Por Que Somos Indiferentes Quanto Ao Retorno de Cristo

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Por Que Somos Indiferentes Quanto ao Retorno de Cristo

Logo depois do término da primeira guerra mundial, ouvi um grande pregador do sul dizer que temia
que o intenso interesse pela profecia generalizada naquela época resultaria na morte da bendita esperança
quando os eventos provassem que os entusiásticos intérpretes estavam errados.
O homem era profeta, ou pelo menos um estudioso notavelmente perspicaz da natureza humana, pois
aconteceu exatamente e que ele predisse. A esperança da vinda de Cristo está quase morta hoje em dia entre
os cristãos bíblicos. Não significa que tenham abandonado a doutrina do segundo advento. De modo
nenhum. Tem havido, como todas as pessoas bem informadas sabem, um ajustamento entre alguns dos
pontos doutrinários menores do nosso credo, mas a imensa maioria dos evangélicos firmes continua
sustentando a crença em que Jesus Cristo algum dia voltará de fato à terra em pessoa. A vitória final de
Cristo é aceita como uma das inabaláveis doutrinas da Escritura Sagrada.
É verdade que em alguns rincões as profecias da Bíblia são expostas ocasionalmente. Isto acontece
especialmente entre os cristãos hebreus que. por razões muito compreensíveis, parecem sentir-se mais perto
dos profetas do Velho Testamento do que os crentes gentios. O amor que votam a seu povo leva-os
naturalmente a apegar-se a toda esperança de conversão e restauração última de Israel. Para muitos deles o
retorno de Cristo representa rápida e feliz solução do "problema judeu". Os longos séculos de peregrinação
terminarão quando Ele vier, e Deus nesse tempo restaurará "o reino a Israel". Não ousamos deixar que o
nosso profundo amor por nossos irmãos cristãos hebreus nos cegue para as óbvias implicações políticas
deste aspecto da esperança messiânica. Não os censuramos por isso. Apenas chamamos a atenção para o
fato. Todavia, o retorno de Cristo como bendita esperança está quase morto entre nós, como já disse. A
verdade referente ao segundo advento onde é apresentada hoje, é na
maior parte acadêmica ou política. O jubiloso elemento pessoal falta por completo. Onde estão aqueles que
"Tanto anseiam pelo sinal ó Cristo, do Teu cumprimento; pelo chamejar desvanecem, dos Teus passos em
Teu advento?" A aspiração por ver a Cristo que queimava o peito daqueles primeiros cristãos parece ter-se
queimado toda. Tudo que resta são cinzas. É precisamente o "anseio" e o "desvanecimento" pelo retorno de
Cristo que distingue entre a esperança pessoal e a teológica. O mero conhecimento da doutrina correta é
pobre substituto de Cristo, e a familiaridade com a escatologia do Novo Testamento nunca tomará o lugar do
desejo inflamado de amor de fitar Sua face. Se o ardoroso anelo desapareceu da esperança do advento hoje,
deve haver razão para isto; acho que sei qual é, ou quais são, pois há um bom número delas. Uma é
simplesmente que a teologia fundamentalista popular tem dado ênfase à utilidade da cruz, e não à beleza
dAquele que nela morreu. A relação do salvo com Cristo é apresentada como contratual, em vez de pessoal.
Tem-se acentuado tanto a "obra" de Cristo, que estaeclipsou a pessoa de Cristo. Permitiu-se que a
substituição tomasse o lugar da identificação. O que Ele fez por mim parece mais importante do que o que
Ele é para mim.
Vê-se a redenção como uma transação de negócio direto que "aceitamos"; e à coisa toda fica faltando
conteúdo emocional. Temos de amar muito a alguém, para ficarmosdespertos esperando a sua vinda, e isso
talvez explique a ausência de vigor na esperança do advento entre aqueles que ainda crêem nela. Outra razão
da ausência de real anseio pelo retorno de Cristo é que os cristãos se sentem tão bem neste mundo que têm
pouco desejo de deixá-lo. Para os líderes que regulam o passo da religião e determinam o seu conteúdo e a
sua qualidade, o cristianismo tornou-se afinal notavelmente lucrativo. As ruas de ouro não exercem atração
muito grande sobre aqueles que acham fácil amontoar ouro e prata no serviço do Senhor cá na terra. Todos
queremos reservar a esperança do céu como uma espécie de seguro contra o dia da morte, mas enquanto
temos saúde e conforto, por que trocar um bem que conhecemos por uma coisa a respeito da qual pouco
sabemos? Assim raciocina a mente carnal, e com tal sutileza que dificilmente ficamos cientes disso.
Outra coisa; nestes tempos a religião passou a ser uma brincadeira boa e festiva neste presente
mundo, e, por que ter pressa quanto ao céu, seja como for? O cristianismo, contrariamente ao que alguns
pensaram, é forma diversa e mais elevada de entretenimento. Cristo padeceu todo o sofrimento. Derramou
todas as lágrimas e carregou todas as cruzes; temos apenas que desfrutar os benefícios das suas dores em
forma de prazeres religiosos modelados segundo o mundo e levados adiante em nome de Jesus. É o que
dizem pessoas que ao mesmo tempo afirmam que crêem na segunda vinda de Cristo.
A história revela que os tempos de sofrimento da igreja têm sido igualmente tempos de alçar os
olhos. A tribulação sempre deu sobriedade ao povo de Deus e o encorajou a buscar e a esperar ansiosamente
o retorno do seu Salvador. A nossa presente preocupação com este mundo pode ser um aviso de amargos
dias por vir. Deus fará com que nos desapeguemos da terra de algum modo — do modo fácil, se possível; do
difícil, se necessário. É a nessa vez.

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