Cuidados de Enfermagem Na Ressonância Magnética Cardíaca
Cuidados de Enfermagem Na Ressonância Magnética Cardíaca
Cuidados de Enfermagem Na Ressonância Magnética Cardíaca
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
CARDÍACA
Resumo
Abstract
Cardiac magnetic resonance imaging is a diagnostic method that gives information on morphofunctional
a wide range of pathologies of the cardiovascular system. Being a complex examination of various stages,
it becomes relevant to the role of nursing in cardiac magnetic resonance. This study aims to demonstrate
the functions of the nursing staff in the examination of cardiac magnetic resonance imaging as a way to
guarantee a specific and safe patient care. The methodology used was an integrative review of exploratory
INTRODUÇÃO
210
METODOLOGIA funções: planejar, executar e avaliar todas as ativi-
dades de enfermagem.(11)
Para entendimento e desenvolvimento do tema,
optou-se pela pesquisa bibliográfica de caráter ex-
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
ploratório e do tipo descritivo.
CARDÍACA X ENFERMAGEM
Realizou-se um levantamento preliminar da li-
teratura nas seguintes bases de dados: BDENF; A imagem por ressonância magnética aplicada em
SCIELO; LILACS; MEDLINE e PUBMED que foram diversas áreas clínicas, conheceu, ao longo dos
acessados por meio do site do Periódicos Capes e tempos, diversos avanços desde a sua descoberta.
da Biblioteca Virtual em Saúde a partir dos seguin- É uma técnica baseada na resposta específica do
tes descritores: Imagem por Ressonância Mag- próton de hidrogênio (abundante no corpo huma-
nética / Gadolínio / Fármacos Cardiovasculares / no) que, quando submetido a um campo magnéti-
Cuidados de Enfermagem. Os quais foram encon- co, tem a capacidade de absorver a energia de ra-
trados um total de 1009 periódicos, que após a lei- diofrequência e convertê-la sob forma de sinal, que
tura e análise, foi possível selecionar 50 referências é captado e amplificado por bobinas localizadas na
entre artigos, livros e concensos para satisfazer o área a ser examinada.(1,2)
objetivo proposto pelo estudo. As imagens de ressonância magnética podem
Foram consultados também livros de medicina e ser ponderadas de forma a demonstrar os diferen-
enfermagem especializados em Ressonância Mag- tes tipos de tecidos tais como: neuronais, fibro-
nética Cardíaca, capazes de proporcionar explica- sos, cartilaginosos, musculares e gordurosos além
ções a respeito do tema proposto. de, evidenciar e analisar fluidos corpóreos como o
Como critérios de inclusão foram elencados: ter sangue, o conteúdo biliopancreático dentre outros,
sido publicado nos últimos 20 anos em periódicos através das ponderações predominantemente utili-
nacionais e internacionais que trouxessem aborda- zadas em T1, T2, densidade de prótons e pondera-
gem plena e/ou parcial do objeto de estudo, escrito ções especiais.(2)
em português ou inglês, e estar disponível na ínte- A ressonância magnética cardiovascular teve um
gra. Foram excluídos os artigos que não atendiam crescimento considerável nos últimos anos e agora
aos objetivos propostos pelo estudo. está plenamente estabelecida em grandes centros
médicos. Este método utiliza os mesmos princí-
pios básicos da ressonância magnética convencio-
DISCUSSÃO nal, entretanto requisita de técnicas e parâmetros
específicos para a avaliação da anatomia, função e
O estudo do coração pela ressonância magnética patologia cardiovascular.(1-5)
originou novas responsabilidades para o enfermei- Estudos mostram que a ressonância cardíaca
ro tais como: o conhecimento sobre as patologias possui várias vantagens para o estudo de pacien-
cardiovasculares, além dos critérios de segurança e tes com doenças cardiovasculares os quais desta-
processo de formação da imagem na ressonância cam-se: as imagens são adquiridas sem aplicação
magnética cardíaca.(10) de radiação ionizante ou a administração de isó-
Por ser um profissional que atua diretamente topos radioativos ou de contraste iodado; as ima-
nos procedimentos de diagnóstico por imagem, a gens podem ser adquiridas durante o exame em
resolução do COFEN nº 211/98, normatiza a com- qualquer plano ortogonal, superando outras mo-
petência do enfermeiro nos serviços de diagnós- dalidades diagnósticas como a ecocardiografia,
tico por imagem no qual destacam entre outras cintilografia miocárdica e tomografia computado-
rizada; é uma modalidade de imagem flexível que
211
permite a avaliação de vários parâmetros diferen- três a quatro horas (para exames de RMC); auxiliar
tes da anatomia e função cardiovascular; tem a ca- no posicionamento do paciente na mesa de exa-
pacidade de quantificar com boa resolução espa- me; realizar monitorização eletrocardiográfica com
cial e temporal medidas significativas da estrutura eletrodos compatíveis em ambientes de ressonân-
e/ou desempenho cardíaco.(1-5) cia magnética posicionados geralmente na região
A RMC é uma modalidade de imagem ampla- anterior do hemitórax esquerdo, realizando trico-
mente aceita, reconhecida e estabelecida na práti- tomia se necessário; realizar punção venosa peri-
ca clínica pelo seu valor diagnóstico em uma vas- férica preferencialmente com cateter de calibre 18
ta gama de doenças do sistema cardiovascular e ou 20 em membro superior direito; orientar quanto
está indicada nas cardiopatias congênitas, doença ao procedimento a ser realizado em especial, quan-
isquêmica do coração, doença arterial coronariana, to ao tempo total do exame (que pode ser longo);
cardiomiopatias / miocardite não isquêmica, doen- orientar quanto aos ruídos elevados no decorrer do
ças do pericárdio, avaliação de doença cardíaca exame (dispor de protetores auriculares); orientar
valvular, anomalias ventriculares, angiografia pul- quanto a necessidade e colaboração para a reali-
monar, fibrilação atrial, doença arterial periférica, zação das apneias. Durante o exame deve avaliar
doença arterial da carótida, doenças da aorta torá- os sinais vitais de acordo com o estado hemodi-
cica, massas cardíacas, doenças congênitas, den- nâmico do paciente; avaliar estado de consciência
tre outros.(1-5,12,13) e necessidades do paciente continuamente; ad-
ministrar fármacos conforme prescrição médica,
Para que a RMC forneça imagens com excelen-
atentando para as possíveis reações adversas. E
te resolução temporal e espacial faz-se necessário
por fim, após o exame, o enfermeiro deve avaliar
dispor de bobina específica para o exame, dispo-
os sinais vitais; avaliar nível de consciência; realizar
sição correta dos eletrodos utilizados para a sin-
o registro de enfermagem e auxiliar na transferên-
cronização cardíaca (a fim de evitar interferências
cia do paciente para sua unidade de origem.(8-10,15-18)
no traçado do ECG), do posicionamento correto do
gatting respiratório (evitando assim artefatos de Estudos mostram que, para avaliar as contrain-
movimento provocados pela respiração), além do dicações para o exame de ressonância magnética,
correto posicionamento do paciente.(1,2,14) é necessário a compreensão das questões de segu-
rança. O exame de ressonância magnética é mui-
É de responsabilidade do enfermeiro realizar
tas vezes descrito como ‘’ seguro’’ devido ao fato
orientações e intervenções no preparo do paciente
de que, não utiliza radiação ionizante. No entanto,
antes, durante e após o exame no centro de diag-
existem riscos intrínsecos ao ambiente da resso-
nóstico por imagem. Mas, para tal, deve ter pleno
nância magnética que devem ser reconhecidos e
conhecimento técnico e científico acerca do tipo
excluídos ou minimizados.(1,2,9)
de exame, contraindicações e fármacos utilizados,
além de reconhecer as possíveis complicações que Desta forma os riscos associados com a resso-
possam surgir bem como realizar as ações para nância podem ser atribuídos a um e/ou uma com-
minimizar estes agravos.(6,8-10,15,16) binação dos três principais mecanismos do siste-
ma: o campo magnético estático, devido a fortes
Desta forma, no período pré-estudo, o enfermei-
interações ferromagnéticas, um objeto ou disposi-
ro realiza os seguintes cuidados: avaliar o histórico
tivo pode ser reconfigurados, movidos, girados, de-
do paciente e sua condição física; orientar e certi-
salojados ou acelerados em direção ao magneto; o
ficar-se da remoção completa de objetos não com-
gradiente de campos magnéticos, podem induzir
patíveis com o ambiente de ressonância magnética
correntes elétricas em dispositivos eletricamente
(relógios, piercing, jóias, pagers, telefones celula-
condutores e pode causar estimulação neuromus-
res, cartões de crédito, moedas, dentre outros);
cular; e pulsos de radiofrequência, cujo principal
orientar e certificar-se quanto ao jejum de usual de
212
efeito biológico é o termogênico, no qual dispo- acerca destas substâncias antes de sua administra-
sitivos metálicos podem concentrar a energia de ção.(4-6,15,18)
radiofrequência levando a um aquecimento local. Na realização da ressonância cardíaca com es-
(1-5,9,18-20)
tresse farmacológico o enfermeiro deve avaliar o
O aspecto principal da segurança do pacien- estado hemodinâmico do paciente; verificar a pres-
te em qualquer serviço de ressonância magnética são arterial antes do procedimento (níveis pressó-
consiste em garantir a segurança magnética. Estu- ricos abaixo de 90 x 60 mmHg contraindicam o
dos mostram que os exames de ressonância mag- uso dos medicamentos vasodilatadores); monito-
nética cardíaca são seguros, entretanto, a fim de rar durante todo o exame (valores de pressão arte-
garantir esta segurança, é extremamente importan- rial periódicos antes, durante e após a indução do
te ressaltar que, por causa do forte campo magné- estresse, saturação de oxigênio, frequência cardía-
tico, alguns objetos não podem ser submetidos ao ca e respiratória); realizar eletrocardiograma (ECG)
campo devido à sua característica ferromagnética de 12 derivações (no início e no final do exame).
uma vez que estes podem ser atraídos pelo magne- Em geral os exames com estresse farmacológico
to e se comportar como projéteis.(9,18-20) com a dobutamina, adenosina ou dipiridamol são
A garantia da segurança do paciente é de res- relativamente seguros, entretanto efeitos colate-
ponsabilidade do enfermeiro. Para tal, deve-se ter rais mais comuns podem surgir tais como angi-
pleno conhecimento dos objetos que atualmente na, taquiarritimias e hipotensão. Desta forma, o
são considerados contraindicação absoluta ou re- enfermeiro deve estar apto para atender às possí-
lativa para realização dos exames de ressonância veis complicações oriundas da administração des-
magnética os quais se destacam: marca-passos; tes fármacos dispondo de equipamentos e medi-
desfibriladores implantados; clipes cerebrais; bom- camentos (carrinho de parada com desfibrilador e
ba de insulina; dispositivos de suporte hemodinâ- material para reanimação) de forma a garantir a se-
mico (balões intra-aórticos, Swan-Ganz); dispo- gurança do paciente.(17,18,20-24)
sitivos ou prótese metálica; implantes cocleares; A maioria dos estudos relacionados à RMC é
neuroestimuladores; shunts programáveis de deri- realizada com contraste à base de gadolínio, o que
vação ventricular dentre outros.(1-3,6-9,15-20) pode apresentar potenciais problemas de seguran-
Assim todos os serviços de ressonância magné- ça na administração do mesmo devido aos riscos
tica devem dispor de uma política de rastreamen- de eventos adversos.(1-5)
to apropriada que, na maioria delas, utilizam um
questionário de segurança, que deve ser aplicado GADOLÍNIO
criteriosamente pela equipe de enfermagem.(15-20)
O contraste à base de gadolínio é a substância
mais utilizada em ressonância magnética. O gado-
FÁRMACOS UTILIZADOS E OS
línio é um metal que pertence ao grupo dos lanta-
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
nídeos com propriedades paramagnéticas em tem-
Na ressonância magnética cardíaca empreendida peratura ambiente. Por serem altamente tóxicos,
para testes de isquemia, são utilizados fármacos todos os meios de contraste contendo gadolínio
estressores tais como o dipiridamol, adenosina ou possuem quelantes (moléculas orgânicas) na sua
dobutamina que requerem cuidados antes, duran- composição, formando um complexo mais estável
te e após a sua administração, a fim de garantir e seguro, proporcionando maior tolerabilidade e
a segurança do paciente. Portanto é dever do pro- excreção.(25-27)
fissional de enfermagem ter pleno conhecimento A dose usual para estudos não vasculares é de
0,1 mmol/kg e a taxa de fluxo de injeção recomen-
213
dada é de 2 a 3 ml/s, sendo mais elevada para es- gestação e durante a amamentação, caso seja ne-
tudos de angioressonância e ressonância magnéti- cessário sua utilização, recomenda-se a suspensão
ca cardíaca com doses podendo variar entre 0,2 a da amamentação nas 24 horas após a administra-
0,3 mmol / kg com um fluxo de até 5 ml/s, seguida ção do contraste.(25-31)
de um bolus de soro fisiológico. Assim, sua admi- Estudos mostram que embora existam poucos
nistração deve preferencialmente ser realizada em relatos de reações ao gadolínio, os eventos adver-
veias da fossa antecubital com dispositivos para sos mais comuns apresentam sintomas de: sen-
grandes volumes (jelco 18 ou 20), para então obter sação de calor, alteração do paladar, cefaleia tran-
imagens vasculares e da perfusão miocárdica, per- sitória, urticária ou erupção cutânea, náuseas e
mitindo a completa varredura do sistema cardio- vômitos. As reações graves e com risco de morte
vascular.(1,5,18,21,24,25,27) podem ocorrer, entretanto são extremamente ra-
Estudos mostram que em pacientes com função ras.(25-31)
renal normal cerca de 98% destes agentes são ex- Desta forma nas reações identificadas como leve
cretados nas primeiras 24 horas da injeção, mas a equipe de enfermagem deve abortar imediata-
a utilização de altas doses (> 0,3 mmol / kg) em mente a infusão do contraste e observar o pacien-
pacientes com insuficiência renal é contraindicado. te por no mínimo 30 minutos. Entretanto nas rea-
(25-29)
ções moderadas e graves, além disso, deve acionar
O uso do gadolínio requer algumas precauções a equipe médica, monitorizar o paciente (frequên-
as quais se destacam: a necessidade em evitar seu cia cardíaca e respiratória, saturação de oxigênio
uso em gestantes, crianças e em pacientes com e pressão arterial), avaliar sinais vitais, assegurar
insuficiência renal. Se extremamente necessário, vias aéreas e acesso venoso, além de adminis-
após análise do nível de creatinina, pode-se admi- trar medicamentos conforme prescrição médica.
nistrar o gadolínio em pacientes com insuficiência (6,15,18,25,30)
214
encaminhar para avaliação do cirurgião em extra- conhecimento acerca da farmacodinâmica e farma-
vasamentos com grandes volumes; orientar o pa- cocinética do gadolínio, identificando os pacientes
ciente em procurar a emergência se observar mu- de risco e o aparecimento de uma reação.(6,15,18)
dança de sensação no membro afetado ou sinais
de ulceração da pele.(6,15,18,32)
DIPIRIDAMOL
A Nefrotoxicidade induzida pelo gadolínio é rara
com doses inferiores a 0,3 mmol / kg. Entretanto a A ressonância magnética cardíaca com estresse
literatura aponta que os pacientes com insuficiên- farmacológico, pode adicionar um valor de infor-
cia renal podem estar em risco de nefropatia indu- mação para uso na conduta terapêutica do cardio-
zida após a administração do contraste à base de logista. A utilização do dipiridamol como agente
gadolínio, podendo levar a fibrose sistêmica nefro- estressor pode fornecer informações independen-
gênica.(27-31) tes para predizer eventos cardíacos em pacientes
A fibrose nefrogênica sistêmica (FSN) é uma com dor torácica conhecida ou com suspeita de
doença encontrada em pacientes com insuficiência doença isquêmica do coração.(34,35)
renal após a utilização do gadolínio. O mecanismo O dipiridamol é um potente vasodilatador coro-
exato para o desenvolvimento de FSN permanece nariano, utilizado amplamente em técnicas de pro-
incerto. Os sintomas geralmente podem surgir em dução de imagem cardíaca, indicado principalmen-
até quatro semanas após a exposição e é clinica- te para a avaliação de coronariopatias isquêmicas,
mente caracterizada por edema em mãos, placas sendo metabolizado no fígado e são quase que to-
rígidas e eritematosas mais tipicamente encontra- talmente excretados por via biliar (cerca de 95%)
das nas extremidades, especialmente as pernas e nas fezes.(36,37)
antebraços.(27-31,33) Pesquisas revelam que a administração do dipi-
Devido ao risco de FSN, antes do exame de res- ridamol requer uma avaliação cuidadosa, principal-
sonância magnética, a enfermagem deve realizar mente por parte da equipe de enfermagem. Neste
uma triagem para a avaliação da função renal na sentido, ressalta-se que, se administrado de forma
maioria dos indivíduos e, em particular, os que es- equivocada, poderá agravar o quadro clínico do pa-
tão no grupo de risco: pacientes idosos; pacientes ciente.(37-39)
com síndrome hepato-renal em associação com Para se obter o efeito esperado, a equipe de en-
doença hepática grave; pessoas com história de fermagem deve administrar o dipiridamol em via
doença ou disfunção renal; pacientes com taxas endovenosa inicialmente em uma concentração de
de filtração glomerular menor que 30 ml/min; ou 0,56 mg / kg durante 4 minutos, se bem tolerado, a
paciente com transplante renal prévio, nos quais concentração pode ser aumentada para dose máxi-
deve-se evitar o uso do contraste. Caso seja neces- ma permitida em 0,84 mg / kg ao longo de 6 minu-
sário, administrar na menor dose possível, evitar a tos, ambos de forma contínua. Altas doses devem
exposição repetida e programar a hemodiálise pós- ser administradas num curto período de tempo (6
-procedimento de todos os pacientes com insufi- minutos) para otimizar o poder isquêmico, mas
ciência renal (iniciando a primeira sessão até três também manter um teste de esforço seguro e viá-
horas após a exposição).(37-31,33) vel. Antes da infusão endovenosa, o dipiridamol
É fundamental que todas as informações rele- deve ser diluído em 20 ml numa solução de cloreto
vantes sobre o paciente sejam prontamente dis- de sódio 0,9% pois, a infusão do dipiridamol não
poníveis antes da administração do meio de con- diluído pode provocar irritação local.(36-41)
traste para minimizar os potenciais riscos e tomar Estudo realizado por Hadlich(41) com 110 pacien-
as medidas necessárias a fim de evitar uma reação tes, evidenciou que o uso do dipiridamol em dose
adversa.(27-31,33) Para tal, o enfermeiro deve ter pleno máxima tem boa tolerabilidade e segurança para
215
realizar a ressonância magnética cardíaca com es- não excedendo o limite de 480 mg. Caso não alivie
tresse farmacológico e afirma que todos os pacien- os sintomas de dor torácica em poucos minutos,
tes realizaram o exame completo, sem interrupção pode-se administrar nitroglicerina sublingual.(35-39)
causada por qualquer sintoma oriundo dos efeitos A equipe de enfermagem deve prestar os seguin-
do dipiridamol entretanto, ressalta cautela em pa- tes cuidados para a administração deste fármaco
cientes cardiopatas.(41) tais como: orientar o paciente a não ingerir substân-
Porém as principais contraindicações e precau- cias a base de cafeína, atentar para possíveis inte-
ções para o uso do dipiridamol são: pacientes com rações medicamentosas, recomenda-se administrar
história de hipersensibilidade; hipotensão arterial de forma lenta (diluída em 10 a 20 ml de solução
sistêmica; pacientes com grau elevado de bloqueio salina e infundida em 1 a 2 minutos) e monitorar fre-
atrioventricular; estenose aórtica ou valvar e de ar- quência cardíaca e respiratória. Além disso a enfer-
téria coronária; além de bradicardia sinusal (fre- magem deve estar atenta para as possíveis reações
quência menor que 45 bpm), pois estes têm chan- adversas tais como hipotensão, cefaleia, convulsão,
ces elevadas de desenvolver uma reação adversa. taquipneia, urticária, náusea e vômito.(35-39)
Pacientes em uso de substâncias derivadas da xan-
tina (por exemplo, cafeína, teofilina, chá, chocola-
DOBUTAMINA
te e alguns refrigerantes) devem ser orientados a
suspender estas substâncias de 12-24 horas antes Nos exames de ressonância magnética cardíaca, a
do exame, pois são potenciais redutores do efeito utilização da dobutamina, se faz necessário para
vasodilatador do dipiridamol.(1,36-39) identificar isquemia miocárdica, além de fornecer
Eventos adversos ao dipiridamol podem ocor- informações prognósticas importantes para o ma-
rer tais como: dor torácica, exantemas, urticária, nejo clínico do paciente.(42)
angioedema, laringoespasmo, broncoespasmo A dobutamina é um fármaco comumente utiliza-
severo, dor abdominal, vômito, diarréia, náusea, do em exames de estresse cardíaco, onde produz o
vertigem, cefaléia, parestesia, mialgia e edema, po- aumento da frequência cardíaca, melhora da con-
dendo provocar também hipotensão grave e disp- dução atrioventricular e aumenta da contratilida-
néia. (35-41) de do miocárdico e como consequência promove
Estudos recentes ressaltam a importância de a vasodilatação coronariana. A dose utilizada para
monitorar os sinais vitais durante e após 10 a 15 se alcançar seu efeito esperado começa com 5 µg /
minutos da infusão endovenosa do dipiridamol kg / min seguida de 10, 20, 30 até a dose máxima
e recomenda a realização de um eletrocardiogra- permitida de 40 µg / kg / min durando cerca de
ma utilizando pelo menos uma derivação torácica no máximo cinco minutos (deverá ser administra-
após o término do exame. Caso ocorra um evento do em bomba de infusão compatível no ambien-
adverso como dor torácica ou broncoespasmo, re- te de ressonância magnética). Entretanto pode-se
comenda-se administrar aminofilina parenteral na associar a administração da atropina na dose ini-
tentativa de reverter o quadro clínico e o efeito do cial de 0,25 mg com dose máxima de 2,0 mg, ou
dipiridamol. (35-41) até atingir a frequência cardíaca preconizada (85%
A aminofilina é um broncodilatador que dentre da frequência cardíaca máxima estabelecida para a
suas ações age na inibição do efeitos causados idade).(43-47)
pelo dipiridamol, devido a liberação de teofilina. O tempo de ação da dobutamina geralmente
E seu uso está contraindicado nos casos de hiper- ocorre em até dois minutos e sua duração aproxi-
sensibilidade, arritmias preexistentes, doença he- madamente de cinco minutos, sendo metaboliza-
pática, insuficiência cardíaca congestiva dentre ou- do no fígado e excretado principalmente pela uri-
tros. A dose usual é de 240 mg (1 ampola de 10 ml) na. Este fármaco está contraindicado em pacientes
216
com: taquiarritmias, feocromocitoma, estenose ADENOSINA
aórtica grave, cardiomiopatia hipertrófica obstru-
tiva, hipertensão arterial sistêmica grave, angina Embora vários estudos têm relatado sobre a im-
instável, miocardite, endocardite, pericardite, insu- portância da RMC com estresse farmacológico uti-
ficiência cardíaca congestiva não controlada e his- lizando a dobutamina, a maioria dos estudos em
tória de hipersensibilidade a dobutamina.(22,36,42,43) todo o mundo são realizados utilizando agentes
vasodilatadores tais como adenosina ou dipirida-
Estudos mostram que o uso da dobutamina
mol. Além disso, pesquisas apontam que a adeno-
pode desencadear várias complicações incluindo
sina tem uma melhor sensibilidade e uma tendên-
as mais graves como infarto agudo do miocárdico,
cia a maior especificidade quando comparada ao
taquicardia ventricular, fibrilação ventricular, ata-
dipiridamol.(48,49)
que sistêmico transitório podendo levar até a mor-
te.(22,36,42,43) Devido sua meia-vida ser menor que 10 segun-
dos, a adenosina, é um agente vasodilatador usual-
Desta forma se faz necessário realizar medidas
mente seguro, de boa tolerância e de fácil controle.
de segurança para a utilização deste fármaco. Os
Seu uso geralmente leva a uma vasodilatação sistê-
estudos destacam a importância da equipe multi-
mica, broncoconstrição, queda da pressão arterial
disciplinar, em especial a enfermagem, para iden-
e um aumento na frequência cardíaca. As reações
tificar as possíveis complicações, visto que a ad-
adversas podem ocorrer apresentando geralmen-
ministração deste fármaco é realizada de forma
te os seguintes sintomas: opressão torácica, disp-
contínua. Além disso, o paciente deve ser monito-
neia, síncope, cefaleia, náuseas e hiperemia da
rizado continuamente, verificando sua frequência
face. A equipe de enfermagem deve estar familiari-
cardíaca, saturação de oxigênio, frequência respira-
zada em identificar os possíveis eventos adversos
tória e pressão arterial.(42-47)
devendo prestar os seguintes cuidados: notificar o
Os cuidados de enfermagem para administração
médico se os sintomas durarem mais que 1 minu-
da dobutamina são imprescindíveis para garantir a
to; parar imediatamente a infusão do fármaco; ad-
segurança do paciente os quais se destacam: ad-
ministrar aminofilina como antídoto (a critério mé-
ministrar em bomba de infusão contínua afim de
dico).(23,36-39)
evitar doses maciças; a infusão deve preferencial-
Para que atinja seu efeito esperado, a adenosi-
mente ser administrada em veias de grande cali-
na é geralmente administrada numa dose de 140
bre; atentar para a interrupção abrupta do fárma-
mcg/kg/min ao longo de 3 minutos (em bomba de
co uma vez que pode causar hipotensão; atentar
infusão contínua), com dispositivos intravenosos
quanto ao uso de β-bloqueadores e nitratos pois
para grandes volumes (jelco 18 ou 20).(36,39,48,49) Ka-
podem inibir o efeito da dobutamina (deverá ser
ramitsos(50) demonstrou que o uso da adenosina
suspenso 24 horas antes do exame) e assegurar
em doses elevadas (até 210 mcg/ kg / min) pode
que não ocorra extravasamento, o que pode levar a
ser bem tolerado e seguro para os pacientes, não
uma isquemia tecidual.(36-39)
tendo havido qualquer complicação importante
A dobutamina, além do seu valor diagnóstico
durante o estudo.(50) Entretanto o uso deste fár-
encontrados na ressonância magnética cardíaca,
maco está contraindicado nos seguintes casos:
pode fornecer informações prognósticas relevan-
broncoespasmo ou asma, angina instável, infarto
tes sobre um risco futuro de infarto do miocárdico,
agudo do miocárdio dentro de duas semanas do
entretanto seu uso requer uma equipe devidamen-
estudo, bloqueio atrioventricular de grau elevado,
te treinada a fim de garantir o sucesso do exame e
arritmias não controladas, estenose aórtica crítica,
a segurança do paciente.(22,42,44,47)
hipotensão persistente e hipersensibilidade a ade-
nosina.(36-39,50)
217
Cabe ressaltar que o enfermeiro, além de ter co- de RM) devem ter treinamento periódicos em aten-
nhecimento das contraindicações para o uso da dimento básico e avançado de suporte à vida em
adenosina, deve também avaliar as possíveis inte- cardiologia.
rações medicamentosas atentando para os fárma- É necessário atualizar continuamente o conhe-
cos como a teofilina e aminofilina que reduzem o cimento sobre as questões de segurança, assim
efeito esperado da adenosina e do dipiridamol e a como na tecnologia de implantes, dispositivos,
carbamazepina o qual potencializa o efeito da ade- agentes de contraste e outros aspectos relaciona-
nosina.(36-39) dos ao exame de ressonância magnética. Portan-
Afim de garantir a segurança dos pacientes, es- to, o cuidado do paciente na triagem, durante e
tes devem ser monitorados continuamente ava- após o exame e a avaliação precisa do risco indivi-
liando a saturação de oxigênio, frequência cardíaca dual, com base nas recomendações atuais, torna-
e pressão arterial durante todo o exame. É de res- -se indispensável.
ponsabilidade do enfermeiro avaliar todos os pa-
cientes e questioná-los durante e imediatamente
após o término da infusão da adenosina, especial- REFERÊNCIAS
mente para a ocorrência dos seguintes sintomas:
dispneia, dor torácica e outros sintomas menores 1. Lee VS. Cardiovascular MRI: physical principles
(rubor, náuseas, cefaleia e síncope).(36-39,50) to pratical protocols. Lippincott: Williams e
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Nos exames de RMC com o uso de agentes es- 7. Leite AF, Bezerra BA, Pereira RJ, Baptista IMC.
A importância da atuação do enfermeiro nos
tressores é imprescindível que, no ambiente do
novos métodos diagnósticos não invasivos tomo-
setor, deve-se dispor de materiais para combater
ressonância para coronariopatias. In: Anais
possíveis emergências e ressuscitações. Além dis- do 12º Encontro Latino Americano de Iniciação
so, toda a equipe que participa do exame (médicos, Científica; 8º Encontro Latino Americano de
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dos Campos [internet]. São José dos Campos: 17. Nieto RRM. La resonancia magnética como
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