexo no que diz
respeito ao casamento civil EMENDA CONSTITUCIONAL, Nº 124/2022. Isso
representou um avanço significativo na igualdade de direitos no Brasil. Miranda
(2013) reforça que:

No entanto, a jurisprudência se incumbiu de tratar das relações entre


homossexuais. Para tanto, a fim de demonstrar o papel jurisprudencial
em tal matéria, se traz ao presente artigo a decisão inédita proferida pelo
Supremo Tribunal Federal – STF, o qual decidiu, por unanimidade, em 5
de maio de 2011, reconhecer a união homoafetiva no Brasil, situação
essa que até o momento não possui disposição legal específica
(Brasil,2011).

O Poder Judiciário, diante dessa carência de legislação específica, assume


um papel de destaque ao adotar uma abordagem interpretativa flexível para lidar
com os conflitos que surgem nessa lacuna normativa. Esta interpretação
contextualizada busca adaptar o direito existente à realidade em evolução,
garantindo a proteção dos direitos e interesses das partes envolvidas (Miranda,
2013). Contudo, a necessidade de recorrer ao Judiciário para dirimir questões que
poderiam ser mais adequadamente tratadas por uma legislação atualizada revela
uma falha sistêmica.
Considerando a falta de reconhecimento das famílias homoafetivas e as
ramificações que isso gera para os indivíduos envolvidos e para a sociedade em
geral, tornou-se evidente a necessidade de explorar de forma mais profunda o
processo da maternidade compartilhada por duas mulheres. Isso nos permite
destacar os desafios enfrentados por essas mães em suas vidas diárias,
particularmente quando se trata de criar uma criança (Chabot e Ames, 2004).
Os textos apresentados trazem as características de narrativas de mulheres
lésbicas que se identificam como mães, mostram o processo de construção, da

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identidade materna e o julgamento da sociedade. Mulher não nasce mãe, a mulher


ela tem uma escolha a se fazer, ela escolhe se quer ser mães ou não. Quando se
fala em mães lésbicas o preconceito é bastante disseminado ainda, a uma
expectativa e um preconceito da sociedade, precisam-se desconstruir conceitos
conservadores, um caminho de novas configurações de família, mas ampliada, seja
ela biológica ou adoção (Weston, 2003).
O processo de adoção por casais lésbicos traz consigo desafios específicos,
embora a legislação permita essa prática. A co-paternidade, referindo-se à
participação ativa de ambas as mães na criação e educação da criança, é um
componente crucial nesse cenário. A regulamentação que permite a inclusão do
nome de ambas as mães na certidão de nascimento contribui para garantir os
direitos e a filiação da criança, proporcionando uma base jurídica sólida para a
família (Ruiz, 2019).
Entretanto, apesar dos avanços legais, a sociedade muitas vezes perpetua
estereótipos em relação aos casais lésbicos. Estereótipos de gênero e papéis
tradicionalmente associados a mães e pais podem influenciar a percepção pública
da maternidade lésbica. Combater esses estereótipos é fundamental para promover
uma compreensão mais ampla e inclusiva das diversas formas de família.
Em suma, a maternidade lésbica, especialmente quando envolve o processo
de adoção e a co-paternidade, representa uma expressão legítima de diversidade
familiar. O papel jurídico desempenha um papel crucial na consolidação dessas
famílias, mas a sociedade ainda enfrenta desafios na superação de estereótipos e
na promoção de uma aceitação plena da diversidade familiar. A contínua educação e
conscientização são essenciais para construir uma sociedade mais inclusiva e
respeitosa das diferentes formas de parentalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÕES

O artigo se propôs aprofundar esse debate e explorar as mudanças na


dinâmica social relacionadas à maternidade no contexto lésbico. A pesquisa
constatou-se uma insuficiência de estudos que retratassem sobre mulheres lésbicas
que optam pela maternidade e sobre as ramificações sobre a familia, elas enfrentam
maior vulnerabilidade social devido à crença generalizada de que a maternidade é
incompatível com sua orientação sexual. O processo de mulheres lésbicas na

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maternidade é desafiador, e essas mulheres lutam por uma cidadania mais inclusiva,
onde a orientação sexual não seja motivo de exclusão na sociedade. Isso destaca a
necessidade de combater o preconceito e promover uma sociedade mais acolhedora
e igualitária para todas as formas de famílias.
Percebeu-se que os objetivos dessa pesquisa foram alcançados mostra
sobre importância da temática no meio social, para o entendimento maior sobre
novas formas de família, e como a maternidade de mulheres lésbicas passar por
dificuldade, seja adotiva ou por reprodução, como a sociedade ainda não está
preparada.
Estudos como esse são fundamentais por contribuir para compreensão da
luta das mulheres lésbicas pela reprodução ou adoção, bem como para examinar as
implicações da maternidade lésbica no desenvolvimento das crianças e no campo
da saúde.
Sugere-se a continuidade de pesquisas que abordem a temática para
discussões mais aprofundadas a respeito das novas dinâmicas familiares e
maternidade lésbica. O que pode proporcionar melhor compreensão da realidade
vivida pelas mães lésbicas, podendo beneficiar os grupos familiares e a sociedade
na totalidade.

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