Políticas Públicas em Saúde
Políticas Públicas em Saúde
Políticas Públicas em Saúde
EM SAÚDE
Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto
FICHA CATALOGRÁFICA
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AUTOR
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Prezado(a) estudante!
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
Políticas Públicas em Saúde:
Definição e Histórico
UNIDADE 2
Sistema Único de Saúde (SUS)
UNIDADE 3
Organização e Estrutura do SUS
UNIDADE 4
Saúde Suplementar e
Órgãos Reguladores
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1
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UNIDADE
POLÍTICAS PÚBLICAS
EM SAÚDE: DEFINIÇÃO
E HISTÓRICO
Plano de Estudos
• Políticas Públicas em Saúde: definições e histórico;
• Definições de Políticas Públicas em Saúde;
• Sanitarismo campanhista do início do século XX;
• Ministério da Saúde: criação e desenvolvimento;
• Lutas pela democratização do acesso à saúde.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar Políticas Públicas em Saúde;
• Apresentar algumas definições dadas as Políticas Públicas em
Saúde;
• Compreender como se deu o Sanitarismo campanhista do século
XX;
• Apresentar a criação e o desenvolvimento do Ministério da Saúde;
• Entender como ocorreu a luta pela democratização do acesso à
saúde.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a)!
Na manutenção da vida e da saúde humana na maioria das vezes, o próprio indi-
víduo desconhece os mecanismos para a sua preservação. Por isso, é preciso conhecer
o sistema que leva a esse direcionamento. As políticas públicas em Saúde vinculam-se às
necessidades que a população tem em relação à saúde.
Em algum momento de nossa vida, necessitamos de um atendimento relacionado
à saúde. Praticamente, essa necessidade já se inicia muito antes mesmo do nosso nas-
cimento, quando, por exemplo, há a necessidade de se fazer o exame diagnóstico para a
constatação da gravidez, de calcular o tempo de gravidez e da data provável do nascimen-
to. Desta forma, desde o nascimento até o nosso óbito, há a necessidade e a busca por
cuidados relacionados à saúde.
É muito comum relacionarmos a saúde pública ao Sistema Único de Saúde (SUS),
na qual se vinculam diversos tipos de necessidades provenientes da população que nem
sempre são atendidas imediatamente, principalmente por causa da grande procura por esse
atendimento que tem como principal característica a gratuidade. Mas, nem sempre foi assim.
Portanto, para entendermos como chegamos ao que conhecemos hoje, inicialmen-
te vamos traçar a trajetória política do Brasil com o objetivo de contextualizar as Políticas
Públicas em Saúde, apresentando suas principais definições. Em seguida, será apresen-
tado sobre o tema sanitarismo campanhista bem como da criação e o desenvolvimento
do Ministério da Saúde. Ao final desta unidade, apresento a você os principais fatos, mais
relevantes na luta pela democratização ao acesso à saúde.
Importante salientar, que a compreensão deste tema é de fundamental importância
para balizar o vosso conhecimento, e servir de suporte para a sua compreensão dos próxi-
mos temas tratados nas unidades deste livro.
Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
POLÍTICAS PÚBLICAS EM
SAÚDE: DEFINIÇÕES E
HISTÓRICO
A Saúde Pública como um serviço gratuito foi assegurada pela legislação a partir da
Constituição Federal de 1988. Para entendermos como a saúde pública brasileira, chegou
ao atendimento gratuito e outras formas de atuação como conhecemos hoje, é preciso
conhecer sua trajetória política historicamente.
A Saúde Pública, se configura como Política Nacional, pautado na dimensão políti-
ca e social. Para Lechopier (2015, p. 210), ela é considerada “tanto uma disciplina científica
como um campo de políticas e ações relacionadas com a saúde da população”.
De acordo com Hack (2019), algumas iniciativas na área da saúde pública ocorre-
ram após a vinda da corte Portuguesa ao Brasil em 1808. A elite era atendida por médicos
formados no exterior enquanto o restante dos cidadãos era atendido por pajés e curan-
deiros. Assim, as primeiras ações públicas eram restritas a poucos profissionais, como
médicos, farmacêuticos e o controle dos portos. Somente no início do século XX, é que as
ações governamentais começaram a ocorrer principalmente relacionadas ao combate de
epidemias e a algumas iniciativas de saneamento. Outras ações na área da saúde eram
realizadas por profissionais de saúde com caráter de filantropia.
Sobre os antecedentes do Sistema Único de Saúde (SUS) - tema este que retrata o
período da Administração Portuguesa e do início das Políticas Públicas na época da saúde do
Império, da saúde da República e da institucionalização da Saúde Pública no Brasil até a cria-
ção do SUS - será descrito mais resumidamente na Unidade 2, tópico 2 do nosso livro didático.
Antes de compreendermos a definição de Políticas Públicas em Saúde, precisamos
compreender o termo “Políticas Públicas” e posteriormente, o da “Saúde Pública”. O Estado
[...] diretrizes para nortear as ações em determinada área da vida social. Sua
formulação envolve a discussão de vários atores da sociedade: governo,
legisladores, representantes de associações civis e de setores produtivos
(comércio, indústria, transporte, entre outros), resultando em um consenso.
Várias de suas proposições podem virar leis. Um bom exemplo, é a política
Nacional do Idoso, que prevê ações que vão desde a assistência à saúde
dessa população até a gratuidade do transporte público.
Para Lopes (2019) “Para que serve um Estado Democrático, se a liberdade e os direitos são outorgados sob
pressão?”
O interesse público refletido pelos grupos gera disputas entre si, cabendo aos
formuladores de políticas públicas compreender e selecionar essas demandas e solicita-
ções maximizando o bem-estar da sociedade, uma vez que não poderá atender a todos
os grupos. Seus principais atores são: os estatais (políticos e servidores públicos) e os
privados, ou seja, a sociedade civil que não possuem vínculo com a estrutura do Estado
representados por Sindicatos, Centros de pesquisa, Grupos de pressão ou de interesse,
dentre outro (SIMÕES ET AL., 2008).
DEFINIÇÕES DE POLÍTICAS
PÚBLICAS EM SAÚDE
SANITARISMO
CAMPANHISTA DO
INÍCIO DO SÉCULO XX
De acordo com Oliveira (2016, p.1), no século XX, o Estado investiu em imunização
para evitar o alastramento das doenças, ou seja, o Estado torna “a vacina obrigatória,
cujas intervenções eram impostas com severidade, transformando-se em caso de polícia”.
Além da preocupação em relação às exportações, a outra preocupação eram os imigrantes,
utilizados como mão de obra escrava, pois o seu adoecimento interferiria diretamente no
desenvolvimento econômico, principalmente nas regiões urbanas.
Nesta época, as doenças como varíola e a hanseníase eram as que traziam maior
atenção, por conta da forma de contágio, mas havia também a febre amarela e a malária.
Neste sentido as intervenções do governo eram a partir de campanhas, imunização e con-
trole sanitário, principalmente porque elas aumentavam devido às condições insalubres de
moradia e no espaço de trabalho. Esse modo de intervenção autoritária ficou conhecido
como Modelo Campanhista ou Sanitarismo Campanhista, devido às estratégias de
atuação muito semelhante à atuação de campanha dos militares (HACK, 2019).
Uma frase muito conhecida em nossos dias, e não obstante à época, era de que
“os fins justificavam os meios”. De acordo com Polignano (2001) Apud Hack (2019, p.23), “o
uso da força e da autoridade eram legitimados”, ou seja, o governo ordenava, e por força da
rigidez da lei os agentes de saúde, munidos de poder de polícia entravam nas residências
e vacinavam os moradores.
Na história das políticas públicas prevalece os interesses de mercado, pois eles se sobressaem às
necessidades da população. E, permanece desta forma na atualidade?
Fonte: A autora (2020)
O Hospital Colônia de Barbacena (MG) tornou-se conhecido como o “Holocausto Brasileiro”, dado às inúmeras
violências e mortes ocorridas no estabelecimento. O livro tem como título: Holocausto Brasileiro: vida, genocídio e
60 mil mortes ocorridas no maior hospício do Brasil, e o documentário, de 2016, chama-se Holocausto Brasileiro.
Fonte: HACK, 2019.
MINISTÉRIO DA
SAÚDE: CRIAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO
O Ministério da Saúde foi criado em 1953 por Getúlio Vargas, a partir da Lei n. 1920.
Até então o Ministério da Saúde era parte do Ministério da Saúde, Educação e Cultura,
com a finalidade de organizar e formular planos e programas voltados para a promoção, a
prevenção e a assistência à saúde da população (OLIVEIRA, 2012).
De acordo com Oliveira (2012, p. 37), os acontecimentos no âmbito da saúde,
considerados significativos está relacionada à “criação do Ministério da Saúde em 1953
e a reorganização dos serviços de controle das endemias rurais” [...], pois eles são rela-
cionados [...] “a política de saúde pública da prevenção de doenças transmissíveis” [...] e
previdenciária, que era restrita aos contribuintes e seus dependentes.
De acordo com Borges (2002, p. 3) até a década de 60, “a assistência à saúde carac-
terizou-e basicamente pelo modelo médico-sanitário com duas vertentes bastantes distintas”,
sendo: 1 - epidemiológica - pautada unicamente no controle de doenças em escala social e,
2 - clínica - oferecer atendimento médico a quem fizesse parte do sistema previdenciário.
De acordo com Oliveira (2012), o Ministério da Saúde já passou por diversas re-
formas, buscando sua estruturação. Em 1974, por exemplo, englobava as secretarias de
Saúde e de Assistência Médica, passando a formar a Secretaria Nacional de Saúde.
Com a exclusão de determinados segmentos da saúde no atendimento público e
diversos problemas relacionados às questões econômico sociais, alguns profissionais se
mobilizam, dentre eles, políticos, sindicalistas, etc., trazendo novas formas de pensar a
saúde pública, que se fortaleceu com o movimento sanitário da década de 70, denominado
Esta época ficou caracterizada por lutas pela democratização na área da saúde,
principalmente, pela necessidade que a população tinha do acesso à saúde.
LUTAS PELA
DEMOCRATIZAÇÃO
DO ACESSO À SAÚDE
Na década de 30, segundo Côrtes et al (2009, p. 41), o Conselho era mais um órgão
consultivo do Ministério da Educação e da Saúde Pública, sendo somente na década de 90
que seu papel é redefinido como “palco central dos embates sobre a reforma do sistema
brasileiro de Saúde [...] e [...] “se torna um canal para a representação dos interesses dos
atores diante do Estado”. E, como foi essa evolução?
De acordo com Borges (2002), diversas Conferências Nacionais de Saúde (CNS),
instituídas pela Lei n.378 de 1937 em diante avaliam o desenvolvimento no campo da
saúde. Em 1963, realizou-se a III CNS e nos movimentos se reivindicava o direito Universal
a um Sistema de Saúde, buscando a melhoria do bem-estar da saúde Brasileira.
De acordo com Lopes (2019), a partir da década de 60 houve uma maior partici-
pação dos indivíduos da sociedade civil na política. Mas foi em 1986, antes da Constitui-
ção Federal de 1988, de acordo com Borges (2002) e Baptista (2007), na 8ª Conferência
Nacional da Saúde que os principais temas foram abordados, dentre eles, o direito, a
reformulação do sistema e o financiamento setorial, na qual a saúde passou englobando
outras questões importantes como: as condições de alimentação, habitação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, lazer, dentre outras. Nesta época, de acordo com Baptista
(2008, p.45-45) o cenário da década de 80:
O Cidadão pode participar das assembleias dos conselhos e das conferências em saúde. Nestes espaços,
entretanto, ele pode participar apenas como ouvinte, porém tem direito à voz quando quer expressar sua
opinião, porém sem direito a voto.
Fonte: A autora (2020)
É importante salientar, conforme Lopes (2010, p.22), “para que o cidadão exerça sua
participação, deve lutar organizadamente, pela divisão de responsabilidades dentro do governo,
no intuito de instituir uma linguagem democrática não excludente” nesses espaços participativos.
FILME/VÍDEO
• Título: Políticas de Saúde no Brasil: um Século de Luta pelo
Direito à Saúde
• Ano: 2006
• Sinopse: Esse vídeo, feito pelo Ministério da Saúde, aborda de
maneira leve, divertida e pedagógica, a história das políticas de
saúde no Brasil, destacando os mecanismos que foram criados
para a implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como a
saúde era considerada, no início do século XX, um dever da po-
pulação, com as práticas sanitárias implantadas autoritariamente
pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e como,
no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se
inverteu, passando a ser considerada, a partir da Constituição de
1988, um direito do cidadão e um dever do Estado.
• Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc
SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE (SUS)
Plano de Estudos
• Sistema Único de Saúde (SUS);
• Antecedentes Históricos do SUS;
• Constituição de 1988 e a criação do SUS;
• Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº 8.080/90 e nº 8.142/90;
• Universalização do acesso à saúde: avanços e obstáculos.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o Sistema Único de Saúde (SUS);
• Conhecer os antecedentes e Histórico do SUS;
• Compreender como se deu a criação do SUS e a Constituição de
1988;
• Conhecer os fundamentos da Lei Orgânica da Saúde;
• Compreender o princípio da universalização do acesso à saúde, os
seus avanços e obstáculos.
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Nesta Unidade iremos aprofundar um pouco mais o vosso conhecimento sobre o
Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, iniciaremos com a contextualização e os conceitos
e responsabilidades no Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando seus antecedentes
históricos buscando compreender como se deu a sua criação e como a Constituição de
1988 corrobora para sua criação. Em seguida você irá conhecer os fundamentos da Lei
Orgânica da Saúde (LOS) e compreender a relação entre a universalização do acesso à
saúde, bem como dos avanços e obstáculos do SUS.
Neste sentido, logo no início traçaremos uma visão geral do SUS, apresentando
seus princípios e diretrizes, abrangência, responsabilidades e importância na Sociedade,
bem alguns dos resultados obtidos após sua criação. Em seguida, traçaremos os antece-
dentes históricos do SUS que se inicia na saúde da Colônia e do Império, passando pela
saúde na República, Institucionalização da saúde Pública e movimento sanitário culminando
da Constituição de 1988 e na criação do SUS. A Constituição Federal é um grande marco
para a população Brasileira e nela estão presentes alguns princípios fundamentais para
garantir a Saúde das pessoas.
Dando continuidade, conheceremos um pouco do que tratam as Leis 8080 e 8142 de
1990, cujas leis que irão proporcionar um melhor entendimento sobre como o SUS irá funcio-
nar para atender aos objetivos propostos na Constituição Federal de 1988, sobre as políticas
de saúde, a participação popular e repasses de recursos para o funcionamento do SUS.
E, ao final desta unidade, trataremos sobre a Universalização da Saúde, apresen-
tando os avanços e os obstáculos no Brasil, para o atendimento deste princípio fundamental.
Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE (SUS)
Para CONASS (2011) e SOLHA (2014), este dever deve ser cumprido nas três
esferas do poder público (Federal, Estadual e Municipal) conforme estabelecido pela Lei n.
8080/90, em seu artigo 9º a direção deve ser única em cada esfera e deve contemplar a
participação da comunidade na gestão do SUS relacionadas às transferências de recursos
dentre outras providências conforme estabelecido pela Lei n. 8142/90, da qual trataremos
nos tópicos seguintes, ainda nesta unidade.
De acordo com Solha (2014, p. 15) “a construção da saúde não seria responsabili-
dade única do SUS, mas que todos os setores da sociedade devem participar ativamente [...]
pois as condições de vida são fundamentais para elevar o nível de saúde das populações”.
Em síntese, o SUS foi criado pela Constituição Federal (CF), também chamada de
“Constituinte Cidadã” em 1988, e regulamentado pelas Leis n. 8080 e 8142 de 1990. As
duas leis juntas foram a Lei Orgânica da Saúde (LOS), assunto que trataremos em outros
tópicos desta unidade e nas próximas unidades deste livro.
O SUS ao longo das últimas duas décadas, consolidou-se como a maior Política
de Estado por promover a inclusão e justiça social. Portanto, o SUS deve ofertar a todos
indistintamente “um conjunto de serviços sanitária e socialmente necessários, com base
em protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e por meio de amplo movimento de discus-
são envolvendo os gestores da saúde na Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho
Nacional de Saúde” (CONASS, 2011, p. 29).
A partir das definições legais da CF e da Lei Orgânica da Saúde (LOS), iniciou-se o
processo de implantação do SUS pactuado ao Ministério da Saúde, CONASS e Conasems
(Conselho Nacional das Secretarias Municipais). Todo o processo de construção do SUS,
foi orientado pelas Normas Operacionais SUS (NOB-SUS) instituídas a partir de portarias
ministeriais, para definição de competências em cada esfera e a forma de receber os repas-
ses de recursos do Fundo Nacional da Saúde, a exemplo disto, foram criadas as NOB-SUS
01/91, NOB-SUS 01/92,NOB-SUS 01/93 e NOB-SUS 01/96. Já em 2001 e 2002 foram
publicadas as NOB-SUS 01/01 e 01/02 da Assistência à Saúde. Essas normas têm como
objetivos para o SUS: induzir/estimular mudanças, aprofundar/reorientar implementação e
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo,
abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Pri-
mária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população
do país. A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando
a prevenção e a promoção da saúde. Conheça a estrutura, os princípios e funcionamento do SUS na sua
íntegra, acessando o link a seguir:
Disponível em: http://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude#o-que-e
ANTECEDENTES
HISTÓRICOS
DO SUS
A Saúde na República
• Com a ideia de modernizar o Brasil, a Proclamação da República em 1889,
vê a necessidade de atualizar economia/sociedade redefinindo os trabalhadores
como capital humano, e neste contexto a medicina assume papel de guia para
assuntos sanitários. Nesta época, o Brasil era mais rural e apresentava um con-
tingente de 70% de analfabetos e doentes, com intensos conflitos entre capital e
trabalho e no âmbito de políticas sociais, cabia aos Estados a responsabilidade
da saúde, saneamento e educação;
• As políticas de saúde, com início final da década de 1910, buscava a consciên-
cia política sobre o modelo sanitário a ser adotado. No início do século XX, Rio de
Janeiro, apresentava um quadro sanitário caótico com diversas doenças graves
(varíola, malária, febre amarela e a peste), levando os navios estrangeiros a não
quererem atracar no Porto do RJ. Exigia assim, uma intervenção Estatal nas
questões relativas à saúde;
• A atenção para as epidemias da cidade, como a peste bubônica de 1899, no porto
de Santos dá início a pesquisas no Instituto Soroterápico Federal, transformado
posteriormente em Fundação Oswaldo Cruz e no Instituto Butantan-SP formando
médicos com influência da pesquisa da França e Alemanha com concepção para
doenças transmissíveis e propostas de ações na política pública;
• Outros nomes como Carlos Chagas, Adolpho Lutz, Arthur Neiva e Vital Brasil,
destacam-se rumo a Saúde Pública e criação de instituições com um ativo movi-
mento de reforma sanitária sob a liderança de médicos higienistas com a criação
do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em 1920;
• Medidas de proteção social - assistência médica tem papel legal como política
pública em 1923 com a aprovação da Lei Elói Chaves. Nesta época, os trabalha-
dores se organizavam para lidar com problemas de invalidez, doença e morte;
• Cria-se as Caixas de Aposentadorias (CAPs), dando início a responsabilidade
do Estado pela a regulação dessas concessões de benefícios e serviços e da as-
sistência médica, sem, no entanto, participar diretamente do custeio das caixas,
ou seja, era mantido por empregados e empregadores. Somente na década de
60, o rural é contemplado com a criação do FUNRURAL.
Movimento Sanitário
• Marcado por movimentos sociais e denúncias da situação é discutido em
Congressos, as doenças e degradação da qualidade de vida das pessoas. Em
1968 é incorporado à medicina preventiva nas faculdades, com a criação dos
Departamentos de Medicina Preventiva (DMPs);
CONSTITUIÇÃO DE 1988
E A CRIAÇÃO DO SUS
Sousa, Lima e Jorge (2016) Apud Busato, Garcia e Rodrigues (2019) categorizam os
princípios do SUS em doutrinários (universalidade, integralidade, igualdade e equidade) e or-
ganizativos (descentralização, regionalização, hierarquização e participação da comunidade).
Um grande desafio se coloca historicamente para os anos futuros, porque a fragmentação do Sistema SUS
tem profundas raízes econômicas, políticas e culturais que o sustenta, onde a Saúde “como direito de todos
e dever do Estado não foi sustentada”. Neste sentido, se o financiamento da saúde não foi contemplado,
não conseguimos avançar nesta questão porque na constituinte haviam muitos economistas que eram
contrários à vinculação de receitas.
Disponível em: http://www.conass.org.br/consensus/25-anos-da-constituicao-federal-brasileira-e-sus/
Ambas as leis são resultado de um longo processo histórico e social, que visam
a interferir nas condições de saúde e na Assistência prestada à população Brasileira. O
SUS criado pela Constituição é regulamentada por essas Leis, ou seja, desde a instituição
dessas Leis, “o SUS vem passando por importantes mudanças em razão do processo de
descentralização das responsabilidades, das atribuições e dos recursos estabelecidos
pelos Municípios” (CONASS, 2011, p. 32).
A Lei de nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, aborda as condições para promover,
proteger e recuperar a saúde, além da organização e o funcionamento dos serviços também
relacionados à saúde. Essa Lei determina em seu art. 9º a direção que o SUS deve tomar,
neste caso, a direção deve ser única em cada esfera de governo conforme Inciso I do artigo
198 da Constituição Federal.
Por esfera entende-se, o poder público federal (Ministério da Saúde), estadual e mu-
nicipal (Secretaria da saúde). Trata-se também da organização, direção e gestão do SUS,
da definição de competências e atribuições, do funcionamento e participação complementar
dos serviços privados de assistência à saúde, da política de recursos humanos e recursos
financeiros, gestão financeira, planejamento e orçamento (SANTOS; CARVALHO, 2018).
No Art. 5º da Lei nº 8.080/90 são apresentados os objetivos do SUS e no Art. 6º o
campo de atuação do SUS, quais sejam (BRASIL, 1990a):
Conforme o art. 14-A e 14-B da Lei n.º 12.466/2011, complementar à Lei nº 8080/90,
são reconhecidos como fórum de negociação e pactuação entre gestores quanto aos as-
pectos operacionais as Comissões (Bipartite e Tripartite) e reconhecidos como entidades
representativas do ente Estadual o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)
e ente Municipal, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems),
cujas entidades receberão recursos do orçamento geral da União por meio do Fundo Na-
cional de Saúde. O Decreto n. 7.508 de 28 de junho de 2011, regulamenta a Lei 8080/1990.
Já a Lei de nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990 aborda a participação da população
na gestão do Sistema Único de Saúde e as transferências de recursos da área de saúde entre
os governos, na qual são instituídas as instâncias colegiadas e os instrumentos de participação
social em cada esfera de governo e os recursos financeiros recebidos mediante existência de
Conselho Municipal de Saúde, e de acordo com a legislação (SANTOS; CARVALHO, 2018).
UNIVERSALIZAÇÃO
DO ACESSO À SAÚDE:
AVANÇOS E OBSTÁCULOS
Ainda de acordo com Lopes (2019) conforme definido no artigo 3º da Lei nº 8080/90:
O Estado tem desempenhado seu papel como ator social na manutenção da saúde?
Fonte: A autora (2020)
Fonte: SANTOS, Lenir. Região de saúde e suas redes de atenção: modelo organizativo-sistêmico do SUS. Ciênc. saúde
colet. 22 (4) Abr 2017.
LIVRO
• Título: SUS - O que Você Precisa Saber Sobre o Sistema Único
de Saúde
• Autor: Medicina, Associação Paulista de
• Editora: Atheneu
• Ano: 2002
• Sinopse: este livro apresenta a legislação completa, comentários
e análises, aplicabilidade sobre o Sistema Único de Saúde - SUS,
oferecendo uma visão crítica do sistema.
FILME/VÍDEO
• Título: Um Golpe do Destino
• Ano: 1991
• Sinopse: Cirurgião de sucesso, Jack Mckee é completamente
desconectado emocionalmente de sua família e das pessoas que
opera. Ao desenvolver um tumor maligno, ele começa a ver a vida da
perspectiva de um paciente. Jack conhece uma mulher fatalmente
doente, mas extremamente corajosa e percebe a necessidade de
mostrar compaixão em sua profissão.
ORGANIZAÇÃO E
ESTRUTURA DO SUS
Plano de Estudos
• Organização e Estrutura do SUS;
• Regionalização e Hierarquização;
• Descentralização;
• Atenção primária, secundária e terciária.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a organização e a Estrutura SUS;
• Compreender como ocorre a regionalização e hierarquização no
SUS;
• Estabelecer a importância da descentralização no contexto SUS;
• Compreender como é realizado atendimento na Atenção primária,
secundária e terciária.
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Nesta unidade iremos aprofundar vosso aprendizado sobre a organização e a Estrutura
SUS, como ocorre a regionalização e se dá a hierarquização do Sistema, verificaremos a im-
portância da descentralização no contexto SUS e ampliaremos vosso entendimento sobre com,
onde e porquê são realizados os atendimentos na Atenção primária, secundária e terciária.
Desta forma, você irá compreender de que forma os princípios organizativos
(descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular) interferem nas
diretrizes operacionais do Pacto de Gestão do SUS e em quais bases constitucionais e
portarias se consolidam suas ações.
Para que entendamos melhor a organização do SUS precisamos compreender
também o modelo assistencial, sua classificação de serviços por níveis de atenção e com-
plexidade e de que forma os princípios da hierarquização e regionalização impactam nas
atividades, serviços e gestão no SUS, bem como compreender como ocorrem as distribui-
ções de responsabilidades nas federações do governo Federal, Estadual e Municipal.
Partindo deste pressuposto entenderemos também sobre a descentralização como
estratégia de democratização e participação das comissões e conselhos nos processos ad-
ministrativos nas três esferas e ao final desta unidade, compreender um pouco mais sobre
a atuação, finalidade e responsabilidades dos profissionais do SUS na Rede de Atenção à
Saúde primária, secundária e terciária.
Espero que com esta unidade, prezado (a) estudante, você possa compreender um
pouco mais sobre os princípios de organização e estrutura do SUS no que concerne ao atendi-
mento dos princípios doutrinários dos SUS como a integralidade, a universalidade e a equidade.
Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
ORGANIZAÇÃO E
ESTRUTURA DO SUS
De acordo com Elias (2008) o SUS possui rede própria e contratada. A primeira
é composta por Hospitais Federais, Estaduais e Municipais e a segunda é composta por
segmento lucrativo e não lucrativo (filantrópicas). O SUS, segundo Elias (2008, p. 21) “não
diz que o prestador de serviço seja o governo ou privado, o que ele anuncia são princípios,
na qual o sistema tem que ser universal, equânime e igualitário”.
Essa rede de serviços deve ser integrada e regulada pelos gestores onde cada
prestador responde apenas por um gestor, com regulação preferencialmente municipal e
com responsabilidade estadual pactuada pela Comissão Intergestores (CIB). A regulação
nada mais é do que o Estado intervir (setores sociais ou econômicos) com o intuito de
equilibrar relações/necessidades da população/prestadores de serviços e Estado. Neste
sentido, o Estado vem normatizar o sistema para que ele funcione adequadamente de
acordo com os objetivos preconizados pelo SUS (SOLHA, 2014).
Segundo Solha (2014), dentre os serviços que compõem o SUS temos: institui-
ções de pesquisa, instituições de controle de qualidade, laboratórios farmacêuticos oficiais,
agências reguladoras, laboratórios de análises clínicas, serviços (ou equipamentos) de
De acordo com o Decreto n.7508/2011 que regulamenta a Lei 8080/1990 foi criado a
Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde (PGASS), elaborado anualmente como
ferramenta de elaboração das ações com base nos recursos disponíveis. De acordo com
Brasil (2016c) Apud Busato, Garcia e Rodrigues (2019, p 44) a fundamentação elaborada
do PGASS cita:
a. Abranger as ações de assistência à saúde (Atenção Básica, Urgência e
Emergência, Atenção Psicossocial e Atenção Ambulatorial Especializada e
Hospitalar), de promoção, de vigilância (sanitária, de epidemiologia e am-
biental) e de assistência farmacêutica;
b. Ter como norteadora e orientadora das ações de serviços da saúde a Aten-
ção básica;
c. Manter coerência com instrumentos do Planejamento, os Planos de Saúde
e respectivas Programações Anuais de Saúde, expressando compromissos
e responsabilidades de cada um, no âmbito regional;
d. Contribuir para a organização e operacionalização da Rede de Atenção de
Saúde e de seus territórios;
e. Ser desencadeada pelo planejamento regional integrado com temporalida-
de vinculada aos planos municipais e com atualizações periódicas;
f. Ocorrer nas regiões de saúde, como atribuição das CIR, sendo necessária
a harmonização dos compromissos e metas regionais no âmbito do Estado,
em um processo coordenado pela SES e pactuado pela CIB;
g. Ser realizada em todas as regiões de saúde de cada Estado;
h. Subsidiar os dispositivos de regulação, controle e avaliação e auditoria;
i. Apontar no nível regional, o déficit de custeio a necessidade de Investi-
mentos para a rede de atenção de saúde.
REGIONALIZAÇÃO E
HIERARQUIZAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
ATENÇÃO PRIMÁRIA,
SECUNDÁRIA E
TERCIÁRIA
[...] a saúde da família, na atenção primária, assim, significa fazer saúde de-
mocraticamente com a população local, por meio da criação de vínculos e de
decisões tomadas a partir de prioridades eleitas pela comunidade. É gerar
mais acesso, mas também é entender os riscos locais; é construir o perfil
epidemiológico, mas é também ir para além dos dados em saúde ou doença;
é solidificar uma relação humanizada, mas, sobretudo, concretizar a susten-
tabilidade junto à comunidade local.
De acordo com Busato, Garcia e Rodrigues (2019), a ESF envolvem equipes mul-
tiprofissionais, a fim de conhecer os principais indicadores de saúde-doença, bem como
Atenção Secundária
Para Solha (2014), a Atenção Secundária, é o segundo nível de atenção à saúde, na
qual os serviços e ações agregam serviços especializados e não podem ser sanadas com tec-
nologia de baixa densidade e, são realizados por ambulatórios/policlínicas e hospitais gerais.
Retornando ao exemplo da citologia oncótica: se o resultado do exame estiver nor-
mal, a mulher recebe orientações sobre cuidados com a saúde e novo retorno. Entretanto,
caso tenha alterações, serão necessários outros exames e a avaliação do especialista da
ginecologia, que possivelmente encaminhará para a realização de exame colposcopia, por
exemplo e um serviço de média complexidade. Outros exemplos de procedimentos de média
complexidade, de acordo com a tabela de procedimentos do Sistemas de Informações Ambu-
latoriais (SIA) são: cirurgias ambulatoriais especializadas que não demandam hospitalização,
diagnósticos e terapias especializadas realizadas por médico especialista ou por equipe
multiprofissional, análises clínicas, anatomopatologia e citopatologia, dentre outros.
Atenção Terciária
De acordo com Solha (2014), a Atenção Terciária, é o terceiro nível de atenção à
saúde, ou seja, é definida como procedimentos que envolvem alta tecnologia, e utiliza-se
de equipamentos como por exemplo, a ressonância magnética, considerada de alto custo e
profissionais altamente especializados. Exemplos de procedimentos de alta complexidade,
A alta complexidade (Atenção Terciária) está relacionada à qualificação de serviços, compreendendo alto
custo e alta tecnologia. A diferença da média, alta complexidade e baixa, está no repasse dos valores, dada
principalmente ao aumento da evolução tecnológica empregada, principalmente as que requerem maior
investimento de profissionais e equipamentos
Fonte: BUSATO, GARCIA, RODRIGUES (2019).
FILME/VÍDEO
• Título: SICKO - SOS Saude
• Ano: 2007
• Sinopse - O cineasta Michael Moore analisa as crises do sistema de
saúde americano e observa porque milhões de americanos continuam
sem seguro saúde adequado para tratamentos. Ele explica como o
sistema se tornou problemático e visita outros países que recebem
tratamentos gratuitos, tais como Canadá, França e Reino Unido.
• Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg
SAÚDE
SUPLEMENTAR
E ÓRGÃOS
REGULADORES
Professor(a) Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Plano de Estudos
• Saúde Suplementar e Órgãos Reguladores;
• Planos de saúde;
• ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
• ANS (Agência Nacional de Saúde).
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar Saúde Suplementar e Órgãos
Reguladores;
• Entender a significância dos planos de saúde no contexto da saúde;
• Compreender o papel da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária);
• Estabelecer a importância da ANS (Agência Nacional de Saúde) no
contexto da saúde suplementar.
INTRODUÇÃO
Prezado (a) aluno (a)!
Nesta unidade de nosso livro, iremos compreender um pouco mais sobre a saúde
suplementar no nosso país, a necessidade da regulação na área da saúde tanto na área
pública quanto na área privada, através da legislação e das agências de vigilância sanitária
e da agência reguladora de saúde suplementar.
Portanto, iniciamos descrevendo acerca dos conceitos da saúde suplementar e da
necessidade da regulação no Brasil. Na qual será apresentado as três dimensões regula-
tórias instituídas pela Política Nacional da Regulação do SUS: Regulação de Sistemas de
Saúde, Regulação da Atenção à Saúde e Regulação do Acesso à Assistência.
Em seguida, será apresentado a evolução histórica da assistência da saúde privada
no Brasil, principalmente no que tange às operadoras de planos de saúde, quanto à sua forma
de atuação, mecanismos de regulação, interação com os serviços de assistência pública e
demais questões relativas ao funcionamento e a necessidade de regulação nesta área.
Dando sequência, no próximo tópico, será tratado sobre a Agência de Vigilância
Sanitária, a ANVISA, na qual conheceremos a Lei que a criou, sua finalidade, importância
e alguns exemplos de sua atuação como forma de promover a proteção da saúde da po-
pulação, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos, dentre
outras atividades.
Ao final desta unidade, apresento a você, o funcionamento da Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), a necessidade de sua criação com forma de regular o mer-
cado privado de assistência à saúde, bem como a descrição de algumas das vedações e
obrigações quanto aos mecanismos de regulação a serem obedecidos pelas operadoras
de planos de saúde.
Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.
SAÚDE SUPLEMENTAR E
ÓRGÃOS REGULADORES
Como forma de alcançar os objetivos dos sistemas de saúde, três dimensões regu-
latórias devem ser compreendidas (BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019), quais sejam:
01. Regulação dos sistemas de saúde - tem como objetivo fazer cumprir as
diretrizes SUS e definir normas (monitoramento, fiscalização, controle e avalia-
ção). Essas atividades são realizadas por distintos órgãos reguladores (nacional
e regional), inclusive o Ministério da Saúde.
Como você pode observar prezado(a) estudante, apresentamos neste tópico alguns
instrumentos de regulação e a criação Política Nacional de Regulação (PNR) para a saúde
e atendimentos prestados pela Saúde Suplementar. É importante salientar que a saúde
suplementar é de grande relevância para o equilíbrio da saúde da população. Entretanto,
não podemos nos esquecer que o direito à Saúde é um dever constitucional do Estado e
que não deve ser transferido a responsabilidade do Estado para a iniciativa privada.
Enquanto a receita da Saúde Suplementar em 2007, foi de mais de R$ 51,8 bilhões para atender 47,8 mi-
lhões de beneficiários, o Ministério da Saúde destinou verba de pouco mais de R$ 32,7 bilhões para o aten-
dimento de 136,2 milhões de brasileiros. Isso significa que para cada beneficiário da Saúde Suplementar o
setor arrecadou cerca de R$ 1.083,00/ano, enquanto que a verba no serviço público para cada usuário foi
de pouco mais R$ 240,00/ano. Equivale dizer que a Saúde Suplementar possui receita 4,5 vezes maior que
o serviço público de saúde para cada usuário.
Fonte: ZIROLDO; GIMENES; JÚNIOR (2013, p. 218).
PLANOS DE
SAÚDE
De acordo com Ziroldo, Gimenes e Júnior (2013, p.220), com o atual “cenário da Saú-
de no Brasil, é sensato pensar que a contratação de um plano de saúde passou a ser questão
de necessidade”, [...] principalmente aos serviços de alta complexidade”, ofertados pelo SUS.
De acordo com Scheidweiler (2019), o Plano de Saúde pode ser contratado individual-
mente e estendido familiares ou coletivamente, por meio da empresa a qual o indivíduo está
vinculado. Em 1997, os planos de saúde cobriam aproximadamente 17 milhões de brasileiros.
Com o cooperativismo iniciou também um aumento dos planos de autogestão. Segundo a ANS,
de acordo com Casemiro (2018), citado por Scheidweiler (2019) a expansão de planos de saú-
de, se tornou mais expressiva nos planos empresariais, respondendo por cerca de 31 milhões
do total de planos existentes em 2018, com maior crescimento no Estado de São Paulo.
Segundo Scheidweiler (2019), as operadoras começaram a ficar mais exigentes
também, passando a ter uma gestão mais efetiva sobre os riscos e criando mecanismos
para regulamentar reajustes relacionados à correções periódicas e avanço de faixa etária
do segurado, pois implicava em maior risco e incremento na utilização do plano. Da mesma
forma outras questões precisavam de mais disciplina, nas quais são citadas:
• A cobertura dos planos contratados;
• O ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS);
• A dupla cobrança por parte dos prestadores de serviços;
• O melhor acompanhamento dos preços (plano e faixas);
• A capacidade de liquidez das operadoras de forma devidamente comprovada;
• Outro fator foi a presença de capital internacional, a partir da presença de ope-
radoras de saúde com capital estrangeiro.
Segundo Scheidweiler (2019), uma questão muito importante a ser dirimida entre
o setor público e as operadoras, é a falta de clareza nas informações, no que tange a
aumentos repentinos nos valores do prêmio a ser pago pelo usuário, a dupla interpretação
das normas contratuais causando problemas nas relações bilaterais, a situação sócio-eco-
nômica pela qual passa o usuário (desemprego, baixo poder aquisitivo, busca por planos
menos onerosos, com perdas de cobertura e prejuízos, dentre outros), que acaba migrando
para o SUS, aumentando ainda mais o número de usuários.
De acordo com Ciommo (2019, online), os planos de saúde enfrentam dificuldades
para manterem os serviços médicos contratados. A Associação Paulista de Medicina (APM)
Além disso, segundo Scheidweiler (2019), quando é o SUS a ser ressarcido pelas
operadoras, a exigência é quase utópica, uma vez que falta exatidão da utilização do SUS
pelos usuários, bem como dos valores empregados ou sistemas de informação coerentes.
Para Scheidweiler (2019), os planos atualmente atendem a um quarto da popu-
lação Brasileira, e muitas pessoas aspiram à saúde suplementar, principalmente porque
a disponibilidade de profissionais é três vezes maior. Entretanto, de acordo com Ciommo
(2019 on line) o problema não é a qualidade de atendimento médico, mas sim a carência
de estrutura da iniciativa privada:
De acordo com Casemiro (2018) apud Scheidweiler (2019) estão sendo analisadas
pela ANS o estudo de viabilidade técnica populares de planos de saúde como: a oferta
com valor reduzido com coparticipação em percentual, que não menos de 50% do valor do
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi criada pela Lei nº 9.782,
de 26 de janeiro 1999, é considerada uma autarquia sob regime especial, com sede em
Brasília, porém presente em todo o território nacional. De acordo com o Artigo 2º desta Lei,
compete à Anvisa (BRASIL, 1999):
No portal da Anvisa, são disponibilizados todos os atos normativos, considerados importantes na área de
atuação de vigilância, monitoramento e fiscalização. Esses atos normativos e suas alterações datam de 1966
até a data atual, servindo como busca para que o usuário encontre rapidamente as Leis, RDCs e outros
regulamentos importantes.
Fonte: Planilha com a lista dos atos normativos Anvisa. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#
ANS (AGÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE)
A ANS foi criada pela Lei n. 9.961, de 28 de janeiro de 2000 e regulamentada pelo
Decreto n. 3.327, de 5 de janeiro de 2000. Ela é considerada uma autarquia, vinculada ao
Ministério da Saúde do Brasil como um órgão de regulação, normatização, controle e fisca-
lização das atividades que garantam a saúde suplementar no Brasil. Dentre as finalidades
da ANS podemos citar:
Conforme publicado pela ANS (2019b) Apud Scheidweiler (2019), sobre o controle
de acesso aos serviços da saúde e dos mecanismos utilizados para atender as obrigações
das operadoras de planos:
Apesar da evolução ocorrida nesta área, ainda há questões em que a ação da ANS
permanece impenetrável no âmbito de empresas que operam às margens da lei, com obje-
tivos corporativistas, visando ao lucro e a agregação de capital empresarial. Entretanto, os
mecanismos de controle das operadoras estão sujeitos às ordens legais da ANS, e somente
a partir da análise da ANS e aprovação é que os contratos podem ser formalmente firmados.
Como podemos perceber, a ANS, junto com a Câmara de Saúde Suplementar
Suplementar (CAMSS), câmaras técnicas e audiências públicas podem regular, monitorar
e fiscalizar a saúde suplementar no Brasil, desde que os mecanismos de controle destas
operadoras estejam sujeitas às ordens legais da ANS. Entretanto, o Brasil ainda enfrenta
outros sérios problemas, como a instabilidade mercadológica, os altos custos dos procedi-
mentos, a corrupção na área da saúde, a omissão da sociedade em compreender e buscar
os seus direitos, a falta de governança na área da saúde pública, dentre outros.
Ao invés de facilitar o acesso da população à Saúde Suplementar na tentativa de terceirizar sua obrigação,
o Estado Maior está dificultando a entrada de pessoas à Saúde Suplementar por meio da instabilidade
mercadológica que ele próprio causa ao setor.
Fonte: ZIROLDO; GIMENES; JÚNIOR (2013, p.220).
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2018/07/operadoras-de-planos-de-saude-devem-
quase-r-2-bilhoes-ao-sus/
LIVRO
• Título: Fundamentos, regulação e desafios da Saúde Suplemen-
tar no Brasil
• Autor: Sandro Leal Alves
• Editora: Funenseg
• Ano: 2015
• Sinopse: Este livro explica como funciona a Saúde Suplementar,
faz a interação entre o público e o privado, apresentando aspectos
demográficos e epidemiológicos e combinação entre regulamentos
e incentivos, dentre outros aspectos.
FILME/VÍDEO
• Título: Wit, uma lição de vida
• Ano: 2001
• Sinopse: Filme muito instigante para se discutir com profissionais
de saúde em hospitais sobre a forma como estão lidando com seus
pacientes. Mais rico ainda se for usado como material de oficinas
em enfermarias com altas taxas de óbitos. Com certeza fará com
que principalmente médicos e enfermeiras possam ser motivados
a rediscutir seus processos de trabalho evidenciando as ações que
fazem com que muitas vezes os pacientes os rotulem como “frios”
e “insensíveis”.
89
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