Aula 7 Direito Processo Penal II - Procedimento Especial Do Juri

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Missão Chrisfapi

“Gerar, sistematizar e socializar o conhecimento


e o saber, por meio da oferta de serviços
educacionais de qualidade, comprometendo-se
com a sociedade, meio-ambiente e a cidadania.”
Direito Processual Penal II – 2021.2

Procedimento Especial do Juri

Prof Dr. Tiago Ribeiro


IG: tiagoribeiromastercoach
Procedimento
Especial do Juri
Fundamentos
• “O tribunal popular julgará os crimes dolosos contra a vida” – CF/88;
• Varia em cada país, mas sempre com a ideia de que o réu seja julgado
por seus pares;
• Origem: Grécia, Roma, Pôncio Pilatos, Carta; Magna Carta da
Inglaterra de 1215 e Revolução francesa de 1789;
• No Brasil, por Lei em 18 de julho de 1822, competência para julgar os
crimes de imprensa; Constituição Imperial de 1824, alguns bens
jurídicos inclusive os contra a vida; Carta de 1937, foi a única que não
previu.
Constituição Federal - 1988
• É alçado à categoria de garantia individual fundamental
constitucional;
• “tem o propósito de proteger o cidadão contra o arbítrio do poder
estatal. (...) deseja-se tutelar a liberdade do imputado contra os
excessos do exercício do jus puniendi”;
• Em que pese a sua localização no Art. 5º, há o entendimento de que o
júri integra a estrutura do Poder Judiciário
Princípios reitores
• A plenitude de defesa;

• O Sigilo das Votações;

• A soberania dos veredictos;

• A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida.


Plenitude de defesa
• Dupla face: técnica e autodefesa, obrigatória e facultativa,
respectivamente;
• Ao acusado é facultado apresentar sua versão dos fatos, ou valer-se
do direito ao silencio;
• Cabe, inclusive, a figura do laudador, ou testemunha de beatificação;
• Art. 483 - § 2o  Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três)
jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo
será formulado quesito com a seguinte redação: “O jurado absolve o
acusado?”
Sigilo das Votações
• Engloba o voto e o local do voto;
• Cada jurado recebe cédulas opacas com sim e não, que é depositado
na urna;
• Previamente havia a unanimidade, hoje não mais, Art. 483;
• Art. 485.  Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os
jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor
do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala
especial a fim de ser procedida a votação. 
Soberania dos Veredictos
• Os jurados julgam os fatos;
• Apelação provida, sobre julgamento contrário a prova nos autos,
produz um novo júri;
• Contudo, sob a ampla proteção ao estado de inocência, admite-se
que o Tribunal absolva réu condenado injustamente pelo júri em
sentença transitada em julgado no âmbito de revisão criminal.
Competência
• Dolosos contra a vida, tentados e consumados;

• Competência mínima;

• É possível julgar outros crimes por conexão ou continência;

• Genocídio e o Latrocínio? (Súmula 603, STF)


Características
• Heterogeneidade – 25 jurados, dos quais 7, irão compor o conselho
de sentença. O juiz presidente aplica o direito, não vigorando o
princípio da soberania dos veredictos;
• Horizontalidade – não há hierarquia entre o juiz presidente e os
jurados;
• Temporariedade – períodos conforme cada estado-membro (Art.
453,CPP); Em um mesmo dia pode-se apreciar mais de um processo,
sob novo juramento (Art. 452, CPP)
- Ordem da Pauta: Réus presos, dentre estes os que estiverem há mais tempo,
se “empate”, os pronunciados primeiro.
Procedimento Especial do Juri -
1ª Fase – judicium accusationis 2ª fase – judicium causae
• Juízo da instrução preliminar ou • Preparação para julgamento ou
juízo da acusação; julgamento de mérito;
• Inicia-se com o recebimento da • Somente após a preclusão da
denúncia e ordem de citação do decisão de pronúncia;
acusado (juiz das garantias); • Etapa de apreciação dos fatos
• Concluída com a preclusão da pelos jurados, sob a presidência
decisão de pronuncia (juiz da do juiz-presidente do tribunal do
instrução preliminar) júri.
1ª fase - Juízo da Instrução preliminar

• Inicial acusatória (denuncia ou queixa-crime) → 8 testemunhas;

• Juizo de admissibilidade da inicial (Juiz das garantias):


- Rejeita: inépcia, falta de condição da ação ou pressuposto processual e pela
ausência de justa-causa (art. 395, CPP)
- Se recebida: Citação do réu, remessa dos autos ao juiz da instrução
preliminar.
Resposta Preliminar
•  Art. 406.  O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias.           (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
• § 1o  O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. 
• § 2o  A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na
denúncia ou na queixa.
• § 3o  Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que
interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e
requerendo sua intimação, quando necessário.
Resposta preliminar
• Se não apresentar, será nomeado defensor para apresenta-la em 10
dias;
• Após a resposta da defesa, cabe réplica do MP em 5 dias (exclusivo
no rito do júri), sobre preliminares e documentos carreados nos
autos;
• Então cabe ao juiz (de instrução), decidir sobre as diligencias
probatórias requeridas pelas partes em 10 dias e marcar a audiência
de instrução e julgamento;
• É possível absolvição sumária? (Art. 394, § 4º, CPP)
Audiência de instrução debates e
“julgamento”
• Adivinha como ocorre????

• É possível diligencias complementares (Art. 156, II, CPP);


• Mesmo no silencio da lei os debates podem ser substituídos por
memoriais (Art. 403, § 4º e 404, CPP);
• Art. 411, § 9o  Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão,
ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe
sejam conclusos;
“julgamento”
• Pronuncia/ impronuncia;

• Absolvição Sumária;

• Desclassificação da infração penal.


Pronuncia
• “Quando o juiz estiver convencido da existência de lastro probatório
necessário que justifique a remessa do réu à segunda fase;
• Teto de cognição da pronúncia – limites ao âmbito cognitivo do juiz,
que deve proferir sua decisão sobre um “afiado fio de navalha”
• A preclusão ou julgamento efetivo de possíveis recursos interpostos
da decisão de pronúncia, inicia a segunda fase do rito especial do júri.
Características da cognição judicial
• Não exauriente e não vertical – não cabe se aprofundar no debate
acerca das provas, nem antecipar o juízo de culpa;

• Horizontalidade estreita – nos casos de infrações conexas, cabe ao


juiz olhar apenas para materialidade e indícios de autoria, bem como
verificar apenas os requisitos mínimos que indiquem a conexão
(eficácia objetiva da pronúncia).
Natureza jurídica
• Decisão interlocutória mista não terminativa:
• Mista – encerra fase do procedimento;

• Não terminativa - não decide o mérito da causa e nem extingue o


processo sem resolução de mérito;

• In dubio pro societate na pronuncia?


Limites à fundamentação da Pronuncia
• Art. 315, CPP - § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
• I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;   
• II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso;    
• III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;   
• IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; 
• V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;  
• VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
O que pode ou não apreciar?
Deve Não Deve
• Indícios de autoria; • Circunstâncias judiciais;
• Prova da materialidade; • Atenuantes;
• Qualificadoras; • Agravantes;
• Causas de aumento de pena; • causas especiais de diminuição
• Omissão penalmente relevante de pena (Art. 7º da lei de
(Art. 13, § 2º, CPP) introdução do CPP);
• Tese da tentativa (Art. 14,II, CP; • concurso de crimes (material,
• Concurso de pessoas (Art. 29, CP) formal ou continuidade delitiva)
Emendatio Libelli e Mutatio Libelli
• Emendatio Libelli – se houver apenas erro na tipificação -   Art. 418.  O juiz
poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação,
embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.

• Mutatio Libelli – Se advirem novos fatos,  Art. 384.  Encerrada a instrução


probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância
da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública,
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente + 3
testemunhas
Intimação da Pronuncia
• Vale lembrar que:
• Art. 201 - § 2o  O ofendido será comunicado dos atos processuais
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de
data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a
mantenham ou modifiquem.                     (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
• § 3o  As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço
por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio
eletrônico.
•  Art. 420.  A intimação da decisão de pronúncia será
feita:           (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
• I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério
Público;           (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
• II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do
Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste
Código.           (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
• Parágrafo único.  Será intimado por edital o acusado solto que não
for encontrado. ????
Efeitos da decisão de Pronuncia
• Mirabete – “efeitos preclusivos de natureza processual, ante a
imutabilidade de sua afirmação sobre a admissibilidade da acusação que
encaminha para a decisão final pelo tribunal do júri”
• Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz
presidente do Tribunal do Júri. – Art. 421, CPP;
• Interrompe-se a prescrição punitiva – Art. 117, II, CPP;
• Não automatiza a prisão, se o juiz for provocado, estiverem presentes os
requisitos da _____ e não couber outras medidas cautelares, aí sim...
• Superação de alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo.
Correção da decisão de pronúncia
• Caso da vítima de homicídio tentado que morre após a pronuncia...

• Cabe ao MP aditar a acusação, ouvida a defesa (mesmo não estando


no código) e prolação de nova pronúncia – Art. 421, §§ 1º e 2º do
CPP;
Recurso da Pronuncia
• RESE – Art. 581, IV, CPP;
• Impede que o réu seja julgado, mas não impede eventual
cumprimento de prisão preventiva ou medida cautelar;

• Art. 584 - § 2o  O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o


julgamento.
Sentença de Impronuncia
•  Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz,
fundamentadamente, impronunciará o acusado.

• Extingue-se o processo sem julgamento de mérito;

• Trata-se de decisão terminativa – tem natureza de sentença sem


aptidão da imutabilidade;
• Livra o réu do processo, porém não impede que ele seja processado
novamente, desde que existam novas provas, sejam elas substanciais
ou formalmente novas (testemunho anterior que foi modificado);
• Da sentença de impronúncia, cabe apelação (Art. 416, CPP), sem
efeito suspensivo (réu preso, deve ser posto em liberdade – Art. 584,
§ 1º, CPP);
• Podem impetrar MP, querelante e assistente de acusação. Bem como
o acusado que pode pleitear a absolvição sumária, mais benéfica para
o réu;
Despronuncia
• É quando ocorre a impronuncia de um réu outrora pronunciado:

- Pode ocorrer quando o próprio juiz ao analisar a admissibilidade do recurso,


reveja o seu ato;

- Ou por decisão reformada em sede de Tribunal


Absolvição Sumária
• Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado,
quando:           (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
• I – provada a inexistência do fato;     
• II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;        
• III – o fato não constituir infração penal;           
• IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.          
• Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste
artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta
for a única tese defensiva.
• Tem natureza jurídica de sentença definitiva – encerra a primeira fase
do júri e é imutável gerando coisa julgada material;
• Art. 416.  Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária
caberá apelação. - não possui efeito suspensivo, réu preso deve ser
posto em liberdade; nem se pode impetrar mandado de segurança
onde não se permite obter efeito suspensivo que não foi conferido
por lei. (Súmula 604, STJ)
• Lei 11.689/2008 não previu o recurso de ofício contra absolvição
sumária. Portanto, revogou tacitamente esse reexame no rito do júri,
(Art. 574, II, CPP)
Desclassificação
• Quando não houver dolo em tirar a vida de outrem, deve o magistrado
desclassificar o crime. Não cabe indicar qual o crime indicado (competência do
MP), mas apenas declarar que não é o júri o juízo competente para julgar o fato
em discussão;
• Tem natureza de decisão interlocutória mista (encerra a primeira fase) não
terminativa (determina a remessa a novo juízo, não pondo fim ao procedimento);
• Devem os autos serem imediatamente remetidos ao novo juízo e informado
caso, haja réu preso;
• Ao novo juízo cabe instaurar conflito negativo de competência;
• Da desclassificação cabe recurso em sentido estrito (Art. 581, II, CPP). Se junto ao
juiz declinante, se não estiver mais com os autos remete-se ao novo juízo;

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