01 - Regime Jurídico - Princípios
01 - Regime Jurídico - Princípios
01 - Regime Jurídico - Princípios
REGRAS
comandos definitivos, aplicáveis à maneira do “tudo ou nada”.
PRINCÍPIOS
mandamentos de otimização, a serem efetivados no grau máximo
possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas.
Função dos princípios no
ordenamento jurídico
(i) a de orientação teleológica do legislador, uma vez que eles impõem balizas e dirigem a
atividade legiferante;
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Origem
Estado Democrático de Direito
Contexto de surgimento do Estado Democrático de Direito
Concepção clássica:
● Particular: ninguém pode ser obrigado a fazer ou a deixar de fazer algo senão em
virtude de lei;
● Administração Pública: a Administração Pública só pode fazer o que está previsto em
lei;
Jargões:
Implicações
Atuação da Administração Pública:
❏ secundum legem (conforme a lei)
❏ praeter legem (sem lei)
❏ contra legem (contrário à lei) Observações:
Reserva de lei
– determinação constitucional
- restrição a direitos
Estado de Direito
Princípio da Juridicidade
Conteúdo Jurídico
a Administração Pública é vinculada ao Direito, enquanto um sistema de normas
harmônico
Sistema normativo
Decisão: (...) Em estudo sobre o tema, anotei: “Considerada atributo do "ato administrativo", a
presunção de validade dos comportamentos da Administração Pública é um reflexo do
princípio da juridicidade [legalidade] administrativa. Somente é válido o comportamento
conforme e compatível, extrínseca e substancialmente, com o Direito. A presunção, em
Direito, é conceituada por Clóvis Beviláqua como "A ilação que se tira de um fato conhecido
para provar a existência de outro desconhecido". Sendo a juridicidade obrigatória para a
Administração Pública, não se cogita que dela se subtraia o administrador público ou
aquele que em nome ou por delegação administrativa atue, pelo que se supõe, primária e
precariamente, que os atos da Administração sejam consoantes e compatíveis, em forma
e substância, com o quanto disposto no Direito vigente.
Voto do Ministro Roberto Barroso:
(...)
A minha ideia de regulamento autônomo é que, com o tempo e nos últimos tempos, o
princípio da legalidade se converteu em algo mais amplo, o princípio da juridicidade, que
significa que ao administrador cabe aplicar o ordenamento jurídico como um todo,
inclusive a Constituição. Em muitas situações, será legítimo ao administrador prover sobre
determinadas matérias, cumprindo a Constituição, independentemente de lei. Se sobrevier
a lei, ela tem preferência, o que, neste caso, no entanto, não me parece se aplicar, porque
acho que não se exigia reserva legal para essas normas de organização de autarquia
federal.
Esse é um ponto muito importante, porque acho que há uma transformação doutrinária a
ser acolhida pela jurisprudência. O administrador não está vinculado apenas à lei como
intermediação do Congresso Nacional; ele está vinculado à Constituição. Em muitas
situações, independentemente de lei, ele pode prover autonomamente pelo cumprimento da
Constituição.
2) Subjetivo:
Protege a confiança das pessoas em relação às expectativas quanto aos atos
administrativos.
Evita a surpresa do cidadão diante de manifestações estatais ao permitir a
previsibilidade delas em virtude da vinculação ao Direito.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de
caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
3. Boa-fé do administrado;
A proteção da confiança também ocorre por meio da TEORIA DOS ATOS PRÓPRIOS
(non venire contra factum proprium – tradução: não se voltar contra os próprios atos)
A teoria tem por objetivo evitar que a Administração Pública atue de forma controversa, em
desconformidade com os atos anteriormente praticados por ela.
Estado de Direito
Princípio da Boa-fé
● Objetiva: avaliada através dos sinais deixados pelo agente através de sua conduta
A proteção desse princípio também ocorre pela Teoria dos Atos Próprios, que exige que a
Administração Pública atue de boa-fé, mantendo a coerência com os atos que praticou, e
assim preserve a boa-fé que os administrados depositam nela.
Estado de Direito
Princípio da Boa-fé
A Primeira Turma, em face da inaplicabilidade das orientações estabelecidas no RE 608.482, julgado sob o
rito da repercussão geral (Tema 476), deu provimento ao agravo interno com vistas a negar seguimento ao
recurso extraordinário em que se discutia a validade de portaria que tornou sem efeito ato de nomeação e
posse de servidora pública. O colegiado rememorou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o RE
608.482, decidiu pela inaplicabilidade da “teoria do fato consumado” a candidato que assumiu o cargo em
razão de decisão judicial de natureza precária e revogável. Naquele julgado, a Corte entendeu que, em face
das disposições constitucionais que regem o acesso a cargos públicos, é incabível justificar a permanência
de alguém que tomou posse em razão de decisão judicial de caráter precário, com fundamento nos
princípios da boa-fé e da proteção da confiança legítima. Entretanto, no julgamento do precedente, não
foram contempladas as hipóteses em que servidor, em razão do decurso do tempo no exercício do cargo,
tem a aposentadoria concedida pela Administração Pública. Afirmou-se que especificidades — em
especial o decurso de mais de 21 anos no cargo e a concessão de aposentadoria voluntária
pela Administração Pública — diferem das circunstâncias do indigitado “leading case”. No caso concreto,
em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da confiança
legítima incide com maior intensidade. A Turma entendeu que a segurança jurídica, em sua perspectiva
subjetiva, protege a confiança legítima e preserva fatos pretéritos de eventuais modificações na
interpretação jurídica, bem como resguarda efeitos jurídicos de atos considerados inválidos por qualquer
razão. A aplicação do princípio da proteção da confiança, portanto, pressupõe a adoção de atos
contraditórios pelo Estado que frustrem legítimas expectativas nutridas por indivíduos de boa-fé.
Naturalmente, tais expectativas podem ser frustradas não apenas por decisões administrativas
contraditórias, mas também por decisões judiciais. RE 740029 AgR/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 14.8.2018. (RE-740029)
RE 1221099 AgR
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 13/07/2020
Publicação: 05/08/2020
Decisão: (...) servidores aprovados em concurso interno para promoção na carreira, que tiveram sua
matrícula assegurada por medida liminar posteriormente cassada pelo reconhecimento da decadência
para a impetração de mandado de segurança, que presumissem a ilegalidade dos atos expedidos pela
Corporação da Polícia Militar, que concedeu nova promoção aos servidores, legitimando, a seu ver, sua
situação jurídica. Assim, consoante assentado pela decisão que procedeu ao distinguishing, os fatos
descritos no recurso extraordinário configuram situação excepcional, que justifica a incidência do
princípio da proteção à confiança legítima dos administrados e da segurança jurídica, considerada não
só a presunção de legitimidade dos atos da Administração Pública e a boa-fé dos administrados, mas
também a demora da tramitação dos feitos administrativos relacionados ao caso, que resultaram na
promoção subsequente dos recorridos, os quais ocupam os referidos cargos há mais de uma década.
Embora não se aplique ao caso o RE-RG 608.482, Rel. Min. Teori Zavascki, Pleno, DJe 30.10.2014 (tema 476) – o
qual diz respeito à manutenção de candidato não aprovado em concurso público em cargo no qual tomou
posse em decorrência
Órgão julgador: Primeira Turma Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 22/05/2020 Publicação: 18/06/2020
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. ATIVIDADE
FISCALIZADORA. INSPEÇÃO. ART. 240 DO REGIMENTO INTERNO DO TCU. OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA EM FACE DE TERCEIROS. DESNECESSIDADE. CUMULAÇÃO DE VALOR INTEGRAL DE FUNÇÃO COMISSIONADA
OU CARGO EM COMISSÃO COM REMUNERAÇÃO DE CARGO EFETIVO. VANTAGEM CONCEDIDA PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
PERCENTUAL DE 10,87% (IPCr). DECORRÊNCIA DO CUMPRIMENTO DE DECISÕES JUDICIAIS. SEGURANÇA CONCEDIDA
PARCIALMENTE. RE 638115. MODULAÇÃO DE EFEITOS SUPERVENIENTE. NECESSIDADE DE PARCIAL REPARAÇÃO DA DECISÃO
AGRAVADA. NOVO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. DEFERÊNCIA. CAPACIDADES INSTITUCIONAIS. ATRIBUIÇÕES TÉCNICAS
CONSTITUCIONALMENTE ATRIBUÍDAS À CORTE DE CONTAS. ART. 71 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AGRAVO REGIMENTAL
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O contraditório é prescindível nos procedimentos abstratos de controle perante o Tribunal
de Contas da União, nos moldes retratados nos autos, em que não há análise de qualquer situação individualizada
que resulte efeitos concretos e imediatos, restando incalculável o número de possíveis litisconsortes, como v.g., o
procedimento de inspeção do TJDFT. Precedentes: MS 25.198, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJ 26/8/2005; MS
31.344, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe 14/5/2013, e MS 26.809-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda
Turma, DJe 2/9/2014. 2. In casu, inexiste decadência administrativa (Lei 9.784/1999, art. 54), porquanto as informações
constantes do Acórdão TCU 2.640/2010 dão conta de que o prazo quinquenal não foi alcançado. Deveras, os valores
referentes ao percentual de 10,87% (IPCr) foram percebidos em decorrência de decisões liminares judiciais, enquanto o
pagamento relativo à acumulação de cargo em comissão ou função comissionada com a remuneração
de cargo efetivo e VPNI respaldou-se em decisão administrativa emitida pelo TJDFT em 9/7/2002, ratificada em
25/11/2002 e 15/1/2003, sendo revogada em 22/2/2005. 3. Enquanto valor constitucional digno de tutela, descabe a
aplicação do princípio da segurança jurídica de modo genérico e abstrato, sem atentar para as balizas do caso
concreto e harmonizá-lo com os demais princípios constitucionais, sobretudo o da legalidade. Dessa maneira, o
simples decurso do tempo não pode ser considerado suficiente para a consolidação de vantagens ilegais.
ACO 3373 AgR Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES Julgamento: 15/03/2021
Publicação: 23/03/2021
EMENTA: AGRAVO INTERNO NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. SUSPENÇÃO DA EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DAS
PRESTAÇÕES DE DÍVIDAS MANTIDAS ENTRE O ESTADO E A UNIÃO. RECURSOS EMPREGADOS EM AÇÕES E MEDIDAS
DE COMBATE À CRISE DO CORONAVÍRUS. LEI COMPLEMENTAR 173/2020. RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE O QUAL SE
FUNDA A AÇÃO. MANUTENÇÃO DOS OS EFEITOS DA LIMINAR DEFERIDA, RELATIVAMENTE AO PERÍODO DE VALIDADE
DA MESMA. PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. PAGAMENTO
DA PRESTAÇÃO VENCIDA E QUE SE ENCONTRAVA SUSPENSA, SEM OS ÔNUS DE INADIMPLÊNCIA. POSSIBILIDADE.
AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Ação Civil Originária com pedido de medida liminar proposta
pelo Estado do Pará em face da União, com pedido de provimento liminar para suspender a exigência de
pagamento das prestações de dívidas mantidas entre o Estado e a União, de modo que os recursos disso
decorrentes possam ser empregados em ações e medidas de combate à crise do coronavírus. 2. A
Constituição Federal, em diversos dispositivos, prevê princípios informadores e regras de competência no
tocante à proteção da saúde pública, destacando, desde logo, no próprio preâmbulo a necessidade de o
Estado Democrático assegurar o bem-estar da sociedade. 3. A gravidade da emergência causada pela
pandemia do COVID-19 (Coronavírus) exige das autoridades brasileiras, em todos os níveis de governo, a
efetivação concreta da proteção à saúde pública, com a adoção de todas as medidas possíveis para o
apoio e manutenção das atividades do Sistema Único de Saúde. 4. O princípio da segurança jurídica impõe
o reconhecimento da validade e eficácia da decisão liminar proferida por este Relator, prestigiando-se,
assim, a segurança que se deve esperar da atividade jurisdicional do Estado, especialmente no tocante à
preservação das relações jurídicas legítimas que já se estabilizaram no tempo, como é o caso,
afigurando-se como a solução mais razoável a concessão de efeitos prospectivos à medida liminar,
possibilitando ao Estado o pagamento da prestação sem os encargos moratórios. 5. Agravo interno a que
se nega provimento.
Estado de Direito
Princípio da Autotutela
Administração tem o poder-dever de rever os seus próprios atos, seja para anulá-los por
vício de legalidade, seja para revogá-los por questões de conveniência e/ou oportunidade.
STF Súmula nº 346 - 13/12/1963 - “A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.”.
Súmula 473 - 10-12-1969 - “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”.
Art. 20 . (...)
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas.”
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado , sendo vedado que, com
base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos
públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas
por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. ANISTIA POLÍTICA. INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA REVISÃO DA
CONDIÇÃO DE ANISTIADO. EXERCÍCIO DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. POSSIBILIDADE.
DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DE FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO.
REJEIÇÃO. 1. O acórdão embargado contém fundamentação apta e suficiente a resolver todos os pontos
apresentados. 2. Ausentes omissão, contradição, obscuridade ou erro material no julgado, não há razão
para qualquer reparo. 3. A jurisprudência desta SUPREMA CORTE está consolidada no sentido de que o
decurso do lapso temporal de 5 (cinco) anos não é causa impeditiva bastante para inibir a Administração
Pública de revisar determinado ato, haja vista que a ressalva da parte final da cabeça do art. 54 da Lei nº
9.784/99 autoriza a anulação do ato a qualquer tempo, uma vez demonstrada, no âmbito do
procedimento administrativo, com observância do devido processo legal, a má-fé do beneficiário.
Precedentes. 4. Embargos de Declaração rejeitados.
(RMS 31894 ED, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 16/11/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 18-11-2021 PUBLIC 19-11-2021)
ADI 6019 Órgão julgador: Tribunal Pleno Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Redator(a) do acórdão: Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 12/05/2021 Publicação: 06/07/2021
Direito constitucional e administrativo. Ação direta de inconstitucionalidade. Prazo decadencial para o exercício
do poder de autotutela pela Administração Pública estadual. 1. Ação direta contra o art. 10, I, da Lei nº 10.177/1998,
do Estado de São Paulo, que estabelece o prazo decadencial de 10 (dez) anos para anulação de atos
administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual. 2. Lei estadual que disciplina o prazo
decadencial para o exercício da autotutela pela administração pública local não ofende a competência da
União Federal para legislar sobre direito civil (art. 22, I, CF/1988) ou para editar normas gerais sobre licitações e
contratos (art. 22, XXVII, CF/1988). Trata-se, na verdade, de matéria inserida na competência constitucional dos
estados-membros para legislar sobre direito administrativo (art. 25, § 1º, CF/1988). 3. O dispositivo impugnado não
viola os princípios constitucionais da segurança jurídica e da razoabilidade. O prazo decenal não é arbitrário e
não caracteriza, por si só, instabilidade das relações jurídicas ou afronta às legítimas expectativas dos
particulares na imutabilidade de situações jurídicas consolidadas com o decurso do tempo. Esse é, inclusive, o
prazo prescricional geral do Código Civil (art. 205) e de desapropriação indireta (Tema 1.019, STJ), dentre outros
inúmeros exemplos no ordenamento jurídico brasileiro. 4. Sem embargo, o prazo quinquenal consolidou-se como
marco temporal geral nas relações entre o Poder Público e particulares (v., e.g., o art. 1º do Decreto nº 20.910/1932
e o art. 173 do Código Tributário Nacional), e esta Corte somente admite exceções ao princípio da isonomia
quando houver fundamento razoável baseado na necessidade de remediar um desequilíbrio entre as partes. 5.
Os demais estados da Federação aplicam, indistintamente, o prazo quinquenal para anulação de atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos administrados, seja por previsão em lei própria ou por
aplicação analógica do art. 54 da Lei nº 9.784/1999. Não há fundamento constitucional que justifique a situação
excepcional do Estado de São Paulo, impondo-se o tratamento igualitário nas relações Estado-cidadão. 6. A
presente ADI foi ajuizada somente em 2018 e o art. 10, I, da Lei nº 10.177/1998 vem sendo aplicado há décadas pela
Administração Pública paulista, tendo servido de base à anulação de
Estado de Direito
Princípio da Presunção de
Legitimidade
Teoria clássica
A vinculação da Administração à lei, criada pelo legislador eleito, faz com que os atos
administrativos sejam presumidamente válidos e legítimos.
Releitura
Caráter principiológico = legitimidade relativa, passível de contestação.
Fundamento
- Princípio da Presunção de Legitimidade
- Separação de Poderes
Exemplo
A demolição de construções irregulares, no exercício do poder de polícia administrativa, não
depende, em regra, do consentimento do Poder Judiciário.
- É uma prerrogativa da Administração Pública.
Estado de Direito
Princípio da Autoexecutoriedade
Restrições à autoexecutoriedade administrativa
● alienação de imóveis;
● execução do orçamento.
Estado de Direito
Princípio da Autoexecutoriedade
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Decisão
ISENÇÃO DE IPVA NÃO COMPROVADA. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E
VERACIDADE. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. SENTENÇA MANTIDA. 1. A isenção do Imposto
sobre Veículos Automotores – IPVA, é pessoal e decorrente de disposição legal expressa. O
pagamento de licenciamento sem a quitação do imposto devido reflete em omissão
inidônea por parte do sujeito passivo, quando ausente características próprias para
manutenção do benefício fiscal. 2. Descabe à Administração comprovar a legalidade e
validade dos seus atos administrativos, haja vista estes terem como efeito
sua autoexecutoriedade, coerção, presunção legal de certeza, liquidez e exigibilidade,
conforme dispõe o art. 204, parág. único, do CTN, e os arts. 2ª e 3ª, da Lei n. 6.830/80. 3.
Evidenciada a sucumbência recursal, impende majorar a verba honorária a ser arcada pela
parte vencida, conforme previsão do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil. 4. APELAÇÃO
CÍVEL CONHECIDA, MAS DESPROVIDA. Opostos os embargos de declaração, foram rejeitados.
No recurso extraordinário sustenta-se violação do(s) art.(s) 5º, XXXV e 37, caput e § 6º, da
Constituição Federal. Decido.
Princípios
decorrentes da
cláusula
democrática
Conceito de Interesse Público
Conceito amplo e de difícil determinação = Carta coringa
- Como se definir qual é o interesse público de forma abstrata que prevalece sempre?
Necessidade de ponderação dos direitos fundamentais em colisão em cada caso para
se delimitar o interesse público a ser perquirido.
Algumas críticas
1. Ausência de fundamento jurídico único no Dir. Adm. e de hierarquia principiológica;
2. Necessidade de sopesamento entre os princípios e os direitos envolvidos;
3. Ausência de interesse público unitário - multiplicidade de interesses;
4. Uso prático do conceito de “interesse público” de forma esvaziada;
5. Dever do Estado de promover os direitos fundamentais.
SL 1354 MC
Relator(a): Min. PRESIDENTE
Decisão proferida pelo(a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 04/09/2020
Publicação: 09/09/2020
Decisão
(...) rotineiras de limpeza e desinfecção. […] No caso em tela nota-se a presença, nos
decretos e portarias que autorizaram o contingenciamento da frota, da constância da
expressão “assegurada a adequada prestação do serviço público”. A adequação, pois, é o
vocábulo dotado de indeterminação que a interpretação jurídica pretende concretizar
perante o caso concreto. E, em se tratando de interpretação, compete ao Poder Judiciário
fazê-lo em caráter de definitividade (face à unicidade do sistema de resolução de litígios
adotado pelo ordenamento brasileiro). Ao interpretar o conceito de interesse público ao
caso concreto, compete ao magistrado analisar a decisão administrativa sobre os prismas
da função administrativas e sob a ótica dos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade. Vale dizer: vislumbrando-se racionalidade e adequação na decisão do Poder
Público, o Poder Judiciário deve prestigiar o processo que levou à sua elaboração. Ao
contrário, vislumbrando irracionalidade ou inadequação, de rigor a reforma da decisão,
pelos meios legalmente admitidos. O terceiro pressuposto é a elevação do direito ao
transporte a direito social pelo art. 6º da Constituição Federal
Princípio da Moralidade
Previsto no art. 37, CF/88;
Art. 2°, parágrafo único, IV, Lei 9.784/1999 - impõe ao administrador, no tocante aos
processos administrativos “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa fé”
Nesse contexto, vale referir que o princípio da moralidade administrativa (que tem, na Lei nº 8.429/92, poderosíssimo
instrumento de sua concretização, na medida em que legitima a punição do “improbus administrator”) qualifica-se
como valor constitucional impregnado de substrato ético, erigido à condição de vetor fundamental que rege as
atividades do Poder Público, como resulta da proclamação inscrita no art. 37, “caput”, da Constituição da República. É
preciso ressaltar, neste ponto, que a atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência,
está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração
constitucional do princípio da probidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do Poder
Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos em que se funda a ordem positiva do
Estado. É por essa razão que o princípio constitucional da probidade administrativa, ao impor limitações ao exercício
do poder estatal, legitima o controle jurisdicional de todos os atos do Poder Público que transgridam os valores éticos
que devem pautar o comportamento dos órgãos e agentes governamentais. Na realidade, e especialmente a partir
da Constituição promulgada em 1988, a estrita observância do postulado da moralidade administrativa passou a
qualificar-se como pressuposto de validade dos atos, que, fundados, ou não, em competência discricionária, tenham
emanado de autoridades ou órgãos do Poder Público (...). Na perspectiva democrática, o Direito de que se cuida é o
Direito legitimamente elaborado pelo próprio povo, diretamente ou por meio de seus representantes. A ética da qual
se extraem os valores a serem absorvidos pelo sistema jurídico na elaboração do princípio da
moralidade administrativa é aquela afirmada pela própria sociedade segundo as suas razões de crença e
confiança em determinado ideal de Justiça, que ela busca realizar por meio do Estado. (...) A moralidade
administrativa legitima o comportamento da Administração Pública, elaborada como ela é por um Direito nascido
do próprio povo. Por isso, é o acatamento da moralidade administrativa, como princípio de Direito que dota o
sistema de legitimidade, o que se estende à qualificação legítima do Poder do Estado. O que se põe em foco, quando
se cuida de moralidade administrativa, é a confiança do povo no Poder institucionalizado e a legitimidade de seu
desempenho quanto à gestão da coisa pública. ‘O maior interessado na moralidade administrativa é,
permanentemente, o povo de um Estado’. Poucos princípios jurídicos dependem mais e tão diretamente da
participação e da afirmação popular permanente, em sua elaboração, em sua formalização justa, em sua aplicação e
em sua garantia, do que o da moralidade administrativa.”
Princípio da Moralidade
“LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;”
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda.
§ 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este
artigo, as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a
finalidade das mesmas.
Constituição Federal
Art. 37. (...)
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 10. “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
no art. 1º desta Lei, e notadamente: (...)”
Art. 11. “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de
imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (...)”
Princípio da Moralidade
Ação de improbidade administrativa
Lei nº 8.429/92 - alterada pela nº 14.230, de 25/10/2021
Art. 1º [...]
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11
desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10
e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato
doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais do direito
administrativo sancionador.
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções e
a integridade do patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da
administração direta e indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade
privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou
governamentais, previstos no § 5º deste artigo.
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de
improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse
caso, à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Princípio da Moralidade
Ação de improbidade administrativa
Lei nº 8.429/92 - alterada pela nº 14.230, de 25/10/2021
Art. 1º [...]
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da lei,
baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público e todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades referidas no art. 1º desta Lei.
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o
particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, contrato de
repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo
equivalente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Princípio da Moralidade
Lei Anticorrupção - nº 12.846/2013
Inovações
Responsabilidade Objetiva: empresas podem ser responsabilizadas em casos de corrupção,
independentemente da comprovação de culpa.
Penas mais rígidas: valor das multas pode chegar até a 20% do faturamento bruto anual da
empresa, ou até 60 milhões de reais, quando não for possível calcular o faturamento bruto.
Na esfera judicial, pode ser aplicada até mesmo a dissolução compulsória da pessoa
jurídica.
Acordo de Leniência: Se uma empresa cooperar com as investigações, ela pode conseguir
uma redução das penalidades.
Abrangência: Lei pode ser aplicada pela União, estados e municípios e tem competência
inclusive sobre as empresas brasileiras atuando no exterior.
Princípio da Moralidade
Lei Anticorrupção - nº 12.846/2013
● Representa importante avanço ao prever a responsabilização administrativa e civil das
pessoas jurídicas que pratiquem atos contra a Administração.
● Firmado o acordo, fica isenta a pessoa infratora das sanções de publicação da decisão e
de proibição de receber incentivos públicos, além de provocar a redução, em até dois
terços, do valor da multa aplicável (art. 16, § 2º).
Princípio da Moralidade
Lei Anticorrupção - nº 12.846/2013
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira.
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta
Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão
societária.
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas
pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra
princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade
dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório
público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no
âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.
INFORMATIVO Nº 965: Presunção de inocência e eliminação de concurso público – 4
PROCESSO: RE DIREITO ADMINISTRATIVO – SERVIDORES PÚBLICOS - 827833
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de
concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a
ação penal. (...) Na espécie, de um lado, destaca-se o princípio da presunção de inocência [Constituição
Federal (CF), art. 5º, LVII], reforçado pelos princípios da liberdade profissional (CF, art. 5º, XIII) e da ampla
acessibilidade aos cargos públicos (CF, art. 37, I). De outro lado, ressalta-se o princípio da
moralidade administrativa (CF, art. 37, caput). O ministro Roberto Barroso apresentou duas regras para a
ponderação dos valores em jogo e a determinação objetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao
ingresso no serviço público mediante concurso. A primeira, apta a estabelecer parâmetro pelo qual se
pode recusar a alguém a inscrição em concurso público, é a necessidade de condenação por órgão
colegiado ou de condenação definitiva. Há analogia com a Lei da “Ficha Limpa” (LC 135/2010), critério que já
foi aplicado mesmo fora da seara penal. A segunda regra é a necessidade de relação de incompatibilidade
entre a natureza do crime e as atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por
consequência direta e imediata impedir alguém de se candidatar a concurso público. Entretanto, para
concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por meio de lei, a exigência de
qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras da magistratura, das funções
essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública — e da segurança pública. O
relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da razoabilidade ou
proporcionalidade, visto que é: a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea para proteger a
moralidade administrativa; b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo grau, a
probabilidade de manutenção da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a infração e
as atribuições do cargo mitiga a restrição; e c) proporcional em sentido estrito, na medida em que a
atenuação do princípio da presunção de inocência é compensada pela contrapartida em boa
administração e idoneidade dos servidores públicos.
INFORMATIVO Nº 882: CNJ e anulação de concurso público
PROCESSO: Rcl DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO
PÚBLICO – CONCURSO PÚBLICO - 27789
A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em mandados de segurança para cassar
ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, nos autos de processo de controle
administrativo, determinou a anulação de concurso público para admissão nas serventias
extrajudiciais no Estado do Rio de Janeiro. No caso, a anulação se deu em razão da
incompatibilidade com os princípios da moralidade e da impessoalidade, caracterizada
pela existência de relacionamento pessoal entre o presidente da comissão do concurso e
duas candidatas aprovadas. O CNJ também assentou a parcialidade da comissão
examinadora ao entender que houve favorecimento das candidatas na correção das
questões das provas. (...) Admitir-se o contrário seria transformar as etapas dotadas de
algum nível de subjetividade em concursos públicos em fases de incerteza, sujeitas a
constantes anulações, com nítido prejuízo à segurança jurídica que deve pautar tal espécie
de certame. MS 28775/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 17.10.2017. (MS-28775)
INFORMATIVO Nº 828: Presunção de inocência e eliminação de concurso público
PROCESSO: HC – 130883
Presunção de inocência e eliminação de concurso público (Transcrições) (v. Informativo 825) RE 560900/DF*
RELATOR: Ministro Roberto Barroso Ementa**: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL.
IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM CONCURSOS PÚBLICOS. INQUÉRITOS POLICIAIS OU PROCESSOS PENAIS EM
CURSO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 1. Como regra geral, a simples
existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em
concursos públicos, o que pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e (ii) relação de
incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente
pretendido, a ser demonstrada de forma motivada por decisão da autoridade competente. (...) 8. No outro
prato da balança, destaca-se o princípio da moralidade administrativa (CRFB/1988, art. 37, caput). Como se
sabe, o princípio da moralidade impõe aos agentes públicos o dever geral de boa administração, do qual
decorrem, entre outros, os imperativos de honestidade, atuação vinculada ao interesse público e boa-fé.
Isso porque eles administram bens que não lhes pertencem, devendo, como agentes delegados que são,
atuar em nome, por conta e a bem do interesse público. Nessa linha, ao selecionar candidatos ao ingresso
ou promoção no serviço público, é legítimo que o administrador busque aferir não apenas a capacidade
técnica, mas também a idoneidade moral do postulante, que, ao assumir o cargo, também passará à
função de agente delegado da coletividade. Por isso, em tese, justificam-se as investigações sociais ou de
vida pregressa, com os limites a serem vistos na sequência. 9. Parece necessário um breve parêntesis
sobre o ponto. A idoneidade moral decorrente do princípio da moralidade administrativa não pode ser
confundida com moralismo. Vale dizer: nenhum candidato a cargo público pode ser eliminado do certame
por não compartilhar da mesma concepção de vida boa e da mesma moral privada que a dos membros
da banca examinadora. Trata-se aqui de uma moralidade pública e laica, de uma ética mínima e
intersubjetivamente aceitável.
INFORMATIVO 1027
Data: 03/09/2021
[...] a Constituição Federal (CF). Os cargos políticos do Poder Legislativo e do Poder Executivo
municipal têm caráter temporário e transitório, motivo pelo qual não se justifica a concessão
de qualquer benefício a ex-ocupante do cargo de forma permanente, sob pena de afronta
aos princípios da impessoalidade, da moralidade pública e da responsabilidade com
gastos públicos. Ademais, desrespeita o princípio republicano e o princípio da igualdade a
outorga de tratamento diferenciado a determinado indivíduo, sem que esteja presente o
fator de diferenciação que justificou sua concessão na origem. Com base nesse
entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado em
arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar a não recepção, pela
CF, da Lei 104/1985 do Município de Nova Russas/CE (2); e a inconstitucionalidade do art. 20, §
2º, das Disposições Transitórias da Lei Orgânica do mesmo município (3). (1) Precedentes
citados: ADPF 413 e RE 638.307 (Tema 672 RG) (2) Lei 104/1985 do Município de Nova Russas:
"Art. 1º Fica estatuída uma pensão vitalícia a toda viúva de Prefeitos e Vereadores de Nova
Russas falecidos no cargo de exercício
EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTIGOS 37,
§ 4º, E 128, § 5º, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. APLICAÇÃO DA PENA DE PERDA DE CARGO.
POSSIBILIDADE. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. LEI Nº
8.429/1992. SANÇÕES. CONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 5º, LIII, LIV E LV, E 60, § 4º, I, DA LEI MAIOR. FORO POR PRERROGATIVA DE
FUNÇÃO. INEXISTÊNCIA. JUIZ NATURAL. VIOLAÇÃO INOCORRENTE. CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL.
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CARACTERIZAÇÃO. REELABORAÇÃO DA MOLDURA
FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. [...] 3. O
entendimento adotado no acórdão recorrido está em consonância com o julgamento proferido na ADI 2.797/PR (Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ 19.12.2006), em que declarada a inconstitucionalidade da Lei nº 10.628/2002. Na
oportunidade, fixou-se o entendimento de que inexiste foro por prerrogativa de função nas ações de improbidade
administrativa. 4. Esta Suprema Corte já decidiu que “Os membros do Ministério Público Federal possuem garantias
constitucionalmente previstas, dentre elas a irredutibilidade de subsídio (artigo 128, I, c) e a vitaliciedade, só sendo
possível a perda do cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado (artigo 128, I, a), contudo, não se pode
interpretar essas garantias isoladamente, conjugando-as às demais normas constitucionalmente fixadas, dentre elas
o princípio da moralidade. Assim, não é inconstitucional o disposto no artigo 208, parágrafo único, da LC 75/1993, ao
prever a perda dos vencimentos e demais vantagens do cargo em razão da propositura de ação civil para a perda do
cargo, após regular processo administrativo” (MS 31017, Rel. Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Ac. Min. Edson Fachin, Tribunal
Pleno, DJe 21.9.2020). 5. As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão
agravada, principalmente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República. 6. Agravo
interno conhecido e não provido.
(RE 918880 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 21/02/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-040 DIVULG
02-03-2022 PUBLIC 03-03-2022)
Princípio da Motivação
Qual posição vem sendo adotada sobre atos administrativos de menor importância?
(exemplo: mero encaminhamento de um processo.)
Princípio da Motivação
Lei nº 13.655, de 25 de abril de 2018
Três desdobramentos:
XXXIII - “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”
Princípio da Publicidade
Lei de Acesso à Informação
O Direito a Informação foi regulado na Lei nº 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública
e com as seguintes diretrizes:
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos
aplicáveis, assegurar a:
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, observada a sua disponibilidade,
autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso.
Princípio da Publicidade
Lei de Acesso à Informação
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá
ser encontrada ou obtida a informação almejada;
II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou
entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer
vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política,
organização e serviços;
VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação,
contratos administrativos; e
VII - informação relativa:
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e
entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de
controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
Princípio da Publicidade
Lei de Acesso à Informação
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a
divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo
ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
[...]
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios
e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
mundial de computadores (internet).
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as que
tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim
como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em andamento,
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.
Princípio da Publicidade
Lei de Acesso à Informação
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas,
observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada
como ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da
data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos
cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e
ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do
último mandato, em caso de reeleição.
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau de
sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina
seu termo final.
Casos
no governo
aumento 663,08% de negativas
de acesso a informações com
alegação de sigilo durante o
governo Bolsonaro (19,84%) em
relação ao governo Dilma (2,6%).
O governo Temer negou com
mesmo argumento 18,57% dos
pedidos.
Leia as reportagens:
https://www.
poder360.com.br/gover
no/relembre-casos-em-
que-o-governo-decreto
u-sigilo-de-100-anos/
https://congressoemfoc
o.uol.com.br/area/pais/
acesso-negado-a-infor
macoes-sobre-a-presid
encia-por-sigilo-aument
ou-66308/
Princípio da Publicidade
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e
garantias individuais.
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada,
honra e imagem:
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à
pessoa a que elas se referirem; e
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou
consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem.
A Segunda Turma, em conclusão, negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” em que se
pretendia trancar ação penal instaurada para apurar crimes de desvio de verbas públicas, lavagem de
dinheiro e fraudes em licitações. Argumentou-se que as provas seriam ilícitas, pois teriam sido colhidas por
meio de quebra de sigilo bancário solicitada por ofício encaminhado pelo Ministério Público (MP), sem
autorização judicial, a gerente de instituição financeira. O Tribunal de origem entendeu que as contas
públicas, por força dos princípios da publicidade e da moralidade [CF, art. 37 (1)], não têm, em geral, direito
à intimidade e à privacidade. Por conseguinte, não são abrangidas pelo sigilo bancário. A defesa alegou que
não estaria em discussão a publicidade inerente às contas públicas, conforme consignado no acórdão
recorrido, mas sim a violação ao direito fundamental à intimidade da pessoa humana. Sustentou que a
ação penal movida contra os recorrentes estaria edificada em provas obtidas por meio inidôneo, pois a
autorização judicial é indispensável para a quebra de sigilo bancário (Informativo 844). O Colegiado
asseverou que o sigilo de informações necessário à preservação da intimidade é relativizado quando há
interesse da sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos. Diante da existência de indícios da
prática de ilícitos penais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no exercício de seus poderes
investigatórios [CF, art. 129, VIII (2)], requisitar os registros de operações financeiras relativos aos recursos
movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da prefeitura municipal. Essa requisição
compreende, por extensão, o acesso aos registros das operações bancárias sucessivas, ainda que
realizadas por particulares, e objetiva garantir o acesso ao real destino desses recursos públicos. Decidir em
sentido contrário implicaria o esvaziamento da própria finalidade do princípio da publicidade, que é
permitir o controle da atuação do administrador público e do emprego de verbas públicas.
INFORMATIVO Nº 776: Verba indenizatória e publicidade – 3 PROCESSO: MS - 28178
Em conclusão de julgamento, o Plenário concedeu a ordem em mandado de segurança impetrado por
veículo da imprensa contra ato do Senado Federal, que indeferira pedido de acesso aos comprovantes
apresentados pelos senadores para recebimento de verba indenizatória, no período de setembro a
dezembro de 2008 — v. Informativo 770. De início, reconheceu a legitimidade ativa da impetrante, por
considerar haver direito líquido e certo à obtenção desses elementos, com base no princípio da
publicidade (CF, art. 37, “caput”) e em outras disposições constitucionais correlatas, notadamente a
liberdade de informação jornalística (CF, art. 220, § 1º). Ressaltou que as referidas verbas destinar-se-iam
a indenizar despesas direta e exclusivamente relacionadas ao exercício da função parlamentar. Sua
natureza pública estaria presente tanto na fonte pagadora — o Senado Federal — quanto na finalidade,
vinculada ao exercício da representação popular. Nesse contexto, a regra geral seria a publicidade e
decorreria de um conjunto de normas constitucionais, como o direito de acesso à informação por parte
dos órgãos públicos (CF, art. 5º, XXXIII) — especialmente no tocante à documentação governamental (CF,
art. 216, § 2º) —, o princípio da publicidade (CF, art. 37, “caput” e § 3º, II) e o princípio republicano (CF, art.
1º), do qual se originariam os deveres de transparência e prestação de contas, bem como a possibilidade
de responsabilização ampla por eventuais irregularidades. Recordou que o art. 1º, parágrafo único, da CF
enuncia que “todo o poder emana do povo”. Assim, os órgãos estatais teriam o dever de esclarecer ao seu
mandante, titular do poder político, como seriam usadas as verbas arrecadadas da sociedade para o
exercício de suas atividades. A Constituição ressalvaria a regra da publicidade apenas em relação às
informações cujo sigilo fosse imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (CF, art. 5º, XXXIII, parte
final) e às que fossem protegidas pela inviolabilidade conferida à intimidade, vida privada, honra e imagem
das pessoas (CF, art. 5º, X, c/c art. 37, § 3º, II). Por se tratar de situações excepcionais, o ônus argumentativo
de demonstrar a caracterização de uma dessas circunstâncias incumbiria a quem pretendesse afastar a
regra geral da publicidade. MS 28178/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 4.3.2015. (MS-28178)
INFORMATIVO Nº 1009
Data: 19/03/2021
[...] controle, para aumento da transparência das ações administrativas e para a eficiência
no recebimento e consideração das contribuições e recomendações", preceitos alinhados
aos princípios da probidade e publicidade. Ademais, a norma exige da Administração
Pública, na avaliação e na execução de empreendimentos do PPI, atuação coerente com o
caráter prioritário da política pública (MP 727/2016, art. 17) (5), evitando-se contradições entre
órgãos e entidades, gastos públicos desnecessários e procrastinações indevidas, sem que
tanto signifique, autorize ou permita a supressão ou diminuição de obrigação do
cumprimento de princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade, da motivação,
da probidade, da publicidade e da moralidade administrativa. Tampouco pela norma se
autoriza diminuição ou amesquinhamento, sob qualquer pretexto, do direito fundamental ao
meio ambiente equilibrado. Cabe aos agentes públicos e órgãos estatais responsáveis pelo
controle, fiscalização e implementação dos empreendimentos do PPI a observância das
regras de direito ambiental e dos princípios que lhes são inerentes, notadamente os
princípios do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da precaução. Além
ADI 5371 Órgão julgador: Tribunal Pleno Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 02/03/2022 Publicação: 31/03/2022
Ementa: Direito constitucional e administrativo. Ação direta de inconstitucionalidade. Previsão legal de sigilo em
processos administrativos. 1. Ação direta contra o art. 78-B da Lei nº 10.233/2001, que estabelece sigilo em processos
administrativos sancionadores instaurados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT e pela Agência
Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ. 2. A regra no Estado democrático de Direito inaugurado pela
Constituição de 1988 é a publicidade dos atos estatais, sendo o sigilo absolutamente excepcional. Somente em
regimes ditatoriais pode ser admitida a edição ordinária de atos secretos, imunes ao controle social. O regime
democrático obriga a Administração Pública a conferir máxima transparência aos seus atos. Essa é também uma
consequência direta de um conjunto de normas constitucionais, tais como o princípio republicano (art. 1º, CF/1988), o
direito de acesso à informação detida por órgãos públicos (art. 5º, XXXIII, CF/1988) e o princípio da publicidade (art. 37,
caput e § 3º, II, CF/1988). 3. A Constituição ressalva a publicidade em apenas duas hipóteses: (i) informações cujo sigilo
seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (art. 5º, XXXIII, parte final); e (ii) proteção à intimidade, vida
privada, honra e imagem das pessoas (arts. 5º, X e 37, § 3, II, CF/1988). Como se vê, o sigilo só pode ser decretado em
situações específicas, com forte ônus argumentativo a quem deu origem à restrição ao direito fundamental à
informação, observado o princípio da proporcionalidade. 4. A restrição contida no dispositivo legal impugnado não se
amolda às exceções legítimas ao acesso à informação pública. Não se vislumbra, em abstrato, nos processos
administrativos instaurados pela ANTT e pela ANTAQ para apuração de infrações e/ou aplicação de penalidades,
nenhuma informação cujo sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade ou que configure violação
ao núcleo essencial dos direitos da personalidade. 5. Procedência do pedido, com a declaração de
inconstitucionalidade do art. 78-B da Lei nº 10.233/2001. 6. Fixação da seguinte tese de julgamento: “Os processos
administrativos sancionadores instaurados por agências reguladoras contra concessionárias de serviço público
devem obedecer ao princípio da publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados eventuais atos que se
enquadrem nas hipóteses de sigilo previstas em lei e na Constituição”.
Princípio da Impessoalidade
Impessoal pode ser conceituado como “o que não pertence a uma pessoa em especial”.
Para que exista um tratamento impessoal por parte da administração pública, ela deve:
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
(…)
e) desvio de finalidade.
Princípio da Impessoalidade
Discussão:
Ter um nome de um prédio público como homenagem a algum administrador é ferir o
princípio da impessoalidade? Lei nº 6.454/1977
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.
INFORMATIVO Nº 84: ADIn e Símbolo Estadual
Julgamento: 14/02/2020
Publicação: 09/03/2020
Ementa
EMENTA AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE Nº
13. NOMEAÇÃO DE AGENTES POLÍTICOS. SECRETÁRIO MUNICIPAL. POSSIBILIDADE. AGRAVO INTERNO
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Viola a Súmula Vinculante nº 13 a condenação por ato de
improbidade administrativa atinente à nomeação para cargo de natureza política
alicerçada unicamente na relação de parentesco entre o nomeado e o chefe do Poder
Executivo. 2. Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da penalidade prevista
no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à razão de 1% (um por cento) sobre o valor
atualizado da causa, se unânime a votação.
ADI 3680
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Julgamento: 18/08/2020
Publicação: 06/10/2020
Ementa
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO – CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE – ARTIGO 103, §
3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Ante a imperatividade do preceito constitucional, o papel da
Advocacia-Geral da União é a defesa da norma impugnada. NEPOTISMO – VEDAÇÃO –
OCUPANTE DE CARGO EM COMISSÃO – NOMEAÇÃO ANTERIOR – PERMANÊNCIA –
INCONSTITUCIONALIDADE. Conflita com a Carta da República a permanência de ocupante de
cargo comissionado nomeado em momento anterior à publicação da norma que implicou
vedação ao nepotismo, ausente direito adquirido – artigo 37, inciso II, da Constituição
Federal. FUNÇÃO GRATIFICADA – SERVIDOR EFETIVO – PARENTE – CONSTITUCIONALIDADE –
ATUAÇÃO – MAGISTRADO – INCOMPATIBILIDADE – VEDAÇÃO. Surge constitucional a
nomeação ou designação de parente ocupante de cargo de provimento efetivo para
exercer função gratificada, vedada a atuação junto ao magistrado determinante da
incompatibilidade.
ADI6543
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 29/03/2021
Publicação: 17/05/2021
Ementa
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVERSÃO EM
JULGAMENTO DEFINITIVO. ART. 7º-A DO DECRETO N. 4.877/2003, ACRESCENTADO PELO DECRETO
N. 9.908/2019. NOMEAÇÃO PELO MINISTRO DA EDUCAÇÃO DE DIRETOR-GERAL DE CENTRO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, ESCOLA TÉCNICA FEDERAL E ESCOLA AGROTÉCNICA
FEDERAL. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, DA IMPESSOALIDADE, DA
PROPORCIONALIDADE, DA AUTONOMIA E DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE.
Princípio da Participação
B. Quanto mais grave a decisão administrativa e quanto mais onerosa aos cofres
públicos, maior deve ser a oportunidade de participação dos destinatários das
decisões. Quem são esses destinatários?
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas
físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas
confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as
alegações substancialmente iguais.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser
realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de
participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente
reconhecidas.
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados
deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado.
Princípio da Participação
Lei de Introdução ao Direito Brasileiro - Lei nº 13.655/2018
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação
do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa
poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta
pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os
interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua
publicação oficial.
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual
será considerada na decisão.
§ 1º A consulta pública é o instrumento de apoio à tomada de decisão por meio do qual a sociedade é consultada previamente,
por meio do envio de críticas, sugestões e contribuições por quaisquer interessados, sobre proposta de norma regulatória
aplicável ao setor de atuação da agência reguladora.
§ 2º Ressalvada a exigência de prazo diferente em legislação específica, acordo ou tratado internacional, o período de consulta
pública terá início após a publicação do respectivo despacho ou aviso de abertura no Diário Oficial da União e no sítio da agência
na internet, e terá duração mínima de 45 (quarenta e cinco) dias, ressalvado caso excepcional de urgência e relevância,
devidamente motivado.
§ 3º A agência reguladora deverá disponibilizar, na sede e no respectivo sítio na internet, quando do início da consulta pública, o
relatório de AIR, os estudos, os dados e o material técnico usados como fundamento para as propostas submetidas a consulta
pública, ressalvados aqueles de caráter sigiloso.
§ 4º As críticas e as sugestões encaminhadas pelos interessados deverão ser disponibilizadas na sede da agência e no respectivo
sítio na internet em até 10 (dez) dias úteis após o término do prazo da consulta pública.
§ 5º O posicionamento da agência reguladora sobre as críticas ou as contribuições apresentadas no processo de consulta
pública deverá ser disponibilizado na sede da agência e no respectivo sítio na internet em até 30 (trinta) dias úteis após a reunião
do conselho diretor ou da diretoria colegiada para deliberação final sobre a matéria.
§ 6º A agência reguladora deverá estabelecer, em regimento interno, os procedimentos a serem observados nas consultas
públicas.
§ 7º Compete ao órgão responsável no Ministério da Economia opinar, quando considerar pertinente, sobre os impactos
regulatórios de minutas e propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agentes econômicos, consumidores
ou usuários dos serviços prestados submetidas a consulta pública pela agência reguladora.
Princípio da Participação
Lei das Agências Reguladoras - Lei nº 13.848/2019
Dispõe sobre a gestão, organização, processo decisório e controle social das agências reguladoras,
aplicando-se estritamente às agências federais, como Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis ( ANP) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Art. 10. A agência reguladora, por decisão colegiada, poderá convocar audiência pública para formação de
juízo e tomada de decisão sobre matéria considerada relevante.
§ 1º A audiência pública é o instrumento de apoio à tomada de decisão por meio do qual é facultada a
manifestação oral por quaisquer interessados em sessão pública previamente destinada a debater matéria
relevante.
§ 2º A abertura do período de audiência pública será precedida de despacho ou aviso de abertura
publicado no Diário Oficial da União e em outros meios de comunicação com antecedência mínima de 5
(cinco) dias úteis.
§ 3º A agência reguladora deverá disponibilizar, em local específico e no respectivo sítio na internet, com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis do início do período de audiência pública, os seguintes
documentos:
I - para as propostas de ato normativo submetidas a audiência pública, o relatório de AIR, os estudos, os
dados e o material técnico que as tenha fundamentado, ressalvados aqueles de caráter sigiloso;
II - para outras propostas submetidas a audiência pública, a nota técnica ou o documento equivalente que
as tenha fundamentado.
§ 4º A agência reguladora deverá estabelecer, em regimento interno, os procedimentos a serem observados
nas audiências públicas, aplicando-se o § 5º do art. 9º às contribuições recebidas.
Princípio da Participação
Lei das Agências Reguladoras - Lei nº 13.848/2019
Art. 11. A agência reguladora poderá estabelecer, em regimento interno, outros meios de
participação de interessados em suas decisões, diretamente ou por meio de organizações e
associações legalmente reconhecidas, aplicando-se o § 5º do art. 9º às contribuições
recebidas.
Art. 21. A Administração poderá convocar, com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis,
audiência pública, presencial ou a distância, na forma eletrônica, sobre licitação que
pretenda realizar, com disponibilização prévia de informações pertinentes, inclusive de
estudo técnico preliminar e elementos do edital de licitação, e com possibilidade de
manifestação de todos os interessados.
A despeito de sua autonomia, por quem é feito o controle das entidades administrativas?
Este controle está de acordo com o Estado Democrático de Direito em que vivemos?
● Interno
01 Origem ● Externo
● Popular
● Legalidade ou legitimidade
03 Aspecto controlado ● Mérito
● Hierárquico
04 Amplitude ● Finalístico
Princípios
decorrentes da
pós-socialidade
Estado Social
- Quais foram os impactos dessa passagem de uma Administração Pública burocrática para
uma Administração Pública gerencial?
- A intervenção estatal passou a se dar em maior ou menor grau?
Princípio da Eficiência
Foi inserido no art. 37 da CF/88 pela reforma administrativa de 1998.
?
Essa continuidade do serviço público é absoluta?
O que acontece quando esse princípio entra em colisão com o
direito de greve dos servidores estatutários? (Lei nº 7.783/1989)
Este princípio traz a reflexão sobre a possibilidade de quem ditar as ordens também
responder por elas.