Trovadorismo e Novelas de Cavalaria

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Trovadorismo e

Novelas de Cavalaria
Prof. Erick Vinicius Mathias Leite
Século XIII

Clima pós-guerra e a poesia


medieval
Origem eclética
Cultura arábica
Folclórica
Médio-latinista
Provençal- “Caminho Francês”
“[...] No norte da França o poeta recebia o
apelativo trouvère, cujo o radical é igual ao
anterior: (Trouver = Achar) Os poetas deviam
ser capazes de compor, achar sua canção,
cantiga ou cantar [...]”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, 9ª edição, P.22)


Os artistas medievais

Jogral Segrel Trovador


Jogralesa Menestrel
Cantigas
Acompanhamento musical
Cantiga de maestria e de refrão
Cancioneiros
Cobra, cobla ou talho
Cantigas de Santa Maria –
Simone Sorini – Música Medieval

https://www.youtube.com/watch?v=rBP8SuZgETk
Poesia Trovadoresca

Cantigas de Cantigas de
Amor e Amigo Escárnio e Maldizer
Lírico-amorosa
Cantiga de Amor Cantiga de amigo

Confissão dolorosa Voz feminina (mas cantada por homens)


Dama inacessível Paixão incorrespondida
Estirpe social superior Realista
Idealização Confissão feita à mãe,
aos animais ou à
natureza
“A custa de “fingidos” ou incorrespondidos, os estímulos
amorosos transcendentalizam-se, graças ao torturante
sofrimento interior que se segue à certeza da inútil
súplica e da espera dum bem que nunca chega. É a coita
(sofrimento) de amor que, afinal, ele confessa.”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, 9ª edição, P.23)


Cantiga da Ribeirinha
Paio Soarez de Taveirós

No mundo non me sei parelha,


mentre me for' como me vai, No mundo ninguém se assemelha a mim
ca ja moiro por vós - e ai! enquanto a vida continuar como vai,
mia senhor branca e vermelha, porque morro por vós, e ai
Queredes que vos retraia minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quando vos eu vi em saia! quereis que vos descreva
Mao dia me levantei, quando vos eu vi sem manto
que vos enton non vi fea! Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia
E, mia senhor, des aquelha
me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
Moniz, e ben vos semelha tudo me foi muito mal
d'haver eu por vós guarvaia, e vós, filha de don Pai
pois eu, mia senhor, d'alfaia Moniz, e bem vos parece
nunca de vós houve nen hei de ter eu por vós guarvaia
valía dũa correa. pois eu, minha senhora, como mimo
de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor.
“O trovador, amado incondicionalmente pela moça
humilde e ingênua do campo ou da zona ribeirinha,
projeta-se no íntimo e desvenda-lhe o desgosto de amar
e ser abandonada.”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, 9ª edição, P.22)


Ondas do mar de Vigo
Martin Codax

Ondas do mar de Vigo Ondas do mar de Vigo


Se viste meu amigo! Se vires meu namorado!
E ai Deus, (digam) se verrá cedo! Por Deus, (digam) se virá cedo!

Ondas do mar levado, Ondas do mar revolto,


Se viste o meu amado! Se vires o meu amado!
E ai Deus, (digam) se verrá cedo! Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado,


Se viste meu amigo,
Aquele por quem eu suspiro!
O porque eu sospiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
E ai Deus, (digam) se verrá cedo!

Se vires meu amado


Se viste meu amado Por quem tenho grande temor!
Por que hei gran cuidado! Por Deus, (digam) se virá cedo!
E ai Deus, (digam) se verrá cedo!
Erotismo na Lírica Portuguesa

(CHABAS, Paul Émile, Matinée de Septembre, 1911)


“Durante o período medieval, à luz do
Trovadorismo, era comum a representação
simbólica de questões sexuais ou mesmo a
descrição do ato sexual pelo uso da imagem de
alguma atividade social”

(HUIZINGA,2010,p.128)
Fui eu madre, lavar meus cabelos
Johan Soarez Coelho

Fui eu, madre, lavar meus cabelos Fui eu, mãe, lavar meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu d'elos Na fonte e peguei-me eu neles
e de mí, louçana. E de mim, formosa.

Fui eu, madre, lavar mias garcetas Fui eu, mãe, lavar meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu d’elos La na fonte e peguei-me eu neles
e de mí, louçana. E de mim, formosa

A la fonte e paguei-m'eu deles, La na fonte peguei-me eu neles


alo achei, madr', o senhor deles Naquele lugar achei, mãe, o senhor deles
e de mí, louçana. E de mim, formosa

Ante que me eu d'alí partisse,


Antes que eu dali partisse
fui pagada do que me el disse
Fui pega pelo que ele disse
e de mí, louçana.
De mim, formosa
“A riqueza histórica de ambos motivos e sua presença em
diferentes culturas inclusive na tradição bíblica do
Cântico dos Cânticos. Das várias implicações ressalta-se
a força erótica dos cabelos, cujas garcetas indicam a
moça virgem sensualmente a lavá-las, e o simbolismo
espacial da “fonte”, local de renovação e fertilidade.”

(MONGELLI, Lênia Marcia, Fremosos cantares,WMF Martins Fontes, 2009, p.116.)


Fui eu madre, lavar meus cabelos
Johan Soarez Coelho

Fui eu, madre, lavar meus cabelos Fui eu, mãe, lavar meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu d'elos Na fonte e peguei-me eu neles
e de mí, louçana. E de mim, formosa.

Fui eu, madre, lavar mias garcetas Fui eu, mãe, lavar meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu d’elos La na fonte e peguei-me eu neles
e de mí, louçana. E de mim, formosa

A la fonte e paguei-m'eu deles, La na fonte peguei-me eu neles


alo achei, madr', o senhor deles Naquele lugar achei, mãe, o senhor deles
e de mí, louçana. E de mim, formosa

Ante que me eu d'alí partisse,


Antes que eu dali partisse
fui pagada do que me el disse
Fui pega pelo que ele disse
e de mí, louçana.
De mim, formosa
“Símbolos arcaicos através dos quais os elementos
da natureza, as plantas e os animais se identificam
com a vida sexual humana”
(CABALLERO, A.Monroy. Revista de Poética Medieval, n.14, 2005)
Leda dos amores
Pero Meogo
Levantou-se a menina, levantou-se a formosa
Levou-s’a louçana, levou-s’a velida:
Vai lavar cabelos, na fonte fria
vai lavar cabelos, na fontana fria.
Leda dos amores, dos amores leda. Alegria dos amores, dos amores alegria

Vai lavar cabelos, na fontana fria: Vai lavar cabelos, na fonte fria:
passou seu amigo, que lhi bem queria. Passou seu amigo, e bem lhe queria
Leda dos amores, dos amores leda.
Alegria dos amores, dos amores alegria

Vai lavar cabelos, na fria fontana:


passa seu amigo, que a muit’amava. Vai lavar cabelos, na fria fonte
Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que muito à amava
Alegria dos amores, dos amores alegria
Passa seu amigo, que lhi bem queria:
o cervo do monte a augua volvia.
Passa seu amigo, que bem lhe queria:
Leda dos amores, dos amores leda
O cervo do monte à água retorna
Passa seu amigo, que a muit’amava: Alegria dos amores, dos amores alegria
o cervo do monte volvia a augua.
Leda dos amores, dos amores leda Passa seu amigo, que muito a amava:
O cervo do monte retorna a água
Alegria dos amores, dos amores alegria
“No dicionário de Símbolos de Chavalier e Gheerbrant,
entre várias significações, a imagem do cervo é associada
à árvores da vida, em virtude de sua alta galhada, que se
renova periodicamente, e simboliza a fecundidade, os
ritmos de crescimento, os renascimentos.”

(FONSECA E ARAUJO,Pedro Carlos e Louzana e Marcia Maria Melo, Mulher e Erotismo na


lírica trovadoresca galego-portuguesa, P.427)
Leda dos amores
Pero Meogo
Levantou-se a menina, levantou-se a formosa
Levou-s’a louçana, levou-s’a velida:
Vai lavar cabelos, na fonte fria
vai lavar cabelos, na fontana fria.
Leda dos amores, dos amores leda. Alegria dos amores, dos amores alegria

Vai lavar cabelos, na fontana fria: Vai lavar cabelos, na fonte fria:
passou seu amigo, que lhi bem queria. Passou seu amigo, e bem lhe queria
Leda dos amores, dos amores leda.
Alegria dos amores, dos amores alegria

Vai lavar cabelos, na fria fontana:


passa seu amigo, que a muit’amava. Vai lavar cabelos, na fria fonte
Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que muito à amava
Alegria dos amores, dos amores alegria
Passa seu amigo, que lhi bem queria:
o cervo do monte a augua volvia.
Passa seu amigo, que bem lhe queria:
Leda dos amores, dos amores leda
O cervo do monte à água retorna
Passa seu amigo, que a muit’amava: Alegria dos amores, dos amores alegria
o cervo do monte volvia a augua.
Leda dos amores, dos amores leda Passa seu amigo, que muito a amava:
O cervo do monte retorna a água
Alegria dos amores, dos amores alegria
“[...] A madre não funciona como personagem e emissor
relevantes nas cantigas femininas galego-portuguesas,
mas protagonizam um gênero de que junto cm outros, a
cantiga de amigo seria um conjunto ou um complexo [...]
Concluindo que seria mais preciso afirmar que essa
cantiga não é um gênero, mas um complexo de gêneros”

(SODRÉ, Paulo Roberto, Entre a guarda e o viço: A madre nas cantigas de amigo
galego-portuguesas, Universidade Federal do Espírito Santo)
As 4 vozes das Cantigas de Amigo
Namorada Mãe

“A minha filha, por Deus, guisade vós


“Foi’s o meu amigo daqui noutro dia Que vos veja sse fustan trager
Coitad’ e sanhaud’ e eu ca’s ia, Voss’ amigo’ e tod’ a vosso poder
Mais já que sei, e por Santa Maria Veja vos bem com el estar em cos,
E que farei eu louçana?” Ca, se vos vir, sei eu ca merrerá
Por vós, filha, ca mui bem vos está.”

COELHO, Johan Soarez SANTIAGO, Johan Airas


As 4 vozes das Cantigas de Amigo
Confidente Narrador

“Amiga, o voss’ amigo “Pela ribeira do rio


Soub’ eu que non mentiria Cantando ia la dona virgo
Pois que o jurad’ avisa D’amor
Que veesse, mais vos digo ‘venham-nas barcas polo rio
Que á de vós mui gran medo A sabor’ ”
Porque non veo mais cedo”

ZORRO, João

Cana, Pae de
“Esse tipo de confidência da madre baseou a afirmação de Stephen
Reckert de que ‘o tempo presente da filha é o passado da mãe, o presente
da mãe pode ser o porvir da filha’. Neste sentido, nas vinte e sete cantigas
que ela protagoniza e nas dez que ela dialóga com a filha, a madre se
expõe como uma mulher que guarda a filha das experiências que ela
mesmo viveu, porta-se como confidente da filha que um dia foi, intercede
nas relações de que foi alvo no passado. Como se pode deduzir a madre é
protagonista de um gênero certamente devido a seu papel fundamental
na cultura medieval, a despeito do propalado masculino desse período”

(SODRÉ, Paulo Roberto, Entre a guarda e o viço: A madre nas cantigas de amigo
galego-portuguesas, Universidade Federal do Espírito Santo)
CV598
Johan Airas

'Amigo, quando me levou Catei por vós, quand'a partir


mia madre, a meu pesar, d'aquí, m'houve d'aquí, e pero non
non soubestes novas de mí vos vi, nen veestes entón,
e por maravilha tenho, e mui queixosa vos ando,
por non saberdes quando vou, por non saberdes quando m'ir
nen saberdes quando venho. quer'ou se verrei ja-quando.

Pero que vos chamades meu, E por amigo non tenho


amigo, non soubestes ren, o que non sabe quando vou,
quando me levaron d'aquén, nen sabe quando me venho.
e maravilho-me ende,
por non saberdes quando m'eu
venh'ou quando vou d'aquende.
“[...] aspectos da etologia da madre permitem-nos vislumbrar
as possibilidades de retrato que podem elucidar a
personagem que estudamos. Não somente o “modelo de Sara”
[...] Menos previsível do que pensamos, mais complexa do
que imaginamos, a situação da mulher em particular a madre,
apresenta posturas que dão a sua representação nas cantigas
de amigo dimensão mais texturizada do que a dos
estereótipos facilmente classificáveis, quais sejam, o de
guardadora e confidente, haja vista a madre-namorada [...]”

(SODRÉ, Paulo Roberto, Entre a guarda e o viço: A madre nas cantigas de amigo
galego-portuguesas, Universidade Federal do Espírito Santo)
Ensinando a seduzir Incesto
Quem a sa filha quiser dar Em tal perfia qual eu nunca vi
mester, com que sábia guarir vi eu Dom Foam com sa madr'estar
a Maria Doming'há-de ir e, porque os vi ambos perfiar
que a saberá bem mostrar cheguei-m'a el e dixi-lhi log'i
e direi-vos que lhi fará -Vencede-vos a quanto vos disser
ante d'um mês lh'amostrará ca perfiardes nom vos é mester
com vossa madr'- e perfiar assi!

Ca me lhi vej'eu ensinar


E disse-m'el: - Sempr'esto houvemos d'uso
ũa sa filha e nodrir
eu e mia madre, em nosso solaz
e quem sas manhas bem cousir
de perfiarmos eno que nos praz
aquesto pode bem jurar
e quando m'eu de perfiar escuso
que des Paris atẽes acá
assanha-se e diz-m'o que vos direi
molher de seus dias nom há
- Se nom perfias eu te maldirei
que tam bem s'acorde d'ambrar
- que sejas sempre maldito e confuso.

- DA GUARDA, Estevão
Satírica
Cantiga de Escárnio Cantiga de Maldizer

Ironia e sarcasmo Agressividade


“Palavras cobertas” Sem duplo sentido
Sátira construída Sátira feita diretamente
indiretamente. Expressões de baixo-
Vida boêmia calão
Própria de ambientes Escasso valor estético
chulos
“[...] entretanto tal distinção nem sempre se torna
patente, pois volta e meia topamos com cantigas que
misturam os dois processos.”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa através dos textos, Cultrix, p.33)


Rui Queimado
J.J Nunes
Roi Queimado morreu con amor Rui Queimado morreu de amor
en seus cantares, par Sancta Maria, em suas canções, por Santa Maria,
por ũa dona que gran ben queria: por uma senhora a quem tão bem queria,
e, por se meter por mais trobador, e para mostrar seu talento de trovador,
porque lhe ela non quis ben fazer, porque ela não o quis bem,
feze-s'el en seus cantares morrer, ele fez-se, em suas canções , morrer,
mais resurgiu depois ao tercer dia! mas ressuscitou depois do terceiro dia!

Esto fez el por ũa sa senhor


Isso ele fez por uma Senhora,
que quer gran ben, e mais vos en diria:
a quem quer tão bem, e digo mais:
por que cuida que faz i maestria,
enos cantares que faz, á sabor por julgar ter talento nisso,
de morrer i e des i d'ar viver; e nas canções que faz, por gosto,
esto faz el que x'o pode fazer, de morrer e depois renascer,
mais outr'omem per ren' nono faria. isso faz ele, que pode fazê-lo,
mas outro homem não faria.
E non á já de sa morte pavor,
senon sa morte mais la temeria, E já não tem medo de sua morte
mais sabe ben, per sa sabedoria, senão temeria mais,
que viverá, des quando morto for, mas sabe bem, por sua sabedoria
e faz-[s'] en seu cantar morte prender, que viverá, desde que morto esteja,
des i ar vive: vedes que poder e faz em suas canções com que a morte lhe pegue
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria. para então reviver: veja que poder
que Deus lhe deu, mais do que se imaginaria.

E, se mi Deus a mim desse poder


E se Deus desse a mim esse poder
qual oj'el á, pois morrer, de viver,
que hoje ele tem, viver depois de morrer
já mais morte nunca temeria.
jamais a morte temeria.
“Canções de vida boêmia e escorraçada, aquela que
encontrava nos meios frascários e tabernários seu lugar
ideal.”

“Escasso valor estético, mas em contrapartida


documenta os meios populares de tempo com uma
flagrância de reportagem viva.”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, Cultrix, p.26)


Dona Fea
Ai, dona feia, foi se queixar
Ai, dona fea! Foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar; que nunca te louvo em meu cantar ;
mas ora quero fazer um cantar mas agora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via; em que te louvarei de qualquer jeito;
e vedes como vos quero loar: e veja como quero te louvar
dona fea, velha e sandia! dona feia, velha e maluca!

Ai, dona fea! Se Deus me pardon! Dona feia, que Deus me perdoe,
pois avedes [a] tan gran coraçon pois tem tão grande desejo
que vos eu loe, en esta razon de que eu te louve, por este motivo
vos quero já loar toda via;
quero te louvar já de qualquer jeito;
e vedes qual será a loaçon:
e veja qual será a louvação:
dona fea, velha e sandia!
dona feia, velha e maluca!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei; Dona feia, eu nunca te louvei
mais ora já un bon cantar farei, em meu trovar, embora tenha trovado muito
en que vos loarei toda via; mas agora já farei um bom cantar,
e direi-vos como vos loarei: em que te louvarei de qualquer jeito;
dona fea, velha e sandia! e te direi como te louvarei:
dona feia, velha e maluca!
“Tal como no ambiente das universidades, os meios
cortesãos não poderiam deixar de desenvolver as suas
formas peculiares de desafios. Foi assim que surgiu o
gênero trovadoresco das ‘tenções’, estas que eram as
verdadeiras ‘disputatios líricos’ onde dois trovadores
combatiam tendo por únicas armas o verso, o talento, e a
sua própria perspicácia.”

(BARROS, José D’Assunção, Uma cadeia de cantigas de escárnio: Uma análise sobre a poesia
satírica ibérica do século XIII e suas tensões sociais, Terra roxa e outras terras, volume 6, 2005)
Tenções
Disputatios e questios
Tensós
Tenções
Tenções de ricochete
“Tensões, cadeias de escárnios e cantigas de maldizer,
escárnio tematizando tensões- estes são alguns exemplos
de situações onde o dialogismo torna-se explícito nos
gêneros satíricos do trovadorismo ibérico entre os
séculos XIII e XIV, confirmando uma verdadeira
disputatio lírica.”

(BARROS, José D’Assunção, Uma cadeia de cantigas de escárnio: Uma análise sobre a poesia
satírica ibérica do século XIII e suas tensões sociais, Terra roxa e outras terras, volume 6, 2005)
Tençãode JoãoVaásquize PedroAmigo

- Ai, Pedr'Amigo, vós que vos teedes


por trobador, agora o verei Joam Vaásquiz, eu bem cuidaria
eno que vos ora preguntarei que o reino nom há por que perder
e no recado que mi tornaredes: por el-rei nosso senhor mais valer,
nós que havemos mui bom rei por senhor,
e no-lo alhur fazem emperador,
ca rei do mund'é, se se vai sa via!
dizede-mi ora quant'i entendedes. Valrá el mais, e nós [já] per el i;
de mais quis Deus que tem seu
-Joam Vaásquiz, pois me cometedes, filh'aqui,
direi-vos eu quant'i entend'e sei:
Que a sua prez e o seu valor que se s'el for, aqui nos leixaria!
10 pois nós havemos aquel melhor rei
que no mund'há, porque nom entendedes Ai, Pedr'Amigo, pois vos já venci
todo noss'é, pois emperador for?
O demo lev'o que vós i perdedes!
desta tençom que vosco cometi,
nunca ar migo filhedes perfia.
-Ai, Pedr'Amigo, eu nom perderia
em quant'el-rei podesse mais haver
- Joam Vaásquiz, sei que nom é 'ssi
em bõa terra e em gram poder,
ca quant'el mais houvesse, mais valria; desta tençom, ca errastes vós i
mais perde o rein'e vós perdedes i,os que sem el e dix'eu bem quanto dizer devia.
ficaredes aqui,
pois que se el for d'Espanha sa via
Tensões do século XXI
“Através das tenções, os trovadores galego-portugueses
podiam se enfrentar diretamente. Mas podiam também
atingir um terceiro, não presente na disputa, que fosse
referido direta ou encobertamente”

(BARROS, José D’Assunção, Uma cadeia de cantigas de escárnio: Uma análise sobre a poesia
satírica ibérica do século XIII e suas tensões sociais, Terra roxa e outras terras, volume 6, 2005)
CBN 144
Paai Soárez e Martin Soárez

- Ai, Paai Soárez, venho-vos rogar


por un meu omenque non quer servir,
que o façamos, mi e vós, jograr
en guisa que possaper i guarir;
pero será-nos grave de fazer,
ca el non sabe cantar nen dizer
ten, per que se pague d' el quen n' ouir.

- Martin Soárez,non possi eu osmar


que no-las gentes queiran consentir
e nós tal omen fazermos poiar
en jograria; ca, u for pedir,
algun verá o vilão seer
tirst' e [no]joso e torp' e sen saber,
e aver-s' á de nós e d' el rir"
Trovadores
Paio Soares de Taveirós
D.Diniz
Aira Nunes
Nuno Fernandes de Torneol
Pêro Garcia Burgalês
João Garcia de Guilhade
Novelas de Cavalaria
“A lenda, de remotas origens célticas, foi inicialmente
cantada em verso, tendo Perceval como herói. Por volta
de 1220, na Fraça, por influxo clerical, opera-se a
prosificação da lenda, da autoria presuntiva de Gautier
Map, e então Galaaz substitui Perceval. A lenda, até
então de cunho nitidamente pagão, cristianiza-se [...]”

(MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, Cultrix, p.30)


Matéria Cavaleiresca

Ciclo Bretão
Ciclo Carolíngio
Ciclo Clássico
A demanda do Santo Graal
Características

Narração em capítulos
Uso de locais geográficos irreais
Código de conduta
Amor cortês
Grandes aventuras , atos de coragem e batalhas.
Acontecimentos mais importantes que os personagens
Aventuras “sem fim”.
Galaaz

Galahad- “puro dos Puros”

O “escolhido”

Origem incerta

Forte, corajoso, belo, etc...


O Santo Graal
Santo Graal é uma
expressão medieval que
designa normalmente o cálice
usado por Jesus
Cristo na Última Ceia, e onde,
na literatura, José de Arimateia
colheu o sangue de Jesus
durante a crucificação,
entretanto a origem do Santo
Graal é muito anterior ao
cristianismo, o Graal já existe
entre os Celtas.

(BEHREND 2007)
O Cristianismo na obra
Referências bibliográficas
MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa, Cultrix, 9ª edição.
MOISÉS, Massaud, A literatura portuguesa através dos textos,
Cultrix, 23ª edição.
MOISÉS, Massaud, Dicionário de termos literários, Cultrix, 1ª edição.
BARROS, José D’Assunção, Uma cadeia de cantigas de escárnio: Uma
análise sobre a poesia satírica ibérica do século XIII e suas tensões
sociais, Terra roxa e outras terras, volume 6, 2005.
FONSECA E ARAUJO,Pedro Carlos e Louzana e Marcia Maria Melo,
Mulher e Erotismo na lírica trovadoresca galego-portuguesa.
SODRÉ, Paulo Roberto, Entre a guarda e o viço: A madre nas cantigas
de amigo galego-portuguesas, Universidade Federal do Espírito Santo.

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