Aula 9 - Mecanismos Efetores Da Imunidade Celular e Humoral

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Disciplina: Microbiologia e Imunologia

Aula 9: Mecanismos efetores da imunidade celular e


humoral
Apresentação

Nesta aula, estudaremos a imunidade mediada por células, realizada pelos linfócitos T. Além disso, veremos que a imunidade
humoral é uma subdivisão da imunidade adquirida em que a resposta imunológica é realizada por moléculas existentes no
sangue: os famosos anticorpos.

Perceberemos que antígenos diferentes estimulam respostas diferentes para otimizar a resposta imunológica. E quem
comanda isso é a célula TH e suas citocinas.

Objetivos

Diferenciar a resposta imune celular da resposta imune humoral;

Explicar a importância das citocinas produzidas por TH;

Reconhecer as funções biológicas dos anticorpos.


Imunidade celular
Na imunidade mediada por células, o principal papel dos linfócitos T é fornecer defesas contra vírus no citoplasma e outros
microrganismos intracelulares, que podem utilizar mecanismos de escape e fugir das vesículas endossômicas, passando a
sobreviver e se dividir no citoplasma.

É possível também ter infecções nas quais alguns microrganismos, como as bactérias, sobrevivem no interior dessas vesículas. A
tuberculose é um exemplo disso.

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COMO ISSO ACONTECE?


Proteínas de membrana envolvidas na ativação e inibição do sistema imune através da interação de células apresentadoras de antígeno (APC) e células T (linfócitos T). / Fonte:
 Shutterstock

O receptor do linfócito T para antígenos é formado pelas cadeias alfa e beta, compondo TCR, e duas cadeias, CD4 ou CD8,
denominadas correceptores.

Esse complexo reconhece outro complexo da célula apresentadora, que está a sua frente. Ela possui o peptídeo que está em
exposição localizado em uma fenda da molécula MHC.

O linfócito TH, que possui CD4 na sua superfície, interage com uma região da molécula MHC classe II fora da fenda de
apresentação.

O mesmo procedimento ocorrerá se for um linfócito TCD8. Porém, neste caso, reconhecerá uma região da molécula classe I do
MHC.

Também há moléculas de adesão, como a LFA-1, que garantem a permanência e a ativação do linfócito junto da célula
apresentadora.

Além dos componentes mostrados na membrana do linfócito, o sinal da sua ativação existe pela presença de um conjunto de
moléculas denominado CD3.

Essas cadeias polipeptídicas possuem uma cadeia intracitoplasmática maior do que TCR, e passível de reações bioquímicas que
levam à ativação do linfócito.

Do lado da APC, existem as moléculas CD40 e B7, que são coestimuladores.

A célula TCD8 necessita dos sinais enviados pela TCD4 (auxiliar) para entrar em ativação e se tornar a célula T citotóxica (CTL).
Isso é e ciente pois garante que a proteção desse tipo de célula não seja ativada à toa. Contudo, essa dependência
também se torna um risco, pois na infecção pelo vírus HIV, por exemplo, as células alvo são macrófagos e TH, mas,
como a TH está reduzida, não existe CTL, que seria uma boa saída para matar as células infectadas pelo HIV.

A região de contato entre essa a célula T e a APC ca totalmente concentrada com os todos componentes para reconhecimento
de antígeno e ativação da T. Esse momento é chamado de sinapse imunológica.

A partir desse momento, ocorrem sinalizações intracelulares bioquímicas por meio da ativação de proteínas que estavam
inativas.

Várias delas estão fosforiladas e são ativadas migrando para o núcleo da célula, estimulando o DNA para a síntese de um RNA
mensageiro para uma determinada proteína. Por isso, são chamadas de fatores de transcrição.

Vamos ver alguns fatores de transcrição bem conhecidos?

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Moléculas NFAT 

É o caso da molécula NFAT que está na célula T em repouso. A ação de uma fosfatase faz com que ela perca o fosfato
ligado à sua estrutura.

No estado ativo, ela migra para o núcleo da célula T. Sua ação é ativar o gene para a Interleucina -2, que é chamado de fator
de crescimento de célula T.

Moléculas NFkB 

A NFkB também é outro fator de transcrição e estimula vários genes de citocinas.

O reconhecimento antigênico culmina com a expansão de clones e diferenciação das células T em efetoras.

A primeira citocina a ser produzida é a Interleucina –2, entre 1 a 2 horas após a ativação. Além da IL-2, é produzido também o
receptor completo para IL-2 na membrana.

Dessa forma, uma célula T virgem não poderia entrar em mitoses a não ser pela ativação antigênica. Lembrando que a Il-2
estimula a sobrevivência e a proliferação dessas células signi cativamente.

Interessante que o linfócito TCD8 não produz IL-2 mas responde bem à IL-2 vinda da TH, assumindo que o controle é da TH.

Essas células podem aumentar em até mil vezes o número inicial de


linfócitos, mas as TH não se dividem tanto como as TCD8.
 Fonte: Shutterstock <https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg>

A explicação para isso é que, em uma resposta celular, é muito importante que
existam mais células T citotóxicas.

A TCD4 efetora secreta um grupo variável de citocinas que ativam outras células efetoras. Por isso, não há a necessidade de
tantas células TCD4 se compararmos à TCD8.

A diferenciação celular ocorre entre 3 a 4 dias e essas células efetoras deixam os órgãos linfoides periféricos e a maioria segue
para o local da infecção onde TCD4 e TCD8 possuem funções diferentes.

As células TCD4 no entanto permanecem nos órgãos linfoides e migram para os folículos ou centros linfoides, auxiliando na
ativação dos linfócitos B.
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Atenção

Uma proteína de superfície importante na célula T é chamada de Ligante de CD40.

Essa molécula se liga a CD40 na superfície de células dendríticas, macrófagos e também linfócitos B ativando a célula TH.

A reação da APC é produzir citocinas que ative as células T.

Subdivisão das células TH

Na década de 1980, várias pesquisas em imunologia começaram a sugerir que existia uma subdivisão das células TH,
que existiriam subgrupos de TH que eram diferenciados de acordo com o tipo de citocinas que produziam.

Assim, cou claro que o sistema imunológico responde de maneira diferente aos tipos de patógenos, pois agem de
acordo com essas citocinas que ativam células especializadas.

 Fonte: BlurryMe / Shutterstock


Exemplo

No caso de microrganismos resistentes à destruição pelos fagócitos, a chamada ação microbicida de fagócitos cria a
necessidade de um “empurrão” para que essas células possam aumentar os constituintes de destruição intracelulares.

Vemos que ocorre o mesmo quando não é possível fagocitar um patógeno, como é o caso de helmintos, os populares vermes.

O que podemos fazer nesses casos?

Ativamos um tipo de resposta que estimula as células a liberarem seus conteúdos em cima dos helmintos, modi cando a sua
cutícula e permitindo a sua fragmentação.

Nesse caso, são respostas que produzem anticorpo IgE e eosinó los que fazem uma parceria fantástica.

Quais são os subgrupos das células TH?


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TH1 

As células TH1 estimulam o englobamento mediado por fagócitos e a sua eliminação. A principal citocina é Interferon gama
(IFNg).
É considerada um compotente ativador de macrófagos e dendríticas, estimulando a expressão de moléculas de classe II e
de B7 na sua superfície. Essa citocina da TH1 também estimula a troca de isótipos de anticorpos que estimulam a
fagocitose de macrófagos.
A IFNg também estimula o sistema complemento e o mecanismo de citotoxidade por meio de anticorpo.
A ativação do IFNg ao receptor, associada à ligação da LCD40 –CD40 na superfície dos macrófagos, leva à ativação de
fatores de transcrição e os genes para as enzimas proteases e outros que estimulam a síntese de intermediários reativos do
oxigênio. Com isso, macrófagos tornam-se fortemente microbicidas.
A TCD8 também secreta IFNg e por isso contribui para a ativação de macrófagos.

Qual a lógica disso?

Em uma infecção intracelular, é fundamental para a resolução da resposta imune que haja a remoção de células infectadas
ou modi cadas já mortas.
Além disso, os macrófagos, ao fagocitarem células mortas, estarão mais uma vez apresentando peptídeos de antígenos que
estavam localizados no interior dessas células. Isso mantém o estado ativo e focado no antígeno.

Macrófagos ativados secretam IL-12 que estimulam a diferenciação de TH virgens.


TH2 

O subtipo TH2 estimula a imunidade mediada por eosinó los, produzindo Interleucina -4 (IL-4), que estimula a produção do
anticorpo IgE, e a Interleucina-5 (IL-5), que ativa eosinó los.

A IgE ativa mastócitos e se liga a eosinó los que são importantes na resposta imune contra helmintos.

A IgE reveste a superfície desses organismos e os eosinó los reconhecem a IgE projetada na superfície ligando-se a ela.
Com isso, ele libera os constituintes dos seus grânulos, entre eles proteínas catiônicas que destroem a cutícula desses
helmintos.

Além da IL-4, a Interleucina-13 (IL-13) estimula a secreção de muco e o peristaltismo, que é a contração da musculatura lisa
para expulsar esses patógenos do organismo.

Importante mostrar também que a IL-4, a IL-10 e a IL-13 possuem funções de ativação de epitélio e células e inibem as
citocinas TH1. Ou seja, a resposta estimula seletivamente células e mecanismos distintos. Por isso, controlam outros
componentes da resposta imunológica.

Como já sabemos, os microrganismos parasitos se bene ciam dos nossos componentes sem serem eliminados.

Exemplo

Um bom exemplo é a doença lepra.

Mycobacterirum leprae provoca dois tipos de doenças:


• A forma lepromatosa, que é destrutiva; e
• A forma tuberculoide, que é melhor controlada.

A TH1 bene cia enormemente a bactéria!

TH17 

A TH17 induz em outras células a produção de citocinas importantes para o recrutamento de neutró los. Por isso, a TH17
está presente em in amações crônicas.

Ela estimula macrófagos e células dendríticas a produzirem Interleucina-6 (IL-6), Interleucina -1 (IL-1) e Interleucina-23 (IL-23).
Estimula também a produção de defensinas no epitélio, auxiliando na manutenção da barreira epitelial.

É o tipo de resposta importante para fungos e bactérias. Quando TH17 está presente a in amação é mais forte e
prolongada.

Comentário

Hoje tem se levado em consideração que alguns subgrupos podem se converter em outros, mas deixaremos essa discussão
para depois.

Outra informação que não podemos nos esquecer é que muitas citocinas não são exclusivas de células T. Identi camos a
mesma sendo produzida por um macrófago e TH.
 Vias de ativação dos subtipos de TH com os fatores de transcrição e citocinas / Shutterstock

Como a TCD8 é ativada?

A TCD8 é ativada pela presença de epitopo antigênico e coestimuladores que induzem à diferenciação em CTL, ou
citotóxico.

É durante a ativação que essa célula começa a produzir as proteínas utilizadas para destruir células.

O receptor TCR reconhece o peptídeo na fenda da molécula classe I do MHC e o correceptor CD8 em uma região lateral
dessa fenda. Tanto TCD4 como TCD8, ao realizarem essa ligação, estão interagindo na chamada restrição MHC.

 Fonte: BlurryMe / Shutterstock

É sempre bom lembrar que a restrição MHC garante que essas células serão efetoras contra
antígenos e devem ser apresentadas por células próprias. Assim, ocorre uma aglomeração
em um local especí co da membrana da TCD8 com a participação de TCR, CD8, CD3 e
outras proteínas sinalizadores que desembocam no sinal para o interior da célula. É o que se
chama transdução de sinal.

Com isso, os grânulos repletos de proteínas migram para a periferia da célula no ponto de contato e descarregam o seu conteúdo.
Duas proteínas são importantes nessa lise1 pelas células CTL:

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Perforina 

Estruturalmente, é semelhante à proteína C9 do sistema complemento. Por isso, também é especializada em romper a
estrutura da membrana da célula alvo.

Ela faz pequenos orifícios que permitem a passagem de outro componente, a granzima b, que estimula enzimas
denominadas caspases que ativam a morte por apoptose nas células infectadas. .

LFas ou ligante de Fas 

A CTL também possui uma proteína denominada LFas ou ligante de Fas. A célula alvo possui a proteína Fas e a ligação entre
elas também induz a apoptose. No entanto, esse não é o papel principal da CTL.

Assim, as células destruídas pela CTL são removidas pelos fagócitos.

 Morte celular pela ação da célula CTL. / Fonte: Shutterstock


Migração das células T efetoras
As células T efetoras migram para o local da infecção porque possuem na superfície moléculas de adesão que podem reconhecer
as selectinas e integrinas na superfície do endotélio, como vimos na imunidade inata.

Elas também possuem receptores para quimioatraentes ou quimiciocinas que fazem com que atravessem o epitélio e alcancem
os macrófagos e as células da in amação.

As células T virgens não possuem esses receptores e por isso não são encontradas nos locais da in amação.

 Migração das células T efetoras para o sítio da infecção. Fonte: Abbas e Lichmann, 2014.
Imunidade humoral

Agora, vamos aprender sobre o outro braço da resposta imunológica adquirida: a resposta humoral.

Como vimos na aula 6, a imunidade humoral serve para neutralizar e impedir a ação de microrganismos extracelulares e
também as toxinas microbianas.

 Atendimento psicológico | Fonte: BlurryMe / Shutterstock

Esse tipo de resposta é também importante no caso de microrganismos com cápsula, pois
os polissacarídeos não são processados pelas enzimas das células apresentadoras de
antígenos.

Microrganismos produtores de cápsula tendem a ser mais virulentos e só conseguimos eliminá-los com o auxílio de anticorpos. O
mesmo para lipídeos e ácidos nucleicos de patógenos.

Os anticorpos são receptores de antígenos que reconhecem várias


estruturas antigênicas diferentes nos antígenos, os chamados epitopos
conformacionais, que estudamos na aula anterior .

 Fonte: Shutterstock <https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg>


Isso não signi ca que essas proteínas não possam reconhecer sequências lineares, epitopos lineares, mas a grande vantagem
está na ligação com a estrutura nativa da molécula antigênica.

Receptores de antígenos dos linfócitos


Antes de começarmos, vamos entender um pouco mais sobre os receptores de antígenos dos linfócitos.

Essas moléculas possuem regiões que variam entre os clones de linfócitos e são elas
que se ligam ao antígeno.

Cada clone é especí co para um antígeno, lembra?

São chamadas de regiões variáveis.

Em relação aos anticorpos, quando analisamos especialmente


os pontos de contato com o antígeno, percebemos que não é
toda essa região variável, mas de dois a três pontos de
contato. Essas regiões garantem a complementariedade da
ligação, o encaixe.

Por isso, são chamadas de regiões determinantes de


complementariedade. E dizemos que são regiões
hipervariáveis, pois, entre os anticorpos, estão as principais
diferenças entre as regiões variáveis. A essa especi cidade
chamamos de idiotipo da imunoglobulina.
 Anticorpo e as regiões. / Fonte: Shutterstock.
Essas moléculas também possuem uma região que quase
sempre mantém os aminoácidos, por isso, é denominada de
região constante, que não se liga ao antígeno. Estão na
superfície e fazem parte do receptor de antígeno, seja TCR ou
BCR.

No caso dos anticorpos que são secretados, essa região é reconhecida por células da
resposta imune e isso é muito importante para ativação de várias células.
Linfócitos B
Agora, vamos nos concentrar nos linfócitos B.

Essas células possuem receptores chamados o cialmente de imunoglobulinas de superfície ou BCR.

Próximo ao BCR estão duas cadeias denominadas Igα e Igb, especializadas na transdução de sinal quando a célula B for ativada.

Como vimos, da mesma forma que os linfócitos T, existem moléculas no estado inativo que são ativadas por fosforilações e se
dirigem ao núcleo da célula B, ativando muitos genes responsáveis por moléculas que medeiam a resposta desses linfócitos.

As células B ativadas passam por um processo de diferenciação, tornando-se plasmócitos secretores de anticorpos.

 Receptores de células B e T. / Fonte: Imunologia Básica. Abbas, A;. Lichmann, A.; Pillai, S. 2014
Os anticorpos secretados ou as imunoglobulinas de superfície
são proteínas formadas por quatro cadeias polipeptídicas, que
dá uma aparência da letra Y.

Duas dessas cadeias são maiores e são chamadas de cadeias


pesadas ou H2 , do inglês heavy (pesada). E as duas menores
são chamadas de cadeias leves ou L3 , do inglês light (leve).

Parte da cadeia pesada e toda a cadeia leve formam um braço


da molécula de anticorpos.

O que mantém as quatro cadeias unidas, são ligações


dissulfeto entre os resíduos de aminoácidos cisteína nas
cadeias. Isso contribui também para a forma da proteína,
globular.

 Fonte: Shutterstock

Na cadeia de imunoglobulina, a cadeia H e a cadeia L possuem uma região variável e uma região constante com funções
diferentes.

Veja na gura, que a região variável da cadeia H e da L estão na ponta do braço e servem para reconhecer o antígeno. Assim, VH +
VL se liga ao antígeno e é chamada de porção de ligação ao antígeno ou Fab, do inglês antigen binding (ligação ao antígeno). Na
molécula de anticorpo, existem duas regiões Fab idênticas.

As regiões constantes da cadeia pesada possuem outras funções, como ligar as proteínas do sistema complemento aos
receptores especí cos para essas regiões presentes na membrana de algumas células do sistema imunológico. A região
constante recebe o nome Fc.
 Estruturas básicas de imunoglobulinas. Fonte: Shutterstock

Atenção

Cada molécula de anticorpo possui duas regiões Fab idênticas que se ligam ao antígeno e uma região Fc que confere as
atividades biológicas ou efetoras da molécula de anticorpo.

Entre as regiões Fab e Fc, existe uma região bem exível que permite a abertura dos braços. Pode ser chamada informalmente de
dobradiça, e é importante para a ligação a epitopos que estão distantes. Assim, dá maior exibilidade para os braços alcançarem
os antígenos.
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Propriedades biológicas dos isotipos de anticorpos

 Fonte: Shutterstock <https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg>

Vamos agora aprender um pouco sobre essas propriedades biológicas dos isotipos de
anticorpos.
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IgA 

A IgA é uma imunoglobulina que pode variar na região constante dando origem aos subtipos IgA1 e IgA2.

Esse anticorpo está presente na circulação e na superfície de mucosas impedindo o acesso dos patógenos aos sítios de
ligação.

Quando secretado em mucosas, IgA tem a forma dimérica unida com auxílio da cadeia J, que torna IgA mais competente
para ligar mais de dois antígenos (teoricamente quatro). Isso também é fundamental para a manutenção da sua estrutura,
pois impede a exposição de regiões que são alvos das proteases durante a digestão ou estão presentes no muco.

IgE 

A IgE só existe como monômero e, como já vimos, atua em respostas contra helmintos.

No entanto, alguns indivíduos possuem a tendência a produzir mais esse isótipo e são chamados de alérgicos.

A região Fc de IgE é reconhecida por receptores de mastócitos e eosinó los. Nesse caso, são os seus efeitos que provocam
a doença alérgica.

IgM e IgD 

A IgM é bem grande. São cinco unidades pela cadeia J, portanto, um pentâmero. Está presente junto à IgD na superfície da
célula virgem.

É secretada por células efetoras plasmócitos logo no início da infecção e o fato de ser pentamérica garante a ligação,
mesmo que teórica, a dez epitopos.

Ela ativa a via clássica do sistema complemento, mas, como não está com as suas regiões Fc livres, não ativa células. A sua
principal função é eliminar antígenos junto com a participação do sistema complemento.

As recentes descobertas sobre a IgD mostram que ela está presente no trato respiratório superior, reagindo contra
patógenos respiratórios. Já, na circulação, é reconhecida por basó los e outras células, sugerindo que esse isótipo é
importante contra infecções bacterianas respiratórias.

IgG 

A IgG existe em quatro subtipos diferentes, IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4, sempre na forma de monômeros na circulação.

Atua na neutralização de antígenos impedindo o acesso a tecidos, ativa a fagocitose e a citotoxidade dependente de
anticorpos.
Chamamos de a nidade a força que liga a molécula de antígeno ao epitopo. Em
relação aos anticorpos, veri ca-se que a a nidade aumenta ainda durante a resposta,
e esse fenômeno chama-se maturação da a nidade. Ocorre exclusivamente nos
folículos linfoides dos órgãos periféricos, onde os anticorpos são produzidos.

A produção de anticorpos
Há décadas, a indústria e os centros de pesquisa produzem anticorpos monoclonais que servem para testes diagnósticos ou
tratamentos.

A produção de anticorpos na sua origem envolvia a fusão de uma célula B ativada de um animal imunizado contra o antígeno de
interesse, e a posterior fusão com uma célula chamada de mieloide, que são tumores de células B. Chama-se anticorpo
monoclonal porque é originado de um único clone.

As células fusionadas são chamadas de hibridomas e produziam continuamente o anticorpo de interesse. Hoje, a técnica de DNA
recombinantes é amplamente utilizada para a síntese de anticorpos, utilizando bactérias contendo o gene da imunoglobulina.

Fases da resposta imunológica humoral


Vamos aprender agora as fases da resposta imunológica humoral.

Como já vimos, a célula B virgem possui IgM e IgD na sua superfície. Quando ativadas pela presença de antígenos, entram em
expansão clonal chegando a 4000 células.

Os plasmócitos produzem anticorpos com a mesma especi cidade dos receptores de antígeno. Durante essa diferenciação,
algumas células B começam a produzir anticorpos de diferentes isótipos ou classes.

Isso é importante pela necessidade da participação de um isótipo particular na eliminação


do antígeno. Esse processo se chama troca de isótipo ou cadeia pesada.

As respostas dos anticorpos são classi cadas como dependente de T ou independente de T, segundo a necessidade de apoio
das células T.
A resposta começa quando os linfócitos B 4 reconhecem os
antígenos que entraram pelos tecidos ou sangue.

Usando um linfonodo, os macrófagos que revestem a cavidade


subcapsular podem capturar esses antígenos e exibi-los às
células B, mas lembre-se de que elas podem reconhecer o
antígeno nativo e utilizam receptores TLR.

No entanto, a interação com macrófagos e dendríticas são


sinais adicionais importantes. As células B possuem também
receptores para o fragmento C3d do sistema complemento.

A ligação com o antígeno promove o agrupamento dos


receptores e ativa vários fatores de sinalização para o interior.
Em seguida, internalizam e apresentam os epitopos em
moléculas de classe II.

Depois, ela se desloca em direção à saída do folículo, em


resposta à presença de quimioccinas. Ao mesmo tempo, os
linfócitos TH ativados se deslocam em direção ao folículo e,  Ativação de células B em respostas dependentes de T. / Fonte: Shutterstock.
em alguma região nesse trajeto, as células TH e LB interagem.

É importante saber que essas células não apresentam para células TH virgens, só nessa
situação ativada.

As interações envolvem a LCD40 da TH e a CD40 da célula B. Esse é o fator para a célula B entrar em expansão clonal.

Nessa resposta dependente de T, as citocinas secretadas fazem toda a diferença em relação ao isótipo que o plasmócito
produzirá.

Como estudamos no início da aula, a presença de IFNg ou IL-4 entre outras estimulam a troca de classes e também a maturação
da a nidade.

A troca de classes ou isótipos é um evento da célula B em que ela utiliza a enzima AID. Se a troca de isótipo for de IgM para IgG,
sai sequência de DNA responsável da cadeia pesada m e entra a cadeia pesada g.

Então, são produzidas novas moléculas de anticorpos com a mesma especi cidade. A região variável nesse evento não muda,
mas tem uma nova região constante.

Na maturação da a nidade, a AID participa mudando alguns aminoácidos na região


variável e isso faz aumentar a capacidade de ligação ao antígeno.

É comum essas células B ativadas migrarem de volta para o folículo linfoide e carem em uma região chamada de centro
germinativo, onde se dividirem rapidamente e se diferenciam. Nesses locais, surgem também as células B de memória.
Associação das citocinas de TH com a produção anticorpos
Agora, vamos rever mais uma vez a associação das citocinas de TH com a produção anticorpos.

A IFNg liberada pela TH1, estimula a troca para IgG com o intuito de atuarem como opsoninas, como as IgG1 e IgG3.

Dessa forma, fagócitos como macrófagos reconhecem RFcg e as células NK possuem CD16 que reconhece Fcg.

A IL-4, como já sabemos, estimula a troca para IgE, e mastócitos, eosinó los que possuem RIFce de alta a nidade. A citocina
TGF-b estimula a troca para IgA e é importante para a resposta de mucosas.

Quando o antígeno é grande (formado por vários epitopos repetidos), a célula B reconhece e entra em um forte estado de
ativação.

Exemplo

É o que ocorre com as células B-1 na mucosa e células B no baço. No entanto, esse tipo de ativação, sem a participação da TH,
não produz na resposta anticorpos com muita a nidade.

Comentário

Percebemos nesta aula a importância da ativação de células especializadas para determinados antígenos. Além disso, vimos que
o momento da apresentação antigênica inicia o direcionamento do subtipo de TH e resposta efetora. Na próxima aula, e última,
estudaremos as doenças provocadas pelo sistema imune. Até lá!

Atividade
1. Quando existem microrganismos extracelulares, a resposta imunológica que deve ser ativada é:

a) IL-1
b) Inata
c) Adquirida
d) Celula
e) Humoral

2. Assinale uma citocina de TH1:

a) IL-1
b) IL-10
c) TNF
d) IFN-g
e) IL-4
3. A região de contato muito especí co entre epitopo e receptor da célula B é denominada de:

a) Fab
b) CDR
c) Fc
d) RFab
e) RIL-2

Notas

Lise

A lise celular é o processo de destruição ou dissolução da célula causada pela rotura da membrana plasmática.

Cadeias pesadas ou H

Em relação à cadeia pesada, existem cinco tipos de polipeptídeos diferentes: α,μ,ς ,ε e γ .

A molécula de anticorpo que possui a cadeia constante g é a IgG.

Da mesma forma, IgA, IgM, IgE e IgD são isótipos dos tipos diferentes de cadeias pesadas das imunoglobulinas.

Cadeias leves ou L

As cadeias leves são de dois tipos:


• Kappa (K)
• Lambda (l)

Cada célula B em formação escolhe somente um tipo de cadeia leve para formar o seu receptor.

Linfócitos B

Estão localizados nos folículos linfoides do baço, linfonodos e tecidos mucosos, com a presença também da célula dendrítica
folicular.

Referências

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

MALE, D. et al. Imunologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

Próxima aula
Sistema imunológico como causador da doença;

Alergias e doenças autoimunes.

Explore mais

Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, assista ao vídeo Guerras de imunologia: um bilhão de anticorpos
<https://www.youtube.com/watch?v=Na-Zc-xWCLE> .

É possível legendar o vídeo em português no YouTube.

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