O Imaginário e o Adoecer

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O IMAGINÁRIO E O ADOECER

UM ESBOÇO DE PEQUENAS
GRANDES DÚVIDAS

Profa. Dra. Carla Soares

CAMON, A. V.O imaginário e o adoecer: um


esboço de pequenas e grandes dúvidas. In:
CAMON, A. V. (Org.). E a psicologia entrou no
hospital. São Paulo: Pioneira, 2020.
Uma reflexão sistematizada das implicações do
imaginário....

Muito mais do que buscar na patologia que


determinou a hospitalização, iremos direcionar nossa
análise para fatores subjetivos, que estão a
determinar a própria conceituação de enfermidade e
do nível desse sofrimento.
EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

Existe, no adoecer, um confronto intermitente entre o


que havia concebido anteriormente para sua vida, e a
realidade que lhe é apresentada em termos de
concretude existencial.

É um confronto entre aquilo que vivencia, em termos de


sofrimento, e a idealização sobre sua condição de
plenitude existencial.
EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

A grande dificuldade médica no enfrentamento de


determinados tratamentos clínicos e até mesmo cirúrgicos:

Trabalha-se com situações levantadas pelo diagnóstico e


por um possível prognóstico estabelecido, a partir de uma
estratégia de tratamento.
No entanto, se despreza, na maioria das vezes, a
conceituação criada e estigmatizada, a partir do surgimento
da doença.

Os aspectos que envolvem a história de vida de uma


determinada pessoa fazem com que determinados
diagnósticos repercutam de maneira específica a parte
dessas peculiaridades.
EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

Apesar dos avanços da medicina e dos


recursos medicamentosos, com o
simples diagnóstico de doenças que
costumavam ser letais (tuberculose,
sífilis, hepatites, etc), o imaginário
transforma esse paciente em refém do
destino, com uma doença letal.

Ainda que se argumente sobre os


números de cura, realidade não tem
como enfrentar a criação fantasiosa do
imaginário, que não apenas despreza
dados reais, mas, também, cria
situações sequer tangíveis pela razão.
EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

Cresce o desenvolvimento tecnológico, e junto cresce o


desprezo pelas manifestações inerentemente humanas e
que evocam a fragilidade de própria condição humana.

Cerceia-se toda e qualquer expressão dos sentimentos


apresentados pelo paciente.

O paciente fica desamparado e isolado em sua dor


EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

Adoecer traz em si, resquícios da própria


contemporaneidade

A ocorrência de determinadas patologias denota que


certas ocorrências derivam muito mais de manifestações
sociais, que se originam nas diversidades individuais
construídas em bases sedimentadas pelo imaginário.

Ex.: transtorno do pânico; histeria


EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

É verdadeira, a crítica realizada sobre diagnósticos


orgânicos, que excluem a condição emocional no
agravamento das doenças.

Igualmente, é verdadeira a asserção de que não se pode


atribuir tudo à condição emocional do paciente com o
risco de se passar de um extremo ao outro.

Ex: dermatites; câncer.


EM BUSCA DE UMA
CONFIGURAÇÃO DO REAL

Não se trata de negar a importância da condição


emocional no surgimento e desenvolvimento das
diferentes patologias, mas sim, da necessidade de não
se negar outras tantas variáveis que estão incidindo
sobre esse organismo enfermo e debilitado.

A psicologia no hospital ganhou traz uma nova


compreensão dos fatores emocionais que incidem sobre
os pacientes em determinados processos de
adoecimento.

Porém, certos psicologismos podem tornar nossas


conquistas inócuas, diante da total falta de
embasamento de suas afirmações.
SOBRE TEORIZAÇÕES

Abordar os aspectos emocionais é se basear numa forma


de conhecimento em que o saber dos aspectos
emocionais direciona a intercorrência dos fatores
orgânicos.

As manifestações corpóreas da sintomatologia das


patologias ocorrem em níveis reais apresentando sinais
evidenciados de concretude.

Se de fato se busca a humanização do hospital, é preciso


humanizar nossa própria teorização, para não agredir
ainda mais o paciente, já vitimado por um sem número
de especulações.
SOBRE TEORIZAÇÕES

Ao conceber a psicologia como parte da realidade


hospitalar estamos configurando sua capacidade de
atuação e estruturação dentro dessa realidade.

O instrumental a ser utilizado em sua prática precisa


levar em conta a análise das intercorrências promovidas
pelo paciente em seu imaginário.

Imaginário que ao mesmo tempo em que decifra nuança


da existência também estará dando condições para uma
compreensão dos determinantes da própria
hospitalização.
SOBRE TEORIZAÇÕES

A psicologia vem demonstrar que a angústia de um


paciente é diferente de outro, e que embora até possam
apresentar reações orgânicas semelhantes, ainda assim,
o sofrimento de uma pessoa não tem como ser
dimensionado com a de outra.

Necessidade do olhar humano sobre o paciente, e do


toque humano na realidade hospitalar.

A escuta num contraponto ao consumo de


medicamentos, e a ousadia da palavra diante dos
modernos programas de informática.
SOBRE TEORIZAÇÕES

As teorizações são bastante importantes para o


desenvolvimento da própria conquista efetivada pela
psicologia no espaço hospitalar.

Colabora para a abordagem do paciente e contribui para


uma real com_x0002_preensão da doença e da dor.

Podem ainda determinar o momento mais preciso de


intervenção na contextualização da crueza do sofrimento
provocado pela hospitalização.

O aspecto complicador das teorizações, muitas vezes, é


a falta de concretude, e em alguns casos, a
generalização de determinadas afirmações.

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