Acao de Reparacao de Danos Morais Materiais e Esteticos Acidente de Transito Por Avanco de Sinal (1)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIEITO DA CÍVEL DA CIDADE (PR).

[ JUSTIÇA GRATUITA ]

FRANCISCO DAS QUANTAS, solteiro, aposentado, inscrito no


CPF(MF) sob o nº. 333.444.555-66, residente e domiciliado na Rua das Tantas, nº. 000, nesta
Capital, com endereço eletrônico [email protected], ora intermediado por seu mandatário
ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e
profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106,
inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias,
vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte no art. 186, 927,
944 e 949, todos do Código Civil c/c art. 5º, incisos V e X, da Carta Política, para ajuizar a
presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS


MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS,

contra JOSÉ DE TAL, casado, motorista, residente e domiciliado na Rua Xista, nº. 000, na
Cidade (PR), inscrito no CPF(MF) sob o nº. 555.444.333-22, com endereço eletrônico
desconhecido, em razão das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.
INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas


do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as
despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, o Demandante ora formula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine,
ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório
acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

A parte Promovente opta pela realização de audiência


conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta
(CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC,
art. 334, caput c/c § 5º).

I – CONSIDERAÇÕES FÁTICAS

Na data de 25 de abril de 2005, por volta das 15:10h, o Autor


conduzia sua moto de placas HWD-0000/PR, quando, na altura do cruzamento da Avenida
Júlio Ventura com Rua José Vilar, foi colhido pelo veículo Santana de placas HUA-0000/PR,
fatos esses descritos laudo pericial ora carreado. (doc. 01)

O veículo automotor em questão é de propriedade do Promovido.

Ressalte-se que o Réu, agindo com extremada imprudência,


avançou o sinal vermelho, vindo colidir com a motocicleta do Autor.

As sequelas foram graves. No exame de corpo delito feito se


constatou as seguintes lesões (doc. 02):

“Histórico – periciando a vítima de acidente de moto, retornou para exame de


sanidade.
Exame: Cicatriz residual na face medial do tornozelo direito. Amputação do pé
direito ao nível da articulação de Linsfranc. Atestado médico assinado por Dr.
Henrique César Ribeiro: paciente submetido à cirurgia: amputação da articulação
Linsfranc no pé direito.
RESPOSTAS AOS QUESITOS:
1) SIM.
2) SIM. PERDA DE ANTEPÉ DIREITO, COM DÉFICIT FUNCIONAL DO PÉ DIREITO EM
100%.
3) SIM. DEFORMIDADE PERMANENTE: AMPUTAÇÃO DO PÉ DIREITO, AO NÍVEL DA
ARTICULAÇÃO DE LINSFRANC. “

Em face do evento o Autor se tornou inválido para o trabalho,


conforme se comprova pelos documentos originários do INSS. (docs. 03/04)
Naquela ocasião, o Promovente percebia a quantia mensal de R$
913,80(novecentos e treze reais e oitenta centavos) da empresa Xista S/A. (docs. 05/06)

Ainda por corroborar com o quadro fático, acosta-se boletim de


ocorrência policial que também dá conta dos acontecimentos que envolveram Autor e Réu
no evento em espécie. (doc. 07)

Hoje o Autor, em face do ocorrido, sacrifica-se em sustentar a si e


sua família por meio da quantia repassada pelo INSS, sem que possa, como sempre
aconteceu, angariar recursos financeiros extras com seu labor.

Ademais, não é preciso delongas para destacar o quanto tal


acidente o afetou emocionalmente (dano moral), sobretudo quando do acidente resultou
deformidade física permanente (dano estético), além dos danos materiais com o
conserto da motocicleta. (docs. 08/09)
HOC IPSUM EST

II – NO MÉRITO

CULPABILIDADE E A NECESSÁRIA REPARAÇÃO DO DANO OCASIONADO

Assentadas tais premissas, constata-se do exame dos


documentos colacionados com a exordial, além do depoimento a ser prestada pela
testemunha ora arrolada, que a pretensão ressarcitória merece acolhida.
Com efeito, a partir do material probatório de já produzido e a ser
produzido, é possível inferir que o atropelamento decorreu de ato ilícito praticado pelo
veículo conduzido pelo Réu (avanço de sinal).

Ao condutor de veículos se exige cautela no exercício do mister.


A Lei nº 9.503/97 - Código de Trânsito Brasileiro - por seus artigos 26 e 28, impõe ao
condutor que tenha domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito.

CAPÍTULO III
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA

Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:


I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito
de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades
públicas ou privadas;
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-
o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

Ademais, o Réu inobservou a regra do art. 34 do mesmo Código


de Trânsito, que assim dispõe:

Art. 34 - O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que
pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem,
precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua
velocidade."

Nesse sentido, apropriado colacionar o magistério de Arnaldo


Rizzardo:

“Fator determinante de incontáveis acidente é a troca de luz do semáforo,


passando da verde para a amarela e, em seguida, para a vermelha. Em geral,
pretende-se aproveitar a passagem da luz amarela para a vermelha, chegando-se
ao centro do cruzamento já incidente no semáforo esta última.
(...)
“Quanto ao significado da luz amarela, e a sua importância no trânsito, sabe-se
que indica precaução, atenção, ou cuidado.
Consequentemente, em princípio, ao acender-se a luz amarelo-alaranjada, deve
o motorista para o veículo. Poderá prosseguir a travessia caso já esteja no
cruzamento ou, no máximo, começando a passar pelo encontro das duas vias. “
(RIZZARDO, Arnaldo. A reparação nos acidentes de trânsito: Lei 9.503, de
23.09.1997. 11ª Ed. São Paulo: RT, 2010, pp. 357-358)

É necessário não perder de vista a posição jurisprudencial acerca


do tema em vertente:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS,


MATERIAIS E LUCROS CESSANTES DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO.
RECONHECIDA A CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO E NÃO COMPROVADA A
EFETIVA TRANSFERÊNCIA E TRADIÇÃO DESTE ANTES DO SINISTRO, A
PROPRIETÁRIA RESPONDE OBJETIVA E SOLIDARIAMENTE PELO DANO.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA. PEDIDO DE MINORAÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. DANOS MORAIS POSSIBILIDADE. ADEQUAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES STJ.
DANOS ESTÉTICOS COMPROVADOS. QUANTUM RAZOÁVEL MANTIDO.
ADEQUAÇÃO DA CONDENAÇÃO EM DANOS MATERIAIS ÀS DESPESAS
EFETIVAMENTE COMPROVADAS DECORRENTES DO SINISTRO. LUCROS CESSANTES
SEM COMPROVAÇÃO. RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS PARA
DIMINUIÇÃO DO VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS E
AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO DE LUCROS CESSANTES, NOS TERMOS DA
FUNDAMENTAÇÃO.
1. Decisão recorrida em consonância com a jurisprudência do Superior Tribunal de
justiça, no sentido de reconhecimento do dever de indenizar do proprietário do
automóvel pelos danos decorrentes de acidente de trânsito causado por culpa do
condutor. Afastamento da Súmula nº 132 STJ pela não comprovação da venda e
tradição do veículo antes do sinistro. Presunção de veracidade do registro do
Detran, mormente pelas alegações do condutor do veículo em contestação de que a
proprietária é sua amiga e lhe concedeu a posse do automóvel. Preliminar
ilegitimidade passiva rejeitada. 3. Mantida a sentença quanto à responsabilidade
solidária e objetiva da proprietária do veículo. Precedentes STJ. 4. Reconhecimento
do dever de indenizar. Culpa do condutor do automóvel comprovada pelo laudo
pericial do Detran juntamente com prova testemunhal. Danos moral, material e
estéticos reconhecidos. 5. Possibilidade de minoração do quantum a título de danos
morais, considerando as peculiaridades do caso em análise, ante os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade e os parâmetros da jurisprudência pátria.
Minoração do valor de r$50.000,00 (cinquenta mil reais) para r$10.000,00 (dez mil
reais) para cada autor. Precedentes do c. STJ e dessa corte de justiça. 6. Danos
estéticos comprovados por meio de laudo pericial do iml e valor indenizatório
razoável. Pedido de minoração rejeitado. 7. Minoração do valor referente à
indenização por dano material para que corresponda aos valores comprovadamente
gastos com despesas oriundas do sinistro, deduzido o valor pago diretamente aos
autores em transação penal, nos termos do § 1º do artigo 45 do CP. 8. Afastamento
da condenação a título de lucros cessantes em virtude da não comprovação pelos
autores dos valores que efetivamente deixaram de receber em razão do acidente. 9.
Não configura julgamento extra petita ou reformatio in pejus a aplicação, alteração
ou modificação do termo inicial dos juros de mora e da correção monetária, de
ofício, de modo a adequá-los à jurisprudência do STJ. Precedentes STJ. Quanto à
condenação ao pagamento de indenização por danos morais, em se tratando de
responsabilidade extracontratual, os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso (súmula n. 54 do stj) e a correção monetária deve incidir a partir da fixação
de valor definitivo para a indenização do dano moral (súmula n. 362 do stj). 10.
Recursos conhecidos e parcialmente providos. Sentença parcialmente reformada.
(TJPA; APL 0005558-25.2011.8.14.0301; Ac. 157191; Belém; Quinta Câmara Cível
Isolada; Rel. Des. Luiz Gonzaga da Costa Neto; Julg. 17/03/2016; DJPA 18/03/2016;
Pág. 404)

RECURSOS DE APELAÇÃO.
Ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos. Acidente de trânsito.
Concessionária de serviço público. Transporte coletivo. Responsabilidade civil
objetiva em relação a terceiros não-usuários do serviço. Art. 37, § 6º, CF.
Precedentes do STF. Atropelamento. Ausência de culpa exclusiva da vítima. Laudo
do detram/am conclusivo. Culpa do preposto da empresa. Inafastável obrigação de
indenizar. Dano material e moral. Vítima com impotência funcional irreversível.
Dano estético. Lesão de caráter ostensivo e permanente. Valor fixado em
observância ao princípio da razoabilidade. Denunciação da lide. Contrato de seguro.
Condenação solidária da seguradora litisdenunciada até o limite do valor da apólice
de seguro. Sentença mantida. Apelos não providos. (TJAM; AC 0039324-
07.2003.8.04.0001; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Lafayette Carneiro Vieira Júnior;
DJAM 17/03/2016; Pág. 16)

ACIDENTE DE TRÂNSITO.
Indenizatória por danos morais e materiais em decorrência da queda de fio.
Concessionária de serviço público. Omissão específica. Dever de manter os cabos de
telefonia em altura compatível com as normas de segurança. Motociclista que
colide com fio solto na pista, pendurado por apenas uma ponta ao poste, e acaba
provocando o acidente sofrido pelo autor. Aplicação da teoria da responsabilidade
objetiva. Prejuízos configurados. Parte ré que não comprova culpa exclusiva de
terceiro. Dever de indenizar caracterizado. "(...) havendo uma omissão específica, o
estado deve responder objetivamente pelos danos dela advindos. Logo, se o
prejuízo é consequência direta da inércia da administração frente a um dever
individualizado de agir e, por conseguinte, de impedir a consecução de um resultado
a que, de forma concreta, deveria evitar, aplica-se a teoria objetiva, que prescinde
da análise da culpa" (TJSC, AC n. 2009.046487-8, Rel. Des. Luiz cézar medeiros, j.
15.9.09). Legitimidade patenteada. Preliminar afastada. A concessionária é parte
legítima passiva para responder pelos danos causados em acidente de trânsito,
quando evidenciada sua culpa pelo evento danoso. Danos morais. Almejada
minoração do quantum indenizatório pela demandada versus autor que objetiva a
majoração. Critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Condenação que não
deve servir como fonte de enriquecimento sem causa e, ao mesmo tempo, deve
consubstanciar-se em sanção inibitória à reincidência. Majoração devida. Sentença
reformada no ponto. Já que não existem critérios objetivos em Lei para o
arbitramento do quantum indenizatório, alguns elementos devem ser ponderados
em cada caso, a começar pelas funções que a paga pecuniária deve desempenhar,
quais sejam, compensar a vítima ou família da vítima, de certo modo, pela dor
psíquica experimentada, e admoestar o agente causador do dano para que a prática
ilícita não se reitere. Todos os critérios que envolvem o caso, para a fixação do
quantum, devem ser esquadrinhados, avaliando-se a reprovabilidade da conduta, o
nível sócio-econômico do das partes, atento, ademais, à peculiaridades do caso em
concreto. Danos materiais demonstrados por meio de nota fiscal. Impugnação
genérica. Necessidade de arrostar-se de forma substanciosa o valor apresentado.
Diante da inexistência de ataque judicioso ao orçamento apresentado - O que
poderia ter sido feito com a apresentação de outro orçamento ou mesmo prova
pericial - É de rigor a manutenção daquele apresentado pelo demandante em sua
peça inicial. Danos morais. Fixação dos juros de mora desde o evento danoso e da
correção monetária a partir do arbitramento. Tratando-se de ilícito civil gerador de
dano moral, a correção monetária tem incidência a partir da data de fixação do
valor estabelecido em condenação. Os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso, consoante o exposto na Súmula nº 54 do Superior Tribunal de Justiça.
Recursos conhecidos. Apelo do autor parcialmente provido. Apelo da concessionária
não provido. (TJSC; AC 2015.078514-2; Forquilhinha; Terceira Câmara de Direito
Civil; Rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira; Julg. 08/03/2016; DJSC 17/03/2016; Pág.
303)

Dessarte, o motorista do veículo atropelador não se portou de


forma correta na condução do carro. Deveria frenar o veículo ao deparar-se com o sinal
vermelho, sobretudo quando à luz do laudo pericial aqui acostado a via de tráfego estava
em perfeito estado de conservação. Estivesse o Réu conduzindo o veículo com prudência e
atenção devida, certamente teria evitado o acidente, pois teve plena condição de avistar o
sinal vermelho.

Dessa feita, constatam-se presentes os pressupostos da


responsabilidade civil, mormente em face do Código Civil, a saber: a conduta humana(aqui
ação ilícita do agente), o dano ou prejuízo, a culpa e o nexo de causalidade.

DANO MATERIAL

A reparação decorrente de ato ilícito se efetiva no sentido de


restaurar o status quo ante, colocando a coisa danificada no mesmo estado em que se
encontrava antes do advento da lesão.

Como se verifica pelos comprovantes de pagamentos ora


acostados, o Autor tivera despesas na ordem de R$ 1.237,00(mil duzentos e trinta e sete
reais) para efetuar o conserto do bem sinistrado. (docs. 10/11)

DANO MORAL
No plano do direito civil, para a configuração do dever de
indenizar, segundo as lições de Caio Mário da Silva Pereira, faz-se necessário a
concorrência dos seguintes fatores:

“ a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange


comportamento contrário a direito, por comissão ou por omissão, sem necessidade
de indagar se houve ou não o propósito de malfazer; b) em segundo lugar, a
existência de um dano, tomada a expressão no sentido de lesão a um bem jurídico,
seja este de ordem material ou imaterial, de natureza patrimonial ou não
patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de causalidade
entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta
antijurídica, ou, em termos negativos, que sem a verificação do comportamento
contrário a direito não teria havido o atentado ao bem jurídico.”(In, Instituições de
Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, Vol. I. Pág. 661).

A propósito reza a Legislação Substantiva Civil que:

CÓDIGO CIVIL

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
viola direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito. “
No que tange ao dano moral, decorrente de lesão corporal, como
no caso em liça, apropriado transcrever as lições de Sílvio de Salvo Venosa:

“Quando a vítima sofre ofensa em sua incolumidade física, em sede de


indenização pelo ato ilícito, deve ser avaliado o grau de incapacidade que essa
agressão ocasionou. Nesse diapasão, a perícia deverá avaliar o grau de
incapacidade, devendo o juiz levar em conta a diminuição de ganho que esse
percentual representa para as atividades ou ocupação habitual da vítima. Aqui,
leva-se em conta a tão mencionada perda de chace que já fizemos nesta obra.
Nesse sentido, a pensão deverá ser estabelecida de molde a compensar a perda
de proventos que a vítima sofreu. Deve ser entendido que o dano psicológico,
que não deixa marcas evidentes, mas diminui a capacidade, também deve ser
compreendido nessa modalidade de indenização. “ (VENOSA, Sílvio de Salvo.
Direito Civil: responsabilidade civil. 12ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012, vol. 4, pp. 332-
333)

Com esse enfoque reza o Código Civil:

Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido
das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença,
além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

A propósito:
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E LUCROS CESSANTES.
DISCUSSÃO NO TRÂNSITO. AGRESSÕES FÍSICAS RECÍPROCAS. EXCESSO POR PARTE
DO RÉU. LESÃO CORPORAL. FRATURA DE NARIZ E HEMATOMAS. DANO MORAL -
CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
I- Comprovadas as lesões corporais sofridas pelo autor em virtude das agressões por
parte do autor, que em evidente desequilíbrio excedeu no revide às provocações
recíprocas, e demonstrado o nexo de causalidade entre o fato e os danos, deve ser
imposto ao responsável o dever de indenizar a vítima do ilícito, nos termos dos arts.
186, 187, 927 e 949 e seguintes do Código Civil. II- A reparação moral deve ser
fixada em valor suficiente e adequado para compensar os prejuízos imateriais
experimentados pelo ofendido, e para desestimular a prática reiterada da conduta
lesiva do ofensor, devendo-se atentar também que, no caso, que o autor contribuiu
para a eclosão da briga travada entre as partes. III- Na valoração da verba
indenizatória a título de danos morais, devem ser levadas em conta as
circunstâncias do fato, bem como a dupla finalidade da reparação, buscando-se um
efeito repressivo e pedagógico, propiciando à vítima uma satisfação, sem que isto
represente para ela uma fonte de enriquecimento sem causa. (TJMG; APCV
1.0702.13.021002-5/002; Rel. Des. João Cancio; Julg. 08/03/2016; DJEMG
14/03/2016)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.


Danos Morais e Materiais. Reconhecida a obrigação do Município de recompor as
lesões patrimoniais e imateriais experimentadas pelo autor, vítima de agressão
imotivada perpetrada pelos integrantes da guarda civil municipal, caracterizados
abuso e arbitrariedade no exercício da autoridade. Inteligência do artigo 37, § 6º, da
Constituição Federal. REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO DO MUNICÍPIO NÃO
ACOLHIDOS. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. Danos Morais e Materiais.
Subsistentes os valores indenizatórios fixados em primeiro grau de jurisdição, eis
que alinhados aos critérios de razoabilidade e de proporcionalidade e às diretrizes
traçadas pelo Superior Tribunal de Justiça. REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO DO
MUNICÍPIO NÃO ACOLHIDOS. RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO NESSE ASPECTO.
DANO MORAL. Juros de mora. Incidência a partir do evento danoso. Inteligência da
Súmula nº 54 do Superior Tribunal de Justiça. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE
PROVIDO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. Danos Morais e Materiais.
Tratamento Psicológico. Reconhecida a presença de sequelas ensejadoras da terapia
a ser custeada pelos réus. Inteligência do artigo 949 do Código Civil. RECURSO DO
AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. Arbitramento.
Majoração justificada, considerados os critérios hauridos do § 4º do artigo 20
combinado com o artigo 21, ambos do Código de Processo Civil. RECURSO DO
AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. Juros de Mora.
Acréscimo incidente somente após intimação do devedor para pagamento.
Orientação do Superior Tribunal de Justiça. REEXAME NECESSÁRIO ACOLHIDO EM
PARTE. (TJSP; APL 0007526-31.2008.8.26.0586; Ac. 9217679; São Roque; Décima
Primeira Câmara de Direito Público; Rel. Des. Jarbas Gomes; Julg. 16/02/2016; DJESP
07/03/2016)

AGRAVO INTERNO EM DUPLO APELO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE


AUTOMOBILÍSTICO. INCAPACIDADE LABORAL. LUCROS CESSANTES.
COMPENSAÇÃO. CABIMENTO. SALÁRIO MÍNIMO. BASE DE CÁLCULO. SEGURO
DPVAT. DEDUÇÃO. DANOS MORAIS. VALOR RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.
SEGURO FACULTATIVO. CLÁUSULA DE EXCLUSÃO. COBERTURA NÃO
CONTRATADA. SENTENÇA CONFIRMADA. INEXISTÊNCIA DE FATO NOVO.
1. O art. 949, do Código Civil, dispõe que no “caso de lesão ou outra ofensa à saúde,
o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes
até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove
haver sofrido. ” 2. Para compensação dos lucros cessantes, ante a ausência de
comprovação dos reais rendimentos da vítima, é possível utilizar o salário mínimo
como base de cálculo. 3. Deve-se deduzir do valor indenizatório a importância
recebida a título de seguro DPVAT. Súmula nº 246 do Superior Tribunal de justiça. 4.
A fixação da indenização por danos morais deve ser orientada pelos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, não carecendo reforma a sentença proferida
nesses termos. 5. Nos termos da Súmula nº 402, do STJ, "o contrato de seguro por
danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão ".
6. Se a parte agravante não demonstra qualquer fato novo ou argumentação
suficiente para acarretar a modificação da linha de raciocínio adotada no decisum
fustigado, impõe-se o improvimento do agravo interno, porquanto interposto à
míngua de elemento novo capaz de desconstituir a decisão monocrática agravada.
Agravo interno conhecido e improvido. (TJGO; AC 0102624-63.2013.8.09.0029;
Catalão; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Kisleu Dias Maciel Filho; DJGO 17/02/2016;
Pág. 220)

É inegável a ocorrência dos danos morais. Em decorrência do


acidente em que se envolveu o Autor sofreu dor, amargura, tristeza, além de ter perdido
sua capacidade laborativa. Assim, as situações que caracterizam danos morais, conforme
mencionado retro, referidas pelos doutrinadores, estão presentes.
DANO ESTÉTICO

Quanto ao dano estético professa Maria Helena Diniz:

"O dano estético é toda alteração morfológica do indivíduo, que, além do


aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que
mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto um afeiamento da vítima,
consistindo numa simples lesão desgostante ou num permanente motivo de
exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não
influência sobre sua capacidade laborativa" (DINIZ, Maria Helena. Curso de
Direito Civil Brasileiro - Responsabilidade Civil. 24ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010,
vol. 7, p. 82.

E prossegue a ilustre doutrinadora afirmando que:

"O dano estético estaria compreendido no dano psíquico ou moral, de modo que,
em regra, como ensina José de Aguiar Dias, se pode ter como cumuláveis a
indenização por dano estético e a indenização por dano moral,
representado pelo sofrimento, pela vergonha, pela angústia ou sensação de
inferioridade da vítima, atingida em seus mais íntimos sentimentos" (Ob. e
aut. citados, p. 82). (destacamos)

Ademais, estatui artigo 949 do Código Civil, in verbis:


Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido
das despesas com tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença,
além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Observa-se, nesse ponto, que o Autor sofreu lesões graves,


destacando-se a perda do antepé direito, com déficit funcional em 100%, conforme
documentos imersos com esta inaugural.

DANO MORAL E ESTÉTICO – CUMULATIVIDADE

Não resta dúvida que é cabível, no caso em ensejo, que o Autor


pleiteie a condenação do Réu em danos morais e estéticos, cumulativamente.

O dano estético se encontra caracterizado pela lesão irreparável


sofrida pelo Promovente, que tivera seu pé amputado, lesão essa que carregará pelo resto da
vida. Já o dano moral é decorrente do sofrimento pessoal causado pelo infortúnio e nos seus
reflexos de ordem psíquica, de sua dor íntima intensa, do choque e abalo emocional grave,
nomeadamente pela nova condição pessoal de vida a ser experimentada.

É pacífico, nesse azo, o entendimento do Egrégio Superior


Tribunal de Justiça:

STJ, Súmula nº 387. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano
moral.
II – DO VALOR DA CONDENAÇÃO
ALMEJADA

O Código Civil estabeleceu regra clara de que aquele que for


condenado a reparar um dano, deverá fazê-lo de sorte que a situação patrimonial e
pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior. Assim, o montante da indenização
não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser integral, portanto.

CÓDIGO CIVIL
Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.

Nessa esteira de raciocínio, cumpri-nos demonstrar a extensão


do dano ( e não o dano ).

Quanto ao valor da reparação, tocantemente ao dano moral,


assevera Caio Mário da Silva Pereira, que:

“Quando se cuida de reparar o dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório


acha-se deslocado para a convergência de duas forças: `caráter punitivo` para
que o causador do dano, pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa
que praticou; e o `caráter compensatório` para a vítima, que receberá uma
soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido. “
(PEREIRA, Caio Mário da Silva (atualizador Gustavo Tepedino).
Responsabilidade Civil. 10ª Ed. Rio de Janeiro: GZ Ed, 2012, p. 78)
(destacamos)

Nesse mesmo compasso de entendimento leciona Arnaldo


Rizzardo que:

“Não existe uma previsão na lei sobre a quantia a ser ficada ou arbitrada. No
entanto, consolidaram-se alguns critérios.
Domina a teoria do duplo caráter da reparação, que se estabelece na finalidade
da digna compensação pelo mal sofrido e de uma correta punição do causador
do ato. Devem preponderar, ainda, as situações especiais que envolvem o caso, e
assim a gravidade do dano, a intensidade da culpa, a posição social das partes, a
condição econômica dos envolvidos, a vida pregressa da pessoa que tem o título
protestado ou o nome negativado. “ (RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade Civil.
4ª Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2009, p. 261)

No caso em debate, ficou cabalmente demonstrada a ilicitude do


Réu. Esse absurdamente atravessara uma avenida movimentada com o semáforo apontando
para a parada obrigatória e imediata do condutor.

Dessa maneira, o nexo causal ficou claríssimo. Logo, evidente


está o dano moral suportado pelo Autor, devendo-se tão somente ser examinada a questão
do quantum indenizatório.

É certo que o problema da quantificação do valor econômico a ser


reposto ao ofendido tem motivado intermináveis polêmicas, debates, até agora não havendo
pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido
de que a fixação deve se dá com prudente arbítrio, para que não haja enriquecimento à custa
do empobrecimento alheio, mas também para que o valor não seja irrisório.

Ademais, a indenização deve ser aplicada de forma casuística,


supesando-se a proporcionalidade entre a conduta lesiva e o prejuízo enfrentado pela
ofendida, de forma que, em consonância com o princípio neminem laedere, inocorra o
lucuplemento da vítima quanto a cominação de pena tão desarrazoada que não coíba o
infrator de novos atos.

O valor da indenização pelo dano moral, mais, não se configura


um montante tarifado legalmente. A melhor doutrina reconhece que o sistema adotado pela
legislação pátria é o sistema aberto, no qual o Órgão Julgador pode levar em consideração
elementos essenciais, tais como as condições econômicas e sociais das partes, a gravidade
da lesão e sua repercussão e as circunstâncias fáticas. Assim, a importância pecuniária deve
ser capaz de produzir-lhe um estado tal de neutralização do sofrimento impingido, de forma a
"compensar a sensação de dor" experimentada e representar uma satisfação, igualmente
moral.

Anote-se que não se pode olvidar que a presente ação, nos dias
atuais, não se restringe a ser apenas compensatória; vai mais além, é verdadeiramente
sancionatória, na medida em que o valor fixado a título de indenização reveste-se de pena
civil.

Nesse tocante, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no


tocante ao montante da indenização, por danos estéticos e morais, tem consagrado que:
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRESO QUE SOFRE
ACIDENTE AO REALIZAR SERVIÇOS PARA TERCEIRO. INCONFORMISMO QUANTO À
CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE PENSÃO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE
DISPOSITIVO LEGAL VIOLADO, NO RECURSO ESPECIAL. SÚMULA Nº 284 DO STF.
DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ. VIOLAÇÃO AO ART. 1º-F DA LEI Nº
9.494/97. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 282/STF. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO.
I. No que se refere à condenação ao pagamento de pensão mensal, não há como
afastar a incidência da Súmula nº 284 do STF, porquanto a parte recorrente não
indicou, com precisão, o dispositivo de Lei federal supostamente violado pelo
acórdão recorrido. Nesse sentido: STJ, AGRG no aresp 592.734/pr, Rel. Ministro
benedito Gonçalves, primeira turma, dje de 11/12/2014. II. A jurisprudência do STJ
"admite, em caráter excepcional, que o montante arbitrado a título de danos morais
seja alterado, caso se mostre irrisório ou exorbitante, em clara afronta aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. No caso, o agravante não foi
capaz de demonstrar que o valor da indenização seria excessivo, não logrando,
portanto, afastar o óbice da Súmula nº 7/stj" (stj, AGRG no aresp 417.115/pe, Rel.
Ministro Sérgio kukina, primeira turma, dje de 18/02/2014). No mesmo sentido: STJ,
AGRG no aresp 591.470/sp, Rel. Ministro Humberto Martins, segunda turma, dje de
05/12/2014. III. Na hipótese, o tribunal de origem, em face das peculiaridade fáticas
do caso, majorou o valor dos danos morais e estéticos para R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais), observando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não se
mostrando ele exorbitante, ante o quadro fático delineado no acórdão de origem.
Conclusão em contrário encontra óbice na Súmula nº 7/stj. Nesse sentido: STJ,
AGRG no aresp 758.874/pr, Rel. Min. Mauro campbell marques, segunda turma, dje
de 22/10/2015. lV. A questão referente à alegada ofensa ao art. 1º-f da Lei nº
9.494/97 não foi discutida, pelo tribunal de origem, e o agravante não opôs
embargos de declaração, objetivando o prequestionamento da tese recursal, pelo
que é o caso de incidência do óbice previsto na Súmula nº 282/stf. V. Agravo
regimental improvido. (STJ; AgRg-AREsp 386.484; Proc. 2013/0278554-2; SC;
Segunda Turma; Relª Minª Assusete Magalhães; DJE 10/02/2016)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL.


RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE DO ESPOSO E
GENITOR DOS AUTORES. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ARTS. 26, 34, 38 E 39 DO
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. ARTS. ARTS. 39 E 51 DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. ART. 765 DO CÓDIGO CIVIL. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 211/STJ. DEVER DE INDENIZAR. REEXAME DE
PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. INDEPENDÊNCIA ENTRE JUÍZOS
CÍVEL E CRIMINAL. COBERTURA SECURITÁRIA. DANOS MORAIS. EXCLUSÃO
EXPRESSA. SÚMULA Nº 83/STJ. VALOR DA INDENIZAÇÃO. RAZOABILIDADE.
REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA Nº
54/STJ.
1. Não viola o artigo 535 do código de processo civil, nem importa negativa de
prestação jurisdicional, o acórdão que adota, para a resolução da causa,
fundamentação suficiente, porém diversa da pretendida pela parte recorrente, para
decidir de modo integral a controvérsia posta. 2. A ausência de prequestionamento
da matéria suscitada no Recurso Especial, a despeito da oposição de embargos
declaratórios, impede o conhecimento do Recurso Especial (súmula nº 211/STJ). 3.
A reforma do julgado demandaria o reexame do contexto fático-probatório,
procedimento vedado na estreita via do Recurso Especial, a teor da Súmula nº
7/STJ. 4. Consoante a jurisprudência consolidada nesta corte superior, a absolvição
no juízo criminal, em virtude da relativa independência entre tal juízo e o juízo cível,
apenas vincula este quando restar reconhecida pelo primeiro a inexistência do fato
ou restar evidenciada a negativa de autoria, o que não se verificou na hipótese dos
autos. 5. A apólice de seguro contra danos corporais pode excluir da cobertura
tanto o dano moral quanto o dano estético, desde que o faça de maneira expressa e
individualizada para cada uma dessas modalidades de dano extrapatrimonial.
Precedentes. 6. A consonância do acórdão recorrido com a jurisprudência
sedimentada nesta corte superior implica na incidência da Súmula nº 83/STJ,
segundo a qual "não se conhece do Recurso Especial pela divergência, quando a
orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida ", que é
aplicável a ambas as alíneas autorizadoras. 7. O Superior Tribunal de justiça,
afastando a incidência da Súmula nº 7/STJ, tem reexaminado o montante fixado
pelas instâncias ordinárias a título de danos morais apenas quando irrisório ou
abusivo, circunstâncias inexistentes no presente caso, em que não se pode afirmar
exorbitante a indenização de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) fixada em prol dos
dois filhos e da esposa de falecido em acidente de trânsito causado por empregado
da empresa demandada e condutor de veículo de sua propriedade. 8. Em caso de
responsabilidade extracontratual, os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso (súmula nº 54/STJ). 9. Agravo regimental não provido. (STJ; AgRg-AREsp
643.074; Proc. 2014/0329481-6; SC; Terceira Turma; Rel. Min. Ricardo Villas Boas
Cueva; DJE 10/09/2015)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ACIDENTE ENVOLVENDO EMPRESA DE ÔNIBUS E MOTOCICLETA. DEFORMIDADES
PERMANENTES.
1. Cerceamento de defesa. Necessidade de produção de prova oral. Reexame do
conjunto fático-probatório dos autos. Impossibilidade. Súmula nº 7/stj. 2. Valor da
indenização por danos morais e estético. R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e R$
15.000,00 (quinze mil reais), respectivamente. Consonância com os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. 3. Falta de prequestionamento. Súmulas n. 282 e
356 do STF. 4. Agravo improvido. (STJ; Ag-REsp 669.133; Proc. 2015/0022869-8; RJ;
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; DJE 19/03/2015)

DA PENSÃO MENSAL VITALÍCIA

Evidencia-se, assim, que pelas lesões irreversíveis, aferidas pelo


exame de corpo de delito, o Autor faz jus à pensão mensal vitalícia. A mesma deverá ser
proporcional à sua incapacidade. E, no caso, a sequela do acidente implicou em redução
de sua capacidade laborativa, ocorrendo depreciação para o exercício da profissão.

Com efeito, aquele que sofre lesão em sua integridade física


capaz de reduzir o valor de seu trabalho, faz jus ao recebimento de indenização.

EMBARGOS INFRINGENTES. CONTRATO DE TRANSPORTE. QUEDA DE PASSAGEIRA


NO INTERIOR DE COLETIVO. V. ACÓRDÃO QUE ALTEROU, PARA A DATA DA
EFETIVA APOSENTADORIA, O TERMO FINAL DE PENSÃO MENSAL FIXADA EM
DECORRÊNCIA DE INVALIDEZ PARCIAL PERMANENTE. VOTO DIVERGENTE FIXANDO
PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. ADMISSIBILIDADE. VITALICIEDADE DA PENSÃO
ESTABELECIDA NO ART. 950, DO CÓDIGO CIVIL. INVALIDEZ QUE, A DESPEITO DE
PARCIAL, É PERMANENTE, FATOR QUE JUSTIFICA O CARÁTER VITALÍCIO DO
PENSIONAMENTO. PRECEDENTES DESTA C. CORTE E DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. EMBARGOS ACOLHIDOS. DA ANÁLISE DOS AUTOS, EXTRAI-SE QUE
REFERIDA PENSÃO ENCONTRA RESPALDO NA INVALIDEZ PARCIAL PERMANENTE A
QUE ACOMETIDA A EMBARGANTE, RECONHECIDA NO LAUDO PERICIAL DE FLS.
182/190. O PENSIONAMENTO EM QUESTÃO TEM PREVISÃO NO ART. 950, DO
CÓDIGO CIVIL, QUE DISPÕE, IN VERBIS. "ART. 950.
Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu. " Sendo permanente a depreciação experimentada pela
embargante, tenho que pelo mesmo lapso temporal deverá perdurar o pagamento
da pensão devida em sua decorrência, porquanto jamais poderá exercer sua
profissão sem que sinta os efeitos da invalidez, ainda que parcial. Com efeito,
eventual aposentadoria da autora não se presta a balizar aludido pensionamento,
porquanto o exercício de sua atividade laboral não está, necessariamente, adstrito a
tal fator. Veja-se a realidade hodierna. Percebe-se o aumento expressivo do número
de aposentados que, a despeito de avançada idade, continuam a exercer seu ofício,
seja por opção ou, na maior parte dos casos, por premente necessidade. Ao tecer
comentários ao dispositivo legal retro citado, leciona Claudio Luiz Bueno de Godoy:
"A pensão paga no caso do preceito em comento é vitalícia e traz ínsita a cláusula
rebus, a propósito remetendo-se o leitor ao comentário do art. 948, de toda
maneira aqui se acrescendo a hipótese de eventual agravamento das lesões
sofridas, o que deve ensejar a revisão da indenização. " (in Código Civil Comentado,
Doutrina e Jurisprudência, Coordenador Min. Cezar Peluso, 3ª ED. , barueri, SP, ED.
Manole, 2009, p. 917). Trata-se do posicionamento predominante nesta C. Corte,
exemplificado pelas recentes ementas ora transcritas: "APELAçÃO COM REVISÃO.
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. TRANSPORTE DE PASSAGEIROS.
Danos causados à passageira de coletivo. Presunção de culpa do condutor não
elidida pela prova dos autos. Danos materiais (danos emergentes e lucros cessantes)
bem evidenciados. Montante indenizatório corretamente arbitrado. Pensão mensal
vitalícia. Cabimento (art. 950 do Cód. Civil). Adequação ao percentual apurado em
perícia. Danos morais devidos, porém, reduzidos. LIDE SECUNDÁRIA. PROCEDÊNCIA.
Se não foram excluídos por cláusula expressa, os danos corporais previstos na
apólice englobam os danos morais. Observância do limite da cobertura
indenizatória prevista na apólice do contrato. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
"(Apelação nº 0004911-11.2002.8.26.0091, Rel. Des. Antonio Nascimento, 26ª
Câmara de Direito Privado, j. 08/04/2015, V.u.) "AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Responsabilidade Civil. Definição da extensão dos danos materiais relegada à fase
de liquidação. Insurgência do autor contra a fixação de termo final para o
pagamento de pensão, na idade em que atingiria a aposentadoria. Descabimento.
Pensão por incapacidade laboral que é vitalícia. Compensação com benefício
previdenciário. Impossibilidade. Direitos de naturezas jurídicas distintas Recurso
provido. " (Agravo de Instrumento nº 2114752-63.2014.8.26.0000, Rel. Des. Luis
Fernando Nishi, 32ª Câmara de Direito Privado, j. 02/10/2014, V.u.) Nesse sentido,
consignando ainda a possibilidade de cumulação do benefício previdenciário e da
pensão civil, precedente do E. Superior Tribunal de Justiça: "AGRAVO REGIMENTAL
NO Recurso Especial. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRABALHO. LESÃO
POR ESFORÇO REPETITIVO. SENTENÇA ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA EC/45.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM PARA O JULGAMENTO DA LIDE. DANOS
MORAIS E PATRIMONIAIS. CULPA E NEXO CAUSAL. Súmula 07/STJ. PENSÃO
VITALÍCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. Súmulas nºs 282 E 356/STF.
DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. (...) 4. A pensão por incapacidade permanente, cujo
termo inicial é a data do evento danoso, é vitalícia, pois a invalidez total ou parcial
para qualquer atividade laborativa acompanhará o lesado ao longo de toda a sua
vida. 5. A percepção de benefício previdenciário não exclui o pagamento de pensão
mensal como ressarcimento por incapacidade decorrente de ato ilícito. Precedente.
(...) 8. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. " (AGRG no RESP 1295001/SC, Rel.
Ministro Paulo DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/06/2013,
DJe 01/07/2013) Sobre o tema, oportunos os esclarecimentos da e. Ministra Maria
Isabel Gallotti, relatora do AGRG no AG 1239557/RJ, julgado em 09/10/2012, DJe
17/10/2012: "É de se observar que o acórdão recorrido está em consonância com a
jurisprudência desta Corte, a qual se orienta no sentido de que 'a indenização por
ato ilícito é autônoma em relação a qualquer benefício que a vítima receba do ente
previdenciário' (RESP 750.667/RJ, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, QUARTA
TURMA, DJ de 3.10.2005)." Destarte, reputo mais adequado ao caso dos autos o
entendimento esposado no voto vencido, que fixou como vitalícia a pensão mensal
devida à embargante. Pelo exposto, por meu voto, acolho os embargos infringentes.
(TJSP; EI 0126866-72.2008.8.26.0002/50000; Ac. 8870570; São Paulo; Vigésima
Quarta Câmara de Direito Privado; Relª Desª Claudia Grieco Tabosa Pessoa; Julg.
27/08/2015; DJESP 14/10/2015)

APELAÇÃO CÍVEL.
Ação de reparação de danos causados em acidente de trânsito. Motocicleta do
autor interceptada pelo veículo caminhão da sociedade empresária requerida.
Sentença de parcial procedência. Litigância de má-fé afastada. Recurso da
seguradora demandada. Agravo retido. Alegação de ilegitimidade passiva ad causam
sob o argumento de inexistência de relação jurídica com a autora. Inacolhimento.
Possibilidade de ajuizamento de ação diretamente contra a seguradora do causador
dos danos. Exegese dos princípios da celeridade, economia processual e função
social do contrato (art. 421, CC/02). Precedentes judiciais. Agravo retido conhecido
e desprovido. Mérito. Pedido de reforma da sentença ao argumento de que o
contrato de seguro firmado contempla tão somente o reembolso ao segurado e não
diretamente ao terceiro. Insubsistência. Possibilidade de ajuizamento de ação de
indenização pelo terceiro prejudicado. Responsabilidade solidária da seguradora
requerida reconhecida, respeitado os limites da apólice. Pedido de afastamento da
condenação ao pagamento de despesas futuras. Alegação de não existir
comprovação nos autos acerca da necessidade de tratamento médico futuro.
Insubsistência. Laudo pericial judicial atestando a necessidade de tratamento
médico para restabelecer ou, ao menos, amenizar os sintomas dolorosos do autor.
Pedido de exclusão da condenação a título de danos estéticos ao argumento de
inexistência de cobertura contratual. Impossibilidade. Existência de cobertura
específica para danos corporais. Danos estéticos englobados nos danos corporais.
Precedentes judiciais. Danos morais. Argumento de que o sinistro não gerou danos
morais ao autor. Insubsistência. Ofensa à integridade física e psíquica do autor.
Sinistro que lhe causou redução permanente da capacidade laborativa. Abalo moral
configurado. Pleito de enquadramento da indenização fixada a título de pensão
mensal e despesas médicas na cobertura por danos corporais. Insubsistência.
Pensão mensal e despesas médicas consistentes em espécie de dano material.
Pedido de afastamento da inclusão dos danos morais na cobertura por danos
corporais. Insubsistência. Entendimento pacífico desta corte e do Superior Tribunal
em sentido contrário. Juros de mora incidentes sobre o dano moral. Pedido de
adequação do dies a quo para a data do arbitramento. Insubsistência. Manutenção
do termo inicial dos juros moratórios a contar do evento danoso. Exegese da
Súmula nº 54 do Superior Tribunal de Justiça. Agravo retido da requerida dematec
materiais de construção Ltda me. Ausência de requerimento de apreciação nas
razões de apelação. Exegese do artigo 523, § 1º, do código de processo civil.
Recurso não conhecido. Mérito da apelação. Pedido de ambas as partes de
afastamento do caráter de vitaliciedade da pensão mensal. Impossibilidade.
Incapacidade laborativa do autor apurada por meio de laudo pericial (redução
permanente da capacidade laboral em grau moderado). Verba devida de forma
vitalícia. Exegese do artigo 950, do Código Civil. Pleito de substituição da
constituição de capital pela inclusão do beneficiário em folha de pagamento da
sociedade empresária devedora. Parcial subsistência. Sociedade empresária
requerida de pequeno porte econômico. Possibilidade de inclusão do beneficiário
em folha de pagamento mediante caução fidejussória. Necessidade de garantia do
pagamento das verbas indenizatórias. Inteligência do artigo 475-q, §2º, do código
de processo civil e Súmula nº 313, do Superior Tribunal de Justiça. Pedido de ambas
as partes de minoração do quantum indenizatório fixado em R$ 30.000,00 (trinta
mil reais a título de danos morais e R$ 15.000,00 (quinze mil reais) por danos
estéticos. Insubsistência. Quantias fixadas que se mostram compatíveis com a
extensão dos danos causados ao autor. Observância aos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, além do caráter inibitório e pedagógico da
reprimenda, visando o fortalecimento da cidadania e prestigiamento da dignidade
humana (art. 1º, II e III, da CF). Quantum mantido. Agravo retido da seguradora
conhecido e desprovido. Recurso de apelação da seguradora conhecido desprovido.
Agravo retido da requerida não conhecido. Recurso de apelação da requerida
conhecido e provido tão somente para determinar a inclusão do autor em folha de
pagamento da empresa requerida, mediante caução fidejussória. (TJSC; AC
2014.049999-4; Blumenau; Sexta Câmara de Direito Civil; Relª Desª Denise Volpato;
Julg. 06/10/2015; DJSC 13/10/2015; Pág. 82)

Também nada há que se decotar do pensionamento. Não


importa se o Autor percebe auxílio do INSS. Tal fato não impede e nem se compensa o
recebimento de pensão mensal vitalícia, porque os fatos ou as causas jurídicas de um e de
outro são distintas.

Nesse sentido, é a jurisprudência iterativa do Superior Tribunal


de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7/STJ


AFASTADA. DANOS MORAIS. CARACTERIZADO. CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE.
1. Na hipótese, ficou explicitada a conduta voluntária e comissiva da administração
que ensejou a ilegalidade consubstanciada no licenciamento do militar no momento
em que fazia jus à reforma. Restou consignado, também, o dano sofrido pelo
recorrente em razão do irregular licenciamento: "não há dúvidas de que tal erro
administrativo foi fonte de diversos dissabores ao demandante, que restou privado
dos meios de subsistência a que teria direito por norma expressamente prevista no
estatuto militar. Tal ato, por certo, gerou um severo dano psíquico à pessoa
prejudicada, que acabou sendo diretamente afetada em sua condição social e
pessoal" (fl. 866, e-STJ). 2. Verifica-se, assim, o ato ilícito, bem como o nexo de
causalidade e o dano, o que caracteriza o dano moral diante da responsabilidade
civil objetiva da administração pública. 3. Cumpre esclarecer que benefício
previdenciário é diverso e independente de indenização por danos materiais ou
morais, visto que ambos têm origens distintas. O primeiro é assegurado pela
previdência; e a segunda, pelo direito comum. Caracterizada a responsabilidade
administrativa do estado, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal,
surge o dever de indenizar a parte lesada de acordo com as normas do direito
privado. Agravo regimental provido. (STJ; AgRg-REsp 1.541.846; Proc.
2015/0158206-6; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Humberto Martins; DJE 20/10/2015)

In casu, é necessário que se fixe pensão mensal vitalícia


correspondente à remuneração antes auferida pelo Autor, incluída as vantagens pessoais e
gratificações natalinas.

Nem se alegue que tal pensionamento fique limitado no tempo até


os 65 anos de idade.
O critério de fixação de idade limite de indenização só é utilizado
quando há óbito da vítima e o pensionamento é atribuído a seus beneficiários, considerando a
idade provável em que a vítima morta contribuiria no sustento do lar. Não é o caso.

Tendo a vítima sobrevivida, embora com lesões e redução de


capacidade laborativa, o pensionamento que se faz à mesma não pode supor uma idade
de vida limite e provável, mas deve persistir enquanto essa estiver vida.
Subsidiariamente, até a idade que completar 75 anos.

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Em arremate, requer e pede o Promovente que Vossa


Excelência se digne de tomar as seguintes providências:

3.1. Requerimentos

a) A parte Autora opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319,
inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida para comparecer à audiência
designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput), se assim Vossa Excelência
entender pela possibilidade legal de autocomposição (CPC, art. 334, § 4º, inc. II);

b) requer, ademais, seja deferida a inversão do ônus da prova, maiormente


quando a hipótese em estudo é abrangida pelo CDC, bem assim a concessão dos
benefícios da Justiça Gratuita.
3.2. Pedidos

a) pede-se a condenação da Promovida (CPC, art. 490) a pagar a título de danos


morais, a quantia equivalente a 500(quinhentos) salários mínimos, valor esse
compatível com o grau de culpa, a lesão provocada e a situação econômica de
ambas as partes envoltas nesta querela. Subsidiariamente (CPC, art. 326), o valor
correspondente a 300(trezentos) salários mínimos, e;

b) também condená-la a indenizar o Autor em lucros cessantes (CC, art. 948, inc.
II), com a prestação de alimentos mensais, correspondentes a dois terços (2/3)
do salário mínimo (CPC, art. 533, § 4º) sem data limite como termo final.
Secundariamente (CPC, art. 326), até a data que completaria 70 anos de idade,
inclusive verba natalina. Requer-se a inclusão do nome Autor na folha de
pagamento da Ré. Quanto às pensões vencidas, requer o pagamento de única
vez;

c) solicita, outrossim, a condenação ao pagamento de despesas com funeral e


jazigo, a ser apurado em liquidação de sentença. Igualmente com respeito aos
danos materiais no importe de R$ 1.237,00 (mil duzentos e trinta e sete reais);

d) condenar ao pagamento de despesas médicas, hospitalares e fisioterápicas, a


ser apurado em liquidação de sentença (CPC, art. 491, § 1º c/c art. 509);

e) seja na sentença definida a extensão dos valores condenatórios, máxime os


índices atinentes à correção do valor importe condenatório (CPC, art. 491, caput);
Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a
partir da data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em


caso de responsabilidade extracontratual.

f) na forma do art. 533, caput, do Estatuto de Ritos, determinar a constituição de


capital para assegurar o cumprimento da obrigação;

g) por fim, seja a Ré condenada em custas e honorários advocatícios, esses


arbitrados em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação (CPC, art. 82, §
2º, art. 85 c/c art. 322, § 1º), além de outras eventuais despesas no processo
(CPC, art. 84).

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos,


nomeadamente pela produção de prova oral em audiência, além de perícia e juntada posterior de
documentos.

Levando-se em conta que há pedido subsidiário ao principal, dá-


se à causa o valor de R$ 000.000,00( .x.x.x ), correspondente a 500(quinhentos) salários
mínimos (CPC, art. 292, inc. VIII).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de outubro de 0000.

Fulano de Tal
Advogado - OAB(PR) 112233

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