Tratado de Direito Privado, Tomo XLII - Direito Das -- Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, Bruno Miragem -- Tratado de Direito Privado 42, 42, 4a, -- 9788520343265 -- b8276948fb45627737a0df4d99f410c8 -- Anna’s Archive

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42

M672
2012
Vol.42
TRATADO DE
DIREITO PRIVADO
Diretor Responsável
A-VTC-VO BELINELO

Diretora de Conteúdo Editorial


GSSSOE DE MELLO BRAGA TAPAI

Diretora de Operações Editoriais

OnE
l NE PAVAN
Analistas Documentais. Bethânia Mignolo dos Santos, Bruno Martins Costa, Cristiane Gonzalez Basile de Faria,
Danielle Cândido de Oliveira, Henderson Rirst de Oliveira e ítalo Façanha Costa.

Editoração Eletrônica

Coordenadora

ROSELI CAMPOS DE CARVALHO

Equipe de Editoração: Adriana Medeiros Chaves Martins, Ana Paula Lopes Corrêa, Carolina do Prado Fatel, Ga-
briel Bratti Costa, Ladislau Francisco de U m a Neto, Luciana Pereira dos Santos, Luiz Fernando Romeu, Marcelo
de Oliveira Silva e Vera Lúcia Cirino.

Produção gráfica: Caio Henrique Andrade.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasi!)

Miranda, Pontes de, 1892-1979

Direito das Obrigações: Mútuo. Mútuo a risco. Contrato de conta


corrente. Abertura de crédito. Assinação e Acreditivo. Depósito ! Pontes
de Miranda; atualizado por Bruno Miragem. 1. ed. - S ã o Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2 0 1 2 . - (coleção tratado de direito privado: parte
especial; 42)

I S B N 978-85-203-4326-5

1.Direito civil 2. Direito civil-Brasil I. Miragem, Bruno. II. Série.

12-009SO CDÜ-347(81)

índices para catálogo sistemático: 1. Brasil: Direito civil 347(81) 2. Brasil:


Direito privado 347 (31)
/

tf- tyfr Pontes de Miranda

TRATADO DE
DIREITO PRIVADO
PARTE ESPECIAL

TOMO XLII

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Mútuo. Mútuo a risco.
Contrato de conta corrente.
Abertura de crédito.
Assinação e Acreditivo.
Depósito

Atualizado por
Bruno Miragem

EDITORA anos
REVÕSTÃ DOS TRDBUNA1S
PONTES DE MIRANDA - -

PARTE ESPECIAL ÍED C S CS

TOMOXLII
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
Mútuo. M ú t u o a risco. Contrato de conta corrente. Abertura de crédito.
Assinação e Acreditivo. Depósito

© Originais do Tratado de Direito Privado - 60 Tomos:

PONTES DE MIRANDA

© Desta Atualização [2012]:

EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS L T D A .

ANTONIO BELINELO
Diretor responsável

Rua do Bosque, 820 - B arra Funda


Tel. II 3 6 1 3 - 8 4 0 0 - F a x 11 3613-8450
CEP 01136-000 - São Paulo, SP, Brasil

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,
especialmente por sistemas gráficos, microfflmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videcgrá-
ficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte
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ensão e indenizações diversas (arts. 101 a l l O d a Lei 9.610,de 19.02.1998,Lei dos Direitos Autorais).

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(atendimento, em dias úteis, das 8 às 17 horas)
Tel. 0800-702-2433
e-mail de atendimento ao consumidor: [email protected]

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Impresso no Brasil [03.2012]

Profissional

Fechamento desta edição [05.03.2012]

EDnORA ATIUADA
ISBN 978-85-203-4326-5
ISBN da Coleção 978-85-203-4321-0
À AMNÉRIS e à FRÂNCIS,
amor e gratidão de seu marido e de seu pai.
Í N D I C E G E R A L D O T O M O XLXI

APRESENTAÇÃO, 9

PREFÁCIO À L.A EDIÇÃO, 1 1

SOBRE O AUTOR, 2 5

OBRAS PRINCIPAIS DO AUTOR, 2 9

SOBRE O ATUALIZADOR, 3 3

PLANO GERAL DA COLEÇÃO, 3 5

TÁBUA SISTEMÁTICA DAS MATÉRIAS, 3 9

BIBLIOGRAFIA DO TOMO X L I I , 5 0 7

ÍNDICES

Alfabético dos Autores citados, 525


Cronológico da Legislação, 534
Cronológico da Jurisprudência, 559
Alfabético das Matérias, 571
APRESENTAÇÃO

A Editora Revista dos Tribunais - RT tem a honra de oferecer ao pú-


blico leitor esta nova edição do Tratado de Direito Privado, de Francisco
Cavalcanti Pontes de Miranda, reconhecidamente um dos mais ilustres ju-
ristas brasileiros, senão o maior.
Para nós, da Editora, a republícação desta obra tem importância úni-
ca: ao se consubstanciar num marco científico e editorial, pela contribui-
ção que há tantas décadas traz à ciência do Direito e, especificamente, ao
Direito Privado. Essas fundamentais características se compõem com as
comemorações do primeiro centenário desta Casa Editorial e com a evoca-
ção dos 120 anos de nascimento do grande tratadista.
O respeito ao texto original, também publicado por esta Editora em
1983, foi um dos maiores cuidados que nos determinamos a tomar, desde a
estrutura e organização do texto, passando por alguns recursos usados pelo
Autor, até a ortografia da época, com exceção do trema nas semivogais.
O Direito, porém, como todas as ciências, vem sofrendo grandes
transformações nas últimas décadas. Por isso, com o intuito de inserir a
obra no contexto presente, notas atualizadoras foram elaboradas por ju-
ristas convidados entre os mais renomados do País. Inseridas ao final de
cada tópico (§), encontram-se devidamente destacadas do texto original,
apresentando a seguinte disposição:
i
Panorama Atual: j
j

§ x: A - Legislação: indicação das alterações legislativas inci-


; dentes no instituto estudado j
| § JC: B - Doutrina: observações sobre as tendências atuais na j
| interpretação doutrinária do instituto estudado j
§ x: C - Jurisprudência: anotações sobre o posicionamento atu- j
; al
dos Tribunais a respeito do instituto estudado '
Neste século de existência, a Editora Revista dos Tribunais se man-
teve líder e pioneira na promoção do conhecimento, procurando fornecer
soluções especializadas e qualificadas aos constantes e novos problemas
jurídicos da sociedade, à prática judiciária e à normatização. Nas páginas
que publicou, encontra-se o Direito sendo estudado e divulgado ao longo
de cinco Constituições republicanas, duas guerras mundiais e diversos re-
gimes políticos e contextos internacionais.
Mais recentemente, a revolução tecnológica, a era digital, e a globali-
zação do conhecimento trouxeram desafios ainda mais complexos, e para
acompanhar tudo isso, a Editora passou a compor, desde 2010, o grupo
Thomson Reuters, incrementando substancialmente nossas condições de
oferta de soluções ao mundo jurídico.
Inovar, porém, não significa apenas "trazer novidades", mas também
"renovar" e "restaurar". A obra de Pontes de Miranda permite tantas lei-
turas, tamanha sua extensão e profundidade, que não se esgotam seu inte-
resse e sua importância. E por isso, também - para inovar - , republicamos
seu Tratado de Direito Privado.
Não podemos deixar de registrar, ainda, nossos mais profundos agra-
decimentos à família Pontes de Miranda, pela participação que fez possível
a realização de um sonho.

EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS


P R E F Á C I O À 1." E D I Ç Ã O

1. Os sistemas jurídicos são sistemas lógicos, compostos de propo-


sições que se referem a situações da vida, criadas pelos interesses mais
diversos. Essas proposições, regras jurídicas, prevêem (ou vêem) que tais
situações ocorrem, e incidem sôbre elas, como se as marcassem. Em ver-
dade, para quem está no mundo em que elas operam, as regras jurídicas
marcam, dizem o que se há de considerar jurídico e, por exclusão, o que
se não há de considerar jurídico. Donde ser útil pensar-se em termos de
topologia: o que entra e o que não entra no mundo j urídico. Mediante essas
regras, consegue o homem diminuir, de muito, o arbitrário da vida social, a
desordem dos interêsses, o tumultuário dos movimentos humanos à cata do
que deseja, ou do que lhe satisfaz algum apetite. As proposições jurídicas
não são diferentes das outras proposições: empregam-se conceitos, para
que se possa assegurar que, ocorrendo a, se terá a'. Seria impossível che-
gar-se até aí, sem que aos conceitos jurídicos não correspondessem fatos
da vida, ainda quando êsses fatos da vida sejam criados pelo pensamento
humano. No fundo, a função social do direito é dar valores a interêsses, a
bens da vida, e regular-lhes a distribuição entre os homens. Sofre o influxo
de outros processos sociais mais estabilizadores do que êle, e é movido por
processos sociais mais renovadores; de modo que desempenha, no campo
da ação social, papel semelhante ao da ciência, no campo do pensamento.
Esse ponto é da maior importância.
Para que se saiba qual a regra jurídica que incidiu, que incide, ou que
incidirá, é preciso que se saiba o que é que se diz nela. Tal determinação
do conteúdo da regra jurídica é função do intérprete, isto é, do juiz ou de
alguém, jurista ou não, a que interêsse a regra jurídica. O jurista é apenas,
nesse plano, o especialista em conhecimentos das regras jurídicas e da
interpretação delas, se bem que, para chegar a essa especialização e ser fe-
cunda, leal, exata, a sua função, precise de conhecer o passado do sistema
jurídico e, pois, de cada regra jurídica, e o sistema jurídico do seu tempo,
no momento em que pensa, ou pensa e fala ou escreve.
Diz-se que interpretar é, em grande parte, estender a regra jurídica a
fatos não previstos por ela com o que se ultrapassa o conceito técnico de
analogia. Estaria tal missão compreendida no poder do juiz e, pois, do in-
térprete. Diz-se mais: pode o juiz, pois que deve proferir a sententia quae
rei gerendae aptior est, encher as lacunas, ainda se falta a regra jurídica
que se pudesse estender, pela analogia, ou outro processo interpretativo,
aos fatos não previstos. Ainda mais: se a regra jurídica não é acertada, há
de buscar-se, contra legem, a regra jurídica acertada. Nota-se em tudo isso
que se pretendem contrapor a investigação do sistema jurídico, em toda a
sua riqueza, dogmática e histórica, e a letra da lei. Exatamente o que se há
de procurar é a conciliação das três, no que é possível; portanto, o sentido
- dogmática e historicamente - mais adequado às relações humanas, sem
se dar ensejo ao arbítrio do juiz. A separação dos poderes, legislativo e
judiciário, esteia-se em discriminação das funções sociais (política, direi-
to); e a história do princípio, a sua revelação através de milênios, a sua
defesa como princípio constitucional, apenas traduz a evolução social. O
êrro do legislador pode ser de expressão: prevalece, então, o pensamento
que se tentou exprimir, se êsse pensamento é captável no sistema jurídico;
não se desce ao chamado espírito, ou à vontade do legislador, porque seria
atravessar a linha distintiva do político e do jurídico; não se contraria o
princípio de que a lei é para ser entendida pelo povo, no grau de cultura
jurídica em que se acham os seus técnicos, e não para ser decifrada. Por
outro lado, as circunstâncias sociais podem ter mudado: o envelhecimento
da regra jurídica participa mais do julgamento do povo do que do decorrer
do tempo: o problema torna-se mais de mecânica social do que de fontes e
de interpretação das leis.

2. O sistema jurídico contém regras jurídicas; e essas se formulam


com os conceitos jurídicos. Tem-se de estudar o fáctico, isto é, as relações
humanas e os fatos, a que elas se referem, para se saber qual o suporte fác-
tico, isto é, aquilo sôbre que elas incidem, apontado por elas. Aí é que se
exerce a função esclarecedora, discriminativa, crítica, retocadora, da pes-
quisa jurídica. O conceito de suporte fáctico tem de ser guardado pelos que
querem entender as leis e as operações de interpretação e de julgamento.
A regra jurídica "Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem
civil" (Código Civil, art. 1.°) é regra jurídica de suporte fáctico simplicíssi-
mo: "Homem". Se há um ser humano, se nasceu e vive um homem, a regra
jurídica do art. 1.° incide. Incide, portanto, sôbre cada homem. Cada ho-
mera pode invocá-la a seu favor; o juiz tem dever de aplicá-la. Porém nem
todos os suportes fácticos são tão simples. "São incapazes relativamente,
os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos" (art. 6.°, I). Suporte
fáctico: ser humano, dezesseis anos feitos. "Cessando a confusão, para
logo se restabelecer, com todos os acessórios, a obrigação anterior" (art.
1.052). Suporte fáctico: A devedor a B, A sucessor do direito de B, mas a
sucessão é temporária, qualquer que seja a causa.
É fácil compreender-se qual a importância que têm a exatidão e a pre-
cisão dos conceitos, a boa escolha e a nitidez deles, bem como o rigor na
concepção e formulação das regras jurídicas e no raciocinar-se com elas.
Seja como fôr, há sempre dúvidas, que exsurgem, a respeito de fatos, que
se têm, ou não, de meter nas categorias, e da categoria em que, no caso
afirmativo, se haveriam de colocar. Outras, ainda, a propósito dos próprios
conceitos e das regras jurídicas, que têm de ser entendidas e interpretadas.
A missão principal do jurista é dominar o assoberbante material le-
gislativo e jurisprudencial, que constitui o ramo do direito, sobre que dis-
serta, sem deixar de ver e de aprofundar o que provém dos outros ramos e
como que perpassa por aquêle, a cada momento, e o traspassa, em vários
sentidos. Mal dá êle por começada essa tarefa, impõe-se-lhe o estudo de
cada uma das instituições jurídicas. Somente quando vai longe a sua inves-
tigação, horizontal e verticalmente, apanhando o sobredireito e o direito
substancial, é que pode tratar a regra jurídica e o suporte fáctico, sôbre que
ela incide, avançando, então, através dos efeitos de tal entrada do suporte
fáctico no mundo jurídico. O direito privado apanha as relações dos indiví-
duos entre si, e cria-as entre eles; mas a técnica legislativa tem de levar em
conta que alguns desses indivíduos são Estados, Estados-membros, Muni-
cípios, pessoas jurídicas de direito público, que também podem ser sujeitos
de direitos privados.
Interpretar leis é lê-las, entender-lhes e criticar-lhes o texto e revelar-
-lhes o conteúdo. Pode ela chocar-se com outras leis, ou consigo mesma.
Tais choques têm de ser reduzidos, eliminados; nenhuma contradição há de
conter a lei. O sistema jurídico, que é sistema lógico, há de ser entendido em
tôda a sua pureza.
Se, por um lado, há tôda a razão em se repelir o método de interpre-
tação conceptualístico (que se concentrava na consideração dos conceitos,
esquecendo-lhe as regras jurídicas em seu todo e, até, o sistema jurídico),
método que nunca foi o dos velhos juristas portuguêses nem o dos brasi-
leiros, temos de nos livrar dos métodos que não atendem a que as regras
jurídicas se fazem com os conceitos e êsses tem a sua fixação histórica
e hão de ser precisados. Principalmente, tem-se de levar em conta que a
regra jurídica, a lei, viveu e vive lá fora, - foi para ser ouvida e lida pelos
que hão de observá-la e é para ser lida, hoje, por êles. Nem o que estava na
psique dos que a criaram, nem o que está na psique dos que hoje a criam,
têm outro valor além do que serve à explicitação do que é que foi ouvido e
lido por aqueles a que foi dirigida, ou o é por aqueles a quem hoje se diri-
ge. O elemento histórico, que se há de reverenciar, é mais exterior, social,
do que interior e psicológico. Se assim se afasta a pesquisa da vontade do
legislador, no passado e no presente, o subjetivismo e o voluntarismo que
- há mais de trinta e dois anos - combatemos (nosso Subjektivismus und
Voluntarismus im Recht, Archivflir Rechts und Wirtschaftsphilosophie, 16,
5 2 2 - 5 4 3 ) , há de evitar-se passar-se a outro subjetivismo e a outro volunta-
rismo, - o da indagação da vontade da lei. Ratio legis não é voluntas legis;
lei não quer; lei regra, lei enuncia. O sentido é o que está na lei, conforme
o sistema jurídico, e não o que se atribui ao legislador ter querido, nem à
lei querer agora. Nem o que E. R. BIERLING (Juristische Prizipienlehre,
IV, 2 3 0 e 2 5 6 s.), nem o que K . BINDING (Handbuch, I , 4 6 5 ) e J . KOHLER
(Über die Interpretation der Gesetzen, Griinhuts Zeitschrift, 13, 1 s.) sus-
tentavam. Interpretar é revelar as regras jurídicas que fazem parte do siste-
ma jurídico, - pode ter sido escrita e pode não estar escrita, mas existir no
sistema, pode estar escrita e facilmente entender-se e apresentar certas di-
ficuldades para ser entendida. Nas monocracias, os trabalhos preparatórios
ficavam mais ocultos, raramente se publicavam com propósito de servir
à interpretação, e quase sempre se perdiam, ao passo que a interpretação
autêntica tinha todo o prestígio de lei, uma vez que não existia o princípio
constitucional de irretroatividade da lei. Nas democracias, com o princípio
da irretroatividade da lei, a interpretação autêntica ou é nova lei, ou não
tem outro prestígio que o de seu valor intrínseco, se o tem; é interpretação
como qualquer outra, sem qualquer peso a mais que lhe possa vir da pro-
cedência: o corpo legislativo somente pode, hoje, fazer lei para o futuro',
não, para trás, ainda a pretexto de interpretar lei feita. O tribunal ou juiz
que consultasse o Congresso Nacional cairia no ridículo, se bem que isso
já tenha ocorrido na Europa. Se o legislador A ou os legisladores A, A' e
A", quiseram a e todos os outros legisladores quiseram b, mas o que foi
aprovado e publicado foi c, c é que é a regra jurídica. Bem assim, se todos
quiseram a, e foi aprovado e publicado c. Os trabalhos preparatórios são,
portanto, elemento de valor mínimo. O que foi publicado é a letra da lei,
com as suas palavras e frases. Tem-se de interpretar, primeiro, gramatical-
mente, mas já aí as palavras podem revelai" sentido que não coincide com o
do dicionário vulgar (pode lá estar rescisão, e tratar-se de resolução; pode
lá estar condição, e não ser de condido que se há de cogitar; pode falar-se
de êrro, e só se dever entender o erro de fato, e não o de direito). O senti-
do literal é o sentido literal da ciência do direito, tendo-se em vista que o
próprio redator da lei ao redigi-la, exercia função da dimensão política, e
não da dimensão jurídica, pode não ser jurista ou ser mau jurista, ou falso
jurista, o que é pior. Demais, estava êle a redigir regra jurídica, ou regras
jurídicas, que se vão embutir no sistema jurídico e tal inserção não é sem
conseqüências para o conteúdo das regras jurídicas, nem sem conseqüên-
cias para o sistema jurídico. Jurisprudência contra a lei é jurisprudência
contra êsse resultado. Por isso, regra jurídica não escrita pode dilatar ou
diminuir o conteúdo da regra jurídica nova. Daí, quando se lê a lei, em
verdade se ter na mente o sistema jurídico, em que ela entra, e se ler na
história, no texto e na exposição sistemática. Os êrros de expressão da lei
são corrigidos facilmente porque o texto fica entre êsses dois componentes
do material para a fixação do verdadeiro sentido.
Na revelação de regra jurídica não escrita é que se nota maior liber-
dade do juiz. Nota-se; mas ^há essa liberdade? Revelar a regra jurídica, se
não está escrita, lendo-se na história e no sistema lógico, não é operação
diferente de se ler na história, no texto e no sistema lógico. Não se cria a
regra jurídica não escrita, como não se cria a regra jurídica escrita; ambas
são reveladas, razão por que falar-se em lacuna do direito somente tem
sentido se se critica o sistema jurídico, isto é, se se fala de iure condendo,
ou se se alude a visão de primeiro exame, a algo que não se viu à primeira
vista. Lacuna preenchida não é lacuna; lacuna que não é preenchível é la-
cuna de iure condendo.
Analogia só se justifica se a ratio legis é a mesma (Ubi eadem ratio,
idem ius); só se admite se, com ela, se revela, sem se substituir o juiz
ao legislador: onde ela revela regra jurídica não-escrita, é analogia iuris,
provém de explicitação do sistema jurídico e ainda é apenas reveladora, e
não criadora. (A) Quando se revela por analogia legal, analogia legis, o
que em verdade se faz é explicitar que a) a regra legal exprimiu, no texto,
princípio particular, e b) há princípio mais geral em que êle se contém. (B)
Quando se revela por analogia iuris, explicita-se regra jurídica que se há
de ter como a), pois já existe, não escrita, no sistema jurídico. Fora de (A)
e de (B), a chamada anal ogia é edicção de regra jurídica, contra o princípio
da separação dos poderes.
3. A atividade mais relevante da ciência do direito consiste, portanto,
em apontar quais os têrmos, com que se compuseram e com que se hão
de compor as proposições ou enunciados, a que se dá o nome de regras
jurídicas, e quais as regras jurídicas que, através dos tempos, foram ado-
tadas e aplicadas. A sucessão histórica dessas regras obedece a leis socio-
lógicas. Outra atividade, que não é menos inestimável do que aquela, está
no interpretar o conteúdo das regras de cada momento e tirar delas certas
normas ainda mais gerais, de modo a se ter em quase completa plenitude
o sistema jurídico.
Desde mais de dois milênios, porém principalmente nos últimos sécu-
los, longo esforço de investigação, servido, aqui e ali, pela aparição de al-
guns espíritos gemais, conseguiu cristalizar a obra comum em enunciados
sobre os próprios enunciados e sobre os têrmos, tornando cada vez "menos
imperfeitas" a linguagem e a lógica do direito. A primeira necessidade da
ciência jurídica passou a ser a mais rigorosa exatidão possível no delimitar
os conceitos (E. I. BEKKER, System, IX). Os decênios passados puderam
contemplar a obra imensa do século XIX, perceber o que não obtivera, até
agora, "precisão"; e preparar-nos para a continuação criadora, que nunca
seria possível sem a mole dos resultados anteriores e a depuração inces-
sante de êrros.
O valor do método etnológico assenta em que precisamos conhecer
as instituições jurídicas em seu bêrço, mesmo em seus nascedouros, ou
para distinguirmos dos outros processos sociais de adaptação o direito, ou
para podermos escalonar, no tempo, as formas que o direito foi assumindo.
Só assim poderemos datar o que apareceu no momento próprio e o que
apareceu em momento impróprio (regressões, prematuridade legislativas).
Com o método etnológico e o histórico-comparativo, podemos alcançar a
discriminação das fases, na evolução social (método sociológico científico
ou faseológico, que foi sempre o seguido em nossas obras, quer de socio-
logia, quer de dogmática jurídica).
O valor dos estudos históricos para o conhecimento do direito vigen-
te assenta em que não se pode conhecer o presente, sem se conhecer o
passado, não se pode conhecer o que é, sem se conhecer o que foi. Não se
poderia situar, no tempo, na evolução jurídica, cada enunciado do sistema
lógico; nem se colheria o que estava na psique dos elaboradores da lei,
porque estava no ambiente social (e continuou de estar), e se supôs inclu-
so nos textos, ou entre os textos; nem se poderiam fixar certos conceitos,
nem se determinariam certas categorias, que têm os seus limites marcados
pelos fios históricos. Ainda onde o direito mudou muito, muito se há de
inquirir do que não mudou. O direito muda muito onde em muito deixou
de ser o que era.

4. A noção fundamental do direito é a de fato jurídico; depois, a de


relação jurídica; não a de direito subjetivo, que é já noção do plano dos
efeitos; nem a de sujeito de direito, que é apenas termo da relação jurídica.
Só há direitos subjetivos porque há sujeitos de direito; e só há sujeitos de
direito porque há relações jurídicas. O grande trabalho da ciência jurídi-
ca tem sido o de examinar o que é que verdadeiramente se passa entre
homens, quando se dizem credores, titulares ou sujeitos passivos de obri-
gações, autores e réas, proprietários, excipientes, etc. O esforço de dois
milênios conseguiu precisar conceitos, dar forma sistemática à exposição,
pôr êsses conhecimentos à disposição dos elaboradores de leis novas e
aprimorar o senso crítico de algumas dezenas de gerações, até que, recen-
temente, se elevou a investigação ao nível da investigação das outras ciên-
cias, para maior precisão da linguagem e dos raciocínios. A subordinação
dela à metodologia que resultou da lógica contemporânea, inclusive no que
concerne à estrutura dos sistemas, é o último degrau a que se atingiu.
Aliás, "ter direito" é, no falar diário, ambíguo, se não equívoco;
Goethe tinha direito de escrever o que quisesse e, ainda naquele tempo,
poderíamos ver no escrever o exercício de (direito de) liberdade de traba-
lho intelectual; A tem direito de se zangar com B, por B ter sido grosseiro,
e vê-se bem que se está no mundo fáctico, a falar-se de direito, em sentido
amplíssimo, que não é o sociológico, nem o técnico. Toda conveniência há
em se evitar êsse sentido, extremamente largo, do falar comum; porém os
juristas mesmos pecam em não verem que o direito abrange maior cam-
po do que aquele que costumam, na rotina do ensino, da judicatura, ou
da elaboração das leis, apontar ou pesquisar. Se A toma banho na praia,
exerce direito de que êle não cogita, e é direito como os outros; se B vai
ao cabeleireiro, com a filha, e diz que deseja as tranças do cabelo cortado,
exerce direito. Onde quer que se distribuam bens da vida, inclusive os que
se ligam à própria pessoa, aí está o sistema jurídico. Quem diz "aí está o
sistema jurídico" diz há elementos fácticos sôbre os quais incidiu regra
jurídica. Tal regra pode ser escrita, ou não escrita; em ambos os casos,
faz parte do sistema jurídico, que é um cálculo lógico. A cada momento
surgem problemas que somente podem ser resolvidos se se obedece a indi-
cações e raciocínios exatos.
A incidência da regra jurídica é que torna jurídicos os bens da vida.
Muitas vêzes, porém, a incógnita é a regra jurídica; outras vêzes, o conjun-
to de fatos, o suporte fáctico, em que a regra jurídica incide. Ali, responde-
-se às perguntas - "/Há a regra jurídica e qual é?"; aqui, a duas outras
"/Quais os elementos que compõem o suporte fáctico; e qual a natureza de
cada um dêles?" Tais questões são inconfundíveis com as da irradiação de
efeitos dessa impressão da norma jurídica no suporte fáctico.
Por onde se vê que não é de admitir-se, em ciência, que se comece a
exposição, a falar-se dos efeitos, da eficácia (direitos, deveres ou dívidas;
pretensões, obrigações; ações e exceções), antes de se descrever como os
elementos do mundo fáctico penetram no mundo jurídico. O direito dos
nossos tempos, depois de se haver o homem libertado do direito do clã e da
tribo, bem como do privatismo oligárquico da Idade Média, é baseado em
que cada um tem campo de autonomia em que pode rumar, como entenda,
a sua vida. Supõe-se em cada uma aptidão biológica, social e psico-indi-
vidual para alcançar fins autônomos, escolhendo os fins e, ainda, criando
fins seus. A intervenção do Estado é excepcional, pôsto que, na elaboração
das leis, se adotem - para os indivíduos e para o Estado - regras que não
podem ser alteradas pela vontade de cada um. Algumas criam direitos;
outras, deveres; outras, pretensões, obrigações e ações, ou só pretensões e
obrigações. Outras criam direitos sem os subjetivar, de modo que o efeito,
a que então se chama direito, é reflexo da norma jurídica que incidiu, sem
ser, pois, o seu efeito adequado ou, sequer, anexo. Nem sempre o efeito re-
flexo cria direito sem subjetivação; o interêsse é protegido sem a criação de
direito subjetivo, ou, sequer, direito. Todavia, guardemo-nos de reduzir a
essa categoria alguns fatos do mundo jurídico, que ofereceram dificuldades
às gerações anteriores ao terem de os classificar (e.g., a lesão da proprieda-
de, ou da pessoa); e mais ainda nos havemos de precatar contra discrimi-
nações concretas entre direito e interêsses protegidos que corresponderam
a momentos já passados, a momentos em que eram verdadeiras (hoje não
mais o são), tanto mais quanto tais discriminações podem ter resultado de
deficiência do direito público de povos grandemente progredidos no direito
privado. A afirmativa, por exemplo, de que não há no sistema jurídico regra
que proíba, em geral, causar dano à pessoa ou ao patrimônio alheio {e.g.,
A. VON TUHR, Der Allgemeine Teil, I, 56) é falha: primeiro, desatende-se
a que essa regra jurídica pode ser não-escrita e a que as regras jurídicas de
sanções supõem a regra jurídica que se há de ter violado; segundo, não se
vê que, noutro ramo do direito, que é o direito público, às vêzes no direito
constitucional, a regra jurídica, que se supõe, vem, de ordinário, escrita.
5. Quando se trata de direito privado contemporâneo, poucos são os
que se dão conta de que há mais de dois mil anos se vem elaborando toda
a doutrina de que desfrutamos. Em verdade, foi como se, através desses
milênios, estivesse o homem a descobrir o que seria melhor - ou é melhor
- para regular as relações inter-humanas. "Descobrir" é o têrmo; pouco
se criou: revelou-se, nos livros de doutrina, nas elaborações de regras ju-
rídicas e nas críticas, o que se presta a resolver os problemas do interesse
humano. Às vêzes por muitos séculos se procurou solução. No final, o
direito, ainda o direito não-costumeiro, é a obra de milhares e milhares
de inteligências. Daí ter-se de colher, aqui e ali, a verdade. Fácil é assim
imaginar-se o que representa de esforço intelectual, de pesquisa, a Parte
Geral do Direito Privado.

6. A respeito de conter, ou não, o Código Civil regras jurídicas de


direito administrativo (portanto, heterotópicas), e de poder alguma regra
de direito civil ser invocada como subsidiária do direito público, especial-
mente administrativo, tem havido graves confusões, provenientes de leitura
apressadas de livros estrangeiros. No art. 1.°, diz-se que o Código Civil
regula "os direitos e obrigações de ordem privada", de modo que é o fundo
comum para o direito civil e o comercial; porém não para o direito público:
para êsse, a regra jurídica de direito privado somente pode ser invocada se
é elemento do suporte fáctico de alguma regra jurídica publicística o fato
jurídico privatístico, ou se - o que é causa das maiores confusões nos inex-
pertos - a regra jurídica privatística revela, no plano do direito privado, a
existência de princípio geral de direito que também se há de revelar no di-
reito público. Exemplo de discussão imprecisa por ocasião dos acórdãos do
Supremo Tribunal Federal, a 23 de junho de 1943, 5 de junho de 1944 e 5
de agosto de 1949 (R. dos T., 148,777; R. de D. A., II, 560; R. F., 129, 120).
Em voto no acórdão da 2 a Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
a 23 de fevereiro de 1948 (R. dos T„ 184, 351), procurou-se critério distinti-
vo, dizendo-se que, em direito privado, se permite o que não é proibido, ao
passo que, no direito público, só se pode fazer o que é permitido; mas isso
é fácil dito, sem qualquer apoio em princípios, - tanto há regras jurídicas
permissivas e proibitivas no direito privado quanto no público e o campo da
liberdade, no direito público, é ainda mais vasto do que no direito privado.

7. A Parte Geral do Direito é um dos ramos do Direito. Todo sistema


jurídico é sistema lógico. Cada ramo também o é. Não é contemplação,
nem doutrina teleológica. Há de formar sistema lógico; ou, melhor, há de
ser apanhado do que é geral e comum no sistema lógico, ou geral e co-
mum nos sistemas lógicos de que se trata. O sistema jurídico pode ser o
do Estado A, ou um dos sistemas jurídicos (o direito civil, por exemplo)
do Estado A; ou o dos Estados A, B, C, ou um dos sistemas dos Estados
A, B, C. Ou se restrinja a definições, ou explicite princípios ou regras, ou
é sistema lógico ou é parte de sistema. Embora seja possível pensar-se em
Parte Geral do Direito em algum sistema hipotético (imaginário) X, ou X,
Y, Z, a Parte Geral do Direito, ou do Direito Penal, ou do Direito Privado,
ou a que fôr, é a de direito existente, ou de sistemas jurídicos existentes,
ou de ramo do direito existente ou de ramo de sistemas jurídicos exis-
tentes. O seu programa não pode ser o de filosofia do direito, nem o de
sociologia do direito; menos ainda o de história ou etnologia do direito;
nem o dela pode suprir, ou eliminar os programas dessas disciplinas, nem
o de qualquer delas, nem os de todas o suprem, ou eliminam.
Alguns conceitos, é de notar-se, são sobre os sistemas lógicos a que
se dá a qualificação de jurídicos; por exigência prática, foram incluídos
na Parte Geral do Direito, para se não recorrer a remissões. Outros são
conceitos de que se precisa e, pois, subentendidos, o que os faz definições.
APa?te Geral do Direito Privado tem, necessariamente, de trabalhar
com, os conceitos que são comuns a todos os ramos do direito e a todos os
ramos do direito privado; e com os conceitos que somente são comuns
aos ramos do direito civil, ou ao direito comercial, ou a outro ramo.

8. A doutrina pandectista do século X K deve-se a elaboração da Par-


te Geral do direito civil a ponto de se haver imposto, no século XX, às
codificações mais autorizadas, exceto, o que é lamentar-se, à codificação
italiana. As categorias jurídicas foram classificadas; os seus conteúdos dis-
cutidos e aclarados; e não há negar-se que, aos primeiros decênios do sécu-
lo corrente, a tal ponto havia chegado a sistematização, que os esforços, a
partir desses anos, foram em profundidade e no sentido de classificação de
toda a teoria geral do direito, em irradiações do que se conseguira na Parte
Geral do direito civil. Exatamente por isso, a obra, que verse, no meio do
século XX, matéria que se acrisolou com tantas investigações e contro-
vérsias, exige-se pôr-se em dia com o que deixaram os últimos grandes
civilistas das três primeiras décadas e o que as duas últimas conseguiram
corrigir e aperfeiçoar. Seria, porém, incompleto o pôr-se em dia, se não se
atendesse ao que se irradiava, em compensação fecunda, dos outros ramos
do direito. Daí a razão de se reputar da mais alta responsabilidade empre-
endimento tão complexo, a despeito de caber a matéria, nos códigos, em
duas centenas de artigos (§§ 1-240 do Código Civil alemão; arte. l.°-179
do Código Civil brasileiro).

9. A divisão das matérias da Parte Geral aparece, nesta obra, pela


primeira vez, em ordem lógico-científica. Primeiro, expusemos o que con-
cerne ao plano da existência; depois, o que se refere ao plano da validade;
finalmente, o que somente pertence ao plano da eficácia. O fato jurídico,
primeiro, é; se é, e somente se é, pode ser válido, nulo, anulável, rescin-
dível, resolúvel, etc.; se é, e somente se é, pode irradiar efeitos, posto que
haja fatos jurídicos que não os irradiam, ou ainda não os irradiam. No
Plano I, a regra jurídica e o suporte fáctico sôbre que ela incide são o de
que de início nos incumbimos tratar; depois da incidência, que torna fato
jurídico o suporte fáctico, versa-se o que define os fatos jurídicos e os
classifica. A personalidade e a capacidade entram no estudo do suporte
fáctico, porque de tais conceitos precisamos desde logo. No Plano II, o
assunto já supõe a existência dos fatos jurídicos; mais precisamente, dos
atos jurídicos (negócios jurídicos e atos jurídicos stricto sensu), fora os
fatos jurídicos stricto sensu. São a validade, a nulidade e a anulabilidade o
que mais longamente nos ocupa. No Plano III, cogitamos da eficácia, que
supõe existência e, de ordinário, pelo menos, não ser nulo o ato jurídico.
Respectivamente, Tomos I-IH, IV e V-VI.
A diferença entre o mundo fáctico e o mundo jurídico vê-se bem entre
o passeio que alguém faz à casa do amigo e a entrega da carta com a oferta
de contrato, entre o ato de cercar, interiormente, o terreno que lhe pertence
e o de invadir o terreno do vizinho, entre a avulsão interior ao terreno de
A e a avulsão entre o terreno de A e o de B. Duas pessoas que se divertem
jogando cartas, sem parar qualquer valor (somente fichas de osso ou de
matéria plástica, que voltam ao dono), mantêm-se no mundo fáctico; e duas
que fizeram paradas de dinheiro, fizeram entrar no mundo jurídico, desde o
momento em que acordaram em tal jogo, o negócio jurídico dos arts. 1.477-
1.479 do Código Civil. A diferença entre o plano da existência e o plano da
eficácia percebe-se claramente quando se considera o fato jurídico e o di-
reito, o dever, a pretensão, a obrigação, a ação e a exceção, que são efeitos,
ou a condição e o têrmo, que só operam no plano da eficácia, e o distrato,
a resolução sem ser por advento de condição ou têrmo, a própria resilição
e a denúncia, que se passam no plano da existência. O distrato desfaz o ato
jurídico; a resolução resolve o ato jurídico, a resilição resile-o; a denúncia
atinge o ato jurídico. A condição e o tênno somente apanham efeitos.

10. A fonte mais extensa do direito civil brasileiro é o Código Civil,


que teve a data de 1.° de janeiro de 1916 e entrou em vigor um ano depois.
"Este Código" disse o art. 1.°, "regula os direitos e obrigações de ordem
privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas relações". Em termos
científicos, evitadas as elipses: o Código Civil regula os fatos de que resul-
tam direitos e obrigações de ordem privada, quer de natureza pessoal, quer
de natureza real. Como toda codificação, o Código Civil não foi exaustivo
senão por algum tempo (= até a aparição de alguma regra jurídica derro-
gativa, ou a latere) e ainda assim não foi perfeita a sua exaustividade: so-
mente onde se regulou alguma matéria foi, excluído o direito anterior (art.
1.807: "Ficam revogadas as Ordenações, Alvarás, Leis, Decretos, Resolu-
ções, Usos e Costumes concernentes às matérias de direito civil reguladas
neste Código"). No art. 1.806, estatuíra-se: "O Código Civil entrará em
vigor no dia 1.° de janeiro de 1917".
A fonte mais extensa do Código Comercial é o Código do Comércio
(Lei n. 556, de 25 de junho de 1850).
Os que não vivem atentos à história dos diferentes sistemas jurídicos
dificilmente podem apreciar, com profundidade, a grande vantagem, que
teve o Brasil, em receber o direito português e a doutrina jurídica dos sécu-
los XV em diante, sem que direito estrangeiro fôsse imposto por invasores
ou em imitações apressadas, como aconteceu a muitos dos povos hispano-
-americanos, em relação ao Código Civil francês. O Esboço de TEIXEIRA
DE FREITAS, que nos teria dado o melhor Código Civil do século X I X ,
prestou-nos, não se transformando em Código Civil, o serviço de pôr-nos
em dia com o que êle genialmente entrevia e permitiu-nos sorrir dos imita-
dores do Código Civil francês, enquanto Portugal, imitando-o, deixou que
a sua história jurídica se fizesse mais nossa do que dêle. O Código Civil
brasileiro é bem, como disse L . ENNECCERUS, a mais independente das
codificações latino-americanas.
Para quem observa, isentamente, o que se passou com o direito comer-
cial, nota a artificialidade com que se quis arrancar do direito privado o todo
suficiente para aparecer, como autônomo, ramo de direito privado que ape-
nas consistia em algumas leis especiais e algumas regras jurídicas concer-
nentes aos comerciantes. Algumas leis foram soldadas ao direito comercial
sem se justificar tal soldagem deliberada e violenta.
11. A obra obedece a programa rigorosamente científico: a distinção
entre mundo fáctico e mundo jurídico, que é o do sistema jurídico, vem à
frente, e concorre imensamente para clarear os assuntos e para a solução de
problemas delicados que perturbavam a ciência européia; depois, a distin-
ção entre o plano da existência, o plano da validade e o plano da eficácia,
sem a qual em tantas confusões incorrem os juristas, baralhando "ser",
"valer" e "ter efeito", como se fossem equivalentes "ser", "ser válido", "ser
eficaz", ou "não ser", "não ser válido", "ser ineficaz". A ciência do direito,
colhendo das regras jurídicas, da sistemática e da prática os conceitos,
obedece às diferenças; os juristas, aqui e ali, perdem-nas de vista. Tudo
aconselha a que se ordenem as matérias com toda a precisão conceptual.
Já TEIXEIRA DE FREITAS percebera que a parte do direito concernente à
eficácia ("dos efeitos civis", dizia êle) havia de ser todo um livro, após as
causas, as pessoas, os bens e os fatos jurídicos. Somente depois se trataria
- no plano do direito civil - dos direitos pessoais e dos direitos reais. O
Código Comercial fundir-se-ia, unificando-se o direito privado. Foi isso
o que êle propôs em ofício de 20 de setembro de 1867, antes do Código
suíço das Obrigações, - e a mediocridade circundante rejeitou.
Há certo fio de coerência histórica e espiritual em realizarmos, já no
plano da sistematização, com o material do direito vigente, complexo e de
diferentes datas, versado lealmente, o que, no plano da técnica legislativa,
fôra o sonho do jurista brasileiro, há quase um século. Serve isso para mos-
trar, mais uma vez, que o Brasil tem um destino, que lhe traçaram o uni-
versalismo português e as circunstâncias jurídico-morais da sua história de
mais de quatro séculos. É Ele, e não apenas nós (o civilista do século XIX
e o autor desta obra), que planeja e executa. Somos apenas os instrumentos
da sua avançada na dimensão do Tempo, a serviço da ordem jurídica e da
ciência, na América e no mundo.
De nossa parte, outrem poderia levar a cabo esta obra, melhor e mais
eficientemente; as circunstâncias trabalharam a nosso favor, de modo que
cedo percebemos que sem elas não poderíamos, nem outrem qualquer
poderia enfrentá-la. Também aí não se leve a conta de mérito excepcional
do autor o que foi resultado, tão-só, da convergência, extremamente feliz,
de múltiplos fatores, de ordem psíquica e de ordem material. Uma das
circunstâncias foi a prática do direito, durante mais de quarenta anos;
outra, a formação inicial, lógico-matemática; outra, a possibilidade de es-
tar a par da ciência européia, especialmente alemã e austríaca, à custa de
grandes sacrifícios. Porém não pesou menos o ter podido, materialmente,
realizar a obra, através de trinta anos de organizaçao minudente e de dis-
ciplina estrita.
A ciência precisa, para ser verdadeiramente prática, não se limitar
ao prático ( R . VON JHERING, Jahrbücher für die Dogmatik, I, 18: "Die
Wissenschaft darf, um wahrhaft praktisch zu sein, sich nicht auf das Prak-
tische bescbrãnken"). Êsse pensamento nos voltou à memória, várias vêzes
ao revermos as provas deste livro. A falta de precisão de conceitos e de
enunciados é o maior mal na justiça, que é obrigada a aplicar o direito, e
dos escritores de direito, que não são obrigados a aplicá-lo, pois deliberam
êles-mesmos escrever. O direito que está à base da civilização ocidental só
se revestirá do seu prestígio se lhe restituirmos a antiga pujança, acrescida
do que a investigação científica haja revelado. Não pode ser justo, aplican-
do o direito, quem não no sabe. A ciência há de preceder ao fazer-se justiça
e ao falar-se sôbre direitos, pretensões, ações e exceções.
Para honestamente se versar, hoje, o direito privado brasileiro, preci-
sa-se de preparação de alguns decênios, quer pela necessidade de se me-
ditarem milhares de obras, quer pela assoberbante jurisprudência que se
amontoou. Por outro lado, não se pode impor ao público a exposição sis-
temática, sem críticas, do direito privado. Tem-se de apontar o que se diz
e está errado; e chamar-se atenção para os que, com o seu gênio, descobri-
ram. ou. com o valor das suas conviccões, sustentaram a verdade.
7

Rio de Janeiro, 15 de março de 1954.


Rua Prudente de Morais, 1356.
SOBRE O AUTOR

FRANCISCO CAVALCANTI PONTES DE MIRANDA

Nasceu em Maceió, Estado de Alagoas, em 23 de abril de 1892. Fale-


ceu no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1979.
Foi um dos maiores juristas brasileiros. Também filósofo, matemáti-
co, sociólogo, deixou obras não só no campo do Direito, mas também da
Filosofia, Sociologia, Matemática, Política e Literatura (poesia e prosa).
Escreveu-as em português, francês, inglês, alemão e italiano.
- Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Recife,
em 1911.
- Membro do Instituto dos Advogados do Brasil, em 1918.
- Membro Correspondente da Ordem dos Advogados de São Paulo, 16
de dezembro de 1919.
- Conselheiro da Delegação Brasileira à V Conferência Internacional
Americana, 1923.
- Prêmio de Erudição da Academia Brasileira de Letras, 1924, pelo
livro Introdução à Sociologia Geral.
- Juiz de Órfãos, 1924.
- Prêmio Único da Academia Brasileira de Letras, 1925, pelo livro A
Sabedoria dos Instintos.
- Prêmio Pedro Lessa, da Academia de Letras, 1925.
- Professor Honoris Causa da Universidade Nacional do Rio de Ja-
neiro, 1928.
- Delegado do Brasil à V Conferência Internacional de Navegação
Aérea, 1930.
- Conferencista na Keiser Wilhelm-Stiftung, em Berlim, 1931.
- Membro da Comissão de Reforma Universitária do Brasil, em 1931.
- Membro da Comissão de Constituição, em 1932.
- Chefe da Delegação do Brasil na Conferência Internacional de Na-
vegação Aérea, em Haia, 1932.
- Professor de Direito Internacional Privado na Académie de Droit
International de la Haye, 1932.
- Juiz dos Testamentos (Provedoria e Resíduos).
Desembargador do Tribunal de Apelação e Presidente das Câmaras
de Apelação até 1939.
Ministro Plenipotenciário de I a classe, em 1939.
Embaixador em comissão, 3 de novembro de 1939, sendo designado
para Bogotá de 1940 a 1941.
Chefe da Delegação do Governo Brasileiro na XXVI Sessão da Con-
ferência Internacional do Trabalho, em Nova Iorque, 25 de setembro
de 1941.
Representante do Brasil no Conselho Administrativo da Repartição
Internacional do Trabalho, em Montreal, 29 de agosto de 1941; no
posto de 15 de setembro de 1941 a março de 1943.
Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Recife, 1955.
Ordem do Tesouro Sagrado do Império do Japão, Primeiro Grau,
1958.
Medalha Comemorativa do Centenário do nascimento de Clóvis Be-
viláqua, 4 de outubro de 1959.
Prêmio Teixeira de Freitas, pelo Instituto dos Advogados Brasileiros,
1961.
Ordem do Mérito Jurídico Militar, pelo Superior Tribunal Militar,
1966.
Medalha Monumento Nacional ao Imigrante, Caxias do Sul, 1966.
Professor Honoris Causa da Universidade Federal de São Paulo,
1966.
- Comenda de Jurista Eminente, Instituto dos Advogados do Rio
Grande do Sul, 1969.
- Professor Honorário da Faculdade de Direito de Caruaru, 26 de maio
de 1969.
- Grã-Cruz do Mérito da Única Ordem da República Federal da Ale-
manha, 1970.
- Professor Honoris Causa da Universidade Federal de Santa Maria,
Rio Grande do Sul, 8 de agosto del970.
- Professor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 11 de agosto de 1970.
- Titular Fundador da Legião de Honra do Marechal Rondon, 5 de
maio de 1970.
- Sumo Título de Mestre do Direito, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 19 de setembro de 1970.
- Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
12 de agosto de 1971.
- Prêmio Munis Freire de Pernambuco outorgado pela Associação dos
Magistrados do Espírito Santo, 12 de agosto de 1974.
- Prêmio Medalha Osvaldo Vergara outorgado pela OAB, Seção do
Rio Grande do Sul, 6 de novembro de 1974.
- Professor Emérito da Faculdade de Direito de Olinda, 15 de maio
de 1977.
- Prêmio Medalha do Mérito Visconde de S. Leopoldo, Olinda, 15 de
maio de 1977.
- Professor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas, 1978.
- Prêmio Medalha do Mérito Artur Ramos outorgado pelo Governador
de Alagoas, março de 1978.
- Imortal da Academia Brasileira de Letras, 8 de março de 1979.
- Membro Benemérito do Diretório Acadêmico Rui Barbosa.
- Membro Efetivo do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul.
- Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
- Membro da Ordem dos Advogados do Brasil.
- Membro da Academia Brasileira de Arte.
TRATADO DE DIREITO PRIVADO - Tomo XL1I

- Honra ao Mérito, Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade


Católica do Rio Grande do Sul.
- Grau de Grã-Cruz (Ordem Albatroz) Museu de História, Sociedade
Cultural Tradicionalista.
Membro da Association of Symbolic Logic.
Membro da Academia Carioca de Letras.
Membro da Academia de Artes.
Membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas.
Membro da Academia Brasileira de Letras.
Cidadão Honorário de Minas Gerais.
OBRAS PRINCIPAIS DO AUTOR

JURÍDICAS

Sistema de Ciência Positiva do Direito (1922), 2 Tomos; 2. ed., 1972, 4 Tomos.


Os Fundamentos atuais do Direito Constitucional (1932).
Tratado do Direito Internacional Privado, 2 Tomos (1935).
Tratado das Ações, I-VH (1971-1978).
Tratado de Direito Privado, Tomos I-LX, 3. ed.
Comentários à Constituição da República dos E. U. do Brasil (1934), Tomos I e III.
Comentários à Constituição de 10 de novembro de 1937,1.° e 3.° Tomos.
Comentários à Constituição de 1946, 3. ed., Tomos I-Vm.
Comentários à Constituição de 1967, Tomos I-VI; 2. ed., com Emenda n. 1.
La Conception du Droit internacional privé d'après la doctrine et la pratique au Bré-
sil, Recueil des Cours de VAcadémie de Droit Internacional de La Haye, T. 39,
1932.
La Création et la Personalité des personnes juridiques en Droit international privé,
Mélanges Streit, Athènes, 1939. .
Nacionalidade e Naturalização no Direito brasileiro (1936).
 Margem do Direito (1912).
História e Prática do Habeas Corpus (1916); 7. ed. (1972), 2 Tomos.
Tratado de Direito de Família, 3. ed., 3 Tomos (1947).
Da Promessa de Recompensa (1927).
Das Obrigações por Atos Ilícitos, 2 Tomos (1927).
Dos Títulos ao Portador (1921); 2. ed., 2 Tomos.
Fontes e Evolução do Direito Civil Brasileiro, história, lacunas e incorreções do Có-
digo Civil (1928).
Tratado dos Testamentos, 5 Tomos (1930).
Tratado do Direito Cambiário: I. Letra de Câmbio. II. Nota Promissória. III. Dupli-
cata Mercantil. IV. Cheque, 2. ed., 4 Tomos (1954-1955).
Tratado de Direito Predial (1953); 5 Tomos, 2. ed.
Comentários ao Código de Processo Civil (1939), 2. ed., Tomos I-IX.
Comentários ao Código de Processo Civil (de 1973), Tomos I-XVII.
Embargos, Prejulgados e Revista no Direito processual brasileiro (1937).
Tratado da Ação Rescisória (1973), 5. ed.
História e Prática do Arresto ou Embargo (1937).
Conceito e Importância da "unitas actus" (1939).
Die Zivilgesetz der Gegenwart, Band Et, Brasilien (Einleitung von Dr. Pontes de
Miranda), unter Mitwirkung von Dr. Pontes de Miranda u. Dr. Fritz Gericke,
herausgegeben von Dr. Karl Heinscheimer (1928).
Rechtsgefühl und Begriff des Rechts (1922).
Begriffdes Wertes und soziale Anpassung (1922).
Brasilien, Rechtsvergleichendes Handwõrterbuch, do Prof. Dr Franz Schlegelberger,
em colaboração (1929).
Questões Forenses, 8 Tomos (1953).
Princípio da relatividade gnosiológica e objetiva (1961).
Dez anos de Pareceres, 1-10 (1974-1977).

D E FILOSOFIA

O Problema Fundamental do Conhecimento (1937), 2. ed. (1972).


Garra, Mão e Dedo (1953).
Vorstellung von Raune, Alti dei V Congresso Internazionale di Filosojia (1924), Na-
poli, 1925.

SOCIOLÓGICAS

Introdução à Sociologia Geral (1926), 1." prêmio da Academia Brasileira de Letras.


A Moral do Futuro (1913).
Democracia, Liberdade, Igualdade, os três caminhos (1945).
Introdução à Política. Científica (1924).
Método de Análise Sociopsícológica (1925).
O Novos Direitos do Homem (1933).
Direito à Subsistência e Direito ao Trabalho (1935).
Direito à Educação (1933).
Anarquismo, Comunismo, Socialismo (1933).
Los Princípios y Leis de Simetria en la Sociologia General, Madrid, 1925.

LITERÁRIAS

Poèmes et chansons (1969).


Obras Literárias (1960), 2 Tomos.
A Sabedoria dos Instintos (1921), 1." prêmio da Academia de Letras, 2. ed., 1924.
A Sabedoria da Inteligência (1923).
O Sábio e o Artista, edição de luxo (1929).
Penetração, poemas, edição de luxo (1930).
Inscrições da Esteia Interior, poemas, edição de luxo (1930).
Epiküre der Weisheit, München, 2. ed. (1973).
SOBRE O ATUALIZABOR

BRUNO MIRAGEM

Doutor em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul -


UFRGS. Mestre em Direito, com Especialização em Direito Internacional
e em Direito Civil, pela mesma instituição.
Professor nos cursos de graduação e pós-graduação, e Coordenador-
-Geral de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Fundação Escola
Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, onde também co-
ordena os Cursos de Pós-Graduação em Advocacia Corporativa, Direito
Privado Contemporâneo e Direito Bancário e dos Seguros. Professor da
Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul. Coordenador do
Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor e Direitos Funda-
mentais da UFRGS. Professor convidado nos Cursos de Especialização
de Direito Civil, Direito do Consumidor, Direito Internacional e Direito
Ambiental da UFRGS. Professor convidado no Curso de Pós-Graduação
em Direito Contratual da PUC - São Paulo. Professor convidado no Curso
de Pós-Graduação em Direito Empresarial e Direito de Danos da Univer-
sidad dei Litoral (Santa Fé, Argentina). Professor convidado nos Cursos de
Pós-Graduação em Direito dos Contratos e da Responsabilidade Civil da
Unisinos.
Conferencista, com participação em vários congressos e seminários, e
trabalhos publicados no Brasil e no exterior.
Advogado, consultor jurídico e parecerista.
Foi assessor jurídico do Gabinete do Governador do Estado e Sub-
chefe Jurídico da Casa Civil - Gabinete do Governador do Estado do Rio
Grande do Sul e Ouvidor-Geral da Justiça e da Segurança do Rio Grande
do Sul.
Foi Secretário-Geral (2004-2006) e Vice-Presidente Nacional (2006-
2010), sendo atualmente Diretor de Assuntos Legislativos do Brasilcon -
Instituto Brasileiro de Direito e Política do Consumidor, entidade científica
que congrega especialistas brasileiros em direito do consumidor de todas
as carreiras jurídicas. E membro da Comissão de Direito do Consumidor
e do Tribunal de Ética da OAB/RS bem como do Instituto dos Advogados
do Rio Grande do Sul - IARGS.
Integra o Conselho Diretor da Revista de Direito do Consumidor, pu-
blicada pela Editora Revista dos Tribunais.
PLANO GERAL DA COLEÇÃO

PARTE G E R A L

Tomo I - Introdução. Pessoas físicas e jurídicas.


Tomo II - Bens. Fatos Jurídicos.
Tomo III - Negócios Jurídicos. Representação. Conteúdo. Forma. Prova.
Tomo IV - Validade. Nulidade. Anulabilidade.
Tomo V - Eficácia jurídica. Determinações mexas e anexas. Direitos. Pre-
tensões. Ações.
Tomo VI - Exceções. Direitos mutilados. Exercício dos direitos, pretensões,
ações e exceções. Prescrição.

PARTE ESPECIAL

Tomo VII - Direito de personalidade. Direito de família: direito matrimonial


(Existência e validade do casamento).
Tomo Vm - Dissolução da sociedade conjugai. Eficácia jurídica do casamento.
Tomo IX - Direito de Família: Direito Parental. Direito Protetivo.
Tomo X - Direito das Coisas: Posse.
Tomo XI - Direito das Coisas: Propriedade. Aquisição da propriedade imo-
biliária.
Tomo XII - Direito das Coisas: Condomínio. Edifício de apartamentos. Com-
páscuo. Terras devolutas. Terras de silvícolas.
Tomo XIII - Direito das Coisas: Loteamento. Direitos de vizinhança.
Tomo XIV - Direito das Coisas: Pretensões e ações imobiliárias dominicais.
Perda da propriedade imobiliária.
Tomo XV - Propriedade mobiliária (bens corpóreos).
Tomo XVI - Direito das Coisas: Propriedade mobiliária (bens incorpóreos).
Propriedade intelectual. Propriedade industrial.
Tomo XVII - Direito das Coisas: Propriedade mobiliária (bens incorpóreos).
Propriedade industrial (sinais distintivos).
Tomo X V m - Direito das Coisas: Direitos reais limitados. Enfiteuse. Servidões.
Tomo XIX - Direito das Coisas: Usufruto. Uso. Habitação. Renda sobre o
imóvel.
Tomo XX - Direito das Coisas:.Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor.
Anticrese.
Tomo XXI - Direito das Coisas: Penhor rural. Penhor industrial. Penhor mer-
cantil. Anticrese. Cédulas rurais pignoratícias, hipotecárias e mis-
tas. Transmissões em garantia.
Tomo XXH - Direito das Obrigações: Obrigações e suas espécies. Fontes e es-
pécies de obrigações.
Tomo X X m - Direito das Obrigações: Auto-regramento da vontade e lei. Alte-
ração das relações jurídicas obrigacionais. Transferência de cré-
ditos. Assunção de dívida alheia. Transferência da posição subje-
tiva nos negócios jurídicos.
Tomo XXTV - Direito das Obrigações: Efeitos das dívidas e das obrigações. Ju-
ros. Extinção das dívidas e obrigações. Adimplemento. Arras. Li-
quidação. Depósito em consignação para adimplemento. Aliena-
ção para liberação. Adimplemento com sub-rogação. Imputação.
Compensação.
Tomo XXV - Direito das obrigações: Extinção das dívidas e obrigações. Dação
em soluto. Confusão. Remissão de dívidas. Novação. Transação.
Outros modos de extinção.
Tomo XXVI - Direito das Obrigações: Conseqüências do inadimplemento. Ex-
ceções de contrato não adimpüdo, ou adimplido insatisfatòria-
mente, e de inseguridade. Enriquecimento injustificado. Estipula-
ção a favor de terceiro. Eficácia protectiva de terceiro. Mudanças
de circunstâncias. Compromisso.
Tomo XXVH - Concurso de credores em geral. Privilégios. Concurso de credores
civil.
Tomo XXVm - Direito das Obrigações: Falência. Caracterização da falência e de-
cretação da falência. Efeitos jurídicos da decretação.da falência.
Declaração de ineficiência relativa de atos do falido. Ação revoca-
tória falencial.
Tomo XXIX - Direito das Obrigações: Administração da massa falencial. Res-
tituições e vindicações. Verificação de créditos. Classificação de
créditos. Inquérito judicial. Liquidação. Extinção das obrigações.
Tomo XXX - Direito das obrigações: Concordatas. Crimes falenciais. Liquida-
ções administrativas voluntárias e coativas.
Tomo XXXI - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos unilaterais. Denún-
cia. Revogação. Reconhecimento. Promessas unilaterais. Tras-
passo bancário. Promessa de recompensa. Concurso.
Tomo XXXII - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos unilaterais. Títulos ao
portador.
Tomo XXXIII - Direito das Obrigações: Títulos ao portador (continuação). Títu-
los nominativos. Títulos endossáveis.
Tomo XXXIV - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos unilaterais. Direito
cambiário. Letra de Câmbio.
Tomo XXXV - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos unilaterais. Direito
cambiário. Letra de Câmbio. Nota promissória.
Tomo XXXVI - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos unilaterais Direito
cambiariforme. Duplicata mercantil. Outros títulos cambiarifor-
mes.
Tomo XXXVH - Direito das Obrigações: Negócios Jurídicos unilaterais. Direito
cambiariforme. Cheque. Direito extracambiário e extracambiari-
forme. Direito internacional cambiário e cambiariforme.
Tomo XXXVHI - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos bilaterais e negócios
jurídicos plurilarerais. Pressupostos. Vícios de direito. Vícios do
objeto. Evicção. Redibição. Espécies de negócios jurídicos bila-
terais e de negócios jurídicos plurilaterais.
Tomo XXXIX - Direito das Obrigações: Compra-e-venda. Troca. Contrato esti-
matório.
Tomo XL - Direito das Obrigações: Locação de coisas. Locação de uso. Lo-
cação de uso e fruição.
Tomo XLI - Direito das Obrigações: Locação de coisas. Renovação de contra-
to de locação. Fretamento.
Tomo XLII - Direito das Obrigações: Mútuo. Mútuo a risco. Contrato de conta
corrente. Abertura de crédito. Assinação e Acreditivo. Depósito.
Tomo XLm - Direito das Obrigações: Mandato. Gestão de negócios alheios
sem outorga. Mediação. Comissão. Corretagem.
Tomo XLIV - Direito das Obrigações: Expedição. Contrato de agência. Repre-
sentação de emprêsa. Fiança. Mandato de crédito. Constituição
de renda. Promessa de dívida. Reconhecimento de dívida. Comu-
nidade. Edição. Representação teatral, musical e de cinema. Em-
preitada.
Tomo XLV - Direito das Obrigações: Contrato de transporte. Contrato de par-
ceria. Jõgo e aposta. Contrato de seguro. Seguros terrestres, marí-
timos, fluviais, lacustres e aeronáuticos.
Tomo XLVI . - Direito das Obrigações: Contrato de Seguro (continuação). Se-
guro de vida. Seguros de acidentes pessoais. Seguro de responsa-
bilidade. Seguro de crédito. Seguros de riscos especiais e de uni-
versalidade. Seguros mútuos. Resseguro. Contrato de comodato.
Contrato de doação. Contrato de hospedagem.
Tomo XLVn - Direito das Obrigações: Contrato de locação de serviços. Contra-
to de trabalho.
Tomo XLVIH - Direito das Obrigações: Contrato coletivo do trabalho. Contratos
especiais de trabalho. Preposição comercial. Ações. Acôrdos em
dissídios coletivos e individuais. Contrato de trabalho rural.
Tomo XLIX - Contrato de sociedade. Sociedades de pessoas.
Tomo L - Direito das Obrigações: Sociedade por ações.
Tomo LI - Direito das Obrigações: Sociedade por ações (continuação). So-
ciedade em comandita por ações, Controladas sociedades. Socie-
dades de investimento, de crédito e de financiamento.
Tomo LÊ - Direito das Obrigações: Negócios jurídicos bancários e de Bolsa.
Corretagem de seguros. Transferência de propriedade mobiliária,
em segurança. Subscrição, distribuição e colocação de títulos e
valores mobiliários.
Tomo LIE - Direito das Obrigações: Fatos ilícitos absolutos. Atos-fatos ilíci-
tos absolutos. Atos ilícitos absolutos. Responsabilidade. Danos
causados por animais. Coisas inanimadas e danos. Estado e servi-
dores. Profissionais.
Tomo LIV - Direito das Obrigações: Responsabilidade das empresas de trans-
porte. Exercício ilícito na Justiça. Danos à pessoa. Acidentes do
trabalho. Pretensão e ação. Dever de exibição. Liquidação das
obrigações. Cominação.
Tomo LV - Direito das Sucessões: Sucessão em Geral. Sucessão legítima.
Tomo LVI - Direito das Sucessões: Sucessão testamentária. Testamento em
geral. Disposições testamentárias em geral. Herança e legados.
Tomo LVII - Direito das Sucessões: Sucessão testamentária. Disposições tes-
tamentárias em geral. Herança e legados.
Tomo LVm - Direito das Sucessões: Sucessão testamentária. Disposições tes-
tamentárias em geral. Formas ordinárias do testamento.
Tomo LIX - Direito das Sucessões: Sucessão testamentária. Testamentos. Co-
dicilo. Revogação.
Tomo LX - Direito das Sucessões: Testamenteiro. Inventário e Partilha.
TÁBUA SISTEMÁTICA DAS M A T É R I A S

TÍTULO XXVII
MÚTUO

PARTE I
CONTRATO DE M Ú T U O

CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA
DO MÚTUO

§ 4.585. DADOS HISTÓRICOS E CONCEITO 55


1. Dados históricos. 2. Direito germânico e direito medievo

57
§ 4.586. CONCEITO DE MÜTUO
1. Código Civil, art. 1.256. 2. Classificação do contrato de mútuo

§ 4.587. ESPÉCIES DE MÚTUO 63


1. Realidade e consensualidade. 2. Mútuo e objeto do mútuo. 3. Mútuo de
convenção. 4. Mútuo para pagamento a terceiro. 5. Mútuo mercantil.
6. Mútuo com direito real de garantia. 7. Mútuo com destinação. 8.
Mútuo com destino ilícito. 9. Condições e contrato de mútuo

§ 4.588. NATUREZA DO CONTRATO DE MÚTUO 70


1. Sentido econômico efimjurídico. 2. Natureza do contrato de mútuo.
3. Contrato real. 4. Pluralidade de mutuários

§ 4.589. CONTRATO DE MÚTUO E OUTROS NEGÓCIOS JURÍDICOS 79


1. Precisões. 2. Mútuo e comodato. 3. Mútuo e depósito irregular. 4.
Mútuo e contrato de desconto. 5. Mútuo e abertura de crédito. 6.
Mútuo e adiantamento bancário. 7. Mútuo e contrato estimatório.
8. Contrato fiduciário e mútuo. 9. Mútuo e negócios jurídicos a
prestações, com ou sem interêsses. 10. Mútuo e depósito irregular
§ 4.590. PROMESSA DE MÚTUO (PRÉ-CONTRATO DE MÚTUO)
1. Conceito. 2. Ofertas de mútuo e ofertas de promessa de mútuo. 3.
Vinculação e pré-contrato. 4. Determinação do quanto mutuando. 5.
Crédito, pretensões e ações. 6. Compensação e direito de retenção. 7.
Incedibilidade do crédito e da pretensão. 8. Lugar do adimplemento.
9. Extinção da dívida oriunda do pré-contrato de mútuo

CAPÍTULO II
PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS
E OBJETIVOS DO CONTRATO DE MÚTUO

§ 4.591. CAPACIDADE PARA DAR EM MÚTUO, PARA PROMETER MÚTUO


E PARA RECEBER EM MÚTUO 95
1. Poder de dispor e capacidade. 2. Relativamente incapazes. 3. Podêres
para contratar mútuo ou para pré-contratar mútuo. 4. Sanção. 5.
Mútuo a pessoa menor. 6. Espécies de objeto do mútuo

§ 4.592. OBJETO DO MÚTUO 105


1. Fungibilidade. 2. Tradição de todo o objeto, ou de parte

§ 4.593. FORMA DO CONTRATO DE MÚTUO 108


1. Regras jurídicas gerais. 2. Código Civil, art. 133

§ 4.594. TRADIÇÃO DO BEM MUTUADO 109


1. Contrato real de mútuo. 2. Casos especiais de tradição. 3. Lugar da
entrega

§ 4.595. TEMPO E LUGAR PARA A RESTITUIÇÃO PELO MUTUÁRIO 111


1. Restituição e tempo. 2. Vencimento antecipado. 3. Lugar da restituição

CAPÍTULO III
EFICÁCIA DO CONTRATO
DE MÚTUO

§ 4.596. EFEITO MÍNIMO, EFEITOS COMUNS E EFEITOS


DIFERENCIADORES 119
1. Três figuras e efeito mínimo e efeito comum. 2. Efeitos diferenciadores

§ 4.597. INTERESSES E JUROS MORATÓRIOS 122


1. Interesses. 2. Necessidades profundas de crédito. 3. Mútuo e inflação.
4. Sociedades de participação em lucros. 5. Mútuo e títulos abstratos.
6. Economia popular e mútuo
CAPÍTULO I V
AÇÕES DERIVADAS
DA R E L A Ç Ã O JURÍDICA D E MÚTUO

g 4.598. AÇÕES DO MUTUANTE


1. Ação declaratória e ação condenatória. 2. Ação executiva

§ 4.599. AÇÕES DO MUTUÁRIO


1. Ação declaratória. 2. Outras ações do mutuário. 3. Código Civil, art.
1.263. 4. Pré-contrato de mútuo

CAPÍTULO V

EXTINÇÃO DA R E L A Ç Ã O JURÍDICA D E MÚTUO

§ 4.600. CAUSAS DE EXTINÇÃO


1. Restituição. 2. Impossibilidade de restituição não imputável ao
mutuário. 3. Inadimplemento e resilição. 4. Denúncia. 5. Concurso
de credores. 6. Danos oriundos da mora

§4.601. REVOGAÇÃO
1. Revogação do pré-contrato de mútuo. 2. Contrato de mútuo

P A R T E II

CONTRATO DE MÚTUO A RISCO

CAPÍTULO I
MÚTUO A RISCO OU CÂMBIO MARÍTIMO
OU DE VIAGEM COMERCIAL

§ 4.602. CONCEITO E NATUREZA DO MÚTUO MARÍTIMO A RISCO


1. Conceito. 2. Cláusula de risco

§ 4.603. DADOS HISTÓRICOS


1. Direito grego. 2. Direito romano. 3. Direito brasileiro

§ 4.604. NATUREZA DO MÚTUO A RISCO


1. Bilateralidade. 2. Comercialidade

§ 4.605. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS DO CONTRATO


DE MÚTUO A RISCO
1. Pressupostos necessários. 2. Forma. 3. Quem pode concluir contrato
de mútuo a risco. 4. Data e lugar em que o empréstimo se faz. 5.
Objeto do mútuo a risco (capital e interesses). 6. Bens sujeitos ao
privilégio especial. 7. Riscos tomados. 8. Percurso a que o mútuo a
risco se refere

CAPÍTULO II
VALIDADE E EFICÁCIA
DO CONTRATO DE MÚTUO A RISCO

§ 4.606. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE


1. Validade e invalidade. 2. Empréstimo tomado pelo capitão ou pessoa
que lhe corresponda

§ 4.607. EFICÁCIA DO MÚTUO A RISCO 160


1. Registo ou visto. 2. Vencimento do mútuo a risco. 3. Responsabilidade
criminal dos figurantes

§ 4.608. CLÁUSULAS, INCIDENTES E ACIDENTES DO PERCURSO 161


1. Cláusula de tocar e cláusula de escala. 2. Cláusula de pré-exclusão
das avarias comuns. 3. Transferências e baldeações. 4. Dever de
notificação da prêsa, desastre ou outra ocorrência ligada ao risco. 5.
Mútuo a risco e seguro. 6. Privilégio especial do mutuante a risco

§ 4.609. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO A RISCO 164


1. Cessão e circulação. 2. Endosso

§ 4.610. DIREITOS E PRETENSÕES DO MUTUANTE 165


1. Adimplemento da dívida pelo mutuário. 2. Pretensão e ação para
haver a importância a descoberto. 3. Ocorrência de perda total ou
parcial. 4. Ação para adimplemento da dívida do capital e interêsses.
5. Prescrição

CAPÍTULO III
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
DE MÚTUO A RISCO

§ 4.611. PAGAMENTO DO CAPITAL E INTERÊSSES 167


1. Capital e interêsses. 2. Extinção total ou parcial, por ter acontecido
perda total ou parcial

§ 4.612. RESOLUÇÃO DO CONTRATO DE MÚTUO A RISCO POR INFRAÇÃO


168
DO DEVER DE DESTINAÇÃO
1. Dever de destinação. 2. Resolução e resilibilidade
CAPÍTULO I V
LETRAS DE RISCO

§4.613. CONCEITO E NATUREZA 171


1. Letras. 2. Letras a risco subscritas pelo capitão ou por pessoa que lhe
corresponda

g 4.614. CAUSAS DA SUBSCRIÇÃO 174


1. Atitude do capitão. 2. Privilégio

TÍTULO XXVIII
CONTRATO DE CONTA CORRENTE

CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA
DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE

§ 4.615. CONCEITO DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE 177


1. Precisões iniciais. 2. Conceito. 3. Chegadas

§ 4.616. NATUREZA DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE 184


1. Primeiras explicações. 2. Contrato consensual. 3. Bilateralidade do
contrato. 4. Créditos e pretensões. 5. Normatividade do contrato de
conta corrente. 6. Conta comum (ou conta conjunta) e solidariedade

§ 4.617. CONTRATO DE CONTA CORRENTE E OUTROS CONTRATOS


OU ATOS PARECIDOS 190
1. Contrato de conta corrente e tiragem de conta. 2. Contrato de conta
corrente e contrato de abertura de crédito. 3. Mútuo e contrato de
conta corrente. 4. Contrato de conta corrente e conta corrente
bancária. 5. Contas de gestão e contrato de conta corrente

CAPÍTULO II
CONCLUSÃO DO CONTRATO
DE CONTA CORRENTE

§ 4.618. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E PRESSUPOSTOS OBJETIVOS.... 195


1. Conclusão do contrato de conta corrente. 2. Capacidade. 3. A que
créditos se refere a vinculação à conta corrente. 4. Forma e prova do
contrato de conta corrente. 5. Garantia real ou fidejussória a crédito
que entrou. 6. Chegada do crédito contra terceiro
§ 4.619. INTERESSES DOS CRÉDITOS 206
1. Juros. 2. Juros negociais e juros não negociais. 3. Regra jurídica
dispositiva. 4. Capitalização. 5. Juros e reconhecimento de saldo

CAPITULO III
EFICÁCIA DO CONTRATO
DE CONTA CORRENTE

§ 4.620. EFEITOS DAS ENTRADAS 213


1. Entradas de créditos. 2. Efeito precípuo. 3. Se há compensação entre
créditos entrados. 4. Fechamento da conta corrente. 5. Garantia real
ou pessoal do futuro e eventual crédito do saldo

§4.621. SALDO E RECONHECIMENTO 219


1. Reconhecimento do saldo. 2-, Crédito certo e líquido do saldo. 3.
Compensação

§ 4.622. FECHAMENTO DA CONTA CORRENTE E EXTINÇÃO


DA RELAÇÃO JURÍDICA IRRADIADA DO CONTRATO 222
1. Extinção da relação jurídica oriunda do contrato de conta corrente.
2. Distrato. 3. Expiração do prazo. 4. Falência, liquidação coativa e
concurso de credores civil. 5. Erros de cálculo e de escrita, inexatidões
materiais. 6. Ações do figurante. 7. Prescrição. 8. Medida cautelar ou
executiva sôbre o saldo

TÍTULO XXIX
ABERTURA DE CRÉDITO

CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA
DA A B E R T U R A D E CRÉDITO

§ 4.623. CONCEITO DE ABERTURA DE CRÉDITO 231


1. Conteúdo e extensão do conceito. 2. Função do crédito. 3. Conteúdo
das retiradas na abertura de crédito

§ 4.624. NATUREZA DA ABERTURA DE CRÉDITO 235


1. Precisões. 2. Teoria da abertura de crédito contrato de mútuo. 3.
Teoria da atribuição do poder de disposição. 4. Teoria do contrato
de abertura de crédito pré-contrato. 5i Teoria da abertura de crédito
antecipação bancária. 6. Consensualidade do contrato de abertura de
crédito. 7. Abertura de crédito, onerosidade e outros caracteres. 8.
Abertura de crédito e normatividade. 9. Unilateralidade do contrato
de abertura de crédito

§ 4.625. ABERTURA DE CRÉDITO E OUTROS NEGÓCIOS JURÍDICOS 245


1. Abertura de crédito e mútuo. 2. Abertura de crédito e pré-contrato. 3.
Abertura de crédito e contrato de fornecimento. 4. Abertura de crédito
e depósito bancário. 5. Abertura de crédito e desconto. 6. Abertura de
crédito e acreditivo

§ 4.626. ESPÉCIES DE ABERTURA DE CRÉDITO 250


1. Abertura de crédito contra documento e abertura de crédito a favor de
terceiro. 2. Abertura de crédito simples e abertura de crédito em conta
corrente. 3. Abertura de crédito e contrato de conta corrente

§ 4.627. GARANTIA À ABERTURA DE CRÉDITO 254


1. Abertura de crédito a descoberto e abertura de crédito garantida. 2.
Abrangência da garantia e extinção da relação jurídica

§ 4.628. PRORROGAÇÃO E RENOVAÇÃO DO CONTRATO DE ABERTURA


DE CRÉDITO 257
1. Prorrogação do contrato. 2. Renovação do contrato.

CAPÍTULO II
EFICÁCIA DO CONTRATO
DE ABERTURA DE CRÉDITO

§ 4.629. EFEITO PRINCIPAL DE ABERTURA 261


1. Momento da eficácia principal. 2. Direito, pretensão e ação

§ 4.630. MODO, LUGAR E TEMPO DE EXERCÍCIO DA PRETENSÃO DO


CREDITADO 262
1. Conteúdo do contrato. 2. Retiradas. 3. Abertura de crédito em moeda
estrangeira. 4. Comissão do creditador. 5. Juros e abertura de crédito.
6. Incompensabilidade do crédito aberto. 7. Duração prolongada. 8.
Limite do quanto retirável.

CAPÍTULO III
EXTINÇÃO DA R E L A Ç Ã O JURÍDICA
DE ABERTURA DE CRÉDITO
§ 4.631. EXISTÊNCIA E EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE
CREDITADO CREDITADOR 269
1. Causas de extinção. 2. Tsrmo ou condição. 3. Prazo indeterminado,
denúncia e renúncia. 4. Prazo determinado e denúncia cheia. 5.
Falência, insolvência e abertura de crédito. 6. Impossibilidade
superveniente. 7. Incapacidade, morte e abertura de crédito

§4.632. CONSEQÜÊNCIAS DA EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE


ABERTURA DE CRÉDITO 275
1. Extinção e crédito. 2. Juros, comissões e outras despesas. 3. Espécies
de causas de extinção

TÍTULO X X X
ASSINAÇÃO E ACREDITIVO
(Negócios jurídicos unilaterais para compor ângulo)

PARTE I

ASSINAÇÃO

CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA DA ASSINAÇÃO

§ 4.633. CONCEITO DE ASSINAÇÃO 279


1. Conceito. 2. Espécies de assinação. 3. Os figurantes da assinação

§ 4.634. NATUREZA DA ASSINAÇÃO 288


1. Precisões. 2. Assinação e assunção de dívida alheia. 3. Assinação
e entrega de documento. 4. Natureza da assinação e eficácia da
prestação. 5. Relação jurídica de cobertura e relação jurídica de valuta.
6. Abstração. 7. Forma e modalidades da assinação. 8. Assinação e
mandato de pagar

CAPÍTULO II
EFICÁCIA DA ASSINAÇÃO

§ 4.635. RELAÇÕES JURÍDICAS IRRADIANTES 299


1. Assinante e assinado. 2. Assinante e assinatário. 3. Assinatário e
assinado. 4. Aceite. 5. Carta de crédito. 6. Adimplemento

§ 4.636. OBJEÇÕES E EXCEÇÕES DO ASSINADO 309


1. Antes do aceite. 2. Efeitos do aceite do assinado sôbre as relações
jurídicas de valuta e de provisão

§ 4.637. TRANSFERÊNCIA E CESSÃO DA ASSINAÇÃO 311


1. Atos do assinatário. 2. Comunicação ao assinado. 3. Eficácia da
transferência
§4.638. DIREÇÃO E EFICÁCIA
1. Direção da assinação. 2. Documento apresentável da assinação. 3.
Prescrição. 4. Depósito em consignação. 5. Relações jurídicas do
assinado com o assinante

CAPÍTULO II!
EXTINÇÃO DA ASSINAÇÃO

§ 4.639. CAUSAS DE EXTINÇÃO 319


1. Casos de extinção. 2. Entrega do documento e destruição do
documento

§ 4.640. EXAME DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO 320


1. Revogação. 2. Destruição do documento. 3. Adimplemento pelo
assinado

P A R T E II
ACREDITIVO

CAPÍTULO I

CONCEITO E NATUREZA DE ACREDITIVO

§ 4.641. CONCEITO DE ACREDITIVO 325


1. Conceito de acreditivo e de assinação. 2. Angularização das relações
jurídicas. 3. Atos internacionais (Câmara de Comércio Internacional)

§ 4.642. NATUREZA DO ACREDITIVO 330


1. Considerações prévias. 2. Teoria do acreditivo contrato a favor de
terceiro. 3. Teoria do acreditivo assinação. 4. Teoria do acreditivo
mandato de crédito. 5. Acreditivo, negócio jurídico de vinculação e
negócio jurídico de reembolso. 6. Acreditivo e letra de câmbio

§ 4.643. ESPÉCIES DO ACREDITIVO 339


1. Revogabilidade e irrevogabilidade. 2. Acreditivo limpo e acreditivo
documentário

CAPÍTULO II
PRESSUPOSTOS DO ACREDITIVO

§ 4.644. TRÊS FIGURAS 343


1. Análise das relações jurídicas no acreditivo. 2. Importância da
concepção precisa do acreditivo. 3. Acreditante e pessoa em nome de
quem se credita
§ 4.645. FIGURA DO ACREDITANTE 345
1. Primeira figura. 2. Relação jurídica entre o acreditante e o acreditado.
3. Nulidade e anulabilidade do acreditivo

§ 4.646. FIGURA DO ACREDITADO 349


1. Conceito. 2. Direito do acreditado

§ 4.647. FIGURA DO PRESTADOR ACREDITIVO 351


1. Conceito. 2. Determinação e determinabilidade do prestador. 3.
Confirmação. 4. Unilateralidade da confirmação. 5. Abstratividade
da confirmação. 6. Substituição do futuro prestador acreditivo. 7.
Transferência dos direitos oriundos da confirmação

§ 4.648. PRAZO 357


1. Acreditivo e negócio jurídico causai. 2. Relação jurídica entre
acreditante e futuro prestador acreditivo

§ 4.649. FORMA 358


1. Acreditivo e negócios jurídicos subjacentes. 2. Cláusula ou pacto.
3. Manifestações de vontade em ângulo. 4. Revogabilidade e
irrevogabilidade. 5. "Confirmação", negócio jurídico unilateral

CAPÍTULO III

EFICÁCIA DO ACREDITIVO

§ 4.650. RELAÇÕES JURÍDICAS ACREDITTVAS 365


1. Irradiação de eficácia. 2. Relação jurídica entre o acreditante e o
acreditado. 3. Acreditivo e prestação acreditiva. 4. Transferência de
direitos

§ 4.651. DEVERES DO PRESTADOR ACREDITIVO 367


1. Exame dos deveres. 2. Remessa e entrega dos documentos. 3. Deveres
quanto aos documentos. 4. Eficácia da confirmação

§ 4.652. PROBLEMAS CONCERNENTES À RELAÇÃO JURÍDICA


DE VALUTA 375
1. Relação jurídica de valuta e relação jurídica de acreditivo. 2.
Conseqüências jurídicas da abstração.'3. Direito de retenção sôbre os
documentos e privilégio especial
CAPÍTULO I V

E X T I N Ç Ã O DA R E L A Ç Ã O J U R Í D I C A D O ACREDITIVO

§ 4.653. CAUSAS DE EXTINÇÃO 383


I Relação jurídica de valuta e relação jurídica acreditiva. 2. Morte e
superveniente incapacidade. 3. Falência, liquidação coativa, ou
concurso de credores civil, e acreditivo. 4. Enumeração das causas
de extinção.

§ 4.654. ANÁLISE DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO 385


1. Revogação. 2. Destruição do documento e perda sem recuperação. 3.
Adimplemento pelo prestador acreditivo. 4. Ações

TÍTULO X X X N E
DEPÓSITO

CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA
DO CONTRATO DE DEPÓSITO

§ 4.655. CONCEITO DO CONTRATO DE DEPÓSITO 393


1. Conceito. 2. Objeto do contrato de depósito

§ 4.656. CUSTÓDIA E DEPÓSITO 396


1. Dever de custodiar. 2. Contratos de custódia. 3. Custódia e dever de
prestação

§ 4.657. NATUREZA DO CONTRATO DE DEPÓSITO 400


1. Gratuidade e onerosidade. 2. Depósito, contrato real. 3. Direito
brasileiro. 4. Posições jurídicas dos figurantes

§ 4.658. DEPÓSITO E OUTRAS FIGURAS JURÍDICAS 407


1. Custódia. 2. Depósito e comodato. 3. Depósito e mandato. 4. Depósito
e locação. 5. Depósito e contratos com elemento de guarda. 6. Outros
contratos. 7. Depósito e ato ou relação de gentileza

§ 4.659. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS 412


1. Depositante incapaz. 2. Depositário incapaz. 3. Pluralidade de
depositantes. 4. Bem depositado. 5. Modo de entrega. 6. Se a forma é
pressuposto necessário. 7. Nulidade e anulabilidade

Nota do Editorial: Numeração conforme a obra original.


§ 4.660. DURAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE DEPÓSITO 419
1. Espécies. 2. Contrato de duração. 3. Depósito e determinação de
tempo. 4. Termo a favor do depositante e têrmo a favor do depositário

CAPÍTULO II
EFICÁCIA DO CONTRATO DE DEPÓSITO

§4.661. DIREITOS E DEVERES DO DEPOSITANTE 423


1. Despesas feitas pelo depositário. 2. Posse, elemento do suporte
fáctico. 3. Elementos de outros contratos. 4. Contrato de exposição.
5. Contrato oneroso ou gratuito. 6. Remuneração parcial. 7.
"Sequestratio" e seqüestro. 8. Lugar dado sem assunção de dever de
custódia

§ 4.662. USO E CUSTÓDIA DO BEM DEPOSITADO 428


1. Uso e propriedade. 2. Regras jurídicas concernentes ao depósito. 3.
Alterações aos princípios do depósito. 4. Depósito em segurança. 5.
Depósito nos armazéns gerais

§ 4.663. DEVERES E DIREITOS DO DEPOSITÁRIO : 433


1. Dever de custodiar. 2. Bem e acessões. 3. Restituição. 4. Restituição
fora de tempo. 5. Ação contra o depositário, dita ação de depósito. 6.
Ação de depósito e procedimento. 7. Depositário e caráter pessoal da
custódia. 8. Incompensabilidade da dívida

CAPÍTULO III

DEPÓSITO IRREGULAR

§ 4.664. DEPÓSITO DE COISAS FUNGÍVEIS, COM TRANSMISSÃO DA


PROPRIEDADE 455
1. "Depositum irregulare", em sentido estrito. 2. Conceito e
considerações gerais sôbre a espécie. 3. Depósito e restituição

§ 4.665. DEPÓSITO IRREGULAR E OUTROS CONTRATOS 459


1. Precisões. 2. Depósito irregular e vinculação. 3. Depósito bancário.
4. Depósito irregular e contrato de reporte. 5. Suporte fáctico do art.
1.280 do Código Civil

§ 4.666. NATUREZA E EFICÁCIA DO DEPÓSITO IRREGULAR 467


1. Precisões. 2. Depósito irregular e outros contratos. 3. Contrato de
depósito de títulos de crédito e de títulos representativos. 4. Depósito
irregular e regras jurídicas concernentes ao contrato de mútuo. 5.
Depósito irregular e regras jurídicas sôbre depósito regular
CAPÍTULO I V

DEPÓSITO NECESSÁRIO

§ 4.667. CONCEITO E NATUREZA DO DEPÓSITO NECESSÁRIO 475


1. Conceito. 2. Bagagens de viajantes, hóspedes ou fregueses, nas
hospedarias, estalagens ou casas de pensão

§ 4.668. TRANSMISSÃO E EXTINÇÃO DAS PRETENSÕES DO HÓSPEDE... 4-S4


l. Morte do hóspede. 2. Retirada dos bens. 3. Falta de comunicação

§ 4.669. DEPÓSITO EM DESEMPENHO DE DEVER LEGAL 4S5


1. Extensão do sentido de dever legal. 2. Depositário de bens em caso de
penhora ou de medida cautelar

§ 4.670. DEPÓSITO EM OCASIÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA 491


1. Espécies. 2. Responsabilidade pela custódia

§ 4.671. DEPÓSITO EM CASO DE INFRAÇÃO 492


1. Depósito de objetos que interessam ao processo penal. 2.
Responsabilidade do Estado. 3. Embarcações apreendidas

§ 4.672. DEPÓSITO E VIAGENS 494


1. Custódia e dever de prestação de transporte. 2. Objetos que o viajante
leva consigo

CAPÍTULO V
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO
JURÍDICA DE DEPÓSITO

§ 4.673. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA E DEPÓSITO.. 497


1. Depósito e extinção da relação jurídica. 2. Restituição do bem
depositado. 3. Pluralidade de depositantes. 4. Pluralidade de
depositários. 5. Depositário tornado incapaz

§ 4.674. PARTICULARES EVENTUALIDADES NO TOCANTE


À RESTITUIÇÃO 501
1. Restituição voluntária e restituição exigida. 2. Restituição ao terceiro
referido no contrato. 3. Frutos e acrescidos do bem depositado. 4.
Herdeiro do depositário. 5. Bem depositado e sucedâneo. 6. Bem
próprio do depositário. 7. Esbulho e turbação da posse do depositário
TÍTULO XXVII
M Ú T U O

PARTE I

CONTRATO DE MÚTUO
CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA DO MÚTUO

§ 4.585. D A D O S H I S T Ó R I C O S E C O N C E I T O

1. DADOS HISTÓRICOS. - AS operações de crédito baseiam-se, quase


sempre, em empréstimos, principalmente em empréstimos de bens fungí-
veis. O empréstimo de dinheiro vem, hoje, no primeiro plano; porém não
foi sempre assim. Já o era na vida romana, tal como a conhecemos através
do direito romano. Antes, mais havia o empréstimo de produtos naturais,
o que ressalta nos papiros que correspondem ao Egito do tempo dos reis
Ptolomeus. A evolução foi para o empréstimo de dinheiro. Depois, para as
múltiplas espécies de negócios jurídicos de crédito.
Na L. 2, § 1, D., de rebus creditis si certum petetur et de condictio-
ne, 12, 1, está texto de PAULO, no qual se define o mútuo: "Mutui datio
consistit in his rebus, quae pondere numero mensura consistunt; quoniam
eorum datione possumus in creditum ire, quia in genere suo functionem
recipiunt per solutionem quam specie: nam in ceteris rebus ideo in cre-
ditum ire non possumus, quia aliud pro alio invito creditori solvi non
potest". A dação do mútuo é dação de coisas que consistem em peso, nú-
mero e medida. Com isso, podemos constituir crédito, pois o pagamento
é com bens do mesmo gênero, e não com a mesma espécie. A respeito das
demais coisas, não podemos criar crédito, pois solver com uma, em vez de
outra, não se poderia, discordando o credor. Não importa ao outorgante se
o bem pereceu, sem culpa daquele (GAIO, L . 1, § 4 , D . , de obligationibus
et actionibus, 44, 1).
Sôbre a interpolação e a estropiação do texto de PAULO (L. 2, 1), G.
SAVAGNONE (La categoria delle res fungibiles, Bulletino deli'Istituto di
Diritto romano "Vittorio Scialoja", 55-56, 18 s.). Nem a língua nem a
doutrina romana tinham a expressão "res fungibiles".
No direito romano antigo, o empréstimo de dinheiro era negócio jurí-
dico formal. Pesava-se o dinheiro que se emprestara diante de cinco teste-
munhas (per aes et libram). Chamava-se nexum o negócio jurídico.
O nexum punha o devedor na situação de sofrer a execução por
inadimplemento. As discussões prosseguiram em torno da figura. A exe-
cução seria pela manus iniectio, por ser certa e líquida a dívida, por sua
formalidade, dispensado, assim, o pronunciamento judicial. Sobre isso,
P H . E . HUSCHKE (Über das Recht des Nexum und das alte rõmische
Schuldrecht, 1 s.) e F R . EISELE (Studien zur rõmischen Rechtsgeschichte,
1 s.). Sustentou L. MITTEIS que o nexum foi automancipação do deve-
dor que assim se submetia ao credor, na qualidade de escravo. H . SIBER
(Rõmisches Privatrecht, II, 162 s.) só o viu como contrato a que a causa
é indiferente. Parece que cada um só prestou atenção a determinado mo-
mento da evolução. Nem importa muito saber-se em que época o pegar-se
o dinheiro passou a ser fictício.
O empréstimo não-formal era o mutuum. Na Sicília, há a prova da sua
antigüidade; |J.OXTOV, mutuum, devia lembrar o intercâmbio amistoso entre
pessoas que viviam perto, ou eram vizinhos, o que faz pensar-se em que
abrangia o empréstimo de espécies. Com o desaparecimento do nexum,
fêz-se o mutuum o único tipo de empréstimos romanos. Entregava-se ao
outorgado o bem, transmitindo-se-lhe o direito de propriedade. Pela L. 68,
D., de verborum obligationibus, 45, 1, sabe-se que a promessa de mútuo
não vinculava: "Si poenam stipulatus fuero, si mihi pecuniam non credi-
disses, certa est et utilis stipulatio quod si ita stipulatus fuero: 'pecuniam
te mihi crediturum spondes?', incerta est stipulatio, quia id venit in stipu-
lationem, quod mea interest".
Cumpre advertir-se que a entrega material já não era exigida a rigor.
Nem pelo próprio mutuante. Podia ser, por exemplo, certo devedor (ULPIA-
NO, L. 15, D., de rebus creditis si certumpetetur et de condictione, 12, 1).
Admitiu-se mesmo o mútuo se o outorgante e o outorgado pactavam que o
mútuo se constituísse com o que o outorgado devia por outra causa (e. g.,
contrato de compra-e-venda). A respeito, atente-se na interpolação da L. 1,
§ 34, pr., D., mandati vel contra, 17, 1. Outrossim, havia mútuo se A en-
tregava a B o bem, para que o vendesse e ficasse com o preço, em contrato
de mútuo (ULPIANO, L. 11, pr., D., de rebus creditis si certum petetur et de
condictione, 12, 1).
O mutuante tinha as ações nascidas da stipulatio certi: a actio certae
creditae pecuniae, se o que se emprestou fôra dinheiro, e a condictio triti-
caria, se o que se emprestou fôra outro bem fungível.
O senatusconsulto Macedoniano, por volta do ano 47, retirou eficácia
a empréstimos feitos a filho-familia, mesmo se tomado capaz com a morte
do pai (L. 1, pr., D., de senatus consulto Macedoniano, 14, 6). Assim se
evitou que, em vida do pai, se especulasse com os filhos. O senatusconsul-
to não incidia se o pai emancipava o filho e êsse voluntàriamente pagava,
ou se o pai ou terceiro solvia a dívida. Na L. 7, C, ad senatus consultum
Macedonianum, 4,28, falou-se de ser ratificado o contrato se o pai assen-
tia, mas, na espécie de que cogitamos, não há invalidade, mas ineficá-
cia, de modo que não é prudente barulharem-se as espécies. Em todo o
caso, a rigor, não havia, aí, obrigação natural ( H . SIBER, Gedenkschrift fiir
LUDWIG MITTEIS, 6 0 s.).

2. DIREITO GERMÂNICO E DIREITO MEDIEVO. - No antigo direito ger-


mânico, o mútuo inseria-se no comodato.
No século XIII, a despeito das cominações da Igreja, o mútuo com
juros se difundiu. Todavia, através dos séculos, as proibições pulularam,
até que se limitaram à fixação da taxa de juros.

§ 4.586. C O N C E I T O D E M Ú T U O

1. CÓDIGO CIVIL, ART. 1.256. - No art. 1.256 do Código Civil define-


-se o mútuo: "Mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é
obrigado a restituir ao mutuante o que dêle recebeu em coisas do mesmo
gênero, qualidade e quantidade". Deu-se o bem, a propriedade do bem, e
não só o uso, o cômodo. No art. 1.248, ao definir-se o comodato, frisou-se
que é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. £ Que nome há de ter,
portanto, o empréstimo oneroso de coisas não fungíveis? Não é emprésti-
mo; é locação de coisas.
Só o dinheiro ou bens fungíveis podem ser objeto de contrato de mú-
tuo. Se se entregam títulos de crédito - ou, mais largamente, títulos de
valor, como bilhetes de banco e ações ao portador - com indicação de
cotação do dia, é questão de interpretação determinar-se se foi prestado o
valor dêles em dinheiro, ou se número igual de valores da mesma espécie.
Há os três momentos: contrato de empréstimo, acordo de transferên-
cia, tradição; e não só dois: acordo de transferência, em mútuo; tradição.
No mútuo contrato real, os momentos são num só momento. A estrutura
do mútuo gratuito, real, caracteriza-se por somente prestar o mutuante e
somente, após êle, ter deveres e obrigações o mutuário (P. OERTMANN,
Das Recht der Schuldverhãltnisse, 3. A ed., 6 5 2 ; G. PLANCK, Kommen-
tar, II, 4. A ed., 5 4 2 ; F. ENDEMANN, Lehrbuch, I , 8. A -9. A ed., 1 1 5 5 , nota 2 ;
CARL CROME, System, II, 5 9 6 , e Die partiarischen Rechtsgeschafte, 3 9 8 ;
contra,-JOSEF KOHLER, Lehrbuch, II, 3 3 9 ; KONRAD COSACK, Lehrbuch, I,
5 8 0 ; H . LAMMFROMM, Teilung, Darlehen, Auflage und Umsatz-Vertrag,
7 8 ; A . A F F O L T E R , Das verzinsliche Darlehen, Archiv für Bürgerliches
Recht, 26, 11).
No direito brasileiro, o mútuo é, de regra, contrato real: exige, para
ser, o elemento "entrega da coisa", A entrega da coisa, aí, não é elemento
necessário à validade do contrato, nem à sua eficácia; é elemento necessá-
rio à sua existência. Sem a entrega da coisa, não há ainda mútuo: o suporte
fáctico do negócio jurídico é insuficiente; e não deficiente; tudo se passa
no plano da existência, onde o "não" importa que não se possa pensar em
validade ou invalidade, eficácia ou ineficácia. Há o dever e a obrigação de
restituir, porque houve o acordo e a entrega, de modo que, se o acordo foi
anterior à entrega, o suporte fáctico só se torna suficiente com a entrega.
No direito brasileiro, pode haver o mútuo consensual; porque se tem
como suporte suficiente o que a lei não considera o ordinário.
Aqui, convém que frisemos a diferença entre pré-contrato de mútuo
e mútuo consensual. O mútuo consensual já é mútuo. Não há mútuo no
pré-contrato de mútuo. Por isso mesmo, se alguém defende a existência,
no sistema jurídico, do contrato consensual de mútuo, não pode satisfazer-
-se com os argumentos que teria para sustentar que existe o pré-contrato
de mútuo.
Se se prometeu dar mútuo, há promessa unilateral de mútuo; se se
prometeu receber mútuo, há promessa unilateral de receber em mútuo; se
um prometeu dar e outro receber, há promessa bilateral, porém, não mútuo
consensual. São as três figuras do pactum de mutuo dando, do pactum de
mutuo accipiendo, e do pactum de mutuo dando et accipiendo. Veja Tomo
M, §251,5.

A opinião que atribuiu ao direito romano admitir o mútuo consensual


(e. g., F. SCHÃFER, Der Darlehensvoi-vertrag, 4 0 , com referência a L . 3 1 ,
D., locati conducti, 19, 2) foi repelida.
Hoje, se não se disse que se transmitia a propriedade do dinheiro ou
da coisa fungível, mas apenas que se prometia prestar, não houve mútuo
contrato real, e sim mútuo contrato consensual ou promessa de mútuo
(pactum de mutuo dando, pré-contrato de mútuo). Para que o mútuo real
ocorra, é preciso que o mutuário adquira, à conclusão do contrato, o uso
do bem fungível; não que seja proprietário da coisa entregue o mutuan-
te. O mutuário pode receber do mutuante a coisa que é de outrem, mas
da qual podia dispor, ou recebê-la de terceiro, em virtude de ordem ou
mandato de mutuante, ou de assinação, ou de cessão de crédito. O mútuo
contrato real conclui-se no momento em que se dá a transferência do di-
nheiro ou do título; não só no momento em que o portador do título receba
a soma constante do título. É freqüente concluir-se o mútuo com o ato de
creditar-se na conta do mutuário a soma, ou de se entregar ao mutuário
a ordem de transferência do crédito. O recibo do valor para efeito de se
considerar paga ao mutuante alguma conta do mutuário, ou de terceiro, é
elemento suficiente.
O mútuo pode ter finalidade, escopo, que resulta de alguma cláusula,
ou de lei. Por exemplo: A dá em mútuo a B, para que pague o que deve a
C, ou para que acabe a construção do edifício (pode ser, até, que A tenha
pré-contrato para a compra de andar, ou de apartamento), ou para que B
compre uma casa ou um escritório. Para que nasça a B o dever de aplica-
ção, é preciso que haja cláusula ou pacto expresso. Fora daí, a aplicação do
bem fungível é simples motivo.
Se foi estipulado que o mutuário aplicaria a soma, ou parte da soma, a
não-aplicação é infração do contrato, e dela resultará resolução, se foi in-
seria, ainda só implicitamente, a cláusula. A infração é do dever de aplicar.
Se é a lei que exige a aplicação, há o dever de aplicar, salvo se a regra
jurídica é de recomendação, ou para que nasça algum direito do mutuário.
Os mútuos feitos pelo Estado, para determinado fim, são sempre com o
dever da aplicação, por ser implícito ou explícito, em tais espécies, que se
vinculou a isso o mutuário.
O mutuário tem de restituir. Os juros e outros proveitos que se pro-
metam ao mutuante é que correspondem ao poder de uso e de disposição
que adquire, por algum tempo, o mutuário. Os juros e outros proveitos
bilateralizam o contrato de mútuo. Discute-se a) se a causa do mútuo está
na transferência da propriedade, por algum tempo, ou b) se no uso e dis-
ponibilidade do bem mutuado. A solução verdadeira é b): a transmissão
foi para permitir o uso, e não o fim em si, como ocorreria na transmissão
da propriedade sob condição resolutiva. O que é possível na locação de
coisas, o uso, ou o uso e a fruição, ou no próprio comodato, não é possível
no mútuo, que recai sôbre bens fungíveis. O negócio teve de ser indireto:
para que se obtenha o que se quer, recebe-se mais do que seria preciso se
não houvesse a fungibilidade (e consumibilidade) do bem.
A palavra "empréstimo" que corresponde ao mútuo e ao mútuo e ao
comodato, é expressiva.

2. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE MÚTUO. - Quando os juristas se


encontram diante de contratos como o de compra-e-venda, ou o de troca,
e o de doação, facilmente os classificam, respectivamente, como contra-
to bilateral e como contrato unilateral. A propósito do mútuo, a falta de
expressões como emptio venditio e locatio conductio serviu para não se
pensar em qualquer bilateralidade do contrato. Mas as dúvidas surgiram.
Houve quem a visse no dar prestação e no restituir outra prestação, o que
estala de contradição. Mais: quem apontasse na fixação do prazo, que se
deu, somente o têrmo; portanto, se a propriedade se transferiu, isso só re-
solutivamente ocorreu.
No mútuo com interêsse contrapresta-se, salvo se êsses interêsses não
correspondem ao que se retira pela entrega do bem fungível, temporaria-
mente. Se o bem não fôsse fungível, ou se lhe admitisse, pelo contrato, a
fungibilidade, tratar-se-ia de locação. O aluguer está para os juros como a
coisa trocada está para o preço do bem vendido.
Se o mútuo é sem interêsses, é o correspondente do comodato, com a
diferença que resulta de ser fungível o que se emprestou.

j Panorama atual pelo Atualizador


i
ii
i § 4.586. A - Legislação
I O Código Civil de 2002 reproduziu ipsis iiteris, em seu art. 586, a definição
j legal do contrato de mútuo presente no art. 1.256 do CC/1916. Da mesma forma,
i note-se que o Código Civil de 2002, sob a pretensão de disciplina uniforme das
I obrigações civis e comerciais, passou a normatizar também o mútuo mercantil,
| uma vez que revoga o disposto no art. 247 do CCo. Todavia, permanecem em
i vigor as disposições sôbre empréstimo de risco ou câmbio marítimo prevista nos
| arts. 633 a 665 do CCo, porque relativas ao comércio marítimo, cuja vigência não
! foi afetada pelo Código Civil de 2002.
Por outro lado, tratando-se de empréstimos contraídos por sociedade anôni-
ma, mediante emissão de debêntures simples ou conversíveis em ações, aplica- j
-se o disposto nos arts. 52 a 74 da Lei 6.404/1976 (Lei das S.A.).
Já no caso do mútuo que se desenvolva como espécie de contrato bancário,
a disciplina, a par das regras gerais sobre mútuo, fixadas pelo Código Civil, se dá
pela competência reconhecida ao Conselho Monetário Nacional - CMN - e ao
Banco Central do Brasil - Bacen - , nos termos da Lei 4.595/1964. Inclusive para
fixação, quando for o caso, da disciplina de juros, no contrato de mútuo oneroso,
não se aplicando a este, quando se trate de mutuante instituição financeira, o limi-
te estabelecido pelo Decreto-Lei 22.626/1933. E nesses casos, quando se carac-
terize como contrato de consumo, aplicam-se concomitantemente as disposições
do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990).
No que se refere ao mútuo de escopo, vinculado a uma finalidade específica,
cite-se a legislação do Sistema Financeiro da Habitação, especialmente a Lei
4.380/1964 e a legislação que a ela se seguiu. Assim como para o mútuo com
finalidade de financiamento agrícola, o art. 9.° da Lei 4.829/1965. Inclusive, podem
dar causa à emissão de título representativo da dívida, caso da cédula de crédito
comercial, de que trata o Dec.-lei 413/1969 e cédula de crédito comercial, de que
trata a Lei 6.840/1980.
Pode incidir sobre os contratos de mútuo, ainda, o disposto no Dec.-lei
857/1969, que consolida a legislação sobre moeda de pagamento de obrigações
exeqüíveis no Brasil, especialmente quanto aos limites para definição do objeto
do mútuo.

§ 4.586. B- Doutrina
Mantém-se atual o debate acerca da natureza jurídica do contrato de mútuo, se
contrato real, porque exige a entrega da coisa requisito de existência do negócio,
ou contrato consensual, se apenas necessário o acordo de vontade das partes. O
entendimento majoritário, inclusive com fundamento na doutrina de Pontes de Mi-
randa, é de que se trata de contrato real, distinguindo especialmente a celebração
do contrato de mútuo e a promessa de mútuo. Vale dizer que assim se posiciona a
maioria dos comentadores do Código Civil de 2002. Por outro lado, sustentando a
natureza consensual do contrato, e qualificando a entrega da coisa fungível como
única obrigação do mutuante, na fase de execução do contrato, posiciona-se Caio
Mário da Silva Pereira (Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2011. vol. III, p. 315). Ainda se observa na doutrina a posição que distingue o mútuo
gratuito do mútuo oneroso, de modo que no primeiro, por não haver contraprestação
do mutuário senão a obrigação de devolução, somente a entrega da coisa carac-
terizaria a manifestação da vontade. Já no caso de mútuo gratuito, segundo esta
visão, poderia ser identificado o mútuo como contrato consensual. Na classificação
de Pontes de Miranda, contudo, essa distinção será relevante para outro fim, qual
seja, critério de classificação da natureza unilateral ou bilateral do mútuo.
No tocante ao mútuo de dinheiro vinculado à realização de uma determinada fi-
nalidade, a doutrina refere-se a ele mediante a expressão "financiamentoTcontrato i
de financiamento", referência adotada também pela legislação (por exemplo, o art
52 do CDC, Lei 8.078/1990). ' |
I

§ 4.586. C - Jurisprudência i

O contrato de mútuo, especialmente o mútuo de dinheiro, tem largo desenvol- |


vimento na jurisprudência recente das Cortes brasileiras. j
Há entendimento consolidado no sentido de que, quando o mutuante for insti- I
tuição financeira, não se aplica o limite para juros fixado no Dec.-lei 22.626/1933 I
(Súmula 596 do STF), mas ao disposto pelos órgãos reguladores do Sistema Fi-
nanceiro Nacional (CMN e Bacen) e, inclusive, na ausência de limite pré-definido,
ao livre estabelecimento das taxas pelas instituições financeiras. Esse entendi- j
!
mento já havia sido sufragado pelo STF na ADIn 4/DF (STF, ADIn 4, Pleno, j.
07.03.1991, rei. Min. Sydney Sanches, DJ 25.06.1993). j
Da mesma forma, observa grande repercussão o julgamento da ADIn 2.591/ j
DF, pelo STF, cuja decisão pela improeedência teve efeito de declarar a constitu- j
cionalidade da previsão do art. 3.°, § 2.°, parte final, do CDC quando prevê expres- |
samente como objeto da relação de consumo, sob incidência do Código de Defe-
sa do Consumidor, as atividades bancárias, financeiras, de crédito e securitárias
(STF, EDcl na ADIn 2.591/DF, j. 14.12.2006, rei. Min. Eros Grau, DJ 13.04.2007).
A partir desta decisão, restou assentado que quando se trate de contrato bancário
em que o mutuário seja um consumidor (destinatário final de produto ou servi-
ço, art.2°, caput, do CDC), ou ainda seja equiparado a consumidor (art. 29 do
CDC), o conteúdo do contrato se submete aos limites estabelecidos no Código de
Defesa do Consumidor. Em relação ao contrato de mútuo, mesmo o controle de
juros e interesses submete-se ao Código de Defesa do Consumidor, e poderão
ter sua nulidade reconhecida, ou serem modificados pelo juiz, no caso de serem
estabelecidos à taxa excessiva e serem considerados abusivos (STJ, AgRg no
Ag 1371651/RS, 3.aT., j. 18.08.2011, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 25.08.2011).
Neste particular, note-se, igualmente a tendência jurisprudencial no sentido do
reconhecimento dos mutuários de contratos de mútuo celebrados com instituição
financeira como consumidores por equiparação (e.g. STJ, REsp 231.208/PE, 4."
T., j 07.12.2000, rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 19.03.2001), inclusive quando
deem causa à emissão de cédula de crédito rural (STJ, AgRg no REsp 1106642/
MG, 3.a T, j. 03.02.2011, rei. Min. Massami Uyeda, DJe 05.04.2011) ou cédula de
crédito industrial (STJ, AgRg no REsp 1121432/MG, 4.aT., j. 15.09.2011, rei. Min.
Antônio Carlos Ferreira, DJe 23.09.2011).
Da mesma forma, em se tratando de mútuo de dinheiro garantido por aliena-
ção fiduciária, admite-se a revisão do contrato quando h o u v e r abusivídade, o que
foi reconhecido pela jurisprudência brasileira tanto pela aplicação da teoria da
imprsvisão, em relação aos contratos civis (arts. 317 e 480 do CC/2002), quanto
nas situações em que dispensável a imprevisibílidade, nos contratos de consumo,
de acordo com o disposto no art. 6.°, V, do CDC, e.g. STJ, REsp 361.694/RS, 3."
T„ j. 26.02.2002.. rei. Min. Nancy Andrighi, DJ25.03.2002).
§ 4.587. E S P É C I E S D E M Ú T U O

1. REALIDADE E CONSENSUALIDADE. - Pôsto que real seja o contra-


to típico de mútuo, há o contrato consensual de mútuo e o pré-contrato
de mútuo.

2. M Ú T U O E OBJETO DO MÚTUO. - O mútuo pode ser de dinheiro


e está sujeito ao princípio nominalístico; ou ser de outro bem fungível,
inclusive de moeda. No art. 1.258 do Código Civil diz-se: "No mútuo em
moedas de ouro e prata pode convencionar-se que o pagamento se efetue
nas mesmas espécies e quantidades, qualquer que seja ulteriormente a
vacilação dos seus valores". Cf. art. 947. Sôbre a cláusula-ouro, ou qual-
quer outra, que tenda a recusar ou restringir o curso forçado do cruzeiro,
Decreto n. 23.501, de 27 de novembro de 1933, arts. I o e 2.°, Decreto-lei
n. 236, de 2 de fevereiro de 1938, arts. l.° e 2.°, e Decreto-lei n. 6.650, de
22 de junho de 1944, arts. l.° e 2.° (Tomos III, § 259, 1; XXV, § 3.073, 2;
XXXIV, § 3.873, 2; XXXV, § 3.975, 1; XXVI, § 3.174, 2, 3, 4; XXXVII,
§§4.103,2; 4.120, 1).
Por vêzes, o mutuante e o mutuário aludem ao gênero e à quantidade
e omitem a referência à qualidade. Tem-se de interpretar que se há de res-
tituir o bem de qualidade não inferior à média.

3. M Ú T U O DE CONVENÇÃO. - O credor em contrato de compra-e-ven-


da, ou noutro contrato, pode concluir outro contrato, ou incluir naquele
a cláusula de ficarem os bens comprados ou adquiridos, ou o preço, em
poder do devedor, a título de mútuo. É o pacto de mútuo de prestação,
de mútuo de convenção (Vereinbarungsdarlehen). Com isso, o comprador
continua com o bem, quase sempre pagando juros. Não há, aí, adiamento
da solução da dívida. Há outra dívida. Surge o problema de se saber se as
garantias que tinha o primeiro contrato persistem. Não pode haver resposta
a priori, como a que deu KARL L A R E N Z (Lehrbuch des Schuldrechts, II,
154), no sentido de sempre persistirem, salvo cláusula em contrário. O que
se há de entender é que houve outro contrato e as garantias não persistem,
como aconteceria mesmo em caso de novação.
Se alguém compra e fica a dever o preço, pagável, por partes, em
diferentes datas, há a figura da compra-e-venda a prestações. Se, porém,
o interessado entrega o bem como avaliação para que o adquirente fique a
dever, como mutuário, o valor, há dois contratos, o de compra-e-venda e o
de mútuo, pois que se considerou concluído o contrato de compra-e-venda
e satisfeita a dívida do preço (G. PLANCK, Kommentar, II, 545; H. D E R N -
BURG, Das Bürgerliche Recht, II, 2, 267). Quando se dá título ao portador
para que o recebedor restitua o que recebeu, o objeto do mútuo foi o título
ao portador, porém pode ocorrer que o mútuo tenha sido de dinheiro. No
primeiro caso, a restituição é pelo preço corrente ao tempo da entrega.
Se o mútuo de convenção se refere a dívida incobrável, como a de
jôgo ou de aposta (Código Civil, arts. 1.477-1.479, também a dívida re-
sultante da convenção de mútuo é inacionável ( O . WARNEYER, Kommen-
tar, I, 998).
Pode haver mútuo de convenção a respeito de dívida prescrita. Bem
assim quanto a dívida futura ( O . W A R N E Y E R , Kommentar, I , 9 9 8 ) . Não
assim a entrada para capital social, pois o título que se entregar representa
dinheiro e o contribuinte responde por êle como negócio jurídico à parte.
A manifestação de vontade pela qual se "fica a dever o resto de uma
conta", e não se quer ter pago em parte, compõe o -mútuo. Se quem, ao
pagar, em vez de prestar tudo, ou o que devia, entrega algum bem em
garantia, o que se há de entender é que fêz nôvo contrato, que é de mútuo
com a garantia.

4. M Ú T U O PARA PAGAMENTO A TERCEIRO. - Se o mútuo foi feito com


o fim de solver alguma dívida do mutuário a outrem, o mutuante sub-roga-
-se nos direitos do credor satisfeito com a dação daquilo que se prestou, se
houve cláusula a respeito (Código Civil, art. 986, II), ou se há o plus que se
prevê no art. 985,1 e IH (mutuante, que era, também, credor e evita o privi-
légio do outro, ou interessado em que se solvesse a dívida). Seja negociai
(art. 986,1 elU), seja legal a sub-rogação pessoal (o que só nas espécies
do art. 985,1 e m , pode ocorrer; portanto, não sempre, cp. GIOVANNI M A -
RIO M E R L O , La Surrogazione per pagamento, 95 s., 305 é 325, que saiu
dos princípios, sustentando ser sempre legal, aí, a sub-rogação pessoal,
e LODOVICO BARASSI, Teoria generale delle Obbligazioni, I, 2.a ed., 313,
que a viu negociai). Operada a sub-rogação, extingue-se a relação jurídica
de mútuo, pois, com a assunção da posição do outro credor, a.posição de
mutuante desaparece.

5. M Ú T U O MERCANTIL. - No Código Comercial, art. 247, estatui-se:


"O mútuo é empréstimo mercantil quando a coisa emprestada pode ser
considerada gênero comercial, ou destinada a uso comercial, e pelo menos
o mutuário é comerciante". Regra jurídica evidentemente defeituosa. Há
mútuo de dinheiro ou de outros bens que podem ser considerados gêneros
comerciais, feito a comerciante, sem que seja mercantil (cf. Relação da
Côrte, 14 de novembro de 1873, O D., II, 173). Por exemplo: A empresta
a B, comerciante, trezentos mil cruzeiros, porque B tem de entregar à mu-
lher tal quantia para viagem. Há mútuo a pessoa não comerciante que se
há de considerar mercantil. Por exemplo, os mútuos feitos pelos bancos
e casas bancárias a pessoas que não comerciam. O comerciante que dá
em mútuo, por ser o empréstimo ato da sua profissão, necessàriamente
contrata mútuo mercantil. Se tomou em mútuo, como comerciante, para
aumentar a sua disponibilidade de dinheiro ou de outro bem fungível,
contratou mútuo mercantil.
Há mútuos mercantis por fôrça de lei; porém não se pense nos títu-
los cambiários e cambiariformes que são mercantis, mesmo se não foram
mercantis os negócios jurídicos subjacentes, justacentes ou sobrejacentes.
A garantia civil não atinge a comercialidade do mútuo. K g . , a hipo-
teca, que é instituto civil (Código Civil, art. 809), pode garantir mútuos
mercantis (Tribunal de Justiça de São Paulo, 3 de dezembro de 1904 e 24
de maio de 1905, São Paulo J., VIII, 108 s.).
Para que o mútuo seja mercantil, não basta que o mutuário seja co-
merciante. O ser comerciante o mutuário é um dos pressupostos (Tribunal
de Justiça de São Paulo, 13 de dezembro de 1892, G. J., I, 241). Diz o art.
247 do Código Comercial que "o mútuo é empréstimo mercantil quando
a coisa emprestada pode ser considerada gênero comercial, ou destinada a
uso comercial, e pelo menos o mutuário é comerciante". Se o comerciante
pediu ou aceitou o dinheiro para uso comercial, ou para a sua especulação,
mercantil é o mútuo (Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 21 de novembro
de 1928, R. dos T., 70,423). Se o dinheiro ainda fôra para se instalar como
comerciante (e. g., para aquisição de maquinaria), entendeu a Câmara Cí-
vel do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a 4 de novembro de 1954
tR. R, 165, 298), que ainda não fora mercantil o mútuo. O empréstimo
de dinheiro a fazendeiros, mesmo com a promessa dêsse quanto a futura
remessa de gêneros a comissão, não constitui mútuo mercantil.
No direito comercial, tem o sistema jurídico brasileiro a regra jurídica
dispositiva, ius dispositivum, que faz oneroso o contrato de mútuo (cp.
Código Comercial, art. 248).
Se o mútuo é mercantil, há contagem de juros - noutros têrmos, é
sempre oneroso - e rege o art. 248 do Código Comercial: "Em comércio
podem exigir-se juros desde o tempo do desembolso, ainda que não sejam
estipulados, em todos os casos em que por este Código são permitidos ou
se mandam contar. Fora dêstes casos, não sendo estipulados, só podem
exigir-se pela mora do pagamento de dívidas líquidas, e nas ilíquidas só
depois da sua liquidação". Os juros moratórios só se exigem, nas dívidas
ilíquidas, depois da liquidação; mas contam-se desde a mora (cp. Supremo
Tribunal Federal, 19 de novembro de 1941, R. de D., 140, 257; sem razão,
a 5.a Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 10 de fevereiro de
1934, R. dos T., 93, 390, e o 3.° Grupo de Câmaras Civis, 6 de novembro
de 1951, 220, 142, pois seria de extrema injustiça que, proposta ação de
cobrança, só se contassem juros, decênios depois, quando se liquidasse
a sentença que reformou a anterior e julgou procedente o pedido). O art.
1.536, § 2.°, do Código Civil é comum a todo o direito privado (l. a Câmara
Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, 29 de janeiro de 1957, R. dos
T., 268,461).
Não se argumente, contra o que dissemos, com as palavras do art. 248
do Código Comercial: "nas ilíquidas só depois da sua liquidação". O art.
248 não estava a falar de fluência de juros, mas do tempo para a exigibi-
lidade, feita a conta. Melhor: aludiu à contagem, à operação de cálculo, e
não à fluência dos juros.

6. M Ú T U O COM DIREITO REAL DE GARANTIA. - Se foi constituído


direito real de garantia, o mútuo é negócio jurídico principal e o negócio
jurídico de constituição (acordo de constituição) cria direito acessório.
Não há uma só relação jurídica, que seria complexa: duas relações jurí-
dicas, uma obrigacional e outra real. É artificial dizer-se que o dever do
mutuante de restituir o bem empenhado funciona como contraprestação,
com referência ao dever do mutuário de restituir o tantundem, de modo a
poder-se falar de relação jurídica bilateral (assim, fora de tôda a ciência,
a Cassação italiana a 15 de maio de 1934 e a Apelação de Roma, a 17 de
junho de 1950). Aliás, a garantia pode ser prestada por terceiro, o que
evidencia o êrro da bilateralização.
Se o mútuo é garantido com títulos de crédito, sendo o penhor irregu-
lar, mesmo assim se há de pôr em relêvo a dualidade de relações jurídicas.

7. M Ú T U O COM DESTINAÇÃO. - O mútuo com destinação, mútuo de


escopo, ou mútuo para fim preciso, pode ser oriundo de lei, ou de negócio
jurídico. A destinação atende a interêsse público, ou a interêsse privado.
De regra, a destinação de origem negociai é para algo de interêsse privado.
Ou o mutuário alega tal interêsse e o mutuante somente empresta com o
fito de que se empregue o bem mutuado com a aplicação em que acorda-
ram, ou o interêsse é do próprio mutuante, como se dá com o comuneiro
de edifício de apartamentos que empresta dinheiro aos outros comuneiros
para que se faça no prédio outro elevador, ou se aproveite como outro an-
dar a laje do tecto, ou se construa outra garagem.
A destinação decorrente de lei é de interêsse público, ou de inte-
rêsse privado digno de tutela. De ordinário, há cláusulas que servem à
observância estrita da destinação, ou à fiscalização, ou a ambas (mútuos
fundiários, agrários, para hotéis, ou serviços de água, produção industrial,
escolas primárias, secundárias ou superiores, e outros estabelecimentos
de ordem intelectual).
A destinação não altera a figura contratual. Apenas se pôs a finalida-
de de aplicação como pressuposto para haver o acordo dos figurantes, de
modo que, tenha sido oferente o mutuário ou tenha sido oferente o mutu-
ário, o desrespeito à cláusula de escopo dá ensejo à resilição do contrato,
por adimplemento ruim.
O mútuo pode ser para destinações posteriores, nos financiamentos de
maquinarias agrárias, ou para viagens (planos turísticos). Então, empresta-
-se dinheiro, para que se pague em objetos ou em bilhetes de viagem.

8. M Ú T U O COM DESTINO ILÍCITO. - No tocante aos mútuos com des-


tino ilícito, vem em primeira plana o mútuo para jôgo, ou aposta, no mo-
mento de se jogar, ou apostar (Código Civil, art. 1.478). Não há nulidade,
nem anulabilidade. O contrato de mútuo vale; apenas o direito do mutuante
é desprovido de pretensão (Tomos VI, § 645, 1, 3; XXIV, § 2.912, 3; XX-
Xn, § 3.729, 4; XXXVIII, § 4.228, 3, sôbre não caber a responsabilidade
pela evicção, se houve dação em caso de prestação em pagamento de dí-
vida de jôgo, o que também se há de entender no de dação em soluto para
solver dívida regida pelo art. 1.478 do Código Civil).
O assunto é assaz diferente quando o mútuo tem objeto ilícito ou ilí-
cita é a sua causa. Aí, há nulidade do contrato de mútuo, seja real seja
consensual, ou do pré-contrato (Código Civil, art. 145, II, l. a parte). Quase
sempre se remunera a imoralidade, ou a ilegalidade; e. g., relações sexuais,
violação de registos, relevação de multa, permissão de entrada em lugar
proibido. Se o mútuo se conclui para que o mutuante obtenha o que, por
lei, ou evidente regra de ética, não poderia obter, nulo é o contrato.
Também é nulo o contrato de mútuo quando se presta para que o mu-
tuário execute o ilícito, ou o imoral. Cumpre observar-se, todavia, que, se o
jôgo é proibido, ou se é proibida a aposta, há nulidade do mútuo destinado a
êle, sem que o seja o mútuo para que se jogue ou aposte, ou se solva dívida
de jôgo ou de aposta, se o jôgo não é proibido, ou não o é a aposta. O assun-
to das nulidades é estranho aos arts. 1.477-1.480 do Código Civil. É preciso
atender-se à diferença entre o direito brasileiro e outros sistemas jurídicos.

9- CONDIÇÕES E CONTRATO DE MÚTUO. - O contrato de mútuo pode


conter cláusulas de condição. Mesmo se real o contrato de mútuo, o imple-
mento da condição resolutiva tem por efeito a resilição do contrato. A res-
tituição há de ser feita. Se suspensiva a condição, como se A conclui com
B, com que se acha dinheiro ou outro bem fungível e com êle acorda em
que fique com o bem em mútuo, se B compra a casa da rua tal, o mutuário,
que recebera o bem antes do implemento da condição suspensiva, responde
como depositário irregular, se a condição não se imple. A condição resolu-
tiva exerce papel de grande importância quando, por exemplo, o objeto do
mútuo tem destinação e se quer que algum acontecimento opere a resilição
do contrato (e. g., suspenderam-se as obras para cujo andamento se em-
prestara o dinheiro). Nos mútuos com destinação, a cláusula de resolução
quase sempre é implícita; aliás, o infrator inadimplira um dos seus deveres.
Se foi a lei que impusera a destinação, não há condido, mas, de qualquer
modo, a inobservância do pressuposto é infração de dever e acarreta, por-
tanto, a resolução ou a resilição (Código Civil, art. 1.092, parágrafo único).
O contrato de dinheiro a risco ou câmbio marítimo é sujeito a condi-
ção resolutiva.

Panorama atual pelo Atualizador

; § 4.587. A - Legislação
| Ainda hoje constitui objeto do mútuo, segundo as necessidades dos negócios
j privados, o dinheiro. A regra mencionada por Pontes de Miranda sobre a possi-
| bilidade de mútuo de moedas de ouro e prata (art. 1.258 do CC/1916), não foi
! reproduzida pelo Código Civil de 2002. Encontra-se revogada. A rigor, especial-
mente quando se trate de contratos financeiros, são várias as modalidades que
j atualmente se desenvolvem - dada inclusive sua atipicidade, embora com alguma
! regulação do CMN e Bacen - tais como, quando utilizados os limites tornados
disponíveis no "cheque especial", cartões de crédito, adiantamento a depositante
e outros que são, na essência, similares ao mútuo, embora revestidos de pecu- '
liaridades previstas em contrato. Assim como quando hoje se refere ao contrato
de financiamento, que afinal é o que Pontes de Miranda define como mútuo de
destinação. No caso do dinheiro, mantém-se o custo forçado da moeda, hoje o
Real (R$), conforme art. 1.° da Lei 9.069/1995. No Código Civil vigente, o art. 315
consagra o princípio do nominalismo, pelo qual as dívidas devem ser pagas em
moeda corrente, por seu valor nominal. O art. 318 do CC/2002, da mesma forma, •'
decreta a nulidade de convenções para pagamento em ouro e em moeda estran-
geira, mesmo para compensar o valor dessa em relação à moeda nacional, na
linha do que já dispunha o Dec.-lei 857/1969.
Em relação ao mútuo mercantil, não merecem mais tratamento legislativo dis-
tinto do mútuo civil, tendo as disposições do Código Comercial que o disciplina-
vam sido revogadas pelo Código Civil de 2002, o qual regula indistintamente o
mútuo - civil ou mercantil - pelos arts. 586 e ss.
O exemplo de Pontes de Miranda quanto ao mútuo realizado a fazendeiros
como espécie de mútuo civil, não mercantil, atualmente deve ser cotejado com o
disposto no art. 971 do CC/2002, que faculta a inscrição dos empresários rurais
no Registro Público de Empresas Mercantis.
Foi revogada a regra do art. 248 do CCo sobre a contagem de juros no contra-
to de mútuo mercantil. Todavia, o art. 591 do CC/2002 refere que sendo o mútuo
destinado a fins econômicos, presumem-se devidos juros, o que mantém a atua-
lidade do exemplo citado por Pontes de Miranda.
Quando se trate da possibilidade de resilição do contrato de mútuo de destina-
ção, em face do descumprimento da finalidade a que se destina, atualmente tem
j por fundamento a regra geral sobre resilição, do art. 475 do CC/2002.
Refira-se, ainda no tocante ao mútuo com fim ilícito, que as regras sobre nu- j
lidade do negócio jurídico abrangem atualmente tanto o objeto ilícito (art. 166, II, i
do CC/2002), quanto o motivo ilícito comum a ambas as partes (art. 166, III, do j
CC/2002). |

j § 4.587. B - Doutrina j
O exame do mútuo mediante distinção entre mútuo mercantil e mútuo civil,
realizado por Pontes de Miranda, deve ser situado atualmente frente ao debate
sobre a efetiva unificação ou não do direito civil e do direito da empresa. A unifi-
cação legislativa das obrigações e a introdução do Livro do Direito da Empresa
pelo Código Civil de 2002, foi identificado por parte da doutrina como causa da j
unificação do direito privado. Há, todavia, dissenso nesse particular, de modo que j
muitos autores sustentam, apesar da unificação legislativa, a permanência da j
distinção entre o direito civil e o direito de empresa, razão pela qual se manteria j
j atual a distinção entre contratos civis e empresariais, ainda que por critérios dis- j
| tintos para interpretação destas normas legais (TEIXEIRA, Sávio Figueiredo (coord.). j
Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2008. vol. IX, p. 116).
Por outro lado, assume maior relevância a distinção em relação ao mútuo cele-
brado com fins econômicos que se caracterize como relação de consumo, quando
o consumidor é o destinatário final do dinheiro dado em mútuo, e o utiliza para fins
não profissionais, ou ainda, quando se considere que em face da vulnerabilidade
do empresário frente à instituição financeira, justifica-se sua equiparação a con-
sumidor e aplicação do Código de Defesa do Consumidor (art. 29).
No que se refere ao mútuo de destinação, a doutrina e jurisprudência o deno-
minam pela expressão financiamento, a qual também tem assento legal, como é o
caso do art. 52 do CDC. Da mesma forma, como apontam Nancy Andrighi, Sidnei
Benetti e Vera Andrighi, há inúmeras situações em que o mútuo surge como es-
pécie de contrato coligado a um contrato principal (Comentários ao novo Código
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2008. vol. IX, p. 113).

§ 4.587. C - Jurisprudência

A jurisprudência, sobretudo em questões tributárias, reconhece a distinção


entre o mútuo civil e mercantil (e.g. TRF-1 .a Reg., ApCiv 200001000095499, j.
28.09.2010, rei. Leomar Amorim de Sousa).O princípio do nominalismo, contudo,
é relativizado, especialmente em período inflacionário (STJ, REsp 8.222, 3.a T., j.
21.06.1991, rei. Min. Cláudio Santos, DJU26.08.1991, «7677/229), O desatendi-
mento à finalidade no caso de mútuo de destinação não implica nulidade do título
a que deu causa (STJ, REsp 480.261/SC, 4.a T , j. 03.05.2005, rei. Min. Barras
Monteiro, DJ 13.06.2005).

§ 4.588. NATUREZA DO CONTRATO DE MÚTUO

1. SENTIDO ECONÔMICO E FIM JURÍDICO. - Em seu sentido econômico


e em seu fim jurídico, o mútuo opera a transferência da propriedade do
bem fungível, quer tenha o mutuante, ou não, direito a juros (percentagem
ou outra quantidade que corresponda ao aproveitamento temporário pelo
mutuário). Tanto há mútuo entre pessoas amigas, que prestam o dinheiro
com o só intuito de restituição, como o mútuo entre os agiotas, que cobram
pela dação do dinheiro mais do que seria razoável que exigissem.
O mútuo de dinheiro é o mais freqüente. O mutuário recebe o dinhei-
ro, e gasta-o ou o emprega, mas está vinculado a restituí-lo. A restituição
é em bem do mesmo gênero e quantidade. O que é essencial é que o mu-
tuário possa dispor do bem prestado - dinheiro, ou não - como seu, pois
que seu se tornou.
Se o bem fôsse especifico, a figura contratual ou seria o comodato,
que supõe infungibilidade e normal gratuidade, ou a locação de coisa, que
só transfere o poder de usar.
O mútuo é contrato com relação jurídica permanente ou duradoura.
Há a transferência da propriedade, que é instantânea, mas dura. Se há ju-
ros, de jeito que se bilateralize o contrato de mútuo, isto é, que se faça
oneroso, o mutuário tem de prestá-los periodicamente, ou, se foram pagos
à conclusão do contrato, correspondem ao tempo do contrato, ou ao que
está dentro do que fica aquém do têrmo para ser feita a contraprestação.
No mútuo há a transmissão do direito de propriedade; mas essa trans-
missão, elemento do contrato real, ou adimplemento do contrato consensu-
al, é oriunda de acordo de transmissão, que é ineliminável, muito embora
se tenha como elemento do contrato real.
Trata-se de contrato de restituição: o mutuário, que recebe, tem de
restituir.
Economicamente, o mútuo é contrato de crédito.
O contrato real de mútuo supõe o ato de disposição, que se opera com
o acordo de transmissão; porém evite-se dizer que êle é ato de disposição.
O que não se há de esconder é que o mútuo não tem por fito a transfe-
rência do direito de propriedade: só se transfere a propriedade porque disso
se precisa para se poder dar ao mutuário o gôzo do bem mutuado.

2. NATUREZA DO CONTRATO DE MÚTUO. - Em todos os mútuos, o


patrimônio do mutuante diminui, no tocante ao bem emprestado, e no lu-
gar que estaria vazio fica o crédito contra o mutuário. Desde que se haja
retirado a fungibilidade do objeto, não é de mútuo que se trata, mas sim de
comodato ou de locação. O perigo que corre o mutuante é maior do que
aquêle que tem o comodato ou o locador: transferiu-se o direito de pro-
priedade; deixou de ser dono; e só pode esperar o pagamento em bem do
mesmo gênero, qualidade e quantidade.
O que se restitui não é o que se deu, e sim o que corresponde ao que
se deu. Não há, necessàriamente, a volta do mesmo bem, como ocorre no
comodato e na locação de coisas, pôsto que possa o mutuário (e é o caso
de quem toma dinheiro emprestado somente para se precatar contra neces-
sidade repentina) devolver o mesmo dinheiro, ou o mesmo bem fungível
não-pecuniário, que recebera.
Até pouco tempo não se via qualquer dever ou obrigação do lado do
mutuante. Deu de empréstimo; o que lhe importa é que o mutuário venha
a prestar-lhe o que prometeu. Tal concepção e a do mútuo sem deveres do
mutuante (ainda assim, PAUL OERTMANN Das Recht der Shuldverhaltnisse,
6 5 2 , L . ENNECCERUS-H. LEHMANN, Lehrbuch, I I , 14. A recomposição, 5 7 4 ,
R U D . SCHMIDT, Bürgerliches Recht, II, 2. A ed., 1 1 2 , PALANDT, Bürgerliches
Gesetzbuch, 14.a ed., 590, e outros). O mutuante somente presta, mas é de
entender-se que se responsabiliza por ter prestado e, recebendo juros, de
certo modo se bilateraliza o contrato e se há de considerar transmitente de
direito de propriedade, que o mutuário possa exercer duradouramente (A.
AFFOLTER, Das verzinsliche Darlehen, Archiv für Bürgerliches Recht, 2 6 ,
1 s.; JOSEF KOHLER, Das Vereinbarungsdarlehn, 3 3 , 1 s.; E . LÜBBERT, Der
Kreditvertrag, Jherings Jahrbücher, 5 2 , 3 7 9 s.; P H . HECK, Grundriss des
Schuldrechts, 3 2 8 ; JOSEF ESSER, Lehrbuch des Schuldrechts, 3 4 2 ) . Quem
paga juros presta. Quem dá em mútuo responde pelo que deu. Uma vez que
transmitiu o direito de propriedade tem de assegurar que o mutuário não a
perde por alguma causa anterior, que'dêle pode dispor e que não está sujeito,
por exemplo, a impostos e taxas (mútuo de bem fungível sem ser dinheiro).
O mútuo oneroso é contrato bilateral. O mútuo sem juros é contrato
unilateral, sem que se possa dizer que o mutuante não tenha deveres. Aque-
le se assemelha à locação de uso e de fruição. Esse, ao comodato.
O contrato de mútuo com juros ou mútuo oneroso pode ser resilido
por infração de dever de qualquer dos figurantes (Código Civil, art. 1.092,
parágrafo único). Respeitados os prazos a que se refere o art. 1.264,1 e II,
do Código Civil, é denunciável pelo mutuante.
As regras jurídicas sôbre evicção (Código Civil, arts. 1.107-1.117) e
sôbre vícios redibitórios (defeitos e vícios ocultos do objeto, arts. 1.101-
1.105) são invocáveis.
Sôbre a bilateralidade do contrato de mútuo oneroso (= com juros)
houve discussão na doutrina. Alguns juristas a negavam; outros falavam
de estrutura imperfeitamente bilateral, o que traria confusões (e. g., E. PA-
a
CIFICI-MAZZONI, Istituzioni, V, 2, 5. ed., 398, e GIULIO VENZI, Manuale,
4 0 8 ; MARIO ROTONDI, Istituzioni, 4 7 6 ) . A bilateralidade existe, pois que há
contraprestação que não corresponde a todo o valor do direito de proprie-
dade porque há dever de restituição mais juros.
Por outro lado, não se há de exagerar a parecença do mútuo com a
locação de coisas. No mútuo, transfere-se o direito de propriedade e cessa
qualquer atividade do mutuante para que o mutuário tire proveitos do bem,
que já é seu. Na locação de coisas, o locador do bem tem deveres durante
todo o tempo do contrato.
O mútuo gratuito é contrato unilateral, sem que isso signifique que
o mutuante, vinculado como está, não tenha deveres, ainda que seja o do
efeito mínimo dos negócios jurídicos. O mútuo oneroso é tão evidentemente
bilateral que um dos pontos principais da técnica jurídica, no tocante às li-
mitações à liberdade de contratar, é de evitamento da excessiva onerosidade
(limitação das taxas de juros, regras jurídicas sôbre usura dos mutuantes).
No Código Civil italiano, art. 1.815, presume-se (aliás, estatui-se
dispositivamente) que o mútuo é oneroso. Com isso, pensou-se atender
a que a vida contemporânea se baseia no lucro e o mútuo gratuito é ob-
soleto. Em verdade, porém, o intento especulativo também se sacia com
o mútuo gratuito, com juros ou juros e comissão, por fora, com as fina-
lidades de ocultamente.
A sinalagmaticidade do contrato de mútuo oneroso ressalta, pois a
prestação dos juros não é acessória.
No direito civil brasileiro, o contrato de mútuo só é oneroso se houve
cláusula de juros, ou outra cláusula que estabeleça a prestação do mutu-
ário, a título de pagamento pela atribuição do direito de proprietário por
algum tempo. Lê-se no Código Civil, art. 1.262, alínea l. a : "E permitido,
mas só por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo de dinheiro ou de
outras coisas fungíveis". Na alínea 2.a, acrescenta-se: "Esses juros podem
fixar-se abaixo ou acima da taxa legal (art. 1.062), com ou sem capitaliza-
ção". No Código Comercial, art. 248, diz-se: "Em comércio podem exigir-
-se juros desde o tempo do desembolso, ainda que não sejam estipulados,
em todos os casos em que por êste Código são permitidos ou se mandam
contar. Fora destes casos, não sendo estipulados, só podem exigir-se pela
mora no pagamento de dívidas líquidas e nas ilíquidas só depois da sua
liquidação. Havendo estipulação de juros sem declaração do quantitativo,
ou do tempo, presume-se que as partes convieram nos juros da lei, e só pela
mora (art. 138)". Não se cogitou, na 2.a parte do art. 248, da fluência dos
juros, mas sim da contagem: nas dívidas ilíquidas, fluem antes da liquida-
ção, mas a contagem depende de serem liquidadas as dívidas.

3. CONTRATO REAL. - No art. 1 . 2 5 7 do Código Civil, diz-se que "êste


empréstimo" - o mútuo - "transfere o domínio da coisa emprestada ao mu-
tuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição". Nou-
tros têrmos: tem-se a tradição como elemento do contrato, em vez de ser
adimplemento de dever do mutuante. A propósito do mútuo como do co-
modato, muito se discutiu para se manter a estrita concepção romana, que
se recebera como afastante de qualquer irradiação de pretensão a entregar o
que se prometera em mútuo. O que em verdade se deu não foi o apagamen-
to de tôda a distinção dos contratos em contratos consensuais e contratos
reais, mas sim o assentar-se que tôdas as manifestações de vontade com que
se promete geram dever e obrigação. Há, em princípio, a acionabilidade
de tôdas as promessas. Falou-se em ser pré-contrato se não foi prestado o
bem, desde logo, o que resolvia o problema, na prática. Alguns juristas têm
o contrato de mútuo como consensual, por ser obsoleta a exigência de ser
real. Sôbre isso, cf. Tomo Dl, § 251,5. E raro prometer-se para outro dia, ou
mês, ou ano o mútuo; mas pode dar-se e haver interesse nisso. O que mais
acontece é o contrato real, contrato em que se diz que o mutuante presta e
o mutuário recebe. Enquanto o mutuário não tem em mãos o bem fungível,
não está no dever de oportunamente restituir. Se os figurantes disseram
que um dêles entregaria a tantas horas o dinheiro, ou o gênero alimentício,
e o outro estaria à porta do banco, ou do armazém, para recebê-lo, não se
pode dizer que se não concluiu contrato de mútuo, nem se precisa dizer que
apenas se concluiu pré-contrato. O contrato de mútuo é real, sem que, com
isso, se pré-exclua o mútuo anômalo, consensual, em que um dos figuran-
tes, o mutuante, merece a confiança do outro. A entrega pode suceder ou
vir antes da conclusão do contrato. O contrato consensual tem vantagem
em relação ao pré-contrato de mútuo: nesse, o crédito não pode ser cedido
(o mutuante levou em conta a pessoa do mutuário); naquele, a cessão é
sem obstáculos, salvo se houve cláusula contrária a isso. Aliás, advirta-
-se que tal cessão não libera o cedente do dever de restituição, porque não
houve assunção da dívida (Tomo XXIII, §§ 2.820, 2.852-2.866). Certo,
JOSEF K O H L E R (Das Vereinbarungsdarlehn, Archiv fur Bürgerliches Recht,
33,16). Contra qualquer cessibilidade do crédito, H. SIBER (Schuldrecht,
320) e JOSEF ESSER {Lehrbuch des Schuldrechts, 344), quer se haja firmado
contrato consensual de mútuo quer se tenha preferido o pré-contrato.
O conceito de "contrato real" (dinglicher Vertrag), como está em F.
VON SAVIGNY (System, M , 3 1 2 s.), opõe-se ao de contrato consensual puro,
ou contrato só obrigacional, porque envolve, a mais, a entrega do bem, o
direito real, de modo que -o contrato recai sôbre a coisa, o bem e não só a
dívida é o que se atribui no contrato.
Rigorosamente, o contrato só é real porque, na linha histórica, se man-
teve a transferência e a promessa, a "realidade" e a dívida ou vinculação,
como necessariamente simultâneas. Consensualidade há em todos os con-
tratos, de modo que o elemento real apenas colore certos contratos.
O próprio acordo de transmissão só é real se cumprido.
No fundo, os contratos somente são reais se lhes é exigida, pela lei, a
simultaneidade, ou, o que dá no mesmo, a imediatidade da prestação. Nem
devemos referir-nos ao senhorio material sôbre o bem, porque essa alusão
de FR. VON SAVIGNY foi superada, principalmente no direito brasileiro,
que, em matéria de posse, abstraiu do animus e do corpus.
O acordo de transmissão, êle mesmo não transmite, se não houve a
tradição ou o registo, que seja indispensável; Não se pode dizer que a tradi-
ção, a transmissão, seja a forma do acordo de transmissão (e. g., R . JOHOW,
Begründung [.Sachenrecht], II, 755).
No contrato real, há o consenso e a exigência legal do elemento real
(GEORG ORTLIEB, Einigung und dinglicher Vertrag, 3 5 s.). A lei, impondo
a certos contratos serem reais, como que colou o negócio jurídico e o negó-
cio jurídico ou o ato-fato jurídico da prestação. De certo modo sugeriu que,
separando-se os dois atos jurídicos, se pense em pré-contrato. Cf. GASTON
STEYERT (.Der dingliche Vertrag, 3 4 s.).
Na doutrina italiana, quer sob o Código Civil de 1865 quer sob o Có-
digo Civil vigente, é preponderante a afirmação da realidade do contrato
de mútuo (e. g., sob o Código Civil de 1865: ROBERTO DE RUGGIERO,
Istituzioni, I I , 6.a ed., 369; GIULIO V E N Z I , Manuale, 531; M A R I O ROTONDI,
Istituzioni, 476; F. CARNELUTTI, Teoria giuridica delia Circolazione, 96;
contra, E. PACIFICI-MAZZONI, Istituzioni, V, 2, 5.a ed., 400; sob o Código
Civil vigente: L. BARASSI, La Teoria Generale delle Obbligazioni, I I , 149;
a
F. MESSINEO, Manuale, n , 2, 7. ed., 439; PAOLO FORCHIELLI, I Contratti
reali, 5 s.; contra, C . A . FUNAIOLI, La Tradizione, 521, e FRANCO CARRESI,
II Comodato, II Mutuo, Trattato de F. VASSALLI, V I I , I I ) .
No Código Civil italiano, há o art. 1 . 8 1 3 , que mantém a figura do mú-
tuo contrato real, e o art. 1 . 8 2 2 , que o admite consensual (cp. PAOLO FOR-
CHIELLI, I Contratti reali, 5 s.). Mas parece-nos absurdo que se sustente
ter-se afastado o pré-contrato de mútuo, uma vez que se tem o consensual:
não há confundir-se uma figura com a outra.
Reputar-se a entrega como estranha ao conteúdo do contrato real, por-
que o conteúdo é que há de determinar como e em que consiste a entrega,
é êrro que se deve exprobrar. Nada impede que o resto do conteúdo diga
como há de ser a entrega, o que é que se entrega. Os elementos contenutís-
ticos, para se empregar o têrmo que já se impõe a outras línguas, não pre-
cisam ser, todos, vontade. Os que daí partem esquecem os outros suportes
fácticos, em que há atos-fatos jurídico e até fatos jurídicos stricto sensu. O
suporte fáctico do contrato real contém, necessariamente, acordo e entrega
(tradição). Entrega da posse, qualquer que seja o meio de tradição, mesmo
o constituto possessório. O que não basta é a tença (WOLFGANG STINT-
ZING, Die Übertragung beweglicher Sachen, 16). Se a aquisição da posse
(frise-se: da posse) foi a non domino, o mutuário, no mútuo oneroso, tem
a ação de evicção.
Muito se tem procurado assimilar o mútuo oneroso e o mútuo gratuito
aos contratos de duração, com o que se substitui a concepção dos dois mo-
mentos (o da transmissão da propriedade e o da restituição) pela concepção
da linha entre êles. Como pelo contrato de locação de coisa se dá o uso
por algum tempo, quis-se que a propriedade se dêsse por algum tempo.
Ora, o direito de propriedade se transfere instantaneamente e a restituição
é prestação de outro bem (ou do mesmo, como se outro fôssé). À proprie-
dade pode faltar a continuação, como se o mutuário consumiu, ou alienou
o bem. Não há o uso continuativo, como na locação; ou pode ser que não
haja. O mutuante não somente permitiu que o mutuário usasse; deu-lhe
o direito de propriedade, sem qualquer condição. O mutuário assumiu o
dever de restituir; tem êle de pagar a dívida. A duração não é mais do que
a espera do vencimento da dívida de restituição do bem fungível, mesmo
quando há vencimentos intercalados.
Se aprofundamos o exame, o que em verdade se passa é que a con-
tingência da. fiingibilidade e da ccnsumibilidade torna alienativo o negó-
cio jurídico do mútuo. Ele, em si, é como é o comodato. Apenas, quando
se dá o cômodo do fungível, do consumível, tem-se de sofrer a transfe-
rência da propriedade.

4 . PLURALIDADE DE MUTUÁRIOS. - Se no instrumento de contrato de


mútuo há muitos outorgados, sem solidariedade, ou conjuntividade, há tan-
tos contratos quanto os outorgados.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4 . 5 8 8 . A - L e g i s l a ç ã o
Na ausência de prazo estipulado no contrato de mútuo, presumem-se os dis-
postos no art. 592 do CC/2002 (art. 1.265 do CC/1916), quais sejam, até a pró-
xima colheita, se for mútuo de produtos agrícolas para consumo ou semeadura;
30 dias, se mútuo de dinheiro, e o período de tempo declarado pelo mutuante,
quando se trate de outra coisa fungível. Presunção júris tantum.
Menciona Pontes de Miranda a submissão do mutuante, no caso de mútuo |
oneroso, à responsabilidade por evicção e vícios redibitórios. A evicção regula-se
pelos arts. 447 a 457; os vícios redibitórios, pela regra dos arts. 441 a 446, ambos
do CC/2002. |
A remuneração do mútuo oneroso se dá mediante pagamento de juros pelo
mutuário ao mutuante. O Código Civil de 1916, a que se refere Pontes de Miranda, |
estabelecia a necessidade de cláusula expressa que estipulasse a obrigação de j
pagar juros. O art. 591 do CC/2002, estabelece que destinando-se o mútuo a fins j
1
econômicos, presumem-se devidos juros. Ainda no Código Civil anterior, indicava-
-se que a fixação da taxa de juros pode ser acima ou abaixo da taxa legal (art.
1.262, parágrafo único). O Código vigente, todavia, estabelece limite expresso no
mesmo art. 591, estabelecendo que não poderão ser superiores a taxa a que se
refere o art. 406 do CC/2002, qual seja, a taxa de juros para mora dos impostos de-
vidos à Fazenda Nacional. A mesma regra do art. 591 do CC/2002, estabelece tam-
bém a possibilidade de capitalização anual. Segundo entendimento jurisprudencial,
contudo, estes limites não se aplicam ao mútuo em que o mutuante é instituição
j financeira, a qual se submete à disciplina do CMN e do Bacen, observando atual-
I mente liberdade de convenção de taxas de juros em contrato, passível de controle
apenas quando excessivas, pela incidência do Código de Defesa do Consumidor.
No tocante à capitalização de juros, a MedProv 2.170-36/2001, em seu art.
5.°, permite a capitalização de juros em período inferior a um ano, nas operações
realizadas por instituições financeiras, que, portanto, escapam à limitação imposta
pelo Código Civil.

§ 4.588. B- Doutrina
A natureza jurídica do mútuo definida por Pontes de Miranda, indicando tratar-
, -se de contrato real e que pode ser unilateral, quando se trate de mútuo gratuito,
ou bilateral, quando devidos juros pelo mutuário ao mutuante, é tema de longa
divergência no direito brasileiro. Em relação a sua natureza real opõe-se Caio
Mário da Silva Pereira (Op. cit., 315) e dentre os comentadores do Código Civil
vigente, tendem a essa posição os comentários de Tepedino et alli (Código Ci-
vil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar,
2006. t. II, p. 308). De acordo com o entendimento definido por Pontes de Miran-
da, considerando o mútuo de natureza real porque elemento legalmente exigido
j para a constituição do contrato, posiciona-se a majoritária doutrina, mesmo sob
a É
! G I D E do Código Civil de 2002 (ANDRIGHI; BENETTI; ANDRIGHI. Op. cit., p. 139; NERY
• JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. São Paulo:
j Ed. RT, 2009. p. 626; e LOPEZ, Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São
i Paulo: Saraiva, 2003. vol. 7, p. 144). Mesmo a doutrina italiana contemporânea, no
| esteio daquela mencionada por Pontes de Miranda, mantém-se na defesa da na-
tureza real do contrato (e.g. GALGANO, Francesco. II contrato. Corso di diritto civile.
• Padova: Cedam, 2007. p. 240) ainda que ciente das críticas que a ela se opõe em
face do princípio da autonomia contratual (BIANCA, Cesare Massimo. Diritto civile.
II contrato. 2. ed. Milano: Giuffré, 2007. t. 3, p. 241-242).
No tocante à natureza unilateral ou bilateral do contrato de mútuo, parte da
doutrina brasileira divergiu de Pontes de Miranda no sentido de identificá-lo como
contrato unilateral (GOMES, Orlando, Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
p. 355). Esta visão, contudo, é criticada pela doutrina mais atual, que reconhece
razão a Pontes de Miranda, quando este indica a distinção entre o mútuo gratuito
e oneroso, reconhecendo o primeiro como unilateral, porém o segundo como bila-
teral (TEPEDINO; BARBOSA; MORAES. Op. cit., p. 309). Afinal a obrigação de pagar juros
"bilateraliza" o contrato, na expressão cunhada por Pontes de Miranda.
No tocante à limitação dos juros convencionados no contrato de mútuo, a
doutrina indica a necessidade de observar o limite estabelecido pelo art. 406 do
CC/2002, havendo, contudo, dissenso quanto à taxa a ser aplicada, se a estabe-
lecida pela Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) para remuneração
pela União dos títulos públicos que emite, de que trata a Lei 9.065/1995, ou se a
prevista no art. 161, § 1.°, do CTN. Nesse particular, diga-se que as instituições
financeiras não estão a príorí submetidas a êsse limite, segundo entendimento
jurisprudência! dominante.
Pontes de Miranda, igualmente, antecipa uma tendência no contrato de mútuo
no que se refere à distinção quanto a sua gratuidade ou onerosidade, indicando
que mesmo em negócios gratuitos pode haver finalidade econômica oculta, es-
condida, o que foi desenvolvido posteriormente pela doutrina do direito do consu-
midor mediante a distinção entre a remuneração direta e a indireta, sendo essa a
que, sob aparente gratuidade, oculta finalidade negociai do fornecedor (cf. MAR-
QUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 6. ed. São
Paulo: Ed. RT. 2011. p. 410).

§ 4.588. C- Jurisprudência

A natureza bilateral do mútuo oneroso é reconhecida pela jurisprudência (REsp


328.408/SP, 4.aT., j. 02.05.2002, rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 01.07.2002).
No que se refere à limitação de juros, a jurisprudência a afasta quando se trate
de contratos bancários, tanto em relação à antiga Lei da Usura (REsp 214.003/
SC, 3. a T.,j. 11.04.2000, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ05.06.2000),
quanto o limite estabelecido pelo art. 591 do CC/2002, combinados com art. 406
do CC/2002, conforme decisão de recurso especial julgado pelo STJ, com eficácia
vinculante nos termos do art. 543-C do CPC: "São inaplicáveis aos juros remu-
neratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art.
406 do CC/02". A mesma decisão, contudo, admite a possibilidade de revisão de
juros quando estabelecidos em patamar exagerado que caracterize a abusivida-
de, inclusive com a aplicação do Código de Defesa do Consumidor (STJ, REsp
1061530/RS, 2.a Seção, j. 22.10.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 10.03.2009).
A aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de mútuo
quando se caracterizem como relações de consumo é igualmente assentado pela
jurisprudência nacional (STF, EDcl na ADIn 2.591/DF, j. 14.12.2006, rei. Min. Eros
Grau, DJ 13.04.2007).
§ 4.589. CONTRATO DE MÚTUO E OUTROS NEGÓCIOS JURÍDICOS

1. PRECISÕES. - Primeiramente, afastemos qualquer confusão entre


as operações consistentes em negócios jurídicos unilaterais, de que são
exemplos principais as de subscrição, aval e endosso de títulos cambiários,
e o contrato de mútuo, que é negócio jurídico bilateral.
O contrato de mandato de renda, pelo qual A entrega a B dinheiro ou
certo bem fungível, para que B o empregue e lhe pague a renda, de modo
nenhum é contrato de mútuo. Há, em tal negócio jurídico, a álea.
Não faltou quem quisesse assimilar o mútuo à locação, a ponto de se
falar de "locação de crédito" (Kreditmiete), como se pudesse ser locado o
que se transferiu, na propriedade, a outrem (e. g., H. DANKWARDT, Natio-
nalõkonomie und Jurisprudenz, E I , 6 2 ; JOSEF KOHLER, Das Vereinbarun-
gsdarlehn, Archivfiir BürgerUches Recht, 33, 3).

2. M Ú T U O E COMODATO. - O mútuo supõe a transferência da posse


própria e da propriedade; no comodato, só se atribui posse imprópria, e o
bem há de ser infungível, ou, se fungível, considerado in indivíduo. A pos-
se imprópria é só por algum tempo e os direitos do comodatário também só
são por algum tempo. O comodatário tem o cômodo; o mutuário, o próprio
bem, porque, dando-se o cômodo do fungível, do consumível, se aliena. O
comodatário há de restituir o mesmo, o idem; o mututário, o tantundem,
isto é, o idem ou o alter do mesmo gênero.

3. MÚTUO E DEPÓSITO IRREGULAR. - No depósito irregular (Código


Civil, art. 1.280), transfere-se ao depositário a propriedade do bem depo-
sitado, de jeito que o depositário tem de restituir o tantundem dus generis
et qualitatis, em vez do idem (posto que possa restituir o idem). Por onde
se vê como se parecem o depósito irregular e o mútuo. Mas a parecença é
apenas no tocante a um dos elementos do suporte fáctico e a identificação,
que alguns juristas e legisladores pretendiam, de modo nenhum se justifi-
ca. No resto do conteúdo do contrato, há a vontade dos figurantes, e essa
vontade, no mútuo, é diferente da vontade no depósito irregular. Quem de-
posita não dá em mútuo. No art. 1.280 do Código Civil diz-se: "O depósito
de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do
mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca
do mútuo". Cf. Código Civil alemão, § 700. A regra jurídica, remetendo às
regras jurídicas sôbre o mútuo, não identifica mútuo e depósito irregular. A
finalidade do contrato, no mútuo, é crédito; no depósito irregular, conser-
vação do bem, a despeito da transferência a que conduz a fungibilidade do
objeto. O interêsse do depositante como que persiste inalterado. O interesse
do mutuário sobressai, no contrato de mútuo. Cf. Tomo XXXVI, § 4.107,2.

4 . M Ú T U O E CONTRATO DE DESCONTO. - No contrato de desconto,


quem desconta (descontante) recebe do descontatário o crédito contra ter-
ceiro, por cessão pro solvendo, deduzidas do importe do crédito os in-
teresses do desconto. Se o crédito consta de título à ordem, o endosso é
negócio jurídico abstrato, de que o desconto é negócio jurídico subjacente,
sobrejacente ou justajacente.
O mútuo não se confunde com o desconto. No mútuo, há a dação do
bem fungível e o nascimento do crédito contra o mutuário. No desconto, o
descontatário cede crédito e o que recebe é contraprestação da cessão do
crédito. Ali, nasce o crédito; aqui, cede-se. O descontatário responde pelo
que cedeu, isto é, se o terceiro não solver a dívida. O mutuário deve, desde
que recebeu o bem fungível; o descontatário pode vir a dever, se o terceiro
não paga. A subsidiariedade da dívida põe ao vivo a diferença. (O desconto
distingue-se da ordinária cessão de crédito, principalmente pela não inci-
dência do art. 1.074 do Código Civil, que pré-exclui a responsabilidade do
cedente pela solvência do devedor.se não houve cláusula em contrário.)

5 . M Ú T U O E ABERTURA DE CRÉDITO. - O mútuo é, em princípio,


contrato real. No contrato de abertura de crédito, o dinheiro é prestado
já em adimplemento do que se prometeu, e o mesmo ocorre se a abertu-
ra de crédito resultou de declaração unilateral de vontade. O mútuo que
resultaria da abertura de crédito seria negócio jurídico solutório, negócio
jurídico com que se cumpriria a obrigação oriunda da abertura de crédi-
to; mas a prestação que se levanta em virtude da eficácia do contrato de
abertura de crédito não é negócio jurídico solutório (sem razão, ADOLFO
G I A N N U Z Z I , Trattato delle Aperture di credito, 4 2 , e outros). Os levan-
tamentos são atos de exigência do prometido, e não contratos de mú-
tuo. Não é argumento sério contra essa afirmativa poder o outorgado não
exercer a sua pretensão aos levantamentos. Exatamente aí está um dos
elementos diferenciadores do contrato de abertura de crédito. Quando,
no contrato de abertura de crédito, o outorgado retira dinheiro, não está
a tomar emprestado. Não há, em tal ato, negócio jurídico; o que há é
exercício de pretensão, que a eficácia do contrato de abertura de crédito
criara ao outorgado. Quando o outorgado retira parte da quantia, ou toda
a quantia, o outorgante adimple. Há tradição do dinheiro, e não negócio
jurídico, seja de mútuo seja outro qualquer.
Na abertura de crédito, o outorgado adquire direito e pretensão aos
levantamentos, é credor do crédito aberto. No mútuo, se consensual, o ou-
torgado exige que se cumpra a promessa de dar em mútuo. O mútuo supõe
entrega (contrato real), ou promessa de bem fungível (contrato consensu-
al). A abertura de crédito supõe promessa de atender a levantamentos; há
direito a dispor do dinheiro do outorgante, de modo que o dinheiro vai a
mãos de terceiro, ou do próprio outorgado. No mútuo, o dinheiro, mesmo
se prestado ao terceiro, é dinheiro do mutuário. Na abertura de crédito,
há outorga de poder de disposição do dinheiro do outorgante (GIUSEPPE
DONADIO, Gli Accreditamenti bancari, 69), em vez de entrega de dinheiro
que, tornando-se do outorgado, êsse disponha dêle como seu. Na abertura
de crédito, há outorga de poder de disposição sôbre bem de outrem.

6. M Ú T U O E ADIANTAMENTO BANCÁRIO. - A antecipação bancária,


ou, melhor, o adiantamento bancário é o contrato pelo qual, tendo-se dado
em garantia algum bem, o banco põe à disposição do outorgado quantia
que é percentual ao valor do bem dado em garantia, tendo o banco preten-
são a exigir o aumento da garantia, se ela diminui, para que se mantenha
a quantia fixada, proporcionalmente, como máximo de disponibilidade,
e o outorgado a pretensão a pedir parte da garantia, com a diminuição da
quantia posta à disposição. Não se pode reduzir o contrato de adiantamento
bancário a acordo de constituição de penhor, ou de hipoteca, porque, fri-
semos, nos direitos reais de garantia, o perecimento e a deterioração, que
permitem a exigência de reforçamento da garantia, são o perecimento e a
deterioração materiais, ao passo que, no contrato de adiantamento bancá-
rio, basta a perda ou a diminuição do valor por alguma causa econômica
ou político-econômica (valor de mercado), para que o percentual diminua,
automaticamente. No mútuo com direito real de garantia há a pretensão
fundada no art. 762,1, do Código Civil, na abertura de crédito com direito
real de garantia, há aquela pretensão e a pretensão à redução, se a perda ou
deterioração foi por alguma causa econômica ou político-econômica; no
contrato de adiantamento, a insuficiência faz a diminuição, mesmo se a ga-
rantia cobriria a dívida, uma vez que a percentualidade fixada foi atingida.
Se o outorgado quer, pode retirar parte da garantia, se, com isso,
não desrespeita o percentual, ou se previamente o evitou, com restituição
antecipada. No mútuo com direito real de garantia, não se pode proceder
assim (há o princípio da individualidade do penhor, ou da hipoteca, ou
da caução).
No adiantamento bancário, há, de regra, a permissão de restituição
parcial, o que, no mútuo, só existe se houve cláusula nesse sentido.

7. M Ú T U O E CONTRATO ESTIMATÓRIO. - No contrato estimatório, a


propriedade do bem fica ao outorgante, posto que passe ao outorgado o po-
der de disposição. O outorgado dispõe do objeto e presta preço ou restitui
a posse própria. O mutuário tem de restituir o tantundem, porque o objeto
se tornou seu, desde o início, isto é, desde a entrega.

8. CONTRATO FIDUCIÁRIO E MÚTUO. - O pactum fiduciae também é


contrato real, pelo qual alguém recebe a propriedade e tem o dever de res-
tituir. No direito brasileiro, há a propriedade fiduciária, no plano do direito
das coisas. Nem aquêle contrato, que desaparecera do direito romano, nem
a propriedade fiduciária (propriedade sob condição resolutiva, com a volta
ao alienante, ou a outrem), se confundem com o mútuo, nem nunca se
confundiu ( O T T O GEIB, Actio fiduciae undRealvertrag, 9 s.). Aliás, as pre-
tensões e as ações são diferentes (cf. STAS, De contractu fiduciae, 14 s.).

9 . M Ú T U O E NEGÓCIOS JURÍDICOS A PRESTAÇÕES, COM OU SEM INTE-


RESSES. - De ordinário, nos negócios jurídicos a prazo ou a prestações su-
cessivas (Abrahlungsgeseschãfte), o vendedor dá o preço dos bens à vista
e o comprador prefere que os pagamentos sejam em diferentes datas. Se
com isso acorda o vendedor, tem o comprador de atender a que o vende-
dor deixa de receber o quanto total do preço e a que, durante os prazos, as
quantias parciais não podem ser invertidas pelo vendedor, a fim de obter
rendimento em outras operações. Nas épocas de industrialização e cresci-
mento do nível de vida, há interêsse das empresas em que os compradores
sejam também os que somente podem comprar a prazo. Por isso mesmo,
já se prevêem preços à vista e preços a prestações; às vêzes, diferentes pre-
ços conforme o número de prestações. Para a determinação dêsses preços
contam-se os juros desejados, ou os usuais, ou os convencionados que se
somam aos preços, só se mencionando a prestação total, ou se referem em
separado. A diversidade de expressão não altera o negócio jurídico.
Os juros, nos contratos de compra-e-venda, de empreitada e noutros
contratos em que se insere a cláusula de pagamento a prestações, são inte-
resses que atendem a não investibilidade das quantias durante o tempo em
que se espera que nasçam as pretensões. Há o direito às prestações, mas o
têrmo (algumas vêzes a condição) retarda o nascimento da pretensão, da
exigibilidade. O tempo, nos meios sociais em que há procura de fundos,
tem sempre de ser levado em conta, porque o dinheiro, cujo recebimento se
aguarda, raramente pode ser investido e o investimento de créditos se faz
abaixo do valor do crédito.
Juros são os interesses, as usuras do direito romano, donde, posterior-
mente, em sentido pejorativo, "usura", "usurário", "usurar" (cf. Constitui-
ção de 1946, art. 154, onde a palavra se emprega em sentido pejorativo).
Produtos do capital, seja consistente em dinheiro, seja consistente em bem
que não seja dinheiro, os juros entram na classe dos frutos, o que deu ense-
jo à distinção entre "fructus naturales" e "fructus civiles".
Os juros são os rendimentos de um direito, seja crédito ou não. Por
isso mesmo, não só no mútuo, empréstimo de dinheiro ou de outro bem
fungível, se pode estabelecer a fluição de juros; nem todo mútuo é com
juros. Pode-se dar em empréstimo dinheiro, sem que se exijam juros. O
art. 1.262, l. a alínea, do Código Civil supõe que o mútuo, quer de dinheiro
quer de outro bem fungível, possa ser sem cláusula de juros: "É permitido,
mas só por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo de dinheiro ou de
outras coisas fungíveis". Se não se inseriu a cláusula, o mútuo é sem juros.
Nas compras-e-vendas em que o objeto vendido é entregue a com-
prador antes de estar completo o pagamento do preço, que foi dividido em
quotas, ditas em prestações sucessivas, o comprador tem de submeter-se
a exigências que dêem ao vendedor plus que corresponda ao deferimento
das frações do preço. Um dos meios mais em uso para que não sejam o
mesmo o preço à vista e o preço a prazo, ou em pagamentos parciais, é o
cômputo de percentagem, que aí exerce a função de rendimento do preço
(capital), ou da parte do preço, ou das partes do preço, que o vendedor não
recebeu ao entregar o bem vendido ou os bens vendidos. Outro expediente
dos vendedores é a reserva de propriedade, com ou sem estipulação do
aluguer. Nem êsse aluguer, nem os juros que se cobrem porque se dividiu
em prestações sucessivas o preço do bem vendido, ou dos bens vendidos,
introduzem na compra-e-venda a figura jurídica do empréstimo, do mútuo.
Apenas se trata de exigência que equilibra o prejuízo oriundo da dilação
do adimplemento, pois o dinheiro que se receberia agora, empregado, por
exemplo, em bens alugáveis, ou bens que pudessem ser vendidos acima do
preço por que se compraram, só se vai receber mais tarde. Põe-se no lugar
dêle algo, que encha o tempo que se vai perder.
Quem empresta, quem mutua, "dá em préstimo", expressão usada
na linguagem dos séculos passados. Quem vende e entrega, mesmo se
reserva propriedade, não dá em préstimo, porque recebe preço ao entregar,
ou aguarda que se lhe pague o preço. Os juros, êsses, não só se estipulam
no mútuo. São meio para que não se deixe de perceber - por exemplo,
com a venda a prazo - o equivalente ao que provavelmente se perceberia,
durante o tempo em que se aguarda o pagamento, se noutro negócio se
aplicasse o dinheiro.
Se o comprador promete juros, no tocante às quotas que fica a dever,
atende a que o preço do bem vendido a prazo não pode ser o mesmo que
o preço do bem vendido à vista. Se o vendedor não os exige, nas vendas
a prazo, é porque já calculou o preço com os interêsses relativos aos
tempos das prestações, ou fêz abatimento no preço à vista, por alguma
razão eventual.
Se a compra-e-venda seria a prazo, mas o vendedor anuiu ou pre-
feriu que a compra-e-venda fôsse à vista e o comprador subscrevesse e
emitisse letras de câmbio ou notas promissórias, provavelmente nessas
letras de câmbio ou notas promissórias a quantia já abrange os interês-
ses, uma vez que não se admite a cláusula de juros em títulos cambiá-
rios. Aí, há compra-e-venda e empréstimo, no sentido lato (cf. W O L F G A N G
H I L D E B R A N D T , Schlegelberger Handelsgesetzbuch, III, 3.a ed., 1678).
Não há, porém, dois negócios jurídicos se a compra-e-venda foi a prazo.
Pode acontecer que outrem financie o crédito, e então, conforme disse,
precisamente, W O L F G A N G H I L D E B R A N D T , O negócio jurídico de emprés-
timo de modo nenhum se liga ao negócio jurídico de compra-e-venda,
nem os princípios concernentes à compra-e-venda a prestações se apli-
cam ao empréstimo.
Os juros nos negócios jurídicos a prestações sucessivas (Abzahlungs-
geschãfte) são apenas elementos da formação do preço (Preisbildung).
Costuma-se calcular o interêsse e somá-lo ao que se teria de pagar,
se simultâneo à tradição fôsse o pagamento. Aí, os juros não aparecem;
foram computados, e a prestação a ser paga já os contém, invisivelmente.
Tal o que, devido à proibição da cláusula de juros nos títulos cambiários,
se passa, regularmente, com as letras de câmbio e as notas promissórias.
Nada obsta, porém, a que se deixe explícita a operação contabilística.
Em vez de se falar de (p + x %), claramente se refere p + x%. As presta-
ções em que se incluem os interesses são. prestações mais juros, emprega-
dos os parênteses.
O negócio jurídico de financiamento com entidade que contratou ou
vai contratar com outra, mesmo se se prevê fiscalização ou velamento por
parte da emprêsa financiadora, não apanha o terceiro com quem a emprêsa
financiada contrata. Por outro lado, a função dos bancos, no tocante aos
pagamentos, nada tem, negocialmente, com a pessoa física ou jurídica,
que há de receber, nem a função do banco que de outro banco recebe
encargo de pagar a dívida de alguém o põe em relação jurídica com o
remetente da quantia.
O assunto é de grande relevância técnica. Por exemplo: diz-se no art.
33 da Constituição de 1946 que é defeso aos Estados-membros e aos Mu-
nicípios contrair empréstimos externos sem prévia autorização do Senado
Federal. Empréstimo, no art. 33 da Constituição de 1946, está no sentido
de mútuo. Não se inclui no conceito a compra-e-venda a prestações como
não se incluiria a locação, inclusive o fretamento. Seria absurdo que se
proibisse a entidades estatais, paraestatais ou autárquicas contratar com-
pra-e-venda no estrangeiro, a prazo ou com pagamentos sucessivos, ou
contratar fornecimentos, a prazo, ou com pagamentos sucessivos.
Se o comprador e o vendedor estabelecem que a compra-e-venda é à
vista e o comprador subscreve e emite título de crédito, mesmo sem juros,
trata-se de título ou a que corresponde negócio jurídico unilateral, ou que
diz respeito a negócio jurídico bilateral. De qualquer modo, há dois ne-
gócios jurídicos: o contrato de compra-e-venda que, feito o pagamento à
vista, não mais gera dívida por parte do comprador; e o negócio jurídico
unilateral (título ao portador, letra de câmbio, nota promissória, duplicata
mercantil, ou outro título cambiariforme), ou o negócio jurídico bilateral
de empréstimo. Se o contrato de compra-e-venda foi a prestações, os pa-
gamentos são sucessivos.
Se a compra-e-venda se concluísse com a cláusula do pagamento
parcial à vista e do pagamento parcial ou pagamentos parciais a prazo,
dizendo-se como se há de fazer a prestação ou se hão de fazer as prestações
futuras, só existe um negócio jurídico, que é o da compra-e-venda.

10. M Ú T U O E DEPÓSITO IRREGULAR. - No depósito irregular falta a


função creditícia da relação jurídica, mesmo da parte do depositário. Não
há o fim do emprêgo do dinheiro ou de outro bem fungível, nem o inte-
resse do depositário passa à frente do interêsse do depositante. No próprio
depósito para poupança, a prazo, mais se tem o propósito de conservar do
que dar em mútuo.
A explicação que tenta mostrar no depósito irregular negócio jurí-
dico de título, que substitua o dinheiro ou outro bem fungível, há de ser
repelida. Quando se retira título, mediante depósito irregular, ou se dá ao
depositário o encargo de pagar a quem se legitime com a apresentação do
título, provavelmente mediante endosso, ou se trata apenas do instrumento
do contrato de depósito irregular.
O prazo longo de pré-aviso pode transformar o que se consideraria
contrato de depósito irregular em contrato de mútuo, mas, ainda em tais
circunstâncias, pode caracterizar-se o depósito. No depósito irregular em
conta corrente, a função custodiante do banco não se apaga. Volveremos ao
assunto ao tratarmos do depósito.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.589. A- Legislação

A remissão do depósito de coisas fungíveis às regras que disciplinam o mútuo


atualmente é feita pelo disposto no art. 645 do CC/2002, com mesma redação do
art. 1.280 do CC/1916, revogado.
No tocante à disciplina constitucional dos juros, a Constituição Federal de
1988 estipulou em seu art. 192, § 3.°, a limitação de taxa de juro real em 12% ao
ano. Esta disposição, contudo, não foi considerada autoaplicável, dependendo,
portanto de regulamentação, pelo STF ao decidir a ADIn 4 (STF, ADIn 4/DF, Pleno,
j. 07.03.1991, rei. Min. Sydney Sanches, DJ25.06.1993). Até que a EC 40/2003,
revogou a norma em questão.
A distinção mencionada por Pontes de Miranda entre a cessão de crédito e
o contrato de desconto, fundada no art. 1.074 do CC/1916, que pré-exclui a res-
ponsabilidade do cedente pela solvência do devedor se não houve cláusula em
contrário, mantém-se atual no direito vigente, segundo o art. 296 do CC/2002.
Da mesma forma, a cobrança de juros, que se admitia apenas em vista de
cláusula expressa em contrato, conforme art. 1.262 do CC/1916, atualmente sub-
mete-se à regra que admite a presunção de juros quando se trate de mútuo cele-
brado para fins econômicos, em acordo com o disposto no art. 591 do CC/2002.
Ainda, ao examinar a distinção entre o mútuo e o contrato de abertura de
j crédito, Pontes de Miranda observa que enquanto na abertura de crédito se pode
| reduzir a quantia tornada disponível ao devedor, no direito vigente, há possi-
bilidade do mutuante, nos termos do o art. 590 do CC/2002, exigir garantia de
pagamento, se antes da restituição o mutuário sofrer notória mudança em sua
situação econômica.
§ 4.589. B - Doutrina j
A noção de juros como frutos civis acessórios ao capital principal está assen-
* te na doutrina (AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a juris-
prudência do Superior Tribunal de Justiça. Brasília: Conselho da Justiça Federal,
2003. Série de Pesquisas do CEJ, vol. 11, p. 8-9).
No caso do depósito de dinheiro que se liga aos contratos bancários em ge-
ral, mantém-se a doutrina classificando-o como depósito irregular, reconhecendo,
contudo, quando se trate de depósito de poupança ou quaisquer outros depósi-
tos para fins de investimento a dívida de juros da instituição financeira depositá- j
ria, que neste particular equipara-se ao mutuário do contrato de mútuo para fins
econômicos. Indica a doutrina, contudo, distinção no sentido de que enquanto o
mútuo seria feito no interesse do mutuário o depósito irregular se dá no interesse
| do depositante (LOPEZ, Teresa Ancona. Op. cit., p. 412). Na doutrina de direito ban-
Í cário, contudo, há dissenso (BARRETO, Lauro Muniz. Direito bancário. São Paulo:
| Leud, 1975. p. 174). No direito do consumidor, identificou-se, especialmente no
I depósito de poupança, a existência de remuneração indireta pelo depositante, em
vista do proveito econômico do depositário (instituição financeira), o que acabou
sendo afirmado pela jurisprudência. !
No tocante às distinções entre a abertura de crédito e o mútuo, a interpretação j
i de Pontes de Miranda, segundo a qual o levantamento do crédito disponível, a j
í tradição do dinheiro é execução do próprio contrato e não negócio jurídico novo, j
j de mútuo, é seguida pela doutrina (COVELLO, Sérgio. Contratos bancários. 3. ed.
' São Paulo: Leud, 1999. p. 187).
I

s § 4.589. C- Jurisprudência

| O entendimento jurisprudencial é de que não há limite a príorí dos juros do


; mútuo e demais contratos bancários, não se aplicando o art. 591 do CC/2002
(STJ, REsp 1061530/RS, 2.a Seção, j. 22.10.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe
10.03.2009). No caso do depósito de poupança, reconhece-se sua remuneração
indireta frente ao custo de oportunidade pelo depositário, dando causa à aplica-
ção do Código de Defesa do Consumidor (REsp 160.949/SP, 3.aT., j. 19.03.2001,
rei. p/ acórdão Min. Paulo Costa Leite, DJ 22.04.2002).
Não faz a jurisprudência, contudo, com absoluta precisão a distinção indica-
da por Pontes de Miranda, entre as figuras da abertura de crédito e do mútuo,
especialmente por considerar a finalidade comum em concreto, afastando-se da
distinção mencionada (STJ, AgRg no REsp 1199347/SP, 4.aT., j. 07.12.2010, rei.
Min. Aldir Passarinho Júnior, DJe 14.12.2010).
Da mesma forma, corrobora a jurisprudência, o entendimento de Pontes de
Miranda, segundo o qual a aplicação das regras do mútuo ao depósito bancário,
como depósito irregular, não o desnatura como tal (STJ, REsp 501.401/MG, j. !
14.04.2004, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito).
§ 4.590. PROMESSA DE MÚTUO (PRÉ-CONTRATO DE MÚTUO)

1. CONCEITO. - A promessa de mútuo {pactum. de mutuo dando) é


contrato unilateral, ou bilateral, conforme só há um promitente ou se há
dois (um promete emprestar; e o outro, aceitar). Por vêzes, a promessa de
mútuo se insere em contrato, sendo apenas uma das promessas em contrato
bilateral, ou sendo contraprestação.
No direito brasileiro, a declaração unilateral de vontade pode ser de
dar mútuo, de mutuo dando, ou de receber mútuo, de mutuo accipiendo (=
de ser mutuante ou de ser mutuário). Também é permitida e assaz empre-
gada a promessa bilateral, que contém a declaração de dar mútuo e a de
receber mútuo (pactum de mutuo dando et accipiendo). Se no pré-contrato
já se fala de juros, estabeleceu-se a bilateralidade do contrato.
A expressão "pactum de mutuo dando", como as outras "pactum de
contrahendo", "pactum de commodando", "pactum de deponendo", em-
pregadas no direito comum, são estranhas ao direito romano (cf. LUDWIG
FOURMANN, Das pactum de mutuo dando, 9 ; GEORG DEITER, Der Verpflich-
tungsvertrag [pactum de contrahendo] im BGB., 3). Os pressupostos de
forma são os de qualquer contrato não sujeito a forma especial (WILHELM
SCHMITZ, Über den Vorvertrag bei den Konsensualkontrakten, 3 0 1 ) . salvo
se lex specialis se refere ao pacto de mutuo dando.
A prescrição da ação oriunda do pré-contrato de mútuo e a ordinária,
tal como acontecia no direito comum (cf. P A U L GOTTSCHALK, Beitrage zur
Lehre vom Vorvertrag, 18).
Uma corrente da doutrina considera que o mútuo já se caracterizou, e
não só o pré-contrato (GUSTAV BOEHMER, Realvertrag im heurigen Recht,
Archivfiir Biirgerliches Recht, 38, 314; H A N S REICHEL, Kosten und Ge-
fáhrtragung beim Lèihvertrag, Leipziger Zeitschrift, 16, 543; JOSEF ESSER,
Lehrbuch des Schuldrechts, 275; P H . H E C K , Grundriss des Schuldrechts,
247 s.; H . SIBER, Schuldrecht, 312; KARL LARENZ, Lehrbuch des Schuld-
rechts, D, 148 e 151).
Da revogabilidade da promessa de mútuo já se tratou no Tomo XXV,
§ 3.076,3.
O art. 1 . 0 9 2 , 2. A alínea, do Código Civil não incide em se tratando
de simples promessa de dar em mútuo, porque o contrato não é bilateral
( G . PLANCK, Kommentar, I I , 5 4 9 ; P. OÉRTMANN, Das Recht der Schuld-
verhãltnisse, 663; sem razão, R. STAMMLER, Recht der Schuldverhãlt-
nisse, 94).
Argumenta-se contra o contrato consensual de mútuo que em verdade
se trataria de pré-contrato de mútuo. Mas é falsa a afirmação. Primeira-
mente, não há qualquer óbice a que se conclua pré-contrato de contrato
real. Depois, pode haver pré-contrato de contrato real e pré-contrato de
contrato consensual.

2. OFERTAS DE MÚTUO E OFERTAS DE PROMESSA DE M Ú T U O . - As


ofertas de empréstimos podem ser feitas pelos outorgantes ou pelos outor-
gados. Enquanto a "oferta" não é recebida pelo destinatário não começa a
sua eficácia vinculativa e essa é retirada se a nova declaração de vontade
chega antes da oferta. Enquanto os órgãos da pessoa jurídica, ou os em-
pregados da pessoa física procedem à correção, ou à revisão, do que se
vai oferecer, há apenas punctações, que não vinculam, e é possível que,
durante elas, haja exame e discussão pelos dois ou mais futuros figurantes
do negócio jurídico.
O direito brasileiro sempre teve pré-contratos (Vorvertrãge). Apenas,
aqui como alhures, faltava o nome, que não poderia ser, em boa termino-
logia, o de contratos preliminares, pois nem sempre a preliminariedade de
um contrato o faz pré-contrato.

3. VINCULAÇÃO E PRÉ-CONTRATO. - Sempre que se conclui algum ne-


gócio jurídico, unilateral ou bilateral, que somente se refira à conclusão
futura de um contrato, sem condicionalidade, vige o princípio da acio-
nabilidade de todos os acordos vinculantes, e assim muito perdeu de im-
portância prática a diferença entre contratos reais e contratos (somente)
consensuais, pôsto que não haja desaparecido (sem razão, K A R L L A R E N Z ,
Lehrbuch des Schuldrechts, II, 46).
Hoje, é dispensável a alusão explícita a ter-se feito pré-contrato. Des-
de que se fêz contrato que seria real, sem ter havido a entrega da coisa,
o que se há de entender é que houve pré-contrato (e. g., quanto ao como-
dato, quanto ao mútuo). Todavia, pode haver elementos de interpretação,
inclusive circunstanciais, que façam considerar-se existente, in casu, con-
trato consensual de mútuo. Na dívida, o que se há de assentar é tratar-se
de pré-contrato.
Se há mútuo, seja de dinheiro, seja de outro bem fungível, ao que
sai do patrimônio do mutuante se substitui a pretensão à restituição. A
entrega somente se dá se o outorgado passa a ter a disposição do que re-
cebeu. A propriedade, que está num patrimônio, vai ao outro patrimônio.
Se há juros, o mútuo é oneroso. A transferência do capital é a prestação do
prestamista. O "mútuo", a que falta a entrega, ou é pré-contrato de mutuo
dando e accipiendo, ou ainda lhe falta elemento essencial, compondo-se
a figura do contrato consensual, que alguns juristas vêem como a figura
mais freqüente, em vez de pré-contrato. A vida e, com ela, a doutrina têm
mostrado que só se exige o elemento real como pressuposto da figura
típica do mútuo, e que, de regra, nos negócios jurídicos de alto vulto,
dependentes de garantias, ou de escritura pública, está sempre precedida
de pré-contrato.
O pré-contrato de mútuo é inconfundível com a abertura de crédito.
Na abertura de crédito há a atribuição do poder de dispor, atual, do que se
credita ao outorgado. No pré-contrato de mútuo, só se promete contratar
mútuo: disponibilidade o outorgado terá quando o outorgante concluir
o contrato de mútuo que foi prometido. Entre as duas figuras fica a do
contrato consensual de mútuo, em que o mutuante se vinculou a entregar
o bem a que o contrato se refere e só após a entrega tem o mutuário a
disponibilidade.
O pré-contrato de mútuo não tem de indicar a soma precisa, ou a
quantidade de bens não pecuniários, que há de ser objeto do contrato de
mútuo que se promete. Basta que se diga qual o máximo, ou por outro
modo se faça determinável o que^se há de dar em mútuo; e. g., o necessá-
rio para se terminarem as obras da ponte, ou do edifício da fábrica, ou o
percentual do orçamento que fôr feito. Também é de admitir-se a fixação
do mínimo

4 . DETERMINAÇÃO DO QUANTO MUTUANDO. - A promessa de mútuo


tem de conter determinação do que se há de mutuar. No pré-contrato, que
é o pactum de mutuo dando, não se precisa dizer expressamente qual é o
montante. Basta a determinabilidade do quanto exato; ou do máximo, con-
forme as circunstâncias objetivas ou o fim a que se destinam a quantidade
e a qualidade mutuandas. Os arts. 947 e 875 são invocáveis.

5 . CRÉDITO, PRETENSÕES E AÇÕES. - Do negócio jurídico bilateral de


promessa de mútuo irradiam-se o crédito (= direito a que se preste o ne-
gócio jurídico de mútuo), pretensões e ações. O promissário pode pedir o
adimplemento (assinatura do negócio jurídico de mútuo, sem a prestação,
porque o mútuo é contrato real), ou, com base no art. 879,2. a parte, do Có-
digo Civil, indenização. A dívida é de fazer, porque é de declarar, e de dar,
porque é de prestar o objeto do mútuo (o mútuo é contrato real), mas o que
prepondera é o elemento negotium. Todavia, pode dar-se a invocabilidade
dos arts. 875-877 do Código Civil.
Entende L . MONTESANO (I Provvedimenti d'urgenza nel processo ci-
vile, 114 s.) que não se pode invocar o Código de Processo Civil, art. 1.006
(= Código Civil italiano, art. 2.932), em se tratando de contrato preliminar
unilateral (pré-contrato e negócio jurídico); mas tal opinião é insustentá-
vel, uma vez que a obrigação, que se tem de adimplir, é a mesma, quer
unilateral quer bilateral o negócio jurídico de pré-contrato. No direito bra-
sileiro, o § 1° do art. 1.006 do Código de Processo Civil bem mostra que
o pré-contrato bilateral é apenas uma das espécies. Por outro lado, quem
promete unilateralmente declaração de vontade também está sujeito à ação
do art. 1.006.
Em princípio, o crédito oriundo da promessa de mútuo é impenhorável,
mas, se há penhora, o que se constringe é o valor: o credor continua credor
e com êle é que se conclui o contrato de mútuo, se nãõ houve revogação.

6. COMPENSAÇÃO E DIREITO DE RETENÇÃO. - Contra a pretensão oriun-


da do pré-contrato de mútuo não cabe alegação de compensação, nem de
direito de retenção. Mas pode ser oposta a exceção de direito de retenção
que nela se funde, bem assim a alegação de compensação (P. O E R T M A N N ,
Das Recht der Schuldverhãltnisse, 661; F . REGELSBERGER, Nachscrift, Jhe-
rings Jahrbücher, 52, 416; sem razão, E. LÜBBERT, Der Kreditvertrag, 52,
377), se a promessa de mútuo satisfaz os pressupostos do Código Civil, art.
1.010, ou do Código Comercial, art. 439.

7. INCEDIBILIDADE DO CRÉDITO E DA PRETENSÃO. - Em princípio, a


pretensão é incedível, porque a pessoa do outorgado é elemento essencial.
Todavia, a cessão apenas é relativamente ineficaz: o que se presta ao ces-
sionário entende-se prestado ao cedente, pois o contrato de mútuo se con-
clui com esse, e não com aquele, devido à ineficácia relativa da cessão. Se
os pré-contraentes previram a cessão, designando a pessoa ou as pessoas a
quem podia ser cedido o crédito, não há obstáculo à eficácia total da ces-
são. A autorização para exigir o negócio jurídico de mútuo não é cessão,
ainda mesmo cessão de eficácia relativa.
Se o pré-contrato de mútuo é para obras, instalações ou serviços, a
cessão é de eficácia relativa, salvo se o incorporador é que assume, confor-
me o pré-contrato, a dívida para a futura hipoteca global.
8. LUGAR DO ADIMPLEMENTO. - O lugar do adimplemento do crédito
decorrente do pactum de mutuo dando é o domicílio do devedor, e não o do
credor (dívida de ir buscar); de jeito que, se o promissário pede a remessa,
lhe tocam gastos e riscos (J. KOHLER, Über das Konsensualdarlehn, Archiv
für Biirgerliches Recht, II, 238; F. REGELSBERGER, Nachschrift, Jherings
Jahrbücher, 52, 415; G. PLANCK, Kommentar, II, 158; sem razão, FR. L E -
ONHARD, Erfíilhingsnrt und Schuldort, 59).

9. EXTINÇÃO DA DÍVIDA ORIUNDA DO PRÉ-CONTRATO DE MÚTUO. -


A dívida de contratar mútuo extingue-se como as outras dívidas. Tem-
-se, porém, de levar em conta a mudança in peius da situação econômica
do outorgado. Se, por exemplo, com a abertura do concurso de credores
do outorgado, o crédito que nascesse do prometido contrato de mútuo se
venceria (Código Civil, art. 954, I), seria profunda contradição que tal
emergência concursal não determinasse a extinção do direito ao contrato
de mútuo. A vontade do promitente-mutuante era a de prestar e receber
mais tarde, porém as circunstâncias pessoais, do promissário-mutuário
mostram que, se prestar, perde ou provavelmente perde. Viu isso H.
D E R N B U R G (Pandekten, I I , 7. A ed., 2 3 2 ) . Se foi prometido o contrato de
mútuo ao construtor do edifício, ou a quem comprou as terras para ex-
ploração de indústria, com destinação de financiamento, e o outorgado
mudou de profissão, ou vendeu as terras, não há mais a intangibilidade da
relação jurídica pré-contratual.
Em princípio, quem promete contrato de mútuo, pode denunciar a
promessa se a situação patrimonial do outro contraente se empiorou gra-
vemente, de modo que se torne difícil a restituição. A regra jurídica, que,
no direito brasileiro, é não-escrita (aliter, no Código Civil alemão, § 610),
tem-se de considerar ius dispositivum, e não ius interpretativum, como. o
§ 610 do Código Civil alemão. O art. 1.092, 2. a alínea, do Código Civil,
como o § 3 2 1 d o Código Civil alemão, e ius dispositivum (cf. EDUARD
KREHBIEL, Der Vorvertrag, 33).

Tudo isso pode ocorrer mesmo se, sendo dois ou mais os pré-contratos
de mútuo, algum foi exeqüido, ignorando o outorgante a verdadeira situa-
ção econômica do outorgado.
Não há a extinção automática. Tem de ser feita a denúncia cheia, isto
é, a denúncia com a fundamentação.
A denúncia do pré-contrato de mútuo é afastável pelo oferecimento
de garantia suficiente.
P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

§ 4.590. A- Legislação
A oferta de mútuo disciplina-se pelas regras da oferta do Código Civil de 2002
(arts. 427 et seq) e igualmente, quando se trate de relação de consumo, pelas i
regras do Código de Defesa do Consumidor. Este estabelece em relação à oferta,
que qualquer informação suficientemente precisa vincula o fornecedor que a fizer
veicular (art. 30 do CDC), importando, inclusive execução específica (art. 35 do
CDC). No caso da oferta de crédito, o fornecedor do crédito deve cumprir com
deveres específicos de informação (art. 52 do CDC). ;
O art. 875 do CC/1916, citado, corresponde hoje, ao art. 244 do CC/2002. Já o
art. 947 do CC/1916, que permitia pagamento em moeda corrente do lugar do cum-
primento da obrigação não é reproduzido na legislação vigente, sendo referido pelo
art. 315 do CC/2002, apenas que o pagamento deve se dar em moeda corrente.
A alteração das condições econômicas do promissário do mútuo como causa
de extinção da dívida (dever de contratar) do promitente, como a abertura do con-
curso de credores ou insuficiência ou extinção da garantia c.onstam do art. 333 do
CC/2002. Já a exceção de inseguridade prevista no art. 1.092 do CC/1916, hoje é
prevista no art. 477 do CC/2002.
Os arts. 462 a 466 do CC/2002 disciplinam o contrato preliminar.

§ 4.590. B- Doutrina
A doutrina atualmente, sob o influxo do princípio da boa-fé e da proteção à
confiança despertada pela informação e a publicidade, confere eficácia jurídica
vinculativa à conduta daquele que promete contratar, limitando-se a revogabili-
dade da promessa. É o que ocorre na promessa de mútuo, em que as restrições
à oferta deverão ser informadas do mesmo modo e com o mesmo destaque do
conteúdo da informação dirigida à celebração do negócio.
No que se refere à possibilidade de se extinguir o dever de contratar por dúvi-
da sobre o cumprimento, orienta-se a doutrina no sentido de que a força obriga-
tória do contrato não pode ser atenuada pela ausência de diligência de uma das
partes em verificar a situação patrimonial da outra, de modo a exigir-se que o fato
que suscita a dúvida seja novo (AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Comentários ao
novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol. VI, t. II, p. 835).

§ 4.590. C- Jurisprudência

O dever de informar da oferta de mútuo é assentado na jurisprudência, inclu-


sive para efeito de admitir revisão do contrato (TJRJ, ApCiv 16.654/99,'2? Câm., j
j. 02.12.1999, rei. Des. Sérgio Cavalieri Filho). Da mesma forma, as informações j
prestadas vinculam a instituição financeira e limitam a revogabilidade (TAMG, Ap í
314.642-3, 3.a Câm., j. 11.10.2000, rei. Edilson Fernandes, F?7"793/409). j
CAPÍTULO II
PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E
OBJETIVOS DO CONTRATO DE MÚTUO

§ 4.591. CAPACIDADE PARA DAR EM MÚTUO,


PARA PROMETER MÚTUO E PARA RECEBER EM MÚTUO

1. PODER DE DISPOR E CAPACIDADE. - A disposição é inclusa no con-


trato real de mútuo, ou é posterior, no contrato consensual de mútuo, ou,
ainda mais, no pré-contrato de mútuo. De qualquer maneira, somente pode
ser mutuante, em qualquer das três figuras contratuais, quem tem capa-
cidade, no tocante à disposição. Se real o contrato de mútuo, há de ser
proprietário e de ter poder de dispor quem se vincula como mutuante. O
mutuário assume dívida, de modo quetambém há de ser capaz.
No tocante ao contrato consensual de mútuo e ao pré-contrato de
mútuo, não é preciso que seja proprietário, no momento da conclusão do
contrato, porque o ser proprietário ou ter poder para transferir o direito
de propriedade é requisito necessário do acordo de transmissão. Nas duas
figuras consensuais, pode-se negociar o bem alheio, ou o bem futuro.
Se o mutuante entregou bem fungível que não era seu, há a pretensão
do mutuário à prestação, sem que se precise pensar em transformação do
contrato real em contrato consensual, absurdo ventilado por alguns juris-
tas. Se o contrato foi consensual, com a entrega o mutuante adimpliu de-
feituosamente e adimplemento assim é inadimplemento.

2. RELATIVAMENTE INCAPAZES. - A pessoa relativamente incapaz,


para contrair mútuo, precisa da assistência do pai, tutor ou curador. A res-
peito, lê-se no art. 1.259 do Código Civil: "O mútuo feito a pessoa menor,
sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavi-
do nem mutuário, nem de seus fiadores e abonadores (art. 1.502)". A re»ra
jurídica só alude a menor. Há outras pessoas relativamente incapazes, a
respeito de cujos negócios jurídicos há a sanção da anulabilidade. Anulado
o contrato de mútuo, art. 157 do Código Civil, e não o art. 1.259, que se há
de invocar. O mutuante somente pode exigir de volta o que provar ter rever-
tido em proveito do incapaz. Se, por exemplo, o interdito por prodigalidade
tomou empréstimo de dinheiro e com êsse dinheiro, ou parte dele, evitou
que desmoronasse a ponte, ou que ficasse sem curativo urgente, o mutuante
tem a ação para haver o que foi ütilmente invertido.
O contrato de mútuo pode ser nulo, ou anulável, nos mesmos casos
em que são nulos, ou anuláveis os outros contratos.

3 . PODÊRES PARA CONTRATAR M Ú T U O OU PARA PRÉ-CONTRATAR MÚ-


TUO. - Os podêres para dar ou tomar em mútuo dinheiro ou outro bem
fungível hão de ser especiais. Na outorga de podêres gerais não se com-
preende o de se fazer mutuário, nem mutuante. Todavia, devemos entender
que pode contrair mútuo o comandante, capitão ou mestre da embarcação,
em falta de fundos, durante a viagem, se não está presente algum dos pro-
prietários, seus mandatários ou consignatários, ou algum interessado na
carga, ou, se presente qualquer deles, ou se presentes quaisquer dêles, não
providenciarem (Código Comercial, art. 515). Outrossim, com os mesmos
pressupostos, qualquer condutor de automóvel, ou outro veículo. A mudan-
ça na circulação por terra, com a sua intensidade crescente, impõe que se
leia a regra jurídica do art. 515 do Código Comercial como abrangente de
todos os casos que a providência imediata se imponha.

4. SANÇÃO. - Os titulares do pátrio poder somente podem contrair


mútuo como representantes ou assistentes dos filhos se há necessidade e
evidente utilidade do representado e assistentes, mediante prévia autori-
zação judicial (Código Civil, art. 386). Não importa se o mútuo é oneroso
ou gratuito.
Os tutores e curadores (Código Civil, art. 453) também precisam da
autorização do juiz, porque não se justificaria que tivessem mais podêres
do que os titulares do pátrio poder.
As pessoas jurídicas podem contrair mútuo, qualquer que seja a sua
atividade, civil, industrial ou comercial. Todavia, os estatutos podem pre-
ver restrições aos poderes dos órgãos e dos representantes das pessoas
jurídicas. Por outro lado, as leis podem discriminar, conforme a atividade
creditícia profissional, as espécies de operações de mútuo que as pessoas
jurídicas, principalmente os bancos, podem fazer. Há pessoas jurídicas
criadas, ex lege, para alguns negócios jurídicos de mútuo; ou que tiveram
autorização para concluí-los, como atividade profissional única, ou como
uma das suas atividades.
A restrição por ato administrativo ou a limitação por lei pode ser re-
lativa à natureza dos bens que servem de garantia às operações creditícias
(e. g., bancos de crédito real, bancos de crédito imobiliário, crédito agrário,
crédito pecuário, casas de penhores de jóias, casas de penhores de animais,
crédito cinematográfico).
Cumpre observar-se que há regras jurídicas que vedam aos direto-
res de sociedades por ações tomar empréstimos à sociedade sem prévia
autorização da assembléia geral (Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro
de 1940, art. 119, parágrafo único), inclusive em se tratando de bancos
(Decreto n. 9.346, de 10 de junho de 1946, art. 12, d,'que cogita da própria
suspensão das atividades do estabelecimento). Tais regras jurídicas não são
modificáveis pelos estatutos. É de discutir-se se essas vedações importam
a) nulidade, ou apenas b) punibilidade criminal e responsabilidade civil
pelo ato ilícito. A favor de a), há o argumento de a regra jurídica do art.
120, parágrafo único, do Decreto-lei n. 2.627 não se haver referido ao art.
119, subordinando, ássim, a infração à sanção de nulidade. Ainda a favor
de a), é de alegar-se que se fêz ilícito o objeto (Código Civil, art. 145,1,
l. a parte). A favor de b), sustenta-se que apenas se impôs o não-praticar-se
o ato jurídico, de modo que o contrato de mútuo vale e o que resulta é res-
ponsabilidade civil e penal ( M I C H E L E FRAGALI, Del Mutuo, Commentario
de A. SCIALOJA e G . BRANCA, 278). No direito brasileiro, a solução a) é a
consentânea com a letra da lei.
(Os assuntos da subscrição de debêntures, notas promissórias, letras
de câmbio e outros títulos de crédito são estranhas a este Título, por que
não se trataria de contratos, mas sim negócios jurídicos unilaterais, razão
por que dêles já cogitamos ou vamos cogitar nos lugares próprios.)
Se a ilegitimação, ativa ou passiva, para o mútuo é absoluta, há a
nulidade do contrato. Quando se trate de incapacidade relativa, há anulabi-
lidade. Quanto às formalidades e "solenidades" exigidas, por lei, cumpre
frisar-se que, no direito brasileiro, a falta produz nulidade (Código Civil,
art. 145, m e IV), e não anulabilidade. A conclusão do contrato de mútuo
para o qual seria de exigir-se autorização ou parecer de alguém, ou de
algum corpo, é atingida, se não foi satisfeito o pressuposto, com a sanção
de nulidade, desde que a espécie seja regida pelo art. 145, III, ou pelo
art. 145, IV, do Código Civil. O argumento de se estar diante, apenas, de
pressuposto de exercício não tem acolhida no sistema jurídico brasileiro
posto que a possa ter alhures (cp. PAOLO RAVÀ, La Convalida degli Atti
amministrativi, 180 e 184).
Se no mútuo tem interesse oposto ao da sociedade por ações o diretor,
ou quem haja de tomar parte na deliberação (Decreto-lei n. 2.627, de 26 de
setembro de 1940, art. 120), não há invalidade. Há somente a responsabi-
lidade civil e a eventual responsabilidade penal.
Sempre que as leis ou os estatutos enumeram os casos de aplicação de
dinheiros sem se referir ao mútuo, tem-se de entender que a exorbitância
não implica nulidade, mas apenas a responsabilidade civil e a penal. Se a
regra jurídica ou estatutária só se refere à boa ordem da administração, os
negócios jurídicos não são atingidos, salvo se cabe a ação de anulabilidade
por dolo. Ocorre o mesmo se a regra jurídica ou estatutária apenas restrin-
ge o importe das operações de mútuo, ou regula a correspondência entre o
que se empresta e o valor da garantia, ou das garantias, ou exige que haja
necessidade da operação.

5. M Ú T U O A PESSOA MENOR. - Diz o Código Civil, no art. 1.259: "O


mútuo feito à pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guar-
da estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores,
ou abonadores". A regra jurídica veio-nos do D., de senatus consulto Ma-
cedoniano, 14, 6 (ULPIANO), senatusconsulto do império de Vespasiano. O
pretor dera contra a ação do mutuante a exceptio senatus consulti Macedo-
niani, assim chamado por ser a propósito de certo menor Macedo. Não se
trata de pré-exclusão completa do vínculo: a obligatio naturalis persistia e
persiste. Ao tempo em que havia maiores incapazes, sem serem interditos,
o senatusconsulto também a eles concernia. Só se referia ao mútuo de di-
nheiro. A sanção era a irrepetibilidade, se oposta a exceção, pelo mutuário,
pelo titular do pátrio poder ou da tutela, ou pelo fiador. Ainda depois de
cessar a menoridade (L. 1, pr., D., de senatus consulto Macedoniano, 14,
6) e ainda provado o enriquecimento (L. 9, § 2). A exceção perdia-se: pela
renúncia do menor, depois de se tornar maior (não bastaria o reconheci-
mento da dívida, porque se entenderia reconhecimento da obligatio natu-
ralis, certo, quase contra todos, H . J . H . DUECKERS, De Senatusconsulto
Macedoniano, 122 s.; sem razão, G. DIETZEL, Das Senatus consultam Ma-
cedonianum, 132). A renúncia, durante a menoridade, não é vinculativa.
O art. 1.259 do Código Civil não é regra de nulidade, nem de anula-
bilidade. É regra jurídica no plano da eficácia. Refere-se a qualquer mú-
tuo. Pode ter havido empréstimo nulo, ou empréstimo anulável, ou, até,
empréstimo válido (espécie do art. 155), mas a regra jurídica do art. 1.259
pré-exclui a ação contra o mutuário, os íiadores e abonadores. É assaz im-
portante saber-se que o art. 1.259 incide ainda que haja incidido o art. 155.
A r e g r a jurídica do art. 155 é regra jurídica de validade. Aliás, o art. 1.502,
a que o art. 1.259 remete, dá, de nôvo, ao fiador a exceptio, ainda que o
incapaz não argua a nulidade ou anulabilidade.
A exceptio do art. 1.259 acaba se o menor, tornado capaz, renuncia a
ela; então, cessa, em conseqüência, a exceptio do fiador ou do abonador.
Se o que tem o pátrio poder, tutela, ou curatela, posteriormente con-
sente, ou assente (L. 7, § 15, e L 16, D., de senatus consulto Macedonia-
no, 14, 6), a exceptio desaparece. Se o que devia consentir ou assentir se
locupletou com o mútuo ao menor (sôbre a in rem patris versio, L. 7, §§
12-14, e L. 17), há a ação de enriquecimento injustificado contra o que
não consentiu ou assentiu; se consente, ou assente depois, extinguindo-se
a exceção do menor, a ação de enriquecimento injustificado nasce a êsse.
Nas Ordenações Filipinas (Livro IV, Título 50, § 2), recebeu-se a regra
do senatusconsulto Macedoniano quanto ao mutuário, aos pais e aos íiado-
res. Negou-se a ação ao credor (ne... actiopetitioque daretur) e deu-se con-
tra o que emprestou ao filho-família exceção ao pagamento. Fraudava-se,
não raro, a regra jurídica com a venda a crédito, ou contrato semelhante,
revendendo o filho-família, ou passando a outrem, as coisas adquiridas, ou
alugadas, ou por outro modo havidas. U L P I A N O (L. 3, § 3, D., de senatus
consulto Macedoniano, 14, 6) observou que a exceção só existia quanto ao
mútuo, mas admitiu que, em caso de fraude à lei, coubesse a sanção, que é
a da excepcionabilidade. Na L. 7, § 1, informa êle que CELSO já falava da
exceção adversas fraudem se alguém tem como devedores ao filho-família
e aTício, só êsse figurando como devedor. No art. 1.259 persiste a exceção
por infração direta da lei, no caso de mútuo ao menor, e as exceções por
infração indireta, fraus legis, segundo a L. 3, § 1, e a L. 7, § 1.
Menor, diz a lei; não se distingue idade, nem sexo. Nas Ordenações
Filipinas aludiu-se aos fundamentos da regra jurídica, tal como ao tempo
de Vespasiano e segundo TÁCITO (Anais, 11, 3). Macedo fora um jovem,
que estava prestes a matar o pai, acossado por dívidas (TEÓFILO, ao § 7, L,
quod cum eo, 4,7). O intuito foi de política jurídica criminal e civil, e não
só civil (ano 47 após Cristo).
A regra jurídica não incide se comerciante o menor (cf. Ordenações
Filipinas, Livro IV, Título 50, § 3). Não importa se o mútuo foi com juros,
ou sem juros (L. 7, § 9). Mas, se o mútuo fôra para servir ao pai, cessaria a
ratio legis, - o Código Civil, art. 1.259, não incidiria (L. 7, §§ 12-14, e L.
17); e. g., se foi para pagar dívida do pai (L. 7, § 14), ou operação cirúrgica
a que teve de sujeitar-se o pai, ou a mãe. Não há margem no Código Civil,
art. 1.260, para essa ilação. A ratificação pelo pai, ou pela mãe, que tem o
pátrio poder, ou se o filho não tem pai, ou se somente ela pagaria a dívida,
exclui a incidência (cp. L. 7, § 15). Se há o suporte fáctico do Código Civil,
art. 155, pode replicar à exceção o credor (L. 3, pr., e §§ 1 e2, L. 19).
Trata-se de direito desmunido de ação: negou-se a ação e deram-se
exceção ao pagamento e a pretensão por enriquecimento injustificado, tam-
bém oponível no processo executivo. Perdura ainda após a morte do genitor
e da cessação da incapacidade. Não cabe invocar-se o art. 157 (L. 9, § 2).
Se o negócio jurídico seria eficaz, se não se tratasse de incapaz, há direito
desmunido de ação, de modo que o incapaz não pode repetir o que pagou
(AGOSTINHO DE B E M FERREIRA, Suma da Instituía, III, 4 5 ) . Se o incapaz
paga com dinheiro do que teria de o assistir, não há repetição, se bem que
0 direito romano admitisse que o pai exercesse a condictio. Cumpre, hoje,
distinguir: a) se a transmissão da propriedade do bem dado in solutum não
se operou (e. g., art. 622 e parágrafo único), há a reivindicabilidade; b) se
foi com dinheiro que o incapaz pagou, ainda sem dele poder dispor, não
há repetibilidade. Quanto ao direito romano, a contradição entre a L. 9, §
1 (ULPIANO), D . , de senatus consulto Macedoniano, 1 4 , 6 , e a L . 1 4 ( U L -
PIANO), D . , de rebus creditis si certum petetur et de condictione, 12, 1, foi
objeto de minudentes pesquisas: excluindo qualquer repetição de caráter
pessoal, seguido por outros, H. A. SCHWANERT (Die Naturalobligationen,
192 s.); negando a condictio ex mutuo e a condictio indebiti, porém não a
sine causa, G . M A N D R Y (Das gemeine Familiengüterrecht, I, 5 0 8 ) ; achan-
do irredutível a contradição, G . D I E T Z E L (Das senatus consultem Macedo-
nianum, 1 2 2 s.), M . VOIGT (Über die condictiones ob causam, 7 5 2 s.) e H.
J . H. DUECKERS (De Senatus consulto Macedoniano, 8 9 s.); entendendo
que se há de distinguir o credor em boa e em má fé, PH. E. HUSCHKE (Die
Lehre des rõmischen Rechts vom Darlehn, 184 s.) e B. WINDSCHELD (Lehr-
buch, n, 9. A ed., 5 8 8 s.). Mas a L . 9 , § 1, foi interpolada (H. H. PFLÜGER,
Ciceros Rede pro Qu. Roscio comoedo, 62 s.). Assim, temos, para o direito
romano: o pai tem a condictio, exceto se o credor consumiu o dinheiro
(MARCELO), porque não teria o credor podido exercer ação pelo mútuo, ou
se o pai pagou por êrro.
(Os romanistas vêem na regra jurídica do senatusconsulto Macedo-
niano apenas exceptio, encobrimento da eficácia da pretensão, e. g., G.
D I E T Z E L , Das senatus consultem Macedonianum, 102 s., H . D E R N B U R G ,
System, II, 9.a ed., 735. Mas no texto da L. 1, pr., corta-se a própria ação:
"ne.. actio petioque daretur". O direito é mutilado, porque nasceu sem
pretensão.)
A exceção perde-se pela renúncia, se o mutuário chegou a ser capaz,
porém não é renúncia o reconhecimento ato jurídico stricto sensu que es-
tudamos a propósito do art. 172, V (H. J . H. D U E C K E R S , De Senatusconsul-
to Macedoniano, 122 s.; sem razão: G. D I E T Z E L , Das senatus consultam
Macedonianum, 132, que não distinguia; G. M A N D R Y , Das gemeine Fami-
liengiiterrecht, I, 490, e P H . E . H U S C H K E , Die Lehre des rõmischen Rechts
vom Darlehn, 192 s., que negam a eficácia extintiva dos reconhecimentos).
Aliás, a renúncia é mais à tutela jurídica, pois nasce a ação ao credor. Os
romanistas não prestaram suficiente atenção à L. 7, § 16, verbis "cessabit
senatus consultam". Se o mutuante também fôr incapaz, nem por isso dei-
xa de ser invocável o art. 1.259 (sem razão, C O R R E I A T E L E S , Doutrina das
Ações, § 320, nota 1, 315).
Estatui o art. 1.260 do Código Civil: "Cessa a disposição do artigo
antecedente: I. Se ã pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário
para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente. II. Se o menor, es-
tando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para
os seus alimentos habituais. HL Se o menor tiver bens da classe indicada
no art. 391, n. II. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá
ultrapassar as forças".

6. ESPÉCIES DE OBJETO DO MÚTUO. - O objeto mais freqüente do mú-


tuo é o dinheiro. Em vez de dinheiro, podem-se dar em mútuo mercadorias
ou objetos que tenham certo valor, como se dá com a entrega de título ao
portador. Todavia, é de mister que se diga (ou seja de interpretar-se) que se
considerou o valor como elemento suficiente, porque, de ordinário, se há
de entender que se entregou o título para cobrança, de modo que só ao se
receber se conclua o mútuo.
Também pode acontecer que o mutuante entregue ao mutuário bem
que esse tenha de vender, dependendo do êxito no exercício do poder de
venda concluir-se o mútuo (contractus moliatrae); se bem que possa ser
dito (ou ter de interpretar-se) que já se transferiu a propriedade do bem ao
mutuário, fixado o valor como recebido.
Aqui não há outorga de poder de alienar. A primeira espécie é a mais
encontrável. Porém em ambas há irrevogabilidade. Sempre que há juros
corridos, desde já ou a dia fixo, há obrigação de receber, ou se considera
concluído o mútuo com a entrega do objeto de preço mínimo debitável
ao mutuário (um tanto diferente, sem razão, K I N N E , Der Contractus Mo-
hatrae, Gruchots Beitrãge, 56, 482 s.). Nos casos em que o mútuo só
se conclui com a venda, outro ato de disposição por parte do mutuário
compõe o elemento fáctico que faltava. Na dúvida, entende-se que, não
se tendo dito "pelo preço tal", ou "emprestando x, que é o valor mínimo
do objeto entregue", ou "entregue o diamante tal que vale x", o mútuo
se conclui ao vender-se o bem e receber-se o preço (P. OERTMANN, Das
Recht der Schuldverhültnisse, 3. a -4. a ed., 655; L . E N N E C C E R U S - H . L E H -
a a
MANN, Lehrbuch, I I , 31. -35. ed., 464 s.; H . D E R N B U R G , Das Bürgerli-
che Recht, I I , 2, 3.a ed., 265; contra, G. P L A N C K , Kommentar, I I , 4.a ed.,
544). Se ainda não houve a transferência de propriedade, não se concluiu
o contrato real de mútuo, de modo que ainda não se podè pensar em
invocação do art. 1.257 ("Este empréstimo transfere o domínio da coi-
sa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela
desde a tradição"), salvo se houve cláusula em contrário (P. OERTMANN,
Das Recht der Schuldverhültnisse, 655; G. P L A N C K Kommentar, I I , 4.a
ed., 545; mas sem razão, B . M A T T H I A S S , Lehrbuch, 6.a-7.a ed., 328). É
questão de interpretação a de se saber se ao que recebe o bem foi apenas
outorgado poder de alienar, ou se tem o dever e a obrigação de alienar (G.
a
PLANCK, Kommentar, I I , 4. ed., 544 s.; com distinção incabível, K I N N E ,
Der Contractus Mohatrae, Gruchots Beitrãge, 56, 463). O objeto do mú-
tuo somente pode ser bem fungível (art. 1.256, verbis "coisas do mesmo
gênero, qualidade e quantidade").
(Bem fungível. Ou fungibilizado. Os bens infungíveis e inconsumí-
veis que se entregam para que se restituam os mesmos ou outros de igual
qualidade e quantidades fungibilizaram-se, e há mútuo. Aliás, também se
pode tratar como infungível o fungível, e concluir-se, a respeito, comodato,
e não mútuo.)
O contrato de mohatra é de origem medieval. Nele, o mutuário com-
prava ao mutuante algum bem, a preço alto, pagável a preço fixo, e reven-
dia-o a preço mais baixo. Percebe-se a usura.
Houve precisão do instituto. Não mais o bem era objeto do mútuo,
mas o valor. Quanto ao papel do mutuário, ao vender, não se há de pensar
em procuração em causa própria: já se fizera dono.
O que importa, se real o contrato de mútuo, é que se dê a transferên-
cia da propriedade. Se não se deu nem se pode dar, apenas dependendo de
ato do outorgado, não há mútuo contrato real. Se ainda não se deu, mas
só depende de ato do outorgado, o efeito do ato do outorgado conclui o
contrato de mútuo, cujo suporte fáctico estava em formação. Se a proprie-
dade não se transferiu, não há a responsabilidade do que acordou em que
se transferisse e não há pretensão do outorgado a haver a coisa, salvo se
consensual o contrato de mútuo; o contrato real não se concluiu; e não há
contrato consensual de mútuo, se não ficou expresso no negócio jurídi-
co, atenta a liberdade de contratar. Ou se configurou promessa de mútuo
(pactum de mutuo dando) ou a responsabilidade é só por ato ilícito abso-
luto (Código Civil, art. 1 5 9 ; O T T O VON G I E R K E , Deutsches Privatrecht,
I I I , 5 7 9 , nota 5 7 ; O. WARNEYER, Kommentar, I, 9 9 5 ; sem razão, H . N E U -
MANN, Handausgabe, I, 6. A ed., 4 8 5 ) . Se a propriedade não se transferiu,
- ou não se concluiu contrato real, ou ainda não se ultimou, ou o contrato
foi concluído como consensual, ou houve apenas pré-contrato de mútuo.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.591. A- Legislação
A regra sobre mútuo celebrado por pessoa menor, disciplinado pelo art. 1.259
do CC/1916, ora o é pelo art. 588 do CC/2002. Este refere que ausente a autori-
zação prévia daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido do mutuário
e de seus fiadores. Não refere, contudo, aos "abonadores" constante da regra
revogada. A ausência de autorização faz com que o negócio não gere efeitos,
| anulabilidade ou nulidade, conforme se trate de relativamente incapaz (art. 171,1,
; do CC/2002), ou absolutamente incapaz (art. 166,1, do CC/2002). A incapacidade,
j no Código Civil de 2002, cessa aos 18 anos (art. 5.° do CC/2002). As situações
j de incapacidade absoluta e incapacidade relativa são previstas, respectivamente,
; nos arts. 3.° e 4.°, do CC/2002. A regra do art. 155 do CC/1916, que veda a in-
| vocação da incapacidade relativa de uma parte pela outra, em beneficio próprio,
!
consta do art. 105 do CC/2002.
| A regra do art. 1.260 do CC/1916, quanto às exceções à regra da ineficácia do
mútuo feito a menor é reproduzida pelo art. 589 do CC/2002.
Quanto à discriminação em relação às operações de mútuos que podem ser
; realizadas por pessoas jurídicas, tem-se tanto a possibilidade, em se tratando de
| bancos públicos, de que a lei autorizativa indique as operações admitidas, assim
como, também em relação às demais instituições financeiras, a autorização do
Banco Central do Brasil (art. 10, X, da Lei 4.595/1964).
Os deveres e responsabilidades de tutores e curadores são disciplinados, no
direito vigente, pelos arts. 1.740 e ss. e 1.767 e ss., respectivamente.
No que se refere às disposições da sociedade por ações, o Dec.-lei
2.627/1940, mencionado por Pontes de Miranda, que dispunha sobre as socie-
dades por ações, foi revogado quase integralmente pela Lei 6.404/1976, que o
substituiu. Esta dispõe em seu art. 154, § 2°, b, vedação aos administradores
tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia sem a autorização prévia
da Assembleia Geral ou do Conselho de Administração. No caso de liquida-
ção da companhia, o liquidante necessita, como regra, de autorização assem-
blear para contrair empréstimos, ressalvados (art. 211, parágrafo único, da Lei
6.404/1976). Pontes de Miranda discute, sob a égide da lei anterior, se o caso de
infração a tais comandos seria caso de nulidade ou anulabilidade, convencendo-
-se da ilicitude do objeto (ora, art. 166, I, do CC/2002). Não se trata este caso
de incidência da regra do art. 156, § 2.°, da Lei 6.404/1976, que ao disciplinar
conflito de interesses, estabelece como anulável o contrato entre o administrador
e a companhia.

§ 4.591. B- Doutrina
Há divergência doutrinária em relação ao mútuo prestado a menor, se ineficaz
apenas em relação ao incapaz por idade, ou aos demais. Jsso porque embora
os arts. 824 e 837 do CC/2002 tenham aberto exceção à invalidade derivada da
incapacidade pessoal do devedor, a regra do art. 588 do CC/2002, aplica-se aos
menores, não aos demais incapazes. Parte majoritária da doutrina sustenta, na
linha do entendimento de Pontes de" Miranda, que a ineficácia do mútuo bene-
ficia penas os incapazes por idade (cf. SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Contratos
nominados II. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 332). Contudo, parte da doutrina, sob o
argumento dos princípios da boa-fé e da função social do contrato, assim como
dos fins sociais da norma, a extensão da ineficácia aos demais incapazes (cf.
ANDRIGHI, Vera; BENETTI, Sidnei e ANDRIGHI, Nancy Andrighi. Comentários ao novo
Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2008. vol. 9. p. 143).
No tocante à ausência de poderes para contratar mútuo pelo administrador
das sociedades ou por outra pessoa em seu nome, a doutrina tempera reconhe-
cimento da invalidade mediante aplicação da teoria da aparência, fundada na
boa-fé. Contudo, sua aplicação será limitada, no direito empresarial, pela teoria
do ultra vires societatis, que sustenta a invalidade dos atos praticados por quem
não tem poder, que sejam estranhos ao objeto da sociedade. No direito do consu-
midor, a teoria da aparência imputa solidariedade do fornecedor por obrigações
decorrentes de atos praticados por seus prepostos ou representantes autônomos
(nos termos do art. 34 do CDC).

§ 4.591. C- Jurisprudência
A jurisprudência aplica a teoria da aparência para legitimar ação do mutuá-
rio interposta contra pessoa pertencente ao. mesmo grupo econômico do mu-
iuário (STJ, REsp 879.113/DF, 3.aT.', j. 01.09.2009, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe
11 09 2009) porém não a reconhece para a prestação de garantia em contrato de
mútuo, por quem não tinha poderes (STJ, REsp 278.650/PR, 4. a T„ j. 08.05.2001,
rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 15.10.2001).

§ 4.592. O B J E T O D O M Ú T U O

1. FUNGIBILIDADE. - Dá-se em mútuo o que pode ser restituído com


o mesmo bem ou com outro do mesmo gênero qualidade e quantidade. No
art. 50 do Código Civil está a definição, que corresponde ao têrmo criado
depois do direito romano, que desconheceu a expressão "res fungibiles".
Diz o art. 50: "São fungíveis os móveis que podem, e não fungíveis os que
não podem substituir-se por outros da mesma espécie qualidade e quanti-
dade". "Espécie" está, aí, por "gênero". Certo, o art."1.256, onde se empre-
ga a palavra "gênero".
O Código Civil, no art. 1.256, alude à "quantidade", não se exige,
com isso, que haja pluralidade. O bem fungível, que se dá em mútuo, pode
ser um só. O que não se pode mutuar é o individuum. O bem fungível, que
se entrega sozinho, também é quantidade. (Grave êrro foi dizer-se que o
objeto do mútuo é ó crédito que nasce ao mutuário à entrega do bem mu-
tuado, como fêz FRANCO CARREST, II Commodato, II Mutuo, Trattato de
F. VASSALLI, V I I I , II, 97. Primeiramente, falou-se de suporte fáctico, de
pressuposto, no plano, portanto, da existência do negócio jurídico; pula-
-se, sem razão, para o plano da eficácia. O crédito, como a dívida, é efeito.
Segundo, o objeto é o bem, e não se poderia deixar sem classificação o
papel do bem prestado).
O dinheiro é objeto, quer se preste como gênero, quer como subgêne-
ro. Donde o mútuo pecuniário e o mútuo monetário. Se mutuei mil libras-
-ouro não mutuei pecúnia, mas moeda; mesmo se permiti prestar-se o valor
da moeda ao custo do ouro, na data do vencimento, ou da conclusão do
contrato, ou da entrega.
O que se restitui é o tantundem. Bens inconsumíveis podem ser dados
em mútuo, pois há interêsse em que se adquira a propriedade do bem, a
despeito da sua inconsumibilidade. Há mutuabilidade dos bens inconsu-
míveis, posto que só se possa dar em mútuo o que é fungível. Se os figu-
rantes consideraram fungível bem que naturalmente não o é, nem por isso
o contrato deixa de ser contrato de mútuo: fungibilizou-se o infungível,
e satisfeito foi o pressuposto objetivo. Se, em vez disso, os figurantes ti-
veram por infungível o que é fungível, o contrato não é de mútuo: ou há
comodato, ou há locação de coisa. Desde que se pode restituir outro bem,
é de mútuo o contrato.
Quem empresta o livro ao amigo, ou ao colega, dá em comodato, ou
em locação. Quem empresta o livro ao livreiro que dêle precisa para aten-
der a freguês, dá em mútuo.
Se alguma lei impõe a infungibilidade, não se pode dar em mútuo o
bem; e. g., não se pode dar em mútuo a arma de que o Estado só a seus
militares permite o uso, nem o produto industrial que só para o Estado se
pode produzir.
Os bens infungíveis, mesmo se consumíveis, não podem, em prin-
cípio, ser objeto de contrato de mútuo; mas é preciso atender-se a que
a fungibilidade pode ser estabelecida se se abstrai de qualidade, ou de
qualidades que infungibilizavam o bem. Daí poder haver mútuo de vinho
Chateauneuf du Pape, podendo o mutuário restituir êsse ou outro vinho
francês. Mas o contrato de dar vinho Tocai para restituir vinho Málaga, que
FRANCESCO M E S S I N E O (Operazioni di borsa e di banca, 1 0 0 ) considerou
de mútuo, de mútuo não é: aí, há troca, com a só particularidade de não
serem simultâneas as duas entregas.
No Código Civil francês, art. 1 . 8 9 4 , estatui-se: "On ne peut pas don-
ner à titre de prêt de consommation des choses qui, quoique de même
espèce, diffèrent dans l'individu, comme les animaux: alors c'est un prêt à
usage". Não há tal regra jurídica no sistema jurídico brasile iro, nem convi-
ria que houvesse. Podem ser emprestados cavalos, bois, carneiros, porcos,
cabras, galinhas, pelo gênero, pelo peso e pela qualidade.
Quanto às universitates, a individualidade delas ressalta, de modo
que, mesmo se compostas de bens fungíveis, não são mutuáveis. A mutua-
bilidade dos seus elementos não se impõe a elas.
Quanto aos títulos ao portador, são fungíveis, e nada impede que se-
jam dados em mútuo. Os títulos endossáveis também o são. Nenhum obs-
táculo há quanto a transferir-se a alguém a propriedade, por exemplo, de
ações ao portador e exigir-se que se prestem, em retribuição, outras tantas
ou as mesmas. Os próprios títulos nominativos são fungíveis: as ações no-
minativas ou outros títulos nominativos que dou a B, para que me restitua
outros tantos, são objeto de mútuo. A diferença de vencimento não traz
dificuldades. Se o que se entregou em mútuo se vencia no ano de 1962 e
a restituição é quando não há mais tais títulos, o que se há de entender é
que se restituem títulos de subscrição da mesma pessoa jurídica ou física a
que correspondam os mesmos direitos. Os títulos tanto podem ser tratados
como bens fungíveis como podem ser infungibilizados.

2. TRADIÇÃO DE TODO O OBJETO, OU DE PARTE. - No contrato de mú-


tuo em que a entrega é por partes, dita restituição rateai, quer isso resulte
do contrato quer de lei, como se atende a necessidades sucessivas para
construção, ou aquisições, ou obras, há u m só contrato de mútuo, e não
tantos contratos quantas as entregas parciais (sem razão, F. MESSINEO,
Operazioni di borsa e di banca, 173). As garantias, salvo cláusula expres-
sa em contrário, são para todo o contrato, e não para as prestações parciais
correspondentes às entregas, nem para as entregas rateais. (Não se há de
cogitar, aqui, das subscrições de ações e de debêntures, ou outras seme-
lhantes, porque, ali, não há mútuo, e aqui o negócio jurídico de mútuo é
subjacente ao negócio jurídico unilateral.)

Panorama atual pelo Atualizador


i
§ 4.592. A- Legislação
A definição de bens fungíveis consta no art. 85 do CC/2002, com redação
semelhante a do art. 50 do CC/1916. A referência ao art. 1.256 do CC/1916, ora
se deve tomar pelo art. 586 do CC/2002.

| § 4.592. B- Doutrina
j Acentua a doutrina, na linha do entendimento de Pontes de Miranda, que a
| fungibilidade ou não do objeto se dá em concreto, segundo a relação e o interes-
| se das partes. Coisa que se consideram por seu gênero, não por sua individua-
lidade (LOPEZ, Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva,
| 2003. vol. 7. p. 143).
í
| § 4.592. C -Jurisprudência
Reforça a jurisprudência o entendimento de que a fungibilidade pode ser con-
| vencional (STJ, REsp 551.956, 4.aT., j. 24.08.2010, rei. Aldir Passarinho Júnior,
j DJe 14.09.2010).
§ 4.593. FORMA DO CONTRATO DE MÚTUO

1. REGRAS JURÍDICAS GERAIS. - A lei civil e a lei comercial não con-


têm regra jurídica especial sôbre a forma do contrato de mútuo, nem sôbre
a forma do pré-contrato de mútuo. Se há garantia hipotecária, ou anticréti-
ca, a exigência da escritura pública concerne ao direito real de garantia, e
não ao contrato de mútuo.
É preciso que se não confunda o mútuo, negócio jurídico bilateral,
com os negócios jurídicos unilaterais dos títulos abstratos (e. g., títulos
cambiários, títulos ao portador). As apólices das dívidas públicas e as de-
bêntures não contêm contrato de mútuo. O mútuo seria, aí, negócio jurídi-
co bilateral subjacente.

2. CÓDIGO CIVIL, ART. 133. - A despeito da regra jurídica geral do


art. 129 do Código Civil, o art. 133 estabelece: "No contrato celebrado
com a cláusula de não valer sem instrumento público, êsse é da substân-
cia do ato".

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.593. A - Legislação

O art. 133 do CC/1916 tem seu teor reproduzido no art. 109 do CC/2002.
A MedProv 2.172-32/2001 confere o ônus da prova ao credor ou beneficiá-
rio do contrato de mútuo acerca da regularidade das obrigações contratadas,
sempre que demonstrada pelo autor a verossimilhança de suas alegações.
Exclui da sua aplicação, contudo os mútuos em que é mutuante instituição
financeira.
Por força do art. 585, II, do CPC, o instrumento particular assinado por duas
testemunhas caracteriza-se como título executivo extrajudicial.

§ 4.593. B- Doutrina

A regra no direito brasileiro é da liberdade da forma de celebração do negócio


jurídico, o que vaie igualmente para o contrato de mútuo. Não exige, pois, forma j
especial, sendo a forma escrita forma de prova (art. 221 do CC/2002). Sustenta- I
-se a aplicação do art. 401 do CPC, de modo admitir prova testemunhai quando o
objeto não exceda a dez salários mínimos (c/c art. 227 do CC/2002). I
§ 4.593. C - Jurisprudência
A jurisprudência reconhece a expedição de cédula de crédito como forma de
prova do contrato de mútuo (STJ, AgRg no AgRg no Ag 1094203/SP, 4.a T„ j.
26.04.2011, rei. Min. Raul Araújo, DJe 10.05.2011). Da mesma forma reconhece
o instrumento escrito e firmado por duas testemunhas como prova do contrato
de mútuo (TRF-1.3 Reg, Ap 2000.01.00.135704-5, rei. Maria Isabel Diniz Gallotti
Rodrigues, DJU 02.05.2006, RT851/366).

§ 4.594. TRADIÇÃO DO BEM MUTUADO

1. CONTRATO REAL DE MÚTUO. - No contrato real de mútuo, a tradição


do bem mutuado, ou dos bens mutuados, integra o contrato, se os outros
pressupostos estão satisfeitos, ou se junta aos pressupostos já satisfeitos,
para que a integração se dê após, concluindo-se o contrato. Se o contrato
de mútuo é, excepcionalmente, consensual, a tradição é adimplemento pelo
mutuante. No pré-contrato de mútuo, há, ainda, entre o pré-contrato e a
tradição o intervalo em que se tem de exercer a pretensão ao contrato e se
adimplir a promessa" de contratar. Se o contrato, que se prometeu e se con-
clui, é real, a tradição integra o contrato prometido; se consensual, ainda há
o contrato e o adimplemento da dívida que dele se irradie.
A função da tradição, aí, é apenas a de dar ao mutuário direito de pro-
priedade sôbre o bem mutuado, criando-se-lhe o dever de restituição. Não
há plus de entrega para obra, como na locação de obra ou na empreitada.
O mútuo pode ser feito mediante a extinção de dívida do mutuário,
que figura, então, como se houvesse solvido o crédito de alguém, mutuante
no contrato em que o objeto da dívida extinta passa a ser o bem mutuado.
Nem sempre há novação. Também o mútuo se pode concluir com a assun-
ção, pelo outorgante, de dívida do outorgado, ou pelo pagamento de dívida
dêsse, devendo-se entender que, ao pagar, o mutuante entregou o dinheiro
ou outra prestação ao outorgado que por sua vez, através do outorgante,
solveu a dívida. Qual o papel do outorgante, diante do credor, não se pode
determinar a priori. Tanto pode ser representante do mutuário, ou interes-
sado, como simples núncio, ou terceiro não interessado. O que importa é
que, no contrato de mútuo, a entrega ocorreu conforme o reconhecimento
do mutuário.
Sempre que o mútuo se conclui com a sucessão do mutuante em re-
lação jurídica de crédito contra o mutuário, muda-se a causa; portanto, há
outro negócio jurídico, ou negócio jurídico que vem após a dívida oriunda
de fonte não-negocial de obrigações.

2. CASOS ESPECIAIS DE TRADIÇÃO. - O m u t u á r i o , q u e a s s u m e a sua po-


sição porque devia ao mutuante, por outra causa, e passa a responder como
devedor de restituição do bem fungível, põe-se na posição de quem pagou
e recebeu, em mútuo, o que havia pago. Se A empresta a B, entregando a
C, ou, por ordem de B, dando quitação a C, a tradição ocorreu, tanto mais
perfeitamente quanto, no sistema jurídico brasileiro, se abstrai, na posse,
do animus e do corpus.
Pode bastar à tradição o simples pôr à disposição, e é o que aconte-
ce, por exemplo, sempre que o mutuante credita na conta do mutuário o
que emprestou a esse, ou se o mutuante, por ordem do mutuário, credita a
quantia na conta de outrem, ou paga a outro.
Se o mutuante entrega, em vez de dinheiro, nota promissória vencida
ou a vencer-se, ou outro título cambiário ou cambiariforme, o contrato real
de mútuo só se integra com o recebimento da quantia, ou outro modo de
extinção em que o mutuário concordou. Ou as circunstâncias permitem que
se pense em contrato consensual de mútuo, no qual, se o título cambiário
ou cambiariforme não é pago, o mutuante deve a quantia. Dificilmente se
estaria diante de pacto de mutuo dando. São freqüentes os mútuos reais em
que o mutuante empresta o que o mutuário vai receber ao descontar o título
cambiário ou cambiariforme.

3. LUGAR DA ENTREGA. - O lugar da entrega é, de ordinário, o lugar


em que se conclui o "contrato de mútuo. Pode dar-se que se faça alhures;
e. g., no domicílio do mutuário, ou de alguém a quem o mutuário quer que
se entregue o bem mutuado (como se o mútuo é para se pagar dívida do
mutuário). Nada obsta a que acordem em que o mutuante faça a expedição
do bem mutuado, ou dos bens mutuados, tendo-se como feita a entrega
no momento em que o mutuante transfere a posse ao transportador, ou ao
correio, ou ao banco.
Panorama atual pelo Atualizador j

§ 4.594. A - Legislação j
As regras sobre pagamento por terceiro interessado ou não interessado são
as dos arts. 304 a 307 do CC/2002. Nesse sentido, refira-se que o art. 307 dis-
põe sobre a eficácia do pagamento que importe na transmissão da propriedade ;
apenas quando realizado por quem tenha poder de alienar o objeto que nele |
consiste. Podem as partes convencionar o lugar do pagamento, nos termos do j
art. 327 do CC/2002. . |
Nos contratos de consumo, pode se dar a situação em que quem financia
o bem por intermédio de contrato de mútuo com o adquirente, entrega o valor j
correspondente a seu preço ao vendedor (fornecedor), devendo observar, dentre j
outras disposições, o que estabelece o art. 52 do CDC. j

§ 4.594. B- Doutrina
Quanto ao mútuo que se faz no qual o mutuante entrega o dinheiro a terceira
pessoa credora do mutuário que passa a se obrigar, tem-se situação que a dou- !
trina contemporaneamente vem denominando de contratos conexos, celebrados
entre diferentes partes, mas vinculados a uma finalidade supracontratual comum j
(cf. MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 6. |
ed. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 110). Seu efeito é identificado tanto na imposição
de deveres de informar, com fundamento na boa-fé, quanto na extensão de res-
ponsabilidade aos partícipes, especialmente sob o regime do Código de Defesa
do Consumidor.

§ 4.594. C- Jurisprudência
A jurisprudência reconhece a conexidade contratual no contrato de mútuo
para financiamento (e.g.STJ, REsp 331340/DF, 4. a T„ j. 02.12.2004, rei. Min. Bar-
ras Monteiro, DJ 14.03.2005, p. 340; também: TJSP, ApCiv 205.137.4/4-00, 6.a
Câm. Civ., j. 20.06.2005, rei. Des. Marcelo Bennachio). í

§ 4.595. TEMPO E LUGAR PARA A RESTITUIÇÃO PELO MUTUÁRIO

1. RESTITUIÇÃO E TEMPO. - Se houve prazo determinado, ou determi-


navel, sabe o mutuário quando tem de restituir e o mutuante quando pode
exigir. Havia o crédito do mutuante e a dívida do mutuário. À data do ven-
cimento, nascem a pretensão de um e a obrigação do outro.
Lê-se no art. 1.264 do Código Civil: "Não se tendo convencionado ex-
pressamente, o prazo do mútuo será: I. Até à próxima colheita, se o mútuo
fôr de produtos agrícolas, assim, para o consumo, como para a semeadura.
II. De trinta dias, pelo menos, até prova em contrário, se fôr de dinheiro.
331. Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se fôr de qualquer outra
coisa fungível".
O mútuo pode ter termo inicial, como pode ter termo final. Se o têrmo
é inicial, necessariamente se consensualizou o contrato de mútuo. Conce-
ber-se, aí, o contrato de mútuo como contrato real com inserção de con-
dição suspensiva é contraditório: no momento da conclusão do contrato
faltaria elemento contenutístico do contrato de mútuo real (sem razão, Mi-
CHELI FRAGALI, Del Mutuo, Comméntario dei Códice Civile de ANTONIO
SCIALOJA e GIUSEPPE BRANCA, 3 5 3 ) .

O têrmo final não é cláusula necessária. Apenas se tem de atender às


regras jurídicas do Código Civil, art. 1 . 2 6 4 , que são ius dispositivum. Não
podia ser acolhida a opinião dos que consideravam elemento essencial do
mútuo o têrmo final, para que se pudesse distinguir do depósito irregular
(ISIDORO L A L U M I A , Depositi bancari, 9 4 ; PAOLO GRECO, Le Operazioni
di banca, 1 3 4 s.; contra, L I O N E BOLAFFIO, II Diritto commerciale, 2. A ed.,
425). Certamente, o mutuário precisa de tempo para, tendo disposto do
que recebeu, procurar os meios a fim de solver a dívida, mas isso não faz
pressuposto essencial o têrmo final, nem, fora dos casos previstos em lei,
se há de impor ao mutuante que não exija a restituição. Nada obsta, sequer,
que se haja concebido a exigibilidade à vista, ou a nuto do mutuante (cf.
Código Civil suíço, art. 318), posto que as circunstâncias possam fazer
pensar-se, em tal espécie, que se concluiu depósito irregular, e não mútuo
(BERTO BRACCO, IDepositi a risparmio, 1 2 4 s.). Em todo o caso, o mútuo
à vista não pode ser, sempre, mútuo cuja restituição é exigível imedia-
tamente. Por exemplo: B está, em companhia de A, diante do guichê do
banco, onde resolveu comprar moeda estrangeira imediatamente, por estar
a fechar-se o serviço, e o dinheiro, que tem, ficou no cofre do hotel, ou
está na maleta que não lhe convém abrir por estar com objetos preciosos
ou ser perigoso saber-se que está cheia de cédulas, e A lhe empresta à vista
o dinheiro suficiente. Não pode A exigir-lhe que abra a maleta, ou vá ao
hotel no mesmo momento, se os dois tinham de ir almoçar em algum lugar
distante do hotel, ou se A sabia que B só voltaria ao hotel mais tarde. O
art 952 do Código Civil não pode, aí, ser invocado sem atendimento das
circunstâncias. (De passagem observemos que era absurda a opinião que
tinha a exigência imediata como revogação. Cf. GIORGIO OPPO, I Contratti
di durata, Ri vista dei Diritto commerciale, 1943,1, 160 s.)
O art. 1.264 do Código Civil é invocável a respeito dos mútuos mer-
cantis. O art. 137 do Código Comercial não incide quanto ao mútuo, pois
ali só se cogita da exigibilidade da dívida, e não da denúncia do contrato;
mas a denúncia não pode dar prazo menor de dez dias (art. 1.264, III),
porque essa é a concepção do direito comercial, quanto a prazo de eficácia.
Se o mútuo não tem termo final, ou explicitamente é à vista, há: de
entender-se que o credor pode demorar em exigi-lo. Se o mutuário quer
liberar-se e o mutuante não quer receber, a solução - no direito brasileiro -
é a do depósito em consignação. Se militam circunstâncias, que, a despeito
da falta de têrmo final, devem ser atendidas, tem o mutuário de expor ao
juiz a situação e declarar qual o tempo em que pode.pagar.
Se no contrato de mútuo se inseriu a cláusula de pagar quando possa,
sem haver qualquer têrmo final, à interpretação cabe evitar a invocação do
art. 115, 2.a parte, infine, do Código Civil, sôbre condição potestativa, e
permitir que o credor peça ao juiz que, examinando os fatos concernentes
à aptidão econômica do mutuário, fixe o prazo para o pagamento. Se assim
não se entendesse, transformar-se-ia em doação o mútuo, ao que o contra-
to, por seus elementos contenutísticos, não dá ensejo. Tem-se de repelir
que o exame da situação econômica do mutuário implique considerar-se de
condição, e não de têrmo, a cláusula de pagar quando possa. É de discutir-
-se se a sentença favorável, que então se profira, é constitutiva (FRANCO
CARRESI, II Comodato, II Mutuo, Trattato di Diritto Civile de F. VASSALLI,
VIII, II, 129), ou declarativa. O juiz interpreta o que foi posto em cláu-
sula e procede à indagação do que se passa com o devedor, para declarar
que o devedor já pode pagar. O elemento constitutivo é eficácia mediata
(declaratividade, *****; constitutividade, ****). São cláusulas da mesma
especie: a cláusula quando tiver meios, a cláusula o mais breve possível
e a cláusula quando o mercado bancário lho permita. A cláusula quando
tenninar o edifício e a cláusula quando mudar para outro Estado-membro
são tôdas cláusulas de condição.
Por vezes, o têrmo final está implícito ou é tácito; e. g„ foram presta-
dos interesses adiantados por três meses, ou um ano, ou outro tempo (L.
57, pr., D., de pactis, 2, 14: "Qui in futurum usuras a debitore acceperat,
tacite pactus videtur, ne intra id tempus sortem petat").
Implícito é o têrmo final quando se alude a mútuo para instalação de
estabelecimento comercial, ou industrial, ou profissional, ou para a cons-
trução do edifício de apartamentos, tendo-se omitido a explicitude.
Se o mutuante deixa, após o vencimento, de exigir a restituição, há
mora (se mercantil o mútuo, de eficácia com a interpelação judicial), e não
prorrogação, nem renovação.
O têrmo final é de considerar-se, salvo cláusula contrária, como a be-
nefício do mutuário e do mutuante, se há onerosidade. Se gratuito o mútuo,
também, porque pode dar-se o caso de ter o mutuante, que, por exemplo,
está fora, interêsse em só receber ao têrmo convencionado.
Quando a restituição há de ser de bem do gênero, que se entregou,
sem ser, portanto, como meio para aquisição do dinheiro, não há cogitar-
-se de preço corrente, nem de qualquer outro critério para se saber qual
o valor.
Se o objeto do mútuo foram moedas de ouro, ou prata, também não
se há de procurar qual o valor no momento de se adimplir a obrigação de
restituição. Mas cláusula contratual pode estabelecer que se preste a quan-
tidade correspondente ao valor ao tempo do mútuo, caso em que o mútuo
foi de dinheiro, e não de moedas. Também é possível o inverso: emprestar-
-se dinheiro, como moeda, isto é, dar-se em mútuo o valor aquisitivo. Ou
ocorre que o mutuário tenha de restituir mais, ou de restituir menos; ou o
que recebeu, se o câmbio é o mesmo.
Se há cláusula de restituir, se quiser, há contrato de doação, e não
contrato de mútuo.

2. VENCIMENTO ANTECIPADO. - C o m a d e c r e t a ç ã o d e abertura da fa-


lência do mutuário,- ou da decretação de abertura da liquidação coativa,
ou do concurso civil de credores (Código Civil, art. 954,1; Decreto-lei n.
7.661, de 21 de junho de 1945, art. 25; Código Comercial, art. 136), há
vencimento antecipado da dívida de mútuo. Se o pagamento em virtude
do mútuo foi garantido por hipoteca, penhor, ou anticrese, e recai nos
bens gravados penhora pedida por outro credor, há o vencimento ante-
cipado (Código Civil, art. 954, II). Outrossim, se a fiança ou os bens,
com que se garantiu o adimplemento da dívida do mutuário, se torna-
ram insuficientes e o mutuário, intimado a reforçar a garantia, não o fêz
(Código Civil, art. 954, III). Se o bem dado em garantia se deteriora ou
deprecia, desfalcando-a, e o mutuário não a reforça, vence-se a dívida
irradiada do contrato de mútuo (Código Civil, art. 762,1). Se no mútuo
se estabeleceu restituição por prestações e uma delas não é feita pon-
tualmente, também se vence a dívida (Código Civil, art. 762, III). Idem,
se perece o bem dado em garantia (Código Civil, art. 762, IV), ou se se
desapropria o bem dado em garantia, caso em que há de ser depositada
a parte do preço que fôr necessária ao pagamento integral do mutuante
(Código Civil, art. 762, V).
(O Tribunal de Justiça de São Paulo, a 14 de dezembro d e l 9 1 5 e a l 3
de outubro de 1916, Revista dos Tribunais, 17, 39, e 19, 306, julgou que,
entregues títulos cambiários como prestações de hipoteca, o vencimento de
um importa o de tôdas as outras. Entendeu J. X. CARVALHO DE MENDON-
ÇA, Tratado de Direito Comercial, VI, Parte l. a , 166, que foi boa decisão.
De modo nenhum. Os títulos cambiários são abstratos e autônomos. O
vencimento de um não se estende-aos outros. Na espécie, ou havia mútuo,
com a garantia hipotecária, e os títulos cambiários foram entregues para
que significassem adiantamento em título de valor para negociação, ou a
garantia foi aos títulos mesmos. No primeiro caso," o mutuante tinha de
executar a hipoteca para que se garantissem os pagamentos do título venci-
do e dos outros, oportunamente; no segundo caso, dá-se o mesmo, porque
cada título tem a sua-sorte.)
Se acaba a garantia fidejussória e o mutuante não dá outra fiança,
vence-se o mútuo (Código Civil, art. 954, m ; Código Comercial, art. 263:
"Desonerando-se, morrendo ou falindo o fiador, o devedor originário é
obrigado a dar nova fiança, ou a pagar imediatamente a dívida"),Também
se vence a dívida do mutuário se foi concedida alguma medida preventiva
ou cautelar, conforme o art. 136 do Código Comercial e o art. 321 do Reg.
n. 737, de 25 de novembro de 1950, hoje revogado pelo Código de Pro-
cesso Civil, art. 675, que disciplinou a matéria? A medida preventiva ou
cautelar, no caso, principalmente, o arresto, de modo nenhum determina
vencimento da dívida. O art. 136 do Código Comercial está, nesse ponto,
obsoleto (verbis "ou permite ação de remédios preventivos"). Certa, já a
Relação do Rio de Janeiro, a 02 de julho de 1878 (O D., 17, 332), que viu
o êrro de técnica legislativa; sem razão, o Tribunal de Justiça de São Paulo,
a 13 de setembro de 1899 (R. de J., VIII, 273 s.).
Os figurantes podem estabelecer em cláusula do contrato de mútuo,
ou em pacto, casos em que se dá antecipação do vencimento.

3. LUGAR DA RESTITUIÇÃO. - No art. 950 do Código Civil põe-se a


regra jurídica de que, salvo disposição em contrário, o lugar do pagamento
é o do domicílio do devedor; porém as circunstâncias, a natureza da obri-
gação e a lei podem estabelecer diferentemente (art. 950, infine). O mútuo
de dinheiro, em princípio, é de restituição no lugar do domicílio do deve-
dor, mas isso não se justificaria se se trata de mútuo feito por banqueiro,
ou outro comerciante, que o fêz em seu estabelecimento. Em geral, se o
mútuo não é de dinheiro, ou se é gratuito.

Panorama atual pelo Atualizador j

§ 4.595. A- Legislação

O mencionado art. 1.264 do CC/1916 é reproduzido no direito vigente, pelo


art. 592 do CC/2002. Em relação ao mútuo de dinheiro, o inc. II, do artigo revo-
gado admitia prova em contrário, constituindo o prazo mínimo de trinta dias em
presunção júris tantum. O Código atual não menciona expressamente a natureza j
de presunção da norma em destaque.
; A regra do art. 952 do CC/1916, atualmente consiste no art. 331 do CC/2002. j
; A disciplina do mútuo mercantil constante do Código Comercial de 1850, foi j
| revogada pelo Código Civil de 2002, que unifica a disciplina legislativa do contrato i
i de mútuo. I
i A "cláusula de pagar quando possa" mencionada por Pontes de Miranda, o é j
j em referência ao art. 115 do CC/1916, ora reproduzido no art. 122, que todavia
| incluiu expressamente entre os limites da disposição de condições no conteúdo !
| do negócio jurídico a ordem pública e os bons costumes. A cláusula potestativa, j
j nesse caso, observa igualmente o disposto no art. 51, IX e XI, do CDC, quando se
! trate de relações de consumo.
| As hipóteses de vencimento antecipado da dívida, no Código Civil de 2002,
| são disciplinadas pelo disposto no art. 333, que reproduz parcialmente a legisla-
ção anterior. Na legislação falimentar vigente, a eficácia do vencimento antecipado
das dívidas em decorrência da decretação de falência decorre do disposto no art.
77 da Lei 11.101/2005.
No tocante ao vencimento antecipado de dívidas garantidas por direito real, a
; regra no Código Civil em vigor é do art 333, III, quando as garantias cessarem ou i
I se tornarem insuficientes. No caso da garantia fidejussória, quando cessa ou se
I torna insuficiente, considera-se igualmente vencido o mútuo, conforme art. 333,
! II, do CC/2002.
No tocante ao lugar do pagamento a regra do Código Civil vigente, art. 327,
mantém-se no mesmo sentido do art. 950 do CC/1916, indicando o lugar de do- ;
micílio do devedor, salvo se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação I
ou das circunstâncias.
§ 4 . 5 9 5 . B - D o u t r i n a j
Observa a doutrina contemporânea o disposto no art. 592 do CC/2002 como |
atenuação à regra de exigibilidade imediata da prestação (LOPEZ, Teresa Ancona. j
Op. cit., p. 187; ANDRIGHI, BENETI, ANDRIQHI. Op. cit., p. 193;TEPEDINO, BARBOZA, MORA- ;
ES, Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janei- |
ro: Renovar, 2006. t. II. p. 319), tratando-se de regra supletiva no caso da ausência !
I determinação expressa do prazo do mútuo pelos contratantes. j
No caso da antecipação do pagamento e extinção do mútuo, parte da doutri- j
• na assinala que o prazo do mútuo, quando exista, vigora em favor de ambos os j
contratantes. Todavia, assinala-se que no caso do mútuo regulado pelo Código j
de Defesa do Consumidor, consta regra expressa assegurando ao mutuário sua
liquidação antecipada, com redução proporcional de juros, assim como nos finan-
! ciamentos do Sistema Financeiro da Habitação (No caso do mútuo sob a égide do
Código de Defesa do Consumidor). j
No tocante ao vencimento antecipado, em se tratando da hipótese de falência j
do devedor, considera-se parte do efeito da sentença (PACHECO, José da Silva. |
Processo de falência e concordata. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. j
278). No caso de cessão ou insuficiência de garantias, é uníssona a doutrina na ;
interpretação da hipótese legal, ressalvando-se as situações em que a ausência j
de garantia deriva de conduta imputável ao credor. Admite da mesma forma, a j
doutrina, em uníssono, a revisão do mútuo, na hipótese de onerosidade exces- j
siva, com fundamento nos arts. 478 a 480 do CC/2002, exigindo-se a presença j
j do caráter extraordinário e imprevisível que lhe deu causa. E em se tratando I
| de relação de consumo, de acordo com o art. 6.°, V, do CDC, que não exige a !
imprevisibilidade com pressuposto da pretensão revisional. Da mesma forma, j
com base no art. 51 do CDC, a outorga de poder para, quando do vencimento
antecipado da dívida seja autorizado o mutuante a emitir em seu favor, título de
crédito representativo da dívida toda (cláusula mandato) é considerada abusiva,
! nula de pleno direito.

§ 4.595. C- Jurisprudência

; Entende a jurisprudência que permanecem os títulos vinculados a contrato


de mútuo quando não circulem, devendo ser a causa do contrato apresentada
ao juízo, quando da execução do título (TJSP, ApCiv 112.731-4/2-00, 3.a Câm.,
; j. 19.10.2009, rei. Des. Ênio Zuliani). Admite-se, igualmente a possibilidade de
revisão de contratos de mútuo bancário já extintos, mesmo por novação, consi-
derando-se a impossibilidade de convalidação do nulo, matéria obieto da Súmula í
: STJ 286. |
As hipóteses de cabimento do vencimento antecipado por iniciativa do mutu-
ante nao lhe autorizam a deixar de receber o pagamento por terceiro interessado
(TRF-3.a Reg., Ap 91.03.031117-1, 5. a T„ j. 26.09.2000, rei. André Nekatschalow,
DJU 07.11.2000, RT786/461)
C A P Í T U L O III
EFICÁCIA DO CONTRATO DE MÚTUO

§ 4.596. EFEITO MÍNIMO, EFEITOS COMUNS


E EFEITOS DIFERENCXADORES

1. TRÊS FIGURAS E EFEITO MÍNIMO E EFEITO COMUM. - E n t r e o c o n t r a -


to real de mútuo, o contrato excepcionalmente consensual e o pré-contrato
de mútuo, o elemento eficacial comum é o efeito mínimo, a vinculação.
Os três são contratos.
Também é comum o elemento eficacial que faz dos três contratos ne-
gócios jurídicos de crédito "stricto sensu". Os dois primeiros são emprés-
timos de consumo, ou, melhor, de bens fungíveis. O terceiro, não; porque,
nêle, apenas se promete um dos dois outros negócios jurídicos.
No contrato real de mútuo, já há ato de disposição. No contrato con-
sensual de mútuo, promete-se dispor. No pré-contrato de mútuo, promete-
-se contratar realmente, ou consensualmente. Ainda não se dispõe, pôsto
que, se se promete contrato real de mútuo, já se prometa o que contém ato
de disposição.
Recentemente, ao tratar-se do contrato real de mútuo, tem-se exage-
rado o papel de possibilitação do gôzo duradouro do bem, como se não
pudesse B tomar de empréstimo o bem fungível para destruí-lo, isto é,
como se fôsse essencial ao mútuo a permanência, em mãos do mutuário,
do bem cujo direito de propriedade se transferiu. Não há necessidade de se
pensar em linha que vai da transferência à restituição, mesmo porque há
dilatação do sentido de restituir quando alguém se vincula a prestar o que
corresponde, genèricamente, ao que se recebeu, e não precisamente o que
se recebeu. O que se deu em mútuo saiu, totalmente, do patrimônio do mu-
tuante. Não é o que se passa com a locação de coisas, ou com o comodato.
A linha, que tanto impressiona alguns juristas, não existe. O que há entre
os dois momentos é o crédito, o que se crê de volta, o que se deu com a
crença no adimplemento pelo devedor.
A propriedade passa a ser do mutuário. Não se pode pensar em mútuo
com reserva de domínio. Desde a tradição, todos os riscos são do mutuário.

2. EFEITOS DIFERENCIADORES. - Se houve contrato real de mútuo,


quer oneroso quer gratuito, há o acordo de transmissão implícito no con-
trato, como elemento necessário, de jeito que o contrato é contrato trans-
lativo de propriedade. No fundo, fêz-se de dois acordos um só. Se houve
contrato consensual de mútuo, o acordo de transmissão apenas serve ao
ato de adimplemento, que é a tradição. Se houve pré-contrato, ainda não
se cogitou de acordo de transmissão; afortiori, de tradição. A transmissão
fica para além da sua eficácia. Já se prende ao contrato que se prometeu.
A transferência do direito de propriedade é um dos elementos carac-
terísticos do mútuo. Com a dação, a propriedade está transferida. O pe-
recimento e a deterioração são sem qualquer importância para o direito,
porque o mutuante não mais tem dever quanto ao objeto. Todavia, quanto
ao que há de ser restituído, pode acontecer que a lei ponha fora de comér-
cio o gênero, mesmo se está em causa gênero ilimitado (sem razão, GINO
GORLA, Del Rischio e Perícolo nelle obbligazioni).
O mutuante prestou, a sua promessa foi de prestar imediatamente, e
êle o fêz. Tornou-se credor do que seja incluível na classe do que prestou
e dos juros.
Por vezes, há outras cláusulas, como a de sorteio, a de prorrogabilida-
de a líbito do mutuário, a de garantia se algo acontece, como a mudança de
domicílio, a de permissão de pagamentos parciais com aviso de qualquer
dos figurantes, ou de um dêles.
A entrega do bem que se há de dar em mútuo pode ser de uma vez, ou
em porções iguais ou diferentes, mas o que ainda não foi entregue torna o
mútuo em parte real e em parte consensual.
Se o mútuo consiste na prestação de títulos de crédito ao portador, ou
em endossáveis, criados pelo mutuante, para que o mutuário os desconte,
há o negócio jurídico bilateral de mútuo.e o negócio jurídico unilateral da
criação dos títulos. A restituição há de ser de dinheiro, porque se deu em
mútuo o que fêz as vêzes de dinheiro.
,. EFEITO M Í N I M O , EFEITOS C O M U N S E E F E I T O S D I F E R E N C I A D O R E S • 121

Se foram mutuados títulos nominativos, são indispensáveis todos os


atos de que se necessite para que se dê a transmissão. Conforme já disse-
mos, aí tratou-se o título nominativo como bem fungível.
Se o mutuante presta papéis-valôres ou mercadorias, o que se há de
restituir é o papel-valor do mesmo gênero, ou a mercadoria do mesmo
o-ênero, salvo se o que se emprestou foi dinheiro e o papel-valor ou a
mercadoria apenas vivia para aquisição daquele, conforme o preço cor-
rente no lugar e no momento da entrega (cp. Código suíço das Obriga-
ções, art. 317).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.596. A- Legislação

O Código Civil de 2002 reproduziu ipsis literis, em seu art. 586, a definição
legal do contrato de mútuo presente no art. 1.256 do CC/1916. Da mesma forma,
note-se que o Código Civil de 2002, sob a pretensão de disciplina uniforme das
obrigações civis e comerciais, passou a normatizar também o mútuo mercantil,
uma vez que revoga o disposto no art. 247 do CCo. Todavia, permanecem em
vigor as disposições sobre empréstimo de risco ou câmbio marítimo prevista nos
arts. 633 a 665 do CCo, porque relativas ao comércio marítimo, cuja vigência não
foi afetada pelo Código Civil de 2002.
Por outro lado, tratando-se de empréstimos contraídos por sociedade anôni-
ma, mediante emissão de debêntures simpies ou conversíveis em ações, aplica-
-se o disposto nos arts. 52 a 74 da Lei 6.404/1976 (Lei das S.A.).
Tratando-se de pré-contrato de mútuo, aplicam-se as regras do contrato preli-
minar, previstas nos arts. 462 a 466 do CC/2002.

| § 4.596. B- Doutrina
i
1
Pontes de Miranda bem identifica o objeto do mútuo como crédito. Assim
também o faz numerosa doutrina, identificando aí sua causa. Há transferência
! do domínio da coisa e o dever de restituição (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio
I de Janeiro: Forense, 2011. p. 578). A transmissão da coisa dada em mútuo é
identificada como característica distintiva do contrato de mútuo (PEREIRA, Caio
Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol.
IM, p- 314; GOMES, Orlando, Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 389;
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2012. vol.
3, p. 350).
I § 4.596 C. - Jurisprudência

Segundo entendimento jurisprudencial uníssono, a demonstração da existên-


cia do contrato de mútuo depende da prova da tradição da coisa ou valores que
! integram o objeto do contrato (TJSP, ApCiv 9150957792008826, 35.a Câm. de
Direito Privado, j. 21.03.2011, rei. Manoel Justino Bezerra Filho, p. 23.03.2011).
Entende-se, igualmente, que a promessa de mútuo não constitui título executivo
extrajudicial (TRF-4.a Reg., ApCiv 2008.70.01.004281 -8, rei. Silvia Goraieb, 4.aT.,
j. 09.06.2010, p. 28.06.2010)

§ 4.597. INTERÊSSES E JUROS MORATÓRIQS

1. INTERESSES. - Os interêsses são, de regra, em dinheiro. Isso não


obsta a que se estipule prestação de quantidade determinada de bens fun-
gíveis que não sejam dinheiro, nem a que o bem prestado como interêsse
seja de quantidade do bem fungível ou fungibilizado que se deu em mútuo,
inclusive em obra ou obras ou parte em dinheiro e parte em bem que não
seja dinheiro, ou em bem diferente do capital (sem razão, GIAN CARLO
MESSA, UObbligazione degli interessi e le suefonti, 19). Podem ser apenas
determináveis; e. g., percentual sôbre esperado lucro do mutuário. Os inte-
resses podem ser pagáveis por sorteio. Aliás, o sorteio pode ter como con-
seqüência a liberação de algum ou alguns dos mutuários, quer no tocante
aos interêsses quer no tocante ao capital, ou ao capital e aos interêsses.
Os interêsses - juros ou outros - nada têm com os juros da mora.
Aqueles são contraprestação, correspectivo do uso e fruição do capital
que se emprestou. Êsses supõem o não cumprimento da obrigação, a
mora eficaz.
Se foram estipulados interêsses ultralegais, por pacto em separado,
tem de ser verificada a ligação com o negócio jurídico do mútuo.
Os interêsses pagos e não devidos são irrepetíveis e inimputáveis ao
capital (Código Civil, art. 1.263). Se, porém, há a infração da lei de usura
ou da regra jurídica de limitação legal do máximo, há ato ilícito, com as
suas conseqüências.
Lê-se no Código Comercial, art. 249: "Nas obrigações que se limitam
ao pagamento de certa soma de dinheiro, os danos, e interêsses resultantes
da mora consistem meramente na condenação dos juros legais".
Sôbre a interpretação do art. 249 do Código Comercial, Tomos XXIV,
§ 2 899, 1, 4; e XXXIX, § 4.333, 3. Se o pagamento não é em dinheiro, o
art 249'não incide (cf. voto vencido ao acórdão do Supremo Tribunal Fe-
deral, 21 de janeiro de 1911, R. de D., 22, 113; Supremo Tribunal Federal,
8 de julho de 1911, 23, 547, e 7 de dezembro de 1912, 28, 460.
Encerrada, pela decretação de abertura da falência, a conta corrente,
não se contam juros (2.a Câmara Civil do Tribunal de Alçada de São Paulo,
26 de setembro de 1955, R. dos T., 243, 409).
Diz o Código Comercial, art. 250: "O credor que passa recibo ou dá
quitação de juros menores dos estipulados não pode exigir a diferença re-
lativa ao vencimento passado; todavia, os juros futuros não se julgam por
êsse fato reduzidos a menos dos estipulados". Daí, se o credor tem de
passar recibo ou dar quitação (do capital), e entende que os juros devidos
seriam maiores, precisa de passar o recibo com ressalva do que reclama, ou
dar quitação quanto ao capital e fazer ressalva quanto aos juros.

2. NECESSIDADES PROFUNDAS DE CRÉDITO. - A g r a v e d i f e r e n ç a e n -


tre o vulto dos empreendimentos industriais e comerciais de hoje e o dos
empreendimentos industriais e comerciais dos tempos passados resulta da
concentração de capitais, com que se planeja, nos nossos dias, a criação
das empresas. Por outro lado, a produção e os negócios, por sua elevação,
exigem altos meios financeiros para a própria atividade (gastos com ma-
terial, formação de quadros administrativos, contactos e vinculações com
mercados de matéria-prima e de consumidores). É indispensável, incessan-
temente, o crédito.
Nos tempos normais, há estabilidade e ritmo na organização do cré-
dito, quer quanto aos investimentos quer quanto aos financiamentos em
senso estrito. A instabilidade e, em conseqüência, os atos de atenuação e de
correção, ou de simples tentativa, caracterizam os momentos de inflação,
de deflação e de perturbação na dimensão política externa ou interna.
A economia contemporânea é fundada no crédito, na aplicação do
que as pessoas poupam (deixam de gastar), com o conhecimento de que ao
dinheiro de muitos se deve a possibilidade de empreender o que o dinheiro
de um ou de alguns não poderia. O investimento passou a ser em capital e
em títulos rentáveis.
A soma das pequenas economias é que permite investimentos e fi-
nanciamentos que não seriam possíveis se não houvesse a captação e a
destinação dos fundos do grande número populacional. Com as dispo-
nibilidades dos que deixam de consumir tudo que eles ganham, pode o
industrial ou o comerciante empregar bens ou serviços, ou bens e serviços
muito acima daquilo que compõe o seu capital. Para isso, há outros agen-
tes do mundo econômico.

3 . M Ú T U O E INFLAÇÃO. — Quando há inflação ou outra causa para que


a moeda não possa adquirir hoje o que ontem poderia e, provavelmente,
não possa adquirir amanhã o que hoje pode, tem-se de reputar lucro o que
enche a diferença de aptidão aquisitiva mais os interesses propriamente
ditos. Não é possível abstrair-se da desvalorização de mais de um por cento
ao mês quando se pensa em obter renda de um por cento ao mês.
Sem entrarmos na análise do que é legal e do que é ilegal, mencione-
mos algumas práticas que a inflação suscitou, no Brasil, de algum tempo
para cá.
Quando o comerciante tem x títulos de crédito, ainda não vencidos e
com os vencimentos a, por exemplo, trinta dias, sessenta dias, noventa dias
e cento e vinte dias, e os leva a algum banco, ou casa bancária, ou a particu-
lar, que os recebe, endossados, ou, se ao portador, por tradição, mas por eles
dá apenas x - x/y, de modo que os juros sejam de um por cento em cento e
cinqüenta dias, há a conta vinculada. As prestações pagas pelos tomadores,
ou outros obrigados pelos títulos de crédito, são recebidas pelo banco, pela
casa bancária, ou pelo particular, mas é indisponível o que foi recebido.
Cobram-se, portanto, adiantadamente, os juros, como se os títulos fossem
com o vencimento a cento e cinqüenta dias. É encontradiça tal espécie.
São conseqüências da inflação, por exemplo, as atividades recentes
das empresas de financiamentos e de investimentos. As empresas de inves-
timentos, no tempo de inflação, contam com a subida do preço das ações
e com os dividendos, razão por que podem pagar mais do que os juros que
a lei considerou infringente das leis de economia popular. As empresas de
financiamento operam atraindo pessoas que querem juros acima do limite
legal e descontando títulos de crédito dos comerciantes e industriais com
pagamento adiantado dos juros.
O próprio Banco do Brasil, com as letras de importação, abriu entrada
para as operações das empresas de financiamento.
Emprêsas da alta indústria emitem letras de câmbio, com 3% de desá-
gio mensal. Tomam de empréstimo, portanto, acima do que seria permitido
que alguém emprestasse. Mas alguém, aí, é o público. O público não pode-
ria ser acusado de crime contra a economia popular.
Cada pessoa pode empregar, como entenda, os recursos pecuniários
que tem, desde que não viole direitos de terceiros. É essencial à livre eco-
nomia ( K E N N E T H E . BOULDING, Economic Analysis, 1941, 1 8 1 ; R A L P H
H. BLODGETT, Comparative Economic System, 29). Quando se quer e se
exige maior salário, maior aluguer, maior preço, maior lucro, o que se quer
e se exige é que se dê pelo serviço, pelo que foi adquirido com o dinheiro
não empregado no consumo, ou pelo dinheiro assim poupado, vantagem
razoável. A renda correspondente ao dinheiro que se empresta com remu-
neração fundada em percentual dos lucros, quer em sociedade quer em mú-
tuo parciário ou noutro contrato parciário, não é renda que possa ofender a
economia popular: serve à economia popular.

4. SOCIEDADES DE PARTICIPAÇÃO EM LUCROS. - Na sociedade de par-


ticipação de lucros (.Beteilungsgesellschaft), a finalidade é ou d) permitir a
capitais que necessitem de ser aplicados a participação em empreendimen-
tos de rentabilidade acima do que.se costuma obter e se pode obter com a
inversão direta (sociedade de aplicação de capitais, Kapitalanlagegesells-
chaft), ou b) para abrir caminho a investimentos que o público não faria
diretamente, por parecerem ou serem arriscados, ou remotos em relação ao
mercado ordinário de créditos (sociedades de tomada de títulos, Effektenü-
bernahmegesellschaft), ou c) subscrição e emissão de títulos, vendidos ao
público, para aquisição de títulos de empresas existentes (holding, Kon-
trollgesellschaft).
A empresa de investimentos não se encarrega da direção das empresas
em que inverte os capitais. Tal finalidade caracteriza o holding. A hol-
ding company controla ou influencia, materialmente, na direção de uma ou
mais emprêsas (JAMES C . BONBRIGHT e GARDNER C . M E A N S , The Holding
Company, 10).
LEO VON PETRAZYCKI (Die Lehre von Einkommen, 1 2 3 ) chamava à
retribuição, qualquer que fôsse, juros; CARL C R O M E (Die partiarischen
Rechtsgeschüfte, 366), que distinguia o interêsse percentual e os outros,
não deixaria de chamar juros ao que se promete nos contratos de que se
trata. Porém há a álea, que obsta a tratar-se como exploração criminosa a
operaçao com alguém que, mediante o emprêgo do que recebe, ganha mais
do que o mutuante.

5 . M Ú T U O E TÍTULOS ABSTRATOS. - As notas promissórias são títulos


abstratos, de que os contratos são os negócios jurídicos subjacentes. Os tí-
tulos abstratos têm a alta função de permitir a negociabilidade dos créditos,
elemento essencial da economia hodierna (ANTOINE JUTZ, Le Placement
collectif, 95; JOHN R. COMMONS, Institiitional Economics, 392: "...this was
not enough for the merchants. They needed also the legal power to buy and
sell debts").
Os títulos abstratos permitem que se transfira a terceiro a cártula, des-
de o momento em que dela se está de posse. Os títulos de crédito e todos
os títulos negociáveis, inclusive os títulos em que se incorporam direitos
reais, servem a essa função de circulação dos direitos. Mas, enquanto os
títulos em que se incorporam direitos reais são ou podem ser títulos de ga-
rantia, os títulos cambiários, isto é, a nota promissória e a letra de câmbio,
de modo nenhum se podem considerar títulos de garantia.
O mutuário, que faz notas promissórias, ou letras de câmbio, de
modo nenhum, com a promessa da devolução do dinheiro, dá garantia.
A devolução do dinheiro é característica do mútuo (Código Civil, art.
1 . 2 5 6 : "O mútuo é empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obri-
gado a restituir ao mutuante o que dêle recebeu em coisas do mesmo
gênero, qualidade e quantidade").
Quando é preciso juntar dinheiro de muitos para se prover ao finan-
ciamento de um, ou de alguns interessados, torna-se difícil ir o mutuário
ou irem os mutuários a diferentes endereços, para solver as dívidas. É usu-
al a emissão de cheques correspondentes ao dia do vencimento, máxime
quando há escritório que se encarrega da apresentação dos cheques e en-
trega dos títulos. Nas relações entre mutuantes e mutuários não pode haver
coação ou pressão, se há emissão de cheques para pagamento, porque,
a despeito de serem abstratos os títulos, as exceções pessoais podem ser
opostas pelos mutuários aos mutuantes, figurantes ditos em contacto (cf.
Tomo XXXTV, §§ 3 . 8 6 0 e 3 . 8 6 9 ; antes, Tratado de Direito cambiário, 2.A
ed., 221 s.).
Somente haveria ilicitude se o mutuante apresentasse o cheque, para
receber a quantia, e apresentasse o título cambiário, para também a rece-
ber, ou os endossasse como dois títulos sem a ligação do cheque à função
de pagamento da nota promissória.

6. ECONOMIA POPULAR E MÚTUO. - N o art. 4.°, a), l . a p a r t e , da L e i n.


1.521, de 2 6 de dezembro de 1951, considera-se crime contra a economia
popular "cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sôbre dívidas
em dinheiro, superiores à taxa permitida por lei". Trata-se de percentagem
sôbre o capital emprestado, e não, por exemplo, sôbre os lucros previstos,
ou a serem apurados, que o mutuário frua com a aplicação do que recebeu.
A percepção percentual poderia ser em sociedade e pode ser em mútuo
parciário. Os juros podem ser acima da taxa máxima se há álea, como é o
caso dos arts. 633-665 do Código Comercial (contrato de dinheiro a risco
ou câmbio marítimo).
É crime contra a economia popular "obter ou estipular, em qualquer
contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade
de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou
justo da prestação feita ou prometida (Lei n. 1.521, art. 4.°, b). São pressu-
postos: o abuso, por parte do infrator; o fato da necessidade de dinheiro, ou
da inexperiência, ou leviandade, por parte do ofendido; o lucro patrimonial
acima do que seria o valor corrente ou justo mais um quinto dêsse valor.
Os contratos parciários em que há percentual sôbre o lucro, mesmo quando
igual, ou maior do que o que resta para o recebedor do capital, de modo
nenhum poderiam ser incluídos na classe dos contratos de que fala o art.
4.°, b), porque o recebedor - digamos, nos mútuos parciários, o mutuário -
emprega o dinheiro alheio e presta parte do que venha a lucrar.
O fato de não se deduzir do capital o interêsse provável põe em evi-
dência a álea, no tocante aos lucros. É possível que se obtenham lucros
como é possível que falhem.

Panorama atua! pelo Atualizador

§ 4.597. A- Legislação
A norma do art. 1.263 do CC/1916, não foi reproduzida no Código Civil vigen-
; te. Da mesma forma, estão revogadas as disposições citadas acerca do Código
| Comercial de 1850. Entende-se aplicável hoje limite de juros segundo a disciplina
do art. 591, c/c art. 406 do CC/2002. Tais limites, contudo, não se aplicam aos
juros devidos por contratos celebrados por instituições financeiras. É admissível
o controle de juros, quando deem causa à excessiva onerosidade, segundo a
; disciplina do Código de Defesa do Consumidor. Regra do art. 323 do CC/2002
I refere que ocorrendo a quitação de capital, sem reserva de juros, estes se pre-
l sumem pagos.
i O tipo penal mencionado no texto, constante da Lei 1.521/1951, continua em
; vigor. Contudo, foi revogada pela MedProv 2.172-32, a disposição que impunha
; a nulidade dos juros usurários (art. 4.°, § 3.°, da Lei 1.521/1951). Essa nulidade,
todavia, decorre igualmente do Dec. 22.626/1933, do art. 187 do CC/2002, e do
art. 51, § 1.°, III, do CDC, na linha do entendimento de Pontes de Miranda, como
conseqüência do ilícito. No tocante à obtenção de vantagem aproveitando-se de
premente necessidade ou inexperiência, o Código Civil de 2002 introduziu como
defeitos do negócio jurídico o estado de perigo (art. 156) e a lesão (art. 157), com
os mesmos pressupostos.
Com relação à referência sobre a definição legal do mútuo, remete-se ao art
586 do CC/2002, que reproduz o conteúdo do art. 1.256 do CC/1916.
Sobre as holdings, a que se refere o texto, têm previsão legal expressa no art.
2.°, § 3.°, Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações).

§ 4.597. B- Doutrina
A definição da holding no contexto dos modelos de estruturação do controle
das empresas observou desenvolvimento pela doutrina (cf. SALOMÃO FILHO, Calixto,
O novo direito societário. 4. ed. São Paulo: Malheiros. p. 56; LOBO, Jorge. Direito
dos grupos de sociedades, RT 763/22), especialmente quanto à multiplicidade
de formas de captação de recursos para investimento. As grandes companhias
brasileiras estruturam-se sob a forma plurissocietária. Contudo, revela-se como
realidade submetida a transformações em decorrência de interesses fiscais, jurí-
dicos e mercadológicos presentes na economia globalizada.
No que se refere ao controle dos juros nos contratos de crédito, há largo tra-
tamento doutrinário em nosso direito, tanto em vista da aplicação do Código Ci-
vil, quanto do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, construiu-se o
entendimento pela possibilidade de controle, mesmo na ausência de taxa legal
expressa, em razão da verificação e controle de cláusulas abusivas, mediante
cominação de nulidade (cf. o nosso Curso de direito do consumidor. 2. ed. São
Paulo: Ed. RT, 2010).

§ 4.597. C- Jurisprudência
A abstração do título de crédito em relação ao contrato de mútuo é relativizada
pela jurisprudência contemporânea, em proteção do devedor (STJ, REsp 791.676/
GO, 4.a T.,j. 28.06.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 18.08.2011).
No tocante ao controle de juros, ao mesmo tempo em que a jurisprudência
fixou-se no sentido da inexistência de limite a príori para contrato de mútuo em
que seja mutuante instituição financeira (Súmula STF 596), admite seu controle
quando manifestamente excessivo (STJ, REsp 1061530/RS, 2a S., j. 22.10.2008,
rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 10.03.2009). Todavia, a Súmula STJ 381, objeto de
severa crítica doutrinária, sustenta entendimento que impede o reconhecimento
das cláusulas abusivas de ofício nos contratos bancários.
No contrato particular de mútuo, a jurisprudência de sua vez inclina-se pela
redução de juros, quando excedam ao limite imposto pelo Dec. 22.626/1933 - Lei
de Usura (REsp 1106625/PR, 3.aT., j. 16.08.2011, rei. Min. Sidnei Beneti, DJe
09.09.2011).
CAPÍTULO I V
AÇÕES DERIVADAS DA RELAÇÃO
JURÍDICA DE MÚTUO

§ 4.598. AÇÕES DO MUTUANTE

1. AÇÃO DECLARATÓRIA E AÇÃO CONDENATÓRIA. - O m u t u a n t e p o d e


propor ação declaratória no que respeita ao quanto do crédito ou a qual-
quer outro ponto que lhe interesse e seja suscetível de resposta positiva ou
negativa de existência.
A ação condenatória supõe a exigibilidade do crédito.
A restituição é feita ao mutuante (ou a seu representante), ou à pessoa
que êle indicara. Trate-se de terceiro a que se atribuiu a propriedade do
título, trate-se de terceiro a que o mutuante se referiu como o legitimado a
receber o bem restituído, o mútuo acaba e a restituição supõe que as rela-
ções jurídicas cessem.
Se ficou estabelecido que a restituição não fôsse de uma só vez (resti-
tuição gradual), só há pretensão a cada momento em que se pode exigir a
parte do que se mutuou.
O mutuante não pode exigir a restituição gradual ou por períodos se o
contrato não o previu; nem o mutuário o pode exigir se não o foi.
Se o mutuário não adimpliu como deveria ter adimplido, tem de
ressarcir os danos ao mutuante. É devida a diferença de valor do bem
entre o momento em que teria de ser feita a restituição e aquêle em que
se restituiu.
2. AÇÃO EXECUTIVA. - Para que o mutuante tenha ação executiva é
preciso que já haja título judicial (sentença executável), ou o crédito seja
certo e líquido.
Se o mútuo é garantido, com isso não se faz bilateral, mesmo se quem
presta a garantia é o mutuário ou se há penhor de títulos. No penhor irre-
gular (= mercantil), os títulos dados em garantia passam a ser propriedade
do mutuante, porém, ainda aí, não há bilateralidades. Há as ações oriundas
do mútuo e as ações oriundas do negócio jurídico de garantia.

í Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.598. A- Legislação
A disciplina sobre quem pode receber o pagamento consta dos arts. 308 a
312 do CC/2002. O art. 585, II, do CPC estabelece que o documento particular
| assinado por duas testemunhas constitui título executivo extrajudicial, viabilizando
a ação executiva.
] Sobre o momento do nascimento da pretensão incide o art. 189 do CC/2002
que define sua origem a partir do momento de violação do direito subjetivo. A
obrigação de ressarcir perdas e danos em razão do inadimplemento da obrigação
consta do art. 389 do CC/2002. Seu conteúdo é disciplinado pelo art. 402 et seq,
i da mesma lei.
i A Lei 10.931/2004 instituiu, dentre outros títulos, a cédula de crédito bancário,
representativa de operações de crédito realizadas pela instituição financeira (in-
clusive mútuo), e que se caracteriza como título executivo extrajudicial.

§ 4.598. B- Doutrina
Entendimento expressivo da doutrina contemporânea reconhece a teoria das
I ações, de Pontes de Miranda, como decisiva para conciliação das relações entre
o direito material e o direito processual, ainda que se discuta sobre o cabimento
de sua classificação quinária.
Quando se trate de mútuo garantido, note-se que nas hipóteses em que há,
ou conexidade do mútuo com o penhor mercantil - como menciona Pontes de Mi-
randa - ou mesmo situações em que a há equiparação do mutuário a depositário
do bem em garantia (caso da alienação fiduciária em garantia), grande discussão
houve sobre a possibilidade da aplicação da sanção de prisão aplicável ao depo-
; sitário infiel. Neste caso, critica-se a própria equiparação, admitindo-se sua con-
figuração como meio de execução indireta. Atualmente, contudo, não se admite,
em vista da Súmula vinculante STF 25, a prisão do depositário infiel, resultado de
evolução da jurisprudência daquela Corte.
§ 4.598. C - Jurisprudência
Conforme a jurisprudência dominante, a garantia de penhor não afasta a
vinculação de nota promissória a contrato de abertura de crédito (STJ, REsp
435.221/MG, 3.a Turma, j. 10.12.2002, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
DJ10.03.2003). Da mesma forma, o desaparecimento da garantia pignoratícia em
contrato de mútuo autoriza a compensação entre a dívida que daí emerge para o
mutuante e a dívida original do mutuário (STJ, REsp 8453/SP, 4.aT., j. 16.03.1992,
rei. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 03.08.1992). A confissão de dívida,
mesmo que decorrente de contrato de abertura de crédito, é título executivo ex-
trajudicial (Súmula STJ 300). A natureza executiva do contrato de mútuo assinado
por duas testemunhas, embora não precisem estar presentes no momento da
celebração, exige que nenhuma dessas tenha interesse no negócio (STJ, REsp
541.267, j. 20.09.2005, rei. Min. Jorge Scartezzini, DJ 17.10.2005).

§ 4.599. AÇÕES DO MUTUÁRIO

1. AÇÃO DECLAMATÓRIA. - O mutuário tem ação declaratória para que


o juiz afirme ou negue a existência da dívida, ou de algum ponto que seja
concernente à existência da dívida.

2. OUTRAS AÇÕES DO MUTUÁRIO. - Se O bem mutuado tinha vícios


e êsses vícios causaram danos ao mutuário, o mutuante, sendo oneroso o
mútuo, tem de indenizá-los, salvo se alega e prova que não teve qualquer
culpa. A simples ignorância dos vícios não o exime da responsabilidade.
Se o mútuo é gratuito, dá-se, no direito brasileiro, o mesmo. Cf. Código
Civil italiano, art. 1.821.
Quanto à redibição, o mútuo oneroso permite-a, bem como a ação
quanti minoris (Código Civil, arts. 1.101-1.105).
Em caso de tais vícios, sendo gratuito o mútuo, tem o mutuário a de-
núncia.
O mutuante, que vem a saber, após a entrega do bem mutuado, da
existência do vício, tem o dever de comunicar ao mutuário, respondendo
pelos danos a êsse e aos terceiros. Mesmo que se trate de falsidade do di-
nheiro ou dos títulos mutuados (H. DERNBURG, Pandekten, II, l.a ed., 23S).

3 ; CÓDIGOCivil, ART. 1 . 2 6 3 . - Lê-se no Código Civil, art. 1 . 2 6 3 : " O


mutuário, que pagar juros não estipulados, não os poderá reaver, nem im-
putar no capital". Diz-se o mesmo no Código Comercial, art. 251, porém
com limitação a que não se tem de atender em todo o direito privado: "O
devedor que paga juros não estipulados não pode repeti-los, salvo exce-
dendo a taxa da lei; e neste caso só pode repetir o excesso, ou imputá-lo
no capital". Todavia, se o que foi prestado excedeu o limite máximo, que
signifique ato ilícito (usura), há a repetição. Se pagamento foi feito por
terceiro, inclusive o herdeiro, há repetibilidade. Taxa da lei é a taxa dos
juros não estipulados; ou a do máximo dos juros, se estipuladas foram
(cf. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, 4 de maio de 1950).
No Código Comercial, art. 252, estatui-se: "A quitação do capital dada
sem reserva de juros faz presumir o pagamento dêles, e opera a descarga
total do devedor, ainda que fossem devidos". Coincide com isso o Código
Civil, art 944, de que tratamos (Tomo XXIV, §§ 2.889, 5; 2.893, 2; 2.894,
2; 2.901, 2, 3; 2.965,1; 2.981, 1).

4. PRÉ-CONTRATO DE MÚTUO. - Há tendência, na doutrina, para se


afastar a execução especifica em se tratando de pré-contrato de mútuo.
Mas a execução específica do pré-contrato de mútuo consiste, em primeira
plana, na conclusão do contrato. O contrato de mútuo, que resulte da ação
executiva do pré-contrato, é que pode ser executado especificamente. Ali,
a res é o contrato; aqui, sim, a res é o dinheiro ou outro bem fungível que
se dê em mútuo.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.599. A- Legislação

! Sobre vícios redibitórios incide a regra dos arts. 441 et seq do CC/2002. Já
j a regra que impedia o mutuário de restituir-se do pagamento de juros não esti-
| pulados não permanece vigente, admitindo-se a possibilidade de repetição de
indébito pela regra do art. 884 do CC/2002, que disciplina as conseqüências do
enriquecimento sem causa.
| As normas do Código Comercial de 1850, citadas no texto, foram revogadas.
! A regra de quitação do art. 944 do CC/1916, atualmente é reproduzida no art.
| 323 do CC/2002, vigente. Sobre a possibilidade de execução do pré-contrato,
i mediante o exercício da pretensão que obrigue a sua celebração, vige o art. 461
do CPC.
§ 4.599. B- Doutrina
A possibilidade de execução do pré-contrato é admitida largamente pela dou-
trina contemporânea, especialmente mediante ação de cumprimento específico
de obrigação de fazer, prevista em recentes reformas processuais, inclusive com
a possibilidade de imposição e astreintes (GRINOVER, Ada Pellegrini. Tutela especí-
fica nas obrigações de fazer e não fazer. Revista de Processo, vol. 79. p. 65. São
Paulo: Ed.RT.jul. 1995).

§ 4.599. C- Jurisprudência
A jurisprudência reconhece o direito à restituição dos juros pagos a maior, ou
em face de cláusula declarada nula em contrato de crédito (STJ, REsp 440.718/
RS, 4.a T., j. 24.09.2002, rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 16.12.2002), com
fundamento na vedação ao enriquecimento sem causa (AgRg no REsp 1021350/
RS, 4.aT.,j. 22.11.2011, rei. Min. Marco Buzzi, DJe 29.11.2011)
CAPÍTULO V

EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE MÚTUO

§ 4.600. C A U S A S D E E X T I N Ç Ã O

1. RESTITUIÇÃO. - A relação jurídica de mútuo extingue-se com a


restituição, que o mutuário faça, do que recebera do mutuante, ou com a
restituição de parte e a indenização.
Se o mútuo é gratuito, o devedor pode, a qualquer momento, restituir
o que recebeu. Aliter, se é com juros ou outra prestação pelo mutuário,
espécie em que o mutuário sem prazo certo tem de observar o art. 1.264
do Código Civil.
A restituição pelo mutuário é do tantundem eiusdem generis et qua-
litatis, e não daquilo que se entregou, posto que também isso satisfaça a
exigência de gênero e qualidade. Uma vez que o bem é fungível (vicem
fungitur) e, por vezes, consumível, só se poderia pensar em restituição
que não fôsse in indivíduo. O que, no depósito, seria irregular, no mútuo é
regular e essencial.
A restituição pode ser de menos, se ao contrato de mútuo se colou
contrato de doação de alguma quantidade, como se parte do entregue não
satisfaz requisitos exigidos pelo mutuário.
O dinheiro há de ser restituído conforme a unidade monetária que a
lei fixar como medida comum de valor (valor extrínseco, e não intrínseco).
O bem que se há de restituir há de ser do mesmo gênero (aliud eius-
dem generis). Pode-se restringir o gênero (e. g., café da região tal, ações
ao portador da emissão de 1962). O mútuo pode ser de genus limitatum ou
subgênero. Não é mútuo entregar vinho para ser restituído em conhaque,
porque aí se troca, não se mutua. Se o mutuante presta cavalos ou auto-
móvel, para que o outorgado venda e fique com o dinheiro em mútuo, há
mandato ou outra outorga de poder de venda e há mútuo, ou, se apenas se
disse "podendo ficar com o dinheiro em mútuo", oferta de mútuo.
Se se deixa ao outorgante, ou ao outorgado, restituir o gênero, ou o gê-
nero ou bem de outro gênero, à escolha do outorgante ou do outorgado, não
há pensar-se em contrato de mútuo ou noutro contrato, conforme o que se
escolheu, porque não seria admissível que fôsse da eficácia que resultasse
a natureza do contrato. Não se pode deixar de considerar concluso o con-
trato (portanto, não há duas ofertas, alternativas; nem se pode esperar o que
é que se "restituirá", para se saber o que foi que se contratou). Não se trata-
ria de alternatividade das obrigações, mas dos contratos, o que repugnaria à
dogmática jurídica. Não se pode raciocinar a respeito de contrato (de qual
contrato se trata) com os princípios, que regem as obrigações alternativas.
Está-se a discutir existência, e não eficácia, plano posterior.
Mútuo, na espécie, foi o que se contratou. Apenas, no vencimento, se
permite que, em vez do tantundem, se preste algo diferente; de modo que
a escolha consiste em restituir-se o que tinha de ser restituído, ou, com o
dinheiro, ou outro genus, adquirir o que se permitiu dar. Portanto, escolha.
O contrato de mútuo não se alterou; o que há é plus: o plus que a escolha
suscita, eventualmente.
Uma das figuras que entram na categoria acima referida é a dos mú-
tuos com o pacto de conversão em ações. Empresta A a S, sociedade anô-
nima, x, com a permissão para S de, se aumentar o capital, restituir em
ações. Não há propriamente cláusula do contrato de mútuo. Há oferta de
subscrição e aquisição de ações. Não importa se as ações são da própria
sociedade S, ou de outra. Nem se a escolha é para o outorgado, mutuário,
ou para o outorgante, mutuante.
A restituição tem de ser de bem ou de bens da mesma qualidade.
Entenda-se: a qualidade a que o contrato, explícita ou implicitamente, se
refere. A mudança de valor do bem mutuado é sem conseqüências.
Pode ser inserta cláusula que atenda ao poder aquisitivo do bem res-
tituível, mas tal cláusula infringe o princípio nominalístico, em se tratando
de moeda. Transformaria em dívida de valor a dívida de pecúnia.
Se o mutuário tem de depositar o dinheiro do pagamento, as despesas
com o depósito são por conta dêle, e nãó do mutuante, tal como se daria
em caso de depósito em consignação, inclusive se o adimplemento tem de
ser feito a terceiro (GERHARD VON BUCHKA, Die indirekte Verpflichtung
zur Leistung, 4).

2. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO NÃO IMPUTÁVEL AO MUTUÁRIO.


- Se foram dados em mútuo bens diversos do dinheiro, e há impossibi-
lidade de restituí-los ou dificuldade extrema (e. g., proibição da impor-
tação), sem causa imputável ao mutuário, tem êsse de prestar o valor,
conforme o tempo e o lugar em que se teria de operar a restituição. O
mutuário recebeu os bens, fê-los seus, e agora não os pode restituir, por
impossibilidade de que não foi causador. Era adstrito à restituição em
natura. Não o põe, sem que se lhe possa imputar a impossibilitação. Em
vez da res, presta o pretium.
Se o mútuo consistiu em dinheiro, pode acontecer que tenha sido pos-
to fora de curso, ou ter sido de moeda que foi recolhida. No mútuo de
dinheiro, há sempre moeda que substituiu a outra, ou, excepcionalmente, a
lei a substituiu por títulos de crédito (e. g., conversãò de moeda em títulos).
Praticamente, não há problema.
Acima falamos de "dificuldade extrema", equiparando-a à impos-
sibilidade. Não se trata de excessiva onerosidade (sem razão, FRANCES-
co MESSINEO, Dottrina generale dei contratto, 3.a ed., 419). Trata-se de
óbices materiais ou jurídicos, que só com sacrifícios extremos poderiam
ser afastados.
Quanto ao dinheiro, o princípio nominalístico pré-exclui alegação de
impossibilidade ou de extrema dificuldade.
Se o dinheiro é de outro Estado, regem os princípios sôbre negócios
jurídicos com prestação em moeda estrangeira.
Se há mora do mutuário, ou se houve culpa do mutuário, há a presta-
ção com ressarcimento dos danos, além dos juros moratórios.

3. INADIMPLEMENTO E RESILIÇÃO. - Se o mútuo se concluiu com a


entrega do bem e o mutuário deixa de pagar os juros ou de adimplir algum
dever, há a resilibilidade do contrato de mútuo.
Se o mutuário não presta a garantia a que se refere o art. 1.261 do
Código Civil, nasce a pretensão à resilição do contrato.
Se o mútuo é oneroso, qualquer falta de adimplemento, por parte do
mutuário, faz nascer a pretensão à decretação da resolução (Código Civil,
art. 1.092, parágrafo único). Se o pagamento havia de ser em frações, peri-
ódicas ou não, a omissão em pagar uma delas é suficiente, quer no mútuo
oneroso quer no gratuito, para o pedido, ali, de decretação de resolução do
contrato e, aqui, de restituição integral, após denúncia, pois que se vencem
todas as dívidas rateais.
Se o mútuo é gratuito, o art. 1 . 0 9 2 , parágrafo único, do Código Civil
não é invocável, e precisaria ter havido cláusula de resolução por falta de
pagamento rateai.
O inadimplemento quanto aos interêsses permite que se peça a resolu-
ção do contrato. São a contraprestação, no contrato de mútuo.
Não se pode falar de resolução do contrato, com invocação do art.
I . 0 9 2 , parágrafo único, do Código Civil, se o mútuo é gratuito, de modo
que o pedido, se o mutuário deixou de pagar a fração da dívida, é de res-
tituição integral, e não de resolução (com razão, ROBERTO DE RUGGIERO,
Istituzioni, II, 6.A ed., 261; sem razão, FRANCESCO MESSINEO, Manuale,
HI, 195).

Se o mútuo é gratuito, não há a bilateralidade. Em conseqüência, não


há a resolução, mas sim a restituição em virtude do ato jurídico unilateral
do mutuante, a que o inadimplemento causou prejuízo. Embora gratuito
o mútuo, o mutuante contava com a restituição parcial ou rateai; daí, a
denúncia cheia, que pode ser manifestada pelo mutuante, se alguma obri-
gação deixou de ser cumprida, e o pagamento parcial é uma delas.

4. DENÚNCIA. - Se o mútuo não foi com indicação do prazo, a relação


jurídica termina com a denúncia vazia. Nas espécies do art. 1.264,1 e II,
do Código Civil, a denunciabilidade somente se dá se houve cláusula de
prorrogação na falta de denúncia. Se não houve tal cláusula e o mutuante
não reclama contra a não-restituição, há renovação do contrato.
Lê-se no art. 1.264 do Código Civil: "Não se tendo convencionado ex-
pressamente, o prazo do mútuo será: I. Até a próxima colheita, se o mútuo
fôr de produtos agrícolas, assim para o consumo como para a semeadura.
II. De trinta dias, pelo menos, até prova em contrário, se fôr de dinheiro,
m . Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se fôr de qualquer outra
coisa fungível".

5. CONCURSO DE CREDORES. - Se do mutuário se abre concurso de


credores, vence-se o mútuo. A situação patrimonial do devedor mudou e
há restituição, antecipadamente, porque não mais se justificaria o gôzo do
objeto pelo mutuário, inapto a solver integralmente os seus débitos.
6. DANOS ORIUNDOS DA MORA. - Os juros são estipulados em cláu-
sula do contrato de mútuo, ou em pacto separado, antes ou depois da
conclusão do contrato de mútuo. Se esse não tinha a cláusula de juros, ou
há novação do contrato, ou modificação, ou o negócio jurídico à parte não
atinge o contrato de mútuo.
Não importa como se concebe o pagamento dos juros (e. g., por sema-
na, por mês, por trimestre, por semestre, ou por ano). Pode haver diferença
entre as prestações e os períodos.
Os pagamentos por conta imputam-se primeiramente nos juros,
quanto baste para a solução dos vencidos (Código Comercial, art. 433,
inciso 5).
Se o mutuário paga juros não estipulados, não os pode reaver. Se pa-
gou mais de seis por cento, pode repetir o excesso ou imputá-lo no capital
(Código Comercial, art. 251). O que se há de entender é que o mutuário
os devia, ou assumiu a dívida de juros, e não que se pagaram por amizade,
gratidão ou em retribuição de serviço.
Desde que ocorre a mora do mutuário (ou, se mercantil o mútuo, des-
de que a interpelação judicial deu eficácia à mora), são devidos os juros
moratórios sôbre o capital e os juros.
Lê-se no Código Civil, art. 1.061, que as perdas e danos, nas obri-
gações pecuniárias, consistem nos juros da mora e custas, sem prejuízo
da pena convencional. Estabelece o art. 249 do Código Comercial: "Nas
obrigações que se limitam ao pagamento de certa soma de dinheiro, os
danos e interêsses resultantes da mora consistem meramente na condena-
ção dos juros legais". Primeiramente, advirta-se que os juros moratórios
podem ter sido fixados abaixo ou acima da taxa legal. Em segundo lugar,
havemos de interpretar o art. 249 do Código Comercial como ressalvante
da pena convencional, à semelhança do Código Civil, art. 1.061. Ambas
as regras jurídicas só se referem a obrigações pecuniárias, sendo que a
da lei comercial se limitou a falar do mútuo. Porém, mesmo a respeito
do mútuo, a atitude do intérprete do art. 249 do Código Comercial tem
de ser a q u e t i v e r a m JOSEF UNGER e J. VON SCHEY d i a n t e d o § 1.333
do Código Civil austríaco, finalmente seguida pelo Tribunal Supremo da
Áustria. O mutuante não tem de provar os danos se apenas cobrar os juros
moratorios. Tem, porém, o ônus de alegar e provar os danos que sofreu
além da taxa legal dos juros moratórios, ou do que se estipulou, no con-
trato de mútuo, como juros moratórios. Sôbre o assunto, Tomo XXXIX,
§ 4 . 3 3 3 , 3.
Panorama atual pelo Atualizador j

§ 4.600. A- Legislação

A norma dispositiva sobre prazos do contrato de mútuo, que no Código Civil


anterior era a do art. 1.264, é reproduzida no art. 592 do CC/2002.
No caso de alteração patrimonial do mutuário como causa de exigência de
garantia de cumprimento, o art. 590 do CC/2002 preserva o sentido do art. 1.261
do CC/1916. A exceção de inseguridade, decorrente da dúvida de cumprimento
que impõe ao devedor o dever de oferecer ou reforçar garantia é norma que no
Código Civil anterior constava no art. 1.092, parágrafo único, reproduzido pelo art.
! 477 do CC/2002. j
• As regras do Código Comercial citadas foram revogadas pelo Código Civil de j
| 2002. Todavia, preserva o mesmo sentido do art. 433, V, revogado, o disposto no
| art. 354 do CC/2002. A possibilidade de restituição de juros pagos, embora não
estipulados, constante no art. 251, do CCo revogado, ora cede espaço à aplicação
I do art. 884 do CC/2002, admitindo-se a restituição com fundamento na vedação
ao enriquecimento sem causa.
No tocante às perdas e danos decorrentes do inadimplemento, atualmente são j
previstas no art. 389 e disciplinadas pelos arts. 402 et seq, do CC/2002. Sobre os
juros moratórios, a regra do art. 406 do CC/2002 é que se convencionados pelas
partes não incide limitação legal. Se não convencionados, ou o sendo sem taxa,
aplica-se a taxa de juros dos tributos devidos à Fazenda Nacional. Há dissenso,
contudo, quanto à taxa a ser aplicada, se a estabelecida pela Selic (Sistema Es-
pecial de Liquidação e Custódia), do Banco Central, para remuneração pela União
dos títulos públicos que emite, de que trata a Lei 9.065/1995, ou se a prevista no
art. 161, § 1°, do CTN.

§ 4.600. B- Doutrina

O princípio do nominalismo, pelo qual as dívidas em dinheiro devem ser pagas


conforme a unidade monetária que a lei constitui como medida comum, é assente
na doutrina nacional.
No tocante à extinção do contrato por inadimplemento, embora a regra seja
a resolução, reconhece a doutrina, de modo crescente, a limitação do direito do
credor de declarar o vencimento antecipado da dívida ou ainda reputar inadimple-
mento sem dar oportunidade da purga da mora pelo devedor. Tal posição orienta-
-se a partir da incidência do princípio da boa-fé objetiva e dos deveres de cola-
boração e lealdade entre os contratantes, a fundamentar, inclusive, a introdução
no direito brasileiro, da teoria do adimplemento substancial (AGUIAR JÚNIOR, Ruy
Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça. Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2003. Série de Pesquisas do CEJ,
vol. 11, p. 540-542).
No mesmo sentido, observe-se o posicionamento doutrinário segundo o qual, j
quando se trate de mútuo por prazo indeterminado, deve ser assegurado ao mu- j
tuário tempo suficiente para que possa usufruir do bem emprestado (TEPEDINO,
Gustavo; BARBOSA; MORAES. Código Civil interpretado conforme a Constituição da
República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. t. II, p. 319).

§ 4.600. C - J u r i s p r u d ê n c i a j
É entendimento objeto da Súmula STJ 379 que nos contratos bancários não
regidos por legislação específica, os juros moratórios só poderão ser convencio-
nados até o limite de 1 % ao mês. j
Da mesma forma, o adimplemento substancial como limite ao exercício
do direito de resolução do credor é reconhecido pela jurisprudência nacional
(STJ, REsp 272.739/MG, j. 01.03.2001, rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar e REsp
1051270/RS, j. 04.08.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão). Assente, também, o
entendimento de que responde o mutuante garantido com penhor se, após ter a
dívida adimplida, verifica-se o extravio da coisa empenhada (STJ, REsp 83.717/
MG, j. 12.11.1996, rei. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, RDB 5/203). No caso
de mútuo vinculado à finalidade de aquisição de moradia, reconhece, a jurispru-
dência, o direito daquele a quem houve cessão de direitos pelo mutuário original,
pagar a dívida como terceiro interessado, de modo a extinguir o contrato (STJ,
REsp, 184.577/SP, j. 01.04.2003, rei. Min. Franciulli Netto, DJ 04.08.2003).

§ 4.601. R E V O G A Ç Ã O

1. REVOGAÇÃO DO PRÉ-CONTRATO DE MÚTUO. - O pré-contrato de


mútuo é revogável pelo promitente-mutuante se há perigo, devido a si-
tuação posterior do outorgado, em restituir o bem fungível que recebesse
(Tomo XXV, §§ 3.070, 5, e 3.076, 3).

2. CONTRATO DE MÚTUO. - A revogação não pode dar-se se o contrato


de mútuo é real, ou se foi concebido como consensual. Sem razão, KARL
LARENZ {Lehrbuch des Schuldrechts, II, 155), que estende ao contrato con-
sensual de mútuo a regra jurídica sôbre revogabilidade do pré-contrato de
mútuo (Código Civil alemão, § 610). Nessas duas espécies, o mutuante
pode exigir garantia (Código Civil, art. 1.261: "O mutuante pode exigir
garantia da restituição se antes do vencimento o mutuário sofrer notória
mudança na fortuna").
| Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.601. A - Legislação
! O art. 1.261 do CC/1916 corresponde ao art. 590, do Código Civil vigente.
! No tocante à revogabilidade da promessa de contrato, é limitada, atualmente,
! pelo Código de Defesa do Consumidor, incidente quando se trate de relações
i de consumo, sob a égide da eficácia vinculativa da oferta, prevista no art. 30
daquela codificação.

i § 4.601. B- Doutrina
| A doutrina de direito bancário é uníssona em reconhecer a possibilidade de
| revogação da promessa de mútuo, considerando que a concessão do crédito,
\ em qualquer caso, pressupõe o exame do risco de inadimplência do tomador. A
doutrina de direito do consumidor, por outro lado, parte da premissa da eficácia
vinculativa da oferta, e sua conseqüente irrevogabilidade.

i
I § 4.601. C-Jurisprudência
! Reconhece amplamente, a jurisprudência, a possibilidade de revisão de con-
i tratos de mútuo já extintos (STJ, REsp 861.196/SC, 4. a T„ j. 06.10.2011, rel.Min.
Luis Felipe Salomão, DJe 27.10.2011).
PARTEH

CONTRATO D E MÚTUO A RISCO


CAPÍTULO I
MÚTUO A RISCO OU CÂMBIO M A R Í T I M O
OU DE VIAGEM C O M E R C I A L

§ 4.602. CONCEITO E NATUREZA DO MÚTUO MARÍTIMO A RISCO

1. CONCEITO. - O mútuo de dinheiro, ou de outro bem, a risco, é o


mútuo em que o mutuante perde o direito à restituição se o mutuário per-
de o bem, a propósito do qual se fêz o empréstimo. O elemento de álea
introduz-se.
O contrato de mútuo a risco pode ser empregado em qualquer viagem
de bens, "pois interessa, não só aos comerciantes de profissão, senão tam-
bém a toda a classe de pessoas que, pelas leis das nações e do país, não são
proibidas de dar o seu dinheiro a algum juro mercantil" (JOSÉ DA SILVA
LISBOA, Princípios de Direito mercantil, II, 6.a ed., 221).
O Código Comercial fere o ponto principal quando, no art. 662, fala
do privilégio especial - dito, ali, erradamente, "hipoteca", como no art.
633 e 658 - que tem o mútuo a risco, quanto ao objeto a que se refere, e
diz que o mutuante "fica sujeito a perder todo o direito à soma mutuada,
perecendo o objeto", "no tempo e lugar e pelos riscos convencionados" e
que "só tem direito ao embolso do principal e prêmio por inteiro no caso
de chegada a salvamento".

2. CLÁUSULA DE RISCO. - O contrato de mútuo a risco é contrato de


mútuo, com a cláusula de risco e o atendimento dos pressupostos subje-
tivos e objetivos que o caracterizam e atribuem o privilégio especial ao
crédito. No que concerne ao risco, se o caso, que se tem de examinar, não
foi previsto nos arts. 633-664 do Código Comercial, tem-se de resolver
analògicamente, consultando-se a legislação sôbre seguros marítimos.
Aliás, a respeito dos seguros marítimos, também se permite a interpre-
tação por analogia (art. 665: "Quando sôbre contrato de dinheiro a risco
ocorra caso que se ache prevenido neste Título, procurar-se-á a sua deci-
são por analogia, quanto seja compatível, no Título Dos Seguros maríti-
mos, e vice-versa").
Não se trata de contrato de seguro, nem de contrato de compra-e-
-venda.
No seguro, o prêmio é recebido pelo segurador, e nada presta, antes.
No mútuo a risco, o mutuante presta, e talvez nada receba (nem capital
nem interesses), ou só receba parte. O prêmio, no seguro, tem de ser me-
nor do que o interesse, no mútuo a risco, porque o risco é do capital e do
interesse. A chegada feliz, no seguro, extingue a relação jurídica do seguro,
sem que se haja de prestar. No mútuo a risco, a chegada feliz é que faz nas-
cer a pretensão ao capital e ao interesse. O mútuo a risco é, de certo modo,
o contrário do seguro.
As legislações muito confundiram o contrato de mútuo a risco e o
seguro, porém isso não os tornou idênticos, nem os poderia tornar. E. g.,
Preussisches Allgemeines Landrecht, § 2.359; Código Comercial portu-
guês, art. 1.621; Código Comercial francês, arts. 316-318, 328 e 330; Có-
digo Comercial holandês, art 576.
De modo nenhum se pode assimilar o mútuo a risco à compra-e-
-venda, considerando-se objeto da compra-e-venda o valor invertido no
navio ou na carga, ou num e noutro (e. g., F. P. BREMER, Hypothek und
Grundschuld, 73). Contra, acertadamente, O. STOBBE (Handbuch des
deutschen Privatrechts, II, 2. a ed., 280), B. MATTHIASS (Das Foenus
nauticum und geschichtliche Entwicklung der Bodmerei, 112 s.) e WIL-
LIAM LEWIS (Das deutsche Seerecht, II, 2. a e d . , 5 s.).
A bem dizer-se, os interesses são fundidos ao capital; não são separa-
dos, como acontece com o capital e os juros no mútuo ordinário. O foenus
nauticum compreende os dois (CLAUDIUS SALMASIUS, De Usuris, 24). O
interesse, aí, é contraprestação do perigo, pretiumpericuli. Os limites, que
teve o nauticum foenus - e tem hoje o mútuo a risco - não são os dos ju-
ros; e, se o anatocismo era proibido, como pensou M. J. HUDTWALCI-IER
(Dissertatio de foenore náutico romano. § 9), só se podia explicar pela
necessidade de se evitar a fraude à lei (cf. I. G. GOLDSCHMIDT, De náutico
foenore, 33). Se o risco existe para outro mútuo que não seja o de viagem
4.602. CONCEITO E N A T U R E Z A D O M Ú T U O M A R Í T I M O A R I S C O • 147

por mar, não se pode, hoje, fazer qualquer diferença, desde que lícito seja
(dito, outrora, quasi náutico foenus). Nem cabe a discussão que havia em
torno da L. 5, D., de náutico foenore, 22, 2(C. MOLINAUS, Tractatus com-
merciorum et usurarum redituumque pecunia constitutorum et monetarum,
119, que via no quod náutico foenore maior risco, isto é, maior probabili-
dade de perda do que de ganho, diferença que CLAUDIUS SALMASIUS, De
modo usurarum, 372 s., combateu).
O mútuo a risco não pode ser a propósito de percursos de embarca-
ções que só servem dentro do porto, ou da baía. Nas viagens por terra, em
países da extensão do Brasil, se há grande risco, nada obsta a que analò-
gicamente se invoquem os princípios do mútuo a risco regido pelos arts.
633-665 do Código Comercial, a respeito quer de percursos fluviais quer
de percursos terrestres, como os que se fazem através de florestas, ou por
longas estradas. O que é preciso é que não haja a ilicitude ou a fraus legis,
no tocante à lei de usura e a outras normas jurídicas.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.602. A- Legislação

As disposições acerca do contrato de câmbio marítimo, dos arts. 633 a 665 do


CCo de 1850 permanecem vigentes, preservados a contrario sensu, pela cláusula
de revogação do art. 2.045 do CC/2002.

§ 4.602. B- Doutrina

| O contrato de câmbio marítimo é praticamente desconhecido pela doutrina


I brasileira contemporânea. Mesmo autores representativos do direito comercial
i contemporâneos a Pontes de Miranda a ele se referiam como espécie de contra-
I to em desuso, especialmente pelo surgimento de outras operações mais atuais,
como a própria hipoteca naval ou os seguros marítimos, assim como o desenvol-
vimento de relações de correspondência por bancos e armadores em todo o mun-
do (SAMPAIO DE LACERDA, J. C. Direito comercial marítimo e aeronáutico. 2. ed. Rio
de Janeiro: Freitas Bastos, 1954. p. 369-370). Quem a ele se refere atualmente,
indica-o como antecedente do seguro marítimo (CASTRO JÚNIOR, Osvaldo Agripino.
Aspectos introdutórios do direito marítimo. Revista de Direito Privado, vol. 19. p.
I 215. São Paulo: Ed. RT, jul. 2004).
§4.603. "DADOS fflSTÓRICOS

1. DIREITO GREGO. - No direito grego, ó contrato de mútuo a risco,


que atendia a possível acidente de mar, era chamado sxSocrtç ou vauir/òv
SàvsiGLia . Tem-se procurado assimilá-lo ao mandato e até à sociedade.
Alguns o reputam contrato sui generis, afirmação que em nada esclarece a
figura. Aliás, é preciso repelir qualquer confusão com a sociedade: o con-
trato grego não se ligava ao lucro, posto que houvesse o interesse, como
em todos os mútuos onerosos. Os comerciantes precisavam dos capitais
para as suas compras fora e de certo modo garantiam com o que emprega-
vam na viagem o que se lhes emprestava (B. BÜCHSENSCHÜTZ, Der Besitz
und Erwerb im griechischen Altertume, 486). Por outro lado, não havia o
contrato de seguros marítimos, embora seja fora do exame dos fatos cha-
mar-se ao mútuo marítimo gêmeo do seguro (B. M. EMÉRIGON, Traité des
Assurances et des Contrats à la grosse, II, 377). No seguro, o segurador
cobre o dano; no mútuo a risco, de modo nenhum: o dano, sofrem-no os
dois, o mutuante, que perde o capital e os interesses, e o mutuário, porque
os bens eram seus. A álea, ali, é para o segurador; aqui, para ambos.

No direito grego, o mútuo a risco servia ao armador e a quem ia com-


prar mercadorias, ou vendê-las. Às vezes, era feito durante a viagem, em
caso de avarias ou de outras circunstâncias.
O mutuário, armador do navio, podia tomar a risco sôbre o navio,
com ou sem as pertenças. Em pleito contra Polides, DEMÓSTENES (§ 55)
fala de pedido de mútuo a risco (R. DARESTE, Du Prêt à la grosse chez les
Athéniens, 10, e Plaidoyers civils de Demosthènes, 257; E. CAILLEMER,
emDAREMBERG e SAGLIO, Dictionnaire des Antiquités grecques et romai-
nes, verbo "foenus", 1221; A. BÕCKH, Die Staatshaushaltung derAthener,
I, 167; contra, sem razão, DE VRIES, De foeneris nautici contractu iure
attico, 43, que não via no texto mútuo a risco). Fora feito pelo tetrarca
Apolodoro a Polides, para cobrir pertenças do navio, que eram suas, posto
que do Estado fôsse o navio.
O frete pode ser o objeto do risco, recaindo sôbre êle o privilégio (E.
PLATNER, DerProzess und die Klagen bei denAntikern, II, 303; R. DARES-
TE, Du Prêt à la grosse, chez les Athéniens, 9).
Os riscos eram os do mar.
Os interesses eram pagos com o capital, e não periodicamente.
Perecidos os objetos, extinguia-se a dívida.
2. DIREITO ROMANO. - Se O mutuante acha que o empréstimo é pe-
rigoso, porque o bem ou os bens com que o mutuário poderia solver, ou
dos quais poderia tirar lucro, estão expostos a riscos, é compreensível
que exija juros mais altos, assumindo o risco que regularmente seria do
mutuário. Em conseqüência disso, deixa de ser credor da restituição se
ocorre o que temia. O mútuo para viagem por mar, correndo o risco o
mutuante, que, se a nave não chegava ao lugar do destino, perdia o direito
à restituição, o foenus nauticum ou traiecticia pecunia foi o primeiro caso
e continuou sendo o mais importante. A L. 5, pr., D.,.de náutico faenore,
22, 2 (CÉVOLA), cogitou de outras espécies: "Periculi pretium est et si
condicione quamvis poenali non exsistente recepturus sis quod dederis
et insuper aliquid praeter pecuniam, si modo in aleae speciem non cadat:
veluti ea, ex quibus condictiones nasci solent, ut 'si non manumittas', 'si
non illud fatias 1 , 'si non. Convaluero' et cetera, nec dubitabis, si piscatori
erogaturo ira apparatum plurimum pecuniae dederim, ut, si cepisset, red-
deret, et athletae, unde si exhiberet exerceretque, ut, si vicisset, redderet".
Muitas palavras do texto são objeto de discussões. Alude-se ao preço do
risco e fala-se do dinheiro que se presta ao pescador, para que, se pescar,
restitua, e ao atleta, para que se mantenha e exercite, devolvendo-o, se
vencer. O que se havia de evitar era a dissimulação da aposta. Note-se
que no contrato de mútuo a risco se permitem juros acima da taxa legal,
por isso mesmo que há a assunção do risco. Interesse náutico, nauticum
foenus, que escapava à regra jurídica da usura, porque o capital, no seu
trajecto, se expunha (pecunia traiecticia), mesmo se o dinheiro se con-
vertia em outros bens, para a viagem (MODESTINO, L. 1, D., de náutico
faenore, 22, 2). Quando o risco não era de navegação, como se apenas
se emprestou dinheiro para algum negócio arriscado, falava-se de. foenus
quasi nauticum, posto que, às vezes, se chame quod nauticum o interêsse
pelo mútuo para viagem não-marítima (cf. B. MATTHIASS, Das Foenus
nauticum und geschichtliche Entwickhing der Bodmerei, 22).
No Digesto, diz-se faenus, e não foenus. Foenus, ou faenus, fenus,
feno (erva), produto, juros; com a mesma origem, de-fendere, feliz (felix).
As controvérsias quanto aos truncamentos daL. 5 foram grandes. Para
L . GOLDSCHMIDT (Untersuchungen zurL. 122, § 1, D., de verborum obli-
gationibus, [ 4 5 , 1 ] , 2 4 e 2 7 ) e outros (como P H . E . H U S C H K E , R . VON JHE-
RING e H . DERNBURG), O dinheiro, embora dito trajectício, não precisava
estar na nave ou ser empregado nela. Sôbre a evolução que se teria operado,
B . MATTHIASS (Das Foenus nauticum, 1 8 s.). Contra, H . SIEVEKING (Das
Seedaiiehen des Altertums, 34 s.), que sustentou ser necessária a travessia
do capital (fosse dinheiro, ou outro bem), tal como pensava K. BÜCHEL
(Das gesetzliche Zinsmaximum beim, foenus nauticum, 41).
A permissão de interesses mais elevados justifica-se pela «assunção do
risco (PAULO, L. 7, D., de náutico faenore, 22, 2).
Discute-se se o foenus nauticum era mútuo, ou se o não era. Mas em ver-
dade era mútuo. Se não ocorria o que se tinha como perigo, tudo se regulava
pelo mútuo, mesmo quanto aos riscos (L. 4, D., de náutico faenore, 22,2).
^A perda do capital e a perda da nave não podia ser separada ("salva
nave", "salva pecunia")? A solução é admitir-se que a liberação seria par-
cial, considerando-se nave e capital como um todo.
Na Idade Média latina, falava-se de câmbio marítimo ou contrato de
dinheiro a risco, de prestito a cambio marittimo, de prêt à la grosse aven-
ture. A tendência era para se pensar em gravame dos bens, em hipoteca ou
em penhor. A expressão "letra de risco" é velha na língua portuguêsa.
As condenações de teólogos e juristas quanto aos prêmios dos mútuos
a risco foram postas de lado pelo Alvará de 5 de maio de 1810. Já no Im-
pério do Brasil, a Lei de 24 de setembro de 1832 voltou à não-taxação de
juros máximos para quaisquer mútuos.
A limitação veio mais tarde, após a primeira guerra.

3. DIREITO BRASILEIRO. - No Código Comercial, art. 633, define-se


o contrato de empréstimo a risco ou câmbio marítimo como contrato pelo
qual o "dador estipula" e pois o tomador (mutuário) promete "prêmio certo
e determinado por preço dos riscos do mar que toma sôbre si", que sofra
o objeto, "sujeitando-se a perder o capital e prêmio se o dito objeto vier a
perecer por efeito dos riscos tomados" Alude-se, sem qualquer pertinência,
a "hipoteca especial". Hipoteca está em vez de "privilégio". Cf. Código
Comercial, arts. 651-653; Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945,
art. 102, § 2.°, I, 2.a parte.

§ 4.604. NATUREZA DO MTJTUO A RISCO

1. BILATERALIDADE. - O contrato é bilateral, de ordinário é real, mas


pode ser consensual, e nada obsta a que se conclua pré-contrato de mútuo
a risco. Aleatório e sob condição resolutiva. Além disso, contrato sujei-
to aformalidades, para eficácia contra terceiros, como resulta do Código
Comercial, art. 633, verbis "só pode provar-se por instrumento público ou
particular", "o qual será registado", na Junta Comercial, "dentro de oito
dias da data da escritura ou letra". "Se o contrato tiver lugar em país es-
trangeiro por súditos brasileiros, o instrumento deverá ser autenticado com
o visto do cônsul", "se aí o houver". "E em todo o caso anotado no verso
do registo da embarcação se versar sôbre o navio ou fretes". "Faltando no
instrumento do contrato alguma das sobreditas formalidades, ficará este
subsistindo entre as próprias partes, mas não estabelecerá direitos contra
terceiros". O contrato é escrito. As formalidades a mais são para eficácia
contra terceiros.
No mútuo a risco há condição resolutiva do dever de restituição.
O mútuo pode ser feito ao pescador, ao que transporta boiadas ou
grande número de cavalos para os vender em lugares distantes, ao atleta
que vai entrar em campeonato. •

2. COMERCIALIDADE. - O mutuante, que é o dador do bem a risco, pra-


tica ato de comércio, e há de satisfazer os requisitos de capacidade. Quase
sempre são os bancos e pessoas, sem estabelecimento comercial, mas que
fazem tais negócios, os mutuantes.

§ 4.605. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS


E OBJETIVOS DO CONTRATO DE MÚTUO A RISCO

1. PRESSUPOSTOS NECESSÁRIOS. - Diz o Código Comercial, no art.


634, alínea l. a : "O instrumento do contrato de dinheiro a risco deve decla-
rar: 1. A data e o lugar em que o empréstimo se faz. 2. O capital empres-
tado e o preço do risco, aquele e este especificados separadamente. 3. O
nome do dador e o do tomador, com o do navio e o do seu capitão. 4. O
objeto e o efeito sôbre que recai o empréstimo. 5. Os riscos tomados, com
menção específica de cada um. 6. Se o empréstimo tem lugar por uma ou
mais viagens, qual a viagem, e por que têrmo. 7. A época do pagamento
por embolso, e o lugar onde deva efetuar-se. 8. Qualquer outra cláusula em
que as partes convenham, contanto que não seja oposta à natureza deste
contrato, ou proibida por lei".
Na 2.a alínea do art. 634 do Código Comercial, acrescenta-se: "O ins-
trumento em que faltar alguma das obrigações enunciadas, será considera-
do como simples crédito de dinheiro de empréstimo ao prêmio da lei, sem
hipoteca nos efeitos sôbre que tiver sido dado, sem privilégio algum". Em
lugar de "sem hipoteca" leia-se "sem privilégio especial".

2. FORMA. - O contrato de mútuo a risco é, como gênero, contrato de


mútuo, pecunia credita. Se algum dos pressupostos especiais falta, como
o deforma, o que fica, como simples negócio jurídico de crédito, pode ser
e valer (WILLIAM LEWIS, Das deutsche Seerecht, II, 2.A ed., 16). O credor
deira de ter, com isso, o privilégio especial, e não escapa às regras jurídi-
cas sôbre limitação de juros e sôbre usura. Discutiu-se se ficavam os juros
conforme a taxa legal, ou se caía todo o quanto de interesses, do "prêmio",
porque só se destinava à cobertura aleatória. Ora, o mútuo supõe-se gra-
tuito. Se, além do "prêmio", não havia juros, de juros não se há de cogitar.
No art. 636 e 638 do Código Comercial fala-se de "escritura ou letra
de risco". Exige-se ser escrito o contrato. Mais: ser por escritura pública,
ou por letra de risco, título cambiariforme. Afasta-se o princípio Locus regit
actum. Com a exigência da escritura pública, ou da letra de risco, foge-se
ao que mais se segue nos outros sistemas jurídicos (e. g., no direito inglês,
D. MACLACHLAN, A Treatise on the Law ofMerchant Shipping, 3.a ed., 59).
O instrumento público pode ser feito no cartório do tabelião, ou no
escritório do corretor de fundos; o instrumento particular, pelo escrito ou
dactilografia, assinado pelos figurantes, ou como título cambiariforme, que
é a letra de risco, semelhante à letra de câmbio, na qual sacador é o mu-
tuante a risco e é tomador o mutuário a risco.

3. QUEM PODE CONCLUIR CONTRATO DE MÚTUO A RISCO. - O con-


trato de mútuo a risco pode ser concluído pelos armadores e viajantes do
mar que vão comprar, ou vender, como também se, em vez de nave, é de
aeroplanos, ou de ônibus, ou de outro transporte que se trata. Bem assim,
nas circunstâncias dos arts. 515-518 do Código Comercial, pelos capitães,
pilotos e condutores de veículos.
Se o outorgado pode dispensar o empréstimo a risco, por ser fácil
outro meio de obter suprimentos, pecuniários ou não, diz-se voluntário; e
necessário, ou, melhor, por necessidade,, se as circunstâncias impuseram a
conclusão do contrato, quase sempre ao capitão do navio, ou ao piloto do
avião, ou ao condutor do veículo.
Ao capitão incumbe levar o navio aos portos de destino, dirigi-lo e
conduzir-lhe a carga, evitando-lhe'avarias e perdas. É de supor-se, hoje em
dia, que não lhe faltem os recursos para isso, ou porque possa, nos portos,
sacar contra a companhia, ou porque lhe seja fácil comunicar-se com ela,
ou porque ao agente local caiba atender às suas necessidades de dinheiro.
A correspondência rápida, aérea, telefônica, ou telegráfica, talvez lhe baste
em circunstâncias menos favoráveis. Marcada pela idade que tem, a velha
regra do dinheiro a risco espontou no Código Comercial, arts. 515 e 516.
Se, durante a viagem, lhe faltam fundos e não está presente algum dos
proprietários da embarcação, mandatários, ou consignatários, ou, na falta
deles, algum interessado na carga, ou, se, presentes, não providenciam,
pode o capitão contrair dívidas, tomar dinheiro a risco sôbre o casco e
pertenças do navio e remanescentes dos fretes, depois de pagas as solda-
das (privilégio, não garantia real). Até mesmo, na falta absoluta de outro
recurso, vender mercadorias da carga (ou dar em garantia), entenda-se,
sempre que tal dinheiro seja para reparo ou provisão da embarcação. Tem
êle de explicitar nos títulos das obrigações, que contraia, a razão por que
as contrai (Código Comercial, art. 515, alínea l. a ). Contudo, para assumir
obrigações de tal guisa, o capitão precisa de justificação prévia. É de tal
justificação que cogitam os arts. 754 e 755 do Código Comercial. Não há
gradação nas obrigações.
O art. 754 reproduz o art. 516 do Código Comercial, que é, por sua
vez, miudeamento dos pressupostos do art. 515 mais o da deliberação, na
forma da lei comercial, art. 504. Está claro que o instituto só se refere ao
dinheiro tomado pelo capitão, e não aó tomado por alguma das pessoas
mencionadas no art. 754, III, do Código de Processo Civil. A obrigação
não pode ser garantida por hipoteca do navio (Decreto n. 15.788, de 8 de
novembro de 1922, art. 14), por ser restrita ao proprietário ou ao seu repre-
sentante com poderes especiais.
Não vale a convenção contra as regras jurídicas dos arts. 515 e 516 do
Código Comercial. São de direito cogente.
O mútuo a risco pode ser para evitar arresto do navio ou da carga,
ou para que se substitua o bem arrestado (LORD TENTERDEN ABBOTT, A
Treatise ofthe Law relative to Merchant Ships and Seamen, 12.a ed., 114).
O consignatário não tem legitimação para contratar mútuo a risco.
Se há condomínio do navio, ou de outro veículo, no mútuo a risco têm
de figurar todos os condôminos; ou cada um dêles somente pode submeter
ao privilégio especial a sua parte indivisa.
No direito brasileiro, o capitão ou quem a êle corresponda somen-
te pode tomar empréstimo a risco "durante a viagem". Tal regra jurídica
resulta da natureza da própria destinação do empréstimo e não poderia o
capitão, antes da partida, isto é, antes de deixar o porto da matrícula, con-
trair mútuo a risco.

4. DATA E LUGAR EM QUE O EMPRÉSTIMO SE FAZ. - A data e o lugar


têm, além da função de determinação espácio-temporal, a de fixação da
transferência do risco.

5. OBJETO DO MÚTUO A RISCO (CAPITAL E INTERESSES) . - O objeto d o


mútuo a risco é, de ordinário, o dinheiro. Posto que possam ser entregues
bens diferentes, não-pecuniários, esses bens têm de ser estimados, para que
se saiba o que se há de restituir em dinheiro (Código Comercial, arts. 633 e
643). Lê-se no art. 633, 2.a alínea: "É permitido fazer empréstimos a risco
não só em dinheiro, mas também em efeitos próprios para o serviço e con-
sumo do navio, ou que possam ser objeto de comércio", isto é, que possam
ser vendidos para se obter o dinheiro; "em tais casos, a coisa emprestada
deve ser estimada em valor para ser paga com dinheiro". A redação é má.
Não se paga o objeto que se prestou; paga-se a quantia da estimação.
A destinação - servir à viagem e às inversões do negócio para o qual
se faz a viagem - é elemento intrínseco. Não é preciso que se trate de
"extraordinária necessidade" do navio, ou da carga (ou de outro veículo),
para que haja o contrato de mútuo a risco. JOSÉ DA SILVA COSTA (Direito
Comercial Marítimo, n , 407 s.) confundiu o gênero do contrato de mútuo a
risco, que se regula nos arts. 633-664 do Código Comercial, com uma das
espécies, que é o contrato dos arts. 515-518 do Código Comercial, contrato
que depende de circunstâncias extraordinárias, apontadas no art. 515.
Os Alvarás de 14 de fevereiro de 1609 e de 23 de agosto de 1623 fo-
ram hostis aos mútuos a risco a navegações de ultramar. O primeiro tinha
por fito "atalhar com remédio conveniente aos grandes danos e inconve-
nientes" de "tomarem os homens do mar a risco das ditas naus e navios da
navegação da índia". O segundo, referindo-se ao primeiro, disse que o tem-
po havia "mostrado convir muito ser esta lei geral, de maneira que com-
preenda todas as naus e navios e mais embarcações que navegarem para
quaisquer dos portos". A razão da lei: desde 1609 haviam sido tomados
"muitos navios, caravelas e outras embarcações das que navegam para as
outras partes e portos das conquistas deste reino e vendidos aos inimigos,
sem se defenderem deles". A causa da omissão era a de "os homens do
mar tomarem dinheiro a responder a risco dos ditos navios e embarcações
e cascos dêles".
O Alvará de 11 de maio de 1655 regulou a avaliação dos navios, ca-
ravelas e embarcações, que tivessem de empreender viagem ultramarina,
para se fixar a quantia até a qual se poderia "tomar sôbre a tal embarcação
dinheiro a responder". "As embarcações ordinariamente são de terceiras
pessoas e os mestres têm nelas a menor parte, e muitas vêzes nada". Daí a
regra jurídica de que "nem até a quantia da avaliação" poderem tomar di-
nheiro, "sem consentimento especial, para cada partida, de todos os donos
da embarcação, ou de seus bastantes procuradores".
O Alvará de 16 de janeiro de 1757 fixou a taxa legal de juros, excluído
o mútuo a risco por prazo de, pelo menos, um ano.
Se não se cogitou de interesses no contrato, ou há doação, sob condi-
ção resolutiva (cp. Código Civil, art. 1.174), ou contrato de mútuo, com a
cláusula de extinção da dívida se houver perda.
Quanto aos interesses, ditos "prêmio", estatui"o art. 659 do Código
Comercial: "É livre aos contraentes estipular o prêmio na quantidade e o
modo de pagamento que bem lhes pareça, mas, uma vez concordado, a su-
perveniência de risco não dá direito a exigência de aumento ou diminuição
do prêmio; salvo se outra coisa fôr acordada no contrato".

6. BENS SUJEITOS AO PRIVILÉGIO ESPECIAL. - B e n s s u j e i t o s ao privi-


légio especial são os bens cujos riscos são assumidos pelo mutuante. Em-
prestou, mas só recebe se esses bens não foram perdidos, ou só recebe em
parte se só em parte se perdem. O art. 639 do Código Comercial explicita:
"O empréstimo a risco pode recair: 1. Sôbre o casco, fretes e pertences do
navio. 2. Sôbre a carga. 3. Sôbre a totalidade destes objetos conjunta ou
separadamente, ou sôbre uma parte determinada de cada um deles". Acres-
centa o art. 640, l. a , 2 A e 3. a alíneas: "Recaindo o empréstimo a risco sôbre
o casco e pertences do navio, abrange na sua responsabilidade o frete da
viagem respectiva. Quando o contrato é celebrado sôbre o navio e carga, o
privilégio do dador é solidário sôbre uma e outra coisa. Se o empréstimo
fôr feito sôbre a carga ou sôbre um objeto determinado do navio ou da
carga, os seus efeitos não se estendem além dêsse objeto ou da carga". A
2.A alínea impunha-se, em boa técnica legislativa (C. VON KALTENBORN,
Grundsãtze des praktischen europãischen Seerechts, II, 258; WILLIAM
LEWIS, Das deutsche Seerecht, II, 2.A ed., 26). Se o navio ou a carga per-
tence a diferentes pessoas, pode haver entre eles ação de regresso pro rata
(WILLIAM LEWIS, II, 26; diferente, n a Inglaterra, D . MACLACHLAN, A Trea-
tise ofLaw ofMerchant Shipping, 3.a ed., 153).
A propósito do mútuo a risco, convém afastar-se o inconveniente da
imprecisão com que, de ordinário, os juristas falam de ser da essência do
mútuo a risco a ligação a algum objeto ou a alguns objetos que vão correr
risco. ,-De que ligação se trata? Nos sistemas jurídicos, que estabeleceram
a gravação do objeto ou dos objetos, essa ligação seria a de haver direi-
to real de garantia que necessariamente lhe corresponderia. Nos sistemas
jurídicos em que apenas se preestabeleceu o privilégio especial, mais se
trata de previsão do que de atualidade. Se o crédito produzir a pretensão,
em vez de extinguir-se de todo, o credor poderá sustentar o privilégio es-
pecial. Supõe-se, portanto, futuro em que a lei seja a mesma. Isso faz vir
à tona delicado problema de direito intertemporal. De regra, os privilégios
especiais e gerais não são direitos adquiridos, razão por que só se exercem
quando se abrem os concursos de credores, A respeito, cumpre ler-se o que
escrevemos no Tomo XXII, § 2.683, 2, onde mostramos o que é direito
acessório e frisamos que o privilégio é qualidade do crédito, e não direito
acessório ao crédito, como seria o penhor ou a hipoteca. ^O privilégio
especial, que as leis atribuem ao crédito de mútuo a risco, foi feito, excep-
cionalmente, direito acessório?

Certamente, o mutuário pode hipotecar ao mutuante a risco o navio e


constituir penhor mercantil sôbre bens da carga, ou outros bens; então, com
isso, se criaria direito acessório. Mesmo no direito grego, onde expressões
de gramáticos (não juristas) podiam fazer crer-se em ligação essencial a
direito acessório, o pleito de DEMÓSTENES contra Policies (§17) mostra
que o mútuo a risco tomado pelo capitão Nicipo em Apolodoro não tinha
qualquer garantia. No pleito contra Formion (§ 6), vê-se que fora garantida
a viagem de ida e não a de volta (cf. R. DARESTE, DU Prêt à la grosse chez
les Athéniens, 9; H. SIEVEKING, Das Seedarlehen, 19 s.). No direito grego,
já todos os bens do mutuário a risco respondiam pelo mútuo a risco, posto
que não houvesse sôbre todos o privilégio especial: vmmxòv ôáveiojia era
chamado porque havia a referência aos riscos e a necessidade de haver
bens que suportassem a execução.
O mútuo a risco pode só ter privilégio especial sôbre parte do navio,
pois só houve referência a essa parte.
A avaliação das mercadorias, se não é feita no contrato de mútuo a
risco, tem de o ser como se faz em caso de seguro (Código Comercial,
art. 665).
A Bodmerei germânica teve espécime notável na gheldt op ships bo-
dem holandesa (cf. Estatuto de Amsterdão de 13 de agosto de 1527 e Or-
denança holandesa de 29 de janeiro de 1529, cap. 19).
Cumpre observar-se que, no direito brasileiro, a despeito de tactea-
mentos, se afastou qualquer concepção de penhor do navio ou da carga. A
fortiori, o princípio *Res solum obligata est. Quem se vincula é o mutuário
a risco, sem gravame do bem. Com isso se repeliu o que escreveram K.
FR. EICHHORN (Einleitung in das deutsche Privatrecht, § 116), M. PÕHLS
(Seerecht, III, 818 e 840) e A. DE COURCY (Questions de Droit maritime,
I, 32, e II, 114); com ainda mais forte razão, os absurdos de se ter o navio
como pessoa ou algo para se tratar como pessoa (respectivamente, CRESP,
Cours de Droit maritime, I, 59, e A. DES JARDINS (Traité de Droit commer-
cial maritime, I, 84).

7. RISCOS TOMADOS. - D i z o art. 6 3 7 d o C ó d i g o C o m e r c i a l : " S e n o


instrumento do contrato se não tiver feito menção : específica dos riscos
com reserva de algum, ou deixar de se estipular o tempo, entende-se que
o dador do dinheiro tomará sôbre si todos aqueles riscos marítimos e pelo
mesmo tempo, que geralmente costumam receber os seguradores".
No art. 643, alíneas l. a e 2.\ do Código Comercial, estatui-se que "o
tomador que não carregar efeitos no valor total da soma tomada a risco é
obrigado a restituir ó remanescente ao dador antes da partida do navio ou
todo se nenhum empregar; e se não restituir, dá-se ação pessoal contra o
tomador pela parte descoberta, ainda que a parte coberta ou empregada
venha a perder-se (art. 655). O mesmo terá lugar quando o dinheiro a risco
fôr tomado para habilitar o navio, se o tomador não chegar a fazer uso dêle
ou da coisa estimável, em todo ou em parte".
As espécies de que fala o art. 643 do Código Comercial só se referem
às relações jurídicas entre mutuário a risco e mutuante a risco, ditos, ali,
"tomador" e "dador". E óbvio que o mutuante a risco, que se conluiara, ou
estava de má fé, não tem a ação de que ali se trata. Aliás, afaste-se qualquer
interpretação que veja o art. 643 como contendo regras jurídicas sôbre va-
lidade. O contrato é e vale (com razão, J. CAUVET, Traité des Assurances
maritimes, I, 155; A. DE COURCY, Questions de Droit maritime, 34). De
modo nenhum se pode invocar o art. 643 contra o endossatário de boa fé.
A letra de risco é título abstratizado, como, hoje, a duplicata mercantil.
Diz o art. 645 do Código Comercial: "Se ao tempo do sinistro parte
dos efeitos obieto de risco já se achar em terra, a perda do dador será redu-
zida ao que tiver ficado dentro do navio; e se os efeitos forem transportados
em outro navio para o porto do destino originário (art. 614), neste continu-
am os riscos do dador".
O Alvará de 24 de julho de 1793 resolveu, acertadamente, que, sendo
de menos que o valor do navio ou da carga, ou do navio e da carga, o mú-
tuo a risco, se, além da soma mutuada, que estava a bordo, havia valores
que podiam ser vendidos e se venderam "no curso da viagem e nas diferen-
tes escalas", não fica obrigado pelo que vendeu o mutuário.

8. PERCURSO A QUE O MÚTUO A RISCO SE REFERE. - D e s d e as suas


mais remotas origens, o mútuo a risco somente se entende para viagem e
depende do percurso a que a viagem corresponde. Daí a exigência do art.
634, inciso 6, do Código Comercial. No art. 638, l. a e 2.a partes, foram in-
certas duas regras jurídicas dispositivas: "Não se declarando na escritura
ou letra de risco que o empréstimo é só por ida ou só por volta, ou por uma
e outra, o pagamento, recaindo o empréstimo sôbre fazendas, é exeqüível
no lugar do destino destas, declarado nos conhecimentos ou fretamento; e
se recair sôbre o navio, no fim de dois meses depois da chegada ao porto
do destino, se não aparelhar de volta".
O mútuo a risco pode ser por viagem de ida, ou de volta, ou de ida e
volta, com tempo determinado. As estadias, mesmo quando demoram mais
do que se previa, não interrompem a viagem.
O risco do mútuo pode não coincidir com o risco do navio e da carga.
Por exemplo: a escala seria A, B e D, e o navio fêz A, B, C e D. O mútuo
não correu risco entre B e C, salvo no que o caminho para C era o caminho
para D.
No tempo do risco compreende-se o do desembarque (NEWSON, A
Digest ofthe Law ofShipping and ofmarine Insurance, 2.a ed., 144).
CAPÍTULO I I
VALIDADE E E F I C Á C I A D O C O N T R A T O
DE M Ú T U O A R I S C O

§ 4.606. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE

1. VALIDADE E INVALIDADE. - O contrato de mútuo a risco exige todos


os pressupostos sem os quais seriam nulos ou anuláveis os outros contra-
tos. A incapacidade, a ilicitude e a impossibilidade, a falta de forma ou de
solenidade e outras infrações são comuns. Todavia, há, a mais, o art. 656,
l. a e 2.a alíneas, do Código Comercial, que estabelece: "É nulo o contrato
de câmbio marítimo: 1. Sendo o empréstimo feito a gente da tripulação. 2.
Tendo o empréstimo somente por objeto o frete a vencer, ou o lucro espe-
rado de alguma negociação, ou um e outro simultânea e exclusivamente.
3. Quando o dador não corre algum risco dos objetos sôbre os quais se deu
o dinheiro. 4. Quando recai sôbre objetos, cujos riscos j á têm sido toma-
dos por outrem no seu inteiro valor (art. 650). 5. Faltando o registo, ou as
formalidades exigidas no art. 516 para o caso de que aí se trata. Em todos
os referidos casos, ainda que o contrato não surta os seus efeitos legais,
o tomador responde pessoalmente pelo principal mutuado e juros legais,
posto que a coisa objeto do contrato tenha perecido no tempo e no lugar
dos riscos". Primeiramente, observemos que a sanção somente concerne à
assunção de risco, e não ao contrato. O mútuo houve, e o mútuo vale. Não
é válida ou não é eficaz a cláusula de assunção do risco. Rigorosamente,
há invalidade da cláusula ou das cláusulas típicas se ocorre o que se prevê
no art. 656, incisos 1, 2, 3 e 5, 2. a parte; e ineficácia da cláusula ou das
cláusulas, nos casos do art. 656, incisos 4 e 5, l. a parte. De qualquer modo,
nenhum efeito da cláusula ou das cláusulas típicas se pode esperar.
2. EMPRÉSTIMO TOMADO PELO CAPITÃO OU PESSOA QUE LHE CORRES-
PONDA. - No art. 652, o Código Comercial previu o empréstimo pelo ca-
pitão (piloto ou condutor de veículo, conforme a interpretação analógica):
"O empréstimo de dinheiro a risco sôbre o navio tomado pelo capitão no
lugar do domicílio do dono sem autorização escrita produz ação e privilé-
gio somente na parte que o capitão possa ter no navio e frete; e não obriga
o dono, ainda mesmo que se pretenda provar que o dinheiro foi aplicado
em benefício da embarcação".
A despeito da referência ao privilégio (que é especial), a espécie é de
regramento de eficácia, e não de validade. O contrato de mútuo a risco vale
e é relativamente eficaz. O art. 652 afasta a pretensão do mutuante a risco,
contra o proprietário, ou quem lhe faça as vezes, pelo enriquecimento in-
justificado; não, porém, a pretensão pelo enriquecimento injustificado que
possa ter o capitão, ou pessoa a êle equiparada, contra o dono do meio de
transporte, ou quem lhe faça as vêzes.

§ 4.607. E F I C Á C I A D O M Ú T U O A R I S C O

1. REGISTO OU VISTO. - Se. faltou o registo oportuno, ou o visto, o cré-


dito não tem o privilégio especial (Código Comercial, arts. 633 e 653). Cf.
arts. 515 e 516. Trata-se de exigência de publicidade. Só a eficácia quanto
a terceiros é que se pré-elimina (WILLIAM LEWIS, Das deutsche Seerecht,
II, 2.a ed., 15 s., nota 2, sôbre o art. 633 do Código Comercial brasileiro).

2. VENCIMENTO DO MÚTUO A RISCO. - N o contrato d e m ú t u o a risco


tem-se de determinar a data do pagamento e o lugar em que se há de fazer
(Código Comercial, art. 634, inciso 7).
Lê-se no art. 660 do Código Comercial: "Não estando fixada a épo-
ca do pagamento, será este reputado vencido apenas tiverem cessado os
riscos. Desse dia em diante correm para o dador os juros da lei sôbre o
capital e prêmio no caso de mora, a qual só pode provar-se pelo protesto".
Entenda-se: a mora só é eficaz com o protesto, conforme os princípios do
Código Comercial.

3. RESPONSABILIDADE CRIMINAL DOS FIGURANTES. - " S e entre o da-


dor a risco e o capitão se der algum conluio por cujo meio os armadores
ou carregadores sofram prejuízo, será este indenizado solidàriamente pelo
dador e pelo capitão, contra os quais poderá intentar-se a ação criminal que
competente seja" (Código Comercial, art. 654).
"Incorre em crime de estelionato o tomador que receber dinheiro a
risco por valor maior que o do objeto do risco, ou quando este não tenha
sido efetivamente embarcado (art. 643); e no mesmo crime incorre também
o doador que, não podendo ignorar esta circunstância, a não declarar à
pessoa a quem endossar a letra de risco. No primeiro caso, o tomador, e no
segundo, o dador, respondem solidàriamente pela importância da letra, ain-
da quando tenha perecido o objeto do risco" (Código Comercial, art. 655).

§ 4.608. CLÁUSULAS, INCIDENTES E ACIDENTES DO PERCURSO

1. CLÁUSULA DE TOCAR E CLÁUSULA DE ESCALA. - A cláusula de tocar


pode ser positiva, ou negativa (= de não tocar). A cláusula de escala é cláu-
sula que alude às estações ou portos do percurso. No Código Comercial,
o art. 644 estatui: "Quando no instrumento de risco sôbre fazendas houver
a faculdade de tocar e fazer escala, ficam obrigados ao contrato, não só o
dinheiro carregado em espécie para ser empregado na viagem e as fazendas
carregadas no lugar da partida, mas também as que forem carregadas em
retorno por conta do tomador, sendo o contrato feito de ida e volta; e o to-
mador neste caso tem faculdade de trocá-las ou vendê-las e comprar outras
em todos os portos de escala".
<;0 que se perde por vício próprio do bem atinge o crédito do mu-
tuante a risco? Resposta explícita no sentido negativo tem-se no Código
Comercial francês, art. 326. Ora, o que se cobra é o risco da viagem, e não
os outros riscos. Tem-se de atender às exigências do art. 637 do Código
Comercial. Se foi a viagem que determinou o prejuízo, ou codeterminou, é
questão de fato. Cf. D. MACLACHLAN (A Treatise on the Law ofMerchant
Shipping, 3.a ed., 60 s.).

2. CLÁUSULA DE PRÉ-EXCLUSÃO DAS AVARIAS COMUNS. - N o contrato


de mútuo a risco pode-se incluir a cláusula de pré-exclusão das avarias
comuns (Código Comercial, arts. 665 e 714). As avarias comuns são riscos
cobertos, salvo cláusula em contrário. Cf. Código Comercial francês, art.
330, l. a e 2.a alíneas: "Les prêteurs à la grosse contribuent, à la décharge
des emprunteurs, aux avaries communes. Les avaries simples sont aussi à
la charge des prêteurs, s'il n'y a convention contraire". Contra, na 2.a alí-
nea, a Ordenança francesa de agosto de 1681, Liv. III, Tít. 5, art. 16: "...et
non aux simples avaries ou dommages particuliers qui leur pourrait arriver,
s'il n'y a pas convention contraire".

3. TRANSFERÊNCIAS E BALDEAÇÕES. - "O dador a risco", lê-se no Có-


digo Comercial, art. 646, "sôbre efeitos carregados em navio nominativa-
mente designado no contrato não responde pela perda desses efeitos, ainda
mesmo que seja acontecida por perigo de mar, se forem transferidos ou
baldeados para outro navio; salve provando-se legalmente que a baldeação
tivera lugar por força maior".
O mutuário a risco fica desobrigado se, ao tempo do naufrágio, ou
outro acidente, estavam fora porções equivalentes à soma mutuada, sem
direito do mutuante a risco a qualquer pagamento sôbre o que se descar-
regou ou negociou no curso da viagem (Assento do Tribunal da Junta do
Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, 23 de maio de 1793; Alvará
de 24 de julho de 1793).
A propósito do ônus de alegar e provar a perda, lê-se no Código
Comercial, art. 663: "Incumbe ao tomador provar a perda e justificar
que os efeitos, objeto do empréstimo, existiam na embarcação na oca-
sião do sinistro".

4. DEVER DE NOTIFICAÇÃO DA PRESA, DESASTRE OU OUTRA OCORRÊN-


CIA LIGADA AO RISCO. - O dever de notificação, por parte do mutuário,
resulta do art. 664 do Código Comercial: "Acontecendo presa ou desastre
de mar ao navio ou fazendas sôbre que recaiu o empréstimo a risco, o
tomador tem obrigação de notificar o acontecimento ao dador, apenas tal
nova chegar ao seu conhecimento. Achando-se o tomador a êsse tempo no
navio, ou próximo aos objetos sôbre que recaiu o empréstimo, é obrigado
a empregar na sua reclamação e salvação as diligências próprias de um
administrador exato; pena de responder por perdas e danos que da sua
falta resultarem".

5. MÚTUO A RISCO E SEGURO. - L ê - s e n o art. 648 do Código Comer-


cial: "Havendo sôbre o mesmo navio ou sôbre a mesma carga um contrato
de risco e outro de seguro (art. 650), o produto dos efeitos salvos será
dividido entre o segurador e o dador do risco pelo seu capital somente na
proporção de seus respectivos interêsses".
Prevê o art. 650 do Código Comercial: "Quando alguns; mas não to-
dos os riscos, ou uma parte somente do navio ou da carga se acham segu-
ros, pode contrair-se empréstimo a risco pelos riscos ou partes não seguros
até a concorrência do seu valor por inteiro (art. 682)".

6. PRIVILÉGIO ESPECIAL DO MUTUANTE A RISCO. - A despeito d e alu-


sões do Código Comercial a hipoteca, o mutuante a risco apenas tem pri-
vilégio especial e não hipoteca, direito real limitado.
Se o contrato de mútuo a risco compreende o navio e a carga, o pri-
vilégio especial recai sôbre as fazendas conservadas, ainda que o navio
pereça; sôbre o navio, quando se salva e as fazendas se perdem (Código
Comercial, art. 658).
O Alvará de 15 de maio de 1776 foi explícito a respeito do privilégio
especial dos mutuantes a risco, em resposta a consulta da Junta do Comér-
cio dos Reinos e seus Domínios. A Lei de 20 de junho de 1774, acerca de
privilégios, contemplara, no § 35, os que houvessem concorrido com os
materiais ou com dinheiro para se fazerem navios, ou outras quaisquer
embarcações; e o Alvará disse: "com igual razão deviam ser contemplados
aqueles credores, que, dando dinheiros a risco para o comércio da África
e da Ásia, tem constituído um dos mais importantes ramos do dito comér-
cio". Para "obviar às porfiosas discussões e disputas da inteligência da so-
bredita lei e às repugnantes e contraditórias sentenças que sôbre idênticos
casos se podem proferir", foi declarado e ordenado que "os credores de
letras de câmbio e de risco" fossem "graduados em primeiro lugar no con-
curso de outros credores de diferente condição e natureza", a respeito das
mercadorias que fossem transportadas, "de sorte que os mutuantes hajam
os seus pagamentos pelas mesmas fazendas ou pelos produtos delas, per-
tencentes às referidas negociações e carregações", "contanto, porém, que
as mesmas fazendas ou produtos se achem ainda em separação das massas
dos outros bens dos seus respectivos devedores".
Os que consideram o mútuo a risco mútuo com direito real de garan-
tia, porque há ônus real e os ônus reais são direitos reais, cometem dois
erros, o de reputarem direito real o ônus real (sôbre isso, Tomo XVIII,
§ 2 . 1 4 1 , 4 ) e o de concluírem que há direito real de garantia no mútuo
a risco. No direito comum não se fixara, em texto de lei, o conceito de
ônus reais, onera realia, e a confusão perturbou a doutrina: isso continuou
através de A. RENAUD (Beitrag zur Theorie der Reallasten, 2 s., 9 e 13),
WILHELM ARNOLD (Zur Geschichte des Eigentums, 80 e 106), que se ati-
nham à concepção do ônus real direito real, L. MANN (Untersuchungen
iiber den Begriff der Reallasten, 17 s.), que atacou a teoria da obrigação, J.
C. BLUNTSCHLI (Deutsches Privatrecht, § 90), que sustentava ser relação
misturada a do ônus real, FR. VON SAVIGNY (Obligationenrecht, 1,133 s.),
C. F. VON GERBER (Zur Theorie der Reallasten, Jahrbücher für die Dog-
matik, II, 35 s.), E. FRIEDLIEB (Die Rechtstheorie der Reallasten, § 49 s.),
que puseram em têrmos precisos a obrigacionalidade. Tem-se de atender
à eficácia de privilégio e de ordem para a execução (cf. PAUL ADAM, Die
Natur der Reallasten, 34 s.).
Diz o Código Comercial, no art. 657: "O privilégio do dador a ris-
co sôbre o navio compreende proporcionalmente, não só os fragmentos
náufragos do mesmo navio, mas também o frete adquirido pelas fazendas
salvas, deduzidas as despesas de salvados e as soldadas devidas por essa
viagem; não havendo seguro ou risco especial sôbre o mesmo frete". Cf.
Código Comercial, arts. 647, 2. a alínea, e 648.

§ 4.609. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO A RISCO

1. CESSÃO E CIRCULAÇÃO. - No art. 636 do Código Comercial, estatui-


-se: "Não sendo a escritura ou letra de risco passada à ordem, só pode ser
transferida por cessão, com as mesmas formalidades e efeitos das cessões
civis, sem outra responsabilidade da parte do cedente, que não seja a de
garantir a existência da dívida". A lei permitiu a letra de risco, título de
crédito nominativo ou à ordem. Não há a letra de risco ao portador, que
infringiria as regras jurídicas concernentes à emissão de títulos ao portador
e não só o art. 636 do Código Comercial. Quanto à escritura, é obsoleto o
endosso de escritura pública, porém não se poderia reputar inexistente ou
nulo o que alguém fizesse.
Se houve a cláusula à ordem, rege o art. 635 do Código Comercial:
"A escritura ou letra de risco exarada à ordem tem força de letra de câmbio
contra o tomador e garantes; e § transferível e exeqüível por via de endos-
so, com os mesmos direitos e pelas mesmas ações que as letras de câmbio.
O cessionário toma o lugar do endossador, tanto a respeito do capital como
do prêmio e dos riscos, mas a garantia da solvabilidade do tomador é res-
trita ao capital; salvo condição em contrário quanto ao prêmio". Cf. Tomo
X X X m , § 3.802, 3.
Se não houve a cláusula à ordem, a transferência do crédito é pela
cessão de crédito (Tomo XXIII, §§ 2.821-2.839, 2.842-2.851), isto é, con-
forme os arts. 1.065-1.078 do Código Civil.

2. ENDOSSO. - A matéria do endosso é regida pelo que se expôs a res-


peito dos títulos cambiários e cambiariformes. Pode ser em branco (Tomo
X X X I I , § 3.703, 2).

§ 4.610. DIREITOS E PRETENSÕES DO MUTUANTE

1. ADIMPLEMENTO DA DÍVIDA PELO MUTUÁRIO. - A o m u t u a n t e , à en-


trega do bem mutuado a risco, nasce o direito ao adimplemento, isto é,
a que o mutuário preste o capital e os interesses, _ditos, pela lei, prêmio
(Código Comercial, arts. 638, 560 e 662). Vencida a dívida, há a pretensão;
se não há a restituição do capital mais a prestação dos interesses, com o
protesto começam a correr os juros legais da mora.

2. PRETENSÃO E AÇÃO PARA HAVER A IMPORTÂNCIA A DESCOBERTO. -


Se o mutuário não carregou o que havia de carregar, ou só o carregou em
parte, nasce ao mutuante o direito e a pretensão a haver todo o objeto do
mútuo mais os interesses, dito prêmio, ou a parte correspondente àquilo
que não foi carregado. Dá-se o mesmo se o objeto não teve, no todo ou em
parte, a destinação que se previra (Código Comercial, art. 643).

3. OCORRÊNCIA DE PERDA TOTAL OU PARCIAL. - N o art. 647, o C ó d i -


go Comercial estabelece: "Em caso de sinistro, salvando-se alguns efeitos
da carga objeto de risco, a obrigação do pagamento de dinheiro a risco
fica reduzida ao valor dos mesmos objetos estimados pela forma deter-
minada nos arts. 694 e segs. O dador neste caso tem direito para ser pago
do principal e prêmio por êsse mesmo valor até onde alcançar, deduzidas
as despesas de salvados e as soldadas vencidas nessa viagem. Sendo o
dinheiro dado sôbre o navio o privilégio do dador compreende não só os
fragmentos náufragos do mesmo navio, mas também o frete adquirido
pelas fazendas salvas, deduzidas as despesas de salvados e as soldadas
vencidas na viagem respectiva, não havendo dinheiro a risco ou seguro
especial sôbre êsse frete".
Diz o Código Comercial, no art. 649: "Não precedendo ajuste em
contrário, o dador conserva seus direitos íntegros contra o tomador, ainda
mesmo que a perda ou dano da coisa objeto do risco provenha de alguma
das causas enumeradas no art. 711".

4. AÇÃO PARA ADIMPLEMENTO DA DÍVIDA DO CAPITAL E INTERESSES.


- Vencida a dívida, sem ter ocorrido o perigo que a eliminaria no todo ou
em parte, nasce ao mutuante a risco a pretensão a haver o que lhe deve o
mutuário. O protesto faz eficaz a mora, de modo que, vencida a dívida,
tem o mutuante a risco de fazer o protesto. O mutuante, ou o endossatário,
entenda-se. Diz o Código Comercial, art. 661: "O portador" (leia-se o mu-
tuante, ou o endossatário, ou o portador do título cambiariforme endossado
em branco), "na falta de pagamento no têrmo devido, é obrigado a protes-
tar e a praticar todos os deveres dos portadores de letra de câmbio para
vencimento dos juros e conservação do direito regressivo sôbre os garantes
do instrumento de risco". Sôbre o protesto e as conseqüências da sua falta,
Tomo XXXV, §§ 3.919-3.929, 3.998-4.001.
Há a ação de enriquecimento injustificado cambiário (Tomo XXXV,
§§ 3.935, 4^3.937; e 4.005).
A escritura pública de contrato de mútuo a risco, como a letra de
risco, é título executivo. A ação executiva exerce-se contra o tomador, ou
contra o adquirente dos bens que conhecia a existência do mútuo a risco.
Antes da entrega da carga, tem de ser citado o capitão, mesmo se não foi
o tomador; após a entrega, o recebedor dos bens, ou o terceiro de má fé
(HANS WÜSTENDÕRFER, S e e s c h i f f a h r t s r e c h t , V. EHRENBERG, Handbuch,
VII, 403; Neuzeitliches Seehandelsrecht, 2.a ed., 374). Para essa solução,
no direito brasileiro, tem-se de atender aos arts. 653 e 662 do Código Co-
mercial, posto que não haja direito real. A espécie referida entra no art.
895, TV, do Código de Processo Civil.
O capitão, que foi citado na ação, com o tomador, ou como tomador,
tem direito de retenção.
O recebedor, que conhecia o mútuo a risco, responde ao mutuante ou
ao cessionário, ou ao endossatário da letra de risco. A insciência culposa
é ciência (HANS WÜSTENDÕRFER, Neuzeitliches Seehandelsrecht, 2.a ed.,
374). Não se lhe presume, todavia, o conhecimento.

5. PRESCRIÇÃO. - A prescrição da ação de cobrança é de um ano, se a


dívida foi contraída no Brasil, ou, se no estrangeiro, de três anos (Código
Comercial, art. 447), contando-se da exigibilidade.
CAPÍTULO I I I
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
DE MÚTUO A RISCO

§ 4.611. PAGAMENTO DO CAPITAL E INTERESSES

1. CAPITAL E INTERESSES. - O p a g a m e n t o do capital, s e m p a g a m e n t o


dos interêsses, é adimplemento parcial. Idem, o dos interêsses, sem o do
capital. A relação jurídica de mútuo a risco extingue-se pelo pagamento,
se integral.

2. EXTINÇÃO TOTAL OU PARCIAL, POR TER ACONTECIDO PERDA TO-


TAL ou PARCIAL. - No contrato de mútuo a risco, a relação jurídica pode
extinguir-se, ou minguar, conforme ocorreu perda total, ou parcial, do bem
ou dos bens sôbre os quais incidiria o privilégio especial.
A perda pode ser total ou parcial, considerando-se perda parcial as
avarias comuns. Se total, extinguiu-se a relação jurídica do mútuo a risco:
o mutuário a risco nada deve. Se há salvados, a relação jurídica de mútuo
a risco persiste, mas a dívida reduziu-se ao que se salva. A avaria comum
pode ser do navio ou da carga. Tal avaria é a que resulta à comunhão de
interêsses, composta pelo navio e a sua carga, por ser extremo e comum
o perigo, e proveio de atitude que teve por fito o salvamento comum e foi
com bom êxito tal atitude. Cf. Código Comercial, art. 764, 2. a alínea. Se
não há a simultaneidade de interêsse, o perigo não é comum; nem o seiia,
pois, a avaria. Se a carga é ilicitamente feita, e. g., se é de contrabando, o
perigo não é comum. Se não é extremo (grave e iminente), a avaria não é
comum (grossa). O vão temor não basta. Se não se planejou o sacrifício,
pelo exame das circunstâncias, pela consulta aos oficiais de bordo e pela
deliberação do capitão, falta o pressuposto.
Se foi de x o mútuo a risco e o valor do bem sôbre o qual há o privilé-
gio especial é de x + y, tem-se de procurar a proporção entre os dois valo-
res. O mutuante a risco somente corre o risco pelo valor do mútuo a risco
No cálculo da avaria comum, tem-se como existente o bem sôbre o
qual recairia o privilégio especial.
No art. 254 do Código Comercial, estatui-se: "Não serão admis-
síveis em juízo contas de capital com juros, em que estes se não acha-
rem reciprocamente lançados sôbre as parcelas do débito e crédito das
mesmas contas". Se A fêz contrato de mútuo com B, podendo restituir
antes do têrmo do contrato, ou dar entrada a mais do que deve, o que
freqüentemente ocorre quando o mutuário encarrega o mutuante de re-
cebimentos, tanto fluem juros do débito quanto do crédito; e seria nula a
cláusula, que dissesse somente haver juros contra o mutuário, ou sôbre
o saldo devedor.
No art. 253, 2. a alínea, do Código Comercial, assenta-se que, "depois
que em juízo se intenta ação contra o devedor, não pode ter lugar a acumu-
lação de capital e juros". Cf. Tomo XXIV, § 2.899,2. Depois de se intentar
ação contra o devedor, já se sabe qual o saldo devedor, tanto assim que
se iniciou o pleito. Agora, não se podem contar os juros convencionais,
contam-se os juros da mora, sem se afastar o ressarcimento de prejuízos
por infração do contrato.

§ 4.612. RESOLUÇÃO DO CONTRATO DE MÚTUO


A RISCO POR INFRAÇÃO DO DEVER DE DESTINAÇÃO

1. DEVER DE DÉSTINAÇÃO. - O mútuo a risco destina-se a cobrir o


risco. Se o mutuário não o emprega naquilo que disse ser a déstinação do
capital, infringe dever. Por isso mesmo, se a viagem não se realiza, também
há a resolubilidade do contrato de mútuo a risco (Código Comercial, art.
642: "Quando o objeto sôbre que se toma dinheiro a risco não chega a pôr-
-se efetivamente em risco por não se efetuar a viagem, rescinde-se" - diga-
-se, em boa terminologia, resolve-se - "o contrato, e o dador neste caso
tem direito para haver o capital com os juros da lei desde o dia da entrega
do dinheiro ao tomador, sem outro algum prêmio; e goza do privilégio de
preferência quanto ao capital somente").
Se a viagem se inicia, porém, ao tempo do sinistro, o capital não está
invertido, rege o art. 641 do Código Comercial: "Para o contrato surtir o
seu efeito legal, é necessário que exista dentro do navio no momento do
sinistro a importância da soma dada de empréstimo a risco, em fazendas,
ou no seu equivalente".

2. RESOLUÇÃO E RESIBILIDADE. - Se a viagem se inicia e foi invertido


o capital, mas parte do capital é desviada, depois, da sua destinação, há
resilibidade, e não resolubilidade, mas tem de ser apurado o quanto trans-
destinado e computar-se o dano sofrido. É quaestio facti a de saber-se se o
desvio foi a ponto de poder ser diminuído o quanto que o mutuante a risco
entregou. De qualquer modo, a parte que não está no navio, no sentido do
art. 641 do Código Comercial, é devida ao mutuante a risco. Houve mútuo
e a quantia que não teve a destinação que deveria ter não corre o risco.
Observe-se que "estar no navio" significa estar, em valor, como fazen-
da, ou qualquer outra peça. :
De resibilidade somente se pode falar antes do sinistro. De modo que,
se, antes do sinistro, não ocorre o que se prevê no art. 641 do Código Co-
mercial, pode o mutuante a risco propor a ação de resilição.
CAPÍTULO I V
LETRAS DE RISCO

§ 4.613. CONCEITO E NATUREZA

1. LETRAS. - O instrumento do contrato de mútuo a risco é letra, em-


bora não seja letra de câmbio, pois que não há saque. Título cambiarifor-
me, o seu similar cambiário é a nota promissória, e não a letra de câmbio.
Devido à incidência das regras jurídicas concernentes aos títulos cambiá-
rios (Código Comercial, art. 635), há a abstratização desde que se endossa,
ou a respeito de quem avaliza. Passou-se com a letra a risco, em virtude
do art. 635, verbis "exarada à ordem, tem fôrça de letra de câmbio contra
o tomador e garantes", o que, quase um século depois, ocorreu à duplicata
mercantil: a abstratização. Com isso, distingue-se da letra de câmbio e
da nota promissória que já exsurgem abstratas (Tomo XXXVI, §§ 4.017,
1; 4.019 e 4.020). Após o endosso, há título abstrato. O aval é declaração
unilateral, abstrata, de vontade.
Letra de risco, "lettre de grosse" ou "billet de grosse", "bottomry bond",
"Bodmerei", foram expressões que se fixaram na terminologia jurídica.
Estabelece o Código Comercial, art. 653: "O empréstimo a risco sô-
bre fazendas, contraído antes da viagem começada, deve ser mencionado
nos conhecimentos e no manifesto da carga, com designação da pessoa a
quem o capitão deve participar a chegada feliz no lugar do destino. Omiti-
da aquela declaração, o consignatário, tendo aceitado letras de câmbio, ou
feito adiantamento na fé dos conhecimentos, preferirá ao portador da letra
de risco. Na falta de designação a quem deva participar a chegada, o ca-
pitão pode descarregar as fazendas, sem responsabilidade alguma pessoal
para com o portador da letra de risco".
As regras jurídicas do art. 653 nada têm com a abstração da dívi-
da cambiariforme. Apenas se antepõe ao privilégio da letra de risco outro
privilégio especial, que, assim, resulta do próprio art. 653. Aliás, não só a
letra de câmbio ou outro título cambiário se beneficia: qualquer crédito que
caiba na espécie tem o privilégio especial (verbis "adiantamento feito na fé
dos conhecimentos").
Fórmula de letra de risco:
Santos,.. de ... de 1963
Principal.. Cr$...
Prêmio... Cr$..
A trinta dias da vista, após a chegada, salvo, ao porto desta cidade, eu,
F., dono (ou interessado) no casco e na carga do navio N, por esta única via
de letra de risco, prestarei a F., ou a pessoa a quem fôr endossada, a quantia
de Cr$..., que recebi para ajuda e aumento da carregação ... e ... % como
prêmio pelo risco que coixa, consistentes em..
F.
A letra de risco pode ser em duplicatas, regidas pelo art. 16 e §§
l.°-4.° da Lei n. 2.044, de 31 de dezembro de 1908. Explícito já o § 687 do
antigo Código Comercial alemão (cf. WILLIAM LEWIS, Das deutsche See-
recht, II, 21, sôbre o problema de lege ferenda). É necessária a diferencia-
ção, no contexto, por número de ordem e ressalva das que se extraviaram.

2. LETRAS A RISCO SUBSCRITAS PELO CAPITÃO OU POR PESSOA QUE LHE


CORRESPONDA. - No art. 515, l. a alínea, o Código Comercial permitiu ao
capitão - e, hoje, havemos de entender que o permitiu a quem, nos outros
transportes, corresponde ao capitão - o tomar mútuo a risco: "É permitido
ao capitão, em falta de fundos, durante a viagem, não se achando presente
algum dos proprietários da embarcação, seus mandatários ou consignatá-
rios, e, na falta deles, algum interessado na carga, ou mesmo se, achando-
-se presentes, não providenciarem, contrair dívidas, tomar dinheiro a risco
sôbre o casco e pertences do navio e remanescentes dos fretes depois de
pagas as soldadas, e, até mesmo, na falta absoluta de outro recurso, vender
mercadorias da carga, para o reparo ou provisão da embarcação; declaran-
do nos títulos das obrigações que assinar a causa de que estas procedem
(art. 517)". No art. 516, acrescenta-se: "Para poder ter lugar alguma das
providências autorizadas no artigo antecedente, é indispensável: 1. Que o
capitão prove falta absoluta de fundos em seu poder, pertencentes à em-
barcação. 2. Que não se ache presente o proprietário da embarcação, ou
mandatário seu ou consignatário, e na sua falta algum dos interessados na
carga; ou que, estando presentes, se dirigiu a eles e não providenciaram.
3. Que a deliberação seja tomada de acordo com os oficiais da embarca-
ção, lavrando-se no diário da navegação têrmo de necessidade da medida
tomada (art. 504). A justificação destes requisitos será feita perante o Juiz
de Direito do Comércio do porto onde se tomar o dinheiro a risco, ou se
venderem as mercadorias, e por êle julgada procedente, e nos portos es-
trangeiros perante os Cônsules.."
As letras a risco têm de referir-se à justificação em juízo.
O poder de disposição sai dos donos para o capitão, mas subordina-
-se à exigência da decisão judicial constitutiva, integrativa do negócio
jurídico de empréstimo ou de venda. A preferência, em todo o caso, à
diferença da constituição do negócio jurídico, que só depende da decisão
judicial integrativa do art. 755, somente se estabelece depois das formali-
dades de autenticação e registo, de que fala o art. 472 do Código Comer-
cial. Para a preferência, a decisão judicial e a averbação (e autenticação
consular, se a dívida foi contraída no estrangeiro) são condiciones iuris,
elementos integrativos necessários: não há preferência, se não houve jus-
tificação; ou se não houve avaliação; ou se, devendo haver, não houve a
autenticação consular.
Se o capitão contrai dívida abstrata, como se emite letra de câmbio
(Supremo Tribunal Federal, 22 de janeiro de 1898, O D., 75, 542), ou nota
promissória, sem se terem observado os arts. 515 e 516 do Código Co-
mercial, pode o dono do navio recusar-se a pagá-la, porque ou não consta
do título o destino do dinheiro e o portador deveria ter exigido prova do
negócio jurídico, subjacente, de que resultariam os poderes do capitão, ou
consta, sem que baste a documentação do negócio jurídico subjacente, e o
responsável, nesse como naquele caso, seria o capitão.
A ação de justificação é fundada na pretensão a produzir a prova; a
sentença, constitutiva de prova. O recurso é o de agravo de instrumento
(art. 842, XV).
Não se confunda a eficácia da justificação com a eficácia dos negócios
jurídicos em que tomou parte, após ela, o capitão.
§ 4.614. CAUSAS DA SUBSCRIÇÃO

1. ATITUDE DO CAPITÃO. - Lê-se no Código Comercial, art. 517: "O


capitão que, nos títulos ou instrumentos das obrigações procedentes de
despesas por êle feitas para fabrico, habilitação ou abastecimento da em-
barcação, deixar de declarar a causa de que procedem, ficará pessoalmente
obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem prejuízo da ação
que estas possam ter contra os donos do navio, provando que as quantias
devidas foram efetivamente aplicadas a benefício deste (art. 494)". Se os
títulos não se referem à justificação judicial, são títulos de crédito, talvez
cambiários, em que subscritor foi a pessoa que coincide ser capitão. A ação
a que se alude no art. 517, infine, é ação de enriquecimento injustificado
(Código Civil, arts. 964-971).
"O capitão que tomar dinheiro sôbre o casco do navio e seus per-
tences, empenhar ou vender mercadorias, fora dos casos em que por este
Código", diz o art. 518 do Código Comercial, "lhe é permitido", ou "o que
fôr convencido de fraude em suas contas, além das indenizações de perdas
e danos, ficará sujeito à ação criminal que no caso couber".

2. PRIVILÉGIO. - Estatui o art. 651 do Código Comercial: "As letras


mercantis provenientes de dinheiro recebido pelo capitão para despesas
indispensáveis do navio ou da carga nos têrmos dos arts. 515 e 516, e o s
prêmios de seguro correspondente, quando a sua importância houver sido
realmente segurada, têm o privilégio de letras de empréstimo a risco, se
contiverem declaração expressa de que o importe foi destinado para as re-
feridas despesas; e são exeqüíveis, ainda mesmo que tais objetos se percam
por qualquer evento posterior, provando o dador que o dinheiro foi efeti-
vamente empregado em benefício do navio ou da carga (arts. 515 e 517)".
Os títulos são letras de risco, como as outras, e a referência a justificação
judicial, à causa, é apenas pressuposto formal. O privilégio especial depen-
de da existência do objeto sôbre que recai. A pretensão ao adimplemento
independe da existência do privilégio; por isso mesmo, se não foi o risco
coberto que deu ensejo à perda, total ou parcial, a pretensão fica incólume.
Não só a propósito de letras de risco subscritas pelo capitão, ou pessoa que
a êle se equipare, como a propósito de quaisquer letras de risco, a perda
total ou parcial depois de nascer a pretensão (antes só havia o direito de
crédito) deixa como está a pretensão.
TITULO XXVIII

CONTRATO DE CONTA CORRENTE


CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA
DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE

§ 4.615. CONCEITO DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE

1. PRECISÕES INICIAIS. - Quando se tem de definir e de analisar o


contrato de conta corrente, o que desde o início se há de exigir é que se
não confundam os acordos de vontades a respeito dos lançamentos e mais
anotações concernentes às operações, ou às relações jurídicas respectivas,
com o acordo de vontades, ou a relação jurídica que deles derivam, essen-
cialmente, por sôbre essas operações.
Pelo contrato de conta corrente, nenhum dos figurantes se vincula a
prestar dinheiro, ou outro bem. Apenas se promete escriturar os créditos de-
correntes de operações em que os figurantes sejam titulares. Pelo contrato
de conta corrente, não se mutua, nem se abre crédito. Alude-se ao que se há
de fazer quanto a créditos, passados, presentes e futuros. Até que se feche a
conta não se pode exigir nem dispor dos créditos e dos débitos. Mediante tal
vinculação contabilística, os créditos e os débitos que se lancem se contra-
põem automaticamente, e o saldo só é exigível quando se dê o vencimento,
pré-estabelecido para a conta corrente. Note-se bem: o vencimento do dever
de lançar e anotar, com eficácia, então, de computação automática.
Do contrato de conta corrente não se irradiam relações jurídicas cre-
ditícias (que são relações jurídicas obrigatórias entre os figurantes), mas
apenas o dever de lançar e anotar os créditos de um e de outro, e, para o
outro figurante, o de ater-se a esses lançamentos e anotações. Em con-
seqüência da regulamentação unitária, há a contraposição automática de
origem negociai.
O contrato de conta corrente é fruto do direito costumeiro. Não há, no
sistema jurídico brasileiro, regras jurídicas escritas sôbre êle. Já o Tribunal
do Comércio da Corte, a 28 de maio de 1866, frisava que "a conta corrente
não é simples quadro de operações, produz efeitos importantes e modifica
os direitos primitivos das partes". Mais: "segundo os princípios que regem
a matéria, eminentemente comercial, a inserção de um artigo em conta
corrente tem por efeito operar uma espécie de novação, no sentido de ficar
confundido com os mais elementos da conta o crédito particular, que pri-
mitivamente existia, e de não poder mais ser separado; não se tem mais em
atenção a sua origem e natureza. Todos e quaisquer avanços, que fizerem
as partes, vão confundir-se na conta corrente para que dêem um saldo úni-
co, isto é, uma dívida nova essencialmente comercial, qualquer que seja a
origem ou natureza dos diversos elementos, que nela entraram, e é deste
título que provém a ação do credor, e não dos diversos contratos que pro-
duziram cada artigo da conta corrente". A alusão a novação, embora com
a advertência "espécie de novação", fora infeliz, e decorria de freqüentes
êrros de legisladores e doutrinadores estrangeiros.

O art. 253 do Código Comercial não se refere ao contrato de conta


corrente, mas a qualquer conta corrente. Dá-se o mesmo a respeito do art.
432, onde se diz: "As verbas creditadas ao devedor em conta corrente assi-
nada pelo credor, ou nos livros comerciais deste (art. 23), fazem presumir
o pagamento, ainda que a dívida fôsse contraída por escritura pública ou
particular"; o mesmo ocorre a respeito do art. 445. O art 253 do Código
Comercial é aquêle em que, na l. a alínea, se diz: "É proibido contar juros
de juros; esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos
aos saldos liquidados em conta corrente de ano a ano".

2. CONCEITO. - Contrato de conta corrente é o contrato pelo qual os


figurantes se vinculam a que se lancem e se anotem, em conta, os créditos
e débitos de cada um para com o outro, só se podendo exigir o saldo ao
se fechar a conta. Trata-se, portanto, de conta que anda, que se move, que
corre. Daí o nome.
Os negócios jurídicos de que resultam os créditos e os débitos são
estranhos à conta corrente, que a eles apenas se refere, para os submeter à
escrituração específica.
Lançam-se as chegadas ou apostilhamentos (entradas e saídas) e fa-
zem-se as anotações que a prática da escrita, bancária ou não, exija para a
função mesma da conta corrente.
O crédito que se lançou funde-se aos outros créditos anteriormente
lançados, ou ao saldo, inexigível, que resultou como expediente técnico,
informativo da escritura. A inexigibilidade dos saldos-expedientes é re-
sultante de poder chegar algum débito que se contraponha ao que é saldo-
-expediente; portanto, transitório, sem necessidade do esvaziamento da
conta corrente.
Seria êrro, evidentemente, a despeito de ser freqüentemente encontra-
do, o de se apontar como função essencial do contrato de conta corrente a
de dação recíproca de crédito, ou a de descontos e debitamentos. Os negó-
cios jurídicos de que podem ter advindo os créditos e os débitos ficam por
baixo do movimento da conta corrente.
O conteúdo do contrato de conta corrente é de regulação das chega-
das, porém de modo nenhum as operações e os próprios efeitos (Créditos,
débitos) são conteúdo do contrato de conta corrente. A função de contra-
posição automática é elemento essencial à escritura e à informação, não à
conta corrente. Daí a indefensabilidade da opinião que atribui concessão
de créditos por algum dos figurantes, que emitira, em 1917, FRANCES-
co CARNELUTTI (Note sulla funzione dei conto corrente, Studi di Dirit-
to commerciale, 222) e reaparece em LUIGI LORDI (Istituzioni di Diritto
commerciale, II, 356). A conta corrente corre enquanto não se fecha, de
jeito que cada um dos figurantes espera cobrir o seu saldo-expediente
devedor, ou espera qüe o outro cubra o seu. Durante o curso, nenhum dos
figurantes pode exigir, porque o exigir já seria concernente à própria conta
corrente e a suporia fechada, em vez de exposta aos apostilhamentos de
um lado e do outro.
É preciso que se atenda ao verdadeiro conteúdo do contrato de conta
corrente e à sua função operacional, por bem dizer-se, externa, com a par-
ticularidade essencial da não-exigibilidade dos saldos transitórios, por isso
ditos saldos-expedientes, enquanto a conta corrente não se fecha (cf. FEDE-
Rico MARTORANO, II Conto corrente bancario, 128). O conteúdo e a função
da conta corrente não descem ao plano das operações de crédito, nem aos
seus efeitos, posto que tenha a função de regular o comportamento de um,
pelo menos, dos figurantes quanto às chegadas de créditos e seus efeitos.
Discutiu-se se o contrato de conta corrente tinha por essência a função
de garantia bilateral de crédito, ou apenas a de colocação dos créditos
contrapostos por parte de um dos figurantes. Mas hoje é incontroverso que
a facilitação do tráfico creditício, de acordo com o procedimento típico
da conta corrente, é que é o fim do contrato, e não qualquer garantia (J.
VON GIERKE, Handelsrecht und Schiffahrtsrecht, 7.A ed., 494; REINHARD
FREIHERR VON GODIN, Kommentar zum Handelgesetzbuch, III, 2.A ed.,
275; WOLFGANG HEFERMEHL, Schlegelberger Handelsgesetzbuch, III, 3.*
ed., 1396, e Grundlagen des Kontokorrents, Festschrift für H. LEHMANN,
II, 547: HANS SCHUMANN, Handelsrecht, 43). Difere-se a exigibilidade:
são inexigíveis os saldos-expedientes para que a conta corra, se bem que,
durante todo o tempo, se possa proceder à liquidação, contabilisticamente,
por diferença. Aquilo e a isso os figurantes se vincularam.
Com o contrato de conta corrente apenas há o dever de se anotarem
na conta - por isso ela corre - os créditos derivados de remessas de um a
outro dos figurantes, sem que, até o fechamento da conta corrente, se possa
dispor do crédito-saldo ou exigi-lo. Não exsurgem outras relações jurídicas
entre os figurantes que a de regulamentação unitária dos créditos de cada
um contra o outro. Daí ter-se o contrato de conta corrente como contrato
normativo, pois em verdade disciplina, regulamenta, relações jurídicas fu-
turas e eventuais.
Lançado o crédito, há paralise da pretensão. Só o saldo, ao ser encer-
rada a conta corrente, será exigível. A pretensão não seria a mesma, ainda
que o saldo fôsse correspondente, no quanto, exatamente ao crédito ano-
tado. A automaticidade opera a solidificação (em solidum está o étimo de
saldo, no sentido de saldo de conta, étimo estranho ao de "saldo", resto de
artigos). Em verdade, não só se difere a exigibilidade: exigível há de ser o
saldo, que só se apura ao fechar-se a conta, a despeito da solidificação que
com automaticidade se consuma, ao correr da conta.
A inexigibilidade é a favor dos figurantes, e não só do devedor (cf.
FEDERICO MARTORANO, I Conto corrente bancario, 128).

3. CHEGADAS. - AS chegadas (entradas e saídas) são de créditos e


de débitos, a respeito de cada figurante. Credita-se e debita-se a cada um,
operando-se automaticamente, para fim só contabilístico, a liquidação. Ora
se credita dinheiro entrado, ora se debita dinheiro saído, ou se credita o va-
lor ou preço de outro bem, ou se debita êsse valor ou êsse preço. Se entrou
mercadoria cujo preço não foi pago, anota-se na conta, sem que já se possa
dizer o que se há de lançar, posto que, in abstracto, a entrada se haja dado
e se haja operado a liquidação, para fins contabilísticos, a despeito de não
se saber o quanto. Às vêzes debita-se o que o figurante, que faz a escrita,
cobra de comissão ou de sêlo, ou se credita o maior valor a que se deu en-
trada na conta do correntista.
A origem dos créditos e dos débitos que se lançam é diversa da origem
da conta corrente e da própria conta corrente. A conta corrente corre por
fora, normativamente. Por dentro estão os créditos e os débitos, que se vão
lançando e solidificando, o que permite a extração dos saldos-expedientes,
de função só contabilística.
O que se exige à entrada é que o bem entregue seja crédito pecuniário,
ou dêle possa resultar crédito pecuniário. Com a entrada, o crédito insere-se
na conta, ou porque se transfira o que existia (o bem era crédito), ou porque
nasça o crédito que corresponde ao valor do bem. A entrada pode consistir
a) em crédito contra terceiro, que é anotado e fica na conta o seu valor, mes-
mo se a cessão ainda não se fêz eficaz contra o devedor,'£) em dinheiro, que
se credita (= que passa a ser crédito anotado), c) em partida de mercadoria,
cujo preço se credita, d) em crédito contra o outro figurante, por ter sido
pago, no interêsse dêsse, a terceiro, alguma quantia, ou prestado crédito ou
objeto a que corresponda valor pecuniário. Portanto, seria erro - aliás, por
vêzes cometido - dizer-se que se credita o crédito qüe foi transferido à con-
ta. Por vêzes crédito nasce com a anotação. Erro também seria afirmar-se
que o crédito que surge na conta, com a anotação, nasce sempre à anotação.
A entrada, em si, é em virtude da remessa, que é ato jurídico, cuja
eficácia consiste na inserção do crédito, por transmissão, seja por asunção
de dívida por parte do creditante. De qualquer modo, o crédito que consta
da conta rente é contra um dos figurantes a favor de outro, e não s de con-
fundir com o crédito que acaso exista a favor daquele contra o terceiro.
Nenhum dos figurantes, durante o' curso da conta, tem pretensão e
ação pelos saldos, porque esses saldos são saldos-expedientes. O todo ne-
gociai de que os créditos se irradiam (Tribunal de Justiça de São Paulo,
21 de novembro de 1 G. J., VII, 165) permite as ações de nulidade, de
anulação resolução, de rescisão, ou outras ações constitutivas negativas,
quer por parte do figurante debitado quer por parte de terceiros; bem assim
as ações que tenham por fito mostrar ser maior do que se lançou o crédito
do figurante remetente.
Com a entrada, também dita remessa, há a inserção do crédito. Na ex-
pressão "remessa" mais se vê de fora a déstinação; na expressão "entrada",
mais se vê de dentro. A anotação é enunciado de fato: entrou o crédito.
O contrato de conta corrente necessariamente alude certa qualidade de
créditos a que se dá entrada. Há, portanto, não negócio jurídico subjacente,
justajacente, ou sobrejacente, mas negócio jurídico a que os figurantes se
referem, para a "solidificabilidade" de créditos.
Durante a formação progressiva do deve e haver, saldos-expedientes;
pôsto que se haja de negar qualquer fusão antes de se encerrar a conta, há so-
lidificabilidade, de que resulta ser possível extraírem-se saldos-expedientes.
O crédito que se insere não se desindividua. Nem, afortiori, deixa
de ser crédito. Visto de dentro do contrato de conta corrente, é saldo que
se incluiu, se "solidificou", razão por que se há de pensar no saldo, ao
encerrar-se a conta corrente. Mas permaneceu o que era. A própria figura
da novação estranha ao que ocorre. Não se nova a dívida, nem se substitui
o devedor. Não só o crédito incluso é o mesmo como está exposto à nuli-
dade, à anulabilidade, à resolução, à resilição, à rescisão o negócio jurídico
de que se trata. Se houve entrada com pagamento, o que importa é isso, e
não o que gerou a dívida que foi paga; porém, mesmo aí, o que se poderia
alegar contra o ato-fato jurídico continua alegável.
De modo nenhum se podem invocar, a respeito de entradas por eficá-
cia do contrato de conta corrente, as regras jurídicas concernentes à im-
putação do pagamento (Código Civil, arts. 991-994). Não há débito que
se tenha de pagar (os créditos são créditos com pretensão paralisada), e as
entradas não se destinam a pagar qualquer dívida, nem a criar dívida. Só
se referem à conta corrente, e não a negócios jurídicos ou outras fontes
de obrigação que estejam por fora. Fazem-se elas credendi causa, e não
solvendi causa (E. BREIT, e m A. DÜRINGER-M. HACHENBURG, Das Han-
delsgesetzbuch, IV, 3.a ed., 645). Nenhuma entrada se destina, nem pode
ser destinada à satisfação de um ou de outro débito incluso na conta; nem
pode o receptor destinar a satisfação de crédito aquilo a que deu entrada.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.615. A- Legislação

Permanece o direito brasileiro sem previsão legal específica para o contrato


de conta corrente, desenvolvendo-se, todavia, especialmente em relação à conta
corrente bancária, que é espécie do gênero contrato de conta corrente mercantil,
a partir da regulamentação do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central
do Brasil, com fundamento na competência que lhes outorga a Lei 4.595/1964.
Atualmente, resolução do Banco Central regulamenta seu conteúdo mínimo (Res.
Bacen 3.518/2007). Aplica-se à conta corrente bancária as normas gerais sobre
contratos do Código Civil, e quando se trate de contrato de consumo, as do Códi-
go de Defesa do Consumidor.
As normas do Código Comercial citadas no texto foram revogadas pelo Código j
i Civil de 2002. j
i As regras sobre imputação de pagamento mencionadas em relação ao Código j
! Civil de 1916, hoje são as dos arts. 352 a 355 do CC/2002. j
í O art. 655-A do CPC, introduzido pela Lei 11.382/2006, assim como o art. 185- j
A do CTN permitem a penhora de valores escriturados em conta corrente como j
garantia do pagamento de dívidas.
O art. 914 do CPC e ss. regulam a ação de prestação de contas que pode ser j
manejada pelo correntista em relação à instituição financeira. |

§ 4 . 6 1 5 . B - D o u t r i n a

Tratando-se da conta corrente mercantil, a doutrina identifica seu objeto na


concessão de créditos mútuos, extintos mediante compensação (LEÃES, LUÍS
Gastão Paes de Barras. O contrato de conta corrente. Revista dos Tribunais, vol. |
738. p. 90. São Paulo: Ed. RT, abr. 1997). Concorda, a doutrina, como Pontes de |
Miranda, ao indicar que o objeto do contrato de conta corrente são os lançamen- i
tos em conta, e não as remessas propriamente ditas (PEREIRA, Caio Mário da |
Silva. Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol. 3, p. j
480). Da mesma forma reconhece a doutrina que pode a conta corrente mercan- j
til operar com lançamentos de obrigações recíprocas e sucessiva de dinheiro,
mercadorias ou títulos (MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 14. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 403). No caso da conta corrente bancária, a
contratação bancária.baseia-se na conta corrente, que de sua vez, constitui-se,
atualmente, como exigência prática do exercício de atividade econômica e/ou
I profissional. O conteúdo do contrato de conta corrente bancária é compreendi-
| do pela doutrina, a partir de suas características atuais, como espécie de rela-
ção múltipla e complexa de serviços, espécie de contrato-base sobre o qual se
estruturam outros contratos bancários que com ele podem guardar conexidade
| (assim, por exemplo, a abertura de crédito, sob as denominações usuais "cheque
especial" ou "cheque garantido").
Aliás, o que distingue a conta corrente bancária do gênero conta corrente mer-
cantil é, essencialmente, o fato de que na primeira os saldos são compensáveis
; imediatamente, enquanto na segunda, o são, em regra, apenas após o encerra-
mento da conta. Trata-se de elemento característico da conta corrente bancária
(GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 406).

§ 4.615. C - Jurisprudência |

A jurisprudência cuida com atenção do contrato de conta corrente bancária


e, especialmente, os contratos com ele conexos. Nesse sentido, a Súmula STJ
259, estabelece que a ação de prestação de contas pode ser proposta pelo ti-
tular de conta corrente bancária, visando esclarecer lançamentos em sua conta
corrente, não definindo, contudo, o prazo da prescrição (STJ, REsp 1.117.614/ !
| PR, 2.a Seção, j. 10.08.2011, rei. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 10.10.2011). Já a l
j Súmula STJ 247, estabelece que o contrato de abertura de crédito em conta cor- I
| rente, acompanhado de demonstrativo de débito autoriza o ajuizamento de ação
:
monitoria. A jurisprudência, da mesma forma, observa certo dissenso quanto ao
j entendimento se viola a boa-fé, a cláusula no contrato de conta corrente ou em
j contratos conexos a ele que autorizam a realização de lançamentos em conta, em
j favor de débitos de que é credora a própria instituição financeira (STJ, AgRg no
| REsp 1.152.280/RS, 4.aT., j. 07.06.2011, rei. Min. Raul Araújo, DJe 01.08.2011).
Da mesma forma, imputa responsabilidade à instituição financeira pela contra-
tação por terceiros de conta corrente, mediante fraude ou uso de documentos
! falsos da vítima, nesse caso equiparada a consumidora (STJ, REsp 1.197.929/
I PR, j. 24/08/2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 12.09.2011). Lançamentos
I indevidos em conta corrente, também se submetem à repetição de indébito.

§ 4.616. NATUREZA DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE

1. PRIMEIRAS EXPLICAÇÕES. - O contrato de conta corrente nasceu dos


costumes comerciais e industriais. Tem a particularidade de ser regulação
de dever quanto a créditos e não a função de ser criador de créditos.
Há o princípio da facultatividade das remessas, segundo o qual o
figurante pode enviar, ou não, o que possa ser lançado na conta corrente.
Nenhum dos figurantes está vinculado a remeter créditos. Se foi estabeleci-
da alguma vinculação a êsse respeito, tem-se de considerar efeito de outra
relação jurídica; portanto, de outro negócio jurídico, ou de outra fonte de
obrigações. Cada figurante é adstrito a receber o que foi remetido e a lançá-
-lo na conta corrente.
A reciprocidade é característica do contrato de conta corrente. Se só
um dos figurantes se vincula a lançar créditos contra o outro se há crédito a
favor que os cubra, não se pode pensar em contrato de conta corrente. Ne-
nhum dos figurantes pode exigir remessas de créditos, nem que haja datas
para elas. Tão-pouco, o remetente pode subordinar o lançamento a alguma
figura negociai diferente (e. g., depósito, mútuo, comodato), mesmo se os
figurantes deram ao negócio jurídico o nome de contrato de conta corrente
e nele inseriram, acordes,, essa cláusula.
A reciprocidade é quanto ao direito de remessa e, pois, de entrada na
conta corrente. Se, conforme o negócio jurídico, só um dos figurantes tem
o dever de inserção, não há, in casu, contrato de conta corrente. O contrato
é outro, unilateral, pelo menos nesse ponto. Como há o direito à inserção e
o dever de inserção, e não o dever de remessa para a inserção, dizendo-se
que"a reciprocidade é quanto ao direito de remessa e, pois, de entrada, tudo
está dito. Não se precisa acrescentar que as remessas têm de ser recipro-
camente livres.
Diz-se abertura de conta corrente, a respeito de contrato de conta
corrente, o estabelecimento da conta corrente em virtude do contrato de
conta corrente. A expressão é empregada, aqui e ali, a propósito de
outras contas correntes, que nada têm com o contrato de conta corrente. A
remessa de créditos supõe essa abertura.
Vulgarmente, diz-se que se anotam os créditos e os débitos; mas a
expressão "lançamento" é a melhor, para que se deixe a outra, "anotação",
para o que explica, por fora ou fora dos lançamentos, o que foi lançado, ou
porque algum crédito ou débito não foi lançado.
No contrato de abertura de crédito em conta corrente, alguém, ordi-
nariamente banco, se vincula a ter à disposição de outrem, com a facul-
dade, para o outorgado, de retiradas e de remessas, que aumentem a dis-
ponibilidade. Faltam-lhe as características do contrato de conta corrente,
principalmente a de reciprocidade e facultatividade. O que o outorgante
faz é prestar a título de crédito e o que incumbe ao outorgado é prestar
em pagamento.
O contrato de depósito bancário em conta corrente é aquêle em que
alguém, na espécie, banco ou casa bancária, recebe a quantia que outrem
lhe entregou para depósito bancário, podendo o depositante retirar parte
do que depositou ou o todo e fazer novos depósitos, que se inserem na
conta corrente.
No fundo, os figurantes do contrato de conta corrente se vinculam a
diferir a exigibilidade dos respectivos créditos, que entrem na classe dos
créditos remetíveis, e a deles não dispor, até que se feche a conta corrente e
se reconheça o saldo. Tal situação, que faz indisponíveis os créditos, neces-
sariamente afasta o pagamento, com eles, dos credores do figurante reme-
tente, até que haja o saldo disponível. Não se poderia diferir a liquidação
por diferença sem se estabelecer a inexigibilidade e a indisponibilidade.
Feita a liquidação por diferença, que se opera mediante a compensação dos
créditos e débitos, o saldo é liquido e exigível, e, pelo reconhecimento do
saldo, certo. Se não há o reconhecimento do saldo, há a ação para a liqui-
dação judicial, com os juros da mora desde que se tornou exigível o crédito
e incorreu em mora o devedor.
2. CONTRATO CONSENSUAL. - O contrato de conta corrente é contrato
consensual. Tentou-se classificar o contrato de conta corrente como con-
trato real. Confusão, em parte, com o mútuo. Mesmo no Brasil, houve
quem o sustentasse (JOSÉ DA SILVA COSTA, Contrato de Conta corrente, 22
s.). O contrato conclui-se antes de qualquer entrada, mesmo se o crédito já
estava transferido ao outro figurante, caso em que se precisa dizer de que
tempo se parte para que se lancem na conta corrente os créditos.

3. BILATERALIDADE DO CONTRATO. - O contrato de conta corrente é


bilateral. Os figurantes têm os seus deveres, de parte a parte. Daí poder
ser invocado, por exemplo, o art. 1.092, parágrafo único, do Código Civil.

4. CRÉDITOS E PRETENSÕES. - Quando se diz haver dilação de paga-


mento dos débitos, ou diferimento da exigibilidade, em lugar da exigibili-
dade imediata, ou recíproca outorga de crédito, em verdade apenas se alude
à permanência dos créditos (e pois dos débitos) sem ser eficaz a pretensão.
Uma vez que há crédito e há débito e não há exigibilidade e disponibi-
lidade enquanto não se encerra a conta, o que ocorre é que a eficácia do
contrato de conta corrente retirou eficácia à pretensão, e essa não exsurge
com os saldos-expedientes, mas apenas com o saldo final, definitivo, que é
a imagem de todo o processo jurídico solidificante. Não se deve dizer que
esse saldo é encerrante. O que se passa é que êle retrata, grava em núme-
ros, a conta encerrada, a conta que deixou de correr.
Cumpre, porém, observar-se que a recíproca outorga de crédito (evite-
mos a expressão "recíproca concessão de crédito") é eventual. O contrato
de conta corrente permite a eventualidade de um dos figurantes ficar de-
vendo ao outro, sem que fique obrigado. Se um deles remeteu menos do
que o outro, aquêle é sujeito passivo, deve, porém a pretensão ou não se
estabeleceu ou se paralisa. Há débito, com paralise da obrigação. Portanto,
direito (crédito) sem ser exigível. Rigorosamente, o que se passou com
êsse crédito e com o débito que lhe corresponde aconteceu e vai acontecer
com todos os outros, mesmo que não haja ou possa haver qualquer saldo-
-expediente contra o figurante. A cada chegada, há, com a inserção, apenas
entrada de crédito inexigível. Donde poder-se afirmar, em terminologia
científica exata, que o contrato de conta corrente é contrato em que cada
figurante se submete a que seus créditos se insiram desmunidos de exigi-
bilidade ou sem ensejo para exigir-se. Por onde se vê que a operação é de
paralise de pretensão que já exista e de: pretensão que poderia irradiar-se
do crédito. O que se "solidifica" só se solidifica em curso de posteriores in-
serções. Há a liquidação por diferença a despeito da inexigibilidade. Cada
saldo-expediente reflete o estado dos créditos e dos débitos, a despeito de
serem todos inexigíveis.
Não é efeito do contrato de conta corrente ficar obrigado cada figu-
rante a dar entradas. Se há tal efeito, não se pode atribuir ao contrato de
conta corrente. Se há a remessa, o dever que surge é o de inserção na conta
corrente. Dever, portanto, de receber. E m virtude do contrato de conta cor-
rente, o que se deve é atender ao que se remete, dever, esse, de dar entrada.
O direito de remeter é direito a que se insira na conta corrente o dinheiro,
o crédito ou o valor do que se remete.
Quanto ao que pode ser remetido, cumpre dizer-se no contrato de con-
ta corrente. Não é regra que se possa remeter o que não é dinheiro, nem
é crédito. Para que o dever a que corresponde valor pecuniário dê ense-
jo à inserção do valor como crédito, é preciso que tenha havido entre os
figurantes outro contrato, e. g., contrato de compra-e-venda, ou contrato
estipulatório, ou de comissão, que haja a conseqüência da creditação ou
do pagamento.
Chegou o momento para tocarmos no ponto mais delicado. Se en-
trou a quantia x, sabe-se que se lançou o crédito x. Se se retirou a quantia
x + l, sabe-se que se lançou o débito de + 1. O saldo-expediente dá,
contra o que fêz as entradas, o débito de 1. N ã o se p o d e sustentar que
o crédito x, o débito x + 1 e o saldo-expediente não sejam crédito do
remetente e débito do remetente e saldo devedor do remetente, somente
porque o outro figurante não pode exigir. Se o crédito era exigível e dei-
xou de ser, ou se explica a inexigibilidade pela falta de pretensão (corte,
em virtude da inserção, por efeito do contrato de conta corrente), ou se
explica que a pretensão ficou paralisada. A segunda explicação tem a
vantagem de não considerar compactada a pretensão que existia ou impe-
dido o nascimento da pretensão. Ou j á existisse a pretensão, ou venha a
nascer, há a parálise. Não se trata de direito mutilado, mas sim de direito
com pretensão paralisada.

5. NORMATIVIDADE DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - O c o n t r a t o


de conta corrente regula determinadas relações jurídicas que existem entre
os figurantes ou que se podem constituir entre eles. Tais relações jurídicas
sao irradiadas de negócios jurídicos, ou, mais amplamente, de fatos jurí-
dicos que não se confundem com o contrato de conta corrente. O contrato
de conta corrente é negócio jurídico normativo. Dele não deriva qualquer
relação jurídica, de crédito e de débito, tanto que a própria entrega de di-
nheiro faz nascer crédito, irradiado do negócio jurídico da entrega. Do con-
trato de conta corrente resulta o dever de regulação das relações jurídicas
que exsurjam entre os figurantes. Não há dever de remessa, porque, se êsse
existisse, o contrato seria diferente. Talvez contrato, ou, excepcionalmente,
negócio jurídico unilateral.
A normatividade do contrato de conta corrente afasta qualquer pres-
tação por parte dos figurantes que não seja a do dever de regulação. Não
há pré-contratualidade; o que há é negócio jurídico sôbre o tratamento de
relações jurídicas futuras e eventuais, oriundas de outros fatos jurídicos,
sejam negócios jurídicos ou não. A determinação de quais sejam esses
fatos jurídicos faz parte da regulação.
A princípio, os juristas não viam a normatividade do contrato de conta
corrente. Falavam de resumo de vários empréstimos (?), com J. PARDESSUS.
Ou de feixe de contratos, aludindo a mútuo, mandato, depósito e cessão,
como J. NOBLET (DU Compte courant, 43), ou de unificação de contratos.
Também, de outro lado, havia os que viam no contrato de conta cor-
rente a desindividualização dos créditos entrados, como A. BOISTEL e E.
VALABRÈGUE, O que perdurou até pouco, com repercussão no Código Co-
mercial português, art. 344; e osque acentuavam fazerem os créditos bloco
ú n i c o (e. g. E . THALLER).
Muito tempo passou para que se afastasse a afirmação de haver nova-
ção. A confusão com o depósito bancário em conta corrente e a abertura de
crédito em conta corrente era de todos os momentos (e. g., J. NOBLET, Du
Compte courant, 17; E. FEITU, Traité du Compte courant, 72 s.).

6. CONTA COMUM (OU CONTA CONJUNTA) E SOLIDARIEDADE. - A so-


lidariedade entre credores nada tem com a solidariedade dessas pessoas
como devedores, porque se pode ser credor solidário sem ser, perante o
devedor, devedor solidário. Devem A e B, solidàriamente, a C e D, que são
credores solidários, mas se C e D devem a A e a B, podem não ser esses
credores solidários. Mas a compensação de dívida A e B com dívida de C
e D opera-se, extinguindo-se a dívida de A e B. A compensação, se ocorre,
é extintiva em relação a qualquer dos credores solidários e a qualquer dos
devedores solidários.
Na conta conjunta ou conta comum há solidariedade ativa e solida-
riedade passiva. Tudo se passa, na conta corrente, como se só uma pessoa
dêsse entrada e só uma retirasse. 'Os saldos-expedierites atendem ao fato
da comunhão da conta corrente, de jeito que as entradas por A ou por B são
lançadas na mesma coluna de haver e as retiradas por A ou por B se lançam
na mesma coluna de deve.
Nada obsta, porém, a que se estipule que A e B podem remeter crédi-
tos, e somente A pode retirar. Aí, a conta corrente não é comum, o que é
de ambos, ou de todos, se os remetentes são A. B e C ou mais pessoas, é a
legitimação a dar entradas. A cláusula de legitimação é sem grande alcan-
ce, porque se tornou usual dar-se entrada na conta corrente de a qualquer
remessa feita por terceiro. Todavia, pode A ter interêsse em mencionar B
como legitimado a remeter e o outro figurante do contrato de conta corren-
te deve, ao lançar, anotar quem o faz.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.616. A - Legislação

A natureza bilateral do contrato de conta corrente permite que se invoque o


disposto no art. 476 do CC/2002, de mesmo conteúdo do art. 1.092 do CC/1916.
As normas sobre solidariedade no Código Civil de 2002, são a dos arts. 267 a
274 (solidariedade ativa) e a dos arts. 275 a 285 (solidariedade passiva).
O art. 914 do CPC e ss. regulam a ação de prestação de contas que pode ser
manejada pelo correntista contra o cocontratante.

§ 4 . 6 1 6 . B - D o u t r i n a

O contrato de conta corrente é instrumental de outros interesses ou finalidades


negociais. No caso da conta corrente mercantil, serve para operacionalizar rela-
ções recíprocas entre os contratantes. Já a visão contemporânea da doutrina dis-
tingue a conta corrente bancária dos demais contratos bancários, reconhecendo-
-Ihes, contudo, como grupos de contratos, em vista de sua conexidade, de modo
que a conta corrente se constitui em contrato-base sobre o qual desenvolvem-se
outros, como a abertura de crédito ou depósito. Todavia, percebe-se também o
contrato de conta corrente como espécie de contrato relacionai, de longa duração
favorecem o direito do correntista de operar de mantê-lo no tempo.
j Da mesma forma, entende-se, tal qual proposto por Pontes de Miranda, que o
contrato de conta corrente implica existência de crédito sem pretensão, uma vez
| assentado que a pretensão só nasce da violação do direito, e não do lançamento,
: como ocorre nesta espécie contratual.
190 • T R A T A D O DE D I R E I T O P R I V A D O - Tomo X L I I

| § 4.616. C-Jurisprudência
| Admite a jurisprudência o direito da instituição financeira de extinguir o i
contrato de conta corrente, desde que mediante prévia notificação (STJ, REsp •
j 567.587/MA, 3.a T„ j. 28.06.2004, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ
11.10.2004). Há dissenso, contudo, na jurisprudência, se a repetição de indé- i
' bito decorrente de lançamentos indevidos em conta corrente abrangem tanto i
! os valores debitados, quanto os encargos, de modo a evitar que o autor do !
| ato se beneficie indevidamente (TJSE, Ap 0639/2004, j. 18.10.2004, rei. Des. !
! Cláudio Dinart Déda Chagas, RT 836/377), ou como sustenta o STJ, de que '
| não pode ser feita pelos mesmos índices de que se utilizam os bancos (EDcl
j no REsp 1.030.295/MG, 4. a T, j. 17.08.2010, rei. Min. João Otávio de Noronha,
i DJe 25.08.2010). ' j

§ 4.617. CONTRATO D E CONTA C O R R E N T E


E O U T R O S C O N T R A T O S O U ATOS PARECIDOS

1. CONTRATO DE CONTA CORRENTE E TIRAGEM DE CONTA. - P o r v e z e s ,


na prática, fala-se de conta corrente como se fôsse contrato de conta cor-
rente o ato unilateral de alguém que, havendo, a favor de e contra outrem,
créditos, procede, a seu líbito, às somas e, após saber a quanto sobe o ativo
e a quanto sobe o passivo da pessoa de que se trata, verifica qual o saldo
devedor ou qual o saldo credor. Trata-se, aí, de tiragem de conta, e não
de conta corrente. Não houve contrato de conta corrente, nem se podem
invocar os princípios que o regem (WOLFGANG HEFERMEHL, Grundfragen
des Kontokorrents, Festschrift fiir H. LEHMANN, II, 548). Não houve, se-
quer, conta corrente bancária, instituto inconfundível com o do contrato
de conta corrente. ..

2. CONTRATO DE CONTA CORRENTE E CONTRATO DE ABERTURA DE


CRÉDITO. - O negócio jurídico com que mais se tem confundido o contrato
de conta corrente é o contrato de abertura de crédito. Nesse, o banco ou
outro estabelecimento que o possa fazer se vincula a pôr à disposição de
alguém determinada quantia, ou quantia determinável, de modo que o ou-
torgado possa retirar parte ou todo o disponível e dar entrada a quantias,
que ficam como disponibilidade. Não há a reciprocidade, nem a indispo-
nibilidade do que entra. Quem dá entrada é sempre o outorgado: o ato do
outorgante foi preestabelecido.
Não é essencial ao contrato de conta corrente o limite máximo, o que
é uma das características da abertura de crédito. Tem a reciprocidade, que
o dispensa. E o limite pode transformá-lo em abertura de crédito em conta
corrente (J. GREBER, Das Kontokorrentverhãltnis, 48 s.; sem razão, os an-
teriores juristas, como J. CREIZENACH, Der kaufinãnnische Contocurrent
in seiner rechtlichen Bedeutung, 21).

3. MÚTUO E CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - O q u e m a i s c a r a c t e -


riza o contrato de conta corrente é que as prestações prometidas são ati-
vidades computísticas e contabilísticas. Não há mútuo, nem promessa de
mútuo. Quando se fecha a conta corrente e ocorre o reconhecimento é
que se estabelece nova relação jurídica, pois os créditos constantes dos
saldos-expedientes, sôbre os quais se pode convencionar fluírem juros, são
créditos com pretensões paralisadas, por sua função meramente contábil. A
falta de atenção de muitos juristas à exterioridade, em relação aos créditos
entrados, do conteúdo e da função do contrato de conta corrente, levou ao
desespero, a ponto de ter um jurista francês afirmado haver sujeito (ente
moral) na conta corrente. Não há, tão-pouco, abertura recíproca de crédito,
porque os créditos entrados ficam sem pretensão eficaz e sem ação eficaz,
mesmo no que se refere aos saldos-expedientes.
Uma vez que o contrato de conta corrente torna inexigíveis os créditos
entrados e os próprios saldos-expedientes, tem-se de reconhecer que êle,
se não corta a pretensão e a ação, que deles se irradiam, as coarcta - as
paralisa - durante o curso da conta.
Não se pode dizer que os saldos-expedientes são outros créditos, que
se põem no lugar dos que foram computados, nem que há sucessivas com-
pensações, porque a compensação é instituto jurídico, e os saldos-expe-
dientes, atos meramente instrumentais. Apenas atendem esses a atividades
contabilísticas, mesmo quando se hajam de computar juros.

4. CONTRATO DE CONTA CORRENTE E CONTA CORRENTE BANCÁRIA. -


A conta corrente bancária é espécie de tiragem de conta, que a prática e as
exigências do tráfico bancário e da organização bancária transformaram
em expediente usual. Não há, aí, contudo, contrato de conta corrente. O
banco apenas lança os levantamentos do crédito que foi outorgado (aber-
tura de crédito), ou os levantamentos feitos contra o depósito bancário.
Debita-se ou retira-se do ativo, respectivamente, o que se levantou. Soma-
-se e diminui-se. O que se pagou a outrem é débito que se lança, qualquer
que tenha sido, in casu, o papel jurídico do banco (mandatário, endossa-
tário-procurador, avalista). O que importa é que restem fundos a favor do
freguês do banco, porque, se tal não acontece, há saque sem fundos.
Ora, no contrato de conta corrente, pode haver saldo-expediente pas-
sivo do figurante, sem que se exija, portanto, o saldo-expediente ativo
contra o banco, o que é essencial à conta corrente bancária (SÉRGIO SOT-
GIA, Appunti per un corso di Diritto bancario, 255). A eventualidade de
saldo-devedor contra o freguês, na conta corrente bancária, resulta de ter
o banco pago o que excedia o saldo-expediente credor que havia, o que
tem explicação em atenção especial por parte do banco, pois atende ao
saque como oferta de tomada de dinheiro em mútuo e a atitude do banco
importa aceitação. O assunto, no tocante ao cheque, já foi tratado (Tomo
XXXVII, § 4.106).
Na conta corrente bancária, há a exigibilidade do crédito, ao passo
que, se houve contrato de conta corrente, o crédito - o saldo-expediente - é
inexigível.
Mediante a conta corrente bancária, o cliente tem, por parte do banco,
a entrega de dinheiro e outras operações que são de uso ou foram previs-
tas no contrato, como pagamentos a terceiro, remessas de dinheiro (e. g.,
ordem de pagamento, ou por cheque, ou creditação em conta de outrem).
Não há a reciprocidade, que distingue o contrato de conta corrente.

5. CONTAS DE GESTÃO E CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - S e m p r e


que se lança algum valor no deve e no haver de alguém, que gestiona ne-
gócios, ou de quem se gestionam negócios, há as contas de gestão, a que
também se dá o nome de contas correntes, mas são inconfundíveis, eviden-
temente, com o contrato de conta corrente.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.617. A - Legislação

Com exceção do mútuo, os demais contratos mencionados por Pontes de


Miranda (tiragem de conta, conta corrente bancária, abertura de crédito e con-
trato e gestão) não possuem regulação do Código Civil. Alguns são objetos de
normatização parcial por normas regulatórias (especialmente, as expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil), porém sem que
lhes discipline integralmente. No tocante ao contrato de gestão, regula o Código
Civil de 2002 a gestão de negócios, em seus arts. 861 a 875, que, todavia, não se
confunde com contrato, tratando-se de ato unilateral.

§4.617. B-Doutrina j

Não segue ou aprofunda a doutrina a identificação de Pontes de Miranda entre


a conta corrente bancária e a tiragem de conta. Ao observar a distinção entre a
conta corrente mercantil e a conta corrente bancária como gênero e espécie, Pon- j
tes de Miranda oferece base ao argumento reconhecido no direito brasileiro atual j
do contrato de conta corrente bancária como espécie de prestação de serviços '
da instituição financeira a seus clientes. A distinção entre o mútuo e a conta cor- !
rente diz respeito especialmente à função. Enquanto esta diz respeito ao registro |
de créditos e débitos, compreendendo certa atribuição de promover, mediante j
ordem do titular da conta, a destinação dos recursos, no mútuo há transferência j
de domínio da coisa, como regra para consumo/uso e posterior restituição. Na I
conta corrente há espécie de serviço bancário, cuja remuneração, como regra, |
é por tarifa. No mútuo há contrato dè crédito, implicando dever de restituição e j
remuneração por juros. j
Por outro lado, a distinção operada por Pontes de Miranda entre a conta j
corrente bancária e a abertura de crédito é feita pela doutrina especializada, !
reconhecendo-se a incidência sobre tais contratos, contudo, do fenômeno da j
conexidade contratual.

§ 4.617. C - J u r i s p r u d ê n c i a
A Súmula STJ 247, estabelece que o contrato de abertura de crédito em conta
corrente, acompanhado de demonstrativo de débito autoriza o ajuizamento de
ação monitória.
No caso de conta corrente bancária conjunta, a solidariedade entre os corren-
tistas se dá apenas em relação a suas obrigações com o banco, não com terceiros
(1TACivSP, Ap 693.170-8, j. 19.06.1997, rei. Des. Cyro Bonilha, fí7~749/297). Na
distinção entre o mútuo e o contrato de conta corrente, a distinção feita quanto ao
momento que fluem os juros é o do uso do dinheiro ao tomador do crédito.
CAPÍTULO I I
CONCLUSÃO DO CONTRATO
DE CONTA CORRENTE .

§ 4.618. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS


E PRESSUPOSTOS OBJETIVOS

1. CONCLUSÃO DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - P r i m e i r a m e n t e ,


não há regra jurídica especial sôbre a forma do contrato de conta corrente.
O contrato de cònta corrente prova-se por qualquer dos meios do art.
122 do Código Comercial.
Entre os mesmos figurantes pode sér que existam dois ou mais contra-
tos de conta corrente, com referência a diferentes negócios jurídicos.
A prestação de cada figurante é prestação de fazer (lançar, anotar),
com as conseqüências da contraposição e da liquidação contabilística au-
tomática, e de inexigibilidade bem como de indisponibilidade dos créditos.
Há, portanto, bilateralidade do contrato. Contrato bilateral, o contrato de
conta corrente está sujeito aos princípios relativos a tal classe de contratos.
O contrato de conta corrente pode resultar de aceitação de oferta ao
público. Geralmente, porém, há, da parte de um dos figurantes, invitatio ad
offerendum e, a cada caso, o cliente faz oferta, quase sempre, em papeleta,
e o serviço do estabelecimento toma as providências que importam aceita-
ção e assim se abre a conta corrente.
Nada obsta a que haja contrato de conta corrente entre pessoas que
não são comerciantes, nem é essencial que um dos figurantes seja banquei-
ro. E desacertado reservar-se para os contratos de conta corrente feitos com
bancos o nome "contrato de conta corrente".
O contrato, êsse, só se conclui sôbre a abertura da conta corrente: por
haver a abertura, há caminho temporal por onde a conta corre. A propósito
do que pode entrar, vige, dispositivamente, o princípio da generalidade
das entradas. Se nada se disse em contrário, tôdas as operações entre os
contraentes são de admitir-se, salvo o que por sua natureza há de ficar fora
do caminho trilhável pela conta.
Os figurantes têm a mesma exercitabilidade de remessas. Daí falar-se
de princípio da reciprocidade. Na jurisprudência e na doutrina estrangei-
ras, a cada momento se fala de compensações sucessivas (e. g., GEORGES
RIPERT, Traité élémentaire de Droit commercial, 2.a ed., 801), o que revela
a confusão entre a operação meramente contabilística e a operação jurídica
ao se fechar a conta corrente.
(O direito fiscal pode conter regras jurídicas que distingam, subjetiva-
mente, as contas correntes, mas o assunto escapa ao direito privado. Cp. J.
SINDOU, Les Intérêts des comptes courants, Études de Droit commercial, 153.)

2. CAPACIDADE. - A capacidade dos figurantes é a que resulta de inci-


dência dos princípios gerais. O que é preciso é que possam restringir a sua
atividade jurídica, no tocante à livre disponibilidade e à não-exigibilidade
do que foi lançado ou anotado.

3. A QUE CRÉDITOS SE REFERE A VINCULAÇÃO À CONTA CORRENTE. -


Os figurantes podem enumerar ou definir os créditos de um e de outro a
que se reporta a vinculação à conta corrente (aos lançamentos e anotações,
à contraposição e à liquidação, à inexigibilidade e à indisponibilidade).
Se nada se estabeleceu a êsse propósito, são lançados e anotados todos os
créditos que sejam entre os figurantes, salvo se o próprio contrato de conta
corrente atende a determinado ramo de negócio (e. g., o contrato de conta
corrente entre o banco e a fábrica pré-exclui os créditos do médico de que
é titular o fabricante, contra o banco, por serviços médicos a empregados
do banco, ou os créditos do banco contra a pessoa que tem a fábrica, por
impostos da residência do fabricante).
Se o crédito é legalmente incomparável, também não se pode lançar
na conta corrente, salvo se é a têrmo a incompensabilidade. Se não se pre-
viu a inclusão de créditos não-pecuniários, êsses ficam fora. A exigência da
compensabilidade dos créditos não é argumento a favor da compensação
automática de cada crédito que entra. Apenas resulta de ter, no futuro, de
se tirar o saldo final, que não mais é simples saldo-expediente.
Há contrato de conta corrente quando os figurantes acordam que os
créditos ou alguns créditos de cada um com o outro, conforme remessas,
sejam lançados na conta, para que os saldos se tornem inexigíveis e indis-
pensáveis até que se apure o saldo final, fechada a conta.
O contrato pode discriminar quais os créditos que hão de ser lançados e
nada obsta a que haja outros negócios jurídicos (Tribunal de Justiça de São
Paulo, 18 de julho de 1903 e 20 de fevereiro de 1904, São Paulo J., II, 377 s.,
e IV, 215), inclusive outros contratos de conta corrente, entre os figurantes.
Em princípio, têm-se como incluíveis na conta corrente todos os crédi-
tos oriundos de operações entre os figurantes. E m conseqüência, pode um
dos figurantes remeter qualquer desses créditos e o outro não pode recusar-se
a dar entrada. Excepcionalmente, não se consideram incluíveis os créditos
estranhos aos negócios entre dois estabelecimentos figurantes e os créditos
incompensáveis, não porque êsses não possam ser desde logo compensados
(as entradas não determinam compensação), mas sim porque se não com-
preenderia a inclusão de créditos que não poderiam ser computados e con-
tabilizados para o saldo final, que é o único saldo que supõe compensação.
Os créditos que se vencem mais cedo do que o fechamento da conta
corrente passam a ter dilação da exigibilidade. Os créditos que se vencem
depois figuram como créditos sujeitos a liquidação, mas expostos à elimi-
nação, se prevalece a cláusula "salvo embolso".
A determinação das operações que podem dar ensejo a entradas na
conta corrente não é, como pensava GUSTAVO BONELLI (Delia Cambiale,
deWAssegno bancario e dei Contrato di Conto corrente, 854), pacto ad-
jecto, mas sim cláusula, razão por que se tem, na interpretação do contrato,
se não há cláusula expressa de enchê-lo, de entender estar implícita. Não
se argumente que, fora do contrato de conta corrente, podem os figuran-
tes excluir, expressa ou tàcitamente, a entrada de alguma verba ligada a
determinada operação. O que ocorre é que os figurantes têm por si facul-
tatividade das remessas e, dentro dêsse campo, podem pactar no sentido
de um deles não exercer, ou ambos não exercerem, no caso ou na espécie,
o direito à inserção (cf. P. CLÉMENT, Élude sur le Compte courant, 34 s.).
Aí, o pacto é adjecto.
O contrato tem de determinar quais os valores pecuniários que se po-
dem lançar na conta corrente. Por ser de contrato normativo que se trata,
com isso se dá a extensão do que se há de regular.
Se no contrato nada se disse, explícita ou implicitamente, o que se há
de entender é que podem ser lançados todos os valores pecuniários que
derivam de operações entre os figurantes. Por onde se conclui que, no caso
de omissão, não se levam em consideração todos os créditos (e. g., os cré-
ditos oriundos de atos ilícitos absolutos), e sim apenas os que se irradiam
de negócios jurídicos. É de repelir-se a opinião dos que exigem que a cada
operação - portanto, fora do contrato - se haja de manifestar a vontade
acorde de inserção (e. g., J. NOBLET, DU Compte courant, 79; E. FEITU,
Traité du Compte courant, 33).
Uma das cláusulas permitidas, dependente de ser expressa, é a de um
dos figurantes poder dar entrada, ou não, ao valor que cabe no âmbito das
operações determinadas, mas ter o outro o dever de remessa. Já assim,
GUSTAVO BONELLI (Delia Cambiale, delVAssegno bancario e dei Contrato
di Conto corrente, 854, que reputava pacto adjecto). Aqui, o que importa
é evitar-se pensar-se em que o dever de remessa não pode ser pactado.
Do lado de quem remete, há a facultatividade; portanto, seria supérflua a
promessa de não remeter o que se prende a determinada operação; mas, do
lado de quem vai receber e tem o dever de inserir, a.restrição pode ser do
interesse desse, porque se lhe retira o dever, no tocante às remessas de que
se cogita. O problema não fora bem posto por A. BOISTEL (Précis de Droit
commercial, n. 882A; cf. Théorie juridique du Compte courant, passim),
porque não aludiu ao dever de inserção. Quem pode dispensar êsse dever
de inserção é quem tem direito à inserção. Daí exigir-se o consenso (J.
GREBER, Das Kontokorrentverhàltniss, 59), o que não afasta a manifesta-
ção de vontade, por parte do figurante que tem direito à inserção, quanto à
renúncia a êsse direito.
O dever de inserção na conta corrente não abrange aquêles casos em
que o inserente teria de ser figurante de negócio jurídico bilateral, ou uni-
lateral, como se daria se tivesse de aceitar a letra de câmbio que contra êle
o outro sacou. O contrato de conta corrente não se confunde com o pré-
-contrato, nem há, nele, eficácia semelhante à do pré-contrato.
Se o contrato de conta corrente é entre donos de empresas, tem-se por
excluído de inseribilidade o que resulte de fontes jurídicas estranhas aos
negócios que as caracterizam. Salvo cláusula ou pacto adjecto, entendem-
-se inseríveis todos os créditos que sejam concernentes a elas.
Consideram-se ininseríveis os créditos não pecuniários e os que não
seriam compensáveis.
Os direitos à restituição de coisa certa (<?. g., comodada ou deposi-
tada) não podem ser insertos, mesmo se se calcula a indenização pelo
inadimplemento.
Também não se inclui o que o credor mesmo, posteriormente ao con-
trato de conta corrente, teve por ininserível (= se o credor mesmo renun-
ciou ao direito à inserção).

4. FORMA E PROVA DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - A lei n ã o


exige forma especial ao contrato de conta corrente, nem, sequer, a escrita.
A despeito das dificuldades que soem surgir, pode ser tácita ou pelo silên-
cio a conclusão do contrato de conta corrente. A repulsa à aceitação pelo
silêncio é sem fundamento suficiente.
Quanto àprova, cabem as regras jurídicas ordinárias. A prova do con-
trato de conta corrente nada tem com a prova ou com as provas dos fatos
jurídicos de que se irradiaram os valores remetidos e entrados.
As manifestações de vontade, para a conclusão do contrato de conta
corrente, podem ser tácitas (Supremo Tribunal de Justiça, 23 de novembro
de 1889; Relação do Rio de Janeiro, 17 de julho-de 1888, O. D., 58, 235;
Relação de Minas Gerais, 23 de abril de 1896, verbis "vontade... que pode
ser expressa ou tácita", 70, 380 s.; Tribunal de Justiça de São Paulo, 21 de
novembro de 1894, G. /., VE, 165, 9 de julho de 1904, São Paulo /., V, 323
s., 6 de setembro de 1905 e 14 de fevereiro de 1906, IX, 66, e 10, 183 s.).

5. GARANTIA REAL OU FIDEJUSSÓRIA A CRÉDITO QUE ENTROU. - S e


algum dos créditos que entraram tem garantia real ou fidejussória, tal ga-
rantia passa a ser garantia do saldo final, até o importe do crédito garan-
tido. Essa solução se impõe, porque em verdade é o crédito que continua
garantido, e não só dentro dos limites do saldo final. Com isso, atende-se
a que o crédito não perde, entrando, a sua individualidade, a que a con-
traposição foi interna, mas derivada do conteúdo do contrato de conta
corrente, que é externo em relação aos créditos, e a que se têm de invocar,
ao fechamento, os princípios da imputação do pagamento (Código Civil,
arts. 1.023, 991-994).
Se são dois ou mais os créditos garantidos, não há razão para só se
considerar vigente a garantia maior, nem para se proceder à redução pro-
porcional (E. g., ADRIANO FIORENTINO, II Conto corrente, 2.A ed., 17):
somam-se as garantias, porém não só respeitados os limites dos saldos
(FEDERICO MARTORANO, Conto corrente [Contratto di], Enciclopédia dei
Diritto, IX, 662).
Com a inclusão do crédito na conta corrente não há novação, êrro em
que por muito tempo se incorreu. O crédito permanece tal qual é. Por isso,
nada ocorre contra as garantias, pessoais ou reais. Se há responsabilidade
solidária de outrem, persiste. Os privilégios nada sofrem com a inclusão do
crédito, quaisquer que sejam.
Problemas surgiam quanto às garantias. Se há duas ou mais garan-
tias, entenderam alguns juristas que a garantia maior absorve as outras;
outros, q u e s e s o m a m (e. g., J. BREIT, e m A. DÜRINGER-M. HACHEN-
BURG, Das Handelsgesedzbuch, IV, 669); outros, que se somam, porém
só no limite do saldo (FEDERICO MARTORANO, Conto corrente [Contratto
di], Enciclopédia dei Diritto, IX, 20). ADRIANO FIORENTINO (II Conto
corrente, 17) lançou soluções inadmissíveis: se todos os créditos são ga-
rantidos do mesmo modo (isto é, todos com garantia real ou todos com
garantia pessoal, devem ser tidos por extintos pro quota); se alguns dos
créditos têm garantia real e outros garantia pessoal, êsses se extinguem e
aquêles, proporcionalmente.

Nenhuma razão há para distinçÕes. Os créditos não perderam a indi-


vidualidade, de modo que persistem inatingidos. Não há novação. O saldo
refere-se a dinheiro entrado e a créditos. As garantias "são, de regra, garan-
tias de terceiro; e não se entenderia que se considerassem sem garantia cré-
ditos que ainda não foram satisfeitos. É preciso atender-se, sempre, a que a
conta corrente é contrato normativo. Permanecem as ações e as exceções,
as hipotecas, os direitos de penhor, as fianças, os endossos e os avales,
quaisquer ações de regresso e os privilégios.
Se o crédito contra terceiro foi cedido, ou se houve a tradição do título
circulável ao portador, endossado ou avalizado, regem os princípios pecu-
liares a propósito das garantias.
A exigibilidade do saldo contra o outro correntista não importa que os
créditos que serviram ao deve e ao haver percam as garantias que tinham.
Assim, a verdade está em que as garantias permanecem enquanto,
segundo os princípios concernentes a cada uma, não se extinguem.
Diz-se no Código Civil italiano, art. 1.828: "Se il credito incluso nel
conto è assistito da una garanzia reale o personale, il correntista ha diritto
di valersi delia garanzia per il saldo esistente a suo favore alia chiusura dei
conto e fino alia concorrenza dei credito garantito. La stessa disposizione si
applica se per il credito esiste un coobligato solidale". ^Por que dentro do
saldo? O saldo levou em conta créditos contra terceiro, que, pode dar-se, ain-
da não foram recebidos. Computaram-se como haver do outro correntista e a
garantia é para que o saldo não se afaste do cálculo com a falta do devedor.
6. CHEGADA DE CRÉDITO CONTRA TERCEIRO. - O c r é d i t o q u e c h e g a
para lançamento e anotação pode ser crédito contra terceiro, e não contra
o outro figurante do contrato de conta corrente. O crédito pode ser título
cambiário ou título cambiariforme, ou qualquer outro, inclusive a respeito
de bens enviados ao terceiro e de preço ainda não líquido. A função do fi-
gurante, que tem de lançar e anotar, é a de exigir o pagamento, desde logo,
se vencido o crédito, ou quando se vencer. Não há solução a priori para os
problemas que podem surgir. Às vezes, aguarda-se o recebimento do crédi-
to contra o terceiro, para que se faça o lançamento. Outras vezes, lança-se
e provavelmente se anota o valor do crédito contra o terceiro, como se a dí-
vida tivesse sido paga. Mais tarde, talvez se tenha de cancelar ou estornar,
se, por exemplo, houve desconstituição do negócio jurídico com o terceiro,
ou despesas com a cobrança e o recebimento, ou diminuição ou extinção
em virtude de compensação com crédito do terceiro, ou êrro do lançador.
a) Assim, por vezes, a chegada é em virtude de relação jurídica de
mandato, ou de endôsso-procuração, ou de outra espécie, mas, de qualquer
maneira, estranha à relação jurídica oriunda do contrato de conta corrente.
Não se opera, então, a transferência do crédito, de modo que não há crédito
contra o outro figurante, que pudesse ser desde logo lançado e anotado,
como elemento do ativo inexigível e indisponível. Na prática, anota-se sem
se lançar. Se o devedor não paga, não há qualquer atingimento da conta
corrente, tendo-se apenas de fazer outra anotação que esclareça o ocorrido.
O emprêgo das duas expressões, lançamento e anotação, tem, nesse como
em outros casos, razão para ser recomendado. Se o figurante que havia de
receber fêz despesas e não houve adimplemento pelo terceiro, essas des-
pesas são lançadas na conta corrente como débito do remetente do instru-
mento de crédito, ou, se houve recebimento, deduzidas do quanto recebido
ou lançadas separadamente, isto é, no passivo aquelas e no ativo êsse, antes
ou logo após o lançamento do que foi recebido. Não é de estranhar-se que
exista, por acordo dos figurantes do contrato de conta corrente, outra conta,
possivelmente conta corrente bancária, em que as despesas sejam lançadas.
b) Se o crédito chegado é transferido ao outro figurante, tem de ser
lançado por êsse como crédito do remetente, embora não seja exigível des-
de logo. Anota-se a particularidade do dia em que se há de vencer. No di-
reito brasileiro, tem-se, quanto a alguns créditos, por implícita, a cláusula
"salvo embolso" ou cláusula "salvo cobrança" ou "salvo encaixe" de
modo que, somente em caso de afastamento da cláusula, se não há o re-
cebimento, o figurante ou cobra judicialmente o crédito, para que venha a
saber qual a quantia recebida (valor do crédito menos as despesas), ou faz
estorno do que lançara. Uma vez que, afastada a cláusula "salvo embolso",
o figurante, recebedor do instrumento do crédito, se fêz titular do crédito, a
responsabilidade do figurante que o remeteu rege-se pelos princípios con-
cernentes à aquisição do crédito. Por exemplo: o figurante endossante so-
mente responde se houve o protesto, ou se autorizou o lançamento do seu
débito. Aqui, não há estorno, há lançamento de débito, com as despesas
que, in casu, incumbam ao devedor. Para crítica ao art. 1.829 do Código
Civil italiano, ADRIANO FIORENTINO (II Conto corrente, 2.A ed., 19).
Se há a cláusula "salvo embolso" (ou "salvo cobrança"), ou outra
que lhe equivalha, surge o problema da classificação de tal cláusula, (a)
Alguns a consideram condição resolutiva: houve a transferência, o não-
-adimplemento desfaz-lhe eficácia, razão por que se procede ao estorno
(e. g., SÉRGIO SOTGIA, Conto corrente, Commentario al Códice Civile
de M. D'AMELIO e E. FINZI, II, 83). Verdade é, porém, que o figurante
pode preferir ao estorno a cobrança judicial. (b) FEDERICO MARTORANO
(Conto corrente [Contratto di], Enciclopédia dei Diritto, IX, 663) vê na
cláusula "salvo embolso" ("clausola salvo incasso") garantia da solvên-
cia, que se há de identificar com a possível cláusula aposta à cessão de
crédito (cf. Código Civil brasileiro, art. 1.074). Se o terceiro não paga,
tem o figurante do contrato de conta corrente e recebedor do título de
crédito o direito de contralançar, isto é, de lançar como débito o que
lançara como crédito do remetente. Assim, o nôvo ato de lançamento
não seria simples ato de relevância somente contábil, mas lançamento de
verdadeiro crédito de restituição.
A opinião (a) é a que atende à natureza da cláusula, que, no direito
italiano, é implícita, em virtude do art. 1.829 do Código Civil italiano,
ius dispositivum. Se não foi afastada, nos casos em que o precisaria ser,
a cláusula "salvo embolso" é implícita; também, no direito brasileiro, a
opinião (a) é a acertada. Se se pré-exclui a cláusula "salvo embolso", tem-
-se de procurar, in casu, qual a responsabilidade do figurante remetente,
porque, se a transferência se fêz sem a cláusula "salvo embolso" e sem
responsabilidade que decorra da transferência (e. g., endosso), nada mais
pode fazer o figurante que lançou o crédito, como ocorreria, aliás, se não
o tivesse lançado.
Por isso mesmo, tem-se de firmar que o figurante que lançou o crédito
a favor do outro tem a ação - e. g., a ação cambiária ou a ação cambiari-
forme - para receber do figurante remetente o que, a despeito da transfe-
rência, êle deve (ANTONIO MORANDO, II Contratto di conto corrente, 49
s." SÉRGIO SOTGIA, Conto corrente, Commentario al Códice Civile de M.
D'AMELIO e E. FINZI, II, 90). A opinião negativa é de afastar-se, no direito
brasileiro, porque se tem a implicitude da cláusula "salvo embolso" e, se
essa fora posta de lado, a exceção a que alguns juristas se referem (e. g.,
ADRIANO FIORENTINO, II Conto corrente, 2. a ed., 22) não teria cabimento:
o que o figurante remente pode fazer é objetar a sua não-responsabilidade.

Se o êrro foi de quem lançou, há o estorno.


Pode dar-se que se haja lançado o que não fôra remetido, como se
entrado tivesse, ou o que fôra remetido e não entrara, como ocorre no
caso de mercadorias enviadas a risco do remetente, ou o que entrara e
tivera de ser restituído a outrem. E m todos êsses casos e nos semelhantes
há estornabilidade.
Os títulos de crédito entram, quase sempre, pro solvendo, e não pro
soluto, de modo que, se não foram pagos, a solução é a do estorno, que é o
lançamento em contrário, com a anotação que explique por que se lança a
débito o que se lançara a crédito.
A implicitude da cláusula "salvo embolso" foi assente no direito bra-
sileiro, pelo costume e pela jurisprudência (Tribunal da Relação de Minas
Gerais, 20 de maio de 1896, O D., 70, 561; Tribunal de Justiça de São Pau-
lo, 17 de maio de 1911 e 24 de abril de 1912, São Paulo /., 28, 432 s„ e R.
dos T. n , 246 s.), mas de modo nenhum como efeito necessário do contrato
de conta corrente.
Se a cláusula implícita foi afastada, não há estornabilidade, porque
não houve lançamento de crédito recebido pro solvendo, mas sim de cré-
dito recebido pro soluto. A condicionalidade da inserção do crédito não
ocorreu. O figurante que lançou o crédito do outro assumiu o risco. (Re-
feriram-se à condição resolutiva que a cláusula "salvo embolso" acarreta
o Tribunal de Justiça de São Paulo, a 17 de maio de 1911 e 24 de abril de
1912 ( S ã o Paulo J., 28, 4 3 2 s.; R. dos T., II, 2 4 6 s.), JOSÉ DA SILVA COSTA
(IContrato de Conta Corrente, 45), PAULO DE LACERDA (DO Contrato de
Conta corrente, 2.A ed., 2 0 3 s.) e J. X . CARVALHO DE MENDONÇA ( T r a t a d o
de Direito Comercial, VI, 2.A parte, 393 s., e VII, 472).)
Todavia, o que é sob condição resolutiva é o lançamento. Não é o
contrato de conta corrente que determina a cláusula "salvo embolso": é o
negócio jurídico a que se prende o crédito. Se, por exemplo, o figurante
remetente envia título cambiário ou cambiariforme em que o subscritor ou
aceitante é o outro figurante e tal título lhe fora endossado por terceiro, ou
pelo próprio figurante subscritor ou aceitante, ou em tal título é tomador
o figurante remetente, ou se o título é ao portador, claro que o subscritor-
-promitente ou o aceitante não pode estornar porque êle não pagaria a si
mesmo. Tem-se tal título como lançado sem estornabilidade, isto é, como
gerador de crédito pro soluto. Por onde se vê que a cláusula implícita "sal-
vo embolso" não é peculiar ao contrato de conta corrente, e só se prende
aos negócios jurídicos sôbre títulos.
O figurante que lançou o crédito a respeito de cujos negócios jurídicos
translativos vige a cláusula "salvo reembolso" tem de evitar que se extin-
ga qualquer ação que o figurante remetente teria; e pode exercê-lo como
titular do crédito que é. Se algo recebe de algum obrigado, somente pode
estornar o resto. Se nada recebe, ou propõe a ação contra o remetente, ou,
tendo evitado o não-nascimento dela (e. g., tendo protestado o título cam-
biário), faz estorno. A propositura da ação contra o figurante remetente não
importa renúncia ao lançamento, nem, se o figurante-remetente não paga,
ou outro não o faz, ao estorno.
Se o figurante recipiente cedeu o crédito ou endossou o título, ou
por outro modo transferiu a titularidade, somente tem de estornar o lan-
çamento, se, em virtude do seu ato posterior ao lançamento, responde ao
terceiro, e, se não paga, estaria obrigado o remetente, i O figurante reme-
tente de título ao portador, que o figurante lança a crédito do figurante re-
metente e aliena a terceiro, é irresponsável pelo não-pagamento, porque o
figurante recipiente não podia contar com responsabilidade, que só existe
para os endossantes?
Aí o punctum doliens. Ou existe a cláusula "salvo embolso", para
quaisquer créditos contra terceiros, remetidos pelo figurante credor, e para
o figurante que transmitiu a propriedade e posse do título ao portador, ou a
cláusula "salvo embolso" deriva da natureza dos títulos, e não é implícita
no contrato de conta corrente. A última solução é a verdadeira.
O figurante recipiente não tem dever de agir contra os terceiros de-
vedores. Pode fazê-lo, sim. Mas é preciso que por falta sua não fique sem
ação, ou sem pretensão e ação, ou com ação ou pretensão encoberta (e. g.,
prescrita) o titular remetente. Não tem o dever de agir, mas tem o dever de
conservar o crédito tal qual é.
Imediatamente após o estômo, tem de devolver o título ao figurante
remetente, endossando-o, se é o caso, ou deixando ao figurante remetente
riscar o endosso que lhe fizera, o que mais o garante.
Remeteu B a A título cambiário ou cambiariforme contra C, endos-
sado por D e E. Ocorre que C não paga. Entende ADRIANO FIORENTINO
(Del Conto corrente, Commentario dei Códice Civile, IV, 402) que A não
pode exercer contra B a ação cambiária ou cambiariforme, porque B teria
de remeter dinheiro a A, o que se chocaria com o princípio da liberdade de
remessa. Sem razão. A, mesmo se endossou o título, teria de ir contra B,
se o endossatário foi contra êle. A obrigação de B nada tem com a conta
corrente. O que é certo é que B remeteu título que não foi pago e A so-
freria o prejuízo. Há a responsabilidade conforme o direito cambiário ou
cambiariforme. Se se eliminasse tal responsabilidade, não só seria ofensiva
do patrimônio de A tal solução como se abriria margem a fáceis conluios.
Tem B de prestar a A, em virtude da cláusula implícita "salvo reembolso",
e pode ir contra os que endossaram o título.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4 . 6 1 8 . A - L e g i s l a ç ã o

Assim como se dá em relação ao conteúdo do contrato de conta corrente, re-


manesce a ausência de legislação quanto à sua forma, de modo que se submete
à liberdade de forma do negócio jurídico, consagrada no Código Civil vigente,
em seu art. 104, III. O silêncio intencional como manifestação de anuência é pre-
visto no art. 147 do CC/2002. Com relação à prova do contrato, a possibilidade
de uso de todas as formas admissíveis em direito é disciplinada pelo art. 212
do CC/2002, uma vez que se encontram revogadas as disposições do Código
Comercial nesta parte.
As regras sobre oferta e correspondente aceitação encontram-se nos arts. 427
et seq, do CC/2002. A imputação do pagamento é regulada pelos arts. 352 a 355
do CC/2002.
Sobre a cessão de crédito, incidem as arts. 286 et seq, do CC/2002.

§ 4.618. B-Doutrina
| Ao assinalar seu entendimento no sentido da prescindibilidade de manifes-
; tação de vontade específica das partes para cada lançamento aposto em conta
i corrente, Pontes de Miranda orienta-se no mesmo sentido da doutrina contempo-
| rãnea em relação à presunção de continuidade e regularidade do comportamen-
! to das partes nos contratos de duração, razão pela qual se dispensa a neces-
i sidade da formalização de cada ato. Da mesma forma, remanesce na doutrina
o entendimento de que o lançamento dos títulos em conta corrente são, como
regra, pro solvendo, ocorrendo o estorno da conta na hipótese de ausência do
seu pagamento. Nesse sentido, a cláusula "salve embolso" envolveria condição
resolutiva, perdendo efeito a remessa feita se não houver o pagamento do título
(MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 14. ed. Rio de Janeiro: Foren- i
se, 1999. p. 405).

§ 4.618. C- Jurisprudência
Í

O estorno do lançamento em conta corrente, quando não tenha havido culpa i


do correntista, não lhe obriga ao pagamento do custo do ato (STJ, REsp 52.750- i
3/PE, 4.a T., j. 12.09.1994, rei. Min. Barras Monteiro, RDC 17/195). Responde,
contudo, quem dá causa a estorno indevido em conta corrente (TRF 2.a Região, |
Ap 1998.51.01.201227-1/RJ, 7.aT. Especializada, j. 24.08.2005, rei. Des. Federal ;
Reis Friede, DJU 05.09.2005, RT845/417). I

§ 4.619. INTERESSES DOS CRÉDITOS

1. JUROS. - Sôbre os créditos lançados correm juros, que, na falta de


cláusula determinadora do quanto, são os legais. Podem os figurantes esti-
pular que não correm juros, ou inserir no contrato de conta corrente qual-
quer outra cláusula a respeito (e. g., mensalidade, anualidade, bianualidade).
Juros são o que toca ao credor pelo fato de ser privado da soma que
se lhe deve. Hoje, os interêsses são, de ordinário, só em juros, prestações
em dinheiro; porém nada obsta a que se estipulem interêsses em coisas
fungíveis que não sejam dinheiro. Juros, como os demais interêsses, são
rendimento do capital devido; juridicamente, o fruto civil do crédito. O
crédito produz o crédito de interêsses, freqüentemente juros; ao crédito
de interêsses, ou, mais restritamente, de juros, corresponde a prestação de
interêsses, ou de juros. Quando se diz que o crédito produz juros, emprega-
-se elipse; em vez de "o crédito c produz os j u r o s / ' , deve-se ler "o crédito
c produz o crédito aos juros j".
De regra, o interêsse calcula-se por ano, a tantos por cento sôbre a
soma devida. Nada obsta que se fixe por mês, como em direito romano.
O crédito de interêsses é ligado ao tempus\ surge sucessivamente, pro
rata temporis, enquanto há crédito que subsiste e não cessou a relação
jurídica tal como era eficaz. Daí a grande importância em se distinguir do
que é interêsse o que é juro moratório.
O contrato de conta corrente supõe que se tenha o dever de lançar ou
lançar e anotar em conta os créditos derivados de remessas de uma pessoa
a outra, de modo que se possam computar, ao fim de certo tempo, ou ao
fechamento da conta, débitos e créditos. Há, portanto, parcelas de deve e
de haver, extração de saldos, com ou sem fechamento da conta, e extinção
do contrato. A extração do saldo não é mais do que a verificação do estado
da conta, para se saber se há saldo devedor ou credor..
O contrato de conta corrente extingue-se, regularmente: a) pelo ad-
vento do têrmo convencionado; b) pelo contrarius consensus (distrato); c)
pela denúncia vazia, se não há tempo determinado; d) pela morte de algum
dos contraentes; e) pela decretação de abertura da falência (Decreto-lei n.
7.661, de 21 de junho de 1945, art. 45: "As contas correntes com o falido
consideram-se encerradas no momento da declaração da falência, verifi-
cando-se o respectivo saldo"), ou da liquidação coativa, ou do concurso
de credores civi-1;/) pela morte ou interdição do figurante, ou extinção da
pessoa jurídica.
Em qualquer dêsses casos, a conta corrente encerra-se: não há mais
direito ou dever de lançamento em conta. Não se sucede, por morte, em
contrato de conta corrente; sucede-se na dívida, ou no crédito. Se o in-
ventariante, ou algum herdeiro, ou alguns herdeiros, ou todos os herdei-
ros, continuam de remeter e de sacar, não continuam, juridicamente, o
decujo: há contrato nôvo entre o contraente que sobreviveu e o inven-
tariante, que representa os herdeiros, ou entre aquêle e o herdeiro, ou
alguns herdeiros, ou todos os herdeiros, não se podendo, nas três últimas
espécies, levar à conta do herdeiro, ou dos herdeiros, o que era débito ou
crédito do falecido.

2. JUROS NEGOCIAIS E JUROS NÃO NEGOCIAIS. - O s j u r o s o u s ã o n e -


gociais ou ex lege por desembolso, ou são moratórios. Cumpre que não
se pense a respeito de uns quando se trata dos outros. Ainda quando as
soluçoes para as questões relativas àqueles sejam as mesmas que se hão
de dar às questões relativas a êsses, tal coincidência não os identifica,
nem permite que se raciocine a respeito de uns como se em causa esti-
vessem os outros. Os juros moratórios ou são com a taxa legal ou com a
taxa estipulada.
O Código Comercial, art. 248, alínea l. a , cogita da exigibilidade dos
juros em caso de desembolso, ainda que não tenha havido estipulação.
E o princípio da frutiparidade dos desembôlsos comerciais: no comércio,
quem desembolsa tem direito a juros. No contrato de conta corrente, o art.
248, alínea l. a , do Código Comercial incide, e não podia deixar de inci-
dir. Alguns comercialistas confundem êsses juros de capital, ou parcela,
estipulados ou não, com os juros moratórios, o que é imperdoável; outros,
desatentos à generalidade do princípio, foram buscar explicação à pretensa
"novação" que existiria nos contratos de conta corrente. A ftuência dos
juros derivaria daquele princípio.
O Código Comercial, no art. 253, alude à contagem de juros às contas
coiTentes, explicitando que se permite a contagem de juros sôbre os juros
liquidados em conta corrente de ano a ano. Ali, os juros, de que se trata,
são os juros estipulados. Juros de juros somente podem ser juros morató-
rios, que são os legais, ou os convencionados (juros da mora fixados em
virtude de convenção).
A primeira questão que surge é quanto aos juros do capital, devido a
não ter cogitado deles, diz-se, a lei comercial, nem a civil. Se não foram
convencionados juros, £há regra jurídica dispositiva segundo a qual se haja
de entender com juros o prestado, a mais, em conta corrente? Se não existe
tal regra jurídica dispositiva, ^existe regra jurídica interpretativa, isto é,
regra jurídica que afirme correrem juros em caso de dúvida?

3. REGRA JURÍDICA DISPOSITIVA. - A regra jurídica dispositiva existe,


em direito comercial (Código Comercial, art. 248, alínea 2.a): "Em comér-
cio podem exigir-se juros desde o tempo do desembolso, ainda que não se-
jam estipulados, em todos os casos em que por este Código são permitidos
ou se mandam contar. Fora dêstes casos, não sendo estipulados, só podem
exigir-se pela mora no pagamento de dívidas líquidas, e nas ilíquidas só de-
pois de sua liquidação". O ius dispositivum é evidente, com a largueza que
resulta dos conceitos de "casos em que são permitidos" e "casos em que
se mandam contar". Nada tem tal regra jurídica dispositiva com a que se
refere aos juros da mora. Cumpre, ainda, acentuar-se que a estipulação de
juros, sem se dizer o quanto e sem se determinar desde quando se contam,
se entende estipulação de juros legais pela mora (Código Comercial, art.
248, alínea 2.a): "Havendo estipulação de juros sem declaração do quanti-
tativo ou do tempo, presume-se que as partes convieram nos juros da lei, e
só pela mora (art. 138)".
No sistema jurídico do Código Comercial, pode haver juros do capi-
tal, parcelas ou saldos: a) se houve estipulação de tais juros, não se enten-
dendo, como tal, estipulação que se não referiu a êles, porque o art. 248,
2.a alínea, do Código Comercial é regra jurídica dispositiva, que, por se não
ter dito a'que juros se refere a manifestação de vontade, resolve o proble-
ma pela afirmação de se tratar de cláusula relativa a juros moratórios; b)
se não houve estipulação de juros, porque, em virtude do art. 248, alínea
l. a , do Código Comercial, os juros correm e são exigíveis, desde o tempo
de desembolso, uma vez que não se proíbam nas leis. Ainda se não foram
estipulados juros do capital, parcela ou saldos, a mora faz correrem juros,
que são os legais, se outra percentagem não foi fixada.
Uma vez que correm juros do capital, parcelas ou saldos, tem-se de
versar segunda questão, que precisa os conceitos: Qual a percentagem dos
juros do capital, parcelas ou saldos, se não foi fixada convencionalmente?
No direito civil, o art. 1.063 do Código Civil foi explícito: "Serão tam-
bém de seis por cento ao ano os juros devidos por fôrça da lei, ou quando
as partes os convencionarem sem taxa estipulada". Antes, o art. 1.062 es-
tatui: "A taxa de juros moratórios quando não convencionada (art. 1.262)
será de seis por cento ao ano".
Se não foram estipulados juros do capital, são êles os legais segundo
a Lei de 24 de outubro de 1832, art. 3.°, ou o Código Civil, art. 1.063, ou
os que os usos comerciais estabeleceram. Preliminarmente, advirta-se em
que os figurantes podem convencionar que não haja fluência de juros, ou
que somente haja após o fim de cada período. Diz a Lei de 24 de outubro
de 1832, art. l.°: "Os juros ou prêmio de dinheiro, de qualquer espécie,
será aquêle que as partes convencionarem". N o art. 2 °: "Para a prova
desta convenção é necessária escritura pública, ou particular, não bastan-
do nunca a simples prova testemunhai". No art. 3.°: "Quando alguém fôr
condenado em juízo a pagar juros que não foram taxados por convenção,
contar-se-ão a seis por cento ao ano". A regra jurídica do art. 3.° da Lei
de 24 de outubro de 1832 ou do art. 1.063 do Código Civil é dispositiva.
No plano do direito comercial, os usos podem estabelecer manifestação
de vontade, o que afasta, então, a incidência da regra jurídica dispositiva
(cf. Tomo III, § 256, 4).
O contrato de conta corrente pertence à classe dos contratos que se
extinguem com a morte de qualquer dos contraentes, razão por que, mor-
rendo o correntista, têm os bancos ou outras casas, com que se contratou
conta corrente, de enviar ao juízo de inventário o extrato final (= extrato
da conta de deve e haver, após o encerramento pelo fato da morte). Qual-
quer movimentação de conta corrente por inventariante, ou por herdeiro,
ou herdeiros, seria nôvo contrato de conta corrente. Após isso, sòmente
podem ser responsabilizados pelos juros da mora, que - não tendo havido
estipulação entre os sucessores e a firma - são os de seis por cento.
Se os herdeiros depositaram o quanto que devia o decujo e a firma o
levantou "por conta", não pode essa discutir a procedência do depósito,
porque não se admite levantar e discutir.
No sentido de haver juros recíprocos nos contratos de conta corrente,
o Supremo Tribunal de Justiça, a 6 de junho de 1863 (MAFRA, Jurispru-
dência dos Tribunais, 1,172), a Relação de Ouro Preto, a 13 de outubro de
1874 (O D., VII, 330, o Tribunal de Justiça de São Paulo, a 14 de maio de
1898, a 22 de outubro de 1902 (G. /., 22, 154 s.), a 21 de março de 1903
(São Paulo J., I, 430 s.), a 14 de março e a 26 de agôsto de 1903 (I, 382, e
E, 552), a 23 de maio (V, 123 s.) e a 3 de outubro de 1904 (VI, 146 s.),' o
Tribunal da Relação de Minas Gerais, a 24 de novembro de 1920 (.R. de D.,
61, 160). No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, a 19 de agôsto
de 1903 (O D., 96, 92 s.). Não cabe invocar-se a jurisprudência para as
contas que não são contas correntes e que se regem por outros princípios
(Tribunal da Relação de Minas Gerais, 24 de novembro de 1920, R. de D.,
61,160 s.).
O art. 254 do Código Comercial diz, explicitamente, que "não serão
admissíveis em juízo contas de capital com juros, em que êstes se não
acham reciprocamente lançados sôbre as parcelas do débito e crédito das
mesmas contas".
A existência de contrato de conta corrente não pré-exclui os direitos
que por outros negócios jurídicos possam ter os figurantes (comissões, re-
embolso de despesas, serviços prestados).

4. CAPITALIZAÇÃO. - Os juros podem ser capitalizados, se foi esti-


pulada a contagem intercalar, ou se há fechamentos periódicos da conta
corrente. A capitalização pode ser por períodos, diferentes daquele que se
fixou para o fechamento da conta corrente, mesmo se não periódico. De
qualquer modo, é direito costumeiro (estilo das praças de São Paulo e do
Rio de Janeiro, por exemplo) contarem-se anualmente e haver a capitaliza-
ção, ou a cláusula de se contarem em menor período (Tribunal de Justiça
de São Paulo, 20 de agôsto de 1895, R. M., I, 250 s.).
O art. 253, alínea l. a , do Código Comercial cogita da capitalização
anual quando diz: "É proibido contar juros de juros; esta proibição não
compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos liquidados em
conta corrente de ano a ano". Em contrato de conta corrente pode-se es-
tabelecer que os saldos sejam de seis em seis meses, porém os juros de
juros só se contam de ano a ano (Supremo Tribunal Federal, 14 de agosto
de 1952, I, 247, 30 de outubro de 1952, A. /., 106, 300, 13 de abril de
1953, D. da J. de 7 de março de 1955, 891; sem razão, a Câmara Cível
do Tribunal de Apelação da Bahia, a 10 de junho de 1942, R. dos T., 150,
715, e o Tribunal da Relação de Minas Gerais, a 7 de março de 1908, R.
E, IX, 273).
5. JUROS E RECONHECIMENTO DE SALDO. - Após o reconhecimento
do saldo, que é negociai, nada obsta a que se contem juros, porque não há
mais juros sôbre que se hajam de contar; há conta nova. Ou há juros da
mora, ou juros da nova conta corrente (no mesmo sentido, o Tribunal de
Justiça de São Paulo, a 7 de outubro de 1947, R. dos T., 171, 146). A Jun-
ta Comercial do Estado de São Paulo, a 16 de junho de 1899, regulou as
contas correntes entre comissários e comitentes; e a 13 de agosto de 1901
entendeu que era costume serem semestrais as contas dos correntistas, de-
vendo ser capitalizados os juros. Entendeu a Junta a 16 de junho de 1899
que os juros começam a correr imediatamente após os encerramentos ou
balanços, com o que se conformou o Tribunal de Justiça de São Paulo, a 14
de março de 1903, a 26 de agosto de 1903 (São Paulo ./., I, 381, e II, 552)
e a 6 de fevereiro de 1909 (19, 212). Faltou-lhes dizer que tal ocorre se o
saldo foi reconhecido (reconhecimento negociai). Não bastam os saldos-
-expedientes semestrais, cujo reconhecimento é ato jurídico stricto sensu,
e não negócio jurídico.

Panorama atual pelo Atualizador

§4.619. A -Legislação !

As disposições do Código Comercial citadas foram, todas, revogadas pelo j


Código Civil de 2002 (art. 2.045). {
A disciplina dos juros legais no Código Civil de 2002 consta do art. 406, o j
qual refere que, na ausência de estipulação contratual, a taxa de juros para mora j
dos impostos devidos à Fazenda Nacional. Há dissenso, contudo, quanto à taxa j
a ser aplicada, se a estabelecida pela Selic (Sistema Especial de Liquidação e I
Custódia), do Banco Central, para remuneração pela União dos títulos públicos !
que emite, de que trata a Lei 9.065/1995, ou se a prevista no art. 161, § 1.°, do
CTN. As regras do Código Civil sobre limitação de juros, todavia, não se aplicam
às instituições financeiras.
No que se refere à capitalização dos juros, o art. 591 do CC/2002, ao dispor
sobre o contrato de mútuo, estabelece também a possibilidade de capitalização
anual, no esteio de regra já existente no próprio contrato de conta corrente fixado
no art. 253 do CCo, já revogado. Ocorre que pelo entendimento jurisprudencial do-
minante, especialmente, em face do disposto na MedProv 2.170-36/2001, em seu
art. 5.°, este limite não se aplica às instituições financeiras, a quem se permite a
capitalização de juros em período inferior a um ano, nas operações que realizam,
escapando à limitação imposta pelo Código Civil.
Tratando-se de conta corrente bancária que se qualifique como contrato de
consumo, incide o Código de Defesa do Consumidor, tanto no tocante às informa-
ções ao consumidor sobre os lançamentos em conta corrente, quanto eventual
cobrança de juros em decorrência de atos que impliquem débitos além dos recur-
sos havidos pelo consumidor.
No tocante aos efeitos da falência em relação às contas correntes do falido,
o art. 121 da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação Empresarial)
estabelece que as contas correntes com o devedor se consideram encerradas
no momento de decretação da falência, momento em que se verifica seu res-
pectivo saldo.

§ 4 . 6 1 9 . B - D o u t r i n a

Tratando-se de conta corrente mercantil aplicam-se os limites para imposição


de juros do Código Civil de 2002, que sobre o tema estabelece norma dispositiva,
afirmativa do amplo respeito à autonomia privada que observam os contratos in-
terempresariais. Todavia, contam-.se do reconhecimento do saldo, quando a conta
é fechada (GOMES, Orlando. Contratos. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p.
407) e não permanentemente como é o caso da conta corrente bancária. No caso
desta, a qual a doutrina reconhece, com apoio na jurisprudência, a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor no controle de juros, quando abusivos.

§ 4.619. C- Jurisprudência

Tratando-se de juros decorrentes de débitos lançados em conta corrente ban-


cária, a jurisprudência entende pela ausência de limite a priori de juros, oscilando
entendimento entre a possibilidade de controle no caso de excesso manifesto e a
que considera, na falta de juros fixados expressamente, sua remuneração à taxa
média do mercado (STJ, AgRg no Ag 1420090/SC, 3. a T„ j. 25.10.2011, rei. Min.
Massami üyeda, DJe 09.11.2011). No caso da capitalização de juros de lança-
mentos em contas correntes bancárias, só é permitida em periodicidade inferior
a um ano, quando expressamente pactuada (STJ, REsp 1039878/RS, 3.aT., j.
27.05.2008, rei. Min. Massami üyeda, DJe 20.06.2008).
A Súmula STJ 322 admite a repetição de indébito nos contratos de abertura
de crédito que impliquem lançamento de débitos indevidos em conta corrente,
independente da prova do erro.
CAPÍTULO I I I
EFICÁCIA DO CONTRATO D E C O N T A C O R R E N T E

§ 4.620. EFEITOS DAS ENTRADAS

1. ENTRADAS DE CRÉDITOS. - AO entrar, o crédito torna-se inexigí-


vel e indisponível. O correntista que teve o seu crédito lançado não pode
cedê-lo, nem doá-lo: o crédito foi indisponibilizado pelo lançamento. Nem
pode exigir do outro figurante que lho restitua. Não se pode pensar em
novação, porque os créditos conservam a sua individualidade, a despei-
to de se tornarem inexigíveis e indisponíveis (WOLFGANG HEFERMEHL,
Grundfragen des Kontokorrents, Festschrift für H. LEHMANN, N, 549). A
inserção na conta corrente não lhe tira a origem, nem a causa. Continua
o negócio jurídico, de que se irradiara, exposto às ações de nulidade, de
anulábilidade, de resolução ou de resilição, de rescisão ou de denúncia, de
cuja sentença desfavorável ao credor resulta ter-se de canelar o lançamento
(cf. ADRIANO FIORENTINO, II Conto corrente, 2.A ed., 7), isto é, cancelar
ou estornar a verba.

2. EFEITO PRECÍPUO. - O efeito precípuo do contrato de conta corrente


é a contraposição dos créditos, com a homogeneidade das entradas. Não
é exato, porém, que os créditos percam a sua individualidade, frase que
escapou ao Tribunal de Justiça de São Paulo, a 19 de agosto de 1903 e a 9
de abril de 1904 (São Paulo J., II, 511, e IV, 476), como se a compactitude,
a homogeneidade do todo, pela destinação implícita na corrida, importasse
desindividualizar os créditos. Evitou-a, a despeito de aludir, erradamente,
a "individualidade", o mesmo Tribunal de Justiça de São Paulo, a 9 de ou-
tubro de 1909, a 31 de janeiro de 1910 e a 8 de março de 1911 (São Paulo
/., 21, 167, 22, 89, e 25, 341 s.; cf. Supremo Tribunal Federal, 2 de abril de
1919, R. de D., 57, 140 s.).
Os créditos, antes do fechamento da conta corrente, não se fundem
com os outros créditos, nem mesmo depois, porque o crédito pelo saldo
reconhecido é outro crédito, uno, porque é um só. De modo que não se
pode, sem imagem imprópria, falar de indivisibilidade.
Durante a corrida da conta também não se há de cogitar de invocação
das regras jurídicas sôbre imputação de pagamentos. A razão para isso é
muito simples. Não seria possível aludir-se a imputação de pagamento se
não há, a respeito dos créditos entrados, pagamento. Com as entradas, nada
se paga. Incluir em conta corrente não é pagar: é figurar como credor. As
remessas são credendi causa e não solvendi causa.
A expressão "indivisibilidade dos créditos" há de ser repelida. Estê-
ve em voga por todo o mundo jurídico. Mas proveio do enunciado falso,
que era da novação e, em conseqüência, da perda da individualidade dos
créditos entrados. Haveria profunda contradição se se falasse de indivisi-
bilidade, sendo tantos os créditos distintos e individuados. Ainda falava
de indivisibilidade J. X. CARVALHO DE MENDONÇA (Tratado de Direito
Comercial, VI, 2.a parte, 396).
Não há novação, nem há compensação, porque a tiragem dos sal-
dos, durante o curso da conta, é mero expediente contabilístico (saldos-
-expedientes).
No Código Comercial italiano de 1882, art. 345, inciso 1, dizia-se,
erradamente, que a inclusão do crédito na conta corrente produzia nova-
ção, o que determinava a extinção da garantia que eventualmente tirasse o
crédito e a preclusão de todas as ações e exceções que dêle emanassem. O
nôvo Código Civil repeliu-o. A inclusão do crédito só tem o efeito de tor-
nar inexigível e indisponível o crédito e destiná-lo a futura compensação.
No Código suíço das Obrigações, art. 117, teve-se de afastar a juris-
prudência que apresentava a novação; mas adverte-se que há novação se
o saldo é reconhecido. Êsse reconhecimento seria negócio jurídico, razão
por que nova. Os reconhecimentos dos saldos-expedientes não poderiam
ter êsse efeito.
Se descemos ao exame do reconhecimento do saldo, pomo-nos diante
do trilema: ou a) se trata de negócio jurídico de reconhecimento, o que
permitiria (não imporia) a concepção suíça; ou b) há negócio jurídico de
reconhecimento sem a novação a que se faz referência no Código suíço
das Obrigações, art. 117; ou c) o reconhecimento em questão é apenas ato
jurídico stricto sensu. O reconhecimento ato jurídico stricto sensu é o ato
pelo qual há o enunciado de fato, sem haver a vontade que o envolva.
O reconhecimento de dívida ato jurídico stricto sensu é aquêle em que
não há manifestação de vontade negociai e apenas contém enunciado de
fato, que entra no mundo jurídico como ato jurídico stricto sensu, isto é,
ato jurídico de que não resulta negócio jurídico. Para o efeito, por exemplo,
do art. 172, V, do Código Civil, basta o reconhecimento ato jurídico stricto
sensu (cf. Tomo VI, § 686).
O ato contabilístico, em si, mesmo feito pelos interessados, não entra
no mundo jurídico. A afirmação "está certo" já penetra no mundo jurídi-
co. Mas o reconhecimento negociai é outra figura: quer-se enunciar que
existe, ou que não existe, aquilo que está em exame. Não é verdade que
tal reconhecimento produz sempre novação. Só há novação se os créditos
computados se extinguiram, porque só assim se pode falar de nôvo crédi-
to (Tomos XXII, §§ 3.577-3.579; XXV, § 3.021^ 1, 2, 3). O que se há de
supor, quando se reconhece saldo, é que falta animus novandi (cf. Código
Civil, art. 1.000). Uma vez que há compensação, novação não há. Há sal-
do declarado, e não crédito nôvo. O negócio jurídico é de reconhecimento,
sem ser novativo. A solução verdadeira é, portanto, a solução b). Para que
houvesse novação seria preciso introduzir-se o plus do crédito nôvo, sem
se pensar em mero reconhecimento do saldo, da dívida após compensa-
ção. Daí ter sido errada a regra jurídica do art. 117, alínea 2.a, do Código
Civil suíço, onde se diz que há novação quando o saldo da conta foi tirado
e reconhecido.
O lançamento do crédito de modo nenhum importa novação (sem
razão, o Tribunal do Comércio da Côrte, a 22 de setembro de 1873, O D.,
I, 473 s.; a Relação de Minas Gerais, a 23 de abril de 1896, 70, 380 s., e a
6 de julho de 1907, R. F., IX, 261 s., e o Supremo Tribunal Federal, a 4 de
setembro de 1920, R. do S. T. F., 28, 218), nem produz compensação. A
compensação só se dá ao se fechar a conta corrente, calculando-se, então,
o saldo.
No deve e no haver estão contabilisticamente as entradas. Podem ser
mudadas, mas o saldo é apenas contabilístico (saldo-expediente).
Se se fechou a conta corrente, o que importa ter deixado de ser conta
que corre (é conta, não mais corrente), o reconhecimento do saldo que foi
tirado, é negócio jurídico de reconhecimento, sem qualquer novatividade.
Não se pode falar de novação, salvo se se introduz algo nôvo que ultrapas-
se a operação compensatória.

3. SE HÁ COMPENSAÇÃO ENTRE CRÉDITOS ENTRADOS. - Q u a n d o se


fala de créditos entrados, em verdade se alude a créditos de cada um dos
figurantes: a cada crédito de um corresponde diminuição do ativo do outro
figurante, mas só no plano contabilístico. Lançando-se o débito de um,
lança-se o crédito do outro.
Aqui, convém lembrar-se que há quatro teorias: a) a teoria da liqui-
dação e da compensação final; b) a teoria das liquidações e das compen-
sações eventuais; c) a teoria das liquidações e das compensações a cada
lançamento; d) a teoria da incompensação inclusive quanto ao saldo final.
Segundo a primeira teoria, enquanto não se ultima o fechamento da
conta corrente, não há, propriamente, liquidação e compensação, mesmo
se um dos figurantes está interessado em saber qual o saldo (saldo-ex-
pediente) do momento. Êsse saldo seria mera informação do estado dos
créditos lançados, sem se poder pensar em liquidação e compensação.
Sustentaram-na, por exemplo, ANTONIO MORANDO (II Contratto di conto
corrente, 84 s.), ADRIANO FIORENTINO (II Conto corrente, 2.A ed., 8) e
GÜNTHER BEITZKE ( P r o b l e m e des K o n t o k o r r e n t s , Festschrift für JULIUS
VON GIERKE, 9). E é a teoria certa. A indisponibilização serve exatamen-
te à contraposição e à liquidação automáticas para fins contabilísticos,
mesmo se não se fizeram os cálculos e até mesmo no tocante a créditos
não liquidados.
A segunda teoria como que permite a liquidação e a compensação a
líbito de qualquer dos figurantes, sem que se corte a indisponibilização
(cf. GÕPPERT, Zur Vereinfachung der Lebre vom Kontokorrent, Zeitschrift
für das gesamte Handelsrecht, 102, 191 s.; WEISPFENNIG, Ein Beitrag zur
Lehre vom Kontokorrent, Juristische Wochenschrift, 67. 3091 s.). O que
devemos fazer é abstrair do fato material das somas dos créditos contra-
postos, do escrito da sua liquidação e do cálculo do saldo-expediente, e
atendermos a que a liquidação se há de supor feita e a extraibilidade do
saldo-expediente, dentro de todo o tempo, é resultante de contraposição
automática. Os créditos contrapostos coexistem e se calculam para a ex-
tração dos saldos-expedientes, sem necessidade de ter havido a concreta
aplicação do processo técnico-contabilístico.
A terceira teoria é a que sustenta haver a compensação automática
a cada entrada se do outro lado há crédito. Na sua espécie originária, era
teoria da novação a cada entrada. Aliás, a alusão à novação provinha de
leis estrangeiras, que não haviam partido de doutrina segura.
A quarta teoria afasta a figura da compensação mesmo no tocante ao
crédito final. Foi adepto de tal teoria, no Brasil, J. X. CARVALHO DE MEN-
DONÇA (Tratado de Direito Comercial, VI, 2.a parte, 397).
TEIXEIRA DE FREITAS (Consolidação das Leis Civis, nota 21 ao art.
361) foi preciso quando disse que nem tôda conta é conta corrente: a conta
corrente corre, isto é, "vai demonstrando, reciprocamente, as parcelas do
débito e do crédito, sem compensação de umas com outras, para no fim
do ano, ou de outro período, fazer-se então a liquidação ou compensação
total", Viu bem o que se passa.
No contrato de conta corrente, nenhum dos figurantes pode invocar
o crédito, que tem, antes de se fechar a conta à época fixada. Assim, não
pode cobrar a dívida, nem alegar compensação, nem ceder o crédito. Trata-
-se de parcelas que estão destinadas a extração de saldo. Isso não importa
perderem os créditos a natureza que têm.
Os interêsses, uma vez computados, não são entrada, porque, para
que o fossem, seria preciso que se capitalizassem. Fechada a conta, os in-
teresses se inserem no saldo, e os juros, moratórios são sôbre o todo.
A jurisprudência brasileira iniciou-se, a respeito, com a afirmação de
haver compensação no fechamento da conta corrente (Relação de Minas
Gerais, 23 de abril de 1896, O D., IA, 389 s.). Sem razão, J. X. CARVALHO
DE MENDONÇA (Tratado de Direito Comercial, VI, 2.A parte, 397).

4. FECHAMENTO DA CONTA CORRENTE. - O fechamento da conta cor-


rente é conforme a cláusula contratual, ou conforme os usos. Se não há
termo, há denunciabilidade vazia para qualquer dos figurantes.

5. GARANTIA REAL OU PESSOAL DO FUTURO E EVENTUAL, CRÉDITO DO


SALDO. - Pode ser constituída garantia real ou pessoal para o saldo (= para
o crédito do saldo). Aí, há garantia de crédito futuro e eventual. Sôbre ga-
rantia real de créditos futuros, Tomos V, § 577, 9; XX, §§ 2.419, 3; 2.536,
2 ; 2 . 5 4 2 , 4 ; e X X m , § 2.823, 1,2.
Discute-se se pode haver garantia real antes de se abrir a conta cor-
rente. Desde que se diga qual a conta corrente que vai ser contratada, vale
a garantia real, mesmo em se tratando de hipoteca. Sem razão, ADRIANO
FIORENTINO (II Conto corrente, 36), por se apegar à expressão "rapporto
già esistente" que aparece no art. 2.852 do Código Civil italiano.
Um dos meios usados de garantia é a subscrição de título cambiário,
com o aval ou o endosso de outrem. Se foi emitido o título cambiário sem
aval ou endosso de outrem, apenas se quis tornar mais seguro e rápido o
adimplemento quanto ao saldo. Mas há a exceção do devedor, fundada na
inexatidão do saldo.

1 Panorama atual pelo Atualizador j


i

§ 4.620. A- Legislação
! Para a referência, como exemplo, de ato jurídico strícto sensu de reconheci-
I mento de dívida, em que o texto menciona o art. 172, V, do CC/1916, tome-se o
art. 202, VI, do CC/2002. Sobre novação, e a exigência do animus novadipara sua
constituição, dispõe o art. 361 do CC/2002.
A disciplina sobre a imputação do pagamento, cujas regras não se aplicam,
segundo Pontes de Miranda, pela ausência de pagamento propriamente dito, são
as dos arts. 352 a 355 do CC/2002.
A extinção do contrato de conta corrente pode se dar, como regra, por resili-
ção bilateral ou unilateral, sobre o que dispõem os arts. 472 e 473, ou ainda por
cláusula resolutiva de que trata o art. 474, todos do CC/2002.

§ 4.620. B- Doutrina
Dissente da lição de Pontes de Miranda a doutrina comercialista, ao identifi-
car, no esteio do que consta do Tratado de direito comercial de J. X. Carvalho de
j Mendonça, a indivisibilidade do crédito decorrente do contrato de conta corrente.
I Nesse sentido, entendem alguns doutrinadores tratar-se a indivisibilidade, inclu-
sive, de característica do contrato em questão (MARTINS, Fran. Contratos e obriga-
\ ções comerciais. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 403). Assim, entendem,
| pelos saldos obtidos, não um outro crédito, conforme defende Pontes de Miranda,
mas apuração de saldo que pode ou não dar fim ao contrato, por intermédio de
balanços periódicos (MARTINS, Fran. op. cit., p. 406).

| § 4.620. C- Jurisprudência
; O lançamento em conta corrente não serve como elemento de prova do negó-
cio e da dívida quando há controvérsia sobre o fato que lhe deu causa (TJRS, Ap-
Civ 70024675969,12.a Câm. Civ., j. 04.09.2008, rei. Des. Cláudio Baldino Maciel).
§ 4.621. SALDO E RECONHECIMENTO

• 1. RECONHECIMENTO DO SALDO. - Se O saldo é verificado por um


dos figurantes do contrato de conta corrente, faz-se mister que o outro o
reconheça. Na prática, envia-se ao outro figurante o extrato da conta cor-
rente, com a tiragem do saldo. O outro figurante diz se o reconhece, ou se
o não reconhece, apontando, então, as discordâncias. Se não se fixou prazo
razoável, findo o qual se teria o silêncio como reconhecimento, podem o
extrato e o saldo ficar sem a eficácia de evitar controvérsias futuras.
O reconhecimento, aí, é negócio jurídico de reconhecimento. Trata-se,
não de ato jurídico stricto sensu (Tomos II, §§ 237, 2, infine, e 239; III, §
278, 1), mas de negócio jurídico (Tomo XXIV, § 2.991, 3, e 2.992, 4). À
diferença dêsse reconhecimento, o reconhecimento de saldos-expedientes
é ato jurídico stricto sensu.
As objeções e exceções concernentes aos créditos extinguem-se com
o ato de reconhecimento, porque, tratando-se, como é o caso, de reconhe-
cimento do saldo final, tem-se de pensar em reconhecimento do crédito,
após compensação.
Nem o reconhecimento do saldo, nem a decisão judicial de liquida-
ção da conta corrente, que o deve mencionar, podem afastar incidência
da cláusula "salvo embolso" para os créditos não vencidos até a data do
reconhecimento do saldo ou do proferimento da sentença, salvo se o reco-
nhecimento do saldo ou a decisão judicial consideraram que, in casu, se
afastara a cláusula "salvo embolso".
O saldo devedor tem de ser enviado ao figurante devedor, como ocor-
re com o saldo credor. O interessado pode reclamar contra omissões, êrros
e inclusões ilegítimas. Tem de haver prazo para isso. Se não foi fixado, há
de ser aquêle em que há tempo para resposta. Se há determinação contra-
tual do prazo, o silêncio é reconhecimento do saldo. Há reconhecimento
de jeito que todo o passado é sem investigabilidade (Tribunal de Justiça
de São Paulo, 9 de agosto de 1895, R. M., I, 218, 24 de agosto de 1894,1,
308 s„ 24 de abril de 1896, III, 51, 18 de julho de 1896, III, 273, e 28 de
setembro de 1904 (São Paulo J., VI, 92 s.). No reconhecimento por ato
negociai, como é o caso do reconhecimento do saldo, se fechada a conta
corrente, há o elemento declaratório, que não pode ser pôsto de lado. O
que não há é o elemento novativo, que importaria constituição de outro
credito. Ora, o que houve foi declaração do quanto após compensação, em
virtude de se ter fechado a conta corrente (= de ter deixado de ser corren-
te). Não, portanto, novação.
Para obter o reconhecimento do saldo, é de uso remeter o figurante o
saldo, ou o extrato da conta corrente com o saldo, dizendo qual o tempo
findo o qual terá como reconhecido o saldo. Pelo correio, tem de ser re-
gistada a carta. Entregue em mão, há de voltar o recibo, ou a segunda via,
devidamente assinada pelo figurante recipiente.
Se expirou o prazo para a resposta, tendo-se dito que a falta - o silên-
cio - seria tratada como manifestação de vontade recognitiva, concluído
foi o negócio jurídico de reconhecimento do saldo.

2. CRÉDITO CERTO E LÍQUIDO DO SALDO. - C o m o reconhecimento


negociai do saldo, há crédito certo e líquido, exigível pelo figurante cre-
dor. Se não se exige o pagamento, se não fôra convencionado remetê-lo,
ou se o figurante devedor, que o poderia remeter, não o remete, sponte
sua, conforme seria a solução melhor para o credor, ou se o não deposita
em consignação, ou se não comunica ao figurante "credor que não mais
quer a conta corrente, a permanência do saldo exigível, com entradas pos-
teriores, tem de ser considerada renovação do contrato de conta corrente,
a tempo indeterminado.
O interêsse sôbre o saldo decorre desde a data do fechamento da
conta corrente, não, como se tem pretendido, desde o dia em que se fêz
a liquidação. A exigibilidade e afluência nem sempre coincidem. Se se
tarda em liquidar, nem por isso deixaram de fluir. Exigidos é que êles só
o podem ser depois de liquidados. Desde que se fecha a conta (e o fecha-
mento é automático, salvo cláusula em contrário), começam de fluir os
interêsses. Não é preciso que se abra conta nova para que o saldo produza
os juros.
Também é de refugar-se a opinião que sustenta só h a v e r juros depois
do reconhecimento do saldo. Assim pensavam, sem razão, GUSTAVO Bo-
NELLI (Delia Cambiale, deWAssegno bancario e dei Contratto di Conto
corrente, 892), UMBERTO NAVARRINI (Trattato di Diritto commerciale, II,
n. 772) e A. RAMELLA (Del Contratto di Conto corrente, dei Mandato
commerciale, delia Comissione, n. 51).
Os interêsses fluem desde o fechamento. Assim, certos, J. BREIT (A.
DÜRINGER-M. HACHENBURGER, Das Handelsgesetzbuch, IV, 653), H.
STAUB (Kommentar zum Handelsgesetzbuch, II, 1, ll. a ed., 247), GÕPPERT
(Zur Vereinfachung der Lehre vom Kontokorrent, Zeitschrift für das
gesamte Handelsrecht, 102, 189 e 199), SCHLEGELBERGER-HEFERMEHL
(Schlegelberger Handelsgesetzbuch, III, 3.A ed., 1409) e os demais. Cf. Có-
digo Comercial alemão, § 355.
No momento em que o crédito se torna líquido, há a exigibilidade,
mas os interêsses fluíram desde o fechamento da conta corrente. No mo-
mento em que se fecha começa a fluência dos juros. Trata-se, nas opiniões
erradas, de confusão entre fluência e exigibilidade.
(Sôbre as remessas os juros ou são os legais, ou acima ou abaixo da
taxa legal.)
O saldo produz juros, conforme os princípios gerais, desde a data
do fechamento da conta corrente, e não da apresentação do extrato de
conta corrente ou do reconhecimento do saldo (PLATANIA, II Contratto
di conto corrente, 118; ADRIANO FIORENTINO, II Conto corrente, 2.A ed.,
35). Erradas as duas opiniões que aludem à apresentação do extrato e
ao reconhecimento do saldo (e. g., Apelação de Nápoles, 24 de janeiro
de 1956).
Extinta a relação jurídica da conta corrente, sem que outra lhe suceda, $
a falta de prestação do saldo faz incorrer em mora o devedor. Os juros são
os juros moratórios.
Os figurantes podem pré-estabelecer ou estabelecer garantia, real ou <
pessoal, do saldo. Nada obsta a que se hipoteque ou se empenhe algum '
bem, ou se dê garantia fidejussória, ao débito futuro e eventual.

3. COMPENSAÇÃO. - Se se diz que o único crédito exigível é o saldo da


conta corrente, não se pode deixar que ver, nesse momento, o fato jurídico
da compensação. Não há compensação durante o curso da conta, a cada
entrada de crédito contraposto a outro ou a outros; mas é ineliminável a ;
compensação quanto ao saldo, e exatamente isso foi o que se teve por fito
com a abertura da conta corrente, ou, melhor, com o contrato de conta
corrente. Durante o correr da conta, qualquer saldo é saldo-expediente, de
caráter e função só computísticos e contabilísticos. Só essa concepção se
concilia com a afirmativa da inexigibilidade até o fechamento.
Uma vez que se afirma haver, ao têrmo ou implemento de condição
para fechamento, compensação, afasta-se que haja novação. Não nova
quem só reconhece compensação. Quem reconhece saldo reconhece que
se procedeu à operação de compensação.
P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r j
ii
§ 4.621. A-Legislação j
O art. 111 do CC/2002 estabelece que o silêncio importa anuência quando as j
circunstâncias ou os usos o autorizarem, assim como quando não for necessária
declaração de vontade expressa. A norma em questão sustenta o entendimento de I
Pontes de Miranda acerca do negócio jurídico de reconhecimento em relação ao |
!
extrato ou saldo, quando se trate de conta corrente mercantil. O mesmo não se diga
sobre a conta corrente bancária, na qual, pela incidência do Código de Defesa do
Consumidor, que impõe sanção de nulidade absoluta a cláusulas abusivas (art. 51),
com conseqüente ineficácia dessas disposições, e mesmo do Código Civil - que
impede a convalidação da nulidade (arts. 168, parágrafo único, e 169), o próprio
assentimento expresso não elimina necessariamente a possibilidade de questiona-
mento do saldo, dentro do prazo prescricional para a correspondente ação.
No tocante à extinção da conta corrente sem a prestação do saldo, são devi-
dos juros de mora, nos termos do art. 406 do CC/2002.

§ 4.621. B- Doutrina
Converge a doutrina brasileira, no sentido de que só há compensação nos
contratos de conta corrente, por ocasião do seu encerramento (MARTINS, Fran. Op.
cit., p. 404).

§ 4.621. C - Jurisprudência
A Súmula STJ 286 consagra o entendimento da possibilidade de revisão de
contratos, mesmo quando tenham sido objeto de novação, em vista do fundamen-
to de que não se pode admitir como convalidada disposição contratual nula (STJ,
REsp 450968/RS, 3.a T., j. 27.05.2003, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
DJ 28.10.2003).

§ 4.622. F E C H A M E N T O D A C O N T A C O R R E N T E E EXTINÇÃO
DA RELAÇÃO JURÍDICA IRRADIADA DO CONTRATO

1. EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA ORIUNDA DO CONTRATO DE CON-


TA CORRENTE. - Nem sempre coincidem o fechamento da conta corrente e
a extinção da relação jurídica que se irradia do contrato de conta corrente.
De ordinário, ao fechar-se a conta corrente, a relação jurídica continua. O
fechamento da conta corrente não depende, em princípio, do reconheci-
mento do saldo, mas a relação jurídica entre os figurantes só se extingue
após isso, ou em virtude de sentença, ou morte, ou interdição, salvo se foi
inserto têrmo final, ou se houve distrato, ou denúncia, ou arresto ou pe-
nhora do saldo, ou extinção do processo jurídico, ou abertura de concurso
de credores. A denúncia é declaração unilateral de vontade. No caso dofu-
são de sociedade, há extinção da relação jurídica. A abertura de concurso
de credores também extingue a relação jurídica.
Denunciado o contrato de conta corrente, extingue-se a relação jurí-
dica que dele se irradiara e não pode haver lançamentos na conta. Tratar-
-se-ia de outro contrato de conta corrente, se um dos interessados lançou e
o outro aquiesceu, ou se um pediu que o outro lançasse e êsse o atendeu.
Em qualquer dos casos que não seja o de advento do têrmo final, ou de
alguma condição resilitiva, o figurante somente pode exigir o saldo quando
se atinja o têrmo final, ou se impla a condição resilitiva.
O fechamento da conta corrente ou encerramento pode ser intercalar
ou definitivo. Intercalar êle o é se, apesar do reconhecimento do saldo, a
conta corrente continua, como efeito do mesmo contrato. Juridicamente, o
saldo e o reconhecimento são como se não se tivesse previsto essa conti-
nuidade, que é da eficácia contratual sem se pré-estabelecer a identidade da
relação jurídica. Uma acabou e a outra, embora irradiada do mesmo con-
trato, iniciou-se. Se o-saldo não é exigido, ou, de qualquer modo, prestado,
credita-se no nôvo tempo e sôbre êle se contam os juros. O que se passa,
no fundo, é a pausa para a exigibilidade.

2. DISTRATO. - O acordo dos figurantes no sentido de se extinguir o


contrato de conta corrente é distrato e tem de ter a mesma forma do con-
trato, ou forma de mais alto grau. Cp. Código Civil, art. 1.093, 1." parte.

3. EXPIRAÇÃO DO PRAZO. - Se não há prazo determinado para a du-


ração do contrato de conta corrente, pode extinguir-se por denúncia vazia
(cf. Tribunal de Justiça de São Paulo, 2 de dezembro de 1905, São Paulo
J., IX, 431 s.).
Todavia, pode fechar-se a conta corrente e, a despeito disso, continuar
eficaz a relação jurídica irradiada do contrato de conta corrente: fechou-se
a conta corrente, tirou-se o saldo, houve o reconhecimento, mas, em virtu-
de do mesmo contrato de conta corrente, pode haver entradas.

4 . FALÊNCIA, LIQUIDAÇÃO COATIVA E CONCURSO DE CREDORES CIVIL.


- Quando se inicia a eficácia da decisão de decretação de abertura da fa-
lência, da liquidação coativa ou do concurso de credores civil, extingue-se
o contrato de conta corrente. Credores do saldo são os credores concursais.
O pedido de concordata preventiva e a decretação da concordata que se
pediu nenhuma conseqüência têm quanto ao contrato de conta corrente.
Apenas se tem de liquidar o saldo, o que há de ser no dia da apresentação
do pedido de concordata.
Se o figurante incurso em falência ou em liquidação coativa faz con-
cordata, a conta corrente não se reabre.

5. ÊRROS DE CÁLCULO E DE ESCRITA, INEXATIDÕES MATERIAIS. - A


despeito de ter havido o reconhecimento do saldo, o Tribunal de Justiça de
São Paulo, a 12 de janeiro de 1907 (São Paulo J., 14,198 s.), acertadamen-
te decidiu que os êrros de cálculo ou de escrita e as omissões podem ser
corrigidos. Não se poderia negar á corrigibilidade do negócio jurídico de
reconhecimento nos mesmos casos em que se permitiria a corregibilidade
das decisões judiciais a respeito de liquidação ou de quaisquer outras (Có-
digo de Processo Civil, art. 285).

6. AÇÕES DO FIGURANTE. - Se expirou o prazo para a conta corrente,


sem cláusula contratual para início de nova conta, a falta de reconhecimen-
to do saldo faz nascer a ação de liquidação judicial da conta corrente, a
fim de que, apurado o saldo, se pague ao figurante credor, que pode não ser
o autor da demanda.
Se há de suceder nova conta corrente, em virtude do contrato, o saldo
é lançado na nova conta. Todavia, mesmo se a conta corrente há de persis-
tir, a tiragem do saldo e o seu reconhecimento são de interêsse legítimo do
correntista e a ação de liquidação judicial da conta corrente é proponível.
Não se trata, portanto, de ação de prestação de contas. O que se alega
e que se tem de provar é que houve omissão, entrada indevida, ou êrro,
e o que se pede é a declaração do quanto devido a qualquer dos figuran-
tes e a constituição do saldo. A carga de eficácia da sentença é ***** de
constitutividade, **** de declaratividade, *** de condenatoriedade, * de
mandamentalidade e ** de executividade (cf. Comentários ao Código de
Processo Civil, Tomo XII, 421 s.). Se a lei processual civil, como é o caso
do Código de Processo Civil, art. 298, XII, confere ação executiva aos
créditos certos e líquidos, a sentença, como título, tem eficácia executiva,
embora não esteja isso na sua carga de eficácia. É plus que a lei processual
lhe atribui, como título certo e líquido, que é.
O figurante recebedor, dito, também, recipiente, pode não dar entrada
ao crédito, por entender que lhe falta existência, ou que há invalidade do
negócio jurídico de que se diz ter resultado, ou que está encoberta a sua
eficácia (e. g., prescrita a pretensão). Mas nasce-lhe o dever de avisar, ime-
diatamente, o remetente. Se não procedeu com justiça, os riscos são seus,
porque, pelo contrato de conta corrente, se vinculou aos lançamentos que
juridicamente tenham de ser feitos. Tanto mais quanto a inserção do crédito
na conta corrente não elimina o que o figurante, que o lança, pode alegar
contra êle, como objeção ou como exceção. Os créditos lançados não per-
dem a sua individualidade, a despeito do todo homogêneo que a conta cor-
rente lhes dá, computística e contabilisticamente. Se o crédito não existia (e.
g., era falsa a assinatura do devedor no título que o figurante, ou alguém, em
vez dêle, enviara), ou se era nulo o negócio jurídico, ou anulável e foi anula-
do, ou foi resolvido, ou resilido, ou rescindido, ou por outro modo extinto,
pode alegá-lo o figurante recipiente e proceder conforme são o seu direito
e as circunstâncias. Se a atitude dêsse não depende de decisão judicial (e.
g., sentença decretativa de anulação, ou de rescisão), como se é inexistente
o crédito ou nulo o contrato de que se supunha decorrente, cabe o estômo.

7. PRESCRIÇÃO. - Uma vez que a referência do art. 445 do Código


Comercial é a quaisquer dívidas provadas por contas correntes, as que re-
sultam do saldo exigível da conta corrente, em virtude de contrato, têm o
prazo de prescrição de que cogita a regra jurídica: "As dívidas provadas por
contas correntes dadas e aceitas" - entenda-se, por extratos de conta cor-
rente e saldo reconhecidos pelo outro figurante - "ou por contas de vendas
de comerciante a comerciante presumidas líquidas (art. 219), prescrevem
no fim dè quatro anos da sua data".
Se o contrato de conta corrente não é regido, in casu, o que é raro
ocorrer, pelo Código Comercial, a prescrição é ordinária do Código Civil.
O art. 445 do Código Comercial refere-se a "fim de quatro anos da
sua data" A data não é a do reconhecimento, nem a da liquidação, mas a
do fechamento da conta.
Se foi aberta nova conta corrente, há interrupção do prazo de prescri-
ção. Portanto, novo prazo.

8. MEDIDA CAUTELAR OU EXECUTIVA SÔBRE O SALDO. - O figurante


que tem saldo a seu favor somente pode exercer a pretensão executiva se
fechada a conta corrente (= se o saldo é final).
Os terceiros podem arrestar e penhorar os saldos-expedientes, e não
os créditos lançados. Nem o arresto nem a penhora têm a eficácia de fe-
chamento da conta corrente. O correntista devedor somente tem de pagar
quando se fechar a conta corrente. O outro figurante é devedor dos saldos-
-expedientes, ou já o é do saldo final, e tem de ser notificado, conforme os
arts. 937-939 do Código de Processo Civil.
Qualquer medida cautelar ou penhora feita pelos credores do figurante
remetente somente pode ser sôbre o saldo eventual. Os créditos entrados
são inexigíveis e indisponíveis, mas a inexigibilidade e a indisponibilidade
cessam com o fechamento da conta e a tiragem do saldo. A doutrina divi-
diu-se entre a adscrição dos figurantes à determinação do saldo-expediente,
para que tal soma ficasse constrita, e a impossibilidade de tal imposição do
terceiro. A melhor solução é a segunda. O outro figurante não pode fazer
remessas que atinjam o saldo tirado, sem que se considerem remessas pos-
teriores as que resultam de direitos, pretensões e ações, anteriores à medida
cautelar ou executiva.
O arresto ou a penhora recai sôbre o saldo eventual que haja. O con-
trato de conta corrente nada sofre. Mas o ato judicial da medida cautelar ou
executiva dá ensejo a que, a despeito de haver prazo para a conta corren-
te, qualquer dos figurantes denuncie o contrato. Tal denúncia é denúncia
cheia. Se não há denúncia, tudo prossegue, apenas com a incolumidade do
saldo eventual a qualquer remessa posterior. Somente quando se fecha a
conta corrente é que pode ser exigido o quanto pelo credor do figurante.
Dir-se-á que nada adianta constrição por medida cautelar ou executiva
se só se constringe o que fôr saldo após o fechamento da conta corrente.
Sem razão. Tirado, no futuro, o saldo, há a ordem das medidas cautelares
ou executivas e a própria eficácia independente do tempo em que foram
feitas. Por outro lado, se há decretação de abertura da falência, ou da liqui-
dação coativa, ou do concurso de credores civil, há fechamento da conta
corrente, e o saldo tem de ser tirado.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.622. A- Legislação
A extinção do contrato de conta corrente pode se dar, como regra, por resilição
bilateral ou unilateral, sobre o que dispõem os arts. 472 e 473, ou ainda por cláu-
sula resolutiva de que trata o art. 474, todos do CC/2002. Da mesma forma, o art.
121 da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências) reputa encerradas as contas correntes
com o devedor desde o momento de decretação da falência.
A advertência feita por Pontes de Miranda, no sentido da exigência de no-
tificação do correntista sobre lançamento irregular em sua conta corrente, está
de acordo com o princípio da boa-fé reconhecido expressamente pela lei para a
conclusão e execução do contrato (art. 421 do CC/2002). Atualmente, as regras
sobre a forma de penhora e/ou outra constrição no crédito apresentado no saldo,
são as que disciplinam os arts. 671 et seq, do CPC vigente (em substituição ao
disposto nos arts. 937-939 do CPC/1939, revogado).

§ 4.622. B- Doutrina

O dever do recebedor de notificar sobre a insubsistência do lançamento feito


em conta corrente em razão do comprometimento do negócio jurídico que lhe deu
causa, é expressão do dever de informar decorrente da boa-fé objetiva que infor-
ma a conduta dos contratantes nos contratos em geral (LOBO, Paulo Luiz Netto.
Contratos. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 74). Sobre os riscos quanto a lançamentos
indevidos em conta corrente, especialmente no caso de conta corrente bancária,
a doutrina vem acompanhando o entendimento jurisprudencial quanto à respon-
sabilidade objetiva da instituição financeira, especialmente pelo reconhecimento
de risco inerente à atividade bancária, mediante identificação de fortuito interno.

§ 4.622. C - Jurisprudência

Sobre a responsabilidade objetiva das instituições financeiras sobre os riscos


de lançamentos indevidos em conta corrente, decidiu o Superior Tribunal de Justi-
ça, em recurso especial de uniformização de jurisprudência (STJ, REsp 1197929/
PR, 2.a Seção, j. 24.08.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 12.09.2011).
Admite-se, igualmente, o encerramento da conta corrente pela instituição finan-
ceira, mediante prévia notificação do correntista (STJ, REsp 567.587/MA, 3.a
T., j. 28.06.2004, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJU 11.10.2004, RT
832/195).Todavia, quando a causa de encerramento da conta corrente bancária é
imputável a êrro da instituição financeira, essa tem o dever de indenizar o corren-
tista (TRF-1 ,a Reg., Ap 95.01.26461-0, 4.aT., j. 31.03.2000, rei. Vera Carla Cruz,
DJU 26.05.2000, RT781/403). Da mesma forma, entende a jurisprudência, com
fundamento no art. 42 do CDC, que quando exista má-fé da instituição financeira
no lançamento de débitos indevidos em conta corrente, há direito do correntista
à repetição do indébito em dobro (STJ, AgRg no Ag em REsp 51,544/MG, 3.a T„
j. 20.10.2011, rei. Min. Sidnei Beneti, DJe 07.11.2011). Ainda, em relação à conta
corrente bancária, efetuada a compensação de valor, responde a instituição finan-
ceira que posteriormente, ao verificar que trata-se a causa de lançamento de título
furtado, realizar estorno e cobrar encargos do correntista (STJ, REsp 536.578/RS,
4.aT., j. 06.11.2003, rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 25.02.2004).
:
TÍTÜLO XXIX
ABERTURA DE CRÉDITO
CAPÍTULO I

CONCEITO E NATUREZA DA ABERTURA D E CRÉDITO

§ 4.623. CONCEITO DE ABERTURA DE CRÉDITO

1. CONTEÚDO E EXTENSÃO DO CONCEITO. - S e m p r e q u e a l g u é m s e


vincula a pôr à disposição de outrem soma de dinheiro por determinado
tempo, ou por tempo indeterminado, há contrato de abertura de crédito,
ou pacto adjecto de abertura de crédito, ou cláusula inserta em contrato
misto. Isso não afasta a possibilidade de alguém se vincular, unilateralmen-
te, a abrir crédito. Com a abertura de crédito, o crédito é certo e líquido,
e o acreditado pode exigir a prestação-a qualquer momento. Do lado do
devedor, não há faculdade de liberar-se mediante prestação ao credor ou
depósito em consignação. Trata-se de crédito dito disponível. Créditos dis-
poníveis são os exigíveis a líbito do credor, a qualquer momento, sem que
possa solvê-los, quando queira, o devedor. Êsse não pode, sequer, pedir ao
juiz que fixe prazo para que se opere a liberação.
A abertura de crédito pode ser feita por banco, ou outro estabeleci-
mento comercial, ou por entidade de direito público ou de direito privado,
ou por pessoa física. A abertura de crédito bancário é espécie.
Crédito, na expressão "abertura de crédito", é a confiança, a promessa
de prestar, sem o imediato correspectivo. O creditador, em vez de se fazer
credor, faz-se devedor. O creditado, que nada prestou que correspondesse
ao seu crédito, é credor. No conceito, "crédito" aparece com os dois sen-
tidos: crédito, direito, diante do "débito" do creditador; e crédito, o que
merece quem precisa dever, quem tem necessidade, ou talvez tenha neces-
sidade de se fazer devedor.
Não se trata, evidentemente, de empréstimo, porque, no empréstimo,
quem, na abertura de crédito é devedor, seria credor. Êsse é o ponto a que
maior atenção se há de dar. Não se mutuou, nem se prometeu mutuar.
Concluiu-se o contrato de abertura de crédito; e abrir-se crédito já é dever
a prestação do que se considerou posto à disposição do credor. Não mais
se precisa de qualquer negócio jurídico entre os dois contraentes da aber-
tura de crédito. Vincular-se a ter à disposição de alguém soma de dinheiro
é vincular-se a prestar a soma de dinheiro que o credor queira retirar (=
de que o credor queira dispor). O direito do credor é direito de crédito. O
crédito é certo, líquido e exigível. Se o credor quer dispor somente de parte
dele, ou sucessivamente quer dispor de partes dele, a parte há de ser certa
e líquida, ou as partes hão de ser certas e líquidas.

2. FUNÇÃO DO CRÉDITO. - Na abertura de crédito, ressalta que os


sistemas jurídicos hodiernos tratam o crédito como elemento à parte dos
bens a respeito dos quais nascem os créditos. Como que veio à tona o
étimo, o credo, o crer, o confiar. O crédito, hoje, é meio para os negócios
jurídicos, sem existir somente porque existe o débito. Nem sempre quem
precisa de crédito é pessoa sem disponibilidades, sem meios. Procura
mais um meio, e dêle precisa porque com êle quer concluir negócios ju-
rídicos, ou iniciar ou continuar ou ultimar obras. No tráfico civil e comer-
cial, no direito privado como no direito público, o diferimento da pres-
tação, a despeito do início do uso ou do uso e da fruição, ou mesmo da
propriedade ou da consumibilidade, exerce, nos tempos recentes, papel
da mais alta importância e extensão. As produções crescem, e buscam-se
os caminhos para se alargar o mercado, incentivando-se o próprio consu-
mo e a aquisitividade.
No diferimento das obrigações, como se A compra a B e somente
promete pagar tantos meses após a tradição do bem comprado, a função
do retardo apenas se liga à contraprestação. Fala-se, aí, de secundariedade
do crédito.
Pode dar-se, porém, e tornou-se freqüente nos últimos séculos, que se
busque o crédito, sem se pensar naquilo em que se vai aplicar. Com isso,
impulsionam-se as operações e criam-se-lhes possibilidades, que antes se
desconheciam ou dificilmente eram praticáveis. As funções criativas do
crédito resultam de êle ser substituto da moeda.
Quando se determina em moeda nacional a contraprestação e se alude
à taxa do câmbio do dia (cf. Código Civil, art. 947, §§ l.°-4.°), aí a moeda
estrangeira não tem a função de contraprestação, mas a de bem que é equi-
valente à contraprestação.
A assunção da dívida de crédito, por parte de quem abre o crédito,
não ocorre porque o creditador, por algum título, já deva ao creditado (pôs-
to que isso se possa dar, em negócio jurídico subjacente, ou mesmo em
conseqüência de fato jurídico anegocial), mas sim porque o creditado se
vinculou a restituir a soma que retire. A vinculação do creditador é cre-
dendi causa (cf. LEONE BOLAFFIO, La Legislazione çommerciale italiana,
a
6. ed., 187). O creditador, abrindo o crédito, vinculado ficou a atender às
retiradas.

3. CONTEÚDO DAS RETIRADAS NA ABERTURA DE CRÉDITO. - A a b e r t u r a


de crédito permite ao creditado as retiradas, conforme o que se haja estabe-
lecido no contrato. Exercendo a pretensão às retiradas, se o creditado quer
mais em qualidade de ato do que o receber quantia ou do que está previsto
no contrato de abertura de crédito, há exercício da pretensão ao crédito
mais a ato do creditador, que não é devido. Se êsse aceita, em vez da sim-
ples dação de quanto, há o plus, que o creditado quis. A aceitação pode ser
tácita. Tem-se exemplo no aval que o creditado quis que o creditador desse.
A quantia avalizada é lançada na conta do crédito aberto. Somente após a
extinção da dívida a que se referiu o aval é que se tem por posto à disposi-
ção do creditado o crédito que fora exigido. Dá-se o mesmo com a fiança,
ou com outra assunção de dívida, por parte do creditador. No contrato de
abertura de crédito pode-se precisar qual o ato ou quais os atos que ao cre-
ditado é dado exigir. O que importa é que caiba no conceito de crédito que
se abre. O ato ou os atos são fora do contrato de abertura de crédito, posto
que por êle previstos. Foram comportamento do creditador para adimplir
o que prometeu. Mas têm vida à parte, regem-se pelos princípios jurídicos
respectivos e com os seus efeitos específicos.

j P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r
I ' :
!
§ 4.623. A - Legislação ;
O contrato de abertura de crédito é contrato atípico, não tendo regulação no |
Código Civil.Todavia, incide sobre ele, quando celebrado por instituição financei- i
ra, disposições regulamentares específicas, editadas pelo Conselho Monetário I
Nacional e pelo Banco Central do Brasil, no exercício das competências que lhe
são fixadas pela Lei 4.595/1964. De fato a abertura de crédito é contrato que
pode celebrar banco, estabelecimento comercial, ou outra pessoa jurídica de
direito público ou privado. Contudo, quando seja realizado por instituição finan-
ceira, qualifica-se nos termos da atividade privativa a que se refere o art. 17 da
Lei 4.595/1964.
O direito de crédito é equiparado no Código Civil de 2002, assim como o era
no Código revogado, a bem móvel, nos termos do art. 83, III, vigente.
Já no que se refere à menção ao art. 947, §§ 1.° a 4.°, do CC/1916 revogado,
que admitia estipulação de obrigações para pagamento em moeda estrangeira,
já havia sido suspenso pelo Dec.-lei 857/1969 e revogado pela Lei 10.192/2001.
A regra, portanto, é de que as obrigações devem ser pagas em moeda corrente
nacional (art. 315 do CC/2002), salvo as exceções expressamente constantes da
legislação específica (art. 2.° do Dec.-lei 857/1969).
No caso da aceitação da abertura de crédito, pode ser tácita, por força do
art. 111 do CC/2002, nos contratos que não se caracterizem como contratos de
consumo. O surgimento da legislação de proteção do consumidor, faz com que,
quando se caracterizem como contratos de consumo, possam ser celebrados ape-
nas de modo expresso, inclusive mediante atendimento prévio a dever de informar
de largo conteúdo (arts. 30, 31 e 53 do CDC).

§ 4.623. B- Doutrina
A doutrina especializada converge com o entendimento de Pontes de Miranda
no sentido da identificação e distinção dos contratos de abertura de crédito em
relação ao mútuo e à conta corrente bancária. Todavia, observou-se significativo
desenvolvimento da sua situação em relação às demais obrigações insertas em
contratos bancários, seja em razão da estrutura de grupos de contratos e contra-
tos conexos que assumem de modo crescente, ou mesmo em razão do reforço
dos deveres de colaboração e boa-fé que orientam a relação das partes nessa
espécie contratual (MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do
Consumidor. 6. ed. São Paulo: Ed. RT, p. 106 et seq).
A distinção nodal entre a abertura de crédito e o mútuo na doutrina espe-
cializada é a de que, enquanto neste há transferência de domínio, naquela há
disponibilidade do recurso, já previamente ajustado (MENEZES CORDEIRO, Antônio
Manuel da Rocha. Manual de direito bancário. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2010.
p. 640).
Distingue Pontes de Miranda, igualmente, a compra e venda com diferimento
do preço, onde, segundo afirma, há secundariedade do crédito. Esta realidade
sobre a qual trabalhou este grande jurista, contudo, parece modificar-se gradual-
mente, estabelecendo-se em muitos contratos de compra e venda, especialmente
os contratados em massa, de consumo, o protagonismo da finalidade econômica
do crédito e o interesse na remuneração desse crédito a juros, especialmente por
parte daquele que o oferta, em relação à função de transferência da coisa, própria
da compra e venda.
;
§ 4.623. C - J u r i s p r u d ê n c i a
O entendimento jurisprudencial é de que não há limite a priori dos juros do
mútuo e demais contratos bancários, não se aplicando o art. 591 do CC/2002
(STJ, REsp 1061530/RS, 2.a S., j. 22.10.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe
10.03.2009). A existência do contrato, com a disponibilidade dos valores ao credi-
tado, não autoriza, contudo, a cobrança de juros, que só se dará mediante uso dos
mesmos (REsp 791.676/GO, 4. a T., j. 28.06.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão,
DJe 18.08.2011).
Não faz a jurisprudência, contudo, com absoluta precisão a distinção indica-
da por Pontes de Miranda, entre as figuras da abertura de crédito e do mútuo,
especialmente por considerar a finalidade comum em concreto, afastando-se da
distinção sustentada por Pontes de Miranda (STJ, AgRg no REsp 1199347/SP, 4.a
T., j. 07.12.2010, rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJe 14.12.2010).
Note-se, ainda, que a jurisprudência dividia-se em reconhecer a natureza de
título executivo ao contrato de abertura de crédito. A Súmula STJ 233, estabele-
ceu que mesmo acompanhado do extrato da conta corrente, não constitui título
executivo. E da mesma forma, nestas condições, não legitima o pedido de falência
(STJ, REsp 220.436/CE, 3.aT., j. 06.03.2003, rei. Min.-Antônio de Pádua Ribeiro,
{ DJ 07.04.2003). Todavia, a Súmula STJ 247, admite sua exigibilidade por inter-
médio de ação monitoria, desde que acompanhado do demonstrativo de débito.
Da mesma forma, entende que os títulos de crédito a ele vinculados, não são
dotados de autonomia, em razão da iliquidez do contrato (Súmula STJ 258). To-
davia, quando se trate de instrumento de confissão de dívida, ainda que originário
de contrato de abertura de crédito, constituirá, na visão da mesma Corte, título
executivo extrajudicial (Súmula 300). Sobre a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor aos contratos com instituições financeiras, firmou entendimento a
Súmula STJ 297.

§ 4.624. N A T U R E Z A D A A B E R T U R A D E CRÉDITO

1. PRECISÕES. - Na conceituação e na determinação da natureza da


abertura de crédito, o que mais embaça a matéria é não se atender, desde
todo o começo, a que no contrato de abertura de crédito quem está com
o valor ainda não o prestou e não se fêz, portanto, credor. Em vez disso,
credor é quem nada prestou e pode exercer, conforme o contrato, ou o uso,
ou a lei, o direito, a pretensão e, se o creditador se recusa a adimplir o que
prometera, a ação.
Quando se fala de crédito, ou se emprega a expressão no sentido jurí-
dico estrito, que é o de direito a haver a prestação, ou no sentido objetivo.
que permite aludir-se a crédito ativo e a crédito passivo. A todo crédito, no
sentido estrito, corresponde débito, porque a todo direito corresponde de-
ver. Quando se trata de abertura de crédito, em verdade se diz que alguém
passa a ter direito de se fazer devedor. Já é credor. Quase sempre abrem
créditos os bancos, porque dispõem do seu capital e dos capitais que lhes
são confiados. Isso não justifica que se diga ser essencialmente bancária
a abertura de crédito, ou que só os bancos possam abrir crédito. Por outro
lado, há aberturas de crédito para que se prestem mercadorias.
Um dos figurantes do contrato (o que não implica que só bilateral-
mente se possa abrir crédito) promete prestar, de modo que fique de-
vedor. As cláusulas precisam o conteúdo do dever do creditador e do
direito e do dever do creditado. Aquele assume o dever de atender aos
saques, que cheguem, desde que se hajam observado as cláusulas nego-
ciais. (Para outro instituto, que se terá de versar, há os nomes acreditante
[Akkreditivsteller] e acreditado [Akkreditierten], mas à figura de quem
há de prestar ao terceiro dá-se o nome de prestador acreditivo, banco
acreditivo, caixa acreditiva. Na abertura de crédito, não há, necessaria-
mente, a alusão ao terceiro, posto que possa haver. O que se pode passar
entre o creditador e o creditado não pode ser confundido com o que se
passa entre o prestador acreditivo e o acreditante. Pode haver acreditivo
sem ter havido abertura de crédito.)

2. TEORIA DA ABERTURA DE CRÉDITO CONTRATO DE MÚTUO. - A ex-


plicação da abertura de crédito como contrato de mútuo tem de ser posta
de lado, com toda a razão. No mútuo, contrato real, o mutuário faz seu o
que recebe. Na abertura de crédito, o outorgado recebe crédito, direito a
que o creditador ponha à sua disposição o que se há de prestar. Promete-se,
rigorosamente, o crédito, e não o objeto do crédito.
As afinidades do contrato de abertura de crédito com o contrato de
mútuo levou muitos juristas a confundi-los. Inclusive havia os que apenas
frisavam ser consensual o contrato de abertura de crédito e real o contrato
de mútuo. Admitido que o contrato de mútuo possa ser consensual, apaga-
da estaria a diferença. O que importa é mostrar-se, quanto ao contrato de
mútuo, qual é o seu objeto específico, e, no tocante ao contrato de abertura
de crédito, qual o seu.
Nem basta dizer-se, para se frisar a diferença, que, no contrato de
mútuo, há a instantaneidade do adimplemento, ao passo que, no contra-
to de abertura de crédito, o adimplemento é repetido. Concebido mútuo
consensual, não haveria óbice k repetibilidade do adimplemento, à sua
fracionabilidade. No contrato de mútuo, seja real seja consensual, o mu-
tuante presta e faz-se credor, e o mutuário, devedor, tem de restituir o que
recebeu.
No contrato de abertura de crédito, o creditador é quem começa por
dever. Quem credita faz-se devedor. Tem de atender às retiradas, dentro dos
limites do contrato. A disponibilidade, o poder de dispor, é unilateral. Se o
creditado faz entradas (reembolso), pode retirar o que ficou disponível, o
que não ocorre no contrato de mútuo.
Pense-se em dois contratos que se põem em relação parecida com a
que se observa entre o contrato de mútuo e o contrato de abertura de crédi-
to: o de compra-e-venda e o de fornecimento.
No contrato de abertura de crédito, o creditado retira se quer e como
quer (de uma vez ou não, conforme os termos do contrato, ou a seu líbito).
No contrato consensual de mútuo, o outorgado é credor do que se prome-
teu, nas datas mencionadas e conforme as parcelas, ou na data que se fixou
para que o mutuante prestasse o todo.
A abertura de crédito não é forma posterior, evolutiva, do mútuo. É
negócio jurídico que se criou, quando se pode separar do objeto prestável
o crédito a êle.
Por outro lado, na abertura de crédito, as retiradas podem ser diretas,
em dinheiro, e podem ser, conforme os têrmos do contrato ou as circuns-
tâncias, indiretas, por algum dos modos, de utilização de crédito que o
direito admita.
Tem -se, portanto, de afastar a teoria da abertura de crédito contrato
de mútuo.

3. TEORIA DA ATRIBUIÇÃO DO PODER DE DISPOSIÇÃO. - U m a das teorias


a respeito da natureza da abertura de crédito é a teoria da atribuição do
poder de disposição. Resultou de confusão entre outorga de direito a reti-
rar, que é aquêle que tem o creditado em virtude do contrato de abertura de
crédito, pois o creditador prometeu pôr à disposição do creditado a quantia,
e outorga de direito de dispor. Lançou-a A. GIORDANO (Sulla natura giuri-
dica delTapertura di credito, Banca, borsa e titoli di credito, 1949,1, 316).
O contrato é consensual e o creditador ainda tem de adimplir. O creditado
tem direito a que se ponha à sua disposição o que se prometera. Se é certo
que o creditado tem de restituir o que retira, tal dever resulta de ter exerci-
do o seu direito às retiradas.
Procurou-se salvar tal teoria com o conceito de legitimação a dispor,
em nome próprio, do direito do creditador. Que legitimação seria essa?
^Legitimação a dispor, por ser titular da propriedade sôbre o quanto (o
creditador teria apenas a posse), ou legitimação a dispor, sem ser dono do
quanto? Nenhuma das soluções é de acolher-se. O contrato de abertura de
crédito é contrato de crédito: o creditador assumiu o dever de prestar o que
prometeu; não transferiu propriedade, nem, sequer, poder de dispor.
Pôr a disposição é dispor. O creditado, exercendo o seu direito a que
se lhe ponha à disposição o que foi objeto da abertura de crédito, não dis-
põe. Quem dispõe é o creditador. Não se pode confundir com direito a ter
à disposição o dispor ou o poder de dispor.
Se o creditador não atende ao saque, incorre em mora de adimplir. A
propriedade e a posse do quanto eram suas e continuam de o ser. A mora
é regulada, no contrato de abertura de crédito, como tôdas as moras de
devedor.
O poder do creditado é de exigir, é pretensão, e não poder de disposi-
ção. O creditador tem o dever de pôr à disposição o que prometeu que po-
ria à disposição. Nenhum poder de disposição atribuiu ao creditado. Poder
de dispor tem o creditador, se em verdade é o dono do que pode ser dado
em crédito. Se o creditador não tem o dinheiro, que possa pôr à disposição
do creditado, nem o creditado nem o creditador são titulares de poder de
disposição.
O creditado não tem direito a dispor. Tem pretensão a que o creditador
ponha à disposição; portanto, a que entregue o que foi exigido.

4. TEORIA DO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO PRÉ-CONTRATO.


- A teoria que reduzia o contrato de abertura de crédito a pré-contrato de
mútuo deixava de ver que há essencial diferença entre prometer crédito e
prometer contrato. O pré-contraente vincula-se a concluir contrato, e não
há, no contrato de abertura de crédito, tal vinculação. O creditador já se fêz
contraente vinculado à prestação, que não é prestação de negócio jurídico.
Apesar disso, foi corrente a teoria em muitos países (e. g., ALBERT WAHL,
Précis théorique et pratique de Droit commercial, 625; Cassação da Itália,
27 de julho de 1937 e 10 de junho de 1938). Não há pactum de ineundo
contracta no contrato de abertura de crédito: o que o creditador tem de
prestar é ato, quase sempre ato-fato jurídico.
Tão-pouco se pode falar de adaptação do mútuo ou do pré-contrato de
mútuo a novas necessidades econômicas.
Apegaram-se à teoria do contrato de abertura de crédito de crédito
pré-contrato NICOLA COVIELLO, CH. LYON-CAEN e L. RENAULT; m a i s
tarde, H. TERREL e H. LEJEUNE (Traité des Opérations commerciales de
banque, 6.a ed., 35).
0 contrato de abertura de crédito já é definitivo. Nele, não se promete
contratar. Já se contratou, sem qualquer promessa de contrato. Se, a pro-
pósito do conteúdo de algum ato de utilização do crédito, o creditador tem
de praticar algum ato jurídico negociai, passa-se isso devido à elasticidade
mesma do conteúdo do contrato de abertura de crédito. Se o creditador
presta fiança, avaliza, ou apõe aceite, ou endossa, tais atos, interiores ao
crédito, são estranhos à conclusão do contrato de abertura de crédito. (O
argumento de FRANCESCO MESSINEO, Operazioni di borsa e di banca, 149,
e de ADRIANO FIORENTINO, Le Operazioni bancarie, 37, de não poder ha-
ver promessa contratual de aval, ou de aceite, ou de endosso, ou de outro
negócio jurídico unilateral, é para repelir-se. Há pré-contrato, contrato pré-
vio, de negócios jurídicos unilaterais, como pode haver promessa unilateral
de contratar.)
O que se prometeu, no contrato de abertura de crédito, foi o crédito,
e não eventuais negócios jurídicos que possam ser conteúdo da prestação
pelo creditador. A fiança que o creditador dá, ou o aceite, o aval ou o en-
dosso, que apõe, funciona como funcionaria o ato-fato jurídico da entrega
do dinheiro. Mesmo se o creditador emita nota promissória, de que é toma-
dor o creditado, o seu ato é incluso na sua prestação.

5. TEORIA DA ABERTURA DE CRÉDITO ANTECIPAÇÃO BANCÁRIA. - A


antecipação bancária supõe proporcionalidade entre a soma que se ante-
cipou e o que se deu em garantia. Na abertura de crédito pode não haver
qualquer garantia (crédito a descoberto). Para se considerar antecipação a
abertura de crédito, dilatar-se-ia demasiadamente o conceito, o que desser-
viria à técnica e à terminologia jurídicas.

6. CONSENSUALIDADE DO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. - O


contrato de abertura de crédito é consensual. O creditador vinculou-se a
atender às exigências de retirada. Desde o momento em que o contrato se
conclui, ou desde o momento em que começa, pelos têrmos dêle, a eficá-
cia, pode o creditado exercer a pretensão. O seu direito nasce antes, com a
conclusão, salvo se houve cláusula de condição suspensiva, que o apanhe;
mas êsse direito é a retirar, a exigir que se lhe preste o quanto, ou a parte do
quanto, e não direito a dispor. Se já tivesse havido direito sôbre o quanto,
a relação jurídica seria real. Em vez disso, é só pessoal.
O contrato diz como há de ser exercida a pretensão de levantamento,
de retirada. Se nada se estabeleceu, o exercício há de ser de acordo com os
usos. Se foi convencionado que o creditador, em vez de entregar quantia,
assumiria dívida do creditador (assunção de dívida alheia), ou praticaria
outro ato jurídico, entra na prestação do creditador o que se fizer, porém
de jeito nenhum altera o contrato de abertura de crédito. Qualquer ato-fato
jurídico, ou ato jurídico stricto sensu ou negócio jurídico, que incumbe ao
creditador, é fora da relação jurídica da abertura de crédito, posto que in-
cluso na prestação. Não se precisa pensar em genericidade e abstração do
objeto da prestação (cp. LUIGI DEVOTO, L'Obbligazioni a esecuzione con-
tinuata, 123 s.), o que foge à boa terminologia. O que se contém ou pode
conter-se numa prestação fica por baixo e fora da relação jurídica, de que
se irradia a pretensão. Por isso mesmo, se há a alternatividade, é interior ao
objeto. A prestação, em si, é uma só. Por isso mesmo não se deve falar de
escolha pelo creditado (cf. Código Civil, art. 887), nem invocar qualquer
regra jurídica sôbre obrigações alternativas (sem razão, FRANCESCO MES-
SINEO, Operazioni di borsa e di banca, 151 s.). O creditado não escolhe:
exige a seu líbito, conforme o contrato; isto é, retira pelo modo que mais
lhe interessa. O creditador adimple, solvendi causa. Por isso mesmo, não
se deve dizer que o contrato de abertura de crédito é contrato de conteúdo
complexo (sem razão, FRANCESCO MESSINEO, Operazioni di borsa e di
banca, 156 s., e ADRIANO FIORINTINO, Contratti bancarie, Commentario
dei Códice Civile, IV, 475). Conforme o que se estabeleceu no contrato,
tem-se de adimplir a prestação de crédito: o que enche o objeto da presta-
ção não a altera.

7. ABERTURA DE CRÉDITO, ONEROSIDADE E OUTROS CARACTERES. - A


abertura de crédito faz-se em contrato oneroso, porque se B creditasse x a
favor de A, para que A retirasse quando quisesse, sem ter de restituir o que
retirasse, haveria doação e conta corrente, e não abertura de crédito.
Outrossim, o contrato de abertura de crédito é comutativo. Portanto,
sem álea.
As prestações são sucessivas. A bilateralidade está pré-excluída pelo
fato de primeiro ser devedor o creditador'e só depois o creditado, que so-
mente deve quando retira. Com razão, ENRICO COLAGROSSO {Diritto ban-
cario, 295). Há quem veja a bilateralidade mesmo no caso de o creditado
nada retirar (cp. FRANCESCO MESSINEO, Operazioni di borsa e banca, 154
s ; ADRIANO FIORENTINO, Contratti bancari, Commentario, IV, 478).
Temos de precisar o problema. No contrato de abertura de crédito, o
creditador promete, o creditador faz-se devedor antes de qualquer presta-
ção do creditado. A prestação que lhe incumbe é prestação de crédito. Se
o creditado retira algo, ou se retira tudo, tem de restituir. Se o contrato de
abertura de crédito fôsse contrato bilateral, o mútuo sem juros também o
seria. Por outro lado, os juros que fluem do que o creditado passou a dever
são juros da dívida que se estabeleceu com o exercício da pretensão do cre-
ditado. Se, pela abertura de crédito, em si, o creditado prestara algo, essa
prestação é de outro negócio jurídico subjacente, justajacente ou sobreja-
cente, estranho à relação jurídica que se irradia do contrato de abertura de
crédito.
A onerosidade do contrato de abertura de crédito só se estabelece se
para que se abra o crédito algo se prestou como comissão, ou se vai prestar.
Se a vantagem do creditador é, por exemplo, o "ser empreiteiro de obras
suas o creditado, o contrato de abertura de crédito não se fêz oneroso, pois
o interêsse seria simples motivo.
Não há álea. O creditador conhece a pessoa a quem outorga a preten-
são ao crédito e as circunstâncias em que o faz o creditado sabe de quem
vai exigir. Ao creditado não se dá qualquer risco, nem ao creditador. Um
deve, o outro pode retirar; se retira, tem de restituir.
Até o momento de ter de restituir, é devedor o creditado, porque reti-
rou, utilizando o crédito aberto. Antes de qualquer retirada, devedor só é o
creditador. Se o creditado retirou parte, os dois devem: um, o quanto reti-
rado; o outro, o resto do crédito aberto. Mas êsses débitos irradiados já são
pós-adimplemento. Não é da relação jurídica de abertura de crédito que o
débito do creditado se irradia; e sim do fato de ter utilizado o crédito. As-
sim, desde o momento em que se conclui o contrato de abertura de crédito
o creditador é devedor, e só êle o é, se não houve promessa de comissão. Se
o creditado retira parte, o creditador deve menos do que devia. O creditado
não tem de contraprestar com o tantumdem; tem de restituir. Restituir não
é contraprestar.
Afirmar-se a bilateralidade do contrato de abertura de crédito somente
porque, se o creditado utiliza o crédito aberto, tem de restituir, é de afastar-
-se. A utilização já é adimplemento pelo devedor (creditador). A restituição
é por dever de quem recebeu, como tem dever de descer do carro, da barca,
ou do ônibus, ou da aeronave, quem apenas pagou a passagem até êsse
ponto da escala. Não há negócio jurídico após o adimplemento pela empre-
sa de transportes; nem após o adimplemento pelo creditador, no contrato
de abertura de crédito.

8. ABERTURA DE CRÉDITO E NORMATIVIDADE. - Discute-se se o con-


trato de abertura de crédito é contrato normativo ou se o não é. No caso
de afirmativa, apenas preordenaria, daria normas, regularia a conclusão
de negócios jurídicos futuros. Daria o esquema. Desde logo observemos
que a suposição de serem as retiradas negócios jurídicos futuros implica-
ria admitir-se que não seriam resultados de exercício de pretensão a pa-
gamentos; portanto, haver pré-contrato de que adviessem êsses negócios
jurídicos. Já mostramos ser inadmissível tal classificação. A despeito des-
sas advertências óbvias, sustentou a normatividade, em 1940, VITTORIO
SALANDRA (Contratti preparatori e contratti di coordinamento, Rivista dei
Diritto Commerciale, I, 21). A confusão ressalta. ^Como pensar-se em
contrato normativo se se tivesse de conceber o contrato de abertura de
crédito como pré-contrato ou como pré-contratos? No pré-contrato, ou nos
pré-contratos, estaria a indicação de quanto se prometesse concluir. Na
teoria da normatividade da abertura de crédito, há dois êrros: o de con-
siderar negócios jurídicos os levantamentos, as retiradas, que, na verdade,
são apenas exigências do creditado, a que se criaram o direito, a pretensão
e a ação; o de volver à concepção da abertura de crédito contrato de mútuo,
ou de contratos de mútuo, oriundos de pré-contrato.
A propósito, também se há de repelir a teoria da abertura de crédito
com negócios solutórios, segundo a qual as retiradas seriam negócios jurídi-
cos com função de solver a dívida de crédito [e. g., FRANCESCO MESSINEO,
Operazioni di borsa e di banca, 36 s.). Primeiro, aí, o negócio jurídico so-
lutório seria negócio jurídico de adimplemento, e não extintivo, o que supõe
o pré-contrato. Segundo, as retiradas não são, em si, negócios jurídicos,
posto que, para levá-las a cabo, possa o creditado empregar negócio jurídi-
co, como o contrato que fêz com terceiro, a que se há de fazer o pagamento.
Em tudo isso, a pretexto de se explicar a natureza do contrato de abertura de
crédito, se discute o que pode aparecer em tôrno dêle. Nunca se pode chegar
a convicção sôbre a natureza de determinado negócio jurídico se se trazem
à discussão outros negócios jurídicos com que pode ocorrer.

9. UNILATERALIDADE DO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. - O


dever do creditador inicia-se com a conclusão do contrato, mas, se o cre-
ditado utilizar o crédito aberto, fica a dever ao creditador. Daí ter havido
opiniões discordantes a respeito da estrutura do contrato de abertura de
crédito. Alguns juristas o têm por unilateral, ex uno latere (F. MESSINEO,
Operazioni di borsa e di banca, 356; ERNESTO SIMONETTO, I Contrata di
credito, 22 s.; EMILIQ BETTI, Teoria Generale delle Obbligazioni, III, 83
s.). Outros vêem o contrato em toda a sua extensão e afirmam a bilaterali-
dade (GUIDO REZZARA, DeWApertura di credito in conto corrente, 10 s.;
PAOLO GRECO, Le Operazioni di banca, 3 0 s.; ADRIANO FIORENTINO, Le
Operazioni bancarie, 46 s.; contra, ENRICO COLAGROSSO-GIACOMO MOL-
LE, Diritto bancario, 2.A ed., 405). A particularidade de haver o débito
de crédito sem ainda ter surgido o débito do bem justifica que se tenha
por unilateral o contrato de abertura de crédito, embora não seja unilateral
qualquer contrato em que a prestação e a contraprestação sejam em tem-
pos diferentes. O adimplemento caracteriza-se quando o creditado utiliza
o crédito. O correspectivo pode ser desde a conclusão do contrato, se foi
estipulado que se pagaria comissão, ou se foi paga desde logo. A comissão
é correspectivo da promessa. O creditador assumiu o dever desde que se
vinculou, porque se expôs a serem exigidas as retiradas.
O contrato de abertura de crédito foge à normal concepção dos negócios
jurídicos. O objeto dêle não é o bem, no sentido estrito; é o crédito. Não se
pode confundir o dinheiro, que é bem móvel, com o crédito de dinheiro. Se
não houve estipulação de comissão, ou remuneração, o contrato é gratuito.
Se houve, é oneroso. A dívida do creditado, após as retiradas, não é dívida
que corresponda à do creditador, que é a de pôr à disposição do creditado o
que prometeu. Já se irradiou do ato de utilizar o crédito, e não do contrato
de abertura de crédito. Essa separação entre eficácia do contrato de abertura
de crédito e eficácia do adimplemento pelo creditador, porque o creditado
utilizou o crédito, tem perturbado todos os que não procuraram ver com pro-
fundidade o que ocorre na abertura de crédito como contrato.
Surpreende que o adimplemento pelo creditador faça devedor quem
era credor, sem que se possa pensar em negócio jurídico solutório. A par-
ticularidade resultou de se ter prometido crédito, e não bem. O dever de
restituição apenas advém de ter sido utilizado o crédito.
O creditador pode mesmo vincular-se a terceiro para adimplir, isto é,
para atender à exigência do seu credor, que é o creditado; mas o contrato,
ou os contratos, ou o negócio jurídico unilateral, ou os negócios jurídicos
unilaterais, que ocorram, não são entre creditador e creditado, e sim entre
creditador e terceiro ou terceiros. O que se observa entre creditador e cre-
ditado é o adimplemento, por aquele, do dever de crédito. Por isso mesmo,
se o creditador avaliza a nota promissória subscrita e emitida pelo credita-
do e êsse não paga, tudo se passa como se a nota promissória tivesse sido
subscrita e emitida por terceiro.
Se o creditado pagou ou vai pagar comissão, mesmo se não utilizou o
crédito aberto, bilateralizou-se o contrato de abertura de crédito. Se a comis-
são só se tem por devida se o creditado utilizou o crédito aberto, há condição
suspensiva. Só ao advento do têrmo estabelecido para a utilização, ou ao
esgotarem-se os períodos, é que se pode saber se houve utilização do crédito
aberto (Guroo REZZARA, DelVApertura de credito in conto corrente, 11 s.).
Se era devida a comissão e o creditado não a pagou, há infração de dever
por parte do creditado, tendo-se como contraprestação a comissão. Quase
sempre a comissão, em se tratando de contrato de abertura de crédito em
conta corrente, é debitada na conta corrente e liquidada ao têrmo do contra-
to (FRANCESCO MESSINEO, Operazioni di borsa e di banca, 140; ADRIANO
FIORENTINO, Le Operazioni bancarie, 57). Não sendo em conta corrente a
abertura de crédito, tem-se entendido que não se dá resolução ou resilição do
contrato pelo fato do inadimplemento (MARIO MAZZA"NTINI, Lezioni di Téc-
nica bancaria, 162), por ser mínima a contraprestação. O argumento maior
está em que, sendo pretensão a crédito a pretensão do creditado, ser mais
equitativo que se tenha por débito a comissão.
É incluível a cláusula de dever de utilização do crédito. Se a comissão
seria devida mesmo se não houve a utilização do crédito, supõe-se não ter
sido inserta a cláusula. Se não se deve a comissão em caso de utilização,
também não se há de reputar existente a cláusula. Se não houve estipulação
de qualquer comissão, o creditador somente tem vantagem se o creditado
utiliza o crédito aberto. Porém, mesmo aí, não se há de entender implícita a
cláusula; nem seria de pensar-se em condição potestativa (Código Civil, art.
115,2. a parte, infine; sem razão, GUIDO REZZARA , Dell 'Apertara di credito
in conto corrente, 11 s.). Pela implicitude da cláusula, se não há comissão (J.
BREIT, e m A . DÜRINGER-M. HACHENBURG, Das Handelsgesetzbuch, 616).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4 . 6 2 4 . A- L e g i s l a ç ã o
O contrato de abertura de crédito, ainda que seja atípico, faz incidir as normas j
! gerais do Código Civil sobre contratos, assim como, quando se caracterize como ,
I contrato de consumo, as normas do Código de Defesa do Consumidor. Da mesma i
i forma, quando se trata de abertura de crédito realizada por instituição financei-
• ra subordina-se à competência norrfiativa do Conselho Monetário Nacional e do
| Central do Brasil, nos termos da Lei 4.595/1964.
B a n c o

' Sobre a necessidade de que conste expressamente a utilização da cláusula ;


í que impõe a obrigação de utilização do crédito e seu afastamento da qualidade
I de condição potestativa, a referência ao art. 115, 2.a parte, do CC/1916 deve ser
I tomada hoje como indicação do art. 122, 2.a parte, do CC/2002.
í I
( ;
| § 4.624. B - Doutrina ;
Ao examinar a natureza jurídica do contrato de abertura de crédito, especial-
j mente quando celebrado por banco, diverge a doutrina quanto à sua qualificação
como espécie de contrato suí generis (GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janei-
ro: Forense, 2009; COVELLO, Sérgio. Contratos bancários. 3. ed. São Paulo: Leud,
1999; Luz, Aramy Dornelles da. Negócios jurídicos bancários. 2. ed. São Paulo:
Juarez Oliveira, 1999. p. 133; ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 12. Ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2009. p. 157) ou contrato preliminar (SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito
bancário. São Paulo: Atlas, 2005. p. 214). Da mesma forma, enquanto Pontes de
| Miranda explica que não resulta ser bilateral o contrato em razão da obrigação de
I restituir, a doutrina de direito bancário inclina-se em sentido diverso. Já no que se
j refere ao caráter personalíssimo do contrato, bem como tratar-se de contrato con-
| sensual, encontram-se as lições de Pontes de Miranda e da doutrina majoritária
I (BARRETO, Lauro Muniz. Direito bancário. São Paulo: Leud, 1975. P. 410).
i
|

i § 4.624. C - Jurisprudência !
I i
I Apoiando-se na distinção de Pontes de Miranda, entre os contratos de conta
| corrente e abertura de crédito, entende a jurisprudência que não se aplicam a
i este último as disposições da Lei de Falências e Recuperação de Empresas (Lei
| 11.101/2005) (TJPR, Agln 0.662.157-2,17.a Câm. Civ., j. 30.03.2011, rei. Francis- j
co Jorge). No mesmo sentido, sustentam-se na doutrina de Pontes de Miranda !
: diversas decisões que depois resultaram na Súmula STJ 233, a qual sufraga o
entendimento de que o contrato de abertura de crédito não constitui título executi- j
vo extrajudicial (STJ, REsp 422403/SP, 4 a T., j. 13.03.2007,rei. Min. Hélio Quaglia
Barbosa, DJ 09.04.2007).

§ 4.625. ABERTURA DE CRÉDITO E OUTROS NEGÓCIOS JURÍDICOS

1. ABERTURA DE CRÉDITO E MÚTUO. - A princípio houve juristas que


pretenderam reduzir o negócio jurídico da abertura de crédito ao mútuo,
porém estacavam, às vêzes sem referência à surpresa, diante do ser real o
contrato de mútuo e se não criar o dever de pôr à disposição. Daí terem
outros pensado em pré-contrato de mútuo (cf. GIUSEPPE DONADIO, Gli
Accreditamenti bancari, 43, nota 8). Desde logo ressalta a confusão entre
assumir, pôr à disposição e prometer assumir. Pode-se prometer o negócio
jurídico de abertura de crédito. Isso, sim, é pré-contrato.
O contrato de abertura de crédito permite que o creditado somente
lance mão do que está à sua disposição quando lhe seja preciso e ao mes-
mo tempo fique certo de que, ocorrendo a necessidade, pode dispor do que
se faz preciso. Não se perde tempo com as operações de mútuo ou outras
operações de crédito, nem se presta interêsse enquanto não se retira, isto
é, enquanto não se recebe o que se exige. Pode-se só retirar para inverter.
Quem toma de empréstimo bem fungível, quem recebe em mútuo, de uma
só vez se faz devedor, mesmo que conclua mútuos sucessivos. Quem é
creditado, em abertura de crédito, apenas se precata para dispor do crédito
quando haja de aplicar a quantia, ou as quantias. Ao creditado é dado ense-
jo de retirar tudo, ou parte, ou não Tetirar o que está à sua disposição. Em
vez de pôr no cofre dinheiro inútil, de que estaria a pagar juros (cf. Código
Comercial, art. 248; Código Civil, art. 1.262), o creditado tem o direito a
levantar o que está, sem fluência de juros, no cofre do creditador.
Há parecença, que não se pode exagerar, entre o contrato de abertura
de crédito e o contrato de fornecimento. No contrato de fornecimento, um
dos contraentes se vincula a fazer prestações - continuativas, periódicas
ou espacejadas - de bens, a preço ou a preços determinados ou determiná-
veis. Um só contrato, muitas prestações. Cf. OTTO VON GIERIÍE (Dauernde
Schuldverháltnisse, Jherings Jahrbücher, 64, 362).

2. ABERTURA DE CRÉDITO E PRÉ-CONTRATO. - A abertura de crédito


não contém promessa de negócio jurídico, de contrato. Os levantamentos
não são mútuos, são exercício de direito de saque. Se o creditador dei-
xa de atender aos atos de disposição, a ação que se há de propor é a de
condenação, e não a do art. 1.006 do Código de Processo Civil. Mesmo
se o creditado estipula que se preste a terceiro, não há pré-contrato. Não
se precisa raciocinar como FRANCESCO MESSINEO (Operazioni di borsa e
di banca, 152), quanto à falta de ligação entre a obrigação perante o ter-
ceiro e a obrigação do creditador perante o creditado. Primeiro, porque a
obrigação pode somente ser perante o creditado. Segundo, a prestação do
creditador ao terceiro, como ao creditado, é apenas ato-fato jurídico. Outro
argumento que se tem de pôr de lado, por inútil e falso, é o de não haver
promessa de negócio jurídico unilateral, pois nada obsta a que se prometa,
c o n t r a t u a l m e n t e , negócio jurídico unilateral, e a promessa do creditador é
de ato-fato jurídico, e não de negócio jurídico.
Também se trouxe à balha a exigência de se precisar o que, no pré-
-contrato, se promete (e. g., no pré-contrato de compra-e-venda só se pro-
mete o contrato de compra-e-venda), e a abertura de crédito seria - se
pré-contrato fôsse - promessa de contratos diferentes (e. g., ENRICO CO-
LAGROSSO, Diritto bancario, 288). Ora, com a abertura de crédito, o cre-
ditador promete ter à disposição e prestar. Promete ato-fato jurídico. Por
onde se vê que, combatendo, acertadamente, a afirmativa de se tratar de
pré-contrato, foram infelizes os juristas em seus argumentos.
(Se ao terceiro o creditador prometeu aceitar letra de câmbio, em vez
de prestar o que prometeu, houve outro negócio jurídico, no qual não é
figurante o creditado. Há a prestação pelo creditador ao terceiro, o que o
libera perante o creditado, pelo modo que, anterior ou posteriortnente à
abertura de crédito, o creditador e o terceiro haviam convencionado.)

3. ABERTURA DE CRÉDITO E CONTRATO DE FORNECIMENTO. - O c o n -


trato de fornecimento é aquêle em que u m dos figurantes se vincula,
conforme preço a ser exigido, a prestações periódicas ou continuativas.
Ou há a periodicidade, ou a continuidade (e. g., fornecimento de gêneros
alimentícios e de energia elétrica). É espécie de contrato de compra-e-
-venda, posto que se haja procurado tipificar o negócio jurídico a ponto
de os distinguir. Não se pode considerar o contrato de abertura de crédito
contrato de fornecimento, mesmo se a prestação é de moeda, e não de
dinheiro.
Contrato de fornecimento é o contrato pelo qual um dos contraentes
se vincula, mediante preço determinado ou determinável, a prestar continu-
ativa ou periodicamente, ao outro contraente, algum bem ou alguns bens.
Se não se disse qual a quantidade do que se há de prestar, entende-se o que
é necessário, normalmente, ao outorgado. Pode haver mínimo ou máximo
das prestações, ou do todo normal, ou anual, ou por outro tempo. Assim se
sabe, desde logo, o que se há de prestar, ou fica a critério de quem deseja o
fornecimento, ou de quem o faz, conforme as suas possibilidades.
A determinação ou a determinabilidade também há de existir quanto
a quantidade do que se há de fornecer, deixada a terceiro, conforme as
circunstâncias (e. g., o terceiro é o administrador da construção do navio
ou do edifício).
4. ABERTURA DE CRÉDITO E DEPÓSITO BANCÁRIO. - Entre o depósito
bancário e a abertura de crédito há elementos comuns e elementos dife-
renciais. Em ambos, há quanto pôsto à disposição do outorgado. Ambos
podem ser simples ou em conta corrente. Ambos podem dar ensejo a dife-
rentes atos de utilização. No depósito bancário, foi o creditado que, com
os seus próprios meios, fêz o creditador vincular-se a pôr à disposição do
creditado o que está com o creditador e proveio do creditado. Na abertura
de crédito, o creditador vinculou-se a pôr à disposição do creditado o que
êsse não lhe entregara. Ali, com as retiradas, diminui o débito do credita-
dor. Aqui, com as retiradas, surgem e crescem os créditos do creditador
contra o creditado. (Se o creditador deve ao creditado, e êsse foi o motivo
do contrato de abertura de crédito, a relação jurídica que dêsse se irradia
nada tem com aquela relação jurídica em que o creditador devia e deve
bem, e. g., dinheiro.)

5. ABERTURA DE CRÉDITO E DESCONTO. - T a m b é m não se p o d e con-


fundir a abertura de crédito com o desconto. O desconto pode ser ato que
o creditador deve, porém em si a abertura de crédito não contém desconto.
Os mais freqüentes contratos de abertura de crédito não criam, sequer,
o dever de descontar. Então, o ato de desconto fica dependente de pacto
adjecto, ou de outro negócio jurídico entre os que foram figurantes do con-
trato de abertura de crédito.

6. ABERTURA DE CRÉDITO E ACREDITIVO. - S e j a m A, B e C as três


pessoas entre as quais ocorre o contrato de abertura de crédito ou o acre-
ditivo, ou ambos ocorrem.
a) Se o contrato é de abertura de crédito, a figura é a seguinte:

A B A ou C

(creditado) (creditador) (recebedor da retirada)

A relação jurídica de abertura de crédito é entre A e B. C não é fi-


gurante, mesmo se a êle se alude no contrato. Se alguma relação jurídica
se estabelece entre B e C, é estranha ao contrato de abertura de crédito.
Pode ser que se trate de acreditivo. Entre A e C há relação jurídica (e. g.,
A é devedor e C, credor; A é mandante ou comitente, e C, mandatário, ou
comissário), porém tal relação jurídica é à parte da irradiação de efeitos do
contrato de abertura de crédito. Tudo se passa por fora. Pode mesmo não
existir.
b) Se há acreditivo, as relações jurídicas fazem ângulo, mas o acredi-
tivo, êsse, é meramente linear:

acreditante ....... •"'"acreditado

B •••-•"""

prestador acreditivo

Há relação jurídica entre A e C, entre A e B e entre B e C; mas o ne-


gócio jurídico acreditivo abstrai do que existe entre A e B, que pode ser
relação jurídica de depósito bancário, ou de abertura de crédito, ou outra.
Ou não existir.
Assim, quando os juristas italianos fazem do acreditivo espécie de
abertura de crédito, deturpam, profundamente, o instituto. Nem sempre
é creditador o prestador acreditivo. Por outro lado, não se pode reduzir a
função do prestador acreditivo a de recebedor de documentos, o que ca-
racteriza a abertura de crédito a favor de terceiro, ou em que se incumbe
terceiro de receber, porque a relação jurídica entre o prestador acreditivo e
o terceiro necessariamente se entalha, se há acreditividade.
No acreditivo, o prestador acreditivo assume a dívida perante o acre-
ditado, que só se pode chamar terceiro porque se supõe a relação jurídica
entre o acreditante e o prestador acreditivo. O prestador, no acreditivo,
deve, razão por que as questões de nulidade, anulabilidade, resolutividade
e resibilidade têm de ser examinadas entre eles. A carta de confirmação,
confirmed letter, não se confunde com a carta de crédito, que supõe ou é
para a relação jurídica entre A e B. Aquela, confirmativa, liga B a C.

Panorama atual pelo Atualizador j

§ 4.625. A-Legislação j
O art. 258 do CCo encontra-se revogado. O art. 1,262 do CC/1916, dispunha j
sobre a autorização de estipulação de juros no mútuo, desde que estabelecido por j
cláusula expressa. No Código Civil vigente não consta esta regra expressamente; j
todavia o art. 591 estabelece que presumem-se devidos juros quando se destine j
o mútuo a fins econômicos. Da mesma forma, a possibilidade do estabelecimento í
!
í de juros dos empréstimos de dinheiro resulta da ausência de proibição expressa,
| em conformidade com a liberdade contratual afirmada pelo direito privado. ' |
i A referência à ação condenatória, cuja interposíção é cabível no caso, ao ex-
; cluir a ação de que trata o art. 1.006 do CPC/1939, compreende-se atualmente !
| como referência ao art. 466-A do CPC, com a redação que lhe determinou a Lei I
! 11.232/2005. !

§ 4.625. B - Doutrina ;

A doutrina contemporânea converge com Pontes de Miranda na distinção entre i


o contrato de abertura de crédito e outros contratos bancários, identificando, es- I
pecialmente, como seu elemento distintivo a disponibilidade do crédito, pela qual !
não se exigem juros enquanto não utilizados os recursos pelo creditado. Nota-se, j
igualmente, que na experiência contemporânea a abertura de crédito apresenta-
-se, inúmeras vezes como obrigação conexa a outros contratos bancários, espe-
cialmente os de conta corrente, e sob diversas condições. Todavia, distinguem-se
na doutrina as correntes que interpretam a abertura de crédito como espécie de
pré-contrato de mútuo e a que sustenta tratar-se de contrato sui generis.

§ 4.625. C - Jurisprudência

Entende a jurisprudência, no mesmo sentido do que ensina Pontes de Mi-


randa, que a disponibilidade do crédito ao creditado por si, não obriga ao paga-
mento de juros enquanto não haja sua utilização (STJ, REsp 791.676/G0, 4.aT.,
j. 28.06.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 18.08.2011). Igualmente, exige
a jurisprudência que a capitalização de juros seja contratada de modo expresso
(TJSP, ApCiv 9153665052008826,15.a Câm. de Direito Privado, j. 08.11.2011, rei.
Araldo Telles, DJ 28.11.2011).

§ 4.626., ESPÉCIES DE ABERTURA DE CRÉDITO

1. ABERTURA DE CRÉDITO CONTRA DOCUMENTO E ABERTURA DE CRÉ-


DITO A FAVOR DE TERCEIRO. - Na abertura de crédito contra documento, o
creditador entrega a terceiro, quase sempre vendedor, a quantia a ser debi-
tada ao creditado, se o terceiro faz ao creditador a tradição dos documentos
considerados suficientes pelo contrato ou pelos usos. O creditador, como
elemento incluso na sua prestação, procede como se fôsse o próprio outor-
gado que prestasse ao terceiro contra documento. Por vêzes, o creditador
não entrega, desde logo, a contraprestáção a que tem direito o terceiro;
apenas aceita, avaliza ou endossa letra de câmbio ou duplicata mercantil,
ou subscreve e emite ou avaliza ou endossa nota promissória.
F r e q ü e n t e m e n t e se fala de abertura de crédito contra documento ou
de a b e r t u r a de crédito a favor de terceiro. Todavia, há a abertura de crédito
contra documento exigido ao próprio creditado, como se o creditador tem
interêsse em velar ou fiscalizar as operações em que se empenha o credita-
do, e há abertura de crédito a favor de terceiro, sem a exigência da tradição
de documentos.
Se a abertura de crédito é a favor de terceiro, mas o creditador "con-
firma" a incumbência - isto é, assume o dever - perante o terceiro, tal
abertura de crédito, como o depósito bancário a favor de terceiro, ou a
simples retirada a favor de terceiro, não mais é, salvo se só acidentalmen-
te ocorreu a relação jurídica entre o creditador e o terceiro, o contrato de
abertura de crédito propriamente dito, mas sim o contrato acreditivo, ou,
simplesmente, acreditivo. Dêsse instituto trataremos em título à parte. No
acreditivo pode não haver qualquer operação de crédito a favor de quem
tem de prestar ao terceiro e o faz através de alguém, quase sempre banco.
Os juristas ainda incorrem em confusão e, o que é mais grave, procuram
defendê-la, como se houvesse identidade dos institutos. No acreditivo, o
que há é utilização do que está à disposição, por intermédio de alguém.
Pode ter havido, antes, abertura de crédito, ou depósito bancário, ou outro
negócio jurídico, e o acreditivo. A relação jurídica entre o terceiro, acre-
ditado (isto é, quem está legitimado a receber), e o prestador acreditivo,
é independente do contrato de abertura de crédito ou outro contrato que
exista entre o acreditante e o prestador acreditivo.
A abertura de crédito a favor de terceiro freqüentemente ocorre quan-
do, em contrato bilateral (e. g., compra-e-venda), ou mesmo unilateral, ou,
embora raramente, em negócio jurídico unilateral, se promete prestação
que há de ser entregue por outrem, que o faz ora em nome próprio ora por
conta do promitente. A êsse incumbe obter do creditador o ato de entrega,
que pode ser mero ato-fato jurídico, ou negócio jurídico, inclusive unilate-
ral, como o aceite de nota promissória ou o aval de duplicata mercantil. O
creditador satisfaz, sem que o terceiro seja credor dele, ou tenha qualquer
relação jurídica com êle.
(No tocante ao promitente, o que presta pode não ser creditador,
o que torna estranha ao instituto da abertura de crédito o que então se
passa. O prestador exerce mandato, ou é depositário, ou agente do pro-
metedor, e o seu ato não é de creditamento, ou, até, gestor de negócios
alheios, se o faz a líbito, sem provisão. Pode ser que tenha havido assi-
nação, sendo assinante o cliente, assinado quem vai prestar e assinatá-
rio o terceiro.)
O terceiro, de regra, tem de apresentar e entregar documentos, para
que fique provada a sua pretensão contra o promitente da prestação. No
comércio interno e no externo, há pormenores técnicos que não alteram a
figura jurídica (cf. GAETANO CORSANI, Le Caratteristiche delia Gestione
delle banche ordinarie, 39 s.; LEONE FILOSTO, La Técnica bancaria dei
commercio estero, 111 s.).
Não há relação jurídica de crédito entre quem entrega e o terceiro,
razão por que não há restituição por parte dêsses. Quem entrega e satisfaz,
apenas pratica ato, não necessariamente negócio jurídico solutório. Tem-se
de evitar qualquer confusão com o negócio jurídico acreditivo.
A priori, não se pode dizer que se trate de assinação (sem razão, H.
KOENIGE, em H. STAUB, Kommentar zum Handelsgesetzbuch, III, 509;
TULLIO ASCARELLI, Cambiale, Assegno bancario, Titoli di credito, 78;
WALTER BIGIAVI, La Delegazione, 310), como seria demasiada generali-
zação só se pensar em contrato a favor de terceiro (e. g., H. J. FINKELSTEIN,
Legal Aspects ofthe Commercial Letters of Credit, 15 e 156 s.).

2. ABERTURA DE CRÉDITO SIMPLES E ABERTURA DE CRÉDITO EM CON-


TA CORRENTE. - A abertura de crédito diz-se simples se o creditado somen-
te pode retirar e não pode dar entrada, de modo que, à medida que exerce
a pretensão, diminui o que lhe deve de crédito o creditador e aumenta o
que o creditado deve. Há a solução final pelo creditado, e não a inserção
em coluna de haver. Diferente é o que se passa se se juntou ao contrato de
abertura de crédito a convenção de conta corrente. Então, o creditado, à
medida que retira, pode, a seu líbito, dar entradas a frações, ou ao todo que
no momento deve, sem ficar privado de retirar, dentro do que se estabele-
ceu como crédito aberto.
O contrato de abertura de crédito em conta corrente, ou tornado em
conta corrente, por acordo, expresso ou tácito, posterior, é contrato de
abertura de crédito sem qualquer união ou mistura com outro contrato.
Apenas se permite inclusão de créditos do creditado, com a respectiva in-
serção contábil.
A cláusula ou o pacto adjecto de ser em conta corrente a abertura de
crédito dá ensejo à invocabilidade dos arts. 45 e 165, parágrafo único, do
Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de Í945.
Quando cessa a eficácia do contrato de abertura de crédito, por uma
das causas de que se tratará a respeito da extinção do contrato de abertura
de crédito, têm o creditado de reembolsar ao creditador o que foi retirado,
conforme os têrmos do contrato, ou de uma só vez.
Durante o tempo de eficácia do contrato de abertura de crédito, pode
êle ter essas quantias disponíveis, de jeito que haja interêsse em que não
seja devedor de tudo quanto retirou e não corram contra êle juros sôbre
todo o importe. Daí poder ser incluída a convenção de ser em conta cor-
rente a abertura de crédito. É freqüente a abertura de crédito em conta
corrente, pelas vantagens, que traz, para ambos os figurantes.
Também se pode convencionar o reembolso parcial, ao longo da du-
ração da abertura de crédito.
Surge o problema de classificação da abertura de crédito em conta
corrente. ^Há dois contratos ou um só contrato?
Não se pode dizer que o contrato de abertura de crédito dita simples
seja mero pré-contrato de mútuo, como alguns pensavam; nem contrato
consensual de mútuo. O creditado tem direito ao crédito. Dêle pode exigir
a prestação quando queira. Se foi estabelecido que A receberia x,ye,z, nas
datas tais, ou quando ocorressem alguns fatos, não há abertura de crédito,
há mútuo consensual", ou pré-contrato de mútuo. Já vimos que não se trata
de pré-contrato. De mútuo consensual, tão-pouco. Não se vai exigir o em-
préstimo; exige-se que haja o quanto disponível, para que o creditado já
possa utilizar-se do quanto: o crédito já foi aberto; o creditado não exige
que se lhe preste o quanto como objeto de mútuo, mas sim como objeto do
crédito aberto.

3. ABERTURA DE CRÉDITO E CONTRATO DE CONTA CORRENTE. - N o


contrato de abertura de crédito em conta corrente, não há fusão dos dois
contratos, o de abertura de crédito e o de conta corrente, nem se trata de
subespécie do contrato de conta corrente. Para se afastar qualquer, dessas
explicações, basta que se pense na diferença entre contrato de conta cor-
rente e conta corrente.
Na abertura de crédito em conta corrente são de incidir as regras ju-
rídicas concernentes às operações em conta corrente, não as que só dizem
respeito ao contrato de conta corrente. À abertura de crédito em conta cor-
rente faltam o pressuposto da reciprocidade das remessas e o da exigibili-
dade somente ao fechamento da conta corrente.
| P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

| § 4.626. A - Legislação !
! Decreto-Lei 7.661/1945 foi revogado. Assim, a indicação sobre a possibilidade
i de invocar-se as normas da legislação falimentar para a hipótese da abertura í
| de crédito se dar por intermédio de cláusula ou pacto adjeto em conta corrente, '
| devem ser remetidas hoje ao que dispõe o art. 121 do CC/2002, no tocante ao !
i encerramento da conta corrente em decorrência da decisão que decreta falência,
i Contudo, não mais em relação ao art. 165 do Dec.-lei 7.661/1945, que dispunha
| sobre a concordata, considerando a extinção pelo instituto em face da lei vigente.

| § 4.626. B- Doutrina
I A distinção feita por Pontes de Miranda, entre a abertura de crédito com o
contrato acreditivo, assinalando especialmente o caráter acidental da relação en-
tre o creditador e o terceiro, não merece acolhida uníssona na doutrina. Parte da
doutrina, assim, sustenta quando do exame do contrato de abertura de crédito,
sua classificação quanto ao beneficiário do crédito, admitindo a figura da abertura
! de crédito em favor de terceiros como modalidade específica, e nesse sentido,
| identificando o que Pontes de Miranda distingue (assim: COVELLO, Sérgio. Op. cit.,
| p. 196; SALOMÃO NETO, Eduardo. Op. cit., p. 215). Não são desconhecidas, todavia,
j as dificuldades que daí resultam, tanto no tocante ao eventual desatendimento
í pelo terceiro, de formalidades necessárias ao saque, ou ainda na hipótese de
| resilição do contrato, o que em geral se busca solucionar pela convenção de ir-
j revogabilidade. Da mesma forma, orienta-se a majoritária doutrina em afastar a
noção da abertura de crédito de pré-contrato de mútuo, assinalando as distinções
| evidentes entre ambos os institutos.
j Já quando se trata da abertura de crédito em contrato de conta corrente bancá-
! ria, embora se distinga quanto aos seus elementos caracterizadores, há clara ten-
; dência doutrinária de reconhecimento da conexidade entre os vínculos contratuais.

§ 4.626. C - Jurisprudência
! Consigna o entendimento jurisprudencial que na falência do creditado, só se
reputa vencido o crédito efetivamente utilizado e não o tornado disponível pelo
i creditador (TJRS, Ap 597.039.429, 5.a Câm., j. 28.05.1997, rei. Des. Araken de
• Assis, RT748/380).

4.627. GARANTIA À ABERTURA DE CRÉDITO

1. ABERTURA DE CRÉDITO A DESCOBERTO E ABERTURA DE CRÉDITO


GARANTIDA. - Na abertura de crédito a descoberto, o creditador abre o cré-
dito sem exigir qualquer garantia pessoal ou real. Na abertura de crédito
garantida, há a garantia pessoal ou real. Quanto a subscrição e emissão de
título cambiário para que, sendo necessário, o creditador possa exercer a
ação cambiária, não se trata de garantia, mas de emprêgo de título abstrato
de crédito, para efeitos mais prestos.
A garantia é negócio jurídico que pode ser condição da eficácia do
contrato de abertura de crédito: se o creditado não presta a garantia, a
despeito de estar concluído o contrato de abertura de crédito, pode o credi-
tador recusar-se a pôr à disposição do creditado o que êsse poderia retirar,
ou mesmo opor a exceção non adimpleti contractus, pois inadimplenti non
est adimplendum, embora já tenha comunicado estar à disposição do credi-
tado. Em todo o caso, a garantia pode ser exigida sem ser como elemento
condicional da eficácia do contrato de abertura de crédito.
O art. 764 do Código Civil é invocável, no que se subentende, que é
a respeito do dever de reforçamento da garantia (art. 762,1), em caso de
deterioração ou desvalorização do bem dado em-garantia.

2. ABRANGÊNCIA DA GARANTIA E EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA. -


Em princípio, a garantia pessoal ou real só se extingue ao cessar a relação
jurídica da abertura de crédito. Ela cobre a soma de todos os débitos oriun-
dos das retiradas, salvo se, prestada por terceiro, foi restringida a certo
importe. No momento em que se presta, de ordinário é referente a débitos
futuros, o que não encontra qualquer obstáculo no sistema jurídico, quer se
trate de garantia pessoal quer de garantia real. Entende-se que são garanti-
dos todos os débitos que nascerem da relação jurídica de abertura de cré-
dito, não aqueles que, embora credor seja o creditador, tenham outra fonte.
Se em conta corrente a abertura de crédito, as garantias apanham os débitos
anteriores a qualquer entrada e os débitos posteriores a qualquer entrada.
No caso de ser prorrogado o contrato de abertura de crédito, as garan-
tias pessoais ou reais, prestadas por terceiro, somente persistem se também
as prorrogou o terceiro. No que tange com as garantias prestadas pelo pró-
prio creditado, o que se há de entender é que elas persistem, consideradas
garantias em prorrogação.
O que acima se disse sôbre a prorrogação do contrato de abertura
de crédito não se há de invocar a respeito da renovação do contrato de
abertura de crédito, pelas razões que fazem diferentes os dois contratos.
Renovar não é prorrogar (Tomos XVIII, § 2.020, 2; XXXVI, § 4.063, 3;
XL, §§ 4.462 e 4.463; XLI, § 4.495).
A garantia hipotecária, em caso de abertura de crédito, inicia a sua
eficácia no momento da inscrição, posto que ainda não existam os créditos
que ela garante. A existência da garantia hipotecária é, portanto, anterior
à existência de qualquer crédito, salvo se, ao ser concluído o negócio ju-
rídico da hipoteca, já havia dívida. O que se garante é o saldo devedor ao
ser fechada a conta corrente; ou, se não foi em conta corrente a abertura
de crédito, o crédito de restituição da soma que se retirou. Se o devedor já
restituiu o que retirara, a garantia hipotecária não se estende às somas que
foram retiradas depois da restituição.
Houve quem sustentasse que a garantia dada após a abertura de crédi-
to já utilizada não cobre o que se tinha retirado (GIUSEPPE DONADIO, Gli
Accreditamenti bancari, 98). Sem razão: primeiro, porque as retiradas são
parcelas do crédito aberto; segundo, porque, ao fechar-se a conta, é que
se sabe qual o débito; terceiro, se em conta corrente a abertura de crédito,
cada crédito perde, no momento em que se lança, algo de significação in-
dividual, sem que deixe de ser o que era.
Se a pessoa a favor de quem se abriu o crédito deu garantia hipotecá-
ria, ou alguém a deu por ela, e entregou títulos cambiários ou cambiarifor-
mes ao creditador, aludindo-se a isso no contrato de abertura de crédito, o
importe de cada título é garantido, sendo qualquer endossatário titular do
crédito e da garantia.
Somente com a exibição dos títulos pode ser cancelada a hipoteca.

Panorama atual pelo Atualizador j

§ 4.627. A - Legislação
A possibilidade db creditador exigir o reforço da garantia de direito real, sus-
tenta-se hoje nos arts. 1.427 (de mesmo conteúdo do art. 764 do CC/1916) e
1.425,1, do CC/2002 (que reproduz o art. 762,1, do CC/1916). j
Em relação às garantias pessoais, o art. 826 do CC/2002, permite ao devedor
exigir a substituição do fiador que se torne insolvente ou incapaz. Já o art. 835
faculta ao fiador exonerar-se da obrigação que tiver assumido sem limitação de
tempo, mediante notificação do credor, subsistindo os efeitos da fiança, todavia,
até sessenta dias após a notificação.
Diga-se, da mesma forma, que o art. 333, III, do CC/2002, estabelece como
causa de vencimento antecipado da dívida, 'a cessação ou insuficiência das ga-
rantias do débito, negando-se o credor a reforçá-las.
O penhor de títulos, mediante entrega ao credor, regula-se pelo disposto no
art. 1.451 et seq, do CC/2002.

§ 4.627. B- Doutrina
A regra compreendida pela doutrina em matéria de garantias é de que não
persistem as prestadas por terceiros quando da prorrogação do contrato que dá
causa ã dívida, sem sua anuência. Já em relação às garantias prestadas pelo
próprio devedor, compreendem-se como prorrogadas se não houver declaração
expressa em sentido contrário.
Destaca a doutrina, contudo, acerca dos efeitos da transformação da nature-
za da dívida, de saque a descoberto em conta corrente, para saque decorrente
de abertura de crédito, especialmente para fins da legislação falimentar, a tornar
revogáveis os pagamentos feitos pelo falido nesta condição (SALOMÃO NETO, Edu-
ardo. Op. cit., p. 219).

§ 4.627. C - Jurisprudência
A responsabilidade do fiador pela garantia da dívida não contempla a prorro-
gação do contrato do qual não foi notificado, nem expressou anuência (TJPB, Ap
200.2002.077270-9/001, 4.a Câm., j. 10.01.2006, rei. Des. Antônio de Padua Lima
Montenegro, DJPB 24.02.2006, RT 851/314). Da mesma forma, não responde
quando houver transação entre credor e devedor, dando causa a novo contrato
(STJ, REsp 1047117/PE,3.aT.,j. 06.10.2009, rei. p/acórdão Min. Nancy Andrighi,
DJe 03.12.2009). Já quando se trata de Letra de câmbio fundada em contrato de
abertura de crédito, pode o avalista opor exceções de inexistência ou desapare-
cimento da dívida original (STJ, REsp 162.332/SP, 3. a T. j. 29.06.2000, rei. Min.
Eduardo Ribeiro, DJU 21.08.2000, AT784/191). Da mesma forma anote-se que
títulos emitidos em reforço de garantia de contrato de abertura de crédito mantêm-
-se vinculados a ele, nos termos da Súmula STJ 258, não se constituindo título
executivo em razão de sua iliquidez. O contrato de abertura de crédito, contudo, é
hábil, uma vez acompanhado pelo demonstrativo do débito, para a propositura de
ação monitoria (Súmula STJ 247).

§ 4.628. PRORROGAÇÃO E RENOVAÇÃO DO CONTRATO


DE ABERTURA DE CRÉDITO

1. PRORROGAÇÃO DO CONTRATO. - O contrato de abertura de crédito


pode ser prorrogado. Só há prorrogabilidade se ainda não se extinguiu a
relação jurídica de abertura de crédito. As garantias somente se estendem
ao trato de tempo que se aditou se foi estabelecido no negócio jurídico
de garantia. Se foi o creditado que a deu, é de entender-se que prorrogou,
também, o prazo da garantia. Sem razão, LUIGI DEVOTO (UObbligazioni a
esecuzione continuata, 97 s.). Se a garantia foi dada, mesmo por terceiro
por tempo em que cabem o tempo do contrato e o da prorrogação, a garan-
tia abrange, obviamente, o tempo da prorrogação.
Se houve, ao têrmo do contrato, a tiragem do saldo, a garantia hipote-
cária não se transplanta, de regra, à renovação do contrato de abertura de
crédito. Mas estende-se ao nôvo prazo, se houve prorrogação, o que só se
pode dar antes de acabar a relação jurídica antes existente. Se a garantia foi
feita por terceiro, mesmo a prorrogação do contrato não importa prorroga-
ção da garantia hipotecária.
O que acima se disse sôbre a garantia hipotecária também se entende,
mutatis mutandis, a propósito do penhor.

2. RENOVAÇÃO DO CONTRATO. - Se, e m vez de prorrogação, há re-


novação do contrato de abertura de crédito, o contrato é nôvo. É ques-
tão de interpretação a de saber-se se a garantia dada pelo creditado pula
para o outro contrato. Se a garantia foi dada por terceiro, o que se há de
entender, salvo cláusula em contrário, ou pacto adjecto que se refira à
renovação, é que a garantia cessou com o contrato extinto. Todavia, se
foi fixado tempo maior e nele cabe o contrato de renovação, o terceiro
está vinculado.

Panorama atuai pelo Atualizador

§ 4.628. A- Legislação
No tocante às garantias pessoais, o Código Civil vigente permite, em seu art.
826, ao devedor, exigir a substituição do fiador que se torne insolvente ou incapaz.
No mesmo sentido, o art. 835 faculta ao fiador exonerar-se da obrigação que tiver
assumido sem limitação de tempo, mediante notificação do credor, subsistindo os
efeitos da fiança, todavia, até sessenta dias após a notificação.
Em relação à garantia hipotecária, o art. 1.499,1, do CC/2002, estabelece sua
extinção na hipótese de cessação da obrigação principal garantida, o que con-
verge com Pontes de Miranda que salvo disposição em contrário, extingue-se a
garantia com a derrogação do contrato a que está vinculada, não se presumindo
sua manutenção no caso de renovação do contrato.
§ 4.628. B- Doutrina
A interpretação de que subsiste a garantia prestada pelo próprio creditado na
hipótese de prorrogação do contrato está conforme ao desenvolvimento contem-
porâneo da boa-fé objetiva e sua associação, em especial à proteção da confiança
tutelada pela teoria dos atos próprios.

§ 4.628. C- Jurisprudência
A jurisprudência consolidou-se no sentido de que a renovação do contrato,
renegociação ou ainda a celebração de confissão de dívida, não impede a revi-
são das condições do contrato extinto no tocante a cláusulas abusivas ou ilegais,
segundo o entendimento de que não se admite a convalidação de ilegalidade
(Súmula STJ 286). Da mesma forma, nas obrigações em geral, entende-se como
não prorrogada a garantia quando da prorrogação da obrigação garantida, sem
que haja a expressa concordância do garantidor (STJ, EDiv 302.209/MG, 3.a S.,
j. 23.10.2002, rei. Min. Gilson Dipp, DJ 18.11.2002, RT 812/167). No tocante à
fiança, a Súmula STJ 332, uniformizou o entendimento que sua constituição sem
a participação de ambos os cônjuges, torna ineficaz a garantia.
CAPÍTULO I I
EFICÁCIA DO CONTRATO
D E A B E R T U R A D E CRÉDITO..

§ 4.629. EFEITO PRINCIPAL DE ABERTURA

1. MOMENTO DA EFICÁCIA PRINCIPAL. - O c o n t r a t o d e a b e r t u r a d e


crédito conclui-se e a sua eficácia pode começar imediatamente, ou depois.
Não raro, abrem-se os créditos e o creditado logo em seguida saca. Se a
eficácia de abertura - da exigibilidade das retiradas - só se inicia mais
tarde, há tempo em que só existe o direito ao crédito e não existe pretensão.
Todavia, êsse contrato de abertura de crédito pode ser apresentado a
pessoas que tenham negócios com o creditador, a fim de se inteirarem da
situação econômica do creditado.

2. DIREITO, PRETENSÃO E AÇÃO. - O direito do creditado nasce ao


concluir-se o contrato de abertura de crédito. Se houve prazo, ou data fixa,
ou condição, para pôder exercer êsse direito (= ter a pretensão = fazer as
retiradas), a exigibilidade foi diferida. Se o creditador recusa entregar o
que teria de pôr à disposição do creditado, nasce a êsse a ação.

i Panorama atual pelo Atualizador

| § 4.629. A- Legislação
; O art. 134 do CC/2002 estabelece que os negócios jurídicos entre vivos,
celebrados sem prazo, são exeqüíveis desde logo.
No que se refere ao conhecimento da existência do contrato para pessoas que
tenham negócios com o creditador, deve-se observar os limites estritos fixados na
LC 105/2001, que trata do sigilo das operações de instituições financeiras.

§ 4.629. B- Doutrina
Há acordo da doutrina quanto ao momento em que nasce o direito do creditado,
uma vez que converge com o entendimento de que se trata de a abertura de
crédito de contrato consensual. Eventual inadimplemento do creditador, contudo,
entende-se que dá ensejo, apenas, à reparação civil, não comportando-se a
possibilidade de exigir-se cumprimento específico da obrigação de fazer (tornar
disponível), transformando-a em obrigação de dar (tradição do dinheiro).

§ 4.629. C - Jurisprudência
Segundo a jurisprudência, quando se trate de contratos de consumo, a
abertura de crédito deve ser aceita expressamente pelo consumidor, não
podendo ser condicionada a aquisição de outro produto ou serviço, sob pena de
caracterizar venda casada, acarretando a invalidade dos contratos celebrados
(TRF-3.3 Reg., ApCiv 345/SP 2003.61.19.000345-7, 2.a T„ j."26.04.2011, rei. Des.
Cotrim Guimarães).

§ 4.630. MODO, LUGAR E TEMPO DE EXERCÍCIO


DA PRETENSÃO DO CREDITADO

1. CONTEÚDO DO CONTRATO. - O contrato de abertura de crédito tem


de dizer como se há de levantar o que se põe à disposição do creditado
(aliás, do que se deve pôr à sua disposição), onde e quando, inclusive desde
quando e até quando. Aí podem aparecer termos e condições. Nada obsta
a que o levantamento ou retirada se faça de uma vez, ou por frações, a
datas fixas ou a líbito do creditado, ou após comunicação do creditador,
dentro de prazos. A propósito do lugar, ao creditador e ao creditado é dado
determiná-lo (e. g., na sede, na filial tal, ou na sucursal tal, ou na agência
tal). Se nada se estabeleceu no contrato de abertura de crédito, o lugar em
que se há de exercer a pretensão ao crédito é a sede do estabelecimento
creditador; mas, se foi a sucursal, a filial, ou a agência que abriu o crédito,
aí é que se entende ter de ser exercida a pretensão ao crédito.
Quanto ao tempo, se nada se regulou expressamente, tem-se por
exercível a pretensão ao crédito desde que se concluiu o contrato de
abertura de crédito até que se extinga a relação jurídica, normalmente - até
que se encerre a conta, ou seja o momento em que se encerraria.
No tocante ao modo do exercício, ou o contrato foi expresso, ou
há elementos, nele, para interpretação, ou se tem de considerar que os
levantamentos são de dinheiro, feitos pelo creditado, ou a terceiro,
mediante carta ou outro meio que o direito e os usos reputem suficientes
para a legitimação do terceiro. Para que possa ser por meio de cheques, é
preciso que o creditador possa autorizar tais saques e que o haja autorizado,
em relação ao crédito aberto. Se o creditado legitimou o terceiro a receber
a quantia por êle devida, necessariamente o instrumento de legitimação
há de conter comunicação de vontade ao creditador. Por exemplo: "O
portador é tomador da nota promissória p, por nós subscrita e emitida, a
quem pedimos que efetue o pagamento".
Sempre, porém, que o creditador tem, para atender ao creditado, de ser
figurante de negócio jurídico, unilateral (avalista, aceitante, endossante);
bilateral (fiador, empenhante, hipotecante), ou plurilateral, é indispensável
que a isso se haja vinculado no contrato de abertura de crédito, ou que, na
ocasião, o queira, ou por pacto adjecto se haja vinculado.

2 . RETIRADAS. - O exercício da pretensão do creditado, dito,


vulgarmente, a utilização do crédito, tem de ser na conformidade de
cláusula contratual, ou de pacto adjecto, ou dos usos locais.
Se nada ficou explícito ou implícito negocialmente, o creditado
somente pode exigir dinheiro. Salvo estipulação em contrário, o creditado
pode ceder a outrem a sua pretensão, que não é, ainda, no sentido técnico,
crédito (o crédito apenas está aberto, e a pretensão é ao crédito, e não desde
já crédito).
Para que possa subscrever e emitir cheque, é preciso que se haja
permitido (cláusula de cheque). Igualmente, a propósito de aceite de
letras de câmbio e duplicatas mercantis, subscrição e emissão de notas
promissórias, avales e endossos.
A carta ou outro documento pelo qual o creditado autoriza a pagar
título de crédito é equiparado ao recibo de retirada. O creditador tem de
tomar o cuidado necessário quanto ao documento.
Se o creditado tem conta de depósito bancário no estabelecimento
creditador, pode pedir que deposite na sua conta a retirada, desde que envie
o recibo ou a carta.
O contrato de abertura de crédito não é pré-contrato, porque não
se promete concluir contrato: já se contratou; cumpre que o creditador
adimpla. Já se pôs à disposição do creditado o crédito; por isso está o
creditador adstrito a ter à disposição do creditado aquilo que êle retire e
assim se faça devedor. Esse efeito é imediato; o efeito de se tornar devedor
o creditado é eventual: ocorre, se o creditado utiliza o crédito que se lhe
abriu. A cláusula de dever retirar pré-elide a eventualidade, porque torna
inadimplemento de dever a omissão.
Nos contratos de custódia, o que fica à disposição é o bem custodiado.
No contrato de abertura de crédito, é o crédito, no sentido de confiança
(cf. HERMANN HEROLD, Bank- und Bõrsenrecht, 29). Concluído o contrato
de abertura de crédito, nada tem de prestar o creditado, salvo a comissão,
se é o caso de pagamento imediato, ou antes das retiradas: o débito é
credendi causa, devedor é o creditador (ERNESTO SIMONETTO, I Contratti
di credito, 377 s.).
Na prática bancária, quando se fala de abertura de crédito, entende-se
a dação de crédito a descoberto.
A chamada abertura de crédito com depósito de. cambiais não é mais
do que antecipação em conta corrente com depósito de cambiais. Os
títulos cambiários ou cambiariformes são aí em garantia do que se retirai-
mas isso não obsta a que se conceba o contrato de abertura de crédito com
a garantia de títulos cambiários ou cambiariformes. Os títulos dados em
garantia não passam a ser de propriedade e posse do creditador. A posse é à
semelhança da posse do credor pignoratício. No dia em que se fecha a conta
e se verifica que o creditado é devedor, dá-se a sucessão pelo creditador.
Antes disso, ao título apenas corresponde crédito eventual a favor do
creditador, razão por que êsse dêle não pode dispor. Se foi permitida a
circulação do crédito, ao creditador é facultado dispor dos títulos, ou por
endosso, em se tratando de títulos endossáveis, ou por simples tradição, se
ao portador.
Se foi pactuado que o creditado tem de entregar títulos de crédito
ao creditador para que possa retirar quantias, o contrato não é contrato
de abertura de crédito, mais freqüentemente se compõe o pré-contrato de
operações cambiárias ou cambiariformes. Se o creditador tem dever de
descontar, ou apenas de receber em garantia, é óbvio que se está diante de
promessa de negócios jurídicos unilaterais ou de desconto bancário.
O contrato de abertura de crédito pode consistir em promessa do
creditador de subscrever títulos de crédito a favor do creditado, ou a
êle endossados, ou feita a eles a tradição, para que o creditado com eles
obtenha as quantias que quer (cf. F. LEITNER, Das Bankgeschãft und seine
Technik, 4 s.).
Se foi preciso algum negócio jurídico em que deve figurar o creditador,
como a subscrição e a emissão de título cambiário, ou o aval, ou o endosso,
tal negócio jurídico entra no ato devido pelo creditador.

3. ABERTURA DE CRÉDITO EM MOEDA ESTRANGEIRA. - O c r e d i t a d o


não pode exigir do creditador que lhe preste, em vez de moeda nacional,
moeda estrangeira. Tal operação inseriria no contrato de abertura de crédito
contrato de comissão (cf. GIUSEPPE DONADIO, Gli Accreditamenti bancari,
75 s.), ou seria por fora. Ou o creditador adquire, em seu próprio nome,
mas por conta do creditado, a moeda estrangeira; ou a adquire no nome do
creditado, ou a tem e lha fornece.
No momento em que o creditador adquire, em seu próprio nome, mas
por conta do creditado, a moeda estrangeira, sêm ter de ser restituída tal
moeda estrangeira entregue ao creditado, exerce função de comissão, pois
só no momento da entrega ou da comunicação de ter adquirido, ficando em
depósito irregular, se pode pensar em retirada pelo creditado.
Desde que houve a aquisição sem infração de cláusulas contratuais
ou de pactos adjectós, não importa a variação do câmbio. Se o creditador
se antecipou em comprar a moeda estrangeira, em seu nome, os riscos de
desvalorização somente são seus, como as vantagens da valorização da
moeda. O creditado só tem as perdas e os lucros desde que se pode considerar
feita a tradição da moeda, mesmo quando por meio de depósito irregular,
salvo se foi fixado pelo creditado ou por acordo o dia em que se adquiriria.

4. COMISSÃO DO CREDITADOR. - O c r e d i t a d o t e m d e p r e s t a r a o
creditador comissão de abertura de crédito, que não se confunde com os
juros. Os contraentes podem estipular que só é devida em caso de não
utilização do crédito aberto. Nesse caso, ao fechar-se a conta, isto é,
expirado o tempo para o exercício da pretensão ao crédito, é que nascem
ao creditador direito e pretensão à comissão.
Discute-se se a falta de pagamento da comissão devida desde a
conclusão do contrato, ou desde o início do exercício da pretensão ao
crédito, ou no dia ou prazo que foi determinado, importa resolubilidade
ou resibilidade do contrato de abertura de crédito. A melhor solução é no
sentido de não bastar à desconstituição da relação jurídica, por se tratar de
porção pequena (ADRIANO FIORENTINO, Contratti bancari, Commentario
dei Códice Civile de A. SCIALOJA e G, BRANCA, IV, 485). Aliás, a comissão
pode ser inserta no saldo final, se assim se assentou, ou resulta de uso.
Se as retiradas são creditadas independentemente de ato do creditado,
o que pode ocorrer, a comissão é devida, como são os juros, se o creditado
não utiliza o que lhe foi creditado. Aí, o creditado levanta se quer, mas
seria êrro pensar-se em condição potestativa (Código Civil, art. 115 2 a
parte): o credor é, aí, o creditado.
Na abertura de crédito em conta corrente, o creditado pode fazer
entradas, o que importa restituição total ou parcial, de modo que
dificilmente se poderia apurar a infração do dever de retirada. Por isso,
é de uso prever-se comissão especial se não se atingir o mínimo de
levantamento (MARIO MAZZANTINI, Lezioni di Técnica bancaria, 161 s.).
De ordinário, a solução é a ação de ressarcimento, conforme o contrato, ou
a aplicação da cláusula penal, se houve.

5. JUROS E ABERTURA DE CRÉDITO. - O s j u r o s "somente p o d e m ser


sôbre o crédito utilizado, sôbre a retirada ou as retiradas; não sôbre o
crédito apenas aberto. O creditado, antes de retirar, não deve; portanto,
não há pensar-se em interêsses. Os juros são os convencionais; se não os
houve, e a abertura de crédito é comercial, os legais. Se o creditado retirou
mais do que estava previsto, houve perda de valuta (cf. PAOLO GRECO, Le
Operazioni di banca, 293), e sôbre isso também correm os juros.
Se o creditado já tem de pagar e há mora, fluem os juros moratórios,
segundo os princípios.

6. INCOMPENSABILIDADE DO CRÉDITO ABERTO. - N ã o há compensação


contra o crédito aberto, isto é, entre o que o creditado deve ao creditador,
em conseqüência de outra fonte de dívida, e o crédito (BETOCCHI,
Del Contratto di apertura di credito, 166; GIUSEPPE DONADIO, Gli
Accreditamenti bancari, 86 s.).

7. DURAÇÃO PROLONGADA. - O cumprimento do contrato de abertura


de crédito é duradouro (habet dependentiam de futuro). Por isso mesmo,
há a denúncia.
Se foi dada garantia e se tornou insuficiente, pode o creditador
exigir o suplemento, ou, em se tratando de fiança, a substituição do fiador
insolvente.
8. LIMITE DO QUANTO RETIRAVEL. - D e ordinário, os figurantes do
contrato de abertura de crédito determinam o quanto máximo da soma
dos levantamentos, se não é em conta corrente; se em conta corrente, qual
a soma dos saldos-expedientes contra o creditado. Se foi retirado todo o
quanto do crédito, o creditado em conta corrente pode fazer entradas e
volver a pôder retirar. Na abertura de crédito simples, esgotado o quanto
de crédito, o creditado nada mais pode esperar, salvo se sobrevém pacto
adjecto de ser em conta corrente.
Com a retirada última e a extinção do crédito, resta indagar-se se
o contrato previu data ou fato que haja de determinar a exigibilidade
pelo creditador. Porque nem sempre a pretensão nasce com o direito ao
reembolso. Daí ser sem razão o que escreveu PAULO DE LACERDA (Do
Contrato de Abertura de crédito, 2. a ed., 377), sôbre se dissolver (!) o
contrato com a retirada que atinge o limite.
Nada obsta a que, dentro do quanto creditado, se fixem as quantias ou
os momentos em que se possam retirar as frações.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.630. A- Legislação

Sobre a necessidade de que conste expressamente a utilização da cláusula


que impõe a obrigação de utilização do crédito e seu afastamento da qualidade
de condição potestativa, a referência ao art. 115, 2.a parte, do CC/1916 deve ser
tomada hoje como indicação do art. 122, 2.a parte, do CC/2002.
Refere Pontes de Miranda sobre o caráter duradouro do contrato de abertura
de crédito, com a possibilidade como causa para que se admita em relação a ele
a denúncia, de que trata o art. 473 do CC/2002.
A possibilidade de exigir-se a substituição do fiador que se torne insolvente
ou incapaz consta do art. 826 do CC/2002. No que se refere à possibilidade
do creditador exigir a suplementação da garantia incidem, quando se trate de
garantia real, os arts. 1.427 e 1.425,1, do CC/2002. Nada impede que se aplique,
igualmente, a regra do art. 477, que permite exigir a reforço da garantia quando |
haja dúvida no cumprimento. i
| Na distinção entre a abertura de crédito e o contrato de comissão que se !
caracteriza ao ter como objeto moeda estrangeira, nos termos mencionados por j
| Pontes de Miranda, incidem as regras do art. 693 et seq, que disciplina a comissão I
! como contrato típico no Código Civil de 2002. j
j Quando se caracterize como contrato de consumo, a abertura de crédito
j submete-se à incidência do Código de Defesa do Consumidor (arts. 2.°, 3.° e 29), j
| inclusive para regulação do dever de informar do creditador (arts. 30, 31 e 52) e '
do conteúdo do contrato (especialmente, art. 51 do CDC). [
A Lei 10.931/2004 cria a cédula de crédito bancário, título de crédito j
representativo da promessa de pagamento em dinheiro, decorrente de operação I
de crédito, de qualquer modalidade, com natureza de título de crédito extrajudicial. '

§ 4.630. B - Doutrina

Sobre a natureza do contrato de abertura de crédito, observe-se uma


vez mais, que há na doutrina quem o assemelhe ao pré-contrato de mútuo,
constituindo, todavia, entendimento minoritário. Observe-se ainda o entendimento
uníssono da doutrina na exigência de declaração expressa para formação do j
contrato, ainda que se possa, especialmente em relação aos usos e costumes i
bancários, admitir-se práticas que se devem a confiança entre creditado e
creditador ao longo da relação contratual, especialmente quando se trate de
crédito a descoberto. Esse entendimento, contudo, merece-reservas quando se
trate de relação de consumo típica.
O conteúdo do contrato de abertura de crédito admite-se que seja realizado
com fundamento no regime do Código de Defesa do Consumidor, com fundamento
no seu art. 51, quando se trate de relação de consumo, ou ainda considerando-se
o consumidor por equiparação.
No tocante à comissão de crédito, é denominada usualmente na prática
bancária como taxa de abertura ou mais recentemente comissão de manutenção
de limite de crédito, cuja discussão doutrinária contemporânea, orienta-se pela
interpretação que a sustenta com fundamento na bilateralidade do contrato,
em contraposição ao entendimento que a qualifica como tarifa bancária a exigir
contraprestação de serviço, sob pena enriquecimento indevido do creditador.

§ 4.630. C - Jurisprudência

O entendimento da jurisprudência converge com o entendimento de Pontes


de Miranda no que se refere ao momento a partir do qual são devidos juros,
qual seja, do efetivo uso do dinheiro, e não já quando se torna disponível ao
creditado (STJ, REsp 791.676/GO, 4. a T., j. 28.06.2011, rei. Min. Luís Felipe
Salomão, DJe 18.08.2011). Sobre a taxa de abertura de crédito, entre os que
sustentam a possibilidade de cobrança (STJ, AgRg no REsp 897.659/RS, 3.a
T., j. 26.10.2010, rei. Min. Pauio de Tarso Sanseverino, DJe 09.11.2010) e os
que a rejeitam (AgRg no REsp 985.679/RS, 4 a T„ j. 06.11.2007, rei. Min. Aldir
Passarinho Júnior, DJ 10.12.2007).
CAPÍTULO III
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA
DE ABERTURA DE CRÉDITO

§ 4.631. EXISTÊNCIA E EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA


ENTRE CREDITADO E CREDITADOR

1. CAUSAS DE EXTINÇÃO. - A relação jurídica da abertura de crédito


extingue-se como as outras relações jurídicas do Direito das Obrigações,
especialmente de origem contratual. Assim, se desconstituído foi o contra-
to de abertura de crédito, por haver nulidade, não se pode falar de extin-
ção da relação jurídica de abertura de crédito, porque essa não existia. Os
negócios jurídicos nulos, em princípio, não irradiam direitos e deveres. Se
havia anulabilidade, há extinção, em virtude da decisão que desconstitua o
contrato de abertura de crédito.
Também há a desconstituição pela resolução, ou pela resolução, ou
pela resilição, se, na espécie, é possível cogitar-se de vício redibitório.
Há também o distrato.
O contrato de abertura de crédito pode não ser desconstituído, mas
extinguir-se a relação jurídica entre o creditado o creditador.
No contrato de abertura de crédito pode ser inserta cláusula de condi-
ção resolutiva ou resilitiva.

2. TÊRMO OU CONDIÇÃO. - A relação jurídica de abertura de crédito


extingue-se se advém o têrmo ou se se imple condição final (e. g., "fica
aberto o crédito até 31 de dezembro do ano próximo", "fica aberto crédito
até se ultimarem obras do túnel").
Na abertura de crédito simples, o que se pode tomar, periodicamente,
contabilisticamente, é só o importe das retiradas. Na abertura de crédito em
conta corrente, os saldos enquanto não se atinge o têrmo, ou não se imple
a condição para encerramento, são saldos-expedientes, sôbre os quais se
contam juros. O art. 253 do Código Comercial é invocável; porém, como
em tôdas as contas correntes, a periodicidade pode não ser a anual.
Além dêsses saldos-expedientes, anteriores ao verdadeiro saldo, há
as tomadas acidentais de saldos (cf. T. GIANNINI. I Contratti di Conto
corrente, § 77). Com os saldos-expedientes, sabe-se a quantas anda a
conta corrente, ou quanto retirou, ao todo, o creditado da abertura de
crédito simples.
O visto ou reconhecimento pelo creditado é como o que se dá em
qualquer conta corrente e tem os mesmos efeitos. Aliás, basta a assinatura
na cópia entregue ao creditado (Reg. n. 737, de 25 de novembro de 1850,
art. 152, § 5; Código Civil, art. 131). Se há dúvida, pode ser provado por
testemunha que a assinatura é verdadeira.
Se o creditado recebe o saldo-expediente ou final e não reclama, den-
tro do prazo marcado, presume-se o reconhecimento (cf. Reg n. 737, art.
152, § 5). A presunção é iuris tantum.
Mesmo se houve reconhecimento, pode ser alegado e provado o êrro,
ainda se não foi aposta a cláusula S. E. ou O.
Aliás, pode sobrevir estorno de verbas por se verificar que alguma foi
lançada ilegitimamente (e. g., o cheque era sem fundos, nulidade do título
cujo valor se lançou, duplo lançamento, êrro de escrituração).
Com a expiração do têrmo final, é exigível o saldo, no caso de crédi-
to, sem que seja de mister a intimação para se constituir a mora ou para
fazê-la eficaz, respeitado, porém, se mercantil o contrato de abertura de
crédito, o art. 138 do Código Comercial. É permitida a cláusula de prazo
para a exigibilidade.

3. PRAZO INDETERMINADO, DENÚNCIA E RENÚNCIA. - S e a abertura de


crédito é sem prazo determinado pode ser denunciada pelo creditador (de-
núncia vazia), ou renunciada pelo próprio creditado. Não se pode falar de
denúncia pelo creditador e pelo creditado, nem, como se faz em sistemas
jurídicos estrangeiros, empregar expressão equívoca ou ambígua, como
a expressão italiana "recesso". No caso de tempo determinado, somente
pode haver a resolução, ou a resilição, ou a denúncia cheia. Se o creditado
ou o creditador deixa de adimplir algum dos deveres, há a resolubilidade
ou a resilibilidade, como pode ser exercida a exceção non adimpleti con-
tractus ou a exceção non ríte adimpleti contractus.
A denúncia é negócio jurídico unilateral, receptício, não formal, salvo
cláusula ou pacto em contrário, e eficaz desde a notificação.
São justas causas para a denúncia cheia, se o contraente preferiu base-
ar-se em algum fato para denunciar, as mesmas causas que seriam invocá-
veis se houvesse prazo determinado.

4. PRAZO DETERMINADO E DENÚNCIA CHEIA. - S e O contrato d e aber-


tura de crédito é a prazo determinado, não há denunciabilidade vazia. A
denúncia cheia pode existir se advém justa causa, que o contrato, ou a lei,
ou o uso prevê. Por exemplo: se o Estado vai retirar à emprêsa a permissão
de operar com aberturas de crédito, por ser caso previsto em lei, o credi-
tador pode denunciar, com essa alegação (esse enchimento), o contrato de
abertura de crédito, e o mesmo pode fazer o creditado.
São justas causas para a denúncia cheia, feita pelo creditador: a) a
mudança para má ou para pior da situação econômica do creditado, de
jeito a pôr em perigo, para o creditador, a restituição futura pelo creditado,
salvo se há ou se sobrevém suficiente garantia; b) se a garantia se tornou
insuficiente, a falta de reintegração da garantia prestada; c) destinação
dada à soma com infração de cláusula contratual que precisa a destinação
ou as destinações.
A denúncia pode encher-se com a alegação de impossibilidade super-
veniente da prestação, se de causa estranha à vontade do denunciante.

5. FALÊNCIA, INSOLVÊNCIA E ABERTURA DE CRÉDITO. - T e m - s e dis-


cutido se a falência do creditado é justa causa para a denúncia cheia do
contrato, ou se é causa de resolução ou de resilição, ou se não é suficiente
para qualquer dêsses casos de extinção da relação jurídica de abertura de
crédito. A princípio, afirmava-se que a falência extingue a relação jurídica
de abertura de crédito, sem se precisar, aliás, se a espécie seria de resolu-
ção ou de resilição, ou de denúncia cheia (e. g„ A. LE FRANÇOIS, que fazia
reviver o crédito com a concordata; M. FALLOISE, no mesmo sentido).
GUSTAVO BONELLI partia da concepção, falsa, de ser pré-contrato o
contrato de abertura de crédito, e concluía que, em caso de falência do
creditador, não poderia êsse continuar vinculado, pois quem não tem bens
disponíveis não pode fazer crédito; em caso de falência do creditado, o
falido não está mais em situação de exercer a pretensão e, se a massa o pu-
desse, haveria novação (?!), o que dependeria de manifestação de vontade
do creditador.
No Brasil, PAULO DE LACERDA (DO Contrato de abertura de crédito,
a
2. ed., 373 s.), depois de frisar que se não há de confundir com as contas
correntes o contrato de conta corrente, afirmou que a falência de qualquer
dos contraentes faz cessar a relação jurídica de abertura de crédito, se era
em conta corrente o contrato, inclusive se isso só ocorre em virtude de
pacto adjecto, mesmo tácito. Se não o era nem era a prazo, a falência do
creditado dá ao creditador razão para denúncia cheia (que êle, atècnica-
mente, chamou "razão justificativa de recusa"). Se tinha prazo, qualquer
dos contraentes pode dar o crédito por fechado.
Quanto à insolvência, pode ser fundamento para a denúncia cheia. Se
o creditado é o insolvente e tem saldo a receber, não há base para a denún-
cia cheia por parte do creditado.
A decretação de abertura da falência faz encerrar-se a conta corren-
te, se a abertura de crédito era em conta corrente. Resulta do art. 45 do
Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945. Se o juiz mandou processar
a concordata preventiva, têm-se por encerradas as contas correntes, pro-
visoriamente. Decretada a concordata preventiva, cessa a dormência da
conta corrente. Cf. Decreto-lei n. 7.661, art. 265, parágrafo único. (Tomos
XXVin, § 3.350, 9, e XXX, §§ 3.489, 2, e 3.492,11).
A dação de provimento a recurso contra a sentença que decretou a
abertura da falência desfaz a decretação e pois os seus efeitos.
A decretação da concordata suspensiva não reabre a conta corrente.

6. IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE. - Se ocorre impossibilidade su-


perveniente da prestação do creditador, o débito de crédito extingue-se. Por
exemplo: o Estado A proibiu que se abxisse crédito em moeda estrangeira,
ou exigiu para isso permissão estatal. Cf. Tomo XXV, §§ 3.054-3.058.

7. INCAPACIDADE, MORTE E ABERTURA DE CRÉDITO. - A incapacidade


do creditado, como do creditador, tem sido considerada causa de extin-
ção da relação jurídica de abertura de crédito (PAULO DE LACERDA, Do
Contrato de Abertura de crédito, 2.A ed., 376 s.; GIUSEPPE DONADIO, Gli
Accreditamenti bancari, 103; PAOLO GRECO, Le Operazioni di banca, 317
s.). Não se trata de contrato intuitu persónae. GIUSEPPE FERRI (Apertura
di credito, Enciclopédia dei Diritto, II, 607) afasta a extinção automática
e faz exceção para o caso de se tratar de creditado empresa que continue
a operar. Com razão, quanto à repulsa à afirmação de automaticidade. No
tocante à exceção que pode haver à extinguibilidade, não há somente uma.
A abertura de crédito para quem está construindo edifício e ficou incapaz,
se a construção não parou, por entender o curador que a devia continuar,
não se extingue com a decretação de interdição do creditado. Há muitos
outros casos.
O que se há de lamentar é que não se tenha atendido a que a causa não
é de resolução ou de resilição, mas sim de denúncia cheia, o que permite
a verificação da suficiência da alegação. Se sobreveio a incapacidade do
creditado, o creditador pode denunciar ou não; e tal denúncia cheia nem
sempre tem fundamente suficiente.
Se a incapacidade é do creditador, não há denunciabilidade se o esta-
belecimento prossegue nas operações, ou se o sucessor do morto é a causa
de morte (herdeiro universal), ou se, sucessor entre vivos, por ter adquirido
dos herdeiros ou legatários, sucedeu nos créditos e nas dívidas. O legatáiio
do estabelecimento creditador, como o sucessor entre vivos em direitos e
dívidas, está adstrito ao respeito do contrato. Sem razão os que falam de
extinção automática da relação jurídica de abertura de crédito, em caso de
morte do creditado ou do creditador. Não há automaticidade, nem pode
ocorrer sem justa causa (denúncia cheia).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.631. A- Legislação

O art. 253 do CCo encontra-se revogado. A regra de capitalização anual dos


juros deduz-se do art. 591 do CC/2002. Em relação aos contratos celebrados com
instituição financeira, contudo, incide a regra da MedProv 2.170-36/2001, que em
j seu art. 5.°, permite a capitalização de juros em período inferior a um ano, nas
operações realizadas por instituições financeiras.
| No tocante à nulidade do negócio jurídico, incide o art. 166 do CC/2002 vi-
j gente. Quando se qualifique como contrato de consumo, incide o art. 51 do CDC.
; Neste caso, importa referir que a nulidade de cláusula do contrato não importará,
| necessariamente, na invalidade do contrato (art. 51, § 2.°, do CDC)
| As causas gerais de extinção do contrato são as estabelecidas nos arts. 472
et seq, do CC/2002. A exceção de contrato não cumprido consta do art. 476 e 477
da mesma lei.
Há direito do credor a cobrar antecipadamente a dívida nos casos de falência
ou concurso de credores, penhora de bens dados em garantia, ou quando cesse !
ou se torne insuficiente à garantia (art. 333 do CC/2002). i
O Dec.-lei 7.661/1945 foi revogado pela Lei 11.101/2005 (Lei de Falências e !
Recuperação Empresarial). O art. 121 da lei vigente reputa encerradas as contas i
correntes com o devedor desde o momento de decretação da falência. No caso
de saldo devedor do creditado, incide, da mesma forma, o art. 77 da Lei, que es-
tabelece como eficácia da declaração de falência o vencimento antecipado das
dívidas do devedor.

§ 4.631. B - Doutrina

Nos contratos de duração, como é o caso da abertura de crédito, especialmen-


te quando contrato bancário de consumo, a doutrina acentua a necessidade das
partes e preservação do sinalagma e do vínculo contratual, reforçando a impor-
tância dos deveres de boa-fé entre os contratantes. Conforme as características
do contrato, costuma-se também reconhecer a aplicação da teoria do adimple-
mento substancial como causa de mitigação da eficácia do direito de resolução,
especialmente no caso a que se refere Pontes de Miranda, da causa que carac-
terize a denúncia cheia. Todavia, não se retira do creditador o dever de avaliar o
risco do contrato, especialmente diante da alteração das condições econômicas
do creditado, e os deveres a serem atendidos em acordo com as regras de super-
visão bancária quanto a prevenção e mitigação de riscos.

§ 4.631. C - Jurisprudência

Entende a jurisprudência, convergente com o entendimento de Pontes de Mi-


randa, que não responde o fiador quando houver transação entre credor e deve-
dor, dando causa a novo contrato (STJ, REsp 1047117/PE, 3.a T., j. 06.10.2009,
rei. p/ acórdão Min. Nancy Andrighi, DJe 03.12.2009). Da mesma forma, a ga-
rantia prestada pelo fiador não contempla a prorrogação do contrato do qual
não foi notificado, nem expressou anuência (TJPB, ApCiv 200.2002.077270-
9/001, 4.a Câm., j. 10.01.2006, rei. Des. Antônio de Padua Lima Montenegro,
RT 851/314).
No tocante a redução do contrato de abertura de crédito, com a nulidade de
cláusulas abusivas quando qualificado como contrato de consumo, a controversa
Súmula STJ 381 fixou o entendimento de que nos contratos bancários não pode
o julgado conhecer de ofício da abusividade de cláusula que dá causa a eventual
nulidade. A Súmula STJ 322, da mesma forma, estabelece que a repetição de
indébito nos contratos de conta corrente, deve ocorrer independente da prova do
erro. Da mesma forma, é fixado pela Súmula STJ 286, que a renegociação de
contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discus-
são sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
§ 4.632. CONSEQÜÊNCIAS DA EXTINÇÃO
DA RELAÇÃO JURÍDICA DE ABERTURA DE CRÉDITO

1. EXTINÇÃO E CRÉDITO. - Extinta a relação jurídica de abertura de


crédito, cessam de existir a pretensão e o próprio direito do creditado a
utilizabilidade do que fôra ou seria posto à sua disposição. Não mais pode
sacar, nem exigir do creditador qualquer ato que signifique adimplemento.
Muito embora houvesse prazo determinado, que não fora atingido, tem o
creditado de restituir as somas ou valores que retirou durante a vigência
da relação jurídica de abertura de crédito, de conformidade com a lei e
as cláusulas contratuais ou pactos adjectos, mesmo se não se estabeleceu
coincidência entre a extinção e a restituição. Não há restituição se não
houve retirada, ou se, sendo em conta corrente a abertura de crédito, não
há saldo devedor contra o creditado.

2. JUROS, COMISSÕES E OUTRAS DESPESAS. - A l é m d e s e restituir o q u e


se levantou, têm de ser pagos os juros, as comissões e as despesas, feitas
pelo creditador, que toquem ao creditado, como as de atos inclusos nas
prestações do creditador.

3. ESPÉCIES DE CAUSAS DE EXTINÇÃO. - N o caso d e denúncia vazia, ou


o contrato exigiu o prazo de eficácia (têrmo de pré-aviso), ou não o previu,
e regem a espécie os usos. Se nada se estabelece, a eficácia é imediata.
A denúncia cheia, essa, depende de justa causa, como o fechamento
do estabelecimento creditado ou do estabelecimento creditador, sem culpa
da emprêsa (se há culpa, a espécie é de resolução ou de resilição).
Atingido o têrmo do contrato de abertura de crédito a prazo, a eficácia
é imediata. No dia seguinte àquele que foi o último dia da relação jurídica
de abertura de crédito, não há mais retirabilidade e têm de ser feitos, sem
tardança, a restituição e os pagamentos de comissões e despesas, salvo
cláusula, pacto adjecto ou uso em contrário.
Quanto às justas causas, o contrato de abertura de crédito pode prevê-
-las. Se não as previu, são justas causas aquelas que impedem o adimple-
mento dos deveres contratuais, embora não possam ser suficientes para se
pensar em resolução ou resilição. Tem-se de prestar atenção à diferença
entre denúncia e resolução ou resilição.
;
II — i

| Panorama atual pelo Atualizador j

j § 4.632. A - Legislação
: í
í A denuncia como causa de extinção do contrato está prevista no art. 473 do i
CC/2002. Os efeitos da extinção da obrigação de fazer por inadimplemento, são !
disciplinados pelo art. 248 do CC/2002. O art. 77 da Lei 11.101/2005, estabelece
j como eficácia da declaração de falência o vencimento antecipado das dívidas do !
j devedor, e por conseguinte, a extinção do contrato.
! |
§ 4.632. B - Doutrina j
i
Dentre as causas de extinção comumente aceitas como justas insere-se o i
inadimplemento pelo creditado de obrigações contratuais diversas, como não
pagamento dos juros ou da comissão devida. Outra causa identificada é a insol-
! vencia ou falência do creditado, que resulta, afinal, de lei (ABRÃO, Nelson. Direi-
to bancário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 168). Identifica-se, igualmente,
como justa causa, a ausência de prestação da garantia concedida. Exclui-se,
contudo, como justa causa, o mau uso do dinheiro, que afinal não se coaduna
com a natureza da prestação principal do contrato que é a de torná-lo disponível.
Todavia, quando a abertura de crédito tem por causa o atendimento de certa
finalidade específica (pot exemplo, os programas de financiamento estudantil), o
descumprimento;da condição específica (e. g. deixar de se manter matriculado
em uma instituição de-ensino), pode dar causa à extinção, mediante denúncia
cheia. Lembrete, igualmente, que a doutrina reconhece como causa justificadora
da denúncia cheia,.não-apenas os deveres principais e acessórios constantes
do contrato, masJgualmehte os deveres laterais, decorrentes da boa-fé objetiva
(MARQUES, Claudia Lima.. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 6. ed.
São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 217).

§ 4.632. C - Jurisprudência

A extinção do contrato, quando efeito de novação, ou tendo havido confissão


de dívida, não impede que se revise seu conteúdo, conforme estabelece a Súmula
STJ 286, especialmente porque nesses casos reconhece a jurisprudência, a conti-
nuidade da relação negociai (STJ, REsp 420.516/RS, 4.a T„ j. 27.06.2002, rei. Min.
| Aldir Passarinho Júnior, DJ 26.08.2002). Da mesma forma, havendo justa causa
para denúncia do contrato, não elimina em qualquer caso o dever de notificação
| prévia do creditado (STJ, REsp 412.651/MG, 3. a T„ j. 25.06.2002, rei. Min. Nancy
j Andrighi, DJ09.09.2002).
TÍTULO XXX
ASSINAÇÃO E ACREDITIVO
(Negócios jurídicos unilaterais
para compor ângulo)

PARTE I

ASSINAÇÃO
CAPÍTULO I
CONCEITO E N A T U R E Z A D A A S S I N A Ç Ã O

§ 4.633. CONCEITO DE ASSINAÇÃO

1. CONCEITO. - Pela assinação, o assinante autoriza, stricto sensu, o


assinado a fazer a terceiro a prestação de dinheiro, valores, ou outros bens
fungíveis, por conta do assinante, e o terceiro recebe, em nome próprio, a
prestação. A princípio, confundia-se a assinação com o mandato, - manda-
to (ao assinado) de pagamento, mandato (ao assinatário) de cobrança. Ora,
o mandato seria plus, em relação à simples autorização, que é o elemento
necessário e suficiente à assinação. Se o assinatário, no caso concreto, tem
de entregar ao assinante o que recebeu, há, também, plus, que é o negócio
jurídico de que se irradiaria êsse dever. Portanto, é excessivo tomar-se por
mandato a assinação; a assinação não é mandato, nem todo duplo mandato
contém assinação.
O conceito de autorização é àbase do instituto da assinação. (Autori-
zação, em sentido lato, há para influir-se na esfera jurídica do autorizante
mediante manifestação de vontade a ser emitida, ou a ser recebida, em
nome do autorizante, ou em nome próprio; autorização, em sentido estrito,
somente há para influir-se na esfera jurídica do autorizante, em virtude da
manifestação de vontade emitida ou recebida em nome próprio, - no que
se diferencia da outra autorização, que é a outorga de pôder, espécie de
autorização em sentido lato.)
A assinação não é contrato. Nem funda qualquer relação jurídica obri-
gacional. Não é, de modo nenhum, ordem ou comando, como pensava O.
WENDT (.Das Allgemeine Anweisungsrecht, 25 s.); nem, tão-pouco, duplo
mandamento; nem outorga de pôder. Apenas se dá, com ela, a alguém a
oportunidade para criar direito. Nisso, parece-se com a outorga de pôder,
sem se identificar com ela: dupla outorga de pôder, doppelte Vollmacht,
queria-a KARL WIELAND (Die Ermáchtigung zum Leistungsempfang, Ar-
chivfiir die civilistische Praxis, 95, 165 s.); outorga de pôder de encaixe
entendiam OTTO LENEL (Stellvertretung und Vollmacht, Jherings Jahrbü-
cher, 36, 117 s.) e F. LENT (Die Anweisung ais Vollmacht, 30 s.). Não há,
nela, qualquer representação: há autorização, e foi bem que o Código su-
íço das Obrigações, art. 466, corrigisse o art. 406 do texto anterior, pondo
"autorizado" (ermãchtigt) onde se dizia "mandado" (beauftragt).
Pode dar-se que, como negócio jurídico subjacente, justajacente ou
sobrejacente à assinação, haja mandato, mas nem isso ocorre sempre, nem
bastaria para se considerar mandato a assinação.
Assinação não é pagamento, nem o importava a delegatio romana. Na
L. 8, § 3, D., ad senatus consultum Velleianum, 16,1, diz-se: "solvit... qui
reum delegat", Também na L. 187, D., de verborum significatione, 50, 16,
na L. 37, § 4, D., de operis libertorum, 38, 1, e naL."26, § 12, D., de con-
dictione indebiti, 12, 6, há alusões. Mas o princípio *Delegatio est solutio
é falso. Era o aceite que lhe dava tal eficácia. Se, em vez de aceite, o dele-
gado pagava, era o pagamento que solvia. O aceite, sem formal novação,
era o caso único em que se poderia pensar em que delegatio est solutio.
Cf. B. BIONDI (Appunti interno agli effetti estintivi delia delegazione nel
diritto romano, Studi Paoli, 97 s.). Aliás, já V. PLUCINSKI (Zur Lehre von
der Assignation und Delegation, Archivfür die civilistische Praxis, 60, 344
s.), contra B. VON SALPIUS (Novation und Delegation, 11 s., 485 s.). Cf.
Tomo XXV, § 3.004, 5.
Também não se pode reduzir a assinação à cessão de crédito. O as-
sinante não cede ao assinatário o seu crédito. O cessionário tem imediata
acionabilidade do crédito contra o devedor, desde que notificado êsse. O
assinado, êsse, ou repele a assinação, ou a aceita (= a atende). Cf. OTTO
WENDT (Das allgemeine Anweisungsrecht, 28v s.) e H. THÕL (Das Han-
delsrecht, 6.a ed., 1086 s.).
Não há, para o assinatário, substituição do seu direito de crédito con-
tra o assinante pelo direito de crédito contra o assinado. Não há confundir-
-se com a eficácia da cessão a eficácia da assinação (HANNS EDELMANN,
Anweisung und Scheck, 12). Quanto ao receptor, quase nunca se pode ver
- no negócio jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente - mandato:
de ordinário, êle recebe e se paga, ou recebe como doação, ou mútuo, ou
por outra causa.
A carta de crédito é a assinação em que se fixa importância máxima,
em vez de se fixar certa importância a ser recebida de uma vez. A acredita-
ção, o acreditivo, êsse, não é espécie de assinação; é instituto diferente, em
que o assinado há de pagar, por exemplo, ao vendedor o que o comprador
deve e o vendedor é autorizado a receber, dependendo de "confirmação" do
assinado a sua obrigação de prestar, confirmação que pode conter comu-
nicação de se ter tornado irrevogável, por exemplo, a abertura de crédito.
A "confirmação" é promessa abstrata de dívida por parte do assinado. Não
se há de pensar, tratando-se de negócio jurídico acreditivo, em contrato
a favor de terceiro: o terceiro estaria exposto às exceções resultantes do
contrato. São assuntos que se hão de tratar na Parte II.
A assinação não é outorga de pôder, como queriam OTTO LENEL e F.
LENT, porque o assinado não incorre em mora pela apresentação do assina-
tário, o assinado não pode exigir do receptor a quitação de que falam os arts.
939-941 do Código Civil (A. VON TUHR, Zur Lehre von der Anweisung, Jhe-
rings Jahrbücher, 48, 9 s.), nem compensar com o receptor ou assinatário.
O que a assinação faz é autorização ao assinado com sujeição ao re-
ceptor ou assinatário. A abstração é evidente, tanto no que concerne à ma-
nifestação unilateral de vontade ao assinado quer no que se refere, com a
entrega do documento, se é o caso, à tradição ao assinatário. O assinado
presta porque foi autorizado a isso, sem ter de trazer à tona qualquer causa
que possa existir.
Quando se diz que a entrega do documento da assinação ao assinatá-
rio, em que consta o nome dêsse, é contrato, ressalta o êrro. A tradição é
pelo acordo, sim; mas seria forçado ver-se na tradição mais do que ela é.
A eficácia do negócio jurídico da assinação vai ao assinado, porque a êle é
que se dirige a assinação (inclusive, se é o caso, a carta de crédito). Não há
acordo de assinação, posto que se possa conceber acôrdo sôbre assinação
já feita, ou por fazer-se.
O assinado, diante da assinação, quer lhe tenha apresentado o assinan-
te, quer tenha sido prestador dela o assinatário ou terceiro, fica autorizado
a prestar, com tôdas as conseqüências jurídicas. Nos mais conhecidos ne-
gócios jurídicos unilaterais, o manifestante da vontade unilateral assume
a dívida se outrem satisfaz pressuposto (e. g., dá-se o prêmio tal a quem
achar a carteira perdida, ou a quem vencer a corrida). Na assinação, o
pressuposto é prestação por alguém, de que nasce - diferença, portanto, no
tempo, em comparação com aqueles outros negócios jurídicos unilaterais
- a dívida do assinante.
O impulso que cria a assinação vem do assinante. Já existe assinação
desde o momento em que entra no mundo jurídico a manifestação unilate-
ral de vontade do assinante. Manifestação de vontade receptícia, que pode
ser revogada, se o assinado ainda não a atendeu, ou de algum modo ainda
não se vinculou para atendê-la. Ver ângulo, na assinação, seria errôneo.
Seria confusão entre existência e eficácia. Na constituição dos negócios
jurídicos não se inserem os seus efeitos. Mais grave ainda seria tê-la como
triangular. O resultado é que traça as duas outras linhas, estranhas à com-
posição negociai.
O assinado pratica o ato, ou se recusa a praticá-lo, porque teve conhe-
cimento do que lhe dirigira o assinante. Pode ignorá-lo até que o assinatá-
rio se apresente, ou envie alguém que lhe mostre o documento, ou até que
terceiro lhe comunique a manifestação de vontade que o assinante emitiu.
O assinatário pode só saber do ato do assinante no momento em que o as-
sinado lhe entrega a prestação, ou mesmo mais tarde, como se o assinado
deixou no escritório do assinatário o cheque, sem dizer por que o fazia.
Os atos do assinado e do assinatário não se integram na constituição
do negócio jurídico de assinação. Mesmo se o ato do assinado é negócio
jurídico entre êle e o assinatário, as manifestações de vontade entre eles
não se põem dentro do negócio jurídico de assinação, unilateral e insusce-
tível de bilateralização, ou, afortiori, de triangularização.
O aceite pelo assinado não é mais do que negócio jurídico unilate-
ral, que êle compõe. No caso de mera prestação solutória ao assinatário,
a entrega é ato-fato jurídico, posto que tenhamos de aludir ao elemento,
conceptualmente necessário, aí simultâneo, ou imediato, do aceite, negócio
jurídico. Se a prestação foi promissória, houve o aceite, ainda que implí-
cito, e o negócio jurídico de que resulte assunção de dívida pelo assinado.
Se o assinatário não quis recolher, houve recusa; se se recusou a con-
sentir no negócio jurídico de que se irradiaria a vinculação do assinado,
nem por isso deixou de haver, embora sem todo o êxito que o assinante
esperava, o negócio jurídico de assinação.
Não se pode reduzir o ato do assinado a ato-fato jurídico, que seria
o da entrega da prestação. Há de ter havido, ou tem de haver o aceite. O
aceite é explícito ou implícito. Nem se pode dizer que, sendo promissória a
assinação, o negócio jurídico entre o assinado e o assinatário nova a dívida.
Se há os pressupostos para a incidência do art. 999, II, do Código Civil,
tem-se novação. Se a assinação era para se solver dívida do assinante, me-
diante pagamento, sem se cogitar de novação, pode o assinado acordar com
o assinatário em que a solução se dê, e o negócio jurídico entre eles pode
concluir-se como de novação, senr consentimento do assinante (cf. Código
Civil, art. 1.001).

2. ESPÉCIES DE ASSINAÇÃO. - A assinação, por parte do assinado, pode


ser para pagar ou para ficar a dever.
(A propósito de letra de câmbio e de cheques costuma-se tratar de
assinação, como se letra de câmbio e cheque o fossem; sê-lo-ia também a
duplicata mercantil. Pertencem os três institutos, mais a assinação, à mes-
ma classe, o que é outra coisa. Também se falou de assinação a respeito
de cheque postal, que de modo nenhum o é. E do acreditivo. Isso não quer
dizer que se não possam invocar certas regras jurídicas que são comuns;
evitemos dizê-las subsidiárias.)
A declaração de assinação é revogável pelo assinante; com a revoga-
ção, a autorização cessa. Não importa se o assinante deve ao autorizado
a receber (assinatário), ou se se obrigou, perante êle, a não revogar. Se o
assinante, com a revogação, pode ser responsabilizado pelo autorizado a
receber, não importa: nada tem isso com a revogabilidade da assinação (F.
KLAUSING, Wechsel- und Scheckrecht, 72). No cheque, dá-se o contrário:
o sacador não pode revogar.
A assinação é inconfundível com o traspasso bancário, de que se tra-
tou no Tomo XXXI, §§ 3.592 e 3.593. N e m há elemento de assinação
no traspasso bancário. Não se entrega nenhum documento ao beneficiado
pelo traspasso bancário. Tão-pouco se há de confundir a assinação com o
cheque pontal ou com a remessa postal.
O traspasso bancário não precisa ser escrito pelo outorgante. Basta,
de regra, a assinatura (ARTHUR MEZ, Beitrag zur rechtlichen Betrachtung
des Giroverkehrs, Archivjur Bürgerliches Recht, 30, 56; sem razão, PAUL
MEYER, Die Girozahlung, 12).
Se o banco costuma fazer traspassos bancários, subentende-se que
há negócio jurídico subjacente, tácito, pelo qual se vinculou às ordens de
traspasso (BRODMANN, Zur Lehre vom Girovertrage, Zeitschrift für das
gesamte Handelsrecht, 48, 125).
Se a ordem de traspasso excede o crédito, o banco ou a honra, ou res-
ponde que não pode cumprir.
A espécie mais freqüente de assinação é a assinação solutória: o as-
sinante incumbe (melhor diremos: autoriza) o assinado a pagar a terceiro.
No falar-se de assinação solutória (solvendi) e de assinação promissória
(promittendi), dá-se a solução sentido extrapolado, pois há prestação, mes-
mo em pecúnia, pelo assinado que não é promissória, nem consiste em
pagamento. Se A quer oferecer a C, em mútuo, ou em doação, a quantia a
que se refere a assinação, e autoriza B a prestar, B presta como se pagasse
e em verdade A nada deve a C. Aliás, a assinação promissória (e. g., para
que B aceite letra de câmbio subscrita e emitida por C) pode ser para solver
dívida de A. A assinação, rigorosamente, ou é de prestação pecuniária, ou
de prestação creditícia.
Quando o assinante é devedor do assinatário e vai ser paga pelo as-
sinado a dívida, a assinação é passiva. Com isso põe-se à dianteira a po-
sição jurídica de quem assina, isto é, de quem manifesta unilateralmente
a vontade.
Se A assina B a prestar a C, seja com entrega de bem seja assumindo
dívida, unilateral ou bilateralmente, é porque A deve a C ou quer que se
estabeleça, com a prestação, algum negócio jurídico, que pode ser a sim-
ples esmola.
A assinação diz-se ativa quando o assinante qúer que o assinado se
vincule perante o assinatário, para que deixe o assinado de ser devedor ao
assinante. Os dois adjetivos são aplicados à assinação sem que se refiram a
ela: referem-se, respectivamente, à relação jurídica que há entre o assinante
e o assinado, que passa a ser credor do assinante, e à relação jurídica que
há entre o assinante e o assinado, que deve àquele. Não há, portanto, van-
tagem em se empregar a qualificação, estranha ao que se qualifica.
Para que haja assinação não é preciso que já exista relação jurídica
entre o assinante e o assinado, de jeito que tenha o assinado dever de aten-
dimento, ou, pelo menos, interêsse em atender (aqui, "interesse" no sentido
do art. 930 do Código Civü).
A assinação promittendi não é rara, porém muito menos freqüente do
que a assinação solvendi e a donandi. Quando se quer que outrem prometa,
por conta de quem manifesta a vontade, o que mais se emprega é a nova-
ção, porém pode dar-se que haja a assinação e a novação, que já se passa
entre assinado e assinatário. Aquele, é negócio jurídico unilateral, no qual
a manifestação de vontade se dirige ao assinado. Êsse, não, é negócio jurí-
dico entre o assinado e o assinatário, que poderia concluir-se mesmo sem
qualquer manifestação de vontade do devedor (Código Civil, art. 1.001).
Também pode faltar qualquer relação jurídica entre o assinante e o
assinatário, inclusive ocorrer que o assinante queira doar ou dar esmola
ao assinatário e nenhum negócio jurídico se crie entre eles, pela recusa de
receber. Aliás, se C deve a D, pode A assinar B para que pague a dívida
de C, dando-se ou não se dando sub-rogação pessoal (Código Civil, arts.
985 II, 989 e 930, parágrafo único). Por onde se vê quão restritos foram
o Código Civil alemão, § 783, e o Código suíço das Obrigações, art. 467.
Também o Código Civil italiano, arts. 1.268-1.276, assaz incompleto ape-
sar de tantos artigos.
O assinante, A, pode querer que o assinado, B, assuma dívida perante
C, assinatário, para que se extinga a dívida de A a C. Essa assinação pro-
missória alude ou não alude ao que existe de relação jurídica entre A e C,
assinante e assinatário. Não precisa aludir. A relação jurídica entre A e C
é estranha à assinação. O ser promissória, ou não, a assinação, isso sim
se prende à assinação. O assinante tem de dizer qual o ato que quer que o
assinado pratique. Se êsse atua diferentemente, mas com o resultado que o
assinante queria, não há inconveniência, mas tudo corre a risco e por conta
do assinado, no que não se enquadra no que o assinante queria.

3. Os FIGURANTES DA ASSINAÇÃO. - O recebedor da assinação, o as-


sinatário, fica, por ela, autorizado a apresentar o documento da assinação,
se o recebeu, por conta do assinante. Não há prazo, fixado em lei, para que
o assinatário apresente ao assinado o instrumento da assinação, para que
dado seja o "aceite" ou a paga (incluído, pois, o aceite). Todavia, corre-lhe
a obrigação de apresentar o instrumento de assinação dentro do tempo
mais breve possível.
Se o assinado se nega a aceitar, ou se êle se nega a prestar, tem o assi-
natário dever e obrigação de comunicar o ocorrido, dentro do menor tempo
possível, ao assinante. Tem o mesmo dever e a mesma obrigação, se não
quer, ou não pode apresentá-la. Todavia, se o assinado manifestou, antes
do vencimento, que não pagaria, tem-se de distinguir se o disse quanto ao
presente e à época do vencimento, ou se somente ao ser-lhe, antes do ven-
cimento, comunicada a existência da assinação, pois o dever e a obrigação
do assinatário, quanto à comunicação ao assinante, só existem na primeira
espécie. Porque o assinado paga por conta do assinante, o pagamento há
de influir na relação jurídica causai (ou abstrata) entre o assinante e o as-
sinado, de modo que êsse, se oneroso o negócio jurídico entre eles, deve
lançar o que paga.
(Em vez de falarmos de "aceitação", dizemos "aceite", para que fri-
sado fique que a manifestação de vontade do assinado é promessa uni-
lateral de vontade, tal como se passa com a letra de câmbio e com a
duplicata mercantil).
Em sentido amplo, assinação é pedido e é autorização, dirigidos a
alguém, para que preste algo a terceiro, por conta do assinante. 0 destina-
tário, assinatário, recebe a prestação que o assinante lhe faz. O assinado
lança contra o assinante aquilo que prestou.
Muito se tem aludido ao triângulo da assinação (ou da delegação).
Os males que daí resultam são graves, porque, se se está a conceituar o
negócio jurídico da assinação, o que mais importa é classificá-lo, primeiro,
como negócio jurídico. Tem-se de verificar qual o pressuposto concernente
à vontade: se o acordo, as duas manifestações de vontade, ou se a manifes-
tação de vontade de uma só pessoa. Aí é que está o cerne dos problemas
atinentes à assinação. Ora, a despeito dos três sujeitos de direito, a que
se faz referência, porque um assina, o outro é o assinado e o terceiro é o
assinatário, o negócio jurídico da assinação nada tem, em si, com a trian-
gularidade. Tanto assim é que o assinado pode prestar o que se lhe atribui,
sem ter qualquer ligação com o assinatário, como pode o assinatário não
receber o que se lhe preste.
A assinação pode ser contida em documento (assinação de ida e volta
= vai ao assinatário o documento, para que o apresente ao assinado), o que
permite ao assinatário outorgar poderes a outrem. O documento ainda não
é vinculativo do assinado. Êsse só se vincula com o aceite.
A entrega do documento, pelo assinante, ao assinatário, não é nem
ato-fato jurídico, nem, tão-pouco, elemento de contrato (sem razão, L. EN-
NECCERUS-H. LEHMANN, Lehrbuch, II, 14.a recomp., 804, nota 2). Trata-se
de negócio jurídico unilateral, com que se quer, por intermédio do assina-
do, prestar. Certo, EUGEN LOCHER (Das Recht der Wertpapiere, 152). Se
fôsse pagamento, seria ato-fato jurídico. Não o é.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.633. A - Legislação

A assinação não é regulada pelo Código Civil, embora por se configurar es-
pécie de serviço bancário se possam aplicar as regras da prestação de serviços
(arts. 529 a 532), ou ainda, quando se identifique relação de consumo, geralmente
por equiparação (art. 29 do CDC), as regras do Código de Defesa do Consumidor.
Conforme observa Pontes de Miranda, não é necessário que já exista relação
jurídica entre as partes, mas que hajà interesse, nos termos que hoje podem ser
reconduzidos ao disposto no art. 304 do CC/2002.
Ao distinguir-se a assinação da novação, a indicação original ao art. 1.001 do
CC/1916, revogado, deve ser tomada em vista do art. 362 do CC/2002. Já as refe-
rências aos arts. 985, II, 989 e 930, do CC/1916, reconduza-se, respectivamente,
ao disposto nos arts. 346, II, 350 e 304, do CC/2002.

§ 4.633. B- Doutrina
O negócio jurídico unilateral a que Pontes de Miranda, a partir de terminologia
fundada no direito comparado, chama de assinação (assegno bancario), dado
o inexorável processo de informatização dos serviços de pagamento bancário,
tende a afastar-se de seus termos originais (por exemplo, há crescente desuso
dos cheques de viagem, conhecido exemplo de assinação), daí porque, em larga
medida, o exame doutrinário da espécie se dá sob a égide do crédito documen-
tário ou ainda como serviço de pagamento. Sustenta-se a aplicação, nesse caso,
da disciplina do Código Civil relativa à prestação de serviços (arts. 529 a 532 do
CC/2002). Dentre os créditos documéntários, a doutrina atualmente distingue en-
tre os não confirmados e os confirmados. A assinação eqüivale a cobrança docu-
mentária, ou ainda, crédito não confirmado, ao contrário do crédito documentário
confirmado a que Pontes de Miranda examina como acreditivo. Daí porque na
assinação não há contrato, enquanto no acreditivo há. Observa-se a remissão à
figura da delegatio solvendi pela doutrina atual, justamente quando seja o caso de
crédito documentário não confirmado (assinação), no qual não assume o banco
qualquer obrigação onerosa (BARRETO, Lauro Muniz. Direito bancário. São Paulo:
Leud, 1975. p. 432; RIZZARDO, Arnaldo. Contratos bancários. 8. ed. São Paulo: Ed.
RT, 2009. p. 95).
Sustenta-se a aplicabilidade, por usos e costumes do comércio internacional,
ao crédito documentário, das regras consolidadas pela Câmara de Comércio In-
ternacional (SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito bancário. São Paulo: Atlas, 2005. p.
279), as quais todavia, quando não se entendam como usos e costumes, devem
ser previstas expressamente (p. 281).
Quanto à revogabilidade da assinação, anote-se o entendimento doutrinário
de que o crédito como regra, presume-se irrevogável, devendo a cláusula de re-
vogabilidade ser expressa.

§ 4.633. Q- Jurisprudência
A jurisprudência equipara o crédito documentário à abertura de crédito, de
modo a considerá-lo ilíquido para fins de execução, considerando a possibilidade
de que o emissor tenha realizado creditamentos e amortizações sucessivas (STJ,
REsp 247518/MG, 4.aT., j. 02.02.2006, rei. Min. Barros Monteiro, DJ20.03.2006).
No tocante à aplicação das normas estabelecidas em documentos internacionais
ao crédito documentário, como as fixadas pela Câmara de Comércio Internacio-
nal, admite-se a hipótese em vista da interpretação que ofereça maior segurança j
ao comércio internacional (STJ, REsp 885.674/RJ, 3.a T., j. 07.02.2008, rei. Min. j
Nancy Andrighi, DJe 05.03.2008). Da mesma forma, já decidiu o STJ, pela inci-
dência do Código de Defesa do Consumidor na relação entre as partes no crédito
documentário, para efeito de limitação da multa de mora a 2% (dois por cento),
mediante aplicação da Súmula 285, daquela Corte (STJ, EDcl no REsp 654.969/ I
PR, 3.aT., j. 16.05.2006, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 11.09.2006).

§ 4.634. NATUREZA DA ASSINAÇÃO

1. PRECISO ES. - A concepção que faz do negócio jurídico de assinação


negócio jurídico plurilateral é de repelir-se de todo: o negócio jurídico é
de assinante a assinado, para prestar ao assinatário; o que o assinatário
conhece, se conhece, é em virtude de certo negócio jurídico, causai, ou
não, entre êle e o assinante, ou porque é portador do documento de cujo
conteúdo se inteirou.
A assinação é entre assinante e assinado, a favor do assinatário.
O assinado não pode opor ao assinatário as exceções relativas à rela-
ção jurídica entre o assinante e o assinatário, salvo cláusula em contrário.
Pode opor ao assinatário as exceções concernentes às relações jurídicas
entre êle e o assinatário.
A a s s i n a ç ã o é a delegatio solvendi, o u a delegatio promittendi, con-
forme o assinado tem de atender, ou de aceitar, perante o assinatário, ao
encargo do assinante.
Nem se exige que o assinante seja devedor perante o assinatário,
nem que o assinado deva ao assinante. O assinante pode, por exemplo, ser
doador, ou mutuante, ou prestar em outro negócio jurídico. O assinado
pode ser devedor, perante o assinante, e prestar para liberar-se. Por onde
s e v ê q u ã o f a l s a e r a a m á x i m a . *In delegatione semper inest novatio eti-
am iure novíssimo.
O assinante manifestou o desejo de que o assinado preste ao terceiro,
por conta do assinante. Quis autorizar e autorizou. É preciso que se não
confunda isso com as instruções a que está obrigado o assinado, pois tais
instruções são deveres oriundos de outra relação jurídica entre assinante
e assinado. Se nenhum dever existe, o assinado faz-se gestor de negócios
alheios com mandato ou outra figura jurídica. A assinação, em si mesma,
independe de qualquer dever do assinado. Mesmo se o assinado é devedor
do assinante, pode atender à assinação e liberar-se da sua dívida, porém de
modo nenhum está vinculado a isso, se não há lei que o vincule, ou outra
fonte de obrigações.
O assinado pode assumir, perante o assinatário, a dívida, em vez de
prestar, desde logo, a êsse, salvo se o assinante lhe vedou. Portanto, a regra
jurídica dispositiva é a da assinação com permissão do aceite. Todavia não
há escolha, para o assinado, entre pagar ou aceitar, inclusive vincular-se
por título cambiário, ou outro título, se o assinante não o permitiu, ou se
o assinatário não consentiu de si mesmo. Na última espécie, há negócio
jurídico solutório entre assinado e assinatário a que é estranha a assinação
e, em conseqüência, o assinante.
Mesmo que deva ao assinante, o assinado não é adstrito a cumprir a
assinação, salvo se há lei ou uso em contrário.
O assinatário pode estar autorizado a receber do assinado a prestação,
em seu próprio nome. O assinatário de modo nenhum recebeu poderes do
assinante. Recebe do assinado a prestação, mesmo se êsse assumiu a dívi-
da, não como credor do assinado, mas sim como credor ou futuro devedor
do assinante. Para êle, não importa o que tenha havido, ou haja, entre o
assinante e o assinado. Não exerce direito do assinante contra o assinado,
mas recebe do assinado o que lhe deve ou lhe quer atribuir o assinante.
Recebe de terceiro, como aconteceria a quem fôsse procurado por
terceiro não interessado para solver o débito de outrem, ou entregar o que
o assinante quer que se entregue ao assinatário, o que se prevê, em geral,
no art. 930, parágrafo único, do Código Civil. Não tem pôder para isso,
nem precisaria disso (FR. LEONHARD, Besonderes Schuldrecht, 364; Eu-
GEN ULMER, Das Recht der Wertpapiere, 138; ERICH JUNG, Erõrterungen
zum deutschen bürgerlichen Gesetzbuch und zu den Zivilgesetzentwürfen
Ungarns und Bulgariens, Jherings Jahrbücher, 69, 82). Perante o assinado,
o assinatário somente tem pretensão e ação se êsse apôs o seu aceite. Até
que isso se dê, a entrega do documento ao assinado só lhe dá o ensejo de
receber, o que pode não acontecer. Não se deve dizer, porém, como EUGEN
ULMER (Das Recht der Wertpapiere, 138) e B. REHFELDT (Wertpapier-
recht, 35), que a expectativa do assinatário seja reflexo da autorização ou
pôder outorgado ao assinado. Diz-se que não há expectativa, nem reflexo,
porque tudo só se passa, embora psiquicamente, no mundo fáctico. O as-
sinado paga se quer. O assinante pode não ter tido qualquer razão para a
assinação, ou a revogar, se o quer, enquanto não há o aceite.
Redarguiu-se que pode haver grande probabilidade de que o assinado
satisfaça a dívida, ou aceite. Mas, qualquer que seja essa probabilidade
tudo só se dá no mundo fáctico. (Para se ver como EUGEN ULMER e B'.
REHFELDT empregaram, precisamente, aí, o têrmo "expectativa", Anwart-
schaft, que é conceito já do mundo jurídico, por haver mais do que proba-
bilidade fáctica de aquisição, cf. Tomos I, § 31, 3; V. §§ 576-578, principal-
mente 577, 7. Sem razão, KARL LARENZ, Lehrbuch des Schuldrechts, 292.)
O assinante, por sua relação jurídica com o assinatário, criou a espera, uma
vez que fêz a assinação. Não ter o assinatário pretensão e ação contra o
assinado é outro problema; e os titulares das próprias expectativas não as
têm. O documento mesmo é título de legitimação, o que nada tem com o
eventual mau êxito.
Com a introdução de cláusulas pode-se fazer da assinação outro ins-
tituto: novação, se o assinado substitui o assinante, fazendo-se devedor ao
assinatário; cumulação de dívida, se o assinado passa a ser, com o assinan-
te, devedor ao assinatário.
Quanto à assinação ativa e passiva - aliás a dita delegação ativa e a
passiva - deve-se pôr de lado a distinção (ROSÁRIO NICOLÒ, II Negozio
delegatorio, 166 s.; cp. WALTER BIGIAVI, La Delegazione, 15; FRANCESCO
MESSINEO, Manuale, n, 2, 174).

2. ASSINAÇÃO E ASSUNÇÃO DE DÍVIDA ALHEIA. - A assunção de dívida


alheia de modo nenhum se confunde com a assinação, como não se havia
de confundir a expromissio com a delegatio. Aquela é negócio jurídico
entre o credor e o terceiro; essa, entre o devedor ou quem quer prestar e o
terceiro. Naquela, é sem relevância a razão por que o expromitente assume
a dívida de outrem. Nessa, é sem relevância a razão por que o assinante en-
carregou o assinado de prestar. A iniciativa, nessa, é do devedor ou pessoa
que quer prestar. Naquela, mesmo se há sugestão do devedor, a iniciativa é
do credor, ou pessoa a que se há de prestar.
A assinação tem caráter instrumental. Se o assinatário admitiu a assi-
nação, isso é negócio jurídico ou cláusula de negócio jurídico entre êle e o
assinante, mas fora da assinação. A anuência do assinatário não integra o
negócio jurídico originário, com as conseqüências para êle da entrega da
contraprestação ou da prestação pelo assinado.
Por outro lado, se a assinação é, para o assinatário, mediante o aceite
pelo assinado, adimplemento, ou não, & questão só atinente à relação jurí-
dica, provavelmente causai, entre o assinante e o assinatário.
3. ASSINAÇÃO E ENTREGA DE DOCUMENTO. - A m a n i f e s t a ç ã o de von-
tade do assinante é feita ao assinado, que há de prestar, embora entregue
ao assinatário o documento. O assinante, dirigindo-se ao assinado, pode
dispensar o documento. Então, não há o percurso material, fáctico, "assi-
nante, assinatário, assinado", e há coincidência entre o percurso jurídico
e o percurso fáctico (assinante, assinado, assinatário). Na relação jurídica
entre o assinante e o assinado, a prestação, que o assinado vai fazer, ou
faz, é prestação do assinante. Se o assinante prometeu ao assinatário essa
prestação e, pois, a deve, isso se passa fora da relação jurídica da assina-
ção. A particularidade da assinação contida em documento, documento
legitimante, está em que, em vez de se levar ou de se enviar ao assinado a
autorização, se entrega o documento ao assinatário. Com isso, não se pôs
o assinatário, no negócio jurídico da assinação, antes do assinado, o que se
passa, como veremos, caracteristicamente, no negócio jurídico acreditivo.
Com a entrega ao assinatário, que é tradição de documento, fora do
negócio jurídico da assinação, muito embora possa o documento referir-
-se ao dever de entrega, não se triangularizam as relações jurídicas. Há
duas linhas retas, formando ângulo: assinante, assinado (assinação); as-
sinado, assinatário.

4. NATUREZA DA ASSINAÇÃO E EFICÁCIA DA PRESTAÇÃO. - A r e -


lação jurídica de assinação, que é de encargo ao assinado, não se pode
confundir com as relações jurídicas de atribuição ou de valuta entre o
assinante e o assinatário, nem com a relação jurídica de cobertura entre o as-
sinante e o assinado.
É preciso que se não confunda a relação jurídica de assinação, que é
entre o assinante e o assinado, com a eficácia da prestação que, em virtude
do negócio jurídico da assinação, faz o assinado, a) No tocante à relação
jurídica de atribuição ou de valuta, que é entre o assinante e o assinatário, a
prestação pelo assinado tem o papel de prestação do assinante: por meio do
assinado, o assinante ou solveu dívida, de que era credor o assinatário, ou
lhe prestou algo como o que lhe cumpria ou êle queira, como figurante de
negócio jurídico, que talvez, ao tempo da assinação, ainda não existia (e.
g o assinante quis doar, por meio da assinação, ao assinatário). Existente,
ou ainda não existente a relação jurídica de atribuição ou de valuta entre o
assinante e o assinatário, a relação jurídica é de atribuição (Zuwendungs-
verhdltnis). b) NO que concerne ao assinado, a prestação dêsse ao assinatá-
rio é por conta do assinante. Também aqui a eficácia da prestação depende
do que se passava ou se passou ou se passa entre o assinante e o assinado,
independentemente da relação jurídica de assinação. Se o assinado devia
ao assinante, aquêle se liberou. Se não devia, o assinado passa a credor do
assinante, e há de ser reembolsado.
A eficácia, no que se refere ao assinatário e ao assinado, é de reper-
cussão da prestação em duas relações jurídicas distintas: a relação jurídi-
ca entre o assinante e o assinatário e a relação jurídica entre o assinante
e o assinado.
Os primeiros passos para a teoria da assinação negócio jurídico
unilateral com o conteúdo da autorização devem-se a B. VON SALPIUS
(Novation und Delegation, 27 s.) e a PHILIPP LOTMAR (Über Causa im
rõmischen Recht, 97 s.). O que mais importou, para o desenvolvimento
da doutrina exata, foi a afirmação da unilateralidade. Depois, a de ser
autorizativo o conteúdo.
Nada justifica que se tenha por unilateral a assinação a descoberto e
por bilateral a assinação com cobertura. A cobertura é em virtude de outro
negócio jurídico, ou, até, de outra espécie de fonte de obrigações. Se a pes-
soa que seria o assinado se vinculou, contratualmente, a prestar a terceiro,
não há assinação, que é negócio jurídico unilateral, mas sim outra figura
jurídica. Por outro lado, aqueles que distinguem da autorização, que há na
assinação, se é devedor o assinado, a assinação a descoberto, em que have-
ria indicação, e não autorização, estão de olhos fitos na existência, ou não,
de negócio jurídico subjacente, justajacénte ou sobrejacente.

5. RELAÇÃO JURÍDICA DE COBERTURA E RELAÇÃO JURÍDICA DE VA-


LUTA. - Denomina-se relação jurídica de cobertura (Deckungsverháltnis)
a relação jurídica que pode existir entre o assinante e o assinado. Diz-se,
também, relação jurídica de provisão. Porque existe essa relação jurídica,
só se pode responder in casu: pode haver gestão de negócios, mandato
(que é o que se supõe existir, quando não se revela qualquer outra causa da
assinação), ou outra relação jurídica. Ou nenhuma.
Chama-se relação jurídica de valuta à relação jurídica entre quem
encarregou de prestar e quem há de receber a prestação. Na assinação, a
relação jurídica de valuta é entre o assinante e o assinatário.
Sempre que há enriquecimento com causa do patrimônio de terceiro,
há relação jurídica de valuta. Nem sempre resulta de compra-e-venda. As
causas, menores ou gratuitas, são muitas; é possível, até, que se abstraia
da causa.
6. ABSTRAÇÃO. - Tanto a assinação quanto o aceite são manifestações
unilaterais de vontade, abstratas. Aquela, unilateral, quanto à direção ao
assinado; quanto ao receptor, também, porque, se existe qualquer outra
relação jurídica, entre o assinante e êle, é subjacente, justajacente ou sobre-
jacente, e dela é que deriva o ter-se de entregar o documento de assinação,
ou fazer-se chegar ao assinado a declaração (sem razão: KONRAD COSACK,
Lehrbuch, I, 6.a ed., 617, 7.a., 660; G. PLANCK, Kommentar, II, 4. a ed., 867;
contra, F. LENT, Anweisung ais Vollmacht, 129, L. Enneccerus, Lehrbuch,
I, 2, 579, nota 1, e 35. a ed., § 201, nota 1, P. OERTMANN, Das Recht der
Schuldverhültnisse, 978).
A entrega do documento é tradição; não é contrato, nem faz contratual
a autorização ao assinatário.
As duas autorizações saem em ângulo (do assinante ao assinado, do
assinado ao assinatário ou receptor); mas como u m todo, e tal unitarie-
dade é que tolda o instituto. Se há autorização a alguém, para que pague,
e não há alguém que seja receptor, não se pode pensar em assinação: fal-
tou elemento do negócio jurídico da assinação; há, apenas, autorização
de pagamento. Idem, se há autorização de receber, e não há autorização
de pagar, espécie em que o autorizante provavelmente simulou ter con-
cluído assinação.
A assinação é linha que vai do assinante ao assinado. A linha entre
o assinatário e o assinado não é essencial, a despeito de ser essencial que
o ato do assinado se dirija ao assinatário, quer suscitado por êsse, que se
apresentou (ou apresentou o documento ou os documentos), quer pratica-
do (prestação ou aceite) por aquele. Não se pode dizer que não houve o
negócio jurídico da assinação se o assinatário não se apresentou (ou não
apresentou o documento ou os documentos). Para que haja assinação, o
que se exige é a linha "assinante, assinado", que pode dar ensejo a outra:
"assinado, assinatário".

7. FORMA E MODALIDADES DA ASSINAÇÃO. - N o direito brasileiro, têm


de ser observados os arts. 135 e 141 do Código Civil. Isso quer dizer que,
nos limites que resultam de tais regras jurídicas, a assinação oral pode ser
promessa abstrata de dívida e as regras jurídicas sôbre eficácia da trans-
missão da assinação incidem. No direito brasileiro, não há distinção entre
as assinações que se refiram a coisas fungíveis e as assinações relativas a
coisa não-fungíveis, se bem que se haja de atender ao Código Civil, arts.
133 e134.
A assinação pode ser por escrito, ou oral (inclusive telefônica ou tele-
gráfica). E a autorização oral freqüentemente se usa e é abstrata.

8. ASSINAÇÃO E MANDATO DE PAGAR. - A assinação não se confunde


com o mandato de pagar ao credor do mandante (L. 12, § 5, e L. 59, § 4,
D., manáati vel contra, 17,1), ou de pessoa que o mandante tem interêsse
em que seja liberada, ou a quem êle quer doar (L. 19, § 3, D., de dona-
tionibus, 39, 5), ou a quem êle quer dar em mútuo (L. 9, § 8, D., de rebus
creditis d certum petetur et de condictione, 12, 1), ou prestar por alguma
outra causa.
Na assinação não há mandato, nem pôder de representação. O assina-
do presta, por conta do assinante. Não em nome dêle.
Nem se pode ver na assinação contrato a favor de terceiro, nem mes-
mo qualquer contrato. O assinado fica investido do pôder de prestar, e só
está adstrito ao ato jurídico, que dêle se espera, talvez ato-fato jurídico, se
a isso se vinculou por outro negócio jurídico.
O assinante não só deseja que o assinado preste ao terceiro. O assi-
nante o quer e manifesta, unilateralmente, essa vontade. Tal manifestação
unilateral de vontade inclui a manifestação de assumir as conseqüências
de ser por sua conta a prestação. Não se pode excluir o elemento de au-
torização, cujo cumprimento não é coativo para o assinado, salvo se êsse,
por outro negócio jurídico, o assumiu (excepcionalmente, por fôrça de lei).
Portanto, sempre que o assinado tem de atender ao que quer o assinante,
alguma relação jurídica entre eles, subjacente, justajacente ou sobrejacen-
te, há de reger o dever de adimplir.
Devido a isso, houve tanta confusão, na doutrina, entre a assinação e
o mandato, ou a assinação e a gestão de negócios.
M e s m o se o assinado é devedor do assinante, sem ter o dever de
respeitar a assinação, não está adstrito a isso. A omissão, da sua parte,
somente constitui infração de obrigação irradiada de outra relação jurídica
entre eles.
A posição jurídica do assinatário não é a de mandatário (mandato
para receber, com a particularidade de ficar com a prestação), mas sim a
de quem foi autorizado a receber. Essa relação jurídica, que triangulariza a
eficácia jurídica da assinação, não é elemento componente da assinação. O
assinante pode autorizar o assinado a prestar ao assinatário, sem que exista
ou sem que já exista relação jurídica entre o assinante e o assinatário. E o
que ocorre sempre que o assinante autoriza o assinado a depositai" na conta
do assinatário determinada quantia, ou quantia determinável, ou a entregar
à firma tal, assinatária, a quantia tal, ou a de que o assinado puder dispor,
sem ter feito qualquer comunicação ao assinatário ou apenas para enten-
dimentos que talvez não ocorram ou não possam ocorrer. Em vez disso,
se não há a relação jurídica de autorização ao assinado, não há assinação.
A assinação com entrega de documento ou documentos ao assinatá-
rio é, rigorosamente, assinação mais entrega de documento ou de docu-
mentos ao assinatário, em conseqüência de outra relação jurídica, e pode
acontecer que não se trate de assinação, mas sim de acreditivo. São dois
caminhos diferentes, que as exposições não aprofundadas mui freqüente-
mente confundem.
Por outro lado, mesmo que exista, em virtude de alguma relação jurí-
dica entre o assinante e o assinado, dever de prestar ao terceiro, o assinatá-
rio não tem qualquer direito contra o assinado, salvo se êle já assumiu a dí-
vida. Também por isso é sem qualquer importância, para o assinatário, que
exista ou não a relação jurídica de cobertura entre o assinante e o assinado.
O assinatário pode receber mesmo se ignora o que deseja, com a entrega,
o assinatário, e até mesmo se não vê possibilidade de justificação. Por aí
se vê quão artificial e falsa é a construção que triangulariza a assinação.
Também no tocante ao assinado, o assinatário a quem fora entregue o
documento, ou foram entregues os documentos, não cobra. Apenas apre-
senta o que lhe foi confiado. É o portador da assinação, como seria porta-
dor o correio ou alguma pessoa física ou jurídica.
A perspectiva do assinatário é a de qualquer pessoa que conheça o
conteúdo do instrumento de assinação. Não há direito, nem, sequer, direito
expectativa, ou expectativa de direito (sem razão, EUGEN ULMER, Akkre-
ditiv und Anweisung, Archiv für die civilistische Praxis, 126, 129 s.; B.
REHFELDT, Wertpapierrecht, 35). O assinado ainda não está vinculado ao
assinatário e, se está vinculado ao próprio assinante, isso resultou de outra
relação jurídica entre eles.
Já chamamos a atenção para o conceito de expectativa, que é equí-
voco, e frisamos que, nos textos de EUGEN ULMER e d e B. REHFELDT, se
empregou o têrmo como sendo a expectativa efeito jurídico. Aí, o êrro. O
assinatário ainda não está diante do suporte fáctico da aquisição do direito.
A sua situação é como a do oferente antes de qualquer aceitação. A mera
expectativa de quem faz ofertas e aguarda a manifestação de vontade do
destinatário de modo nenhum já é efeito jurídico: permanece, de todo, no
mundo fáctico, Aliás, /,que expectativa seria essa se o assinante ainda a
pode revogar, mesmo se se vinculou perante o assinatário a manter a as-
sinação? Se o assinante o prometeu ao assinatário, a revogação vale e é
eficaz, embora também constitua infração de dever perante o assinatário.
Tal dever nada tem com a eficácia da assinação. Resulta de cláusula de
outro negócio jurídico, ou de pacto adjecto a algum negócio jurídico entre
o assinante e o assinatário. Nada tem com a assinação, porque a ela apenas
se referiu.
Se houve entrega de documento ou de documentos, fácil é compre-
ender-se que o assinatário tem de apresentá-los. Mas a assinação pode ser
sem qualquer documento escrito e sem comunicação, sequer, ao assinatá-
rio; e, g., por telegrama ou telefonema ao assinado. Ou ser por escrito, que
o assinante remeta diretamente ao assinado.
O fato de ser o documento da assinação entregue ao assinatário, ou
êsse documento e outros documentos serem entregues ao assinatário, de
modo nenhum estabelece relação jurídica oriunda da assinação entre o as-
sinante e o assinatário. Entre eles pode haver e é provável que haja alguma
relação jurídica, inclusive conseqüente a cláusula ou pacto adjecto que se
refira à assinação. Se A, que vendeu a B, em contrato que concluiu com C
se reporta ao contrato de compra-e-venda em que êle e B foram figurantes,
de jeito nenhum pôs C na relação jurídica de compra-e-venda. A despei-
to de pôder ter o assinante prometido ao assinatário pagar-lhe mediante
assinação, o assinatário é estranho ao que se possa passar ou ter passado
entre o assinante e o assinado e ao negócio jurídico unilateral da assinação.
Note-se bem: negócio jurídico unilateral da assinação. Há, na assinação,
uma manifestação de vontade, que é a do assinante. Não há duas. Afortio-
rí, não há três.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.634. A - Legislação
Admitindo-se a possibilidade de o assinado assumir perante o assinatário, a
dívida, ao invés de realizar o pagamento, desde que permitido expressamente
pelo assinante, incidem as regras da assunção de dívida, previstas nos arts. 299
et seq do CC/2002, ou ainda às normas de direito cambiário, quando a assunção
se dê mediante vinculação a título cambial.
No que se refere às exigências de forma, incide o art. 221 do CC/2002, que
reproduz o disposto nos arts. 135 e 141 do CC/1916. Da mesma forma, quanto à
l exigência de anuência de terceiro, ou da exigência de instrumento público, incide
í o disposto nos arts. 220, 108 e 109 do CC/2002.
í
I
| § 4.634. B- Doutrina
Não usa a doutrina nacional a expressão assinação. Quando tomada como
crédito não confirmado, serviço de pagamento, tem uso restrito, especialmente no
comércio internacional que prefere certeza e segurança. O entendimento doutri-
nário assentado atualmente converge com Pontes de Miranda no sentido de reco-
nhecer a assinação (crédito documentário), como delegatio solvendi, separando-a
da origem do crédito que pode decorrer de outro negócio jurídico celebrado entre
o assinante e o assinado como, por exemplo mútuo ou abertura de crédito. Da
mesma forma, admite-se que da assinação interprete-se como novação ou cumu-
lação de dívida, conforme se extinga e substitua a obrigação original, ou o assina-
do passe a ser codevedor com o assinante, de dívida em relação ao assinatário.
De regra, contudo, a identificação da assinação com o crédito documentário não
confirmado, na medida em que não se reconhece ao assinatário direito contra o
assinado (banco).
De influenciar aqui, todavia, a doutrina que examina a coligação contratual,
especialmente no que se refere ao desatendimento pelo assinado de ajuste que
tenha porventura sido prometido pelo assinante ao assinatário, especialmente em
vista da tutela da confiança das partes envolvidas.

i § 4.634. C - Jurisprudência
j Entende a jurisprudência que na avaliação sobre o atendimento aos requisi-
| tos pelo assinatário, cabe ao banco assinado apenas seu exame formal, não lhe
j sendo exigido realizar juízo de valor sobre os documentos apresentados (STJ,
I REsp 885.674/RJ, 3. a T, j. 07.02.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 05.03.2008).
CAPÍTULO II
EFICÁCIA D A ASSINAÇÃO

§ 4.635. EELAÇÕES JURÍDICAS IRRADIANTES

1. ASSINANTE E ASSINADO. - O assinado é r apenas autorizado a prestar


por conta do assinante. Só existe dever, direito, pretensão, obrigação, ação,
ou exceção, quanto à assinação, ainda se o assinado é devedor do assinan-
te, se emerge de negócio jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente
(negócio jurídico de cobertura); e. g., se, não prestando, tem de indenizar
(nos negócios jurídicos acreditivos, teria de observar, estritamente, as ins-
truções do acreditante).
A autorização ao assinado é revogavel, ainda que, com isso, o assinan-
te viole o que prometeu ao assinatário, a quem, nesse caso, tem de prestar
perdas e danos. (O pacto de não revogar entende-se incluído no negócio
jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente, e. g., na carta de crédito,
salvo se, tratando-se de pacto de mutuando, se dá o que se prevê no Código
Civil, art. 1.092, 2.a alínea, embora essa regra jurídica seja sôbre contratos
bilaterais.)
A assinação torna-se irrevogável desde que o assinado presta, ou põe
aceite na assinação. Tôda eficácia entre o assinado e o assinante somente
pode resultar do negócio jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente
(solução de dívida; doação; mandato, o que se supõe se nenhuma outra
causa se descobre): quem aceita ou paga, sem ter causa para ser assinado,
aceita, tàcitamente, o mandato.
A abstração da manifestação de vontade do assinante ao assinado pré-
-exclui que a invalidade ou ineficácia do negócio jurídico, causai ou abs-
trato, existente entre êles, possa influir na assinação mesma. Se ocorre in-
validade ou ineficácia, tem o assinado ação de enriquecimento injustificado
contra o assinatário (PAUL OERTMANN, Das Recht der Schuldverhãltnis,
977 e 979; G. PLANCK, Kommentar, II, 863; OTTO WARNEYER, Kommen-
tar, I, 1249). Idem, se falsa a assinação (G. PLANCK, 868); podendo dar-se
que haja a ação de indenização por ato ilícito. Uma vez que, na assinação,
o assinado presta por conta do assinante, o pagamento influi na relação
jurídica, subjacente, justajacente ou sobrejacente (pode não ser causai, ao
que os juristas costumam não atender), entre o assinante e o assinado, de
modo que, se não se trata de doação, é haver do assinante o que foi pago
(com extinção de dívida, ou como abertura de crédito, ou lançamento em
conta corrente, ou outra categoria jurídica). A prestação do assinado pro-
duz, em relação ao assinante, o mesmo efeito que teria a prestação ao pró-
prio assinante.
Quando se fala da assinação como se, a respeito dela, se levantasse
o problema da unidade ou da pluralidade das relações jurídicas, não se
precisa de que é que se cogita: se da unidade ou pluralidade das relações
jurídicas que dela derivam, ou se da unidade ou pluralidade das relações
jurídicas que dela derivam e das que sobrevém em virtude de algum ato
que a assinação suscitou. Quanto à relação jurídica que corresponde, es-
tritamente, ao negócio jurídico da assinação, há unidade: a relação ju-
rídica é em linha que vai do assinante ao assinado. Quanto às relações
jurídicas que foram conseqüências do negócio jurídico unilateral de as-
sinação, as duas mais relevantes, muito embora possam não ocorrer, são
a relação jurídica entre o assinante e o assinado e a relação jurídica entre
o assinado e o assinatário. Por isso mesmo, nada mais equívoco do que
se discutir, como fêz LODOVICO BARASSI (La Teoria generale delle Obb-
ligazioni, III, 889), a "unidade ou não da delegação", têrmo empregado
pelo Código Civil italiano.
Se se fala de unidade ou pluralidade de negócios jurídicos componen-
tes da assinação, certamente que já se admite que possam ser elemento da
assinação os negócios jurídicos, os atos jurídicos stricto sensu e os atos-
-fatos jurídicos que dela resultaram. Se há concatenação de negócios jurí-
dicos, há pluralidade, mas isso não significa que a pluralidade se integre
no mesmo negócio jurídico. O ato do assinado não é elemento do suporte
fáctico da assinação, tanto assim que pode ter havido assinação, válida e
eficaz, sem que o assinado haja atendido a ela. Se o unus ex publico não
pratica o ato que a promessa de recompensa teve por fito premiar, promes-
sa de recompensa houve, poste que sem o êxito que se esperava.
2. ASSINANTE E ASSINATÁRIO. - Pela assinação, nenhum direito, de-
ver, pretensão, obrigação, ação, ou exceção, nasce entre o assinante e o
assinatário ou receptor. Qualquer relação entre êles é oriunda do negócio
jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente, isto é, da relação de va-
luta (Valutaverhàltnis). Essa é que pode dizer se o receptor é obrigado a
apresentar-se ao assinado, ou se não no é, bem como se o assinante podia
revogar a assinação sem incorrer em infração de dever nascido do negócio
jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente.
Mas observe-se que pode não existir qualquer negócio jurídico sub-
jacente, justajacente ou sobrejacente entre o assinante e o assinatário. A
assinação pode ser feita sem que se revele ao assinatário quem foi o assi-
nante. Soube A que C, seu amigo, ou pessoa de que êle apenas ouviu falar
e passa, no momento ou por doença, por sérias dificuldades, e assina a B
entregar a C a quantia tal, sem que B possa revelar-lhe o nome. Se B presta
a C, ou se deixa de prestar, ou se C não quer receber, ou diz que somente
recebe se o nome do assinante lhe fôr revelado, nada disso importa no to-
cante à existência da assinação.

3. ASSINATÁRIO E ASSINADO. - E m virtude da assinação nenhum di-


reito, pretensão, ação ou exceção nasce ao assinatário contra o assinado.
Ainda que estivesse obrigado, perante o assinante, a prestar, o assina-
do pode prestar, apor o aceite, ou deixar de prestar, ou de dar o aceite. Se
dá o aceite, nasce crédito abstrato do assinatário contra o assinado, o que
se satisfaz com a prestação correspondente. Quanto a essa pretensão do
assinatário, somente assistem ao assinado que aceitou objeções tocantes à
nulidade ou anulabilidade do aceite da assinação, objeções ligadas ao con-
teúdo do aceite (e. g., haver condição), exceções concernentes ao negócio
jurídico de aceite. O assinado pode compensar, se os pressupostos para isso
se compõem. Não pode opor exceções que derivem de negócios jurídicos
subjacentes, justajacentes ou sobrejacentes à assinação (= à relação jurí-
dica entre o assinante e o assinado, ou entre o assinante e o assinatário).
Se sobrevém decretação de nulidade, ou de anulação, ou ineficácia dês-
ses negócios jurídicos, nenhuma pretensão ou exceção nasce ao assinado,
por enriquecimento injustificado, contra o assinatário (e. g., se o assinado
pagou a quem não era credor do assinante, quem tem ação de enriqueci-
mento injustificado contra o receptor é o assinante, e não o assinado). Na
doutrina, há a grande corrente dos que admitem a pretensão imediata por
enriquecimento injustificado se há falta de causa em ambas as relações (en-
tre o assinante e o assinado, entre assinante e assinatário); mas a condictio
há de ir contra o assinante (sem razão, A. VON TUHR, Zur Lehre von der
Anweisung, Jherings Jahrbücher, 48, 50 s.).
É preciso que se distinga do que pode ter-se passado ou que se passa
entre o assinante e o (primeiro) assinado o que pode ter-se passado ou se
passa entre o assinante e o assinatário. Por outro lado, a assinação vai ao
assinado, para que chegue ao assinatário. Àquela relação jurídica chama-se
relação de atribuição (Zuwendungsverhãltnis); essa, relação de cobertura
(Deckungsverhãltnis). O negócio jurídico da assinação é negócio jurídico
unilateral. Dirige-se ao assinado, como a promessa ao público dirige-se ao
público e como a promessa unilateral a B se dirige a B. Negócio jurídico
abstrato, razão por que os êrros, na doutrina, provieram de não se ter evita-
do alusão ao que possa ter ocorrido, por baixo, no mesmo momento, ou por
cima, entre o assinante e o assinado, ou entre o assinante e o assinatário.
Freqüentemente, a assinação tem por fito solver a dívida do assinante
(ou de outrem) ao assinatário. Mas às vêzes ocorre que apenas se atribui
crédito, ou mesmo outro bem, ao destinatário da assinação, que é o assi-
natário.
Na relação entre o assinante e o assinado, o que êsse presta ao assina-
tário é por conta do assinante. Ou o assinado devia ao assinante e está libe-
rado; ou não devia, e o assinante passa a dever-lhe. De qualquer maneira a
prestação do assinado ao assinatário repercute nas duas linhas.
Se o assinado devia ao assinante o mesmo que o assinante devia ao
assinatário e o assinado presta o que consta da assinação, nada mais resta
das duas relações jurídicas: quando o assinado solveu a dívida do assinante
ao assinatário, a sua ao assinante também se extinguiu.

4. ACEITE. - O aceite é declaração unilateral de vontade, abstrata,


irrevogável (P. OERTMANN, Das Recht der Schuldverhültnisse, 980; C.
CROME, System, II, 924; F. SCHOLLMEYER, Recht der Schuldverhültnisse,
191; E. JACOBI, Die Wertpapiere, 2.A ed., 2 9 7 ; L. BRÜTT, Die abstrakte
Forderung, 192; sem razão, O. VON GIERKE, Deutsches Privatrecht, III,
873, que pensava em contrato, na esteira de F. LENT, Die Anweisung ais
Vollmacht, II, 870, seguidos de HEKBERT MEYER, Das Akzept, 80 e 98, e de
H. LEHMANN, n o Lehrbuch, II, 31. A -35. A ed., de L. ENNECCERUS, 644, con-
tra a opinião desse, que fôra um dos sustentadores da opinião dominante e
certa). Não se há de pensar, porém, na teoria da criação, aqui fora de lugar,
porque seria assimilar-se a assinação à letra de câmbio e à duplicata mer-
cantil: não basta a simples subscrição; o aceite, aí, é dirigido ao receptor,
se bem que se não bilateralize, com isso, o negócio jurídico da assinação.
Considerar-se o aceite pelo assinado contrato fôra a opinião corrente
(e. g., H. THÕL, Das Handelsrecht, I, 5.A ed., § 329; O. PLATHNER, Z u r
Lehre von der Assination, Deutsche Gerichtszeitung, N, 15 s.; JOSEF KOH-
LER, Über die Anweisung, Annalen der Grossherzoglich Badischen Ge-
richte, 43, 365). Contra isso, cedo se insurgiu PAUL OERTMANN (Kommen-
tar, N! ao § 384).
O aceite, na assinação, é declaração unilateral de vontade, como o
aceite na letra de câmbio, na duplicata mercantil e em alguns títulos cam-
biariformes. O assinado vincula-se, perante o assinatário, a prestar o que se
designa no título da assinação, na medida e qualidade de que se fala. Nasce
ao assinatário o direito e, no vencimento, ou se já está vencido o crédito, a
pretensão. Não importa se o assinado estava, ou não, obrigado, perante o
assinante, a apor o aceite, ou a prestar imediatamente.
O aceite da assinação pode ser no próprio documento da assinação,
ainda antes da entrega do documento ao assinatário, caso em que a eficá-
cia é a partir da entrega. A forma é segundo os arts. 135 e 141 do Código
Civil, exigida forma especial se a prestação ou a promessa de prestação o
exige. Basta, de ordinário, a assinatura do assinado; porém não o simples
"visto"; ou "aceito", sem assinatura.
A propósito da eficácia do aceite, convém frisar-se que, aposto antes
de ser entregue pelo assinatário, isto é, enquanto está em mão do assinante
ou de outra pessoa que não seja o assinatário, há dois momentos a que se
prende a eficácia do aceite. Se o documento ainda está em poder do assina-
do, pode êsse riscar o aceite. Se o documento já está em mão do assinan-
te, ou de quem o presente, ou represente, ou o sirva (servidor da posse),
cessou ao assinado que aceitou qualquer poder de revogação. Se acaso o
assinado volta a ter a posse de boa fé (e. g., o assinante lho restituiu para
que melhor pensasse sôbre o aceite), renasce-lhe o poder de riscar. Se o
documento, em que se apôs o aceite, é remetido ao assinatário, inicia-se a
sua eficácia em relação ao assinatário, e não se pode pensar em revogação
pelo assinado, ou em acordo entre o assinante e o assinado para eficaz dis-
trato do negócio jurídico de assinação.
Há de haver, após a aposição do aceite, a devolução do documento
ao assinatário, se foi êsse que apresentou, e não se paga imediatamente
(EUGEN LOCHER, Das Recht der Wertpapiere, 153; B. REHFELDT, Wertpa-
pierrecht, 36; EUGEN ULMER, Das Recht der Wertpapiere, 141).
6O aceite pelo assinado pode ser pelo telefone, ou de viva voz? Afir-
mativamente, ARNOLD SCHMIDBAUER (Scheck und Anweisung, 31), quando
se trata de negócio jurídico comercial. A assinação pode ser aformal. O
aceite, não (cf. KARL RIEHL, Die Anweisung, 64), salvo se, conforme as
regras jurídicas gerais, valeria a assunção da dívida.

5. CARTA DE CRÉDITO. - É preciso que se não confunda com a letra de


crédito, ou caria de crédito, o aviso de crédito, pelo qual quem há de pres-
tar em virtude de abertura irrevogável de crédito comunica que o crédito
está à disposição do beneficiário.
Carta de crédito contém, de ordinário, assinação: o subscritor, assi-
nante, incumbe o assinado de prestar ao assinatário. A opinião que aí via,
sempre, a figura do mandato está superada. O beneficiado, o futuro porta-
dor, o assinatário, pode ser uma das pessoas, físicas ou jurídicas, indicadas
na carta de crédito. Cedo se viu ô que havia de comum entre a carta de
crédito e a assinação (R. KOCH, Kreditbrief, FR. VON HOLTZENDORF, En-
cyklopãdie derRechtswissenschaft, II, 2,3. A ed.; R. F. -VON HOLZSCHUHER,
Theorie und Casuistik des gemeinen Civilrechts, IH, 3.A ed., 654; LADEN-
BURG, Anweisung undWechsel, 8 s.; ERICH MANG, Die Anweisung, 80).
Mas isó há assinação na carta de crédito?
Dissemos que a carta de crédito contém assinação. Não dissemos que
ela é assinação. Na carta de crédito, o subscritor emitente ou o subscritor (se
outrem emite) assina; assinado é quem há de prestar; assinatário é quem figu-
ra como futuro recebedor do crédito. O subscritor emitente ou simplesmente
subscritor vincula-se perante o futuro recebedor ou legitimado cartular. De
modo que na carta de crédito não há somente a assinação. O futuro recebedor
não se reduz ao simples portador da assinação. O direito dêle insere-se na
cártula creditícia. Já os elementos de dois . negócios jurídicos se juntaram e a
carta de crédito é o instrumento. Não se diga que há dois negócios jurídicos,
mas sim que há os elementos de dois negócios jurídicos: o da assinação e o
da abertura de crédito, razão por que, diante do tomador da carta de crédito,
o subscritor emitente ou simplesmente subscritor se vincula e não pode re-
vogar a manifestação de vontade com que se vinculou.
Lê-se no Código Comercial, art. 264: "As cartas de crédito devem ne-
cessariamente contrair-se a pessoa ou pessoas determinadas, com limitação
de quantia creditada: o comerciante que as escreve e abre o crédito fica
responsável pela quantia que em virtude delas fôr entregue ao creditado
até a concorrência da soma abonada. As cartas que não abrirem crédito
pecuniário com determinação do máximo, presumem-se meras cartas de
recomendação, sem responsabilidade de quem as escreveu".
Alguns juristas têm cometido o êrro de ver na carta de crédito, como
caso mais freqüente, o acreditivo. Ora, o acreditivo não é dirigido ao futuro
prestador acreditivo, mas sim ao acreditado, que o apresenta para a con-
firmação. Na carta de crédito, o que ocorre é assinação, muito embora se
entregue ao cliente a carta de crédito. O negócio jurídico, que produziu a
carta de crédito, êsse sim, é negócio jurídico entre o subscritor e a pessoa
nomeada na carta de crédito, título de crédito que não é endossável. As
manifestações de vontade que se contêm na carta de crédito são uma, de
assinação, dirigida a quem tem de prestar, e outra, de abertura de crédito,
dirigida a quem tem de receber. Ambas são unilaterais, como é unilateral
a declaração de vontade de quem subscreve a letra de câmbio, o sacador,
e como é unilateral a declaração de vontade de quem subscreve nota pro-
missória. No que se refere ao futuro pagador da carta de crédito, há saque.
No que sé refere ao tomador da carta de crédito, há assunção de obrigação.
Apenas, em vez de se juntarem dois negócios jurídicos, juntaram-se os
elementos de dois negócios jurídicos.
A carta de crédito não é promessa de crédito, j á é dação de crédito
(.Kreditzuga.be). Quem dá crédito não é como quem promete crédito. Daí
não haver revogabilidade da carta de crédito, que seria mais do que infra-
ção da promessa de crédito. Pode haver resolução ou resilição do contrato
(E. DANZ, Zur Widerruf bankmássiger Kreditzusagen wegen veránderter
Umstânde, Bank-Archiv, VI, 97).
A carta de crédito é inconfundível com a carta pela qual alguém pro-
mete ser devedor solidário, ou substituir a pessoa beneficiária, perante
aquela que fôr indicada (ou aquelas que forem indicadas), ou que foi indi-
cada (ou aquelas que foram indicadas).
A carta de crédito pode ser para apresentação em diferentes lugares,
dita carta circular.
De ordinário, o subscritor, no momento da emissão, envia ao destinatário
aviso da emissão, com a ficha da assinatura do beneficiário. Em caso de carta
circular, faz-se em duplicata a carta, para que haja o livrinho de indicações.
Se o beneficiário pode tirar adiantamentos sem outras formalidades,
diz-se que há "red clause", cláusula vermelha, por ser em tinta vermelha a
cláusula de saque antes da apresentação de documentos.
Não se pode dizer, como fêz J. X. CARVALHO DE MENDONÇA (Trata-
do de Direito Comercial, VI, II, 250), que o subscritor manifesta a vonta-
de de abrir crédito ao beneficiário e que a carta de crédito é o documento
dêsse contrato. Primeiro, a carta de crédito pode ter resultado de aprovei-
tamento de depósito que o beneficiário fêz e quer que se lhe preste noutro
lugar. Segundo, a creditação pelo destinatário nada teria com o que se
passou entre o subscritor e o beneficiário, afortiori com a carta de crédito:
se o destinatário credita é porque prestou e recebe (outro negócio jurídi-
co), provàvelmente em depósito bancário, o que foi prestado. As cartas de
crédito não contêm ordem de pagamento (Código Comercial, art. 153);
porém não são, tão-pouco, promessa de crédito: são assinação, para que o
destinatário preste o que, dentro do limite, o beneficiário exija.
A despeito de o nome "carta de crédito" aludir ao escrito, emprega-se
o telegrama e, hoje, até o telefonema, para a creditação.
O limite é essencial (Código Comercial, art. 264, verbis "com li-
mitação da quantia creditada"). N ã o há a carta aberta, a letra aberta
do direito luso-brasileiro (JOSÉ DA SILVA LISBOA, Princípios de Direito
Mercantil, II, 483).
O subscritor responde ao destinatário pelo que o beneficiário retirar.
Se o destinatário, em vez de prestar, mediante recibo, exige que o
beneficiário subscreva título cambiário, deixou de atender ao subscritor da
carta de crédito, e só se justifica tal atitude se na carta de crédito se previu
que tal ocorresse. Então, o subscritor da carta de crédito fêz-se garante
das operações entre o destinatário e o beneficiário (Supremo Tribunal de
Justiça, 30 de maio de 1888, O D., 47,198, e 16 de abril de 1890,52,173),
e Relação de Ouro Prêto, 12 de junho de 1891, 56, 442). Sem razão, J. X.
CARVALHO DE MENDONÇA ( T r a t a d o de Direito Comercial, VI, II, 256) dis-
cordou do que aquêles tribunais decidiram. Êles examinaram espécie em
que havia a cláusula e atenderam à cláusula, ao passo que o comercialista
se ateve ao nomen, em vez de atender à voluntas.
O subscritor da carta de crédito é responsável pela quantia fornecida
ao beneficiário. Êsse não tem responsabilidade perante o prestador; pe-
rante o subscritor, o que recebe ou se satisfaz, ou tem em seu poder o que
recebeu e há de ser prestação de outro negócio jurídico, ou injustificado
enriquecimento (e. g., houve êrro de nome, o negócio jurídico que se ia
concluir não se concluiu). Nos últimos casos, não teria razão a Relação de
Porto Alegre, a 6 de setembro de 1888 (O D., 47, 400).
É requisito essencial a determinação da pessoa beneficiada. Trata-se
de ato de comércio por parte de quem subscreve, porém não é essencial
que se trate de comerciante (sem razão, as Câmaras Reunidas da Côrte de
Apelação do Distrito Federal, 24 de novembro de 1909, R. de D., 14, 553).
Se o subscritor revoga a assinação que se contém em carta de crédito,
assume a responsabilidade do seu ato perante o beneficiado. Quanto ao
destinatário que prestou, ou que por certo modo atendeu à assinação, não
há revogabilidade. Aliás, convém que alcancemos algumas precisões. A
carta de crédito é irrevogável, mas ela só é irrevogável quanto à abertura
de crédito, que o é; portanto, em relação ao beneficiário. No que concerne
ao destinatário, que é, na estruturação do negócio jurídico, o assinado, a
chegada, a tempo, da manifestação de vontade contrária, tem os efeitos
que pode, in casu, ter, sem que deixe de ser infração do dever irradiado da
emissão da carta de crédito.
A carta de crédito pode ser a favor de terceira pessoa.
O que mais importa, quando se encontra o nome "carta de crédito",
é saber-se que o destinatário dirá se atende a ela, ou se não atende. Se se
chamou carta de crédito à carta em que se encarrega o destinatário de fa-
zer operações de crédito, por conta do subscritor, j á se deturpa o conceito.
Mais ainda se apenas se atribui ao destinatário fiscalizar ou apenas velar
por essas operações. •
O traveller's check é letra de crédito, com a característica endossabi-
lidade.
A relação jurídica de que resultou a carta de crédito pode ter sido
abertura de crédito, ou aplicação de fundos que o beneficiário tem no es-
tabelecimento emissor, o que eqüivale a depósito irregular destinado ao
reembolso, razão por que não pode ser perdoado, nem cautelarmente cons-
trito pelos credores do beneficiário.
O assinado, a quem se dirige a carta de crédito, lança no débito do
subscritor, que é o assinante, o que, em cumprimento da missiva, prestou.
O beneficiário não fica em ligação jurídica com o destinatário: nem
era credor desse, nem se fêz devedor. Se o destinatário se vincula ao be-
neficiário, trata-se de outra relação jurídica. Para isso, basta que assuma,
diretamente, a obrigação que tinha com o subscritor, ou que êsse teria.
No direito brasileiro, a carta de crédito não pode ser à ordem, cláusula
que a faria endossável (sem razão, o Tribunal de Justiça de São Paulo, 19
de maio de 1893, G. J., III, 417).
Se há apenas caria de recomendação, não há vinculação (L. 12, § 12,
D., mandati vel contra, 17, 1: "Cum quidam talem epistulam scripsisset
amico suo: 'rogo te, commendatum habeas Sextilium Crescentem amicum
meum', non obligabitur mandati, quia commendandi magis hominis quam
mandandi causa scripta sit").
O direito oriundo da carta de crédito é suscetível de cessão. Inclui-se
na cessão tudo de que seria titular o beneficiado. Os arts. 1.065-1.078 do
Código Civil são invocáveis (cf. Código Comercial, art. 636).
Volveremos a tratar da carta de crédito, negócio jurídico bancário.

6. ADIMPLEMENTO. - Com o acordo de transmissão de propriedade e da


posse, o assinatário passa a ser dono do que recebeu. Nenhum alcance tem
hoje a discussão entre os que se apoiavam em CELSO e os que invocavam Ju-
LIANO para explicar que C adquirira de B o bem, que era de B, para solução
de dívida de A. CELSO viu a propriedade caminhar de B para A e de. A para C,
como se, para prestar por A, B precisasse da atribuição da propriedade a A. Ju-
LIANO apenas apontava a linha de B a C, sem qualquer volta ou rodeio por A.
A assinação promissória, em si, em nada se diferença da assinação
para prestar sem promessa, salvo em que a prestação do assinado é em
assunção de dívida. Para o atendimento pelo assinado, na assinação de
prestação de pecúnia, ou de outro bem que não seja crédito, bastam o acei-
te e o ato-fato jurídico. Para o atendimento de prestação de assunção de
dívida (prestação de crédito); ao aceite há de sobrevir ou ser concomitante
o.negócio jurídico em que o assinado se faça devedor. Noutros têrmos: há
de haver a promessa, que pode ser bilateral ou unilateral (e. g., nota pro-
missória). Êrro vulgar também é o de se considerar contrato, sempre, o ato
de promessa. Aí, a confusão é com o que mais acontece.
No tocante a existir, ou não, obrigação do assinado quanto à assina-
ção, não se trata de problema concernente à assinação, mas ao que, fora da
assinação, se passa entre o assinante e o assinado. O negócio jurídico entre
êles pode existir e pode não existir. Se existe, ainda se há de perguntar se
cria a obrigação.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.635. A - Legislação
As normas do Código Comercial de 1850, citadas ao longo do texto, foram
revogadas. No tocante à referência ao art. 1.092, 2." alínea, do CC/1916, cons-
ta do art. 477 do CC/2002, relativa à exceção de dúvida do cumprimento.
§ 4.636. OBJEÇÕES E E X C E Ç Õ E S DO A S S I N A D O • 309

§ 4.635. B- Doutrina
A revogabilidade da autorização do assinante ao assinado é característica
tida por obsoleta pela doutrina contemporânea, considerando a necessidade
de segurança no crédito. Todavia, entende-se, na mesma linha do entendimen-
to de Pontes de Miranda, que não se confunde com algum outro negócio cele-
brado entre o assinante e o assinatário em razão do qual se faz a assinação.
Nesse caso, eventual revogação da autorização pelo assinante, pode caracte-
rizar inadimplemento e obrigar a ressarcir perdas e danos ao assinatário, bem
como se pode ter a revogação como conseqüência da exceção de dúvida do
cumprimento (art. 477 do CC/2002).
Nestas situações e em outras, contudo, a pluralidade de negócios jurídicos
que envolvem a assinação, permitindo-se conduzir à noção de coligação de
contratos reconhecida pela doutrina. Por outro lado, a distinção entre a carta
de crédito e o aviso de crédito (notificação), não se observa de ordinário na
doutrina em razão, ademais, da ausência de.diferenciação entre assinação e
acreditivo como figuras de natureza distinta, entendendo-se ambos espécies
de crédito documentário, conforme a obrigação que se imponha ao banco (de
simplesmente notificar, ou de garantir pagamento). Sua identificação como co-
brança documentária leva a doutrina defender, com reservas no tocante ao re-
gime de responsabilidade dos bancos, a aplicação das regras convencionadas
pela Câmara de Comércio Internacional (SALOMÃO, Eduardo. Direito bancário.
São Paulo: Atlas, 2005. p. 279).

§ 4.635. C - Jurisprudência
A jurisprudência reconhece o direito do beneficiário de exigir o crédito di-
retamente do banco emissor, sem a necessidade de denunciação da lide do
banco confirmador, quando houver (STJ, REsp 235645/SP, 3.aT., j. 02.05.2000,
rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ26.06.2000).

§ 4.636. OBJEÇÕES E E X C E Ç Õ E S D O ASSINADO

1. ANTES DO ACEITE. - Antes do aceite, o assinado pode não atender


ao assinatário sem que daí surja qualquer pretensão ou ação do assinatário.
Não há relação jurídica entre eles. O assinado está autorizado a fazer a
prestação ao assinatário ou receptor, por conta do assinante. Se o assinado
deve ao assinante e, atendendo ao assinante, se libera, foi pagamento, que
fêz, a terceiro, por conta do seu credor. Se não deve ao assinante, a pres-
tação, por conta do assinante, ao assinatário, faz nascer o crédito contra o
assinante, com a pretensão ao reembolso. O dever de reembolso resulta do
próprio atendimento da assinação, pois fôra autorizado a fazer a prestação,
por conta do assinante.
Se, antes do momento de adimplemento, o assinado se recusa a apor
o aceite, ou o assinatário não quer apresentar ao assinado o documento da
assinação, tem de comunicá-lo, imediatamente, ao assinante. Êsse cuidará
de satisfazer por outro meio o destinatário da assinação mal sucedida. Se
o assinado se recusou a apor o aceite, ou a satisfazer, e estava vinculado a
isso, o assinante pode ir contra êle. O destinatário da assinação, êsse, pode
não estar vinculado a apresentar ao assinado a assinação. Se estava, infrin-
giu dever e responde pelos danos que, com a sua omissão, haja causado ao
assinante. Desde que o destinatário da assinação se recusa a apresentá-la
ao assinado, tem de devolver o documento.

2. EFEITOS DO ACEITE DO ASSINADO SÔBRE AS RELAÇÕES JURÍDICAS


DE VALUTA E DE PROVISÃO. - Ao ser feita a assinação, o que logo se
irradia do negócio jurídico é a autorização, que o assinante expede di-
retamente, ou por intermédio de outrem. Qualquer efeito, no tocante à
relação jurídica de valuta, que exista entre o assinante e o assinatário, ou
no tocante à relação jurídica de provisão, que ligue o assinado ao assi-
nante, depende do negócio jurídico entre o assinante e o assinatário, ou
entre o assinante e o assinado, e não da relação jurídica da assinação. Se
o assinado se vinculou a atender à assinação, ou o fêz por fora, ou pelo
aceite, que, a despeito de ter por objeto a autorização assinativa, também
é por fora. Se, em vez de simples pagamento, o assinado promete, há
dívida: sôbre ser extintivo da dívida do assinante perante o assinatário o
ato promissório do assinado, ou ser criador de dívida cumulativa. De or-
dinário (e é o que se há de entender, dispositivamente), o ato promissório
é de eficácia cumulativa, e não extintiva.
Se o assinatário declarou liberar o assinante, devedor originário, extin-
gue-se, apesar da cumulatividade, a dívida, e só permanece a do assinado.
Se isso não se deu, o assinatário tem de ir contra o assinado antes de ir
contra o assinante, pois foi essa a situação que êle deixou assentar-se. O
segundo devedor foi admitido pelo assinatário, sem que se pense em so-
lidariedade. O assinado fêz-se devedor principal. (Em todo o caso, seria
errôneo falar-se de ação de regresso, o que tem acontecido.)
Só há assinação com inserção não-cumulativa de devedor se o credor,
assinatário, a admite, ou se a isso se vinculara, quer se trate de sucessão na
§ 4.637. T R A N S F E R Ê N C I A E CESSÃO DA ASSINAÇAO • 311

dívida, quer de novação. Não é o negócio jurídico de assinação que o de-


termina, porque, êsse, é negócio jurídico unilateral. Numa e noutra espécie,
nenhuma ação tem mais o assinatário contra o assinante, salvo se o assina-
tário, que libera o devedor originário, ressalvara a sua responsabilidade em
caso de insolvência do segundo devedor.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.636. A - Legislação
A participação do assinado, passando a responder cumulativamente pela
dívida se dá por sucessão ou por novação. Nesse último caso, incidem as nor-
mas dos arts. 360 a 367 do CC/2002.

§ 4.636. B- Doutrina
O dever de reembolso do assinado pelo assinante regula-se pelas regras
da assinação, mas também pode estar vinculado a contrato de abertura de cré-
dito, conforme sejam os valores pagos ao assinatário decorrentes de depósito
do assinante ou de crédito aberto em seu favor junto ao banco assinado. Como
regra, a assinação tem eficácia cumulativa, considerando que a dívida original
entre assinante e assinatário decorre de outro contrato (por exemplo, compra
e venda internacional). Desse modo, concorda a doutrina em afastar qualquer
eficácia extintiva, já que a assinação, nesse caso, nada mais é do que serviço
de pagamento oferecido pelo banco.

§ 4.636. C- Jurisprudência
Segundo a jurisprudência, não se aplica à dívida decorrente da abertura
de crédito para cumprimento de ordem de pagamento, a teoria da imprevisão,
como fundamento da revisão do contrato, uma vez que não pode o banco ser
obrigado a receber menos do que pagou (STJ, REsp 654.969/PR, 3.a T„ j.
07.12.2004, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 28.03.2005).

§ 4.637. TRANSFERÊNCIA E CESSÃO DA ASSINAÇÃO

^ 1. ATOS DO ASSINATÁRIO. - A transferência da assinação pelo assi-


natário é transferência de direito contra o assinante, se anterior ao aceite.
Trata-se de contrato entre êle e terceiro, tendo por objeto a sua posição
jurídica derivada do negócio jurídico subjacente, justajacente ou sobre-
jacente, e da assinação. Se já ocorreu o aceite, criou-se crédito contra o
assinado, e o que se dá é cessão de crédito contra o assinado. De qualquer
maneira, é de mister a entrega do documento ao adquirente.
Surge o problema da cessão de direitos se não foi entregue ao assi-
natário o documento da assinação. No caso de ter havido a tradição como
se não houve, o que se cede, quanto a direito, é o que se irradia da relação
jurídica existente, ou por existir, entre o assinante e o assinatário, relação
jurídica que é estranha à assinação. A cessão, no tocante à assinação, é
transferência de direito futuro e eventual. Não há expectativa, no sentido
jurídico, do assinatário contra o assinado; mas há, contra o assinante, ex-
pectativa que se insere no direito que o assinatário tenha contra o assinante.
O receptor da assinação pode transferi-la (Código Civil, art. 1.078),
ou cedê-la (Código Civil, art. 1.065), se não lho proibiu o assinante; mas,
para ser eficaz quanto ao assinado, é preciso que ressalte da própria assi-
nação, ou tenha o assinado recebido comunicação do assinante. A trans-
ferência ou cessão é, então; contrato formal (Código Civil, art. 1.067); e
pode ser no próprio documento da assinação, advertindo-se que o aceite
dado ao transmitente ou ao cessionário pode ser aformal, mas é elemento
indispensável a entrega do documento. Só há cessão de crédito se já houve
aceite pelo assinado; se não houve, só se transmite a autorização (PAUL
OERTMANN, Das Recht der Schuldverhãltnisse, 988). Se já houve aceite, o
cessionário do assinatário está exposto às exceções oponíveis ao cedente,
segundo o Código Civil, art. 1.072; aliter, se só houve aceite depois, uma
vez que o adquirente tem direito próprio, ou se o assinado, que aceitara, se
presta a aceitar de nôvo. Pelos mesmos princípios regem-se as transferên-
cias ulteriores e as cessões ulteriores.
O assinante pode proibir a transferência, comunicando-o ao assina-
do, ou fazendo constar da assinação a intransferibilidade. A comunicação
externa ao assinado só é eficaz se anterior ao aceite ou à prestação pelo
assinado. Não há proibição após o aceite porque já nasceu relação jurídica
entre o assinatário e o assinado.

2. COMUNICAÇÃO AO ASSINADO. - A comunicação da intransferibilida-


de da assinação ao assinado é declaração unilateral de vontade. Se a assina-
ção é intransferível, também é impenhorável, inempenhável e inarrestável;
e não entra na massa concursal (G. PLANCK, Kommentar, II, 880).
§ 4 . 6 3 7 . T R A N S F E R Ê N C I A E C E S S Ã O DA A S S I N A Ç Ã O • 313

3. EFICÁCIA DA TRANSFERÊNCIA. - O adquirente da expectativa rece-


be crédito futuro e eventual, abstrato (o artigo 1.072 do Código Civil não
incide). Não o recebe o cessionário, após o aceite.
A aposição de nôvo aceite da assinação já aceita é nôvo crédito, e não
abstratização do que se obteve por cessão.
A transmissão ou cessão da assinação com efeitos para o assinado -
isto é, notificada ao assinado (Código Civil, arts. 1.069 e 1.078) - autoriza
o assinado a prestar, por conta do assinante, não mais ao assinatário, e sim
ao adquirente da expectativa, ou ao cessionário do direito de crédito contra
o próprio assinado.
O adquirente (Código Civil, art. 1.078) ou o cessionário (Código Ci-
vil, art. 1.069) está legitimado, mediante a declaração escrita de vontade
e a entrega do documento (razão por que a invocação do art. 1.070, l. a
parte, do Código Civil seria impertinente), a obter o aceite ou a exigir a
prestação. -

| Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.637. A- Legislação
Em relação à possibilidade de aplicação das regras de cessão de direito
na assinação, o art. 1.065 do CC/1916, indicava a regra da possibilidade de
cessão quando não existisse cláusula proibitiva. O art. 286 do CC/2002, além
de reproduzir os termos da disposição revogada, acrescenta que a cláusula
! proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa fé se não
! constar no instrumento da obrigação. Já o art. 1.078 do CC/1916, não foi repro-
I duzido na legislação vigente. Isso não impede, contudo, que se apliquem as
i normas relativas à cessão de crédito à cessão de direitos em geral, mediante
| recurso à analogia. •
Em relação à transferência ou cessão da assinação, faz referência o texto
| ao art. 1.067 do CC/1916 que deve ser reconduzido ao art. 288 do CC/2002, o
j qual estabelece como ineficaz em relação a terceiro, a cessão de crédito que
| não se opere por instrumento público, ou instrumento particular revestido das
solenidades relativas ao mandato, de que trata o § 1 d o art. 654, também do
| CC/2002.
| A necessidade de notificação ao assinado, relativamente à cessão ou
| transferência do direito pelo assinatário remete ao art. 290 do CC/2002, por
analogia, ainda que não tenha sido reproduzido o conteúdo do art. 1.078 do
CC/1916, que autorizava expressamente a aplicação das regras atinentes à
cessão de crédito à cessão de direitos em geral.
Julga, Pontes de Miranda, igualmente, indevido invocar o art. 1.070, 1.®
parte, do CC/1916 (correspondente ao art. 291 do CC/2002), que estabelece a
regra de legitimação, na hipótese de ocorrerem cessões de crédito sucessivas,
àquela em que ocorrer a tradição do título, no que mantém coerência com o
fato de que deverá o cessionário apresentar o título ao assinado para obter
aceite ou a prestação.

§ 4.637. B - Doutrina
Observa Pontes de Miranda em relação à cessão da assinação, que se tra-
ta de direito futuro e eventual, pois depende de aceite do assinado. A doutrina
contemporânea guarda coerência com a designação do fenômeno que indica
como sendo o crédito documentário não confirmado, em que não há obrigação
do banco assinado em relação ao credor, que ostentará esta condição em rela-
ção àquele com quem já mantém relação jurídica (assinante) e que solicita os
serviços do banco. Da mesma forma, recorde-se que para Pontes de Miranda
a cessão de crédito é negócio abstrato (conforme assinala no t. XXIII, dessa
obra), para o que se encontra assento doutrinário, com exceção de Orlando
Gomes (Obrigações. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 206).

§ 4.638. DIREÇÃO E EFICÁCIA

1. DIREÇÃO DA ASSINAÇÃO. - A assinação dirige-se ao assinado, para


qne preste algo a favor de alguém, terceiro, dito assinatário, por conta do
assinante. A prestação ao assinatário, feita pelo assinado, é prestação do
assinante. Prestando, o assinado torna-se credor do assinante, pois prestou
por conta desse, ou, se era devedor, se libera.
O uso freqüente do documento entregue ao assinatário levou a doutri-
na a tentar triangulizar o negócio jurídico (assinante, assinado; assinado,
assinatário). O documento é o meio de legitimação e o instrumento do ne-
gócio jurídico do assinante contra o assinado, que já se vinculou, ou ainda
não se vinculou e se vai vincular posteriormente, talvez pelo aceite. Mas a
vinculação pelo aceite já é perante o assinatário.
O documento, êsse, não pode ser à ordem.
O aceite, que é manifestação unilateral de vontade por parte do assi-
nado, de modo nenhum é "aceitação" de oferta do assinante, ou do assina-
do. Nem se há de considerar prestação pelo assinante, feita pelo assinado.
Prestação somente há quando o assinado a faz, por conta do assinante. Não
basta a manifestação unilateral de vontade, que entra no mundo jurídico
como promessa de pagamento. No momento em que o assinado presta,
cumpre a promessa feita, pelo aceite, ao assinatário e, se havia dívida entre
o assinatário e o assinante, satisfaz o crédito do assinatário. Todavia, se a
assinação previu que o assinado devesse ou pudesse prestar por assunção
de dívida, a prestação por êsse modo não é ato de solução, salvo se o assi-
nante ressalvou não permanecer, pelos têrmos da manifestação unilateral
de vontade, adstrito à entrega do bem. Mas, aí, deturpa-se, de certo modo,
a figura da assinação.

2. DOCUMENTO APRESENTÁVEL DA ASSINAÇÃO. - O d o c u m e n t o d a as-


sinação é instrumento da manifestação unilateral, receptícia, de vontade,
entre o assinante e o assinado. O portador pode ser o assinatário, mas nada
obsta a que seja o correio, ou outra pessoa, estranha à assinação. O docu-
mento não se refere a direito de crédito do assinatário, sendo devedor o
assinado, porque isso só é efeito do aceite. Enquanto o assinado não aceita,
só há a linha reta que vai do assinante ao assinado.
O que o assinado presta é pelo assinante que presta.
A assinação tem por fim prestar, e não prometer. Uma vez que o as-
sinado presta, tem pretensão de ressarcimento contra o assinante. Tal pre-
tensão não nasce desde a promessa do assinado, mas sim desde que presta.
Mesmo se o assinado aceita a assinação, ainda não está pago o assinatá-
rio. A cláusula em contrário desvia da assinação o negócio jurídico (cf. v.
PLUCINSKI, Zur Lehre von der Assination und Delegation, Archivfür die
civilistische Praxis, 60, 344 s.; C. KARSTEN, Die Bedeutung der Form im
Obligationenrecht, 179 s.; A. PERNICE, Labeo, I, 507 s.).
i O assinatário somente é adstrito a ir contra o assinante depois de
ter ido contra o assinado? A questão é estranha à assinação. Depende da
relação jurídica entre o assinante e o assinatário qualquer solução. Por isso
mesmo, a discussão, em alguns sistemas jurídicos, e. g., no italiano (WAL-
TER BIGIAVI, La Delegazione, 24; RENATO MICCIO, Delle Obbligazioni in
generale, 270), é sem razão de ser. Não se pode ligar à natureza da assina-
ção a eficácia da assinação diante do assinatário, quanto a êle. Se o assina-
do presta, solvida está a dívida, ou prestado está o que se havia de prestar
ao assinatário. Se não se prestou, continua a dívida ou deixa de ser feita a
prestação ao assinatário; portanto, não há solução, ou não há prestação ao
assinatário, concernente a algum negócio jurídico entre êle e o assinante.
Salvo se foi previsto que o aceite bastaria, ou se o aceite foi admitido pelo
assinatário fora das exigências do assinante.

3. PRESCRIÇÃO. - No direito brasileiro, há o delicado problema da


prescrição da ação do assinatário contra o assinado-aceitante. No direito
alemão, há o § 786 do Código Civil que fixou o prazo de três anos. No di-
reito brasileiro, a ação fica sob o regime do prazo ordinário de prescrição.

4. DEPÓSITO EM CONSIGNAÇÃO. - Se, para a solução da dívida do assi-


nante, o assinado somente precisa de pagar, a recusa por parte do assinatá-
rio permite ao assinado que deposite em consignação. O aceite foi negócio
jurídico unilateral; o pagamento é ato-fato jurídico. Não há, portanto, óbice
a que a atividade do assinado, por sua conta, vá além do que queria o assi-
nante, uma vez que a êsse não cause danos.
Se a obrigação do assinante perante o assinatário não tem de ser solvi-
dapessoalmente, o assinado, terceiro, pode solvê-la, mesmo se não declara
ser terceiro assinado. O assinatário não pode opor objeções e exceções que
não poderia opor ao próprio assinante.

5. RELAÇÕES JURÍDICAS DO ASSINADO COM O ASSINANTE. - S e O assi-


nado tinha provisão do assinante e êsse quis que se solvesse a sua dívidà
ao assinatário e o assinado o faz, extinguem-se essa dívida e, até o importe
do que prestou, o que o assinado devia ao assinante. O triângulo, a que
se costuma aludir, não é do negócio jurídico de assinação, porque êsse é
unilateral, mas da sua estrada eficacial, a que atenderam o assinado e o
assinatário. O assinante pôs terceiro, o assinado, em seu lugar, para prestar
ao assinatário.
Para que haja assinação é preciso que, a propósito da prestação, ter-
ceiro possa prestar, em vez do assinante. O comodatário não pode assinar.
Nem o depositário, no depósito regular. Nem as pessoas a que se refere o
art. 880 do Código Civil.

P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

§ 4.638. A - Legislação .
O prazo geral de prescrição, no Código Civil de 2002, é o fixado no seu art.
205, de dez anos.
O pagamento em consignação tem sua disciplina nos arts. 334 a 345 do
CC/2002. A ação de consignação em pagamento, de sua vez, é regulada pelos
arts. 890 a 900 do CPC.

§ 4.638. B- Doutrina
Pontes de Miranda bem define a assinação como espécie de serviço ban-
cário. Ela, por si, serve a outro negócio, com a finalidade de adimplemento.
Daí porque a possibilidade ou não de se ir contra o assinado depende das
obrigações que ele tiver constituído na sua relação original com o assinante.
Pode ser que haja obrigação de efetuar o pagamento, mediante transferência
do valor, ou de obter o aceite. Não é nesse caso contrato em favor de terceiro,
nem o assinatário necessariamente é credor. Apenas se tem o conteúdo do
serviço que deve ser realizado. No caso de assegurar pagamento, ou de ter
recebido para transferir, há casos em que o assinado poderá ser demandado
pelo assinatário. Todavia, sempre se há de notar se de expectativa ou direito
será titular o assinatário.

§ 4.638. C- Jurisprudência
Admitindo-se a exigibilidade do crédito, o fato de ser protestado o valor de
eventual carta de crédito e não o das transações eventualmente efetuadas,
não acarreta inexigibilidade do título (TJSP, ApCiv 9124781-05.2004.8.26.0000,
23.a Câm. de Direito Privado, j. 29.06.2011, rei. José Marcos Marrone).
CAPÍTULO III
EXTINÇÃO DA ASSINAÇÃO

§ 4.639. CAUSAS DE EXTINÇÃO

1. CASOS DE EXTINÇÃO. - A assinação extingue-se: a) pela revogação;


b) pela destruição do instrumento particular, nas espécies em que é de exigir-
-se; c) pelo adimplemento ou pelo aceite, se é de se atribuir tal eficácia. Não
se extingue, de regra (o que em seguida se vai dizer é de natureza dispositi-
va, cf. P. OERTMANN, Das Recht der Schuldverhãltnisse, 987; G. PLANCK,
Kommentar, II, 877), pela morte do assinante, ou do assinado, ou do assina-
tário, ou de dois dêles, ou de todos; nem pela superveniente incapacidade,
nem pela decretação da falência de qualquer dêles, de dois, ou dos três (H.
DERNBURG, Das Bürgerliche Recht, II, 2,3. A ed., 286; G. PLANCK, Kommen-
tar, II, 878; E. JAEGER, Kommentar zur Konkursrecht, I, 381, nota 12; sem
razão, A. VON TUHR, Zur Lehre von der Anweisung, Jherings Jahrbücher,
48, 26). O síndico da falência do assinante pode revogá-la, ainda se houve
comunicação em sentido contrário, enquanto não se dá o aceite.

2. ENTREGA DO DOCUMENTO E DESTRUIÇÃO DO DOCUMENTO. - A entre-


ga do documento da assinação, que se fêz por escrito particular, ao assinante,
implica distraio da autorização (distrato não se refere só a contratos). Se já
houve aceite, tal retorno não basta (P. OERTMANN, Das Recht der Schuldver-
hãltnisse, 986). Se a prestação ao assinatário se tornou impossível, pode o
próprio assinante exigir (O. WARNEYER, Kommentar, I, 1253).
Se há escrito particular, incide o Código Civil, art. 942. Nas cartas
circulares de crédito, só se pode exigir o documento quando se trate do
último pagamento (G. PLANCK, Kommentar, II, 872).
í P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

§ 4.639. A - Legislação
A referência ao art. 942 do CC/1916, revogado, atualmente diz respeito ao
art. 321 do CC/2002, que o reproduz.
A nova Lei de falências (Lei 11.101/2005), não mais faz referência ao sín-
dico da falência, mas ao administrador judicial. A regra, contudo, é de que as
obrigações do falido não se extinguem ou suspendem com a falência (art. 117).

§ 4.639. B - Doutrina
A doutrina, de modo geral, embora indique como não usual, frente às exi-
gências de segurança jurídica do crédito, admite a possibilidade de revogação.

§ 4.640. EXAME DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO

1. REVOGAÇÃO. - A revogação só é possível enquanto o assinatário


não obtém aceite ou adimplemento imediato.
As cartas de crédito são, para o assinatário, irrevogáveis pelo assi-
nante.

2. DESTRUIÇÃO DO DOCUMENTO. - Se é de exigir-se, na espécie, o


documento, e foi destruído (ou perdido, sem recuperação), ou ao assinado
não chega, se a êle foi ou havia de ser enviado, ou não chega ao assinatário,
que o teria de apresentar ao assinado, extingue-se a assinação.

3. ADIMPLEMENTO PELO ASSINADO. - Se O assinado adimpliu (= acei-


tou e simultâneamente adimpliu), ou, nos casos em que se atribuiu ao acei-
te função extintiva, ou o assinante não previu o aceite, que resultou de
entendimento entre o assinatário e o assinado, extingue-se a assinação.
O inadimplemento de modo nenhum extingue a assinação, porque, se
foi estabelecido prazo para o aceite e êsse não se deu, a extinção foi devida
ao prazo, e não ao inadimplemento.
Os efeitos da assinação, no tocante à relação jurídica entre o assinante
e o assinatário, ou entre o assinante e o assinado, são efeitos sôbre relações
jurídicas oriundas de outras fontes, provàvelmente de outros negócios ju-
rídicos. Se o assinado atendeu à assinação, algo foi satisfeito no tocante
ao assinatário. Se o assinado não atendeu à assinação e o assinante tinha
de pagai" ao assinatário, incorreu em mora: deixou de haver a chamada
prestação indireta.
Quando o assinado presta, e satisfeito fica o assinatário, ou só em
parte, por ter admitido o adimplemento parcial, liberado está o assinante,
sem que se possa pensar em dúplice transmissão, como queriam CELSO e
ÚLPIANO, com a teoria a que se chamou, nas dissertações alemães, Durch-
gangstheorie. Só há uma transmissão, como frisava JÚLIANO (AFRICANO,
L. 38, § 1, D., de solutionibus et liberationibus, 46, 3). Sôbre isso, H.
U. HAEBERLIN (Die Kausalbeziehunger bei der delegatio, Zeitschrift der
Savigny-Stiftiing, 74, 119 s.).
A assinação pode ter, subjacente, justajacente ou sobrejacentemente,
negócio jurídico ou outra fonte de relação jurídica, de jeito que a assina-
ção, que é abstrata, tenha, fora de si, em outrc ato, causa solvendi, causa
donandi, causa credendi, causa dotandi ou outra causa. Se há duas rela-
ções jurídicas (de valuta e de provisão), a prestação extingue a ambas (L.
64, D., de solutionibus et liberationibus, 46, 3).

j Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.640. A- Legislação
No caso de destruição do título que deverá apresentar o assinatário, ad-
mite-se a invocação do art. 321 do CC/2002, de modo que este possa emitir
declaração que inutilize o título desaparecido

§ 4.640. B- Doutrina
A doutrina converge com o entendimento de Pontes de Miranda, no sentido
de que a assinação constitui em prestação de serviços do banco ao assinan-
te, de modo que apenas pelo conteúdo obrigacional deverá este responder. A
obrigação que dá causa à assinação como meio para viabilizar o pagamento
j não se confunde com esta, embora admita-se a possibilidade de coligação
j contratual (COVELLO, Sérgio. Contratos bancários. 3. ed. São Paulo: Leud, 1999.
j p. 219).
PARTE II

ACREDITIVO
CAPÍTULO I
CONCEITO E N A T U R E Z A D E ACREDITIVO

§ 4.641. CONCEITO DE ACREDITIVO

1. CONCEITO DE ACREDITIVO E DE ASSINAÇÃO. - S e o figurante (acre-


ditante) de algum negócio jurídico bilateral ou plurilateral promete ao
outro figurante (acreditado) que terceiro, que se vincula, prestará median-
te a duplicata da fatura, ou de outro instrumento, ou porque foi aberto o
crédito, ou porque, por exemplo, como devedor hipotecário, ou pignoratí-
cio, prestará, h á negócio jurídico acreditivo, ou s i m p l e s m e n t e acreditivo.
A assinação é negócio jurídico unilateral, mas a sua semelhança com o
acreditivo exigiu que a puséssemos num dos Tomos sôbre negócios jurí-
dicos bilaterais, antes da Parte sôbre o acreditivo. Com isso, faz-se mais
fácil a exposição.
O devedor pode fazer, pessoalmente, a prestação, ou, se admissível,
por intermédio de outrem. O terceiro ou entrega a prestação como núncio,
servidor da posse, ou como gestor de negócios com ou sem mandato ou
outra outorga de podêres, ou como emprêsa que fêz abertura de crédito,
ou em virtude de outro negócio jurídico, bilateral, ou unilateral, ou até
mesmo plurilateral.
Uma das figuras hoje assaz usadas é o acreditivo-. o outorgado - com-
prador ou outro contraente - vincula-se perante o outorgante - vendedor
ou outro contraente - a que lhe entregue a prestação pessoa, física ou jurí-
dica, quase sempre banco, que êles determinaram, ou devem determinar;
acredita o outorgante, devedor da prestação; e o terceiro assume, perante o
contraente credor (dito acreditado) o dever de pagar, conforme as exigên-
cias apontadas ou de uso.
Qualquer que tenha sido o negócio jurídico de que proveio o crédito
a favor do acreditante (que é credor do terceiro e devedor do acreditado),
para a missão de prestar a relação jurídica mais freqüente é a de locação de
obra, porém de modo nenhum sempre mandato nem, tão-pouco, fidúcia.
O prestador acreditivo assume a dívida em nome próprio (nomine
proprio), em adiectio, sem superposição, nem substituição. Não se deve
levar em conta, no exame da estrutura do acreditivo, a relação jurídica
entre o acreditante e o prestador acreditivo, o que triangularizaria o ne-
gócio jurídico.
As teorias tentaram reduzi-lo a alguns dos contratos típicos: outorga
de poder de representação ao prestador acreditivo, o que seria prestar-se
atenção ao que é estranho ao acreditivo (à relação jurídica entre A e B, em
vez de à relação jurídica entre A e C e à relação jurídica entre B e C). De-
mais, o prestador acreditivo assume a dívida nomine proprio.
As outras teorias merecem maior exame.
À finalidade de acreditivo é essencial a futura manifestação unila-
teral de vontade de quem tem de entregar a prestação. Enquanto não há
essa manifestação de vontade do banco ou outro estabelecimento que se
incumbiu de prestar pelo devedor, não há a eficácia jurídica completa do
acreditivo. Mas houve a relação jurídica inicial, que foi entre o acreditante
e o acreditado.
O crédito bancário quase sempre é assumido em contrato de mútuo
ou em títulos cambiários ou cambiariformes. Às vêzes, imediato; outras
vêzes, diferido. Aquele e êsse têm figuras entre si diferentíssimas, que ser-
vem à mobilização dos capitais e à atividade creditícia dos bancos (cf.
PIKRE É T I E N N E , Les Crédits par acceptation, 8 ) . A abertura de crédito e o
acreditivo são os institutos mais usuais de crédito diferido.
O crédito por aceite, acceptance credit, Akzetierungsakkreditiv, é
aquêle em que o dador do crédito aceita, para que o creditando possa usar
a firma para obter fundos. O dador não é de fundos, mas de crédito. Uma
das funções da dação de crédito é o transporte de fundos. Em vez de se
enviar fundo, envia-se crédito.
A carta de crédito indireta de importação (indirect import letter of
credit) é subscrita e emitida por um banco do Estado do comprador, mas,
em lugar de autorizar o saque contra o.banco creditante (issuing bank),
autoriza o saque contra banco (drawee bank) do Estado do exportador.
Diferente é a carta de crédito de exportação (export letter of credit):
banco do Estado do comprador subscreve e emite o título, em que se vin-
cula a atender ao saque do vendedor (WILLIAM E. MC CURDY, Commercial
letters of credit, Harvard Law Review, 37, 558).
O acreditivo é crédito dependente, para a sua eficácia regular, da con-
firmação pelo futuro portador acreditivo. Passa-se entre acreditante e acre-
ditado. A confirmação é entre acreditado e futuro portador acreditivo. Êsse
pode ter de prestar pecúnia (ou outro objeto) ou crédito. Na terminologia
de alguns sistemas jurídicos, fala-se de crédito confirmado, quando, em
verdade, o negócio jurídico é de crédito, que precisa, para sua eficácia re-
gular, de confirmação. O crédito é confirmável, ou não: ao futuro prestador
incumbe a tomada de atitude. Isso não significa que, se êle não confirma,
deixe de ter eficácia contra o acreditante o negócio jurídico unilateral.
Se a confirmação é de acreditivo documentário, o acreditado tem de
apresentar os documentos, o que a distingue do aceite da letra de câmbio,
que não pode ser subordinada a tais cláusulas.

2. ANGULARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS. - O a c r e d i t a d o , u m a


vez que houve a confirmação, é credor do prestador, sem que tal situa-
ção dependa do que se haja passado, ou se passe, entre o acreditante e o
prestador acreditivo, e da própria situação do acreditado em relação ao
acreditante.
Pode-se estabelecer na comunicação ao acreditado, ou nela e na con-
firmação, ou na confirmação, que a dívida do prestador expira na data tal,
ou quando algum fato ocorrer. Então, a extinção da dívida é automática.
Uma das conseqüências da principalidade da assunção de dívida
pelo prestador acreditivo é a de ser o domicílio dêsse o lugar da solução
e competente para as ações contra êle ou contra o acreditado (fórum de-
stinatae solutionis).
E inegável a função principalizante de confirmação. O acreditante
passa a segundo plano. Não há substituição. O outorgado, B, no negócio
jurídico que houve entre A e B, tem, contra A, a ação que a êsse negócio
jurídico corresponde e ação que nasce do acreditivo; e, contra C, a ação
do acreditivo confirmado. O negócio jurídico entre A e B criou a relação
jurídica de valuta. A confirmação reforça a situação de B, pela angulização
da eficácia do acreditivo.
Não se pode dizer que haja um só negócio jurídico, com três relações
jurídicas (relação jurídica de valuta; relação jurídica dita de ordem, o que
seria demasiada generalização; relação jurídica de confirmação). O acre-
ditamento de A a B é promessa de ato de terceiro, aí C. Não importa se
se inseriu como cláusula do negócio jurídico entre A e B, ou como pacto
posterior. Isso traça a linha entre A e B, com pontilhado de B a C (linha
pontilhada). A confirmação põe a reta onde estavam os pontos. Entre A e
C pode não ter existido relação jurídica, como se C tem tôda confiança em
A e quer assumir a dívida, a despeito de qualquer negócio jurídico entre
êles. De ordinário, a relação jurídica é de depósito bancário, ou de man-
dato ou de abertura de crédito, mas estranha ao acreditivo. Daí ficar entre
parênteses, na figura que traçamos (§ 4.625, 6). A dívida do prestador
acreditivo é adjecta à do acreditante ao acreditado, não à daquele perante
o prestador acreditivo.

O acreditivo faz o ângulo; e não é ângulo. Há três figurantes, um dos


quais se insere depois. Qualquer concepção que o faça triangular introduz
linha, que é estranha ao negócio jurídico acreditivo. Regularmente, há duas
linhas, correspondente a duas relações jurídicas causais (ou, pelo menos,
de ordinário causais), porém essas linhas não são cobertas pela linha que
faz a constituição do negócio jurídico acreditivo e a sua integração pela
confirmação pelo futuro prestador acreditivo. Há a relação jurídica de va-
luta entre o acreditante e o acreditado (ou se supõe haver), e - para que se
trate de acreditivo - necessàriamente há a relação jurídica acreditiva. Daí,
com a apresentação ao futuro prestador acreditivo, a relação jurídica, que
nasce com a confirmação e traça a linha, que completa o ângulo. Entre o
acreditante e o futuro prestador acreditivo não existe qualquer relação ju-
rídica acreditiva: há a relação jurídica causai, ou passa a haver tal relação
jurídica, se, sem direito a indicar como prestador acreditivo a pessoa a
quem o acreditado há de apresentar os documentos, o acreditante deixou
que ficasse a líbito dessa pessoa adimplir ou não.

3. ATOS INTERNACIONAIS (CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL).


- São dignos de menção atos internacionais que cogitaram dos créditos
documentários:
a) VH Congresso da Câmara de Comércio Internacional, Viena, 1933.
b) XIII Congresso da Câmara de Comércio Internacional, Lisboa,
1951.
Panorama atual pelo Atualizador

§4.641. A-Legislação
Embora não se trate, em sentido estrito de legislação, no comércio internacio-
nal costuma-se referir à UCP (ou brochura) 500 (Uniform Customs and Practice
for Documentary Credits), editada pela Câmara de Comércio Internacional, que
estabelece regras sobre a emissão e aceitação de cartas de crédito como meio
de pagamento de contratos internacionais. Destas regras e usos uniformes, em
matéria de crédito documentário, além dos atos internacionais mencionados por
Pontes de Miranda (Congressos da Câmara de Comércio Internacional de Viena,
1933, e de Lisboa, 1951), merece menção o Congresso da Câmara de Comércio
Internacional do México, de 1962, que aprovou normas e costumes uniformes
para créditos documentários, assim como as revisões realizadas em 1970, 1974
e 1993.

§ 4.641. B - Doutrina r
Constitui o acreditivo em espécie que a doutrina contemporânea, em unísso-
no, apesar das reservas de Pontes de Miranda, denomina crédito documentário
confirmado, considerando a assunção pelo banco da obrigação de fazer o paga-
mento a terceiro. A carta de crédito em si é tida como instrumento unilateral que
decorre de um negócio jurídico entre o banco e aquele que contrata a carta para
satisfazer sua obrigação com o terceiro. A distinção mais evidente em relação à
assinação é que no acreditivo há vinculação do banco à obrigação de pagamen-
to do terceiro, não se constituindo mera notificação (ainda que haja o dever de
certificar-se da aparência razoável do crédito, mesmo neste caso, conforme o art.
7.° da UCP 500).
As espécies de crédito documentário referidas por Pontes de Miranda (crédito
por aceite, carta de crédito indireta de importação e carta de crédito de expor-
tação) não são reproduzidas pela doutrina contemporânea, que prefere dar um
tratamento uniforme ao contrato. Da mesma forma, enquanto no texto do Tratado,
| parte-se da distinção entre o acreditante, acreditado e terceiro, prefere a doutrina
simplificação, qualificando as partes como ordenante, banco emissor, beneficiário
e, quando for o caso, banco correspondente, que no lugar da situação do benefi-
ciário, realiza o pagamento em seu favor.
As formas comumente identificadas de prestação do banco emissor ao benefi-
ciário envolvem pagamento em pecunia, aceite de letras de câmbio emitidas pelo
i beneficiário, ou a aquisição destas mesmas letras de câmbio. A confirmação bila-
; teraliza o negócio, com a vinculação do banco, por intermédio de negócio jurídico
I plurilateral (ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.
j 175), que determina a angularização do crédito.
: Também pode haver do acreditivo vincular-se a negócio de crédito que não
se destine necessariamente a contrato internacional, mas a contrato de abertura i
j de crédito para financiamento, como ocorre comumente para fins de aquisição de
imóvel. Neste caso a emissão de carta de crédito pelo banco e sua entrega ao
j acreditado, configura-se também acreditivo, sobre o qual há divergência quanto à
aplicação ou não do Código de Defesa do Consumidor.

§ 4.641. C - Jurisprudência
A aplicação dos usos uniformes da Câmara de Comércio Internacional foi j
reconhecida pela jurisprudência brasileira (STJ, REsp 885.674/RJ, 3.a T., j.
07.02.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 05.03.2008; no mesmo sentido: TJSP,
ApCiv 9084303-52.2004.8.26.000, 23.a Câm. de Direito Privado, j. 27.10.2006, rei'.
Fernando Arruda Silveira). Da mesma forma, já decidiu o STJ pela incidência do
Código de Defesa do Consumidor na relação entre as partes no crédito documen-
tário, utilizando-se da equiparação a consumidor de que trata seu art. 29, para
efeito de limitação da multa de mora a 2% (dois por cento), mediante aplicação
da Súmula STJ 285, daquela Corte (STJ, EDcl no REsp 654.969/PR, 3. a T„ j.
16.05.2006, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 11.09.2006). Esta posi-
ção, contudo, está longe de ser consolidada, devendo-se considerar, para efeito
da incidência ou não do Código de Defesa do Consumidor, a finalidade de con-
tratação do crédito (TJSP, ApCiv 9039198-91.2000.8.26.000,14.a Câm. de Direito
Privado, j. 10.08.2008, rei. Pedro Ablas; eTJSP, ApCiv 0095398-96.2008.8.26.000,
18.a Câm. de Direito Privado, j. 30.03.2010, rei. Rubens Cury).
Por outro lado, equipara o crédito documentário à abertura'de crédito, de modo
a considerá-lo ilíquido para fins de execução, considerando a possibilidade de que
o emissor tenha realizado creditamentos e amortizações sucessivas (STJ, REsp
247518/MG, 4. a T., j. 02.02.2006, rei. Min. Barros Monteiro, DJ 20.03.2006; em
sentido contrário: TJRJ, ApCiv 18591/99, 6.a Câm. Civ., j. 02.05.2000, rei. Walter
Dagostino).
Há precedente do STJ, ainda, no sentido de que, no crédito documentário, o
beneficiário tem legitimidade ativa para cobrar o cumprimento da carta de cré-
dito diretamente do banco emissor, não importando que tenha havido no negó-
cio a presença do banco confirmador, que não teria honrado o pagamento (STJ,
REsp 235645/SP, 3. a T„ j. 02.05.2000, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
DJ 26.06.2000).

§ 4.642. NATUREZA DO ACREDITIVO

1. CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS. - Um dos males das exposições de ciên-


cia do direito é a preocupação de se reduzir cada instituto a outro, mais
conhecido, muito embora nem sempre mais encontrado.
Quando o acreditante conclui o negócio jurídico acreditivo, promete
ao acreditado, como modo de pagamento, que providenciará para que ao
acreditado o futuro prestador acreditivo "confirme". Trata-se de dever, que
há de ser cumprido a tempo, e não de elemento necessário à conclusão do
negócio jurídico acreditivo, nem tão-pouco de condição para que o futuro
prestador acreditivo cumpra. A atividade do acreditante, junto ao futuro
prestador acreditivo, apenas faz dever dêsse o atendimento do que aquele
prometeu ao acreditado. Êsse dever se irradia de outro negócio jurídico
entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo, sem ser dever que se
irradie do acreditivo. Exatamente, o que o futuro prestador acreditivo passa
a dever é o ato que, na relação jurídica entre o acreditante e o acreditado,
ficou previsto e prometido.
Quando um contraente assegura o cumprimento da sua prestação,
contra documentos mediante depósito, ou abertura de crédito, ou outro ne-
gócio jurídico, o banco ou outro estabelecimento que possa abrir o crédito
põe à disposição do outro contraente quantia" correspondente à prestação
devida, ou que vai ser devida, e o acreditado pode exigi-la se satisfaz o que
lhe incumbe.
A relação jurídica entre o contraente A, acreditante, e o banco ou
outro estabelecimento abridor do crédito é contrato de obra, com podêres
para gestão de negócios.
Se se convencionou que se acreditasse determinada quantia, ou quantia
determinável, num banco, ou noutro estabelecimento hábil, tal prestação é
principal. Tal negócio jurídico pode ser condição para outro negócio jurídico,
que dela dependa para se concluir, ou ser cumprido, ou extinguir-se.
A relação jurídica entre o acreditante e o futuro prestador é tida, na
doutrina dominante, como de contrato de obra, que tem por objeto trato de
negócio (REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeitschriftfür das gesamte Handels-
recht, 8 8 , 2 1 ; KARL HERMANN CAPELLE, Das Akkreditivgeschãft, 56; BOES
e HARTENFELS, Das Waren oder Dokumentenakkreditiv, Die Bank, 1922,
721; ALFRED JACOBY, Das Akkreditiv, Bankarchiv, 20, 264). Mas isso é
apenas o que mais acontece.
Não faltaram sustentadores da teoria do acreditivo contrato a favor
de terceiro (e. g., PIERRE MARAIS, Des Ouvertures en banques de crédits
confirmés et non confirmés, 25; REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeitschrift fia-
das gesamte Handelsrecht, 88, 60). Não há, no acreditivo, contrato a favor
de terceiro; em senso largo, há cláusula a favor de terceiro, mas cláusula
inserta em negócio jurídico unilateral.
Tão-pouco se pode reduzir o acreditivo à assinação ou à delegação,
que funciona entre assinante, que quer prestar, e autorizado, assinado",
que há de atender, sem ser vinculado por êsse negócio jurídico a isso. O
negócio jurídico do acreditivo dirige-se ao acreditado, seja êle credor ou
não: o prestador acreditivo, se está vinculado, é por outro negócio jurídi-
co. Não há contrato entre o acreditante e o acreditado: o negócio jurídico
é unilateral, pôsto que se dirija ao acreditado. Sem razão, J. BRÈTHE (Le
Crédit confirme en droit français, 30), A. LEGAL (Le Crédit confirmé en
droit étranger, 57), PIERRE ÉTIENNE (Les Crédits par acceptation, 50 s.),
GEORGES MARAIS (DU Crédit documentaire, 277), EUGEN ULMER (Akkre-
ditiv und Anweisung, Archiv für die civilistische Praxis, 126, 297 s.), KARL
HERMANN CAPELLE (Das Akkreditivgeschãft, 19) e outros.

Errônea também é a teoria do negócio jurídico duplo: um, de que


surge a abertura de crédito, junto ao acreditado; outro, que faz nascer a
relação jurídica de vinculação do futuro prestador acreditivo à confirmação
(e. g., CARLO FOLCO, II Credito confermato di banca, 66).

2. TEORIA DO ACREDITIVO CONTRATO A FAVOR DE TERCEIRO. - N a teo-


ria do acreditivo contrato a favor de terceiro, faz-se o percurso de A a B e
de A a C e, depois, fecha-se o triângulo, com a conformação (B-C). Já aí
se deixa de considerar que a dívida, assumida pelo prestador, é autônoma
e abstrata, em virtude da carta de confirmação. No contrato a favor de ter-
ceiro (Código Civil, arts. 1.096-1.100), o promitente (B) pode opor algu-
mas exceções tocantes ao negócio jurídico entre A e B (cf. Tomo XXVI, §
3.159, 5); no acreditivo, não. A carta de confirmação determina a assunção
da dívida, sem que se precise de qualquer manifestação de vontade do
acreditado. Estabeleceu-se o vinculum iuris entre B e C: traçou-se a linha
onde estava o pontilhado.

3. TEORIA DO ACREDITIVO ASSINAÇÃO. - A teoria d o acreditivo assina-


ção é a mais divulgada, a mais recebida, porém é falsa.
A redução do acreditivo à assinação tentaram-na RITTER (Vom Akkre-
ditiv, Hanseatische Rechtszeitschrift, 1921, 620, com a grave contradição
de considerar a confirmação como fiança, ou ao modo de fiança), KARL
HERMANN CAPELLE (Das Akkreditivgeschãft, 19 s.) e outros.
Algumas semelhanças não justificam a identificação. No acreditivo,
como na assinação, não são oponíveis as exceções oriundas da relaçao
jurídica de reabertura, nem as da cobertura. Só se atende ao que constava
dos documentos. A abstração afasta tudo que se prende às duas relações
jurídicas causais.
Entre o acreditante (Akkreditierende) e o prestador acreditivo (de or-
dinário, banco, Akkreditivbank), pode haver - não o há necessàriamente
- contrato de serviço, de obra. Porque pode não existir tal relação jurídi-
ca, que é causai, temos de evitar qualquer proposição que possa significar
afirmativa de ser triangular o acreditivo, isto é, de compor-se de três rela-
ções jurídicas (entre o acreditante e o acreditado; entre o acreditado e o
prestador acreditivo, entre êsse e o acreditante). Só há duas, uma das quais
integra o negócio jurídico, que produz ou não produz ângulo.

Assinatário
(credor)

Assinado
Assinante (devedor)_ (prestador)

A linha acreditante-prestador não faz parte do ângulo: resulta de outro


negócio jurídico, que pode não ter existido.
A linha assinante-credor é que não faz parte do ângulo: também resul-
ta de outro negócio jurídico, que pode não ter existido (e. g., o assinante fêz
assinatário pessoa que não era o seu credor).
Se chamássemos A ao devedor, B ao credor e C ao prestador, o acre-
ditivo daria ABC e a assinação ACB.
Para se ver que o acreditivo não é assinação, basta que se considerem
as duas figuras em que fácil é verificar-se que o terceiro, no acreditivo, é o
prestador e, na assinação, o credor.
No acreditivo, se atendemos às linhas que formam o ângulo, temos:

Acreditante
+ Acreditado
(devedor)
(credor)

Prestador acreditivo

Na assinação, as linhas eficaciais formam o ângulo, mas não são as


mesmas.

4. TEORIA DO ACREDITIVO MANDATO DE CRÉDITO. - A teoria do acre-


ditivo mandato de crédito também presta atenção à relação jurídica entre o
acreditante e o prestador acreditivo, como se a essa relação jurídica estra-
nha ao instituto tocasse caracterizar o acreditivo. No mandato de crédito,
alguém se vincula perante outrem a fazer crédito a terceiro, no seu próprio
nome e por conta própria, respondendo quem deu o encargo, como fiador
do débito futuro. Quem conferiu o encargo pode revogá-lo, ressarcindo os
danos. Tudo isso, inclusive a fiança, é estranho ao instituto do acreditivo,
que produz duas relações jurídicas, em ângulo, que não estão aí.

5. ACREDITIVO, NEGÓCIO JURÍDICO DE VINCULAÇÃO E NEGÓCIO JURÍ-


DICO DE REEMBOLSO. - O comerciante A, que habita no Rio Grande do Sul,
quer adquirir frutas de Pernambuco, conclui contrato de compra-e-venda
com B, que ainda não tem as frutas e precisa de dinheiro para que possa
havê-las dos produtores, C e D. B procura o banco E, que lhe exige garan-
tia. Não tem B o que lhe dar em garantia, ou o tem e prefere outra solução
para a segurança de E. As próprias frutas, que lhe vão ser entregues, podem
servir para isso. Ou o penhor ou a propriedade fiduciária. As frutas vão às
mãos de A, ou (a) porque C e D as remeteram a B e B as entrega a E, que
por sua vez as expede para A, ou (b) vindo de C e D a E e de E a A, ou (c)
de C e D a B e de B a A, ou (d) diretamente de C e D a A. Compreende-se
que E se tenha de garantir ao pagar a C e a D. Nas espécies (c) e (d), nos
documentos há de estar o nome de E; nas espécies, (a) e (b), E é o expedi-
dor. À duplicata chama-se carta de vinculação.
Se algum bem foi entregue a terceiro para garantir adiantamento de
fundos feito ao alienante e se estipulou que há de ser entregue ao adqui-
rente mediante reembolso dêsse dinheiro que se adiantou, há negócio jurí-
dico de vinculação (Vinkulationsgescháft), dito também negócio jurídico
lombardo (Lombardgescháft). Já estava nos hábitos da economia do século
XV e continuou de ser muito empregado até o século passado (J. BREIT,
Der Vinkulationsgeschãft, 1 s.; HERBERT KLEINER, Die juristische Natur
des Sogen. Vinkulationsgeschãftes, 1 s.). O adquirente, ao receber do ter-
ceiro o que adquiriu, tem de prestar-lhe o que se lhe adiantou para solver
a dívida ao alienante.
A quem adianta chama-se vinculante. A êle ou o bem é dado em pe-
nhor, ou a propriedade lhe vai em segurança.
O negócio jurídico de vinculação quase sempre é por prestação de
meios de setenta por cento do preço da mercadoria. Pode ser a pres-
tações sucessivas, conforme os fornecimentos (FLECHTHEIM, sôbre a
monografia de J. BREIT, Zeitschrift für das gesamte Handels- und Kon-
kursrecht, 61, 516).
Alguns juristas consideraram como contrato de comissão o negócio
jurídico de vinculação (e. g., TRUMPLER, Die Vinkulationskommission,
Holdhdms Monatschrift, 63, 265 s.; A. DÜRINGER-HACHENBURG, M., Dos
Handelsgesetzbuch, III). Sem razão. O negócio jurídico é por conta do
alienante, e não de quem se vincula (o banqueiro), adverte KARL LEH-
MANN (Lehrbuch des Handelsrechts, 803, nota 3); segundo H. MAKOWER
(Handelsgesetzbuch, 1337), o possuidor pignoratício apenas é fiduciário.
FLECHTHEIM (Das Vinkulationsgeschãft, Zeitschrift für gesamte Han-
dels- und Konkursrecht, 60, 124 s.) pensou em dupla assinação: do vende-
dor ao banqueiro e ao comprador.
Para J. BREIT (Das Vinkulationsgeschãft, 1 s.; Das Wesen des Vinkula-
tionsgeschãft, Holdheims Monatschrift, 17, 61 s.; Vinkulation und Zurück-
behaltungsrecht, Leipziger Zeitschrift,. 11, 886), a natureza do negócio
jurídico de vinculação depende do elemento econômico preponderante ou
do fim do negócio jurídico, e não da correspondência com os fatos in casu.
O conteúdo da carta de vinculação é sem relevância: quem presta pelo ad-
quirente pode fazer-se proprietário, ou credor pignoratício; é indiferente.
Se proprietário, tem o dever de transferir o direito de propriedade ao ad-
quirente se foi satisfeito: a transferência não é automática. J. BREIT mais
analisou o instituto de que formulou teoria.
Os elementos são o adquirente e o preço, que há de pagar, e o alienan-
te, de fora, que presta a mercadoria; entre êles está o que presta o preço,
em vez do adquirente; fazendo-se proprietário ou titular de direito de pe-
nhor. Daí a nova relação jurídica que surge. O prestador do preço, quase
sempre banco, faz-se proprietário fiduciário (em seguida), em virtude de
constituttimpossessorium, ou pela tradição simples, ou outro meio. (HER-
BERT KLEINER, Die juristische Natur des sogen. Vinktâationsgeschüftes,
29, nega que se transfira ao prestador a propriedade, apenas se lhe outorga
poder jurídico sôbre a coisa, pois a transmissão da propriedade é abstrata.)
Em verdade, o portador possui em próprio nome, tem os direitos de pro-
prietário em segurança ou de titular do direito de penhor.
A teoria do portador vinculante-representante deturpa o instituto.
Para ela, o prestador-vinculante apenas representa o adquirente; não opera
em nome próprio: a propriedade passa do alienante ao adquirente, mes-
mo se a carta de vinculação fala de transmissão da propriedade (HERBERT
KLEINER, Die juristische Natur des sogen. Vinkulationsgeschãftes, 62 s.).
Há inconvenientes na transmissão, concordamos, como se se têm de pagar
dois impostos; mas aos figurantes é que cabe preferir a figura jurídica do
penhor, com a permissão de alienar se não satisfeito o crédito.
b) Se o exportador, em vez de ser satisfeito diretamente pelo compra-
dor, importador, recebe o preço do bem de pessoa, quase sempre banco,
que foi indicado, há negócio jurídico de reembolso (Remboursgeschàft,
crédit de remboursement). De ordinário, há letra de câmbio contra o im-
portador, que se desconta no banco estrangeiro, e banco nacional aceita (H.
KÕNIGE, Der Vinkulationskauf, Gruchots Beitrage, 52, 287).
c) Nenhuma das duas figuras se confunde com o acreditivo. Não há,
no acreditivo, a trama de relações de que se cogita no negócio jurídico de
vinculação e no negócio jurídico de reembolso.
O prestador acreditivo - de ordinário, banco - exerce função própria,
inclusive no tocante aos documentos, e não função de intermediário no
pagamento. Se é certo que êle vela pela exatidão, quer no tocante à entrega
dos bens quer no que respeita à solução da dívida, isso de modo nenhum
atinge a natureza da sua posição jurídica^ quando faz a confirmação, ma-
nifestação unilateral de vontade. Aí, a sua atividade parece-se com a que
tem no negócio jurídico de vinculação e no negócio jurídico de reembolso,
sem qualquer identificação.
No acreditivo, o prestador acreditivo fica no lugar do adquirente, que
é o acreditante, ao passo que, no negócio jurídico de vinculação, substitui
o alienante. O prestador, no acreditivo, mais interêsse há de mostrar em
velar pelo que toca ao adquirente; no negócio jurídico de vinculação, o seu
velamento é pelo que provém do alienante.
No negócio jurídico de reembolso, aceita-se a letra de câmbio; no
acreditivo, há o pagamento de contado, ou dação de crédito (BOES, Die
Waren oder Dokumentenalckreditive, Zeitschrift für Handelswissenschaft
und Handelspraxis, 1921, 46 s.; KARL HERMANN CAPELLE, Das Akkredi-
tivgeschãft, 2 s.).
O negócio jurídico de reembôlso é o mais freqüente nas operações
de compra em ultramar. O comprador (importador) indica ao vendedor
(exportador) o seu banco (lugar do reembôlso), para que apresente a sua
letra de câmbio e, com ela, os documentos (conhecimentos, apólice de
seguros). Também pode ocorrer que o comprador (exportador) endosse a
letra de câmbio ao banco estrangeiro, que a desconta, com a tradição dos
documentos. O banco estrangeiro do vendedor remete a letra de câmbio
ao seu grupo bancário que apresenta no lugar do reembôlso, onde se dá o
aceite, entregues os documentos.
No negócio jurídico de reembôlsó, há negócio de crédito. N o acrediti-
vo, o que é mais freqüente é o pagamento de contado. Negócio de crédito,
com o negócio jurídico de reembôlso, há o perigo da falsidade dos do-
cumentos, ou se ocorre a falência do importador e seu comprador (WAL-
DEMAR MÜLLER, Die Organisation des Kredit und Zahlungsverkehrs in
Deutschland, Bankarchiv, 13, 115 s.).
Quando o prestador acreditivo aceita lera de câmbio, mistura-se a fi-
gura do acreditivo com a do negócio jurídico de reembolso, salvo se fica
patente que se solveu a dívida, isto é, que se teve por solvida.
Por outro lado, quando se intromete no negócio jurídico de reembôlso
a confirmação, com o seu caráter, aí, de manifestação unilateral de vonta-
de, faz-se do negócio jurídico de reembôlso verdadeiro acreditivo. Então, o
portador mesmo acreditiva o negócio jurídico. EUGEN ULMER (Akkreditiv
und Anweisung, Archivfür die civilistische Praxis, 126, 266) falava, preci-
samente, de acreditivação do vendedor (Akkreditierung des Verkáufers). O
assunto preocupou, em 1922, a Commercial Letters of Credit Conference
dos Estados Unidos da América, caracterizando-se a diferença entre letter
of credit e confirmed letter of credit.

6. ACREDITIVO E LETRA DE CÂMBIO. - Quando A subscreve e emite


letra de câmbio a favor de B contra C, não há acreditivo. A semelhança é
grande entre o que ocorre em virtude do saque cambiário, da assinação e
do acreditivo, mas há necessidade de se distinguirem os três institutos e
de se evitar qualquer assimilação. Parecer não é ser. Para que se pudesse
pensar em assinação, seria preciso que se dilatasse o conceito de assinação,
e isso teria sérios inconvenientes na doutrina e na prática.
Se há o acreditivo e o acreditado, em vez de receber de contado, anui
em que se lhe pague com título cambiário ou cambiariforme, ou isso foi
previsto, a respeito da cártula cambiaria ou cambiariforme, tem-se de
atender a que existiu o acreditivo. Tendo havido solução, extinguiu-se a
relação jurídica acreditiva. O que persiste é a relação jurídica cambiária
ou cambiariforme.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.642. A- Legislação
Sobre a natureza jurídica do acreditivo, tanto a teoria que o identifica com
contrato em favor de terceiro ou com o mandato, podem ser reconduzidas ao
Código Civil vigente, especialmente, aos arts. 436 a 438, que disciplinam a esti-
pulado em favores terceiro em substituição aos arts. 1.098 a 1.100 do CC/1916,
s aos arts. 554- et seq do CC/2002, relativos ao contrato de mandato.

§ 4.642. B- Doutrina
A doutrina contemporânea, conduzindo o negócio acreditivo ao instituto do
crédito documentário, trata-o como espécie de contrato (Luz, Aramy Dornelles
tia. Negócios jurídicos bancários. 2. ed. São Paulo: Juarez Oliveira, 1999. p. 180;
REZATSO, Arnaldo. Contratos de crédito bancário. 8. ed. São Paulo: Ed. RT, 2009.
o. S3), saja contrato suigeneris, em favor de terceiro (CORDEIRO, Antônio Menezes.
//'anual de direito bancário. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2010. p. 670), ou ainda
como espécies de contratos interdependentes (ABRÃO, Nelson. Op. cit., p. 175), ao
que dizemos nós, que se aproxima da figura da coligação de contratos. Não se
faz, portanto, a distinção sugerida por Pontes de Miranda, quanto a sua caracte-
rização como negócio jurídico unilateral. Diz-se, mesmo, contrato de abertura de
carta ds crédito (SALOMÃO,.Eduardo. Direito bancário. São Paulo: Atlas, 2005. p.
270), para caracterizar sua natureza contratual e determinar o dever de prestação
das partes. A angularização indicada por Pontes de Miranda, todavia, mantém-se,
considerando a exigibilidade da prestação do banco, no sentido de proceder o
pagamento ao terceiro.Da mesma forma, preserva-se a indicação da abstração
do negócio acreditivo, uma vez que não se admitirão, por exemplo, exceções do
acreditante/ordenante da carta quanto ao cumprimento do contrato que deu causa
à sua emissão.

§ 4.642. C - J u r i s p r u d ê n c i a :
O STJ reconheceu a legitimidade do banco emissor para responder pelo cum-
primento de carta de crédito a que tenha negado cumprimento o banco confirma-
dor (STJ, REsp 235645/SP, 3.a T., j. 02.05.2000, rei. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, DJ26.06.2000). Da mesma forma, admite-se a ação do exportador contra
o banco confirmador, em vista da falência do banco emissor da carta de crédito
(TJSP, Agln 476.955.4/0, j. 05.07.2007, rei. Lino Machado).

§ 4.643. ESPÉCIES DO ACREDITIVO

1. REVOGABILIDADE E IRREVOGABILIDADE. - N a terminologia, é pre-


ciso que haja tôda a clareza no aludir-se à manifestação de vontade a que
se refere o adjetivo "revogável" ou o substantivo "revogabilidade". De or-
dinário, a relação jurídica causai entre o acreditante e o acreditado não é
revogável; nem no é, portanto, no que concerne à relação jurídica de acre-
ditivo, que entre êles se estabelece.
A relação jurídica entre o acreditado e o futuro portador acreditivo
apenas existe depois da confirmação, seja anterior, simultânea ou posterior
ao têrmo para o pagamento. A confirmação, essa, manifestação unilateral,
receptícia, de vontade, somente é revogável enquanto dela não tem ciência
o acreditado.
A relação jurídica causai entre o acreditante e o futuro prestador acre-
ditivo corresponde a negócio jurídico entre êles, que nada tem com o acre-
ditivo, posto que a êle se refira. Se foi concebida como revogável, ou não
revogável, a manifestação de vontade, de um dêles ou de qualquer dêles, é
quaedio facti. Aliás, a relação jurídica de provisão pode ser abstrata.

2 . ACREDITIVO LIMPO E ACREDITIVO DOCUMENTÁRIO. - U m d o s m a l e s


na construção do acreditivo está na referência que se faz, a cada momento,
ao comprador e ao vendedor, como se a relação jurídica de valuta fôsse
sempre a de compra-e-venda. A prática ligou-o à entrega de documentes;
por isso, mais se fala de Dokumentenakkreditif, para se frisar que se trata
de negócio jurídico solutório e que se exige a tradição dos documentos.
O acreditivo pode ser limpo (clean), ou documentário.
O acreditivo limpo quase sempre se faz mediante carta de crédito, que
é respeitada imediatamente, ou há a confirmação, para que se estabeleça a
relação jurídica entre o prestador e o acreditado.
O acreditivo documentário supõe o emprego de documentos, que le-
gitimem o acreditado e provem a sua aptidão a receber. Quais sejam esses
documentos depende da natureza da relação jurídica entre o acreditante e
o acreditado, inclusive os exigidos por lei.
Tem faltado precisão aos termos técnicos (sôbre isso, STUMMER, Das
Bankakkcreditiv, 10; WOLFF, Das Akkreditiv, Juristische Wochenschrift, 50,
770; KARL-HERMANN CAPELLE, Das Akkreditivgeschãft, 1 s.).
Ao acreditivo documentário também se dá o nome de acreditivo de
mercadorias (Warenakkreditiv); mas introduziu-se especialização: acredi-
tivo de mercadoria é aquele em que o prestador acreditivo tem de exigir a
entrega da mercadoria, e não só a tradição dos documentos (SCHLEGELBER-
GER-HEFERMEHL, Schlegeljyerger Handels gesetzbuch, III, 3. a ed., 1559).
Os documentos servem à garantia de créditos. O prestador acreditivo
tem a posse e o direito à posse, em virtude do próprio negócio jurídico.
Com êles, ficou o adquirente certo da operação. Com êles, pode o alie-
nante operar.
Há a cláusula D/P e a cláusula D/A, isto é, "documentos contra paga-
mento", e "documentos contra aceite". Ali, à prestação pelo adquirente se
substitui a prestação pelo prestador acreditivo; aqui, à prestação de crédito
pelo adquirente (ou à própria prestação de dinheiro, o que às vêzes ocorre)
se substitui a prestação de título de crédito ou de títulos de crédito pelo
prestador acreditivo.
As funções de cuidado, de velamento, que tem o prestador, também
tem o encarregado em velhos institutos jurídicos, como o negócio jurídico
de vinculação (HERBERT KLEINER, Die Juristische Natur des sogen. Vinku-
latiomsgeschãftes, 27 s.) e o negócio jurídico de reembolso.
Quando o alienante entrega os documentos, êsses são alusivos à sua
prestação. Quando o adquirente os entrega ao prestador acreditivo, os do-
cumentos correspondem à contraprestação, que se deve ao alienante, e são
meios para se segurar quem preste ao alienante, em dinheiro ou em título
de crédito. O prestador acreditivo faz a tradição dêsses documentos con-
dição do seu desembolso, ou do seu aceite (ou subscrição de algum título
de crédito).
O dever do prestador acreditivo é abstrato, de modo que a entrega dos
documentos, se funcionasse como garantia, seria só no mundo fáctico. Se
o adquirente ou o alienante os entrega, mas houve falsidade ou falsificação
dos documentos, ou qualquer óbice a sua função instrumental, a respon-
sabilidade do tradente é pelo ato ilícito absoluto, e não pelo ato ilícito
relativo (responsabilidade negociai ou por infração do negócio jurídico). O
dever do banco, quando confirma, é oriundo de negócio jurídico unilateral,
que é a confirmação, a que melhor se chamaria assunção do acreditivo.
O prestador acreditivo não pode alegar a incontratabilidade da mer-
cadoria (HANS WÜRDINGER, Kommentar zum Handelsgesetzbuch, IV. 2. a
ed., 180) nem opor exceções que o acreditante tenha contra o acreditado,
nem alegar vícios do objeto. Pode alegar a falta de algum documento indis-
pensável à alienação ou .à tradição da posse da mercadoria, ou a proibição
legal de alienação, ou de exportação, ou de importação (EUGEN ULMER,
Akkreditiv und Verweisung, Archivfür die civilistische Praxis, 126, 257).
Sôbre isso, HANS WÜRDINGER (Kommentar, IV, 2.a ed., 181).
Mas tem de observar as instruções que constem do acreditivo, ou
de negócio jurídico entre êle e o acreditante, ou instruções que depois da
constituição do acreditivo ou antes recebeu. O que não consta do acreditivo
somente pode ser cláusula de outro negócio jurídico, ou comunicação de
vontade, a que o prestador acreditivo pode estar vinculado.
De qualquer maneira, tem-se de atender, sempre, a que qualquer ati-
tude do prestador acreditivo que não seja prevista no instrumento do acre-
ditivo, explícita ou implicitamente, importa recusa da confirmação, sem se
poder pensar em mora do acreditado.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.643. A- Legislação
Não se confundem as espécies de acreditivos, com a venda sobre documen-
tos, de que dispõe os arts. 529 a 532 do CC/2002, considerando-se que ali, trata-
-se de documentos representativos da coisa, não do crédito, como é o caso.
§ 4.643. B- Doutrina
Distingue a doutrina, na classificação do crédito documentário, quanto a sua i
revogabilidade. De regra, todavia, são contratados como irrevogáveis, em atenção i
à própria finalidade de segurança jurídica que se espera, especialmente em re- I
lação aos contratos internacionais. Nesse sentido, aliás, dispõe o art. 6.° da UCP
500, da Câmara de Comércio Internacional. Quanto às espécies de acreditivo
mencionadas (acreditivo limpo e acreditivo documentário), tal classificação não é
observada na doutrina atual. Como regra, o crédito documentário abrange a emis- I
são de carta de crédito como espécie de promessa incondicional de pagamento j
pelo banco, assim como o crédito contra documentos, que se identifica também j
como cobrança documentária. |

§ 4.643. C - Jurisprudência
Tratando-se de crédito documentário confirmado, tem legitimidade o credor
para exigi-lo tanto do banco confirmador, quanto do banco emissor da carta, po-
rém não do mero notificante (TJSP, ApCiv 1.151.908-3, 21 ,a Câm. de Direito Pri-
vado, j. 24.05.2006, rei. Antônio Marson). Da mesma forma, sustenta a jurispru-
dência que o banco confirmador, diante da falta de pagamento, deve dirigir sua
pretensão de ressarcimento dos valores que pagou ao banco emissor, ao qual
se vincula contratualmente, e não contra a empresa outorgante (TJRS, ApCiv
70003168424,11.a Câm. Civ., j. 15/10/2003, rei. Jorge André Pereira Gailhard).
CAPÍTULO II
PRESSUPOSTOS DO ACREDITIVO

§ 4.644. TRÊS FIGURAS

1. ANÁLISE DAS RELAÇÕES JURÍDICAS NO ACREDITIVO. - N o a c r e d i -


tivo, há três figuras, para uma das quais, a segunda, convergem as pro-
messas das duas outras: o acreditante, o acreditado e o futuro prestador
acreditivo. A relação jurídica, que pode não existir, entre o acreditante e o
futuro prestador acreditivo, é estranha ao acreditivo. O acreditante que se
põe, como outorgante, em relação jurídica acreditiva com o acreditado,
que é o outorgado, apenas pode vincular à confirmação do acreditivo o
futuro prestador acreditivo. Então, o acreditante cria direito a que o fu-
turo prestador acreditivo "pague", e isso não é parte do acreditivo, muito
embora a êle se refira.

2. IMPORTÂNCIA DA CONCEPÇÃO PRECISA DO ACREDITIVO. - S e m q u e


se parta do exato conceito de acreditivo, tornam-se freqüentes as confu-
sões com outros institutos. O movimento negociai é, aí, de grande relêvo:
à relação jurídica entre acreditante, devedor, e acreditado, credor, pode
seguir-se (e espera-se que se siga) relação jurídica, também creditícia,
entre o acreditado e o prestador acreditivo. Êsse não somente paga: con-
firma e paga, mesmo se os dois atos são simultâneos (conceptualmente,
êsse imediato àquele).

3. ACREDITANTE E PESSOA EM NOME DE QUEM SE CREDITA. - N e m


sempre a pessoa em nome de quem se credita é o figurante do acreditivo.
Se A comprou a C a mercadoria e quer pagar a C o preço, A vai ao banco,
B, e pede que se pague a C o preço acordado. O banco incumbe outro ban-
co, D, no lugar em que reside, ou se acha C, de prestar-lhe o preço. Aí, há
assinação. Se, em vez disso, o banco, em nome de A, autoriza C a receber
de D, há acreditivo. Acreditante foi A, e não o banco B, que apenas serviu
a A para a operação acreditiva. A situação de B muda se êle assume a dí-
vida de A (assunção de dívida alheia) e a referência a A apenas significa
informação operacional. Aí, acreditante é o banco, que se fêz devedor em
vez de A. Mas, para que isso se dê, é preciso que C haja consentido na
substituição do devedor. De jeito que o banco, B, se supõe intermediário
para o acreditivo, o que não oferece qualquer dificuldade porque a relação
jurídica entre êle e o futuro prestador acreditivo é estranha ao acreditivo,
muito embora referente a êle.
O banco que se encarrega da operação do acreditivo é mandatário sem
representação, ou gestor de negócio, ou há efeito de outro contrato. Não
é o acreditante, mas o instrumento para isso, Não se há de confundir a re-
lação jurídica entre êle e o acreditante com qualquer elemento do negócio
jurídico de acreditivo. O acreditante pode acreditar, sem precisar do banco,
mas o banco exerce exatamente essa função financeira de pagamentos por
outrem. Com o negócio jurídico com o banco, o acreditante deixa de esco-
lher o futuro prestador acreditivo, ou só escolhe dentre os bancos ou outros
estabelecimentos com-que o banco tem negócios.
O que se passa entre o acreditante e o banco que com êle faz o negócio
jurídico acreditivo é estranho à relação jurídica de valuta (e. g., entre com-
prador e vendedor). Há negócio jurídico bancário, que é abertura de crédito
ou não, ou que supõe haver crédito aberto ou depósito bancário.
O banco, pôsto em relação jurídica com o acreditante, assume o dever
de acreditar, adjetlciamente e não substituindo quem quer ser acreditante,
de modo que a sua função é operacional, no tocante ao acreditivo. A rela-
ção jurídica entre a pessoa que quer o acreditivo e o banco é de ordem de
pagamento, com particularidades que merecem referência especial, como,
se houve compra-e-venda, a verificação dos documentos, pela qual respon-
de o banco, mesmo se a infração foi por parte de algum banco que o subs-
tituiu no pagamento. Ainda assim, o acreditante tem ação contra o banco
que substituiu com outra o banco que processou a ordem de pagamento.
Na operação bancária pode estar incluída a de aquisição ou emprego
de divisa estrangeira, se foi isso o que se quis que seja prestado.
O banco, nas relações com o futuro prestador acreditivo, pode ser (e
é o que mais acontece) assinante, sendo' o prestador acreditivo assinado,
§ 4.644. TRÊS F I G U R A S • 345

para que preste ao assinatário, q u e - diante do acreditivo q u e é di-


rigido a êle - se t e m p o r acreditado.
N a s relações c o m o acreditante, o b a n c o n ã o o r e p r e s e n t a . A
figura d e p e n d e das c i r c u n s t â n c i a s internas, o q u e n a d a i m p o r t a à
relação j u r í d i c a a c r e d i t a n t e - a c r e d i t a d o , e p e r t e n c e à m a t é r i a dos
negócios jurídicos bancários.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.644. A - Legislação

Tratando-se de relações entre bancos, ou acreditante e acreditado de países


diferentes provoca a incidência da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi-
leiro (Dec.-lei 4.657/1942). Nestes casos, quando envolva prestação em moeda
estrangeira, trata-se de hipótese autorizada pelo art. 2° do Dec.-lei 857/1969.
Tratando-se de relação de consumo, pouco usual nestes casos, aplica-se o Códi-
go de Defesa do Consumidor. A regulamentação do crédito documentário, todavia,
se faz pelos usos e costumes convencionados pela Comissão de Comércio Inter-
nacional, especialmente por intermédio da UCP 500.

§ 4.644. B - Doutrina
A distinção entre as relações jurídicas que fundamentam o acreditivo (crédito
j documentário), especialmente no tocante ao negócio acreditivo e o que Pontes
; de Miranda denomina negócio de valuta, ou seja, aquele a cujo pagamento ser-
| virá o acreditivo, são distintos, porém, interdependentes, embora reconhecida a
| abstração do negócio creditício. Qualifica-se, contudo, operação de crédito ban-
cário - contrato bancário, que se liga a outro contrato de depósito bancário ou de
j abertura de crédito. Ocorrendo, como é comum, necessidade de a prestação ser
j realizada em moeda estrangeira, associa-se também operação de câmbio.

• § 4.644. C - Jurisprudência
| O banco a quem incumbe realizar o exame da documentação para efeito de
pagamento não responde pelo cancelamento do crédito, diante ausência da do-
: cumentação pelo acreditado, no prazo convencionado (TJRS, ApCiv 598036762,
; 3.a Câm. Civ., j. 14.05.1998, rei. Luiz Ari Azambuja Ramos). Da mesma forma,
diga-se que a jurisprudência brasileira reconhece e aplica a UCP 500, da Câmara
, de Comércio Internacional, como norma que disciplina o crédito documentário no
!
comércio internacional (TJSP, 7170722, 18.a Câm. de Dir. Priv., j. 27.11.2007, rei.
Roque Antônio Mesquita de Oliveira). Envolvendo operação de câmbio, entende-
-se que pode ser fixado o termo de conversão da moeda e a respectiva taxa
no contrato (TJSP, ApCiv 9137696-86.2004.8.26.0000, 21 ,a Câm. de Dir. Priv., j. I
21.09.2006, rei. Edgard Rosa). Constitui, assim, risco inerente ao contrato even- j
j tual oscilação da taxa de câmbio (TJSP, ApCiv 9209647-82.2000.8.26.0000, j. I
i 26.09.2006, rei. Benedicto Jorge Farah), de modo que não pode o banco que |
) realiza a prestação acreditivo poder receber menos do acreditante do que aquilo I
| que prestou ao acreditado (STJ, REsp 654.969/PR, 3.a T., j. 07.12.2004, rei. Min. j
i Carlos Alberto Menezes Direito, DJ28.03.2005). |

§ 4.645. FIGURA DO ACREDITANTE

1. PRIMEIRA FIGURA. - No negócio jurídico acreditivo, a primeira fi-


gura é a de quem acredita, do acreditante. A segunda é a do acreditado.
A terceira é a da pessoa que se aponta como futuro prestador acreditivo.
As duas primeiras acordam em que acreditivamente se faça a prestação. A
terceira "confirma" e paga, ou recusa.
O hábito da grande maioria dos juristas, no tocante aos negócios ju-
rídicos de assinação, levou-os, nas próprias exposições do direito sôbre o
acreditivo, a primeiro cogitarem da relação jurídica entre o acreditante e o
futuro prestador acreditivo-, como se essa relação jurídica fôsse elemento
estrutural da relação jurídica do acreditivo. Não faz parte do negócio ju-
rídico acreditivo qualquer negócio jurídico que exista (e pode não existir)
entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo. O caminho do acreditivo
é por cima (acreditante, acreditado; futuro prestador acreditivo), e êles vão
por baixo (acredititante, futuro prestador acreditivo, acreditado), como se
o acreditivo fôsse espécie de assinação.
A primeira relação jurídica que se estabelece, para a composição do
acreditivo, é entre o acreditante e o acreditado. Pode ser que, de muito, já
exista relação jurídica entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo,
mas isso é estranho ao negócio jurídico acreditivo e somente regula direi-
tos e deveres entre os figurantes.
É interessante observar-se que a relação jurídica entre o acreditante e
o futuro prestador acreditivo é que pode ser de assinação. Mesmo aí, nem
sempre o é. Se o acreditante, como é de uso, recorreu a banco que faça a
operação, a relação jurídica de assinação, se há, é entre o banco e o futuro
prestador acreditivo, de ordinário outro banco.
2. RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE O ACREDITANTE E O ACREDITADO. - O
dever do acreditante, perante o acreditado, em qualquer contrato, é dever
que absorve, digamos assim, o dever de prestar diretamente. O acreditivo
regula o pagamento, a que se refere a relação jurídica de valuta. Por isso
mesmo, não se pode pensar em dever acessório (Nebenpflicht): tanto é
dever principal fazer a contraprestação pessoalmente como mediante acre-
ditivo. Se não se atende à apresentação, com os requisitos e documentos
exigidos, há a mora do devedor, com tôdas as suas conseqüências. Se o
futuro prestador acreditivo não confirma, não se fêz prestador acreditivo,
e a mora, em que acaso incorrer, nada tem com o acreditivo, em que, ex
hypothesi, não entrou: mora, se houve, foi por inadimplemento da pessoa
que seria o prestador acreditivo, quanto à dívida irradiada de outro negócio
jurídico entre ela e o acreditante.
O acreditante, pois que tem dever de prestar antes (Vorleistungspíli-
cht), acredita o outro figurante. Daí não se poder pensar em exceção non
adimpleti contractus, oposta por êle. Salvo-se o acreditante, no negócio
jurídico de valuta, se vinculou a prestar ao mesmo tempo, ou depois,
porque, então, o retardamento do outro contraente dá ensejo à oponibi-
lidade da exceção non adimpleti contractus, ou, até, non rite adimpleti
contradus.
O prestador acreditivo nenhum interêsse tem no que ocorreu, fora do
negócio jurídico acreditivo, entre o acreditante e o acreditado (negócio
jurídico unilateral e abstrato). Se êle tem algum interêsse, deriva de outro
negócio jurídico, ou de outra situação jurídica, e não do acreditivo. Se
examina os documentos, o seu interêsse em fazê-lo decorre de pretender
confirmar, ou de confirmar o acreditivo.
A confirmação não é fiança. O prestador acreditivo, que confirma, de
modo nenhum garante, razão por que o negócio jurídico unilateral da con-
firmação abstrai de qualquer relação jurídica de valuta. Se, por exemplo, o
acreditante descobre defeitos e vícios do objeto do negócio jurídico de va-
luta, o prestador acreditivo, que atendeu ao acreditivo, não está exonerado
de prestar, nem pode pedir restituição daquilo que êle prestou.
Todavia, se o prestador acreditivo poderia ir contra o acreditado por
alguma razão que êle teria para recusar o atendimento, pela má fé com que
se legitimou o acreditado (e. g., documentos omissos ou não corresponden-
tes a algum fato que o prestador acreditivo tinha de conhecer), mas a razão
desapareceu na relação jurídica entre acreditante e acreditado, também de-
saparece na relação jurídica entre acreditado e prestador acreditivo.
O prestador acreditivo somente pode alegar insuficiência ou deficiên-
cia do negócio jurídico de valuta, concluído entre o acreditante e o acre-
ditado, se a insuficiência ou a deficiência aparece nos documentos (e. g.,
se da quantidade ou do peso da mercadoria, indicado no instrumento do
acreditivo, diverge a quantidade ou o peso que consta do conhecimento).

3. NULIDADE E ANULABILIDADE DO ACREDITIVO. - O acreditivo pode


ser nulo por incapacidade absoluta do acreditante ou do acreditado, ou por
ilicitude ou por impossibilidade, ou por lhe faltar forma exigida por lei,
ou algum requisito que seja tido por essencial. Qualquer dessas causas de
nulidade pode ser conhecida pelo futuro prestador acreditivo e alegada por
êle para a não-confirmação. Aliter, as anulabilidades (sem razão, CARLO
FOLCO, II Credito confermato di banca, 186).
Se já houve a confirmação, o negócio jurídico confirmativo, abstrato
como é, não permite que o prestador acreditivo se recuse a prestar. O que
se lhe permite é tomar as providências que acautelem os seus interesses e
os do acreditante, ou mesmo do acreditado. Salvo se a" própria confirmação
é atingida pelo mesmo fato (e. g., ilicitude).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.645. A - Legislação
A nulidade do negócio jurídico por incapacidade absoluta do agente está pre-
vista no art. 166,1, do CC/2002. Em relação à ilicitude ou impossibilidade do ob- j
jeto, trata o art. 166, II. A ausência de forma exigida por lei é a hipótese do art.
166, IV j

A exceção de contrato não cumprido, de sua vez, é prevista no art. 477 do


CC/2002. Os critérios de identificação da mora no pagamento (tempo, lugar e
forma devidos) constam do art. 394 do CC/2002.

§ 4.645. B- Doutrina
A crítica à doutrina majoritária feita por Pontes de Miranda quanto à ordem do
exame do negócio acreditivo pode ser mantida em relação ao exame da doutrina
contemporânea. De fato, ao reconhecer-se no crédito documentário espécie de
contrato em que o banco ou oferece crédito (coligação com a abertura de crédito),
ou no mínimo serviço de operacionalização e garantia do pagamento, isso por si
põe em relevo a relação inicial entre o acreditante (ou outorgante/ordenante) e o
I prestador acreditivo (banco) (Luz, Aramy Dornelles da. Negócios jurídicos ban-
cários. 2. ed. São Paulo: Juarez Oliveira Ed., 1999. p. 183; PEREIRA, Caio Mário da
Silva. Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol. III, p.
483). É assim também no direito comparado (GAVALDA, Cristian; STOUFFLET, Jean.
Droit bancaire. 7. ed. Paris: Litec, 2008. p. 460). Separa-se, assim, seu tratamento
jurídico, do negócio outro entre o acreditante e o acreditado, cujo pagamento o
acreditivo tem por finalidade viabilizar. Todavia, ainda que implicitamente, percebe-
-se da doutrina majoritária, corretamente, a convergência com o entendimento de
Pontes de Miranda no sentido de que não se trata o acreditivo de um dever aces-
' sório. É perfeitamente claro que se trata de outro contrato, embora identificando-
-se sua interdependência, ou mesmo a coligação contratual.
A anterioridade da prestação do acreditante, a que refere Pontes de Miran-
da, por outro lado, pode ser um fazer, e não necessariamente um dar, já que
antecede a prestação acreditiva tanto o depósito quanto a abertura de crédito.
Daí não poder se referir a exceção de contrato não cumprido, a não ser quando
as prestações devam ser realizadas ao mesmo tempo. Note-se que enquanto a
exceção de contrato não cumprido deriva de expressa previsão legal (art. 477 do
CC/2002), a exceção de cumprimento imperfeito decorre do reconhecimento dou-
trinário, mediante aplicação da boa-fé objetiva ou pela violação de deveres laterais
ou acessórios (AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Comentários aó novo Código Civil.
Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol. VI, t. II, p. 798).

§ 4.645. C - Jurisprudência
Admite a jurisprudência o cancelamento da carta de crédito pelo acreditante,
no caso do descumprimento de dever do acreditado no contrato a cujo pagamento
deveria servir, como é o caso do atraso dó embarque de mercadorias cujo preço
seria pago pelo prestador acreditivo, quando decisivo à finalidade útil do contrato
(TJRJ, ApCiv 22.038/2002, j. 05.02.2003, rei. Raul Celso Lins e Silva). Segundo
afirmado pela jurisprudência, o crédito documentário não constitui espécie de títu-
lo executivo (TJRJ, ApCiv 2005.001.05494, j. 29.06.2005, rei. Nametala Machado
Jorge). Todavia, há quem entenda de modo diverso, quando o instrumento siga
os requisitos do art. 585, II, do CPC (TJMG, ApCiv 0139162-68.1998.8.13.0672,
I j. 09.09.2005, rei. Mota e Silva, DJ 12.10.2005). Da mesma forma, consideram
; precedentes judiciais, a necessidade de interpelação para constituição do acre-
i ditante em mora (TAPR, ApCiv 0182629-9, 5.a Câm. Civ., j. 14.04.2004, rei. João
j Domingos Kuster Puppi).

§ 4.646. FIGURA DO ACREDITADO

1. CONCEITO. - O acreditado é um dos pólos da relação jurídica com


que se inicia o negócio jurídico acreditivo. É o outorgado. De ordinário,
o futuro acreditante oferece o meio jurídico solutório, que é o acreditivo,
para que se solva a sua dívida, presente ou futura, ao futuro acreditado';
e êsse aceita, ou recusa. Pode dar-se que a oferta tenha partido do futuro
acreditado, o que é sem relevância, porque o que interessa é que o negócio
jurídico acreditivo se conclua.
Acreditado é, portanto, quem, conforme o negócio jurídico acreditivo,
teve de alguém, o acreditante, a promessa de ato de outrem. Êsse ato pode
ser simples ato-fato, como o pagamento de contado, mas está incluso em
manifestação unilateral de vontade, que o entrosa na figura do acreditivo.
A seta foi de A para B; depois, pelo movimento de B, que se legitimou pe-
rante o futuro prestador acreditivo, ou foi procurado, há a reação positiva
desse, que vem, como seta, dêle, C, até B.

2 . DIREITO DO ACREDITADO. - O a c r e d i t a n t e , se h á , e m v e r d a d e ,
acreditivo, tem de estar em relação jurídica com o acreditado. Se A ape-
nas ofereceu a B o acreditamento, B ou aceita, ou não aceita. Se B acei-
ta, o negócio jurídico acreditivo pode ser constituído, irradiando efeitos.
Se A vinculou C. o futuro prestador acreditivo, a satisfazer a sua dívida
a B, ou se não o vinculou, não importa. O acreditivo é negócio jurídico
que se faz com a manifestação de vontade de A, dirigindo-se para B,
que apresenta o documento ou os documentos ao futuro prestador acre-
ditivo, até então simples indicado para isso. Essa pessoa reage ou com
a confirmação ou com a recusa. Se confirma, dêle parte manifestação
unilateral, receptícia, de vontade, que a vincula a B. A B vincularam -
-se duas pessoas: uma, o acreditante, prometendo que outrem preste, e
o futuro prestador acreditivo que promete prestar ou desde logo presta.
Com a vinculação de futuro prestador aquisitivo, ou com a solução da
dívida, A fica liberado.
Para que não haja obscuridade na exposição, precisemos que a cláusu-
la ou o pacto adjecto de ser feita por meio de acreditivo a prestação implica
bílateralidade do negócio jurídico. Daí têrmos falado de oferta e de aceita-
ção. Não há oferta e aceitação em se tratando de acreditivo. O acreditante
lança manifestação unilateral de vontade. O acreditado procura o futuro
prestador acreditivo, como qualquer credor que procurasse o devedor ou
terceiro encarregado da solução; ou o procura o futuro prestador acreditivo,
que provavelmente teve notícia do acreditivo e, até mesmo, esteja - por
outro negócio jurídico - vinculado a atendê-lo.
§ 4.647. FIGURA DO PRESTADOR ACREDITIVO • 351

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.646. A- Legislação
A disciplina do pagamento das obrigações consta dos arts. 304 et seq do
CC/2002.

§ 4.646. B- Doutrina
Considera a doutrina contemporânea que a vinculação do prestador acre-
ditivo tem eficácia cumulativa, não extintiva da obrigação do acreditante (que
é credor do negócio acreditivo, mas devedor do contrato a cujo pagamento
serve), que de fato ficará liberado apenas com a solução da dívida (RIZZARDO,
Arnaldo. Contratos bancários. 8. ed. São Paulo: Ed. RT, 2009. p. 101).Trata-se,
todavia, segundo toda a doutrina contemporânea, de espécie contratual, no
que se separam do entendimento de Pontes de Miranda, quanto a sua natureza
de negócio jurídico unilateral

§ 4.646. C - Jurisprudência
Sustenta a jurisprudência a legitimidade do acreditado para exigi-lo tanto do
banco confirmador,-quanto do banco emissor da carta, quando forem distintos
(TJSP, ApCiv 1.151.908-3, 21 .a Câm. de Dir. Priv., j. 24.05.2006, rei. Antônio
Marson). Da mesma forma, sustenta-se que o banco confirmador, diante da fal-
ta de pagamento, deve dirigir sua pretensão de ressarcimento dos valores que
pagou ao banco emissor, ao qual se vincula contratualmente, e não contra a
empresa outorgante (TJRS, ApCiv 70003168424,11. a Câm. Civ., j. 15.10.2003,
rei. Jorge André Pereira Gailhard).

§ 4.647. F I G U R A D O P R E S T A D O R A C R E D I T I V O

1. CONCEITO. - É de chamar-se prestador a quem vai prestar, em virtu-


de da confirmação acreditiva. Se a prestação há de ser imediata ou conco-
mitante à confirmação, o ato de prestar contém o de confirmação: presta-se
porque se confirma. Essa é a função da confirmed letter of crédit, se à vista.

2 . DETERMINAÇÃO E DETERMINABILIDADE DO PRESTADOR. - De ordi-


nário, o acreditante designa a pessoa que há de prestar. Se prefere, ou se o
prefere o acreditando, e os dois acordam, a indicação pode ser de duas ou
mais pessoas, à escolha do acreditado. Se qualquer banco atenderá, ou para
isso providenciou o acreditante, nada obsta a que se conceba como carta
de crédito apresentável a qualquer banco da cidade ou circular (banker's
commercial letter of credit, cf. GUTTERIDGE-MEGRAH, The Law ofCom-
mercial Credits, 31 s.).

3. CONFIRMAÇÃO. - O futuro prestador acreditivo deve confirmar,


sem que o acreditado se apresente, o acreditivo, porque isso é de uso
comercial. Não se trata de oferta para conclusão de contrato abstrato;
mas sim de declaração unilateral de vontade (sem razão, EUGEN ULMER,
Akkreditiv und Anweisung, Archiv fiir die civilistische Praxis, 26, 286;
REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeitschrift fiir das gesamte Handelsrecht,
88, 53). Se o prestador acreditivo retarda a confirmação, responde pelos
danos, se teve culpa na tardança. Se foi o acreditante o responsável, há a
resolubilidade e a indenizabilidade. Aliás, se não chega, dentro do prazo
para a prestação, a confirmação, ou o adimplemento, se era o caso, há
mão do acreditante.
Se do futuro prestador acreditivo passa para outro ou outros o encar-
go, o último indicado é que é o prestador acreditivo e cabe-lhe confirmar
ou não o acreditivo. Os prestadores intermediários respondem pela exata
transmissão e pela entrega dos documentos que receberam. Na relação ju-
rídica - extra-acreditiva - entre o acreditante e o primeiro indicado como
portador acreditivo, responsável pelo não-atendimento é êsse (REICHARDT,
Das Akkreditiv, Zeitschrift für das gesamte Handelsrecht, 88, 44).

4 . UNILATERALIDADE DA CONFIRMAÇÃO. - A confirmação é negócio


jurídico unilateral, abstrato (certo, por exemplo, GEORGES JANSSEN, Le
Crédit confirmé en France et en Belgique, 180 s.), e não contrato (sem
razão, entre outros, OMER F. HERSHEY, Letters of credit, Harvard Law Re-
view, 33, 10; WILLIAM E. MC CURDY, The Right of the Beneficiary under
a commercial letter of credit, 37, 327 s.).
Surpreendentemente se negou, na doutrina francesa, a unilaterali-
dade, porque os sistemas jurídicos não poderiam ter negócios jurídicos
unilaterais (!). Cf. E. THALLER (De la Nature juridique du Titre de crédit,
n. 52). Mais: deduziu-se do fato de aparecerem três pessoas a triangula-
ridade do negócio jurídico (e. g., PIERRE LEGAL, Le Crédit confirmé en
pays étranger, 56).
§ 4.647. F I G U R A D O P R E S T A D O R ACREDITIVO • 353

A confirmação do acreditivo é negócio jurídico unilateral, e não con-


tratual. A vinculação é abstrata. Algo que lembra o aceite da assinação,
sem se identificar com êle. O fato de atender, o atendimento, já é adimple-
mento, máxime se no mesmo momento se confirma e se paga. Ao j urídico
abstrato, que se pode reduzir a ato-fato jurídico (pagamento).
A confirmação lembra o aceite da letra de câmbio; o atendimento, a
entrega da prestação. Mas a parecença, como se dá com o aceite da assina-
ção, deriva da unilateralidade e da abstratividade.
Mesmo se o prestador acreditivo assume dívida, em vez de pagar, ou
porque fora isso o que se assinara, ou se lhe deixara a líbite seu, ou adveio
de acordo com o acreditado, a dívida é abstrata.
A confirmação e a honoração ou adimplemento são atos diferentes,
mesmo se aquêle foi tácito.
Com a confirmação nada tem o que se haja passado entre o acreditante
e o prestador acreditivo, porquanto teria de ser, se algo se passou, subja-
cente. Se o futuro prestador acreditivo confirmou, não importa se êrrou em
considerar feita a cobertura, ou ainda não ter sido feita, e até mesmo, em
caso de revogabilidade, ter ocorrido, depois, revogação. Com a confirma-
ção, o futuro prestador acreditivo está vinculado.

5. ABSTRATIVIDADE DA CONFIRMAÇÃO. - C o m a c o n f i r m a ç ã o , o acre-


ditado adquire direito que é distinto do que tinha contra o acreditante.
Daí não mais poder êsse opor-lhe exceção de compensação (A. ASQUINI,
Pagamenti mediante rimborso di banca, Rivista dei Diritto commerciale,
1922,1, 258). Nem a de inadimplemento do contrato entre o acreditante e
o acreditado (EUGEN ULMER, Akkreditiv und Anweisung, Archivfür die
civilistische Praxis, 126, 288). O direito do acreditado supõe a existência,
a validade e a eficácia da confirmação. Se o adimplemento foi feito, por
acordo, por meio diferente daquele que resultaria do acreditivo e da con-
firmação, são de mister a existência, a validade e a eficácia dêsse acordo.
Quando o futuro prestador acreditivo confirma, vincula-se abstrata-
mente, sem que se ressalve, implicitamente, qualquer caso de invalidade,
ou de ineficácia do negócio jurídico, que até mesmo pode não ter existido,
entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo.
No tocante ao negócio jurídico do acreditivo, que é unilateral e diri-
gido ao acreditado, a confirmação supõe que êle exista, valha e seja eficaz.
(Nada tem com qualquer relação jurídica, de outra origem, entre a pessoa
que se fêz acreditante e a pessoa que foi acreditada.) O futuro prestador
acreditivo, ao confirmar, examinou, ou confirmou com a reserva de se-
rem-lhe mostrados, depois, os documentos. Se essa reserva não houve, a
confirmação vinculou o futuro prestador acreditivo, que se antecipou ao
exame. Por outro lado, nulidades e anulabilidades, ou mesmo inexistência
e ineficácia, que êle podia ver e não viu, não as pode opor o futuro presta-
dor acreditivo. Se, por exemplo, o empregado bancário do acreditante, que
assinou o acreditivo, não tinha podêres de órgão ou de representante, nem
se pode dizer que a confirmação seja sempre atingida (e. g., CARLO FOLCO,
II Credito confermato di banca, 180), nem que o não seja (A. LEGAL, Le
Crédit confirmé en pays étranger, 49). Mesmo porque pode vir à tona a má
fé com que obrou o acreditado.
Em tudo isso, cumpre não se confundir com o acreditivo qualquer
outro negócio jurídico que exista ou possa existir entre as pessoas que se
apontam como acreditante, acreditada e futuro prestador acreditivo. A abs-
tratividade também ocorre com a confirmação, que não se há de confundir
com qualquer negócio jurídico que exista, ou possa existir, entre o acredi-
tante e o prestador acreditivo.
A relação jurídica entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo
pode não existir. Ocorre algo que se assemelha ao saque chéquico sem
fundos.
Se se descobre que a quantidade ou o peso ou a qualidade da merca-
doria, que consta do conhecimento e da fatura, não é o que em verdade
tem a mercadoria expedida, nada tem com isso o prestador acreditivo, quer
já tenha confirmado, quer já tenha prestado (Bank of Plants City v. Canal-
-Commercial Trust & Savings Bank, 270 Fed. 477, 1921; Leman Impor-
ting Co. v. Garfield Savings Bank, 105 Mix. 627, 173 N. Y., Supp. 551,
1919; WILLIAM E. MC CURDY, Commercial Letters of credit, HarvardLaw
Review, 37, 737). Nenhuma repercussão tem na relação jurídica que se es-
tabeleceu entre o acreditante e o prestador acreditivo o fato de haver o acre-
ditante exercido pretensão à resolução do contrato entre êle e o acreditado
por demora na entrega da mercadoria (Frey & Son v. E. R. Sheburne Co.
and National City Bank, 193 App. Div. 849, 184 N. Y. Supp. 661, 1920).
Perante o acreditado, antes da confirmação do acreditivo, nenhuma
vinculação há do futuro prestador acreditivo, de modo que é sem pertinên-
cia a questão de poder o futuro prestador acreditivo deixar de confirmar
o acreditivo por estar de má fé o acreditado, a despeito da r e g u l a r i d a d e
aparente dos documentos. A evidência de má fé há de ser alegada ao acre-
ditante, para que o acreditante não repute infração do dever de atendimento
§ 4.647. FIGURA DO PRESTADOR ACREDITIVO • 355

que acaso tenha o futuro prestador acreditivo. Nem êsse pode opor a má fé,
por parte do acreditado em relação ao acreditante, se não ressalta nem pode
ser nociva a êsse; nem cabe ser responsabilizado se a má fé não consta do
exame dos documentos e de fatos que êle, acreditado, deveria conhecer (A.
LEGAL, Le Crédit confirméen pays étranger, 53; EUGEN ULMER, Akkredi-
tiv und Anweisung, Archivfür die civilistische Praxis, 126, 294).

6. SUBSTITUIÇÃO DO FUTURO PRESTADOR ACREDITIVO. - P a r a q u e o f u -


turo prestador acreditivo possa indicar substituto no mesmo lugar, ou alhu-
res, é preciso que tenha sido outorgado tal poder, expressa ou tàcitamente.
Se o acreditivo cogitou de lugar em que o futuro prestador acreditivo não
tem sucursal ou agência, implicitamente foi permitida a substituição. Se
o acreditivo determinou quem substituiria e o futuro prestador acreditivo
apontou outra pessoa física ou outra pessoa jurídica, a substituição é a
risco do que fora irregularmente substituído. Pode ser inserta a cláusula de
responsabilidade do futuro prestador acreditivo, qualquer que seja a pessoa
que o substitua.
Perante o acreditante, o substituto de quem teria sido o prestador acre-
ditivo responde pelo inatendimento ou mau atendimento da incumbência.
Não há solidariedade da ação contra o substituto e da ação contra o subs-
tituído: são ações diferentes, pois uma se liga à pretensão que houvesse
de ter o acreditante ao atendimento pelo futuro prestador acreditivo; e a
outra somente pode nascer no adimplemento ruim. Quase assim, GEORGES
MARAIS (DU Crédit documentaire, 243). Porém o acreditante não poderia
ir contra o substituto se contra êle, com o mesmo fundamento, não pudesse
ir quem se fêz substituir.

7. TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS ORIUNDOS DA CONFIRMAÇÃO. - Pri-


meiramente, havemos de distinguir os direitos que se irradiam da confir-
mação e os direitos que podem resultar de algum ato jurídico Lícito ou ilí-
cito ligado ao adimplemento (e. g., em vez de prestar pecunia, o prestador
acreditivo entregou título de crédito).
O acreditivo confirmado é cessível, salvo cláusula em contrário. Se
o prestador acreditivo se vinculou em título cambiário ou cambiariforme,
entende-se que solveu a dívida, pois que sobreveio título abstrato, mas é de
admitir-se a cláusula de ter sido apenas adiado o pagamento.
Se o acreditado endossou o título de crédito endossável, ou transferiu
a propriedade e a posse do título de crédito ao portador, antes de ter sido
aceito pelo prestador acreditivo ou antes de ter havido confirmação, o ad-
quirente corre o risco de não haver a confirmação.
Se o acreditivo é documentário, a transferência tem de ser com os
documentos, ou sem êles, se consente o acreditante (cf. GEORGES MARAIS,
D LI Crédit confirmé en matière documentaire, 26).
Se, em vez de ceder o crédito, ou de transferir a posse e a proprie-
dade do título de crédito, o beneficiado faz nova operação de crédito, a
segunda operação de ordinário tem o mesmo têrmo que a primeira, posto
que haja diferença no tocante ao preço (H. GAFNER, Das Documenten-
akkreditiv, 77).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.647. A - Legislação
Sobre a cessão de crédito, dispõem os arts. 286 a 298 do CC/2002. Disci-
plinam a representação para celebração de ato ou negócio jurídico, os arts. 115
a 120 do CC/2002. Quando se trate de representação convencional, as regras
do mandato constam dos arts. 653 et seq do CC/2002.

§ 4.647. B - Doutrina ;
A responsabilidade do prestador acreditivo pela demora na confirmação
tem natureza contratual, de modo que legitima o acreditante que com ele con-
tratou a exercer pretensão indenizatória ou resolutória do contrato enquanto
não esteja o acreditado vinculado, embora considere a doutrina que no contrato
de emissão da carta de crédito o banco faça uma dupla promessa, em relação
ao ordenante/acreditante e ao beneficiário/creditado (CORDEIRO, Antônio Mene-
zes. Manual de direito bancário. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2010. p. 664). Já se
a demora é do acreditante, aí terá o acreditado pretensão, com fundamento no
negócio jurídico base.
Concorda a doutrina atual com Pontes de Miranda, no tocante à abstração
do negócio acreditivo que ocorre com a confirmação, em relação a eventuais
insuficiências da prestação do acreditado no negócio base ao qual serve o
acreditivo de pagamento, o que de resto está em conformidade com os usos
convencionados internacionalmente.
Na doutrina francesa, tal qual no direito brasileiro, mantém-se, igualmente,
o entendimento quanto à natureza contratual do crédito documentário (GAVALDA,
Cristian; STOUFFLET, Jean. Op. cit., p. 460; e.BoNNEAU, Thierry. Droit bancaire. 8.
ed. Paris: Montchrestien, 2009. p. 497-498) subsistindo, portanto, o objeto das
críticas de Pontes de Miranda.
Por outro lado, o caráter abstrato e autônomo do crédito documentário con-
firmado e a possibilidade de sua cessão é assentado na doutrina.(VASCON-
CELLOS, Luis Miguel Pestana de. Direito das garantias. Coimbra: Almedina, 2011.

p. 581).

§ 4.647. C - Jurisprudência
O prestador acreditivo, no exame dos documentos tem dever de realizar um
exame formal dos mesmos, e não qualquer juízo de valor, de modo que não
responde por eventuais fraudes (STJ, REsp 885.674/RJ, 3.a T„ j. 07.02.2008,
rei. Min. Nancy Andrighi). Na hipótese de ocorrer inadimplemento do prestador
acreditivo, entende-se a possibilidade do acreditado demandar tanto o banco
confirmador, quanto o emissor da carta, quando forem distintos (TJSP, ApCiv
1.151.908-3, 21 .a Câm. de Dir. Priv., j. 24.05.2006, rei. Antônio Marson).

§ 4.648. PRAZO

1. ACREDITIVO E NEGÓCIO JURÍDICO CAUSAL. - O p r a z o p a r a s e e x e r -


cer o direito oriundo do acreditivo, direito que se exerce com a apresen-
tação do documento ou dos documentos, é o prazo para o pagamento a
que o negócio jurídico causal se refere, porque a prestação por eficácia do
acreditivo é satisfatória da dívida oriunda daquele negócio jurídico pro-
vàvelmente causal.
Os arts. 960, l. a e 2.A alíneas, do Código Civil são invocáveis. Assim,
pode ser necessária a interpelação. Pela falta de quem deveria ser o pres-
tador acreditivo, responde o acreditante, porque o acreditivo foi meio para
o adimplemento da obrigação do acreditante (H. LEHMANN, Handel und
Gewerbe, 220; REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeitschrifi für das gesamte
Handelsrecht, 88, 7).

2. RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE ACREDITANTE E FUTURO PRESTADOR


ACREDITIVO. - O momento em que o futuro prestador acreditivo tem de
prestar é aquêle a que se vinculou. Não se vinculou perante o acreditado,
enquanto não confirma o acreditivo. Se, no negócio jurídico causal entre
ele e o acreditante, foi marcado o momento a e, no negócio jurídico acre-
ditivo entre o acreditante e o acreditado, há data ou cláusula divergente, o
futuro prestador acreditivo só está vinculado conforme o negócio jurídico
que haja entre êle e o acreditante, e não conforme o negócio jurídico causai
entre o acreditado e o acreditante, em que se insere a cláusula de acrediti-
vo, ou a que se adjecta o pacto de acreditivo.
Se, apresentado o instrumento ou documento ou apresentados os do-
cumentos pelo acreditado, ao futuro prestador acreditivo, êsse confirma,
há a vinculação ao acreditado, mesmo que outra tenha sido a determinação
de tempo no negócio jurídico entre êle e o acreditante. Se o momento, no
negócio jurídico com o acreditante, era posterior, honrou êsse o acreditivo
sem estar vinculado a isso. Se anterior, só não incorreria em mora, recusan-
do a confirmação, se fôsse de interpretar-se que transcorrera o tempo em
que o futuro prestador acreditivo devia atender ao acreditado.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.648. A- Legislação
A indicação quanto às disposições sobre a mora in re ou in personam, do
art. 960 do CC/1916, devem ser tomadas pelo art. 397, capute parágrafo único,
do CC/2002.

§ 4.648. B - Doutrina i
Na ligação do pagamento do acreditivo e do negócio causai (ou negócio
base), identifica-se também para a doutrina contemporânea a ligação entre
ambos, justificando falar em interdependência ou coligação de contratos. Uma
vez que a prestação do acreditivo constituí pagamento do negócio causai.

§ 4.648. C- Jurisprudência
A mora no pagamento do acreditivo legitima o acreditado a demandar tan-
to o banco emissor quanto o confirmador do crédito (TJSP, ApCiv 1.151.908-
3, 21 ,a Câm. de Dir. Priv., j. 24.05.2006, rei. Antônio Marson). Tendo, todavia,
pago o banco confirmador, pode ressarcir-se do banco emissor (TJRS, ApCiv
70003168424,11.a Câm. Civ., j. 15.10.2003, rei. Jorge André Pereira Gailhard).

§ 4.649. FORMA

1. ACREDITIVO E NEGÓCIOS JURÍDICOS SUBJACENTES. - O contrato de


compra-e-venda, ou outro contrato, de que exsurja dívida que se há de
solver mediante acreditivo, está sujeito às regras jurídicas de forma que a
espécie de contrato exige. Mas isso de modo nenhum atinge o acreditivo,
quer na relação jurídica entre o acreditante e o acreditado, quer na relação
jurídica entre o prestador acreditivo e o acreditado.
As fórmulas mais usadas são: "sendo banco acreditivo C", "paga-
mento contra acreditivo", "caixa contra acreditivo", "solução por acrediti-
vo", "acreditado o preço no banco C", "acreditivo contra conhecimentos",
"acreditado contra os documentos necessários". Não é exigida a expressão
"acreditivo" mas é recomendável, para não se confundir o acreditivo com
outros meios de pagamento.

2. CLÁUSULA OU PACTO. - O acreditivo impõe-se ou com a inserção


de cláusula em contrato, do qual resulta relação jurídica de valuta {e. g.,
compra-e-venda, empreitada, locação de serviços, locação de coisas), ou
com pacto, que pode ter sido anterior, e até para quaisquer operações
entre os figurantes, simultâneo ou imediato ao contrato de que emana a
dívida que o acreditante tem de solver, ou com pacto posterior, adjecto
ou não.
Nos contratos de compra-e-venda e noutros contratos, para segurança
do vendedor ou de algum outro outorgante, costuma-se convencionar que
o comprador ou outro outorgado há de apresentar acreditivo escrito do seu
banco, ou mesmo acreditivo já confirmado pelo futuro prestador acreditivo
(J. WLEFELS, Handelsrecht, II, 86. a -89. a ed., 78).

3. MANIFESTAÇÕES DE VONTADE EM ÂNGULO. - À m a n i f e s t a ç ã o d e


vontade entre o acreditante e o acreditado não se exige forma especial.
Bem assim, à manifestação de vontade de quem promete prestar, do pres-
tador acreditivo, quase sempre banco. A chamada "confirmação" é mani-
festação unilateral de vontade. O crédito documentário fica confirmado: o
futuro prestador acreditivo assumiu a dívida.
Entre o acreditante e o acreditado existe relação jurídica, a que se liga
a cláusula de acreditivo ou mesmo o pacto adjecto de acreditivo. Quase
sempre, o negócio jurídico, de que ela se irradia, é o contrato de compra-
-e-venda. Mas aparece nas locações de serviços, nas empreitadas e noutros
contratos bilaterais, ou unilaterais (e. g., doação de crédito). Embora pare-
cidos, a cláusula e o pacto adjecto não se podem confundir com a cláusula
ou o pacto adjecto "caixa contra documento" ou com a cláusula ou o pacto
adjecto de aceite de letra de câmbio a um mês, dois ou mais meses.
4. REVOGABILIDADE E IRREVOGABILIDADE. - A questão da revogabili-
dade do acreditivo tem sido mal posta. Pensa-se na relação jurídica entre o
acreditante e o futuro prestador acreditivo, como se essa linha fizesse parte
da figura do acreditivo. O acreditivo chega ao futuro prestador acreditivo,
passando, antes, pelo acreditado. Na assinação é que o caminho édiferente
(assinante, assinado, assinatário). Nas linhas que perfazem o ângulo do
acreditivo, não há revogabilidade: se já se traçou a primeira (acreditan-
te, acreditado), à desconstituição não se pode chamar revogação; se já se
completou a segunda, com a confirmação ou a honoração, não há falar-se
de revogabilidade. Antes da confirmação ou da honoração, o acreditado
pode retirar o seu ato de apresentação, que seria provocar a manifestação
unilateral de vontade do prestador.
No negócio jurídico de que se irradia a relação jurídica entre o acre-
ditante e o prestador acreditivo - de ordinário, banco - pode haver revoga-
bilidade, e pode não haver. Mas essa relação jurídica, que pode não existir
ao tempo da honoração, é estranha à figura do acreditivo. Evidentemente,
tal revogabilidade cessaria se j á houvesse ocorrido confirmação. Com a
confirmação, como com a honoração, o ângulo se perfaz.
O negócio jurídico entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo
pode não ter existido. Se existiu e existe, trata-se de negócio jurídico a favor
de terceiro, ou de estipulação a favor de terceiro, inserta, como cláusula, em
algum negócio jurídico. Porque não atenderam a êsses pontos, principal-
mente não consideraram a extraneidade da relação jurídica entre o acre-
ditante e o futuro prestador acreditivo, no tocante à figura do acreditivo,
foi que REICHARDT (Das Akkreditiv, Zeitschrift für das gesamte Handels-
recht, 88, 23) viu sempre o contrato a favor de terceiro, JACOBSOHN (Der
Kauf gegen Bankakkreditiv, Gruchots Beitrãge, 66,24 s.) somente o admitiu
no acreditivo revogável, e SIPPELL (Pfandungen von Guthaben, auf denen
Akkreditive laufen, Bankarchiv, 19, 96) somente no acreditivo confirmado.
(Falamos acima de ângulo. O assunto merece esclarecimento que
afaste, de antemão, quaisquer suposições de ver em ângulo o negócio ju-
rídico do acreditivo. O negócio jurídico do acreditivo é em linha reta, que
vai do acreditante ao acreditado, a favor de quem se irradia a eficácia-do
acreditivo. A confirmação, da parte do futuro prestador acreditivo, é outro
negócio jurídico, com que se atende à acreditação.)

5. "CONFIRMAÇÃO" NEGÓCIO JURÍDICO UNILATERAL. - O chamado


"crédito livre" ou "crédito simples" (unconfirmed credit, credit non con-
firme), não é acreditivo. Para que se eficacize o acreditivo, é preciso que
haja a manifestação unilateral de vontade que é a de prestar o quanto ou
o que se acordou, desde logo, ou depois. Supõe-se - não é necessário que
tenha existido e exista - relação jurídica entre o acreditante e o prestador.
A confirmação afirma que o acreditado pode contar com o que o acreditan-
te lhe prometeu (mesmo se o prestador apenas só o faz por deferência ao
acreditante, como aconteceria se respeitasse cheque sem fundos): afirma
com o acreditante; o acreditante afirmou, êle confirma. Seria melhor outro
nome, mas êsse se universalizou. No direito, a confirmação ora é ato jurí-
dico stricto sensu, comunicação de conhecimento; ora é negócio jurídico
(cf. Tomos H, § 237, 2; IV, §§ 379, 2, 3, e 450, 2; V, § 544; XXV, § 3.021,
1; XXXVI, § 4.083, 2, 3; X X X V m , § 4.196, 2).
Na linguagem de alguns povos há a expressão "crédito confirmado".
Verdade é, porém, que tem ela o defeito de ser alusiva ao negócio jurídico
ou ao direito, efeito dêsse, depois de estar iniciado o seu cumprimento.
O negócio jurídico, que se tem no acreditivo, é confirmável: se o futuro
prestador acreditivo o confirma, há crédito confirmado; se o não confirma,
o crédito é não-confirmado; confirmado, ou não, o acreditivo, negócio ju-
rídico, existiu.
A forma da confirmação pode ser em instrumento público, ou parti-
cular, ou em simples papeleta ou assinatura no instrumento do acreditivo e
nos documentos, ou mesmo por telefone ou telégrafo.
No acreditivo, a "confirmação" é negócio jurídico unilateral, contém
manifestação de vontade, de modo que não se pode apurar a verdade de
comunicação de conhecimento. Mesmo se o acreditante mentiu, e com êle
o prestador acreditivo, a confirmação existe, vale e é eficaz.
A confirmação é o que mais acontece, mas pode o ato do prestador
acreditivo ser, desde logo, confirmação e honoração, palavra que preferi-
mos, na espécie, a honorificação.
A manifestação unilateral de vontade do prestador dá ensejo a negócio
jurídico abstrato. As manifestações de vontade do acreditante e do acredita-
do entram no mundo jurídico como negócio jurídico quase sempre causai
A relação jurídica derivada da confirmação é abstrata. O exame, que
tem o prestador acreditivo, dos documentos de modo nenhum torna com
elementos causais a relação jurídica.
Feita a confirmação, que é em manifestação unilateral, receptícia, de
vontade, não pode haver revogação, mesmo se revogável era entre acredi-
tante e acreditado o acreditivo. Confirmação, Bestütigung, é o têrmo em-
pregado na doutrina do acreditivo. Nas Regras e Usos uniformes relativos
aos Créditos documentários (Câmara de Comércio Internacional, Lisboa,
1951), art. 2, diz-se que o crédito (documentário) pode ser aberto sob a
forma de crédito revogável ou de crédito irrevogável; e no art. 5 chama-se
crédito irrevogável àquele que contém vinculação firme do banco, o que
supõe confirmação prévia.
A confirmação pode ser confirmação prévia, isto é, antes de poder ser
apresentado o acreditivo para que o futuro prestador acreditivo confirme
ou (confirme e) pague. Pode ser no momento em que se exerce o direito à
apresentação. Então é a confirmação imediata à apresentação.
Quer tenha havido confirmação prévia, quer a confirmação tenha sido
confirmação à apresentação, a irrevogabilidade, do lado do futuro presta-
dor acreditivo, está estabelecida.
Quaisquer obscuridades ou omissões que decorram da redação que o
faturo prestador acreditivo deu à confirmação do acreditivo, interpretam-se
com êsse (HANS WÜRDINGER, Kommentar zum Handelsgesetzbuch, IV, 2.A
ed., 180).
A confirmação e a honoroção não são aceitação de oferta contratual,
muito embora se sustente jsso ie. g., REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeit-
schrift fiir das gesamte Handelsrecht, 88, 53; EUGEN ULMER, Akkreditiv
und Anweisung, Archivfür die civilistische Praxis, 126, 286). A apresen-
tação ao futuro prestador, que talvez apenas pague com o dinheiro do acre-
ditante, depositado no seu cofre, não é oferta: nem do acreditante, através
do acreditado, nem dêsse. Daí ser de repelir-se a solução da doutrina alemã
que exige a forma escrita e que até mesmo tenta afastar a invocabilidade do
§ 350 do Código Comercial alemão.
Se, em vez do pagamento simples, tem de haver antes a confirmação,
para depois se prestar, depende do negócio jurídico unilateral, que está
diante do prestador. Se tem de aceitar letra de câmbio, ou de avalizar, ou
de endossar, a forma escrita é exigida.
A abstração da manifestação unilateral de vontade impõe que se in-
dague do que se passou antes, simultaneamente ou após a confirmação,
entre o acreditante e o prestador. Se houve endosso, nas relações entre o
acreditado e o prestador, êsse não pode exigir daquele, em regresso, que
lhe preste o que o acreditante deixou de prestar. Aí, o acreditivo é exceção
oponível ao endossante, pelo endossatário prestador.
A confirmação do acreditivo é algo como o aceite da letra de câmbio
ou da duplicata mercantil. Não se poderia, no estado atual da ciência do
direito, considerar o saque e o aceite como elementos do mesmo negócio
jurídico. A unidade está no instrumento, na cártula cambiaria, ou cambia-
riforme. O saque e o aceite são dois negócios jurídicos unilaterais, que
se escrevem no título cambiário ou cambiariforme. Dá-se o mesmo com
o acreditivo, que é entre o acreditante e o acreditado. A êsse pode sobre-
vir, ou não, a confirmação ou (a confirmação) e a honoração. De qualquer
modo, há outro negócio jurídico.
As obscuridades, as resistências e até a hostil cegueira diante dos ne-
gócios jurídicos unilaterais também se haviam de observar a respeito da
assinação e do acreditivo. Longo tempo teve de passar para que os juristas
de alguns Estados considerassem unilaterais os próprios negócios jurídicos
que inserem na letra de câmbio e na nota promissória. Compreende-se que
se passe o mesmo a propósito de outros institutos.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.649. A - Legislação
A declaração de vontade não depende de forma específica, a não ser quan-
do a lei o exigir, conforme prevê o art. 107 do CC/2002. No tocante à aceita-
ção de letra de câmbio, é exigida forma escrita. O mesmo exige-se do aval
- conforme art. 898 do CC/2002 - e do endosso (art. 910 do CC/2002), assim
como a Convenção de Genebra, incorporada ao direito brasileiro pelo Dec.
57.663/1966.
A identificação do negócio entre acreditante e prestador acreditivo como
estipulação em favor de terceiro remete à disciplina dos arts. 436 a 438 do
CC/2002.

§ 4.649. B- Doutrina
Não se utiliza na doutrina contemporânea a expressão "acreditivo". Sua
disciplina insere-se no âmbito do crédito documentário, compreendido como
contrato - de regra não se cogita de negócio jurídico unilateral como sustenta
Pontes de Miranda - , em que há prestação de serviço do banco, ainda que por
ele possa se constituir eficácia vinculativa a partir da confirmação, dando causa
a crédito confirmado. Essas sim, expressões largamente utilizada, inclusive nos
usos convencionados internacionalmente (Uniform Customs and Practice for
Documentary Credits 500, da CCI). Todavia, há acordo com Pontes de Miranda,
por grande parte da doutrina, de que o negócio entre ordenante/acreditante e
o banco/prestador acreditivo, assume caráter de negócio em favor de terceiro.

§ 4.649. C- Jurisprudência
Admitindo-se a vinculação do contrato de crédito documentário a outros
contratos, não se admite sua eficácia executiva nas hipóteses em que é possí-
vel a variação do valor tornado disponível ou as amortizações feitas pelo acre-
ditante (STJ, REsp 247.518/MG, 4. a T„ j. 02.02.2006, rei. Min. Barros Monteiro,
DJ 20.03.2006).
CAPÍTULO III
EFICÁCIA D O ACREDITIVO

§ 4.650. RELAÇÕES JURÍDICAS ACREDITIVAS

1. IRRADIAÇÃO DE EFICÁCIA. - A irradiação de eficácia do acreditivo


tem duas fontes: o negócio jurídico acreditivo entre o acreditante e o acre-
ditado e o negócio jurídico unilateral, receptício, que resulta da confirma-
ção pelo prestador acreditivo. Raramente, à apresentação ao futuro presta-
dor acreditivo, nasce dívida que se tenha de adimplir depois; o pagamento
é ato-fato jurídico, envolvido pela manifestação unilateral, receptícia, de
vontade, no plano conceptual imediatamente seguida daquele e, no plano
prático, simultânea a esse, razão por que não se vê.

2. RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE O ACREDITANTE E O ACREDITADO. - Q u a -


se sempre, o acreditivo resulta de cláusula inserta em contrato de compra-
-e-venda; às vezes, de empreitada ou de locação de serviços, e menos fre-
qüentemente noutros contratos. O acreditivo pode decorrer de acordo à
parte, prévio ou adjecto, ou posterior, solutionis causa. Basta que se diga
que terceiro será o prestador acreditivo, para que esteja pactado o negócio
jurídico acreditivo.
A cláusula, ou o acordo, de que a prestação futura se há de fazer por
meio de acreditivo, de modo nenhum já é acreditivo. Se entre a cláusula
ou o acordo e o acreditivo teve o promitente de pedir a banco que faça a
operação, não passa o banco a ser o acreditante: a função bancária é só
operacional; o negócio jurídico entre o futuro acreditado e o banco é ou-
tro negócio jurídico, que fica entre o negócio jurídico em que se inseriu a
cláusula e o negócio jurídico do acreditivo, ou entre o acordo e o negócio
jurídico do acreditivo.
3. ACREDITIVO E PRESTAÇÃO ACREDITIVA. - A constituição do acredi-
tivo não é pagamento, posto que se possa estipular que o seja. Na dúvida,
tem-se como meio para pagamento (cf. KARL HERMANN CAPELLE, Das
Akkreditiv geschaft, 49; A. KOCH, Banken und Bankgeschafte, 285). O acre-
ditado permanece com a pretensão contra o acreditante até que seja pago,
com os interesses e indenizações, se houve mora. A mora do prestador
acreditivo é mora do acreditante, cabendo ao acreditado ir contra esse.
De ordinário, o acreditivo é negócio jurídico fixo (Fixgeschãft), isto é,
negócio jurídico em que se afasta qualquer adimplemento após o prazo ou
prazos determinados (Tomos XXIII, §§ 2 . 7 7 2 , 6; 2 . 7 9 5 , 6; 2 . 8 0 0 , 3 ; 2 . 8 0 9 ,
9 ; 2 . 8 1 1 , 3 ; X X V , § 3 . 0 9 0 ; e X X V I , § 3 . 1 0 2 , 4 ) . C f . SCHLEGELBERGER-
-HEFERMEHL (Schlegelberger Handelsgesetzbuch, III, 3. A ed., 1 5 7 3 ) . Se
não foi afastado, in casu, ser negócio jurídico fixo o acreditivo, durante o
tempo da mora há alternatividade subjectiva para a ação.
Durante a mora do prestador acreditivo, enquanto não é satisfeito cré-
dito do acreditado, pode êle exigir o crédito conforme a relação jurídica
entre êle e o acreditante.
Se o acreditado admitiu a confirmação e prazo de graça, ou outro
prazo, tem-se por liberado o acreditante.
O que de ordinário acontece é que o acreditivo tenha por fito a solução
de dívida do acreditante ao" acreditado; e por simplificação é disso que se
há de falar. Mas pode ocorrer:
a) Não ser devedor o acreditante, mas sim terceiro, interessado ou não,
que quer que se pague ao acreditado.
b) Querer o acreditante, que não deve ao acreditado, que por êle se
preste ao acreditado, em negócio jurídico gratuito, ou para que o acredita-
do fique a dever ao acreditante aquilo que receber.

4. TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS. - A transferibilidade do crédito acre-


ditivo (crédito contra o acreditante) pode ocorrer segundo os princípios ju-
rídicos, isto é, se cabe e como se opera. A transferibilidade da passividade,
essa, é de afastar-se, salvo se há substituição do prestador acreditivo, o que
depende de nôvo negócio jurídico entre o acreditante e o acreditado, se ain-
da não há a relação jurídica entre acreditado e futuro prestador acreditivo;
ou de nôvo negócio jurídico entre o acreditado e o prestador acreditivo, se
a relação jurídica entre eles já se estabeleceu. Cf. WOLFF (Das Akkreditiv,
Juristische Wochenschrift, 51, 174).
§ 4.651. D E VE R E S D O PRESTADOR ACREDITIVO • 367

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.650. A - Legislação
O pagamento por terceiro interessado tem disciplina do art. 304 do CC/2002.
Pode ter por eficácia a sub-rogação, conforme art. 346, III, do CC/2002. A ces-
são de crédito é prevista nos arts. 286 e ss. do CC/2002.

§ 4.650. B- Doutrina
Há compreensão da doutrina quanto a disciplina do acreditivo por meio de
cláusula que discipline o pagamento no negócio entre o acreditante e o acre-
ditado. Todavia, o crédito documentário considera-se como serviço ou crédito
do banco (prestador acreditivo), como conteúdo da prestação ao acreditante
(MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 14. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 1999. p. 438). Mesmo a confirmação e conseqüente obrigação do banco
perante o acreditado é decorrência da prestação de serviços em questão.
No tocante à possibilidade de cessão do crédito, da mesma forma, é admi-
tida expressamente.
Quanto à natureza jurídica do pagamento, há conhecida polêmica dentre os
que o consideram como espécie de ato-fato jurídico - doutrina capitaneada por
Pontes de Miranda ato jurídico, ou admita sua natureza variável, conforme a
prestação que deva ser satisfeita (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de
direito civil. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. II, p. 169; GOMES, Orlando.
Obrigações. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 111).

§ 4.650. C - Jurisprudência
Reconhece, a jurisprudência, que no contrato de crédito documentário ir-
revogável, o banco que realiza a prestação acreditiva não pode se opor ao
saque do crédito se o acreditado apresenta a documentação referida na carta
de crédito, confirmando sua abstração em relação ao negócio base (STJ, REsp
686.166/RJ, 3.aT., j. 23.08.2007, rei. Min. Nancy Andrighi, DJ 17.09.2007).

§ 4.651. D E V E R E S D O P R E S T A D O R ACREDITIVO

1. EXAME DOS DEVERES. - a) O futuro prestador acreditivo, antes ou


no momento da apresentação do acreditivo, ou da comunicação que dêle
se lhe deu, tem interêsse em que a promessa do acreditante, feita ao acre-
ditado, seja adimplida. De ordinário, além da significação que isso possa
ter nas relações entre êle e o acreditante, recebeu ou recebe êle a comissão
pelo serviço que admitiu lhe tocasse, ou atende, simplesmente, à conside-
ração especial que lhe merece o acreditante (honoração do acreditivo, se só
falamos de confirmação em sentido estrito).
Se existe dever de prestar ao acreditado, é questão a que não se res-
ponde a priori, e não depende do negócio jurídico acreditivo.
No momento em que o assinado aceita é que fica vinculado ao assina-
tário. Também no acreditivo, não é no momento em que o futuro prestador
acreditivo se vincula perante o acreditante (relação jurídica estranha ao
acreditivo, embora a êle se refira), mas sim naquele em que lança a con-
firmação.
Após o aceite da assinação, como após a confirmação do acreditivo,
não importa que tenha sido decretada a nulidade, a anulação, a resolução,
a rescisão, nem qualquer exceção oriunda do negócio jurídico causai entre
assinante e assinatário, ou entre acreditante e acreditado (J. STOUFFLET, Le
Crédit documentaire, n. 384).
b) Após a confirmação em senso lato, isto é, incluídos os casos de
honra ao saque, há o dever de adimplir, que pode ser com obrigação
imediata (confirma e paga. ou, pagando, confirma). Mas êsse dever nada
tem com a relação jurídica que possa existir entre o acreditante e o fu-
turo prestador acreditivo: nasce do ato de confirmação, negócio jurídico
unilateral.
(A propósito da confirmação, cumpre que se advirta: se o futuro pres-
tador acreditivo somente quer honrar o acreditivo, como o banco que honra
o cheque sem fundo, a expressão "confirmação" está em senso largo e
usual. O futuro prestador acreditivo confirma, porque a sua manifestação
unilateral de vontade é de vincular-se, nos têrmos do acreditivo. Mas con-
firmar, aí, não é dizer que o acreditante podia emitir o acreditivo.)
c) É de discutir-se se o futuro prestador acreditivo ou o prestador acre-
ditivo, que já atendeu ao acreditado, tem o dever de comunicar ao acredi-
tante que não vai confirmar, ou que não confirmou, ou que confirmou o
acreditivo. Afirmativamente, em quaisquer casos, KARL HERMANN CAPEL-
LE (Das Akkreditivgeschüft, 58), e EUGEN ULMER (Akkreditiv und Anwei-
sung, Archiv fiir die civilistische Praxis, 126, 280). Não está certo, salvo
se há regra jurídica que crie tal dever, o que ocorre com o regulamento
alemão dos acreditivos e não no Brasil e noutros Estados. Fora daí, o dever
somente pode resultar da relação jurídica que exista entre o acreditante e o
acreditado, estranha ao acreditivo.
O banco, ou outro prestador acreditivo, tem o dever de verificar os
documentos exigíveis. O estarem em ordem e regularidade constitui pres-
suposto necessário para que confirme e pague, ou somente confirme. Os
requisitos são os de atendibilidade conforme o exterior, e não os do con-
teúdo não aparente dos documentos.
Salvo o que em contrário resulte da relação jurídica entre o acreditante
e o prestador, êsse tem direito às despesas que a confirmação e o adimple-
mento acarretaram. O art. 1.309 do Código Civil é invocável; bem assim
são invocáveis o art. 1.310 e o art. 1.312.
O prazo para o acreditado é de ter-se também como prazo para o
pagamento, salvo se foi disposto diferente no acreditivo (STUMMER, Das
Bankakkreditiv nach deutschem Recht, 64). Os documentos somente po-
dem ser entregues se o pagamento se faz dentro do prazo. Se houve ho-
noração posterior (aí, não mais se poderia falar de confirmação em senso
próprio), o acreditante não fica vinculado, salvo acordo anterior, simul-
tâneo ou posterior.

2. REMESSA E ENTREGA DOS DOCUMENTOS. - A r e m e s s a ou a p r e s e n -


tação dos documentos ao prestador acreditivo importa oferta para tradição
(oferta, ou acordo de transmissão). Os problemas quanto à propriedade e
a posse própria são problemas que se têm de resolver entre o acreditante
e o prestador acreditivo, conforme a relação jurídica entre eles, relação
jurídica, frisemos sempre, estranha ao acreditivo. A posse que o acreditado
oferece é a posse plena. Não lhe fica qualquer posse. O prestador recebe
a posse plena. Como se distribuem entre êle e o acreditante as posses de-
pende do que se há estabelecido, ou se estabelece entre eles. De ordinário,
a propriedade e a posse própria, mediata, vão ao acreditante; ao prestador
fica a posse imprópria, mediata.
Se o acreditivo foi usado para se prestar aluguer, ou qualquer paga-
mento de dívida que não seja de aquisição de propriedade e posse própria,
a posse imprópria é - de regra - adquirida pelo acreditante, ficando como
possuidor impróprio imediato, até que entregue o bem ao acreditante, o
prestador acreditivo, a que foi feita a tradição.
Se o prestador recusa a confirmação ou honoração, tem de restituir ao
acreditado os documentos, porque houve a oferta de acordo de transmissão
e não houve a aceitação, o que somente pode ocorrer se há confirmação
ou honoração. De modo nenhum, pode guardá-los, ou remetê-los ao acre-
ditante. Se há crime, cujo corpo de delito está nos documentos, isso não
justifica a retenção, pôsto que deva o prestador acreditivo, que se recusa a
prestar, comunicar à polícia.

3. DEVERES QUANTO AOS DOCUMENTOS. - O prestador, ao prestar, tem


de examinar os documentos. Nenhum dever de velamento, de cuidado e de
fiscalização tem êle se os documentos estão em ordem e nenhuma discordân-
cia há em que se contratou entre acreditante e acreditado e os documentos.
Por exemplo: nada tem êle com ser de diferentes qualidades a mercadoria
(EUGEN ULMER, Akkreditiv und Anweisung, Archivfür die civilistische Pra-
xis, 126, 281), ou com os defeitos da mercadoria (vícios do objeto).
Quanto aos documentos, o prestador tem de examiná-los conforme
as instruções, os têrmos do acreditivo e os usos. As rasuras, as emendas e
acréscimos marginais ou intercalares não podem, em circunstâncias regu-
lares, permitir a recusa de confirmação. Os princípios são os comuns.
O acreditado tem o ônus de provar que houve alterações nos dados
concernentes ao negócio jurídico entre êle e o acreditante, inclusive no to-
cante ao acreditivo (e. g., diferença ou alterações quanto ao meio de trans-
porte, ou quanto ao seguro, ou quanto ao endereço).
O prestador pode afastar-se das instruções que tenha recebido do
acreditante (instruções que concernem ao acreditivo, sem fazerem parte
dele) e dos próprios têrmos do acreditivo, se é de supor-se que, se conhe-
cesse as circunstâncias, o acreditante teria retificado as instruções ou os
têrmos do acreditivo; se é de supor-se que, se conhecesse as circunstân-
cias, teria de haver comunicação prévia, o futuro prestador acreditivo tem
obrigação de fazê-la.
Quanto à verdade e completitude dos documentos, a responsabili-
dade do prestador concerne às instruções, ou aos têrmos do acreditivo,
conforme o art. 1.300 do Código Civil. No direito alemão, alude à falta
d e r e g r a j u r í d i c a ALFRED JACOBY (Das Akkreditiv, Bankarchiv, 20, 265);
à negligência grave referem-se JACOBSOHN (Der Kauf gegen Bankakkre-
ditiv, Gruchots Beitrãge, 66, 4 1 ) e STUMMER ( D a s Bankakkreditiv nach
deutschem Recht, 54).
O primeiro cuidado do futuro prestador acreditivo há de ser o de exigir
a legitimação formal do acreditado. Não importa se é êle que vai ao acredi-
tado (o que supõe saber quem seja), ou se é o acreditado que o procura para
apresentação do instrumento do acreditivo e dos documentos.
As indicações da mercadoria hão de ser as do conhecimento e as da
apólice de seguro, bem como de quaisquer documentos de que devam
constar. A data do conhecimento tem de ser a da apólice de seguro, por-
que, se o seguro foi posterior, não se sabe se houve sinistro no intervalo.
Outrossim, é de relevo saber-se se houve seguro do lugar da saída para o
veículo (navio, trem, aeronave, ônibus) e do lugar de chegada para o esta-
belecimento do acreditante.
(Nas relações entre o acreditante e o banco, que se incumbiu de indi-
car o prestador acreditivo, a responsabilidade é contratual e abrange os atos
de quaisquer bancos que ao banco substituam.)
Os documentes que o prestador acreditivo há de exigir a quem é legi-
timado a receber são os que constam do acreditivo. Se só se fala de docu-
mentos de expedição, tem-se de entender exigidos aqueles que são neces-
sários à expedição.
O acreditado tem de apresentar ao prestador acreditivo os documen-
tos. Esse tem o dever de os examinar, para que não sejam outros ou dife-
rentemente compostos, em relação aos de que falou o acreditante, no ins-
trumento acreditivo. A sua responsabilidade não vai a ponto de se ter por
culpado de não descobrir a falsidade não aparente e, pois, não descobrível
pelo homem de negócios. Se o prestador acreditivo há de responder, tem
contra o acreditado, que apresentou os documentos, a condictio indebiti
(REICHARDT, Das Akkreditiv, Zeitschriftfür das gesamte Handelsrecht, 88,
60), ou a ação de indenização por ato ilícito absoluto.
O prestador acreditivo deve exigir estrita observância do que o ins-
trumento do acreditivo menciona ou implicitamente refere para a presta-
ção, ou aceite de título de crédito, se é o caso. Por exemplo: não satisfaz
o documento em que a qualidade atribuída à mercadoria não é a mesma.
Se, a respeito, há divergência entre os documentos, não pode o prestador
acreditivo entender que um deles é o verdadeiro na indicação.
De ordinário, os prestadores acreditivos - quase sempre, bancos - in-
cluem no contrato que têm com os acreditantes (contrato, aí, subjacente) a
cláusula de não serem responsáveis pela veracidade ou autenticidade dos
documentos. Outrossim, quanto a exigências para os acreditivos telegráfi-
cos e telefônicos. Tais cláusulas não eximem o futuro prestador acreditivo
da responsabilidade por dolo ou por negligência grave (EUGEN ULMER,
Akkreditiv und Anweisung, Archivfür die civilistische Praxis, 126, 282;
JACOBSOHN, Der Kauf gegen Bankakkreditiv, Gruchots Beitrüge, 66, 24;
STUMMER, Das Bankakkreditiv nach deutschen Recht, 54).
Se o banco não cumpre o que tinha de fazer, a sua responsabilidade é
a de mandatário retribuído, ou outra responsabilidade contratual que seja
a do seu caso. O que normal diligência teria de ignorar quanto à autenti-
cidade e validade intrínseca dos documentos não se exige ser visto pelo
banco prestador acreditivo. A falsificação de documentos pode dar ensejo
à responsabilidade do prestador acreditivo se houve culpa em não a notar.
Para garantir-se da exatidão, autenticidade e verificidade dos docu-
mentos, mesmo fora da aparência, emprega-se a carta de garantia ban-
cária, que estabelecimentos bancários especializados expedem.
Nas Regras e Usos uniformes relativos aos créditos documentários
da Câmara de Comércio Internacional (revisão de Lisboa, 1951), art. 12,
diz-se: "Les banques ne prennent aucun engagement et n' assument au une
responsabilité quant à la forme, la suffisance, 1'exactitude, 1'authenticité, la
falsification, la portée légale d'aucun document, ni quant à la designation,
la quantité, le poids, la qualité, les conditions, l'emballage, la livraison ou
la valeur de la merchandise que représentent les documents, ni quant aux
conditions générales ou particulières stipulées sur les documents, ni encore
quant à la bonne foi et aux actes de 1'expéditeur ou de toute autre personne,
ni quant à la solvabilité, la réputation, etc., des transporteurs ou assureurs
de la marchandise".
Nos Estados Unidos 5da América é usual a fórmula: "documents will
be examined with care sufficient to as certain whether in their face they
appear be regular in their general forms".
Os bancos ingleses só recebem documentos de seguro se têm ins-
truções a respeito, salvo se coincidem exatamente com as referências do
conhecimento.

4. EFICÁCIA DA CONFIRMAÇÃO. - C o m a c o n f i r m a ç ã o , o prestador


acreditivo assume, perante o alienante, acreditado, a dívida a que se refere
a sua manifestação unilateral de vontade. Passa a ser o devedor, em virtude
de vínculo não suscetível de alteração nem de revogação.

A confirmação é quase sempre feita por meio de carta, ou aviso, ou


papeleta. A entrega, pelo correio, ou por algum serviço, próprio ou alheio,
de apresentação de documentos bancários ou comerciais. Isso não obsta a
que se faça pelo telégrafo, ou por telefone; nem seria de admitir-se que a
confirmação de acreditivo dirigido a outro Estado longínquo tivera de ser
por meio de carta.
Uma vez que o acreditante e o acreditado convencionaram quanto a
quem teria de entregar a prestação e o terceiro assumiu o dever de fazê-lo
(= dito "confirmou o crédito"), o acreditante não é responsável pelos atos
ulteriores do terceiro, quase sempre banco. Antes da chamada confirma-
ção, manifestação unilateral, receptícia, de vontade perante o acreditado,
nenhum direito, pretensão ou ação tem o acreditado contra o terceiro, fu-
turo prestador acreditivo.
A manifestação unilateral de vontade do prestador acreditivo pode ser
revogada enquanto não chega ao conhecimento do acreditado. Trata-se de
manifestação unilateral, receptícia, de vontade.
Aquêles que têm a relação jurídica entre o acreditante e o futuro pres-
tador acreditivo como oriunda de contrato a favor de terceiro, ou de cláu-
sula a favor de terceiro inserta em algum negócio jurídico, logo encontram
diante de si o argumento de não poder ser invocado pelo acreditado, que
aí seria o terceiro, o art. 1.098, parágrafo único, do Código Civil. Ao ter-
ceiro, nas estipulações a favor de terceiro, é permitido exigir, desde logo, a
prestação, porque lhe nasceu o direito. Ao acreditado, não. Quaisquer que
sejam as cláusulas entre o acreditante e o faturo prestador acreditivo, o di-
reito que pode nascer ao terceiro não nasce do negócio jurídico acreditivo:
primeiro, porque a relação jurídica entre eles não é elemento estrutural
do negócio jurídico acreditivo; segundo, o direito do acreditado contra o
prestador acreditivo somente surge de manifestação unilateral, receptícia,
de vontade, que emite o prestador acreditivo.
Com a confirmação, nasce a dívida do futuro prestador acreditivo,
que é independente do que se passe entre o acreditante e o acreditado. Se
êle fêz o pagamento, extingue-se a dívida do acreditante, e qualquer des-
constituição da relação jurídica entre o acreditante e o acreditado é sem
repercussão no tocante ao prestador acreditivo.
Para que se distrate o negócio jurídico acreditivo, após a confirmação
e antes do pagamento, é preciso que os três figurantes sejam os distraen-
tes (SCHLEGELBERGER-HEFERM Schlegelberger Handelsgesetzbuch, III, 3.3
ed., 1569).
Depois de confirmado o acreditivo, está vinculado ao acreditado o
prestador acreditivo. E contra êle, somente são oponíveis as objeções e
exceções que sejam atinentes à confirmação, ou decorram do conteúdo do
acreditivo ou do conteúdo da confirmação, ou que toquem imediatamente
ao prestador acreditivo. Aqui, o regramento é paralelo ao das objeções e
exceções que pode opor o assinado, sem que isso baste para se assimilar à
assinação o acreditivo.
Com a confirmação, há a relação jurídica entre o prestador acredi-
tivo e o acreditado. Nada tem ela com a relação jurídica ou com as rela-
ções jurídicas de valuta entre o acreditante e o acreditado, nem com o que
se passou, entre o banco e o acreditante. O vínculo é direto, imediato e
autônomo, como resulta da carta de confirmação ou de outro instrumento
inclusive a gravação da conversa telefônica. A autonomia e a abstração
da confirmação têm todas as conseqüências; portanto, sem que se possa
discutir se havia ou não provisão, se quanto a isso errara ou fôra vítima
de dolo do acreditante o confirmante ou prestador acreditivo. A auto-
nomia explica que, mesmo se era revogável o acreditivo, após a confir-
mação não se possa pensar em revogação. Não há falar-se em novação,
posto que, em atinência à relação jurídica entre o acreditante (ou o ban-
co que fêz a operação) e o prestador acreditivo qualquer outra, se trata
de outro negócio jurídico, de outra relação jurídica. A independência é
típica, devido à abstratividade. No art. 1 das Regras e Usos uniformes
relativos créditos documentários, a Câmara de Comércio Internacional
(Lisboa, 1951) reproduziu, de modo geral, o que é assente em ciência do
direito: "Un credit documentaire constitue, par sa nature, une opération
indépendante du contrat de vente peut en former la base et auquel les
banques restent entièrement étrangères". Não se argumente, porém, que
assim ocorre com a confirmação do acreditivo porque é o que se dá com
a assinação.
O futuro prestador acreditivo que confirmou pode objetar a ine-
xistência, a invalidade e a ineficácia do negócio jurídico unilateral, de
confirmação. Outrossim, não ser o tempo, lugar ou modo de pagamento
aquêle que se supõe. Pode excepcionar (ius excipiendi) de dolo, inclu-
sive tratar-se de contrabando, extracomercialidade e não-importabili-
dade ou não-exportabilidade. Tem tôdas as exceções pessoais contra o
acreditado, que é a pessoa em contacto com êle. Mais: quanto ao que
seja deficiência de adimplemento, a julgar-se pelos documentos exa-
minados; ao que seja atinente a alguma relação jurídica entre o futuro
prestador acreditivo e o acreditado (depósito, conta corrente); a não ter
quem veio receber a legitimação do confirmatário; e a serem nulos os
negócios jurídicos de valuta e de provisão, o que dá ensejo a exceção
de enriquecimento injustificado.
Panorama atual pelo Atualizador

§ 4 . 6 5 1 . A - L e g i s l a ç ã o
A possibilidade do terceiro exigir a obrigação quando haja estipulação em
seu favor atualmente é previsto no art. 436, parágrafo único, do CC/2002, que
reproduz a norma do art. 1.098, parágrafo único, do CC/1916.
A abstração da carta de crédito em relação ao contrato original que lhe deu
base consta do art. 3.° da UCP-500, convencionada no âmbito da Câmara de
Comércio Internacional.

§ 4.651. B-Doutrina
A abstração do negócio acreditivo - em relação ao negócio base ao qual
sua prestação principal servirá de pagamento - é reconhecida em uníssono
na doutrina nacional e estrangeira. No tocante à veracidade ou autenticidade
dos documentos apresentados, o art. 15 da UCP 500, da Câmara de Comércio
Internacional, exime a responsabilidade dos bancos pela "forma, suficiência,
exatidão, autenticidade, falsificação ou efeito legal de quaisquer documentos".
Segundo aponta a doutrina, este entendimento é assente, exigindo-se tão so-
mente exame formal dos documentos. Todavia, na linha do que sustenta Pontes
de Miranda, não se excluem falhas que decorram de culpa grave ou dolo, como
é o caso da fraude evidente dos documentos.

§ 4.651. C - Jurisprudência
A qualificação do contrato em vista da obrigação do prestador acrediti-
vo como espécie de prestação de serviços é reconhecida pela jurisprudên-
cia (TJPR, ApCiv 692.851-4, 15.a Câm. Civ., j. 15.09.2010, rei. Des. Jucimar
Novochadlo) O prestador acreditivo, no exame dos documentos tem dever
de realizar um exame formal dos mesmos, e não qualquer juízo de valor, de
modo que não responde por eventuais fraudes (STJ, REsp 885.674/RJ, 3.a T.,
j. 07.02.2008, rei. Min. Nancy Andrighi).

§ 4.652. PROBLEMAS CONCERNENTES


À RELAÇÃO JURÍDICA DE VALUTA

1. RELAÇÃO JURÍDICA DE VALUTA E RELAÇÃO JURÍDICA DE ACREDITI-


VO. - Entre o acreditante e o acreditado, é de supor-se ter existido contato,
de que se irradiou a relação jurídica de valuta. Nesse contrato, ou em pacto
adjecto, ou - se houve simulação de negócio jurídico - em simples pacto,
está o acreditamento. A relação jurídica é outra, muito embora se refira a
relação jurídica de valuta, de que resulta dívida que o acreditivo tem por
fito solver. Daí os problemas que tangem com a desconstituição ou altera-
ção do negócio jurídico de que se irradia a relação jurídica de valuta.
Primeiramente, observemos que, ao ter de confirmar, ou recusar con-
firmação, o portador acreditivo pode estar inteirado da desconstituição
do negócio jurídico, a ponto de não mais existir a relação jurídica de
valuta. O prestador acreditivo pode exigir, assim ao acreditante como
ao acreditado, a verdade sôbre a desconstituição do negócio jurídico, a
ponto de não mais ser devido o quanto, mediante prova suficiente (e. g.,
certidão de decisão preponderantemente desconstitutiva ou com eficácia
desconstitutiva, certidão ou cópia de distrato). Não importa qual seja a
causa de desconstituição (nulidade, anulabilidade, resolução, resilição,
rescisão, denúncia, distrato).
Temos de afastar que a confirmação seja simples reforçamento do
dever do acreditante (sem razão, RITTER, Vom Akkreditiv, Hanseatische
Rechtszeitschrift, 1921, 609 s.). Reforça, indiretamente; em si, é manifes-
tação unilateral de vontade, que vincula. A confirmação não é garantia, de
jeito que, por exemplo (Código Civil, art. 1.502), possa o portador opor
exceções que competiriam ao devedor acreditante. A abstração impede
mesmo que se alegue ilicitude, se essa não foi julgada, com eficácia decla-
rativa (inexistência), ou com eficácia desconstitutiva (invalidade).
Quanto aos vícios do objeto, é assunto para pleito entre o acreditante
e o acreditado, que pode lançar mão, se há os pressupostos, de medida
cautelar para que se deposite o quanto que se há de prestar.
Não se pode confundir com a garantia a vinculação do futuro presta-
dor acreditivo. Está vinculado por negócio jurídico abstrato.

2. CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS DA ABSTRAÇÃO. - O que concerne à


natureza e à qualidade do objeto, a que se refere a relação jurídica de valu-
ta, fica fora da apreciação do prestador acreditivo, que só se tem de guiar
pelos documentos e conforme eles "confirmar".
Deve-se repelir qualquer assimilação do negócio jurídico do presta-
dor acreditivo com o contrato a favor de terceiro, ou o ato do terceiro que
presta. A prestação por êle não é prestação de terceiro, é prestação própria,
abstrata. O prestador não garantiu, nem garante (sem razão, A. KOCH, Un-
widerrufliche Akkreditive und Akkreditivbestãtigungen, Bankarquiv, 22,
73 e BOES-HARTENFELS, Das Waren- oder Dokumentenakkreditiv, Die
Bank, 1922, 726).
Entre o acreditante e o acreditado, há ou vai haver relação jurídica
extra-acreditiva (dívida, que o acreditante quer solver; crédito, que o cre-
ditante quer criar, mesmo se real o contrato, e. g., doação). O acreditivo
é negócio jurídico unilateral, que supõe essa relação jurídica existente ou
futura, mas negócio jurídico abstrato. Abstrato também é o negócio jurídi-
co da confirmação. A actio venditi, por exemplo, nada tem com a ação que
nasce da confirmação; nem essa com aquela. Todavia, a execução contra o
acreditante subordina-se a ter-se feito a execução contra o futuro prestador
acreditivo, que não prestou, ou prestou mal. O acreditante só é devedor
enquanto não se opera a solução. Se sobrevém impossibilidade para o con-
firmante, não pode o acreditado ir contra o futuro prestador acreditivo (A.
VAN MAELE, Droit bancaire, 253 s.). Após a prestação, quaisquer questões
relativas aos documentos e ao negócio jurídico entre o acreditante e o acre-
ditado só se ligam à relação jurídica de valuta.
Se o futuro prestador acreditivo j á confirmou, o que h á de ser presta-
do, seja bem do acreditante, ou seja crédito, não pode ser penhorado, nem
arrestado, ou por outro modo cautelarmente constrito por parte de credores
ou de outros titulares de direitos contra o acreditante.

3. DIREITO DE RETENÇÃO SÔBRE o s DOCUMENTOS E PRIVILÉGIO ES-


PECIAL. - O prestador acreditivo, prestando e recebendo os documentos,
toma posse desses e, enquanto não se extingue o seu crédito contra o acre-
ditante (ou o banco que para êsse fêz a operação de acreditivo), ou não os
entrega, pela confiança que lhe inspira o acreditante (ou o banco operador),
tem o direito de retenção. E m virtude do art. 102, § 2.°, III, do Decreto-lei
n. 7.661, de 21 de junho de 1945, privilégio especial. Tal direito de reten-
ção e tal privilégio especial, incidindo sôbre documentos, recaem sôbre as
mercadorias e pertenças que deles constam.
Não se há de falar de direito de penhor, como fazem alguns juristas.
Para que exista o penhor, e preciso que tenha havido o acordo de constitui-
ção entre o acreditante (ou o banco operador, em nome do acreditante) e o
futuro prestador acreditivo, ou quem já prestou. Se não houve tal acordo,
cuja oferta pode constar do acreditivo, como cláusula que faz parte de ou-
tro negócio jurídico, não há cogitar-se de direito de penhor aos documentos
e das mercadorias.
O exercício do direito de retenção e do privilégio é por meio do co-
nhecimento e de outros documentos sem os quais não se podem retirar as
mercadorias. O capitão do navio ou pessoa que esteja na mesma situação
jurídica, no tocante às mercadorias, exerce posse imprópria imediata deías,
sendo possuidor impróprio mediato, acima de quem é o capitão ou tem
a mesma posição jurídica, o prestador acreditivo, e ao acreditante toca a
posse própria mediata. Ao banco que operou na conclusão do acreditivo
somente vai a posse mediata das mercadorias quando o prestador acrediti-
vo lhe enviar os documentes.
Observe-se que o prestador acreditivo, possuidor impróprio mediato
das mercadorias, é possuidor impróprio imediato dos documentos. O ca-
pitão ou a pessoa que lhe corresponda tem a posse imprópria imediata das
mercadorias, sem ter qualquer posse dos documentos.
Se o capitão ou a pessoa que lhe corresponde vende as mercadorias,
ilegalmente ou para reparações do veículo, nos casos em que a lei o per-
mite (e. g., Código Comercial, arts. 515-518), o conhecimento e os outros
documentos sem os quais não se retirariam as mercadorias perderam a
representatividade quanto a essas e faltam ao prestador acreditivo a posse,
o direito de retenção das mercadorias e o privilégio.'
A posse dos documentos que implica posse da mercadoria tem de
ser a cada momento. Se ao acreditante (ou ao banco operador) o pres-
tador acreditivo entrega os documentos, mediante recibo em que se res-
salva a posse do prestador acreditivo (mesmo se apenas se diz "entrega
somente para a retirada"), há trust receipt, "recibo fiduciário" (KARL C.
FREDERICK, The Trust Receipt as security, Columbia Law Review, 1922,
395). Esse recibo pode ser referido no próprio instrumento do acrediti-
vo, ou dêsse não constar. Se no instrumento do acreditivo se disse que o
prestador acreditivo ficará com os documentos e a posse das mercadorias,
até que receba o importe do que prestou, o recibo com ressalva explícita
ou implícita da posse basta. Se se previu a entrega para a retirada, sem
que cesse o direito à posse das mercadorias em virtude dos documentos,
o que se há de entender é que os documentos só foram entregues em con-
fiança, em fidúcia, e o prestador acreditivo permanece possuidor mediato
dos documentos (por mediatização da posse imprópria), e possuidor me-
diato, que era, das mercadorias.
As soluções que se deram à questão de ficar interrompida a posse do
prestador acreditivo se entregou os documentos, mesmo contra a entrega
do trust receipt, ressentiram-se e ressentem-se dos defeitos do sistema ju-
rídico em que as opiniões se emitiram e se emitem. No sistema jurídico
brasileiro, que abstrai do animus e do corpus, com a sua teoria da posse,
o problema é de fácil e acertada solução. São inadmissíveis as afirmações
obsoletas de CESARE VIVANTE e outros do seu tempo e, nos nossos dias,
de PLERRE MARAIS (Des Ouvertures de banque de crédits confirmés et non
confirmés, 178), CARLO FOLCO, (II Credito confermato di banca, 216) e
tantos outros.
A solução do sistema jurídico brasileiro coincide com a solução do
sistema jurídico inglês (cf. HERBERT HART, Credits. Journal of Instituí of
Bankers, 1922, 217).
No direito dos Estados Unidos da América, afasta-se que haja direi-
to de retenção se se entregou mediante trust receipt. Alguns julgados (e.
g., New Haven Wire Co. Cases,-57 Conn. 352, 18 Atl. 266, 1888) alu-
dem a conditional sale, o que seria artificial, tanto mais quanto, a qual-
quer momento, o prestador acreditivo pode exigir a entrega das merca-
dorias. Outros julgados recorrem à figura jurídica do chattel mortgage,
hipoteca mobiliar (Bettman-Johnson Co., C. L. A. 1918, 250 Fed. 657;
E. Reebaulin Fils, D. C. 1908, 165 Fed. 245), cuja eficácia depende de
registo. Alguns julgados, no caso do trust receipt, dispensam o registo
(cf. KARL C. FREDERICK, The Trust Receipt as security, Columbia Law
Review, 1922, 402).
Se o acreditante (ou o banco operador) pôs em armazém da alfândega,
ou outro depósito, ou transportou as mercadorias, o prestador acreditivo
continua possuidor impróprio mediato. Desde que êle pague as despesas,
pode retirar as mercadorias, se as poderia retirar se estivessem sob a posse
imediata do acreditante (ou do banco operador).
Se o prestador acreditivo (ou o banco operador) faz despesas ou an-
tecipações, tem pretensão por elas contra o acreditante ou o banco opera-
dor (ou contra o acreditante). Por esses créditos, tem direito de retenção e
privilégio (por analogia, Código Comercial, art. 156, e Código Civil, art.
1.315; cf. ÂNGELO SRAFFA, Mandato commerciale, Commentario al Có-
dice di Commercio, 14). No direito brasileiro, não há dificuldades, porque
o direito de retenção pode caber ao titular de posse mediatizada (Tomo
XXII, § 1.734, 4).
Para o prestador acreditivo exercer o seu direito sôbre os bens a que
se referem os documentos, tem de exigir judicialmente ó pagamento, com
a cominação de, não sendo solvida a dívida, proceder-se à venda das mer-
cadorias (cf. Código de Processo Civil, art. 302, XII).
Em todo o caso, se o acreditante, ciente do que lhe comunica o presta-
dor acreditivo, que o pôs em mora, não se opõe, dentro de prazo razoável,
tem-se o seu silêncio como aquiescência.

P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r
! !

§ 4.652. A - Legislação j

j Distingue-se a confirmação da garantia fiduciária, especialmente no tocante à ;


! possibilidade de opor exceções pessoais, conforme dispõe o art. 837 do CC/2002, j
que substitui, com alterações, o disposto no art. 1.502 do CC/1916. |
A referência quanto às hipóteses que autorizam a possibilidade de venda, pelo |
capitão do navio, das mercadorias em carga, permanecem reguladas pelo art. 515 !
do CCo e ss., que nessa parte relativa ao comércio marítimo mantém-se em vigor.
Indica, Pontes de Miranda, a existência do privilégio especial ao presta-
dor acreditivo em vista do disposto no revogado art. 102, § 2.°, III, do Dec.-lei
7.661/1945 - anterior Lei de Falências - que se refere aos créditos que autorizam
direito de retenção sobre bens móveis que se achem em seu poder por consen-
j timento do devedor, mesmo não vencida a dívida, sempre que haja conexidade
j entre esta e a coisa retida. A legislação falimentar em vigor, Lei 11.101/2005,
j estabelece em seu art. 83, IV, c, que tem privilégio especial os créditos a cujos
i titulares a lei outorgue o direito de retenção, hipótese bastante distinta daquela
I sobre a qual se baseou o entendimento do autor.
i Já no que se refere à indicação da disposição do Código de Processo Civil de
i 1939, em relação à hipótese de cabimento da ação cominatória (art. 302, XII), no-
te-se que no regime do Código de Processo Civil vigente altera substancialmente
| o instituto, de modo a prever, de modo genérico, a tutela específica da obrigação
; de fazer e não fazer sem seu art. 461.

| § 4.652. B- Doutrina
I Conforme já mencionamos alhures, a doutrina entende o acreditivo - tra-
| tando-o sob a epígrafe de crédito documentário - como espécie de contrato,
j Isso não prejudica que se reconheça o caráter unilateral da confirmação que
; passa a vincular o banco à solução da dívida junto ao beneficiário/acreditado
e sua abstração em relação ao negócio base (SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito
bancário. São Paulo: Atlas, 2005. p. 283). Assinala-se, contudo, a possibilidade i
i do pagamento pelo prestador acreditivo vir a contrariar regras cambiais do país, J
i hipótese em que não devem ser pagas pelo confirmador, porém não excluem •
i a responsabilidade do banco emissor no seu respectivo país (SALOMÃO NETO, j
i Eduardo. Op. cit., p. 287).
! §4.652. C- Jurisprudência ,
Confirma-se, nas Cortes brasileiras, a aplicação dos usos internacionais con-
vencionados em matéria de crédito documentário (STJ, REsp 885.674/RJ, 3.aT.,
j. 07.02.2008, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe 05.03.2008; no mesmo sentido: TJSP,
ApCiv 9.084.303-52.2004.8.26.000, 23.a Câm. Dir. Priv., j. 27.10.2006, rei. Des.
Fernando Arruda Silveira). Da mesma forma, admite-se a possibilidade de que o
acreditado/beneficiário exija a prestação tanto do banco confirmador, quanto do
[ banco emissor (TJSP, ApCiv 1.151.908-3, rei. Antônio Marson, 21 ,a Câm. de Direi-
to Privado, j. 24.05.2006). Há na jurisprudência, todavia, precedentes no sentido
de que o banco confirmador, diante da falta de pagamento, deve dirigir sua preten-
são de ressarcimento dos valores que pagou ao banco emissor, ao qual se vincula
contratualmente, e não contra a empresa outorgante (TJRS, ApCiv 70003168424,
11." Câm. Civ., j. 15.10.2003, rei. Jorge André Pereira Gailhard).
CAPÍTULO I V

EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA D O ACREDITIVO

§ 4.653. CAUSAS DE EXTINÇÃO

1. RELAÇÃO JURÍDICA DE VALUTA E RELAÇÃO JURÍDICA ACREDITIVA.


- É preciso que se não confunda com a extinção da relação jurídica acre-
ditiva a extinção da relação jurídica de valuta. A extinção dessa reflete-se
naquela, se aquela não foi integrada pela confirmação do acreditivo. Se
houve a confirmação do acreditivo, a extinção da dívida de valuta de modo
nenhum se reflete na relação jurídica oriunda de confirmação, pois que se
trata de outra dívida, a despeito de sua finalidade, que é a de extinguir -
pela solução - a dívida do acreditante.
(Mais uma vez frisemos que a referência a "dívida do acreditante" é
apenas porque o acreditivo para pagar dívida do acreditante ao acreditado
é o que mais acontece. Pode bem ser que o acreditante queira comprar,
ou contrato de locação ou outro contrato com o acreditado e a prestação
acompanhe ou seja referida pela oferta que faz ao acreditado. Talvez seja
doação, inclusive presente de festas, ou de aniversário, ou prêmio a algum
ato do acreditado. Tudo isso mostra como o acreditivo, negócio jurídico
unilateral, abstrato, nada tem com qualquer relação jurídica subjacente,
justajacente ou sobrejacente que haja - ou não haja, nem venha a existir -
entre o acreditante e o acreditado.)

2 . M O R T E E SUPERVENIENTE INCAPACIDADE. - De regra, nem a morte


do acreditante, nem a do acreditado extinguem a relação jurídica oriunda
do acreditivo. A morte e a superveniente incapacidade do futuro prestador
acreditivo, essa, por ser fato concernente a relação jurídica estranha, de
modo nenhum atingem o acreditivo, salvo se foi estabelecido que importa-
riam resolução do negócio jurídico.

3. FALÊNCIA, LIQUIDAÇÃO COATIVA, OU CONCURSO DE CREDORES CI-


VIL, E ACREDITIVO. - Com a falência do acreditante, ou com a liquidação
coativa, ou com o concurso de credores civil, vence-se o crédito contra
o acreditante, pois que ainda não está na relação jurídica do acreditivo o
futuro prestador acreditivo. Esse, enquanto não tem conhecimento do que
ocorreu, pode solver, porque, por analogia, o art. 1.321 do Código Civil
é invocável. Se ainda havia prazo para a prestação do acreditado, pode o
síndico da falência ou o administrador da massa concursal exercer o que
lhe permite o art. 43 do Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945: o
contrato bilateral não se resolve, salvo se o contrário quer o síndico ou o
administrador da massa concursal (Tomo XXVIII, § 3.349).
Se o acreditivo já fora confirmado antes da decretação de abertura
da falência, da liquidação coativà ou do concurso de credores civil, não
mais se pode cogitar de ser atingido pela decretação o contrato entre o
a c r e d i t a n t e e o a c r e d i t a d o (KARL HERMANN CAPELLE, Das Akkreditivge-
schaft, 48).
Se o concurso de credores é quanto ao patrimônio do acreditado, sem
se ter prestado o que êsse prometera, ao síndico ou ao administrador da
massa toca atender ao art. 43 do Decreto-lei n. 7.661.

4 . ENUMERAÇÃO DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO. - O a c r e d i t i v o e x t i n g u e -


-se: a) se revogado antes da confirmação (com a prestação do prestador
acreditivo êle se extinguida); b) se destruído o documento nos casos em
que tal destruição importa que não se possa pensar em nova instrumenta-
ção do mesmo acreditivo; c) pela prestação do prestador acreditivo.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.653. A- Legislação
A hipótese de falência, liquidação ou concurso de credores do acreditado,
quando de desconhecimento do prestador acreditivo, justifica, segundo afir-
mado por Pontes de Miranda, invocação do art. 689 do CC/2002 (art. 1.321 do
CC/1916), com referência aos atos praticados em relação aos contratantes de
boa-fé, quando se ignore causa de extinção do mandato.
Da mesma forma, pode o administrador judicial, na hipótese de falência,
manter a execução do contrato, no interesse da massa falida, uma vez au-
torizado pelo Comitê de Credores, procedimento no qual o art. 117 da Lei
11.101/2005 assemelha-se quanto à possibilidade de manutenção do contrato,
porém distingue-se quanto ao procedimento tendente a esse fim, daquilo que
dispunha o art. 43 do Dec.-lei 7.661, de 21.06.1945, mencionado por Pontes
de Miranda.

§ 4.653. B- Doutrina
As hipóteses de extinção indicadas por Pontes de Miranda são as mesmas
sobre as quais refere-se a doutrina contemporânea. Assim também, natural-
mente, a separação necessária entre a extinção da relação de acreditivo (crédi-
to documentário) e do negócio base a que aquele deve servir para pagamento
(ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 12. ed. São Pauio: Saraiva, 2009. p. 180; Ri-
ZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 108). Acrescenta-
-se, todavia, apenas o fato do crédito ter sido oferecido com prazo de vigência,
hipótese em que extingue-se a relação de crédito com expiração do respectivo
prazo (COVELLO, Sérgio. Contratos bancários. 3. ed. São Paulo: Leud, 1999. p.
227-228). Note-se que a necessidade de submissão a prazo é prevista pelo art.
43 da UCP 500, da Câmara de Comércio Internacional.

§ 4.653. C - Jurisprudência
Quando vinculado a contrato de abertura de crédito, a jurisprudência admite
a revisão do contrato de crédito documentado, para identificação de ilegalida-
des, mesmo depois de extinto (STJ, REsp 800.178/SC, 4.aT., j. 07.12.2010, rei.
Min. Luis Felipe Salomão, DJe 10.12.2010).

§ 4.654. ANÁLISE DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO

1. REVOGAÇÃO. - A revogação do negócio jurídico acreditivo somente


pode ocorrer se revogável. Nada tem com a revogação de qualquer negó-
cio jurídico entre o acreditante e o futuro prestador acreditivo, mesmo se
aquêle assumiu o dever de não revogar o negócio jurídico acreditivo. A
revogação seria infração do direito que nascera ao acreditado.

2 . DESTRUIÇÃO DO DOCUMENTO E PERDA SEM RECUPERAÇÃO. - S e o


acreditivo depende da existência do documento, isto é, se o acreditado não
pode exigir novo documento, nem fazer a prova da existência do acredi-
tivo, extingue-se êle com a destruição do documento ou com a perda sem
recuperação.
No caso de perda, havendo.o acreditado de apresentar a dia certo,
ou dentro de prazo o acreditivo, ou se houve cláusula de, com êle, se ex-
tinguir alguma dívida do acreditante, ou ficar feita alguma prestação ao
acreditado, o fato da perda tem de ser comunicado ao acreditante, para
que dê outro instrumento. Em tais circunstâncias não se pode dizer que o
acreditivo se extinga com a perda. Tem-se de admitir ação do acreditado
para que o acreditante lhe entregue nôvo instrumento, correndo por conta
do acreditado as despesas. A recusa do acreditante, que teria de prestar
mediante o acreditivo, pode ser causa de mora. Sê-lo-á, sempre, se a deci-
são final, transita em julgado, declarar o direito do acreditado à reinstra-
mentação do acreditivo.

3. ADIMPLEMENTO PELO PRESTADOR ACREDITIVO. - O prestador acre-


ditivo pode adimplir a sua promessa de pagamento, inclusa na manifes-
tação unilateral de vontade, que é a confirmação, em estrito senso, ou
com a honoração: a) de contado; b) ou com sub-rogado, como a letra
de câmbio, o cheque contra outra praça, ou a mesma, ou o endosso; c)
com aceite de letra de câmbio ou duplicata mercantil; d) com desconto
de título de crédito (aqui, a figura pode aproximar-se do negócio jurídi-
co de reembolso, ou alterar-se a ponto de deixar de ser acreditivo). Se
não há permissão das soluções b), c) e d), ou de uma delas, ou de duas
delas, o acreditado pode exigir a solução a). Há inconvenientes em que
o prestador endosse a terceiro o título: o acreditante depositou o que lhe
tocava pagar e algum endossatário vem contra êle (KARL OBERPARLEITER,
Das documentãre Akkreditiv, 13). Aliás, tudo isso é fato interno à relação
jurídica entre o acreditante e o prestador, e tal relação jurídica é estranha
ao acreditivo, posto que se refira a êle.
Se o acreditado anuiu em qualquer solução que não fora a que se
impunha no acreditivo, tem-se por solvida a dívida e concluído negócio
jurídico com o prestador.
lA dívida do adquirente ao alienante extingue-se a) com a confirma-
ção, ou b) somente com o pagamento? No sentido de d), REICHARDT (Das
Akkreditiv, Zeitschrift fiir das gesamte Handelsrecht, 88, 24). A solução
depende dos fatos, não pode ser a priori, porque pode o acreditado admitir,
em vez do pagamento de contado, título de crédito, e tem-se de verificai"
qual a eficácia que se atribuiu a essa dação. Mas confirmação sem outro
ato não é solução.
Confirmar não é solver. No acreditivo, é assunção de dívida. O futu-
ro prestador acreditivo, confirmando, faz-se devedor. O acreditante não
prometeu confirmação. Prometeu confirmação e adimplemento (honora-
ção). Quando o futuro prestador acreditivo confirmou, fêz-se devedor. Há
duas dívidas: uma, do acreditante; outra, do futuro prestador acreditivo,
que confirmou. Não há solidariedade entre essas dívidas. A pretensão do
acreditado contra o acreditante, desde o momento em que o futuro pres-
tador acreditivo confirmou, fica dependente de êsse não cumprir o que
unilateralmente prometeu. Cf. GEORGES JANSSEN (Le Crédit confirmé en
France et en Belgique, 156). O devedor tomou o caminho de solver me-
diante o acreditivo, que é dispendioso. A vantagem, que tem, é a de não
estar obrigado pela dívida enquanto o prestador acreditivo não incorra em
mora e não deixe de adimplir. O acreditado tem de ir primeiro contra o
confirmante; depois, sim, vai contra o acréditante. É o que acontece, por
exemplo, se, entre a confirmação e a honoração, ao prestador acreditivo
é decretada a abertura da falência ou outra medida para a insolvabilida-
de. Se o acreditivo permitia ou só se referia a aceite ou outra assunção
de dívida e o acreditado endossa o título de crédito, vindo contra êle o
endossatário, responde o prestador acreditivo, ou, após, o acreditante (cf.
QUARANTOTTI, L'Apertura di credito documentado, Rivista dei Diritto
commerciale, 1920,11, 513).
Na honoração mediante prestação de contado, o prestador acrediti-
vo confirma e solve. A instantaneidade, aqui como em outros ensejos, faz
pensar-se em que há honoração sem ter havido confirmação. Ora, prestar,
para o prestador acreditivo, é satisfazer o seu credor, e não o crédito do
acreditante. A confirmação, manifestação unilateral, receptícia, de vontade,
é ineliminável. Pode ser prévia, ou simultânea (= imediatamente anterior).
Se foi prévia, ainda não houve prestação. Se essa consistiria ou poderia
consistir em aceite ou subscrição e emissão de título cambiário, houve
a prestação. Se não se permitiu isso e o acreditado acordou em que se
aceitasse letra de câmbio, ou se subscrevesse e emitisse nota promissória,
houve prestação, porque se operou dação em soluto.
(A confirmação é declaração unilateral de vontade, abstrata. Por ser
abstrata, quem confirma pode afirmar o que em verdade não existia nas
relações jurídicas entre o acreditante e o prestador acreditivo. Surpreende
que se empregue o verbo "confirmar" no sentido largo de dizer o futuro
prestador acreditivo que o acreditante o indicou como prestador e êle está
pronto a prestar. Mais firma do que afirma ou do que confirma. Por outro
lado, honra-se o acreditivo com o saque, prestando-se, ou confirmando-
-se somente, por enquanto; mas também se fixou sentido estrito, que o de
prestar pelo acreditante.)

4. AÇÕES. - Quanto às ações, as que se irradiam de pretensões oriun-


das do negócio jurídico unilateral do acreditivo (do acreditado contra o
acreditante) não se confundem com as que procedem do negócio jurídico
unilateral da confirmação (do acreditado contra o prestador acreditivo, que
solveu ou não). Tão-pouco, quaisquer delas se podem confundir com as
que se originam da relação jurídica de valuta, ou do negócio jurídico ban-
cário entre o acreditante e o banco operador, ou entre aquêle ou êsse e o
prestador acreditivo.
A ação do acreditado contra o-acreditante, se o acreditivo não foi con-
firmado, é ação que se liga à pretensão à confirmação, que foi ofendida.
Em todo o caso, como se trata de negócio jurídico abstrato, mas, ex hy-
pothesi, com o autor esteve em contacto o demandado, pode êsse opor as
objeções e as exceções que o subscritor de letra de câmbio poderia opor
ao tomador. A posição jurídica do acreditado é semelhante (não idêntica)
à do tomador, na letra de câmbio; e a posição jurídica do acreditante é se-
melhante (não idêntica) à do sacador.
Se o acreditante deve ao acreditado por título executivo, isto é, título
que satisfaz os requisitos para a pretensão executiva, tem êle a ação execu-
tiva mesmo se o instrumento do acreditivo não é, por si, título executivo.
Pode ocorrer o inverso: ser título executivo o título do acreditivo, e não
no ser o do negócio jurídico unilateral, bilateral ou plurilateral, em que é
devedor o acreditante.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.654. A- Legislação
A identificação da confirmação com a assunção de dívida permite remeter
ao disposto nos arts. 299 a 303 do CC/2002.

§ 4.654. B- Doutrina
O dever de substituição da carta de crédito no caso de destruição ou perda
do instrumento original, dentro do prazo que invoca Pontes de Miranda para
distinguir da hipótese de extinção do contrato, amolda-se à espécie de dever
lateral que atualmente a doutrina reconhece sob a égide da boa-fé objetiva.

§ 4.654. C - J u r i s p r u d ê n c i a
O contrato de crédito documentário não gera título executivo, conforme afir-
mado pela jurisprudência (TJRJ, ApCiv 2005.001.05494, j. 29.06.2005, rei. Des.
Nametala Machado Jorge; TJSP, ApCiv 1.276.674-0, j. 08.05.2006, rei. Des.
Manoel Justino Bezerra Filho). A jurisprudência ao mesmo tempo, sustenta que
o banco a quem incumbe realizar o exame da documentação para efeito de pa-
gamento não responde pelo cancelamento do crédito, diante ausência da docu-
mentação pelo acreditado, no prazo convencionado (TJRS, ApCiv 598036762,
3.a Câm. Civ., j. 14.05.1998, rei. Des. Luiz Ari Azambuja Ramos).
Precedente do STJ, da mesma forma, afirma que o beneficiário/acredita-
do pode demandar o cumprimento da carta de crédito diretamente do banco
emissor, na hipótese de o banco confirmador, que não honrar o pagamento
(STJ, REsp 235.645/SP, 3.a T„ j. 02.05.2000, rei. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, DJ26.06.2000).
TÍTULO XXXNE
DEPÓSITO

Nota do Editorial: Numeração conforme a obra original.


CAPÍTULO I
CONCEITO E NATUREZA D O CONTRATO D E DEPÓSITO

§ 4.655. CONCEITO DO CONTRATO D E DEPÓSITO

1. CONCEITO. - O contrato cie depósito é o contrato pelo qual alguém,


depositário, se incumbe de guardar (custodiar) coisa móvel de outrem, e
entregá-la ao depositante. "Pelo contrato d"e depósito", diz o Código Civil,
art. 1.265, "recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o
depositante o reclame". No parágrafo único, acrescenta-se: "Êsse contrato é
gratuito; mas as partes podem estipular que o depositário seja gratificado".
No Código Civil, art. 1.265, há a referência à guarda, à custódia. Mas
frisa-se que se entrega o bem "para guardar". Como que se grifou a finalida-
de do contrato de depósito. A guarda, a custódia, tem, no depósito, a função
de assegurar o adimplemento, e não há encobrir-se o fato de ter o depositá-
rio interêsse em bem custodiar o bem depositado, ou os bens depositados,
uma vez que assume riscos além daqueles que em outros contratos assume.
Tem-se dito que falta ao depósito elemento específico, procurando-se
ver a "guarda" assim em contratos de locação como de mútuo, de mandato,
etc. Na locação, não há "guarda", - ou há dação, pelo locador, de espaço
para a coisa, ou transferência da posse imediata sôbre a coisa para uso e
gozo do locatário. Algumas vêzes a guarda vai a especificações mais ren-
tes, como conservação de máquinas, lavagens do objeto, alimentação de
animais (H. DERNBURG, Das Bürgerliche Recht, 4.A ed., II, 2, 629). O mú-
tuo é no interêsse do que recebe a coisa; o depósito, no interêsse de quem
deposita. Por outro lado, o depósito não se confunde com as relações de
gentileza, que nascem quando se permite deixar a coisa, ainda que não se
toque nela, sem se assumir o dever de depósito (P. OERTMANN, Das Recht
der Schuldverhãltnisse, 3.a-4.a ed., 832, 6, c). Cada era tem o seu contrato
ou contratos prediletos; e o depósito, com as responsabilidades que dêle
emanam, tem sido menos favorecido pelos juristas da época do capitalis-
mo século XX, preocupados em tornar locação todos os contratos, como
há alguns séculos atrás tudo se reduzia a mandato e nos tempos romanos
tudo se procurou explicar pela venda ou pela troca. O contemporâneo, não-
-técnico, diante de papéis de legitimação, vê a êsses, e não o contrato de
depósito que lá está, porque essa atitude mental é a mais perceptível à sua
maneira de viver.
No art. 1.266 do Código Civil, fala-se de guarda e conservação, por-
que a guarda, aí, não compreende essa (cf. FR. X. BRUCKNER, Die Custodia
nebst ihrer Beziehung zur vis maior nach rõmischem Recht, 31 s.). No ato
de se guardar, põe-se a coberto de ofensas de origem estranha o bem depo-
sitado; no ato de se conservar, protege-se a integridade do bem depositado,
contra o intrínseco e o que se pode tornar intrínseco. Por isso mesmo, a
conservação pode ser conteúdo de dever, fora do dever de guarda. Presta-se
o que é necessário à integridade, à eficiência e à utilização do bem. Quem
se encarrega de conservação do cavalo pode não ser quem o guarda.
O depositário responde pelas causas estranhas evitáveis. Tem a guar-
da. Responde pelas causas intrínsecas, ou que se possam fazer intrínsecas,
se é possível tal atividade protectiva.

2. OBJETO DO CONTRATO DE DEPÓSITO. - Objeto do contrato de de-


pósito é, em princípio, a coisa móvel. No plano do direito privado, o de-
pósito de pessoa ou de bens imóveis não se confunde com o contrato de
locação de serviços, ou com contrato de obra (empreitada), ou com o con-
trato de mandato, ou de pensão-e-colégio (internato). No plano do direito
público, também há depósito de pessoa ou de bem imóvel, posto que mais
se fale de "responsabilidade de depositário", ou de alguém "responder
como depositário".

P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

§ 4.655. A- Legislação

O art. 1.265, capute parágrafo único, do CC/1916, foi reproduzido pelos arts.
627 e 628 do CC/2002. Quanto à gratuidade do contrato de depósito, inclusive,
acrescenta o art. 628 do CC/2002, que esta será a regra, salvo se houver conven-
ção em contrário, se resultante de atividade negociai ou se o depositário o praticar j
por profissão.
No tocante aos deveres principais de guarda e conservação da coisa, o
art. 1.266 do CC/1916, revogado, tem seu conteúdo reproduzido no art. 629 do
CC/2002.
O Código de Defesa do Consumidor se aplica aos contratos de depósito que
' se caracterizem como relação de consumo, a saber, aquelas em que depositante
e depositário qualifiquem-se como consumidor e fornecedor, a teor dos arts. 2.° e
3.° dessa lei, ou ainda quando haja hipótese de equiparação legal (especialmente
art. 29 do CDC).

§ 4.655. B- Doutrina
Embora mantenha-se a regra legal da gratuidade do depósito, a doutrina bem
identifica que atualmente, a maior parte das situações práticas são de depósito
oneroso (LOPEZ, Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Sarai-
va, 2003. vol. 7. p. 340). Em especial, considerando-se que a unificação do direito
das obrigações, pelo qual se passa, sob as mesmas disposições, o depósito
que seja ou não realizado para fins profissionais com o intuito de lucro (ANDRIGHI,
Nancy; ANDRIGHI, Vera e BENETTI, Sidnei. Comentários ao novo Código Civil. Rio
de Janeiro: Forense, 2008. vol. 9. p. 358). Assinala-se, igualmente, que quando
seja oneroso, e considerando que tem no seu núcleo prestação de serviços, pode
atrair a incidência, além das disposições do Código Civil, também do Código de
Defesa do Consumidor, quando presentes os sujeitos, consumidor e fornecedor,
segundo definição legal (arts. 2.° e 3.°, bem como por equiparação, o art. 29,
todos do CDC).
Na linha indicada por Pontes de Miranda, admite a doutrina, embora ausente
da disciplina legal, o depósito de imóveis, especialmente tendo em conta o depósi-
to judicial (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2011. vol. 3. p. 328; VEMOSA, Silvio de Salvo. Direito civil - Contratos em
í espécie. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 248) Esta visão, contudo, é divergente,
| especialmente sob argumento de que, nesses casos, o depósito do imóvel resulta
j de ficção legal (LÔBO, Paulo. Direito civil - Contratos. São Paulo: Saraiva, 2011.
| p. 396-397; Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. São
| Paulo: Ed. RT, 2009. p. 649). E nesses casos não se há de se referir a contrato,
i mas depósito por força de lei, ou como eficácia de ato diverso do contrato.

| § 4.655. C - Jurisprudência
I Admite a jurisprudência, nos termos de previsão legal expressa do art. 645
i do CC/2002, o depósito de coisas fungíveis, qualificados como depósito irregular
i (STJ, AgRg 259.475, 3.a T„ j. 24.05.2005, rei. Humberto Gomes de Barros, DJ
01.07.2005). Nessa mesma linha, também os depósitos bancários, normalmente
de dinheiro, em relação aos quais entende-se aplicável o Código de Defesa do
Consumidor aos depósitos bancários (STJ, REsp 226921/SP, 4.aT., j. 19.04.2001
rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 02.08.2004), mas não a lei de falências no ;
| que se refere à restituição dos bens em poder do falido (STJ, REsp 501.401/MG, l
i 2.a Seção, j. 14.04.2004, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 03.11.2004)'. >
| No tocante a depósito de grãos em armazéns gerais, a jurisprudência enten- !
de cabível a ação de depósito, nos termos da legislação processual dado que j
| mesmo fungíveis, a finalidade do contrato não o faz consumível pelo depositário i
! (STJ, REsp 783.471/GO, 4.a T„ j. 22.03.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe \
j 25.03.2011). |

§ 4.656. CUSTÓDIA E DEPÓSITO

1. DEVER DE CUSTODIAR. - No contrato de depósito, o elemento de


custódia é assaz relevante, característico, pelo que se insere no conteúdo
da relação jurídica e pela função que exerce. O escopo de custódia e de
seguridade, que tem o depositante, faz nascer, da parte do depositário, o
dever de custodiar. Mas o elemento de custódia não esgota o conteúdo do
negócio jurídico de depósito. Nem só o depositário custodia, nem a cus-
tódia, só por si, faz o depósito. Custodia o transportador, o próprio traba-
lhador em muitos casos; e~há dever de custodiar por parte de pessoas que
nem sequer têm de prestar o objeto custodiado (e. g., hoteleiros e donos de
casa de cômodos ou albergues, pelos bens do hóspede que não lhes foram
entregues; bancos, ou emprêsas de custódia, pelos objetos postos na caixa
do cofre alugada ao cliente).
No depósito irregular restitui-se o tantundem: o depositário pode alie-
nar o que recebeu, de modo que não se pode dizer que tem o dever de
conservar. Seria absurdo pensar-se em custódia quando se pode destruir,
derrelinqüir ou alienar. ^Há ficção no dever de custodiar, se irregular o
depósito? j O u se quis, com o instituto do depósito, exigir a responsabili-
dade pela fôrça maior ou pelo caso fortuito, a despeito da fungibilidade do
objeto? Se assim foi, a equiparação é imperfeita, por haver o risco da in-
solvabilidade do depositário (MARIO DE SIMONE, I Negozi irregolari, 76).
A incidência de regras jurídicas sôbre o depósito regular a propósito de
depósito irregular resulta de só ter ocorrido a distinção por um ser quanto
a bens fungíveis e o outro quanto a bens infungíveis. Quis-se o depósito.
As manifestações de vontade são as mesmas. A diversidade decorre da
diferença entre os objetos que são "depositados".
2. CONTRATOS DE CUSTÓDIA. - A propósito do dever de custódia,
tem-se dividido a doutrina. Os dois ramos principais são os dos que en-
tendem que o dever de custódia é dever faciendi, e a custódia seria o opus,
e o dos que vêem no dever de custódia dever de resultado. No direito
romano, o que ressaltava era a responsabilidade pela custódia, responsa-
bilidade objetiva ou responsabilidade sem culpa (cf. VINCENZO ARANGIO
RUIZ, La Responsabilità contrattuale nel diritto romano, 2.A ed., 65 s.; J.
ROSENTHAL, Custodia und Aktivlegitimation zur Actiofurti, Zeitschrift
der Savigny-Stiftung, 68, 217 s.). A custódia como elemento do conteú-
do de negócios jurídicos ou da relação jurídica já se prende aos tempos
modernos; mas a distinção não conseguiu fazer-se nítida, dando ensejo a
anfibologia (e. g., em VINCENZO SIMONCELLI, Scritii giuridici, I, 445 s. e
452 s.), ou a variações perigosas de sentido. E m verdade, o dever de cus-
todiar e a responsabilidade pela custódia não são o mesmo. O depositário,
por exemplo, que não cumpre o dever de custodiar, pode, por felicidade,
não ter de responder, porque o objeto ficou incólume a todos os riscos por
que passou, e o cuidadoso depositário pode ter de responder, a despeito do
exercício do dever de custódia. '

3. CUSTÓDIA E DEVER DE PRESTAÇÃO. - A custódia é dever de pres-


tação, que o custodiante assume. Aí, o que importa é o momento em que
se há de adimplir (cf. ISIDORO LA LUMIA, Depositi bancari, 98), razão
por que alguns juristas mais vêem a disponibilidade do bem depositado
do que a custódia mesma (por exemplo, MARIO CASANOVA, Disciplina
giuridica delle Obbligazioni di restituzione nel fallimento, 33 s.; BERTO
BRACCO, Depositi a risparmio, 108 s.'e 116). Aliás, dá no mesmo dizer-se
que a custódia tem por fito manter o bem naquele estado em que se achava
no momento em que se constituiu o negócio jurídico (GIOVANNI BALBI,
L'Obbligazione di custodire, 15 s.).
A questão devia resumir-se em se saber se, durante a eficácia dos con-
tratos de custódia, se pode verificar se há a diligência, os atos preservativos
da possibilidade do adimplemento, ou se não há. Se não se pode, custodiar
não é diligenciar, é responder objetivamente. Se se pode, não há razão para
as distinções entre diligência e custódia, salvo para se acentuar a maior ex-
tensão daquela. Pela distinção, e. g., EMÍLIO BETTI (Teoria generale delle
Obbligazioni, 1953,1,127), DOMENICO BARBERO (Sistema istituzionale dei
Diritto privato italiano II 4. a ed., 53 s.) e MARIO GIORGIANNI (Lezioni di
Diritto civile [L'Adempimento], 245 s.). Daí se vai ao conceito de custódia
como a mantença da possibilidade de adimplemento (contra, G. COTTINO,
UImpossibilità sopravvenuta delia prestazione e la Responsabilità dei de-
bitore, 53 s.).
No fundo, é a determinação do bem infungível ou infungibilizado que
permite pensar-se em custódia, e não só em diligência. Por isso, a rele-
vância é da responsabilidade objetiva, e não da preservação. Por isso é
artificial falar-se de dever de resultado, o que só se entenderia como rea-
ção à teoria do dever de meios (teóricos das "obligations de résultat" por
exemplo, RENÉ DEMOGUE, Traité des Obligations en général, V, 538 s.,
e R. SAVATIER, Traité de la Responsabilité civile, 2. a ed., 168; contra, e.
g., RENATO SCOGNAMIGLIO, Contributo alia Teoria dei Negozio giurídico,
454, e UGO MAJELLO, Custodia e Deposito, 41 s.).

No depósito, a custódia é elemento essencial, porque a causa do ne-


gócio jurídico é a integridade do objeto. Não só se deve a restituição, mas
sim a restituição do que se depositou tal qual: depositum est quod custo-
diendum alicui datum est. Sem razão, afastam que a causa do depósito seja
a custódia aqueles que não atendem à custódia como fim, que se quer no
contrato de depósito.
Dir-se-á que o conceito de custódia não tem conteúdo rígido. Mas, a
rigor, a custódia, no depósito, é o que se há de fazer para que se restitua o
idem coipus. Mesmo se o depósito, de que se cogita, é depósito irregular,
tão profunda se fêz a concepção jurídica do depósito, através das idades,
que não se pode confundir com o depósito irregular o mútuo: naquele,
há o interêsse precípuo do depositante; nesse, o do mutuário. Ali, quer o
dador a disponibilidade do que dá; aqui, o recebedor quer o gozo do bem.
No depósito irregular, de que trataremos mais de espaço, só não incidem
as regras jurídicas sôbre o depósito regular que sejam incompatíveis com
a transmissão da propriedade ao outorgado (cf. COPPA-ZUCCARI, II De-
posito irregular, 81 s.; BERTO BRACCO, I Depositi a risparmio, 108 s.). E
ineliminável a inserção do depósito regular na classe dos depósitos. Há a
figura jurídica do depósito, e o depósito irregular depósito é. Não é contra-
to de crédito, como pensam ADRIANO FIORENTINO (Deposito, Commenta-
rio dei Códice Civile, 98) e ERNESTO SIMONETTO (/ Contratti di credito,
418), nem se há de tolerar a escapula da referência a contrato sui generis
(LUIGI LORDI, Istituzioni di Diritto commerciale, II, 384 s.), nem a má ca-
racterização de contrato misto (Alberto TRABUCCHI, Istituzioni di Diritto
civile, 8.A ed., 743). Não é contrato misto, nem significa qualquer coisa
dizer-se que um contrato é sui generis; nem há crédito, no sentido estrito.
P a n o r a m a a t u a l p e l o A t u a l i z a d o r

§ 4.656. A- Legislação
O dever de guarda e conservação da coisa no depósito, consta do art. 629 do
CC/2002. De outra parte, seu art. 645 do CC/2002, dispõe que no caso de depó-
sito de coisas fungíveis, incidem as normas acerca do mútuo.
Já o art. 642 do CC/2002 estabelece que o depositário não responde pelos
danos a coisa decorrentes de coisa maior, porém lhe incumbe a prova da sua
ocorrência.

§ 4.656. B- Doutrina
Mantém-se a doutrina majoritária convergente no sentido de distinguir o depó-
sito irregular segundo o critério da fungibilidade do objeto depositado, mas tam-
bém do seu fim econômico (GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense,
2009. p. 420; ANDRIGHI, BENETI, ANDRIGHI. Op. cit., p. 411) Há cuidado, todavia, de
uma parte da doutrina para distinguir, dentre os depósitos irregulares, o depósito
bancário, pela dificuldade de reconduzi-lo à disciplina legal existente (COELHO, Fá-
bio Ulhôa. Curso de direito empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011. vol. 3. p. 149;
NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Op. cit., p. 649).
O dever de guarda e custódia é identificado como obrigação principal, conteú-
do principal do contrato (LÔBO, Paulo. Op. cit., p. 396; TEPEDINO, Gustavo; BARBOSA
e MORAES. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de
Janeiro: Renovar, 2006. t. II, p. 384; LOPEZ, Teresa Ancona. Op. cit., p. 343).
A responsabilidade do depositário, de natureza contratual, reputa-se por regra
geral, eximida no caso de caso fortuito ou força maior, independente da regra do
art. 640 do CC/2002 que, no ponto, reproduz o disposto no Código Civil ante-
rior. Afirma a doutrina, que pelo princípio do res perit domino, os riscos da coisa
em depósito serão do seu proprietário, o depositante (TEPEDINO, BARBOZA, MORAES. I
Op. cit., p. 405), com exceção das situações previstas na lei, como a mora da i
obrigação de restituir (Orlando Gomes. Op. cit., p. 419). Há, todavia, o cuidado
de distinguir-se os depósitos em geral, daqueles que se configurem relação de j
consumo, cujo regime é o da responsabilidade objetiva, com hipóteses restritas
de afastamento da responsabilidade do fornecedor (LOPEZ, Teresa Ancona. Op.
cit., p. 400), como é o exemplo do furto de caixas fortes e depósitos em agências
bancárias (LÔBO, Paulo. Op. cit., p. 404-405). í

j § 4.656. C - Jurisprudência !
; A jurisprudência rejeita a interposição da ação de depósito, com exceção da
i do depósito em armazéns gerais, nos casos de depósito irregular (STJ, REsp
959693/PR, 4. a T, j. 22.04.2008, rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJe 19.05.2008; |
; e REsp 293024/SP, 4 a T., j. 29.05.2011, rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar Júnior, DJ \
; 20.08.2001), aos quais aplica as regras do mútuo (STJ, AgRg no Ag 458.117/PR,
3. a T,j. 06.10.2009, rei. Min. Vasco Delia Giustina (convocado), DJe 21.10.2009)'.
| O dever de custódia, por sua vez, compreende o dever de conservar o bem com '
; cuidado e diligência que empregaria com as coisas próprias que lhe pertencem i
(TJRS, ApCiv 70008619025, 5.a Câm. Civ., j. 13.05.2004, rei. Umberto Guaspari i
: Sudbrack). Da mesma forma, qualifica como depósito e identifica a violação do i
dever de custódia o estacionamento de veículos no caso de furto ou roubo do !
S bem (STJ, REsp 8069, j. 29.04.1991, rei. Nilson Naves, RT677/223; TJSP, ApCiv !
; 0138146-17.2006.8.26.0000, 9.a Câm. de Direito Privado, j. 22.09.2011, rei. José !

Luiz Gavião de Almeida). Neste sentido a Súmula STJ 130, indicando que a em- j
presa responde pelo furto ou roubo de veículo em seu estacionamento. Preceden- I
j tes, inclusive, imputam responsabilidade do Estado quando haja estacionamento
em área pública, porém guarnecida de grades, de modo a fazer presumir custó-
dia (STF, RE 255.731-5, 1. a T, j. 09.11.1999, rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJU \
26.11.1999, RT 774/193). Mas não quando o furto ocorre em área condominial
comum (TRF-1 ,a Reg, ApCiv 96.01.39639-0, j. 31.03.2000, rei. Vera Carla Cruz,
j DJU26.05.2000). Elimina a responsabilidade do custodiante pela violação do de-
ver de custódia o caso fortuito (TJSP, ApCiv 911.782-2,18.a Câm. Direito Privado,
j. 15.09.2005, rei. Roque Mesquita, /TT844/255). Na entrega de bens do coopera-
do à cooperativa distingue-se na hipótese, o ato cooperativo, descaracterizando o
contrato de depósito (1TACivSP, ApCiv 735.614-7, 3.a Câm., j. 15.06.1998, rei.
i Luiz Antônio de Godoy, /TT758/237).

§ 4.657. NATUREZA DO CONTRATO DE DEPÓSITO

1. GRATUIDADE E ONEROSIDADE. - No direito comum, o depósito era


sempre gratuito. Se intervinha no suporte fáctico remuneração, tornava-
-se contrato de locação de serviços. No parágrafo único do art. 1.265 do
Código Civil, fala-se de pôder ser gratificado o depositário, de modo que,
segundo a lei, o contrato de depósito não se desvirtua, não se transmuda
em locação de serviços, se os contraentes acordam em gratificação ou re-
muneração. Aqui, as duas expressões equivalem-se. Em conseqüência, o
contrato de depósito pode ser gratuito e pode ser de depósito remunerado.
Todo contrato gratuito de depósito é contrato unilateral, porém nem todo
contrato remunerado de depósito é bilateral. O contrato de depósito so-
mente se bilateraliza se a remuneração é contraprestação: continua unila-
teral, ou imperfeitamente bilateral (O. VON GIERKE, Deutsches Privatrecht,
m , 730; O. WARNEYER, Kommentar, I, 1118), se a remuneração foi apenas
para indenização de despesas a serem feitas, ou a título de auxílio à custo-
dia. O contrato de depósito é contrato real, ainda que se bilateralize. Por
isso mesmo, se por qualquer razão se não entrega a coisa, não é devida a
remuneração. Se, antes do tempo que se estipulou ao depósito, o deposi-
tante retira a coisa, a remuneração só é devida em parte, proporcionalmen-
te ao tempo da custódia.
O depositante pode não ser o dono do bem depositado. Pode só ter a
posse imediata, que êle transfere ao depositário.
Ainda a respeito do depósito remunerado temos de dizer que, se A
guarda os carros ou as armas de caça ou de pesca das pessoas que passam
pelo local e demoram, mas apenas exige que a quota de despesas anuais
prováveis sejam pagas pelo lugar ocupado (em relação à garagem ou ao es-
paço destinado à custódia) e pelo tempo, não há onerosidade do depósito.

2. DEPÓSITO, CONTRATO REAL. - O d e p ó s i t o , d e r e g r a , é o c o n t r a t o


pelo qual se entrega a outrem a posse do bem móvel corpóreo, para que o
guarde gratuitamente. É a definição mesma que o Código Civil, art. 1.265,
redigiu: "Pelo contrato de depósito recebe ..o depositário um objeto móvel,
para guardar, até que o depositante o reclame". No direito romano e, no
direito brasileiro, o contrato só se conclui com a entrega da posse do bem.
Se o acordo de vontades foi no sentido de se dar em depósito, mais
tarde, a coisa, não há contrato de depósito, mas apenas pré-contrato de
depósito.
O contrato de depósito de regra não se torna contrato consensual; é
contrato real. Se é de interpretar-se como consensual, o caso que se com-
põe é de pré-contrato, ou apenas há o dever do futuro depositário de rece-
ber o depósito. A entrega para custódia é que faz o conteúdo único ou prin-
cipal do contrato de depósito. Aqui, surgem alguns problemas de interêsse
prático. Se, por exemplo, o contrato de depósito se fêz para mobiliário,
antes de ser transportado, a tradição opera-se no momento em que o veí-
culo pertencente à emprêsa de depósito, ou à emprêsa que essa incumbiu
de transportar, apanha as peças. Cada peça entregue faz íntegro, quanto a
ela, o contrato. Não é preciso que as peças entrem no veículo. Basta que o
pôder fáctico tenha passado à emprêsa de depósitos, inclusive se o depo-
sitante, ou alguém por êle, disse que estavam entregues e podia retirá-las.
Dá-se o mesmo se a emprêsa recebe na agência, ou autoriza a entrega em
alguma estação, porto ou estabelecimento.
Aqui, convém que se precise bem a diferença entre contrato real de
depósito, contrato consensual de depósito e pré-contrato de depósito.
Se real o contrato de depósito, antes da entrega do bem não há con-
trato de depósito, porque se considerou a entrega elemento indispensável
para qualquer irradiação de efeitos. Nem o possuidor do bem depositando
pode exigir que o futuro depositário receba o bem, nem a pessoa que seria
o depositário teria qualquer ação contra o depositante, no depósito remu-
nerado, para haver a remuneração.
Se consensual o contrato de depósito, o depositário vinculou-se a re-
ceber o bem depositando, sem que se possa pensar, portanto, em que fal-
tasse a tradição para se considerar concluído o contrato de depósito. Se
concluído não estivesse, não se irradiaria o dever de receber e, recebendo,
guardar e conservar.
Se os contraentes se vincularam a concluir contrato de depósito, seja
real seja consensual, não tem pretensão e ação o possuidor do bem depo-
sitando para que o depositário receba o bem depositando. A pretensão é a
que se conclua o contrato de depósito. Se o contraente, que o exige, não
obtém o contrato, a ação é a do art. 1.006 do Código de Processo Civil.
No direito suíço, o contrato de depósito é consensual. Mas o deposi-
tário não tem ação para a entrega da coisa a ser depositada. O depositante
deposita, ou não; se o não faz, não tem de pagar perdas e danos.
No direito brasileiro e nos demais, que têm o contrato de depósito
como contrato real, a ação do depositário não poderia nascer, porque o
contrato não se concluiu, sendo real; não nasce, tão-pouco, a ação do de-
positante para que o depositário receba a coisa em depósito: não há, ain-
da, depositante e depositário. Aliter, se consensual o contrato. Ação tem o
possuidor da coisa se (a), em vez de haver contrato ainda não concluído
de depósito, há pré-contrato de depósito e o possuidor quer a conclusão do
contrato real, ou o que terá de ser depositário quer haver a remuneração ou
o uso da coisa, se houve a cláusula pré-contratual que lhe criou tal interêsse
na perfeição do contrato, ou (b) se as cláusulas contratuais são explícitas
quanto à consensualidade.

3. DIREITO BRASILEIRO. - No direito brasileiro, o contrato de depósi-


to é real. Se apenas se acordou em que se tomasse a coisa, futuramente,
em depósito, há contrato consensual de depósito. Se apenas se promete
o contrato de depósito, não há contrato de depósito, e sim pré-contrato
de depósito, pois os figurantes prometeram concluir contrato de depósito.
A tal pactum de deponendo, que o Código Civil não regulou, concernem
também, por analogia, os arts. 1.278 e 1.208, infine (para recusa de receber
e depositar). Se a coisa já estava na posse do depositário, consensualmen-
te contraente ou pré-contraente, como se a vendeu ao outro figurante ou
ao pré-contraente depositante, com cláusula de constituto possessório, o
contrato consensual, ou o pré-contrato, torna-se contrato real, pelo adim-
plemento do pactum de deponendo.
Na dúvida, o pactum de deponendo entende-se com dever e obrigação
do que vai guardar, e não do que tem de guardar (O. VON GIERKE, Deuts-
ches Privatrecht, M, 729, nota 10; P. OERTMANN, Schuldrecht, II, 830; sem
razão, E. GOLDMANN-L. LILIENTHAL, Das Bürgerliche Gesetzbuch, 1,714;
CARL CROME, System, II, 7 4 2 , n o t a 12; F. SCHOLLMEYER, Das Recht der
einzelnen Schuldverhãltnisse, 141).
Hoje, seria obsoleto duvidar-se da existência, validade e eficácia do
contrato consensual de depósito, como também do pré-contrato de depó-
sito. Quem vai para fora e quer deixar guardados os bens móveis, contrata
com a emprêsa de guarda-móveis, ou de cofres, e pode estabelecer que
só se entregarão (ou só se apanharão) os objetos que vão ser custodiados
quando o depositante avisar, ou na véspera da partida, ou em determinado
dia. Em vez do contrato consensual, pode ser concluído o pré-contrato. O
que seria elemento constitutivo essencial, no contrato real, passa a ser, no
contrato consensual, elemento de adimplemento, ou, no pré-contrato, sim-
ples objeto do contrato que se promete.
Se o contraente que teria de depositar não deposita no tempo devido,
está obrigado ao que prometeu pagar pelo depósito, porque os contraentes
estavam vinculados. Aliás, é justo que receba o que seria retribuição quem
reservou o lugar, ou por outra razão contou com a entrega.
Tratando-se de pré-contrato, há a indenização por inadimplemento por
parte de quem prometeu o contrato de depósito e não o quis concluir. Não
há a execução judicial específica, porque não cabe tal execução nos pré-
-contratos e contratos que não se executam contra a vontade do figurante
inadimplente. Aliás, aí, o que em verdade há é mora creditoris. Do lado do
que prometeu receber o depósito, ou firmar, como pré-contraente depositá-
rio, o contrato de depósito, também não se pode pensar em execução judicial
específica, porque se iria contra o art. 880 do Código Civil (Nemo potest cogi
adfactum). Nas obrigações de fazer, se o obrigado recusa a prestação só a
ele imposta, ou só por êle exeqüível, só há um meio para se atender à preten-
são do outro figurante, que é o da indenização de perdas e danos.
E de uso - e não mais se poderia contra êle opor a letra do Código Ci-
vil - contratar-se o depósito, com a indicação do lugar em que o depositá-
rio há de apanhar o objeto que se quer depositar. O contrato está concluído.
Há o dever de ir buscar o bem depositando. Seria ir-se contra as realidades
da vida sustentar-se que não houve conclusão do contrato; e artifício into-
lerável pretender-se que há dois contratos, um de que se irradia o dever de
ir buscar e outro, que seria, à tomada da posse, o contrato de depósito, ou
que, em quaisquer casos, a autorização para ir tomar posse já é tradição.
O documento de legitimação certamente bastaria. Mais: qualquer eficaz
cessão da pretensão à entrega. Porém temos de atender a que nem sempre
há a tradição ou a cessão da pretensão à entrega, como acontece sempre
que a transmissão da posse depende de o depositário ir à hora certa à casa
indicada, onde estará o depositante ou alguém autorizado a transferir a
posse. Daí ter-se de admitir ser possível, em tal caso, entre outros, o con-
trato consensual de depósito.
A questão de se saber se a pessoa que vai guardar e conservar o bem
depositando, com a carta, ou outro meio de legitimação, já se fez possuidor
a título de depósito, ou se a autorização para ir buscar ainda não importa
tradição, é quaestio facti. Se a interpretação assenta que tradição houve, o
contrato real de depósito se concluiu, ou se adimpliu o contrato consensual
que antes se concluíra.

4. POSIÇÕES JURÍDICAS DOS FIGURANTES. - O depositante tem a pre-


tensão à restituição da coisa e a pretensão a que o depositário guarde a
coisa. O depositário tem a posse direta ou imediata (Código Civil, art.
486), e como tal pode usar dos remédios possessórios. Se resulta do con-
trato, cabem-lhe as pretensões ao uso da coisa (Código Civil, art. 1.275). O
Código de Processo Civil só se interessou pela ação ligada à pretensão do
depositante a ser-lhe restituída a coisa que foi depositada. Negócio jurídico
bilateral, nem sempre real (e. g„ um dos figurantes é obrigado a receber).
Contrato real, de modo que pode existir o pré-contrato ou promessa de de-
positar, com o depósito da coisa a riscos e perigos para o obrigado (Código
de Processo Civil, arts. 1.006 e 302, XII). É o pactum de deponendo, que
não foi regulado pelo Código Civil e se rege pelos princípios gerais.^Na
dúvida, só se entende obrigado por êsse pacto o futuro depositário, não o
futuro depositante (O. VON GIERKE, Deutsches Privatrecht, III, 729, nota
10); PAUL OERTMANN, Das Recht der Schuldverhãltnisse, 13.A-14.A ed.,
830); mas aquêle tem, eventualmente, pretensão a ser indenizado do que
despendeu para pôder depositar (PAUL OERTMANN, 830; L. E N N E C C E R U S ,
Lehrbuch, I, 2, 489). A responsabilidade dos empresários de teatros, cas-
sinos, clubes, hotéis, pelas peças de vestiaria, é responsabilidade de depo-
sitário (O. WARNEYER, Kommentar, I, 1118). Os estábulos para guarda de
animais são depósitos, se não prevalece a figura do contrato de locação. Os
restaurantes e cafés abertos, sem serviço de fichas para chapéus e outros
objetos, não respondem como depositários. Também não respondem os
escritórios de advogados e os gabinetes de médicos e dentistas quanto a
chapéus, bolsas, etc., se não têm serviços de custódia (e. g., porteiros rece-
bedores). O oficial de justiça, ou outro auxiliar da justiça, enquanto a coisa
não é entregue ao depósito público e permanece com êle, responde como
depositário. Se a confia a outrem, há, também, o contrato de depósito entre
êle e êsse terceiro (O. WARNEYER, Kommentar, I, 1 Í 19).
Sempre que a lei dá a alguém a incumbência de receber quantia, ou
coisa pertencente a outrem, e de depositar, em nome daquele a quem per-
tence a quantia, ou a coisa, a equiparação ao depositário é implícita.
A 7.a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 10
de maio de 1949 (D. da J. de 16 de outubro de 1952), negou, radicalmen-
te, ao "depósito" em garantia de' dívida a ação de depósito. A 6.a Câmara
Cível, a 12 de dezembro de 1950 (D. daJ. de 7 de novembro de 1951),
pré-excluiu a ação de depósito se o objeto do depósito é coisa fungível.
A questão é de direito material: não é verdade que o depósito regular de
coisa fungível não tenha a ação de depósito e a cominabilidade da pena de
prisão. Adiante, § 4.663, 6.
Quanto ao depósito em garantia, se a garantia não mais tem razão de
ser, nenhum óbice há a que se exija a restituição.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.657. A- Legislação

O parágrafo único do art. 1.265 do CC/1916 que referia-se à gratuidade do


depósito salvo convenção em contrário das partes foi desdobrado no art. 628
do CC/2002, para acrescentar - além da hipótese já existente - os casos de
depósito resultante de atividade negociai decorrente da atividade profissional
do depositário.
Na ausência de celebração do contrato, observa Pontes de Miranda a impos-
sibilidade de realizá-lo em vista de medida judicial, constrangendo aquele que
deveria receber o bem em depósito para que o faça. Indica no caso a possibilidade
apenas da ação condenatória para suprir declaração de vontade, conforme o art.
1.006 do CPC/1939, que no Código de Processo Civil vigente é o art. 466-A. Pon-
tes de Miranda, ao afastar a possibilidade de execução específica de pré-contrato,
traça entendimento distinto do que hoje resulta da incidência do art 461 do CPC, |
o qual prevê a ação de cumprimento específico da obrigação de fazer. Nesse i
sentido, sustenta aplicação do art. 880 do CC/1916, segundo o qual responde por '
perdas e danos o obrigado que recusa a prestação só a ele imposta ou só por ele I
exeqüível. Por outro lado, o art. 635 do CC/2002, todavia, reconhece ao deposi- I
tário a pretensão de requerer o depósito judicial quando por motivo plausível não
possa guardar, e haja recusa do depositante em receber.
A ação de depósito é procedimento especial regulado pelos arts. 901 a 906
do CPC.
A referência a pré-contrato de depósito atrai a incidência do art. 462 et seq do
CC/2002, que disciplinam o contrato preliminar.
O art. 1.278 do CC/1916 corresponde ao art. 643 do CC/2002. O art. 1.208,
citado por Pontes de Miranda foi revogado, e não tem paralelo no Código Civil ou
na Lei de Locações Imobiliárias (Lei 8.245/1991).
A remissão ao art. 486 do CC/1916, reconduza-se ao art. 1.197 do CC/2002
que o reproduz em parte, mas que essencialmente consagra legislativamente a
identificação da posse direta e indireta e a legitimação de ambos para as ações
de defesa da posse. Da mesma forma, pode resultar do contrato a pretensão de
uso da coisa, conforme art. 640 do CC/2002, a contrario sensu, que reproduz o
art. 1.275 do CC/1916.

§ 4.657. B - Doutrina
A doutrina anota a imponância de distinguir-se o depósito gratuito do oneroso,
especialmente em face de sua repercussão prática, na disciplina da responsabili-
dade das partes, nos termos do art. 392 do CC/2002 (TEPEDINO, BARBOZA, MORAES.
Op. cit., p. 388). A equivalência indicada por Pontes de Miranda entre as expres-
sões gratificação e remuneração do depósito, na doutrina contemporânea se es-
tende também à noção de remuneração indireta, desenvolvida especialmente no
direito do consumidor, pela qual a ausência de contraprestação direta, mas exis-
tência de vantagem econômica indireta permite que se qualifique como remune-
rado determinado contrato, como é o caso do depósito bancário em caderneta de
poupança (MARQUES, Claudia Lima. Relação de consumo entre os depositantes de
caderneta de poupança e os bancos ou instituições que arrecadam a poupança
popular. Revista dos Tribunais, vol. 760. p. 107. São Paulo: Ed. RT, fev. 1999), ou no
estacionamento de automóveis, hipótese em que alguns doutrinadores destacam
a necessidade do exame da finalidade do contrato para sua classificação (LOPEZ,
Teresa Ancona. Op. cit., p. 350). Admite-se, nesses casos a bilateralização do
contrato a que se refere Pontes de Miranda.
No tocante a natureza real do contrato de depósito converge a doutrina, fiel às
origens romanas do contrato (ANDRIGHI, BENETI, ANDRIGHI, Op. cit., p. 361; PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Op. cit., p. 327; GOMES,.Orlando. Op. cit., p. 414), o que se
realiza, como regra, com a transmissão da posse, tal qual indicado por Pontes de
Miranda. Assinalam alguns autores, contudo, que nem sempre há efetiva tradição I
| do bem, admitindo-se a tradição simbólica (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio de
j Janeiro: Forense, 2011, p. 658).

I § 4.657. C - Jurisprudência
j Afirma a jurisprudência que quando o depósito se dá no interesse do negócio, o
dever de vigilância não é elidido pela gratuidade da prestação (STJ, REsp 8069, j.
29.04.1991, rei. Nilson Naves, /7T677/223). A Súmula STJ 130, prevê que "a empre-
sa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos
em seu estacionamento". A jurisprudência atual do STJ entende pelo cabimento da
ação de depósito para entrega de bens fungíveis em contrato de depósito propria-
mente dito (STJ, REsp 877.503/MG, 3.°T., j. 06.10.2009, rei. Min. Sidnei Beneti,
DJe 11.11.2009). Da mesma forma, a morte do depositário não extingue neces-
sariamente a ação de depósito, que segundo a jurisprudência, pode prosseguir
contra os herdeiros, visando à cobrança da dívida (TRF-4.a Reg., ApCiv 0013751-
19.1998.404.7100, j. 30.08.2010, rei. Marga Inge Barth Tessler, DJe 10.09.2010).
Reconhece-se, ainda, a remuneração indireta nos contratos de depósito apa-
rentemente gratuitos (STJ, REsp 226.921/SP, 4.aT., j. 19.04.2001, rei. Min. Ruy Ro-
sado de Aguiar Júnior, DJ 02.08.2004). Da mesma forma, compreende-se que a
falta da entrega efetiva dos bens descaracteriza o contrato de depósito (STJ, REsp
1006340/PE, 4 a T., j. 24.03.2009, rei. Min. Fernando Gonçalves, DJe06.04.2009).

§ 4.658. D E P Ó S I T O E O U T R A S F I G U R A S J U R Í D I C A S

1. CUSTÓDIA. - Custodiar é conservar materialmente, ou, pelo menos,


tomar as providências para isso. Supõe-se, portanto, o estado em que o
bem foi recebido. A atividade, que se tem de exercer, depende da natureza
do bem em custódia. Essa é que dá os limites ao conteúdo do dever de fa-
zer e de não fazer que o custodiar implica. Tal dever é exercido de maneira
que os riscos sejam do depositário. Isso não pré-exclui que no contrato se
apontem atos positivos e atos negativos que a custódia imponha. Lê-se no
art. 1.266 do Código Civil: "O depositário é obrigado a ter na guarda e
conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o
que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos
quando lho exija o depositante".
Com a custódia salvaguardam-se interêsses do depositante. Há dever
de custódia que não deriva da relação jurídica de depósito, mas sim da lei
ou das circunstâncias, tal como acontece com o pai, a mãe, o tutor ou o
curador que tem de guardar títulos ou documentos do filho, do tutelado, ou
do curatelado, ou com o mandatário a quem o mandante entregou papéis
ou objetos necessários ao exercício do mandato, ou com o sócio que tem
de ir receber ou prestar algo pela sociedade. Em tôdas essas espécies, à
relação jurídica existente corresponde dever de prestação, ou dever aces-
sório, dentro do qual se incrusta o de custodiar. A infração não é do dever
decorrente da relação jurídica de depósito, pois, ex hypothesi, depósito não
houve, mas sim de outra relação jurídica.
O contrato de depósito tem por fim específico a custódia. Não se pen-
sa em dever incluso, ou em dever acessório. O dever foi o que se colimou
determinar, ao se concluir o contrato.
Nem sempre o dever de custódia é assumido de maneira a ter a intensi-
dade que é a sua própria, aquela que se espera com a conclusão do contrato
de depósito. Se o advogado B, ou algum dos empregados do escritório, anui
em que o cliente deixe no armário da sala, ou em gaveta da mesa, a pasta, ou
a bolsa, ou a caixa, dificilmente ocorreria tratar-se de contrato de depósito.
Nos consultórios de médicos e em restaurantes ou bares sem guarda-roupa,
a regra também é o não se concluir contrato de depósito. Não assim se há
balcão separativo, com empregado que há de receber os chapéus, pacotes,
com entrega de fichas, ou se há sala, quarto, ou palanque, ou portaria, onde
os trabalhadores, freqüentadores de teatros ou de cinemas, ou estudantes,
ou visitantes de exposições, ou sócios de clube, têm de deixar roupas, ou
outros objetos. No direito do trabalho, o empregador é depositário, se a
ficha é indicativa do que se entrega; se o não é, o empregador tem dever de
vigilância e de guarda, sem ser depositário (não é, por isso mesmo, pos-
suidor imediato, mas sim tenedor). Se a emprêsa tem espaço próprio para
os automóveis, as bicicletas e as motocicletas dos empregados, assume ela
dever de custódia (cf. GUSTAV ADOLF BULLA, Sorgepflicht des Arbeitgebers
um eingebrachtes Arbeitnehmer-Eigentum, Recht derArbeit, 1950, 88).

2. DEPÓSITO E COMODATO. - O depósito distingue-se do comodato em


que o interêsse primacial, naquele, é do depositante; nesse, é o do comoda-
tário. Não se fale de se diferençarem pela gratuidade, ou pela usabilidade:
o depósito também é gratuito, posto que se possa estabelecer a retribuição,
e o comodato é gratuito; o depositário não pode, de regra, usai" o bem de-
positado, mas a lei permite a cláusula de uso (Código Civil,^ art. 1.275).
O dever de diligência e de proteção, que assume o comodatário (Código
Civil, art. 1.251), de modo nenhum tem aintensidade do dever de custódia,
que é o do depositário (Código Civil, arts. 1.265-1.267 e 1.287).
Muitos são os contratos em que um dos figurantes entrega o bem e o
outro figurante se vincula à restituição. No depósito, o fim é a custódia.
No seqüestro, o fim é retirar a posse imediata da pessoa contra a qual se
decreta o seqüestro. Êsse não se confunde, tão-pouco, com o depósito em
garantia, que supõe o depósito enquanto não se solve (ou existe) a dívida.
No comodato, o fim é do interêsse exclusivo do comodatário, o que o
distingue, evidentemente, do depósito. O comodatário guarda porque usa
ou usa e frui. Pode-se aludir, aí, à instrumentalidade da custódia. No depó-
sito, a iniciativa é do depositante, mesmo se excepcionalmente ocorreu in-
vitatio ad depositandum. No comodato, se há interêsse do comodante em
dar para guardar o bem, tal interêsse não atinge a estrutura do contrato.

3. DEPÓSITO E MANDATO. - No depósito, o interêsse primacial é do de-


positante. No mandato, o interêsse relevante também é o do mandante. Em
ambos os contratos, há da parte de alguém atuação em interêsse de outrem.
Em ambos, um dos figurantes confia. O depositário pode fazer reparos e
alterações que êle faria se o bem fôsse seu (cf. Código Civil, -art. 1.266) e
se o depositante, se conhecesse o estado do bem depositado, admitiria ou
exigiria que fizesse.
Por vezes, o depositante, antes de o ser, era mandante, e acordou em
que, cumprido o mandato, o mandatário guardasse em depósito o bem a
respeito do qual outorgara poderes. Aí, há dois contratos, a que correspon-
dem duas posses impróprias, imediatas, mas diferentes: aposse de manda-
tário e a posse de depositário, que sucede àquela.

4. DEPÓSITO E LOCAÇÃO. - Na locação de coisas, o locatário deve ao


locador: há prestação correspectiva à do uso ou do uso e da fruição, que é
o aluguer. No depósito, nenhuma prestação deve o depositário.
O possuidor do bem pode dá-lo em locação e estabelecer que, a par-
tir da expiração do têrmo do contrato de locação, ou a. partir de qualquer
outra causa de extinção, o locatário ficará com a custódia do bem, como
depositário. Aliás, a relação jurídica de depósito pode sobrevir ao comoda-
to, como se A empresta a B os brincos ou o relógio e acordam comodante
e comodatário em que B, no dia tal, entregará a jóia ao Banco C, que a
guardará, considerando-se depositário, no intervalo, B.

5. DEPÓSITO E CONTRATOS COM ELEMENTO DE GUARDA. - Pode haver


guarda ou custódia do local, sem haver guarda ou custódia direta do bem
que se põe no lugar; ou custódia do bem sem alusão ao local. O depósito
não se confunde com o aluguer de cofres, armários, caixas fortes, ou outro
local, ou móvel-pertença ou parte integrante de prédio, em que o possuidor
guarde: aí, há locação ou arrendamento do local, receptáculo ou escon-
derijo onde se possa colocar a coisa; ou, se gratuito, commodatum loci. A
locação de caixas, gavetas ou cofres apenas torna o locador responsável
pelo que ocorra por falta de vigilância do prédio, ou de parte do prédio,
porque locou a alguém espaço de segurança.
O contrato de depósito em que o depositário recebe contraprestação
pelo fato de guardar e qualquer outra incumbência, globalmente, é con-
trato oneroso, porém não se torna contrato de locação de serviços, nem
de mandato.
As circunstâncias podem estabelecer-se de tal modo que o contrato,
ou por ser de adesão, ou por outra causa (e. g., depósito em mãos de depo-
sitários judiciais), tenha de ser contrato oneroso.

6. OUTROS CONTRATOS. - Se alguém apenas põe à disposição de ou-


trem espaço para que guarde o bem móvel, infungível ou fungível, sem
assumir o dever de custódia, não há contrato de depósito. Se o guardador
recebe contraprestação, há arrendamento do espaço, o que é a figura vul-
gar nos lugares em que estacionam automóveis, bicicletas, motocicletas,
cavalos, ou cães; ou, se o guardador tem de limpar ou alimentar, locação
de serviços. Inclusive se há parquímetro.
Distingue-se do penhor o depósito, porque, naquele, o fim do negócio
jurídico (que produz direito real) é garantir algum crédito, e não o dar para
guardar. Por outro lado, o depósito não supõe qualquer outra relação jurí-
dica, de que se irradia dívida, ao passo que o negócio jurídico de penhor é
necessariamente negócio jurídico acessório.
T a m b é m d o contrato de transporte se distingue o contrato de depó-
sito, porque, naquele, há a prestação de levar de um lugar para outro. O
guardar é conseqüência, e não fim, razão por que a responsabilidade não é
necessariamente a mesma.
Em todo o caso, há elemento de depósito que pode juntar-se aos
elementos do transporte e teremos ensejo de examinar as espécies mais
freqüentes.

7. DEPÓSITO E ATO OU RELAÇÃO DE GENTILEZA. - N ã o há depósito,


mas simples ato ou relação de gentileza ou amizade quando alguém guarda
ou dá lugar para guardar objeto de outrem, sem assumir o dever de custó-
dia. Isso não significa que, a despeito das circunstâncias, que puseram em
contacto dois amigos, tendo sido a amizade um dos fatores da confiança,
não se possa estabelecer entre eles relação jurídica contratual de depósito.
Têm de ser interpretados os fatos e as manifestações de vontade.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.658. A- Legislação

O art. 1.266 do CC/1916 tem seu conteúdo reproduzido no art. 629 do


CC/2002. A possibilidade de utilização, pelo depositário, do bem em depósito,
é disciplinada nos mesmos termos do art. 1.275 do CC/1916, pelo art. 640 do
CC/2002, o qual exige, igualmente, autorização expressa do depositante.
Quanto à distinção entre os deveres de diligência e proteção do comodatário,
previstos no art. 1.275 do CC/1916, tome-se o art. 582 do CC/2002. Para a com-
paração com os deveres do depositário, observem-se os arts. 627, 629 e 652, do
CC/2002. Em relação ao art. 652 do CC/2002, todavia, que reproduz o art. 1.287
do CC/1916, observe-se que a sanção de prisão civil do depositário infiel, após
longa divergência jurisprudencial e doutrinária, foi considerada ilícita, conforme a
Súmula vinculante 25, do STF, que estabelece: "É ilícita a prisão civil de depositá-
rio infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito."

§ 4.658. B- Doutrina

í A identificação da custódia como finalidade do contrato de depósito é assen-


| tada na doutrina contemporânea, igualmente para distingui-lo de outros contratos
j (LOPEZ, Teresa Ancona. Op. cit., p. 343; TEPEDINO, BARBOZA, MORAES. Op. cit., p. 389).
| Parte da doutrina, em sentido diverso ao de Pontes de Miranda, reconhece nos
serviços de cofre de segurança a natureza jurídica de depósito, justamente em
razão do dever de custódia que nele deve ser observado (STOCO, Rui. A presta-
! ção de serviços bancários de cofres de segurança à luz do Código de Defesa do
Consumidor. Revista dos Tribunais, vol. 728. p. 37. São Paulo: Ed. RT, jun. 1996;
; ZANINI, Carlos. A natureza jurídica do contrato bancário de cofre de segurança e o
I regime da responsabilidade do banco. Revista dos Tribunais, vol. 792. p. 11. São
Paulo: Ed.RT, out. 2001).

§ 4.658. C - Jurisprudência
Afastando-se do entendimento de Pontes de Miranda, parte da jurisprudência
brasileira tende a desclassificar a locação de cofres de segurança como espécie i
de locação, caracterizando-os como contrato de depósito (STJ, REsp 767923/
; DF, 4.a T., j. 05.06.2007, rei. Min. César Asfor Rocha, DJ 06.08.'2007; TJRJ Ap
j 2005.001.51532, 2.° Câm. Civ., j. 28.12.2005, rei. Carlos Eduardo Passos, DJe I
| 06.01.2006), embora em boa parte dos casos haja o exame da responsabilida-
| de sem questionar a natureza do contrato das partes, mas o dever de custó-
! dia sobre os bens que se encontrem no cofre (STJ, REsp 333.211/RJ, 4. a T., j i
13.11.2001, rei. Min. César Asfor Rocha, DJ 18.03.2002; REsp 994040/PE, 4.aT. !
j. 07.04.2011, rei. Min. Raul Araújo, DJe 18.04.2011). Admite-se, contudo,' que à '
instituição financeira estabeleça cláusula limitativa de uso (STJ, REsp 1163137/ i
SP, 3.aT., j. 14.12.2010, rei. Min. Massami Uyeda, DJe 03.02.2011). 1

Da mesma forma, ausente a finalidade de custódia, não caracterizam o depó-


J sito relações de mera gentileza, na linha afirmada por Pontes de Miranda (TJSP, !
ApCiv 9176419432005826, 33 a Câm. Direito Privado, j. 29.08.2011, rei. Eros Pi- I
celi, DJe 31.08.2011). j
No tocante à prisão do depositário infiel como sanção à violação do dever de j
custódia no depósito (art. 1.287 do CC/1916; art. 652 do CC/2002), após largo
período em que foi admitida pela jurisprudência, especialmente pela a equipara-
| ção que por muito tempo admitiu-se em relação ao devedor-alienado no contrato
| de alienação fiduciária em garantia, com fundamento na regra inscrita no Dec.-lei
! 911/1969, a jurisprudência contemporânea passou a considerá-la inconstitucio-
| nai, pela interpretação conjunta do art. 5.°, LXVII e §§ 1.°, 2.° e 3.°, da CF, à luz
do art. 7.°, § 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos - Pacto de San
José da Costa Rica (STF, RE 466343, j. 03.12.2008, rei. Min. Cezar Peluso, DJ
\ 05.06.2009), dando origem à Súmula vinculante 25, que veda a prisão civil do
! depositário infiel em qualquer modalidade de depósito. Porém, mesmo antes,
j precedentes do STF davam conta da impossibilidade de custódia efetiva do bem
| excluía, por si, a caracterização da infidelidade do depositário (STF, HC 83.416-7,
| 1 a T., j. 14.10.2003, rei. Min. Antonio Cezar Peluso, DJU 12.08.2005).

§ 4.659. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS

1. DEPOSITANTE INCAPAZ. - Se incapaz é o depositante e a incapaci-


dade é absoluta, o contrato de depósito é nulo. Se relativamente incapaz,
tem de ser decretada a anulação, podendo ser pedida a restituição do
bem, mesmo se há têrmo a favor do depositário, ou haver a restituição,
se o têrmo foi a favor do depositante. Proposta a ação de anulação, pode
o juiz deferir o depósito judicial imediato, até que se profira a sentença.
O depositário é responsável enquanto não restitui, ou não deposita judi-
cialmente o bem.
Anulado o contrato de depósito, o figurante incapaz não é vincula-
do à prestação do que teria de pagar ao depositário, salvo no que apenas
consistiu em despesas para a conservação do bem (cf. Código Civil,
arts. 964-966).
A propósito do menor relativamente incapaz, advirta-se que não pode
êle alegar a menoridade para se eximir da responsabilidade como deposi-
tante, ou como depositário, se dolosamente a ocultou, inquirido pelo outro
contraente, ou se, no ato de se vincular, espontaneamente se disse capaz
(Código Civil, art. 155). Também são invocáveis os arts. 156 e 157.
Se o contrato de depósito é nulo por incapacidade absoluta do deposi-
tante, a pessoa que se cria depositário, pois recebera de boa fé o bem e de
boa fé o tivera sob sua guarda, tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como das voluptuárias, se lhe não forem pagas, ou
a levantá-las, quando isso fôr possível sem detrimento do bem depositado
(Código Civil, art. 515, l. a parte). Pelo valor das benfeitorias necessárias e
úteis pode exercer o direito de retenção (art. 515, 2.a parte). Se de má fé o
que teve sob sua guarda o bem, só tem direito à indenização pelas benfei-
torias necessárias (art. 516), sem direito de retenção.

2. DEPOSITÁRIO INCAPAZ. - Há dois pontos principais no tocante à


incapacidade do depositário, pré-excluído o da incapacidade absoluta,
porque, em tal caso,, há nulidade do contrato de depósito. A incapacidade
relativa pode ser ao tempo da conclusão do contrato de depósito e da en-
trega do bem para custódia, ou sobrevir à entrega do bem. Em princípio,
há a anulabilidade. Se, porém, foi menor, relativamente incapaz, que se fêz
depositário, dolosamente ocultando a idade, inquirido pelo depositante, ou
se, no ato de contratar, espontaneamente se disse maior (Código Civil, art.
155), ou com suplemento de idade, responde como depositário, abstraindo-
-se da sua incapacidade relativa. Se, no tocante aos danos, o relativamente
incapaz responderia por ato ilícito (não só se pense no menor relativamente
incapaz, atendo-se à letra do Código Civil, art. 156), tem-se de assentar
a sua responsabilidade como depositário nos limites em que responderia
pelo ato ilícito.
Se o contrato de depósito é nulo, ou se é anulável por incapacidade
do depositante, há a pretensão à restituição imediata, mesmo que ocorra a
incidência do Código Civil, art. 155.
Se o depositário incapaz alienou o bem, tem de prestar ao depositante
o que reverteu em seu proveito (cf. Código Civil, art. 157).
Se o depositário incapaz exerceu o dever, que se supunha existir, de
conservar o bem, inclusive fazendo despesas, tem pretensão à retribuição
e ao reembolso.
Lê-se no Código Civil, art. 1.276: "Se o depositário se tornar incapaz,
a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará imedia-
tamente restituir a coisa depositada, e, não querendo ou não podendo o
depositante recebê-la, recolhê-la-á ao depósito público, ou promoverá a
nomeação de outro depositário".
Se o depositário que se tornou incapaz era depositário em virtude de
ato de profissão e houve sucessão no estabelecimento ou escritório, mes-
mo em se tratando de incapacidade absoluta, o sucessor pode assumir a
posição jurídica de depositário, ficando ao depositante denunciar, ou não,
o contrato de depósito.

3. PLURALIDADE DE DEPOSITANTES. - "Sendo dois ou mais os depo-


sitantes e divisível a coisa", estatui o Código Civil, art. 1.274, "a cada
um entregará o depositário a respectiva parte, salvo.se houver entre eles
solidariedade" O depósito pode ter sido feito por duas ou mais pessoas,
ou por uma, em nome de duas ou mais. A natureza do bem depositado, da
res depo sita, é que, estabelecendo a divisibilidade ou a indivisibilidade do
bem depositado, determina a da própria dívida. Se divisível a res deposita,
têm-se os depositantes como legitimados ativo ao recebimento das suas
quotas respectivas, que, na falta de explícita ou implícita discriminação
quantitativa, se consideram iguais (cf. Código Civil, art. 890). Se a res
depositi é indivisível, não há pensar-se em quotas, nem em solidariedade:
os que depositaram têm de, juntos, exigir a restituição ou qualquer o pode
fazer; mas só há liberação do depositário se êle restitui a todos conjunta-
mente, ou a um dêles, que dê caução de ratificação pelos outros (cf. Código
Civil, art. 892). .

4. BEM DEPOSITADO. - O art. 1.265 do Código Civil só se refere a


bem móvel. Se foi concluído contrato que tem pois objeto a custódia de
bem imóvel, o contrato não é de depósito mas de locação de serviços ou
de obra, ou de outro contrato No direito processual civil, há o depósito
de imóveis (Código de Processo Civil, art. 945, II, verbis "e imóveis^),
e não é vedado o depósito de bens imóveis, a despeito das expressões
do Código Civil, art. 1.265, se as circunstâncias permitem que se pense
em depósito, como se está em causa pequeno trate de terra em que se es-
conderam valores ou jóias preciosas oi se foi achado e ainda não se quer
retirar o tesouro. A custo disso, quando o objeto é bem imóvel, é elemento
de outro contrato. As apólices da dívida pública gravadas com a cláusu-
la de inalienabilidade consideram-se bens imóveis para os efeitos legais
(Código Civil, art. 44, II). Podem ser entregues em depósito, posto que,
inalienável como é o direito de crédito que nelas se incorporou, seja sem
grande alcance o depósito.
Qualquer bem móvel pode ser objeto de depósito. É preciso porém,
que se trate de bem suscetível de conservação material muito embora para
isso os deveres cresçam de ponto. Os bens incorpóreos não são depositá-
veis, salvo excepcionalmente, mas, aí, o contrato de depósito inclui outros
deveres que o de conservação material.
O depositário do bem corpóreo em que está bem incorpóreo tem de-
veres especiais e não se pode dizer que não seja bem depositado o bem
incorpóreo. O exemplo mais expressivo é o do depósito de papéis ou de
outro material em que se insere alguma descoberta científica ou industrial,
ainda não divulgada. Aí, o depositário tem, a : mais, o dever de sigilo. Aliás,
o dever de sigilo está implícito em qualquer depósito em que o depositário
saiba que tem de guardar segredo.

5. MODO DE ENTREGA. - A entrega pode ser mediante qualquer ato


de transmissão da posse. O que importa é que a transferência da posse,
necessária à custódia, conforme os lermos do contrato, se haja operado. O
depositário pode vincular-se pelo simples recebimento dos conhecimentos,
ou dos recibos de outro depositante, ou pela simples cessão da pretensão à
entrega. Quem assume a posição de depositário tem de prever qual o meio
de transmissão da posse que lhe basta. O depositante transfere a posse
a título de depósito; e a título de depósito recebe-a o depositário. Se A
adquiriu, na joalheria de B, o colar de diamantes, e C assinou com A o
contrato de depósito, satisfazendo-se com o recibo de B, assumiu a posição
jurídica de depositário, muito embora a transmissão da posse tivesse sido
longa manu. A responsabilidade de B é de vendedor, e tal responsabilidade
permanece até que B entregue a C o objeto. Mas a responsabilidade de C
começa no momento em que, tendo recebido a posse mediata de A, poderia
retirar o objeto.
Se a pessoa que vai ser depositário já tem posse do bem, de ordinário
posse imprópria imediata, o contrato real de depósito conclui-se com a
tradição brevi manu. Nada obsta a que a posse, que ela tem, seja apenas
posse imprópria mediata, se o contraente pode exigir a seu líbito a entrega
da posse imprópria imediata.
Também a pessoa que aliena a propriedade ou a posse do bem pode
fazer-se, pelo constituto possessório, depositário dêle.
"Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado", diz o
Código Civil, art. 1.267, "nesse mesmo estado se manterá; e, se fôr devas-
sado, incorrerá o depositário na presunção de culpa".
Trata-se da vedação de abrir o depósito fechado. Se o depositante
entregou, fechado, colado, selado, ou lacrado, o depósito, quis, implici-
tamente, que não se abrisse. Se, porém, há menção do que contém, seria
arriscado para o depositário deixar de abri-lo à vista do depositante, ou
do portador.
Alguns depositários costumam receber os pacotes fechados, ou as
caixas, e no recibo declaram que o depositante "diz conter" determinados
objetos, inclusive moeda. Essa declaração não exime o depositário dos
deveres de custódia e do dever de não abrir; mais: de modo nenhum o
torna irresponsável pela desaparição de algum elemento do conteúdo e do
próprio elemento que se disse lá estar, pois o ônus de alegar e provar que
lá não estava passou ao depositário, se há vestígio ou qualquer prova de
abertura ou de violação. Por isso, não é recomendável a ambigüidade da
declaração do depositário.
Quanto à posse, qualquer meio de transmissão da posse é bastante
para o elemento do contrato de depósito. Em todo o caso, os contraentes
podem restringir a alguns meios ou a um dos meios a transmissão da pos-
se com que se há de reputar integrado o contrato real, ou o próprio contra-
to consensual, ou adimplível o pré-contrato. Comprou A a B o automóvel
e contratou o depósito com C, mas ficou estipulado que só se teria por
feita a tradição se o automóvel fôsse entregue por A, ou por empregado
de A, inclusive se após as exigências e formalidades policiais. Também é
permitida a cláusula de só se apanhar o automóvel no dia tal, ou ter C de
ir buscar o automóvel.

6. SE A FORMA É PRESSUPOSTO NECESSÁRIO. - D i z o C ó d i g o Civil, art.


1.281: "O depósito voluntário provar-se-á por escrito" Temos de entender:
a) que a forma escrita não é essencial ao negócio jurídico do depósito; b)
que a prova tem de partir de cômeço de prova por escrito; c) que a confissão
basta à prova (2.a Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 7
de maio de 1940, R. dos T., 128, 540). A 2.a Câmara Civil, a 19 de outubro
de 1943 (R- dos T., 148, 234), chegou a dizer: "O depósito voluntário pode
ser provado por qualquer meio, não se exigindo exclusivamente a prova por
escrito". O depósito pode ser provado pelo cupão. ficha, tfquete ou outro
rótulo, que se entregue ou saia do automático, ou pelos telegramas ou tele-
fonemas que possam ser provados. Telegrafou A: "Peço apanhar no salão a
jóia de que me esqueci, na mesa do canto da sala. com tantos diamantes, e
guardá-la em depósito". Resposta de C: ' ; B abriu-me a casa e apanhei jóia,
em perfeito estado; tenho-a em depósito". Aí está apenas exemplo.

7. NULIDADE E ANULABILIDADE. - As regras jurídicas sôbre nulidade


e sôbre anulabilidade do contrato de depósito são as mesmas que incidem a
propósito dos outros contratos. A forma usual, em virtude de regra jurídica
explícita, é a escrita, ressalvado o que acima dissemos (n. 6).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4 . 6 5 9 . A - L e g i s l a ç ã o

No caso de anulação do contrato de depósito em razão tis incapacidade do


agente, o pagamento ao depositário pelas despesas tíe conservação do bem se
devem em vista das regras que vedam o enriquecimento sem causa. Pontes de
Miranda refere os arts. 964-966 do CC/1916, sobre pagamento indevido. O Có-
digo Civil de 2002, ao lado da disciplina do pagamento indevido, com normas
; que reproduzem o disposto no Código Civil anterior (art. 876 et sea), igualmente
; consagra cláusula geral de vedação do enriquecimento sem causa e imputação
do dever de restituição, em seu art. 884, cuja ação específica, todavia, tem caráter
subsidiário (art. 886 do CC/2002).
' No tocante ao menor relativamente incapaz, não pode invocar sua incapa-
cidade para deixar de responder como depositante ou depositário, se dolosa-
1
mente a ocultou, nos termos do art. 180 do CC/2002 (art. 155 do CC/1916). Da
mesma forma, Pontes de Miranda refere como invocáveis os arts. 156 e 157 do
CC/1916. O art. 157, revogado, foi reproduzido no art. 181 do CC/2002, estabe-
| lecendo que a obrigação de devolução de valor pago pelo relativamente incapaz
j em contrato anulado, depende da prova de que haja revertido em seu proveito.
Já no caso do art. 156, equiparando o relativamente incapaz a maior capaz nos
casos de obrigação por atos ilícitos, trata-se de norma que não subsiste em
nosso sistema vigente.
A nulidade do depósito por incapacidade absoluta do agente funda-se no art.
166,1, do CC/2002. Neste caso, a pessoa que se faz depositária, tendo recebido
de boa-fé (desconhecendo a incapacidade em questão), tem direito à indenização
| das benfeitorias segundo regra do art. 1.219 do CC/2002 (art. 516 do CC/1916). i
Na hipótese de incapacidade superveniente do depositário, há dever de restituição i
do bem por quem assumir sua administração, conforme o art. 641 do CC/2002,
que reproduz o disposto no art. 1.276 do CC/1916.
A regra sobre pluralidade de depositantes, prevista no art. 1.274 do CC/1916,
j no Código Civil vigente permanece a mesma, em seu art. 639, ainda que com a
redação do dispositivo ligeiramente alterada, impondo a cada um dos depositá-
rios a devolução da respectiva parte, salvo hipótese de solidariedade. No caso de
divisibilidade da coisa depositada, invocando-se, neste particular, as regras sobre
obrigações divisíveis (arts. 890 e 892 CC/1916), ora previstas nos arts. 257 e 259
do CC/2002.
Com relação ao bem depositado, tanto o art. 1.265 do CC/1916, quanto o
vigente art. 627 do CC/2002, fazem referência a bens móveis. A custódia de bem
imóvel, como garantia da execução, tinha regra no art. 945, II, do CPC/1939. No
Código de Processo Civil vigente, o art. 666, II. O art. 44, II, do CC/2002, que
considerava as apólices da dívida pública gravadas com inalienabilidade como
imóveis, não se reproduziu no Código Civil vigente.
A forma de prova do depósito voluntário, por escrito, prevista no art. 1.281 do
CC/1916, é reproduzida pelo art. 646 do CC/2002.0 mesmo ocorre com o dispos-
to no art. 1.267 do CC/1916, sobre a conservação do bem depositado fechado,
| colado, selado ou lacrado, se assim tenha sido recebido pelo depositário, o qual
! é reproduzido no art. 630 do CC/2002, com exceção da menção à presunção de
| culpa no caso de descumprimento, a que se induz, no regime atual, causa de
j imputação de responsabilidade independente de culpa (objetiva), por violação do
| dever de sigilo.
! Quanto ao sigilo dos depósitos bancários, disciplina-o a LC 105/2001.

| § 4.659. B - Doutrina

: A imputação do dever de restituição no caso de superveniência da incapaci-


| dade do depositário justifica-se na doutrina em vista do caráter intuitu personae
j do contrato de depósito e a confiança que o depositante tem em relação ao de-
| positário. Neste sentido identifica-se a incapacidade superveniente como causa
| de resolução do contrato (LOPEZ, Teresa Ancona. Op. cit., p. 395; ANDRIGHI, BENETI,
: ANDRIGHI, Op. cit., p. 401, RIZZARDO, Arnaldo. Op. cit., p. 653; PEREIRA, Caio Mário da
Silva. Op. cit., p. 336). Da mesma forma, equipara-se a hipótese a de falência do
I depositário (TEPEDINO, BARBOZA, MORAES. Op. cit., p. 404).
i Com relação à possibilidade de depósito de imóveis distingue-se a doutrina
! em relação aqueles que o admitem (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Op. cit., p. 328) e
| os que a rejeitam, identificando mera ficção legal (LÔBO, Paulo. Op. cit., p. 396-397;
| NEHY E NERY. Op. cit., p. 649).
! Identifica, parte da doutrina, o dever de guardar sigilo como inerente ao con-
trato de depósito em vista da sua natureza fiduciária (PEREIRA, Caio Mário da Silva.
| Op. cit., p. 335). Isso tem significado especial no caso da entrega do bem em
depósito fechado, colado, selado ou lacrado (art. 630 do CC/2002; art. 1.267 do
CC/1916), hipótese em que se identifica a doutrina uma obrigação acessória de
sigilo (TEPEDINO, BARBOZA, MORAES. Op. cit., p. 391; RIZZARDO, Arnaldo. Op. cit., p.
668), cuja violação gera pretensão de indenização (LOPEZ, Teresa Ancona, Op. cit.,
p. 361; ANDRIGHI, BENETI, ANDRIGHI. Op. cit., p. 385). No caso ao depósito bancário,
é abrangido pelo sigilo bancário admite-se duplo fundamento, de direito público,
vinculado ao direito à privacidade, e também em vista da natureza do negócio
(DELGADO, José Augusto. O sigilo bancário no ordenamento jurídico brasileiro. Re-
vista de Direito Bancário e Mercado de Capitais, vol. 13. p. 13 et seq. São Paulo:
Ed. RT, jul.-set. 2001; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Considerações sobre o sigilo
bancário. Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 36. p. 102 et seq. São Pau-
lo: Ed. RT, out.-dez. 2001).

§ 4.659. C - Jurisprudência

No depósito bancário, é amplamente reconhecido o sigilo assegurado


constitucionalmente, com fundamento no art. 5.°, X, da CF (STF, RE 389808,
j. 15.12.2010, rei. Min. Marco Aurélio Mello, DJe 10.05.2011). Decide-se, igual-
mente, que a incapacidade superveniente do depositário suspende a ação de
depósito (TARGS, HC 185038056, 4.a Câm. Civ., j. 29.08.1985, rei. Mário Ferrari).
Da mesma forma, afirma a jurisprudência que a incapacidade superveniente do
depositário extingue o contrato, porém não, naturalmente, a obrigação de restituir
(TRF 4.a Reg., ApCiv 0013751-19.1998.404.7100, j. 30.08.2010, rei. Marga Inge
Barth Tessler, DJe 10.09.2010).

§ 4.660. DURAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE DEPÓSITO

1. ESPÉCIES. - Pode dar-se a) que a nenhum têrmo se refira, explícita


ou implicitamente, o contrato de depósito, b) que haja têrmo determinado,
ou determinável.
O depositante pode ter interêsse no têrmo, determinável ou indetermi-
nável, e pode ser que êsse interêsse seja do depositário. Não é de afastar-se
que o têrmo interêsse aos dois.

2. CONTRATO DE DURAÇÃO. - Contrato de duração, cu de adimple-


mento continuado (mesmo se há interrupções, como se o depositante retira
a pasta com os papéis todos os dias quando sai para o trabalho, ou a hós-
pede do hotel pede, de noite, as jóias para as usar), o contrato de depósito
supõe tempo dentro do qual o depositário custodia.
3. DEPÓSITO E DETERMINAÇÃO DE TEMPO. - O depósito pode ser por
tempo determinado, ou determinável, ou por tempo indeterminado. To-
davia, diz o Código Civil, art. 1.268: "Ainda que o contrato fixe prazo à
restituição, o depositário entregará o depósito, logo que se lhe exija, salvo
se o objeto fôr judicialmente embargado, se sôbre êle pender execução,
notificada ao depositário, ou se êle tiver motivo razoável de suspeitar que
a coisa foi furtada, ou roubada (art. 1.273)".
A exigência da restituição não é revogação (Aliter, no mandato, Códi-
go Civil, art. 1.316,1, l .a parte), e sim denúncia vazia, mesmo se há prazo
determinado (no direito alemão, a denúncia é cheia, pois o § 696 do Có-
digo Civil alemão exige, fundamento importante, "ein wichtiger Grund").
Discute-se se o art. 1.268 do Código Civil é ius cogens ou ius dispo-
sitivum. Pela dispositividade, PAUL OERTMANN (Das Recht der Schuld-
verhaltnisse, 837), G. PLANCK (Kommentar, II, 4.A ed., 708) e JOSEFESSER
(Lehrbuch des Schuldrechts, 335). Por exemplo: o contrato diz que é „pelo
prazo de dois anos, quando, voltando ao Brasil, abrirá o cofre em que os
diamantes foram postos pelo depositário"; não há denunciabilidade vazia
nos dois anos; findos os dois anos, a restituição é em virtude de outra causa
de extinção, a que consta do art. 955 do Código Civil.
Não obstante a letra do art. 1.268 do Código Civil, havemos de en-
tender que, se há prazo determinado, os contraentes podem regular a pre-
tensão à restituição. 0 art. 1.268 tem de ser tratado como ius dispositivum.
Isso não significa que a irrestituibilidade negociai não fique exposta a que
o depositante alegue fundamento relevante para exigir o depósito, ou a
que o depositário mostre que as circunstâncias impossibilitam a guarda e a
conservação do depósito ou as fazem de dificílimo adimplemento.

4. TÊRMO A FAVOR DO DEPOSITANTE E TÊRMO A FAVOR DO DEPOSITÁRIO.


- A propósito do que se assenta quanto ao pedido de restituição, ou à resti-
tuição, não há qualquer distinção entre depósito oneroso e depósito gratuito.
Se o têrmo é a favor do depositário, o art. 1.268 do Código Civil não
é de invocar-se: o depositário pode denunciar o contrato, ao passo que o
depositante está adstrito ao têrmo. A denúncia pelo depositário há de ser
seguida de prazo razoável para a restituição, isto é, há de haver aviso pré-
vio ou pré-aviso. Ou, se é o caso, de depósito judicial.
A fixação de têrmo a favor do depositário não transmuta em como-
dato, ou em penhor, o negócio jurídico. Se passa à frente do interêsse de
custódia o de uso pelo depositário, então sim.
Se há têrmo e não se diz a favor de quem, o que se há de entender é
que foi inserto a favor do depositante.
Se nenhum têrmo se estabeleceu, qualquer dos figurantes pode denun-
ciar o contrato. Se é o depositante que o denuncia, o pedido de restituição
a que se refere o art. 1.268 do Código Civil denúncia é. Se é o depositário,
ou o depositante recebe o bem, ou ao depositário nasce a pretensão a que
se faça o depósito judicial (cf. Código Civil, arts. 1.270, 973,1 e n , 975 e
982). A denúncia pelo depositário é denúncia cheia, e não denúncia vazia.
O depositário somente pode denunciar se há "motivo plausível".
Se houve têrmo a favor do depositante, é preciso que haja invo-
cabilidade de alguma das regras jurídicas dos arts. 1.269 ou 1.270 do
Código Civil.

Panorama atuai pelo Atualizador

§ 4.660. A- Legislação

O art. 1.268 do CC/1916 é reproduzido pelo art. 633 do CC/2002, determi-


nando o dever de restituição incontinenti do bem pelo depositante ao depositário,
salvo nas hipóteses em que o objeto foi judicialmente embargado, recaia sobre eie
execução notificada ao depositário, ou tenha motivo razoável para suspeitar que
se trata de coisa furtada ou roubada. Além destas exceções, ressalva expressa-
mente o direito de retenção com fundamento no art. 644 do CC/2002, para fins da
remuneração do depositário, ressarcimento de despesas e prejuízos porventura
havidos com o depósito. A redação do art. 644, neste particular, faz expressa refe-
rência à retribuição/remuneração do depositário, no que diz mais que seu corres-
ponde art. 1.279 do CC/1916.0 art. 1.270 do CC/1916, de sua vez, é reproduzido
j pelo art. 635 do CC/2002.
j As regras sobre o pagamento em consignação a que se referiam os arts. 973,
I e II, e 982, do CC/1916, são reproduzidas, respectivamente, pelos arts. 335, I
j e II, no que se refere à hipótese de cabimento da ação consignatória, e 343 em
i relação à regra das despesas com o depósito, na hipótese do pedido ser julgado
| procedente, ambos do Código Civil vigente. Em relação ao art. 975 do CC/1916,
; citado por Pontes de Miranda, não foi reproduzido na legislação vigente. Contudo,
j tratando-se de regra de procedimento, observa a disciplina dos arts. 890 et seq,
do CPC.
O art. 1.269 do CC/1916, que prevê a providência do depositário de requerer
I que seja encaminhado ao depósito público, frente à suspeita de que o bem tem
origem ilícita, é reproduzido pelo art. 634 do CC/2002.
| § 4.660. B- Doutrina
i i
| Observa a doutrina que no contrato de depósito o prazo conta favor do deposi-
i tante, na linha do entendimento de Pontes de Miranda, embora possa se estabe- I
| lecer restrição convencional, como no caso do depósito vinculado (LOPEZ, Teresa J
Ancona. Op. cit., p. 366). Daí ser classificado por alguns doutrinadores como tem- !
: porário (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Op. cit., p. 327). A qualificação do depósito ;
! como contrato de duração é reconhecida pela doutrina contemporânea, inclusive j
admitindo-se em certos casos, como por exemplo nos depósitos bancários, tratar- j
-se de contratos de longa duração, a reforçar os deveres de colaboração e lealda- j
í de das partes, com fundamento na boa-fé objetiva (LORENZETTI, Ricardo. Contratos. ;
Parte especial. Buenos Aires: Rubinzal Culzoni, 2003. t. II. p. 522). |
Com respeito à possibilidade de recusa de restituição da coisa em razão de J
suspeita sobre sua origem ilícita, diverge a doutrina quanto a seu caráter de facul-
dade ou dever do depositário, a condicionar imputação ou não de responsabilida-
de (TEPEDINO, BARBOZA, MORAES. Op. cit., p. 395).

§ 4.660. C - Jurisprudência
Segundo afirma a jurisprudência, para que se desobrigue o depositário, no
termo final do contrato, da guarda da coisa, deve restituí-la ou requerer entrega a
depósito público, sob pena de em não o fazendo, responder por seus riscos (TRF-
-4.a, ApCiv 2001.04.01.086645-4, 4.a T„ j. 18.12.2002, rei. João Pedro Gebran
Neto, DJ 29.01.2003). Tratando-se de depósitos em garantia em contrato de alie-
| nação fiduciária, admite a jurisprudência a manutenção dos bens com o devedor/
depositário, quando indispensável à sua atividade econômica, respondendo pela
mora (STJ, REsp 607.961/RJ, 2.a Seção, j. 09.03.2005, rei. Min. Nancy Andrighi,
DJ 01.08.2005). Da mesma forma, a privação, por ato de império, do bem depo-
sitado, exime a responsabilidade do depositário frente ao depositante (STJ, REsp
65374/SP, 3.aT., j. 24.10.1995, rei. Waldemar Zveiter, DJ 11.12.1995). Da mesma
forma, tratando-se de depósito judicial, não responde o depositante por correção
monetária (STJ, REsp 1129510/SP, 2. a T., j. 25.05.2010, rei. Min. Herman Benja-
| min, DJe 30.06.2010). No mesmo sentido a Súmula STJ 179: "O estabelecimento
! de credito que recebe dinheiro, em deposito judicial, responde pelo pagamento da
! correção monetária relativa aos valores recolhidos".
CAPÍTULO I I
EFICÁCIA D O CONTRATO D E DEPÓSITO

§ 4.661. DIREITOS E DEVERES DO DEPOSITANTE

1. DESPESAS FEITAS PELO DEPOSITÁRIO. - S e o d e p o s i t á r i o f a z d e s p e -


sas para a guarda e a conservação da coisa depositada, tais como gastos
de reparação ou de conserto, alimento, medicação, ou prêmio de seguros,
desde que sejam, conforme o costume do tráfico ou as circunstâncias, in-
dispensáveis, ou que pareçam indispensáveis, tem o depositante o dever e
a obrigação de as pagar. No art. 1.278 do Código Civil estabelece-se: "O
depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coi-
sa, e os prejuízos que do depósito provierem" Quanto às despesas, não é
preciso que sejam indispensáveis; basta que razoavelmente ao depositário
pareçam ser indispensáveis. O êrro inescusável é que obsta a que lhe nasça
a pretensão ao reembolso.
O que faz típico o negócio jurídico bilateral do depósito é a confiança
do tradente na custódia pelo que tem de guardar a coisa. Guardar é pôr em
lugar seguro. Pode haver, noutros negócios jurídicos, o dever de guardar,
e essa é a razão por que as leis se referem a certas pessoas dizendo-as res-
ponsáveis "como depositários", e algumas respondem como o depositário
responderia, sem serem depositários {e. g., os administradores de títulos
representativos ou de crédito).
As discussões em torno de haver, ou não, dever de custódia proce-
deram, como vimos, de se atentar ora na duração do depósito ora no seu
adimplemento. O dever, para a segunda atitude, seria dever de adimplir
com integralidade do objeto depositado, ao passo que, para a primeira,
dever permanente, desde a entrega do objeto para depósito até a restitui-
ção. O argumento contra essa consistiu, principalmente, em ser sem grande
alcance a exigibilidade da custódia e da diligência se a responsabilidade
é pelo que resulte da própria fôrça maior ou do caso fortuito, que não se
possa provar. Cf. Código Civil, arts. 1.266-1.271 e 1.273.

2. POSSE, ELEMENTO DO SUPORTE FÁCTICO. - A coisa q u e se quer de-


positar pode não pertencer ao depositante. Basta que seja possuidor, para
que dê ao depositário a posse imediata. Todavia, o tenedor da coisa que
precisa depositá-la pode fazê-lo: o contraente é êle, o depositário recebe
posse imediata, em virtude de ato de gestão de negócios alheios por parte
do depositante. Pode ser o caso do achador que não se fêz possuidor (Tomo
X, §§ 1.064, 7, 1.081, 3, 6, e 1.137, 1).
Para a entrega da posse ao depositário, basta qualquer dos meios de
transferência da posse (tradição simples, tradição brevi manu, tradição lon-
ga manu, constituto possessório, cessão da pretensão à entrega da posse).
O vendedor que transfere a propriedade e acorda em que a coisa fique
depositada é alienante que transfere o domínio e a posse e se faz possuidor
imediato, pelo constituto possessório.

3. ELEMENTOS DE OUTROS CONTRATOS. - Se, a l é m da custódia, com


o requisito de lugar e guarda, o contrato atribui ao depositário atividade
especial de vigilância e cuidado (essa atividade pode ser intrínseca ao
depósito, caso em que não se precisa de cláusula ou de pacto adjecto), há,
a mais, contrato de locação de serviços, ou de mandato, ou há qualquer
dêsses e, a mais, o contrato de depósito. Se o contrato é apenas de loca-
ção de serviços ou de mandato, com a cláusula de responsabilidade como
depositário, o contrato não é de depósito, e apenas se agrava a responsa-
bilidade em relação à que resultaria do tipo do contrato. Faz irradiar-se o
dever de custódia.

4. CONTRATO DE EXPOSIÇÃO. - O contrato de exposição (exposição


artística, tecnológica, científica, industrial, comercial, agrícola; local, mu-
nicipal, estadual, nacional, internacional) pode envolver a responsabilidade
de depositário e de regra a envolve. O interêsse preponderante é o do depo-
sitante, em que se guarde e conserve e em que se exponha o que foi entre-
gue. O contrato é de depósito, com a obrigação de expor; ou de exposição
(contrato atípico), com a cláusula de depósito (contrato misto); ou simples
mandato. Não há solução a priori. O que mais acontece é o contrato misto
(expor e guardar).
5. CONTRATO ONEROSO OU GRATUITO. - D e regra, o contrato de depó-
sito é gratuito, no sentido de não haver remuneração ao depositário, mas
isso só tem, hoje, a relevância para se considerar dispositivo o princípio.
Os contraentes podem fazê-lo oneroso para o depositante, e é o que resulta
do art. 1.265, parágrafo único, do Código Civil: "Este contrato é gratuito;
mas as partes podem estipular que o depositário seja gratificado". Se a
remuneração apenas indeniza gastos que tem de fazer o depositário, ou se
não há qualquer gratificação, o contrato é unilateral e gratuito. As gorjetas
e mais presentes que o depositante dá aos empregados do depositário de
jeito nenhum fazem oneroso o contrato de depósito. Tão-pouco é oneroso
o contrato de depósito porque o depositante teve de pagar as despesas de
transporte para o lugar do depósito, feitas pelo depositário, ou porque al-
guém fêz presente ou alguns presentes ao depositário.
A extinção do dever de restituir importa, correlativamente, a extinção
do dever do depositante de pagar qualquer remuneração ao depositário,
que se haja estabelecido em cláusula ou em pacto adjecto. Tem-se, então,
de remunerar somente pelo tempo em que foi diligentemente exercido o
dever de custódia. ;

6. REMUNERAÇÃO PARCIAL. - S e a r e m u n e r a ç ã o f o i p o r p e r í o d o o u
tempo único antes de cujo têrmo foi exigida a restituição da coisa, é de
entender-se, na dúvida, que só se presta a parte correspondente ao tempo
em que a coisa esteve depositada. Se, a despeito de acordarem no depósito
os interessados, a coisa não foi entregue, não há pensar-se em remunera-
ção, salvo cláusula expressa em que se preveja tal obrigação pré-contra-
tualmente assumida, como se o contraente, que teria de receber a coisa,
tem de reservar lugar para ela, ou fazer gastos. Se o contrato de depósito é
consensual, ou se houve pré-contrato, a remuneração pode ser cobrada em
caso de inadimplemento e exigida a indenização de perdas e danos.
Nos contratos consensuais de depósito, é usual pagar-se, à assinatura
do contrato, ou à sua conclusão, com o só recibo da remuneração ("Recebi
de B em cuja casa serão apanhados hoje os móveis descritos no verso"),
parte ou toda a prestação periódica. Se o depositante muda de vontade e
deixa de entregar o objeto, tem-se de interpretar que a parte ou o total da
prestação periódica é irrepetível pelo depositante.

7. "SEQUESTRATIO" E SEQÜESTRO. - Caso especial de depósito, no di-


reito romano, era a sequestratio. Supõe-se pluralidade de pessoas interes-
sadas no depósito, a uma das quais se há de entregar a coisa, conforme fôr
determinada. E interessante observar-se que o seqüestratário tinha aposse,
à diferença dos outros depositários. A ação para a restituição era a ação de
depósito, a actio depositi seqüestraria (POMPÔNIO, L. 12, § 2, D., depositi
vel contra, 16, 3; PAULO, L. 6). Exemplos de seqüestração no direito ro-
mano, tinham-se no depósito da coisa sôbre cuja propriedade pendia litígio
(cf. FLORENTINO, L. 17, D., depositi vel contra, 16, 3).
Advirta-se em que é rara, hoje, a seqüestração, depósito voluntário; o
que há é o seqüestro por fôrça de lei, ou como medida cautelar.
A má terminologia de algumas leis confunde o seqüestro e a penhora,
que é início de execução. O que há de comum, entre eles, quando deter-
minado aquêle pelo juiz, é o serem medidas constritivas, aquela cautelar,
e essa, não.
Sôbre a diferença entre a sequestratio e o seqüestro, Tomo X, §
1.114, 1.
No direito brasileiro, o seqüestro extrajudicial, que é aquêle que se
perfaz com a entrega da coisa, por uma ou mais pessoas, para que poste-
riormente se diga quem lhe pode exigir a restituição, só se refere a coisas
móveis. No tocante a imóveis, o negócio jurídico, com os poderes e deve-
res de administração, de regra não é o depósito (aí, sequestrum). Mas há o
depósito cautelar e executivo de bem imóvel.

8. LUGAR DADO SEM ASSUNÇÃO DE DEVER DE CUSTÓDIA. - Se alguém


recebe ou permite que outrem deixe em certo lugar, ou em qualquer lugar
que ocupa, algum objeto, sem assumir dever de custódia (= com a só vigi-
lância geral, inespecializada), não há contrato de depósito. É o que se passa
com o abrigo que se põe na salinha de entrada da frisa ou do camarote, ou
com o cavalo ou com a bicicleta que se encostou ao muro ou à árvore do
jardim, ou com a pasta que se entregou à porteira do gabinete médico ou do
escritório de advocacia, para se vir buscar mais tarde. O abrigo que se en-
trega ao encarregado ou encarregada do guarda-chapeus fica em depósito,
mas o cartão, que se dá para a retirada, é título suficiente de legitimação.
O chapeleiro do edifício da fábrica ou da casa comercial e o responsável
pelos automóveis ou bicicletas dos operários são depositários.
Sempre que a guarda é forçada, como se dá nas alfândegas, pontos
de fiscalização, seqüestro judicial ou policial, nos cartórios e secretarias
de tribunais (no que concerne a documentos e escritos), há contrato de
depósito.
Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.661. A- Legislação

O art. 1.265, capute parágrafo único, do CC/1916, foi reproduzido pelos arts.
627 e 628 do CC/2002. Quanto à gratuidade do contrato de depósito, inclusive,
acrescenta o art. 628 vigente, que esta será a regra, salvo se houver convenção
em contrário, se resultante de atividade negociai ou se o depositário o praticar
por profissão. .
No tocante aos deveres principais de guarda e conservação da coisa, o
art. 1.266 do CC/1916, revogado, tem seu conteúdo reproduzido no art. 629 do
CC/2002.
O comando do art. 1.278 do CC/1916 é reproduzido pelo art. 643, do CC/2002.
As demais disposições, dos arts. 1.266 a 1.271 e 1.273 do CC/1916, foram repro-
duzidas parcialmente pelos arts. 629 e ss., no CC/2002.
Sobre o seqüestro como medida executiva, disciplina-o os arts. 822 a 825
do CPC.

§ 4.661. B- Doutrina

Considera a doutrina, a semelhança do indicado por Pontes de Miranda, o


dever de custódia como elemento nuclear do contrato de depósito (LÒBO, Pau-
lo. Direito civil - Contratos. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 396; TEPEDINO, Gustavo;
BARBOSA; MORAES. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República.
Rio de Janeiro: Renovar, 2006. t. II, p. 384; LOPEZ, Teresa Ancona. Comentários ao
Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. vol. 7, p. 343).
No caso da remuneração do depósito, igualmente, entende-se que pode ser
: mediante contraprestação do interessado (remuneração direta), remuneração por
| certotempo (parcial), ou ainda a obtenção de vantagem econômica indireta.
| Quando há permissão a que se deixe a coisa, porém sem vigilância especia-
| lizada de guarda, observa Pontes de Miranda que não há depósito por faltar-lhe
| o dever de custódia. Na doutrina contemporânea, quanto a este aspecto, há di-
| vergência quanto à natureza jurídica do serviço de cofre de segurança em banco,
sendo que parte da doutrina inclina-se por reconhecer ali depósito (STOCO, Rui.
A prestação de serviços bancários de cofres de segurança à luz do código de
defesa do consumidor, AT728/37; ZANINI, Carlos. A natureza jurídica do contrato
bancário de cofre de segurança e o regime da responsabilidade do banco, RT
792/11), porém outra parte reconhece mero contrato de guarda, comprometendo-
-se apenas com o controle de acesso ao local (VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil
- Contratos em espécie. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 249).
Já nos casos que Pontes de Miranda identifica, em que a guarda é força-
da, de regra, por mediante atuação estatal, diz que há depósito. Nesse aspecto,
i examina-se se há ou não necessidade de coerção para que se caracterize o de-
i pósito necessário, considerando-se que sua hipótese principal é quando se dá no
j desempenho de obrigação legal (LOPEZ, Teresa Ancona. Op. cit., p. 415).

§ 4.661. C-Jurisprudência |

Conforme já anotou-se em parágrafo precedente, afasta-se a jurisprudência '


| do entendimento de Pontes de Miranda, ao desclassificar a locação de cofres de |
segurança como espécie de locação, caracterizando-os como contrato de de- i
pósito (STJ, REsp 767923/DF, 4.a T, j. 05.06.2007, rei. Min. César Asfor Rocha, i
DJ 06.08.2007; TJRJ, ApCiv 2005.001.51532, 2 a Câm., j. 28.12.2005, rei. Carlos '
Eduardo Passos, p. 06.01.2006), embora em boa parte dos casos haja o exame
| da responsabilidade sem questionar a natureza do contrato das partes, mas o de- !
j ver de custódia sobre os bens que se encontrem no cofre (STJ, REsp 333.211/RJ, i
; 4.aT., j. 13.11.2001, rei. Min. César Asfor Rocha, DJ 18.03.2002; REsp 994040/ j
I PE, 4.aT., j. 07.04.2011, rei. Min. Raul Araújo, DJe 18.04.2011).
O depósito que se realiza no interesse da atividade negociai induz o dever de
guarda e responsabilização do depositário por perda da coisa (STJ, REsp 18.163/
SP, 3. a T.,j. 24.03.1992, rei. Min. Nilson Naves, DJ 20.04.1992).

§ 4.662. USO E CUSTÓDIA DO BEM DEPOSITADO

1. Uso E PROPRIEDADE. - A q u i , o que nos interessa é a cláusula de uso


(= cláusula de poder ou de dever o depositário usar a coisa depositada), ou o
pacto adjecto de uso (= pacto de poder ou de dever o depositário usar a coi-
sa depositada), e não a transmissão da propriedade da coisa depositada, as-
sunto que adiante se versará a propósito do depósito irregular, stricto sensu.
Ao depositário não se permite usar a coisa, salvo cláusula ou pacto
adjecto expresso. Lê-se no art. 1.275 do Código Civil: "Sob pena de res-
ponder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa
do depositante, servir-se da coisa depositada". Se há contraprestação, di-
ficilmente os elementos do suporte fáctico deixam de compor a figura da
locação; mas, ainda aí, não é para se dizer que, havendo contraprestação,
há locação, e não depósito. O que importa saber-se é se o depósito é o que
está na intenção dos contraentes, sendo o uso ou o uso e a fruição por pacto
adjecto ao contrato de depósito. Exemplo de simples obrigação secundária
tem-se na de cobrar os cupões dos títulos depositados ou a p r e s e n t á - l o s
para efeitos de conservação de pretensões, ou para recebimentos, ou para
o exercício dos direitos formativos.
Se o depositante consentiu no uso do bem depositado, tem-se de dis-
tinguir do depósito de bem fungível o depósito de bem infungível. Ali, o
depósito é irregular; aqui, regular. Se regular o depósito, tem-se de saber se
verdadeiramente o é, ou se não passa de comodato. Aliás, só há a questão
se gratuito o contrato. O que importa é a posição do interêsse no contrato:
se de quem recebe o bem, há comodato; se de quem entrega, há depósito.
Se há depósito com permissão do uso, o exercício do uso é regulado como
seria o do comodatário (cf. Código Civil, arts. 1.251, 1.252 e 1.254).

2. REGRAS JURÍDICAS CONCERNENTES AO DEPÓSITO. - O depósito m a i s


freqüente e típico, com a incidência, portanto, de tôdas as regras jurídicas
tocantes ao depósito, era, em direito romano, e continua de ser, o depósito
de coisas certas. Sôbre elas não adquiria o depositário domínio, nem - por
imperfeição da teoria da posse segundo o direito romano - posse. No direi-
to brasileiro, o depositário, em princípio, não adquire o domínio, mas rece-
be, sempre, a posse. O art. 486 do Código Civil atribui-lhe, implicitamente,
a posse imediata, que pode, aliás, mediatizar-se. Ao depositário conforme
o direito romano só se reconhecia a tença (= detenção, no direito comum,
naturalis possessio, o tenere rem).
O depositante tinha, em direito romano, a actio depositi directa; às
vezes, a actio depositi contraria, o depositário.
Regia e rege hoje o princípio da restituibilidade cogente. O deposi-
tante podia exigir, quando entendesse, pela actio depositi, a restituição da
coisa depositada. Havia, para isso, a pretensão e a ação. No direito brasilei-
ro, vige tal princípio, que se exprime no art. 1.268 do Código Civil: "Ainda
que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o depósito,
logo que se lhe exija, salvo se o objeto fôr judicialmente embargado, se
sôbre êle pender execução, notificada ao depositário, ou se êle tiver moti-
vo razoável de suspeitar que a coisa foi furtada, ou roubada (art. 1.273)".
Teremos ensejo de cogitar do direito de retenção que pode ter, hoje, o
depositário (art. 1.279).
Em direito romano, o depositário somente respondia pelo dolo, ou - já
no direito justinianeu - pela culpa lata. O que se pode trazer à tona contra a
segunda proposição seria a L. 32, D., depositi vel contra, 16, 3, mas temos
que não é de CELSO a referência a depósito. Por outro lado, na L. 1, § 5, D.,
de obligationibus et actionibus, 44, 7, houve interpolação.
Os direitos e as pretensões que tinha o depositário, como teria o co-
modatário, exerciam-se em iudicium contrarium.
À actio depositi directa não se podia opor compensação, nem direito
de retenção (cf. L. 11, C, depositi, 4, 34; e o texto de PAULO, Sententiae,
II, 12, 12: "In causa depositi compensationi locus non est, sed res ipsa re-
ddenda est"). Veja-se o que, no Tomo XXIV, § 2.987, 4, dissemos sôbre o
texto de PAULO, que é espúrio.

3. ALTERAÇÕES AOS PRINCÍPIOS DO DEPÓSITO. - (a) A o depositário


pode agravar-se dever ou obrigação (maior diligência, assunção dos ris-
cos). Daí resulta que os arts. 1.266 e 1.277 do Código Civil podem ser
atingidos, por expressa cláusula ou pacto adjecto. Na L. 1, § 6, D., depositi
vel contra, 16, 3, ULPIANO disse-o: "Si convenit, ut in deposito et culpa
praestetur, rata est conventio: contractus enim legem ex conventione acci-
piunt". Adiante, na L. 1, § 35, acrescentou: "Saepe evenit, ut res deposita
vel nummi periculo sint eius, apud quem deponuntur: ut puta si hoc nomi-
natim convenit" (cf. L. 39, D., mandati vel contra, 17,1). Na L. 7, § 15, de
pactis, 2, 14, ULPIANO informa: "si quis pactum sit, ut ex causa depositi
omne periculum praestet, Pomponius ait pactionem valere nec quasi contra
iuris formam factam non esse servandam". O texto da L. 1, § 35, é expres-
sivo: por vêzes ocorre que se deposita a coisa a risco do depositário. E foi
o q u e disse POMPÔNIO. s e g u n d o ULPIANO.
(b) O depositário pode ser favorecido por alguma cláusula ou pacto
adjecto. O art. 1.275 do Código Civil é a regra jurídica que o reconhece:
"Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem
licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada".
Se o depósito cabe na espécie prevista no art. 1.280, o uso está in-
cluído no domínio. Não basta que a coisa seja fungível, é preciso que seja
fungível e se haja anuído na transferência da propriedade.
Se o depósito não cabe na espécie prevista no art. 1.280, é preciso
cláusula expressa ou pacto adjecto expresso.
Na L. 34, pr., D., mandati vel contra, 17, 1, AFRICANO acentuou que,
se se convenciona que o dinheiro que se deu em depósito passa a ser cre-
ditado, o que era do depositante se faz do depositário (quod, si pecuniam
apud te depositam convenerit ut creditam habeas, credita fiat, quia tunc
nummi, qui mei erant, tui fiunt).
Na L. 9, § 9, D., de rebus creditis si certum petetur et de condictione,
12,1, é de ULPIANO: "Depositei dez moedas e depois te permiti usar delas:
Nerva e Próculo dizem que também antes de serem utilizadas posso recla-
má-las pela condictio como quase mutuo feito a ti, e é verdadeiro, como
também parecia a Marcelo: porque começou de possuir com animus. E
depois o risco passou ao que solicitou o mútuo e poder-se-á reclamar pela
condictio". Com o depósito, teve o corpus; com o pacto, vem o animus e
dá-se aquisição.
A concepção e a teoria da posse, que tem o sistema jurídico brasileiro,
não podem mais admitir o que está em U L P I A N O . A O depositário vai a pos-
se imprópria imediata, que se pode mediatizar. Depois, com a permissão de
utilização das moedas, é a posse própria que se transfere.

4. D E P Ó S I T O E M SEGURANÇA. - Depósito em garantia diz-se o depósito


que se faz para que, com êle, se assegure a solução de alguma dívida pre-
sente ou futura. Ou há, no que se convencionou, depositum simulatum (cf.
L. 27, D., depositi vel contra, 16, 3), ou penhor, ou depósito que funciona
como garantia, em virtude de pacto que não lhe alterou a natureza (e. g., o
banco tem permissão para se pagar com o depósito, que se fêz com prazo
para a retirada).

5. D E P Ó S I T O NOS A R M A Z É N S GERAIS: - Já tratamos dos depósitos nos


armazéns gerais, dos conhecimentos e dos warrants, títulos representativos
(Tomo XV, §§ 1.757, 5, 7; 1.825; 1.830-1.832; XX, § 2.549, 2; XXI, §§
2.595; 2.634; 2.659-2.667; XXXHI, § 3.799, 2).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.662. A - Legislação
O art. 1.275 do CC/1916, estabelece que o depositário, como decorrência do
dever de custódia, não pode se servir da coisa depositada sem licença expressa
do depositante, sob pena de responder por perdas e danos. Esta regra encontra-
-se reproduzida in integrum no art. 640 do CC/2002, o qual, contudo, foi além, ao
proibir igualmente o depositário de dar em depósito a terceiro, bem como, se o
i fizer com autorização do depositante, a responder por culpa na sua escolha.
I Os arts. 1.251, 1.252 e 1.254 do CC/1916, que disciplinam os deveres e a
| responsabilidade do comodatário, correspondem aos arts. 582 e 584 do CC/2002.
| O art. 486 do CC/1916 que define a posse indireta e seus efeitos, manteve seu
i significado, com melhoria da redação no art. 1.197 do CC/2002, que estabeleceu
regra genérica reconhecendo a posse indireta e sua convivência com a posse !
direta do bem, acrescentando, contudo, em relação à legislação revogada, de !
! modo expresso, a legitimidade do possuidor direto defender a sua posse contra
| o indireto.
| O art. 1.268 do CC/1916, que dispunha sobre o dever de restituição do deposi- i
! tário a qualquer tempo, quando exigido pelo depositante, e respectivas exceções, I
! é reproduzido pelo art. 633 do CC/2002, apenas ressalvando expressamente,
! além da transcrição da norma, o direito de retenção com fundamento no art. 644
| do mesmo Código, para fins de ressarcimento de despesas. Este art. 644 corres- I
í ponde ao art. 1.279 do CC/1916. :
i O art. 1.266 do CC/1916, que dispõe sobre o dever de guarda, custódia da j
coisa e restituição da coisa no depósito, corresponde ao art. 629 do CC/2002. O I
art. 1.277, revogado, relativo à exclusão da responsabilidade do depositário na j
hipótese de caso fortuito e força maior, é reproduzido pelo art. 642 do CC/2002,
sem a menção ao caso fortuito.
i
i
t § 4.662. B - Doutrina
, A doutrina contemporânea segue a tradição de considerar a excepcionalidade
do uso da coisa pelo depositário no contrato de depósito, especialmente em cotejo
à obrigação principal de custódia. O aspecto mais controverso, todavia, é se a au-
torização de uso não serve para desnaturar o contrato como depósito, passando a
I configurar espécie de comodato (se coisa infungível) ou mútuo (se coisa fungível),
j Parte da dourina cogita, inclusive, com apoio na jurisprudência, o enquadramento
! do uso não autorizado da coisa como crime de apropriação indébita (ANDRIGHI,
I Nancy; BENETTI, Sidnei; ANDRIGHI, Vera. Comentários ao novo Código Civil. Rio de
| Janeiro: Forense, 2008. vol. 9, p. 398).
| No caso do dever de restituição, converge a doutrina, nos termos da lei, com
í a lição de Pontes de Miranda sobre o dever de restituição incontinenti da coisa
depositada ( L Ô B O , Paulo. Op. cit., p. 405). Nesse sentido, observa a doutrina que
j o direito de retenção para efeito de pagamento das despesas com o depósito,
ou como acrescenta o Código Civil vigente em relação ao anterior, também da
remuneração do depositário no caso de depósito oneroso, só existirá quando for a
I dívida líquida e certa ( T E P E D I N O , BARBOZA, M O R A E S . Op. cit., p.,645).
| Com relação à excludente de responsabilidade do depositário nas hipóteses
| de caso fortuito e força maior, afirma-se o princípio da res perit domino, que indica
| os riscos da coisa ao proprietário. Nesse sentido, observe-se que em nada muda
j a reflexão de Pontes de Miranda com fundamento na norma do Código Civil de
1916, que fazia expressa menção ao caso fortuito e à força maior, em relação
ao Código vigente, em que o art. 642 do CC/2002 faz referência apenas à força
maior, a não ser no tocante à afirmada distinção entre o fortuito interno o fortuito
| externo, desenvolvido pela doutrina contemporânea. Neste particular, observe-se
! que a qualificação como fortuito interno, de eventos ligados à atividade negociai,
! faz com que deixe de ser considerado para fins de afastar a responsabilidade,
| configurando risco inerente a uma determinada atividade, suscetível de respon-
j sabilidade agravada ( N O R O N H A , Fernando. Direito das obrigações. São Paulo: Sa-
!
raiva, 2010. p. 651).
! § 4.662. C - Jurisprudência
j É uníssono na jurisprudência que o direito de retenção, para ser exercido, deve
I ter comprovação suficiente acerca das despesas e/ou remuneração a que se refe-
a
! r e m (TJSP, ApCiv 9075336472006826,19. Câm. de Direito Privado, j. 28.02.2011,
j rei. João Camillo de Almeida Prado Costa, p. 21.03.2011). No que se refere à res-
ponsabilidade dos armazéns gerais, a incidência do Decreto 1.102/1903 implica
i na responsabilidade objetiva sobre danos a mercadorias em depósito (STJ, REsp
! 523.884/GO, 4.aT., j. 14.09.2010, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 23.09.2010).
Da mesma forma, o reconhecimento do roubo ou furto dos bens depositados em
banco firma-se como espécie de fortuito interno, de modo a não afastar a respon-
sabilidade do depositário (STJ, REsp 1133111/PR, 3. a T„ j. 06.10.2009, rei. Min.
Sidnei Beneti, DJe 05.11.2009).

§ 4.663. DEVERES E DIREITOS DO DEPOSITÁRIO

1. D E V E R DE CUSTODIAR. - (a) Tem o depositário o dever de custodiâr.


O depositante, ao entregar-lhe a coisa, presumivelmente se informou quan-
to à idoneidade e aos hábitos do depositário a respeito do que guarda, seu
ou seu e dos outros. Por isso, há de esperar que o depositário tenha com o
depósito o cuidado que costuma ter com o que lhe pertence.
Na L. 32, D., depositi vel contra, 16, 3, C E L S O lembrou a P R Ó C U L O e
a N E R V A : "O que dizia Nerva ser o dolo culpa mais lata, e não agradava a
Próculo, a mim me parece mui verdadeiro. Pois que, também, se alguém
é diligente pelo modo que a natureza dos homens requere, mas não tem
cuidado com o depósito a seu modo, não precisa de fraude: porque, de boa
fé, não porá menor cuidado nelas do que nas suas coisas" (nec enim salva
fi.de minorem is quam suis rebus diligentiam praestabit).
No contrato de depósito, o dever de custodiar é o dever principal. O
depositário recebe o bem depositável para guardá-lo, porque êsse é o fim
que tem o depositante. Se algum outro dever passa à frente, não se trata de
depósito, mas de outro contrato, ou de contrato misto.
Custódia não é administração. Administra quem assume gestão eco-
nômica. Não basta que mantenha o bem no estado em que o recebeu. O
depositário não tem, sequer, dever de segurar o bem. De regra, quem admi-
nistra custodia, mas quem custodia de regra não administra.
Todos os bens ocupam espaço. Porém seria errôneo dizer-se que cus-
todiar implica reservar espaço, ou, afortiori, reserva imutável de espaço.
Cláusula contratual pode determiná-lo, o que é plus, em relação ao contra-
to típico.
No contrato de depósito pode-se (e usa-se) inserir a cláusula de o bem
ser posto em determinado lugar em que o depositário costuma colocar os
bens depositados, ou num dos lugares, ou de ser a certa altura ou com
exigências de frio ou de calor, de ar seco ou úmido, ou sem (ou com) a
proximidade de outros objetos.
O dever de custódia, em princípio, se limita à dação de lugar e de
proteção eficaz, que supõe a prática de atos de conservação e a omissão
de atos danosos ou que possam expor a danos. O depositário tem de estar
atento ao que se passa com o bem depositado, para que a tempo possa afas-
tar o que prejudicaria o bem depositado. Não é, salvo cláusula contratual,
adstrito a conservar o bem no estado estrito em que se achava, embora se
leia no art. 1.266 que lhe toca dever de "conservação" do bem. Os bens de-
positados também sofrem deteriorações pelo tempo. Também se estragam
em peças. Também requerem reparos e podem, por defeitos estranhos à
conservação, diminuir de valor ou de utilizabilidade.
Diz o Código Civil, art. 1.277: "O depositário não responde pelos
casos fortuitos nem de fôrça maior; mas, para que lhe valha a escusa, terá
de prová-los".
O que importa, quanto ao art. 1.277, é atender-se a que êle somente
estabeleceu, contra o depositário, o ônus de alegar e provar. Se houve caso
fortuito ou fôrça maior e o depositário alega e prova o que ocorreu, não
responde pelo dano, mesmo que tenha havido destruição do bem. Se, em
vez disso, houve o caso fortuito e êle deixou de alegar, oportunamente, ou
alegou porém não provou o caso fortuito ou a fôrça maior, responde pelos
danos, quaisquer que sejam.
No art. 1.278 do Código Civil estatui-se que o depositante tem de
pagar ao depositário as despesas feitas com o bem e os prejuízos que do
depósito lhe advieram. Entenda-se: despesas que não hajam resultado de
culpa do depositário e prejuízos que provenham de culpa do depositante na
conclusão do contrato, isto é, se êsse não comunicou a causa ao depositário
ou êle mesmo não a conhecia.
O dever de custódia compreende o de reparos e alterações que o estado
do bem depositado exija, tais, que o depositário, se o bem fosse seu, faria, e
que o depositante, conhecendo o que ocorre, exigiria ou permitiria. Todavia,
o depositário, antes de qualquer reparo ou alteração, deve avisar o deposi-
tante, a tempo de receber a resposta, salvo se há algum risco na espera.
(b) O depositário é possuidor imediato, que pode ter servidores da
posse. Não pode entregar a posse a outrem. No direito brasileiro, a regra
jurídica, não-escrita, e ius dispositivum. No direito alemão, o § 691 do
Código Civil alemão é interpretativo, o que, de iure condendo, não é solu-
ção recomendável. Se o depositário, sem permissão, dá a outrem a posse
imediata, fazendo-o ou não depositário, infringe o contrato e responde por
perdas e danos. Se foi inseria a cláusula de entregar a guarda, a responsa-
bilidade do depositário é por sua própria culpa, inclusive in eligendo.
Quanto a servidores da posse, como ajudantes na custódia ou na con-
servação, têm eles de operar rigorosamente conforme o conteúdo e a finali-
dade do contrato. De ordinário, são permitidos os ajudantes que a natureza
do objeto depositado exija. A responsabilidade do depositário é pela culpa
in eligendo ou com fundamento no art. 1.521, III, do Código Civil, sem se
afastar a de infrator.
O depositário pode modificar a guarda da coisa, inclusive quanto ao
lugar, se, pelas circunstâncias, seja de supor-se que o depositante apro-
varia a modificação se conhecesse o ocorrido. Tem de comunicá-lo ao
depositante e aguardar a resposta, se não há perigo na demora das provi-
dências aconselháveis.
Mesmo se foi inserta cláusula de determinado lugar para a guarda do
bem, a superveniência de perigo que não podia ser previsto, ou que se não
previu, permite ao dèpositário mudar o lugar do depósito. Tem, conforme
os princípios, de previamente avisar o depositante, ou de avisar em prazo
razoável, se a demora na mudança poderia ser lesiva.
(c) O depositante pode, a qualquer momento, exigir a restituição da
coisa. O art. 1.268 do Código Civil é dispositivo: "Ainda que o contrato de
depósito fixe prazo à restituição, o depositário entregará o depósito, logo
que se lhe exija, salvo se o objeto fôr judicialmente embargado, se sôbre
êle pender execução, notificada ao depositário, ou se êle tiver motivo ra-
zoável de suspeitar que a coisa foi furtada, ou roubada (art. 1.273)". O art.
1.268 põe o princípio da restituibilidade do depósito. O depositário, em
exceção, pode e tem de alegar que sobreveio medida constritiva, que lhe
conservou a posição jurídica de depositário, mas o tornou (também) depo-
sitário judicial, ou que lhe foi tomada a posse imediata para se entregar a
depositário judicial. A medida constritiva, a que a lei se refere, é qualquer
medida constritiva que estabeleça vedação de alteração da posse imediata
ou outra posse perante a justiça (arresto, seqüestro, busca e apreensão,
exibição, penhora).
O arresto veda dispor, restringindo a posse, pois o arresto é feito, ex
hypothesi, em mãos do depositário. O seqüestro retira posse imediata e
dá a posse imediata ao depositário ou a outrem. Quando o juiz retira a
posse imediata ao depositário, em verdade mediatizci a posse do deposi-
tário. Têm-se, então, em ordem: posse própria, mediata, do dono; posse
imprópria, mediata, do depositário negociai; posse imprópria, imediata, do
depositário judicial, que pode ser o depositário negociai.
Se o depositante exige a restituição, mas o faz inoportunamente, como
se quer, sábado, ou domingo, ou em dia feriado, os títulos que estão de-
positados no escritório ou no banco, o depositário pode responder que o
expediente está fechado e somente recomeça no primeiro dia útil.

2. B E M E ACESSÕES. - A coisa há de ser restituída com as suas aces-


sões. Quanto às pertenças, hão de constar do instrumento de depósito, ou
de pacto posterior. As partes integrantes consideram-se entregues em sua
totalidade, porque foi entregue a coisa e não se pode admitir que só se haja
entregue a coisa sem alguma parte dela constar do instrumento do contrato
ou de pacto posterior (declarativo) que faltava.

3. R E S T I T U I Ç Ã O . - Lê-se no art. 1.269 do Código Civil: "No caso do


artigo antecedente, última parte, o depositário, expondo o fundamento da
suspeita, requererá que se recolha o objeto ao depósito público".
O art. 1.269 do Código Civil é ius cogens. Também o é o § 695 do Có-
digo Civil alemão, a despeito das divergências da doutrina. Entendem G.
P L A N C K (Kommentar, I I , 7 0 7 ) , L . E N N E C C E R U S - H . L E H M A N N (Lehrbuch,
I , 2 , 3 1 . A - 3 5 . A ed., 5 5 0 ) e O . V O N G I E R K E (Deutsches Privatrecht, I I I , 7 3 6 ,
nota 50) que se trata de direito dispositivo; porém não era essa a opinião de
P . O E R T M A N N (Das Recht der Schuldverhültnisse, 8 3 6 ) , F . SCHOLLMEYER
(Das Recht der einzelnen Schuldverhültnisse, 1 3 5 ) , H . D E R N B U R G (Das
Bürgerliche Recht, II, 2, 1329) e outros. Se a vontade dos contraentes não
pudesse retirar o princípio da restituibilidade a líbito do depositante, no
caso do art. 1.269 haveria razão para a espera.
No direito alemão (Código Civil alemão, § 695), se há tempo marca-
do para a restituição, o depositante pode exigi-la a qualquer tempo. Bem
assim no direito brasileiro: o depositante pode exigir a restituição quando
queira; é inteiramente a seu líbito. Só há as exceções de que acima se falou.
Conforme dissemos (§ 4.660, 3, 4), o art. 1.268 do Código Civil é
ius dispositivum, pôsto que a cláusula de prazo possa ser sem qualquer
fundamento.
Surgem os problemas do têrmo a favor do depositário e do têrmo a
favor do depositante. Somente se devem atender se há interêsse legítimo
em que haja o têrmo.
A restituição há de fazer-se no lugar em que se previu, ou no lugar em
que se fêz o depósito, ou em que, sem culpa do depositário, se acha. O de-
positário não tem de levar ao depositante o bem depositado. Em todo caso,
pode o depositante determinar que se entregue a terceiro, ou se remeta a
terceiro, às expensas e a risco do depositante. Na L. 12, § 1, D., depositi
vel contra, 16, 3, P O M P Ô N I O deixou-o em termos claros: "O depósito deve
ser restituído naquele lugar em que se acha, sem dolo mau daquele com
que está o depósito: e não importa onde está o depósito (Depositum eo loco
restitui debet, in quo sine dolo maio eius est, apud quem depositum est: ubi
vero depositum est, nihil interest). Comumente, o mesmo se há de entender
em todos os juízos de boa fé. Mas é de dizer-se que, se quer o autor que de
sua conta e risco se leve a coisa a Roma, há de ser ouvido, porque isso tam-
bém se observa na ação de exibição (eadem dicenda sunt communiter et in
omnibus bonae lidei iudiciis. sed dicendum est, si velit actor suis inpensis
suoque pericolo perferri rem Romam, ut-audiendus sit, quoniam et in ad
exibendum actione id servatur)".
Não é essencial ao contrato de depósito que haja a contínua disponi-
bilidade pelo depositante. Pode ocorrer, por exemplo, havendo interêsse
do depositário, como o de somente restituir o quadro de pintor célebre,
que está em depósito, ao terminar a exposição de pintura que êle, ou grupo
a que pertence planejou. O prazo para a restituição, a que se refere o art.
1.268 do Código Civil, é prazo de restituição a favor do depositante. Pode
haver a cláusula de não-restituibilidade até certo tempo, cláusula a favor
do depositário.

4 . R E S T I T U I Ç Ã O FORA D E T E M P O . - O depositário, se foi fixado prazo,


somente pode antecipadamente restituir o depósito se há razão relevante
para isso. Se não foi fixado, pode fazê-lo a qualquer tempo, desde que não
seja inoportuno o momento. Se o depositante não retira o depósito, ou não
o recebe, incorre em mora accipiendi e também em mora debendi, porque
tem a obrigação de retirar.

5. A Ç Ã O C O N T R A O DEPOSITÁRIO, DITA AÇÃO D E DEPÓSITO. - O Código


de Processo Civil, arts. 366-370, disciplinou a ação de depósito.
O depósito não é negócio jurídico formal. Pode fazer-se por instru-
mento particular, ou público; ou mediante cautela, que é título de legiti-
mação. Tal documento tem de ser junto com a petição inicial (Código de
Processo Civil, art. 159).
A escrita é de exigir-se adprobationem para o contrato (Código Civil,
art. 1.281); mas o instrumento - contrato particular, ficha, cartão, recibo de
depósito, etc. - dito "documento" no art. 367, é necessário ao exercício da
ação dos arts. 366 e 367. Não sendo êle pressuposto da pretensão, a ação
pode ser exercida com o rito ordinário. A afirmação do autor é confessável
pelo réu (com razão, T E I X E I R A D E F R E I T A S , Consolidação, art. 4 3 0 , nota 1,
e C L Ó V I S B E V I L Á Q U A , Código Civil Comentado, V . 2 0 ; sem razão, JOÃO
M O N T E I R O , Direito das Ações, 1 7 5 , nota). O escrito não é de modo ne-
nhum sujeito a formalidades; não é, necessariamente, o contrato "assinado
do art. 135 do Código Civil. No próprio direito civil, não se poderia exigir
a forma do art. 135, tratando-se de casos do art. 1.284 do Código Civil. No
direito comercial, menos ainda. A questão da forma tem de ser examinada
em cada espécie. Mas está assente que a certidão do registo do documento
particular de depósito (sem firmas reconhecidas deixou de explicar a 3.A
Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, a 4 de março de 1942,
R. dos T., 136, 621) não basta. Aí, a solução seria a mesma para qualquer
outro contrato.

A lei processual não falou de frutos e de acessões (Código Civil, art.


1.266). Quanto às acessões, - aderiram; é, pois, acadêmica essa questão.
Quanto aos frutos, tratando-se de frutos naturais, como a cria da égua ou
da vaca, pedem-se pela ação do art. 366, desde que haja documento. Tra-
tando-se de títulos de crédito com cupões, pedem-se títulos e cupões o
dinheiro recebido com a apresentação dêsses. Nem são frutos, nem aces-
sões; porque se depositaram o título e o cupão, e não o título só. Quanto
aos frutos que tenham sido pedidos, ou não tenham sido pedidos, uma vez
que se trata de coisa certa, a sentença é, por lei (Código de Processo Civil,
art. 994, § 1.°), título hábil para a execução pelos frutos.
O depósito pode ter por objeto coisas infungíveis, ou coisas fungíveis
(Código Civil, art. 1.280), regulando-se, nesse caso, pelos princípios que
regem o mútuo (cf. Código Civil, arts. 1.256-1.264).
A ação de depósito contém elemento de condenação, a forte dose, mas
é ação executiva. A lei joga com três técnicas executivas, - a da restituição
da coisa (cf. Código de Processo Civil, arts. 367, verbis "entregar o objeto
depositado" 992 e 993), a da entrega do equivalente (art. 367, verbis "ou
seu equivalente em dinheiro") e a da constrição psicológica processual (art.
367, verbis "sob pena de prisão"). A resolução judicial é concebida nos
seguintes termos: (1) ou a) entrega da coisa, ou b) entrega do equivalente
em dinheiro; (2) ou prisão. A executividade é evidente se consideramos o
primeiro caso da lei que corresponde a (1), ou se consideramos o segundo,
inclusive a decretação da prisão (Código de Processo Civil, art. 369). O
segundo somente possui uma fase: citação, não-(l), (2); o primeiro tem
duas: citação, a) ou b), não-(2); contestação, curso ordinário.
Pode dar-se o caso de haver o depósito da coisa, ou do equivalente, o
não haver contestação.
Têm legitimidade ativa para a ação de depósito: (a) os depositantes;
(b) os herdeiros e sucessores; (c) os que penhorarem pretensões dos depo-
sitantes ao depósito. Se divisível a coisa, o pretendente, quanto à sua parte
(Código Civil, art. 1.274). No caso de mandato ad recipienda solutione, ou
de contrato a favor de terceiro, ou terceiros, dá-se a legitimação do manda-
tário, ou do terceiro ou dos terceiros.
Têm legitimação passiva para a ação do art. 366 do Código de Pro-
cesso Civil:
(a) O depositário, ou quem seja processualmente legitimado, em
vez dêle.
(b) Os herdeiros e demais sucessores do depositário. A intransmissi-
bilidade das pretensões e ações oriundas do depósito é lenda, que se vai
repetindo, com certa aparência de chavão sábio. O que não se herda é o
efeito extracivil dos atos do depositário.
PEREIRA E SOUSA (Primeiras Linhas, I V , § 4 8 2 , nota 9 5 0 ) disse que
somente não cabia o procedimento da captura contra o herdeiro (natural-
mente pela razão de ser fato de outrem). Bebeu-o em M A N U E L M E N D E S
DE C A S T R O (Practica Lusitana, 1 1 2 ) , que ia mais longe, excluindo, contra
os herdeiros e a mulher, a via executiva, citando julgado isolado daquele
tempo. SILVESTRE G O M E S D E M O R A I S (Tractatus de Executionibus, 2. A ed.,
I, 57) repetiu a M A N U E L M E N D E S D E C A S T R O : "iste modus executivus exi-
gendi depositum solum admittatur contra ipsum depositarium, non contra
eius haeredes, aut successores". Vê-se bem que entre S I L V E S T R E G O M E S
DE M O R A I S e P E R E I R A E S O U S A houve diferença. Êsse suspeitou da gene-
ralidade do que ousaram M A N U E L M E N D E S D E C A S T R O e, antes dêle, o
"Senatus" lusitano. O problema técnico, viu-o U L P I A N O (L. 1, § 47, D.,
depositi vel contra, 16, 3). Tem-se de indagar se o herdeiro ou sucessor
conhecia a causa da posse ("ignarus depositam vel commodatam"), para se
saber se obrou com dolo, ou não. A pretensão ao valor da coisa é indepen-
dente disso; o que pode tombar é a pretensão à restituição da coisa ("non
tenebitur de re"), se o herdeiro ou sucessor de boa fé a alienou. Portanto, a
ação pode ser movida contra o herdeiro ou sucessor. Ele, que se defenda,
nas quarenta e oito horas, provando que alienou de boa fé, ou sofra a prisão
e se defenda na contestação. O argumento de alguns Códigos de Processo
Civil anteriores, na esteira do Reg. n. 737, de 25 de novembro de 1850, art.
268, terem excluído o herdeiro ou sucessor, prova exatamente o contrário
do que pretendem os que o invocam: o Código de Processo Civil riscou a
regra. Entre os comentadores, J. M . D E C A R V A L H O S A N T O S está certo; sem
razão, Luís M A C H A D O G U I M A R Ã E S (Comentários, I V , 6 3 9 ) .
(c) Os depositários por força de lei (depósito não-convencional), tais
como: os hospedeiros e estalajadeiros, pelas bagagens dos viajantes, dos
hóspedes e dos fregueses (Código Civil, art. 1.284); os empresários, ge-
rentes ou administradores das empresas de armazéns gerais (Lei n. 1.102,
de 21 de novembro de 1903, art. 11, inciso 1.°); os leiloeiros (Decreto n.
21.981, de 19 de outubro de 1932, art. 27, § 4.°); o síndico da massa fali-
da (Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, art. 69); o terceiro que
confessa ter dinheiro de outrem em sua mão (art. 937, § 1.°). As pessoas
jurídicas podem ser depositários (sem razão, o acórdão da antiga Côrte
Suprema, a 31 de março de 1937, aliás com indevido fundamento no art.
268 do Reg. n. 737, que não mais aparece no Código de Processo Civil, de
modo que nenhuma pertinência tem hoje).
A pena de prisão é, na ação de depósito, apenas meio coercitivo para
se obter a execução da obrigação de restituir o depósito. Advirta-se em que
- se o depositário se adianta em consignar a coisa, ou o equivalente fixado
por perito - citado o depositante, não cabe pensar-se em cominação de
prisão ( A L E X A N D R E C A E T A N O G O M E S , Manual Prático, 1 4 5 e 1 4 6 ) .
A pena de prisão é a cominação usual da ação de depósito, que tem o
depositante contra o depositário. Não poderia o autor substituí-la pelo pe-
dido de condenação à entrega, com aplicação final do art. 993 (imissão na
posse). Ainda quando pareça prudente ao réu não requerer a prisão, por ha-
ver dúvida quanto à legitimação passiva. Se o depositário é p e s s o a jurídica,
a pena há de ser cominada a quem fôr o presentante dela em juízo. Trata-se
de efeito de pretensão civil, e não criminal; de modo que o argumento da
"personalidade" não cabe. O princípio de que a pena não passa da pessoa
do delinqüente é de direito penal, e não civil; e no próprio direito penal não
isenta os herdeiros de responder dentro das forças da herança.
O autor, estimando a coisa, fixa-lhe o valor para o caso de não poder
ser-lhe restituída. Só haverá liquidação final de perdas e danos, quando,
tendo o réu depositado o equivalente, restituir a coisa, ao passar em julgado
a sentença, e existirem perdas e danos (Código de Processo Civil, art. 994,
§ 2.°). O valor estimativo, prévio, do art. 367 do Código de Processo Civil
nada tem com o valor posteriormente estimado segundo o art. 994, § 4.°.
O art. 994, § 1.°, do Código de Processo Civil, é aplicável, na execução.
No art. 367 do Código de Processo Civil, diz-se que o autor pede que
o depositário, sob pena de prisão, deposite o objeto ou seu equivalente.
Não há alternativa da pretensão, a favor do devedor. Há alternativa na pri-
meira fase do processo. Se a coisa pode ser restituída, isto é, se está com
o depositário, - ou é depositada para que êsse conteste, ou é depositado
o equivalente em dinheiro, seguindo-se a contestação. Se o réu deposita
dinheiro, e não contesta, alegando a impossibilidade de restituir a coisa in
natura, é condenado à restituição. Não se interprete o art. 367 do Código
de Processo Civil como permissivo de aquisição da coisa. Não é verdade
que se dê alternativa do pedido, ou da pretensão. O depósito do art. 370 do
Código de Processo Civil é que é alternativo, a favor do réu; não o do art.
367, que se refere à pretensão (certa, a Corte Suprema, a 6 de dezembro de
1934, R. F., 66, 577). Cabe ao réu o ônus da alegação e da prova da impos-
sibilidade de restituir (cf. O . W A R N E Y E R , Kommentar, I , 1121).
A aparição da coisa cria obrigação de restituir. A desaparição cria a
de comunicar e depositar o equivalente. O equivalente ou está explícito no
título mesmo (Código Civil, arts. L534 e 1.535) e é valor "equivalente" a
que se refere o Código de Processo Civil, ou foi estimado, na inicial, pelo
autor, entendendo-se que há de ser razoável a estimação. Se o réu foi con-
denado, ou se expede mandado de busca e apreensão (Código de Processo
Civil, art. 933), ou se levanta o depósito, cabendo alternativa a favor do
autor. O art. 994, § 2.°, salvo no caso de ter sido depositado o equivalente e
sobrevir restituição do bem, e § 4.°, é inaplicável. O valor da perda já está,
ex hypothesi, fixado.
Ou o réu entrega a coisa e não vai contestar, devendo lavrar-se o auto;
ou o réu a entrega ao juízo, requerendo que se deposite, pois que vai con-
testar; ou requere o depósito somente para haver as despesas e prejuízos de
que fala, por exemplo, o Código Civil, arts. 1.278 e 1.279. O art. 368 do
Código de Processo Civil só se refere ao primeiro caso. Se o réu oferece
o equivalente ou o autor o aceita, ou não no aceita. Se o aceita, lavra-se o
têrmo como se lavraria se o réu tivesse entregue a própria coisa, solvida
ficando a dívida de depósito. Se o autor não o aceita (e. g., Código Civil,
arts. 1.266 e 1.267), tem de requerer o depósito judicial, impugnando o
oferecimento. J O R G E A M E R I C A N O (Comentários, I I , 2 1 7 ) adota a solução
de ser a impugnação no tríduo, ad instar do art. 2 9 4 , I V ; Luís M A C H A D O
G U I M A R Ã E S (Comentários, I V , 6 5 5 ) prefere que o autor receba a coisa e
promova a vistoria ad perpetuam rei memoriam para instruir a ação de
indenização, ficando a coisa conservada em depósito. Nem uma nem outra
solução é a do Código de Processo Civil. Entrega só se dá se o autor se
satisfaz. Se não se satisfaz, o réu ou oferece o equivalente dos danos, e o
autor aceita; ou não oferece, ou o autor não aceita o que êle oferece, e a
coisa tem de ser avaliada e depositada (ou o seu equivalente, fixado na pe-
tição inicial), discutindo-se o assunto de acordo com o Código de Processo
Civil, art. 370. O que dissemos sôbre dano vale para o caso de alegar o
autor não-identidade da coisa oferecida.
O auto de entrega é solução da dívida, em direito material, e negócio
jurídico processual, que extingue, de regra, a relação jurídica processual,
tal como a transação e a desistência (Código de Processo Civil, art. 206).
têrmo tem de ser assinado pelo juiz, porém há de ser homologado para
valer como sentença, isto é, para ter a eficácia processual a que acima nos
referimos? A questão tem toda a pertinência porque as relações jurídicas
processuais precisam terminar. ^Termina com o têrmo, que é assinado pelo
juiz? ^Ou é de mister a homologação? Pràticamente, produzidos os efeitos
de direito material, é vulgar que se desinteressem as partes. Para o juiz,
sabe êle que a desistência prescinde de têrmo e não de homologação (Có-
digo de Processo Civil, art. 16); a transação depende de têrmo de homolo-
gação, ou, se feita extra judicialmente, por escritura pública, de homolo-
gação (Código de Processo Civil, arts. 206 e 207); a entrega do depósito,
de têrmo (Código de Processo Civil, art. 368) e, para a cessação da relação
jurídica processual, de homologação.
A defesa tem de versar sôbre a não-existência da pretensão do autor,
ou sôbre a impossibilidade física ou jurídica da restituição, ou sôbre direi-
to do réu a ficar com a coisa. Não-existência da pretensão do autor ou da
ação, ainda que continue a pretensão (depósito de objeto ganho em jôgo
ao réu pelo autor). Impossibilidade física: perda, ou deterioração (e. g-,
morte do animal depositado), sem culpa do depositário (Código Civil, arts.
1.277 e 1.274); ou furto, ou roubo, devidamente provado. Impossibilidade
jurídica: penhora ou embargo da coisa, tendo sido notificado disso o de-
positário (Código Civil, art. 1.268); depósito judicial da coisa, no caso do
art. 1.270 do Código Civil; desapropriação da coisa; ter-se já substituído
a coisa (Código Civil, art. 1.271). Exceção do depositário: compensação,
quando fundada noutro depósito também de coisas fungíveis, ou de títulos
de crédito, ou "irregular", suspeita de furto ou roubo (Código Civil, arts.
1.268, 1.273 e 1.280); condição da entrega pelo depositário judicial, paga-
mento do valor das despesas provadas e líquidas feitas com a coisa ou dos
prejuízos que do depósito provierem (Código Civil, arts. 1 . 2 7 8 e 1 . 2 7 9 ) .
Sôbre embargo judicial e execução, ver Código de Processo Civil, arts.
676,1 e II, 935, 931, 930 e 937, § 1.°. O depositário convencional é nomea-
do depositário judicial, podendo excepcionar ã restituição da coisa, segun-
do o princípio de que o depositário judicial só atende ao juiz que mandou
depositar ( M A N U E L A L V A R E S P Ê G A S , Commentaria ad Ordinationes, 1 H ,
5 6 7 ; A L E X A N D R E C A E T A N O G O M E S , Manual Prático, 1 4 4 ) . Aliás, o depo-
sitário convencional, que sofre a penhora, arresto ou seqüestro, deve dar
ciência disso ao depositante convencional ("per notificationem, vel aliam
quamlibet diligentiam", explicou M A N U E L A L V A R E S P Ê G A S , Resolutiones
Forenses, V , 4 3 9 , que o tirou dos glosadores, entre eles G R E G Ó R I O L Ó P E Z ) .
Se o depositário suspeita que a coisa fora roubada ou furtada, deve
recolhê-la ao depósito público (Código Civil, arts. 1.268 e 1.270; Código
de Processo Civil, art. 318, sôbre ignorância ou dúvida), a favor daquele
a quem pertencer, ou de quem seja o dono ou possuidor conhecido. Se
foi citado na ação do art. 366, deve entregá-la, com a explicação do que
sabe (art. 369), devendo pedir que se notifique pessoalmente ou por edital,
conforme o caso, o terceiro, que passa a ser interveniente litisconsorcial na
ação que não deixa de ser de depósito, pois o depositário continua como
réu, a despeito de ter o terceiro ônus da prova da propriedade ou posse. O
depositário tem de provar a "suspeita", Se não o prova, pode ter de res-
ponder em ação de abuso do direito. Quanto à compensação em quaisquer
casos, seria absurdo do Código Civil: ainda se houve culpa do depositante
autor quanto ao primeiro depósito, é difícil justificar-se a regra jurídica
fora da interpretação que lhe demos.
Não cabe reconvenção em processo de depósito (Código de Processo
Civil, art. 192, II).
Pode dar-se que o réu alegue ter domínio sôbre a coisa, o que era
freqüentíssimo já ao tempo de A G O S T I N H O B A R B O S A e de P E D R O BARBOSA
(século XVII); como se alguém emprestou bens para outrem nomeá-los à
penhora, ficando o dono como depositário judicial ( A L E X A N D R E C A E T A N O
G O M E S , Manual Prático, 1 4 5 ) .

Se as despesas, ou prejuízos, a cujo ressarcimento tem direito o depo-


sitário, não estiverem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, pode
o depositário exigir caução idônea do depositante, ou, na falta dessa, re-
moção da coisa para o depósito público, até que se liquidem (Código Civil,
art. 1.279). Se estão provados e líquidos, pode opor o direito de retenção,
nos têrmos do Código Civil, art. 1.278. Aliás, é de "depósito com condição
à entrega" que se trata. O depositário, depositando, perde a posse imediata;
e a entrega ao depositante é condicional. Tem de alegá-lo ao requerer o
recolhimento da coisa ao depósito de outrem, ou em suas mãos, e é como
depositário judicial. No último caso, ainda seria de construir-se como di-
reito de retenção; e é a melhor construção, porque a posse de depositário
convencional que cessou foi somente a posse imediata.
O art. 367, parágrafo único, do Código de Processo Civil, diz que, no
depósito judicial, a entrega do objeto será requerida ao juízo da execução.
Aí está legitimação processual de quem pediu e obteve o depósito judi-
cial, criando-se a relação jurídica entre o juiz e o depositário judicial. Essa
atribuição de legitimidade processual de modo nenhum altera a eficácia
daquela relação jurídica, de que se irradiam direitos, pretensões cíveis e
penais e ações cíveis e penais do Estado contra o depositário judicial, nem
descarrega o Estado da responsabilidade perante quem pediu e obteve o
depósito e perante a pessoa a que posteriormente se defira o pedido da
entrega do bem depositado.

6. A Ç Ã O D E D E P Ó S I T O E P R O C E D I M E N T O . - O réu é citado para que en-


tregue o bem depositado, ou o seu equivalente em dinheiro. Se o não faz,
não pode contestar. O juiz expede, então, o mandado de prisão, se o autor
o requere. O requerimento supõe que se haja escoado o prazo das quarenta
e oito horas. Discutiu-se se já na petição inicial podia estar o requerimento,
e a l. a Câmara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo, a 20 de fevereiro
de 1951 (R. dos T., 190, 765), entendeu que não.
A7. a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a 10 de
maio de 1949 (D. da J. de 16 de outubro de 1952), negou ao depósito em
garantia de dívida a ação de depósito. A 6.a Câmara Cível, a 12 de dezem-
bro de 1950 (D. da J. de 7 de novembro de 1951), pré-excluiu a ação de
depósito se o objeto do depósito é coisa fungível. Já o dissemos no § 4.657,
4. Mas aqui convém que mais de espaço cogitemos do assunto.
(a) Quanto à primeira proposição, que é a de não haver prisão em caso
de depósito em garantia de dívida, o que se há de dizer é que tal depósito
tem, de regra, a seguinte função: o bem é entregue, para depósito, por A, a
B, mas no interêsse de C; B comunica a C o que se passou ou C manifesta
a sua adesão, o que o insere no contrato de depósito como favorecido pela
eficácia negociai; o depositário não pode liberar-se, restituindo o bem ao
depositante, sem que o terceiro, C, consinta. E ineliminável, na exposição
da matéria, o fato de haver-se o depositário - que é depositário como qual-
quer outro - vinculado ao terceiro, (óbvio é que, para essa vinculação, é
preciso que o terceiro tenha interêsse na vinculação, como se o depositante
lhe deve, ou prometeu vender-lhe o bem, ou já o vendeu e ainda não está
corn os pressupostos pára a tradição da posse própria.)
As espécies configuráveis são muitas e à expressão "depósito em ga-
rantia" preferível seria outra, como "depósito no interêsse de outrem" por-
que, aí, outrem seria o próprio depositário, uma vez que, no depósito, o
interêsse é, caracteristicamente, do depositante.
A restituição pode ser ao depositante ou ao terceiro, espécie em que
se introduziu cláusula a favor de terceiro. Nenhum óbice há, no sistema
jurídico brasileiro, que tem os arts. 1.098-1.100 do Código Civil, a que se
faça o depósito com tal cláusula. Nem à sua eficácia.
A restituição ao depositante se o terceiro consente também resulta de
cláusula do contrato de depósito e não há duvidar-se da sua validade e da
sua eficácia, no direito brasileiro. No Código Civil italiano, art. 1.773, há
regra jurídica expressa.
Se comparamos as duas espécies, ressalta que, na primeira, o deposi-
tário deve ao terceiro a restituição do bem, pois foi isso o que se irradiou
do contrato de depósito, em que foram figurantes quem podia depositar e
transferir a posse (própria ou imprópria, conforme os fatos) a terceiro; ao
passo que, na segunda, o terceiro tem apenas o direito a ser interpelado
antes da entrega ao depositante. Ali, tem êle as pretensões e as ações para
haver o bem e para a indenização dos danos pelos quais respondem os
depositários, ou pelos quais responde, in casu, o depositário. Aqui, não.
Discute-se se a segunda espécie, que é a da exigência do consentimen-
to, se enquadra na figura do contrato de depósito com cláusula a favor de
terceiro. A resposta afirmativa impõe-se. Aliás, o Código Civil brasileiro
fala de "estipulação a favor de terceiro", o que abrange a estipulação em
contrato a favor de terceiro, a estipulação em negócio jurídico unilateral,
ou nesse ou em contrato, como cláusula.
Se o depositário, que devia entregar o bem ao terceiro, entrega o bem
ao depositante, ou, se tinha de conhecer a manifestação de vontade do ter-
ceiro, o entrega sem interpelação ou contra a vontade do terceiro, responde
pelo inadimplemento, ou pelo adimplemento lesivo.
No que respeita ao depositante e ao terceiro, o que importa é o ne-
gócio jurídico subjacente, justajacente ou sobrejacente que há ou havia
entre eles.
(b) No tocante à disciplina do depósito irregular, o depositário tem
de restituir bem da mesma espécie e qualidade e na mesma quantidade do
que recebeu. Os riscos, durante a relação jurídica de depósito e até que
seja restituído o bem depositado, são do depositário. Se o bem depositado
não foi dinheiro e ocorre a impossibilidade da restituição, sem culpa do
depositário, a restituição há de ser do valor, calculado conforme o tempo e
o lugar da restituição. Não há, porém, diferença entre a ação de restituição
do depósito irregular e da ação de restituição do depósito regular.

depositário
7 . D E P O S I T Á R I O E C A R Á T E R P E S S O A L DA C U S T Ó D I A . - O
não pode dar em depósito a outrem o que lhe foi entregue, salvo se houve
prévio assentimento do depositante. Se há "motivo plausível", para que o
depositário não o "possa guardar", o que a lei permite é o depósito judicial
(Código Civil, art. 1 . 2 7 0 : "Ao depositário será facultado, outrossim, reque-
rer depósito judicial da coisa, quando, por motivo plausível, a não possa
guardar, e o depositante não lha queira receber"). Outras razões para a
restituição, ou o depósito judicial, são a suspeita de que a coisa foi furtada
ou roubada (arts. 1 . 2 6 8 e 1 . 2 6 9 ) , o arresto, ou o seqüestro, casos em que o
depositário não é adstrito a ficar como depositário judicial.
Se o depositário, sem assentimento do depositante, deposita em po-
der de outrem o bem, continua de responder como depositário. Se diz ser
depositário e indica (ou não) quem é o depositante, o contrato de depósito
continua com toda a sua eficácia e o depositante, que não assentiu, tem as
ações contra o depositário e, como quem vai contra terceiro tenedor, contra
o depositário em segundo grau (e. g., a ação de reivindicação). Se havia
assentimento, a ação contra o depositário também pode ser exercida contra
o depositário em segundo grau (subdepositário). Não há, porém, relação
jurídica contratual entre o depositante e o subdepositário. Tal relação ju-
rídica somente existe se foi permitida a transferência do contrato, caso em
que o depositário deixa de ser depositário.

8 . I N C O M P E N S A B I L I D A D E DA DÍVIDA. - Diz-se no art. 1 . 2 7 3 do Código


Civil: "Salvo os casos previstos nos arts. 1 . 2 6 8 e 1 . 2 6 9 , não poderá o depo-
sitário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao
depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar
(art. 1 . 2 8 7 ) " . Tem-se dito, sem razão, que a dívida oriunda do depósito ir-
regular é compensável. Regular ou irregular o depósito, o crédito é de res-
tituição de bem, não se devendo afirmar que só exista incompensabilidade
se o credor tem situação possessória. Cf. Tomo XXTV, § 2.987, 2.
O argumento mais usual a favor da compensabilidade contra o depo-
sitante irregular é o de serem compensáveis as "dívidas" de bens fungíveis.
No art. 1.010 do Código Civil, diz-se, é verdade, que a compensação se
efetua entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Não se acres-
centou: "sempre", ou "em qualquer hipótese", "qualquer que seja a espé-
cie"; nem se pode deixar de atender ao que está explícito no art. 1.015, que,
aludindo à diferença de causa das dívidas, afastou a compensação "se uma
se originar de comodato, depósito ou alimentos". Ora, a causa, no depósito
regular e no depósito irregular, é a mesma, e chocar-se-ia com a causa (ou
a abstratividade) da outra obrigação.
(De passagem, observemos que a proibição de compensação, em se
tratando de depósito, não se prende à infungibilidade, mas à própria na-
tureza do depósito, mesmo se irregular, pois dêle derivara a actio depositi
para se obter a restituição do b e m depositado, embora a propriedade se
haja transferido ao depositário. Quando o contrato era de mútuo, em vez de
depósito irregular, o outorgante, para obter o que emprestara, tinha a actio
certae creditae pecuniae. A fungibilidade é pressuposto necessário da com-
pensabilidade; o depósito é pressuposto suficiente da incompensabilidade.)
A falta ao depositante, no depósito irregular, 'de posse própria mediata
também não é explicação para a compensabilidade, o que pretendeu UGO
M A J E L L O (Custodia e Deposito, 2 7 6 ) . Certo, no sentido da incompensabi-
lidade, E R N E S T O S I M O N E T T O (I Contratti di credito, 358).
O art. 1.273 do Código Civil refere-se à possível compensação se o
depositante também é depositário e tinha de restituir o que lhe fôra entre-
gue. Aí, a compensação entre dívidas de depósitos irregulares é mais fácil,
porém não as únicas. A compensação, no caso de depósito regular, é mais
difícil, e de ordinário é entre valores.

Panorama atual pelo Atualizador


i

| § 4.663. A - Legislação
j O art. 1.277 do CC/1916, relativo à exclusão da responsabilidade do depo-
! sitário na hipótese de caso fortuito e força maior, é reproduzido pelo art. 642 do
| CC/2002, sem a menção ao caso fortuito. O comando do art. 1.278 do CC/1916,
que impunha o dever do depositante de pagar as despesas e prejuízos do depó-
sito ao depositário, é reproduzido pelo art. 643 do CC/2002.
No tocante à responsabilidade dos auxiliares e servidores da posse subor-
dinados ao depositário, invoca Pontes de Miranda a aplicação do art. 1.521, III,
do CC/1916, relativo à responsabilidade solidária do patrão, amo ou comitente, i
pelos atos praticados por empregados, serviçais e prepostos. O Código Civil de j
2002, neste particular dispôs em seu art. 932, reproduziu a regra de imputação da
responsabilidade pelo fato de terceiro, apenas atualizando a redação à terminolo-
gia técnica contemporânea, substituindo a expressão "patrão" por "empregador".
| Todavia, a mudança substantiva diz respeito à natureza da responsabilidade do
empregador nesse caso, que no regime do Código Civil anterior suscitava dúvi- |
das, em vista do art. 1.523 do CC/1916, ou ainda da figura da presunção de culpa. '
O art. 933 do CC/2002 é expressivo ao indicar que a responsabilidade nesse caso
é independente de culpa. Significa dizer, responsabilidade objetiva, mantendo-se, !
naturalmente, a solidariedade com o infrator. |
Neste particular, recorde-se que se a relação de depósito se caracterize como j
relação de consumo, atraída será a incidência do Código de Defesa do Consumi- j
dor, de modo que, dependendo da circunstância concreta, impõe-se a regra de ]
solidariedade entre os fornecedores causadores do dano (art. 7.°, parágrafo único,
do CDC), as regras de imputação da responsabilidade objetiva por fato do serviço
(art. 14 do CDC) e vício do serviço (art. 20 do CDC), bem como a que indica so-
lidariedade entre o fornecedor, seus prepostos e representantes autônomos (art.
34 do CDC).
O art. 1.268 do CC/1916 é reproduzido pelo art. 633 do CC/2002, determi-
nando o dever de restituição incontinenti do bem pelo depositante ao depositário,
salvo nas hipóteses em que o objeto foi judicialmente embargado, recaia sobre
ele execução notificada ao depositário, ou tenha motivo razoável para suspeitar |
| que se trata de coisa furtada ou roubada. Além destas exceções, ressalva expres-
| samente o direito de retenção com fundamento no art. 644, do mesmo Código,
i para fins da remuneração do depositário, ressarcimento de despesas e prejuízos
| porventura havidos com o depósito. A redação do art. 644, neste particular, faz
I expressa referência à retribuição/remuneração do depositário, no que diz mais
| que seu corresponde art. 1.279 do CC/1916).
O art. 1.269 do CC/1916, que prevê a providência do depositário de requerer
que seja encaminhado ao depósito público, frente à suspeita de que o bem tem
: origem ilícita, é reproduzido pelo art. 634 do CC/2002.
i i
| Em relação à ação de depósito, trata-se de procedimento especial regulado j
pelos arts. 901 a 906 do CPC - os artigos mencionados por Pontes de Miranda, {
| neste particular, remontam ao Código de Processo Civil de 1939. A indicação . j
| feita em relação à necessidade de acompanhamento da prova do depósito com a j
] petição inicial (art. 159 do CPC/1939), ora tome-se pelo art. 283 do CPC vigente, j
I o qual aduz que a petição inicial deve se fazer acompanhar dos documentos in- !
dispensáveis à propositura da ação. Tratando-se de coisa divisível, a legitimidade
para ação refere-se apenas à parte do bem que caiba ao autor, salvo solida-
riedade, nos termos do art. 639 dó CC/2002, que corresponde ao art. 1.274 do
CC/1916, citado por Pontes de Miranda.
Cabe ao réu da ação de depósito, conforme art. 902 do CPC vigente, entregar
a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro, ou con-
testar a ação. Se conduz, tanto na legislação revogada, quanto na vigente, pelo
procedimento sumário (art. 903 do CPC).
Havendo transação, a homologação do juízo faz título executivo judicial, nos
termos do art. 475-N, III, do CPC vigente. A desistência também deve ser homo-
logada para que gere efeitos (art. 158, parágrafo único, do CPC).
A forma do contrato adprobationem remete ao disposto no art. 646, do Código
Civil vigente. Os arts. 366 e 367 do CPC/1939, que disciplinam aos requisitos da
petição inicial e os primeiros atos do procedimento devem ser tomados pelos arts.
901 e 902 do CPC, que adotou parcialmente sua redação. Nesse particular tem
relevo a sanção de prisão civil do depositário infiel, prevista tanto na legislação
revogada, quanto vigente, mas que não mais subsiste frente ao entendimento
afirmado pelo Supremo Tribunal Federal ao editar a Súmula vinculante STF 25
que estabelece como ilícita "a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja
a modalidade do depósito".
No caso de desaparição da coisa dada em depósito, a obrigação do depositá-
rio de comunicar e restituir o equivalente mais perdas e danos, nos termos do art.
234 do CC/2002, sem prejuízo de cláusula penal convencionada, nos termos do
art. 408 e seguintes da mesma lei.
A condenação do réu implica expedição de mandado de busca e apreensão,
nos termos do art. 625 do CPC, que reproduz parcialmente o art. 993, do Código
de Processo Civil de 1939.0 art. 627 do CPC vigente refere-se ao direito do autor
de receber, além das perdas e danos, o equivalente a coisa, quando esta não
possa ser entregue.
De aplicar igualmente, na ação de depósito, o disposto nos arts. 461, § 4."
e 461-A, § 3.°, do CPC vigente, que autoriza a fixação de multa diária por des-
cumprimento.
No tocante à disciplina da execução, remete Pontes de Miranda a disposições
do Código de Processo Civil de 1939, arts. 676, I e II, 935, 931, 930 e 937, § 1
que dispunham sobre as medidas de arresto, o seqüestro e a penhora de bens, os
quais são disciplinados, atualmente, pelo disposto nos arts. 813 et seq (arresto),
822 et seq (seqüestro), 646 et seq (penhora), do Código de Processo Civil vigente.
| Observou Pontes de Miranda, ainda o silêncio da lei processual quanto à res-
I tituição de frutos e acessões, que integram o dever firmado pelo art. 1.266 do
CC/1916, reproduzido pelo art. 629 do CC/2002. Indica, todavia, que a sentença
da ação constitui por lei título hábil para execução também dos frutos, conforme :
• o art. 994, § 1 d o CPC/1939, que corresponde ao art. 624 do CPC em vigor.
A possibilidade de celebração do contrato de depósito de coisas fungíveis e
i sua submissão às regras sobre o mútuo consta do art. 645 do CC/2002. A disci- i
plina do mútuo, de sua vez, que no Código Civil de 1916 correspondia aos arts. j
1.256 a 1.264, ora é estabelecida pelos arts. 586 a 592 do CC/2002. j
Quanto ao conteúdo da defesa do réu na ação de depósito, observa Pontes I
de Miranda que pode versar sobre a impossibilidade física de cumprimento, sem
culpa do depositário, para o que se remete, no Código Civil vigente, ao art. 642,
que exclui a responsabilidade por força maior, bem como ao art. 639, indicando ou
que já entregou, ou lhe cabe entregar apenas parte, considerando a pluralidade
de depositantes de coisa divisível em que não haja solidariedade. Reproduzem,
neste particular parcialmente, o disposto nos arts. 1.277 e 1.274 do CC/1916 re-
vogado. Da mesma cabe alegar algumas das exceções ao dever de restituição
que.prevê o art. 633, correspondente ao art. 1.268 do CC/1916. Ou ainda, opor
exceção de compensação em relação a outro depósito havido com o autor, do
qual seja credor, nos termos do art. 638 do CC/2002 vigente, correspondente ao
art. 1.273 do CC/1916.
As qualidades do objeto da dívida suscetível de compensação a que referia
o art. 1.010 do CC/1916 revogado, ora são indicados em norma de mesma reda-
ção, do art. 369 do CC/2002. No mesmo sentido à norma que impunha óbice à
compensação quando houvesse diferença de causa entre as dívidas quando uma
se originasse de comodato, depósito ou alimentos (art. 1.015, II, do CC/1916), foi
reproduzida pelo art. 373, II, do CC/2002.

§ 4.663. B - Doutrina
A responsabilidade do depositário pela perda ou deterioração da coisa é ob-
jeto de discussão doutrinária, especialmente em vista da redação do art. 642 do
Código Civil vigente, que menciona apenas a força maior como causa de exone-
ração, deixando de mencionar o caso fortuito. Neste particular, oscila-se dentre
os que remetem o reconhecimento do caso fortuito como causa de afastamento
da responsabilidade à regra geral sobre inadimplemento das obrigações que ex-
pressamente o refere, e os que entendem que o esclarecimento na norma seria
útil para efeito de distinguir a situação do depositário no Código Civil e aquela que
emerge do direito do consumidor, com a distinção entre caso fortuito interno e
caso fortuito externo, para efeito de não afastar a responsabilidade daquele cuja
atividade negociai é causa de risco interno da ocorrência de danos.
No tocante à responsabilidade do depositário como empregador, por atos pra-
ticados por empregados, serviçais ou prepostos (art. 932, III, do CC/2002), igual-
mente a doutrina reconhece aí hipótese de responsabilidade objetiva fundada no
risco, alterando entendimento havido sob a égide do Código Civil, revogado, pela
demonstração de culpa in eligendo ou pela culpa presumida. Da mesma forma,
tratando-se de relação de consumo, sustenta-se a incidência do art. 34 do CDC,
ensejando a responsabilidade solidária do fornecedor pelos atos de prepostos e
representantes autônomos.
A doutrina converge com Pontes de Miranda no tocante à regra que restringe
a extinção por compensação apenas de dívidas decorrentes de depósito. Es-
pecialmente com relação ao fundamento da restrição, que é o fato de se tratar,
no depósito, de crédito de restituição (ANDRIGHI, Nancy; BENETTI, Sidnei; ANDRIGHI,
Vera. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2008. vol. 9.
p. 396).
Em relação ao lugar da restituição pelo depositante, é uníssono que deve ser
o do lugar da guarda, mesmo quando o depositante a tenha recebido em outro
lugar, de modo que a obrigação do depositante é quérable, e não portable ( L O P E Z ,
Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São Paulo:'Saraiva, 2003. vol. 7.
p.364; TEPEDINO, Gustavo; BARBOSA; M O R A E S . Código Civil interpretado conforme a
Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. t. II. p. 392). Esta regra
todavia, pode ser afastada por convenção das partes, nos termos do art. 631,
tratando-se de norma dispositiva.
Da mesma forma, refere-se Pontes de Miranda ao caráter pessoal da custódia,
de modo que incumbe, como regra, ao depositário o dever de guarda da coisa,
não podendo fazer ele depósito a terceiro sem autorização expressa do deposi-
tante - conforme o art. 640, parágrafo único, do CC/2002. Sobre esta caracterís-
tica do contrato de depósito, refere-se a doutrina qualificando o depósito como
contrato intuitu personae ( G O M E S , Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense,
2009. p. 414), todavia o dever de custódia não é personalíssimo, uma vez que
pode se utilizar o depositário de auxiliares e prepostos, tal qual assinalado neste
Tratado ( P E R E I R A , Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2011. vol. 3. p. 330). Neste sentido a confiança é considerada
elemento decisivo na decisão de contratação ( R I Z Z A R D O , Arnaldo. Contratos. Rio
de Janeiro: Forense, 2011. p. 638).
Já no que se refere à sanção de prisão do depositário infiel, afirmada por
Pontes de Miranda com fundamento no Código Civil anterior, no Código de Pro-
cesso Civil, e inclusive no art. 652 do CC/2002, trata-se de tema que permane-
ceu dos mais controversos durante muitos anos. O próprio Supremo Tribunal
Federal o admitia, inclusive por intermédio de entendimento sumular anterior à
Constituição vigente (Súmula STF 619). Da mesma forma a Constituição de 1988
a admitiu, junto a do devedor de alimentos (art. 5.°, LXVII, da CF).Todavia, desde
sempre a doutrina a entendeu como inaplicável a tôdas as situações de depósito,
afastando seu cabimento, por exemplo, no depósito irregular - de coisas fungí-
veis como o dinheiro, por exemplo - e ainda, no depósito regular, quando haja
oferecimento de garantia pelo depositário ( A N D R I G H I , B E N E T I , ANDRIGHI. Op. cit. p.
433). Porém houve quem a admitisse se maiores restrições, uma vez legitimada
pelo texto constitucional de modo expresso ( V E N O S A , Silvio de Salvo. Direito civil
- Contratos em espécie. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 262). A discussão,
contudo, mostrou-se de grande repercussão prática no tocante à equiparação
legal a depositário que o Dec.-lei 911/1969 fez em relação ao proprietário fidu-
ciário, nos contratos de alienação fiduciária em garantia. Isto porque, conforme
assinala a doutrina, não há tecnicamente um contrato de depósito ( L O P E Z , Teresa
Ancona. Op. cit., p. 652). É ficção legal, em que a prisão, como regra, se aplicava
mediante a conversão da ação de busca e apreensão em ação de depósito, se-
1
gundo a técnica processual, como meio de execução indireta (ALVES, José Carlos
j Moreira. A ação de depósito e o pedido de prisão. Exegese do § 1 d o art. 902
i do Código de Processo Civil, Revista de processo, vol. 36, p. 7. São Paulo: Ed.
RT, out. 1984). Nesse sentido, de um lado passou-se a questionar a natureza da
i equiparação (RIZZARDO, Arnaldo. Op. cit., p. 656), e de outro o próprio status dos I
tratados sobre direitos humanos quando incorporados no ordenamento jurídico
! brasileiro, especialmente em vista da redação dada ao § 3.°, do art. 5.c, da CF,
especialmente em vista da Convenção Americanas de Direitos Humanos (Pacto I
j de San Jose da Costa Rica) que, ratificado sem reservas pelo Brasil, por inter-
médio do Decreto Legislativo 27/1992, em seu art. 7.°, § 7.°, estabelece como j
inerente ao direito à liberdade pessoal que ninguém será detido por dívida, com
exceção do devedor de obrigação alimentar. A partir de uma mudança na in-
i terpretação do STF sobre o tema, com fundamento na convenção em questão
| e seu status supralegal no direito brasileiro, e conseqüente edição da Súmula ;
vinculante STF 25, de 2009, razão passou a assistir, na perspectiva do direito
vigente, ao entendimento que sustenta a impossibilidade de prisão civil como
sanção aplicável ao depositário infiel.

A de aplicação de astreintes, no caso de descumprimento da decisão judicial


que manda restituir, arts. 461-A, § 2.° e 904 do CPC, é hipótese admitida pela
doutrina (MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil
comentado. São Paulo: Ed. RT, 2008. p. 824).

§ 4.663. C - Jurisprudência
Não admite a jurisprudência ação de depósito tratando-se de bens fungíveis e
consumíveis (STJ, REsp 15.597/MS, 4.aT., j. 23.03.1993, rei. Min. Barras Monteiro,
DJ 10.05.1993; no mesmo sentido: STJ, REsp 551,956/MS, 4.a T„ j. 24.08.2010,
rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJe 14.09.2010); excetuados os depósitos em
armazém geral, cuja atividade social é a conservação e guarda de mercadorias
dessa natureza (STJ, REsp 783.471/GO, 4.a T„ j. 22.03.2011, rei. Min. Luis Felipe
Salomão, DJe 25.03.2011) Não é a ação de depósito, contudo, meio adequado
para reclamação de perdas e danos (STJ, REsp 8.880/SP, 4.aT., j. 27.09.1993, rei.
Min. Fontes de Alencar, DJ 27.06.1994)
No contrato de leasing, contudo, entende a jurisprudência incabível a cláusula
de depósito (STJ, REsp 155999/MG, 4.aT., j. 05.03.1998, rei. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, DJ 01.06.1998)
Incabível a ação de depósito quando verse sobre safra futura, o que descarac-
teriza o depósito, uma vez que impossibilita sua restituição (STJ, AgRg no Agln j
35.177/RS, 3.aT., j. 01.06.1993, rei. Min.WaldemarZveiter, DJ28.06.1993).
Na ação de depósito, a estimativa do valor refere-se ao bem depositado, não
ao débito porventura havido na relação entre as partes, salvo se este for menor
(STJ, AgRg no Agln 852.388/SP, 4. a T„ j. 11.12.2007, rei. Min. João Otávio de
Noronha, DJ 11.02.2008; e HC 62739/MG, 4. a T„ j. 23.10.2007, rei. Min. Aldir Pas-
sarinho Júnior, DJ 19.11.2007) •
No tocante à prisão do depositário infiel como sanção à violação do dever de
custódia no depósito (art. 1.287 do CC/1916; art. 652 do CC/2002), após terço
período em que foi admitida pela jurisprudência, especialmente pela a equipara-
ção que por muito tempo admitiu-se em relação ao devedor-alíenado no contrato
de alienação fiduciária em garantia, com fundamento na regra inscrita no Dec.-lsí
911/1969, a jurisprudência contemporânea passou a considerá-la indevida. Pri-
meiro, a Súmula STJ 304, passou a afirmar como ilícita a prisão civil daquele que
não assume expressamente o encargo de depositário judicial. Porém, decisivo foi
o entendimento quanto à sua inconstitucionaüdade, pela interpretação conjunta tio
art. 5.°, LXVII e §§ 1 2 . ° e 3.°, da CF/1988, ã luz do art 7.°, § 7.°, da Convenção
Americana de Direitos Humanos - Pacto de San José da Cosia Rica (STF, RE
466.343/SP, j. 03.12.2008, rei. Min. Cezar Peluso, DJ 05.06.2009), dando origem
à Súmula vinculante STF 25, que veda a prisão civil do depositário infiel em qual-
quer modalidade de depósito. Porém, mesmo antes, precedentes do STF davam
conta da impossibilidade de custódia efetiva do bem exciuía, por si, a caracteriza-
ção da infidelidade do depositário (STF, HC 83.416-7,1. 2 I, j. 14.10.2003. rei. p/
acórdão. Min. Antonio Cezar Peluso, DJU 12.08.2005).
CAPÍTULO III

DEPÓSITO IRREGULAR

§ 4.664. D E P Ó S I T O D E C O I S A S F U N G Í V E I S ,
C O M TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE

1. " D E P O S I T U M I R R E G U L A R E " E M S E N T I D O E S T R I T O . - O depósito ir-


regular em que se transfere a propriedade é uma das espécies de depósito
irregular. A fungibilidade dos bens ou resulta da natureza dêles, ou foi cria-
da pelos contraentes. Num e noutro caso, o depósito com transmissão da
propriedade rege-se pelo art. 1.280 do Código Civil, que diz: "O depósito
de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do
mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acêrca
do mútuo (arts. 1.256 a 1.264)".
Não se entenda que o depósito de bens fungíveis se regule, sempre,
pelo que se estatui a respeito do mútuo, mas sim que se regule pelo que se
estatui sôbre o mútuo, no que fôr aplicável, o depósito de bens fungíveis
"em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero,
qualidade e quantidade". Tem-se de examinar, in casu, qual o depósito que
se fêz, se regular ou irregular. Se os bens eram fungíveis e nada, volitivo
ou circunstancial excluiu a fungibilidade, o que se há de ter como querido
pelos contraentes é que sejam restituídos por objetos do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. Não se individualizou, não se infungibilizou o que
foi entregue.
Depositum irregulare diz-se o depósito a que alguma cláusula ou pac-
to adjecto atingiu, de jeito a modificá-lo (contractus qui egredit notissimos
depositi términos, L. 24, pr., D., depositi vel contra, 16, 3: "egreditur ea
res depositi notissimos términos"; contractus qui depositi modum excedit,
L. 26, § 1).
Há outro conceito, mais estrito, de depositum irregulare, que é o de
depósito com a cláusula ou pacto adjecto de se transferir ao depositário a
propriedade. Aliás, a cláusula é implícita, se não há elementos volitivos, ou
circunstanciais, acolhidos pela vontade dos contraentes, que faça infungí-
veis os bens fungíveis objeto do contrato.
A expressão "depositum irregulare" é moderna.

contra-
2 . C O N C E I T O E C O N S I D E R A Ç Õ E S GERAIS SÔBRE A E S P É C I E . - O
to de depósito irregular pode resultar de contrato escrito, ou não. Na L.
3 1 , D., locati conducti, 1 9 , 2 ( À L F E N O ) , diz-se que, se alguém depositou
dinheiro de contado, de modo que não o entregasse fechado, nem selado,
mas que o contasse, aquêle em cujo poder se depositou não deve mais do
que a quantidade (si quis pecuniam numeratam ita deposuisset, ut neque
clausam neque obsignatam traderet, sed adnumeraret, nihil aliud eum de-
bere apud quem deposita esset nisi tantundem pecuniae solveret).
No depósito forçado, dito, mais tarde, depositum miserabile, que era
o feito devido a ruína, incêndio, ou naufrágio, cabia o duplum de interês-
ses (texto do Edicto na L. 1, § 1, D., depositi vel contra, 16, 3). Aí, não se
concluiu acordo, de modo que as circunstâncias mesmas irregularizaram
o depósito.
Duas correntes tentaram dar explicação extrema do contrato do depó-
sito irregular e das relações jurídicas que dêle se irradiam. Uma, apegando-
-se ao nome, o faz espécie do contrato de depósito regular, exprobrando o
adjetivo. Outra o reduz ao contrato de mútuo, negando que se trate de de-
pósito. Essa não vê contrato de depósito onde não há posse de bem alheio
atribuída ao depositário, mas as longas dissertações pecam, de início, pelo
nível inferior da teoria da posse, que ainda persiste nos sistemas jurídicos
em que se discutiu o problema.
O que é inegável é a afinidade de estrutura e de função entre o de-
pósito regular e o irregular. Por outro lado, não se pode dizer que falte a
posse ao depositário, no depósito irregular, porque, devido à fungibilidade
inafastada do bem depositado, o depositário, no depósito irregular, recebe
mais do que o depositário, no depósito regular: recebe propriedade e rece-
be posse própria.
Quanto à redução do contrato de depósito irregular a contrato de mú-
tuo, um dos argumentos contrários que não se conseguiram destruir é o de
diferença de função entre os dois institutos jurídicos.
§ 4.664. DEPÓSITO DE COISAS FUNGÍVEIS, COM TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE • 457

Para que se não identifique o depósito irregular com o mútuo, tem-se


de distinguir do tantundem, que o mutuário tem de pagar, o tantundem,
que o depositário tem de restituir. Aqui, o objeto da restituição deixou
de ser do depositário; ali, não. Aqui, o b e m fungível tem de ser restituí-
do, porque volveu a ser de propriedade do depositante; ali, não: o que o
mutuário deve só volve a ser do mutuante depois de prestado. Por isso,
a insolvência, no mútuo, é mais grave. A remissão do Código Civil, art.
1.280, a regras jurídicas sôbre o mútuo (não a todas, a despeito da refe-
rência aos arts. 1.256-1.264), não faz contrato de mútuo o contrato de
depósito irregular.
Ao têrmo da relação jurídica do depósito irregular, o depositário fica
de posse do que j á não é seu e devia ser entregue ao depositante. A posse
legítima do depositário acabou: êle é possuidor do alheio, u m a vez que o
tantundem deixou de ser seu, como deixa de ser do fiduciário a proprieda-
de, no momento em que se atinge o têrmo final.
Ao têrmo da relação jurídica de mútuo, o depositário continua na pos-
se própria do tantundem, porque não deixpu de ser proprietário nem pos-
suidor próprio: deve aquilo com que pode pagar, mas aquilo, com que pode
pagar, é seu e está em sua posse própria.

3 . D E P Ó S I T O E R E S T I T U I Ç Ã O . - N O depósito regular, o que se há de res-


tituir é a eadem res. M e s m o se o objeto do depósito regular é bem fungível
ou consumível, o que se tem de restituir é o m e s m o bem. Se o depósito é
irregular, ainda se depositado foi b e m infungível que a vontade do deposi-
tante fungibilizou, ao depositário incumbe restituir o que possa "fungir" o
bem recebido. Operou-se a transmissão da propriedade, porque a natureza
do bem, ou a que lhe impôs a vontade do possuidor, tornou impraticável a
exigência da eadem res.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.664. A - Legislação
O art. 1.280 do CC/1916, que remete o depósito fungível à aplicação das re-
gras sobre mútuo, corresponde ao art. 645 do CC/2002. A indicação das regras do j
mútuo que a que refere expressamente a norma revogada, ora são disciplinadas i
pelos arts. 586 a 592 do CC/2002. !
| § 4.664. B - Doutrina
I Observa a doutrina que o depósito irregular não apenas refere-se à coisa
[ fungível, mas sobretudo pela transferência do bem ( P E R E I R A , Caio Mário da
Silva. Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol.
I I I , p. 3 2 9 ; L O P E Z , Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São Paulo:

Saraiva, 2 0 0 3 . p. 4 1 0 ) , e possibilidade de o depositário consumir a coisa em


depósito, uma vez que é possível, mesmo se tratando de coisa fungível, acor-
dar-se a restituição do mesmo bem ( T E P E D I N O ; B A R B O S A ; M O R A E S . Código Civil
interpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar,
2 0 0 6 . p. 408).

Porém, é na incidência das normas do mútuo sobre o depósito irregular que a


doutrina converge em uníssono com a lição de Pontes de Miranda, alertando para
a necessidade de se observar a estrutura e função de ambos os contratos para
efeito de aplicação das normas de um, apenas quando não ofendam a natureza
do outro ( A N D R I G H I ; B E N E T I ; A N D R I G H I . Comentários ao novo Código Civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2008. vol. 9, p. 411)

Neste particular, diga-se que o depósito de dinheiro é possivelmente a prin-


cipal espécie de depósito irregular, essencial à atividade bancária, na qual,
inclusive, podem ser emitidos títulos representativos dos valores depositados,
negociáveis e transmissíveis por endosso. Ou ainda, minérios ou grãos deposi-
tados em armazéns-gerais. Nesses casos, o bem depositado será entregue a
quem apresente o título, o que de resto é exemplo que confirma a necessidade
de precisão técnica na aplicação das regras do mútuo, conforme destacado
por Pontes de Miranda ( R I Z Z A R D O , Arnaldo. Contratos. Rio de Janeiro: Forense,
2011. p. 641).

§ 4.664. C - Jurisprudência
A jurisprudência atual do STJ entende pelo cabimento da ação de depósito
para entrega de bens fungíveis em contrato de depósito propriamente dito (STJ,
REsp 877.503/MG, 3. a T„ j. 06.10.2009, rei. Min. Sidnei Beneti, DJe 11.11.2009).
Assim ocorre no depósito de grãos em armazéns gerais, em que se entende
cabível a ação de depósito, nos termos da legislação processual dado que mes-
mo fungíveis, a finalidade do contrato não o faz consumível pelo depositário
(STJ, REsp 783.471/GO, 4. a T., j. 22.03.2011, rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
25.03.2011). Desse modo, nem sempre que haja fungibilidade do objeto com-
preende a jurisprudência que haja depósito irregular (STJ, REsp 2.326, 3.a T., j.
12.06.1990, rei. Gueiros Leite, RePro 60/227).
Nessa mesma linha, também os depósitos bancários, normalmente em di-
nheiro, em relação aos quais se entende aplicável o Código de Defesa do Con-
sumidor (STJ, REsp 226921/SP, 4. a T., j. 19.04.2001,. rei. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, DJ 02.08.2004).
§ 4.665. D E P Ó S I T O I R R E G U L A R E O U T R O S CONTRATOS

1. P R E C I S Õ E S . - A respeito do mútuo, o Código Civil disse (art.


1.256) que é o empréstimo de coisas fungíveis. Falando de depósito, não
estatuiu que há de recair em coisa não-fungível, como o comodato (Có-
digo Civil, art. 1.248); aludiu a coisa móvel (art. 1.265, verbis "objeto
móvel") e no art. 1.280 explicitamente enunciou: "O depósito de coisas
fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo
gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do mú-
tuo (arts. 1.256 e 1.264)". Pergunta-se: i a ) o art. 1.280 do Código Civil
faz o contrato de depósito não ser, para ser o de mútuo; ou b) há depósito
a que se aplicam regras jurídicas sôbre o mútuo? A segunda proposição é
que é verdadeira.
Há o depositum irregulare, que é depósito, e não mútuo: o depositan-
te pode exigir, a qualquer tempo, o objeto do depósito, embora os riscos
tenham passado, todos, ao depositário. A opinião a), que foi a de K O N R A D
a
C O S A C K CLehrbuch, 7. ed, I , 621) e a de C L Ó V I S B E V I L Á Q U A (Código Civil
comentado, V, 19: "Não há, portanto, depósito irregular, no sentido do
direito romano"), finalmente ruiu diante da verdadeira interpretação do §
700 do Código Civil alemão e do art. 1.280 do Código Civil brasileiro (P
O E R T M A N N , Schuldrecht, 839; O T T O V O N G I E R K E , Deutsches Privatrecht,
I I I , 737; C A R L C R O M E , System, I I , 748, nota 1; B . M A T T H I A S S , Lehrbuch,
I, 350). O receptor suporta os riscos, se b e m que o negócio jurídico seja
mais no interêsse do depositante do que no interêsse do depositário, à dife-
rença do mútuo, em que prima o interêsse do mutuário. Dir-se-á que não é
mútuo, nem depósito; em verdade, porém, o elemento de custódia não de-
saparece. Não há mútuo, de modo que seria errado pensar-se em contrato
misto (depósito + mútuo), como está em F. S C H O L L M E Y E R ( D a s Recht der
einzelnen Schuldverhãltnisse, 2. a ed., 136), ou em contrato especial, como
sustentava L . E N N E C C E R U S (Lehrbuch, I I , § 391).
TEIXEIRA DE FREITAS (Consolidação das Leis Civis, nota ( 2 ) ao art.
431) excelentemente disse: "O depósito voluntário é regular ou irregular,
sendo o primeiro de coisas não fungíveis e o segundo de coisas fungíveis.
No primeiro, a sanção do Código Criminal, art. 258, pode dar-se em qual-
quer tempo, sempre que o depositante provar que o depositário usou do
depósito; no segundo, tal sanção só é possível, se o depositário ficar em
mora de restituir a quantia ou a quantidade depositada. Tendo o depositante
facultado ao depositário o uso do depósito, o contrato não se transforma
em empréstimo; mas, quanto ao uso gratuitamente concedido, devem ser
aplicadas as regras dêsse outro contrato".

2. D E P Ó S I T O I R R E G U L A R E V I N C U L A Ç Ã O . - No depósito irregular, o
depositário é vinculado a restituir a coisa em igual quantidade eiusdem
generis; somente não é obrigado a restituir in specie.
Na L . 2 4 , D . , depositi vel contra, 1 6 , 3 , tirou-se de P A P I N I A N O : Lucius
Titius Sempronio salutem. Centum nummos, quos hac die commendasti
mihi adnumerante servo Sticho actore, esse apud m e ut notum haberes,
hac epistula manu mea scripta tibi notum facio: quae quando voles et ubi
voles confestim tibi numerabo (Lúcio Titio saúda a Sempronio. Faço-te
saber, por essa epístola, escrita de minha mão, para que o notes, que estão
em meu poder as cem moedas que m e confiaste, hoje, por entrega feita,
de contado, pelo escravo Stichus, administrador; as quais eu te entregarei,
quando queiras e onde queiras, imediatamente (confestim).
Cabe a ação de depósito, comenta P A P I N I A N O ; porque confiar (com-
mendare) não é outra coisa que depositar. Se se convencionou que se res-
tituísse outra tanta quantidade de moeda, e m vez de as mesmas moedas, o
negócio (jurídico) ultrapassa os conhecidíssimos têrmos do depósito (si ut
tantumdem solveretur convenit, egreditur ea res depositi notissimos térmi-
nos), sem deixar de haver depósito.
Tentou ler L. J. N E U S T E T E L (Rõmischrechtliche Untersuchungen, 15
s.) o "egreditur ea res depositi notissimos términos" e o "si depositi actio
non teneat" como se afastassem tratar-se de depósito. Mas seria desatender
a que se tem, no texto, o commendare como depositare e a que a L. 25, §
1 , depositi vel contra, 1 6 , 3 , t a m b é m tirada de P A P I N I A N O , foi explícita:
"Qui pecuniam apud se non obsignatam, ut tantundem redderet, depositam
ad usus próprios convertit, post m o r a m in usuras quoque iudicio depositi
condemnandus est". O que inverteu em seus próprios usos o dinheiro de-
positado em pacote sem selo, para que devolvesse outra tanta quantidade,
há de também ser condenado nos interêsses, no juízo do depósito.
P A U L O , na L. 2 6 , § 1 , D . , depositi vel contra, 1 6 , 3 , depois de narrar
que Lúcio Tício recebera e tinha em seu poder dez mil dinheiros de prata,
que se obrigara a entregar, pagando interêsses, notou que tal contrato ex-
cedia o modo do depósito de moeda (eum contractum, de quo quaeritur,
depositae pecuniae modum excedere), mas admitiu pedirem-se, na ação de
depósito, os interêsses. O êrro de L. J. N E U S T E T E L foi o de muitos de hoje:
estar preocupado com a transferência dos riscos; não prestar atenção: a) à
inadmissibilidade da compensação, que seria irrecusável em se tratando
de mútuo (os banqueiros de hoje, como os argentários, os mensulários e
os numulários de outrora, sabem que não podem tirar o dinheiro da conta
corrente para cheque e com êle pagarem-se de letra de câmbio e notas
promissórias ou duplicatas mercantis); b) à inadmissibilidade da exceptio
non numeratae pecuniae (L. 14, § 1, C, de non numerata pecunia, 4, 30;
c) o privilegium exigendi, de que, embora exíguo em certas legislações,
gozam os créditos por depósitos em argentários, mensulários, numulários
e banqueiros (A. C. J. S C H M I D , Über das depositum irregulare, Archiv für
die civilistische Praxis, 30, 83 s.).

3. D E P Ó S I T O BANCÁRIO. - O depósito bancário é a mais relevante das


operações dos bancos. Por êle, põe-se à disposição do depositante a provi-
são, o fundo disponível a que se refere a lei sôbre cheques. Se é, no sistema
jurídico brasileiro, depositum irregulare, ou contrato de crédito, mútuo que
o mutuante "ofereceu", depende do negócio e do exame da legislação civil,
comercial e especial.
O depósito bancário é depósito iíregular. O sistema jurídico brasi-
leiro sempre teve o depósito irregular, que é subespécie de depósito, e
não mútuo. No depósito bancário, como em todo depósito irregular, o
depositário tem o dever de restituir o tantundem, quando o exija o depo-
sitante, ainda que o contrate seja a prazo. A restituição é no domicílio do
depositário, despesas por conta do depositante. Não há a incidência do
Código Civil, art. 1.010, e sim a do art. 1.015, II. A redução do depósito
bancário ao mútuo eliminaria diferença econômica, técnica e jurídica, que
existe, e pois seria de sérios inconvenientes. Ninguém pode deixar de ver
a diferença entre o empréstimo de x feito ao banco e o depósito de x no
mesmo banco.
Se, no mútuo, não há guarda, não se pode sustentar que o banco de
depósitos até certo ponto não guarde. No mútuo, a disponibilidade da coisa
pelo depositário é essencial; no depósito irregular, inclusive no depósito
bancário, a disponibilidade pelo depositário há de ser tal que não exclua a
disponibilidade pelo depositante: o depositário pode dispor, desde que as-
segure a disponibilidade pelo depositante. Ora, êsse elemento é de guarda,
de custódia, se bem que a organização e as operações bancárias permitam
custodiar a despeito da fungibilidade do bem depositado e da sua dispo-
nibilidade técnica. O depósito irregular não é contrato de crédito pessoal;
seria contrato de crédito real.
É verdade que nos depósitos bancários a prazo fixo e de aviso o
elemento direito à provisão se dilui, sem, todavia, desaparecer; nos depó-
sitos à vista, a atualidade do direito à provisão é ressaltante. O depósito
bancário, que permite a emissão de cheques, é o contrato de depósito
irregular, pelo qual alguém dá ao banco, ou o banco considera como en-
tregue, quantia sôbre a qual o depositante tem poder de dispor, portanto
- de atribuir a outrem o direito à provisão, ou parte dela. A disponibili-
dade pelo depositante coexiste com a disponibilidade pelo banco, mas
passa-lhe à frente quando o depositante o entenda. Se o depositário tem
a propriedade, é propriedade limitada pelo poder de dispor, que tem o
depositante. Situação semelhante é a do marido que pode dispor dos bens
móveis comuns, sem que se possa dizer que a mulher perdeu a proprieda-
de. É bem exígua a propriedade que se transfere, retendo-se a disponibi-
lidade (depositum regulare); porém não no é menos a da mulher casada
quanto aos bens móveis de que o marido pode dispor. O direito deposi-
tado é dinheiro que se transferiu, retido, o poder de dispor. De nenhum
modo se poderia pensar em espécie de mútuo. O depositante pode dispor
e dispõe, a despeito da entrega, sem ser em depósito simples; o depositá-
rio pode dispor e dispõe, a despeito de estar exposto ao ato de disposição
por parte do depositante.
E m relação aos outros depósitos irregulares, o depósito bancário tem
a característica - subjetiva - de ser feito com depositário profissional, que
se dedica a tais operações em massa, o que lhe facilita a solução prática
do problema técnico-econômico dos dois poderes de disposição. O banco
tem o poder de disposição sôbre x, x', x"\ cada depositante, sôbre x, ou
sôbre x', ou sôbre x"; de modo que, se só dispõe de fração de x + x'+x", o
seu poder de dispor não fere o poder de dispor dos que depositaram x + x'
+ x", pois que nem todos os depositantes dispõem simultâneamente. Nos
momentos de alarma, as corridas dos clientes mostram que, nos tempos
normais, tudo se passa tranqüilamente, permitindo estatísticas de depósitos
e de retiradas e o trabalho técnico com as médias de disponibilidade prová-
vel, inclusive atendidas as datas e considerados os meses.
O contrato de depósito irregular é, de regra, contrato unilateral: os de-
veres e obrigações são do depositário; por isso mesmo, não tem êle a ação
de resolução por inadimplemento (Código Civil, art. 1.092, parágrafo úni-
co), nem a exceção non adimpleti contractus (art. 1.092). É, normalmente,
contrato real: só se conclui com o encaixe no banco, ou a outra pessoa que
seja depositária. Às vêzes, é oneroso, porque produz interêsses. Na dimen-
são econômica, o depositário-banqueiro, pois que tem consigo o depósito,
dêle dispõe, com preterição eventual do depositante; na dimensão jurídica,
o poder de dispor, que tem o depositante, passa à frente.
Mais de espaço trataremos do depósito bancário no Título referente
aos negócios jurídicos bancários.

4. D E P Ó S I T O I R R E G U L A R E C O N T R A T O D E R E P O R T E . - O contrato de
reporte é aquêle contrato pelo qual alguém (reportador) transmite a pro-
priedade e a posse de títulos de crédito ou ações, ou títulos representativos,
com a cláusula de, a certo tempo, ou ao implemento de condição, o adqui-
rente (reportado) transmitir-lhe a propriedade e a posse de outros títulos da
mesma espécie e qualidade, recebendo o transmitente o preço do reporte,
quase sempre mediante percentual para mais ou para menos. Se ao preço
da primeira alienação e igual o preço da segunda, diz-se reporte ao par.
O lucro é para o reportador. Se o lucro é para o reportado, diz-se contrato
de deporte. Temos de falar do contrato de reporte e do contrato de deporte
como um dos negócios jurídicos de bôlsa e de banco.
Trata-se de contrato único e indivisível, translativo da proprieda-
de sôbre os títulos, contrato oneroso e real. No direito brasileiro, pode
haver o pré-contrato de reporte ou de deporte. Não se confunde com o
depósito regular.
Ao contrato de reporte e ao de deporte de modo nenhum são invo-
cáveis regras jurídicas peculiares ao depósito ou ao mútuo. O que o rege,
fora das normas jurídicas que lhe são peculiares, são as do contrato de
compra-e-venda. O que é comum a êle e ao depósito irregular é o direito
concernente ao acordo de transferência da propriedade, ao acordo de trans-
ferência da posse e ao têrmo para a segunda transmissão de propriedade e
de posse, que é a retro. O depositário, no depósito irregular, restitui o que
já não é seu. O reportado restitui o que deve e, se não presta, cabe a ação
por inadimplemento, e não a ação de depósito.

5. S U P O R T E F Á C T I C O D O A R T . 1.280 D O C Ó D I G O C I V I L . - Se houve a
cláusula ou pacto adjecto de se restituir o tantundem, e não eadem num-
morum corpora, o depósito irregular é evidente. Restitui-se o tantundem
eiusdem generis.
Resta saber-se se o simples fato de se entregar ao depositário coisa
fungível basta para se ter a figura do art. 1.280 do Código Civil. O assunto
prende-se aos arts. 1.267 e 1.280. No art. 1.267, estabelece o Código Civil
que, "se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse
mesmo estado se manterá; e, se fôr devassado, incorrerá o depositário na
presunção de culpa". Teremos de mostrar que o art. 1.267 não é elemento
bastante para se dar solução ao problema. O depósito que se entregou
fechado, colado, ou lacrado, de que fala o art. 1.267, é o depósito que em
tal estado se entregou para que não fôsse aberto; portanto, depósito que
não se rege, necessàriamente, pelo art. 1.280 e tem a particularidade, a
mais, de se ter entregue como indevassável. ^Para que o depósito de bens
fungíveis seja depósito regido pelo art. 1.280, é preciso que tenha havi-
do a cláusula ou o pacto adjecto de só ser exigível o tantundem eiusdem
generis (art. 1.280, verbis "em que o depositário se obrigue a restituir
objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade")? ^Não se disse que,
sendo de coisa fungível o depósito, sempre se entende que foi entregue
em depósito irregular?
Examinemos primeiro o problema de direito romano.
A L. 31, D., locati conducti, 19, 2, que é de A L F E N O , levou a pensar-
-se em que, sendo de coisas fungíveis o depósito, de depósito irregular se
havia de cogitar. Mas o texto não permite que se vá até aí: não se dispen-
sava, em direito romano, nem se dispensa hoje, a manifestação de vontade
dos contraentes. Diferente, C H R . F R . G L Ü C K (Ausführliche Erlãuterung der
Pandecten, 15, 157). A leitura da L. 24, D., depositi vel contra, 16, 3, basta
para se ter certeza do que era a regra jurídica romana. Aí, P A P I N I A N O frisa
que é de mister a convenção de só se restituir o tantundem.
O que se havia de explicitar era tratar-se de depósito, porque, se isso
não ocorresse, de mútuo é que se havia de cogitar. Aliás, o texto de PAPI-
N I A N O , na L. 24, D., depositi vel contra, 16, 3, foi muito desfigurado.

O art. 1.280 incide quer o depositário tenha a) proposto a transferên-


cia, quer b) lha tenha dado o depositante.
Se a), a transferência opera-se antes de qualquer ato de dono, desde
o momento em que o depositante aceita; se b), a aceitação tem de ser pelo
depositário, porque o oferente foi o depositante. Na L. 10, D., de rebus
creditis si certum petetur et de condictione, 12, 1, diz-se que, se, desde o
comêço, se tiver permitido ao depositário utilizar-se do depósito, se qui-
sesse, não há crédito antes de se haver utilizado, porque não é certo que
se constitui a dívida. Os textos fazem nítida a distinção entre a pretensão à
restituição do que foi depositado e a pretensão ao pagamento, entre o ter de
restituir o que é do depositante e o ter de prestar o que é objeto do crédito.
Daí terem alguns juristas lido a L. 10. como se houvesse dito: quase mútuo
somente há desde que se utiliza o depósito. Ainda na L. 1, § 34, D., depo-
siti vel contra, 16, 3, está escrito: "Si pecunia apud te ab initio hac lege de-
posita sit, ut si voluisses utereris, prius quam utaris depositi teneberis". Se
desde o início se depositou dinheiro em teu poder para que, se o quiseres,
o u t i l i z e s , antes de o utilizares estás obrigado pelo depósito.

O art. 1.280 do Código Civil de modo nenhum desnatara o depósito


irregular. A despeito da redação do art. 1.280, as regras jurídicas do mútuo
são invocáveis até onde não tornem mútuo o negócio jurídico do mútuo
irregular. Os contraentes tiveram o animus deponendi; e não há regra ju-
rídica que diga tratar-se o contrato de depósito irregular como contrato de
mútuo. Há a pretensão à restituição a qualquer momento (Código Civil,
art. 1.265), ao passo que, no tocante ao mútuo, em se tratando de mútuo de
dinheiro, há o prazo de trinta dias (art. 1.264, II).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.665. A - Legislação
O art. 1.256 do CC/1916, que define o mútuo, corresponde ao disposto no art.
586 do CC/2002. O art. 1.248 do CC/1916, que definia o comodato, foi reprodu-
zido pelo art. 579 do CC/2002. O art. 1.265 do CC/1916, mencionado por Pontes
de Miranda, corresponde integralmente ao disposto no art. 627 do CC/2002. O
art. 1.280 do CC/1916, que remete o depósito fungível à aplicação das regras
sobre mútuo, corresponde ao art. 645 do CC/2002. Os arts. 1.010 e 1.015, II, do
CC/1916, que disciplinam a compensação e, no segundo caso, sua impossibilida-
de se uma das obrigações que se pretenda compensar originar-se de comodato,
depósito ou alimentos, correspondem aos arts. 369 e 373, II, do CC/2002.
Os arts. 1.265 e 1.267 do CC/1916, são reproduzidos, respectivamente, nos
arts. 627 e 630 do CC/2002. Neste particular, observe-se que enquanto o art. 633
do CC/2002 estabelece a pretensão de restituição incontinenti, quando se trate
de depósito, o art. 592, ll, do CC/2002 no caso de mútuo de dinheiro, o estabelece
em 30 dias, à falta de estipulação expressa.
A referência ao art 1.092, caput e seu parágrafo único, do CC/1916, que pre-
veem a hipótese de resolução por inadimplemento e a exceção de contrato não
cumprido, as quais são afastadas do contrato de depósito por Pontes de Miranda,
considerando .sua natureza unilateral, correspondem aos arts. 476 e 475, respec-
tivamente, do CCS002.Com a ressalva, em relação a este último, que ao lado da
; resolução e da indenização por perdas e danos, previstos na lei revogada, faculta
alternativa ao credor, de exigir o cumprimento da prestação. .
Há a pretensão à restituição a qualquer momento (art. 1.265 do CC/1916), ao
passo que, no tocante ao mútuo, em se tratando de mútuo de dinheiro, há o prazo
de 30 dias (art. 1.264, II, do CC/1916).

§ 4.665. B - Doutrina
A doutrina reconhece no depósito irregular, especialmente de dinheiro em
que o depositário é instituição financeira, hipótese de contrato bilateral, conside-
rando - tal qual a lição de Pontes de Miranda (§ 4 . 6 5 7 ) , de que é a contrapresta-
ção que bilateraliza o contrato, a existência de remuneração do depositário. Esta
remuneração vem, geralmente, da disponibilidade e uso do dinheiro em outras
operações de banco, do que lhe resulta vantagem econômica indireta ( M A R Q U E S ,
Claudia Lima. Relação de consumo entre os depositantes de caderneta de pou-
pança e os bancos ou instituições que arrecadam a poupança popular. Revista
dos Tribunais, vol. 7 6 0 . p. 1 0 7 . São Paulo: Ed. RT, fev. 1 9 9 9 ) . Daí a longa tradição
no direito brasileiro, desde Teixeira de Freitas, e mesmo dentre os modernos
doutrinadores, em desclassificar o depósito bancário como tal, identificando-o
como empréstimo ( L O P E Z , Teresa Ancona. Op. cit., p. 4 1 2 ) , mesmo sob os pro-
testos da doutrina de direito bancário ( B A R R E T O , Lauro Muniz. Direito bancário.
São Paulo: Leud, 1 9 7 5 . p. 1 7 0 - 1 7 1 ; S A L O M Ã O N E T O , Eduardo. Direito bancário.
São Paulo: Atlas, 2 0 0 5 . p. 2 2 8 - 2 2 9 ) . Todavia, fixa-se a orientação majoritária
que - na linha da orientação de Pontes de Miranda - reconhece no depósito de
dinheiro, autêntica espécie desse contrato, ainda que considerado sob a espécie
de depósito irregular.

§ 4.665. C - Jurisprudência
Quanto ao depósito irregular e aplicação das regras do mútuo, no que couber,
ao depósito irregular, a jurisprudência expressamente faz uso da lição de Pontes
de Miranda, com a finalidade de identificar as situações de incidência dessas
normas, em vista da natureza distinta do contrato (STJ, REsp 50830/PR, 4.aT., j.
07.10.1997, rei. Min. César Asfor Rocha, DJ23.03.1998). Também no penhor mer-
cantil, no qual a garantia permanece em depósito, tratando-se de coisas fungíveis
aplicam-se as regras sobre mútuo, inviabilizando a ação de depósito (STJ, REsp
15597/MS, 4. a T.,j. 23.03.1993, rei. Min. Barras Monteiro, DJ 10.05.1993).
Firme é a jurisprudência, da mesma forma, pela aplicação aos contratos ban-
cários, do Código de Defesa do Consumidor, como se vê da Súmula 297 do
STJ, bem como por decisão do STF vinculante sobre o tema (STF, EDcl na ADIn
2.591/DF, j. 14.12.2006, rei. Min. Eros Grau, DJ 13.04.2007). Nessa linha de en-
tendimento, imputa ao banco depositário o dever de repor remuneração de depó-
sitos de poupança (STJ, REsp 152.460/SP, 3.aT., j. 02.06.1998, rei. Min. Eduardo
Ribeiro, DJ 08.09.1998), a não ser quando se trate de ativos retidos por força de
ato de império (STJ, REsp 397.169/AL, 2. a T., j. 07.12.2004, rei. Min. F r a n c i u l l i
Netto, DJ 02.05.2005).
§ 4.666. N A T U R E Z A E E F I C Á C I A D O D E P Ó S I T O I R R E G U L A R

1. PRECISÕES. - Alguns negaram ao depósito irregular ser depósito;


outros afirmaram que não perde na classificação dos contratos o lugar do
depósito, e daí caber a actio depositi. Para aquêles, o pacto adjecto não o
alteraria (e. g., D A N I E L N E T T E R B L A D T e G . O E L R I C H S ) , de modo que, com
o pacto adjecto, teria o depositante a actio depositi e a que resultasse do
pacto adjecto. Para esses (e. g., J . L . J . D E D E K I N D e F R . G . Z O L L E R ) , não:
o depósito, que excede o seu tipo, não é depósito. Terceira opinião é a que
distingue os essentialia e os naturalia depositi, donde a necessidade de
análise ( J . V O E T , C . VAN B Y N K E R S H O E K , J . A V E N A R I U S , R . C H R . H E N N E , J .
GOTTFR. SAMMET, A . F. J . T H I B A U T , C . G . OVERBECK).

A discussão peca por se extremarem as opiniões: ou é depósito, ou


é mútuo. Por outro lado, não se há de pensar em união de contratos. Só
há um contrato. Perlustrando-se os textos romanos e dando-se desconto
ao que revela de indecisão e tendo-se pesquisado o depósito irregular dos
nossos dias, o que se há de responder é que, às vêzes, há mútuo, com
falso nomen iuris; e, outras vezes, o depósito, apesar da transmissão de
propriedade, continuou depósito. Além disso, é preciso não se confundir o
depósito com transmissão de propriedade, que é o de que trata o art. 1.280
do Código Civil, e o depósito em que entre os bens dados em depósito se
estabelece comunhão, tornando-se depósito coletivo. Aí, os depositantes
tornam-se comuneiros, comproprietários, e o depositário de modo nenhum
adquire a propriedade, nem suporta os riscos como se dá no depósito irre-
gular do art. 1.280 do Código Civil.

2. D E P Ó S I T O I R R E G U L A R E O U T R O S C O N T R A T O S . - Como o depósi-
to regular se distingue do comodato, mesmo coincidindo serem, in casu,
gratuitos, o depósito irregular não se pode confundir com o mútuo. O de-
positante, no depósito regular como no irregular, precisa de depositar, o
comodatário e o mutuário precisam de que se lhes dê o bem. Mesmo no
depósito irregular, o depositante pode pedir, a todo tempo, a restituição,
conforme os princípios que expusemos.
Se o contrato é de mútuo, e não de depósito irregular, a que correspon-
da o art. 1.280 do Código Civil, a ação do tradente é a actio certae creditae
pecuniae (cf. N E R V A , P R Ó C U L O e M A R C E L O , em U L P I A N O , L . 9 , § 9 , D . , de
rebus creditis si certum petetur et de condictione, 12, 1). Se o contrato é de
depósito, irrégularizado com a transferência da propriedade, havia a actio
depositi (iudicium bonae fidei) e não podemos negar a existência de tal
ação, hoje, se o contrato não deixou de ser contrato de depósito. O próprio
direito romano chegou a admitir, aí, os interêsses, e a atitude contrária à
admissão da figura do depósito irregular, inclusive no tocante a interesses
(e. g., juros) pagáveis pelo depositário, dificultaria, enormemente, a expli-
cação científica dos depósitos bancários. Basta pensar-se, para a confirma-
ção do que dissemos sôbre o depósito com transmissão de propriedade,
sem se levar em conta (porque não vem ao caso) as interpolações à L. 25, §
1, D., depositi vel contra, 16, 3, e a L. 28, em que aquêle texto e êsse falam
da actio depositi ainda para reclamar os interêsses.

3 . C O N T R A T O D E D E P Ó S I T O D E T Í T U L O S D E C R É D I T O E DE TÍTULOS
REPRESENTATIVOS. - De ordinário, o contrato de depósito de títulos de cré-
dito ou de títulos representativos é depósito regular, de jeito que não há
qualquer diferença entre êle e o contrato de depósito de outro bem móvel.
Todavia, além do dever de custódia, tem o depositário o dever de admi-
nistração, isto é, de receber os dividendos ou os interêsses, informar-se
quanto a bonificações, prêmios e reembolsos, preferência para subscrição
de aumento de capital ou do empréstimo. Dever de administração somente
pode existir se o depósito é regular, pois é preciso que continue titular do
direito de propriedade, ou do usufruto ou do uso, o depositante. O deposi-
tário só tem a posse imprópria, imediata, e não pode usar dos títulos, nem,
afortiori, deles dispor.
Os riscos da perda de posse dos títulos ao portador e dos títulos endos-
sáveis levam os portadores a depositar em bancos ou estabelecimentos es-
pecializados os seus títulos. Ou se oferece aos clientes o depósito de títulos,
ou a locação de cofres fortes. A segunda solução é menos completa, em
segurança, porque o depositário dos títulos tem o dever de administração,
o que falta ao locador de cofres fortes. O dono ou usufrutuário dos títulos
postos em cofre forte têm de retirá-los para apresentação e formalidades,
de lhes cortar cupões e de informar-se s e providenciar quanto às operações
a que tem direito. O locador do cofre forte ignora-lhe o conteúdo. Por isso
mesmo, não pode, sequer, aconselhar o locatário em qualquer dos pontos
de fato e de direito, inclusive quanto a acontecimentos previsíveis.
Com o depósito de títulos, o depositário exerce a administração, com-
parecendo, inclusive, a assembléias gerais, tomando resoluções sôbre au-
mento de capital e sôbre conversão.
O cofre forte tem o inconveniente de poder alguma pessoa, que saiba
da morte próxima do locatário, apanhar a chave, ou a chave e o segrêdo.
Discute-se se o depósito de títulos pode ser anônimo, isto é, sem que
o recibo diga quem depositou. Tem-se de responder negativamente, não só
porque poderia ocultar crime como porque se fraudaria o fisco, em casos
de infiscalizabilidade das rendas (cf. R. C O R D I E R , Des Operations sur titres
dans les banques, 332).
Dizem-se depósitos simples de títulos os que não têm regras jurídicas
especiais que os rejam. Depósitos clausulados, os depósitos em nome de
incapazes, ou de cônjuges, e os coletivos. Não há razão para não se consi-
derarem simples os depósitos em nome de pessoas jurídicas. Quem exerce
os podêres e direitos a propósito dos depósitos de pessoas jurídicas são os
órgãos, ou, se êles lhes outorgaram podêres especiais, os representantes.
Os depósitos de títulos, se há nu proprietário e usufrutário, são depósitos
coletivos. Os depósitos para a garantia de certa conta, ou para despesas
futuras e eventuais, são depósitos clausulados.
É possível abrir-se conta corrente de títulos, mas ou a figura é a do
depósito bancário em conta corrente, ou a do contrato de conta corrente em
que as remessas são em títulos.
O depositário de títulos tem os deveres de conservação e de restitui-
ção, quase sempre o de a<iministração.
Se advém direito de subscrição, o depositário ou procede conforme
as instruções recebidas, ou tem o dever de consultar o depositante. Ou
subscreve, ou cede o direito de subscrição. Se o depositante não atende ao
aviso, sem que seja caso de se reputar manifestação de vontade o silêncio,
no caso, o que se há de entender é que, no último dia, o depositário pode
ceder, onerosamente, o direito de subscrição. Se não o cedesse, perdê-lo-ia
o depositante.
O depósito de títulos de crédito ou de títulos representativos pode ser
irregular, mas isso é excepcional. A aquisição da propriedade, por parte
do depositário, supõe que se haja tratado o bem como bem fungível. Se o
título é a) título de massa, ou se é b) título de série, ou c) título singular,
é questão de fato, que se supõe resolvida para que se possa raciocinar a
respeito da irregularidade do depósito. Os títulos da classe c) são infun-
gíveis, ao passo que os das duas outras classes podem ser tratados como
fungíveis ou como infungíveis. Se ao portador, a fungibilidade é fácil; se
à ordem, o endosso em branco pode bastar, se admitido. O fato de haver
sorteio, pelo número, não é óbice à fungibilização, se fica preestabeleci-
do que o depositante tem comunicação do nôvo número antes do sorteio
(sem razão, F R A N C E S C O M E S S I N E O , Operazioni di borsa e di banca, 330;
ADRIANO FIORENTINO, Le Operazioni bancarie, 256, que não aludem a
essa possibilidade).
Se os títulos foram mencionados sem se referir o elemento individua-
lizante que serve ao sorteio, o que se há de entender é que se abstraiu disso.
A fungibilização pode dar ensejo a contrato de depósito irregular, ou
a contrato de mútuo. Numa e noutra figura, a propriedade passa ao de-
positário ou ao mutuário. Só a restituição pode individuar o bem institu-
ído. No mútuo, o fim do contrato é a transferência; no depósito irregular,
efeito. Aqui, o que se entrega entrega-se para segurança da posse e, pois,
da propriedade, a despeito da contingência da fungibilidade. Ali, o que o
mutuante dá ao mutuário a êsse vai para seu uso e disposição. No mútuo, o
mutuário sói pagar interêsses; no depósito, o depositante é que paga remu-
neração, pôsto que se possa admitir que o depositário conta juros a favor
do depositante, ou o depositante remunera.

4 . D E P Ó S I T O I R R E G U L A R E R E G R A S J U R Í D I C A S C O N C E R N E N T E S AO CON-
- Dentre as regras jurídicas sôbre o mútuo, que o Códi-
TRATO DE M Ú T U O .
go Civil diz invocáveis a respeito do depósito irregular - as dos arts. 1.256-
1.264 do Código Civil - somente podem incidir, a propósito do contrato de
depósito irregular e dos seus efeitos, o que não se choque com o conceito
de depósito. Faltou, evidentemente, ao art. 1.280, mas subentende-se, o
usual "no que fôr aplicável". Passemos ao exame das regras jurídicas.
Não há dúvida quanto ao art. 1.256, 2.a parte, onde se estabelece que
"o mutuário" - portanto, na espécie, o depositário, se irregular o depósito -
"é obrigado a restituir ao mutuante o que dêle recebeu em coisas do mesmo
gênero, qualidade e quantidade". Apenas se há de notar que a expressão
restituir é anfibológica, se se fala de o locatário de coisa restituir e de res-
tituir o mutuário, de restituir o depositário ou o fiduciário, na propriedade
fiduciária, e de restituir o comodatário. O depositante, no depósito irregu-
lar, restitui como o locatário de coisa, como o fiduciário, se a propriedade
fiduciária volta ao constituinte do fideicomisso, e como o depositário, no
depósito regular. Não é possível abstrair-se da diferença, a despeito da
expressão "restituição".
No art. 1.257 do Código Civil, estatui-se que o mutuante - portanto,
na espécie, o depositante, se irregular o depósito - "transfere o domínio
da coisa emprestada", digamos depositada, "ao mutuário", isto é, ao de-
positário, "por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição". A
sorte do bem e a do figurante são iguais num e noutro contrato. As razões
são óbvias: a fungibilidade obrigou a que se tivesse a posse recebida pelo
depositário como posse própria, pela impossibilidade de determinação do
bem possuído; nas duas relações jurídicas, tinha de incidir o mesmo prin-
cípio Res perit domino.
É invocável, no. tocante ao depósito irregular, como a respeito do mú-
tuo, o art. 1.258 do Código Civil, que trata de moeda de ouro ou de prata,
observada a legislação especial.
No art. 1.259 do Código Civil diz-se que "o mútuo feito a pessoa
menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode
ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores, ou abonadores (art.
1.502)". Cf. arts. 155 e 1.502. Se a figura do depósito irregular foi in frau-
dem legis, claro é que o art. 1.259 incide. Se houve depósito irregular,
invalidamente feito, o que pode acontecer é trazer-se à discussão o art. 155
do Código Civil, ou o art. 1.260.
O art. 1.261 do Código Civil diz que "o mutuante pode exigir garantia
da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança
na fortuna". Em princípio, o depositante pode exigir, quando entrega, a
restituição do bem depositado, seja regular seja irregular o depósito (Códi-
go Civil, art. 1.268). Se irregular o depósito, o art. 1.261 do Código Civil
incide, afortiori.
O mútuo civil pode ser oneroso, se há cláusula expressa (Código Ci-
vil, art. 1.262). O mútuo mercantil dispositivamente o é (Código Civil, art.
248). O depósito irregular é gratuito, mesmo se mercantil. Na prática, a so-
lução é sem grande alcance, devido a não ser freqüente o depósito irregular
mercantil. O depósito bancário - assunto de que trataremos em conjunto
com os outros negócios jurídicos bancários - exerce função relevante. O
depósito irregular, como depósito, que é, tem de ser considerado gratuito,
dispositivamente, mesmo porque o diferimento da restituição foi no inte-
rêsse do tradens, e não do accipiens. Daí falar-se, no art. 1.265, parágrafo
único, do Código Civil, de gratificação ao depositário, e não de interêsses
pagáveis por esse. Isso não importa vedar-se que se paguem interêsses pelo
depósito irregular, como é de praxe geral no depósito bancário.
O art. 1.264 do Código Civil não é invocável a propósito do depósito
irregular.
Se algum prazo foi estabelecido entende-se a favor do depositante, e
não do depositário. Nenhuma regra jurídica sôbre têrmo do mútuo se há de
invocar a propósito do depósito irregular, a despeito da referência do art.
1.280 ao art. 1.264. Se, no contrato a que se chamou depósito irregular, se
diz que o bem depositado, produto agrícola, se destina a semeadura, ou ao
consumo, não houve contrato de depósito irregular, mas sim contrato de
mútuo, e o art. 1.264,1, incide. Se o depósito irregular foi de dinheiro, é
exigível quando o depositante o queira, porque a prevalência do interêsse
do depositário o tornaria mútuo.

5 . D E P Ó S I T O IRREGULAR E REGRAS JURÍDICAS SÔBRE DEPÓSITO REGU-


LAR. - Há regras jurídicas sôbre depósito que são comuns ao depósito re-
gular e ao depósito irregular e regras jurídicas sôbre depósito peculiares ao
depósito regular.
O depositário, no depósito irregular, faz-se dono e possuidor próprio
do bem depositado. Isso não impede que o depositante invoque o art. 1.268
do Código Civil ou o art. 1.269 ou o art. 1.273, em vez de invocar outros
princípios.
No art. 1.265, parágrafo único, do Código Civil permite-se a cláusula
de gratificação ao depositário. A despeito da transferência da propriedade
e da posse, o interêsse do depositante pode ser tal que abra margem à cláu-
sula de O
gratificação.
j>

No art. 1.266, 2. a parte, do Código Civil, há o dever de restituição do


bem depositado "com todos os frutos e acrescidos". O problema tem de ser
considerado conforme as espécies. Se o objeto do depósito irregular foram
créditos, esses podem ter juros. Se foram ações ao portador, podem ter di-
videndos e bonificações em ações ou em dinheiro. São frutos e, salvo cláu-
sula em contrário, restituíveis. Aliás, usa-se o depósito irregular de ações
ao portador, com fins de o depositário participar em eleições, sem que êsse
fique isento de restituir os proventos. O problema faz-se mais delicado se
o objeto depositado é dinheiro. O dinheiro não produz frutos naturais nem
frutos civis. Se o depositário, no depósito irregular, dá em mútuo o que re-
cebera em depósito irregular e percebe juros, ou com o dinheiro comprou
ações, ou animais, qualquer produto resulta do investimento que fêz, e hão
do contrato de depósito.
Se o depositário prometeu juros ou outro interêsse do dinheiro, houve
negócio jurídico de mútuo, e não negócio jurídico de depósito irregular.
O fato de existirem regras jurídicas a propósito de depósito regular
que são invocáveis quando está em exame depósito irregular mostra que
não é possível reduzir-se ao mútuo o depósito irregular. A t é c n i c a jurídica
poderia ter chegado a êsse ponto extremo; mas a ordem histórica impediu
a inovação e foi bom que isso acontecesse.
(Quando se fala de onerosidade no depósito, há ambigüidade: ora se
atende a que o depositante remunera, ora a que o depositário paga juros.
Aqui, marcha-se para o lado da locação de coisas ou do mútuo; ali, para o
lado da locação de serviços.)

| Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.666. A - Legislação
O art. 1.280 do CC/1916, que remete o depósito fungível à aplicação das re-
I gras sobre mútuo, corresponde ao art. 645 do CC/2002. A indicação das regras do
mútuo que a que refere expressamente a norma revogada (arts. 1.256 a 1.264 do
j CC/1916), ora são disciplinadas pelos arts. 586 a 592 do CC/2002.
O art. 1.257 do CC/1916, corresponde ao disposto no art. 587 do CC/2002. Já
o art. 1.258 do CC/1916, não foi reproduzido no Código Civil vigente. A regra so-
| bre mútuo celebrado por pessoa menor, disciplinado pelo art. 1.259 do CC/1916,
ora o é pelo art. 588 do CC/2002. Os arts. 155 e 1.502, revogados, sobre as
conseqüências do contrato celebrado em proteção do incapaz e do fiador são re-
produzidos nos arts. 180 e 837 do CC/2002. A ausência de obrigação do incapaz
e do fiador cessa nas hipóteses do art. 1.259 do CC/1916, ora reproduzidos no
| art. 588 do CC/2002.
| O art. 1.261 do CC/1916, que assegura ao mutuante exigir a restituição quan-
| do houver notória alteração da condição econômica do mutuário, corresponde ao
! art. 590 do CC/2002.
• As disposições que regulavam o mútuo mercantil foram revogadas, unificando-
-se a disciplina do mútuo civil e do mútuo mercantil no Código Civil de 2002, do
; qual se presumem devidos juros se realizado com fins econômicos (art. 591 do
'. CC/2002), ao contrário do art. 1.262 do CC/1916, que admitia a cobrança apenas
por cláusula expressa.
O art. 1.268 do CC/1916 é reproduzido pelo art. 633 do CC/2002, determi-
nando o dever de restituição incontinenti do bem pelo depositante ao depositário,
salvo nas hipóteses em que o objeto foi judicialmente embargado, recaia sobre
ele execução notificada ao depositário, ou tenha motivo razoável para suspeitar
i que se trata de coisa furtada ou roubada. O art. 1.269 do CC/1916, que Pontes
de Miranda sugere poder ser invocado também no depósito irregular, prevê a pro-
vidência do depositário de requerer que seja encaminhado ao depósito público,
frente à suspeita de que o bem tem origem ilícita, sendo reproduzido pelo art. 634 I
do CC/2002. O depositário, no depósito irregular, faz-se dono e possuidor próprio
do bem depositado. Isso não impede que o depositante invoque o art. 1.268, art.
1.269 ou o art. 1.273, do CC/2002 em vez de invocar outros princípios. O art.
1.273 do CC/1916, foi reproduzido pelo art. 638 do CC/2002, admitindo a possibi-
lidade de compensação apenas entre créditos de mesma natureza, decorrentes
de contratos de depósito.
A possibilidade do contrato de depósito ser oneroso, mediante gratificação
do depositário, previsto no art. 1.265, parágrafo único, do CC/1916, hoje corres-
ponde ao art. 628 do CC/2002, que amplia a hipótese para os casos em que se
estipule remuneração por convenção, se resultante de atividade negociai ou se o
depositário o praticar por profissão. O art. 1.266, 2.a parte, do CC/1916, corres-
ponde ao art. 629 do CC/2002, que obriga o depositante a ressarcir com todos
os frutos e acrescidos.

§ 4.666. B - Doutrina
Sustenta a doutrina contemporânea que o princípio do res perítdominum não
se aplica ao depósito irregular, uma vez que o gênero não perece (genus non pe-
rítj ( L O P E Z , Teresa Ancona. Op. cit., p. 412). Aí o fundamento pelo qual se diz que
suporta o caso fortuito ( L O R E N Z E T T I , Ricardo. Contratos. Parte especial, I I . Buenos
Aires: Rubinzal Culzoni, 2003. p. 525).Todavia, aspecto freqüentemente destaca-
do pela doutrina para distinguir o. depósito irregular e o mútuo é de que enquanto o
primeiro tem por finalidade precípua atender ao interesse do depositante, o outro
é empréstimo, e como tal visa atender o interesse do mutuário de fazer uso da
coisa ( A N D R I G H I ; B E N E T I ; A N D R I G H I . Op. cit., p. 412).

§ 4.666. C - Jurisprudência
Conforme a jurisprudência, configura espécie de contrato misto de depósito e
mandato a entrega de títulos ao banco para que efetue a cobrança, respondendo
por eventual extravio (STJ, REsp 6.298/DF, 4. a T., j. 26.04.1994, rei. Min. Fontes
de Alencar, DJU 27.06.1994). O mesmo ocorre em depósito de grãos junto ao
ente público de armazenamento, que responde pelo desvio ou extravio do produto
(TRF-43 Reg., ApCiv 2003.04.01.049641-6/RS, 3.a T., j. 20.01.2009, rei. Maria Lú-
cia Leiria, p. 26.02.2009). Observe-se o mesmo, ainda, no desembaraço aduanei-
ro de mercadoria perecível, pode-se constituir o representante legal da empresa
como depositário em depósito irregular (TRF-4.3 Reg., Ag 2007.04.00.024323-7,
1 .aT., j. 05.09.2007, rei. Álvaro Eduardo Junqueira, p. 25.09.2007). Não cabe, toda-
via, pedido de restituição do depósito bancário pelo depositante, com fundamento
na Lei de Falências, dado o regime especial de liquidação a que se submetem as
instituições financeiras (STJ, REsp 501.401/MG, 2.a Seção, j. 14.04.2004, rei. Min.
Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 03.11.2004). Nesse sentido, entende-se que
j passam a integrar a massa falida (STJ, REsp 492956/MG, 1 . a T., j. 06.03.2003, rei.
i Min. José Delgado, DJ 26.05.2003).
CAPÍTULO IV

DEPÓSITO NECESSÁRIO

§ 4.667. C O N C E I T O E N A T U R E Z A D O D E P Ó S I T O N E C E S S Á R I O

1. C O N C E I T O . - Por vêzes, em virtude de leis de direito público, o


Estado toma posse de bens alheios, ou por medidas cautelares, ou por me-
didas executivas, ou por medidas de requisição (Constituição de 1946, art.
141, § 16, 2.a parte). O Estado responde como se tivesse havido contrato
de depósito.
Lê-se no Código Civil, art. 1.282: "É depósito necessário:
1. O que se faz em desempenho de obrigação legal (art. 1.283).
II. O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o in-
cêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque". O art. 1.283 acrescenta: "O
depósito de que se trata no artigo antecedente, n.° I, reger-se-á pela disposi-
ção da respectiva lei, e, no silêncio, ou deficiência dela, pelas concernentes
ao depósito voluntário (arts. 1.265 a 1.281)". E parágrafo único: "Essas
disposições aplicam-se, outrossim, aos depósitos previstos no art. 1.282,
n.° II; podendo estes certificar-se por qualquer meio de prova".
O art. 1.282 do Código Civil não é exaustivo. A necessariedade do
depósito tem abrangência maior, razão por que começamos por apontar
casos a que o art. 1.282 não se referiu.

2 . B A G A G E N S D E V I A J A N T E S , H Ó S P E D E S o u F R E G U E S E S , NAS H O S P E -
DARIAS, ESTALAGENS o u CASAS D E P E N S Ã O . - Lê-se no art. 1.284: "A esses
depósitos" - está-se a falar dos depósitos necessários - "é equiparado o
das bagagens dos viajantes, hóspedes ou fregueses, nas hospedarias, es-
talagens ou casas de pensão onde elas estiverem". E no parágrafo único:
"Os hospedeiros ou estalajadeiros por elas responderão como depositários,
bem como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas
ou admitidas nas suas casas".
Quem permanece, ainda que por poucas horas, em hotel, hospedaria,
estalagem, albergue ou casa de pensão, precisa de guardar o que consigo
traz. Saindo, só as gentes do hotel, da hospedaria, da estalagem, do alber-
gue ou da casa de pensão podem vigiar o que, por minutos, por horas, ou
por dias, ou por mais tempo, o freguês deixou. Não se pode, indistintamen-
te, considerar de depósito qualquer das situações estabelecidas, nem como
sendo sempre de natureza diversa da situação contratual de depósito.
As opiniões pendem para a unicidade de figura jurídica. Assim, apa-
recem as que assentam só haver, em todos:
a) Responsabilidade legal do hospedeiro, decorrente do fato de haver
consentido na introdução de equipagem no lugar em que exerce a sua in-
dústria ( L . E N N E C C E R U S - H . L E H M A N N , Lehrbuch, I I , 1 4 . A recomp., 6 9 4 ;
G . P L A N C K , Kommentar, I I , 4 . A ed., 7 1 5 ; P A U L O E R T M A N N , Das Recht des
Schuldverhãltnisse, 8 4 2 ; H . D E R N B U R G , Das Bürgerliche Recht, I I , 2 , 6 4 5 ;
C A R L C R O M E , System, I I , 7 5 2 , nota 7 ; F. E N D E M A N N , Lehrbuch, I , 1 1 6 7 ,
nota 7 ; F. S C H O L L M E Y E R , Recht der Schuldverhãltnisse, 1 3 7 ; J O S E F ESSER,
Lehrbuch des Schuldrechts, 3 3 8 ; H . S I B E R , Schuldrecht, 3 7 7 ) .
b) Efeito do contrato de hospedagem (A. L A N G E N , Die privatrechtli-
che Stellung der Wirthe und der Gastaufnahmevertrag, 27 s.).
Aí, tem-se o contrato pelo qual se aloja alguém com a sua bagagem
como irradiador do efeito de dever de custódia, de modo que hospedar é,
necessariamente, assumir tal dever. Em todo o caso, advirta-se em que se-
ria de levantar-se a questão de ser permitida, ou não, a cláusula que pré-ex-
cluísse êsse efeito. Noutros têrmos: seria de discutir-se se a regra jurídica,
não escrita, sôbre o dever de custodiar, é ius cogens, ou ius dispositivum,
ou mesmo ius interpretativum.
c) Efeito de contrato especial de hospedagem distinto do efeito do con-
trato de hotel ou de albergue (K. P O L E N S K E , Gastschaftsvertrãge, 313 s.).
Segundo tal opinião, há contratos de hospedagem de que resulta o
dever de custódia e contratos de hospedagem de que não deriva tal efeito.
A regra seria a não produção do dever de custódia, pelo menos do dever de
custódia que importasse a figura do depósito. Essa opinião levaria a ter-se
de fixar qual a espécie de contrato de hospedagem de que se emanaria o
dever de guardar em depósito.
d) Efeito de contrato autônomo de depósito ( O T T O GIERKE, Deutsches
Privatrecht, III, 743).
A opinião d) nega o efeito de dever de custodiar, que implique ser
depositário o hospedeiro. Exige que se haja concluído, expressa ou tàcita-
mente, contrate de depósito, que funcionaria como pacto adjecto, ou talvez
como contrato inteiramente à parte, isto é, sem adjecticiedade.
No direito brasileiro, a despeito do art. 1.284 do Código Civil, que se
poderia interpretar como se houvesse adotado a solução b), ou a solução
d), não se pode assumir qualquer atitude a priori.
O contrato de hospedagem é unitário, a despeito da pluralidade de
prestações que dele derivam, a cargo do hospedeiro. O mais simples é o
contrato de casa de cômodo, uma vez que se aloja o hóspede sem se lhe
fornecer comida. Discute-se se a prestação principal é a do alojamento, o
que faria contrato de locação de coisa qualquer contrato de hospedagem,
ou se o contrato é misto (locação de coisa, de obra e de depósito); ou se é
contrato atípico.
A responsabilidade do hoteleiro tem-limite espacial. Só é responsável
pelo que está ao hotel, ou em carro do hotel, ou j á está ou ainda está em
mãos dos seus empregados. Tem-se como incluso no espaço custodiante
o que foi entregue. Se foi dada ficha ou cartão para retirada, tem-se como
atribuída ao hotel a posse mediata para obtenção da posse imediata: até
êsse momento, a responsabilidade é de mandatário, e não de depositário;
recebido o bem, inicia-se a responsabilidade de depositário. Mas a res-
ponsabilidade do hoteleiro começa de ser responsabilidade de depositário
desde o momento em que êle retarda, sem ser por caso fortuito ou fôrça
maior (que êle tem de provar), a retirada dos bens a que a ficha, o recibo,
ou o cartão se refere.
Há também limite funcional. A responsabilidade do hoteleiro é so-
mente quanto ao que é de uso normal do freguês.
Há limite temporal à responsabilidade: é preciso que já esteja con-
cluído o contrato de hospedagem, reputando-se conclusão do contrato a
resposta de haver quarto, ou apartamento, ou lugar para o hóspede. Se o
dano ocorreu antes da resposta negativa, a responsabilidade rege-se pelos
princípios comuns.
Cumpre observar-se que, mesmo nos casos em que não há responsabi-
lidade de depositário, por parte do hoteleiro ou outro explorador de acomo-
dações, nem outro dever de custódia, pode êle ser responsável pelos danos,
segundo o direito comum, ainda extracontratualmente, quer provenham de
culpa sua, quer de seus empregados.
Os bens entregues e os bens portados não têm o mesmo trato. Os bens
entregues podem ser portáteis, ou não; os bens portados são os que são
portáteis (e. g., a maleta de mão, a pasta, a bolsa de viagem) e os que foram
levados com o viajante como se portáteis fossem (e. g., a mala que o via-
jante ou o hóspede quis que pusessem no apartamento, quarto ou cabina.
A responsabilidade do hospedeiro não é a mesma se o bem lhe foi
entregue, ou se o bem apenas foi portado ao hotel, porém a diferença é pe-
quena. Maior é a que concerne àqueles objetos que o hóspede traz sempre
consigo, como o relógio de bolso ou de punho, a cigarreira e o isqueiro.
Se algum bem foi entregue ao hoteleiro para guarda, há custódia es-
pecial, não se devendo pensar apenas no art. 1.285 do Código Civil, pois
há o elemento da voluntariedade (arts. 1.267-1.275). A acessoriedade di-
lui-se, tanto assim que pode ter deixado o hotel o freguês e ter pedido que
os bens continuassem em custódia especial. A gratuidade não é obstáculo
a essa conclusão.
Sempre que falamos de hoteleiro, aludimos a quaisquer hospedeiros,
inclusive hospitais, estabelecimentos balneários de estadia, ônibus com lei-
tos, navios em que se dorme, aeronaves e trens de leito. O que importa é
indagar-se se, na espécie, o freguês poderia custodiar êle mesmo os bens
que não possam ficar consigo, ou não se costuma pôr sob a vigilância do
próprio freguês.
Quem permanece no hotel, ou na pensão, ou mesmo em clube que
hospeda, tem de pôr nas dependências do prédio as malas e outros objetos.
Desde o momento em que os empregados retiram as malas e os pacotes e
os levam para lugares que não são de freqüência ordinária, o que se há de
entender é que os coloca onde fique a coberto de furtos e êrros de entrega.
Não se compreende que não haja chaves, ou vigias em número suficiente.
A solução a) é a que se impõe se não há elementos a mais, que se hajam de
levar em conta. Uma vez que há a entrada e colocação de equipagem, há
responsabilidade, sem que se tenha de alegar e provar a culpa do hospedei-
ro ou dos seus empregados.
Todavia, se há nota das peças entregues, ou se é de interpretar-se que
o contrato supõe a dação de lugar, a solução b) intervém.
Porém não só. Se há quartos ou espaços que se tomam (=se pagam) à
parte, como se o preço do hotel éxe mais y para as bagagens de porão, há a
figura da solução c). Quando os registos do hotel avisam que, a respeito de
jóias e valores estranhos às vestes,:sapatos e chapéus, a responsabilidade só
existe se foram entregues para depósito, há a figura da solução d).
No que observamos quanto aos hotéis de muitos Estados-membros do
Brasil, ressaltou que há as quatro figuras. Uma só não esgotaria o problema.
^Como se há de interpretar o art. 1.284 do Código Civil?
Primeiramente, o art. 1.284 do Código Civil nada tem com os res-
taurantes e outros estabelecimentos que somente fornecem comida e be-
bida. Aí, os chapéus e pacotes quase sempre são dados ao porteiro, ou ao
chapeleiro, às vêzes com o cartão ou a ficha. Nem o art. 1.284 do Código
Civil pode ser invocado se o hospital ou casa de saúde não tem leitos para
dormidas à noite, ou para internações. No tocante aos vagões-leitos, o art.
1.284 somente há de incidir se a bagagem não fica junto ao viajante. Se
fica, a solução é a).
O art. 1.284 do Código Civil de modo nenhum pode ser invocado pela
pessoa que apenas visita o hoteleiro, ou é hóspede pessoal (invitado) da
pessoa que é o gerente ou o hoteleiro, e não da emprêsa.
A responsabilidade começa desde que o motorista, ou encarregado de
fregueses do hotel, os apanha no porto, ou no aeroporto, ou na estação fer-
roviária ou rodoviária. Ou desde o momento em que o hotel já devia estar
de posse, imediata, dos bens de cuja retirada se incumbiu.
É preciso que o dano tenha sido por perda ou mau trato da bagagem.
Tanto pode ser aos bens que chegaram com o hóspede, como aos que êle
recebeu depois, mesmo se não pertencem ao hóspede, posto que só o hós-
pede possa reclamar. Idem, quanto aos bens que chegaram antes do hóspe-
de e foram recolhidos como bens de hóspede a chegar.
Não há a responsabilidade do hotel se o dano é imputável ao próprio
freguês, a empregado dêsse ou a pessoa da sua família, ou a pessoa rece-
bida pelo hóspede, ou sua família, ou empregado. Idem, se houve fôrça
maior (cf. Código Civil, art. 1.277). Mas ao hospedeiro incumbe o ônus
da prova.
A pré-exclusão negociai da responsabilidade é permitida, desde que
escrita e com explícita aceitação do freguês. Não basta o cartaz, o letrei-
ro, o aviso posto na portaria ou no apartamento. Todavia, a cláusula pré-
-exclusiva deixa margem à responsabilidade por culpa do hoteleiro ou do
serviço; e nula, por ilícita, é a cláusula que não se coadune com a indústria
de hospedagem e de hotéis, e. g., com os regulamentos.
O art. 1.284 do Código Civil não apanha os ônibus e os carros de
viagem, porque aí o contrato é de transporte, e não de hospedagem, nem
os lugares em que se toma banho de mar ou de piscina, barcos de passeio,
ou barracas de praia. Ainda assim, há hospedagem nos navios, aeronaves,
ônibus, e outros veículos em que se dorme. Por outro lado, se há entrega
de tíquetes, estabelece-se a responsabilidade pela custódia de que adiante
se falará.
Não há inteira correlação entre a responsabilidade do hospedeiro e
o seu eventual direito de penhor legal. Responde êle pela perda ou dano
dos bens, não pertencentes ao hóspede, que por êle foram levados para
a guarda do hotel ( P A U L O E R T M A N N , Das Recht der Schuldverhãltnisse,
846), embora ao dono, não hóspede, faltem a pretensão e a ação; e não tem
direito de penhor legal sôbre o que se acha na bagagem sem ser do hóspede
( G . P L A N C K , Kommentar, N , 4 . A ed., 7 2 4 ; O T T O G I E R K E , Deutsches Privat-
recht, I I I , 7 4 5 ; A . L A N G E N , Die privatrechtliche Stellung der Wirthe und
der Gastaufnahmevertrag, 1 3 0 ; A . S T U R M , Die Einbringung von Sachen
bei Gastwirten nach dem Recht des BGB., 31).
A responsabilidade do hospedeiro supõe a existência de contrato de
hospedagem entre o hospedeiro e o hóspede, devendo-se evitar a referência
a hospedeiro e a pessoa que sofreu o dano. O dano pode ser a bem que está
com o hóspede, como se é empregado de emprêsa e tem consigo amostras
ou encomenda. O que importa é que o cliente haja introduzido no hotel o
bem a que se refere o dano, ou haja entregue a empregado do hotel, mesmo
se no aeroporto, ou no porto de mar ou de rio ou de lago, ou na estação de
trem ou de outro veículo.
Não importa qual o tempo que haveria de durar, ou durou, a hospe-
dagem.
Pôsto que as leis especiais, de ordem administrativa, exijam forma-
lidade de inscrição de hóspede, a introdução com permissão tácita basta
para que se tenha como concluído o contrato de hospedagem. Se a pes-
soa, a cuja presença no hotel se liga a estada de objeto, não é cliente, a
responsabilidade do hospedeiro rege-se pelos arts. 159 e 1.521, III e V, do
Código Civil. Lê-se no art. 1.521, IV, que são também responsáveis pela
reparação civil "os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos". Já o art. 1.521, III, estatui também ser
responsável "o patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou por ocasião
dêle (art. 1.522)". A distinção é de relevância, porque, se é de invocar-se o
art. 1.284 e parágrafo único, rege o art. 1.285, ao passo que, nas espécies
que se prendem aos arts. 159 e 1.521, III e IV, a quem sofreu o dano é que
incumbe fazer a prova da culpa do hospedeiro.
O direito brasileiro não tem regra jurídica escrita que distinga da res-
ponsabilidade em se tratando de bem entregue ao hospedeiro a responsa-
bilidade se o bem foi apenas levado ao hotel, ou hospedaria, ou estalagem,
ou albergue, ou casa de cômodos. A distinção tem relevância pela precisão
que se dá com o dever de custódia se o bem foi entregue para guardar.
Aí, o guardar é guardar especialmente (e. g., em quarto especial, em
cofre, em lugar seguro, em lugar fresco ou quente).

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.667. A - Legislação
Refere-se, Pontes de Miranda, ao poder do Estado para requisitar bens, hipó-
tese que na Constituição de 1988, em vigor, está prevista como efeito da decre- ;
tação do estado de sítio (art. 139, VII), na forma disciplinada por iei federal (art. j
22, III). Nesses casos observa que o Estado responde como se tivesse havido !
contrato de depósito. •
i
As hipóteses de depósito necessário previstas no art. 1.282 do CC/1916 sao !
1
reproduzidas integralmente pelo art. 647 do CC/2002.0 mesmo ocorre com o art.
1.283 da lei revogada e o art. 648 vigente, capute parágrafo único, que remetem I
a disciplina do depósito necessário pelo desempenho de obrigação legal às res-
pectivas leis ou às regras de depósito voluntário. !
f
i
O art. 1.284 do CC/1916, de sua vez, eqüivale ao texto atualizado do art. 649,
do Código Civil vigente, equiparando ao depósito necessário o de bagagens dos
viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem. Assim também o parágra-
fo único desse artigo, ao indicar a responsabilidade das hospedarias pelos furtos
| e roubos realizados por empregados ou pessoas admitidas no estabelecimento.
| O art. 1.285 revogado estabelece as causas de exclusão de responsabilidade, tal
| qual o art. 650 vigente, que lhe simplifica a redação indicando que não responde
| o hospedeiro se provar que o fato não poderia ser evitado. Todavia, considerando •
j a indicação de Pontes de Miranda nas situações em que na entrega pelo hóspede
| ao hospedeiro, há voluntariedade, invoca os arts. 1.267 e 1.275 do CC/1916, que ;
j correspondem aos arts. 630 e 640 do CC/2002. !
| A sistemática da responsabilidade civil nestes casos, segundo o direito vigen-
1
te, é que difere sensivelmente da disciplina legal examinada por Pontes de Miran- i
j da. Inicialmente, mencione-se que a técnica legislativa do Código Civil de 2002 j
j alterou-se. Neste sentido, enquanto no Código Civil anterior o art. 159 configurava
j cláusula geral de atos ilícito, contendo suporte fático e sanção, correspondente
| ao dever de indenizar, no Código Civil vigente o art. 186, que lhe corresponde, !
restringe-se à definição conceituai do ato ilícito, com o acréscimo de previsão ex- i
j pressa do dano moral que dele pode resultar. A obrigação de indenizar, contudo, j
consta em título próprio, da responsabilidade civil, no art. 927, cabível também i
a uma segunda sanção de ato ilícito constante na parte geral, do art. 187 do j
CC/2002 (do abuso do direito). Decisivo, contudo, é que o parágrafo único do art. j
927 vigente, impõe também uma nova causa de responsabilidade, esta indepen- |
dente de culpa, com fundamento no risco da atividade, na medida em que imputa j
o dever de indenizar os danos causados pelo titular da atividade que por sua i
natureza gere risco aos direitos de outrem. j
Mais expressivo ainda, deve-se dizer, é a incidência, como regra, aos contra- j
tos de hospedagem, e consequentemente ao depósito que a eles se vincula, do j
Código de Defesa do Consumidor. Considerando que, como regra, trata-se de |
hospedagem remunerada realizada como parte de atividade profissional no mer-
cado de consumo, incide a legislação consumerista, que no caso impõe a regime
de responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores, tanto no tocante ao
fato do serviço (art. 14), quanto por vício do serviço (art. 20), e os prejuízos que j
causem aos consumidores-hóspedes e, mesmo, a terceiros. Neste último caso é j
de relevo, igualmente, o art. 932, III a V, do CC/2002, que reproduz, na essência, j
o disposto no art. 1.521, III aV, do CC/1916 em disciplina à responsabilidade por
fato de terceiro, no qual o sistema vigente impõe responsabilidade objetiva aos
empregadores, hospedeiros e aqueles que gratuitamente concorrem com o pro-
duto do crime, até a respectiva quantia.

§ 4.667. B - Doutrina
A referência legal às hospedarias, conforme aduz a doutrina, deve ser enten-
dida como exemplificativa, uma vez que pelo mesmo critério deve fazer a norma
abranger todos os lugares que ofereçam hospedagem por dinheiro, como é o
caso de alguns colégios e pousadas ( P E R E I R A , Caio Mário da Silva. Instituições de
direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. vol. III, p. 337).
Aspecto essencial a ser atualizado no entendimento de Pontes de Miranda,
especialmente em relação a alterações legislativas que serviram para alterar a
natureza da responsabilidade do hospedeiro no contrato de hospedagem diz
respeito à natureza objetiva dessa, independente de culpa, seja em razão das
disposições do Código de Defesa do Consumidor que a ele se aplicam, seja pela
regra do Código Civil. Constitui, entretanto, responsabilidade por risco do negócio.
Nesse sentido, há um reconhecimento da doutrina contemporânea, do acerto da J
lição de Pontes de Miranda, compreendendo o contrato de hospedagem e de de- i
pósito com um mesmo caráter unitário que lhe empresa finalidade. Ou, ainda, sua J
acessoriedade ao contrato de hospedagem (GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini. j
Dos contratos de hospedagem, transporte de passageiros e de turismo. São Pau-
Io: Saraiva, 2007. p. 36; RIZZARDO, Arnaldo. Contratosbancários. 8. ed. São Paulo:
Ed. RT, 2009. p. 643).
A doutrina largamente majoritária reconhece que as hipóteses em que se dá o
contrato de hospedagem, como regra se constituem relação de consumo (Lopez,
Teresa Ancona. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. vol. 7,
p. 424; Tepedino, Gustavo; Barbosa; Moraes. Código Civil interpretado conforme
a Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. t. II, p. 414). Nesse
sentido é atraído, igualmente, o depósito que lhe é parte integrante. Isso porque,
ademais, o depósito necessário neste caso não é gratuito. O art. 651 do CC/2002,
define que a remuneração do depósito está incluída no preço da hospedagem.
Da mesma forma, há convergência com o entendimento de Pontes de Miranda
no sentido de que o dever do hospedeiro nasce desde a entrega da bagagem,
mesmo antes do preenchimento ou assinatura de ficha ou termo que formaliza a
hospedagem. Alguns autores, diante desta situação, falam mesmo em responsa-
bilidade pré-contratual ( L Ô B O , Paulo. Direito civil - Contratos. São Paulo: Saraiva,
2011. p. 402). Pressupõem, contudo, a necessidade de formalização do contrato,
o que nem sempre é de exigir. Certo é que o dever de custódia não se extingue
necessariamente com a hospedagem, uma vez que mantidas as bagagens em
poder do hospedeiro, persiste a eficácia de depósito.
Questão mais difícil estará na interpretação atual da distinção bem posta por
Pontes de Miranda entre bens entregues e b,ens portados. Os primeiros, entre-
gues ao hospedeiro, o são em depósito. Não os segundos. E nesse caso, eventual
responsabilidade por extravio desafia, na prática, a responsabilidade dos hos-
pedeiros, que é objetiva, e a possibilidade de prova pelo hóspede de que o bem
em questão estava nas dependências do estabelecimento hoteleiro quando de-
sapareceu. Nesse caso, a indicação da inversão do ônus da prova, como permite
o Código de Defesa do Consumidor (art. 6.°, VIII), a ocorrer nas situações auto-
rizadas pela norma e segundo convencimento judicial, não é suficiente para dar
uma resposta única à questão. Isso porque, se não há dúvida da responsabilidade
objetiva do estabelecimento hoteleiro também neste caso, não é menos verdadei-
ro que nem sempre terá o hóspede - ou porque não aconteceu, ou porque não
tem meios de provar - como demonstrar o dano. O mesmo ocorre nas situações
indicadas por Pontes de Miranda de estabelecimentos em que a guarda de peças
de roupa ou pacotes se faz mediante entrega de cartão ou ficha, hipótese em que
servem de prova, ou no mínimo, para juízo de verossimilhança de que trata o art.
6.°, VIII, do CDC.
j Por fim, refira-se que o regime de responsabilidade previsto no Código de
| Defesa do Consumidor tem natureza objetiva e solidária, abrangendo todos os
| membros da cadeia de fornecimento (arts. 14 e 20).

i
| § 4.667. C - Jurisprudência
i Fundamenta, a jurisprudência, a responsabilidade do hospedeiro no risco do
| negócio (TJRJ, ApCiv 0016990-10.2009.8.19.0208, 9.a Câm. Civ., j. 07.06.2011,
rei. Des. Carlos Eduardo Moreira da Silva), mediante aplicação do Código de De-
fesa do Consumidor (TJSP, ApCiv 9230301-17.2005.8.26.0000, 34.a Câm. Dir.
Priv., j. 03.08.2009, rei. Des. Cristina Zucchi). Esta responsabilidade estende-se,
não mais por depósito, mas com natureza extracontratual, aos bens portáveis a
que se refere Pontes de Miranda (TJSP, ApCiv 1196819002, 36.a Câm. Dir. Priv.,
j. 12.03.2009, rei. Des. Romeu Ricupero). Exige-se do consumidor-hóspede, con-
tudo, prova ou verossimilhança quanto à identidade dos bens em depósito (TJSP,
ApCiv 9083089-89.2005.8.26.0000, 11 .a Câm. Dir. Priv., j. 31.03.2011, rei. Des.
Vieira de Moraes; TJRS, ApCiv 71001225218, 3.a Câm. Rec. Civ., j. 22.05.2007,
rei. Des. Eugênio Facchini Neto). Admite-se da mesma forma, nestes casos, o
reconhecimento de danos morais (TJRS, ApCiv 70028999258, 10.a CâmCiv, j.
28.05.2009, rei. Des. Paulo Antônio Kretzmann).

§ 4.668. T R A N S M I S S Ã O E EXTINÇÃO
DAS PRETENSÕES D O HÓSPEDE

1 . M O R T E D O H Ó S P E D E . - Se falece o hóspede, a pretensão permanece


com os herdeiros, ou conforme os princípios concernentes ao depósito em
consignação ( A . L A N G E N , Die privatrechtliche Stellung der Wirthe und der
Gastaufnahmevertrag, 29).
Se o hóspede tinha cônjuge, que também era hóspede, não há pensar-
-se em alteração da situação. Idem, se o hóspede chega ao hotel e falece
antes da retirada regular dos bens.

2. R E T I R A D A D O S B E N S . - Somente se têm como retirados os bens


quando o hospedeiro e os empregados perdem toda a guarda deles. Se o
hotel se encarrega da remessa ao porto, ou ao aeroporto, ou à estação, ou a
algum outro lugar que o hóspede designou, a responsabilidade permanece,
até que se dê a tradição.
Se sobrevém penhora, ficando como depositário o hoteleiro, a res-
ponsabilidade é perante o hóspede, como tal, e perante o Estado, como
depositário dos bens penhorados.

3. F A L T A D E C O M U N I C A Ç Ã O . - A pretensão contra o hospedeiro só se


extingue pela falta de comunicação do dano ou perda ao hospedeiro se o
hóspede, que teve conhecimento do fato, imediatamente não a faz. Se o
bem estava em custódia especial do hospedeiro (e. g., em cofre), a extinção
da pretensão só se dá com a entrega sem reclamação.
Ao hospedeiro toca o ônus de alegar e provar ter faltado a comuni-
cação ( F R . L E O N H A R D , Die Beweislast, 2. A ed., 3 9 9 ; contra, G . P L A N C K ,
Kommentar, II, 4. a ed., 723). Ao hóspede cabe o ônus de alegar e provar
que reclamou ao ser-lhe entregue o bem em custódia.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.668. A - Legislação
Surgindo pretensão de reparação em vista da ausência de restituição ou ava-
ria da bagagem em depósito, o art. 206, § 3.°, V, do CC/2002, estabelece prazo
de três anos, a contar do nascimento da pretensão. No Código de Defesa do
Consumidor, tratando-se de vício do serviço ou de produto durável, o prazo é de
90 dias, contados da data do conhecimento do vício, conforme art. 26 do CDC.
Havendo pretensão de indenização, o prazo é do art. 27 do CDC, de cinco anos,
contados da data do conhecimento do dano e de sua autoria.

§ 4.668. B - Doutrina
No caso de morte do hóspede que se encontra no hotel, o dever de restitui-
ção tanto é em favor dos sucessores que são imitidos imediatamente na posse
indireta por força da saisine (art. 1.784 do CC/2002), como também como decor-
rência da boa-fé objetiva e o dever de colaboração e lealdade que se evidencia
nesta situação.
A doutrina reconhece, ainda, deveres pós-contratuais, de modo que a extinção
do contrato de hospedagem e do depósito das bagagens não ocorrem necessa-
riamente ao mesmo tempo, persistindo a responsabilidade do hospedeiro ( L Ô B O ,
Paulo. Op. cit., p. 402).

§ 4.669. D E P Ó S I T O E M D E S E M P E N H O D E D E V E R L E G A L

1. E X T E N S Ã O D O S E N T I D O D E D E V E R L E G A L . - Dever legal, no art.


1.282,1, do Código Civil, está por dever ope legis e dever oriundo de atri-
buição judicial ou administrativa. O depositário em virtude de nomeação
pelo juiz, ou por autoridade administrativa, é depositário em depósito ne-
cessário; Cf. Código de Processo Civil, arts. 945, 565, parágrafo único,
568 e 591; Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro de 1946.

2 . D E P O S I T Á R I O D E B E N S E M CASO D E P E N H O R A O U D E M E D I D A CAUTE-
LAR. - (A) O Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro de 1946, não excluíra
a parte do art. 945, no tocante ao depósito em mãos do próprio executado;
nem o fizera o Decreto-lei n. 3.077, de 26 de fevereiro de 1941. A reara
jurídica derrogada foi "... os bens penhorados depositar-se-ão da seguinte
forma."; ainda assim, onde houver a figura do depositário judicial.
A legislação posterior ao Código foi a seguinte:
a) Decreto-lei n. 3.077, de 26 de fevereiro de 1941, art. 1.°: "As con-
signações em pagamento e, em geral, as importâncias em dinheiro cujo
levantamento ou utilização depender de autorização judicial serão obri-
gatoriamente recolhidas ao Banco do Brasil". Parágrafo único: "Todos os
que, a qualquer título, sejam atualmente depositários de importâncias em
tais condições ficam obrigados a transferi-las ao Banco do Brasil, mediante
comunicação ao juízo competente".
b) Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro de 1946, art. 1.°: "Onde hou-
ver depositário judicial, a êle cabe, obrigatoriamente, a função, não se apli-
cando o disposto no art. 945 do Código de Processo Civil". Art. 2.°: "Nos
casos de penhora, seqüestro, arrestos, buscas e apreensões em dinheiro,
jóias, pedras e metais precisos, títulos e papéis de crédito, já depositados
no Banco do Brasil, Caixa Econômica ou outros bancos, o depositário judi-
cial assinará o respectivo auto e terá direito a uma comissão arbitrada pelo
juiz". Art. 3.°: "Com exceção dos casos previstos no art. 2.° desta lei, o de-
positário judicial terá sempre direito à remuneração fixada no Regimento
de Custas em vigor".
O depositário judicial, quando os bens se achavam depositados no
Banco do Brasil (Decreto-lei n. 3.077, art. 1.° e parágrafo único), não tinha
responsabilidade pela guarda. Apenas recebia caderneta, que não podia
movimentar. A percentagem segundo o Decreto-lei n. 8.951, e sempre que
o depósito se fizesse no Banco do Brasil, era pelo receber e guardar a
caderneta, e não pelo serviço de guardar, que é do Banco do Brasil (5.a Câ-
mara Cível do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, 21 de dezembro
de 1943, A. J., 70, 221; Câmaras Cíveis Reunidas, 10 de junho de 1943, li-
dos T., 152, 708).
c) O Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro de 1946, foi ab-rogado,
e deu-se a restauração do art. 945 do Código de Processo Civil, no que
aquêle decreto-lei havia atingido. Disse o art. 1.° da Lei n. 3.186, de 24
de junho de 1957: "É revogado o Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro de
1946 (Dispõe sôbre o depósito judicial e dá outras providências)". E o art.
2.°: "É revigorado o art. 945 do Código de Processo Civil".
O preposto que exerce o cargo por escolha do depositário judicial não
tem pretensão a salários (3.a Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São
Paulo, 1.° de setembro de 1943, R. dos T„ 147, 179). Em casos especiais,
podem ser fixados judicialmente salários de guardas, dadores de ração,
lavadores, veterinários, etc.
A dação de posse do depositário não é caso de entrega a que se refere
o Código de Processo Civil, art. 842, XVII; por isso mesmo, se o depo-
sitário recebe os bens, ou a êle se manda entregar em depósito, ainda que
coincida ser terceiro embargante, não cabe recurso de agravo de instrumen-
to (l. a Câmara Civil do Tribunal de Apelação de Sao Paulo, 17 de abril de
1944, R. dos T., 149, 591).
A remoção, para o depósito público, de bens penhorados, quando se
trata de estabelecimento comercial, é injustificável; os bens hão de ficar
onde se acham e ao depositário judicial cabe guardá-los (Conselho de Jus-
tiça do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, 4 de dezembro de 1940,
A 7., 62,24).
A lei considera o depósito judicial em mão do executado como ne-
gócio jurídico em que a declaração de vontade do Estado é dependente de
aceitação do executado e do exeqüente. Não cabe a êsse o ônus de afirmar
ou de provar que o executado não lhe serve como depositário. Está-se em
plano de declarações de vontade. Em todos os outros casos (Código de
Processo Civil, art. 945,1-III), o depósito independe da aceitação do exe-
qüente. Tudo se passa entre o Estado e o depositário. O exeqüente é como
o terceiro do art. 1.098 do Código Civil. Em todo caso, o art. 945, pr., sofre
limitação na regra jurídica do Código de Processo Civil, art. 945, II. Cf.
Conselho de Justiça do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, a 23 de
maio de 1944 (R. F., 100, 289).
Os estabelecimentos estatais e os paraestatais são obrigados a aceitar
o depósito; os outros, congêneres, a que se refere o Código de Processo
Civil, art. 945,1, somente são obrigados segundo as leis que os regem. Se
o exeqüente entende que um deles lhe não merece confiança, não pode
exigir que se mude o depósito. Todos os seus atos hão de ser tendentes a
assegurar a responsabilidade do Estado e a dos seus órgãos. Daí a conve-
niência de informar o juízo quanto a elementos de contra-indicação. As
informações podem bastar a estabelecer-se, daí em diante, a culpa do juiz.
O interessado pode interpelar o Estado e exercer, se o quer, a pretensão
cominatória, judicialmente.
Os móveis e semoventes, quando o exeqüente recusa o executado
como depositário, podem ser depositados em mão desse, se ao juiz lhe
parecer preferível. A regra jurídica do Código de Processo Civil, art.
945, II, estabelece duas distinções: a declaração de vontade do exeqüen-
te, no caso de querer o juiz depositar os bens em mão do executado, não
perde o caráter de declaração de vontade, porém cede como declaração
de vontade ante a do juiz (diferença essencial entre a comunicação de
vontade, que permitiria a apreciação judicial do caso, e a declaração
de vontade que quebra diante de outra, cp. Código Civil, art. 635, §§
1.° e 2.°, e em todos os casos de maioria). O juiz emite declarações de
vontade, quer no segundo, quer no primeiro caso do Código de Processo
Civil, art. 945, IL
Tudo se passa entre o juiz e o depositário. O juiz emite declaração de
vontade, dependente de aceitação. Se o nomeado ou o depositário judicial
tem de aceitar é outro problema, entre êle e o Estado.
A responsabilidade do depositário é só sua, e não da parte (3.a Câmara
Civil do Tribunal de Apelação de São Paulo, 27 de outubro de 1943, R. E,
99, 451). O Estado pode ter responsabilidade.
Os riscos da coisa depositada, sendo nomeado pelo juiz, ou judicial,
o depositário, são do devedor, enquanto não perde, judicialmente, a coisa
(arrematação, adjudicação). São os riscos do valor da coisa: se o deposi-
tário judicial (oficial) ou nomeado pelo juiz perde ou se apropria da coisa,
sofre a perda da coisa o devedor executado, tendo, ainda, de prestar o valor
para nova penhora (cf. l. a Câmara Civil do Tribunal de Apelação de São
Paulo, 13 de abril de 1942, R. E, 91, 457). O Estado responde ao devedor
executado, segundo os princípios. Se, no exercício do direito do art. 926 do
Código de Processo Civil, o credor nomeia bens à penhora, com infração
da lei, de modo que perece a coisa que, se não tivesse sido indevidamente
depositada, não teria perecido, ou não seria provável que perecesse, pode
exigir outra penhora, mas responde pelo ato ilegal e suas conseqüências.
Na ação contra o credor pode o executado pedir medida constritiva sôbre
o depósito.
Ao depositário judicial, nas execuções, cabe guardar e conservar os
bens depositados. Não há relação jurídica processual entre êle e o exe-
qüente, ou entre êle e o executado. A relação jurídica é entre o Estado e
êle. Todo ato do depositário é de responsabilidade perante o Estado. Se
êle assume, in concreto, dizendo, por exemplo, que o bem nunca saíra
de sua guarda e cuidados, qualquer responsabilidade de outrem rege-se
pelos arts. 159 e 160 do Código Civil, fundada na culpa. Por isso mesmo,
a responsabilidade de guarda e de conservação é do depositário judicial,
e qualquer incumbência que, no tocante ao bem depositado, deu a ou-
trem, é de inteira responsabilidade sua, não se podendo invocar as regras
jurídicas sôbre responsabilidade somente por culpa in eligendo ou in vi-
gilando, pois a função de guarda e conservação, regida, aí, pelo direito
público, é indelegável. Tal limitação de responsabilidade do depositário
judicial poderia exsurgir, se o juiz, examinando a designação do encarre-
gado pelo depositário, a aprovasse: a aprovação excluiria a responsabili-
dade pela culpa leve e pela culpa in eligendo, posto que deixando de pé
a responsabilidade pela culpa in vigilando e pela culpa inspiciendo. E o
Estado assumiria.
Após o depósito judicial, qualquer acordo entre exeqüente, ou execu-
tado, e depositário, para se prepor alguém a esse, nas funções específicas,
é estranho ao plano processual, e só se processualizaria com a aprova-
ção pelo juiz, em ato que poderia ser válido, se ouvido o executado, ou
o exeqüente (isto é, a outra parte), ou, se não houve tal audiência, neces-
sariamente nulo. Nos casos em que a preposição, ou alguma substituição
funcional do depositário se deu, a aquiescência de uma das partes, por ser
estranha ao processo, de modo nenhum é ato da parte.
Se o exeqüente, em acordo com o depositário judicial, obtém que ter-
ceiro faça as vêzes dêsse, ou auxilie a êsse, na guarda e conservação, sem
audiência do executado e sem aprovação do juiz, ou com essa aprovação
mas sem aquela audiência, ao executado fica livre reclamar do Estado a
reparação dos danos, ou de reclamá-la do depositário, ou do exeqüente,
com fundamento nos arts. 159 e 160 do Código Civil.
Por outro lado, se o executado, em acordo com o depositário judicial,
obtém que terceiro faça as vêzes dêsse, ou auxilie, a êsse, na guarda e con-
servação, sem audiência do exeqüente, com ou sem aprovação do juízo, ao
exeqüente fica livre reclamar do Estado a reparação dos danos, ou reclamá-
-la do depositário, ou do executado, com fundamento nos arts. 159 e 160
do Código Civil.
(B) A função e a responsabilidade do depositário, que foi investido
em processo de medida cautelar, são as que tem o depositário, em caso de
processo executivo.
Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.669. A - Legislação
O art. 1.282, I, do CC/1916, corresponde ao art. 647, I, do CC/2002.
O Dec.-lei 8.951, de 28.01.1946, foi revogado pela Lei 3.186/1957, que de
sua vez restaurou a vigência do art. 945 do CPC/1939, que hoje corresponde, em
parte, ao disposto no art. 666, do Código de Processo Civil vigente.
O Dec.-lei 3.077, de 26.02.1941, que vige até hoje, dispõe sobre a obriga-
toriedade de depósito de dinheiro cujo levantamento ou utilização depender de
autorização judicial junto a bancos controlados pelo Estado.
A regra da maioria na administração do condomínio é a do art. 1.323 do
CC/2002 e ss., no que difere sensivelmente do art. 635, §§ 1.° e 2.°, do CC/1916.
Os arts. 159 e 169 do CC/1916 correspondem, com alterações, ao disposto
nos arts. 186 e 188 do CC/2002.

§ 4.669. B - Doutrina
As situações de depósito legal relacionadas pela doutrina são as da coisa
perdida que seu descobridor encontra, até que faça a devolução; dos bens em
depósito voluntário cujo depositário torna-se incapaz; da mercadoria que entregue
ao transportador permanece em seus armazéns (art 751 do CC/2002), dentre ou-
tros (ANDRIGHI, Nancy; BENETTI, Sidnei; ANDRIGHI, Vera. Comentários ao novo Código
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2008. vol. 9, p. 417-418).
Dentre estes, o depósito judicial decorrente de arresto, seqüestro, penhora, ou
outras medidas executivas sempre foi considerado pela doutrina como situação
a justificar com maior razão a prisão do depositário infiel ( R I Z Z A R D O , Arnaldo. Op.
cit., p. 645), o que se coaduna com a finalidade de preservação da autoridade do j
juízo. Esse entendimento, naturalmente, ora deve ceder em vista da Súmula vin- j
culante 25 do STF que firma o entendimento da ilicitude da medida independente j
da modalidade de depósito.

§ 4.669. C - Jurisprudência
Identifica a jurisprudência, quanto ao depósito judicial, duas espécies, de pa-
gamento e de garantia, conforme a finalidade observada no processo (STJ, REsp j
389.324, 2.aT., j. 25.03.2003, rei. Min. Eliana Calmon, DJU 14.04.2003). Da mesma j
forma, o encargo de depositário judicial não é transmissível por convenção das par- ,
tes (STF, HC 86.160-1/SP, 1.aT.,j. 23.08.2005, rei. Min. Eros Grau, 0^25.11.2005). j
Entende ainda, a jurisprudência, que no depósito judicial de dinheiro cabe ao ban-
co depositário diligenciar no sentido de evitar sua desvalorização (STJ, REsp 95.289/ j
RS, 3.a T., j. 17.06.1997, rei. Min. Eduardo Ribeiro, DJU08.08.1997, fl7"746/201), o j
que dá causa o dever de assegurar a correção monetária (TJSP, Agln 135.338-5/0, j
3.a Câm. Civ., j. 14.03.2000, rei. Des. Pires de Araújo, RT780/236), independente de
ação específica, conforme estabelecem, inclusive, as Súmulas STJ 179 e 271.
No depósito judicial o estabelecimento bancário não é terceiro, mas auxiliar da
justiça, correspondendo-lhe o dever de restituir integralmente os valores deposi-
tados e acrescidos (1.°TACivSP, Agln 580.645-3, 4.a Câm. Civ., j. 19.10.1995, rei.
Des. Sidnei Beneti, RT719/155).

§ 4.670. D E P Ó S I T O E M O C A S I Ã O D E C A L A M I D A D E P Ú B L I C A

1. E S P É C I E S . - O art. 1 . 2 8 2 , I I , do Código Civil,- diz que é depósito


necessário "o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o
incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque". O art. 1.282, n , in fine,
é exemplificativo. Calamidade pode também ser ameaça de guerra, ou de
revolução, ou mesmo ameaça de motim ou motim.

2. RESPONSABILIDADE PELA CUSTÓDIA. - O depositário responde con-


forme o art. 1 . 2 8 3 , parágrafo único, do Código Civil. O depósito pode ser
provado por qualquer meio de prova. Se a pessoa que recolheu o bem não
esteve em contacto com a pessoa ou alguma das pessoas que poderiam dar
em depósito e apenas obra a seu líbito, houve gestão de negócios alheios,
e não depósito. A responsabilidade rege-se, então, pelos arts. 1 . 3 3 1 - 1 . 3 4 5
do Código Civil.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.670. A - Legislação
O art. 1.282,1 e II, do CC/1916, tem seu conteúdo reproduzido no art. 647,1 e
| II, do CC/2002. Indica, Pontes de Miranda, que a responsabilidade pela custódia
j nos casos de depósito em ocasião de calamidade rege-se pelas regras da gestão
| de negócios, previstas nos arts. 1.331 a 1.345 do CC/1916, e cuja disciplina legal,
! atualmente, é a dos arts. 861 a 875 do CC/2002.

| § 4.670. B - Doutrina
j Refere-se a doutrina, neste caso, de depósito miserável, não tendo condições
| o depositante de escolher livremente seu depositário em face de necessidade
; ( A N D R I G H I , B E N E T I , A N D R I G H I . Op. cit., p. 4 1 8 ; L O P E Z , Teresa Ancona. Op. cit., p. 4 1 6 ;

P E R E I R A , Caio Mário da Silva. Op. cit., t. II, p. 328).


§ 4.671. D E P Ó S I T O E M C A S O D E I N F R A Ç Ã O

1. D E P Ó S I T O DE O B J E T O S Q U E I N T E R E S S A M AO PROCESSO P E N A L . - A l -
guns objetos são instrumento do crime ou que interessam à prova, devendo
acompanhar os autos do inquérito (Código de Processo Penal, art. 11).
Outros são de porte que não permite que acompanhem o inquérito ou o
processo, a despeito de serem apreendidos, por interessarem ao processo.
Os bens apreendidos e os seqüestrados (Código Penal, arts. 74, EL, e 100;
Código de Processo Penal, arts. 118, 119 e 779) são depositados. Enquanto
em mãos da autoridade policial ou judiciária, responde ela como deposi-
tário necessário.

2 . R E S P O N S A B I L I D A D E D O E S T A D O . - O Estado não é depositário, em


se tratando de depósito público; mas, em virtude do art. 194 da Consti-
tuição de 1946, a responsabilidade da pessoa jurídica de direito público é
objetiva, mesmo se apenas se pode responsabilizar por culpa o funcioná-
rio público.
Enquanto os bens que têm de ir para as mãos de depositário indicado
ou nomeado permanecem com funcionário público, a entidade estatal res-
ponde conforme o art. 194 da Constituição de 1946.
No caso de apropriação indébita, há o crime do art. 168 do Código Pe-
nal, com o aumento previsto no § 1.°, I ("quando o agente recebeu a coisa:
I, em depósito necessário"), ou do § 1.°, II ou III.

3. E M B A R C A Ç Õ E S A P R E E N D I D A S . - Lê-se no art. 757 do Código de


Processo Civil: "Provando-se que navio registado como nacional obte-
ve o registo sub-repticiamente ou que perdeu, há mais de seis meses, as
condições para continuar considerando nacional, a autoridade fiscal com-
petente do lugar em que se houver realizado o registo, ou do lugar onde
se verificar a infração dos preceitos legais, apreenderá o navio, pondo-o
imediatamente à disposição do juiz de direito da comarca". No art. 758:
"Enquanto o juiz não nomear depositário, exercerá tal função a autoridade
a quem competia o registo, a qual procederá ao arrolamento e inventário
do que existir a bordo, mediante têrmo assinado pelo capitão, ou pelo
mestre, se o quiser assinar".
Um dos pressupostos é o de ter sido brasileira a embarcação. Se a
embarcação não obteve registo, nem perdeu a qualidade de brasileira, o
assunto pertence apenas ao direito penal e ao direito processual penal.
À disposição do juiz passa.a embarcação apreendida pela autorida-
de administrativa. Enquanto o juiz não nomeia o depositário, é depositá-
rio judicial a autoridade a quem competiria o registo (Tribunal Marítimo,
ou Capitanias, ou Delegações, conforme a legislação administrativa). De
modo que desde a apreensão o fiscal tem o dever de pôr a embarcação
à disposição do juiz, convindo entregá-la, simultaneamente, à autoridade
competente para o registo, para evitar o lapso e a sua responsabilidade pela
posse imediata intercalar entre a apreensão e o depósito. Tudo aconselha
a que a apreensão de que fala o art. 757 do Código de Processo Civil, o
arrolamento e inventário referidos no art. 758 sejam feitos no mesmo mo-
mento. As coisas inventariadas pertencem ao navio.

: Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.671. A- Legislação

As disposições referidas do Código de Processo Penal permanecem em vigor.


O art. 74, II, do CP, após a reforma da parte geral do Código, de 1984, correspon-
de ao art. 91, II, em vigor.
A responsabilidade objetiva do Estado, no direito vigente, é prevista pelo art.
37, §6.°, da CF/1988.
| Mantém-se em vigor, sem alterações a norma que prevê o tipo penal da apro-
| priação indébita. Vale referir, contudo, que a Lei 9.983/2000, criou novo tipo penal,
de apropriação indébita previdenciária, mediante inclusão do art. 168-A do CP.
As disposições sobre o procedimento de apreensão de embarcações referi-
das nos textos (arts. 757-758) constantes no Código de Processo Civil de 1939
foram mantidas em vigor pelo Código de Processo Civil de 1973, conforme refere
expressamente seu art. 1.218, XII;

§ 4 . 6 7 1 . B - D o u t r i n a .
A Constituição de 1988, em seu art. 37, § 6.°, manteve a referência à res-
Í ponsabilidade objetiva do Estado para os atos praticados por seus agentes, ou
por pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Contu-
do, refira-se que tanto doutrinariamente, quanto na jurisprudência sustenta-se
distinção quanto a atos comissivos e omissivos do Estado, de modo a indicar-se
a responsabilidade independente de culpa apenas em relação aos primeiros,
porém voltando a tratar de responsabilidade subjetiva quando se trate de con-
duta omissiva.
! § 4.671. C- Jurisprudência
Reconhece a jurisprudência a responsabilidade objetiva do Estado pela vio-
j lação dos deveres inerentes ao depósito pelo depositário judicial, que nesta con-
| dição exerce múnus público conferido por lei (STJ, REsp 648.818/RJ, 1.aT., j.
28.06.2005, rei. Min. Francisco Falcão, DJ07.11.2005).

§ 4.672. DEPÓSITO E VIAGENS

hospeda-
1. C U S T Ó D I A E D E V E R D E PRESTAÇÃO D E T R A N S P O R T E . - A
gem em hotéis, hospedarias, albergues, estalagens, casas de pensão e casas
de cômodo não é a única prestação que pode dar ensejo a responsabilidade
dos empresários.
O devedor da prestação de transporte é responsável pelos danos aos
bens ou às pessoas. Aí, há dever de proteção, que a emprêsa assume uma
vez que se reputa apta a transportar.
Mas aqui temos de distinguir o dever de custódia, que supõe inserção
do bem no lugar em que se presta o serviço, ou que se aluga, e o dever de
proteção, que independe de posse ou tença pelo prestador do serviço ou
do bem locado.
A bagagem posta no porão ou no camarote do navio, ou do ônibus ou
da aeronave, é entregue à emprêsa, que dá ficha ou recibo. O que o passa-
geiro tem consigo, não. Esse dever de proteção não é integrativo do dever
de transportar, de modo que a sua infração pudesse considerar-se infração
do dever de prestar o transporte ( H E I N R I C H STOLL, Abschied von der Lehre
von der positiven Vertragsverletzung, Archivflir die civilistische Praxis,
136, 2 8 7 s.; SPIROS SIMITIS, Die faktischen Vertragsverhãltnisse, 69 s.).

2. O B J E T O S Q U E O V I A J A N T E LEVA CONSIGO. - Se o viajante não deu a


guardar o que tem consigo, ao entrar no veículo, ou antes, quando tomou
assento, ou por intermédio de alguém que entrou no veículo, a responsabi-
lidade do transportador rege-se pelos princípios gerais. Todavia, se o lugar
é reservado, tendo sido entregue a chave ao viajante, ou, se ainda não fora
entregue, tendo sido posto no camarote, ou quarto, ou cabina, o objeto, há
dever de custódia, porque as chaves, em duplicata, ou mais exemplares,
estão com o viajante e com o empregado ou com os empregados, ou ainda
somente com o empregado ou com os empregados.
Se a emprêsa alega e prova que o viajante deixou aberto o lugar de que
tinha a chave, ou se o deixou algum intermediário seu, não há responsabili-
dade da emprêsa, salvo se o viajante alega e prova que não foi no momento
em que estava aberto que se deu o furto, ou roubo, ou destruição, ou dano.
Outrossim, se é caso de custódia em qualquer lugar do veículo.
Também aqui cabe a diferença entre bens entregues e bens portados.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.672. A- Legislação

A responsabilidade sobre danos à bagagem regula-se pelo Código Civil no


âmbito da disciplina do contrato de transporte, previsto no art. 730 do CC/2002 e
ss., mas prioritariamente sob a qualificação como prestação de serviços mediante
remuneração, pelo disposto no Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido,
ao extravio ou dano à bagagem aplica-se, <Jbmo regra, a regime de responsabili-
dade por fato do serviço, previsto no art. 14 do CDC.

§ 4.672. B- Doutrina

A doutrina contemporânea assinala o dever de incolumidade - diz inclusive


obrigação de resultado - em relação ao transporte de bagagens que se conside-
ra obrigação acessória ao contrato de transporte da pessoa a que se refere, em
geral com fundamento no Código de Defesa do Consumidor. E considerando o
direito básico do consumidor à reparação efetiva dos danos sofridos (art. 6.°, VI,
do CDC), entende, doutrina e jurisprudência largamente majoritária, da inaplica-
bilidade das convenções internacionais no caso de transporte aéreo (cf. o nosso
Curso de direito do consumidor. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2010. p. 326 e ss.; Assis,
Araken de. Contratos nominados. São Paulo: Ed. RT, 2005. p. 213).

§ 4.672. C - Jurisprudência

E largamente majoritária a jurisprudência a aplicação do Código de Defesa do


Consumidor às situações de extravio ou dano a bagagem de passageiros em con-
trato de transporte (STJ, REsp 293.292/SP, 3.° T., j. 20.08.2001, rei. Min. Nancy
Andrighi, DJ 08.10.2001), assim como a que afasta a aplicação das convenções
internacionais de transporte aéreo (STF, RE 172.720, 2. a T„ j. 06.02.1996, rei. Min.
Marco Aurélio, DJ 21.02.1997).
CAPÍTULO V

EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE DEPÓSITO

§ 4.673. CAUSAS DE EXTINÇÃO


DA RELAÇÃO JURÍDICA E DEPÓSITO

1. D E P Ó S I T O E E X T I N Ç Ã O DA RELAÇÃO JURÍDICA. - A relação jurídica


de depósito extingue-se pelas mesmas causas pelas quais se extinguem as
outras relações jurídicas contratuais. Se o contrato de depósito é nulo, não
há relação jurídica de depósito. Se é anulável, a desconstituição do contrato
extingue a relação jurídica. Há, ainda, outras causas de desconstituição,
uma das quais é a resolução ou a resilição. Se o depósito é com dação de
uso, há a rescindibilidade por vícios do objeto depositado.

2. RESTITUIÇÃO DO BEM DEPOSITADO. - Se a relação jurídica de depó-


sito se extingue, tem de ser restituído o objeto depositado. Se a causa da
extinção é o advento de têrmo, ou o implemento de condição, ou o têrmo
foi convencionado no interêsse do depositário, ou o foi no interêsse do
depositante. O depositário vinculou-se a custodiar, de modo que o restituir
tem significação especial, pois o interêsse do depositante permaneceu du-
rante todo o tempo da relação jurídica.
Se nenhum têrmo sefixouno contrato de depósito, nem há condição,
a presunção de ser o depósito no interêsse do depositante induz a que êsse
possa, a qualquer momento, denunciar o contrato (denúncia vazia) e exigir
a entrega. Não importa se o depósito é gratuito, ou se é remunerado.
Quanto ao depositário, reconhece-se-lhe o direito à denúncia, mas à
denúncia cheia. O art. 1.270 do Código Civil diz que êle pode, por motivo
plausível, denunciar o contrato e restituir o bem depositado. Se o deposi-
tante não o quer receber, pode o depositário requerer o depósito judicial. É
assim que se há de entender o art. 1.270.
O direito escrito brasileiro não diz qual o trato de tempo que há de
correr entre o ato de denúncia e a entrega do bem depositado ao depositan-
te. O prazo há de ser prazo razoável, conforme a espécie.

3. P L U R A L I D A D E D E D E P O S I T A N T E S . - Se O contrato foi concluído por


dois ou mais depositantes, ou a favor de dois ou mais terceiros, a quem se
há de fazer a restituição, ou há divisibilidade do bem depositado e incide
o art. 1.274 do Código Civil, ou não há divisibilidade. Pode dar-se: a) que
todos sejam acordes em que a tradição seja a um ou mais, com ou sem a
presença de todos; b) que um só ou só alguns tenham exigido a entrega,
ou compareçam para receber o bem depositado. Se o bem é divisível, há
a restituição pro parte, de modo que, se um só exige, só êsse recebe a sua
parte. Se algum ou todos exigem, cada um recebe a sua parte. Tal solução
é resultante do ius dispositivum do Código Civil, art. 1.274; de jeito que
pode haver, em virtude de cláusula expressa, solidariedade. No direito ita-
liano, a solução é diferente (cf. Código Civil italiano, art. 1.772).
No direito brasileiro, também é possível, além da ação de depósito,
regulada nos arts. 366-370 do Código de Processo Civil, a ação de preceito
cominatório (art. 302, XII).
Se o único depositante falece e há herdeiros, o art. 1.274 do Código
Civil é de invocar-se.
Se há pluralidade de depositantes e algum ou alguns falecem, o art.
1.274 do Código Civil incide, devendo a quota do falecido ser dividida pe-
los seus herdeiros, ou as quotas dos falecidos ser divididas pelos herdeiros.
No caso de indivisibilidade, sem haver solidariedade, ou todos os de-
positantes exigem a restituição, ou o exigem os depositantes vivos e o her-
deiro ou os herdeiros do falecido ou dos falecidos, ou o depositário pede o
depósito do bem, invocando o art. 1.270 do Código Civil.

4. P L U R A L I D A D E DE DEPOSITÁRIOS. - A pluralidade pode ser de depo-


sitários. Se há dois ou mais depositários, a restituição pode ser exigida a
qualquer dêles. Aí, há solidariedade ex lege (Código Civil art. 904).
Se faleceu algum dos depositários e a res deposita é divisível, a cada
herdeiro só se pode exigir a quota que lhe corresponde (Código Civil,
art. 905).
Se algum ou alguns dos depositários não têm a posse imediata, por ter
sido mediatizado, ou terem sido mediatizados, o que tem a posse imediata
e vai entregar o bem depositado tem o dever de aviso ao outro ou aos ou-
tros depositários que não têm posse imediata. Se falta o aviso, o depositá-
rio que restitui responde pelos danos que possam resultar da sua omissão.

5. DEPOSITÁRIO TORNADO I N C A P A Z . - Se O depositário se tornou in-


capaz (ou se o era e sobreveio a interdição), o curador tem de diligenciar
para que imediatamente seja restituído o bem depositado, ou sejam res-
tituídos os bens depositados. Lê-se no art. 1.276 do Código Civil: "Se
o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a administra-
ção dos bens, diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada, e,
não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao
depósito público, ou promoverá a nomeação de outro depositário". Êsse
depositário, que o juiz nomeia, é depositário judicial, e não o depositário
público. A fonte foi o Projeto de Coelho Rodrigues, art. 1.117: "Quando
o depositário se torna incapaz, a pessoa que assumir a administração dos
seus bens deverá promover logo a entrega da coisa e, se o depositário não
quiser ou não puder recebê-la, deverá pedir a transferência dela para o de-
pósito público, ou a nomeação de outro depositário". Há bens depositados
para os quais não seria recomendável a remessa para o depósito público.
Ao fazer o pedido de depósito judicial, o curador escolhe, sem que o juiz
fique adstrito a essa escolha.

Panorama atual pelo Atualizador

§ 4.673. A- Legislação
O art. 1.270 do CC/1916, que admite a possibilidade do depositário denunciar
o contrato e restituir o bem por motivo plausível, e havendo resistência do deposi-
tante, requerer depósito judicial, é reproduzido pelo art. 635 do CC/2002.
O art. 1.274 do CC/1916, que disciplina o contrato quando existam mais de
um depositante de coisa divisível, é reproduzido pelo art. 639 do CC/2002, com
alterações de redação que não lhe retiram a identidade de sentido.
A ação de depósito, no Código de Processo Civil vigente, constitui procedimen-
to especial regulado pelos arts. 901 a 906 do CPC - os artigos mencionados por
Pontes de Miranda, neste particular, remontam ao Código de Processo Civil de
1939. No que se refere à ação cominatória para que alguém realize ou se abstenha
de realizar determinado ato, o sentido do art. 302, XII, do CPC/1939 é contemplado
j e ampliado, atualmente, pelo disposto no art. 461 do CPC vigente. A regra geral de
| solidariedade no Código Civil vigente consta nos arts. 275 e 276, que reproduzem
j o disposto nos arts. 904 e 905 do CC/1916. A incapacidade do depositário, a que
| se refere o art. 1.276 CC/1916, é disciplinado pelo art. 641 do CC/2002.
i A Lei 2.313/1954, estabelece que o depósito regular e voluntário de bens de I
' qualquer espécie s e extingue em vinte e cinco anos. Havendo decurso de prazo,
devem ser recolhidos ao Tesouro Nacional, e s e não reclamados no prazo de
cinco anos, s e incorporam ao patrimônio nacional, com exceção das contas de
depósito popular, que são imprescritíveis. ;

§ 4.673. B - Doutrina ,
i
Converge a doutrina com relação às c a u s a s de extinção do contrato de de-
pósito, seja por inadimplemento, pelo advento do termo, mediante exigência do !
depositante, ou a perda da coisa (LÔBO, Paulo. Direito civil - Contratos. São Paulo: j
Saraiva, 2011. p. 408). Por outro lado, quando há morte do depositário, nem sem-
pre se extingue o depósito, no qúe podem seguir s e u s sucessores, especialmente
j para assegurar a guarda e restituição. No caso de incapacidade do depositário a
| extinção do contrato s e dá quando o contrato for exclusivamente intuitu personae
I (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 15. ed. Rio de Janeiro:
| Forense, 2011. vol. 3. p. 336; VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil - Contratos em
espécie. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 264).
| Por outro lado, nota-se abertura da doutrina para identificar situações que a
I teor do art. 635, do CC/2002, possam constituir motivo plausível para o deposi- j
tário requerer o depósito judiciar caso não possa guardar a coisa, e recuse-se o
j depositante a recebê-la, que de regra guardam sentido com a superveniência da j
! incompatibilidade do exercício do dever de guarda.

| § 4.673. C - Jurisprudência I
í j
| Precedentes judiciais assentam que a morte do depositário não extingue ne- |
| cessariamente a ação de depósito, que segundo a jurisprudência, pode prosseguir j
contra os herdeiros, visando à cobrança da dívida (TRF-4. 3 Reg., ApCiv 0013751- |
19.1998.404.7100; j. 30.08.2010, rei. Marga Inge Barth Tessler, DE 13.09.2010). j
! Da mesma forma, orienta-se a jurisprudência, no depósito irregular, que quando os J
| bens, por ato de império, ficam sob guarda do Estado, não responde o depositário |
| original (banco) pelo dever de custódia (STJ, REsp 53.282/SP, 3. a T., j. 28.11.1995, j
rei. Min. Cláudio Santos, DJ 05.02.1996). Não é o caso de correções de valores j
! depositados em conta, pela incidência de planos econômicos governamentais, pe- j
los quais a instituição financeira tem legitimidade ativa para responder (STJ, REsp j
; 253482/CE, 4,E T., j. 03.08.2000, rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ25.09.2000). j
No depósito bancário, provado o depósito cabe ao depositário restituir ou provar j
| transferência dos valores ao Tesouro Nacional, nos termos da Lei 2.313/1954 |
| (TJRS, ApCiv 70045323128, 20. a Câm. Civ., j, 14.12.2011, rei. Carlos Marchionatti).
§ 4.674. PARTICULARES EVENTUALIDADES
NO TOCANTE À RESTITUIÇÃO

1. RESTITUIÇÃO VOLUNTÁRIA E RESTITUIÇÃO EXIGIDA. - O depositário


restitui, nas espécies em que pode, por vontade sua, restituir, e pode ter de
restituir por exigência do depositante ou de terceiro legitimado.

2 . R E S T I T U I Ç Ã O AO TERCEIRO R E F E R I D O N O C O N T R A T O . - S e o b e m
foi depositado em nome de terceiro, houve contrato a favor de terceiro e
regem os arts. 1.098-1.100 do Código Civil. A substituibilidade do terceiro
somente ocorre se foi reservado pelo depositário o direito de substituição.
Se foi convencionado que não se restituiria ao depositante o bem de-
positado sem que houvesse assentimento ou consentimento do terceiro, não
houve, propriamente, contrato a favor de terceiro, porque não se falou de
restituibilidade ao terceiro, mas sim ao depositante, com a anuência do ter-
ceiro. Algumas vêzes é recomendável essa cláusula, que reconhece interes-
se do terceiro sem que o contrato seja a favor dele. Não tem o terceiro pre-
tensão à restituição, mesmo em alternativa com a pretensão do depositante.
Se no contrato de depósito ou em pacto adjecto foi dito que o depósito
é feito também no interêsse de terceiro, sem cláusula de substituibilidade
(Código Civil, art. 1.100), o depositário não pode restituir ao depositante
o bem depositado, sob pena de ter de ressarcir os danos ao terceiro, se não
mais pode ser satisfeita a exigência do terceiro. Se o depositário quer resti-
tuir o bem, nos casos em que o pode fazer, tem de comunicar a sua vontade
ao depositante e ao terceiro.

3. F R U T O S E ACRESCIDOS DO BEM DEPOSITADO. - O depositário tem de


restituir o bem depositado, com os frutos e quaisquer acrescidos (cf. Códi-
go Civil, arts. 607-617). Lê-se no Código Civil, art. 1.266: "O depositário
é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado
e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la
com todos os frutos e acrescidos, quando lho exija o depositante". Fala-se
dos frutos. Entenda-se do bem não fungível, porque, se fungível o bem,
o contrato é de depósito irregular, e não se supõem devidos os interêsses.
Se, porém, o bem fungível é título que dê juros ou dividendos, têm-se por
devidos, a despeito da irregularidade do depósito.
No sistema jurídico brasileiro, o depositário tem de restituir com os
frutos. (L. 1, § 24, D., depositi vel contra, 16, 3). No dever de custodiar
como custodia os seus próprios bens entende-se incluído o de colhêr os
frutos e evitar que se percam.
O uso do bem depositado, se não foi permitido, é infração do contrato.
Se houve dano, há o ressarcimento (Código Civil, art. 1.275). O uso pode
não ser danificante. Então, não há indenizabilidade. Não há pretensão a
interêsses pelo uso indevido do bem depositado, mesmo se o depósito foi
depósito de dinheiro. Não basta para se sustentar o contrário o argumento
de que o depositário transforma em depósito irregular o depósito que seria
regular. Nem seria cabível a ação de enriquecimento injustificado.

4. H E R D E I R O D O D E P O S I T Á R I O . - Morto o depositário, o herdeiro pode


ignorar que o bem, de que o falecido tinha a posse, não fôsse propriedade
dêsse. Se o herdeiro aliena o bem depositado, êle, a quem se transferiu
o dever de restituição, tem de assistir ao depositante ou seu sucessor, na
reivindicação (alienou-se coisa alheia; portanto, ineficazmente) e a resti-
tuir o equivalente. Se há a reivindicação, ao que a sofreu, o herdeiro há
de restituir o que recebera como preço. Se o herdeiro doou, também se dá
a reivindicação. No Código Civil, art. 1.272, estatui-se: "O herdeiro do
depositário que de boa fé vendera coisa depositada é obrigado a assistir o
depositante na reivindicação e a restituir ao comprador o preço recebido".
Se não foi possível a reivindicação, a restituição do preço é ao depositante.
Se o preço ainda não fôra pago, ou não o fôra integralmente, o depositante
sub-roga-se, ope legis, nos direitos do depositário contra o terceiro.
A alienação de má fé é ato ilícito, furto ou apropriação indébita.

5. B E M D E P O S I T A D O E S U C E D Â N E O . - Pode ocorrer que no lugar do


bem depositado algo juridicamente se ponha, como se houve pagamento de
seguro, ou se houve indenização por ato ilícito de terceiro, ou, mesmo se
lícito, nas espécies dos arts. 160, II, 1.519 e 1.520 do Código Civil. O art.
1.271 do Código Civil refere-se a uma das espécies, que é a de ter recebido
outro bem em lugar do bem depositado, mas apenas se formulou o que
resulta de princípio geral. Lê-se no art. 1.271: "O depositário que por fôrça
maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é
obrigado a entregar a segunda ao depositante e ceder-lhe as ações, que no
caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira". O
texto contém graves imperfeições. Ao depositante passam, ope legis, as
ações que tem o depositário contra o terceiro, automaticamente, porque foi
o depositante que atribuiu a posse imprópria imediata ao depositário; e não
há pensar-se em cessão coativa das ações. O terceiro é sujeito passivo nas
relações jurídicas com o depositante e com o depositário.
Sempre que o depositário vem a saber de que terceiro se diz com di-
reito sôbre o bem depositado, tem o dever de comunicar ao depositante.
Se ocorre propositura de ação pelo terceiro, o depositário pode requerer o
depósito judicial do bem depositado, se o depositante não o quer receber,
ou se foi impedido, cautelarmente, de fazê-lo.
Se o depositário foi citado como réu, pode nomear à autoria o deposi-
tante (Código de Processo Civil, art. 99).
Desde o momento em que o depositário é citado em ação de medida
cautelar ou em ação executiva, não pode restituir o bem ao depositante
(Código Civil, art. 1.268). Fora daí, para que deixe de restituir, é preciso
que tenha "motivo razoável de suspeitar que a coisa foi furtada ou rou-
bada" (Código Civil, art. 1.268), mas terá de recolher o bem ao depósito
público, ou requerer o depósito judicial (cf. art. 1.270).

6. B E M PRÓPRIO DO DEPOSITÁRIO. - O depositário tem de restituir ao


depositante o bem, sem poder ou ter de exigir que o depositante prove o
seu direito de propriedade, ou a posse imprópria. O depositante pode não
ser proprietário, nem ter posse própria. Se o depositário descobre que é seu
o direito de propriedade, ou a posse própria, ou posse que lhe permitisse
depositar, o contrato de depósito é nulo. Se o depositário é o dono, mas o
depositante podia depositar (e. g., é usufrutuário, ou locatário), o depositá-
rio proprietário, ou possuidor próprio, tem dever de restituição.
Se A é dono do bem (e. g., jóia) e deu em locação a B, por um ano, e
B teve de ausentar-se, nada obsta a que B entregue o bem em depósito a
A, pois B é possuidor impróprio. Passa A a ter, além de sua posse própria
mediata, a posse imediata, continuando B com a posse imprópria mediata,
queficaentre as duas posses que estão com A.

7. E S B U L H O E T U R B A Ç Ã O DA POSSE DO DEPOSITÁRIO. - Se ocorre per-


da da posse do bem depositado, sem se poder imputar ao depositário,
deve o depositário comunicá-lo, imediatamente, ao depositante. Se cum-
pre o dever de comunicação, libera-se do dever de restituir. Todavia, o
dever de custódia inclui o de defesa de mão própria (Código Civil, art.
502 e parágrafo único), se dentro dos hábitos do depositário a respeito
dos seus bens.
A ofensa à posse pode ser somente à posse própria, ou imprópria, do
depositante, ou somente à posse do depositário, ou a ambas. Se foi à posse
do depositante, sem atingir a posse do depositário, àquele é que tocam as
ações possessórias e de indenização.
Quanto ao dever de comunicação, a infração põe o depositário como
responsável por todos os danos que da falta resultem.
Quem, depositário, sabe, como depositário, da situação que se criou
ou que se vai criar contra o depositante, tem dever de comunicar e de
praticar os atos, extrajudiciais e judiciais, necessários ou oportunos para
recuperação, ou para obstáculo a ofensa, ou para acautelamento; e a res-
ponsabilidade apenas exige nexo causai entre evento e dano.

Panorama atual pelo Atualizador I


i
i
í
§ 4.674. A - Legislação !
Disciplina a estipulação em favor de terceiro no Código Civil vigente, os arts.
436 a 438, que reproduzem os arts. 1.098 a 1.100 do CC/1916. A regra do art. I
1.275 do CC/1916, que proíbe o depositário de utilizar-se do bem em depósito
sem a autorização do depositante é reproduzido no art. 640 do CC/2002.
O art. 1.272 do CC/1916, que dispõe sobre o dever de restituição e assistência :
ao reivindicante, relativamente ao herdeiro de boa-fé do depositário, que vende a
coisa em depósito, é reproduzido pelo art. 637 do CC/2002.
A norma de exclusão de ilicitude prevista no art. 160, II, do CC/1916, é repro-
duzida no art. 188, II, do CC/2002. Em relação aos arts. 1.519 e 1.520 do Código
Civil revogado, tome-se o disposto nos arts. 929 e 930 do CC/2002, notando-se
em relação ao primeiro dispositivo (art. 929), que diferente da norma revogada, i
nele s e faz referência, além do dono da coisa, também ao lesado, como titulares j
do direito de indenização, caso não sejam culpados do perigo. j
O art. 1.271 do CC/1916 corresponde, ipsis literis, ao disposto no art. 636 do j
CC/2002. A regra do a r t 1.268 do CC/1916, é reproduzido no art. 633 do CC/2002, j
integralmente, contemplando tanto o dever de restituição incontinenti do deposi-
tário, à s exceções ao cumprimento deste dever, cuja ocorrência o obriga a fazer
depositar em depósito público, nos termos do art. 634 da lei vigente, ou requerer
depósito judicial, na hipótese do depositante negar-se a recebê-la (art. 635).
A nomeação à autoria, referida no texto em vista do art. 99 do CPC/1939, ora
é disciplinado pelos arts. 62 et seq do CPC vigente.
O art. 502, capute parágrafo único, do CC/1916, sobre o direito do possuidor j
de defender sua posse é reproduzido, com breves alterações de redação, no art. j
S
1.210, caput e § 1 d o CC/2002.
| § 4.674. B- Doutrina
I Ao observar que o uso pode não ser danificante, Pontes de Miranda condi-
I ciona a ação de perdas e danos mais do que ao simples' inadimplemento, mas
ao efetivo prejuízo havido pela parte. A doutrina nacional apenas acrescenta que
também responde, porque há inadimplemento no caso de uso não autorizado do
bem depositado pelo depositário, à responsabilidade desse pelos riscos da coisa,
I inclusive o fortuito, de modo a afastar nesse caso o princípio do res perit domino.
Da mesmáforma, afirma a doutrina a necessidade de que o consentimento do
depositante para que o depositário faça uso da coisa deva ser expresso. O dever
do depositário de comunicar ao depositante sobre a perda ou turbação da posse
da coisa em depósito, segundo firme doutrina, deve ser atendido, assim como
deverá o mesmo ceder a s ações que tenha contra terceiros, sob pena de não
o fazendo vir a responder pelos danos ( L O P E Z , Teresa Ancona. Comentários ao
\ Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. vol. 7. p. 377; TEPEDINO, Gustavo; BARBOSA;
| MORAES. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Rio de
! Janeiro: Renovar, 2006. t. II. p. 398).

§ 4.674. C - Jurisprudência
A ação de depósito pode prosseguir contra os herdeiros do depositário, vi-
sando à cobrança da dívida (TRF-4.a Reg., ApCiv 0013751-19.1998.404.7100, j.
30.08.2010, rei. Marga Inge Barth Tessler, DE 13.09.2010). No depósito bancário,
o banco depositário que utiliza dinheiro depositado para satisfazer a dívida em que
é credor responde por perdas e danos perante o correntista (TJSC, 2007.040443-
6, 1.a Câm. Civ., j. 07.07.2010, rei. Carlos Prudêncio), inclusive quando feito por
terceiro em seu favor (STJ, REsp 250.523/SP, 4. a T„ j. 19.10.2000, rei. Min. Ruy
Rosadode Aguiar Jr., DJ 18.12.2000)
B I B L I O G R A F I A D O T O M O XLIX
(Somente dos livros consultados)

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Wieland, K a r l , Die Ermãchtigung zum Leisungsempfang, Archivfür die civilistische
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7437. Wiele, G., Das Dokumentenakkreditiv (O Acreditivo documentário), Hambur".
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Windscheid, B., Lehrbuch des Pandektenrechts, veja n. 446.
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7441. Zamfiresco, G., Contribution à 1'étude du Contrat de compte courant en droit
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Livros N ã o - J u r í d i c o s
Bõckh, A., Die Staatshaushaltung derAthener, veja n. XCI.
CXXXm. B l o d g e t t , R a l p h H., Comparative Economic System, New York, 194?.
CXXXIV. B o u l d i n g K e n n e t h E., Economic Analysis, New York, 1941.
CXXXV. Daremberg e t Saglio, Dictionnaire des Antiquités grecques et. romaines,
Paris, 1873-1896.
ÍNDICES
Alfabético dos Autores citados

Cronológico da Legislação

Cronológico da Jurisprudência

Alfabético das Matérias


I
ÍNDICE ALFABÉTICO DOS AUTORES CITADOS

A b b o t t , L o r d T e n t e r d e n , § 4.605, B i o n d i , B i o n d o , § 4 . 6 3 3 , 1.

3. B l o d g e t t , R a l p h H „ § 4 . 5 9 7 , 3.

Adam, P a u l , § 4.608, 6. B l u n t s c h l i , J. C„ § 4.608, 6.


A f f o l t e r , A., §§ 4.586, 1; 4.588, 2. B õ c k h , A „ §4.603,1.
Africano, §§ 4.640, 3; 4.662, 3. B o e h m e r , Gustavo, § 4.590,1.
A l f e n o , § 4.665, 5. Boes, § 4.642,1, 5.
A m e r i c a n o , J o r g e , § 4 . 6 6 3 , 5. B o e s - H a r t e n f e l s , § 4.652, 2.
A r n o l d , W i l h e l m , § 4 . 6 0 8 , 6. B o i s t e l , A., §§ 4.606, 5; 4.618, 3.
Ascarelli, T u l l i o , § 4.626,1.
B o l a f f i o , L e o n e , §§ 4.595, 1; 4.624,
A s q u i n i , A r b e r t o , § 4 . 6 4 7 , 5. 4.
A v e n a r i u s , J., § 4.666, 1. B o n e l l i , G u s t a v o , § § 4 . 6 1 8 , 3;
4.621, 2; 4.631, 5.
B a l b i , G i o v a n n i , § 4 . 6 5 6 , 3. B o n b r i g h t , J a m e s C., § 4 . 5 9 7 , 4 .
B a r r a s i , L u d o v i c o , §§ 4 . 5 8 7 , 4;
B o u l d i n g , K e n n e t h E . , § 4 . 5 9 7 , 3.
4.588, 3; 4.635,1.
B r a c c o , B e r t o , §§ 4.595, 1; 4.656, 3.
Barbosa, Agostinho, § 4.663,5.
B r a n c a , G„ §§ 4.591,4; 4.595, 1;
B a r b e r o , D o m e n i c o , § 4 . 6 5 6 , 3.
4.630,4.
B a r b o s a , P e d r o , § 4.663, 5.
B r e i t , E., § 4.615, 3.
B e i t z k e , G ü n t h e r , § 4 . 6 2 0 , 3.
B r e i t , J., §§ 4.618, 5; 4.621, 2; 4.642,
Bem F e r r e i r a , A g o s t i n h o de, §
5.
4.591,5.
B r e m e r , F. P , § 4.602, 1.
B e t o c c h i , § 4.630, 6.
B r o d m a n n , § 4.633, 1.
B e t t i , Emílio, §§ 4.624, 9; 4.656, 3.
B r ü t t , L., § 4.635, 4.
B e v i l á q u a , C l ó v i s , §§ 4 . 6 6 3 , 5;
4.665, 1. B r u c k n e r , F r . X., § 4.655, 1.
Bigiavi, W a l t e r , §§ 4.626, 1; 4.634, B ü c h e l , K., § 4.601, 2.
1; 4.638, 2. B ü c h s e n s c h ü t z , B., § 4.602, 1.
B u c h k a , G e r h a r d v o n , § 4 . 6 0 0 , 1. C u r d y , W i l l i a m E. M c , § 4 . 6 4 7 , 4 , 5 .

B u l l a , G u s t a v A d o l f , § 4 . 6 5 8 , 1.
B ' A m e l i o , M„ §4.618, 6.
B y n k e r s h o e k , C. v a n , § 4 . 6 6 6 , 1 .
D a n k w a r d t , H., § 4 . 5 8 9 , 1 .
C a i l l e m e r , E., § 4 . 6 0 2 , 1 . D a n z , E., § 4.635, 5.
C a p e l l e , K a r l H è r m a n n , §§ 4.642, D a r e m b e r g e S a g l i o , § 4.602,1.
1, 3, 5; 4.643, 2; 4.650, 3; 4.651, 1;
4.653, 3. D a r e s t e , R., §§ 4.602,1; 4.605, 6.

C a r n e l u t t i , F r a n c e s c o , §§ 4 . 5 8 8 , 3; D e d e k i n d , J. L. J., § 4 . 6 6 6 , 1 .
4.615, 2. D e Vries, §4.602, 1.
C a r r e s i , F r a n c o , §§ 4.588, 3; 4.592, D e i t e r , G e o r g , § 4.590,1.
1; 4.595,1.
D e m o g u e , R e n é , § 4 . 6 5 6 , 3.
C a r v a l h o d e M e n d o n ç a , J. X . ,
§§ 4.595, 2; 4.618, 6; 4.620, 2, 3; D e m ó s t e n e s , §§ 4.602,1; 4.605, 6.
4.635, 5. D e r n b u r g , H., §§ 4.587, 3; 4.590,
C a r v a l h o S a n t o s , J. M . d e , § 4 . 6 6 3 , 9; 4.591, 5, 6; 4.599, 2; 4.601,2;
5. 4.639, 1; 4.655, 1; 4.663, 3; 4.667,
2.
C a s a n o v a , M a r i o , § 4 . 6 5 6 , 3.
D e R u g i e r o , R o b e r t o , §§ 4 . 5 8 8 , 3 ;
C a u v e t , J„ § 4.605, 7.
4.600, 4.
Celso, §§ 4.591,5; 4.635, 6; 4.640,3;
4.662, 2; 4.663, 1. D e Simone, M a r i o , § 4.656,1.

C l é m e n t , R , § 4.618, 3. D e s j a r d i n s , A., § 4.605, 6.

C o l a g r o s s o , E n r i c o , §§ 4 . 6 2 4 , 7, 9; D e v o t o , L u i g i , §§ 4.624, 6; 4.628,1.
4.625, 2. D i e t z e l , G„ § 4 . 5 9 1 , 5 .
C o m m o n s , J o h n R., § 4 . 5 9 7 , 5.
D o n a d i o , G i u s e p p e , §§ 4 . 5 2 5 , 1 ;
C o p p a - Z u c c a r i , § 4.656, 3. 4.627, 2; 4.630, 2, 6; 4.631, 7.
C o r r e i a T e l e s , § 4 . 5 9 1 , 5. D u e c k e r s , H. J. H„ § 4.591, 5.
C o r s a n i , G a e t a n o , § 4 . 6 2 6 , 1. D ü r i n g e r , A., § 4 . 6 2 1 , 2 .
C o r d i e r , R., § 4.666, 3. D ü r i n g e r , A . , - H a c h e n b u r g , M . , §§
C o s a c k , K o n r a d , §§ 4.586, 1; 4.634, 4.615, 3; 4.618, 5; 4.642, 5.
1; 4.665, 1.
E d e l m a n n , H a n n s , § 4 . 6 3 3 , 1.
C o u r c y , A. d e , § 4.605, 6, 7.
C o v i e l l o , N i c o l a , § 4 . 6 2 4 , 4.
E h r e n b e r g , V., § 4 . 6 1 0 , 4 .

Creizenach, J., § 4.617, 2. E i c h h o r n , F r . K., § 4.605, 6.

Cresp, § 4.605, 6. Eisele, Fr., § 4.585,1.

Crome, C a r l , §§ 4.586, 1; 4.597, 4; E m é r i g o n , M. B., § 4.602, 1.


4.635, 4; 4.665, 1; 4.667, 2. Endemann, F., §§ 4.586, 1; 4.667, 2.
Enneccerus, L., §§ 4.634, 6; 4.635, 4; G i e r k e , J u l i u s v o n , §§ 4 . 6 2 0 , 3 ;
4.657, 4: 4.665, 1. 4.615,2.
E n n e c c e r u s , L . , - L e h m a n n , H., §§ G i e r k e , O t t o v o n , §§ 4.591, 6; 4.625,
4.591, 6; 4.633, 1; 4.663, 3; 4.667, 1; 4.635,4; 4.657,1, 3, 4; 4.663, 3;
4.665, 1; 4.667, 2.
2.
G i o r d a n o , A . , § 4 . 6 2 4 , 3.
Esser, Josef, §§ 4.588, 2, 3; 4.590, 1;
4.660, 3; 4.667, 2. G i o r g i a n n i , M a r i o , § 4 . 6 5 6 , 3.

G l ü c k , Chr. Fr„ § 4.665,5.


F a l l o i s e , M . , § 4 . 6 3 1 , 5.
Godin, R e i n h a r d Frelheeb von, §
Feitu, E„ §§ 4.616, 5; 4.618, 3. 4.615, 2.
F e r r i , G i u s e p p e , § 4 . 6 3 1 , 7. G o l d s m a n n , E. L i l i e n t h a l , L., §
4.657, 3.
Filosto, Leone, § 4.626,1
G o l d s c h m i d t , I. G . , § 4 . 6 0 2 , 1 .
Finzi, E., § 4.618, 6
G o l d s c h m i d t , L., § 4 . 6 0 2 , 2 .
F i n k e l s t e i n , § 4 . 6 2 6 , 1.
Gomes, A l e x a n d r e C a e t a n o , §
F i o r e n t i n o , A d r i a n o , § § 4 . 6 1 8 , 5 , 6;
4.663,5.
4.620, 1, 3; 4.621, 2; 4.624, 4, 6, 7,
9; 4.630, 4; 4.656, 3; 4.666, 3. .Gõppert, §§ 4.620, 3; 4.621, 2.
G o r l a , G i n o , § 4.596, 2.
F l e c h t h e i m , § 4 . 6 4 2 , 5.
G o t t s c h a l k , P a u l , § 4 . 5 9 0 , 1.
F l o r e n t i n o , § 4.661,7.
Grebeb, J., §§ 4.617, 2; 4.618,3.
Folco, C a r l o , §§ 4.645, 3; 4.647, 5;
4.652,2. Greco, P a o l o , §§ 4.595, 1; 4.624, 9;
4.630, 5; 4.631, 7.
F o r c h i e l l i , P a o l o , § 4 . 5 8 8 , 3.
G u t t e r i d g e - M e g r a h , § 4.647, 2.
F o u r m a n n , L u d w i g , § 4 . 5 9 0 , 1.

F r a g a l i , M i c h e l e , §§ 4.591,4; 4.595,1. H a e b e r l i n , H . U . , § 4 . 6 4 0 , 3.

F r a n ç o i s , A . L e , § 4 . 6 3 1 , 5. H a r t , H j e r b e r t , § 4 . 6 5 2 , 2.

H a r t e n f e l s , § 4 . 6 4 2 , 1.
F r e d e r i c k , K a r l C „ § 4 . 6 5 2 , 3.
Heck, Ph., §§ 4.588, 2; 4.590, 1.
F r i e d l i e b , E „ § 4 . 6 0 8 , 6.
H e f e r m e h l - S c h l e g e l b e r g e r , §§
F u n a i o l i , C. A . , § 4.5188, 3.
4.621, 2; 4.643, 2; 4.650, 3; 4.651,
4.
G a f n e r , h., § 4.647,7.
H e f e r m e h l , W o l f g a n g , § § 4 . 6 1 5 , 2;
Gaio, §4.585,1.
4.617, 1; 4.620, 1.
G e i b , O t t o , § 4 . 5 8 9 , 8.
Henne, R. Chr., § 4.666,1.
G e r b e r , F. C., § 4.608, 6. H e r o l d , H e r m a n n , § 4 . 6 3 0 , 2.
G i a n n i n i , T., § 4 . 6 3 1 , 2. H e s s h e y , O m e r F., § 4 . 6 4 7 , 4 .
G i a n u z z i , A d o l f o , § 4 . 5 8 9 , 6. H i l d e b r a n d t , W o l f g a n g , § 4 . 5 8 9 , 9.
HOLZSCHUHER, F. R. VON, § 4 . 6 3 5 , 5. LARENZ, KARL, §§ 4 . 5 9 0 , 1 , 3; 4.601
HUDTWALCHEB, M . J., § 4 . 6 0 2 , 1.
2; 4.634, 1.

HUSCHKE, PH. E., §§ 4.585, 1; 4.591, LÉGAL, A., §4.647, 5.


6; 4.602, 2. J LÉGAL, PIERRE, § 4 . 6 4 7 , 4.
LEHMANN, H., §§ 4.615, 2; 4.617,1-
JACOBI, ERNST, § 4 . 6 3 5 , 4. 4.620, 1; 4.635,4; 4.648, 1.
JACOBSOHN, § 4 . 6 5 1 , 3. LEHMANN, H.,-ENNECCERUS, L., §
JANSSEN, GEORGES, §§ 4 . 6 4 7 , 4; 4 . 6 5 4 , 4.588, 2.
3. LEHMANN, KARL, § 4 . 6 4 2 , 5.
JACOBSOHN, §§ 4.649, 4; 4.651, 3. LEITNER, F., § 4 . 6 3 0 , 2.
JACOBY, ALFRED, §§ 4 . 6 4 2 ; 4 . 6 5 1 , 3. LEJEUNE, H., § 4 . 6 2 4 , 4.
JAEGER, E., § 4 . 6 3 9 , 1. LENEL, OTTO, § 4.633, 1. 4.635,4.
JHERING, R . VON, § 4 . 6 0 1 , 2. LENT, F., §§ 4.633, 1; 4.634, 1;
JOHOW, R., § 4.588, 3. LEONHARD, FR„ §§ 4.590, 8; 4.634,1;
JULIANO, § 4 . 6 3 5 , 6. 4.668, 1.

JUNG, ERICH, § 4 . 6 3 4 , 1. LEWIS, WILLIAM, §§ 4 . 6 0 2 , 1 ; 4 . 6 0 5 , 2 ,


6; 4.607,1; 4.613,1.
JUTZ, ANTOINE, § 4 . 5 9 7 , 5.
LOCHER, EUGEN, §§ 4 . 6 6 3 , 1; 4 . 6 3 5 , 4 .

KALTENBORN, C. VON, § 4 . 6 0 5 , 6. LÓPEZ, GREGÓRIO, § 4 . 6 6 3 , 5.

KARSTEN, § 4 . 6 3 8 , 2. LORDI, LUIGI, §§ 4.615, 2; 4.656, 3.


KINNE, § 4.591, 6. LOTMAR, PHILIPP, § 4 . 6 3 4 , 4 .

RLAUSLNG, E , § 4 . 6 3 3 , 1. LÜBBERT, E„ §§ 4.588, 2; 4.590, 6.


KLEINER, HERBERT, §§ 4 . 6 4 2 , 5 ; LYON-CAEN, CH., § 4.624,4.
4.643, 2.
M A C H A D O GUIMARÃES, LUÍS, § 4.663,
KOCH, A., §§ 4.650, 3; 4.652, 2.
5.
KOCH, R., § 4.635, 5.
MACLACHLAN, D., §§ 4 . 6 0 5 , 2, 6;
KOENIGE, H., §§ 4.626, 1; 4.642, 5. 4.608, 1.
KOHLER, JOSEF, §§ 4 . 5 8 6 , 1; 4 . 5 8 8 , 2, MAELE, A. VAN, § 4.652, 2.
3; 4.589, 1; 4.590, 8; 4.635, 4.
MAFRA, § 4.619, 3.
LACERDA, PAULO DE, §§ 4 . 6 1 8 , 6; MAJELLO, UGO, §§ 4.633, 5,4.656, 3.
4.630, 8; 4.631, 5, 7. MAKOWER, H-, § 4 . 6 4 2 , 5 .
LADENBURG, § 4 . 6 3 5 , 5. MANN, L., § 4.608, 6.
LA LUMIA, I., § 4.656, 3. MANDRY, G., § 4 . 5 9 1 , 5.
LAMMFROMM, H., § 4 . 5 8 6 , 1. MANG, ERICH, § 4 . 6 3 5 , 5.
LANGEN, A., §§ 4.667, 2; 4.668, 1. MARAIS, GEORGES, § 4 . 6 4 7 , 6 , 7 .
MARAIS, PIERRE, § 4.652, 2. NEUSTETEL, L. J., § 4.665, 2.
MARCELO, §§ 4.591, 5; 4.622, 2, 3; NEWSON, § 4.605, 8.
4.666, 2. NICOLÒ, ROSÁRIO, § 4 . 6 3 4 , 1 .
MARTORANO, FEDERICO, §§ 4.615, 2; NOBLET, J., §§ 4.616, 5; 4.618, 3.
4.618, 5, 6.
MATTHIASS, B., §§ 4.591, 6; 4.601, 2; OBERPARLEITER, KARL, § 4.646, 3.
4.602,1, 2; 4.605, 1.
OELRICHS, G., § 4.666, 7.
MAZZONI-PACIFICI, E„ § 4.588, 2, 3.
OERTMANN, P, §§ 4.586,1; 4.588,
MAZZANTINI, MARIO, § 4 . 6 3 0 , 4 . 2; 4.590, 1, 6; 4.591, 6; 4.634, 6;
MEANS, GARDNER C„ § 4 . 5 9 7 , 4 . 4.635, 1,4; 4.637, 1; 4.639, 1,2;
MENDES DE CASTRO, MANUEL, §
4.655,1; 4.657, 3,4; 4.660, 3;
4.663, 5. 4.663, 3; 4.665,1; 4.667,2.

MERLO, GIOVANNI MARIO, § 4.587, 4 , OPPO, GIORGIO, § 4 . 5 9 5 , 1.

MESSA, GIAN CARLO, § 4 . 5 8 7 , 1 . ORTLIEB, GEORG, § 4.588, 3.

MESSINEO, F„ §§ 4.588, 3; 4.592, 1, 2; OVERBECK, C. G , § 4 . 6 6 6 , 1 .


4.600, 2; 4.624,4, 6, 7, 8; 4.625, 2;
4.634,1; 4.666, 3. FALANDT, OTTO, § 4 . 5 8 8 , 2.
MEYER, HERBERT, § 4 . 6 3 5 , 4 . PARDESSUS, J., § 4.616, 5.
MEYER, PAUL, § 4.633," 1. PAPINIANO, § 4 . 6 6 5 , 2 , 5.
MEZ,ARTHUR, § 4.633, 1. PAULO, §§ 4.585, 1; 4.601, 2, 7; 4.662,
MICCIO, RENATO, § 4 . 6 3 8 , 2 . 2; 4.665, 2.
MITTEIS, LUDWIG, § 4 . 5 8 5 , 1 . PÊGAS, MANUEL ÁLVARES, § 4.633, 5.
MODESTINO, § 4.602, 2. PEREIRA E SOUSA, § 4 . 6 6 3 , 5 .
MOLINAUS, C., § 4.602, 1.
PERNICE, A., § 4.639, 2.
MONTEIRO, JOÃO, § 4.663, 5.
PETRAZYCK, LEO VON, § 4.597, 4.
MONTESANO, L., § 4.590, 5.
PFLÜGER, H. H „ § 4.591, 5.
MORAIS, SILVESTRE GOMES DE, §
4.663,5. PLANCK, G„ §§ 4.586, 1; 4.587, 3;
4.590,1,8; 4.591, 6; 4.634,1;
MORANDO ANTONIO, §§ 4.618, 6;
4.635, 1; 4.637, 2; 4.639, 1,2;
4.620, 3.
4.660, 3; 4.663, 3; 4.667,2.
MÜLLER, WALDEMAR, § 4.642, 5.
PLATHNER, O., § 4.635, 4.

NAVARRINI, UMBERTO, § 4.621, 2. PLATNER, E., § 4.602, 1.


NERVA, §§ 4.662, 3; 4.663, 1; 4.666, 2. ! PLUCINSKI, VON, §§ 4.638, 2; 4.663,1.
NETTERBIADT, DANIEL, § 4.666, 1. | PÕHLS, M., § 4.605, 6.
NEUMANN, H„ § 4 . 5 9 1 , 6 . ! POLENSKE, K., § 4.667, 2.
POMPÔNIO, §§ 4.661, 7; 4.662, 3; SCHMITZ, WILHELM, § 4 . 5 9 0 , 1 .
4.663, 3. SCHOLLMEYER, F., §§ 4.635,4; 4.663,
PRÓCULO, §§ 4.662, 3; 4.663, 1; 4.666, 3; 4.665, 1; 4.667, 2.
2, 3. SCHUMANN, H . , § 4 . 6 1 5 , 2.

QUARANTOTTI, § 4 . 6 5 4 , 3.
SCIALOJA, A., §§ 4.591,4; 4.595,1;
4.630, 4.
RAMELLA, A., §4.621,2. SCHWANERT, H . A . , § 4 . 5 9 1 , 5.

RAVÀ, PAOLO, § 4 . 5 9 1 , 4 . SCOGNAMIGLIO, RENATO, § 3 . 6 5 6 , 3 .

REGELSBERGER, R , § 4 . 5 9 0 , 6, 8. SIBER, H„ §§ 4.585, 1; 4.590,1; 4.667,


2.
REHFELDT, B„ §§ 4.634, 1; 4.635, 4;
4.637,8. SIEVEKING, H., §§ 4.601, 2; 4.605, 6.
REICHARDT, §§ 4.642,1; 4.647, 3; SILVA COSTA, JOSÉ DA, §§ 4 . 6 0 5 , 5;
4.648, 1; 4.649, 4, 5; 4.651, 3; 4.616, 5; 4.618, 6.
4.654, 3. SILVA LISBOA, JOSÉ DA, §§ 4 . 6 0 2 , 1 ;
REICHEL, HANS, § 4 . 5 9 0 , 1 . 4.635, 5.
RENAUD, A . , § 4 . 6 0 8 , 6. SIMITIS, SPIROS, § 4.672,' 1.

RENAULT, L „ § 4 . 6 2 4 , 4 . . SIMONETTO, ERNESTO, §§ 4 . 6 2 4 , 9;


4.630, 2; 4.656, 3; 4.663, 6.
REZZARA. Guroo, § 4.624, 9.
SINDOU, J„ § 4 . 6 1 8 , 1.
RIEHL, KARL, § 4 . 6 3 5 , 4.
SOTGIA, SÉRGIO, §§ 4 . 6 1 7 , 4; 4.618, 6.
RXPERT, GEORGES, § 4 . 6 1 8 , 1 9 .
STAMMLER, R., § 4 . 5 9 0 , 1.
RITTER, §§ 4.624, 3; 4.652, 1.
STAUB, H„ § § 4 . 6 2 1 , 2 ; 4.626, 1.
ROTONDI, MARIO, § 4 . 5 8 8 , 2, 3.
STEYEST, GASTON, § 4 . 5 8 8 , 3.

SALANDRA, VITTORIO, § 4 . 6 2 4 , 8. STINTZING, WOLFGANG, § 4.588, 3.

SALMASIUS, CLAUDIUS, § 4 . 6 0 2 , 1 . STOBBE, O . , § 4 . 6 0 2 , 1 .


SALPIUS, B. VON, §§ 4.633, 1; 4.634, 4. STOLL, HEINRICH, § 4 . 6 7 2 , 1.
SAMMET, J. GOTTFR, § 4 . 6 6 6 , 1. STOUFFLET, J., § 4 . 6 5 1 , 1 .
SAVAGNONE, G., § 4 . 5 8 5 , 1. STURN, A., § 4.667, 2.
SAVATIER, R „ § 4 . 6 5 6 , 3. STUMMER, §§ 4.643, 2; 4.651, 1, 3.
SAVIGNY, F. VON, §§ 4.588, 3; 4.608, 6.
TÁCITO, § 4 . 5 9 1 , 5.
SCHÂFER, F„ § 4 . 5 8 6 , 1.
TEIXEIRA DE FREITAS, §§ 4 . 6 2 0 , 3;
SCHEY, J. VON, § 4.600, 6. 4.663, 5; 4.665, 1.
SCHMID, A . C. J., § 4 . 6 6 5 , 2. TEÓFILO, § 4 . 5 9 1 , 5.
SCHMIDBAUER, ARNOLD, § 4 . 6 3 5 , 4. TERREL, H . , § 4 . 6 2 4 , 4.
SCHMIDT, RUD., § 4 . 5 8 8 , 2 . TRABUCCHI, ALBERTO, § 4 . 6 5 6 , 3.
THALLER, §§ 4.616, 5; 4.647, 4. VIVANTE, CESARE, § 4 . 6 5 2 , 2 .

THIBAUT, J. F. A., § 4 . 6 6 6 , 1 . VOET, J., § 4.666,1.


THÕL, H„ §§4.633,1; 4.635, 4. VOIGT, M., § 4.591, 5.
TRUMPLER, § 4.642, 5.
W A H L , ALBERT, § 4 . 6 2 4 , 4 .
TUHR, A. VON, §§ 4.633, 1; 4.635, 3;
WARNEYER, O., §§ 4.587, 8; 4.591,
4.639,1. 6; 4.635,1; 4.639, 2; 4.657,1,4;
4.663,5.
ULMER, EUGEN, §§ 4 , 6 3 4 , 1 ; 4 . 6 3 5 , 4 ;
WENDT, OTTO, § 4 . 6 3 3 , 1 .
4.637, 8; 4.642, 5; 4.643, 2; 4.647,
3, 5; 4.649, 5; 4.651, 1, 3. WEISPFENNIG, § 4 . 6 2 0 , 3.

ULPIANO, §§ 4.585,1; 4.591, 5; 4.640, WIEFELS, J., § 4 . 6 4 9 , 2 .


3; 4.662, 3; 4.666, 2. WIELAND, KARL, § 4 , 6 3 3 , 1 .
UNGER, JOSEF, § 4 . 6 0 0 , 6. WINDSCHEID, B . , § 4 . 5 9 1 , 5.

WÜRDINGER, HANS, §§ 4 . 6 1 0 , 4;
VALABRÈGUE, E., § 4 . 6 1 6 , 5.
WOLFF, §§ 4.643,2; 4.650, 3; 4.643,2;
VASSALLI, F., §§ 4.588, 8; 4.592,1; 4.649, 5.
4.595, 1.
VENZI, GIULIO, § 4 . 5 8 8 , 2, 3. ZOLLER, FR. G „ § 4 . 6 6 6 , 1 .

ÍNDICE ALFABÉTICO D O S A U T O R E S
NO P A N O R A M A ATUAL

- §§ 4.624. B; 4.632.
 B R à O , NELSON 4.663. B; 4.664. B; 4.666. B;
B; 4.641. B; 4.642. B; 4.653. B; 4.669. B; 4.670
4.662. B ANDRIGHI, V E R A - §§ 4.587. B;
AGUIAR J Ú N I O R , R U Y R O S A D O DE - §§ 4.588. B; 4.591. B; 4.595. B:
4.589. B; 4.590. B; 4.600. B; 4.655. B; 4.656. B; 4.657. B
4.645. B 4.659. B; 4.661. B; 4.662. B
4.663. B; 4.664. B; 4.666. B
ALVES, J O S É C A R L O S M O R E I R A - §
A S S I S , ARAKEN D E - § 4.672. B
4.663. B
- §§ 4.587. B;
ANDRIGHI, N A N C Y BALTAZAR JÚNIOR, J O S É PAULO - §
4.588. B; 4.591. B; 4.595. B 4.659. B
4.655. B; 4.656. B; 4.657. B BARBOSA - §§ 4.588. B; 4.595. B;
4.659. B; 4.661. B; 4.662. B 4.600. B; 4.656. B; 4.658. B;
4.661. B; 4.662. B; 4.663. B; - §§ 4.622. B; 4.655.
LÔBO, P A U L O
4.674. B B; 4.656. B; 4.659. B; 4.661.
- §§ 4.589.
B A R R E T O , LAURO M U N I Z B; 4.662. B; 4.667. B; 4.668. B;
B; 4.624. B; 4.633. B; 4.665. B 4.673. B
BENETTI, SIDNEI - §§ 4.587. B; LOPEZ, TERESA ANCONA - §§ 4.588.
4.588. B; 4.591. B; 4.595. B; B; 4.589. B; 4.592. C; 4.595.
4.655. B; 4.656. B; 4.657. B; B; 4.655. B; 4.656. B; 4.657. B;
4.659. B; 4.661. B; 4.662. B; 4.658. B; 4.659. B; 4.660. B;
4.663. B; 4.664. B; 4.666. B 4.661. B; 4.663. B; 4.665. B;
4.666. B; 4.667. B; 4.670. B;
BIANCA, C E S A R E M A S S I M O - § 4.588.
B 4.674. B

BONNEAU, THIERRY - § 4.647. B LORENZETTI, RICARDO - §§ 4.660. B;


4.666. B
C A S T R O JÚNIOR, OSVALDO AGRIPINO - § L u z , A R A M Y D O R N E L L E S DA - §§
4.602. B 4.624. B; 4.642. B; 4.645. B
C O E L H O , FÁBIO ULHÔA - §§ 4.626.
B; 4.656. B SVIARINONI.LUIZ GUILHERME - § 4.663.
B
CORDEIRO, ANTÔNIO M E N E Z E S - §§

4.623. B; 4.642. B; 4.647. B - §§ 4.588.


M A R Q U E S , C L A U D I A LIMA

B; 4.594. B; 4.623. B; 4.632. B;


COVELLO, S É R G I O - §§ 4.589. B;
4.657. B; 4.665. B
4.624. B; 4.640. B; 4.653. B MARTINS, FRAN - §§ 4.615. B;
4.618. B; 4.620. B; 4.621. B;
DELGADO, J O S É AUGUSTO - § 4.659. B 4.650. B
M E N E Z E S C O R D E I R O , ANTÔNIO
GALGANO, FRANCESCO - § 4.588. B
M A N U E L DA R O C H A - § 4.623. B
GAVALDA, C R I S T I A N - §§ 4.645. B;
4.647. B MIRAGEM, B R U N O - §§ 4.597. B;
-
G O M E S , ORLANDO §§ 4.588. B; 4.672. B
4.596. B; 4.615. B; 4.619. B;
MITIDIERO, DANIEL - § 4.663. B
4.624. B; 4.637. B; 4.656. B;
4.657. B; 4.663. B MORAES - §§ 4.588. B; 4.595. B;
GONÇALVES, CARLOS ROBERTO - §
4.600. B; 4.656. B; 4.658. B;
4.596. B 4.661. B; 4.662. B; 4.663. B;
4.674. B
G R I N O V E R , ADA PELLEGRINI - §
4.599. B N E R Y , R O S A MARIA DE ANDRADE - §§

GUIMARÃES, PAULO J O R G E 4.588. B; 4.655. B; 4.656. B;


SCARTEZZINI - § 4.667. B 4.659. B

L E à E S , LUÍS GASTÃO P A E S DE B A R R O S NERY JR., N E L S O N - §§ 4.588. B;


-§4.615. B 4.655. B; 4.656. B; 4.659. B
- § 4.597. B
LOBO, J O R G E NORONHA, FERNANDO - § 4.662. B
S A N S E V E R I N O , P A U L O DE T A R S O - §
PACHECO, J O S É DA SILVA - § 4.595. B
4.591. B
P E R E I R A , C A I O M Á R I O DA S I L V A -
S T O C O , RUI - §§ 4.658. B; 4.661. B
§§ 4.586. B; 4.588. B; 4.596.
B; 4.615. B; 4.645. B; 4.650. STOUFFLET, JEAN - §§ 4.645. B;
B; 4.655. B; 4.656. B; 4.659. 4.647. B
B; 4.660. B; 4.663. B; 4.664.
B; 4.667. B; 4.670. B; 4.673. TEIXEIRA, SÁVIO FIGUEIREDO - § 4.587.
B B
TEPEDINO, GUSTAVO - §§ 4.588. B;
RIZZARDO, ARNALDO - .§§ 4.596. B; 4.595. B; 4.600. B; 4.656. B;
4.642. B; 4.646. B; 4.657. B; 4.657. B; 4.658. B; 4.659. B;
4.659. B; 4.663. B; 4.664. B; 4.660. B; 4.661. B; 4.662. B;
4.667. B; 4.669. B 4.663. B; 4.664. B; 4.667. B;
4.674. B
SALOMÃO, EDUARDO - §§ 4.635. B;
4.642. B V A S C O N C E L L O S , LUÍS MIGUEL PESTANA
D E - § 4.647. B
SALOMÃO FILHO, CALIXTO - § 4.597. B
V E N O S A , SILVIO DE S A L V O - §§
SALOMÃO N E T O , EDUARDO - §§
4.655. C; 4.661. B; 4.663. B;
4.624. B; 4.626. B; 4.627. B;
4.673. B
4.633. B; 4.652. B; 4.665. B
SAMPAIO DE LACERDA, J . C . - § ZANINI, C A R L O S - §§ 4.658. B; 4.661.
4.602. B B
II
ÍNDICE CRONOLÓGICO DA LEGISLAÇÃO

1 . CONSTITUIÇÃO L. 14, D., de rebus creditis si certum


Constituição de 1946, art. 141, § 16, petetur et de condictione, 12, 1: §
2.a parte: §4.667,1. 4.591,5.
- art. 194: § 4.671, 2.
L. 15, D., de rebus creditis si certum
petetur et de condictione, 12,1: §
2 . DIREITO R O M A N O 4.585, 1.

L. 1, § 35, depactis, 2, 14: § 4.662, 3.


L. 26, § 12, D., de condictione indebiti,
12, 6: §4.633, 1.
L. 7, § 15, de pactis, 2, 14: § 4.662, 3.
D., de senatus consulto Macedoniano,
L. 57, pr., D., de pactis, 2,14: § 4.595,1. 14, 6: § 4.591, 5.
L. 2, § 1, D., de rebus creditis si
L. 1, pr., D., de senatus consulto
certum petetur et de condictione, 12,
1: § 4.585, 1. Macedoniano, 14, 6: §§ 4.585, 1;
4.591, 5.
L. 9, § 8, D., de rebus creditis si
certum petetur et de condictione, 12, L. 3, pr., D., de senatus consulto
1: § 4.634, 8. Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.

L. 9, § 9, D., de rebus creditis si L. 3, § 1, D., de senatus consulto


certum petetur et de condictione, 12, Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.
1: § 4.666, 2, 3.
L. 3, § 2, D., de senatus consulto
L. 10, D., de rebus creditis si certum Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.
petetur et de condictione, 12, 1: §
4.665,5. L. 3, § 3, D., de senatus consulto
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.
L. 11, pr., D., de rebus creditis si
certum petetur et de condictione, 12, L. 7, § 1, D., de senatus consulto
1: § 4.585,1. Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.
L. 7, § 9, D., de senatus consulto L. 1, § 35, D., depositi vel contra, 16,
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. 3: § 4.662, 3.

L. 7, §§ 12-14, D., de senatus consulto L. 1, § 47, D., depositi vel contra, 16,
Macedoniano, § 4.591, 5. 3: § 4.663, 5.

L. 7, § 14, D., de senatus consulto L. 2, § 24, D., depositi vel contra, 16,
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. 3: § 4.674, 3.

L. 7, § 15, D., de senatus consulto L. 6, § 2, D., depositi vel contra, 16, 3:


Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. § 4.661, 7.

L. 7, § 16, D., de senaUis consulto L. 12, § 1, D., depositi vel contra, 16,
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 1. 3: §4.663, 3.

L. 9, § 1, D., de senatus consulto L. 12, § 2, D., depositi vel contra, 16,


Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. 3: §4.661, 7. .

L. 9, § 2, D., de senatus consulto


L. 17, D., depositi vel contra, 16, 3: §
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5.
.4.661,7.
L. 16, D., de senatus consulto
L. 24, D., depositi vel contra, 16, 3: §
Macedoniano, 14, 6:'§ 4.591, 5.
4.665, 2, 5.
L. 17, D., de senatus consulto
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. L. 24, pr., depositi vel contra, 16,3: §
4.654, 1.
L. 17, §§ 12-14, D., de senatus
consulto Macedoniano, 14, 6: § • L. 25, § 1, D., depositi vel contra, 16,
4.591, 5. 3: §§ 4.665, 2; 4.666, 2. .

L. 19, D., de senatus consulto L. 26, § 1, D., depositi vel contra, 16,
Macedoniano, 14, 6: § 4.591, 5. 3: §§4.654, 1; 4.665, 2.

L. 8, § 3, D., ad senatus consultum L. 27, D. depositi vel contra, 16, 3: §


Velleianum, 16,1: § 4.633, 1. 4.662,4.

L. 1, § 1, D., depositi vel contra, 1.°, 3" L. 28, § 1, D., depositi vel contra, 16,
§4.654,1. 3: § 4.666, 2.

L. 1, § 6, D., depositi vel contra, 16, 3" L. 32, D., depositi vel contra, 16, 3: §§
§ 4.662, 3. 4.662, 2; 4.663,1.

L. 1, § 34, D., depositi vel contra, 16, L. 1, § 34, pr., D., mandati vel contra,
3: § 4.665, 5. 17, 1: §4.585, 1.
L. 12, § 5, D., mandati vel contra, 17, L. 1, § 5, D., de obligationibus et
1: § 4.634, 8. actionibus, 44, 7: § 4.662, 2.

L. 12, § 12, D., mandati vel contra, 17, L. 68, D., de verborum obligationibus,
1: § 4.635, 5. 4 5 , 1 : § 4.585, 1.

L. 34, pr., D., mandati vel contra, 17, L. 122, § 1, D., de verborum
1: § 4.662, 3. obligationibus, 4 5 , 1 : § 4.602,2.

L. 39, D., mandati vel contra, 17, 1: § L. 38, § 1, D., de solutionibus et


4.662, 3. liberationibus, 46, 3: § 4.640, 3.

L. 59, § 4, D., mandati vel contra, 17, L. 64, D., de solutionibus et


1: § 4.634, 8. liberationibus, 46, 3: § 4.640, 3.

L. 31, D., locati conducti, 19, 2: §§ L. 187, D., de verborum significatione,


| 50, 16: § 4.633, 1.
4.586, 1; 4.654, 1; 4.665, 5.

L. 7, C, ad senatus consultam
L. 1, D., de náutico faenore, 22, 2: §
Macedonianum, 4, 28: § 4.585, 1.
4.602, 2.

L. 14, § 1, C., de non numerata


L. 4, D., de náutico faenore, 22, 2: §
facunia, 4, 30: § 4.665, 2.
4.603, 2.
j L. 11, C., depositi, 4 , 3 4 : § 4.662, 2.
L. 5, D., de náutico faenore, 22, 2: §
4.602, 1, 2.
j 3 . O R D E N A Ç Õ E S REINÍCOLAS
j
L. 5, pr., D., de náutico faenore, 22, 2:
í Ordenações Filipinas, Livro IV, Título
§ 4.602, 2.
50, § 2: § 4.591, 5.

L. 7, D., de náutico faenore, 22, 2: § Ordenações Filipinas, Livro IV, Título


4.601, 2.
50, § 3 : §4.591, 5, 3.

L. 122, § 1, D., de verborum


4 . C Ó D I G O S DE DIREITO PRIVADO
obligationibus, 21, 1: § 4.602, 2.
Código Civil, art. 44, II: § 4.659, 2,4.
L. 37, § 4, D., J e operis libertorum, 38,
- art. 50: §4.592, 1.
1: §4.633, 1.
- art. 115, 2." parte: §§ 4.595, 1;
L. 19, § 3, D., de donationibus, 39, 5: 4.630, 4.
§ 4.634, 8. - art. 129: § 4.593, 2.
[
- art. 131: §4.631, 2.
L. 1, § 4, D., de obligationibus et
actionibus, 14, 1: § 4.585, 1. - art. 133: §§ 4.593, 2; 4.634, 7.
art. 134: § 4.634, 7. - art. 762, Hl: § 4.595, 2.
art. 135: §§ 4.634, 7; 4.635, 4; - art. 762, IV: § 4.595, 2.
4.663, 5. - art. 762, V: § 4.595, 2.
art. 141: §§ 4.634, 7; 4.635,4. - art. 764: § 4.627, 1.
art. 145, I, l. a parte: §§ 4.587, 8;
- art. 809: § 4.587, 5.
4.591,4.
- art. 875: § 4.590,4.
art. 145, EI: § 4.591, 4.
art. 145, IV: § 4.591, 4. - arts. 875-877: § 4.590, 5.

art. 155: §§ 4.591, 5; 4.659, 1; - art. 879, 2.3 parte: § 4.590, 5.

4.666, 4. - art. 880: §§ 4.638, 5; 4.657,3.


art. 156: § 4.659, 1, 2. - art 887: § 4.624, 6.
art. 157: §§ 4.591, 1, 5; 4.659, 1, 2. - arL 890: § 4.659,3.
art. 159: §§ 4.591, 6; 4.669, 2; - arL 892: § 4.659, 3.
4.667,2.
- arL 904: § 4.673,4.
art. 160, E: §§ 4.669, 2; 4.674, 5.
- arL 905: § 4.673.4.
art. 172, V: §§ 4.519, 5; 4.620, 2.
arL 930: § 4.633, 2.
art. 248: §4.666,4.
art. 318: § 4.595, 1. - arL 930, parágrafo único: §§ 4.633,
2; 4.634, 1.
art. 366: § 4.663, 5.
- art. 939-941: § 4.633,1.
art. 367: § 4.663, 5.
art. 386: §4.591,4. - art. 945, pr.: § 4.669, 2.

art. 391: §4.591,5. - art. 947: §§ 4.587, 2; 4.590,4.

art. 453: §§ 4.591,4; 4.657, 4. - art. 947, § 1.°: § 4.623, 2.

art. 502: § 4.674, 7. - art. 947, § 4°: § 4.623, 2.


art. 502, parágrafo único: § 4.674, - art. 950: § 4.595, 3.
7.
- art. 952: §4.595,1.
art. 515, l. a parte: § 4.659, 1, 2.
- art. 954,1: §§ 4.590, 4; 4.595, 2.
art. 515, 2.a parte: § 4.659, 1, 2.
- art. 954, E: § 4.595,2.
art. 516: § 4.659, 1.
- art. 954, III: § 4.595, 2.
arts. 607-617: § 4.674, 3.
- art. 960, l. a alínea: § 4.648, 1.
art. 622, parágrafo único: § 4.591,2.
- art. 960, 2.a alínea: § 4.648, 1.
art. 635, § 1.°: § 4.669, 2.
art. 635, § 2.°: § 4.669, 2. - arts. 964-966: § 4.659, 1.

art. 762, I: §§ 4.589, 6; 4.595, 2; - arts. 964-971: §4.614,1.


4.627,1. - art. 975: § 4.660, 4.
- art. 973,1: § 4.660, 4. - art. 1092, 2.a alínea: §§ 4.590, 1;
4.635,1.
- art. 973, H: § 4.660, 4.
- art. 1093, 1." parte: § 4.622, 2.
- art. 982: § 4.660, 4.
- arts. 1096-1100: § 4.642, 2.
- art. 985,1: § 4.587, 4.
- art. 1098: § 4.669, 2.
- art. 985, II: § 4.633, 2.
- art. 1098-1100: §4.674,2.
- art. 985, III: § 4.587, 4.
- art. 1098, parágrafo único: § 4.651,
- art. 986,1: § 4.587, 4. 4.
- art. 986, II: § 4.587, 4. - arts. 1101-1105: §§ 4.588, 2; 4.599,
2.
- art. 986, III: § 4.587,4.
- arts. 1107-1117: §4.588, 2.
- art. 989: § 4.633,2.
- art. 1174: §4.605, 5.
- arts. 991-994: § 4.615, 3.
- art. 1208, infine: § 4.657, 3.
- art. 999, II: § 4.633,1.
- art. 1248: §§ 4.586,1; 4.654,1.
- art. 1000: § 4.620,2.
- art. 1251: §§4.658, 2; 4.662,1.
- art. 1001: § 4.633, 1.
- art. 1252: § 4.662, 1.
- art. 1010: §§ 4.590, 6; 4.663, 6;
- art. 1254: § 4.662,1.
4.665,2.
- art. 1256: §§ 4.586, 1; 4.591, 6;
- art. 1015: § 4.663, 6.
4.592, 1; 4.597, 5; 4.654, 1; 4.665,
- art. 1015, II: § 4.665, 2. 1.
- art. 1061: §4.600, 6. - arts. 1256-1264: §§ 4.654, 1; 4.663,
5; 4.666, 4.
- art. 1062: §§ 4.588, 2; 4.619, 3.
- art. 1256, 2.a parte: §4.666,4.
- art. 1063: § 4.619, 3.
- art. 1257: §§ 4.588, 3; 4.591, 6;
- art. 1065: § 4.637, 1.
4.666,4.
- arts. 1065-1078: §§ 4.609,1; 4.635,5. - art. 1258: §§ 4.587, 2; 4.666,4.
- art. 1067: § 4.637, 1. - art. 1259: §§ 4.591,1, 5; 4.666,4.
- art. 1069: § 4.637, 3. - art. 1260: §§ 4.588, 2; 4.591, 5;
a
- art. 1070, l. parte: § 4.637, 3. 4.666,4.

- art. 1072: § 4.637,1, 3. - art. 1261: §§ 4.600, 3; 4.601, 2;


4.666, 4.
- art. 1074: §§ 4.589, 4; 4.618, 6.
- art. 1262: §§ 4.625, í; 4.666,4.
- art. 1078: §4.637, 1, 3.
- art. 1263: §§ 4.597, 1; 4.599, 3;
- art. 1092: §§ 4.616, 3; 4.665, 2. 4.659,4.
- art. 1092, parágrafo único: §§ 4.587, - art. 1264: §§ 4.595, 1; 4.600, 1, 3;
9; 4.600, 4; 4.665, 3. 4.656, 1; 4.665, 1,2; 4.666, 4.
art. 1264, I: §§ 4.588, 2; 4.600, 4; - art. 1279: §§ 4.662, 2; 4.663,5.
4.666, 4. - art. 1280: §.§ 4.589, 3; 4.654, 1;
art. 1264, II: §§ 4.588, 2; 4.600, 4; 4.663, 5; 4.665, 1, 2, 5; 4.666, 1, 2,
4.665, 5. 3,4.

art. 1265: §§ 4.655, 1;4.657,1,2, 3; - art. 1281: §§ 4.659, 6; 4.663, 5;


4.659, 4; 4.665, 2, 5; 4.667,1. 4.667,1.

arts. 1265-1267: § 4.658, 2. - art. 1281, parágrafo único: § 4.667,


1.
art. 1265, parágrafo único: §§4.661,
- art. 1282: § 4.667, 1.
5; 4.666, 4, 5.
- art. 1282,1: § 4.669, 1.
art. 1266-1271: §4.661, 1.
- art. 1282, H: § 4.670, 1.
art. 1266: §§ 4.655, 1; 4.658, 1,
3; 4.661, 1; 4.662, 3; 4.663, 1, 5; - art. 1283: §'4.667, 1.
4.674, 3. - art. 1283, parágrafo único: § 4.670,
a 2.
art. 1266, 2. parte: § 4.666, 5.
art. 1267: §§ 4.659, 5; 4.663, 5; - art. 1284: §§ 4.663, 5; 4.667,2.
4.665, 5. - art. 1284, parágrafo único: § 4.667,
arts. 1267-1275: § 4.667,2. 2.

art. 1268: §§ 4.660, 3, 4; 4.662, 2; - art. 1285: § 4.667,2.


4.663, 1, 3, 5, 6; 4.666, 4, 5; 4.674, - art. 1287: §§ 4.658,2; 4.663,6.
5.
- art. 1300: § 4.651, 3.
art. 1269: §§ 4.660, 4; 4.663, 3, 6. - art. 1309: § 4.651,1.
art. 1270: §§ 4.660, 4; 4.663, 5, 6; - art. 1310: §4.651,1.
4.673, 2, 3; 4.674, 5.
- art. 1312: §4.651,1..
art. 1271: §§4.663, 5; 4.674, 5.
- art. 1315: § 4.652,3.
art. 1272: § 4.274, 4.
- art. 1316,1, 1." parte: § 4.660, 3.
art. 1273: §§ 4.661, 1; 4.662, 2;
- art. 1321: § 4.653, 3.
4.663, 1, 5; 4.666, 5, 6.
- arts. 1331-1345: §4.670,2.
art. 1274: §§ 4.659, 3; 4.663, 5;
4.673, 3. - art. 1478: § 4.587, 8.

art. 1275: §§ 4.657, 4; 4.658, 2; - arts. 1477-1479: § 4.587, 3.


4.662, 1, 3; 4.674, 3. - arts. 1477-1480- § 4.587, 5.
art. 1276: §§ 4.659, 2; 4.673, 5. - art. 1502: §§ 4.591, 1, 5; 4.652, 1;
4.666,4.
art. 1277: §§ 4.662, 3; 4.663, 1, 5:
4.667,2. - art. 1519: § 4.674, 5. .
art. 1278: §§ 4.657, 3; 4.661, 1; - art. 1520: § 4.674, 5.
4.663,1,5. - art. 1521, HI: §§ 4.663, 1; 4.667, 2.
- art. 1521, IV: § 4.667, 2. - art. 433, inciso 5: § 4.600, 6.
- art. 1521, V: §4.667,2. - art. 439 § 4.590, 6.
- art. 1522: § 4.667, 2. - art. 445 § 4.622, 7.
- art. 1534: § 4.663, 5. - art. 447 § 4.610, 5.
- art. 1535: § 4.663, 5. - art. 472 § 4.613, 2.
- art. 1536, § 2.°: § 4.587, 5. - art. 494 : §4.614, 1.
- art. 504 : §§4.605, 3; 4.613, 2.
Código Comercial, art. 23: § 4.615,1.
- art. 515 : §§ 4.591, 3; 4.605, 3;
- art. 122: §4.618,1. 4.607, 1; 4.614, 2.
- art. 136: § 4.595, 2. - arts. 515-518: §§ 4.605,3,5; 4.652.2.
- art. 137: § 4.595, 1. - art. 515, 1." alínea: §§ 4.605, 3;
- art. 138: §§ 4.588, 2; 4.619, 3; 4.613, 2.
4.631,2'. - art. 516: §§ 4.605, 3; 4.606, 1;
- art. 153: § 4.635, 5. 4.607,1; 4.613,2; 4.614, 2.
- art. 156: § 4.652, 3. - art. 517: §§ 4.613, 2; 4.614,1,2.
- art. 219: § 4.622, 7. - art. 518: § 4.614,1.
- art. 247: § 4.587, 5. - art. 614: § 4.605, 7.
- art. 248: §§ 4.587, 5; 4.588, 2; - art. 633: §§ 4.602, 1; 4.603, 2;
4.625, 1. 4.604, 1; 4.605, 5; 4.607,1.
- art. 248, l. a alínea: § 4.619,2, 3. - arts. 633-664: §§ 4.602, 1; 4.605,
- a
art. 248, 2 parte: § 4.588,2. 4.606, 5.

- art. 248, 2.a alínea: §§ 4.588,2 - arts. 633-665: §§ 4.597, 6; 4.602,1.


4.619,3. - art. 633, 2.a alínea: § 4.605, 5.
- art. 249: §§ 4.597, 1; 4.600, 6. - art. 634, 1." alínea: §4.605, "1.
- art. 250: §4.597,1. - art. 634, 2.a alínea: § 4.605, 1.
- art. 251: §§ 4.599, 3; 4.600, 6. - art. 634, inciso 6: § 4.605, 8.
- art. 252: § 4.599, 3. - art. 634, inciso 7: § 4.607, 2.
- art. 253: §§4.615, 1; 4.619, 2. - art. 635: §§4.609, 1; 4.613,1.
- art. 253,1." alínea: § 4.619, 3. - art. 636: §§ 4.605, 2; 4.609, 1;
- art. 253, 2." alínea: § 4.611, 2. 4.635, 5.
- art. 2 5 4 : §§4.611, 2; 4.619, 3. - art. 637: §§4.605, 7; 4.608,1.
- art. 263 : § 4.595, 2. - art. 638: §§ 4.605, 2; 4.610, 1.
- art. 264 : § 4.635, 5Í - art. 638, 1." parte: § 4.603, 2.
- art. 321 : § 4.595,2. - art. 638,2." parte: § 4.603, 2.
- art. 432 : § 4.615, 1. - art. 639: § 4.605, 6.
art. 640, l. a alínea: § 4.605, 6. - art. 656, inciso 4°, 1." parte: §
a
4.606, 1.
art. 640, 2. alínea: § 4.605, 6.
- art. 656, inciso 5.°, l. a parte: §
art. 640, 3 a alínea: § 4.605, 6. 4.606, 1.
art. 641: §4.612, 1. - art. 656, inciso 5.°, 2.a parte: §
art. 642: § 4.612, 1. 4.606,1.

art. 643: §§ 4.605, 5, 7; 4.607, 3; - art. 657: § 4.608, 6.


4.610, 2. - art. 658: §§ 4.602, 1; 4.608, 6.
art. 643, l. a alínea: § 4.605,7. - art. 659: § 4.605, 5.
a
art. 643, 2. alínea: § 4.605, 7. - art. 660: §§4.607, 2; 4.610,1.
art. 644: § 4.608, 1. - art. 661: § 4.610, 4.
art. 645: § 4.605, 7. - art. 662: § 4.610, 1, 4.
art. 646: § 4.608, 3. - art. 663: § 4.608, 3.
art. 647: § 4.610, 3. - art. 664: § 4.608,4.
a
art. 647, 2. alínea: § 4.608, 6. - art. 665: §§ 4.602, 1; 4.608, 2.
art. 648: § 4.608, 5. art. 682: § 4.608, 6.
a
art. 648, 2. alínea: § 4.608, 6. - art. 694 s.: §4.610,3.
art. 649: § 4.610, 3. - art. 714: § 4.608, 2.
art. 650: §§ 4.606,1, 4; 4.608, 5. - art. 754: § 4.605,3.
art. 651: §4.614, 2. - art. 755: § 4.605, 3.
arts. 651-653: § 4.603, 2. - art. 764, 2. a alínea: § 4.611, 2.
art. 652: §4.606, 1.
art. 653: §§ 4.607, 1; 4.610, 4; 5 . CÓDIGO PENAL

4.613, 1.
Código Criminal do Império de 1830,
art. 654: § 4.607, 3. art. 258: § 4 . 6 6 5 , 1 .
art. 655: §§ 4.605, 7; 4.607, 3.
Código Penal, art. 11: § 4.671,1.
art. 656, l. a alínea: § 4.606, 1.
- art. 74, II: § 4.671, 1.
art. 656, 2.a alínea: § 4.606,1.
- art. 100: § 4.671, 1.
art. 656, inciso 1.°, 2.a parte: §
4.606,1. - art. 168: § 4.671, 2.

art. 656, inciso 2.°, 2.a parte: § - art. 168, § 1.°, I: § 4.671, 2.
4.606,1. - art. 168, § 1.°, II: § 4.671, 2.
a
art. 656, inciso 3.°, 2. parte: § - art. 168, § 1.°, III: § 4.671, 2.
4.606,1. - art. 258: § 4.665, 1.
6 . CÓDIGO DE P R O C E S S O CIVIL - art. 842, XVII: § 4.669, 2.
- art. 895, IV: § 4.610, 4.
Código de Processo Civil, art. 2.°: §
4.669, 2. - art. 930: § 4.663, 5.

- art. 3.°: § 4.669, 2. - art. 931: §4.663,5.

- art. 16: § 4.663, 5. - art. 933: § 4.663, 5.

- art. 99: § 4.674, 5. - art. 935: § 4.663, 5.

- art. 118: §4.671,1. - arts. 937-939: § 4.622, 8.

- art. 119: §4.671,1. - art. 937, § 1.°: § 4.663, 5.


- art. 945: § 4.669, 1, 2.
- art. 159: § 4.663, 5.
- art. 192, II: § 4.663, 5. - art. 945,1: § 4.669, 2.

- art. 206: § 4.663, 5. - art. 945, H: §§ 4.659,4; 4.669, 2.

- art. 207: § 4.663, 5. - art. 945, HI: § 4.669,2.

- art. 268: § 4.663, 5. - art. 992: § 4.663, 5.

- art. 285: § 4.622, 5. - art. 993: § 4.663, 5.

- art. 302: § 4.652, 3. - art. 994, § 1.°: § 4.663, 5.

- art. 302, XH: § 4.657, 4. - art. 994, § 2.°: § 4.663,5.

- art. 318: §4.663,5. - art. 994, § 4.°: § 4.663, 5.

- art. 366: § 4.663, 5. - art. 1006: §§ 4.590, 5; 4.625, 2;


4.657,4.
- arts. 366-370: § 4.663, 5.
- art. 1006, § 1.°: § 4.590,5.
- art. 367: § 4.663, 5.
- art 367, parágrafo único: § 4.663, 5. 7 . L E I S EXTRAVAGANTES
- art. 368: § 4.663, 5.
Alvará de 14 de fevereiro de 1609: §
- art. 369: § 4.663, 5.
4.605,5.
- art. 370: § 4.663, 5.
- art. 565, parágrafo único: § 4.669,1. Alvará de 23 de agosto de 1623: §
- art. 568: § 4.669, 1. 4.605, 5.

- art. 591: §4.669, 1. Alvará de 11 de maio de 1655: § 4.605,5.


- art. 675: § 4.595, 2.
Alvará de 16 de janeiro de 1757: §
- art. 676,1: § 4.663, 5.
4.605, 5.
- art. 676, H: § 4.663, 5.
- art. 754, III: § 4.605, 3. Alvará de 15 de maio de 1776: § 4.608,
6.
- art. 757: §4.671,2.
- art. 758: §4.671,2. Alvará de 24 de julho de 1793: §§
- art. 779: § 4.671, 1. 4.605, 7; 4.608, 3.
Lei de 24 de outubro de 1832: § 4.603, 2. - art. 937, § 1.°: §4.663, 5.

- art. l.°: § 4.619, 3. Decreto-lei n. 8.951, de 28 de janeiro


- art. 2.°: § 4.619, 3. de 1946: § 4.669,1,2.
- art. 3.°: § 4.619, 8. - art. 1.°: § 4.669, 2.

Lei n. 1.102, de 21 de novembro de Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de


1903, art. 11, inciso 1.°: § 4.663,5. 1951, art. 4.°: §4.597,6.
- art. 4.°, I." parte: § 4.597, 6.
Lei n. 2.044, de 31 de dezembro de
1908: § 4.613, 1. Lei n. 3.186, de 24 de junho de 1957,
art. l.°: §4.669,2.
Lei n. 236, de 2 de fevereiro de 1938,
art. 1.°: § 4.587, 2. 8 . D E C R E T O S E REGULAMENTOS

- art. 2.°: § 4.587, 2.


Reg. n. 737, de 25 de novembro de
Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro 1850, §§ 4.595, 2; 4.663, 5.
de 1940, art. 119: §4.591, 4. - art. 152, § 5: § 4.631, 2.
- art. 119, parágrafo único: § 4.591,4. - art. 268: § 4.663,5.
- art. 120: §4.591, 4.
Decreto n. 23.501, de 27 de novembro
- art. 120, parágrafo único: § 4.591, 4. de 1933, art. 1.°: § 4.587, 2.
- art. 2.°: § 4.587, 2.
Decreto-lei n. 3.077, de 26 de fevereiro
de 1941: §4.669,2.
Decreto n. 15.788, de 8 de novembro
- art. 1.°, parágrafo único: § 4.669, 2. de 1922, art. 14: § 4.605, 3.

Decreto-lei n. 6.650, de 22 de junho de Decreto n. 21.981, de 19 de outubro de


1944, art. 1.°: § 4.587, 2. 1932, art. 27, § 4.°: § 4.663, 5.
- art. 2 o : § 4.587, 2.
Decreto n. 9.346, de 10 de junho de
Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1946, art. 12: § 4.591, 4.
1945: §§4.652, 2; 4.626, 1. .
9 . LEGISLAÇÃO ESTRANGEIRA
- art. 25: § 4.595, 2.
- art. 43: § 4.653, 3. Alemanha:
- art- 45: §§ 4.619,1; 4.631, 5. Código Civil, §610: §4.601,2.
- art. 69: § 4.663, 5. - § 695: § 4.633, 3.
0 !1 - §700: §§4.589, 3; 4.665, 1.
- art. 102, §2. ,I,2. parte: §4.603,2.
- art. 265, parágrafo único: § 4.631, - § 783: § 4.633, 2.
5. - § 786: § 4.638, 3.
Código Comercial: § 4.613, 1. - art. 1.813: § 4.588, 3.
- § 350: § 4.649. 5. - art. 1.815: §4.588,2.
- § 355: § 4.621, 2. - art. 1.821: §4.599,2.
Áustria: - art. 1.822: § 4.588, 3.

CCódigo Civil, § 1.333: § 4.600, 6. - art. 1.828: §4.618,5.


- art. 1.829: §4.618,6.
"França:
- art. 2.852: § 4.620. 3.
Ordenança francesa de agosto de 1681,
Livro III, Título 5, art. 16: § 4.608, - art. 2.932: § 4.590, 5.
2.
Código Comercial de 1822, art. 345,
inciso 1.°: §4.620, 2.
Código Civil, art. 1.894: § 4.592, 1.
Portugal:
Código Comercial, art. 330, 1." alínea:
§ 4.608, 2. Código Comercial, artigo 344: § 4.616,
5.
- arts. 316-318: §4.602,1.
- art. 326: §4.608,1. - art. 1.621: §4.602,1.

- art. 328: § 4.602,1. Suíça:


- art. 330: §4.602,1. Código Civil, art. 117, alínea 2.a: §
4.620, 2.
- art. 330, 2.a alínea § 4.608, 2.

Holanda: Código das Obrigações, art. 117: §

Estatuto de Amsterdão, de 13 de agosto 4.620, 2.


de 1527: § 4.605, 6. - art. 317 §4.596,2.
- art. 406: § 4.633, 1.
Ordenança holandêsa de 29 de janeiro
- art. 466: § 4.633, 1
de 1529: § 4.605, 6.
- art. 467: § 4.633, 2.
Código Comercial, artigo 576: § 4.602,
1. 1 0 . A T O S INTERNACIONAIS

Itália: Câmara de Comércio Internacional,


art. 5.°: § 4.649, 5.
Código Civil, arts. 1.268-1.276: §
4.633, 2. Câmara de Comércio Internacional de
- art. 1.773: §4.663,6. 1951, art. 2.°, § 4.649, 5.
( ÍNDICE CRONOLÓGICO DA LEGISLAÇAO
NO P A N O R A M A ATUAL

1 . CONSTITUIÇÃO FEDERAL - art. 83, I I I - § 4 . 6 2 3 . A


DE 1 9 8 8 - art. 8 5 - § 4 . 5 9 2 . A
- art. 5 . ° , L X V I I - § 4.663. B,C - a r t 104, III - § 4.618. A
- art. 5.°, § 1 . ° - § 4 . 6 6 3 . C - a r t 105 —§ 4.591. A
- art. 5.°, § 2.° - § 4.663. C - art 107-§4.649. A
- art. 5,°, § 3.° - § 4.663. B, C - art 108-§4.534. A
- art. 22, I I I - § 4 . 6 6 7 . A - a r t 1 0 9 - § § 4 . 5 9 3 . A; 4.634. A
- art. 37, § 6." - § 4.671. A, B - a r t 1 1 1 - § § 4 . 6 2 1 . A; 4.623. A
- art. 139, V I I - § 4 . 6 6 7 . A - art 115-§4.647. A
- art. 192, § 3 . ° - § 4 . 5 8 9 . A
- art 116-§4.647. A

2 . ATOS INTERNACIONAIS - art 117-§4.547. A


? art 118-§4.647. A
C o n v e n ç ã o A m e r i c a n a d e Di-
- art. 1 1 9 - § 4.647. A
reitos H u m a n o s - V i d e : Dec.
678/1992. - art. 1 2 0 - § 4 . 6 4 7 . A
- art 121-§4.626. A
UCP 500 - § 4.641. A; 4.644. A, C
- art. 122 - §§ 4.595. A; 4.624. A;
- art. 3 . ° - § 4 . 6 5 1 . A
4.630. A
- art. 6 . ° - § 4.643. B
- art. 1 3 4 - § 4 . 6 2 9 . A
- art. 7." - § 4.641. B
- art. 1 4 7 - § 4 . 6 1 8 . A
- art. 1 5 - § 4 . 6 5 1 . B
- art. 1 5 6 - § 4 . 5 9 7 . A
- art. 43 - § 4.653. B
- art. 1 5 7 - § 4 . 5 9 7 . A
Uniform Customs and Practice for - art. 1 6 6 - § 4 . 6 3 1 . A
Documentary Credits - Vide:
- art. 166, I - §§ 4.591. A; 4.645. A;
UCP 500
4.659. A
- art. 166, II - §§ 4.587. A; 4.645. A
3 . CÓDIGOS CIVIS
- art. 166, lll - § 4.587. A
Código Civil de 2 0 0 2 - art. 166, I V - § 4 . 6 4 5 . A
- art. 3 . ° - § 4 . 5 9 1 . A - art. 171, l - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 4.° - § 4 . 5 9 1 . A - art. 180 - §§ 4.659. A; 4.686. A
- art. 5 . ° - § 4 . 5 9 1 . A - art. 1 8 1 - § 4 . 6 5 9 . A
- art. 44, I I - § 4 . 6 5 9 . A - art. 186 - §§ 4.667. A; 4.669. A
- art. 187 - §§ 4.597. A; 4.667. A art. 287 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 1 8 8 - § 4.669. A 4.650. A

- art. 188, I I - § 4.674. A art. 288 - §§ 4.618. A; 4.637. A;


4.647. A; 4.650. A
- art. 1 8 9 - § 4 . 5 9 8 . A
art. 289 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 202, VI - § 4.620. A 4.650. A
- art. 205 - § 4.638. A art. 290 - §§ 4.618. A; 4.637. A;
- art. 206, § 3.°, V - § 4.668. A 4.647. A; 4.650. A
- art. 2 1 2 - § 4 . 6 1 8 . A art. 291 - §§ 4.618. A; 4.637. A;
4.647. A; 4.650. A
- art. 2 2 0 - § 4.634. A
art. 292 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 221 - § 4.634. A
4.650. A
- art. 2 3 4 - § 4.663. A
art. 293 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 2 4 4 - § 4 . 5 9 0 . A 4.650. A
- art. 2 4 8 - § 4.632. A art. 294 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 2 5 7 - § 4 . 6 5 9 . A 4.650. A

- art. 259 - § 4.659. A art. 2 9 5 - § § 4.618. A; 4.647. A;


4.650. A
- art. 267 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 296 - §§ 4.589. A; 4.618. A;
- art. 2 6 8 - § 4 . 6 1 6 . A
4.647. A; 4.650. A
- art. 2 6 9 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 297 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 2 7 0 - § 4 . 6 1 6 . A 4.650. A
- art. 2 7 1 - § 4 . 6 1 6 . A art. 298 - §§ 4.618. A; 4.647. A;
- art. 2 7 2 - § 4 . 6 1 6 . A 4.650. A

- art. 2 7 3 - § 4 . 6 1 6 . A art. 299 - §§ 4.634. A; 4.654. A

- art. 2 7 4 - § 4 . 6 1 6 . A art. 300 - §§ 4.634. A; 4.654. A

- art. 2 7 5 - § § 4 . 6 1 6 . A; 4.673. A art. 301 - §§ 4.634. A; 4.654. A

- art. 276 - §§ 4.616. A; 4.673. A art. 302 - §§ 4.634. A; 4.654. A

- art. 2 7 7 - § 4.616. A art. 303 - §§ 4.634. A; 4.654. A


- art. 2 7 8 - § 4 . 6 1 6 . A art. 304 - • § § 4.594. A; 4.633. A;
4.646. A; 4.650. A
- art. 2 7 9 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 305 - §§ 4.594. A; 4.646. A
- art. 2 8 0 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 306 - §§ 4.594. A; 4.646. A
- art. 2 8 1 - § 4.616. A
art. 307 - §§ 4.594. A; 4.646. A
- art. 2 8 2 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 308 - §§ 4.598. A; 4.646. A
- art. 2 8 3 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 309 - §§ 4.598. A; 4.646. A
- art. 2 8 4 - § 4 . 6 1 6 . A
art. 310 - §§ 4.598. A; 4.646. A
- art. 2 8 5 - § 4 . 6 1 6 . A
- art. 286 - §§ 4.618. A; 4.637. A; art. 311 - §§ 4.598. A; 4.646. A
4.647. A; 4.650. A art. 312 - §§ 4.598. A; 4.646. A
art. 3 1 3 - § 4 . 6 4 6 . A - art. 341 - § 4.638. A
art. 3 1 4 - § 4 . 6 4 6 . A - art. 3 4 2 - § 4 . 6 3 8 . A

art. 315 - §§ 4.587. A; 4.590. A; - art. 3 4 3 - § 4.638. A

4.623. A; 4.646. A - art. 3 4 4 - § 4.638. A

art. 3 1 6 - § 4 . 6 4 6 . A - art. 345 - § 4.638. A

art. 3 1 7 - § 4 . 6 4 6 . A - art. 346, II - § 4.633. A

art. 318 - §§ 4.587. A; 4.646. A - art. 346, I I I - § 4 . 6 5 0 . A

art. 3 1 9 - § 4 . 6 4 6 . A - art. 3 5 0 - § 4.633. A

art. 320 - § 4.646. A - art. 352 - §§ 4.615. A: 4.618. A;


art. 321 - §§ 4.639. A; 4.640. A; 4.620. A
4.646. A - art. 3 5 3 - §§ 4.615. A; 4.618. A;
art. 322 - § 4.646. A 4.620. A

art. 323 - §§ 4.597. A; 4.599. A; - a r t 354 - § § 4.600. A; 4.615. A:


4.646. A 4.618. A; 4.620. A

art. 324 - § 4.646. A a r t 355 • i 4.615. A; 4.618. A:


4.620. A
art. 325 - § 4.646. A
- a r t 3 6 0 - § 4.636. A
art. 326 - § 4.646. A
art. 361 - §§ 4.620. A; 4.S36. A
art. 327 - §§ 4.594. A; 4.595. A;
4.646. A - a r t 362 - §§ 4.S33. A; 4.636. A
art. 328 - § 4.646. A - art. 3 6 3 - § 4.636. A
art. 329 - § 4.646. A - art. 3 6 4 - § 4 . 6 3 6 . A
art. 330 - § 4.646. A - art. 3 6 5 - § 4.636. A
art. 331 - §§ 4.595. A; 4.646. A - art. 3 6 6 - § 4.636. A
art. 332 - § 4.646. A - art. 3 6 7 - § 4 . 6 3 6 . A
art. 333 - §§ 4.590. A; 4.595. A; - art. 369 - § 4.663. A; 4.665. A
4.631. A; 4.646. A
- art. 373, M - § 4.663. A; 4.665. A
art. 333, I I - § 4 . 5 9 5 . A
- art. 389 - § 4.598. A; 4.600. A
art. 333, I I I - § 4 . 6 2 7 . A
- art. 3 9 2 - § 4.657. B
art. 334 - § 4.638. A
- art. 3 9 4 - § 4.645. A
art. 335 - § 4.638. A
- art. 397, caput-§ 4.648. A
art. 335, I - § 4.660. A
- art. 397, parágrafo único - § 4.648. A
art. 335, II - § 4 . 6 6 0 . A
- art. 402 - §§ 4.598. Á; 4.600. A
art. 336 - § 4.638. A
- art. 4 0 3 - § 4.600. A
art. 337 - § 4.638. A
- art. 4 0 4 - § 4.600. A
art. 338 - § 4.638. A
- art. 4 0 5 - § 4.600. A
art. 3 3 9 - § 4 . 6 3 8 . A •
- art. 406 - §§ 4.588. A, C; 4.597. A;
art. 340 - § 4.638. A 4.600. A; 4.619. A; 4.621. A
art. 408 - § 4.663. A - art. 451 - § 4.588. A
art. 409 - § 4.663. A - art. 4 5 2 - § 4.588. A
art. 4 1 0 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 4 5 3 - § 4.588. A
art. 411 - § 4.663. A - art. 4 5 4 - § 4.588. A
art. 4 1 2 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 4 5 5 - § 4.588. A
art. 4 1 3 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 456 - § 4.588. A
art. 4 1 4 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 4 5 7 - § 4 . 5 8 8 . A
art. 4 1 5 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 462 - §§ 4.590. A; 4.596 A;
art. 416 - § 4.663. A 4.657. A

art. 421 - § 4.622. A - art. 463 - §§ 4.590. A; 4.596 A;


4.657. A
art. 427 - §§ 4.590. A; 4.618. A
- art. 464 - §§ 4.590. A; 4.596 A;
art. 428 - §§ 4.590. A; 4.618. A
4.657. A
art. 429 - §§ 4.590. A; 4.618. A
- art. 465 - §§ 4.590. A; 4.596 A;
art. 4 3 0 - § 4 . 6 1 8 . A 4.657. A
art. 431 - § 4 . 6 1 8 . A - art. 466 - §§ 4.590. A; 4.596 A;
art. 4 3 2 - § 4 . 6 1 8 . A 4.657. A

art. 4 3 3 - § 4 . 6 1 8 . A - art. 472 - §§ 4.620. A; 4.622. A;


4.631. A
art. 4 3 4 - § 4 . 6 1 8 . A
- art. 4 7 3 - §§ 4.620. A; 4.622. A;
art. 4 3 5 - § 4.618. A
4.630. A; 4.631. A; 4.632. A
art. 436 - §§ 4.642. A; 4.649. A;
- art. 4 7 4 - §§ 4.620. A; 4.622. A
4.674. A
- art. 475 - §§ 4.587. A; 4.665. A
art. 436, parágrafo único - § 4.651.
A - art. 476 - §§ 4.616. A; 4.631. A;
art. 437 • 4.642. A; 4.649. A; 4.665. A
4.674. A - art. 477 - §§ 4.590. A; 4.600. A;
art. 438 - §§ 4.642. A; 4.649. A; 4.630. A; 4.631. A; 4.635. A, B;
4.674. A 4.645. A, B

art. 441 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 478 - § 4.595. B

art. 442 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 4 7 9 - § 4.595. B

art. 443 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 4 8 0 - § 4.595. B

art. 444 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 529 - §§ 4.633. A, B; 4.643. A

art. 445 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 530 - §§ 4.633. A, B; 4.643. A


art. 446 - §§ 4.588. A; 4.599. A - art. 531 - §§ 4.633. A, B; 4.643. A
art. 447 - § 4.588. A - art. 532 - §§ 4.633. A, B; 4.643. A
art. 448 - § 4.588. A - art. 5 7 9 - § 4.665. A
art. 449 - § 4.588. A - art. 582 - §§ 4.658. A; 4.662. A
art. 450 - § 4.588. A - art. 584 - § 4.662. A
art. 586 - §§ 4.586. A; 4.587. A; - art. 639 - §§ 4.659. A; 4.661. A;
4.592. A; 4.596 A; 4.597. A; 4.663. 4.663. A; 4.673. A
A; 4.664. A; 4.665. A; 4.666. A - art. 640 - §§ 4.656. B; 4.657. A; :
art. 587 - §§ 4.587. A; 4.663. A; 4.661. A; 4.662. A; 4.667. A; 4.674.
4.664. A; 4.666. A A
art. 588 - §§ 4.587. A; 4.591. A, B; - art. 640, parágrafo único - §
4.663. A; 4.664. A; 4.666. A 4.663. A, B !

art. 589 - §§ 4.587. A; 4.591. A; - art. 641 - §§ 4.659. A; 4.661. A;


4.663. A; 4.664. A; 4.666. A 4.673. A

art. 590 - §§ 4.587. A; 4.589. A; - art. 642 - §§ 4.656. A; 4.661. A; j


4.600. A; 4.601. A; 4.663. A; 4.664. 4.662. A; 4.663. A, B
A; 4.666. A - art. 643 - §§ 4.657. A; 4.661. A; j
art. 591 - §§ 4.587. A; 4.588. A, C; 4.663. A
4.589. A; 4.597. A; 4.619. A; 4.623. - art. 644 - §§ 4.660. A; 4.661. A; j
A; 4.625. A; 4.631. A; 4.663. A; 4.662. A; 4.663. A j
4.664. A; 4.666. A
- art. 645 - §§ 4.589. A; 4.655. C;
art. 592 - §§ 4.587. A; 4.588. A; 4.656. A; 4.661. A; 4.663. A; 4.664. '
4.595. A, B; 4.600. A; 4.663. A; A; 4.665. A; 4.666. A j
4.664. A; 4.666. A
- art. 646 - §§ 4.659. A; 4.661. A; j
art. 592, I I - § 4 . 6 6 5 . A í 4.663. A
art. 627 - §§ 4.655. A; 4.658. A;
- art. 6 4 7 - § § 4 . 6 6 1 . A; 4.667. A
4.659. A; 4.661, A; 4.665. A;
- art. 647, I - §§ 4.669. A; 4.670. A |
art. 628 - §§ 4.655. A; 4.657. A;
4.661. A; 4.666. A -"• art. 647, II - § 4.670. A

art. 629 - §§ 4.655. A; 4.656. A; - art. 6 4 8 - § § 4 . 6 6 1 . A; 4.667. A


4.658. A; 4.661. A; 4.662. A; 4.663. - art. 6 4 9 - § § 4 . 6 6 1 . A; 4.667. A
A; 4.666. A
- art. 650 - §§ 4.661. A; 4.667. A
art. 630 - §§ 4.659. A, B; 4.661. A;
- art. 651 - § 4.661. A
4.665. A; 4.667. A
- art. 652 - §§ 4.658. A; 4.661. A;
art. 631 - § 4 . 6 6 1 . A
4.663. A, B, C
art. 632 - § 4.661. A
- art. 653 - § 4.647. A j
art. 633 - §§ 4.660. A; 4.661. A;
4.662. A; 4.663. A; 4.665. A; 4.666. - art. 6 5 4 - § § 4 . 6 4 2 . A; 4.647. A j
A; 4.674. A • - art. 654, § 1 - § 4.637. A i
art. 634 - §§ 4.660. A; 4.661. A;
- art. 655 - §§ 4.642. A; 4.647. A
4.663. A; 4.666. A; 4.674. A
- art. 656 - §§ 4.642. A; 4.647. A i
art. 635 - §§ 4.657. A; 4.660. A;
4.661. A; 4.673. A, B; 4.674. A - art. 6 5 7 - § § 4 . 6 4 2 - . A; 4.647. A j
art. 636 - §§ 4.661. A; 4.674. A - art. 658 - §§ 4.642. A; 4.647. A j
art. 637 - §§ 4.661. A; 4.674. A - art. 659 - §§ 4.642. A; 4.647. A j
art. 638 - §§ 4.661. Â; 4.663. A; - art. 660 - §§ 4.642. A; 4.647. A j
4.666. A - art. 661 - §§ 4.642. A; 4.647. A i
art. 662 - §§ 4.642. A; 4.647. A - art. 6 9 9 - § 4.630. A
art. 663 - §§ 4.642. A; 4.647. A - art. 700 - § 4.630. A
art. 664 - §§ 4.642. A; 4.647. A - art. 7 0 1 - § 4.630. A
art. 665 - §§ 4.642. A; 4.647. A - art. 7 0 2 - § 4 . 6 3 0 . A
art. 666 - §§ 4.642. A; 4.647. A - art. 7 0 3 - § 4.630. A
art. 667 - § 4.647. A - art. 7 0 4 - § 4.630. A
art. 668 - § 4.647. A - art. 7 0 5 - § 4.630. A
art. 669 - § 4.647. A - art. 7 0 6 - § 4.630. A
art. 670 - § 4.647. A - art. 7 0 7 - § 4.630. A
art. 671 - § 4.647. A - art. 7 0 8 - § 4.630. A
art. 672 - § 4.647. A - art. 709 - § 4.630. A
art. 673 - § 4.647. A - art. 7 3 0 - § 4.672. A
art. 674 - § 4.647. A - art. 731 - § 4.672. A
art. 675 - § 4.647. A - art. 7 3 2 - § 4.672. A
art. 676 - § 4.647. A - art. 7 3 3 - § 4.672. A
art. 677 - § 4.647. A - art. 7 3 4 - § 4.672. A
art. 678 - § 4.647. A - art. 7 3 5 - § 4.672. A
art. 679 - § 4.647. A - art. 736 - § 4.672. A
art. 680 - § 4.647. A - art. 7 3 7 - § 4.672. A
art. 681 - § 4.647. A - art. 7 3 8 - § 4.672. A
art. 682 - § 4.647. A - art. 7 3 9 - § 4.672. A
art. 683 - § 4.647. A - art. 7 4 0 - § 4.672. A
art. 684 - § 4.647. A - art. 741 - § 4.672. A
art. 685 - § 4.647. A - art. 7 4 2 - § 4.672. A
art. 686 - § 4.647. A - art. 7 4 3 - § 4.672. A
art. 687 - § 4.647. A - art. 7 4 4 - § 4.672. A
art. 688 - § 4.647. A - art. 7 4 5 - § 4.672. A
art. 689 - §§ 4.647. A; 4.653. A - art. 7 4 6 - § 4.672. A
art. 690 - § 4.647. A - art. 7 4 7 - § 4.672. A
art. 691 - § 4 . 6 4 7 . A - art. 7 4 8 - § 4.672. A
art. 693 - § 4.630. A - art. 7 4 9 - § 4.672. A
art. 694 - § 4.630. A - art. 750 - § 4.672. A
art. 695 - § 4.630. A - art. 751 - §§ 4.669. B; 4.672.
art. 696 - § 4.630. A - art. 752 - § 4.672. A
art. 697 - § 4.630. A - art. 753 - § 4.672. A
art. 698 - § 4.630. A - art. 7 5 4 - § 4.672. A
art. 755 - § 4.672. A - art. 927 - § 4.667. A
art. 756 - § 4.672. A - art. 929 - § 4.674. A
art. 824 - § 4.591. B - art. 930 - § 4.674. A
art. 826 - §§ 4.627. A; 4.628. A; - art. 932 - § 4.663. A
4.630. A - art. 932, III - §§ 4.663. A, B; 4.667.
art. 835 - §§ 4.627. A; 4.628. A A

art. 837 - §§ 4.591. B; 4.652. A; - art. 932, IV - § 4.667. A


4.666. A - art. 932, V - § 4.667. A
art. 861 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 933 - § 4.663. A
art. 862 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 971 - § 4.587. A
art. 863 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.197 - §§ 4.657. A; 4.662. A
art. 864 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.210, caput— § 4.674. A
art. 865 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.210, § 1 . ° - § 4.674. A
art. 866 - §§4.617. A; 4.670. A - art. 1 . 2 1 9 - § 4 . 6 5 9 . A
art. 867 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.268 - § 4.666. A
art. 868 - §§ 4.617. A; 4.670. A _ art. 1.269 - § 4.666. A
art. 869 - §§ 4.617. A; 4.670. A art. 1.273 - § 4.666. A
art. 870 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.323 - § 4.669. A
art. 871 - §§ 4.6-17. A; 4.670. A - art. 1.425, I - §§ 4.627. A; 4.630. A
art. 872 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.427 - §§ 4.627. A; 4:630. A
art. 873 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1.451 - § 4.627. A
art. 874 - §§ 4.617. A; 4.670. A - art. 1 . 4 5 2 - § 4 . 6 2 7 . A •
art. 875 - §§ 4.617. A; 4.670. A art. 1 . 4 5 3 - § 4 . 6 2 7 . A
art. 876 - § 4.659. A - art. 1 . 4 5 4 - § 4 . 6 2 7 . A
art.877 - § 4.659. A art. 1 . 4 5 5 - § 4 . 6 2 7 . A
art.878 - § 4.659. A - art. 1 . 4 5 6 - § 4 . 6 2 7 . A
art. 879 - § 4.659. A - art. 1 . 4 5 7 - § 4 . 6 2 7 . A
art. 880 - § 4.659. A - art. 1.458 - § 4.627. A
art. 881 - § 4.659. A - art. 1 . 4 5 9 - § 4 . 6 2 7 . A
art. 882 - § 4.659. A - art. 1.460 - § 4.627. A
art.883 - §4.659. A - art. 1.499, I - § 4.628. A
art. 884 - §§ 4.599. A; 4.600. A; - art. 1.740 - § 4.591. A
4.659. A - art. 1.741 - § 4 . 5 9 1 . A
art. 886 - § 4.659. A - art. 1 . 7 4 2 - § 4 . 5 9 1 . A
art. 898 - § 4.649. A - art. 1 . 7 4 3 - § 4 . 5 9 1 . A
art. 9 1 0 - § 4.649. A - art. 1 . 7 4 4 - § 4 . 5 9 1 . A
art. 1.745 - § 4.591. A - art. 1 . 7 8 1 - § 4 . 5 9 1 . A
art. 1.746 - § 4.591. A - art. 1 . 7 8 2 - § 4.591. A
art. 1 . 7 4 7 - § 4 . 5 9 1 . A - art. 1 . 7 8 3 - § 4.591. A
art. 1 . 7 4 8 - § 4.591. A - art. 1 . 7 8 4 - § 4.668. B
art. 1.749 - § 4.591. A - art. 2.045 - §§ 4.602. A; 4.619. A
art. 1 . 7 5 0 - § 4 . 5 9 1 . A
Código Civil de 1916
art. 1.751 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 5 0 - § 4.592. A
art. 1 . 7 5 2 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 115 - §§ 4.595. A; 4.624. A;
art. 1 . 7 5 3 - § 4.591. A 4.630. A
art. 1 . 7 5 4 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 1 3 3 - § 4 . 5 9 3 . A
art. 1 . 7 5 5 - § 4.591. A
- art. 1 3 5 - § 4 . 6 3 4 . A
art 1.756-§4.591. A
- art. 1 4 1 - § 4 . 6 3 4 . A
art. 1 . 7 5 7 - § 4.591. A
- art. 155 - §§ 4.591. A; 4.659. A;
art. 1 . 7 5 8 - § 4 . 5 9 1 . A 4.666. A
art. 1 . 7 5 9 - § 4 . 5 9 1 . A - art. 1 5 6 - § 4 . 6 5 9 . A
art. 1 . 7 6 0 - § 4 . 5 9 1 . A - art. 1 5 7 - § 4 . 6 5 9 . A
art. 1.761 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 1 5 9 - § § 4 . 6 6 7 . A; 4.669. A
art. 1 . 7 6 2 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 160, I I - § 4 . 6 7 4 . A
art. 1 . 7 6 3 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 1 6 9 - § 4 . 6 6 9 . A
art. 1.764 - § 4.591. A
- art. 172, V - § 4.620. A
art. 1 . 7 6 5 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 433, V - § 4.600. A
art. 1.766 - § 4.591. A
- art. 486 - §§ 4.657. A; 4.662. A
art. 1 . 7 6 7 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 502, caput- § 4.674. A
art. 1.768 - § 4.591. A
- art. 502, parágrafo único - § 4.674.
art. 1 . 7 6 9 - § 4 . 5 9 1 . A
A
art. 1.770 - § 4.591. A
- art. 5 1 6 - § 4 . 6 5 9 . A
art. 1.771 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 6 3 3 - § 4.663. A
art. 1.772 - § 4.591. A
- art. 635, § 1 - § 4.669. A
art. 1 . 7 7 3 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 635, § 2 . ° - § 4 . 6 6 9 . A
art. 1 . 7 7 4 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 762, I - § 4.627. A
art. 1.775 - § 4.591. A
- art. 7 6 4 - § 4 . 6 2 7 . A
art. 1.776 - § 4.591. A
- art. 8 7 5 - § 4.590. A
art. 1.777 - § 4.591. A
- art. 8 8 0 - § 4.657. A
art. 1.778 - § 4.591. A
- art. 8 9 0 - § 4.659. A
art. 1.779 - § 4.591. A
- art. 8 9 2 - § 4.659. A
art. 1 . 7 8 0 - § 4 . 5 9 1 . A
- art. 9 0 4 - § 4.673. A
- art. 9 0 5 - § 4.673. A - art. 1 . 1 0 0 - § § 4 . 6 4 2 . A; 4.674. A

- art. 9 3 0 - § 4.633. A - art. 1 . 2 1 5 - § 4 . 6 5 8 . A

- art. 9 4 2 - § 4.639. A - art. 1 . 2 4 8 - § 4 . 6 6 5 . A

- art. 9 4 4 - § 4.599. A - art. 1 . 2 5 1 - § 4 . 6 6 2 . A


- art. 9 4 7 - § 4.590. A - art. 1 . 2 5 2 - § 4.662. A
- art. 947, § 1 — § 4.623. A - art. 1 . 2 5 4 - § 4.662. A
- art. 947, § 2.° - § 4.623. A - art. 1.256 - §§ 4.586. A; 4.592. A;
- art. 947, § 3.° - § 4.623. A 4.596 A; 4.597. A; 4.663. A; 4.665.
A; 4.666. A
- art. 947, § 4.° - § 4.623. A
- art. 1.257 - §§ 4.663. A; 4.666. A
- art. 9 5 0 - § 4.595. A
- art. 1.258 - §§ 4.587. A; 4.663. A;
- art. 9 5 2 - § 4.595. A
4.666. A
- art. 9 6 0 - § 4.648. A
- art. 1 . 2 5 9 - § § 4 . 5 9 1 . A; 4.663. A;
- art. 964 - § 4.659. A 4.666. A
- art. 9 6 5 - § 4 . 6 5 9 . A - art. 1.260 - §§ 4.591. A; 4.663. A;
- art. 9 6 6 - § 4.659. A 4.666. A

- art. 973, I - § 4.660. A - art. 1.261 - §§ 4.600. A; 4.601. A;


"D
4.663. A; 4.666. A >
- art. 973, II - § 4.660. A z
I o
- art. 975 - § 4.660. A - art. 1.262 - §§ 4.589. A; 4.663. A;
s>
4.666. A
- art. 9 8 2 - § 4.660. A
- art. 1.262, parágrafo único - §
- art. 985, I I - § 4.633. A
4.588. A
- art. 9 8 9 - § 4 . 6 3 3 . A
- art. 1.263 - §§ 4.589. A 4.597. A;
- art. 1.001 - § 4.633. A 4.663. A; 4.666. A
- art. 1 . 0 1 0 - § § 4 . 6 6 3 . A; 4.665. A - art. 1.264 - §§ 4.589. A; 4.595. A;
- art. 1.015, II - §§ 4.663. A; 4.665. A 4.600. A; 4.663. A; 4.666. A

- art. 1 . 0 6 5 - § 4 . 6 3 7 . A - art. 1.264, I I - § 4 . 6 6 5 . A

- art. 1 . 0 6 7 - § 4.637. A - art. 1.265 - §§ 4.588. A; 4.657. A;


4.659. A; 4.665. A
- art. 1.070 - § 4.637. A
- art. 1.265, caput - §§ 4.655. A;
- art 1 . 0 7 4 - § 4.589. A
4.661. A
- art. 1 . 0 7 8 - § 4.637. A
- art. 1.265, parágrafo único - §§
- art. 1 . 0 9 2 - § § 4 . 5 9 0 . A; 4.616. A 4.655. A; 4.661. A; 4.666. A
- art. 1.092, caput- § 4.665. A - art. 1.266 - §§ 4.655. A; 4.658. A;
- art. 1.092, parágrafo único - § 4.661. A; 4.662. A; 4.663. A; 4.666. A
4.665. A
- art. 1 . 2 6 7 - § § 4 . 6 5 9 . A, B; 4.661.
- art. 1.098 - § 4.642. A; 4.651. A; A; 4.665. A; 4.667. A
4.674. A
- art. 1.268 - §§ 4.660. A; 4.661. A;
- art. 1.099 - § § 4.642. A; 4.674. A 4.662. A; 4.663. A; 4.666. A; 4.674. A
art. 1.269 - § § 4.660. A; 4.661. A; - art. 1.521, I I I - § § 4 . 6 6 3 . A; 4.667.
4.663. A; 4.666. A A
art. 1.270 - § § 4.660. A; 4.661. A; - art. 1.521, IV - § 4.667. A
4.673. A
- art. 1.521, V - § 4.667. A
art. 1.271 - § § 4.661. A; 4.674. A
- art. 1 . 5 2 3 - § 4.663. A
art. 1 . 2 7 2 - § 4 . 6 7 4 . A
art. 1.273 - § § 4.661. A; 4.663. A; 4 . C Ó D I G O COMERCIAL
4.666. A
- art. 2 4 7 - §§ 4.586. A; 4.596 A
art. 1.274 - §§ 4.659. A; 4.663. A;
- art. 2 4 8 - § 4.587. A
4.673. A
- art. 251 - § 4.600. A
art. 1.275 - § § 4.657. A; 4.662. A;
4.667. A; 4.674. A - art. 2 5 3 - § § 4.619. A; 4.631. A

art. 1.276 - § § 4.659. A; 4.673. A - art. 2 5 8 - § 4.625. A

art. 1.277 - § § 4.662. A; 4.663. A - art. 5 1 5 - § 4 . 6 5 2 . A


art. 1.278 - § § 4.657. A; 4.661. A; - art. 5 1 6 - § 4 . 6 5 2 . A
4.663. A
- art. 5 1 7 - § 4 . 6 5 2 . A
art. 1.279 - § § 4.660. A; 4.662. A;
- art. 5 1 8 - § 4 . 6 5 2 . A
4.663. A
- art. 6 3 3 - §§ 4.586. A; 4.596 A;
art. 1.280 - § § 4 . 5 8 9 . A; 4 . 6 6 4 . A;
4.602. A
4.665. A; 4 . 6 6 6 . A
- art. 6 3 4 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 1.281 - § 4.659. A
- art. 6 3 5 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 1.281, l - § 4 l 6 6 9 . A
- art. 6 3 6 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 1 . 2 8 2 - § 4.667. A
art. 1.282, I - § 4.670. A - art. 6 3 7 - § § 4.596 A; 4.602. A

art. 1.282, I I - § 4 . 6 7 0 . A - art. 6 3 8 - § § 4.596 A; 4.602. A

art. 1 . 2 8 3 - § 4.667. A - art. 6 3 9 - §§ 4 . 5 9 6 A; 4.602. A

art. 1.284 - § 4.667. A - art. 6 4 0 - § § 4.596 A; 4.602. A

art. 1.285 - § 4.667. A - art. 641 - §§ 4 . 5 9 6 A; 4.602. A

art. 1.287 - § § 4.658. A; 4.663. A, C - art. 6 4 2 - § § 4.596 A; 4.602. A

art. 1.321 - § 4 . 6 5 3 . A - art. 6 4 3 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A

art. 1.331 - § 4 . 6 7 0 . A - art. 6 4 4 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A

art. 1.332 - § 4.670. A - art. 6 4 5 - § § 4.596 A; 4.602. A

art. 1.333 - § 4.670. A - art. 6 4 6 - §§ 4.596 A; 4.602. A

art. 1.334 - § 4.670. A - art. 6 4 7 - § § 4.596 A; 4.602. A


art. 1.335 - § 4.670. A - art. 6 4 8 - § § 4.596 A; 4.602. A
art. 1.502 - § § 4.652. A; 4.666. A - art. 6 4 9 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 1 . 5 1 9 - § 4 . 6 7 4 . A - art. 650 - §§ 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 1.520 - § 4.674. A - art. 651 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
- art. 652- - §§ 4.596 A; 4.602. A art. 475-N, I I I - § 4 . 6 6 3 . A

• art. 653- - §§ 4.596 A; 4.602. A art. 543-C - § 4.588. C

• art. 654- • §§ 4.596 A; 4.602. A art. 585, II - §§ 4.593. A; 4.598. A;


4.645. C
art. 6 5 5 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 625 - § 4.663. A
art. 656 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 627 - § 4.663. A
art. 657 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 646 - § 4.663. A
art. 658 - § § 4 . 5 9 6 A; 4.602. A
art. 647 - § 4.663. A
art. 659 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 648 - § 4.663. A
art. 660 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 649 - § 4.663. A
art. 661 - §§ 4.596 A; 4.602. A
art. 650 - § 4.663. A
art. 662 - §§ 4.596 A; 4.602. A art. 651 - § 4.663. A
art. 663 - §§ 4.596 A; 4.602. A art. 655-A - § 4.615. A
art. 664 - §§ 4.596 A; 4.602. A art. 6 6 6 - § 4 . 6 6 9 . A
art. 665 - §§ 4.586. A: 4.596 A; art. 666, I I - § 4 . 6 5 9 . A
4.602. A
art. 671 - § 4.622. A
art. 672 - § 4.622. A
5 . CÓDIGOS DE PROCESSO CIVIL
art. 6 7 3 - § 4.622. A
Código de Processo Civil de 1973 s
>
art. 6 7 4 - § 4 . 6 2 2 . A
- art. 6 2 - § 4.674. A
art. 6 7 5 - § 4.622. A
- art. 6 3 - § 4.674. A
art. 676 - § 4.622. A
- art. 6 4 " - § 4 . 6 7 4 . A
art. 8 1 3 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 6 5 - § 4.674. A art. 8 1 4 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 6 6 - § 4.674. A art. 8 1 5 - § 4.663. A
- art. 67 - § 4.674. A art. 8 1 6 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 68 - § 4.674. A art. 8 1 7 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 6 9 - § 4.674. A art. 8 1 8 - § 4 . 6 6 3 . A

- art. 158, parágrafo ú n i c o - § 4 . 6 6 3 . art. 8 1 9 - § 4 . 6 6 3 . A


A
art. 820 - § 4.663. A
- art. 2 8 3 - § 4 . 6 6 3 . A art. 821 - § 4.663. A
- art. 461 - §§ 4.599. A; 4.652. A; art. 822 - §§ 4.661. A; 4.663. A
4.657. A; 4.673. A
art. 8 2 3 - §§ 4.661. A; 4.663. A
- art. 461, § 4.° — § 4.663. A
art. 824 - §§ 4.661. A; 4.663. A
- art. 461 -A, § 2 . ° - § 4 . 6 6 3 . A, B
art. 825 - §§ 4.661. A; 4.663. A
- art. 461-A, § 3.° - § 4.663. A
art. 890 - §§ 4.638. A; 4.660. A
- art. 466-A - §§ 4.625. A; 4.657. A
art. 891 - §§ 4.638. A; 4.660. A
- art. 892 - § § 4.638. A; 4.660. A - art. 9 3 1 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 8 9 3 - § § 4.638. A; 4.660. A - art. 9 3 5 - § 4.663. A

- art. 8 9 4 - § § 4.638. A. 4.660. A - art. 9 3 7 - § 4.622. A

- art. 8 9 5 - § § 4.638. A; 4.660. A - art. 937, § 1 - § 4.663. A

- art. 8 9 6 - § § 4 . 6 3 8 . A; 4 . 6 6 0 . A - art. 9 3 8 - § 4.622. A


- art. 9 3 9 - § 4.622. A
- art. 8 9 7 - § § 4.638. A; 4.660. A
- art. 9 4 5 - § 4.669. A
- art. 8 9 8 - § § 4.638. A; 4.660. A
- art. 945, II - § 4.659. A
- art. 8 9 9 - § § 4.638. A; 4.660. A
- art. 9 9 3 - § 4.663. A
- art. 9 0 0 - § § 4.638. A; 4 . 6 6 0 . A
- art. 994, § 1 - § 4.663. A
- art. 901 - § § 4.657. A; 4 . 6 6 3 . A;
- art. 1.006 - § § 4.625. A; 4.657. A
4.673. A

- art. 9 0 2 - § § 4.657. A; 4 . 6 6 3 . A;
6 . CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
4.673. A

- art. 9 0 2 , § 1 o - § 4 . 6 6 3 . A, B - art. 161, § 1 - § § 4.600. A; 4.619.


A
- art. 9 0 3 - § § 4 . 6 5 7 . A; 4 . 6 6 3 . A;
4.673. A - art. 1 8 5 - A - § 4 . 6 1 5 . A

- art. 9 0 4 - § § 4 . 6 5 7 . A; 4 . 6 6 3 . A, B;
7 . CÓDIGO PENAL
4.673. A

- art. 9 0 5 - § § 4 . 6 5 7 . A; 4 . 6 6 3 . A; - art. 91, I I - § 4 . 6 7 1 . A


4.673. A
- art. 168-A - § 4 . 6 7 1 . A
- art. 9 0 6 - § § 4 . 6 5 7 . A; 4 . 6 6 3 . A;
4.673. A
8 . CÓDIGO DE DEFESA
- art. 9 1 4 - § § 4 . 6 1 5 . A; 4 . 6 1 6 . A D o CONSUMIDOR

- art. 1.218, X I I - § 4 . 6 7 1 . A - art. 2.° - § § 4.630. A; 4.655. A, B


- art. 3.° - § § 4.630. A; 4.655. A, B
Código de Processo Civil de 1939
- art. 6.°, V - § 4.595. B
- art. 9 9 - § 4.674. A
- art. 6.°, VI - § 4.672. B
- art. 1 5 9 - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 6.°, V I I I - § 4 . 6 6 8 . A
- art. 302, XII - § § 4.652. A; 4.673. A
- art. 7°, p a r á g r a f o único - § 4.663.
- art. 3 6 6 - § 4.663. A A
- art. 3 6 7 - § 4 . 6 6 3 . A - art. 14 - § § 4.663. A; 4.667. A, B;
4.672. A
- art. 676, I - § 4 . 6 6 3 . A
- art. 2 0 - § § 4 . 6 6 3 . A; 4.667. A, B
- art. 676, II - § 4.663. A
- art. 2 6 - § 4.668. A
- art. 7 5 7 - § 4.671. A
- art. 2 7 - § 4.668. A
- art. 7 5 8 - § 4.671. A
- art. 2 9 - § § 4.587. B; 4.630. A; j
1
- art. 9 3 0 - § 4.663. A 4.633. A; 4.641. C; 4.655. A
- art. 30 - §§ 4.590. A; 4.601. A; | Lei 6 . 4 0 4 / 1 9 7 6
4.623. A; 4.630. A - art. 2.°, § 3 . ° - § 4 . 5 9 7 . A
- art. 31 - §§ 4.623. A; 4.630. A - art. 52 - §§ 4.586. A; 4.595 A
- art. 34 - §§ 4.591. B; 4.663. A, B
- art. 5 3 - §§ 4.586. A; 4.596 A
- art. 35 - § 4.590. A
; - art. 5 4 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.596 A
- art. 51 - §§ 4.595. B; 4.621. A;
- art. 5 5 - § § 4.586. A; 4.596 A
4.630. A, B; 4.631. A
- art. 5 6 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.595 A
- art. 51, I X - § 4 . 5 9 5 . A
- a r t 57 — §§ 4.586. A; 4.595 A
- art. 51, X I - § 4 . 5 9 5 . A
- a r t 5 8 - § § 4.586. A; 4.596 A
- art. 51, § 1.°, I I I - § 4 . 5 9 7 . A
- a r t 5 9 - § § 4 . 5 8 6 . A: 4.596 A
- art. 51, § 2.° - § 4.631. A
- art. 6 0 - § § 4 . 5 8 6 . A: 4.596 A
- art. 52 - §§ 4.586. B; 4.587. B;
4.590. A; 4.594. A; 4.630. A - a r t 61 - § § 4.586. A; 4.596 A

- art. 5 3 - § 4.623. A - a r t 62 - §§ 4.586. A; 4.596 A

- art. 168, parágrafo único - § 4.621. - a r t 63 - § § 4.586. A: 4.595 A


A - a r t 6 4 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.596 A
- art. 1 6 9 - § 4 . 6 2 1 . A - a r t 6 5 - § § 4.586. A; 4.596 A
?
. - art. 6 6 - § § 4.586. A: 4.596 A >
9 . LEIS COMPLEMENTARES
- art. 6 7 - § § 4 . 5 8 5 . A: 4.596 A :|
s
L C 1 0 5 / 2 0 0 1 - §§ 4.629. A; 4.659. A
- art. 68 - § § 4.586. A: 4.596 A >
- art. 6 9 - § § 4 . 5 8 5 . A; 4.596 A 1
1 0 . LEIS
' - art. 7 0 - § § 4.586. A; 4.596 A
Lei 2 2 . 6 2 6 / 1 9 3 3 - § 4 . 5 8 6 . A - art. 71 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.596 A

Lei 1 . 5 2 1 / 1 9 5 1 - § 4 . 5 9 7 . A - art. 7 2 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.596 A


I - art. 7 3 - § § 4.586. A; 4.596 A
- art. 4.°, § 3 . ° - § 4.597. A
; - art. 7 4 - § § 4 . 5 8 6 . A; 4.596 A

Lei 2 . 3 1 3 / 1 9 5 4 - § 4 . 6 7 3 . A , C j - a r t 154, § 2 . ° , ò - § 4.591. A


| - art. 156, § 2 . ° - § 4 . 5 9 1 . A
Lei 3 . 1 8 6 / 1 9 5 7 - § 4 . 6 6 9 . A | - art. 211, parágrafo único - §
| 4.591.A
Lei 4 . 3 8 0 / 1 9 6 4 - § 4 . 5 8 6 . A
! Lei 6 . 8 4 0 / 1 9 8 0 - § 4 . 5 8 6 . A
Lei 4 . 5 9 5 / 1 9 6 4 - § § 4 . 5 8 6 . A ;
4 . 6 1 5 . A; 4 . 6 2 3 . A; 4 . 6 2 4 . A Lei 9 . 0 6 5 / 1 9 9 5 - § § 4 . 6 0 0 . A ;
- art. 10, X - § 4 . 5 9 1 . A 4.619. A
- art. 17 - § 4 . 6 2 3 . A - art. 1 . ° - § 4 . 5 8 7 . A

Lei 4 . 8 2 9 / 1 9 6 5 Lei 9 . 9 8 3 / 2 0 0 0 - § 4 . 6 7 1 . A
- art. 9.° - § 4.586. A
Lei 1 0 . 1 9 2 / 2 0 0 1 - § 4 . 6 2 3 . A
I Lei 10.931/2004 - §§ 4.598. A; Dec.-lei 7.661/1945 - §§ 4.626. A;
! 4.630. A 4.631. A
- art. 4 3 - § 4.653. A
| Lei 1 1 . 1 0 1 / 2 0 0 5 - § 6 . 6 2 4 . C - art. 102, § 2 . ° , I I I - § 4 . 6 5 2 . A
| - art. 7 7 - § § 4.595. A; 4.631. A;
1
- art. 1 6 5 - § 4 . 6 2 6 . A
4.632. A
i - art. 83, IV, c - § 4.652. A j Dec.-lei 8 . 9 5 1 / 1 9 4 6 - § 4.669. A
| - art. 1 1 7 - § § 4 . 6 3 9 . A; 4.653. A
- art. 121 - § § 4 . 6 1 9 . A; 4 . 6 2 2 . A;
Dec.-lei 413/1969 - § 4.586. A
4.631. A
t Dec.-lei 857/1969 - §§ 4.586. A;
4.587. A; 4.623. A
Lei 11.232/2005 - § 4.625. A
- art. Z.° - § § 4 . 6 2 3 . A; 4.644. A

Lei 1 1 . 3 8 2 / 2 0 0 6 - § 4 . 6 1 5 . A
Dec.-lei 911/1969 - § 4.663. A,
Lei das S.A. - Vide: Lei B, C
6.404/1976
1 3 . DECRETOS
Lei de Falências e Recuperação
Empresarial - Vide: Lei Dec. 1 . 1 0 2 / 1 9 0 3 - 4 . 6 6 2 . C
11.101/2005
Dec. 22.626/1933 - § 4.597. A, C

1 1 . MEDIDAS PROVISÓRIAS
Dec. 57.663/1966 - § 4.649. A

MedProv 2.170-36/2001
Dec. 678/1992
- art. 5.° - § § 4 . 5 8 8 . A; 4 . 6 1 9 . A;
4.631. A - art. 7.°, § 7.° - § 4.663. C

MedProv 2.172-32/2001 - § § 1 4 . DECRETOS LEGISLATIVOS


4.593. A; 4.597. A
Dec. leg. 27/1992

1 2 . DECRETOS-LEI - a r t . 7.°, § 7 . ° - § 4 . 6 6 3 . A, B

Dec.-lei 2.627/1940 - § 4.591. A 1 5 . RESOLUÇÕES

Dec.-iei 3.077/1941 - § 4.669. A Banco Central

Dec.-lei 4.657/1942 - § 4.644. A Res. 3.518/2007 - § 4.615. A


III

ÍNDICE CRONOLÓGICO D A JURISPRUDÊNCIA

Assento do Tribunal da Junta do Tribunal de Justiça de São Paulo, 13 de


Comércio, Agricultura, Fábricas e dezembro de 1892: § 4.587, 5.
Navegação, 23 de maio de 1793: §
4.608, 3. Tribunal de Justiça de São Paulo, 19 de
maio de 1893: § 4.635, 5.
Tribunal do Comércio da Côrte, 22 de
setembro de 1873: § 4.620, 2. Tribunal de Justiça de São Paulo, 24 de
agosto de 1894: § 4.621, 1.
Relação da Côrte, 14 de novembro de
, 1873: § 4.587., 5. Tribunal de Justiça de São Paulo, 21
de novembro de 1894: §§ 4.615, 3;
Relação de Ouro Prêto, 13 de outubro 4.618,4.
de 1874: § 4.619, 3.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 9 de
Relação do Rio de Janeiro, 2 de julho agosto de 1895: §4.621, 1.
de 1878: § 4.595, 2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 20 de
Supremo Tribunal de Justiça, 30 de
maio de 1888: § 4.635, 5. agosto de 1895: §4.619, 4.

Relação do Rio de Janeiro, 17 de julho Relação de Minas Gerais, 23 de abril


de 1888:4.618,4. de" 1896: §§ 4.618, 4; 4.620, 2.

Relação de Pôrto Alegre, 6 de Tribunal de Justiça de São Paulo, 24 de


setembro de 1888: § 4.635, 5. abril de 1896: §4.621, 1.

Supremo Tribunal de Justiça, 23 de Tribunal da Relação de Minas Gerais.


novembro de 1889: § 4.618, 4. 20 de maio de 1896: § 4.61S. 6.

Supremo Tribunal de Justiça, 16 de Tribunal de Justiça de São Paulo, 1S de


abril de 1890: § 4.635, 5. julho de 1896: §4.621, 1.
Relação de Ouro Prêto, 12 de junho de Supremo Tribunal Federal, 22 de
1891: § 3.635,5. janeiro de 1898: § 4.613, 2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 14 de Tribunal de Justiça de São Paulo, 28 de
maio de 1898: § 4.619, 3. setembro de 1904: § 4.621,1.

Junta Comercial do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça de São Paulo, 3 de


16 de junho de 1899: § 4.619,5. outubro de 1904: § 4.619, 3.

Tribunal de Justiça de São Paulo, 13 de Tribunal de Justiça de São Paulo, 3 de


setembro de 1899: § 4.595, 2. dezembro de 1904: § 4.587, 6.

Junta Comercial do Estado de São Tribunal de Justiça de São Paulo, 24 de


Paulo, 13 de agosto de 1901: § maio de 1905: § 4.587, 5.
4.619, 5.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 6 de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 22 de setembro de 1905: § 4.618, 4.
outubro de 1902: § 4.619, 3.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 2 de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 14 de dezembro de 1905: § 4.621, 3.
março de 1903: § 4.619, 3, 5.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 14 de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 21 de fevereiro de 1906: § 4.618,4.
março de 1903: §4.619,3.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 12 de
Tribunal de Justiça de São Paulo 18 de janeiro de 1907: § 4.621, 3.
julho de 1903: § 4.618, 3.
Relação de Minas Gerais, 6 de julho de
Supremo Tribunal Federal, 19 de 1907: § 4.620, 2.
agosto de 1903: § 4.619, 3.
Tribunal da Relação de Minas Gerais,
Tribunal de Justiça de São Paulo, 19 de 7 de março de 1908: § 4.619, 4.
agosto de 1903: § 4.620, 2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 6 de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 26 de fevereiro de 1909: § 4.619, 3.
agosto de 1903: § 4.619, 3.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 9 de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 20 de outubro de 1909: § 4.620, 2.
fevereiro de 1904: § 4.618, 3.
Câmaras Reunidas da Côrte de
Tribunal de Justiça de São Paulo, 9 de Apelação do Distrito Federal, 24 de
abril de 1904: § 4.620, 2. novembro de 1909: § 4.635, 5.

Tribunal de Justiça de São Paulo, 23 de Tribunal de Justiça de São Paulo, 31 de


maio de 1904: § 4.619, 3. janeiro de 1910: § 4.620, 2.

Tribunal de Justiça de São Paulo, 9 de Supremo Tribunal Federal, 21 de


julho de 1904: § 4.618, 4. janeiro de 1911: §4.597, 1.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 8 de Conselho de Justiça do Tribunal de
março de 1911: §4.620, 2. Apelação do Distrito Federal, 4 de
dezembro de 1940: § 4.669,2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 17 de
maio de 1911: §4.618, 6. Supremo Tribunal Federal, 19 de
novembro de 1941: § 4.587,5.
Supremo Tribunal Federal, 8 de julho
de 1911: §4.597, 1. 3.a Câmara Civil do Tribunal de
Apelação de São Paulo, 4 de marco
Tribunal de Justiça de São Paulo, 24 de de 1942: § 4.663, 5.
abril de 1912: § 4.618, 6.
1.a Câmara Civil do Tribunal de
Supremo Tribunal Federal, 7 de Apelação de São Paulo, 13 de abril
dezembro de 1912: § 4.597, 1. de 1942: § 4.669, 2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 14 de Câmara Cível do Tribunal de Apelação
dezembro de 1915: § 4.595, 2. da Bahia, 10 de junho de 1942: §
4.619, 4.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 13 de
outubro de 1916: § 4.595, 2.
Câmaras Cíveis Reunidas, 10 de junho
Supremo Tribunal Federal, 2 de abril •de 1943: § 4.669, 2.
de 1919: §4.620, 2."
3.a Câmara Civil do Tribunal de
Supremo Tribunal Federal, 4 de Apelação de São Paulo, 1.° de
setembro de 1920: § 4.620,2. setembro de 1943: § 4.669, 2.

Tribunal da Relação de Minas Gerais, 2.a Câmara Civil do Tribunal de


24 de novembro de 1920: § 4.619, 3. Apelação de São Paulo, 19 de
outubro de 1943: § 4.669, 6.
Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
21 de novembro de 1928: § 4.587, 5. 3.3 Câmara Civil do Tribunal de
Apelação de São Paulo, 27 de
Corte Suprema, 6 de dezembro de outubro de 1943: § 4.669, 2.
1934: § 4.663, 5. .
5." Câmara Cível do Tribunal de
5.a Câmara Civil do Tribunal de Justiça Apelação do Distrito Federal, 21 de
de São Paulo, 10 de fevereiro de dezembro de 1943: § 4.669, 2.
1934: § 4.587, 6.
1." Câmara Civil do Tribunal de
Côrte Suprema, 31 de março de 1937- Apelação de São Paulo, 17 de abril
§4.663,5. de 1944: § 4.669, 2.
2.a Câmara Civil do Tribunal de Conselho de Justiça do Tribunal de
Apelação de São Paulo, 7 de maio Apelação do Distrito Federal, 23 de
de 1940: §4.659, 6. maio de 1944: § 4.669, 2.
Tribunal de Justiça de São Paulo, 7 de 2.a Câmara Civil do Tribunal de Alçada
outubro de 1947: § 4.619, 5. de São Paulo, 26 de setembro de
1955: § 4.597, 1.
7.a Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal, 10 de maio de l. a Câmara Civil do Tribunal de Justiça
1949: §§ 4.657, 4; 4.663, 6. de São Paulo, 29 de janeiro de 1957;
§4.587,5.
Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul, 4 de maio de 1950: § 4.599, 3.
JURISPRUDÊNCIA ESTRANGEIRA

6." Câmara Cível do Tribunal de Justiça Estados Unidos da América:


do Distrito Federal, 12 de dezembro
de 1950: §§ 4.663, 6; 4.657, 4. New Haven Wire Co. Cases, 57 Conn.
352, 18 Atl. 266,1888: § 4.652,3.
l. a Câmara Civil do Tribunal de Justiça
de São Paulo, 20 de fevereiro de E. Reebaulin Fils, D. C. 1908,165 Fed.
1952: § 4.663, 6. 245: § 4.652, 3.

3.° Grupo de Câmaras Civis do Bettman-Johnson Co., C. L. A. 1918,


Tribunal de Justiça de São Paulo, 6 250 Fed. 657: § 4.652, 3.
de novembro de 1951: § 4.587, 5.
Leman Importing Co. v. Garfield
6." Câmara Cível do Tribunal de Justiça Savings Bank, 105 Mix. 627,173 N.
do Distrito Federal, 7 de novembro Y„ Supp. 551, 1919: §4.647,5.
de 1951: §4.663, 6.
Bank of Plants City v. Canal
Supremo Tribunal Federal, 14 de Commercial Trust & Savings Bank,
agsôto de 1952: § 4.619, 4. 270 Fed. 477, 1921: §4.647, 5.
7.a Câmara Cível do Tribunal de Justiça Itália:
do Distrito Federal, 16 de outubro
de 1952: §4.663, 6.- Cassação, 15 de maio de 1934: §
4.587, 5.
Supremo Tribunal Federal, 30 de
setembro de 1952: § 4.619, 4. Cassação, 27 de julho de 1937: §
4.624, 4.
Supremo Tribunal Federal, 13 de abril
de 1953: § 4.619, 4. Cassação, 10 de junho de 1938: §
4.624, 4.
Câmara Cível do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, 4 de novembro de Apelação de Roma, 17 de junho de
1954: § 4.587, 5. 1950: § 4.587, 5.

Supremo Tribunal Federal, 7 de março Apelação de Nápoles, 24 de janeiro de


de 1955: § 4.619, 4. 1956: § 4.621, 2.
ÍNDICE C R O N O L Ó G I C O DA J U R I S P R U D Ê N C I A
NO PANORAMA ATUAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REsp 8.222, 3." T„ j. 21.06.1991,


rei. Min. Cláudio Santos, DJU
ADIn 4, Pleno, j. 07.03.1991, rei. Min. 26.08.1991, f?T 677/229 — § 4.587. C
Sydney Sanches, DJ 25.06.1993 -
§§ 4.586. C; 4.589. A REsp 8453/SP, 4 a T., j. 16.03.1992, rei.
Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira,
RE 172.720, 2. a T., j. 06.02.1996, rei. D J 03.08.1992 - § 4.598. C
Min. Marco Aurélio, DJ21.02.1997 -
§ 4.672. C REsp 18.163/SP, 3. a T., j. 24.03.1992,
rei. Min. Nilson Naves, DJ
RE 255.731-5, 1 , a T„ j. 09.11.1999,
2 0 . 0 4 . 1 9 9 2 - § 4.661. C
rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJU
26.11.1999, 0 7 7 7 4 / 1 9 3 - § 4.656. C
REsp 15.597/MS, 4. a T., j. 23.03.1993,
rei. Min. Barros Monteiro, DJ
HC 83.416-7, 1. a T., j. 14.10.2003, rei. p/
10.05.1993 - §§ 4.663. C; 4.665. C
acórdão. Min. Antonio Cezar Peluso,
DJU 12.08.2005 - §§ 4.658. C;
AgRg no Agln 35.177/RS, 3. a T., j.
4.663. C
01.06.1993, r e i Min.Waldemar
HC 86.160-1/SP, 1. a T., j. 23.08.2005, Zveiter, DJ 28.06.1993 - § 4.663. C
rei. Min. Eros Grau, DJU 25.11.2005
-§4.669. C REsp 8.880/SP, 4. a T., j. 27.09.1993,
rei. Min. Fontes d e Alencar, DJ
EDcl na ADIn 2.591/DF, j. 14.12.2006, 2 7 . 0 6 . 1 9 9 4 - § 4.663. C
rei. Min. Eros Grau, DJ 13.04.2007 -
§§ 4.586. C; 4.588. C; 4.665. C | REsp 6.298/DF, 4 a T., j. 26.04.1994,
rei. Min. Fontes d e Alencar, DJU
RE 466.343/SP, j. 03.12.2008, rei. Min. 2 7 . 0 6 . 1 9 9 4 - § 4.666. C
Cezar Peluso, D J 05.06.2009— §§
4.658. C; 4.663. C REsp 52.750-3/PE, 4. a T„ j. 12.09.1994,
| rei. Min. Barros Monteiro, RDC
RE 389808, j. 15.12.2010, rei. Min. \ 1 7 / 1 9 5 - § 4.618. C
Marco Aurélio Mello, DJe 10.05.2011
- § 4.659. C | REsp 65374/SP, 3. a T„ j. 24.10.1995, rei.
i Waldemar Zveiter, DJ 11.12.1995 - §
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 4.660. C

REsp 2.326, 3. a T., j. 12.06.1990, rei. REsp 53.282/SP, 3. a T„ j. 28.11.1995,


Gueiros Leite, RePro 60/227 - § | rei. Min. Cláudio Santos, DJ
4.664. C 0 5 . 0 2 . 1 9 9 6 - § 4.673. C

REsp 8069, j. 29.04.1991, rei. Nilson REsp 83.717/MG, j. 12.11.1996, rei.


Naves, RT677/223 - §§ 4.656. C; Min. Sálvio d e Figueiredo Teixeira,
4.657. C RDB 5 / 2 0 3 - § 4.600. C
| REsp 95.289/RS, 3. a T„ j. 17.06.1997, REsp 278.650/PR, 4. a T., j. 08.05.2001,
rei. Min. Eduardo Ribeiro, DJU rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ
08.08.1997, RT 746/201 - § 4.669. C 15.10.2001 - § 4 . 5 9 1 . C

REsp 50830/PR, 4. a T., j. 07.10.1997, REsp 293.292/SP, 3. a T., j. 20.08.2001,


rei. Min. C é s a r Asfor Rocha, DJ rei. Min. Nancy Andrighi, DJ
23.03.1998 - § 4.665. C 08.10.2001 - § 4 . 6 7 2 . C

REsp 155999/MG, 4. a T„ j. 05.03.1998, REsp 333.211/RJ, 4. a T., j. 13.11.2001,


rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ rei. Min. C é s a r Asfor Rocha, DJ
01.06.1998 - § 4.663. C 18.03.2002; - §§ 4.658. C; 4.664. C

REsp 152.460/SP, 3. a T., j. 02.06.1998, REsp 361,694/RS, 3. a T., j. 26.02.2002,


rei. Min. Eduardo Ribeiro, DJ rei. Min. Nancy Andrighi, DJ
08.09.1998 - § 4.665. C 25.03.2002 - § 4.586. C

REsp 214.003/SC, 3. a T., j. 11.04.2000,


REsp 328.408/SP, 4. a T., j. 02.05.2002,
rei. Min. Carlos Alberto Menezes
rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ
Direito, DJ 05.06.2000 - §§ 4.583. C;
01.07.2002 - § 4.588. C
4.635. C; 4.641. C; § 4.642. C; 4.654. C

R E s p 412.651/MG, 3 a T., j. 25.06.2002,


__ j R E s p 162.332/SP, 3. a T. j. 29.06.2000,
rei. Min. Nancy Andrighi, DJ
§ I rei. Min. Eduardo Ribeiro, DJU
09.09.2002 - § 4.632. C
^ :! 21.08.2000, R 7 7 8 4 / 1 9 1 - § 4.627. C
<
5
REsp 420.516/RS, 4. a T., j. 27.06.2002,
§ | R E s p 253482/CE, 4. a T., j. 03.08.2000,
rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ
« j rei. Min. Ruy R o s a d o de Aguiar, DJ
26.08.2002 - § 4.632. C
| 2 5 . 0 9 . 2 0 0 0 - § 4.673. C

R E s p 250.523/SP, 4. a T., j. 19.10.2000, REsp 440.718/RS, 4. a T., j. 24.09.2002,


rei. Min. Ruy R o s a d o d e Aguiar Jr., rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ
i DJ 18.12.2000 - § 4.674. C 1 6 . 1 2 . 2 0 0 2 - § 4.599. C

! R E s p 231,208/PE, 4. a T., j 07.12.2000, EDiv 302.209/MG, 3. a S„ j. 23.10.2002,


i rei. Min. Ruy R o s a d o de Aguiar, DJ rei. Min. Gilson Dipp, DJ 18.11.2002,
| 19.03.2001 - § 4 . 5 8 6 . C RT 812/167 - § 4.628. C

REsp 272.739/MG, j. 01.03.2001, rei. REsp 435.221/MG, 3. a Turma, j.


Min. Ruy R o s a d o d e Aguiar - § 10.12.2002, rei. Min. Carlos Alberto
4.600. C M e n e z e s Direito, DJ 10.03.2003 - §
4.598. C
REsp 160.949/SP, 3. a T., j. 19.03.2001,
rei. p/ acórdão Min. Paulo Costa REsp 220.436/CE, 3. a T„ j. 06.03.2003,
| Leite, DJ 22.04.2002 - § 4.589. C rei. Min. Antônio De Pádua Ribeiro,
DJ 07.04.2003 - § 4.623. C
I REsp 226.921/SP, 4. a T., j. 19.04.2001,
| rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar REsp 492956/MG, 1. a T„ j. 06.03.2003,
j Júnior, DJ 02.08.2004 - §§ 4.655. C; rei. Min. J o s é Delgado, DJ
i 4.657. C; 4.664. C 26.05.2003 - § 4.666. C
I REsp 389.324, 2.° T., j. 25.03.2003, rei. REsp 648.818/RJ, 1. a T., j. 28.06.2005, j
j Min. Eliana Calmon, DJU 14.04.2003 rei. Min. Francisco Falcão, DJ
j -§4.669. C 0 7 . 1 1 . 2 0 0 5 - § 4.671. C j
j
! REsp, 184.577/SP, j. 01.04.2003, rei. REsp 541.267, j. 20.09.2005, rei. Min.
Min. Franciulli Netto, DJ 04.08.2003 Jorge Scartezzini, DJ 1 7 . 1 0 . 2 0 0 5 - § |
- § 4.600. C 4.598. C

REsp 450968/RS, 3. a T„ j. 27;05.2003, REsp 247.518/MG, 4. a T„ j. 02.02.2006,


rei. Min. Carlos Alberto Menezes rei. Min. Barros Monteiro, DJ
Direito, DJ 28.10.2003 - § 4.621. C 20.03.2006 - §§ 4.633. C; 4.641. C;
4.649. C
REsp 536.578/RS, 4. a T., j. 06.11.2003,
rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ EDcl no REsp 654.969/PR, 3. a T., j. |
25.02.2004 - § 4.622. C 16.05.2006, rei. Min. Carlos Alberto '
Menezes Direito, DJ 11.09.2006 - § § j
REsp 501,401/MG, 2. a Seção, j. 4.633. C; 4.641. C
14.04.2004, rei. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito, DJ 03.11.2004 - §§ REsp 422403/SP, 4. a T., j.
4.589. C; 4.655. C; 4.666. C 13.03.2007,rei. Min. Hélio Quaglia j
Barbosa, DJ 09.04.2007 - § 4.624. C |
REsp 567.587/MA, 3. a T., j. 28.06.2004,
rei. Min. Carlos Alberto Menezes REsp 767923/DF, 4 a T „ j. 05.06.2007, j TJ
Direito, DJ MA0.2004 - §§ 4.616. C; rei. Min. César Asfor Rocha, DJ ;g
4.622. C 06.08.2007 - § 4.658. C j ?
I>
REsp 331340/DF, 4. a T„ j. 02.12.2004, REsp 686.166/RJ, 3. a T„ j. 23.08.2007, j |
rei. Min. Barras Monteiro, DJ rei. Min. Nancy Andrighi, DJ j ?
14.03.2005, p. 340 - § 4.594. C 1 7 . 0 9 . 2 0 0 7 - § 4.650. C !

REsp 397.169/AL, 2. a T„ j. 07.12.2004, HC 62739/MG, 4. a T., j. 23.10.2007, i


rei. Min. Franciulli Netto, DJ rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ '
02.05.2005 - § 4.665. C 1 9 . 1 1 . 2 0 0 7 - § 4.663. C j

REsp 654.969/PR, 3. a T., j. 07.12.2004, AgRg no REsp 985.679/RS, 4. a T„ j.


rei. Min. Carlos Alberto Menezes 06.11.2007, rei. Min. Aldir Passarinho
Direito, DJ28.03.2005 - §§ 4.636. C; Júnior, DJ 1 0 . 1 2 . 2 0 0 7 - § 4 . 6 3 0 . C
4.644. C
AgRg no Agln 852.388/SP, 4. a T., j.
REsp 607.961/RJ, 2. a Seção, j. 11.12.2007, rei. Min. João Otávio de
09.03.2005, rei. Min. Nancy Andrighi, Noronha, DJ 11.02.2008 - § 4.663. C
DJ 01.08.2005 - § 4.660. C
REsp 885.674/RJ, 3. a T., j. 07.02.2008,
REsp 480.261/SC, 4, a T„ j. 03.05.2005, rei. Min. Nancy Andrighi, DJe >.
'; rei. Min. Barros Monteiro, DJ 05.03.2008 - §§ 4.633. C; 4.634. C; ;
13.06.2005 - § 4.587. C 4.641. C; 4.647. C; 4.651. C; 4.652. C

AgRg 259.475, 3 a T „ j. 24.05.2005, REsp 959693/PR, 4. a T., j. 22.04.2008, j


rei. Humberto Gomes de Barros, DJ rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJe \
01.07.2005 - § 4.655. C 1 9 . 0 5 . 2 0 0 8 - § 4.656. C i
REsp 1039878/RS, 3. a T., j. 27.05.2008, AgRg no REsp 897.659/RS, 3. a T., j.
rei. Min. Massami Uyeda, DJe 26.10.2010, rei. Min. Paulo de Tarso
2 0 . 0 6 . 2 0 0 8 - § 4.619. C Sanseverino, DJe 09.11.2010 - §
4.630. C
REsp 1061530/RS, 2. a S., j. 22.10.2008,
rei. Min. Nancy Andrighi, DJe AgRg no REsp 1199347/SP, 4. a T., j.
10.03.2009 - §§ 4.588. C; 4.589. C; 07.12.2010, rei. Min. Aldir Passarinho
4.597. C; 4.623. C Júnior, DJe 14.12.2010 - §§ 4.589.
C; 4.623. C
REsp 1006340/PE, 4. a T., j. 24.03.2009,
rei. Min. Fernando Gonçalves, DJe REsp 800.178/SC, 4. a T., j. 07.12.2010,
06.04.2009 - § 4.657. C rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
10.12.2010 - § 4.653. C
REsp 879.113/DF, 3. a T„ j. 01.09.2009,
rei. Min. Nancy Andrighi, DJe REsp 1163137/SP, 3. a T., j. 14.12.2010,
1 1 . 0 9 . 2 0 0 9 - § 4.591. C rei. Min. Massami Uyeda, DJe
03.02.2011 - § 4 . 6 5 8 . C
AgRg no Ag 458.117/PR, 3 . a T „
j. 06.10.2009, rei. Min. Vasco AgRg no R E s p 1106642/MG, 3 . a T ,
Delia Giustina (convocado), DJe j. 03.02.2011, rei. Min. Massami
2 1 . 1 0 . 2 0 0 9 - § 4.656. C Uyeda, DJe 05.04.2011 - § 4.586. C

R E s p 1047117/PE, 3 . a T . , j . R E s p 783.471/GO, 4. a T., j. 22.03.2011,


06.10.2009, rei. p/ a c ó r d ã o Min. rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
Nancy Andrighi, DJe 03.12.2009 - 25.03.2011 - § § 4.655. C; 4.663. C;
§§ 4.627. C; 4.631. C 4.664. C

REsp 1133111/PR, 3. a T., j. 06.10.2009, REsp 994040/PE, 4. a T., j. 07.04.2011,


rei. Min. Sidnei Beneti, DJe rei. Min. Raul Araújo, DJe 18.04.2011
0 5 . 1 1 . 2 0 0 9 - § 4.662. C - § 4.658. C

REsp 877.503/MG, 3. a T., j. 06.10.2009, AgRg no AgRg no Ag 1094203/SP,


rei. Min. Sidnei Beneti, DJe 4 a T . , j. 26.04.2011, rei. Min. Raul
11.11.2009 - §§ 4.657. C; 4.664. C Araújo, DJe 10.05.2011 - § 4.593. C

R E s p 112951 O/SP, 2. a T., j. 25.05.2010, R E s p 293024/SP, 4. a T., j. 29.05.2011,


rei. Min. Herman Benjamin, DJe rei. Min. Ruy R o s a d o de Aguiar
3 0 . 0 6 . 2 0 1 0 - § 4.660. C Júnior, DJ 20.08.2001 - § 4.656. C

EDcl no REsp 1.030.295/MG, 4. a T„ j. AgRg no REsp Í.152.280/RS, 4. a T., j.


17.08.2010, rei. Min. J o ã o Otávio de 07.06.2011, rei. Min. Raul Araújo,
Noronha, DJe 25.08.2010 - § 4.616. C DJe 01.08.2011 - § 4 . 6 1 5 . C

REsp 551.956, 4. a T., j. 24.08.2010, REsp 791,676/GO, 4. a T„ j. 28.06.2011,


rei. Aldir Passarinho Júnior, DJe rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
14.09.2010 - §§ 4.592. C; 4.663. C 18.08.2011 - §§ 4.597. C; 4.623. C;
4.625. C; 4.630. C
REsp 523.884/GO, 4. a T., j. 14.09.2010,
rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe REsp 1051270/RS, j. 04.08.2011, rei.
2 3 . 0 9 . 2 0 1 0 - § 4.662. C Min. Luis Felipe Salomão - § 4.600. C
REsp 1.117.614/PR,2. a Seção, j. 1 T A C i v S P , Ap 693.170-8, j.
10.08.2011, rei. Min. Maria Isabel 19.06.1997, rei. Des. Cyro Bonilha,
Gallotti, DJe 10.10.2011 - § 4.615. C HT749/297 - § 4.617. C

REsp 1106625/PR, 3.°T., j. 16.08.2011, TJRS, ApCiv 598036762, 3. a Câm.


rei. Min. Sidnei Beneti, DJe Civ., j. 14.05.1998, rei. Des. Luiz Ari
09.09.2011 - § 4.597. C Azambuja Ramos - §§ 4.644. C;
4.654. C
AgRg no Ag 1371651/RS, 3. a T„ j.
1 T A C i v S P , ApCiv 735.614-7, 3. a Câm.,
18.08.2011, rei. Min. Nancy Andrighi,
j. 15.06.1998, rei. Luiz Antônio d e
DJe 25.08.2011 - § 4.586. C
Godoy, RT 758/237 - § 4.656. C

REsp 1.197.929/PR, j. 24.08.2011,


TJRJ, ApCiv 16.654/99, 2. a Câm., j.
rei. Min. Luís Felipe Salomão, DJe
02.12.1999, rei. Des. Sérgio Cavalieri
12.09.2011 - § § 4 . 6 1 5 . C; 4.622. C Filho - § 4.590. C

AgRg no REsp 1121432/MG, 4. a T„ j. TJSP, Agln 135.338-5/0, 3 a Câm. Civ., j.


15.09.2011, rei. Min. Antônio Carlos 14.03.2000, rei. Des. Pires d e Araújo,
Ferreira, DJe 23.09.2011 - § 4.586. C /-?7~780/236 - § 4.669. C

REsp 861.196/SC, 4. a T., j. 06.10.2011, TRF-1 , a Reg., Ap 95.01.26461-0, 4 a T „


rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe j. 31.03.2000, rei. Vera Carla Cruz,
27.10.2011 - § 4 . 6 0 1 . C DJU 26.05.2000, fiT781/403 - §
4.622. C
AgRg no Ag em REsp 51.544/MG, 3. a
T.,j. 20.10.2011, rei. Min. Sidnei TRF-1 , a Reg, ApCiv 96.01.39639-0, j.
Beneti, DJe 07.11.2011 - § 4.622. C 31.03.2000, rei. Vera Carla Cruz,
DJU 26.05.2000 - § 4.656. C
AgRg no Ag 1420090/SC, 3 a T., j.
25.10.2011, rei. Min. Massami TJRJ, ApCiv 18591/99, 6. a Câm. Civ., j.
Uyeda, DJe 09.11.2011 - § 4.619. C 02.05.2000, rei. Walter Dagostino - §
4.641. C
AgRg no REsp 1021350/RS, 4. a Turma,
j. 22.11.2011, rei. Min. Marco Buzzi, TRF-3. a Reg., Ap 91.03.031117-1,
DJe 29.11.2011 - § 4.599. C 5. a T., j. 26.09.2000, rei. André
Nekatschalow, DJU 07.11.2000, RT
786/461 - § 4.595. C
OUTROS TRIBUNAIS
TARGS, HC 185038056, 4. a Câm. Civ., TAMG, Ap 314.642-3, 3. a Câm., j.
j. 29.08.1985, rei. Mário Ferrari - § 11.10.2000, rei. Edilson Fernandes,
4.659. C RT 793/409 - § 4.590. C

TRF-4. a , ApCiv 2001.04.01.086645-4,


1.° TACivSP, Ag In 580.645-3, 4. a Câm.
4. a T.,j. 18.12.2002, rei. J o ã o Pedro
Civ., j. 19.10.1995, rei. Des. Sidnei
Gebran Neto, DJ 29.01.2003 - §
Beneti, F?7"719/155- § 4.669. C 4.660. C

TJRS, Ap 597.039.429, 5. a Câm., j. TJRJ, ApCiv 22.038/2002, j.


28.05.1997, rei. Des. Araken de 05.02.2003, rei. Raul Celso Lins e
Assis, RT748/380 - § 4.626. C Silva - § 4.645. C
TJRS, ApCiv 70003168424, 11." Câm. TJPB, Ap 200.2002.077270-9/001, 4. a
Civ., j. 15.10.2003, rei. Jorge André Câm., j. 10.01.2006, rei. Des. Antônio
| Pereira Gailhard - §§ 4.643. C; de Padua Lima Montenegro, DJPB
| 4.646. C; 4.648. C; 4.652. C 24.02.2006, RT851/314 - §§ 4.627.
) C; 4.631. C
! TAPR, ApCiv 0182629-9, 5. a Câm. Civ.,
j. 14.04.2004, rei. J o ã o Domingos TRF-1. a Reg, Ap 2000.01.00.135704-
| Kuster Puppi - § 4.645. C 5, rei. Maria Isabel Diniz Gallotti
Rodrigues, DJU 02.05.2006, RT
j TJRS, ApCiv 70008619025, 5. a Câm. 8 5 1 / 3 6 6 - § 4.593. C
| Civ., j. 13.05.2004, rei. Umberto
Guaspari Sudbrack - § 4.656. C TJSP, ApCiv 1.276.674-0, j. 08.05.2006,
rei. Des. Manoel Justino Bezerra
TJSE, Ap 0639/2004, j. 18.10.2004, rei. F i l h o - § 4.654. C
Des. Cláudio Dinart Déda Chagas,
RT836/377 - § 4.616. C TJSP, ApCiv 1.151.908-3, 21 , a Câm. de
Dir. Priv., j. 24.05.2006, rei. Antônio
| TJSP, ApCiv 205.137.4/4-00, 6. a Câm. Marson - §§ 4.643. C; 4.646. C;
Civ., j. 20.06.2005, rei. Des. Marcelo 4.647. C; 4.648. C; 4.652. C
Bennachio - § 4.594. C
| TJSP, ApCiv 9137696-
; TJRJ, ApCiv 2005.001.05494, j. 86.2004.8.26.0000, 21 , a Câm. de Dir.
29.06.2005, rei. Des.' Nametala Priv., j. 21.09.2006, rei. Edgard Rosa
Machado Jorge - §§ 4.645. C; | - § 4.644. C
!
! 4.654. C
TJSP, ApCiv 9209647-
TRF 2. a Região, Ap 1998.51.01.201227- 82.2000.8.26.0000, j. 26.09.2006, rei.
í 1/RJ, 7. a T. Especializada, j. Benedicto Jorge Farah - § 4.644. C
24.08.2005, rei. Des. Federal Reis
Friede, DJU 05.09.2005, RT845/417 TJSP, ApCiv 9084303-
— § 4.618. C 52.2004.8.26.000, 23. a Câm. de
Direito Privado, j. 27.10.2006, rei.
TJMG, ApCiv 0139162- | Fernando Arruda Silveira - §§ 4.641.
68.1998.8.13.0672, j. 09.09.2005, C; 4.652. C
rei. Mota e Silva, DJ 12.10.2005 - §
! 4.645. C TJRS, ApCiv 71001225218, 3. a Câm.
; Rec. Civ., j. 22.05.2007, rei. Des.
TJSP, ApCiv 911.782-2, 18. a Câm. Eugênio Facchini Neto - § 4.667. C
Direito Privado, j. 15.09.2005, rei.
Roque Mesquita, « 7 8 4 4 / 2 5 5 - § TJSP, Agln 476.955.4/0, j. 05.07.2007,
4.656. C rei. Lino Machado - § 4.642. C

TJRJ, Ap 2005.001.51532, 2. a Câm. TRF-4. a Reg., Ag 2007.04.00.024323-


Civ., j. 28.12.2005, rei. Carlos 7, 1. a T., j. 05.09.2007, rei. Álvaro
Eduardo Passos, DJe 06.01.2006 - Eduardo Junqueira, p. 25.09.2007 -
§ 4.658. C § 4.666. C
TJSP, 7170722, 18." Câm. de Dir. Priv., TRF 4. a Reg., ApCiv 0013751-
j. 27.11.2007, rei. Roque Antônio 19.1998.404.7100, j. 30.08.2010,
Mesquita de Oliveira - § 4.644. C rei. Marga Inge Barth Tessler, DJe
10.09.2010 - §§ 4.657. C; 4.659. C;
TJSP, ApCiv 9039198- 4.673. C; 4.674.C
91.2000.8.26.000, 14.a Câm. de
Direito Privado, j. 10.08.2008, rei. TJPR, ApCiv 692.851-4, 1 5 a Câm.
Pedro A b l a s - § 4.641. C Civ., j. 15.09.2010, rei. Des. Jucimar
Novochadlo-§ 4.651. C
TJRS, ApCiv 70024675969, 12.a Câm.
TRF-1." Reg., ApCiv
Civ., j. 04.09.2008, rei. Des. Cláudio
200001000095499, j. 28.09.2010,
Baldino Maciel - § 4.620. C
rei. Leomar Amorim de Sousa - §
4.587. C
TRF-4a Reg., ApCiv
2003.04.01.049641-6/RS, 3. a T„ j. TJSP, ApCiv 9075336472006826,
20.01.2009, rei. Maria Lúcia Leiria, p. 19. a Câm. de Direito Privado, j.
26.02.2009 - § 4.666. C 28.02.2011, rei. João Camillo de
Almeida Prado Costa, p. 21.03.2011
TJSP, ApCiv 1196819002, 36. a Câm. - § 4.662. C
Dir. Priv., j. 12.03.2009, rei. Des.
Romeu Ricupero - § 4.667. C TJSP, ApCiv 9150957792008826,
- 35. a Câm. de Direito Privado, j.
TJRS, ApCiv 70028999258, 10.a Câm. 21.03.2011, rei. Manoel Justino
Cív., j. 28.05.2009, rei. Des. Paulo Bezerra Filho, p. 23.03.2011 - §
Antônio Kretzmann - § 4.667. C 4.596 C

TJSP, ApCiv 9230301- TJPR, Agln 0.662.157-2, 17. a Câm. Civ.,


17.2005.8.26.0000, 34. a Câm. Dir. j. 30.03.2011, rei. Francisco Jorge -
Priv., j. 03.08.2009, rei. Des. Cristina § 4.624. C
Zucchi - § 4.667. C
TJSP, ApCiv 9083089-
a
TJSP, ApCiv 112.731-4/2-00, 3. Câm., 89.2005.8.26.0000, 11 a Câm. Dir.
j. 19.10.2009, rei. Des. Ênio Zuliani - Priv., j. 31.03.2011, rei. Des. Vieira de
§ 4.595. C Moraes - § 4.667. C

TRF-3. a Reg., ApCiv 345/SP


TJSP, ApCiv 0095398-
2003.61.19.000345-7, 2. a T.,
96.2008.8.26.000,18 a Câm. de
j. 26.04.2011, rei. Des. Cotrim
Direito Privado, j. 30.03.2010, rei.
Guimarães - § 4.629. C
Rubens Cury - § 4.641. C
TJRJ, ApCiv 0016990-
TRF-4.a Reg., ApCiv 10.2009.8.19.0208, 9. a Câm. Civ., j.
2008.70.01.004281 -8,4." T., j. 07.06.2011, rei. Des. Carlos Eduardo
09.06.2010, rei. Silvia Goraieb, p. Moreira da Silva - § 4.667. C
2 8 . 0 6 . 2 0 1 0 - § 4.596 C
TJSP, ApCiv 9124781-
TJSC, 2007.040443-6, 1 . a Câm. Civ., j. 05.2004.8.26.0000, 23.° Câm. de
07.07.2010, rei. Carlos Prudêncio- Direito Privado, j. 29.06.2011, rei.
§ 4.674. C José Marcos Marrone - § 4.638. C
TJSP, ApCiv 9176419432005826, 33. a Súmula 1 3 0 - § 4.656. C
Câm. Direito Privado, j. 29.08.2011,
rei. Eros Piceli, DJe 31.08.2011 - § Súmula 1 7 9 -- § 4.669. C
! 4.658. C
| Súmula 2 3 3 -- §§ 4.623. C; 4.624. C
i TJSP, ApCiv 0138146-
17.2006.8.26.0000, 9. a Câm. d e Súmula 247 - § § 4.615. C; 4.617. C;
Direito Privado, j. 22.09.2011, rei. 4.623. C; 4.627. C
| J o s é Luiz Gavião de Almeida - §
j 4.656. C Súmula 258 - §§ 4.623. C; 4.627. C

í TJSP, ApCiv 9153665052008826, Súmula 259 - § 4.615. C


15. a Câm. d e Direito Privado, j.
08.11.2011, rei. Araldo Telles, DJ Súmula 271 - § 4.669. C
28.11.2011 - § 4 . 6 2 5 . C
Súmula 2 8 5 - '§ 4.641. C
TJRS, ApCiv 70045323128, 20. a
C â m . Civ., j, 14.12.2011, rei. Carlos Súmula 286 - § § 4.595. C; 4.621. C
Marchionatti - § 4.673. C 4.628. C; 4.631. C; 4.632. C

SÚMULAS Súmula 2 9 7 - § § 4.623. C; 4.665. C

S U P R E M O TRIBUNAL FEDERAL Súmula 300 - §§ 4.598. C; 4.623. C


Súmula 5 9 6 - § § 4.586. C; 4.597. C
Súmula 304 - § 4.663. C
Súmula 6 1 9 - § 4 . 6 6 3 . B
Súmula 3 2 2 - § § 4.619. C; 4.631. C
Súmula vinculante 2 5 - § § 4.598. B;
4.658. A; 4.663. A, B, C; 4.669. A Súmula 3 3 2 - § 4.628. C

Súmula 3 7 9 - § 4.600. C
S U P E R I O R T R I B U N A L DE J U S T I Ç A

Súmula 1 7 - § 4.660. C Súmula 381 - § § 4.597. C; 4.631. C


IV

ÍNDICE ALFABÉTICO DAS MATÉRIAS

Abertura de conta corrente: e contrato abertura de crédito e conta corrente,


de conta corrente, § 4.616, 1. 3; garantia à abertura de crédito, §
4.627; abertura de crédito a desco-
Abertura de crédito: e mútuo, § 4.589, berto e abertura de crédito garantida,
4; conceito de abertura de crédito, § 1; abrangência da garantia e extinção
4.623; conteúdo e extensão do con- da relação jurídica, 2; prorrogação
ceito; 1; função do crédito, 2; conteú- e renovação do contrato de abertura
do das retiradas na abertura de crédi- de crédito, § 4.628; prorrogação do
to, 3; natureza da abertura de crédito, contrato, 1; renovação ao contrato, 2;
§ 4.624; precisões, 1; teoria da aber- efeito principal de abertura, § 4.629;
tura de crédito contrato de mútuo, 2; momento da eficácia principal, 1;
teoria da atribuição do poder de dis- direito, pretensão e ação, 2; modo,
posição, 3; teoria da abertura de cré- lugar e tempo de exercício da preten-
dito pré-contrato, 4; teoria da abertu- são do creditado, § 4.630; conteúdo
ra de crédito antecipação bancária, 5; do contrato, 1; retiradas, 2; abertura
consensualidade do contrato de aber-
de crédito em moeda estrangeira, 3;
tura de crédito, 6; abertura de crédi-
comissão do creditador, 4; juros e
to, onerosidade e outros caracteres,
abertura de crédito, 5; incompensa-
7; abertura de crédito e normativi-
dade, 8; unilateralidade do contrato bilidade do crédito aberto, 6; dura-
de abertura de crédito, 9; abertura de ção prolongada, 7; limite do quanto
crédito e outros negócios jurídicos, § retirável, 8; existência e extinção da
4.625; abertura de crédito e mútuo, relação jurídica entre creditado e cre-
1; abertura de crédito e pré-contrato, ditador, § 4.631; causas de extinção,
2; abertura de crédito e contrato de 1; têrmo ou condição, 2; prazo inde-
fornecimento, 3; abertura de crédito terminado, denúncia e renúncia, 3;
e depósito bancário, 4; abertura de prazo determinado e denúncia cheia,
crédito e desconto, 5; abertura de 4; falência, insolvência e abertura de
crédito e acreditivo, 6; espécies de crédito, 5; impossibilidade super-
abertura de crédito, § 4.626; abertura veniente, 6; incapacidade, morte e
de crédito contra documento e aber- abertura de créditos, 7; conseqüên-
tura de crédito a favor de terceiro, 1; cias da extinção da relação jurídica
abertura de crédito simples e abertu- de abertura de crédito, § 4.632; ex-
ra de crédito em conta corrente, 2; tinção e crédito, 1; juros, comissões
e outras despesas, 2; espécies de cau- tória, 1; ação executiva, 2; ações de
sas de extinção, 3. mutuário, § 4.599; ação declaratória,
1; outras ações do mutuário, 2; Có-
Abstração: na assinação, § 4.634, 6.
digo Civil, art. 1.263, 3; pré-contrato
Abstratividaãe: da letra de risco, § de mútuo, 4.
4.613, 1.
Ações do acreditado: contra o acredi-
Abstratização: da letra de risco, §§ tante e contra o prestador acreditivo,
4.605, 7; 4.613, 1. §4.654,4.

Abzahlungsgeschafte, § 4.589, 9. Ações do mutuante, § 4.598.

Actio certae creditae pecuniae, § 4.585,1. Ações do mutuante a risco, § 4.610.

Ação condenatória: e mútuo, § 4.598, 1. Ações. do mutuário: declaratória, §


4.599,1; outras ações, 2; Código Ci-
Ação declaratória: e mútuo, §§ 4.598, vil, art. 1.258, 3; pré-contrato, 4.
1; 4.599, 1.
Açõespossessórias: e depósito, § 4.657,4.
Ação de depósito: e direito processual,
§ 4.663, 5. Acreditado: figura jurídica, § 4.646.

Ação de enriquecimento injustificado: e Acreditador: e acreditado, § 4.624,1.


letra de risco, § 4.614.
Acreditamento, veja Acreditivo.
Ação de liquidação judicial da conta Acreditante: e acreditado, §§ 4.641, 1;
corrente, § 4.622, 6. 4.642, 3; figura jurídica, § 4.645; e
Ação executiva: e mútuo, § 4.598, 2. posse de documentos, § 4.651, 2; e
banco encarregado, § 4.651, 3.
Ação por inadimplemento: que tem o
reportador, § 4.665, 4. Acreditivo: e abertura de crédito, §§
4.625, 6; 4.626, 1; conceito de acre-
Aceite: posição do assinado antes e de- ditivo, § 4.641; conceito de acrediti-
pois do aceite, § 4.636; e assinação, § vo e de assinação, 1; angularização
4.635, 4; e extinção da assinação, §§ das relações jurídicas, 2; atos inter-
4.639, 1; 4.640, 2. nacionais (Câmara de Comércio In-
ternacional), 3; natureza do acrediti-
Acessões: e depósito, § 4.663, 2, 5. vo, § 4.642; considerações prévias, 1;
teoria do acreditivo contrato a favor
Ações de nulidade: contrato de conta
. de terceiro, 2; teoria do acreditivo as-
corrente, § 4.615, 3.
sinação, 3; teoria do acreditivo man-
Ações derivadas da relação jurídica de dato de crédito, 4; acreditivo, negó-
mútuo: ações do mutuante, § 4.598; j cio jurídico^ de vinculação e negócio
ação declaratória e ação condena- I jurídico de reembolso, 5; acreditivo e
letra de câmbio, 6; espécies do acre- à relação jurídica de valuta, § 4.652;
ditivo, § 4.643; revogabilidade e ir- relação jurídica de valuta e relação
revogabilidade, 1; acreditivo limpo e jurídica de acreditivo, 1; conseqüên-
acreditivo documentário, 2; três figu- cias jurídicas da abstração, 2; direito
ras, § 4.644; análise das , relações ju- de retenção sôbre os documentos e
rídicas no acreditivo, 1; importância privilégio especial, 3; causas de ex-
da concepção precisa do acreditivo, tinção, § 4.653; relação jurídica acre-
2; acreditante e pessoa em nome de ditiva, 1; morte e superveniente inca-
quem se acredita, 3; figura do acre- pacidade, 2; falência, liquidação coa-
ditante, § 4.645; primeira figura, 1; tiva, ou concurso de credores civil, e
relação jurídica entre o acreditante e acreditivo, 3; enumeração das causas
o acreditado, 2; nulidade e anulabili- de extinção, 4; análise das causas de
dade do acreditivo, 3; figura do acre- extinção, § 4.654; revogação, 1; des-
ditado, § 4.646; conceito, 1; direito, truição do documento e perda sem
do acreditado, 2; figura do prestador recuperação, 2; adimplemento pelo
acreditivo, § 4.647; conceito, 1; de- prestador acreditivo, 3; ações, 4.
terminação e determinabilidade do
prestador, 2; confirmação, 3; unilate- Acreditivo de mercadorias, § 4.643, 2.
ralidade da confirmação, 4; abstrati-
vidade da confirmação, 5; substitui- Acreditivo documentário, § 4.643, 2.
ção do futuro prestador acreditivo, 6;
transferência dos direitos oriundos Acreditivo limpo, § 4.643, 2.
da confirmação, 7; prazo, § 4.648;
Acreditivo revogável: e acreditivo irre-
acreditivo e negócio jurídico causai,
vogável, § 4.643,1.
1; relação jurídica entre acreditante
e futuro prestador acreditivo, 2; for- Acrescidos: do bem depositado, §
ma, § 4.649; acreditivo e negócios 4.674, 3.
jurídicos subjacentes, 1; cláusula ou
pacto, 2; manifestações de vontade Actio certae creditae pecuniae, §§
em ângulo, 3; revogabilidade e irre- 4.663, 8; 4.666, 2.
vogabilidade, 4; "confirmação", ne-
gócio jurídico unilateral, 5; relações Actio depositi, §§ 4.663, 8; 4.666, 1.
jurídicas acreditivas, § 4.650; irra-
diação de eficácia, 1; relação jurídica Actio depositi directa, § 4.662, 2.
entre o acreditante e o acreditado, 2; Actio depositi seqüestraria, § 4.661, 7.
acreditivo e prestação acreditiva, 3;
transferência de direitos, 4; deveres Actio venditi: e acreditivo, § 4.652, 2.
do prestador acreditivo, § 4.651; exa-
me dos deveres, 1; remessa e entrega Adiantamento bancário: e mútuo, §
dos documentos, 2; deveres quanto 4.589,6.
aos documentos, 3; eficácia da con-
firmação, 4; problemas concernentes Adiectio, § 4.641, 1.
Adimplemento: na assinação, § 4.635, 5. Assinação: conceito de assinação, §
4.633; conceito, 1; espécies de assi-
Aeronaves: e depósito necessário, §
nação, 2; os figurantes da assinação,
4.667, 2.
3; natureza da assinação, § 4.634;
precisões, 1; assinação e assunção de
Albergue: e depósito necessário, §
dívida alheia, 2; assinação e entrega
4.667, 2.
de documento, 3; natureza da assi-
nação e eficácia da prestação, 4; re-
Álea: e mútuo a risco, § 4.604, 1.
lação jurídica de cobertura e relação
Aliud eiusdem generis, § 4.600, 1. jurídica de valuta, 5; abstração, 6;
forma e modalidades da assinação, 7;
Anatocismo: e contrato de mútuo a ris- assinação e mandato de pagar, 8; re-
co, § 4.602, 2. lações jurídicas irradiantes, § 4.635;
assinantes e assinado, 1; assinante e
Angularização das relações jurídicas, § assinatário, 2; assinatário e assinado,
3; aceite, 4; carta de crédito, 5; adim-
4.641, 2.
plemento, 6; objeções e exceções do
assinado, § 4.636; antes do aceite, 1;
Animus: e "corpus", §§ 4.594,2; 4.652,
efeitos do aceite do assinado sôbre
3; 4.662, 3.
as relações jurídicas de valuta e de
provisão, 2; transferência e cessão da
Anotações: contrato de conta corrente,
assinação, § 4.637; atos do assinatá-
§§4.615, 2; 4.618, 6. rio. 1; comunicação do assinado, 2;
eficácia da transferência, 3; direção
Antecipação bancária: e mútuo, § e eficácia, § 4.638; direção da assi-
4.589, 6. nação, 1; documento apresentável da
assinação, 2; prescrição, 3; depósito
Anulabilidade: do contrato de depósito, em consignação, 4: relações jurídi-
§ 4.659, 7. cas do assinado com o assinante, 5;
causas e extinção, § 4.639; casos de
Anulação: do acreditivo, § 4.645, 3. extinção, 1; entrega do documento e
destruição do documento, 2; exame
Apostilamentos: e contrato de conta das causas de extinção, § 4.640; re-
corrente, § 4.615, 2. vogação, 1; destruição do documen-
to, 2; adimplemento pelo assinado, 3.
Armários: locação e depósito, § 4.658, 5.
Assinação para jicar a dever, § 4.633, 2.
Armazéns gerais: e depósito, § 4.662, 5;
ação de depósito, § 4.663, 5. Assinação para pagar, § 4.633, 2.

Arrendamento: e depósito, § 4.658, 5. Assinação promissoria, § 4.633, 2.


Assinação solutória, § 4.633, 2. Balneários: e depósito necessário, §
4.667, 2.
Assinado: assinante e assinatário, §
4.635, 2, 3; antes do aceite, § 4.636, Banco: prestador acreditivo, § 4.651, 1;
1; depois do aceite, 2; relações com função operacional no acreditivo, §
os assinantes, § 4.638, 5. 4.644, 2.

Assinante: assinatário e assinado, § Bem depositado: e sucedâneo, § 4.674, 5.


4.635, 2, 3; e assinatário, § 4.633, 3.
Bem de depositário: e restituição, §
Assinatário: e assinante, § 4.633, 3; as- 4.674, 6.
sinado e assinante, § 4.635, 2, 3.
Bem imóvel: e depósito, § 4.659, 4.
Assunção de dívida alheia: e assinação,
Bem móvel: e depósito, § 4.659,4.
§ 4.634, 2.
Bens entregues: e bens portador, na hos-
,4fo de disposição: e mútuo, § 4.596, 1.
pedaria, § 4.667, 2.
Ato í/é comércio: mútuo a risco, §
Bens fungíveis: e depósito, § 4.664, 1.
4.604, 2.
Bens portados: e bens entregues ao
Ato íie gentileza: e depósito, § 4.658, 7.
hoteleiro, § 4.667, 2; de viajantes, §
4.672, 2.
Autorização: e contrato de mútuo, §
4.591,4; na assinação, § 4.635, 1. Bilateralidade: do contrato de conta
corrente, § 4.616, 3.
Avaria grossa: e mútuo arisco,§ 4.611,2.
Billet de grosse, § 4.613, 1.
Aviso da portaria do hotel: e depósito
necessário, § 4.667, 2. Bem fungível: e mútuo, § 4.591, 6.

Beteilungsgesellschaft, § 4.597,4.
Bagagem: e depósito necessário, §
4.672. Bilateralização do contrato de mútuo,
§ 4.586, 1.
Bagagem de hóspedes: e depósito ne-
cessário, § 4.667, 2. Bodmerei, §§ 4.605, 6; 4.613, 1.
Bagagens de viajantes: e depósito ne- Bottomry bond, § 4.613, 1.
cessário, § 4.667, 2.

Baldeações: e mútuo a risco, § 4.608, 3. Caixas fortes: locação, § 4.658, 5.


Calamidade pública: e depósito neces- Cessão: e pré-contrato de mútuo, §
sário, § 4.670. 4.590,7.

Camarote: e depósito necessário, § Cessão da assinação, § 4.637.


4.672.
Cessão de crédito: e mútuo a risco, §
Câmbio marítimo, § 4.587, 9. 4.609, 1.

Câmbio marítimo, veja Mútuo a risco. Chapeleiro: e depósito, § 4.661, 8.

Cancelar, e estornar, § 4.620, 1. Chegadas: contrato de conta corrente, §


4.615,2,3.
Capacidade: contrato de conta corren-
Circulação de letra de risco: § 4.609,1.
te, § 4.618, 2; abertura de crédito, §
4.631, 7; depósito, § 4.659, 1. Cláusula a favor de terceiro: no depósi-
to, § 4.663, 6.
Capitalização de juros: contrato de
conta corrente, § 4.619, 4. Cláusula de anuência do terceiro: para
se restituir o depósito, § 4.674, 2.
Capitão: e mútuo a risco, §§ 4.605, 3;
4.606, 2. Cláusula de assunção de risco, §
4.606, 1.
Carta circular (de crédito): e assinação,
§ 4.635, 5; § 4.639, 2. Cláusula de atendimento ao poder
aquisitivo: e mútuo, § 4.600, 1.
Carta de crédito: e abertura de crédito,
§ 4.625, 5; e assinação, §§ 4.633, 1; Cláusula de dever retirar: na abertura
4.635,5. de crédito, § 4.630, 2.

Carta de crédito de exportação, § Cláusula de (fazer) escala: no mútuo a


4.641, 1. risco, § 4.608,1.

Cláusula de gratificação: no depósito


Carta de crédito indireta de importa-
irregular, § 4.666, 5.
ção, §4.641, 1.
Cláusula de não-restituibüidade até
Carta de recomendação: e carta de cré-
certo tempo, § 4.663, 3, 4.
dito, § 4.635, 5.
Cláusula de pagar quando possa: no
Cartas circulares de crédito, § 4.639, 2. mútuo, § 4.695, 1.
Casas de pensão: e depósito necessário, Cláusula de prorrogação do mútuo, §
• § 4.667, 2. 4.600,1.
Caução: princípio da individualidade Cláusula de remuneração: no depósito
da caução, § 4.589, 6. irregular, § 4.666, 5.
Cláusula de resilição por falta de paga- Comercialidade: do mútuo a risco, §
mento rateai, § 4.600, 3. 4.604, 2.

Cláusula de responsabilidade como de- Comissão de creditador: na abertura de


positário, § 4.661, 3. crédito, § 4.630,4.

Cláusula de restituir, se quiser, § Commendare, § 4.665, 2.


4.595, 1.
Comodato; e depósito, § 4.658,2; e mú-
Cláusula de risco: no mútuo, § 4.602,2. tuo, § 4.589,.2.

Cláusula de substituibilidade: do depo- Commodatum loci, § 4.658, 5.


sitário, § 4.674, 2.
Compensação: e mútuo, § 4.590, 6; no •
Cláusula de tocar, no mútuo a risco, § contrato de conta corrente, § 4.621,
4.608, 1. 2; e novação a respeito de contrato de
conta corrente, § 4.620, 2; e contrato
Cláusula de uso (ou de uso e fruição): de conta corrente, § 4.616,1; e aber-
no depósito, § 4.662. tura de crédito, § 4.630, 6; e depósi-
Cláusula o mais breve possível: e mú- to, § 4.663, 8; e assinação, § 4.633,1.
tuo, § 4.595, 1. Concordata: contrato de conta corrente,
Cláusula quando mandar para outro § 4.622, 5.
Estado-membro, § 4.595, 1. Concurso de credores: e mútuo, §
Cláusula quando o mercado bancário 4.600, 5; e contrato de conta corren-
lhe permita, § 4.595, 1. te, § 4.622.

Cláusula quando terminar o edifício, § Concurso de credores civil: e acrediti-


4.595, 1. vo, § 4.653, 3.

Cláusula quando tiver mais: e mútuo, Condição: e contrato de mútuo, § 4.587,


§4.595,1. 9; e abertura de crédito, § 4.631, 2.

Cláusula "salvo cobrança": contrato Condição potestativa: e abertura de cré-


de conta corrente, § 4.618, 6. dito, § 4.630, 4.

Cláusula "salvo embolso": no reconhe- Condictio triticaria, § 4.585, 1.


cimento do saldo, § 4.621, 1; contra-
Confirmação: no acreditivo, §§ 4.642,
to de conta corrente, § 4.618, 6.
5; 4.647, 3; unilateralidade, 4; abs-
Cláusula vermelha: e carta de crédito, tratividade, 5; substituição do futuro
§ 4.635, 5. prestador acreditivo, 6; transferência
de direito, 7; do acreditivo, negócio
Cofres: locação, § 4.658, 5. jurídico unilateral, § 4.649, 5.
Confirmação do acreditivo: eficácia, § Contrato consensual: contrato de conta
4.651, 1, 4. corrente, § 4.616, 2; abertura de cré-
dito, § 4.624, 6.
Confirmar: não é solver, § 4.654, 3.
Contrato consensual de mútuo, §
Confirmed letter, § 4.625. 4.588, 3.
Confirmed letter of credit, § 4.642, 5. Contrato de abertura de crédito: e con-
Conhecimento de mercadorias: e acre- trato de conta corrente, § 4.617, 2.
ditivo, § 4.652, 3. Contrato de abertura de crédito em
Consensualidade: e ação de depósito, § conta corrente, § 4.616, 1.
4.657, 2. Contrato de adimplemento continuado,
§ 4.660, 2.
Conservação: e guarda no depósito, §
4.665, 1. Contrato de conta corrente: concei-
to do contrato de conta corrente,
Constituto possessório: e depósito, §
§ 4.615; precisões iniciais, 1; con-
4.661, 2.
ceito, 2; chegadas, 3; natureza do
Conta comum: contrato de conta cor- contrato de conta corrente, § 4.616;
rente, § 4.616, 6. primeiras explicações, 1; contra-
to consensual, 2; bilateralidade do
Conta conjunta: contrato de conta cor- contrato, 3; créditos e pretensões, 4;
rente, § 4.616, 5. normatividade do contrato de conta
corrente, 5; conta comum (ou conta
Conta corrente: contrato de conta cor- conjunta) e solidariedade, 6; contra-
rente, contrato de abertura de crédito to de conta corrente e outros contra-
em conta corrente, contrato de depó- tos ou atos parecidos, § 4.617; con-
sito bancário em conta corrente, §§ trato de conta corrente e tiragem de
4.616, 1; 4.617, 1. conta, 1; contrato de conta corrente
e contrato de abertura de crédito; 2;
Conta corrente bancária: e contratos de
mútuo e contrato de conta corrente,
conta corrente, § 4.617, 1, 4.
3; contrato de conta corrente e conta
Conta de gestão: e contrato de conta conrente bancária, 4; contas de ges-
corrente, § 4.617, 5. tão e contrato de conta corrente, 5;
pressupostos subjetivos e pressupos-
Conta vinculada: e mútuo, § 4.597, 3. tos objetivos, § 4.618; conclusão do
contrato de conta corrente, 1; capa-
Contrarius consensus: contrato de conta
cidade, 2; a que créditos se refere a
corrente, § 4.619, 1.
vinculação à conta contrato de conta
Contrato bilateral: mútuo a risco, § corrente, 4; corrente, 3; forma e pro-
4.604 e conta corrente, § 4.616, 2. va da garantia real ou fidujussória a
crédito que entrou, 5; chegada do Contrato de dinheiro a risco, §§ 4.587,
crédito contra terceiro, 6; interêsses 9; 4.603, 3; veja Mútuo a risco.
dos créditos, § 4.619; juros, 1; juros Contrato de duração: e de abertura
negociais e juros não negociais, 2; de crédito, § 4.630, 7; e depósito, §
regra jurídica dispositiva, 3; capita- 4.660, 2.
lização, 4; juros e reconhecimento
de saldo, 5; efeitos das entradas, § Contrato de fornecimento: e compra-e-
4.620; entradas de créditos, 1; efeito -venda, § 4.624, 2; e abertura de cré-
precípuo, 2; se há compensação en- dito, § 4.625, 3.
tre créditos entrados, 3; fechamento
Contrato de pensão-e-colégio: e depó-
da conta corrente, 4; garantia real ou
sito, § 4.655, 2.
pessoal do futuro e eventual crédito
do saldo, 5; saldo e reconhecimento, Contrato de reporte: e depósito, §
§ 4.621; reconhecimento do saldo, 4.665, 4.
1; crédito certo e líquido do saldo,
2; compensação, 3; fechamento da Contrato de exposição: e depósito, §
conta corrente e extinção da rela- 4.661, 4.
ção jurídica irradiada do contrato, §
Contrato de mandato de renda: e mú-
4.622; extinção da relação jurídica
tuo, § 4.589, 1.
oriunda do contrato de conta corren-
te, 1; distraio, 2; expiração do pra- Contrato de seguro: e contrato de mú-
zo, 3; falência, liquidação coativa e tuo a risco, § 4.602, 2.
concurso de credores civil, 4; erros
de cálculo e de escrita, inexatidões Contrato de transporte: e depósito §
materiais, 5; ações do figurante, 6; 4.658, 6.
prescrição, 7; medida cautelar ou
Contrato estimatório: e mútuo § 4.589,7.
executiva sôbre o saldo, 8.
Contrato normativo: contrato de conta
Contrato de custódia: e depósito, §§ corrente, § 4.616, 5; abertura de cré-
4.656, 2; 4.658, 1. dito, § 4.624, 8.
Contrato de depósito bancário em con- Contrato oneroso: abertura de crédito,
ta corrente, § 4.616, 1. § 4.624, 7.
Contrato de depósito de títulos de cré- Contrato real: mútuo a risco, § 4.604,
dito, § 4.666, 3. 1; de depósito, § 4.657, 2, 3.
Contrato de depósito de títulos repre- Contrato real de mútuo: conclusão, §§
sentativos, § 4.666, 3. 4.588, 3; 4.594, 1.
Contrato de desconto: e mútuo, § Contrato unilateral: o de abertura de
4.589,4. crédito, § 4.624, 9.
Contratos reais: e contratos consensu- Decretação de abertura de falência: e
ais, § 4.590, 3. contrato de conta corrente, § 4.619,1.

Convidados: a hotel e depósito necessá- Deckungsverhãltnis, § 4.635, 3.


rio de objetos, § 4.667, 2.
* Delegatio est solutio, § 4.633,7.
Corpus: e "animus", §§ 4.594, 2; 4.652, Delegatio promittendi, § 4.634, 1.
3; 4.662, 3.
Delegatio solvendi, § 4.634, 1.
Creditado: e acreditado, § 4.623, 1.
Denúncia: e mútuo, §§ 4.588, 2; 4.600,
Crédito: pretensões e ações, no mútuo e 4; contrato de conta corrente, §
no pré-contrato de mútuo, § 4.590, 5. 4.622, 1; e abertura de crédito, §§
4.631, 3; 4.632, 2; do contrato de de-
Crédito certo e líquido: no reconheci- pósito, § 4.660, 3.
mento de saldo, § 4.621, 2.
Denúncia cheia: e abertura de crédi-
Crédito contra terceiro: no contrato de to, §§ 4.631, 7; 4.632, 3; e depósi-
conta corrente, § 4.618, 6. to a têrmo, § 4.660, 4; e depósito, §
4.673.
"Crédito confirmado", § 4.649, 5.
Denúncia vazia: e contrato de conta
Crédito livre, § 4.649, 5. corrente, § 4.619, 1; e depósito, §
4.600, 4; e contrato de abertura, §
Crédito por aceite, § 4.641, 1.
4.673, 2.
Créditos disponíveis: na abertura de
Deporte: e depósito, § 4.665,4.
crédito, § 4.623, 1; conta corrente, §
4.616, 1. Depositante incapaz, § 4.659, 1.

Créditos remetíveis: contrato de conta Depositare, § 4.665, 2.


corrente, § 4.616, 1.
Depositário: e caráter pessoal da custó-
Crimes: e depósitos necessários, § dia, § 4.663, 7; esbulho ou turbação
4.671. da sua posse, § 4.674.

Custódia: e administração, § 4.663. Depositário incapaz, § 4.659, 2.

Depositário judicial: responsabilidade,


§ 4.669, 2.
Dação de lugar: e prestação, § 4.663, 1.
Depositário tornado incapaz, § 4.673,5.
Data: do mútuo a risco, § 4.605, 4.
Depósito: conceito do contrato de de-
Debitamentos: contrato de conta cor- pósito, § 4.655; conceito, 1; objeto
rente, § 4.615, 2. do contrato de depósito, 2; custódia e
depósito, § 4.656; dever de custódia, fora de tempo, 4; ação contra o depo-
1; contratos de custódia, 2; custódia sitário, dita ação de depósito, 5; ação
e dever de prestação, 3; natureza do de depósito e procedimento, 6; depo-
contrato de depósito, § 4.657; gra- sitário e caráter pessoal da custódia,
tuidade e onerosidade, 1; depósito, 7; incompensabilidade da dívida, 8;
contrato real, 2; direito brasileiro, 3; depósito de coisas fungíveis, com
posições jurídicas dos figurantes, 4; transmissão da propriedade, § 4.664:
depósito e outras figuras jurídicas, § "depositum ip-egulare", 1; conceito e
4.658; custódia, 1; depósito e loca- considerações gerais sôbre a espécie,
ção, 4; depósito e contratos com ele- 2; depósito e restituição, 3; depósito
mento de guarda, 5; outros contratos, irregular e outros contratos, § 4.665;
6; depósito e ato ou relação de genti- precisões, 1; depósito irregular e vin-
leza, 7; pressupostos subjetivos e ob- culação, 2; depósito bancário, 3; de-
pósito irregular e contrato de reporte,
jetivos, § 4.659; depositante incapaz,
4; suporte fáctico do art. 1.280 do
1; depositário incapaz, 2; pluralidade
Código Civil, 5; natureza e eficácia
de depositantes, 3; bem depositado,
do depósito irregular, § 4.666; pre-
4; modo de entrega, 5, se a forma é
cisões, 1; depósito irregular e outros
pressuposto necessário, 6; nulidade
contratos, 2; contrato de depósito de
e anulabilidade, 7; duração da re-
título de crédito e de títulos represen-
lação jurídica de depósito, § 4.660;
tativos, 3; depósito irregular e regras
espécies, 1; contrato de duração, 2;
jurídicas concernentes ao contrato de
depósito e determinação de tempo, mútuo, 4; depósito irregular e regras
3; têrmo a favor do depositante e têr- jurídicas sôbre depósito irregular, 5;
mo a favor do depositário, 4; direitos conceito e natureza do depósito ne-
e deveres do depositante, § 4.661; cessário, § 4.667; conceito, 1; baga-
despesas feitas pelo depositário, 1; gens de viajantes, hóspedes ou fre-
posse, elemento do suporte fáctico, gueses, nas hospedarias, estalagens
2; elementos de outros contratos, 3; ou casas de pensão, 2; transmissão e
contrato de exposição, 4; contrato extinção das pretensões do hóspede,
oneroso ou gratuito, 5; remuneração § 4.668; morte do hóspede, 1; reti-
parcial, 6; "sequestratio" e seqüestro, rada dos bens, 2; falta de comuni-
7; lugar dado sem assunção de dever cação, 3; depósito em desempenho
de custódia, 8; uso e custódia do bem do dever legal, § 4.669; extensão do
depositado, § 4.662; uso e proprieda- sentido de dever legal, 1; depositário
de, 1; regras jurídicas concernentes ao de bens em caso de penhora ou de
depósito, 2; alterações aos princípios medida tutelar, 2; depósito em oca-
do depósito, 3; depósito em seguran- sião de calamidade pública, § 4.670;
ça, 4; depósito nos armazéns gerais, espécies, 1; responsabilidade pela
5; deveres e direitos do depositário, custódia, 2; depósito em caso de in-
§ 4.663; dever de custodiar, 1; bem e fração, § 4.671; depósito de objetos
acessões, 2; restituição, 3; restituição que interessam ao processo penal, 1;
responsabilidade do Estado, 2; em- transmissão da propriedade, § 4.664;
barcações apreendidas, 3; depósito "depositum irregulares", em sentido
e viagens, § 4.672; custódia e dever estrito, 1; conceito e considerações
de prestação de transporte, 1; objetos gerais sôbre a espécie, 2; depósito
que o viajante leva consigo, 2; cau- e restituição, 3; depósito irregular e
sas de extinção da relação jurídica e outros contratos, § 4.665; precisões,
depósito, § 4.673; depósito e extin- 1; depósito irregular e vinculação,
ção da relação jurídica, 1; restituição 2; depósito bancário, 3; depósito ir-
do bem depositado, 2; pluralidade regular e contrato de reporte, 4; su-
de depositantes, 3; pluralidade de porte fáctico do art. 1.280 do Código
depositários, 4; depositário tornado Civil, 5; natureza e eficácia do depó-
incapaz, 5; particulares eventualida- sito irregular, § 4.666; precisões, 1;
des no tocante à restituição, § 4.674; depósito irregular e outros contratos,
restituição voluntária e restituição 2; contrato de depósito de título de
exigida, 1; restituição ao terceiro re- crédito e de títulos representativos, 3;
ferido no contrato, 2; frutos e acres- depósito irregular e regras jurídicas
cidos do bem depositado, 3; herdeiro concernentes, 4; depósito irregular e
do depositário, 4; bem depositado e regras jurídicas sôbre depósito regu-
sucedâneo, 5; bem próprio do depo- lar, 5.
sitário, 6; esbulho e turbação da pos-
se do depositário, 7. Depósito judicial: ação de depósito, §
4.663,5.
Depósito bancário: e contrato de con-
ta corrente, § 4.671, 4; e abertura de Depósito mercantil: irregular, § 4.666,4.
crédito, § 4.625, 4; e depósito irre-
Depósito necessário: conceito e nature-
gular, § 4.665, 3; e regras jurídicas
za do depósito necessário, § 4.667;
sôbre mútuo, § 4.666, 4.
conceito, 1; bagagens de viajantes,
Depósito áe títulos, § 4.666, 3. hóspedes ou fregueses, nas hospeda-
das, estalagens ou casas de pensões,
Depósito em desempenho de dever le- 2; transmissão e extinção das pre-
gal, § 4.669. tensões do hóspede, § 4.668; morte
do hóspede, 1; retirada dos bens, 2;
Depósito em estabelecimentos parae-
falta de comunicação, 3; depósito em
statais, § 4.669, 2.
desempenho do dever legal, § 4.669;
Depósito em garantia: ação de depósi- extensão do sentido de dever legal, 1;
to, § 4.663, 6. depositário de bens em caso de pe-
nhora ou de medida cautelar, 2; de-
Depósito em segurança, §-4.662, 4. pósito em ocasião de calamidade pu-
Depósito irregular: e mútuo, § 4.589, blica, § 4.670; espécies, 1; responsa-
3, 10; e ação de depósito, § 4.663, bilidade pela custódia, 2; depósito em
6; depósito de coisas fungíveis, com caso de infração, § 4.671; depósito de
objetos que interessam ao processo, ! Dever de déstinação: no mútuo a risco,
1; responsabilidade do Estado, 2; em- ii §4.612,1.
barcações apreendidas, 3; depósito e
viagens, § 4.672; custódia e dever de Dever de diligência: e de proteção, de-
prestações de transporte, 1; objetos pósito, § 4.658, 2.
que o viajante leva consigo, 2. Dever de notificação: no mútuo a risco,
Depósitos: e depósitos simples de títu- § 4.608, 4.
los, § 4.666, 3.
Dever de receber, no contrato consen-
Depósitos simples de títulos: e depósi- sual de depósito, § 4.657,2.
tos clausulados, § 4.666, 3.
Dever de reforçamento da garantia: na
Depositum est quod custodiendum ali- abertura de crédito, § 4.627, 1, 2.
cui datum est, § 4.656, 3. (

Dever de remessa: no contrato de conta


Depositum irregulare, §§ 4.664, 1;
corrente, § 4.618, 3.
4.665, 3.
| Dever de sigilo: e depósito, § 4.659,4.
Derrelicção: e depósito, § 4.656, 1.
! f Direção da assinação, § 4.638.
Desconto: e mútuo, § 4.589,4; e abertu-
ra de crédito, § 4.625, 5. Direito acessório: e mútuo, § 4.587, 6.
Déstinação do mútuo a risco, § 4.605,5. Direito à provisão: e depósito bancário,
Destruição do documento da assina- §4.665, 3.
ção, §§ 4.639, 1; 4.640, 2.
Direito de contralançar: contrato de
Desvalorização da moeda: e mútuo, conta corrente, § 4.618, 6.
§ 4.597, 3; e abertura de crédito, §
4.625, 5. Direito de retenção-, e mútuo, § 4.590,
6; e mútuo a risco, § 4.610, 4; sôbre
Dever de adminiatração: e contrato de documentos e acreditivo, § 4.652, 3;
depósito de títulos de crédito ou de e depósito, § 4.662, 2; que tem o de-
títulos representativos, § 4.666, 3. positário, § 4.663, 5.
Dever de aplicar: e mútuo, § 4.586. 1. Direito germânico: e mútuo, § 4.585,2.
Dever de comunicação: que tem o de- Direito medievo: e mútuo, § 4.585, 2.
positário, § 4.674, 7.
Direito real de garantia: e mútuo, §
Dever de custódia: depósito e como-
4.587,6.
dato, § 4.658, 2; do depositário, §
4.663, 1; e depósito, § 4.656, 1, 2; e Disponibilidade: no contrato de conta
de prestação, 3. corrente, § 4.617, 2.:
Distraio: do contrato de conta corrente, j Eficácia do acreditivo: relações jurídi-
§§ 4.619, 1; 4.622, 2; do acreditivo, cas acreditivas, § 4.650; irradiação
§4.651,4. de eficácia, 1; relação jurídica en-
tre o acreditante e o acreditado, 2;
Documento da assinação, § 4.638, 2.
acreditivo e prestação acreditiva, 3;
Documento do acreditivo: destruição, transferência de direitos, 4; deveres
§§ 4.653, 4; 4.654, 2. do prestador acreditivo, § 4.651;
exame dos deveres, 1; remessa e
Documentos: remessa e entrega, no entrega dos documentos, 2; deve-
acreditivo, § 4.651, 2; deveres quan- res quanto aos documentos 3; efi-
to aos documentos, 3. cácia da confirmação, 4; problemas
concernentes à relação jurídica de
Dokumentenakkreditiv, § 4.643, 2.
valuta, § 4.652; relação jurídica de
Duplum: de interêsses, § 4.664, 2. valuta e relação jurídica de acredi-
tivo, 1; conseqüências jurídicas da
abstração, 2.
Economia popular: e mútuo, § 4.597,
6. Eficácia do contrato de conta corrente:
efeitos das entradas, § 4.620; entra-
Effektenübernahmegesellschaft, § das de créditos, 1; efeito precípuo,
4.397, 4. 2; se há compensação entre créditos
entrados, 3; fechamento da conta
Eficácia cumulativa: e assinação, §
corrente, 4; garantia real ou pessoal
4.636, 2.
do futuro e eventual crédito do saldo,
Eficácia da assinação: relações jurídi- 5; saldo e reconhecimento, § 4.621;
cas irradiantes, § 4.635; assinantes e reconhecimento do saldo, 1; crédi-
assinado, 1; assinante e assinatário, to certo e líquido do saldo, 2; com-
2; assinatário e assinado, 3; aceite, 4; pensação, 3; fechamento da conta
carta de crédito, 5; adimplemento, 6; corrente e extinção da relação jurí-
objeções e exceções do assinado, § dica irradiada do contrato, § 4.622;
4.636; antes do aceite, 1; efeitos do extinção da relação jurídica oriunda
aceite do assinado sôbre as relações do contrato de conta corrente, 1; dis-
jurídicas de valuta e de provisão, 2; trato, 2; expiração do prazo, 3; falên-
transferência e cessão da assinação, cia, liquidação coativa e concurso de
§ 4.637; atos do assinatário, 1; comu- credores civil, 4; êrros de cálculo e
nicação do assinado, 2; eficácia da de escrita, inexatidões materiais, 5;
transferência, 3; direção e eficácia, § ações do figurante, 6; prescrição, 7;
4.638; direção da assinação, 1; docu- medida cautelar ou executiva sôbre o
mento apresentável da assinação, 2; saldo, 8.
prescrição, 3; depósito em consigna-
ção, 4; relações jurídicas do assinado Eficácia do contrato de depósito: direi-
com o assinante, 5. tos e deveres do depositante, § 4.661;
despesas feitas pelo depositário, 1; Emptio venditio: e mútuo, § 4.586, 2.
posse, elemento do suporte fáctico,
Endosso: e mútuo a risco, § 4.609,2.
2; elementos de outros contratos, 3;
contrato de exposição, 4; contrato Entrega do bem depositado, § 4.659, 6.
oneroso ou gratuito, 5; remuneração
parcial, 6; "seqüestrado" e seqüestro, Erros de cálculo: contrato de conta cor-
7; lugar dado sem assunção de dever rente, § 4.622, 5.
de custódia, 8; uso e custódia do bem
Êrros de escrita: contrato de conta cor-
depositado, § 4.662; uso e proprieda-
de, 1; regras jurídicas concernentes rente, § 4.622,5.
ao depósito, 2; alterações aos prin- Esbulho: da posse do depositário, §
cípios do depósito, 3; depósito em 4.674, 7.
segurança, 4; depósito nos armazéns
gerais, 5; deveres e direitos do depo- Escrita: e depósito, § 4.663,5.
sitário, § 4.663; dever de custodiar, 1;
bem e acessões, 2; restituição, 3; res- Espaço: e responsabilidade do hotelei-
tituição fora de tempo, 4; ação contra ro, § 4.667, 2.
o depositário, dita ação de depósito,
5; ação de depósito e procedimento, _ Essentialia depositi, § 4.666, 1.
6; depositário e caráter pessoal da
Estabelecimentos balneários: e depósi-
custódia, 7; incompensabilidade da
to necessário, § 4.667,2.
dívida, 8.
Estado: e responsabilidade em caso de
Eficácia do contrato de mútuo: efeito
mínimo, efeitos comuns e efeitos depósito neecssário, § 4.669, 2.
diferenciadores, § 4.596; três figuras Estalagens: e depósito necessário, §
e efeito mínimo e efeito comum, 1;
4.667, 2.
efeitos diferenciadores, 2; interêsses
e juros moratórios, § 4.597; interês- Estalajadeiros: ação de depósito. §
ses, 1; necessidades profundas de 4.663, 5.
crédito, 2; mútuo e inflação, 3; socie-
dades de participação em lucros, 4; Estornar: e cancelar, § 4.620, 1.
mútuo e títulos abstratos, 5; econo-
Estômo: contrato de conta corrente. §
mia popular e mútuo, 6.'
4.618, 6.
Empreitada: e depósito, § 4.655, 2.
Exceção "non adimpleti contractus
Empresas de investimentos: e mútuo, § § 4.665, 3; e abertura de crédito. §
4.597, 4. 4.627, 1; e acreditivo, § 4.645. 2.
"Empréstimo": mútuo e comodato, § Exceção "non ri te adimpleti contrac-
4.586,1. tus": & acreditivo, § 4.645, 2.
Exceptio non numeratae pecuniae, § ção, 1; adimplemento pelo prestador
4.665, 2. acreditivo, 3; ações, 4.

Execução judicial específica: e depósi- Extinção da relação jurídica de assi-


to, § 4.657, 3. nação: causas e extinção, § 4.639;
casos de extinção, 1; entrega do do-
Expectativa: e assinação, § 4.634,1. cumento e destruição do documento,
2; exame das causas de extinção, §
Export letter of credit, § 4.641, 1.
4.640; revogação, 1; destruição do
Exposições artísticas: industriais e documento, 2, adimplemento pelo
científicas e depósito, § 4.661,4. assinado, 3.

Exprotnissio: e "delegatio", § 4.634, 2. Extinção da relação jurídica de depó-


sito: causas de extinção da relação
Extinção da relação jurídica de aber- jurídica e depósito, § 4.673; depósito
tura de crédito\ existência e extinção e extinção da relação jurídica, 1; res-
da relação jurídica entre creditado e tituição do bem depositado, 2; plura-
creditador, § 4.631; causas de extin- lidade de depositantes, 3; pluralidade
ção, 1; têrmo ou condição, 2; prazo de depositários, 4; depositário torna-
indeterminado, denúncia e renún- do incapaz, 5; particulares eventuali-
cia, 3; prazo determinado e denún- dades no tocante à restituição exigi-
cia cheia, 4; falência, insolvência e da, 1; restituição ao terceiro referido
abertura de crédito, 5; impossibili- no contrato, 2; frutos e acrescidos do
dade superveniente, 6; incapacidade, bem depositado, 3; herdeiro do depo-
morte e abertura de crédito, 7; conse- sitário, 4; bem depositado e sucedâ-
qüência da extinção da relação jurí- neo, 5; bem próprio do depositário,
dica de abertura de crédito, § 4.632; 6; esbulho e turbação da posse do
extinção e crédito, 1; juros, comis- depositário, 7.
sões e outras despesas, 2; espécies de
Extinção da relação jurídica, de mútuo:
causas de extinção, 3.
causas de extinção, § 4.600; restitui-
Extinção da relação jurídica de acre- ção, 1; impossibilidade de restituição
ditivo: causas de extinção, § 4.653; não imputável ao mutuário, 2; inadim-
relação jurídica de valuta e relação plemento e resilição, 3; denúncia, 4;
jurídica acreditiva, 1; morte e super- concurso de credores, 5; danos oriun-
veniente incapacidade, 2; falência, dos da mora, 6; revogação, § 4.601;
liquidação coativa, ou concurso de revogação do pré-contrato de mútuo,
credores civil, e acreditivo, 3; enu- 1; contrato de mútuo, 2.
meração das causas de extinção, 4; Extinção da relação jurídica de mútuo
análise das causas de extinção, § a risco: pagamento do capital e inte-
4.654; revogação, 1; destruição do rêsses, § 4.611; capital e interêsses,
documento e perda sem recupera- 1; extinção total ou parcial, por ter
acontecido perda total ou parcial, 2; do contrato de depósito irregular, §
resolução do contrato de mútuo a ris- 4.664,2.
co por infração do dever de déstina-
Fórum destinatae solutionis, § 4.641, 2.
ção, § 4.612; dever de déstinação, 1;
resolução e resilição, 2. Fracionabilidade: do adimplemento,
§ 4.624; no contrato de abertura de
Extrato de conta corrente: no contrato
crédito, 2.
de conta corrente, § 4.621, 1, 2.
Extratofinal:no contrato de conta cor- Frete: objeto de risco, § 4.603, 1.
rente, § 4.619, 3. | Frutos: e depósito, § 4.663, 5; e acres-
cidos do bem depositado, § 4.674, 3.
jFaenus: ou foenus, ou fenus, § 4.603, 2. Fungibilidade: consumibilidade e con-
trato de mútuo, § 4.588, 4.
Falência: contrato de conta corrente,
§ 4.622, 4; e abertura de crédito, § Futuro prestador acreditivo, veja Pre-
4.631, 5; e acreditivo, § 4.653, 3. stador acreditivo.
Fechamento da conta corrente: contrato
de conta corrente, § 4.620, 4; extin-
Garantia à abertura de crédito, §
ção da relação jurídica oriunda do
4.627.
contrato de conta corrente, § 4.622;
na abertura de crédito, § 4.625, 3. Garantia bilateral do crédito: contrato
de conta corrente, § 4.615, 2.
Felix: étimo, § 4.603, 2.
Garantia real: e mútuo, § 4.595, 2.
Fiança: e mútuo, § 4.595, 2; e contrato
de conta corrente, §§ 4.617, 5; 4.620, Gentileza: e depósito, § 4.658, 7.
5; e confirmação do acreditivo, §
4.645, 2. Genus limitatum: e mútuo, § 4.600,1.

Fim jurídico: do mútuo, § 4.588, 1. Gheldt or ships bodem, § 4.605, 6.

Fixgeschãft: e acreditivo, § 4.650, 3. Gorjeta: e depósito, § 4.661, 5.

Foenus nauticum, § 4.602, 2. Gratificação: e depósito, § 4.655, 1.

Forma: do contrato de mútuo, § 4.592; Gratuidade: e onerosidade do depósito,


regras jurídicas gerais, 1; Código Ci- § 4.657, 1; do depóoito, § 4.661,5.
vil, art. 133, 1; do mútuo a risco, §
4.605,2; e prova do contrato de con- Guarda: e depósito, §§ 4.655,1; 4.661,1.
ta corrente, § 4.618, 4; do acreditivo, Guarda-chapéus: e depósito, § 4.661, S.
§ 4.649; cláusula de pacto, 2; ângulo
3; e depósito, §§ 4.659, 6; 4.663, 5; Guarda forçada: e depósito, § 4.661, 8.
Herdeiro do depositário: e restituição Incapacidade superveniente: e acrediti-
do bem depositado, § 4.674, 4. vo, § 4.653, 2.

Herdeiros: do depositário, § 4.663, 5. Incapazes: e mútuo, § 4.591.

"Hipoteca": têrmo erradamente em- Incedíbilidade do crédito, § 4.590,7.


pregado, em vez de "privilégio", §
Incêndio: e depósito necessário, §
4.603, 3.
4.670, 1.
Hipoteca: princípio da individualidade,
Incompensabilidade: do crédito aberto
§ 4.589, 6.
§ 4.630, 6; da dívida de depósito, §
Holding-company, § 4.597, 4. 4.663, 8.

Honoração: do acreditivo, §§ 4.653, 4; * In delegatione semper inest novatio


4.654, 3. etiam iure novíssimo, § 4.634,1.

Hospedarias: e depósito necessário, § Indirect imported letter of credit, §


4.667, 2. 4.641, 1.

Hospedeiros', ação de depósito, § 4.667,2. Inexigibilidade: e indisponibilidade de


crédito, § 4.620, 1; e indisponibilida-
Hotéis: e depósito necessário, § 4.667,2.
de no contrato de conta corrente, §
4.622, 8.
Idem corpus, § 4.656, 1.
Inflação: e mútuo, § 4.597, 3.
Impossibilidade de restituição: e mú-
Insolvência: e abertura de crédito, §
tuo, § 4.600, 2.
4.631,5.
Impossibilidade de restituição não im-
Interdição: e depósito, § 4.673, 5.
putável ao mutuário, § 4.600, 2.

Impossibilidade superveniente: e aber- Interesses: e mútuo, § 4.597, 1.


tura de crédito, § 4.631, 6. Interêsses dos créditos: contrato de
Inadimplemento: e resilição, mútuo, conta conta corrente, § 4.619.
§ 4.600, 3; e mora do mutuário, § Interveniente litisconsorcial: e ação de
4.600, 6.
depósito, § 4.663, 5.
Inadimplenti non est adimplendum, §
Inundação: e depósito necessário, §
4.627, 1.
4.670, 1, 2.
Incapacidade: e mútuo, § 4.591; con-
Invalidade: do contrato de mútuo a ris-
trato de conta conrente, § 4.618, 2;
co, § 4.606, 1.
e abertura de crédito, § 4.631, 7; do
depositante, § 4.659, 1. Invitatio ad depositandum, § 4.658, 2.
Invitatío ad offerendum: e contrato de letras a risco subscritas pelo capital
conta corrente, § 4.618, 1. ou por pessoa que lhe corresponda,
2; causas da subscrição, § 4.614; ati-
Iudicium contrarium, § 4.662, 2. tude do capitão, 1; privilégio, 2.
Ius cogens: Código Civil, art. 1.269, § Lettre de grosse, § 4.613,1.
4.663, 3.
Liquidação coativa: contrato de con-
Ius dispositivum: Código Comercial, ta corrente, § 4.622 4; e abertura de
art. 248, § 4.587, 5; regra jurídica crédito, § 4.631, 5; e acreditivo, §
. não escrita, § 4.590, 9; Código Civil, 4.653,3.
art. 1.264, § 4.595, 1; Código Co-
mercial, art. 638, l,a e 2.a partes, § Locação: e depósito, § 4.658,4.
4.605, 8; Código Civil italiano, art.
1.829, § 4.618, 6; Código Comer- Locação de cofres fortes: e depósito de
cial, art. 248, alínea 2.a, § 4.619, 3; títulos, § 4.666, 3.
Código Civil, art. 1.268, §§ 4.660, 3;
Locação de serviços: e depósito §
4.663, 3; Código Civil, art. 1.274, §
4.655,2.
4.673, 2.
-Locus regit actum: e mútuo a risco, §
Ius excipiendi: e acreditivo, § 4.651, 4.
4.605, 2.
Ius inteipretativum: Código Civil ale-
mão, § 321, § 4.590, 9. Locatio conductio: e mútuo, § 4.586,2.

Lombardgeschãft, § 4.642, 5.
Juros-, e mútuo, capitalização, §§ 4.588, Lugar dado sem assunção de dever de
2; 4.597. custódia, § 4.661, 8.

Lugar da entrega do objeto muniado, §


ifapitalanlagegesellschaft, § 4.397,4. 4.594, 5.

Kontrollgesellschaft, § 4.597, 4. Lugar da restituição: e mútuo, § 4.595,3.

Lugar do adimplemento: e mútuo, §


Leiloeiros: ação de depósito, §. 4.663,5. 4.590, 8.

Letra de câmbio: e letra de risco, §


4.613, 1; e acreditivo, si § 4.642, 6. Manus iniectio, § 4.585, 1.
Letra de crédito: e assinação, § 4.635, 5. Mandato: e assinação, § 4.633, 1; e de-
pósito, § 4.658, 3.
Letra de risco: título abstratizado, §
4.605, 7; circulação, § 4.609, 1; con- Mandato de pagar: e assinação, §
ceito e natureza, § 4.613; letras, 1; 4.634, 8.
Mandato de renda: e mútuo, § 4.589, 1. Motim: e depósito necessário, § 4.670,1.

Medida cautelar: e saldo, no contrato "Motivo plausível": para a denúncia do


de conta corrente, § 4.622, 8. depósito, § 4.673.

Medida constritiva: e depósito, § 4.663,1. Móvel-pertença: e depósito, § 4.658, 5.

Medida executiva: e saldo no contrato Mutuante a risco: e direitos e preten-


de conta corrente, § 4.622, 8. sões, § 4.610.

Medidas cautelares: e depósito neces- Mútuo: dados históricos e conceito, §


sário, § 4.667, 1. 4.585; dados históricos, 1; direito ger-
mânico e direito medievo, 2; conceito
Medidas constritivas: e saldo no con- de mútuo, § 4.586; Código Civil, art.
trato de conta corrente, § 4.622, 8; e 1.256, 1; classificação do contrato de
depósito necessário, § 4.667,1. mútuo, 2; realidade e consensualida-
Medidas de requisição: e depósito ne- de, § 4.587; mútuo e objeto do mú-
tuo, 2; mútuo de convenção, 3; mútuo
cessário, § 4.667, 1.
para pagamento a terceiro, 4; mútuo
Medidas executivas: e depósito neces- mercantil, 5; mútuo com direito real
sário, § 4.667, 1. de garantia, 6; mútuo com déstina-
ção, 7; mútuo com destino ilícito, 8;
Menores: e mútuo, § 4.591, 5. condições e contrato de mútuo, 9; na-
tureza do contrato de mútuo, § 4.588;
Moeda estrangeira: abertura de crédito,
sentido econômico e fim jurídico, 1;
§4.630,3.
natureza do contrato de mútuo, 2;
Moeda fora de curso: e mútuo, § 4.600, contrato real, 3; pluralidade de mutu-
2. ários, 4; contrato de mútuo e outros
negócios jurídicos, § 4.589; preci-
Moeda recolhida: e mútuo, § 4.600, 2. sões, 1; mútuo e comodato, 2; mútuo
e depósito irregular, 3; mútuo e con-
p o ú o v , § 4.585, 1.
trato de desconto, 4; mútuo e abertura
Mora: do mutuário e danos, § 4.600, 6. de crédito, 5; mútuo e adiantamento
bancário, 6; mútuo e contrato estima-
Mora creditoris: e depósito, § 4.657, 3. tório, 7: contrato fiduciário e mútuo,
8; mútuo e negócios jurídicos a pres-
Morte: e contrato de conta corrente, §
tações, com ou sem interêsses, 9; mú-
4.619, 1; do acreditante, do acredita-
tuo e depósito irregular, 10; promessa
do ou do futuro prestador acreditivo,
de mútuo (pré-contrato de mútuo), §
§ 4.653, 1; e abertura de crédito, §
4.590; conceito, 1; ofertas de mútuo e
4.631,7.
ofertas de promessa de mútuo, 2; vin-
Morte do hóspede: e depósito em hotel, culação e pré-contrato, 3; determina-
§ 4.668, 1. . ção do quanto mutuando, 4; crédito,
pretensões e ações, 5; compensação inadimplemento e resilição, 3; denún-
e direito de retenção, 6; pretensão, 7; cia, 4; concurso de credores, 5; danos
lugar do adimplemento, 8; extinção oriundos da mora, 6; revogação, §
da dívida oriunda do pré-contrato de 4.601; revogação do pré-contrato de
mútuo, 9; capacidade para dar em mútuo, 1; contrato de mútuo, 2; e
mútuo, para prometer mútuo e para contrato de conta corrente, § 4.617,
receber em mútuo, § 4.591; poder de 3; e abertura de crédito, § 4.625,1; e
dispor e capacidade, 1; relativamente depósito irregular, § 4.665,1; e regras
incapazes, 2; podêres para contratar jurídicas que incidem a propósito de
mútuo ou para pré-contratar mútuo, depósito, § 4.666,4.
3; sanção, 4; mútuo a pessoa menor,
5; espécies de objeto do mútuo, 6; Mútuo a risco: conceito e natureza do
objeto do mútuo, § 4.592; fungibili- mútuo marítimo a risco, § 4.602;
dade, 1; tradição de todo o objeto, ou conceito, 1; cláusula de risco, 2; da-
de parte, 2; forma do contrato de mú- dos históricos, § 4.603; direito grego,
tuo, § 4.593; regras jurídicas gerais, 1; direito romano, 2; direito brasilei-
1; Código Civil, art. 133, 2; tradição ro, 3; natureza do mútuo a risco, §
do bem mutuado, § 4.594; contrato 4.604; bilateralidade, 1; comercia-
real de mútuo, 1; casos especiais de lidade, 2; pressupostos subjetivos
tradição, 2; lugar de entrega, 3; tempo r e objetivos do contrato de mútuo a
e lugar para a restituição pelo mutu- risco, § 4.605; pressupostos necessá-
ário, § 4.595; restituição e tempo, 1; rios, 1; forma, 2; quem pode concluir
vencimento antecipado, 2; lugar da contrato de mútuo a risco, 3; data e
restituição, 3; efeito mínimo, efeitos lugar em que o empréstimo se faz, 4;
comuns e efeitos diferenciadores, § objeto do mútuo a risco (capital e in-
4.596; três figuras e efeito mínimo e terêsse), 5; bens sujeitos ao privilégio
efeito comum, 1; efeitos diferencia- especial, 6; riscos tomados, 7; per-
dores, 2; interêsses e juros morató- curso a que o mútuo ariscose refere,
rios, § 4.597; interêsses, 1; necesida- 8; pressupostos de validade, § 4.606;
des profundas de crédito, 2; mútuo e validade e invalidade, 1; empréstimo
inflação, 3; sociedades de participa- tomado pelo capitão ou pessoa que
ção em lucros, 4; mútuo e títulos abs- lhe corresponda, 2: eficácia do mú-
tratos, 5; economia popular e mútuo, tuo a risco, § 4.607; registo ou visto,
6; ações do mutuante, § 4.598; ação 1; vencimento do mútuo a risco, 2;
declaratória e ação condenatória, 1; responsabilidade criminal dos figu-
ação executiva, 2; ações de mutuário, rantes, 3; cláusulas, incidentes e aci-
§ 4.599; ação declaratória, 1; outras dentes do percurso, § 4.608; cláusula
ações do mutuário, 2; Código Civil, de tocar e cláusula de escala, 1; cláu-
art. 1.263, 3; pré-contrato de mútuo, sula de pré-exclusão das avarias co-
4; causas de extinção, § 4.600; res- muns, 2; transferências e baldeações,
tituição, 1; impossibilidade de resti- 3; dever de notificação da prêsa, de-
tuição não imputável ao mutuário, 2; sastre ou outra ocorrência ligada ao
risco, 4; mútuo a risco e seguro, 5; Mútuo mercantil: e mútuo civil, §
privilégio especial do mutuante a ris- 4.587, 5.
co, 6; transferência do crédito a ris-
co, § 4.609; cessão e circulação, 1; Mútuo monetário, § 4.592, 1.
endosso, 2; direitos e pretensões do
Mútuo pecuniário, § 4.592, 1.
mutuante, § 4.610; adimplemento da
dívida pelo mutuário, 1; pretensão e Mutuum, § 4.585,1.
ação para haver a importância a des-
coberto, 2; ocorrência de perda total
ou parcial, 3; ação para adimplemen- /Vaturalia depositi, § 4.666, 1.
to da dívida do capital e interêsses, 4;
prescrição, 5; pagamento do capital e Naturalis possessio: e depósito, § 4.662,2.
interêsses, § 4.611; capital e interês-
Naufrágio: e depósito necessário, §
ses, 1; extinção total ou parcial, por
ter acontecido perda total ou parcial, 4.670, 1, 2.
3; ação para adimplemento da dívida
Navios com dormida: e depósito neces-
do capital e interêsses, 4; prescrição,
sário, § 4.667, 2.
5; pagamento do capital e interêsses,
§ 4.611; capital e interêsses, 1; ex- Necessidade profunda de crédito, §
tinção total ou parcial, por ter acon-
4.597, 2.
tecido perda total ou parcial, 2; reso-
lução do contrato de mútuo a risco Negócio jurídico de reconhecimento: e
por infração do dever de destinação, contrato de conta corrente, § 4.621,1.
§ 4.612; dever de destinação, 1; re-
solução e resilibilidade, 2; conceito Negócio jurídico de reembolso, § 4.642,5.
e natureza, § 4.613; letras, 1; letras
a risco subscritas pelo capitão ou por Negócio jurídico de vinculação: e acre-
pessoa que lhe corresponda, 2; cau- ditivo, § 4.642, 5.
sas da subscrição, § 4.614; atitude do
capitão, 1; privilégio, 2. Negócio jurídico fixo: e acreditivo, §
4.650, 3.
Mútuo a risco necessário, § 4.605, 3.
Negócio jurídico normativo: contrato
Mútuo a risco voluntário, § 4.605, 3. de conta corrente, § 4.616, 5.
Mútuo com destinação, § 4.587, 7. Negócio jurídico solutório: e mútuo, §
Mútuo com destino ilícito, § 4.587, 8. 4.589,5.

Mútuo com direito real de garantia, § Negócio jurídico unilateral da assina-


4.658, 6. ção, § 4.634, 4.

Mútuo de convenção: e pacto de mútuo Negócios jurídicos a prestações: e mu-


de prestação, § 4.587, 3. tuo, § 4.589, 9.
Negócios jurídicos de crédito "stricto Pacto adjecto: e uso do bem deposita-
sensu", § 4.596, 1. do, § 4.662, 1.

Negócios jurídicos subjacentes: e acre- Pacto de acreditivo, § 4.648, 2.


ditado, §§ 4.649, 3; 4.651, 3.
Pacto de mútuo de prestação: e mútuo
Nemo potest cogi ad factum, § 4.657, 3. de convenção, § 4.587,3.
Novação: e mútuo, § 4.587, 3; e con-
trato de conta corrente, §§ 4.615, 1; Pacto de pagamento por acreditivo, §
4.616, 5; 4.620, 2. 4.650,2.

Nulidade: e abertura de crédito, § 4.631; Pactum de commodando, § 4.590,1.


do acreditivo, § 4.645, 3; do contrato
de depósito, § 4.659, 7. Pactum de contrahendo, § 4.590,1.

Pactum de deponendo, § 4.657, 3,4.


Objeto do mútuo a risco, § 4.605, 5.
Pactum de mutuo accpiendo, § 4.586,1.
Objeto ilícito: e mútuo, § 4.587, 8.
Pactum de mutuo dando, §§ 4.586, 1;
Objeto do mútuo: § 4.591, 6; fungibili- - 4.590, 1; 4.591, 6.
dade, § 4.592,1; e oferta de promes-
sa de mútuo, § 4.590,4. Pactum de mutuo dando et accpiendo,
§§ 4.586,1; 4.590,1.
Oferta ao público: e contrato de conta
corrente, § 4.618,1. Pagamento a terceiro: e mútuo, § 4.587,
4.
Onerosidade: e gratuidade do depósito,
§ 4.657, 1; do depósito, § 4.661, 5; Pátrio poder: e mútuo, § 4.591,4.
e depósito, ambigüidade do têrmo, §
4.666,5. Penhor: princípio da individualidade, §
4.689, 6; e depósito, § 4.658, 6.
Ônibus com leitos: e depósito necessá-
rio, § 4.667,2. Penhora: e depósito de bens, § 4.669,2.

Ônus de alegar e provar: a perda, no Percurso: e mútuo a risco, § 4.605, 8.


mútuo a risco, § 4.608, .3.
Pluralidade de depositantes, §§ 4.659,
Ordem de pagamento: e carta de crédi- 3; 4.673, 3.
to, § 4.635, 5.
Pluralidade de depositários, § 4.673,4.

Pacotes fechados: e depósito, § 4.659,6. Pluralidade de mutuários, § 4.588, 4.


Poder de dispor: e mútuo, § 4.591; de- Prescrição: e mútuo a risco, § 4.610, 5;
pósito bancário, § 4.665, 3. e contrato de conta corrente, § 4.622
7; e assinação, § 4.638, 3.
Posse: de documentos ligados a acredi-
tivo, §§ 4.651, 2; 4.652, 3; elemen- Prestação acreditiva, § 4.650, 3; e ex-
to do suporte fáctico do depósito, § tinção da relação jurídica, §§ 4.653,
4.661,2. 4; 4.654, 3.

Posse do depositário, § 4.663, 1; esbu- Prestador acreditivo: figura jurídica, §


lho e turbação, § 4.674, 7. 4.647; conceito, 1; determinação e
determinabilidade, 2; confirmação,
Prazo: no acreditivo, § 4.648. 3; unilateralidade da confirmação,
. 4; abstratividade da confirmação, 5;
Prazo determinado: e abertura de crédi- substituição, 6; transferência de di-
to, §4.631, 3, 4. reitos, 7; deveres, § 4.651; e posse de
documentos, § 4.651, 3.
Pré-contrato: e abertura de crédito, §
4.625, 2. Prêt à la grosse aventure, § 4.603,3.

Pré-contrato de depósito, § 4.657, 2, 3. Pretensão à entrega da posse: e depósi-


to, §4.661,2.
Pré-contrato de mútuo, § 4.590; con-
ceito, 1; ofertas de mútuo e oferta de Pretium periculi, § 4.602, 2.
promessa de mútuo, 2; vinculação
e pré-contrato, 3; determinação do Princípio da facultatividade das re-
quanto mutuando, 4; crédito, pre- messas: contrato de conta corrente,
tensões e ações, 5; compensação e §4.616, 1.
direito de retenção, 6; incedibilidade
Princípio da reciprocidade: no contrato de
do crédito e da pretensão, 7; lugar do
conta corrente, §§ 4.616,1; 4.618,1.
adimplemento, 8; extinção da dívida
oriunda do pré-contrato de mútuo, 9;
Princípio da restituibilidade cogente, §
e capacidade, § 4.591. 4.662,2.

Preisbildung, § 4.589, 9. Princípio da restituibilidade do depósi-


to, § 4.663, 1.
Princípio da individualidade do penhor:
da hipoteca e da caução, § 4.589, 6. Princípio nominalístico: e mútuo, §
4.600, 1.
Presa: dever de comunicação, no mútuo
a risco, § 4.608,4. Privilégio: e letra de risco, § 4.614.
Privilégio especial: no mútuo a risco, Rasuras: em documentos ligados ao
§§ 4.605, 6; 4.608, 6; no acreditivo, acreditivo, § 4.651, 3.
§ 4.652, 3.
Recibo de retirada: na abertura de cré-
Privilegium exigendi, § 4.665, 2. dito, § 4.630, 2.

Processo penal: e depósito necessário, Reciprocidade: característica do con-


§ 4.671, 1: responsabilidade do Es- trato de conta corrente, §§ 4.616, 1;
tado, 2; embarcações apreendidas, 3. 4.618, 1.

Recomendação de aplicar a prestação:


Promessa de mútuo, § 4.590; conceito,
e dever de aplicar, § 4.586, 1.
1: ofertas de mútuo e ofertas de pro-
messa de mútuo, 2; vinculação e pré- Reconhecimento do saldo: e juros, no
-contrato, 3; determinação do quanto contrato de conta corrente, §§ 4.619,
mutuando, 4; crédito, pretensões e 5; 4.620, 2; 4.621.
ações, 5; compensação e direito de
retenção, 6; incedibilidade do crédito Red clause, § 4.635, 5.
e da pretensão, 7; lugar do adimple-
mento, 8; extinção da dívida oriunda Registo: do mútuo, a risco, § 4.607,1.
do pré-contrato de mútuo, 9.
Regras jurídicas sôbre depósito regu-
Prorrogação do contrato de abertura de lar: aplicáveis ao depósito irregular,
§ 4.666, 5.
crédito, §§ 4.627, 2; 4.628; prorroga-
ção do contrato, 1; renovação do con- Regulação das chegadas: contrato de
trato, 2; efeito principal de abertura, § conta corrente, § 4.615,2.
4.629; momento da eficácia principal,
1; direito, pretensão e ação, 2; modo, Relação de gentileza: e depósito, §§
lugar e tempo de exercício da preten- 4.655, 1; 4.658, 7.
são do creditado, § 4.630; conteúdo
do contrato, 1; retiradas, 2; abertura de Relação jurídica de cobertura: e assi-
crédito em moeda estrangeira, 3; co- nação, §§ 4.634, 5; 4.635, 3.
missão do creditador, 4; juros e aber-
Relação jurídica de depósito: duração,
tura de crédito, 5; incompensábilidade
§ 4.660.
do crédito aberto, 6; duração prolonga-
da, 7; limite do quanto retirável, 8. Relação jurídica de valuta: e assinação,
§ 4.634, 5; no acreditivo, § 4.641, 2;
e acreditivo, § 4.652, 1; e relação ju-
Quaestio facti: e ação de depósito, § rídica de acreditivo, § 4.653, 1.
4.657, 3.
Relação jurídica justajacente: e acredi-
Quasi nauticum foenus, § 4.602, 2. tivo, § 4.653, 1.
Remboursgeschãft, § 4.642, 5. Res fungibiles, § 4.585,1.

Remédios jurídicos possessórios: e de- Resilidade: do mútuo a risco, § 4.612,


pósito, § 4.657, 4. 2.

"Remessa": e "entrada", § 4.615,8. Resilição: do contrato de depósito, §


4.673, 1.
Remessa postal: e assinação, § 4.633,2.
Resilição do contrato de abertura de cré-
Remuneração: e depósito, § 4.657,1. dito, §§ 4.630,4; 4.631,1; 4.632,3.

Remuneração parcial: e depósito, § Resilição do mútuo: por inadimplemen-


4.661, 6. to, § 4.600,3; cláusula para o caso de
não pagamento rateai, 3.
Renovação do contrato de conta cor-
Resolução: do contrato de abertura de
rente, § 4.621, 2.
crédito, §§ 4.631, 1; 4.632, 3; do
Renovação do contrato de mútuo, § contrato de depósito, § 4.673.
4.600,4.
Resolução do contrato de abertura de
Renovação do contrato de abertura de crédito, § 4.630, 4.
crédito, §§ 4.627,2; 4.628; prorroga-
Resolução do contrato de mútuo a ris-
ção do contrato, 1; renovação do con-
co, § 4.612.
trato, 2; efeito principal de abertura,
§ 4.629; momento da eficácia prin- Responsabilidade criminal: e mútuo a
cipal, 1; direito, pretensão e ação, risco, § 4.607, 3.
2; modo, lugar e tempo de exercício
da pretensão do creditado, § 4.630; Responsabilidade objetiva: e custódia,
conteúdo do contrato, 1; retiradas, §4.656,3.
2; abertura de crédito em moeda es-
trangeira, 3; comissão do creditador, Responsabilidade pela custódia: no depó-
4; juros e abertura de crédito, 5; in- sito necessário, §§ 4.595,1; 4.670,2.
compensabilidade do crédito aberto, * Res solum obligata est, § 4.605, 6.
6; duração prolongada, 7; limite do
quanto retirável, 8. Restituição: e extinção da relação jurí-
dica de mútuo, § 4.601, 1; do depósi-
Renúncia: e abertura de crédito, § to irregular, § 4.664, 3.
4.631,3.
Restituição do bem depositado: extin-
Reporte: e depósito irregular, § 4.665, 4. ção da relação jurídica de depósito,
§ 4.673, 2.
Reporte ao par. e depósito, § 4.665, 4.
Restituição exigida: do depósito, §
Representação: e assinação, § 4.633, 1. 4.674, 1; ao terceiro referido no con-
trato, 2; fretes e acrescidos do bem Segredo: e cofre forte, § 4.666, 3.
depositado, 3. Seguro: e mutuo a risco, § 4.608, 5.
Restituição fora de tempo: e depósito,
Seqüestrado: seqüestro e depósito §
§ 4.663, 4. 4.661,7.
Retiradas: e abertura de crédito, § Seqüestro: "sequestratio" e depósito, §
4.623, 3; na abertura de crédito, § 4.661,7. .
4.630,2.
Síndico: da falência, ação de depósito,
Revogação: da assinação, §§ 4.639, 1; § 4.663, 5.
4.640, 1; acreditivo, § 4.649, 4; do
acreditivo, §§ 4.653, 4; 4.654, 1; da Sociedades de participação em lucros,
manifestação unilateral de vontade § 4.597, 4.
do prestador acreditivo, § 4.651, 4;
do pré-contrato de mútuo, não do Solidariedade: e assinação, § 4.636,2.
contrato de mútuo, § 4.601,1, 2. "Solidificar", § 4.616,4.
Riscos tomados: no mútuo a risco § Solidum: étimo de saldo, § 4.615, 2.
4.605, 7.
Subdepositário: e ação de depósito, §
4.663,7.
Saldo: e reconhecimento, contrato de
conta corrente, § 4.621. Subscrição de letra de risco, § 4.614.

Saldo credor: contrato de conta, corren- Sucessores: do depositário, § 4.663,5.


te bancária, § 4.671, 1.

Saldo devedor: contrato de conta cor- Tantundem, §§ 4.587, 6; 4.589, 7;


rente, § 4.617,1. 4.592, 1; 4.656, 1; 4.665, 3,5.

Saldo final: no contrato de conta cor- Tantundem eius generis et qualitatis, §§


rente, § 4.616, 4. 4.589, 3; 4.600, 1; 4.665, 5; 4.594: e
depósito, § 4.661, 2.
Saldo reconhecido: contrato deconta
corrente, § 4.620, 2. Tempo: e depósito, § 4.660, 3.

Saldos-expedientes: contrato de con- Teoria da abertura de crédito antecipa-


ta corrente, §§ 4.615, 3; 4.620, 2; ção bancária, § 4.624, 5.
na abertura de crédito, §§ 4.630, 8; Teoria da abertura de crédito com
4.631,2. negócios solutórios, § 4.624, 8.
Saque: e depósito necessário, § 4.670, Teoria da abertura de crédito contrato
1, 2. de mútuo, § 4.624, 2.
Teoria da atribuição do poder de dis- \ Terceiro: chegada de crédito contra
por: quanto à abertura de crédito, § | êle, no contrato de conta corrente, §
4.624, 3. 4.618, 6.

Teoria da incompensação inclusive Têrmo: na abertura de crédito, § 4.631


quanto ao saldo final: contrato de 2; e depósito, § 4.660, 3,4.
conta corrente, § 4.620, 3.
Têrmo final: & mútuo, § 4.595,1; e con-
Teoria da liquidação e da compensa- ta corrente, § 4.622.
ção final: contrato de conta corrente,
Têrmo inicial: e mútuo, § 4.595, .1.
§ 4.620, 3.
Tiragem de conta: e contrato de conta
Teoria da responsabilidade efeito do
corrente, § 4.617, 1.
contrato de depósito, § 4.667, 2.
Tiragem do saldo: no contrato de conta
Teoria da responsabilidade efeito espe-
corrente, § 4.621,1,2.
cial da hospedagem, § 4.667, 2.
Título abstratizado: letra de risco, §
Teoria da responsabilidade legal do
4.605, 7.
hospedeiro, § 4.667, 2.
Títulos: depósito irregular, § 4.666, 3.
Teoria das liquidações e das compensa-
ções a cada lançamento: contrato de Títulos de crédito: depósito, § 4.666, 3.
conta corrente, § 4.620, 3.
Títulos abstratos: e mútuo, § 4.597,5.
Teoria das liquidações e das compen-
sações eventuais: contrato de conta Títulos ao portador: e mútuo, § 4.592,1.
corrente, § 4.620, 3.
Títulos endossáveis: e mútuo, § 4.592,1.
Teoria do acreditivo assinação, §
Títulos representativos: depósito, §
4.642, 3.
4.666, 3.
Teoria do acreditivo contrato a favor de
Tradição "brevi manu": e depósito, §
terceiro, § 4.642, 1,2.
4.661, 2.
Teoria do contrato de abertura de cré-
Tradição "longa manu": e depósito, §
dito pré-contrato, § 4.624, 4.
4.661, 2.
Teoria do depósito autônomo nas hos-
Tradição simples: e depósito, § 4.661,2.
pedagens, § 4.667, 2.
Traiecticia pecunia, § 4.603, 2.
Teoria do negócio jurídico duplo: a pro-
pósito do acreditivo, § 4.642, 1. Transferência da assinação, § 4.637.
Teoria do portador vinculante-repre- Transferência de crédito a risco, §
sentante, § 4.642, 5. 4.609.
Transferência de direitos: e acreditivo, Unconfirmed letter, § 4.649, 5.
§ 4.650, 4.
Transportes: e depósito necessário, § Validade: do mútuo a risco, § 4.606,1.
4.672.
Vencimento antecipado: e mútuo, §
Traveller's check: e carta de crédito, § 4.595, 2.
4.635, 5.
Vencimento do mútuo arisco,§ 4.607,2.
Trust receipt: e acreditivo, § 4.651, 3.
Verdade: e completitude dos documen-
Trens de leito: e depósito necessário, §
tos de acreditivo, § 4.651,3. •
4.667, 2.
Turbação: da posse do depositário, § Vinculação: e pré-contrato, § 4.590, 3.
4.674, 7. | Vinculante, § 4.642,5.
Tradição: e mútuo, § 4.592,2, 4.594.
| Vinkulationsgeschãft, § 4.642, 5.
j

Visto: do mútuo a risco § 4.607, 1; na


Uso: e custódia do bem depositado, §
4.661, 8. assinação, § 4.635, 4; e abertura de
crédito, § 4.631, 2.
Usos comerciais: contrato de conta cor-
rente, § 4.619, 3. ; Zuwendungsverháltnis, § 4.635, 3.

ÍNDICE A L F A B É T I C O DAS M A T É R I A S
NO PANORAMA ATUAL

ABERTURA - de crédito - Contrato - Duração -


§ 4.630. A
- de carta de crédito - Contrato - §
4.642. B - de crédito-Contrato-Natureza -
§ 4.630. B
- de crédito - § 4.633. C
- de crédito - Contrato de consumo
- de crédito - Contrato - § 4.636. B
-§4.629. C
- de crédito-Contrato-Consumidor
- § 4.630. B - de crédito - Crédito documentário
- § 4.641. C
- de crédito-Contrato-Denúncia-
- de crédito - Incidência do Código
§ 4.630. A
de Defesa do Consumidor - §
4.630. A
- de c r é d i t o - M o e d a e s t r a n g e i r a - § - de prestação de contas -
4.630. A Regulamentação legal Natureza
-§4.616. A
- de crédito - Mútuo - Distinção - §
4.623. B - executiva - § 4.598. A

- de crédito para financiamento - - executiva - Título executivo


extrajudicial - § 4.598. A
Acreditivo - Código de Defesa do
Consumidor - § 4.641. B - monitoria-Ajuizamento-§4.617. C

- de crédito - Taxa - § 4.630. C


ACEITAÇÃO-§4.618. A
- de crédito-Teoria da imprevisão-
Revisão do contrato - § 4.636. C ACREDITADO - § 4.650. B
AÇÃO
ACREDITANTE - §§ 4.644. A; 4.645. B;
- cominatória - § 4.673. A
4.647. B; 4.650. B
- consignatória - § 4.660. A
ACREDITIVO - §§ 4.633. B; § 4.635. B;
- consignatória - Depósito - §
4.660. A 4.641. B; 4.642. A, B; 4.650. B

- de consignação em pagamento - - A b s t r a ç ã o - § 4.651. B


§ 4.638. A - Ação cominatória - § 4.652. A

- de cumprimento de obrigação de - Ação - Obrigação de fazer - §


f a z e r - § 4.599. B 4.652. A

- de depósito - §§ 4.655. C; 4.656. - Administrador judicial - § 4.653. A


C; 4.657. A; 4.665. C; 4.673. A; - Autenticidade de documentos - §
4.674. C 4.651. B

- de depósito - Bem fungível - § - C l á u s u l a - § 4.650. B


4.663. C
- Concurso de c r e d o r e s - § 4 . 6 5 3 . A
- de depósito - Bem fungível -
- C o n f i r m a ç ã o - § § 4.652. B; 4.654. A
Contrato de depósito - § 4.664. C
- C o n t r a t o - § 4.652. B
- de depósito - Bens consumíveis -
- Contrato de abertura de crédito
§ 4.663. C
para financiamento - § 4.641. B
- de depósito - Procedimento - §
- Contrato de abertura de crédito
4.663. A
para financiamento - Código de
- de depósito - Reclamação de Defesa do Consumidor - § 4.641. B
perdas e danos - § 4.663. C - Contrato em favor de terceiro - §
- de depósito - Safra futura - § 4.642. A
4.663. C - Crédito documentário - § 4.652.
B, C
- de perdas e danos - Depósito -
Bem - § 4.674. B - Direito de retenção - § 4.652. A

- de prestação de contas - - documentário - § 4.643. B


Legitimidade - § 4.615. C - Espécie - § 4.643. A, B
- Extinção - § 4.653. B ANUÊNCIA

- Falência - § 4.653. A - Silêncio - § 4.618. A

- Falência - Manutenção do APÓLICE DE DÍVIDA PÚBLICA - §


contrato - § 4.653. A 4.659. A
- limpo-§ 4.643. B - Depósito-§4.659. A
- Liquidação-§ 4.653. A
APREENSÃO
- Mandato-§ 4.642. A
- e m b a r c a ç ã o - § 4.671. A
- Mora no pagamento - § 4.648. C

- Natureza jurídica - Contrato em APROPRIAÇÃO INDÉBITA-§4.671. A


favor de terceiro - § 4.642. A

- Natureza jurídica - Mandato - § A R R E S T O - § 4.669. B


4.642. A - Depósito judicial - § 4.669. B

- Negócio jurídico unilateral - §


ASSINAÇÃO - §§ 4.633. A, B; 4.634. A,
4.642. B
B; 4.635. B; 4.636. B; 4.638. B; 4.641.
- Obrigação de pagamento do B
terceiro - § 4.641. B
- Assunção de dívida - § 4.634. A
- P a g a m e n t o - § § 4.650. B; 4.652. B
- Cessão - § 4.637. A, B
- Pagamento - Natureza jurídica - §
- Cessão de direito - § 4.637. A
4.650. B
- Destruição do título - § 4.640. A
- P r a z o - § 4.653. B
- Direito bancário - § 4.633. B
- Prestação de serviços - § 4.651. C
- Direito cambiário - § 4.634. A
- Privilégio especial - § 4.652. A
- Eficácia cumulativa - § 4.636. B
- Regras cambiais - § 4.652. B
- E x t i n ç ã o - § 4.639. B
- Revisão - § 4.653. C - O b r i g a ç ã o - § 4.640. B
- Separação do negócio base - § - P a g a m e n t o - § 4.638. B
4.653. B
- Participação do asssinado -
. - Venda sobre documentos - § Novação - § 4.636. A
4.643. A - Participação do asssinado -
Sucessão - § 4.636. A
ADMINISTRADOR
- Prestação de serviço - §§ 4.633.
- de sociedade- M ú t u o - § 4.591. B A; 4.640. B
- judicial-§ 4.639. A - Relação de consumo - § 4.633. A
- Requisitos - § 4.634. A, C
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - § 4.660. C
- Revogabilidade - §§ 4.633. B;
- Depósito em garantia - § 4.660. C 4.639. B
- em garantia - § 4.598. B - Serviço bancário - § 4.638. B
- Título cambial - § 4.634. A - Princípio - § 4.600. B
- Transferência - § 4.637. A
CÂMARA DE COMÉRCIO
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA - § 4.634. A INTERNACIONAL

- Assinação - § 4.634. A - Crédito documentário - § 4.633.


B, C
ATO
- ilícito-§ 4.667. A CÂMBIO
- ilícito - Conceito - § 4.667. A - m a r í t i m o - § 4.596 A
- ilícito - Obrigação de indenizar - § - Operação - § 4.644. B, C
4.667. A
- jurídico - Celebração por CAPACIDADE
representante - § 4.647. A - absoluta - Situações - § 4.591. A

AUTORIZAÇÃO | - Depósito - § 4.673. A, B

- Realização de negócio por menor | - Mútuo - § 4.666. A


-§4.591. A | - relativa - S i t u a ç õ e s - § 4.591. A

AVAL-§4.649. A | CAPITALIZAÇÃO DE JUROS


- Aceitação - Forma - § 4.649. A i - Conta corrente bancária - §
4.619. C
AVISO DE CRÉDITO - § 4.635. B
i - Instituição f i n a n c e i r a - § 4 . 6 1 9 . A

BANCÁRIO
I CARTA DE CRÉDITO - §§ 4.635. B;
- Revogação da p r o m e s s a de | 4.641. B; 4.651. A
mútuo - § 4.601. B
; - Abstração-§4.651. A
BANCO ; - Boa fé objetiva - § 4.654. B
- de países diferentes - Relação - § ; - Cancelamento - Possibilidade - §
4.644. A 4.645. C
- Serviço de cofre - Depósito - I - Contrato - § 4.642. B
Distinção - § 4.661. B
i - Cumprimento pelo banco emissor
i - § 4.654. C
BEM
- de e x p o r t a ç ã o - § 4.641. B
- Depósito - § 4.674. A, B
- Destruição - § 4.654. B
- Depósito - Transferência - §
4.664. B - Dever de substituição - § 4.654. B

- f u n g í v e l - § 4.592. A - Emissão - Crédito documentário -


§ 4.643. B
- fungível - Contrato de depósito -
§ 4.664. C - Emissão e aceitação - § 4.641. A

- fungível - Depósito - § 4.664. B, C - Falência do banco emissor - §


4.642. C
BOA-FÉ OBJETIVA i - indireta de importação - § 4.641. B
- Legitimidade - § 4.642. C - de depósito - Contrato de ieasing
- § 4.663. C
- Legitimidade ativa - Crédito
documentário - § 4.641. C - proibitiva - Cessão - § 4.637. A

- Perda-§ 4.654. B
CÓDIGO DE DEFESA DO
- Título - Valor protestado - § 4.638. C CONSUMIDOR
- Acreditivo - Contrato de abertura
CASO FORTUITO - § 4.666. B
de crédito para financiamento - §
- Depositário - Exclusão de 4.641. B
responsabilidade - § 4.662. A
- Contrato bancário - § 4.665. C
- Responsabilidade do depositário
- Contrato de abertura de crédito
- § 4.663. A
para financiamento - Acreditivo -
§ 4.641. B
CÉDULA DE CRÉDITO
- Financiamento - Contrato de
- Contrato de mútuo - Prova - §
abertura de crédito - § 4.641. B
4.593. C
- incidência - Abertura de crédito -
- bancário - Instituição financeira -
§ 4.630. A
§4.598. A
- Incidência - Crédito documentário
- bancário - Título de crédito
- §§ 4.633. C; 4.641. C
extrajudicial - Promessa de
pagamento - § 4.630. A
COFRE DE SEGURANÇA
- bancário - Título executivo
extrajudicial - § 4.598. A - Depósito-§ 4.658. C
- Dever de custódia - § 4.658. C
CESSÃO - L o c a ç ã o - § 4.658. C
- Assinação - § 4.637. A, B
- Cláusula proibitiva - § 4.637. A COISA
- de crédito - §§ 4.618. A; 4.637. A, - Conservação-Deveres-§4.661. A
B; 4.650. A, B - depositada - Restituição - § 4.662. B
- de crédito - Distinção de contrato - divisível - Depósito - § 4.673. A
de desconto - § 4.589. A
- fungível - Depósito - § 4.664. B
- de direito-§ 4.637. A
- fungível - G a r a n t i a - Depósito-§
- de direito-Assinação-§4.637. A 4.665. C
- Guarda-Deveres-§4.661. A
CHEQUE DE VIAGEM - § 4.633. B
- perdida - Depósito legal - § 4.669.
B
CLÁUSULA
- abusiva - Nulidade - § 4.597. B, C
COLIGAÇÃO DE CONTRATO - § 4.642.
- abusiva - Revisão - Renovação B
de contrato - § 4.628. C
- "salve embolso" - Condição COMÉRCIO INTERNACIONAL - §§
resolutiva - § 4.618. B 4.633. B, C; 4.634. B; 4.641. A
i - Crédito documentário - CONSUMIDOR
: Regulamentação - § 4.644. C
- Abertura de crédito - §§ 4.629. C;
4.630. A .
COMÉRCIO MARÍTIMO - § 4.596 A
- Acreditivo - Contrato de abertura
' - Câmbio marítimo - § 4.596 A de crédito para financiamento - §
: - Empréstimo de risco - § 4.596 A 4.641. B
- A s s i n a ç ã o - § 4.633. A
C O M I S S Ã O - § 4.630. A - Conta corrente bancária -
- de Comércio Internacional - § Contrato-§4.619. A
4.644. A - Contrato de abertura de crédito -
- de crédito - § 4.630. B § 4.630. B
- Moeda estrangeira - § 4.630. A - Contrato d e abertura de crédito
para financiamento - Acreditivo -
COMODATÁRIO § 4.641. B

- Deveres - § 4.662. A - Crédito documentário - §§ 4.633.


C; 4.641. C
- Responsabilidades - § 4.662. A
- Depósito bancário - § 4.665. B
COMODATO - §§ 4.662. B; 4.665. A - Depósito bancário - Dinheiro - §
4.664. C
COMPENSAÇÃO DA DÍVIDA
- Eficácia vinculativa da oferta -
- Contrato de mútuo - Garantia Revogabilidade - § 4.601. B
pignoratícia - § 4.598. C
- Financiamento - Contrato de
abertura de crédito - § 4.641. B
CONDIÇÃO
- Informação - Lançamento em
- potestativa - Obrigação de
conta corrente - § 4.619. A
utilização do crédito - § 4.630. A
- Juros abusivos - Conta corrente
- resolutiva - Cláusula "salve
b a n c á r i a - § 4.619. B
embolso"-§4.618. B
- Promessa de contrato
CONDOMÍNIO Revogabilidade - § 4.601. A

- Administração - § 4.669. A - P r o t e ç ã o - § 4.623. A


- Venda c a s a d a - § 4.629. C
CONFISSÃO DE DÍVIDA
- Contrato de abertura de crédito - CONTA
Título executivo extrajudicial - §
- corrente - Contrato - § 4.620. B
4.598. C
- corrente - Contrato bancário - §
4.619. A
CONSERVAÇÃO - DA COISA -
DEVERES PRINCIPAIS - § 4.661. A - corrente - Encerramento - § 4.622.
C
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - - corrente - Encerramento -
AÇÃO - § 4.638. A Compensação - § 4.622. C
corrente - Encerramento - - corrente do falido — Ef=:;o ca
Notificação - § 4.622. C falência - § 4.51 S. A
corrente - Encerramento por - corrente mercantil — § 4.621. A
sentença de falência - § 4.626. A - corrente mercantil — Finsíicacs
corrente - F u n ç ã o - § 4.617. B Natureza - § 4.616. B
corrente - Lançamento de título - - corrente mercantil—Juros— Limite
Pro solvendo-§ 4.618. B - § 4.619.3
corrente - Lançamentos indevidos - corrente mercantil e conta conrents
-§4.615. C bancária - Distinção — § 4.615.3
corrente — Lançamento — - de abertura de crédito e canis
Informação ao consumidor - § corrente bancária - Disãnção - §
4.619. A 4.617. B
corrente - Mútuo - Distinção - §
4.617. B CONTRATO
corrente - Serviço bancário - § - Acreditivo e abertura de crédito -
4.617. B Distinção - § 4.623. B
corrente bancária — §§ 4.617. B; - atí prcbaSor.em—§ 4.SS3. A
4.619. B; 4.621. A
- bancário - §§ 4.5S9. S; 4.631. 3;
corrente bancária - Contrato de 4.623. B
consumo - § 4.619. A
- bancário - Código ce Defesa tio
corrente bancária - Direito do Consumidor - § 4.665. C
consumidor - Juros abusivos - §
4.619. B - bancário - Conta corrente - §
4.619. A
corrente bancária - Extinção - §
4.621.A ." - bancário - Depósito de dinheiro -
§ 4.589. B
corrente bancária - Extinção -
Prestação de saldo - § 4.621. A - bancário — Juros moraíórios - §
corrente bancária - Juros - Limite 4.600. C
- § 4.619. C - bilateral - Depósito - § 4.665. B
corrente bancária - - Coligação - § 4.642. B
Questionamento do saldo - §
4.621. A - conexo - § 4.594. B

corrente bancária - conexo - Efeito - § 4.594. B


Regulamentação legal - § 4.615. A - Critérios de identificação da mora
corrente bancária - Saldo - § no pagamento - § 4.645. A
4.621. A - de abertura de carta de crédito - §
corrente bancária e conta corrente 4.642. B
mercantil - Distinção - § 4.615. B - de abertura de crédito - §§ 4.623.
corrente bancária e de abertura de A; 4.636. B
crédito - Distinção - § 4.617. B
- de abertura de crédito -
corrente do devedor - Falência - § Adimplemento substanciai - §
4.619. A 4.631 .A
de abertura de crédito - Ausência - de abertura de crédito - Nulidade
de prestação de garantia - § -§4.631. A |
4.632. B - de abertura de crédito - Nulidade i
de abertura de crédito - Boa fé - § de cláusula - § 4.631. A, C j
4.631. B - de abertura de crédito - Penhor - \
de abertura de ' crédito - Nota promissória - § 4.598. C
Capitalização de juros - § 4.631. A - de abertura de crédito - Pré-
de abertura de crédito - C a u s a s contrato de mútuo - Distinção - §
de extinção - §§ 4.631 . A; 4.632. B 4.625. B

de abertura de crédito - Confissão - de abertura de crédito -


de dívida - Título executivo Prorrogação - § 4.631. C
extrajudicial - § 4.598. C
- de abertura de crédito -
de abertura de. crédito - Regulamentação legal - § 4.624. A
C o n s u m i d o r - § 4.630. B .
- de abertura de crédito - Relação
de abertura de crédito - Contrato de c o n s u m o - §§ 4.630. B; 4.631.
de duração - § 4.631. B B

de abertura de crédito - Denúncia - de abertura de crédito-Repetição


- §§ 4.630. A; 4.632. A de i n d é b i t o - § 4 . 6 1 9 . C
de abertura de crédito - Denúncia - de abertura de crédito - Título
cheia - §§ 4.631. A; 4.632. B executivo extrajudicial
.de abertura de crédito - Impossibilidade - § 4.624. C
Descumprimento de condição - § - de abertura de crédito e de conta
4.632. B corrente - Distinção - § 4.624. C
de abertura de crédito - Direito de - de abertura de crédito e mútuo -
resolução - § 4.631. A Distinção - § 4.623. B
de abertura de crédito - Distinção - de abertura de crédito em conta
de m ú t u o - § 4 . 5 8 9 . A, B, C c o r r e n t e - § 4.615. C
de abertura de crédito - Duração - de abertura de crédito para
- § 4.630. A financiamento - Acreditivo - §
de abertura de crédito - Extinção 4.641. B
- § § 4.631. A; 4.632. A, B - de abertura de crédito para
de abertura de crédito - Falência - financiamento - Acreditivo -
§§ 4.631. A; 4.632. A, B Código de Defesa do Consumidor
de abertura de crédito - Fiador - § - § 4.641. B
4.631. C - de câmbio marítimo - § 4.602. A
de abertura de crédito - - de comissão - Moeda estrangeira
Inadimplemento - § 4.632. A, C - § 4.630. A
de abertura de crédito - Natureza - de c o n s u m o - § § 4.615. A; 4.623.
- §§ 4.624. B; 4.630. B A
de abertura de crédito - Novação - de consumo - Abertura de crédito
- § 4.632. C :
-§4.629. C
de consumo - Abertura de crédito - de conta corrente e abertura ds
- Incidência do Código de Defesa ; crédito - Distinção - § 4.624. C
do Consumidor - § 4.630. A - de conta corrente e mútuo -
de consumo - Conta corrente Distinção - § 4.623. B
bancária-§4.619. A
- de conta corrente mercantil - §
de conta corrente - §§ 4.615. A, C; 4.615. A, B
4.619. A; 4.620. B
- de crédito documentário -
de conta corrente - Ausência de Vinculação a outros contratos - §
pagamento-§4.621. A 4.649. C
de conta corrente - Cláusula
- de crédito documentário
resolutiva - § 4.622. A
irrevogável - § 4.650. C
de conta corrente - Compensação
- § 4.621. B - de depósito - §§ 4.661. A, B;
4.662. B; 4.666. A
de conta corrente - Encerramento
- § 4.621. B - de depósito-Ação-Bem fungível
- § 4.664. C
de conta corrente - Extinção - §§
4.620. A; 4.622. A - de depósito—Bem fungível-Ação
de conta corrente - Extinção pela í de depósito - § 4.664. C
instituição financeira Natureza - § ? - de depósito-Gratuidade-§4.661.
4.616. C A
de conta corrente - Falência - § - de depósito - Onerosidade - §
4.622. A
4.666. A
de conta corrente - Indivisibilidade I
- de depósito - Remuneração - §
do crédito-§ 4.620. B ')
4.661. B
de conta corrente - Lançamento !
irregular - § 4.622. A, B - de depósito de coisas fungíveis -
§4.663. A
de conta corrente - Natureza - §
4.616. A - de desconto-Distinção de cessão
de crédito - § 4.589. A
de conta corrente - Objeto - §
4.615. B - de duração - Comportamento da
de conta corrente - Pagamento - parte - § 4.618. B
§ 4.620. A - de emissão da carta de crédito - §
de conta corrente - Penhora - § 4.647. B
4.622. A - de gestão - Regulamentação
de conta corrente - Resilição legal-§4.617. B
bilateral - §§ 4.620. A; 4.622. A
- de guarda - § 4.661. B
de conta corrente - Resilição
- de hospedagem - § 4.667. B
unilateral - §§ 4.620. A; 4.622. A
de conta corrente - Silêncio - § - de leasing- Cláusula de depósito
4.621. A - § 4.663. C

de conta corrente - Natureza - § - de l o c a ç ã o - C o f r e - § 4 . 6 6 1 . C


4.616. B - de mandato - § 4.642. A
de mútuo - §§ 4.586. B; 4.594. B; - por inadimplemento - Extinção -
4.595. A; 4.596. A, B, C; 4.597. C; Resolução - § 4.600. B
4.664. A, B; 4.665. A, C
- preliminar-§4.596 A
de mútuo - Compensação da - Promessa - Eficácia vinculativa
dívida - Garantia pignoratícia - § da oferta - § 4.601. A
4.598. C
- Promessa - Relação de consumo
de mútuo - Definição - § 4.596 A - § 4.601. A
de mútuo - Forma de celebração - P r o v a - § 4.618. A
- § 4.593. B
- real - M ú t u o - § 4.586. B
de mútuo - Natureza executiva - §
4.598. C - Renovação-Revisão de cláusulas
abusivas - § 4.628. C
de mútuo - Ônus da prova - §
4.593. A CREDITADOR
de mútuo - Prazo - § 4.600. A - Exigência de reforço da garantia
de mútuo - Prova por cédula de de direito real - Possibilidade - §
crédito - § 4.593. C 4.627. A

de mútuo - Prova testemunhai - - Garantia real - § 4.630. A


Admissibilidade - § 4.593. B
CRÉDITO
de mútuo - Título de crédito -
- abertura - Contrato acreditivo -
Abstração - § 4.597. C
Distinção - § 4.626. B
de mútuo extinto - Revisão - §
- C e s s ã o - § § 4 . 6 1 8 . A; 4.647. A
4.601. C
- documentado-Revisão-§4.653.
de mútuo para financiamento
B
- Conexidade contratual
Reconhecimento - § 4.594. C - documentário - §§ 4.633. B, C;
4.634. B; 4.635. B; 4.637. B; 4.641.
Depósito - Denúncia - § 4.673. A
A, B; 4.642. B; 4.644. B; 4.649. B
em favor de terceiro - §§ 4.638. B;
- documentário - Abertura de
4.642. A, B
crédito - § 4.641. C
Instituição financeira - Juros - §
- documentário - Acreditivo - §
4.597. A, C
4.652. B, C
interdependente - § 4.642. B
- documentário - Ausência de
interempresarial - § 4.619. B documentação - § 4.654. C
internacional - Pagamento - § - documentário - Autonomia - §
4.641. A 4.647. B
intuitu personae - § 4.673. B - documentário-Caráter abstrato -
misto - Depósito e Mandato - § 4.647. B
Entrega de título ao banco - § - documentário - Carta de crédito -
4.666. C Emissão - § 4.643. B
Não cumprimento - Exceção - § - documentário - Cessão -
4.645. A Possibilidade - § 4.647. B
- documentário - Classificação - - Obrigação de fazer - § 4.629. B
Revogabilidade - § 4.643. B
- documentário - Código de Defesa CUMULAÇÃO DE DÍVIDA - § 4 . 6 3 4 . B
do Consumidor - Incidência - §§
4.633. C; 4.641. C CURADOR-§4.591. A
- documentário - Comércio - Deveres e responsabilidades - §
internacional - Regulamentação - 4.591. A
§ 4.644. C
- documentário - Conceito - § DEBÊNTURES
4.645. B - Sociedade anônima - Empréstimo
- documentário - Consumidor - § - § 4.596 A
4.641. C
- documentário - Contrato - § DELEGATIO SOLVENDI - §§ 4.633. B;
4.654. B 4.634. B

- documentário - Emissão de carta


de crédito-§ 4.643. B DENÚNCIA

- documentário - Legitimidade - § - cheia - Contrato de abertura de


4.643. C crédito - § 4.632. B

- documentário - Legitimidade ativa - Depósito - Contrato - § 4.673. A


- Cumprimento da carta de crédito
- § 4.641. C
DENUNCIAÇÃO DA LIDE - § 4.635. C
- documentário - Natureza - Direito
francês - § 4.647. B DEPOSITANTE
- documentário - Relação de - D e v e r e s - § 4.655. A
consumo - § 4.641. C
DEPOSITÁRIO
- documentário - Revogabilidade -
Classificação - § 4.643. B - Caso fortuito-§ 4.656. B

- documentário - Título executivo - - Dever de custódia - §§ 4.658. C;


§ 4.654. C 4.662. A
- documentário - Título executivo - - Dever de guarda da coisa - §
Impossibilidade - § 4.645. C 4.661. C
- documentário confirmado - Dever de restituição do bem - §
Legitimidade - § 4.643. C 4.663. A
- Obrigação de • utilização - - Dever de restituição incontinenti -
Condição potestativa - § 4.630. A § 4.674. A, B
- O f e r t a - § 4.590. A
- Direito de retenção - § 4.663. A
- para financiamento - Acreditivo -
Código de Defesa do Consumidor - Força maior - § 4.656. A, B
- § 4.641. B - Incapacidade superveniente - §
4.659. B, C
- por aceite-§ 4.641. B
- Incapacidade superveniente -
CUMPRIMENTO Dever de restituição - § 4.659. B
- infiel - Depósito judicial - § 4.669. B bancário - Consumidor - § 4.655.
C
- infiel - Prisão - §§ 4.598. B; 4.658.
C; 4.663. B bancário - Contrato de duração -
§ 4.660. B
- infiel - Prisão - Impossibilidade -
§ 4.663. C bancário - Dinheiro - Código de
Defesa do Consumidor - § 4.664. C
- Morte - § 4.673. B, C
bancário - Distinção de depósito
- Responsabilidade - C a s o fortuito i r r e g u l a r - § 4.656. B
-§4.663. A
bancário - Instituição financeira -
- Responsabilidade - Força maior - § 4.673. C
§ 4.663. A
bancário - Pedido de restituição -
- Responsabilidade dos auxiliares § 4.666. C
da p o s s e - § 4.663. A
bancário - Relação de consumo -
- Responsabilidade dos servidores § 4.665. B
da p o s s e - § 4.663. A
bancário - Sigilo - § 4.659. A, B, C
- Responsabilidade por perda da Bem - § 4.674. A, B
c o i s a - § 4.661. C
Bem - Ação d e perdas e danos -
- Responsabilidade s o b r e a coisa § 4.674. B
- Hipóteses de exclusão - §
4.662. A Bem de origem ilícita - § 4.660. A, B

Bem fungível - Ação - § 4.664. C


- Restituição da coisa - Dever - § j
4.662. A Bem fungível - Contrato de
d e p ó s i t o - § 4.664. C
- Uso da c o i s a - § § 4 . 6 6 2 . A; 4.662. B |
Bem imóvel - § 4.659. A

DEPÓSITO - § 4.665. A, B, C Bem judicialmente embargado - §


4.660. A
- A ç ã o - § § 4.655. C; 4.656. C; 4.657.
A; 4.665. C; 4.673. A; 4.674. C j Bem móvel - § 4.659. A

- Ação - Bem fungível - § 4.664. C Benfeitorias - § 4.659. A

- Ação - Procedimento - § 4.663. A Caderneta de poupança-§ 4.657. B

- Acessoriedade na hospedagem - ; Calamidade-§4.669. A


§ 4.667. B | Capacidade - §§ 4.659. A; 4.673.
- Anulação de contrato - § 4.659. A A, B

- Apólice de dívida pública - § 4.659. A Caso fortuito - § 4.656. B

- atividade negociai - § 4.657. A Cofre de segurança - § 4.658. B,


C
- Ato de i m p é r i o - § 4.660. C
Coisa divisível - § 4.673. A
- bancário - §§ 4.655. C; 4.656. B;
4.657. B; 4.665. B; 4.674. C Coisa fungível - §§ 4.655. C;
4.656. B; 4.664. B .
- bancário - Código de Defesa
do Consumidor - Incidência - § Coisa fungível - Garantia - §
4.664. C 4.665. C
Coisa fungível - Mútuo - §§ 4.589. - Dever de restituição - §§ 4.659. A;
A; 4.656. A 4.660. A; 4.674. A, B

Consentimento do depositante - § - Deveres-§4.655. A


4.674. B - Dinheiro - §§ 4.664. B; 4.665. B;
Consumidor-§4.657. B 4.669. A
Contrato - §§ 4.655. A; 4.657. A; - Direito bancário - § 4.665. B
4.666. A - Direito de retenção - § 4.660. A
Contrato - Bem fungível - § - em garantia - § 4.660. C
4.664. C
- em garantia - Alienação fiduciária
Contrato - Denúncia - § 4.673. A - § 4.660. C
Contrato bilateral - § 4.665. B - Estacionamento - §§ 4.656. C;
Contrato de duração - § 4.660. B 4.657. B
Contrato misto - Entrega de título - Estacionamento - Furto - § 4.656.
ao banco - § 4.666. C C
Contrato real - § 4.657. B - Estado - Responsabilidade
C u s t ó d i a - § 4.658. B | objetiva - § 4.671. A, C

de bagagem - Ausência de - Estado de sítio - § 4.667. A


restituição - § 4.668. A - Extinção - § 4.673. A, B
de bagagem - Avaria - § 4.668. A i - - Extinção - Exigência do
de bagagem - Indenização - § depositante - § 4.673. B
4.668. A - Extinção - Falência - § 4.659. B
de bagagem - Prescrição - § - Extinção - Inadimplemento - §
4.668. A 4.673. B
de bagagem - Reparação - § - Extinção - Incapacidade
4.668. A superveniente - § 4.659. B, C
de dinheiro - § 4.589. B - Extinção - Perda da coisa - §
de dinheiro - Contrato bancário - 4.673. B
§ 4.589. B - Extinção - Termo - § 4.673. B
Depositantes - Pluralidade - § - F a l ê n c i a - § 4.659. B
4.659. A
- Fins profissionais - § 4.655. B
Despesas com bem - § 4.660. A
- Força maior - § 4.656. A, B
Despesas de conservação - §
4.659. A - fungível - §§ 4.664. A, B; 4.665. A;
4.666. A
Dever de conservação - § 4.656.
A, B - F u r t o - § 4.656. B
Dever de custódia - § 4.656. C - Gestão de negócios - § 4.669. A
Dever de diligência - § 4.658. B - G r ã o s - § 4.655. C
Dever de guarda - § 4.656. A, B - Gratificação - § 4.657. B
Dever de proteção - § 4.658. B - G r a t u i d a d e - § 4.655. A
- gratuito - § 4.657. A, B - Serviços bancários - § 4.658. B
- Hospedaria—§4.667.A . - S i g i l o - § 4.659. B
- Imóvel - §§ 4.655. B; 4.659. B - Termo f i n a l - § 4.660. C
- Incapacidade absoluta —§ 4.659. A - Transferência - Bem - § 4.664. B
- Incapacidade relativa - § 4.659. A - Transmissão da posse - § 4.657. B
- Instituição f i n a n c e i r a - § 4.665. B - Uso da c o i s a - § § 4 . 6 5 7 . A; 4.658. A
- irregular - §§ 4.589. B; 4.655. C;
DEPÓSITO
4.656. B; 4.664. A, B, C; 4.665. B,
C; 4.666. A, B, C; 4.673. C - judicial - §§ 4.655. B; 4.657. A;
4.669. B, C; 4.673. A, B; 4.674. A
- irregular - Diferença do mútuo - §
4.589. B, C - judicial-Arresto-§4.669.B
- irregular - Distinção de depósito - judicial - Correção monetária - §§
bancário - § 4.656. B 4.660. C; 4.669. C
- Morte do depositário - § 4.673. B, - judicial - Depositário infiel - §
C •"•' 4.669. B

- Mútuo em dinheiro - § 4.665. A - judicial - Espécies - § 4.669. C


- Natureza jurídica - § 4.657. B - judicial - Estabelecimento
- N u l i d a d e - § 4.659. A b a n c á r i o - § 4.669. C

- Onerosidade - § 4.666. A - judicial - G a r a n t i a - § 4.669. C


- Pagamento em consignação - § - judicial - Pagamento - § 4.669. C
4.660. A
- judicial - Penhora - § 4.669. B
- Pagamento indevido - § 4.659. A
- judicial - Prisão civil - § 4.669. B
- P o s s e direta - § 4.657. A
- judicial - Seqüestro - § 4.669. B
- P o s s e indireta - § 4.657. A
- P r a z o - § 4.660. B . - judicial - Transmissibilidade - §
4.669. C
- Pré-contrato - § 4.657. A
- l e g a l - § 4.669. B
- Prestação de serviço - § 4.655. B
- legal - Coisa perdida - § 4.669. B
- Prisão civil - § 4.658. C
- legal - Depósito voluntário - §
- Processo penal - § 4.671. A
4.669. B
- Relação de consumo - §§ 4.655.
- m i s e r á v e l - § 4.669. B
A; 4.656. B; 4.658. B
- Remuneração - §§ 4.657. B; - necessário - § 4.667. A
4.660. A - necessário-Bagagens-§4.667. A
- Remuneração indireta - § 4.657. B - oneroso - §§ 4.655. B; 4.657. A, B
- Responsabilidade objetiva - §
- p ú b l i c o - § 4.674. A
4.656. B
- temporário - § 4.660. B
- Serviço de cofre de segurança em
banco - . Distinção - § 4.661. B - v i n c u l a d o - § 4.660. B
- voluntário - § 4.659. A • DÍVIDA

- voluntário - Depósito legal - § - A s s u n ç ã o - § 4.634. A


4.669. B - Causa de vencimento antecipado
DEVEDOR - § 4.627. A
- Conta corrente - Falência - § - Cumulação-§ 4.634. B
4.619. A
- decorrente da abertura de crédito
- Garantias pessoais - § 4.628. A - Revisãò.do contrato - § 4.636. C
- Garantias prestadas - § 4.627. B - decorrente da abertura de crédito -
- Mora-§ 4.600. B Teoria da imprevisão - § 4.636. C

- Garantia - Responsabilidade do
DINHEIRO f i a d o r - § 4.627. C
- Depósito - §§ 4.664. B; 4.665. B
- Vencimento antecipado-§ 4.600. B
- Depósito bancário - § 4.664. C
- Vencimento antecipado -
- Mútuo - Depósito - § 4.665. A Hipóteses - § 4.595. A

DIREITO
D O C U M E N T O PARTICULAR - § 4 . 5 9 8 . A
- bancário- Assinação-§ 4.633. B
- Título executivo extrajudicial - §
- bancário - Conta corrente - §
4.598. A
4.619. B
- bancário - Contrato - Juros
E C O N O M I A GLOBALIZADA - § 4.597. B
moratórios - § 4.600. C
- bancário - Depósito - § 4.665. B
E F I C Á C I A VINCULATIVA DA O F E R T A
- bancário - Revogação da
promessa de mútuo - § 4.601. B - Revogabilidade - Direito do
consumidor - § 4.601. B
- cambiário-Assinação-§4.634. A
- Revogabilidade da promessa de
- de crédito - § 4.623. A
contrato-§4.601. A
- de resolução do credor - § 4.600.
C EMBARCAÇÃO

- de retenção - § 4.662. C - Apreensão - § 4.671 . A


- do consumidor - Eficácia
vinculativa da oferta EMPRÉSTIMO - § 4.596 A
Revogabilidade - § 4.601. B - de r i s c o - § 4.596 A
- do consumidor - Juros abusivos - Sociedade anônima - Debêntures
- Conta corrente bancária - § -§4.596 A
4.619. B

- do p o s s u i d o r - P o s s e - D e f e s a - § E N D O S S O - § 4.649. A
4.674. A - Aceitação - Forma - § 4.649. A
j ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA - §§ - Resolução - § 4.600. B s

4.599. A, C; 4.600. A; 4.659. A


FALÊNCIA j
ESTADO - Banco emissor - Carta de crédito
- de perigo - Negócio jurídico - § - § 4.642. C
4.597. A - Conta corrente do devedor - §
- de s í t i o - § 4.667. A 4.619. A

- de sítio - Decretação - § 4.667. A - Contrato de abertura de crédito -


§ 4.632. B j
- de sítio - Depósito - § 4.667. A
- Devedor-Vencimento antecipado j
- de sítio - Requisição de bens - §
- § 4.595. B
!
4.667. A
- do c r e d i t a d o - § 4.626. C
- Depósito - Responsabilidade
- Efeito - Conta corrente do falido -
: o b j e t i v a - § 4.671. A, C
§4.619. A

ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE - Liquidação - Instituição financeira


TERCEIRO - §§ 4.642. A; 4.674. A - § 4.666. C

- Obrigações do falido - § 4.639. A


ESTORNO - S e n t e n ç a - Encerramento de
< ! - do lançamento em conta corrente conta corrente - § 4.626. A
£ : - Culpa do correntista - § 4.618. C
< •
1: - indevido do lançamento em conta FAZENDA NACIONAL
oj c o r r e n t e - § 4.618. C - Taxa de juros - Mora de imposto -
< :
CL I §4.619. A
EVICÇÃO
- Mútuo - § 4.588. A FIADOR

- incapaz - Substituição - §§ 4.628.


EXCEÇÃO A; 4.630. A
- de contrato não cumprido - § - insolvente - Substituição - §§
4.665. A 4.628. A; 4.630. A
- de contrato não cumprido - - Responsabilidade - § 4.627. C
Resolução por inadimplemento -
- S u b s t i t u i ç ã o - § § 4 . 6 2 7 . A; 4.628. A
§ 4.665. A
- Substituição pelo devedor -
- de dúvida do cumprimento - §
Garantias p e s s o a i s - § 4.628. A
4.635. A, B

FIANÇA - § 4.630. A
EXECUÇÃO - § 4.598. A
- Constituição sem a participação
- Título executivo extrajudicial - § de ambos os cônjuges - Ineficácia
4.598. A - § 4.628. C
- do pré-contrato - § 4.599. A, B - Mútuo - § 4.666. A

EXTINÇÃO DO CONTRATO POR FINANCIAMENTO - §§ 4.587. B;


INADIMPLEMENTO 4.641. B
- Contrato de abertura de crédito - GUARDA
Acreditivo - § 4.641. B - Contrato-§ 4.661. B
- Contrato de abertura de crédito -
- da coisa - Deveres principais - §
Código de Defesa do Consumidor 4.661. A
- § 4.641. B
H I P O T E C A NAVAL - § 4 . E O 2 . 3 .
FORÇA MAIOR
- Depositário - Exclusão de HOLDING - § 4 . 5 8 7 . A, B
responsabilidade - § 4.662. A
- Responsabilidade do depositário HOSPEDAGEM
- § 4.663. A - Acessoriedade do depósito - §
4.667. B
FORMA
- Bens entregues - § 4.657. B
- Liberdade - Negócio jurídico - §
4.618, A - Bens porí2cos - § 4.537.3 : C
- Contraio - § 4.657. B
FUNGIBILIDADE - § 4.592. B; 4.664. C
- Danos morais - § 4.657. C
- Ação de depósito - § 4.664. C
- Contrato de depósito - § 4.664. C - Depósito ce b a g a g e m - § 4.558. B

- convencional - § 4.592. C - Dsvar de restituição - § 4.658. B

- Depósito-§ 4.664. B - Deveres põs-contratuais - §


4.658. B
GARANTIA
- Extinção co contrato - § 4.668. B
- Depósito - Coisa fungível - §
4.665. C - Morte do hóspede - § 4.668. B

- fidejussória - § 4.595. A - Relação de consumo - § 4.667. A, B

- fiduciária - Confirmação - § - Responsabilidade civil-§4.657. A


4.652. A
- Responsabilidade civil-Bagagens
- fiduciária - Exceções pessoais - § -§4.667. A
4.652. A
- Responsabilidade objetiva - §
- hipotecária - Hipótese de extinção 4.667. B, C
-§4.628. A
- Responsabilidade pré-contraíua! -
- pessoal do devedor - § 4.628. A § 4.667. B

- pignoratícia - Contrato de mútuo


IMPOSTO
- Compensação da dívida - §
4.598. C - Mora-Taxa de juros-§4.619. A
- real - Creditador - § 4.630. A
INADIMPLEMENTO DO CREDITADOR
- Reforço - § 4.630. A
- Reparação civil - § 4.S29. B

GESTÃO DE NEGÓCIOS INCAPACIDADE DO DEPOSITÁRIO


- Depósito - § 4.669. A - § 4.673. A, B
INCAPAZ - Limite - Instituição financeira - §
- Fiador - Substituição - § 4.628. A 4.619. A

- moratórios - § 4.600. A
INDÉBITO
- moratórios - Contrato bancário -
- R e p e t i ç ã o - § 4.599. A § 4.600. C
- moratórios - Taxa - § 4.600. A
INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR
- M ú t u o - § 4 . 5 8 8 . A, B
- Lançamento em conta corrente - - Mútuo destinado afins econômicos
§4.619. A ' - § 4.625. A
- Pagamento - § 4.625. B, C
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - § 4.622.
- Restituição - Pagamento - §
B
4.600. A
- Cédula d e crédito bancário - §
- Restituição d e pagamento - §
4.598. A
4.599. C
- Depósito - § 4.665. B
- Restituição de pagamento -
- Depósito bancário - § 4.673. C Mutuário - § 4.599. A

- Falência - Liquidação - § 4.666. C - Taxa-Selic-§4.619.A

- Juros - Contrato - § 4.597. A, C - usurários - Nulidade - § 4.597. A

- Juros-Limitação-§4.619. A
LANÇAMENTO
- Responsabilidade objetiva - §
4.622. B, C - d e título em conta corrente - Pro
solverido - § 4 . 6 1 8 . B
- S i g i l o - § 4.629. A
- em conta c o r r e n t e - § 4.618. C
J U R O S - §§ 4.597. A, B, C; 4.630. C - em conta corrente - Informação
- abusivos - Conta corrente bancária a o consumidor - § 4.619. A
- Direito do consumidor - § 4.619. B
LEGITIMIDADE
- Capitalização - § 4.631. A
- Capitalização - Conta corrente - Carta de crédito - § 4.642. C
b a n c á r i a - § 4.619. C - Crédito documentário - § 4.643. C
- Capitalização - Instituição - Cumprimento de carta de crédito -
f i n a n c e i r a - § 4.619. A § 4.642. C
- Contrato - instituição financeira - - ativa - Crédito documentário -
§ 4.597. A, C Cumprimento da carta de crédito
- Controle - § 4.597. A, B, C - § 4.641. C

- Frutos acessórios - § 4.589. B


LESÃO
- legais-§4.619. A
- Negócio jurídico - § 4.597. A
- Limite - Conta corrente bancária -
§ 4.619. C
LETRA DE CÂMBIO - § 4.649. A
- Limite - Conta corrente mercantil
-§4.619. B - Aceitação - Forma - § 4.649. A
LIBERDADE DE FORMA MÚTUO - §§ 4.586. B; 4.589. B; 4.591.
- Negócio jurídico - § 4.618. A A; 4.596 A, B; 4.597. C; 4.598. B;
4.662. B; 4.663. B; 4.664. A, B; 4.665.
LIQUIDAÇÃO A, C; 4.666. A, B
- Falência - Instituição financeira - - Abertura de crédito - Distinção - §
§ 4.666. C í 4.623. B
I - Aquisição de moradia - § 4.600. C
MANDATO - § 4.642. A j
- C a p a c i d a d e - § 4.666. A
- Acreditivo - § 4.642. A j
- Celebrado por m e n o r - § 4 . 5 9 1 . A
- Contrato-§4.642. A
- civil - §§' 4.587. B, C; 4.666. A
- Contrato misto - Entrega de título
- Conta corrente - Distinção - §
ao banco - § 4.666. C
4.617. B
- Negócio jurídico - § 4.647. A
- Contrato-§§ 4.586. B; 4.596 A, B,
- Regulamentação legal - § 4.647. C ; 4.664. A, B; 4.665. A, C
A
- Contrato - Prazo - § 4.600. A

MENOR | - Contrato bilateral - § 4.588. B

- Mútuo-§§4.591. A; 4.666. A j - Contrato de abertura de crédito -


Distinção - § 4.623. B
- Realização de negócio - ;j
Autorização - § 4.591. A - Contrato de conta corrente -
Distinção - § 4.623. B
MERCADORIAS - - Contrato extinto - Revisão - §
- Navio - Venda pelo capitão - § [ 4.601. C
4.652. A ! - Contrato preliminar - § 4.590. A
- Contrato real - §§ 4.586. B; 4.588.
MOEDA ESTRANGEIRA - § 4.644. B |
B
- Abertura de crédito - § 4.630. A
- Contrato unilateral - § 4.588. B
- Contrato de comissão - § 4.630. A
- de destinação - § 4.587. B, C
MORA - § 4.648. A - Definição-§ 4.597. A
- Devedor - § 4.600. B - Depósito de coisas fungíveis - §§
- Pagamento do acreditivo - § 4.589. A; 4.656. A
4.648. C
- destinado a fins econômicos -
- de imposto - Fazenda Nacional - j
Juros - § 4.625. A
. Taxa de j u r o s - § 4.619. A
- Diferença do depósito irregular - §
MORADIA 4.589. B, C

- M ú t u o - § 4.600. C - Dinheiro - §§ 4.586. B; 4.588. A;


4.595. A; 4.665. A
MUTUÁRIO - Dinheiro - Depósito - § 4.665. A
- Restituição de pagamento de - Distinção de contrato de abertura
juros - § 4.599. A de crédito - § 4.589. A, B, C
Espécies - § 4.587. B - Revogação da promessa - Direito
bancário - § 4.601. B
Evicção - § 4.588. A
- Título de crédito - Abstração - §
Exceção de inseguridade - § 4.590.
4.597: C
A
- Transferência de domínio da coisa
Extinção - §§ 4.590. B; 4.595. B
-§4.617. B
Fiança - § 4.666. A - Vencimento antecipado -
Fim ilícito - § 4.587. A Hipóteses - § 4.595. C

F u n ç ã o - § 4.617. B - Vícios redibitórios - § 4.588. A

gratuito - §§ 4.586. B; 4.588. B


NAVIO
Ineficácia - Exceções - § 4.591. A
- Venda de mercadorias pelo
Juros - §§ 4.587. A; 4.588. A, B; capitão - § 4 . 6 5 2 . A
4.589. A, C
NEGÓCIO
Juros - Capitalização - § 4.625. C
- acreditivo - §§ 4.644. B; 4.645. B;
Lugar do pagamento - § 4.595. B
4.646. B; 4.647. B
Menor-§4.666. A
- causai - Prestação do acreditivo -
mercantil - §§ 4.587. B, C; 4.596 Pagamento - § 4.648. B
A; 4.666. A - de valuta - Conceito - § 4.644. B
Natureza executiva - § 4.598. C - jurídico - § 4.595. A
Natureza jurídica - § § 4.586. B; - jurídico - Ausência de forma - §
4.588. B 4.645. A
Natureza real - § 4.588. B - jurídico - Celebração por
O f e r t a - § 4 . 5 9 0 . A, C representante - § 4.647. A

oneroso - §§ 4.586. B; 4.588. A - jurídico - Estado de perigo - §


4.597. A
Pagamento - § 4.590. A
- jurídico - Forma de celebração - §
Penhor mercantil - § 4.598. B 4.593. B
Prazo - §§ 4.588. A; 4.595. B
- jurídico - llicitude do objeto - §
Pré-contrato - §§ 4.626. B; 4.630. 4.645. A
B
- jurídico - Impossibilidade do
prestado a menor - § 4.591. B objeto - § 4.645. A
Produtos agrícolas - § 4.588. A - jurídico-Lesão-§4.597. A
Promessa - §§ 4.590. B; 4.596 C - jurídico - Liberdade de forma - §
Relação de consumo - § 4.587. B 4.618. A
Remuneração direta - § 4.588. B - jurídico-Nulidade-§4.645. A
Remuneração indireta - § 4.588. B - jurídico entre vivos - § 4.629. A
Resilição - § 4.587. A - jurídico unilateral - § 4.646. B
Revisão - Possibilidade - § 4.595. - jurídico unilateral - Acreditivo - §
B, C 4.642. B
- Realizado por absolutamente i ONEROSIDADE
incapaz - § 4.591. A - Contrato de depósito - § 4.6S6. A
- Realizado por relativamente - Depósito-§ 4.666. A
incapaz - § 4.591. A
- excessiva - § 4.597. A
NOMEAÇÃO À AUTORIA - § 4.674. A
PAGAMENTO - § 4.598. A

NOMINALISMO - Assinação - § 4.638. B


- Princípio-§ 4.600. B - de contrato internacional — §
4.641. A
NOTA PROMISSÓRIA - de juros - Restituição - § 4.5S9. C
- Contrato de abertura de crédito - - de juros - Restituição - Mutuário -
Penhor - § 4.598. C § 4.599. A

NOVAÇÃO - §§ 4.633. A; 4.634. B - do terceiro - Obrigação -


Acreditivo-§ 4.641. B
- Assinação - Participação do
asssinado - § 4.636. A - em consignação - §§ 4.638. A'
4.660. A
NULIDADE - em consignação - Depósito - §
- Cláusula abusiva - § 4.597. B, C - 4.660. A

- Juros usurários - § 4.597. A - Imputação — § 4.618. A


- Juros - Restituição - § 4.600. A
OBRIGAÇÃO
- Negócio causai - Prestação do
- de d a r - § 4.629. B acreditivo - § 4.648. B
- de fazer - Ação de cumprimento - - por terceiro interessado-§ 4.650. A
§ 4.599. B
- por terceiro interessado - Sub-
- de fazer - Cumprimento - § rogação - § 4.650. A
4.629. B
- Promessa - Cédula de crédito
- de pagamento do terceiro -
bancário - § 4.630. A
Acreditivo - § 4.641. B
- Promessa - Título de crédito
- de utilização do crédito-Condição
potestativa - § 4.630. A I extrajudicial - § 4.630. A

- Pagamento - § 4.646. A ; PEDIDO DE RESTITUIÇÃO


- Perdas e danos - § 4.598. A j - Depósito bancário - § 4.666. C

OFERTA-§4.618. A PENHOR
- de c r é d i t o - § 4.590. A - Nota promissória - Contrato de
- Eficácia vinculativa - Direito do abertura de crédito - § 4.59S. C
consumidor-§ 4.601. B
| PENHOR MERCANTIL - §§ 4.59S. B:
- Eficácia vinculativa
Revogabilidade da promessa de j 4.665. C
contrato - § 4.601. A I - Mútuo - § 4.598. B
P E N H O R A - § 4.669. B - da função social do contrato - § ;
4.591. B !
- Depósito judicial - § 4.669. B I
- do dever de colaboração entre os I
- Títulos - Regulamentação legal -
contratantes - § 4.600. B j
§ 4.627. A
- do dever de lealdade entre os
- Valores escriturados em conta
contratantes - § 4.600. B
corrente - Possibilidade - §
4.615. A - do nominalismo - § 4.600. B
- do res perit domino - §§ 4.662. B;
PERDAS E DANOS 4.666. B; 4.674. B

- Depósito - Bem - § 4.674. B PRISÃO


- Obrigação - § 4.598. A
- civil - Depositário infiel -
Impossibilidade - § 4.663. B, C
POSSE-§4.662. A
- Depositário infiel - § 4.598. B
- Defesa - Direito do possuidor - §
4.674. A - Depositário infiel-Impossibilidade
- § 4.663. C
- indireta - Reconhecimento - §
4.662. A
PROCESSO PENAL
POSSUIDOR - D e p ó s i t o - § 4.671. A
- Defesa da posse - § 4.674. A
PROMESSA

PRAZO - de contrato - Revogabilidade -


- Contrato de mútuo - § 4.600. A Eficácia vinculativa da oferta - §
4.601. A
- Prescrição - § 4.638. A
- de contrato - Revogabilidade -
PRÉ-CONTRATO - § 4.596 A Relação de consumo - § 4.601. A

- Execução - § 4.599. A, B - de m ú t u o - § § 4.590. B; 4.596 C

- de mútuo - §§ 4.596 A; 4.630. B - de mútuo - Revogação - Direito


bancário-§4.601. B
PRESCRIÇÃO - § 4.638. A
- de pagamento - Cédula de crédito
- P r a z o - § 4.638. A bancário - Título de crédito
extrajudicial - § 4.630. A
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
- Acreditivo - § 4.651. C PROPRIEDADE

- Assinação - §§ 4.633. A; 4.640. B - Transmissão - Pagamento - §


4.594. A
- Transporte - § 4.672. A
PROVA
PRINCÍPIO
- Contrato-§4.618. A
- da boa-fé contratual - § 4.591. B
- Contrato de mútuo - Cédula de
- da boa-fé objetiva — § 4.600. B crédito - § 4.593. C
- Ônus - Contrato de mútuo - § j REPRESENTAÇÃO
4.593. A - Ato jurídico-§4.647. A
- testemunhai-Contrato de mútuo
- § 4.593. B
- Negócio jurídico-§ 4.647. Â

P U R G A DA M O R A RES PERIT DOMINO


- Devedor - § 4.600. B - Princípio - §§ 4.666. B; 4.674. B

QUITAÇÃO-§4.599. A
RESOLUÇÃO •
RECONHECIMENTO D E DÍVIDA - § - Direito do credor - § 4.600. C

4.620. A - Extinção do contrato por


inadimplemento - § 4.600. B
REFORÇO DA GARANTIA - § 4.630. A - por inadimplemento - Exceção de
contrato não cumprido - § 4.665. A
RELAÇÃO DE CONSUMO
- Acreditivo - Contrato de abertura
de crédito para financiamento - § RESPONSABILIDADE
4.641. B - civil - § 4.667. A
- Assinação-§ 4.633. A
- Contrato de abertura de crédito - - objetiva-Estado-§4.671. A, B
§ 4.630. B
- objetiva - Instituição financeira - §
- Contrato de abertura de crédito 4.622. B, C
para financiamento - Acreditivo -
§ 4.641. B - por fato de terceiro - § 4.663. A

- Crédito documentário - §§ 4.633. - por fato do serviço - § 4.672. A


C; 4.641. C
- por fato do serviço - Transporte -
- Depósito bancário - Dinheiro - § §4.672. A
4.664. C
- solidária-§ 4.663. A
- Financiamento - Contrato de
abertura de crédito - § 4.641. B
RESTITUIÇÃO
- Países diferentes - § 4.644. A
- Juros pagos - § 4.600. A
- Promessa de contrato -
Revogabilidade - § 4.601. A - Pedido - Depósito bancário - §
4.666. C
REPARAÇÃO CIVIL
- Inadimplemento do creditador - § j REVISÃO DE CONTRATO
4.629. B
- Mútuo extinto - § 4.601. C
REPETIÇÃO DE INDÉBITO-§4.599. A j - Teoria da imprevisão - Dívida
- Contrato de abertura de crédito - I decorrente da abertura de crédito
§ 4.619. C í - § 4.636. C
REVOGABILIDADE SOCIEDADE

- da promessa de contrato - - Administrador - Ausência de


Eficácia vinculativa d a oferta - § poderes para contratar mútuo - §
4.601. A 4.591. B

- da promessa de contrato - - anônima - Empréstimo


D e b ê n t u r e s - § 4.596 A
R e l a ç ã o d e c o n s u m o - § 4.601. A
- por a ç õ e s - § 4.591. A
- d a p r o m e s s a d e mútuo - Direito
bancário-§4.601. B
SOLIDARIEDADE - § 4.673. A
- Eficácia vinculativa d a oferta -
- ativa-Natureza-§4.616. A
Direito do consumidor - § 4.601. B
- Correntistas - § 4.617. C

S A F R A FUTURA
- d o f o r n e c e d o r por a t o s d e s e u s
p r e p o s t o s - § 4.591. B
- Ação d e depósito - § 4.663. C - do fornecedor por atos d e s e u s
representantes autônomos - §
S E G U R O S MARÍTIMOS - § 4.602. B 4.591. B

- p a s s i v a N a t u r e z a - § 4.616. A
SELIC
- Taxa de j u r o s - § § 4 . 6 0 0 . A; 4.619. A SUB-ROGAÇÃO

- Pagamento por terceiro


SENTENÇA
i n t e r e s s a d o - § 4.650. A
- Decreto de falência -
Encerramento d e conta corrente SUCESSÃO
-§4.626. A
- Assinação - Participação do
a s s s i n a d o - § 4.636. A
S E Q Ü E S T R O - §§ 4.661. A; 4.669. B
TAXA
- Depósito judicial - § 4.669. B
- d e a b e r t u r a d e crédito - § 4.630. C
- Medida executiva - § 4.661. A
- de j u r o s - § 4 . 6 0 0 . A
SERVIÇO BANCÁRIO - d e juros - Mora d e imposto -
- A s s i n a ç ã o - § 4.638. B F a z e n d a Nacional - § 4.619. A

- d e juros - Selic - §§ 4.600. A;


SIGILO 4.619. A

- b a n c á r i o - § 4.659. B
TEORIA
- Instituição f i n a n c e i r a - § 4 . 6 2 9 . A
- d a aparência - § 4.591. B, C
- da imprevisão - Revisão do
SILÊNCIO
contrato - Dívida decorrente da
- Anuência - § 4.618. A abertura d e crédito - § 4.636. C
- Contrato d e conta corrente - § - do adimplemento substancial - §
4.621. A 4.600. B
TÍTULO TRANSFERÊNCIA
- Assinação — § 4.837. A
- cambial - Assinação - § 4.634. A
- Bem — Depósito — § 4.634.3
- Carta de crédito - Valor protestado
- § 4.638. C
TRANSPORTE
- de crédito - Abstração - Contrato
de m ú t u o - § 4.597. C - Bagagem — Dano—§ 4.572. A 3, C

- de crédito extrajudicial-Promessa - Bagagem - Extravio — § 4.372. A,


de pagamento - Cédula de crédito B, C ~
bancário - § 4.630. A - Contraio-§4.572. A
- Destruição - § 4.640. A - Prestação ce serviços—§ 4.572. A
- Entrega ao banco - Contrato - Relação de consumo - § -.572.
misto - § 4.666. C A C
- Entrega ao banco - Depósito - § - Responsabilidade por feto do
4.666. C serviço — § 4.672. A
- Entrega ao banco - Mandato - §
4.666. C
TUTOR-§4.591. A
- executivo-§ 4.623. C - De.<eres e responsabilidades — §
- executivo extrajudicial - §§ 4.598. 4.591. A
A; 4.623. C

- executivo extrajudicial - Ação VENCIMENTO ANTECIPADO DA DÍVI-


executiva - § 4.598. A
DA - § 4 . 6 0 0 . B
- executivo extrajudicial -
Caracterização - § 4.593. A
VENDA
- executivo extrajudicial - Cédula de - casaca - § 4.629. C
crédito bancário - § 4.598. A
- sobre docum entos—Acreditivo-§
- executivo extrajudicial - Confissão 4.643. A
de dívida - Contrato de abertura
de crédito - § 4.598. C
VÍCIO REDIBITÓRIO - § 4.599. A
- executivo extrajudicial - Contrato
de abertura de crédito - - M u t u o - § 4.588. A
Impossibilidade - § 4.624. C
- executivo extrajudicial - Execução VONTADE
- § 4.598. A - Declaração - Forma - § 4.64S. A
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I S B N v o l u m e XLII
978-85-203-4326-5

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