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O Problema da Autoridade Política 1st


Edition Michael Huemer

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O Problema da
Autoridade Política
Um Exame do Direito de Coagir
e do Dever de Obedecer

Michael Huemer
O Problema da
Autoridade Política
Um Exame do Direito de Coagir
e do Dever de Obedecer

Michael Huemer
Universidade do Colorado em Boulder

Giácomo de Pellegrini
Tradução

Igor R. & Julio L.


Edição e Notas

Sociedade Aberta
Conteúdo

Prefácio viii

I A Ilusão da Autoridade 1
1 O Problema da Autoridade Política 2
1.1 Uma parabola política 2
1.2 O conceito de autoridade: uma primeira passagem 4
1.3 Ações versus agentes: a necessidade de autoridade 6
1.4 O significado de coerção e o alcance da autoridade 7
1.5 O conceito de autoridade: uma segunda passagem 10
1.6 Um comentário sobre metodologia 13
1.7 Plano do livro 16

2 A Teoria Tradicional do Contrato Social 18


2.1 A ortodoxia do contrato social 18
2.2 A teoria do contrato social explícito 19
2.3 A teoria do contrato social implícito 20
2.4 Condições para acordos válidos 22
2.5 O contrato social é válido? 25
2.5.1 A dificuldade de optar por não participar 25
2.5.2 A falta de reconhecimento da dissidência explícita 27
2.5.3 Imposição incondicional 28
2.5.4 Ausência de obrigação mútua 29
2.6 Conclusão 32

3 A Teoria do Contrato Social Hipotético 33


3.1 Argumentos do consentimento hipotético 33
3.2 Consentimento hipotético na ética comum 34
3.3 Consentimento hipotético e razoabilidade 36
3.3.1 Concordância hipotética como evidência de razoabilidade 36
3.3.2 Pode ser alcançado um acordo? 37

i
CONTEÚDO ii

3.3.3 A validade do consentimento hipotético 40


3.4 Consentimento hipotético e restrições éticas 42
3.4.1 A teoria do contrato de Rawls como uma defesa da autoridade 42
3.4.2 Pode ser alcançado um acordo? 45
3.4.3 A validade do consentimento hipotético, parte 1: o apelo a
resultados justos 47
3.4.4 A validade do consentimento hipotético, parte 2: condições
suficientes para um raciocínio moral confiável 48
3.4.5 A validade do consentimento hipotético, parte 3: condições
necessárias para um raciocínio moral confiável 51
3.5 Conclusão 53

4 A Autoridade da Democracia 55
4.1 Majoritarismo ingênuo 55
4.2 Democracia deliberativa e legitimidade 56
4.2.1 A ideia de democracia deliberativa 56
4.2.2 Democracia deliberativa como fantasia 57
4.2.3 A irrelevância da deliberação 60
4.3 Igualdade e autoridade 61
4.3.1 O argumento da igualdade 61
4.3.2 Uma teoria da justiça absurdamente exigente? 64
4.3.3 Apoiando a democracia através da obediência 66
4.3.4 A igualdade democrática é exclusivamente pública? 67
4.3.5 Respeitando os julgamentos de outras pessoas 69
4.3.6 Coerção e tratando os outros como inferiores 70
4.3.7 Da obrigação para a legitimidade? 72
4.4 Conclusão 74

5 Consequencialismo e Equidade 76
5.1 Argumentos consequencialistas para obrigação política 76
5.1.1 A estrutura dos argumentos consequencialistas para obriga-
ção política 76
5.1.2 Os benefícios do governo 76
5.1.3 O dever de fazer o bem 78
5.1.4 O problema da redundância individual 79
5.2 Consequencialismo de regras 80
5.3 Equidade 81
5.3.1 A teoria da equidade da obrigação política 81
5.3.2 Obediência como custo de bens políticos 83
5.3.3 Obrigação política para dissidentes 86
5.3.4 Particularidade e a questão de bens alternativos 87
CONTEÚDO iii

5.4 O problema da legitimidade 88


5.4.1 Uma explicação consequencialista da legitimidade 88
5.4.2 Abrangência e independência de conteúdo 89
5.4.3 Supremacia 93
5.5 Conclusão 94

6 A Psicologia da Autoridade 96
6.1 A relevância da psicologia 96
6.1.1 Este livro é perigoso? 96
6.1.2 O apelo à opinião popular 97
6.2 O experimento de Milgram 100
6.2.1 Método 100
6.2.2 Previsões 102
6.2.3 Resultados 102
6.2.4 Os perigos da obediência 103
6.2.5 A falta de confiabilidade de opiniões sobre autoridade 104
6.3 Dissonância cognitiva 105
6.4 Demonstração social e viés de status quo 108
6.5 O poder da estética política 110
6.5.1 Símbolos 110
6.5.2 Rituais 112
6.5.3 Linguagem de autoridade 114
6.6 Síndrome de Estocolmo e o carisma do poder 117
6.6.1 O fenômeno da Síndrome de Estocolmo 117
6.6.2 Por que a Síndrome de Estocolmo ocorre? 119
6.6.3 Quando ocorre a Síndrome de Estocolmo? 120
6.6.4 Os cidadãos comuns são propensos à Síndrome de Estocolmo?121
6.7 Estudos de caso sobre abuso de poder 123
6.7.1 My Lai revisitado 123
6.7.2 O Experimento Prisional de Stanford (EPS) 125
6.7.3 Lições do EPS 125
6.8 Conclusão: anatomia de uma ilusão 128

7 E se Não Existir Autoridade? 130


7.1 Algumas implicações políticas 131
7.1.1 Prostituição e moralismo legal 131
7.1.2 Drogas e paternalismo 132
7.1.3 Rent seeking 134
7.1.4 Imigração 135
7.1.5 A proteção dos direitos individuais 136
7.1.6 Tributação e financiamento do governo 138
CONTEÚDO iv

7.2 O caso da ajuda aos pobres 141


7.2.1 Bem-estar e criança afogando 141
7.2.2 A utilidade dos programas antipobreza 142
7.2.3 Os programas antipobreza são direcionados adequadamente?145
7.2.4 Um choque de analogias: criança afogando e assalto para
caridade 147
7.2.5 No caso do acima mencionado estiver errado 152
7.3 Implicações para os agentes do Estado 153
7.4 Implicações para cidadãos particulares 155
7.4.1 Em louvor aos desobedientes 155
7.4.2 A aceitação da punição 156
7.4.3 Resistência violenta 158
7.4.4 Em defesa da anulação do júri (jury nullification) 160
7.5 Objeções em apoio ao culto à regra 161
7.5.1 Todos podem fazer o que desejam? 161
7.5.2 Processo versus substância 163
7.5.3 Minando a ordem social? 164
7.5.4 As consequências da doutrina da independência do conteúdo166
7.6 Uma modesta fundamentação libertária 167

II Sociedade sem Autoridade 172


8 Avaliando as Teorias Sociais 173
8.1 Observações gerais sobre a avaliação racional das teorias sociais 173
8.1.1 A avaliação racional é comparativa 173
8.1.2 A avaliação racional é abrangente 174
8.1.3 Variedades de governo e anarquia 174
8.1.4 Contra o viés do status quo 175
8.2 Uma concepção simplificada da natureza humana 177
8.2.1 Os seres humanos são aproximadamente racionais 177
8.2.2 Os seres humanos estão cientes do seu ambiente 178
8.2.3 Os seres humanos são egoístas, mas não sociopatas 179
8.2.4 A favor da simplificação 181
8.2.5 Uma aplicação histórica 182
8.3 Utopia e realismo 183
8.3.1 O princípio do realismo 183
8.3.2 Prescrição para um anarquismo realista 184
8.3.3 Contra o estatismo utópico 186

9 A Lógica da Predação 188


CONTEÚDO v

9.1 O argumento hobbesiano para o governo 188


9.2 Predação no estado de natureza 190
9.2.1 Considerações da teoria dos jogos 190
9.2.2 Condições sociais que afetam a prevalência de violência 192
9.2.3 Violência entre Estados 194
9.3 Predação em um Estado totalitário 195
9.4 Predação sob democracia 197
9.4.1 A tirania da maioria 198
9.4.2 O destino dos não-eleitores 198
9.4.3 Ignorância e irracionalidade dos eleitores 199
9.4.4 Ativismo: uma solução utópica 203
9.4.5 A mídia: o cão de guarda adormecido 204
9.4.6 O milagre da agregação 206
9.4.7 As recompensas pelo fracasso 208
9.4.8 Limites constitucionais 210
9.4.9 Sobre freios, contrapesos e separação de poderes 215
9.5 Conclusão 216

10 Segurança Individual em uma Sociedade sem Estado 218


10.1 Um sistema de justiça não-estatal 218
10.1.1 Agências de proteção 218
10.1.2 Empresas de arbitragem 219
10.2 Isso é anarquia? 220
10.3 Conflito entre protetores 221
10.3.1 Os custos da violência 221
10.3.2 Oposição ao assassinato 222
10.3.3 Conflito entre governos 224
10.4 Proteção para criminosos 226
10.4.1 A rentabilidade da aplicação de direitos 226
10.4.2 Proteção criminal por governos 227
10.5 Justiça à venda 228
10.5.1 Direito preexistente 228
10.5.2 Baseando a lei na justiça 229
10.5.3 Comprando justiça do governo 230
10.6 Segurança para os pobres 231
10.6.1 As empresas servem os pobres? 231
10.6.2 Quão bem o governo protege os pobres? 232
10.7 A qualidade da proteção 232
10.8 Crime organizado 234
10.9 Proteção ou extorsão? 237
10.9.1 A disciplina da competição 237
CONTEÚDO vi

10.9.2 Extorsão pelo governo 239


10.10 Monopolização 240
10.10.1 A vantagem do tamanho em combate 240
10.10.2 Determinando o tamanho eficiente das empresas 241
10.10.3 Monopólio do governo 243
10.11 Colusão e cartelização 244
10.11.1 O problema tradicional dos carteis 244
10.11.2 Cartelização por ameaça de força 245
10.11.3 Cartelização por negação de proteção estendida 246
10.12 Associações de proprietários residenciais (APR) versus governo 248
10.13 Conclusão 249

11 Justiça Criminal e Resolução de Disputas 251


11.1 A integridade dos árbitros 251
11.2 Manipulação corporativa 253
11.3 Recusando arbitragem 255
11.4 Por que obedecer os árbitros? 256
11.5 A fonte da lei 257
11.6 Punição e restituição 258
11.7 Crimes não compensáveis 259
11.8 Restituição excessiva 260
11.9 A qualidade da lei e da justiça sob uma autoridade central 263
11.9.1 Condenações injustas 264
11.9.2 Excesso de oferta da lei 266
11.9.3 O preço da justiça 268
11.9.4 O fracasso da prisão 269
11.9.5 Reforma ou anarquia? 270
11.10 Conclusão 271

12 Guerra e Defesa da Sociedade 273


12.1 O problema da defesa da sociedade 273
12.2 Defesa não-governamental 274
12.2.1 Guerra de guerrilha 274
12.2.2 A dificuldade de conquistar um território não governado 276
12.2.3 Resistência não-violenta 276
12.2.4 Conclusões 279
12.3 Evitando conflitos 280
12.3.1 Agressão humana natural 281
12.3.2 Terra e recursos 282
12.3.3 Espirais de conflito e disputas entre governos 283
12.3.4 Relações de poder 286
CONTEÚDO vii

12.3.5 A paz democrática liberal 287


12.3.6 Se você deseja guerra, prepare-se para a guerra 290
12.4 Evitando o terrorismo 294
12.4.1 A ameaça terrorista 294
12.4.2 As raízes do terrorismo 296
12.4.3 Soluções violentas e não-violentas 298
12.5 Os perigos da “segurança nacional” 300
12.5.1 O risco de agressão injusta 300
12.5.2 O risco de um desastre global 302
12.6 Conclusão 303

13 Da Democracia à Anarquia 305


13.1 Contra o viés do presente: as perspectivas de mudança radical 305
13.2 Passos em direção à anarquia 309
13.2.1 Terceirização de funções judiciais 309
13.2.2 Terceirização de funções policiais 310
13.2.3 O fim dos exércitos permanentes 311
13.2.4 O resto do caminho 312
13.3 A expansão geográfica da anarquia 313
13.4 A importância das ideias 314
13.5 Conclusão 317
13.5.1 O argumento da parte I 317
13.5.2 O argumento da parte II 319
13.5.3 O argumento deste capítulo 320

Referências 322
Prefácio

Este livro aborda o problema fundamental da filosofia política: o problema de


prestar contas à autoridade do governo. Essa autoridade sempre me pareceu
intrigante e problemática. Por que 535 pessoas em Washington deveriam ter o
direito de emitir ordens para 300 milhões de pessoas? E por que os outros devem
obedecer? Essas perguntas, como afirmo nas páginas a seguir, não têm respostas
satisfatórias.
Por que isso é importante? Quase todo discurso político se concentra em que
tipo de políticas o governo deve fazer, e quase todo mundo – seja na filosofia po-
lítica ou nos fóruns populares – pressupõe que o governo tenha um tipo especial
de autoridade para emitir ordens para o resto da sociedade. Quando discutimos
sobre qual deveria ser a política de imigração do governo, por exemplo, nor-
malmente pressupomos que o Estado tenha o direito de controlar o movimento
de entrada e saída do país. Quando discutimos sobre a melhor política tributá-
ria, pressupomos que o Estado tenha o direito de obter riqueza dos indivíduos.
Quando discutimos sobre a reforma da saúde, pressupomos que o Estado tenha
o direito de decidir como a assistência médica deve ser prestada e paga. Se, como
espero convencê-lo, esses pressupostos estão equivocados, quase todo o nosso
discurso político atual está equivocado e deve ser fundamentalmente repensado.
Quem deveria ler esse livro? As questões abordadas aqui são relevantes para
qualquer pessoa interessada em política e governo. Espero que meus colegas
filósofos aproveitem, mas também espero que alcance além desse pequeno grupo.
Portanto, tentei minimizar o jargão acadêmico e manter a redação o mais clara e
direta possível. Não pressuponho nenhum conhecimento especializado.
Este é um livro de ideologia extremista? Sim e não. Defendo algumas con-
clusões radicais nas páginas seguintes. Mas, embora eu seja extremista, sempre
me esforcei para ser razoável. Eu raciocino com base no que me parecem juízos
éticos de senso comum. Não suponho uma grande teoria filosófica controversa,
uma interpretação absolutista de algum valor particular ou um conjunto de afir-
mações empíricas duvidosas. Isso quer dizer que, embora minhas conclusões
sejam altamente controversas, minhas premissas não são. Além disso, tenho me
esforçado para abordar pontos de vista alternativos de maneira justa e razoável.

viii
Prefácio ix

Considero detalhadamente as tentativas mais interessantes e plausíveis de justifi-


car a autoridade governamental. Quando se trata de minha própria visão política,
abordo todas as importantes objeções encontradas na literatura e na tradição oral.
Sendo a política como é, não posso esperar convencer partidários comprometidos
de outras ideologias. Meu objetivo, no entanto, é convencer aqueles que mantém
a mente aberta em relação ao problema da autoridade política.
O que há neste livro? Os capítulos 2 a 5 discutem teorias filosóficas sobre a base
da autoridade do Estado. O capítulo 6 discute evidências psicológicas e históricas
sobre nossas atitudes em relação à autoridade. O capítulo 7 faz a pergunta, se não
há autoridade, como os cidadãos e funcionários do governo devem se comportar?
É aqui que as recomendações práticas mais imediatas aparecem. A parte II do
livro propõe uma estrutura social alternativa não baseada em autoridade. Os
capítulos 10 a 12 abordam os problemas práticos mais óbvios para essa sociedade.
O último capítulo discute se e como as mudanças que recomendo podem ocorrer.
Desejo agradecer a alguns amigos e colegas que me ajudaram neste livro.
Bryan Caplan, David Boonin, Jason Brennan, Gary Chartier, Kevin Vallier, Matt
Skene, David Gordon e Eric Chwang fizeram comentários valiosos que ajudaram
a eliminar erros e melhorar o texto em vários lugares. Sou grato pela generosidade
deles. Se houver algum erro, o leitor pode procurar esses professores e perguntar
por que não os corrigiram. O trabalho foi concluído com a ajuda de um fellowship
do Centro de Ciências Humanas e Artes da Universidade do Colorado no ano
acadêmico de 2011-12, pelo qual também sou grato por essa assistência.
Parte I
A Ilusão da Autoridade

1
1

O Problema da Autoridade Política

1.1 Uma parabola política


Vamos começar com uma pequena história política. Você mora em uma pequena
vila com um problema de crime. Vândalos vagam pela vila, roubando e des-
truindo as propriedades das pessoas. Parece que ninguém está fazendo nada
a respeito. Então, um dia, você e sua família decidem acabar com isso. Você
pega suas armas e sai para procurar os vândalos. Periodicamente, você pega um,
leva-o de volta para sua casa com uma arma e o tranca no porão. Você fornece
comida aos prisioneiros para que eles não passem fome, mas planeja mantê-los
trancados no porão por alguns anos para ensinar-lhes uma lição.
Depois de operar dessa maneira por algumas semanas, você decide percorrer
o bairro, começando com o vizinho do lado. Quando ele atende a porta, você
pergunta: “Você notou a redução do crime nas últimas semanas?” Ele assente.
“Bem, isso é graças a mim.” Você explica seu programa anticrime. Observando
o olhar cauteloso no rosto do seu vizinho, você continua. “De qualquer forma,
estou aqui porque é hora de cobrar sua contribuição para o fundo de prevenção
ao crime. Sua fatura do mês é de $100,00.”
Enquanto seu vizinho olha para você, sem fazer nenhum movimento aparente
para entregar o dinheiro, você pacientemente explica que, se ele se recusar a
fazer o pagamento exigido, infelizmente você terá que rotulá-lo de criminoso;
nesse ponto, ele estará sujeito a um confinamento de longo período em seu porão,
juntamente com os vândalos acima mencionados. Indicando a pistola no seu
quadril, você nota que está preparado para pegá-lo à força, se necessário.
Supondo que você adote essa atitude com todos os seus vizinhos, que tipo de
recepção você poderia esperar? Cederia alegremente sua parcela dos custos da
prevenção ao crime?

2
1. O Problema da Autoridade Política 3

Não é provável. Com toda a probabilidade, você observaria o seguinte. Pri-


meiro, quase ninguém concorda que os vizinhos lhe devem alguma coisa. En-
quanto alguns podem pagar por medo de prisão em seu porão e alguns podem
pagar por hostilidade contra os vândalos, quase nenhum se consideraria obrigado
a pagá-lo. Aqueles que se recusaram a pagar provavelmente seriam louvados
ao invés de condenados por enfrentar você. Segundo, a maioria consideraria
suas ações ultrajantes. Suas demandas por pagamento seriam condenadas como
extorsão total e o confinamento daqueles que se recusassem a pagar como se-
questro. A sua conduta muito ultrajante, combinada com sua presunção iludida
de que o resto da vila reconheceria a obrigação de apoiá-lo, faria com que muitos
questionassem sua sanidade.
O que essa história tem a ver com a filosofia política? Na história, você se
comportou como um governo rudimentar. Embora você não tenha assumido
todas as funções de um Estado típico e moderno, assumiu dois de seus papéis
mais centrais: puniu pessoas que violavam os direitos de outras pessoas ou
desobedeceu aos seus comandos e coletou contribuições não voluntárias para
financiar suas atividades. No caso do governo, essas atividades são chamadas de
sistema de justiça criminal e sistema tributário. No seu caso, são chamados de
sequestro e extorsão. Em face disso, suas atividades são do mesmo tipo que as
de um governo. No entanto, a avaliação do governo pela maioria das pessoas é
muito mais branda do que a avaliação de você na história. A maioria das pessoas
apoia a prisão de criminosos pelo Estado, sente-se obrigada a pagar seus impostos
e considera a punição dos sonegadores desejável e dentro dos direitos do Estado.
Isso ilustra uma característica geral de nossas atitudes em relação ao governo.
Os governos são considerados eticamente autorizados a fazer coisas que ne-
nhuma pessoa ou organização não-governamental pode fazer. Ao mesmo tempo,
pensa-se que os indivíduos têm obrigações com seus governos que não deveriam
para pessoa alguma ou organização não-governamental, mesmo que agentes não-
governamentais se comportassem de maneira semelhante a um governo. Este não
é simplesmente uma questão sobre a lei, nem sobre que tipo de ações podemos
fugir. A questão é que nossos julgamentos éticos diferenciam bastante entre ações
governamentais e não-governamentais. Atos que seriam considerados injustos
ou moralmente inaceitáveis quando praticados por agentes não-governamentais
geralmente serão considerados perfeitamente corretos, e até dignos de elogio,
quando praticados por agentes governamentais. Daqui em diante, usarei “obri-
gação” para me referir a obrigações éticas, em vez de meras obrigações legais; da
mesma forma para “direitos”.1
1
Alguns pensadores distinguem obrigações de deveres (Hart 1958, 100-4; Brandt 1964). Daqui
em diante, no entanto, uso “obrigação” e “dever” de forma intercambiável para denotar qualquer
requisito ético.
1. O Problema da Autoridade Política 4

Por que concedemos esse status moral especial ao governo e somos justificados
ao fazê-lo? Este é o problema da autoridade política.

1.2 O conceito de autoridade: uma primeira passa-


gem
O que é isso no pensamento moral comum que diferencia suas ações na história
acima das ações de um governo? De um modo geral, dois tipos de explicação
podem ser dadas. Um tipo de explicação é que, apesar das aparências, os dois
comportamentos são diferentes, que o governo não está realmente fazendo a
mesma coisa que o vigilante. Por exemplo, suponha-se que a diferença crucial
seja que o vigilante (você na história) não dá julgamentos justos aos vândalos,
como o governo (em alguns países) faz àqueles em que procura punir. Isso
poderia explicar por que o comportamento do vigilante é menos legítimo do que
o do governo.
O outro tipo de explicação é que os dois agentes são diferentes.2 Ou seja, o
governo pode estar fazendo as mesmas coisas que o vigilante, mas quem executa
faz toda a diferença. Você deve ser condenado na história, não porque não imita
fielmente o governo, mas porque está agindo como um governo, embora não seja
o governo.
É esse segundo tipo de explicação que caracterizo como uma invocação de
autoridade política. Autoridade política (doravante, apenas “autoridade”) é
a propriedade moral hipotética em virtude da qual os governos podem coagir
as pessoas de certas maneiras que não são permitidas a mais ninguém e em
virtude da qual os cidadãos devem obedecer aos governos em situações nas quais
não seriam obrigados a obedecer a mais alguém. A autoridade, então, tem dois
aspectos:

i Legitimidade política: o direito, por parte de um governo, de fazer certos


tipos de leis e aplicá-las por coerção contra os membros de sua sociedade –
em suma, o direito de governar.3
2
Deixo a distinção entre características do agente e características da ação em um nível intuitivo.
“As características da ação” devem ser tomadas de alguma forma para excluir características como
“ter sido executada por um agente desse tipo”. Da mesma forma, “características do agente” não
devem incluir itens como “ser tal que ele executa ações de tal e tal tipo”.
3
Uso “autoridade”, “legitimidade” e “obrigação política” em sentidos técnicos estipulados.
Meu uso de “autoridade” e “legitimidade” segue aproximadamente o de Buchanan (2002), mas
não exijo que obrigações políticas sejam devidas especificamente ao Estado. O alegado direito
de governar do Estado deve ser entendido como um direito de justificação, e não um direito de
reivindicação (Ladenson 1980, 137-9); isto é, permite que o Estado faça certas coisas em vez de
1. O Problema da Autoridade Política 5

ii Obrigação política: a obrigação dos cidadãos obedecerem a seu governo,


mesmo nas circunstâncias em que um não seria obrigado a obedecer ordens
semelhantes emitidas por um agente não-governamental.

Se um governo tem “autoridade”, então (i) e (ii) existem: o governo tem o


direito de governar e os cidadãos têm a obrigação de obedecer.
Ter obrigações políticas não significa apenas que é preciso fazer as coisas que
a lei ou outros comandos governamentais exigem.4 Por exemplo, a lei proíbe o
assassinato, e temos o dever moral de não matar. Mas isso não basta para estabe-
lecer que temos “obrigações políticas”, porque seríamos moralmente obrigados a
não matar, mesmo que não houvesse lei contra isso. Mas há outros casos em que,
segundo a opinião popular, somos obrigados a fazer as coisas exatamente porque
a lei as ordena, e não seríamos obrigados a fazer essas coisas se elas não fossem
legalmente exigidas. Por exemplo, a maioria acredita que somos obrigados a
pagar impostos sobre nossa renda em países que exigem isso legalmente e que
somos obrigados a pagar o valor específico exigido pelo código tributário. Quem
pensa que os impostos são muito altos não se sente autorizado a sonegar uma
parte de seus impostos. Quem pensa que os impostos são baixos demais não
se sente obrigado a enviar dinheiro extra ao governo. E se a lei mudasse para
que o imposto de renda não fosse legalmente exigido, não seria mais necessário
pagar ao governo essa parte da receita da pessoa. Assim, na mente popular, a
obrigação de pagar imposto de renda é uma obrigação política.5
Aqueles que acreditam em autoridade política não precisam sustentar que
a autoridade política é incondicional ou absoluta, nem precisam sustentar que
todos os governos a possuem. Pode-se sustentar, por exemplo, que a autoridade
do Estado depende de respeitar os direitos humanos básicos e de permitir aos
cidadãos um certo nível de participação política; assim, os governos tirânicos
não têm autoridade. Pode-se também sustentar que mesmo um governo legítimo
não pode ordenar uma pessoa, por exemplo, a cometer assassinato, nem que
um cidadão seja obrigado a obedecer tal ordem. Um crente na autoridade pode,
portanto, acreditar apenas que certos governos têm uma certa esfera limitada de
autoridade.
Apesar dessas limitações, a autoridade atribuída a alguns governos é uma
propriedade moral impressionante. Como vimos na Seção 1.1, essa autoridade
impor alguma demanda moral a outros agentes. Meus usos de “legitimidade” e “autoridade”
diferem dos de alguns outros teóricos (Simmons 2001, 130; Edmundson 1998, capítulo 2; Estlund
2008, 2).
4
A obrigação política pode se aplicar não apenas às leis, mas também a outros comandos
governamentais, como decretos administrativos e ordens judiciais. Esse ponto deve ser entendido
por toda parte, embora eu frequentemente fale simplesmente da obrigação de obedecer à lei.
5
A pesquisa do grupo focalizado de Klosko dá algum apoio a essa impressão de atitudes
populares (2005, capítulo 9, especialmente 198, 212-18).
1. O Problema da Autoridade Política 6

explicaria o direito de executar ações de tipos que seriam considerados muito


errados e injustos para qualquer agente não autoritário.

1.3 Ações versus agentes: a necessidade de autori-


dade
Alguém precisa dessa noção de autoridade para explicar a diferença moral entre
o vigilante na Seção 1.1 e o governo? Ou podemos explicar a diferença apelando
apenas para diferenças entre o comportamento do governo e o comportamento
do vigilante?
Na história que a descrevi, havia muitas diferenças entre o comportamento
do vigilante e o de um governo típico; no entanto, nenhuma dessas diferenças
é essencial. Pode-se modificar o exemplo para remover qualquer diferença que
possa ser considerada relevante e, desde que não se converta o vigilante em um
governo, a maioria das pessoas ainda julgará intuitivamente o vigilante com
muito mais rigor do que os agentes do governo que agem de forma análoga.
Assim, considere o fato de que muitos governos fornecem julgamentos justos
por júri para criminosos acusados. O vigilante poderia fazer o mesmo. Suponha
que toda vez que você pegar um vândalo, pegue alguns de seus vizinhos e force-
os a passar por um julgamento. Após a apresentação das evidências, você faz
com que seus vizinhos votem na culpa ou inocência do vândalo acusado e usa o
resultado para decidir se deve puni-lo. Isso tornaria suas ações aceitáveis? Talvez
seu tratamento aos vândalos seja mais justo, mas dificilmente parece legitimar
seu programa como um todo. De fato, você agora adicionou outra ofensa à lista
de suas ações ultrajantes: sua escravização temporária de seus vizinhos para
servir a seu “sistema de justiça”.
Considere outra sugestão. Agentes do governo geralmente prendem pessoas
apenas por infrações às regras explicitamente publicadas – as leis – enquanto o
vigilante as pune apenas de acordo com seu senso interno de certo e errado. Essa
diferença também pode ser removida. Suponha que você escreva uma longa lista
de comportamentos que considere inaceitáveis, além de relatos do que planeja
fazer às pessoas que se envolvem nesses comportamentos. Você publica cópias de
suas listas em um quadro de avisos fora de sua casa. Novamente, isso dificilmente
é suficiente para legitimar seu comportamento.
Uma sugestão mais plausível inicialmente é que seu comportamento é im-
perceptível porque a comunidade não escolheu você para desempenhar esse
papel. Em contraste, nos países democráticos, os cidadãos escolhem seus líderes.
(Esse relato implica que apenas governos democráticos são legítimos; portanto, a
grande maioria dos governos ao longo da história foi ilegítima e a grande maioria
1. O Problema da Autoridade Política 7

das pessoas carecia de obrigações políticas. Essa provavelmente já é uma revisão


significativa do senso comum.) Mas observe que esse relato da diferença entre
o governo e o vigilante é um apelo à autoridade. Não afirma que o vigilante
esteja fazendo algo diferente do que o governo faz; alega que as ações em questão
podem ser executadas por um agente e não por outro. O vigilante não tem autori-
dade para punir criminosos e cobrar impostos porque ele não foi autorizado por
sua sociedade. Examino essa teoria da autoridade em um capítulo posterior. Por
enquanto, o ponto a observar é simplesmente que é necessário alguma motivação
de autoridade.

1.4 O significado de coerção e o alcance da autoridade


A necessidade de uma explicação da legitimidade política surge do significado
moral de coerção e da natureza coercitiva do governo. É importante colocar esses
princípios claramente em foco, a fim de ter uma visão clara do que precisa ser
explicado antes de tentar explicá-lo.
Primeiro, o que é coerção? A seguir, uso o termo “coerção” para denotar o
uso ou a ameaça de uma pessoa de usar força física contra outra pessoa. Quando
falo em forçar uma pessoa a fazer alguma coisa, quero dizer o uso da força física
ou a ameaça de força física para induzi-la a executar a ação desejada. Eu uso
“força física” e “violência” de forma intercambiável. Não vou definir “força física”
aqui; nosso entendimento intuitivo da noção será suficiente para os argumentos
subsequentes, e não confiarei em nenhum julgamento controverso sobre o que
qualifica como força física.
Minha definição de “coerção” não pretende ser uma análise do uso padrão do
termo em português. É uma definição estipulada, destinada a evitar a repetição
da frase “uso ou ameaça de usar força física”. Meu uso do termo difere do uso
comum de pelo menos duas maneiras: primeiro, no sentido comum do termo,
quando A “coage” B, A induz B a se comportar de maneira desejada por A; mas,
no meu sentido, A pode coagir B ferindo fisicamente B, independentemente de
A influenciar ou não o comportamento de B. Segundo, o senso comum considera
uma gama mais ampla de ameaças como coercitivas: no sentido comum, A pode
“coagir” B usando uma ameaça para espalhar rumores maliciosos sobre B. Isso
não se qualificaria como coerção no meu sentido, porque a ameaça não é de
violência. O conceito comum de coerção é útil em muitos contextos; no entanto,
introduzi uma definição estipulada, pois isso permite considerar alguns argu-
mentos importantes e interessantes a respeito da autoridade política, evitando
debates semânticos desnecessários.6
6
Edmundson (1998, capítulo 4) argumenta que o direito normalmente não é coercitivo no sen-
tido comum. Meu uso técnico de “coerção” foi projetado para evitar o argumento de Edmundson,
1. O Problema da Autoridade Política 8

O governo é uma instituição coercitiva. De um modo geral, quando o Estado


faz uma lei, a lei traz consigo uma punição a ser imposta aos infratores. É possível
ter uma lei sem punição especificada por violação, mas todos os governos atuais
atribuem punições a quase todas as leis.7 Nem todo mundo que infringir a lei
será de fato punido, mas o Estado geralmente fará um esforço razoável para punir
os infratores e geralmente punirá um número razoável deles, normalmente com
multas ou prisão. Essas punições têm como objetivo prejudicar os infratores da
lei e geralmente conseguem fazê-lo.
A violência física direta raramente é usada como punição. No entanto, a
violência desempenha um papel crucial no sistema, porque sem a ameaça de vio-
lência, os infratores da lei poderiam simplesmente optar por não sofrer punição.
Por exemplo, o governo ordena que os motoristas parem antes de todos os sinais
vermelhos. Se você violar essa regra, poderá ser punido com uma multa de $200.
Mas este é simplesmente outro comando. Se você não obedeceu ao comando de
parar antes de todos os sinais vermelhos, por que você obedeceria ao comando de
pagar $200 ao governo? Talvez o segundo comando seja imposto por um terceiro:
o governo pode ameaçar revogar sua carteira de motorista se você não pagar
a multa. Em outras palavras, pode ordenar que você pare de dirigir. Mas se
você violou os dois primeiros comandos, por que seguiria o terceiro? Bem, o co-
mando para parar de dirigir pode ser imposto por uma ameaça de prisão se você
continuar dirigindo sem licença. Como esses exemplos ilustram, os comandos
geralmente são aplicados com ameaças para emitir comandos adicionais, mas
isso não pode ser tudo o que existe. No final da cadeia deve surgir uma ameaça
que o violador literalmente não pode desafiar. O sistema como um todo deve
ser ancorado por uma intervenção não voluntária, um dano que o Estado pode
impor independentemente das escolhas do indivíduo.
Essa âncora é fornecida pela força física. Até a ameaça de aprisionamento
exige execução: como o Estado pode garantir que o criminoso vá para a prisão?
A resposta está na coerção, envolvendo lesão corporal real ou ameaçada ou, no
mínimo, empurrão ou puxão físico do corpo do indivíduo para o local da prisão.
Esta é a intervenção final que o indivíduo não pode escolher desafiar. Pode-se
optar por não pagar uma multa, pode-se dirigir sem licença e pode-se optar por
não caminhar até um carro da polícia para ser levado embora. Mas não se pode
optar por não ser submetido à força física se os agentes do Estado decidirem
impor.
Assim, o sistema jurídico baseia-se na coerção intencional e prejudicial. Para
justificar uma lei, é preciso justificar a imposição dessa lei à população por meio de
mantendo a presunção moral contra a coerção.
7
Existem algumas exceções, como leis contra suicídio, alguns tratados internacionais e a
constituição de um governo.
1. O Problema da Autoridade Política 9

uma ameaça de dano, incluindo a imposição coercitiva de dano real àqueles que
são flagrados violando a lei. Na moral do senso comum, a ameaça ou imposição
coercitiva real de dano está normalmente errada. Isso não quer dizer que não
possa ser justificada; é apenas dizer que a coerção requer uma justificativa. Isso
pode ser devido à maneira pela qual a coerção desrespeita as pessoas, procurando
ignorar sua razão e manipulá-las através do medo, ou a maneira pela qual parece
negar a autonomia e a igualdade de outras pessoas.
Não tentarei explicação alguma abrangente de quando a coerção é justifi-
cada. Confio no julgamento intuitivo de que a coerção prejudicial requer uma
justificativa, bem como em algumas intuições sobre condições particulares que
constituem ou não justificativas satisfatórias. Por exemplo, uma justificativa legí-
tima é a autodefesa ou defesa de terceiros inocentes: alguém pode coagir outra
pessoa se for necessário para impedir que ela prejudique injustamente outra
pessoa. Outra justificativa para coerção prejudicial é o consentimento. Assim, se
você estiver em uma luta de boxe com a qual ambos os participantes concordaram,
poderá dar um soco no seu oponente.
Por outro lado, muitas razões possíveis para coerção são claramente inade-
quadas. Se você tem um amigo que come muitas batatas fritas, tente convencê-lo
a desistir. Mas se ele não ouvir, você não pode forçá-lo a parar. Se você admira o
carro do seu vizinho, pode se oferecer para comprá-lo. Mas se ele não vender,
você não pode ameaçá-lo com violência. Se você não concorda com as crenças
religiosas de seu colega de trabalho, tente convertê-lo. Mas se ele não ouvir,
você não pode dar um soco em seu nariz. E assim por diante. Na ética do senso
comum, a esmagadora maioria das razões para a coerção falha como justificativa.
Os Estados modernos precisam de uma explicação da legitimidade política,
porque os Estados modernos geralmente coagem e prejudicam os indivíduos
por razões que seriam consideradas inadequadas para qualquer agente não-
governamental. Isso pode ser ilustrado através de algumas melhorias na história
da Seção 1.1.
Suponha que você anuncie que acredita que uma cidade vizinha está cons-
truindo algumas armas muito destrutivas, armas que um dia poderão ser usadas
para aterrorizar outras aldeias. Para impedir que isso aconteça, você reúne al-
guns moradores de mesma opinião e viaja para a cidade vizinha, onde depõe
violentamente o prefeito, destruindo alguns edifícios e previsivelmente matando
várias pessoas inocentes no processo.
Se você se comportasse dessa maneira, seria rotulado de terrorista e assassino,
e os pedidos de execução ou prisão perpétua provavelmente seriam abundan-
tes. Mas quando o governo se comporta dessa maneira, seu comportamento é
rotulado como “guerra”, e muitos o apoiam. Certamente, muitos rejeitam a ideia
de guerra preventiva. Mas apenas extremistas políticos descrevem soldados ou
1. O Problema da Autoridade Política 10

líderes do governo que os enviam para a batalha como terroristas e assassinos.


Mesmo entre os oponentes da guerra do Iraque em 2003, por exemplo, poucos
chegaram a considerar George W. Bush um assassino em massa ou pediram sua
execução ou prisão. A noção de autoridade política está em ação aqui: a sensação
é de que, seja sua escolha boa ou ruim, o governo é o agente com autoridade para
decidir se vai à guerra. Nenhum outro agente tem o direito de cometer violência
em larga escala para atingir seus fins em algo como essas circunstâncias.
Suponha agora que, em meio a todas as suas outras atividades incomuns, você
decida começar a apoiar a caridade. Você encontra uma instituição de caridade
que ajuda os pobres. Infelizmente, você acredita que sua aldeia não contribuiu o
suficiente para essa instituição de caridade voluntariamente, então você dedica a
extração de dinheiro de seus vizinhos à força e a entrega à instituição de caridade.
Se você se comportasse dessa maneira, seria rotulado como ladrão e extorsio-
nista e seria comum pedidos para aprisioná-lo e obrigá-lo a retribuir pessoalmente
aqueles cujo dinheiro você expropriou. Mas quando o governo se comporta dessa
maneira, seu comportamento é conhecido como conduzir programas de assistên-
cia social, e a maioria das pessoas o apoia. Certamente, existem alguns que se
opõem aos programas de bem-estar social, mas mesmo os oponentes raramente
veem os agentes do governo que administram os programas ou os legisladores
que votam nos programas como ladrões e extorsionistas. Muito poucos exigiriam
a prisão deles ou obrigariam-lhes a pagar pessoalmente os pagadores de impos-
tos. Mais uma vez, a noção de autoridade está em ação: pensamos que o governo
tem autoridade para redistribuir riqueza; organizações não-governamentais não.
Isso deve dar alguma indicação da gama de atividades governamentais cuja
justificativa se baseia na noção de autoridade política. No Capítulo 7 discutirei
mais detalhadamente até que ponto esse intervalo se estende. Mas mesmo a
partir dessa breve discussão, deve ficar claro que, sem uma crença na autoridade,
teríamos que condenar grande parte do que agora aceitamos como legítimo.

1.5 O conceito de autoridade: uma segunda passagem


Nesta seção, refino as noções de “autoridade política”, “legitimidade política”
e “obrigação política”. Os cinco princípios a seguir estão implícitos na concep-
ção comum de autoridade do governo; é isso que os defensores da autoridade
gostariam de defender:

1. Generalidade. A autoridade do Estado se aplica aos cidadãos em geral. Ou


seja, o Estado tem o direito de impor coercivamente regras a pelo menos
1. O Problema da Autoridade Política 11

a grande maioria de seus cidadãos, e a grande maioria dos cidadãos tem


obrigações políticas.8
2. Particularidade. A autoridade do Estado é específica para seus cidadãos e
residentes em seu território. Ou seja, um governo tem o direito de impor
regras àqueles em seu território de uma maneira que geralmente não tem o
direito de impor regras àqueles em países estrangeiros, e os cidadãos têm
obrigações com seus próprios Estados de um tipo que não suportam para
outros Estados.9
3. Independência de conteúdo. A autoridade do Estado não está atrelada ao
conteúdo específico de suas leis ou outros comandos.10 Ou seja, existe uma
ampla gama de leis possíveis, de modo que, dentro dessa faixa, o Estado
tem o direito de impor coercivamente as leis que escolher e cidadãos serão
obrigados a obedecê-las. O leque de leis aceitáveis não precisa ser ilimitado
– talvez o Estado não tenha o direito de fazer ou aplicar certos tipos de leis
grosseiramente injustas, como leis que impõem a escravidão. Mas, pelo
menos com frequência, o Estado tem o direito de fazer cumprir as leis,
mesmo que sejam más ou erradas, e os cidadãos são obrigados a obedecer.
4. Abrangência. O Estado tem o direito de regular uma ampla gama de ativi-
dades humanas, e os indivíduos devem obedecer às diretrizes do Estado
dentro dessa ampla esfera.11 Esse intervalo não precisa ser ilimitado; por
exemplo, talvez o Estado não possa regular os serviços as práticas religiosas
privadas dos cidadãos. Mas os Estados modernos tipicamente regulam
e têm o direito de regulamentar questões como os termos dos contratos
de trabalho, a negociação de títulos financeiros, procedimentos médicos,
procedimentos de preparação de alimentos em restaurantes, uso individual
de drogas, posse de armas individuais, entrada e saída de pessoas do país,
o voo de aviões, o comércio com países estrangeiros e assim por diante.
5. Supremacia. Dentro da esfera de ação que o Estado tem o direito de re-
gular, o Estado é a mais alta autoridade humana.12 Nenhum agente não-
governamental pode comandar o Estado, e nenhum agente tem o mesmo
direito de comandar indivíduos que o Estado possui.
Nas condições desenvolvidas de (1) a (5), procuro caracterizar fielmente a
concepção ordinária e comum de autoridade política. Uma defesa satisfatória da
8
Essa condição é articulada por Simmons (1979, 55-6).
9
Simmons 1979, pp. 31–5.
10
Hart 1958, 104; Raz 1986, 35-7, 76-7; Green 1988, 225-6; Christiano 2008, 250; Rawls, 1964, p.
11
Klosko 2005, 11–12.
12
Green 1988, 1, 78–83.
1. O Problema da Autoridade Política 12

autoridade deve acomodar e explicar esses cinco princípios. Se nenhuma teoria


plausível chega perto de acomodar os princípios de (1) a (5), deve-se concluir
que Estado algum realmente tenha autoridade.
Esses cinco princípios são vagos, empregando conceitos como o uma “ampla
gama” e uma “grande maioria”. Não tentarei tornar precisa a noção de autoridade
política nesses aspectos. O conceito será claro o suficiente para fins de avaliação
dos argumentos no restante do livro. Também é vago o quão intimamente uma
teoria deve acomodar esses princípios. Mais uma vez, não tentarei tornar isso
preciso. Devemos simplesmente observar que, se uma teoria está muito longe
de acomodar a concepção intuitiva de autoridade, então, em algum momento,
deixa de ser uma defesa da autoridade.
Algumas palavras sobre com quem os defensores da autoridade não estão
comprometidos: A ideia de obrigação política não implica que o governo que
comanda algo seja, por si só, suficiente para alguém ter a obrigação de fazer esse
algo. Aqueles que acreditam em autoridade podem sustentar que existem outras
condições para que os comandos do governo sejam vinculativos; por exemplo,
que as leis deveriam ter sido feitas de acordo com processos justos e democráticos,
que o atual governo não deveria ter usurpado um governo legítimo e anterior, e
assim por diante. Eles também podem sustentar que há limites para a autoridade
do governo; por exemplo, que as leis não podem ser injustamente grosseiras, que
não podem invadir certas esferas de privacidade protegidas e assim por diante.
Portanto, a ideia de que é preciso executar uma ação “porque a lei exige” pode
realmente significar, grosso modo, que é preciso executar uma ação porque a lei
exige, a lei foi feita de maneira apropriada por um governo legítimo, a lei não é
grosseiramente injusta e a lei está dentro da esfera de coisas que o governo pode
legitimamente regular.
Para ilustrar os princípios acima, considere o caso da tributação. De acordo
com a opinião popular, o Estado pode impor impostos a todos e quaisquer re-
sidentes em seu território, e os residentes geralmente são obrigados a pagar os
impostos (a condição de Generalidade). O Estado não tem direito a tributar pes-
soas em países estrangeiros, nem estrangeiros precisam pagar se o Estado tentar
cobra-lo (Particularidade).13 O Estado geralmente está autorizado a determi-
nar quais atividades em seu território serão tributadas e quanto, e os residentes
são obrigados a pagar esse valor, mesmo que o imposto seja excessivamente
alto ou baixo (Independência de conteúdo). Nenhuma pessoa ou organização
não-governamental tem o direito de tributar o Estado ou de tributar indivíduos
(Supremacia). Assim, se as visões populares estiverem corretas, o caso da tribu-
tação ilustra a autoridade política do governo.
13
Uma exceção são as tarifas, que são consideradas permitidas porque o Estado pode estabelecer
condições nas interações dos estrangeiros com o próprio povo do Estado.
1. O Problema da Autoridade Política 13

1.6 Um comentário sobre metodologia


A primeira parte deste livro é um exercício de aplicação da filosofia moral à
política. A preocupação central é a avaliação de nossas atitudes morais em
relação ao governo: os governos realmente têm o direito de fazer as coisas que
geralmente consideramos que eles têm o direito de fazer? Somos realmente
obrigados a obedecer aos governos da maneira que costumamos ser obrigados?
Questões desse tipo são notoriamente difíceis. Como elas devem ser aborda-
das? Uma abordagem seria partir de alguma teoria moral abrangente – digamos,
utilitarismo ou a deontologia kantiana – e tentar deduzir as conclusões apropri-
adas sobre direitos e deveres políticos. Eu, infelizmente, não posso fazer isso.
Não conheço a teoria moral geral correta e acho que ninguém conhece. As razões
do meu ceticismo são difíceis de comunicar, mas derivam da reflexão sobre os
problemas da filosofia moral e da literatura complexa, confusa e constantemente
contestada sobre esses problemas. É uma literatura em que uma teoria após a
outra se depara com um monte de quebra-cabeças e problemas que se tornam
cada vez mais complicados à medida que mais filósofos trabalham nela. Não
posso comunicar completamente a situação aqui; a melhor maneira de apreciar
meu ceticismo sobre a teoria moral seria os leitores se aprofundarem nessa li-
teratura. Aqui, vou simplesmente anunciar que não assumirei nenhuma teoria
moral abrangente, e acho que devemos ser muito céticos em relação a qualquer
tentativa de chegar a conclusões sólidas na filosofia política, partindo de uma
teoria. Por razões semelhantes, tampouco começo assumindo qualquer teoria
política geral, embora chegue a uma teoria política no final.
Qual é a alternativa? Começarei com alegações morais que são, inicialmente,
relativamente incontroversas.14 Esse parece um plano óbvio. A filosofia polí-
tica é um campo difícil e disputado. Quem espera progredir não pode começar
com uma teoria moral contenciosa, muito menos com uma ideologia política
contenciosa. As premissas de alguém devem ser coisas que, por exemplo, liberais
e conservadores normalmente acham óbvias à primeira vista. Deve-se, então,
tentar argumentar a partir dessas premissas a conclusões sobre as questões con-
testadas que são de interesse. Por mais natural que possa parecer, essa abordagem
raramente é adotada. Filósofos políticos comumente defendem uma posição em
alguma questão controversa, partindo de uma teoria geral controversa. Por exem-
plo, um filósofo pode procurar determinar se a imigração deve ser restringida
aplicando uma teoria hipotética de contrato social rawlsiana à questão.15
14
Na filosofia, quase todas as reivindicações são contestadas por alguém; portanto, não pode-
mos confiar em premissas totalmente incontroversas se quisermos chegar a conclusões interes-
santes.
15
Carens 1987, 255-62; Blake 2002.
1. O Problema da Autoridade Política 14

A maioria das premissas morais nas quais confio são avaliações morais de
comportamentos particulares em cenários relativamente específicos. A história
do vigilante na Seção 1.1 é um exemplo disso. É razoável assumir como premissa
que o indivíduo nessa história age de forma inadmissível. O caso não é um
dilema (como, por exemplo, o trolley problem16 ), nem envolve uma controvérsia
moral (como, por exemplo, o caso de alguém que faz um aborto). Para o senso
comum, a avaliação negativa é um veredicto direto e óbvio.17
Alguns filósofos acreditam que, ao fazer filosofia moral, deve-se confiar ape-
nas em princípios éticos abstratos, recusando-se a confiar em avaliações intuitivas
de casos específicos.18 Outros acreditam, mais ou menos, que apenas deve-se
confiar em julgamentos sobre casos particulares.19 Ainda outros pensam que não
se pode confiar em julgamentos éticos e que não há conhecimento moral.20 Todas
essas visões me parecem erradas. O que parece certo é que julgamentos éticos
controversos tendem a não ser confiáveis, enquanto julgamentos éticos incon-
troversos e óbvios – sejam específicos ou gerais – tendem a ser confiáveis. Devo
assumir que temos algum conhecimento moral e que nossos julgamentos éticos
mais claros e amplamente compartilhados são exemplos desse conhecimento.21
Embora minhas premissas éticas sejam relativamente incontroversas, minhas
conclusões não serão. Pelo contrário, as conclusões que chego estão tão longe das
opiniões iniciais da maioria das pessoas que provavelmente nenhum argumento
poderia convencer a maioria das pessoas a aceitá-las. Finalmente, concluo que a
autoridade política é uma ilusão: ninguém tem o direito de governar e ninguém
é obrigado a obedecer a um comando apenas porque provém de seu governo.
Mas, embora isso possa ser contra-intuitivo para a maioria das pessoas, não
acho que isso revele algum erro da minha parte. Bertrand Russell disse: “O
ponto da filosofia é começar com algo tão simples que não pareça digno de
ser declarado, e terminar com algo tão paradoxal que ninguém vai acreditar.”22
Eu não acredito que isso seja o ponto da filosofia, mas raciocinar de premissas
intuitivas a conclusões surpreendentes não é necessariamente uma marca da
filosofia ruim.
16
Ver Foot 1967.
17
Nisto uso o “senso comum” para o que a grande maioria das pessoas tende a aceitar, es-
pecialmente em minha sociedade e sociedades às quais os leitores deste livro provavelmente
pertencem. Isso não deve ser confundido com o uso técnico de “crenças de senso comum” em
meus trabalhos anteriores (2001, 18-19).
18
Singer 2005.
19
Dancy 1993, capítulo 4.
20
Mackie 1977.
21
Ver Huemer 2005, especialmente o capítulo 5, para uma descrição do conhecimento moral e
respostas ao ceticismo moral.
22
Russell, 1985, p. 53.
1. O Problema da Autoridade Política 15

Minhas atitudes em relação ao senso comum podem parecer inconsistentes.


Por um lado, considero as intuições éticas mais amplamente compartilhadas nas
premissas razoáveis nas quais confiar. Por outro lado, afirmo que algumas crenças
políticas amplamente compartilhadas estão fundamentalmente equivocadas. A
alegação de que existem alguns governos legítimos não é muito controversa;
quase todo mundo, à esquerda ou à direita do espectro político, considera isso um
dado adquirido. Por que, então, não aceito a existência de Estados legítimos como
premissa inicial, assim como aceito crenças de bom senso sobre ética pessoal?
Uma razão é que eu nunca compartilhei intuições políticas de outras pessoas,
se é isso que elas são. Compartilho a maioria das intuições normativas da minha
sociedade, como a de que não se deve roubar, matar ou prejudicar outras pessoas
(exceto em certos casos especiais, como a autodefesa); que geralmente se deve
dizer a verdade e cumprir as promessas; e assim por diante. Mas nunca me
pareceu que houvesse pessoas com o direito de governar os outros, e nunca me
pareceu que alguém fosse obrigado a obedecer a uma lei simplesmente porque é
a lei.
Minhas intuições não são totalmente idiossincráticas. No discurso político
contemporâneo, há uma minoria vocal que defende reduções drásticas no ta-
manho do governo. Muitas vezes, defendem seus pontos de vista em termos
práticos (programas do governo não funcionam) ou em termos de reivindica-
ções absolutistas sobre os direitos individuais. Mas acho que esses argumentos
perdem a questão principal. Acredito que a verdadeira motivação subjacente é
um amplo ceticismo em relação à autoridade política: no fundo, os defensores
de um governo menor simplesmente não veem por que o governo deveria ter
permissão para fazer tantas coisas que ninguém mais poderia fazer. Mesmo que
você não compartilhe essa atitude cética, eu recomendaria não descartar simples-
mente as intuições daqueles com ideologias diferentes. Os seres humanos são
altamente falíveis na filosofia política, e confrontos de intuições são frequentes.
A objetividade exige que cada um de nós considere seriamente a possibilidade
de que somos nós que temos as intuições equivocadas.
Aqueles que começam com a intuição de que alguns Estados possuem au-
toridade podem desistir dessa intuição se, como pretendo mostrar, revelar que
a crença na autoridade política é incompatível com as crenças morais do senso
comum. Há três razões para preferir aderir à moralidade do senso comum em
vez da filosofia política do senso comum: primeiro, como sugeri, a filosofia polí-
tica do senso comum é mais controversa do que a moralidade do senso comum.
Segundo, mesmo aqueles que aceitam visões políticas ortodoxas geralmente são
mais fortemente convencidos da moralidade do senso comum do que da filosofia
política do senso comum. Terceiro, mesmo aqueles que aceitam intuitivamente
a autoridade podem ao mesmo tempo ter a sensação de que essa autoridade é
1. O Problema da Autoridade Política 16

intrigante – que é necessária alguma explicação para o motivo pelo qual algumas
pessoas devem ter esse status moral especial – de uma maneira que não seja intri-
gante, por exemplo, que deveria ser errado atacar outras pessoas sem provocação.
O fracasso em encontrar uma explicação satisfatória da autoridade política pode,
portanto, levar a pessoa a desistir da crença na autoridade, em vez de desistir
das crenças morais do senso comum.

1.7 Plano do livro


A tese central da primeira parte deste livro é que a autoridade política é uma
ilusão moral. Mostro isso através de uma crítica das principais considerações
filosóficas de autoridade (Capítulos 2 a 5). Sigo a discussão dessas teorias,
com uma discussão da psicologia de nossas atitudes em relação à autoridade
(Capítulo 6), na qual sugiro que as considerações filosóficas da autoridade são
racionalizações para atitudes com fontes não-racionais, fontes nas quais devemos
confiar pouco.
A maioria das pessoas acredita que o governo é incrivelmente benéfico, que
sem ele a sociedade entraria em colapso em um estado de caos absoluto. Eu
pediria ao leitor que deixasse essa crença de lado por enquanto. A questão da
primeira parte deste livro não é se o governo é bom ou ruim. A questão é se o
governo tem certos direitos especiais que você e eu não temos e se temos certos
deveres especiais para o governo que não temos em relação a mais ninguém. Um
governo, como um vigilante particular, poderia ser altamente benéfico e ainda
assim carecer de autoridade no sentido que defini. A maioria das defesas da
autoridade é mais do que a alegação de que o agente autorizado oferece grandes
benefícios. Por exemplo, a teoria do contrato social afirma que os cidadãos de
alguns Estados consentiram em seu sistema político. A existência e validade
desse consentimento podem ser examinadas independentemente da magnitude
dos benefícios proporcionados pelo Estado. Certamente, pode-se pensar que os
grandes benefícios fornecidos pelo Estado desempenham um papel fundamental
no estabelecimento de sua legitimidade. Esse tópico será abordado no capítulo 5
e, em mais detalhes, na parte II do livro. Peço ao leitor que deixe essa questão de
lado até que seja hora de abordá-la diretamente.
Perguntas sobre a necessidade do Estado e sobre como uma sociedade pode
funcionar sem a crença na autoridade são importantes. Essas perguntas serão
abordadas na Parte II, onde abordo as consequências práticas de abandonar a
ilusão de autoridade política. A tese central da Parte II será a de que a sociedade
pode funcionar e florescer sem uma aceitação geral da autoridade.
Minha filosofia política é uma forma de anarquismo. Na minha experiência, a
maioria das pessoas parece convencida de que o anarquismo é um absurdo óbvio,
1. O Problema da Autoridade Política 17

uma ideia que pode ser refutada em trinta segundos com o mínimo de reflexão.
Essa foi mais ou menos a minha atitude antes que eu soubesse alguma coisa sobre
a teoria. Também é minha experiência que aqueles que sustentam essa atitude não
têm ideia do que os anarquistas realmente pensam – como os anarquistas pensam
que a sociedade deve funcionar ou como eles respondem às objeções de trinta
segundos. Os anarquistas enfrentam dificuldades: a maioria das pessoas não
dará ouvidos ao anarquismo seriamente porque está convencida de que a posição
é louca; estão convencidas de que a posição é louca porque não a entendem; não
o entendem porque não vão dar uma audiência séria. Peço, portanto, ao leitor
que não desista de ler este livro apenas por causa de sua conclusão. O autor não
é estúpido, nem louco e nem mau; ele tem uma consideração fundamentada de
como uma sociedade sem Estado pode funcionar. Independentemente de você
aceitar ou não essa consideração, é muito provável que você ache que valeu a
pena considerar.
Na literatura filosófica nos últimos anos, tornou-se comum questionar a rea-
lidade das obrigações políticas. O ceticismo sobre a obrigação política é agora
provavelmente a visão dominante. Esse desenvolvimento surpreendente deve-se
principalmente ao ardiloso trabalho de A. John Simmons, que derrubou várias
considerações importantes de obrigação política em sua obra Moral Principles
and Political Obligation. Apoio a maioria dos argumentos de Simmons. Alguns
leitores já estarão familiarizados com esses argumentos, mas muitos não; assim,
nos capítulos seguintes, explico os argumentos mais importantes contra a obriga-
ção política, independentemente deles já terem sido impressos antes. Ao mesmo
tempo, acredito que os filósofos contemporâneos não foram suficientemente
longe. Os filósofos que trabalham com obrigações políticas têm enfrentado prin-
cipalmente a inadequação de considerações existentes de obrigações políticas.
Mas ainda não enfrentaram a inadequação das considerações de legitimidade po-
lítica.23 E muito poucos filósofos hoje dão muita atenção ao anarquismo político.
Normalmente, os argumentos sobre a obrigação política tomam como certo que o
Estado é vitalmente necessário; a visão dominante diz que, embora necessitemos
de governo e mesmo que os Estados modernos sejam justificados na maioria
de suas atividades típicas, ainda não somos obrigados a obedecer à lei apenas
como tal. Espero que este livro induza uma reflexão mais profunda, tanto no
pressuposto da legitimidade política quanto no pressuposto da necessidade do
Estado.
23
Simmons (1979, 196) nega que haja governos “legítimos” ou que quaisquer governos tenham
o “direito” de coagir ou punir seus cidadãos. No entanto, ele parece usar esses termos em um
sentido mais forte que o meu, porque continua aceitando que os governos possam ser moralmente
justificados em suas atividades (199). Isso é confirmado por Simmons 2001, 130-1. Portanto, a
aparente concordância de Simmons comigo é apenas verbal; na minha terminologia, Simmons
aceita legitimidade política, enquanto eu a rejeito.
2

A Teoria Tradicional do Contrato


Social

2.1 A ortodoxia do contrato social


A teoria do contrato social é a defesa da autoridade mais proeminente nos últimos
400 anos de filosofia e tem uma reivindicação tão boa quanto a de ser a teoria da
autoridade nos Estados Unidos. A teoria sustenta que, pelo menos em alguns
países, existe uma relação contratual entre o governo e seus cidadãos. O contrato
exige que o governo forneça certos serviços para a população, principalmente
proteção contra criminosos privados e governos estrangeiros hostis. Em troca,
os cidadãos concordam em pagar seus impostos e obedecer às leis.1 Algumas
visões do contrato social atribuem ao governo um papel mais amplo, talvez
incluindo prover as necessidades básicas dos cidadãos indigentes, garantir uma
distribuição equitativa dos recursos materiais e assim por diante.2 O que um
teórico em particular considera serem as funções legítimas do Estado, o teórico
argumentará que o contrato social autoriza e obriga o Estado a desempenhar
essas funções.
Sob os termos da teoria tradicional do contrato social, a obrigação política é
uma espécie de obrigação contratual: os cidadãos devem obedecer à lei porque
concordaram em fazê-lo. O contrato social também seria responsável pela legiti-
midade política diretamente. Se uma pessoa concorda em ser submetida a uma
forma específica de coerção, então, em regra, essa coerção não estará errada e
1
Locke 1980. Hobbes, no entanto, alega que o Estado não deve nada aos cidadãos porque o
Estado não é parte no contrato; em vez disso, ele aceita o contrato social como um acordo entre
os cidadãos (1996, 122).
2
Rawls 1999; Gauthier 1986.

18
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 19

não violará seus direitos. Por exemplo, normalmente é errado cortar uma pessoa
com uma faca.
Mas se você contratou um médico para realizar uma cirurgia em você, não é
errado e nem é uma violação dos seus direitos que ele o corte para realizar essa
cirurgia. Na mesma linha, se os cidadãos concordaram em pagar ao governo por
seus serviços e concordaram em ser submetidos à coerção se não pagarem, então
é permitido que o governo force seus cidadãos a pagar.3

2.2 A teoria do contrato social explícito


Existe um contrato social? À primeira vista, a teoria exibe um desprezo descarado
pela realidade: ninguém nunca recebeu um contrato descrevendo como o governo
opera e pediu uma assinatura. Poucos já estiveram em uma situação em que uma
declaração verbal ou escrita de concordância com um governo seria apropriada,
e muito menos na verdade fez tal declaração. Quando os teóricos do contrato
social acham que esse evento aconteceu?
John Locke acreditava que havia (no caso de pelo menos alguns governos)
um acordo real e explícito feito na época em que o governo foi fundado.4 Poucas
evidências permanecem desses eventos, explicou Locke, porque as pessoas na-
quela época mantinham poucos registros. Ele cita Roma e Veneza como exemplos
de casos em que uma sociedade foi fundada com um contrato social explícito.
Mas mesmo que houvesse um contrato social original, como esse contrato
poderia vincular as pessoas nascidas muito mais tarde, que nunca participaram
do acordo original e nunca foram solicitadas a consentir? Locke acreditava que
funcionava através de um pacto restritivo perpétuo na terra: os contratados
originais comprometeram todos os seus bens, incluindo suas terras, à jurisdição
do governo que estavam criando, para que qualquer pessoa que usasse essa terra
no futuro devesse se submeter a esse governo.5
Apesar da esperteza dessa última manobra, toda essa teoria é pura mitologia,
e seu interesse hoje é principalmente como um pouco de história e como uma
tábula para teorias mais plausíveis. David Hume pintou o quadro mais realista da
história humana, quando observou que quase todos os governos são fundados na
usurpação ou na conquista.6 Ou seja, em algum momento da história de qualquer
nação atualmente existente, ou o governo foi tomado à força por uma pessoa
3
Uma questão interessante permanece sobre se os cidadãos poderão mais tarde retirar seu
consentimento, pois normalmente se pode retirar o consentimento para outras formas de coerção.
Isso levanta problemas adicionais aos discutidos abaixo no texto.
4
Locke 1980, seções 100–4.
5
Locke 1980, seções 116–17, 120–1.
6
Hume 1987, 471.
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 20

que não tinha o direito para isso, como em um coup d’état, ou o governo (ou
seus cidadãos ou futuros cidadãos) apreendeu a terra que atualmente controla
dos habitantes originais pela força. Qualquer um desses eventos invalidaria a
autoridade do Estado, em uma visão lockeana.
No caso dos Estados Unidos e de seu governo, por exemplo, a história é
de conquista. O território atual dos Estados Unidos foi roubado dos nativos
americanos e depois colocado sob o controle do governo dos EUA. Do ponto de
vista lockeano, essa história torna ilegítimo o controle do governo dos EUA sobre
a terra.
Como eu disse, essa teoria é principalmente de interesse histórico hoje; ne-
nhum teórico contemporâneo proeminente apoia a teoria explícita do contrato
social. A próxima versão da teoria do contrato social é projetada para evitar esses
problemas.

2.3 A teoria do contrato social implícito


Consentimento explícito é o consentimento que se indica, declarando, verbal-
mente ou por escrito, que se consente. Por outro lado, consentimento implícito é o
consentimento que se indica através da conduta de alguém, sem realmente decla-
rar seu acordo. Se os cidadãos não adotaram um contrato social explicitamente,
talvez o tenham adotado implicitamente.
Como se pode indicar um acordo sem declará-lo? Em algumas situações,
alguém expressa concordância com uma proposta, simplesmente se abstendo de
se opor. Eu chamo isso de “consentimento passivo”. Suponha que você esteja em
uma reunião do conselho, onde o presidente diz: “A reunião da próxima semana
será transferida para terça-feira às dez horas. Alguma objeção?” Ele faz uma
pausa e ninguém diz nada. “Bom, estamos de acordo”, conclui o presidente.7
Nessa situação, é plausível que a falta de manifestação de dissidência quando
convidados a fazê-lo indique que os conselheiros concordam com a mudança.
Em outros casos, a pessoa se compromete a aceitar determinadas demandas
solicitando ou voluntariamente aceitando benefícios aos quais essas demandas
são conhecidas por estarem anexadas. Eu chamo isso de “consentimento através
da aceitação de benefícios”. Por exemplo, suponha que você entre em um restau-
rante e peça um wrap vegetariano agradável e saboroso. Depois de comer o wrap,
a garçonete traz o cheque. “O que é isso?”, você diz. “Eu nunca disse que pagaria
por isso. E se você queria pagamento, deveria ter dito isso no início. Sinto muito,
mas não lhe devo nada.” Nesse caso, o restaurante poderia argumentar plausivel-
mente que, ao pedir a comida, você implicitamente indicou concordância com a
7
Esse exemplo é de Simmons (1979, 79–80).
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 21

demanda usual relacionada à provisão da comida: a saber, pagamento do preço


mencionado no menu. Como é bem sabido nesta sociedade (e presumivelmente
por você) os restaurantes geralmente só estão dispostos a fornecer comida para
receber o pagamento, era de sua responsabilidade, se você quisesse comida de
graça, declarar isso com antecedência. Caso contrário, a suposição padrão é de
que você concorda em participar da prática normal. Por esse motivo, você seria
obrigado a pagar por sua refeição, apesar de seus protestos em contrário.
Uma terceira forma de consentimento implícito é o que chamo de “consenti-
mento através da presença”, pelo qual se indica concordância com uma proposta
apenas permanecendo em algum local. Enquanto faço uma festa em minha casa,
anuncio, em voz alta e clara a todos os presentes, que quem quiser ficar na mi-
nha festa deve concordar em ajudar na limpeza depois. Depois de ouvir o meu
anúncio, você continua festejando. Ao fazer isso, você indica que concorda em
ajudar na limpeza no final.
Finalmente, às vezes alguém implicitamente concorda com as regras que
governam uma prática, participando voluntariamente da prática. Eu chamo
isso de “consentimento através da participação”. Suponha que, durante uma de
minhas aulas de filosofia, eu diga aos alunos que vou fazer uma loteria voluntária.
“Quem quiser participar”, explico, “colocará seus nomes nesse chapéu. Vou
desenhar um nome aleatoriamente. Cada um dos outros participantes pagará $1
à pessoa cujo nome foi desenhado.” Suponha que você coloque seu nome no meu
chapéu. Quando o nome do vencedor é sorteado, você descobre que o vencedor
não era você. Eu venho coletar $1 de você para dar ao aluno vencedor. “Não
te devo nada”, você insiste. “Nunca disse que concordei em pagar $1. Tudo o
que fiz foi soltar meu nome em seu chapéu. Talvez eu tenha feito isso apenas
porque gosto de colocar meu nome em chapéus.” Nesta situação, parece que você
é obrigado a entregar $1. Sua participação voluntária no processo, quando era
sabido como o esquema deveria funcionar, indica que você concordou em aceitar
os possíveis encargos financeiros associados ao meu esquema de loteria.
Cada um desses quatro tipos de consentimento implícito – consentimento pas-
sivo, consentimento através da aceitação de benefícios, consentimento através da
presença e consentimento através da participação – pode ser usado como modelo
para a aceitação implícita dos cidadãos do contrato social. Para começar, talvez
os cidadãos tipicamente concordem com o contrato social apenas abstendo-se de
objetar a ele (consentimento passivo). Apenas alguns de nós já têm declarados
explicitamente que aceitamos o contrato social, outros afirmaram que não o acei-
tamos. (As exceções são anarquistas que declararam explicitamente sua rejeição
ao governo.)
O consentimento através da aceitação de benefícios também conferiria uma
autoridade quase universal. Quase todo mundo aceitou pelo menos alguns bene-
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 22

fícios de seu governo. Existem certos bens públicos – como segurança nacional
e prevenção ao crime – que o Estado fornece automaticamente a todos dentro
de seu território. Esses bens não são relevantes para o consentimento, porque
são benefícios dados caso os cidadãos os desejam ou não. Os pacifistas, por
exemplo, recebem o “bem” da defesa militar, contra sua vontade. No entanto,
existem outros bens que os cidadãos têm a opção de aceitar. Por exemplo, quase
todo mundo usa estradas que foram construídas por um governo. O governo
não força as pessoas a usar essas estradas; portanto, este é um caso de aceitação
voluntária de um benefício governamental. Da mesma forma, se alguém chama
a polícia para pedir assistência ou proteção, se leva outra pessoa ao tribunal, se
envia voluntariamente seus filhos para escolas públicas ou se tira proveito dos
programas governamentais de bem-estar social, aceita voluntariamente os bene-
fícios governamentais. Pode-se então argumentar que se aceita implicitamente
as condições conhecidas como vinculadas à existência de um governo – que se
deve ajudar a pagar os custos monetários do governo e obedecer às suas leis.
Considere a seguir o caso de consentimento através da presença. Essa, na
minha experiência, é a teoria mais popular de como os cidadãos dão seu con-
sentimento ao Estado, talvez porque seja o único caso que pode ser aplicado a
todos dentro do território do Estado. O governo não exige que ninguém (exceto
prisioneiros) permaneça no país, e é sabido que aqueles que vivem dentro de um
determinado país devem obedecer às leis e pagar impostos. Portanto, permane-
cendo voluntariamente, talvez aceitamos implicitamente a obrigação de obedecer
às leis e pagar impostos.8
Por fim, alguns cidadãos podem dar consentimento implícito através da parti-
cipação no sistema político. Se alguém vota nas eleições, pode-se inferir que se
aceita o sistema político em que está participando. Isso, por sua vez, pode obrigar
alguém a respeitar o resultado do processo político, incluindo as leis feitas de
acordo com as regras do sistema, mesmo quando diferentes das leis desejadas.
Se alguma dessas quatro sugestões persistir, elas seriam responsáveis tanto
pela obrigação política quanto pela legitimidade política, pelo menos no que diz
respeito a alguns cidadãos.

2.4 Condições para acordos válidos


Um contrato válido é um contrato moralmente eficaz – ou seja, consegue tornar
permitida alguma ação com a qual alguém consente ou em gerar uma obrigação
de agir da maneira que concordou em agir. Todos os exemplos na seção anterior
eram de acordos válidos. Mas alguns “acordos” são inválidos. Por exemplo,
8
Locke 1980, seções 120–1; Otsuka 2003, capítulo 5.
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 23

suponha que um criminoso aponte uma arma para sua cabeça e exija que você
assine os direitos do filme baseado em seu livro mais recente. Se você assinar, o
contrato será inválido, porque a ameaça de violência o tornou não-voluntário.
Ou suponha que você concorda em comprar uma televisão de um vendedor, mas
o vendedor não informa que a televisão está quebrada e não exibe uma imagem.
Nesse caso, o contrato de venda é inválido porque foi provocado por fraude
por parte do vendedor. As televisões normalmente são consideradas capazes
de exibir uma imagem, e isso é essencial para o motivo pelo qual as pessoas
as compram. Assim, se alguém deseja vender uma televisão que não funciona,
deve declarar essa condição; caso contrário, a suposição padrão é que a televisão
funcione.
Não tentarei uma abranger todos os casos de quando existe um contrato
válido. Mas a seguir estão quatro princípios gerais plausíveis que governam
acordos válidos:

1. O consentimento válido requer uma maneira razoável de optar por não participar
(sair do acordo). Todas as partes de qualquer contrato devem ter a opção
de rejeitá-lo sem sacrificar nada a que tenham direito. Considere uma
modificação do exemplo da reunião do conselho da Seção 2.3. O presidente
diz: “A reunião da próxima semana será transferida para terça-feira às dez
horas. Aqueles que se opuserem gentilmente sinalizarão isso cortando os
braços esquerdos.”9 Nenhum braço é cortado. “Bom, estamos de acordo!”,
ele declara. Este não é um acordo válido, porque a demanda de que os
membros do conselho desistam de seus braços esquerdos, pois o preço da
dissidência da mudança de cronograma não é razoável. Por outro lado,
no exemplo da minha festa da Seção 2.3, a exigência de que você saia da
minha festa se não concordar em ajudar na limpeza é razoável, porque
tenho o direito de determinar quem pode participar de minhas festas. A
diferença importante entre o exemplo modificado da sala de reuniões e o
exemplo da festa não é uma questão de quão grandes são os custos; isto é,
não é simplesmente que perder o braço esquerdo seja muito pior do que ser
expulso de uma festa.10 O presidente não teria justificativa nem de exigir
que os membros do conselho pagassem $1 para expressar sua objeção à
mudança de horário. Pelo contrário, é uma questão de quem tem direitos
sobre o bem que os dissidentes são solicitados a desistir. Aqueles que
buscam um acordo seu com alguma proposta não podem exigir que você
desista de seus direitos como custo de rejeitar a proposta. Posso exigir que
9
Esse exemplo é de Simmons (1979, 81).
10
Como Otsuka (2003, 97) argumenta, o consentimento pode ser válido mesmo quando a falta
de consentimento tenha sido muito cara.
2. A Teoria Tradicional do Contrato Social 24

você desista do uso de minha propriedade se não aceitar alguma proposta


minha, mas não posso exigir que você desista do uso de sua propriedade.

2. Dissidência explícita supera alegado consentimento implícito. Um acordo implí-


cito válido não existe se alguém declarar explicitamente que não concorda.
Considere uma modificação do exemplo do restaurante da Seção 2.3. Su-
ponha que, depois de estar sentado, você diga à garçonete: “Não pagarei
pela comida que você me trouxer. Mas gostaria que você me desse um wrap
vegetariano.” Se a garçonete lhe trouxer o wrap, você não é obrigado a pagar
por isso. Dada sua afirmação, ela não poderia plausivelmente afirmar que
você concordou em pagar pela refeição. E o exemplo da festa? Anuncio que
qualquer pessoa que permanecer na minha festa deve concordar em ajudar
na limpeza. Suponha que, depois do meu anúncio, você responda: “Não
concordo”. Depois, peço que você saia, mas você se recusa e permanece até
o final da festa. Você é obrigado a ajudar na limpeza? Você não concordou
em limpar, pois declarou explicitamente que não concordava (quão mais
claro você poderia ter sido?). No entanto, é plausível que você seja obrigado
a ajudar na limpeza – não porque você concordou com isso, mas porque eu
tenho o direito de estabelecer condições para o uso da minha casa, incluindo
a condição de que quem a usa ajude a limpá-la. Isso deriva não de um
acordo, mas de minha propriedade sobre a casa.

3. Uma ação pode ser tomada como indicação de concordância com algum esquema,
apenas se for possível acreditar que, se alguém não o adotasse, o esquema não seria
imposto a ele. Suponha que, no exemplo da reunião do conselho, o presidente
anuncie: “A reunião da próxima semana será transferida para terça-feira
às dez horas, e eu não me importo com o que algum de vocês tem a dizer
sobre isso – a mudança de horário acontecerá mesmo você objetando ou
não. Agora, alguém quer se opor?” Ele faz uma pausa. Ninguém diz nada.
“Bom, estamos combinados”, ele declara. Nesse caso, não há acordo válido.
Embora os membros do conselho tenham tido a chance para objetar, tam-
bém ficou entendido que, se objetassem, a mudança de cronograma seria
imposta de qualquer maneira. Seu fracasso em expressar objeções, por-
tanto, não pode ser considerado um indicativo de concordância. Isso pode
simplesmente indicar que eles não desejaram perder tempo protestando
contra algo sobre o qual não tinham escolha.

4. A obrigação contratual é mútua e condicional. Um contrato normalmente coloca


ambas as partes sob uma obrigação mútua e a rejeição de uma parte de sua
obrigação contratual libera a outra parte de sua obrigação. Suponha que
você peça comida em um restaurante. Existe um acordo implícito entre você
e os proprietários do restaurante: eles fornecem comida e você paga. Se a
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The Project Gutenberg eBook of Synthetic resins
and their raw materials
This ebook is for the use of anyone anywhere in the United
States and most other parts of the world at no cost and with
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or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License
included with this ebook or online at www.gutenberg.org. If you
are not located in the United States, you will have to check the
laws of the country where you are located before using this
eBook.

Title: Synthetic resins and their raw materials

Author: United States Tariff Commission

Release date: June 2, 2022 [eBook #68224]

Language: English

Original publication: United States: Government Printing Office,


1938

Credits: Juliet Sutherland and the Online Distributed


Proofreading Team at https://www.pgdp.net

*** START OF THE PROJECT GUTENBERG EBOOK SYNTHETIC


RESINS AND THEIR RAW MATERIALS ***
UNITED STATES TARIFF COMMISSION

SYNTHETIC RESINS
AND THEIR RAW MATERIALS

REPORT No. 131


SECOND SERIES
RECENT REPORTS OF
THE UNITED STATES TARIFF
COMMISSION

REPORTS TO THE PRESIDENT

Under the Rate Adjustment Provisions (Sec. 336) of the Tariff Act of
1930
Dressed or Dyed Furs, Report No. 122, Second Series,
1937 $0.05
Slide Fasteners (Zippers), Report No. 113, Second Series,
1936 .10
Under the Unfair Practices Provisions (Sec. 337) of the Tariff Act of
1930
Coilable Metal Rules, Report No. 106, Second Series, 1936 .05
REPORTS TO THE UNITED STATES SENATE

Under the General Powers Provision (Sec. 332) of the Tariff Act of
1930
Nets and Netting and Other Fishing Gear, Report No. 117,
Second Series, 1937 .10
Salmon and Other Fish, Report No. 121, Second Series,
1937 .15
Subsidies and Bounties to Fisheries Enterprises by Foreign
Countries, Report No. 116, Second Series, 1936 .15
Tuna Fish, Report No. 109, Second Series, 1936 .10
Wood Pulp and Pulpwood, Report No. 126, Second Series,
1938 .30
OTHER REPORTS UNDER THE GENERAL POWERS
PROVISION OF THE TARIFF ACT OF 1930
Dominion and Colonial Statistics, Report No. 127, Second
Series, 1938 .10
Dyes and Other Synthetic Organic Chemicals in the United
States, 1937, Report No. 132, Second Series, 1938 .10
Extent of Equal Tariff Treatment in Foreign Countries, Report
No. 119, Second Series, 1937 .15
The Mica Industry, Report No. 130, Second Series, 1938 .25
Chemical Nitrogen, Report No. 114, Second Series, 1937 .25
Flat Glass and Related Glass Products, Report No. 123,
Second Series, 1937 .35
Iron and Steel, Report No. 128, Second Series, 1938 .60
Cutlery Products, Report No. 129, Second Series, 1937 .15
TRADE AGREEMENTS INFORMATION
Trade Agreement With Canada (a summary of the provisions
of this agreement), Report No. 111, Second Series,
1936 .15
Miscellaneous Reports
Changes in Import Duties Since the Passage of the Tariff Act
of 1930, Miscellaneous Series, 1937 .10
Rules of Practice and Procedure (Sixth Revision) and Laws
Relating to the United States Tariff Commission,
Miscellaneous Series, 1938 .10

For sale by the Superintendent of Documents, Government Printing Office,


Washington, D. C., at the prices indicated
UNITED STATES TARIFF COMMISSION
Washington

ERRATA
Since publication of the report on Synthetic Resins the
Commission’s attention has been called to certain necessary
corrections.
Page 37—2d line under heading “Production in the United
States”
Strike out “The Resinous Products and Chemical Co., Inc.,” and
insert “Rohm and Haas,”
Page 154—Last item under “Vinyl Resins”
Transfer the name of E. I. du Pont de Nemours and Co.,
Wilmington, Del. to line below so that it will not be opposite a trade
name. This company manufactures Vinyl Resins but not “Koroseal”.
December 1938
Transcriber’s Note: The errata have been corrected for this e-text, together with a
number of sundry typos.
UNITED STATES TARIFF COMMISSION

SYNTHETIC RESINS
AND THEIR RAW MATERIALS

A SURVEY OF THE TYPES AND USES OF SYNTHETIC


RESINS, THE ORGANIZATION OF THE INDUSTRY,
AND THE TRADE IN RESINS AND RAW
MATERIALS, WITH PARTICULAR
REFERENCE TO FACTORS
ESSENTIAL TO TARIFF
CONSIDERATION

UNDER THE GENERAL PROVISIONS OF SECTION 332, TITLE III,


PART II, TARIFF ACT OF 1930

REPORT No. 131


SECOND SERIES
UNITED STATES
GOVERNMENT PRINTING OFFICE
WASHINGTON: 1938

For sale by the Superintendent of Documents, Washington, D. C. Price 25 cents


UNITED STATES TARIFF
COMMISSION
RAYMOND B. STEVENS, Chairman
HENRY F. GRADY, Vice Chairman
EDGAR B. BROSSARD
OSCAR B. RYDER
E. DANA DURAND
A. MANUEL FOX
SIDNEY MORGAN, Secretary

Address All Communications


UNITED STATES TARIFF COMMISSION
WASHINGTON, D. C.
TABLE OF CONTENTS
Page
Acknowledgment xi
1. Introduction 1
Scope and purpose 2
Fundamental definitions 2
Tariff history 3
Broadening use of synthetic resins 4
Relation of synthetic resins to their raw materials 5
Sources of information 7
2. Summary:
Growth of the industry 7
Raw materials 8
Resins 9
The industry abroad 10
International trade 10
3. Tar-acid resins 11
The three stages of a tar-acid resin 13
Classification of tar-acid resins 13
Processes of resin manufacture 14
Production in the United States 15
Imports into the United States 16
Exports from the United States 17
Tar-acid resins for molding:
Molding powders and pellets 18
The molding of tar-acid resins 19
Production of tar-acid molding resins 19
Cast phenolic resins:
Process of manufacture 20
Uses 20
Patents and licensing 21
Production of cast phenolic resins 21
Imports and exports 21
Tar-acid resins for laminating 21
Uses of tar-acid resin laminated products 22
Production of tar-acid resins for laminating 23
Imports into the United States 24
Exports from the United States 24
Tar-acid resins for surface coatings:
Types of resin used and the resultant coatings 24
Production in the United States 25
Imports into and exports from the United States 25
Tar-acid resins in adhesives 25
Tar-acid resins for other uses 26
4. Alkyd resins:
Description and uses 26
Development and patents 27
Classification of alkyd resins:
Unmodified drying alkyd resins 28
Drying alkyd resins, modified with natural
materials 29
Drying alkyd resins, modified with other
synthetic resins 29
Drying alkyd resins, modified with other
synthetic resins and oil extended 29
Semidrying alkyd resins 29
Nondrying alkyd resins 30
Miscellaneous modified alkyd resins 30
Alkyd resins in water dispersion 30
Alkyd resins in molding compositions and
other uses 30
Pigments and solvents in alkyd resins 31
Production in the United States 31
Imports into and exports from the United States 32
5. Urea resins:
Description and uses 32
Production in the United States 34
United States imports and exports 35
6. Acrylate resins:
Properties and uses 35
Production in the United States 37
Imports into and exports from the United States 38
7. Coumarone and indene resins:
Description and uses 38
Production in the United States 39
Imports into and exports from the United States 39
8. Petroleum resins:
Properties and uses 39
Production 41
Imports and exports 41
9. Polystyrene resins:
Properties and uses 41
Production in the United States 42
Imports into and exports from the United States 42
10. Vinyl resins 43
Description and uses:
Polyvinyl acetate resins 44
Copolymers of vinyl acetate and vinyl chloride 46
Polyvinyl chloride resins 47
Polyvinyl chloroacetate resins 47
Divinyl acetylene and synthetic rubber 47
Production in the United States 48
Imports into the United States 48
Exports from the United States 50
11. Other synthetic resins:
Adipic acid resins 50
Aniline resins 50
Citric acid resins 50
Diphenyl resins 51
Furfural resins 51
Resins from sugar 51
Sulphonamide resins 51
12. The organization of the synthetic resin industry:
Horizontal relationships between resin producers 52
Vertical relationships between resin producers:
Tar-acid resins for molding 53
Tar-acid resins for laminating 54
Cast phenolic resins 54
Tar-acid resins for coatings 55
Tar-acid resins for miscellaneous uses 55
Alkyd resins made from phthalic anhydride 55
Alkyd resins made from maleic anhydride 55
Urea resins for molding 56
Urea resins for other uses 56
Coumarone and indene resins 56
Other resins 56
Relationship of the resin industry to other
industries:
The chemical industry 56
The surface-coating industry 57
The electric industry 57
The auto industry 57
13. The United States tariff and international trade in
synthetic resins 58
Rapid expansion in home markets 59
The effect of patents on international trade 59
The United States tariff on resins and resin
products:
Synthetic resins 60
Articles made of synthetic resin 61
14. Synthetic resin prices, properties, and uses:
Synthetic resins as substitutes 62
Motives for substitution 63
Materials displaced by synthetic resins 63
Competition between synthetic resins 63
Resins classified by cost 64
The physical properties of a resin and its uses 65
15. Synthetic resins in other countries:
Germany:
Production 75
Tar-acid resins 75
Alkyd resins 76
Urea resins 76
Polystyrene and vinyl resins 76
Uses of synthetic resins 76
Organization 77
Foreign trade 77
Great Britain:
Production 78
Tar-acid resins 79
Urea resins 79
Acrylate resins 79
Aniline resin 79
Organization 79
Foreign trade 80
France:
Producers 80
Foreign trade 81
Czechoslovakia 82
Italy 82
Japan 83
Production 83
Canada 84
Union of Soviet Socialist Republics 85
Netherlands 85
Denmark 86
Poland 86
16. Raw materials for alkyd resins 86
Naphthalene:
Recovery of naphthalene 87
Description and uses 87
United States production 88
Organization of the industry 89
Trend of production 89
World production 90
Germany 91
Great Britain 92
Belgium 93
Czechoslovakia 93
France 94
Poland 94
Netherlands 94
Canada 94
Union of Soviet Socialist Republics 94
Japan 94
United States imports:
Rates of duty 95
Import statistics 96
United States exports 98
Competitive conditions 98
Phthalic anhydride:
Description and uses 98
United States production 100
Production in other countries 101
United States foreign trade 101
Competitive conditions 101
Polybasic acids other than phthalic anhydride:
Maleic acid and anhydride 102
Malic acid and malomalic acid 102
Adipic acid 102
Succinic acid and anhydride 102
Fumaric acid 102
Glycerin:
Description and uses 103
United States production 103
Production in other countries 104
International trade 104
United States imports 105
United States exports 107
Competitive conditions 108
17. Raw materials for tar-acid resins:
The tar acids 109
Phenol:
Description and uses 110
United States production 111
Grades produced for resins 112
Producers 112
World production 113
United States imports:
Rates of duty 114
Import statistics 114
United States exports 116
Competitive conditions 116
The cresols, xylenols, and cresylic acid:
Description and uses:
The cresols 117
Metacresol 118
Orthocresol 118
Paracresol 118
Metaparacresol 118
Cresol 118
The xylenols 118
Other high-boiling tar acids 119
Cresylic acid 119
United States production:
The cresols 120
The xylenols 120
Other high-boiling tar acids 120
Cresylic acid 120
Foreign production 122
United States imports:
Rates of duty 124
Import statistics 125
United States exports 131
Competitive conditions 131
Synthetic tar acids other than phenol 132
Para tertiary amyl phenol 133
Para tertiary butyl phenol 133
Phenyl phenols 133
Resorcinol 133
Formaldehyde:
Description and uses 133
United States production 134
Production in other countries 134
United States imports and exports 134
Competitive conditions 135
Hexamethylenetetramine:
Description and uses 136
United States production 136
Production in other countries 136
United States imports and exports 136
Competitive conditions 137
Furfural 137
18. Raw materials for urea resins:
Urea 138
Thiourea 139
19. Raw materials for vinyl resins:
Description and uses 140
United States production 140
United States imports 141
Competitive conditions 141
APPENDIXES
Appendix A. Statistical tables on foreign trade in raw material
for synthetic resins 144
Appendix B. Trade names for synthetic resins made in the
United States 153
Appendix C. Trade names for synthetic resins made in Great
Britain 155
Appendix D. Trade names for synthetic resins made in
Germany 156
Appendix E. List of United States manufacturers of raw
materials for synthetic resins 158
Appendix F. Glossary 160
TABLES
No.
1. Synthetic resins: United States production and sales,
1921-37 8
2. Tar-acid resins: United States production and sales, by
type of raw material, 1933-37 14
3. Tar-acid resins: United States production and sales,
1927-37 15
4. Synthetic resins of coal-tar origin: United States imports
for consumption, 1919-37 16
5. Synthetic resins of coal-tar origin: United States imports
for consumption, by principal sources, in specified
years 1929-37 17
6. Cast phenolic resins: United States production and
sales, 1934-37 21
7. Alkyd resins from phthalic and maleic anhydride: United
States production and sales, 1933-37 31
8. Urea resins: United States production and sales, 1933-
37 35

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