Aula 02 - Terceirização e Reforma Trabalhista

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Direito do Trabalho

Prof.º Msc Ailton Cavalcante


TERCEIRIZAÇÃO (LEI
13.429/2017)
E REFORMA TRABALHISTA
Rodrigo Maia:
Justiça do Trabalho “nem deveria existir”
Rodrigo Maia:
Justiça do Trabalho “nem deveria
existir”
08/03/2017

A declaração foi feita em um evento em


Brasília. Maia comentava a aprovação de
uma nova lei, necessária pela
“irresponsabilidade” da Justiça do Trabalho:

“Tivemos que aprovar uma regulamentação


da gorjeta porque foi quebrando todo
mundo pela irresponsabilidade da Justiça
brasileira, da Justiça do Trabalho, que não
deveria nem existir”
Rodrigo Maia:
Justiça do Trabalho “nem deveria
existir”

Na avaliação de Maia, o excesso de


regras no mercado de trabalho
provocou catorze milhões de
desempregados no Brasil

“Acho que a gente vai avançar na


regulamentação trabalhista. Infelizmente,
o presidente Michel não vai gostar, mas
acho que a Câmara precisa dar um
passo além daquilo que tá colocado no
texto do governo”, afirmou
Rogério Marinho acha que tribunais “extrapolam” e quer “Justiça mínima”
Gilmar Mendes chama TST
de “laboratório do PT”
Justiça do Trabalho sob
ataque

• Cortes orçamentários
• Princípio protecionista fortemente
questionado
• Reforma Trabalhista: o próprio
conteúdo do direito material em
debate
• Consequência: o órgão do Judiciário
que aplica o direito material é
apontado como “o vilão”
Direito do Trabalho
• JEAN CLAUDE JAVILLIER (Univ. Paris II)
• Missão do Direito do Trabalho
• Proteção dos trabalhadores
• Promoção das relações de trabalho
Direito do Trabalho
• Critério fundamental usado para a
construção de um sistema de
proteção social: a subordinação,
vista como o elemento indispensável
para a configuração da relação
jurídica de emprego
Direito do Trabalho
 GIANCARLO PERONE (Universidade de Roma II – Tor
Vergata): atual inadequação do esquema legal da
subordinação em face da evolução da tecnologia e dos
sistemas de produção
 Modelo de organização produtiva centralizada,
hierarquizada e fundado na distribuição rígida das tarefas
cedeu o seu lugar a um novo modelo, baseado no
processo de coordenação horizontal e de exteriorização de
fases do ciclo produtivo
Direito do Trabalho
 Para o empresário, deixou de ser necessária
exclusivamente a força de trabalho sujeita à sua direção:
pode ser suficiente uma forma mais branda de ligação
técnico funcional com os trabalhadores

 A evolução tecnológica nos leva a refletir sobre mudanças


na forma de prestação do trabalho humano
Lei 13.429/2017

Altera dispositivos da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro


de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário
nas empresas urbanas e dá outras providências

Dispõe sobre as relações de trabalho na empresa


de prestação de serviços a terceiros
Conceito Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física
contratada por uma empresa de trabalho temporário que a
coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços,
para atender à necessidade de substituição transitória de
pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços
Relação jurídica triangular

 Qualquer que seja o ramo da


ETT empresa tomadora de serviços
(ETS), não existe vínculo de
emprego entre ela e os
trabalhadores contratados pelas
empresas de trabalho
temporário (ETT)

TT ETS
Conceito Empresa de trabalho temporário

 É a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério


do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à
disposição de outras empresas temporariamente

Empresa tomadora de serviços

 É a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que


celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a
empresa de trabalho temporário
Requisitos
 Substituição transitória de pessoal permanente
 Ex. empregado afastado por motivo de doença; empregada gestante
 É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de
trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei

 Demanda complementar de serviços


 Aquela que seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente
de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal
Funcionamento e registro
da ETT

Registro no Ministério do Trabalho


I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ), do Ministério da Fazenda
II - prova do competente registro na Junta Comercial da localidade
em que tenha sede
III - prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00
(cem mil reais)
Deve ter forma escrita, ficar à disposição da autoridade
fiscalizadora no estabelecimento da ETS e conter: Contrato
I - qualificação das partes
ETT x ETS
II - motivo justificador da demanda de trabalho temporário
III - prazo da prestação de serviços
IV - valor da prestação de serviços
V - disposições sobre a segurança e a saúde do
trabalhador, independentemente do local de realização do
trabalho
Responsabilidade ETS

 É responsabilidade da empresa contratante garantir as


condições de segurança, higiene e salubridade dos
trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas
dependências ou em local por ela designado

 A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho


temporário o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de
refeição destinado aos seus empregados, existente nas
dependências da contratante, ou local por ela designado
Qualquer O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o

atividade desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem


executadas na empresa tomadora de serviços
da ETS
Prazos

 O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo


empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e oitenta
dias, consecutivos ou não

 O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias,


consecutivos ou não, além desse prazo, quando comprovada a
manutenção das condições que o ensejaram

 Não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela ETS, o


contrato de experiência previsto no parágrafo único do art. 445 da
CLT
Prazos

 O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado (180 +


90) somente poderá ser colocado à disposição da mesma ETS
em novo contrato temporário, após 90 dias do término do contrato
anterior

 A contratação anterior ao prazo de 90 dias caracteriza vínculo


empregatício com a ETS

 Repúdio às fraudes
Mantido o artigo 11

 O contrato de trabalho celebrado entre ETT e cada um dos


assalariados colocados à disposição de uma ETS será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar,
expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por
esta Lei

 Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva,


proibindo a contratação do trabalhador pela ETS ao fim do prazo
em que tenha sido colocado à sua disposição pela ETT
Direitos a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de
mesma categoria da ETS calculados à base horária, garantida,
do TT em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional
b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias
não excedentes de duas, com acréscimo de 50%
c) férias proporcionais
d) repouso semanal remunerado
e) adicional por trabalho noturno
f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal
do contrato, correspondente a 1/12 (um doze avos) do
pagamento recebido
Direitos g) seguro contra acidente do trabalho
h) proteção previdenciária nos termos do disposto na legislação
do TT específica
 Registro na CTPS do trabalhador de sua condição de
temporário
 Obrigação da ETS comunicar à ETT a ocorrência de todo
acidente cuja vítima seja um assalariado posto à sua
disposição, considerando-se local de trabalho, para efeito
da legislação específica, tanto aquele onde se efetua a
prestação do trabalho, quanto a sede da ETT
Prestação de Serviços

• Art. 4º - A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a


pessoa jurídica de direito privado destinada a prestar à
contratante serviços determinados e específicos

Comentários:
• Qualquer serviço, mas deve ser “determinado e especificado” no
contrato celebrado entre as partes
• Liberdade de contratar os serviços
• Dúvida: interpretação do alcance da expressão “serviços
determinados e específicos”
 Distingue intermediação (trabalho temporário) e terceirização
Conceito de (prestação de serviços)
 Empresa de prestação de serviços: atua no setor terciário da
“atividade” economia
 Necessidade de verificação do tipo de atividade econômica
difere do conceito desenvolvida pela empresa tomadora dos serviços
 Não admite a terceirização da atividade da tomadora
de “serviços” (delegação), mas aceita ela valer-se da prestação de serviços
“determinados e específicos” de apoio ao desenvolvimento
(Ministro Alexandre dessa atividade, para concentrar esforços na sua razão
existencial (art.4º-A, caput)
Agra Belmonte)  Serviços determinados e específicos: aqueles definidos em
contrato e complementares à realização de uma atividade
primária, secundária ou quaternária
Conceito de
 A nova lei abandona os conceitos de atividade meio e
“atividade” atividade fim. Se se tratar de serviço complementar à
realização da atividade constante do objeto social da
difere do conceito empresa, é lícita a terceirização
 Amplia as hipóteses de terceirização (passando a abranger
de “serviços” serviços como os de instalação, manutenção, conservação,
call center, correspondência bancária)
(Ministro Alexandre  Admite a quarteirização, que é a subcontratação da
contratação feita (art.4º-A, §1º, in fine), porque a prestação
Agra Belmonte) de serviços, ainda que especializada, não é obrigação
personalíssima e pode ser repassada, no todo ou em parte
Vólia Bomfim
Cassar
Breves comentários à nova redação da lei 6.019/74 ― terceirização
ampla e irrestrita?

“Interpreto que o legislador não autorizou a terceirização geral para


as atividades-fim da empresa, mas tão somente para as atividades-
meio desta, pois, quando quis ser expresso na autorização de
terceirização de atividade-fim, o fez, como foi o caso do trabalho
temporário. O ideal seria que estas só ocorressem por prazo certo,
com fim específico, dando um sentido lógico para a inclusão dos
artigos 4º-A e 5-A na lei que trata de trabalho temporário”.
Vólia Bomfim
Cassar
Breves comentários à nova redação da lei 6.019/74 ― terceirização
ampla e irrestrita?

“Ora, qual seria a vantagem de terceirizar pela empresa de trabalho


temporário, cuja lei exige inúmeros requisitos para sua criação e
para validade do contrato civil e de trabalho e, ainda, dá mais
garantias aos trabalhadores, se a terceirização em geral exige
menor burocracia e dá menos garantias aos trabalhadores
terceirizados? A terceirização em geral esvazia a outra, que essa se
torna mais onerosa se comparada à temporária”
 Altera novamente a Lei 6019/74!
Prestação de
 Nova redação do art. 4º-A - Considera-se prestação de
Serviços: serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da
execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua
alteração proposta atividade principal, à empresa prestadora de serviços que
possua capacidade econômica compatível com a sua
na Reforma execução.

Trabalhista Comentário:

 Busca deixar clara a amplitude da regra


Gestão de Pessoas na Prestação de Serviços

• Art. 4º-A, § 1º - A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e


dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras
empresas para realização desses serviço

Comentários:

• Se não for assim, há risco de ser reconhecido vínculo com a tomadora

• Na prática, como fazer valer essa regra, sem afetar o negócio da tomadora?
A questão da “subordinação direta” (Súmula 331 do TST)

• Possibilidade de subcontratação prevista expressamente: quarteirização


Vínculo Empregatício – Garantia de
Não Ocorrência?

• Art. 4º-A, § 2º Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores,


ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu
ramo, e a empresa contratante

Comentários:

• PEJOTIZAÇÃO?

• Expressão “qualquer que seja seu ramo” = liberdade de contratar

• Art. 9º da CLT – fulmina com a nulidade os atos praticados para


impedir, desvirtuar ou fraudar a aplicação da legislação trabalhista
Governo vai editar MP sobre ‘pejotização’
Estadão, 08/05/2017

De volta à presidência do Senado após 11 dias em licença médica,


Eunício Oliveira recebeu do presidente Michel Temer a promessa de que
o governo irá editar uma MP sobre terceirização. Em março, Temer
sancionou lei que permite essa forma de contratação em qualquer
atividade.
O tema voltará a ser discutido porque a Câmara não incluiu na reforma
trabalhista pontos que ficaram de fora da lei, como a “pejotização”, que
permite admitir sem carteira assinada, entre outros. Com isso, Temer
tenta evitar que o Senado mexa na reforma.
Temer visitou Eunício ontem, em Brasília. Ouviu dele que se a MP
demorar a sair, a prioridade do Senado será o projeto de terceirização.
Art. 4o-B. São requisitos para o funcionamento da empresa de
prestação de serviços a terceiros:
I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica Empresa de Prestação
(CNPJ);
II - registro na Junta Comercial;
III - capital social compatível com o número de empregados, de Serviços - Requisito
observando-se os seguintes parâmetros:
a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$
10.000,00 (dez mil reais);
b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital
mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais);
c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados -
capital mínimo de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais);
d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados -
capital mínimo de R$ 100.000,00 (cem mil reais); e
e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de
R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais)
Ainda a reforma trabalhista:
previsão de inclusão do art. 4º C

Art. 4º-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de


serviços a que se refere o art. 4º-A desta Lei, quando e enquanto os serviços,
que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem
executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições:

I – relativas a:
a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em
refeitórios;
b) direito de utilizar os serviços de transporte;
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da
contratante ou local por ela designado;
d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o
exigir.
Ainda a reforma trabalhista:
previsão de inclusão do art. 4º C

II – sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e


de instalações adequadas à prestação do serviço.
§ 1º Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que
os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos
empregados da contratante, além de outros direitos não previstos neste artigo.
§2º Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada
em número igual ou superior a 20% dos empregados da contratante, esta
poderá disponibilizar aos empregados da contratada os serviços de
alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e com
igual padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos
serviços existentes.
 Art. 5-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que
celebra contrato com empresa de prestação de serviços
Regras de determinados e específicos

Contratação de  §1º É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores


Empresa de em atividades distintas daquelas que foram objeto do
contrato com a empresa prestadora de serviços
Prestação de Comentário:
serviços
Não é possível alterar o objeto do contrato: preservação do
serviço determinado e específico a ser prestado
Ainda a reforma trabalhista:
previsão de alteração do art. 5º-A

Art. 5º-A A Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra


contrato com empresa de prestação de serviços relacionados a
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal

Comentário

Acaba com o conceito de serviços determinados e específicos


§2º Os serviços contratados poderão ser executados nas
instalações físicas da empresa contratante ou em outro local, de
Regras de comum acordo entre as partes

Contratação de Comentário: Local da prestação a critério das partes

Empresa de §3º É responsabilidade da contratante garantir as condições de


segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o
Prestação de trabalho for realizado suas dependências ou local previamente
serviços convencionado em contrato

Comentário: Responsabilidade da tomadora dos serviços pela


observância das normas de segurança, higiene e salubridade
§4º A contratante poderá estender ao trabalhador da empresa de
prestação de serviços o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de
Regras de refeição destinado aos seus empregados, existente nas dependências
da contratante, ou local por ela designado.
Contratação de Comentário: A extensão de benefícios é uma faculdade da prestadora
Empresa de §5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas
Prestação de obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
serviços previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei 8.212, de 24 de
julho de 1991

Comentário: Responsabilidade subsidiária - retenção de 11% da nota


(art. 31 da Lei 8.212)
Requisitos do contrato de
prestação de serviços

Art. 5º B O contrato de prestação de serviços conterá:


I – qualificação das partes;
II – especificação do serviço a ser prestado;
III – prazo para realização do serviço, quando for o caso;
IV – valor
Restrição aos  Art. 5º C - Não pode figurar como contratada, nos termos do
Art. 4º desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios
Contratos tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à
contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem
vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou
sócios forem aposentados
Proposta da Reforma
 Art. 5º D - O empregado que for demitido não poderá prestar
Trabalhista serviços para esta mesma empresa na qualidade de
empregado de empresa prestadora de serviços antes do
decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da
demissão do empregado
Otto Von Bismarck
(1815-1898)

"Leis são como


salsichas; é melhor não
saber como são feitas"
Fim

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