9-Coloquio Historia Doencas Anais
9-Coloquio Historia Doencas Anais
9-Coloquio Historia Doencas Anais
Colóquio
de História das Doenças
Copyright © 2022, Sebastião Pimentel Franco [et. al.].
Copyright © 2022, Editora Milfontes.
Rua Carijós, 720, Lj. 01, Ed. Delta Center, Jardim da Penha, Vitória, ES, 29.060-700.
Compra direta e fale conosco: https://espacomilfontes.com
[email protected]
Brasil
Editor Chefe
Prof. Dr. Bruno César Nascimento
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU) • Profª. Drª. Aline Trigueiro (UFES) • Prof. Dr. André
Ricardo Vasco Valle Pereira (UFES) • Prof. Dr. Anthony Pereira (King’s College, Reino Unido) •
Prof. Dr. Antônio Leal Oliveira (FDV) • Prof. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP) • Prof. Dr.
Arthur Lima de Ávila (UFRGS) • Prof. Dr. Arthur Octávio de Melo Araújo (UFES) • Profª. Drª.
Caterine Reginensi (UENF) • Prof. Dr. César Albenes de Mendonça Cruz (EMESCAM) • Cilmar
Franceschetto (Arquivo Público do Estado do ES) • Prof. Dr. Cristiano P. Alencar Arrais (UFG) •
Prof. Dr. Diogo da Silva Roiz (UEMS) • Prof. Dr. Edson Maciel Junior (UFES) • Prof. Dr. Eurico José
Gomes Dias (Universidade do Porto) • Prof. Dr. Fábio Franzini (UNIFESP) • Prof. Drª. Flavia Nico
Vasconcelos (UVV) • Drª. Flavia Ribeiro Botechia (UFES) • Profª. Drª. Fernanda Mussalim (UFU) •
Prof. Dr. Hans Urich Gumbrecht (Stanford University) • Profª. Drª. Helena Miranda Mollo (UFOP)
• Prof. Dr. Heraldo Ferreira Borges (Mackenzie) • Profª. Drª Janice Gusmão (PMS-Gestão) • Prof.
Dr. João Pedro Silva Nunes (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) • Prof. Dr. Josemar Machado de
Oliveira (UFES) • Prof. Dr. Júlio Bentivoglio (UFES) • Prof. Dr. Jurandir Malerba (UFRGS) • Profª.
Drª. Karina Anhezini (UNESP - Franca) • Prof. Dr. Leandro do Carmo Quintão (IFES-Cariacica) •
Profª. Drª. Lucia Bogus (PUC/SP) • Profª. Drª. Luciana Nemer (UFF) • Prof. Dr. Márcio Seligman-
n-Silva (UNICAMP) • Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (UFES) • Profª. Drª. Maria Cristina Dadalto
(UFES) • Profª. Drª. Marina Temudo (Tropical Research Institute, Portugal) • Prof. Dr. Marcelo de
Mello Rangel (UFOP) • Profª. Drª. Marta Zorzal e Silva (UFES) • Prof. Dr. Nelson Camatta Moreira
(FDV) • Prof. Dr. Pablo Ornelas Rosa (UVV) • Prof. Dr. Paulo Gracino de Souza Jr. (IUPERJ) • Prof.
Dr. Paulo Roberto Neves da Costa (UFPR) • Prof. Dr. Rafael Cerqueira do Nascimento (IFES-Gua-
rapari) • Profª. Drª. Rebeca Gontijo (UFRRJ) • Prof. Dr. Renato de Almeida Andrade (UFES) • Prof.
Dr. Ricardo Marques de Mello (UNESPAR) • Prof. Dr. Rogério Naques Faleiros (UFES) • Profª.
Me. Sátina Priscila Pimenta Mello (Multivix/ Estácio) • Prof. Dr. Sérgio Alberto Feldman (UFES)
• Prof. Dr. Timothy Power (University of Oxford, Reino Unido) • Prof. Dr. Thiago Lima Nicodemo
(UNICAMP) • Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (UFES) • Prof. Dr. Valdei Lopes de Araujo (UFOP) •
Prof. Dr. Vitor de Angelo (UVV) • Profª. Drª Verónica Tozzi (Universidad de Buenos Aires) • Profª.
Drª. Záira Bomfante dos Santos (CEUNES - UFES) • Prof. Dr. Wilberth Claython Ferreira Salgueiro
(UFES) • Prof. Dr. William Berger (UFES) •Profa. Dra. Adriana Pereira Campos (UFES) • Profa. Dra.
Carla Noura Teixeira (UNAMA) • Prof. Dr. Carlos Garriga (Universidad del Pais Vasco, Esp) • Prof.
Dr. Claudio Jannotti da Rocha (UFES) • Prof. Dr. Claudio Madureira (UFES) • Prof. Dr. Daniel Miti-
diero (UFRGS) • Prof. Dr. Edilton Meireles de Oliveira Santos (UFBA) • Prof. Dr. Gilberto Stürmer
(PUC/RS) • Prof. Dr. Juliano Heinen (FMP) • Prof. Dr. Leonardo Carneiro da Cunha (UFPE) • Prof.
Dr. Marco Antônio Rodrigues (UERJ) • Prof. Dr. Márcio Cammarosano (PUC/SP) • Profa. Dra.
Mariana Ribeiro Santiago (UNIMAR) • Prof. Dr. Platon Teixeira de Azevedo Neto (UFG) • Prof. Dr.
Ricardo José de Britto Pereira (UDF) • Profa. Dra. Viviane Coelho de Sellos-Koerr (UNICURITIBA)
Sebastião Pimentel Franco
Dilene Raimundo do Nascimento
Anny Jackeline Torres Silveira
André Luís Nogueira
Patrícia M. S. Merlo
(organizadores)
IX
Colóquio de História das Doenças:
Anais
Editora Milfontes
Vitória, 2022
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida
ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia e gravação digital) sem a permissão prévia da editora.
Revisão
De responsabilidade exclusiva dos organizadores
Capa
Imagem da capa:
Autor: não citado, logo, tenho declarado que não existe intenção de violação de
propriedade intelectual
Semíramis Aguiar de Oliveira Louzada - aspectos
ISBN: 978-65-5389-038-1
CDD 901.0
Sumário
Apresentação: IX Colóquio de História das Doenças Anais
Completos...........................................................................................................9
“A camisinha é pequena?” Histórias da educação do corpo contra o
vírus do HIV no jornal Nós Por Exemplo (1991-1995).................... 11
Adolfo Veiller Souza Henriques & Azemar dos Santos Soares Júnior
9
“A camisinha é pequena?” Histórias da
educação do corpo contra o vírus do HIV
no jornal Nós Por Exemplo (1991-1995)
Adolfo Veiller Souza Henriques1
Azemar dos Santos Soares Júnior2
Introdução
11
IX Colóquio de História das Doenças: anais
12
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
13
IX Colóquio de História das Doenças: anais
14
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
15
IX Colóquio de História das Doenças: anais
EXEMPLO, mai. 1993). Dessa forma, por mais que a maioria das
pessoas, conforma os dados acima apresentados, alegassem uso
da camisinha, a prática era outra. Crescia vertiginosamente o
número de homossexuais infectados, despertando a preocupação do
movimento gay e dos médicos infectologistas.
Nos parece que a principal preocupação estava na
implementação de uma educação da saúde, uma espécie de
orientação correta para preservação do corpo são, assegurando as
pessoas prazer e proteção. A intenção do jornal era normalizar as
informações sobre as formas necessárias impedir a propagação do
vírus e, o uso correto da camisinha era uma delas. Desde os anos
iniciais da década de 1980, a epidemia de Aids, pelo caráter incurável
da síndrome, apresentou-se como um importante desafio para a
saúde pública. Nesse cenário, a redução de danos e a prevenção se
destacaram como estratégias fundamentais para o enfrentamento
a doença. No Brasil, desde o “início das políticas relativas à Aids,
a camisinha foi, e continua sendo, a principal aposta no campo da
prevenção” (PAIVA; VENTURI; FRANÇA; LOPES, 2003).
Essa promoção do uso da camisinha, fez parte de “uma
perspectiva não supressiva da prevenção, que caracterizou a
maioria das respostas nacionais bem-sucedidas à epidemia de HIV,
diferentemente de outros contextos, onde os trabalhos preventivos
persistiam na ideia de abstinência sexual” (KALICHMAN, 1993).
No sentido de adotar uma ordem discursiva educativa, de um sexo
seguro, o educador social e articulista do impresso, o Sr. Paulo
Henrique Longo, enunciava informações com o desejo que os seus
leitores praticassem o sexo seguro utilizando a camisinha. Nesse
sentido, entendemos que buscou-se adotar uma educação sanitária
que buscava tratar de um meio preventivo para evitar a doença,
sendo essa medida defendida como mais fácil e segura.
Entre os diferentes grupos sociais, existem diferenças
marcantes no sofrer ou no modo de reagir às doenças. Ao levarmos
em consideração que a Aids tornou-se uma doença que circulava
entre os corpos, num primeiro momento sob a alegação de que o
contágio era majoritariamente através do ato sexual e que passou
16
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
17
IX Colóquio de História das Doenças: anais
18
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
19
IX Colóquio de História das Doenças: anais
20
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Considerações finais
Há um ditado sobre o universo dos acontecimentos humanos
e históricos, que foi ao longo do tempo tomado como uma “certeza”:
os homens nascem e morrem. Todavia, a lógica e o processo do
nascer e do morrer não podem ser julgados como imutáveis, uma vez
que, o progresso e as transformações processadas pelas sociedades,
demonstram que as percepções e as atitudes dos indivíduos diante
desses dois acontecimentos sofreram mudanças profundas e
21
IX Colóquio de História das Doenças: anais
drásticas.
Além desses acontecimentos, é reconhecível que se os
homens não morrem durante o parto, nas guerras, de acidentes ou
de causas naturais, fatalmente irão sucumbir as consequências e
ao desenvolvimento de doenças parasitárias, malignas ou crônicas,
mas, sobretudo aquelas de caráter infectocontagioso. E entre os
principais causadores dessas doenças que podem levar ao óbito,
se não tratadas apropriadamente, destacam-se as bactérias, os
protozoários, os fungos e, principalmente, os vírus.
Ao lado da identificação dos agentes parasitários, da
nomeação e da classificação das doenças que transitam ao redor
do homem, assim como a descoberta de antibióticos e vacinas
necessárias para combatê-las - o que as colocam no domínio das
Ciências da Saúde, existe uma história das doenças revelada através
das práticas médicas, dos discursos médicos e políticos, do registro
médico-hospitalar e das estatísticas oficiais. Sendo assim, as doenças
também pertencem à história e ao historiador.
Sabemos que a Aids “é uma doença como outra qualquer, de
que existem, mecanismo de prevenção contra ela e de que a luta
contra o HIV é também uma luta contra o pânico, a desinformação,
os preconceitos e a discriminação que devem ser combatidos com
solidariedade” (NASCIMENTO, 2015, p. 96). Acreditamos que
era de suma importância à vida dos leitores, desenvolver naquele
momento um cuidado de si por meio da promoção da vida, com
discursões sobre a doença e sexualidade, orientação de desejos,
o ensino de práticas do sexo seguro. Para tanto, o jornal Nós Por
Exemplo passou a investir nos primeiros anos da década de 1990,
em uma educação da saúde que visava incutir nas pessoas práticas
de cuidado na hora do sexo a exemplo da conversa sobre proteção e
uso de camisinha.
Não foi possível ainda perceber o alcance do jornal para a
população brasileira. Não podemos ainda afirmar em termos
quantitativos sobre os leitores que tinham acesso ao periódico
ou mesmo que se apropriaram das práticas educativas postas em
22
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
BESSA, Marcelo Secron. Os perigosos: autobiografia & Aids. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2004.
23
IX Colóquio de História das Doenças: anais
24
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
25
Migrar e adoecer:
Assistência aos italianos na Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre - RS (Final do
Século XIX)
Carolina Wendling Rodrigues1
Introdução
A história das migrações vem ganhando espaço em novos
estudos historiográficos abordando diversas temáticas, tais
como: gênero, criminalidade, loucura, doença, estratégias de
deslocamentos2, entre outras. Durante o século XIX o Brasil recebeu
um grande contingente de imigrantes europeus que chegavam no
país em busca de novas oportunidades. O contexto das migrações
está relacionado com as diversas transformações que ocorriam
no mundo ocidental, de acordo com Loraine Giron (1980), são
diversos os fatores responsáveis que levaram esse grande número de
pessoas a deixarem seu país de origem, como as questões de ordem
social, política e econômica podem ser levantas nos estudos sobre
as migrações.
Sobre o contexto europeu do século XIX, podemos mencionar
diversas transformações que estavam ocorrendo, como por exemplo:
as Revoluções Industrial e Científica-Tecnológica. O crescimento
das indústrias e da vida urbana geraram mudanças nas “sociedades
27
IX Colóquio de História das Doenças: anais
28
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
29
IX Colóquio de História das Doenças: anais
30
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
As hospedarias de imigrantes
A partir do século XIX começou-se a providenciar locais
de hospedagem aos recém chegados no Brasil. As hospedarias se
estabeleceram ao longo da costa do país, próximas aos pontos de
translado dos fluxos migratórios. Podem ser entendidas como locais
de “transmutação, limiares modernos através dos quais os emigrantes
transformam-se em imigrantes durante seu curto tempo de estada”
(CHRYSOSTOMO; VIDAL, 2014, p. 2). Na década de 1850,
devido às preocupações com a epidemia de febre amarela, e com o
grande número de imigrantes atraídos para o país, estes passam a
ser considerados focos de irradiação de doenças infecciosas. É neste
contexto que se discute a implementação de locais de acolhimento
dos recém-chegados. Em 1850, é fundada pelo Ministério do
Império, a Junta Central de Higiene Pública, e como resultado,
os projetos de locais de isolamento nas ilhas, como por exemplo o
lazareto de Jurujuba no Rio de Janeiro em 1851. Em 1853 o lazareto
se transformou no Hospital Marítimo de Santa Isabel, tendo a
principal função tratar marinheiros, viajantes e imigrantes que
chegavam com doenças contagiosas (CHRYSOSTOMO; VIDAL,
2014, p. 6-7).
A preocupação com o destino dos recém chegados é
percebida também a partir da criação da Associação Central
de Colonização em 1855. A Associação teve como finalidade
importar emigrantes agricultores ou industriais que quisessem
vir para o Brasil, ficando responsável por todo o processo de
recrutamento e transporte, bem como a instalação dos imigrantes
nas colônias. No que se refere às hospedarias, a Associação
deveria responsabilizar-se em fornecer alojamentos, e nos
portos em que não existissem os estabelecimentos, a Associação
deveria providenciar locais de “abrigo e subsistência, até que
os imigrantes tivessem construído ou recebido suas moradias
31
IX Colóquio de História das Doenças: anais
32
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
33
IX Colóquio de História das Doenças: anais
34
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
35
IX Colóquio de História das Doenças: anais
36
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
37
IX Colóquio de História das Doenças: anais
38
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Considerações finais
No Rio Grande do Sul, as hospedarias não possuíam um local
fixo para receber os imigrantes, o governo provincial constantemente
alugava casas e prédios ou então solicitava a construção de barracões
nos locais próximos às colônias, ou então na capital Porto Alegre.
Esses locais improvisados, provavelmente não possuíam condições
necessárias ao atendimento dos imigrantes que chegavam doentes
ou então debilitados após uma longa viagem. Os registro existentes
da Hospedaria do Cristal em Porto Alegre são datados a partir de
1892, e consistem na escassa documentação sobre essas hospedarias.
Antes deste período não foram produzidos muitos trabalhos sobre
as hospedarias que relatassem as condições de saúde dos imigrantes
ou então sobre o cotidiano nesses locais. Nesse sentido, o estudo nos
registros de entrada dos enfermos da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre nos fornecem informações de que os imigrantes recém
chegados também eram recebidos na instituição, estando doentes
ou não.
A partir dos relatórios da provedoria, bem como dos registros
de entrada, pode-se perceber que a Misericórdia também exercia
o papel de controle das doenças contagiosas, como por exemplo
a febre amarela, cuidando dos enfermos e ficando incumbida de
transferi-los para os lazaretos bem como sepultar no cemitério
27 de fevereiro de 1889 a 4 de março de 1889 - Arquivo do Centro Histórico-Cultural da
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (CHC).
39
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
Fontes
Livro de Matrícula Geral dos Enfermos, nº 4 (11/1873-08/1880) – Arquivo
do Centro Histórico-Cultural da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
(CHC).
40
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Bibliografia
ALVES, Débora Bendocchi; KLUG, João; WITT, Marcos. (org.). Frederich von
Weech: a agricultura, o comércio e o sistema de colonização no Brasil. 2. ed. rev.
ampl. São Leopoldo: Oikos, 2017.
BARROSO, Véra. Os imigrantes na Santa Casa de Porto Alegre: as possibilidades
de pesquisa no acervo do Centro Histórico-Cultural/CHC-ISCMPA (Sécs. XIX
e XX). In: VENDRAME, Maíra Ines [et. al.] (org.). Micro-História, trajetórias e
imigração. São Leopoldo: Editora OIKOS, 2015.
CHRYSOSTOMO, Maria; VIDAL, Laurent. Do depósito à hospedaria de
imigrantes: gênese de um “território de espera” no caminho da emigração para o
Brasil. História, Ciência, Saúde – Manguinhos, v. 21, n. 1, jan./mar. 2014, p. 1-23.
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=386134010013.
DE BONI. Luis A.; COSTA, Rovílio. 2 ed. Os italianos do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Editora Vozes, 1982.
FRANCO, Renato. Por uma morfologia da caridade. In: KORNDÖRFER, Ana
Paula; BRUM, Cristiano E.; ROSSI, Daiane S.; FLECK, Eliane; QUEVEDO,
Éverton R. (org.). História da assistência à saúde e à pobreza: olhares sobre suas
instituições e seus atores. São Leopoldo: Oikos, 2017, p. 9-17.
GIRON, Loraine Slomp. A imigração italiana no RS: Fatores determinantes.
In: BARROS, Eliane Cruxên. (org.). RS: imigração e colonização. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1980.
HUTTER, Lucy Maffei. O imigrante e a questão da saúde. In: DE BONI, Luis
A. (org.). A presença italiana no Brasil: volume III. Porto Alegre; Torino: Escola
Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Fondazione Agnelli, 1996, p.
336-379.
IOTTI, Luiza Horn (org.). Imigração e colonização: legislação de 1747 a 1915. Porto
Alegre/ Caxias do Sul: Assembleia Legislativa do Estado do RS/EDUCS, 2001.
KORNDÖRFER, Ana Paula; BRUM, Cristiano E.; ROSSI, Daiane S.; FLECK,
Eliane; QUEVEDO, Éverton R. (org.). História da assistência à saúde e à pobreza:
41
IX Colóquio de História das Doenças: anais
olhares sobre suas instituições e seus atores. São Leopoldo: Oikos, 2017.
OLIVEIRA, Daniel. Morte e vida feminina: mulheres pobres e condições de saúde e
medicina da mulher na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (1880-1890).
Dissertação (Mestrado em História). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
PORTER, Roy. The Patient’s View: Doing Medical History from. Theory and
Society, v. 14, n. 2, p. 175-198, 1985.
ROSSI, Daiane. Assistência à saúde e à pobreza no interior do sul do Brasil (1903-
1913). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde). Fundação Oswaldo
Cruz, Rio de Janeiro, 2019.
SANGLARD, Gisele. A construção dos espaços de cura no Brasil: entre a
caridade e a medicalização. Esboços, Santa Catarina, v. 13 n. 16, 2006. Disponível
em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/119.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas de hospedarias de imigrantes. Revista do Instituto
de Estudos Brasileiros, v. 30, p. 23-42, 1989.
SILVA, Gabriela Ucoski. História e aspectos do cotidiano da Hospedaria de Imigrantes
do Cristal Porto Alegre (1890-1898). Dissertação (Mestrado em História). Programa
de Pós-Graduação em História. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2014.
TOMASCHEWSKI, Cláudia. Caridade e filantropia na distribuição da assistência:
a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas - RS (1847-1922).
Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
VENDRAME, Maíra Ines. Mobilidade, redes e experiências migratórias: algumas
reflexões sobre as estratégias de transferência dos imigrantes italianos para o
Brasil meridional. In: VENDRAME, Maíra Ines [et. al.] (org.). Micro-História,
trajetórias e imigração. São Leopoldo: Editora OIKOS, 2015, p. 200-223.
VENDRAME, Maíra Ines. O poder na aldeia: redes sociais, honra familiar e
práticas de justiça entre os camponeses italianos (Brasil-Itália). São Leopoldo:
Oikos; Porto Alegre: ANPUH-RS, 2016.
VENDRAME, Maíra Ines. Micro-história e história da imigração: pensando o
problema do equilíbrio e da complexidade. Tempo e Argumento, Florianópolis, v.
10, n. 25, p. 267-288, jul./set. 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5965/2
175180310252018267.
WADI, Yonissa, M. A história de Pierina: subjetividade, crime e loucura.
Uberlândia: EDUFU, 2009.
42
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
43
Discursos médicos sobre a loucura na
cidade a Parahyba do Norte entre
1989 e 1930
Edna Maria Nóbrega Araújo1
Alda Venusia Alves de Oliveira2
Maria Cecilia Brito Marques3
45
IX Colóquio de História das Doenças: anais
46
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
47
IX Colóquio de História das Doenças: anais
48
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
49
IX Colóquio de História das Doenças: anais
50
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
51
IX Colóquio de História das Doenças: anais
52
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
53
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
ARAÚJO, Edna Maria Nóbrega. Uma cidade, muitas tramas: a cidade da Parahyba
e seus encontros com a modernidade (1800–1920). Dissertação (Mestrado em
História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2001.
ALVES, Farias Gerlane. A Administração da Loucura: A santa Casa da Parahyba
do Norte no tratamento dos alienados (1858-1892). Dissertação (Mestrado em
História). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2018.
ALMEIDA, José Américo de. A Paraíba e seus problemas. 3 ed. João Pessoa: A
União, 1980.
COSTA, Jurandir Freire. História da Psiquiatria no Brasil. 5 ed. Rio de Janeiro:
54
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Garamond, 2006.
FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva,
1978.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
FOUCAULT, Michel. O Nascimento da Clínica. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2008.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 42 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
JÚNIOR, Azemar dos Santos Soares; ARRUDA, Ramon Limeira Cavalcanti de.
“Sobre a necessidade de cuidar da perfeita educação” Flávio Maroja e sua política
médico-pedagógica. Saeculum - Revista De História, João Pessoa, jul./dez. 2014.
JUNQUEIRA, Helmara Giccelli Formiga Wanderley. Doidos[as] e Doutores: A
medicalização da loucura na Província/Estado da Parahyba do Norte 1830-1930.
Tese (Doutorado em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2016.
MACHADO, Roberto; LOREIRO, Ângela; LUZ, Rogério; MURICY, Kátia.
Danação da norma: a medicina social e construção da psiquiatria no Brasil. Rio de
Janeiro: Graal, 1978.
PELBART, Peter, Da clausura do fora ao fora da clausura: Loucura e desrazão.
São Paulo: 1994
SANTOS, Leonardo Querino Barboza Freire dos. ENTRE A CIÊNCIA E A SAÚDE
PÚBLICA A Construção do Médico Paraibano como Reformador Social (1911 – 1929).
Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Campina Grande,
Campina Grande, 2015.
SILVA FILHO, Edvaldo Brilhante. História da Psiquiatria na Paraíba. João Pessoa:
Santa Clara, 1998.
Fontes
Mensagem de Governo do Presidente João Suassuna, Parahyba do Norte: 1928
SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DA PARAHYBA. Semana Medica.
Parahyba do Norte: A UNIÃO, 1927.
Jornais
A UNIÃO 1913, 1927.
O Jornal 1912, 1917.
55
Para conservar a saúde dos sujeitos infantis:
Orientações terapêuticas, alimentares e
comportamentais na obra “Tratado de Educação
Física para os meninos para uso da nação
Portuguesa” (1790)
Eduarda Troian1
Introdução
Neste texto, compartilhamos os primeiros resultados da
pesquisa de Mestrado que desenvolvo junto ao Programa de Pós-
Graduação em História da Unisinos e que foram apresentados
no evento “IX Colóquio de História das Doenças”. O projeto
de dissertação prevê a análise da obra “Tratado de Educação
Física para os Meninos para uso da Nação Portuguesa” (1790),
escrita pelo médico luso-brasileiro Francisco de Mello Franco,
destacando as orientações terapêuticas presentes na obra e
identificando a concepção de infância em Portugal na segunda
metade do século XVIII. Nesse sentido, para nos aprofundarmos
nesse contexto de inserção dos sujeitos infantis na sociedade
portuguesa deste período, torna-se necessário verificar as
condições de saúde infantil em Portugal, bem como a influência
exercida pelas transformações no campo científico ocorridas
no Setecentos, sendo importante destacar quais foram essas
mudanças.
Dessa forma, vale destacar que, ao analisarmos essas questões
que encontram-se expressas na obra de Mello Franco, e na medida
1 Mestranda em História no Programa de Pós-Graduação da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos – UNISINOS, bolsista na modalidade PROSUC/CAPES. E-mail:
[email protected]
57
IX Colóquio de História das Doenças: anais
2 Em relação a esta importante atuação, Carla Boto (2017) assegura que “em Portugal,
a característica dos iluministas era a de serem estrangeirados. Estrangeirados eram os
homens que viviam no exterior, mas que dedicavam suas vidas a refletir e a interpretar seu
próprio país, do qual – querendo ou não – haviam se tornado forasteiros. A condição de
estrangeirado possibilita um olhar exterior, capaz de desembaralhar aquilo que, entre os
portugueses, era reconhecido como habitual Boto (2017, p. 23).
3 Para a época, deveria se considerar que “o simples fato de ter sido mandado para
58
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Coimbra a fim de realizar seus estudos, é prova suficiente de que vinha de uma família
abastada, com recursos para mantê-lo do outro lado do Atlântico durante longos anos.
De fato, no caso dos brasileiros, apenas filhos das elites coloniais tinham recursos para
frequentar as aulas em Coimbra” Freitas, (2017, p. 11).
4 Cabe ressaltar que “o Iluminismo foi um fenômeno intelectual surgido na Europa,
especificamente em meados do século XVIII. Tinha por principal baliza a referência
da crítica, compreendendo o mesmo conceito de crítica como o reconhecimento das
possibilidades, mas também dos limites, da capacidade humana de conhecer. Mais do que
isso, os iluministas acreditavam que a instrução conduziria não apenas a um acréscimo de
conhecimento no sujeito, mas também a um aprimoramento moral do indivíduo que se
instrui Boto (2017, p. 34).
59
IX Colóquio de História das Doenças: anais
60
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
assinada e publicada pelo autor, deve-se ressaltar, conforme atestado por NUNES
(apud FREITAS, 2013, p. 02) que muitas das “suas ideias circularam em forma de obras
anônimas, boa parte delas objeto de debates acalorados em alguns círculos intelectuais e
de grandes apreensões nos órgãos da censura régia”. Entre as publicações anônimas que
estão associadas à sua autoria, pode-se mencionar o poema satírico “Reino da Estupidez”,
de 1785.
7 Os 12 capítulos que compõem a obra são: Cap.I – “Porque modo fe deve reger
huma mulher pejada”; Cap. II – “Logo que uma criança nafce deve fer feparada dos pés da
mãi, cortando-fe o cordaõ umbilical, e como deve ele fer ligado”; Cap. III – “Do quanto
he nocivo o frio no inftante do nafcimento”; Cap. IV – “Qual feja o verdadeiro modo de
lavar as crianças”; Cap. V – “A utilidade dos banhos frios provada pela razão, pela prática
dos Antigos, e pelo exemplo dos póvos do Norte”; Cap. VI – “A efpécie humana tem
degenerado, e fenfivelmente degenera na Europa, e porque motivos; Cap. VII – “Como
fe devem veftir as crianças e os abufos que ha a efte refpeito”; Cpa. VIII – “Do quanto diz
refpeito ao modo de nutrir as crianças”; Cap. IX – “Do fomno, e do berço”; Cap. X – “Do
exercício, naõ fó no que diz refpeito às crianças, mas ainda geralmente confiderado”; Cap.
XI – “Do modo de aperfeiçoar os fentidos das crianças” e Cap. XII – “Da grandiffima
utilidade, que refultaria ao Eftado, e a cada hum dos particulares, a geral introdução da
inoculação das Bexigas”.
8 Em relação aos comportamentos destinados aos pais das crianças, Mello Franco
apontava estes iriam influenciar na criação e no desenvolvimento de seus filhos,
especialmente nos cuidados que a mãe adquiria durante a gravidez, como a ingestão de
alimentos adequados, valorizando sempre o princípio da moderação no comer, no beber e
na prática de exercícios físicos, pois, uma das funções desses tratados era a de “aconselhar
como manter a economia entre o que era ingerido e o que era efetivamente consumido
pelo corpo, para que não houvesse excedente prejudicial à saúde” Ripe (2019, p. 126).
9 Para a composição dos capítulos da obra, “Mello Franco limita-se a mostrar sua
erudição por meio de citações de autores estrangeiros voltados para a questão da educação
infantil, mais como suporte de suas convicções sobre os melhores procedimentos a serem
seguidos pelos pais do que como subsídio para reflexões filosóficas mais alargadas a
61
IX Colóquio de História das Doenças: anais
62
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
12 Esta era uma das orientações mais frequentes nos impressos da época, pois era
comum apontar que “o primeiro regime alimentar dos infantis está associado ao ato
da amamentação”, sendo que, diversos foram os autores que “aconselharam” sobre “a
importância deste nutriente para a boa formação corpórea dos infantis” Ripe (2019, p.
125).
63
IX Colóquio de História das Doenças: anais
64
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
porém a sua presença poderia ser percebida como uma fase que
deveria ser rapidamente atravessada. Ainda assim, cabe destacar
que “a noção de infância surgiu no contexto histórico e social da
modernidade” (JÁCOME, 2018, p. 17), uma vez que é possível notar
uma crescente preocupação em torno da problemática da saúde
infantil, especialmente dos altos índices de mortalidade infantil que
assolavam a sociedade europeia.
Como já observado, Portugal vivenciava altos índices de
abandono infantil e de enfermidades que atingiam as crianças
na segunda metade do século XVIII, o que contribuiu para o
maior interesse em obras que orientassem a população quanto
a medidas que deveriam ser adotadas para uma maior qualidade
de vida dos sujeitos infantis. Estas publicações constituíam-se de
discursos13 normativos que contemplavam diferentes áreas do
processo educativo infantil. Vale lembrar que uma das grandes
preocupações girava em torno das crianças que ficavam sujeitas
a ações caritativas e a programas de assistências, sobretudo,
quanto aos custos envolvidos na criação desses pequenos que se
encontravam desamparados. Assim,
apesar da assistência a estas crianças ter sido uma atribuição
das Câmaras, em algumas localidades foram as Santas Casas que
através de ‘delegação desses serviços por parte dos Municípios’
desempenharam essa atribuição. (ARAÚJO, 2008, p. 135).
65
IX Colóquio de História das Doenças: anais
66
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
67
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações finais
Ao analisarmos as circunstâncias que possibilitaram essa
difusão de tratados de educação e de medicina destinados ao
público infantil, percebe-se o quanto as transformações que
permeavam a sociedade portuguesa na segunda metade do
século XVIII foram significativas para a produção desse saber,
na medida em que o indivíduo passa a ser mais valorizado social
e culturalmente, em virtude de um ambiente que promovia uma
nova concepção de corpo humano, enquanto um sujeito sadio,
intelectual e capaz.
Dessa forma, pode-se notar que existia uma preocupação
em relação à educação e à criação dos sujeitos infantis e, nesse
sentido, a obra escrita por Mello Franco poderia ter tido um alcance
significativo entre as famílias portuguesas que tinham como objetivo
a conservação do estado de saúde dos seus herdeiros. A difusão destas
recomendações quanto aos cuidados infantis através de tratados de
medicina doméstica estava associada aos altos índices de abandono
e mortalidade infantil observáveis na Europa e, principalmente, em
Portugal. O principal objetivo dos autores destes tratados era o de
oferecer orientações relativas à saúde de gestantes e dos sujeitos
infantis, tendo em vista a constituição de súditos saudáveis e úteis
ao estado português.
Considerando que as recomendações presentes na obra de
Mello Franco se dirigiram às crianças portuguesas, interessa-nos,
também, avaliar a circulação e apropriação dessas orientações
pela população das cidades da América portuguesa. Afinal,
se a obra “Tratado de Educação Física...” propunha cuidados
básicos para assegurar a saúde dos sujeitos infantis portugueses,
é plausível supor que as mesmas recomendações pudessem ser
indicadas e aplicadas também aos súditos que viviam no Brasil
nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX.
Vale lembrar que a América portuguesa vivenciava situação
muito similar em termos de abandono/exposição de crianças e
de mortalidade infantil decorrente de enfermidades, apontando
68
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fonte
FRANCO, Francisco de Mello. Tratado da educação física dos meninos, para uso da
nação portuguesa. Lisboa: Oficina da Academia Real das Ciências, 1790.
Bibliografia
ABREU, Jean Luiz Neves. A educação física e moral dos corpos: Francisco de
Mello Franco e a medicina luso-brasileira em fins do século XVIII. Estudos Ibero-
Americanos, v. XXXII, n. 2, p. 65-84, dezembro 2006.
ABREU, Jean Luiz Neves. Higiene e conservação da saúde no pensamento médico
luso-brasileiro do século XVIII. Asclepio. Revista de Historia de la Medicina y de la
Ciencia, v. LXII, n. 1, p. 225-250, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.3989/
asclepio.2010.v62.i1.303. Acesso em: 17 nov. 2019.
ABREU, Jean Luiz Neves. Ilustração, experimentalismo e mecanicismo. Aspectos
das transformações do saber médico em Portugal no século XVIII. Topoi,
Rio Janeiro, v. 8, n. 15, p. 80–101, jul./dez. 2007. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/2237-101X008015004. Acesso em: 16 mai. 2019.
ABREU, Jean Luiz Neves. O corpo, a doença e a saúde: o saber médico luso-
brasileiro no século XVIII. Tese (Doutorado em História). Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. Disponível em: http://www.
bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/VCSA-6XWMHK. Acesso em:
16 mai. 2019.
ABREU, Laurinda. A organização e a regulação das profissões médicas no
69
IX Colóquio de História das Doenças: anais
70
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
77–88.
DOLINSKI, João Pedro. O desenvolvimento da medicina moderna na cultura
lusa do século XVIII. Temporalidades, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, mai./ago., 2014.
Disponível em: www.fafich.ufmg.br/temporalidades/revista. Acesso em: 04 abr.
2020.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador: Formação do Estado e da Civilização. v. II.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 13–135.
FERREIRA, Antônio Gomes Alves. A criança e o seu desenvolvimento em
discursos médicos e pedagógicos que circularam no contexto português (séculos
XVIII a XX). Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 215–234, abr.
2010.
FERREIRA, Antônio Gomes Alves; GONDRA, José. C. Idades da vida, infância
e a racionalidade médico-higiênica em Portugal e no Brasil (séculos 17-19). R.
bras. Est. pedag. Brasília, v. 87, n. 216, p. 119-134, mai./ago. 2006.
FONSECA, Teresa. O Iluminismo e a expulsão dos jesuítas do Império Português:
as reformas pombalinas e o plano dos estudos menores. Revista de História Regional,
v. 19, n. 2, p. 361–383, 2014. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.
php/rhr. Acesso em: 15 fev. 2021.
FRANCO, Renato. A piedade dos outros. O abandono de recém-nascido em uma
vila colonial, século XVIII. 1 Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014.
FRANCO, Renato. Riqueza, pobreza e infância: o reformismo ilustrado
português e a utilidade dos expostos. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio
de Janeiro, v. 26, p. 109-127, dez. 2019.
FREITAS, Ricardo Cabral. Francisco de Mello Franco (1757-1822) na Ilustração
Luso-Brasileira (1790-1821): reforma cultural e medicina-filosófica. XXVII
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA. ANPUH. Anais... Natal, 22 a 26 jul.
2013.
FREITAS, Ricardo Cabral. Os sentidos e as ideias: trajetória e concepções
médicas de Francisco de Mello Franco na Ilustração luso-brasileira (1776-
1823). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde). Fundação
Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017. Bibliografia:
258114-123f.
JÁCOME, Paloma da Silva. Criança e Infância: uma construção histórica. Trabalho
de Conclusão de Curso. (Graduação de Pedagogia). Rio Grande do Norte,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018, p. 11–40.
LEBRUN, François. Um em cada dois recém-nascidos. In: LE GOFF, Jacques. As
71
IX Colóquio de História das Doenças: anais
72
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
73
Cadáveres perigosos:
Teoria humoral, vapores pútridos e os riscos da
corrupção cadavérica para a saúde
Eduardo Mangolim Brandani da Silva1
Gessica de Brito Bueno2
Introdução
A morte é um processo natural que abarca o ciclo vital de
todos os seres vivos funcionando como um divisor de águas que
delimita a vida e o pós-morte. Como há apenas desconhecido após
a morte, as sociedades humanas sempre lidaram com amplo temor
em relação à tal evento universal (MOORE; WILLIAMSON,
2003, p. 3). Independente dos ritos fúnebres realizados, o cadáver
sempre gerou angústias entre aqueles que vivem. Muitas culturas
entendiam que a decomposição era sinal de dissolução da existência
do indivíduo (COLMAN, 1997, p. 42). Isso se alterou conforme
crenças que propunham vida no pós-morte ganharam configuração
(MOORE; WILLIAMSON, 2003, p. 3).
Apesar dessas noções fúnebres, o interesse aqui se centra
numa segunda categoria de interpretações sobre o cadáver. O horror
em relação ao podre e a putrefação esteve inserido no imaginário
dos grupos humanos por longo tempo. O cadáver humano passa
por processos de mudanças físicas e químicas antes de entrarem em
decomposição. O Livor Mortis é o momento em que o corpo perde
sua coloração, dando lugar a manchas roxas devido à estagnação do
sangue. O Rigor Mortis acontece porque mudanças bioquímicas se
1 Mestrando em História na UEM. Ver mais em: http://lattes.cnpq.
br/0826321713568749
2 Graduanda em História na UEM. Ver mais em: http://lattes.cnpq.
br/6348036602304108
75
IX Colóquio de História das Doenças: anais
76
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
77
IX Colóquio de História das Doenças: anais
78
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
79
IX Colóquio de História das Doenças: anais
80
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
81
IX Colóquio de História das Doenças: anais
82
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
83
IX Colóquio de História das Doenças: anais
84
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
85
IX Colóquio de História das Doenças: anais
86
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
87
IX Colóquio de História das Doenças: anais
88
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
89
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
ABERTH, J. An environmental History of The Middle Ages - The Crucible of Nature.
1 ed. Londres: Routledge, 2013.
ARISTÓTELES. Da Geração e da corrupção. 1 ed. São Paulo: Landy, 2001.
BIERNOFF, S. Sight and enbodiment in The Middle Ages. 1 ed. Nova Iorque: Palgrave
Macmillan, 2002.
CAROTI, S. De generatione et corruptione, Commentaries on Aristotle’s.
90
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
91
IX Colóquio de História das Doenças: anais
92
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
93
História da hanseníase na Amazônia:
estigmatização e espaços de memórias
Elane Cristina Rodrigues Gomes1
Rebeca Junior Cardoso Martins2
Introdução
Esse texto é resultado parcial da trajetória do projeto
de pesquisa intitulado: “História da Hanseníase na Amazônia:
estigmatização e espaços de memórias”, com o fomento da
Universidade Federal do Pará e desenvolvido na Escola de Aplicação
da UFPA (Belém/ PA), tendo como público alvo, discentes do
8º ano do Ensino Fundamental. O projeto almeja dialogar sobre
a história da hanseníase no espaço escolar, apresentando os
resultados de pesquisas realizadas a partir da tese de doutorado
sob o título: A lepra a letra: relações de poder na cidade de Belém
(1897-1924) (GOMES, 2019) tendo em vista a aproximação entre a
pesquisa e o ensino. Para tanto o projeto tem a colaboração de uma
equipe multidisciplinar composta de historiadores, estudantes de
enfermagem e biologia, assim como um estudante do Ensino Médio
da Escola de Aplicação.3
Trata-se de uma proposta destinada a dialogar sobre a
estigmatização (GOFFMAN, 2008, p. 14) que as pessoas acometidas
por hanseníase vivenciaram no século XX, tendo em vista o processo
95
IX Colóquio de História das Doenças: anais
96
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Fonte: ARAUJO, Heraclides. Profilaxia da lepra e das doenças venéreas Vol. II. Belém:
Livraria Clássica 1922, p. 20.
97
IX Colóquio de História das Doenças: anais
98
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
99
IX Colóquio de História das Doenças: anais
100
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
101
IX Colóquio de História das Doenças: anais
102
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
103
IX Colóquio de História das Doenças: anais
104
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
12 A cartilha foi elaborada por: Calebe Ferreira, Cainan Melo, Elane C. Rodrigues
Gomes, Mateus Cunha e Rebeca Junior Cardoso.
105
IX Colóquio de História das Doenças: anais
106
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Resultados
A partir do cenário de Pandemia instaurado, as atividades e
oficinas pensadas para serem realizadas no espaço da sala de aula
precisaram ser remodeladas a fim de conseguir atender contexto
de suspensão das aulas presenciais. Anteriormente, as produções
de materiais didáticos seriam feitos pelos alunos acompanhados da
professora e colaboradores; porém, estas produções tiveram que ser
elaboradas pelos cooperantes a fim de levar adiante os estudos e a
efetivação do projeto estabelecido na Escola de Aplicação.
Os materiais didáticos idealizados tem a função de informar,
orientar e esclarecer as dúvidas e desconstruir preconceitos
existentes em torno da Hanseníase através do ensino com uma
linguagem acessível aos discentes. Até o presente momento, os
integrantes conseguimos realizar a produções de uma cartilha
(intitulada de “O cuidado de si”) e de infográficos que têm o objetivo
107
IX Colóquio de História das Doenças: anais
108
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências:
CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes,
2013.
DIAS JÚNIOR, José do Espírito Santo. Cultura Popular no Guamá: Um estudo
sobre o boi bumbá e outras práticas culturais em um bairro de periferia de Belém.
Dissertação (Mestrado em História Social). Programa de Pós-Graduação em
História Social, Universidade Federal do Pará, Belém, 2009.
FARGE, Arlette. Lugares para a História. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2011.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade
109
IX Colóquio de História das Doenças: anais
110
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
111
A infância na Era Vargas:
Contribuições da LBA para a imagem da criança
bem cuidada no Piauí
Francilene Teles da Silva Sousa1
Joseanne Zingleara Soares Marinho2
Introdução
A parceria entre Estado e instituições filantrópicas,
sendo a Legião Brasilieira de Assistência (LBA) a maior delas,
consolidou o amparo social no Brasil. A mobilização de milhares
de mulheres que fizeram parte do voluntariado da LBA foi bem
vista aos olhos do governo, uma vez que era uma cooperação
abnegada e os resultados iriam promover o regime ditatorial
(LIRA, 2017). Assim, com Comissões distribuídas por todo o
território nacional a instituição conseguiu, em consonância
com os ideais do governo ditatorial varguista, desenvolver
ações assistencias direcionadas, especialmente, para a proteção
materno-infantil.
O governo de Vargas (1930-1945) possuía forte interesse
pelo desenvolvimento de políticas sociais, mais especificamente,
direcionadas a assistência à saúde da criança. Não
surpreendentemente as crianças e os jovens foram frequentemente
usados na propaganda do Estado Novo (LIRA, 2017). A ideia
de construir uma proximidade com o povo a partir da imagem
113
IX Colóquio de História das Doenças: anais
114
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
115
IX Colóquio de História das Doenças: anais
116
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Imagem 1: O Presidente com uma criança no colo durante a Semana da Criança de 1944.
Fonte: Diário Oficial (1944 Apud MARINHO, 2008).
117
IX Colóquio de História das Doenças: anais
118
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
119
IX Colóquio de História das Doenças: anais
120
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
121
IX Colóquio de História das Doenças: anais
122
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
123
IX Colóquio de História das Doenças: anais
124
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Considerações Finais
As iniciativas assistencialistas dos poderes público e privado,
junto aos médicos e a LBA, estavam direcionadas para a promoção
da infância saudável e seguiam uma orientação nacional, pois
se tratava de um regime ditatorial. No Piauí, especificamente,
as ações públicas voltadas para os serviços de saúde dedicados a
saúde materno-infantil contavam com o apoio também de outras
instituições filantrópicas, como, a Casa da Criança.
As altas taxas de mortalidade infantil impulsionaram a
elaboração de um sistema de saúde centralizado, no qual os serviços
eram padronizados por todo o Estado através dos Centros e Postos
de Saúde distribuídos estrategicamente. A infância passou a ser
vista pelo governo como um subsídio para que o regime ditatorial
pudesse ser legitimado, assim, passou a ser implantada na sociedade
a necessidade de que todos participassem das ações voltadas para a
promoção da saúde infantil.
A necessidade de um atendimento especializado para essa
fase da vida demandou a oferta de médicos pediatras e profissionais
especializados em áreas da saúde pública que pudessem contribuir
para a diminuição da proliferação das doenças que acarretavam
elevados índices de mortalidade infantil. Além disso, os médicos,
especialmente pediatras, passaram a ter uma relação mais próxima
com as mães das crianças para que pudessem ser realizados trabalhos
de acompanhamento e tratamentos em torno da alimentação e do
cuidado para que os índices de mortalidade caíssem.
A Casa da Criança, por sua vez, atuava junto a Comissão
Estadual da LBA, em Teresina, no enfrentamento da pobreza e
na promoção de ações voltadas para a saúde materno-infantil. A
parceria entre Estado e instituições filantrópicas constituiu-se numa
importante estratégia para que os planos do governo de construir
uma nação saúdavel, na qual a criança representava o futuro do país,
fosse colocado em prática.
Os serviços de saúde foram desenvolvidos, majoritariamente,
por instituições filantrópicas, através de parcerias entre o poder
125
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
A CRIANÇA – problema básico. Diário Oficial, Teresina, a. XIII, n. 127, p. 3-5,
16 out. 1943.
AGÊNCIA MORAIS E CIA. Diário Oficial, Teresina, a. XII, n. 7, p. 12, 9 jan
1942.
BARBOSA, Michele Tupich. Legião Brasileira de Assistência (LBA): o protagonismo
feminino nas políticas de assistência em tempos de guerra (1942-1946).
Dissertação (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Paraná. Curitiba,
2017.
CASA da Criança. Diário Oficial, Teresina, a. XIII, n. 148, p. 1, 2 dez. 1943.
CONSTRUÇÃO da Casa da Criança. Diário Oficial, Teresina, a. XIII, n. 115, p.
1, 18 set. 1943.
EMULSÃO de Scott. O Piauhy, Teresina, a. 39, n. 56, p. 4, 4 out. 1930.
FONSECA, Cristina M. Oliveira. A Saúde da Criança na Política Social do
Primeiro Governo Vargas. PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva, v. 3, n. 2, p. 99-116,
1993. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/physis/1993.v3n2/97-116/
pt. Acesso em: 02 set. 2020.
126
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
FREIRE, Maria Martha Luna de. Mulheres, mães e médicos: discurso maternalista
no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
CARDOSO, Elizangela Barbosa. Em defesa da pátria: proteção social, infância e
maternidade no Estado Novo. Revista Brasileira de História a Ciências Sociais, v. 4,
n. 8, p. 403, dez., 2012.
LEGIÃO Brasileira de Assistência: Casa da Criança. Diário Oficial, Teresina, a.
XIV, n. 35, p. 12, 23 mar. 1944.
LIRA, Clarisse Helena Santiago. O Piauí em Tempos de Segunda Guerra: mobilização
local e as experiências do contingente piauiense da FEB. Jundiaí: paco editorial,
2017.
MARINHO, Joseanne Zingleara Soares. Entre letras e bordados: o tecer das tramas
na história das normalistas em Teresina (1930-1949). Dissertação (Mestrado
em História do Brasil). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade
Federal do Piauí, Teresina, 2008.
MARINHO, Joseane Zingleara Soares. “Manter sadia a Criança Sã”: As políticas de
saúde materno-infantil no Piauí de 1930 a 1945. Tese (Doutorado em História).
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
MARINHO, Joseane Zingleara Soares. “Manter sadia a Criança Sã”: As políticas
de saúde materno-infantil no Piauí de 1930 a 1945. Jundiaí: Paco editorial, 2018.
MARTINS, Ana Paula Vosne. Gênero e assistência: considerações histórico-
conceituais sobre práticas e políticas assistenciais. História, Ciências, Saúde -
Manguinhos, v. 18, p. 15-34, dez. 2011.
MENESES, Lívia Suelen Sousa Moraes. A Legião Brasileira de Assistência,
o voluntariado feminino e a saúde materna e infantil no Piauí na década de
1940. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE GÊNERO, PRÁTICAS
E EPISTEMOLOGIAS: ABORDAGENS CONTEMPORÂNEAS. Anais...
MARINHO, Joseane Zingleara Soares; FONTINELES FILHO, Pedro Pio. (org.).
Teresina: FUESPI, 2021, p. 172-187. Disponível em: https://editora.uespi.br/
index.php/editora/catalog/downlo ad/45/34/231-1?inline=1. Acesso em: 1 set.
2021.
MORAES, Lívia Suelen Sousa. Saúde materno-infantil, mulheres e médicos em
Teresina (1930-1950). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal
do Piauí, Teresina, 2014.
OLIVEIRA, Vilma da Silva Mesquita. Os discursos sobre a educação e higienização
das crianças nos jornais impressos do Piauí (1930-1960). Revista Eletrônica de
Educação, v. 9, n. 3, p. 93-110, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/
bitstre am/handle/123456789/86555/198905.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
127
IX Colóquio de História das Doenças: anais
128
O Asylo Sant’ana:
entre discursos e reinvindicações surge um novo
espaço para a loucura na Parahyba oitocentista
(1858-1892)
Gerlane Farias Alves1
Introdução
Até a segunda metade do século XIX, a Província da Parahyba
do Norte2 ainda não dispunha de um lugar próprio para abrigar
alienados. Por conta disso, era comum que estas pessoas vagassem
pelas ruas sem direção, fossem encarcerados nas prisões quando
apresentavam comportamentos violentos que pudessem por em
risco a vida dos demais cidadãos ou fossem enviados para o Hospital
de Caridade mantido pela Santa Casa de Misericórdia da Parahyba
quando sua família não apresentava possibilidade financeira de
cuidar deles.
Por sua vez, os relatórios de provedoria narram as
dificuldades em se manter esse tipo de doente no Hospital de
Caridade, pois além de não possuírem espaço adequado para eles,
estes pacientes acabavam por destruir os cômodos do hospital
em seus acessos de loucura, além de tirar a tranquilidade da
instituição e das casas que ficavam em volta com seus gritos e
lamentos.
129
IX Colóquio de História das Doenças: anais
130
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
131
IX Colóquio de História das Doenças: anais
132
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
133
IX Colóquio de História das Doenças: anais
134
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
135
IX Colóquio de História das Doenças: anais
do Pe. Lindolfo José Corrêa das Neves em 1879, onde este lembrava
que
o Thesouro Provincial, infelizmente, deve-nos não só a subvenção
de vários annos, como também os emmolumentos dos navios,
arrecadado pelo Consulado, que nos pertencem, os quais, bem
longe de fazer parte da receita provincial são um depósito com
destino ao curativo dos tripolantes, curativo que o Hospital
fielmente faz. (NEVES, 1979, p. 126).
136
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
137
IX Colóquio de História das Doenças: anais
138
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
139
IX Colóquio de História das Doenças: anais
pela Santa Casa. Seu discurso a respeito desse assunto era bastante
antigo chamando a atenção para que esta decisão não fosse demorada,
pois “não é possível conservarem-se em um hospital, onde existem
outros doentes, e no centro de uma cidade, oito alienados, que nos
períodos de fúrias não consentem um momento de tranquilidade
aos outros doentes” (NEVES, 1862, p. 20) ressaltando mais uma vez
os prejuízos e os incômodos que a permanecia desse tipo de paciente
trazia para a instituição.
140
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
141
IX Colóquio de História das Doenças: anais
142
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
143
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações Finais
Na data de 20 de junho de 1893, em reunião onde estavam
presentes o procurador fiscal Dr. Francisco Chateaubriand
Bandeira de Mello, o cidadão José Peregrino Gonçalves de Medeiros
e o mordomo dos prédios e terras da Santa Casa de Misericórdia
da Parahyba, encarregados, como representante d’esta, aceitavam
a transferência do Sítio da Cruz do Peixe, “seus terrenos, prédios
e mais bemfeitorias ali existentes, como consta do officio da vice-
presidencia do Estado de vinte e três de Maio próximo passado”
(MEIRA, 1893, p. 50).
Desse modo, o Sítio da Cruz do Peixe foi oficializado
como patrimônio pertencente à Santa Casa, tendo seus limites já
especificados “na escriptura passada a 03 de Março de 1874” (que
não foi modificada com a transferência) por Francisco Gomes
Marques da Fonseca, e sua mulher Dona Felicia Augusta Marques
da Fonseca “que consistem em dois terrenos aforados ao mosteiro
de São Bento desta cidade por três vidas, sendo um ao norte da
estrada que vae para a praia de Tambaú, e outros ao leste da
estrada que segue para o Mandacaru, os quaes se achão reunidos
no sítio denominado Cruz do Peixe” (MEIRA, 1993, p. 50).
A criação do Asilo e a passagem de sua posse para a Santa Casa
em nada melhorou a situação de seus internos. Na verdade, a vida
nesse local era considerada por alguns como um verdadeiro inferno
onde, segundo Castro (1945) através das grades processava-se toda
a comunicação do insano com o enfermeiro ou pessoas da família.
A passagem de medicamentos e refeições se fazia através daquelas
grades frias e impassíveis. No piso de cada cela, bem no centro,
existia o orifício da fossa, cujos gases nauseabundos enchiam o
recinto. Os excitados, tornavam esse ambiente mais abjeto, jogando,
pelos recantos, os restos de alimentos que lhe chegavam, através da
abertura, por onde também penetrava a luz. Não era sem receio que
o olhar curioso e indiscreto o visitante procurava penetrar ali. Era
preciso ir cauteloso, rosto bem rente à parede pelo receio da projeção
violenta de matérias fecais (CASTRO, 1945, p. 366-367).
144
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fontes documentais
O Publicador, Parahyba, 24 abr. 1877.
CARVALHO, Antônio de Souza. Ofício com pedido de internamento da Delegacia de
Polícia da Parahyba, 8 de novembro de 1867.
MEIRA, Antonio da Trindade Antunes. Relatório da Provedoria da Santa Casa de
145
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Fontes Bibliográficas
CASTRO, Oscar de Oliveira. Medicina na Paraíba: flagrantes da sua evolução.
João Pessoa: A União Editora, 1945.
COÊLHO FILHO, Heronides. A Psiquiatria no País do Açúcar e outros ensaios. João
Pessoa: A União, 1977.
FERREIRA, Joseane Abílio de Sousa; BEZERRA, Vanderlucia Mamedo;
KULESZA, Wojciech Andrzej. Livro do aluno e do professor: manuais técnicos
no ensino profissional. SBHE. V Congresso Brasileiro de História da Educação: o
ensino e a pesquisa em história da educação... Anais, Aracaju: SBHE; UFS, 2008.
JUNQUEIRA, Helmara Gicceli Formiga Wanderley. Doidos(as) e doutores: a
medicalização da loucura na Província/ Estado da Paraíba do Norte (1830-1930).
Tese (Doutorado em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2016.
MELIN, Elaine Heloisa. Dante e Lúcifer, condenados ao castigo eterno. Revista
Brasileira de História das Religiões, v. III, n. 9, jan. 2011. Disponível em: http://
www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html. Acesso em: 20 mar. 2021.
SANTOS, Lays Regina Batista de M. Martins dos. Província da Parahyba do
Norte: escolarização da população pobre (1848-1874). Revista Interfaces Científicas
– Educação, Aracaju, v. 4, n. 1, p. 77-86, out. 2015.
SEIXAS, Wilson Nóbrega. Santa Casa da Misericórdia da Paraíba: 385 anos. João
Pessoa: Gráfica Santa Marta, 1987.
146
Doença, contágio e epidemia:
a perspectiva higienista sobre o suicídio nos
arquivos brasileiros de higiene mental
Giulia Cristiano1
Introdução
O movimento de higiene mental no Brasil foi estabelecido
em um contexto de superlotação de manicômios e fracasso da
medicina em recuperar boa parte dos pacientes mentais (SOUZA;
BOARINI, 2008). A fala de psiquiatras do período, como Juliano
Moreira2 (1873-1933), demonstrava a necessidade dessa categoria
em estabelecer outras bases de ação que não se limitassem apenas
em terapêuticas de “tratamento moral” e “isolamento” (REIS,
1994, p. 30). Inicialmente, essa nova perspectiva psiquiátrica foi
instituída nos Estados Unidos a partir da fundação de instituições
como a Sociedade de Higiene Mental de Connecticut (fundada em
1908) e o Comitê Nacional de Higiene Mental em Nova Iorque
(1909). Cabe pontuar que a fundação dessas casas foi fortemente
influenciada pela publicação e circulação da obra A Mind that
Found Itself, autobiografia de Clifford Beers (1876-1943), na qual
o autor relata sua experiência de internação em vários hospitais e
147
IX Colóquio de História das Doenças: anais
148
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
149
IX Colóquio de História das Doenças: anais
150
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
151
IX Colóquio de História das Doenças: anais
152
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
153
IX Colóquio de História das Doenças: anais
154
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
155
IX Colóquio de História das Doenças: anais
156
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
157
IX Colóquio de História das Doenças: anais
158
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
159
IX Colóquio de História das Doenças: anais
brasileira. Nesse sentido, foi feita uma articulação direta entre esses
campos, sendo que os higienistas realizaram campanhas e ações
junto às escolas nesse período de forma assídua (1992). Os próprios
integrantes da Liga ofereceram testes mentais aos discentes de
escolas públicas, que foram amplamente aplicados (Apud REIS,
1994, p. 70).
Em seu artigo, Oliveira centraliza a educação religiosa,
principalmente a católica, para amparar “os espíritos menos
fortes” e combater o suicídio, além de enumerar outras práticas de
prevenção. Para ele, também era necessário intensificar a vigilância
daquele que era considerado louco nos manicômios como forma de
combate ao suicídio (OLIVEIRA, 1925, p. 78), ou seja, intensificar
a ordenação de indivíduos nesse ambiente. É importante ressaltar
aqui a estrutura manicomial como um espaço totalitário, dotada de
uma arquitetura de poder específica:
podemos identificar opressores e oprimidos, caracterizados
pela equipe dirigente e pelo grupo dos internados, os primeiros
modelam e os segundos são objetos de procedimentos modeladores.
Apesar de o binômio dominadores-dominados dar a impressão de
que o poder seja uma instituição, estrutura ou certa potência que
um grupo detém, em prejuízo de outro, Goffman já revela de certa
forma que poder é substancialmente relação e que são lugares que
compõem a sua dinâmica. (BENELLI, 2002, p. 51-52).
160
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
161
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
Fontes
CALDAS, Mirandolino. O Combate ao Suicídio. Arquivos Brasileiros de Higiene
Mental. Rio de Janeiro, a. II, n. 3, p. 113-115, dez. 1929. Disponível em: http://
www.cch.uem.br/grupos-de-pesquisas/gephe/documentos/arquivos-brasileiros-
de-higiene-mental. Acesso em: 11 fev. 2020.
FILHO, Moncorvo. Suicídio de Menores. Arquivos Brasileiros de Higiene Mental.
Rio de Janeiro, a. III, n. 2, p. 167-176, mai. 1930. Disponível em: http://www.
cch.uem.br/grupos-de-pesquisas/gephe/documentos/arquivos-brasileiros-de-
higiene-mental. Acesso em: 11 fev. 2020.
OLIVEIRA, Xavier de. Da profilaxia do suicidio. Arquivos Brasileiros de Higiene
Mental, Rio de Janeiro, a. I, n. 2, p. 75-83, 1925. Disponível em: http://www.
cch.uem.br/grupos-de-pesquisas/gephe/documentos/arquivos-brasileiros-de-
higiene-mental. Acesso em: 11 fev. 2020.
Bibliografia
AGUIAR, Marcela Peralva. A causalidade biológica da doença mental: uma
análise dos discursos eugênicos e higienistas da Liga Brasileira de Higiene Mental
nos anos de 1920-1930. Mnemosine, v. 8, n. 1, 2012.
BENELLI, Silvio José. Vigiar e punir no manicômio, na prisão e no seminário
católico. Revista de Psicologia da UNESP, v. 1, n. 1, p. 18-18, 2002.
CARVALHO, Alexandre Magno Teixeira de. Trabalho e higiene mental:
processo de produção discursiva do campo no Brasil. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, v. 6, n. 1, p. 133-156, 1999.
CUNHA, Maria Clementina Pereira. Higiene Mental e Ordem Social. In:
CUNHA, Maria Clementina Pereira. O Espelho do Mundo: Juquery, a história de
um asilo. 2 Ed. Editora Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1988.
CUPELLO, Priscila Céspede. Análise das representações médico-mentais de
162
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
163
IX Colóquio de História das Doenças: anais
164
Somos mais que doentes:
a relação da literatura com os tuberculosos
Gwan Silvestre Arruda Torres1
Introdução
O trabalho com literatura surgiu a partir da leitura dos
poemas de Manuel Bandeira e a inquietação para saber mais sobre
a perspectiva dos doentes e de como isto se insere em determinado
contexto histórico. A escolha de um recorte temporal tão amplo
se dá por compreender que a discussão acerca do bacilo de Koch é
muito extensa no século XIX e se perpetua no século XX.
Os personagens tuberculosos que aparecem neste estudo são
o “poeta tísico” Manuel Bandeira, o jornalista e dramaturgo Nelson
Rodrigues e a poetisa Auta de Souza, o que todos tem em comum é
acometimento pela tuberculose. Auta vem a falecer super jovem pela
doença e sua família também contrai o ‘mal do peito’. Isto também
ocorre com Joffre, o irmão de Nelson Rodrigues, observe a passagem
de Rodrigues (RODRIGUES, 1993, p. 16) “esse irmão, que se uniria
a mim como um gêmeo, ia morrer, aos 21 anos, tuberculoso”.
Com Manuel Bandeira a sua tuberculose geraria um
desconforto ao poeta, primeiramente por largar seu sonho
profissional de ser arquiteto e ter de se afastar do seio familiar com
o tratamento sanatorial na Suíça, em Clavadel. Neste momento em
que ele percebe “a vida que poderia ter sido e não foi” descrito em
Pôrto (PÔRTO, 2000).
Situando o leitor em relação a tuberculose, a peste branca
ou bacilo de Koch no século XIX era uma doença remetida aos
1 Bolsista Capes, mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História das
Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz. E-mail: [email protected].
165
IX Colóquio de História das Doenças: anais
166
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
167
IX Colóquio de História das Doenças: anais
168
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
O autor nos relata uma morte com dor, ao mesmo tempo que
Auta o transmite ternura. Pelos sintomas descritos e sabendo que
Auta era tuberculosa, possivelmente ela pode ter tido um episódio
de hemoptise2 que a levou ao óbito, todavia não fica claro, por não
haver a presença do sangue, muito menos da tosse sem parar. A vida
da escritora acaba como um sopro ainda na juventude, com os seus
“24 anos, 4 meses e 26 dias”, segundo Cascudo (CASCUDO, 1916,
p. 88).
2 Uma tosse forte que apresenta pouca ou muita quantidade de sangue e sua evolução
pode levar a óbito.
169
IX Colóquio de História das Doenças: anais
170
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
171
IX Colóquio de História das Doenças: anais
172
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
173
IX Colóquio de História das Doenças: anais
174
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Considerações Finais
O intuito desta pesquisa foi identificar o sujeito tuberculoso
na literatura, entre o fim do séc. XIX e início do séc. XX, por
isto escolhemos três literatos brasileiros em diferentes períodos,
com diversos relatos sobre a mesma enfermidade. Sendo os
escritores selecionados: Auta de Souza, Manuel Bandeira e
Nelson Rodrigues.
A única que não recebeu tratamento, tomando por base seus
poemas e o livro de Cascudo (CASCUDO, 1961) foi a poetisa
Auta de Souza. Ela adoece do “mal do peito” aos quatorze e só
se desvincula da mesma com a sua morte aos vinte e quatro anos
de idade. A poetisa nunca foi internada em sua época, segundo
Cascudo (CASCUDO, 1961, p. 174) “era do tempo da carne, ovos,
leite, creosoto, arsênico, cacodilatos, fosfatos, óleo de fígado de
bacalhau. Fiel ao dogma dos 3C: cama, comida e calma”.
Já os outros dois autores conseguem se curar, Nelson Rodrigues
logo alcança a cura após três anos de tratamento e Bandeira
permanece doente em média por dez anos. Outra similaridade entre
175
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências:
BANDEIRA, Manuel. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1955.
BERTOLLI FILHO, Claudio. História Social da Tuberculose e do Tuberculoso: 1900
– 1950. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.
176
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
CASCUDO, Luis da Câmara. Vida Breve de Auta de Souza 1876–1901. Ed. Impr.
Oficial, 1961.
LE GOFF, Jacques (org.); Pierre Nora. História: novas abordagens in Starobinski,
Jean. A literatura: O texto e seu intérprete. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Editora, 1995.
NASCIMENTO, Dilene R. do. Imagens do Mal: A representação da tuberculose
no início do século XX. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, n. 13, v. 2,
2005, p. 493-510.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e literatura: uma velha-nova história.
Nuevo Mundo Mundos Nuevos, n. 6, 28 jan. 2006. Disponible sur: http://
nuevomundo.revues.org/document1560.html.
PÔRTO, Ângela. A vida inteira que podia ter sido e que não foi: trajetória de um
poeta tísico. Hist. cienc. saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, fev. 2000, p.
523-550. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702000000400003.
PÔRTO, Ângela. A representação da tuberculose na literatura brasileira na
passagem do século XIX para o século XX. In: PÔRTO, Ângela. Arte e saúde:
desafios do olhar. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008, p. 47-57.
RODRIGUES, Nelson. A menina sem estrelas: memórias. São Paulo: Companhia
das Letras, 1993.
RODRIGUES, Nelson. O Casamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
SONTAG, Susan. Doença como Metáfora. Trad. Márcio Ramos. Rio de Janeiro:
Edições Graal, 1984.
WEGNER, Robert. Em busca da Muiraquitã: uma reflexão sobre a literatura
como fonte para estudos históricos de doenças. In: WEGNER, Robert. Uma
história brasileira das doenças. v. 5. Ed: Fino Traço. Belo Horizonte, 2015.
177
Infecções Audiovisuais:
microbiologia, microcinematografia e os
primórdios do filme de epidemia
Klaus’Berg Nippes Bragança1
179
IX Colóquio de História das Doenças: anais
180
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
181
IX Colóquio de História das Doenças: anais
182
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Imagem 3: As mensagens midiáticas em La peur des microbes (1907) dos irmãos Pathé.
183
IX Colóquio de História das Doenças: anais
184
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
185
IX Colóquio de História das Doenças: anais
A dramaturgia da peste
Com o avanço das técnicas de montagem e narração na
segunda década do século passado, a linguagem cinematográfica
consolidou novas formas ficcionais e assim outros gêneros fílmicos
contornaram a representação das epidemias. Surgiam obras
dramáticas mais elaboradas que requeriam estratégias narrativas
capazes de atrair o público – afinal o cinema estava domesticado,
havia se transformado de atração barata de feiras livres para uma
instituição reconhecida na cultura moderna e, portanto, as populares
gags dos filmes de perseguição e trick films não surpreendiam mais a
audiência. Era preciso haver uma organização dos elementos dentro
de uma estrutura narrativa dividida em atos.
Esses mesmos procedimentos são adotados por Charles
Rosenberg para discutir uma “qualidade episódica” na história das
epidemias. Para Rosenberg as epidemias, enquanto fenômeno social,
possuem uma forma dramatúrgica, pois “começam em um momento
no tempo, progridem em um palco limitado por espaço e duração,
seguem um enredo linear com tensão crescente e surpreendente,
passam para uma crise de caráter individual e coletivo, em seguida,
derivam em direção ao encerramento” (ROSENBERG, 1989, p. 2).
Rosenberg sugere que, assim como o roteiro de uma peça teatral,
os eventos de uma epidemia progridem em sequências narrativas
estruturadas em três atos sucessivos: a revelação progressiva; a
gestão da aleatoriedade; e a negociação de resposta pública. Cada ato
possui seus elementos e características basilares, e juntos somam-se
em uma narrativa completa, com início, meio e fim.
De acordo com Rosenberg, no ato I “os corpos devem se
acumular e os doentes devem sofrer em número crescente antes
que as autoridades reconheçam o que não pode mais ser ignorado”
(ROSENBERG, 1989, p. 4). No segundo Ato “a gestão da resposta
às epidemias poderia servir como um veículo de crítica social, bem
186
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
187
IX Colóquio de História das Doenças: anais
188
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
189
IX Colóquio de História das Doenças: anais
190
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Imagem 8: A peste, antes um espectro, dança entre cadáveres em Die pest in Florenz (1919)
de Otto Rippert.
3 Para uma historiografia cultural do cinema expressionista alemão Cf. Eisner (2002).
191
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
Filmografia
Die pest in Florenz. Dir. Otto Rippert. GER, 1919.
Dr. Wise on Influenza. Dir. Joseph Best. UK, 1919.
La peur des microbes. Dir. Pathé Frères. FRA, 1907.
Les joyeux microbes. Dir. Émile Cohl. FRA, 1909.
192
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Bibliografia
BERTOLLI FILHO, Cláudio. Novas doenças, velhos medos: a mídia e as projeções
de um futuro apocalíptico. In: MONTEIRO, Y. N.; CARNEIRO, M. L. T. (org.).
As doenças e os medos sociais. São Paulo: Ed. FAP-UNIFESP, 2012, p. 13-36.
COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema: espetáculo, narração, domesticação.
Rio de Janeiro: Azougue, 2005.
DELUMEAU, Jean. A história do medo no ocidente 1300-1800: uma cidade sitiada.
Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 154-220.
GAYCKEN, Oliver. “Revealing Nature’s Closest Secrets”: F. Martin Duncan’s
Popular-Science Films at the Charles Urban Trading Company. In: GAYCKEN,
Oliver. Devices of curiosity: Early cinema & popular Science. New York: Oxford
UP, 2015, p. 15-53.
LEFEBVRE, Thierry. Jean Comandon et le débuts de la microcinématographie.
La revue du pratician, v. 53, n. 13, p. 1502-1505, sep. 2003.
LEFEBVRE, Thierry. Les joyeux microbes: un film sus influence? 1895 – Mille huit
cent quatre-vingt-quinze, n. 53, dec. 2007, p. 168-179.
O’GOMES, Isabelle Do. L’ouvre de Jean Comandon. In: MARTINET, Alexis
(Ed.). Le cinéma et la Science. Paris: CNRS Editions, 1994, p. 78-85.
PAPPAS, Georgios et al. Infectious diseases in cinema: vírus hunters and killer
microbes. Clinical Infectious Diseases, v. 37, n. 7, oct. 2003, p. 939-42.
POE, Edgar Allan. A máscara da Morte Rubra. Trad. Jorge Ritter. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2007.
ROSENBERG, Charles E. What is an epidemic? Aids in historical perspective.
Daedalus, v. 118, n. 2, , p. 1-17, 1989.
SONTAG, Susan. Aids e suas metáforas. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989.
UJVARI, Stefan Cunha. História das epidemias. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2020.
193
Saúde, doença e mortalidade infantil
na idade média no Tratado De Los Niños
(Século XIV)
Larissa Lacé Sousa1
195
IX Colóquio de História das Doenças: anais
196
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
197
IX Colóquio de História das Doenças: anais
198
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
199
IX Colóquio de História das Doenças: anais
200
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
201
IX Colóquio de História das Doenças: anais
202
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
203
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
BERNARDO DE GORDÔNIO. Tratado de los niños. Merídies, v. 9, p. 76-86,
2011.
CABRERA SANCHÉZ, Margarida. La muerte de los niños de sangre real durante
el medievo. Aproximación al tema a traves de las crônicas. En la Espanã medieval,
v. 31, p. 217–248, 2008.
GUARDO, Alberto Alonso. El autor y su entorno cultural. In: GUARDO, Alberto
Alonso (org.). Los prognósticos médicos em la medicina medieval: el “Tractatus de
Crisi et de Diebus Creticis” de Bernardo de Gordônio. Linguística y Filología.
Valladoilid, Spain: Universidad de Valladolid, 2003, p. 15-28.
OLIVEIRA, Rodrigues Ana. A criança – O espaço infantil. In: MATTOSO, José
(org.). História da Vida Privada em Portugal – A Idade Média. Lisboa: Círculo de
Leitores, 2011, p. 260-299.
OPITZ, Claudia. As mulheres nas estratégias familiares e sociais. In: DUBY,
Georges; PERROT, Michelle. História das Mulheres no Ocidente. A Idade Média. v.
2. Gius. Roma-Bari: Laterza/ Figli Spa, 1990, p. 377-391.
PEÑA, Carmen; GIRÓN, Fernando. La prevención de La Enfermidad em La España
Bajo Medieval. Granada: Editorial Universidad de Granada, 2006.
204
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
205
O impaludismo na estrada de ferro
Vitoria a Minas – 1920-1942, e o que
pode ser dito
Luiza Maria de Castro Augusto Alvarenga1
207
IX Colóquio de História das Doenças: anais
208
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
209
IX Colóquio de História das Doenças: anais
210
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
211
IX Colóquio de História das Doenças: anais
212
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
213
IX Colóquio de História das Doenças: anais
214
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
215
IX Colóquio de História das Doenças: anais
3 “É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser
transformado e aperfeiçoado” Foucault (2014, p. 134). a existência de uma disciplina nas
ferrovias brasileiras do século XX, que nos remeteu aos escritos de Michel Foucault e toda
sua força, mostrando que a disciplina e a dominação bem como o funcionamento corporal
do poder disciplinar e seus efeitos de invisibilização estavam presentes na EFVM.
216
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
217
IX Colóquio de História das Doenças: anais
218
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fontes primárias
Correspondências, relatórios, mensagens...
CEFVM – Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas. II Divisão de Tráfego.
Gestão Setorial. Serviço Sanitário. Vila Velha-ES, 1920.
CEFVM – Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas. Relatório apresentado à
Assembléia Ordinária dos acionistas no ano de 1923. Vila Velha-ES, 1923.
219
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Periódicos
PENNA, B. O saneamento do vale do Rio Doce. O Estado, Vitória, 19 abr.
1922a, p. 2. [Discurso proferido na cidade de Vitória no dia 4 de março
de 1922]. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.
aspx?bib=721190&pasta=ano%20192&pesq=O%20saneamento%20do%20
vale%20do%20Rio%20Doce.&pagfis=534 Acesso em: Acesso em: 2 mar. 2018.
PENNA, B. O saneamento do vale do Rio Doce. O Estado, Vitória, 20 abr.
1922b, p. 2. [Discurso proferido na cidade de Vitória no dia 4 de março
de 1922]. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.
aspx?bib=721190&pasta=ano%20192&pesq=belisario%20pena&pagfis=521.
Acesso em: 2 mar. 2018.
OBRAS RARAS (FIOCRUZ). Acervo digital de obras raras especiais. Disponível
em: https://www.obrasraras.fiocruz.br/media.details.php?mediaID=19
O BRAZIL-MEDICO: revista semanal de medicina e cirurgia. Rio de Janeiro:
Policlínica Geral, v. 21, jul./dez. 1907.
Fontes secundárias
AFFONSO, J. Vitória-Minas e sua formação: 1901-1967. São Paulo: Rideel, 1967.
ALMEIDA, C. A. O desbravamento das selvas do Rio Doce. Rio de Janeiro: José
Olímpio, 1959.
ARARIPE, D. A. História da Estrada de Ferro Vitória a Minas: de 1904 a 1954. Rio
de Janeiro: CVRD, 1954. [Coleção Rio Doce].
BENCHIMOL, J. L. A instituição da microbiologia e a história da Saúde Pública
no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, p. 265-292, 2000.
BENCHIMOL, J. L.; SILVA, A. F. Ferrovias, doenças e medicina tropical no Brasil
da Primeira República. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v.
220
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
221
IX Colóquio de História das Doenças: anais
222
Reféns institucionais:
leprosos na colônia Santa Marta e o protagonismo
marxista como teoria
Maraisa Aparecida de Lima1
Introdução
Propor-se-ia neste trabalho o desenvolvimento de uma
análise crítica histórica acerca dos leprosos da Colônia Santa Marta
(Goiânia - GO) durante o Governo Vargas, com o embasamento
teórico proposto pelo Materialismo Histórico Dialético. Nos
períodos que se compreendem de 1937 até 1945.
Com a seguinte problemática inicialmente, seria a referida
teoria um bom aporte teórico-metodológico para essa discussão?
Quais os indícios de que o Materialismo histórico Dialético se
adequada as exigências que a história das doenças e das políticas
públicas necessitam no campo científico?
Com o objetivo de dar voz aos subalternos e reescrever uma
história que é repleta de estigmas, o trabalho anseia demonstrar
como o marxismo pode ser desenvolvido em estudos em saúde ou em
contextos de doença, porque a vida em uma colônia se caracteriza
como comunitária, mas sendo direcionada por um viés ditatorial,
tanto político como social.
A relação dos leprosos dentro da Colônia com o Governo,
se configurava como oprimidos X opressor, em que o segundo
grupo detinha todos os direitos institucionais sobre o primeiro, por
isso, pareceu contundente a escolha por essa teoria, dando assim
protagonismo aos doentes (oprimidos).
1 Mestranda PPGH - UFG.
223
IX Colóquio de História das Doenças: anais
224
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
225
IX Colóquio de História das Doenças: anais
226
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
227
IX Colóquio de História das Doenças: anais
228
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
229
IX Colóquio de História das Doenças: anais
230
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
231
IX Colóquio de História das Doenças: anais
232
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
233
IX Colóquio de História das Doenças: anais
234
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
235
IX Colóquio de História das Doenças: anais
236
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
237
IX Colóquio de História das Doenças: anais
238
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
239
IX Colóquio de História das Doenças: anais
240
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
241
IX Colóquio de História das Doenças: anais
242
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Conclusão
As condições de vida dos leprosos que moravam forçosamente
em instituições asilares levavam-nos as perder sua autonomia,
criando assim uma situação de marginalidade social. As políticas
públicas em saúde daquele período tornavam os doentes reféns
institucionais, ou seja, condicionando suas atitudes futuras a sua
situação de doença.
As atitudes tomadas pelo sujeito histórico para o Materialismo
Histórico Dialético são condicionadas a determinadas limitações e
empecilhos, visto que, os indivíduos não são totalmente livres para
tomar decisões. Ao contrário disso, todas as atividades previamente
dadas, tais como: contexto social, econômico, crenças, etc.,
representam uma vasta limitação para o seu presente.
Por exemplo, os leprosos eram mandados para colônias em
que deveriam viver e se tratar, no entanto, a cura não era uma
realidade, todas as suas decisões a partir dali eram condicionadas
por esse fator, ao mesmo tempo, em que, a morte estava sempre
a espreita, além de que não tinha acesso ao conhecimento formal,
ao trabalho remunerado ou aos direitos de que os demais cidadãos
dispunham. Deste modo, seria o leproso condicionado socialmente
a não ser mais que um projeto de política pública em saúde?
No trabalho, foi apresentado um caso em que uma moça se
cura da doença e
passa a viver dentro da colônia, desenvolvendo um serviço em
saúde, em enfermagem mais especificamente, fica claro para o leitor
que não lhes restavam muitas alternativas de futuro, mesmo após
243
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referência
Fontes primárias
A ORGANIZAÇÃO modelar da Colônia Santa Marta. Revista Oeste, a. III, n. 14,
p. 554-557, mar. de 1944.
IMPRENSA OFICIAL – Goiânia. Secretaria de Estado de Educação e Saúde de
Goiaz. Revista de Educação e Saúde. Documento disponível em Arquivo Histórico
Estadual de Goiânia. a. XIV, n. 29-30, p. 50-54, ago./ set. 1946.
EDUCANDÁRIO Afrânio de Azevedo. Revista Oeste, a. III, n. 12, p. 463-464,
jan./ 1944.
O REFÚGIO dos rejeitados. Revista Veja, n. 427, p. 67-70, nov. 1976.
244
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Bibliografia
CUNHA, Vivian da Silva. O isolamento compulsório em questão. Políticas de
combate à lepra no Brasil 1920-1941. Dissertação (Mestrado em História das
Ciências e da Saúde). Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
DEL CONT, Valdeir Donizete. Eugenia: a ciência do melhoramento das
especificidades genéticas humanas. Tese (Doutorado em Ciências Sociais).
Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2007. Disponível em: http://
repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/280461/1/DelCont_
ValdeirDo nizete_D.pdf.
FERNANDES, Florestan. Apontamentos sobre a Teoria do Autoritarismo. São Paulo:
T. A. Queiroz, 1979.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes,
1987.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade
deteriorada. Sabotagem, 2004.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. 8 ed. São Paulo: Perspectiva,
2010.
GRAMSCI, Antonio. Às margens da história (Caderno 25). v. 5. Cadernos do
Cárcere, Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2002, p. 129-145. [História dos
grupos sociais subalternos].
GRAMSCI, Antonio. Introdução ao estudo da filosofia (Caderno 11). v. 1. 3 ed.
Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 83-225.
MACIEL, David. Notas sobre revolução passiva e transformismo em Gramsci.
História Revista, Goiânia, v. 11, n. 2, p. 273-299, jul./dez., 2006.
MARX, Karl. Produção da sociedade. In: IANNI, O. (org.). Karl Marx: sociologia.
Trad. Maria Elisa Mascarenhas, Ione de Andrade e Fausto N. Pelegrini. São
Paulo: Ática, 1984.
MARX, Karl. O Capital - Livro I – crítica da economia política: o processo de
produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
ROCHA, Manoel Otávio da Costa. Fundamentos em infectologia. Rio de Janeiro:
Editora Rubio, 2009.
SILVA, Leicy Francisca da. Eternos òrfãos da saúde: medicina, política e construção
da lepra em Goiás. Goiânia: Editora UFG, 2016.
245
O impacto da pandemia de covid-19
nos profissionais de saúde em Barra de
São Francisco-ES
Márcio Leandro Piske1
Objetivos
O objetivo deste trabalho é relatar um conjunto de problemas
e sentimentos apresentados pelos profissionais de saúde no
Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho localizado na cidade de
Barra de São Francisco-ES, onde foram coletados dados através de
questionário enviado a todos os funcionários efetivos e terceirizados
desta instituição. As perguntas foram direcionadas e baseadas
nas principais queixas que afetaram os profissionais de saúde
envolvidos direta ou indiretamente no enfrentamento da pandemia
de COVID-19. A partir destes dados propõe-se a descrever as
dificuldades vividas e ações para a proteção e a assistência à saúde
de tais profissionais. O principal problema relatado foi o medo do
risco de contaminação gerando afastamento do trabalho e a possível
contaminação da família, abalo emocional, doença e morte. Alguns
transtornos de ansiedade generalizada, distúrbios do sono, medo
de adoecer e de contaminar colegas e familiares fizeram parte
das respostas ao questionário. Um paralelo com outras doenças
endêmicas e epidêmicas que afetam os trabalhadores de saúde
puderam ser também analisadas. Algumas causas apontadas como as
decorrentes do baixo custeio do SUS, diminuição dos recursos para
o setor, deterioração dos serviços e da escassez da força de trabalho,
geraram desafios vindouros tanto nesta pandemia quanto em
247
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Introdução
Barra de São Francisco é um município brasileiro situado na
região noroeste do estado do Espírito Santo com superfície de 933,75
km² e 162 metros de altitude. Sua população, segundo contagem
feita pelo IBGE, em 2010, era de cerca de 40.649 habitantes com
densidade demográfica de 43,16 hab/km² e a população estimada
pelo IBGE no ano de 2019 era de 44.650 habitantes. A taxa de
escolarização era de 96,2% entre 6 a 14 anos de idade. A mortalidade
Infantil em 2019 era de 15,6 óbitos por mil nascidos vivos. Em
31 de outubro de 1943, pela Lei 15.177 é criado o município de
Barra de São Francisco, desmembrado de São Mateus. A cidade é
a 13ª mais populosa do Espírito Santo e a mais populosa de sua
microrregião, que é composta ainda pelos municípios de Água Doce
do Norte, Ecoporanga e Mantenópolis. As principais fontes de renda
do município são a exploração mineral de rochas ornamentais, a
agropecuária e o comércio.
A pandemia de SARS-CoV-2, causador da Covid-19
provocou a contaminação e a morte de um grandioso número de
pessoas logo no seu primeiro ano de 2020. Até 28 de janeiro de 2022,
houve 364.191.494 casos confirmados de COVID-19 no mundo,
incluindo 5.631.457 mortes, segundo a OMS em seu painel sobre a
covid19 atualizado diariamente. No Brasil, esse número até o dia 29
de janeiro de 2022 era de 25.214.622 casos e de 626.524 mortos. No
Espírito Santo, nessa mesma data tínhamos 836.960 casos e 13.496
mortes. Em Barra de São Francisco, locus de nossa pesquisa, em 23
de janeiro o número era de 6.098 infectados e 238 mortes (painel
248
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Desenvolvimento
As recomendações da OMS, do Ministério da Saúde do
Brasil, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC,
Estados Unidos) e também de outras organizações nacionais e
internacionais apontavam para a aplicação de planos de contingência
baseados no já conhecido influenza, devido às semelhanças clínicas
e epidemiológicas entre esses vírus respiratórios. Tais planos
de restrição previam ações um pouco diferentes de acordo com
a gravidade das pandemias. O Plano de Influenza Pandêmica
(Pandemic Influenza Plan – PIP), elaborado pelo Departamento
de Saúde e Serviços Humanos (Department of Health and Human
Services) dos Estados Unidos, era referente à quarta atualização,
do ano de 2017, com medidas para diferentes áreas civis e
governamentais.
A OMS tem avaliado esse surto 24 horas por dia e estamos
profundamente preocupados tanto com os níveis alarmantes de
disseminação e gravidade quanto com os níveis alarmantes de
inação.
Portanto, avaliamos que o COVID-19 pode ser caracterizado
como uma pandemia.
Pandemia não é uma palavra para usar de forma leve ou descuidada.
É uma palavra que, se mal usada, pode causar medo irracional ou
aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento
e morte desnecessários. (WHO, 2020).
249
IX Colóquio de História das Doenças: anais
250
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
251
IX Colóquio de História das Doenças: anais
252
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
253
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Respostas:
SIM: 3
NÃO: 3 (amigos que não queriam usar máscara; outros
que diziam não haver necessidade pois todos iriam morrer
mesmo; outros diziam ser somente uma virose então não
havia necessidade de cuidados)
9 - Qual era sua jornada de trabalho durante o tempo de
atuação na linha de frente da Covid 19?
Respostas:
24 horas por semana: 4
12 horas: 1 (vendia o plantão para diminuir a exposição ao
vírus)
48 a 60 horas: 1 (faltavam funcionários e havia necessidade de
cobertura extra)
10 - Pensou em algum momento que a doença veio como um
castigo de Deus ou algo parecido?
Respostas:
SIM: 2 (no início todo mundo dizia que era uma doença
diferente e que deus estaria castigando os seres humanos)
NÃO: 4
11 - Pensou em algum momento em desistir do cargo e
procurar outro para ficar menos exposto? Ou até mesmo
trocar de profissão?
Respostas:
SIM: 3 (várias vezes durante o cansaço) NÃO: 3 (sentimento
de dever e sacerdócio)
12 - O que achou de quando os profissionais de saúde foram
elevados a heróis e depois voltaram à condição de meros
cumpridores de suas funções?
254
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Respostas:
- Já era esperado isso: 3
- Uma falta de consideração: 3
- Subvalorização do trabalho mais importante naquele
momento: 1
- Fez rever conceitos sobre a profissão: 2
- Vontade de ir para a mídia e tentar reverter: 1
- Chateado apenas: 2
Conclusão
Este estudo, ainda em andamento no campo de pesquisa,
será concluído principalmente sobre a importância em reconhecer
o esforço de cada profissional no âmbito do seu atendimento
individualizado aos infectados pela covid-19. Dar o apoio necessário
aos profissionais e trabalhadores da saúde que estão na linha de
frente do combate à pandemia, sempre será um estímulo a fim de
serem notados pelo seu esforço, até mesmo como sacrifício que
muitos estão fazendo para continuar trabalhando nas condições
impostas pelos gestores da saúde. Importante a todos os profissionais
é saber que a família está segura, os amigos e a sociedade dão valor
ao seu trabalho e isso torna-se fundamental ao enfrentamento com
coragem e esperança na sua função a que foram um dia designados.
Esta pequena amostragem até o momento será a base para os demais
486 funcionários que se encontram com o questionário em mãos
para envio posterior e confecção do trabalho.
Referências
WORLD Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) outbreak. Geneva:
World Health Organization, 2020. Disponível em: https://www.who.int/
emergencies/ diseases/novel-coronavirus-2019.
CENTERS for Disesase Control and Prevention. Pandemic preparedness resources.
Washington: Centers for Disesase Control and Prevention, 2020. Disponível
255
IX Colóquio de História das Doenças: anais
256
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
R.; TAN H.; KANG L.; YAO L.; HUANG M.; WANG H.; WANG G.; LIU Z.;
HU S. Factors Associated With Mental Health Outcomes Among Health Care
Workers Exposed to Coronavirus Disease 2019. Jama, v. 3, n. 3, mar. 2020.
NG K.; POON B. H.; KIAT, Puar T. H.; SHAN, Quah J. L.; LOH, W. J.; WONG,
Y. J.; TAN, T. Y.; RAGHURAM, J. COVID-19 and the Risk to Health Care
Workers: A Case Report. Ann Intern Med, v. 172, n. 11, p. 766-767, 2020.
WANG J.; ZHOU M.; LIU F.; Exploring the reasons for healthcare workers
infected with novel coronavirus disease 2019 (COVID-19) in China. May. 2020.
Disponível em: 10.1016/j.jhin.2020.03.002.
AVANIAN J. Z. Mental Health Needs of Health Care Workers Providing
Frontline COVID-19 Care: Editor’s Comment COVID-1. Jama, 13 mai. 2020.
Disponível em: https://jamanetwork.com/channels/health-forum/fullarti. [Este é
um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative CommonsBYCC
cle/2764228].
MACHADO, M. H.; XIMENES NETO, F. R. Gestão da Educação e do Trabalho
em Saúde no SUS: trinta anos de avanços e desafios. Cien. Saúde Colet. v. 23, n. 6,
2018.
Dal Poz MR. A crise da força de trabalho em saúde. Cad. Saúde Publica, v. 29,
n. 10, p. 1924-1926, out 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2013001000002. Acesso em: 30 abr.
2020.
ORGANIZAÇÃO Mundial de Saúde - OMS. Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS). Folha Informativa – COVID 19. Disponível em: https://www.paho.
org/bra/index.php?option=com_ content&view=article&id=6101:covid19&Item
id=875. Acesso em: 05 mai. 2020.
VIANNA, Gilberto de Souza. COVID-19 e o estado nu; as agruras do combate
a uma pandemia no Brasil na primeira metade do século XXI. In: DANTAS,
Alexis Toríbio; LEMOS, Maria Teresa Toríbio Brittes. América Latina em tempos
de pandemia: crises, mortes, descaso, solidão. Rio de Janeiro: Estudos americanos,
2020, p. 68-91.
LEMOS, M. T. T. B. Pandemia e cosmovisões: solidão, medo e morte. In:
DANTAS, Alexis Toríbio; LEMOS, Maria Teresa Toríbio Brittes. América Latina
em tempos de pandemia: crises, mortes, descaso, solidão. Rio de Janeiro: Estudos
Americanos, 2020, p. 8-20.
257
Missão brasileira na Primeira Guerra e a
influenza
Maria Cristina Alochio de Paiva1
Introdução
A Primeira Guerra Mundial ou a Guerra Europeia, como era
chamada na época, conhecida por ser a primeira total, afligindo
homens e mulheres, militares e civis, espaços privados e públicos,
enfim, todos os setores da sociedade, apesar de ter como palco,
principalmente o solo europeu, com grandes perdas humanas,
(BRUM, 2018), com relatos de mortes entre 8 milhões de pessoas
(BERTUCCI, 2004) a até 20 milhões de pessoas (CORREA, 2020),
ocorreu de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918.
A guerra era um eco distante das terras brasileiras, que optou
por uma neutralidade nos dois primeiros anos, aparentemente por
interesses econômicos apesar de ter sido o único dos países neutros
que protestou da invasão da Bélgica pela Alemanha (BRUM,
2018). Dois fatos arrastaram o país para o conflito: a proibição
pela Inglaterra, o mais importante consumidor do café brasileiro,
principal fonte da economia brasileira na época, de sua importação,
para dar espaço nos navios mercantes para mercadorias mais vitais
e essenciais, levando a graves efeitos na frágil economia do Brasil
e a zona de bloqueio para navegação decretada pela Alemanha,
tornando vulnerável qualquer navio mercante brasileiro levando
mercadorias para seus principais mercados na Europa, a França
e a Inglaterra, com o consequente afundamento do navio Paraná,
um dos maiores navios da marinha mercante brasileira, em 05 de
259
IX Colóquio de História das Doenças: anais
260
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Desenvolvimento
A DNOG comandada pelo Contra-Almirante Pedro
Max Fernando Frontin tinha como missão, além da vigilância
do Atlântico Sul sobre os submarinos alemães, o que já fazia,
patrulhar a costa noroeste da África e os mares europeus, sendo
a única representante da força naval latino-americana no combate
(ALONSO, 2013; SILVA, 2014; BRUM, 2018). Partiu do Rio de
Janeiro em maio de 1918 para Freetown em Serra Leoa, parando
em Natal, RN, em julho, sendo recebida com missa campal e outras
solenidades, permanecendo o dia na cidade (MEDEIROS, 2011),
alcançando Freetown a 09 de agosto, onde permaneceu até 23 de
agosto, quando seguiu viagem para Dakar (Senegal), aportando em
26 de agosto. Em Dakar, onde ficariam por alguns dias para reparos
e abastecimento, a esquadra foi atingida pela gripe espanhola,
primeiro contato dos brasileiros com a epidemia, não escapando
um só navio, com casos de 95% do efetivo do navio caindo com
a gripe e a primeira morte ocorrendo a 10 de setembro e a maior
mortalidade acontecendo no meio do mês com um ápice em 16 de
setembro, diminuindo a partir de 18 de setembro, com o último
falecimento ocorrendo em novembro, com um total de 125 óbitos
261
IX Colóquio de História das Doenças: anais
262
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
263
IX Colóquio de História das Doenças: anais
264
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
265
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações Finais
O Brasil teve uma pequena participação na Primeira Guerra
Mundial, mas importante para a população francesa durante
a pandemia da gripe espanhola e para os feridos de guerra na
Europa, montando um serviço hospitalar de qualidade em solo
europeu, plenamente reconhecida pelos franceses, mas esse fato é
completamente desconhecido da população brasileira, incluindo aí
muitos historiadores.
Referências
BERTUCCI, L. M. Influenza, a medicina enferma: ciências e práticas de cura na
época da gripe espanhola em São Paulo. Campinas: Editora da UNICAMP, 2004.
CROSBY, A. B. A pandemia esquecida da América: a gripe de 1918. 2 ed. Texas:
Cambridge University Press, 2016.
A MISSÃO medica que o Brasil enviou à Europa. O que nos diz um dos seus
membros, em cartas que de Paris nos remetteu. Correio da Manhã, Rio de Janeiro,
19 abr. 1919, p. 3.
ALONSO, W. J. [et. al.]. A alta mortalidade da pandemia espanhola na divisão
naval em operações de guerra em 1918. Revista Navigator, n. 17, p. 11-21, 2013.
DIÁRIO DA MANHÃ de 24 de junho de 1919.
BRUM, C. E. A (des)mobilização de médicos na grande guerra: o caso da missão médica
brasileira na França (1918-1919). Tese (Doutorado em História). Programa de
Pós-Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2018.
MARTINO, J. P. 1918 A gripe espanhola: os dias malditos. Atibaia, São Paulo:
Excalibur Editora, 2017.
MEDEIROS, R. 1918 – Quando a gripe espanhola atacou Natal. 19 mar.
2011. Disponível em: https://tokdehistoria.com.br/tag/1918-quando-a-gripe-
espanhola-atacou-natal/. Acesso em: 09 nov. 2019
SILVA, Carlos Edson Martins da. A Missão Médica Especial brasileira de caráter
militar na Primeira Guerra Mundial. Revista Navigator, n. 20, p. 94-108, 2014.
SILVEIRA, A. J. T. A influenza espanhola e a cidade planejada. Belo Horizonte,
1918. Belo Horizonte: Fino Traço, 2007.
TAUBENBERGER, J. K.; MORENS, D. M. 1918 Influenza: the mother of all
266
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
267
Doenças e mortes e a questão do
branqueamento no município de São
Mateus na década de 1870
Marília Silveira1
Luana Guisso2
Introdução
269
IX Colóquio de História das Doenças: anais
270
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
271
IX Colóquio de História das Doenças: anais
272
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
273
IX Colóquio de História das Doenças: anais
274
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
275
IX Colóquio de História das Doenças: anais
E mais:
a população tinha nessa época medo do hospital e, dessa forma,
preferia buscar a cura em casa, onde escravos, familiares ou amigos
cuidavam dos doentes. Pesquisadores da história da escravidão
são unânimes em mostrar senhores concedendo alforrias aos seus
escravos pelos relevantes cuidados que eles tiverem com algum
familiar. (FRANCO, 2015 p. 78).
276
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Livro aberto em 1875, dados das mortes de 1876 – Lourenço Vieira – Oficial da
Província do ES, termo do Cartório Cabeça da comarca.
Observações do Observações
Nome Causa mortis Nome Causa mortis
livro do livro
Homem
Mulher indigna Ataque de
1 Não declarada 22 preto
de nome sangue
escravo
Mulher indigna Mulher
2 Não declarada 23 Não descrita
de nome pobre
Não Ataque de
3 - 24 Criança
identificada sangue
Morte atestada
pelo Parocho Mulher,
4 - 25 Febres
Francisco Adão branca
Rodrigues
Não foi
Não Menino,
5 Criança 26 possível
identificada branco
descrever
Não foi
Moléstia de
6 possível - 27 Mulher
lázaro
descrever
Ataque de Mulher,
7 - 28 Febres
asma branca
Não foi Menino,
Moléstia não
8 possível 29 branco, mãe
detalhada
descrever falecida
Mulher,
preta,
escrava,
9 Causa natural 30 Acidente casada,
acidente na
propriedade
de seu pai.
Homem,
Não foi
pobre
10 Febres 31 possível
indigno de
descrever
nome.
Não foi
Criança,
11 Febres 32 possível
branca.
descrever
277
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Ataque de Homem,
13 34 Beribéri
sangue branco.
Não foi Não foi
Mulher,
14 possível 35 possível
parda.
descrever descrever
Não foi Homem,
15 possível 36 Sem descrição já foi
descrever enterrado
Indigna de Homem,
16 Sem causa 37 Inchação
nome, pobre pobre.
Não foi
Homem,
17 possível Mulher 38 Pneumonia
branco
descrever
De cor preta, Não foi
Mulher,
18 Sem causa indigna de 39 possível
parda
nome descrever
Não foi Homem,
19 Não descrita Criança, parda 40
descrita. pobre
Não foi
Homem, Mulher,
20 Falecido 41 possível
escravo branca
descrever
Não foi
21 Mulher pobre
descrita
Fonte: da autora, dados do livro de óbitos do cartório de Lourenço Vieira – Oficial da
Província do ES, termo do Cartório Cabeça da comarca.
278
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
279
IX Colóquio de História das Doenças: anais
280
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
281
IX Colóquio de História das Doenças: anais
282
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
283
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações finais
Em 1876 a cidade de São Mateus/ES tinha sua população
composta por negros, os imigrantes italianos e pardos. De modo
geral a economia estava em desenvolvimento advindo da cultura
agrícola da farinha de mandioca, atividade que delegou à cidade
baixa, o porto de São Mateus, e que apesar da cidade receber
uma leva maior de imigrantes italianos a partir de 1888, 1876 já
registrava a presença destes na cidade.
Os viajantes europeus Maximiliano e August de Saint-Hilaire,
dentre outras contribuições, proferiram suas impressões sobre São
Mateus no século XIX e alertaram para as doenças que afetavam
a população local afetada por febres, varíola e pelo ambiente não
salubre.
Quanto às doenças e morte no município, identificamos
que 41 pessoas morreram no referido ano de febres intermitentes,
ataques de sangue, asma, pneumonia. Infelizmente algumas causas
das mortes não foram identificadas, devido à qualidade do do
documento e seu estado de conservação, já que sua datação é de
1876, como também o fato de que a maioria de negros e pardos não
tiveram suas causas das mortes reveladas, tendo sido tratados no
livro como indignos de nome.
Nesse recorte temporal da pesquisa era difundida no Brasil a
teoria do branqueamento, que pregava a superioridade do homem
branco em relação aos negros e pardos. Esse também foi um período
da chegada de imigrantes italianos na província do Espírito Santo.
Infere-se, inclusive, que essa vertente racial e de superioridade do
homem branco possa ter influenciado em como os negros eram
tratados mesmo após sua morte, tema que merece destaque no
campo da pesquisa pois suscitou algumas outras inquietudes: como
em 1876, os negros eram enterrados no cemitério do centro da
cidade de São Mateus?
Nas comunidades quilombolas da cidade, existiam cemitérios
locais? A saúde e a morte possibilitam refletir que muitas questões
históricas do município ainda precisam ser investigadas e analisadas
284
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e Transição: o Espírito Santo
1850/1888. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
DURAND, Jorge; LUSSI, Carmem. Metodologia e teorias no estudo das migrações.
Jundiaí: Paco Editorial, 2015.
EHRENREICH, PAUL. Índios Botocudos do Espírito Santo no século XIX. Vitória:
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2014.
FRANCESCHETTO, Cilmar; LAZZARO, Agostino. (org.). Italianos: base de
dados da imigração estrangeira no Espírito Santo nos séculos XIX e XX. Vitória:
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2014.
FRANCO, S. P. O terribilíssimo mal do Oriente: o cólera na província do Espírito
Santo (1855-1856). Vitória: EDUFES, 2015.
FRANCO, Sebastião P.; MARLOW, Sergio L. “Males nos trópicos”: relatos
do viajante Johann Jakob Von Tschudi sobre as doenças entre os primeiros
imigrantes alemães na província do Espírito Santo. Revista del Cesla International
Latin American Studies Review, v. 22, 2018.
GINZBURG, C. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Cia das
Letras, 2007.
NASCIMENTO. Bruno César. Viagens à Capitania do Espírito Santo: 200 anos
das expedições científicas de Maximiliano de Wied-Neuwied e Auguste Saint-
Hilaire. Serra: Editora Milfontes, 2018.
REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do
século XIX. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
REVEL, Jacques (org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de
Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
RUSSO, Maria do Carmo de Oliveira. A escravidão em São Mateus: Economia e
demografia (1848-1888). 2011. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-
Graduação em História. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
SALETTO, Nara. Sobre a composição étnica da população capixaba. Revista
Dimensões, v. 11, 2000.
SEYFERTH, Giralda. Construindo a nação: hierarquia racial e o papel do racismo
285
IX Colóquio de História das Doenças: anais
286
Apontamentos sobre o cólera morbus
na Paraíba (1856 e 1862)
Milena de Farias Dôso1
Introdução
O presente artigo objetiva tratar dos processos que cercam o
cotidiano da morte na Província da Paraíba do Norte, em meados
do século XIX, relacionadas à epidemia do cólera, que assolou a
região nos anos de 1856 e 1862. Assim, adentraremos na discussão
acerca das práticas de sepultamento e suas mudanças ocasionadas
pelo decorrer da moléstia.
Em linhas gerais, essa pesquisa se insere nos estudos de
História da Saúde e das Doença e da Morte, campo em constante
expansão dentro da historiografia. As novas abordagens de pesquisa
na História andam de mãos dadas com a renovação historiográfica
que começa a ganhar espaço dentro das universidades e se torna
objeto de escrita acadêmica a partir da década de 1960, com a
influência da terceira geração da escola dos Annales.(REIS, 2006)
Na historiografia, a abordagem da doença como fator social
problematizada, está relacionada a renovação temática advinda da
História Cultural, que passa a considerar não somente os fatores
econômicos, mas incluem em suas pesquisas ʻo inconsciente, o
mito, as mentalidades, as práticas culinárias, o corpo, as festas, os
filmes, os jovens e as crianças, as mulheres, aspectos do cotidiano,
enfim uma miríade de questões antes ausentes do território da
Históriaʼ. (LUCCA, 2005, p. 113 Apud MARIANO; TARGINO,
2016, p. 861).
287
IX Colóquio de História das Doenças: anais
288
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
289
IX Colóquio de História das Doenças: anais
290
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
291
IX Colóquio de História das Doenças: anais
292
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fontes
A REGENERAÇÃO, a. 2, n. 77, Paraíba do Norte, 22 de Fevereiro de 1862.
Disponível em: memoria.bn.br. Acesso em: 05 mai. 2021.
Bibliografia
AGRA DO Ó, Alarcon. Relatos de Males: notas acerca dos modos de adoecer na
Paraíba imperial. In: AGRA DO Ó, Alarcon. Paraíba no Império e na República,
estudos de História Social e Cultural. João Pessoa: Ideia, 2005.
ALEXANDRE, Jucieldo Ferreira. Quando o ‘Anjo do Extermínio’ se Aproxima de
Nós: Representações Sobre o Cólera no Semanário Cratense o Araripe (1855-
1860). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, 2009.
293
IX Colóquio de História das Doenças: anais
ARIÈS, Philippe. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias.
Trad. Priscila Viana de Siqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
ARIÈS, Philippe. O Homem Diante da Morte. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
BARBOSA, Socorro de Fátima Pacífico. Jornal e Literatura: a imprensa brasileira
no século XIX. Porto Alegre: Nova Prova, 2007.
BARROS, José D’Assunção. O projeto de pesquisa em história. 10 ed. Petrópolis:
Vozes, 2015.
BERTO, João Paulo. Liturgias da Boa Morte e do Bem Morrer: práticas e representações
fúnebres na Campinas oitocentista (1760-1880). Dissertação (Mestrado em
História Cultural). Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2014.
CASTRO, Maria Isabel Pimentel de. Laços de Famílias e Costumes de Fé nas Terras
de Cabaceiras (1735-1785). Dissertação (Mestrado em História). Universidade
Federal de Campina Grande, São Paulo, 2009.
CASTRO, Oscar Oliveira. Medicina na Paraíba: flagrantes de sua evolução. João
Pessoa: A União, 1945.
CAVALCANTE, Eduardo Queiroz. Tecendo redes, construindo laços de solidariedade:
a formação de famílias negras, a prática do compadrio e a morte de escravizados
e libertos no cariri paraibano (São João do Cariri/1850-1872). Dissertação
(Mestrado em História). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.
CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e representações. São Paulo:
Difel, 2002.
DELEMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente 1300-1800: uma cidade sitiada.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
DÔSO, Milena de Farias. O Cholera Morbus em Cabaceiras e as mudanças higienistas
no trato da morte (1856). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
História). Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2020.
ELIAS, Nobert. A Solidão dos Moribundos, seguido de envelhecer e morrer. Rio de
Janeiro: Zahar, 2001.
FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2008.
KODAMA, Kaori. Epidemias e tráfico: os discursos médicos e debates na
imprensa sobre a febre amarela (1849-1850). In: FRANCO, Sebastião Pimentel;
NASCIMENTO, Dilene Raimundo; MACIEL, Ethel Leonor Noia. (org.). Uma
história brasileira das doenças. 1 ed. v. 4. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013, p. 35-
49.
294
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
LUCA, Tania Regia. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY,
Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
MARIANO, Nayana Rodrigues Cordeiro. Educação Pela Higiene, a invenção de um
modelo hígido de educação escolar primária na Parahyba do Norte (1849 – 1886). João
Pessoa: Idea, 2015.
MARIANO, Serioja Rodrigues Cordeiro; MARIANO, Nayana Rodrigues
Cordeiro. O Medo Anunciado: a febre amarela e a cólera na província da Paraíba
(1850-1860). Fênix, v. 9, p. 1-20, 2012.
MARIANO, Serioja Rodrigues Cordeiro; TARGINO, Elyonara de Brito Lira.
As Doenças Virando Notícias: os discursos sobre doenças na imprensa na
Paraíba (1850-1860). In: XVII Encontro Estadual de História. ANPUH-PB,
2016, Guarabira. XVII Encontro Estadual de História. ANPUH-PB História:
Conhecimento e Profissão... Anais, v. 01, p. 1-11, 2016.
MEDEIROS, João Rodrigues Coriolano de. Dicionário Corográfico do Estado da
Paraíba. 4 ed. João Pessoa: IFPB, 1875.
MEDEIROS, Tarcizio Dinoa; MEDEIROS, Martinho Dinoa. Ramificacoes
genealogicas do cariri paraibano. Brasilia: CEGRAF, 1989.
MONTEIRO, Luíra Freire. Preparações Para o Encontro com Deus: experiências
da “boa morte” na Paraíba oitocentista. In: MONTEIRO, Luíra Freire;
SANTANA, Flávio Carreiro de (org.) História: tramas do tempo, impressões do
vivido. João Pessoa: Ideia, 2017, p. 269-283.
PINTO, Irineu Ferreira. Datas e notas para a história da Paraíba. João Pessoa:
UFPB, v. II, 1977.
REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do
século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
REIS, João José. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In: ALENCASTRO,
Luiz Felipe de. (org.). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1997, p. 95-141.
REVEL, Jacques; PETER, Jean-Pierre. O corpo: o homem doente e sua história. In:
LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos objetos. 4 ed. Trad. Teresinha
Marinho. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
ROCHA, Solange Pereira da. Gente Negra na Paraíba Oitocentista: população,
família e parentesco espiritual. São Paulo: Unesp, 2009.
RODRIGUES, Cláudia. Lugares dos Mortos na Cidade dos Vivos. Rio de Janeiro,
Biblioteca Carioca, 1997.
RODRIGUES, Cláudia. A Cidade e a Morte: a febre amarela e seu impacto
295
IX Colóquio de História das Doenças: anais
296
“Um monumento que revela a piedade
de nossos maiores”:
o hospital São Christovão dos Lázaros (1850-1876)
Muller Sampaio1
297
IX Colóquio de História das Doenças: anais
298
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
299
IX Colóquio de História das Doenças: anais
300
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
301
IX Colóquio de História das Doenças: anais
302
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
303
IX Colóquio de História das Doenças: anais
304
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
305
IX Colóquio de História das Doenças: anais
306
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
307
IX Colóquio de História das Doenças: anais
308
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
309
IX Colóquio de História das Doenças: anais
310
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
311
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Conclusão
Os acontecimentos, como a construção de um Cemitério
Público e, muito depois, a inauguração do Asilo de Mendicidade,
acrescentaram novas demandas para a administração do Hospital
que já enfrentava dificuldades no desenvolvimento das práticas
assistenciais. Segundo Márcia Elizabeth Santos (SANTOS, 2005,
p. 83-84), a junção das duas práticas de assistência – votadas aos
lázaros e aos mendigos – culminou em um acontecimento bastante
relevante para a trajetória do Hospital São Christovão dos Lázaros,
haja vista o reforço da sua função social como um espaço de
segregação e de isolamento dos sujeitos socialmente indesejados.
Desse modo, a administração da instituição destinada aos leprosos,
desde 1787, passou, em 1876, a ser também responsável pelos
mendigos, os quais lá permaneceram até 1887.
Conforme foi apresentado neste texto, a trajetória do Hospital
São Christovão dos Lázaros foi bastante complexa. Nesse sentido,
buscou-se identificar como os diferentes interesses por parte do
312
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fontes
ACERVO DA BIBLIOTECA NACIONAL. Mappa topographica da cidade de S.
Salvador e seus suburbios [Cartográfico]. Disponível em: http://acervo.bndigital.
bn.br/sophia/index.asp?codigo_sophia=23599. Acesso em: 24 de Ago 2021.
AZEVEDO, Thomaz Gomes de. Quinta e Hospital dos Lázaros, 17 de agosto de
1857. In: BAHIA. Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa da Bahia pelo
Presidente da Província, o desembargador João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú,
n. 1, set. 1857. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/165#?c=0&m=27&s=
0&cv=142&r=0&xywh=-1146%2C0%2C3954%2C2789. Acesso em: 05 jul. 2021.
AZEVEDO, Thomaz Gomes de. Quinta e Hospital dos Lázaros, 9 de fevereiro de
1859. In: BAHIA. Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa da Bahia pelo
presidente da província, o doutor Francisco Xavier Paes Barreto, em 15 de março de
1859. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/165#?c=0&m=30&s=0&cv=17
3&r=0&xywh=-1058%2C0%2C3779%2C2665. Acesso em: 8 jul. 2021.
BAHIA. Falla que Recitou o Presidente da Província da Bahia, o conselheiro e
desembargador, Francisco Gonçalves Martins, na abertura da Assembléa Legislativa
da Província. 01 mar. 1850. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/165#?c
313
IX Colóquio de História das Doenças: anais
314
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Bibliográficas
BARRETO, Maria Renilda Nery. A Santa Casa de Misericórdia da Bahia e a
assistência aos doentes no século XIX. In: SOUZA, Christiane Maria Cruz de;
BARRETO, Maria Renilda Nery (org.). História da saúde na Bahia: instituições e
patrimônio arquitetônico (1808-1958). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; Barueri:
Manole, 2011.
CASTRO SANTOS, L. A.; FARIA, Lina Rodrigues. A reforma sanitária no Brasil:
ecos da Primeira República. Bragança Paulista: EDUSF, 2003.
DAVID, Onildo Reis. O inimigo invisível: a epidemia do cólera na Bahia em
1855-56. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 1993.
MACIEL, Laurinda Rosa. ‘Em proveito dos sãos, perde o lázaro a liberdade’: uma
história das políticas de combate à lepra no Brasil (1941-1962). Tese (Doutorado
em História Social). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade
Federal Fluminense, Niterói, 2007.
MONTEIRO, Yara Nogueira. Hanseníase: história e poder no estado de São
Paulo. Hansen Int., v. 12, n. 1, p. 1-7, 1987.
NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Dez freguesias da cidade do Salvador:
Aspectos sociais e urbanos do século XIX. Bahia: EDUFBA, 2007. [Coleção Bahia
de todos].
RIOS, Venétia Durando Braga. Entre a Vida e a Morte: Médicos, Medicina e
Medicalização na Cidade do Salvador. Dissertação (Mestrado em História Social).
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001.
SAMPAIO, Muller. Assistência à Lepra na Cidade de Salvador-BA (1920-1947).
Monografia (Licenciatura em História). Universidade do Estado da Bahia,
Conceição do Coité, 2018.
SANTOS, Márcia Elizabeth Pinheiro dos. Hospital São Cristóvão dos Lázaros: Entre
os Muros da Exclusão. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo).
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal
da Bahia, Salvador, 2005.
SANGLARD, Gisele. Entre os salões e o laboratório: Guilherme Guinle, a saúde e
a ciência no Rio de Janeiro, 1920-1940. Rio de Janeiro: Editoria Fiocruz, 2008.
SANGLARD, Gisele; FERREIRA, Luiz Otávio. Caridade e Filantropia: elites,
estado e assistência à saúde no Brasil. In: TEIXEIRA, Luiz Antonio; PIMENTA;
Tânia Salgado; HOCHMAN, Gilberto (org.). História da Saúde no Brasil. São
Paulo: Hucitec, 2018.
315
IX Colóquio de História das Doenças: anais
SILVA, Leicy Francisca da. Eternos órfãos da saúde: medicina, política e construção
da lepra em Goiás. Goiânia: Editora EFG, 2016.
SIMÕES FILHO, Afrânio Mário. Política de abastecimento na economia mercantil:
o celeiro público da Bahia (1785–1866). Tese (Doutorado em História).
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.
SOUZA, Christiane Maria Cruz de; SANGLARD, Gisele. Saúde pública e
assistência na Bahia da Primeira República (1889-1929). In: SOUZA, Christiane
Maria Cruz de; BARRETO, Maria Renilda Nery (org.). História da saúde na Bahia:
instituições e patrimônio arquitetônico (1808-1958). Rio de Janeiro/ Barueri:
Editora Fiocruz/Manole, 2011.
316
Reflexões sobre saúde em Belém (PA) a
partir da ONG-Aids Paravidda
(1992-1996)
Paulo Henrique Souza dos Santo
1 “Uma entidade fundada para se dedicar exclusivamente à Aids” Galvão (2000, p. 43)
apud Landau, (2011, p.12).
2 A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ou Acquired Immunological
Deficiency Syndrome (AIDS) é uma doença causada pela ação de um vírus chamado HIV.
Perlongher (1986).
317
IX Colóquio de História das Doenças: anais
318
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
319
IX Colóquio de História das Doenças: anais
320
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
321
IX Colóquio de História das Doenças: anais
322
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
323
IX Colóquio de História das Doenças: anais
324
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
325
IX Colóquio de História das Doenças: anais
326
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
327
IX Colóquio de História das Doenças: anais
328
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
329
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
AGUIAR JÚNIOR, Fernando Domingos de. Imagens da doença, políticas da notícia:
cenários e representações da AIDS na imprensa paraibana (1980). Dissertação
(Mestrado em História), Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2016.
330
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
331
IX Colóquio de História das Doenças: anais
332
“Insuficiente, dispendioso e
pouco Scientífico”:
a profilaxia da sífilis na Paraíba na década de 19301
Rafael Nóbrega Araújo2
Considerações inicias
Na Paraíba, em 1930, o médico Antônio D’Ávila Lins3 ficou
encarregado pelo governo estadual de redigir um relatório a respeito
das necessidades da saúde pública do estado. Para tanto, o facultativo
consultou a opinião de seus colegas da Sociedade de Medicina e
Cirurgia da Paraíba (SMCPB), que se reuniu em assembleia para dar
um parecer nesse sentido. No entanto, uma das figuras de destaque
da medicina Paraíba no período, o dr. Newton Lacerda4, tido como
1 O presente trabalho é um resultado adaptado da dissertação O “terrível flagello
da humanidade”: os discursos médico-higienistas e o combate à sífilis na Paraíba (1921-1940)
defendida no Mestrado em História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
concluído em 2020, na condição de bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2 Doutorando em História pela Universidade Federal de Pernambuco - (UFPE),
bolsista CNPq. E-mail: [email protected]
3 Médico natural da cidade de Areia, no brejo paraibano, formou-se na Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ), em 1924. Foi comissionado Aspirante a Oficial
Médico, servindo nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Em 1928, transferiu-
se permanentemente para a capital da Paraíba, sendo nomeado médico da Assistência
Pública, da Empresa Tração, Luz e Força e do Colégio Pio X, passando a figurar também
no corpo técnico do Instituto de Proteção e Assistência à Infância. Atuou ainda como
médico no Hospital Colônia Juliano Moreira, Indústrias Reunidas F. Matarazzo e nos
Institutos de Aposentadoria e Pensões Nóbrega (1979, p. 192-193).
4 Natural de Pernambuco formou-se em medicina pela FMRJ, em 1922. Aos formado,
passou a exercer a profissão na Paraíba, onde foi nomeado por Acácio Pires, então chefe da
Comissão de Saneamento e Profilaxia Rural, como assistente no laboratório de pesquisas
desta comissão, chefiado pelo médico Manoel Froes de Abreu. Após instalado na capital
paraibana, abriu um consultório de clínica geral e um laboratório de análises clínicas,
destacando-se nos campos da psiquatria e tisiologia. Foi membro do Instituto Histórico e
Geográfico Paraibano (IHGP), da Associação Paraibana de Imprensa, da SMCPB, da qual
foi presidente e da Academia Nacional de Medicina. Foi um dos fundadores da Faculdade
333
IX Colóquio de História das Doenças: anais
334
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
335
IX Colóquio de História das Doenças: anais
7 Cf. Suassuna, (1928, p. 50-51). Sobre os serviços mantidos pela Diretoria de Saúde
Pública e Saneamento Rural da Paraíba, a nova denominação da Comissão de Saneamento
e Profilaxia Rural, até o ano de 1927, Araújo, (2016, p. 284-285).
336
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
337
IX Colóquio de História das Doenças: anais
338
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
339
IX Colóquio de História das Doenças: anais
8 Apesar desse dado para o ano de 1928, no ano anterior, momento em que a Diretoria
de Saúde Pública e Saneamento Rural da Paraíba atingiu sua maior amplitude, registrou-
se um movimento de 54.921 pessoas matriculadas e 38.415 em 1926. Cf. Suassuna (1926,
p. 138); Suassuna (1927, p. 115).
340
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
341
IX Colóquio de História das Doenças: anais
342
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
343
IX Colóquio de História das Doenças: anais
344
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
10 Com exceção da cidade de João Pessoa, os dados para as demais cidades não
especificam a doença da pessoa matriculada nos Postos de Higiene.
345
IX Colóquio de História das Doenças: anais
346
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
347
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações finais
Fundamentalmente, as fontes consultadas permitem trazer à
tona as políticas públicas de saúde gestadas pela reforma sanitária
durante a Era Vargas na Paraíba, apontando que as ações de combate
à sífilis continuaram a ser executadas, mesmo sem um comando
nacional na luta antivenérea. Desse modo, compreendo que estudar
as experiências locais no enfrentamento desta moléstia possibilita
ampliar o leque analítico sobre a sua história no Brasil e as nuances
do processo de reforma sanitária.
Referências
Fontes
A REFORMA da Directoria de Saúde Pública. João Pessoa, A União, a. XLVIII,
n. 277, p. 1, [s. d.].
DECRETO n. 355 de 31 de dezembro de 1932. João Pessoa, A União, a. XLI, n.
1, 1 jan. 1933, p. 8-9.
DIRECTORIA. Directoria de Saúde Pública: aspectos geraes de sua actuação em
Gaffré Guinle” (DR. GIACOMO, 01 jan. 1938). Seu consultório particular funcionava na
rua Barão do Triunfo, n. 455.
348
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
349
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Bibliografia
AMADOR, Luiza Helena Miranda. Degenerados e Contagiantes: a luta contra
a sífilis no Pará (1915-1934). Dissertação (Mestrado em História Social da
Amazônia). Universidade Federal do Pará, Belém, 2015.
ARAÚJO, Rafael Nóbrega. O terrível flagelo da humanidade: discursos médico-
higienistas e o combate à sífilis na Paraíba (1921-1940). São Paulo: e-Manuscrito,
2021.
ARAÚJO, Silvera Vieira de. Entre o poder e a ciência: história das instituições de
saúde e higiene da Paraíba na Primeira República (1889-1930). Tese (Doutorado
em História). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.
BATISTA, Ricardo dos Santos. Sífilis e Reforma da Saúde na Bahia (1920-1945).
Salvador: EDUNEB, 2017.
CARRARA, Sérgio. Tributo a Vênus: a luta contra a sífilis no Brasil, da passagem
do século aos anos 40. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.
FONSECA, Cristina M. Oliveira. Saúde no Governo Vargas (1930-1935): dualidade
institucional de um bem público. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
GOMES, Ângela de Castro. Ideologia e trabalho no Estado Novo. In: PANDOLFI,
Dulce. Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
HOCHMAN, Gilberto. A era do saneamento. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 2013.
ROSS, Sílvia de. Sífilis, o mal de todos: tema médico-científico nacional, discussões e
práticas educativas no Paraná na primeira metade do século XX. Tese (Doutorado
em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. O teatro das oligarquias: uma revisão da
“política do café com leite”. 2 ed. Belo Horizonte: Fino Traço, 2019.
350
Dentes de defuntos para curar
maus humores:
o uso de itens mágicos para tratamentos de
enfermidades na capitania de Minas Gerais
(Séculos XVIII)
Raiza Ap. da Silva Favaro1
Christian Fausto2
Introdução
O tratamento das doenças sempre foi visto como algo crucial,
desta forma o ser humano utiliza tudo na busca de alívio e cura, mesmo
nas condições mais precárias a guerra contra as doenças nunca foi uma
batalha rendida. De acordo com Ronaldo Simões Coelho (2002) o
indivíduo na sua luta contra o sofrimento e a dor, a doença e a morte,
busca todos os recursos, seja na magia, na religião ou na ciência, recorre
às palavras, sonhos, sacrifícios, oráculos, deuses, xamãs e médicos.
Como aponta Jaques Le Goff (LE GOFF, 1985) a doença
pertence à história. Sendo assim, a doença também pertence ao seu
tempo histórico, e tem ligação direta com suas particularidades,
para podermos pensar a medicina em qualquer momento da história
precisamos considerar as instituições e mentalidades presentes
nesse tempo e espaço.
Mas “a doença não pertence só a história superficial dos
progressos científicos e tecnológicos como também pertence a
1 Graduanda da Universidade Estadual de Maringá- UEM e membro do Laboratório
de História Ciências e Ambiente- LCH. E-mail: [email protected]
2 Professor Orientador, docente do departamento de História da Universidade
Estadual de Maringá - UEM e coordenador do Laboratório de História Ciências e
Ambiente – LHC. E-mail: [email protected]
351
IX Colóquio de História das Doenças: anais
352
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
353
IX Colóquio de História das Doenças: anais
354
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
355
IX Colóquio de História das Doenças: anais
356
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
357
IX Colóquio de História das Doenças: anais
358
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
359
IX Colóquio de História das Doenças: anais
360
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Mandei que, assim que se matasse algum boi ou vaca do curral, pois
o tinha vizinho, se tirasse, com toda presteza e sem demora, aquele
redenho ou gordura que cobre as tripas, se embrulhasse em uma
toalha e viesse o portador correndo, para que, com o calor natural
do animal, o pusesse em cima do estômago e ventre e com a mesma
toalha o cobrisse, e com outra roupa, deixando-se estar de costas
o mais tempo que pudesse; matando-se na mesma ocasião mais
algum boi ou vaca, fizesse a mesma diligência com outro redenho.
(FERREIRA, 1735, p. 401).
361
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Considerações finais
Este trabalho buscou compreender parte das práticas médicas
nas Minas Gerais, durante o século XVIII. Para esta análise foi usado
o tratado médico Erário Mineral (1735), de autoria de Luís Gomes
Ferreira. Além de outras obras que forneceram elementos para se
concluir que na região de Minas Gerais, no período analisado, não se
tinham fronteiras demarcadas entre a medicina oficial e a popular.
Na obra de Luís Gomes Ferreira, os sistemas mágicos religiosos
convivem, lado a lado, com a medicina oficial.” No século XVIII,
o conhecimento médico estava impregnado de práticas e crenças
religiosas e mágicas” (FURTADO, 2009, p. 97). A convivência do
racionalismo com o pensamento mágico deu-se em vários níveis,
não estando restrita a apenas a nenhum grupo social específico.
Os habitantes das Minhas de ouro fizeram uso do conhecimento
médico oficial e de feitiçarias, buscando assim, a saída que mais
estivesse ao seu alcance. Não ficando de fora os profissionais de
cura que também por conta da ineficácia de indicações da medicina
oficial, recorriam a feitiços, no afã de conseguir a cura (VIANA,
2008).
362
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências:
Fonte
FERREIRA, Luís Gomes. Erário Mineral. Org. Júnia Ferreira Furtado. Belo
Horizonte: Fundação João Pinheiro/ Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz.
363
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Bibliografia
BACELLAR, Carlos. Uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, Carla Bassanezi.
Fontes históricas. [s. l.]: [s. n.], 2005.
COELHO, Ronaldo Simões. O Erário Mineral divertido e curioso. In: FERREIRA,
Luís Gomes. Erário Mineral Luís Gomes Ferreira; (org.) Júnia Ferreira Furtado.
Belo Horizonte/ Rio de Janeiro: Fundação João Pinheiro/ Fundação Oswaldo
Cruz, 2002, p. 151-172.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Corpo, natureza e sociedade nas minas (1680-
1730). Projeto História, v. 25, p. 325-359, 2002. Disponível em: https://revistas.
pucsp.br/revph/article/view/10595/0. Acesso em: out. 2021.
EUGENIO, Alisson. Relatos de Luís Gomes Ferreira sobre a saúde dos escravos.
Hist, Ciências e Saúde-Manguinhos, n. 22, v. 3, jul./sep. 2015.
FURTADO, Júnia Ferreira. Barbeiros, cirurgiões e médicos na medicina colonial.
Revista do Arquivo Público Mineiro. v. 41, p. 88-105, 2005. Disponível em: http://
www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/rapm/brtacervo.php?cid=951&1.
Acesso em: out. 2021.
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
GUINZBUG, Carlo. O queijo e os vermes: O cotidiano e as ideias de um moleiro
perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. A botica da natureza. In: HOLANDA, Sérgio
Buarque de. Caminhos e fronteiras. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LE GOFF, Jacques (org.). As Doenças tem história. Lisboa: Terramar, 1985.
SOURNIA, Jean-Charles. O homem e a doença. In: LE GOFF, Jacques (org.). As
Doenças tem história. Lisboa: Terramar, 1985.
VIANA, Kelly Cristina Benjamin. Mágicos Doutores; a arte médica entre a magia
e a ciência nas Minas Gerais setecentistas (1735-1770). Fortaleza: [s. n.], 2008.
WISSENBAH, Maria Cristina Cortez. Cirurgiões e mercadores nas dinâmicas
do comércio atlântico de escravos (séculos XVIII e XIX). In: MELLO, Laura;
FURTADO, Júnia; BICALHO, Maria (org.). O governo dos povos. Alameda: [s. n.],
2009, p. 282-300.
364
As febres em aldeamentos de
Munduruku no Rio Tapajós
(Província do Pará, Século XIX)
Sara da Silva Suliman1
365
IX Colóquio de História das Doenças: anais
século XIX que foram pesquisadas, como a febre amarela pós 1849
(FREITAS, 2020, p. 725).
Freitas (FREITAS, 2020, p. 725) indica que embora o
protagonismo das febres não possa ser negado, especialmente
por conta do cenário crítico gerado pelas epidemias nos portos e
cidades luso-brasileiras a partir das primeiras décadas do século
XIX, é valido “observar que a febre amarela consistia em mais uma
das manifestações febris que ceifavam vidas por aqui há longo
tempo”. Neste sentido, conforme mostra a historiografia recente,
“os discursos oitocentistas sobre a febre amarela não podem ser
propriamente analisados sem que se faça observância às diversas
concepções de febre em disputa na época” (FREITAS, 2020, p.
725).
Hoje, sabe-se que a febre é um sintoma de um processo
patológico ou reação imunológica à presença de algum agente
patogênico, não é uma doença em si. No século XIX, as febres eram
lidas e representadas na documentação como “um conjunto amplo e
difuso de manifestações patológicas e podiam ser entendidas tanto
como sintoma de alguma enfermidade quanto como enfermidade
em si” (FREITAS, 2020, p. 725).
Se o estudo sobre as febres se faz importante sob o ponto
de vista da História Social da medicina e das doenças, também
é necessário que se discuta o tema pela perspectiva da História
Indígena e do Indigenismo, partindo do que propões John Monteiro
(2001, p. 5), construindo uma nova História Indígena, para
compreender trajetórias, narrativas e experiências de populações
indígenas frente aos projetos civilizatórios no período colonial e
imperial, tendo como foco as próprias ações indígenas.
Entre tantas histórias sobre o ataque de febres em território
Munduruku no rio Tapajós que ficaram registradas destaca-se
a da moça Sebastiana. Sua história foi contada pelo engenheiro
Antônio Manoel Gonçalves Tocantins quando esteve na região das
Campinas, reduto de aldeias Munduruku, em comissão do governo
provincial, por volta de 1875.
366
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
367
IX Colóquio de História das Doenças: anais
368
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
3 Segundo José Alípio Goulart (1968, p. 22-23), regatão significa vendedor ambulante
fluvial que negocia e comercializa todo tipo de mercadoria e produto. Contudo, está
denominação tornou-se exclusiva da Amazônia, já que em outras áreas estes comerciantes
são conhecidos como mascate.
4 Os Corpos dos Trabalhadores existiram legalmente até 1859, e funcionavam
divididos em Companhias de Trabalhadores ligadas às diversas localidades no interior da
província, recrutando índios, mestiços e pretos. Ver: Fuller (2008).
5 Os trechos dos documentos citados tiveram a ortografia atualizada.
369
IX Colóquio de História das Doenças: anais
370
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
371
IX Colóquio de História das Doenças: anais
372
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
373
IX Colóquio de História das Doenças: anais
374
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
375
IX Colóquio de História das Doenças: anais
376
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
377
IX Colóquio de História das Doenças: anais
378
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
379
IX Colóquio de História das Doenças: anais
380
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Referências
Fontes
AMAZONAS, Governo. Fala dirigida a Assembleia Legislativa Provincial do
Amazonas no dia 1º de agosto de 1854, em que se abriu a sua 3ª sessão ordinária,
pelo presidente da província o Conselheiro Herculano Ferreira Penna. Barra do
Rio Negro, Tip. de M. S. Ramos, 1854.
AMAZONAS, Governo. Relatório que a Assembleia Legislativa
Provincial do Amazonas apresentou na abertura da sessão
ordinária em dia 7 de setembro de 1858. Francisco José
Furtado, presidente da mesma província. Manaus: Tip. de Francisco José da Silva
Ramos, 1858.
BIBLIOTECA NACIONAL, Hemeroteca. Jornal Tapajoense, Santarém, 18 de
outubro de 1856. Disponível: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx.
Fundo: Secretaria da Presidência da Província (SPP). Série: Ofícios de Autoridades
Eclesiásticas (OAE). Ano: 1853-1854. Cx. 175. Ofício: 28 fev. 1853.
PARÁ, Governo. Discurso recitado pelo Exm. Sr. Dr. João Antônio de Miranda,
presidente da província do Pará, na abertura da Assembleia Legislativa Provincial,
no dia 15 de agosto de 1840. Pará, Tip. de Santos & menor, 1840.
PARÁ, Governo. Discurso recitado pelo Exmo. Sr. Desembargador Manoel
Paranhos da Silva Vellozo, presidente da província do Pará, na abertura da
primeira sessão da quarta legislatura da Assembleia Provincial no dia 15 de
agosto de 1844. Pará, Tip. de Santos & menores, 1844.
PARÁ, Governo. Relatório feito pelo Exmo. Snr. Conselheiro Jerônimo Francisco
Coelho, presidente desta província e entre ao 1º vive presidente em exercício, o
Exmo. Snr. Dr. Ângelo Custodio Corrêa, no dia 1º de agosto de 1850. Pará: Tip.
Santos & Filhos, 1850.
PARÁ, Governo. Relatório apresentado a Assembleia Legislativa Provincial do
Pará, no dia 15 de agosto de 1857, por ocasião da abertura da segunda sessão da
10ª legislatura da mesma Assembleia, pelo presidente Henrique de Beaurepaire
Rohan. Pará: Tip. de Santos e Filhos, 1857.
PARÁ, Governo. Discurso da abertura da Assembleia Legislativa Provincial do
Pará, em 7 de abril de 1858, pelo presidente Dr. João da Silva Carrão. Pará: Tip.
Diário do Comércio, 1858.
PARÁ, Governo. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Ângelo Thomaz do Amaral
pelo primeiro vice-presidente da Província do Grão-Pará, o Exmo. Sr. Dr. Fabio
381
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Bibliografia
AGASSIZ, Jean Louis Rodolph. Viagem ao Brasil 1865-1866. Tradução e notas
de Edgar Süssekind de Mendonça. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial,
2000.
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na História do Brasil. Rio de
Janeiro, Editora FGV, 2010.
AMOROSO, Marta. Mudança de hábito: Catequese e educação para índios nos
aldeamentos capuchinhos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n.
37, p. 101-114, jun. 1998.
AMOROSO, Marta. Crânios e cachaça: coleções ameríndias e exposições no
século XIX. Revista de História, n. 154, p. 119-150, 2006a.
AMOROSO, Marta. A primeira missa: memória e xamanismo na Missão
Capuchinha de Bacabal (Rio Tapajós, 1872-82). In: MONTERO, Paula. Deus
na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006b, p.
209-234.
AMOROSO, Marta. Um kiki-koi para Arepquembe. In: AMOROSO, Marta.
Terra de índio – imagens em aldeamentos do Império. São Paulo: Terceiro Nome,
2014.
BAENA, Antônio L. M. Ensaio Corográfico sobre a Província do Pará. Brasília:
Senado Federal, Conselho Editorial, 2004.
BATES, Henry Walter. O naturalista no rio Amazonas. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1979.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Introdução a uma História Indígena. In:
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. História dos índios no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998 [1992], p. 09-24.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Política indigenista no século XIX. In:
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. História dos índios no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998 [1992], p. 133-154.
382
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
383
IX Colóquio de História das Doenças: anais
384
Doença, culpabilização e sujeito-vítima:
os sentidos sobre saúde nos discursos de usuários
de droga, em blogs pessoais
Wedencley Alves1
Luana Luciana Ribeiro de Alencar2
385
IX Colóquio de História das Doenças: anais
386
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
387
IX Colóquio de História das Doenças: anais
si, visto que essa culpa é transferida para o outro, nesse caso para
as drogas. Podemos ver isso de maneira mais clara nas seguintes
conjecturas:
“Minha doença resiste em permitir que eu tenha a mente aberta para
aceitar que eu preciso mudar”
388
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
se não fossem as drogas que tomassem conta de sua vida, essa seria
entregue à vontade de Deus.
Em E3 o significante “armadura” nos remete a uma metáfora
de guerra. O campo semântico que se ocupa da prevenção de
drogas e sua extinção nos remete a uma memória discursiva de
que as drogas devem ser combatidas. Nesse enunciado o sujeito
ocupa uma posição-sujeito de vítima das drogas inimigas. A frase
“aproveitando qualquer falha na minha armadura” personifica,
de certa forma, as drogas, como se elas esperassem qualquer
oportunidade para “aproveitar-se” desse sujeito. O significante
“armadura” é parte do campo semântico do qual falamos acima.
Se algo ou alguém se aproveita de outra pessoa, podemos inferir
que essa pessoa ocupa, também, uma posição-sujeito de vítima e
toda vítima tem um culpado, que nesse caso é a doença dele e as
drogas.
Em E4a última frase do cotexto nos chama a atenção: o remédio
para minha doença. Outra vez nos deparamos com a aparição do
pronome possessivo “minha”, que é um efeito de evidência de que
esse sujeito está em identificação com o discurso biomédico sobre as
drogas. O autor faz uso do significante remédio que indica para um
sentido de cura. Embora percebamos o uso de significantes da área
da saúde, a base da cura sempre está pautada em preceitos morais,
como aponta os 12 passos do Narcóticos Anônimos. Em todos os
blogs analisados, os sujeitos passaram pelos Narcóticos Anônimos,
cujo discurso religioso é a sua base.
O significante “cura” aparece mais uma vez no enunciado
seguinte, E5, também atrelada a um sentido biomédico, atestado
pela frase “a cura estava aqui dentro”. Ora, se a cura estava
“dentro” desse sujeito, voltamos a outro sintoma da forma-
sujeito neoliberal: o autocuidado e responsabilidade de si. Toda
essa responsabilidade de si traz, sem dúvida, uma pressão social
para a vida de indivíduo e a culpabilização da vítima (CASTIAL;
GUILAM, FERREIRA, 2015). Essa autoculpabilização aparece no
trecho “Foi difícil me perdoar”. O perdão está entrelaçado com o
sentido de transgressão, só se pede perdão por um erro. Apesar
389
IX Colóquio de História das Doenças: anais
390
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
391
IX Colóquio de História das Doenças: anais
392
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
Formação Ideológica
Assim como não há discurso sem sujeito, não há sujeito sem
ideologia. Pois bem, a “ideologia é a condição para a constituição do
sujeito e dos sentidos” (ORLANDI, 2015, p. 44).
É na relação da linguagem com a história que o sujeito se
mostra como interpelado pela ideologia, interpelação essa que
393
IX Colóquio de História das Doenças: anais
394
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
395
IX Colóquio de História das Doenças: anais
396
Sebastião Pimentel Franco, Dilene Raimundo do Nascimento, Anny Jackeline Torres Silveira,
André Luís Lima Nogueira, Patrícia M. S. Merlo (org.)
397
IX Colóquio de História das Doenças: anais
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística
de Distúrbios. Mentais DSM I. Disponível em: http://www.turkpsikiyatri.org/
arsiv/dsm1952.pdf. Acesso: 15 jan. 2018.
DIETER, Mauricio. Lógica atuarial e incapacitação seletiva: a farsa da
eficiente gestão diferencial das novas classes perigosas. Revista Epos,
v. 4, n. 1, 2013. Disponível em: 126 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?pid=S2178700X2013000100003&script=sci_abstract. Acesso em: 21 mar.
2018.
CAPONI, Sandra. Loucos e Degenerados: uma genealogia da psiquiatria ampliada.
Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012.
CASTIAL, Luis Devid; GUILHAM, Maria Cristina Rodrigues; FERREIRA,
Marcos Santos. Correndo o risco: uma introdução aos riscos em saúde. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz, 2015.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. v. I: a vontade de saber. 13 Ed. Rio
de Janeiro: Edições Graal, 1999.
ORLANDI, Eni. Discurso em Análise: sujeito, sentido, ideologia. Campinas: Pontes
Editores, 2015.
ORLANDI, Eni. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. 4 ed.
Campinas: Pontes Editores, 2012.
ORLANDI, Eni. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6.ed. Campinas,
Editora Unicamp, 2007.
WHITAKER, Robert. Anatomia de uma epidemia: pílulas mágicas, drogas
psiquiátricas e o aumento assombroso da doença mental. Trad. Vera Ribeiro. Rio
de Janeiro: Editora Fiocruz, 2017.
398
(27) 3376-0363
facebook.com/EditoraMilfontes
@espacomilfontes
las
Milfa
MILFONTES