Fisio
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INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA
138 minutos
Aula 3 - Farmacodinâmica I
Aula 4 - Farmacodinâmica II
Referências
Aula 1
INTRODUÇÃO E FARMACOCINÉTICA
Nesta aula, vamos abordar conceitos importantes que envolvem a farmacologia, entre eles a
farmacocinética. Nesse momento, vamos compreender como as drogas percorrem o organismo.
34 minutos
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INTRODUÇÃO
Caros estudantes,
Nesta aula, vamos abordar conceitos importantes que envolvem a farmacologia, entre eles a farmacocinética.
Nesse momento, vamos compreender como as drogas percorrem o organismo.
O objetivo dos medicamentos é curar, controlar, prevenir e diagnosticar vários tipos de doenças.
Dependendo da via em que foi administrado, o medicamento segue uma trajetória pelo organismo descrito
pela farmacocinética, que corresponde ao que o organismo faz com o fármaco e é representada pelas fases
de absorção, distribuição, biotransformação e eliminação. A resposta farmacológica e as reações adversas
dependem não só da composição do medicamento, mas também das características fisiopatológicas e
genéticas dos indivíduos e das interações medicamentosas envolvendo alimentos/nutrientes e outras
substâncias.
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Muitos estudos já confirmam a influência dos alimentos/nutrientes na resposta farmacológica, bem como a
capacidade de os fármacos alterarem a biodisponibilidade dos nutrientes. Portanto, é fundamental o
conhecimento dos princípios fundamentais da farmacocinética para programar uma conduta dietoterápica
mais assertiva.
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CONCEITOS GERAIS
Farmacologia (do grego pharmakos, droga, e logos, estudo) é a ciência responsável pelo estudo das drogas no
organismo. Entende-se por droga qualquer substância que, ao entrar no organismo irá provocar modificações
fisiológicas e/ou patológicas.
Um fármaco é uma substância biologicamente ativa que pode ser usada com o propósito de cura, alívio de
sintomas, prevenção e, até mesmo, para diagnóstico. Ele pode ser derivado de fontes naturais ou fabricado de
forma sintética. No entanto, se uma substância introduzida no organismo for prejudicial, causando efeitos
imediatos ou tardios, ela é chamada de toxicante ou agente tóxico.
Os medicamentos contêm um ou mais fármacos, que são responsáveis pelo efeito terapêutico. Além disso,
possuem substâncias adicionais chamadas excipientes, que incluem conservantes, corantes e aromatizantes.
Embora essas substâncias não tenham atividade farmacológica, são adicionadas às formulações
farmacêuticas para garantir estabilidade físico-química e melhorar as propriedades sensoriais, como sabor,
odor e textura. Apesar de serem adicionados em baixa concentração e serem considerados inertes, os
excipientes também podem causar reações adversas, como alergias. (BALBANI et al., 2006).
As doenças crônicas se expandiram muito nas últimas décadas e, com isso, o uso contínuo de um ou mais
medicamentos (polifarmácia) tornou-se mais frequente (PEIXOTO et al., 2012; ROBERT, GIBBS, 2018),
possibilitando também o surgimento de reações adversas e tóxicas aos medicamentos, bem como das
interações medicamentosas.
A farmacocinética (do grego kinesis, movimento) é um ramo importante da farmacologia, pois estuda o
percurso do fármaco em todo o organismo, desde o momento da administração até a completa eliminação.
Portanto, a farmacocinética explica como o organismo afeta a eficácia dos medicamentos. As condições que
impactam a maneira como o medicamento se move pelo corpo são variáveis e podem explicar, em partes, as
diferenças na resposta terapêutica entre as pessoas.
Quando o fármaco chega à circulação sistêmica, será distribuído por todos os órgãos e tecidos, porém, chega
mais rapidamente àqueles locais mais perfundidos. A distribuição tem a função de permitir que o fármaco
chegue em concentração ideal ao local-alvo para exercer a ação farmacológica e, consequentemente, seu
efeito. Antes do fármaco ser eliminado, passa pelo processo de biotransformação (ou metabolismo). Essa
etapa ocorre principalmente no fígado e por ação das isoenzimas pertencentes ao complexo citocromo-P450
(CYTP450). A biotransformação pode promover inativação dos fármacos, mas em algumas situações ocorre
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ativação (pró-fármaco). A atividade do complexo enzimático CYTP450 pode ser inibida ou induzida e, dessa
forma, interferir na resposta farmacológica. A inibição enzimática implica em manter o fármaco mais tempo
ativo podendo gerar toxicidades, enquanto na indução enzimática, os fármacos serão degradados mais
rapidamente, reduzindo a eficácia farmacológica (SYCHEV et al., 2018). A atividade dessas enzimas é
influenciada por nutrientes, por fármacos, pelo estado fisiopatológico do indivíduo e, desta forma, pode-se
observar alteração na resposta terapêutica.
Uma vez metabolizado, o fármaco está em condições de ser eliminado. O fármaco e/ou seus metabólitos
podem ser eliminados principalmente pela urina e fezes, mas podem também ser encontrados no leite
materno, na saliva e suor.
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A absorção de um fármaco ocorre quando o mesmo atravessa as membranas biológicas e atinge a circulação
sistêmica ou linfática. Os fármacos lipossolúveis atravessam a membrana plasmática pela porção lipídica, pelo
mecanismo de difusão simples. Os fármacos hidrossolúveis podem atravessar a membrana pelos canais
iônicos, por difusão simples, desde que compatível com o diâmetro do canal iônico, e quando apresentam alto
peso molecular pode utilizar uma proteína carreadora (transporte ativo ou facilitado) ou por pinocitose.
Portanto, as drogas lipossolúveis são mais facilmente absorvidas.
De uma forma geral, fármacos com caráter ácido são melhor absorvidos no estômago, pois há um predomínio
das estruturas moleculares (lipossolúveis) e aqueles de caráter alcalino são melhor absorvidos no intestino,
pela mesma razão.
A mucosa intestinal possui enzimas do complexo citocromo P-450 (transferases, peptidases, proteases,
nucleases, lipases e glicosidases), bem como microbiota intestinal capazes de degradar as drogas, mesmo
antes de atingir a circulação sistêmica. Esse mecanismo é chamado de efeito de primeira passagem ou pré-
sistêmico (EPS) (SOUZA, SCHNURCH, 2014; SANTOS, BARROS, PRADO, 2018; MOORE et al, 2015; JONES et al,
2016).
A distribuição ocorre quando o fármaco da circulação sistêmica atinge os tecidos. Uma porção do fármaco
ficará livre para atingir o local alvo e outra porção ficará associada às proteínas plasmáticas, como por
exemplo, a albumina e as alfa-globulinas. A albumina tem a função de transportar e proteger o fármaco do
ataque de enzimas plasmáticas, bem como diminuir a toxicidade das drogas, pois enquanto estiverem ligadas
a albumina não haverá ação.
Antes de ser eliminada, a droga necessita ser biotransformada. Esta etapa da Farmacocinética, ocorre
principalmente no fígado e, funcionalmente pode acontecer em duas etapas. A primeira etapa (Fase 1) da
biotransformação, é caracterizada por reações enzimáticas (oxidação, hidrólise, redução) pertencentes ao
grupo CYP450 que irão modificar a estrutura molecular da droga. Os metabólitos obtidos, na maioria das
vezes, são desprovidos de atividade farmacológica, mas podem ser tóxicos e, por vezes, responsáveis pela
mudança na cor da urina, saliva, suor, leite materno e fezes. Esses metabólitos passam pela segunda etapa
(Fase 2) da biotransformação caracterizada pela conjugação com substâncias endógenas (ácido glicurônico,
glutationa, glicina, metionina). Esses conjugantes tornam os metabólitos mais hidrossolúveis o que irá facilitar
a eliminação.
Considerando que a via renal é o principal local de eliminação, qualquer alteração que ocorra nesse local pode
afetar essa etapa da farmacocinética. O pH da urina é um fator importante para determinar a velocidade de
eliminação. Alimentos que geram compostos que acidificam a urina são capazes de favorecer a eliminação de
fármacos alcalinos e o contrário também é observado (COSTA, RAMOS, 2011).
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As drogas e os nutrientes podem se associar em algum momento em que circulam pelo organismo, por isso, é
fundamental o conhecimento dos conceitos básicos de farmacocinética e da composição dos alimentos.
As pesquisas de Lee, Morris (2016); Xie, Ding, Zhang (2016) e Sychev et al. (2018) mostraram que o suco
de grapefruit pode inibir isoenzimas intestinais da família da citocromo P-450 e aumentar a concentração
sistêmica de vários fármacos. A presença de furanocumarina no suco de grapefruit é responsável por inativar
a isoenzima CYP3A4, presente na parede intestinal e aumentar a concentração sistêmica de varfarina,
ciclosporina, etinilestradiol, midazolam, terfenadina, verapamil, saquinavir e eritromicina, nifedipina,
paracetamol, tamoxifeno, varfarina, cafeína, corticosteróides, estatinas. Quanto maior a concentração do
suco, maior será a inibição enzimática, favorecendo o aumento da atividade e toxicidade dos fármacos que
são substratos para essa enzima (JARGIN, 2017; CHEN et al., 2018).
O ácido acetilsalicílico é um anti-inflamatório não hormonal de caráter ácido, cuja absorção será melhor em
nível de estômago, assim como acontece com a isoniazida. O consumo de antiácidos ou de pelo menos 250mL
de leite, pode elevar o pH do estômago e, com isso, retardar a absorção do fármaco (GENSER, 2008).
Por outro lado, a alcalinização do intestino pela presença de alimentos cítricos, ricos em vitamina C, facilita a
absorção de sulfato ferroso (SCHEERS, SANDBERG, 2014).
Os fármacos que são absorvidos no estômago terão maior contato com a superfície absortiva, portanto, a
difusão pela membrana celular será facilitada quando há retardo no esvaziamento gástrico. Entretanto,
aqueles fármacos que são absorvidos no intestino, por permanecerem por um tempo maior no estômago,
poderão ser inativados devido ao contato prolongado com a secreção gástrica (BRUNTON, CHABNER,
KOLLNAN, 2012).
Uma dieta hiperlipídica pode comprometer também a distribuição do fármaco (KARALLIEDDE et al. 2012), pois
os ácidos graxos dependem exclusivamente da albumina para atingir os tecidos, além de diminuir a
solubilidade dos fármacos.
A varfarina é um anticoagulante oral que possui alta afinidade pela albumina. Poor et al. (2017) e Di Bari et al.
(2010) verificaram que a quercetina desloca a varfarina da ligação com a proteína e aumenta o risco de
hemorragia. Por isso, deve-se ficar atento ao consumo de alimentos ricos em flavonóides por usuários de
anticoagulante oral.
A eliminação de fármacos pode ser influenciada pela alteração do pH da urina. A ingestão de uma dieta ácida
(doces, farinha refinada, carnes, milho, amendoim, ameixa, refrigerantes) pode facilitar a eliminação de
fármacos alcalinos (antidepressivos tricíclicos, morfina, meperidina, teofilina). A acidificação da urina favorece
a ionização (polarização) dos fármacos alcalinos, facilitando a eliminação (KARALLIEDDE, 2012; ALBIERO,
KASSUYA, 2017). Por outro lado, os fármacos de caráter ácido (ácido acetilsalicílico, barbitúricos, clorotiazida,
furosemida, varfarina, penicilinas, sulfonamidas) serão eliminados mais lentamente, com a dieta ácida. Já uma
dieta mais alcalina pode favorecer a eliminação de fármacos mais ácidos e reter os fármacos mais alcalinos.
Conforme visto, componentes dos alimentos podem modificar a farmacocinética e ocasionar uma resposta
farmacológica adequada, diminuir a resposta farmacológica ou, ainda, promover efeitos tóxicos.
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VÍDEO RESUMO
Assista ao vídeo que aborda os conceitos básicos de farmacocinética e a influência dos alimentos ou
nutrientes.
Saiba mais
Neste site você encontrará informações atualizadas sobre medicamentos e fitoterápicos.
Durante o atendimento, se você não conhecer o medicamento que o paciente está utilizando, acesse o
bulário eletrônico para lhe ajudar de forma rápida e precisa.
Aula 2
FARMACOCINÉTICA CLÍNICA
A farmacocinética clínica é uma área da farmacologia que tem como princípio monitorar as respostas
farmacológicas, enfatizando os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de
fármacos.
35 minutos
INTRODUÇÃO
A farmacocinética clínica é uma área da farmacologia que tem como princípio monitorar as respostas
farmacológicas, enfatizando os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de fármacos.
Esse percurso que os fármacos fazem no organismo pode sofrer modificações em relação às condições
fisiopatológicas, ambientais, nutricionais e de variabilidade genética. Por essa razão, a farmacocinética clínica
procura focar a individualidade de cada paciente.
Por meio da farmacocinética clínica será possível compreender que as mudanças que ocorrem com o
envelhecimento, com o peso corporal, com fase gestacional e com a lactação podem interferir na eficácia
farmacológica, e compete ao nutricionista fazer as adequações pertinentes a cada fase.
CONCEITOS GERAIS
do fármaco no organismo.
Além disso, a FC preocupa-se também quando a interação entre fármaco e alimento/nutriente produz
alteração na resposta farmacológica e/ou no estado nutricional. Ou seja, quando a presença do fármaco
prejudica a biodisponibilidade do nutriente ou quando a presença do alimento/nutriente interfere na resposta
farmacológica (LIMA et al., 2018).
Por outro lado, quando a resposta farmacológica, de uma droga ou de todas as drogas envolvidas na
interação é diminuída, tem-se o antagonismo. Embora o antagonismo resulte em diminuição da ação e efeito
das drogas em associação, esse mecanismo é satisfatório nos casos em que se observa intoxicação
medicamentosa.
Tanto as interações sinérgicas quanto antagônicas tornam-se importantes em FC quando o efeito do fármaco
não resulta em controle da doença, quando surgem reações adversas e/ou quando o estado nutricional é
comprometido.
No idoso, a capacidade absortiva, o fluxo hepático e renal e líquido corporal estão alterados, e por essa razão
a farmacocinética pode não ser satisfatória. Por outro lado, em crianças, a falta de maturidade enzimática e a
composição corporal incompleta são fatores que interferem também na farmacocinética (FUCHS;
WANNMACHER, 2017). Por essas razões, a dosagem de medicamentos para idosos e crianças por vezes
necessita de adequações.
O peso corporal é um fator que pode também influenciar a farmacocinética. Em pacientes obesos, o volume
plasmático e os adipócitos estão aumentados, portanto, o volume de distribuição (Vd) está alterado. O Vd é
um índice que prediz como o fármaco se distribuirá pelo organismo. Fármacos que são lipofílicos apresentam
um Vd alto quando comparados com os fármacos hidrofílicos, pois quanto mais lipossolúvel for a substância,
maior a facilidade em atravessar membranas biológicas e atingir vários órgãos e tecidos. Para a distribuição,
uma fração do fármaco fica livre, e outra, associada às proteínas plasmáticas, como albumina (com fármacos
ácidos) e glicoproteínas (com fármacos alcalinos). Enquanto a albumina está normal em obesos, as
glicoproteínas podem estar aumentadas, e isso faz com que os fármacos mais alcalinos fiquem mais tempo
associados e com menor Vd.
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Por essa razão, a utilização de medicamentos deve estar pautada na individualidade e nas condições
fisiopatológicas e socioeconômicas do paciente.
Com a senilidade, as doenças crônicas aumentam e, com isso, o uso de vários medicamentos (polifarmácia)
com prescrição ou não, torna-se prática comum. Por isso que para essa população, as interações
medicamentosas são mais passíveis de ocorrerem.
Embora a capacidade absortiva em idosos esteja reduzida, os mecanismos físico-químicos das interações
medicamentosas são relevantes. A ingestão de fibras, juntamente com anti-hipertensivos e antidepressivos,
pode reduzir a absorção dos fármacos. A presença de cálcio no leite e derivados pode formar complexos
inabsorvíveis com ciprofloxacina. Os laxantes podem desequilibrar a microbiota intestinal e prejudicar a
produção e absorção de vitamina B12. O metabolismo hepático (atividade do citocromo P-450) e renal em
idosos também está reduzido, o que pode fazer com os fármacos fiquem mais tempo no organismo e
aumentem os riscos de toxicidade.
Não há medicamentos exclusivos para crianças; o que existe são medicamentos de adultos ajustados à
pediatria. As funções orgânicas na criança são imaturas e variáveis com a idade, por isso os processos
farmacocinéticos são imprevisíveis. De qualquer forma, é fundamental o ajuste na dose e o planejamento
alimentar adequado para evitar carências nutricionais ou intoxicações.
Com relação ao peso corporal, quando o IMC (Kg/m2) é alto devido ao aumento de tecido adiposo haverá uma
elevação no Vd dos fármacos lipossolúveis (ansiolíticos, antidepressivos, anestésicos gerais,
anticonvulsivantes) e diminuição de fármacos hidrossolúveis (penicilina, ácido acetilsalicílico, atenolol). De
uma forma geral, pode-se dizer que os obesos e os idosos – estes, pelo aumento de massa magra com a
senilidade – tendem a acumular mais drogas lipossolúveis do que pessoas magras.
Em pacientes com triacilglicerídeos, ácidos graxos e colesterol elevados, os fármacos são deslocados da
ligação com a proteína plasmática (albumina), ficam mais livres e são metabolizados mais rapidamente (JAIN
et al., 2011). O complexo citocromo P-450 hepático pode estar alterado, visto que a presença de mediadores
pró-inflamatórios na obesidade interfere na atividade enzimática.
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Para que os fármacos possam ser eliminados, é importante que sejam metabolizados e se tornem o mais
hidrossolúvel possível. Os fármacos e seus metabólitos hidrossolúveis podem ser encontrados no leite
materno, e mesmo em pequenas proporções podem induzir uma reação adversa no recém-nascido – por essa
razão aconselha-se que as nutrizes tomem seus medicamentos após a amamentação. Os medicamentos com
atenção para gestantes foram classificados, segundo a FDA (Food and Drug Administration), em cinco
categorias, conforme descrito no Quadro 1.
Quadro 1 | Categorias de medicamentos com atenção para uso durante a gestação, segundo a FDA
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Estudos controlados mostram não haver riscos. Estudos adequados e bem controlados em
A
mulheres grávidas não demonstraram riscos para o feto.
Riscos não podem ser descartados. Não há estudos em seres humanos e os estudos com
C animais não existem ou mostram risco fetal. Entretanto, os benefícios potenciais superam os
riscos.
A trajetória (farmacocinética) que o fármaco faz no organismo pode ser modificada devido à influência dos
alimentos ou dos nutrientes; a condições fisiológicas, como idade, peso corporal e período gestacional; a
condições patológicas, como distúrbios gastrointestinais, carência nutricional, distúrbios hepáticos e renais; e
à variabilidade genética.
Por outro lado, alguns fármacos podem também alterar a biodisponibilidade de nutrientes, ocasionando
carência nutricional, conforme exemplos descritos no Quadro 2.
Antiácidos
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Hidróxido de alumínio
↑ pH, modifica a
Carbonato de cálcio
Lipídeos, folacina, K, Ca, P solubilidade; forma Roe (1985)
Bicarbonato de sódio
complexos; ↓ absorção
Trisilicato de magnésio
Laxativos
↑ trânsito intestinal; ↓
Estimula diretamente a
motilidade intestinal; ↓
Bisacodil Lipídeos, Na, K, Ca Kirk (1995)
tempo de permanência; ↓
absorção no cólon
Antibióticos
Danifica a mucosa; ↓
vilosidades intestinais;
Melander et al.
Lipídeos, Na, K, Ca, Fe, Vitaminas precipita sais biliares;
Neomicina Isoniazida (1976); Pellock
B12, B6 provoca esteatorréia; ↓
et al. (1985)
atividade da lipase
pancreática
Agente
Hipocolesterolêmico
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A dieta hipoproteica, ou mesmo a carência de zinco, magnésio, ácido ascórbico e riboflavina podem diminuir a
atividade enzimática do complexo citocromo P-450 e prejudicar o metabolismo dos fármacos e, como
consequência, aumentar as chances de surgirem reações adversas. Considerando que os idosos apresentam a
capacidade absortiva e metabólica reduzida, torna-se prudente monitorá-los para evitar ou minimizar as
possíveis reações adversas ou agravamento da condição nutricional.
Nas últimas décadas, por várias razões, a expectativa de vida das pessoas aumentou. Mas também aumentou
a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, dislipidemias, neoplasias e síndrome
metabólica. Assim, a utilização de polifarmácia torna-se frequente entre as pessoas da terceira idade. Como
descrito anteriormente, a farmacocinética para esse grupo populacional pode estar modificada, devido não só
a alguma condição patológica, mas também pela diminuição fisiológica da capacidade funcional de vários
órgãos e tecidos.
Os fármacos utilizados no controle da hipertensão arterial podem estar envolvidos em vários mecanismos de
interação com alimentos/nutriente. O captopril deve ser administrado pelo menos 1 hora antes das refeições,
pois sabe-se que a presença do alimento diminui a biodisponibilidade do fármaco, fazendo com que haja
oscilação no controle da hipertensão arterial. Normalmente, o consumo de água pelo idoso está abaixo do
ideal, e com a utilização de diuréticos para controle da hipertensão arterial – como a hidroclorotiazida –, a
redução de água corporal é pronunciada levando à depleção de eletrólitos (potássio, magnésio, zinco). O ácido
acetilsalicílico é frequentemente utilizado por idosos devido aos efeitos antiagregantes plaquetários, porém o
uso contínuo pode diminuir a absorção de ácido ascórbico e ácido fólico.
O uso de hipoglicemiantes orais, como a metformina, pode reduzir a absorção de vitamina B12 e ácido fólico.
Não é recomendável a ingestão de antiácidos próximo às refeições, pois pode haver quelação de folato, e com
frutas cítricas e sucos naturais pode haver aumento na absorção de alumínio e perda de fosfato, ácido fólico e
ferro.
Em idosos com insuficiência cardíaca é comum a utilização de digoxina, porém esse fármaco apresenta efeito
anorexígeno, e quando associado a diurético pode acentuar a perda de vários eletrólitos. Nesse caso é
fundamental um monitoramento mais rigoroso.
A presença de alimentos pode levar a uma redução de aproximadamente metade da absorção de sulfato
ferroso, por isso, a recomendação é que o fármaco seja administrado uma hora antes ou duas horas após os
alimentos ricos em fibras, ou chá e café. Para facilitar a absorção do sulfato ferroso pode-se utilizar vitamina
C.
A cafeína é uma xantina, portanto, apresenta efeitos diuréticos e excitatórios do SNC. A ingestão de cafeína
deve ser restrita em idosos que utilizam fármacos antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, antidiabéticos e
diuréticos.
Em pediatria, sabe-se que a farmacocinética é diferenciada devido à imaturidade dos tecidos, órgãos e
sistemas e, assim, o uso crônico de vários medicamentos pode induzir a carência de vitaminas e minerais; por
isso, torna-se fundamental fazer acompanhamento nutricional, e a suplementação é indicada em caso de
constatação laboratorial e clínica.
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Durante a gestação é comum a mulher sofrer de náuseas e vômitos, infecção urinária, hipertensão arterial,
hiperglicemia e retenção urinária, mas devido à facilidade de alguns fármacos atravessarem a barreira
hematoplacentária e, também, atingir as glândulas mamárias, a medicação e a alimentação devem ser
controladas.
VÍDEO RESUMO
Convidamos você a assistir ao vídeo que aborda os conceitos básicos de farmacocinética e a influência dos
alimentos e/ou nutrientes. Também é importante compreender que em extremos etários, peso corporal e
estado gestacional, a farmacocinética pode estar modificada e a resposta farmacológica não ser aquela que se
espera.
Saiba mais
A leitura dos seguintes artigos trará ainda mais informações sobre os assuntos abordados em aula:
KAMPA, J. C.e C. et al. Pacientes sob terapia nutricional enteral e prevalência de interações fármaco-
nutrientes no ambiente hospitalar. Research, Society and Development, v. 9, n. 3, p. e162932680-
e162932680, 2020.
FARIA, G. H. S. S.; SANTOS, G. Bt. Interação Fármaco-Nutriente: uma revisão sistemática. Drug-nutrient
interactions, v. 1, n. 10, p. 3.
Aula 3
FARMACODINÂMICA I
A farmacodinâmica tem como propósito descrever o mecanismo de ação dos fármacos, portanto, refere-
se ao que o fármaco promove no organismo.
29 minutos
INTRODUÇÃO
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A farmacodinâmica tem como propósito descrever o mecanismo de ação dos fármacos, portanto, refere-se ao
que o fármaco promove no organismo. Os efeitos farmacológicos ocorrem a partir do momento em que o
fármaco interage com seu receptor. Essa interação droga-receptor pode ser influenciada por fatores
fisiopatológicos e ambientais, incluindo os aspectos nutricionais e o uso de fitoterápicos. As interações que
envolvem a farmacodinâmica podem potencializar ou diminuir a resposta farmacológica, e essa alteração
pode ser satisfatória ou não, a depender do objetivo esperado.
CONCEITOS GERAIS
O fármaco, para exercer sua função, necessita chegar ao local de ação e interagir com o receptor. Ou seja, a
resposta farmacológica depende da interação química do fármaco com um ou mais componentes celulares. A
distribuição do fármaco pelo organismo tem como propósito fazer com que o fármaco chegue ao local
específico de ação e interaja com o seu alvo.
O alvo farmacológico normalmente é constituído por proteínas, mas pode ser por ácidos nucleicos e minerais
(estrutura óssea). Os principais alvos farmacológicos de origem proteica são receptores, enzimas, moléculas
transportadoras e canais iônicos (RANG et al., 2012).
Os receptores, como alvo farmacológico específico, estão presentes em membrana ou no interior das células.
Em farmacologia, o termo “receptor” está relacionado àquelas moléculas na qual neurotransmissores,
hormônios e mediadores químicos interagem para promover os efeitos. Quando o fármaco ativa o receptor,
produzindo uma resposta semelhante à sinalização fisiológica, é chamado de agonista. Por outro lado,
quando o fármaco interage com o mesmo sítio de ligação, porém sem causar ativação e ainda impedindo a
ação do agonista, é chamado de antagonista.
As enzimas constituem um importante papel como alvo farmacológico, uma vez que estão presentes em
diversas reações bioquímicas. Nesse sentido, os fármacos podem estimular ou inibir a atividade enzimática. A
estimulação enzimática não é muito comum, porém se faz presente nos mecanismos de modulação
endógena. Por exemplo, os cofatores são obtidos a partir de vitaminas do complexo B ativando a ação de
enzimas descarboxilases. Por outro lado, a inibição enzimática torna-se um mecanismo muito mais comum,
pois a inibição de uma determinada enzima pode promover redução na síntese de substâncias responsáveis
pelo dano, como é o caso dos anti-inflamatórios não esteroidais que inibem a enzima ciclooxigenase, a qual é
a responsável pela produção de prostaglandinas que atuam na resposta inflamatória.
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Os canais iônicos são importantes estruturas que seletivamente permeiam a passagem de substâncias pela
membrana. Os canais iônicos podem servir de alvo para os fármacos, os quais promoverão abertura ou
fechamento desses canais. Isso pode ser observado com os benzodiazepínicos que agem estimulando a
abertura dos canais de cloreto mediados pelo neurotransmissor inibitório GABA (ácido gama-aminobutírico).
O DNA também pode ser o alvo para drogas como os glicocorticoides (GC). Nesse caso, os GC atravessam a
membrana plasmática e ligam-se aos receptores presentes no citosol. Esse complexo GC-receptor dirige-se ao
núcleo e interage com uma porção do DNA, e como resultado haverá uma modificação na transcrição,
reduzindo a biossíntese da fosfolipase A2 (enzima responsável pela produção de mediadores pró-
inflamatórios, como o ácido araquidônico).
Assim como visto em farmacocinética, pode haver interação entre nutrientes e fármacos, no qual a resposta
farmacológica pode estar modificada por interferência na interação droga-receptor e por outros mecanismos
sinérgicos ou antagônicos.
INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS
A farmacodinâmica é essencial para a compreensão da ação e do efeito das drogas no organismo, e como dito
anteriormente, os principais alvos farmacológicos são de natureza proteica e podem ser classificados em
receptores, enzimas, proteínas transportadoras e canais iônicos.
De uma forma geral, a resposta farmacológica só ocorre quando há interação do fármaco com seu alvo, como
descrito a seguir.
Na primeira parte da expressão tem-se a ação farmacológica, que é o reconhecimento e ligação do fármaco
ao seu receptor, ou seja, o fármaco precisa ter afinidade pelo receptor e ter capacidade de se ligar a porções
específicas do receptor. Dessa ação resulta o complexo fármaco-receptor, que corresponde à eficácia
farmacológica que se refere à capacidade do fármaco ligar ao seu receptor e produzir a resposta
farmacológica. A intensidade da resposta farmacológica é proporcional à quantidade de receptores ocupados
pelo fármaco. Quanto maior a interação do fármaco ao receptor, mais intensa é a resposta ou vice-versa.
Quando não há interação fármaco-receptor, então não há resposta farmacológica. Enquanto houver o
complexo fármaco-receptor, o efeito continua. Decorrido o tempo de ação, o complexo fármaco-receptor se
desfaz para que novas moléculas possam agir ou para que a homeostase retome. Por isso a importância das
ligações fracas para a formação do complexo e da reversibilidade da reação (KATZUNG et al., 2014).
O efeito de um fármaco pode diminuir gradualmente quando é de uso contínuo. Quando a perda de atividade
farmacológica é rápida, utilizam-se os termos dessensibilização ou taquifilaxia. Já o termo tolerância
farmacológica é utilizado quando se refere à perda mais gradual do efeito farmacológico. O conceito de
resistência aos fármacos é destinado aos fármacos antimicrobianos e quimioterápicos. Por vezes também se
utiliza o termo refratariedade, que significa perda da eficácia terapêutica.
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As interações farmacodinâmicas podem ser sinérgicas ou antagônicas, assim como visto em farmacocinética
clínica. Quando fármacos e nutrientes ou fitoquímicos agem para melhorar a resposta, a interação é do tipo
sinérgica. Por outro lado, quando as respostas percorrem caminhos opostos, tem-se interação antagônica.
A interação sinérgica pode ser satisfatória quando se pretende potencializar uma resposta, porém, deve-se ter
o cuidado de não exacerbar e atingir níveis tóxicos. Já a interação antagônica pode ser interessante quando se
pretende reduzir efeitos tóxicos e, da mesma forma, atentar-se para não reduzir demais e não haver resposta
farmacológica.
A ação farmacológica é fundamental para que haja o efeito esperado. Porém, essa ação pode ser afetada pela
presença do alimento/nutriente. Os princípios farmacodinâmicos devem ser considerados para que a ação e
efeitos das drogas estejam de acordo com o esperado.
As respostas farmacológicas podem ser antagonizadas por influência de nutrientes. Os anticoagulantes orais
como a varfarina são inibidores da biossíntese dos fatores de coagulação vitamina K-dependentes II, VII, IX e X.
Esses fármacos são de uso contínuo, e pessoas que consomem diariamente alimentos que promovem a
biossíntese desses mesmos fatores de coagulação podem ter como consequência a diminuição da eficácia dos
fármacos com riscos trombóticos. Os alimentos e suplementos ricos em vitamina K são aqueles que mais
antagonizam o efeito da varfarina, como vegetais de folhas verdes escuras (brócolis, couve, espinafre) e roxas
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(KLACK; CARVALHO, 2006). Além disso, alimentos/fitoterápicos como alho, gengibre, ginkgo, cranberry, chá
verde, erva-de-são-joão e ginseng, podem potencializar também o efeito anticoagulante. Não há proibição no
consumo desses alimentos, entretanto, deve-se ter cautela na ingestão diária.
O efeito sinérgico também é observado nas interações que envolvem os ansiolíticos da classe dos
benzodiazepínicos e a valeriana (Valeriana officinalis). Tanto os fármacos como os ativos da valeriana
promovem aumento na atividade do GABA (ácido gama-aminobutírico), e dessa forma podem juntos
potencializar mais ainda o efeito depressor. Já a erva cidreira (Melissa officinalis) diminui a degradação do
GABA e isso promoverá efeito sedativo que pode ser potencializado também pelos benzodiazepínicos. O
extrato de maracujá (Passiflora incarnata L.) é estimulante dos receptores gabaérgicos que promove aumento
da atividade do GABA, logo, sendo potencializado também pelos benzodiazepínicos (NOBREGA et al., 2022).
Assim, a prescrição desses fitoterápicos deve ser cautelosa em pacientes usuários de benzodiazepínicos.
VÍDEO RESUMO
Convidamos você a assistir ao vídeo que aborda os conceitos básicos de farmacodinâmica e a influência dos
alimentos e ou nutrientes. Neste vídeo, abordamos a importância da interação do fármaco ao seu receptor
para resultar em efeito farmacológico. Além disso, tratamos dos fatores que podem estar influenciando a
eficácia farmacológica.
Saiba mais
Leia os seguintes artigos relacionados com os conteúdos da aula:
Aula 4
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FARMACODINÂMICA II
A biodisponibilidade de nutrientes, de uma forma geral, refere-se à fração do nutriente que está
disponível para agir nas células em quantidade ideal para mantê-las funcionando em condições normais.
30 minutos
INTRODUÇÃO
A biodisponibilidade de nutrientes, de uma forma geral, refere-se à fração do nutriente que está disponível
para agir nas células em quantidade ideal para mantê-las funcionando em condições normais. Existem
fármacos e fitoquímicos que interferem na biodisponibildade dos nutrientes, o que pode causar um
desequilíbrio celular, resultando principalmente em carência nutricional.
O nutricionista não prescreve medicamentos alopáticos, porém, para alguns fitoterápicos a prescrição é
permitida, desde que o profissional tenha habilitação para tal prática. Por essa razão, o conteúdo dessa aula
auxiliará na compreensão das interações farmacodinâmicas que podem prejudicar o estado nutricional do
paciente.
CONCEITOS GERAIS
As interações medicamentosas que envolvem os alimentos e nutrientes são muito comuns e de maior
significância quando o uso dos medicamentos é contínuo e coincidindo com o horário das refeições.
Em farmacologia, a biodisponibilidade é a fração do fármaco que atinge a circulação sistêmica e que está
disponível para exercer a ação no local alvo. Em se tratando de administração por via oral, a
biodisponibilidade do fármaco é afetada pelos fatores que interferem na absorção, como o efeito pré-
sistêmico (metabolismo enzimático durante a passagem pela mucosa gastrointestinal); a eliminação, antes da
absorção; a formação de quelatos (complexos moleculares de alto peso molecular com baixa capacidade
absortiva) com outros fármacos ou nutrientes; e a alteração do pH gastrintestinal (fármacos mais ácidos são
absorvidos no estômago e fármacos mais alcalinos são absorvidos no intestino) (RANG et al., 2011).
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A biodisponibilidade dos nutrientes pode ser afetada por vários fatores, como descrito na Figura 2. Quando o
indivíduo apresenta um distúrbio no trato gastrointestinal (condição fisiopatológica), pode haver dificuldade
no processo de digestão e absorção de nutrientes. As interações com fármacos, fitoquímicos e outros
nutrientes são fundamentais no estudo da biodisponibilidade.
Além disso, alguns fármacos podem também interferir na função tireoidiana e pancreática, promovendo,
dessa forma, alterações no apetite.
A fitoterapia é uma ciência que explora os componentes ativos de plantas que exercem atividade biológica
satisfatória ao organismo humano e animal. Os benefícios dos fitoterápicos podem ser obtidos diretamente
das plantas (frescas ou secas) no preparo de chás, suchás (sucos associados a chás) e iguarias na gastronomia.
Além disso, existem medicamentos fitoterápicos cujos componentes ativos foram isolados e colocados em
alguma forma farmacêutica (xaropes, cápsulas, comprimidos, cremes, pós, gel). Embora a fitoterapia baseie-se
em uso mais natural de um produto, não é isenta de reações adversas, e os componentes podem também
afetar a eficácia farmacológica e a biodisponibilidade dos nutrientes.
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A homeopatia é uma ciência que envolve o uso de componentes ativos de origem animal, vegetal e mineral.
Diverge da alopatia (medicina tradicional) e fitoterapia, que se fundamentam em “curar o problema”, ou seja,
se há dor, então, utilizam-se fármacos ou fitoterápicos que aliviam a dor. Normalmente, na alopatia a
concentração dos fármacos é mais alta e próxima do nível de segurança, portanto, tende a aumentar as
chances de reações adversas. Já o princípio da homeopatia é a “cura pelo semelhante”, e com preparo de
doses bem diluídas e energizadas estimula o organismo a reagir contra o problema.
FARMACODINÂMICA
De uma forma geral, fármacos que promovem aumento no tempo de trânsito intestinal, podendo até
provocar diarreia, diminuem a absorção de vitaminas e minerais.
b) Irritação gastrointestinal.
A irritação de mucosa gastrointestinal, seja provocada por uma patologia ou induzida por fármacos, pode
provocar carência de vitaminas e minerais.
Alguns fármacos podem formar complexos com minerais. Esses complexos apresentam peso molecular mais
elevado e com maior possibilidade de não serem absorvidos nem o fármaco nem os nutrientes.
d) Síndrome da má absorção.
Essa síndrome é caracterizada por várias manifestações como diarreia, constipação, distensão abdominal e
perda de peso. A má digestão pode comprometer a quebra de vários alimentos, resultando em perdas
significativas por meio das fezes. Além disso, a incapacidade de metabolizar adequadamente os alimentos
pode diminuir a biodisponibilidade dos nutrientes.
e) Excreção renal.
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A perda de nutrientes, principalmente de minerais, pode ocorrer ao se promover uma diurese mais intensa
em que se observa diminuição da reabsorção de minerais como sódio, potássio, magnésio e cálcio.
f) Alteração no apetite.
As principais reações adversas dos fármacos envolvem náuseas, êmese e disgeusia. Essas condições podem
alterar o apetite e a recusa do alimento. Por outro lado, fármacos podem induzir o apetite e ainda estimular
afinidades por determinado grupo de alimentos, como carboidratos.
Os componentes ativos das plantas são originados do metabolismo secundário. Os ativos que fornecem
características à planta (cor, aroma, defesa, regulação) e exercem atividade biológica são representados pelos
taninos, óleos essenciais, alcaloides, flavonoides, glicosídeos, mucilagens, resinas, antraquinonas, ácidos
orgânicos e fitosteróis. São esses fitoquímicos que podem interagir com fármacos e nutrientes por diferentes
mecanismos farmacocinéticos e farmacodinâmicos.
As plantas medicinais in natura ou processadas na forma de medicamento fitoterápico não são isentas de
reações adversas. Segundo a Resolução CFN nº 680/2021 (CFN, 2021a), o nutricionista pode prescrever
fitoterápicos, de acordo com a Resolução CFN nº 679/2021 (CFN, 2021), o profissional pode prescrever
homeopatia e antroposofia. Entretanto, para atender a essas resoluções, o nutricionista precisa estar
habilitado com cursos de pós-graduação com o mínimo de 200 horas na área de fitoterapia.
Após a digestão dos alimentos, os nutrientes devem ser absorvidos para que sejam aproveitados pelas
células. Entretanto, a biodisponibilidade dos nutrientes pode ser afetada durante a digestão e processamento
dos alimentos, bem como por influência dos fármacos e fitoquímicos.
Os diuréticos, como a furosemida, podem promover perdas de cálcio, magnésio, potássio e riboflavina, além
de obstipação e diarreia em alguns usuários. Já a hidroclorotiazida pode promover também perda de potássio
e magnésio e retenção de cálcio, além de aumentar a glicemia e induzir a dislipidemia.
Os antimicrobianos são fármacos que tendem a provocar várias reações adversas relacionadas ao trato
gastrointestinal, como diarreia, obstipação, náuseas, êmese e disgeusia. Os aminoglicosídeos, como a
neomicina e a polimixina, promovem carência das vitaminas A, K, B12, e dos minerais cálcio e sódio. As
tetraciclinas e a ciprofloxacina podem formar quelatos com cálcio e magnésio, e por essa razão é
recomendável fazer um intervalo de pelo menos 2 horas antes ou 4 horas depois da utilização de
suplementos multivitamínicos.
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Anti-hipertensivos como captopril podem inibir o apetite, e o propranolol pode causar distúrbios
gastrointestinais (diarreia, obstipação, flatulência). O ácido ascórbico acima de 2 g/dia pode diminuir a
absorção de propranolol, portanto, ação e efeito ficam comprometidos.
Os antiácidos como hidróxido de magnésio e alumínio, em uso contínuo, podem depletar cálcio, fósforo,
potássio e ferro, e ainda interferir na digestão de lipídeos.
Entre os anti-inflamatórios, sabe-se que ácido mefenâmico pode causar carência de vitamina A, D, E, K e
diminuir a digestão dos lipídeos. Já o ácido acetilsalicílico pode induzir a anorexia, além de diminuir ferro,
ácido fólico e ácido ascórbico. Com o diclofenaco de potássio deve-se ter cautela ao utilizar suplementos que
contenham potássio na composição. Os corticosteroides induzem ao desequilíbrio de minerais e ainda
alteram o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos e, assim, é necessária suplementação com cálcio
e vitamina D e verificação da necessidade de suplementação também com potássio, vitamina A e ácido
ascórbico.
Os antidislipidêmicos como colestiramina, clofibrato e colestipol, em uso prolongado, podem levar à carência
de vitaminas lipossolúveis, B12 e ácido fólico, carotenos e minerais cálcio, ferro, zinco e magnésio, ainda
alterar a digestão de glicídios e lipídeos.
A presença de polifenóis (taninos) na Camellia sinenses (chá verde) pode formar quelatos com o ferro e
induzir a quadros de anemia ferropriva (CAMARA et al., 2021).
VÍDEO RESUMO
Convidamos você a assistir ao vídeo que aborda os conceitos básicos de farmacodinâmica, bem como os
possíveis mecanismos de interação medicamentosa envolvendo a presença de alimentos e/ou nutrientes.
Neste vídeo citamos também exemplos das interações farmacodinâmicas que reforçarão a importância de se
fazer um planejamento alimentar individualizado considerando não só as condições socioeconômicas e
fisiopatológicas, mas também as medicações utilizadas.
Saiba mais
Leia o seguinte artigo e saiba ainda mais:
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REFERÊNCIAS
10 minutos
Aula 1
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