Farmacologia - AP1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 28

A palavra farmacologia vem do grego, que significa o estudo

dos fármacos ou estudo das drogas. A farmacologia como ciência


começou apenas no século XIX, razão pela qual é conhecida como
uma área jovem.
O campo da farmacologia abrange a composição dos
medicamentos, os estudos das propriedades de medicamentos, as
interações, a toxicologia e os efeitos desejáveis que podem ser
usados no tratamento de doenças.
A farmacologia na prática é o estudo dos fármacos, que são
substâncias químicas que provocam efeitos, de preferência,
terapêuticos/benéficos. Isto é, a substância química irá reagir com
alguma parte do corpo humano, produzindo um efeito, que é
esperado que seja terapêutico, porém pode ser que seja tóxico, o
que é indesejado.
Antigamente, a farmacologia, antes de se estabelecer os
critérios atuais dessa ciência, era baseada em qualquer terapia que
utilizava produtos naturais, tais como as ervas, mistura de vermes,
urina, estrume etc.
A base de muitos medicamentos é derivada do uso popular de
ervas, árvores etc. A aspirina, por exemplo, nome popular do ácido
acetilsalicílico, foi introduzida como um medicamento farmacêutico
no final do século XIX, porém antes disso era muito utilizada por
indígenas a partir da casca de uma árvore com efeitos analgésico e
redução de efeitos inflamatórios. A partir desse conhecimento é que
foi ser estudado, quimicamente, quais são os constituintes da casca
e descobriu-se que realmente possuía efeitos analgésicos. Sendo
considerado o medicamento mais antigo, não necessariamente o
melhor.
Remédio é um termo muito comum, ainda utilizado atualmente,
porém não mais com o mesmo significado de antigamente, visto que
era conhecido como remédio o tipo de abordagem que era feita que
não curava, apenas remediava. As vezes eram utilizadas plantas que
iriam tratar e serviam de medicamentos, mas a maioria das
abordagens eram consideradas remédios, pois apenas
remediavam, não tratando, muito menos era certeza de funcionar.
Com o avanço do conhecimento, foi sendo deixado de lado a
abordagem empírica, de tentativa e erro – muito mais erro do que
acertos –, mas que foi isso que fez com que se adentrasse na seara
da ciência de experimentação, verificando, analisando e
controlando as variáveis.
Os sistemas mais antigos envolvendo terapias
medicamentosas eram a Alopatia, desenvolvida por James Gregory
no início do século XVIII; a Homeopatia, desenvolvida por S.
Hahnemann no início do século XIX; e, por fim, a Farmacologia como
ciência, em meados do século XIX na Alemanha.
A farmacologia se relaciona com variadas disciplinas, tais
como a psicologia (os psicofármacos), com a clínica médica
terapêutica (farmacologia clínica), medicina veterinária
(farmacologia veterinária), farmácia (ciências farmacêuticas),
biotecnologia (biofármacos), patologia (toxicologia), química
(química médica), genética (farmacogenética), genômica
(farmacogenômica), epidemiologia clínica (farmaepidemiologia) e
economia e saúde (farmacoeconomia).
O conceito de farmacologia é o estudo do modo pelo qual a
função dos sistemas biológicos é afetada por agentes químicos. Por
exemplo, há uma substância química que irá interagir com o sistema
biológico, provocando uma resposta, que pode ser um efeito
benéfico (fármaco = medicamento) ou um efeito maléfico (droga =
tóxico).
Essas substâncias podem ser utilizadas em variados
contextos, tais como na farmacoterapia (que é um ramo da
farmacologia), no diagnóstico (algumas substâncias não são usadas
para tratamento, mas para diagnosticar uma determinada
condição), na prevenção de doenças (que atuam prevenindo o
aparecimento de condições), na anticoncepção (que evitam a
concepção), nos alimentos como medicamentos (ex.: cápsula de
ômega 3), nas drogas órfãs (medicamentos que não fazem parte de
nenhuma classe, mas que possuem alguma função medicamentosa)
e na toxicologia (medicamentos que tratam uma condição, mas
também causam malefícios ao paciente, ex.: os antineoplásicos, que
matam o câncer, mas também matam o paciente).
O estudo da farmacologia se subdivide em farmacologia geral
(em que são vistos os aspectos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos), a farmacoterapia/farmacologia aplicada,
farmacologia clínica, farmacologia experimental, toxicologia e
farmacognosia.
A farmacocinética corresponde ao trajeto que o medicamento
percorre desde a sua administração até a sua eliminação, enquanto
a farmacodinâmica diz respeito à resposta produzida pelo fármaco.

Administração
do fármaco

Absorção

Sistema
circulatório

Distribuição

Fármaco nos
tecidos

Efeito
farmacológico

Resposta
Toxicidade
clínica

Farmacocinética
Metabolismo e
excreção
Farmacodinâmica

O conceito de fármaco é a substância capaz de produzir


alteração em determina função biológica através de suas ações
químicas, devendo apresentar as propriedades necessárias para
ser transportado do local de sua administração até seu local de
ação, não sendo utilizados em sua forma pura ou natural,
necessitando de formulações e formas farmacêuticas.
Os profissionais de saúde que podem prescrever
medicamentos são os médicos e cirurgiões-dentistas, devendo ser
seguida as normas dos órgãos de fiscalização (ANVISA, Secretarias
de Saúde e Vigilância Estaduais e Municipais).
A forma farmacêutica é o estado final de apresentação do
princípio ativo, obtida através de uma ou mais operações
farmacêuticas (extração, pulverização, iofilização etc.), com ou sem
a adição de excipientes, facilitando a utilização do fármaco a
depender da via de administração.
Os medicamentos são produtos farmacêuticos tecnicamente
elaborados com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins de diagnóstico, desde que corretamente utilizados. De acordo
com a ANVISA, a forma farmacêutica finalizada contém o fármaco
(princípio ativo), geralmente em associação com adjuvantes
farmacotécnicos.
Os excipientes são quaisquer materiais, além das substâncias
farmacologicamente ativas, existentes numa formulação
farmacêutica. Isto é, são todas as outras coisas que estão
acrescidas além do princípio ativo, seja para melhorar o sabor, o
odor etc., tais como os solventes, os flavorizantes, os edulcorantes,
os conservantes, os estabilizantes, os diluentes, os lubrificantes, os
desintegrantes, os aglutinantes, os alcalinizantes etc., conferindo a
aparência global, a forma física, o sabor, a estabilidade etc.
O medicamento é formado pelo princípio ativo acrescido dos
adjuvantes farmacotécnicos (veículo e corretivo).
O princípio ativo é a substância farmacologicamente ativa,
podendo ser simples (apenas um princípio ativo) ou composto (mais
de um princípio ativo). Substâncias com mais de um princípio ativo
(compostos) são divididos em base, que é a principal substância
ativa, e adjuvante da base, que é outro princípio ativo que
complementa a atividade farmacológica da base.
O veículo é qualquer substância que irá auxiliar na
desintegração, diluição e/ou agregação do princípio ativo.
Os corretivos são as substâncias modificadoras das
características, conferindo textura, sabor, cor, odor etc.
O objetivo do delineamento dos fármacos diz respeito ao
conjunto de mecanismos utilizados para definir a melhor forma
farmacêutica para a administração do princípio ativo, protegendo
o fármaco contra a influência destrutiva do meio externo,
proporcionando a sua ação adequada, independente da via de
administração, permitindo diferentes tipos de controle de ação,
proporcionando sabor agradável e reprodutibilidade da qualidade
em escala industrial.
As formas farmacêuticas podem ser classificadas quanto ao
seu uso, ao modo de ação, ao alvo terapêutico, às formas físicas e
as vias de administração.
Quanto ao uso, as formas farmacêuticas podem ser para uso
interno ou para o uso externo. O uso interno é levado em
consideração o trato alimentar, da boca ao ânus. O uso externo leva
em consideração qualquer outra via que não seja feita pelo trato
gastrointestinal.
Quanto ao modo de ação, as formas farmacêuticas podem ser
tópicas/local ou sistêmicas. A ação tópica ou local se refere à ação
em um local específico. A ação sistêmica leva em consideração a
passagem da medicação pelo sistema circulatório sanguíneo.
Quanto ao alvo terapêutico, são divididos em organotrópicos
e etiotrópicos. Organotrópicas são medicações que agem no
indivíduo que está tomando, condicionando uma alteração de um
parâmetro biológico. Etiotrópicas são as medicações que agem no
microrganismo patogênico que está presente no indivíduo, não
influenciando qualquer atividade biológica, possuindo a finalidade
de matar ou impedir a multiplicação.
Quanto às formas físicas, podem ser sólidas, semissólidas,
líquidas ou gasosas.
• Formas sólidas são constituídas por moléculas mantidas
muito próximas uma das outras por forças intermoleculares,
sendo o pó o ponto de partida para as outras formas
farmacêuticas. O pó pode ser dividido e não dividido,
possuindo partículas ≤ 10 µm, podendo ser uma ou várias
substâncias misturadas, sendo mais estáveis que os líquidos.
o Pó dividido: devem se apresentar finos e uniformemente
divididos, sendo que os de aplicação tópica devem ser
“macios” ao toque e não irritantes à pele;
o Pó não dividido: são os pós em tamanhos mais
grosseiros, possuindo formato irregular (mas podem ser
preparados na forma esférica), além de poderem ser
preparados pelo método seco ou úmido;
o Comprimido: pó medicamentoso prensado, podendo ser
para uso entérico ou sublingual, efervescente, liberação
prolongada, revestido ou para uso externo;
o Drágeas: é um tipo de comprimido revestido (películas,
açúcar ou à seco) por algum material com a intenção de
conferir benefícios e propriedades à forma farmacêutica
em relação à não revestida, geralmente para proteção
contra o suco gástrico;
o Cápsula: invólucro comestível de gelatina ou outro
material apropriado que contém o produto
medicamentoso (em pó ou líquido), podendo ser
utilizados materiais gelatinosos ou amiláceos, possui
formas cilíndricas, esféricas etc., ser duras (cápsulas
duras de gelatina ou cápsulas de polímero vegetal) ou
moles (softcaps);
o Pastilhas: comprimidos de dissolução bucal lenta,
liberando o fármaco na saliva, usadas como
antissépticos, anti-inflamatórios ou anestésicos para
produzir efeitos tópicos na boca ou na garganta,
formado pelo medicamento + sacarídeo + mucilagem;
o Supositório: forma indicada principalmente para o uso
retal, geralmente quando a pessoa está inconsciente ou
vomitando, apresentando diferentes formas e tamanhos,
com uma faixa de fusão estreita (se solidifica em baixas
temperaturas e se funde ± aos 37ºC);
o Óvulo: é um tipo de supositório vaginal, preparados
geralmente à base de glicerogelatina (mais tolerados) ou
polietilenoglicol (mais irritantes), necessitando de
dispositivos para sua administração (devem ser
administrados o mais próximo possível do colo do útero),
podendo ser em formato de cápsula (que se fundirá em
decorrência da temperatura), em forma de gel ou, ainda,
em forma de comprimido (que se dissolverá com a
umidade do local);
o Patch: forma farmacêutica constituída por um filme
protetor, uma camada hormonal, uma membrana
central (contém o princípio ativo) e uma camada adesiva,
utilizado de forma tópica e liberação lenta, produzindo
um efeito sistêmico;
o Pellet: um tipo de medicação em forma de comprimido,
implantado sob a pele por injetores especiais ou por
incisão cirúrgica, que garante liberação prolongada,
podendo se dissolver no organismo ou ser necessária
sua remoção.
• Formas farmacêuticas semissólidas são os cremes, as
pomadas, as geleias, as pastas, os emplastros, as bandagens
e os géis adesivos.
o Cremes: emulsões para aplicação externa (remove mais
facilmente), com uma concentração ≤ 5% de pó, podendo
ser utilizados para pós lipo ou hidrossolúvel, além de
possuir maior penetrabilidade;
o Pomadas: preparações gordurosas (maior dificuldade
para remoção), com uma concentração entre 5% e 20%
de pó dissolvido ou disperso, sendo utilizadas para pós
lipossolúveis, possuindo menor penetrabilidade;
o Geleias: suspensões de grandes moléculas ou de
partículas inorgânicas em um líquido, geralmente
associadas a algum tipo de medicamento-alimento;
o Pastas: preparações com concentrações entre 20% e 50%
de pó, que podem secar e tornar-se rígidas, podendo
absorver as secreções cutâneas e outros produtos
químicos, possuindo mínima penetrabilidade na pele;
o Emplastros, bandagens e géis adesivos: são para uso
tópico (transdérmico) podendo atingir a corrente
sanguínea, impregnando-se o medicamento em tecidos
e/ou plásticos, fixando-se por colas orgânicas e
sensíveis à temperatura corporal.
• Formas farmacêuticas líquidas são as soluções, constituídas
por uma ou mais substâncias ativas dissolvidas em um veículo
(solventes, água etc.), formando uma única fase líquida que
pode ser utilizada interna ou externamente, como por exemplo
as soluções nasais, orais, oftalmológicas, otológicas,
dermatológicas e injetáveis
o Elixir: tipo de solução de via oral, utilizando um veículo
hidroalcóolico (20%) com ou sem açúcares (até 20%);
o Xarope: solução ou suspensão aquosa com ≥ 2/3 de
açúcar, sendo que os xaropes mais recentes não utilizam
açúcar;
o Colutórios: soluções aquosas para uso na cavidade oral,
para controle de inflamação, infecção, xerostomia etc.;
o Tinturas: tipo de solução para uso tópico, são soluções
resultantes da ação do álcool (10%-20%) sobre produtos
secos de origem vegetal, animal ou mineral;
o Colírios: soluções aquosas estéreis para uso oftálmico;
o Loções: para uso externo sem fricção, podendo conter
umectantes ou álcool, possuindo efeito refrescante e
pele seca, muito usado pela indústria cosmética;
o Injetáveis: soluções, suspensões ou emulsões estéreis
que utilizam veículo aquoso ou oleoso para uso via
parenteral;
o Emulsões: composta por um líquido insolúvel e um outro
líquido utilizado como solvente, necessitando
agitar/chacoalhar para poder ser utilizado;
o Suspensões: são compostos por um sólido insolúvel e um
líquido utilizado como solvente;
o Infusões (chás): são soluções aquosas cujos princípios
ativos são extraídos de vegetais, utilizando-se água
quente com temperatura inferior a 100ºC (no máximo
80ºC).
• Formas farmacêuticas gasosas são os gases, as formas
inalatórias e os aerossóis.
o Gases: geralmente vêm em formas compactadas para
que se possa apertar e dispersar;
o Inalação: soluções administradas por nebulização;
o Aerossol: dispersão envasada sob pressão.
As vias de administração são divididas em enteral, parenteral
e tópica. A via enteral é toda via que se utiliza do trato alimentar,
indo da boca ao ânus, recebendo esse nome em razão do intestino,
local em que há maior absorção de nutrientes. A via parenteral é a
via de ação sistema que está fora do TGI/paralela ao TGI. A via
tópica diz respeito às aplicações locais, caracteristicamente a ação
é no local de administração do fármaco, dependendo da
solubilidade do fármaco pode ocorrer a absorção.
As principais vias de administração dos fármacos são
divididas em enteral (oral sem deglutição, oral com deglutição e
retal), parenteral (intramuscular, subcutânea, intravenosa,
intradérmica e especiais) e tópica (inalatória/pulmonar, epidermal e
aplicação em outras superfícies epiteliais).
A via enteral é dividida em oral e retal, sendo que a oral se
subdivide, didaticamente, em com e sem deglutição. A oral sem
deglutição corresponde à administração sublingual, em que não há
a deglutição, mas que adentrou o TGI. A oral propriamente dita, que
vem do latim per os – através da boca, atingindo os sítios estômago
e intestino (delgado e grosso). A retal é a administração via ânus.
A via parenteral é tudo que corre fora do TGI, podendo ser
intramuscular, subcutânea, intravenosa, intradérmica e as
chamadas especiais (epidural, intratecal e intraperitoneal), que
necessitam ser realizadas a nível hospitalar.
A via tópica é quando se espera produzir uma ação apenas no
local de administração, porém pode escapar para a corrente
sanguínea. Subdividem-se em inalatória/pulmonar e epidermal ou
aplicação em outras superfícies epiteliais, tais como a auricular, a
córnea e as mucosas vaginal, bucal e nasal. A via tópica na mucosa
bucal não deve ser confundida com a via enteral – oral, pois o efeito
que se espera é tratar a superfície da mucosa e não produzir um
efeito sistêmico.
Importante: a classificação das vias de administração levam
em consideração o efeito que se deseja produzir, como por exemplo
a lidocaína, se deseja-se produzir um efeito local, ela é considerada
uma via tópica, porém se deseja-se produzir um efeito sistêmico, ela
pode ser considerada por outra via (parenteral ou enteral).
A via enteral oral pode ser classificada, didaticamente, em sem
deglutição e com deglutição. A via oral sem deglutição é a via
sublingual, buscando uma ação sistêmica, por ser um sítio muito
irrigado e atinge com mais rapidez a circulação. A via oral com
deglutição pode passar pelo esôfago até chegar ao estômago ou se
inserida diretamente no estômago, por meio da gavagem, referindo-
se às absorções gástricas ou intestinais. Suas vantagens são a fácil
administração, um método seguro e econômico para o paciente,
além da ação sistêmica, o fármaco pode agir localmente (no tubo
digestivo).
As limitações da via oral são as possibilidades de irritação
gástrica causada por alguns fármacos, a destruição de alguns
fármacos pelo suco digestivo, a eficácia pode ser limitada pelo
metabolismo de primeira passagem, os efeitos sistêmicos são mais
lentos, não pode ser usada em pacientes com vômitos ou
inconscientes, além de necessitar da colaboração do paciente.
A via enteral sublingual é indicada quando se deseja uma
resposta rápida, quando o fármaco é instável em pH gástrico ou
quando o princípio ativo seria rapidamente metabolizado no fígado
(ex.: o trinitrato de gliceril, utilizado para o tratamento de angina). As
vantagens dessa via é que o fármaco é absorvido a partir da
mucosa oral, sofrendo drenagem venosa passando diretamente
para a circulação sistêmica, escapando do metabolismo de primeira
passagem. Além disso, podem ser facilmente administrados e
removidos quando se observam efeitos intensos. Suas limitações
estão no sabor desagradável de alguns fármacos, irritação local e
salivação excessiva, bem como requer colaboração do paciente.
A via enteral retal apresenta uma absorção mais rápida que a
oral, evitando a destruição do fármaco por enzimas digestivas e
pelo baixo pH do estômago, sua administração pode ser para
produzir efeitos locais ou sistêmicos, sendo útil para pacientes com
náuseas, vômitos, inconscientes, em pós-operatório ou em mal
epiléptico em crianças. Suas limitações são o desconforto na
administração, a absorção variável na presença de fezes, podendo
ocorrer a irritação retal (em casos de uso crônico), lesões no reto e
diarreia contraindicam o uso dessa via para fins sistêmicos.
Nas vias parenterais, existem quatro vias mais comuns, não
necessariamente na clínica odontológica, mas na clínica médica,
que são a via intramuscular (agulha maior, posicionamento reto em
ângulo de 90º, para poder atingir um sítio bem profundo, a nível de
músculo), a via subcutânea (agulha menor, em ângulo de 45º, para
atingir a gordura subcutânea), a via intravenosa (agulha menor,
agulha mais deitada, para atingir uma veia) e a via intradermal.
Essas vias são utilizadas para a administração de formas
farmacêuticas injetáveis, necessitando da técnica adequada.
A administração intramuscular (i.m.) ou subcutânea (s.c.)
produzem efeitos mais ou menos rápidos do que a administração
oral, dependendo do local da injeção, existindo fatores que limitam
a velocidade de absorção, ocorrendo a difusão através do tecido e
removendo pelo fluxo sanguíneo local. A absorção é aumentada na
presença de hialuronidase, enzimas que degradam a difusão. A
absorção é reduzida em pacientes hipovolêmicos, desidratados ou
na adição de vasoconstritores em uma solução de anestésico local.
A via de administração intramuscular é utilizada para
substâncias em solução aquosa, que são rapidamente absorvidas
dependendo do fluxo sanguíneo no local da injeção. A velocidade
de absorção é menor em mulheres quando aplicada no glúteo. No
musculo deltoide, a velocidade de absorção é maior do que no
glúteo. O fármaco injetado em veículo oleoso possui absorção lenta.
Suas desvantagens estão na possibilidade de ser dolorosa, não
aceitável para automedicação e poder causar abscesso.
A via de administração subcutânea é usada para substâncias
que não são irritantes para os tecidos, caso contrário o paciente
sente dor intensa e ocorre a necrose. Sua absorção é lenta,
constante e está limitada ao fluxo sanguíneo. Permite a
administração de substâncias implantadas sob a pele (pellet), sendo
absorvidas lentamente ao longo de semanas ou meses. São
necessárias formulações estéreis e técnicas de assépticas. Pode
ocorrer a irritação no local e os volumes variam de 0,5 ml a 1 ml.
A via de administração intravenosa (i.v.) ou endovenosa (e.v.)
evita os problemas inerentes à via oral, sendo que a concentração
desejada de um fármaco no sangue é obtida com precisão e
rapidez. Os efeitos terapêuticos são observados quase
imediatamente, além de permitir a administração de soluções
irritantes. As desvantagens estão na possibilidade de ocorrência de
reações desfavoráveis em razão de concentrações elevadas do
fármaco tanto no plasma quanto nos tecidos. Uma vez
administrado, o fármaco não pode ser removido. Há necessidade de
se manter uma veia permeável para repetidas injeções. É
incompatível com substâncias em veículo oleoso, que precipitem
constituintes sanguíneos ou que causam hemólise dos eritrócitos.
Precisa-se de pessoas qualificadas treinadas. Pode introduzir
microrganismos através da contaminação, além de ter a
possibilidade de ser dolorosa e com custo elevado.
As vias de administração especiais são a Intratecal (i.t.) e a
intraperitoneal (i.p.). A administração Intratecal se trata de uma
injeção no espaço subaracnóideo através de agulha de punção
lombar, como por exemplo o metotrexato, para tratamento de
leucemia infantis, e a bupivacaína, que é um anestésico local. A
administração intraperitoneal é utilizada para introdução de
substâncias na cavidade intraperitoneal, possuindo uma grande
superfície de absorção, sendo um procedimento laboratorial
comum e raramente utilizado na clínica, pois pode causar infecções
ou aderências.
As vias de administração tópicas podem ser a administração
cutânea/epidérmica, mucosas e inalatórias.
A administração cutânea é utilizada quando se deseja obter
efeito local sobre a pele, sendo a absorção proporcional à superfície
aplicada e à lipossolubilidade do fármaco. Efeitos tóxicos podem ser
provocados pela absorção através da pele de substâncias
altamente lipossolúveis, como por exemplo os inseticidas
organofosforados. As soluções de continuidade, usadas em
decorrência de abrasão ou queimaduras, favorecem a maior
absorção, visto que a derme é permeável a muitos solutos. As
reações inflamatórias aumentam o fluxo cutâneo e,
consequentemente, aumentam a absorção. Ademais, a absorção
pode ser aumentada pela fricção do fármaco na pele.
As vias de administração tópica pelas mucosas (conjuntival,
nasal, vaginal ou bucal) promovem a rápida absorção, sendo
usadas predominantemente para efeitos locais, podendo ocorrer
efeitos sistêmicos.
A via de administração inalatória é utilizada para anestésicos
voláteis e gasosos, produzindo efeitos rápidos (semelhantes a via
i.v.), não necessitando do metabolismo de primeira passagem,
podendo ter efeitos sistêmicos (inalação promove um rápido
contato do fármaco com uma grande superfície das membranas
mucosas do trato respiratório, permitindo o acesso à circulação) ou
efeitos tópicos (aplicação local do fármaco nas doenças
pulmonares). Suas desvantagens estão no controle insatisfatório da
dose, o método de administração é pouco prático e pode ocorrer a
irritação do epitélio pulmonar.
O termo farmacocinética foi descrito por Dost, em 1953, e
corresponde à avaliação do movimento do fármaco no corpo, desde
a sua via de administração até a sua excreção. A ação de qualquer
fármaco exige uma concentração no tecido alvo.
A absorção dos fármacos é a passagem de substâncias do
local de administração para o sangue. Para alcançar seu local de
ação, o fármaco precisa atravessar diversas barreiras biológicas,
tais como o epitélio gastrointestinal, o endotélio vascular, as
membranas plasmáticas, ocorrendo a absorção quando essa
travessia leva o fármaco ao sangue.
Os fármacos podem ser administrados com absorção ou sem
absorção. A administração diretamente no plasma sanguíneo não
necessita de absorção, todas as outras necessitam. As vias de
entrada podem ser o trato digestivo, a pele, os músculos, o pulmão
e o líquido cefalorraquidiano. As vias de saída dos fármacos podem
ser o trato digestivo, os pulmões, as mamas, as glândulas
sudoríparas e os rins.
A classificação das modalidades de absorção correspondem
aos movimentos das substâncias através de membranas celulares,
podendo ser processos passivos ou ativos.
Nos processos passivos não há gasto de energia, a absorção
pode ocorrer por difusão simples ou difusão facilitada. Nos
processos ativos há gasto de energia, a absorção pode ocorrer por
intermédio de transportadores ou por pinocitose.
Na difusão simples, a molécula do fármaco em geral penetra
por meio de difusão seguindo um gradiente de concentração,
requerendo alta solubilidade para atravessas a bicamada lipídica
da membrana. A maioria dos fármacos penetra nas células por
difusão na forma não-ionizada através da membrana celular. Para
que essa difusão ocorra, é necessário que a molécula seja
lipossolúvel, isso quer dizer que ela precisa estar em uma
conformação não-ionizada. Ácidos e bases fortes não são
lipossolúveis, logo, possuem baixa absorção no TGI.
A difusão simples ocorre em função do pKa (constante de
dissociação) do fármaco ou em função do pH do meio. Os fármacos
podem ser ácidos fracos ou bases fracas, sendo que a variação de
ionização é dependente do pKa do fármaco e do pH do meio. A
ionização afeta a velocidade com que os fármacos atravessam as
membranas, podendo existir na forma ionização ou não-ionizada,
dependendo do pH.
A maioria dos fármacos é administrada por via oral,
geralmente a absorção é pequena até atingir o intestino delgado.
No estômago há melhor absorção de ácidos fracos, porém a
superfície pequena, espessa e revestida de muco reduz a
quantidade absoluta de fármaco absorvida. No intestino há melhor
absorção de bases fracas, porém a superfície mais extensa e
delgada compensa a absorção, inclusive de ácidos fracos.
Os transportes mediados por transportadores envolvem uma
proteína transmembrana que se liga a uma molécula específica,
modifica sua conformação e libera a molécula para o outro lado da
membrana.
A distribuição dos fármacos é entendida como a saída do
fármaco a partir do sangue para os diversos tecidos do corpo e
destes para o sangue.
A biodisponibilidade se refere à fração que efetivamente
chega à corrente sanguínea, após a ação das enzimas digestivas e
do metabolismo de primeira passagem.
A ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas formam um
complexo reversível, não produzindo efeitos farmacológicos.
A farmacocinética é o que o organismo faz com o fármaco,
quando se administra um fármaco no organismo, este começa a
processá-lo, visando a excreção. O processamento dos fármacos no
organismos inclui sua absorção, distribuição, biotransformação e
excreção.
Os pró-fármacos necessitam ser administrados e
biotransformados para gerar metabólitos ativos,
farmacologicamente ativos, que irão realizar seus efeitos
terapêuticos.
Muitos fármacos são lipossolúveis e por isso são lentamente
eliminados pelo organismos, razão pela qual devem ser conjugados
ou metabolizados em compostos mais polares e menos
lipossolúveis, para serem excretados.
As reações bioquímicas envolvidas no metabolismo dos
fármacos são de fase I e fase II. As reações de fase I irão alterar a
reatividade química e, consequentemente, aumentar a solubilidade
aquosa, ou seja, torná-lo hidrossolúvel, podendo ser oxidação,
redução e hidrolise. As reações de fase II ocorrem quando não foi
suficiente aumentar a solubilidade aquosa, sendo necessário
aumentar ainda mais essa solubilidade, promovendo de fato a
eliminação, podendo ser reações conjugação.
Alguns fármacos passam pela fase I e, em seguida, irão passar
pela fase II para que possam ser excretados. Contudo, alguns
fármacos, durante a fase I, geram metabólitos com atividade
modificada ou então os metabólitos do fármaco são inativados.
Os locais em que ocorre a biotransformação são o fígado, os
pulmões, o intestino e a glândula lacrimal.
Na reação oxidativa microssomais, as vesículas microssomais
estão contendo as enzimas microssomiais [citocromo P-450 (P=pink
e 450 em razão de ser observada em 450nm)].
A família das enzimas microssomiais são bem numerosa, que
possui um papel importante no organismo humano, não apenas na
biotransformação. Dentre elas, as que estão envolvidas na
biotransformação dos fármacos são as das famílias 1, 2 e 3. A
nomenclatura das enzimas obedece a regra abaixo descrita:
Ex.: CYP2D6
CYP Citocromo P450
2 Família genética
D Sub-família genética
6 Gene específico

No fígado estão presentes os citocromos CYP1A2, CYP2C,


CYP2D6, CYP3A, CYP2E5 e outras não importantes na
biotransformação. Dentre elas, as mais ativamente utilizadas para a
biotransformação de fármacos são a CYP3A e a CYP2D6.
As reações de oxidação microssomais podem ser oxidação-
hidrozilação de grupos alifáticos ou aromáticos, N- ou O-
desalquilação e desaminação.
Alguns fármacos são INDUTORES da produção de enzimas
microssômicas, tais como os barbitúricos, a fenitoína, os
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (benzopireno), os
hidrocarbonetos halogenados (DDT), a nicotina e o etanol (em
decorrência da ingestão crônica). Essa indução aumenta a
quantidade de enzimas produzidas, interferindo na
biotransformação de outros fármacos, fazendo com que os
fármacos afetados sejam mais rapidamente excretados.
A indução enzimática mediada pelos hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos ocorre pela capacidade que essas
substâncias possuem de atravessar com facilidade a membrana
plasmática, se ligando aos receptores de hidrocarbonetos
aromáticos (AhR) livres no citoplasma celular. Quando o
benzopireno se liga ao AhR, o receptor que estava inativo ancorado
à duas proteínas de choque térmico, que são as HSP90, libera essas
proteínas e pode atravessar a membrana nuclear. No núcleo, o AhR
se conecta ao translocador nuclear (ARNT), que leva o benzopireno
e o AhR até os elementos de resposta a xenobióticos (XRE), induzindo
a expressão gênica de mais enzimas, especificamente os genes
cyp1A1 e cyp1B1, que produzirá as enzimas CYP1A1 e CYP1B1.
A interação farmacocinética pode ocorrer pela indução
enzimática de um fármaco, afetando a biotransformação de outro
fármaco.

INDUZEM A AÇÃO AFETADOS PELA INDUÇÃO


ENZIMÁTICA ENZIMÁTICA
Fenobarbital Varfarina
Rifampicina Contraceptivos orais
Griseofulvina Corticosteroides
Fenitoína Ciclosporina
Etanol Fenobarbital, fenitoína

Alguns fármacos podem ser INIBIDORES da produção de


enzimas microssomiais, tais como os inseticidas organofosforados,
o tetracloreto de carbono, o cetoconazol, o monóxido de carbono, a
cimetidina e o omeprazol. Essa inibição diminui a quantidade de
enzimas produzidas, interferindo na biotransformação de outros
fármacos, fazendo com que os fármacos afetados sejam mais
lentamente excretados, aumentando, assim, a ação farmacológica
ou a perda da eficácia de pró-fármacos.

AFETADOS PELA INIBIÇÃO


INIBEM A AÇÃO ENZIMÁTICA
ENZIMÁTICA
Alopurinol Azatioprina
Clorafenicol Fenitoína
Cimetidina Amiodarona
Ciprofloxacino Teofilina
Corticosteroide Antidepressivos tricíclicos
Dissulfiram Varfarina
Eritromicina Ciclosporina
Ritonavir Saquinavir
A meia vida plasmática (t1/2) é o tempo necessário para que a
concentração plasmática ou a quantidade de um fármaco no
organismo diminua 50%. A meia vida pode ser t1/2α e t1/2β. A t1/2α se
inicia com 100% do fármaco no organismo, correspondendo ao
tempo que leva para o fármaco se distribuir desde a sua
administração. A t1/2β diz respeito ao tempo que leva para ocorrer a
biotransformação e a excreção, momento em que haverá
diminuição de 50% do fármaco.
A variabilidade interindividual interfere nos efeitos dos
fármacos, visto que há um polimorfismo nos genes do CYP450. Com
a farmacogenética é possível realizar uma medicina personalizada,
para que cada pessoa receba o medicamento específico para agir
em seu organismo.
Na fase II da biotransformação, que é a fase de conjugação,
estão envolvidas as enzimas de conjugação, tais como o sulfato
inorgânico, a metionina (grupo metil), a acetil-CoA, o grupo glicil (aa
glicina) e o glicuronídeo. A conjugação com ácido glicurônico é a
reação mais comum, em que há o agrupamento do grupo
glicuronídeo ao fármaco, que facilita a excreção desse.
A biotransformação é o processo de alteração química dos
fármacos no organismo, geralmente por processos enzimáticos
visando torná-los mais hidrofílicos. Entretanto, a biotransformação
age de modo diferente em fármacos e em pró-fármacos. Nos
fármacos, a biotransformação visa a inativação e depois a sua
excreção. Já nos pró-fármacos, a biotransformação promove a
ativação, o transformando em um fármaco, para depois ser
eliminado e excretado.
Metabólito Metabólito
Pró-fármaco Fármaco ativo
ativo tóxico
Zidovudina
Zidovudina
trifosfato
Mostarda
Ciclofosfamida Acroleína
fosforamida
Diazepam Nordazepam Oxazepam
Morfina 6-
Morfina
glucoronida
Ácido
Halotano
trifluoroacético
Metoxiflurano Fluorida

Os fatores que interferem na biotransformação são os


genéticos, as propriedades químicas do fármaco, a via de
administração, a dieta, a posologia, a idade, o sexo, a doença, as
diferenças entre espécies e o ritmo cicardiano.
A excreção de fármacos é o processo pelo qual um fármaco ou
um metabólito é eliminado do organismo, sendo as vias de
eliminação os rins, os pulmões, a bile, o leite materno, o suor e as
lagrimas.
Para que haja a eliminação pela via renal, é necessário que
ocorra a depuração renal, pela filtração glomerular, secreção
tubular ativa e reabsorção tubular passiva. A depuração renal é o
volume de plasma que contém a quantidade de fármaco eliminado
pelos rins na unidade de tempo.
Na filtração glomerular, apenas 20% dos fármacos passam por
isso, pois só é possível filtrar moléculas com peso molecular < 20.000
kDa, sendo que a albumina não é filtrada (~68.000 kDa).
Na secreção tubular ativa, os fármacos são transferidos para
o lúmen tubular por dois transportadores. Os transportadores de
cátions orgânicos (OCT) lidam com bases orgânicas na forma
protonada catiônica. Os transportadores de ânios orgânicos (OAT)
transportam ácidos na sua forma aniônica negativa.
Na reabsorção tubular passiva, a quantidade filtrada
subtraída da quantidade reabsorvida acrescida da quantidade
secretada corresponde a quantidade excretada de soluto.
Os princípios gerais de ação dos fármacos foram propostos
pelo biólogo polonês Paul Ehrlich, que disse que um fármaco não
agirá a menos que esteja ligado. Logo, a ação dos fármacos deve
ser entendida em termos de interações químicas convencionais
entre fármacos e tecidos.
Basicamente, o fármaco se liga a um receptor promovendo
mudanças bioquímicas e fisiológicas, produzindo um efeito
farmacológico.
Receptores como alvos proteicos, também chamados de alvos
farmacológicos, são os componentes de uma célula ou organismo
que interagem com um fármaco e iniciam a cadeia de eventos que
leva aos efeitos observados desse fármaco.
Os alvos proteicos para ligação de fármacos podem ser
primários ou secundários. Como alvos primários tem-se o CREP, que
são os Canais iônicos, os Receptores, as Enzimas e as Proteínas
transportadoras. Já como alvos secundários, encontram-se as
proteínas plasmáticas e os constituintes celulares.
•CANAIS IÔNICOS •RECEPTORES
• Voltagem-dependentes • Acoplados à proteína G
• Ligante-dependentes • Ligados à quinases
• Nucleares

C R

E P
•ENZIMAS •PROTEÍNAS
• Podem ser ativadas ou TRANSPORTADORAS
inibidas pelos fármacos,
usá-los como falsos
substratos ou ativar pró-
fármacos

A ação dos fármacos ocorre em decorrência da


especificidade, que pode ser recíproca ou não total. A
especificidade recíproca se refere, por exemplo, aos receptores que
reconhecem tipos específicos de compostos químicos. A
especificidade não total se refere a fármacos que se ligam a
receptores genéricos, razão pela qual doses aumentadas podem
atingir outros sítios secundários.

Agonistas são substâncias químicas que interagem com um


receptor de membrana, ativando-a e desencadeando uma resposta
que pode ser o aumento ou a diminuição de uma dada atividade
celular conforme o receptor.
Os agonistas podem ser plenos, parciais e inversos. Agonistas
plenos são substâncias que apresentam grande afinidade com seus
alvos farmacológicos e são capazes de produzir um efeito máximo
no tecido, ao se ligarem e ativarem os receptores. Agonistas parciais
são aqueles que regularmente exibem uma cerca concentração que
faz uma ligação não específica, sendo caracterizados por não
causarem um efeito máximo no tecido, ainda que seja aumentada a
dose. Agonistas inversos são substâncias que produzem um efeito
contrário ao dos agonistas “normais”, isto é, atuam na inativação
dos receptores.
Antagonistas são substâncias químicas que interagem com
um receptor de membrana, sem produzir qualquer efeito e,
consequentemente, não produz nenhuma resposta. Os mecanismos
de antagonismo entre fármacos podem ser químicos,
farmacocinéticos, fisiológicos, competitivo por receptor ou não-
competitivo.
No antagonismo químico não há envolvimento de receptores,
visto que duas substâncias se combinam em solução e ocorre a
perda de efeito do fármaco ativo, como por exemplo no uso de
carvão ativado com fenobarbital.
No antagonismo farmacocinético, o antagonista reduz a
concentração do agonista/fármaco ativo no sítio de ação, como por
exemplo no uso de fenobarbital que aumenta a biotransformação
da varfarina, resultando em um menor efeito anticoagulante,
aumentando o risco de tromboembolismo.
No antagonismo fisiológico, dois agentes produzem efeitos
fisiológicos opostos, ocorrendo em vias fisiológicas endógenas
distintas, como por exemplo o omeprazol, que bloqueia a boma de
H+ e diminui a formação de HCl.
No antagonismo competitivo por receptores, o antagonista
ocupa o receptor que seria ocupado pelo agonista, podendo ser de
forma reversível ou irreversível. No antagonismo competitivo por
receptores reversível, o bloqueio é superável pelo agonista, caso
seja aumentada a sua dose. No antagonismo competitivo por
receptores irreversível, o bloqueio é insuperável, independente da
quantidade de agonistas presentes.
No antagonismo não-competitivo há o bloqueio, em algum
ponto, da cadeia de eventos que leva à resposta pelo agonista,
como por exemplo o verapamil ou o nifedipina, que bloqueia os
canais de cálcio, bloqueando a contração da musculatura lisa
causada por outras substâncias.
As ações farmacológicas podem ser resposta total, em que há
a ocupação total de receptores ou pela ocupação parcial de
receptores pelos agonistas, mas produzindo a mesma intensidade
de resposta.
Receptores de reserva ocorre quando o mínimo de receptores
específicos ligados e ativados conseguem produzir uma resposta
máxima, ou seja, sobram receptores.
As interações fármaco-receptor podem causar
dessensibilização, tolerância, resistência ou hipersensibilização.
Na dessensibilização, também conhecida como taquifilaxia,
há a redução gradativa de um efeito do fármaco, ocorrendo em
poucos segundos ou minutos, sendo fatores que contribuem para
que isso ocorra a alteração nos receptores/canais iônicos, a
translocação de receptores, a depleção de mediadores, o aumento
da degradação metabólica do fármaco, a adaptação fisiológica e a
extrusão ativa do fármaco das células (antineoplásicos).
Na tolerância, também conhecida como refratariedade,
ocorre a redução da eficácia terapêutica por diminuição do grau de
resposta ao fármaco, acontecendo dentro de semanas ou meses.
A resistência a um fármaco acontece quando há perda da
eficácia dos antimicrobianos ou antineoplásicos, isto é, os
microrganismos ou as células tumorais produzem mecanismos de
resistência.
Na hipersensibilização ocorre o aumento do número de
receptores, em que uma pouca quantidade de medicamento já tem
um efeito farmacológico visível e exagerado, geralmente causados
por lesões nervosas ou síndrome de abstinência sem a retirada
gradativa (desmame).
As reações adversas aos medicamentos são qualquer
resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre
com medicamentos em doses normalmente utilizadas nos seres
humanos para profilaxia, diagnostico, tratamento de doença ou
para modificação de funções fisiológicas.
Efeitos de extensão ocorrem quando o uso do medicamento
pode provocar uma reação por extensão do efeito terapêutico,
como no uso da varfarina, que é um anticoagulante, que aumenta o
risco de hemorragia do paciente.
Reações idiossincráticas ocorrem quando há respostas
anormais, imprevisíveis, geneticamente determinadas, sem
componente imunológico e dose-dependente a um fármaco.
Reações alérgicas necessitam de previa exposição ao fármaco
ou correlato, havendo envolvimento de componentes imunológicos,
sendo necessário a adoção de medidas para reduzir a incidência,
tais como a obtenção da história clínica adequada, evitar fármacos
agressores e prováveis de causa reações cruzadas, evitar a
administração desnecessária de fármacos, preferir as vias orais às
parenterais e solicitar testes alérgicos quando indicado.
Reações pseudo-alérgicas são imprevisíveis, causadas por
mediadores inflamatórios, não havendo necessidade de exposição
previa, nem havendo envolvimento do mecanismo imune.
Efeito secundário é consequência indireta da ação primária
de um fármaco, geralmente decorrente do próprio tratamento, que
causa outros danos indiretamente.
Efeito colateral são reações previsíveis não relacionadas ao
tratamento, sendo dose-dependente, tais como o aparecimento de
úlceras gástricas pelo uso constante de anti-inflamatórios.
A carcinogênese é o efeito causado por fármacos e
substâncias exógenas capazes de alterar o DNA celular.
O efeito de um fármaco é proporcional ao percentual de
receptores ocupados por ele, além de, em teoria, o efeito máximo
ocorrer quando a taxa de ocupação dos receptores é total.
As proteínas receptoras são elementos sensores no sistema de
comunicações químicas que coordenam a função de todas as
células. É conhecido que existe uma diversidade de variantes
moleculares (subtipos) de receptores. O agonista se liga ao receptor
fisiológico, simulando efeitos de compostos reguladores endógenos,
produzindo a abertura/fechamento de canais iônicos, a
ativação/inibição de enzimas, a modulação dos canais iônicos ou a
transcrição de DNA.

Você também pode gostar