Patologia Geral Clínica
Patologia Geral Clínica
Patologia Geral Clínica
E CLÍNICA
Professor(a) Me. Gislaine Cardoso de Souza Fiaes
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto
FICHA CATALOGRÁFICA
2024 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2024. Os autores. Copyright C Edição 2024 Editora Edufatecie.
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dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTORA
Professora Me. Gislaine Cardoso de Souza Fiaes
• Bacharel em Farmácia Generalista (Unicesumar).
• Especialista em Farmacologia Aplicada à Terapêutica (Universidade Estadual
de Maringá).
• Mestre em Ciências Farmacêuticas (Universidade Estadual de Maringá)
• Experiência docente na modalidade presencial, durante 42 meses ministrando
diversas disciplinas para os cursos de Farmácia e Estética e Cosmética -
(Universidade Paranaense - Unipar).
• Atualmente, faço parte do grupo docente da Unicesumar para os cursos de
Farmácia e Biomedicina na modalidade de Ensino Híbrido.
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
É com grande satisfação que a partir de agora iniciaremos essa nova jornada
de estudos e trilharemos juntos em busca da aquisição de novos conhecimentos. Nesta
disciplina construiremos um arsenal de conhecimento a respeito de algumas patologias que
acometem os principais sistemas do corpo humano, suas implicações clínicas e diagnóstico
laboratorial básico.
Na unidade I, iniciaremos nosso estudo a partir da introdução ao estudo da patologia
geral, conceituando adaptação celular e seus respectivos tipos, estabelecendo o estudo
morfológico das lesões celulares e teciduais, diferenciaremos lesões reversíveis e irreversíveis.
Finalizaremos a primeira unidade, estudando sobre inflamação, seus diferentes tipos e
abordando o processo de regeneração celular e tecidual de reparo tecidual das lesões.
A unidade II, abrange o estudo dos distúrbios hemodinâmicos que acometem o
sistema cardiovascular, destacando os aspectos relacionados à manutenção da homeostasia
e abordaremos os seguintes distúrbios hemodinâmicos: tromboembolismo, infarto e choque.
Na unidade III, iniciaremos a abordagem da patologia clínica que permite o
diagnóstico de doenças e acompanhamento clínico do estado de saúde do paciente através
da realização de exames laboratoriais. Nessa unidade de estudo, iremos focar em apenas
duas áreas de atuação da patologia clínica, a urinálise e bioquímica clínica.
Finalizaremos, com a unidade IV, estudando de forma básica o segmento da
hematopatologia que consiste no diagnóstico laboratorial dos distúrbios hematológicos,
onde iremos destacar as anemias e neoplasias hematológicas.
Aproveito para reforçar o convite a você, para juntos percorrermos esta jornada e
multiplicarmos os conhecimentos abordados em nosso material. Espero contribuir para seu
crescimento pessoal e profissional.
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
Introdução à patologia geral
UNIDADE 2
Distúrbios hemodinâmicos
UNIDADE 3
Patologia clínica
UNIDADE 4
Hematopatologia
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1
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UNIDADE
INTRODUÇÃO À
PATOLOGIA GERAL
Plano de Estudos
• Introdução à Patologia Geral;
• Adaptação, Lesão e Morte Celular;
• Inflamação e Reparo dos Tecidos.
Objetivos da Aprendizagem
• Contextualizar a temática da patologia geral;
• Diferenciar saúde e doença;
• Conceituar adaptação celular e abordagem sobre os tipos de
adaptação celular;
• Estabelecer o estudo morfológico da lesão celular e tecidual;
• Compreender lesões reversíveis e irreversíveis (morte celular) e
seus diferentes tipos;
• Entender os tipos de Inflamação: Inflamação Aguda e Crônica;
• Estudar a diferença entre regeneração celular e tecidual de reparo
tecidual.
INTRODUÇÃO
Olá, aluno (a), tudo bem? Seja bem-vindo (a) a nossa Primeira Unidade da disciplina
de Patologia Geral e Clínica. Acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas
expectativas para iniciar essa nova jornada de estudos.
O termo Patologia significa estudo das doenças e tem origem no Grego (pathos =
doença, sofrimento) e (logos = estudo). Dito isso, vocês já entenderam que nessa disciplina
nós estudaremos a respeito das doenças que afligem o corpo humano.
Portanto, a partir de agora iniciaremos o estudo da Patologia Geral. No primeiro
tópico dessa unidade abordaremos, inicialmente, a introdução aos conceitos e definições
gerais da disciplina que facilitarão a compreensão do assunto. Nosso primeiro tópico
apresenta, ainda, os aspectos cronológicos de uma doença.
No segundo tópico, avançamos nas discussões para compreender o que é lesão
e morte celular, estudaremos a morfologia da lesão celular e tecidual, abordando os
mecanismos da lesão celular e exemplificaremos os tipos de lesões celulares e necrose.
Na sequência, será abordado no terceiro tópico as adaptações celulares.
E finalizaremos no quarto tópico, aprofundando nossos estudos, conhecendo o que
é inflamação aguda, crônica e o processo de reparo tecidual.
INTRODUÇÃO À
PATOLOGIA GERAL
ADAPTAÇÃO, LESÃO E
MORTE CELULAR
2.1.1 Hipertrofia
A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do
tamanho do órgão, nesse caso, as células possuem capacidade limitada de se dividir. Um
excelente exemplo dessa situação é o aumento de massa muscular obtido com a prática da
musculação, caracterizando a hipertrofia muscular, onde o indivíduo apresenta o aumento
do volume muscular devido ao aumento do tamanho das células musculares em decorrência
da prática da atividade física (Figura 1).
Fonte: Shutterstock
2.1.2 Hiperplasia
A hiperplasia, assim como a hipertrofia, também pode ser fisiológica ou patológica. No
entanto, a hiperplasia caracteriza-se pelo aumento do número de células, sendo uma resposta
adaptativa manifestada em células capazes de replicação, devido à proliferação celular
diferenciada e/ou substituição por células-tronco do tecido (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
A hiperplasia fisiológica pode ser de dois tipos: hormonal e compensatória. A
hiperplasia hormonal é exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama
feminina durante a puberdade e gravidez. Enquanto a hiperplasia compensatória caracteriza-
se pelo crescimento de tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão.
A figura 2 representa hiperplasia compensatória em casos de transplantes de fígado, onde
o indivíduo doador “perde” um lobo do fígado que é transplantado no indivíduo receptor,
contudo, o órgão possui a capacidade de se regenerar quando removido parcialmente,
isso acontece porque as células hepáticas (hepatócitos) restantes produzem fatores de
crescimento polipeptídicos que estimulam a hiperplasia, iniciando atividade mitótica após
12 horas do procedimento cirúrgico, restaurando o fígado ao seu peso normal. Assim,
após a restauração da massa do fígado, a proliferação celular é “desligada” pela ação dos
inibidores de crescimento (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
Fonte: Shutterstock
Fonte: PRÓSTATA Aumentada – Hiperplasia Prostática Benigna. Alexandre Miranda, Rio de Janeiro, 2022.
Disponível em: https://www.alexandremiranda.com.br/prostata_aumentada/ Acesso em: 10 jul. 2022.
2.1.3 Atrofia
A atrofia é caracterizada pela diminuição do tamanho da célula e pela perda
de substância celular (Figura 4), em decorrência da redução de nutrientes ou fatores
Fonte: Shutterstock
2.1.4 Metaplasia
A metaplasia é uma alteração reversível que resulta na substituição de um tipo
de tecido celular por outro, essa adaptação celular acontece mediante um determinado
estresse, onde a célula sensível é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar
o ambiente inóspito. A metaplasia epitelial é muito comum e acontece em decorrência do
tabagismo, que promove uma irritação crônica e persistente no tecido epitelial respiratório.
A figura 5 demonstra o processo de adaptação celular caracterizado pela substituição do
epitélio colunar especializado da traqueia e brônquios, pelo epitélio pavimentoso estratificado
que é mais resistente e apto a tolerar as substâncias químicas do cigarro, as propriedades
específicas do epitélio colunar ciliado original são perdidas com essa substituição, como no
caso da secreção de muco e os movimentos ciliares que auxiliam na remoção de partículas.
Entretanto, persistência dos fatores que promovem a metaplasia epitelial podem
levar à modificação dos tipos celulares, predispondo a transformação maligna do epitélio
respiratório, originando um tipo comum de câncer de pulmão que se forma através de
células escamosas malignas. Outro caso comum de metaplasia ocorre no refluxo gástrico
crônico, o epitélio pavimentoso estratificado normal da porção inferior do esôfago pode
sofrer transformação metaplásica para epitélio colunar do tipo gástrico ou intestinal
(ANGELO, 2016; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
2.3.1 Necrose
A necrose caracteriza-se pela morte celular prematura como consequência de
agressões externas, resultando na dissolução das células através da perda de integridade
da membrana. Consequentemente, o extravasamento dos conteúdos celulares inicia
uma reação inflamatória, promovendo a eliminação das células mortas, dando início ao
2.3.2 Apoptose
A apoptose é o segundo tipo de morte celular, considerada normal, pois acontece
para manter o equilíbrio orgânico eliminando células potencialmente prejudiciais e
células “velhas”, esse processo induz uma morte celular programada, no qual as células
destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA, proteínas nucleares
e citoplasmáticas (ROCHA, 2011).
Durante a apoptose, a membrana plasmática da célula apoptótica permanece íntegra,
mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos dos fagócitos.
Apoptose = “cair fora” essa nomenclatura representa os fragmentos das células apoptóticas
FIGURA 7: APOPTOSE
Fonte: Shutterstock
INFLAMAÇÃO E REPARO
DOS TECIDOS
A inflamação é definida como uma resposta orgânica local, cuja função protetora
destrói ou neutraliza agentes nocivos causadores do dano celular, sendo uma resposta
visível a uma reação imune mediada por células do hospedeiro, vasos sanguíneos,
proteínas e mediadores inflamatórios (Figura 8). Além disso, também apresenta a finalidade
de remover células e tecidos necrosados, iniciando o processo de reparo fundamental na
cicatrização de feridas. A inflamação pode ser desencadeada pelos seguintes agentes:
• Agentes Imunológicos: promove a inflamação através do estabelecimento de
reações mediadas por células e pelo complexo antígeno-anticorpo.
• Agentes Infecciosos: Causa inflamação no organismo humano através da
invasão promovida por: bactérias, vírus e suas toxinas, fungos, parasitas.
• Agentes Físicos: Calor, frio, radiação e trauma mecânico, são fatores que
provocam inflamação.
• Agentes Químicos: Venenos orgânicos e inorgânicos são exemplos de
compostos químicos capazes de promover inflamação.
• Agentes inertes: Corpos estranhos (ex: poeira, pêlos) causam inflamação.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
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Fonte: Shuttetstock
Você sabia que pacientes diabéticos apresentam dificuldade na cura de feridas? Pois é, a diabete melito é um
dos fatores responsáveis por afetar o processo de cicatrização. Os indivíduos diabéticos exibem uma deficiência
documentada na cicatrização de feridas agudas. Além disso, esta população está propensa a desenvolver úlceras
crônicas do pé diabético, estima-se sua ocorrência em 15% das pessoas com diabetes. As úlceras crônicas do pé
diabético são uma complicação grave da diabetes, e precedem 84% das amputações em diabéticos.
A cicatrização deficiente em úlceras crônicas do pé diabético e em feridas cutâneas envolve múltiplos
mecanismos fisiopatológicos complexos, destaca-se: 1) hipóxia ocasionada pela irrigação sanguínea
insuficiente e angiogênese reduzida. A hipóxia amplifica a resposta inflamatória precoce, prolongando a
lesão, aumentando os níveis de radicais livres de oxigênio; 2) aumento de substâncias pró-inflamatórias,
estudos demonstram que, no soro de pacientes com diabetes tipo 2, apresenta aumento das seguintes
substâncias: fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), a interleucina 6 (IL-6) e a interleucina 1 (IL-1), e estes
têm sido associados com o desenvolvimento de resistência à insulina, dentre outros fatores que afetam a
cicatrização normal de feridas, onde a inflamação ocorre de um modo sequencial e regulada, a inflamação
em feridas diabéticas é prolongada levando a uma cicatrização deficiente.
“Fazer, todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade.”
Albert Einstein.
FILME/VÍDEO
• Título: História da Patologia
• Ano: 2019
• Sinopse: Trata-se de uma palestra ministrada pelo conferencista
Dr. Carlos Alberto Basílio de Oliveira que ocorreu no XXIV
CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINA
PROMOVIDO PELA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA.
Nessa palestra será abordado os aspectos históricos que introduziu
a patologia na medicina brasileira.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=iq8-pKfCVCI
Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE
Plano de Estudos
Tromboembolismo;
os mais graves;
2 homeostasia;
vida humana.
Homeostasia;
Choque.
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Infarto;
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•
•
•
•
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INTRODUÇÃO
Aqui você encontrará eventos patológicos da circulação sanguínea que impedem
o bom funcionamento de tecidos e órgãos, os chamados distúrbios hemodinâmicos. Mas
antes, precisamos lembrar da importância do sistema circulatório para o organismo humano.
Vamos lembrar da composição sanguínea, seus principais componentes são as hemácias,
os leucócitos, as plaquetas e também o plasma que é riquíssimo em água.
Você sabia que nosso corpo é formado de aproximadamente 70% de água? Um homem
de 70 quilogramas tem 42 litros de água no corpo: 28 litros dentro das células, 10,5 litros no
espaço ao redor das células (interstício) e 3,5 litros no sangue, ou seja, ou aproximadamente
8% da quantidade total de água está circulando no sangue (GUYTON, 1976).
A água compõe a parte fluida da circulação, capaz de levar e trazer materiais, assim,
a função primária do sistema circulatório é transportar materiais para todas as partes do corpo.
Essas substâncias transportadas podem ser: (1) nutrientes, água e gases que entram no corpo
a partir do ambiente externo, (2) materiais que se movem de célula a célula no interior do corpo
e (3) resíduos que as células eliminam e são excretadas pelos rins (DEE, 2017).
O oxigênio entra no corpo pelos pulmões. Nutrientes e água são absorvidos através do
intestino. Uma vez no sangue, todos esses materiais são distribuídos pelo sistema circulatório
por meios dos vasos sanguíneos para chegarem aos tecidos e órgãos (DEE, 2017).
O fornecimento do oxigênio é extremamente importante, quando as células dos
tecidos são privadas de oxigênio, podem sofrer danos irreparáveis em um curto período
de tempo. Por exemplo, cerca de 5 a 10 segundos depois que o fluxo sanguíneo cerebral
for interrompido, a pessoa perde a consciência. Se a chegada do oxigênio parar por 5 a 10
minutos, ocorrerá dano cerebral permanente (DEE, 2017).
Diante de distúrbios desse sistema de abastecimento de oxigênio, energia, células
imunitárias e outras substâncias, surgem os distúrbios hemodinâmicos que podem ser fatais.
Vejamos a seguir como desencadeiam esses distúrbios que afetam a homeostase do organismo.
HOMEOSTASIA
Em 1992, os médicos no isolado Hospital Atoifi, nas Ilhas Salomão do Pacífico Sul,
encontraram-se frente a um dilema. Um paciente estava vomitando e precisava de soro
intravenoso, porém o suprimento do hospital havia acabado e levaria vários dias antes de
um avião trazer mais (DEE, 2017).
A solução foi tentar algo que só se havia ouvido falar, fazer uma infusão intravenosa
de água de coco. Durante dois dias, o paciente recebeu um gotejamento lento de líquido
em suas veias diretamente de cocos novos, suspensos ao lado de sua cama. Ele logo se
recuperou e foi para casa (DEE, 2017).
A escolha da solução intravenosa apropriada é mais do que uma questão de sorte,
ela exige uma compreensão dos compartimentos do corpo e de como diferentes solutos
passam entre eles (DEE, 2017).
A palavra homeostase deriva dos radicais gregos homeo (o mesmo) e stasis (ficar),
muitas vezes é explicada como o processo que mantém o organismo em equilíbrio, mas
a verdade é que homeostasia não é igual a equilíbrio, mas indica a estabilidade do corpo
humano (DEE, 2017).
É mito dizer que o meio intracelular e o meio extracelular estão em equilíbrio, pois na
maioria das vezes, não apresentam as mesmas concentrações de componentes químicos
nem a mesma quantidade de água, mesmo apresentando estas diferenças podem alcançar
estabilidade, e assim, promover a homeostase (DEE, 2017).
Para garantir a homeostasia, é necessário que os processos fisiológicos que ocorrem
no corpo atuem de forma coordenada. Como por exemplo os mecanismos que controlam a
manutenção da temperatura corporal, regulação do sistema imunológico, pH, volume dos
líquidos corporais, pressão arterial, batimentos cardíacos e concentração de elementos no
Fonte: Shutterstock
1.1 Edema
O edema ocorre quando a pressão hidrostática é maior que a pressão
coloidosmótica, acumulando água nos tecidos, assim, o edema é definido como acúmulo
de líquido intersticial dentro dos tecidos. Alguns edemas podem ser localizados como o
edema pulmonar ou pode ocorrer pelo acúmulo de líquido dentro de cavidades corporais
como na cavidade pleural, cavidade pericárdica ou cavidade peritoneal, nesses casos são
chamados de efusão ou derrame e não de edema. Vejamos um edema na figura 2 que pode
ser facilmente reconhecido, simplesmente por apertar a região inchada, após o aperto a
pele não retorna tão rapidamente.
FIGURA 2: EDEMA
Fonte: Shutterstock
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1.3 Hemorragia
Hemorragia é um importante distúrbio hemodinâmico onde os processos de
hemostasia entram em ação para conter sangramentos.
1.4 Hemostasia
Na hemostasia vamos observar especificamente os processos que precisam ocorrer
no sangue para manter a estabilidade do fluxo sanguíneo saudável, a quantidade correta
dos componentes do sangue e sua interação com os tecidos que ele abastece levando
nutrientes, células, substâncias e oxigênio, assim, a hemostasia é um ponto de estabilidade
que contribui para a homeostase do corpo humano (KUMAR, 2013).
A hemostasia promove processos que garantam a fluidez do sangue dentro dos
vasos sanguíneos, ou seja, regula o equilíbrio volêmico, mesmo diante de condições
desfavoráveis. Os vasos precisam estar íntegros para garantir esta fluidez, diante de uma
injúria no vaso, a hemostasia promove a formação de tampões hemostáticos, os coágulos
sanguíneos, com o objetivo de estancar hemorragias e permitir que o sangue continue
fluindo em seu curso correto (KUMAR, 2013).
Podemos afirmar que, para que a hemostasia ocorra, ela depende de três fatores
atuando concomitantemente, ou seja, sua tríade conta com uma parede vascular integra, ação
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1.4.3 Fibrinólise
É na fibrólise evidenciada na figura 5.D que são ativados os mecanismos antitrombóticos,
que visam limitar o tampão evitando trombose. Um dos principais agentes dessa fase é o ativador
de plasminogênio tecidual (t-PA), o qual converte o plasminogênio circulante em plasmina, que
é uma enzima fibrinolítica que lisa a rede de fibrina (KUMAR, 2013).
TROMBOEMBOLISMO
2.1 Trombose
A trombose é um processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue
dentro de vasos ou do próprio coração, no indivíduo vivo. Vimos anteriormente a coagulação
como um mecanismo normal da hemostasia, agora veremos como a coagulação do sangue
pode ser patológica para o organismo.
A etiofisiopatologia da trombose está associada à triade de Virchow que pode ser
evidenciada na figura 6, onde três mecanismos atuam na formação de trombos, são partes
desta tríade: lesão endotelial, alteração do fluxo sanguíneo e a hipercoagulabilidade do sangue.
O funcionamento normal destes mecanismos correspondem a hemostasia, já o desbalanço
desses fatores culminaram na formação de trombos (BRASILEIRO FILHO, 2016).
Fonte: Shutterstock
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2.2 Embolia
O êmbolo aparece mais comumente em forma de massa sólida, mas também pode
ser uma massa gasosa ou líquida que passeia pela circulação sanguínea chegando a locais
distantes de onde se originaram, onde faz a obstrução do vaso (BRASILEIRO FILHO, 2016).
A embolia sólida pode ser por tromboembolia ou ateroembolia, sendo a
tromboembolia responsável por 90% dos casos de embolia. A tromboembolia é a liberação
de um trombo sólido na corrente sanguínea, enquanto na ateroembolia ocorre a liberação
de fragmentos de cristais de colesterol que podem entupir vasos. O terceiro tipo de embolia
sólida é a embolia tumoral, onde células tumorais viajam por vasos sanguíneos ou linfáticos
e estabelecerá outro foco tumoral distante de sua origem (metástase). Outros tipos de
embolia são as causadas por líquido, gorduras ou gases (BRASILEIRO FILHO, 2016).
INFARTO
FIGURA 11: INFARTO BRANCO DE RIM E BAÇO. A)INFARTO BRANCO DE RIM RECENTE. B)
INFARTO BRANCO DE RIM ANTIGO. C) INFARTO BRANCO DE BAÇO RECENTE
CHOQUE
Fonte: Shutterstock
Dentre as doenças cardiovasculares, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) apresenta os maiores índices
de morbimortalidade no Brasil e no mundo. Com o advento da pandemia de COVID-19, acredita-se que o
isolamento social e as modificações na organização e funcionamento dos sistemas de saúde tenham im-
pactado nos atendimentos cardiológicos. Assim, esse estudo se propõe a analisar o impacto da pandemia
de COVID-19 nos internamentos e na taxa de mortalidade por IAM no Brasil e em suas regiões. Trata-se
de estudo ecológico, realizado pelos Sistemas de Informações Hospitalares e de Informações sobre Mor-
talidade. Foram analisadas variáveis sociodemográficas e epidemiológicas, internamentos, óbitos e taxa
de mortalidade, nos anos de 2019 e 2020. No Brasil, em 2019, foram internados 132.173 pacientes por
IAM, dos quais 52,0% foram a óbito. Em 2020, registrou-se 118.372 internamentos e 21,5% de óbitos por
IAM, refletindo em queda da proporção de internamentos e óbitos (10,4% e 58,7%, respectivamente). Em
ambos os anos, observou-se maior prevalência entre homens (59,1% e 60,1%), idosos (78,0% e 77,9%),
brancos (48,7% e 53,2%) cujo atendimento aconteceu em caráter de urgência (95,7% e 95,2%). A taxa de
mortalidade mostrou-se superior em 2019 quando comparada a 2020 (48,8 versus 18,0, p<0,001). Durante
a pandemia de COVID-19, no Brasil, houve redução dos internamentos por IAM, sem alteração no perfil
sociodemográfico e epidemiológico dos pacientes que foram a óbito, sendo estes mais prevalentes entre
homens, idosos, brancos, atendidos em caráter de urgência, residentes na região Sudeste do país. Além
disso, evidenciou-se expressiva queda na taxa de mortalidade. (CINTRA; QUEIROZ; BRAGA; FERNANDES;
AVENA, 2021).
Fonte: CINTRA, I. F, et al. Infarto agudo do miocárdio no Brasil e regiões: Impacto da pandemia da Covid-19
na taxa de mortalidade e hospitalizações. Revista Diálogo & Ciência, vol. 1 , nº 42, . 76 – 86, 2021. Disponível
em: https://periodicos.uniftc.edu.br/index.php/dialogoseciencia/article/view/7 Acesso em: 01 set. 2021.
Fonte: ASSIS, L; OLIVEIRA, A. Práticas simples podem evitar a Embolia Pulmonar. Rede de Saúde da Divina
Providência, 2016. Disponível em: https://divinaprovidencia.org.br/noticias/2016/12/15/prticas-simples-
podem-evitar-a-embolia-pulmonar/ Acesso em: 01 set. 2022.
Fonte: VAN VELUW, S., et al. Detecção, fatores de risco e consequências funcionais
de microinfartos cerebrais. Lancet Neurol, p. 730–740, 2017. Disponível em: https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5861500/pdf/nihms938263.pdf Acesso em: 01 set. 2022.
LIVRO
• Título: Robbins Patologia Básica
• Autor: BRASILEIRO FILHO, Geraldo.
• Editora: Guanabara Koogan
• Sinopse: Este livro traz fundamentos em patologia com imagens
didáticas para identificação de tecidos com e sem lesão. Apresenta
de forma aprofundada os mecanismos patológicos desde o nível
celular e microscópico até as lesões macroscópicas visíveis nos
órgãos afetados. O conteúdo deste livro dá ferramentas para que
o profissional de saúde entenda as origens das patologias que
aparecem nos hospitais e clínicas.
FILME/VÍDEO
• Título: ¿Qué diferencia hay entre un coágulo y un trombo?
• Ano: 2016.
• Sinopse: Na hemostasia, um coágulo é bom quando
ocasionalmente ocorre um dano ao tecido vascular, mas torna-
se perigoso quando se forma em um vaso sanguíneo saudável.
Neste caso, é chamado de trombo. A heparina, um medicamento
ativo descoberto há cem anos, é o anticoagulante de escolha mais
utilizado para prevenir e tratar trombose, entre outras indicações. A
cada ano, ela salva mais de 100 milhões de vidas.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Tlgy-BE19EE
PATOLOGIA
CLÍNICA
Plano de Estudos
• Urinálise;
• Bioquímica Clínica;
Objetivos da Aprendizagem
• Contextualizar sobre a urinálise e compreender sobre as etapas
macroscópicas e microscópicas do exame de urina;
• Enfatizar a interpretação laboratorial do exame microscópico de
urina;
• Conceituar bioquímica clínica e dentre as análises laboratoriais
bioquímicas focar o estudo nos marcadores de doença cardíaca.
INTRODUÇÃO
Olá, Pessoal! Vamos iniciar mais uma unidade?!
URINÁLISE
Fonte: Shutterstock
Rins normais têm a capacidade de produzir urina com densidade variável entre 1,003
e 1,035. Contudo, a capacidade de concentração da urina pode ser considerada normal, caso
uma amostra de urina obtida ao acaso apresente gravidade específica de 1,023 ou mais.
Valores menores que 1,007 é considerado baixa gravidade específica, sendo denominada
hipostenúria, é o caso do diabetes insípido, onde a perda da capacidade de concentração
urinária resulta em poliúria com gravidade específica de até 1,001. A hipostenúria pode ser
causada por várias anomalias renais, tais como pielonefrite e glomerulonefrite. Todavia, alta
gravidade específica pode ser encontrada após casos de desidratação/perda de quantidades
excessivas de água, insuficiência suprarrenal, doença hepática ou insuficiência cardíaca
congestiva (BARCELOS; AQUINO, 2018; MCPHERSON; PINCUS, 2012).
Fonte: Shutterstock
FIGURA 3: ESCALA DE VALOR DE PH PARA SOLUÇÕES ÁCIDAS E ALCALINAS, EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE INFOGRÁFICO
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
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1.3.2 Cilindros
Os cilindros se formam no interior do túbulo contorcido distal e ducto coletor,
tendo sua matriz composta por uma glicoproteína secretada pela parte espessa da alça
ascendente de Henle que é a proteína de Tamm-Horsfall, responsável por cerca de um
terço do conteúdo total de proteínas urinárias em indivíduos normais. É importante enfatizar
que a proteína de Tamm-Horsfall não é detectada no teste da tira reagente para proteínas.
Em indivíduos normais, há pouca observação de cilindros no sedimento urinário, sua
observação em grande número e formatos variados está relacionada com a disseminação
da doença renal e também podem ser observados em indivíduos sadios após a prática de
exercícios físicos extenuantes, acompanhados de proteinúria. Alguns fatores que aumentam
a formação de cilindros, são: baixo pH, concentração iônica aumentada, estase ou obstrução
de néfron por células e entrada de grande quantidade de proteínas plasmáticas nos túbulos
(MCPHERSON; PINCUS, 2012).
A formação do cilindro depende da redução ou parada do fluxo urinário no néfron,
associada a precipitação de proteínas presentes na luz dos túbulos com elementos celulares
presentes. Posteriormente, os cilindros formados irão aparecer na urina quando houver a
retomada do fluxo urinário através do néfron (BARCELOS; AQUINO, 2018).
CILINDROS ACELULARES
Constituídos de proteínas
de Tamm-Horsfall (normais
e frequentes). Observação
Hialinos aumentada em casos de
doenças renais, exercício físico,
desidratação, febre e uso de
medicamentos diuréticos.
São comuns e estão associados
a condições não-patológicas
e patológicas (doenças
Granulares
glomerulares, tubulares,
pielonefrite, infecções virais e
intoxicação por chumbo.
Hemoglobínicos
Observação menos comum em
(Cilindros de
casos de sangramento tubular.
sangue)
Indicativo de sangramento no
néfron, cujo dano glomerular
Hemáticos
permite o escape de hemácias
para o túbulo renal.
Fonte: Adaptado de: Mcpherson; Pincus (2012, p. 484 - 486); Barcelos; Aquino (2018, p. 100).
1.3.3 Cristais
Os cristais são encontrados frequentemente na análise do sedimento urinário, como
consequência da precipitação de sais presentes na urina e dependendo do pH urinário, que é
importante para auxiliar na identificação dos cristais formados, como demonstrado no Quadro 2.
A grande maioria dos cristais urinários não possuem significado clínico, como por
exemplo: os cristais de oxalato de cálcio, ácido úrico, fosfatos, carbonatos, urato de amônia.
Todavia, os cristais de leucina, colesterol, cistina e fosfato triplo (chamado de estruvita)
estão relacionados a condições patológicas.
BIOQUÍMICA
CLÍNICA
2.1.1 Troponina
A síndrome coronariana aguda causa a liberação de troponina, que é um complexo
de três proteínas: Troponina C (ligante ao cálcio), Troponina I (componente inibitório) e
Troponina T (componente tropomiosina ligante), que são distribuídas em tecidos musculares
cardíaco, esquelético e liso. No tecido cardíaco há somente a presença das Troponinas
nas isoformas I e T, isso exclui o vínculo da Troponina C como um marcador específico
cardíaco, por ela estar expressa somente nas fibras musculares esqueléticas de contração
lenta (BARCELOS; AQUINO, 2018).
A detecção da elevação das troponinas cardíacas nos exames bioquímicos é indicativo
de lesão miocárdica, visto que Troponina T e I estão ligadas a fibras musculares, sendo liberada
lentamente ao longo de uma a duas semanas após o infarto do miocárdio. Desta forma, embora
ambas sejam proteínas pequenas, eliminadas de forma rápida, seus níveis plasmáticos caem de
modo lento após uma lesão cardíaca. Com relação a associação das troponinas com infarto do
miocárdio é importante ressaltar que Troponina I apresenta uma sensibilidade e especificidade
em torno de 90 e 97% para o diagnóstico de IAM na ordem de 90 e 97%. Todavia, embora
as troponinas sejam importantes para o prognóstico associado ao infarto do miocárdio, elas
não devem ser utilizadas isoladamente para definir esse risco de pacientes, porque a maior
parte dos pacientes que desenvolvem complicações cardíacas apresenta troponinas normais
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2015).
2.1.2 Creatinoquinase
A creatinoquinase (CK) e suas isoformas, MM e MB são liberadas na circulação
em decorrência de dano tecidual. No entanto, na prática clínica é utilizada a subforma da
CK-MB para quantificação da concentração plasmática, por ser um marcador precoce de
lesão miocárdica, sendo possível sua detecção em menos de 6 horas.
Estudos demonstram taxas de 97% de sensibilidade e 90% de especificidade de
CK-MB para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. No entanto, devemos ressaltar
que sua concentração também se eleva após dano em outros tecidos como, músculo liso
e esquelético, caracterizando um resultado falso-positivo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 201; MCPHERSON; PINCUS, 2012).
2.1.3 Mioglobina
A mioglobina é uma proteína que se liga ao oxigênio no músculo cardíaco e
esquelético, o que não lhe confere especificidade cardíaca, justificando o fato de seus níveis
aumentarem com a prática de atividade física. No entanto, ela apresenta a vantagem de
Sabe aquelas pessoas sedentárias que, quando resolvem realizar exercícios físicos, sentem dores musculares
com uma certa facilidade? Pois bem, se você faz parte desse grupo, melhor avaliar, entre outros exames,
como estão os seus níveis de creatinoquinase.
É sempre bom ressaltar que a realização de um check-up completo é ótima para averiguar as suas condições
de saúde, visando a melhora no preparo físico, o consumo consciente de carboidratos, a mudança de
hábitos prejudiciais ao organismo etc. Quando há noção do que acontece com o seu corpo, a possibilidade
é maior de compreender as orientações médicas, resultando assim em uma vida mais saudável.
O que é a creatinoquinase?
De forma técnica, a creatinoquinase (CK) ou creatinofosfoquinase (CPK) é uma enzima (proteína) que
está presente em diversos tipos de células e tecidos musculares. Sua função é aumentar a velocidade de
uma reação química entre o fosfato liberado pela molécula de ATP (Adenosina Trifosfato) e a creatina,
transformando esses dois em fosfocreatina (PCr) para manter os níveis de intensidade energética.
Basicamente, quando fazemos algum exercício físico de alta intensidade, as moléculas de ATP, que ficam
estocadas nos músculos, viram ADP (Adenosina Difosfato), aí entra o papel da enzima CK, pois ela ajuda na
recuperação de energia. Por outras palavras, a CK é como se fosse um técnico de vôlei que, ao ver o time
(músculo) perdendo energia, faz as substituições (PCr) para a equipe não perder o fôlego.
Quando se fala em CK total, lembre-se que é preciso desmembrar em três grupos: a CKBB ou CPK 1 (cérebro,
próstata, útero, pulmão ou tireoide), a CKMB ou CPK 2 (músculo cardíaco) e a CKMM ou CPK 3 (músculos
esqueléticos). Em exames de sangue, utiliza-se a creatinoquinase como indicador de uma possível distrofia
muscular, inflamações musculares, falência renal, problemas cardíacos etc.
Para finalizarmos, perceba que é de suma importância fazer o exame de sangue na intenção de avaliar
os níveis de creatinoquinase. Independentemente dos resultados apurados, mantenha sempre o seu
acompanhamento médico para prezar por uma rotina saudável e sem preocupações futuras.
Quando precisar de um laboratório, lembre-se que é crucial procurar por profissionais gabaritados no
assunto, então conte com a ajuda do Ramos para o que der e vier!
Fonte: CREATINOQUINASE alta: Veja a importância do exame CK total. Ramos Medicina Diagnóstica, 2021.
Disponível em: https://blog.ramosmedicinadiagnostica.com.br/creatinoquinase-alta/ Acesso em: 24 out. 2022.
Robert Collier
LIVRO
• Título: Tratado de Análises Clínicas
• Autor: Luiz Fernando Barcelos e Jerolino Lopes Aquino.
• Editora: Atheneu.
• Sinopse: O livro trato de análises clínicas beneficia o profissional
com as informações atuais sobre os exames que integram o
universo do diagnóstico laboratorial, bem como as doenças mais
importantes a serem investigadas. Sua abordagem inclui desde a
Gestão Administrativa Financeira e de Qualidade até os exames
diagnósticos propriamente ditos, como; Bioquímica; Líquidos
Biológicos; Toxicologia; Imunologia; Microbiologia; Parasitologia;
Hematologia; Hemostasia e Micologia.
FILME/VÍDEO
• Título: Patologia Clínica: Os tipos de exames existentes
• Ano: 2018.
• Sinopse: No vídeo o farmacêutico aborda os tipos de exames
laboratoriais existentes que podem ser realizados em vários
tipos de fluídos biológicos, como: urina, sangue, fezes, líquido
cefalorraquidiano.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qbWmkiFqKVg
Objetivos da Aprendizagem
• Neoplasias Hematopoiéticas.
Plano de Estudos
• Hematologia Clínica;
4 neoplasias).
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INTRODUÇÃO
Olá Pessoal!
UNIDADE 4 HEMATOPATOLOGIA 96
1
TÓPICO
HEMATOLOGIA
CLÍNICA
Fonte: Shutterstock
UNIDADE 4 HEMATOPATOLOGIA 97
FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DAS CÉLULAS SANGUÍNEAS QUE SÃO OS ELEMENTOS
FIGURADOS DO SANGUE: PLAQUETAS (TROMBÓCITOS), GLÓBULOS BRANCOS (LINFÓCITOS),
GLÓBULOS VERMELHOS (ERITRÓCITOS)
Fonte: Shutterstock
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UNIDADE 4 HEMATOPATOLOGIA 98
A quantidade de glóbulos vermelhos é regulada através da alteração em sua
taxa de produção. Em indivíduos normais a taxa de destruição de eritrócitos não varia
consideravelmente. Sua produção diminui em casos de hipertransfusão sanguínea ou
quando exposto a alta tensão de oxigênio.
Enquanto isso, o aumento na produção de glóbulos vermelhos ocorre mediante
o comprometimento no transporte de oxigênio para os tecidos, presente em condições,
como: anemia, distúrbios cardíacos, pulmonares, e em casos de baixa tensão de oxigênio
em altas altitudes (BARCELOS; AQUINO, 2018; MACPHERSON; PINCUS, 2012).
A hematologia permite a quantificação das células sanguíneas por meio de
análises de concentração, estrutura e função das células presentes no sangue, permitindo
a identificação de doenças hematológicas através da realização do hemograma (Figura
4) que irá analisar a série vermelha, onde são considerados os eritrócitos e seu principal
componente, a hemoglobina; a série branca, que avalia os diferentes tipos de leucócitos; e
a série trombolítica ou plaquetária, para determinação das plaquetas.
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UNIDADE 4 HEMATOPATOLOGIA 99
A anemia é um problema de saúde pública mundial que afeta principalmente
crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas. A prevalência de anemia é alta em locais
de baixa renda, sendo um indicador de má nutrição e saúde precária. Estima-se que 42%
das crianças com menos de 5 anos de idade e 40% das mulheres grávidas em todo o
mundo são anêmicas (OMS, 2022).
Os sinais clínicos e sintomas apresentados pelo paciente anêmico são decorrentes
da diminuição da liberação de oxigênio para os tecidos, estando relacionados com a
diminuição da concentração de hemoglobina e do volume sanguíneo. Os sintomas incluem:
fadiga, fraqueza, tontura, palidez e sonolência.
O desenvolvimento lento da anemia em paciente que não está gravemente doente,
apresentando uma concentração de hemoglobina baixa em torno de 6 g/dL, pode acontecer
sem causar sinais físicos ou desconforto quando em estado de repouso (MACPHERSON;
PINCUS, 2012).
Todavia, em crianças essa condição é preocupante porque prejudica o desenvolvimento,
podendo causar nanismo e emaciação (emagrecimento extremo; perda de peso excessiva),
baixo peso ao nascer e sobrepeso e obesidade infantil devido à falta de energia para se exercitar.
Além disso, a anemia causa impacto social e econômico, devido a redução do desempenho
escolar das crianças e da produtividade do trabalho em adultos (OMS, 2022).
Fonte: Shutterstock
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NEOPLASIAS
HEMATOLÓGICAS (NH)
Neoplasia significa “novo crescimento”, esse nome se refere ao fato das células
neoplásicas serem transformadas porque continuam a se replicar, de forma desordenada
e “desatentas” às influências regulatórias que controlam o crescimento celular normal. As
neoplasias são a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos, ficando atrás
somente das doenças cardiovasculares como sendo, a responsável pelo maior número de
óbitos. Associada a alta incidência de mortalidade das neoplasias, encontra-se o sofrimento
físico e emocional impostos pelas neoplasias (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
Na oncologia a neoplasia também é chamada de tumor, visto que o significado
de oncologia é “estudo de tumor” (oncos = “tumor” e logos = “estudo de”). As neoplasias
são divididas em 2 categorias de acordo com o comportamento clínico tumoral: benigna e
maligna. No tumor benigno suas características micro e macroscópicas são consideradas
relativamente inocentes, pois indica que ele permanecerá localizado (sem metástase),
através do paciente. Os tumores malignos são chamados de cânceres, essa denominação
tem origem da palavra “caranguejo” em latim, devido a característica com o caranguejo
de se aderir a qualquer local onde se agarrem. O tumor maligno indica que a lesão pode
invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases)
para causar morte. No entanto, nem todos os cânceres progridem em curso tão mortal, os
tumores mais agressivos tendem a ter boa taxa de cura, desde que descoberto em estágio
inicial (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
As neoplasias hematológicas acometem a medula óssea, causando alterações nas
células sanguíneas de série branca (Figura 8) e são categorizadas de acordo com a célula
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NEOPLASIA LINFOIDE
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A leucemia linfóide aguda (LLA) é uma neoplasia maligna resultante da proliferação clonal e acúmulo
de células que exibem marcadores celulares associados aos estágios precoces de maturação linfóide. Os
blastos se acumulam na medula óssea (MO) e substituem a população normal da mesma. É a neoplasia
mais frequente na infância, correspondendo a 30-35% dos casos de câncer neste segmento (1). Seu pico
de incidência ocorre entre 2 e 5 anos de idade, sendo quatro vezes mais frequente que a leucemia mielóide
aguda (LMA) (2). Sua etiologia permanece desconhecida, porém alguns fatores de risco têm sido associados
a esta patologia. A radiação ionizante é um dos fatores ambientais relacionados ao excesso de leucemia
em algumas regiões geográficas estudadas (3-5) principalmente quando a exposição ocorre durante a vida
intra-uterina ou durante a primeira infância. Produtos químicos diversos e imunodeficiências também são
fatores leucemogênicos (5). Além dos fatores de riscos ambientais, algumas anomalias cromossômicas
constitucionais (fatores genéticos) estão associadas a uma maior susceptibilidade à LLA e LMA, como
síndrome de Down, síndrome de Bloom, anemia de Fanconi e ataxia-telangiectasia (6;7). Polimorfismos
genéticos também estão envolvidos na susceptibilidade às leucemias.
LIVRO
• Título: Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos
Laboratoriais de Henry
• Autor: Richard A. McPherson e Matthew R. Pincus.
• Editora: Manole.
• Sinopse: Este livro aborda os diagnósticos clínicos e tratamentos
por métodos laboratoriais é um livro bastante aclamado no campo
da patologia clínica e tem servido como uma das principais fontes
de consulta para profissionais de todas as áreas da medicina.
FILME/VÍDEO
• Título: Cuidados para o paciente com neoplasias hematológicas
• Ano: 2020.
• Sinopse: O vídeo aborda os cuidados que o paciente com
neoplasia hematológica deve ter durante o período de pandemia.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4kBM7DYhozc
Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos da patologia geral
e aplicações da patologia clínica, visto que se trata de um material que contempla as duas
temáticas. Desta forma, iniciamos os estudos da patologia geral definindo os conceitos de
doença x saúde e posteriormente, demos início aos estudos dos processos patológicos de
adaptação, lesão e morte celular. Desta forma, apresentei os tipos de adaptações celulares
fisiológicas e patológicas, focando nos processos de hipertrofia, hiperplasia, atrofia e
metaplasia celular. Na sequência, abordei o estudo morfológico das lesões reversíveis e
irreversíveis que são induzidas por estímulos e podem causar a morte celular apresentando
as duas formas de ocorrência desse evento celular que são: a necrose e apoptose.
Demos sequência aos estudos focando nos distúrbios hemodinâmicos que
acometem o sistema cardiovascular, apresentando a importância na manutenção da
estabilidade do corpo humano, conhecida como homeostasia. Com base no conhecimento
adquirido sobre a homeostasia, destacamos o desenvolvimento de condições patológicas
causadas pelo desequilíbrio da homeostase, sendo elas: a trombose, o infarto e o choque.
A trombose é um processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro
de vasos ou do próprio coração, no indivíduo vivo. Destacamos o infarto, que é uma área
de necrose tecidual isquêmica causada por uma obstrução do suprimento arterial ou da
drenagem venosa para um determinado. Para concluir a temática destinada à patologia
geral, finalizamos o estudo dos distúrbios hemodinâmicos ficando no choque, que é um
colapso cardiovascular generalizado.
Posteriormente, iniciamos o estudo das aplicações clínicas da patologia através
do diagnóstico laboratorial das doenças focando em apenas 3 grandes áreas: urinálise,
bioquímica clínica e hematopatologia. A urinálise é um dos métodos de diagnóstico
mais utilizado e por esse motivo decidi incluí-lo no nosso estudo, focando parâmetros
macroscópicos, microscópicos do exame de urina e suas aplicações clínicas. Na sequência,
destaquei a importância da análise dos parâmetros bioquímicos no diagnóstico das
doenças cardiovasculares através do estudo dos marcadores bioquímicos para doenças
cardiovasculares, fazendo o link perfeito entre o distúrbio hemodinâmico relacionado
ao infarto que foi tema de estudo da unidade 2. Por fim, abordei a hematologia como a
114
última grande área de estudo destinada a patologia clínica, destacando de forma pontual
os distúrbios hematológicos relacionados às anemias e sua classificação baseada na
morfologia eritrocitária e as neoplasias hematológicas, mencionando os 3 exames de
diagnósticos mais utilizados.
Considero que o conteúdo abordado lhe forneceu uma visão geral sobre a patologia
e os principais métodos de diagnósticos utilizados, fornecendo a base necessária para seguir
adiante com os estudos das disciplinas clínicas, como: bioquímica clínica e hematologia
clínica. E assim, farão de você um futuro profissional capacitado para desenvolver as mais
diversas funções atribuídas aos profissionais da área da saúde.
115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGELO, I. C. Patologia Geral. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016.
116
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Iron deficiency anaemia: assessment, prevention
and control. Geneva, 2001.
117
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