Procedimentos de enfermagem para a prática clínica
Procedimentos de enfermagem para a prática clínica
Procedimentos de enfermagem para a prática clínica
Todo esforço foi feito para garantir a qualidade editorial desta obra, agora em versão digital. Destacamos,
contudo, que diferenças na apresentação do conteúdo podem ocorrer em função das características
técnicas específicas de cada dispositivo de leitura.
Nota: A enfermagem é uma ciência em constante evolução. À medida que novas pesquisas e a experiência clínica
ampliam o nosso conhecimento, são necessárias modificações no tratamento e na farmacoterapia. Os autores desta obra
consultaram as fontes consideradas confiáveis, em um esforço para oferecer informações completas e, geralmente, de
acordo com os padrões aceitos à época da publicação. Entretanto, tendo em vista a possibilidade de falha humana ou de
alterações nas ciências médicas, os leitores devem confirmar estas informações com outras fontes. Por exemplo, e em
particular, os leitores são aconselhados a conferir a bula de qualquer medicamento que pretendam administrar, para se
certificar de que a informação contida neste livro está correta e de que não houve alteração na dose recomendada nem nas
contraindicações para o seu uso. Essa recomendação é particularmente importante em relação a medicamentos novos ou
raramente usados.
Versão impressa desta edição: 2019
Porto Alegre
2019
© Artmed Editora Ltda., 2019
P963 Procedimentos de enfermagem para a prática clínica [recurso eletrônico] / Organizadoras, Alba Lucia
Bottura Leite de Barros, Juliana de Lima Lopes, Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais. –
Porto Alegre : Artmed, 2019.
E-pub.
1. Enfermagem. I. Barros, Alba Lucia Bottura Leite de. II. Lopes, Juliana de Lima. III. Morais, Sheila
Coelho Ramalho Vasconcelos.
CDU 616-083
SÃO PAULO
Rua Doutor Cesário Mota Jr., 63 – Vila Buarque
01221-020 – São Paulo – SP
Fone: (11) 3221-9033
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios
(eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
Autores
Alba Lucia Bottura Leite de Barros: Professora titular da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo
(EPE/Unifesp). Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica pela EPE/Unifesp. Mestra em Fisiofarmacologia pela Escola Paulista de Medicina
(EPM)/Unifesp. Doutora em Fisiofarmacologia pela EPM/Unifesp. Fellow pela NANDA International. Pesquisadora nível 1A do CNPq.
Juliana de Lima Lopes: Professora adjunta da EPE/Unifesp. Especialista em Enfermagem em Cardiologia pela Unifesp. Mestra e Doutora em
Ciências pela Unifesp. Pós-doutorado em Enfermagem pela Unifesp.
Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais: Enfermeira. Professora adjunta da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestra em
Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo (EERP-USP).
Agueda Mª Ruiz Zimmer Cavalcante: Enfermeira especialista em Assistência ao Paciente Crítico: Cardiologia. Professora adjunta da
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG). Especialista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás e em Cardiologia pela Unifesp. Mestra em Enfermagem pela FEN/UFG. Doutora em Ciências pela
EPE/Unifesp.
Aline Tavares Domingos: Enfermeira. Preceptora da Residência Multipro ssional em Envelhecimento da Unifesp. Especialista em
Enfermagem Geriátrica pela Unifesp. Mestranda em Ensino em Ciências da Saúde pelo Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em
Saúde (CEDESS)/Unifesp.
Ana Cristina Tripoloni: Enfermeira. Especialista em Gestão em Enfermagem pela Unifesp.
Ana Laura Oliveira Guedes: Enfermeira. Docente em Ensino Técnico do Senac São Paulo.
Ana Maria Miranda Martins Wilson: Enfermeira. Especialista em Laboratório de Ensino e Simulação Realística da Escola de Enfermagem
da USP (EEUSP). Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e em Administração Hospitalar e de Sistemas de
Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mestra em Ciências pela EPE/Unifesp. Doutoranda da EEUSP.
Ana Maria Ribeiro dos Santos: Enfermeira. Professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPI. Especialista em Urgência e
Emergência pelo Centro Universitário Uninovafapi. Mestra em Enfermagem pela Escola Anna Nery da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Doutora em Ciências pela EERP-USP.
Ana Paula Dias de Oliveira: Enfermeira cardiologista. Especialista em Enfermagem Cardiovascular pela Sociedade Brasileira de
Enfermagem Cardiovascular (SOBENC). Mestra em Enfermagem pela EPE/Unifesp. Doutoranda da EPE/Unifesp.
Ana Railka de Souza Oliveira-Kumakura: Enfermeira. Professora da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (FEnf/Unicamp). Mestra e Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). Pós-doutorado em Enfermagem pela EERP-USP.
Ana Rita de Cássia Bettencourt: Enfermeira. Especialista em Enfermagem Clínica e Cirúrgica pela Unifesp. Doutora em Ciências pela
EPE/Unifesp.
Andréia Cascaes Cruz: Enfermeira neonatologista. Especialista em Neonatologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Mestra e Doutora em Ciências pela EEUSP.
Aretha Pereira de Oliveira: Enfermeira cardiointensivista. Enfermeira plantonista do Centro de Terapia Intensiva/Unidade Pós-operatória do
Hospital do Câncer I do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCa). Especialista em Enfermagem Intensivista pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Enfermagem em Cardiologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (Unirio). Mestra em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Ariane Ferreira Machado Avelar: Enfermeira pediátrica. Professora adjunta do Departamento de Enfermagem Pediátrica da EPE/Unifesp.
Mestra em Enfermagem pela Unifesp. Doutora em Ciências pela Unifesp.
Bruna Tirapelli Gonçalves: Enfermeira oncológica. Especialista em Oncologia pela Unifesp e pro ciência técnica em
Hematologia/Hemoterapia pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Mestra em Ciências da Saúde pela
Unifesp.
Camila Takáo Lopes: Enfermeira. Professora adjunta do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da EPE/Unifesp. Especialista em
Cardiologia pela Unifesp. Mestra em Ciências pela EPM/Unifesp. Doutora em Ciências pela EPE/Unifesp.
Camilla do Rosário Nicolino Chiorino: Enfermeira. Coordenadora corporativa de Educação Continuada do Hospital Bene cência
Portuguesa de São Paulo. Especialista em Cardiologia e Gestão em Enfermagem pela Unifesp e em Docência pelo SENAC. Mestranda em
Ciências da Unifesp.
Cássia Regina Vancini Campanharo: Enfermeira. Professora adjunta da EPE/Unifesp. Especialista em Enfermagem em Emergência pela
Unifesp. Doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp.
Cassiane Dezoti da Fonseca: Enfermeira nefrologista. Professora substituta do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da
EPE/Unifesp. Mestra em Enfermagem na Saúde do Adulto pela EEUSP. Doutora em Ciências pela EEUSP.
Cintia Monteiro Lustosa: Enfermeira clínica especialista em Transplante de Medula Óssea. Mestra em Ciências em Saúde pela Unifesp.
Claudia Daniella Avelino Vasconcelos Benício: Enfermeira estomaterapeuta. Professora assistente do Departamento de Enfermagem da
UFPI. Especialista em Estomaterapia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestra e Doutoranda em Enfermagem pela UFPI.
Cláudia Silva: Enfermeira cardiologista. Especialista em Enfermagem em Cardiologia pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
(SES/PE).
Dalmo Machado: Enfermeiro. Professor associado da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da UFF. Mestre em Enfermagem pela
Unirio. Doutor em Enfermagem na Saúde do Adulto pela USP. Editor-chefe do Online Brazilian Journal of Nursing (OBJN).
Danielle Cristina Garbuio: Enfermeira. Professora tutora da Universidade Anhanguera. Especialista em Terapia Intensiva e Urgência e
Emergência pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). Mestra em Enfermagem pela Universidade Federal de São
Carlos. Doutora em Ciências pela EERP-USP.
Dayana Souza Fram: Enfermeira infectologista e epidemiologista. Orientadora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da
Unifesp. Especialista em Infectologia e Epidemiologia Hospitalar pela Unifesp. Mestra e Doutora em Ciências pela Unifesp.
Dulce Aparecida Barbosa: Enfermeira clínica. Professora associada e Livre-docente da Unifesp. Especialista em Nefrologia e Infectologia
pela Unifesp. Mestra em Biologia Molecular pela Unifesp. Doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp.
Eduesley Santana Santos: Enfermeiro. Professor adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe.
Especialista em Enfermagem em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do HCFMUSP. Doutor em Cardiologia pela USP.
Eliana Cavalari Teraoka: Enfermeira. Mestra e Doutora em Ciências pela EERP-USP.
Emilia Campos de Carvalho: Professora titular sênior da EERP-USP. Mestra e Doutora em Enfermagem pela USP.
Fernanda Faria Reis: Enfermeira. Especialista em Enfermagem Cardiovascular de Alta Complexidade pelo Instituto Nacional de Cardiologia.
Mestra em Ciências Cardiovasculares pela UFF. Membro do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Cardiointensivismo Baseado em
Evidências e Gestão de Informações e Conhecimento em Saúde (Cardiovisão) da UFF.
Graciana Maria de Moraes Coutinho: Enfermeira. Especialista em Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem pela EPE/Unifesp. Mestra
em Ciências da Saúde pelo IAMSPE.
Helena Aparecida de Rezende: Enfermeira. Professora sênior de Enfermagem da Bucks New University, Inglaterra. Especialista em
Enfermagem em UTI pela Faculdade Unyleia. Mestra em Gestão dos Serviços de Saúde pelo Instituto Universitário de Lisboa, Portugal.
Isabela da Costa Maurino Amaya: Enfermeira. Especialista em Terapia Intensiva pela Unifesp. Mestra em Enfermagem pela EPE/Unifesp.
Julia Yaeko Kawagoe: Enfermeira epidemiologista. Docente do Mestrado Pro ssional em Enfermagem da Faculdade Israelita de Ciências
da Saúde Albert Einstein. Especialista em Prevenção e Controle de Infecção e em Tecnologias da Educação pelo SENAC. Doutora em Saúde
do Adulto pela EEUSP. Consultora técnico-cientí ca Patient Safety da B. Braun.
Juliana Nogueira Tirado Rusteika: Enfermeira. Especialista em Psicossomática pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo.
Especialista em Intervenção e Prática Sistêmica com Família e Terapia Familiar e de Casal pela Unifesp.
Juliany Lino Gomes Silva: Enfermeira estomaterapeuta. Enfermeira responsável pelo Laboratório de Habilidades da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp. Especialista em Estomaterapia pela FEnf/Unicamp. Especialista em Terapia Intensiva pelo Hospital Israelita Albert
Einstein. Mestra e Doutoranda em Ciências da Saúde pela FEnf/Unicamp.
Karla Alexsandra de Albuquerque: Enfermeira paliativista. Professora adjunta de Enfermagem Médico-cirúrgica da UFPE. Especialista em
Cuidados Paliativos pelo Instituto Paliar. Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica pela SES/PE. Mestra em Saúde da Criança pela UFPE.
Doutora em Ciências pela EEUSP. Líder do grupo de pesquisa do CNPq sobre Enfermagem na Saúde do Adulto e Cuidados Paliativos.
Kelly Cristina Sbampato Calado Orsi: Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Emergência pela Unifesp. Mestra em Ciências pela
Unifesp. Doutoranda em Enfermagem da EPE/Unifesp.
Lídia Santiago Guandalini: Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia da Unifesp. Mestranda em Ciências pela Unifesp.
Magda Aparecida dos Santos Silva: Enfermeira. Professora titular da Graduação em Enfermagem da Universidade Paulista e da
Graduação em Medicina da Universidade Anhembi Morumbi. Especialista em Cardiologia pelo InCor-HCFMUSP. Mestra em Saúde do Adulto
e Doutora em Ciências pela EEUSP.
Maria Cristina Mazzaia: Enfermeira. Especialista, Mestra e Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP.
Maria Zélia de Araújo Madeira: Enfermeira. Professora adjunta de Enfermagem da UFPI. Professora do Centro Universitário Uninovafapi.
Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica e Mestra em Educação pela UFPI. Doutora em Ciências Médicas pela Unicamp.
Marina de Góes Salvetti: Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da EEUSP. Especialista em
Aprimoramento em Terapia Cognitivo-comportamental pelo Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Mestra em Saúde do Adulto e Doutora em
Ciências pela EEUSP. Pós-doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Mavilde L. G. Pedreira: Professora associada e Livre-docente da Unifesp. Pesquisadora do CNPq. Especialista em Pediatria e Puericultura
pela EPM. Doutora em Enfermagem e Livre-docente pela Unifesp.
Mônica Taminato: Professora Doutora da EPE/Unifesp.
Monyque Evelyn dos Santos Silva: Enfermeira. Professora auxiliar da Universidade Veiga de Almeida. Mestra em Ciências
Cardiovasculares pela UFF.
Patricia Rezende do Prado: Enfermeira. Professora adjunta I da Universidade Federal do Acre (UFAC). Especialista em UTI pela FAMERP.
Mestra em Saúde Coletiva pela UFAC/Fiocruz. Doutora em Ciências da Saúde pela EPE/Unifesp.
Renata Soares de Macedo: Enfermeira de UTI. Especialista em Administração Hospitalar pela Universidade Metodista. Mestra em Ciências
pela EPE/Unifesp.
Rosali Isabel Barduchi Ohl: Enfermeira. Professora associada Doutora do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da
EPE/Unifesp. Especialista em Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica pela EPM. Mestra em Fundamentos de Enfermagem e Doutora em
Enfermagem pela EEUSP.
Sheilla Siedler Tavares: Enfermeira. Docente da Universidade de Sorocaba (Uniso). Especialista em Reabilitação Física pela USP, em UTI
Pediátrica pela São Camilo e em Doação e Captação de Órgãos pelo Albert Eisntein. Mestra em Ciências Farmacêuticas pela Uniso.
Doutoranda em Enfermagem Pediátrica pela Unifesp. Membro da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. Membro da Rede Brasileira
de Enfermagem em Segurança do Paciente (coordenadora do Núcleo Sorocaba – gestão 2016-2019).
Suellen C. D. Emidio: Enfermeira. Especialista em Saúde da Criança e do Adolescente pela SES/PE. Mestra em Ciências pela Universidade
Federal do Vale do São Francisco. Doutoranda em Enfermagem da Unicamp.
Suely Sueko Viski Zanei: Enfermeira. Professora adjunta de Enfermagem em Cuidados Intensivos e Emergência da EPE/Unifesp.
Especialista em Enfermagem em Cuidados Intensivos e Cardiologia, Mestra em Enfermagem Fundamental e Doutora em Saúde do Adulto
pela EEUSP.
Suzel Regina Ribeiro Chavaglia: Enfermeira. Professora associada da Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro. Especialista em Gestão em Saúde pela FGV. Mestra e Doutora em Enfermagem pela EERP-USP.
Talita Raquel dos Santos: Enfermeira assistencial do Hospital Universitário da USP. Especialista em Terapia Intensiva pela Faculdade de
Enfermagem do Instituto Israelita de Ensino Albert Einstein. MBA em Gestão e Controle de Infecção pelo INEP. Mestra em Ciências da Saúde
pela EEUSP. Especializanda em Estomaterapia do Centro Universitário São Camilo.
Tânia A. Moreira Domingues: Enfermeira. Professora associada do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da EPE/Unifesp.
Especialista em Cardiologia pelo InCor-HCFMUSP. Mestra em Fundamentos de Enfermagem e Doutora em Enfermagem da Saúde do Adulto
pela EEUSP.
Vânia Lopes Pinto: Enfermeira. Técnica administrativa em Educação do Departamento de Enfermagem na Saúde da Mulher da EPE/Unifesp.
Especialista em Cuidado Pré-natal pela Universidade Aberta do Brasil e Unifesp.
Vinicius Batista Santos: Enfermeiro. Coordenador das unidades de cardiologia do Hospital São Paulo. Especialista em Cardiologia e Mestre
e Doutor em Ciências pela Unifesp.
Viviane Carrasco: Enfermeira. Professora de Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Preceptora de
Internato Hospitalar, Clínica Médica e Bloco Cirúrgico do Curso de Enfermagem da Unimontes. Especialista em Educação em Saúde para
Preceptores do SUS pelo Hospital Sírio Libanês. Mestra em Ciências da Saúde pela Universidade Federal da Grande Dourados. Doutoranda
em Enfermagem da Unicamp.
Viviane de Moraes Sptiz: Enfermeira. Pesquisadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Cardiointensivismo Baseado em
Evidências e Gestão da Informação e Conhecimento em Saúde da UFF. Especialista em CTI Cardiológico pela UFF. Mestra em Enfermagem
Pro ssional pela UFF. Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione.
Wanda Cristina Sawicki: Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica pela EPE/Unifesp. Mestra em
Enfermagem Psiquiátrica pela EEUSP. Doutora em Ciências da Saúde pela EPE/Unifesp.
Prefácio
Cada vez mais, a enfermagem moderna avança o seu corpo de conhecimento por meio de pesquisas que revelam
diferentes níveis de evidência, gerando modelos teóricos que guiam o modo de exercer o cuidado de enfermagem nas
suas diferentes dimensões e aprimorando os procedimentos realizados na prestação de cuidados aos pacientes em
diferentes ambientes e complexidades.
O interesse em elaborar um livro para professores, estudantes, gestores de serviços e coordenadores de educação
permanente baseou-se na experiência da primeira autora ao dirigir um serviço hospitalar durante o período entre
1992 e 2003, coordenar as disciplinas de Fundamentos do Cuidado em Enfermagem I e II entre fevereiro de 2012 e
setembro de 2016, e realizar pesquisas nessa linha de investigação desde o início do exercício da sua pro ssão, em
1975.
Um grupo de enfermeiros docentes e técnicos administrativos das diferentes disciplinas que compõem o currículo
da graduação em enfermagem, liderado pela primeira autora em colaboração com a Prof. Dra. Dayana Souza Fram,
iniciou a discussão do conteúdo do livro. A obra seria coordenada por ambas, mas, no decorrer dessa construção, a
Prof. Dra. Dayana Souza Fram optou por diferentes rumos em sua carreira. Há de se destacar a imensa contribuição
que ela ofereceu na época.
Alguns caminhos foram trilhados e ajustes zeram-se necessários ao continuar a organização desta obra. A
participação das professoras Dra. Juliana de Lima Lopes e Dra. Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais na
organização foi enriquecedora, pelo comprometimento em nalizar um produto de relevância para a prática de
enfermagem. Um novo olhar foi dado ao desenho inicial dos capítulos que comporiam a obra, e desse modo
reiniciamos os trabalhos e a concluímos com extrema satisfação.
Os 21 capítulos que compõem esta obra, em sua estrutura, iniciam introduzindo o assunto que será abordado, e
então oferecem exemplos e destacam diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem apoiados nas mais
recentes evidências, possibilitando o aprendizado de maneira fácil e atraente. No nal de cada capítulo, exercícios
objetivam a xação do conteúdo; as respostas corretas são apresentadas no nal do livro.
Esperamos que esta obra seja útil aos leitores e que sejam enviadas sugestões para o aperfeiçoamento das novas
edições.
1. Processo de enfermagem
Agueda Mª Ruiz Zimmer Cavalcante; Alba Lucia Bottura Leite de Barros
2. Registro de enfermagem
Danielle Cristina Garbuio; Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais; Emilia Campos de Carvalho
4. Comunicação terapêutica
Maria Cristina Mazzaia; Wanda Cristina Sawicki
5. Segurança do paciente
Andréia Cascaes Cruz; Cintia Monteiro Lustosa; Sheilla Siedler Tavares; Mavilde L. G. Pedreira
7. Sinais vitais
7.1 Temperatura
Cassiane Dezoti da Fonseca; Juliana de Lima Lopes; Eduesley Santana Santos
7.2 Pressão arterial
Juliana de Lima Lopes; Cassiane Dezoti da Fonseca; Eduesley Santana Santos
7.3 Frequência respiratória
Cassiane Dezoti da Fonseca; Eduesley Santana Santos; Juliana de Lima Lopes
7.4 Frequência cardíaca
Eduesley Santana Santos; Cassiane Dezoti da Fonseca; Juliana de Lima Lopes
7.5 Pulso
Eduesley Santana Santos; Cassiane Dezoti da Fonseca; Juliana de Lima Lopes
7.6 Dor
Magda Aparecida dos Santos Silva; Marina de Góes Salvetti
8. Preparo de medicamentos
8.1 Procedimento-padrão para preparo e administração de medicamentos
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.2 Administração de medicamentos via oral
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.3 Administração de medicamentos via auricular
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.4 Administração de medicamentos via oftálmica em adultos
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.5 Administração de medicamentos via nasal
Ana Maria Miranda Martins Wilson; Cláudia Silva; Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais
8.6 Administração de medicamentos via endovenosa
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.7 Administração de medicamentos via subcutânea
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.8 Administração de medicamentos via intramuscular em adultos
Ana Paula Dias de Oliveira; Dayana Souza Fram
8.9 Administração de medicamentos por hipodermóclise
Juliana Nogueira Tirado Rusteika; Aline Tavares Domingos
8.10 Administração de medicamentos via peridural
Karla Alexsandra de Albuquerque; Lídia Santiago Guandalini; Alba Lucia Bottura Leite de Barros
8.11 Administração de medicamentos via sonda enteral
Tânia A. Moreira Domingues; Ana Cristina Tripoloni
8.12 Administração de medicamentos com cateter agulhado
Talita Raquel dos Santos; Camila Takáo Lopes
8.13 Preparo e instalação de soluções em maiores volumes
Camila Takáo Lopes; Talita Raquel dos Santos; Camilla do Rosário Nicolino Chiorino
17. Oxigenoterapia
Graciana Maria de Moraes Coutinho; Ana Laura Oliveira Guedes
N os últimos anos, a enfermagem tem vivenciado um importante desenvolvimento, que pode ser observado pelo
aumento na quantidade de cursos de pós-graduação, pela abrangência na atuação em diferentes áreas, pelo
aumento do número de pesquisadores e de publicações, pela criação de linguagens padronizadas, entre outras
conquistas. O propósito desse crescimento é alcançar uma assistência de enfermagem pautada na excelência e que
ofereça promoção, manutenção, recuperação e reabilitação da saúde.1
No planejamento da assistência, o enfermeiro sistematiza as diferentes ações da sua prática de forma lógica,
executando, gerenciando, avaliando e documentando-as. Esse processo de sistematização pode envolver protocolos e
rotinas especí cos de cada instituição. Entretanto, no contexto da sistematização da assistência de enfermagem,
destaca-se o processo de enfermagem (PE), de nido por Barros e colaboradores2 como uma ferramenta intelectual de
trabalho do enfermeiro que norteia o processo de raciocínio clínico e a tomada de decisão diagnóstica, de resultados e
de intervenções.
Promulgada em 1986 pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), a Lei nº 7.498, de 25 de junho,3 do Exercício
Pro ssional da Enfermagem, estabelece como atividade privativa do enfermeiro a elaboração, a execução e a avaliação
dos planos de cuidados assistenciais. Mais recentemente, a Resolução nº 358/20094 determinou a implementação do
PE nas instituições de saúde brasileiras em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes:
Por se tratar de exercício intelectual, o enfermeiro necessita de habilidades cognitivas que contribuam para a
execução dessas etapas. Ele coleta os dados do paciente, analisa e os interpreta; identi ca e elenca os diagnósticos;
elabora um plano de cuidados coerente com as necessidades identi cadas; e, por m, avalia os resultados do
indivíduo diante do cuidado prestado para o alcance das metas previamente instituídas. Durante esse processo
dinâmico, as etapas podem interagir e in uenciarem-se mutuamente, contribuindo para a aquisição de novas
informações que sinalizarão a necessidade de re nar e aprimorar o planejamento dos cuidados.5
A forma como o PE é aplicado modi ca-se ao longo do tempo e de acordo com os diferentes cenários da prática,
podendo ser identi cadas distintas gerações.5 A primeira geração (1950-1970)6 envolvia uma estrutura de
pensamento clínico que privilegiava a solução de problemas. O cuidado de enfermagem era determinado de acordo
com o problema, e as ações de enfermagem, o procedimento e as intervenções eram, então, realizados. Esses
problemas eram predominantemente relacionados a condições siopatológicas e médicas.
A realização da primeira conferência para a classi cação de diagnósticos de enfermagem (1973) e o movimento de
identi cação e classi cação do diagnóstico de enfermagem marcam a segunda geração do PE.6 Essa geração (1970-
1990) foi in uenciada por teorias e conceitos de processamento de informações e tomada de decisão. Nela, se iniciou
o desenvolvimento das classi cações de enfermagem.
Entretanto, é na terceira geração (2000-2010)6 que o vocabulário clínico dos diagnósticos, intervenções e resultados
passam em conjunto a emoldurar um novo processo de tomada de decisão clínica, com ênfase na especi cação de
resultados e testes em cuidados de saúde que sejam sensíveis às intervenções. A especi cação do resultado que se
quer alcançar se apoia no desenvolvimento de habilidades de julgamento clínico. É ainda possível o desenvolvimento
de padrões e signi cados a partir dos dados observados, identi cados e analisados, os quais auxiliam na tomada de
decisão das intervenções e no cuidado de enfermagem.
A quarta geração do PE (2010-2020)6 se caracteriza pelo uso de bases de dados e dos sistemas de linguagens
padronizadas de forma a estabelecer relações entre os diagnósticos, intervenções e resultados, possibilitando estudos,
como a avaliação da e cácia de intervenções mediante um diagnóstico de enfermagem.
Cada etapa do PE realizada pelo enfermeiro exigirá um determinado conhecimento que deve ser fundamentado em
diferentes referenciais teóricos e modelos de cuidado, os quais sustentarão a tomada de decisão.7 Esses
conhecimentos são adquiridos ao longo da experiência acadêmica e pro ssional.
Na coleta de dados, habilidades no relacionamento interpessoal e de comunicação devem ser utilizadas. A
observação deve estar presente durante todo o processo, mas, na coleta, tem valor inestimável, uma vez que
direcionará o olhar e a atenção do pro ssional na busca de informações referentes aos fenômenos da enfermagem.
Portanto, o desenvolvimento da expertise deve ir além de conhecimentos teóricos como os de siologia, patologia,
semiologia, farmacologia, etc. A utilização de modelos meramente biomédicos e epidemiológicos não conseguirá
abarcar os fenômenos e a demanda dos cuidados de enfermagem. Essas ciências deverão complementar ou adicionar
informações durante a coleta de dados, que, a partir do histórico de enfermagem, deverão ser identi cados.8
Poderão ser fontes de informação durante a coleta de dados a entrevista, o exame físico, os resultados de provas
diagnósticas, os recursos informativos do prontuário, as informações advindas de outros pro ssionais e, ainda, de
familiares ou de cuidadores. O instrumento de coleta de dados deve ser fundamentado em referenciais teóricos da
enfermagem ou de outras áreas, permitir o julgamento clínico e favorecer a identi cação de informações relevantes,
úteis, dedignas e su cientemente abrangentes, visando a continuidade das demais etapas do PE.
As informações adquiridas durante a etapa da coleta de dados deverão ser julgadas e interpretadas a m de
constituir as respostas do indivíduo frente ao diagnóstico de enfermagem com foco no problema, ao diagnóstico de
risco, ao diagnóstico de promoção da saúde ou ao diagnóstico de síndrome. Os enfermeiros devem sempre selecionar
diagnósticos de enfermagem com acurácia, atividade que deve ser almejada e constantemente aprimorada.
Inferências incorretas podem levar a erro de diagnóstico, e, uma vez que o diagnóstico é a base para as intervenções
de enfermagem, a baixa acurácia conduz a resultados indesejados e pouco resolutivos.9
Para a identi cação dos diagnósticos de enfermagem enquanto etapa do PE, sistemas de linguagens
padronizadas são amplamente utilizados. A NANDA-I10 é hoje a classi cação de diagnósticos de enfermagem de maior
difusão em todo o mundo. A sua versão mais atual (2018-2020) inclui 244 diagnósticos, os quais abordam problemas
de enfermagem nas dimensões biopsicossocioespirituais, podendo ser diagnósticos com foco no problema,
diagnósticos de risco, diagnósticos de promoção da saúde e, mais recentemente, diagnósticos de síndrome. Outros
sistemas de linguagem padronizada podem também ser utilizados na prática clínica para a identi cação de
diagnósticos de enfermagem, como a Classi cação internacional para a prática de enfermagem (CIPE).11
Uma vez identi cados os diagnósticos de enfermagem, o enfermeiro deve planejar a assistência visando o alcance
de metas (resultados) estabelecidas. Essa etapa de planejamento de enfermagem deve re etir a competência
técnica e cientí ca do pro ssional por meio da prescrição e execução das melhores intervenções, devendo ser
continuamente revisada. É necessário que se levem em conta as condições de trabalho e os recursos humanos e
tecnológicos disponíveis.5
Nessa etapa, pode-se utilizar a Classi cação dos resultados de enfermagem (NOC),12 que oferece escalas de medida
de 5 pontos (tipo likert) e visa estabelecer metas que possibilitarão avaliar os resultados sensíveis às intervenções de
enfermagem. Na prescrição de cuidados de enfermagem, o enfermeiro pode adotar diretrizes (guidelines), protocolos
clínicos e consensos, que, baseados em evidência, oferecerão maior segurança, respaldo e resultados positivos. Essas
ações devem ser dirigidas aos fatores que contribuem para o problema visando eliminá-los ou minimizá-los. A
ausência de intervenções de enfermagem ante um diagnóstico de enfermagem identi cado coloca a saúde do
indivíduo em risco.
As intervenções prescritas pelos enfermeiros podem ser de orientação, mensuração, monitoração, execução e
supervisão, e estarão ou não atreladas à prática clínica de outra categoria pro ssional. São iniciadas pelo enfermeiro
em resposta a um diagnóstico de enfermagem ou, ainda, iniciadas por outro pro ssional e executadas pelo enfermeiro
e/ou pela equipe de enfermagem, sendo de nidas como intervenções independentes, interdependentes e
dependentes.2
Para essa etapa, o enfermeiro pode utilizar a Classi cação das intervenções de enfermagem (NIC),13 que contém um
conjunto de atividades (ações) para executá-las. As atividades ou ações anteriormente planejadas são implementadas
em um processo organizado e responsável. A certi cação das habilidades interpessoais, cognitivas e psicomotoras
para a execução dos cuidados deve ser analisada previamente pelo pro ssional. Entre essas ações podem ser prescritos
diferentes procedimentos que visam o alcance da meta estabelecida.
Os procedimentos de enfermagem geralmente são prescritos por enfermeiros ou médicos. É dever do enfermeiro a
decisão quanto à competência para a execução do procedimento a ser realizado.5 Alguns procedimentos são hoje
respaldados pela lei do exercício pro ssional do enfermeiro (p. ex., sondagem vesical, sondagem de alívio, curativos).
Para outros, contudo, não há respaldo legal (p. ex., intubação orotraqueal). Aqueles procedimentos cujas
competências técnicas e legais são da equipe de enfermagem devem ser realizados com excelência, reduzindo riscos
de complicações, prevenindo agravamento e promovendo melhora do estado de saúde.
Espera-se que os enfermeiros busquem gradativamente as evidências que fundamentem a realização, bem como o
aprimoramento dos procedimentos em si, tendo em vista a resolução do problema em foco. Os princípios cientí cos
da prática de enfermagem, como o julgamento sobre as respostas humanas, as intervenções exigidas e os resultados
obtidos, devem estar presentes na realização dos procedimentos. Esclarecimentos ao indivíduo e à família/cuidador
quanto ao procedimento a ser realizado, a preservação da privacidade do indivíduo durante a realização do
procedimento e a comunicação efetiva que facilite o relacionamento terapêutico são cuidados importantes a serem
considerados durante a realização de procedimentos como banho no leito, sondagens, coleta de exames,
administração de medicamentos, entre outros.
Cada procedimento leva consigo responsabilidades e competências necessárias à sua boa execução.5 Para a
implementação das prescrições de enfermagem, os procedimentos necessários ao paciente devem ser realizados
considerando as etapas minimamente descritas e a não interrupção dos princípios cientí cos, sendo realizados com a
maestria e a destreza necessárias. Os pressupostos dos cuidados de enfermagem embasados no humanismo propõem
a totalidade do ser humano, que, mesmo diante das necessidades de cuidados técnicos e da execução de
procedimentos, não deve estar limitado aos cuidados meramente biológicos.
As ações do cuidado devem ser focalizadas no indivíduo e direcionadas à obtenção dos resultados esperados. Elas
devem ser adequadamente registradas, mencionando-se as respostas do indivíduo.14 Na avaliação de enfermagem,
essas anotações são importantes, pois, associadas à anamnese e ao exame físico, possibilitam a identi cação da
melhora do paciente e a comparação com a meta estabelecida no planejamento da assistência de enfermagem.
A avaliação das intervenções de enfermagem e suas ações também pode ser realizada com a utilização da NOC,12
que possibilita a comparação entre o estado do indivíduo antes e após a implementação das intervenções de
enfermagem e suas ações. Essa avaliação identi ca a melhora, a piora ou a inalteração do estado do paciente,
podendo ser necessária a seleção de outro diagnóstico e/ou a implementação de novas intervenções/ações de
enfermagem.
Na Tabela 1.1, encontra-se um exemplo da aplicação do PE e das classi cações.
Tabela 1.1 Planejamento de enfermagem para um paciente hospitalizado com diagnóstico de enfermagem “Padrão respiratório ine caz”
Diagnóstico de enfermagem: Padrão respiratório ine caz relacionado à dor caracterizado por anormalidade do padrão respiratório observado
pela respiração curta e taquipneia.
Profundidade da inspiração 1 2 3 4 5
Sons respiratórios 1 2 3 4 5
adventícios
Realizar uma avaliação abrangente da dor, que inclua 1.1. Avaliar a dor (característica, localização, 8 – 12 – 16 – 20
o local, as características, o início, a duração, a intensidade) e o desconforto respiratório.
frequência, a qualidade, a intensidade ou a gravidade *Usar escala de dor.
da dor e os fatores precipitantes.
Ensinar o uso de técnicas não farmacológicas; 1.2. Realizar exercícios de relaxamento. 8 –16 – 20
promover o repouso/sono adequado para facilitar o
alívio da dor.
Implementação Oferecer alívio ideal da dor, com o uso dos 1.3. Observar a reposta aos medicamentos e 8 – 14 – 20
analgésicos prescritos, e avaliar a e cácia das comunicar melhora ou piora.
medidas de controle da dor.
Encorajar a respiração lenta e profunda, a mudança 2.1. Ajudar e orientar quanto aos exercícios 8 – 12 – 16 – 20
de posição e o tossir. de respiração profunda.
Auscultar os sons respiratórios, observando as áreas 3.1. Auscultar sons pulmonares e avaliar a 8 –16 – 20
de ventilação diminuídas ou ausentes e a presença de frequência e a profundidade das respirações,
ruídos adventícios. uso da musculatura acessória e alterações na
coloração de pele e mucosas.
Profundidade da inspiração 1 2 3 4 5
Sons respiratórios 1 2 3 4 5
adventícios
Referências
1. Almeida MCP, Mishima SM, Pereira MJB, Palha PF, Villa TCS, Fortuna CM, et al. Enfermagem enquanto disciplina: que campo de conhecimento
identi ca a pro ssão? Rev Bras Enferm. 2009;62(5):748-52.
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dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
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enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
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Registro de enfermagem 2
Danielle Cristina Garbuio
Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais
Emilia Campos de Carvalho
Resolução COFEN 545 2017 Anotação de enfermagem e mudanças nas siglas das categorias
pro ssionais:
ENF – enfermeiro
OBST – obstetriz
TE – técnico de enfermagem
AE – auxiliar de enfermagem
PAR – parteira
Guia de recomendações para o registro de 2015 Nortear os pro ssionais em relação à prática dos registros de enfermagem
enfermagem no prontuário do paciente e outros no prontuário do paciente.
documentos de enfermagem
Resolução COFEN 429 2012 Dispõe sobre o registro das ações pro ssionais no prontuário do paciente e
em outros documentos próprios da enfermagem.
Assim, o cuidado de enfermagem, quando documentado, contribui para a visibilidade do trabalho realizado pela
equipe de enfermagem e para uma prática segura, favorece o processo gerencial da instituição, possibilita a avaliação
dos resultados do atendimento prestado, oferece dados para pesquisa clínica, auditoria e processos judiciais, além de
dar suporte ao ensino e ao direcionamento para treinamentos com vista à busca da qualidade da assistência.3-6,11
A documentação do cuidado de enfermagem, utilizando linguagem padronizada (sistema de linguagem
padronizada – SLP), independentemente de qual se empregue, retrata a uniformização das informações sobre os
diagnósticos de enfermagem, as intervenções direcionadas aos problemas do paciente e aos resultados dessas
intervenções. O uso dos SLPs aprimora a coleta de dados, podendo inclusive servir de guia para quais evidências
seriam relevantes para cada situação, como nos casos de emprego de checklist; a depender da taxonomia empregada,
valida o raciocínio clínico realizado pelo pro ssional; auxilia na seleção ou identi cação de vazios na escolha dos
possíveis resultados esperados para a situação, assim como para as intervenções e seus respectivos cuidados ou ações
de enfermagem; e, por m, permite empregar critérios para se avaliar os efeitos dos cuidados empregados ou
sugeridos. Ainda, melhora a disponibilização das informações, permitindo seu rápido uso para avaliação de resultados,
podendo, desse modo, resultar em melhora da assistência.6
O registro de enfermagem, quando documentado por meio dos SLPs, re ete a qualidade da assistência, a
produtividade do trabalho e é considerado um instrumento de apoio para a realização de auditoria, seja ela
retrospectiva e/ou operacional (recorrente), o que permite construir melhores práticas assistenciais em busca de bons
resultados operacionais.6
Ademais, o uso de SLPs melhora a qualidade dos registros e assegura a continuidade do cuidado. Há uma relação
direta entre a qualidade do atendimento prestado e o registro realizado.12 A incorporação dos SLPs, como a NANDA-
I,13 a Classi cação dos resultados de enfermagem (NOC)14 e a Classi cação das intervenções de enfermagem (NIC),18
nos registros de saúde eletrônicos, permite “identi car, analisar ou comparar os dados para avaliar se o cuidado do
paciente atende aos padrões de cuidado baseados na qualidade”.14 Questões levantadas pelo enfermeiro ou por
gestores sobre a prática clínica de quais intervenções ou combinações de intervenções são mais efetivas para alcançar
os resultados desejados do paciente poderiam ser respondidas por meio dos SLPs.14
Ainda, o uso da NIC pode colaborar na documentação das atividades inerentes à gestão dos serviços de saúde, uma
vez que possui intervenções direcionadas para esse m descritas em sua taxonomia.18
A documentação do raciocínio clínico ou do seu emprego nas fases do PE pressupõe acurácia na obtenção e análise
dos dados clínicos, assim como a tomada de decisão precisa para garantir a continuidade do cuidado e a segurança
do paciente e do pro ssional. Essa documentação, quando apoiada em um SLP, fornece informações
interinstitucionais sobre o paciente e proporciona o desenvolvimento da ciência, da produção do conhecimento e da
contribuição da enfermagem nos diversos cenários de cuidado. Contudo, quando não estruturada, não codi cada e
sem a utilização de um SLP, contribui para a realização de documentação e registro menos efetivos.19
Portanto, a comunicação clínica de boa qualidade compreende o registro de dados acurados, relevantes,
con denciais, válidos, con áveis, completos e seguros.2,7
O ato de registrar no prontuário do paciente, por meio tradicional (papel) ou eletrônico, assegura que as
informações a ele referentes estarão disponíveis a todos os pro ssionais envolvidos na assistência. O prontuário do
paciente é um documento legal que exige uma comunicação escrita legível, objetiva, clara, sucinta, em registro
próprio sem rasuras, emenda, borrão ou cancelamento e seguido de data e identi cação do pro ssional.4
Os problemas mais encontrados no registro inapropriado em prontuários são a di culdade em distinguir anotação e
evolução de enfermagem, registro ilegível, erros de ortogra a, terminologia incorreta, siglas não padronizadas,
ausência de carimbo ou identi cação ilegível.6,20
Entre os registros, chamamos a atenção para a diferença entre anotação e evolução de enfermagem. O conteúdo
da anotação de enfermagem re ete o momento presente, é pontual, informa o que foi observado e executado e pode
ser documentado por todos os membros da equipe de enfermagem. Para tanto, pode ser registrado de maneira
descritiva, cursiva, ou em impressos especí cos, utilizando o formato de grá co para facilitar a visualização dos
parâmetros vitais, checklist ou dados pontuais sobre controles como glicemia, drenagem de drenos, ingestão e
eliminação. O tipo de anotação pode ainda ser documentado com o uso de sinais grá cos com a nalidade de
informar, por exemplo, que a ação ou o cuidado foi prestado – ao se adotar o sinal (/) – ou a não realização de uma
ação ou de um cuidado – utilizando-se o sinal círculo (Ο).4,20 As anotações de enfermagem colaboram para a
quali cação do atendimento, uma vez que fornecem dados para o planejamento, a realização e a continuidade do
plano de cuidados nas suas diferentes fases.4
Já a evolução de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, que tem a nalidade de comparar os dados
anteriores com os atuais, referindo-se, entre outras coisas, às últimas 24 horas de cuidado. Em situações de
instabilidade ou de mudança do estado do paciente, esse período deve ser reavaliado. A evolução de enfermagem
exige do enfermeiro uma re exão e contextualização dos dados para avaliar os resultados alcançados e (re)direcionar a
intervenção de enfermagem, com base nos possíveis diagnósticos.4,20 Assim, a evolução de enfermagem é
contemplada no PE na etapa da avaliação. Nesse momento, as informações referentes ao estado inicial e condições
atuais são reunidas e analisadas sistematicamente para, então, serem registradas no prontuário.4,15
Segue, para nalizar, a apresentação de um caso clínico ctício, acompanhado, na sequência, de exemplos de
anotação e evolução de enfermagem, utilizando como SLP os diagnósticos de enfermagem da NANDA-I,13 os
resultados de enfermagem pela NOC14 e as intervenções de enfermagem pela NIC.18
Apresentação do caso: Sr. J.P.S., 35 anos, é admitido na Unidade de Clínica Cirúrgica do Hospital Jardim após um
procedimento cirúrgico decorrente de um ferimento por arma de fogo. A enfermeira que realizou sua admissão no
setor procedeu à seguinte anotação:
16/02/2018 – 5h10 – Paciente vítima de ferimento por arma de fogo em região abdominal em pós-operatório imediato
de laparotomia; Escala de Coma de Glasgow: 14, frequência respiratória: 23 rpm, temperatura: 36,1ºC, frequência
cardíaca: 98 bpm, pressão arterial sistêmica: 110×60 mmHg. À inspeção geral, apresenta pele pálida, fria, com incisão
cirúrgica no anco esquerdo com curativo oclusivo com pouca quantidade de sangue; movimentos respiratórios
simétricos, predominantemente torácicos; bolsa de colostomia no quadrante inferior esquerdo drenando pouca
quantidade de fezes pastosas; mucosas hidratadas e levemente descoradas (+/4+). Ausculta pulmonar com murmúrios
vesiculares presentes sem ruídos adventícios, expansibilidade torácica preservada. Ausculta cardíaca com bulhas rítmicas
normofonéticas em 2 tempos sem sopros ou anormalidades. Ausculta abdominal com ruídos hidroaéreos presentes.
Sem dispositivos urinários; até o momento sem presença de diurese. Acesso venoso periférico no dorso da mão direita
com boa perfusão. Refere dor (8/10) em região abdominal.
ENF Andreia Fernandes COREN 1880800.
A partir dos dados coletados, a enfermeira elaborou o planejamento do cuidado para o Sr. J.P.S., mostrado na
Tabela 2.2.
Dor aguda (00132) relacionada a agente físico Título Indicador Título Atividades/prescrição de enfermagem
lesivo (procedimento cirúrgico) evidenciada por
Controle da ■ Reconhece o início da Controle da dor ■ Avaliar a dor (localização,
autorrelato da intensidade usando instrumento
dor (1605) dor (160502) – escore (1400) característica, início/duração,
padronizado
4 frequência, qualidade, intensidade
■ Descreve fatores ou severidade da dor e fatores
causadores (160501) – precipitantes).
escore 3 ■ Proporcionar o alívio ideal da dor
■ Relata mudanças nos com o uso dos analgésicos
sintomas de dor ao prescritos e medidas não
pro ssional de saúde farmacológicas.
(160513) – escore 4 ■ Medicar antes de uma atividade
para aumentar a participação do
paciente (p. ex., banho, mobilização
no leito).
Risco de infecção (00004) relacionado a Gravidade da ■ Febre (070307) – Controle de ■ Orientar os visitantes a lavarem as
procedimento invasivo infecção escore 5 infecção (6540) mãos na entrada e na saída do
(0703) ■ Dor (070333) – escore quarto.
5 ■ Garantir técnicas de cuidados de
■ Colonização do ferida apropriados.
dispositivo de acesso
vascular (070335) – Proteção contra ■ Monitorar sinais e sintomas
escore 5 infecção (6550) sistêmicos e localizados da infecção.
Integridade tissular prejudicada (00044) Cicatrização ■ Formação de cicatriz Cuidados com ■ Inspecionar o local da incisão para
relacionada a procedimento cirúrgico de feridas: (110220) – escore 1 o local de detecção de vermelhidão, edema,
evidenciada por dano tecidual primeira ■ Eritema na pele ao incisão (3440) deiscência ou evisceração.
intenção redor da lesão ■ Monitorar a incisão para detecção
(1102) (110208) – escore 5 de sinais e sintomas de infecção.
■ Edema perilesão ■ Trocar curativo em intervalos
(110209) – escore 5 apropriados.
Exemplo de anotação dos parâmetros vitais do paciente J.P.S. pela equipe de enfermagem:
Anotação 5h40: Paciente com dor (8/10) e administrado dipirona conforme prescrição médica. TE Sandra COREN 1002500.
6h30 Paciente refere melhora na dor (5/10) na incisão cirúrgica após a medicação. TE Sandra COREN 1002500.
2. Avaliar a dor. 06 12 18 24
ENF Andreia COREN 1880800
4. Administrar analgésico prescrito 30 min antes das atividades (banho, mobilização no leito). 6:30
TE Sandra COREN 1002500
5. Informar medidas não farmacológicas para alívio da dor: posicionamento, técnicas de relaxamento. 06 18
ENF Andreia COREN 1880800
A intervenção 6 não foi realizada às 12 h, pois não havia acompanhantes ou visitas no quarto.
Evolução de enfermagem
17/02/2018 – 8 h – Paciente no 1º dia pós-operatório por laparotomia mantém-se consciente, orientado, apresentando
fácies de dor, verbaliza dor intermitente no local da incisão cirúrgica localizada no anco esquerdo (4/10; escore NOC 2),
que melhora após administração de medicamento analgésico (escore NOC 4). Quanto aos indicadores NOC do controle
da dor, apresentou melhora no reconhecimento do início da dor (escore 4 para 5), no relato de mudanças nos sintomas
de dor (escore 4 para 5) e na descrição dos fatores que pioram a dor (escore 3 para 4). Ausência de febre no período,
mantendo indicador NOC escore 5. Acesso venoso com boa permeabilidade, sem sinais ogísticos, mantendo indicador
NOC escore 5. Curativo de incisão cirúrgica com pequena quantidade de sangue e sem presença de sinais ogísticos no
entorno da lesão (mantendo indicador NOC escore 5); melhora no indicador NOC de formação de cicatriz de escore 1
(nenhuma) para 2 (limitado); estoma mantendo drenagem adequada (250 mL em 6 h), sem sinais de infecção ou de
complicações. Diurese espontânea sem alterações (1.000 mL em 6 h).
ENF Andreia COREN 1880800.
No exemplo citado, com registro de enfermagem a partir do uso de uma linguagem padronizada, podem-se
observar informações claras e objetivas e a mudança de estado do paciente a partir dos indicadores NOC
selecionados. O uso de SLPs e a realização de um registro adequado facilitam a compreensão do PE em todas as suas
etapas.
Diante do exposto neste capítulo, consideramos que o registro no prontuário do paciente pela equipe de
enfermagem por meio do uso de SLPs é fundamental para uma comunicação efetiva entre os pro ssionais e entre as
equipes de saúde; também, por ser um documento legal, re ete todo o cuidado prestado, as intercorrências e as
respostas do paciente ante as intervenções prescritas, auxiliando na tomada de decisão clínica e na continuidade da
assistência de maneira segura. O ato de registrar pela anotação ou evolução de enfermagem no prontuário do
paciente é um dever do pro ssional e torna visível a contribuição da enfermagem em todo o processo de cuidado ao
paciente.
A. Re ete o momento presente de forma pontual e informa o que foi observado e realizado. I. Anotação de
B. Atividade privativa do enfermeiro com a nalidade de comparar os dados anteriores com os atuais. enfermagem
II. Evolução de
C. Demanda do pro ssional uma re exão para avaliar os resultados alcançados e (re)direcionar a
enfermagem
intervenção.
D. Pode ser documentado por todos os membros da equipe de enfermagem.
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evolução e tendência. São Paulo: Ícone; 2001.
Enfermagem baseada em
evidências 3
Dulce Aparecida Barbosa
Mônica Taminato
A tecnologia e o acesso a informações evoluem de forma muito acelerada, e a formação do pro ssional enfermeiro
deve acompanhar esse desenvolvimento. Para isso, muitos desa os devem ser superados, e diversas
competências e habilidades são necessárias para transpor as novas demandas do mercado de trabalho, que a
academia e a sociedade propõem a esse pro ssional.
Outro grande desa o é formar pro ssionais com capacidade de divulgar em literatura indexada e avaliar o impacto
das intervenções de enfermagem que contribuam de maneira preventiva, com redução da morbimortalidade e
melhoria da qualidade de vida dos pacientes, dos familiares e dos sistemas de saúde.1
Pro ssionais da saúde, consumidores, pesquisadores e formuladores de políticas têm acesso à quantidade crescente
de informação cientí ca disponível. É improvável, contudo, que todos terão tempo e recursos para identi car e avaliar
essas evidências e incorporá-las às decisões em saúde.2
A revisão sistemática (RS) é um método moderno utilizado para a avaliação de um conjunto de informações
contidas na literatura de forma não tendenciosa. O consumo desse tipo de estudo é uma alternativa para atualização
pro ssional, incorporação de inovações e facilitação da tomada de decisão em saúde.2 Tem como uma das funções
primárias resumir informações de vários estudos com a nalidade de responder a uma pergunta/questão de
diagnóstico, prevenção ou tratamento por meio da síntese e avaliação crítica das evidências.3
Determinar quais intervenções apresentam melhor resposta terapêutica ou menos efeitos adversos é extremamente
importante para os usuários, pro ssionais e formuladores de políticas. Pesquisas individuais raramente são su cientes
para de nir tais efeitos.2
A RS constitui um método moderno de pesquisa, classicamente chamado de estudo secundário, por utilizar,
simultaneamente, estudos primários e um conjunto de dados. Embora possa ser aplicada em várias áreas da medicina
ou da biologia, a RS é mais frequentemente utilizada para que sejam obtidas provas cientí cas de intervenções na
saúde.4
A RS da literatura tem por objetivo reunir estudos semelhantes e disponíveis, avaliando-os criticamente em sua
metodologia e reunindo-os em uma síntese ou nova análise estatística chamada metanálise. Por sintetizar estudos
primários sobre a mesma temática, mesmo delineamento e adequada qualidade metodológica, é considerada o
melhor nível de evidência para tomada de decisões em questões sobre terapêutica.1,2
Esse método é objetivo e transparente para identi car, avaliar e resumir todos os resultados relevantes da pesquisa.
Quando bem conduzida, fornece as evidências mais con áveis sobre os efeitos de testes, tratamentos, eventos
adversos, e cácia e segurança.
Florence Nightingale é considerada a precursora da enfermagem moderna. Nos hospitais militares ingleses, exerceu a
função de superintendente e selecionou enfermeiras para executarem os cuidados aos doentes. Realizou um brilhante
trabalho na organização dos espaços hospitalares, transformando-os em unidades de recuperação da saúde dos
soldados.6
Foi na década de 1970 que teve início a origem da prática baseada em evidências (PBE). Para alcançar maior
e ciência e efetividade na aplicação de recursos do Sistema de Saúde do Reino Unido, o epidemiologista Archibald
Cochrane preconizou decisões à base de pesquisas, principalmente ensaios clínicos randomizados, que norteassem
diretrizes para a prática clínica e a contenção de gastos.7
Na década de 1980, foi organizada, na Universidade McMaster, do Canadá, a medicina baseada em evidências,
entendida pela utilização de critérios de maior certeza, apoiados em um processo previamente estipulado de busca,
avaliação e uso dos resultados de pesquisas, como base para decisões clínicas de diagnóstico, prognóstico, tratamento
ou gerenciamento.4
Na década de 1990, foi criada a Cochrane Collaboration, rede internacional de informações de revisões, com
ensaios clínicos, que disponibilizam informações cientí cas em todos os campos da saúde. Com a pretensão de
reprodutibilidade, tal processo articula o tripé epidemiologia, bioestatística e informática.7
O movimento designado de PBE teve origem na constatação de que as evidências geradas por pesquisadores em
todo o mundo não chegavam aos pro ssionais da saúde e pacientes de modo atualizado e con ável.
Esse movimento se desenvolveu com o propósito de preencher essa lacuna entre pesquisa e prática. Fundamenta-se
na aplicação de conhecimentos básicos de epidemiologia e bioestatística para avaliar a evidência clínica quanto à sua
validade e utilidade potencial. Praticar com base em evidências é integrar as melhores evidências de pesquisa à
habilidade clínica do pro ssional e à preferência do paciente.2,5
A qualidade da evidência é atribuída conforme sua validade e relevância. Isso quer dizer que, antes de se usar uma
informação em uma decisão clínica, ela deve ser avaliada quanto à sua acurácia, relevância e aplicabilidade na
situação em questão e deve ser utilizada cotidianamente para busca de soluções de problemas da assistência à saúde
para tomada de decisões em saúde. O uso da informação baseada em evidências deve estar aliado a consensos de
especialistas, habilidade/experiência clínica, preferências do usuário e legislações.2
A enfermagem baseada em evidência pode ser de nida como o uso consciencioso, explícito e criterioso de
informações derivadas de teorias e pesquisas para a tomada de decisão sobre o cuidado prestado a indivíduos ou
grupo de pacientes, levando em consideração as necessidades individuais e preferências.1
A enfermagem baseada em evidências requer habilidades que não são tradicionais na prática clínica, pois exige
identi car as questões essenciais nas tomadas de decisão, buscar informações cientí cas pertinentes à pergunta e
avaliar a validade das informações.1
Entre essas habilidades, destacamos:
Revisão sistemática
Após os anos 2000, houve um aumento expressivo de publicações, o que trouxe desa os constantes para a tomada
de decisões e para a análise sobre uma condição de saúde, evento adverso ou mesmo melhoria de qualidade de vida,
pois muitos estudos são publicados sobre o mesmo assunto.2,8
A alternativa mais consciente para delinear e distinguir abordagens distintas sobre o mesmo assunto é o consumo
de RS realizadas por pro ssionais e estudiosos que se dedicam a analisar criteriosamente, sintetizar informações e
conhecimentos sobre um determinado assunto e desenvolver um novo estudo, utilizando as melhores pesquisas da
área, a m de que o produto nal seja de alta qualidade e con abilidade e de fácil acesso e entendimento para os
consumidores.2,3
O processo de tomada de decisões em saúde é geralmente baseado na aplicação consciente de informações por
regras explicitamente de nidas. Essa informação pode ser quanti cada, modelada e inserida em diretrizes de conduta
clínica baseadas em evidência.1,2,9
No entanto, grande parte do conhecimento na área de enfermagem não é difundida. Teses e dissertações deixam
de ser publicadas e estudantes e pro ssionais não são encorajados a mensurar os resultados obtidos a partir de uma
determinada intervenção de enfermagem. Por isso, é necessário esforço para disseminar achados e sínteses de
pesquisas (RS com ou sem metanálise), que gerarão diretrizes clínicas de enfermagem baseada em evidências.1,10
Em contrapartida, a quantidade e a complexidade de informações na área da saúde e o tempo limitado dos
pro ssionais geram a necessidade do desenvolvimento de processos que proporcionem maior agilidade e
con abilidade no acesso aos resultados oriundos de pesquisas. Assim, a RS é um recurso importante da PBE, em que
os resultados de pesquisas são coletados, categorizados, avaliados e sintetizados.1,10
Dessa forma, se os enfermeiros ou outros pro ssionais da saúde procuram basear suas práticas na melhor evidência,
os artigos de revisão apresentam-se como uma boa alternativa para se conhecer as principais e mais atualizadas
evidências em uma questão especí ca.
A RS é um método de pesquisa que agrupa estudos primários sobre uma questão clínica especí ca, avaliando e
sintetizando as informações obtidas. Os métodos de seleção e avaliação dos artigos incluídos na revisão são bem
de nidos e explicitados aos leitores, permitindo que estes avaliem possíveis vieses, melhorando a segurança e a
acurácia das conclusões.
Ela difere da revisão tradicional por procurar superar o risco de viés em todas as etapas, seguindo um método
rigoroso de busca e seleção de pesquisas, avaliação da relevância e validade dos estudos a serem incluídos, assim
como na forma de agrupar os resultados encontrados.2
As Práticas em Saúde Baseada em Evidências devem sustentar e integrar a prática clínica e assistencial, auxiliando na
tomada de decisão de maneira cotidiana desde os pro ssionais da ponta aos gestores.
Pergunta principal
A pergunta da pesquisa pode ser desmembrada em quatro partes didáticas: tema, problema, questão e hipótese.
O tema pode ser descrito como a área de interesse do pesquisador ou o assunto mais abrangente que ele deseja
desenvolver, enquanto o problema da pesquisa é a situação especí ca que causa inquietação e curiosidade. A
nalidade da pesquisa é solucionar esse problema ou ainda contribuir para sua solução.
A questão da pesquisa se dá pela conversão desse problema em uma pergunta a ser respondida. Ela orientará
quais dados serão coletados e como isso será feito, ou seja, o tipo de estudo.
A hipótese é uma proposição antecipada à comprovação de uma realidade. É uma pressuposição que antecede a
constatação dos fatos e, por esse motivo, pode ser de nida como uma formulação provisória do que se procura
conhecer e, consequentemente, são sugeridas respostas para o problema ou assunto da pesquisa. Dessa forma, a
hipótese é a previsão de resposta que o investigador acredita que irá encontrar, podendo ser corroborada ou refutada
ao término do estudo.
A m de poupar tempo e esforços desnecessários, é importante entender um pouco a linguagem com a qual os
buscadores trabalham. Os operadores booleanos permitem que uma pesquisa seja mais sensível ou mais especí ca
sobre o tema a ser pesquisado.1
Outro fato que deve ser mencionado são os termos comuns utilizados para indexar informações nas bases de dados
– por exemplo, os termos Medical Subject Headings (MeSH) ou descritores em ciências da saúde (DeCS), utilizados nas
principais bases de dados citadas anteriormente.
Apesar de parecer algo simples, realizar buscas que encontrem o que realmente procuramos exige um
entendimento sobre a linguagem dos buscadores das bases de dados.
Tabela 3.1 Nível de evidência cientí ca segundo o Oxford Centre for Evidence-based Medicine
Grau de Nível de Tratamento – Prognóstico Diagnóstico Diagnóstico
recomendação evidência Prevenção – diferencial /
Etiologia Prevalência de
sintomas
A 1a Revisão Revisão sistemática de coortes desde o início Revisão sistemática de estudos Revisão sistemática
sistemática de da doença. Critério prognóstico validado em diagnósticos nível 1. Critério de estudos de coorte
ensaios clínicos diversas populações. diagnóstico de estudos nível (contemporânea ou
controlados 1b, em diferentes centros prospectiva)
randomizados clínicos.
1b Ensaio clínico Coorte desde o início da doença, com perda Coorte validada, com bom Estudo de coorte
controlado < 20%. Critério prognóstico validado em padrão de referência. Critério com poucas perdas
randomizado uma única população. diagnóstico testado em um
com intervalo de único centro clínico.
con ança
estreito
1c Resultados Série de casos do tipo “tudo ou nada” Sensibilidade e especi cidade Série de casos do tipo
terapêuticos do próximas de 100% “tudo ou nada”
tipo “tudo ou
nada”
B 2a Revisão Revisão sistemática de coortes históricas Revisão sistemática de estudos Revisão sistemática
sistemática de (retrospectivas) ou de seguimento de casos diagnósticos de nível > 2 de estudos sobre
estudos de não tratados de grupo controle de ensaio diagnóstico
coorte clínico randomizado diferencial de nível >
2
2b Estudo de Estudo de coorte histórica, seguimento de Coorte exploratória com bom Estudo de coorte
coorte (incluindo pacientes não tratados de grupo de controle padrão de referência. Critério histórica ou com
ensaio clínico de ensaio clínico randomizado. Critério diagnóstico derivado ou seguimento de casos
randomizado de prognóstico derivado ou validado somente validado em amostras comprometido
menor de amostras fragmentadas. fragmentadas ou banco de (número grande de
qualidade) dados. perdas)
C 4 Relato de casos Série de casos (e coorte prognóstica de Estudo de caso-controle ou Série de casos, ou
(incluindo coorte menor qualidade) padrão de referência pobre ou padrão de referência
ou caso-controle não independente superado
de menor
qualidade)
D 5 Opinião de especialistas desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo siológico ou estudo
com animais)
Fonte: Howick.13
Para que esse processo funcione, é necessário que o pro ssional mantenha-se atualizado. Contudo, esse é um
desa o complexo, considerando o mundo globalizado, a velocidade das informações divulgadas, a grande quantidade
e a qualidade variável das informações disponíveis. Uma ferramenta foi desenvolvida por um grupo colaborativo de
pesquisadores com objetivo de uniformizar as avaliações e critérios para de nição da qualidade das evidências e a
força das recomendações. Atualmente, mais de 80 instituições internacionais utilizam o GRADE (Grading of
Recommendations Assessment, Development and Evaluation), entre elas a Organização Mundial da Saúde, o National
Institute for Health and Clinical Excellence (NICE), a Scottish Intercollegiate Guidelines Network (SIGN), o Centers for
Disease Control and Prevention (CDC) e a Cochrane Collaboration.14
As recomendações do GRADE têm por objetivo organizar um sistema acessível de evidências, linguagem e
avaliações universais, por meio de um instrumento abrangente no processo de avaliação. O foco da avaliação não é
apenas no delineamento dos estudos, como é utilizado em outros sistemas de avaliação de evidências; o processo é
transparente e sensível para graduar a qualidade das evidências e a força das recomendações analisadas para cada
desfecho.13,14
Com base na ferramenta GRADE14 a qualidade da evidência é classi cada em quatro níveis: alta, moderada, baixa e
muito baixa. É uma ferramenta útil e necessária para a elaboração de diretrizes, protocolos e políticas em saúde, pois
auxilia no processo de tomada de decisão e desenvolvimento das recomendações ao analisar a força das
recomendações, questão clínica, desfechos e qualidade da evidência, levando em consideração aspectos de equidade,
aceitabilidade e viabilidade.14,15
Nesse sentido, as PBEs são caracterizadas pela utilização da epidemiologia clínica; ferramentas especí cas, sensíveis
e transparentes são fundamentais para a sustentação da tomada de decisão individual ou coletiva, podendo contribuir
para a fundamentação de uma decisão clínica ou de saúde pública.
Referências
1. Barbosa D, Taminato M, Fram D, Belasco A. Enfermagem: baseada em evidências. São Paulo: Atheneu; 2014.
2. Higgins JPT, Green S, editors. Cochrane handbook for systematic reviews of interventions: version 5.1.0: [updated March 2011]. [S. l.]: The
Cochrane Collaboration; 2011.
3. Bhurke S, Cook A, Tallant A, Young A, Williams E, Raftery J. Using systematic reviews to inform NIHR HTA trial planning and design: a
retrospective cohort. BMC Medical Research Methodology. 2015;15:108.
4. Atallah NA, Castro AA. Revisões sistemáticas da literatura e metanálise: a melhor forma de evidência para tomada de decisão em saúde e a
maneira mais rápida de atualização terapêutica. Diagnóstico & Tratamento. 1997;2(2):12-5.
5. Tonini NS, Fleming SF. História de enfermagem: evolução e pesquisa. Arq Cienc Saúde Unipar. 2002;6(3)131-134.
6. Cochrane AL. Effectiveness and ef ciency: random re ections on health services. London: Nuf eld Provincial Hospitals Trust; 1972.
7. Silva V, Grande AJ, Martimbianco AL, Riera R, Carvalho AP. Overview of systematic reviews – a new type of study: part I: why and for whom? Sao
Paulo Med J. 2012;130(6):398-404.
8. Khangura S, Polisena J, Clifford TJ, Farrah K, Kamel C. Rapid review: an emerging approach to evidence synthesis in health technology
assessment. Int J Technol Assess Health Care. 2014;30(1):20-7.
9. Galvão CM, Sawada NO, Trevizan MA. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem.
Rev Latino-Am Enfermagem. 2004;12(3):549-56.
10. von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP, et al. Strengthening the Reporting of Observational Studies in
Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9.
11. Shea BJ, Reeves BC, Wells G, Thuku M, Hamel C, Moran J, et al. AMSTAR 2: a critical appraisal tool for systematic reviews that include
randomised or non-randomised studies of healthcare interventions, or both. BMJ. 2017;358:j4008.
12. Buccheri RK, Shari C. Critical appraisal tools and reporting guidelines for evidence-based practice. Worldviews Evid Based Nurs. 2017;14(6):463-
472.
13. Howick J, Chalmers I, Glasziou P, Greenhalgh T, Heneghan C, Liberati A, et al. The 2011 Oxford CEBM levels of evidence: introductory document
[Internet]. Oxford: Centre for Evidence-Based Medicine; 2016 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em: https://www.cebm.net/index.aspx?
o=5653.
14. Guyatt G, Oxman AD, Sultan S, Brozek J, Glasziou P, Alonso-Coello P, et al. GRADE guidelines: 11. Making an overall rating of con dence in
effect estimates for a single outcome and for all outcomes. Journal of Clinical Epidemiology. 2013;66(2):151-7.
Comunicação terapêutica 4
Maria Cristina Mazzaia
Wanda Cristina Sawicki
C omunicação é um meio de relacionamento pelo qual os indivíduos compartilham opiniões, ideias, informações,
mensagens e sentimentos, podendo in uenciar comportamentos e causar reações; sofre in uência das crenças,
da cultura, da realidade e da história de vida dos envolvidos.1
Nos serviços de atenção à saúde, a comunicação entre pro ssionais, gestores e usuários con gura-se primordial
para a humanização da assistência, conforme estabelecido por uma das diretrizes da Política Nacional de
Humanização, que discorre sobre a importância do estabelecimento de vínculos, a construção de redes de cooperação
e a participação coletiva no processo de gestão, ou seja, aspectos importantes em processos comunicacionais.2
Processos efetivos de comunicação, com abordagens claras e concisas, também in uenciam ações de segurança para
o cuidado, não somente para a equipe e o serviço de saúde, mas, principalmente, para o usuário, pois promove a
continuidade e a integralidade da assistência.3
O relacionamento interpessoal entre pro ssionais de saúde e usuários utiliza, então, a comunicação como elemento
básico, permitindo aos envolvidos no processo a compreensão de seus problemas e das propostas para um possível
plano de tratamento.1 O pro ssional que demonstra habilidades em comunicação pode ser mais e caz para lidar com
diversas situações. Assim, comunicar-se é uma habilidade essencial na formação dos pro ssionais da saúde.4
A prática do cuidado de enfermagem se dá na interação entre o pro ssional de enfermagem e o paciente, pois, na
maior parte das vezes, essa prática promove aproximação e necessidade de conhecimento mútuo, de tal modo que,
mesmo que palavras não sejam trocadas, o processo de comunicação se estabelece de alguma forma.
Peplau,5 na teoria das relações interpessoais em enfermagem, enfoca o potencial terapêutico do relacionamento
interpessoal e mostra que, embora o enfermeiro possa administrar medicamentos e auxiliar em outros tratamentos, o
principal modo como ele in uencia o atendimento ao indivíduo é por meio do uso que faz do seu conhecimento e
habilidades a respeito de relacionamento e comunicação, ou seja, por meio da sua atitude relacional. Para que seja
possível contribuir com o indivíduo por meio do relacionamento, é necessário que se desenvolva um sentimento de
con ança e respeito mútuo, resultando no aprendizado e no crescimento de ambos.4
Existem alguns conhecimentos e habilidades que um enfermeiro deve apresentar para que se estabeleça um bom
relacionamento interpessoal: observação, comunicação, aceitação, empatia e disponibilidade para ouvir o que o outro
tem a dizer, além de disposição para ofertar ajuda.6
O comportamento empático, que é a capacidade de se colocar no lugar de alguém e aproximar-se de seus
sentimentos sem ter necessariamente que passar pelo que o outro passa, facilita a sintonia do enfermeiro com as
necessidades do indivíduo, sendo uma característica essencial para que se estabeleça um relacionamento interpessoal
fundamentado no respeito.
Os enfermeiros necessitam de conhecimentos e habilidades em relação aos dois tipos de comunicação, verbal e não
verbal. A comunicação verbal diz respeito à utilização da palavra falada ou escrita, e a comunicação não verbal diz
respeito à utilização de outras formas de comunicação, principalmente gestos, expressões, forma de se vestir,
modulações verbais, que, combinadas à comunicação verbal, acabam por constituir o processo de comunicação.7
O comportamento observável é o resultado da comunicação não verbal, o que comunicamos sem a utilização da
palavra falada, podendo tanto con rmar como não con rmar a comunicação verbal, e também é o principal veículo
de comunicação de sentimentos.
Então, além de habilidades de comunicação, o enfermeiro deve desenvolver habilidades para a observação de
comportamentos, instrumento básico do cuidado que possibilita a aproximação do pro ssional de saúde à
subjetividade e singularidade da pessoa. É importante destacar, ainda, que, assim como os pacientes comunicam não
verbalmente, também o pro ssional de saúde o faz, e este é observado por aqueles durante todo o tempo de
interação ou até quando distantes. Assim, o pro ssional de saúde deve perceber-se, conhecer-se e atentar para o que
possa estar transmitindo de forma não verbal. Tudo isso é importante para que sua comunicação, de forma global,
seja assertiva, efetiva e realmente terapêutica.8
Comunicação terapêutica
O pro ssional de saúde contribui para o desenvolvimento do indivíduo quando utiliza todo o seu conhecimento sobre
comunicação para ajudá-lo a compreender aquilo que lhe é transmitido, perceber-se na situação que vivencia, aceitar
situações que são apresentadas como imutáveis, perceber possibilidades em situações avaliadas como limítrofes,
perceber suas potencialidades e limites na resolução de con itos, buscar uma forma autônoma de viver e viver de
forma a sentir-se realizado.
Segundo Stefanelli e Carvalho,9 a utilização da comunicação conforme descrita é uma competência a ser
desenvolvida pelos pro ssionais de saúde e, assim, denomina-se comunicação terapêutica quando utilizada nos
cenários de atenção em saúde, independentemente do nível de atenção.
O enfermeiro deve ampliar seu conhecimento sobre comunicação e utilizá-lo com propriedade, adequando-o a cada
situação, ou seja, respeitando a singularidade e subjetividade de cada indivíduo e/ou grupo, utilizando-se de
exibilidade e criatividade para a realização do processo de enfermagem. Comunicar-se de forma efetiva é uma
habilidade que deve ser desenvolvida para alcançar as competências relacionais.
A comunicação terapêutica, então, constitui-se de estratégias para promover o processo de comunicação e o
processo relacional. Os termos “técnica” e “estratégia” podem sugerir algo metódico e repetitivo; no entanto, para
que a comunicação se torne terapêutica, é necessário que técnicas e/ou estratégias sejam utilizadas com criatividade,
respeitando o nível de compreensão dos envolvidos no processo.
Para facilitar não somente o aprendizado, como também a utilização da comunicação terapêutica enquanto
estratégia, esta foi dividida em três grupos de técnicas por Stefanelli e Carvalho:9 de expressão, de clari cação e de
validação.
Maldonado e Canella10 discorrem sobre formas bené cas de comunicação e formas típicas de comunicação. A
primeira contempla estratégias que facilitam as relações, e a segunda, mais utilizada, di culta os processos relacionais
e de desenvolvimento pessoal semelhantes à comunicação terapêutica e não terapêutica de Stefanelli e Carvalho.9
São apresentadas, a seguir, as estratégias de comunicação classi cadas como terapêuticas e não terapêuticas,
baseadas nos estudos de Stefanelli e Carvalho,9 Maldonado e Canella.10
As técnicas de expressão são utilizadas para facilitar a expressão de pensamentos e sentimentos dos indivíduos e são
as mais apropriadas para iniciar uma interação. Para o enfermeiro experiente, iniciar uma interação pode não ser um
momento tenso, porém, para aquele em processo de formação ou recentemente formado, o início dessa interação
pode, sim, representar uma situação muito tensa.
Com o conhecimento e utilização das estratégias de expressão, a ansiedade e a tensão podem ser reduzidas nos
primeiros passos de uma relação, contribuindo de forma efetiva para a coleta de dados. As técnicas de expressão
contribuem para que o indivíduo perceba suas necessidades e torne-se mais objetivo e e caz em sua comunicação.
As principais estratégias no que tange à expressão são: usar frases descritivas, permitir ao indivíduo que escolha o
tema, fazer perguntas, ouvir re exivamente, verbalizar aceitação, verbalizar interesse, usar frases com sentido aberto
ou reticente, repetir comentários ou últimas palavras ditas pelo indivíduo, devolver a pergunta feita, colocar em foco a
ideia principal, verbalizar dúvidas, dizer não, estimular a expressão de sentimentos subjacentes e usar
terapeuticamente o humor.
A linguagem clara, com mensagens resumidas e informações precisas, facilita a compreensão; assim, termos
técnicos e pro ssionais devem ser evitados, sendo preferível a utilização de frases descritivas e bem explicadas em
todas as situações. O enfermeiro deve utilizar sua criatividade para ser bem compreendido, comunicando todo o
conteúdo necessário, porém de forma concisa.
A utilização de temas de interesse do indivíduo é uma forma de dar início ao contato; assim, o enfermeiro
também deve utilizar sua criatividade para, ao desenvolver o tema do indivíduo, introduzir os temas de interesse para
a realização da atenção necessária.
Fazer perguntas é uma técnica que estimula o indivíduo a se expressar, já que ele precisará responder aos
questionamentos, devendo ser realizada de forma clara e utilizando palavras e termos conhecidos pelos interlocutores.
O enfermeiro deve esperar o tempo necessário para a compreensão da pergunta e elaboração da resposta pelo
indivíduo, principalmente na presença de pessoas que podem estar lenti cadas por idade já avançada, devido a
sofrimento psíquico ou a outras alterações mentais, ou mesmo pelo uso de medicamentos.
No momento da realização da anamnese de enfermagem, o pro ssional enfermeiro realiza um grande número de
perguntas. Algumas são objetivas, já que necessitam de informações precisas, como idade, local de nascimento,
estado marital, entre outras. Outras, no entanto, devem ser realizadas de forma a propiciar que o indivíduo fale; se
essa for a necessidade, o enfermeiro deve evitar questões que possam ser respondidas com “sim” ou “não”. O início
de questionamentos com “por que” ou “como” deve ser evitado, a não ser na situação em que o enfermeiro já tenha
estabelecido um vínculo de con ança com seu interlocutor e, mesmo assim, deve utilizar as palavras citadas com
critério.
Prevenir o interlocutor sobre a quantidade de perguntas e, dependendo da situação, sobre alguns conteúdos desses
questionamentos, facilita a aceitação para respostas e muitas vezes estimula a colocação de conteúdos. As perguntas
são realizadas para a obtenção de informações, mas também, e principalmente, para ajudar os indivíduos a re etirem
sobre o que ouvem ou dizem.
O enfermeiro deve evitar a realização de perguntas que podem induzir respostas. Isso pode ocorrer de forma
involuntária, mas também pode ser utilizada de forma a induzir o outro a responder aquilo que desejamos ouvir.
Quando questionamos, devemos dar oportunidade ao outro de escolher como quer ou necessita responder àquele
questionamento. Esse cuidado promove a possibilidade de conhecer a real situação do outro; assim, perguntar como o
indivíduo tem passado ou passou a noite é a maneira correta de questionar, e não perguntar se o indivíduo tem
passado bem ou se passou bem a noite, pois, assim, induzimos o indivíduo a responder que passou bem.
A realização de perguntas é fundamental na atenção em saúde, e isso só deve ser feito quando existir aplicação
para os conteúdos a serem revelados. Deve-se, portanto, atentar para a curiosidade do pro ssional, pois esta deve
estar alinhada às necessidades dos indivíduos atendidos.
Para que seja possível a compreensão do que realmente é importante para o indivíduo, o enfermeiro deve lançar
mão do ouvir re exivamente, que é um processo voluntário para o qual se faz necessário atenção. O enfermeiro
deve, então, estar focado no conteúdo transmitido pelo outro para relacionar os pontos de interesse, percebendo o
que é de interesse do outro, mas que não está sendo apresentado. Utilizar, em alguns momentos, expressões como
“continue”, “estou te acompanhando”, entre outras, contribui para que o outro perceba que está sendo
acompanhado e valorizado. O enfermeiro deve ouvir atentamente, ser compreensivo e analisar sem realizar
julgamento valorativo do que está sendo explanado.
Aceitar o outro é uma condição para que este se sinta seguro e pronto para interagir e implica no comportamento
empático do enfermeiro. Aceita-se o indivíduo, e não seu comportamento, e isso deve car claro a ele, pois a
condição de saúde abalada pode suscitar comportamentos inadequados e regredidos. Abordar o indivíduo sobre seu
comportamento, demonstrando preocupação com ele, de forma empática e sem julgamentos, favorece a percepção
de que é aceito e de que o que ele está verbalizando e expressando é valorizado; por esse motivo, o enfermeiro deve
car atento à congruência entre o que é expressado verbalmente e não verbalmente.
O enfermeiro demonstra interesse pelo indivíduo quando o trata pelo nome, reforçando sua importância e
olhando nos olhos dele durante a interação, assim como deve verbalizar a percepção dos esforços do indivíduo e
também de suas mudanças de comportamento com expressão positiva da compreensão do que está sendo expresso.
Ao ter conhecimento das percepções do enfermeiro, o indivíduo sente-se acompanhado e seguro para se expressar e
mais envolvido em seu processo de tratamento.
Usar frases com sentido aberto ou reticentes e repetir comentários são importantes para que o indivíduo possa
ser mantido no tema de interesse para seu cuidado; além disso, também contribui para que o indivíduo volte a falar
no caso de ter interrompido o diálogo. O enfermeiro utiliza a estratégia, repetindo informações dadas pelo indivíduo,
acrescentando entonação da voz, sugerindo que complete a frase iniciada pelo enfermeiro. Nesse caso, o indivíduo
sente-se aceito e compreendido e pode re etir sobre seus conteúdos, pois estes são utilizados pelo enfermeiro. Como
neste exemplo: “O Sr. vinha referindo que a orientação sobre seu curativo foi...”.
Outra forma de manter o indivíduo no tema de interesse e também de demonstrar a ele que o que pensa é o que
realmente importa é a devolução da pergunta realizada por ele. A técnica deve ser utilizada, principalmente,
quando o indivíduo solicita ao enfermeiro sugestões sobre quais decisões deve tomar. Quando o enfermeiro devolve a
questão de forma respeitosa, reforça ser esse o foco da interação e estimula sua autoestima e sensação de con ança.
As oportunidades de responder algumas questões realizadas pelos indivíduos devem ser consideradas pelos
pro ssionais de saúde com a nalidade de aproximar o indivíduo e fortalecer vínculos.
Os temas que preocupam o indivíduo nem sempre são apresentados de forma clara; assim, o enfermeiro deve ouvir
re exivamente para identi car o que realmente preocupa o indivíduo que apresenta di culdade ou sente-se
envergonhado para comunicar. Em geral, os temas de interesse se repetem, são iniciados e não desenvolvidos. O
enfermeiro pode realizar perguntas relacionadas à ideia principal percebida, de forma discreta, oportunizando ao
indivíduo o desenvolvimento do tema. Outra possibilidade é a verbalização de dúvidas.
Outro aspecto que pode ser observado no momento em que o enfermeiro busca a ideia principal são os
sentimentos apresentados pelo indivíduo, porém não percebidos por ele; assim, o enfermeiro pode contribuir,
relatando a ele, de forma discreta e cuidadosa, sobre sua percepção e pode solicitar, também, a sua con rmação.
Ressalta-se que o estímulo à expressão de sentimentos subjacentes ocorre na medida em que o enfermeiro já
tenha desenvolvido um vínculo com o indivíduo e o conhece, além de seu comportamento, atitudes e crenças.
Para que o enfermeiro utilize de forma terapêutica o humor, ele também deve ter um conhecimento mais
aprofundado do indivíduo e utilizar o humor no advento de temas gerais e não pessoais. A aproximação entre
enfermeiro e indivíduo é necessária para que ambos tenham compreensão de que observações utilizando o humor são
para descontração e relaxamento, para a quebra de tensão, não devendo nunca ser interpretadas como situações de
desrespeito.
Cabe lembrar que manter-se em silêncio ou falar de forma ininterrupta podem ser sinais de ansiedade e medo, e
falar sobre essa sensação e esse sentimento contribui para reduzir o nível de ansiedade e facilita processos
comunicacionais e o foco nos temas de interesse.
As mensagens devem ser compreendidas pelos envolvidos no processo de comunicação, assim a linguagem deve ser
comum, portanto, clara.
São técnicas de comunicação de clari cação: estimular comparações, solicitar o esclarecimento de termos incomuns
ou desconhecidos, solicitar que sejam identi cados o sujeito da ação e descrever eventos em sequência lógica.
Na interação não é incomum a não compreensão de algumas situações apresentadas pelo indivíduo, visto que o
relato é sempre imbuído de emoção e afeto já vivenciados, e, nesses casos, a explanação descritiva pode não ocorrer.
Assim, é necessário que o enfermeiro, algumas vezes, realize comparações para que sejam con rmadas pelo
indivíduo, como no caso de comparar a intensidade da dor com outra situação de dor vivenciada e conhecida pelo
enfermeiro. Comparar uma situação de dor com situação anterior pode tornar o pro ssional de saúde informado
sobre como o indivíduo percebe a situação atual e com que intensidade.
A solicitação de esclarecimento de termos incomuns deve ser muito explorada, principalmente quando estão
envolvidas diferenças sociais, culturais ou mesmo de idioma. Como exemplo, temos uma situação em que o
enfermeiro, ao entrar em uma enfermaria onde esperava encontrar dois pacientes, mas encontrou apenas um,
indagou àquele que se encontrava no leito sobre o paradeiro do outro, ao que foi respondido “foi viajar”. O
enfermeiro preocupou-se com a possibilidade de evasão do paciente quando este adentrou ao quarto. Ocorre que “ir
viajar” era a forma do informante dizer que alguém tinha ido ao banheiro evacuar! Destaca-se, com isso, a
necessidade de tornar clara a comunicação antes de qualquer reação.
Utilizar termos como “eles” e “todos” são comuns nos relatos dos indivíduos, assim como ouvir: “Eles entram aqui
e fazem isto...”. Quem são eles? Essa é a indagação que não deve ser negligenciada pelo enfermeiro. Quando se
identi ca o sujeito da ação, tornam-se conhecidos não somente os fatos, mas também os envolvidos. Além disso,
deve-se procurar saber a ordem cronológica dos fatos ocorridos; ou seja, solicitar ao indivíduo que narre as situações
de interesse conforme o ocorrido – primeiro, o que deu início à situação e, após, o que ocorreu em sua sequência, e
assim por diante, pois isso proporciona a compreensão do desenvolvimento da ocorrência, como também de
possibilidades de intervenção.
As mensagens transmitidas pelos indivíduos devem ser não somente clari cadas, mas também validadas por eles, e
isso permite ao enfermeiro evitar avaliações baseadas em sua vivência e impressões pessoais, o que seria um
julgamento de valor. Na verdade, quando validamos uma mensagem, estamos consultando o indivíduo sobre se a
nossa compreensão está de acordo com o conteúdo que ele quis transmitir.
Uma forma de validar seria repetir, com a utilização de palavras e termos próprios, a mensagem do indivíduo, o
que oportunizará a ele ouvir seu conteúdo e re etir sobre ele, além de perceber informações que necessitem ser
acrescentadas ou, caso necessário, corrigidas. O enfermeiro pode referir ao indivíduo que vai repetir a mensagem da
maneira que foi entendida e solicitar que ele faça correções de sua explanação quando julgar necessário.
Pedir ao indivíduo que repita o que foi dito também contribui para validar, já que ele pode manter ou modi car o
que foi dito. O enfermeiro deve ter o cuidado de não deixar dúvidas quanto à sua intenção, que é a de que todo o
conteúdo que claro e conhecido, não deixando margens para que o indivíduo ache que a solicitação se deve ao fato
de o pro ssional não acreditar nele. Assim, devem e podem ser utilizadas expressões como “não foi possível para mim
compreender a sequência do que ocorreu...” ou “tenho dúvidas sobre se o que entendi é exatamente o que o Sr. quis
me dizer...”. Essas observações preparam o indivíduo para repetir a mensagem, além de demonstrarem respeito e
envolvimento do pro ssional que o atende.
Outra estratégia seria resumir o conteúdo expresso pelo indivíduo, destacando os aspectos enfatizados por ele e
percebidos pelo enfermeiro como os mais relevantes. A observação da comunicação não verbal do indivíduo, que
demonstra a relevância temática, e o ouvir re exivamente permitem ao enfermeiro a realização desse resumo com
destaque aos aspectos relevantes e contribuem para o processo de avaliação crítica do pro ssional.
Todas oportunidades de interação com um indivíduo, seja na execução de um cuidado ou procedimento ou mesmo
em consulta, devem ser compreendidas e utilizadas como oportunidades de comunicação, com o objetivo de
proporcionar instrumentos para o autogerenciamento, independência e, principalmente, autonomia. A cada interação,
o indivíduo deve tornar-se mais fortalecido para apropriar-se de seus cuidados, para melhora ou manutenção de seu
nível de saúde.
Podemos nos referir a este tema como aquele que se apresenta contrário ao que foi explanado como terapêutico.
Quando não proporcionamos ao outro a possibilidade de expressar-se, estamos atuando de forma não terapêutica.
Pro ssionais inseguros e não envolvidos com as reais necessidades do outro, ou que estão mais preocupados com
cumprimento de rotinas e horários, em geral se utilizam muito de comunicação não terapêutica, como veremos a
seguir.
Não saber ouvir, comunicar-se unidirecionalmente, dar conselhos e persuadir, usar termos técnicos, utilizar-se de
falso apoio ou tranquilização, julgar o comportamento, induzir respostas, manter-se na defensiva, pôr o paciente à
prova, mudar de tema subitamente e ignorar o problema do indivíduo, dar ordens, ameaçar, dar lições de moral,
utilizar mensagens contraditórias – todas são formas não terapêuticas de comunicação.
Inicialmente, não estar disponível para ouvir ou não saber ouvir torna-se não terapêutico, con gurando-se
inclusive como uma barreira para a comunicação, já que, dessa forma, di culta-se a compreensão dos conteúdos
relevantes comunicados, além de não proporcionar atenção à comunicação não verbal. Algumas situações podem
di cultar o ato de ouvir re exivamente, como o estado de tensão e ansiedade do pro ssional, além de cansaço e
fadiga; tais situações devem ser identi cadas pelo pro ssional para minimizar os efeitos de sua di culdade de
concentrar-se no que está sendo comunicado.
Alguns pro ssionais se comunicam unidirecionalmente, ou seja, somente eles falam, não sabem ouvir e, quando
o fazem, negligenciam o que ouviram. Isso pode levar o indivíduo a sentir-se desprestigiado e desvalorizado e a ter
como desfecho uma atitude de passividade e falta de comprometimento no seu processo de saúde.
O enfermeiro precisa avaliar o indivíduo, e não dar conselhos, pois estes são baseados em interpretações próprias e
não na consideração das variáveis da situação. Essa conduta pode sugerir ao indivíduo que ele é incapaz de cuidar-se,
o que pode retardar seu processo de desenvolvimento pessoal, já que todo o processo de cuidado deve ser utilizado
como oportunidade de educar e desenvolver. Oferecer-se para examinar a situação juntamente com o indivíduo
mostra que ambos são corresponsáveis. Essa postura mostra interesse do pro ssional de apresentar-se como um
colaborador, e não como alguém que quer convencer o indivíduo a realizar aquilo que ele próprio (o pro ssional) julga
ser o melhor. Persuadir o indivíduo, então, não é terapêutico.
A utilização de terminologia técnica demonstra o quanto o pro ssional tem di culdade de expressar-se e de
sintonizar-se com o indivíduo. É necessário observar as capacidades racionais e emocionais dos indivíduos antes de se
optar por utilizar terminologia técnica. Além disso, essa atitude demonstra um desrespeito do pro ssional diante das
necessidades do outro. A compreensão deve ser a meta de toda interação.
Também é desrespeitosa a utilização de frases feitas como “não se preocupe, vocês ainda são jovens...” ou
“amanhã vai ser outro dia...”. A utilização do falso apoio ou tranquilização mostra a di culdade do pro ssional de
ouvir e entender as preocupações do outro e serve mais para reduzir a ansiedade do pro ssional do que a do
indivíduo que precisa de ajuda. Essa atitude pode estar vinculada à necessidade do pro ssional de ter resposta para
tudo, de forma onipotente; além disso, di culta que o indivíduo continue a explanação de medos, preocupações ou
tristeza. A utilização do falso apoio acaba, na verdade, por poupar o pro ssional. Não tomar conhecimento sobre um
problema ou reprimir a expressão de sentimentos sobre esse problema pode di cultar a formação do vínculo. O
ideal seria que o pro ssional se fortalecesse para poder compartilhar as preocupações do outro.
Utilizar adjetivos para quali car comportamentos, decisões ou a fala de alguém implica previamente ter realizado
um julgamento, fundamentado em valores e crenças próprias, caracterizando o julgamento de valor anteriormente
citado. Essa situação acaba por retirar da pessoa julgada a responsabilidade e a oportunidade de aprendizado com
suas experiências, pois ela passa a basear-se na avaliação de terceiros, eximindo-se, assim, das consequências – isso se
assemelha ao uso de conselhos. Outra consequência do julgamento de valor realizado pelo enfermeiro é o indivíduo
sentir-se menos capaz e ter rebaixada sua autoestima, já que o julgamento pode ser compreendido como uma crítica,
promovendo ressentimento e di culdade de vínculo. Não deixa de ser uma forma agressiva de comunicação por parte
de um pro ssional de saúde. O indivíduo pode compreender o comportamento do enfermeiro como arrogância.
Ajudar o indivíduo a perceber a forma como se comporta e que consequências isso trará para sua realidade será mais
educativo e proporcionará estímulo à participação.
Outra questão importante é o cuidado na realização de perguntas, como já apresentado, pois reforça-se que a
indução de respostas é uma forma não terapêutica de comunicação, mesmo quando realizada de forma
inconsciente.
Os indivíduos também tecem julgamentos a respeito do trabalho dos pro ssionais de saúde. O enfermeiro deve
estar preparado para receber críticas e aproveitar essas situações para re etir sobre a forma como tem atuado.
Comportamentos reativos com agressividade ou sarcasmo por parte do enfermeiro são inadequados. Espera-se que
o pro ssional preparado não reaja a uma situação, mas re ita e aproveite para compreender os motivos que levam
aquele indivíduo a criticá-lo, o que pode, inclusive, contribuir para o aprendizado do outro para que também passe a
se comportar da mesma forma na presença de uma crítica.
Situações que preocupam as pessoas podem ser expressas de forma a chamar a atenção daqueles que julgamos
capazes de nos ajudar, e o uso de situações não verdadeiras são muito comuns nesses casos. Quando o enfermeiro
percebe a utilização desse artifício, deve investigar o nível de preocupação do indivíduo, e não denunciar ou criticar a
utilização do subterfúgio da não verdade, com tom de reprovação. Isso se caracterizaria num confronto e
colocaríamos o indivíduo à prova nessa situação, o que não o ajudaria a re etir sobre ou expressar suas
di culdades. Assim, quando o indivíduo referir que determinado procedimento não foi realizado, quando na verdade
o foi, questionar o indivíduo sobre sua preocupação a respeito promove a relação e proporciona espaço para que
situações preocupantes sejam reveladas e possam ser discutidas.
Mudar bruscamente de assunto é uma forma de dizer ao outro que não queremos conversar sobre determinado
tema. Os motivos que levam a isso são inúmeros, no entanto, quando o enfermeiro ou o pro ssional de saúde assim
procede, pode dar a entender ao indivíduo que o pro ssional não está atento às suas necessidades e que, de certa
forma, ignora o problema do indivíduo. Nesse caso, saber lidar com determinadas situações com franqueza e
honestidade é mais saudável para os envolvidos. Quando não se sentir preparado para discutir sobre determinado
tema ou fornecer determinada orientação, o pro ssional pode referir ao indivíduo que, em respeito à sua necessidade,
buscará aprofundar o conhecimento sobre a orientação solicitada e lhe retornará, ou, se não for de sua alçada
fornecer determinada informação, estimulará o indivíduo a buscar informação com outro pro ssional – por exemplo,
comunicar um diagnóstico de doença que cabe ao médico.
É importante que se destaque que o enfermeiro realiza indicações terapêuticas, e não dá ordens. É possível sugerir
algo em vez de exigir que seja realizado – é uma forma diferente de expressar a mesma orientação. Também o
enfermeiro pode se utilizar de orientações e exposição de situações/fatos e suas consequências, não com o intuito de
amedrontar o outro, o que seria uma ameaça, mas com o intuito de torná-lo consciente das consequências de suas
escolhas. Assim, dar ordens ou ameaçar nunca é terapêutico e pode, simplesmente, afastar o indivíduo de
comportamentos mais adequados e esperados.
Por último e não menos importante, muito pelo contrário, pois obriga atenção à observação da congruência entre
comunicação verbal e não verbal, são as mensagens contraditórias. Quando lidamos com indivíduos internados ou
que realizam atendimento por um número grande de especialistas, a presença da mensagem contraditória é quase um
fato, e não deveria ser. A equipe de saúde deve estar atenta a essa situação. Aquilo que for transmitido ao indivíduo
deve ser socializado para a equipe de saúde como um todo para que não sejam geradas situações de ansiedade,
insegurança e confusão para indivíduos e pro ssionais. Não é incomum o indivíduo ter orientações realizadas por um
pro ssional e desquali cadas por outro. Os pro ssionais devem compreender que não estão em uma competição, e
sim que suas ações devem funcionar de forma sinérgica para a melhora da condição de determinado indivíduo. Assim,
se existe a percepção de que algo pode ser melhorado, isso deve ser incorporado ao conteúdo já assimilado pelo
indivíduo. Se a situação necessita ser totalmente modi cada, e isso pode ocorrer, a forma de se expressar do
pro ssional será determinante para que o indivíduo mantenha a con ança na equipe e empenho em seu tratamento.
Como exemplo, o enfermeiro, ao assumir uma expressão de surpresa e tristeza ao veri car o resultado de um exame e
depois dizer ao indivíduo que está tudo bem, é contraditório e gera confusão. Pro ssionais devem estar preparados
para utilizarem de honestidade e autenticidade, tendo como limite o respeito ao outro.
Dado o que foi explanado aqui, entende-se que as habilidades de comunicação terapêutica facilitam os processos
relacionais, devendo, assim, ser utilizadas pelo enfermeiro nos contextos de sua vida pro ssional nas relações pessoais
que se estabelecem com a equipe de saúde, entre colegas de trabalho e, principalmente, como técnica que facilita o
relacionamento interpessoal com indivíduos que necessitam de ajuda por apresentarem fragilidades que ocorrem no
processo da vida, principalmente no processo de adoecimento.
Exercícios (clique aqui para ver as respostas no nal do livro)
1. A comunicação terapêutica é composta por estratégias para promover o processo de comunicação e relacional entre enfermeiro e
indivíduo/usuário. Assinale a alternativa correta quanto às técnicas de comunicação terapêutica:
a. A técnica de comunicação de expressão é utilizada para facilitar a expressão de pensamentos e sentimentos entre enfermeiro e
indivíduo.
b. As mensagens não devem ser compreendidas pelo enfermeiro no processo de comunicação, e não há necessidade de clareza no
processo.
c. O enfermeiro na técnica de comunicação de clari cação não deve utilizar comparações ou solicitar o esclarecimento de termos
incomuns.
d. O enfermeiro na técnica de comunicação de validação deve realizar avaliações baseadas em sua vivência e impressões pessoais.
2. Assinale a alternativa incorreta em relação à comunicação terapêutica na enfermagem:
a. O enfermeiro não estar disponível para ouvir ou não saber ouvir cria uma barreira para a comunicação.
b. O enfermeiro que se comunica de forma unidirecional – onde somente ele fala – negligencia a comunicação e compromete o
processo de saúde.
c. O enfermeiro necessita avaliar o indivíduo/usuário e lhe dar conselhos, pois estes são baseados em interpretações próprias.
d. O enfermeiro que utiliza terminologia técnica demonstra ter di culdade de se expressar e sintonizar com o indivíduo.
Referências
1. Silva MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 10. ed. São Paulo: Loyola; 2015.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: Documento
base para gestores e trabalhadores do SUS. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o programa
nacional de segurança do paciente. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
4. Munari DB, Bezerra ALQ. Inclusão da competência interpessoal na formação do enfermeiro como gestor. Rev Bras Enferm. 2004;57(4):484-6.
5. Peplau HE. Interpersonal relations in nursing. New York: G.P. Putnam’s Sons; 1952.
6. Santos FQ, Sawicki WC. Paciente ambulatorial psiquiátrico. In: Barbosa DA, Vianna LAC. Enfermagem ambulatorial e hospitalar. São Paulo:
Manole; 2010.
7. Martins BM, Araújo TCCF. Comunicação no contexto de reabilitação: o encontro entre enfermeiro e paciente. Psicol Argum. 2008;26(53):109-16.
8. Sequeira C. Comunicação terapêutica em saúde mental. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. 2014;(12):6-8.
9. Stefanelli MC, Carvalho EC. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. 2 ed. São Paulo: Manole; 2012.
10. Maldonado MT, Canella P. Recursos de relacionamento para pro ssionais de saúde: a boa comunicação com clientes e seus familiares em
consultórios, ambulatórios e hospitais. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso; 2009.
Segurança do paciente 5
Andréia Cascaes Cruz
Cintia Monteiro Lustosa
Sheilla Siedler Tavares
Mavilde L. G. Pedreira
A segurança do paciente constitui umas das mais atuais e desa antes áreas de intervenção em sistemas de saúde.
Diz respeito ao estudo das interações que ocorrem no sistema de saúde e que podem resultar em erros e eventos
adversos. A segurança do paciente tem sido considerada prioridade nas políticas públicas de países desenvolvidos. No
Brasil, destaca-se a implantação do Programa Nacional de Segurança do Paciente pelo Ministério da Saúde em 2013,
que considera necessário “desenvolver estratégias, produtos e ações direcionadas aos gestores, pro ssionais e
usuários da saúde sobre segurança do paciente, que possibilitem a promoção da mitigação da ocorrência de evento
adverso na atenção à saúde”.1
O estudo do erro humano pressupõe que as medidas de promoção de mudanças contínuas para a criação de
barreiras direcionadas à sua prevenção têm como fundamento uma visão sistêmica, ou seja, são as alterações ou o
redesenho do sistema que proporcionam condições para que seres humanos desempenhem sua capacidade cognitiva
e pessoal de modo pleno, de modo a alcançarem os melhores resultados possíveis. Esse é um processo contínuo e
dinâmico, que resulta em avanços e evolução dos sistemas para a busca contínua de qualidade.
Para James Reason,2 os erros humanos devem ser entendidos como não intencionais. Podem ser caracterizados
como erros de planejamento (a ação é executada corretamente, mas o plano é errado) ou de ação (o plano é correto,
mas a ação é executada de modo errado). Diferem diametralmente das violações, atos conscientes de mudança de
uma norma, regra ou processo.
Destaca-se que o termo segurança do paciente é empregado mundialmente para designar ações que visam
propriamente alcançar segurança na saúde, termo considerado mais apropriado por aproximar-se mais da
terminologia empregada em outras atividades humanas, como segurança na aviação, segurança industrial, entre
outras. Implica não apenas a promoção da segurança em usuários do sistema de saúde que estejam em hospitais e
clínicas, mas também em serviços de ambulatório, domiciliar, postos de saúde, entre outros ambientes de atenção à
saúde.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Aliança Global para a Segurança do Paciente, estima-se que 1 em
cada 10 usuários do sistema de saúde poderá ser vítima de erros e eventos adversos evitáveis. A Aliança tem difundido
diretrizes e campanhas com vistas à adoção de medidas para a promoção da segurança do paciente, destacando-se:
“Cuidado limpo é cuidado mais seguro”, “Cirurgias seguras salvam vidas”, “Segurança na medicação”, entre outras.3
Para promoção da qualidade e segurança no sistema de saúde, as mudanças no sistema devem ser acompanhadas
de mudanças de comportamento. A cultura de segurança para melhoria de qualidade contínua tem como
fundamento que a assistência à saúde deve ser: equânime (sem barreiras), pontual (na hora certa), efetiva (realizada
da maneira certa), e ciente (realizada na primeira vez), centrada no paciente e na família (participação do paciente e
da família) e segura (assumindo que a atividade é de risco).4
Vincent e Amalberti5 destacam que, para a promoção de segurança do paciente, estratégias devem ser implantadas
no “mundo real”, ou seja, faz-se necessário que cada sistema analise suas ações e desenhe mudanças, direcionando
esforços para se melhorar a prática clínica, os processos e o sistema, implementando constante análise e intervenção
para o controle de risco, com a melhor capacidade de monitorar, adaptar e responder à ocorrência de eventos
adversos, a m de mitigar sua ocorrência.
A segurança do paciente é um tema amplo e um problema que se coloca em contextos nos quais múltiplos atores,
políticas, organizações, indivíduos e grupos afetam o sistema, sendo difícil assegurar um único fator como responsável
pelos efeitos ocasionados.6
Nesse contexto, a enfermagem destaca-se em todo o mundo como a pro ssão capaz de alterar resultados e
efetivamente promover ações que resultem na segurança do paciente. O enfermeiro é o agente de interligação entre
o sistema de saúde e o paciente ou usuário, possui a formação necessária e é o único membro da equipe
interdisciplinar em posição de promover a segurança na saúde.7
A seguir, destacam-se alguns aspectos considerados como relevantes na promoção de segurança do paciente que
recebe cuidados de enfermagem.
1. Dignidade e respeito: pro ssionais de saúde devem ouvir e honrar as perspectivas e escolhas dos pacientes e
famílias, cujos conhecimentos, valores, crenças e contextos culturais devem ser incorporados ao planejamento e à
prestação de cuidados.
2. Partilha de informações: pro ssionais de saúde devem comunicar e compartilhar informações completas e
imparciais com os pacientes e familiares, de modo que elas sejam a rmativas e úteis. Para participarem
efetivamente do cuidado e das tomadas de decisão, os pacientes e familares devem receber informações oportunas,
completas e verdadeiras.
3. Participação: pacientes e familiares devem ser apoiados e encorajados a participar do cuidado e dos processos de
tomada de decisão no nível que escolherem.
4. Colaboração: pacientes e familiares devem ser incluídos em uma base institucional ampla. Líderes das instituições de
saúde, pro ssionais, pacientes e famílias devem trabalhar juntos no desenvolvimento, implementação e avaliação de
políticas e programas, no planejamento das instalações de cuidado em saúde e na educação pro ssional, bem como
na prestação de cuidados ao paciente.
Enfermeiros encontram-se em uma posição privilegiada para praticar os princípios do CCPF, pois são os pro ssionais
que detêm maior proximidade física e relacional com pacientes e famílias nos diferentes contextos de cuidado em
saúde. Do mesmo modo, como a rma Pedreira,7 a enfermagem encontra-se em posição singular para promover a
segurança do paciente, uma vez que se con gura como elemento de conexão entre o sistema de saúde e o paciente.
i. Ensinar e incentivar habilidades de comunicação e caz, tanto para os pacientes e famílias quanto para os
pro ssionais de saúde.
• Um sistema e caz só pode funcionar por meio de uma comunicação aberta entre os pro ssionais de saúde e
deles com a sua liderança.
• Aos pacientes e famílias deve ser ensinado como comunicar de forma e caz suas preocupações, e eles devem ser
incentivados a partilhar toda a informação com os pro ssionais.
ii. Envolver a liderança da instituição na promoção e na capacitação de pro ssionais sobre a comunicação aberta no
que tange a erros.
• Habilidades de comunicação e cazes são importantes antes de um erro, sendo também essenciais diante da
ocorrência dele.
• Os pro ssionais devem comunicar-se abertamente com os pacientes e famílias, fornecendo informações
completas sobre todas as circunstâncias envolvidas em um erro, pedir desculpas, se for apropriado, e discutir de
que forma a instituição resolverá o problema para evitar erros semelhantes no futuro.
iii.Empoderar representantes dos pacientes e famílias nos ambientes hospitalares para efetivamente defenderem e
facilitarem a comunicação com pacientes e famílias durante e após a ocorrência de um erro.
• Os representantes devem ser treinados em questões relacionadas à segurança do paciente e ao erro médico e
suas funções devem ser abertamente comunicadas para os pacientes e suas famílias.
• Os representantes dos pacientes são facilitadores do processo relacional, não devendo substituir ou eximir os
pro ssionais de saúde de realizarem uma comunicação e caz e estabelecerem parcerias com pacientes e famílias.
iv.Estabelecer conselhos consultivos de pacientes e famílias.
• Cada instituição deve tentar assegurar que a perspectiva do paciente e da família esteja representada em todos
os aspectos da prestação de cuidados por meio dos conselhos. Esses conselhos consultivos devem ter participação
junto às altas lideranças dos hospitais, para efetivamente integrar a expertise dos pacientes, famílias e
pro ssionais de saúde em uma cultura de segurança.
No que diz respeito ao envolvimento dos consumidores em questões relacionadas à segurança, a campanha Speak
UpTM, lançada em 2001 pela Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO),15 elucida ações
que devem ser realizadas pelos pacientes e famílias para fomentar e concretizar sua participação em questões
relacionadas à segurança do paciente:
Ocorre que a maior parte dos pacientes não conhece seus direitos e os que conhecem, muitas vezes, não são
compreendidos pelos pro ssionais da saúde quando tentam reivindicá-los. Parte dos pro ssionais da saúde reage mal
a indagações dos pacientes e famílias sobre qual o tipo de medicamento está sendo administrado. Além disso, raros
são os estabelecimentos de saúde que preparam seus pro ssionais para informar pacientes e famílias que um erro foi
cometido.15
Os esforços empreendidos não têm sido su cientes para avançar nos resultados acerca da segurança do paciente.
“Como outras indústrias aprenderam, a segurança não depende apenas de medição, práticas e regras, nem depende de
quaisquer métodos especí cos de melhoria; depende de alcançar uma cultura de con ança, comunicação, transparência e
disciplina. Para as organizações de saúde, em todos os países, isso exige grande mudança de cultura”.16
Essa cultura deve ser aberta, transparente, solidária e comprometida com a aprendizagem; onde os médicos,
enfermeiros e todos os pro ssionais de saúde tratem uns aos outros e seus pacientes e famílias com competência e
respeito; onde o interesse do paciente seja sempre primordial; e onde os pacientes e as famílias estejam plenamente
envolvidos nos seus cuidados.16
Os serviços de saúde não devem ser organizados sem levar em consideração que os pro ssionais podem errar. Errar
é humano. Cabe ao sistema criar mecanismos para evitar que o erro atinja o paciente.17 Assim, o CCPF vem sendo
destacado como uma estratégia imprescindível, que precisa ser cada vez mais reconhecida e incorporada pelos
serviços de saúde para promover a qualidade e a segurança do paciente, em todas as especialidades e nos diferentes
níveis de assistência.
A percepção dos pro ssionais de que eles sabem o que é melhor para o paciente e família tem que ser substituída
por uma visão de que nenhuma decisão ou ação sobre o paciente e família pode ser tomada ou realizada sem a
participação deles. Isso inclui a tomada de decisão compartilhada, a participação ativa dos pacientes e famílias nas
discussões clínicas e passagens de plantão à beira do leito e remoção de limites sobre horários de visitas das famílias.
Família não é visita, família é parceira.
O enfermeiro exerce função essencial na garantia da segurança do paciente, uma vez que realiza a gestão de toda
equipe de enfermagem, presta assistência direta e permanente ao paciente e à família e possui competência para
solucionar problemas, promovendo, assim, instituições mais seguras e efetivas.
Os eventos adversos ocorrem, sobretudo, em razão da complexidade do sistema de saúde e não estão
exclusivamente relacionados à competência dos pro ssionais envolvidos no cuidado.18
Entre os principais fatores correlacionados com a assistência segura, podem ser citados: maior número de
enfermeiros envolvidos na assistência direta aos pacientes, melhor quali cação pro ssional, menor nível de estresse e
fadiga dos enfermeiros, desenvolvimento de uma cultura de segurança, comunicação efetiva, ambiente ergonômico
adequado, processos educativos contínuos, padronização dos processos e procedimentos e a promoção de cuidados
baseados em evidências cientí cas capazes de modi car os fatores que predispõem a erros.
Assim, é fundamental identi car os erros e as causas que propiciam a ocorrência de eventos adversos por meio da
análise da causa raiz (p. ex., Failure Mode and Effect Analysis [FMEA], Plan/Do/Check/Act [PDCA], Diagrama de
Ishikawa). A partir dessa identi cação, os gestores e as equipes de enfermagem podem elaborar estratégias de
prevenção e intervenções e cazes que promovam a segurança do paciente.
Tabela 5.1 Fatores que contribuem para a ocorrência de conexões errôneas de cateteres e sondas e ações preventivas
Fatores contribuintes Ações preventivas
Semelhança e compatibilidade entre conectores. Padronizar conectores com design diferente para cada tipo de infusão, priorizando
dispositivos que previnam conexões incorretas (ISO 80369-1).
Grande número de dispositivos inseridos no paciente. Identi car diferentes tipos de sistema de infusão com cores distintas.
Utilização de equipos extensores endovenosos para outras Evitar a utilização de injetores laterais e veri car todos os dispositivos, desde a inserção
vias. até a conexão, em todas as manipulações.
Utilização de uma mesma bomba de infusão para Utilizar bombas de infusão especí cas para cada m e padronizar equipos de cor azul
administração de soluções endovenosas e enterais. para infusão de dietas enterais.
Risco desconhecido da possível ocorrência de conexões Orientar os pacientes e familiares a não manusear os dispositivos e capacitar os
incorretas. pro ssionais continuamente.
Quantidade de tarefas, distração, interrupções, fadiga, Assegurar condições físicas e laborais adequadas.
pouca luminosidade e outros.
Destaca-se que, em muitos países, tornou-se lei o uso de diferentes tecnologias e materiais para a administração de
medicamentos por via parenteral e enteral, impedindo a administração de dietas por via parenteral, erro comumente
vivenciado em todo o mundo e com consequências desastrosas. Nesses países, as taxas desse tipo de erro tenderam a
zero, pois a tecnologia em saúde deve levar em consideração o fator humano, desenvolvendo-se de modo a garantir a
segurança do paciente. Esperamos que, em breve, no Brasil, tenhamos implementado tal política, que culminará na
salvação de centenas de vidas.
Conceitos, incidência, fatores de risco, tipos e estratégias para redução dos erros
A terapia medicamentosa tem sido amplamente discutida no âmbito da segurança do paciente com foco
multidisciplinar e sistêmico, visando prestar uma assistência livre de danos ao enfermo. Medicação é o ato de preparar
e administrar o fármaco; é, portanto, a “fatia” do processo do sistema de medicação na qual a equipe de
enfermagem se faz presente, com uma das suas principais funções: a administração de medicamentos, exigindo dos
pro ssionais responsabilidade, conhecimentos e habilidades, fatores que garantem a segurança do paciente.26
Como equipe multidisciplinar, os pro ssionais envolvidos no processo de medicação na prática clínica geralmente
são os mesmos envolvidos no processo de prescrição, distribuição, dispensação, transcrição, administração da
prescrição e monitoração nos serviços de saúde. No Brasil, médicos, enfermeiros e equipes de enfermagem convivem
com uma realidade onde a execução da prescrição de medicamentos é feita por auxiliares e técnicos de enfermagem,
farmacêuticos e, por vezes, nutricionistas focalizados nas interações fármacos-nutrientes.
Por de nição, erro de medicação é qualquer erro que ocorra durante o processo de uso do medicamento, podendo
ou não gerar agravos ao paciente. Abrange aspectos sistêmicos, referentes à fabricação, apresentação, rotulagem,
embalagem, prescrição, dispensação, preparo, administração, monitoração da e cácia e adesão do paciente ao
tratamento, entre outros.27
Os erros de medicação causam 1 a cada 131 mortes de pacientes ambulatoriais e 1 a cada 854 mortes de pacientes
internados, sendo que a taxa de erros, em pacientes hospitalizados, varia de 4,8 a 5,3%; desses, somente 0,9% levam
a danos. Entre os medicamentos mais associados a erros, estão as insulinas, os analgésicos opioides, os
anticoagulantes, os antimicrobianos, os anti-histamínicos e os medicamentos para resfriados. Como fator de risco, são
apontados os pacientes com funções renais e hepáticas comprometidas, considerando o dé cit cognitivo, as
comorbidades e a polimedicação.28
Embora existam estudos distintos sobre a temática, os mesmos são frágeis quanto aos desfechos. Nenhuma das
obras consultadas para a produção deste capítulo aponta a extensão dos danos causados pelos erros de medicação.
A Tabela 5.2 mostra os tipos de erros, com exemplos de estratégias de melhoria para minimizá-los.
Erros de preparo e erros de administração: ■ Reestruturar o sistema de medicação (gestores da instituição): com adequados
■ Diluição e administração de medicamentos29 recursos humanos, quanto ao ambiente de trabalho e acesso a informações
■ Fármaco administrado de forma errada30 cientí cas
■ Desinfecção inapropriada de frascos e ampolas de ■ Ter a presença do farmacêutico clínico
medicamentos e não higienização das mãos antes do ■ Ter protocolos de diluição atualizados
preparo de antimicrobianos31 ■ Ter acesso à internet29
■ Via de administração de medicamentos errada, hora errada, ■ Evitar siglas e abreviaturas
velocidade errada, preparo errado, técnica errada, ■ Evitar prescrição verbal30
concentração errada32 ■ Alterar a organização dos serviços de saúde com vistas à segurança do paciente
■ Preparo muito precoce dos medicamentos, ■ Ter informações sobre as ocorrências dos eventos adversos relacionados aos
acondicionamento inapropriado, interrupções durante o fármacos em cada unidade de saúde31
preparo33
Não adesão do paciente e/ou família29-34 ■ Estabelecer meios e cazes de comunicação entre a equipe multipro ssional e
entre os componentes da equipe, paciente e família
■ Orientar paciente e família quanto à terapia medicamentosa29-34
Uso não racional dos ■ Praticar a prescrição estratégica e discussão colaborativa com equipe e família
medicamentos ■ Manter maior vigilância em relação a efeitos adversos
■ Utilizar novos fármacos e novas indicações com cautela
■ Estabelecer com os pacientes uma agenda compartilhada mais deliberativa
■ Considerar efeitos de longo prazo
Reações adversas a medicamentos ■ Identi car grupos de risco para RAM da sua unidade
(RAM) ■ Noti car as possíveis RAM
■ Treinar a equipe de enfermagem quanto a RAM
■ Conhecer e manejar RAM adequadamente
■ Conhecer os grupos farmacológicos que mais causam RAM
■ Estabelecer formas de manejo de RAM nos serviços de saúde
Incompatibilidades ■ Utilizar a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) para a supervisão do preparo e administração
dos medicamentos
■ Realizar o aprazamento dos medicamentos
■ Implementar instrumentos para consulta da equipe de enfermagem com outros dados – como estabilidade,
volume de diluição, rediluição, reconstituição – para padronizar a prática de preparo de medicamentos
Nomes de medicamentos ■ Disponibilizar lista com nomes de medicamentos parecidos (disponíveis nos sites da Anvisa e do Instituto para
parecidos ou medicamentos Práticas Seguras no Uso de Medicamentos [ISMP])
semelhantes ■ Promover estratégias de armazenamento de medicamentos que considerem possibilidade de erros com
medicamentos com nomes parecidos
■ Analisar os erros de forma multifatorial e multissistêmica
A análise dos erros deve ser feita de forma multissistêmica e multifatorial, com vistas a contribuir para uma loso a
mundial, favorável à segurança do paciente. Dessa forma, todas as partes envolvidas no processo do erro terão a
possibilidade de ajustes e acertos, contribuindo para uma assistência livre de danos e para um desfecho mais justo
entre os pro ssionais de saúde e todos que fazem parte dos serviços e processos da saúde.
O foco do treinamento, na maioria das vezes, é na equipe de enfermagem, utilizando-se SBAR, uma ferramenta
para estruturar a comunicação, de forma a capturar sua atenção e gerar uma ação apropriada.36
Na Tabela 5.5, estão descritos exemplos de situações, antes e após treinamento SBAR.
Olá, Doutor. O Sr. Chow está tendo uma dor torácica. Ele estava caminhando pelo corredor mais cedo e comeu bem o jantar. Realmente não sei o
que está acontecendo, mas pedi um eletrocardiograma. Ele estava sudorético quando teve a dor, mas lhe dei todos os medicamentos, incluindo a
insulina e o antibiótico. Ele foi submetido a cirurgia hoje mais cedo e está com uma bomba de infusão para analgesia contínua agora.
PÓS-SBAR
Aqui é Grace Jones. Sou a enfermeira do 7º Norte e estou acompanhando o seu paciente Edward Chow. Ele teve uma dor torácica de grau 8 em
uma escala de 10 há cerca de 5 minutos, associada a di culdade respiratória, sudorese e palpitação (situação). É um homem de 68 anos, sem
história prévia de doença cardíaca, que sofreu ontem uma ressecção abdominoperitoneal, sem complicações (contexto). Pedi um eletrocardiograma,
e minha preocupação é que ele possa estar tendo uma isquemia cardíaca ou uma tromboembolia pulmonar (avaliação). Estou aplicando
nitroglicerina conforme a prescrição médica e seria muito importante se você pudesse estar aqui dentro dos próximos 5 minutos (recomendação).
Fonte: Wachter.36
Existe também a técnica para melhorar a comunicação – CUS words. Essa técnica envolve níveis de escala de
preocupação e pode ser aplicada por todos os pro ssionais da equipe da saúde – qualquer um, mais abaixo na
hierarquia, que precise da atenção de alguém acima. Em ordem escalonada, começa com “Estou preocupado
(concerned) com...”, depois “Estou desconfortável (uncomfortable)...” e, nalmente, “Essa é uma questão de
segurança (safety)!”. A técnica deve ser ensinada a todos, que receberão e passarão as mensagens, avaliando os
conteúdos adequadamente, usando a técnica de forma apropriada, assegurando que tenha o impacto pretendido.36
Enquanto os pro ssionais se alternam, o paciente e a família são os mesmos e, nessa perspectiva, estão em posição-
chave para, em parceria com a equipe, assegurar a continuidade do cuidado. Cabe aos multicentros, formados de
forma multissistêmica por multipro ssionais, elaborar estratégias para dar continuidade aos cuidados, livres de danos
aos pacientes e suas famílias, independentemente das peculiaridades dos serviços e equipes de saúde.39
Nessas questões de comunicação entre os pro ssionais de saúde e/ou entre os enfermeiros e suas equipes de
enfermagem, nesse âmbito da terapia medicamentosa, faz-se necessário sistematizar e uniformizar a linguagem entre
todos, com vistas à aproximação do condutor da equipe para a supervisão dessa prática – preparo de administração
dos medicamentos.
A tecnologia utilizada no âmbito da saúde traz uma importante contribuição para as condições de trabalho das
pessoas. De fato, não é possível modi car a condição humana, mas as condições de trabalho, sim; ainda que seja
necessário um investimento proporcional, o custo-benefício será efetivo.
Os erros de medicação podem ocorrer em qualquer etapa da terapia medicamentosa: na prescrição, na transcrição,
na dispensação, na distribuição, no preparo, na administração e/ou na monitoração.36
Entre outras medidas, referenciadas na literatura, temos, como estratégias para redução e prevenção dos erros de
medicação nas instituições hospitalares, um investimento em tecnologias, como implantação da prescrição eletrônica,
uso de código de barras, automatização da dispensação e do sistema de dispensação de medicamentos por dose
unitária, bem como uso de bombas de infusão “inteligentes”.36
Na Tabela 5.6, as estratégias voltadas à tecnologia estão descritas juntamente com os conceitos e argumentos.
Prescrição eletrônica ■ Utiliza um sistema computadorizado, de digitação, seguindo um modelo de disposição de dados
Pode variar em seu formato: desde sistemas bem estruturados e que alertam o prescritor quanto às alergias,
■ interações medicamentosas e doses máximas, até sistemas mais simples
■ Amplia a segurança dos medicamentos devido à legibilidade e, durante a execução da prescrição, fornece
informações ao prescritor, permitindo que o erro seja corrigido no momento40,41
Códigos de leitura por ■ Permitem identi car que o medicamento em mãos é o medicamento prescrito; também registram quem administrou
máquinas na identi cação e o intervalo de tempo
do paciente ■ Códigos de barras são mais rápidos que os olhos humanos e não se cansam42
Uso de sistemas ■ Detecta muitos erros envolvendo administração de medicamentos por via endovenosa e tem um potencial para
“inteligentes” de bombas reduzir erros graves45
de infusão ■ Apresenta informações acerca do medicamento, como uma biblioteca on-board; auxílio do fabricante com execução
do sistema; contínua exposição do fármaco, da dose prescrita e de todos os cuidados com a administração do
medicamento, com limites para doses insu cientes ou sobredoses; alertas de registros de administração dos
medicamentos e ações corretivas que devem ser tomadas44
Alguns mecanismos pelos quais a tecnologia da informação pode melhorar a segurança do paciente são apontados
por alguns autores, como melhorar a comunicação, tornar o conhecimento mais prontamente acessível, fornecer
informações-chave, ajudar com cálculos, monitorar, checar em tempo real e fornecer suporte à decisão.36,45
Os investimentos em tecnologia na saúde, com relação à terapia medicamentosa, podem contribuir com a
diminuição do tempo de internação, bem como com a manutenção da força de trabalho de forma quali cada e
satisfatória.44
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Precauções-padrão e especí cas 6
Julia Yaeko Kawagoe
Mônica Taminato
A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS), anteriormente denominada infecção hospitalar, é de nida
como uma infecção que se desenvolve em um serviço de saúde (SS) onde se presta assistência à saúde – hospital,
instituição de longa permanência, ambulatório, centro de diálise, unidades clínicas e cirúrgicas, unidade de pronto
atendimento e assistência domiciliar – e que não está presente nem em incubação na admissão do paciente. Também
inclui as infecções ocupacionais adquiridas pelos pro ssionais de saúde (PS) durante suas atividades laborais.1
As IRAS constituem um dos maiores e mais graves problemas relacionados à segurança por atingirem um número
expressivo de pacientes em todo o mundo, tendo como causa vários fatores relacionados aos sistemas e processos de
prestação de cuidados, assim como o comportamento dos PS e pacientes. É um dos eventos adversos mais frequentes
que acometem pacientes de países desenvolvidos e em especial de países em desenvolvimento, onde se estima que o
risco de adquirir IRAS é 2 a 20 vezes maior quando comparado a países desenvolvidos, sendo que a proporção de
pacientes infectados pode exceder 25%.2
As causas atribuídas ao aumento das IRAS em países em desenvolvimento são: condições inadequadas de higiene,
infraestrutura de ciente, equipamentos inadequados/insu cientes, falta de informação microbiológica, superlotação,
pro ssionais insu cientes, falha de conhecimento ou preparo inadequado dos pro ssionais, uso inadequado de
antibióticos, população mais doente, condições sociais desfavoráveis, falta de políticas e programas nacionais e custos
arcados por pacientes.3
No Brasil, um estudo avaliou a estrutura de 153 hospitais de cinco regiões quanto à prevenção das IRAS e revelou
que há grandes diferenças entre os hospitais avaliados, mas que existem, sobretudo, problemas relacionados à
estrutura para higiene das mãos (HM), centro de material e esterilização e laboratório de microbiologia.4
As IRAS podem ter como consequências o prolongamento da internação hospitalar; o aumento da resistência de
microrganismos a antimicrobianos; o alto custo nanceiro adicional para os sistemas de saúde, para os pacientes e
suas famílias; a incapacidade a longo prazo; e o aumento da mortalidade atribuível.2
O risco de transmissão de microrganismos existe em qualquer SS na prestação de cuidados ao paciente,
principalmente por meio dos PS ou equipamentos/materiais médicos. Os pacientes colonizados, em período de
incubação ou com infecção (identi cados ou não), representam risco de transmissão microbiana para outros pacientes
e para PS. As medidas das precauções (padrão e especí cas) constituem a base das melhores práticas de prevenção e
controle das infecções e devem ser aplicadas nos vários SS, seja hospital, ambulatório, instituição de longa
permanência e assistência domiciliar (home care), entre outros.5,6
Histórico
As primeiras recomendações para isolamento de pacientes surgiram nos Estados Unidos, em 1877, cujo manual
recomendava colocar aqueles com doenças infecciosas em lugares especiais – que, posteriormente, constituiriam os
hospitais de doenças infecciosas –, porém sem separação ou cuidados especí cos a esses pacientes. Entre os anos
1890 e 1900, passou-se a de nir locais separados para pacientes com diagnósticos infecciosos semelhantes e também
a praticar “procedimentos assépticos”, sendo estes modi cados em 1910, com a introdução de cubículos, locais onde
os PS usavam aventais, lavavam as mãos com antisséptico após contato com o paciente e desinfetavam os objetos
contaminados usados pelo paciente. Esses procedimentos passaram a ser designados “barreiras de enfermagem”,
permitindo a internação de pacientes com doenças infectocontagiosas, incluindo tuberculose, em hospitais gerais.7
O National Communicable Disease Center – denominação anterior do Centers for Disease Control and Prevention
(CDC) – publicou, em 1970, o primeiro manual, Isolation techniques for use in hospitals8 (técnicas de isolamento para
uso em hospitais), revisado e publicado em 1975 com o mesmo título. Com a evolução do conhecimento sobre a
epidemiologia das doenças e seus mecanismos de transmissão, essas técnicas foram, posteriormente, atualizadas. Em
1983, foi publicado o manual Guideline for isolation precautions in hospitals7 (diretriz de precauções de isolamento
em hospitais) com novas orientações, como, por exemplo, não utilizar isolamento protetor por não ser mais efetivo
que a ênfase em lavagem das mãos nos cuidados a pacientes imunologicamente comprometidos. Também caberia ao
hospital optar e montar seu próprio sistema de isolamento, tendo duas alternativas: isolamento especí co por
doença ou isolamento especí co por categoria (agrupamento em sete categorias: isolamento estrito, isolamento
de contato, isolamento respiratório, isolamento para tuberculose, precauções entéricas, precauções com
drenagem/secreções e precauções com sangue e uidos corporais).7
Em 1985, foi introduzida uma nova estratégia de precaução – precauções universais (PU) – tendo como principal
causa a epidemia pelo HIV. As medidas das PU aplicavam-se a sangue e a quaisquer outros uidos corporais contendo
sangue, mas não incluía fezes, secreções nasais, pus, suor, lágrimas, urina ou vômitos. Porém, em 1987, uma nova
categoria de cuidados – isolamento de substâncias corporais (ISC) –, foi adotada por um grupo de pesquisadores
do Harborview Medical Center, em Seattle, e da Universidade da Califórnia, em San Diego, como uma alternativa aos
sistemas de isolamento do CDC por diagnósticos. O ISC se aplicava a todas as substâncias corporais potencialmente
infectantes (sangue, fezes, urina, escarro, saliva, drenagem de feridas e outros uidos corporais) de todos os
pacientes, independentemente de seu presumido estado infeccioso, com indicação do uso de luvas limpas antes do
contato com mucosas e pele não íntegra do paciente e sempre que se pudesse antecipar o contato com substâncias
corporais, contendo ou não sangue. Em razão de haver dois tipos de precauções – PU e ISC –, houve certa confusão
quanto à aplicação de cada uma. Passou-se a dar mais ênfase sobre quais uidos ou substâncias corporais requeriam
precauções sob a perspectiva das PU e ISC, prescindindo de implementação de barreiras para bactérias Gram-positivas
e Gram-negativas multirresistentes e tuberculose, ou seja, esses agentes passaram a não ser reconhecidos como alvo
para implementação de medidas preventivas, não sendo reconhecidos como problemas a serem contidos.6,7
O CDC publicou, então, em 1996, o Guideline for isolation precautions in hospitals7 (diretriz de precauções de
isolamento em hospitais), que visava os seguintes objetivos: ser epidemiologicamente embasado; reconhecer a
importância dos uidos corporais, secreções e excreções na transmissão de patógenos nosocomiais; conter precauções
adequadas para infecções transmitidas por via aérea, gotículas e contato; ser simples e prático; diminuir a confusão de
termos utilizados em manuais lançados anteriormente (PU, ISC, entre outros). Foram realizadas três mudanças
importantes nessa revisão:6
■ As medidas das PU e do ISC foram sintetizadas em precauções-padrão (PP), cujas barreiras devem ser
utilizadas em todos os pacientes independentemente do estado infeccioso, contemplando um grande número de
doenças ou condições que anteriormente requeriam isolamento especí co por doença ou por categoria de doença
como era preconizado pelo guia do CDC de 1983 (p. ex., hepatite B e hepatite C).
■ Resumo das categorias de isolamentos em três conjuntos de cuidados baseados nas vias de transmissão de
determinados patógenos (alta importância epidemiológica): contato, gotículas, aérea/aerossóis. A estas
devem ser adicionadas sempre as PP.
■ Recomendação de instituição empírica das precauções, em caso de suspeita de infecção, considerando o modo de
transmissão – contato, gotículas ou aéreas/aerossóis – até que se faça o diagnóstico de nitivo, devendo ser
adicionadas as medidas das PP.
Por m, em 2007, foi publicado o Manual do CDC, intitulado 2007 Guideline for isolation precautions: preventing
transmission of infectious agents in healthcare settings (diretrizes de 2007 para precauções de isolamento: prevenindo
a transmissão de agentes infecciosos em ambientes de cuidados de saúde),6 com grandes avanços na prevenção e
controle de IRAS, como novas terminologias, abordagem de novas doenças e patógenos emergentes e descrição de
procedimentos para prevenir a transmissão de agentes na assistência domiciliar e ambulatorial:
i. O termo IRAS passa a ser utilizado no lugar de infecção hospitalar, pois o paciente pode ser colonizado ou exposto
a patógenos em potencial em unidades extra-hospitalares, assim como pode se locomover entre os vários
serviços/unidades dentro de um sistema de saúde.
ii. Inclusão de “higiene respiratória” ou “tosse com etiqueta” às recomendações das PP, cuja indicação se aplica
amplamente a todas as pessoas que circulam em um SS, incluindo PS, pacientes e visitantes.
iii.O termo airborne precautions (precauções aéreas) foi suplementado com o termo airborne infection isolation room
(AIIR) – quarto de isolamento de infecção de transmissão aérea (QIITA) para ser consistente com as
recomendações de outros manuais.1
iv.Um conjunto de medidas preventivas denominado Protective Environment (ambiente protetor) foi adicionado às
PP, tendo o desenho e engenharia do ambiente do quarto, com o objetivo de diminuir o risco de exposição a fungos
ambientais aos pacientes submetidos a transplante alogênico de células hematopoiéticas (severamente
imunossuprimidos).
A transmissão de microrganismos e a infecção subsequente dentro de um SS podem ser representadas por uma
”cadeia”, sendo que cada elo da cadeia representa um fator relacionado à transmissão de microrganismos. Essa
transmissão irá ocorrer somente se todos os seis elementos da cadeia de transmissão estiverem presentes.7,9
Portanto, compreender os componentes da cadeia de transmissão microbiana é fundamental para determinar os
riscos de infecção e as intervenções para interromper ou mitigar a transmissão microbiana e prevenir a infecção. Isso
permite que a equipe identi que e proteja pacientes vulneráveis e também se proteja.7,9
Cada elo, em ordem sequencial, deve estar presente para que o microrganismo seja transferido e a infecção ocorra
(Fig. 6.1).
Figura 6.1 Cadeia de transmissão de microrganismos.
Precauções-padrão
As medidas das PP incluem um conjunto de práticas de prevenção de infecção que se aplicam a todos os pacientes,
independentemente do status de suspeito ou con rmado, em qualquer ambiente em que a assistência à saúde é
prestada, e inclui: HM, uso de equipamentos de proteção individual (luvas, avental, máscara, proteção para os olhos
ou viseira, dependendo da exposição antecipada), cuidados com o ambiente, manejo de materiais e equipamentos
assistenciais, manejo de roupas hospitalares6,7,9 (Tab. 6.1).
Tabela 6.1 Recomendações para aplicação de medidas de precauções-padrão para os cuidados assistenciais de todos os pacientes em
todos os SS
Componente Recomendação
Luvas Se houver risco de as mãos terem contato com sangue, uidos corporais, secreções,
excreções, itens contaminados; para tocar membranas mucosas e pele não intacta.
Avental Se houver risco do contato da roupa ou pele exposta do PS com sangue, uidos
corporais, secreções, excreções.
Máscara, óculos protetores ou proteção facial* Se houver risco de exposição da face a salpicos ou espirro de sangue, uidos
corporais, secreções.
Roupas e lavanderia Manejar roupas limpas e sujas, de uma maneira que impeça a transferência de
microrganismos para o paciente, para os outros e para o ambiente.
Agulhas e outros objetos cortantes Não reencapar, dobrar, quebrar ou manipular com as mãos as agulhas usadas; utilizar
dispositivos de segurança quando disponível; colocar objetos cortantes utilizados em
recipiente resistente a perfurações.
Reanimação do paciente Usar bocal, reanimador, outros dispositivos de ventilação para evitar o contato com a
boca e secreções orais.
Acomodação do paciente Priorizar quarto individual nos casos em que há maior risco de transmissão
microbiana: possibilidade de contaminar o ambiente, higiene inadequada ou risco
aumentado de adquirir infecção ou desenvolver resultado adverso após a infecção
(em caso de enfermaria de paciente submetido a transplante de órgãos sólidos).
Higiene respiratória/tosse com etiqueta (contenção da ■ Instruir pessoas sintomáticas a cobrirem boca/nariz ao espirrar/tossir; usar lenços de
fonte de secreções respiratórias em pacientes sintomáticos, papel descartáveis e descartá-los em recipiente sem toque (lixeira com pedal);
no ponto inicial do encontro: áreas de triagem e recepção ■ Higienizar as mãos após tocar as secreções respiratórias (tossir, espirrar ou coçar o
em serviços de emergência e consultórios médicos) nariz);
■ Providenciar máscara cirúrgica se o paciente tolerar ou manter separação espacial
de mais de 1 metro, se possível.
*Durante os procedimentos de geração de aerossol em pacientes com infecções suspeitas ou comprovadas transmitidas por aerossóis respiratórios (p. ex.,
síndrome respiratória aguda grave [SARS]), usar máscara N95 ou PFF2, além de luvas, avental e proteção facial/ocular.
Fonte: Adaptada de Wiksten5 e Siegel e colaboradores.6
Precauções especí cas são aquelas baseadas no modo de transmissão – contato, gotículas ou aéreas/aerossóis – a
serem utilizadas em pacientes com suspeita ou con rmação diagnóstica de infecção ou colonização com agentes
infecciosos de alta transmissibilidade ou importância epidemiológica, necessitando de medidas de controle adicionais
para prevenir a transmissão desses agentes (além das precauções-padrão).6,12
Precauções de contato
Destinadas a pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecções facilmente transmitidas pelo contato direto (contato
físico) ou indireto (mãos ou materiais, equipamentos ou superfícies no ambiente do paciente). Devem ser empregadas
para os seguintes microrganismos: Clostridium dif cile, vírus sincicial respiratório, rotavírus e alguns microrganismos
epidemiologicamente importantes, como as bactérias multirresistentes (Enterococcus spp. multirresistente, S. aureus
oxacilino-resistente, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., Acinetobacter spp. resistentes à ceftazidima, cefepima e
imipeném, entre outras, de acordo com a epidemiologia do SS), conforme descrito na Tabela 6.2.
O PS deve sinalizar a porta do quarto e o prontuário com o identi cador especí co. O objetivo é alertar a equipe
envolvida na assistência ao paciente quanto aos cuidados e à utilização de equipamento de proteção individual (EPI)
adequado.6,12
Situação do ■ Colocar o paciente em quarto individual; se não disponível, colocar o paciente com outros que tenham colonização ou
paciente infecção pelo mesmo agente e nenhuma outra infecção ou colonização por outro agente (coorte).
Higiene das mãos ■ Realizar sempre antes de entrar e ao sair do quarto; antes de vestir avental e calçar luvas; após retirar luvas e avental.
■ Ver os ‘5 momentos’ na Tabela 6.1.
Luvas ■ Calçá-las sempre que entrar no quarto, ao tocar materiais, equipamentos, mobiliário e o paciente, trocando-as após
Deixá-las disponíveis contato com material infectante (fezes e drenagem de feridas) e entre os procedimentos.
na embalagem ■ Retirá-las antes de sair do quarto, higienizar as mãos e não tocar superfícies e materiais.
original, em local
limpo e seco
Equipamentos e ■ Disponibilizar panos de limpeza e produto desinfetante para assegurar limpeza e desinfecção de itens envolvidos no
materiais contato direto com o paciente (equipamento de beira de leito, superfícies próximas, entre outros), a cada plantão e, no
mínimo, diariamente.
■ Restringir ao paciente (se possível) o uso de itens como estetoscópio, es gnomanômetro, comadre, termômetro, material
de banho, bandeja de medicação, entre outros ou reprocessar antes de utilizá-los em outro paciente.
■ Separar o número mínimo e su ciente de materiais para realizar o procedimento.
Roupa de cama ■ Roupa limpa: separar as roupas necessárias antes de entrar no quarto.
■ Roupa suja: colocá-las no quarto, dentro do hamper, encaminhando-o à sala de roupa suja quando atingir dois terços da
capacidade; higienizar as mãos.
Transporte do ■ Limitar o transporte do paciente a nalidades essenciais e manter as precauções. Assegurar-se de que as áreas
paciente contaminadas/colonizadas/infectadas estejam cobertas e contidas.
■ Noti car o setor que irá receber o paciente e também o serviço de transporte interno quanto às precauções.
■ O funcionário do transporte deve desinfetar a cabeceira, laterais e pés para manipulação segura. Durante o transporte, não
é necessário o uso de luvas e avental (para não tocar as superfícies, como botão do elevador e maçaneta de porta, durante
o transporte); eles devem ser utilizados somente na transferência maca-cama. Ou utilizar as normas estabelecidas pela
instituição.
Suspensão das ■ Transferir o paciente de quarto para que seja feita limpeza terminal no quarto de origem.
precauções ■ Não retirar a placa de precauções da porta do quarto até que realizem a limpeza terminal.
Equipamento de ■ Todos os pro ssionais de saúde devem utilizar os EPIs padronizados nas precauções, inclusive para aquelas doenças para
proteção individual as quais se encontram imunizados (p. ex., varicela).
(EPI)
Tabela 6.3 Recomendações para aplicação de medidas de precauções para transmissão por gotículas
Procedimentos Precauções por gotículas
Situação do paciente ■ Utilizar quarto privativo; se não disponível, colocar o paciente junto a outros pacientes com mesmo diagnóstico
etiológico infeccioso (coorte).
■ Colocar máscara cirúrgica no paciente sempre que houver necessidade de transportá-lo para fora do quarto ou
unidade (transferência, exames, entre outros).
Proteção respiratória ■ Usar máscara cirúrgica ao entrar no quarto e desprezá-la ao sair do quarto (não utilizar máscara N95).
Transporte do paciente ■ Limitar o transporte do paciente para fora do quarto ao mínimo necessário.
■ Se o transporte for indispensável, colocar máscara cirúrgica no paciente.
■ Noti car o setor que irá receber o paciente sobre as precauções.
Medidas adicionais – ■ Orientar o paciente a cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar e higienizar as mãos imediatamente após (ver “tosse
tosse com etiqueta com etiqueta”, nas precauções-padrão, para informações adicionais).
Equipamento de ■ Todos os pro ssionais de saúde devem utilizar os EPIs padronizados nas precauções, inclusive para aquelas doenças
proteção individual para as quais se encontram imunizados (p. ex., caxumba, rubéola, entre outros).
(EPI)
Tabela 6.4 Recomendações para aplicação de medidas de precauções para transmissões aéreas/aerossóis
Procedimentos Precauções aéreas/aerossóis
Situação do paciente ■ Utilizar quarto privativo com pressão negativa e manter a porta fechada.
■ Na unidade de terapia intensiva – adulto e pediátrico –, manter a porta do box ou do quarto sempre fechada.
Proteção respiratória ■ Usar máscara tipo respirador (N95) ou PFF2 antes de entrar no quarto e retirá-la após sair do quarto.
■ A máscara é de uso individual e a durabilidade depende da frequência de uso e do acondicionamento adequado,
devendo ser descartada caso suje ou sinta-se di culdade em respirar (saturação da máscara).
■ Guardá-la embalada em saco plástico, identi cado com seu nome (não escrever o nome na máscara).
Medidas adicionais – ■ Orientar o paciente a cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar e higienizar as mãos imediatamente após (ver “tosse
tosse com etiqueta com etiqueta”, nas precauções-padrão, para informações adicionais).
Equipamento de ■ Todos os pro ssionais de saúde devem utilizar os EPIs padronizados nas precauções, inclusive para aquelas doenças
proteção individual para as quais se encontram imunizados (p. ex., sarampo, varicela).
(EPI)
Tabela 6.5 Síndromes clínicas para instituição empírica das precauções (contato, gotículas ou aéreas/aerossóis)
Condição ou síndrome clínica† Patógenos Precauções a instituir empiricamente (com as precauções-padrão)
potenciais‡
Diarreia
Diarreia aguda (provável causa infecciosa Patógenos entéricos§ Precauções de contato (pediátrico e adulto).
em paciente incontinente e usuário de
fraldas)
Petequial/equimótica com febre (geral) – N. meningitidis Precauções por gotículas para as primeiras 24 horas de terapia
em caso de história positiva de viagem para antimicrobiana.
uma área com um surto contínuo de febres
hemorrágicas virais nos 10 dias antes do Vírus Ebola, Lassa ou Precauções por gotículas mais precauções de contato, com proteção
Marburg facial/olhos, enfatizando cuidados com perfurocortantes e precauções de
início da febre
barreira quando houver risco de exposição a sangue. Usar máscara
N95/PFF2 ou proteção respiratória superior quando for realizar
procedimento com geração de aerossóis.
Infecções respiratórias
Tosse/febre/in ltrado pulmonar em lobo M. tuberculosis, vírus Precauções aéreas/aerossóis e precauções de contato.
superior em um paciente HIV-negativo ou respiratórios, S.
em paciente de baixo risco para o HIV pneumoniae,
Staphylococcus aureus
(MSSA ou MRSA)*
Tosse/febre/in ltrado pulmonar em M. tuberculosis, vírus Precauções aéreas/aerossóis além de precauções de contato.
qualquer local do pulmão em um paciente respiratórios, S. Usar proteção para os olhos/face, caso o procedimento gere aerossol ou
HIV-infectado ou um paciente de alto risco pneumoniae, S. aureus contato com secreções respiratórias.
para a infecção pelo HIV (MSSA ou MRSA)* Se a tuberculose for improvável, instituir as precauções por gotículas no
lugar de precauções por aerossóis.
Tosse/febre/in ltrado pulmonar em M. tuberculosis, vírus da Precauções de contato mais precauções por aerossóis e proteção para os
qualquer local do pulmão em um paciente síndrome respiratória olhos.
com uma história de viagem recente (10 a aguda (coronavírus SARS- Se SARS e tuberculose forem improváveis, instituir as precauções por
21 dias) para países com surtos ativos de CoV), gripe aviária (vírus gotículas no lugar de precauções por aerossóis.
SARS, gripe aviária in uenza – H5N1)
Infecções respiratórias, particularmente Vírus sincicial respiratório, Precauções de contato mais precauções por gotículas; precauções por
bronquiolite e pneumonia, em lactentes e vírus parain uenza, gotículas podem ser suspensas quando adenovírus e in uenza forem
crianças jovens adenovírus, vírus da gripe, descartados.
metapneumovírus
Ferida ou abscesso com drenagem que não Staphylococcus aureus Precauções de contato.
possa ser contida com cobertura (MSSA ou MRSA)*, Adicionar precauções por gotículas durante as primeiras 24 horas de
estreptococos do grupo A terapia antimicrobiana adequada quando houver suspeita de doença
estreptocócica do grupo A.
Os pro ssionais de controle de infecção devem modi car ou adaptar esta tabela de acordo com as condições locais. Para garantir que as precauções sejam
implementadas empiricamente, os hospitais devem ter sistemas adequados para avaliar os pacientes rotineiramente de acordo com estes critérios, como parte
de sua pré-admissão.
*MRSA, Staphylococcus aureus resistente à meticilina; MSSA, Staphylococcus aureus sensível à meticilina.
†Os pacientes com as síndromes ou condições listadas podem apresentar sinais ou sintomas atípicos. O índice clínico de suspeita deve ser guiado pela
prevalência de condições especí cas da comunidade, bem como pelo julgamento clínico.
‡Os patógenos indicados não representam diagnósticos de nitivos, ou mesmo os mais prováveis, mas, sim, os possíveis agentes etiológicos que requerem
medidas das precauções adicionais além das medidas das precauções-padrão, até que eles possam ser descartados.
§Esses patógenos incluem Escherichia coli O157 êntero-hemorrágica: H7, Shigella spp., vírus da hepatite A, norovírus, rotavírus, C. dif cile.
Considerações nais
De acordo com recomendações internacionais, cerca de 30% das IRAS são passíveis de prevenção. Há necessidade de
ações, como identi car os fatores de riscos relacionados às IRAS, educar e sensibilizar os pro ssionais envolvidos nas
unidades de assistência à saúde para a magnitude do problema das infecções e aderir aos programas de prevenção e
controle de infecção.6,9 As medidas das precauções-padrão e das precauções especí cas fazem parte das principais
práticas de prevenção e controle de infecções para fornecer assistência segura em todos os SS.5-7,9-13 Todas as ações
fazem parte de um desa o global e com o objetivo de tratar e prevenir doenças infecciosas de maneira e caz e
segura, garantindo a segurança do paciente e qualidade da assistência, assim como a segurança do PS.14
Referências
1. World Health Organization. Report on the burden of endemic health care-associated infection worldwide: clean care is safer care [Internet].
Geneva: WHO; 2011 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/80135/1/9789241501507_eng.pdf.
2. World Health Organization. World alliance for patient safety: global patient safety challenge 2005-2006: clean care is safer care [Internet].
Geneva: WHO; 2005 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em:
http://www.who.int/patientsafety/events/05/GPSC_Launch_ENGLISH_FINAL.pdf.
3. Allegranzi B, Pittet D. Healthcare-associated infection in developing countries: simple solutions to meet complex challenges. Infect Control Hosp
Epidemiol. 2007;28(12):1323-7.
4. Padoveze MC, Fortaleza CM, Kiffer C, Barth AL, Carneiro IC, Giamberardino HI, et al. Structure for prevention of health care-associated infections
in Brazilian hospitals: a countrywide study. Am J Infect Control. 2016;44(1):74-9.
5. Wiksten T. Standard Precautions. In: Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology. APIC text of infection control and
epidemiology [Internet]. Arlington: APIC; 2014 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em: http://text.apic.org/toc/basic-principles-of-infection-
prevention-practice/standard-precautions.
6. Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. 2007 Guideline for isolation
precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. Atlanta: CDC; 2007 [capturado em 24 fev. 2018]. Disponível em:
http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/isolation/Isolation2007.pdf.
7. Garner JS. Guideline for isolation precautions in hospitals. The Hospital Infection Control Practices Advisory Committee. Infect Control Hosp
Epidemiol. 1996;17(1):53-80.
8. Centers for Disease Control and Prevention. Isolation techniques for use in hospitals. Atlanta: CDC; 1975.
9. Fiutem C. Risk factors facilitating transmission of infectious agents. In: Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology. APIC
text of infection control and epidemiology [Internet]. Arlington: APIC; 2014 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em:
http://text.apic.org/toc/microbiology-and-risk-factors-for-transmission/risk-factors-facilitating-transmission-of-infectious-agents.
10. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica nº 01/2018 GVIMS/GGTES/ANVISA: orientações gerais para higiene das mãos em
serviços de saúde [Internet]. Brasília: ANVISA; 2017 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em:
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/alertas/item/nota-tecnica-n-01-2018-gvims-ggtes-anvisa-orientacoes-gerais-para-
higiene-das-maos-em-servicos-de-saude.
11. Organização Pan-Americana da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual para observadores: estratégia multimodal da OMS para
a melhoria da higienização das mãos. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2009.
12. Berends C, Walesa B. Isolation precautions (transmission-based precautions). In: Association for Professionals in Infection Control and
Epidemiology. APIC text of infection control and epidemiology [Internet]. Arlington: APIC; 2014 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em:
http://text.apic.org/toc/basic-principles-of-infection-prevention-practice/isolation-precautions-transmission-based-precautions.
13. Centers for Disease Control and Prevention. Core infection prevention and control practices for safe healthcare delivery in all settings –
recommendations of The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee [Internet]. Atlanta: CDC; 2017 [capturado em 15 abr. 2019].
Disponível em: https://www.cdc.gov/hicpac/pdf/core-practices.pdf.
14. World Health Organization. Guidelines on core components of infection prevention and control programmes at The National and Acute Health
Care Facility Level [Internet]. Geneva: WHO; 2016 [capturado em 14 fev. 2018]. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/251730/9789241549929-eng.pdf?sequence=1.
1 Guidelines for Environmental Infection Control in Healthcare Facilities, 2003; Guidelines for Preventing The Transmission of
Mycobacterium tuberculosis in Health-Care Settings, 2005; e The American Institute of Architects (AIA) Guidelines for Design and
Construction of Hospitals, 2006.
Sinais vitais 7
7.1
Temperatura
Introdução
A temperatura corporal central de uma pessoa saudável é mantida pelo centro de termorregulação do hipotálamo.
Mensagens de receptores térmicos de frio e calor, localizados em todo o corpo, são enviadas para o centro
termorregulador com o objetivo de manter a temperatura entre 36ºC e 37,5ºC, sendo esse um estado de
homeotermia.1,2 Vários fatores podem interferir na manutenção da temperatura corporal. Os ritmos circadianos
identi cam diferenças na temperatura ao longo de 24 horas. A temperatura corporal está 0,6ºC mais baixa no
período da manhã em comparação com a noite.3,4 Crianças e bebês são sensíveis às diferenças das temperaturas
ambientais.5 Idosos são mais suscetíveis aos extremos de temperatura por perderem parte do controle
termorregulador.6 Mulheres durante a ovulação apresentam um aumento de temperatura corporal de 0,5ºC a 1ºC.7
A temperatura ambiental pode levar à hipotermia (baixa da temperatura corporal), quando há exposição ao frio
intenso, e à hipertermia (temperatura corporal elevada), quando há exposição ao calor por longos períodos.5,8
A temperatura corporal normal é classi cada como afebril (36,5ºC a 37,5ºC). A elevação da temperatura corporal é
classi cada como hipertermia ou estado febril (acima de 37,8ºC), que é resultante de uma reação a infecções
bacterianas ou virais, como sepse, e reações tissulares, como embolia pulmonar, câncer, traumas e cirurgias. A redução
da temperatura corporal é classi cada como hipotermia (abaixo de 35ºC), que pode ocorrer em situações de
exposição intensa ao frio, como imersão em águas geladas e neve. Além disso, a hipertermia pode estar relacionada
com o controle ine ciente da temperatura corporal; a febre neurogênica pode resultar de lesões na região do
hipotálamo, e a febre de origem desconhecida é aquela em que não é possível determinar a causa da hipertermia. A
febre pode ser classi cada de acordo com a temperatura atingida, sua duração e com a variação de valores em um
determinado intervalo de tempo (Tab. 7.1.1).1,2
Contínua/constante A temperatura permanece elevada e tem uma variação < 2ºC em um período de 24 h, podendo estender-se para até 3-4
dias. Ex.: febre tifoide, pneumonia por microrganismo Gram-negativo, infecção do trato urinário, meningite bacteriana.
Intermitente A febre ocorre durante um determinado número de horas, regressando a valores siológicos pelo menos 1 vez em 24 h. Ex.:
malária, tuberculose, leptospirose, linfoma.
Remitente A febre ocorre por utuações da temperatura de vários graus (> 2ºC), sem que se atinjam valores normais no período
avaliado. Por exemplo: brucelose, endocardite infecciosa (Streptococcus β-hemolítico).
Recorrente/recidivante Ocorre alternância entre período febril e afebril, com intervalos de dias ou semanas. Ex.: síndromes hereditárias
autoin amatórias, doença de Hodgkin.
Febrícula A temperatura corporal é inferior a 38ºC, tem predomínio vespertino entre 16-18 h. Ex.: tuberculose pulmonar, tonsilite,
colecistite aguda.
Febre com picos A elevação da temperatura no período da manhã é rara e está relacionada com a produção de hormônios esteroides
matinais produzidos pelas glândulas suprarrenais. Ex.: febre tifoide, poliarterite nodosa, tuberculose miliar.
Fonte: Ogoina.9
A temperatura corporal pode ser medida por dispositivos que dependem do local, do método e do conhecimento
do pro ssional que irá executar. Os termômetros clínicos eletrônicos e digitais medem a temperatura oral, retal ou
axilar. Os termômetros de sensores ultravermelhos são utilizados para a temperatura da membrana timpânica e
frontal. Os termômetros descartáveis e de uso único registram a temperatura em segundos e previnem as infecções
relacionadas à assistência à saúde (IRAS). Os termômetros de vidro são utilizados para veri car a temperatura corporal,
no entanto estão em desuso por terem mercúrio em sua constituição, que é tóxico para o homem.1,10
De nição
A temperatura corporal é um estado de equilíbrio por meio da produção, manutenção e perda de calor. A
temperatura difere em várias partes do corpo, sendo as temperaturas centrais mais elevadas do que as da superfície
do corpo.1,2
Indicação
A aferição da temperatura é indicada para controle desse sinal vital, para ns de diagnóstico, no ambiente hospitalar,
ambulatorial ou domiciliar.
Aspectos legais
A aferição da temperatura deve ser realizada por pro ssional treinado com um dispositivo regulamentado pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Material necessário
■ Bandeja
■ Algodão com álcool a 70%
■ Termômetro digital ou eletrônico segundo as recomendações do Inmetro (Fig. 7.1.1)
3. Explicar o procedimento ao indivíduo. Todos os indivíduos têm direito à informação para que possam
participar ativamente nas decisões referentes ao cuidado de sua
saúde.13
4. Lavar as mãos. Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o
contato com as pessoas ou superfícies próximas a elas.14,15
5. Posicionar o indivíduo de maneira confortável com exposição das axilas. Proporcionar conforto durante a medição, impedindo ou
minimizando a ocorrência de erros de medidas.2
6. Realizar a desinfecção do termômetro com álcool a 70%. Evitar a infecção e respeitar as boas práticas de controle de
infecção hospitalar.16
7. Colocar a extremidade do termômetro no centro da axila. Fazer o paciente A parte mais côncava da axila oferece a medida mais precisa;
baixar o braço e mantê-lo junto ao corpo. cercar o bulbo com a superfície da pele assegura uma medida
mais con ável.1,2
8. Manter a extremidade na axila até escutar um beep; depois retirá-la. Observar Os termômetros digitais ou eletrônicos apresentam o alerta de
a temperatura registrada. noti cação do tempo, que varia de 3-5 minutos.1,2
9. Realizar a limpeza e a desinfecção do termômetro com álcool a 70% após Evitar infecções e respeitar as boas práticas de controle de
contato com o paciente. infecção hospitalar.16
10. Lavar as mãos. Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o
contato com as pessoas ou superfícies próximas a elas.10,12
11. Anotar os valores exatos e o local em que a temperatura foi medida.2 O registro adequado e a comunicação são fundamentais para a
Comunicar o resultado para o paciente. Os valores da temperatura encontram-se boa prática da segurança do paciente.17
na Tabela 7.1.2.1,2
■ Temperatura oral: colocar o termômetro na cavidade oral, sob a língua do paciente, e solicitar que ele mantenha a
boca fechada no momento da aferição. O termômetro deve ser de uso individual. Atentar para não aplicar essa
mensuração em pacientes inconscientes, com problemas respiratórios e com lesões na cavidade oral.1,2
■ Temperatura retal: colocar luvas de procedimento, posicionar o paciente em decúbito lateral esquerdo com a perna
direita exionada. Aplicar lubri cante cerca de 2,5 cm da extremidade do termômetro. Inserir a extremidade do
termômetro no ânus, cerca de 3,5 cm nos adultos e 2,5 cm em crianças.1,2
Tabela 7.1.2 Temperatura corporal média em adultos saudáveis conforme o local de aferição
Local Temperatura (ºC)
Axilar 35,5 – 37
Timpânica 35,4 – 37
Frontal 34,4 – 38
A temperatura timpânica e a frontal utilizam sensores infravermelhos para detecção do calor liberado pela
membrana timpânica e pela região frontal. O uso é mais frequente em crianças (Fig. 7.1.2).
Figura 7.1.2 Termômetro com sensores infravermelhos para aferir temperatura timpânica e frontal.
Fonte: Incoterm.com.18
Referências
1. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
2. Rodrigues AB, Paula MFC. Assistência de enfermagem na aferição de sinais vitais: pressão arterial, pulso, frequência cardíaca, frequência
respiratória, temperatura e avaliação da dor. In: Paula MFC, Santos ER, Silva MR, Bergamasco EC. Semiotécnica: fundamentos para a prática
assistencial de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017.
3. Edwards B, Waterhouse J, Reilly T, Atkinson G. A comparison of the suitabilities of rectal, gut, and insulated axilla temperatures for measurement
of the circadian rhythm of core temperature in eld studies. Chronobiol Int. 2002;19(3):579-97.
4. Thomas KA, Burr R, Wang SY, Lentz MJ, Shaver J. Axillary and thoracic skin temperatures poorly comparable to core body temperature circadian
rhythm: results from 2 adult populations. Biol Res Nurs. 2004;5(3):187-94.
5. Handhayanti L, Rustina Y, Budiati T. Differences in temperature changes in premature infants during invasive procedures in incubators and radiant
warmers. Compr Child Adolesc Nurs. 2017;40(sup1):102-106.
6. Leyva EWA, Beaman A, Davidson PM. Health impact of climate change in older people: an integrative review and implications for nursing. J Nurs
Scholarsh. 2017;49(6):670-8.
7. Wark JD, Henningham L, Gorelik A, Jayasinghe Y, Hartley S, Garland SM. Basal temperature measurement using a multi-sensor armband in
Australian young women: a comparative observational study. JMIR Mhealth Uhealth. 2015;3(4):e94.
8. Muzik O, Reilly KT, Diwadkar VA. “Brain over body” – A study on the willful regulation of autonomic function during cold exposure. Neuroimage.
2018;172:632-641.
9. Ogoina D. Fever, fever patterns and diseases called ‘fever’--a review. J Infect Public Health. 2011;4(3):108-24.
10. Ata Berksoy E, Ba Ö, Yazici S, Çelik T. Use of noncontact infrared thermography to measure temperature in children in a triage room. Medicine
(Baltimore). 2018;97(5):e9737.
11. MedJet. Termômetro clínico digital haste exível med ex Incoterm [Internet]. Joinville: MedJet; 2019 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível
em: https://www.medjet.com.br/produto/termometro-clinico/termometro-clinico-digital-haste- exivel-med- ex-incoterm/192/25.
12. Carmagnani MIS, Fakih FT, Canteras LMS, Tereran NP, Carneiro IA. Procedimentos de enfermagem: guia prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2017.
13. Cloter J. O respeito à autonomia e aos direitos dos pacientes. Revista da AMRIGS. 2009;53(4):432-5.
14. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2018 [capturado em 11 mar.
2019]. Disponível em: http://www.cdc.gov/handwashing/.
15. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente: higienização das mãos. [Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em
16 abr. 2019]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf.
16. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário O cial
da União. 2 abr. 2013;Seção 1:43-4.
17. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
18. Incoterm.com [Internet]. Porto Alegre: Incoterm; 2019 [capturado em 16 abr. 2019]. Disponível em: https://www.incoterm.com.br/.
19. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
20. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Leitura recomendada
Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde.
2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 1994.
7.2
Pressão arterial
Introdução
A pressão arterial (PA) depende do débito cardíaco, que é a quantidade de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo
em 1 minuto, e da resistência vascular periférica, que mede a pós-carga ou a resistência do ventrículo esquerdo.1 A
aferição da PA é essencial para a identi cação e o controle de doenças cardíacas e vasculares e, principalmente, da
hipertensão arterial sistêmica (HAS). A HAS frequentemente se associa a distúrbios metabólicos e a alterações
funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo.2
No Brasil, a HAS atinge 36 milhões de adultos e mais de 60% dos idosos.3 Dessa forma, os pro ssionais da saúde
devem identi car precocemente a doença com o intuito de propor intervenções e tratamento precoce. Uma das
formas de se realizar o diagnóstico é aferindo-se a PA.
A PA pode ser aferida de forma direta ou indireta. Pela forma direta, obtém-se a PA de forma invasiva, utilizando
um cateter introduzido nas artérias radiais, braquiais ou femorais. Já a forma indireta pode ser executada pelo método
oscilométrico ou auscultatório, sendo o último o mais utilizado na prática clínica. Esse é um procedimento não
invasivo e fácil de ser realizado, porém o pro ssional deve fazê-lo corretamente para que o valor seja exato. Apesar da
importância da execução correta, estudos apontam que os pro ssionais ainda o executam de forma inadequada,4
comprometendo a assistência aos indivíduos.
Além da técnica, o pro ssional da saúde deve ter conhecimento dos fatores relativos ao ambiente, ao equipamento,
ao observador e ao paciente, que interferem na medida da PA. O ambiente deve ser tranquilo, silencioso e com
temperatura agradável. O equipamento deve ser adequadamente validado e calibrado, com boas condições de uso, o
tamanho do manguito deve ser adequado para o tamanho da circunferência do braço e os equipamentos não devem
estar muito frios. O observador deve conhecer e aplicar a técnica correta, sua posição deve estar confortável, não deve
aproximar valores para os terminados em zero e cinco (p. ex., 95 ou 100 mmHg) e deve ter interação adequada com o
paciente. O paciente deve estar em posição confortável, em repouso e posicionado de acordo com as recomendações
da diretriz e não deve ter ingerido substâncias que interferem na medida.5 Deve-se estar atento também às condições
siológicas, como estado de sono e vigília, variações posturais, dor, estresse emocional e idade, que podem alterar os
valores da PA.
De nição
A PA é a pressão exercida pelo sangue contra a parede dos vasos sanguíneos e é obtida pelo produto do débito
cardíaco e da resistência vascular periférica.1 A PA máxima é denominada pressão arterial sistólica (PAS) e a PA mínima,
pressão arterial diastólica (PAD). A pressão arterial média (PAM) é a média da pressão durante o ciclo cardíaco e é
calculada pela fórmula:
PAS + (PAD × 2)
PAM =
3
Indicação
A aferição da PA é indicada para controle desse sinal vital, seja para ns de diagnóstico ou de tratamento, no
ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar.
Aspectos legais
A aferição da PA pela técnica auscultatória deve ser realizada por pro ssional treinado.
Material necessário
■ Bandeja
■ Algodão com álcool
■ Es gmomanômetro com braçadeira e manguito de tamanhos adequados para o indivíduo
■ Estetoscópio
■ Pode-se utilizar aparelhos automáticos ou semiautomáticos, digitais e calibrados para substituir o
es gmomanômetro e estetoscópio; esses equipamentos devem ser validados, e sua calibração deve ser veri cada
anualmente, segundo as recomendações do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)2.
3. Orientar o indivíduo a não conversar durante a aferição.2 Conversar com o paciente enquanto mensura a
PA poderá causar aumentos de 10 a 40% nos
valores.7
4. Assegurar que o indivíduo não esteja com a bexiga cheia, que não tenha praticado exercícios Bexiga cheia, exercícios físicos, bebidas
físicos há pelo menos 60 minutos, que não tenha ingerido bebidas alcoólicas, café ou alimentos e alcoólicas, café e fumo causam elevação da PA.7
que não tenha fumado nos 30 minutos antes da aferição da PA.2 Também deve-se assegurar que a Indivíduos com fístula arteriovenosa,
pessoa não realizou mastectomia (remoção cirúrgica da mama) e que não possui fístula hemiparesia, hemiplegia e mastectomias podem
arteriovenosa (acesso vascular permanente, realizado cirurgicamente com a ligação de uma artéria apresentar redução da circulação na
a uma veia, utilizado por pacientes em hemodiálise), queimaduras, hemiparesia (diminuição da extremidade, e a aplicação da pressão do
força motora de um dos lados do corpo) ou hemiplegia (ausência de força de um dos lados do manguito in ado pode restringir
corpo) no membro em que a PA será aferida, pois essas condições são contraindicações para temporariamente a circulação sanguínea,
aferição da PA.2,8 comprometendo mais ainda a circulação na
extremidade.7,8
5. Preparar o material2 e veri car a calibração do es gmomanômetro, a integridade da borracha, Assegurar a acurácia da medida.9
da pêra e das conexões.9
7. Posicionar o indivíduo sentado, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso O posicionamento adequado do paciente causa
recostado na cadeira e relaxado.2 conforto durante a medição, minimizando a
ocorrência de erros de medida. A posição
sentada é preferida em relação à deitada. A
pressão arterial diastólica (PAD) é em média 5
mmHg maior quando aferida com o indivíduo
sentado.7 As pernas cruzadas poderão elevar
falsamente a pressão arterial sistólica (PAS).7
8. Posicionar o braço do indivíduo na altura do coração, com o cotovelo levemente etido, O braço estendido e não sustentado fará o
apoiado com a palma da mão voltada para cima e a roupa não deve garrotear o membro.2 indivíduo realizar um exercício isométrico, o que
poderá aumentar a PAD.7 O braço colocado
acima do nível do coração provoca uma falsa
leitura, podendo acarretar uma redução de 2
mmHg para cada 2,5 cm acima do nível do
coração.7 Roupas apertadas podem elevar
falsamente a PA.7
9. Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre o acrômio e o olécrano2 (Fig. A circunferência do braço deve ser determinada
7.2.1). para que o pro ssional possa escolher o
tamanho adequado do manguito.
10. Selecionar o manguito do tamanho adequado ao braço2 (Tab. 7.2.1). O tamanho inadequado do manguito pode
causar erros na medida.2
11. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 centímetros acima da fossa cubital2 (Fig. 7.2.2). A colocação inadequada do manguito causa
erro na medida.12
12. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.2 A colocação inadequada do manguito causa
erro na medida.12
13. Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial. Deve-se palpar a artéria radial e insu ar o Estimar o nível da PAS previne erros de medida
manguito até o desaparecimento do pulso – este será o valor estimado da PAS; após, deve-se que podem ocorrer por insu ação insu ciente
desin ar rapidamente o manguito*2 (Fig. 7.2.3). ou excessiva do manguito ou por causa de
hiatos auscultatórios.7,12 Desin ar rapidamente
o manguito previne uma congestão venosa e
leituras falsamente altas.7
14. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do A escolha de locais inadequados para colocar a
estetoscópio sem compressão excessiva.*2 campânula ou o diafragma resulta em
ampli cação fraca dos sons, levando a leituras
imprecisas.7,12
15. In ar rapidamente até ultrapassar de 20 a 30 mmHg o valor estimado da PAS obtido pela A in ação rápida garante que a pressão sistólica
palpação.*2 seja medida corretamente.7
16. Realizar a de ação lentamente (2 mmHg/segundo).*2 A de ação rápida pode ocasionar erro de
medida.12
17. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som e, após, aumentar ligeiramente a velocidade O primeiro som re ete a PAS.7
de de ação.*2
18. Determinar a PAD no desaparecimento dos sons.*2 O início do desaparecimento dos sons indica a
PAD.2
19. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para con rmar seu desaparecimento Deve-se auscultar de 20 a 30 mmHg abaixo do
e depois proceder à de ação rápida e completa.*2 último som para garantir que houve o seu
desaparecimento. A contínua in ação causa
oclusão arterial, resultando em dormência e
formigamento no braço do indivíduo e,
portanto, deve-se proceder à de ação rápida e
completa.7
20. Caso os sons persistam até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons e anotar Algumas doenças, como a insu ciência valvar
valores da PAS/PAD/zero.*2 aórtica, podem fazer com que os batimentos
persistam até o nível zero e, nesses casos, deve-
se considerar o abafamento dos sons para
determinar a PAD.13
21. Realizar pelo menos duas medições, com intervalo de 1 minuto, e medir em ambos os braços Valores diferentes de pressão entre os braços
na primeira aferição do indivíduo, utilizando, como referência, o valor do braço onde foi obtida a direito e esquerdo podem indicar um risco
maior pressão.2 aumentado de doença vascular periférica e
cardíaca.14
24. Anotar os valores exatos e o braço em que a PA foi medida.2 Os valores da PA encontram-se Valores com arredondamentos podem não
na Tabela 7.2.2. diagnosticar ou tratar inadequadamente
determinada doença.
Ressalta-se que alguns grupos de indivíduos merecem atenção especial. Os idosos, devido a alterações próprias do
envelhecimento, podem apresentar maior frequência do hiato auscultatório, que consiste no desaparecimento dos
sons durante a de ação do manguito.2 Deve-se utilizar manguitos mais longos e mais largos para obesos com
circunferência do braço superior a 50 cm; em casos nos quais não há manguito disponível, pode-se realizar a aferição
da PA no antebraço e o pulso a ser auscultado é o radial.6 A PA das gestantes também pode ser obtida na posição de
decúbito lateral esquerdo em repouso, não devendo diferir do valor obtido na posição sentada.2 Em pacientes que
não é possível aferir a PA nos membros superiores, pode-se utilizar a coxa, utilizando o manguito de tamanho
adequado, colocando-se o manguito no terço inferior da coxa e a ausculta deve ser realizada na artéria poplítea.8
≤6 Recém-nascido 3 6
6-15 Criança 5 15
16-21 Infantil 8 21
27-34 Adulto 13 30
45-52 Coxa 20 42
Tabela 7.2.2 Classi cação da pressão arterial para indivíduos a partir de 18 anos de idade
Classi cação Pressão arterial sistólica (mmHg) Pressão arterial diastólica (mmHg)
Normal ≤ 120 ≤ 80
Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classi cação da PA. Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS
≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, devendo ser classi cada em estágios 1, 2 e 3.
Fonte: Malachias e colaboradores.2
Figura 7.2.1 Obtenção da circunferência do braço para obtenção do tamanho adequado do manguito.
Autocuidado
Os indivíduos que necessitam aferir a pressão no domicílio devem ser orientados quanto à técnica e aos momentos de
aferição. A técnica utilizada é a mesma recomendada anteriormente, entretanto sugere-se a utilização de
equipamentos semiautomáticos e automáticos devido à facilidade de uso.2 Ressalta-se que esses aparelhos devem ser
validados e calibrados anualmente.2 Essas aferições devem ser estimuladas, uma vez que é possível obter um maior
número de medidas, os valores obtidos re etem as atividades usuais dos examinados, não há a interferência ou há a
redução do efeito do avental branco e contribui para um maior engajamento dos indivíduos no diagnóstico e
seguimento das doenças.2
Risco de perfusão tissular periférica ine caz Precauções circulatórias Estado circulatório
Referências
1. Lopes JL. Avaliação do sistema cardiovascular, principais distúrbios e cuidados de enfermagem no adulto. In: Pedreira MLG, Harada MJS, Viana
DL, organizadores. Enfermagem no cuidado crítico: neonatal, pediátrico e de adulto. São Paulo: Yendis; 2015. p. 520-47.
2. Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz brasileira de hipertensão arterial. Arq Bras
Cardiol. 2016;107(3 supl. 3):1-83.
3. Heerspink HJ, Ninomiya T, Zoungas S, de Zeeuw D, Grobbee DE, Jardine MJ, et al. Effect of lowering blood pressure on cardiovascular events and
mortality in patients on dialysis: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Lancet. 2009;373(9668):1009-15.
4. Veiga EV, Nogueira MS, Cárnio EC, Marques S, Lavrador MAS, Moraes AS, et al. Assessment of the techniques of blood pressure measurement by
health professionals. Arq Bras Cardiol. 2003;80(1):89-93.
5. Schmidt A, Pazin Filho A, Maciel BC. Medida indireta da pressão arterial sistêmica. Medicina (Ribeirão Preto). 2004;37(3/4):240-5.
6. Cloter J. O respeito à autonomia e aos direitos dos pacientes. Revista da AMRIGS. 2009;53(4):432-5.
7. Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
8. Pickering TG, Hall JE, Appel LJ, Falkner BE, Graves J, Hill MN, et al. Recommendations for blood pressure measurement in humans and
experimental animals: part 1: blood pressure measurement in humans: a statement for professionals from the Subcommittee of Professional and
Public Education of the American Heart Association Council on High Blood Pressure Research. Circulation. 2005;111(5):697-716.
9. Rodrigues AB, Paula MFC. Assistência de enfermagem na aferição de sinais vitais: pressão arterial, pulso, frequência cardíaca, frequência
respiratória, temperatura e avaliação da dor. In: Paula MFC, Santos ER, Silva MR, Bergamasco EC. Semiotécnica: fundamentos para a prática
assistencial de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017.
10. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2018 [capturado em 11 mar.
2019]. Disponível em: http://www.cdc.gov/handwashing/.
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente: higienização das mãos. [Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em
11 abr. 2019]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf.
12. Moreira TMM, Oliveira TC, Araújo TL. O processo ensino-aprendizagem na veri cação da pressão arterial. Rev Bras Enferm. 1999;52(1):67-78.
13. Mann DL, Zipes DP, Libby P, Bonow RO, editores. Braunwald: tratado de medicina cardiovascular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2018.
14. Clark CE, Taylor RS, Shore AC, Ukoumunne OC, Campbell JL. Association of a difference in systolic blood pressure between arms with vascular
disease and mortality: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2012;379(9819):905-914.
15. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
16. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
17. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
7.3
Frequência respiratória
Introdução
A respiração é uma atividade vital e envolve as demandas de oxigênio do corpo. Quimiorreceptores localizados nos
músculos, articulações, arco aórtico, artérias carótidas e reguladores neurais são responsáveis pelo controle da
frequência e profundidade da respiração.1,2 A troca de gases respiratórios que ocorre entre o ambiente e o sangue
resulta de atividades coordenadas como a ventilação (o ar da atmosfera chega aos alvéolos), a perfusão (o sangue
venoso procedente do coração chega aos capilares alveolares) e a difusão (o oxigênio dos alvéolos passa para o
sangue, e o gás carbônico passa para os alvéolos). Um alvéolo é a unidade funcional da respiração, constituída de
uma bolsa de tecido pulmonar, contendo ar e envolvida por capilares.3
A inspiração (o ar entra para dentro dos pulmões) é considerada um processo ativo da respiração por envolver a
contração do diafragma para a movimentação dos pulmões e da parede torácica. A expiração (o ar sai de dentro dos
pulmões) é um processo passivo, visto que o diafragma relaxa e o pulmão e a parede torácica voltam à posição
original.2,3
A frequência respiratória é um parâmetro clínico para avaliação da ventilação pulmonar e depende do
reconhecimento dos movimentos torácicos e abdominais normais. A frequência respiratória normal (eupneia) varia
com a idade (Tab. 7.3.1).2
Existem diversos padrões respiratórios, que possuem características especí cas quanto a frequência, ritmo e
profundidade (Tab. 7.3.2).1,3 Além disso, a descrição da natureza e da profundidade das respirações pode ser
classi cada como apneia (período em que não há respiração), dispneia (di culdade para respirar) e ortopneia (respirar
em posição deitada).1,2
A equipe multipro ssional em saúde deve atentar para alterações nos padrões respiratórios, utilizando, além da
frequência respiratória, a avaliação dos gases do sangue arterial e o uso de oxímetro de pulso para determinar a
oxigenação do sangue.1-3
Recém-nascido 30-60
Adolescente 16-19
Adulto 12-20
Respiração de Períodos alternados de respiração profunda e rápida, Insu ciência cardíaca, disfunção renal,
Cheyne-Stokes seguidos de apneia; regular aumento da pressão intracraniana
Respiração de Biot Respiração com profundidade e frequência variadas, Meningite, lesão cerebral grave
seguida de apneia; irregular
Respiração de Respiração anormalmente profunda, regular e de alta Acidose metabólica, uremia, sepse
Kussmaul frequência
A frequência respiratória é o número de ciclos respiratórios completos (uma inspiração e uma expiração) no período
de 1 minuto.2,3
Indicação
A veri cação da frequência respiratória é indicada para controle desse sinal vital, seja para ns de diagnóstico ou
tratamento, no ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar.
Aspectos legais
A veri cação da frequência respiratória deve ser realizada por pro ssional treinado.
Material necessário
3. Explicar o procedimento ao indivíduo.6 Todos os indivíduos têm direito à informação para que possam
participar ativamente nas decisões referentes ao cuidado de sua
saúde.6
4. Lavar as mãos.7,8 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o
contato com as pessoas ou superfícies próximas a elas.8
6. Contar a frequência respiratória durante 1 minuto. Em pacientes conscientes, A frequência respiratória é equivalente ao número de
colocar a mão no seu pulso radial, como se fosse controlá-lo, e observar os respirações por minuto. A suspeita de irregularidades requer
movimentos respiratórios sem que o paciente perceba.1,4 uma avaliação que dure pelo menos 1 minuto.2
7. Lavar as mãos.7,8 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o
contato com as pessoas ou superfícies próximas a elas.8
8. Anotar o valor exato da frequência respiratória veri cada e comunicar o O registro adequado e a comunicação são fundamentos para a
resultado ao paciente.5,6 boa prática da segurança do paciente.5
Referências
1. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
2. Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
3. Rodrigues AB, Paula MFC. Assistência de enfermagem na aferição de sinais vitais: pressão arterial, pulso, frequência cardíaca, frequência
respiratória, temperatura e avaliação da dor. In: Paula MFC, Santos ER, Silva MR, Bergamasco EC. Semiotécnica: fundamentos para a prática
assistencial de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017.
4. Carmagnani MIS, Fakih FT, Canteras LMS, Tereran NP, Carneiro IA. Procedimentos de enfermagem: guia prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2017.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário O cial
da União. 2 abr. 2013;Seção 1:43-4.
6. Cloter J. O respeito à autonomia e aos direitos dos pacientes. Revista da AMRIGS. 2009;53(4):432-5.
7. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2018 [capturado em 11 mar.
2019]. Disponível em: http://www.cdc.gov/handwashing/.
8. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente: higienização das mãos. [Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em
16 abr. 2019]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf.
9. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
10. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
11. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
7.4
Frequência cardíaca
Introdução
A frequência cardíaca (FC) representa o número de vezes que o coração bate em 1 minuto e é um forte indicador do
trabalho cardíaco. É controlada pelo nó sinusal (SA), também conhecido como o marca-passo natural do coração.
O valor de referência da FC pode variar com a idade, sendo maior na infância e menor na idade adulta e na velhice.
Diversos fatores podem afetar a FC normal, como atividade física, estresse, emoções, febre, lipotimia, entre outras
causas que estimulem o sistema nervoso simpático ou o parassimpático, aumentando ou diminuindo a FC,
respectivamente.1
Nos adultos, a frequência cardíaca normal varia entre 60 e 100 batimentos por minuto. Quando a frequência
cardíaca se encontra abaixo de 60 batimentos por minuto denomina-se bradicardia e, quando se encontra acima de
100 batimentos por minuto, taquicardia.2
O mecanismo envolvido na bradicardia está relacionado com a alteração na formação do impulso elétrico no nível
do nó sinusal ou com a diminuição da velocidade de condução do impulso elétrico pelo nó atrioventricular e sistema
His-Purkinje. A bradicardia pode ser causada por fatores intrínsecos, como na presença de doença do nó sinusal, ou
extrínsecos, quando associado à utilização de agentes farmacológicos, hipotermia, hipotireoidismo e tônus vasovagal
excessivo.3 Em atletas pro ssionais, a bradicardia é bem tolerada, uma vez que o músculo cardíaco se desenvolve com
os músculos esqueléticos. Um músculo cardíaco mais forte torna-se mais e ciente, aumentando o volume sistólico a
cada contração, exigindo, assim, menos batimentos por minuto para a manutenção do débito cardíaco adequado.1
A taquicardia ocorre em consequência de distúrbios na formação e/ou condução do impulso elétrico, seja por um
aumento da FC ou pela presença de um batimento precoce – chamado extrassístole. Os principais fenômenos
envolvidos na gênese da taquicardia são o hiperautomatismo e o mecanismo de reentrada nodal.4
A FC é geralmente mensurada por meio do estetoscópio posicionado na região apical do tórax (no 5º espaço
intercostal na linha hemiclavicular esquerda) ou por meio da visualização do cardioscópio, naqueles pacientes que se
encontram sob monitoração, e é importante a comparação entre a frequência e a medida do pulso (Cap. 7.5).
De nição
Indicação
A veri cação da FC é indicada para controle desse sinal vital, seja para ns de diagnóstico ou tratamento, no ambiente
hospitalar, ambulatorial ou domiciliar.
Aspectos legais
A veri cação da frequência cardíaca deve ser realizada por pro ssional treinado.
Material necessário
■ Bandeja
■ Algodão com álcool a 70%
■ Estetoscópio (Fig. 7.4.1)
■ Relógio com ponteiro de segundos
Figura 7.4.1 Estetoscópio.
Fonte: 3M.13
3. Explicar o procedimento ao indivíduo.6 Todos os indivíduos têm direito à informação para que possam participar
ativamente nas decisões referentes ao cuidado de sua saúde.7
4. Lavar as mãos.8,9 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o contato
com as pessoas ou superfícies próximas a elas.8
5. Posicionar o indivíduo de maneira confortável.2 Proporcionar conforto durante a veri cação da FC e evitar alterações no
resultado.2
6. Realizar a desinfecção do estetoscópio com álcool a 70%.10 Evitar infecções e respeitar as boas práticas de controle de infecção
hospitalar.10
7. Colocar o diafragma do estetoscópio diretamente sobre a pele do Nessa região encontra-se o ictus cordis, ou ponta de choque do
paciente no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular.5,11 coração, na parede torácica.1
9. Realizar a limpeza e desinfecção do estetoscópio com álcool a 70% Evitar infecções e respeitar as boas práticas de controle de infecção
após contato com o paciente.10 hospitalar.10
10. Lavar as mãos.8,9 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o contato
com as pessoas ou superfícies próximas a elas.8
11. Anotar o valor exato da FC veri cada e comunicar o resultado para o O registro adequado e a comunicação são fundamentais para a boa
paciente.1,2 prática da segurança do paciente.12
Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Precauções cardíacas Perfusão tissular cardíaca
Referências
1. Mann DL, Zipes DP, Libby P, Bonow RO, editores. Braunwald: tratado de medicina cardiovascular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2018.
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Treinamento de emergências cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia: avançado: curso o cial
da SBC. Barueri: Manole; 2013. p. 25-39.
3. Sallai VS, Polastri TF. Bradiarritmias. In: Lopes JL, Ferreira FG. Eletrocardiograma para enfermeiros. São Paulo: Atheneu; 2013. p. 67-76.
4. Sallai VS, Polastri TF. Taquiarritmias. In: Lopes JL, Ferreira FG. Eletrocardiograma para enfermeiros. São Paulo: Atheneu; 2013. p. 45-66.
5. Jarvis C. Exame físico e avaliação de saúde para enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012.
6. Carmagnani MIS, Fakih FT, Canteras LMS, Tereran NP, Carneiro IA. Procedimentos de enfermagem: guia prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2017.
7. Cloter J. O respeito à autonomia e aos direitos dos pacientes. Revista da AMRIGS. 2009;53(4):432-5.
8. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2018 [capturado em 11 mar.
2019]. Disponível em: http://www.cdc.gov/handwashing/.
9. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente: higienização das mãos. [Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em
16 abr. 2019]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf.
10. Rodrigues AB, Paula MFC. Assistência de enfermagem na aferição de sinais vitais: pressão arterial, pulso, frequência cardíaca, frequência
respiratória, temperatura e avaliação da dor. In: Paula MFC, Santos ER, Silva MR, Bergamasco EC. Semiotécnica: fundamentos para a prática
assistencial de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017.
11. Santos ESF, Passos VCS. Procedimentos de veri cação de sinais vitais e controles do cliente. In: Volpato ACB, Passos VCS, organizadores. Técnicas
básicas de enfermagem. 4. ed. São Paulo: Martinari; 2014.
12. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário O cial
da União. 2 abr. 2013;Seção 1:43-4.
13. 3M. 3M™ Littmann® Classic III™ Preto 5620 [Internet]. Embu das Artes: 3M; [2019, capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
https://www.loja3m.com.br/black-friday/black-friday-2018/3m-littmann-classic-iii-preto-5620?skuId=7891040218813.
14. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
15. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
16. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Leituras recomendadas
Lopes JL, Barros IBL. Avaliação do eletrocardiograma: principais ritmos cardíacos. In: Barros ALBL, organizadora. Anamnese e exame físico: avaliação
diagnóstica de enfermagem no adulto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 375-95.
Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
7.5
Pulso
Introdução
Cada batimento do coração promove a saída de uma quantidade de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta. Nos
adultos, esse volume varia de 60 a 80 mL, e é chamado volume sistólico. A força que o sangue exerce nas paredes dos
vasos arteriais gera uma onda de pressão, que pode ser sentida na periferia na forma de pulso. Durante a realização
do exame físico, a palpação dos pulsos periféricos fornece informações importantes relativas à frequência e ao ritmo
cardíaco, além da condição local de artérias.1
Assim como a frequência cardíaca (Cap. 7.4), a frequência de pulso está relacionada com a quantidade de vezes
que o coração se contrai. Entretanto, diferente da veri cação da frequência cardíaca, na qual utilizamos o
estetoscópio sobre o tórax, a veri cação da frequência de pulso é feita a partir da compressão de uma artéria contra
um dos ossos sob ela, utilizando-se as pontas dos dedos.2
Qualquer fator que inter ra na frequência de contração cardíaca igualmente afetará a frequência de pulso, uma vez
que uma depende da outra. Ambas podem sofrer variações em decorrência de fatores como a idade, ciclo circadiano
(as frequências tendem a ser mais baixas pela manhã e mais altas no nal do dia), sexo (ligeiramente maior nas
mulheres), estrutura corporal (indivíduos longilíneos apresentam frequência de pulso mais lenta quando comparados
aos brevilíneos), exercício e atividade (a frequência aumenta com a atividade e diminui no repouso), temperatura
corporal (para o aumento de cada grau centígrado há elevação de 15 batimentos por minuto na frequência cardíaca e
do pulso) e volume de sangue (grandes perdas de volume sanguíneo, independente da causa, implicam aumento das
frequências de pulso e cardíaca).3,4
Os pulsos periféricos de um lado do corpo devem ser comparados com aqueles do lado oposto, e a presença de
qualquer alteração poderá ser percebida. Os pulsos carotídeo, radial, braquial, femoral, poplíteo, tibial posterior e
pedioso ou dorsal do pé são geralmente os mais avaliados.
Os pulsos radiais encontram-se entre a apó se estiloide do rádio e o tendão dos exores (Fig. 7.5.1). O pulso
carotídeo pode ser palpado medialmente ao músculo esternoclidomastóideo bem relaxado, aproximadamente ao nível
da cartilagem cricóidea (Fig. 7.5.2). O pulso braquial pode ser palpado na fossa cubital, entre o braço e o antebraço,
e está localizado medialmente ao tendão do bíceps braquial, sendo essa região utilizada para a es gmomanometria
na aferição da pressão arterial (Fig. 7.5.3). Os femorais são palpados no ponto médio entre a crista ilíaca superior e a
sín se púbica de cada lado (Fig. 7.5.4). O pulso da artéria poplítea é avaliado com o joelho do indivíduo ligeiramente
exionado, usando os dedos indicador e médio para pressionar a artéria poplítea contra a tíbia (Fig. 7.5.5). O pulso
poplíteo, quando muito acentuado, pode indicar um aneurisma de artéria poplítea. O pulso tibial posterior é palpado
logo atrás do maléolo medial (Fig. 7.5.6), e o pulso pedioso, sobre o osso navicular lateral ao tendão extensor longo
do hálux (Fig. 7.5.7). O pulso bular não é possível de ser palpado.5 Os pulsos devem ser registrados como ausentes,
liforme, fraco, normal ou cheio (Tab. 7.5.1).2
Figura 7.5.1 Pulso radial.
0 Ausência de pulso Não é possível sentir o pulso, mesmo quando se exerce maior pressão à palpação.
+1 Pulso liforme Di culdade de sentir a pulsação, e uma pressão leve é su ciente para que o pulso desapareça.
+2 Pulso fraco Mais forte que o pulso liforme, entretanto uma pressão leve é su ciente para que o pulso desapareça.
+3 Pulso normal O pulso é facilmente sentido, mas desaparece com uma pressão moderada.
+4 Pulso cheio O pulso é forte e, mesmo com pressão moderada, ele não desaparece.
Fonte: Timby.2
Quando uma pressão leve é capaz de ocluir o pulso ou quando o uxo sanguíneo está gravemente comprometido,
como na presença de uma doença arterial periférica, a utilização do aparelho de Doppler de ultrassom torna-se
bastante útil. O Doppler é um aparelho eletrônico que detecta o movimento do uxo sanguíneo nos vasos periféricos
em um som audível. Para a utilização do aparelho, é necessária a aplicação de um gel condutor na superfície da pele
sobre a artéria a ser avaliada. O transdutor é posicionado em um ângulo de aproximadamente 60° sobre a pele, até
que um som pulsante possa ser ouvido (Fig. 7.5.8).6
Figura 7.5.8 Avaliação do pulso dorsal do pé com aparelho de Doppler em um pé saudável. Angulação de 60° graus do transdutor em
relação à pele.
De nição
O pulso é uma pulsação sentida como onda, que pode ser palpada em uma artéria periférica, e é produzido pelo
movimento do sangue durante a sístole.7
Indicação
A veri cação do pulso está indicada para controle desse sinal vital, seja para ns de diagnóstico ou tratamento, no
ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, como na avaliação da doença arterial periférica.
Aspectos legais
A veri cação do pulso deve ser realizada por pro ssional treinado.
Material necessário
2. Explicar o procedimento ao indivíduo.9 Todos os indivíduos têm direito à informação para que possam participar
ativamente nas decisões referentes ao cuidado de sua saúde.10
3. Lavar as mãos.11,12 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o contato
com as pessoas ou superfícies próximas a elas.11,12
4. Posicionar o indivíduo de maneira confortável. Apoiar o antebraço do Promover o conforto do paciente durante a medição e minimizar erros de
paciente com o punho estendido.9 medidas, além de proporcionar acesso mais fácil à artéria radial e colocar
o punho em posição relaxada.2
5. Pressionar levemente os dedos indicador e médio, com o polegar A pressão intensa pode ocluir o vaso di cultando a observação do pulso.5
xado no dorso do punho do paciente, usando a mão direita para
examinar o pulso esquerdo e vice-versa.1,2
6. Contar a frequência do pulso durante 1 minuto.1,2 É necessária a observação do pulso por 60 segundos para se observar o
ritmo do pulso do indivíduo.8,9
7. Reposicionar o indivíduo de maneira confortável.9 Demonstrar responsabilidade pelo cuidado ao indivíduo, sua segurança e
conforto.2
8. Lavar as mãos.9,10 Evitar infecções, devendo ser realizada sempre antes e após o contato
com as pessoas ou superfícies próximas a elas.9,10
9. Anotar o valor exato do pulso veri cado.2 Comunicar o resultado para O registro adequado e a comunicação são fundamentais para a boa
o paciente.1,2 prática da segurança do paciente.13
Perfusão tissular periférica ine caz Cuidados circulatórios: insu ciência arterial Estado circulatório
Perfusão tissular periférica
Débito cardíaco diminuído Cuidados circulatórios: insu ciência arterial E cácia da bomba cardíaca
Perfusão tissular periférica
Referências
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Leitura recomendada
Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
7.6
Dor
Introdução
A avaliação da dor é um passo essencial para seu controle.1 O enfermeiro tem um papel importante no manejo da
dor, devendo, portanto, conhecer as etapas essenciais para a avaliação e controle.
De nição
A Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP)1 de ne dor como um dano real ou potencial ou descrito em
termos de tal lesão, que resulta em uma experiência que afeta negativamente aspectos sensoriais e emocionais. Uma
atualização da de nição de dor foi proposta por Williams e Craig,2 em 2016: “Dor é uma experiência angustiante,
associada a dano tecidual real ou potencial, com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais”.
Considerando a subjetividade da dor, apenas quem a experimenta pode descrevê-la adequadamente. Cada
indivíduo constrói o signi cado da dor por meio de vivências ao longo da vida, de forma que há grande variabilidade
na percepção e expressão da dor. Fatores neuro-humorais, psicológicos, estratégias de enfrentamento e aspectos
culturais in uenciam a magnitude e a expressão da dor. O relato verbal da dor é considerado o padrão-ouro, no
entanto a incapacidade de se comunicar verbalmente não representa ausência de dor, necessitando também de
avaliação e tratamento.1-3
A dor pode ser classi cada de diversas formas. Do ponto de vista temporal, a dor pode ser subdividida em aguda e
crônica.1
Dor aguda: está associada a lesão ou injúria, em geral é bem delimitada, tem função de alerta e intensidade
variável. A dor aguda é mais frequente em afecções traumáticas, in amatórias ou infecciosas e tem repercussões
clínicas negativas. Dor pós-operatória, traumatismos, queimaduras e dor relacionada ao parto são exemplos de dor
aguda.1,2,4-6
A presença de dor aguda pode resultar em impacto orgânico negativo, caracterizado por aumento do trabalho
cardíaco (taquicardia e hipertensão), taquipneia, agitação, sudorese, contração muscular, aumento dos níveis de
cortisol, ansiedade, medo, prejuízo do sono, alteração do apetite, di culdade para deambular, di culdade para mexer-
se na cama, di culdade para respirar profundamente, di culdade para tossir, aumento do tempo de internação e risco
aumentado de processos tromboembólicos e infecciosos.1,2, 5-12
Dor crônica: possui mecanismo siopatológico complexo, persiste além do período esperado para a cura de uma
lesão e, em geral, persiste por mais de 3 meses, podendo durar anos. Não tem função biológica conhecida e pode ter
relação com subtratamento da dor aguda.1,12-18 A ocorrência de dor pode gerar estresse físico e emocional para os
pacientes e seus cuidadores, sendo considerada um problema de saúde pública, causador de morbidade, absenteísmo
e incapacidade temporária ou permanente, gerando elevados custos à sociedade e ao sistema de saúde. A dor crônica
está frequentemente associada a incertezas, sofrimento e medo, afetando atividades pro ssionais e sociais, além de
prejudicar o ritmo de sono, o apetite, o lazer e a qualidade de vida. Cefaleia, dor lombar, dor relacionada ao câncer,
bromialgia, neuropatias e dores reumáticas são exemplos de dor crônica.1,11-21
Indicação
O controle da dor deve ser realizado em todos os pacientes hospitalizados, ambulatoriais ou em clínicas. A avaliação
da dor bem executada é o primeiro passo para o sucesso no alívio da dor. O tratamento da dor deve se adequar à
necessidade de cada indivíduo, visando o alívio do sintoma. Assim, cada instituição deve elaborar o seu protocolo de
avaliação da dor, bem como do seu tratamento e do manejo dos efeitos colaterais provenientes dos fármacos.
Aspectos legais
O controle da dor é um direito do paciente,22 e sua não realização pode ferir princípios da bioética, como o princípio
da bene cência, o princípio da autonomia (direito ao não sofrimento, “algofobia”) e o princípio da justiça
(relacionado à demanda/sobrecarga dos serviços de saúde e à di culdade de acesso ao tratamento).23
O princípio da bene cência apresenta três aspectos que podem ser aplicados ao controle da dor: o tratamento
inadequado, ocasionado por insu ciência terapêutica (desinformação sobre métodos para o controle da dor e
aplicação imprópria do tratamento farmacológico), o descaso assistencial (autoritarismo, estoicismo, concepções
errôneas) e a postura paternalista.22,23
Material necessário
A dor é um fenômeno subjetivo, multidimensional e complexo. Para avaliá-la, o enfermeiro deve ouvir o relato do
paciente, investigar as características da dor, realizar o exame físico e utilizar escalas com boas propriedades
psicométricas. O uso de escalas ajuda a padronizar a avaliação, permite dimensionar a intensidade e avaliar o impacto
da dor nas atividades. Os materiais necessários para o seu controle dependem da intervenção selecionada e podem
incluir bolsa para compressa quente/fria, creme para massagem de conforto, coxins para posicionamento, entre
outros.
Etapas
As etapas necessárias para avaliação e controle da dor são: avaliação da dor e sintomas associados, registro dos
achados, estabelecimento da frequência de avaliação, estabelecimento de metas e intervenções de enfermagem.
1. Intensidade da dor É importante selecionar a escala ideal de acordo com as características do paciente,1 observando: capacidade de
(quanto?) comunicação verbal e cognitiva (ver a seguir as principais escalas para avaliação da dor).
Implicação: Dor ≥ 4: controle inadequado.2
2. Localização da dor Observar se a dor está restrita ao sítio de lesão ou se irradia para além dessa área. Solicitar que o indivíduo indique o(s)
(onde?) local(is) de dor.1 Para facilitar essa demonstração, ele pode apontar no próprio corpo ou em um diagrama corporal. O
preenchimento pode ser feito pelo pro ssional, paciente ou família.
Implicação: Drenos torácicos são exemplos de condições dolorosas que irradiam para além da área da inserção (região
dorsal, pescoço).
3. Início da dor (quando?) Perguntar ao indivíduo quando a dor iniciou e como foi esse início (súbito ou gradual).1
Implicação: Importante para veri car se está relacionado a procedimentos (p. ex., curativo, cuidados com dreno),
movimentos (p. ex., banho, cuidados pessoais, exercícios de sioterapia) ou não. Assim, pode-se adequar a analgesia de
horário ou de demanda para auxiliar na reabilitação do indivíduo.
4. Periodicidade (período, ■ Veri car se há um período do dia em que a dor se agrava (p. ex., dor noturna).1
duração e frequência) ■ Veri car a frequência da dor: dor contínua ou episódica (p. ex., dor piora antes do próximo horário de analgesia, após
procedimento ou no caso de terapia analgésica insu ciente).1
■ Duração da dor.1
Implicação: Esta investigação auxilia na previsão analgésica ao longo do dia e da noite e na identi cação da necessidade
de ajustes terapêuticos de horário e de demanda.
5. Qualidade da dor Importante para oferecer pistas sobre os mecanismos de dor envolvidos (neuropática, visceral, mista e somática) e
(como?) direcionar o tratamento.1
Implicação: Auxilia na prescrição analgésica (p. ex., dor em choque ou queimação sugere mecanismo neuropático
envolvido).
6. Fatores de piora ou Investigar com o indivíduo o que auxilia na melhora ou piora da dor;1 também a limitação causada pela dor para
melhora da dor ou executar as atividades de vida diária. Implicação: Melhor aplicação terapêutica.
impactos advindos da dor
7. Outras Avaliação do estado clínico do paciente, exame físico e presença de outros sintomas além da dor.1 Implicação: Avaliação
multipro ssional para melhor aplicação terapêutica e segurança do paciente.
Nota: Os registros de enfermagem devem contemplar não somente a intensidade da dor, mas também incluir as características citadas nesta tabela.
Dor de intensidade ≥ 4 indica controle inadequado e requer reavaliações em períodos mais curtos (após cada intervenção analgésica).24,25
■ Intensidade da dor
■ Local da dor
■ Duração da dor: contínua ou intermitente
■ Início da dor
■ O que ocasionou a dor
■ Período de piora: manhã, tarde e/ou noite
■ Descrição da dor
■ Fatores que aliviam
■ Fatores que pioram
■ Prejuízos da dor
1.1 Escalas de avaliação da dor
Nesta seção, são apresentadas as escalas para avaliação da dor em populações diversas. Para a escolha da melhor
estratégia de avaliação, o pro ssional deve considerar a capacidade de comunicação verbal e cognitiva do indivíduo a
ser avaliado.
Na Tabela 7.6.4, estão descritos alguns “sinais de dor” que podem ajudar a guiar o enfermeiro na avaliação.
Gemidos, choro, agitação/inquietação, movimentação dos membros (mesmo após medidas de conforto) Hipertensão arterial
Imobilidade ou diminuição da mobilidade, postura de proteção (evitando movimentação mesmo durante os cuidados), Arritmias cardíacas
re exo de retirada da área dolorosa com a manipulação
Nota: A ausência de sinais siológicos de dor (p. ex., taquicardia ou hipertensão arterial) nem sempre signi ca ausência de dor. Assim, esse parâmetro não deve
ser utilizado isoladamente para indicar a presença de dor.
Fonte: Gélinas e colaboradores30 e Gélinas e Arbour.32
Comportamento 0 1 2 Pontuação
Respiração independente ■ Normal ■ Di culdade ocasional para respirar ■ Respiração ruidosa e com
de vocalização ■ Curto período de hiperventilação di culdades
■ Longo período de hiperventilação
■ Respiração Cheyne-Stokes
Consolabilidade ■ Sem necessidade ■ Distraído(a) ou tranquilizado(a) por voz ■ Incapaz de ser consolado(a),
de consolar ou toque distraído(a) ou tranquilizado(a)
Total:
4 Sedado, com resposta rápida a leve estímulo glabelar ou forte estímulo auditivo
5 Sedado, com resposta lenta a leve estímulo glabelar ou forte estímulo auditivo
6 Não responsivo
4. Estabelecimento de metas
As metas de enfermagem para os diagnósticos de enfermagem dor aguda e dor crônica envolvem o controle da dor,
o nível de conforto, o nível de dor (aceitável/tolerável), o nível de ansiedade, entre outros. O enfermeiro deve avaliar o
paciente com dor para estabelecer metas individualizadas e adequadas para as necessidades de cada um.
5. Intervenções de enfermagem
A partir da avaliação da dor e das metas estabelecidas, os enfermeiros devem de nir as intervenções de enfermagem
mais indicadas para se alcançarem o alívio da dor e o conforto do paciente. Na Classi cação das intervenções de
enfermagem (NIC), há intervenções farmacológicas (p. ex., implementar a analgesia prescrita), que dependem de
prescrição médica, e intervenções não farmacológicas, que podem ser utilizadas de forma autônoma pelos
enfermeiros.50
Intervenções
Nesta seção, são apresentadas as recomendações e os princípios gerais para o tratamento farmacológico da dor.51-56
Assim, é importante considerar os seguintes parâmetros para aumentar a e cácia no controle da dor:
1. Pela boca: exceto no pós-operatório imediato, dores operatórias de difícil controle, dores oncológicas agudizadas,
dor intensa ou via oral não disponível.
2. Pelo relógio: os analgésicos devem ser prescritos por horário e por demanda (se necessário [SN]), e não somente
por demanda.
3. Pela escada: a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o tratamento da dor por 3 degraus, para facilitar e
direcionar a terapia analgésica. Nessa recomendação, utiliza-se o conceito de analgesia multimodal, ou seja, a
combinação de diferentes grupos analgésicos (1 fármaco de cada grupo) para obter melhores resultados analgésicos
e menor ocorrência de efeitos colaterais. Assim, o degrau 1 prevê analgésicos simples (p. ex., dipirona, paracetamol,
anti-in amatórios não esteroides [AINE], etc.) associados a adjuvantes (antidepressivos, anticonvulsivantes,
neurolépticos, etc.); o degrau 2, opioides fracos administrados por horário (p. ex., tramadol, codeína) associados a
analgésicos simples + adjuvantes; e o degrau 3, opioides fortes administrados por horário (p. ex., mor na, fentanila
transdérmica, oxicodona, analgesia controlada pelo paciente, analgesia de neuroeixo, etc.) associados a analgésicos
simples + adjuvantes (Fig. 7.6.1). Dores crônicas iniciam o tratamento subindo os degraus; dores agudas, descendo-
os.51-56
É importante considerar que o tratamento da dor deve ser adaptado às necessidades individuais, visto que a
percepção e expressão da dor são muito variáveis. Mesmo nos casos de estímulo doloroso idêntico ou condição
dolorosa similar, a percepção da intensidade da dor é bastante variável. Portanto, é frequente observar que, para uma
mesma condição clínica, alguns indivíduos necessitem de maior consumo analgésico que outros para obter alívio
similar da dor. Grande variabilidade também é observada em relação à apresentação dos efeitos colaterais.51-53
Em casos de suspeita de analgesia inadequada, há a necessidade de reavaliação. As questões a seguir ajudam a
identi car essa situação:
■ Há relato frequente de dor do paciente e não possui analgesia prescrita?
■ Há relato frequente de dor do paciente e possui analgesia prescrita, porém somente se necessário ou a critério
médico?
■ Há relato frequente de dor do paciente que possui analgesia prescrita de horário, mas com escapes de dor antes da
próxima dose do analgésico?
■ O paciente apresenta-se sonolento (p. ex., Ramsay > 3) com a analgesia prescrita?
■ O paciente está apresentando efeitos colaterais persistentes?
Uma das barreiras para o efetivo controle da dor aguda são os efeitos colaterais provenientes da terapia analgésica
farmacológica. Para otimizar os resultados do tratamento, o pro ssional de enfermagem deve: aceitar que fármacos
podem trazer efeitos colaterais, prevenir e tratar de forma rápida aqueles sabidamente mais frequentes (p. ex.,
náuseas, vômitos e constipação) e adotar protocolo para os menos frequentes ou de maior risco (p. ex., prurido,
sonolência excessiva, depressão respiratória). Portanto, avaliar sistematicamente os efeitos colaterais e adotar
protocolos de prevenção e tratamento são estratégias recomendadas.24,25,41,44
Autocuidado/educação em saúde
Pacientes e familiares devem receber orientações sobre a importância de relatar a presença de dor, métodos
disponíveis para o tratamento, possíveis efeitos colaterais, bem como sobre a sua prevenção e manejo. As estratégias
não farmacológicas descritas podem ser ensinadas aos pacientes e familiares e resultam em melhor controle de dor e
maior satisfação com o atendimento. Recomenda-se também que as instituições de saúde adotem programas de
treinamento e reciclagem multipro ssional para o controle da dor.42,45
A presença de dor exige que o enfermeiro avalie e registre a dor de modo sistematizado, além de implementar
intervenções para o controle da dor, reavaliando e ajustando sempre que necessário.
Nível de ansiedade
Dor crônica Administração de analgésicos Nível de dor
Acupressão
Nível de estresse
Sono
A escolha dos resultados para as intervenções propostas na tabela deve seguir o raciocínio clínico do enfermeiro a respeito da condição clínica apresentada pelo
paciente na vigência do diagnóstico estabelecido.
Considerações nais
O controle de dor é uma responsabilidade multipro ssional, na qual o enfermeiro desempenha um papel importante,
pois avalia, intervém e colabora na efetividade da terapia analgésica empregada. É importante que a presença de dor
mobilize o pro ssional para intervir e aliviar a dor por meio de estratégias farmacológicas e não farmacológicas. Para
tanto, é fundamental que a equipe esteja capacitada e que a instituição adote protocolos de investigação e controle
da dor. Assim, ampliam-se as chances de que a dor seja tratada adequadamente, resultando em recuperação mais
breve maior conforto e satisfação dos pacientes.
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64. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
65. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
66. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Leitura recomendada
Salvador M, Rodrigues CC, Carvalho EC. Emprego do relaxamento para alívio da dor em oncologia. Rev. RENE. 2008;9(1):120-8.
Preparo de medicamentos 8
8.1
Procedimento-padrão para preparo e administração de
medicamentos
Introdução
Erros de medicação têm recebido destaque a partir de publicações que divulgaram a elevada mortalidade,1 o aumento
dos custos e a repercussão para o paciente, para as instituições de saúde e para a sociedade.2,3 Além disso, incidentes
desse tipo podem resultar em processos e ações ético-moral-legais.4
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, erros de medicação são de nidos como falhas no processo do
tratamento medicamentoso que podem conduzir ou que têm potencial para conduzir a danos ao paciente.5
Erros de medicação podem ocorrer em qualquer etapa do sistema, sendo classi cados em: erros de prescrição, erros
de dispensação e erros de administração.6
Apesar de se tratar de eventos preveníveis e previsíveis, estudos revelam números expressivos de erros de medicação
na etapa de administração.7-9
Muitos erros cometidos podem ser atribuídos à equipe de enfermagem, em razão da sua atuação no preparo e
administração de medicamentos, o que torna clara a responsabilidade dessa equipe.10
De nições
Preparo: Consiste na técnica de manipulação dos medicamentos para administrar ao paciente, de acordo com a
prescrição e a dispensação.11
Administração: Consiste na aplicação de medicamentos ao paciente.11
Indicação
Aspectos legais
No Brasil, a prescrição médica relativa aos medicamentos pode ser executada pela equipe de enfermagem, composta
por enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem. As duas últimas categorias pro ssionais devem
ter a supervisão do enfermeiro.12
Material necessário
2. Veri car medicamento certo, con rmando o Certi car-se de que o medicamento que será administrado é o medicamento prescrito.11,15
medicamento com a prescrição e conferindo três vezes
o rótulo.
3. Veri car via certa. Medicamentos devem ser administrados somente pela via prescrita.11,15
4. Veri car hora certa. Administrar na hora certa para garantir níveis séricos terapêuticos.11,15
6. Realizar registro certo. Registrar a administração do medicamento no prontuário do paciente facilita a veri cação
de que ele foi administrado.11,15
7. Respeitar direito de recusa do paciente. O paciente tem direito de recusar o medicamento prescrito.11,15
8. Observar compatibilidade medicamentosa. O pro ssional deve selecionar o material compatível com o medicamento prescrito e
certi car-se da compatibilidade da administração de fármacos concomitantes na mesma
via de infusão.11,15
Autocuidado
O preparo e a administração de medicamentos exige do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do
cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.20-22
Referências
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5. World Health Organization. WHO patient safety research: better knowledge for safer care [Internet]. Geneva: WHO; 2009 [capturado em 12 mar.
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8. Fahimi F, Ariapanah P, Faizi M, Shafaghi B, Namdar R, Ardakani MT. Errors in preparation and administration of intravenous medications in the
intensive care unit of a teaching hospital: an observational study. Aust Crit Care. 2008;21(2):110-6.
9. Salazar L. N, Jirón A. M, Escobar O. L, Tobar E, Romero C. Errores de medicación en pacientes críticos adultos de un hospital universitario. Estudio
prospectivo y aleatorio. Rev Méd Chile. 2011;139(11):1458-64.
10. Miasso AI, Silva AEBC, Cassiani SHB, Grou CR, Oliveira RC, Fakih FT. O processo de preparo e administração de medicamentos: identi cação de
problemas para propor melhorias e prevenir erros de medicação. Rev. Latino-Am Enfermagem. 2006;14(3):354-63.
11. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
COREN-SP; 2017.
12. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
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prevenção de danos ao paciente, noti cação, auditoria de risco, aplicabilidade de ferramentas, monitoramento. São Paulo: Martinari; 2008. p.
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20. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
21. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
22. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.2
Administração de medicamentos via oral
Introdução
A administração de medicamentos via oral (VO) possui diversas vantagens e, entre elas, podemos citar a facilidade, o
conforto, a economia e o maior controle de efeitos locais e sistêmicos. Contudo, essa via apresenta limitações. Vários
medicamentos, por exemplo, podem ser destruídos pelo suco gástrico, podendo não ocorrer, assim, o efeito desejável;
alguns pacientes podem apresentar di culdade de engolir e sentir náusea no momento da administração; também há
a limitação da administração desses medicamentos em pacientes com drenagem gástrica, inconsciência, confusão ou
resistência em cooperar. Os medicamentos administrados VO podem ainda irritar o revestimento do trato
gastrintestinal, alterar a coloração dos dentes e apresentar sabor desagradável.1
De nição
Indicação
Administração de medicamentos compatíveis para administração VO. É indicada para pacientes sem alterações no
nível de consciência e sem di culdades de deglutição.1
Aspectos legais
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Gaze limpa
■ Prescrição médica
■ Medicação prescrita
■ Adesivo para identi cação
■ Copo descartável
■ Água potável
■ Seringa ou recipiente dosador se medicamento em solução
2. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está associada à redução da
transmissão de microrganismos.5
3. Elaborar etiquetas de identi cação para o Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
medicamento que será preparado, conforme
descrito no Capítulo 8.1, e identi car cada
medicamento.
4. Reunir os materiais na bandeja previamente Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de microrganismos,
limpa e desinfetada com álcool a 70% e levá- enquanto, nas superfícies que foram apenas limpas, há a redução de apenas 80%. O álcool a 70% é
los ao quarto do paciente. o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo ser aplicado em superfícies ou
artigos por meio de fricção.6
5. Perguntar ao paciente, quando consciente, Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais comuns de eventos
seu nome e data de nascimento. Conferir os adversos relacionados à assistência à saúde.7
dados da pulseira de identi cação com a
prescrição.
6. Explicar o procedimento para o O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a serem realizados, de conhecer
paciente/acompanhante. suas alternativas, de os recusar e, se desejar, de ter uma segunda opinião.8
7. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução na
transmissão de microrganismos.5
8. Veri car a capacidade do paciente de A veri cação da capacidade do paciente de deglutir evita eventos adversos, como aspiração e
deglutir o medicamento, bem como obstrução de vias aéreas.1
parâmetros vitais e glicemia capilar, se
necessário.
9. Posicionar o paciente em decúbito elevado, O posicionamento adequado evita eventos adversos, como aspiração e obstrução de vias aéreas.1
se não houver contraindicação.
11. Oferecer líquido adequado ao paciente. Evitar a aspiração e a obstrução de vias aéreas.1
12. Administrar separadamente cada Possibilitar maior segurança no que diz respeito à incompatibilidade e interação entre os diversos
medicamento, mesmo que prescritos para o medicamentos.7
mesmo horário.
14. Desprezar os resíduos em local Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente
apropriado. podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, podendo ser acondicionados em sacos destinados
ao descarte de resíduos comuns. Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados
em saco branco leitoso.9
15. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução na
transmissão de microrganismos.5
16. Avaliar o paciente após a administração Possibilitar a observação do efeito esperado ou a identi cação de reações adversas.7
do medicamento.
17. Checar o horário da administração do A checagem e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo do cuidar,
medicamento na prescrição médica e registrar além de constituírem evidência legal.10
a administração do medicamento na anotação
de enfermagem.
Autocuidado
O preparo e a administração de medicamentos exigem do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do
cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.
Referências
1. Potter PA, Perry AG. Elkin MK. Procedimentos e intervenções de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
2. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
3. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
4. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 45, de 12 de março 2003. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas
práticas de utilização das soluções parenterais (SP) em serviços de saúde. Diário O cial da União. 13 mar. 2003;Seção 1:45-7.
5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Precauções padrão, precaução de contato, precauções para gotículas e precauções para aerossóis
[Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf.
6. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília:
ANVISA; 2012.
7. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
COREN-SP; 2017.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
9. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 20, de 26 de março de 2015. Diário O cial da União. 30 mar. 2015;Seção
1:104-5.
10. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
11. Joint Commission International. Padrões de acreditação da Joint Commission International para hospitais 4. ed. Rio de Janeiro: Consórcio
Brasileiro de Acreditação; 2010.
12. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
13. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
14. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
15. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.3
Administração de medicamentos via auricular
Introdução
A administração tópica de medicamentos geralmente é utilizada para o tratamento de afecções do conduto auditivo
ou de estruturas mais profundas do sistema auditivo. Esses medicamentos possuem três formas de apresentação:
pomada, gotas ou soluções.1
De nição
Indicação
Aspectos legais
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Gaze limpa
■ Solução siológica estéril
■ Medicamento prescrito
■ Luvas
1. Utilizar os princípios do procedimento-padrão para Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
administração de medicamentos.
2. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução
da transmissão de microrganismos.4
3. Elaborar etiquetas de identi cação para o Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
medicamento que será preparado.
4. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de microrganismos,
desinfetada com álcool a 70% e levá-los ao quarto do enquanto, nas superfícies que foram apenas limpas, há a redução de 80%. O álcool a 70% é
paciente. o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo ser aplicado em superfícies
ou artigos por meio de fricção.5
5. Perguntar ao paciente, quando consciente, seu Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais comuns de eventos
nome e data de nascimento. Conferir os dados da adversos relacionados à assistência à saúde.6
pulseira de identi cação com a prescrição.
6. Explicar o procedimento para o O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a serem realizados, de
paciente/acompanhante. conhecer suas alternativas, de os recusar e, se desejar, de ter uma segunda opinião.7
7. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução
da transmissão de microrganismos.4
8. Posicionar o paciente em decúbito dorsal ou Proporcionar conforto ao paciente, melhorar o acesso ao local de administração e reduzir a
sentado em uma cadeira com a cabeça lateralizada. drenagem do medicamento pelo conduto auditivo.1
10. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luvas de procedimento é preconizado quando houver risco de contato com
material biológico.4
12. Examinar o canal auditivo para veri car se há A presença de secreção pode reduzir a e cácia da medicação.1
sujidade; se necessário, proceder à limpeza com gaze
embebida em solução siológica.
13. Instilar a quantidade de gotas prescritas sem tocar Evitar contaminar o frasco ou bisnaga.1
o conta-gotas no paciente. Em caso de apresentação
em pomadas ou loções, utilizar a gaze para aplicar
(descarte a gaze a cada aplicação).
14. Orientar o paciente para permanecer em decúbito Favorecer a penetração do medicamento no conduto auditivo.1
lateral por 2 a 3 minutos.
16. Orientar o paciente a observar e comunicar O paciente deve ser envolvido na promoção de segurança na prestação da assistência à
qualquer desconforto ou intercorrência. saúde.7
17. Desprezar os resíduos em local apropriado. Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, podendo ser acondicionados em
sacos destinados ao descarte de resíduos comuns. Os resíduos contendo material biológico
devem ser acondicionados em saco branco leitoso.8
18. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução
da transmissão de microrganismos.4
19. Avaliar o paciente após a administração do A avaliação do paciente após a administração do medicamento deve ser realizada para
medicamento. observação do efeito esperado ou identi cação de reações adversas.6
20. Checar o horário da administração do A checagem e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo do
medicamento na prescrição médica e realizar as cuidar, além de constituírem evidência legal.9
anotações de enfermagem referentes ao
procedimento.
Autocuidado
O preparo e a administração de medicamentos exigem do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do
cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.12-14
Introdução
A administração tópica de medicamentos é geralmente utilizada para o tratamento de afecções do globo ocular ou de
estruturas mais profundas, como alergias, conjuntivites, degeneração macular, descolamento de retina, glaucoma, etc.
As formas de apresentação do medicamento podem ser: pomada, gotas ou gel.1
De nição
Indicação
As indicações estão baseadas na prescrição médica e podem ser: tratamento de infecções, in amações, lubri cação e
outras afecções.1
Aspectos legais
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Gaze limpa
■ Solução siológica estéril
■ Medicamento prescrito
■ Luvas
2. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução da
transmissão de microrganismos.4
3. Elaborar etiquetas de identi cação para o Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
medicamento que será preparado.
4. Reunir os materiais na bandeja Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de microrganismos, enquanto,
previamente limpa e desinfetada com álcool nas superfícies que foram apenas limpas, há a redução de apenas 80%. O álcool a 70% é o principal
a 70% e levá-los ao quarto do paciente. desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo ser aplicado em superfícies ou artigos por meio
de fricção.5
5. Perguntar ao paciente, quando Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais comuns de eventos adversos
consciente, seu nome e data de relacionados à assistência à saúde.6
nascimento. Conferir os dados da pulseira
de identi cação com a prescrição.
6. Explicar o procedimento para o O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a serem realizados, de conhecer suas
paciente/acompanhante. alternativas, de os recusar e, se desejar, de ter uma segunda opinião.7
7. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução da
transmissão de microrganismos.4
8. Posicionar paciente em decúbito dorsal Proporcionar conforto ao paciente, melhorar o acesso ao local de administração e reduzir a drenagem
ou sentado em uma cadeira com a cabeça do medicamento pelo ducto lacrimal.1
ligeiramente hiperestendida.
10. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luvas de procedimento é preconizado quando houver risco de contato com material
biológico.4
11. Na presença de secreção ocular, limpar A secreção deve ser removida para que a medicação atue de maneira adequada.1
com gaze e solução siológica a 0,9%.
12. Posicionar a gaze abaixo da pálpebra A gaze deve absorver o medicamento que extravasa do olho.1
inferior.
13. Tracionar a pálpebra inferior com uma A técnica expõe o saco conectivo inferior e impede que os dedos toquem o olho.1
gaze.
14. Orientar o paciente a olhar para o teto. A ação reduz o re exo de piscar.1
18. Orientar o paciente a observar e Envolver o paciente na promoção de segurança na prestação da assistência à saúde.7
comunicar qualquer desconforto ou
intercorrência.
19. Desprezar os resíduos em local Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente
apropriado. podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, podendo ser acondicionados em sacos destinados ao
descarte de resíduos comuns. Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em
saco branco leitoso.8
20. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à redução da
transmissão de microrganismos.4
21. Avaliar o paciente após a administração Observar o efeito esperado ou identi car reações adversas.6
do medicamento.
22. Checar o horário da administração do A checagem e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo do cuidar, além
medicamento na prescrição médica e de constituírem evidência legal.9
registrar a administração na anotação de
enfermagem.
Autocuidado
O preparo e administração de medicamentos exigem do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do
cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.12-14
Referências
1. Potter PA, Perry AG. Elkin MK. Procedimentos e intervenções de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
2. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
3. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
4. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Precauções padrão, precaução de contato, precauções para gotículas e precauções para aerossóis
[Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf.
5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília:
ANVISA; 2012.
6. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
COREN-SP; 2017.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
8. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 20, de 26 de março de 2015. Diário O cial da União. 30 mar. 2015;Seção
1:104-5.
9. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
10. Joint Commission International. Padrões de acreditação da Joint Commission International para hospitais 4. ed. Rio de Janeiro: Consórcio
Brasileiro de Acreditação; 2010.
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
12. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
13. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
14. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.5
Administração de medicamentos via nasal
Introdução
O nariz é um componente do trato respiratório e possui as funções de limpar e aquecer o ar inspirado. Por meio dos
cílios nasais, as impurezas do ar são ltradas para que ele chegue mais limpo aos pulmões. Além disso, outra função
importante do nariz é atuar como uma das estruturas no sistema de ressonância da fala. O transporte mucociliar nasal
atua no mecanismo de defesa das vias aéreas superiores, permitindo que partículas e patógenos inalados sejam
removidos por meio do batimento ciliar em direção à orofaringe.¹
A administração de medicamentos via nasal possibilita rápida absorção por não sofrer in uência do mecanismo
hepático nem ter ação diminuída ou nula decorrente da presença de vômitos ou diarreia.1-2
De nição
É a introdução de um medicamento na mucosa nasal. Essa administração pode se dar por meio de formulações em
gotas ou spray. A absorção do medicamento acontece através das três áreas funcionais da cavidade nasal: vestíbulo
nasal, região respiratória e região olfatória. A região respiratória é responsável pelo maior grau de absorção das
medicações administradas através do nariz, enquanto a olfatória é fundamental para o seguimento da medicação para
o sistema nervoso central (SNC).3,4
Indicação
A administração de medicação via nasal é indicada para tratamento de rinossinusites, sinusites, congestão nasal, asma
e patologias associadas ao trato respiratório em geral. Entretanto, medicamentos como desmopressina, sumatriptana,
insulina, calcitonina, entre outros, possuem efeitos sistêmicos e são preparados na forma de instilação nasal.1,4
Estudos estão sendo realizados com o intuito de ampliar a utilização dessa via como mais uma opção estratégica
para outras patologias. A utilização da via intranasal como meio de entrega de agentes terapêuticos, sobretudo ao
cérebro, vem ganhando importância signi cativa. Isso se deve à conexão anatômica existente entre a cavidade nasal e
o SNC, que ocorre por meio dos nervos olfatório e trigêmeo que inervam as vias nasais. Além de ser uma via que
favorece um rápido e fácil acesso ao cérebro, contornando a barreira hematencefálica, também evita efeitos hepáticos
de primeira passagem e gastrintestinais.2,5,6
Outro estudo menciona a importância de vias alternativas e aponta a intranasal como opção favorável, referindo
que a maioria dos antipsicóticos são utilizados por via oral ou injetável; reforça, contudo, que alguns desses fármacos
são inadequados para administração via oral devido à biodisponibilidade e ao fato de outras fórmulas de fármacos
injetáveis não se apresentarem disponíveis para todos os medicamentos. Assim, a via nasal é vista como uma
alternativa para administração de fármacos com atuação no SNC e na circulação sistêmica.5
Entretanto, para melhor absorção do fármaco via nasal, a formulação farmacêutica deve apresentar algumas
características, como partículas superiores a 10 micrômetros (µm) de diâmetro aerodinâmico, já que partículas de
tamanhos menores são depositadas diretamente nos pulmões e não na cavidade nasal. Para que o fármaco não siga
em direção à orofaringe, o volume de administração deve ser observado, sendo recomendados jatos de até 2,5
mililitros (mL).1,7
Outro fator que pode in uenciar na absorção do fármaco é seu potencial hidrogeniônico (pH), sendo preferíveis
medicamentos com valores de pH superiores a 6,5. Os fármacos com pH mais ácidos podem provocar irritação da
mucosa nasal, estimulando uma maior produção de muco, o que pode afetar a biodisponibilidade medicamentosa.1,7
Aspectos legais
Material necessário
■ Bandeja
■ Etiqueta
■ Prescrição médica
■ Caneta
■ Medicamento prescrito
■ Gaze
■ Solução siológica
■ Lanterna
■ Luvas de procedimento
■ Álcool a 70%10-12
1. Higienizar as mãos. A higienização das mãos é uma prática importante na prevenção de infecções
relacionadas à assistência à saúde. É indiscutivelmente a medida mais e caz para
prevenir e controlar as infecções. Seguindo as recomendações e manual técnico da
Anvisa, é importante a qualidade da preparação alcoólica ou sabonete (líquido ou
espuma), a quantidade utilizada do produto, o tempo de fricção (20 a 30 segundos) ou
lavagem (40 a 60 segundos) e a superfície da mão friccionada ou lavada.13
2. Checar a prescrição médica (clara e legível) e as possíveis A prescrição deve estar claramente legível, correta, com assinatura e número de
alergias medicamentosas. registro do pro ssional prescritor (exceto em caso de urgência e emergência); caso
contrário, é dever do pro ssional de enfermagem recusar-se a executar a
prescrição.14,15
3. Separar o medicamento, conferindo a apresentação com Prevenir erros de medicação (segurança do paciente).15
a posologia e a via prescrita.
4. Implementar as 9 etapas (9 certos) da terapia Administrar de forma segura os medicamentos – modelo dos 9 certos (conforme
medicamentosa antes de iniciar o procedimento. descrito no Cap. 8.1).16
6. Reunir o material e o medicamento necessários em uma Promover a organização do ambiente e a segurança do paciente.
bandeja, previamente desinfetada com álcool a 70%, e
levá-la até o leito do paciente, colocando em uma mesa
auxiliar limpa.
7. Identi car-se para o paciente e/ou acompanhante. Permitir maior proximidade, podendo suscitar con ança e segurança ao paciente.17
8. Conferir o nome completo do paciente na prescrição É recomendado adotar pelo menos dois identi cadores para o paciente. Número de
com o medicamento e a pulseira de identi cação, quarto/enfermaria não deve ser usado com essa nalidade. Adotar protocolos para a
atentando para a presença de pulseira indicativa de alergia. identi cação de pacientes que estejam sem documentos que os identi que. Ressaltar a
Caso presente, questionar se o fármaco está correto ou responsabilidade dos pro ssionais em administrar o medicamento correto ao paciente
conferir no prontuário. correto.18
9. Explicar o procedimento ao paciente e/ou Propicia o fortalecimento do vínculo do paciente e da família com a equipe, além de ser
acompanhante, instruindo sobre o medicamento que será fundamental a inclusão do paciente em seu próprio cuidado para que sejam
administrado e a via de administração. compartilhadas decisões sobre o tratamento e procedimentos.17
10. Higienizar as mãos. Além das informações da etapa 1, existem os 5 momentos para a higiene das mãos
(Fig. 5.2): (1) antes de tocar o paciente; (2) antes de realizar procedimento
limpo/asséptico; (3) após risco de exposição a uidos corporais; (4) após tocar o
paciente; (5) após tocar superfícies próximas ao paciente.12
11. Calçar as luvas de procedimento. Usar para proteção individual nos casos de contato com sangue e líquidos corporais,
bem como com mucosas e pele não íntegra de todos os pacientes.12
12. Inspecionar as narinas com lanterna em busca de A presença de lesões e sujidades podem atrapalhar a absorção do fármaco.4-8,10-12
lesões e sujidades.
13. Fazer higiene nasal com gaze embebida em solução No caso de haver sujidade ou lesões, a limpeza auxilia na absorção do fármaco.4-8,10-12
siológica, caso necessário.
14. Posicionar o paciente em decúbito dorsal com um O posicionamento da cabeça facilita a absorção do medicamento.4-8,10-12
travesseiro sob os ombros, de modo que a cabeça que
inclinada para trás (cabeça em hiperextensão), ou sentado
com a cabeça inclinada para trás. Se o medicamento for
direcionado para agir nos seios frontais e maxilares (Fig.
8.5.1), mobilizar a cabeça do paciente para o lado.
20. Checar o horário da administração do medicamento Apenas a checagem dos itens por meio de símbolos, como “O” e √, não cumpre os
junto com rubrica na prescrição médica. requisitos legais de validação de um documento. É necessário realizar as anotações de
tal procedimento e nalizar com o nome completo, registro no COREN e a categoria
pro ssional.19
21. Registrar o procedimento realizado. Assinar e carimbar As anotações de enfermagem devem ser referentes a todos os cuidados prestados, às
(carimbo contendo nome completo, COREN e categoria respostas dos pacientes e às recusas.19
pro ssional).
Figura 8.5.1 Seios paranasais: A. seios frontais; B. seios esfenoidais e etmoidais; C. seios maxilares.
Fonte: Shutterstock.
Autocuidado
Comparada com outras membranas mucosas, a nasal fornece absorção mais rápida e pode ser autoadministrada, não
necessitando de habilidade técnica especí ca.6 O envolvimento do paciente e da família no autocuidado por meio da
educação continuada é importante para inclusão do paciente na sua própria segurança.17
O objetivo mais comum para administração de medicamentos por instilação nasal é o alívio da congestão nasal ou
resfriados. Entretanto, o fácil manejo e a forma de utilização desses fármacos pelos próprios pacientes pode causar
uso excessivo, que, se não advertido ou informado, pode culminar em consequências graves e complicações. Graves
efeitos sistêmicos também ocorrem, principalmente em crianças, em caso de ingestão excessiva de solução
descongestionante. Isso torna o momento oportuno aos pro ssionais de saúde, sobretudo aos enfermeiros, para
orientarem os pacientes a respeito da dose, e via correta e mecanismo de ação do medicamento, bem como
orientarem e sugerirem a utilização do soro siológico como uma opção mais segura de descongestionante para
crianças, já que é livre de agentes simpatomiméticos, presentes em algumas soluções nasais.12
Os pacientes que administram com frequência sprays nasais devem ser orientados quanto à possibilidade de
irritação nas narinas. Sangramentos nasais (epistaxe) graves geralmente são tratados com tampões nasais –
procedimento realizado por médicos ou enfermeiros de prática avançada. É importante os pacientes estarem cientes
da necessidade de contato médico para indicação de continuidade ou suspensão do uso desses medicamentos.12
A administração de medicamentos, inclusive via nasal, exige que o enfermeiro avalie o indivíduo e elenque os
problemas de enfermagem, para que possa planejar o cuidado a ser administrado, selecionando intervenções de
enfermagem adequadas aos resultados desejados.20-22
Desobstrução ine caz das vias aéreas Controle de vias aéreas Estado respiratório: permeabilidade de vias aéreas
Referências
1. Balbani APS. Administração intranasal de medicamentos. Rev Bras de Med. 2007;3:71-6.
2. Clayton BD, Stock YN, Cooper S. Farmacologia na prática de enfermagem. 15. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012.
3. Serralheiro A, Alves G, Fortuna A, Falcão A. Direct nose-to-brain delivery of lamotrigine following intranasal administration to mice. Int J Pharm.
2015;490(1-2):39-46.
4. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
5. Katare YK, Piazza JE, Bhandari J, Daya RP, Akilan K, Simpson MJ, et al. Intranasal delivery of antipsychotic drugs. Schizophr Res. 2017;184:2-13.
6. Krishnan JKS, Arun P, Chembukave B, Appu AP, Vijayakumar N, Moffett JR, et al. Effect of administration method, animal weight and age on the
intranasal delivery of drugs to the brain. J Neurosci Methods. 2017;286:16-21.
7. Thompson J, Davidow LW. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2013.
8. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
9. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
10. Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian. POP: manual de procedimento operacional padrão do serviço de enfermagem –
HUMAP/EBSERH [Internet]. Campo Grande: HUMAP; 2016 [capturado em 21 jul. 2018]. Disponível em:
http://www.ebserh.gov.br/documents/17082/374045/POP_ENFERMAGEM.pdf/41341424-745e-45fb-8baa-ea9541523f39.
11. Hospital Universitário da UNIFESP. Procedimento operacional padrão: preparo e administração de medicamento por via nasal [Internet]. São Paulo:
Hospital Universitário da UNIFESP; [2017, capturado em 22 jul. 2018]. Disponível em:
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/sites/manuais/arquivos/2017/medicamento/POP_med_via_nasal.pdf.
12. Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: higienização das mãos. Brasília: ANVISA; 2009.
14. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Pro ssionais de
Enfermagem. Diário O cial da União. 6 dez. 2017;Seção 1:157.
15. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Erros de medicação: de nições e estratégias de prevenção. São Paulo: COREN-SP;
2011.
16. Peterlini MAS. Incompatibilidade no preparo e administração de terapia intravenosa em crianças: associação entre fármacos, soluções e materiais
dos cateteres e acessórios [Tese]. São Paulo: UNIFESP; 2003.
17. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. 10 passos para a segurança do paciente. São Paulo: COREN-SP; 2010.
18. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. Estratégias 2: Identi cação do Paciente. In: Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança
do Paciente. Estratégias para segurança do paciente: manual para pro ssionais de saúde. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013.
19. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Anotações de enfermagem. São Paulo: COREN-SP; 2009.
20. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
21. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
22. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.6
Administração de medicamentos via endovenosa
Introdução
A terapia endovenosa (TEV) representa um dos recursos terapêuticos mais utilizados, cuja indicação clínica abrange
um amplo espectro de doenças e um grande número de pacientes.1
As principais vantagens da TEV são a possibilidade de infusão de grandes volumes de soluções, a obtenção rápida
do efeito farmacológico e a administração de medicamentos, que são degradados pelo suco gástrico ou mal
absorvidos pelo trato gastrintestinal, e de substâncias irritantes e vesicantes. No entanto, várias complicações estão
associadas à TEV.1
Considerando a diversidade e a gravidade dessas complicações, pro ssionais quali cados podem favorecer a
segurança e a qualidade do cuidado.1
De nição
Indicação
Aspectos legais
Material necessário
Para o preparo:
■ Bandeja
■ Medicamento prescrito
■ Etiqueta
■ Solução para reconstituição/diluição
■ Seringa
■ Agulha 40×12 ou 30×7/30×8
■ Algodão ou sachê de álcool a 70%
■ Álcool a 70%
■ Equipo (se necessário)
Para a administração:
■ Bandeja
■ Luvas de procedimento
■ Medicamento preparado
■ Gaze estéril
■ Álcool a 70%
■ Oclusor estéril
■ Material para permeabilização do cateter
■ Bomba de infusão (se necessário)
Etapas Justi cativas
1. Utilizar os princípios do procedimento-padrão para administração de Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
medicamentos.
3. Realizar a desinfecção da ampola ou frasco-ampola com algodão embebido A desinfecção da ampola ou frasco de medicamento visa a
em álcool a 70% e aspirar o medicamento na dose prescrita (se necessário, redução da carga microbiológica.7
realizar diluição e reconstituição prévia). Caso sejam necessárias diluição e reconstituição prévia de um
medicamento em frasco-ampola, sempre utilizar agulha 30×7 ou
30×8, evitando que parte da borracha do frasco-ampola se
desprenda e seja aspirada junto com o medicamento.
4. Retirar o ar da seringa ou do equipo. Para retirar o ar do equipo, deve-se Evitar a ocorrência de embolia gasosa.8
primeiramente fechar o clamp do equipo, preencher a câmara gotejadora com o
medicamento e, após, abrir lentamente o clamp até a saída de todo o ar.
5. Elaborar etiquetas de identi cação e xá-las no medicamento preparado. Ver Capítulo 8.1.
6. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e desinfetada com álcool a Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o
70% e levá-los ao quarto do paciente. número de microrganismos, enquanto, nas superfícies que foram
apenas limpas, há a redução de apenas 80%.9
8. Explicar o procedimento para o paciente/acompanhante. O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos
a serem realizados.10
9. Observar as condições do dispositivo venoso. Na ausência de anormalidades, Evitar a ocorrência de complicações associadas à terapia
dar continuidade ao procedimento. endovenosa.8
10. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luvas de procedimento é preconizado quando houver
risco de contato com material biológico.11
11. Realizar a desinfecção das conexões, conectores valvulados e ports de adição Minimizar a ocorrência de infecção de corrente sanguínea
de medicamentos com gaze embebida em solução antisséptica à base de álcool, relacionada à assistência à saúde (ICSRAS).12
com movimentos aplicados de forma a gerar fricção mecânica, de 5 a 15
segundos antes da manipulação. Descartar o oclusor retirado.
12. Realizar o ushing do dispositivo venoso e testar a permeabilidade do cateter O ushing e a aspiração para veri car o retorno de sangue antes
com soro siológico a 0,9%, observando a presença de re uxo de sangue e/ou de cada infusão objetivam avaliar o funcionamento do cateter e
infusão de uidos sem alterações no local. prevenir complicações.12
Se possível, dar preferência a seringas preenchidas comercialmente com soro Seringas preenchidas comercialmente podem reduzir o risco de
siológico a 0,9% para essa nalidade. infecção.12
Usar 5 mL para dispositivo periférico e 10 mL para cateteres centrais.
13. Iniciar a infusão do medicamento de acordo com o volume/tempo Esta etapa constitui um dos “certos” da administração de
recomendados. medicamentos.8
14. Observar quaisquer sinais de alteração durante a infusão do medicamento. Recomenda-se a observação de reações adversas.8
15. Realizar o ushing do dispositivo venoso no término da infusão utilizando a A técnica da pressão positiva minimiza a ocorrência de retorno de
técnica da pressão positiva. sangue para o lúmen do cateter.12
16. Proteger o dispositivo venoso com oclusor estéril. A utilização de oclusor estéril minimiza a ocorrência de ICSRAS.12
17. Orientar o paciente a observar e comunicar qualquer desconforto ou O paciente deve ser envolvido na promoção de segurança na
intercorrência. prestação da assistência à saúde.6
18. Desprezar os resíduos em local apropriado, fazer a desinfecção da bandeja Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou
com álcool a 70% e guardá-la em local apropriado. radiológico à saúde ou ao meio ambiente podem ser
acondicionados em sacos destinados ao descarte de resíduo
comum.13
Os resíduos contendo material biológico devem ser
acondicionados em saco branco leitoso.13
19. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está relacionada à redução da transmissão de
microrganismos.6
20. Checar o horário da administração do medicamento na prescrição médica e A checagem e os registros de enfermagem são elementos
fazer o registro na anotação de enfermagem (hora, sítio de punção e eventuais imprescindíveis ao processo do cuidar, além de constituírem
intercorrências). evidência legal.14
Autocuidado
A administração de medicamentos EV é de competência de pro ssionais habilitados, não podendo ser delegada ao
paciente ou ao acompanhante.
O preparo e a administração de medicamentos exigem do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do
cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.15-17
Diagnósticos de enfermagem15 Intervenções de enfermagem16 Resultados de enfermagem17
Referências
1. Secoli SR. Natureza dos medicamentos utilizados na terapia intravenosa: foco na incompatibilidade. In: Harada MJCS, Pedreira MLG. Terapia
intravenosa e infusões. São Caetano do Sul: Yendis; 2011. p. 87.
2. Potter PA, Perry AG. Elkin MK. Procedimentos e intervenções de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
3. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
4. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 45, de 12 de março 2003. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas
práticas de utilização das soluções parenterais (SP) em serviços de saúde. Diário O cial da União. 13 mar. 2003;Seção 1:45-7.
6. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
7. Graziano MU, Graziano KU, Pinto FMG, Bruna CQM, Souza RQ, Lascala CA. E cácia da desinfecção com álcool 70% (p/v) de superfícies
contaminadas sem limpeza prévia. Rev Latino-Am Enfermagem. 2013;21(2):1-6.
8. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
COREN-SP; 2017.
9. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília:
ANVISA; 2012.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Precauções padrão, precaução de contato, precauções para gotículas e precauções para aerossóis
[Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf.
12. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 20, de 26 de março de 2015. Diário O cial da União. 30 mar. 2015;Seção
1:104-5.
14. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
15. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
16. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
17. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.7
Administração de medicamentos via subcutânea
Introdução
A via subcutânea (SC) é utilizada para administração de fármacos isotônicos, não irritantes, não viscosos e solúveis em
água.1 O tecido conectivo é sensível a soluções irritantes e, por isso, devem ser prescritos e administrados
medicamentos hidrossolúveis. Deve-se atentar também para o peso corporal da pessoa, pois indicará a profundidade
da camada subcutânea, o que implicará na escolha do comprimento da agulha e do ângulo de administração.2
Este capítulo discute os princípios da administração dos medicamentos SC utilizando seringa e agulha.
De nição
Indicação
Está indicada para administração de medicamentos compatíveis para administração no tecido SC.1
Aspectos legais
Além do enfermeiro, o técnico e o auxiliar de enfermagem podem administrar medicamentos via SC. Ressalta-se que
cabe ao enfermeiro a orientação e a supervisão dos pro ssionais das duas últimas categorias.3
Material necessário
■ Bandeja
■ Adesivo para identi cação
■ Medicamento prescrito
■ Agulha para aspiração (30×7)
■ Agulha de 4, 5 ou 6 mm
■ Seringa de 1 mL
■ Luvas de procedimento
■ Algodão ou sachê de álcool a 70%
■ Álcool a 70%
1. Utilizar os princípios do procedimento-padrão para Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
administração de medicamentos.
2. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está relacionada à redução da transmissão de microrganismos.4
3. Selecionar o material a ser utilizado considerando a As agulhas com 4, 5 e 6 mm de comprimento são mais seguras, mais toleradas e mais
quantidade de tecido SC do paciente (Tab. 8.7.1). confortáveis.5
4. Elaborar etiquetas de identi cação para o Garantir a segurança do paciente (ver Cap. 8.1).
medicamento.
6. Trocar a agulha utilizada para a aspiração por outra, A reutilização de agulhas pode estar associada ao desenvolvimento de lipo-hipertro a,
especí ca para injeção SC. infecções, variabilidade glicêmica, leve aumento da hemoglobina A1c (HbA1c), dor e
desconforto nas aplicações.5
7. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de microrganismos,
desinfetada com álcool a 70% e levá-los ao quarto do enquanto nas superfícies que foram apenas limpas há a redução de apenas 80%.7
paciente.
8. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está relacionada à redução da transmissão de microrganismos.4
9. Explicar o procedimento ao paciente/acompanhante. O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos.8
10. Selecionar o local mais adequado para a O local deve ser inspecionado antes da injeção. As injeções devem ser administradas em
administração, lembrando que deve haver um rodízio tecido SC saudável, evitando-se cicatrizes, feridas e lipo-hipertro a.5
desses locais. Os sítios de administração SC incluem a face posterior dos braços, o abdome, as nádegas e
as coxas5 (Fig. 8.7.1).
11. Expor apenas a área do corpo a ser utilizada. O respeito à privacidade constitui direito elementar do paciente.9
12. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luva de procedimento é preconizado quando houver risco de contato com
material biológico.4
13. Realizar a antissepsia da pele com sachês de álcool A antissepsia da pele evita que microrganismos da microbiota cutânea penetrem nos
a 70% ou algodão embebido em álcool a 70% com tecidos no momento da punção.4
movimentos rmes e circulares do centro para a O movimento do centro para a periferia evita a contaminação do local da punção.4
periferia.
14. Realizar a prega cutânea, se indicada, e inserir a A prega SC é realizada para reduzir os riscos de aplicação intramuscular.5
agulha na angulação correta considerando a idade, a
quantidade de tecido SC e o tamanho de agulha
selecionado (Tab. 8.7.1).
15. Inserir a agulha na pele com movimento suave e Em razão das bras de dor serem encontradas na pele, a inserção da agulha de forma
sem movimentos alternados. muito lenta ou bruta pode aumentar a dor.5
16. Injetar o medicamento lentamente até que todo o A injeção de forma lenta e a pressão de todo o êmbolo da seringa garantem que todo o
êmbolo da seringa seja pressionado. medicamento seja injetado.5
17. Não realizar a aspiração, utilizando o êmbolo para Os locais utilizados para a injeção SC não estão em estreita proximidade com vasos
veri car se houve punção inadvertida de vaso sanguíneos.5
sanguíneo. No caso de aplicação de anticoagulantes, a aspiração é contraindicada, pois pode resultar
na formação de hematoma.5
18. Manter a agulha sob a pele e aguardar 5 segundos A espera de 5 segundos proporciona tempo su ciente para que o medicamento injetado se
após o êmbolo ser pressionado. distribua através do tecido.5
19. Retirar a agulha e a seringa em movimento único Retirar a agulha lentamente atrai os tecidos e provoca dor/desconforto. Manter pressionada
(no mesmo ângulo da punção), soltar a prega SC e não a região em torno da punção reduz a atração dos tecidos, e a retirada no mesmo ângulo
massagear o local. Fazer uma leve compressão no reduz o dano tecidual e a dor. A fricção poderá aumentar o trauma tissular e acelerar a
local. absorção do medicamento.5
21. Descartar o conjunto seringa e agulha na caixa de Evitar acidentes com perfurocortantes.11
perfurocortantes, e as luvas de procedimento no lixo
infectante.
22. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está relacionada à redução da transmissão de microrganismos.4
23. Checar o horário da administração do A checagem e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo do
medicamento na prescrição médica e registrar a cuidar, além de constituírem evidência legal.12
administração do medicamento na anotação de
enfermagem.
Autocuidado
Entre os fármacos SC mais administrados pelos próprios pacientes encontram-se a insulina e a enoxaparina sódica.
Pacientes com diabetes e seus familiares devem adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades necessárias para o
autocuidado desde o início do diagnóstico.5
É garantido a todas as pessoas com diabetes residentes no Brasil e cadastradas no Sistema Único de Saúde o direito
de receber, gratuitamente, seringa, entre outros insumos, e medicamentos necessários ao tratamento.13 A reutilização
de seringas e agulhas deve ser desaconselhada.14
No que se refere à autoadministração da insulina, o paciente deve ser instruído quanto à necessidade de inspeção
do local. O paciente deve ser incentivado a utilizar álcool a 70% para fazer a antissepsia da pele sempre que estiver
em ambiente onde infecções possam ser facilmente disseminadas.5
No que se refere à administração da enoxaparina sódica, também é prevista a aplicação pelo próprio paciente ou
familiar responsável por seus cuidados, que poderão ser capacitados para realizar esse procedimento.15 Cabe ressaltar
que compete ao enfermeiro a capacitação do paciente para autoadministração desses medicamentos em domicílio.15
O preparo e a administração de medicamentos SC exigem do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento
do cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os
resultados desejados.16-18
Introdução
A administração de medicamentos via intramuscular (IM) envolve decisões complexas relacionadas a técnica de
administração, seleção do sítio de aplicação, medicamento a ser administrado, material a ser utilizado, volume a ser
injetado e complicações associadas. Pro ssionais quali cados podem dirimir iatrogenias e favorecer a segurança.1-3
De nição
Indicação
Aspectos legais
Compete somente ao enfermeiro, em qualquer ambiente de cuidado público ou privado, de nir o local e os cuidados
a serem observados na realização da injeção IM.5-7
Além do enfermeiro, o técnico e o auxiliar de enfermagem podem realizar injeções IM, mas somente sob orientação
e supervisão do enfermeiro e segundo prescrição medicamentosa válida (dentro do prazo de validade, legível,
contendo o nome do paciente, o nome do medicamento, dose, via de administração, além do nome e carimbo do
prescritor).5
Material necessário
1. Con rmar o paciente e o procedimento a ser realizado. Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais
comuns de eventos adversos relacionados com a assistência à saúde.8
3. Selecionar o material a ser utilizado considerando as características do O comprimento e o calibre da agulha devem ser adequados às
paciente (idade, peso, massa muscular, local da injeção) e do medicamento características listadas ao lado.
(tipo, dose e volume a ser injetado). Em geral, a agulha de 25 ou 38 mm deve ser usada para injeções IM em
pacientes adultos, embora as decisões dependam de outros fatores,
como idade e gordura subcutânea.10
Agulhas mais longas são recomendadas em mulheres que pesam entre
60 e 90 kg.10
Pacientes obesos podem requerer agulha mais longa para atingir o
músculo; por outro lado, pacientes emagrecidos requerem uma agulha
mais curta. O calibre será de nido de acordo com o tipo de
medicamento.10
6. Trocar a agulha utilizada para a aspiração (40×12) pela que será Garantir a integridade do material com impacto na sensação dolorosa
utilizada para a injeção após a aspiração do medicamento. para o paciente.10
8. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e desinfetada com Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número
álcool a 70% e levá-los ao quarto do paciente. de microrganismos, enquanto, nas superfícies que foram apenas limpas,
há a redução de apenas 80%.13
10. Explicar o procedimento para o paciente/acompanhante. O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a
serem realizados.14
11. Avaliar o paciente e determinar o melhor local para a aplicação, A seleção adequada do sítio de punção respeitando os volumes que
considerando: cada músculo comporta minimiza a ocorrência de complicações.10
■ idade; Além do ventroglúteo ser mais seguro, esse sítio pode ser usado para
■ compleição física e massa muscular; medicamentos oleosos.10
■ medicamento a ser administrado; O dorsoglúteo é desaconselhado em razão da existência de grandes
■ volume do medicamento. (Tab. 8.8.1) nervos e vasos sanguíneos na região, além da evidência de uma
absorção lenta dos medicamentos nesse sítio, com consequente risco de
acúmulo de medicamento nos tecidos.10
12. Posicionar o paciente na posição apropriada em relação ao sítio de Reduzir o desconforto do paciente durante a injeção IM.10
punção escolhido.
13. Expor somente a área necessária. O pudor do paciente deve ser respeitado.15
14. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luva de procedimento é preconizado quando houver risco de
contato com material.9
15. Realizar a antissepsia da pele com sachês de álcool a 70% ou algodão A antissepsia da pele evita que microrganismos da microbiota cutânea
embebido em álcool a 70% com movimentos rmes e circulares do centro penetrem nos tecidos no momento da punção.10
para a periferia. O movimento do centro para a periferia evita a contaminação do local
da punção.10
16. Segurar a seringa com a mão dominante entre o polegar e o indicador. A técnica em Z evita que o medicamento retorne pelo caminho da
Com a mão não dominante, deslocar a pele, formando um Z, puxando-a agulha em direção ao tecido subcutâneo.10
para baixo, ou para um dos lados por aproximadamente 2,5 cm, A punção rápida provoca menos dor.10
segurando a pele e o tecido nessa posição.
Introduzir rapidamente a agulha em um ângulo de 90°.
17. Não aspirar o êmbolo para veri car se houve punção inadvertida de A aspiração antes da injeção não é necessária, porque não há grandes
vaso sanguíneo. vasos sanguíneos nos locais de injeção recomendados (ventroglúteo,
vasto lateral da coxa e deltoide), além do processo que inclui aspiração
ser mais doloroso.16
O dorsoglúteo constitui exceção a essa recomendação em razão de ser
mais vascularizado.17
18. Injetar o medicamento devagar (1 mL por segundo). A inserção muito vagarosa ou rápida pode causar desconforto no
paciente.1
19. Aguardar 10 segundos após o término da injeção do medicamento; a A espera no tempo recomendado evita vazamentos de medicamento no
seguir, retirar agulha e seringa em movimento único, no mesmo ângulo da sítio de punção. No entanto, essa recomendação não é necessária com
punção, enquanto mantém pressão sobre a zona de punção sem a técnica em Z.10
friccionar. Retirar a agulha lentamente provoca dor/desconforto. Manter a região
em torno da punção pressionada reduz a atração dos tecidos e a
retirada no mesmo ângulo reduz o dano tecidual e a dor. A fricção
poderá aumentar o trauma tissular.10
21. Descartar o conjunto seringa/agulha na caixa de perfurocortante. Evitar acidentes com perfurocortantes.19
22. Desprezar os resíduos em lixo apropriado. Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente podem ser acondicionados em sacos
plásticos especí cos para resíduos comuns.19
Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em
saco branco leitoso.19
23. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está relacionada à redução da transmissão de
microrganismos.9
24. Checar o horário da administração do medicamento na prescrição A checagem e os registros de enfermagem são elementos
médica e registrar a administração do medicamento na anotação de imprescindíveis ao processo do cuidar, imbuído de evidência legal.20
enfermagem.
Tabela 8.8.1 Administração via IM – volumes máximos e locais de punção de acordo com o músculo selecionado em adultos
Músculo Volume Locais de punção
Deltoide 1-2 mL Cerca de 2,5 cm do acrômio; alternativamente, desenhe uma linha imaginária da axila através do úmero e injete logo acima.
Autocuidado
A administração de medicamentos IM é de competência de pro ssionais habilitados, não podendo ser delegado para
o paciente.
O preparo e a administração de medicamentos exige do enfermeiro avaliação clínica para o planejamento do cuidado
a partir da identi cação do diagnóstico e seleção das intervenções para alcançar resultados desejáveis.21-23
Referências
1. Walsh L, Brophy K. Staff nurses’ sites of choice for administering intramuscular injections to adult patients in the acute care setting. J Adv Nurs.
2011;67(5):1034-40.
2. Potera C. Most nurses don’t follow guidelines on IM injections. AJN. 2011;111(8):16.
3. Hunter J. Intramuscular injection techniques. Nurs Stand. 2008;22(24):35-40.
4. Potter PA, Perry AG. Elkin MK. Procedimentos e intervenções de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
5. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
6. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
7. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 45, de 12 de março 2003. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas
práticas de utilização das soluções parenterais (SP) em serviços de saúde. Diário O cial da União. 13 mar. 2003;Seção 1:45-7.
8. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
9. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Precauções padrão, precaução de contato, precauções para gotículas e precauções para aerossóis
[Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf.
10. Ogston-Tuck S. Intramuscular injection technique: an evidence-based approach. Nurs Stand. 2014;29(4):52-9.
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
12. Graziano MU, Graziano KU, Pinto FMG, Bruna CQM, Souza RQ, Lascala CA. E cácia da desinfecção com álcool 70% (p/v) de superfícies
contaminadas sem limpeza prévia. Rev Latino-Am Enfermagem. 2013;21(2):1-6.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília:
ANVISA; 2012.
14. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
15. Villas-Bôas ME. O direito-dever de sigilo na proteção ao paciente. Rev Bioét. 2015;23(3):513-23.
16. National Center for Immunization and Respiratory Diseases. General recommendations on immunization – recommendations of the Advisory
Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Recomm Rep. 2011;60(2):1-64.
17. World Health Organization. WHO best practices for injections and related procedures toolkit. Geneva: WHO; c2010.
18. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
COREN-SP; 2017.
19. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 20, de 26 de março de 2015. Diário O cial da União. 30 mar. 2015;Seção
1:104-5.
20. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
21. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
22. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
23. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.9
Administração de medicamentos por hipodermóclise
Introdução
Utilizada inicialmente em 1865 por um médico italiano e posteriormente na epidemia de cólera, a hipodermóclise teve
seus primeiros registros em 1913, quando foi aplicada no tratamento da desidratação em crianças e recém-nascidos.
No ano de 1940, a técnica foi abandonada devido ao aumento da utilização da via endovenosa (EV) e do uso
inadequado da via subcutânea (SC). No entanto, em 1960, com o advento dos cuidados paliativos na Inglaterra, a
técnica foi reavaliada e readmitida como via de administração segura.1-5
Atualmente, com o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônico-degenerativas, as vias de
primeira escolha, como a oral (VO), a EV e a intramuscular (IM), nem sempre atendem às necessidades de tratamento
devido à contraindicação de procedimentos invasivos e/ou ao declínio natural da doença, o que nos leva a pensar
sobre métodos alternativos de reidratação e administração de medicamentos. Assim, a hipodermóclise vem ganhando
espaço como uma via de administração de uidos e caz, segura, confortável e de baixo custo para o paciente e seus
familiares.1,2,5-7
De nição
Hipodermóclise refere-se à administração de grande volume de uidos no espaço subcutâneo, de forma contínua ou
intermitente, que pode ser aplicada nos seguintes sítios de punção: região deltoide, região anterior do tórax, região
escapular, região abdominal e faces anterior e lateral das coxas. Também pode ser utilizada para administração de
fármacos (denominada terapia subcutânea) e se mostra tão segura e efetiva quanto a via EV.5,7
O volume administrado na hipodermóclise tem sua absorção mediada por forças hidrostáticas e osmóticas, que
absorvem os uidos administrados no espaço subcutâneo para a rede venosa. A farmacocinética da hipodermóclise
pode ser comparada à da via IM, já que a vascularização do tecido de ambas é semelhante.2,4,5,7-9
Nas vias de administração EV e IM, a concentração plasmática é alcançada mais rapidamente em comparação com a
via SC; nesta, porém, os níveis plasmáticos se mantêm elevados por mais tempo, minimizando a reincidência dos
sintomas e proporcionando maior conforto ao paciente.4,5,7,9
Comparada à via SC, a hipodermóclise permite infusão de volumes maiores. Para infusão de soluções de forma
intermitente, o volume máximo é de 3.000 mL/24 h, distribuídos em dois sítios de punção. Nos casos de infusão
contínua, é recomendado o volume máximo de 125 mL/h.1,2,5,7 Vale ressaltar que o volume tolerado também varia de
acordo com o sítio de punção, sendo a tolerância de até 250 mL na infraclavicular, 1.000 mL na abdominal, 250 mL
na deltóidea, 1.000 mL na interescapular e 1.500 mL na região anterolateral da coxa.1,5,10
As soluções mais indicadas para hidratação na hipodermóclise são as soluções que contenham eletrólitos. Soluções
isotônicas ou hipotônicas não devem ser administradas sem eletrólitos, pois tendem a uir para o espaço intersticial,
ocasionando edemas. As soluções mais indicadas são cloreto de sódio 0,9% ou glico siológica.5 Eletrólitos como
cloreto de potássio e cloreto de sódio só podem ser administrados após diluição em volumes superiores a 100 mL.5,7
Os fármacos ideais para administração na hipodermóclise são os hidrossolúveis, já que apresentam menor risco de
irritação e acúmulo no tecido. Os fármacos com características irritantes não podem ser administrados por essa via,
pois possuem características que podem ocasionar lesões e/ou necrose do tecido subcutâneo.9
Apesar do reconhecimento e validação da técnica como e caz e segura, a literatura ainda carece de pesquisas sobre
o tema, não havendo padronização no que se refere ao preparo e à administração de medicações por essa via. As
bulas dos fármacos não descrevem dosagens, cuidados, preparos, nem esclarecem se a via SC é indicada para aquele
medicamento. Assim, a conduta adotada atualmente vem sendo guiada por escassas literaturas internacionais e
experiências clínicas, seguindo, geralmente, as mesmas orientações para o uso EV.2,3,6,10
Alguns dos fármacos mais administrados por hipodermóclise incluem:5,10 ampicilina, atropina, cefepima, cetarolaco,
ciclizina, ceftriaxona, clonodrato, clorpromazina, clonazepam, dexametasona, diclofenaco, difenidramina, dipirona,
ertapeném, fenobarbital, furosemida, fentanila, granisetrona, haloperidol, hioscina (butilbrometo e hidrobrometo),
cetamina, levomepromazina, metadona, metoclopramida, meropeném, midazolam, mor na, naproxeno, octreotida,
omeprazol, ondansetrona, prometazina, ranitidina e tramadol. Alguns fármacos apresentam incompatibilidade entre
si, necessitando ser administrados em sítios diferentes para evitar possíveis reações ou perda de ação do
medicamento.5,7,10
As principais vantagens e desvantagens da hipodermóclise estão listadas na Tabela 8.9.1.
Desvantagens
Fonte: Justino e colaboradores,1 Takaki e Klein,3 Zironde e colaboradores,4 Ferreira e Santos,5 Academia Nacional de Cuidados Paliativos,7 Conselho Regional de
Enfermagem de São Paulo8 e Azevedo.10
Indicação
Desde a revalidação da técnica com o advento dos cuidados paliativos, a hipodermóclise vem avançando de forma
tímida e restrita. No entanto, os benefícios e a indicação da hipodermóclise vão além do que é aplicado nos
tratamentos de saúde atuais.1 Como citado, as publicações e incentivos ao uso da técnica são poucos, resultando em
despreparo e resistência por parte da equipe multipro ssional, mesmo quando há indicação em adotar essa via. A
resistência acontece principalmente quando o paciente está fora do contexto dos cuidados paliativos e geriatria.1,3,4,10
O enfermeiro desempenha um papel fundamental e de grande responsabilidade na avaliação das condições clínicas
do paciente, observando se há indicações para início da hipodermóclise e sua posterior manutenção.3
Na Tabela 8.9.2 são listadas as indicações, contraindicações e possíveis reações adversas na terapia por
hipodermóclise.1,4,5,7,8,10
Fonte: Justino e colaboradores,1 Zironde e colaboradores,4 Ferreira e Santos,5 Academia Nacional de Cuidados Paliativos,7 Conselho Regional de Enfermagem
de São Paulo8 e Azevedo.10
Aspectos legais
O enfermeiro, desde que treinado para a realização da hipodermóclise, tem autonomia para indicar a realização do
procedimento. Isso está garantido pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,11 regulamentada pelo Decreto nº
94.406, de 8 de junho de 1987,12 que trata do exercício da pro ssão de enfermagem. No que se refere à punção e à
administração de uidos, o enfermeiro pode delegar aos membros da equipe de enfermagem (técnico e auxiliar de
enfermagem), desde que os pro ssionais sejam treinados, habilitados e capacitados para tal procedimento.
Material necessário
■ Bandeja
■ Luva de procedimento
■ Algodão
■ Álcool a 70%
■ Cateter agulhado (Fig.8.9.1A) (p. ex., escalpe) e cateter não agulhado (Fig.8.9.1B) (p. ex., tipo Te on®, como o
JelcoTM); o calibre pode variar de 18 a 25 G dependendo da estrutura física e do tecido subcutâneo do paciente;5,7,10
para pacientes com maior risco de agitação, recomenda-se a utilização de cateteres de Te on®13
■ Seringa com 10 mL
■ Soro siológico 0,9%
■ Filme transparente ou gaze estéril
■ Fita adesiva hipoalergênica
■ Tesoura
■ Caneta
1. Higienizar as mãos. Remover os microrganismos que colonizam as camadas super ciais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as
células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.14
2. Reunir os materiais. Dirigir-se ao paciente com todos os materiais reunidos diminui o tempo de realização do procedimento.
3. Higienizar as mãos. Remover os microrganismos que colonizam as camadas super ciais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as
células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.14
4. Explicar o procedimento Por ser um procedimento pouco conhecido por familiares e pacientes, é importante ressaltar que se espera a
para o paciente e para a formação de edema discreto na região e que a absorção será por meio de difusão.
família.
5. Calçar as luvas. Utilizar para a proteção individual nos casos de contato com sangue e líquidos corporais e contato com mucosas e
pele não íntegra de todos os pacientes.14
6. Avaliar o local da punção. Utilizar as diferentes opções de regiões para realizar o rodízio das punções, como anco, região infraclavicular,
deltóidea, escapular, abdominal, faces anterior, interna ou externa da coxa. Em pacientes com incontinência urinária
e em insu ciência vascular periférica, deve-se evitar a face interna da coxa. Respeitar distância de 5 cm entre um
sítio e outro.1,5,8
7. Preencher com solução Retirar o ar presente no circuito intermediário do dispositivo a ser instalado a m de evitar en sema subcutâneo.7
salina o circuito intermediário
do dispositivo a ser instalado.
8. Realizar antissepsia com Remover a microbiota transitória da pele com álcool a 70% por apresentar maior efeito antisséptico com menor
álcool a 70%. abrasividade para a pele.8
9. Introduzir o dispositivo Observar os pacientes com pouco tecido adiposo para não ocorrer punção em tecido intradérmico.
escolhido em ângulo de 45º, Aplicar o dispositivo em ângulo de 30º em pacientes emagrecidos e no ângulo de 90º em pacientes obesos.7
com bisel voltado para baixo.
10. Aspirar cuidadosamente. Veri car se nenhum capilar foi atingido na punção. Caso haja re uxo de sangue, retirar o dispositivo e realizar
punção em novo sítio, respeitando a distância mínima de 5 cm do sítio puncionado.7
11. Infundir a solução salina, Veri car a presença de edema, que tende a ser limitado, pois ocorrerá pelos capilares linfáticos.
veri cando protuberância no
tecido subcutâneo.
12. Fechar o sistema. Apesar de não haver possibilidade de re uxo, recomenda-se a oclusão do sistema para garantir a assepsia.5
13. Realizar xação do cateter Fixar com material que facilite a avaliação do sítio de punção pelo enfermeiro, sendo o mais indicado a película
com película semipermeável semipermeável.
ou gaze e ta adesiva
hipoalergência.
15. Higienizar as mãos. Remover os microrganismos que colonizam as camadas super ciais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as
células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.14
16. Anotar procedimento. Documentar o procedimento com a descrição do tipo, calibre e tamanho da agulha ou cateter, a localização da
inserção, o tipo de curativo, as características da infusão e possíveis complicações locais com as intervenções
adotadas.8
Fonte: Justino e colaboradores,1 Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo,8 Academia Nacional de Cuidados Paliativos,7 Ferreira e Santos5 e Brasil.14
A assistência de enfermagem na terapia por hipodermóclise requer do enfermeiro uma avaliação clínica para o
planejamento do cuidado a partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam
alcançados os resultados desejados.15
Figura 8.9.1 Punção para hipodermóclise. (Continua)
Fonte: Azevedo.10 Imagens: SB66, Dr. Sergio Monteiro.
Figura 8.9.1 Punção para hipodermóclise. (Continuação)
Fonte: Azevedo.10 Imagens: SB66, Dr. Sergio Monteiro.
Integridade tissular prejudicada Cuidado com lesões Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
1. Justino ET, Tuoto FS, Kalinke LP, Mantovani MF. Hipodermóclise em pacientes oncológicos sob cuidados paliativos. Cogitare Enferm.
2013;18(1):84-9.
2. Bruno VG. Hypodermoclysis: a literature review to assist in clinical practice. Einstein (Sao Paulo). 2015;13(1):122-8.
3. Takaki CYI, Klein GFS. Hipodermóclise: o conhecimento do enfermeiro em unidade de internação. Conscientiae Saúde. 2010;9(3).
4. Zironde ES, Marzenini NL, Soler VM. Hipodermóclise: redescoberta da via subcutânea no tratamento de indivíduos vulneráveis. CuidArte Enferm.
2014;8(1):55-61.
5. Ferreira KA, Santos AC. Hipodermóclise, proctóclise e administração de medicamentos por via subcutânea. In: Santos FS, editor. Cuidados
paliativos: diretrizes, humanização e alívio de sintomas. São Paulo: Atheneu, 2010. p. 263-75.
6. Perera AH, Smith CH, Perera AH. Hipodermoclisis en pacientes con cáncer terminal. Rev Cubana Med. 2011;50(2):150-6.
7. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. 2. ed. Manual de cuidados paliativos ANCP. São Paulo: ANCP; 2012. p. 259-69.
8. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP 031/2014 – CT. PRCI n° 102.681/2013. Ticket nº 295.806. Ementa: punção
e administração de uidos na hipodermóclise [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/ les/parecer_coren_sp_2014_031.pdf.
9. Matoses Chirivella C, Rodríguez Lucena FJ, Sanz Tamargo G, Murcia López AC, Morante Hernández M, Navarro Ruiz A. [Subcutaneous drug
administration in palliative care]. Farm Hosp. 2015;39(2):71-9.
10. Azevedo DL, organizador. O uso da via subcutânea em geriatria e cuidados paliativos. 2. ed. Rio de Janeiro: SBGG; 2017.
11. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
12. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
13. Infusion Nurses Society Brasil. Diretrizes práticas para terapia infusional. [S. l.]: INS Brasil; 2013.
14. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: higienização das mãos. Brasília: ANVISA; 2009.
15. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
16. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
17. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.10
Administração de medicamentos via peridural
Introdução
O sistema nervoso central (SNC) é composto basicamente por duas estruturas: encéfalo e medula espinal, a qual se
localiza dentro da coluna vertebral e se estende do forame magno até o primeiro ou segundo espaço intervertebral
lombar, aproximadamente.1
O SNC é envolto por três membranas protetoras – as meninges –, entre as quais circula o líquido cerebrospinal (LCS)
(Fig. 8.10.1).1
As meninges são membranas sobrepostas de diferentes consistências. A mais externa, a dura-máter, é espessa e
resistente e está diretamente ligada às estruturas ósseas do crânio ou do canal vertebral. A membrana aracnoide-
máter é na e elástica e é semelhante a uma “teia de aranha”, situando-se entre a dura-máter e a pia-máter. Já a
membrana interna, a pia-máter, é na e delicada, tem contato direto com o encéfalo e a medula espinal e penetra
em todas as dobras e sulcos cerebrospinais.1
Entre as meninges, há espaços com características diferentes. O espaço epidural (peridural ou extradural), que
ca entre a dura-máter e a superfície dos ossos, é formado por gordura e vasos sanguíneos. O espaço subdural,
localizado entre a dura-máter e a aracnoide-máter, é muito pequeno e composto por pequena quantidade de líquidos.
Já o espaço subaracnóideo é o espaço que separa a aracnoide-máter da pia-máter. É nesse espaço que circulam
vasos sanguíneos e o LCS.1
A administração de medicamentos pela via peridural é considerada uma técnica segura, exível e confortável, mas
pode estar associada a um risco de infecções e complicações, como saída acidental do cateter e migração para o
espaço subaracnóideo.2
De nição
É a introdução de substâncias no espaço peridural (ao redor da dura-máter), junto às inserções neuronais, ao nível das
vértebras L3 e L4 (sendo a L1 e a L2 pouco usuais) e que, por difusão longitudinal no espaço peridural, chega às raízes
nervosas sensitivas e motoras dos nervos espinais. Pode ser utilizada de forma única, repetida (em bolus), contínua ou
controlada pelo paciente (bomba de infusão programada em gatilho). Ao contrário da administração única, as demais
formas necessitam da colocação de um cateter, que permanecerá durante todo o procedimento ou até 48 horas
após.1,3 A Figura 8.10.2 orienta anatomicamente o espaço a ser abordado.
Indicação
É indicada em analgesias com opioides, por meio do bloqueio das vias sensitivas, sem perda total da sensibilidade
como esperado em bloqueios anestésicos; e na aplicação de medicamentos, como corticoides, anticoagulantes e
antibióticos. Também é utilizada na anestesia peridural com anestésicos locais em baixas concentrações.1,4,5
Aspectos legais
A administração de medicamentos por vias super ciais e profundas são atividades regulamentadas pela Lei do
Exercício Pro ssional de Enfermagem. Por ser um procedimento de alta complexidade, a manipulação do cateter em
procedimentos como administração de medicamentos e curativos são de responsabilidade do enfermeiro (Lei nº
7.498, de 25 de junho de 1986,6 Art. 11, inciso I; Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 19877), pois o deslocamento
ou a saída inadvertida da via pode causar iatrogenias e diversas complicações ao paciente, como cisto epidérmico,8
fístulas cutâneas,5 abscesso peridural,9,10 hematoma peridural,11,12 meningite, complicações neurológicas e infecção
no local da punção.
Material necessário
■ Bandeja
■ Etiqueta para identi cação
■ Caneta
■ Medicamento preparado conforme prescrição médica
■ Luvas de procedimento e/ou luva estéril
■ Gaze estéril
■ Álcool etílico a 70% ou clorexidina alcoólica
■ Seringa de 10 mL
■ Agulha(s)
■ Esparadrapo hipoalergênico
■ Es gmomanômetro
■ Estetoscópio
1. Separar todo o material, organizá-lo e Minimizar os riscos de erros e eventos adversos, seguindo o protocolo de segurança na prescrição, uso
identi cá-lo. Conferir nome completo do e administração de medicamentos do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
paciente, prescrição médica e (Anvisa) e a regra dos “9 certos” na administração segura de medicamentos (Cap. 8.1): paciente certo,
medicamento preparado. medicamento certo, via certa, hora certa, dose certa, registro certo da administração, orientação certa,
forma certa e resposta certa.13
2. Orientar o paciente sobre o Estudos mostram que informações fornecidas pelos pro ssionais reduzem signi cativamente a
procedimento e os cuidados necessários. ansiedade e são essenciais para a adesão e a colaboração do paciente em seu tratamento.14
3. Veri car sinais vitais (pressão arterial, Confere con ança para a realização do procedimento.15
pulso, frequência respiratória, temperatura,
dor).
4. Colocar o paciente na posição sentada Essas posições permitem uma maior visualização da área e do cateter, além da difusão bilateral
ou em decúbito dorsal, expondo a área a simétrica do fármaco administrado.1
ser manipulada.
5. Higienizar as mãos e calçar luvas de Diminuir os riscos biológicos e garantir a segurança do trabalhador, segundo a Norma
procedimento. Regulamentadora 32 (NR 32).16
6. Realizar a desinfecção da tampa do Diminuir os riscos biológicos e a contaminação da via pela manipulação, segundo a NR 32.16
cateter peridural com álcool a 70% ou
clorexidina alcoólica, conforme protocolo
institucional, e gaze estéril; retirá-la e
acondicionar em local protegido.
8. Realizar aspiração do cateter, Esse procedimento irá con rmar o correto posicionamento do cateter no espaço peridural, onde não
observando a saída de qualquer tipo de deverá haver líquidos, como sangue ou líquido cerebrospinal.1 Caso haja retorno de secreção,
uido. suspender o procedimento imediatamente e comunicar ao médico responsável.1
9. Injetar a solução lentamente. Como o espaço peridural não possui líquidos e é um espaço pequeno, a introdução rápida de líquidos
poderá ocasionar cefaleias e desconfortos para o paciente.1
11. Recolher o material e colocá-lo na Manter o ambiente limpo e seguro, evitando acidentes com materiais perfurocortantes ou biológicos,
bandeja. segundo a NR 32.16
12. Descartar materiais em locais Materiais perfurocortantes deverão ser desprezados em caixa apropriada e luvas e gazes em sacos
apropriados. plásticos especí cos para resíduos biológicos.16
13. Higienizar as mãos utilizando técnica A lavagem adequada das mãos é considerada medida primária no controle da disseminação de agentes
apropriada. infecciosos.17
14. Veri car sinais vitais após a introdução Qualquer alteração dos sinais vitais deverá ser comunicada imediatamente. A posição sentada evita
da medicação e manter o paciente sentado deslocamentos do cateter após sua manipulação.
por 30 minutos.
15. Veri car o horário da administração de O registro de enfermagem é parte do processo de enfermagem e possibilita a comunicação entre a
medicamentos na prescrição médica e equipe de enfermagem e de saúde e pode ser utilizado com a nalidade de ensino, pesquisa, evidência
realizar o registro de enfermagem com o ética e legal e para auditoria e avaliação da qualidade da assistência. Além disso, consta como um
procedimento executado e intercorrências. dever do enfermeiro na Lei do Exercício Pro ssional de Enfermagem (Lei 5.905/73, Lei 7.498/86 e
Decreto 94.406/87).5,7,18
Referências
1. Martins PA. Via epidural em analgesia pós-operatória. Porto: APED Dor; 2006.
2. Iksilara MC, Diccini S, Barbosa DA. [Infection incidence in patients with tunneled peridural catheter]. Rev Bras Enferm. 2005;58(2):152-5.
3. França MA, Araujo SA, Abreu EMF, Jorge JC. Anestesia peridural: vantagens e desvantagens na prática anestésica atual. Rev Med Minas Gerais.
2015;25(S4):S36-S47.
4. Müller H, Vogelsberger W, Aigner K, Herget HF, Hempelmann G. [Continuous peridural opiate administration with an implanted pump.
Implantation technic and 1st results]. Reg Anaesth. 1983;6(3):47-51.
5. Fedriani de Matos JJ, Quintero Salvago AV, Gómez Cortés MD. Cerebrospinal uid cutaneous stula following obstetric epidural analgaesia. Case
report. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2017;64(8):476-8.
6. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
7. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
8. Schlipköter M, Grieser T, Forst H. [Unusual complication following placement of an epidural catheter]. Anaesthesist. 2017;66(7):506-510.
9. Juárez-Adame FM, Ruiz-Rubio Y, Zavalza-Gómez AB. [Acetazolamide in the resolution of cerebrospinal uid cutaneous stula after peridural
analgesia: case report]. Cir Cir. 2015;83(1):43-5.
10. Sanders RA, Bendel MA, Moeschler SM, Mauck WD. Epidural hematoma following interlaminar epidural injection in patient taking aspirin. Reg
Anesth Pain Med. 2018;43(3):310-2.
11. Chien GC, McCormick Z, Araujo M, Candido KD. The potential contributing effect of ketorolac and uoxetine to a spinal epidural hematoma
following a cervical interlaminar epidural steroid injection: a case report and narrative review. Pain Physician. 2014;17(3):E385-95.
12. Böhle H, Fröhlich J, Laufenberg-Feldmann R. [Risk consideration for peridural catheter removal in acute coronary syndrome. Epidural hematoma
versus stent thrombosis]. Anaesthesist. 2014;63(8-9):651-5.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos: protocolo coordenado pelo Ministério
da Saúde e ANVISA em parceria com FIOCRUZ e FHEMIG. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
14. Borges CS. Relação entre informação e redução da ansiedade em pacientes a serem submetidos ao cateterismo cardíaco [Internet]. Psicologado.
Fev. 2012 [capturado em 13 mar. 2019]. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-hospitalar/relacao-entre-informacao-e-
reducao-da-ansiedade-em-pacientes-a-serem-submetidos-ao-cateterismo-cardiaco.
15. Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco. Parecer Técnico COREN-PE nº 041/2016. Pro ssional que deve realizar aferição de pressão
arterial [Internet]. Recife: COREN-PE; 2016 [capturado em 13 mar. 2019]. Disponível em: http://www.coren-pe.gov.br/novo/parecer-tecnicocoren-
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16. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e
saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde). Diário O cial da União. 16 nov. 2005;Seção 1:80-94.
17. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: higienização das mãos. Brasília: ANVISA; 2009.
18. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
19. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
20. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
21. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
22. Pasin S, Schnath F. Nursing Care of Epidural Analgesia. Revista HCPA. 2007;27(2):69-73.
8.11
Administração de medicamentos via sonda enteral
Introdução
A sonda enteral é um dispositivo destinado a suprir as necessidades nutricionais do paciente, representando uma
possibilidade terapêutica de manutenção ou recuperação do estado nutricional. Entretanto, na maioria das vezes, a
sonda também é utilizada para administração de medicamentos.1
De nição
É a administração de fármacos por sondas digestivas (sonda via nasogástrica, nasoentérica ou ostomias) como via
alternativa para a administração de medicamentos.1-3
A administração de medicamentos por sonda necessita que estes estejam na forma líquida (soluções, suspensões,
elixires). Nem sempre, no entanto, há essa disponibilidade, podendo, então, ser utilizadas formas farmacêuticas
sólidas (comprimidos sem revestimento, mastigáveis, revestidos, drágeas, cápsulas), que devem ser transformadas em
líquidas, desde que observadas as propriedades físico-químicas de cada medicamento. É importante esclarecer que
nenhum fármaco deve ser adicionado dentro da solução de nutrição enteral (NE). Esta via deve ser usada quando não
houver possibilidade de outra via.1,3-5
Indicação
Casos em que não há nenhuma outra forma de administrar o medicamento; inadequação neurológica ou mecânica
que comprometa o uso da via oral.2,3
Aspectos legais
É de reponsabilidade do enfermeiro estabelecer o acesso enteral por via orogástrica ou transpilórica para a
administração da NE e garantir que a via de acesso seja mantida.4,6-8
Material necessário
■ Bandeja
■ Luvas de procedimento
■ Medicamento(s)
■ Etiqueta
■ Caneta
■ Triturador de comprimidos (preferencialmente de porcelana ou vidro)
■ Água destilada
■ Seringa de 10 ou 20 mL (uma para cada medicamento, uma para teste da sonda e uma para lavagem da sonda
entre os medicamentos)
■ Copo plástico descartável
■ Estetoscópio
■ Máscara cirúrgica
■ Óculos de proteção
■ Gaze
2. Con rmar a prescrição médica, o paciente e os medicamentos que Realizar avaliação das prescrições contendo os medicamentos a serem
devem ser administrados pela via enteral. administrados via sonda enteral, considerando a compatibilidade com a via
e técnica de preparo, interações entre os medicamentos e a nutrição
enteral e o potencial para ocasionar reações adversas gastrintestinais ou
efeito subterapêutico.7,8
3. Conferir, na prescrição médica, as possíveis alergias medicamentosas. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
4. Conferir a compatibilidade farmacológica do medicamento de Elixires, soluções e suspensões são mais recomendados que xaropes, pois
acordo com a posição da sonda no trato digestório, assim como estes são mais viscosos e propensos a obstruir a sonda quando em contato
possíveis incompatibilidades medicamento-nutriente. com a nutrição enteral.
5. Identi car o medicamento (etiqueta contendo nome e sobrenome, Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
leito, nome do medicamento, dose, horário, via de administração [ou desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
conforme protocolo institucional]).
6. Preparar o medicamento no momento da administração. Diminuir a possibilidade de reações físico-químicas no fármaco decorrentes
do tempo de preparo e da exposição à luz.11
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
8. Comprimidos: retirar da embalagem e colocar no triturador. Triturar Caso haja necessidade de trituração do medicamento, isso deve ser feito
até se tornar pó, diluir em 10 a 30 mL de água destilada e aspirar. até que ele seja transformado em um pó no.
A diluição deve ser feita em 10 a 30 mL de água estéril.
A utilização de pilão de madeira ou alumínio pode acarretar em resíduos
dos fármacos, contribuindo para interações e contaminações.10
Não é recomendável a trituração de medicamentos teratogênicos,
carcinogênicos, citotóxicos, hormônios, análogos de prostaglandina e
daqueles potencialmente alergênicos.10,11
Não é recomendada a utilização de água potável ou mineral, uma vez que
os íons presentes, como cloro, cálcio e magnésio, podem interagir com
alguns fármacos e reduzir sua biodisponibilidade, além de apresentar
qualidade microbiológica inferior à água destilada.9
9. Soluções: aspirar a dose prescrita e diluir em 10 a 60 mL de água Prevenir a obstrução das sondas e a ocorrência de intolerância
destilada (de acordo com o fármaco). gastrintestinal.1,9
10. Colar a etiqueta de identi cação na seringa com o medicamento. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
11. Proteger a seringa com a própria embalagem e não colocar agulha Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
(manter o bico da seringa voltado para a parte da embalagem selada, desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
protegendo-a). Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
12. Repetir o procedimento separadamente, utilizando uma seringa Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
para cada medicamento prescrito no mesmo horário. desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
13. Reunir o material (medicamento[s], estetoscópio, luvas, óculos de Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
proteção, máscara, água destilada, gaze, seringa vazia) em uma desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
bandeja. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
14. Levar a prescrição médica e a bandeja ao quarto do paciente e Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
colocá-la em uma mesa auxiliar limpa. desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
15. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
16. Conferir o nome completo do paciente que consta na prescrição, Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
no medicamento e na pulseira de identi cação. desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Conferir com o paciente (e/ou responsável legal) se ele possui alergia ao
medicamento; caso a rmativo, se ele está com pulseira indicativa de
alergia.
17. Explicar o procedimento ao paciente, à família e/ou ao cuidador. Proporcionar ao paciente uma assistência de enfermagem humanizada,
mantendo-o informado de sua evolução.12
A equipe de enfermagem deve facilitar o intercâmbio entre os pacientes
submetidos à terapia medicamentosa e suas famílias, visando minimizar
receios e apreensões quanto à terapia implementada.8,12
18. Pedir ao paciente para se sentar ou elevar a cabeceira do seu leito a Para a prevenção da broncoaspiração, recomenda-se elevação da cabeceira
30-45°. Mantê-lo nessa posição durante toda a infusão do da cama em 30-45°.13
medicamento.
19. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
20. Calçar as luvas de procedimento. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
21. Pausar a dieta enteral. Recomenda-se que a administração do medicamento seja feita após uma
pausa da dieta de 30 a 60 minutos até 2 horas, e o reinício, após 15 a 30
minutos até 2 horas (de acordo com as características especí cas do
medicamento).
Recomenda-se que o reinício da dieta seja feito em tempo hábil para evitar
comprometimento do estado nutricional.9
22. Em paciente com gastrostomia, abrir o cateter, conectar a seringa A adaptação da seringa indicada deve ser feita em condições de rigorosa
de 10 mL vazia e aspirar para veri car a permeabilidade e se está no assepsia para que se proceda à administração do medicamento.14
local correto (pela presença de resíduo gástrico). Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
Em paciente com sonda enteral, abrir e conectar a seringa vazia na desnecessário associado à atenção à saúde.4,7
sonda e aspirar; caso não haja retorno de resíduo, injetar 20 mL de ar e
auscultar o quadrante superior esquerdo do abdome (em sonda pós-
pilórica, pode não haver resíduo ao aspirar). Veri car também se a
xação da sonda está correta e se ela não se deslocou.
Em caso de dúvida, não continuar o procedimento e solicitar a
avaliação de um enfermeiro ou de um médico (quando administrado
por técnico de enfermagem).
23. Realizar a lavagem da sonda antes da administração de cada Evitar a interação entre fármacos e nutrientes e a obstrução da sonda.9
medicamento com 5 a 30 mL de água estéril.
24. A seringa contendo o medicamento deve ser adaptada à sonda, A adaptação da seringa indicada deve ser em condições de rigorosa
utilizando gaze como apoio; injetar lentamente toda a medicação. assepsia para que se proceda à administração do medicamento.14,15
25. Lavar novamente a sonda, administrando de 5 a 30 mL de água Para diminuir a possibilidade de interação fármaco-nutriente, irrigar a
destilada. sonda antes e após a administração de fármacos, a m de prevenir
interações farmacológicas e físicas, como granulação e formação de gel,
que podem causar obstrução da sonda, assim como diminuir ou aumentar
a biodisponibilidade do fármaco em casos de interação.9,12
26. Desconectar a seringa e fechar a sonda. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
27. Retirar as luvas de procedimento e descartá-las junto com os Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
materiais utilizados em saco plástico para resíduos. agentes biológicos.6
28. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
29. Deixar o paciente confortável. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
30. Recolher o material e desprezá-lo no expurgo, em lixo para resíduo Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
infectante. agentes biológicos.6
31. Lavar a bandeja com água e sabão, secá-la com papel-toalha e Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
fazer a desinfecção com álcool a 70%. agentes biológicos.6
32. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.4,8
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.6
33. Veri car o horário da administração do medicamento na prescrição Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
médica, registrar o procedimento realizado e intercorrências na desnecessário associado à atenção à saúde.4,7
anotação de enfermagem. Incluir o volume administrado no balanço
hídrico, se houver indicação. Assinar e carimbar.
Referências
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serviços de saúde e dá outras providências. Diário O cial da União. 26 jul. 2013;Seção 1:32-3.
5. Cervo AS, Magnago TSBS, Carollo JB, Chagas BP, Oliveira AS, Urbanetto JS. Eventos adversos relacionados ao uso de terapia nutricional enteral.
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8. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Uso seguro de medicamentos: guia para preparo, administração e monitoramento. São Paulo:
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9. Lopes DMA, Gomes EV, Madeira LS, Aguiar MCR. Revisão sobre o uso de fármacos através de sondas digestivas: um estudo de base hospitalar.
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10. Wohlt PD, Zheng L, Gunderson S, Balzar SA, Johnson BD, Fish JT. Recommendations for the use of medications with continuous enteral nutrition.
Am J Health Syst Pharm. 2009;66(16):1458-67.
11. Hoe er R, Vidal JS. Administração de medicamentos por sonda. Boletim farmacoterapêutica. 2009;14(3/4):1-4.
12. Silva MFB, Brito PD, Guaraldo L. Medicamentos orais de uma unidade hospitalar: adequação ao uso por cateteres enterais. Rev Bras Enferm.
2016;69(5):847-54.
13. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 453, de 16 de janeiro de 2014. Aprova a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação da
equipe de enfermagem em terapia nutricional. Diário O cial da União. 28 jan. 2014;Seção 1:78-9.
14. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral Enteral, Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia nutricional: administração e monitoramento. São
Paulo: AMB; 2011. Projeto Diretrizes.
15. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 63, de 6 de julho de 2000. Diário O cial da União. 7 jul. 2000;Seção 1:89.
16. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
17. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
18. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.12
Administração de medicamentos com cateter agulhado
Introdução
A administração de terapia endovenosa por meio de acesso vascular periférico é comum nas práticas de cuidado em
saúde e exige capacitação técnico-cientí ca por parte dos pro ssionais, a m de evitar complicações, como ebite,
in ltração, hematoma, trombose e trombo ebite.1 Essa administração pode ser realizada utilizando-se cateteres
agulhados e sobre agulha.
De nição
Cateteres agulhados, conhecidos como escalpes ou butter y, são feitos de aço inoxidável biocompatível, não exíveis.
São classi cados com números ímpares, variando do 19 ao 27, medindo 1,25 a 3 cm de comprimento. As asas
geralmente são de borracha ou plástico, e o tubo exível estende-se por trás delas, variando de 7,5 a 30 cm de
comprimento.2
Indicação
Esses cateteres são utilizados geralmente para terapia de curta duração (menor que 24 horas), como terapia de dose
única, administração de medicamento endovenoso em bolus (tempo inferior a 1 minuto) ou para coleta de sangue,
pois podem facilmente perfurar a veia inadvertidamente após sua instalação, incorrendo em alto risco para in ltração
e/ou extravasamento.2
Aspectos legais
A Resolução-RDC nº 45, de 12 de março de 2003,3 da Anvisa estabelece: “A responsabilidade pelo preparo das
soluções parenterais pode ser uma atividade individual ou conjunta do enfermeiro e do farmacêutico”. No entanto, o
enfermeiro é o responsável pela administração das soluções parenterais e prescrição dos cuidados de enfermagem em
âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar.
Como mencionado, a terapia endovenosa é de responsabilidade legal do enfermeiro, podendo ser realizada por
pro ssionais de nível médio desde que sob supervisão do enfermeiro, mesmo em cenários de alta complexidade.3,4
A punção de veias periféricas pode ser realizada pela equipe de enfermagem, desde que capacitada, de modo
seguro, evitando complicações ao paciente.
A veia jugular representa uma das últimas opções para a punção venosa periférica, devido aos riscos de punção
acidental da artéria carótida, ocorrência de pneumotórax e embolia gasosa. Considerando-se os aspectos éticos e
legais da prática pro ssional de enfermagem, a punção da veia jugular externa é de competência do enfermeiro.4,5
Material necessário
■ Bandeja
■ Luvas de procedimento
■ Garrote
■ Cateter agulhado de calibre adequado
■ Dispositivo estéril de xação de cateter
■ Seringa
■ Agulha de maior calibre para preparo de medicação
■ Algodão, gaze ou swab embebido em álcool a 70%
■ Frasco de medicamento lio lizado ou frasco de solução endovenosa ou ampola de medicamento
endovenoso/eletrólitos
■ Diluente ou solução endovenosa em bolsa descartável, livre de pirógenos e estéril
2. Conferir na prescrição médica: nome e registro do paciente, nome do Evitar erros de medicação (ver Cap. 8.1).6,7
medicamento/solução, dose, volume, via de administração, frequência, horário de
administração e duração da infusão.
3. Veri car a identi cação do paciente por meio de dois indicadores de nidos pela instituição Evitar erros de medicação.6,7
(nome completo, data de nascimento, registro hospitalar, número do quarto e/ou leito) na
prescrição médica e na pulseira de identi cação. Sempre que possível, o paciente deve falar os
dois indicadores – por exemplo, nome completo e data de nascimento –, e o pro ssional deve
conferir se estão conforme o documento (pulseira de identi cação ou documento do
prontuário).
5. Assegurar-se de que está familiarizado com a ação esperada do medicamento/solução, Conhecer as intervenções a serem implementadas
possíveis incompatibilidades com diluentes ou outros medicamentos em uso, efeitos colaterais em caso de eventos adversos.6,7
e eventos adversos.
6. Explicar o procedimento, a função do medicamento e possíveis efeitos colaterais ao Obter consentimento, con ança e cooperação na
paciente. obtenção de acesso venoso e monitoramento de
efeitos terapêuticos e colaterais.6,8
7. Encorajar o paciente a relatar dor no local de inserção do cateter periférico. Conhecer as intervenções a serem implementadas
em caso de eventos adversos.6,7
9. No local destinado ao preparo de medicamentos, veri car os frascos/ampolas, bolsas de Prevenir eventos adversos relacionados à assistência
solução endovenosa quanto a data de validade, vazamentos, presença de partículas, à saúde.6,8
descoloração ou presença de conteúdo turvo.
■ Realizar a desinfecção do diafragma do frasco friccionando com algodão, gaze ou swab A inserção da agulha em ângulo de 90º reduz o risco
embebido em álcool a 70% conforme protocolo da instituição, com movimentos aplicados de lacerar o diafragma de borracha.6
de forma a gerar fricção mecânica de 5 a 15 segundos e permitir que seque durante 30 A identi cação da bolsa conforme protocolo
segundos; institucional garante comunicação entre membros
■ Inserir a agulha em ângulo de 90º no frasco; da equipe de saúde e a continuidade da
■ Injetar o diluente, agitando o frasco para assegurar-se de que todo o pó será diluído; assistência.6,7
■ Inverter o frasco e aspirar a solução;
■ Remover a agulha do frasco e injetar o conteúdo na bolsa de solução endovenosa;
■ Identi car a bolsa conforme protocolo institucional.
10. Desprezar materiais perfurocortantes em recipiente apropriado (com paredes rígidas). Evitar acidentes/contaminação com materiais
perfurocortantes.
11. Retirar a agulha da seringa, conectar a seringa ao cateter agulhado e preencher todo o Evitar infusão de ar atmosférico na veia selecionada.7
lúmen do cateter.
12. Identi car a seringa conforme protocolo institucional. O mínimo de informações inclui: Garantir a comunicação entre membros da equipe
identi cação do paciente, nome do medicamento, dose, via, horário e assinatura do de saúde e a continuidade da assistência, evitar erros
pro ssional. Colocar todo o material em uma bandeja previamente desinfetada com álcool a de medicação e garantir a segurança do paciente.6,7
70% e levá-la até o paciente.
15. Veri car a identi cação do paciente por meio de dois indicadores de nidos pela Evitar erros de medicação.6,7
instituição, conforme descrito anteriormente.
16. Realizar o garroteamento do membro a ser puncionado, cerca de 5 a 15 cm acima da veia Melhorar o ingurgitamento da veia e proporcionar
selecionada para punção. Evitar regiões de articulações, pois limitam a movimentação e também sua melhor visualização.12
aumentam o risco de trans xação venosa.
17. Realizar antissepsia da pele no local escolhido com álcool a 70% ou clorexedina alcoólica Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.8
a 0,5% de modo circular, de dentro para fora, pelo menos duas vezes, por pelo menos 30
segundos.
19. Posicionar a agulha em ângulo de 30º a 45º com bisel voltado para cima (método Ajustar angulação de modo a alcançar o vaso
indireto) ou de 15º a 30º (método direto). O método direto é a inserção do cateter sanguíneo (quanto mais super cial o vaso, menor
diretamente sobre a veia, e o indireto é a inserção do cateter ao lado da veia, mantendo deve ser a angulação), evitando extravasamento
alinhamento paralelo, atravessando o tecido subcutâneo até atingir a veia. sanguíneo, formação de equimose e hematoma.12
20. Puncionar a veia escolhida e veri car o retorno de sangue. Certi car-se que o dispositivo venoso encontra-se
corretamente posicionado no vaso sanguíneo
escolhido.12
22. Realizar xação do cateter agulhado de modo a manter local de inserção visível. Manter estabilidade do cateter evitando in ltração,
identi car precocemente infecção relacionada aos
cateteres e prevenir eventos adversos relacionados à
infusão atual.7
23. Administrar medicamentos respeitando o tempo de infusão e atentar para eventuais Prevenir eventos adversos relacionados à infusão
efeitos adversos. Realizar o ushing do cateter com soro siológico a 0,9% após a atual.7,13
administração do medicamento. Realizar o ushing pulsátil no acesso previne contato
O ushing é realizado por meio da técnica pulsátil (push pause), com duas vezes o volume entre medicamentos, diminui o risco de oclusão e
interno do cateter (5 mL de soro siológico a 0,9% em bolus para cateteres periféricos e 10 pode ser mais efetivo na remoção de depósitos
mL para cateteres centrais), sem forçar. sólidos ( brina, fármacos precipitados) quando
O ushing pulsátil refere-se a 10 bolus consecutivos de 1 mL cada. comparado à técnica de ushing contínuo (bolus
único de 10 mL).13
24. Retirar a seringa e manter dispositivo devidamente protegido para uso posterior, caso Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.8
necessário.
25. Retirar o dispositivo, caso não seja mais necessário, e realizar curativo. Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde e
trauma vascular.10
26. Desprezar materiais perfurocortantes em recipiente apropriado (com paredes rígidas). Evitar acidentes/contaminação com materiais
perfurocortantes.
28. Retirar as luvas de procedimento, desprezá-las no lixo infectante e higienizar as mãos. Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.8
29. Registrar o procedimento em prontuário e checar a prescrição médica. Proteger a equipe de saúde no contexto legal e
garantir a comunicação entre seus membros e a
continuidade da assistência.13
Risco de integridade tissular prejudicada Proteção contra infecção Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
1. Oliveira AKA, Vasconcelos QLDAQ, Melo GSM, Melo MDM, Costa IKF, Torres GV. Validação de instrumento para punção venosa periférica com
cateter agulhado. Rev Rene. 2015;16(2):176-84.
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UNIRIO; 2009.
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 45, de 12 de março 2003. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas
práticas de utilização das soluções parenterais (SP) em serviços de saúde. Diário O cial da União. 13 mar. 2003;Seção 1:45-7.
4. Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal. Parecer COREN-DF nº 010/2009. O enfermeiro tem respaldo para realizar punção jugular
externa? [Internet]. Brasília: COREN-DF; 2009 [capturado em 13 mar. 2019]. Disponível em: http://www.coren-df.gov.br/site/no-0102009-o-
enfermeiro-tem-respaldo-para-realizar-puncao-de-julgular-externa/.
5. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
6. Elliot M, Liu Y. The nine rights of medication administration: an overview. Br J Nurs. 2010;19(5):300-5.
7. Lavery I. Intravenous therapy: preparation and administration of IV medicines. Br J Nurs. 2011;20(4):S28, S30-4.
8. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. Estratégias para a segurança do paciente: manual para pro ssionais da saúde. Porto
Alegre: EDIPUCRS; 2013.
9. Dolan SA, Felizardo G, Barnes S, Cox TR, Patrick M, Ward KS, et al. APIC position paper: safe injection, infusion, and medication vial practices in
health care. Am J Infect Control. 2010;38(3):167-72.
10. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related
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11. Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica: medicina laboratorial para coleta de
sangue venoso. 2. ed. Barueri: Manole; 2010.
12. Oliveira AKA, Medeiros LP, Melo GSM, Torres GV. Passos da técnica de punção venosa periférica: revisão integrativa. Arq Ciênc Saúde.
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13. Gorski L, Hadaway L, Hagle ME, McGoldrick M, Orr M, Doellman D. Infusion therapy: standards of practice. Journal of Infusion Nursing.
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14. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
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15. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
16. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
8.13
Preparo e instalação de soluções em maiores volumes
Introdução
A administração de soluções em maiores volumes é rotineiramente realizada pela equipe de enfermagem. Para tanto,
requer acesso venoso com menor risco de trauma vascular associado, ou seja, cateter sobre agulha.1
De nição
Administração endovenosa de solução estéril, acondicionada em recipiente único com uma capacidade de 100 mL ou
mais.2
Indicações
■ Administração de medicamentos
■ Prevenção de desequilíbrio, manutenção ou restauração do equilíbrio hídrico ou eletrolítico
■ Fornecimento de nutrientes
■ Administração de hemoderivados e hemocomponentes (ver procedimentos especí cos no Cap. 10).
Aspectos legais
A Resolução-RDC nº 45, de 12 de março de 2003,3 da Anvisa estabelece: “A responsabilidade pelo preparo das
soluções parenterais pode ser uma atividade individual ou conjunta do enfermeiro e do farmacêutico”. No entanto, o
enfermeiro é o responsável pela administração das soluções parenterais e prescrição dos cuidados de enfermagem em
âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar. Ainda de acordo com a referida RDC, “A equipe de enfermagem
envolvida na administração de soluções parenterais é formada pelo enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de enfermagem,
tendo cada pro ssional suas atribuições especí cas em conformidade com a legislação vigente”.3 Indica-se a leitura
complementar do seguinte parecer sobre a temática:
Material necessário
■ Luvas de procedimento
■ Seringa para medicamento
■ Agulha de aspiração (40×12 ou 25×12)
■ Seringa preenchida de soro siológico a 0,9% ou seringa de 10 mL e agulha de aspiração e aconete de soro
siológico a 0,9%
■ Algodão, gaze ou swab embebido em álcool a 70%
■ Suporte de solução endovenosa
■ Frasco de medicamento lio lizado ou frasco de solução endovenosa ou ampola de medicamento
endovenoso/eletrólitos
■ Diluente ou solução endovenosa em bolsa descartável, livre de pirógenos e estéril
■ Equipo de acordo com a forma de infusão (macrogotas ou microgotas)
3. Veri car a identi cação do paciente por meio de dois indicadores de nidos pela
instituição (nome completo, data de nascimento, registro hospitalar, número do quarto
e/ou leito) na prescrição médica e na pulseira de identi cação. Sempre que possível, o
paciente deve falar os
dois indicadores – por exemplo, nome completo e data de nascimento –, e o pro ssional
deve conferir com o documento (pulseira de identi cação ou documento do prontuário).
5. Assegurar-se de que está familiarizado com a ação esperada do medicamento/solução, Conhecer as intervenções a serem implementadas em
possíveis incompatibilidades com diluentes ou outros medicamentos em uso, efeitos caso de eventos adversos.1
colaterais e eventos adversos.
6. Explicar o procedimento, a função do medicamento e possíveis efeitos colaterais ao Obter consentimento, con ança e cooperação na
paciente. obtenção de acesso venoso e monitoramento de efeitos
terapêuticos e colaterais.5,6
7. Encorajar o paciente a relatar dor no local de inserção do cateter periférico.
9. No local destinado ao preparo dos medicamentos, veri car os frascos/ampolas, bolsas Prevenir eventos adversos relacionados à assistência à
de solução endovenosa quanto a data de validade, vazamentos, presença de partículas, saúde.6,8
descoloração ou presença de conteúdo turvo.
10. Desprezar materiais perfurocortantes em recipiente apropriado (com paredes rígidas). Evitar acidentes/contaminação com materiais
perfurocortantes.
11. Abrir a embalagem do equipo e fechar o clamp. Evitar formação de bolhas no equipo e infusão na rede
venosa do paciente.
12. Conectar o equipo à bolsa de solução endovenosa.
14. Higienizar as mãos e calçar luvas de procedimento. Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.9
15. Se acesso venoso periférico já estabelecido, veri car o local de inserção quanto a Identi car precocemente infecção relacionada aos
in ltração e/ou sinais ogísticos e/ou queixa de dor do paciente. cateteres e prevenir eventos adversos relacionados à
Se acesso venoso central já estabelecido, veri car quanto à exteriorização e veri car o infusão atual.6
local de inserção quanto a sinais ogísticos.
16. Se não houver acesso venoso, puncionar conforme descrito no Capítulo 13.1. Ver Capítulo 13.1.
17. Realizar a desinfecção do conector valvulado sem agulha, dânula (torneirinha) ou Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.1,6
conector em Y, friccionando com algodão, gaze ou swab embebido em álcool a 70%,
conforme protocolo da instituição, com movimentos aplicados de forma a gerar fricção
mecânica de 5 a 15 segundos e permitir que seque durante 30 segundos.
18. Realizar o ushing e a aspiração. O ushing e a aspiração permitem veri car o retorno de
O ushing é realizado por meio da técnica pulsátil (push pause) com duas vezes o volume sangue e a permeabilidade do acesso venoso.1
interno do cateter (5 mL de soro siológico a 0,9% em bolus para cateteres periféricos e
10 mL para cateteres centrais sem forçar). Recomenda-se avaliar a permeabilidade do cateter com
O ushing pulsátil refere-se a 10 bolus consecutivos de 1 mL cada. uma seringa de 10 mL para gerar baixa pressão no lúmen
Avaliar quanto a sinais de oclusão, como uxo lento ou impossibilidade de injeção. do cateter, sendo uma opção a utilização de seringas
■ Conectar o equipo ao conector do cateter venoso. preenchidas.11
Realizar o ushing pulsátil no acesso previne contato
entre medicamentos, diminui o risco de oclusão e pode
ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos ( brina,
fármacos precipitados) quando comparados à técnica de
ushing contínuo (bolus único de 10 mL).11
Se infusão intermitente a uma administração de uidos já existente: Evitar precipitação e/ou anulação do efeito dos
■ Fechar o clamp ou dânula (torneirinha) da administração já existente; medicamentos.6
■ Realizar a desinfecção do conector sem agulha, torneirinha ou conector em Y
conforme descrito anteriormente;
■ Realizar o ushing conforme descrito anteriormente;
■ Conectar a infusão medicamentosa e ajustar conforme prescrição médica.
Se infusão contínua de medicamentos com uma infusão contínua de uidos já existente: Evitar precipitação e/ou anulação do efeito dos
■ Certi car-se da compatibilidade dos medicamentos; medicamentos.6
■ Dar preferência para a infusão por dois cateteres diferentes, mesmo que os Garantir uxo constante de ambos os medicamentos.6
medicamentos sejam compatíveis.
19. Ao longo das infusões, observar o paciente e o local de inserção do cateter Veri car efetividade ou intervir na presença de efeitos
intermitentemente. colaterais e possíveis eventos adversos.1
■ Atentar aos efeitos terapêuticos, efeitos colaterais e possíveis eventos adversos.
20. Retirar as luvas de procedimento e higienizar as mãos. Desprezar as luvas em lixo Prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.1,6
infectante.
21. Veri car a prescrição médica e registrar os procedimentos no impresso de anotação Proteger a equipe de saúde no contexto legal e garantir a
de enfermagem: medicamento; dose; velocidade de infusão; via de administração; no comunicação entre seus membros e a continuidade da
caso de cateter com múltiplos lúmens, qual lúmen está sendo utilizado; resposta do assistência.1
paciente ao tratamento, incluindo sintomas e resultados laboratoriais; avaliação diária
quanto à necessidade de continuidade do dispositivo de acesso venoso.
22. Ao nal da infusão, higienizar as mãos, calçar as luvas de procedimento, desconectar Realizar o ushing pulsátil no acesso previne contato
e desprezar a bolsa do medicamento e equipo conforme protocolo institucional. entre medicamentos, diminui o risco de oclusão e pode
■ Realizar o ushing pulsátil conforme etapa 18. Levar em consideração restrição hídrica ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos ( brina,
– diminuir volume – e soluções viscosas – aumentar o volume da permeabilização. fármacos precipitados) quando comparado à técnica de
■ Fechar o clamp do dispositivo usando técnica de pressão positiva (fechar o clamp antes ushing contínuo.11
de nalizar o volume total a ser infundido) e somente depois desconectar a seringa do
cateter.
■ Retirar as luvas de procedimento e desprezar no lixo infectante e higienizar as mãos.
Referências
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1997;Seção 1:22.996-23.027.
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 45, de 12 de março 2003. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas
práticas de utilização das soluções parenterais (SP) em serviços de saúde. Diário O cial da União. 13 mar. 2003;Seção 1:45-7.
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2019]. Disponível em: http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfcfr/CFRSearch.cfm?fr=310.509.
9. Dolan SA, Felizardo G, Barnes S, Cox TR, Patrick M, Ward KS, et al. APIC position paper: safe injection, infusion, and medication vial practices in
health care. Am J Infect Control. 2010;38(3):167-72.
10. Carraretto AR1, Curi EF, de Almeida CE, Abatti RE. Glass ampoules: risks and bene ts. Rev Bras Anestesiol. 2011;61(4):513-21.
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
12. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
13. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
14. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Administração de dieta
parenteral 9
Ana Cristina Tripoloni
Tânia A. Moreira Domingues
Introdução
A nutrição parenteral é a administração de uma solução de nutrientes, hipertônica (nutrição parenteral total [NPT]) ou
isotônica (nutrição parenteral periférica [NPP]), composta de proteínas, carboidratos e vitaminas, além de eletrólitos,
aminoácidos e micronutrientes, sendo que sua formulação é feita de acordo com as necessidades do paciente.1
De nição
A terapia nutricional parenteral (TNP) consiste na oferta de nutrição por via parenteral (endovenosa), podendo ser
administrada através de acesso central ou periférico, conforme a osmolaridade da solução (deve ser menor que 900
mOsmol/L; valores superiores devem ser administrados em via central). Está indicada quando o trato gastrintestinal
está indisponível ou quando a necessidade nutricional não pode ser atendida de forma integral pelo trato
gastrintestinal através das vias oral ou enteral.2
Indicações
Aspectos legais
A complexidade da TNP exige o comprometimento e a capacitação de uma equipe multipro ssional para garantia da
sua e cácia e segurança para os pacientes,4 em atenção às resoluções, normas e portarias:
■ COFEN. Resolução nº 453, de 16 de janeiro de 2014.5
■ Anvisa. Resolução-RDC nº 36, de 25 de julho de 2013.6
■ SAS. Portaria nº 120, de 14 de abril de 2009.7
■ Ministério do Trabalho. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.8
■ Anvisa. Portaria nº 272, de 8 abril de 1998.4
■ COFEN. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986.9
Material necessário
■ Bandeja
■ Bolsa de nutrição parenteral (BNP)
■ Saco plástico opaco protetor (normalmente fornecido pelo fabricante) para recobrir a BNP
■ Bomba de infusão (BI)
■ Luvas de procedimento
■ Máscara descartável
■ Óculos de proteção
■ Gaze estéril
■ Álcool etílico a 70%
1. Conferir se a terapia nutricional parental está prescrita. Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
2. Observar condições de integridade da embalagem, validade e Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
homogeneidade da solução. risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
3. Realizar as conferências a seguir: identi cação da bolsa de Assegurar a integridade física da embalagem e condições organolépticas da
nutrição parenteral (BNP) e do paciente; composição, osmolaridade, nutrição parenteral (NP).2
via de acesso (central ou periférica); volume total e velocidade de A NP deve ser acondicionada em recipiente atóxico, apirogênico, compatível
infusão. física e quimicamente7 com o conteúdo.2
4. Retirar a BNP da embalagem e con rmar o paciente e o Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
procedimento a ser realizado. risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
5. Fazer dupla checagem com outro pro ssional dos dados da Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
pulseira de identi cação do paciente com as informações contidas risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
na bolsa, antes de iniciar o procedimento. Em caso de pacientes O enfermeiro é o responsável pela administração da NP e pela prescrição dos
conscientes, con rmar os dados com ele. cuidados de enfermagem em nível hospitalar, ambulatorial e domiciliar.4
6. Explicar o procedimento ao paciente e/ou ao acompanhante. A NP deve ser identi cada com rótulo, no qual as informações devem ser
claras, devendo conter: nome do paciente, composição e demais informações
legais e especí cas.10,11
8. Calçar as luvas de procedimento e colocar os óculos de proteção e Propiciar a diminuição de riscos biológicos ao paciente e da probabilidade da
a máscara cirúrgica descartável. exposição ocupacional a agentes biológicos.8
Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
A manipulação da bolsa deverá ser realizada com técnica asséptica, evitando
sua contaminação.
9. Colocar a BNP (em temperatura ambiente) e o equipo em uma A BNP deve ser submetida à inspeção visual para assegurar a ausência de
bandeja. partículas, precipitações, separação de fases e alterações de cor, bem como
deve ser veri cada a clareza e a exatidão das informações do rótulo. O equipo
deve ser trocado a cada 24 horas.11
10. Retirar o lacre e encaixar o equipo à BNP. Observar os princípios de assepsia e o controle rigoroso da infusão do volume
prescrito.4
11. Preencher a câmara de gotejamento e o equipo retirando o ar da Observar os princípios de assepsia e o controle rigoroso da infusão do volume
extensão. prescrito.4
12. Colocar a capa protetora opaca na bolsa e na extensão do Observar os princípios de assepsia e o controle rigoroso da infusão do volume
equipo. prescrito.4
13. Instalar o equipo na bomba de infusão (BI). Avaliar e assegurar a instalação da solução parenteral, observando as
informações contidas no rótulo, comparando-as com a prescrição.12
Observar os princípios de assepsia e o controle rigoroso da infusão do volume
prescrito.4
14. Programar a BI de acordo com o volume/tempo prescrito pelo As BI são indicadas para garantir uma administração segura e otimizar a
médico. terapia, seja para grandes volumes e terapias complexas, para garantir
acurácia, seja para baixos volumes de infusão.5
15. Higienizar as mãos. Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
16. Calçar as luvas de procedimentos. Propiciar a diminuição de riscos biológicos ao paciente e da probabilidade da
exposição ocupacional a agentes biológicos.8
Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
17. Fazer a desinfecção da conexão do cateter vascular com gaze e Observar os princípios de assepsia e o controle rigoroso da infusão do volume
álcool a 70% e conectar o equipo de NP, em via exclusiva. prescrito.4
O sítio de inserção do cateter deverá ser inspecionado diariamente para
detecção precoce de complicações.4
18. Checar a programação da bomba, abrir a pinça do equipo e Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
cateter e iniciar a infusão. risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
19. Recolher o material, mantendo a unidade organizada. Manter o ambiente em ordem e demonstrar preocupação com o bem-estar
do paciente.1
20. Encaminhar o material residual ao expurgo e fazer o descarte em Propiciar a diminuição de riscos biológicos ao paciente e da probabilidade da
local apropriado. exposição ocupacional a agentes biológicos.8
21. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel toalha e Propiciar a diminuição de riscos biológicos ao paciente e da probabilidade da
passar álcool a 70%. exposição ocupacional a agentes biológicos.8
22. Retirar as luvas de procedimento e descartá-las em lixo Propiciar a diminuição de riscos biológicos ao paciente e da probabilidade da
apropriado (infectante). exposição ocupacional a agentes biológicos.8
Promover a segurança do paciente com redução, a um mínimo aceitável, do
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde.6
24. Veri car a prescrição médica e realizar a anotação de Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à
enfermagem, contendo: horário de início e término, intercorrências e administração e à evolução do paciente, quanto aos dados antropométricos,
providências envolvidas na infusão. peso, sinais vitais, balanço hídrico, glicemia e tolerância digestiva.5
Referências
1. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
2. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Protocolo de terapia nutricional enteral e parenteral da Comissão de Suporte Nutricional.
Goiânia: HC-UFG; 2014.
3. Fresenius Kabi. Compêndio de nutrição parenteral. Barueri: Fresenius Kabi; 2018.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 272, de 8 abril de 1998. Diário O cial da União. 23 abr. 1998;Seção 1:2-
15.
5. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 453, de 16 de janeiro de 2014. Aprova a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação da
equipe de enfermagem em terapia nutricional. Diário O cial da União. 28 jan. 2014;Seção 1:78-9.
6. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 36, de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em
serviços de saúde e dá outras providências. Diário O cial da União. 26 jul. 2013;Seção 1:32-3.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 120, de 14 de abril de 2009 [Internet]. Brasília: BVSM; c2019 [capturado
em 18 mar. 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0120_14_04_2009.html.
8. Brasil. Ministério do Trabalho. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde [Internet]. Rio de Janeiro: FioCruz; [2005, capturado
em 15 abr. 2019]. Disponível em: http://www. ocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/legislacao/NR-32.pdf.
9. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
10. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Associação Brasileira de Nutrologia. Triagem e avaliação do estado nutricional. São Paulo:
AMB; 2011. Projeto Diretrizes.
11. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Associação Brasileira de Nutrologia. Acesso para terapia de nutrição parenteral e enteral.
Projeto Diretrizes. Brasília: CFM; 2011.
12. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, Associação Brasileira de Nutrologia. Administração e monitoramento da nutrição parenteral.
Projeto Diretrizes. Brasília: CFM; 2011.
Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
13.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
14. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
15. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
Administração de
hemocomponentes 10
Bruna Tirapelli Gonçalves
De nição
A terapia transfusional é de nida como a prática infusional de partes do sangue administradas por via endovenosa
para a restauração das necessidades orgânicas dos indivíduos em casos em que haja uma morbidade e mortalidade
comprovada (laboratorial e clinicamente). O sangue total obtido através da doação do sangue deve ser 100%
processado, resultando em 2 produtos distintos para a terapia transfusional: os hemocomponentes e os
hemoderivados.1,2
Os hemoderivados são derivados sanguíneos fabricados em escala industrial (industrialização do plasma) por meio
de processo físico-químico. São eles: albumina, imunoglobulinas e fatores da coagulação (fator VII, fator VIII, fator IX,
além dos complexos protrombínicos).2
Os hemocomponentes são obtidos por meio de processos físicos (centrifugação e congelamento) e sem aditivos
químicos. São eles: concentrado de hemácias, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas e crioprecipitado.2
Indicação
A indicação básica e principal das transfusões sanguíneas é manter a capacidade vital do organismo, como a volemia
sanguínea, o transporte de oxigênio e a homeostasia. A indicação de transfusão deve ser feita exclusivamente pelo
médico, podendo ocasionar riscos imediatos ou tardios. A indicação deve ser estabelecida com o objetivo de que os
benefícios da hemotransfusão superem os riscos.3
As transfusões devem seguir um critério estabelecido entre a prescrição e a infusão dos hemocomponentes. Os
tipos de infusão são:
Aspectos legais
No que diz respeito aos aspectos ético-legais em terapia infusional de hemocomponentes, é preciso destacar dois
aspectos importantes.
A Resolução nº 0306/20064 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), datada de 25 de abril de 2006, descreve
as competências e atribuições do enfermeiro, assegurando os direitos e deveres de cada categoria pro ssional de
enfermagem na administração de hemocomponentes. A administração de hemocomponentes é considerada uma
terapia de alta complexidade, podendo ser executada somente pelo enfermeiro ou pelo técnico de enfermagem, este
último sob supervisão e orientação do primeiro, que tem conhecimentos cientí cos especí cos e capacidade de
tomada de decisões imediatas.4,5
A segunda questão está ligada a uma crença religiosa especí ca. Os praticantes da religião Testemunhas de Jeová
têm poder de recusa à indicação e ao ato transfusional.6 Pela possibilidade de haver alguma polêmica e resistência por
parte dos pro ssionais de saúde, motivados pelo receio de sua responsabilidade civil, os praticantes dessa religião
precisam assinar um termo de responsabilidade, isentando os médicos e instituições de qualquer responsabilidade.
Existe um cartão para uso médico (Cartão do Sangue) e também um formulário denominado “Recusa de Aceitar
Produtos do Sangue”, documento também de uso médico, que se constitui em acordo contratual, sendo legalmente
válido. Ele é renovado anualmente e assinado pela pessoa e por testemunhas, geralmente parentes próximos. No caso
de menores, é o representante legal quem assina.6,7 É de extrema importância que o enfermeiro, ao coletar dados,
identi que essa situação para que se torne conhecida e que os devidos termos sejam esclarecidos a m de que
providências legais possam ser tomadas.
Material necessário
■ Termômetro clínico
■ Es gmomanômetro
■ Estetoscópio
■ Gaze
■ Álcool a 70%
■ Bandeja com hemocomponente (concentrado de glóbulos ou hemácias, plasma, plaquetas ou crioprecipitado)
■ Equipo especí co para infusão de hemocomponente ou ltro leucodepletor
■ Luva de procedimento
■ Material para venopunção
■ Seringa de 10 mL
■ Maleta/caixa apropriada para transporte
■ Seringa de 20 mL
■ Solução salina a 0,9%
■ Curativo adesivo
■ Tubos para coletas de sangue para testes imuno-hematológicos (sorologias e tipagem ABO)
■ Etiquetas com identi cação do paciente
1. Veri car na prescrição médica qual é o A prescrição da hemotransfusão é privativa do pro ssional médico, devendo ser clara e conter itens
hemocomponente e o volume (unidades) a ser importantes para a segurança do paciente.4,5
administrado e as observações necessárias.
2. Certi car-se de que o paciente concordou Todo paciente deve ser orientado quanto a necessidade, benefícios e riscos da prática transfusional
com a transfusão, orientando-o sobre a e fornecer consentimento para tal.8
necessidade e indicação do procedimento.
3. Veri car se a solicitação do A solicitação deve conter: nome completo do receptor, sem abreviaturas; nome da mãe, se possível;
hemocomponente está preenchida sexo, data de nascimento e peso (quando indicado); número do prontuário ou registro do receptor;
corretamente, contendo os dados do paciente; identi cação do serviço de saúde, localização intra-hospitalar e número do leito, no caso de
certi car-se também quanto ao tempo receptor internado; diagnóstico e indicação da transfusão; resultados dos testes laboratoriais que
programado para início da transfusão. justi quem a indicação do hemocomponente; hemocomponente solicitado, com o respectivo
volume ou quantidade; data da requisição, nome, assinatura e número de inscrição no Conselho
Regional de Medicina do médico solicitante; e antecedentes transfusionais e gestacionais e reações
à transfusão.9
Recomenda-se também que a transfusão seja preferencialmente realizada durante o período
diurno.10
4. Separar o material para coleta de amostra de Os exames pré-transfusionais servem para testes imuno-hematológicos como identi cação de
sangue e identi car individualmente cada tubo possíveis anticorpos doador/receptor e tipagem ABO. Eles têm duração de 72 horas, sendo
com nome completo sem abreviações, leito (se necessária uma nova coleta após esse período. Sempre que possível, a etiqueta de identi cação
aplicável), registro institucional e identi cação deve ser impressa, com códigos de barras.11,12
do coletor e data.
5. Higienizar as mãos. Antes de todo contato com o paciente, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir
infecção relacionada à assistência à saúde.13
6. Con rmar o paciente e o procedimento de Realizar esse procedimento utilizando a pulseira de identi cação do paciente e con rmação verbal
coleta de amostra de sangue a ser realizado e dos seus dados, no caso de pacientes conscientes.10
utilizar a pulseira de identi cação do paciente.
7. Explicar ao paciente o procedimento de Todo paciente deve ser orientado quanto necessidade, benefícios e riscos da prática transfusional e
coleta de amostra de sangue. fornecer consentimento para tal.10
8. Coletar amostra de sangue su ciente para o A e cácia do resultado dos exames depende do volume sanguíneo coletado especi cado em cada
preenchimento correto indicado nos tubos. tubo indicado para coleta, seguindo orientação do serviço de hemoterapia.12
9. Higienizar as mãos. Após qualquer contato com o paciente, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir
infecção relacionada à assistência à saúde.13
10. Encaminhar o impresso de solicitação de As amostras que não estiverem devidamente preenchidas deverão ser recusadas pelo serviço de
hemocomponente ao banco de sangue com as hemoterapia.12
amostras de sangue identi cadas. Para a transfusão de crioprecipitado, deve ser preenchido um formulário especial retirado no banco
de sangue.
11. Veri car com o banco de sangue a Caso a transfusão seja de extrema urgência e em locais onde testes imuno-hematológicos não
disponibilidade do componente solicitado e o possam ser realizados, o médico responsável pelo paciente deverá enviar ao banco de sangue uma
tempo previsto de preparo. solicitação explicando a necessidade e se responsabilizando pelos fatos.12
12. Veri car as condições clínicas e infusionais Em caso de acesso periférico, preferencialmente puncionar veia calibrosa com dispositivo
do paciente: sinais vitais e compatível com a nalidade e idade do paciente. Caso o paciente apresente febre antes de iniciar a
disponibilidade/características do acesso transfusão, cabe ao médico liberar ou não a transfusão.5,10
venoso.
13. Realizar a prescrição de enfermagem Por ser uma atividade complexa, o enfermeiro deve planejar a assistência de enfermagem,
destacando se há histórico de reações prevendo os riscos esperados para o procedimento.5
transfusionais e a necessidade da
administração de medicamentos pré-
transfusionais.
14. Retirar o hemocomponente no serviço de O tempo transcorrido entre a retirada do hemocomponente do banco de sangue até o início da
hemoterapia ou solicitar sua entrega. infusão não pode exceder 30 minutos.2
Nunca permanecer com a bolsa do hemocomponente na unidade, mesmo em geladeira.9
Caso o início da infusão não aconteça dentro desses 30 minutos, devolver a bolsa ao banco de
sangue.10
Ao recebê-lo/retirá-lo do serviço de hemoterapia, conferir o nome, registro hospitalar (RH), números
das bolsas, identi cação nominal em cada bolsa, tipagem ABO doador/receptor e tipo de equipo a
ser usado. No transporte para o setor, utilizar caixa térmica rígida, apropriada para esse
procedimento.14
15. Realizar dupla checagem com outro As conferências fazem parte das boas práticas pro ssionais relacionadas à hemotransfusão e,
pro ssional, observando os dados de consequentemente, à segurança do paciente.10,15
identi cação do receptor, como nome, RH e
data de nascimento em sua pulseira de
identi cação. Conferir também os dados da
hemotransfusão: tipo de hemocomponente,
tipagem ABO doador/receptor, numeração e
características da bolsa e seu conteúdo.
16. Veri car se a infusão de medicamentos pré- Por ser uma atividade complexa, o enfermeiro deve planejar a assistência de enfermagem,
transfusional, caso tenha sido prescrita, foi prevendo os riscos esperados para o procedimento.3,5
realizada.
17. Anexar a requisição transfusional na A requisição tranfusional referente à comprovação transfusional, contendo dados dos
prescrição médica correspondente à transfusão. hemocomponentes e da prática infusional, deve ser arquivada no prontuário.12
18. Higienizar as mãos. Ao entrar no quarto/box do paciente e antes de qualquer procedimento, deve-se fazer a
higienização das mãos para prevenir infecção relacionada à assistência à saúde.11
19. Veri car sinais vitais imediatamente antes Uma das reações transfusionais mais frequentes é a reação febril, caracterizada por aumento em 1
do início da transfusão. grau da temperatura basal. Caso o paciente apresente febre antes de iniciar a transfusão, cabe ao
médico a liberação ou não da transfusão, sempre pautado pelo raciocínio clínico do custo/benefício
da hemotransfusão.3,4,8
20. Higienizar as mãos. Antes de qualquer contato com o paciente, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir
infecção relacionada à assistência à saúde.13
21. Anotar os valores dos sinais vitais na folha Todos os dados devem manter os registros transfusionais no prontuário do paciente.15
de controle.
22. Calçar as luvas de procedimento. Todo pro ssional de saúde deve utilizar equipamentos de proteção individual quando expostos a
riscos; neste caso, um risco biológico, como um possível contato com sangue.14
23. Conectar o equipo apropriado à bolsa do Toda transfusão deve ter seu equipo especí co, com a existência de uma tela na câmara gotejadora
hemocomponente. a m de barrar algum coágulo em formação e impedi-lo de chegar à corrente sanguínea.15
24. Retirar o ar e preencher todo o equipo. O equipo deve ser preenchido com o sangue em toda a sua extensão para prevenir embolia
gasosa.15
O hemocomponente deve ser administrado em equipo especí co com ltro-padrão para possíveis
retenções de coágulos.12
Em algumas situações especí cas, como nos pacientes imunossuprimidos, é necessário que na
prescrição da transfusão conste a necessidade do uso de um ltro leucodepletor.13,16
25. Retirar as luvas e higienizar as mãos. Após qualquer contato com o paciente, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir
infecções relacionadas à assistência à saúde.13
26. Orientar o paciente sobre o procedimento Avaliar a possibilidade de reação hemolítica, lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão
com vistas a informá-lo sobre as reações (TRALI), ana laxia e sepse relacionada à transfusão, situações nas quais são necessárias condutas de
transfusionais. urgência.3,17
27. Higienizar as mãos. Antes de qualquer contato com o paciente, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir
infecções relacionadas à assistência à saúde.13
28. Calçar as luvas de procedimento. Todo pro ssional de saúde deve utilizar equipamentos de proteção individual quando expostos a
riscos; neste caso, um risco biológico, como um possível contato com sangue.12,14
29. Realizar a assepsia com gaze e álcool a A assepsia do dispositivo venoso reduz o risco de infecção de corrente sanguínea relacionada ao
70% no conector e instalar a bolsa. A via deve cateter.18
ser exclusiva. Recomenda-se que o hemocomponente seja administrado em via exclusiva; assim, deve-se
suspender a administração de soroterapia, medicamentos ou nutrição parenteral total.2
30. Veri car os dados da pulseira de As conferências fazem parte das boas práticas pro ssionais relacionadas à hemotransfusão e,
identi cação do paciente em voz alta consequentemente, à segurança do paciente.8,10
comparando-os com as informações contidas
na bolsa e prescrição médica duas vezes antes
de iniciar o procedimento.
31. Veri car o tempo de infusão e controlar o O tempo de infusão deve ser especi cado na prescrição médica.12
gotejamento correspondente. Tempo de infusão dos hemocomponentes:2
■ Plaquetas – infusão rápida
■ Crioprecipitado – infusão rápida
■ Plasma – de 40 minutos a 1 hora, respeitando o tempo máximo de 4 horas
33. Permanecer os 15 primeiros minutos ao A infusão de CH após 4 horas poderá aumentar a proliferação bacteriana caso tenha havido
lado do paciente após a instalação, observando contaminação.12
possíveis sinais de reação transfusional, Na presença de reações transfusionais, o pro ssional deverá observar e avaliar os seguintes dados:
infundindo lentamente (sem ultrapassar 5 inquietação, aumento de 1 grau na temperatura corporal, calafrios, tremores, rash cutâneo,
mL/min) e aumentando o uxo caso não haja alterações respiratórias (dispneia, taquipneia, hipóxia, sibilos), taquicardia, mudança na pressão
nenhuma intercorrência; não ultrapassar 4 arterial (hipotensão ou hipertensão), lesões de pele, prurido, dor torácica e abdominal, icterícia ou
horas de infusão para os concentrados de qualquer outra manifestação sistêmica, náuseas com ou sem vômito.3,11,16
hemácias (CH).
34. Higienizar as mãos. Após cada procedimento, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir infecção relacionada
à assistência à saúde.13
35. Veri car sinais vitais e anotar. A conferência dos sinais vitais garante que eles não sofreram alterações e que reações
transfusionais não ocorreram.3
36. Higienizar as mãos. Após cada procedimento, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir infecção relacionada
à assistência à saúde.13
37. Avaliar o paciente a cada 30 ou 45 minutos Os seguintes sinais e sintomas deverão ser avaliados: aumento de 1 grau na temperatura corporal,
durante a transfusão. calafrios, tremores, rash cutâneo, alterações respiratórias (dispneia, taquipneia, hipóxia, sibilos),
taquicardia, mudança na pressão arterial (hipotensão ou hipertensão), lesões de pele, prurido, dor
torácica e abdominal, icterícia ou qualquer outra manifestação sistêmica, náuseas com ou sem
vômito e aspecto urinário.3,11,16
38. Ao término da infusão, permeabilizar o Quando o hemocomponente for administrado em cateter central, administrar 20 mL de soro
acesso venoso com solução siológica. siológico a 0,9% em bolus depois da infusão para a lavagem do cateter.18
39. Descartar a bolsa de sangue com equipo, O descarte deverá ser exclusivamente nos lixos infectantes, seguindo os pressupostos para a
após a infusão, em sacos denominados segurança ocupacional.21
infectantes (brancos) ou em recipientes que
evitem vazamentos e rupturas e que estejam
identi cados para esse m.
40. Higienizar as mãos. Após cada procedimento, deve-se fazer a higienização das mãos para prevenir infecção relacionada
à assistência à saúde.13
41. Realizar anotações de enfermagem, Todos os dados devem constar nos registros transfusionais no prontuário do paciente.15
contendo: horário de início e término,
intercorrências e providências envolvidas na
transfusão. Veri car a prescrição médica em
pacientes com registro de balanço hídrico,
incluir o volume no espaço referente a
“Ganhos”.
Referências
1. Silva KFN, Soares S, Iwamoto HH. A prática transfusional e a formação dos pro ssionais de saúde. Rev Bras Hematol Hemoter. 2009;31(6):421-6.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Guia de uso de hemocomponentes. Brasília:
Ministério da Saúde; 2010.
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemovigilância: manual técnico para investigação das reações transfusionais imediatas e tardias
não infecciosas. Brasília: ANVISA; 2007.
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Higiene do paciente 11
11.1
Higiene oral
Introdução
A higiene oral auxilia a manter o estado sadio da boca, dos dentes, das gengivas e dos lábios, removendo a placa
bacteriana e o tártaro, massageando as gengivas e aliviando o desconforto causado por sabores e odores
desagradáveis.1 Atua também na prevenção de infecções do aparelho respiratório,1 reduzindo a colonização da
orofaringe por patógenos responsáveis pela pneumonia nosocomial, principalmente a associada à ventilação
mecânica.2 A falta de higienização favorece o aparecimento e a manutenção das bactérias Gram-negativas na
cavidade oral;3 assim, a higiene oral deve ser incentivada e realizada adequadamente, de forma comprometida e
técnico-cientí ca, garantindo a segurança do paciente.4
Para a realização da higiene oral, o enfermeiro deve conhecer e adotar técnicas e produtos para a execução do
procedimento, que deverá ser compartilhado com toda a equipe de enfermagem. Além do mais, os enfermeiros
devem elaborar protocolos exequíveis e promover treinamento para todos da equipe.5 Para pacientes em ventilação
mecânica, o produto que deve ser indicado para a realização da higiene oral é o gliconato de clorexidina a 0,12%, 3 a
4 vezes ao dia. Ele reduz a ocorrência de pneumonias em 50% e é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).3,6
O gliconato de clorexidina é um antimicrobiano com ação efetiva no combate à placa bacteriana, gengivite e
doença periodontal, além de ser biocompatível com os tecidos bucais. Ademais, é conhecido pelo efeito residual, que
inibe a colonização e a aderência dos microrganismos nos elementos dentários por aproximadamente 12 horas.7
Apesar dos benefícios da utilização do gliconato de clorexidina, é importante observar e monitorar a ocorrência de
alguns eventos adversos, como alteração na coloração dos elementos dentários, restaurações, próteses e língua,
formação de cálculo supragengival, perda do paladar, queimaduras no tecido mole, dor, xerostomia e gosto residual
desagradável na boca.8,9
Recentemente, a efetividade da escovação dental de pacientes intubados na prevenção de pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAVM) e na qualidade da saúde bucal tem sido avaliada. Essa prática, entretanto, ainda é
controversa, tendo em vista que, enquanto alguns estudos evidenciaram uma tendência à redução da incidência de
PAVM e do tempo de ventilação mecânica10-12 além de melhoria dos escores que indicam a qualidade da saúde
bucal,13 outros demonstraram não haver impacto sobre esses desfechos.14-18
De nição
A higiene oral é realizada com o objetivo de diminuir a colonização bucal, prevenir e controlar infecções, manter a
integridade da mucosa e proporcionar conforto ao paciente.
Indicação
Todos os pacientes devem realizar a higiene oral após as refeições ou pelo menos 4 vezes ao dia (depois das refeições
e ao se deitar).
Aspectos legais
Material necessário
1. Explicar o procedimento ao paciente. A orientação é fundamental para que o paciente compreenda a importância do
procedimento.19
2. Realizar a higienização das mãos e calçar luvas. A higienização das mãos evita a infecção, e o uso de luvas evita o contato com
microrganismos ou material biológico.20-22
3. Reunir o material sobre a mesa acessória do paciente. A organização prévia do material evita saídas adicionais do quarto enquanto se
executa o procedimento.23,24
4. Abaixar a grade lateral e auxiliar o paciente a adotar a Abaixar as grades auxilia o pro ssional/aluno na execução do procedimento e evita
posição adequada (sentada). agravos osteomusculares no pro ssional.25,26 A posição sentada do paciente ajuda na
prevenção de aspiração.27,28
5. Estimular e/ou auxiliar o paciente a passar o o dental. Reduzir o tártaro nas superfícies dos dentes e prevenir a halitose.28-30
6. Colocar a toalha de rosto ou papel-toalha sobre o tórax Evitar que o paciente se molhe, garantindo seu conforto.28
do paciente e aproximar a cuba rim.
7. Encorajar o paciente a escovar os próprios dentes. Caso O paciente deve participar do seu autocuidado.29
ele não consiga, auxiliá-lo na execução do procedimento.
8. Umedecer a escova de dente e aplicar o creme dental nas A umidade ajuda a distribuir o creme dental.28
cerdas da escova.
9. Escovar ou auxiliar a escovação dos dentes e da língua do A movimentação realizada durante a escovação desloca as partículas de alimentos
paciente. presas entre os dentes. Os microrganismos se acumulam e crescem na superfície da
língua, contribuindo para a halitose.28-30
10. Fornecer copo com água para o paciente e auxiliá-lo, O enxágue remove as partículas de alimentos e o creme dental após a escovação.28
conforme necessário para o enxágue da boca, desprezando
seu conteúdo na cuba rim.
11. Oferecer o antisséptico bucal. Deixa gosto agradável na boca, além de ser e caz para redução da placa bacteriana e
da gengivite.28,31,32
12. Em caso de próteses dentárias, retirar a prótese e A retirada da prótese facilita a higiene oral.28,33
realizar a higienização.
13. Enxaguar a prótese e auxiliar o paciente na recolocação. O enxágue remove as partículas de alimentos e o creme dental após a escovação.28
15. Realizar anotação de enfermagem e veri car a Todos os procedimentos realizados devem ser registrados e conferidos.
prescrição de enfermagem.
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11.2
Higiene íntima
Introdução
A higiene pessoal pode garantir o conforto, a segurança e o bem-estar dos indivíduos. Inúmeros são os fatores que
podem in uenciar as preferências de higiene e, portanto, é importante individualizar o cuidado.1 Entre esses fatores,
estão as práticas sociais e preferências individuais, a condição socioeconômica, as crenças de saúde e motivação, as
variáveis culturais e a condição física.1 O pro ssional de enfermagem deve estar atento a esses fatores e respeitar, na
medida do possível, essas preferências e hábitos, além de sempre incentivar os indivíduos a realizarem o autocuidado.1
A higiene íntima exige contato com o indivíduo que está sendo cuidado e, portanto, os pro ssionais de
enfermagem devem utilizar habilidades de comunicação para reduzir a ansiedade e o constrangimento gerado por
esse procedimento. Durante a higiene íntima, é possível identi car algumas alterações, como secreções vaginais e
uretrais, irritação da pele, odores e lesões, devendo, por isso, ser realizada com cautela e atenção.1
Essa higiene torna-se uma necessidade humana essencial para pacientes acamados ou com mobilidade reduzida.
Um estudo realizado com pacientes em pós-operatório de revascularização do miocárdio evidenciou que todos os 22
pacientes observados apresentaram o diagnóstico de enfermagem dé cit no autocuidado para higiene íntima.2
Quando não realizada adequadamente, podem ocorrer doenças, como vulvovaginite e câncer de pênis.3,4 No ano
de 2011, um comitê formado por pro ssionais do Oriente Médio e da Ásia Central realizou uma extensa busca na
literatura para desenvolver diretrizes (guidelines) para orientar a realização da higiene genital feminina.5 As principais
recomendações incluem a higiene íntima diária com sabonete líquido hipoalergênico com detergência suave e pH
entre 4,2 e 5,6.5
É importante ressaltar que a higiene íntima masculina não costuma ser discutida na literatura cientí ca, destacando-
se as di culdades para realizá-la em homens com dé cits cognitivos.6 Torna-se, portanto, imprescindível a discussão e
a elaboração de protocolos efetivos, além da realização adequada, tendo em vista que dados do Instituto Nacional de
Câncer (INCA) indicam que, apesar de ser um tumor raro, com incidência maior em homens a partir dos 50 anos, o
câncer de pênis está relacionado à má higiene íntima.
Um estudo brasileiro que quanti cou os custos de atividades de enfermagem em pacientes de alta dependência
evidenciou que o tempo médio de realização da higiene íntima é de 7,81 (± 4,45) minutos, com um custo total médio
de R$ 15,59 (± 8,62), sendo o custo com a mão de obra do pro ssional o que mais onera o procedimento.7 Com isso,
percebe-se a necessidade de gerenciamento adequado de recursos e da assistência por parte dos enfermeiros, visando
evitar o desperdício de recursos e minimizar a carga de trabalho dos pro ssionais.
De nição
A higiene íntima é o cuidado perineal realizado em homens e mulheres.1 Compreende a higiene da vagina, pênis,
meato uretral, saco escrotal, nádegas e ânus.
Indicação
A higiene íntima que necessita de auxílio dos pro ssionais da enfermagem é indicada para pacientes acamados ou
com indicação de repouso absoluto.
Aspectos legais
A higiene íntima deve ser realizada por pro ssionais treinados (enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem)
que devem garantir a privacidade dos pacientes.
Material necessário
1. Avaliar as preferências dos pacientes em relação ao sexo do O paciente deve participar de seu cuidado. Respeitar as preferências do
pro ssional que vai realizar o procedimento. paciente reduz o constrangimento.8,9
2. Explicar o procedimento ao paciente e solicitar seu Minimizar a ansiedade e o constrangimento dos pacientes.10
consentimento.
3. Realizar a desinfecção da mesa acessória com álcool a 70%. Prevenir as infecções relacionadas à assistência à saúde e/ou sua transmissão.11
4. Separar o material necessário para execução do procedimento; a A organização prévia do material evita saídas adicionais do quarto enquanto se
água deve estar na temperatura de preferência do paciente. executa o procedimento, o que pode expor o paciente.12
5. Manter a privacidade do paciente, mantendo as portas e janelas A privacidade do paciente deve ser respeitada, evitando-se ocasionar diversas
fechadas, e fazer uso de biombo, se necessário. sensações desagradáveis ao paciente, como ansiedade e
constrangimento.8,9,13,14
6. Adequar a altura da cama de acordo com o pro ssional. Evitar agravos osteomusculares.
Um dos principais motivos de licença médica dos pro ssionais da enfermagem
são os agravos osteomusculares,15-17 relacionados principalmente a repetições
de movimentos, manipulação de cargas pesadas, frequentes curvaturas do
corpo e ergonomia inadequada;15-17 por essa razão, devem-se realizar medidas
preventivas para que esses problemas não ocorram, como a adequação da
altura da cama.
7. Higienizar as mãos. A higienização das mãos é uma das principais medidas para prevenir
infecções.18,19
8. Calçar as luvas de procedimento. A utilização de luvas se faz necessária quando houver risco de contato com
material biológico.20
9. Expor somente a região perineal do paciente. Evita a exposição desnecessária e a queda da temperatura corporal do
paciente.10,21
10. A higiene íntima deverá ser realizada da área menos Evita a contaminação e a transmissão de microrganismos.22
contaminada para a mais contaminada.
11. Lavar e enxaguar a área da virilha com água e sabão e, As dobras da pele podem conter material biológico que hospedam
posteriormente, secar. microrganismos.21
12. Para as mulheres, solicitar que exione os joelhos, lavar os Lavar na direção do períneo para o reto reduz a chance de transmitir conteúdos
grandes lábios e, posteriormente, afastá-los com uma mão e, com fecais para o meato urinário, prevenindo, assim, infecções do trato urinário.21
a outra, mover a compressa com água e sabão da área pubiana até
a região anal, sempre utilizando uma porção limpa da compressa.
13. Para os homens, deve-se segurar o pênis, mover a toalha em A direção dos movimentos de limpeza da área menos contaminada para a mais
movimentos circulares no meato urinário; depois, em movimentos contaminada evita a entrada de microrganismos na uretra.21 Secreções capazes
para baixo, da ponta do pênis para sua base, em direção à área de hospedar microrganismos acumulam-se sob o prepúcio.23
pubiana. Para homens não circuncidados, deve-se retrair o
prepúcio enquanto se lava o pênis; depois, retornar o prepúcio e
lavar a bolsa escrotal.
14. Enxaguar bem as áreas lavadas. O sabonete pode causar ressecamento da pele e também lesões de pele.21
15. Secar as áreas limpas. Áreas úmidas podem resultar em lesões de pele.24
16. Orientar o paciente a realizar a lateralização e continuar a A realização da higiene das nádegas e do ânus pode causar constrangimento
higienização anal, enxaguando e secando a área, após autorização ao paciente, devendo ser feita somente após ele autorizar.8,9,13,14
do paciente.
17. Desprezar as roupas de cama no hamper. O hamper é o local correto para colocar as roupas da cama com sujidades.25
20. Realizar a lavagem da bacia e do jarro no expurgo com água e Prevenir infecção e sua transmissão.11
sabão e, posteriormente, a desinfecção com álcool a 70%. Utilizar
equipamentos de proteção individual especí cos.
21. Realizar a desinfecção da mesa acessória com álcool a 70%. Prevenir infecção.11
23. Realizar anotação de enfermagem e veri car a prescrição de Todos os procedimentos realizados devem ser registrados e checados.
enfermagem.
Autocuidado
A higiene íntima realizada na cama pode ser realizada em pacientes acamados e que estejam em cuidados
domiciliares. Entretanto, o pro ssional ou o familiar que cuidará desse indivíduo deverá ser treinado a executar os
passos adequadamente para garantir o conforto e a segurança do paciente.
Diagnósticos, intervenções e resultados
Dé cit no autocuidado para higiene íntima Assistência no autocuidado: banho/higiene Autocuidado: higiene íntima
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11.3
Banho no leito
Introdução
O cuidado corporal constitui uma das necessidades humanas básicas. O banho no leito é uma prática de higiene que
envolve diversas ações, como o cuidado com a pele, cabelos e unhas, que promovem e mantêm a saúde dos
indivíduos.1 É responsável também por ativar a circulação, promover o relaxamento muscular e garantir o
conforto/satisfação do paciente.2,3 É considerado um momento propício para a avaliação da pele do indivíduo2 e para
o fortalecimento das relações interpessoais com o paciente, ouvindo suas queixas e desconfortos.4
Durante a execução do procedimento, o paciente pode vivenciar sentimentos de ansiedade e medo, bem como
desconfortos;1,5 a equipe de enfermagem deve, portanto, interagir com esse paciente e orientá-lo adequadamente.
Um estudo que avaliou o impacto da orientação de enfermagem em relação ao banho no leito mostrou que houve
redução da ansiedade desses pacientes.6
Além da orientação, a técnica deve ser executada adequadamente. Sua execução inadequada aumenta o consumo
de oxigênio, reduz a saturação de oxigênio e aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial.7,8
No contexto oxi-hemodinâmico, um ensaio clínico não controlado com 20 pacientes acometidos por infarto agudo
do miocárdio que avaliou as variáveis de frequência cardíaca, temperatura axilar e saturação de oxigênio, em três
momentos distintos, submeteu pacientes a banhos com água em temperatura constante de 40ºC e comparou com
banhos em que a temperatura da água variava entre 42,5ºC e 42,6ºC.9 Os resultados mostraram que o ajuste da
temperatura do banho considerando a temperatura do ambiente e a corporal minimizam o impacto do procedimento
sobre a saturação de oxigênio e a frequência cardíaca.9
Outro estudo randomizado não controlado com 15 pacientes infartados analisou o efeito do tempo de banho sobre
o índice de oferta de oxigênio (IDO2). No estudo, utilizou-se água em temperatura constante de 40ºC e tempo médio
de banho de 15 minutos. Os resultados mostraram que o tempo de banho foi diretamente proporcional à oferta de
oxigênio e ao trabalho cardíaco do ventrículo esquerdo.10
Um ensaio clínico randomizado não controlado com 23 pacientes infartados, submetidos ao banho no leito de
forma tradicional, ou seja, sem a manipulação térmica da água, analisou diferentes momentos e demonstrou o efeito
do banho no aumento da pressão arterial sistólica e média, no trabalho cardíaco e no consumo de oxigênio pelo
miocárdio. O que se pôde observar é que a lateralização, tanto para o lado direito quanto para o esquerdo, tem
impacto signi cativo na hemodinâmica dos pacientes submetidos a tal intervenção.11
Evidências apontam ainda que a instabilidade oxi-hemodinâmica, em sua maioria, é transitória. Ressalta-se que,
para haver um equilíbrio entre os riscos e os benefícios da intervenção, deve-se determinar o tempo da mudança de
decúbito, o acompanhamento deve ser constante para identi car a tolerância do paciente, deve ser realizada em um
intervalo de tempo entre 5 a 10 minutos e deve-se atentar para a posição lateral esquerda, pois pode aumentar o
trabalho cardiovascular.11,12
De nição
É o banho realizado no leito, com o objetivo de higienizar o paciente, garantindo seu conforto e bem-estar e
prevenindo infecções relacionadas à assistência à saúde.
Indicação
É recomendado para os indivíduos dependentes dos cuidados de enfermagem por uma limitação funcional ou que
necessitam do repouso absoluto no leito por uma limitação clínica.1,13 É contraindicado para pacientes clinicamente
instáveis e no pós-operatório imediato.13 Esse procedimento deve ser realizado 1 vez ao dia ou sempre que necessário.
Aspectos legais
O banho no leito foi de nido como mais do que uma simples intervenção rotineira executada pela enfermagem.
Entretanto, observa-se que tal procedimento não recebe a devida importância, sendo frequentemente preterido.14
Em pesquisa desenvolvida com 60 alunos de graduação em Enfermagem, cursando a disciplina de Fundamentos II,
foram distribuídos questionários, dos quais foram obtidas opiniões sobre a realização do banho no leito. Os aspectos
negativos apresentados foram o sentimento de pena pelo paciente, constrangimento, tensão, medo, vontade de
desistir do curso, além de aversão e repulsa, o que perpassa a barreira do pudor, da vergonha e do corpo nu,
demonstrando resistência ao procedimento.15
A relação entre o pro ssional de enfermagem e seu paciente constitui-se numa interface essencial para o cuidado
humanizado. Deve-se considerar que essa relação é permeada de diferenças culturais, religiosas, sexuais, de valores e
ideológicas; o posicionamento ético e o respeito à privacidade do ser humano são, portanto, indispensáveis para a
concretização e a acreditação de uma assistência quali cada.16
O banho no leito deve ser executado por dois pro ssionais treinados (enfermeiros, técnicos ou auxiliares de
enfermagem), que devem garantir a privacidade dos pacientes. Nos pacientes críticos e instáveis, esse procedimento
deve ser realizado por técnicos de enfermagem e enfermeiros, sendo que a supervisão direta do enfermeiro, nesses
casos, é sempre necessária.17
Material necessário
■ 1 bacia de inox
■ 1 jarro de inox
■ Água na temperatura da preferência do paciente
■ 1 comadre
■ 6 compressas para banho
■ Toalha de banho
■ Toalha de rosto
■ 3 lençóis
■ 1 fronha
■ 2 aventais descartáveis
■ 1 sabonete neutro
■ Creme hidratante
■ 1 almotolia de álcool etílico a 70%
■ 1 caixa de luva de procedimento
■ 1 mesa acessória
■ 1 hamper (e, se necessário, 1 biombo, xampu, condicionador, 1 saco plástico para cobrir o acesso venoso e ta
microporosa)
1. Avaliar as preferências do paciente em relação a O paciente deve participar do plano dos cuidados. As preferências do paciente devem ser
horário e sexo do pro ssional para a realização do respeitadas, uma vez que podem aumentar o nível de conforto e bem-estar do
procedimento. paciente.1,5
2. Explicar o procedimento ao paciente (necessidade A orientação sobre o banho no leito é fundamental para a redução do nível de ansiedade
desse tipo de banho, como o procedimento será dos pacientes.18 Estudos mostram que conhecer o que está por vir reduz diversas
executado, quantas vezes o paciente necessitará desse sensações desagradáveis durante a hospitalização.19,20
procedimento por dia e o pro ssional que executará o
procedimento). Solicitar o consentimento do paciente.
3. Realizar a desinfecção da mesa acessória, da bacia e A desinfecção de superfícies e equipamentos deve ser realizada com álcool a 70%, com o
do jarro de inox com álcool a 70%. intuito de reduzir infecções relacionadas à assistência à saúde.21
4. Separar o material necessário para a execução do A organização prévia do material evita saídas adicionais do pro ssional do quarto, o que
procedimento. pode expor o paciente desnecessariamente.17
5. Manter a privacidade do paciente, mantendo as A privacidade do paciente deve ser respeitada, uma vez que a falta dela pode ocasionar
portas e janelas fechadas e utilizando o biombo, se diversas sensações desagradáveis ao paciente, como ansiedade e constrangimento.1,5,22,23
necessário.
6. Adequar a altura da cama de acordo com o Evita agravos osteomusculares. Um dos principais motivos de licença médica dos
pro ssional. pro ssionais da enfermagem são os agravos osteomusculares,24,25 relacionados
principalmente a repetições de movimentos, manipulação de cargas pesadas, frequentes
curvaturas do corpo e ergonomia inadequada;25,26 por essa razão, deve-se realizar
medidas preventivas para que esses problemas não ocorram, como a adequação da altura
da cama.
7. Manter os lençóis dobrados ao lado da cama. Organizar o procedimento previamente evita a exposição desnecessária do paciente17 e
reduz o tempo do procedimento.
8. Higienizar as mãos seguindo a técnica correta. A higienização das mãos é uma das principais medidas de prevenção de infecções.27,28
9. Calçar as luvas de procedimento do tamanho A utilização de luvas se faz necessária quando houver risco de contato com material
adequado e, caso o paciente possua um acesso venoso, biológico.29
proteger com plástico para não molhar o dispositivo.
10. Encher a bacia (que será utilizada para a Respeitar as preferências do paciente em relação ao banho no leito reduz diversas
higienização) e a jarra (utilizada para o enxágue) com sensações desagradáveis.1,5
água na temperatura da preferência do paciente e trocar
sempre que esfriar e/ou apresentar sujidade.
11. Soltar os lençóis do paciente e remover o travesseiro Soltar os lençóis e remover o travesseiro e o cobertor do paciente facilita o procedimento.
e o cobertor, mantendo-o coberto com lençol. Manter o paciente coberto com lençol garante a privacidade dele, além de manter o
calor.30
12. Manter a grade abaixada do lado do pro ssional que Abaixar as grades do lado do pro ssional que executará o procedimento auxilia na
executará o procedimento e solicitar ao paciente que se ergonomia e previne alterações osteomusculares.25,26,30
mantenha em decúbito dorsal.
13. Solicitar ao paciente que veri que se a temperatura A veri cação da temperatura da água se faz necessária para atender às preferências do
da água está de acordo com sua preferência. paciente. A água quente ou morna é relaxante e estimula a circulação.30,31
14. Iniciar o banho com a higiene ocular. Essa higiene O sabonete é irritante aos olhos. Realizar higiene ocular do canto interno para o externo
deve ser feita com água limpa, sem sabão, do canto previne que se carreguem fragmentos ou infecção ao ducto lacrimal.30
interno para o externo; após, secar os olhos.
15. Realizar higiene da face somente com água, O sabonete pode ressecar a pele e aumentar o risco de lesões.32
utilizando a compressa de banho; posteriormente, secar.
16. Realizar a higiene do couro cabeludo e cabelos com A higiene do couro cabeludo previne diversas doenças, como a dermatite seborreica.33
xampu e condicionador ou sabonete de acordo com a
preferência do paciente.
17. Retirar o pijama ou a camisola do paciente e mantê- O paciente deve se manter coberto para evitar a sua exposição e consequentemente não
lo coberto. causar sensações desagradáveis, como ansiedade e constrangimento.1,5,22,23
18. Realizar a higiene dos membros superiores com a A higienização do punho à axila elimina a possibilidade de contaminação de uma área
compressa de banho e sabonete neutro, na direção do limpa.30 O enxágue com outra compressa evita que a água do jarro que com sabão (o
punho à axila, mantendo o restante do corpo coberto. que faria com que o enxágue não fosse efetivo).30 Secar as áreas evita a umidade da pele
Enxaguar com outra compressa, removendo todo o e o consequente surgimento de lesões fúngicas,34 por exemplo. A troca da compressa
sabão e secar. Trocar a compressa de banho sempre que deve ser realizada sempre que estiver com sujidade para evitar a contaminação de alguma
necessário. área do corpo.30
19. Posicionar as mãos do paciente na bacia e, Colocar as mãos na bacia com água é uma medida adicional de conforto ao paciente,
posteriormente, lavá-las e secá-las. além de facilitar a higienização.30
20. Descobrir o tórax até o abdome e realizar a Expor, lavar, enxaguar e secar uma parte do corpo de cada vez evita a exposição
higienização, enxágue e secagem. Cobrir o tórax do desnecessária e a queda da temperatura corporal do paciente.18,30
paciente com toalha ou lençol limpo e seco.
21. Descobrir o abdome até a região suprapúbica e Expor, lavar, enxaguar e secar uma parte do corpo de cada vez evita a exposição
realizar a higienização, enxágue e secagem. Cobrir o desnecessária e a queda da temperatura corporal do paciente.18,30
abdome com toalha limpa e seca.
22. Dobrar uma das pernas do paciente, descobrindo-a, Expor, lavar, enxaguar e secar uma parte do corpo de cada vez evita a exposição
e realizar a higienização, enxágue e secagem no sentido desnecessária e a queda da temperatura corporal do paciente.18,30 A lavagem do
do calcanhar à coxa. Repetir o procedimento com a calcanhar em direção à coxa estimula a circulação, auxiliando o retorno venoso.35
outra perna. Cobrir os membros inferiores com toalha
ou lençol limpo. Retirar o lençol sujo e desprezar no
hamper.
23. Colocar os pés na bacia e realizar a higienização, o Colocar o pé em uma bacia de água é confortável e relaxante e permite a limpeza
enxágue e a secagem dos pés, espaços interdigitais e minuciosa.30
dedos.
24. Após a higienização da parte da frente do corpo, As grades erguidas garantem a segurança do paciente.36
levantar as grades e solicitar ao paciente que que
posicionado em decúbito lateral.
25. Realizar a higienização das costas e das nádegas A realização da higiene das nádegas pode causar constrangimento e deve somente ser
com sabão neutro, após a autorização do paciente. realizada após autorização do paciente.1,5,22,23 A realização da desinfecção da cama com
Enxaguar o paciente, secar com a toalha e cobrir com álcool a 70% previne infecções.21
uma toalha limpa. Empurrar os lençóis molhados
próximos ao paciente, realizar a desinfecção desse lado
da cama com álcool a 70%.
26. Colocar um lençol limpo após a desinfecção e O lençol limpo impede que o paciente se sinta desconfortável em relação à cama
solicitar ao paciente que se posicione em decúbito molhada.30
lateral, do outro lado da cama, sobre o lençol limpo,
com as grades elevadas.
27. Retirar o lençol molhado e desprezar no hamper. O hamper é o local correto para colocar roupas de cama que se encontram com
sujidades.37
29. Estender outro lençol limpo sem deixar dobras e A presença de dobras nos lençóis pode ser considerada como um fator de risco para o
amarrar ou realizar o envelope de arrumação do lençol. desenvolvimento de lesões de pele.30 O leito arrumado é um fator importante na
Cobrir o paciente com lençol limpo. obtenção de repouso e conforto, sendo essencial na manutenção e recuperação da
saúde.30
30. Inserir uma toalha limpa embaixo do quadril do A higiene íntima dos homens e das mulheres é diferente, devendo ser realizada da área
paciente. Realizar e/ou auxiliar na higiene íntima com menos contaminada para a mais contaminada. A técnica pode ser consultada no
outra compressa de banho, conforme o protocolo de Capítulo 11.2.
procedimento sobre esse assunto (Cap. 11.2). Trocar a
luva de procedimento.
31. Realizar massagem de conforto e hidratação da pele, A massagem melhora a circulação dos tecidos, relaxa o paciente e auxilia na promoção da
evitando proeminências ósseas e regiões com hiperemia. integridade da pele,30,38,39 entretanto não deve ser realizada quando se observar início do
processo de formação de lesão por pressão.40
32. Auxiliar/vestir a roupa no paciente, cobri-lo com Evitar a exposição desnecessária e a queda da temperatura corporal do paciente.18,30
lençol limpo e elevar a cabeceira da cama.
33. Pentear e/ou auxiliar o paciente a pentear o cabelo, Auxiliar o paciente em suas atividades promove um cuidado adequado.30
colocar o travesseiro e elevar as grades.
35. Desprezar a água no expurgo, realizar a higienização A higienização da bacia e jarro com água e sabão e, posteriormente, com álcool a 70%
da bacia e jarro com água e sabão e, posteriormente, a previne infecções e/ou sua transmissão.21
desinfecção com álcool a 70%, utilizando equipamentos
de proteção individual adequados.
36. Guardar a bacia e o jarro e retirar a luva de A organização do ambiente é um dos cuidados de enfermagem.17
procedimento.
37. Realizar desinfecção da mesa acessória com álcool a A desinfecção se faz necessária para prevenir infecções e/ou sua transmissão.21
70%.
38. Guardar os pertences do paciente (sabonete, xampu A organização do ambiente é um dos cuidados de enfermagem.17 O quarto do paciente
e condicionador). deve ser mantido o mais limpo e confortável possível, pois um ambiente limpo promove o
conforto do paciente e previne infecções.30,41
39. Higienizar as mãos, utilizando a técnica correta. A higienização das mãos é uma das principais medidas para a prevenção de infecções.27,28
40. Realizar anotação de checagem da prescrição de Todos os procedimentos realizados devem ser registrados e checados.
enfermagem.
Em algumas instituições e para pacientes com mobilidade reduzida e inconscientes, a higiene dos genitais é
realizada logo após a lavagem dos pés, enquanto o paciente ainda está em decúbito dorsal. Após virar o paciente para
o decúbito lateral, a água deverá ser trocada para higienizar as costas, as nádegas e o ânus. Nesse caso, a troca da
água é fundamental para que esta esteja limpa para ser usada na higiene das costas. Deve-se trocar também a luva de
procedimento.
Atualmente, além do banho tradicional com água e sabão, existem outras tecnologias disponíveis nas instituições
de saúde para a realização do banho no leito, visando à higiene adequada e à menor carga de trabalho dos
pro ssionais de enfermagem. Entre elas, destacam-se os lenços umedecidos para banho, desenvolvidos por
enfermeiras na década de 1990. Consistem em lenços embebidos em solução surfactante contendo substâncias
emolientes e hidratantes, não necessitando de água, sabonete ou toalhas para complementar o procedimento.42-44
Além disso, ressaltam-se adaptações realizadas pelas equipes de enfermagem de unidades de terapia intensiva,
como a utilização do frasco de 500 mL de água destilada aquecido e perfurado com agulha hipodérmica 40×12,
mimetizando um chuveiro, com a intenção de aumentar a satisfação do paciente e reduzir o tempo de procedimento
e a carga de trabalho.45,46 Nesse sentido, não há que se discutir quaisquer aspectos microbiológicos dessa técnica,
posto que ainda que haja a perfuração com agulha estéril do frasco com conteúdo estéril e, de uso único, nenhuma
técnica cotidiana utiliza água estéril para banho no leito.
Alguns estudos já avaliaram a efetividade dos lenços umedecidos para banho comparada ao banho tradicional,
tendo como desfechos a limpeza da pele mensurada pela carga bacteriana encontrada antes e após o banho.
Enquanto alguns estudos não evidenciaram diferenças signi cativas na contagem bacteriana,43 um estudo recente
demonstrou uma efetividade 4,5 vezes maior dos lenços umedecidos na prevenção de disseminação de
microrganismos.44
No que se refere aos custos dos procedimentos, um estudo realizado na Dinamarca, comparando a realização do
banho tradicional e aquele com lenços, teve como custo nal entre os dois banhos o valor de 94,41 DKK e 115,09
DKK,47 que, convertidos de coroa dinamarquesa para real em maio de 2019, representavam um custo de,
respectivamente, R$55,76 e R$68,27. Já em outro estudo realizado nos Estados Unidos, também comparando os dois
métodos de banho no leito em pacientes críticos, o custo nal entre o banho tradicional foi de US$19,87 e o com
lenços para banho, de US$18,15,43 que, convertido para real, representavam um custo de R$78,32 e R$71,54,
respectivamente.
Autocuidado
O banho no leito pode ser realizado em pacientes acamados e que estejam em cuidados domiciliares. Entretanto, o
pro ssional ou o familiar que cuidará desse indivíduo deverão ser treinados e executar os passos adequadamente para
garantir o conforto e a segurança do paciente.
Considerando-se os pacientes graves, conectados a diversos dispositivos, como sondas, tubos e cateteres, é
importante avaliar criteriosamente o indivíduo durante todo o procedimento, a m de evitar incidentes, como o
deslocamento ou a remoção acidental. Esses incidentes trazem prejuízos ao paciente (alterações na saturação de
oxigênio medida por meio do oxímetro de pulso [SpO2]46,48 e frequência cardíaca, dor e desconforto), aos pro ssionais
(maior carga de trabalho) e à instituição (aumento dos custos com materiais e insumos).
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Preparo do corpo pós-morte 12
Rosali Isabel Barduchi Ohl
Suzel Regina Ribeiro Chavaglia
Introdução
É sempre um grande desa o para toda a equipe de saúde, e principalmente para a de enfermagem, lidar com
situações de morte, pois cabe a ela proporcionar cuidados ao corpo falecido e conforto e atenção à família nesse
momento de dor.1
É por meio das ações de cuidado do corpo que os pro ssionais de enfermagem desenvolvem suas funções no
sentido de proporcionar conforto e melhor qualidade de vida aos seus pacientes.2 No entanto, ao se deparar com
situações de morte, em que o corpo já não acolhe uma vida, esse cuidado vai exigir dos pro ssionais uma maior
sensibilidade, maior envolvimento, empatia e, sobretudo, conhecimento. Esses valores são necessários para que o
pro ssional possa prestar um cuidado e ciente e humano diante da situação de morte.3
Os cuidados pós-morte deverão ser prestados de forma digna, com sensibilidade e respeito, levando-se em
consideração as crenças culturais e religiosas do paciente e de seus familiares.2,3 Tornam-se necessários a
compreensão, a re exão e os questionamentos sobre o ritual de passagem da vida para a morte, por ela ser uma
experiência que faz parte da existência de todos os seres vivos e dos seres humanos.1,2
De nição
O preparo do corpo se refere ao cuidado dispensado ao cadáver após a constatação do óbito pela equipe médica.4,5
Finalidade
Indicação
Contraindicações/restrições
■ Corpos que serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), ao serviço de veri cação de óbito (SVO) ou à
necropsia não necessitam ser tamponados; porém, deverão ser higienizados e posicionados anatomicamente.
Aspectos legais
■ COFEN. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Pro ssionais de
Enfermagem.6
■ Deveres:
• Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo o seu ciclo vital e nas situações de
morte e pós-morte.
• Art. 48 Prestar assistência de enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e à família no processo do
nascer, viver, morrer e luto.
■ Proibições:
• Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa.
• Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de
seu representante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte.
Responsabilidade
■ Enfermeiro
■ Técnico de enfermagem
■ Auxiliar de enfermagem
Material necessário4,5
■ Equipamento de proteção individual – EPI (máscara cirúrgica, óculos de proteção, avental e luvas de procedimento)
■ Biombo
■ Bandeja
■ Sistema de aspiração montado (cateter de aspiração de 10 a 14 French, extensões de silicone, frascos: redutor de
pressão e de coletor intermediário e rede de vácuo), se necessário
■ Pinça longa (Cheron)
■ Tesoura ou bisturi, se necessário
■ Algodão e/ou gaze não esterilizada
■ Atadura crepe (3)
■ Fita adesiva/esparadrapo com os dados de identi cação do paciente (nome completo, registro geral, data de
nascimento, data e horário do óbito, setor e número do leito, nome do responsável pelos cuidados)
■ Compressa de banho
■ Bacia com água
■ Papel-toalha (2)
■ Sabonete líquido
■ Recipiente para o descarte dos materiais
■ Lençol (2)
■ Hamper
■ Prótese dentária, se houver
■ Maca sem colchão
■ Materiais para desinfecção terminal do leito, conforme descrito no Capítulo 6.
1. Desligar todos os dispositivos após a constatação escrita do óbito pelo médico responsável. Preparar o corpo para a execução do procedimento.
4. Colocar a bandeja com os materiais sobre a mesa de cabeceira. Organização das ações necessárias ao cuidado.
6. Posicionar a cama em decúbito horizontal com a cabeceira levemente elevada. Facilitar a execução do procedimento e minimizar os
re uxos gastresofágico e sanguíneo.
10. Fechar os olhos do paciente, pressionando as pálpebras. Caso não seja possível, xá-las Evitar que os olhos quem abertos, quando ocorrer
com tiras de tas adesivas. o enrijecimento cadavérico, e manter a aparência
natural.
11. Retirar os cateteres, as cânulas e os drenos com auxílio de tesoura ou bisturi, se Permitir a execução do procedimento.
necessário, colocando-os em um recipiente de descarte.
12. Fazer curativo oclusivo nos sítios de inserção de dispositivos que estiverem drenando Evitar saída de secreções e/ou sangue.
secreções, utilizando gazes e ta adesiva.
13. Aspirar secreções da naso e orofaringe, se necessário. Evitar saída de secreções e/ou sangue pela boca e
nariz.
14. Colocar ou reposicionar a prótese dentária, se houver. Manter a aparência natural, antes do enrijecimento
cadavérico (rigor mortis).
15. Tamponar os orifícios naturais do corpo (narinas, ouvidos e as regiões orofaríngea, vaginal Evitar a saída de atos, fezes, urina, secreções e
e anal) com algodão seco, por meio de uma pinça longa, de tal maneira que o algodão não odores fétidos.
apareça.
16. Remover os curativos e refazê-los, quando necessário. Proporcionar limpeza corporal e evitar
extravasamento de exsudatos.
17. Fazer a higiene do corpo com compressa úmida com água e sabonete líquido na presença Remover sujidades do corpo.
de sangue, secreções e outras sujidades.
18. Remover os lençóis sujos e molhados, desprezando-os no hamper. Manter o corpo limpo e seco.
19. Sustentar a mandíbula com atadura crepe ou com esparadrapo, amarrando-o no alto da Manter em posição anatômica, antes do
cabeça. enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
20. Unir as mãos sobre a região epigástrica e xá-las com atadura crepe ou esparadrapo. Manter em posição adequada, antes do
enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
21. Juntar os pés e xá-los com atadura crepe ou ta adesiva. Manter em posição adequada, antes do
enrijecimento cadavérico (rigor mortis).
22. Fixar a ta adesiva com os dados de identi cação no tórax do paciente. Não retirar a Identi car o corpo e facilitar a leitura dos dados de
pulseira de identi cação. identi cação.
23. Colocar um lençol limpo sob o corpo, utilizando-o para passar o corpo da cama para Facilitar a passagem do corpo da cama para a maca.
maca, e outro sobre.
24. Dobrar o lençol sobre o corpo, xando-o com ta adesiva. Evitar a exposição do corpo.
27. Encaminhar o corpo ao local de destino (serviço de patologia/necropsia) após Fazer a tramitação correta e evitar trabalho
comunicação prévia. desnecessário.
28. Retornar com a maca ao setor e realizar a sua limpeza e desinfecção terminal. Garantir a devolução do mobiliário da unidade e
mantê-lo limpo para o próximo uso.
29. Listar e guardar todos os pertences do paciente para entregar à família, protocolando em Garantir a devolução correta dos pertences.
impresso próprio.
30. Providenciar a limpeza e a desinfecção terminal do leito, conforme procedimento Preparar o leito para receber outro paciente.
operacional padrão (POP).
31. Recolher os materiais e providenciar seu destino adequado, encaminhando os descartáveis Promover ambiente favorável e providenciar destino
ao expurgo. adequado aos materiais.
32. Realizar as anotações necessárias, incluindo data e hora do óbito, nome do médico que Promover qualidade à documentação e atender à
constatou o óbito, manobras de reanimação e medicações utilizadas, assinando e carimbando legislação.
o relato.
Observações
■ Após a morte, o paciente pode apresentar esfriamento do corpo, manchas generalizadas de coloração arroxeadas
(livor cadavérico), relaxamento dos es ncteres, rigidez cadavérica (rigor mortis).
■ Quando o paciente zer uso de prótese dentária, colocá-la imediatamente após a morte.
■ Manter as pálpebras fechadas, fazendo compressão ou utilizando ta adesiva.
■ Evitar comentários desnecessários e manter atitude de respeito durante o cuidado com o corpo.
■ Respeitar as crenças dos familiares ao preparar o corpo.
■ Não realizar os procedimentos de higienização e tamponamento para o corpo que será encaminhado ao IML ou ao
SVO e que esteve hospitalizado por um período inferior a 24 horas. Nesses casos, deve ser feita somente a
identi cação, e os cuidados com o corpo passam a ser os do local para onde ele será encaminhado.
■ Desprezar os materiais descartáveis utilizados nos cuidados com o corpo no expurgo em recipientes de descarte
especí cos para o tipo de resíduo.
■ Permitir, quando solicitado, que a família veja o corpo antes de ele ser encaminhado ao serviço de
patologia/necropsia.
Pesar (familiares) Oferecer apoio emocional aos familiares e cuidadores Enfrentamento da situação de morte
do paciente
Esclarecer dúvidas aos familiares e cuidadores sobre a
morte
Dé cit de conhecimento Manter atualização técnico-cientí ca constante sobre a Capacitar os pro ssionais de Enfermagem acerca dos
(equipe de enfermagem) morte procedimentos técnicos dispensados aos pacientes no cotidiano
Promover reuniões, estudos de caso com a equipe laboral
interdisciplinar
Promover educação permanente por meio de cursos,
palestras e workshops com a equipe de enfermagem
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10. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Inserção e curativos de cateteres 13
13.1
Inserção de cateter periférico
Introdução
A inserção de cateteres endovenosos periféricos constitui um dos procedimentos mais realizados no ambiente
hospitalar e é, muitas vezes, considerado simples pelos pro ssionais. No entanto, compreende diversas etapas que
devem ser seguidas, desde a avaliação do material disponível, da rede venosa do paciente até a obtenção do acesso
propriamente dito.
O cumprimento das etapas por todos os pro ssionais que desempenham esse procedimento minimiza a
possibilidade de eventos relacionados à punção, seja de origem física ou emocional, o que contribui para a segurança
do paciente.
De nição
A inserção de um cateter endovenoso periférico, também denominada punção venosa periférica, refere-se à
introdução de um cateter no lúmen de uma veia periférica.1-3
Indicação
A inserção do cateter endovenoso periférico é indicada para administração de medicamentos, soluções, componentes
sanguíneos e nutricionais, além da coleta de amostras de sangue para análise laboratorial.4
A indicação para infusão de soluções na via endovenosa está relacionada a situações de desequilíbrio
hidreletrolítico, perda sanguínea maciça, disfunção de órgãos e sistemas, processos infecciosos, procedimentos
cirúrgicos e quando o paciente estiver impossibilitado de ingerir uidos, vitaminas ou eletrólitos.1-3
Aspectos legais
As atividades inerentes à terapia endovenosa, como a inserção de cateteres endovenosos periféricos, são realizadas
predominantemente por pro ssionais da equipe de enfermagem, auxiliares e técnicos, sob supervisão do enfermeiro.5
Segundo a lei que regulamenta o exercício da enfermagem, é privativo do enfermeiro realizar cuidados de
enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base cientí ca e capacidade de tomar
decisões imediatas.6
De acordo com o Código de Ética dos Pro ssionais de Enfermagem, as atividades devem ser exercidas com
competência para a promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os princípios da ética e da
bioética, assegurando à pessoa, à família e à coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de
imperícia, negligência ou imprudência.7
Material necessário
■ Cateter venoso periférico: O cateter desenvolvido para o acesso periférico pode ser composto por agulha de aço
inoxidável e asas plásticas; no caso do cateter agulhado ou do tipo “fora da agulha” ou sobre agulha, composto
por agulha metálica envolta por cateter plástico confeccionado em material radiopaco e biocompatível, como
Te on® (politetra uoretileno), poliuretano, silicone ou Vialon®. Os cateteres do tipo “fora da agulha” possuem de 2
a 5 cm de comprimento e calibre em números pares, variando de 12 a 24 G, sendo que a unidade de medida
gauge (G) indica a medida do diâmetro interno do cateter. Os cateteres agulhados apresentam numeração ímpar
conforme o calibre (19 a 27 G). São identi cados segundo diferentes cores padronizadas (Tab. 13.1.1).
Fonte: Phillips.8
Procedimento
O procedimento para inserção de cateter endovenoso periférico é composto por etapas que devem ser executadas
pelo pro ssional com o objetivo de atingir o melhor resultado para o paciente. A m de sistematizar o procedimento,
o método proposto por Phillips8 para a realização da punção endovenosa periférica apresenta 15 etapas, agrupadas
em três momentos (antes da punção, no momento da punção e após a punção). As 15 etapas contemplam desde o
planejamento da terapia endovenosa, incluindo a administração dos fármacos, até o registro do procedimento.
Antes da punção
1. Analisar a prescrição médica da terapia endovenosa. Auxiliar na determinação do tipo de cateter, calibre e melhor local para
inserção do dispositivo, a partir da identi cação da duração prevista da
terapia, além das características farmacológicas dos medicamentos e
soluções.
2. Higienizar as mãos. A higienização das mãos deve ser realizada com água e sabão ou solução
alcoólica, antes e imediatamente após o contato com o paciente, bem como
antes e após a remoção das luvas de procedimento, conforme protocolo
institucional.
3. Preparar os materiais e equipamentos. Os materiais e equipamentos que serão utilizados deverão ser avaliados
quanto ao prazo de validade e aplicabilidade frente à terapia prescrita e
condição da rede venosa do paciente.
4. Identi car e preparar o paciente para o procedimento. A identi cação do paciente deve ser realizada com pelo menos dois
identi cadores, como o nome e a data de nascimento, e conforme protocolo
institucional. A orientação e o preparo para o procedimento devem ser
realizados levando-se em consideração a idade e o nível de compreensão do
paciente. Nesse momento, o consentimento do paciente deve ser requerido e
registrado em sua documentação.
5. Selecionar o local de punção e dilatação do vaso. A escolha do vaso a ser cateterizado deve ser pautada na preferência do
paciente, idade, nível de atividade, mobilidade, membro dominante,
condições da rede venosa, como calibre, possibilidade de visualização e
palpação, indicação da terapia, característica farmacológica dos fármacos a
serem administrados e duração da terapia, além da localização mais distal no
membro.
A dilatação do vaso deve ocorrer imediatamente antes da punção e mantida
por no máximo 5 minutos, com uso de torniquete, posicionado o mais
distante possível do local de punção, a m de reduzir a pressão intravascular,
com consequente rompimento do vaso. Pode-se utilizar como torniquete
segmentos de tecido ou borracha, as mãos do pro ssional e dispositivos de
insu ação, levando-se em consideração a importância da desinfecção do
material antes e após o uso.
No momento da punção
6. Selecionar o cateter. Para determinar o tipo e calibre, devem-se A m de favorecer a hemodiluição dos medicamentos e reduzir a ocorrência
avaliar as condições da rede venosa do paciente, a indicação e o de ebite mecânica, deve-se, preferencialmente, utilizar o cateter de menor
tempo previsto para administração da terapia endovenosa. calibre, com exceção das situações em que ocorra indicação de infusão de
grandes volumes em curto intervalo de tempo.
Para infusão de uidos viscosos, como sangue, e para rápidas infusões,
devem ser utilizados cateteres de maiores calibres, como 14 e 16 G.
Cateteres de 18 a 20 G são indicados para administração de cristaloides, e
cateteres menores, de 20 a 24 G, para administração de fármacos de uso
intermitente.
Para a coleta de sangue, são utilizados cateteres agulhados, com calibres que
variam de 19 a 27 G.
7. Vestir equipamento de proteção individual. Luvas de procedimento, máscara e óculos de proteção devem ser utilizados,
segundo os protocolos institucionais, para precaução do pro ssional no
contato com uidos corpóreos e sangue.
8. Preparar o local da punção. A antissepsia da pele deve ser Deve-se realizar o preparo do local da punção para redução do risco de
realizada com álcool a 70% ou clorexidina alcoólica a 0,5%, em infecção.
movimento circular vigoroso em diâmetro de 5 a 8 centímetros, no A utilização de lâminas para raspagem não é recomendada pelo risco de
sentido do centro para fora, por pelo menos 30 segundos, deixando ocorrerem microlesões, que podem aumentar a ocorrência de infecção. O uso
que ocorra evaporação do álcool antes da punção. de cremes depilatórios não é indicado pelo risco de reações alérgicas.
Quando houver necessidade de remoção de pelos ou cabelos, utilizar
tesouras.
9. Inserir o cateter. A inserção do cateter deve ocorrer com o bisel da O método direto é indicado para veias frágeis e que se deslocam com
agulha para cima, pelo método direto ou indireto. O método direto facilidade. A punção realizada com sucesso ocorre quando houver
consiste na inserção do cateter diretamente sobre a veia, em um identi cação de re uxo sanguíneo pelo cateter e infusão de 2 mL de solução
ângulo de 15º a 30º, com penetração de todas as camadas do vaso de NaCl 0,9%, sem queixas álgicas referidas pelo paciente e sem alteração na
com um movimento. No método indireto, o cateter deve ser inserido inspeção e palpação do local de inserção do cateter.
ao lado da veia, em ângulo de 30º a 45º, mantendo alinhamento
paralelo com a veia, avançando pelo subcutâneo até realizar a
punção da veia. Ao visualizar o re uxo sanguíneo, diminuir o ângulo
de introdução do cateter em relação à pele.
10. Estabilizar o cateter. Utilizar gaze estéril e ta adesiva A estabilização do cateter com materiais estéreis previne infecções.
hipoalergênica ou película transparente semipermeável estéril,
segundo características do paciente e de acordo com o protocolo
institucional.
Após a punção
11. Identi car o procedimento de inserção do cateter endovenoso A inserção do cateter não deve ser ocluída, a m de possibilitar a avaliação
periférico. O procedimento deve ser identi cado quanto a data, hora, contínua desse local.
tipo, calibre do cateter e nome do pro ssional que realizou a punção.
A inserção do cateter não deve ser ocluída com a etiqueta de
identi cação.
12. Organizar o ambiente. Os materiais devem ser desprezados nos Não se deve reencapar, quebrar ou entortar agulhas devido ao risco de
recipientes próprios para descarte, com atenção aos acidente e contaminação.
perfurocortantes. Não reencape, quebre ou entorte agulhas.
13. Orientar paciente, família e/ou representante legal. Realizar as A orientação do paciente, familiar e/ou representante pela equipe
orientações de acordo com estágio de desenvolvimento e nível multipro ssional favorece a segurança do paciente.
cognitivo do paciente. Informar o paciente/família sobre as limitações
de movimento ou mobilidade relacionadas à presença do cateter
endovenoso. Orientar o paciente/família a informar a equipe de
enfermagem caso perceba que o local de inserção do cateter esteja
doloroso, quente, hiperemiado ou edemaciado. Validar as
informações fornecidas, a m de con rmar que ocorreu o
entendimento esperado pelo paciente/família.
14. Realizar cálculos para infusão dos medicamentos. O cálculo para infusão dos medicamentos deve ser realizado segundo o
tempo indicado para infusão da terapia prescrita e de acordo com o sistema
de infusão (micro ou macrogotas).
15. Documentar o procedimento no prontuário do paciente. A documentação deve ser realizada imediatamente após o término do
procedimento, contendo os seguintes dados: data e hora da inserção do
cateter; tipo, calibre e fabricante do cateter; veia cateterizada e a localização
da inserção do cateter segundo o membro; tipo de curativo; uso de tala para
imobilização do membro. A m de caracterizar a rede venosa e a facilidade
na obtenção do acesso venoso, deve-se registrar o número de tentativas de
punção; as condições da rede venosa; forma de preparo do paciente;
comportamento do paciente durante o procedimento, como agitação,
ansiedade, cooperação; e assinatura do pro ssional.
No caso de a punção ser realizada para coleta de sangue, apenas as etapas 1 a 9, 12, 13 e 15 devem ser
percorridas.
Ressalta-se que, embora a punção endovenosa periférica seja um procedimento rotineiro, ela é dolorosa; o
pro ssional deve, portanto, avaliar os protocolos institucionais, as condições do paciente e seu nível de
desenvolvimento cognitivo, a m de realizar o preparo para o procedimento e adotar métodos farmacológicos ou não
farmacológicos para alívio da dor.9
Independentemente do método selecionado, o pro ssional deve estar atento ao comportamento do paciente antes,
durante e após o procedimento, a m de minimizar possíveis traumas decorrentes da punção.
Risco de integridade da pele prejudicada Proteção contra infecção Integridade tissular: pele e mucosas
Integridade da pele prejudicada Proteção contra infecção Integridade tissular: pele e mucosas
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11. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
12. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
13.2
Inserção de PICC
Introdução
O cateter central de inserção periférica (PICC, peripherally inserted central catheter) foi descrito pela primeira vez em
1929 por um médico alemão chamado Forssman; porém, pela precariedade dos materiais da época, esse
procedimento não se estabeleceu na prática clínica. Na década de 1970, com o desenvolvimento de cateteres de
silicone, passou a ser utilizado nas unidades de terapia intensiva neonatal, e, a partir de 1980, houve uma grande
expansão de sua utilização, alcançando diversos cenários da prática clínica. A utilização do PICC no Brasil teve início
na década de 1990, especialmente em récem-nascidos, crianças, idosos e pacientes com di culdade venosa.1,2
De nição
O cateter venoso central de inserção periférica tornou-se conhecido e referenciado na literatura pela sigla PICC, sendo
um dispositivo inserido por uma veia periférica progredido até o terço inferior ou o terço superior da veia cava
superior.3-6
As principais vantagens do uso do PICC são:3-6
As principais veias utilizadas para a inserção do PICC no adulto são as veias cefálicas, basílicas, jugular externa e, no
caso de bebês de até 1 ano de idade, as veias temporal, retroauricular, grande safena, pequena safena, poplítea ou
femoral.4,7-10
Existem diversos tipos de PICC, sendo que podem ser classi cados quanto ao tipo de material (poliuretano ou
silicone), quanto ao funcionamento dos cateteres (não valvulados, valvulados ou de alto uxo) e aqueles impregnados
com antimicrobianos.4
Indicação
A identi cação e a indicação precoce do PICC são primordiais para o sucesso de sua inserção e utilização. Existem
diversas indicações na literatura para seu uso, entre elas destacam-se a necessidade de acessos vasculares profundos
por tempo prolongado, infusões de substâncias hiperosmolares e soluções vesicantes/irritantes para o endotélio,
fármaco vasoativo, falha ou di culdade para acesso venoso periférico, situações que impossibilitem a inserção do
cateter venoso central (CVC), intolerância ao posicionamento em Trendelemburg para inserção do CVC.4-6,11,12
Aspectos legais
A inserção do PICC foi regulamentada pela Resolução COFEN-258/200113 para ser feita por enfermeiros submetidos a
quali cação e capacitação pro ssional, cabendo ao técnico e ao auxiliar de enfermagem a manutenção do
posicionamento adequado do paciente e o fornecimento de materiais e equipamentos para a intervenção.14
Material necessário
■ Bandeja
■ 1 caixa de passagem de cateter estéril contendo uma pinça Kelly e uma pinça anatômica
■ 1 LAP (2 compressas estéreis, 1 campo fenestrado estéril, 2 campos simples estéreis, 2 aventais estéreis)
■ 2 gorros cirúrgicos, 2 máscaras cirúrgicas, 2 óculos de proteção, 2 pares de luvas cirúrgicas
■ 2 esponjas embebidas com clorexidina degermante a 2%
■ 1 frasco de clorexidina degermante e 1 frasco de clorexidina alcoólica a 0,5%
■ 100 mL de solução siológica a 0,9%
■ 2 seringas de 10 mL
■ 1 agulha hipodérmica 40×12
■ 1 garrote estéril
■ 5 pacotes de gazes estéreis
■ 1 ta métrica não estéril
■ 1 cateter de calibre adequado ao paciente e 1 introdutor de calibre equivalente ao cateter
■ 1 curativo transparente de poliuretano
■ 1 par de luvas de procedimento
■ Saco plástico para resíduos
Existem duas formas de inserção do PICC. A técnica mais utilizada recentemente é a técnica de Seldinger
modi cada, que consiste na utilização de uma punção com agulha de menor calibre e a introdução de um o-guia
por dentro do cateter de punção e a introdução do PICC pelo o-guia.15 A inserção do PICC pode ser auxiliada com a
utilização de ultrassom (US).15 As etapas a seguir descrevem a técnica de punção direta para a inserção do PICC sem
US.
1. Con rmar o paciente e o procedimento a ser realizado. A identi cação do paciente é uma das metas internacionais de segurança do paciente,
e sua falha está relacionada como uma das principais causas de eventos adversos em
saúde.16
2. Higienizar as mãos. É considerada uma das metas de segurança do paciente e visa à redução dos
microrganismos por meio da lavagem com água e sabão ou fricção com soluções
alcoólicas.17-20
3. Avaliar as condições clínicas do paciente quanto ao A avaliação clínica do paciente antes do procedimento é fundamental para avaliar
padrão respiratório, coagulograma e nível plaquetário e situações de risco que possam aumentar a chance de complicações, como
condições de rede venosa. sangramentos e falhas na punção venosa. Também está indicada a avaliação da
condição cardiopulmonar do paciente, já que ele deverá ser posicionado em decúbito
dorsal durante a inserção do cateter, e isso pode levar a alterações no padrão
cardiocirculatório.2
4. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e Superfícies limpas e desinfetadas com álcool a 70% reduzem em até 99% o número
desinfetada com álcool a 70% e levá-los ao quarto do de microrganismos.21
paciente.
5. Explicar o procedimento ao paciente/acompanhante. O paciente e a família têm o direito de serem informados quanto aos procedimentos
que serão realizados e de estarem cientes dos riscos e benefícios.22
6. Promover a privacidade do paciente colocando o biombo O respeito à privacidade constitui direito elementar do paciente.23
e/ou fechando a porta do quarto.
7. Higienizar as mãos. É considerada uma das metas de segurança do paciente e visa à redução dos
microrganismos por meio da lavagem com água e sabão ou fricção com soluções
alcoólicas.17-20
8. Posicionar o paciente em decúbito dorsal e colocar o O posicionamento adequado para a inserção do PICC auxilia na medição do
membro selecionado para punção em ângulo de 90º em comprimento a ser inserido do cateter, bem como sua inserção após a punção
relação ao tórax, caso a punção seja em membro superior. venosa.6
9. Realizar a avaliação do comprimento do cateter a ser Visa o posicionamento adequado do PICC em posição central.6
inserido, utilizando uma ta métrica:
■ Punção de membros superiores: distância entre o ponto
de punção e a articulação escapuloumeral, desse ponto
até a fúrcula esternal ou a região hemiclavicular direita e,
em seguida, até o 3º espaço intercostal direito.
■ Punção de veia jugular externa: distância do ponto de
inserção até a região hemiclavicular direita e, em seguida,
até o 3º espaço intercostal direito.
■ Punção em membros inferiores: distância do ponto de
inserção, passando pela região inguinal até a umbilical e,
em seguida, até a região do processo xifoide.
10. Colocar gorro, máscara e óculos. O uso de equipamento de proteção individual faz parte das precauções-padrão e deve
ocorrer em situações de risco de contato de sangue ou secreções, para proteção da
mucosa de olhos, boca, nariz, roupa e superfícies corporais.17
11. Abrir os campos estéreis, kit de pinças cirúrgicas, gaze Esse procedimento deve ser realizado com técnica asséptica para evitar a
estéril, seringa, agulha 40×12, solução siológica, cateter e contaminação do material.24
introdutor.
12. Realizar a degermação das mãos, antebraços e cotovelos A degermação tem o objetivo de remover a microbiota das mãos, antebraços e
e secá-los com compressas estéreis. cotovelos para minimizar o risco de transmissão de infecções.24
13. Colocar o avental estéril, solicitando ajuda para Durante a passagem do PICC, é recomendada a técnica de barreira máxima.24
paramentação.
14. Calçar as luvas estéreis. Durante a passagem do PICC, é recomendada a técnica de barreira máxima.24
15. Utilizar campo estéril ampliado, de forma a cobrir todo o Durante a passagem do PICC, é recomendada a técnica de barreira máxima.24
corpo do paciente.
16. Aspirar solução salina na seringa e preencher o cateter Esse procedimento visa testar o cateter quanto à sua integridade e ativar a camada
com essa solução. hidrofílica para a liberação do o-guia, quando houver.6
17. Tracionar o o-guia até 1 cm abaixo do ponto do Posicionamento adequado do cateter em posição central.6
comprimento previamente mensurado e cortá-lo no
comprimento desejado.
18. Proceder à antissepsia do local previamente escolhido Reduzir microrganismos no local e evitar a transmissão de infecção.24
para a inserção do PICC com clorexidina degermante,
seguida de clorexidina alcoólica, aguardando a secagem do
local antes de proceder à punção.
19. Solicitar ao pro ssional assistente que realize o Melhorar a inspeção e palpação do local da punção.6,24
garroteamento do membro sem comprometer a esterilidade
dos campos estéreis.
20. Realizar a punção venosa e, após o retorno do uxo Evitar alto re uxo de sangue do paciente.6,11
sanguíneo na câmara do cateter, introduzir o cateter na veia
e solicitar ao assistente que retire o garrote.
Obs.: Em caso de inserção pela técnica de Seldinger
modi cada: introduzir o o-guia por meio da agulha até a
altura do ombro, retirando a agulha em seguida,
pressionando o orifício.4
21. Inserir o PICC no vaso, pelo introdutor, com auxílio da A inserção do cateter deve ser realizada por meio de uma pinça anatômica para evitar
pinça anatômica. o risco de ebite química ocasionada pelo contato com o talco da luva.6
Obs.: Em caso de inserção pela técnica de Seldinger
modi cada: com o o-guia no vaso, realizar pequena incisão
com bisturi e introduzir o dilatador através do o-guia,
retirando-o em seguida; proceder, então, à introdução do
PICC.4
22. Após a inserção de um terço do comprimento do Deve-se retirar o cateter antes da total introdução do PICC.4
cateter, removê-lo rasgando-o, conforme recomendação de
cada fabricante.4
23. Introduzir o restante do cateter lentamente até o Posicionamento do cateter em posição central.25
comprimento preestabelecido.
24. Retirar o o-guia suavemente. Evitar a retirada brusca do o-guia com o intuito de evitar danos ao cateter.6
26. Realizar a estabilização do cateter com ta adesiva Evitar o deslocamento do cateter comprometendo a segurança do paciente.11
estéril ou lme transparente.
27. Realizar a radiogra a de tórax anteroposterior ou Con rmar o posicionamento do cateter antes do início da terapia endovenosa.25
posteroanterior.
28. Desprezar os resíduos em lixo apropriado. Resíduos com material biológico devem ser acondicionados em saco branco leitoso.
Materiais perfurocortantes devem ser desprezados nas caixas destinadas a esses
materiais.26
29. Higienizar as mãos. É considerada uma das metas de segurança do paciente e visa à redução dos
microrganismos por meio da lavagem com água e sabão ou fricção com soluções
alcoólicas.17-20
30. Recolher o material do quarto do paciente, mantendo a Aumentar a segurança, o conforto e a satisfação do paciente.21
unidade organizada.
32. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel A lavagem da bandeja com água e sabão visa a remoção de material biológico. O
toalha e aplicar álcool a 70%. álcool a 70% é o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo ser
aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.21
33. Higienizar as mãos. É considerada uma das metas de segurança do paciente e visa à redução dos
microrganismos por meio da lavagem com água e sabão ou fricção com soluções
alcoólicas.17-20
34. Veri car a prescrição de enfermagem e anotar o A veri cação e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao processo
procedimento realizado, registrando o tamanho do cateter do cuidar e servem de comunicação/transmissão de informações a outros
utilizado, veia puncionada, circunferência do braço em que pro ssionais.27
foi introduzido o PICC, aspecto do local da inserção do
cateter, nome completo e COREN do responsável pelo
procedimento.
Considerações importantes
■ Durante a inserção do PICC, todos os membros da equipe que estiverem auxiliando o procedimento devem estar
utilizando gorro e máscara.24
■ São descritas algumas complicações durante a inserção do PICC: hemorragias, hematoma no local da punção,
punção arterial, dano/estimulação de nervos, di culdade de progressão do cateter, posicionamento inadequado,
arritmias cardíacas, migração externa ou interna do cateter, perfuração miocárdica, tamponamento cardíaco e
trombose.3,6,11
■ Não é recomendada a troca programada do PICC.24
■ Para a manutenção da permeabilidade do cateter, são recomendadas infusões frequentes de solução siológica ou
de heparina, com volume igual ao dobro do volume de preenchimento do cateter.6
■ Não utilizar seringas menores que 10 mL para infundir soluções no PICC, principalmente em cateteres de silicone,
pois seringas menores apresentam maior nível de pressão.6
■ Envolver o membro no qual foi inserido o PICC com saco plástico durante o banho de imersão.6
■ O enfermeiro deve avaliar o posicionamento da ponta do PICC por meio de radiogra a.28
■ A utilização de métodos anestésicos antes da inserção do PICC tem ocorrido com o intuito de proporcionar conforto
ao paciente durante o procedimento.4 O uso de anestésicos tópicos é recomendado para as punções venosas e
precedendo o botão anestésico. Em relação ao botão anestésico, foi concedido ao enfermeiro a realização de
anestesia local com lidocaína a 1 ou 2% sem vasoconstritor para a inserção do PICC, desde que o pro ssional esteja
habilitado em curso de quali cação e exista protocolo institucional e prescrição médica.28
Autocuidado
O procedimento de inserção do PICC é um ato privativo do enfermeiro, porém o paciente deve ser orientado a cobri-
lo antes do banho de imersão e a comunicar-se com a equipe de saúde em casos de dor no local ou caso observe
saída de secreção no local de inserção do cateter.
Para a inserção do PICC, é necessária a avaliação clínica do paciente para o planejamento das intervenções de
enfermagem.29,30
Levando em consideração as possíveis complicações relacionadas a inserção e manutenção do PICC, podem-se
identi car os seguintes diagnósticos de enfermagem com seus respectivos resultados/metas e intervenções de
enfermagem:29-31
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27. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
28. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Parecer n° 15/2014/COFEN/CTLN. Legislação pro ssional, de nição da prática da anestesia local pelo
enfermeiro da inserção do PICC. Brasília: COFEN; 2014.
29. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
30. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
31. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Leitura recomendada
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº 01/09. Princípios básicos para limpeza de instrumental cirúrgico em serviços de
saúde. Unidade de investigação e prevenção das infecções e dos eventos adversos [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [capturado em 10
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13.3
Curativo de cateter venoso periférico
Introdução
A presença de dispositivo venoso periférico constitui situação rotineira na assistência diária de enfermagem em
unidades hospitalares e requer do enfermeiro conhecimentos provenientes de diversas especialidades que o
instrumentalizem para a implementação das melhores práticas nos distintos aspectos relacionados ao seu cuidado.1
O curativo de cateter venoso periférico objetiva a prevenção de infecção no local de inserção do cateter e
consequente infecção da corrente sanguínea, traumas na pele e no vaso sanguíneo associados ao deslocamento do
dispositivo e a xação adequada com consequente minimização de remoção acidental.2 Recomenda-se a utilização de
técnica asséptica para a troca de cobertura. Neste capítulo, serão apresentados os aspectos relevantes à sua realização
em pacientes adultos.
De nição
Cateter endovenoso periférico é um dispositivo utilizado para a punção de um vaso venoso periférico.1 O curativo é a
técnica utilizada para reduzir a infecção e minimizar a remoção acidental desse cateter.
Indicação
A troca do curativo de um cateter venoso periférico está indicada quando ele estiver sujo, úmido, solto ou com perda
da integridade. A troca também é indicada diariamente (se não utilizar curativo transparente)2 ou em 7 dias se o
curativo transparente for utilizado. Quando for necessária uma avaliação do local de inserção do cateter, a troca
também está indicada.
Aspectos legais
Além do enfermeiro, o técnico e o auxiliar de enfermagem podem realizar o curativo em cateteres venosos periféricos.
Os pro ssionais das duas últimas categorias podem fazê-lo somente sob orientação e supervisão do enfermeiro,
conforme artigo 15 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986.3
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Luva de procedimento
■ Solução siológica a 0,9%
■ Solução alcoólica de gliconato de clorexidina a 0,5%
■ Membrana transparente semipermeável estéril
■ Pacote de gaze estéril
■ Adesivo hipoalergênico estéril
■ Saco plástico para resíduos
1. Con rmar o paciente e o procedimento a ser realizado. Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais comuns de
eventos adversos relacionados com a assistência à saúde.4
2. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está associada à redução na transmissão de microrganismos.5
3. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de
desinfetada com álcool a 70% e levá-los ao quarto do microrganismos, enquanto nas superfícies que foram apenas limpas, há a redução
paciente. de apenas 80%.6 O álcool a 70% é o principal desinfetante utilizado em serviços de
saúde, podendo ser aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.6
4. Explicar o procedimento ao paciente/acompanhante. O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a serem
realizados.7
5. Promover a privacidade do paciente. O respeito à privacidade constitui direito elementar do paciente.8
6. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está associada à redução na transmissão de microrganismos.5
7. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luvas de procedimento é preconizado quando houver risco de contato
com material biológico.5
8. Retirar delicadamente o curativo anterior, expondo o local As diversas complicações envolvendo cateter venoso periférico estão relacionadas
da inserção. ao seu deslocamento.2
9. Descartar o material em saco plástico branco leitoso. Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em saco
plástico branco leitoso.9
10. Limpar o local da inserção do cateter com gaze estéril A limpeza da inserção do cateter com solução siológica visa a remoção de resíduos
embebida em solução siológica no sentido de dentro para de sangue antes da aplicação do antisséptico.2
fora.
11. Passar a gaze estéril embebida em solução alcoólica de A antissepsia da pele faz parte do cuidado local.10,11 O agente antisséptico preferido
gliconato de clorexidina a 0,5% do local da inserção do cateter para a pele é a solução de clorexidina alcoólica a 0,5%.11 O tempo de aplicação da
para fora. clorexidina alcoólica é de 30 segundos, devendo-se aguardar a secagem
espontânea do antisséptico.11
12. Estabilizar o cateter com adesivo estéril. A estabilização do dispositivo preserva a integridade previne o deslocamento e a
perda do acesso venoso.10,11 Não é recomendada a utilização de tas adesivas não
estéreis para estabilização de cateteres.10,11
13. Aplicar a membrana transparente semipermeável estéril no Acessos vasculares requerem cobertura estéril.10,11
local da inserção. Na vigência de sangramento ou diaforese
excessivos, preferir gaze estéril e ta adesiva estéril a
coberturas transparentes. Identi car o curativo com data e
hora.
14. Desprezar os resíduos em lixo apropriado. Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em saco
plástico branco leitoso.9
15. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está associada à redução na transmissão de microrganismos.5
16. Orientar o paciente para que comunique quaisquer Como estratégia para promover a segurança, a disponibilização de orientações para
desconfortos. estimular a participação do paciente na assistência prestada faz parte das boas
práticas de funcionamento dos serviços de saúde.4
17. Recolher o material do quarto, mantendo a unidade A aparência do ambiente proporcionada pela limpeza e organização é um
organizada. importante critério de qualidade de atendimento do serviço de saúde.6
18. Lavar a bandeja com água e sabão, secá-la e aplicar álcool A lavagem da bandeja com água e sabão visa a remoção de material biológico. O
a 70%. álcool a 70% é o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo ser
aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.6
19. Higienizar as mãos. A higiene das mãos está associada à redução na transmissão de microrganismos.5
20. Veri car a prescrição de enfermagem e anotar o A veri cação e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao
procedimento realizado, registrando o aspecto da inserção do processo do cuidar, além de constituírem evidência legal.12
cateter, a cobertura utilizada e a identi cação do responsável
pelo procedimento.
Autocuidado
O curativo em cateter venoso periférico é um procedimento privativo do pro ssional de enfermagem, não devendo ser
realizado pelo paciente.
O curativo de cateter venoso periférico exige do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do cuidado a
partir da identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os resultados
desejados.13-15
Risco de integridade da pele prejudicada Proteção contra infecção Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
1. Avelar AFM. Inserção de cateteres intravenosos periféricos. In: Harada MJCS, Pedreira MLG. Terapia intravenosa e infusões. São Caetano do Sul:
Yendis; 2011.
2. Avelar AFM. Curativos e estabilização de cateteres. In: Harada MJCS, Pedreira MLG. Terapia intravenosa e infusões. São Caetano do Sul: Yendis;
2011.
3. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
4. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
5. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Precauções padrão, precaução de contato, precauções para gotículas e precauções para aerossóis
[Internet]. Brasília: ANVISA; 2014 [capturado em 12 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf.
6. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília:
ANVISA; 2012.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
8. Villas-Bôas ME. O direito-dever de sigilo na proteção ao paciente. Rev Bioét. 2015;23(3):513-23.
9. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 20, de 26 de março de 2015. Diário O cial da União. 30 mar. 2015;Seção
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10. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
11. Gorski L, Hadaway L, Hagle ME, McGoldrick M, Orr M, Doellman D. Infusion therapy: standards of practice. Journal of Infusion Nursing.
2016;39(1S):S1-S159.
12. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
13. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
14. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
15. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
13.4
Curativo de cateter venoso central
Introdução
O uso de dispositivo intravascular central está vinculado a um dos principais fatores de risco para as infecções da
corrente sanguínea, sendo que aproximadamente 90% das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) estão
associadas ao uso do cateter venoso central (CVC). A presença desse tipo de infecção tem impacto na
morbimortalidade dos indivíduos, nos custos hospitalares e no tempo de internação.1,2
Nesse contexto, a enfermagem tem um importante papel, sendo responsável pela assistência direta na manutenção
e avaliação diária, a m de minimizar os riscos de desenvolvimento de infecção.3 Entre as atividades a serem
desenvolvidas para prevenção das infecções da corrente sanguínea está o uso correto de curativos.
A escolha e a troca do curativo é um processo dinâmico que depende de monitoramento constante, avaliação
sistematizada e cobertura adequada. No mercado, existem diferentes tecnologias capazes de fazer uma oclusão estéril
e adequadas aos tipos de óstio de inserção dos CVC. São elas: gaze e ta, lme transparente de poliuretano e
curativos impregnados de agentes antimicrobianos. Para a escolha de cada material, o enfermeiro deverá avaliar
durabilidade, facilidade de aplicação, reação cutânea e capacidade de prevenir infecções.1,4
De nição
O curativo é uma cobertura utilizada para ocluir o local de inserção dos cateteres centrais, geralmente introduzidos na
veia jugular, subclávia ou femoral, para proteger a pele circundante. Os curativos ajudam a evitar a ocorrência de
infecções e impedem que o CVC se mova.1,5
Indicação
Os curativos são indicados para fornecer uma proteção de barreira contra a infecção, pois diminuem a colonização
microbiana da pele adjacente ao orifício de inserção do cateter e sua posterior migração para a superfície
extraluminal. Além disso, durante a troca do curativo ou dependendo do material escolhido para cobertura, o
enfermeiro poderá avaliar sinais e sintomas sugestivos de infecção (eritema, calor, dor, hiperemia, saída de secreção
purulenta), sensibilidade ou outras complicações.1,5 Eles fornecem também uma garantia adequada para prevenir
remoção acidental, desdobramento parcial ou micromovimento, evitando a insu ciência do CVC.5
Dessa forma, para a escolha do curativo ideal, é importante que sejam observadas as características de conforto e
ausência de irritação para o paciente, facilidade de uso e custo-benefício.1,2,4,5
Aspectos legais
No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) não apresenta nenhuma portaria, normativa ou parecer
técnico que regulamente essa atividade como privativa do enfermeiro. Contudo, há diferentes pareceres técnicos dos
conselhos regionais que divergem sobre essa questão.
Material necessário
■ Luvas de procedimento
■ Máscara cirúrgica
■ Óculos de proteção
■ Bandeja
■ Instrumental cirúrgico estéril ou luvas estéreis
■ Gazes estéreis
■ Antisséptico: clorexidina alcoólica a 0,5 ou 2%, solução de iodopovidona ou álcool isopropílico a 70%
■ Coberturas: antimicrobiana (p. ex., Tegaderm™), transparente, semipermeável e estéril (p. ex., IV3000)
■ Proteção cutânea de barreira
■ Dispositivo de estabilização, caso esteja disponível
■ Fita hipoalergênica
■ Fita métrica de papel
1. Identi car o paciente usando dois identi cadores. Garantir os princípios de segurança do paciente.2,6
2. Explicar o procedimento e resultados esperados/riscos para paciente e O paciente ou responsável pelas decisões devem receber apoio
família. educacional para que tenham conhecimento do procedimento e práticas
de prevenção de infecção.2,6
3. Higienizar as mãos com água e sabonete líquido ou usar álcool gel Promover a redução da transmissão de infecções.7
quando elas não estiverem visivelmente sujas.
4. Preparar o material em bandeja previamente desinfetada com álcool a Posicionar a mesa de cabeceira ou o carrinho de procedimento para
70% para a troca da cobertura do cateter e transportá-lo para o leito do garantir que os materiais e o paciente estejam dentro do seu campo de
paciente. visão ao longo do procedimento.2
5. Realizar higienização das mãos com água e sabão novamente. Promover a redução da transmissão de infecções.7
6. Colocar máscara cirúrgica e óculos de proteção, se necessário. Pacientes com sintomas de resfriado ou gripe devem ser encorajados a
colocar uma máscara descartável e afastar o rosto do local do CVC.2
8. Posicionar confortavelmente o paciente para expor o local em que O conforto deve ser garantido em todos os procedimentos realizados pela
será realizado o curativo. equipe de enfermagem.
9. Inspecionar o local de inserção do cateter buscando evidenciar a Isso permite a avaliação do local de inserção com relação a ebite,
presença de edema, hiperemia e exsudato. in ltração, extravasamento e infecção.6
11. Mensurar o comprimento externo do cateter e comparar com o Determinar se ocorreu deslocamento do cateter.6
tamanho registrado no momento da inserção.
12. Remover a cobertura anterior, iniciando pelo hub do cateter (parte A cobertura anterior deve ser retirada cuidadosamente para que não
inferior), e delicadamente puxar paralelamente à pele em direção ao ocorra tração acidental do cateter.6
local de inserção. Enquanto uma mão puxa a cobertura, a outra segura
o cateter e a pele.
13. Realizar a retirada das luvas de procedimento e a higienização das A higienização das mãos previne infecção.
mãos.
14. Preparar o instrumental cirúrgico estéril, as gazes estéreis e o A manipulação do local de inserção do cateter deve ser realizada com
antisséptico a ser utilizado. Calçar luvas de procedimento. Se em vez do materiais e instrumentais estéreis. Essa prática contribui para a prevenção
instrumental a opção for por luvas estéreis, calçá-las nesse momento. de infecção da corrente sanguínea.6,8
15. Realizar a antissepsia do local de inserção com solução de A antissepsia da pele com antisséptico está associada à redução de
clorexidina alcoólica com concentração acima de 0,5% do cateter para infecção da corrente sanguínea.8,9
fora, por 30 segundos, e aguardar a secagem espontânea. Caso seja É crucial permitir que a solução antisséptica seque completamente antes
aplicada a solução de iodopovidona para a antissepsia, a limpeza deve de cobrir a pele para evitar uma reação devido à interação da solução
ser realizada pelo tempo de 1,5 a 2 minutos. molhada com o lme de barreira ou agente adesivo.
O gliconato de clorexidina é a solução antisséptica preferida. Nos casos de
suspeita de dermatite de contato, deve-se considerar alterar a
concentração. Ou pode-se usar iodopovidona, mas, antes da sua
aplicação, limpar o local com álcool isopropílico a 70% ou solução salina
normal estéril, para remover o outro agente.2,10,11
16. Aplicar o dispositivo de estabilização, se disponível, de acordo com A utilização de dispositivo de estabilização contribui para prevenir
as recomendações do fabricante. complicações e o deslocamento acidental do cateter.6
17. Aplicar a cobertura. A cobertura com gaze e ta adesiva estéril é preferível assim que o CVC
estiver instalado ou na presença de drenagem de exsudato no local de
inserção do cateter.6
O curativo transparente semipermeável estéril é o preferido por facilitar o
acompanhamento e a monitoração do local de inserção do cateter, além
de minimizar a possibilidade de infecção.2,6
Salienta-se que os curativos impregnados com medicamentos reduzem a
incidência de infecção sanguínea relacionada com CVC em relação a
todos os outros tipos de curativo.5
18. A cada troca da cobertura, avaliar a pele ao redor do local de O tempo da troca do curativo depende do material utilizado:
inserção do cateter em busca de áreas com risco de lesão por adesivo. 24 a 48 horas: se forem utilizadas gaze e ta.
5 a 7 dias: se for utilizada cobertura transparente estéril.
A troca da cobertura irá ocorrer a intervalos estabelecidos (dependendo
do tipo de curativo) e conforme necessário, quando a integridade do
curativo estiver comprometida (levantamento, umidade, drenagem ou
presença de sangue) ou quando estiverem presentes sinais e sintomas de
infecção.
No caso de presença de lesão de pele ou como medida de prevenção para
peles mais sensíveis, recomenda-se a utilização de produtos para proteção
da pele que servem como barreira para reduzir o risco de lesão por
adesivo.6
21. Documentar o procedimento no prontuário do paciente. Devem-se descrever todas as observações realizadas com relação ao local
de inserção e ao cateter. Relatar a resposta do paciente ao procedimento e
as orientações prestadas.13,14
Risco de integridade da pele prejudicada Supervisão da pele Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
1. Takashima M, Ray-Barruel G, Ullman A, Keogh S, Rickard CM. Randomized controlled trials in central vascular access devices: a scoping review.
PLoS One. 2017;12(3):e0174164.
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3. Santos SF, Viana RS, Alcoforado CLGC, Campos CC, Matos SS, Ercole FF. Ações de enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao
cateter venoso central: uma revisão integrativa. Rev SOBECC. 2014;19(4):219-25.
4. Webster J, Gillies D, O’Riordan E, Sherriff KL, Rickard CM. Gauze and tape and transparent polyurethane dressings for central venous catheters.
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5. Ullman AJ, Cooke ML, Mitchell M, Lin F, New K, Long DA, et al. Dressing and securement for central venous access devices (CVADs): a Cochrane
systematic review. Int J Nurs Stud. 2016;59:177-96.
6. Gorski L, Hadaway L, Hagle ME, McGoldrick M, Orr M, Doellman D. Infusion therapy: standards of practice. Journal of Infusion Nursing.
2016;39(1S):S1-S159.
7. World Health Organization. World Alliance for Patient Safety. Health-care associated infections: fact sheet [Internet]. Geneva: WHO; [s.d.,
capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em: http://www.who.int/gpsc/country_work/gpsc_ccisc_fact_sheet_en.pdf.
8. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
9. Lai NM, Lai NA, O’Riordan E, Chaiyakunapruk N, Taylor JE, Tan K. Skin antisepsis for reducing central venous catheter-related infections.
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10. Thayer D. Skin damage associated with intravenous therapy: common problems and strategies for prevention. J Infus Nurs. 2012;35(6):390-401.
11. Broadhurst D, Moureau N, Ullman AJ, World Congress of Vascular Access (WoCoVA) Skin Impairment Management Advisory Panel. Management
of central venous access device-associated skin impairment: an evidence-based algorithm. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2017;44(3):211-
20.
12. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
13. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de
enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
14. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
15. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
16. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
17. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
13.5
Curativo de cateter peridural
Introdução
A analgesia peridural contínua é uma das estratégias usadas para alívio da dor e, comparada à analgesia sistêmica, em
determinadas situações clínicas é considerada de melhor qualidade. Seu uso está associado à redução da mortalidade
perioperatória, menor ocorrência de náuseas e vômitos, recuperação precoce, entre outros benefícios.1-4
Há necessidade de vigilância multipro ssional rigorosa para garantir a segurança e a satisfação do paciente e
prevenir complicações.5 Os cuidados necessários à analgesia peridural contínua estão relacionados com indicação,
instalação, manutenção, retirada do cateter, cuidados com o preparo das soluções analgésicas e sistema de infusão.
Neste capítulo, são apresentados os cuidados relacionados ao curativo do cateter peridural.
De nição
A analgesia ou anestesia peridural ou epidural faz parte de um grupo de procedimentos denominado analgesia ou
anestesia locorregional. Utiliza-se uma menor concentração de fármaco quando o objetivo é somente controlar a dor,
ou seja, quando não há necessidade de bloqueio motor e sensitivo (anestesia).5
O espaço peridural é um espaço virtual situado dentro do canal espinal e forma uma estrutura cilíndrica ao redor do
saco dural e ao longo da coluna vertebral. Está delimitado entre o periósteo e a dura-máter e é preenchido por tecido
conectivo frouxo, tecido gorduroso, bras nervosas, vasos arteriais e venosos.6,7 A visualização do ponto de inserção
do cateter peridural, o curativo e a xação do cateter são de extrema importância, devido à prevenção de infecção e
de migração acidental do cateter.
Indicação
A analgesia peridural poderá ser usada em qualquer paciente que necessite de um plano analgésico devido a dor
intensa, em casos em que não há adequado controle da dor por meio das vias convencionais de administração de
fármacos, desde que observada a contraindicação. Alguns exemplos do uso dessa analgesia são dor pós-operatória,
dor pós-traumática, fraturas de costelas, pancreatite aguda, dor isquêmica (principalmente para as extremidades
inferiores), entre outros.1-4,6 A analgesia peridural contínua ou intermitente é administrada pelo cateter peridural,1 e o
curativo é indicado para todos os pacientes que fazem uso desse tipo de cateter.
Aspectos legais
Quanto aos aspectos ético-legais em relação a esse procedimento, não há uma decisão federal e, sim, uma emissão de
parecer do Conselho Regional de Enfermagem (COREN) de cada estado. Portanto, recomenda-se que o enfermeiro
consulte o COREN de seu estado para a elaboração de seu protocolo.
Por meio da Orientação fundamentada nº 110/20178 pela Câmara Técnica do COREN-SP, corroborada pelo Parecer
COREN/SC nº 004/CT/2010,9 concluiu-se que é “competência do enfermeiro realizar o cuidado ao paciente em uso de
cateter peridural, administração de medicamentos, curativo e avaliação das necessidades gerais de cuidados de
enfermagem”.
Material necessário
2. Reunir o material em uma bandeja previamente desinfetada com álcool a 70% e cortar as Diminuir o tempo de realização do procedimento ao
tas adesivas para xar a inserção e extensão do cateter peridural. levar todo o material necessário.
Medidas aproximadas:
■ inserção: 10×10 cm
■ extensão: largura de 5 cm
3. Orientar o paciente e o familiar quanto ao procedimento. Explicar que o procedimento é indolor e que será
necessário retirar o adesivo do curativo.
4. Posicionar o paciente confortavelmente (sentado ou deitado lateralmente). Facilitar a execução do procedimento pelo
pro ssional.
5. Vestir a máscara e os óculos de proteção. Prevenir o risco de contato respiratório com uidos
corporais do paciente.11
7. Calçar luvas de procedimento. Proteger as mãos dos pro ssionais do contato com
sangue e uidos corporais potencialmente
contaminados; proteger os pacientes e reduzir o
risco de infecção cruzada.12
8. Retirar o adesivo do local de inserção do cateter peridural cautelosamente. Retirar com as Prevenir a extração acidental do cateter.
mãos enluvadas ou com pinça dente de rato.
9. Inspecionar a área da inserção do cateter, tanto não tunelizado quanto tunelizado (Fig. Avaliar a presença de sinais ogísticos, dor local,
13.5.1) e a marca que indica a quantidade de cateter inserido em direção ao espaço peridural presença de extravasamento de medicação,
(Fig. 13.5.2). abaulamento. Atenção: cateter com inserção
próxima ou menor que 10 cm ou próxima ou maior
que 20 cm pode resultar em analgesia insu ciente.13
10. Decidir sobre a oclusão da área de inserção do cateter. Se houver umidade na área de Uma xação adequada e con ável do cateter
inserção, xar com curativo convencional (gaze estéril e ta hipoalergênica), conforme a garante a obtenção de um melhor efeito analgésico,
Figura 13.5.3. Se limpa e seca, xar com lme transparente semipermeável (veri car redução de complicações, infecção e migração do
protocolo institucional). cateter e aumento da satisfação do paciente.13,14
11. Retirar as luvas de procedimento, abrir e colocar SF a 0,9% em 1 pacote de gaze estéril e Promover a limpeza do local de inserção do
clorexidina alcoólica a 0,5% em outro. cateter.15
12. Calçar luva estéril ou utilizar pinças estéreis do pacote do curativo. Técnica asséptica para reduzir o risco de infecção.16
13. Proceder à limpeza com SF a 0,9% do local da inserção para fora, em um raio de 10 cm, Evitar a contaminação do local de inserção do
incluindo cautelosamente a limpeza do cateter peridural (nesse momento, somente a porção cateter.15
que cará ocluída).
14. Proceder à limpeza com clorexidina alcoólica a 0,5% do local de inserção para fora, em Clorexidina alcoólica a 0,5% promove uma boa
um raio de 10 cm, incluindo cautelosamente o cateter peridural (nesse momento, somente na proteção contra infecções em cateteres de curta
porção que cará ocluída). permanência.17
15. Ocluir o local da inserção com curativo convencional (Fig. 13.5.3): fazer uma curvatura Prevenir o deslocamento acidental do cateter e
em J no cateter no local da inserção (ver curvatura em J Fig. 13.5.4) e posicionar apenas 1 proteger o local de inserção do cateter contra
gaze, dobrada duas vezes sobre o local de inserção do cateter peridural, abrangendo a porção contaminação.
do cateter que cará coberta. Fixar com adesivo hipoalergênico (esticar bem e não fazer
dobras nas pontas para evitar que o adesivo se solte) e anotar a data.
16. Ocluir o local da inserção com película transparente semipermeável (Fig. 13.5.4): fazer Prevenir o deslocamento acidental do cateter e
uma curvatura em J no cateter no local da inserção (para minimizar migração) e posicionar e proteger o local de local de inserção do cateter
ocluir com a película certi cando que o local da inserção cará no centro (cuidado para não contra contaminação.
ocorrerem dobras, bolhas ou rugas).
17. Recolher o material e desprezar em lixo infectante. Manter o ambiente limpo e organizado.
18. Retirar as luvas e proceder à higienização das mãos. Evitar a transmissão de infecções relacionadas à
assistência à saúde.10
19. Registrar em anotação de enfermagem: data, horário de troca do curativo no impresso O registro é importante para documentar as
institucional, aspecto do local de inserção do cateter peridural, o posicionamento e a marca do atividades de enfermagem, garantir a continuidade
cateter no pertuito de inserção. Comunicar quaisquer alterações. da assistência e como instrumento de comunicação
multipro ssional.18
Garantir rápida intervenção para prevenir ou tratar
complicações infecciosas, migração do cateter para
espaço subaracnóideo, hematoma, ruptura do
cateter, etc.13
20. Retirar a xação da extensão do cateter cautelosamente com luvas de procedimento e Prevenir a tração do cateter peridural durante o
executar a limpeza com clorexidina alcoólica a 0,5%. procedimento e eliminar contaminações da pele.
21. Fixar evitando proeminências ósseas (coluna vertebral, ombros e braços); alterar o local de Promover o conforto do paciente e prevenir lesões
xação na pele. de pele associadas à pressão do cateter contra
proeminências ósseas.
22. Fixar toda a extensão do cateter peridural, sinuosamente ou em zigue-zague (Fig. 13.5.5), Prevenir o deslocamento acidental do cateter e
ao longo da coluna vertebral (paravertebral), nalizando no ombro ou até a região da proteger toda a extensão contra ruptura acidental e
subclávia do paciente, mantendo toda a extensão ocluída com a ta adesiva recomendada contaminação. Promover o conforto do paciente e
pela instituição. facilitar a manipulação do cateter.
25. Orientar o paciente e a família sobre a mobilização e cuidados com o cateter peridural. Incentivar o paciente a participar da sua própria
segurança em conjunto com a família e a equipe.
27. Veri car a prescrição de enfermagem. Validar a nalização do cuidado prestado de acordo
com o plano de cuidado proposto.
1. A tunelização da extensão do cateter peridural também pode ser realizada (uma decisão médica no momento da
instalação que considera a estimativa de tempo de permanência), conforme a Figura 13.5.1. Dessa forma, o
curativo deverá ser executado no local de inserção do cateter até sua cicatrização completa, ou seja, será necessário
curativo apenas no local de saída do cateter após a cicatrização.
• Algumas instituições utilizam a película transparente semipermeável com impregnação de clorexidina
(CHG).14,19,20 Nesses casos, deve-se trocar o curativo a cada 7 dias ou sempre que apresentar sujidade ou
saturação da película.
2. Para a segurança do paciente, deve-se:
• Avaliar, a cada plantão (manhã, tarde, noite), a integridade do curativo;
• Trocar o curativo considerando as especi cações da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) de sua
instituição ou sempre que apresentar sujidade ou estiver descolado;
• Proteger o curativo para o banho.
A American Society of Anesthesiologists (ASA) recomenda que, nos casos de sinais e sintomas que sugerem
complicação infecciosa, relacionada ou não ao cateter, o médico deverá remover o cateter peridural, solicitar cultura
da ponta do cateter e um par de hemoculturas. Caso a suspeita esteja relacionada à presença de abscesso ou dé cit
neurológico, o médico poderá solicitar exames de imagem para complementar e elucidar o caso.21
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e o National Institute for Health and Care Excellence (NICE)
realizam recomendações para prevenção de infecções. Embora grande parte dessas recomendações estejam
relacionadas a cateteres venosos, na prática clínica elas também são utilizadas para os cuidados com o cateter
peridural.22,23
É importante que a instituição realize treinamento dos pro ssionais de saúde com relação a indicação, manutenção
e medidas de prevenção de infecção; também é necessária uma avaliação periódica do conhecimento e da adesão da
equipe às diretrizes estabelecidas.22
O curativo de cateter peridural exige do enfermeiro uma avaliação rigorosa para que o cuidado seja planejado de
modo seguro e holístico a partir da identi cação dos diagnósticos e da seleção das intervenções para que sejam
alcançados os resultados desejados.24-26
Figura 13.5.1 Local de inserção do cateter peridural não tunelizado (1) e tunelizado (2).
Figura 13.5.2 Cateter peridural.
Figura 13.5.3 Oclusão do local de inserção do cateter peridural com curativo convencional.
Figura 13.5.4 Curativo do local de inserção do cateter peridural com película semipermeável apresenta a curvatura em J. O curativo sem a
curvatura em J facilita a extração acidental do cateter.
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16. Oliveira AC, Gama CS. Surgical antisepsis practices and use of surgical gloves as a potential risk factors to intraoperative contamination. Esc Anna
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17. Mimoz O, Lucet JC, Kerforne T, Pascal J, Souweine B, Goudet V, et al. Skin antisepsis with chlorhexidine-alcohol versus povidone iodine-alcohol,
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18. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Anotações de enfermagem. São Paulo: COREN-SP; 2009.
19. Safdar N, O’Horo JC, Ghufran A, Bearden A, Didier ME, Chateau D, et al. Chlorhexidine-impregnated dressing for prevention of catheter-related
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24. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
25. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
26. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
13.6
Curativo de PICC
Introdução
Nas últimas décadas, o uso do cateter central de inserção periférica (PICC, peripherally inserted central catheter)
expandiu-se na prática clínica.1
Na inserção e manutenção do PICC (ver Cap. 13.2), as melhores práticas de enfermagem adquirem relevância como
estratégia de segurança ao paciente por in uenciarem na prevenção de complicações e da necessidade de remoção
não eletiva do cateter.1,2
O curativo constitui um importante procedimento na manutenção do PICC, devendo ser realizado com técnica
asséptica, utilizando cobertura estéril.2 Neste capítulo, são apresentados os aspectos relevantes à sua realização.
De nições
PICC: é um cateter longo e exível, inserido através de uma veia periférica, que progride até o terço distal da veia cava
superior ou da veia cava inferior, adquirindo propriedades de acesso venoso central.3
Técnica asséptica: é a utilização de várias barreiras e precauções para evitar a transferência de microrganismos do
pro ssional de saúde e do meio ambiente para o paciente durante um procedimento.2
Estéril: ausência total de microrganismos.2
Indicação
O curativo de PICC está indicado para todos os pacientes que mantenham esse dispositivo venoso, com a nalidade
de evitar infecção no local de inserção do cateter, prevenir infecção da corrente sanguínea e impedir o deslocamento
do aparato venoso.4
Aspectos legais
A Resolução COFEN-258/20015 dispõe que a inserção, a manutenção e a remoção do PICC são atribuições do
enfermeiro. Desse modo, o curativo de PICC deve ser realizado exclusivamente por enfermeiro habilitado e
capacitado.6
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Kit de curativo ou luva estéril
■ Luvas de procedimento
■ Gorro
■ Máscara
■ Solução siológica a 0,9%
■ Solução alcoólica de gliconato de clorexidina > 0,5%
■ Membrana transparente semipermeável estéril
■ Pacote de gaze estéril
■ Adesivo hipoalergênico estéril ( ta microporosa hipoalergênica estéril ou Steri Strips®)
■ Saco plástico para resíduos
■ Fita métrica
1. Con rmar o paciente e o procedimento a ser realizado. Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as causas mais comuns
de eventos adversos relacionados com a assistência à saúde.7,8
2. Higienizar as mãos.
Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à
redução na transmissão de microrganismos.9-12
3. Reunir os materiais na bandeja previamente limpa e Superfícies limpas e desinfetadas reduzem em cerca de 99% o número de
desinfetada com álcool a 70% e levá-los ao quarto do paciente. microrganismos, enquanto, nas superfícies que foram apenas limpas há redução
de apenas 80%.
O álcool a 70% é o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde,
podendo ser aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.13
4. Explicar o procedimento ao paciente/acompanhante. O paciente tem direito de ser informado sobre os procedimentos a serem
realizados, de conhecer suas alternativas, de recusá-los e, se desejar, de ter uma
segunda opinião.14
5. Promover a privacidade do paciente colocando o biombo e/ou O respeito à privacidade constitui direito elementar do paciente.15
fechando a porta do quarto.
6. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à
redução na transmissão de microrganismos.9-12
7. Vestir avental, gorro e máscara. O uso de equipamento de proteção individual faz parte das precauções-padrão e é
preconizado quando houver risco de contato com sangue ou secreções, para
proteção da mucosa de olhos, boca, nariz, roupa e superfícies corporais.9
8. Abrir o pacote de luva estéril (ou kit curativo), a solução O uso de luvas de procedimento faz parte das precauções-padrão e é preconizado
siológica e a solução alcoólica de gliconato de clorexidina > quando houver risco de contato com sangue, secreções ou membranas mucosas.9
0,5%.
9. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à
redução na transmissão de microrganismos.9-12
10. Calçar as luvas de procedimento. O uso de luvas de procedimento faz parte das precauções-padrão e é preconizado
quando houver risco de contato com sangue, secreções ou membranas mucosas.9
11. Retirar delicadamente o curativo anterior, expondo o local Algumas das complicações relatadas em relação ao PICC são deslocamento e
da inserção. migração do cateter, além de ruptura do artefato com potencial risco de embolia e
trombose.16
12. Descartar o material em saco plástico branco. Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em saco
plástico branco leitoso.17
13. Calçar as luvas estéreis (luvas de procedimento se usar a A realização de curativo do PICC requer técnica asséptica.2
pinça Kelly).
14. Limpar o local da inserção do cateter com gaze embebida A limpeza do local da inserção do cateter com solução siológica visa a remoção
em solução siológica com movimento único. de resíduos de sangue antes da aplicação do antisséptico.18
15. Passar a gaze embebida em solução alcoólica de gliconato A antissepsia da pele faz parte do cuidado local.18,19 O agente antisséptico da pele
de clorexidina > 0,5% no local da inserção do cateter. preferido é a solução de clorexidina alcoólica > 0,5%.19 O tempo de aplicação da
clorexidina alcoólica é de 30 segundos, devendo-se aguardar a secagem
espontânea do antisséptico.19
16. Medir o comprimento da parte exteriorizada do cateter para Uma das complicações de posicionamento é a migração externa do cateter. A
observar possível deslocamento, sem tocá-lo. mensuração da parte exteriorizada do cateter é um componente da avaliação de
seu deslocamento.18,19
17. Trocar a xação das aletas do cateter ( ta microporosa Considerar o uso de dispositivos de estabilização sem sutura para redução do risco
hipoalergênica estéril ou Steri Strips®), atentando para manter a de infecção primária da corrente sanguínea. 2,20
estabilização do cateter, se necessário.
18. Aplicar a membrana transparente semipermeável estéril no Acessos vasculares requerem cobertura estéril.2,19,20 Em termos de prevenção de
local da inserção. Na presença de sangramento ou diaforese infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central, não há
excessivos, preferir gaze estéril e ta adesiva estéril a coberturas diferença na utilização do curativo oclusivo convencional ou da membrana
transparentes. transparente semipermeável estéril.19,20
19. Orientar o paciente para que comunique quaisquer Como estratégia para promover a segurança, a disponibilização de orientações
desconfortos. para estimular a participação do paciente na assistência prestada faz parte das
boas práticas de funcionamento dos serviços de saúde. 21
20. Desprezar os resíduos em lixo apropriado. Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou
ao meio ambiente podem ser equiparados aos resíduos domiciliares e
acondicionados em sacos plásticos que não precisam ser identi cados.17
Os resíduos contendo material biológico devem ser acondicionados em saco
branco leitoso.17
21. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à
redução na transmissão de microrganismos.9-12
22. Recolher o material do quarto, mantendo a unidade A aparência do ambiente proporcionada pela limpeza e organização é um
organizada. importante critério de qualidade de atendimento do serviço de saúde.13
23. Encaminhar o instrumental cirúrgico (se utilizado) para o Proceder à limpeza e à esterilização.22
expurgo e, posteriormente, para o centro de materiais e
esterilização.
24. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel toalha e A lavagem da bandeja com água e sabão visa a remoção de material biológico. O
aplicar álcool a 70%. álcool a 70% é o principal desinfetante utilizado em serviços de saúde, podendo
ser aplicado em superfícies ou artigos por meio de fricção.13
25. Higienizar as mãos. Além de fazer parte das precauções-padrão, a higiene das mãos está relacionada à
redução na transmissão de microrganismos.9-12
26. Veri car a prescrição de enfermagem e anotar o A veri cação e os registros de enfermagem são elementos imprescindíveis ao
procedimento realizado, registrando o aspecto do local da processo do cuidar, imbuído de evidência legal.23 O registro da avaliação, evolução
inserção do cateter, pele adjacente, presença e tipo de exsudato, e cobertura utilizada na realização do curativo possibilita a continuidade do
tipo de curativo e as medidas encontradas, como centímetros de cuidado e a realização de estatísticas dos diversos atendimentos, além de servir
exteriorização do cateter, nome completo e COREN do como fonte de consulta e documento legal que favorecem a melhoria da
responsável pelo procedimento. qualidade da assistência.24
Considerações importantes
■ A troca da cobertura com gaze e ta adesiva estéril deve ser realizada a cada 48 horas, e a troca com a cobertura
estéril transparente, a cada 7 dias. Qualquer tipo de cobertura deve ser trocado imediatamente –
independentemente do prazo – se estiver sujo, solto ou úmido. Não atrasar a troca da cobertura no caso de ela
perder sua integridade, pois esse retardo está associado a um aumento de 4 a 12 vezes no risco de infecção
primária da corrente sanguínea.2,19,25
■ É recomendada a proteção das coberturas, cateteres e conexões com plástico ou outro material impermeável
durante o banho.2
■ Deve-se realizar a desinfecção das conexões, conectores valvulados e portas de adição de medicamentos com
solução antisséptica à base de álcool, com movimentos aplicados de forma a gerar fricção mecânica, de 5 a 15
segundos.2,26,27
■ O local de inserção deve ser avaliado no mínimo 1 vez ao dia, por inspeção visual e palpação sobre o curativo
intacto.2,20,28
■ A troca pré-programada do PICC, em virtude do tempo de sua permanência, não é recomendada.2 No entanto,
cateteres desnecessários devem ser removidos.2 A remoção do PICC é indicada a partir do término da terapia
endovenosa ou na vigência de complicações.18
Autocuidado
O curativo de PICC é um procedimento privativo do enfermeiro, não devendo ser realizado pelo paciente.
O curativo de PICC exige do enfermeiro uma avaliação clínica para o planejamento do cuidado a partir da
identi cação do diagnóstico e da seleção das intervenções para que sejam alcançados os resultados desejados.29-31
Risco de integridade da pele prejudicada Controle de infecção Integridade tissular: pele e mucosas
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Leitura recomendada
Simmons S, Bryson C, Porter S. “Scrub the hub”: cleaning duration and reduction in bacterial load on central venous catheters. Crit Care Nurs Q.
2011;34(1):31-5.
13.7
Curativo de hipodermóclise
Introdução
A hipodermóclise é uma via subcutânea de administração de medicamentos e soros, desde que tenham
compatibilidade com esse tecido. Normalmente é indicada quando há impossibilidade ou di culdade de administração
via oral ou endovenosa.
Assim como na via endovenosa, ao puncionar um sítio para terapia subcutânea, há rompimento da barreira de
proteção do corpo, a pele, favorecendo a entrada de microrganismos e consequente infecção oportunista. Apesar de
estudos mostrarem que a técnica apresenta baixos índices de infecção e nenhuma relação com a sepse, é
indispensável a utilização de técnica asséptica para manutenção do dispositivo e avaliação contínua do local da
punção no momento da troca do curativo.1-3
De nição
O curativo de hipodermóclise pode ser realizado por meio de curativo estéril com gaze ou película semipermeável
sobre o local da inserção do cateter. Vale ressaltar que a película semipermeável é o curativo de primeira escolha, pois
permite avaliação constante do local da punção, proporciona maior conforto e pode ser mantida até a próxima
punção, desde que limpa e íntegra, podendo permanecer por até 7 dias;4 já a utilização de gaze e ta adesiva
hipoalergência exige troca diária.
Indicação
Após a punção do sítio de hipodermóclise, o curativo com película semipermeável está indicado. Caso a película esteja
descolando ou caso haja umidade ou sujidade visível no local da punção, também há indicação de retirada e
substituição por nova película por meio de técnica asséptica da pele e do local de inserção do cateter com clorexidina
alcoólica a 0,5%. Na ausência da película semipermeável, o curativo deverá ser realizado diariamente com gaze estéril
após assepsia da pele com clorexidina alcoólica a 0,5% e ocluído com gaze e ta adesiva hipoalergênica.
O local da punção poderá ser mantido por um período de 72 horas, porém estudos mostraram boa estabilidade e
segurança nos dispositivos mantidos por 5 a 11 dias.1 A recomendação de troca do cateter agulhado é a cada 5 dias e
do cateter não agulhado a cada 11 dias.4 Vale ressaltar que locais que estiverem recebendo fármacos mais irritantes
devem ser trocados em intervalos menores. A literatura sugere que seja seguida a orientação da comissão de controle
de infecção hospitalar de cada instituição.1
Aspectos legais
Na hipodermóclise, o curativo pode ser feito por todos os membros da equipe de enfermagem, desde que o
pro ssional seja treinado, capacitado e suas habilidades constantemente validadas por meio da educação permanente.
Segundo a Lei do Exercício da Pro ssão de Enfermagem, Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,5 regulamentada pelo
Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987,6 é privativa do enfermeiro a prescrição do curativo para que seja
executada conforme sua delegação.2
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Luvas de procedimento
■ Soro siológico a 0,9%
■ Clorexidina alcoólica a 0,5%
■ Gaze estéril
■ Película semipermeável ou ta adesiva hipoalergênica
■ Tesoura
■ Caneta
Etapas Justi cativas
2. Reunir os materiais em uma bandeja previamente desinfetada com álcool a 70%. Dirigir-se ao paciente com todos os materiais reunidos diminui
o tempo de realização do procedimento.
4. Explicar o procedimento para o paciente e para a família. É importante ressaltar para o paciente e para a família a
importância de manter o curativo limpo e seco.
5. Retirar a película semipermeável da embalagem externa e reservar na bandeja. No Deixar todos os materiais disponíveis para utilização antes de
caso da ta hipoalergênica, medir a área a ser coberta, cortar a ta e reservar na calçar as luvas, a m de impedir a contaminação do material.
bandeja. Deixar próximas gaze estéril, ampola de soro siológico a 0,9% e solução
de clorexidina alcoólica a 0,5%.
6. Calçar as luvas. Devem ser utilizadas para a proteção individual, nos casos de
contato com sangue e uidos corporais e contato com
mucosas e pele não íntegra de todos os pacientes.7
7. Remover o curativo anterior, caso exista, e descartar em lixo infectante. Materiais contaminados devem ser desprezados em lixo
infectante.
8. Umedecer a gaze estéril com soro siológico a 0,9%, sem tocar na parte que Eliminar sujidade e/ou sangramento presente na pele.
entrará em contato com o cateter, e aplicar com leve fricção no local da inserção do
cateter, da inserção para fora.
9. Aplicar solução alcoólica a 0,5% com nova gaze estéril, da inserção para fora. Eliminar microrganismos potencialmente infecciosos.
10. Fixar o dispositivo com película semipermeável. Na ausência desta, xar o É preferível a utilização de película semipermeável, quando
cateter com gaze estéril e ta adesiva hipoalergênica de aproximadamente 10 cm. disponível, para facilitar a visualização do local de inserção do
cateter.
Aplicar a película semipermeável de forma que que
totalmente aderida à pele, sem presença de bolhas e/ou
umidade.
11. Identi car data de punção e data de curativo. Controlar a data de punção e do curativo assegurando troca
dentro do prazo de segurança, minimizando riscos de
complicações.
12. Retirar luvas e desprezar em lixo infectante. Materiais contaminados devem ser desprezados em lixo
infectante.
14. Anotar o procedimento. Para respaldo técnico, a anotação deve conter aspecto do local
da inserção do cateter, técnica e material utilizado para a troca
de curativo, assinatura e carimbo.2
Referências
1. Azevedo EF, Barbosa MF. Via subcutânea: a via parenteral de escolha para administração de medicamentos e soluções de reidratação em
cuidados paliativos. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP. 2. ed. São Paulo: ANCP; 2012. p. 259-69.
2. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP 031/2014 – CTPRCI n° 102.681/2013. Ticket nº 295.806. Ementa: Punção e
administração de uidos na hipodermóclise [Internet]. São Paulo: COREN; 2014 [capturado 10 abr. 2019]. Disponível em: https://portal.coren-
sp.gov.br/sites/default/ les/parecer_coren_sp_2014_031.pdf.
3. Infusion Nurses Society Brasil. Diretrizes práticas para terapia infusional. São Paulo: INS Brasil; 2013.
4. Azevedo DL, organizador. O uso da via subcutânea em geriatria e cuidados paliativos. 2. ed. Rio de Janeiro: SBGG; 2017.
5. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e
dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 26 jun. 1986;Seção 1:9.273-75 [capturado em 11 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html.
6. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
7. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente: higienização das mãos [Internet]. Brasília: ANVISA; [s.d., capturado em 10
abr. 2019]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf.
8. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
9. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
10. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Coleta de sangue venoso 14
Eliana Cavalari Teraoka
Introdução
A punção venosa é o método mais comum para obtenção de amostra de sangue venoso e envolve a perfuração de
uma veia com agulha estéril.1,2
A coleta de sangue é amplamente praticada e continua sendo de inestimável valor para o diagnóstico e tratamento
de vários processos patológicos. A sistematização do processo de coleta evita uma série de erros, retrabalhos e
desperdícios de amostras e de reagentes, evitando danos aos pacientes e à imagem da instituição e custos maiores e
desnecessários.3 A escolha de materiais deve oferecer segurança ao pro ssional que manuseia o produto, reduzindo
riscos de acidentes de trabalho, proporcionando segurança no atendimento ao paciente e aumentando a con ança do
exercício da função, ofertando um resultado laboratorial con ável.3
Quando há erro na coleta de uma amostra de sangue, os resultados são inexatos e enganosos para o clínico e
podem ocasionar ao paciente o incômodo da repetição do teste. As três principais questões decorrentes de erros na
coleta de uma amostra de sangue são hemólise, contaminação e erro de rotulagem.4
Existem diversas regiões do corpo que podem ser escolhidas para a coleta de sangue venoso, embora qualquer veia
do membro superior que apresente condições possa ser puncionada. As veias basílica mediana e cefálica são as mais
frequentemente utilizadas.5 Deve-se evitar puncionar veias sensíveis, esclerosadas, com trombose e endurecidas, locais
com cicatrizes de queimadura, com terapia endovenosa, membros nos quais se realizou cateterismo ou qualquer outro
procedimento cirúrgico e áreas com hematomas. Não devem ser puncionados os membros superiores do lado em que
foi realizada a mastectomia e os que possuem fístulas arteriovenosas.5 A coleta de amostras de sangue desse tipo de
local pode resultar em falsos resultados do exame ou causar lesão ao paciente. As amostras retiradas próximo à
infusão endovenosa podem estar diluídas ou conter concentrações de uidos. O paciente pós-mastectomia pode ter
drenagem linfática diminuída e risco maior de infecção decorrente da punção.6
A recomendação do Clinical and Laboratory Standardization Institute é que se utilize o sistema fechado, composto
por um dispositivo que permite a aspiração do sangue diretamente da veia por meio de vácuo e/ou aspiração,
utilizando agulha ou cateter agulhado de duas pontas que se conectam diretamente ao tubo de análise para onde o
sangue é drenado.3 As vantagens do sistema fechado para coleta de sangue venoso são: facilidade no manuseio, pois
o tubo para coleta de sangue contém, no seu interior, vácuo calibrado proporcional entre a quantidade de volume de
sangue a ser coletado com o anticoagulante/ativador de coágulo determinado na etiqueta do produto; e segurança e
conforto ao paciente, pois há a disponibilidade de diversos calibres de agulhas e tubos com menor volume de
aspiração, o que torna possível que, em uma única punção, sejam coletados vários tubos (coleta múltipla),
bene ciando os pacientes com acessos venosos difíceis.3
A coleta em sistema aberto (uso de seringa e agulha) eleva o risco de acidente com perfurocortante no manuseio da
transferência do sangue para o tubo e posterior descarte. Os acidentes com agulhas e outros perfurocortantes, em
geral, são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir diversos patógenos.3
O pro ssional de saúde, embasado em conhecimento cientí co, avalia o paciente e escolhe qual material será mais
adequado para a coleta das amostras biológicas, proporcionando segurança e qualidade na fase pré-analítica e
contribuindo para um resultado com qualidade. A escolha do material adequado promove a segurança do pro ssional
de saúde, pela minimização do risco de contaminação, o que atende à norma regulamentadora 32 (NR 32),7 que tem
por nalidade estabelecer diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde do
trabalhador.3
Ressalta-se que, quando é realizada a coleta múltipla – quando há necessidade de coleta para diversos analitos de
um mesmo paciente –, deve-se respeitar a recomendação da sequência dos tubos para que não ocorra contaminação
por aditivos nos tubos subsequentes (contaminação cruzada dos aditivos).5 A sequência recomendada é a seguinte:
De nição
A coleta de amostras de sangue é um dos procedimentos invasivos mais comuns na atenção à saúde.4 Envolve a
inserção de uma agulha de calibre oco no lúmen de uma veia para se obterem amostras de sangue para exames
laboratoriais.6
Indicação
A coleta de sangue é realizada para rotina diagnóstica, monitoramento de pacientes em situações críticas, pesquisa,
auxílio no diagnóstico, testes moleculares, dosagem sérica de fármacos, avaliação da terapêutica implementada,
obtenção de material para análise bioquímica, hormonal e hematológica, determinação da compatibilidade de grupos
e fatores sanguíneos, entre outros.6
Aspectos legais
A equipe de enfermagem pode car responsável pela coleta de amostras de sangue; entretanto, em alguns serviços,
há técnicos de laboratório especialmente capacitados que são responsáveis pela coleta de sangue venoso.6
Nos laboratórios de análises clínicas, a atuação da enfermagem está assegurada pela Portaria CVS-01, de 18 de
janeiro de 2000,8 que trata das condições de funcionamento dos laboratórios de análises clínicas, patologia clínica e
congêneres, e pela Resolução COFEN-146/1992,9 que preconiza a presença de um enfermeiro responsável nos locais
onde existam ações de enfermagem sendo executadas.
Material necessário
■ Bandeja
■ Tubos para amostra laboratorial
■ Dispositivos para coleta de amostras de sangue – método com seringa: agulhas e seringas; coleta a vácuo:
vacutainer e agulha com extremidade dupla
■ Garrote
■ Algodão com álcool a 70%
■ Gaze ou chumaço de algodão hidró lo
■ Etiquetas para identi cação das amostras laboratoriais
■ Guia ou requisição laboratorial
■ Equipamento de proteção individual (EPI): luvas de procedimento, óculos e máscara
2. Desinfectar uma bandeja com álcool a 70% e reunir os materiais. Separar os materiais facilita a organização e o desempenho
e ciente do procedimento.6,11
3. Apresentar-se ao paciente. Identi car o paciente, solicitar que ele informe nome A identi cação do paciente é prática indispensável para garantir
completo e outra identi cação para a con rmação do pedido do exame e das a segurança em qualquer ambiente de cuidado à saúde.12
etiquetas. Processos falhos de identi cação do paciente estão entre as
causas mais comuns de eventos adversos.13
4. Informar o procedimento para o paciente e obter seu consentimento verbal. O paciente tem direito de recusar qualquer procedimento, sendo
necessário assegurar-se de que ele compreendeu o
procedimento.4 O entendimento tranquiliza e promove
cooperação.
7. Garantir que o paciente que confortável, na posição sentada ou deitada. Garantir a melhor posição para o paciente e para o pro ssional
Elevar a cama até a altura do cotovelo do pro ssional. melhora as condições para a execução do procedimento.1
8. Avaliar o paciente para determinar o local a ser puncionado. Expor o braço, Evitar locais contraindicados, conforme exposto no texto.6
apoiá-lo e estendê-lo sobre a superfície.
9. Aplicar um torniquete cerca de 4 a 5 cm acima do local escolhido para a O garrote bloqueia o retorno venoso ao coração a partir da
punção. Pedir ao paciente que feche a mão para que as veias se tornem mais extremidade, levando as veias a se dilatarem, proporcionando
proeminentes. maior visibilidade.5
10. Retirar o torniquete após escolha da veia a ser puncionada. Não usar o torniquete por mais de 1 minuto, pois pode levar à
hemoconcentração e a falsos resultados em certos analitos.5
11. Conectar a agulha na seringa no caso de sistema aberto. No sistema fechado, A coleta de sangue a vácuo é a técnica de coleta de sangue
deve-se acoplar a agulha ou o cateter agulhado no dispositivo para vacutainer. venoso recomendada pelas normas atualmente.5
12. Vestir equipamento de proteção individual: máscara, óculos e luvas de Utilizar luvas quando em risco de contato com sangue, uidos
procedimento. corporais, secreções, excreções, mucosas e pele não intacta; isso
previne a contaminação das mãos de pro ssionais de saúde e
ajuda a reduzir a transmissão de agentes patogênicos.14
13. Inserir novamente o torniquete. O garrote bloqueia o retorno venoso ao coração a partir da
extremidade, levando as veias a se dilatarem, proporcionando
maior visibilidade.5
14. Fazer a antissepsia do local de inserção usando álcool isopropílico a 70% ou A antissepsia da pele evita que microrganismos da microbiota
outro antisséptico, com um movimento circular do centro para fora por 30 cutânea penetrem no tecido no momento da punção. O álcool
segundos, e deixar secar completamente (cerca de 30 segundos). Uma vez que ca na pele pode causar hemólise da amostra e retração do
aplicado álcool ou outro antisséptico, não se deve tocar no local. tecido no local da punção.15
15. Firmar a veia segurando o braço do paciente e colocar um polegar abaixo do Estabilizar a veia e evitar rotação durante a inserção da agulha.5
local da venopunção.
16. Penetrar na veia, num ângulo de 30°, com o bisel voltado para cima. Reduz a chance de trans xação da veia durante a inserção. Ter o
bisel para cima diminui a chance de contaminação pelo fato de
o orifício não ser arrastado na pele, possibilitando que a ponta
da agulha primeiro perfure a pele, diminuindo o traumatismo.5
17. Retirar o torniquete do braço do paciente assim que o sangue começar a uir Aspirar o sangue evitando bolhas e espuma; isso deve ser feito
dentro da seringa. No sistema aberto, aspirar devagar o volume necessário de com agilidade para evitar coagulação.5,16
acordo com a quantidade de sangue requerida na etiqueta dos tubos que serão
utilizados; se for utilizado o sistema fechado, conectar e realizar as trocas dos
tubos.
18. Seguir a ordem dos tubos de acordo com o recomendado. No sistema Deve-se respeitar a recomendação da sequência dos tubos para
fechado, realizar a homogeneização de cada frasco imediatamente após a coleta. que não ocorra contaminação por aditivos nos tubos
subsequentes (contaminação cruzada dos aditivos).5 A
homogeneização dos frascos previne a hemólise.16
19. Retirar delicadamente a agulha. Exercer pressão no local, em geral de 1 a 2 Evitar a formação de hematomas e sangramentos.16
minutos, com algodão ou gaze seca. Fazer curativo oclusivo no local.
20. Descartar a agulha usada ou o dispositivo de coleta de amostra em um Evita acidentes com perfurocortantes. Ressalta-se que as agulhas
recipiente resistente e apropriado para materiais perfurocortantes. não devem ser reencapadas.7
21. Se for utilizado o sistema aberto, abrir a tampa do primeiro tubo, conforme a Evitar a hemólise. Deve-se também respeitar o volume indicado
sequência de tubos na coleta de sangue, e deixar o sangue escorrer pela sua em cada tubo.16
parede.
22. Fechar o tubo e homogeneizar, inverter a amostra suavemente de 5 a 10 vezes Prevenir a hemólise.16
dependendo do tubo utilizado, para misturar os aditivos com o sangue. Etiquetar
e embalar as amostras conforme a política da instituição.
23. Retirar as luvas e colocá-las no lixo infectante. Higienizar novamente as mãos. As mãos devem ser higienizadas após o contato com cada
paciente, evitando, assim, a contaminação cruzada.16
24. Orientar o paciente para que não dobre o braço, não carregue peso ou bolsa Evitar a formação de hematoma no local.4
no mesmo lado da punção por no mínimo 1 hora e não mantenha manga
dobrada, que pode funcionar como torniquete.
25. Colocar as amostras em local adequado ou encaminhá-las para Deve-se respeitar sempre o procedimento operacional do
processamento. laboratório; por exemplo, nos casos indicados, manter
refrigerados os materiais necessários.4
26. Realizar a anotação de enfermagem do procedimento executado. A anotação de enfermagem é uma documentação que respalda
o pro ssional em relação ao procedimento realizado.
Referências
1. Lynn P. Manual de habilidades de enfermagem clínica de Taylor. Porto Alegre: Artmed; 2012.
2. Pagana KD, Pagana TJ. Mosby’s diagnostic and laboratory test reference. 10th ed. St. Louis: Mosby; 2011.
3. Sociedade Brasileira de Patologia. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo
da amostra biológica [Internet]. Barueri: Manole; 2014 [capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em:
www.sbpc.org.br/upload/conteudo/livro_coleta_biologica2013.pdf.
4. World Health Organization. Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: boas práticas em ebotomia [Internet]. Geneva: WHO; [s.d., capturado
em 19 mar. 2019]. Disponível em: http://www.who.int/infection-prevention/publications/Phlebotomy-portuges_web.pdf.
5. Machado AMO, Júnior AM, Frigatto EAM. Manual de coleta de material biológico. Laboratório Central. Hospital São Paulo. São Paulo: Unifesp;
2016-2017.
6. Perry AG, Potter P. Guia completo de procedimentos e competências em enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.
7. Brasil. Ministério do Trabalho. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde [Internet]. Brasília: MTE; [s.d., capturado em 19 mar.
2019]. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR32.pdf.
8. São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Sanitária. Portaria CVS-01, de 18 de janeiro de 2000. Aprova NORMA TÉCNICA
que trata das condições de funcionamento dos Laboratórios de Análises e Pesquisas Clínicas, Patologia Clínica e Congêneres, dos Postos de
Coleta Descentralizados aos mesmos vinculados, regulamenta os procedimentos de coleta de material humano realizados nos domicílios dos
cidadãos, disciplina o transporte de material humano e dá outras providências [Internet]. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde; 2000
[capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em: https://sogi8.sogi.com.br/Arquivo/Modulo113.MRID109/Registro38777/documento%201.pdf.
9. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-146/1992 – revogada pela Resolução 347/2009. Normatiza em âmbito nacional a
obrigatoriedade de haver enfermeiro em todas as unidades de serviço onde são desenvolvidas ações de enfermagem durante todo o período de
funcionamento da instituição de saúde [Internet]. Brasília: COFEN; [s.d., capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-1461992-revogada-pela-resoluo-3472009_4237.html.
10. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: higienização das mãos. Brasília: ANVISA; 2009.
11. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
12. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. 10 Passos para a segurança do paciente. São Paulo: COREN-SP; 2010.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência segura: uma re exão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA; 2017.
14. Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology. Guide to infection prevention in emergency medical services. Washington:
APIC; 2013.
15. Calfee DP, Farr BM. Comparison of four antiseptic preparations for skin in the prevention of contamination of percutaneously drawn blood
cultures: a randomized trial. J Clin Microbiol. 2002;40(5):1660-5.
16. Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina
Laboratorial para coleta de sangue venoso. 2. ed. Barueri: Manole; 2010.
17. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
18. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Prevenção e curativos de lesões 15
15.1
Prevenção de lesão por pressão
Introdução
A longa permanência em hospitais traz como uma de suas consequências mais frequentes o aparecimento de lesões
de pele. A combinação de internações prolongadas com outros fatores de risco, como idade avançada, imobilidade e
restrição ao leito, aumenta ainda mais a incidência dessas lesões.1
Para a manutenção da integridade da pele de pacientes restritos ao leito e a prevenção do desenvolvimento de
lesões tanto de pessoas internadas como daquelas com mobilidade prejudicada em domicílio, deve-se ter como base o
conhecimento e a aplicação de medidas de cuidado que possam ser aplicadas na prevenção de lesões de pele em
geral e, mais especi camente, nas lesões por pressão (LPP).2
As LPP são eventos adversos que ocasionam prejuízos signi cativos aos pacientes, di cultando o processo de
reabilitação funcional, frequentemente em decorrência de dor e do desenvolvimento de infecções graves, tendo sido
associadas a internações prolongadas, sepse e mortalidade. Nesse sentido, as LPP se con guram como um grande
desa o para o paciente, para a sua família e para os pro ssionais de saúde, especialmente os de enfermagem. Essas
lesões ocorrem em pacientes em risco no início do processo de hospitalização ou de admissão em instituições de
longa permanência. Os enfermeiros geralmente são responsáveis pela avaliação do risco de LPP desses pacientes e
pela implantação de estratégias de prevenção adequadas.3
A prevenção de LPP é um dos indicadores de qualidade da assistência e de segurança do paciente, uma vez que elas
contribuem signi cativamente para a redução da qualidade de vida do paciente e para o aumento dos custos
hospitalares e de saúde.2,4 Na Tabela 15.1.1 são apresentados os pontos a serem observados na prevenção desse tipo
de lesão.
Tabela 15.1.1 Pontos a serem observados na prevenção de lesões por pressão (LPP)(NPUAP-2016)
Avaliação de risco
1. Considerar as pessoas restritas ao leito ou à cadeira de rodas como em risco para o desenvolvimento de LPP.
2. Utilizar um instrumento de avaliação de risco estruturado, como a Escala de Braden, para identi car indivíduos em risco de LPP o mais breve
possível, dentro de 8 horas após a admissão.
4. Repetir a avaliação de risco em intervalos regulares e em caso de qualquer alteração nas condições do paciente. Basear a frequência de avaliações
regulares nos níveis de gravidade:
A.Cuidado agudo: todos os turnos (M, T, N)
B. Cuidados a longo prazo: 1 vez por semana por 4 semanas; após, a cada 3 meses
C. Assistência domiciliar: em cada visita do enfermeiro
5. Desenvolver um plano de cuidados tendo como base as áreas de risco, e não a pontuação total da avaliação de risco.
2. Inspecionar a pele pelo menos diariamente em busca de sinais de lesão por pressão, especialmente eritema não palpável.
3. Avaliar os pontos de pressão, como região sacral, cóccix, nádegas, calcanhares, ísquio, trocanteres, cotovelos e abaixo de dispositivos médicos.
4. Ao inspecionar a pele com pigmentação escura, procurar alterações no tom da pele, temperatura e consistência do tecido em comparação com a
pele adjacente. Umedecer a pele auxilia na identi cação de mudanças na cor.
5. Higienizar a pele imediatamente após episódios de incontinência, contato com exsudatos e outros uidos orgânicos.
Nutrição
1. Considerar os indivíduos hospitalizados que estão sob risco de desnutrição, com má nutrição ou desnutridos devido à sua doença ou jejum para
exames diagnósticos.
2. Utilizar uma ferramenta de triagem válida e con ável para determinar o risco de desnutrição, como a miniavaliação nutricional.
5. Incentivar os indivíduos em risco de LPP a consumirem líquidos adequados e a manterem uma dieta equilibrada.
8. Oferecer suplementos nutricionais entre as refeições e com medicamentos orais, a menos que haja contraindicação.
Reposicionamento e mobilização
1. Mudar o decúbito e reposicionar os indivíduos em risco de LPP, a menos que haja contraindicação devido a condições médicas ou tratamentos
realizados.
2. Escolher uma frequência de mudança de decúbito com base na superfície de suporte em uso, a tolerância da pele para pressão e as preferências
do indivíduo.
3. Considerar prolongar o horário de mudança de decúbito durante a noite para permitir o sono ininterrupto.
4. Modi car o decúbito da pessoa para uma posição deitada lateral de 30° e utilizar a mão como parâmetro para determinar se o sacro está distante
da cama.
7. Considerar o nível de imobilidade, a exposição ao cisalhamento, a umidade da pele, a perfusão, o tamanho do corpo e o peso do indivíduo ao
escolher uma superfície de suporte.
8. Continuar a reposicionar um indivíduo mesmo quando colocado em qualquer superfície de suporte (p. ex., colchão piramidal).
9. Usar uma almofada de incontinência respirável durante o uso de superfícies de controle do microclima (temperatura e umidade local do tecido na
interface corpo/superfície de apoio).
10. Usar uma almofada de cadeira de redistribuição de pressão para pessoas sentadas em cadeiras ou cadeiras de rodas.
12. Se o indivíduo não puder ser movido ou posicionado com a cabeceira da cama elevada acima de 30°, colocar uma cobertura de espuma de
poliuretano na região sacral.
13. Usar dispositivos de descarga de calcanhar ou pensos de espuma de poliuretano em indivíduos de alto risco para úlceras no calcanhar.
Educação
2. Envolver o indivíduo e seus familiares nas intervenções de redução de risco de lesão por pressão.
De nição
O conceito, a nomenclatura e a descrição dos estágios da LPP foram modi cados em 2016 pelo National Pressure
Ulcer Advisory Panel (NPUAP), organização norte-americana dedicada à prevenção e ao tratamento das LPP. Essas
modi cações foram validadas para o português pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) e pela Sociedade
Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE).6 O NPUAP vem fornecendo o padrão-ouro para o diagnóstico
e a classi cação de LPP por quase três décadas e espera continuar colaborando para melhorar os resultados dos
pacientes na prevenção e no tratamento desse tipo de lesão por meio de políticas públicas, educação e pesquisa.
A LPP é de nida como um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma
proeminência óssea, como resultado de pressão intensa ou em combinação com cisalhamento, podendo ainda estar
relacionada ao uso de dispositivos médicos ou a outros artefatos.6
A tolerância dos tecidos moles à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada por fatores intrínsecos (idade
avançada, redução da mobilidade ou imobilidade, dé cit sensorial, alteração no nível de consciência, comorbidades,
estado nutricional, desidratação, perfusão tecidual) e extrínsecos (microclima, umidade, fricção, pressão,
cisalhamento).5,6
Indicação
COFEN. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e
a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado
pro ssional de enfermagem, e dá outras providências.7
COFEN. Resolução nº 501, de 9 de dezembro de 2015. Regulamenta a competência da equipe de enfermagem no
cuidado às feridas e dá outras providências.8
COFEN. Anexo Resolução nº 501/2015. Norma técnica que regulamenta a competência da equipe de enfermagem
no cuidado às feridas.9
Observações
Introdução
Ferida aberta pode ser de nida como a descontinuidade de um tecido corporal, em maior ou em menor extensão,
provocada por agentes traumáticos (mecânicos, químicos e/ou físicos), desencadeada por ações intencionais (cirurgias)
ou, ainda, motivada por doenças sistêmicas (isquemias ou pressão), alérgicas ou in amatórias que desencadeiam
mecanismos de defesa do organismo.1
As ações que envolvem o cuidado de feridas são temas de destaque em diversas áreas da saúde, pois trata-se de
uma prática que remonta aos primórdios da civilização, estando intimamente relacionada aos hábitos e costumes dos
povos, e que, com o passar da história e do desenvolvimento tecnológico, conquistou mérito cientí co.2
Para que o pro ssional de enfermagem possa desenvolver os cuidados necessários referentes ao tratamento de
feridas, torna-se necessário o conhecimento da siologia do processo de cicatrização. A cicatrização acontece em três
fases distintas:3
■ Fase in amatória: fase exsudativa, com duração entre 1 e 4 dias. É caracterizada por processos que buscam
limitar a lesão tecidual – a hemostasia e a resposta in amatória aguda. Corresponde à ativação do sistema de
coagulação sanguínea e à liberação de mediadores químicos (fator de ativação de plaquetas, fator de crescimento,
serotonina, epinefrina e fatores de complemento). Nesta fase, a ferida pode apresentar edema, vermelhidão e dor.
■ Fase proliferativa: fase regenerativa, com duração entre 5 e 20 dias. É caracterizada pela proliferação de
broblastos, sob a ação de citocinas que dão origem a um processo denominado broplasia. Ao mesmo tempo,
ocorre a proliferação de células endoteliais, com formação de rica vascularização (angiogênese) e in ltração densa
de macrófagos, formando o tecido de granulação.
■ Fase de reparo ou reconstrução: fase de maturação que inicia no 21º dia e pode durar meses. É a última fase do
processo de cicatrização. A densidade celular e a vascularização da ferida diminuem, enquanto há a maturação das
bras colágenas. Ocorre uma remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. O alinhamento das bras é
reorganizado a m de aumentar a resistência do tecido e diminuir a espessura da cicatriz, reduzindo a deformidade.
Durante esse período, a cicatriz vai progressivamente alterando sua tonalidade, passando da cor acastanhada para a
cor rósea.
De nição
Também chamado por alguns autores de cobertura, o curativo é um conjunto de técnicas utilizadas no cuidado de
feridas (Figs. 15.2.1 e 15.2.2) que vão desde a limpeza da lesão com irrigação de solução siológica até o uso de
coberturas especí cas. Tem como objetivo favorecer o processo de cicatrização e proteger a ferida contra agressões
externas, mantendo-a úmida e preservando a integridade da região periférica.4
Figura 15.2.1 Algoritmo de limpeza de feridas crônicas. SF, soro siológico; UBS, unidade básica de saúde.
Fonte: Adaptada de São Paulo.8
Figura 15.2.2 Algoritmo de curativo de feridas cirúrgicas.
Fonte: São Paulo.8
Indicação
Aspectos legais
COFEN. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e
a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado
pro ssional de enfermagem, e dá outras providências.5
COFEN. Resolução nº 501, de 9 de dezembro de 2015. Regulamenta a competência da equipe de enfermagem no
cuidado às feridas e dá outras providências.6
COFEN. Anexo Resolução nº 501/2015. Norma técnica que regulamenta a competência da equipe de enfermagem
no cuidado às feridas.7
Material necessário
■ Bandeja
■ Kit para curativo estéril, composto por pinças hemostáticas, dente de rato e anatômica
■ Frasco de solução siológica a 0,9%, 500 mL, aquecido (40-50ºC)
■ Dispositivo de irrigação (Transo x ou agulha 40×12)
■ Pacotes de gaze estéril
■ Coberturas padronizadas da instituição
■ Faixa crepe (10 ou 15 cm)
■ Esparadrapo, ta microporosa, ta crepe
■ Luvas de procedimento e estéreis
■ Réguas de papel
■ Papel-toalha
■ Biombo
■ Equipamento de proteção individual (avental, máscara, gorro e óculos de proteção)
■ Bacia estéril ou forro plástico estéril
1. Reunir todo o material necessário, conforme o ambiente (domicílio/unidade de Necessidade de organização e planejamento do
saúde). procedimento.
2. Orientar o paciente quanto ao procedimento a ser realizado. Diminuir o estresse e permitir a colaboração do paciente no
procedimento.
4. Higienizar as mãos; vestir equipamento de proteção individual (EPI) (máscara, gorro Ver capítulo sobre biossegurança (Cap. 5) – prevenção de
e óculos de proteção). contato com secreções e uidos.9,10
6. Antes da remoção, observar o curativo anterior quanto às características do O exsudato é o produto resultante de um processo
exsudato. in amatório ou infeccioso. As características envolvem: o
tipo, a quantidade, a cor, o odor e a consistência. É
produzido a partir da interação entre etiologia da ferida,
siologia da cicatrização e processos patológicos/toxinas das
bactérias.11,12
7. Remover cuidadosamente as tas adesivas com solução siológica a 0,9%; caso Esse cuidado reduz as chances de traumatizar o tecido de
haja aderência aos tecidos recém-formados, umedeça com solução siológica a 0,9% granulação no leito da ferida e as bordas da lesão.
até que se desprenda.
8. Realizar a limpeza do membro, das adjacências da ferida e pele periférica, com A aplicação do soro siológico através da irrigação sob a
sabonete neutro e água corrente (encanada e tratada pelo serviço de abastecimento variação de pressão entre 04 e 08 “psi” (per square inch) é a
ou, então, fervida), seguir com a limpeza da ferida com solução siológica a 0,9% em forma mais segura de obter bons resultados. Esses valores
jatos utilizando frasco de soro com agulha 40×12 mm. Para secar extremidades e de pressão maximizam a remoção bacteriana do tecido
membros, utilizar papel-toalha. A pele do membro deve ser hidratada com um lesado e tornam a limpeza e caz.11,13,14
produto adequado.
9. Retirar as luvas de procedimento e desprezá-las em lixo especí co. Evitar contaminação ambiental.
10. Utilizar o pacote de curativos ou instrumentais (pinças) se o curativo for realizado Uso da técnica asséptica no sentido de reduzir ao máximo a
na unidade, ou usar luvas estéreis na ausência dos instrumentais; no domicílio, usar as carga microbiana por meio da utilização de insumos, objetos
luvas de procedimento (técnica limpa). livres de microrganismos com o objetivo de evitar
contaminação local. No domicílio, recomenda-se a técnica
limpa em razão dos custos e falta de habilitação técnica dos
cuidadores.15
11. Realizar a limpeza da ferida com jatos de solução siológica a 0,9% Havendo presença de tecido desvitalizado ou bio lme, o jato
preferencialmente morna ou em temperatura ambiente mediante uma perfuração no pode promover remoção, que pode ser também auxiliada
frasco com uma agulha de calibre 30×8 mm ou 40×12 mm. suavemente com o uso de pinça hemostática do pacote de
curativo, com gaze embebida em solução siológica a 0,9%,
sem esfregar e com cuidado para não provocar
sangramento.16,17
12. Realizar a mensuração com a régua de papel e registro fotográ co (esse último A avaliação de feridas por mensuração e fotogra a digital é
sempre que possível); dependendo do tamanho da ferida, pode ser mensurado a cada amplamente utilizada por valorizar elementos da realidade,
15 dias ou semanalmente (na unidade hospitalar, o registro deve ser diário). que permitem o reconhecimento e a documentação das
feridas com delidade para posterior avaliação.18
13. Realizar avaliação da ferida determinando a fase de cicatrização em que se A avaliação da ferida deve contemplar os princípios de
encontra e o tipo de tecido presente no leito da ferida, com o intuito de selecionar a preparação do leito da ferida, recomendada
cobertura mais indicada. internacionalmente pelo acrônimo TIME/DIME.8,14,19-22
■ Tissue/Debridement: Tecido não viável (retirar e preparar o
leito);
■ Infection: Infecção/in amação (diminuir carga bacteriana);
■ Moisture: Umidade da ferida (controle de umidade);
■ Edge: Bordas da ferida não avançam (proteger e
desbridar).
15. Ocluir o curativo, conforme necessidade (cobertura secundária, gazes, compressas Permitir a manutenção do curativo primário junto ao leito da
algodonadas, ataduras e/ou bota de Unna). ferida e proteção desta.8,19-22
16. Recolher todo o material e desprezar o material descartável utilizado em lixo Organizar o material e evitar contaminação do ambiente.
apropriado.
20. Nas unidades de saúde, agendar retorno ao serviço. Acompanhar a evolução da ferida.
Referências
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enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências. Diário O cial da União. 23 out. 2009;Seção 1:179.
6. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 501, de 9 de dezembro de 2015. Regulamenta a competência da equipe de enfermagem
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15.3
Curativo de incisão cirúrgica
Introdução
A incisão de sítio cirúrgico representa objeto de estudo de vários pro ssionais da saúde, como enfermeiros e médicos,
e funciona como um dos marcadores de qualidade de vida dos pacientes a ela submetidos. Os enfermeiros, pelo maior
tempo dedicado aos cuidados diretos aos pacientes, têm a oportunidade de avaliar com mais cautela essas feridas.
O enfermeiro, pro ssional atuante na equipe multi e interdisciplinar de saúde, tem importante papel na assistência a
pessoas com incisão cirúrgica ou ferida operatória. São os pro ssionais com competência legal para o manuseio das
lesões de pele de qualquer etiologia, por permanecer maior tempo prestando cuidados diretos e sistemáticos aos
pacientes em sua recuperação, tendo a oportunidade de avaliar cautelosamente as feridas com a frequência
necessária e adequada.
Neste capítulo, são apresentadas as recomendações para o curativo da incisão cirúrgica, com o objetivo de
proporcionar uma assistência de qualidade e, assim, permitir uma recuperação mais rápida e segura, impactando na
melhor qualidade de vida para os pacientes com ferida operatória.
De nição
A ferida provocada pela incisão cirúrgica denomina-se ferida cirúrgica, que converge para involução completa e
espontânea, apresentando poucas variações individuais, em intervalo de tempo mais ou menos predeterminado. São
classi cadas como agudas e têm a possibilidade de serem realizadas com o propósito de reduzir os riscos de
complicações. Mesmo sendo planejadas, podem se tornar crônicas, prolongando sobremaneira sua duração.1-3
Entre os eventos sistêmicos e locais que in uenciam o processo cicatricial de uma ferida operatória, citam-se:
hematoma, seroma, infecção, necrose de partes moles e deiscência.3
Destaca-se que a infecção de sítio cirúrgico (ISC) permanece como um dos principais riscos à segurança dos
pacientes nos serviços de saúde do Brasil. Estudos apontam que sua ocorrência ocupa o 3º lugar entre as infecções
relacionadas à assistência à saúde (IRAS), incluindo 14 a 16% daquelas encontradas em pacientes
institucionalizados.4,5
De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e o Ministério da Saúde, a incidência de
infecções hospitalares varia de 3 a 11% e até 10%, respectivamente.6,7
Em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a primeira edição do manual Second global patient
safety challenge: safe surgery saves lives8, que são diretrizes para cirurgia segura. Em 2016, a OMS lançou as Diretrizes
Globais para a Prevenção da ISC, a rmando que os riscos são multifatoriais e a prevenção é complexa e necessita da
integração de medidas preventivas no pré, intra e pós-operatório. Seguindo essas diretrizes, a Anvisa lançou as
recomendações básicas de prevenção das IRAS.7
Indicação
As feridas cirúrgicas são indicadas para a obtenção de acesso ao sítio cirúrgico que se pretende abordar, de modo que
a cicatrização seja rápida e e caz, com cicatrização por primeira intenção com ou sem drenos.6,7
O curativo na incisão cirúrgica deve, portanto, consistir na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma
ferida, quando necessário, com a nalidade de promover uma cicatrização rápida e prevenir complicações. Nesse
sentido, a viabilidade do tecido circundante à linha de sutura deve ser observada, pois este é determinante para a sua
cicatrização, avaliando-se a ocorrência de edema, rubor e calor local, assim como a presença de quaisquer tipos de
secreções – serossanguinolenta, sanguinolenta e purulenta – na própria incisão cirúrgica.1,2
Aspectos legais
O enfermeiro tem competência para realizar curativos, assim como coordenar e supervisionar a equipe de
enfermagem no que tange à prevenção e ao cuidado das feridas. Esse procedimento de prevenção e cuidado deve ser
executado no contexto do processo de enfermagem, atendendo-se às determinações da Resolução nº 358, de 15 de
outubro de 2009, do COFEN,9 e aos princípios da Política Nacional de Segurança do Paciente, do Sistema Único de
Saúde.
O Código de Ética de Enfermagem, reformulado em 2017 sob a Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017,10
re etindo a complexidade da atuação pro ssional nos tempos atuais, precisa reconhecer cada vez mais a valiosa e
importante atribuição legal de avaliar, manusear e documentar a pele de pacientes com incisões cirúrgicas. A
Resolução nº 567, de 29 de janeiro de 2018, do COFEN,11 regulamenta a atuação da equipe de enfermagem no
cuidado aos pacientes com feridas e determina que compete ao enfermeiro da área a participação na avaliação,
elaboração de protocolos, seleção e indicação de novas tecnologias em prevenção e tratamento de pessoas com
feridas.
Material necessário
■ Pacote de curativo (com 3 pinças – 2 de dissecção anatômica – pinça com e sem dente e hemostática – Kelly)
■ Luvas de procedimento
■ Pacotes de gaze estéril
■ Solução siológica
■ Adesivo hipoalergênico
■ Biombo
■ Saco de lixo
■ Lixeira para resíduo infectante
■ Carrinho de curativo
Para a realização do curativo de incisão cirúrgica, deve-se veri car a validade de todo o material a ser utilizado.
Para a operacionalização do curativo da incisão cirúrgica, sempre se inicia pela área mais limpa, mantendo-se um
único sentido. O curativo do dreno, se presente, deve ser realizado separado daquele da incisão cirúrgica, pois o
número de trocas está diretamente relacionado à quantidade de drenagem. A retirada de pontos ocorrerá após a
cicatrização da ferida, que varia de 7 a 10 dias, dependendo da localização, e ciência da irrigação sanguínea dos
tecidos e evolução do processo cicatricial e tipo de cicatrização. A seguir, apresentamos o passo a passo do curativo1,12
e os diagnósticos de enfermagem, baseados na classi cação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA-I,
intervenções e resultados.13-16
2. Certi car-se da identidade do paciente (conferindo pulseira de identi cação, prescrição Evitar erros, a m de assegurar a segurança do
médica e de enfermagem). paciente.12
3. Orientar o paciente quanto ao procedimento a ser realizado. Diminuir a ansiedade e promover a colaboração do
paciente.1
4. Colocar um biombo de forma que o paciente não seja visualizado por outros. Garantir a privacidade.
5. Posicionar o paciente possibilitando acesso do pro ssional à ferida cirúrgica e conforto Garantir a visualização da ferida cirúrgica pelo
ao paciente. pro ssional e conforto ao paciente.7
7. Abrir o pacote de curativo e colocar gaze estéril em quantidade su ciente no campo, Facilitar a execução do procedimento e evitar a
usando técnica asséptica. contaminação do material.7
8. Expor o cabo de uma das pinças, pegando-a pela ponta com o auxílio do campo, Facilitar a execução do procedimento e evitar a
tocando somente na face externa. Utilizando essa pinça, dispor as demais com os cabos contaminação do material.7
voltados para a borda do campo.
9. Umedecer com solução siológica as gazes em contato direto com a ferida antes da Minimizar a dor e o trauma do tecido próximo à incisão
remoção. cirúrgica.7
10. Remover o curativo anterior com auxílio das luvas de procedimento. Facilitar a retirada do curativo e permitir a visualização
da ferida e da pele adjacente.7
11. Descartar o curativo anterior e todo material utilizado durante o procedimento na Propiciar destino adequado ao curativo removido e à
lixeira de resíduo infectante ou no saco plástico. pinça ou à luva utilizada.
12. Observar o aspecto e as condições da ferida. Inspecionar a ferida cirúrgica, observar complicações e
sinais de infecção (calor, rubor, hiperemia, secreção).1,7
13. Montar a pinça hemostática (Kelly) com gaze, auxiliada pela pinça de dissecção Promover a limpeza e evitar a contaminação da
anatômica, e umedecê-la com soro siológico a 0,9%. ferida.1,7
14. Limpar a ferida cirúrgica com a gaze ao longo das bordas de uma extremidade da Promover a limpeza e evitar a contaminação da
incisão para outra (em sentido único); certi car-se de limpar cada lado da ferida ferida.1,7
separadamente. Repetir o processo usando nova gaze umedecida, até que toda a incisão
que limpa e seca. Não friccionar para frente e para trás na linha de incisão.
15. Manter a ferida aberta. Avaliar a incisão. Se não apresentar exsudato, mantê-la
exposta até a remoção da sutura, uma vez que a
indicação do curativo de incisão cirúrgica é ocluir por
24 a 48 horas após o fechamento (síntese). 6,7
Recomendar ao paciente que higienize a incisão com
água e sabão durante o banho, secando-a com toalha
limpa e seca.7
16. Recolher e encaminhar o material para o expurgo, acondicionar o pacote de curativo Destinar adequadamente os materiais, pois o descarte
em local apropriado até encaminhá-lo à central de processamento de material e desprezá- adequado dos resíduos sólidos de saúde reduz a
lo no saco plástico em lixeira infectante. transmissão de microrganismos.12
19. Registrar a realização do procedimento no prontuário, descrevendo a presença ou não Documentar o cuidado e subsidiar o tratamento,
de exsudato, características, aspecto do leito da ferida, condições da pele, evolução da planejando a assistência de enfermagem e fornecendo
ferida e reações do paciente à terapêutica. informações para avaliação do cuidado prestado.1,7
Dor aguda relacionada a agentes físico lesivo evidenciada por expressão Administração de analgésicos Controle da dor
facial de dor, alteração no apetite e autorrelato das características e Controle da dor Estado de conforto
intensidade da dor Monitoração de sinais vitais Sinais vitais
Integridade da pele prejudicada relacionada a agente físico lesivo Cuidados com o local de incisão Cicatrização de
evidenciada por alteração na integridade da pele feridas: primeira
intenção
Risco de infecção relacionado a procedimento invasivo Avaliar as condições da incisão cirúrgica, a m de Gravidade da
prevenir infecção e facilitar o processo de infecção
cicatrização
Monitorar sinas e sintomas de infecção (edema,
hiperemia, calor, rubor, hipertermia)
Utilizar técnica asséptica do curativo e outros
procedimentos
Controle de infecção
Cuidados com o local de incisão
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Termoterapia e crioterapia 16
Rosali Isabel Barduchi Ohl
Suzel Regina Ribeiro Chavaglia
Graciana Maria de Moraes Coutinho
Termoterapia
Introdução
A termoterapia surgiu a partir do momento em que o homem primitivo percebeu que, expondo-se ao sol, obtinha
benefícios – o calor era reconfortante e os efeitos, vitalizantes. Sem nenhum tipo de conhecimento, apenas com a
capacidade de observação, o homem, intuitivamente, banhou um ferimento em água para curar e friccionou o
músculo contundido para aliviar a dor. Hoje ela é uma ferramenta terapêutica utilizada em muitos traumas e no
reumatismo, sendo um de seus principais efeitos imediatos, o alívio da dor.1,2
De nição
Medida terapêutica e/ou de conforto que consiste no uso de calor de origem química, elétrica, magnética ou
mecânica, em aplicação cutânea, para auxiliar nas funções siológicas – vasodilatação e terapêuticas –, aumentando o
metabolismo celular.3
Indicação1-3
■ Aumentar o uxo sanguíneo e o aporte de oxigênio
■ Diminuir edemas
■ Facilitar a cicatrização
■ Proporcionar vasodilatação
■ Promover o relaxamento muscular, a extensibilidade dos tecidos moles, a alteração de propriedades viscoelásticas
teciduais e a redução da in amação
Contraindicação
■ Feridas cirúrgicas
■ Hemorragias
■ Lesões abertas
■ Luxações e trações (antes de 24 horas)
■ Presença de fenômenos tromboembólicos
■ Pacientes hemofílicos
■ Pacientes com fragilidade capilar
Aspectos legais
Resolução COFEN-197/1997. Estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou quali cação do
pro ssional de enfermagem.4
Resolução COFEN-0500/2015. Revoga, expressamente, a Resolução COFEN nº 197, de 19 de março de 1997, a qual
dispõe sobre o estabelecimento e reconhecimento de terapias alternativas como especialidade e/ou quali cação do
pro ssional de enfermagem, e dá outras providências.5
Parecer n° 08/2014/COFEN/CTLN6 – As atividades de crioterapia, termoterapia, hidroterapia, curativos, entre outras
citadas no cotidiano de sua atuação pro ssional, não constituem ações privativas de pro ssionais de enfermagem, no
entanto, há o devido amparo legal para que tais atividades possam ser executadas com autonomia pelo enfermeiro(a),
inclusive com a utilização de modernas técnicas, como o laser e o ultrassom, desde que devidamente treinado,
integrando tais atividades às atividades multipro ssionais.
Material necessário
■ Bandeja
• Calor seco: bolsa de água quente, almofadas, cobertor elétrico, foco de luz
• Calor úmido: compressa, bacia, balde, jarro
■ Toalha
■ Luvas de procedimento
1. Higienizar as mãos. Ver higienização das mãos. Prevenção de contato com secreções e
uidos.
2. Preparar o material e colocar sobre a mesa de cabeceira do paciente. Necessidade de organização e planejamento do procedimento.
3. Orientar o paciente e/ou o acompanhante sobre o procedimento. Diminuir o estresse e permitir a colaboração do paciente no
procedimento.
5. Calçar as luvas de procedimento. Ver POP especí co (biossegurança). Prevenção de contato com
secreções e uidos.
8. Providenciar água quente (temperatura média de 55-65ºC). Temperatura ideal para promover a vasodilatação e alívio da dor.
Acima dessa temperatura pode haver lesões de pele.1,2
9. Aplicar a bolsa protegida com a toalha e mantê-la no local adequado por no Promover a proteção da pele. Acima de 20 minutos, a bolsa sofre
máximo 20 minutos. esfriamento, perdendo sua efetividade.2
10. No caso de compressa, submergi-la na água aquecida (temperatura Promover a vasodilatação. Acima de 20 minutos, a compressa
adequada), torcer para retirar o excesso e aplicar sobre o local por no máximo sofre resfriamento, perdendo sua efetividade.3,4,7
20 minutos.
11. Deixar a unidade/local do paciente em ordem e confortável. Faz parte do planejamento e das atividades da enfermagem
manter o ambiente limpo e organizado.
12. Retirar as luvas de procedimento e desprezá-las. Prevenir infecções; é uma técnica utilizada como medida
prioritária nos serviços de saúde.
13. Higienizar as mãos. Prevenir infecções; é uma técnica utilizada como medida
prioritária nos serviços de saúde.
14. Anotar no prontuário do paciente a realização do procedimento. Faz parte do planejamento e das atividades da enfermagem fazer
anotações detalhadas dos cuidados e/ou procedimentos
realizados.
Precauções
■ Não ultrapassar 20 minutos de aplicação/imersão.
■ Observar a temperatura da água, pois pode causar queimaduras na pele.
■ Proteger a pele para evitar queimaduras.
■ Lubri car a pele (com óleo de amêndoa, cremes).
■ Não expor demasiadamente o local a m de evitar penetração de ar frio.
■ Quando usar material elétrico, certi car-se de que está em perfeito estado e com isolamento a m de evitar
choques.
■ Observar alterações da pele: vermelhidão, formação de bolhas.
Crioterapia
Introdução
A crioterapia consiste em um conjunto de técnicas muito usadas por pro ssionais da saúde, principalmente no meio
esportivo, que utiliza o frio em forma sólida, líquida e/ou gasosa com objetivo terapêutico. A retirada de calor do
corpo induz os tecidos a um estado de hipotermia, favorecendo uma redução da taxa metabólica local. Assim que
ocorre uma lesão, é muito comum a utilização do frio como tratamento imediato, além de ser uma técnica prática e
de baixo custo, o que in uencia a popularização de seu uso.1,2
De nição
A palavra crioterapia é derivada do grego, krios, que signi ca “frio”, em conjunção com terapia, que é tratamento, ou
seja, “tratamento por meio do frio”. É de nida como uma medida terapêutica e/ou de conforto, que consiste no uso
do frio em aplicação cutânea, para auxiliar nas funções siológicas – vasoconstrição e consequente redução da dor, do
edema e da in amação.3,7
Indicação1-3,7
■ Promover vasoconstrição
■ Reduzir a formação de edema
■ Diminuir a temperatura corporal
■ Estancar hemorragia
■ Diminuir o metabolismo
■ Diminuir processos in amatórios
■ Aliviar a dor
Contraindicação
■ Rigidez articular
Aspectos legais
Resolução COFEN-197/1997. Estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou quali cação do
pro ssional de enfermagem.4
Resolução COFEN-0500/2015. Revoga, expressamente, a Resolução COFEN nº 197, de 19 de março de 1997, a qual
dispõe sobre o estabelecimento e reconhecimento de terapias alternativas como especialidade e/ou quali cação do
pro ssional de enfermagem, e dá outras providências.5
Resolução n° 577, de 5 de junho de 2018. Atualiza, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos Regionais de
Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a
Enfermeiros e aprova a lista das especialidades.8
Material necessário9,10
■ Bandeja
• Frio seco – bolsa de gelo
• Frio úmido – compressa fria
■ Toalha
■ Luvas de procedimento
■ Bacia
■ Gelo
1. Higienizar as mãos. Ver higienização das mãos. Prevenção de contato com secreções e
uidos
2. Preparar o material e colocar sobre a mesa de cabeceira do paciente. Necessidade de organização e planejamento do procedimento.
3. Orientar o paciente e/ou o acompanhante sobre o procedimento. Diminuir o estresse e permitir a colaboração do paciente no
procedimento.
5. Calçar as luvas de procedimento. Ver POP especí co (biossegurança). Prevenção de contato com
secreções e uidos
7. Expor a área em que será aplicada a crioterapia. Expor apenas a área para assegurar a privacidade do paciente.
8. Aplicar a bolsa de gelo protegida com toalha e mantê-la no local adequado Evitar lesões de pele e promover vasoconstrição e alívio da dor.5,8,9
por no máximo 20 minutos.
9. No caso de compressa, submergi-la na água fria (temperatura adequada), Promover a vasodilatação. Acima de 20 minutos, a compressa sofre
torcer para retirar o excesso e aplicar sobre o local por no máximo 20 minutos. aquecimento, perdendo sua efetividade.10,11
10. Deixar a unidade/local do paciente em ordem e confortável. Faz parte do planejamento e das atividades de enfermagem manter
o ambiente limpo e organizado.
11. Retirar as luvas de procedimento e desprezá-las. Prevenir infecções; é uma técnica utilizada como medida prioritária
nos serviços de saúde.
12. Higienizar as mãos. Prevenir infecções; é uma técnica utilizada como medida prioritária
nos serviços de saúde.
13. Anotar no prontuário do paciente a realização do procedimento. Faz parte do planejamento e das atividades de enfermagem fazer
anotações detalhadas dos cuidados e/ou procedimentos realizados.
Precauções
■ Não ultrapassar os 20 minutos de aplicação da bolsa/compressa.
■ Trocar sempre que necessário.
■ Proteger o local, evitando molhar a roupa de cama e a do paciente.
■ Enxugar a área após terminar a aplicação.
■ Observar sinais de dormência ou queimação, formigamento, vermelhidão, descoloração azulada.
Hipotermia Aplicação de calor Termorregulação: equilíbrio entre produção, aumento e perda de calor
Controle de sinais vitais – temperatura
Hipertermia Aplicação de frio Termorregulação: equilíbrio entre produção, aumento e perda de calor
Controle de sinais vitais – temperatura
Referências
1. Felice TD, Santana LR. Recursos sioterapêuticos (crioterapia e termoterapia) na espasticidade: revisão de literatura. Rev Neurocienc.
2009;17(1):57-62.
2. Akin MD, Weingand KW, Hengehold DA, Goodale MB, Hinkle RT, Smith RP. Continuous low-level topical heat in the treatment of dysmenorrhea.
Obstet Gynecol. 2001;97(3):343-9.
3. Nadler SF, Weingand K, Kruse RJ. The physiologic basis and clinical applications of cryotherapy and thermotherapy for the pain practitioner. Pain
Physician. 2004;7(3):395-9.
4. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-197/1997. Estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou
quali cação do pro ssional de enfermagem [Internet]. Brasília: COFEN; 1997 [capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-1971997_4253.html.
5. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-0500/2015. Revoga, expressamente, a Resolução COFEN nº 197, de 19 de março de
1997, a qual dispõe sobre o estabelecimento e reconhecimento de terapias alternativas como especialidade e/ou quali cação do pro ssional de
enfermagem, e dá outras providências [Internet]. Brasília: COFEN; 2015 [capturado em 19 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05002015_36848.html.
6. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Parecer n° 08/2014/COFEN/CTLN. Legislação pro ssional. Questionamento do COREN-PB acerca das
atribuições privativas do sioterapeuta para utilização de meios fototerápicos [Internet]. Brasília: COFEN; 2014 [capturado em 11 abr. 2019].
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/parecer-n-0812014cofenctln_50327.html.
7. Bissell JH. Therapeutic modalities in hand surgery. J Hand Surg Am. 1999;24(3):435-48.
8. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n° 577, de 5 de junho de 20I8. Atualiza, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos Regionais
de Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das
especialidades. Diário O cial da União. 13 jun. 2018;Seção 1:94.
9. Lane E, Latham T. Managing pain using heat and cold therapy. Paediatr Nurs. 2009;21(6):14-8.
10. Chaou CH, Chen CK, Chen JC, Chiu TF, Lin CC. Comparisons of ice packs, hot water immersion, and analgesia injection for the treatment of
centipede envenomations in Taiwan. Clin Toxicol (Phila). 2009;47(7):659-62.
11. Knight KL. Crioterapia no tratamento de lesões esportivas. Barueri: Manole; 2000.
12. Silva ALP, Imoto DM, Croci AT. Comparison of cryotherapy, exercise and short waves in knee osteoarthritis treatment. Acta Ortop Bras.
2007;15(4):204-9.
13. Vieira RQ, Caverni LMR. Técnicas de revulsão na prática das enfermeiras brasileiras: os rubefacientes físicos (1932-1942). Rev Enferm UFSM.
2013;3(1):1-7.
14. Oliveira RM, Silva LMS, Leitão IMTA. Análise dos saberes e práticas de enfermeiras sobre avaliação da dor no contexto hospitalar. Rev Enferm
UFPE on line. 2010;4(3):1392-1400.
15. Doenges ME, Moorhouse MF, Murr AC. Diagnósticos8 de enfermagem: intervenções, prioridades, fundamentos. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2011.
16. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
17. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
18. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Oxigenoterapia 17
Graciana Maria de Moraes Coutinho
Ana Laura Oliveira Guedes
Introdução
O sistema respiratório compreende desde o nariz até os alvéolos pulmonares e visa garantir a realização das trocas
gasosas em condições adequadas, em face da inalação constante de impurezas e de microrganismos presentes no
meio ambiente.1
A prescrição de oxigênio deve respeitar indicações de nidas e incluir especi cações de dose, forma de
administração, duração da terapia e monitoração da saturação.2
De nição
A oxigenoterapia é de nida como a administração de oxigênio com nalidade terapêutica, em casos em que o
paciente apresenta respiração ruidosa, taquipneia, ortopneia, cianose, batimentos das asas do nariz, queda da
saturação de oxigênio, entre outros.3 As formas mais convencionais de administração de oxigênio dependem de
máscaras faciais ou cânulas e dispositivos nasais.4
Consiste na oferta adequada de oxigênio (O2) complementar ao paciente com a nalidade de impedir ou tratar
de ciência de oxigênio ou hipóxia. A American Association for Respiratory Care (AARC) cita como principais
indicações de oxigenoterapia pacientes com pressão arterial de oxigênio (PaO2) menor do que 60 mmHg ou saturação
periférica de oxigênio (SpO2) menor do que 90% em ar ambiente, ou SpO2 menor do que 88% durante a
deambulação, exercícios ou sono em portadores de doença cardiorrespiratória.5
Aspectos legais
A oxigenoterapia deve ser prescrita pelo médico, e sua administração pode ser realizada pelo enfermeiro, técnico ou
auxiliar de enfermagem.
Na ausência do médico, em casos de pacientes graves com risco de vida, cabe ao enfermeiro a avaliação da conduta
de enfermagem a ser tomada, incluindo o uso (prescrição) de cateter nasal e oxigênio medicinal, se necessário, até a
chegada do médico (Parecer COREN-SP 014/2012 – CT. PRCI n° 99.072/20126).
A seguir, serão apresentadas a indicação, o material necessário e as etapas dependendo do dispositivo a ser
utilizado.
Indicação
A administração de oxigênio por cateter ou cânula nasal é empregada quando o paciente requer uma concentração
média ou baixa de O2 destinada a prevenir e tratar hipóxia. É relativamente simples e permite que o paciente converse
e se alimente sem interrupção da administração do O2. Deve ser prescrita pelo médico, que determinará o volume de
oxigênio necessário para cada paciente.3
Material necessário
■ Bandeja
■ Cateter nasal – que pode ser utilizado em diferentes tamanhos (8 a 12) em adultos
■ Umidi cador
■ Extensão de látex/silicone
■ Fluxômetro
■ Luvas de procedimento
■ Fonte de oxigênio
■ Solução siológica a 0,9%
■ Adesivo hipoalergênico
■ Gaze
■ Álcool a 70%
1. Veri car a prescrição médica de administração de oxigênio por cateter/cânula nasal. Identi car e evitar possíveis erros na prescrição.7,8
3. Reunir todo o material em uma bandeja previamente desinfetada com álcool a 70% e levar Priorizar o material de acordo com o procedimento
junto ao paciente. faz parte do planejamento de enfermagem.11
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber orientações sobre
os procedimentos que serão realizados.11,12
5. Promover a privacidade do paciente, colocando biombo. Manter a privacidade e integridade do paciente faz
parte dos cuidados de enfermagem em uma visão
individualizada e holística.11,12
7. Conectar o cateter na extensão de látex/silicone, e esta no umidi cador. Após, o O uxômetro é o medidor acoplado à fonte de
umidi cador deverá ser conectado à rede de oxigênio por meio do uxômetro. oxigênio. Tem a nalidade de regular a quantidade
de litros de oxigênio oferecida ao paciente.13
9. Posicionar o paciente de maneira confortável, geralmente em Fowler ou semi-Fowler. Permitir que as micropartículas penetrem
profundamente nas vias aéreas e promover o
máximo de expansão pulmonar.3
10. Realizar a higiene das narinas do paciente com gaze umedecida em solução siológica a Manter intacta a pele e as membranas da mucosa e
0,9%. reduzir a proliferação de microrganismos.3
11. Introduzir o cateter nasal na narina do paciente. Para a sua colocação, lubri ca-se o Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
cateter e mede-se a distância da orelha ao nariz, aproximadamente 5 cm, introduzindo com superior do paciente. A cânula se manterá no lugar
suavidade. se ela se encaixar confortavelmente.13
12. Realizar a xação delicadamente do cateter na região temporal ou sobre o nariz com ta Manter intacta a pele e as membranas da
adesiva. Se o cateter nasal for do tipo óculos, posicionar o cateter na narina, nas orelhas e mucosa.13,14
ajustá-lo na mandíbula do paciente de maneira confortável.
13. Abrir o uxômetro que regula a quantidade de oxigênio em litros por minuto, de acordo Garantir o aporte de oxigênio prescrito e a
com a prescrição médica. permeabilidade da cânula.3
14. Avaliar o estado respiratório do paciente e veri car a frequência e esforço respiratórios e Garantir o aporte de oxigênio prescrito, a
sons pulmonares. Observar sinais de sofrimento respiratório, taquipneia, dispneia e permeabilidade da cânula13 e a segurança do
batimentos das asas do nariz. Inspecionar se há alívio dos sintomas do paciente. paciente.11,12
15. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
paciente numa posição anatômica adequada,
promovendo conforto e segurança.12
16. Manter o ambiente em ordem. A organização do ambiente faz parte das atividades
da enfermagem.
17. Retirar as luvas de procedimento, desprezá-las em lixo infectante e higienizar as mãos. Prevenir infecção é uma medida prioritária nos
serviços de saúde.7,9,10
18. Veri car o procedimento e realizar as anotações de enfermagem no prontuário. Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem fazer anotações detalhadas dos
cuidados e/ou procedimentos realizados.3
Indicação
É empregada quando o paciente necessita utilizar máscara facial simples, máscaras com reinalação parcial, máscara
sem reinalação e máscara de Venturi. A máscara deve servir como conforto ao paciente, atentando-se para o ajuste
correto ao rosto para evitar saída de oxigênio. Esse método é utilizado quando o paciente necessita uidi car
secreções e também de aporte de oxigênio. Deve ser prescrito pelo médico, que determinará o volume de oxigênio
para cada paciente.3
Os materiais necessários e as etapas para administração de oxigênio por máscara serão divididos em: (1) Máscara
facial simples, máscaras com reinalação parcial e máscara sem reinalação; (2) máscara de Venturi.
1. Máscara facial simples, máscaras com reinalação parcial e máscara sem reinalação
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Traqueia ou extensão de látex/siliconada
■ Máscara facial especi cada pelo médico
■ Fluxômetro
■ Água destilada estéril
■ Cadarço ou ta elástica
■ Gaze
■ Fonte de oxigênio
■ Umidi cador
1. Veri car a prescrição médica de administração de oxigênio por máscara. Identi car e evitar possíveis erros na prescrição.7,8
3. Reunir todo o material em uma bandeja previamente desinfetada com álcool a 70% e Priorizar o material de acordo com o procedimento
levar junto ao paciente. faz parte do planejamento de enfermagem.11
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber orientações sobre os
procedimentos que serão realizados.11,12
5. Promover a privacidade do paciente colocando biombo. Manter a privacidade e integridade do paciente faz
parte dos cuidados de enfermagem em uma visão
individualizada e holística.11,12
7. Posicionar o paciente de maneira confortável, geralmente em Fowler ou semi-Fowler. Permitir que as micropartículas penetrem
profundamente nas vias aéreas e promover o máximo
de expansão pulmonar.3
8. Preencher o umidi cador com água destilada estéril até o nível máximo. O oxigênio deve ser umidi cado para não lesar o
epitélio ciliar, o que di culta a eliminação do muco e
provoca uma reação in amatória subepitelial.3
9. Conectar a máscara facial à traqueia ou extensão de látex/siliconada, e esta ao Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
umidi cador. Após, conectar o umidi cador na fonte de oxigênio por meio do uxômetro superior do paciente. A máscara se manterá no lugar
(com umidi cação caso seja necessário [conforme o tipo de máscara]). se ela se encaixar confortavelmente.13
10. Colocar a máscara sobre o nariz, a boca e o queixo do paciente delicadamente; se Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
necessário, colocar gaze. superior do paciente. A máscara se manterá no lugar
se ela se encaixar confortavelmente.13
11. Ajustar a faixa elástica/cadarço em torno da cabeça para prender a máscara rmemente, Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
mas de maneira confortável. superior do paciente. A máscara se manterá no lugar
se ela se encaixar confortavelmente.11
12. Observar sinais de hiperemia no local da faixa elástica/cadarço. Usar gaze ou compressa Proteger a pele evitando lesões por pressão.11
em pontos de pressão no pescoço, orelha e couro cabeludo.
13. Abrir o uxômetro que regula a quantidade de oxigênio em litros por minuto. No caso Garantir o aporte de oxigênio prescrito e a
de máscara com reservatório, veri car se a bolsa do reservatório está cheia de oxigênio. permeabilidade da máscara.3
14. Ajustar o volume de uxo à velocidade de acordo com a prescrição médica. Garantir o aporte de oxigênio prescrito e a
permeabilidade da máscara.3
15. Avaliar o estado respiratório do paciente e veri car frequência e esforço respiratórios e Garantir o aporte de oxigênio prescrito, a
sons pulmonares. Observar sinais de sofrimento respiratório, taquipneia, dispneia e permeabilidade da cânula13 e a segurança do
batimentos das asas do nariz. Inspecionar se há alívio dos sintomas do paciente. paciente.11,12
16. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
paciente em uma posição anatômica adequada,
promovendo o conforto e a segurança.12
17. Manter o ambiente em ordem. A organização do ambiente faz parte das atividades
da enfermagem.
19. Veri car o procedimento e realizar as anotações de enfermagem no prontuário. Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem fazer anotações detalhadas dos cuidados
e/ou dos procedimentos realizados.3
2. Máscara de Venturi
Com esse tipo de máscara, é possível ofertar oxigênio de baixo e alto uxo. Essas máscaras são precisas e seguras e
permitem obter diferentes concentrações de oxigênio, que podem variar de 24 a 50% com a mudança do dispositivo
denominado Venturi (Fig. 17.1).13
Figura 17.1 Máscara de Venturi.
Fonte: Romed.15
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Máscara
■ Conexão de látex
■ Traqueia
■ Fonte de oxigênio
■ Fluxômetro
■ Umidi cador
■ Água destilada
■ Diluidores coloridos para diferentes concentrações (24%, 28%, 31%, 35%, 40% e 50%)
■ Adaptador de acrílico para nebulização
1. Veri car a prescrição médica de administração de oxigênio por máscara de Venturi. Identi car possíveis erros na prescrição.7,8
3. Reunir todo o material em bandeja previamente desinfetada com álcool a 70% e levar Priorizar o material de acordo com o procedimento faz
junto ao paciente. parte do planejamento de enfermagem.11
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber orientações sobre os
procedimentos que serão realizados.11,12
5. Promover a privacidade do paciente, colocando biombo. Manter a privacidade e integridade do paciente faz parte
dos cuidados de enfermagem em uma visão
individualizada e holística.11,12
7. Posicionar o paciente de maneira confortável, geralmente em Fowler ou semi-Fowler. Permitir que as micropartículas penetrem
profundamente nas vias aéreas e promover o máximo de
expansão pulmonar.3
8. Adaptar a máscara à traqueia, e esta ao diluidor colorido, de acordo com a prescrição Evitar ressecamento das membranas mucosas e orais e
médica. secreções nas vias aéreas.13
9. Inserir o adaptador de acrílico no diluidor de oxigênio. Após, conectar a conexão de Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
látex/siliconada. superior do paciente 3 e garantir o aporte de oxigênio
prescrito.14
10. Preencher o umidi cador com água destilada estéril até o nível máximo, colocando a O oxigênio precisa ser sempre umidi cado para não lesar
data da instalação para realizar a troca do sistema (máscara/traqueia/umidi cador) o epitélio ciliar, o que di culta a eliminação do muco e
conforme padronização da instituição, e conectar na conexão de látex/siliconada. provoca uma reação in amatória subepitelial.3,14
11. Conectar o umidi cador no uxômetro de oxigênio e ajustar o uxômetro de acordo O uxômetro direcionará a quantidade de oxigênio
com a prescrição médica. oferecido.
12. Colocar a máscara de Venturi sobre o nariz, a boca e o queixo do paciente Direcionar o uxo de oxigênio ao trato respiratório
delicadamente, ajustando o elástico na parte posterior da cabeça. superior do paciente. A máscara se manterá no lugar se
ela se encaixar confortavelmente.3
13. Observar sinais de hiperemia no local da faixa elástica/cadarço. Usar gaze ou Proteger a pele evitando lesões por pressão.11,14
compressa em pontos de pressão no pescoço, orelha e couro cabeludo.
14. Avaliar o estado respiratório do paciente e veri car frequência e esforço respiratórios e Garantir o aporte de oxigênio prescrito13 e a segurança
sons pulmonares. Observar sinais de sofrimento respiratório, taquipneia, dispneia e do paciente.11,12
batimentos das asas do nariz. Inspecionar se há alívio dos sintomas do paciente.
15. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
paciente em uma posição anatômica, promovendo o
conforto e a segurança.11,12
16. Manter o ambiente em ordem. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
ambiente organizado.
17. Higienizar as mãos. Prevenir infecção é uma medida prioritária nos serviços
de saúde.7,9,10
18. Veri car o procedimento e realizar as anotações de enfermagem no prontuário. Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem anotar detalhadamente os cuidados e/ou
procedimentos realizados.3
Indicação
Método terapêutico que transforma uma solução (água ou soluções salinas) em névoa quando submetida a uma
determinada pressão. Pode ser associada à terapia medicamentosa (mucolíticos, antibióticos, broncodilatadores e anti-
in amatórios); esses medicamentos são aplicados através da boca e cavidade nasal, ou por traqueostomia,
uidi cando as secreções, diminuindo os processos in amatórios e reduzindo o broncospasmo.16
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Fluxômetro
■ Micronebulizador completo
■ Conexão de látex/siliconada
1. Veri car a prescrição médica de administração de oxigênio por inalação. Identi car possíveis erros na prescrição.7,8
2. Higienizar as mãos. Prevenir infecção é uma medida prioritária nos serviços de saúde.7-9
3. Reunir todo o material em uma bandeja previamente desinfetada com álcool Priorizar o material de acordo com o procedimento faz parte do
a 70% e levar junto ao paciente. planejamento de enfermagem.11
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber as orientações dos procedimentos
que serão realizados.11,12
5. Promover a privacidade do paciente, colocando biombo. Manter a privacidade e a integridade do paciente faz parte dos
cuidados de enfermagem em uma visão individualizada e
holística.11,12
8. Instalar o uxômetro na rede de ar comprimido ou oxigênio e testá-lo. Priorizar o material de acordo com o procedimento faz parte do
planejamento de enfermagem.3
9. Colocar a medicação prescrita no copo do nebulizador. Garantir o aporte de oxigênio e medicamentoso prescrito.3
10. Conectar a máscara ao nebulizador, o nebulizador na conexão de Oferecer uma via de passagem do oxigênio de sua fonte para o
látex/siliconada, e esta ao uxômetro. paciente.3
11. Aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la (cobrindo a boca e o Garantir o aporte de oxigênio e medicamentoso prescrito e a
nariz) até que a solução termine e abrir o uxômetro até a formação de névoa. permeabilidade da máscara.3
12. Fechar o uxômetro e retirar o nebulizador. Certi car-se do término da solução e do fechamento do uxômetro
para não ter desperdício de oxigênio.3
13. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o paciente em uma
posição anatômica, promovendo conforto e segurança.11,12
14. Manter o ambiente em ordem. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o ambiente
organizado.
15. Higienizar as mãos. Prevenir infecção; é uma medida prioritária nos serviços de
saúde.7,9,10
16. Veri car o procedimento e realizar as anotações de enfermagem no Faz parte do planejamento e das atividades de enfermagem fazer
prontuário. anotações detalhadas dos cuidados e/ou procedimentos
realizados.3
Autocuidado
A oxigenoterapia é utilizada para auxiliar o paciente na assistência/suporte ventilatório por meio de máscaras faciais,
nasais ou bucais. Estudos evidenciam elevados benefícios no uso do oxigênio nos casos relacionados a patologias
respiratórias agudas e crônicas, durante a internação ou em domicílio, proporcionando uma maior estabilização clínica
e uma melhor qualidade de vida ao paciente.6,17
Cabe ao enfermeiro capacitar o paciente/familiar a efetuar os cuidados referentes ao uso da oxigenoterapia na alta
hospitalar e no acompanhamento domiciliar, reduzindo as complicações relacionadas ao dé cit de autocuidado.6,17
Referências
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7. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. Acordos básicos de cooperação na Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do
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12. Morganheira D, Silva P, Pereira R, Ruivo A. Preservação do direito à privacidade: perceção do doente internado: revisão integrativa. RIASE.
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13. Souza EN, organizador. Manual de procedimentos básicos de enfermagem. Porto Alegre: UFCSPA; 2016.
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16. Parente AAAI, Maia PN. Aerossolterapia. Pulmão RJ 2013;22(3):14-19.
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79.
18. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
19. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
20. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Aspiração de cânulas 18
18.1
Aspiração das vias aéreas em pacientes intubados
Introdução
O procedimento de aspiração de secreções das vias aéreas é essencial para a maioria dos indivíduos hospitalizados que
se encontram intubados pela via traqueal. Na maioria das vezes, a intubação está associada ao uso de equipamentos
(ventiladores pulmonares mecânicos), que, por meio de pressão positiva, permitem a ventilação e a oxigenação
pulmonar em pacientes com comprometimento grave da função respiratória.
A intubação traqueal é um procedimento médico. Geralmente, opta-se pela colocação do tubo através da boca –
orotraqueal – por ser o meio mais rápido e recomendado. Em casos especí cos, como cirurgia que envolva a cavidade
bucal, trauma ou sangramento oral, utiliza-se a via nasal (intubação nasotraqueal). Entretanto, a intubação através de
uma das narinas apresenta riscos de diversas complicações, entre elas a sinusite, que pode desencadear, em alguns
dias, a pneumonia hospitalar.1 Qualquer que seja a via, o tubo substitui a passagem natural do ar pelas vias aéreas
superiores. Assim, as funções de aquecimento, umidi cação e ltragem natural do ar que acontecem através do nariz
e vias aéreas superiores cam prejudicadas e devem ser compensadas por meio de umidi cação externa.2 Outro
aspecto a considerar é que a utilização de um tubo traqueal está vinculada à necessidade de fornecer oxigênio e, se
este não for umidi cado, o uxo contínuo do gás torna a via aérea ressecada e mais suscetível à formação de
secreções espessas, formando tampões mucosos (“rolhas”). As secreções espessas ou rolhosas, além de difícil sucção,
podem obstruir total ou parcialmente o lúmen da cânula, piorando de forma signi cativa a condição do paciente,
inclusive levando-o à morte se a desobstrução não for realizada em tempo hábil.3,4
Considerando-se a importância de manter a via aérea pérvia, ou seja, livre de impedimentos para o uxo de ar, o
procedimento de aspiração das vias aéreas arti ciais deve ser realizado de acordo com a necessidade de cada paciente
e de acordo com as melhores evidências cientí cas conhecidas,3 que serão destacadas no presente capítulo.
De nição
A aspiração da cânula endotraqueal é a retirada de secreções das vias aéreas utilizando-se uma sonda de aspiração
acoplada a um sistema de sucção a vácuo (pressão negativa). A nalidade é manter a via aérea permeável,
possibilitando a livre passagem do ar durante os ciclos respiratórios.2-5
Indicação
O procedimento deve ser realizado somente quando houver sinais ou sintomas indicativos de que há secreções nas
vias aéreas (Tab. 18.1.1).
Posteriores
■ Edema traqueobronqueal4
■ Infecção pulmonar4,5,10,15
Aspectos legais
Em 23 de agosto de 2017, o COFEN divulgou a Resolução nº 5577 que determina que pacientes considerados graves
(no ambiente hospitalar), com via aérea arti cial, submetidos ou não à ventilação pulmonar mecânica, devem ser
aspirados exclusivamente por enfermeiros. Em casos de pacientes não graves em unidades de repouso/observação,
unidades de internação e em atendimento domiciliar, eles poderão ser aspirados pelo técnico de enfermagem, desde
que devidamente avaliado e prescrito pelo enfermeiro como parte integrante do processo de enfermagem. 7
Material necessário
■ Equipamento de proteção individual: máscara e óculos de proteção, luvas de procedimento e, se necessário (em
casos de isolamento de contato), avental descartável.10
■ Materiais para o procedimento:12,16
• Sondas de aspiração descartáveis de diferentes calibres
• Luva estéril (única) para a mão dominante
• Aspirador de secreções (portátil ou sistema de vácuo)
■ Equipamentos mínimos para monitoração/segurança do paciente:16,17
• Fonte de oxigênio
• Monitor cardíaco
• Oxímetro de pulso
■ Outros:18
• Estetoscópio para avaliação
• Dispositivo do tipo bolsa-válvula-máscara (“ambu”)
• Protetor de papel ou toalha para proteção do tórax
• Flaconete de soro siológico ou similar ou recipiente com água limpa para limpeza da extensão do aspirador ao
término do procedimento
Recomendações gerais
Com a nalidade de proporcionar maior segurança durante o procedimento, recomendam-se alguns cuidados
descritos na Tabela 18.1.3.
A aspiração com sistema aberto ainda é amplamente utilizada e deve ser realizada de forma asséptica, seguindo as
recomendações descritas a seguir.
1. Avaliar a necessidade da aspiração endotraqueal e, se indicada, preparar os materiais e equipamentos Aspirações sem indicação
necessários.5,8,10 podem ser prejudiciais ao
paciente. Preparar o
material antecipadamente
agiliza o processo e evita a
interrupção do
procedimento.
4. Posicionar o paciente em decúbito dorsal elevado, com a cabeça centralizada.19 Facilitar a introdução da
sonda e evitar a
broncoaspiração.
5. Avaliar parâmetros basais antes do procedimento: SpO2, frequência cardíaca e frequência respiratória.12 Minimizar alterações
desencadeadas pela
sucção.
6. Em pacientes com dispositivo de oxigenoterapia (ventilador mecânico ou outros), recebendo frações elevadas (FiO2), Evitar hipoxemia e a piora
aumentar o oxigênio ofertado (pré-oxigenação) para 100% durante 1 a 2 minutos, enquanto prepara o material para o do desconforto
procedimento.5,8,10,22 respiratório.
7. Adaptar rmemente a ponta da sonda de aspiração na extremidade da extensão do aspirador. (Essa ponta pode ser Evitar que a sonda se
manipulada com a mão não estéril.) Manter o corpo da sonda dentro da embalagem, mantendo-a estéril enquanto desprenda da extensão
prepara os itens 8 e 9.18,19 antes ou durante o
procedimento.
8. Abrir o sistema de aspiração e mantê-lo com pressão entre 100 a 200 mmHg ou, no máximo, até 250 mmHg em Sucções com pressões
adultos. Manter a sonda próxima ao paciente.3,11,23 elevadas são
desconfortáveis,
aumentam o risco de
sangramento, hipoxemia e
podem provocar
atelectasias.
9. Calçar a luva estéril na mão dominante. Usar a outra mão para desconectar o paciente do ventilador ou outro Evitar infecção.
dispositivo. Quando o procedimento for realizado por duas pessoas, o dispositivo pode ser desconectado pelo outro
pro ssional.24
10. Retirar a sonda da embalagem e introduzir a sonda no tubo traqueal segurando-a com a mão estéril. Com a outra Evitar maior retirada de ar
mão, segurar a extensão do aspirador próximo à válvula, porém sem ocluir sua abertura (sem sucção). Caso a sonda e minimizar desconforto e
não disponha da abertura, fazer a interrupção da pressão, dobrando manualmente a extensão.19,24 hipoxemia, além de evitar
infecção.
11. Durante a introdução da sonda, manter o tubo traqueal rme e centralizado. Se o paciente estiver consciente, Evitar traumatismo,
solicitar a ele que não movimente a cabeça e estimulá-lo a tossir durante o procedimento. Se necessário, outro deslocamento do tubo e
pro ssional deve auxiliar o operador a segurar o tubo. Introduzir a sonda sem sucção, até que o paciente tussa ou que extubação não planejada.
encontre resistência à passagem (provável encontro da ponta da sonda na carina). Nesse momento, tracionar a sonda Além de evitar desconforto
de 1 a 2 centímetros e iniciar a sucção. Retirar a sonda em um único movimento ou realizando movimentos circulares. e hipoxemia.
A velocidade da retirada deve durar cerca de 10 segundos, não excedendo 15.3,19,21
12. Repetir as manobras (introdução e retirada da sonda) se necessário, com intervalos de descanso e oxigenação. Evitar desconforto,
Permitir ao menos 4 a 6 ciclos respiratórios entre uma e outra aspiração ou até a saturação retornar ao nível basal. traumatismo e hipoxemia.
Evitar várias aspirações consecutivas (o ideal é que sejam no máximo três, ou até menos). Reconectar o ventilador
mecânico ou dispositivo de oxigenoterapia nos intervalos entre as sucções. Reavaliar a necessidade de repetir o
procedimento.18,24
13. Observar, durante o procedimento: aspecto do paciente, das secreções (quantidade, aspecto, odor, consistência e Os registros fornecem
coloração) e alterações mostradas pelo monitor, principalmente de frequência cardíaca, pressão arterial e SpO2.12,21 subsídios para avaliação do
quadro pulmonar e
repercussão hemodinâmica
do procedimento.
15. Retirar a luva estéril e acondicionar dentro dela a sonda de aspiração para ser desprezada em lixo infectante. Aspirar Manter as condições de
água limpa de recipiente pequeno ou outra solução similar para limpeza da extensão do aspirador. higiene do ambiente e dos
dispositivos para aspiração.
16. Manter a hiperoxigenação durante 1 a 2 minutos ou até que a saturação retorne ao nível basal. Em adultos, pode- Evitar a hipoxemia e
se manter a hiperoxigenação por até 5 minutos.18,22 garantir a oxigenação.
17. Avaliar o efeito da sucção por meio da ausculta pulmonar ou perguntando diretamente ao paciente consciente, A avaliação fornece
certi cando-se de que ele está confortável.10,18,19 subsídios para veri cação
da e cácia do
procedimento.
19. Fazer as anotações relacionadas ao procedimento; registrar reações adversas caso tenham ocorrido.18,19,21 Os registros fornecem
subsídios para avaliação e
evolução do paciente.
Situações especiais
Alguns pacientes podem apresentar condições diferenciadas, e algumas di culdades durante o procedimento podem
ser encontradas, conforme descrito na Tabela 18.1.4.
Pacientes com intubação traqueal necessitam de cuidados especí cos e podem apresentar alguns dos diagnósticos de
enfermagem descritos a seguir. Para cada diagnóstico, são apresentadas as intervenções e os resultados esperados.
Desobstrução ine caz das vias aéreas Aspiração de vias aéreas Estado respiratório: permeabilidade das vias
Controle de vias áreas arti ciais aéreas
Inserção e estabilização de vias aéreas Prevenção da aspiração
arti ciais
Assistência ventilatória
Integridade da membrana mucosa oral prejudicada Restauração da saúde oral Integridade tissular: mucosa oral
Risco de integridade da membrana mucosa oral Controle de riscos: processo infeccioso
prejudicada Saúde oral
Referências
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Leitura recomendada
Guglielminotti J, Alzieu M, Maury E, Guidet B, Offenstadt G. Bedside detection of retained tracheobronchial secretions in patients receiving
mechanical ventilation: is it time for tracheal suctioning? Chest. 2000;118(4):1095-9.
18.2
Aspiração das vias aéreas em pacientes traqueostomizados
Introdução
A aspiração de pacientes com traqueostomia no ambiente hospitalar, assim como daqueles com intubação traqueal, é
um procedimento que exige habilidades e conhecimentos especí cos para não ocasionar danos aos pacientes no
momento da realização.
A aspiração de secreções através da traqueostomia geralmente apresenta menor di culdade de execução devido ao
posicionamento e comprimento da cânula (mais curta do que as sondas de intubação) e pela facilidade de xação.
Assim, o risco de decanulação é menor, mas o procedimento não é totalmente isento de complicações.
Quando o paciente está traqueostomizado, além da observação das características das secreções aspiradas, é
importante observar se elas são exteriorizadas pelo estoma ao redor da cânula. Essa situação pode ocorrer quando
houver tosse e excesso de secreções, ou, ainda, quando o balonete da cânula da traqueostomia não está
adequadamente insu ado, ou quando há infecção local e dilatação do estoma.1 As recomendações para a aspiração
de traqueostomia são semelhantes às da aspiração de cânula de intubação orotraqueal (ver Tab. 18.1.1).
Vale destacar que, em razão da cânula de traqueostomia estar posicionada na região cervical, muito próxima da
região torácica, o risco da ponta da sonda de aspiração tocar o tórax durante sua manipulação é maior, devendo-se,
portanto, atentar para que isso não ocorra.
De nição
A traqueostomia é uma abertura cirúrgica na região cervical cuja nalidade é a colocação de um dispositivo
temporário (cânula descartável) na traqueia que permita o acesso às vias aéreas. Tal como a sonda de intubação
traqueal, a cânula de traqueostomia necessita ser mantida pérvia, por meio da sucção de secreções das vias aéreas,
para permitir uma adequada ventilação pulmonar.1-3
Indicação
A traqueostomia no ambiente hospitalar é indicada para pacientes nas seguintes situações: obstrução de vias aéreas
que não são corrigidas pela intubação traqueal; necessidade de suporte ventilatório arti cial por tempo prolongado ou
para aqueles não dependentes de ventilação mecânica, mas que necessitam de higienização brônquica frequente; e,
ainda, para aqueles que necessitam de proteção das vias aéreas.1-3 Da mesma forma que o tubo traqueal, o
procedimento de aspiração da traqueostomia deve ser realizado somente quando houver sinais ou sintomas
indicativos de que há secreções nas vias aéreas (ver Tab. 18.1.1). Aspirações periódicas sem indicação podem acarretar
riscos ou complicações para o paciente, conforme descrito na Tabela 18.1.2.
Aspectos legais
A Resolução COFEN nº 557, de 23 de agosto de 2017,4 artigo 2º, já mencionada no capítulo anterior, é válida
também para pacientes submetidos à traqueostomia, que sejam considerados graves, em unidades de emergência, de
internação intensiva, semi-intensivas ou intermediárias, ou demais unidades de assistência, ou seja, a aspiração da
traqueostomia deverá ser realizada pelo pro ssional enfermeiro. Em outros casos, como, por exemplo, pacientes não
graves em unidades de repouso/observação, unidades de internação e em atendimento domiciliar, a aspiração poderá
ser feita pelo técnico de enfermagem, desde que devidamente avaliado e prescrito pelo enfermeiro como parte
integrante do processo de enfermagem.4
Complicações
Aspirações periódicas sem indicação podem acarretar riscos ou complicações ao paciente.5-8 As complicações
imediatas relacionadas à aspiração das vias aéreas em geral são ocasionadas por supressão temporária de oxigênio
e/ou tempo prolongado de sucção, o que leva a hipoxemia, instabilidade hemodinâmica e atelectasia. Técnica
agressiva ou inapropriada, utilização de sondas calibrosas ou o contato da própria sonda de aspiração com a carina e a
instilação de solução salina podem provocar dor, tosse, broncospasmo e lesões na mucosa com sangramento.
Posteriormente, o edema local e a infecção decorrentes de inadvertidas aspirações podem propiciar complicações
tardias (ver Tab. 18.1.2).
Material necessário
■ Equipamento de proteção individual: máscara e óculos de proteção, luvas de procedimento e, se necessário (em
casos de isolamento de contato), avental descartável9
■ Materiais para o procedimento:10,11
• Sondas de aspiração descartáveis de diferentes calibres
• Luva estéril (única) para a mão dominante
• Aspirador de secreções (portátil ou sistema de vácuo)
■ Equipamentos mínimos para monitoração/segurança do paciente:11,12
• Fonte de oxigênio
• Monitor cardíaco
• Oxímetro de pulso
■ Outros:13
• Estetoscópio para avaliação
• Dispositivo do tipo bolsa-válvula-máscara (“ambu”)
• Protetor de papel ou toalha para proteção do tórax
• Flaconete de soro siológico/água destilada ou recipiente com água limpa para limpeza da extensão do aspirador
ao término do procedimento
A sonda poderá ser mais curta, se disponível. Se utilizada a sonda comum para a aspiração, a porção a ser
introduzida a cada aspiração não deverá ser maior do que o comprimento da cânula de traqueostomia (de 10 a 15
cm), evitando-se, assim, lesões na carina ou nas mucosas.3
Caso esteja disponível, a sucção poderá ser realizada com sistema fechado de aspiração, sendo, nesses casos,
dispensável o uso de luva estéril, pois o sistema permite a introdução da sonda sem o risco de contaminação.
A aspiração com sistema aberto ainda é amplamente utilizada e deve ser realizada de forma asséptica, seguindo-se as
recomendações descritas a seguir.
1. Avaliar a necessidade da aspiração e, se indicada, preparar os materiais e equipamentos que serão utilizados.7,9,14 Aspirações sem indicação
podem ser prejudiciais ao
paciente. Preparar o material
antecipadamente agiliza o
processo e evita a interrupção
do procedimento.
4. Posicionar o paciente em decúbito dorsal elevado, com a cabeça centralizada (posição neutra).16 Facilitar a introdução da sonda
de aspiração e evitar
broncoaspiração.
5. Avaliar parâmetros basais antes do procedimento: saturação periférica de oxigênio (SpO2), frequência cardíaca Minimizar alterações
(FC) e frequência respiratória.10 desencadeadas pela sucção.
6. Em pacientes com dispositivo de oxigenoterapia (ventilador mecânico ou nebulização) recebendo frações Evitar hipoxemia e piora do
elevadas (FiO2), aumentar o oxigênio ofertado (pré-oxigenação) para 100% durante 1 a 2 minutos, enquanto se desconforto respiratório.
prepara o material para o procedimento.7,9,14,18
7. Adaptar rmemente a ponta da sonda de aspiração na extremidade da extensão do aspirador. (Essa ponta pode Evitar que a ponta se
ser manipulada com a mão não estéril.) Manter o corpo da sonda dentro da embalagem, mantendo-a estéril desprenda da extensão antes
enquanto prepara as etapas 8 e 9.13,16 ou durante o procedimento.
Evitar a transmissão de
infecção.
8. Abrir o sistema de aspiração e mantê-lo com pressão entre 100 a 200 mmHg ou no máximo até 250 mmHg em Sucções com pressões elevadas
adultos. Manter a sonda próxima ao paciente.6,19,20 são desconfortáveis,
aumentam o risco de
sangramento, de hipoxemia e
podem provocar atelectasias.
9. Calçar a luva estéril na mão dominante. Usar a outra mão para desconectar o paciente do ventilador ou de outro Evitar a transmissão de
dispositivo. Quando o procedimento for realizado por duas pessoas, o dispositivo pode ser desconectado pelo outro infecção.
pro ssional.21
10. Retirar a sonda da embalagem e introduzir a sonda pela traqueostomia, segurando-a com a mão estéril. Com a Evitar maior retirada de ar e
outra mão, segurar a extensão do aspirador próximo à válvula, porém sem ocluir sua abertura (sem sucção). Caso a minimizar desconforto e
sonda não disponha de abertura, fazer a interrupção da pressão, dobrando manualmente a extensão.16,21 hipoxemia, além de evitar a
transmissão de infecção.
11. Durante a introdução da sonda, manter a cabeça centralizada. Se estiver consciente, solicitar ao paciente para Evitar traumatismo,
não movimentá-la e estimulá-lo a tossir durante o procedimento. Introduzir a sonda sem sucção, até que o paciente desconforto, e hipoxemia.
tussa ou até que encontre resistência à passagem (provável encontro da ponta da sonda na carina). Nesse
momento, tracionar a sonda de 1 a 2 centímetros e iniciar a sucção. Retirar a sonda em um único movimento ou
realizando movimentos circulares. A velocidade da retirada deve durar cerca de 10 segundos, não excedendo
15.6,16,17
12. Repetir as manobras (introdução e retirada da sonda), se necessário, com intervalos de descanso e oxigenação. Evitar desconforto,
Permitir ao menos 4 a 6 ciclos respiratórios entre uma e outra aspiração ou até a saturação retornar ao nível basal. traumatismo, e hipoxemia.
Evitar várias aspirações consecutivas (o ideal é que sejam no máximo três, ou até menos). Reconectar o dispositivo
de oxigenoterapia nos intervalos entre as sucções. Reavaliar a necessidade de repetir o procedimento.13,21
13. Observar, durante o procedimento: aspecto do paciente, das secreções (quantidade, aspecto, odor, consistência Os registros fornecem
e coloração) e alterações mostradas pelo monitor, principalmente de FC, pressão arterial e SpO2.10,17 subsídios para avaliação do
quadro pulmonar e
repercussão hemodinâmica do
procedimento.
14. Após a aspiração do tubo, realizar aspiração orofaríngea.22 Secreções acumuladas na boca
e orofaringe são passíveis de
serem broncoaspiradas e
podem ser foco de infecção
pulmonar.
15. Retirar a luva estéril e acondicionar a sonda de aspiração dentro dela para ser desprezada em lixo infectante. Manter as condições de
Aspirar aconete ou água limpa de recipiente pequeno para limpeza da extensão do aspirador. higiene do ambiente e dos
dispositivos para aspiração.
16. Manter a hiperoxigenação durante 1 a 2 minutos ou até que a saturação retorne ao nível basal. Em adultos, Evitar a hipoxemia e garantir a
pode-se manter a hiperoxigenação até 5 minutos.13,18 oxigenação.
17. Avaliar as condições do estoma. Se necessário, refazer o curativo. Pode haver saída de secreções
ou sangue pelo estoma.
18. Avaliar o efeito da sucção por meio da ausculta pulmonar ou perguntando diretamente ao paciente consciente A avaliação fornece subsídios
e deixá-lo confortável.9,13,16 para veri cação da e cácia do
procedimento.
20. Fazer as anotações relacionadas ao procedimento; registrar reações adversas caso tenham ocorrido.13,16,17 Os registros fornecem
subsídios para avaliação e
evolução do paciente.
Situações especiais
Pacientes traqueostomizados hospitalizados podem apresentar condições diferenciadas, e as ações devem ser
adequadas para melhora da segurança e diminuição do desconforto e efeitos adversos (Tab. 18.2.1).
Pacientes com traqueostomia em situação hospitalar necessitam de cuidados especí cos e podem apresentar alguns
dos diagnósticos de enfermagem descritos a seguir. Para cada diagnóstico, são apresentados intervenções e resultados
esperados.
Desobstrução ine caz das vias aéreas Aspiração de vias aéreas Estado respiratório: permeabilidade das vias aéreas
Controle de vias áreas arti ciais Prevenção da aspiração
Inserção e estabilização de vias aéreas arti ciais
Assistência ventilatória
Referências
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discussion 916-9.
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4. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 557, de 23 de agosto de 2017. Normatiza a atuação da equipe de enfermagem no
procedimento de aspiração de vias aéreas. Diário O cial da União. 5 set. 2017;Seção 1:97.
5. Dougherty L, Lister S, West-Oram A, editors. The Royal Marsden manual of clinical nursing procedures. 9th ed. West Sussex: John Wiley & Sons;
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6. Maggiore SM, Lellouche F, Pignataro C, Girou E, Maitre B, Richard JC, et al. Decreasing the adverse effects of endotracheal suctioning during
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7. Branson RD, Gomaa D, Rodriquez D Jr. Management of the arti cial airway. Respir Care. 2014;59(6):974-89; discussion 989-90.
8. Sole ML, Bennett M, Ashworth S. Clinical indicators for endotracheal suctioning in adult patients receiving mechanical ventilation. Am J Crit Care.
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9. Sinha V, Bhimji SS. Airway, surgical suctioning. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island: StatPearls Publishing; 2017 [capturado em 11 abr. 2019].
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448077/.
10. Barton G, Vanderspank-Wright B, Shea J. Optimizing oxygenation in the mechanically ventilated patient: nursing practice implications. Crit Care
Nurs Clin North Am. 2016;28(4):425-435.
11. Acls.com. Respiratory arrest airway management: basics of suctioning [Internet]. Lehi: ACLS Certi cation Institute; c2018 [capturado em 11 abr.
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24. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
25. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
26. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Inserção e cuidados com sonda
nasoentérica e nasogástrica 19
19.1
Inserção de sonda oro e nasogástrica/enteral
Introdução
Em algumas situações, o atendimento das necessidades nutricionais pela ingestão por via oral de uma dieta adequada
pode estar prejudicado e, nessas circunstâncias, pode ser necessária a utilização de outro método de alimentação.
Neste capítulo, vamos apresentar a de nição das sondas normalmente utilizadas na drenagem gástrica e na
administração de dieta enteral, além dos aspectos legais que envolvem o emprego desses dispositivos, assim como os
materiais e o passo a passo necessário para a sua inserção.
De nição
É a passagem de uma sonda através da boca ou do nariz, posicionando-a próximo à parte distal do estômago (gástrica
ou pré-pilórica).1,2
Indicação
Drenar o conteúdo gástrico para descompressão, realizar lavagem gástrica e administração de medicamentos e/ou
dieta, alimentação, hidratação, administração de medicamentos em pacientes com di culdade ou impossibilidade de
se alimentar, descompressão gástrica, remoção parcial ou total do conteúdo gástrico e proteção contra
broncoaspiração.
Ressalta-se que a dieta por sonda oro e nasogástrica deve ser realizada somente em casos especiais, devido ao risco
de aspiração.
Aspectos legais
É um procedimento atribuído à equipe de enfermagem conforme indicação e prescrição médica, devendo ser
executado preferencialmente pelo enfermeiro, podendo ser delegado ao técnico de enfermagem sob sua orientação e
supervisão.1
Material necessário
■ Bandeja
■ Máscara descartável
■ Óculos de proteção
■ Sonda gástrica tipo Levine n° 8, 10, 12, 14, 16 ou 18
■ Coletor de sistema aberto (em caso de drenagem)
■ Gel hidrossolúvel
■ Gaze
■ Seringa de 3 a 5 mL (para as sondas de menor calibre) e de 20 mL (para as de maior calibre)
■ Estetoscópio
■ Luvas de procedimento
■ Fita adesiva hipoalergênica
■ Solução siológica a 0,9%
■ Biombo (se necessário)
■ Toalha ou papel-toalha, um copo com água e canudo (se necessário)
■ Abaixador de língua
■ Lanterna2
2. Conferir prescrição médica, reunir o material e levar para o leito do paciente. Evitar erros, facilitar a organização e o controle
e ciente do tempo.2
5. Posicionar o paciente em posição de Fowler a 45°, a menos que haja contraindicação. Caso o Facilitar a inserção da sonda, diminuir os riscos
paciente não possa ter a cabeceira elevada, mantê-lo em decúbito dorsal horizontal, lateralizando de vômitos e aspiração.1,2,5
a cabeça e inclinando-a para frente a 30°.
6. Colocar máscara e calçar luvas de procedimento. Proporcionar barreira física entre o pro ssional e
os uidos corporais do paciente.6
7. Avaliar a cavidade oral e/ou a narina (veri car a presença de desvio de septo). Inserir a sonda na cavidade oral e/ou na narina
sem comprometimento.2,5
8. Inspecionar a condição da cavidade oral do paciente e o uso de prótese dentária, utilizando o Prevenir obstrução de orofaringe.2,5
abaixador de língua e a lanterna (se necessário), retirar a prótese com o consentimento do
paciente e/ou familiar.
9. Colocar toalha ou papel-toalha sobre o tórax do paciente. Evitar que a roupa e o paciente se sujem.2,5
10. Higienizar a narina com solução siológica a 0,9%, quando necessário. Reduzir quantidade de secreções facilitando a
passagem da sonda.2,5
11. Medir a distância para inserir a sonda, colocando uma das extremidades da sonda na narina Determinar o comprimento correto da sonda a
do paciente ou no canto da boca (caso seja orogástrica) e estendendo até o lóbulo da orelha e ser inserida, a m de atingir o estômago de
deste até o apêndice xifoide, marcando com uma ta a medida delimitada. acordo com o objetivo da sondagem e evitar
aspiração.2,5,7
12. Lubri car a sonda com gel hidrossolúvel. Reduzir a fricção e o trauma tissular.2
13. Pedir ao paciente para hiperestender a cabeça; inserir a sonda na narina ou na cavidade oral Ao etir a cabeça, ocorre o fechamento da
(caso seja orogástrica); quando ela alcançar a faringe, haverá uma pequena resistência; nesse traqueia e a abertura do esôfago.2,5
momento, deve-se pedir ao paciente para etir a cabeça, encostando o mento no tórax
(respeitando as limitações físicas do paciente).
14. Quando possível, solicitar a colaboração do paciente, pedindo para que faça movimentos de Ajudar a passagem da sonda pelo esôfago.2,5
deglutição (oferecer um copo com água e canudo se não houver contraindicação).
15. Continuar introduzindo a sonda, acompanhando os movimentos de deglutição do paciente Finalizar a passagem da sonda.2,5
até o ponto pré-marcado.
16. Testar o posicionamento da sonda, injetando 20 mL de ar com seringa de 20 mL, auscultando A ausculta do uxo de ar ao entrar no
com o estetoscópio simultaneamente a região epigástrica e/ou aspirar o conteúdo gástrico e estômago, bem como a avaliação do pH, podem
medir o pH utilizando uma tira reagente. indicar a posição da sonda, assim como a
presença de conteúdo gástrico.2,4
17. A sonda deverá ser xada na face do paciente (inserção oral) ou no nariz; no segundo caso, Evitar pressão excessiva sobre a narina e que a
deve-se xá-la também na face, do mesmo lado da narina utilizada (inserção nasal), com ta sonda migre para além da distância desejada.2
adesiva.
18. Manter a sonda fechada ou aberta, conforme a indicação da prescrição (se aberta, conectar o Atender à prescrição médica.2,5
coletor de sistema aberto na extremidade da sonda).
20. Reunir todo o material e deixar o paciente confortável. Manter o ambiente em ordem e demonstrar
preocupação com o bem-estar do paciente.2,5
21. Desprezar o material em local apropriado e higienizar a bandeja. Reduzir a transmissão de microrganismos.3
22. Retirar as luvas de procedimento e a máscara descartável. Descartar o equipamento de proteção individual
(EPI) de forma adequada.2,5,6
De nição
É a inserção de uma sonda de poliuretano e silicone guiada por um o na cavidade oral e/ou em uma das narinas até
o duodeno, com o objetivo de permitir a administração de dietas e medicamentos de maneira mais confortável e
segura para os pacientes que não conseguem deglutir ou se alimentar por via oral.
Indicação
Quando pacientes não conseguem ingerir o alimento, mas a digestão e a absorção são e cazes; em pacientes
inconscientes e/ou com di culdades de deglutição; traumas e alterações neurológicas e musculares; alterações
gastrintestinais (fístulas, doenças in amatórias); intubação prolongada.9
Aspectos legais
É um procedimento privativo do enfermeiro, sendo necessário que seja solicitada a realização de raio X para
con rmação radiológica do posicionamento da sonda enteral.1,8
Material necessário
■ Máscara descartável
■ Bandeja
■ Sonda enteral n° 8, 10 ou 12 F
■ Gel hidrossolúvel
■ Seringa de 10 mL com água ltrada
■ Seringa de 20 mL
■ Gaze
■ Estetoscópio
■ Luvas de procedimento
■ Esparadrapo ou ta adesiva hipoalergênica
■ Solução siológica a 0,9%
■ Biombo (se necessário)
■ Toalha ou papel-toalha
■ Copo com água e canudo (se necessário)
■ Abaixador de língua e lanterna (se necessário)2
2. Conferir prescrição médica, reunir o material e levar para o leito do paciente. Evitar erros, facilitar a organização e o
controle e ciente do tempo.2
5. Posicionar o paciente em posição de Fowler a 45°, a menos que haja contraindicação. Caso o Facilitar a deglutição, a inserção da sonda e
paciente não possa ter a cabeceira elevada, mantê-lo em decúbito dorsal horizontal, lateralizando a evitar a aspiração em caso de vômito.2,5
cabeça e inclinando-a para frente a 30°.
6. Colocar máscara e calçar luvas de procedimento e óculos de proteção. Proporcionar barreira física entre o
pro ssional e os uidos corporais do
paciente.6
7. Avaliar a cavidade oral e/ou narina (veri car a presença de desvio de septo). Para inserir a sonda na cavidade oral e/ou
narina que esteja pérvia.2,5
8. Inspecionar a condição da cavidade oral do paciente e o uso de prótese dentária, utilizando o Prevenir obstrução de orofaringe.2,5
abaixador de língua e a lanterna (se necessário), retirar a prótese com o consentimento do paciente
e/ou familiar.
9. Colocar toalha ou papel-toalha sobre o tórax do paciente. Evitar que a roupa e o paciente se sujem.2,5
10. Higienizar a narina com solução siológica a 0,9%, quando necessário. Reduzir quantidade de secreções, facilitando
a passagem da sonda.2,5
11. Medir a sonda do lóbulo da orelha até o apêndice xifoide e deste até o ponto médio da cicatriz Determinar o comprimento correto a ser
umbilical para inserção oral e/ou nasal, marcando com uma ta a medida delimitada. inserido a m de atingir o duodeno.7
12. Lubri car a sonda internamente com 10 mL de água ltrada. Facilitar a saída do o-guia após a passagem
da sonda.2
13. Lubri car a sonda externamente com gel hidrossolúvel. Reduzir a fricção e o trauma tissular.2
14. Pedir ao paciente para hiperestender a cabeça; inserir a sonda na narina dele ou na cavidade oral Ao etir a cabeça, ocorre o fechamento da
(caso seja orogástrica); quando ela alcançar a faringe, haverá uma pequena resistência; nesse traqueia e a abertura do esôfago.2,5
momento, deve-se pedir ao paciente para etir a cabeça, encostando o mento no tórax (respeitando
as limitações físicas do paciente).
15. Quando possível, solicitar a colaboração do paciente, pedindo para que faça movimentos de Ajudar a passagem da sonda pelo esôfago.2,5
deglutição (oferecer um copo com água e canudo se não houver contraindicação).
16. Continuar introduzindo a sonda, acompanhando os movimentos de deglutição do paciente até o Finalizar a passagem da sonda.2,5
ponto pré-marcado.
17. Testar o posicionamento da sonda, injetando 20 mL de ar com seringa de 20 mL, auscultando A ausculta do uxo de ar ao entrar no
com o estetoscópio simultaneamente a região epigástrica e/ou aspirar o conteúdo gástrico. estômago é indicador da correta posição da
sonda, bem como a presença de conteúdo
gástrico.2
18. Solicitar uma radiogra a para veri car o posicionamento da sonda. A visualização radiográ ca é a medida mais
consistente para determinar a posição da
sonda e prevenir iatrogenias decorrentes da
incorreta localização.5
19. Após con rmação do posicionamento adequado da sonda, retirar o o-guia delicadamente. Evitar a tração da sonda.2
20. A sonda deverá ser xada na face do paciente (inserção oral) ou no nariz; no segundo caso, Evitar pressão excessiva sobre a narina e que a
deve-se xá-la também na face, do mesmo lado da narina utilizada (inserção nasal), com ta adesiva. sonda migre para além da distância
desejada.2
21. Solicitar que o paciente permaneça em decúbito lateral direito, se possível. Facilitar o posicionamento da sonda para o
duodeno por meio dos movimentos
peristálticos.2
22. Reunir todo o material e deixar o paciente confortável. Manter o ambiente em ordem e demonstrar
preocupação com o bem-estar do paciente.2,5
23. Desprezar o material em local apropriado, higienizar a bandeja. Reduzir a transmissão de microrganismos.3
24. Retirar as luvas de procedimento e a máscara descartável. Descartar o EPI de maneira adequada.2,5,6
27. Após con rmar a localização da sonda pela radiogra a, iniciar a nutrição e/ou medicação. Atender à prescrição médica.2,5
Risco de integridade da membrana mucosa oral prejudicada Supervisão da pele Higiene oral
Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
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(SNG/SNE) e lavagem gástrica em RN por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2013 [capturado em
20 mar. 2019]. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/parecer-025-13-nota.pdf.
2. São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação da Atenção Básica. Manual técnico: normatização das rotinas e procedimentos de
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3. Brasil. Ministério da Saúde. Anexo 01: Protocolo para a prática de higiene das mãos em serviços de saúde [Internet]. Sorocaba: Hospital Santa
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5. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
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6. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e
saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde). Diário O cial da União. 16 nov. 2005;Seção 1:80-94.
7. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Pro ssionais de
Enfermagem. Diário O cial da União. 6 dez. 2017;Seção 1:157.
8. Conselho Regional de Enfermagem do Paraná. Parecer nº 013/2013. Assunto: competência de colocação de sonda vesical e solicitação de exame
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2019]. Disponível em: http://www.corenpr.gov.br/portal/images/pareceres/PARTEC_13-013-Colocacao_de_sonda_vesical_e_solicitacao_de_raio-
x_para_certi cacao_do_posicionamento_da_sonda_nasoenteral.pdf.
9. Potter PA, Perry AG. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.
Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
10. Artmed; 2018.
11. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
12. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
19.2
Administração de dieta enteral
Introdução
Todo organismo necessita de energia para manter o equilíbrio e ela pode ser obtida dos alimentos consumidos. O
desequilíbrio de nutrientes no organismo, in uenciado por fatores físicos, siológicos, psicossociais e patológicos,
pode levar à utilização de recursos para suprir essas necessidades. Uma das formas de repor esses nutrientes é a
administração de dieta via enteral.1
De nição
Oferta de alimento na forma líquida e intermitente aos pacientes incapazes de deglutir ou desnutridos, através de
sonda enteral (pré ou pós-pilórica) ou estomas de alimentação (gastrostomia ou jejunostomia),1 como uma
possibilidade terapêutica de manutenção ou recuperação do estado nutricional. É apropriada aos indivíduos que,
embora com a ingestão oral parcial ou totalmente comprometida, apresentam o trato gastrintestinal íntegro para o
processo digestório.2
Indicação
A nutrição enteral está indicada para atender às necessidades nutricionais em casos em que a ingestão oral não é
capaz de prover a quantidade adequada de nutrientes. Os pacientes que a recebem, no entanto, devem ter sua
capacidade absortiva preservada.3
1. Inadequação alimentar e comprometimento do estado nutricional em fases pré ou pós-operatórias, provenientes de:
a. impedimento para alimentação por obstrução de alguma região do trato gastrintestinal;
b. doenças que interferem na digestão e/ou absorção dos alimentos concomitante às diarreias crônicas e à perda de
nutrientes;
c. vômitos e/ou anorexia e/ou náuseas, entre outros sintomas procedentes ou não de alguma intervenção cirúrgica.
2. Comprometimento nutricional de acordo com a sua doença de base, que pode ser dos seguintes tipos:
a. afecções digestivas que implicam em alterações nos processos de ingestão e/ou digestão e/ou absorção dos
nutrientes da dieta;
b. afecções não digestivas, como neoplasias, de ciência pulmonar obstrutiva crônica, caquexia cardíaca, demências,
fraturas extensas, entre outras.
Aspectos legais
A equipe de enfermagem envolvida na administração da terapia nutricional (TN) deve ser constituída por enfermeiro e
técnicos de enfermagem. Trata-se de uma terapia de alta complexidade, sendo, portanto, vedada aos auxiliares de
enfermagem a execução de ações relacionadas a ela. Esses pro ssionais podem, no entanto, executar cuidados de
higiene e conforto ao paciente em TN.4-7
Material necessário
■ Bandeja
■ Luvas de procedimento
■ Frasco de dieta enteral (deve vir envasado do serviço de nutrição e dietética)
■ Frasco com água ltrada (deve vir envasado do serviço de nutrição e dietética)
■ Equipo para dieta enteral (azul)
■ Seringas de 10 e 20 mL
■ Copo plástico descartável
■ Estetoscópio
Etapas Justi cativas
2. Reunir o material na bandeja e levar ao quarto. Otimizar o tempo despendido pelo pro ssional.5
3. Con rmar a prescrição médica, o paciente e a dieta. Conferir o Avaliar e assegurar a administração da nutrição enteral (NE) observando as
rótulo do frasco com a prescrição médica: nome completo, leito, tipo informações contidas no rótulo, confrontando-as com a prescrição médica.8
e volume da dieta, data de validade e de infusão.
4. Inspecionar o frasco quanto à presença de alterações; caso haja, Observar a integridade da embalagem e a presença de elementos estranhos
comunicar à Central de Nutrição e Dietética (CND). ao produto; realizar a inspeção de recebimento, veri cando o rótulo da NE.3
5. Levar imediatamente o frasco de dieta (água e equipo apropriado) Diminuir o risco biológico.
para o quarto do paciente para administração. É de responsabilidade do enfermeiro o recebimento da NE.6,8
6. Conferir o nome completo do paciente que consta no frasco da Deve-se seguir resolução já existente para procedimentos operacionais de
dieta com a pulseira de identi cação. rotulagem e de embalagem de NE na unidade hospitalar.5
Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
7. Explicar o procedimento ao paciente, à família e/ou ao cuidador. Proporcionar ao paciente uma assistência de enfermagem humanizada,
mantendo-o informado de sua evolução.6
A equipe de enfermagem deve facilitar o intercâmbio entre os pacientes
submetidos à terapia nutricional enteral e suas famílias, visando minimizar
receios e apreensões quanto à terapia implementada.6
8. Pedir ao paciente para se sentar ou elevar a cabeceira do leito a 30 Para prevenção da broncoaspiração, recomenda-se elevação da cabeceira da
a 45°. Manter nessa posição durante toda a infusão da dieta. cama em 30 a 45°.8
10. Calçar as luvas de procedimento. Reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado à
atenção à saúde.5
11. Colocar o equipo de dieta enteral no frasco, preenchendo a A adaptação do equipo indicado deve ser em condições de rigorosa assepsia,
câmara de gotejamento e todo o equipo (retirar bolha de ar, caso para proceder à administração da NE.7
tenha alguma) e manter protegida sua extremidade com a tampa.
12. Colocar o frasco de dieta em um suporte acima da cabeceira do Permitir o gotejamento por sistema gravitacional.1
paciente.
13. Em paciente com sonda enteral, abrir a sonda, conectar a seringa Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
vazia e aspirar. desnecessário associado à atenção à saúde.5
Caso não haja retorno de resíduo, injetar 10 mL de ar e auscultar o
quadrante superior esquerdo do abdome (em sonda pós-pilórica,
pode não haver resíduo ao aspirar). Veri car também se a xação da
sonda está correta e se não há deslocamento da sonda.
Em paciente com gastrostomia, abrir o cateter, conectar seringa de
10 mL vazia e aspirar para veri car a permeabilidade e se está locada
(pela presença de resíduo gástrico).
14. Aspirar a sonda para veri car se há resíduo gástrico, proceder de A mensuração do volume residual gástrico deve ser realizada, para prevenção
acordo com protocolo para resíduo gástrico. de pneumonia aspirativa, segundo protocolo institucional.8
15. Conectar a ponta do equipo na sonda enteral e abrir lentamente, Infusão de dieta enteral em volume menor do que prescrito contribui para a
atentando para tempo de administração correto. desnutrição e suas consequências: aumento de morbimortalidade, tempo de
hospitalização e custos com os cuidados à saúde, assim como infusão rápida
pode provocar distúrbios gastrintestinais, como diarreia.2
16. Observar para que seja o conector correto, nunca conecte em A administração da NE deve ser executada de forma a garantir ao paciente
outro dispositivo. Seguir o trajeto do conector e o local de inserção. uma terapia segura e que permita a máxima e cácia em relação aos custos,
utilizando materiais e técnicas padronizadas.7
17. Iniciar a infusão da dieta e calcular o gotejamento para término A infusão intermitente é considerada mais siológica.8
da administração no prazo de 90 a 120 minutos. A infusão rápida (menos do que 90 minutos) pode provocar diarreia, vômito e
regurgitação.2,8
18. Deixar o paciente confortável e seguro, observar sinais de Adotar medidas de higiene e conforto que proporcionem bem-estar ao
intolerância, como vômitos, diarreia, náuseas e distensão abdominal. paciente.1
Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
19. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.4
20. Veri car e anotar o procedimento realizado. Registrar a Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à
veri cação da xação da sonda, o teste de re uxo e a ausculta. administração e à evolução do paciente, quanto aos dados antropométricos,
peso, sinais vitais, balanço hídrico, glicemia, tolerância digestiva, entre
outros.9
21. Calçar as luvas de procedimento, ao término da dieta, para Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
retirada do equipo da sonda. agentes biológicos.4
22. Desconectar o equipo da sonda, protegendo a extremidade com Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
a tampa (ele poderá ser utilizado por até 24 horas, e fechar a sonda. agentes biológicos.4
23. Retirar o frasco de dieta vazio e instalar o frasco com água A irrigação periódica conforme protocolo é a melhor forma de prevenir
ltrada (geralmente, em pacientes sem restrição hídrica, volume de obstrução da sonda.8
50 mL e, com restrição hídrica, volume de 25 mL) ou de acordo com
a prescrição médica.
24. Retirar o equipo da sonda, reservar o restante da água para os Recomenda-se, também, lavar a sonda após cada veri cação do resíduo
próximos horários. gástrico e entre a administração de medicamentos.8
25. Descartar em lixo apropriado o frasco de dieta vazio. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.10
26. Retirar as luvas de procedimento. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.4
27. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.4
28. Deixar o paciente confortável e seguro, observar sinais de Adotar medidas de higiene e conforto que proporcionem bem-estar ao
intolerância, como vômitos, diarreia, náuseas e distensão abdominal. paciente.1
Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
29. O paciente deve ser mantido em decúbito de 30° a 45º por pelo Para prevenção da broncoaspiração, recomenda-se elevação da cabeceira da
menos 30 minutos após a infusão da dieta, para facilitar o cama em 30 a 45°.8,9
esvaziamento gástrico.
30. Recolher o material e desprezar no expurgo em lixo para resíduo Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
infectante. agentes biológicos.4
31. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel-toalha e Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
passar álcool a 70%. agentes biológicos.4
32. Manter a unidade organizada. Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.4
33. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: reduzir, a um mínimo aceitável, o risco de dano
desnecessário associado à atenção à saúde.5
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a
agentes biológicos.4
34. Veri car na prescrição médica o horário da dieta administrada. Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à
administração e à evolução do paciente, quanto aos dados antropométricos,
peso, sinais vitais, balanço hídrico, glicemia, tolerância digestiva, entre
outros.6
35. Registrar o procedimento realizado na anotação de enfermagem. Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à
Incluir o volume administrado no balanço hídrico e intercorrências (se administração e à evolução do paciente, quanto aos dados antropométricos,
houver), assinar e carimbar. peso, sinais vitais, balanço hídrico, glicemia, tolerância digestiva, entre
outros.6
Introdução
A drenagem e a avaliação do volume residual gástrico (VRG), antes da infusão da dieta, tem como objetivo veri car o
posicionamento da sonda, o volume e as características da drenagem, como coloração, odor e textura. O VRG tem
sido considerado um marcador de intolerância gástrica à terapia nutricional. Assim, um dos fatores que interferem na
oferta energética é a existência de débito elevado do VRG.1,2
De nição
Indicação
A mensuração do VRG deve ser realizada para avaliar a posição da sonda e as características do líquido drenado.
Funciona como um marcador de intolerância gástrica à terapia nutricional.1
Aspectos legais
Ao enfermeiro, dentro da terapia nutricional, compete, entre suas funções administrativas, assistenciais, educativas e
de pesquisa, a inserção de sondas com o-guia, administração e monitoração de infusão, bem com a drenagem do
conteúdo gástrico.3-5
Material necessário
■ Bandeja
■ Biombo (se necessário)
■ Luvas de procedimento
■ Máscara e óculos de proteção
■ Seringa de 10 ou 20 mL
■ Fita reagente para conteúdo gástrico
■ Coletor de secreções
■ Estetoscópio
Observação
Caso o paciente não esteja com sonda, deve-se preparar material para sondagem gástrica.
1. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à
atenção à saúde.3
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
2. Reunir o material na bandeja e levá-lo Otimizar o tempo despendido pelo pro ssional.1
ao quarto.
3. Con rmar o paciente e o procedimento Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à
a ser realizado (con rmar a necessidade atenção à saúde.3
da localização pré-pilórica).
4. Explicar o procedimento ao paciente, à A equipe de enfermagem deve facilitar o intercâmbio entre os pacientes submetidos à terapia nutricional
família e/ou ao cuidador. enteral (TNE) e suas famílias, visando minimizar receios e apreensões quanto à terapia implementada.4
Volume residual alto tem sido considerado um marcador de intolerância gástrica à terapia nutricional.
Assim, um dos fatores que interferem na oferta energética é a existência de débito elevado do volume
residual gástrico (VRG).5
5. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à
atenção à saúde.3
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
7. Calçar as luvas de procedimento, Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.3
colocar a máscara descartável e os óculos
de proteção.
8. Proteger o tórax com papel-toalha. Minimizar os riscos de sujidades em contato direto com o paciente.6
10. Caso não haja retorno gástrico, injetar Certi car-se do posicionamento correto da sonda.6
de 10 a 20 mL de ar pela sonda e
auscultar simultaneamente o quadrante
abdominal superior esquerdo.
11. Quando houver retorno gástrico, Algumas recomendações de veri cação do resíduo gástrico consideram volume acima de 200 mL em
proceder de acordo com o protocolo da dois horários consecutivos, devendo-se reavaliar o regime nutricional para valores acima de 200 mL e
instituição.5,7-9 utilizar procinéticos para volumes a partir de 250 mL; outros consideram como um conteúdo maior que
50% do volume da última dieta administrada.10,11
12. Retirar as luvas de procedimento, a Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
máscara descartável e os óculos de
proteção.
14. Recolher o material, mantendo a Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
unidade organizada.
15. Descartar os resíduos e proceder à Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
desinfecção da bandeja.
16. Higienizar as mãos. Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à
atenção à saúde.3
Diminuir o risco biológico e a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.4
17. Veri car o procedimento na prescrição Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à administração e à evolução do paciente
médica e proceder às anotações de no que diz respeito aos dados antropométricos, peso, sinais vitais, balanço hídrico, glicemia, tolerância
enfermagem. digestiva, entre outros.6,12
Referências
1. Mori S, Matsuba CST, Whitaker IY. Veri cação do volume residual gástrico em unidade de terapia intensiva. Rev Bras Enferm. 2003;56(6):661-4.
2. Smeltzer SC, Bare BG, Hinkle JL, Cheever KH, editors. Brunner & Suddarth tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2011.
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 36, de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em
serviços de saúde e dá outras providências. Diário O cial da União. 26 jul. 2013;Seção 1:32-3.
4. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde [Internet]. Brasília: Ministério do Trabalho
e Emprego; 2011[capturado em 11 abr. 2019]. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR32.pdf.
5. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 453, de 16 de janeiro de 2014. Aprova a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação da
equipe de enfermagem em terapia nutricional. Diário O cial da União. 28 jan. 2014;Seção 1:78-9.
6. Agudelo GM, Giraldo NA, Aguilar N, Barbosa J, Castaño E, Gamboa S, et al. Incidencia de complicaciones del soporte nutricional en pacientes
críticos: estudio multicéntrico. Nutr Hosp. 2011;26(3):537-45.
7. Naves LK. Avaliação da intubação gástrica dos usuários em programa de atendimento domiciliar em um hospital universitário [Dissertação]. São
Paulo: USP; 2010.
8. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Protocolo de terapia nutricional enteral e parenteral da comissão de suporte nutricional
[Internet]. Goiânia: HC; 2014 [capturado em 15 abr. 2019]. Disponível em:
http://www2.ebserh.gov.br/documents/222842/1033900/Manual+de+Nutricao+Parenteral+e+Enteral.pdf/98898f78-942a-4e5e-93be-
4e13c63ee8cd.
9. Acosta Escribano J, Herrero Meseguer I, Conejero García-Quijada R, Metabolism and Nutrition Working Group of the Spanish Society of Intensive
Care Medicine and Coronary units. Guidelines for specialized nutritional and metabolic support in the critically-ill patient: update. Consensus
SEMICYUC-SENPE: neurocritical patient. Nutr Hosp. 2011;26 Suppl 2:72-5.
10. Hoyos Gómez GM, Agudelo Ochoa GM. Incidencia de residuo gástrico alto em pacientes adultos que reciben soporte nutricional enteral en
instituciones de alta complejidad de la ciudad de Medellín-Colombia. Perspect Nut Hum. 2010;12(1):47-60.
11. Malta MA, Carvalho-Junior AF, Andreollo NA, Freitas MIP. Medidas antropométricas na introdução da sonda nasogástrica para nutrição enteral
empregando a esofagogastroduodenoscopia. ABCD, Arq Bras Cir Dig. 2013;26(2):107-11.
12. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Pro ssionais de
Enfermagem. Diário O cial da União. 6 dez. 2017; Seção 1:157.
13. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
14. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
15. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
Manutenção de drenos 20
20.1
Manutenção de dreno abdominal
Introdução
A cavidade abdominal é limitada em sua parte superior pelo diafragma e na inferior pela abertura superior da pelve.
Nas partes anterior e laterais, sem limites precisos, é composta por várias camadas de diferentes espessuras de pele,
tecido conectivo, gordura e músculos.1
O peritônio, extensa membrana serosa formada predominantemente por tecido conectivo, reveste o interior da
parede abdominal e expande-se para cobrir a maior parte dos órgãos que contém; é composto por duas camadas – o
peritônio parietal e o visceral.1
A utilização de sistemas de drenagem pode ocorrer também como uma prevenção de acúmulo de líquidos em local
fechado, o que pode retardar o processo de cicatrização. Desde tempos remotos, diversos materiais já foram
empregados para esse m, como metais, ossos, vidro, gaze e borracha, por mecanismos de gravidade, capilaridade,
sucção, entre outros.2,3
De nição
A drenagem da cavidade abdominal pode ser utilizada como tratamento ou de forma pro lática, sendo a segunda
mais utilizada após procedimentos cirúrgicos, com o objetivo de evitar o acúmulo de uidos e ar provenientes do
corpo a partir de um espaço morto.4
Os drenos abdominais são dispositivos colocados no interior de uma ferida ou cavidade, que têm a nalidade de
estabelecer ou criar um trajeto arti cial, de menor resistência, ao longo do qual líquidos ou ar possam chegar ao meio
externo.5
Os sistemas de drenagem podem ser classi cados em abertos ou fechados e ativos ou passivos; quanto à sua
estrutura, em laminares ou tubulares; e, quanto ao tipo de drenagem, em sistemas que atuam por capilaridade,
gravitação ou sucção. Os sistemas fechados impedem a exposição do conteúdo ao ambiente, ao contrário dos
abertos, que se comunicam com o ambiente externo. Os sistemas ativos de drenagem, também chamados de sistemas
de sucção, são aqueles que agem pela troca de pressão negativa sobre o uido. Já os passivos são canais para
passagem de uidos e dependem de fatores como pressão interna da cavidade e quantidade de líquido presente para
a drenagem.6
Indicação
Os drenos podem ser utilizados quando já existe secreção a ser drenada, uma coleção localizada, como hematomas,
seromas, abscessos, ou quando o intuito é orientar uma fístula, ou, ainda, prevenindo o acúmulo de exsudato em um
local potencial.2,3
Tipos de drenos
Sistemas passivos
Laminares (Penrose)
O dreno laminar (Penrose) é feito de um tubo achatado, de borracha de látex, macia e exível, com diâmetro entre 1 e
3 cm, utilizado para drenar exsudato purulento, sangue ou serosidade. Quando utilizado em pós-operatório de
cirurgia abdominal, costuma ser exteriorizado por uma contra-abertura próxima à incisão e xado à pele (Fig.
20.1.1).3
Nos casos em que a drenagem não é mais necessária, ele pode ser removido de uma única vez ou “mobilizado” a
cada dia até sua remoção completa, o que impede a formação de coleções ao longo do trajeto.3
Sistemas ativos
Por manter uma pressão negativa no local drenado, a drenagem ativa na cavidade abdominal deve ser indicada
quando há grandes descolamentos cutâneos e quando há manipulação no espaço subfrênico, local onde ocorre
variação da pressão em função da respiração.3
Dreno Jackson-Pratt
O dreno de Jackson-Pratt tem uma porção achatada (laminar) que ca no interior do organismo, feita de silicone,
multifenestrada com um mecanismo que impede o seu colabamento total, com uma zona de transição para tubular
que se conecta a um “bulbo” (“pêra”), que mantém o ambiente de baixa pressão negativa (Figs. 20.1.5 e 20.1.6).
Dessa forma, associa a capilaridade de um dreno laminar com a pressão negativa de um dreno de sucção.3
Aspectos legais
A manutenção de drenos abdominais deve ser realizada pela equipe de enfermagem, por meio de ações subsidiadas
pela sistematização da assistência de enfermagem e pelos protocolos institucionais.7
A retirada de drenos abdominais é uma atividade complexa e deve ser realizada pelo enfermeiro, desde que
prescrita pelo pro ssional médico.2
Material necessário
Curativo do dreno
■ Carrinho para curativo
■ Luvas de procedimento
■ Kit de curativo simples (1 pinça anatômica, 1 pinça dente de rato, 1 pinça Kelly reta e 1 campo cirúrgico)
■ Luva estéril
■ Gaze estéril
■ Solução siológica a 0,9%
■ Solução antisséptica
■ Clorexidina alcoólica
■ Fita adesiva
■ Dispositivo para mensuração de débito
■ Bolsa coletora
4. Posicionar o paciente em decúbito dorsal. O posicionamento adequado do paciente propicia conforto durante o procedimento.9
7. Colocar máscara e calçar as luvas de procedimentos. Proporcionar barreira física entre o pro ssional e os uidos corporais do paciente.8,10
8. Esvaziar a bolsa coletora e medir o conteúdo drenado. Controlar o débito e avaliar as características do exsudato (volume, cor e aspecto).8,9
10. O curativo pode ser realizado utilizando-se luva estéril e Evitar a disseminação de microrganismos; segurança do paciente.8,10
gaze ou kit para curativos (pinças).
11. Abrir o pacote de gaze estéril sobre o carrinho de Evitar a disseminação de microrganismos; segurança do paciente.8,10
curativos.
12. Calçar a luva estéril ou abrir o kit de curativo estéril Evitar a disseminação de microrganismos; segurança do paciente.8,10
sobre o carrinho de curativo.
13. Realizar a limpeza do local de inserção do dreno com Proporcionar a limpeza do local e reduzir o risco de disseminação de
gaze embebida em solução siológica a 0,9%. microrganismos.8,10
15. Friccionar a gaze embebida em clorexidina alcoólica na Evitar a disseminação de microrganismos; segurança do paciente.8,10
inserção do dreno.
16. Cobrir o local de inserção com gaze estéril ou utilizar a Proteger o local contra microrganismos e possibilitar a avaliação da drenagem.8,10
bolsa de drenagem.
17. Retirar a luva estéril ou recolher o material do kit de Controlar o tempo e a organização da tarefa.2
curativo e colocar no expurgo.
19. Organizar a unidade do paciente. Realizar um procedimento correto com o mínimo de erros.8,9
20. Registrar características do local de inserção do dreno, O registro adequado e a comunicação são fundamentais para a boa prática da
da pele ao redor, do débito e do curativo. segurança do paciente, além de promover a continuidade do cuidado.8,9
Risco de integridade da pele prejudicada Supervisão da pele Integridade tissular: pele e mucosas
Referências
1. Mason PJ. Histórico das funções digestiva e gastrintestinal. In: Hinkle JL, Cheever KH, editors. Brunner & Suddarth tratado de enfermagem
médico-cirúrgica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. V. 2.
2. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
3. Monteiro-Filho JJR, Oliveira FMM, Oliveira MAP. Tipos e usos de drenos pós-operatórios. In: Crispi CP, Oliveira FMM, Damian Júnior JC, Oliveira
MAP, Errico G, Zamagna L, et al. Tratado de videoendoscopia e cirurgia minimamente invasiva em ginecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter;
2007. p. 255-7.
4. Tsang LF. Developing an evidence-based nursing protocol on wound drain management for total joint arthroplasty. Int J Orthop Trauma Nurs.
2015;19(2):61-73.
5. Cesaretti IUR, Saad SS. Drenos laminares e tubulares em cirurgia abdominal: Fundamentos básicos e assistência. Acta Paul Enferm.
2002;15(3):97-106.
6. Schalamon J, Petnehazy T, Ainoedhofer H, Castellani C, Till H, Singer G. Experimental comparison of abdominal drainage systems. Am J Surg.
2017;213(6):1038-41.
7. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 311/2007 – revogada pela Resolução COFEN nº 564/2007. Aprova a reformulação
do código de ética dos pro ssionais de enfermagem [Internet]. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 2017 [capturado em 11 mar. 2019].
Disponível em: http://www.COFEn.gov.br/resoluo-COFEn-3112007_4345.html.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário O cial
da União. 2 abr. 2013;Seção 1:43-4.
9. Cloter J. O respeito à autonomia e aos direitos dos pacientes. Revista da AMRIGS. 2009;53(4):432-5.
10. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2018 [capturado em 11 mar.
2019]. Disponível em: http://www.cdc.gov/handwashing/.
11. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
12. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
13. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
Leituras recomendadas
Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina. Parecer Coren/SC nº 007/CT/2015. Assunto: realização da retirada ou o tracionamento dos
drenos Portovack e Penrose [Internet]. Florianópolis: COREN-SC; 2015 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em: http://www.corensc.gov.br/wp-
content/uploads/2015/07/Parecer-007-2015-retirada-ou-tracionamento-dos-drenos-portovack-e-penrose-CT-Alta-e-Média-Complexidade.pdf.
Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP 053/2013 – CTPRCI n° 102.607. Tickets nº 281.905, 294.402, 297.308,
303.282, 306.904, 308.105, 310.350, 314.642. Ementa: Competência para a retirada de drenos de diferentes tipos, troca do selo d’água e ordenha
por pro ssionais de Enfermagem [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2013 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em: https://portal.coren-
sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/09/parecer_coren_sp_%20053_2013-2.pdf.
20.2
Manutenção de dreno de tórax
Introdução
O sistema respiratório tem como principal função a promoção das trocas gasosas. A pleura é uma membrana serosa,
lisa, muito na e dupla, formada pela pleura visceral, que envolve o pulmão, e a pleura parietal, que forra
internamente as paredes do espaço torácico. Em condições normais, o espaço virtual entre as duas membranas
pleurais dá origem ao espaço pleural, que contém uma pequena quantidade de líquido, que as lubri ca e permite um
deslizamento suave entre elas a cada movimento respiratório. Fisiologicamente, existe um equilíbrio entre a entrada e
a saída de líquido no espaço pleural, e os movimentos respiratórios facilitam a absorção do líquido e das partículas. O
acúmulo de líquidos ou gases no espaço pleural ocorre quando existe um desequilíbrio nesse processo, prejudicando a
mecânica pulmonar. Nesse sentido, as punções e a drenagem do tórax são procedimentos essenciais para restabelecer
a pressão negativa desse espaço e manter a função cardiorrespiratória e a estabilidade hemodinâmica por meio da
retirada de líquidos e gases acumulados nesse espaço.1,2 A manutenção do dreno de tórax exigirá cuidados diários de
enfermagem, na anamnese, no exame físico e na observação e avaliação do conteúdo drenado, do curativo e da troca
de selo d’água do dreno de tórax.
De nição
Indicação
Está indicado para drenagem de líquidos (derrame pleural), sangue (hemotórax), pus (empiema), linfa (quilotórax) ou
ar (pneumotórax), patologicamente retidos no espaço pleural, resultantes de processos infecciosos, traumas ou
procedimentos cirúrgicos.2,3
Aspectos legais
Tanto a inserção como a retirada do dreno devem ser realizadas pelo médico com auxílio do enfermeiro. Os cuidados
com a manutenção do dreno de tórax devem ser realizados por enfermeiro capacitado, auxiliado pela equipe de
enfermagem.4,5
Material necessário3
1. Veri car os dados de identi cação (nome Garantir a segurança do paciente e que o procedimento será realizado no paciente correto.6
completo e data de nascimento) e solicitar que o
paciente ou acompanhante os con rme.
3. Higienizar as mãos.3,6 Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde; remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.7
4. Avaliar o estado geral, o padrão respiratório, os Respaldar o paciente e o enfermeiro na execução do procedimento.3
sinais vitais e a presença e intensidade de dor;
depois, registrar em prontuário.3
5. Vestir a máscara cirúrgica, os óculos de proteção Proteger o pro ssional da área da saúde, prevenir a contaminação por contato com uidos e
e as luvas de procedimento.3 secreções, manter a higiene e evitar a propagação de infecção para o paciente.3,7
6. Expor o local de inserção do dreno mantendo o Permitir a visualização e evitar a exposição do paciente, mantendo sua privacidade.3
paciente coberto.3
7. Observar o curativo ao redor do dreno.3 Oportunizar a observação da área do curativo – se está seco, limpo e completamente aderido à
pele e se existem sinais ogísticos.3
8. Palpar levemente ao redor do curativo, sentindo Se houver pequena quantidade de en sema, este será absorvido pelo organismo. Se essa
se há presença de crepitações/en sema quantidade estiver aumentando, indica posicionamento inadequado do dreno, o que deve ser
subcutâneo.3 comunicado ao médico.3
9. Veri car se o dreno está livre de obstruções O dreno deve estar pérvio para drenar adequadamente o conteúdo pleural.3
internas e externas.3
10. Veri car a conexão do dreno com o sistema de As conexões devem estar perfeitamente encaixadas para evitar saída de líquidos e entrada de
drenagem.3 ar.3
11. Veri car se o sistema de drenagem está livre de O sistema de drenagem precisa estar livre de obstruções internas e externas para que a
obstruções internas e externas.3 drenagem seja e ciente. Não deve estar xado à cama, para evitar tração quando o paciente se
movimenta ou quando a grade da cama for movimentada.3
12. Veri car o posicionamento do frasco coletor O frasco deve estar posicionado abaixo do nível do tórax. A gravidade é essencial para a
abaixo do tórax.3 drenagem e evita o retorno do líquido drenado.3
13. Veri car a integridade do frasco coletor.3 Vazamentos podem ocorrer se o frasco coletor apresentar rachaduras e/ou comunicação com o
meio externo.3
14. Veri car a oscilação da coluna de água dentro A oscilação indica que o dreno está corretamente posicionado e pérvio.3
do frasco de drenagem de acordo com a
inspiração e a expiração.3
15. Veri car se a ponta da coluna que ca dentro Evitar entrada de ar no espaço pleural. A haste deve estar imersa 2 cm abaixo do nível do
do frasco de drenagem está submersa no selo líquido para estabelecer a quantidade apropriada de pressão no selo d’água.3
d’água.3
16. Observar, comunicar e anotar a presença de O borbulhamento é esperado na presença de pneumotórax. Quando presente na drenagem de
borbulhamento no frasco coletor.3 líquidos, comunicar imediatamente ao médico.
O excesso de borbulhamento pode levar ao extravasamento de espuma pelo orifício da tampa
do dreno. Nesse caso, pode ser utilizada dimeticona, sob prescrição médica, que, misturada ao
líquido drenado, reduz a tensão super cial, evitando a formação de espuma.3
17. Retirar as luvas, a máscara cirúrgica e os óculos O descarte em local adequado evita a transmissão de microrganismos.3,7
de proteção e descartá-los no lixo infectante.
18. Avaliar a presença de dor.3 Permite avaliar o 5º sinal vital e a presença de sinal ogístico. Auxilia na respiração.3
19. Colocar o paciente em posição confortável.3 Auxiliar a respiração e propiciar melhor troca gasosa.3
20. Orientar o paciente e a família a manter o Favorecer a drenagem devido à gravidade e também evitar o retorno do conteúdo para o
dreno abaixo do nível do tórax e evitar acidentes espaço pleural.3
com o frasco coletor.3
21. Higienizar as mãos.6 Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde; remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.7
22. Observar e anotar aspecto e volume drenado.3 Deve ser anotado volume, aspecto, cor e odor do volume drenado e comunicado ao médico.3
2. Separar o material em uma bandeja Permitir a organização do material necessário, bem como o seu transporte para o quarto do
previamente desinfetada com álcool a 70%. paciente.
3. Higienizar as mãos. Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde; remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.7
4. Orientar o paciente sobre o procedimento. Diminuir a ansiedade e propiciar a colaboração do paciente durante a execução do
procedimento.3
5. Colocar a máscara cirúrgica, os óculos de Proteger o pro ssional da área da saúde, prevenir a contaminação por contato com uidos e
proteção e as luvas de procedimento. secreções, manter a higiene e evitar a propagação de infecção para o paciente.3,7
6. Pinçar o dreno enquanto realiza a troca do O ar poderá entrar no espaço pleural com a inspiração e poderá causar ou agravar o
frasco de drenagem ou do selo d’água, conforme pneumotórax e o en sema subcutâneo.3
protocolo da instituição.3
7. Desprezar o líquido drenado em um cálice Permitir a observação, o registro, a avaliação e a limpeza do frasco e do conteúdo drenado.
graduado e trocar o selo d’água (soro siológico Diariamente, sempre no mesmo horário (em 24 horas) ou sempre que necessário, deve ser
[SF] ou água estéril, 300 a 500 mL) diariamente, trocado o selo d’água do frasco coletor com SF a 0,9% ou água destilada estéril. Nesse
conforme o protocolo da instituição.3 momento, deve-se observar o débito e o aspecto e anotar, no frasco coletor, a data, a hora e o
nome do enfermeiro que trocou o selo.3
8. Trocar o frasco de drenagem conforme o Permitir a observação, o registro e a avaliação do conteúdo drenado. Deve ser realizado
protocolo da instituição.3 conforme protocolo da instituição ou sempre que necessário. Abrir um novo frasco coletor e
enchê-lo com SF a 0,9% ou água destilada estéril. Observar o débito e o aspecto, devendo-se
anotar, no frasco coletor, a data, a hora e o nome do enfermeiro que realizou a troca do
frasco.3
9. Retirar a pinça do dreno e manter o dreno Retirar a pinça para possibilitar a drenagem necessária. O frasco deve estar posicionado abaixo
abaixo do tórax. do nível do tórax. A gravidade é essencial para a drenagem e evita o retorno do líquido
drenado.3
10. Instalar o sistema de aspiração contínua com O sistema de aspiração propicia a drenagem de líquidos e ar com pressão negativa, e o nível de
pressão negativa, conforme indicação médica e água do sistema de aspiração controla a intensidade da pressão. Despejar a água dentro do
protocolo da instituição.3 frasco/régua de aspiração até a quantidade designada pelo médico, geralmente 20 cm de nível
de pressão de água. Conectar o frasco de drenagem à fonte de aspiração e ajustar o regulador
de uxo de aspiração até notar borbulhamento na câmara de controle de aspiração.3
11. Desprezar o conteúdo drenado e lavar com Permitir a observação, o registro e a avaliação do conteúdo drenado, além de manter a assepsia
água e sabão o cálice graduado e, posteriormente, do frasco coletor e do sistema de drenagem.3
realizar a desinfecção com álcool a 70%.
12. Retirar as luvas, a máscara cirúrgica e os óculos O descarte em local adequado evita a transmissão de microrganismos.3,7
de proteção e descartá-los no lixo infectante.
13. Higienizar as mãos. Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde, remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.7
14. Realizar a anotação de enfermagem da Permitir a identi cação do procedimento realizado no paciente, sua evolução e continuidade da
quantidade e do aspecto drenado e da troca do assistência de enfermagem, além de ser um procedimento obrigatório pela lei do exercício
selo d´água e/ou do frasco de drenagem. pro ssional de enfermagem.3,4
Realização do curativo
1. Veri car os dados de identi cação (nome Garantir a segurança do paciente e que o procedimento será realizado no paciente correto.6
completo e data de nascimento) e solicitar que o
paciente ou o acompanhante os con rme.
3. Higienizar as mãos. Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde; remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.6
4. Orientar o paciente sobre o procedimento. Diminuir a ansiedade e propiciar a colaboração do paciente durante a execução do
procedimento.3
5. Vestir a máscara cirúrgica, os óculos de proteção Proteger o pro ssional da área da saúde, prevenir a contaminação por contato com uidos e
e as luvas de procedimento. secreções, manter a higiene e evitar a propagação de infecção para o paciente.3,7
6. Retirar o curativo anterior cautelosamente (ou Prevenir a contaminação por contato com uidos e secreções.3,7
com a pinça do pacote de curativo ou com as luvas
de procedimento).
9. Realizar o curativo com gaze embebida em SF a Manter a higiene e evitar a propagação de infecção para o paciente.3,7
0,9% para limpar a pele; após a limpeza, aplicar a
solução de clorexidina aquosa embebida em gaze.
Fazer a antissepsia no sentido da inserção para
fora, utilizando uma única vez cada face da gaze.
10. Ocluir a inserção do dreno com gaze estéril e Manter a higiene e evitar a propagação de infecção para o paciente e equipe de
ta hipoalergênica. enfermagem.3,7
11. Manter o curativo em forma de “meso” – O “meso” deve permanecer enquanto permanecer o dreno, sendo refeito sempre que
demonstrado na área pontilhada ( ta adesiva necessário. Ele auxilia na xação, reduzindo a dor e o risco de saída acidental do dreno. Para
hospitalar xada na pele do paciente).9 fazer o “meso”, deve-se recortar uma tira de 20 cm de ta adesiva hospitalar de 5 cm de
largura ( ta hipoalergênica ou esparadrapo). Envolver o dreno na metade da ta longa (20 cm)
e colar ta com ta 2 cm abaixo do dreno. Fixar o restante da ta adesiva na pele.8,9
12. Realizar o curativo “contrameso” – Recortar duas tiras de ta adesiva hospitalar ( ta hipoalergênica ou esparadrapo), ambas com
demonstrado pela ta adesiva com linha contínua 10 cm de largura, e xá-las sobre cada lado do curativo meso, paralelamente ao dreno. A
na gura acima (cada ta xada sobre o curativo xação do dreno depende muito dos curativos “meso” e “contrameso”, pois eles evitam a
meso paralelamente ao dreno).9 tração do dreno.8,9
14. Retirar a luva estéril, a máscara cirúrgica, os Faz parte das normas de cuidados de higiene; evita a propagação de infecção.7
óculos de proteção e descartá-los no lixo
infectante.
15. Higienizar as mãos. Prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde; remover sujidade, suor, oleosidade,
pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções
causadas pelas transmissões cruzadas.7
17. Realizar a anotação de enfermagem no Permitir a comunicação com a equipe de saúde que presta cuidado ao paciente e registrar o
prontuário do paciente.3 cuidado realizado pelo enfermeiro.3
Autocuidado
Orientar e ensinar o paciente a cuidar do seu dreno de tórax, observando que o frasco de drenagem deve estar
sempre com a pinça aberta e também abaixo do nível de inserção do dreno. O paciente deve chamar imediatamente
um pro ssional da enfermagem caso haja desconexão do dreno, tombamento do frasco coletor, quebra do frasco ou
tração do dreno da cavidade torácica.
Isso diminui a ansiedade do paciente e da família e propicia a colaboração durante a manutenção do dreno de
tórax; mantém o sistema de drenagem pérvio; evita a entrada de ar do ambiente para o espaço pleural, o retorno para
o espaço pleural do líquido drenado; evita a tração do dreno e previne acidentes.3
Padrão respiratório ine caz Monitoração dos sinais vitais e/ou Monitoração respiratória Estado cardiopulmonar
Estado respiratório
Sinais vitais
Risco de integridade da pele prejudicada Cuidado com drenos: torácico Integridade tissular: pele e mucosas
Cuidados com local de incisão
Referências
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Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2016. p. 205-35.
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Barueri: Manole; 2017. p. 560-61.
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8. Inácio HP, Santos MA, Camcilheri RN, Nascimento GO, Diniz SOS. A elaboração de diagnósticos de enfermagem e propostas de intervenção a um
cliente submetido à toracocentese. Rev Rede Cuid Saúde. 2014;8(2):1-4.
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10. Herdman TH, Kamitsuru S, organizadores. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre:
Artmed; 2018.
11. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
12. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Procedimentos relacionados ao
sistema urinário e gastrintestinal 21
21.1
Cateterismo vesical de demora
De nição
É a introdução de um cateter estéril (Folley), através do meato uretral até a bexiga, conectado a um coletor, também
estéril, para drenagem da urina. Deve-se utilizar técnica asséptica no procedimento, a m de evitar uma infecção
urinária.1-3
Os cateteres de Folley são utilizados no procedimento de sondagem vesical de demora, apresentam um balão de
retenção e foram projetados para que não se desloquem da bexiga. Podem ter duas ou três vias, sendo a escolha feita
de acordo com o tratamento programado para o paciente.1-3
Indicação
O cateterismo vesical tem por nalidade esvaziar a bexiga em casos de retenção urinária; coletar material para
exames; instilar medicamentos; controlar o volume urinário; mensurar a pressão abdominal; irrigar a bexiga;
possibilitar a eliminação da urina em pacientes imobilizados, inconscientes, com obstrução urinária e em pós-
operatório de cirurgias urológicas; paciente com úlcera na região sacra (medida para evitar recontaminação e
desaceleração da cicatrização); entre outras. A drenagem urinária, nesse caso, é realizada por meio de sistema
fechado (demora) ou por via suprapúbica.1-3
Aspectos legais
Existem divergências sobre o responsável pela prescrição do procedimento: tanto médicos quanto enfermeiros estão
autorizados pelo seu órgão de exercício para realizar a prescrição do procedimento, porém cabe à instituição de nir o
seu protocolo assistencial.
Médico e enfermeiro.
O parecer normativo aprovado pela Resolução COFEN nº 0450/20131 determina que o cateterismo vesical é atividade
privativa do enfermeiro, no âmbito da equipe de enfermagem. No que tange à realização do cateterismo vesical
intermitente no domicílio, a capacitação do paciente (quando possível o autocateterismo) deve ser atribuição do
enfermeiro. Quando existirem limitações para o autocuidado, um familiar poderá ser capacitado para realizar esse
procedimento.
Cabe ressaltar que o Parecer COREN-SP 035/2014 – CT PRCI nº 101.127/2012, da Câmara Técnica2, trata da
prescrição de cateterismo vesical por enfermeiro e monitoração/manutenção pelo auxiliar de enfermagem.1-3
Material necessário
■ 1 bandeja de aço inox
■ Material de cateterismo: cuba rim, cúpula e pinça pean ou cheron
■ 1 sonda de Folley estéril (calibre adequado ao paciente)
■ 1 coletor de urina de sistema fechado
■ 2 seringas de 20 mL
■ 1 agulha 40×12 mm
■ 2 ampolas de água destilada
■ 1 par de luvas estéreis
■ 1 par de luvas de procedimento
■ 1 gel lubri cante estéril (fechado)
■ 1 pacote de gaze estéril
■ 1 cálice graduado
■ Sabão (comum ou com antisséptico)
■ Solução aquosa de digliconato de clorexidina a 0,2%
■ Álcool a 70% ou swab alcoólico
■ Bolas de algodão
■ Adesivo hipoalergênico
■ Avental descartável
■ Óculos de proteção
■ Máscara cirúrgica
■ Biombo (se necessário)
1. Veri car a prescrição de cateterismo vesical de demora. Ressaltar aos pro ssionais de saúde que é sua
responsabilidade fundamental conferir, previamente a
qualquer procedimento/tratamento, a identidade do
paciente, de modo que o paciente correto receba o
cuidado correto.4,5
2. Reunir o material na bandeja para higiene íntima, cateterismo e equipamento para Priorizar o material de acordo com o procedimento faz
precaução-padrão. parte do planejamento de enfermagem.5-9
3. Providenciar 1 comadre e 1 jarro com água morna para higiene íntima. Priorizar o material de acordo com o procedimento faz
parte do planejamento de enfermagem.5-9
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber as orientações sobre
os procedimentos que serão realizados.6,7,10
5. Promover a privacidade do paciente colocando o biombo e cobrindo-o com lençol. Manter a privacidade e a integridade do paciente faz
parte dos cuidados de enfermagem, em uma visão
individualizada e holística.6,7,10
7. Calçar luvas de procedimento e paramentar-se com equipamento de proteção individual A utilização de luvas se faz necessária quando houver
(EPI) – máscara, óculos e avental. risco de contato com sangue, secreções ou membranas
mucosas.5,6,9,11-14
8. Posicionar a paciente do sexo feminino em posição ginecológica e elevar a cabeceira A privacidade e a integridade do paciente fazem parte
para proporcionar maior conforto. dos cuidados de enfermagem, promovendo conforto e
Posicionar o paciente do sexo masculino em decúbito dorsal com os membros inferiores segurança.6,7,10,13
afastados.
9. Realizar minuciosamente a higiene íntima da área perianal e genital do paciente com As dobras da pele do paciente podem conter as
água e sabão. secreções corporais que hospedam a ora de
microrganismos e, por essa razão, devem ser bem
lavadas e secas.6,7,11,13,14
12. Abrir o pacote de cateterismo vesical (cuba rim, pinça pean ou cheron, cúpula, campo É um procedimento estéril, devendo seguir as
fechado, gazes/compressa). recomendações de técnicas assépticas.3,4,6,7,11,14
13. Abrir e organizar os materiais no campo estéril. É um procedimento estéril, devendo seguir as
recomendações de técnicas assépticas.3,4,6,7,11,14
14. Realizar desinfecção da almotolia de solução de clorexidina aquosa a 0,2% com álcool É um procedimento estéril, devendo seguir as
a 70% e colocar na cúpula, sem contaminar a solução. recomendações de técnicas assépticas e as
recomendações do Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) e da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).3,4,6,7,11-14
16. Conectar a sonda Folley ao coletor de urina de sistema fechado, certi cando-se do As instruções sobre o manuseio, os testes e o
fechamento dos clamps do sistema coletor. procedimento correto devem atender às
recomendações do CDC e da Anvisa e às boas práticas
de enfermagem.3,4,6,7,11-14
18. Proceder à antissepsia com auxílio das pinças e gazes, iniciando pela região É um procedimento estéril, devendo seguir as
suprapúbica com movimentos rmes, de distal para proximal, de cima para baixo, trocando recomendações de técnicas assépticas e as
a gaze a cada movimento. recomendações do CDC e da Anvisa.5,9,11-14
19. Antissepsia em pacientes do sexo feminino: fazer a antissepsia separando os grandes As instruções sobre o manuseio, os testes e o
lábios com a mão não dominante, expondo o meato uretral e o orifício da vagina, sempre procedimento correto devem atender às
da vulva para baixo em sentido único, trocando a gaze a cada movimento e retirando o recomendações do CDC e da Anvisa e às boas práticas
excesso com gaze seca, dando atenção ao meato uretral. de enfermagem.3,4,6,7,11-14
Antissepsia no paciente masculino: fazer a antissepsia erguendo o pênis perpendicular ao
corpo e retraindo o prepúcio; espalhar com gaze umedecida do meato uretral para baixo
em sentido único, do distal para o proximal (da glande até a base do pênis), usando uma
gaze a cada movimento e retirando o excesso com gaze seca, dando atenção ao meato
uretral.
*Obs.: pode-se utilizar uma gaze ou compressa estéril para segurar o membro masculino
com a mão não dominante.
20. Em pacientes do sexo feminino, lubri car a sonda de Folley com gel lubri cante estéril, As instruções sobre o manuseio, os testes e o
utilizando uma gaze de apoio. procedimento correto devem atender às
recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-14
21. Em pacientes do sexo masculino, posicionar o pênis utilizando gaze/compressa, As instruções sobre o manuseio, os testes e o
mantendo-o perpendicularmente ao corpo do paciente; introduzir o bico da seringa no procedimento correto devem atender às
meato urinário e injetar 20 mL do gel lubri cante estéril lentamente. recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-14
22. Introduzir a sonda no meato urinário feminino delicadamente até observar a drenagem As instruções sobre o manuseio, os testes e o
de urina pela extensão da bolsa coletora e, posteriormente, introduzir mais 3 cm para procedimento correto devem atender às
garantir que o balão que totalmente dentro da bexiga. recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-14
23. Introduzir a sonda no meato urinário masculino delicadamente, mantendo o pênis As instruções sobre o manuseio, os testes e o
elevado até a bifurcação da sonda e observar a drenagem de urina pela extensão da bolsa procedimento correto devem atender às
coletora. recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-14
24. Introduzir água destilada, já aspirada anteriormente, e preencher o cuff/balonete da As instruções sobre o manuseio, os testes e o
sonda vesical de demora (de acordo com a especi cação do fabricante) conforme impresso procedimento correto devem atender às
na extensão distal da sonda (utilizada para insu ar o balão). Tracionar delicadamente a recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-14
sonda até apresentar resistência. Remover o excesso de gel lubri cante e antisséptico.
No homem, reposicionar o prepúcio e xar a sonda na região suprapúbica com adesivo
hipoalergênico.
Na mulher, xar a sonda na face interna da coxa, com adesivo hipoalergênico.
25. Retirar as luvas estéreis. Tanto a colocação como a retirada de forma adequada
fazem parte dos cuidados com o EPI.8,11-14
27. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
paciente em uma posição anatômica, promovendo o
conforto e a segurança.6,7,10
28. Posicionar o sistema coletor de urina de sistema fechado abaixo do nível da bexiga, As instruções sobre o procedimento correto devem
sem contato com o chão, após identi cá-lo com nome, data e hora. atender às recomendações do CDC e da Anvisa.3,4,6,7,11-
14
29. Encaminhar o material permanente e o resíduo para o expurgo. Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem manter o ambiente limpo e
organizado.1,2,10
30. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel-toalha e realizar a desinfecção Faz parte do planejamento e das atividades de
com álcool a 70%. enfermagem manter o ambiente limpo e
organizado.1,2,10
32. Veri car a prescrição e anotar o procedimento realizado na folha de anotação de Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem do prontuário do paciente. enfermagem anotar detalhadamente os cuidados e/ou
os procedimentos realizados.1,2,10
Referências
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Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem [Internet]. Brasília: COFEN; 2013 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em:
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2. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP 035/2014 – CT PRCI nº 101.127/2012. Tickets nºs 282.521, 282.535,
285.705, 290.587, 294.508, 355.952, 358.288, 363.369, 364.773, 367.202 e 385.095. Revisado e atualizado em outubro de 2017. Ementa:
Prescrição de cateterismo vesical por enfermeiro e monitorização/manutenção pelo auxiliar de enfermagem [Internet]. São Paulo: COREN-SP;
2017 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/01/Parecer-35.2014-revisado.pdf.
3. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP CAT nº 006/2015. Revisão em março de 2015. Ementa:
Sondagem/cateterismo vesical de demora, de alívio e intermitente no domicílio [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2015 [capturado em 20 mar.
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12. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2019 [capturado em 16 abr.
2019]. Disponível em: https://www.cdc.gov/handwashing/index.html.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
14. Gould CV, Umscheid CA, Agarwal RK, Kuntz G, Pegues DA, Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. Guideline for prevention
of catheter-associated urinary tract infections 2009. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010;31(4):319-26.
15. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
16. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
17. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Leitura recomendada
Ercole FF, Macieira TGR, Wenceslau LCC, Martins AR, Campos CC, Chianca TCM. Revisão integrativa: evidências na prática do cateterismo urinário
intermitente/demora. Rev Latino-Am Enfermagem. 2013;21(1):[10 telas].
21.2
Cateterismo vesical de alívio
Introdução
O cateterismo vesical é um procedimento invasivo, que consiste na inserção de um cateter uretral até a bexiga. Entre
as nalidades, o cateterismo vesical é indicado para drenagem da urina em pacientes com problema de eliminação
urinária. A drenagem urinária nesse caso é realizada por meio de sistema aberto (intermitente ou alívio).1-3
De nição
O cateterismo vesical de alívio é o esvaziamento completo e imediato da bexiga. Para a realização desse
procedimento, utiliza-se um cateter estéril, que é introduzido através da uretra até a bexiga. Após a eliminação da
urina, o cateter é retirado e descartado.
Indicação
É indicado em casos de retenção urinária, veri cação de volume residual e coleta de exames. É contraindicado em
casos de trauma uretral, estenose de uretra, prostatite aguda e pós-operatório urológico imediato.1-5
Aspectos legais
Existem divergências sobre o responsável pela prescrição do procedimento: tanto médicos quanto enfermeiros estão
autorizados pelo seu órgão de exercício para realizar a prescrição do procedimento, porém cabe à instituição de nir o
seu protocolo assistencial.
Médico e enfermeiro.
O parecer normativo aprovado pela Resolução COFEN nº 0450/20131 determina que o cateterismo vesical é atividade
privativa do enfermeiro, no âmbito da equipe de Enfermagem. No que tange à realização do cateterismo vesical
intermitente no domicílio, a capacitação do paciente (quando possível o autocateterismo) deve ser atribuição do
enfermeiro. Quando existirem limitações para o autocuidado, um familiar poderá ser capacitado para realizar o
procedimento.
Cabe ressaltar que o Parecer COREN-SP 035/2014 – CT PRCI nº 101.127/2012, da Câmara Técnica2, trata da
prescrição de cateterismo vesical por enfermeiro e monitoração/manutenção pelo auxiliar de enfermagem.1-3
Material necessário
1. Veri car a prescrição do cateterismo vesical de alívio. Ressaltar aos pro ssionais de saúde que é sua
responsabilidade fundamental conferir, previamente a
qualquer procedimento/tratamento, a identidade do
paciente, de modo que o paciente correto receba o
cuidado correto.5,6
2. Reunir o material na bandeja para higiene íntima, cateterismo e equipamento para Priorizar o material de acordo com o procedimento faz
precaução-padrão. parte do planejamento de enfermagem.4,5,7-9
3. Providenciar 1 comadre e 1 jarro com água morna para higiene íntima. Priorizar o material de acordo com o procedimento faz
parte do planejamento de enfermagem.4,5,7-9
4. Explicar o procedimento ao paciente, familiar ou acompanhante. É um direito do paciente receber as orientações sobre
os procedimentos que serão realizados.7,8,10
5. Promover a privacidade do paciente colocando o biombo e cobrindo-o com lençol. Manter a privacidade e a integridade do paciente faz
parte dos cuidados de enfermagem, em uma visão
individualizada e holística.7,8,10
7. Calçar luvas de procedimento e paramentar-se com equipamento de proteção individual A utilização de luvas se faz necessária quando houver
(EPI) – máscara, óculos e avental. risco de contato com sangue, secreções ou membranas
mucosas.4,5,7,9,11-14
8. Posicionar a paciente do sexo feminino em posição ginecológica e elevar a cabeceira A privacidade e a integridade do paciente fazem parte
para proporcionar maior conforto. dos cuidados de enfermagem, promovendo conforto e
Posicionar o paciente do sexo masculino em decúbito dorsal com os membros inferiores segurança.7,8,10,13
afastados.
9. Realizar minuciosamente a higiene íntima da área perianal e genital do paciente com As dobras da pele do paciente podem conter secreções
água e sabão. corporais que hospedam a ora de microrganismos e,
por essa razão, devem ser bem lavadas e secas.7,8,11,13,14
12. Abrir o pacote de cateterismo vesical em diagonal com uma das pontas sob as nádegas É um procedimento estéril, devendo seguir as
do paciente, evitando cruzar o campo. recomendações de técnicas assépticas.7,11-14
13. Abrir o material descartável, com técnica estéril, sobre o campo – sonda uretral, gaze É um procedimento estéril, devendo seguir as
estéril, pacote de cateterismo vesical (cuba rim, pinça pean ou cheron, cúpula) e gel recomendações de técnicas assépticas.7,11-14
lubri cante estéril.
14. Realizar a desinfecção da almotolia com álcool a 70% e colocar solução de clorexidina É um procedimento estéril, devendo seguir as
aquosa a 0,2% na cúpula. recomendações de técnicas assépticas e as
recomendações do Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) e da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).11-14
16. Calçar as luvas estéreis. A utilização de luvas estéreis se faz necessária quando
houver risco de contato com sangue, secreções ou
membranas mucosas.5,7,9,11-14
17. Proceder à antissepsia com auxílio das pinças e gazes, iniciando pela região É um procedimento estéril, devendo seguir as
suprapúbica com movimentos rmes, do distal para proximal, de cima para baixo, recomendações de técnicas assépticas e as
trocando a gaze a cada movimento. recomendações do CDC e Anvisa.4,5,11-14
18. Antissepsia em pacientes do sexo feminino: fazer a antissepsia separando os grandes É um procedimento estéril, devendo seguir as
lábios com a mão não dominante, expondo o meato uretral e o orifício da vagina, sempre recomendações de técnicas assépticas e as
da vulva para baixo em sentido único, trocando a gaze a cada movimento e retirando o recomendações do CDC e da Anvisa.4,5,11-14
excesso com gaze seca, dando atenção ao meato uretral.
Antissepsia no paciente masculino: fazer a antissepsia erguendo o pênis perpendicular ao
corpo e retraindo o prepúcio; espalhar com gaze umedecida do meato uretral para baixo
em sentido único, do distal para o proximal (da glande até a base do pênis), usando uma
gaze a cada movimento e retirando o excesso com gaze seca, dando atenção ao meato
uretral.
*Obs.: pode-se utilizar uma gaze ou compressa estéril para segurar o membro masculino
com a mão não dominante.
19. Lubri car a sonda vesical de alívio com gel lubri cante estéril. As instruções sobre o manuseio, os testes e o
No sexo feminino, lubri car a ponta da sonda. procedimento correto devem atender às
No sexo masculino, elevar o pênis a 90°, aplicando lentamente 20 mL de lubri cante no recomendações do CDC e da Anvisa e às boas práticas
meato urinário. de enfermagem.4,5,7,11-15
20. Introduzir a sonda uretral delicadamente no meato urinário, colocando a extremidade As instruções sobre o manuseio, os testes e o
distal da sonda uretral dentro da cuba rim estéril até observar a drenagem de urina. procedimento correto devem atender às
recomendações do CDC e da Anvisa e às boas práticas
de enfermagem.4,5,7,11-15
21. Ao término do uxo urinário, retirar delicadamente a sonda. As instruções sobre o manuseio, os testes e o
procedimento correto devem atender às
recomendações do CDC e da Anvisa e às boas práticas
de enfermagem.4,5,7,11-15
22. Medir o volume urinário no cálice graduado. Faz parte das atividades da enfermagem controlar os
débitos do paciente.9,11-14
23. Retirar as luvas estéreis. Tanto a colocação como a retirada de forma adequada
fazem parte dos cuidados com o EPI.9,11-14
25. Deixar o paciente confortável. Faz parte dos cuidados de enfermagem manter o
paciente em uma posição anatômica, promovendo o
conforto e a segurança.9,11-14
26. Recolher o material do quarto, mantendo a unidade organizada. Faz parte do planejamento e das atividades de
enfermagem manter o ambiente limpo e
organizado.7,8,13
27. Descartar o material de forma adequada e encaminhar o material permanente ao Faz parte do planejamento e das atividades de
expurgo. enfermagem manter o ambiente limpo e
organizado.7,8,13
28. Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel-toalha e realizar a desinfecção Faz parte do planejamento e das atividades de
com álcool a 70%. enfermagem manter o ambiente limpo e
organizado.7,8,13
30. Veri car a prescrição e anotar o procedimento realizado, registrando o volume, o Faz parte do planejamento e das atividades de
aspecto e a coloração da urina, na folha de anotação de enfermagem do prontuário do enfermagem fazer as anotações detalhadas dos
paciente. cuidados e/ou dos procedimentos realizados.5-7
Referências
1. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN Nº 0450/2013. Normatiza o procedimento de sondagem vesical no âmbito do
Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem [Internet]. Brasília: COFEN; 2013 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-04502013-4_23266.html.
2. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP 035/2014 – CT PRCI nº 101.127/2012. Tickets nºs 282.521, 282.535,
285.705, 290.587, 294.508, 355.952, 358.288, 363.369, 364.773, 367.202 e 385.095. Revisado e atualizado em outubro de 2017. Ementa:
Prescrição de cateterismo vesical por enfermeiro e monitorização/manutenção pelo auxiliar de enfermagem [Internet]. São Paulo: COREN-SP;
2017 [capturado em 20 mar. 2019]. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/01/Parecer-35.2014-revisado.pdf.
3. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Parecer COREN-SP CAT nº 006/2015. Revisão em março de 2015. Ementa:
Sondagem/cateterismo vesical de demora, de alívio e intermitente no domicílio [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2015 [capturado em 20 mar.
2019]. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/ les/parecer%2006-2015.pdf.
4. Merces MC. A prática do (a) enfermeiro (a) na inserção do cateter de Folley em pacientes de unidade de terapia intensiva: limites e possibilidades.
Rev Epidemiol Control Infect. 2012;3(2):55-61.
5. Perry AG, Potter PA. Guia completo de procedimentos e competências de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p. 640.
6. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. Acordos básicos de cooperação na Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do
Paciente. São Paulo: REBRAENSP; 2009.
7. Hospital das Clínicas. Manual prático de procedimentos: assistência segura para o paciente e para o pro ssional de saúde. São Caetano do Sul:
Yendis; 2009.
8. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
9. Lacerda MKS, Souza SCO, Soares DM, Silveira BRM, Lopes JR. Precauções padrão e precauções baseadas na transmissão de doenças: revisão de
literatura. Rev Epidemiol Control Infect. 2014;4(4):254-9.
10. Morganheira D, Silva P, Pereira R, Ruivo A. Preservação do direito à privacidade: percepção do doente internado: revisão integrativa. RIASE.
2017;3(2):999-1012.
11. Hamasuna R, Takahashi S, Yamamoto S, Arakawa S, Yanaihara H, Ishikawa S, et al. Guideline for the prevention of health care-associated
infection in urological practice in Japan. Int J Urol. 2011;18(7):495-502.
12. Centers for Disease Control and Prevention. Handwashing: clean hands save lives [Internet]. Chapel Hill: CDC; 2019 [capturado em 16 abr.
2019]. Disponível em: https://www.cdc.gov/handwashing/index.html.
13. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: ANVISA; 2017.
14. Gould CV, Umscheid CA, Agarwal RK, Kuntz G, Pegues DA, Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. Guideline for prevention
of catheter-associated urinary tract infections 2009. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010;31(4):319-26.
15. Ercole FF, Macieira TGR, Wenceslau LCC, Martins AR, Campos CC, Chianca TCM. Revisão integrativa: evidências na prática do cateterismo
urinário intermitente/demora. Rev Latino-Am Enfermagem. 2013;21(1):[10 telas].
16. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
17. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
18. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
21.3
Enemas
Introdução
O intestino grosso, também chamado de cólon, vai da válvula ileocecal até o ânus e é o principal órgão de eliminação
intestinal. Entre suas funções estão a absorção de água, a formação e a eliminação das fezes do organismo. Vários são
os fatores que podem interferir na eliminação intestinal, como quantidade e qualidade de líquidos e alimentos, estilo
de vida, uso de medicamentos, patologias, exames, entre outros.1
De nição
Enema é a instilação de uma solução no intestino grosso, em geral, com o objetivo de promover a eliminação das
fezes e ou a realização de exames. Ele pode ser classi cado como limpador, de retenção ou retorno de uxo. O
volume a ser administrado varia conforme a indicação e a idade.1,2
Indicação
■ Enemas limpadores: têm como nalidade o alívio da constipação e da impactação fecal, prevenção de saída
involuntária de fezes durante procedimentos cirúrgicos, promoção de visualização do trato intestinal para exame
radiográ co e auxílio no restabelecimento da função regular normal durante treinamento intestinal.
■ Enemas de retenção: são aqueles que mantêm o líquido dentro do intestino por um período prolongado.
■ Enemas de retenção à base de óleo: a solução à base de óleo tem por nalidade lubri car as fezes e a mucosa
intestinal, facilitando sua saída.
■ Enemas carminativos: auxiliam na eliminação de gases.
■ Enemas com medicamentos: são introduzidos no reto e absorvidos pela mucosa.
■ Enemas anti-helmintos: têm a nalidade de eliminar os parasitas do intestino.1
Aspectos legais
A instilação de uma solução no intestino grosso é um procedimento que pode ser realizado pela equipe de
enfermagem3 e que deve ser registrado no prontuário do paciente com as seguintes informações: data e hora do
procedimento; a necessidade de realizar higiene íntima; orientações quanto à nalidade do procedimento; informar o
tipo de solução; a quantidade da solução prescrita e administrada; o tempo de retenção do líquido e se apresentou
intercorrências, queixas durante a instilação da solução e as providências adotadas. Quanto ao conteúdo drenado,
anotar as características do líquido. Ao nal da anotação, colocar o nome completo e o número do COREN do
responsável pelo procedimento e o carimbo do pro ssional.4
Material necessário
■ Bandeja
■ Álcool a 70%
■ Sonda retal
■ Solução prescrita
■ Equipo de soro
■ Lubri cante hidrossolúvel
■ Comadre e papel higiênico
■ Lençol móvel e impermeável
■ Luvas de procedimento
■ Biombo (se necessário)
■ Óculos de proteção
■ Máscara cirúrgica
■ Avental descartável
Etapas Justi cativas
1. Veri car a indicação da realização do enema. Tipo de solução instilada (limpeza, administração de medicamentos, redução
de distensão).
3. Organizar o material na bandeja previamente desinfetada com Reunir o material necessário para a realização do procedimento.
álcool a 70%.
5. Higienizar as mãos e colocar o equipamento de proteção Reduzir a transmissão de microrganismos e prevenir infecções.
individual (EPI) – luva, máscara e avental descartável.
7. Explicar o procedimento ao paciente. Orientar quanto ao procedimento e as sensações esperadas durante e após a
administração da solução. Reduzir a ansiedade, facilitar a cooperação do
paciente, atender ao requisito do direito do paciente a informações sobre seu
tratamento e qualquer procedimento a ser realizado.
8. Colocar o paciente em posição de SIMS (decúbito lateral esquerdo A posição de SIMS facilita o uxo da solução por gravidade até o reto e o
com o joelho direito exionado). cólon, otimizando a retenção da solução.
9. Dobrar o lençol de cima, apenas o su ciente para expor a região Minimizar a exposição desnecessária e promover conforto e privacidade ao
anal. paciente.
11. Retirar a proteção e lubri car a extremidade do frasco (no caso, A lubri cação facilita a passagem da sonda pelo es ncter e evita lesões à
de Fleet enema) ou da sonda retal. mucosa.
12. Afastar os glúteos para expor a região anal. Facilitar a visualização da região para a avaliação do local, bem como evitar
lesões à mucosa na introdução da sonda.
13. Introduzir a extremidade do frasco ou da sonda retal lentamente, O canal anal tem cerca de 2,5 a 5 cm de comprimento. A extremidade do
direcionando para a região da cicatriz umbilical. frasco deve ser inserida até depois do es ncter interno, e o ângulo sugerido
segue o contorno normal do intestino.
14. Comprimir o recipiente com as mãos, administrando todo o Administrar toda a solução prescrita.
conteúdo lentamente (no caso, do Fleet enema) ou colocar o frasco
contendo a solução no suporte de soro e conectar o equipo à sonda
retal, deixando gotejar até o término da solução.
15. Após a administração, retirar a sonda. Finalizar o procedimento com o descarte no lixo infectante.
16. Estimular o paciente a manter a solução até que o desejo de Esse tempo permite que as contrações musculares sejam su cientes para
evacuar se torne forte, aproximadamente entre 5 e 15 minutos. produzir um bom efeito da medicação.
19. Retirar as luvas, máscara e avental descartável e colocá-los no Prevenir a transmissão de patógenos.
lixo infectante.
21. Calçar a luva e o avental descartável para levar o paciente ao Segurança do pro ssional.
banheiro ou para fazer a higiene íntima no leito.
22. Examinar o efeito do enema. Avaliar se o resultado do enema foi satisfatório ou não.
26. Registrar o horário do procedimento, resultado e eventuais Documentar o procedimento no prontuário do paciente atendendo aos
intercorrências. requisitos ético e legal.
Autocuidado
A assistência de enfermagem ao paciente que necessita de administração de enema no domicílio requer uma
avaliação do enfermeiro para identi car se há a possibilidade de o indivíduo se autoadministrar ou se há a necessidade
de um familiar para auxiliá-lo na instilação do enema. As ações educativas sobre o procedimento no domicílio, a
posição confortável e o tempo necessário para a retenção da solução antes da defecação são fundamentais para evitar
desconforto e complicações8,9 e devem ser orientadas pelo enfermeiro.
Referências
1. Taylor C, Lillis C, LeMone P, Lynn P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
2. Bulechek MG, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC: classi cação das intervenções de enfermagem. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2016.
3. Brasil. Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e dá outras providências [Internet]. Diário O cial da União. 9 jun. 1987;Seção 1:8853-5 [capturado em 27 mar. 2016]. Disponível
em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
4. Brasil. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos
de enfermagem. Brasília: COFEN; 2016.
5. Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. 2007 Guideline for isolation
precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. Atlanta: CDC; 2007 [capturado em 24 fev. 2018]. Disponível em:
http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/isolation/Isolation2007.pdf.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
7. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora nº 32 (Segurança e
saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde). Diário O cial da União. 16 nov. 2005;Seção 1:80-94.
8. Campoy LT, Rabeh SAN, Nogueira PC, Vianna PC, Miyazaki MY. Práticas de autocuidado para funcionamento intestinal em um grupo de
pacientes com trauma raquimedular. Acta Fisiátrica. 2012;19(4):228-32.
9. Potter PA, Perry AG, Stockert PA, Hall AM. Fundamentos de enfermagem. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
10. Herdman TH, Kamitsuru S, NANDA International Inc. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: de nições e classi cação 2018-2020. 11. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2018.
11. Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. NOC: classi cação dos resultados de enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016.
Respostas
Cap. 1
1. a
2. a
Cap. 2
1. d
2. c
3. d
Cap. 3
1. b
2. d
Cap. 4
1. a
2. c
Cap. 5
1. c
2. a
Cap. 6
1. d
2. e
3. b
Cap. 7.1
1. c
2. b
Cap. 7.2
1. a
2. a
Cap. 7.3
1. a
2. d
Cap. 7.4
1. c
2. d
Cap. 7.5
1. c
2. d
Cap. 7.6
1. d
2. c
Cap. 8.1
1. b
2. c
Cap. 8.2
1. d
2. d
Cap. 8.3
1. c
2. d
Cap. 8.4
1. b
2. c
Cap. 8.5
1. d
2. b
Cap. 8.6
1. c
2. b
Cap. 8.7
1. c
2. d
Cap. 8.8
1. d
2. b
Cap. 8.9
1. a
2. c
Cap. 8.10
1. c
2. c
Cap. 8.11
1. d
2. c
Cap. 8.12
1. d
2. d
Cap. 8.13
1. d
2. d
Cap. 9
1. e
2. a
Cap. 10
1. d
2. a
Cap. 11.1
1. a
2. a
Cap. 11.2
1. b
2. a
Cap. 11.3
1. b
2. d
Cap. 12
1. a
2. e
Cap. 13.1
1. c
2. a
Cap. 13.2
1. c
2. d
Cap. 13.3
1. d
2. c
Cap. 13.4
1. d
2. b
Cap. 13.5
1. c
2. b
Cap. 13.6
1. d
2. c
Cap. 13.7
1. b
2. a
Cap. 14
1. c
2. d
Cap. 15.1
1. b
2. e
Cap. 15.2
1. b
2. e
Cap. 15.3
1. a
2. a
Cap. 16
1. a
2. b
Cap. 17
1. d
2. d
Cap. 18.1
1. c
2. a
Cap. 18.2
1. b
2. a
Cap. 19.1
1. b
2. d
Cap. 19.2
1. a
2. a
Cap. 19.3
1. a
2. b
Cap. 20.1
1. d
2. a
Cap. 20.2
1. b
2. c
Cap. 21.1
1. b
2. c
Cap. 21.2
1. d
2. c
Cap. 21.3
1. e
2. a